2021_PG_A_par%C3%B3quia_e_o_santu%C3%A1rio_confiados_aos_salesianos


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A paróquia e
o santuário
confiados aos
salesianos
Setor para a
Pastoral Juvenil
Salesiana

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Apresentação gráfica: Artia Comunicación
Ilustrações: Javier Carabaño
Tradução: José Antenor Velho
Propriedade reservada ao Sector para a Pastoral Juvenil Salesiana, SDB
Salesiani di Don Bosco – Sede Centrale
Via Marsala, 42. 00185 Roma

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A paróquia e
o santuário
confiados aos
salesianos
Setor para a
Pastoral Juvenil
Salesiana

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SIGLAS E ABREVIAÇÕES
CIC
Código de Direito Canônico (1983).
Const. / Reg. Constituições e Regulamentos da Sociedade de
São Francisco de Sales (1984).
CG
Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco.
PEPS
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano.
PEPSI
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano Inspetorial.
CEP
Comunidade Educativo-Pastoral.
QR
Pastoral Juvenil Salesiana, Quadro Referencial (2014).

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ÍNDICE
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Capítulo 1
A originalidade da paróquia confiada aos salesianos . . . . . . . . . . . . 9
1.1 A aceitação de paróquias nas deliberações dos
Capítulos-Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2 Um dom precioso para todaa comunidade eclesial . . . . . . 12
Capítulo 2
A CEP da paróquias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1 A importância da CEP da paróquia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 Os componentes da CEP da paróquia . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Capítulo 3
A proposta educativo–pastoral da paróquia confiada à
comunidade salesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1 Um centro de evangelização e educação à fé . . . . . . . . . . . 32
3.2 Uma presença de Igreja aberta e inserida no território . . . 36
3.3 Uma comunidade com visão missionária . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4 Uma opção clara pelos jovens e pelas classes populares . 44
3.5 Lugar de convergência dos diversos ambientes da casa
salesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Capítulo 4
A animação pastoral orgânica na paróquia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.1 As principais intervenções da proposta . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.2 As estruturas de participação e responsabilidade . . . . . . . 63
Capítulo 5
Outros modelos:igrejas públicas,santuários . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Reflexão final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Documentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5

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Apresentação
Para conseguir evangelizar, justamente por ser
Igreja em meio às casas de seus
filhos e filhas, a paróquia precisou adequar-se continuamente aos tempos,
alterando as modalidades da sua presença. Hoje, a paróquia confiada aos
salesianos é chamada a fazer o mesmo. Ela não pode existir a não ser
como Igreja “em saída” no território que a acolhe, capaz não só de reunir
pessoas, mas de animar histórias de fé e criar relações na vida quotidiana.
Surgiu assim a exigência, como Congregação, de individualizar alguns
setores privilegiados de renovação pastoral da paróquia confiada aos
salesianos. Após uma primeira redação sobre o setor “paróquias e
santuários salesianos confiados aos salesianos” no “Quadro referencial da
Pastoral Juvenil” redigido em 2014, pensou-se em atualizar o texto a partir
do conhecimento mais próximo das realidades paroquiais.
Para isso, o Setor para a Pastoral Juvenil Salesiana envolveu as Inspetorias
com o objetivo de promover, primeiramente, uma análise crítica da situação
da paróquia em relação a algumas questões: as situações sociorreligiosas
atuais, as características hodiernas da evangelização em nível local, as
peculiaridades e os papéis das pessoas envolvidas (sacerdotes e párocos,
fiéis, jovens, pais, etc.). Ao mesmo tempo, foram recebidas e analisadas
com atenção e aceitação as orientações do Reitor-Mor e do Conselho e as
várias contribuições enviadas pelos Delegados Inspetoriais para a Pastoral
Juvenil e por algumas comissões nacionais.
O processo permitiu amadurecer uma reflexão atualizada sobre a
paróquia confiada aos salesianos. Este documento não tem a pretensão
de ser exaustivo e completo em relação a este âmbito tão amplo, mas quer
oferecer novos estímulos e possíveis sugestões pastorais. Como, de fato,
cada realidade tem os seus aspectos cruciais e os seus desafios, foram feitas
algumas opções privilegiando os elementos essenciais que caracterizam e
garantem a sua originalidade e especificidade educativo-pastoral, como
lugar de acolhida e de serviço apostólico diante dos desafios deste tempo
de grandes mudanças.
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1.7 Page 7

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O texto apresenta-se assim como um conjunto sintético e orgânico das
grandes reflexões, das orientações educativo-pastorais e das questões
operativas que brotaram das várias contribuições recebidas das inspetorias,
evitando uma exposição articulada dos fundamentos teológicos e também
da análise completa do contexto cultural e pastoral de cada realidade.
Para maior organização dos conteúdos, preferiu-se subdividir o texto
em cinco capítulos. Esta estrutura pode ser funcional para descrever os
elementos essenciais de todos os ambientes salesianos.
◗◗ O primeiro capítulo focaliza a ORIGINALIDADE da paróquia confiada
aos salesianos para melhor identificar a finalidade pela qual estamos
presentes nessas realidades eclesiais. Um percurso que nasce da
intenção de Dom Bosco de criar uma paróquia para os jovens sem
paróquia, dom precioso para a missão na comunidade eclesial inteira,
repercorrendo o processo de aceitação das paróquias nas várias
deliberações dos Capítulos-Gerais.
◗◗ Chega-se, depois, à identificação das PESSOAS envolvidas na missão:
a Comunidade Educativo-Pastoral, comunidade de pessoas (uma
“casa”), não uma estrutura ou uma instituição. Sendo comunidade
de comunidades, evidencia-se a importância da CEP das paróquias
e de todos os seus participantes, que assumem uma missão comum
envolvendo a todos na corresponsabilidade.
◗◗ O terceiro capítulo é caracterizado pela PERCEPÇÃO, que revela
algumas questões: Quais as nossas esperanças e os nossos sonhos?
Quais os desafios apostólicos que enfrentamos como paróquia
confiada aos salesianos? Quem e o que estamos procurando
transformar evangelicamente? Com outros termos, quais os objetivos
que pretendemos obter? São analisados, então, os elementos que
caracterizam a proposta educativo-pastoral da paróquia confiada à
comunidade salesiana.
7

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◗◗ O quarto capítulo detém-se na ORGANIZAÇÃO. A proposta,
inspirada no catecumenato cristão, dá atenção à dimensão pessoal,
comunitária, celebrativo-litúrgica e à ação de evangelização que
orientam a programação adequada das intervenções com os jovens,
garantindo a totalidade e integridade da experiência cristã das
pessoas e das estruturas de participação e responsabilidade.
◗◗ O último capítulo, apresenta uma atualização relativa às igrejas
públicas e aos santuários.
Ao final deste processo, desejo, ante de tudo, agradecer a todos aqueles
que contribuíram com seus comentários; sem dúvida, vivenciamos uma
experiência positiva de escuta das realidades da Congregação. Graças à
qualidade das reflexões, pudemos recolher elementos valiosos para verificar
e relançar a nossa caridade pastoral no âmbito da paróquia. O esforço de
organizar os aspectos relacionados com o ambiente paroquial foi feito com
o intuito de continuar a reflexão em nível local e inspetorial, esperando que
este trabalho possa ter repercussões pastorais.
Pe. Miguel Ángel García Morcuende, sdb
Conselheiro para a Pastoral Juvenil
15 DE OUTUBRO DE 2021
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A ORIGINALIDADE
DA PARÓQUIA CONFIADA
AOS SALESIANOS
CAPÍTULO
I

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A ORIGINALIDADE DA PARÓQUIA CONFIADA AOS SALESIANOS
11
A ACEITAÇÃO DE PARÓQUIAS NAS DELIBERAÇÕES
DOS CAPÍTULOS-GERAIS
O zelo apostólico de Dom Bosco pelos jovens mais pobres de Turim levou-o
a criar uma paróquia para os jovens sem paróquia. O próprio Dom
Bosco acolheu sete deles e em 1887 escreveu um regulamento para o
bom funcionamento da paróquia. Ele tocou nas questões que mais o
preocupavam: a atenção prioritária aos jovens, especialmente os mais
pobres, a preferência da Congregação pela educação e a identidade do
pároco salesiano que nela serve em comunhão com o Bispo e o clero
diocesano. Esses temas continuarão a ser pontos centrais de referência
nos anos sucessivos.
«Os doentes, os pobres e os jovens sejam objeto de especial solicitude
(dos párocos)» (Deliberações do IV Capítulo-Geral, de 1886).
Depois de um longo caminho de decênios, o CG19 de 1965 afirma que
«o ministério salesiano procura inserir todas as atividades ordinárias de
suas paróquias no plano de conjunto da pastoral diocesana, mesmo se
realizadas segundo o nosso espírito e em harmonia com os nossos métodos
e as nossas estruturas» (CG19, Parte I, cap. XI, 3). O CG20 afirma em
1971 que «a paróquia confiada aos salesianos não deve mais ser vista
com uma obra colocada ao lado do colégio ou da escola, mas como o
verdadeiro centro e fulcro do nosso serviço à comunidade eclesial local.
Nesta perspectiva, a paróquia apresenta-se como um campo de trabalho,
tendo por centro a comunidade dos salesianos, a quem a Igreja confia o
mandato da difusão do Reino de Deus» (CG20, 436).
O Capítulo-Geral seguinte de 1978 define o trabalho paroquial como
salesianamente válido, também «porque permite alcançar alguns jovens em
seu ambiente natural, onde vivem, e de segui-los em todo o período de seu
desenvolvimento; oferece maior possibilidade de envolver para a sua educação
os pais e adultos que os cercam; favorece a sua inserção natural na Igreja local
e no território» (CG21, 135). A reflexão é baseada em dois pressupostos:
◗◗ a paróquia permite-nos estar entre os jovens;
◗◗ nela podemos evangelizá-los segundo o Projeto Educativo-Pastoral
Salesiano.
10

2 Pages 11-20

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2.1 Page 11

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
Neste Capítulo-Geral, as paróquias são confiadas ao Setor para a Pastoral
Juvenil (CG21, 400).
Em 1984, com a aprovação definitiva das renovadas Constituições e
Regulamentos da Sociedade de São Francisco de Sales, a paróquia é
reconhecida explicitamente como um dos âmbitos em que concretizamos
a nossa proposta: «Realizamos a nossa missão também nas paróquias,
como resposta às necessidades pastorais das Igrejas particulares nas regiões
que oferecem conveniente campo de serviço à juventude e às classes
populares» (cf. Const. 42; Reg. 25).
Considerando a importância das etapas descritas acima, podemos tirar
duas conclusões:
◗◗ Na paróquia aceita pelos salesianos, o carisma da Congregação deve
manifestar-se não menos do que em outros setores de nossas Obras
salesianas. De início, é fundamental ter presente a necessidade de não
partir das estruturas, mas do carisma, da espiritualidade e da missão
para buscar a identidade salesiana. Isso está expresso no artigo 42
das Constituições dos Salesianos de Dom Bosco:
«Nas paróquias […] contribuímos para a difusão do Evangelho
e promoção do povo, colaborando com a pastoral da Igreja
particular mediante as riquezas de uma vocação específica»
(Const. 42)
◗◗ A segunda conclusão é que a inspetoria tem a responsabilidade de
animação e governo, não só em relação à vida religiosa das pessoas
e da comunidade religiosa à qual a paróquia é confiada, mas também
em relação à ação pastoral-educativa das próprias paróquias. Isso se
deve justamente à finalidade principal da inspetoria: promover a vida
e a missão da Congregação e oferecer um serviço específico à Igreja
particular (cf. Const. 157).
Assumir, então, uma paróquia, envolve antes de tudo individualizar os
componentes salesianos na animação desse âmbito, perguntando-se qual
é a contribuição carismática dada à diocese através da paróquia que nos
é confiada.
11

2.2 Page 12

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A ORIGINALIDADE DA PARÓQUIA CONFIADA AOS SALESIANOS
12
UM DOM PRECIOSO PARA TODA
A COMUNIDADE ECLESIAL
A paróquia é a primeira instância comunitária em que a Igreja concretiza
a missão que lhe foi confiada por Jesus num contexto sociocultural bem
definido. Francisco, na Evangelium Gaudium 28, recorda alguns aspectos
significativos da identidade da paróquia, que, além de ser “presença
eclesial num território”, é uma “comunidade de comunidades”, lugar e
santuário da vida cristã, comunidade missionária e evangelizadora.
«Desde a sua origem a paróquia coloca-se como resposta a uma
exigência pastoral precisa, aproximar o Evangelho ao Povo
através do anúncio da fé e da celebração dos sacramentos. […],
chamada a acolher as instâncias do tempo para adequar o
próprio serviço às exigências dos fiéis e das alterações históricas
[…], encontrar outras modalidades de vizinhança e proximidade
em relação às atividades habituais. Tal compromisso não
constitui um peso a suportar, mas um desafio a acolher com
entusiasmo» (“A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço
da missão evangelizadora da Igreja”, 2020).
Em nosso caso, a paróquia confiada aos salesianos participa da pastoral da
Igreja com um estilo, estrutura e especificidade; configura-se, pela própria
natureza, como espaço privilegiado de evangelização dos jovens enquanto
a opção por eles não é excludente nem discriminatória, mas preferencial e
constitui um desafio sempre atual. A opção preferencial é um dom precioso
para a missão em toda a comunidade eclesial.
As características desta presença pastoral são diferenciadas e múltiplas,
tanto a partir do pedido de entrega, como em relação à colocação social.
O pedido de entrega pode referir-se a:
◗◗ presenças paroquiais do clero diocesano confiadas sucessivamente
a uma comunidade religiosa; em alguns casos, os religiosos animam
apenas o ambiente paroquial; em outros, os irmãos que animam
a paróquia fazem parte de uma Obra salesiana mais ampla, tendo
também outras atividades pastorais;
12

2.3 Page 13

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
◗◗ algumas passagens de “igreja pública” ou de “santuários” a
“paróquia”;
◗◗ a entrega de uma ou mais paróquias a vários sacerdotes “in solidum”,
equiparados ao pároco; neste caso, o “moderador” tem a tarefa de
dirigir a ação pastoral comum e responder sobre ela perante o Bispo
(cf. CIC, cân. 517, §1);
◗◗ paróquias, enfim, confiadas a religiosos isolados a título pessoal
ou por razões contingentes. A Congregação, quanto a esta última
modalidade de entrega orienta-se para não mais aceitar este tipo
13

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A ORIGINALIDADE DA PARÓQUIA CONFIADA AOS SALESIANOS
de pedido. As orientações relativas às condições estabelecidas
pelo direito e aos procedimentos a seguir para a aceitação de uma
paróquia, estão contidas no documento “Elementos jurídicos e práxis
administrativa no governo da Inspetoria” (Direção Geral Obras de
Dom Bosco, 2004, n. 126).
Quanto à localização pastoral e social onde se inserem as paróquias
confiadas aos salesianos, constata-se certa multiplicidade:
◗◗ localizam-se em regiões de difusa adesão social à Igreja, e requerem
uma evangelização profunda;
◗◗ outras estão situadas em contextos nos quais a fé requer uma fase de
reformulação devido ao processo veloz de secularização;
◗◗ não poucas se localizam em sociedades nas quais não são permitidas
à Igreja a posse de outras estruturas, ambientes ou itinerários de
evangelização;
◗◗ algumas paróquias são estações missionárias, enquanto outras,
localizam-se em ambientes rurais;
◗◗ estão também presentes em ambientes com forte religiosidade
popular, mas também em contextos antirreligiosos;
◗◗ localizam-se também em grandes aglomerados urbanos e nas
periferias de grandes cidades, com os relativos problemas de
associação, promoção humana e enraizamento;
◗◗ diversas, enfim, estão em contextos socioeconômicos médio-altos,
enquanto outras, em contextos mais modestos.
14

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
A GLANÇA
A ORIGINALIDADE DA PARÓQUIA CONFIADA AOS SALESIANOS
Um espaço privilegiado de
evangelização para os jovens...
... segundo o Projeto Educativo-
Pastoral Salesiano
• Assunção de paróquias nas
deliberações dos Capítulos
Gerais
• Paróquia Salesiana: um dom
precioso para a comunidade
eclesial
Características diferenciadas e
múltiplas a começar por:
• O carisma da Congregação
deve manifestar-se não
menos do que em outros
setores de nossas Obras
salesianas
• A inspetoria tem a
responsabilidade de
animação e governo
Pedido de entrega
• presenças paroquiais do clero
diocesano confiadas a uma comunidade
religiosa
• algumas passagens de “igreja pública”
ou de “santuários” a “paróquia”
• a entrega de uma ou mais paróquias
a vários sacerdotes “in solidum”,
equiparados ao pároco
• paróquias confiadas a religiosos
isolados a título pessoal (a
Congregação, quanto a esta última
modalidade de entrega orienta-se para
não mais aceitar este tipo de pedido)
Colocação Social
• localizam-se em regiões de difusa adesão
social à Igreja
• outras estão situadas em contextos
nos quais a fé requer uma fase de
reformulação
• em sociedades nas quais não são
permitidas à Igreja a posse de outras
estruturas
• estações missionárias, enquanto outras,
localizam-se em ambientes rurais
• ambientes com forte religiosidade popular,
mas também em contextos antirreligiosos
• em grandes aglomerados urbanos e nas
periferias de grandes cidades
• em contextos socioeconômicos médio-
altos, enquanto outras, em contextos mais
modestos
15

