POR_itinerari


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Antonella Sinagoga
Monica Ronchi
Miguel Ángel García Morcuende
Itinerários
Um ministério de jovens
que educa para amar

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Propriedade reservada
Setor de Pastoral Juvenil,
SDB Salesianos de Dom Bosco
Sede Via Marsala, 42
00185 Roma
Cópia gratuita
não destinado à venda
©️ Salesianos de Dom Bosco
Design gráfico e impressão
Salesiano Dom Bosco Mestre
via dei Salesiani, 15
30174 Mestre-Veneza
Outline de Matteo Dittadi & C. Sas
via Brusaura 13,
San Bruson Dolo 30031 Veneza
Ilustração da capa
Javier Carabaño
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Resumo
05 Introdução
09 Reunião introdutória
PARA OU EDUCADOR
10 01. A construção da identidade
11 Figura bíblica: Balaão
12 Itinerário nº. 01.1
17 Itinerário nº. 01.2
21 02. Consciência e decisões
22 Figura bíblica: Rute e Noemi
23 Itinerário nº. 01.1
27 Itinerário nº. 02.2
30 03. Autocontrole
32 Figura bíblica: Abisai
33 Itinerário nº. 03.1
37 Itinerário nº. 03.2
42 04. O carinho
43 Figura bíblica: Priscila e Áquila
44 Itinerário nº. 04.1
50 Itinerário nº. 04.2
53 05. Educar para a vida comunitária
54 Figura bíblica: Maria
55 Itinerário nº. 05.1
57 Itinerário nº. 04.2
60 06. Educar para a consciência dos limites
62 Figura bíblica: Saulo
63 Itinerário nº. 06.1
67 Itinerário nº. 06.2
70 07. Educar para a consciência do continente digital
71 Figura bíblica: Sara
72 Itinerário nº. 07.1
77 Itinerário nº. 07.2
81 08. Acompanhar a singularidade ao não pensar nela como motivo de exclusão
82 Figura bíblica: Marcos
83 Itinerário nº. 08.1
89 Itinerário nº. 08.2
93 09. Ética básica das relações afetivas
94 Figura bíblica: João Apóstolo
95 Itinerário nº. 09.1
99 Itinerário nº. 09.2
102 10. Cuidado com áreas de impacto educacional
103 Figura bíblica: Azarias, Ananias e Misael
104 Itinerário nº. 10.1
108 Itinerário nº. 10.2
para crianças e jovens
112 fichas
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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Apresentação
01. O que entendemos por itinerários didáticos
Para aprofundar os critérios educativos propostos em “Uma pastoral juvenil que educa para
o amor” e reforçar algumas habilidades sociais e pessoais, apresentam-se aqui alguns iti-
nerários que promovem uma sólida práxis educativo-pastoral.
Por itinerário educativo entendemos um caminho de ação pedagógica, uma metodologia
estruturada que produz experiências significativas de aprendizagem envolvendo ativamen-
te as pessoas, permitindo que elas fortaleçam ou adquiram capacidades (relacionais, emo-
cionais, cognitivas) de forma prática e aplicável à vida cotidiana
Cada itinerário oferece uma orientação detalhada através de critérios, procedimentos e re-
gras para alcançar os objetivos propostos. A metodologia proposta concentra-se na expe-
riência concreta das pessoas e do seu ambiente, pondo no centro da experiência de apren-
dizagem a ação, a participação ativa e o envolvimento direto. Os participantes não são vistos
como receptores passivos, mas como sujeitos capazes de monitorar e planejar o próprio
aprendizado.
Começando pela observação e terminando com a capacidade de conectar-se com a expe-
riência pessoal e alheia, estes itinerários permitem a formação de algumas capacidades e
habilidades pessoais:
Relacionais
Comunicação eficaz: capacidade de expressar-se com clareza e sem ambiguidade, man-
tendo a coerência entre as mensagens verbais e não verbais em relação ao contexto situ-
acional e cultural. A comunicação eficaz permite expressar opiniões e desejos respeitando
os outros, mas também necessidades e sentimentos percebidos em seu íntimo.
• Capacidade de RELACIONARSE: corresponde à aptidão para RELACIONARSE com os
outros de forma construtiva, criando e mantendo relações positivas e significativas na es-
fera familiar e social.
Empatia: capacidade de escutar e compreender as emoções alheias, as suas preocu-
pações, as suas dificuldades e os respectivos pensamentos. A empatia contribui para mel-
horar as relações sociais, reduzindo a tendência individualista e promovendo a abertura à
diversidade e ao intercâmbio, uma disposição ao contato humano e à solidariedade.
Autoconsciência: conhecer a si mesmo, as próprias necessidades e os próprios desejos,
os pontos fortes e as fragilidades, os âmbitos do crescimento. Corresponde ao autocon-
hecimento e ao reconhecimento dos próprios pensamentos, linguagem e ações. É a base
para uma relação equilibrada consigo mesmo e com os outros, pois reflete o conhecimen-
to do próprio caráter, com os seus pontos fortes e as suas fragilidades. A autoconsciência
é um pré-requisito indispensável para as demais capacidades de uma pessoa.
Emocionais
Administração das emoções: capacidade de reconhecer as próprias emoções e adminis-
trá-las adequadamente (em relação a si mesmo, aos outros, ao contexto).
Administração do estresse: capacidade de reconhecer as fontes de estresse na vida
cotidiana, identificar os seus efeitos sobre si mesmo e a capacidade de regular, na medida
do possível, o nível de tensão e ativação.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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Cognitivas
Resolver problemas: capacidade de enfrentar ativamente os problemas, relacionais ou
pessoais, buscando a sua solução e evitando o seu acúmulo e a irresolução que trariam
estresse mental excessivo e tensões físicas.
Tomar decisões: capacidade de processar ativamente a tomada de decisões, avaliando as
diversas opções e as consequências das possíveis escolhas.
Pensar criticamente: capacidade de elaborar juízos sobre o ambiente e sobre si mesmo
com autonomia e de maneira objetiva. O pensamento crítico ajuda a reconhecer, distinguir
e avaliar os fatores que influenciam as ideias, as escolhas individuais e as consequências
comportamentais e tomar uma posição de modo mais consciente e livre possível.
Pensar criativamente: capacidade que permite às pessoas explorarem as possíveis al-
ternativas e consequências de realizar ou não determinadas ações. Ajuda a ver além da
experiência direta e responder de forma flexível e adaptável às situações cotidianas.
Refletir: capacidade de tomar decisões de forma construtiva, ponderando as consequên-
cias das escolhas e assumindo as relativas responsabilidades.
*
A afetividade, a sexualidade, a alteração no corpo e na mente
sempre fizeram parte da vida humana. O fato de os adolescentes
não fazerem perguntas não significa que não as tenham. O
papel do adulto é comunicar as características positivas da
afetividade e da sexualidade.
02. Objetivos
• Aprofundar o conteúdo de “Uma pastoral juvenil que educa para o amor” com e para os
jovens.
Aumentar a capacidade de vivenciar emoções e relações de forma consciente e respeitosa
consigo mesmo e com os outros.
Promover a expressão da afetividade nas relações interpessoais.
Ter informações corretas sobre temas de sexualidade.
• Aprimorar as habilidades relacionais e emocionais (life skills).
• Promover a discussão e a reflexão sobre modelos, valores e escolhas que tenham a ver
com as relações, a afetividade e a sexualidade.
• Promover o conhecimento e a reflexão sobre personagens bíblicos para iluminar a própria
vida a partir da Palavra de Deus, que é história de salvação.
• Ter maior consciência da própria identidade.
• Valorizar a pluralidade de escolha e os modelos de identidade e comportamento.
• Prevenir a discriminação, o preconceito e a violência em relação ao gênero, à orientação
sexual e às referências socioculturais.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
03. Estrutura da unidade, destinatários, duração, contexto e regras
Estrutura
A. 10 UNIDADES PARA 10 CRITÉRIOS EDUCATIVOS (cf. “Uma Pastoral juvenil que educa
para o amor”)
contendo:
1. Diretrizes para os educadores.
2. Fichas operativas (ou de trabalho) ao final de cada unidade para adolescentes/jovens
que exploram os temas através de:
Vídeo/Curtas-metragens
Canções/Músicas/Meditações/Técnicas de relaxamento
Testes/Questionários/Frases-estímulo
Poesias/Histórias/Diários/Cantigas
Figuras bíblicas
Exercícios
Exercícios para fazer em casa
B. Cada unidade è composta das seguintes partes:
• Extrato de um critério educativo do livro “Uma pastoral juvenil que educa para o amor”.
• Figura bíblica que lembre algumas características do tema.
• Objetivos.
SER CAPAZ DE OBSERVAR, RECONHECER, EVIDENCIAR
O objetivo è desenvolver a capacidade de identificar e fazer emergir alguns
elementos pessoais a partir de outros tantos estímulos (canções, textos,
histórias, situações, músicas, experiências...).
SABER RELACIONAR, SENTIR, CONSTRUIR
O objetivo é relacionar estes elementos com aquilo que despertam e provo-
cam em nível pessoal. A partir de si mesmos, exercitar-se praticamente em
alguns aspectos.
SABER SER, VIVER, RELACIONAR
O objetivo é:
> Relacionar o que se adquiriu com outros elementos, construindo um mapa
de:
• Recursos
• Oportunidades
• Estratégias
> Ajudar a entender que elemento concreto se pode assumir na vida coti-
diana, tanto em termos de reflexão quando de comportamento.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR, SINTETIZAR
• O objetivo é fazer uma síntese do significado emocional, espiritual e experien-
cial, e encontrar situações em que se possa VERIFICAR e EXPERIMENTAR o
que se descobriu, reconheceu e projetou mediante um trabalho pessoal que
continua também em casa.
Destinatários
• Os destinatários são adolescentes e jovens.
Aconselham-se grupos de no máximo 25 pessoas.
Duração
a. Preveem-se ao menos dois encontros por unidade.
b. Propõem-se diversos itinerários de modo que cada educador possa escolher o mais ade-
quado segundo o grupo de referência.
c. Propõem-se diversos exercícios para cada itinerário. O educador pode decidir se utilizar
todos ou escolher algum de acordo com o grupo.
Contexto
Para a realização dos itinerários propostos, é necessário prever um ambiente adequado:
acolhedor, espaçoso, estruturalmente flexível para permitir o trabalho em assembleia e em
pequenos grupos. O silêncio ao redor e a luminosidade do ambiente também são variáveis
contextuais importantes a serem consideradas.
O modo de trabalho a ser favorecido é o circular, para incentivar a comunicação direta e o
envolvimento de todos os participantes.
Enfim, é importante ter materiais adequados: computador, projetor de slides, quadro para
folhas móveis (flip chart), canetas e papel.
Regras de comunicação
Para facilitar a obtenção das metas estabelecidas em uma atmosfera de cooperação, respeito
e harmonia, é necessário concordar com certas regras que possam facilitar o trabalho de
grupo.
Essas regras incluem:
Usar a terceira pessoa, “você/vocês”, e o nome próprio para promover o contato entre os
membros e criar uma atmosfera de proximidade e cooperação.
• Manter o sigilo, que se refere ao compromisso de não divulgar fora do grupo o conteúdo
surgido nele, facilitando a liberdade de expressão e participação.
• Evitar a comunicação de juízos, reiterando a importância de evitar críticas, julgamentos e
avaliações das comunicações alheias, assumindo a responsabilidade pelas próprias men-
sagens e adotando uma linguagem descritiva.
• Ter pontualidade para que o trabalho em comum seja produtivo, sendo importante que
cada participante se comprometa a ser pontual nas reuniões.
O acompanhamento é um processo de transformação
elaborado ao redor do indivíduo a fim de mostrar-lhe
que é ele o protagonista da própria história.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Reunião inicial
Estrutura
01. O primeiro conhecimento dos participantes
• Ativar uma rodada de autoapresenação: nome, atividade, expectativas.
• Exercícios de aquecimento
02. Apresentam-se vários exercícios:
Cadeira quente (Hot seat) “Duas qualidades, dois defeitos”. O educador convida os par-
ticipantes a se revezarem sentados em uma cadeira no centro da sala e apresentar-se
através de duas qualidades e dois defeitos pessoais, ou seja, dois campos de crescimento.
Para ajudar os participantes a identificarem esses aspectos, podem-se projetar algumas
capacidades pessoais (soft skills), como: autonomia, autoestima e autoconfiança, capaci-
dade de adaptação, precisão e atenção aos detalhes, desenvoltura, ser um bom comuni-
cador, saber negociar, capacidade de relação interpessoal, criatividade, saber ouvir, etc.
Quem são através de fotos. O educador prepara uma série de fotos ou recortes de jornal
com vários temas (rostos, paisagens, objetos...) dispostos no chão em um canto da sala,
criando um caminho. Ao começar a música de fundo, cada participante deverá encontrar
uma foto que melhor o descreva em termos de pelo menos duas características pessoais
específicas. Após esse momento, cada um mostrará a foto, apresentando-se por meio das
características da imagem.
• A margarida da identidade: Em uma folha de papel A4, cada participante desenha uma
margarida com três folhas e várias pétalas grandes. No centro, escreve o próprio nome
e, em cada pétala, uma característica (informações pessoais, interesses, talentos, quali-
dades). Cada um escreve nas folhas um sonho e um sentimento que o caracterizam nesse
momento de vida. Ao final, apresenta a flor, usando-a como indicação da própria descrição.
• O mapa pessoal: Cada membro do grupo é solicitado a desenhar um mapa que represente
a própria vida, incluindo lugares importantes, eventos significativos e interesses pessoais.
Em seguida, cada participante pode apresentar o seu mapa aos demais, compartilhando a
história por trás das escolhas feitas.
• Perguntas e respostas em sequência: O educador pede aos participantes para formar
um círculo e atribui um número a cada participante. Depois apresentar-se com o próprio
nome, o educador começa com uma pergunta geral, por exemplo, “qual é o seu hobby
favorito?”, e o número 1 deve responder à pergunta e fazer uma nova pergunta ao número
2, e assim por diante. Dessa forma, todos podem expressar-se e ter acesso a informações
pessoais de uma forma divertida e envolvente, promovendo a criação de relações.
03. Explicação da finalidade dos itinerários, os métodos de tra-
balho e as regras de comunicação (p. 3-4).
Atitudes e capacidades a promover na apresentação
• Desenvolver nos jovens uma atitude positiva e responsável de autorrespeito e respeito
pelos outros na dimensão corpórea e relacional, em relação às dimensões da afetividade
e da sexualidade, também à luz do uso das novas tecnologias e redes sociais.
• Promover o diálogo, a curiosidade, a escuta e a possibilidade de fazer perguntas sobre os
temas da afetividade, do desenvolvimento e do crescimento.
• Abordar alguns temas da educação à sexualidade e afetividade, com foco no crescimento
e nas alterações físicas e motivacionais, respeitando a maturidade de cada indivíduo e as
necessidades específicas identificadas com o apoio do educador.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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01. A construção
da identidade
PARA O EDUCADOR
“Orientar significa educar, ajudar a pessoa a alcançar objetivos importantes de
desenvolvimento, como a construção da identidade, a realização de um projeto
de vida pessoal , a dinâmica da opção e da decisão, uma atividade profissional
honesta e satisfatória em resposta à busca de sentido e ao apelo vocacional, que
constitui a realização de toda a existência” (Uma pastoral juvenil que educa para
o amor, p. 101).
“Precisamos ajudar os jovens a encontrar uma resposta para a pergunta «Quem
sou eu?», para desenvolver a sua personalidade e revelar a sua individualidade a
fim de que possam viver relações autênticas hoje e amanhã” (Ib., p. 106).
Objetivos
desenvolver o senso de identidade significa desenvolver a percepção de si mesmo como
um ser dotado de características e capacidades pessoais, aprender a conhecer a si mesmo
e ser reconhecido como uma pessoa única e irrepetível.
• Adquirir a consciência da própria individualidade é tarefa de uma vida inteira, tarefa fun-
damental que nunca termina. Pois, embora a nossa identidade identifique-se com algu-
mas características imutáveis da nossa personalidade, ela está sujeita a uma evolução
contínua e é definida em relação a situações variáveis a outras pessoas e à relação que
estabelecemos com a realidade.
• Desenvolver o sentido da mudança pessoal em relação ao mundo, tornar-se mais consci-
ente de si mesmo e da realidade. Isso permite, essencialmente, agir e intervir de forma
significativa na realidade, provocando alterações positivas. Adquirimos uma identidade na
medida em que, através do nosso comportamento, somos concretamente úteis aos outros
e é em virtude disso que nos tornamos conscientes do nosso valor.
Figura bíblica: Balaão
Ficha n. 1
Pontos fortes e conquistas:
Amplamente conhecido pelas suas maldições e bênçãos eficazes.
• Ele obedeceu a Deus e abençoou Israel, apesar da corrupção do rei Balac.
Deficiências e erros:
• Incentivou os israelitas a adorarem os ídolos (Números 31,16).
• Voltou para Moab e foi morto em guerra.
Lições de vida:
As motivações são tão importantes quanto as ações.
• O tesouro de uma pessoa está onde está o seu coração.
Dados gerais:
• Lugar: vivia próximo ao rio Eufrates, ia para Moab.
Profissão: mago, profeta
• Parentes: Pai: Beor
• Contemporâneos: Balac (rei de Moab), Moisés, Aarão
Versículos-chave:
Josué 24,9-10
9. Balac, filho de Sefor, rei de Moab, combateu contra Israel. Mandou chamar Balaão, filho
de Beor, para vos amaldiçoar. 10. Mas eu não quis ouvir Balaão, e ele teve de vos abençoar;
e tirei-vos da mão de Balac.
15. Deixaram o caminho reto, para se extraviarem no caminho de Balaão, filho de Beor, que
amou o salário da iniquidade. 16. Mas foi repreendido pela sua iniquidade: uma mula muda,
falando com voz humana, refreou a loucura do profeta (2 Pedro 2,15-16).
A história de Balaão é contada em Números 22,1-24, 25. É mencionada também em Núm-
eros 31,7, 8, 16; Deuteronômio 23,4, 5; Josué 24 9,10; Neemias 13, 2; Miquéias 6, 5; 2
Pedro 2, 15-16; Judas 11; Apocalipse 2,14.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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Itinerário n. 1
Material:
projetor, computador, quadro para folhas móveis, folhas
em branco, canetas.
Duração do encontro: 2:30 h
Acolhida:
10 min
Para entrar no tema: 30 min
SABER OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Para entrar no tema:
A HISTÓRIA DO JOVEM E DO RIO
FICHA N. 2
6 min
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Como conhecer-se para encontrarse - 30 min
O jovem voltará para casa. Na realidade, se quisermos encontrar-nos, só precisamos procurar
dentro de nós mesmos. O verdadeiro problema, porém, é entender primeiramente que nós,
como disse a jovem, não “somos”, mas “nos tornamos”.
Não sou a mesma pessoa da semana passada, eu mudo, transformo-me a cada momento. Cada
experiência que temos torna-se algo que nos faz refletir, pensar, sobre o que mudamos, talvez
um pouco ou até menos, em nossa visão de mundo; reforçamos algumas ideias, eliminamos
outras.
Quem é você? O que essa história desperta em você?
EXERCÍCIO:
Folha em branco
Propõe-se um exercício para enfrentar a questão da identidade.
O objetivo é ajudar a entender quem vocês são realmente. Para isso, devem
fazer uma lista de palavras e possíveis definições que possam descrevê-los.
Imaginem que vão apresentar-se a estranhos e dizer-lhes quem são vocês para que eles
os conheçam melhor; ou imaginem participar de um jogo com alguém que não os conhe-
ce, mas que deve responder a perguntas sobre vocês e, por isso, é preciso fornecer-lhe
informações suficientes para responder corretamente. Usem este momento, reflitam e
escrevam uma lista completa.
Agora, com a lista na mão, vejamos como usá-la para entender realmente quem são
vocês:
• Percorram a lista e risquem as palavras que indicam um comportamento ou um as-
pecto do próprio caráter. Quando se referirem ao caráter ou à maneira como vocês se
comportam, risquem-na.
Cancelem todas as palavras que indicam emoções ou se refiram ao âmbito emocional.
Cancelem também todas as palavras que se refiram à situação socioeconômica, à
profissão, se é rico ou pobre, ao status político ou religioso e também a qualquer coisa
conexa ao modo de RELACIONARSE.
Do que restou, excluam todas as palavras que se referem a alguma coisa que fizeram
no passado ou o que pretendem fazer ou já pretenderam fazer no futuro.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Isso feito, restou uma lista com os elementos mais importantes de onde partir para
entender quem vocês são realmente.
Se a página ficou completamente em branco, então eu os ajudei a perceber que to-
das aquelas coisas que pensaram, na realidade, não eram vocês. Obviamente, podem
refletir sobre esse exercício e tentar descobrir, além das palavras que ficaram na lista ou
na folha de papel em branco, quem realmente são, aprendendo assim a se conhecerem
além dos padrões que os fizeram cancelá-las.
Acreditamos que este é um processo fundamental para eliminar padrões distorcidos,
rótulos, preconceitos e crenças que limitam a sua vida e a aprisionam sem que o per-
cebam. É claro que não posso satisfazer-me em deixá-los com menos convicções do
que antes, embora, às vezes, sendo poucas é melhor do que ter muitas e distorcidas.
O autoconhecimento tem a ver com ter consciência de si. Ter consciência significa ser
capaz de identificar os próprios pontos fortes e áreas frágeis.
EXERCÍCIO:
POESIA “SE NÃO PODES SER UM PINHEIRO” - de Douglas Malloch
FICHA N. 3
30 min
O sentido da poesia está na frase evidenciada. Parece um conceito difícil...
Descobrir o projeto pessoal significa crescer, aprender, conhecer e melhorar a si me-
smo. Ao crescer, cada um será capaz de cumprir a própria missão na vida, escolhendo
quem se tornar, que trabalho fazer e que estilo de vida adotar.
Comentem a frase evidenciada. O que ela significa para vocês?
• O que gostariam de fazer da própria vida?
• Como gostariam que fosse o próprio projeto?
SABER SER, VIVER, RELACIONARSE
A partir da história... - 10 min
O que aconteceu ao jovem depois do encontro no rio? (pode-se ler, projetar ou recitar)
Ele volta para casa, faz as pazes consigo mesmo, elimina todas as ideias erradas e confusas, como
acabam de fazer, e nesse momento ele começa a dedicar-se à pintura, e, pintando, descobre quem
realmente é. É foi assim. O jovem saiu correndo, chegou à casa do melhor amigo, enquanto o sol
ainda estava nascendo, e tirou-o da cama.
Arrastou-o sem muitas explicações para a pequena casa da colina, onde se retirava todas as noites
para observar melhor o amanhecer do novo dia e onde geralmente pintava; depois, uma vez lá,
falou-lhe da sua descoberta.
“Recorda-se da menina de que lhe falei há alguns meses?”, começou sem esperar uma resposta.
“Pois bem, justamente hoje, assim que amanheceu, peguei o pincel porque havia um céu lindo e
eu queria pintá-lo. Mas assim que comecei a dar cor à tela, percebi quem eu sou!”. O amigo ainda
estava meio dormindo e duvidava que o jovem estivesse bem da cabeça.
“Vê as cores que eu uso? Turquesa, azul, amarelo... veja como é belo este marfim”, disse indicando
a paleta com todas as cores: “Eu não sou estas cores!”.
O amigo duvidava intensamente que o jovem estivesse bem e sorriu.
“Veja este pincel, não sou eu, é apenas um pincel, e veja a tela; você pensa que eu sou esta tela?
Não, nem mesmo ela!” continuou o jovem entusiasmado.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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“Observe também o meu estilo. Isso é tão pessoal que você pensará, é claro, que ninguém pinta
como eu, mas eu lhe digo que nem mesmo esse estilo sou eu. Para não falar das flores, do céu”.
Nesse ponto o amigo interrompeu-o pensando que realmente ele enlouquecera, “e você não é nem
mesmo as flores, o sol e as bétulas!”.
O jovem sorriu, acalmou-se e disse: “Eu sou o pintor. Você é o pintor”. O amigo ficou perplexo,
sentindo que estava sendo questionado e sem saber como distinguir o azul celeste da turquesa. O
jovem percebeu que havia acertado em cheio e continuou.
“Você pensa ser um carpinteiro, mas você não é nem a sua profissão nem o seu talento. Assim
como eu não sou a tela, as cores ou mesmo o estilo com que pinto. Nós não somos essas coisas, so-
mos pintores. Eu acordo hoje e, mesmo que tenha pintado a vida toda com o mesmo estilo, sempre
as mesmas coisas e com as mesmas cores, hoje eu poderia mudar tudo. A água do rio, lembra-se?”.
O amigo estava começando a sentir algo. “A água é sempre água do rio, que parece ser a mesma,
mas é sempre diferente.
Eu não sou os meus pensamentos; posso mudá-los, assim como não sou as minhas emoções, a
minha profissão, a minha família, os meus amigos, as minhas escolhas, os meus gostos. Sou todos
os quadros que pintei até agora. Sou o pintor, aquele que cria as suas pinturas, a sua arte, a sua
obra-prima. É por isso que eu não conseguia encontrar-me e entender quem eu fosse. Eu estava
procurando no lugar errado. Estava procurando a coisa errada. Eu queria um rótulo, uma definição,
queria sentir-me seguro de que eu era algo que não mudava, para que eu pudesse saber que eu
era aquilo, ponto final. Mas se eu sou o pintor, então não tenho essa falsa certeza. Eu não sou,
mas me torno, e sempre mudo, sou sempre diferente. Ontem eu pintei uma rosa, veja!”, disse ele,
mostrando ao amigo uma tela com uma flor vermelha. “Hoje eu poderia pintá-la de azul. Eu crio
as minhas telas, crio a minha vida porque eu sou o pintor, e a minha grande certeza é que estou
sempre mudando. Quem sou eu? Um pintor que está prestes a criar a sua obra-prima diária. Você
pode conhecer-me?”.
E continuou, visto que o amigo também entendera a revolução do jovem: “Não, a menos que deseje
descobrir o que vou pintar todos os dias. Sabe o que eu entendi? Que não posso encontrar-me a
não ser buscando a mim mesmo todos os dias e descobrindo-me a cada momento. Como sou o
pintor, é somente com o pincel na mão que descubro o que vou pintar hoje, com que cores, em que
tela. Não tenho rótulos, pois não saberia qual usar, porque percebo que todos eles são pequenos,
limitados, que dois min depois não servem mais. Sejamos pintores, meu amigo”, concluiu, “de nada
serve colocar rótulos em nós mesmos; na verdade estamos nos tornando mais nós mesmos a cada
dia, essa é a minha maior certeza”.
Exercício: MUDAR O PONTO DE VISTA
45 min
1. definição: consiste em colocar-se no lugar dos outros.
2. objetivos: aprender a perceber uma situação do ponto de vista de outra pessoa do
grupo.
3. proposta: A primeira coisa é pedir para se reunirem em pequenos grupos de acordo
com as características que têm em comum (por exemplo, grupo cultural, origem, asso-
ciações...). A cada grupo é indicado um dos grupos criados.
Imprimir ou escrever no quadro:
EU: O que é importante para mim? O que me torna único? Quais são os meus pon-
tos fortes e as minhas fragilidades? Quem ou o que me fez aquilo que sou?
EU E OS OUTROS: Quais são as minhas amizades favoritas (individuais ou de gru-
po)? Quem são os meus heróis, os meus modelos de comportamento? Que tipo de
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
diferenças eu tenho e com quem? Como resolvo essas diferenças?
eu e a sociedade: Qual é o meu papel na sociedade de hoje e de amanhã? Que
influência eu poderia exercer sobre a sociedade? Até que ponto a minha existência
depende da sociedade?
Os participantes respondem primeiramente como acreditam que o outro grupo re-
sponderia. Em seguida, respondem às perguntas do próprio ponto de vista. O primeiro
conjunto de respostas (aquelas “no lugar do outro”) é encaminhado para o outro grupo,
que envia as próprias reações após a leitura.
4. avaliação: Analisa-se a diferença entre as reações preconceituosas e as reais. Con-
sequências dos nossos preconceitos. Visão atual do nosso grupo e mudanças experi-
mentadas.
Oportunidade para partilhar com o grupo: aceitar o próprio rosto
Há em cada um de nós aspectos positivos ou negativos mais ou menos reconheci-
dos. Um dos passos fundamentais para encontrar-se (e reencontrar-se) é justamen-
te o esforço de olhar para si mesmo com honestidade e sem preconceitos, reconhe-
cendo os nossos talentos, as nossas fragilidades, os pontos fortes e os aspectos dos
quais não nos orgulhamos, a fim de crescer conscientemente.
Quanto os julgamentos dos outros influenciam sobre a imagem que têm de vocês
mesmos? Tentem descrever-se (mentalmente ou redigindo um texto curto) e de-
pois examinem o resultado: quanto do que produziram é resultado da autoanálise e
quanto vem da concepção que os outros têm de vocês? Só aceitando ir mais a fundo
no próprio eu (uma atividade solitária e às vezes cansativa) é possível conhecer os
próprios traços reais.
SABER CONSTRUIR, EXAMINAR, SINTETIZAR
Entenderse a si mesmos: quem vocês são realmente
Isso significa que vocês são o pintor, aquele ou aquela que cria, todos os dias, a própria vida.
Quaisquer rótulos que vocês ou outras pessoas usem, como também descobriram pela prática,
são errados, inadequados, limitantes e não levam em conta o mais importante: vocês não são
vocês, mas se tornam vocês. Não busquem certezas em definições, esquemas, rótulos fixos
que parecem dar-lhes a segurança de um ponto de referência. “Eu sou isto!” é apenas uma
ilusão.
Entender a si mesmo, como encontrar a si mesmo, é entender que sempre nos tornamos di-
ferentes, que a constante subjacente não é o que mostramos, mas o que somos por dentro.
Não posso dar a vocês uma definição, porque em cinco min qualquer definição seria imprecisa
e errada.
Vocês são o pintor.
Projetar ou espalhar sobre a mesa fotos de pintores, artistas...
Tentem encontrar situações em que possam expressar esse potencial, os seus recursos.
• Tentem encontrar situações em que possam procurar transformar as suas fraquezas e
fragilidades em possíveis áreas de crescimento.
Existimos como imagem e semelhança de Deus! Ao considerar nossa maneira de ser à luz de
Deus, podemos aceitar-nos como somos: com talentos e virtudes, mas também com defeitos
que reconhecemos humildemente. A verdadeira autoestima exige que admitamos não sermos
todos iguais e aceitemos que outras pessoas possam ser mais inteligentes, tocar melhor um
instrumento musical, ser melhores esportistas... Todos nós temos boas qualidades que pode-
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
15

1.9 Page 9

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mos aperfeiçoar e, o mais importante, somos todos filhos de Deus.
Enfim, aceitaremos a nós mesmos como somos se não perdermos de vista o fato de que Deus
nos ama com as nossas limitações, que fazem parte de nosso caminho de santificação e objeto
da nossa luta. O Senhor nos escolhe, como os primeiros Doze: ...homens comuns, com os seus
defeitos, as suas fragilidades, as suas palavras mais prolixas do que as suas ações. No entanto,
Jesus os chama para serem pescadores de homens (cf. Mt 4,19).
Exercício para fazer em casa: O DIÁRIO DA AUTOESTIMA
1. Peguem um caderno ou criem um documento digital. Busquem um blo-
co de notas especial ou um aplicativo para anotar no celular ou em outro
dispositivo.
2. Elenquem as suas características positivas. Anotem todos os dias ao menos uma
característica positiva de si mesmos. Elas podem referir-se à personalidade, às ca-
pacidades, aos resultados ou também aos pequenos gestos de gentileza.
3. Expliquem porque são especiais. Depois de anotar as características, escrevam
porque elas são especiais ou importantes para vocês.
4. Reflitam sobre os sucessos. Além das características, anotem os sucessos pessoais
ou os desafios que superaram. Reflitam sobre como se sentiram nesses momentos.
5. Olhem para trás e comparem. A sugestão é que olhem periodicamente no próprio
diário de autoestima para ver o quanto cresceram e o quanto aprenderam todos os
dias sobre si mesmos.
Esse exercício pode ajudar a desenvolver uma visão mais positiva de si mesmos e re-
conhecer a própria singularidade. Ele também estimula a reflexão sobre os sucessos e
a superação dos desafios, promovendo a autoconfiança e o crescimento pessoal.
16
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 02.2
Material:
Duração do encontro:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, autofalantes, folhas em branco, canetas, impressos
2h 30 min
10 min
30 min
SABER OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Entrar no tema:A HISTÓRIA DA ÁRVORE TRISTE
FICHA N. 4
6 min
A moral da fábula “A Árvore Triste” é aprender que não somos todos iguais, cada
um de nós tem seus próprios pontos fortes, cada um de nós tem suas próprias ha-
bilidades especiais e cada um de nós, uma vez que aceitamos a nossa singu-
laridade com toda a negatividade e positividade que vem com ela, pode final-
mente ter paz e felicidade, porque não há nada que dê mais alegria do que
encontrar o próprio caminho, aceitar-se a si mesmo e seguir o próprio coração.
Caminhem com determinação, não sejam muito duros com vocês mesmos e encontrem
a própria felicidade, lembrando-se de que todos a merecem.
SABER CONECTARSE, SENTIR, CONSTRUIR
O que podemos aprender desta fábula?
É necessário escutar a si mesmo
O que vocês fazem quando querem ouvir atentamente uma pessoa que lhes está falan-
do? Afastam as fontes de distração, desligam a televisão ou procuram distanciar-se das
pessoas que promovem sons irritantes. Da mesma forma, para ouvir a si mesmo, vocês
precisam silenciar as pequenas vozes disfuncionais que entulham a própria mente:
como devem ser para a sociedade ou para a família, o que devem fazer para serem
bem-sucedidos, com quem devem andar etc. Dessa forma, vocês podem ouvir a única
voz realmente necessária: a própria!
EXPERIMENTEM ESTE EXERCÍCIO
A importância de serem autênticos
Assim que chamarem a atenção sobre si mesmos, procurem refletir: quantas vezes já
tentaram ser como os outros? Como aquelas pessoas que sempre parecem tão con-
fiantes, calmas e felizes? Logo depois perceberão que certos comportamentos estão
muito distantes de vocês...
Cada um de nós tem características única; só conseguirão seguir o próprio caminho se
realmente se observarem e descobrirem os próprios pontos fortes. É também impor-
tante conhecer as próprias fragilidades, aquelas que podem fazer tropeçarem no seu
caminho: elas fazem parte de vocês, e vocês podem aceitá-las e melhorar, sabendo que
também podem aprender muito com os seus erros.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
17

