flash_04_por_o_salesiano_educador-pastor_cep


flash_04_por_o_salesiano_educador-pastor_cep

1 Pages 1-10

▲back to top

1.1 Page 1

▲back to top
FLASH
Animação Pastoral Juvenil Salesiana
Número 4. Setembro 2023
O salesiano educador-pastor
na Comunidade
Educativo-Pastoral:
Oportunidades e caminhos atuais
Pe. Miguel Ángel García Morcuende
Conselheiro Geral Pastoral Juvenil
SETOR PASTORAL JUVENIL
Salesiani di don Bosco SEDE CENTRALE SALESIANA

1.2 Page 2

▲back to top
O salesiano educador-pastor na
Comunidade Educativo-Pastoral:
Oportunidades e caminhos atuais
Pe. Miguel Ángel García Morcuende
Conselheiro Geral Pastoral Juvenil
1 A metáfora do círculo
substitui definitivamente a pirâmide
[a] O magistério da nossa Congregação traz
bem arraigada a convicção do envolvimento
corresponsável dos leigos e dos jovens para a
realização da missão salesiana. Vivemos hoje
numa venturosa época em que passamos da
curiosidade e benevolência pelos leigos ao
valor da corresponsabilidade. Três fatores
em especial estão na origem desta renovação:
–– A eclesiologia de comunhão e a redescober-
ta do papel dos leigos. É impossível negar a
grande mudança provocada na Igreja pela
tomada de consciência da “vocação univer-
sal à santidade”.
A compreensão da “especialidade” da vida
religiosa no interior da única vocação batis-
mal é guiada pela metáfora do círculo, que
deve substituir definitivamente a da pirâ-
mide. Entre as várias vocações, a questão
não deve ser qual é a mais perfeita em rela-
ção a Cristo, mas qual a manifestação par-
ticular d’Ele que cada uma delas traz para
o ministério sacramental da Igreja. Se, para
cada cristão, Cristo é a pérola de grande valor
a ser admirada e mostrada ao mundo, Ele não
deve ser colocado no topo de uma pirâmi-
de, posição em que alguns gozam de uma
proximidade maior em relação aos outros.
A pérola de grande valor, que é Cristo, deve
ser pensada no centro do povo de Deus, para
que cada um (salesiano ou leigo) participe
dela de acordo com a posição específica que
lhe é dada pela sua vocação na vida.
–– A nova compreensão dos carismas no interior
da comunidade eclesial. O carisma é um dom
para a Igreja; a Congregação que o encarna
é responsável por ele, mas não sua proprie-
tária, reconhecendo-se que os leigos tam-
bém podem torná-lo seu de acordo com o
próprio estado de vida. Pouco a pouco, foi
sendo adquirido o conceito de “família” espi-
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.3 Page 3