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A ORIGINALIDADE DA PARÓQUIA CONFIADA AOS SALESIANOS
16

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PASTORALE GIOVANILE E FAMIGLIA
A CEP DA
PARÓQUIAS
CAPÍTULO
II

2.8 Page 18

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A CEP DA PARÓQUIAS
2 1 A IMPORTÂNCIA DA CEP DA PARÓQUIA
Do mistério da encarnação surge o mistério da Igreja: “O Filho de Deus,
encarnado na natureza humana, redimiu o homem e o transformou em
uma nova criatura, superando a morte por sua morte e ressurreição.
Ele constituiu seus irmãos e irmãs, chamados entre todas as nações,
misticamente como seu corpo, comunicando-lhes seu Espírito” (LG 7). A
Igreja é um “mistério de comunhão”. A essência da Igreja é determinada
pelo mistério do Deus Trino: é o povo de Deus Pai (LG 2), o corpo místico
de Cristo (LG 3) e o templo do Espírito Santo (LG 4).
A paróquia, nesta sociedade e nesta história, torna-se o rosto da Igreja,
que se concretiza como uma comunidade eucarística, missionária e
evangelizadora no território de uma Igreja particular, e que as pessoas
encontram perto de suas próprias casas, visível e socialmente inserida em
sua vida cotidiana. Nela, os cristãos vivem a fé, a esperança e a caridade,
alimentados pela Palavra de Deus, na celebração dos sacramentos,
especialmente da Eucaristia, criando comunhão em uma comunidade
comprometida por sua essência com a missão de salvação da Igreja
Universal, através da Igreja particular.
A paróquia constitui, no dinamismo da pastoral diocesana, uma grande
comunidade de fiéis batizados, uma “porção” da Igreja universal. A
comunidade cristã é o lugar histórico onde se vive a comunhão e nela o
crente encontra a sua casa. Nesse sentido, a tipologia da paróquia não
é certamente unívoca, mas multiforme. Sendo uma comunidade de
comunidades, a paróquia cria antes de tudo um amplo tecido de relações
humanas que fomenta a comunhão e a fraternidade: uma “espiritualidade
de comunhão” (Novo Millennio Ineunte, 43-45).
A forma salesiana de animação de toda realidade educativa, que realiza a
missão de Dom Bosco, é definida como Comunidade Educativo-Pastoral
(CEP) (cf. Const. 47; CG24, n. 149-179; QR, cap. V). Não é uma estrutura
nova que se une aos demais órgãos de gestão e participação existentes
nas várias pastorais ou ambientes, nem é uma modalidade organizativa
de trabalho ou uma técnica de participação. É o conjunto das pessoas
(jovens e adultos, pais e educadores, religiosos e leigos, representantes de
outras instituições eclesiais e civis e também pertencentes a outras religiões,
homens e mulheres de boa vontade) que trabalham unidos pela educação
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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
e evangelização dos jovens, especialmente os mais pobres, segundo o
estilo de Dom Bosco. Esta realidade pode ser concebida como uma
estrutura de círculos concêntricos, a partir do grau de compartilhamento
das responsabilidades dos indivíduos na missão.
O nosso carisma é um dom do Espírito para a Igreja, pelo que uma paróquia
confiada aos salesianos unifica duas características distintivas:
◗◗ primariamente, é o lugar da presença de Deus na Igreja local, a partir
do carisma pessoal;
◗◗ depois, é a Comunidade Educativo-Pastoral, em que todos se sentem
responsáveis pelo anúncio do Evangelho e do crescimento da própria
comunidade, mas sobretudo dos jovens.
A CEP da paróquia confiada aos salesianos assume uma missão comum
que envolve na corresponsabilidade (cf. CG24,18), em torno de um projeto
pastoral, o maior número possível de pessoas e energias evangelizadoras.
É necessário, portanto, superar o modelo paroquial essencialmente clerical
e “monolítico”, em que só os ministros ordenados tomam decisões e
administram.
Trata-se de ter uma visão comunitária de paróquia que impeça a concepção
autorreferencial e a clericalização da pastoral, colocando as relações
fraternas em primeiro lugar; uma paróquia entendida como CEP em que
a pluralidade das vocações, dos carismas e ministérios constroem
um organismo harmonioso, no qual todos os membros encontram o
seu lugar e o caminho quotidiano é um exercício de corresponsabilidade. É
uma comunidade que se enriquece com rostos, histórias, carismas, diálogo
e confronto.
Uma paróquia em que ocorre uma “fusão de diversidades”, com
sacerdotes, religiosos e leigos que cooperam numa única missão,
complementares entre si na diversidade, cada um oferecendo a
própria contribuição e todos unidos pelo mesmo batismo. Em
outras palavras, há na Igreja lugar para todos e todos
podem encontrar o seu lugar na única família de Deus,
respeitando a vocação de cada um e procurando valorizar todos
os carismas.
19

2.10 Page 20

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A CEP DA PARÓQUIAS
De fato, na paróquia, as diversidades reunidas “fazem igreja”:
diversidades de itinerários de fé, antes de tudo; diversidades de ordem
sociocultural; diversidades de temperamentos, inclinações, categorias
mentais; diversidades de proveniência; diversidades de idade; diversidades
de responsabilidade na própria paróquia.
2 2 OS COMPONENTES DA CEP DA PARÓQUIA
As multíplices expressões vocacionais são uma manifestação da
corresponsabilidade laical e da ministerialidade no desenho das paróquias.
Nas comunidades paroquiais há numerosos leigos (adultos e jovens) que
prestam serviço e ministério para o bem comum. De simples destinatários
do “serviço religioso”, os membros da comunidade paroquial devem ser,
em seus âmbitos, sujeitos da missão da Igreja.
As pessoas, principalmente os jovens, vivem num ambiente em que
compartilham interesses e experiências, no diálogo com os coetâneos e
adultos, em clima de acompanhamento recíproco e intercâmbio contínuo de
habilidades e capacidades. Viver uma experiência de reciprocidade em chave
comunitária, a “cultura do encontro”, significa concretizar em cada casa
salesiana uma Comunidade Educativo-Pastoral, que não é uma exigência
de ordem e equilíbrio, mas a nossa modalidade educativo-pastoral. Por
isso, não só vivemos juntos, mas sentimos a necessidade de trabalhar juntos,
porque acreditamos na riqueza que cada vocação pode oferecer.
As pessoas que integram as CEPs são: os jovens, as famílias, os grupos da
Família Salesiana, as comunidades religiosas, os leigos comprometidos, os
grupos, associações e movimentos eclesiais.
«A “cultura do encontro” é o contexto que promove o diálogo, a
solidariedade e a abertura a todos, fazendo emergir a centralidade
da pessoa. É necessário, portanto, que a paróquia seja um “lugar”
que favorece o estar juntos e o crescimento das relações pessoais
duradoras, que consintam a cada um de perceber o sentido de
pertença e de ser bem quisto. A comunidade paroquial é chamada
a desenvolver uma verdadeira e própria “arte da proximidade”»
(“A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão
evangelizadora da Igreja”, 2020).
20

3 Pages 21-30

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3.1 Page 21

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
A A comunidade religiosa salesiana da paróquia aumenta o seu valor com
a presença significativa e complementar de salesianos clérigos e leigos,
que são um elemento essencial da sua fisionomia e plenitude apostólica.
De fato, o salesiano coadjutor leva o valor próprio da sua laicidade a todos
os campos educativos e pastorais (cf. Const. 45).
A comunidade, portanto, à qual a paróquia é confiada, com a riqueza
de sua vocação específica, colabora “carismaticamente” (segundo a
consagração apostólica salesiana) com o mandato ministerial confiado
pelo Bispo diocesano. A renovação da Congregação depois do Concílio
Vaticano II concentrou-se na “comunidade” local como sujeito da missão
(cf. Const. 44. 49). É sempre mais urgente colaborar para a criação de
uma mentalidade que veja a pastoral paroquial confiada aos salesianos
ligada não exclusivamente à figura do pároco, mas a toda a comunidade
salesiana.
A comunidade religiosa salesiana inteira é portadora de uma
“sensibilidade pastoral específica”, que enriquece a pastoral de conjunto
com a sua herança espiritual e carismática. Seu estilo pedagógico, suas
relações de fraternidade e corresponsabilidade na missão constituem um
testemunho de referência nas paróquias e nos bairros.
A comunidade vive o espírito de família, exercendo a partilha para esta
finalidade; ela, antes de tudo, vive uma compreensão e estima recíprocas
nas dinâmicas internas. O inspetor e seu conselho garantem uma
comunidade religiosa para a pastoral paroquial e apoiam os irmãos na
realização fidedigna da vocação salesiana, estimulando o ardor apostólico
dedicado principalmente aos jovens. O inspetor visita de pleno direito
a paróquia confiada aos salesianos e intervém para que o trabalho em
união com o Bispo seja cumprido de acordo com o convênio estipulado
(cf. Elementos jurídicos e práxis administrativas no governo da Inspetoria,
Direção Geral das Obras Dom Bosco, 2004, Anexo A-14), a fim de garantir
à Congregação que a proposta salesiana seja aceita e concretizada na
plenitude do carisma de Dom Bosco.
É a comunidade inteira que assume as orientações pastorais da diocese,
com a riqueza do próprio carisma pastoral. A comunidade, portanto:
◗◗ insere-se plenamente na vida e nas orientações da inspetoria da qual
faz parte;
21

3.2 Page 22

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A CEP DA PARÓQUIAS
◗◗ cria ao redor do pároco uma equipe de animadores para a pastoral
paroquial;
◗◗ promove na paróquia o desenvolvimento e a realização do PEPS;
◗◗ é responsável, em colaboração com o pároco e sua equipe, da
formação e animação espiritual dos fiéis;
◗◗ orienta os membros da Família Salesiana a serem os primeiros
colaborados na realização do projeto;
◗◗ participa da vida paroquial, interessando-se pela vida e história das
pessoas, sobretudo dos jovens.
A comunidade religiosa (cf. CG21, 138; Reg. 26) faz parte do núcleo
animador da paróquia confiada aos salesianos e assume nela um papel
característico (cfr. CG24, 159):
◗◗ é testemunha do primado de Deus;
◗◗ manifesta visivelmente a sua vida fraterna e a prática dos conselhos
evangélicos com seus momentos de oração, encontro, distensão;
◗◗ com partilha o seu testemunho com os leigos da comunidade
paroquial;
◗◗ une-se num projeto que reconhece as diversas capacidades dos
irmãos.
Tais peculiaridades tornam mais serena, mais envolvente e
também mais satisfatória a vida da comunidade, apresentando
o evangelho e uma vida mais “atraente” na Igreja.
B O diretor da casa salesiana, na qualidade de «primeiro responsável
pela vida religiosa, pelas atividades apostólicas e pela administração dos
bens» (Const. 176) é o guarda da identidade salesiana consagrada para a
comunidade local. Ele acompanha e ajuda cada irmão a discernir, desenvolver
e servir-se dos dons carismáticos conferidos para a realização da missão
salesiana, também na paróquia (cf. Animação e governo da comunidade.
O serviço do diretor salesiano. Salesianos de Dom Bosco (2019), ponto
22

3.3 Page 23

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
4: «Guarda e animador da identidade consagrada salesiana»). Cuida da
unidade e identidade salesiana de toda a Obra e estimula os irmãos na
realização do projeto pastoral da paróquia (cf. Reg. 29).
A dificuldade de coordenar as suas atividades de diretor num único projeto,
que realiza do ponto de vista religioso e também educativo para toda a Obra
salesiana, com as atividades de pároco, que está à frente da comunidade
paroquial (referência última para a animação e orientação da paróquia), é
esclarecida pelo CGE 20, n. 435, e pelos Regulamentos (cf. Reg. 23). Estas
orientações procuraram organizar a articulação dessas duas figuras. O art.
29 dos Regulamentos (1984) recolheu os resultados da experiência feita com
esta norma: «Onde a situação permitir, proceda-se à ereção canônica da casa
salesiana a serviço da paróquia com um diretor-pároco próprio. Quando os
cargos de diretor e de pároco são separados, o diretor zele pela unidade e
pela identidade salesiana da comunidade e estimule a corresponsabilidade
dos irmãos na realização do projeto pastoral paroquial».
Portanto, o diretor de uma casa salesiana dedicada apenas à paróquia
seja, se possível, também o pároco, assumindo a função de diretor-
pároco. As duas funções partilham como objetivo comum a criação de
uma comunidade religiosa que é o centro animador de uma comunidade
mais ampla que é a paróquia confiada aos salesianos.
Por outro lado, pode ser que o diretor tenha uma dupla responsabilidade
como pároco ou responsável pelo oratório; isto requer a nomeação de um
irmão, preferivelmente com a função de vigário paroquial, designado para
o oratório ou a paróquia, que lhe permita dedicar-se às principais tarefas
e responsabilidades de diretor.
Em obras complexas, com mais de um ambiente, o diretor preside
o Conselho da CEP ou da Obra. O Conselho é o órgão de ligação e
coordenação constituído pelo diretor e pelos representantes de todos
os ambientes que compõem a própria Obra; por isso, seria oportuno
favorecer nele a presença do pároco e de algum membro do Conselho
Pastoral. Animados pelo mesmo carisma e participando da mesma missão,
assumem a tarefa de tornar presente no território o dom e o serviço do
carisma salesiano na sua significatividade. Por isso compartilham as várias
responsabilidades, decorrentes da gestão de todos os ambientes da Obra,
e reúnem-se não só para organizar, mas também para formar e construir
itinerários de reflexão comum.
23

3.4 Page 24

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A CEP DA PARÓQUIAS
BC O Pároco é o primeiro responsável da missão paroquial confiada
pelo Bispo à Congregação Salesiana: ele está, de fato, ciente de suas
responsabilidades em relação ao Bispo e à Congregação. É importante
lembrar que o pároco salesiano realiza uma dupla representação. Ele “torna
presente” o Bispo e o projeto da Igreja particular (cf. LG, 28) e é por isso
que recebe dele o mandato; ao mesmo tempo representa a Congregação
e a sua proposta, visto que a paróquia está confiada à Congregação e é ela
que designa e substitui o pároco no final do mandato. O pároco preside a
comunidade paroquial, assumindo a responsabilidade de atuar o Projeto
Educativo-Pastoral, em comunhão com o diretor, com a comunidade
salesiana e com o Conselho Pastoral.
Fiel à missão educativo-pastoral, o pároco salesiano tem Dom Bosco como
modelo na evangelização dos jovens e do povo de Deus. Hoje, essa inspiração
se realiza cultivando uma visão atenta do modelo educativo-pastoral, que todo
salesiano deveria buscar. Esta abordagem é muito importante. Recordemos a
importância que as Constituições Salesianas dão à identidade dos salesianos
como “educadores pastores”. Eles estão cientes da necessidade de ter nos
ombros ou alimentar um tipo de formação salesiana que saiba ajudá-los a
responder aos desafios das sociedades de hoje, aos questionamentos e às
expectativas, mesmo não expressas, do povo de Deus, em particular dos
jovens; são salesianos sacerdotes mais ligados aos espaços, aos tempos e às
situações de vida das pessoas que vivem nos ambientes populares.
Precisamente por estas necessidades de relações, o pároco deve
ser uma referência constantemente acessível, em termos de
tempo, mas também no desejo de “habitar” intelectual e
emocionalmente a sua comunidade, trazendo no coração e
pondo à disposição as suas potencialidades, sempre com uma
mais fecunda atividade apostólica de estilo juvenil e popular.
Outra sua característica – intimamente relacionada com as anteriores – é
a capacidade de estabelecer relações de qualidade, cuidando das relações
interpessoais diversificadas com uma pessoa, com os irmãos, os religiosos e
religiosas com os quais se encontra, os leigos, os enfermos, os adolescentes
e jovens, os idosos e as famílias, com as pessoas que integram os grupos
atuantes na paróquia e na Igreja local.
Neste sentido, o pároco é chamado a acolher, escutar, acompanhar e
formar “salesianamente” a comunidade paroquial, isto é, com uma
24

3.5 Page 25

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
espiritualidade simples e adequada, o testemunho apostólico concreto, o
exemplo de laboriosidade, o sentido de otimismo, o horizonte missionário,
a predileção pelos jovens e pelos pobres, a renovada devoção mariana e
uma prática sacramental envolvente.
A vida pessoal de um salesiano sacerdote rege-se por uma constelação
de valores inspirados nas Constituições dos Salesianos de Dom Bosco. Em
síntese, reúne em si os dons da consagração apostólica salesiana e os do
ministério pastoral. A reflexão eclesial esclareceu que o sacerdócio não
pode ser genérico, nem como exercício do ministério, nem como graça. O
carisma deu origem a uma forma singular ao ser sacerdote e ao exercer o
ministério. Este conceito foi sintetizado pelos autores que deram à biografia
de Dom Bosco o título: “Um sacerdote educador”, ou “Um sacerdote para
os jovens”.
D Os leigos, em força do batismo, têm lugar, papel e
responsabilidades bem precisos no seio de nossas comunidades
paroquiais. Eles promovem e acompanham a diversidade das vocações,
encorajando também um laicato que assume o seu papel significativo na
missão evangelizadora. A comunidade paroquial cultiva as relações humanas,
cuida das pessoas e dos grupos para que todos se sintam reconhecidos,
acolhidos, compreendidos. Nossas comunidades eclesiais são o lugar mais
adequado para viver a experiência cristã quotidiana; os leigos, as famílias,
os jovens e os pobres são os temas prioritários de referência nas propostas
da comunidade.
Há em todas as paróquias grupos de leigos que doam o seu tempo
nos diversos setores da atividade de educação, evangelização,
celebração e caridade. São membros de vários conselhos
(pastorais, econômicos, do oratório-centro juvenil), responsáveis​​
por grupos, associações e movimentos, presentes e atuantes no
âmbito do território paroquial.
O valor de uma paróquia é dado pela sua capacidade de se construir como
comunidade. Lugar de pessoas que não se identificam apenas com funções
de toda uma gama de “ministérios” estabelecidos e serviços estabelecidos
(sacerdotes, diáconos, leitores, acólitos, catequistas, ministros da Eucaristia,
agentes da caridade, etc.). Esta lista não pode ser representativa de todas
as realidades, uma vez que é modelada conforme as atividades que a
paróquia decide ativar em resposta às peculiaridades e necessidades (não
25

3.6 Page 26

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A CEP DA PARÓQUIAS
só imediatamente religiosas) do contexto em que vive. Seguramente,
porém, ela também é um espaço povoado pelas famílias portadoras de
novidades e de vida. Para povoar as paróquias com famílias é necessário
dar-lhes atenção e acompanhá-las quando se constituem (preparação para
o matrimônio), quando há o nascimento de um filho (batismo), nas fases
de crescimento dos filhos também na fé (iniciação cristã), na proximidade
dos enfermos e idosos que vivem nas casas (pastoral dos enfermos), no
momento do luto e da partida (funeral).
O pároco, com o seu conselho, dá orientações sobre a animação dos
grupos eclesiais, com atenção especial às propostas do Movimento Juvenil
Salesiano (Articulação da Juventude Salesiana) e da Família Salesiana. Nesse
sentido, o carisma que caracteriza a paróquia é antes de tudo o carisma
salesiano. Isso exige que os diversos componentes da Família Salesiana,
26