1.10 Page 10

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Vocês podem mudar quando e como quiserem
Ser vocês mesmos é a chave para uma vida plena e feliz. Não existe uma idade certa para
mudarem. Nem uma maneira específica de fazê-lo. Quando sentirem que chegou a sua
hora, poderão escolher como enfrentar a mudança, respeitando os próprios tempos.
Exercício:
ALIKE, UMA ANIMAÇÃO QUE FAZ REFLETIR
FICHA N. 5
A partir do vídeo.
Alike é um desenho animado de Daniel Martinez Lara e Rafa Cano Mendez que mostra a
todos os adultos e educadores como as mentes e as curiosidades dos jovens não devem
ser eliminadas
Criatividade e imaginação são duas palavras-chave.
Tentemos responder a estas perguntas e refletir sobre o significado do vídeo.
• Como aprendemos na vida a encontrar o caminho adequado para nós?
Que atitudes e os comportamentos não perdem a cor?
Que talentos e potencialidades vocês acreditam ter para serem o que desejam ser?
Para construir a nossa identidade, é importante seguir as próprias aspirações e ousar.
A criatividade cria, inventa e nunca se detém. É uma “atitude mental a ser cultivada”. É
um pensamento flexível, aberto e respeitoso... Inclui a capacidade de aprender com
os fracassos e a aptidão para explorar lacunas e inconsistências”.
DIÁLOGO EM GRUPO SOBRE ALGUNS PONTOS
DOIS COMPROMISSOS:
1. 1- Sigam a própria voz interior
É verdade que cada um de nós tem uma voz interior que pode sugerir e ajudar-nos a fazer a
escolha certa, mas o problema nesses casos é a dificuldade de seguir a voz.
Por que encontramos estas dificuldades?
Simplesmente porque a coisa certa a fazer quase nunca é a mais fácil, muitas vezes exige
coragem, muitas vezes exige força, mas, quando damos o passo, orientamos o nosso ca-
minho para a trilha que nos é mais favorável; custará esforço e será difícil, mas depois será
fantástico.
2. A verdadeira mudança começa por vocês; façam as pazes consigo mesmos e vivam
aceitando o próprio ser.
Fazer as pazes consigo mesmo! Quantas vezes já ouvimos essas palavras, elas são ditas
com muita frequência, às vezes até fora de hora, mas o que realmente significa fazer as
pazes consigo mesmo?
É simples! No decorrer da nossa vida, passamos por vários estágios de crescimento que,
juntos, nos levam a amadurecer, conhecer-nos e sermos pessoas conscientes dos nossos
pontos fortes e das nossas limitações.
Tão logo aceitemos as nossas características e também as nossas fragilidades como seres
humanos, tão logo fiquemos conscientes de que a normalidade é cometer erros, cair, apren-
der com os próprios erros e, por fim, levantar-se, então aceitaremos todos os nossos erros e
comportamentos inadequados porque eles se tornam experiência; é a mesma experiência
que nos levará a entender quem somos e a construir o nosso próprio caminho.
Quando fizermos as pazes conosco mesmos e aceitado todos os nossos erros, então, e só
então, poderemos desabrochar e mostrar ao mundo a beleza que há em nós.
18
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
SABER SER, VIVER, RELACIONARSE
Conhecer-se a si mesmo ajuda a construir a identidade.
Viver consciente significa ser capaz de identificar:
• os próprios pontos fortes
• as próprias áreas frágeis
o próprio modo de reagir diante das situações
as próprias preferências (por exemplo, em que situações eu me sinto confortável e em
quais me sinto desconfortável?)
• os próprios desejos
• as próprias necessidades
as próprias emoções
A consciência emocional é a base de uma boa autoconsciência e consiste em ser capaz de
reconhecer os sinais emocionais do próprio corpo e dar um nome às emoções que sentimos
e que “informam” sobre as nossas preferências, gostos e necessidades.
Conhecer a nós mesmos permite-nos prever como lidaremos com as diversas situações
que a vida nos apresenta, entrando na vida preparados e, portanto, capazes de escolher
situações, comportamentos e atitudes que sejam funcionais aos nossos objetivos.
Quando se vive consciente, vê-se o processo geral do
pensamento e da ação, mas isso só pode acontecer
quando não há condenação. Quando condenam
alguma coisa, não a compreendo, é uma maneira de
evitar qualquer tipo de compreensão”.
J. Krishnamurti
A consciência surge da observação, uma observação sem julgamento, por isso é importante
nos treinarmos para observar, ouvir e sentir a partir das percepções dos nossos sentidos:
• O que estou vendo?
• O que estou sentindo (sentir)?
• O que estou sentindo no meu corpo (onde sinto um mal-estar?)
E ainda:
Quando aconteceu?
Quem estava presente?
• Onde eu permaneci?
• Já aconteceu no passado?
• etc.
A consciência do próprio mundo interior no “aqui e agora” pode ser escutada com estas 3
perguntas:
• O que estou pensando?
• O que estou sentindo?
O que devo fazer? Como proceder? Quais ações devo iniciar?
Entretanto, a consciência refere-se também ao conhecimento dos próprios comportamentos
habituais (esquemas):
O que penso/tento/faço normalmente quando… (apresenta-se uma determinada situação)?
Quando... (apresenta-se uma determinada situação)... então, eu...
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
19

2 Pages 11-20

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2.1 Page 11

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Portanto, a resposta para a pergunta “Como se desenvolve a autoconsciência?” está na escuta
profunda com atenção e sem julgamento, num momento em que a intensidade das emoções
seja baixa (tranquilidade, malestar, chateação) e não alta (excitação, fúria, preocupação, dor).
Contudo, para chegar a esse conhecimento de si, é necessário ter a oportunidade de observar
os próprios gostos, necessidades e desejos.
Podese propor um trabalho pessoal cotidiano para responder a essas perguntas de acordo com os
acontecimentos.
SABER CONSTRUIR, VERIFICAR, EXPERIMENTAR, SINTETIZAR
Exercício:
O MAPA DAS IDENTIDADES MÚLTIPLAS
Desenhem um mapa que represente as diferentes facetas de própria iden-
tidade, como os papéis familiares, interesses, habilidades, valores culturais
e pessoais, e assim por diante. Em seguida, cada um pode compartilhar o
próprio mapa com o grupo, explicando as várias partes de sua identidade e
como elas se cruzam umas com as outras. Esse exercício promove a compreensão da
diversidade das identidades humanas e incentiva a reflexão sobre a importância de
aceitar a própria complexidade.
Exercício para
fazer em casa:
CARTA AO “EU AUTÊNTICO”
1. Introdução ao exercício: Explicar aos participantes que eles escreverão
uma carta para si mesmos, endereçada ao seu “eu autêntico”. A carta será
uma maneira de explorar os seus pensamentos, sentimentos e objetivos pessoais de
forma sincera e sem julgamentos.
2. Preparar papel e caneta; em casa, poderão usar papel e caneta ou, se preferirem,
o digital.
3. Escrever a carta: Pedir para escreverem uma carta para si mesmos, endereçada ao
seu “eu autêntico”. Nessa carta, poderão expressar quem realmente são, o que querem
da vida e o que os torna únicos. Incentivá-los a serem sinceros, sem preocuparem de
serem julgados.
4. Refletir sobre as emoções: Depois de escreverem a carta, dizer-lhes que reflitam
sobre como se sentiram durante o processo de escrita. Descobriram coisas novas sobre
si mesmos? Sentiram uma sensação de libertação ao serem honestos?
5. Conservar a carta: Incentivá-los a conservar a carta em um lugar especial ou la-
crá-la num envelope para o futuro. Será interessante retornarem mais tarde para ler
a carta e verem como cresceram e como a autenticidade foi um elemento-chave no
próprio desenvolvimento.
Este exercício promove a autenticidade pessoal, incentivando a explorar e aceitar quem
eles realmente são. A redação de cartas oferece-lhes um espaço seguro para refletirem
sobre os próprios pensamentos e sentimentos mais profundos.
20
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
02. Consciência
e decisões
PARA O EDUCADOR
”Será suficiente educar as crianças e os jovens para «comportar-se bem»? Ensinar
comportamentos ou educar a consciência? Em vez de formar uma pessoa em ab-
strato, a educação consiste em ajudar os outros e a nós mesmos a tirar o melhor
do que nos é dado e está em nosso poder «controlado», segundo modalidades
humanamente dignas. Em todo caso, o ponto educativo de partida não se refere
a conceitos ou projetos, mas a situações vitais e possibilidades reais em que cada
um vive. Educar é estimular e ajudar a crescer e viver a vida com dignidade, esta-
belecer relações, participar e desenvolver o próprio potencial e o dos outros, viver
a unicidade dos momentos vitais próprios e alheios. Em termos de valor, a edu-
cação trabalha para tornar «virtuosas» as potencialidades e as opções de cada
um” (ibidem, p. 107).
Com muita frequência, desfrutamos do conforto de
uma opinião sem o desconforto do pensamento.
(J. F. Kennedy)
Objetivos
consciente ou inconscientemente, estamos sempre lutando com decisões. Algumas são
tão simples que as tomamos automaticamente sem perceber, enquanto outras, muito mais
difíceis, exigem tempo, método e esforço.
É o pensamento crítico que nos dá a capacidade de usar dados, informações, experiências
e situações de forma apropriada e eficaz para tomar decisões, agir e formar ideias e opiniões
corretas em nossa mente. Mesmo sem ter consciência disso, usamos o pensamento crítico
muitas vezes ao longo dos dias. O problema é que, de acordo com pesquisas, a maioria de
nós não é muito boa nessa atividade. Na verdade, usamos o pensamento crítico sempre que
precisamos tomar uma decisão, avaliar diferentes opções, imaginar os efeitos das nossas
decisões ou priorizar as nossas atividades.
O pensamento crítico consiste na capacidade de analisar objetivamente informações, situ-
ações e experiências, distinguindo a realidade das próprias impressões subjetivas e dos pre-
conceitos; significa reconhecer os fatores que influenciam os pensamentos e comportamen-
tos próprios e alheios e, por isso, ajuda a manter a lucidez ao fazermos escolhas.
Ele permite uma maior compreensão das situações, opções, projetos e pessoas, ponderan-
do constantemente as suas vantagens e desvantagens.
• Permite uma melhor tomada de decisão e, portanto, com elevados resultados e desempen-
hos.
• Possibilita uma mente aberta que permite uma maior comunicação e relação com os outros.
• Ajuda a reconhecer os fatores externos que influenciam os pensamentos e comportamentos
próprios e alheios.
O pensamento crítico deve ser desenvolvido porque quando ele não é usado, confun-
dem-se as interpretações pessoais com a realidade dos fatos, dificultando criar relações
eficazes e a tomar de boas decisões.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
21

2.2 Page 12

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Figura bíblica: Rute e Noemi
Ficha n. 6
Pontos fortes e resultados:
• Uma relação em que a maior ligação está na fé em Deus.
Uma relação de forte empenho recíproco que as leva a tomar decisões importantes.
• Uma relação em que cada uma procurou fazer o melhor para a outra.
Lições de suas vidas:
• A presença viva de Deus em uma relação supera as diferenças que, de outra forma, criar-
iam divisão e desarmonia.
Informações básicas:
• Lugar: Moab, Belém
• Ocupação: Esposas, viúvas
Parentes: Elimelec, Malom, Quiliom, Orfa, Boaz
Versículos-chave:
Rute 1,4-22
4. Estes casaram-se com mulheres moabitas, chamadas uma Orfa e outra Rute. Viveram
lá aproximadamente dez anos. 5. Malom e Quiliom morreram ficando Noemi só, sem seus
dois filhos e sem seu marido.
(Rt 2,11-12; Mt 19,27-30) (Lc 9,57-58) Is 56,6-7
6. Então, levantou-se Noemi e partiu da região de Moab com suas duas noras, porque ouviu
dizer que o Senhor tinha visitado o seu povo e lhe tinha dado pão. 7. Deixou, pois, aquele
lugar onde habitara com suas duas noras e pôs-se a caminho de volta para a terra de
Judá.
8. “Ide, voltai para a casa de vossa mãe – disse ela às suas noras –. O Senhor use convosco
de misericórdia, como usastes com os que morreram e comigo! 9. Que ele vos conceda
paz em vossos lares, cada uma em casa de seu marido!” E beijou-as. Elas puseram-se a
chorar: 10. “Nós iremos contigo para o teu povo – disseram elas. 11. “Ide, minhas filhas
– replicou Noemi –. Por que haveis de vir comigo? Porventura, tenho eu ainda em meu
seio filhos que possam tornar-se vossos maridos? 12. Voltai, minhas filhas, porque já
estou demasiado velha para casar-me de novo. E ainda que eu tivesse alguma esperança
e que esta noite mesmo me fosse dado ter marido e viesse a gerar filhos, 13. haveríeis
de esperá-los crescer, sem vos casardes de novo, até que se tornassem grandes? Não,
minhas filhas, minha dor é muito maior do que a vossa, porque a mão do Senhor pesou
sobre mim”. 14. Então, elas desataram de novo a chorar. Orfa beijou a sua sogra, porém
Rute não quis separar-se dela.
15. “Eis que tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses – disse-lhe Noemi
–. “Vai com ela!” 16. “Não insistas comigo – respondeu Rute – para que eu te deixe e me
vá longe de ti. Aonde fores, eu irei; onde habitares, eu habitarei. O teu povo é meu povo
e o teu Deus, meu Deus. 17. Na terra em que morreres, quero também eu morrer e aí
ser sepultada. O Senhor trate-me com todo o rigor, se outra coisa, a não ser a morte, me
separar de ti!” 18. Ante tal resolução, Noemi não insistiu mais.
A sua história è narrada no livro de Rute e é citada também em Mateus 1,5.
22
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 02.1
Material:
projetor, computador, folhas em branco, canetas, ficha impressa.
Duração do encontro: 2h 30 min
Acolhida:
10 min
Para entrar no tema: 30 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
Para entrar no tema: CHICKEN LITTLE (O FRANGUINHO)
FICHA N. 7
6 min
As mensagens transmitidas pela figura de Little Little são muitas, mas duas
são as mais óbvias (e importantes):
• Em primeiro lugar, a resiliência do franguinho mostra-nos que, nos momentos mais
sombrios da nossa existência, nunca devemos desanimar, mas reerguer-nos e con-
tinuar a lutar.
Por fim, e talvez o mais emblemático dos diversos significados que podem ser encon-
trados no vídeo, porque presente no animal que personifica o estereótipo do medo, ou
seja, o franguinho, encontramos a coragem que, presente também nas pessoas mais
ansiosas e inseguras, pode fazer-nos enfrentar os obstáculos que encontramos à nos-
sa frente de uma maneira diferente, fazendo com que os percebamos como menos
assustadores do que já são.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Trabalho em grupo: RECONHECER OS ERROS COMUNS NA HISTÓRIA
Em todas as numerosas versões do popular conto de fadas de Henny Penny, o papel da
galinha, do pequeno frango e do galo (mas também do peru, do ganso e do pato) segue
o clichê da “galinha” clássica, animal “ingênuo e pouco inteligente” (embora agora se
saiba, até mesmo por estudos científicos, que na realidade é exatamente o oposto),
enquanto a raposa - como em todos os contos de fadas mais conhecidos - representa
o predador astuto e enganador.
As pessoas “crédulas” ou aquelas que não conseguem pensar por si mesmas em de-
terminadas situações podem ser enganadas cometendo “erros comuns” (ou erros de
lógica). Se pensarem sobre isso, perceberão que esses erros são... muito comuns!
Quem pensa criticamente, porém, não se deixa convencer com facilidade, vê as coisas
precisamente por meio da “falsa lógica”. Há muitos tipos de erros e, quanto mais vocês
pensarem sobre isso, mais facilmente os reconhecerão como presentes todos os dias
“ao próprio redor”, especialmente na publicidade, nas discussões políticas, etc.
A partir dessas percepções, tentem captar as dinâmicas em ação.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
23

2.3 Page 13

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Reflexão:
• O “vamos todos juntos”, quando acreditamos em alguma coisa só porque também os out-
ros acreditam nela, sem verificar se a informação é verdadeira ou falsa!
• Intimidar, quando se usam histórias fortes e “assustadoras” para fazer alguém acreditar
no que alguém acredita.
Apelar para as emoções, quando se faz um discurso “inflamado” ou conta uma história
trágica para convencer alguém a seguir o próprio pensamento.
Falsa dicotomia: quando se afirma (erroneamente!) que há apenas duas possibilidades em
um argumento. Em “O pequeno frango”, por exemplo, ocorre uma falsa dicotomia quando
os animais do pátio devem acreditar que o céu está para cair ou que o franguinho está
mentindo. A raposa (esperta) sabia, entretanto, que havia outras possibilidades!
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
É importante aprender a tomar decisões.
A TÉCNICA DO COMPASSO
FICHA N. 8
5 PERGUNTAS PARA O PROCESSO DE DECISÃO
Sempre que vocês se encontrarem numa encruzilhada, peguem uma folha de papel, um
bloco de notas ou o diário pessoal. Nessa página em branco, escrevam e respondam às se-
guintes perguntas.
• De onde vocês vieram? Não digam: “de Roma, de Madri, do Rio...” não é a resposta certa
para a pergunta! Escrevam na folha em branco quem eram antes de chegar aqui e o que
são agora; quais as suas origens, o seu histórico; quais os eventos decisivos na própria
vida que os trouxeram até aqui.
• O que realmente importa para vocês? Escrevam quatro coisas das quais vocês jamais
poderiam abrir mão na vida. Quais são as balizas sem os quais a existência de vocês ja-
mais seria a mesma? Em resumo, o que são o seus Norte, Sul, Leste e Oeste?
Quem realmente importa para vocês? Que pessoas em suas vidas são capazes de influ-
enciar as suas decisões? Quais as pessoas a quem vocês dão ouvidos? Em quem vocês
confiam? Quem assusta vocês? Faça uma das pessoas importantes em suas vidas.
• O que os impede de ir adiante? O que os assusta em relação à nova direção que devem
tomar? Quais são os obstáculos, pessoas e situações que os mantêm bloqueados?
O que os motiva? O que os leva a tomarem uma decisão específica em vez de outra? Por
que seria bom seguir essa direção específica? Façam uma lista dos “prós” das diversas
decisões que estão analisando.
Se preferirem, depois de responder a essas cinco perguntas, vocês também podem construir
um mapa conceitual, destacando as palavras-chave que distinguem as suas respostas.
Essas perguntas ajudarão a terem clareza e tomarem uma decisão criteriosa.
No entanto, muitas vezes vocês não se veem numa simples encruzilhada, mas numa encru-
zilhada infernal com infinitas estradas.SEIS CAMINHOS DE AÇÃO
Graças às cinco perguntas, vocês terão reunido e sistematizado informações suficientes para
tomar uma decisão, ou melhor, para adotar uma linha de ação. Isso mesmo, porque não ba-
sta decidir, é preciso agir de acordo.
24
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Aqui estão as 6 linhas de ação alternativas sugeridas pelo modelo de tomada de decisão da
“bússola”:
O caminho que os fascina. Qual a decisão que mais os fascina? Se vocês sempre seguiram
os seus instintos com sucesso no passado, se é importante vivenciar novas experiências, se
as pessoas próximas sempre os incentivaram a se colocarem à prova, se o que os retêm vale
muito menos do que aquilo que os motiva, vocês devem seguir o caminho que os fascina.
• O caminho sonhado. O caminho sonhado não é necessariamente a vida que os fascina. Pelo
contrário, muitas vezes é necessário fazer sacrifícios para realizar os sonhos mais ambicio-
sos, que nos fascinam muito pouco. Para iniciar esse caminho, vocês devem ter respondido
à quinta pergunta com motivações MUITO sólidas, motivações que se acendem em vocês
apenas escrevendo-as na folha de papel.
O modo racional. O que as pessoas em quem vocês confiam e que vocês acreditam terem
um melhor julgamento lhes sugerem? A segurança e a redução de riscos são valores impor-
tantes para vocês? Então devem seguir o caminho que consideram mais racional.
• O caminho do retorno. Muitas vezes vemo-nos decidindo se devemos ou não abandonar um
projeto que não está produzindo os resultados desejados. Nesse caso, estamos diante de
um dilema? Devemos continuar investindo recursos e esforços nesse projeto, na esperança
de que um dia dê frutos, ou devemos cortar as perdas o mais rápido possível? Se a motivação
não for mais suficiente para impulsioná-los, vocês devem considerar cuidadosamente o
caminho do retorno, ou seja, interromper o projeto iniciado.
O caminho conhecido. Às vezes, por exemplo, nas relações, precisamos escolher entre con-
tinuar no caminho conhecido ou embarcar numa nova aventura. Se os nossos valores e as
pessoas com quem nos importamos estiverem no caminho conhecido, a decisão que nos
fará sentir melhor será continuar nessa direção, talvez fazendo algumas mudanças adequa-
das.
O caminho desconhecido. Há em nossa vida momentos em que cada dia a mais que pas-
samos no caminho conhecido suga literalmente a nossa energia vital. Isso acontece quan-
do cedemos em relação ao que realmente nos importa, quando agimos por medo de não
atender às expectativas de alguém que respeitamos ou nos assusta. Se vocês responderam
instintivamente às cinco perguntas sobre a tomada de uma decisão, tenho certeza de que
surgiram esses elementos e ficará claro que chegou a hora de seguir o caminho desconheci-
do, por mais assustador que lhes possa ser.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZE SÍNTESE
O PENSAMENTO CRÍTICO E A IMPORTÂNCIA DAS DECISÕES
O DILEMA ÉTICO
FICHA N. 9
Aqui está um exercício prático para desenvolver o pensamento crítico e a
capacidade de tomar decisão:
Este exercício promove o pensamento crítico, a avaliação das consequências e a capaci-
dade de tomar decisões conscientes. Ele também ajuda a desenvolver uma compreensão
mais profunda dos dilemas éticos e dos desafios de tomada de decisão que deverão ser
enfrentadas no futuro.
1. Escolher um dilema ético: tomar a história que apresenta um dilema ético ou contar
outra. Por exemplo, poderia tratar-se de um conflito entre dois valores importantes ou
uma situação em que devam tomar uma decisão difícil.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
25

2.4 Page 14

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2. Apresentar o dilema: ler o dilema ético de forma neutra, sem oferecer nenhuma
solução ou juízo.
3. Discussão em grupo: dividir os participantes em pequenos grupos e pedir-lhes para
discutir o dilema. Cada grupo deve explorar as diversas opções, avaliar as consequênc-
ias e apresentar argumentos a favor e contra as várias escolhas possíveis.
4. Compartilhar as conclusões: depois que os grupos tiverem discutido o dilema, pe-
dir-lhes para compartilhar as próprias conclusões com o grupo. Isso incentiva a partilha
de diferentes pontos de vista e estimula o pensamento crítico.
5. Analisar as decisões: após a discussão, incentivar a refletirem sobre as decisões que
tomaram, por que as tomaram e como se sentem em relação a elas. Perguntar-lhes se
mudariam a própria decisão à luz dos argumentos dos outros.
6. Aplicação pessoal: para concluir, incentivar a refletirem sobre como podem aplicar
em suas vidas diárias o que aprenderam com o dilema ético. Como podem tomar deci-
sões mais conscientes e baseadas nos valores?
Em relação à história:
Escolhas possíveis:
1. Denunciar a fraude: vocês podem denunciar a fraude ao departamento de recursos
humanos ou à gerência da empresa, sabendo que essa ação pode levar à demissão de
Ana e, portanto, a uma situação financeira ainda mais difícil para ela e seus filhos.
2. Confrontar-se com Ana: pode-se escolher confrontar-se diretamente com Ana so-
bre as suas ações e pedir que ela pare com a fraude e resolva o problema. Isso pode
ajudá-la a evitar as consequências legais e manter o emprego, mas não significa neces-
sariamente que ela deixará de fraudar.
3. Esconder a fraude: vocês podem decidir não fazer nada e ignorar a fraude de Ana.
Isso pode proteger o seu emprego e a sua situação financeira imediata, mas também
pode gerar problemas éticos para vocês e para a empresa se a fraude for descoberta
no futuro.
26
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 02.2
Material:
Duração da reunião:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador
2h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
Para entrar no tema:
PÁGINAS DOS DIÁRIOS
DE ALGUNS PARTICIPANTES
FICHA N. 10
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Primeiro momento: REFLEXÕES DE GRUPO SOBRE A LEITURA DAS PÁGINAS DO DIÁRIO
Que elementos surgem?
Quais as principais dificuldades?
Quais os pensamentos compartilhados por vocês?
• Com que pensamentos vocês não concordam?
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
SEGUNDO MOMENTO: O QUE SIGNIFICA PARA MIM, ESCOLHER E TOMAR DECISÕES?
Alguns exemplos:
O que vocês fariam se recebessem um empurrão que os fizessem cair?
• Alguns amigos convidam-nos para fumar com eles um cigarro de maconha: o que vocês
fariam?
Tomamos uma decisão quando avaliamos as diversas possibilidades que temos e as conse-
quências que podem advir. Uma decisão nunca é boa em termos absolutos, mas é boa em
relação a um contexto específico e a si mesmo.
Uma boa decisão leva em conta a complexidade do ser humano, de si mesmo com:
• as suas prioridades
• os seus objetivos
• os seus pontos fortes e de fragilidade
• os seus valores
• a sua cultura
as suas emoções
e o contexto:
• pessoas com os seus objetivos, valores, necessidades
as relações entre as pessoas e o clima emocional
• o ambiente, os espaços, o clima atmosférico, etc.
• a cultura
Por isso, é importante ter um elevado autoconhecimento e um elevado senso crítico para
tomar boas decisões.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
27

2.5 Page 15

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EXEMPLO N. 1
Pensem nas corridas de moto entre adolescentes: no semáforo, um colega se aproxima,
com o motor da sua moto rugindo, o adolescente acena para os colegas que o observam da
calçada, o objetivo é provar que ele é “legal”, uma lenda, e quando o sinal verde apaga, ele
acelera para vencer o outro e ganhar a corrida... ou deixar a vida no asfalto.
Poderia ser diferente ter uma paixão pela moto, ter a oportunidade e o apoio dos pais e
decidir correr em uma pista. O mesmo comportamento: pilotar uma moto, mas em um con-
texto apropriado e protegido, portanto INTENCIONAL.
EXEMPLO N. 2
Pensem: sou pai e meus filhos são pequenos, levo-as para jantar com amigos que se ofen-
derão se eu me recusar; vamos a um restaurante lotado, onde me fazem esperar uma hora
pelo primeiro prato... o aperitivo acaba, as crianças começam a reclamar, levantam da mesa
ou até choram... eu fico nervoso e REAJO bruscamente, descontando nas crianças aborreci-
das e... com fome! O jantar não foi uma boa escolha!
COMO DESENVOLVER ESTA HABILIDADE
Como sempre, é importante que o treinamento comece com situações simples: “O que vou
comer no café da manhã?”; depois, num segundo momento, se chegará à formação em
situações mais complexas e importantes da vida: “Devo mudar de emprego? Que universi-
dade devo escolher?”.
Podemos começar com os clássicos prós e contras, ou seja, o que é bom e o que é ruim se
eu tomar essa decisão? mas acrescentemos à lista os prós emocionais: que consequências
emotivas agradáveis e desagradáveis eu enfrentarei?
RACIONAL - PRÁTICO
PRÓ
CONTRA
Ficarei satisfeito
Digestão difícil
EMOCIONAL
PRÓ
CONTRA
Terei grande prazer
Eu me sentirei cul-
pado por causa da
dieta
Farei um favor à
minha avó que os
preparou
Ingiro calorias
demais para minha
dieta
Ficarei feliz por
deixar a minha avó
contente
Envergonho-me por-
que disse que não
comeria mais disso.
...
...
...
...
28
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Exercício para fazer em casa:
Explorem a própria consciência: Lembrem-se de uma decisão importante que
precisaram tomar ou que tenham tomado recentemente. Reflitam sobre como
lidaram com a situação e quais pensamentos, emoções e valores estavam en-
volvidos. Perguntem-se se agiram de acordo com a consciência ou se houve fatores que
influenciaram a decisão.
Valores pessoais: Pensem nos valores fundamentais que orientam suas ações e deci-
sões. O que é realmente importante para vocês? Poderiam ser valores como integridade,
honestidade, liberdade, justiça, família, criatividade, etc. Explorem como esses valores
influenciam suas decisões e como podem honrá-los em sua vida de todos os dias.
Praticar a presença mental: Praticar a consciência no processo de decisão. Quando
vocês se veem diante de uma escolha, parem um momento para examinar os seus pen-
samentos, emoções e valores naquele momento. Perguntem-se se a decisão reflete a
própria consciência e se vocês se sentem em paz com ela.
Reflexão pós-decisão: Depois de tomar uma decisão, reservem algum tempo para refle-
tir sobre como se sentem. Vocês agiram de acordo com a consciência? Se sim, como se
sentiram? Se não, quais fatores influenciaram a decisão? Essa reflexão ajudará a apren-
derem com seus processos de tomada de decisão e desenvolverem maior consciência
no futuro.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
29

2.6 Page 16

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03. O autocontrole
PARA O EDUCADOR
“Para o futuro do cristianismo, a opção em favor do corpo ou contra ele revelar-se-á
cheia de repercussões. Na verdade, mudar de ritmo implica reconhecer que esta-
mos presos entre dois extremos: de um lado, a ideia de que o caminho para Deus
nos força a relativizar os nossos sentidos, ou mesmo a renunciar a eles; de outro
lado, uma indiferença em relação ao corpo que ocorre depois de «experimentar
tudo». A palavra-chave entre os dois extremos poderia ser «castidade», ou seja, «o
caminho privilegiado para aprender a respeitar a individualidade e a dignidade do
outro, sem subordiná-lo aos próprios desejos» UCVM 58). O autocontrole ensina a
autodisciplina do coração, assim como a dos olhos, da fala, de todos os sentidos.
Este controle (autorregulação emotiva) não é só algo de negativo. É um autêntico
domínio sobre nós mesmos. Ser consciente e senhor de si mesmo é reconhecer a
nós mesmos e cada pessoa como indivíduo único e irrepetível, como um fim em si
e jamais como um meio. Como consequência, a castidade comporta a educação
e a formação para superar qualquer mentalidade possessiva e de controle diante
de outra pessoa. Opõe-se à mentalidade utilitarista e narcisista que tende a usar e
abusar de tudo como se fôssemos os árbitros supremos de nós mesmos, de nossos
corpos e de nossos impulsos, assim como das pessoas do mundo que nos rodeia.
Afinal, um amor que quer possuir ou instrumentalizar o outro é sempre perigoso; ele
aprisiona, sufoca o amor genuíno, torna o outro infeliz. A lógica do amor é sempre
uma lógica de liberdade. Reconhecemos que não demos à castidade o valor que
ela merece; de fato, a cultura e a sociedade de hoje não preveem substancialmen-
te mais de um tipo de castidade, e ela se torna sempre mais «impensável para
os jovens» e para os adultos, por exemplo, praticar a castidade pré-matrimonial
durante o namoro e a castidade durante a sua vida em geral. O autocontrole e a
castidade são denegridos e aqueles que a praticam são considerados «ingênuos»
desprezados por seus coetâneos” (ibid., p. 110-111).
Quando falo de administrar emoções, refiro-me apenas
às realmente angustiantes e incapacitantes. Sentir
emoções é o que torna a vida rica e você precisa das
suas paixões”
Daniele Goleman
objetivos
É crucial desenvolver o autodomínio e o autocontrole e ser capaz de reconhecer todas as
nossas emoções, pois, estando cientes delas, podemos escolher como exprimir e reagir aos
nossos sentimentos.
É muito importante ser capaz de administrar a consciência, para manter as emoções neg-
ativas sob controle, caso contrário, a consciência por si só permanece estéril. Infelizmente,
muitas vezes, diante da consciência, não sabemos como reagir, permitindo-nos ser domi-
nados pelas emoções, especialmente as negativas e destrutivas.
30
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
O autodomínio é saber como administrar as emoções quando são reconhecidas. Ser dono
de si mesmo significa ter a capacidade de administrar e dominar as próprias emoções, não
extinguindo os sentimentos e a espontaneidade, mas direcionando-os da maneira correta.
Toda emoção, seja ela leve ou intensa, consciente ou inconsciente, clara ou encoberta, de-
sencadeia uma das três motivações a seguir:
• abordagem > Quero obter algo a mais;
• fuga > Quero cair fora;
• ataque > Quero fazer algo ruim.
Em geral, deve-se aprender a administrar melhor as emoções que provocam a fuga ou o ata-
que.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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2.7 Page 17