▲back to top
Pe. Miguel Ángel García Morcuende O salesiano educador-pastor na Comunidade Educativo-Pastoral
3
ritual ou carismática, segundo o reconheci-
mento de que o carisma do Fundador tam-
bém se encarna em outras formas de viver
a vida cristã.
–– A renovação contínua de nosso carisma
salesiano, que consiste em voltar aos inícios.
Dom Bosco, de fato, sempre envolveu mui-
tos leigos em sua missão juvenil e popu-
lar, fazendo parte de seu projeto apostóli-
co: de Mamãe Margarida aos empresários,
passando pelos jovens, a boa gente do povo,
teólogos, nobres e até mesmo os políticos
da época. Historicamente, nós nascemos e
crescemos em comunhão com os leigos, e
eles conosco.
[b] No entanto, não falta quem desconfie des-
ta abertura aos leigos porque, em sua opinião,
ela põe em questão a identidade do sdb. A cor-
responsabilidade dos leigos, pensam alguns,
é prejudicial ao papel dos religiosos em uma
Obra Salesiana. Por isso, a experiência da cor-
responsabilidade e comunhão quotidiana é
percebida mais como um problema prático
do que uma realidade óbvia, mais como uma
imposição do que uma oportunidade.
A falta de uma identificação precisa do lai-
cato leva a uma idéia confusa sobre ele, esva-
zia-o de concretude vocacional e é, portanto,
carismaticamente irrelevante. A realidade diz-
-nos que, em alguns casos, a compreensão da
vocação laical e da espiritualidade é substan-
cialmente indefinida (o leigo não é nem sacer-
dote nem consagrado).
Em conexão com isto, uma segunda ques-
tão surge na práxis: Algumas vezes as orienta-
ções da Congregação não foram praticadas em
todas as Inspetorias; particularmente as orien-
tações operativas contidas no Quadro Refe-
rencial da Pastoral Juvenil: o envolvimento de
toda a CEP na elaboração dos PEPS inspeto-
riais e locais, na constituição do Conselho da
Obra/CEP, etc.
2 O papel do salesiano SDB
na vida da Comunidade Educativo-Pastoral
Em geral, o salesiano apresenta-se como uma
pessoa generosa e abnegada, mas as exigên-
cias dos tempos e lugares atuais exigem e
favorecem tarefas e ministérios particulares.
Além disso, é necessário adaptar-se às condi-
ções de mudança e descobrir como equilibrar
as demandas e os desafios de ser um educa-
dor-pastor no mundo de hoje. Além disso, é
preciso se adaptar às condições de mudan-
ça e descobrir como equilibrar as demandas
e os desafios de ser um educador-pastor no
mundo de hoje. A situação histórica atual,
relacionada com a corresponsabilidade da
missão com os leigos, pede-nos para pensar:
Como reposicionar o sdb em sua contri-
buição mais apropriada e necessária para
a CEP? Que papel predominante é pedido
hoje a ele? Que tipo de sdb é preciso para
obter-se uma presença significativa e eficaz?
Quem pode e está disposto a contribuir na
Obra salesiana hoje? Como gostaríamos que
o sdb de amanhã fosse visto?
2.1. Primeiro discípulos, depois apóstolos
[a] A vida do sdb só pode ser compreendi-
da a partir da experiência de ter “encontrado
o tesouro” (Mt 13,44). Só assim, a partir da
experiência pessoal de fé, podemos desen-
volver qualquer projeto evangelizador. Sem
esta convicção inicial, é difícil atingir os obje-
tivos educativos e pastorais. Se o sdb “se tor-
na transparência” de Jesus, podemos afirmar
que a sua experiência espiritual será expansi-
va: ele comunica o que viu e ouviu.
Só assim a comunhão entre vocações dife-
rentes, mas complementares, será enriquece-
dora: os leigos lembram a cada salesiano a
concretude do amor, estimulando-o a dar o
melhor de si, assim como o valor da fraterni-
dade recíproca; os salesianos ajudam os lei-
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.4 Page 4

▲back to top
4
FLASH • Setembro 2023 SETOR PASTORAL JUVENIL Salesiani di Don Bosco Sede Centrale Salesiana
gos a captar a riqueza de uma vida totalmen-
te dedicada de forma comunitária a Deus e ao
serviço de seus irmãos e irmãs.
No coração da missão educativa e evangeli-
zadora está a pessoa do sdb no mais autênti-
co de si, as próprias convicções e a experiên-
cia de Deus, alimentada pela vida interior, pela
fraternidade sincera e pelo apostolado gene-
roso entre os jovens.
O papa Francisco, citando um sacerdote do
seu país natal, o P. Lucio Gera, recorda suas
palavras: «Sempre, mas sobretudo nas pro-
vações, devemos voltar àqueles momentos
luminosos em que experimentamos a cha-
mada do Senhor para consagrar toda a nossa
vida ao seu serviço. A isto, apraz-me chamar
de “a memória deuteronômica da vocação”,
que nos permite retornar àquele ponto incan-
descente em que a graça de Deus me tocou
no início do caminho e com aquela centelha
posso acender o fogo para o dia de hoje, para
cada dia, e levar calor e luz aos meus irmãos e
às minhas irmãs. Daquela centelha, acende-
-se uma alegria humilde, uma alegria que não
ofende o sofrimento e o desespero, uma ale-
gria boa e serena» (Carta do Santo Padre Fran-
cisco aos sacerdotes por ocasião do 160° ani-
versário da morte do santo Cura d’Ars, 4 de
agosto, 04.08.2019).
[b] O modelo de Jesus Bom Pastor é o que
ajuda o sdb a viver de forma integrada, com
uma forte capacidade de relacionamento con-
sigo mesmo, com os outros e com Deus. Isso
nos coloca em profundidade para buscar as
razões e as raízes do que vivemos. Há, por-
tanto, uma necessidade urgente de promo-
ver um retorno ao “primeiro amor”. A pater-
nidade de Dom Bosco é a concretude deste
modelo que nos impele a ser sinais e porta-
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.5 Page 5