3.7 Page 27

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
corresponsáveis ​p​ elo carisma de Dom Bosco e ponto de referência
espiritual, cuidem mais explicitamente de sua identidade e revejam sua
presença através seu estilo de diálogo e colaboração.
E A paróquia confiada aos Salesianos considera os jovens como
legítimos e inevitáveis ​m​ embros do CEP. Eles são «a ‘fortuna’
histórica da Congregação» (nas palavras do P. Juan Vecchi). Esta presença
carismática deve garantir, então, a atenção ao mundo dos adolescentes
e dos jovens, às suas inquietudes, experiências e esperanças. A pastoral
juvenil na paróquia expressa o cuidado da Igreja por um grande número
de jovens, dando atenção a todas as idades. Estar ligado à concretude das
ações deve levar também a considerar a ampla realidade dos jovens que
muitas vezes estão fora da paróquia.
«Quero assinalar que os próprios jovens são agentes da
pastoral juvenil, acompanhados e orientados, mas livres
para encontrar caminhos sempre novos, com criatividade e
ousadia... Trata-se, antes, de colocar em campo a sagacidade,
o engenho e o conhecimento que os próprios jovens têm da
sensibilidade, linguagem e problemáticas dos outros jovens»
(Christus vivit, 203).
A paróquia tende a ser uma comunidade que dá espaço ao protagonismo
dos jovens, evidenciando as suas necessidades e acompanhando-os;
libertando a sua iniciativa, criatividade e autonomia nas atividades e
itinerários em que são acompanhados de acordo com a sua sensibilidade
e perspectiva, para se tornarem protagonistas ativos de iniciativas para
si próprios e para a comunidade paroquial. É importante estimular o
envolvimento dos jovens também nos itinerários formativos do oratório
paroquial, não como simples dirigentes, mas como protagonistas na
reflexão e concretização de novos itinerários experienciais. De regra, alguns
jovens são membros do Conselho Pastoral, envolvidos no planejamento e
execução do Projeto Educativo-Pastoral Salesiano. A preferência dos jovens,
como já referido, distingue a proposta pastoral paroquial como dinâmica,
entusiasta e propositiva de ideais evangélicos.
F O responsável pelo Oratório – Centro Juvenil, segundo as
orientações do CG20 (cf. 432) deveria ser o vigário paroquial para o setor
juvenil. Trata-se de uma perspectiva que também pode oferecer sugestões
válidas. Tem, de fato, duas vantagens:
27

3.8 Page 28

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A CEP DA PARÓQUIAS
◗◗ de um lado, associa a paróquia e o Oratório – Centro Juvenil num
único plano de ação pastoral;
◗◗ de outro, apresenta o Oratório – Centro Juvenil como um núcleo que
irradia iniciativas juvenis para o território e não só como um ambiente
onde se propõem atividades.
De fato, a missionariedade do Oratório salesiano pode e deve
começar a partir do território da paróquia não cometendo o erro
recíproco de fechar-se nos próprios muros.
Em alguns casos, o responsável pelo Oratório – Centro Juvenil é um leigo.
De fato, algumas inspetorias serviram-se da possibilidade de instituir esta
figura com tempo integral ou parcial. É altamente recomendável que o
leigo com esta função participe do Conselho Pastoral Paroquial.
Atenção especial deve ser dada à conexão com o âmbito do Oratório
– Centro juvenil (cf. Reg. 26) como veremos mais adiante. Em muitas
situações, não há paróquia sem oratório, enquanto temos alguns exemplos
de situações opostas: oratórios num setor pastoral, mas sem paróquia.
28

3.9 Page 29

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
A GLANÇA
A IMPORTÂNCIA DE COMUNIDADE
EDUCATIVA-PASTORAL DA
PARÓQUIA
Assume uma missão comum:
envolve na co-responsabilidade
em torno de um projeto o maior
número de pessoas
Pluralidade de vocações,
carismas e ministérios: a
cultura do encontro
Comunidade
religiosa
salesiana da
paróquia
aumenta o
seu valor com
a presença
significativa e
complementar
de salesianos
clérigos e leigos
• portadora de uma “sensibilidade
pastoral específica”
• vive o espírito de família na partilha
• assume as orientações pastorais da
Inspetoria e da Diocese
• faz parte do núcleo animador da
paróquia e assume aí um papel distintivo
O diretor da
casa salesiana
• mantém a identidade salesiana consagrada para a comunidade
local
• cuida da unidade e da identidade salesiana de toda a Obra
• encoraja os salesianos na realização do projecto pastoral da
paróquia
• diretor preside o Conselho da CEP ou da Obra
O pároco
• primeiro responsável da missão paroquial confiada pelo Bispo à
Congregação Salesiana
• representa a Congregação e a sua proposta
• preside à comunidade paroquial
• assume a responsabilidade de implementar o Projeto Educativo-
Pastoral Salesiano em comunhão com o Diretor, a comunidade
salesiana e o Conselho Pastoral Paroquial
29

3.10 Page 30

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A CEP DA PARÓQUIAS
Os leigos
Os jovens
• promover e acompanhar a diversidade das vocações
• assumir o seu papel significativo na missão evangelizadora (em
virtude do Baptismo)
• atenção ao AJS (Movimento Juvenil Salesiano) e à Família
Salesiana
• membros legítimos e inevitáveis do CEP
• membros do Conselho Pastoral Paroquial
• envolvidos no planejamento e na execução do Projeto Educativo-
Pastoral Salesiano
O responsável
pelo Oratório –
Centro Juvenil
• vigário paroquial para o setor juvenil
• associa a paróquia e o Oratório – Centro Juvenil num único plano
de ação pastoral
• apresenta o Oratório – Centro Juvenil como um núcleo que
irradia iniciativas juvenis para o território e não só como um
ambiente onde se propõem atividades
30

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
A PROPOSTA
EDUCATIVO–PASTORAL
DA PARÓQUIA CONFIADA À
COMUNIDADE SALESIANA
CAPÍTULO
III

4.2 Page 32

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
A paróquia, sem dúvida, tem algumas exigências próprias devidas à sua
natureza eclesiástica e cultural, que devem ser consideradas na presença
salesiana que as assume. Nosso carisma aí se insere de forma unitária e
original. Por conseguinte, a nossa tarefa é assumir plenamente esta tensão,
procurando enriquecer as nossas propostas educativo-pastorais, sendo fiéis
ao nosso DNA salesiano.
Qual é, porém, o “proprium” educativo-pastoral da paróquia confiada
aos salesianos?
3 1 UM CENTRO DE EVANGELIZAÇÃO E EDUCAÇÃO À FÉ
Os Atos dos Apóstolos são um livro do Novo Testamento que, mais
do que outros, nos ajuda a entender a vida não certamente fácil das
primeiras comunidades cristãs. Nelas desabrochava e se consolidava a
partilha e a difusão da verdade de Jesus Cristo. Esta é uma passagem que
realmente pode acompanhar a vida de toda comunidade paroquial: «Eram
perseverantes na doutrina dos apóstolos e na comunhão, na fração do pão
e nas orações» (Atos 2,42).
◗◗ Fala-se nesta passagem dos Atos dos Apóstolos de “perseverança”
na doutrina dos apóstolos. Isso comporta o anúncio do Evangelho e
o aprofundamento desse anúncio através da catequese. A escuta da
Palavra é o momento essencial de uma comunidade investida da força
do Espírito ou, melhor ainda, o encontro com a Palavra acontece na
comunidade.
◗◗ Uma ulterior perseverança é realizada na comunhão, no “estar
juntos”, encontrar-se em comunhão. O que é concretizado por
todos os membros da paróquia, apoiados no mesmo fundamento,
na mesma fé; de aí um entendimento que desemboca na partilha
também dos bens materiais e indica a unidade na fé e a comunhão
da caridade.
◗◗ A terceira “perseverança” é a da “fração do pão”. É o “repartir o
pão” que remete às nossas celebrações eucarísticas; encontrar-se para
comer o Pão da Vida indica que a história com Jesus não terminou,
mas continua.
32

4.3 Page 33

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
◗◗ Em seguida, há a perseverança “nas orações”, base de toda a vida
comunitária. É a oração que garante a ligação entre escuta da Palavra,
celebração da Eucaristia, prática da caridade.
«Quando os salesianos são convidados pelo Bispo a tomar a
responsabilidade pastoral de uma região ou de um setor do
povo de Deus, assumem perante a Igreja o nobre compromisso
de construir (em plena corresponsabilidade com os leigos) uma
comunidade de irmãos, reunidos na caridade, para ouvir a
Palavra, celebrar a Ceia do Senhor e anunciar a mensagem de
salvação» (CG20, 416).
A Nessa linha, a paróquia é o lugar natural onde acontece para todos uma
proposta sistemática de evangelização e educação à fé (cf. CG23,
116-157). Ao promover o primeiro anúncio para os que estão distantes
e oferecer itinerários contínuos e graduais de educação à fé, a paróquia
confiada à comunidade salesiana vê a urgência de passar de uma pastoral
de sacramentalização (com a catequese prevalentemente orientada
para ela) a uma pastoral de formação permanente da fé (iniciação e
amadurecimento na vida cristã, com uma catequese correspondente).
O cuidado de promover o primeiro anúncio é uma expressão missionária
concreta da paróquia salesiana. O “primeiro anúncio” da fé, que se refere
ao encontro vital com o Senhor ressuscitado, não é só o “início”, mas o
“centro” e o “coração” da nossa fé. Fé que também deve dar lugar ao
caminho de formação, de amadurecimento, de crescimento, «o que implica
tomar muito a sério em cada pessoa o projeto que Deus tem para ela» (EG,
160). «É o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir
de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar,
duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e
momentos» (EG, 164).
Dom Bosco transmitiu aos salesianos primeiramente a sua paixão pela
salvação dos jovens, atenção que concretamente se exprime no empenho
constante de uma catequese simples, essencial, adaptada à condição, idade
e cultura dos jovens, relacionada com as demais propostas educativas e
recreativas do oratório: «Esta Sociedade no seu início era um simples
catecismo». Por isso, é importante promover a diversificação e renovação
dos itinerários catequéticos. Neste sentido, seria necessário evidenciar a
dimensão antropológica da catequese, não só no âmbito metodológico,
33

4.4 Page 34

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
como também de conteúdo, dando atenção às condições psicossociológica
das crianças, dos adolescentes, jovens e adultos, aos “sinais dos tempos”,
às “culturas juvenis”, à abertura às ciências humanas.
B A paróquia é uma comunidade em que se podem experimentar os
valores mais característicos da Espiritualidade Juvenil Salesiana: a
alegria da vida cristã quotidiana, a esperança que descobre o positivo nas
pessoas e situações, a promoção da comunhão e da dimensão social da
caridade, prática fundamental em nossa expressão carismática.
A comunidade paroquial compromete-se, pois, com todos em vista
do amadurecimento humano e religioso com uma proposta de vida
cristã específica. Essa proposta consiste em abrir-se a novas formas de
hospitalidade, acolhendo todos os que buscam o significado religioso de
suas vidas; oferecendo compaixão e acompanhamento àqueles que são
tentados a afastar-se; aceitando a todos, também aqueles que não estão
interessados inicialmente em começar um caminho de fé.
C É uma comunidade missionária e evangelizadora na qual a Palavra de
Deus e a liturgia sustentam a vida de fé dos seus membros, promovendo
a comunicação da experiência cristã. A comunidade paroquial coloca a
Eucaristia no centro da vida comunitária e celebra de modo significativo
os sacramentos da vida cristã, em particular o da Reconciliação.
Por isso, as nossas igrejas paroquiais são chamadas a criar, entre as
muitas atividades claramente terrenas, espaços de silêncio, de oração e
de encontro pessoal com Deus, entre muitas outras diversas atividades. A
sua Palavra deve ser proclamada, estudada, acolhida, rezada, vivida... A
sua presença é celebrada; o seu apelo, escutado e seguido; a sua vontade,
realizada. A paróquia não nasce para ser apenas um lugar de convivência,
nem muito menos lugar de fuga numa falsa espiritualidade, embora
acolha a todos... O fato de o Senhor estar presente diz que é a casa em
que Ele vive, o lugar da sua transcendência e da sua presença, onde
escolhemos habitar; este é o nosso interesse comum e prioritário.
As ocasiões para atuar a centralidade da Palavra de Deus podem ser
variadas. Para os sacerdotes há uma oportunidade inigualável: a homilia.
Os fiéis percebem se o seu sacerdote está convencido do que diz, se é
apaixonado pela Palavra de Deus, se busca viver pessoalmente o seu cerne,
através do amor e da acolhida do próximo.
34

4.5 Page 35

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
D A paróquia confiada aos salesianos alimenta a devoção a Maria
Auxiliadora. A Virgem de Dom Bosco deve ser considerada como uma
presença realmente ativa que nos torna melhores no seguimento de
Jesus: «fazei tudo o que Ele vos dirá»: é o convite da Mãe. Além disso, a
devoção a Maria Auxiliadora nos une na comunidade universal da Igreja. A
devoção à Auxiliadora é, de fato, um fator integrante da nossa contribuição
salesiana à Igreja, porque se torna uma característica original de Dom
Bosco; não se pode separar a nossa espiritualidade da devoção a Maria
Auxiliadora que é, pois, um elemento imprescindível do nosso Carisma
enquanto permeia a sua fisionomia e dá vida aos seus componentes.
Sem uma sadia vitalidade da dimensão mariana, a nossa espiritualidade
se ressentiria no seu vigor e fecundidade; enquanto, por outro lado, a
atenção oportuna ao profundo relançamento mariano fará rejuvenescer a
vocação salesiana. A nossa devoção à Auxiliadora que, como salesianos,
promovemos em todos os ambientes, é um intercâmbio vital muito estreito
com a “missão” salesiana e com o “espírito” próprio do nosso carisma. O
culto e a piedade mariana mostram se uma paróquia é salesiana.
A Associação de Maria Auxiliadora (ADMA) vive e difunde esta
devoção, segundo o espírito de Dom Bosco. Ela oferece um itinerário
de santificação e de apostolado valorizando, na verdade, de maneira
especial, o culto a Jesus Sacramentado e a devoção a Maria Auxiliadora.
Com a adesão à ADMA, a pessoa compromete-se a imitar Maria e viver
a espiritualidade do quotidiano com atitudes evangélicas, valorizando
a participação na vida litúrgica e intensificando a escuta da Palavra de
Deus e a oração do Rosário, especialmente no dia 24 de cada mês. Seus
aderentes, nas paróquias, são solícitos na colaboração em iniciativas
apostólicas locais, no serviço do próximo, com atenção especial às
vocações sacerdotais e religiosas.
E Uma das características da paróquia confiada aos Salesianos é a
importância atribuída à mediação educativa. Com efeito, a atenção
preferencial às novas gerações, e especialmente aos mais pobres, introduz
uma forma particular de ação e uma disposição educativa específica em
toda a pastoral paroquial. Esta contribuição educativa à Igreja e à pastoral
assume um tom particular no salesiano pároco. De fato, ele se vê obrigado
a administrar uma ação articulada que vai da catequese à celebração dos
sacramentos; desde a prática da caridade, à aproximação das famílias e
da visita aos enfermos. Seu carisma educativo reflete-se em todas as áreas
para as quais ele se torna um modelo do ponto de vista educativo.
35

4.6 Page 36

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
As expressões de mediação educativa envolvem também o campo
cultural, o associacionismo juvenil, a promoção humana, o apoio escolar,
as experiências de serviço e solidariedade e os projetos socioeducativos.
Portanto, atividades não só litúrgicas ou catequéticas, mas de crescimento
e orientação de vida. Empenhada no diálogo com estas diversas áreas, a
paróquia ajuda a todos a desenvolverem valores, critérios de julgamento e
modelos de vida segundo o Evangelho através de uma presença baseada
na reciprocidade e na confiança (dada e recebida).
32
UMA PRESENÇA DE IGREJA ABERTA
E INSERIDA NO TERRITÓRIO
A A paróquia é o rosto da Igreja no território, o ponto de referência que
torna a Igreja visível e socialmente inserida na vida quotidiana. Nela,
os cristãos vivem a fé, a esperança e a caridade, alimentados pela Palavra
de Deus e pela celebração dos sacramentos. A paróquia é «a Igreja que
vive entre as casas dos seus filhos e filhas» (Christifideles Laici, 26).
A paróquia confiada aos salesianos torna visível de forma eficaz a solicitude
da Igreja pelos jovens e, enraizando-a num lugar concreto, torna-a
“comunitária”, pertencente a uma comunidade caracterizada pelo carisma.
Juntamente com outros setores da nossa ação salesiana, faz parte da Igreja
local e, portanto, também da sua pastoral. A paróquia é uma comunidade
aberta a todos na qual se vive intensamente o espírito de família, que se
torna escola e instrumento de comunhão e solidariedade. É uma comunidade
educativo-pastoral, reunida e chamada pelo Senhor Jesus, num lugar que
representa e define o sentido de pertença, a espiritualidade salesiana e o
amor à Igreja que habita entre os jovens e no meio do povo simples de Deus.
A territorialidade do bairro oferece à paróquia concretude e
história, fisionomia cultural, questões familiares e sociais;
entrega pessoas em dificuldade com quem dialogar e
acompanhar, também na vida da graça. É importante sublinhar
que a pertença a um território em caráter permanente nem
sempre coincide com a pertença à mesma paróquia. Na
verdade, o conceito de pertença tem-se ampliado devido à grande
mobilidade das pessoas e à rede de relações que une as pessoas
fora do seu próprio território.
36