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Figura bíblica: Abisa
Ficha N. 11
Pontos fortes e resultados:
• Conhecido como um herói entre os guerreiros de Davi.
Voluntário prestativo e corajoso, profundamente fiel a Davi.
• Salvou a vida de Davi.
Fragilidades e carências:
• Tinha a tendência de agir sem pensar.
• Ajudou Moab a matar Abner e Amasa.
Lições da sua vida:
Os seguidores mais eficazes combinam raciocino e ação.
A fidelidade cega pode causar grandes males.
Informações gerais:
• Ocupação: soldado
• Família:
• Mãe: Zeruia.
• Irmãos: Joab e Asael.
• Tio: Davi
Versículos-chave:
1 Samuel 26,6-9
6 Davi disse a Abimelec, o hitita, e a Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joab: “Quem descerá
comigo até Saul no acampamento?” Abisai respondeu: “Eu descerei com você”.
7 Então, Davi e Abisai desceram de noite até aquela gente; e Saul estava deitado e dormia
junto da tropa, com a lança cravada na terra, ao lado da cabeça; enquanto Abner com os
seus estavam deitados ao redor dele.
8 Então, Abisai disse a Davi: “Hoje Deus pôs o seu inimigo nas suas mãos; agora, peço-lhe,
deixe-me feri-lo com a minha lança e cravá-lo no chão com um só golpe, e não haverá
necessidade de um segundo”.
9 Davi, porém, disse a Abisai: “Não o mate! Quem poderia pôr as mãos sobre o ungido do
Senhor sem se tornar culpado?”
“Abisai, irmão de Joab, filho de Zeruia, era o chefe dos trinta. Ele levantou a lança contra
trezentas pessoas, que matou, e ganhou fama entre os três. Ele era o mais renomado dos
trinta e tornou-se seu chefe, mas não estava à altura dos primeiros três” (2 Samuel 23,18-
19).
A história de Abisai é narrada em 2 Samuel 2,18-23,19. É mencionado também em 1 Samuel
16,1-13; 1 Crônicas 2,16; 11;20; 18,12; 19,11.15).
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 03.1
Material:
Duração do encontro:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, textos impressos das canções
1.15 h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
O tema:
A CANÇÃO ‘L’AMORE CONTA - Luciano Ligabue
FICHA N. 12
Ativação: O amor importa
Objetivo: Fazer os participantes refletirem sobre o namoro.
Metodologia: Leitura do trecho proposto e discussão de grupo com a ajuda de perguntas.
Outra proposta: propor aos participantes que encontrem letras de músicas, canções, leitu-
ras sobre o amor, o respeito pelo corpo, as aventuras, o autocontrole ou a falta de controle.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Reconhecer o corpo como um veículo de comunicação e relação com outras pessoas, definir o que
são as emoções e os sentimentos, descobrir o significado dos laços afetivos, da amizade, da paixão
e do amor, reconhecer a sexualidade como um modo de comunicação e relação com os outros.
O corpo como veículo de comunicação
O corpo é o meio mais imediato de comunicação; por meio dele, criamos relações com os outros
e com o ambiente. Usamos não apenas palavras para comunicar-nos, mas também o olhar, as
mãos, o sorriso, a posição corporal, o modo de vestir... O corpo expressa-nos e, muitas vezes, re-
vela mais do que as palavras, antecipa o pensamento e pode ser uma ponte entre nós e os outros
EXERCÍCIO N. 01
Ativação: estados de espírito através do corpo.
Objetivo: transmitir mensagens através da comunicação não verbal.
Metodologia: as cadeiras sejam colocadas em semicírculo. Entregar cartões
que descrevem alguns estados de espírito, mediante os quais os participantes podem
aprender a expressar-se. Pede-se que os representem por meio do uso total do corpo,
incluindo expressões faciais e contato visual. O restante do grupo deve reconhecer o que
colegas pretendem expressar e anotar as discrepâncias na comunicação não verbal.
Exemplo de alguns estados de espírito:
• Comunicar cansaço;
• Manifestar alegria;
• Expressar admiração;
• Demonstrar afeto;
• Expressar raiva;
• Expressar oposição;
• Comunicar impaciência.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
33

2.8 Page 18

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Cada participantes, no fim do jogo, dirá como se sentiu ao realizar o exercício.
Caso alguém manifeste grande dificuldade em realizar a tarefa, o educador pode pedir
ajuda a um dos participantes.
No final do jogo, o educador pode abrir uma discussão em que todos poderão descrever
como costumam se expressar com o corpo.
Sugestões: O educador deve enfatizar a importância do corpo na comunicação e a fre-
quência com que ele é subestimado; deve prestar atenção e reforçar cada compor-
tamento adequado, cada pequeno passo dado pelos participantes, evitando julgar os
comportamentos inadequados.
EXERCÍCIO N. 2
Ativação: reflexões sobre a linguagem dos sentimentos.
Objetivo: levar os participantes a refletirem sobre como reconhecer e ad-
ministrar as emoções/os sentimentos.
Metodologia: fichas individuais ou de pequenos grupos (Ficha n. 13). Pedir-lhes para
escolherem na lista algumas emoções e sentimentos que já experimentaram e em
quais situações. Deveria emergir da discussão a importância de saber reconhecer as
próprias emoções/sentimentos e a melhor maneira de administrá-los.
Escolham algumas emoções/sentimentos para colocar na segunda coluna da tabela e
indiquem quando vocês as sentiram e como agiram, dando cor a própria emoção.
(também se pode usar a mesma cor várias vezes).
alegria
tristeza
raiva
amor
aborrecimento
beleza
admiração
medo
comoção
humilhação
ódio
solidão
dor
maravilha
imensidão
vitalidade
inveja
irritabilidade
ternura
liberdade
solidariedade
ansiedade
estima
felicidade
serenidade
entusiasmo
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
EXERCÍCIO N. 3
Ativação: muitos modos de amar
Objetivo: reconhecer as várias maneiras de comunicar os sentimentos
de amor sem ter uma relação sexual, ampliando a visão sobre a sexuali-
dade.
Metodologia: os participantes são convidados a refletir sobre algumas das maneiras
indicadas abaixo e propor outras, escrevendo-as num cartaz ou no quadro. Seja enfati-
zada na devolução a riqueza das expressões de afeto: palavras de tranquilização, enco-
rajamento, elogios, participação de momentos especiais, gestos de serviço, pequenos
presentes, trocas de afeto e confidências
• dar-se as mãos
• dançar juntos
• aproximar-se e abraçar
• sorrir um para o outro
• ir juntos ao cinema
• encontrar os amigos
• falar dos próprios sentimentos
• ouvir música juntos
• .....................
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Desenvolver e praticar o domínio de si (autocontrole): CINCO DIMENSÕES
As nossas emoções e humores não só influenciam a nossa capacidade de autocontrole e au-
todomínio, como também têm um efeito sobre os outros
• Vocês já perceberam que o humor è contagioso?
Reflitam sobre os efeitos que as pessoas felizes ou com atitude positiva têm sobre vocês: em
geral elas conseguem mudar o humor negativo que possam ter. O mesmo pode acontecer ao
contrário quando vocês se aproximam de pessoas com atitude negativa.
Na verdade, até mesmo a pessoa mais feliz e positiva experimenta emoções negativas: a di-
ferença é que ela está ciente dessas emoções e encontra a melhor maneira de reagir a elas.
Reservem um tempo para refletir sobre as emoções, escolhendo uma resposta adequada
com base em seus valores e expectativas, em vez de reagir impulsivamente à emoção.
Por isso, se quiserem começar a controlar melhor as próprias emoções, experimentem os
seguintes conselhos:
1.Avaliar as reações típicas às emoções. Examinem as reações às suas emoções e planejar
novos pensamentos em resposta a elas, eliminando antigas reações prejudiciais e inúteis,
substituindo-as e praticando-as com outras mais positivas (autocontrole).
2.Aprender a administrar a própria comunicação não verbal. Vocês também devem co-
meçar a administrar a própria comunicação não verbal, pois as suas emoções podem ser
comunicadas não apenas com palavras, mas principalmente com a linguagem corporal. Tam-
bém é importante prestar atenção à comunicação não verbal dos outros (adaptabilidade),
tanto para entender suas emoções quanto para melhor direcioná-las.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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2.9 Page 19

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3.Ser responsáveis perante vocês mesmos. Admitam as próprias escolhas e os próprios
erros, enfrentem as consequências e tentem não culpar os outros quando as coisas derem
errado. Vocês se tornarão mais confiantes e conscientes!
4.Aprender a administrar o estresse em particular e fora de casa. Pratiquem técnicas que
os ajudem a alcançar a tranquilidade, como a meditação, a respiração, a oração, o dormir
bem, a recreação, os exercícios e o evitar abusos de qualquer tipo. Um pouco de estresse na
vida pode ser bom porque motiva, mas o estresse em excesso pode ter um efeito negativo:
sentindo-se estressados, será muito difícil administrar as suas emoções de forma eficaz, ao
passo que sem estresse vocês são mais inovadores e criativos.
5. Identificar cuidadosamente os próprios valores. Identifiquem bem o que os orienta e
motiva, para poderem fazer suas escolhas com base nisso e não tenham dúvidas quando se
depararem com escolhas morais ou éticas.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
A identificação dos próprios valores certamente os ajudará a aliviar o estresse ou as dificulda-
des nos momentos em que precisarem fazer escolhas difíceis com fortes cargas emocionais,
o que pode levá-los a seguir caminhos dos quais se arrependerão mais tarde.
O domínio de si fará com que se sintam mais seguros e intrinsecamente motivados.
História:
A BARCA DA SABEDORIA:
APRENDER A GOVERNAR AS EMOÇÕES
FICHA N. 14
EXERCÍCIO
Respondam às seguintes perguntas:
1. Vocês já viveram emoções intensas como a raiva ou a tristeza? Como
reagiram nesses momentos?
2. Conseguem individualizar uma situação recente em que poderiam ter aplicado a abor-
dagem da “barca” para administrar as próprias emoções?
3. Que estratégias ou técnicas vocês usam atualmente para administrar as próprias
emoções?
4. O que acham que aconteceria se começassem a observar as próprias emoções sem
julgá-las e sem reagir impulsivamente?
5. Como poderiam compartilhar esse ensinamento com outras pessoas em sua vida para
melhorar as relações e a compreensão recíproca?
6. Quais são algumas situações do dia a dia em que poderiam aplicar a consciência
emotiva para tomar decisões mais ponderadas?
7. Como acreditam que o domínio de si pode influir sobre a própria saúde mental e o
próprio bem-estar geral?
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 03.2
Material:
projetor, computador, alto-falantes, cartões impressos, objetos
com formas e cheiros diferentes, garrafas de água,
chocolates embrulhados, etc.
Duração do encontro: 3 h
Acolhida:
10 min
Para entrar no tema: 40 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
Para entrar no tema:
Dividir os participantes em pequenos grupos e pedir para encontrarem um vídeo, uma canção,
um “tik tok”, que expresse a própria ideia de emoções e como as vivem: 15 min.
Em seguida, projetar os vários vídeos
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Administrar as emoções não significa controlá-las, mas usá-las como instrumentos para agir,
sem ser dominado ou levado pelas emoções, ou seja, reagir.
Administrar as emoções torna senhores de si, pois permite permanecer lúcidos e eficazes
sem perder a cabeça; significa escolher os próprios comportamentos e, portanto, ser inten-
cionais nas próprias escolhas, avaliando os seus efeitos sobre si e sobre os outros.
As emoções contêm informações importantes sobre os nossos valores e saber administrá-las
permite-nos escolher as nossas ações, ou seja, agir, em vez de reagir. aos estímulos.
ADMINISTRAR AS EMOÇÕES:
• não é controlá-las
• melhora o domínio de si
• faz-nos ser intencionais nas escolhas
PORQUE DESENVOLVER ESTA CAPACIDADE
Saber administrar as emoções permite:
transformar as emoções desagradáveis (ou inúteis ao contexto) em emoções agradáveis,
• ser capazes de motivar a si mesmo
• ser capaz de dominar uma emoção, sem deixá-la de lado, mas vivendo-a enquanto não se
compreende a sua mensagem, o seu sentido e/ou o seu significado.
Saber administrar as emoções torna-nos senhores de nós mesmos, eficazes e serenos.
COMO DESENVOLVÊ-LA
É possível transformar emoções desagradáveis em agradáveis, mas somente depois de re-
conhecê-las. É por isso que a autoconsciência também está na base para uma boa autoad-
ministração.
Então, para treinar a capacidade de administrar emoções, é muito importante, antes de tudo,
ter uma boa autoconsciência e escolher o momento certo: NUNCA quando as emoções forem
fortes!!! Como no esporte, treina-se muito para chegar preparado para a competição com o
adversário mais forte!!!
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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2.10 Page 20

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Como posso transformar uma emoção forte e desagradável em uma emoção agradável?
É importante lembrar que as emoções não são negativas nem positivas, elas são agra-
dáveis ou desagradáveis, no sentido de que todas as emoções são úteis e funcionais, até
mesmo a raiva e o medo... as emoções são boas, não são certas nem erradas! É o compor-
tamento que deve ser mudado
Primeiramente, reconhecer que a sensação que se experimenta é uma emoção e não, por
exemplo, a fome ou o cansaço.
Dizer a mim mesmo, antes que aos outros, que é agradável ou desagradável.
Dar um NOME à emoção, por exemplo, “ansiedade”.
Sentir em que parte do corpo eu a sinto.
Diminuir a intensidade da emoção fazendo passar o tempo:
1. contando a alguém como estou
2. escrevendo
3. cantando
4. dando uma corrida
Só então, quando a emoção vivida ficar menos intensa e aproximar-se da tranquilidade, será
possível torná-la mais agradável, até chegar à serenidade e, por que não, ao entusiasmo.
Os pontos de 1 a 4 são passos importantes da tomada de consciência, sem o que não é pos-
sível administrar as emoções de modo intencional.
EXPLORAR DOS SENTIDOS (GOSTO E OLFATO) E DA MENTE
Estimular a conscientização da associação entre aromas e emoções
• Aprender a distinguir e tomar consciência de diferentes aromas e sabores.
De que modo?
• Sentir o aroma das flores - é possível usar também laranjas, saquinhos de chá ou out-
ros aromas.
• Relacionar o alimento ao seu sabor.
Exercício do marciano. Fingir que se é um marciano que não conhece nada sobre o que
o rodeia, escolher os alimentos e pedir para o ajudarem a entender o que são. Começar
pela visão (qual é a cor?), passar ao tato (é áspero?) e ao olfato (tem algum odor?). Con-
cluir com a audição (como o cereal “estalando” no leite, no caso do café da manhã) e o
paladar. Ao final, pedir para contarem o que descobriram com os experimentos.
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
CONSCIÊNCIA DO CORPO
A consciência e a aceitação do próprio corpo são fundamentais para muitos aspectos, tanto
físicos quanto psicológicos.
Quando falamos de consciência corporal, pensamos num conhecimento e aceitação total do
nosso corpo e das nossas limitações, para podermos conviver conosco mesmos da melhor
forma possível, tratar-nos com respeito e dar-nos toda atenção que merecemos.
Os temas básicos são dois: exterior e interior.
O caminho da aceitação tem o maior impacto sobre a nossa aparência exterior, como nos
vemos no espelho e o quanto a nossa mente pode distorcer a realidade, manipulada pelas
expectativas impostas pela sociedade e pelas pessoas ao nosso redor.
38
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
A parte interior, por outro lado, procura compreender plenamente como o nosso corpo fala
conosco, dizendo-nos o que precisamos e quando devemos deter-nos.
EXERCÍCIO:
BODY SCAN
Body Scan (varredura corporal): MEDITAÇÃO GUIADA COM FUNDO MUSICAL
A meditação guiada com body scan (varredura corporal) é um instrumento po-
deroso para aprofundar a consciência corporal. Este tipo de meditação con-
centra a atenção nas sensações físicas do corpo. A prática é complementada pela “varredu-
ra” da consciência de todo o corpo e a atenção é dada a cada centímetro do corpo.
A meditação com varredura do corpo trabalha com diferentes aspectos, como atenção,
conscientização, deixar-se ir, apoiar-se em sensações desagradáveis, apreciar e desabafar.
Escolhendo conscientemente colocar a nossa mente numa área específica do corpo, esta-
mos treinando a nossa capacidade de prestar atenção.
Vivendo através do nosso corpo, sintonizamo-nos com uma maneira de perceber o que é
mais central e o que está diretamente em contato com o mundo ao nosso redor, em vez de
estarmos sempre distraídos por milhares de pensamentos e conceitos complexos.
MATERIAL: Roupa cômoda e uma superfície onde deitar-se (cobertor ou colchonete)
MEDITAÇÃO GUIADA COM MÚSICA AO FUNDO
FICHA N. 15
Resultados do exercício prático
As pessoas que praticam a varredura corporal relataram uma capacidade mais profun-
da de observar e absorver as sensações corporais, a capacidade de conscientização, em
todos os momentos e em diferentes partes do corpo, sentindo a respiração e o corpo. O
exercício geralmente produz uma sensação de relaxamento na mente e no corpo. Ao pra-
ticar o exercício regularmente, desenvolve-se um entendimento e uma percepção mais
profundos do corpo, percebendo como o corpo está mudando constantemente e melho-
rando a identificação das sensações corporais.
Questionamentos e considerações
À medida que percorremos as várias sensações corporais, também podemos descobrir
algumas de que não gostamos: desconforto e dor, irritação e tédio, tristeza e entorpe-
cimento são experiências comuns para as pessoas que praticam a varredura corporal.
Nossa maneira usual de nos depararmos com essas sensações é fugir do seu incômodo
distraindo-nos, ruminando ou lutando contra elas.
Às vezes, porém, não há nada que possamos fazer para que desapareçam voluntaria-
mente. Por isso, em vez de exacerbar o nosso sofrimento lutando contra ele, a varredura
corporal ensina-nos a apoiar-nos suavemente no desconforto. Embora isso pareça pouco
intuitivo, concentrar-se na parte do corpo que nos causa desconforto reduz o poder das
sensações desagradáveis e nos ajuda a desviar o olhar delas. Embora possam ocorrer
sensações desagradáveis quando abordamos a experiência sensorial com interesse, além
de desviar o olhar das sensações negativas, também deixamos de lado o nosso apego aos
pensamentos e reações estressantes que normalmente ancoram-se neles.
Quando prestamos atenção conscientemente, passamos a observar e sentir que, na reali-
dade, tudo está sempre mudando. Percebemos como o estresse surge quando tentamos
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
39

3 Pages 21-30

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3.1 Page 21

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manter as sensações agradáveis e/ou rejeitar as dolorosas, e vemos como as sensações
se movimentam, se deslocam, aumentam e diminuem de intensidade o tempo todo.
Também podemos ver como não estamos mais tão envolvidos em nós mesmos quando
abandonamos o nosso senso fixo de identidade (“Minha perna está doendo!”) e convida-
mos a tomar consciência dos aspectos e processos da experiência (“Sinto uma dor neste
momento e penso sobre essa dor”). A desconexão de suposições errôneas sobre como as
coisas são - e como nós somos - pode começar a trazer algum alívio.
É importante lembrar-se de não tentar relaxar, pois esse pensamento só criará mais ten-
são. Em vez disso, você deve tomar consciência de cada momento que passa e aceitar o
que está acontecendo dentro de si, vendo as coisas como elas são. Você deve abandonar
a tendência de querer que as coisas sejam diferentes de como são e deixar que as coisas
sejam exatamente como as encontrou. Observe a atividade da sua mente, deixando de
lado os pensamentos críticos e os julgamentos quando eles surgirem e fazendo apenas o
que o exercício o orienta a fazer da melhor maneira possível.
Ou a forma breve:
Exercício de consciência corpórea
Este exercício ajuda a perceber e distinguir duas partes de si: o “Eu observador”,
responsável pela consciência, atenção e concentração (é a parte que observa os
pensamentos, as recordações, as imagens, sendo, porém, incapaz de produzi-
los) desde o seu “Eu pensante”, que produz pensamentos, julgamentos,
recordações, fantasias...
Neste exercício, você é solicitado a observar uma série de coisas. Mantenha a sua atenção
sobre cada uma por cerca de dez segundos antes de passar à próxima.
• Preste atenção nos seus pés (10 segundos)
• Preste atenção na posição das suas pernas (10 segundos)
• Preste atenção na posição e na curvatura da sua coluna (10 segundos)
• Preste atenção no ritmo, na velocidade e na profundidade da sua respiração (10
segundos)
• Preste atenção na posição dos seus braços (10 segundos)
• Preste atenção ao que você sente no pescoço e nos ombros (10 segundos)
• Preste atenção na temperatura do seu corpo e em que partes sente mais calor ou frio
(10 segundos)
• Preste atenção ao ar na sua pele (10 segundos)
• Mova a sua atenção ao longo do corpo, da cabeça aos dedos dos pés, e observe se há
rigidez, tensão, dor ou desconforto em algum lugar (10 segundos)
• Mova a sua atenção ao longo do corpo, da cabeça aos dedos dos pés, e observe se há
alguma sensação de prazer ou conforto (10 segundos)
Fonte: Harris R. (2010). La trappola della felicità. Come smettere di tormentarsi e iniziare a
vivere. Erickson (p. 123)
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
SABER EXAMINAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Uma historieta:
MARCOS, CAPITÃO DO PRÓPRIO
CORPO E DA PRÓPRIA MENTE
FICHA N. 16
Exercício para fazer em casa
Tente fazer o exercício de autoconsciência corporal em paz, silêncio e privadamente. A var-
redura corporal ajuda as pessoas a se tornarem amigas de seus corpos, a cuidarem deles
com atenção adequada e sábia e a viverem a vida plenamente.
Ao entrar em maior sintonia com o corpo, as pessoas podem identificar melhor as expres-
sões corporais de suas emoções, reduzindo assim a tendência de, por exemplo, comer em
resposta a emoções desagradáveis, como o estresse, a tristeza ou o tédio.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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04. Os afetos
PARA O EDUCADOR
Para sermos capazes de relações humanamente significativas, devemos apren
der gradualmente a gramática do afeto; devemos ser «iniciados» na arte de amar.
É importante educar para reconhecer os diversos sentimentos. Platão dizia que
«o objetivo da educação é ensinar a desejar o que é bom». Portanto, um acom-
panhamento sério educa para a leitura e a interpretação do desejo.
A educação ao desejo não reprime os desejos, nem os ridiculariza ou os nega
(pp.111-112).
Objetivos
Consciência emocional: ajudar a entender as próprias emoções, a reconhecer e dar um
nome aos diversos sentimentos que se têm e desenvolver uma maior consciência das
emoções alheias.
Administração das emoções: ensinar estratégias para administrar emoções de forma
saudável e eficaz, como reconhecer e expressar emoções adequadamente, autorregular-se
para lidar com o estresse e a ansiedade e desenvolver mecanismos positivos.
Empatia: promover o desenvolvimento da empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no
lugar dos outros e entender os seus sentimentos e pontos de vista contribui para a con-
strução de relações interpessoais mais fortes e positivas.
Comunicação eficaz: ensinar as habilidades de comunicação para expressar as próprias
emoções e necessidades de forma clara e empática, promovendo uma comunicação aberta
e respeitosa com os outros.
Relações saudáveis: promover o conceito de relações saudáveis e respeitosas, seja em
âmbito familiar, de amizade ou sentimental, através da conscientização dos limites pes-
soais e das dinâmicas interpessoais.
Figura bíblica: Priscila e Áquila
Ficha N. 17
Pontos fortes e resultados:
• Uma equipe excepcional de marido e mulher que serviu na Igreja primitiva.
• Continuaram a fabricar tendas enquanto serviam a Cristo.
• Amigos íntimos de Paulo.
• Explicaram a Apolo a mensagem completa de Cristo.
Lições das suas vidas:
Os casais podem ter um ministério eficaz.
• A casa é um instrumento precioso para a evangelização.
• Todo crente deve ser bem instruído na fé, independentemente do seu papel na Igreja.
Dados gerais:
Lugar: de Roma, transferiram-se a Corinto e depois a Éfeso.
Profissão: fabricantes de tendas
• Contemporâneos: Imperador Cláudio, Timóteo, Apolo.
Versículos-chave:
Atos 18,2
Paulo encontrou um judeu chamado Áquila, originário do Ponto, que chegara recente-
mente da Itália com sua esposa Priscila, porque Cláudio havia ordenado que todos os
judeus deixassem Roma. E juntou-se a eles”.
Romanos 16,3-5
Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus; eles arriscaram a vida por
mim; não somente a eles sou grato, mas também a todas as igrejas das nações. Saudai
também a igreja que se reúne em sua casa. Saudai o meu querido Epêneto, que é a
primícias da Ásia para Cristo”.
A história deles é narrada em Atos 18. São também mencionados em Romanos 16,3-5; 1
Coríntios 16,19. 2 Timóteo 4,19.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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Itinerário n. 04. 1
Material: projetor, computador, mesa com estampas, folhas em branco e canetas.
Duração do encontro: 2:30 h.
Acolhida: 10 min
Para entrar no tema: 40 min
SABER OLHAR, SABER ENTENDER
Para entrar no tema: Um pai narra à filha o que são as emoções
FICHA N. 18
Emoções
1. O que são as emoções?
A emoção é uma “reação afetiva intensa com início agudo e curta duração, provocada por
um estímulo ambiental (interno ou externo). O seu início causa modificações somáticas,
vegetativas e psíquicas” (Galimberti, 1992). A emoção é uma “reação orgânica de intensi-
dade e duração variáveis, geralmente acompanhada de alterações respiratórias, circula-
tórias etc. e de grande excitação mental” (Houaiss, eletrônico, 2009).
As emoções são experiências que trazem consigo reações em nível fisiológico, visceral,
expressivo e psicológico e duram muito pouco tempo.
Não devemos confundi-las com os sentimentos, que podem ser duradouros. Eis um
exemplo: você pode estar apaixonado (experimenta um sentimento) e sentir alegria
(experimenta uma emoção) quando vê a pessoa amada, ou tristeza quando não a vê
há algum tempo, ou então você sente ciúme se acredita que ela está interessada em
outra pessoa.
Assim, embora o sentimento de amor (ou de ódio, de arrependimento) seja duradouro,
a emoção é breve e momentânea, ligada a um estímulo temporário.
2. As principais emoções são:
Medo
Alegria
Raiva
Tristeza
Tédio
Vergonha
Desgosto
Sentimento de culpa
Inveja
Ciúme
As emoções podem ser sentidas em diversas gradações. Podemos, de fato, sentir uma
leve frustração ou sentir-nos enfurecidos; em ambos os casos, estamos falando da
emoção da raiva em diferentes níveis: imaginando um termômetro interno hipotético,
poderíamos dizer que, no primeiro caso, sentimos raiva no nível 1, enquanto no segun-
do caso, no nível 10.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
O TERMÔMETRO DAS EMOÇÕES
FICHA N. 19
Pensando nisso, enquanto sentimos uma emoção com uma intensidade
muito forte é mais fácil reconhecê-la e dar-lhe um nome (por exemplo, se
estivermos com raiva), mas fica mais difícil defini-la em um nível mínimo (por exem-
plo, podemos sentir um leve desconforto, uma leve inquietação e é difícil dizer se é
uma leve tristeza ou uma leve raiva).
Aprender a distinguir as emoções em um nível mínimo é o primeiro passo útil para
começar a saber como administrá-las. Saber como reconhecer e administrar as
emoções é o primeiro passo essencial para combater a ansiedade e o pânico!
Um bom exercício pode ser começar com emoções desagradáveis leves;
na próxima vez que você sentir uma emoção desse tipo, procure pergun-
tar-se: “Aquilo que estou sentindo com que emoção parece mais?” e, se
não se lembra delas, pode ser útil voltar atrás e ler quais são. Experimente!
SABER LIGAR, SENTIR, CONSTRUIR
Para que servem as emoções
Reconhecer as experiências emocionais pessoais, em vez de reprimi-las, é muito importante para
ter relações mais eficazes. As emoções são como os sinais de trânsito, que nos dizem algo sobre
nós mesmos, algo muito importante.
A raiva, por exemplo, é um pouco como o semáforo vermelho, que nos diz para parar porque algo
não vai bem e precisamos tentar entender do que se trata e possivelmente rever os nossos obje-
tivos ou a maneira como estamos tentando alcançá-los.
A alegria, por outro lado, é como o semáforo verde; ela nos avisa que as coisas caminham como
gostaríamos que caminhassem e que vale a pena continuar assim.
O medo é como o semáforo amarelo; ele avisa que há algum perigo à frente e que devemos ter
cuidado.
A tristeza é o semáforo vermelho levemente diferente, no sentido de que nos diz para parar por-
que “perdemos” algo e precisamos recuperar a energia para encontrar um caminho a seguir, ape-
sar do que perdemos.
Como se pode intuir, decidir reprimir uma emoção, não lhe dar ouvidos, significa perder uma série
de informações importantes sobre quem somos e o que queremos e, sobretudo, significa correr o
risco de seguir caminhos diferentes daqueles que realmente queremos.
Nesse sentido, podemos afirmar com força que não existem emoções negativas, mas emoções
agradáveis e desagradáveis, pois todas as emoções têm um propósito para nós e, portanto, são
positivas.
Na verdade, direi algo mais: quanto mais desagradáveis forem as nossas emoções, mais positivas
elas serão, no sentido de que são sinais importantes que precisamos levar em conta para mudar
alguma coisa, fora ou dentro de nós mesmos, para buscar maior bem-estar.
Cada um tem a sua emoção favorita...
Infelizmente, não é tão óbvio e fácil reconhecer as emoções que sentimos; muitas vezes não fo-
mos educados para nos ouvir emocionalmente. Pelo contrário, às vezes as pessoas que cuidaram
de nós fizeram-nos entender que certas expressões emocionais não são bem-vindas e, assim,
crescemos com a crença equivocada de que é melhor reprimi-las.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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Eis um exemplo: se toda vez que uma criança expressa raiva a mãe fica irritada ou assustada,
dizendo “Você é uma criança má!”, porque ela mesma não está acostumada a aceitar a raiva, a
criança gradualmente aprenderá a reprimir essa emoção.
Trata-se de um processo totalmente normal e funcional à adequação e sobrevivência. O proble-
ma existe quando o mecanismo se torna rígido e persiste na idade adulta, de modo que quem,
por exemplo, aprendeu a reprimir a raiva, não se permite mais expressá-la em nenhum contexto,
mesmo quando seria desejável e útil fazê-lo.
O que acontecerá então? Digo-o: não podemos decidir sobre as emoções! só podemos vi-
vê-las e, no máximo, administrá-las!
Isso significa que, mesmo se a criança que aprendeu a reprimir a raiva queira não senti-la, ela não
conseguirá, porque as emoções ainda virão à tona, mas como ela não aprendeu a aceitá-la como
uma emoção natural e legítima, toda vez que sentir raiva quando for adulta, não a reconhecerá
como tal, mas estará ciente apenas da ativação fisiológica da raiva (meu coração bate, fico ver-
melho, enrijeço) e provavelmente ficará assustada a ponto de sentir ansiedade ou até pânico.
E isso é algo que se deve perceber logo: sob a ansiedade há uma emoção que não se pode
reconhecer ou que não se queira aceitar porque não parece adequada àquele contexto.
*
Não podemos decidir sobre as emoções! Só podemos,
no máximo, administrá-las!
Pensamentos e emoções
As nossas emoções estão muitas vezes ligadas aos nossos pensamentos, ao que dizemos em
nossa cabeça. Por exemplo, se sentimos vergonha, é provável que estejamos pensando que fize-
mos algo errado ou que alguém está nos julgando mal, etc. Na verdade, não são os eventos em
si que determinam as nossas respostas emocionais, mas a interpretação que damos aos eventos
em nossa cabeça. Quando uma emoção é muito intensa, ou seja, em uma escala de 1 a 10, ela
é 7, 8, 9 e, sobretudo, parece desproporcional ao contexto ou ao estímulo que a despertou, é
provável que o que chamamos de pensamento irracional esteja acontecendo em nossa cabeça.
Um pensamento irracional è um pensamento rígido que nos parece absolutamente realista, me-
smo que a realidade demonstre o contrário. Veremos, em seguida, as principais características de
pensamentos irracionais.
*
Não são os eventos em si que determinam as nossas respostas
emotivas, mas a interpretação que damos aos eventos em nossa
cabeça.
Para exercitarse com as emoções, aconselha-se propor a Ficha n. 20 e fazer
um dos exercícios propostos, a continuar em casa. Lê-se juntos também a
“Carta dos direitos às emoções” presente na ficha.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Exercício
AMASSAR AS EMOÇÕES
Tirado do livro “Trauma Focused ACT - de Russ Har-
ris
(tradução italiana de Chiara Rossi Urtoler)
Pode-se adaptar o roteiro a qualquer emoção dolorosa, para favorecer a aceitação e a
autocompaixão e conectar-se com os valores.
1. Escrever Educador: identifique uma lembrança que desencadeie a emoção sobre a qual você
pretende trabalhar.
Escreva em uma folha de papel algumas palavras (no máximo uma frase) para resumi-la
2. Amassar Educador: agora amasse essa lembrança e todos os pensamentos e sentimentos
que a acompanham e reduzi-a ao mínimo possível. Amassar completamente é realmente
difícil - nada de meias medidas... É isso aí...
Agora, coloque-a entre as palmas das mãos e use os dois braços e as duas mãos para tentar
amassá-la ainda mais... Aperte o mais forte que puder... e continue a apertar.
3. Espremer Educador: mantenha a pressão, apertando forte... O mais forte que puder... Deixe-a
o menor possível...
Observe como fica...
É muito cansativo? ...
Quanto o distrai? ...
Quanto é difícil fazer as coisas que contam para você mesmo enquanto se empenha em
espremer a folha? ...
Quanto tempo e energia você gastou para fazê-lo ao longo da sua vida? ...
E não è extenuante? ...
Como não há nenhuma tecla “Elimina” no cérebro, não há como fazê-lo simplesmente de-
saparecer, você estaria aberto para experimentar alguma coisa diferente?... Gostaria de fazê-
lo?
4. Segurar com delicadeza Educador: agora, segure como se fosse um bebê chorando, um ca-
chorrinho que busca atenção ou a mão de uma pessoa amada que está sofrendo...
E note a diferença que fazes...
Isto lhe traz algum alívio?...
Talvez seja menos incômodo, menos cansativo?...
Observe agora quanta energia você deve empregar nas coisas que lhe são importantes...
5. Considerar o que lhe comunica Educador: continue a mantê-la assim, e considere: o que lhe
diz sobre o que conta para você? …
Quais os valores que lhe recorda? ...
E considere também que você não pode mudar o passado, mas pode influenciar o futuro
com as ações do presente ... Então, indo adiante, nos próximos dias, o que quer fazer no
mundo para torná-lo um lugar melhor para você, segundo os seus valores? ... Para evitar que
coisas assim se repitam?
6. Apreciar Educador: observe que enquanto você mantém a folha e, portanto, as suas emoções
assim, leve e delicadamente, essa emoção pode ser uma aliada... porque lhe recordará os
seus valores... motivará a comportar-se como a pessoa que você quer ser... E mesmo se lhe
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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custa muito, dá-lhe informações preciosas...
Essa emoção vem da sua mente, do seu cérebro e do seu corpo trabalhando juntos, para
cuidar de você, para protege-lo... Portanto, mesmo que doa, veja se, por um momento, você
pode apreciá-la.
7. Apertar para facilitar Educador: Agora, por alguns instantes, tente de novo esmagar e aper-
tar o papel...
De novo, aperte-o com força com as duas mãos, os dois braços, apertando-o o máximo que
puder...
Mantenha a pressão, com toda força e observe como isso se torna cansativo...
E agora, mais uma vez, segure-o gentilmente... como um bebê chorando ou um cachorrinho
choramingando, ou a mão de um ente querido em dificuldade... E perceba a diferença....
Pegue a folha gentilmente com as duas mãos ... e imagine que o espaço ao seu redor está
cheio de calor, carinho e gentileza ...
8. Autocompaixão Educador: Veja se consegue transmitir a si mesmo esse calor, carinho e
gentileza... Imagine como uma espécie de energia... que flui da palma das suas mãos... e es-
corre sobre os seus braços e o seu coração... e dali, fluindo para cima e para baixo por todo o
corpo... e onde quer que haja alguma dor, tensão ou dormência, essa energia quente e gentil
flui naquelas áreas... amolecendo e soltando-se ao seu redor.
(O educador agora orienta a dar um “zoom” em áreas específicas de dor, tensão ou dor-
mência e trabalha como em outros exercícios de aceitação e autocompaixão: reconhecer a
dor e responder com gentileza).
9. Analisar e interrogar (debriefing) O exercício termina com um minuto de análise. Depois,
veremos novamente o exercício, o que aconteceu e exploraremos o impacto da aceitação e
da autocompaixão, e sublinhando os valores.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Exercício: RECONHECER AS PRÓPRIAS EMOÇÕES
1. Preparação: Garantir que tenham papel e caneta.
2. Reflexão: Reservar alguns min para pensar sobre as diferentes emoções
que sentiram. Façam uma lista das emoções básicas, como alegria, tristeza, raiva, medo,
desgosto e surpresa, ou podem pensar em emoções mais específicas que tenham sen-
tido recentemente.
3. Exploração das emoções: Escolham uma das emoções que identificaram e escrevam-na
na parte superior de uma folha de papel. Façam uma lista de situações, eventos ou pens-
amentos que poderiam desencadear essa emoção específica. Por exemplo, se escol-
heram alegria, podem escrever situações como “receber boas notícias” ou “passar tem-
po com os amigos”.
4. Descrição da emoção: Agora, para a mesma emoção, tentem descrever como se sentem
física, mental e emocionalmente quando passam por isso. Anotem as sensações físicas,
os pensamentos que passam pela mente e as reações emocionais que experimentam.
Por exemplo, se escolhem tristeza, podem descrever uma sensação de peso no peito,
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
pensamentos negativos sobre a própria situação e um sentimento de desconforto.
5. Observar as emoções nos outros: Observem as pessoas ao redor ou pensem em situ-
ações em que viram emoções nos outros. Procurem identificar expressões faciais, ges-
tos, tom de voz e outros sinais não verbais que indiquem a emoção que estão sentindo.
Por exemplo, podem perceber que uma pessoa com raiva tem o rosto corado, os pun-
hos cerrados e um tom de voz elevado.
6. Aplicação prática: Procurem praticar as suas habilidades de reconhecimento de
emoções na vida cotidiana. Observem as próprias emoções e tentem identificá-las à
medida que ocorrem. Façam o mesmo com as emoções alheias, tentando captar os
sinais não verbais e interpretar as suas expressões faciais.
Reconhecer as emoções é um processo que requer prática e paciência. Continuem a
praticar o reconhecimento e a compreensão das próprias emoções e das emoções
alheias e, com o tempo, haverão de aprimorar a própria capacidade de administrar e
comunicar as emoções de forma saudável e eficaz.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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Itinerário n. 04.2
Material: projetor, computador, folhas e canetas, fichas impressas.
Duração do encontro: 1:15 h.
Acolhida: 10 min
Para entrar no tema: 30 min
SABER OLHAR, SABER ENTENDER
Para entrar no tema:
OS VALORES DA VIDA
tirado de La trappola della felicità.
Come smettere di tormentarsi e iniziare a
Vivere, de Harris, R. 2016. Edizioni Centro Studi Erickson
FICHA N. 21
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
A seguir, são listadas as áreas da vida que algumas pessoas valorizam. Nem todos nós temos os
mesmos valores e este não é um teste para ver se vocês têm os valores “adequados”. Reflitam
sobre cada uma dessas áreas em termos de orientação geral para a vida, e não em termos de
metas específicas. Pode haver algumas áreas que realmente não valorizam; ignorem-nas. Pode
haver áreas que se sobreponham; por exemplo, se fazer caminhadas nas montanhas é impor-
tante para vocês, isso poderia se enquadrar tanto em autocuidado/bem-estar físico quanto em
lazer/entretenimento. Escrevam o que gostariam de fazer se não houvesse obstáculos pelo ca-
minho.
O que é importante para vocês? No que gostariam de empenhar-se?
1. Família (família de origem, além do casamento ou dos filhos). Que tipo de irmão/irmã,
filho/filha, tio/tia gostariam de ser? Que qualidades pessoais gostariam de trazer para es-
sas relações? Que tipo de relação gostariam de construir? Como interagiriam com essas
pessoas se você fosse “a pessoa ideal” nessas relações?
2. Matrimônio/casal/relações íntimas. Que tipo de parceiro gostariam de ser numa relação
íntima? Que qualidades pessoais gostariam de desenvolver? Que tipo de relação gosta-
riam de construir? Como interagiriam com o parceiro se vocês fossem a “pessoa ideal”
nessas relações?
3. Paternidade/Maternidade. Que tipo de pai/mãe gostariam de ser? Que qualidades pesso-
ais gostariam de ter? Que tipo de relação gostariam de estabelecer com seus filhos? Como
comportariam se fossem a “pessoa ideal” nessas relações?
4. Amizades/vida social. Que tipo de qualidades pessoais gostariam de trazer para as suas
amizades? Se pudessem ser os melhores amigos de todos os tempos, como se comporta-
riam com os amigos? Que tipo de amizades gostariam de construir?
5. Trabalho. O que vocês valorizam no próprio trabalho? O que poderia torná-lo mais signi-
ficativo? Que tipo de trabalhador gostariam de ser? Se pudessem viver de acordo com os
próprios padrões ideais, que qualidades pessoais trariam para o próprio trabalho? Que
tipo de relações profissionais gostariam de construir?
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
6. Instrução/formação. O que vocês valorizam no aprendizado, na instrução e na formação?
Que novas habilidades gostariam de aprender? Que conhecimentos gostariam de adqui-
rir? Que tipo de formação adicional gostariam de ter? Que tipo de aluno gostariam de ser?
Que qualidades pessoais gostariam de colocar em prática?
7. Tempo livre/diversão. Que tipo de hobbies, esportes ou atividades de lazer mais apre-
ciam? Como repousam e aliviam a tensão? Como se divertem? Que tipo de atividades
gostariam de fazer?
8. Espiritualidade. Qualquer que seja o significado que deem à espiritualidade, tudo bem.
Pode ser algo tão simples como o contato com a natureza ou tão formal como a partici-
pação em um grupo religioso organizado. O que lhes é importante nesse âmbito da vida?
9. Compromisso cívico/vida comunitária. Como gostariam de contribuir com a comunidade
ou o ambiente, por exemplo, sendo voluntário, reciclando, apoiando um grupo/caridade/
partido político? Que tipo de ambiente gostariam de criar nos contextos em que vivem e
frequentam? Em quais ambientes gostariam de passar mais tempo?
10. Cuidado de si/bem-estar físico. Quais são os seus valores com relação à manutenção
do bem-estar físico? Como gostariam de cuidar da própria saúde em relação ao sono, à
alimentação, à atividade física, ao fumo, ao álcool etc.? Por que isso é importante?
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
AVALIAÇÃO DOS VALORES DA VIDA
FICHA N. 22
Para cada uma das dez áreas, escrevam algumas palavras que resumam a direção
que valorizam, por exemplo, “ser um parceiro amoroso e atencioso”. Indiquem o quanto esse
valor é importante para vocês numa escala de 0 (sem importância) a 10 (muito importante).
Podem atribuir a mesma pontuação a vários valores. Indiquem até que ponto conseguiram
cumprir esse valor no último mês, em uma escala de 0 (nada) a 10 (muito).
Por fim, classifiquem essas indicações em ordem de prioridade para começar a trabalhar ne-
las imediatamente, dando 10 para a prioridade mais elevada, 9 para a próxima etapa, etc.
SABER EXAMINAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
O CENTRO DO ALVO
FICHA N. 23
O que é realmente importante para vocês, no fundo do coração? O que desejam
fazer com o próprio tempo neste planeta? Que tipo de pessoa querem ser? Que recur-
sos ou qualidades pessoais querem desenvolver?
1. Trabalho/estudo: inclui local de trabalho, carreira, instrução/formação, crescimen-
to nas capacidades, etc.
2. Relações: inclui parceiros, filhos, pais, parentes, colegas e outros contatos sociais.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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3.7 Page 27