▲back to top
Pe. Miguel Ángel García Morcuende O salesiano educador-pastor na Comunidade Educativo-Pastoral
5
dores da presença paterna de Deus na CEP e,
em particular, entre os jovens.
O “amor pedagógico”, a “bondade erigida
como sistema”, a “mansidão de São Francis-
co de Sales”, a “pedagogia do coração” refe-
rem-se ao Sistema Preventivo, em particu-
lar àquela constelação de atitudes e orien-
tações práticas relacionadas com a bondade
amorosa, que vai além do gesto de simpa-
tia. Ela está sempre subjacente à caridade
pastoral que busca a salvação dos jovens,
manifestada através de um afeto reconhe-
cidamente moderado pela razão. E isto se
aplica especialmente aos jovens, mas tam-
bém aos leigos.
Implica, antes de tudo, um “coração” pas-
toral: a vontade, o impulso, o desejo de tra-
balhar, de encontrar prazer nos empreendi-
mentos pastorais, de estar disponível, de se
entregar com um coração alegre, de se sen-
tir atraído pelos mais necessitados, de con-
siderar todo esforço como proporcional, de
superar facilmente pequenas frustrações, de
não desistir, de enfrentar riscos e dificulda-
des como se fossem pouca coisa, de “iniciar
novos processos com entusiasmo e criativi-
dade” (Evangelii Gaudium, n. 222).
[c] Viver a caridade pastoral significa lutar
contra os “inimigos” dentro de nós. Há sem-
pre algo a melhorar, algo a se livrar, o que leva
à perda da paixão pela missão, intimamen-
te ligada ao medo da mudança, à dificulda-
de de adaptação a novas linguagens e à falta
de coragem para assumir riscos (sair da zona
de conforto). É a manifestação do “arrefeci-
mento carismático” que corta as asas do pro-
fetismo e, consequentemente, dá origem ao
retrocesso pastoral.
Às vezes, surge em alguns irmãos uma cri-
se de identidade quando eles não têm mais
uma posição específica de responsabilidade
no interior da Obra (devido ao envelhecimen-
to físico e/ou mental ou por enfermidade).
Na CEP, nem sempre é fácil para os sdb ido-
sos envolver-se e participar, esquecendo-se
lamentavelmente que estes irmãos enrique-
cem as nossas casas com a sua experiência, a
sua oração e a oferta da sua vida.
Estamos convencidos, sem dúvida, de que
em qualquer situação expressamos o nos-
so “ser” consagrado no nosso “estar” entre os
jovens (“sacramento da presença”), dando prio-
ridade aos mais pobres. Em outras palavras,
o sdb, com suas fragilidades, e apesar delas,
deve plantar os seus pés e o seu coração nas
profundezas da condição juvenil, especial-
mente onde houver mais carência e abando-
no. Por isso, cada um, ao rever o próprio pro-
jeto pessoal, deve questionar-se sobre a sua
sensibilidade aos dramas e urgências da socie-
dade, especialmente a realidade das crianças
e jovens que mais sofrem com a injustiça e
suas consequências.
Nas palavras do Papa Francisco: «dar tes-
temunho de que Jesus é suficiente para nós e
que o tesouro com o qual queremos nos cer-
car é constituído primeiramente por aqueles
que, em sua pobreza, nos lembram dele e o
representam: não pobres abstratos, dados e
categorias sociais, mas pessoas concretas, cuja
dignidade nos é confiada como pais. Pais de
pessoas concretas; isto é, paternidade, capa-
cidade de ver, concretude, capacidade de aca-
riciar, capacidade de chorar» (Discurso aos
bispos participantes do curso de formação
organizado pela Congregação para os bis-
pos e a Congregação para as igrejas orien-
tais, 12 de setembro de 2019).
2.2. Tomar partido pelos jovens
trabalhando por uma pastoral orgânica
A cultura dos jovens é um lugar habitado por
Deus e carente de sdb(s) que possam entrar
nele, conhecer a sua dinâmica em profundi-
dade e reescrever o Evangelho de uma manei-
ra nova e diferente, para que lhes seja aces-
sível e válido. A primeira responsabilidade de
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.6 Page 6