4.7 Page 37

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
O território, portanto, não é apenas um lugar geográfico, mas também
uma rede de tradições e relações humanas. Hoje os lugares de pertença
são muitos e as pertenças são constantemente redesenhadas. Em outras
palavras, a originalidade da paróquia em relação ao anúncio evangélico em
um território é percebida no fragmentar-se da vida das pessoas. Viver numa
comunidade paroquial confiada aos salesianos significa, portanto, “confiar”
na qualidade das relações humanas, onde quer que as pessoas estejam.
B A paróquia é concebida e entendida a partir da sua territoriedade, como
já especificado, em que fiéis são todos os que nela habitam:
◗◗ os batizados “em sua diversidade” de percurso e de caminho na Igreja
onde convivem, ao mesmo tempo, fiéis fervorosos, compromissados,
mas também fiéis ocasionais, ou sazonais;
◗◗ os cristãos que se afastaram por individualismo ou desilusão diante
das instituições religiosas;
◗◗ as pessoas seguidoras de outras religiões que compartilham o espaço
geográfico, a cidade ou o país;
◗◗ as pessoas não crentes, com dúvidas ou que vivem na indiferença.
Somos fermento, isto é, testemunhas simples de comunidades que
reconhecem a alegria do Evangelho e procuram torná-lo presente de modo
compreensível com hospitalidade sincera, uma porta aberta... todos eles
elementos distintivos de um estilo salesiano de acolhida.
Ciente disso, a paróquia considera-se interpelada por quem se considera
indiferente ou não crente. Requer-se de nós aprender as línguas e
culturas em que essas pessoas apresentam as suas experiências, a fim de
compreender com elas o que é importante e interessante para elas, como
Paulo em Atenas.
Cada paróquia tem uma peculiaridade e uma fisionomia
própria. Como salesianos, propomos uma pastoral inclusiva
de todas as diversidades, embora em todo o caso deva haver
um discernimento preventivo para averiguar na proposta a
existência de determinadas condições em sintonia com o carisma
de Dom Bosco (cf. Reg. 26).
37

4.8 Page 38

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
C Consequentemente, a comunidade paroquial torna-se também um
centro significativo para as várias comunidades e os grupos eclesiais
que existem nela. Trata-se de uma riqueza enorme, mas pressupõe certa
disponibilidade e organização: os grupos presentes concebem o nosso
modo de ser Igreja através da CEP e do PEPS ou, de todo modo, devem
ser acompanhados para os compreender e compartilhar.
É uma comunidade aberta, que colabora com outras paróquias e
comunidades, com as organizações pastorais diocesanas e com
outras agências sociais e educativas presentes no território em vista
do desenvolvimento humano e religioso dos cidadãos. A relação entre
a comunidade religiosa à qual é confiada a paróquia e as demais
comunidades religiosas masculinas e femininas que atuam no território
da paróquia confiada aos salesianos, deve inspirar-se numa fraternidade
autêntica, que as faça sentir-se eficazmente inseridas numa pastoral de
conjunto, embora respeitando as finalidades específicas.
A paróquia cumpre a sua missão em comunhão com a Igreja local e o
Bispo, colaborando na pastoral da Igreja particular mediante a riqueza da
38

4.9 Page 39

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
sua vocação sendo, portanto, expressão do “critério oratoriano de Dom
Bosco” na Igreja local. De fato, o art. 40 das Constituições dos Salesianos
de Dom Bosco, afirma que a experiência de Dom Bosco é o critério
norteador para nós salesianos:
«Dom Bosco viveu uma típica experiência pastoral no seu primeiro
Oratório, que foi para os jovens casa que acolhe, paróquia que
evangeliza, escola que encaminha para a vida, e pátio para se
encontrarem como amigos e viverem com alegria. Ao realizarmos
hoje nossa missão, a experiência de Valdocco continua critério
permanente de discernimento» (Const. 40).
Procuramos responder em nossas Inspetorias aos desafios que assumidos
em todos os ambientes salesianos: passar da pastoral de “manutenção”
à articulação de uma comunidade educativo-pastoral capaz de ser
um ambiente acolhedor e familiar (“casa”), marcado pela alegria
(“pátio”), onde todos possam desenvolver seu potencial e adquirir
novas habilidades para a vida (“escola”) e caminhar adotando uma viva
proposta de fé (“igreja”).
D Também está atenta ao diálogo com as outras religiões e crenças
tradicionais. Onde há uma presença significativa de pessoas de outras
tradições religiosas, como indica o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-
religioso (Diálogo na verdade e na caridade. Orientações pastorais para o
diálogo inter-religioso, 2014), «os párocos devem assumir a liderança na
atuação das orientações e diretrizes para o diálogo inter-religioso nas suas
paróquias, integrando-as no plano pastoral. Também pode ser proveitoso
estabelecer relações com responsáveis de outras religiões do seu bairro,
iniciando, quando possível, com pequenos grupos de diálogo. Por meio
do exemplo e da atividade pessoal, os sacerdotes podem inspirar seus
paroquianos a viverem em solidariedade com pessoas de outras religiões,
compartilhando suas alegrias e tristezas, por exemplo, por ocasião de
nascimentos e mortes, matrimônios, sucessos e fracassos, doenças,
adversidades, etc. De acordo com as circunstâncias, programas sociais e
culturais comuns, celebrações com pessoas de diferentes religiões presentes
na paróquia podem ser boas ocasiões de intercâmbio em nome da amizade
e da solidariedade».
A convivência de etnias, crenças tradicionais, línguas e até expressões
originais de vida, de celebração e de pensamento, evidencia a necessidade
39

4.10 Page 40

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
de uma pastoral atenta a essa realidade, para que as verdades e os
valores dessas culturas sejam tocados e transfigurados pelo Evangelho.
É necessário, pois, criar um diálogo de amizade, estima e respeito por
aqueles que aderem a religiões tradicionais, apreciando os valores positivos
que se harmonizam com o conteúdo da fé. Esta capacidade de integração
e criatividade exige espírito aberto e crítico.
3 3 UMA COMUNIDADE COM VISÃO MISSIONÁRIA
A Num mundo que carece da mensagem de ternura, perdão e misericórdia
do Pai, é urgente que todo cristão seja missionário, pronto a viver para os
outros nos tempos de esperança ou desolação e também nos tempos de
perseguição (Mt 2,3-6).
Efetivamente, as paróquias salesianas devem ser animadas pelo espírito
missionário de Dom Bosco. Muitas paróquias salesianas situam-se em
zonas diversificadas de missão, em cidades metropolitanas e em grandes
centros urbanos, mas também em outros contextos, a serviço da dignidade
humana e da proclamação do Evangelho.
A paróquia fiel a Jesus crê que o Reino de Deus tem os pobres como
destinatários e sujeitos privilegiados. Portanto, a opção evangélica
preferencial pelos mais necessitados deve ficar clara na sua pastoral.
A paróquia confiada aos salesianos deve dar atenção especial àquilo que
cria desconforto e marginalização no território. Tudo isso nos ajuda a
lembrar que é antes de tudo indispensável partir do esclarecimento de
dois termos: opção e preferencial. Por “opção” entendemos um gesto
maduro, pessoal, consciente e definitivo; um ato livre, conseqüência
de uma vocação, isto é, de um chamado da parte de Jesus Cristo,
que passou entre nós “fazendo o bem” sobretudo aos mais pobres
e enfermos. Um sinal cheio de responsabilidade pela pastoral. E,
com “preferencial” indicamos uma opção que não é exclusiva nem
excludente de alguém.
A paróquia é encorajada a ser um espaço de acolhida e esperança para
todos, especialmente para os cansados, deserdados, marginalizados,
enfermos e sofredores. Assim, em estreito diálogo e colaboração com as
instituições estabelecidas no território, promove intensamente a proteção
40

5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
e promoção dos direitos humanos; compartilha suas preocupações,
aspirações e ações.
Assume a unidade existencial de evangelização, a promoção humana e a
cultura cristã como critério e opção fundamentais. Evangelizar é manifestar
o Deus de Amor sem excluir ninguém.
Anunciamos o Evangelho e a pessoa de Jesus Cristo em íntima
relação com a história das pessoas, com seus problemas
e suas possibilidades. No desejo de sanar as situações de
vulnerabilidade deixamo-nos guiar pelo valor da plenitude
humana que existe em Deus. A ação de evangelização paroquial
comporta ao mesmo tempo a difusão do Evangelho e a promoção
do povo (cf. Const. 42).
B No passado, a paróquia era vista como um espaço fechado, uma
espécie de aquário com inúmeros organismos em seu interior; hoje,
tem-se a impressão de estarem todos em alto mar. A expressão “em
alto mar” pode falar-nos da amplitude e profundidade da nossa missão.
Somos “pescadores de homens” num mundo vasto e complexo que
exige de nós uma atitude pastoral de abertura e de acolhida, que nos
obriga a aguçar os olhos para alcançar a todos. Não podemos ignorar ou
negligenciar a sede espiritual de tantas pessoas, ou deixar de ouvir o seu
clamor que assume muitas formas e linguagens, ou interromper o desejo
de autênticas expressões espirituais.
Não é mais possível continuar na perspetiva de “tentar trazer pessoas
para a paróquia”, o que seria um estilo centrípeto. É necessário
perceber as profundas mudanças na sociedade, a urgência de um
diálogo permanente com a comunidade; adquirir um estilo de inclusão
no modo de nos relacionar com todos, com a proposta de múltiplos e
diferentes caminhos de fé – em termos de linguagem e forma – do que
é comumente proposto.
É indispensável para nós observar a vida do dia a dia paroquial em alguns
de seus destinatários habituais que requerem maior vigilância e atenção
pastoral:
◗◗ A experiência paroquial é um observatório e um terreno para colocar
em prática a nossa capacidade missionária. Quando detemos o
41

5.2 Page 42

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
olhar sobre os mais próximos, percebemos, por exemplo, que é
o lugar onde muitos de nossos mais idosos se sentem em casa.
Lugar onde eles podem orar pelos defuntos e buscar conforto para
a solidão. Lugar onde podem expressar seus sentimentos religiosos
com simplicidade, muitas vezes através da religiosidade popular em
consonância com muitos estilos evangélicos cheios de sabedoria.
Outros idosos também devem ser alcançados além dos muros, na
sua solidão. A solidão pode ser curada com a caridade, a proximidade
e o conforto espiritual.
◗◗ As paróquias não podem e não devem ser reconhecidas apenas
pela sua grandiosidade arquitetônica (embora muitas tenham
herdado um patrimônio histórico e artístico a preservar), mas
como territórios onde os “estrangeiros” encontram uma pátria.
Elas servem de contexto para manifestar a promessa de Deus a
essa parte da humanidade, um lugar onde se torna realidade o
que Deus diz na aliança com o seu povo: Eu sou um Deus fiel,
um Deus próximo, um Deus de ternura e misericórdia, que
faz novo cada dia que nasce. Encontramos jovens, homens e
mulheres cujas vidas os levaram a mudanças existenciais, inclusive
traumáticas: são migrantes e estrangeiros, em busca de trabalho
ou por outra necessidade. O que realmente nos pedem esses
homens e mulheres? Como vivem a própria fé? A nossa paróquia
é um lugar frequentado sempre mais por homens e mulheres de
outras latitudes, culturas e línguas. Diante dessas realidades, as
paróquias confiadas aos salesianos devem ser uma casa acolhedora
para os cidadãos de qualquer continente, justamente pela nossa
catolicidade. E cada membro da comunidade paroquial contribui
para a acolhida com estilo humilde e misericordioso, mais com
a prática da vida do que com as palavras, especialmente com as
pessoas feridas.
◗◗ Por isso, somos todos chamados a estar cientes de que naquele
espaço geográfico que são as nossas paróquias existem muitas
situações humanas: periferias “existenciais” de todo tipo. É na
caridade que a Palavra proclamada se torna credível, por exemplo
visitando as famílias, os enfermos e os pobres, levando a Eucaristia
ou mesmo apenas uma palavra de consolação. Por isso, a paróquia
conta também com organizações pastorais de caridade (Cáritas e
outras formas de voluntariado) ou ativa centros de escuta para apoio
42

5.3 Page 43

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
psicológico e social, para ser lugar da presença de Deus no território,
como Francisco dirá repetidamente: cidades e vilas onde se cruzam
os caminhos da vida, ora cheios de dor, ora cheios de esperança,
caminhos que devemos acompanhar e nos quais não devemos
estabelecer alfândegas ou barreiras.
◗◗ Torna-se urgente uma conversão missionária da paróquia para chegar
às pessoas levando em conta a realidade atual. Uma “Igreja em
saída” para fazer frente às emergências que surgem durante as
crises econômicas, sociais e educativas, mas também as pandemias,
que trazem vulnerabilidades e inúmeras consequências em vários
âmbitos.
◗◗ Temos em nossa Congregação várias capelas e estações
missionárias paroquiais. São lugares, no interior do território de
uma paróquia, aonde um ou mais irmãos vão regularmente para
prestar o serviço pastoral. Elas são encontradas principalmente em
grandes territórios paroquiais, em áreas de nova evangelização
nos centros urbanos, em zonas rurais ou montanhosas, ou
em contextos onde os católicos são minoria. Geralmente são
animadas por catequistas leigos, enquanto os sacerdotes as
visitam de vez em quando para celebrar os sacramentos pelo
bem da comunidade que, de outra forma, não poderia participar
na vida da Igreja.
São lugares característicos do primeiro anúncio missionário que favorece o
desenvolvimento do “raio da verdade” (Nostra Aetate, 2) e o crescimento
das “sementes da Palavra” que o Senhor plantou nas culturas, religiões
e povos (Evangelii Nuntiandi, 53) e também a promoção social dos mais
pobres e marginalizados. Graças à estação missionária, a comunidade local,
contando com a presença de ministros leigos e sacerdotes, é estimulada a
estar “em saída” para construir a Igreja.
De fato: «o missionário integra-se na Igreja local e na vida e no projeto
educativo-pastoral da inspetoria, enriquecendo-a com os seus dons
pessoais, o seu zelo apostólico e a sua sensibilidade missionária» (A vocação
missionária salesiana. Reflexões, processos e orientações operativas, Parte
I, ponto 1).
43

5.4 Page 44

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
34
UMA OPÇÃO CLARA PELOS JOVENS
E PELAS CLASSES POPULARES
A O carisma de Dom Bosco é um compromisso substancialmente pastoral
caracterizado pela sua missão juvenil e popular. Na paróquia, a pastoral
juvenil deve ser considerada como a dimensão que distingue a sua vida.
Trata-se da contribuição especial que os salesianos oferecem para o
enriquecimento da missão de uma Igreja particular (cf. Const. 48; Reg. 26).
A atenção característica aos jovens é, portanto, uma opção preferencial de
dinamismo juvenil na evangelização.
Em todos os ambientes da Obra Salesiana – e, portanto, também na
paróquia – esta opção dá o tom a toda evangelização de um determinado
território: desenvolve uma pastoral de futuro, especialmente para os
jovens e as classes populares, oferecendo propostas educativo-pastorais
para as novas gerações. De fato, a pastoral juvenil salesiana tem “estilo”
e “método” para todos os campos da missão, como diz o art. 20 das
Constituições: «Dom Bosco viveu, no encontro com os jovens do primeiro
Oratório, uma experiência espiritual e educativa a que chamou “Sistema
Preventivo”... no-lo transmite como modo de viver e trabalhar para
comunicar o Evangelho...».
A opção clara pelos jovens, porém, não significa que o objetivo da paróquia
seja uma “concentração de iniciativas de pastoral juvenil”, negligenciando
outros grupos; antes, trata-se de entrar numa perspectiva em que cada
comunidade paroquial seja um lugar de crescimento humano e cristão,
com particular atenção às novas gerações, apoiadas pela presença e pelo
serviço de adultos explicitamente formados. Ninguém pede que a paróquia
seja uma “instituição juvenil”. “Preferência” não significa “exclusão”
porque a paróquia abraça sem discriminação todas as pessoas e grupos
que constituem o povo cristão, aos quais a Palavra de Deus deve chegar
na sua situação de vida: crianças, adultos, idosos, doentes, etc. Portanto, é
inconcebível uma paróquia que não preveja um cuidado correspondente de
toda a comunidade. A preferência dos jovens é, antes de tudo, uma ótica
e uma perspectiva, que se expressa depois em modalidades e iniciativas
setoriais.
Nas nossas paróquias, as crianças, os adolescentes e os jovens não
podem e não devem ser relegados a um plano secundário. Não
44

5.5 Page 45

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
podem ser apenas aqueles a quem “oferecemos catequese”, aqueles
que ocupam os salões paroquiais durante alguns anos e depois
os abandonam definitivamente quando recebem os sacramentos
da iniciação cristã.
B É preciso revigorar o olhar confiante sobre os jovens, semelhante
ao de nosso pai Dom Bosco. O Oratório de Valdocco foi definido pelo
próprio Dom Franzoni, arcebispo de Turim, como “a paróquia dos meninos
abandonados sem paróquia”. A opção prioritária dos jovens, especialmente
dos mais pobres, tornou-se a espinha dorsal de toda a sua ação pastoral.
Hoje somos chamados a “acolher” o grito que os jovens enviam ao mundo
dos adultos com o pedido de “serem vistos” e acolhidos: é um grito que
pede esperança para o futuro, o deles e o nosso.
«A evangelização passa, portanto, também e sempre mais obrigatoriamente,
pela análise das situações de vida que incidem sobre a personalidade
juvenil» (CG21, 20). Saber entender ou ler com competência a condição
dos jovens à luz do Evangelho pode dar à paróquia confiada aos salesianos
um traço característico. Consequentemente, é também necessário que as
comunidades cristãs abram a própria mentalidade à cultura dos jovens em
relação aos aspectos de novidade. Para isso, é necessário não se perder
em reclamações e análises desoladoras que, muitas vezes, produzem um
sentimento de inadequação e correm o risco de nos afastar de um mundo
do qual em muitos aspectos nos sentimos distantes.
Devemos ser uma Igreja que encoraja e não se lamenta, uma Igreja
que apresenta e transmite alegria e não amargura, uma Igreja
que transmite fidelidade e não abandono. Temos a necessidade
de redescobrir uma visão positiva, mas em consonância com a
realidade divina e providencial da história.
Precisamos, como diz Francisco, superar a tentação do “sempre se fez
assim” (EG, 33). Precisamos da criatividade e da presença ruidosa dos
jovens. Precisamos que nossas paróquias passem por uma conversão
profunda que lhes permita apresentar um rosto amigo aos jovens. Que
sejam uma casa em que a realidade das novas gerações se impõe (pré-
adolescentes, adolescentes, jovens adultos) apesar de sua complexidade
em um mundo que muda drasticamente; os jovens podem nos ensinar a
interpretar a sua realidade de uma forma que responda adequadamente
às suas necessidades e desejos.
45