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3. Crescimento pessoal/saúde: pode incluir religião, espiritualidade, criatividade,
habilidades para a vida, meditação, ioga, natureza; atividade física, nutrição e/ou
abordagem de fatores de risco à saúde, como fumo, álcool, drogas, alimentação
excessiva, etc.
4. Tempo livre: os seus modos de brincar, descansar, encontrar estímulos ou diver-
tir-se; atividades para descansar, recriar e ser criativo.
O centro do alvo: coloquem um X em cada área do alvo para indicar onde se encon-
tram hoje.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
05. Educar
à vida comunitária
PARA O EDUCADOR
“A cultura do encontro nos diversos ambientes salesianos não é uma soma, mas a
construção de um «nós»; não é um contrato, mas uma relação de profundo afeto; não é
uma fusão, mas uma unidade que é dois; não é algo pré-estabelecido, mas um espaço
a ser criado e recriado” (ibidem, p. 115).
Objetivos
A comunidade é o lugar privilegiado onde se pode realizar o projeto pessoal e desenvolver a solidarie-
dade e a participação no mais elevado grau. Este, porém, é um ideal difícil e muitas vezes inatingível.
Hoje, a necessidade de comunidade é sentida em toda parte, mas, ao mesmo tempo, assistimos o
desconforto de indivíduos que muitas vezes não conseguem inserir-se ou são marginalizados.
Isso talvez aconteça porque ainda não foi suficientemente analisado e resolvido a questão da relação
pessoa-comunidade, o que é fonte de mal-estar ou desajuste. Há, de fato, uma relação tendencial-
mente conflitante entre as necessidades da pessoa e as da comunidade. Trata-se, então, de harmoni-
zar dois aspectos complementares da mesma realidade, sem prejudicar nenhum dos componentes.
Viver em comunidade é muito importante e pode oferecer inúmeras vantagens. A seguir são listados
alguns dos objetivos que podem ser alcançados ao se viver em comunidade:
Apoio social: viver em comunidade oferece a oportunidade de criar laços sociais significativos e
construir relações positivas com outras pessoas. O apoio social pode ser valioso para o bem-estar
emocional e psicológico dos indivíduos. As comunidades podem oferecer apoio recíproco em mo-
mentos de necessidade, promover a inclusão e combater a solidão.
Compartilhamento de recursos: as comunidades oferecem a possibilidade de compartilhar re-
cursos, como espaços comuns, equipamentos, conhecimentos e competências. O compartilha-
mento pode levar a uma maior eficiência e melhor utilização dos recursos disponíveis.
Segurança e proteção: Viver em comunidade pode contribuir para tornar o ambiente mais se-
guro. A proximidade e a confiança recíproca entre os membros da comunidade promovem maior
vigilância e solidariedade garantindo a segurança de todos. As comunidades podem implementar
medidas de segurança ao promover o sentimento de pertença e proteção.
Crescimento e desenvolvimento pessoal: a comunidade pode oferecer muitas oportunidades
de aprendizado, crescimento e desenvolvimento pessoal. Pela interação com pessoas diferentes,
é possível adquirir novas perspectivas, competências e conhecimentos. A comunidade também
pode oferecer um ambiente de apoio para o desenvolvimento de capacidades sociais, liderança e
colaboração.
Participação e empenho cívico: viver em comunidade incentiva o ativismo cívico e o empenho
social. As pessoas que vivem em comunidade podem participar ativamente da melhoria do am-
biente local, contribuindo para a maior qualidade de vida. A participação em grupos voluntários,
associações de bairro ou organizações comunitárias oferece oportunidades para influenciar posi-
tivamente o ambiente e atender às necessidades coletivas.
Todos deveriam ser aceitos na comunidade, inclusive os diferentes, os imaturos, os desfavorecidos
e os não realizados. Por isso, a construção da comunidade continua sendo uma meta de importância
primordial em nosso tempo, pois somente ela pode permitir o crescimento e a inclusão de todos sem
discriminação.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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3.8 Page 28

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Figura bíblica: Maria
Ficha N. 24
Pontos fortes e resultados:
• Mãe de Jesus, o Messias
• O único ser humano que esteve com Jesus do nascimento à morte.
• Desejo de ser útil a Deus
• Conhecia e aplicava a Palavra de Deus
Lições da sua vida:
• Os melhores servidores de Deus são, em geral, pessoas simples, disponíveis para servi-lo.
Os planos de Deus preveem ações extraordinárias em pessoas simples.
• O caráter de uma pessoa revela-se a partir da sua resposta ao imprevisto.
Informações gerais:
• Lugar: Nazaré, Belém
• Ocupação: dona de casa
• Família:
• Marido: José
• Parentes: Zacarias e Isabel.
Filhos: Jesus, Tiago, José, Judas e Simão, além das filhas.
Versículo-chave:
Lucas 1,38
“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”
A história de Maria è narrada nos quatro Evangelhos. É também mencionada em Atos 1,14).
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 05.1
Material:
Duração do encontro:
Acolhida:
Para entrar no tema:
Projetor, computador, poesias e textos de canções impressos,
folhas em branco e canetas.
2h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
SOBRE O TEMA:
FATO DO DIA
FICHA N. 25
Sentir-se acolhido na comunidade e acolher os sentimentos dos pais e das mães.
Os participantes, em duplas ou pequenos grupos, refletem sobre algumas perguntas que
lhes serão propostas e, em seguida, apresentam às suas considerações:
Tentem identificar-se no pai da criança: como se sentiram?
O que significa ser pai?
O que significa ser filho?
Quando nos dizem que Deus é Pai, que rosto damos a Ele? Ele poderia ter o rosto do pai
da criança?
Quem é Deus para mim?
Quem penso ser para o PAI?
APROFUNDAMENTO DO TEMA:
Na história que acabamos de ler e sobre a qual refletiram, o contraste entre o medo e as lág-
rimas do pai e a absoluta calma e a segurança da criança é impressionante. Nos braços do
pai, a criança não tem medo, ansiedade ou sofrimento. Entre ela e a tragédia, entre ela e a
maldade real, há uma enorme muralha formada por aqueles braços.
Talvez essa muralha não seja capaz de protegê-la da violência de um louco homicida ou das
catástrofes do mundo, mas certamente é capaz de defender a sua serenidade. Naqueles
braços, a criança poderia passar por qualquer coisa, mas nem o medo nem a maldade do
mundo poderiam, de forma alguma, alcançá-la e arruinar a sua inocência.
Jesus viveu toda a sua existência naquele abraço e foi capaz de enfrentar a cruz precisamente
por causa da força dessa ligação, do amor paterno que o sustentou até o último grito de dor
antes que se cumprisse o mistério da morte.
Deus também quer ser ABBÀ para nós, quer que nos aproximemos d’Ele com a mesma atitu-
de filial e que aprendamos com Ele a ser pais e mães amorosos.
O Pai ensina-nos a amar e encontrar forças para essa tarefa delicada e importante que nos é
confiada com a chegada de uma criança que muitas vezes nos assusta. Com o Pai, podemos
aprender, podemos conhecer o amor gratuito e incondicional, o amor que não olha para quem
você é, pecador ou o que quer que seja, mas que simplesmente está aí, ao seu lado. O Pai
convida a pedirmos esse amor pelos nossos filhos, para que nada nos falte.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
55

3.9 Page 29

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SABER CONECTARSE, SENTIR, CONSTRUIR
PRIMA DI TUTTO L’UOMO - Nazim Hikmet
FICHA N. 26
PARA RETORNAR À NOSSA VIDA:
Depois de receberem o poema, os participantes devem refletir sobre as per-
guntas, sublinhando as palavras ou frases que chamaram a atenção. Em seguida, respon-
derão individualmente para, depois, compartilharem em assembleia:
• E você, que concepção tem da casa?
• O que a casa é para você e quais as suas características?
• Em que lugar você se sente como em casa?
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
PROFUMO - Max Pezzali
FICHA N. 27
Projetar e entregar o texto da canção Depois de escutar a canção “Profumo”, de
Max Pezzali, os participantes são convidados a discutir sobre estas questões:
Tenho a consciência de que um pequeno gesto de amor pode amplificar-se e tam-
bém fazer algum bem a quem o vê ser feito?
Que perfume deixa a minha passagem cotidiana entre os familiares, amigos, pes-
soas que encontro?
• Sou capaz de difundir o perfume de Jesus na minha família, nos contextos em que
vivo e também fora deles?
SABER EXAMINAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
PASSA IL FAVORE do filme “Un sogno per domani
FICHA N. 28
Respondam a esta pergunta:
• Numa comunidade, o pensamento de Trevor é factível ou não?
TRABALHO:
pense numa ajuda deu a um amigo ou parente no passado e reflita sobre os
efeitos que esse gesto de generosidade trouxe para essa pessoa.
FAVOR
56
pense numa pessoa que precisa de ajuda neste momento e comprometa-se
a ajudá-la, mas convidando-a, após a ajuda recebida, a fazer o mesmo com
outras três pessoas
um “favor de longo prazo”, ou seja, faça um favor para uma pessoa que re-
almente precisa dele, também no futuro, a quem explicará, porém, o mesmo
processo
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 05.2
Material:
Duração da reunião:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, o texto impresso, o teste impresso, tiras de
papel colorido
2h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Para entrar no tema: BENVENUTO - Laura Pausini
FICHA N. 29
Material: cópia de algumas imagens que mostrem vários tipos de pessoas
em situações variadas. Enquanto se escuta a canção, algumas imagens são
dispostas no chão e os participantes devem escolher a que melhor os represente.
Os participantes, divididos em pequenos grupos, são convidados a refletir sobre as se-
guintes questões:
Em que ocasiões estive ciente de ter sido aceito?
Que atitudes/palavras fecham/abrem o coração de vocês para a aceitação?
• Já tentaram lembrar-se delas nos momentos de oração?
• O que as imagens lhes sugerem?
EXERCÍCIO
O JOGO DA ACOLHID
Objetivo: Ensinar a importância da aceitação e inclusão na comunidade.
Instruções:
1. Círculo da acolhida: Formar um círculo e pedir aos participantes que contem bre-
vemente uma experiência em que se sentiram acolhidos ou excluídos por um grupo de
pessoas. Pode ser um momento feliz em que se sentiram acolhidos ou um momento
em que se sentiram excluídos ou isolados.
2. Discussão orientada: Iniciar uma discussão orientada com base nas experiências
compartilhadas. Perguntar como se sentiram nas duas situações e o que aprenderam
com essas experiências. Enfatizar a importância da aceitação e inclusão para criar co-
munidades fortes.
3. O jogo do círculo: Formar um grande círculo. Depois, escolher um dos participantes
aleatoriamente e pedir-lhe que fique no meio do círculo. Os outros representam a co-
munidade.
4. Papéis de acolhida e exclusão: Explicar que o participante no centro representa
alguém que acabou de se transferir para o centro juvenil ou a escola. Alguns membros
do círculo devem agir como “acolhedores” e tentar envolver ativamente o participante
do centro, enquanto outros devem ser “excludentes” e ignorá-lo.
5. Rotação dos papéis: Depois de algum tempo, fazer uma rotação dos papéis para que
todos tenham a oportunidade de vivenciar tanto a acolhida quanto a exclusão.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
57

3.10 Page 30

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6. Discussão final: Ao final da atividade, reunir o grupo e discutir os sentimentos e as
reflexões que surgiram. Perguntar como se sentiram em relação aos papéis de acolhido
e excluído e como isso pode afetar o equilíbrio de uma comunidade.
7. Compromisso de acolher: Concluir a atividade incentivando os jovens a assumirem
um compromisso pessoal de serem mais acolhedores em sua comunidade. Pedir que
compartilhem ideias sobre como podem ajudar a criar um ambiente mais acolhedor
para todos.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Test:
ÉS CAPAZ DE ACOLHER?
FICHA N. 30
Pontuação
Some a pontuação de cada questão
A pontuação total é:
abcde f gh
1 0 1 0 1 1 0 0 1
200110101
300110011
400110110
SOLUÇÕES:
O a 5 pontos: Às vezes, não percebemos que as pessoas desfavorecidas são pessoas
que precisam da nossa ajuda. Vocês não devem basear-se apenas em valores como a
eficiência! Atenção, pois a sua atitude pode marginalizar. Procurem colocar-se no lugar
dessas pessoas: como gostariam de ser vistos se estivessem no lugar delas?
Da 6 a 10 pontos: a disponibilidade de vocês à aceitação ainda é bastante limitada.
Vocês precisam dar mais atenção aos sentimentos de egoísmo que podem impedir a
sua abertura aos outros. Entretanto, com um pouco de esforço, conseguirão superar
esse fechamento. Verão, então, que cuidar dos outros lhes dará grande satisfação.
Da 11 a 13 pontos: vocês aprenderam a ler a realidade em que vivem e a entenderem
que nela há espaço para todos. Essa atitude enriquece as suas relações e permite ver o
lado positivo das pessoas. Continuem a agir bem!
Da 14-16 pontos: vocês têm uma grande paixão pelos outros. Procurem, por meio do
seu exemplo, envolver também aqueles que estão menos interessados nesses temas.
Com essa “carga”, certamente poderão fazer isso.
58
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Compromisso a assumir: Abrir-se ao conhecimento no ambiente comunitário e em todos os
lugares, pois às vezes nos fechamos em nossas amizades, em nossas casas, em nossas ruas,
sem nos preocuparmos com aqueles que vivem ao nosso lado. Criemos uma relação de fra-
ternidade e cordialidade com eles.
Exercício
A CADEIA HUMANA DA PARTILHA
Educar para a vida em comunidade e a importância da partilha e do apoio so-
cial é fundamental para desenvolver as habilidades interpessoais e o senso
de pertença. Eis aqui um exercício prático:
Objetivo: Promover a consciência da importância da partilha e do apoio entre os mem-
bros da comunidade.
Instruções:
1. Círculo de partilha: Formar um círculo e pedir a cada um que compartilhe um mo-
mento em que se sentiu apoiado por alguém (um amigo, um membro da família ou um
professor) e como se sentiu graças a esse apoio.
2. Construir uma corrente: Entregar tiras de papel colorido e pedir que escrevam uma
frase curta sobre partilha, amizade ou apoio social. Por exemplo: “Compartilhar torna-nos
mais fortes” ou “Os amigos são como uma segunda família”.
3. Construir a corrente: Cada tira de papel representa um elo da corrente. Os partici-
pantes devem ler suas afirmações em voz alta e unir as tiras de papel para formar uma
corrente humana. A corrente simboliza a importância da união de forças e da partilha para
criar uma comunidade forte.
4. Discussão: Após montar a corrente, conduza uma discussão sobre o significado sim-
bólico da atividade. Pergunte a eles como se sentiram ao ajudar a construir a corrente e
como isso pode ser aplicado na vida cotidiana.
5. Discussão: Depois de construir a corrente, iniciar uma discussão sobre o significado
simbólico da atividade. Perguntar aos participantes como se sentiram ao ajudar a constru-
ir a corrente e como isso pode ser aplicado na vida de todos os dias.
6. Plano de ação: Concluir o exercício incentivando os participantes a pensarem algumas
maneiras com que podem promover a partilha e o apoio social em sua comunidade e en-
volver-se em pequenas ações diárias para isso.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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06. Educar à consciência
dos limites
PARA O EDUCADOR
«A educação da emotividade e do instinto é necessária, e para tal fim às vezes é
essencial estabelecer algum limite. o excesso, o descontrole, a obsessão por um
único tipo de prazeres acaba por debilitar e combalir o próprio prazer, e preju-
dicam a vida da família. Na verdade, pode-se fazer um belo caminho com as
paixões, o que significa orientá-las cada vez mais num projeto de autodoação
e plena realização própria que enriquece as relações interpessoais no seio da
família. Isto não implica renunciar a momentos de intenso prazer, mas assumi-los
de certo modo entrelaçados com outros momentos de dedicação generosa,
espera paciente, inevitável fadiga, esforço por um ideal. A vida em família é tudo
isto e merece ser vivida inteiramente» (AL 148)
Objetivos
Limite: Encontramos no vocabulário várias expressões correspondentes a essa voz, atestan-
do a multiplicidade de experiências, representações e significados associados a ele. O limite
é uma “linha divisória”, mas também é “um ponto extremo ao qualquer coisa pode chegar”,
“uma baliza que não pode e não deve ser ultrapassada”. Etimologicamente (do latim ‘limes’),
o limite indica precisamente um caminho transversal, que atua como uma fronteira, um li-
miar. Para os antigos romanos, eram pedras que marcavam os limites e não podiam ser remo-
vidas sem alguma esperteza, pois estavam sob a proteção especial de uma divindade.
O limite não se prefigura apenas como algo que cria divisões, que separa e fragmenta, mas
também como uma fronteira, ou seja, um espaço de passagem e contiguidade.
Ele não marca apenas o que não existe e o que não pode ser alcançado, mas também o
que pode ser alcançado: ao definir, ao circunscrever, ele não apenas estabelece obstácul-
os, bloqueios, restrições, mas cria espaços de possibilidade, territórios nos quais é pos-
sível se mover com serenidade e obter áreas de autonomia e incisividade. Etty Hillesum
escreve: “Devemos ser capazes de recuperar os nossos limites restritos e continuar dentro
deles - escrupulosa e conscientemente - a nossa vida limitada”.
A educação à conscientização sobre os limites pode ter vários objetivos que envolvem o indi-
víduo, a sociedade e o ambiente circunstante. Eis alguns dos principais objetivos:
Conscientização pessoal: ajudar as pessoas a desenvolver a consciência pessoal das
próprias limitações físicas, emocionais, mentais e espirituais. Isso envolve a compreensão
e a aceitação de si mesmo, de seus pontos fortes e fracos. O objetivo é promover um senso
de equilíbrio e autenticidade na própria vida.
Autogestão: desenvolver de forma eficaz a capacidade de administrar o próprio tempo,
recursos e energias. Isso pode incluir o aprendizado das habilidades de planejar, definir
as prioridades, delegar e autocontrolar-se. O objetivo é evitar o excesso de trabalhos, o
estresse crônico e a exaustão emotiva.
Relações saudáveis: ajudar a desenvolver relações saudáveis e equilibradas com outras
pessoas. Isso significa reconhecer e respeitar os limites pessoais e alheios, ser capaz de
dizer “não” quando necessário e buscar o entendimento recíproco. O objetivo é promover
60
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
um ambiente de respeito, cooperação e apoio recíproco.
Sustentabilidade ambiental: a educação à consciência dos limites também se estende
à consciência do impacto das nossas ações sobre o meio-ambiente. Os objetivos nesse
âmbito incluem a promoção de estilos de vida sustentáveis, o consumo responsável dos
recursos naturais, a redução de resíduos e a adoção de práticas ambientalmente consci-
entes.
Equidade social: contribuir para a criação de uma sociedade mais justa e equitativa. Isso
envolve o reconhecimento dos limites dos recursos e o esforço para reduzir as desigual-
dades sociais e econômicas. Seu objetivo é promover a igualdade de acesso a oportuni-
dades, serviços e recursos para todos os membros da sociedade.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
61