▲back to top
6
FLASH • Setembro 2023 SETOR PASTORAL JUVENIL Salesiani di Don Bosco Sede Centrale Salesiana
um educador/evangelizador é definir a reali-
dade com um olhar concentrado, sustentado
e profundo, com um olhar concentrado, sus-
tentado e profundo.
Esta realidade diz que é preciso superar a
fragmentação pastoral, derrubando as “fron-
teiras” e os “reinos” que podem ser criados nas
Obras. Portanto, apostar numa pastoral orgâ-
nica que supere a pastoral atomizada ou des-
conectada de muitas atividades, sem coorde-
nação entre si, convergindo uns e outros, em
favor dos jovens e com os jovens.
A palavra “orgânica” expressa a coerência da
articulação como um organismo vivo no qual
todos os seus membros atuam em relação em
estreita relação com o projeto comum, con-
fiando na espiritualidade dos processos. Por
essa razão, é essencial para o sdb desenvolver
o estilo de trabalho em equipe, coerente com
um modelo integral em que todo o potencial
das pessoas é buscado. Cultura de colabora-
ção exige considerar as diferentes sensibili-
dades presentes na CEP, combinando crité-
rios na busca comum do serviço aos jovens,
evitando arbitrariedades e personalismos, e
apoiando a liderança necessária de acordo com
as habilidades de cada membro das equipes
e as necessidades dos jovens.
Além disso, supõe apostar numa lideran-
ça pastoral, ou seja, uma liderança que não
seja autoritária, vertical e de cima para bai-
xo, mas que valoriza o diálogo, que gera e
promove lideranças específicas, facilitando
espaços de autonomia na tomada de deci-
sões e motivando a iniciativa e a criativida-
de de acordo com o carisma de cada um.
2.3. Recriar a experiência pastoral leva-nos
a recuperar o sujeito comunitário
A CEP é quem suscita e acompanha os jovens.
Todo jovem precisa de uma comunidade como
um ventre materno no qual possa iniciar e
aprofundar a sua vida e a sua fé. O caminho
identificado pela Igreja é o da sinodalidade,
que expressa e evidencia o chamado a cami-
nhar juntos, a formar comunidades correspon-
sáveis, a aprender a arte do discernimento. Esta
tarefa se concretiza ao ser sinal, testemunhar
e significar com a própria vida a proposta do
Reino; sair em busca dos jovens, como instru-
mento da iniciativa de Deus; acolher a realida-
de dos jovens, as suas necessidades e buscas;
questionar e propor, oferecendo experiências
e espaços onde os jovens possam encontrar
Jesus; acompanhar o processo de abertura e
crescimento na fé. É nisto que toda pessoa e
toda comunidade deve acreditar.
Por isso não se deve temer a transferência
progressiva de responsabilidades para os lei-
gos no âmbito da missão, hoje muito mais
horizontal e menos centralizada na comuni-
dade religiosa. Isto indica que a própria vida
da comunidade (intergeracional, intercultural,
com poucos membros...), vivendo no núcleo
animador da Obra, também precisa ser rede-
senhada quanto à sua composição, ordem e
volume de trabalho e aos aspectos humanos
e relacionais com a CEP em seu conjunto.
Neste sentido, mais uma vez, observa-
mos a importância das duas áreas concretas
nas quais expressamos o carisma de modo
comunitário, juntos: a vida fraterna com os
leigos e com os jovens:
[a] Formas sempre mais adequadas de vida
fraterna com os jovens: apesar da variedade
da missão, composição e história, há em mui-
tas comunidades uma boa qualidade de vida
fraterna compartilhada com os jovens. A pre-
sença e a importância de ter momentos está-
veis ou pelo menos frequentes de comparti-
lhar a vida quotidiana com eles cresceu, sejam
eles destinatários diretos da missão ou jovens
animadores-colaboradores.
De fato, hoje são imprescindíveis as peque-
nas histórias, ou seja, comunidades empapadas
de vida e de calor afetivo, espaços de referência
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.7 Page 7