5.6 Page 46

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
«O mundo em que vivemos neste século XXI, marcado pela
diversidade de culturas e contextos, precisa encontrar – e podemos
dizer que se espera – encontrar salesianos consagrados-apóstolos
preparados e dispostos a viver a própria vida com a mente e o
coração de Dom Bosco. Salesianos capazes de continuar a dar
a vida pelos jovens do mundo de hoje, com a sua linguagem,
com o seu modo de ver e os seus interesses. Sem dúvida, muitos
desses adolescentes e jovens vivem nas casas salesianas, enquanto
muitos outros frequentam “outros pátios”: somos salesianos
também para eles» (CG28,2).
C Em nível prático apresentam-se aqui algumas ações possíveis ou
atenções a dar que a paróquia pode realizar na vida quotidiana em favor
dos jovens:
◗◗ o conhecimento adequado da situação dos jovens e, portanto, a
competência nos problemas pastorais que também os animadores
da paróquia devem cultivar para enriquecer a Igreja particular;
◗◗ a elaboração, nas paróquias, de itinerários, iniciativas e propostas que
permitam acolher sempre mais os jovens, envolvê-los na definição
de suas necessidades e de respostas educativas mais adequadas
(a metodologia pastoral de Dom Bosco une insuperavelmente
evangelização e educação, isto é, inclui sempre a dimensão
pedagógica na práxis pastoral);
◗◗ a valorização das pessoas que trabalham com/pelos jovens, cuja
competência e cujo trabalho deve ser valorizado, assim como os
ambientes e instituições que se ocupam de crianças e jovens;
◗◗ a sensibilização da comunidade diocesana sobre os problemas e
necessidades da pastoral juvenil;
◗◗ a preocupação de aproximar os jovens à fé e fazer com que cresçam
nela, sobretudo na atenção apostólica aos últimos, aos mais
desfavorecidos, etc.;
◗◗ o interesse pelo mundo do trabalho e os problemas correlatos ao
desemprego;
46

5.7 Page 47

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
◗◗ a promoção da participação ativa dos jovens nas celebrações;
◗◗ a atualização dos processos de iniciação e formação cristã dos
adolescentes e jovens (estamos sempre mais convencidos de que
os itinerários de educação à fé devem ir além da preocupação de
transmitir conteúdos, para abrir-se a uma formação mais integral, em
que a experiência de Deus possa produzir frutos);
◗◗ a renovação dos meios de expressão cristã (cantos, gestos, linguagem,
métodos, narrações, testemunhos, símbolos, avisos);
◗◗ a participação dos jovens nos órgãos paroquiais (eles precisam sentir-
se protagonistas da vida da comunidade, inclusive com voz e voto
quando possível);
◗◗ a promoção da participação dos jovens nos grupos paroquiais e nas
experiências que os tornem evangelizadores de outros jovens;
◗◗ a sensibilização de toda a comunidade paroquial pelas questões
educativas;
◗◗ a preparação de adultos para abordarem a questão juvenil em
âmbito familiar, educativo e público, também por meio de grupos
de discussão.
Como consequência, estas afirmações requerem a revisão inteligente
de algumas modalidades de organização das paróquias confiadas
aos salesianos. São necessárias doses massivas de criatividade na
experimentação de novas formas de presença, testemunho e escuta da
cultura juvenil.
Precisamos estimular a nossa imaginação, sugerir ideias e ações que
sirvam de estímulo no dia a dia dos nossos jovens. Com efeito, a proposta
de Jesus, mais do que resposta a uma atitude de busca, deve ser uma
provocação e um questionamento feitos em particular aos jovens feridos,
fragmentados ou desorientados. Daí a necessidade de insistir na novidade
do Evangelho, no seu potencial para dar alegria e sentido inigualáveis à​​
vida, reconhecendo ao mesmo tempo que a sua aceitação coloca o cristão
contracorrente a certos valores socialmente dominantes.
47

5.8 Page 48

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
Precisamos acompanhar os jovens que recomeçam a sonhar... jovens
entusiastas, que optam por enamorar-se apaixonadamente pelo projeto
de Jesus e que, dotados espiritualmente, decidem viver o compromisso
do Evangelho.
D A paróquia confiada aos salesianos tem um caráter popular de ampla
acolhida. As paróquias salesianas localizam-se geralmente em «ambientes
populares» e populosos das grandes cidades (CG21, 141), em «bairros
populares e pobres» (CGE20, 411, 407), com o «povo humilde» (CG21, 141):
zonas onde se evidencia um tipo de ação que tende a alcançar o maior número
de pessoas. A evangelização da cultura popular requer uma atenção constante
às várias formas em que ela se manifesta. A evangelização contextualiza-se e
integra-se nesses ambientes populares, com a consideração da sua história,
tradição e cultura, dos costumes e das suas raízes:
«A paróquia confiada aos salesianos é popular pela sua
localização, pois é preferivelmente instalada em ambientes
populares e populosos das grandes cidades; o estilo de sua ação
procura achegar-se ao povo e não pretende ser uma comunidade
enrocada e fechada, ou nas quais o povo possa encontrar-se com
naturalidade e simplicidade; dá atenção e vê com simpatia as
expressões da piedade popular e sabe orientá-las, com espeito,
através de uma pedagogia de evangelização; sua abertura à
vida do bairro, embora evitando todo espírito de partidarismo,
participa dos problemas da gente humilde com a qual vive e
comparte alegrias e dores, desilusões e esperanças» (cf. CG21,141).
Quando falamos, do ponto de vista da fé cristã, de piedade popular (ou
religiosidade, ou também devoção) popular, queremos recordar a genuína
fé cristã, rica de valores religiosos e histórico-culturais que não podem ser
ignorados. Muitas dessas devoções representam um conjunto de valores de
tradição histórica, ambientação folclórica e beleza natural e plástica. Elas
reúnem na alegria comum da celebração sentimentos humanos ricos de
amizade compartilhada, igualdade de tratamento e valor de tudo o que a
vida encerra de belo. Em suas raízes profundas podemos descobrir valores
espirituais autênticos da fé em Deus.
Além disso, não podemos deixar de nos questionar sobre a atenção às
manifestações populares externas na vida pastoral das nossas comunidades
cristãs. A devoção à Virgem, por exemplo, é muito positiva e encorajante,
48

5.9 Page 49

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
mas é preciso ser capaz de dar a essas raízes de fé a sua plenitude
evangélica, levando a redescobrir as razões profundas da presença de
Maria em nossas vidas como modelo na peregrinação de fé. Por outro
lado, é consolador constatar que há em alguns casos grande preocupação
e solicitude na promoção deste tipo de religiosidade, uma maior formação
cristã e uma mais ativa participação litúrgica e caritativa na vida da Igreja,
o que se traduz em verdadeiro dinamismo apostólico.
Aqui se quer reiterar a importância da atenção evangélica que sabe
encontrar a bondade religiosa humana de todas as expressões e costumes
da piedade popular, que, acolhendo-as, as purifica, consolida e eleva.
35
LUGAR DE CONVERGÊNCIA DOS DIVERSOS
AMBIENTES DA CASA SALESIANA
A A paróquia torna-se o ambiente central para onde convergem todos
os demais setores como lugar de referência para celebrar e partilhar a fé.
Ela é, de fato, o ambiente pastoral que acolhe toda a Obra Salesiana e
especialmente as ambientes onde os jovens estão presentes.
Animar tal contexto implica integrar a paróquia no projeto orgânico antes
de tudo da casa salesiana, que se torna «um serviço orgânico, unitário
e corresponsável, em prol do desenvolvimento humano, civil e religioso
do lugar em que está inserida» (CG20, 436). Com efeito, a paróquia é
chamada a ser «casa de Deus e porta do céu» (referência ao sonho de
Jacó, cf. Gn 28,12,17) para todos os que entram numa Obra salesiana.
Uma das urgências das nossas Obras, numa sociedade globalizada que
muitas vezes está distante da fé, é ser espaço aberto à transcendência, uma
claraboia que permita a transparência da presença de Deus. A paróquia
não pode ser simplesmente um lugar de encontro de pessoas, onde se
realizam diversos tipos de atividades (teatro, jogos, oficinas, campos,
música); nem apenas uma escola de voluntariado social ou centro de
assistência ou integração social. Sem dúvida, todas estas ações, de enorme
valor pedagógico, continuam a ser essenciais dentro da comunidade, mas
como já foi acenado, a paróquia confiada aos Salesianos, lugar onde a
comunidade cristã da Obra salesiana celebra e reza, é chamada a ser a
“tenda da reunião”, o espaço que o Senhor escolheu para habitar entre nós.
49

5.10 Page 50

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
«A casa onde o Senhor está” é o nome que Jacó deu ao lugar onde
se adormentou e teve um sonho (cf. Gn 28,12-17). A paróquia não
é um mosteiro ou um lugar exclusivo de oração, mas o espaço
singular sempre disponível para o encontro com Deus,
onde rezam os idosos e os jovens, os adolescentes e as crianças
que frequentam a nossa casa.
B A paróquia é chamada a ser lugar de acolhida para os jovens,
educadores ou famílias que retornam à fé, desiludidos com os ídolos
que a sociedade nos propõe e que, afinal, são incapazes de dar sentido
à vida. Nossas Obras acolhem a demanda de muitos peregrinos da
vida, de muitos viandantes que pedem para ser “salvos”, isto é, para
serem continuamente readmitidos à vida; que pedem para encontrar
motivos e apoios para uma vida boa e feliz, em nome do Senhor Jesus.
A paróquia não é um palácio, mas lugar de encontro para todos os que
procuram o único Deus verdadeiro, mesmo sem o conhecer. Os nossos
âmbitos pastorais devem ter a preocupação de como acompanhar tantas
pessoas em busca (explícita ou não), para que, com o testemunho, a
beleza do encontro pessoal com Jesus seja capaz de avivar (ou reavivar)
a fé. Numa bela definição cara a S. João XXIII, a paróquia tem a mesma
importância que o “chafariz do povoado”: mata a sede, refresca e é
ponto de encontro.
C Precisamos fazer da paróquia um lugar onde crianças, adolescentes,
jovens e adultos possam cantar: um lugar alegre de festa, em relação
com a vida; lugar com celebrações litúrgicas que não perdem a dimensão
sacramental, nas quais os símbolos são expressão profunda da existência e,
por isso, dão-lhes um sentido último; lugar «que lhes permitam compartilhar
a vida, festejar, cantar, escutar testemunhos concretos e experimentar o
encontro comunitário com o Deus vivo» (Christus vivit, 204).
A casa de Deus é chamada a ser o lugar onde se vive a comunidade
como uma nova família, que se reúne todos os domingos para sentar-
se como filhos, irmãos e irmãs, à mesa do Pai. O lugar do encontro de
adultos, crianças e jovens, aonde se chega depois dos variados trabalhos
da semana e das inquietações do dia-a-dia; uma mesa ao redor da
qual se compartilham histórias, fatos da vida, esperanças, mas também
inquietações e fracassos. O lugar onde não se resolvem as diferenças, mas
onde, graças à mediação do Pai, nós, filhos, podemos fazer as pazes e
pedir perdão pela dor que lhe causamos.
50

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
Pode-se dizer de uma comunidade paroquial que vive assim que o seu
centro é realmente a Eucaristia. Nela, a fração do pão e a sua distribuição
não se tornam um gesto litúrgico rotineiro, mas o sacramento memorial do
corpo de Cristo entregue por amor e expressão do que somos, “família”
de Deus, e daquilo que vivemos, o amor fraterno e o serviço.
51

6.2 Page 52

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
EM GLANÇA
TAREFA DA PARÓQUIA
a inserção do carisma salesiano
na estrutura eclesial e cultural
da paróquia
fidelidade ao nosso DNA
salesiano
Um centro de
evangelização e
educação para
a fé
De uma pastoral
sacramental
apenas a uma
iniciação e
amadurecimento
na vida cristã
• Oferece uma proposta sistemática de
evangelização e educação à fé
• atentos aos caminhos contínuos,
graduais e diversificados da vida cristã
• uma comunidade onde se pode
experimentar os valores da
Espiritualidade Juvenil Salesiana
• promove a centralidade da Palavra de
Deus
• torna a vida comunitária central
• os sacramentos da vida cristã
• alimenta a devoção a Maria Auxiliadora
• dá relevância à mediação educacional
Uma presença
da Igreja
aberta e
inserida no
território
Um ponto de
referência que
torna a Igreja
visível
• socialmente inseridos na vida quotidiana
do território
• crentes: todos aqueles que habitam o
espaço geográfico (baptizados na sua
diversidade, cristãos que se mudaram,
pessoas de outras religiões, não crentes,
cépticos ou indiferentes)
• com um estilo salesiano de acolhida
• centro significativo também de todas as
várias comunidades e grupos eclesiais
• atentos ao diálogo com outras religiões e
crenças tradicionais
52

6.3 Page 53

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
• atitude pastoral de abertura, de
acolhimento, que nos obriga a aguçar o
olhar, a estender a mão a todos
• tratar a unidade existencial da
evangelização, da promoção humana e
da cultura cristã
• maior cuidado e atenção pastoral
para: idosos, estrangeiros, periferias
"existenciais", emergências e capelas e
estações missionárias paroquiais
A opção
preferencial
evangélica
para os mais
necessitados
Uma
comunidade
com uma visão
missionária
• para revigorar um olhar confiante sobre
os jovens, como fez Dom Bosco: a
paróquia, um rosto amigo para os jovens
• conhecimento actualizado sobre a
situação da juventude
• Elaboração de itinerários, iniciativas e
propostas para os jovens
• valorização das pessoas que trabalham
com/para a juventude
• consciência da comunidade diocesana
• a preocupação de aproximar os jovens
mais necessitados da fé
• interesse no mundo do trabalho e do
desemprego
• promoção da participação activa dos
jovens nas celebrações
• actualização dos processos de iniciação
e formação cristã
• renovação de canções, gestos,
linguagem, etc.
• participação dos jovens em grupos e
organismos paroquiais
• sensibilização de toda a comunidade
paroquial para as questões educativas
• preparação de adultos para as questões
da juventude
Escolha
preferencial
para os jovens
(não excludente)
e carácter
popular de
ampla aceitação
Uma opção clara
para os jovens
e para a classe
trabalhadora
53

6.4 Page 54

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A PROPOSTA EDUCATIVO–PASTORAL DA PARÓQUIA CONFIADA À COMUNIDADE SALESIANA
Lugar de
convergência
dos diferentes
ambientes da
casa salesiana
Setor central
no qual todos
os outros
setores
convergem
como um lugar
de referência
para celebrar
e compartilhar
a fé
• "tenda do encontro", onde a comunidade
cristã da Obra Salesiana celebra e reza
• lugar de acolhimento na Obra Salesiana
para muitos peregrinos da vida
• espaço de celebração alegre, ligado à vida
• "família" para as crianças, sentadas à
mesa do Pai
54

6.5 Page 55

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
A ANIMAÇÃO PASTORAL
ORGÂNICA NA PARÓQUIA
CAPÍTULO
IV

6.6 Page 56

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
4 1 AS PRINCIPAIS INTERVENÇÕES DA PROPOSTA
A A paróquia é uma comunidade evangelizadora: leva o primeiro anúncio
aos que estão longe e os catequiza, encontrando-os na situação em
que estão. É por isso que parece oportuno resgatar alguns princípios
inspirados no catecumenato cristão como elementos pedagógicos e
básicos para a educação na fé. Trata-se de considerar o dom da fé como
uma força dinâmica de crescimento progressivo, que consiste em fases,
etapas e passagens lógicas entre si. É um caminho sustentado (além de
pelo dom gratuito de Deus), por uma necessária ajuda educativa. Assim, a
educação na perspectiva cristã deve ser vista como um acompanhamento
necessário no caminho da fé, como um caminho feito em comum, no
modelo dos caminhantes de Emaús (Lc 24,13-35), para o crescimento
integral da pessoa, à luz da fé.
Por isso, o catecumenato procura evangelizar nas quatro grandes áreas do
desenvolvimento da fé, presentes na experiência da Igreja: a dimensão pessoal,
a dimensão comunitária, a dimensão celebrativo-litúrgica e a dimensão da
ação evangelizadora. Mediante essas dimensões, entendemos que:
◗◗ além do anúncio requer-se uma resposta pessoal, livre e responsável;
◗◗ é necessário iniciar um processo de educação cristã que leve
unitariamente à fé vivida, celebrada, proclamada, testemunhada;
◗◗ é fundamental integrar a conversão da vida e o testemunho da
caridade.
Este itinerário pode ajudar a programação adequada das intervenções com
os jovens, garantindo a completude e integridade da experiência cristã.
B A paróquia cria e propõe itinerários graduais e diversificados de
educação à fé, em particular dos jovens e das famílias, ensinando-lhes a
viver a própria fé de forma simples, mediante experiências e não apenas
de “discursos teóricos”. Os itinerários poderiam preparar as famílias para
a educação dos filhos à fé, criar a catequese batismal, oferecer caminhos
de educação à fé para os noivos que, em seguida, poderiam iniciar grupos
de famílias (cf. Pastoral Juvenil e Família. Setor para a Pastoral Juvenil
Salesiana. Salesianos de Dom Bosco, 2021, cap. 3)
56

6.7 Page 57

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
A iniciação cristã tem sua base na experiência, as relações com a
comunidade e o testemunho de vida. Trata-se de um caminho exigente
que requer um período adequado de formação, também denominado
catecumenato, que inclui múltiplos processos e iniciativas pastorais que,
com naturalidade e criatividade, permitem um encontro pessoal com
Jesus Cristo.
Em todos esses procedimentos deve ser sempre transmitida
uma síntese adequada e atualizada da mensagem cristã
e, sobretudo, integrar a experiência pessoal no processo
de amadurecimento e crescimento, procurando encorajar e
acompanhar o esforço progressivo na vida cristã.
Condição indispensável, porém, para garantir concretamente essa
integração fecunda é a programação feita pelos pelos catequistas
e animadores dos grupos de fé. Não se trata simplesmente de um
“planejamento feito na escrivaninha”, em busca do programa mais bem
comprovado; também não se opõe à “arte” catequética, mas está em
função dela. O planejamento è um ato devido a cada catequizando com
57