4.2 Page 32

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Figura bíblica: Saul
Ficha N. 31
Pontos fortes e resultados:
• Primeiro rei de Israel, nomeado por Deus.
• Conhecido pela sua coragem pessoal e generosidade.
• Aparência elevada e imponente
Carências e erros:
• As suas capacidades de liderança não eram equivalentes às expectativas criadas pela sua
aparência.
• Impulsivo por natureza, ele tendia a ultrapassar os seus limites
• Com inveja de Davi, tentou matá-lo.
Em particular, desobedeceu a Deus em várias ocasiões.
Lições da sua vida:
• Deus quer uma obediência que venha do coração e não meros atos de ritual religioso.
• A obediência sempre envolve um sacrifício, mas o sacrifício nem sempre é obediência.
• Deus quer usar os nossos pontos fortes e as nossas fragilidades.
• A fragilidade deve ajudar a lembrar-nos da nossa necessidade da guia e da ajuda de Deus.
Dados gerais:
• Onde: A terra de Benjamim.
• Ocupação: Rei de Israel
• Família:
Pai: Quis.
• Filhos: Jônatas, Isbosete.
• Mulher: Ainoã
Versículos-chave:
Samuele 15,22-23
1 Samuel disse: “Acaso o Senhor se compraz tanto nos holocaustos e sacrifícios como na
obediência à sua voz? A obediência é melhor que o sacrifício, e a submissão vale mais que
a gordura dos carneiros. A rebelião é tão culpável quanto a superstição; a desobediência é
como o pecado de idolatria. Pois que rejeitaste a palavra do Senhor, também ele te rejeita
e te despoja da realeza!”
A sua história é narrada em 1 Samuel 9-31. Ele também é mencionado em Atos 13,21.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 06.1
Material:
Duração do encontro:
Boas vindas:
Para entrar no tema:
projetor de vídeo, tapete, texto a ser impresso
2.30 h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECE, EXTRAIR
Para entrar no tema: LIMITES E LIBERDADE (Focus group)
O que significa limitar-se? Limitar-se em relação a que? Por que?
Em primeiro lugar, é necessário saber como reconhecer as próprias necessidades.
Necessidade na psicologia é, de fato, a falta total ou parcial de um ou mais elementos que
constituem o bem-estar de uma pessoa.
Recordar o autor Abraham Maslow, que elaborou esse conceito definindo uma escala de
necessidades. A escala, conhecida como pirâmide de Maslow, é dividida em cinco níveis,
desde o mais básico (necessário para a sobrevivência do indivíduo) até o mais complexo
(social).
O indivíduo realiza-se ao passar por várias etapas, que devem ser vividas de modo pro-
gressivo.
Os níveis concebidos de necessidade são:
necessidades fisiológicas;
necessidades de salvação, segurança e proteção;
necessidades de pertença;
necessidades de estima, prestígio, sucesso;
exigências de autorrealização.
Do que uma pessoa necessita? Necessita ser livre, livre de escolher.
O QUE SIGNIFICA LIBERDADE?
Elencamos algumas frases que podem ser projetadas ou impressas:
Liberdade significa responsabilidade. É por isso que a maioria dos homens tem medo dela
(George Bernard Shaw, “Man and the Superman”, 1903).
Liberdade é a condição pela qual um indivíduo pode decidir pensar, expressar-se e agir sem
restrições, usando a própria vontade para conceber e realizar uma ação, recorrendo à livre
escolha dos fins e dos meios que considerar úteis para realizá-la (https://it.wikipedia.org/
wiki/Libert%C3%A0)
Onde há razão, há escolha; onde há escolha, há liberdade (Oriana Fallaci)
Portanto, ser livre significa estar em condição de escolher entre diversas alternativas.
Livres para escolher por si mesmo, em relação ao modo como vivem a própria vida.
A liberdade não está na escolha entre preto e branco, mas em escapar dessa escolha
pré-determinada (Theodor Adorno, “Minima moralia”, 1951).
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
63

4.3 Page 33

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Exercício: O jardim dos limites (Ficha n. 32)
Esta meditação ajudará a refletir sobre a natureza dos limites e da liberda-
de e a desenvolver uma maior consciência da sua interconexão. Encontrar
o equilíbrio entre essas duas dimensões é essencial para uma vida plena e
significativa.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
IL PAESE DEI BALOCCHI - Pooh album “Pinocchio”, 2002
FICHA N. 33
O que o limite tem a ver com a liberdade? Como eles estão conectados?
(Refletir com os participantes a partir destes pontos).
A espinha dorsal da sociedade moderna baseia-se no princípio: ilimitado,
tudo é possível, daí a expectativa de tudo e qualquer coisa já (Grandi, 2007)
Refletir sobre o significado do “tudo é possível” pode assumir uma conotação negativa,
se considerarmos esse slogan como um impulso para ter em vez de ser. De acordo com
essa lógica, portanto, é necessário ter tudo para ser, em uma tentativa atrapalhada de
comprar-se uma identidade.
O homem de hoje em relação aos valores sociais sente-se, então, no direito de viver
no mundo desejando a realização quase obstinada e inescrupulosa dos próprios fins a
qualquer custo.
Uma visão maquiavélica do homem inclinado à autoafirmação e dominação dos seus
semelhantes.
Quais são os limites dessa ascensão desenfreada rumo ao sucesso, à perfeição? Em
direção a quê? Para se tornar ou crer ser quem?
Numa sociedade dedicada ao ter, ao parecer, ao demonstrar acredito que infelizmente
nos deparamos com a tendência angustiante de a pessoa ter valor em relação ao que
possui. Em outras palavras, chegamos à equação inaceitável de ter = ser.
Numa sociedade em que a mídia de massa transmite falsos valores como aparência
(vaidade), posse (orgulho), somos realmente, e ainda, livres para escolher o que querer,
o que ter, o que desejar e quem ser?
• Ainda somos livres para sermos nós mesmos ou somos forçados a conformar-nos e
ser a caricatura de um protótipo de televisão?
Qual o preço a ser pago por habitarmos o nosso corpo procurando ser outra pessoa?
Como podemos reconhecer as nossas limitações se nem sequer somos capazes de
ser reconhecidos como pessoas em nossa singularidade?
Infelizmente, muitos jovens e adultos intoxicados pela mundanidade, pela leviandade,
pela vontade de fazer vivem num mundo surreal e de fantasia, no “País dos brinquedos”,
baseado na diversão, no “aqui e agora”. Nele, as palavras esforço e sacrifício são proibi-
das, consideradas obscenidades.
O “País dos brinquedos” é efêmero, mágico, cintilante, onde tudo é fácil, onde tudo é
possível. Pelo que se disse, é fácil entender como o denominador comum leva à gratifi-
cação instantânea.
Muitos jovens aproximam-se, assim, do uso e do consumo das drogas, entrando como
num túnel. No início, o novato tem a ilusão de ter controle onipotente sobre a situação,
64
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
mas, infelizmente, esses momentos de diversão, de euforia, podem destruir a vida de
muitos jovens, transformando-a no inferno da dependência.
A frequência, o contexto e as relações associadas ao uso de drogas determinam o estilo
de vida da pessoa dependente.
Todo ser que vem ao mundo cresce na liberdade e atrofia-se na dependência (Silvano
Agosti, “Letters from Kyrgyzstan”, 2004).
O paradoxo é que os jovens se aproximam do mundo das drogas pensando estar men-
talmente abertos a novas experiências e acabam tornando-se dependentes delas.
A pessoa sem limites torna-se o limite de si mesma (Danila Parodi)
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Exercício:
SOBRE LIMITE, PROXIMIDADE, DISTÂNCIA
A atividade visa:
• ajudar os participantes a testarem os próprios limites
• ajudar os participantes na expressão de mensagens que representem seus desejos e
escolhas
Preparação
Ter uma sala sem mesas e cadeiras. O ideal seria realizar a atividade em uma quadra espor-
tiva ou ao ar livre.
Introdução - 15 min
Convidar os participantes a ficarem em um círculo. Informá-las de que, durante a atividade,
elas experimentarão os próprios limites em relação à “proximidade física”.
Realização - 35 min
Dividir os participantes em dois grupos e convidá-los a se posicionarem em duas fileiras,
uma de frente à outra.
Os participantes de uma fileira ficarão parados, enquanto os da fileira oposta se movimen-
tarão em direção ao colega.
Cada participante só se deterá quando o colega disser PARE! Os que estiverem se movi-
mentando deverão pensar em si mesmos: até onde desejo aproximar-me? E o que estiver
parado deverá conectar-se consigo mesmo e perguntar: a proximidade que ele escolheu
está correta? Ele se aproximou demais? Ele poderia ter-se aproximado mais?
Repetir a atividade duas ou três vezes, de modo que todos os participantes possam expe-
rimentar tanto “ir em direção ao outro” quanto “receber o outro” em seu espaço pessoal.
Ao final da atividade, os participantes são convidados a sentar-se num círculo para a fase de
questionamento (20 min).
As perguntas a seguir podem ser usadas para o questionamento:
• Como vai?
• Como a atividade se desenrolou?
• Em qual função você se sentiu mais confortável?
• O que essa atividade diz sobre nós mesmos e sobre a maneira como comunicamos a
nossa concordância e discordância?
• Na vida cotidiana, é fácil para nós dizer “não” quando discordamos?
É fácil dar consentimento de forma consciente e autêntica nas relações interpessoais?
• O que podemos aprender com essa atividade sobre o consentimento consciente?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
65

4.4 Page 34

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SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Breve narração:
A BORBOLETA E A GAIOLA
FICHA N. 34
A história de Aurora e Leo recorda que a liberdade é preciosa, mas os limites
podem oferecer segurança e proteção. É importante encontrar um equilíbrio
entre explorar o mundo e respeitar os limites que nos orientam. O conhecimento dos limites
permite-nos apreciar verdadeiramente a liberdade que temos e viver uma vida significativa
e harmoniosa.
66
Itiniteinerriaorsi Umnaappaassttoorraalel jugvioevnainl qileuecheeduecdaucparaallo’amamoorer
Itinerário n. 06. 2
Material:
Duração do encontro:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, ficha impressa
2.30 h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
Para entrar no tema: LIBERDADE DE ESCOLHA
A atividade visa:
• aprender a deter-se e escutar um ao outro,
desenvolver a tomada de consciência das próprias emoções
PREPARAÇÃO
“Entre o estímulo e a resposta há um espaço: nesse espaço está a nossa liberdade e o
poder de escolher a nossa resposta. Em nossa resposta está o nosso crescimento e a
nossa liberdade”, Victor Frankl, “Man’s Search for Meaning”, 1946.
Antes de realizar a atividade, certificar-se de que o próprio educador tenha vivenciado
a atenção plena (mindfulness) e refletido sobre a “reação automática”.
Geralmente, a nossa reação automática à situação acontece tão rapidamente que não
há espaço entre as duas. É como se elas estivessem coladas entre si.
Quando, porém, conseguimos, com o treinamento, levar a atenção plena a uma si-
tuação, torna-se sempre mais possível criar espaço suficiente entre a situação e a
reação.
Isso muda tudo: é nesse ponto que a nossa reação automática se torna uma resposta,
baseada na consciência de como somos, das causas e das consequências, se pode-
mos fazer escolhas mais saudáveis e respeitosas de nós mesmos e dos outros.
Para esta atividade, organizar a sala de modo que haja cadeiras para todos e certifi-
car-se de que foi preparado o material necessário para a facilitação.
INTRODUÇÃO - 10 min
Convidar os participantes a se sentarem confortavelmente nas cadeiras preparadas
na sala.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Realização - 80 min
FASE 1: REFLEXÃO GUIADA - 10 min
Convidar os participantes a ficarem confortáveis, fecharem os olhos, respirarem conscien-
temente algumas vezes e seguirem a reflexão guiada proposta, como segue:
“Imaginem que, por alguns instantes, alguém faz algo que os deixa muito irritados... uma
discussão com um amigo, alguém que bate em vocês, alguém que grita, alguém que
discorda. Agora imaginem como reagem habitualmente, como o “piloto automático”.
• O que dizem, como se comportam? Gritam, xingam, dizem coisas de que depois se
arrependerão? Imaginem uma dessas reações.
Agora, voltem atrás e imaginem a situação novamente, mas concentrem-se no mo-
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
67

4.5 Page 35

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mento anterior à reação. Primeiro, observem onde sentem a raiva no próprio corpo.
Vejam se conseguem identificar onde ela se encontra.
• Observem também os pensamentos associados a essa raiva. São pensamentos de
vingança, ódio, maldade, decepção?
• Conseguem ver isso tudo como se estivessem simplesmente observando?
“É interessante, estou muito chateado, o meu peito comprime-se e o meu corpo está
tenso...”.
• Conseguem sentir como se sentem?
Agora, respirem três vezes de modo consciente e, quando quiserem, comecem a esti-
car os braços e as pernas; depois, abram os olhos lentamente. Olhem ao redor e co-
nectem-se de novo com o próprio corpo e o ambiente.
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
fase2: COMUNICAÇÕES DIFÍCEIS - 45 min
Convidar os participantes a preencherem individualmente, em 5 min, a “Ficha de co-
municação difícil” à luz da experiência apenas vivida (Ficha n. 35)
Depois que os participantes tiverem preenchido o formulário, pedir que formem gru-
pos de até cinco pessoas e reflitam sobre os pontos em comum e as diferenças, como
costumam se comportar, como falam e como ouvem.
Dar 15 min para isso.
Ao final do trabalho em grupo, convidar os participantes a retornarem ao plenário e
pedir um relatório de cada grupo. Cada grupo terá no máximo 3 min.
Enquanto os grupos relatam o que foi discutido e observado, anotar em um cartaz os
elementos mais importantes relativos ao tema das relações, da comunicação e das
emoções.
Quando terminarem os relatórios, convidar os participantes a participarem dos que-
stionamentos (debriefing).
As perguntas a seguir podem ser usadas para os questionamentos:
• Como foi a experiência?
• O que descobriram?
Houve alguma diferença entre a primeira e a segunda fase da atividade?
• O que mudou?
O que esta atividade nos diz sobre nós mesmos e as nossas reações?
Ao final da atividade, observar com os participantes as causas e as consequências das
reações automáticas.
Encerrar a atividade resumindo o que surgiu e evidenciando que “quando a relação
não está se desenrolando de acordo com os nossos desejos ou expectativas, pode-
mos fazer uma pausa para entrar em contato com os nossos recursos e intenções
naquele momento, a fim de - em vez de reagir - responder de forma adequada às
circunstâncias de cada momento. Se pudermos parar para reconhecer os sentimen-
tos agradáveis ou desagradáveis que a experiência atual desperta em nós, teremos o
poder de reduzir o automatismo da nossa reação, que terá então menos intensidade
e menos controle sobre nós”.
Convidar os participantes a observarem que grande parte das dificuldades na comu-
nicação é causada não pelo comportamento da outra pessoa, mas pela nossa própria
68
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
atitude automática de reagir sempre da mesma forma.
fase 3: sentimentos físicos - 20 min
A conclusão da sessão, como sempre, envolve uma atividade de relaxamento: “Prática
com as emoções difíceis”, que deve ser acompanhada de um momento de reflexão de
cerca de 20 min.
Para a realização dessa fase, seguir o link
https://interessere.info/io-lo-chiedo-amnesty-international/ digitando a senha:
amnesty2020.
Sugerimos um vídeo, mas o senhor pode pesquisar no YouTube sob este título: PRATI-
CAR COM EMOÇÕES DIFÍCEIS.
Ao final das atividades, entregar aos participantes o diário, que será útil para outras
reflexões sobre o tema em casa.
Sugestões:
Durante a atividade, criar uma atmosfera acolhedora para os participantes se sentirem
à vontade e se expressarem e participarem.
Seria útil realizar a atividade em grupo, para que os participantes possam ser mais bem
apoiados durante os trabalhos.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Os participantes podem desejar aprofundar sozinhos as questões:
• continuar a reflexão sobre o tema da reação automática em casa;
• servindo-se do diário;
observar as relações em família e nos grupos de amigos procurando apreender as reações
automáticas.
Os participantes poderiam querer aprofundar os temas nos próprios contextos de agre-
gação ou escolares:
• aprofundar as técnicas de relaxamento e exercitar-se, talvez com um especialista em
atenção (mindfulness);
• continuar a participar de atividades relacionadas à emoção, solicitando mais aprofunda-
mentos nesses contextos;
• criar um local de escuta na própria escola, com a ajuda do psicólogo escolar, onde possam
apoiar os colegas na criação de relações saudáveis, usando o que aprenderam.
O DIÁRIO
• Conseguem individualizar uma situação da própria vida em que teria sido mais útil re-
sponder do que reagir?
Como a presença da conscientização poderia modificar essas situações?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
69

4.6 Page 36

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Educar à
07. conscientização do
continente digital
PARA O EDUCADOR
Hoje, mais do que nunca, o uso da Internet implica uma dimensão afetiva, emotiva e
relacional... Torna-se crucial identificar os pilares sobre os quais reconstruir um possível
enredo que nos permita formular respostas inteligentes e criativas, que os paraísos online
do futuro próximo não serão capazes de satisfazer. É preciso concentrar-se em certos
processos essenciais:
reconstruir os itinerários narrativos da identidade
educar à interpretação crítica
redescobrir o gosto pela beleza
aceitar o outro no contexto de relações interpessoais saudáveis e curativas re-
descobrindo o potencial terapêutico das relações humanas
acabar com qualquer ambiguidade
Objetivos
Observar crianças e jovens com celulares na mão passando de um vídeo a outro no TikTok pode
ser um pouco alienante: se deixados por conta própria, poderiam passar várias h nisso. Cada
vídeo na rede social extremamente popular dura apenas alguns segundos e, aos olhos de um
adulto, o conteúdo muitas vezes parece embaraçosamente banal: danças curtas, músicas de
reprodução, reproduções paródicas de sequências de filmes ou piadas, imitações e assim por
diante. No entanto, o efeito parece hipnótico: os usuários pulam de um vídeo a outro, compar-
tilham um, republicam outro, contribuindo para um constante fluxo global. E o mesmo acontece
com outras redes sociais populares: por exemplo, o Instagram.
Contudo, embora as evidências dos riscos associados ao uso acrítico das plataformas de redes
sociais estejam se acumulando, o caminho frequentemente escolhido pelos adultos para com-
batê-los, ou seja, a demonização, é o menos eficaz. O que os educadores podem fazer, então,
para acompanhar os jovens no uso mais consciente dos recursos sociais e da Web? É possível
ver nessas mídias um recurso educativo válido?
Entre os objetivos do educador, os principais são:
• Promover a administração saudável do tempo online, equilibrando o uso das mídias soci-
ais com outras atividades da vida diária.
Aumentar a conscientização sobre as possíveis consequências das ações online, também
as implicações legais, como direitos autorais e difamação.
Desenvolver a capacidade de discernimento para identificar os conteúdos falsos ou ma-
nipuladores, promovendo o pensamento crítico e a avaliação do conteúdo antes de com-
partilhá-lo.
• Incentivar o respeito e a empatia em relação aos outros usuários, promovendo uma comu-
nicação online respeitosa e construtiva para evitar o bulismo cibernético e o trolling
• Oferecer instrumentos para proteger a privacidade, os dados pessoais e a segurança on-
line.
O objetivo geral é incentivar o comportamento responsável e consciente no uso da Internet e
das multimídias, de modo a aproveitá-las sem comprometer a segurança, a privacidade e o
bem-estar dos indivíduos e da sociedade como um todo.
70
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Figura bíblica: Sara
Ficha N. 36
Pontos fortes e resultados:
Foi intensamente fiel ao seu filho
• Tornou-se a mãe de uma nação e antepassada de Jesus.
Foi uma mulher de fé, a primeira a ser mencionada na “Sala da Fé” de Hebreus 11.
Fragilidades e erros:
Tinha dificuldade em crer na promessa de Deus.
• Procurou resolver os problemas sozinha, sem consultar a Deus.
• Procurou encobrir as suas culpas culpando os outros.
Lições da sua vida:
• Deus responde à fé mesmo em meio aos falimentos.
• Deus não se limita ao que sempre acontece. Pode superar os limites e fazer acontecer
coisas incríveis.
Fatos gerais:
• Lugar: Casou-se com Abraão em Ur dos Caldeus, transferindo-se depois com ele para
Canaã.
• Ocupação: Mulher, mãe, dona de casa.
• Parentes:
• Pai: Terá.
• Marido: Abraão.
Meio-irmãos: Naor e Harã.
• Sobrinho: Ló.
• Filho: Isaque.
Versículo-chave:
Hebreus 11,11
Foi pela fé que Sara recobrou o vigor de conceber, apesar de sua idade avançada, porque
acreditou na fidelidade daquele que lhe havia prometido.
A história de Sara è narrada em Gênesis 11-25. Ela também é mencionada em Isaias 51,2;
Romanos 4,19, 9,9; Hebreus 11,11; 1 Pedro 3,6.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
71

4.7 Page 37

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Itinerário n. 07.1
Material:
projetor, computador, smartphone, fichas impressas, folhas em
branco e canetas.
Duração do encontro: 2.30 h
Acolhida:
10 min
Para entrar no tema: 30 min
OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Para entrar no vivo do tema: iniciar com a aquisição de experiências.
Utilizar o método da tempestade de ideias (brainstorming) - não caótico e desorganiza-
do, mas dirigido pelo educador mediante perguntas adequadas - pode-se iniciar uma di-
scussão sobre as experiências dos participantes relacionadas com o uso das plataformas
sociais e da Web.
Pode-se começar, por exemplo, monitorando por uma semana, com a ajuda das funções
especiais integradas nos celulares e PCs, tentando responder a uma série de perguntas
básicas:
Quantas h por dia vocês usam os vários aplicativos?
• Em que dias e horários vocês mais se conectam?
• O que os leva a usar um determinado aplicativo?
• Acham difícil sair dos aplicativos favoritos?
• Como se sentem quando não conseguem conectar-se?
• Vocês já tiveram experiências negativas com o uso da Web e de aplicativos?
Quais acham que são os riscos do uso incorreto dessas ferramentas?
• Vocês cumprem as regras de uso e os limites estabelecidos para o uso das diversas
plataformas?
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Primeiro passo: CONHECER AS NOVAS MÍDIAS
Analisar as mídias sociais e suas linguagens é um ótimo modo de ajudar os jovens a se
aproximarem das mídias de modo crítico.
NOVAS MÍDIAS, NOVAS MENSAGENS?
O MEIO É A MENSAGEM
Iniciar com uma reflexão:
O sociólogo Marshall McLuhan cunhou a expressão “o meio é a mensagem” justamente
para esclarecer que o meio usado na comunicação não é neutro, mas contribui com a
sua narrativa particular para influenciar o conteúdo da própria mensagem.
Esse é um conceito importante a ser transmitido aos nossos jovens, pois contribui para
aumentar o seu senso crítico e a sua capacidade de entender os mecanismos pelos
quais as mídias podem manipular e influenciar o público-alvo. Nesta ficha, as diferen-
tes linguagens utilizadas pelas mídias sociais são usadas para propor aos participantes
uma reflexão sobre as consequências comunicativas de cada uma das formas utiliza-
das.
72
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
LABORATÓRIO
Tema específico: a linguagem das mídias sociais e as suas consequências comunicativas.
Tema geral: uma reflexão metalinguística sobre a relação entre meio e mensagem.
Procedimento:
Examinam-se com todo o grupo quatro mídias sociais mais populares, Facebook, YouTu-
be, TikTok e Instagram, com as suas características comunicativas específicas (reunin-
do as experiências e impressões dos participantes). As quatro plataformas usam estilos
de comunicação bastante diferentes: o Facebook baseia-se na alternância de texto (que
também pode ter certa extensão e permite alguma profundidade) e fotos/vídeos; o You-
Tube concentra-se essencialmente em vídeos, incluindo vídeos ao vivo e mais antigos de
certa extensão; o TikTok usa vídeos muito curtos; o Instagram usa essencialmente fotos,
mas também vídeos curtos.
Faz-se uma tentativa de tirar conclusões sobre os limites e o potencial de cada forma,
especialmente com relação a notícias e tópicos de certo peso.
• Em que termos é possível falar sobre temas como ciência, política e assuntos atuais nas
diversas mídias sociais?
• Como a mesma notícia ou tema mudaria ao passar do Instagram ao YouTube?
Em seguida, coletam-se as impressões gerais.
Os participantes são então divididos em quatro grupos; cada grupo será responsável
pela criação de um conteúdo no estilo de cada mídia social considerada e em relação
ao mesmo tema.
Esse conteúdo, naturalmente, não será carregado em nenhuma plataforma, mas con-
siderado apenas durante a atividade e será bem explicado aos participantes que há a
proibição absoluta de difusão.
Resumindo: na reflexão final, todos serão convidados a propor as próprias considerações
sobre como a mídia utilizada contribuiu para influenciar as informações transmitidas,
mesmo que dentro do mesmo tema. A maior ou menor síntese, a possibilidade ou im-
possibilidade de aprofundar e dar conta da complexidade, o uso de imagens de maior ou
menor impacto são fatores muito importantes que podem contribuir para alterar a própria
natureza da comunicação e a sua eficácia. Esse tipo de reflexão pode ajudar os participan-
tes a adotarem uma atitude mais crítica em relação às mensagens que chegam até eles
por meio das mídias sociais.
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Passo 2:
RECONHECER AS NOTÍCIAS FALSAS (fake news)
A formação do senso crítico e a promoção da abordagem racional da realidade cotidia-
na é um conteúdo importante a ser transmitido.
A primeira atividade proposta é uma espécie de “oficina anti fuzzy”, enquanto a segun-
da explora o conceito de causalidade com referência ao pensamento computacional.
A natureza multidisciplinar dos itinerários e o uso ativo de várias linguagens contribuem
para o reforço das habilidades desenvolvidas, de acordo com o princípio da redundânc-
ia, que sustenta o uso de vários códigos comunicativos como ajuda valiosa para a con-
solidação de noções e habilidades. Ambos os caminhos podem ser abordados tanto no
ensino fundamental quanto no médio.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
73

4.8 Page 38

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IDENTIFICAÇÃO DE UMA UNA MENTIRA:
COMO DESMASCARÁLA?
FICHA N. 37
1. CAÇA ÀS NOTÍCIAS INATENDÍVEIS
Tema específico: reconhecer as fake news e as notícias inatendíveis.
Tema geral: reforçar a capacidade de verificar fatos e fontes.
Procedimento:
• Os participantes são divididos em dois ou mais grupos que, depois, trocarão de papéis
Um grupo se concentrará na identificação de cinco ou seis entre notícias verdadeiras e farsas,
evitando selecionar as mais conhecidas e dando atenção ao fato de que elas não são imedia-
tamente identificáveis como verdadeiras ou falsas.
• A notícia será então submetida à avaliação do segundo grupo, que tentará determinar se é um
fato ou uma farsa, aplicando as diretrizes descritas acima (“caça às notícias inatendíveis”).
Por fim, o grupo escreverá os motivos que levaram a identificar uma notícia como verdadeira
ou falsa, indicando o procedimento seguido para cada avaliação factual.
No caso de erros, segue uma nova fase de reflexão sobre os motivos que possam ter induzido
ao erro.
Instrumento de apoio: “Cacciatori di bufale”, de Fulvia Degl’Innocenti e Chiara Segré (Sonda).
2. LINK AO ACASO
Tema específico: melhorar a conscientização dos nexos causais e do pensamento computacio-
nal.
Tema geral: evitar as falácias lógicas.
Procedimento:
Propõe-se ao grupo um curso sobre o conceito de causalidade real e aparente (ou
absurda). As ligações causais espúrias são a base de muitas concepções anticientíficas e
supersticiosas, bem como de muitos erros lógicos que cometemos.
Em primeiro lugar, o conceito de relação de causa-efeito será apresentado à classe
por meio da citação de uma série de exemplos da vida cotidiana (o copo que cai no chão e
quebra, o fósforo aceso colocado em contato com a folha de papel fazendo-a queimar, etc.).
Ao refletir sobre a varredura temporal, será feita uma tentativa de levar o grupo a de-
duzir que, como é lógico, o efeito segue temporalmente a causa do evento.
Neste ponto, será introduzido o conceito de falácia lógica, começando com a ligação
ilusória post hoc ergo propter hoc: embora causa e efeito estejam sempre nessa ordem, não
é suficiente que um evento esteja relacionado a outro e que um venha depois do outro para
que ocorra uma ligação causal.
Em seguida, propõe-se alguns gráficos divertidos do site (ou do livro) Spurious Cor-
relations (Correlações espúrias/ absurdas), que identificam eventos perfeitamente correla-
tos, mas não correlatos entre si (para introduzir o conceito de correlação espúria, pode-se
apresentar um exemplo divertido, como a diminuição simultânea da população de cegonhas
e a diminuição da taxa de natalidade na mesma área: isso significaria que as cegonhas estão
carregando bebês (?) e fazer o grupo refletir sobre o fato de que esse é o mecanismo por trás
de muitas crenças pseudocientíficas e superstições.
74
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Também será possível apresentar o exemplo dos experimentos de Skinner que, por meio do
condicionamento, induziu os pombos a desenvolverem um comportamento supersticioso por
meio do qual eles se convenceram de que estavam recebendo comida porque haviam estabele-
cido uma ligação ilusória de causa-efeito com base em suas experiências passadas.
Instrumentos de apoio: Site das correlações absurdas.
Resumindo: A reflexão sobre nexos causais pode ser aprofundada com a introdução de concei-
tos como o algoritmo, que garante o pensamento computacional e a codificação e é essencial-
mente baseado na relação de causa-efeito.
Aplicativos simples e sites gratuitos (Code.org, Scratch, Google Cs First...) podem ser usados,
com a ajuda do educador no papel de animador digital, para realizar, por exemplo, uma ativi-
dade baseada no cálculo de probabilidades, como a simulação do sorteio da loteria (que tam-
bém pode ser realizada sem o uso de ferramentas de TI). O objetivo da reflexão será chamar a
atenção para a chamada falácia do apostador, que leva a pensar que sorteios anteriores podem
influenciar os posteriores, gerando, por exemplo, a ideia de que números atrasados têm mais
chances de sair do que outros.
IDENTIFICAR AS FRAUDES ONLINE
Diferença entre fraude online e roubo
de identidade (phishing
FICHA N. 38
Objetivo: Melhorar a capacidade de reconhecer fraudes online e esquemas de roubo de
identidade (phishing).
Descrição: Ler com atenção os cenários a seguir e identificar se se trata de uma fraude ou
de uma tentativa de phishing:
Cenário 1: e-mail vencedor
Vocês recebem um e-mail informando que receberam um prêmio em dinheiro ou um pre-
sente caro, mas, para resgatar o prêmio, devem dar os seus dados pessoais, inclusive o
número do cartão de crédito.
Cenário 2: Mensagem urgente
Vocês recebem uma mensagem urgente de um suposto representante de um banco ou
serviço online, solicitando para clicar num link e fornecer imediatamente suas senhas de
acesso ou seus dados financeiros.
Cenário 3: Oferta muito vantajosa
Vocês viram um anúncio online prometendo um produto ou serviço a um preço incrivelmen-
te baixo ou com descontos excessivos.
Cenário 4: Solicitação de ajuda financeira
Alguém que vocês desconhecem envia uma mensagem por uma mídia social ou platafor-
ma de mensagens, pedindo para enviarem uma quantia em dinheiro para resolver uma si-
tuação de emergência.
Conclusão: Após examinar os cenários, identifiquem qual ou quais deles provavelmente
são golpes ou tentativas de phishing. Expliquem por que fizeram essas escolhas e quais
pistas ajudaram a reconhecê-las como ameaças em potencial. O exercício ajudará a desen-
volverem maior conhecimento sobre golpes online e a se protegerem dos possíveis riscos
e perigos da Web.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
75

4.9 Page 39

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SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Deem os seguintes passos quando lerem as notícias na Internet e (por uma semana) indi-
quem quantas delas são verdadeiras ou falsas:
• Analisar o conteúdo.
Verificar e comparar diversas fontes.
Verificar a data (se é recente ou desatualizada).
Dar atenção ao estilo de redação: desconfiar de notícias com manchetes sensacionalistas
ou gramática incorreta.
Verificar se as imagens e os vídeos: são autênticos ou manipulados.
• Evitar o compartilhamento impulsivo
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 07.2
Material:
projetor, computador, canções impressas, folhas em branco e canetas.
Duração da reunião: 3 h
Acolhida:
10 min
Para entrar no tema: 40 min
OOBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Para entrar no tema:
EDUCAR À PALAVRA NA ERA DIGITAL:
UM DESAFIO NOVO E COMPLEXO
FICHA N. 39
Exercício: Promover a conscientização e a ação responsável online mediante uma ati-
vidade interativa.
Este exercício permite que os participantes compreendam melhor a extensão do pro-
blema do discurso de ódio e do bulismo cibernético e desenvolvam estratégias concre-
tas para lidar com eles. É uma maneira prática de promover a conscientização e a ação
online responsável.
Pesquisa e discussão: Pedir aos participantes que pesquisem online um exemplo de
discurso de ódio ou bulismo cibernético em uma rede social ou site de notícias. Cada
participante deve encontrar um exemplo diferente indicando a fonte.
Análise do conteúdo:Cada participante deve analisar o exemplo encontrado e respon-
der a algumas perguntas como:
Que tonalidades são utilizadas na mensagem?
Quem é o objetivo do ataque?
Quais são as possíveis consequências dessa mensagem?
Discussão em grupo: Reunir-se em grupo para compartilhar os exemplos encontrados
e comentar sobre as respostas às perguntas acima. Conversar sobre as emoções e re-
ações despertadas pela leitura do conteúdo.
Papel do usuário: Pedir que cada participante reflita sobre o que teria feito se tivesse
encontrado esse conteúdo online:
• Teria indicado o conteúdo às plataformas?
• Teria respondido de modo construtivo ou ignorado a mensagem?
• Teria procurado sensibilizar aos outros sobre o problema?
Planos de ação: Cada participante deve criar um plano de ação sobre o modo de, no
futuro, lidar com o discurso de ódio e o bulismo cibernético.
• O que vocês fariam para contrastar esses problemas online?
Partilha dos planos: Para concluir os participantes compartilham os seus planos de
ação e discutem como todos podem contribuir para um ambiente online mais seguro
e respeitoso.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
77