▲back to top
Pe. Miguel Ángel García Morcuende O salesiano educador-pastor na Comunidade Educativo-Pastoral
7
que resultem próximos no dia a dia, com pro-
postas e experiências de vida, de fé e de frater-
nidade (profundas, verdadeiras, duradouras).
Ao lado dos momentos mais estruturados
de partilha de vida, constatamos uma atenção
constante ao acolhimento de todos os jovens que
passam pelas nossas obras no dia-a-dia. Espe-
ra-se que o sdb esteja lá onde os jovens estão
(presença), para acompanhar e incentivar o
seu crescimento, começando por aqueles que
estão em pior situação (serviço), para estabe-
lecer uma comunicação interpessoal em que
os jovens se deixam acompanhar e ser desa-
fiados por aqueles que os acolhem e escutam
(diálogo), compartilhando mais o que somos
e fazemos do que aquilo que dizemos (teste-
munho) e anunciando explicitamente Jesus
Cristo, facilitando o surgimento da fé na vida
dos jovens (primeiro anúncio).
Também tem aumentado nas casas o envol-
vimento dos jovens na ação educativo-pas-
toral. Em muitos lugares, o sdb incorporou
os jovens na reflexão, no planejamento e na
animação das atividades. Esta é a forma mais
fecunda de “formação na missão” permitin-
do-lhes amadurecer em um horizonte de vida
com o sabor do discipulado e da caridade pas-
toral, assim como no caminho do discernimen-
to vocacional.
[b] Formas sempre mais adequadas de vida
fraterna com os leigos: surgem sempre mais
experiências de vida fraterna e de convivên-
cia, especialmente em momentos específi-
cos da CEP (festas salesianas, retiros, even-
tos locais, etc.).
Torna-se necessário que o sdb coloque em
prática todas as micro-competências e habili-
dades necessários para estabelecer relações
humanas positivas: confiança e ser confiável,
capacidade de comunicação, humildade, pro-
ximidade, escuta empática, diálogo assertivo,
aceitação de conflitos manifestos e latentes,
prática de compartilhar sentimentos, etc. O
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.8 Page 8