6.8 Page 58

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
suas necessidades e potencialidades específicas (sensibilidade religiosa,
nível de preparação, ritmo de aprendizagem...); uma tarefa importante
pelo valor dado à mensagem cristã; uma condição a fim de possibilitar o
confronto e o controle.
C Outra ação da paróquia é estimular a pertença eclesial nos grupos,
fazendo-os crescer na consciência de um acompanhamento pastoral
sempre mais atento às várias especificidades. Para tanto, acolhe os
movimentos, grupos juvenis e favorece os grupos da Família Salesiana
entre outros. Inicia a coordenação desses grupos com o MJS e a proposta
da Espiritualidade Juvenil Salesiana. A experiência do grupo deve ser capaz
de motivar comunidades cristãs mais abertas e integradas.
Por outro lado, o pároco é um salesiano sacerdote, que procura harmonizar
todas as presenças do Espírito que convivem na paróquia, não privilegiando
apenas uma como sua e exclusiva. É preciso ter o cuidado de não promover
apenas certos movimentos, experiências particulares ou grupos específicos.
Ao favorecer o pluralismo associativo não só favorece o conhecimento
das múltiplas vocações e possibilidades para cada jovem e adulto, como
também enriquece a mesma fisionomia da comunidade paroquial.
A esta altura, podemos sublinhar ainda mais a importância do ministério
leigo em uma paróquia. O pároco deve promover continuamente o
crescimento dos agentes pastorais leigos e valorizar os seus carismas,
fugindo do risco de cair na tentação de interessar-se por eles ou elogiá-los
apenas quando é iminente uma necessidade ou um problema organizativo.
Do mesmo modo, torna-se disfuncional confiar tarefas de forma
extemporânea a qualquer pessoa que esteja disponível, sem discernimento
de suas habilidades e da sua maturidade efetiva.
D A paróquia é uma comunidade que vive a Liturgia e os sacra-
mentos: prepara para celebrá-los com bom gosto e beleza. Todas os
ambientes da obra vivem a dimensão celebrativa com a paróquia, fazendo
experiência da Liturgia, do lugar da celebração, do espaço sagrado, dos
sacramentos, porque a paróquia é o lugar onde a fé é alimentada. É pre-
ciso pensar uma liturgia mais próxima da vida, procurando utilizar uma
linguagem compreensível e acessível, expressa de forma simples através de
cantos, gestos, histórias, testemunhos, símbolos, a Palavra de Deus bem
exposta, para que a celebração seja viva e possa reavivar a participação
ativa de todos na sua preparação e realização. Uma linguagem, portanto,
58

6.9 Page 59

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
nada trivial, claramente distante de fórmulas estereotipadas, muitas vezes
incompreensíveis e quase sempre carentes de expressividade da assembleia
celebrante.
É necessário pensar em novas estratégias de comunicação
para o anúncio da fé, compreender os novos códigos para
chegar ao coração dos jovens ao falar do Evangelho, uma
nova evangelização que saiba traduzir a mensagem
de Jesus com novas formas de comunicação. A diversidade
cultural (que também atinge os “nossos” jovens) causa falta
de conexão e, portanto, falta de comunicação da mensagem.
Mais concretamente, não há comunicação porque a maneira de
expressar a Boa Nova não está em sintonia com a experiência
vivida.
E Ao promover o crescimento de uma fé ativa, a paróquia educa para a
dimensão social da caridade a fim de construir a cultura da solidariedade.
Dessa forma, reconhece e incentiva o empenho dos membros da
comunidade paroquial envolvidos na ação social e na caridade.
A comunidade eclesial deve tornar visível com gestos concretos uma
conduta de vida sóbria e aberta à generosidade e solidariedade, com ações
que manifestam os valores do Reino. A atividade caritativa das paróquias
é extensa, mas podemos nos deter sobre como essa dimensão está
reconfigurada, por exemplo, na realização de atividades que permitem à
Cáritas paroquial conhecer e acompanhar situações de pobreza, privação e
vulnerabilidade social. Dentre muitas outras ações, destacamos: a abertura
de centros de escuta; o acolhimento de alguns grupos particularmente
desfavorecidos, como os migrantes irregulares e os sem-teto; a aceitação
de serviços mais específicos e a construção de redes (com outras realidades
eclesiais e com organizações civis) para responder às necessidades dos
novos pobres que vêm bater à nossa porta. A demanda por assistência já
não vem apenas dos pobres crônicos, mas também das pessoas que caíram
na pobreza devido a eventos específicos, como a perda de emprego,
alguma dependência, os problemas de saúde física e mental, a pandemia.
A ajuda oferecida pela paróquia não pode limitar-se, então, ao simples
apoio financeiro (cestas de alimentos, roupas, pequenos subsídios), mas
deve ir ao encontro das necessidades mais profundas da pessoa, de
relacionamento, de sentido, para poder dar esperança. É uma questão
59

6.10 Page 60

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
de “reorganizar” e repensar as coisas, os tempos, as pessoas, os locais
paroquiais a partir dos que estão “faltando”, dos que estão “longe”, dos
que vivem “sozinhos”, dos que “sofrem”, dos que “crescem”, dos que
“não trabalham”. Mesmo quando é solicitada ajuda material, a pessoa traz
com ele maior sofrimento, decorrente do esforço de dar sentido à própria
vida, de acontecimentos vividos, às vezes de condições de isolamento.
A necessidade real é reconectar-se e encontrar o significado da própria
biografia.
A especificidade da paróquia não é mais a contribuição
econômica ou a cesta de alimentos, mas o estilo relacional que
transforma a vida da simples escuta ao companheirismo, à
hospitalidade (quando possível), a percursos mais estruturados.
A paróquia, junto com a atividade de apoio econômico, continua
na aproximação e na escuta das pessoas e famílias.
A dimensão social da caridade favorece o envolvimento apostólico
dos animadores juvenis nas iniciativas sociais, culturais, caritativas
e missionárias de paróquias. Apoia a promoção, a formação e o
acompanhamento da solidariedade e do voluntariado missionário (cf.
O Voluntariado na missão salesiana. Setor para a Pastoral Juvenil. Setor
para as missões, 2019). Teria também impacto educativo a formação de
educadores de rua (jovens e adultos) para atender crianças, adolescentes
e jovens que normalmente não frequentam nossos ambientes; esta
especialização haveria de nos permitir aproximar de muitos tipos de
pobreza, às vezes invisíveis, que nos rodeiam.
F A comunidade paroquial procure ser um centro para a formação de
leigos dinâmicos e comprometidos e, sobretudo, para animadores
pastorais dos jovens. Uma prioridade para o futuro da comunidade eclesial
é a realização de cursos de formação adequados a todos os agentes. Entre
estes agentes, têm um lugar especial aqueles que intervêm no delicado e,
em muitos aspectos, decisivo, setor da educação da fé, como catequistas,
educadores, animadores juvenis e grupos de adultos e noivos, etc.
A função destas figuras catequéticas continua fundamental. Com sua
ação de testemunho, ensino e formação, são chamados a um verdadeiro
acompanhamento espiritual: levar os jovens a ouvir e acolher a palavra de
Deus, encontrar o Senhor, fazer opções coerentes. Além da competência
e exemplaridade da vida cristã, pede-se aos catequistas bondade,
60

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
dedicação, grande habilidade na preparação do terreno, semeador
generoso, proximidade atenta, encorajamento, oração, espera paciente.
A metodologia criativa e dinâmica não pode ser verdadeiramente frutífera
se não for praticada por catequistas preparados.
Francisco instituiu oficialmente o “ministério laical” do catequista
(Antiquum ministerium. Carta apostólica em forma de “Motu Proprio” do
Sumo Pontífice Francisco, 10 de maio de 2021), reforçando ainda mais a
“missão” dos leigos batizados que anunciam o Evangelho. Todo ministério
é sinal de valorização do papel dos leigos na comunidade.
Garanta-se uma formação básica comum, que garanta a
identidade salesiana de cada colaborador na realização
educativo-pastoral salesiana. É imprescindível conhecer,
assumir e praticar o modelo educativo-pastoral (cf.
Pastoral juvenil salesiana. Quadro referencial. Setor da Pastoral
Juvenil, 2014) e, nele, os núcleos de espiritualidade
juvenil salesiana: a espiritualidade do cotidiano, lugar
em que a pessoa reconhece a presença ativa de Deus e vive
a sua realização pessoal; a espiritualidade da alegria e do
otimismo, sem renunciar por isso à ação e à responsabilidade;
a espiritualidade da amizade com o Senhor Jesus, que dá as
razões da esperança e introduz numa vida que n’Ele encontra
todo o sentido; a espiritualidade da comunhão eclesial, ambiente
natural para o crescimento na fé através dos sacramentos; (na
Igreja encontramos Maria, a primeira crente, que precede,
acompanha e inspira); a espiritualidade do serviço responsável,
generoso, ordinário e extraordinário (cf. ibid. cap. IV).
G Dom Bosco criou no Oratório uma comunidade, uma família em que
ele mesmo era o centro e o coração, um lugar de encontro familiar para
as diversas vocações, onde os valores humanos e cristãos eram vividos
e apreciados a ponto de a proposta de santidade ser uma aspiração
(cf. Pastoral Juvenil e Família. Setor para a Pastoral Juvenil Salesiana.
Salesianos de Dom Bosco, 2021, cap. 2). A paróquia confiada aos
Salesianos é também um lugar onde a “vocação” pode ser apresentada
com naturalidade, eficácia, continuidade e plenitude. Neste contexto, a
paróquia é uma comunidade que acompanha a opção vocacional dos
fiéis, especialmente dos jovens. O acompanhamento dos jovens exige
um notável esforço.
61

7.2 Page 62

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
Este serviço ajuda a personalizar a fé: a escuta de Deus fortalece o
sentido vocacional da vida cristã. A paróquia orienta e acompanha as
várias vocações na Igreja, mas oferece especialmente aos jovens uma
proposta vocacional específica à vida religiosa, ao sacerdócio ou ao
laicato comprometido. Promove a oração constante pelas vocações na
comunidade paroquial e nos vários grupos e movimentos.
H Atualmente, um dos desafios mais significativos da evangelização é
aquele que emerge do ambiente digital. Os novos meios de comunicação
e a Internet são, de fato, uma grande e irrenunciável oportunidade
de comunicação para evangelizar. Contudo, é necessário conhecer
sua natureza, seu funcionamento, seus limites, suas potencialidades e as
transformações que introduzem. Os instrumentos de comunicação são
uma grande oportunidade na paróquia, porque permitem transformar em
notícias os acontecimentos da vida da comunidade: o sítio web e os perfis
sociais passaram a ser canais privilegiados de comunicação não só para os
jovens, mas também para os adultos.
A atenção à comunicação nas paróquias não é, pois, uma atividade
secundária, mas uma atividade essencial, não destinada apenas à
elaboração de boletins, cartazes e folhetos paroquiais. Em muitos casos,
a rádio paroquial, por exemplo, chega a muitas pessoas, por diversos
motivos, que não podem participar da vida de uma comunidade local. A
emissora de rádio torna-se uma solução eficaz e prática para divulgar a
voz da paróquia e ajudar a sentir-se parte da vida paroquial, especialmente
para os idosos e os enfermos.
As paróquias são chamadas a ser protagonistas no desafio de comunicar
também através da web, mas o esforço de “habitar” os ambientes
digitais não deve ser interpretado como necessidade de acompanhar uma
moda, mas como uma oportunidade de dar novo impulso à atividade
pastoral. Esta tarefa requer a aquisição de competências, a sensibilização
das comunidades e a valorização daqueles, muitas vezes leigos, que
demonstram possuir qualidades relevantes neste campo; muitas paróquias
cultivam a vida de comunhão e a atividade missionária também por meio
de mensagens pela Internet, sítios Web e boletins noticiosos.
Estas modalidades permitem interagir e dialogar com os mais jovens,
entrar em contato quotidiano com os agentes pastorais, criar e aumentar
o sentido de pertença à comunidade paroquial. Além disso, permitem que
62

7.3 Page 63

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
sempre mais pessoas se envolvam ativamente nas atividades promovidas
pela paróquia, oferecendo também (especialmente através do sítio
Web ou das redes sociais) “informações de serviço” úteis também para
quem não frequenta a paróquia e para tornar conhecida a vida da Igreja
e do território. Este habitat digital, onde estão presentes muitos leigos
empenhados, é vivido em comunhão ou em rede com outras instâncias e
instituições em nível local ou geral.
42
AS ESTRUTURAS DE PARTICIPAÇÃO E
RESPONSABILIDADE
A ) Animação da comunidade paroquial local
Definimos nas seções anteriores a proposta educativo-pastoral salesiana
da paróquia e as diferentes funções que a compõem (pároco, diretor,
comunidade religiosa, leigos e jovens), para nos determos agora nos
órgãos paroquiais de corresponsabilidade eclesial. Eles representam
um momento significativo de participação na ação pastoral paroquial
através da contribuição do “conselho” oferecido pelo bem da Igreja, em
vista do discernimento comum para o serviço do Evangelho.
“Aconselhar”, na Igreja, é um momento privilegiado de
discernimento, em contexto orante de escuta da Palavra de
Deus e das demandas de todos os membros da comunidade
local; nasce da comunhão e expressa-se de forma madura na
corresponsabilidade. Todos os fiéis, de forma complementar e
corresponsável, têm o direito e o dever de participar ativamente
da vida e da missão da Igreja, de realizar a vocação universal
à santidade, de contribuir para o desenvolvimento integral da
pessoa e da sociedade e de estender a todos os homens e a todas as
realidades humanas o plano salvífico do Pai, revelado e realizado
em Cristo no poder do Espírito Santo.
I Entre os organismos eclesiais nos quais a sacramentalidade da Igreja se
realiza através da comunhão, da participação e da corresponsabilidade de
párocos, religiosos e leigos, o Conselho Pastoral Paroquial ocupa lugar
privilegiado. Nele toda a comunidade é representada na unidade da fé e
63

7.4 Page 64

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
na variedade dos carismas, dos dons e dos ministérios, não pelo simples
fato de delegação ou pela mera instância organizativa, mas pelo exercício
orgânico da eclesialidade, que se realiza por meio da mediação, do
discernimento e da decisão.
A representatividade no Conselho Pastoral tem primeiramente uma
função de mediação, não no sentido de os membros do Conselho
agirem como delegação sindical daqueles que representam, mas como
intermediários das demandas de toda a comunidade local
Cada paróquia tem o seu Conselho e assume as tarefas atribuídas ao
Conselho Pastoral Paroquial e, portanto, cumpre as funções atribuídas
pelo CIC (cân. 536, §§ 1-2). Nas obras com um único âmbito educativo o
Conselho Pastoral Paroquial coincide com o Conselho da CEP (cfr. QR, cap.
VII, p. 2). Nas obras muito complexas e com muitos âmbitos educativos,
seria desejável que o diretor participasse da vida paroquial e, portanto,
que fizesse parte do Conselho Pastoral Paroquial. Ao mesmo tempo, é
oportuno especificar que, de qualquer modo, a Paróquia tem personalidade
jurídica própria (cân. 515 §3) e o pároco é o seu único titular, assim como
é necessário levar em conta o disposto no cân. 519: O pároco é o pastor
da paróquia.
O Conselho Paroquial é uma equipe pastoral de caráter consultivo
e operativo, em conformidade com as atribuições previstas no
Código de Direito Canônico (cf. cân. 536) e as orientações da
Igreja local. Desta forma, delineia-se a natureza consultiva
dos organismos participantes, que deve ser entendido em sentido
estritamente eclesial e apenas analogicamente em referência à
linguagem e a práxis dos ordenamentos jurídicos democráticos.
Sendo, de fato, verdade que – devido à constituição hierárquica da Igreja
– o momento da decisão é confiado ao pároco (no nível paroquial), é
igualmente verdade – pela natureza comunhonal – que a decisão deve
amadurecer no diálogo, no confronto e no discernimento comunitário com
todos os órgãos de corresponsabilidade que o apoiam nas várias atividades.
A decisão, no Conselho Pastoral, é o momento em que as várias opiniões e
sugestões amadurecidas no discernimento comunitário devem encontrar
a sua síntese através do ministério próprio dos pastores. Deste modo, o
Conselho Pastoral é realmente sujeito unitário das opções eclesiais,
64

7.5 Page 65

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
como expressão consumada de comunhão numa autêntica fraternidade
cristã, embora com a colaboração diversificada do pastor e dos demais fiéis.
Em última análise, o Conselho é uma equipe necessária para a animação
pastoral da paróquia. Presidida pelo pároco, animada e acompanhada
por ele juntamente com os demais salesianos envolvidos na comunidade,
a equipe é formada pelos sacerdotes designados à paróquia, pelos
representantes dos diversos setores da vida paroquial e pelos demais
membros. Portanto, para que possa desempenhar essa função, deve ser:
◗◗ indicado pela base de forma participada;
◗◗ representativo dos principais grupos, atividades, comunidades da
Paróquia, cuidando para que os diversos membros sejam a voz de
todos, especialmente dos jovens, além do grupo que representam;
◗◗ sensibilizado pelo particular carisma salesiano e atuante
harmoniosamente sob a coordenação do pároco.
Suas funções são definidas em seu Estatuto e são principalmente estas:
◗◗ estudar a situação local evidenciando as exigências da paróquia e
dos seus destinatários, para uma resposta evangélica aos desafios
que delas provêm;
◗◗ participar na definição e concretização dos encaminhamentos e
iniciativas;
◗◗ analisar e aprovar o balanço ordinário da paróquia;
◗◗ buscar os caminhos mais idôneos para uma maior comunhão e
participação dos fiéis;
◗◗ garantir a formação dos agentes pastorais paroquiais;
◗◗ propor o PEPS da paróquia à assembleia, concretizando-o e
avaliando-o periodicamente.
II Faz-se ressalva à obrigatoriedade de criar o Conselho Econômico
da Paróquia, que deve ser constituído segundo o cân. 537 do Código
65