4.10 Page 40

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Livros para futuras leituras:
JOVENS NO ESPAÇO DIGITAL
Chaves para apoio educacional; Jota Llorente (CCS 2020)
#Odio. Manuale di resistenza alla violenza delle parole; F. Faloppa (Utet, 2020)
Reflexões depois do ódio social (e não só) que explodiu com a libertação da voluntária Silvia Ro-
mano.
Il potere delle parole. Perché usarle meglio; V. Gheno (Einaudi, 2019)
Entender que a verdadeira liberdade de uma pessoa passa através da conquista das palavras.
Razzismi 2.0. Analisi socio-educativa dell’odio online; S. Pasta (Morcelliana- Scholé, 2018)
Responsabilidade é a palavra-chave para construir os cidadãos de amanhã.
Il manifesto online: Human Being in a Hyperconnected Era; L. Floridi (Springer Nature, 2015)
Que impacto têm as novas tecnologias sobre o homem?
Disumanizzazione. Come si legittima la violenza; C. Volpato (Laterza, 2011)
Desumanizar serve para pensar o Outro como um ser incompleto e perigoso.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
A partir do projeto musical da rapper Chadia Rodriguez, analisar com os participantes as ca-
racterísticas e os efeitos do discurso de ódio.
Discurso de ódio: reconheçamo-lo.
A guerra de Chaida contra o ódio online (Lab).
DISCURSO DE ÓDIO: RECONHEÇAMO-LO “Bella così”, da rapper Chadia Rodriguez, é um single
contra a violência, especialmente a violência verbal. A letra da música surgiu depois de uma
experiência traumática da artista, que foi bombardeada durante meses com discursos de ódio,
com mensagens depreciativas sobre a sua etnia, o seu corpo, a sua liberdade de expressão, o
seu sexo e a sua profissão. Alguns exemplos: “Cigana”, “Prostituta”, “Mas que prostituta porca”
“Enquanto Chadia existir, o feminicídio não pode ser ilegal’.
GUERRA DE CHADIA CONTRA O ÓDIO NA REDE
FICHA N. 40
Tema geral: reflexão metalinguística sobre a relação entre palavra, empatia e
formas de ódio que ganham vida na web.
Tema específico: a linguagem de ódio e as suas consequências na vida real.
Procedimento: O educador ou um participante voluntário lê a letra da música para o grupo e,
após apresentar brevemente o fato que envolveu a artista, passa a comentá-la, detendo-se
nas palavras de ódio mais marcantes no texto.
O educador mostra os documentos do projeto relativos à música, publicados no perfil oficial
da artista (Instagram e YouTube) e inicia uma reflexão sobre o fenômeno do ódio, com foco
especial na dificuldade que as pessoas têm hoje em reconhecer e, principalmente, definir o
discurso de ódio.
Juntos, analisam os pontos do “Manifesto da Comunicação Não Hostil de Palavras Hostis”,
pedindo um comentário pessoal sobre cada ponto.
Os participantes dividem-se em grupos de três e o educador atribui a cada grupo a tarefa de
destacar as palavras mais ofensivas do texto.
78
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Depois de selecionadas e projetadas, o educador inicia uma discussão sobre cada palavra:
Quantas vezes essa palavra já lhe foi dita? Por quem? Como você se sentiu? Quantas vez-
es você usou-a para ofender alguém de modo consciente? Quantas vezes você compartil-
hou-a nas redes num post como comentário para reforçar a posição de algum usuário ou
amigo? Você já se perguntou por que fez isso?
Numa entrevista ao portal Treccani.it, Chadia afirmou que recebeu insultos muito pesados nas
mídias sociais: “Escreveram para mim: ‘Você tem muitas visualizações porque vive mostrando
a bunda’ ou ‘Entre para a pornografia’. Por quê? Porque me sinto confortável com o meu corpo
e não quero escondê-lo? Tento ir além: gostaria de fazer assim com “Bella”. E se eu fosse uma
garota mais frágil do que sou e lesse essas mensagens?”.
O educador inicia uma discussão com o grupo sobre alguns aspectos do discurso de ódio que
surgiram no hate speech (discurso de ódio) e faz as seguintes perguntas aos participantes:
você acha que as letras dos trappers usam apelidos muito contundentes que denigrem? Con-
tra quem e por quê? As músicas de rap e trap precisam conter termos ou expressões que
incitem o ódio para serem consideradas como tal? As músicas de rap e trap precisam conter
termos ou expressões que incitem o ódio para serem consideradas como tais?
O educador explica o caso da mídia relacionado à canção “Si chiama Gioia”, de Junior Cally
(Ficha n. 41), um rapper que competiu no 70º Festival de Sanremo; lê a letra da música para
a classe e, em seguida, faz uma pergunta aberta: por que a letra causou tanto alvoroço no
público? Em seguida, lê alguns artigos de jornais italianos que trataram do caso, e pergunta:
existe linguagem de ódio no rap e no trap? O que pode ou não ser dito? E, principalmente, por
quê?
Nesse ponto, individualmente, cada participante refletirá por até 15 min sobre uma música de
rap ou trap que evidencie melhor este aspecto, selecionando na letra as cinco expressões que
mais claramente podem ser classificadas como ódio
Por sua vez, vocês se perguntarão:
Por que você escolheu esses termos ou expressões? Eles se dirigem a uma pessoa especí-
fica ou a um grupo de pessoas? O que o autor ou autora da passagem pretendia dizer? Você
também usa esses termos ou expressões no seu dia a dia? Como as pessoas reagem?
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
GAETANO: HISTÓRIAS DE ORDINÁRIO BULISMO CIBERNÉTICO
TO LEARN MORE ABOUT CYBERBULLYING
FICHA N. 42
Após o vídeo:
Que emoções vocês sentiram olhando/escutando essa história?
• Como acham que os protagonistas se sentiram?
• Por que, na opinião de vocês, muitos não intervêm quando se deparam com essas
situações?
É fácil entender o que as vítimas dessas situações sentem?
Que sinais podem indicar-lhes quando uma piada foi longe demais?
Qual foi a estratégia usada por Gaetano?
• Se vocês fossem Gaetano, o que fariam?
• Se vocês fossem um espectador, o que fariam?
O vídeo termina com uma pergunta: o que significa ter coragem na situação de Gaetano?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZE SÍNTESE
Atividade: jogo do personagem - 60 min
Objetivos: promover a conscientização sobre o problema, desenvolver empatia e compreen-
der as emoções da vítima, refletir sobre as responsabilidades dos observadores.
Atuação: o educador convida os participantes a escreverem um texto curto em que narrem
um incidente de bulismo que tenham vivenciado ou testemunhado. Os textos são lidos para
os colegas de classe e um deles é escolhido para ser representado numa dramatização.
Os “atores” para os papéis de agressor, vítima e observador são escolhidos entre os partici-
pantes; a história é interpretada estritamente de acordo com o que foi escrito.
Pergunta-se aos atores o que sentiram enquanto “fingiam” ser a vítima ou os observadores:
• Como eu me senti?
• Como eu me sentiria se isso realmente acontecesse comigo?
Os participantes dividem-se em grupos de 4 a 5 e tentam encontrar uma possível solução
para que a vítima tenha alguma ajuda. Cada grupo, por sua vez, propõe a solução identificada,
que é então apresentada pelos “atores” para ver o que poderia acontecer nos diversos casos;
o grupo reflete sobre a eficácia ou não das soluções propostas.
A discussão pode ser guiada pelas seguintes perguntas:
• O que se sente ao ser vítima de bulismo?
Que consequências podem acarretar a uma criança ou um adolescente vítima de bulismo?
Qual a solução mais eficaz? Por que?
• O que uma criança ou um adolescente deve fazer quando è vítima de bulismo?
Aprofundamento: refletir sobre o papel dos observadores:
• O que vocês sentem quando veem um colega vítima de bulismo?
• Como você se comporta? Por que?
• O seu comportamento pode melhorar ou piorar a situação da vítima?
• O que se pode fazer para ajudar a vítima?
80
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Acompanhar a
08. singularidadenãoavendo
como motivo de exclusão
PARA O EDUCADOR
“O mundo do sexo desperta temores, curiosidades, sentimento de culpa, desejos não
expressos, insatisfações e agressões, que foram forjados pela educação, cultura,
experiência e até mesmo pela religião. Não é fácil alcançar um equilíbrio perfeito,
e mesmo que seja alcançado, a sua coerência não é garantida para sempre, já
que sempre são possíveis regressões sucessivas. A configuração da sexualidade
humana começa muito cedo e passa por diversas fases. Às vezes, antigas feridas
permanecem sem cicatrização e deixam alguns vestígios da sua passagem. Elas são
parte da vulnerabilidade do ser humano, em que fatores condicionantes externos e
deficiências pessoais estão entrelaçados. Em resumo, ninguém pode ser modelo de
plena maturidade sexual-afetiva.
Não é maduro e equilibrado, quem não tem defeitos, mas quem é capaz de aceitar
suas limitações e seus defeitos com humorismo, gentileza e afeto. O objetivo não é
um ponto de chegada ideal e estático, mas a meta é a viagem ((ibid., p. 124-125).
Objetivos
A singularidade de cada indivíduo pode ser considerada um valor e não um motivo de exclusão,
através da educação e da promoção da abertura mental. Isso pode ser alcançado através da:
Sensibilização: Educar para o fato de a diversidade enriquecer as comunidades em vez de
dividi-las, ajudando a superar preconceitos e estereótipos.
Inclusão: Criar ambientes onde todos se sintam aceitos, independentemente das dif-
erenças, promovendo o sentido de pertença.
Educação ao respeito: Ensinar o valor do respeito recíproco e da escuta ativa, estimulando
a compreensão das experiências alheias.
Empatia: Promover a capacidade de se colocar no lugar dos outros, ajudando a entender os
desafios e os sucessos de pessoas únicas.
Colaboração: Mostrar como perspectivas diferentes podem levar a soluções mais inovado-
ras e à criação de um ambiente mais harmonioso.
Valorização das capacidades: Evidenciar como cada indivíduo possui capacidades e talen-
tos únicos que contribuem significativamente para a sociedade.
Combater o bulismo: Promover um ambiente onde o bulismo não tenha lugar, incentivando
a responsabilidade social para o bem-estar de todos.
Concentrar-se na identidade positiva: Ajudar as pessoas a desenvolverem uma imagem
positiva de si, que não seja afetada negativamente pelas diferenças.
Educação contínua: Manter o diálogo sobre a diversidade para superar a ignorância e in-
centivar um empenho constante pela aceitação.
Modelos positivos: Evidenciar figuras bem-sucedidas de diversas origens para demonstrar
que a singularidade pode levar a resultados excepcionais.
Em última análise, a educação para considerar a singularidade das pessoas como um ponto
forte pode criar uma sociedade mais inclusiva, respeitosa e harmoniosa, onde as diferenças
são celebradas e não temidas.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
81

5.2 Page 42

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Figura bíblica: Marcos
Ficha N. 43
Pontos fortes e resultados:
• Redigiu o Evangelho de Marcos.
• Ele e sua mãe permitiram que a sua casa fosse utilizada como um dos principais locais de
encontro dos cristãos em Jerusalém
• Ele perseverou não obstante os seus erros juvenis.
• Ajudou e acompanhou três dos maiores missionários em suas viagens.
Carências e erros:
• Talvez ele seja o jovem anônimo descrito no Evangelho de Marcos que fugiu aterrorizado
quando Jesus foi aprisionado.
• Abandonou Paulo e Barnabé por motivos desconhecidos durante a primeira viagem mis-
sionária deles.
Lições da sua vida:
• A maturidade pessoal quase sempre é uma combinação de tempo e erros.
• Os erros normalmente não são importantes quanto o que aprendemos deles.
Uma vida eficaz não é medida principalmente pelo que se obtém, mas pelo que se supera
para obtê-lo.
• O incentivo pode mudar a vida de uma pessoa.
Informações gerais:
• Lugar: Jerusalém
Profissão: Missionário em preparação, escritor de um Evangelho, companheiro de viagem.
• Parentes:
• Mãe: Maria.
• Tio: Barnabé
• Contemporâneos: Paulo, Pedro, Timóteo, Lucas,
Versículo-chave:
Timóteo 4,11
2 Apenas Lucas está comigo. Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é útil para o mini-
stério”
A história de Marcos é narrada em Atos 12,23-13:13 e 15,36-39. Ele também è menciona-
do em Colossenses 4,10; 2 Timóteo 4,11; Filêmon 24; 1 Pedro 5,13.
82
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 08.1
Material:
Duração do encontro:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, textos das canções, quadro mural, folhas
em branco, canetas, marcadores, quiz impresso.
4.30 h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Para entrar no tema: I BAMBINI FANNO OH - Povia
FICHA N. 44
Apresentar o vídeo da canção de Povia “I bambini fanno oh” (Ficha n. 44)
Objetivo: ajudar a refletir sobre a emoção da admiração para aprender a gozar da nature-
za como algo “dado”
Material: Evangelho, computador, projetor, texto da canção “I bambini fanno oh”, de Po-
via, cópias do Salmo 8.
Os participantes leem o texto da música (previamente distribuído). Em pequenos grupos
ou em duplas, discutem sobre algumas perguntas que serão distribuídas, relatando suas
reflexões na assembleia.
Há alguma coisa… ou alguém que possa surpreender vocês? Como?
• A natureza, um presente, uma pessoa: o que isso os leva a pensar? Ou há algo a mais?
• Vocês gostariam de ter a mesma capacidade de admirar-se, própria das crianças?
As reflexões são levadas à assembleia.
Aprofundar o tema:
Há alguns anos, Povia levou ao Festival de Sanremo uma música que, como ouvimos, diz:
“... quando as crianças caminham, oh, que maravilha...”.
Há muitas passagens do Evangelho que podem incentivar o aprofundamento da admi-
ração (projetadas ou impressas):
• Mt 15,21-28 (a mulher cananeia): é grande a admiração do Senhor ao reconhecer a fé
da mulher cananeia (uma pagã, não uma filha da casa de Israel), a ponto de conced-
er-lhe a cura desejada;
• Mt 8,23-27 (a tempestade acalmada): a angústia e o medo dos apóstolos foram trans-
formados em uma enorme admiração diante do poder d’Aquele que comandava sobre
os ventos e os mares;
• Lc 7,1-10 (o servo do centurião): novamente, é a fé de um pagão, um centurião, que
deixa Jesus admirado e desperta nele o poder do milagre;
• Mc 10,14 (deixai as crianças): poderíamos ler esse versículo de outra forma: o reino de
Deus é para aqueles que ficam admirados. Trata-se de um convite que deve levar-nos
a parar e pensar; se não paramos para contemplar com os olhos de uma criança as
maravilhas que Deus faz para nós todos os dias, se o nosso coração não for capaz de
admirar-se, se a nossa boca não se abrir num “oh” e se os nossos olhos não se ilumin-
arem com aquela emoção sentida quando se vê algo extraordinário, então a nossa fé
ainda não é perfeita. Quando Jesus diz que o Reino de Deus é para aqueles que são
como as crianças, talvez ele queira dizer que a admiração pode dar-nos uma fé que
salva.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
83

5.3 Page 43

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• Salmo 8,2 (da boca das crianças e dos lactantes tiraste força): o Salmo 8, que canta
a grandeza de Deus, chega à expressão máxima da admiração ao dizer que o melhor
reflexo da majestade divina é a grandeza do homem: este ser tão pequeno, perdido na
imensidão do universo, foi feito por Deus rei da criação.
Mas, o que é a admiração?
Não é apenas ver, mas olhar e entusiasmar-se; é dar voz às emoções. A admiração tem sua
origem na capacidade de captar nas pessoas a beleza do cosmos e ficar fascinado por ela,
sem querer agarrá-la ou aprisioná-la. A admiração capta algo a mais que vai além das nossas
expectativas. É uma emoção que transfigura a realidade, mas não como a ilusão que obriga
o que existe a se conformar com o que queremos ver; a admiração vê a beleza na realidade.
Não é uma emoção impetuosa, mas pode gerar alegria.
Educar à admiração significa dar valor ao que existe, reconhecendo que nem tudo é garantido
e igual; significa despertar um olhar pessoal sobre o mundo e as pessoas ao redor. Significa
convidar a olhar para as próprias vidas com admiração e entusiasmo pelo dia a dia.
A admiração é a atitude que promove o crescimento do sentido religioso.
O ser humano que se vê diante de Deus não pode deixar de admirar-se:
• com a Sua grandeza,
• com o Seu amor pela humanidade,
• com as Suas obras visíveis,
• com a Sua presença que dá paz e segurança interior, conforto no sofrimento, apoio nas
necessidades.
Para voltar à nossa vida:
Dividir-se em grupos. Cada grupo será como a redação de um jornal hipotético, em que são
contadas coisas aparentemente banais, vendo-as com olhos renovados. Cada redação de-
verá contar um fato normal e banal, tentando aprimorá-lo e imaginar o que há de surpreen-
dente nele.
Os fatos a contar poderiam ser:
• A beleza da criação
• As folhas das árvores que começam a cair
• O pôr do sol
• Um mar tempestuoso
Trabalho de casa:
Descobrir a beleza da criação através de um olhar mais atento à paisagem ao redor, ao próprio
jardim, às ruas arborizadas...
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Para entrar no tema: IDENTIDADE DE GÊNERO GIOVANNI
(ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO)
FICHA N. 45
A atividade visa:
• estimular a reflexão sobre identidade de gênero
• facilitar a conscientização de como os estereótipos e preconceitos influ-
enciam os nossos pensamentos e comportamentos
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Material:
• quadro mural
• folhas em branco,
• marcadores
• canetas
ficha quiz (uma cópia para cada participante (Ficha n. 46)
preparação: Preparar uma sala onde se possa dispor as cadeiras em círculo.
Entregar uma cópia do quiz e uma caneta para cada participante.
introdução- 5 min
Convidar os participantes a se sentarem em um círculo e informar que cada um receberá um
questionário a ser respondido individualmente em silêncio. O questionário será respondido em
apenas cinco min.
realização- 70 min
Depois de distribuir os questionários e canetas aos participantes, iniciar a contagem regressi-
va. Após 5 min, pedir aos participantes para formarem duplas e compararem as suas respo-
stas, destacando os pontos em comum e as diferenças.
Após 10 min, pedir aos participantes para formarem grupos de seis e compararem as ano-
tações novamente, destacando os pontos em comum e as diferenças.
Enfim, após 15 min, pedir para os grupos fornecerem os resultados da comparação; os resul-
tados podem ser divididos em respostas comuns e diferentes.
Anotar os resultados em um cartaz.
Depois que os resultados dos testes forem coletados, terão início as atividades de discussão
(debriefing) (25 min).
As perguntas responder são:
Foi difícil/fácil dar respostas individuais?
Que considerações fizeram para atribuir uma declaração a F, M, N?
Existem características distintivas comuns? Quais?
• O que notaram ao comparar as próprias respostas com as dos outros participantes?
• Na opinião de vocês, existem comportamentos tipicamente masculinos, femininos ou neu-
tros (pertencentes aos dois)? Do que eles dependem?
• Na opinião de vocês, os seus avós e pais teriam respondido às perguntas como vocês? Por
que sim, por que não?
Na opinião de vocês, qual é a influência das convenções sociais, dos estereótipos e precon-
ceitos na atribuição de papéis e comportamentos em relação a homens e mulheres?
Quais podem ser as consequências de atribuir papéis e comportamentos predeterminados
a homens e mulheres em termos da realização dos direitos humanos de todos?
Exercício n. 2
ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO
A atividade visa:
• aumentar a conscientização dos participantes sobre os estereótipos de gênero
e o seu papel na formação e nas escolhas que influenciam a sua vida.
Materiais e recursos:
• cadeiras
• quadro
• mural
• marcadores.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
85

5.4 Page 44

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preparação
• Preparar uma sala onde as cadeiras possam ser movidas.
• Formar um círculo com as cadeiras e convidar os participantes a se sentarem.
introdução - 15 min
• Convidar os participantes a se sentarem e, depois da acolhida apresentar os objetivos da
sessão.
• Começar pedindo que pensem num personagem masculino e feminino dos quadrinhos de
que mais gostam.
• Anotar os nomes dos personagens no quadro mural dividindo a folha em dois espaços: um
para indicar os nomes dos personagens femininos e em outro os masculinos.
• Pedir aos participantes para listarem as características dos personagens a serem coloca-
dos em outro cartaz, dividindo igualmente a folha em duas partes, uma para as mulheres e
outra para os homens.
realização - 60 min
No final da sessão de tempestade de ideias (brainstorming), dividir os participantes em
grupos de trabalho (5 por grupo) e pedir-lhes para refletirem sobre as seguintes perguntas:
• O que vocês pensam sobre as características dos personagens masculinos e femininos
indicados no brainstorming?
• O que é preciso para ser uma “boa mulher” e um “bom homem”?
Qual é a imagem que a sua família, os seus amigos e a sua escola têm de uma “boa mul-
her” e de um “bom homem”?
• O que se deve provar como “mulher” e o se deve provar como “homem”?
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Em relação ao exercício n. 2
Depois de 20 min, pedir aos grupos para retornarem ao plenário e apresentarem um resu-
mo das suas reflexões.
Após a apresentação das reflexões dos grupos sobre o tema, começa a atividade de debrie-
fing (20 min).
Pode-se usar as seguintes perguntas para conduzir o debriefing:
Como você se sente?
O que essa atividade trouxe para nós?
O quanto os estereótipos de gênero são radicais na nossa cultura?
O que acontece quando alguém vive um comportamento diferente do esperado pela so-
ciedade?
O quanto os estereótipos influenciam o nosso comportamento, também nas escolhas que
fazemos na vida de relação?
O que posso fazer para viver de modo autêntico e escutar os meus desejos e quem eu sou?
Que impacto os estereótipos de gênero têm sobre o gozo dos direitos humanos de todos?
Sugestões para os educadores
Ao dirigir esta atividade, procurar criar um ambiente sereno e acolhedor em que os partici-
pantes se sintam à vontade para se expressar.
No final da atividade, procurar estimular a ligação entre a atribuição de papéis sociais a
homens e mulheres e o gozo dos direitos humanos de cada um.
Apresentar exemplos de casos reais do contexto em que se vive (por exemplo, casos de
86
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
salários diferentes para homens e mulheres que desempenham as mesmas tarefas e
funções em uma empresa).
Inspirar-se nas reações e interesses dos participantes para uma possível atividade adicio-
nal sobre direitos humanos.
DESMASCARAR OS ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO
Duração: 2 h
A sequência baseia-se em exercícios de interpretação de papéis (role-playing) e improvi-
sação, úteis para trazer à tona pontos de vista e contradições, e consiste num trabalho teatral
sobre histórias: histórias autobiográficas, lidas em jornais, observadas na vida cotidiana. Esta
modalidade tem várias possibilidades de realização, por meio da variação dos exercícios bás-
icos descritos abaixo, e dá resultados positivos porque torna o tema imediatamente concreto.
Círculo inicial
De pé em um círculo, os participantes olham-se nos olhos, sorrindo. Quando o educador sen-
te que os participantes alcançaram uma atitude positiva, pede para assumirem uma postura
aberta e relaxada. Em seguida, fecham os olhos e ouvem por alguns segundos a própria respi-
ração natural e a do grupo. Ao sinal do guia, abrem os olhos e observam-se novamente. Esse
novo olhar indica que estão prontos para começar.
Histórias em cena
Cada participante é convidado a contar muito brevemente (como uma trama muito curta)
uma história pessoal ou de outras pessoas sobre o tema dos estereótipos de gênero.
Em seguida, o educador pede aos participantes para escolherem a história que mais os im-
pressionou e sobre a qual gostariam de obter mais detalhes. Uma vez identificada, eles são
solicitados a contar a história de forma descontraída e detalhada.
Depois, o narrador da história atribui os papéis dos personagens, escolhendo-os entre os co-
legas.
O grupo reorganiza-se criando uma divisão entre o espaço do palco e o espaço da plateia.
Nesse meio tempo, os atores fazem alguns arranjos simples sobre a cena a ser representada,
que deve ser o mais fiel possível à cena narrada.
No final da apresentação, o educar pede os atores e espectadores para fazerem uma memória
emotiva da própria experiência e a vincular a história interpretada ao tema dos estereótipos
de gênero.
O exercício pode ser repetido com mais de uma história e alternando os papéis de atores e
espectadores.
Círculo conclusivo
O educador pede a cada participante para fazer um gesto espontâneo que expresse o desejo
de “desmascarar os estereótipos de gênero”. O gesto pode ser acompanhado de um som e
deve ser uma manifestação física livre e instintiva.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
Os participantes podem querer aprofundar as questões sozinhos:
submetendo o questionário a amigos, pais e parentes, para confrontar as respostas e re-
flexões deles e ver se existem diferenças quanto ao sexo e à idade e àquilo que eles mes-
mos responderam;
participando de outras atividades educativas sobre identidade e estereótipos de gênero;
lendo artigos ou textos específicos;
participando de seminários ou cursos online.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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5.5 Page 45

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A seguir, há um elenco de filmes adequados à discussão:
Tomboy é um filme dramático de 2011 dirigido por Céline Sciamma, com Zoé Héran e Malonn
Lévana. 2011. Duração: 82 min.
Laure (Zoé Héran) é uma garota de 10 anos, que vive com os pais e a irmã caçula, Jeanne
(Malonn Lévana). A família se mudou há pouco tempo e, com isso, não conhece os vizinhos.
Um dia Laure resolve ir na rua e conhece Lisa (Jeanne Disson), que a confunde com um me-
nino. Laure, que usa cabelo curto e gosta de vestir roupas masculinas, aceita a confusão e
lhe diz que seu nome é Mickaël. A partir de então ela leva uma vida dupla, já que seus pais
não sabem de sua falsa identidade. Seguindo a própria verdade interior, não há como errar,
nunca.
Sognando Beckham é um filme de gênero comédia de 2002 dirigido por Gurinder Chadha, com
Parminder Nagra e Keira Knightley. 2002. Duração: 112 min.
Talvez não se percebesse na época, mas já existia o girl power de que toda menina que cre-
scia nos anos 2000 precisava: Jess é uma garota que quer praticar um esporte masculino.
E ela é indiana, na Inglaterra...
Pequena Miss Sunshine é um filme comédia-dramático, dirigido por Jonathan Dayton, Valerie
Faris, com Greg Kinnear e Toni Collette. 2006. Duração 101 min.
Ter a coragem de ser você mesmo: essa é a moral do filme. A coragem de tentar, de apro-
veitar as oportunidades, de realmente acreditar sem medo. A família Hoover parte em uma
viagem pela Califórnia. O pai Richard, um coach falido, a mãe Sheryl, tenta manter o lar e a
família unidos, e o irmão, um homossexual culto é especialista em Proust, o filho Dwayne,
determinado a não pronunciar uma única palavra até conseguir ser admitido na força aérea
e idolatrado por Nietsche, o avô, um conquistador inescrupuloso e amante latino, embar-
cam em uma viagem tragicômica em uma van em mau estado para levar a pequena Olive,
uma garota míope e acima do peso, para a final de um concurso de beleza.
88
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 08.2
Equipamento:
Duração do encontro:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, folhas em branco, canetas,
cantilenas impressas.
2:30 h.
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Para entrar
no vivo do tema:
INCLUSÃO SOCIAL
FICHA N. 47
Projeção do curta “Cuerdas”
Em âmbito social, “inclusão” significa pertencer a alguma coisa, seja um grupo
de pessoas ou uma instituição, e sentir-se bem-vindo. Portanto, é fácil entender
de onde vem a necessidade de inclusão social: pode haver diferenças entre os indivíduos devido
pelas quais uma pessoa ou um grupo é “excluído” da sociedade.
Existem diversas razões que podem levar à exclusão social:
• competição;
• sexo;
• orientação sexual;
• cultura;
• religião;
alguma deficiência.
A inclusão social visa eliminar todas as formas de discriminação numa sociedade, embora sem-
pre respeitando a diversidade. Na verdade, a discriminação gera pobreza, enquanto a inclusão
gera oportunidades e riqueza (não apenas econômica, mas também e principalmente humana).
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Refletir respondendo as seguintes perguntas:
1. O que é a inclusão para vocês?
2. Vocês já tiveram experiência pessoal da inclusão?
3. Vocês acreditam que a sociedade é só um pouco, não muito ou muito inclusiva? Em
quais aspectos em particular?
4. Vocês têm receio ou dúvidas diante de pessoas “diferentes” (cor da pele, outra língua,
alguma deficiência, orientação sexual diferente da de vocês, etc.)?
5. Pessoalmente, vocês são pouco, nada ou muito inclusivos?
6. Existem aspectos pessoais, do próprio caráter, da própria cultura que os ajudam ou atra-
palham?
7. Como vocês veem o possível aumento desse conceito? Quais os âmbitos que deveriam
ser aprofundados?
8. Como vivenciam as capacidades ou as deficiências (pessoais ou alheias)? Esta é uma
pergunta difícil, mas a inclusão aborda estes aspectos muito profundos.
9. Vocês já fizeram experiência de excluir uma pessoa, intencionalmente ou não, e estarem
ciente disso?
10. Já aconteceu de incluírem plenamente alguém, de modo deliberado ou não, e ter con-
sciência disso?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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5.6 Page 46

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SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Tema:
DIVERSIDADE E MARGINALIZAÇÃO.
PLUCKED FEATHERS - 1h 30 min
FICHA N. 48
Projeção do curta Pixar
Projetar o curta Pixar “Plucked feathers” (Para os pássaros), disponível no Youtube), mas in-
terromper no minuto 1:30, pedindo as primeiras impressões sobre o que foi visto. Após um
momento de reflexão, os participantes são divididos em grupos de até 5 pessoas, que devem
imaginar o próprio final para o curta-metragem. Se o educador considerar apropriado, poderá
orientar a atividade com perguntas simples, como: Como acham que o personagem principal
se comportará? O que ele fará? Como os outros pássaros reagirão? Na opinião de vocês, eles
se tornarão amigos ou cada um seguirá o próprio caminho? Uma vez decidido o final, cada
grupo será solicitado a contá-lo (ou recitá-lo, se for o caso) na frente dos demais. Após a
récita/narração dos finais “alternativos”, o curta-metragem “Plucked Feathers” é exibido. A
atividade termina com uma reflexão coletiva sobre o tema proposto pelo vídeo
EXERCÍCIO
Em nossa opinião, há um primeiro princípio importante a ser estabelecido. Se eu me
perceber como o centro e as pessoas ao meu redor como os “Outros”, é possível
que a mesma coisa aconteça com eles. Para todos os que, em minha opinião, per-
tencem ao “Outros” (ou seja, o restante das pessoas), talvez eu também faça parte
dos “Outros” deles.
EU NO CENTRO
Esta atividade envolve a leitura de trechos do livro de um escritor africano do século XVIII,
Oladuah Equiano, que descreve sua primeira experiência na cultura europeia. O objetivo da
atividade é permitir que os participantes explorem as próprias percepções culturais, o próprio
“centrismo”.
Não explicar o objetivo da atividade nem mencionar o autor, caso contrário os participan-
tes poderão adivinhar imediatamente o perfil do escritor.
Apresentar a atividade dizendo aos participantes que será lida uma série de trechos de um li-
vro que descreve a experiência de alguém Eles, individualmente, deverão visualizar o escritor,
criando um perfil mental dele.
Ler os trechos, um de cada vez. Entre um trecho e outro, fazer uma pausa para dar tempo aos
participantes de refletirem sobre o texto e o perfil do escritor. Sugerir que façam anotações
ao final de cada leitura para criarem o perfil aos poucos. Dizer-lhes que provavelmente não
saberão o nome do escritor, que na verdade não é muito famoso. Entre colchetes, indicar as
palavras que foram omitidas evitando que a atividade se torne muito simples. Pedir-lhes que
não falem durante o exercício e levantem a mão e peçam explicações se não conseguirem
entender o significado do texto. Ler o primeiro trecho, mostrando-o aos participantes. Certi-
ficar-se de que seja claro para todos antes de começar. Repetir o mesmo procedimento para
cada trecho, certificando-se de que todos entendem o texto e tenham tempo para fazer ano-
tações sobre o esquema.
• “Eu tinha medo de ser morto, as pessoas [...] olhavam para mim e se comportavam, como
eu pensava, de forma selvagem”;
• “Poderíamos ser comidos por aqueles homens [...] de aparência horrível, com rostos [...] e
cabelos compridos?
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
• “Fiquei espantado quando vi que [...] eles estavam comendo sem lavar as mãos [...]”;
• “Fiquei horrorizado quando vi que [...] estavam tocando os mortos”;
• “[...] não estávamos cientes dessas blasfêmias e de todos esses termos obscenos [...] que
eles usam”;
• “Fui forçado a notar a particular magreza de suas mulheres [...] e pensei que elas não eram
tão puras como as mulheres [...]”.
Nesse ponto, pedir feedback ao grupo. Convidar um ou dois dos participantes para compar-
tilharem o próprio perfil e pedir a opinião dos demais. Identificar imediatamente os grupos de
opiniões gerais e, em seguida, prosseguir com outro extrato.
“Admirei-me de que não fizessem nenhum sacrifício ou oferenda [...]”.
Pode-se iniciar, então, uma discussão perguntando aos participantes se esse último trecho
mudou suas opiniões de alguma forma. Continuar com outras perguntas sobre o autor para
entender melhor o que os participantes ouviram e quais pontos de vista semelhantes estão
presentes no grupo, por exemplo:
• como imaginaram essa pessoa?
• de que século pensam que seja o escritor?
• acreditam que o autor seja europeu ou não-europeu?
Em geral, mas nem sempre, os participantes com origens culturais europeias descrevem o
perfil de um explorador europeu, missionário ou pessoa semelhante que entrou em contato
com culturas não europeias no passado. Quando se acreditar que o grupo tem uma ideia sufi-
cientemente clara do escritor, revelar a identidade do autor e a fonte do material.
• A interessante narrativa da vida de Olaudah Equiano, ou Gustavus Vassa, chamado “o Afri-
cano”. Escrito em 1789. (Editora 34)
Neste ponto, pode-se distribuir algumas cópias com o texto completo em que aparecem as
palavras omitidas (sublinhadas). (Ficha n. 49)
Agora è possível explorar os perfis e as ideias que os participantes anotaram com perguntas
como:
Vocês ficaram surpresos com a identidade do autor?
Identificaram-se com o autor ou com algumas das pessoas descritas?
• Ficaram surpresos com o fato de os ocidentais (europeus) serem vistos dessa forma?
• Isso ensina alguma coisa sobre os preconceitos: os nossos?
De onde vêm essas opiniões?
É possível aplicar algumas das coisas aprendidas aos acontecimentos atuais?
È importante compartilhar os resultados desta experiência por dois motivos:
1 Em primeiro lugar, para que os participantes tenham a oportunidade de expressar a sua
raiva ou irritação se acharem que foram enganados pela atividade ou se desaprovarem o
fato de a sua cultura ser percebida dessa forma.
2 Em segundo lugar, para que os participantes percebam como é comum e generalizado que
todos se percebam como estando no “centro”, como a “norma”, olhando de fora para o que
vemos como “diferente”, como o “”Outro”. Enfatizar que essa é uma experiência que acon-
tece com frequência, na verdade sempre, na vida de todos. Para concluir, explicar que essa
atividade tem como objetivo mostrar que cada um de nós pode ser visto como “o outro”.
É isso que queremos compartilhar, nossa experiência comum.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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5.7 Page 47