▲back to top
8
FLASH • Setembro 2023 SETOR PASTORAL JUVENIL Salesiani di Don Bosco Sede Centrale Salesiana
sdb é chamado a reconhecer, agradecer, elo-
giar e recompensar as realizações, acompanhar
as dificuldades, incentivar novas aprendiza-
gens. Não se trata apenas da “colaboração”
na ação educativo-pastoral, mas da “comu-
nhão” de vida, de relações fraternas, de afeto
declarado, de responsabilidade compartilha-
da. E tudo isso implica um esforço, especial-
mente nas instituições educativas, para saber
harmonizar a “informalidade” da vida frater-
na e a “formalidade” da relação de trabalho.
2.4. Apoios institucionais nos quais
discernir o universo educativo-pastoral
da casa
A fim de concretizar a complementaridade e
operacionalidade de cada uma das pessoas
envolvidas na ação educativo-pastoral, deve-
-se dar atenção especial ao Conselho da CEP/
Obra e, quando existirem, às diversas equi-
pes, grupos ou conselhos, para não serem vivi-
dos como meros lugares organizativos onde
harmonizar o tempo e o espaço. É promis-
sor poder dispor de espaços colegiados para
discernir oportunidades de vida fraterna para
salesianos, jovens e leigos.
Um dos objetivos do Conselho da CEP/Obra
é o planejamento e a programação comparti-
lhados entre Salesianos e leigos. Um exercício
que vai além dos personalismos pastorais, da
improvisação e das intuições gratuitas. A ges-
tão efetiva e a obediência ao PEPS local visa
não só definir o organograma e a descrição
das funções de cada membro, mas também
promover a renovação da práxis pastoral em
cada contexto, formular os critérios inspira-
dores das diversas ações educativo-pastorais,
dinamizar a operacionalidade das estruturas
organizativas e coordenar a contribuição dife-
renciada de cada membro do CEP nos diver-
sos campos da ação pastoral como um todo.
Tudo isso também pode exigir uma nova
harmonização dos órgãos colegiados: no Con-
selho da CEP/Obra (que anima e orienta toda
a ação salesiana através da reflexão, do diá-
logo, do planejamento e da revisão da ação
educativo-pastoral) as decisões são elabora-
das e amadurecidas (fase consultiva); no Con-
selho da Casa (fase deliberativa), são levadas
em consideração, refletidas e decididas, colabo-
rando com o diretor no desempenho de seu
papel de primeiro responsável pela CEP. Nas
Obras confiadas aos leigos, a primeira fase já
é deliberativa. Em outras palavras, é um pro-
cesso de construção de consenso: as decisões
são o fruto da interação, de baixo para cima
e de dentro.
Toda essa mudança acarreta um certo grau
de perda e ansiedade. Perdas porque essa nova
articulação implica “desaprender” crenças e
práticas profundamente aceitas e vividas. Por
outro lado, ansiedade porque, na transição de
um modelo em que somente os salesianos
tinham “voz e voto” para um modelo diversifi-
cado, isso pode produzir nervosismo e insegu-
rança, pelo menos temporariamente. Alguns
salesianos enfrentam mudanças que exigem
que eles questionem ou desafiem crenças e
práticas de longa data.
2.5. Uma maior racionalização dos agentes
de pastoral em todos os níveis
Mediante o POI, o PEPS ou outros projetos,
cada CEP procura colocar a serviço dos jovens
toda a capacidade de imaginação criativa e
de previsão de que é capaz. Mas também,
com o planejamento, o objetivo é introdu-
zir no exercício da responsabilidade pasto-
ral uma maior racionalização do trabalho em
todos os níveis para que a ação educativo-
-pastoral seja adequada e eficaz e não dei-
xada à intuição do momento ou à livre esco-
lha e preferências de uns poucos.
Em última instância, o que deve motivar
qualquer planejamento ou concretização local
e/ou inspetorial deve ser o esforço de detectar
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.9 Page 9

▲back to top
Pe. Miguel Ángel García Morcuende O salesiano educador-pastor na Comunidade Educativo-Pastoral
9
e aprofundar a otimização dos recursos huma-
nos para que, da melhor maneira, salesianos e
leigos possam agir da maneira mais eficaz pos-
sível e, assim, incidir positivamente na educa-
ção e evangelização dos jovens. Por esta razão,
é preciso estar atentos a dois fatores:
[a] Não escondemos que a contínua rotação
de pessoal e irmãos em tarefas educativo-pas-
torais de primeira linha (diretores, coordena-
dores, educadores, etc.) coloca uma tensão
sobre a continuidade dos processos educati-
vo-pastorais. Também contribui para a frag-
mentação, especialmente quando há pouca
obediência ao planejamento ou desconheci-
mento dos processos comunitários de corres-
ponsabilidade já existentes. Às vezes, pode-
-se dar a impressão de que existem posições
ou atribuições transitórias, de passagem, nas
quais novos responsáveis estão sendo conti-
nuamente demitidos e recebidos.
[b] Em segundo lugar, impõe-se certo equi-
líbrio entre a vida fraterna comunitária e a mis-
são. Nossas obras estão se tornando sempre
mais complexas e essa dificuldade pode preju-
dicar a vida comunitária. Na verdade, o divór-
cio entre vida fraterna e missão está especial-
mente presente nas casas onde o volume de
atividade corre o risco de engolir tudo. Não nos
esqueçamos das palavras do Pe. H. Kolvenba-
ch (Superior Geral da Companhia de Jesus) aos
jesuítas: “é bastante contraditório que a mis-
são que o Senhor nos confiou esgote tantos
de nossos companheiros” (Discurso à Confe-
rência dos Provinciais Europeus, Manresa, 29
de outubro de 1995).
Neste sentido, como os dois lados de uma
moeda, é importante redefinir a carga de tra-
balho e a responsabilidade do sdb, que muitas
vezes é superdimensionado. Em alguns sdb(s),
a função gerencial é vivida em detrimento da
animação pastoral e das relações humanas com
o pessoal. O líder de sucesso deve saber como
combinar o funcional e o atitudinal. A comple-
xidade da gestão de nossas obras como um
todo (do ponto de vista gerencial, adminis-
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