7.6 Page 66

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
de Direito Canônico. Sua composição atende a critérios de competência
administrativa e eficiência. É o órgão de colaboração dos fiéis com o pároco
na gestão administrativa da paróquia. Sua função é consultiva e
◗◗ auxilia o pároco na preparação do orçamento paroquial;
◗◗ aprova o relatório final;
◗◗ expressa seu parecer sobre os atos de administração extraordinária;
◗◗ cuida da atualização anual da situação patrimonial da paróquia.
Seus membros devem ser competentes no campo da economia, de conduta
reta e ativamente envolvidos na vida paroquial. É composto por, pelo
menos, três fiéis nomeados pelo pároco, ouvido o parecer do Conselho
Paroquial. O presidente de direito da comissão econômica é o pároco, como
“pastor próprio” (cf. CIC, cân. 515.519) de uma determinada comunidade
de fiéis; o pároco é o responsável não só sob o perfil sacramental, litúrgico,
catequético e caritativo, mas também pela administração. De fato, no
ordenamento canônico, ele é o representante legal (cf. CIC, cân. 532) e
único administrador da paróquia (cf. CIC, cân. 1279).
Conclui-se, então, que é indispensável dar atenção a uma ad-
ministração ordenada, documentável, precisa e baseada
em princípios morais e éticos. Portanto, será necessário com-
prometer-se com a boa administração do dinheiro e dos bens que
passam pelos canais paroquiais; apresentar o devido relatório
administrativo aos níveis competentes (comunidade, inspetoria,
cúria, fiéis); acompanhar os contratos de trabalho dos colabora-
dores leigos, os respectivos seguros sociais, o cumprimento das
regulamentações municipais e estatais; saber com clareza quais
são as contribuições anuais a destinar às coletas nacionais e dio-
cesanas. Deste conjunto de indicações é evidente que o Conselho
Econômico, se bem informado e bem participado, pode dar à pa-
róquia uma contribuição muito eficaz, reconhecendo aos leigos
uma competência própria e específica.
III As comissões e os grupos de trabalho são equipes que, em
conformidade com o PEPS, animam os diversos setores de atividades. Entre
elas, é particularmente importante a comissão ou equipe de animação da
66

7.7 Page 67

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
pastoral juvenil, coordenada pelo vigário paroquial, ou um salesiano ou
um leigo responsável pelo Oratório – Centro Juvenil (cf. CG20, 432). Em
algumas realidades o conselho do Oratório identifica-se com a comissão ou
equipe de animação da Pastoral juvenil; trata-se de uma boa solução para
evitar a dispersão e garantir a organicidade na reflexão e nas opções. Tudo
isso levando em consideração as diversas realidades, que preveem também
casas salesianas com um único “ambiente” ou o oratório – centro juvenil.
IV A assembleia paroquial e os grupos são instrumentos de comunhão,
participação e corresponsabilidade na vida da comunidade, em especial
com os leigos identificados e empenhados na missão salesiana. Reforçam
a própria identidade mediante a preparação e realização do Projeto
Educativo-Pastoral Salesiano da paróquia.
Em síntese, é desejável que os conselhos e grupos sejam entendidos sob
o prisma da corresponsabilidade, como expressão de comunhão, não fruto
de curiosidade e benevolência:
◗◗ Estes organismos visam ser competentes na promoção da
originalidade e criatividade de cada paróquia, capazes de uma
programação pastoral à luz do PEPS local e inspetorial, segundo os
âmbitos de empenho de cada um.
◗◗ Tudo, portanto, é finalizado para a descoberta da comunidade
paroquial como sujeito da evangelização e, pois, corresponsável e
plenamente participante da missão da Igreja.
◗◗ Por esses motivos, os âmbitos e os tempos de discernimento
comunitário (grupos, reuniões, assembleias) devem ser aprofundados,
promovidos e valorizados, focando-se como comunidade no
momento presente e nas suas exigências, sem correr o risco de se
tornar nostálgico pelo passado, quando a animação e a administração
eram as únicas atividades dos sacerdotes e dos religiosos.
◗◗ Estes organismos são expressão de uma verdadeira “comunidade
cristã”, que não sugere um círculo restrito de eleitos (cf. EG, 28), nem
escolhido para satisfazer apenas o pároco: falar de “comunidade”
leva a reforçar mais a consciência de que o apelo cristão é vivido com
os outros, se sustenta e reforça reciprocamente numa circularidade
de vocações e relações fecundas.
67

7.8 Page 68

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
B ) Em diálogo com o Bispo e a Igreja local
I A Obra salesiana goza de grande estima no ambiente diocesano e
nos organismos eclesiais. Ao mesmo tempo em que confirma a total
disponibilidade de colaboração com a Igreja particular é importante
valorizar a entrega da paróquia aos salesianos como comunidade de
consagrados segundo o carisma fundacional. Os mesmos Bispos exortam-
nos a tornar mais visível o nosso trabalho no campo da pastoral
juvenil, a fim de enriquecer o território com a expressão do carisma
e da tradição salesiana.
Coloca-se aqui o discurso do Convênio entre a inspetoria e a diocese,
solicitada tanto por Mutuae relationes, 57 como pelo cân. 520 do CIC.
Aquilo que é explicitado de forma oficial nos convênios serve para
esclarecer as razões ainda atuais e válidas da aceitação da paróquia e as
características que devem ser evidenciadas no serviço que a comunidade
salesiana e a diocese devem prestar.
Entendemos que o nosso trabalho, quando somos destinados a uma
paróquia, não é de suplência, mas de oferta da riqueza de um carisma à
Igreja particular.
Deve-se recordar o convite que “Mutuae relationes” dirige aos
Bispos: «É seu dever específico defender a vida consagrada,
promover e animar a fidelidade e a autenticidade dos Religiosos
e ajudá-los a inserir-se, conforme a própria índole, na comunhão
e na ação evangelizadora da sua Igreja» (MR, 52). E ainda:
«Nenhum compromisso apostólico deve ser ocasião de desviar
da própria vocação» (MR, 46).
II Pelo que foi dito, deve-se caminhar para a comunhão e a colabora-
ção na Igreja particular. A pertença à Congregação, importante para
permanecer fiel à própria opção vocacional e para continuar a viver à luz
do carisma específico, não deve ser vista como alternativa à pertença ao
presbitério diocesano, mas como serviço ao projeto pastoral global da
mesma diocese. As estruturas diocesanas nas quais as nossas paróquias
estão inseridas são muito variadas (região pastoral, decanato, vicaria-
to...). Acreditamos que é bom refletir, do ponto de vista da comunhão,
sobre a relação positiva com as paróquias vizinhas e outras jurisdições
eclesiásticas.
68

7.9 Page 69

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
Em geral, o pároco está presente nos retiros ou reuniões do vicariato ou
da diocese: estes dias de convivência e de programação reforçam sempre
mais o clima de colaboração e o vínculo entre os párocos e a diocese. No
contato com o bispo e outros párocos, o salesiano pároco adquire uma
experiência de comunhão diocesana que deve saber comunicar a toda a
comunidade. É um tipo de sensibilidade e mediação do qual o pároco deve
cuidar de forma sistemática. A comunhão interparoquial e interdiocesana
não é simples estratégia organizativa, mas exigência da própria missão da
Igreja (cf. CGE20, 416).
O que foi dito passa não só através de uma verdadeira coerência na vida
e ação das pessoas e comunidades paroquiais, mas também pelo sentido
de pertença à Igreja particular, com a sua história e a sua pastoral, a ponto
de se tornar diálogo, boas relações, cordialidade nas relações, vontade de
estar presente, empenho em apoiar as iniciativas propostas, convicção de
que na Igreja nada é apenas organizativo e funcional, mas comunhonal.
C ) O Projeto Educativo-Pastoral unitário e articulado
I A paróquia está imersa num mundo sujeito a profundas e rápidas
transformações. É preciso parar, compartilhar, raciocinar, refletir, analisar,
identificar objetivos e prioridades, envolver, corresponsabilizar, formar,
verificar, em uma palavra: projetar. É necessária uma leitura mais profunda
das mudanças e provocações da realidade territorial e do impacto que
a comunhão eclesial e sua missão devem ter sobre ela. Trata-se de uma
realidade unitária e complexa e exige um projeto (cf. CG21, 140). O
objetivo primordial da ação pastoral realizada na paróquia confiada aos
salesianos, é ser uma verdadeira casa composta por muitas pessoas que
compartilham uma missão. Por isso, o carisma salesiano carece da
atenção metodológica, um instrumento operativo, que permita traçar
caminhos para alcançar os objetivos, usar bem os recursos, verificar os
resultados: o Projeto Educativo-Pastoral.
«A paróquia confiada aos salesianos evangeliza segundo o estilo
e o espírito do nosso Projeto Educativo-Pastoral» (CG21, 140).
A pastoral paroquial configura-se num projeto unitário e articulado,
num processo mental e comunitário de envolvimento, explicitação e
identificação. O planejamento se faz à luz da fé, ou melhor, é um modo
69

7.10 Page 70

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
determinado de se colocar diante da realidade com visão de fé. Portanto,
não se coloca imediatamente no contexto de um “prurido técnico” ou
de uma simples observância de documentos. Com o planejamento, a
paróquia propõe uma efetiva corresponsabilidade na missão pastoral de
ensinar, santificar e orientar a todos. As estruturas paroquiais fortalecem a
comunhão entre todos e a convergência e complementaridade das pessoas,
intervenções e estruturas em torno deste plano operativo.
Para que a pastoral paroquial tenha continuidade, ela não deve apenas
garantir a estabilidade das pessoas, mas deve ter “pontos precisos” de
referência para todas: um projeto. O PEPS é um canal operativo concreto
que orienta o caminho das nossas comunidades paroquiais e, portanto, é
uma proposta que não pode ser dispensada. O PEPS é:
◗◗ instrumento indispensável para concretizar a pastoral paroquial
segundo a identidade salesiana, interpretando e atualizando a nossa
proposta e o seu método;
◗◗ elemento importante para a continuidade pastoral da vida paroquial
quando acontecem as inevitáveis trocas de pessoal;
◗◗ ponto de referência no diálogo com o bispo e os organismos
diocesano;
◗◗ condição que se insere, qualifica e enriquece o projeto da Igreja local,
responde aos seus apelos e exigências e os do território;
◗◗ possibilidade concreta para um caminho de conjunto na convergência
e enriquecimento recíprocos entre as paróquias da mesma inspetoria
(cfr. QR, cap. VI).
II Em conclusão, pela sua pertença à Igreja local, a paróquia confiada
aos salesianos incorpora no seu PEPS as orientações pastorais da
diocese e as dos PEPS inspetorial e local. É necessário o esforço de
ter um projeto global capaz de formular um plano pastoral de amplo
respiro em relação à diocese e à inspetoria. Trata-se de fazer uma síntese,
de criar sintonia. A visão de diocese deve ser vivida, portanto, nem na
forma de conflito, nem na indiferença ou desconfiança recíproca, mas em
referência e enriquecimento mútuo e necessário (cf. CG21 139b; CGE20
403). O pároco em particular é chamado a esta ação, evitando, de outro
70

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
lado, o achatamento da proposta pastoral salesiana, o distanciamento
quantitativo e qualitativo do campo juvenil e a perda da capacidade
“educativa”.
Ao atuar a linha carismática, é necessário superar o medo e o perigo de
justapor duas pastorais: a pastoral da Igreja particular deve ser relida com a
sensibilidade do próprio carisma salesiano, fazendo as opções ditadas pelo
serviço específico em que a Congregação é chamada a testemunhar. Às
vezes, a dificuldade de “conciliar” essas duas referências é mais aparente
do que real, no sentido de que se refere a aspectos organizativos e de
calendário, mais do que ao direito/dever de expressar o próprio carisma.
Por isso o diálogo do pároco salesiano não é só com o bispo, mas também
com o inspetor, que é referência e inspiração.
III Quando a paróquia está presente na região juntamente com
outros âmbitos da obra salesiana (Oratório – Centro Juvenil, Escola,
Obra Social, Internato, Residência), promove com eles, em diálogo, uma
colaboração especial em vista de uma pastoral unitária no interior
da única missão.
Nossa forma de evangelizar não é apenas “ensino religioso”
ou “serviço de culto”. Dom Bosco preferia uma pastoral
que privilegiava um programa de educação integral
(recreação-trabalho-estudo-catecismo), em que a fé era o centro
iluminador.
Expressa a vontade de crescer organicamente como casa salesiana. Se a
divisão de responsabilidades é legítima, não se compreende a multiplicação
e divisão de projetos pastorais dentro de uma mesma obra com dualismos
e paralelismos. Em relação ao Oratório – Centro Juvenil, é um apelo para
um projeto educativo-pastoral convergente no território e na Igreja local, a
partir das diversas responsabilidades dos dois ambientes da Obra. É preciso
um projeto real que reúna os dois setores, com vantagens recíprocas.
As relações recíprocas declaram de fato a unidade da ação pastoral; a
distinção de projetos permite-nos responder melhor às muitas situações
particulares da Congregação:
◗◗ Oratório – Centro Juvenil numa paróquia confiada aos salesianos;
◗◗ Oratório – Centro Juvenil em paróquias diocesanas;
71

8.2 Page 72

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
◗◗ Oratório – Centro Juvenil em obras muito articuladas, onde existe
também uma paróquia confiada a nós, juntamente com outros
ambientes e atividades.
O Oratório – Centro Juvenil é um ambiente repleto de propostas
sugestivas para crianças e jovens, todas centradas nas relações, no
intercâmbio intergeracional, com figuras significativas pela idade e o
carisma (a pedagogia dos modelos). É o ambiente onde a catequese
e a celebração da fé têm lugar central, mas não único, pois está
naturalmente conectado com um programa rico e articulado à medida
das necessidades básicas dos destinatários: vida em grupo, canto, música,
excursões, acampamentos de férias, protagonismo nas atividades de
serviço relacionadas com as idades.
Como mencionado acima, o Conselho do Oratório – Centro
Juvenil, em sua totalidade ou mediante uma representação
qualificada, está presente no Conselho Pastoral Paroquial como
garantia de unidade da ação evangelizadora.
D ) Animação inspetorial/nacional
I O pároco é nomeado pelo inspetor e apresentado ao Ordinário do lugar
para trabalhar a serviço da Igreja local, em comunhão com o Bispo, o
presbitério e as demais paróquias. Busca a coordenação com as demais
paróquias da inspetoria e o delegado inspetorial da pastoral juvenil. As
orientações do 19º Capítulo-Geral e do Capítulo-Geral Especial (CGE20,
441) requerem que se promova em todas as inspetorias a coordenação
das paróquias.
As paróquias dependem das dioceses em que são localizadas, mas são
confiadas à Congregação Salesiana para responder às necessidades
pastorais das Igrejas particulares (Reg. 25). Se a aceitação de uma
paróquia exige evidentemente a aprovação do Reitor-Mor com o
consentimento do seu Conselho, recordamos que o sentido da presença
salesiana num território vasto como a inspetoria é verificado pelo Inspetor
com o seu Conselho. A devolução da paróquia à diocese, a realocação em
outra zona, a requalificação das paróquias responde a novas necessidades
e novos destinatários. A inspetoria não é apenas uma circunscrição de
tipo jurídico/administrativo, mas uma comunidade carismática e jurídica
72

8.3 Page 73

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
que se preocupa com a promoção da vida e da missão em todas as suas
obras.
Além do convênio, assinado pelo Bispo e pelos salesianos, na pessoa
do inspetor, a Inspetoria deve dar indicações operativas no Diretório
Inspetorial, por exemplo sobre ​a​ s estruturas edilícias; o relacionamento
com os Bispos e as Administrações municipais; a relação entre paróquia e
oratório; a promoção da vocação e formação dos leigos (agentes pastorais,
catequistas, leigos com ministérios, administradores); a corresponsabilidade
da comunidade religiosa na paróquia; as relações administrativas e
econômicas entre a paróquia e a casa salesiana, de acordo com o direito
universal, as Constituições e o documento Elementos jurídicos e práxis
administrativa no governo da Inspetoria, Direção Geral das Obras de Dom
Bosco (2004), nº 163.
II A Comissão inspetorial das paróquias, presidida por um coordenador,
garantirá a ação inspetorial de acompanhamento e apoio às comunidades
paroquiais na atuação do PEPS inspetorial. Tanto o coordenador como a
própria comissão fazem parte dos órgãos de animação da pastoral juvenil
inspetorial.
O coordenador e os membros da comissão têm as seguintes funções:
◗◗ sensibilizar as comunidades salesianas para darem maior atenção às
realidades paroquiais onde se encontram;
◗◗ promover a reflexão e o aprofundamento da identidade salesiana da
paróquia em relação à situação eclesial e social do território;
◗◗ sensibilizar as comunidades salesianas para se integrarem não só
onde a paróquia é confiada aos salesianos, mas também para terem
um impacto, ligação, articulação e cura pastoral na paróquia em cujo
território se encontram;
◗◗ garantir a elaboração, execução e avaliação do PEPS das paróquias,
oferecendo às comunidades paroquiais linhas e orientações que
levem a viver a identidade salesiana;
◗◗ favorecer a comunicação e colaboração entre as diversas paróquias da
inspetoria, para que haja entre as nossas paróquias um crescimento na
73

8.4 Page 74

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
comunicação de experiências, boas práticas, projetos compartilhados,
programas de formação específica;
◗◗ apoiar a formação permanente dos salesianos e leigos corresponsáveis
na pastoral paroquial, com encontros e cursos programados (alguns
itinerários formativo não podem ser realmente realizados somente
por uma paróquia, mas requerem a colaboração entre paróquias da
inspetoria);
◗◗ cuidar mais especificamente da formação dos párocos (a formação
deveria habilitar o salesiano pároco e a comunidade para coordenarem
a paróquia segundo o critério oratoriano);
◗◗ convocar periodicamente dias ou encontros de párocos, conselhos
pastorais, catequistas, equipes de diaconia, de apostolado da saúde,
de pastoral juvenil, e os irmãos empenhados no serviço da Palavra e
da Reconciliação;
◗◗ oferecer respostas aos desafios pastorais da Igreja nas igrejas públicas
e nos santuários presentes nas obras da inspetoria.
Recorda-se a importância de criar uma comissão inspetorial,
se ainda não houver, e a sinergia com as demais comissões
inspetoriais: Oratório – Centro Juvenil, MJS, animação
vocacional, animação missionária, comunicação social. A
Comissão Inspetorial de Formação garante o acompanhamento
formativo dos estudantes de teologia, especialmente dos diáconos,
no exercício do ministério, que estão incluídos na gestão efetiva
da pastoral paroquial.
III O dinamismo e o trabalho da coordenação inspetorial são sustentados
pelo trabalho de animação e coordenação nacional, segundo as cir-
cunstâncias e os contextos. Sua função é, em primeiro lugar, promover a
reflexão e o aprofundamento da identidade salesiana da paróquia, através
da realização e atualização da proposta educativo-pastoral.
Outras indicações e propostas para o nível nacional podem ser, por
exemplo:
74