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SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
CANTIGAS - DE GIANNI RODARI
FICHA N. 50
Através da leitura dessas cantigas, a reflexão concentra-se nas inclinações
humanas de julgar e criticar o que nos é diferente. Muitas vezes, em vez de
abraçar a diversidade e apreciar as peculiaridades dos outros, tendemos a
considerar “errado” o que não se encaixa em nosso modelo de normalidade. As cantigas
infantis evidenciam que cada um de nós tem suas próprias características e singularidade
e que é importante aceitar e respeitar as diferenças em vez de julgá-las.
Outro aspecto que emerge é que os seres humanos têm uma tendência a comparar e
imitar: o confronto com os outros é construtivo se entendermos as diferenças como uma
possibilidade de enriquecimento (filosofia do diferente de mim). Torna-se negativo se
servir apenas para desprezar o que não temos, porque o nosso ego, a nossa vaidade e o
nosso desejo de prevaricação não nos fazem aceitar que nos outros há qualidades que
nos faltam.
A mensagem final é que a verdadeira beleza está na diversidade e não devemos permitir
que as nossas opiniões preconcebidas impeçam a compreensão e a cooperação entre as
pessoas. Devemos lembrar-nos sobretudo de sempre olhar para nossas próprias “corcun-
das” antes de apontar para as dos outros.
Exercício para
fazer em casa
Aconselha-se ver DUELO DE TITÃS
(Remember the Titans)
filme de 2000 dirigido por Boaz Yakin.
No filme, é a cor da pele que “impede” as relações entre os seres humanos.
Quais são hoje os “impedimentos” que podem bloquear o conhecimento do outro?
Como se pode tentar superá-los?
O treinador Boone, para que seus garotos desenvolvam o espírito de equipe, “força-os”
a trocar informações sobre os seus interesses, sob pena de um treinamento mais duro.
Esse método de ensino, embora rígido, compensa. Na sociedade atual, entretanto, o
esporte não é mais suficiente para superar as diferenças raciais. De fato, é cada vez mais
frequente ouvirmos relatos de coros racistas nos estádios e, além disso, as instituições
parecem impotentes diante desses fenômenos. O que poderia ser feito de forma concreta
para educar positivamente contra esse tipo de comportamento?
Como enfrentamos os episódios de racismo ou discriminação em geral, que são sempre
mais frequentes, especialmente entre os mais jovens e, infelizmente, cada vez mais vio-
lentos?
“Eu tinha medo de ti Julius, medo do que eu não conhecia; agora percebo que odiava o
meu irmão”; a frase pronunciada por Gerry ao amigo Julius após o incidente sela de forma
exemplar a mensagem do filme, que termina com a última vitória e a entrada na lenda dos
“Titãs” sem derrota e com uma única lição: para além da cor da pele, unidos podemos
vencer.
92
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
09. Ética básica das
relações afetivas
PARA O EDUCADOR
“A dimensão ética é um aspecto inevitável da sexualidade humana. O desafio
é como viver uma «boa» sexualidade, como resolver as situações humanas e
vitais em que a sexualidade nos coloca, como nos comportar nelas. O desafio
está presente e não foi resolvido, é o ser humano que deve escolher e resolver o
que fazer com as diferentes possibilidades para integrá-las em sua vida, em sua
experiência” (ibid., p. 125).
Objetivos
O objetivo geral deveria ser oferecer uma educação abrangente e equilibrada que ajude os
jovens a desenvolver uma visão madura, consciente e respeitosa das relações afetivas e da
sexualidade. Os principais objetivos são:
Promover a empatia: ensinar os jovens a entender e considerar os sentimentos e as ex-
periências dos outros, ajudando a criar relações mais saudáveis.
Informar sobre o consentimento: explicar detalhadamente o que significa consentimento
em uma relação sexual e como ele pode ser retirado a qualquer momento.
Enfrentar a pressão dos colegas: orientar os jovens a reconhecer e enfrentar a pressão
social ou dos colegas sobre relações e sexualidade.
Desenvolver a capacidade de resolver conflitos: ensinar estratégias para enfrentar con-
flitos e resolvê-los de forma construtiva nas relações.
Estimular a abertura a adultos de confiança: incentivar os jovens a conversar com adul-
tos de confiança (pais, professores, conselheiros) sobre questões ou problemas relaciona-
dos às relações afetivas e à sexualidade.
Educar à sexualidade responsável: conversar sobre as responsabilidades e as conse-
quências associadas à atividade sexual, inclusive a prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis.
Promover o respeito às decisões de todos: ensinar que cada indivíduo tem o direito de
estabelecer os próprios limites e que é importante respeitá-los.
Reconhecer os sinais de uma relação tóxica ou abusiva: oferecer instrumentos para
identificar os sinais de uma relação prejudicial e promover o acesso aos recursos de apoio.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
93

5.8 Page 48

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Figura bíblica: João, o apóstolo
Ficha N. 51
Pontos fortes e resultados:
• Antes de seguir Cristo, era um dos discípulos de João Batista.
• Um dos doze discípulos e, com Pedro e Tiago, foi um dos colaboradores mais próximos de
Jesus.
• Escreveu cinco livros do Novo Testamento: o Evangelho de João, as Cartas 1, 2 e 3 de João
e o Apocalipse.
• Carências e erros:
• Com Tiago, tinha a tendência de deixar-se levar pela raiva e o egoísmo.
• Pediu um lugar privilegiado no reino de Jesus.
Lições da sua vida:
Quem descobre o quanto è amado é capaz de amar muito.
Quando Deus muda uma vida não deixa de lado as características pessoais, mas usa-as
com eficácia a seu serviço.
Informações gerais:
• Ocupação: pescador, discípulo
• Família:
• Pai: Zebedeu;
• Mãe: Salomé;
• Irmão: Tiago
• Contemporâneos:
• Jesus
• Pilatos,
Herodes
Versículo-chave:
João 2,7-8
1 Caríssimos, não vos escrevo nenhum mandamento novo, mas sim o mandamento antigo,
que recebestes desde o princípio. Esse mandamento antigo é a palavra que acabais de
ouvir. Todavia, eu vos escrevo agora um mandamento novo – verdadeiramente novo, n’Ele
como em vós, porque as trevas passam e já resplandece a verdadeira luz”
94
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 09. 1
Material:
projetor, computador, fita adesiva, folhas A3, marcadores,
fichas impressas.
Duração da reunião: 3 h
Acolhida:
10 min
Para entrar no tema: 30 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
ESTAMOS TODOS REALMENTE DE ACORDO?
A atividade visa
• desenvolver o pensamento crítico, sobretudo quanto ao consentimento
informado
• refletir e desenvolver a capacidade de analisar os estereótipos e precon-
ceitos ligados a situações de de violência sexual e ao consentimento informado
Materiais
rolo de fita ou barbante
• folhas A3
• marcadores
ficha com frases-estímulo copiadas folhas A3 (Ficha n. 52)
PREPARAÇÃO
Garantir uma sala livre, sem cadeiras ou mesas, onde os participantes possam mover-se
livremente.
Preparar dois cartazes em folhas A3 com o texto ESTOU DE ACORDO e outra com NÃO ESTOU
DE ACORDO.
Fixar os dois cartazes nos lados opostos da sala e dividi-la em duas com um barbante ou fita.
Cobrir as frases-estímulo nas folhas A3 de modo que enquanto são lidas, os participantes pos-
sam vê-las.
SABER LIGAR, SABER SENTIR, CONSTRUIR
introdução - 5 min
Informar os participantes sobre a realização da atividade dizendo-lhes que serão lidas algu-
mas frases-estímulo e eles deverão posicionar-se sem falar ou confrontar-se com os outros,
posicionando-se na seção ESTOU DE ACORDO ou na seção NÃO ESTOU DE ACORDO.
Não será possível estar no meio sem assumir uma posição.
realização - 60 min
Reunir os participantes no centro da sala e ler a primeira frase-estímulo, exibindo-a escrita
em uma folha de papel A3. Terminada a leitura, pedir aos participantes para ficarem em
silêncio.
Depois de cada participante assumir uma posição, pedir a alguns voluntários que justifiquem
a própria posição para os demais, procurando convencer os que estão do lado oposto. Ao
final de cada justificativa ou explicação, os participantes podem querer mudar de posição.
Depois de ouvir as justificativas de ambos os lados, continuar com as próximas frases-
estímulo.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
95

5.9 Page 49

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Após o término da atividade de posicionamento, pedir aos participantes para se sentarem
em círculo e iniciar as atividades de debriefing (20 min).
Para esta parte, pode-se utilizar as seguintes perguntas:
Como se sente?
Foi difícil/fácil posicionar-se?
De que tipo de informações você se serve para tomar decisões e posicionar-se?
O que esta atividade diz sobre o modo como tomamos decisões?
O que esta atividade diz sobre as informações de que precisamos para tomar de-
cisões informadas?
O que podemos aprender com esta atividade?
O que podemos fazer para contrastar o fenômeno da violência sexual?
Que papel pode ter o consentimento informado contra esse fenômeno?
Ao final da atividade, se os participantes não o tiverem feito, explicar a ligação entre violên-
cia sexual e consentimento informado, incentivando-os a saber mais sobre o assunto e criar
iniciativas em suas escolas para que colegas, professores e funcionários estejam cientes das
questões e tomem medidas para combater o fenômeno da violência sexual.
Exercício n. 2
DIZER NÃO, DIZER SIM
Objetivo:
Estimular os participantes a explorar e refletir sobre quais experiências estão
associadas às experiências sexuais, como orientam as escolhas e o compor-
tamento, que elementos e situações promovem a conscientização e o bem-estar e quais
geram desconforto e rejeição.
Material:
• Folhas de trabalho “Diga não!” e “Diga sim!” (Ficha n. 53)
Descrição da atividade:
• Dividir os participantes em pequenos grupos e entregar as folhas de trabalho para
cada um.
• Cada um deve preencher as diversas células, descrevendo o tipo de situação em que
acha que rejeitaria ou aceitaria uma proposta sexual.
Cada subgrupo escolhe uma das situações descritas, definindo seus personagens e
características, e a encena diante do grupo.
• Segue-se uma discussão em plenário sobre os elementos que emergiram do trabalho
dos subgrupos e das dramatizações, sobre as emoções sentidas pelos diferentes pro-
tagonistas.
(Tirado de Massimiliano Maggi: “L’affettività e la sessualità nella scuola che cambia”, Ed.
Berti 2005)
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
SEXTING
O termo sexting deriva do inglês e é composto de duas palavras, “sex” (sexo) e “texting”
(mensagens de texto). Essas palavras geralmente se referem à troca de mensagens, áudios,
imagens ou vídeos sexuais ou sexualmente explícitos - especialmente por meio de smar-
96
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
tphones ou chats de redes sociais - incluindo imagens de nus ou seminus. Esse fenômeno
se difundiu nos últimos anos, também entre menores de idade. A experiência da sexualidade
e, portanto, também do sexting entre os adolescentes é uma necessidade fisiológica que os
mais jovens deveriam ser capazes de satisfazer, pois está ligada ao bem-estar psicofísico e
ao crescimento. O distanciamento social e o isolamento em geral, mas especialmente em
tempos recentes - provocados pelas disposições para conter a disseminação do coronavírus
- levam a dificuldades para todos as relações, inclusive as de pessoas mais jovens, indepen-
dentemente de já estarem numa relação amorosa ainda antes da emergência do coronavírus.
No entender de vocês:
• é um fenômeno difuso?
• o que se entende por sexting?
• o que se pode descobrir com o sexting?
• quais as possíveis consequências?
Os participantes podem desejar aprofundar as questões sozinhos:
monitorar as mídias e verificar o uso de estereótipos e preconceitos nas narrações relativas
aos episódios de violência sexual;
• assinalar às autoridades competentes os discursos que estimulam a violência;
• confrontar-se com os coetâneos ou a família servindo-se das frases usadas no grupo.
Os participantes podem querer ser ativos no próprio contexto escolar:
fazer entrevistas com os colegas de classe usando frases-estímulo e pedindo as opiniões
deles. As entrevistas podem ser usadas na próxima reunião para mapear as opiniões dos
jovens no contexto;
• organizar um flash mob ou outra demonstração na escola para aumentar a conscientização;
• projetar e exibir pôsteres e faixas para aumentar a conscientização e chamar a atenção para
uma questão específica relacionada com os direitos sexuais e reprodutivos.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
SE L’È CERCATA (ELA PEDIU ISSO)
FICHA N. 54
Um homem denuncia um roubo, a mulher que recebe a denúncia faz per-
guntas insinuando que, por suas roupas e atitudes, a vítima de alguma forma
provocou, ou não resistiu adequadamente, ao crime que sofreu. Que ela pediu isso.
Um breve clip reproduz, com um protagonista masculino, as situações e reações que uma
mulher que denuncia uma violência pode frequentemente enfrentar.
Objetivo:
Ao mostrar como as perguntas e insinuações dirigidas às mulheres vítimas de violência
não fazem sentido quando dirigidas a um homem agressor, o vídeo pode estimular os
participantes a refletirem sobre o tema da violência, do consentimento e da dinâmica da
atribuição de responsabilidade, que, muitas vezes, é baseada no gênero e pode represen-
tar mais uma violência que a vítima deve sofrer.
Descrição da atividade:
Ver o vídeo e fazer uma discussão livre
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
97

5.10 Page 50

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Ideia de ação:
Os participantes poderiam ativar-se nos próprios contextos realizando a exposição How
Were You Dressed? (Como você estava vestida?
Em que consiste a mostra How Were You Dressed?
What Were You Wearing? é uma exposição que narra histórias de abuso relacionadas com
as roupas expostas que querem representar fielmente o que a vítima vestia no momento
da violência sofrida.
É um projeto nascido em 2013 graças a Jen Brockman, diretora do Centro de Educação e
Prevenção Sexual da Universidade do Kansas, e Mary A. Wyandt-Hiebert, chefe das inicia-
tivas de programação do Centro de Educação Contra o Estupro da Universidade do Arkan-
sas, e difundido com o trabalho da associazione libere sinergie (Associação de Sinergias
Livres, Itália), que propõe uma adaptação ao contexto sociocultural do País.
A ideia por trás do trabalho é aumentar a conscientização sobre a violência contra a mulher
e desmontar o preconceito de que a vítima poderia ter evitado o estupro se tivesse usado
roupas menos provocantes. Daí o título emblemático “Como você estava vestida?”. Os
visitantes podem identificar-se com as histórias contadas e, ao mesmo tempo, ver como
são comuns as roupas usadas pelas vítimas. “É preciso ser capaz de provocar, no espaço
da exposição, reações semelhantes às que foram contadas”, diz Brockman, para que os
visitantes pensem: “Tenho essas roupas penduradas no meu guarda-roupa!” ou “Estava
vestida assim nesta semana”.
Nesse contexto, tornam-se evidentes os estereótipos sugeridos de que, eliminando de-
terminadas roupas do guarda-roupa ou evitando usá-las, as mulheres podem eliminar
automaticamente a violência sexual. “Não é a roupa usada que causa a violência sexual”,
acrescenta Brockman, “mas é a pessoa que provoca o dano. A verdadeira motivação do
projeto é poder dar às vítimas paz de espírito e aumentar a conscientização do público e
da comunidade”.
COMO MONTAR A EXPOSIÇÃO
FICHA N. 55
A apresentação da exposição “Como você estava vestida?” pode ser um momen-
to em que os participantes, que já tenham participado de atividades educativas
sobre o consentimento informado, mostrem o que aprenderam para conscientizar os colegas,
professores, pais e funcionários da escola sobre a questão da violência contra a mulher e do
consentimento informado.
O fato de terem participado de atividades educativas sobre o tema do consentimento in-
formado e da violência contra a mulher como uma violação dos direitos humanos permitirá
que os participantes tenham mais controle sobre as questões e estejam mais bem prepa-
rados para lidar com a exposição “Como você estava vestida?”
98
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerário n. 09.2
Material:
Duração da reunião:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, quadro mural, post-it, canetas, “Carta dos
direitos” impressa.
3h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
Para retornar ao tema: ACEITA UMA XÍCARA DE CHÁ?
A atividade visa:
fazer os participantes viverem o que significa dar o consentimento de modo
consciente,
permitir que os participantes reflitam sobre o consentimento consciente nas várias ações
cotidianas e também quanto às decisões sobre as próprias relações de vida.
Material:
• cadeiras e mesa
• post-it
• canetas
• quadro mural
• projetor e computador, anexos (Ficha n. 56)
Cenário 1 (uma cópia para o primeiro grupo)
Cenário 2 (uma cópia para o segundo grupo)
Cenário 3 (uma cópia para o terceiro grupo)
PREPARAÇÃO
Garantir uma sala em que se possam mover as cadeiras.
Fazer um círculo com algumas cadeiras e convidar os participantes a sentar-se para a primeira
parte da atividade.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
introdução - 15 min
Convidar os participantes a sentar-se e, depois da acolhida, apresentar os objetivos da sessão.
Começar fazendo um brainstorming sobre o consentimento informado, pedindo aos partici-
pantes que escrevam a própria definição em um post-it e, em seguida, colar no quadro mural.
Depois que todos deram a própria contribuição, fazer um resumo das várias definições.
realização -75 min
Dividir os participantes em três grupos e dar-lhes a descrição de um dos três cenários, que
deverá ser concluído em no máximo 5 min.
Depois que os cenários tiverem sido distribuídos aos três grupos, dar 20 min para a prepa-
ração. Enquanto os grupos estiverem se preparando para a apresentação, organizar o espaço
como se fosse um teatro.
Convidar os participantes a se revezarem na apresentação dos próprios cenários.
Enquanto os participantes encenam as suas apresentações, os demais anotam o que estão
vendo.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
99

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Ao final das apresentações, retirar os participantes do seu papel de atuação e
convidá-los para a atividade de debriefing (20 min). Pode-se usar as seguintes
perguntas para conduzir o debriefing:
• Como você se sente?
• O que os três cenários representam? E, especialmente, o que cada um deles
representa?
Foi difícil/fácil entrar nos papéis?
O que esta atividade diz sobre o modo como tomamos as decisões ou influenciam as
decisões alheias?
O que esta atividade diz sobre as informações de que precisamos para tomar decisões
informadas?
• O que pudemos aprender com esta atividade?
• Mostrar o vídeo “Il consenso del tè” (Consenso sobre o chá) (Ficha n. 57)
• Relacionar a experiência ao tema do “consentimento informado” e às realidades dos
participantes.
SUGESTÕES PARA OS EDUCADORES
Orientar a atividade em grupo, para enfrentar melhor as experiências pessoais que possam
surgir.
Usar uma linguagem simples que respeite a diversidade. Ser acolhedor e suspender o julgamento
durante a realização da atividade e durante as apresentações dos participantes, convidando
todos a se concentrarem nas questões, relacionando-as com as realidades que vivenciam.
Os participantes podem querer explorar as questões sozinhos:
• publicando o vídeo do “consenso sobre o chá” nas mídias sociais, para inspirar os colegas
e amigos;
• mostrando o vídeo em família, estimulando uma discussão sobre o tema do consentimento
informado;
• continuar a participar em atividades didáticas que possam ser apresentadas em vários
contextos em relação aos temas tratados, também na escola.
Exercício n. 2
ESCOLHAS INFORMADAS PARA O SEXO SEGURO
Objetivo: entender os diversos aspectos das escolhas informadas para um sexo
mais seguro, compreendidos os métodos contraceptivos e a comunicação aberta
nas relações sexuais.
Atividades:
1. Associar ros métodos contraceptivos
Fazer uma lista de métodos contraceptivos e pedir aos participantes para associá-los a expli-
cações corretas sobre o seu funcionamento.
Por exemplo:
Método: Preservativo
Explicação: barreira física que impede ao esperma de entrar no útero, reduzindo o risco de
gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis.
Método: pílula contraceptiva
Explicação: pílula oral que contém hormônios que impedem a ovulação e, portanto, a gravidez.
100
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Método: Dispositivo intrauterino (DIU)
Explicação: Pequeno dispositivo inserido no útero para prevenir a gravidez. Pode ser de cobre
ou conter hormônios.
2. Discussão sobre a comunicação: Apresentar situações hipotéticas que comportam deci-
sões sobre o sexo seguro e pedir aos participantes para discutirem sobre como enfrentá-las
comunicando-se abertamente com o parceiro.
Por exemplo
Situação: O parceiro pede para ter uma relação sexual sem preservativo.
Discussão: Como você reagiria? Quais os motivos pelos quais o sexo seguro è importante ne-
sta situação?
Situação: Você quer iniciar uma relação sexual com um novo parceiro. Como enfrentaria a
discussão sobre a anamnese sexual e o teste das DST.
Discussão: Que perguntas você faria? Como compartilharia as suas informações pessoais?
3. Discussão em grupo: Concluir o exercício com uma discussão em grupo sobre as questões
levantadas. Pedir aos participantes para compartilharem as suas opiniões, experiências e con-
selhos sobre a comunicação e a escolha de práticas sexuais seguras
Lembrar-se de que a sensibilidade e o respeito pelos participantes são cruciais ao lidar com
questões relacionadas à sexualidade. Adaptar o exercício à idade e ao conhecimento dos
participantes e criar um ambiente em que eles possam sentir-se à vontade para participar da
discussão.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
IDENTIFICAR OS MEUS DIREITOS - 60 min
• Trabalho em grupo (30 min)
• Dividir os participantes em pequenos grupos
• Distribuir entre os grupos as cópias da “Carta dos direitos sexuais e repro-
dutivos” (Ficha 58)
• Pedir para lerem a “Carta dos direitos sexuais e reprodutivos” e refletirem sobre as se-
guintes perguntas:
1. Pensando nas decisões que devem tomar, que direitos podem apoiar as próprias
escolhas? Por exemplo, para decidir quando ter as primeiras relações sexuais, preci-
sam ter o direito à informação, o direito aos serviços e o direito de escolha.
2. Que grupos de pessoas têm livre ou maior acesso a estes direitos em relação aos ou-
tros? Por que?
3. Que grupos de pessoas não conseguem ter pleno acesso a todos os direitos? E por
que? (Pensem se o fato de ser homem ou mulher, adulto ou jovem, ter ou não recursos
financeiros, viver em um contexto urbano ou rural pode dar ou limitar a capacidade de
tomar determinadas decisões).
4. Há alguma coisa vocês podem fazer para ter melhor acesso e reivindicar esses direitos?
Plenário - 30 min
Reunir os grupos para apresentarem as suas reflexões. Ao final, tirar as conclusões ge-
rais da discussão.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
101

6.2 Page 52

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10. Cuidado das áreas de
impacto educativo
PARA O EDUCADOR
A família é o lugar da relação afetiva por excelência, sujeito ativo da pastoral nas comunidades
educativo-pastorais e espaço para a experiência de diálogo, respeito, amor e cuidado para
os jovens que querem investir nas relações e nos vínculos familiares (cf. Pastoral Juvenil e
Família, capítulo III).
A família é a primeira escola dos valores humanos, onde se aprende o bom uso da liberdade.
Há inclinações maturadas na infância, que impregnam o íntimo duma pessoa e permanecem
toda a vida como uma inclinação favorável a um valor ou como uma rejeição espontânea de
certos comportamentos” (AL 274).
“A amizade não é uma relação fugaz e passageira, mas estável, firme, fiel, que amadurece
com o passar do tempo. É uma relação de afeto que nos faz sentir unidos e, ao mesmo tempo,
é um amor generoso que nos leva a procurar o bem do amigo. Embora os amigos possam
ser muito diferentes entre si, há sempre algumas coisas em comum que os leva a sentir-se
próximos, e há uma intimidade que se partilha com sinceridade e confiança” (CV 152).
Objetivos
O objetivo geral é ajudar os participantes a desenvolverem capacidades sociais e emocionais para
construir relações significativas e duradoura, tanto na família quanto nas amizades. Os principais
objetivos são:
Desenvolver a empatia: ajudar a entender os sentimentos e as perspectivas alheias, promovendo
a capacidade de se colocar no lugar de um membro da família ou amigo.
Comunicar eficazmente: ensinar como se comunicar de forma aberta e respeitosa para expressar
os próprios sentimentos e necessidades no interior da família e entre amigos.
Crescer como pessoa: mostrar como as relações familiares e de amizade podem contribuir para
o crescimento pessoal por meio do aprendizado recíproco, do apoio emocional e da aceitação de
desafios.
Cooperar e colaborar: promover a conscientização dos benefícios da cooperação e da responsab-
ilidade compartilhada na família e nas amizades.
Respeitar as diferenças: promover o respeito a opiniões, culturas e estilos de vida diferentes,
tanto nas famílias quanto nos círculos de amizade.
Administrar os conflitos: ensinar estratégias para lidar de forma construtiva com os conflitos que
possam surgir nas relações familiares e de amizade, incentivando o diálogo e a busca de soluções.
Reconhecer os papéis: ajudar a entender os diversos papéis no interior da família e entre os
amigos, promovendo o respeito e a cooperação entre as diversas figuras.
Apoiar emocionalmente: mostrar como o apoio emocional é um elemento crucial nas relações
familiares e de amizade, incentivando sobretudo os jovens a estarem presentes para os outros e
nas diversas etapas da vida.
Criar memórias positivas: ilustrar como os momentos compartilhados com a família e os amigos
podem criar laços duradouros e lembranças preciosas.
Desenvolver relações saudáveis: oferecer orientações de como estabelecer e manter relações
saudáveis baseados na confiança, na compreensão e no respeito recíproco.
102
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Figura bíblica: Azarias, Ananias
e Misael
Ficha N. 59
Pontos fortes e êxitos:
Uniram-se a Daniel na decisão de não comer à mesa do rei.
Mantiveram uma amizade que resistiu à prova dos problemas, do sucesso, da riqueza e do
perigo de morte.
Não estavam dispostos a comprometer as próprias convicções, mesmo diante da morte.
Sobreviveram na fornalha ardente.
Lições de suas vidas:
Há uma grande força na verdadeira amizade.
É importante permanecer com quem se compartilha as próprias convicções.
Pode-se confiar em Deus mesmo quando não podemos prever o bom resultado.
Informações gerais
Lugar: Babilônia.
Ocupação: Servos e conselheiros do rei.
Contemporâneos: Daniel, Nabucodonosor
Versículo-chave:
Daniel 3:16-18
«Azarias, Ananias e Misael responderam ao rei Nabucodonosor, dizendo: “Não temos que
lhe responder sobre esse argumento. Eis que o nosso Deus, a quem servimos, é poderoso
para nos livrar da fornalha de fogo ardente; e das tuas mãos, ó rei, ele nos livrará. Sabe,
porém, ó rei, que não serviremos aos teus deuses, nem adoraremos a imagem que erigiste.”
A história de Azarias, Ananias e Misael é narrada no livro de Daniel.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
103

6.3 Page 53

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Itinerário n. 10.1
Material:
Duração da reunião:
Acolhida:
Para entrar no tema:
projetor, computador, novelo de lã, cartaz, marcadores, canção im-
pressa, texto impresso do Evangelho.
3h
10 min
30 min
OBSERVAR, RECONHECER, EXTRAIR
Para entrar no tema: AO NOSSO REDOR
Objetivo: ajudar os participantes a se sentirem como família na comunidade
para construir relações.
Material: novelo de lã, cartaz, marcadores.
Começa-se com uma pergunta:
Quem se lembra de um evento feliz ou mesmo triste que o levou a iniciar uma
relação com outras pessoas, fora da família?
Tendo o novelo na mão, jogá-lo para um participante que responde à pergunta. O nove-
lo é passado de mão em mão e cada um deve primeiro segurar o fio com os dedos, com
o objetivo de formar uma rede entre os presentes.
A PALAVRA AOS PARTICIPANTES:
Fazer com que contem o que aconteceu durante o exercício e o significado da rede
construída com o novelo passado de mão em mão.
APROFUNDAR O TEMA:
Ao compartilhar o tempo e a energia em uma rede, criam-se oportunidades de solidari-
edade recíproca. Toda vez que alguém se abre e se relaciona com outros, colhe muitos
benefícios: aprende a dialogar, priorizar e perceber afinidades.
A própria mensagem cristã propõe a humanidade da família.
Também Jesus cresceu numa família amorosa, experimentou a acolhida, a ternura, o
perdão e a generosidade no interior da Sagrada Família, mas, ao mesmo tempo, experi-
mentou o mundo das relações “abertas”, como lemos em Lc 2,42-45, onde a caravana
representa uma rede de famílias que percorrem o mesmo caminho e vivem as mesmas
situações e as mesmas necessidades.
A maneira concreta de trabalhar em rede é olhar ao redor e encontrar muitas oportuni-
dades de relações que possam transformar-se em serviço e dedicação aos outros, de
modo que o mundo possa ser mais bonito e habitável para todos.
104
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
EXERCÍCIO
NINGUÉM É UMA ILHA
Objetivo: Fazer emergir em cada um dos participantes a necessidade de re-
lações.
O educador escreve estas frases no centro do cartaz RELATIVO e ao redor dele:
• Tenho medo de sentir-me...
• Tenho medo de...
• Sinto-me sozinho quando...
• Tenho medo quando...
Os participantes são convidados a completar as frases. Emerge a necessidade de relações
no âmbito da família e da amizade. Ao final, abre-se uma discussão sobre o que emergiu.
Por que esta necessidade do outro?
Por que? “Cada um de nós experimenta diariamente a incompletude. Prova disso é a ne-
cessidade de companhia, o medo da solidão, a busca de alguém para ouvir, a segurança
que vem de estar junto, no grupo, a atração da mulher ou do homem, a necessidade de ser
amado, protegido, aceito, a necessidade de ternura” (Sovernigo).
De qualquer forma, é certo que o que nos faz felizes não é a certeza de possuir algumas
qualidades, mas a possibilidade de exercê-las e vivê-las para alguém. Fomos feitos para
os outros! Por isso, o homem só é maduro quando desenvolve a capacidade de sair de si
mesmo para doar-se aos outros e acolhê-los.
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
Para entrar no tema LA CURA (O CUIDADO) - Franco Battiato
FICHA N. 60
Material:
• computador
• projetor
• texto e vídeo da canção
A palavra aos participantes: depois de ouvir a música, propõe-se uma sessão de brain-
storming sobre o que significa “Eu te chamei pelo nome, eu cuido de ti”, “O que significa
chamar Deus pelo nome e como Deus cuida de nós?”.
Material: uma Bíblia grande, tiras de cartolinas coloridas com o início de uma frase da
Bíblia, cartões com o início das frases abaixo, cópias com o testemunho de alguns edu-
cadores.
Pede-se para um participante escolher uma das tiras com o início de algumas frases:
Há muito tempo ....
Havia um povo ...
• Os nossos pais ...
• Buscavam a terra prometida...
• Jesus veio ...
• Da Galileia foi ao Jordão ...
• João batizou-o ...
• Passou algum tempo no deserto ...
• Começou a ensinar aos seus ...
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
105