1.10 Page 10

▲back to top
10
FLASH • Setembro 2023 SETOR PASTORAL JUVENIL Salesiani di Don Bosco Sede Centrale Salesiana
trativo, carismático e pastoral) exige buscar o
justo equilíbrio para uma vida humanamen-
te saudável, evangelicamente comprometida
e pastoralmente eficaz. Por outro lado, estar
atentos à cultura de autorrealização do sdb, que
gera identificação com o papel, reduzindo a
disponibilidade para a missão.
O projeto comunitário, sendo uma ferramen-
ta bastante difundida, às vezes, é reduzido a
um simples calendário de compromissos e ati-
vidades e não põe em movimento a dinâmi-
ca de crescimento necessária para o bem-es-
tar da comunidade. Na prática, falta-lhe um
equilíbrio saudável entre as exigências da vida
apostólica e as condições necessárias para a
vida comunitária. Além disso, deve ser inte-
grado aos outros dois projetos: o pessoal e o
da presença salesiana (PEPS local).
2.6. Recriar o carisma requer a promoção
de processos de formação conjunta.
Sentimos a crescente necessidade de uma
formação compartilhada que faça parte da
vida educativo-pastoral da Obra. Formação
é dar atenção e tempo constantes, como a
tarefa do agricultor ou do artesão; é cultivar
para criar raízes, para fazer crescer; não é sim-
plesmente uma ação intelectual. Ao longo da
vida, todo ser é, de fato formador e forman-
do, educador e educando.
Por outro lado, a atualização dos irmãos é
muito limitada, na maioria das vezes opcio-
nal, pouco incisiva e pouco atraente para a
vida ministerial, muitas vezes deixada à livre
iniciativa dos indivíduos. Não ser formado é
um pecado tolerado, muitas vezes justificado
pelo número de compromissos que os sale-
sianos têm em mãos. Continua sendo verda-
de, porém, que a formação permanente não
pode ser concebida de modo “faça você mes-
mo”, em uma espécie de autogestão, mas pre-
cisa de impulsos organizados e propostas bem
estruturadas.
Percebemos como necessária a formação
inevitável e urgente dos papéis dos vértices,
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