8.5 Page 75

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
◗◗ oferecer indicações precisas para favorecer o crescimento da
harmonia educativo-pastoral entre paróquia e Oratório–Centro Juvenil
na unidade de um projeto e na participação na programação;
◗◗ redigir e propor subsídios concretos de orientações, articulados e
abertos, e elementos para redigir os projetos pastorais locais;
◗◗ facilitar a comunicação entre as inspetorias para a partilha de
experiências e desafios;
◗◗ programar uma proposta de formação e atualização para as casas
de formação sobre as temáticas típicas do trabalho oratoriano e
paroquial salesiano.
Uma prática comum nas diversas realidades da Congregação é promover,
através da organização nacional, a atualização e a formação dos párocos
(formação, exercícios espirituais, cursos de especialização). É possível,
então, convocar encontros nacionais de reflexão, cientes da riqueza
derivada da variedade dos grupos que participam em nossas paróquias
(catequistas, conselhos pastorais, animadores juvenis, comissões, grupos).
75

8.6 Page 76

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
EM GLANÇA
Comunidade evangelizadora
inspirada no catecumenato
cristão (o dom da fé crescente
em suas diversas etapas)
Itinerários graduais e
diversificados de educação
na fé
• O empenho na evangelização requer resposta
pessoal, processo de formação cristã,
conversão da vida e caridade.
• A iniciação cristã considera a experiência, as
relações com a comunidade e o testemunho
Membros de grupos na Igreja
A coordenação destes grupos com o AJS (MJS) e
a proposta da Espiritualidade Juvenil Salesiana
• O pároco promove o crescimento de agentes
pastorais leigos e melhora as suas competências
Preparação-Celebração da
Liturgia e Sacramentos com
dignidade e beleza
• Formas de oração mais próximas da vida
Linguagem compreensível e acessível expressa
de forma simples (canções, gestos, histórias,
testemunhos, símbolos, etc.)
• Revivam a participação activa de todos na sua
preparação e implementação
Novas estratégias de comunicação para a
proclamação da fé
Educação para a dimensão
social da caridade para
construir uma cultura de
solidariedade
Incentivo ao empenho dos membros da
comunidade paroquial envolvidos na acção social
e caritativa
• Gestos visíveis e concretos de um estilo de
vida modesto, aberto à generosidade e à
solidariedade
• Promoção, formação e acompanhamento da
solidariedade e do voluntariado missionário
Formação de leigos
dinâmicos e comprometidos,
especialmente animadores
pastorais de jovens
• Caminhos adequados de Espiritualidade
Juvenil Salesiana, em particular, catequistas,
educadores, líderes de grupos juvenis e casais de
noivos
76

8.7 Page 77

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
• Orientação para as diferentes vocações na Igreja
• Uma comunidade paroquial (vários grupos
e movimentos) em constante oração pelas
vocações
Acompanhamento vocacional
dos fiéis, especialmente dos
jovens
• Transformar eventos da vida comunitária em
notícias
• Isto requer: perícia e alcance comunitário
• Isto permite: interagir e dialogar com os mais
jovens, contactar diariamente os agentes de
pastoral, criar e aumentar o sentimento de
pertença à comunidade paroquial.
Ambiente digital: uma grande
e indispensável oportunidade
de comunicação para
evangelizar
• equipa pastoral de
carácter consultivo
e operacional
Conselho
Pastoral
Paroquial
• função consultiva
• composição de
acordo com critérios
de competência
e eficiência
administrativa
• equipas que, de
acordo com o
PEPS, animam as
diferentes áreas de
actividade
Conselho
para os
Assuntos
Económicos
da Paróquia
Comissões
e grupos de
trabalho
Órgãos de co-
responsabilidade
eclesial paroquial
Animação da
comunidade
paroquial
local
• espaços de
comunhão,
participação e co-
responsabilidade na
vida da comunidade
Assembléia
paroquial e
grupos
77

8.8 Page 78

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A ANIMAÇÃO PASTORAL ORGÂNICA NA PARÓQUIA
Em diálogo
com o Bispo e
a Igreja local
Visibilidade do trabalho
salesiano no campo da pastoral
juvenil
Enriquecimento do território
com a expressão do carisma e da
tradição salesiana
Acordo escrito
entre a província e a
diocese
• Comunhão,
colaboração e
sentido de pertença
à Igreja particular
O Projeto
Educativo-
Pastoral
Salesiano
unitário e
articulado
• Indispensável para a
realização da pastoral
paroquial segundo a
identidade salesiana
• Elemento importante para a
continuidade pastoral da vida
paroquial
• Ponto de referência no
diálogo com o bispo e os
órgãos diocesanos
• Condição para se enquadrar,
qualificar e enriquecer o
projecto da Igreja local
Animação
Inspetorial /
Nacional
78
• Coordenação Paroquial
em todas as nossas
Inspetorias
• Indicações operacionais no
Directório Inspetorial
• Comissão Inspetorial na
implementação do PEPS
• Animação e coordenação
nacional: actualização
da proposta educativo-
pastoral das paróquias
Atenção
metodológica ao
carisma salesiano
• PEPS, uma
ferramenta
operacional
para promover a
originalidade e
criatividade de cada
paróquia
• A paróquia confiada a
PEPS as orientações
pastorais da diocese
e as do PEPS
inspetorial e local
• A paróquia,
juntamente com
outros ambientes
da Obra Salesiana
(Oratório - Centro
Juvenil, Escola,
Serviço Social,
Estágio, Residência),
promove uma
colaboração especial
para uma pastoral
unitária dentro da
única missão

8.9 Page 79

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OUTROS MODELOS:
IGREJAS PÚBLICAS,
SANTUÁRIOS
CAPÍTULO
V

8.10 Page 80

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OUTROS MODELOS: IGREJAS PÚBLICAS, SANTUÁRIOS
As igrejas públicas e os santuários presentes nas Obras da inspetoria
são em todos os lugares uma “presença” salesiana significativa, um
“lugar” sacro de convocação e encontro, de testemunho e mensagem
salesiana e eclesial.
É importante, como já sublinhamos em relação à paróquia, cuidar da
acolhida dos fiéis, do visitante, do itinerante, o que se realiza em vários
aspectos, dos pormenores mais simples à disponibilidade pessoal de
escuta e acompanhamento. Aqui está o aspecto visível da caridade, que
provoca uma reflexão no visitante que se sente acolhido por Deus por
ser acolhido pelos irmãos. Poderia ser uma acolhida feita por sacerdotes,
religiosos ou leigos, marcada pela qualidade humana, pelo respeito aos
processos pessoais, ajudando a esclarecer questionamentos e até mesmo
provocando-os.
Nessas circunstâncias, outros elementos são de particular importância:
a dignidade das celebrações litúrgicas e das manifestações de piedade
popular; um ambiente de respeito e recolhimento; ordem e segurança;
cuidado de todo o espaço, as indicações corretas; uma arquitetura
adequada e sem barreiras; o material impresso e as novas tecnologias;
a criação de espaços físicos acolhedores para cada categoria de pessoas
e para cada uso específico (capelas para a adoração e a reconciliação,
pontos de informação, museu, etc.), evitando assim uma percepção de
comercialização no espaço sagrado.
Estes tipos de presenças também devem ser considerados no
PEPS inspetorial como expressões típicas da nossa tradição,
que oferecem uma proposta cultural e pastoral própria. Isso
significa que cada santuário ou igreja pública depende tanto da
comunidade religiosa quanto da paróquia local.
A As igrejas públicas também são chamadas de “reitorias” que
funcionam com alguns serviços pastorais, mas não são reconhecidas como
paróquias. O serviço litúrgico manifesta-se aos domingos e dias de semana
com celebrações eucarísticas, encontros de oração para grupos ou núcleos
de fiéis inclusive jovens, com tríduos ou novenas próprias ou salesianas.
A devoção a Maria Auxiliadora ocupa um lugar decisivo como grande
contribuição para a Igreja. O serviço da reconciliação é o mais apreciado,
não só pelos fiéis, mas também pelos sacerdotes e religiosos, em alguns
lugares até por turistas e romeiros.
80

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
B Os Santuários e/ou Basílicas são igrejas reconhecidas como tais pela
autoridade eclesiástica e centros de acolhida e de oração para muitos
fiéis. A Congregação é particularmente rica em santuários e basílicas. Os
“santuários” são lugares sacros aonde os fiéis vão por motivos de piedade,
de romaria (cf. CIC, cân. 1230-1234). Neles se oferecem os meios de
salvação, a palavra de Deus é proclamada com diligência, a Eucaristia e a
Penitência são celebradas, preservando as formas saudáveis ​d​ e piedade
popular (cf. CIC, cân. 1234). Via de regra, os Santuários, além de serem
objeto de meta particular de romarias, são locais de veneração e devoção
relacionados com acontecimentos ou manifestações de Nossa Senhora,
dos Santos ou Mártires. Alguns, de fato, conservam relíquias ou imagens
consideradas milagrosas ou são lugares particularmente marcados pela
santidade de algum Servo de Deus ou, ainda, por múltiplas formas de
“piedade popular”.
81

9.2 Page 82

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OUTROS MODELOS: IGREJAS PÚBLICAS, SANTUÁRIOS
Não se deve esquecer que a presença religiosa no espaço público é outra
forma de evangelizar, assim como todas as manifestações da religiosidade
popular (procissões, festas e romarias...). Para alguns dos que frequentam
os santuários, este constitui o único vínculo que os une à comunidade
eclesial. A Igreja, então, serve-se dessa oportunidade para anunciar a
mensagem do Evangelho e levar as pessoas a Cristo.
Há, em alguns santuários, exposições artísticas de pintura, escultura,
representações sacras dispostas com bom gosto e apoiadas em conteúdos
doutrinários e objetos de culto. Com esse fim, em um santuário devem ser
objeto de atenções especiais a música, o canto, a arquitetura, a pintura, a
escultura, o mobiliário e os paramentos sacros.
Cada peregrino, visitante, ou simples transeunte merece toda a atenção
que lhe possa ser dada. Na medida do possível, deve ser acolhido como
pessoa, individualmente: todos devem encontrar o seu lugar no Santuário.
A isso convida o documento “O Santuário, memória, presença e
profecia do Deus vivo”, quando diz que «esta experiência de Igreja
deve ser particularmente sustentada por uma adequada
acolhida dos peregrinos ao Santuário, que tenha em conta
o específico de cada grupo e de cada pessoa, das expectativas
dos corações e das suas autênticas necessidades espirituais»
(Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, 8
de maio de 1999, 12).
Não é possível contentar-se, portanto, com uma acolhida uniforme, mas é
preciso o esforço de ampliar a proposta, evitando o risco da uniformidade.
Se a acolhida diferenciada significa o encontro pessoal, isso exige uma
atenção de qualidade no santuário, o que implica, entre outras coisas, da
parte dos responsáveis, uma presença ativa, mas também uma atitude
amável.
Outras ações concretas que podem contribuir para realizar uma acolhida
adequada são:
◗◗ a promoção do voluntariado para a acolhida e a formação dos
que estão envolvidos na vida do santuário, elaborando programas
e manuais específicos de formação humana, doutrinal, espiritual e
pastoral;
82

9.3 Page 83

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
◗◗ a organização de visitas guiadas no interior da estrutura;
◗◗ a preparação qualificada dos sacerdotes que exercem o ministério da
Palavra e da Reconciliação;
◗◗ a definição clara do carisma próprio do santuário, que deve dar forma
ao espírito e ao sentido da vida e da ação do voluntário.
Tudo isso se insere numa oportuna elaboração do plano pastoral de
acolhida e evangelização, em sintonia com a pastoral diocesana, para que
nela se integre, levando em conta também a colaboração entre santuários
e paróquias, entre santuários e igrejas públicas (talvez facilitando reuniões
regionais com muitos agentes pastorais presentes), entre associações de
romarias, com entidades civis, agências e guias turísticos.
Por fim, é importante reiterar a relevância do cân. 1234 § 2 do CIC, que
dispõe expressamente sobre a conservação e proteção dos testemunhos
votivos da arte e da piedade popular. Recorde-se também o cân. 1189
sobre as imagens preciosas e as particularmente veneradas (cf. cân. 1190
§ 3) e também sobre as relíquias sagradas (cf. cân. 1190 §§ 1 e 2).
83

9.4 Page 84

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OUTROS MODELOS: IGREJAS PÚBLICAS, SANTUÁRIOS
EM GLANÇA
IGREJAS PÚBLICAS
Sagrado "lugar" de chamado
e encontro, de testemunho
e de mensagem salesiana e
eclesial
SANTUÁRIOS
Significativa presença
salesiana
Com alguns serviços
pastorais (não são
reconhecidos como
paróquias): celebrações
eucarísticas, encontros de
oração, triduos e novenas
Igrejas reconhecidas
como tais pela autoridade
eclesiástica e centros de
acolhimento e de oração
para muitos crentes
Os "santuários" são lugares
sagrados para onde os fiéis
vão por motivos de piedade e
peregrinação
Cuidar da recepção dos fiéis, o visitante, o transeunte
• dignidade das celebrações litúrgicas e manifestações
de piedade popular
• cuidado de todo o espaço
• respeito e recolhimento
• arquitetura sem barreiras
• material impresso e novas tecnologias
• espaços físicos apropriados e acolhedores para cada
categoria de pessoas e para cada uso específico
(capelas de adoração e reconciliação, pontos de
informação, museu, etc. )
84

9.5 Page 85

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A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
85

9.6 Page 86

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Reflexão final
A paróquia é “salesiana” pelo estilo comunitário que ela promove, pela
experiência eclesial que nela se faz e pelo testemunho da comunidade
religiosa. É “salesiana” pela relação de comunhão com a Igreja local,
pelo apoio e crescimento dos grupos e associações, pela participação e
a inserção adequada no território, pela atenção preferencial e prioritária
aos jovens. Vivemos o ministério paroquial como verdadeiro apostolado
salesiano na medida em que nos mantemos fiéis à nossa missão e tornamos
atual o carisma de Dom Bosco.
A paróquia confiada aos salesianos, como o carisma salesiano, caracteriza-
se não só por alguns aspectos “espirituais”, mas também porque
evangeliza segundo o estilo e o espírito do Projeto Educativo-Pastoral
Salesiano. É aqui que estão presentes as atitudes, as iniciativas, os
conteúdos, as experiências e opções pastorais salesianas. Estas páginas
tentaram oferecer alguns estímulos nessa direção.
86

9.7 Page 87

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Documentação
DOCUMENTOS DA IGREJA
»»Lumen Gentium. Constituição dogmática do Concilio Vaticano II
sobre a Igreja (21 de novembro de 1965).
»»Nostra Aetate. Declaração sobre as Relações da Igreja com as
Religiões Não-Cristãos (28 de outubro de 1965).
»»Evangelii Nuntiandi. Exortação Apostólica de Paulo VI (8 de
dezembro de 1975).
»»Mutuae relationes. Critérios diretivos sobre as relações entre
os bispos e os religiosos. Congregação para os Institutos de Vida
Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; Congregação para
os Bispos (14 de maio de 1978).
»»Código de Direito Canônica. Promulgado por João Paulo II (25 de
janeiro de 1983).
»»Christifideles Laici. Exortação Apostólica de João Paulo II sobre a
vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo (30 de dezembro
de 1988).
»»O Santuário – Memória, presença e profecia do Deus vivo.
Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes (8 de
maio de 1999).
»»Diretório para a Catequese. Pontifício Conselho para a promoção
da nova evangelização (23 de março de 2020).
87

9.8 Page 88

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Documentação
»»Novo Millennio Ineunte. Carta Apostólica de João Paulo II (6 de
janeiro de 2001).
»»Evangelii Gaudium. Exortação Apostólica de Francisco (24 de
novembro de 2013).
»»Diálogo na verdade e na caridade. Orientações pastorais para
o diálogo inter-religioso. Pontifício Conselho para o diálogo inter-
religioso (19 de maio de 2014).
»»Christus vivit. Exortação Apostólica Pós-sinodal de Francisco (25 de
março de 2019).
»»A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da
missão evangelizadora da Igreja. Instrução da Congregação para
o Clero (20 de julho de 2020).
»»Antiquum ministerium. Carta Apostólica na forma de “Motu
Proprio” do Sumo Pontífice Francisco (10 de maio de 2021).
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DOCUMENTOS DA CONGREGAÇÃO
E DA FAMÍLIA SALESIANA
»»Capítulo-Geral 4 da Sociedade Salesiana (1886).
»»Capítulo-Geral 19 da Sociedade Salesiana (1965).
»»Capítulo-Geral Especial da Sociedade Salesiana (1971).
»»Capítulo-Geral 21 da Sociedade Salesiana (1978).
»»Capítulo-Geral 22 da Sociedade Salesiana (1984).
»»Capítulo-Geral 23 dos Salesianos de Dom Bosco. «Educar os
jovens na fé » (1990).
»»Capítulo-Geral 24 dos Salesianos de Dom Bosco. «Salesianos e
leigos: comunhão e participação no Espírito e na Missão de Dom
Bosco » (1996).
»»Capítulo-Geral 28 dos Salesianos de Dom Bosco. «Quais
salesianos para os jovens de hoje?» (2020).
»»Constituições e Regulamentos da Sociedade de São Francisco
de Sales (1984).
»»Elementos jurídicos e práxis administrativa no governo da
Inspetoria. Direção-Geral Obras de Dom Bosco (2004).
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Documentação
»»Animação e governo da comunidade. O serviço do diretor
salesiano. Setor para a Formação. Salesianos de Dom Bosco (2019).
»»O voluntariado na missão salesiana. Setor para a Pastoral Juvenil.
Setor para as Missões (2019).
»»A Vocação Missionária Salesiana. Reflexões, processos e diretrizes
operacionais. Setor para as Missões (2021).
»»Pastoral Juvenil e Família. Setor da Pastoral Juvenil Salesiana.
Salesianos de Dom Don Bosco (2021).
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10 Pages 91-100

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