2 Pages 11-20

▲back to top

2.1 Page 11

▲back to top
Pe. Miguel Ángel García Morcuende O salesiano educador-pastor na Comunidade Educativo-Pastoral
11
salesianos e leigos, das nossas obras salesia-
nas: requer-se pessoas carismática e voca-
cionalmente identificadas. Em muitos casos,
será oportuno repensar os itinerários forma-
tivos, para garantir que os caminhos projeta-
dos para todos os membros da missão sale-
siana sejam tão sérios e profundos quanto os
previstos para os candidatos à vida religiosa.
A formação educativo-pastoral não se situa
fora, acima ou abaixo das outras dimensões
(humanas ou espirituais), mas é proposta para
sua finalidade específica. Por formação educa-
tivo-pastoral, de fato, não se entende a capa-
cidade de aprender técnicas ou metodologias,
de familiarizar-se com a práxis de experiên-
cias sempre novas, mas sobretudo de edu-
car-se a um modo de ser que oriente toda a
personalidade ao estilo do pastor. Ser pastor,
de fato, implica uma humanidade adulta, um
frescor espiritual, uma paternidade no amor.
Por outro lado, persistem dificuldades
importantes, devido à falta de irmãos prepa-
rados em vários campos de interesse para a
vida e missão salesiana (por exemplo, no cam-
po da formação profissional). Em não poucos
casos, precisamos superar conceitos e práti-
cas ultrapassados, repetições rotineiras, dis-
persões neutralizantes ou improvisações cau-
sadas pela inércia ou a urgência dos proble-
mas que muitas vezes afligem a tarefa da vida
quotidiana.
2.7. Encontro, escuta e discernimento:
verbos para repensar a densidade
carismática das Obras salesianas
“Reunir-se”, “ouvir” e “discernir juntos”: per-
guntar a nós mesmos o que o Senhor quer
de nós requer esses verbos. Esta é a ordem
coerente de um único processo de escuta
da vontade de Deus. Ações que questionam
a adaptabilidade dos salesianos às mudan-
ças das condições ambientais e educacionais
que aparecem de modo sem precedentes em
relação ao passado recente.
Por outro lado, com o ritmo frenético da
vida dos irmãos e o número de questões a
serem tratadas todos os dias, refletir torna-se
quase um luxo. Muitas vezes, desenvolve-se a
síndrome do “pronto-socorro” e vive-se ape-
nas em busca de emergências. No entanto, a
história não pára, mesmo que alguns tenham
decidido largar a âncora.
As três palavras no título questionam a adap-
tabilidade do sdb às mudanças das condições
ambientais e educativas que parecem sem
precedentes em comparação com o passa-
do recente. Os processos de transformação
pessoal, comunitária e institucional envolvem,
portanto, a capacidade de deixar ir o antigo e
permitir que o novo surja com força. Na pas-
toral juvenil estamos abertos ao novo, sabemos
que a história não fica estacionada, mesmo que
alguns tenham decidido lançar a âncora.
Tudo isso requer um processo de discer-
nimento que deve desembocar na renova-
ção adequada dos nossos procedimentos e
modos de agir e situar-nos na missão, dos
nossos estilos de vida, da nossa capacidade
de compreender o mundo em que vivemos,
dos nossos processos de discernimento, em
suma, da atenção com tudo o que nos ajuda
a crescer e a ser mais fiéis ao carisma. Dis-
cernir é decidir com um horizonte, olhan-
do para além de si mesmo, de seu próprio
bem-estar, de seu próprio conforto, de sua
própria afeição.
Discernimento para a sdb significa, por um
lado, colocar em “crise”, “testar” nosso pensa-
mento e nossa missão educativo-pastoral, dar
continuidade ao que fazemos bem e remover
o que não é mais útil e, portanto, irreconhecí-
vel para os jovens de hoje; por outro lado, “liti-
gar” (submeter-se a julgamento) nossa forma
de estar na Obra, pois a rotina e a inércia são
muitas vezes enganosas.
Em resumo, é hora de passar da análise à
síntese de possíveis soluções:
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org

2.2 Page 12

▲back to top
12
FLASH • Setembro 2023 SETOR PASTORAL JUVENIL Salesiani di Don Bosco Sede Centrale Salesiana
–– Considerar a possibilidade de novos mode-
los de vida fraterna, compartilhados com os
jovens.
–– Fazer com que várias obras que funcionam
de forma sinérgica e integrada possam refe-
rir-se a uma única comunidade salesiana.
Entre as razões essenciais está a necessi-
dade de salvaguardar, acima de tudo, o cri-
tério comunitário, ou seja, o desejo de poder
ter comunidades significativas e sustentá-
veis, hoje demasiadas vezes pesadas com
cargas de trabalho nem sempre equilibra-
das e por uma vida apostólica que luta para
se conectar com a vida comunitária.
–– Estimular um profundo discernimento sobre
as Obras, para serem expressões fiéis e criati-
vas do carisma, privilegiando as obras (seto-
res, cursos, atividades) de maior expressão
direta da caridade pastoral com os jovens.
Por isso, com gradualidade, será necessá-
rio fechar algumas, inovar em outras e/ou
abrir novas.
–– Considerar a gestão laical das Obras. Esta
fórmula já permite uma profunda avalia-
ção, mas como Congregação oferecemos
uma ferramenta de reflexão para repensar
este modelo de gestão de confiar aos lei-
gos e definir melhor as tarefas e deveres.
Ao mesmo tempo, continua a ser essen-
cial garantir a ligação e a responsabilidade
da Inspetoria através de um ou alguns sdb
que acompanham, para garantir a continui-
dade carismática.
•••
Graças ao carisma salesiano que une espiri-
tualidade e serviço educativo-pastoral, o sdb
vive no meio do povo, dedicando-se ao rela-
cionamento com Deus e ao serviço dos jovens.
É uma vida que se abre ao testemunho de har-
monia e serenidade e que se torna também
um caminho profético nos vários contextos
onde nos encarnamos.
sdb.org Via Marsala 42 - 00185 Roma • Centralino: (+39) 06 656 121 • Email: pastorale@sdb.org