6.4 Page 54

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• E ir de aldeia em aldeia...
• Foi a Jericó ...
• Ali, havia um cego que pedia esmola ....
• Jesus parou e olhou para ele...
• E perguntou-lhe...
• “O que queres que eu te faça?”.
• O cego respondeu....
• Ser capaz de ver....
Cada participante deve continuar a frase contando algo que tenha a ver com a própria vida,
com o momento que está vivendo, os amigos e que esteja de alguma forma relacionado
com a frase da tira.
Depois, todos devem procurar pessoas que tenham a mesma frase que eles e comparar
juntos o que escreveram. O trabalho compartilhado será levado à assembleia.
Aprofundar o tema:
Estamos dentro de uma história antiga, a mais bela história que existe. É uma história que
vem de longe e chega até nós. Nossas histórias estão escritas neste livro.
Todos nós contamos histórias e o fazemos para relembrar fatos, conservá-los na memória,
celebrá-los. A mesma lógica aplica-se à fé. Introduzir a fé significa contar, narrar a história
do amor de Deus pela humanidade. A Igreja preserva a memória disso. Os livros da Bíblia,
especialmente os Evangelhos, são histórias, narrativas dos ensinamentos de Jesus e das
muitas histórias das pessoas que o encontraram.
É na narração que a fé pode ser realmente transmitida, porque estamos pessoalmente en-
volvidos, a ponto de tocar o seu centro. Mediante a narração de uma passagem bíblica, con-
struímos uma história real: nossa vida é decantada na escritura bíblica e torna-se narrativa
com os nossos fatos e os dos personagens bíblicos, como Abraão, Moisés, Maria, Isabel, o
cego de Jericó, a adúltera, a samaritana.
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
JESUS VERDADEIRO AMIGO
FICHA N. 61
Propõe-se aos participantes alguns textos evangélicos dos quais emerge o
modo como Jesus vive a amizade e as relações com as pessoas que encontra.
(Ficha n. 61)
Os participantes são divididos em grupos de 3 a 4 membros e recebem alguns textos do
Evangelho ou outros textos individualizados pelo educador. Eles procuram entender, por
meio dos textos, algumas características de Jesus como amigo e fazem uma lista dessas
características numa folha de papel.
Depois desse trabalho, todos se reúnem e escrevem tudo o que se descobriu por meio dos
textos do Evangelho, anotando em um cartaz.
Nesse momento, o educador, se necessário, acrescenta alguns elementos que considera
importantes para concluir o esboço de Jesus como verdadeiro amigo.
As anotações a seguir podem servir como ajuda:
“Escolheu dois deles para estar com ele”: não pode haver verdadeira amizade se não
se passa algum tempo juntos. A amizade proposta por jesus nasce da frequência assídua,
106
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
do ombro a ombro, do interesse pela vida concreta do outro. Antes de tudo, é necessário
amar aqueles que estão próximos de nós....
“Para enviá-los a pregar... E destruir os demônios”: seria errado pensar, entretanto,
que a amizade acaba com o olho no olho. Se realmente nos amamos, esse bem deve levar
aos outros, para um bem maior. Quem encontrou um tesouro é chamado a compartilhá-lo
para que outros possam experimentar essa riqueza.
“Com vocês, porém, não seja assim...” “Eu estou entre vocês como quem serve”: este
ensinamento de jesus aos apóstolos é realmente incrível. A amizade não é tentar ser
melhor do que o outro, mas fazer tudo para que o outro possa ser o melhor possível. São
belas as palavras de são gregório sobre a amizade com são basílio: “essa era a nossa
competição: não quem era o primeiro, mas quem permitia que o outro fosse o primeiro”.
“Fixou o olhar sobre pedro”: jesus perdoa pedro, que o negou três vezes, lembrando
assim que não pode haver amizade verdadeira sem a capacidade de perdoar. Os amigos,
mesmo sendo bons, podem cometer erros, e nós também podemos cometer erros por-
que somos frágeis. Sem o perdão, nenhuma relação pode durar.
“Dar a sua vida pelos amigos”: nosso amigo jesus está disposto a sacrificar-se por nós
e diz-nos que não há amor maior do que dar a vida pelos seus amigos. É como dizer ao
outro: “eu te amo tanto que prefiro a tua vida à minha”.
“Eu vos chamei de amigos, porque tudo o que ouvi do pai eu vos dei a conhecer”: a
amizade é confiança, segurança, e é por isso que confiamos as nossas coisas mais íntimas
e mais importantes ao amigo.
“Amigo, a que vieste?”: Judas não mereceria estar no grupo dos amigos de jesus, mas
o senhor o chama de amigo, mesmo no momento da traição. Amizade também é isso:
confiar aceitando o risco de ser traído.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZER SÍNTESE
A Bíblia é a história de Deus para nós. É a partir dela que devemos começar a nos permitir
ser questionados sobre a nossa vida e a identificar o comportamento correto e honesto. Ela é
tão importante que não a podemos simplesmente ler. As muitas histórias que encontramos
na Bíblia devem ser meditadas, devemos deixá-las entrar em nosso coração, torná-las parte
de nós.
Por meio de muitas histórias, é possível encontrar Deus nos eventos cotidianos, não apenas
nos momentos de diversão, entretenimento, mas também na oração ou na missa.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
107

6.5 Page 55

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Itinerário n. 10.2
Material:
projetor, computador, canção impressa, texto e trechos gospel impres-
sos, folha de trabalho impressa, folhas em branco e canetas coloridas.
Duração do encontro: 3.30 h
Acolhida:
10 min
Para entrar no tema: 30 min
OBSERVAR, RECONHECER, INDIVIDUALIZAR
Para retornar ao tema: AGRADECIMENTO
FICHA N. 62
Objetivo: ajudar os participantes a abrirem o coração para reconhecerem
nos outros um dom.
Material:
• projetor
• computador
• texto e vídeo da canção “Grazie mille”, de Max Pezzali. (Ficha n. 62)
Ouvir a canção “Grazie mille”.
A palavra aos participantes:
• Torna-se sempre mais difícil ser agradecido, dizer obrigado, como se tudo fosse devi-
do. Consigo dizer “obrigado” facilmente?
O que significa “ser agradecido”?
É nosso costume dizer obrigado em família, na comunidade, a quem nos ajuda, a quem
está perto de nós, a quem nos acompanha na vida?
APROFUNDAR O TEMA:
De acordo com o ensinamento do Papa Francisco, as palavras “obrigado”, “com licença”
e “desculpe” são três pérolas a serem recuperadas e reinseridas na vida pessoal, familiar
e social, pois nos permitem melhorar a nós mesmos, aos outros e à comunidade em que
vivemos. A gratidão é o elemento que deve unir todas as relações, dos mais próximos aos
mais distantes, começando pela família, pelos amigos e colegas de trabalho. Aprender a
dizer obrigado em família. Se pensarmos bem, é justamente em casa que muitas vezes
nos esquecemos de dizer “obrigado”, porque não damos valor aos gestos e ao amor dos
nossos familiares. Dizemos “obrigado” sempre que alguém faz algo para nós. A gratidão,
contudo, é mais do que isso. É uma atitude do coração que Deus deseja desenvolver em
nós. “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus para convosco” (1 Tessalo-
nicenses 5,18). Ser agradecido nem sempre é fácil! Mas a quem devemos agradecer? O
nosso primeiro agradecimento é glorificar a Deus, sempre. Dizer o nosso “obrigado” a
Deus pelo dom da vida, pelo dom dos filhos e, portanto, pelo dom da paternidade. E a nos-
sa gratidão deve ser expressa continuamente. Gratidão, agradecimento envolve alegria.
Quando realmente agradecemos de coração, isso tem um efeito positivo não apenas em
nós, mas também nas pessoas ao nosso redor.
108
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
PARA RETORNAR À NOSSA VIDA:
Dividir os participantes em grupos propondo algumas perguntas:
• Tentemos pensar em todas as coisas pelas quais nos sentimos gratos.
É fácil agradecer quando tudo caminha bem na nossa vida, mas será igualmente fácil
nas dificuldades?
Como a gratidão pode melhorar as relações interpessoais?
• Como cultivar a gratidão?
SABER CONECTAR, SENTIR, CONSTRUIR
MENSAGENS DE TEXTO MINHAS E TUAS
FICHA N. 63 - 64
Continuamos o caminho das relações, concentrando-nos na importância da crítica
e em como criticar os outros de modo construtivo, depois nas mensagens de você
e nas mensagens de mim.
Acreditando-se útil, pode-se iniciar o encontro lendo a passagem evangélica de Mt 18,15-18.
(Ficha n. 63)
Nessa passagem, Jesus apresenta a regra de ouro de toda correção fraterna: falar diretamente
com a pessoa em questão, evitando subterfúgios e fofocas. O texto do Evangelho também diz
que a correção é um dever que vem da busca sincera do bem do outro. Em outras palavras,
quando se vê um amigo fazendo algo errado e se quer realmente o seu bem, é preciso apontar o
erro. Mas como fazer a correção para que seja de fato construtiva?
Neste ponto, entrega-se uma folha de trabalho (Ficha n. 64) em que os participantes escrevem
como fariam notar certas coisas aos outros em determinadas situações. Nesta primeira fase,
apenas a primeira parte da planilha é preenchida, deixando em branco a parte das “minhas men-
sagens” que, neste momento, ainda não foram explicadas.
Os participantes escrevem seus nomes no verso da ficha e entregam-na ao educador que, sem
especificar quem escreveu, lê as frases que foram anotadas. Ficará certamente claro, que o nos-
so modo de criticar os outros é próprio das mensagens, não construtivas e acusatórias.
Em seguida, depois de refletir sobre o nosso modo de criticar os outros e depois de explicar as
mensagens do tipo “minhas”, todos tentam encontrar juntos a melhor maneira de corrigir os
outros de modo construtivo, usando as situações apresentadas na folha. É importante que cada
um escreva a mensagem “minha” em sua própria folha, mesmo que ela tenha sido decidida no
grupo, e a leve para casa: ela será um lembrete útil para colocar em prática essa nova maneira
de dialogar com os outros.
SABER SER, SABER VIVER, RELACIONARSE
Quando aquilo que se comunica aos outros constitui apenas as próprias reações ou impres-
sões diante dos “estímulos” que vêm deles, pode-se fazer recurso às mensagens “minhas”
em vez das “suas”.
O que é uma mensagem “minha”?
É uma forma de expressar as reações em relação ao que a outra pessoa está fazendo. Ela
permite que você diga à outra pessoa, sem julgá-la ou censurá-la, como você se sente em
relação ao comportamento dela. Por exemplo, “Sinto muito que você não tenha comparecido
à última reunião, pois eu gostaria de saber o que você achou sobre...”. E quanto à mensagem
“sua”? Ela é usada para expressar à outra pessoa o que você acha de negativo nela e no que
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
109

6.6 Page 56

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ela deveria mudar ou modificar.
Por exemplo: “Você nunca dá o primeiro passo, você é uma pessoa preguiçosa”.
As mensagens “Minhas” refletem as próprias reações, o que se experimenta: informam aos
outros (as pessoas interessadas) sobre o efeito que têm o comportamento delas... e transfor-
mam-se num convite compreensivo para mudar de atitude.
As mensagens “Suas” tendem normalmente a dar a culpa aos outros, como uma espécie
de ameaça, motivo pelo qual são normalmente ineficazes. Sendodifícil dizer mensagens
“Minhas”, pode-se recorrer à seguinte forma: “Desculpe-me... quando você... porque eu...”.
SABER VERIFICAR, EXPERIMENTAR E FAZE SÍNTESE
Para continua a exercitar-se em casa ou nos contextos habituais:
Esforçar-se para encontrar sempre um motivo de dizer “obrigado”, para cada aspecto que
enriquece os dias da parte d’Aquele que sempre cuida de nós.
Exercício
A FORÇA DA GRATIDÃO - 1h 20 min
Objetivo: compreender a importância de dizer “obrigado” nas relações familiares e de
amizade e praticar a gratidão.
Exercício em etapas:
1. Introdução - 5 min: Iniciar o exercício explicando a importância da gratidão nas
relações e como o quanto exprimir a gratidão pode fortalecer os laços familiares e de
amizade.
2. Lista dos motivos - 10 min: Pedir aos participantes para fazerem uma lista de pelo
menos três motivos pelos quais são agradecidos a alguém importante na própria vida,
seja ela da família ou um amigo.
3. Escrever anotações de gratidão - 20 min: Fornecer papel e canetas coloridas. Cada
participante deve escrever uma anotação de gratidão a alguém da sua escolha da lista
acima. As anotações devem ser sinceras e específicas sobre o que se está agradecendo.
4. Troca de anotações - 15 min: Pedir aos participantes para troquem as anotações en-
tre eles. Cada um lerá a anotação que recebeu de outro participante.
5. Discussão - 15 min: Depois de ler as anotações, iniciar uma discussão sobre como se
sentiram ao receber e ler as anotações de agradecimento. Perguntar se o ato de dizer
“obrigado” teve impacto na percepção que eles têm das relações.
6. Compromisso de longo prazo - 10 min: Concluir o exercício incentivando os partici-
pantes a manterem o hábito de expressar gratidão em suas relações cotidianas. Cada
um deve comprometer-se a dizer “obrigado” com mais frequência.
7. Conclusão - 5 min: Concluir o exercício enfatizando o quanto o ato de dizer “obrigado”
pode contribuir para fortalecer as relações e criar um ambiente mais positivo.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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6.7 Page 57

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Fichas
para os participantes dos itinerários
01. Figura bíblica:
Balaão
Balaão foi um daqueles personagens interessantes do Antigo Testamento que,
embora não fizesse parte do povo escolhido de Deus, estava disposto a re-
conhecer que o Senhor era um Deus poderoso. Mas Balaão não acreditava no
Senhor como o único Deus verdadeiro. Sua história destaca o perigo de manter
uma fachada externa de espiritualidade sobre uma vida interior corrupta. Ba-
laão era um homem disposto a obedecer aos mandamentos de Deus, desde
que pudesse lucrar com eles. Essa mistura de motivações – obediência e lucro
– acabou levando-o à morte. Mesmo conhecendo o incrível poder do Deus de
Israel, o seu coração sempre correu atrás das riquezas que poderia obter em
Moab. Ele voltou a Moab para morreu quando os exércitos de Israel invadiram
aquele País.
Todos nós também passamos pelo mesmo processo. O que somos e quem
somos virá à tona de alguma forma, destruindo as máscaras que usamos para
cobrir a nossa verdadeira identidade. Os esforços que fazemos para manter a
nossa aparência seriam mais bem empregados para encontrar a resposta para
o pecado em nossa vida. Podemos evitar cair no erro de Balaão enfrentando
a nós mesmos e percebendo que Deus está disposto a nos aceitar, perdoar
e literalmente nos refazer por dentro. Não percam a grande descoberta que
escapou a Balaão.
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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02. A história do jovem
e do rio
Um jovem vagou pela floresta vários dias, sem rumo, com roupas sujas e sem
comida, até que, finalmente, quando as árvores rarearam, ele se viu diante do
curso de um rio.
A água estava alta e ele só poderia atravessá-la a nado, mas a correnteza era tam-
bém forte e ele não estava convencido de que conseguiria.
Apesar do medo, ele preparou-se para pular na água sem pensar muito, mas uma
voz impediu-o: “Você não vai conseguir, é inútil tentar!”
O jovem olhou em volta sem ver ninguém, então, de uma árvore próxima, apare-
ceu uma menina que não podia ter mais de oito anos de idade.
Ela usava um vestido de cor fúcsia e um balde de madeira na mão. Atrás dela,
uma pequena cabra e um cabrito moviam-se agilmente em seu rastro.
O jovem observou enquanto a menina se aproximava calmamente do rio, subia
em algumas pedras perto da margem e enchia o balde com água, passando-o
depois aos animais para que bebessem.
“Por que você queria morrer?”, ela perguntou diretamente ao jovem, que ficou
surpreso com tamanha franqueza. Ele não respondeu imediatamente, então a
menina continuou: “A julgar pela sua aparência, não você não come há dias; go-
staria de um pedaço de pão?”
O jovem hesitou e balançou a cabeça para recusar o convite, mas a menina já
pegara um guardanapo com o pão e jogou-o para o jovem, que prontamente o
pegou.
Enquanto aliviava a fome com desconfiança, a menina disse-lhe: “O que o deixa
indisposto?”
O jovem engoliu e, dessa vez, com a surpresa e o constrangimento dissipados, re-
spondeu com voz calma: “Não sei mais quem eu sou, gostaria de me reencontrar,
de entender quem realmente eu sou, e então parti”.
A menina observou o jovem, enquanto ele comia mais um pouco de pão, e pegou
o balde para enchê-lo novamente. “Nunca esteve aqui, não é?”, perguntou ela ao
se aproximar do rio.
“Não!”, respondeu o jovem com sinceridade.
Então, a menina virou-se e, antes de encher o balde, perguntou-lhe: “Ontem perdi
um grampo de cabelo em minha casa e não consigo mais encontrá-lo. Poderia
ajudar-me a procurá-lo neste lado do rio?”
O jovem não entendeu o significado da estranha pergunta e, como a menina sor-
riu enquanto esperava uma resposta, ele disse: “Se o perdeu em casa, não o en-
contraremos aqui!”
Ela se abaixou para encher o balde e disse: “Se você está perdido, o que está pro-
curando onde nunca esteve? Não deveria procurar onde o perdeste?”
“Onde?”, perguntou o jovem preocupado.
114
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
“Dentro de você mesmo!”, disse ela, rindo do que, aos seus olhos, era uma per-
gunta tola. Tendo enchido o balde, ela aproximou-se do jovem e convidou-o a be-
ber, depois perguntou: “Há algum rio no balde?”
“Claro que não!”, respondeu o jovem imediatamente, “só tem água!”. “Sim”, ela
respondeu, “eu sou como a água do rio!”.
O jovem olhou-a, pensando que ela era uma ignorante. Ela continuou.
“Meu nome é Martina”, disse-lhe, “e o rio que você vê tem um nome próprio, mas
não posso colocá-lo no balde, mesmo que o encha com a sua água. Nem mesmo
pode conhecer a Martina agora, mesmo falando comigo. Eu ainda tenho a mesma
aparência, como o rio, mas eu mudo, como você e como a água do rio. Cada balde
que dou à minha cabrita está sempre cheio de água do rio, mas é sempre água
nova, água diferente. Nós não somos, mas nos tornamos, somos sempre novos
e diferentes, como a água corrente do rio, que sempre chamamos de igual, mas
nunca é igual”.
O jovem bebeu, impressionado com a sabedoria de uma menina que buscava
água no rio com um balde de madeira. Ela virou-se, encheu o balde novamente e
voltou para o lugar de onde tinha vindo.
Antes de desaparecer atrás das árvores, olhou para o jovem e disse: “Se você pro-
curar bem, tenho certeza de que se encontrará, mas lembre-se de que não se
encontrará num pântano onde a água está parada e cheira mal, mas num rio que
flui e, embora pareça o mesmo, nunca é o mesmo”.
“E se realmente quiser tomar um balde dessa água”, concluiu, “deverá voltar à
fonte; aqui você nunca encontrará o que está procurando, que está dentro de
você; meu avô sempre me diz isso!”. Ela sorriu e desapareceu.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
115

6.9 Page 59

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03. Se não podes ser
um pinheiro
Se não podes ser um pinheiro na montanha
sê um sábio no vale
mas sê o melhor ramo na margem do riacho.
Se não podes ser uma árvore
sê um arbusto.
Se não podes ser uma autoestrada
sê uma trilha.
Se não podes ser o sol
sê uma estrela.
Sê sempre melhor do que és.
Procura descobrir o projeto
que és chamado a ser
e, depois, parte com paixão
e realiza-o na vida.
Citação de Martin Luther King,
de uma poesia de Douglass Malloch
116
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
04. A história da
árvore triste
Era uma vez um lindo jardim, com todos os tipos de árvores e flores, macieiras,
laranjeiras e rosas. Todos estavam felizes e contentes.
Só havia felicidade naquele jardim, exceto para uma árvore que estava muito triste.
A pobre árvore tinha um problema: não sabia quem ela era!
“Falta-te concentração”, disse-lhe a macieira, “se realmente tentares, poderás fa-
zer maçãs deliciosas. Vê como é fácil”.
“Não dês ouvidos a ela”, interveio a roseira, “e vê como somos bonitas!”
A árvore desesperada tentou seguir todos os conselhos. Tentou produzir maçãs e
fazer as rosas florescerem, mas, sem sucesso, ficou sempre mais frustrada a cada
tentativa.
Certo dia, uma coruja chegou àquele jardim.
Ela era a mais sábia de todos as aves e, vendo o desespero da árvore, exclamou:
“Não te preocupes. O teu problema não é tão grave. É o mesmo que o de muitos
seres humanos! Eu te darei a solução: não passes a vida sendo o que os outros
querem que sejas. Sê tu mesma. Conhece-te a ti mesma e, para isso, ouve a tua voz
interior. Depois, a coruja desapareceu.
“A minha voz interior? Ser eu mesma? Conhecer a mim mesma?”, pensou a árvore
desesperada com as palavras da coruja, quando de repente entendeu. Tapou os
ouvidos, abriu o coração e ouviu a sua voz interior lhe dizer: “Tu nunca darás maçãs
porque não és uma macieira, e não florescerás a cada primavera porque não és
uma roseira. Tu és uma sequoia e o teu destino é crescer alta e majestosa. Estás
aqui para oferecer abrigo aos pássaros, sombra aos viajantes e beleza à paisagem!
Essa é a tua missão! Tens essa missão! Segue-a!”
Ao ouvir essas palavras, a árvore sentiu-se forte e confiante e parou de tentar ser
outra coisa, aquilo que os outros esperavam dela. Em pouco tempo, ela preencheu
o seu espaço e passou a ser admirada e respeitada por todos.
Só então o jardim se tornou completamente feliz.
Essa é a história da árvore triste, cheia de lições e percepções para o nosso cresci-
mento pessoal.
A mensagem desta fábula é sobre acreditar em você mesmo, aceitar-se e seguir a
sua voz interior.
Muitas pessoas perdem-se nas afirmações ou ideias dos outros, dando muito peso
às opiniões e pensamentos alheios, mas não aos próprios, acabando assim por dar
crédito a qualquer um, menos a si mesmas.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
117

6.10 Page 60

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Alike, Uma animação
05. sobre educação
e infância
www.youtube.com
watch?v=-vKOI-0P5L8
* siga as instruções na página 182
para selecionar legendas
no seu idioma preferido
118
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
06. Figura bíblicas:
Rute e Noemi
As histórias de algumas pessoas na Bíblia estão tão entrelaçadas que são qua-
se inseparáveis. Sabemos mais sobre as suas relações do que sobre os seus
personagens. Numa época que venera a personalidade, as suas histórias são
modelos úteis de boas relações. Noemi e Rute são exemplos admiráveis dessa
fusão de vidas. Suas culturas, origens familiares e idades eram muito diferen-
tes. Como sogra e nora, talvez elas tivessem tantas oportunidades de tensão
quanto de ternura. E assim elas se apegaram uma à outra.
Eles sofreram uma profunda tristeza, amaram-se profundamente e entrega-
ram-se completamente ao Deus de Israel. E, apesar da sua interdependência,
elas eram livres em seu compromisso recíproco. Noemi estava disposta a per-
mitir que Rute voltasse para sua família. Rute estava disposta a deixar a sua
casa e ir para Israel. Noemi até ajudou a organizar o casamento de Rute com
Boaz, mesmo que isso pudesse alterar a sua relação com ela.
Deus era o centro da comunicação íntima que tinham. Através de Noemi, Rute
conheceu o Deus de Israel. A velha senhora permitiu que Rute visse, ouvisse e
sentisse todas as alegrias e tristezas da sua relação com Deus.
• Quantas vezes vocês sentiram que os seus pensamentos e questionamen-
tos sobre Deus foram deixados fora de uma amizade íntima?
• Quantas vezes, exprimiram os seus pensamentos incômodos sobre Deus ao
próprio namorado/a ou aos seus amigos?
Ser abertos sobre a nossa relação com Deus pode produzir profundidade e in-
timidade à nossa relação com os outros.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
119

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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07. O franguinho
Era uma vez um galinheiro em que viviam galos, galinhas, perus e patinhos. A comu-
nidade, liderada por um galo, também incluía o “Pequeno frango”, um franguinho que
era considerado um pouco fraco da cabeça.
A vida corria alegremente no galinheiro porque todos estavam protegidos por uma
cerca grande e resistente que mantinha os predadores afastados.
Certo dia, a raposa, que queria devorar todos daquela comunidade, depois de obser-
var o cercado por um longo tempo, pensou em recorrer à psicologia.
Em um livro intitulado justamente “Psicologia”, a raposa aprendeu o seguinte con-
selho: “Para influenciar as massas, mire primeiro nos menos inteligentes”. Assim, ela
fez o franguinho acreditar que o céu estava prestes a desabar e todos estavam desti-
nados a um triste fim. A não ser que... eles deixassem a raposa levá-los, protegidos,
a uma toca. O livro diz: “Se você contar uma mentira, que não seja pequena, mas
grande”. A raposa então pegou uma cartolina azul com uma estrela pintada, jogou-a
no galinheiro fazendo-a cair na cabeça do franguinho.
O pequeno frango ficou horrorizado e, quando, falando através da cerca, a raposa
fez acreditar com que acreditasse que ela era a voz da desgraça, o franguinho correu
imediatamente para avisar o galinheiro: “O céu vai desabar!”. E, para prová-lo, mo-
strou o galo na sua cabeça.
A reação das galinhas foi imediata: “Meu Deus, que medo! O que vamos fazer? Va-
mos todos morrer”. “Não seja tolo, é só um pedaço de madeira que caiu na cabeça
do franguinho”, disse o galo, mas a raposa, ainda usando seu livro de psicologia, co-
meçou a minar a confiança das galinhas fazendo circular o boato de que o galo era
um fraco, incapaz de governar o galinheiro. Depois, ainda sussurrando através da cer-
ca, convenceu o pequeno frango: Você deve ser o verdadeiro chefe! Tem todas as
capacidades, não o galo!”.
As galinhas imploraram para que o franguinho as salvasse e ele seguiu o conselho
da raposa: não havia um minuto a perder, ele devia abrir o galinheiro e correr para se
abrigar na toca. Seria bom que a história tivesse um final feliz, mas essa história não
tem um final feliz. Na verdade, todos os moradores do galinheiro, seguindo os sinais
dados pela raposa, saíram correndo para a toca. Lá eles foram devorados e a raposa
ficou eternamente grata à psicologia.
Um a um, os animais da granja se convenceram do que o franguinho dizia, mas en-
quanto alguns realmente acreditavam na história, outros acreditavam simplesmente
porque os outros acreditavam! Em outras palavras, eles simplesmente “aderiram ao
movimento”. No final, os animais encontraram o seu destino, pois a raposa viu os
animais em pânico e os atraiu para a sua toca!
www.youtube.com/watch?v=AILy4KHBIEE&embeds_
euri=http%3A%2F%2Fwww.filmgarantiti.it%2F&sour-
ce_ve_path=MjM4NTE&feature=emb_title
*
siga as
instruções
na página 182
para
selecionar
legendas
no seu idioma
preferido
120
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
08. A técnica
da bússola
Esse diagrama diz essencialmente que sempre que você estiver para tomar
uma decisão importante, deve usá-lo.
• Colocam-se cinco simples perguntas.
• Escolham uma das 6 possíveis alternativas de ação.
• Vejamos em seus detalhes as perguntas e as linhas de ação.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
121

7.2 Page 62

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09. O dilema ético
Imaginem-se como funcionários de uma grande empresa.
Há ali uma colega chamada Ana, que trabalha no mesmo departamento.
Ela é mãe solteira e tem dois filhos pequenos.
Vocês descobriram recentemente que Ana está cometendo
fraudes nos relatórios de despesas da empresa.
Está claro que ela está tentando passar algumas
despesas pessoais como despesas comerciais
para obter um reembolso maior e aliviar a difícil
situação financeira e sustentar a família.
Depois de descobrir as ações de Ana,
vocês passaram alguns dias refletindo sobre
as possibilidades, sabendo que essa é
uma situação delicada com implicações
significativas para a Ana, a empresa
e a consciência de vocês...
122
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Páginas dos
10. diários de alguns
jovens
Caro diário,
C afmaarcmqomgsoilpdeurceansdseíoeoovejlNosseaiisaissnáaibsamjessdtmas,rpro oãldeiideemomdoourforeusee,raeoimaesmqsrndrn“iscql,auhrtahãeaoqaumpeaasoonrulervlvrefmgtoi eesiaemafffdup,useaazzamapéteieprlzinãmasiomeimenmrionrrfarud,ora,inuobscoiaomesgt,ãioecrotp loaoepocemamaerptasossscaesnedboaoispcmdodnnarnoureorpoetaepasmeremrssqicoeqsgóos aeui”agurapcnqqlbaeoueioc,rousudeiiolacncarecheomiemosemaaavcsmmenmloiaaopdqsnqtuereooas au.amuatmsrabrRr.emeats,aarRmeafdoaissloisrnfego.rco-qierrrftposEi,mbiueuoeresosfmesoi-daoaend mpe-zasdcaemddmadaoenséorerieiuzieeadlanqthei“smaomahfuàmaroaamtaeqsjsompulupaauubu oooaddlrrae-épàlsoraená.esltmsibes-ãoanAdsvlslpsonutiooesàiãaaedttsqsmusoserrvsa,uom”p,ípsa“as tpsefriopéesrtamó.eaéaa.espPcp,rmcssasNramaàrro,aossoieuãsojsotoaecononsisvascsusvatãpeG sampãcierqdorrz”omrornauóaeoeosc,sepejsibpuãrbemon,riureloensmiutetoéqestileolemraeaitibmunacssfãmtsuoecemna,daocbtrrqnsdeeoueeraoiutononrrllrn,ehàeeeost-dqsesipas.eedads,usr,voEcaãqdaie.ded-issouesnezes,-eaeã-esso
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
123

7.3 Page 63

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11. Figura bíblica:
Abisai
A maioria dos grandes líderes tem dificuldades com alguns seguidores que
vão além da conta. Para Davi, Abisai era esse tipo de seguidor. Sua lealdade
fanática a Davi precisava ser controlada para evitar que se tornasse destrutiva.
Ele estava muito disposto a sair em defesa do seu líder. Davi nunca reprimiu
a corajosa lealdade de Abisai. Pelo contrário, tentou pacientemente direcio-
nar essa poderosa energia. A abordagem, embora não tenha sido totalmente
bem-sucedida, salvou a vida de Davi em pelo menos uma ocasião. Entretanto,
em pelo menos três ocasiões, Abisai teria matado pelo rei se Davi não o tivesse
impedido.
Abisai era um excelente soldado, mas era melhor em receber ordens do que em
dá-las. Ao cumprir as ordens de Davi, Abisai geralmente estava sob o coman-
do do seu irmão mais novo, Joab. Os dois irmãos ajudavam-se mutuamente a
enfrentar grandes desafios militares e atos embaraçosos de violência. Abisai
ajudou Joab a matar Abner e Amasa. Quando ele era um líder eficaz, liderava
pelo exemplo. Mas muitas vezes, não pensava antes de agir.
As qualidades admiráveis de lealdade e coragem de Abisai devem desafiar-nos,
mas também devemos evitar a sua tendência de agir sem pensar. Não basta
ser fortes e eficazes, é preciso ter autocontrole e sabedoria que somente Deus
pode dar. Devemos seguir e obedecer com o coração e a mente.
124
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
12 .
L’amore conta
(O amor conta)
de Luciano Ligabue
Você e eu já vimos algumas - vivemos outras
E nós entendemos bem - o termo juntos.
Enquanto o sol atrás de nós se põe lentamente
E aquele sol que você gostaria que não fosse você
E então você começou a fumar novamente - a ocupar-se
Tudo correu como deveria - como poderia
Quantas migalhas ficaram para trás
Ou brindamos à nossa ou brindamos a quem você quer
O amor importa
O amor importa
Você conhece outra maneira
de enganar a morte?
Ninguém nunca diz se mais cedo ou mais tarde
E talvez algum deus ainda não tenha
terminado conosco
O amor importa
Você e eu somos as nossas vontades
Cada um com seus erros
É uma pena que essas promessas
Honestas, mas grandes
que se escolhe fazer em companhia
essa viagem em que não se pode voltar atrás
o amor importa - o amor importa
e conta os anos para quem jamais se está pronto
ninguém nunca diz que é fácil
e talvez algum deus ainda não tenha terminado com você
obrigado pela plenitude do tempo
obrigado pelo seu verdadeiro eu
obrigado pelos dentes cerrados
pelas falhas
pelos golpes de alegria
pela nossa fantasia
o amor importa
o amor importa
Você conhece outra maneira de enganar a morte?
Ninguém nunca diz se mais cedo ou mais tarde
E talvez algum deus ainda não tenha
terminado conosco.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
125

7.4 Page 64

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13. Carta das emoções e
dos sentimentos
Quando
Sentimentos /
emoções
Vejo o meu melhor
amigo
Alegria
O que penso /
faço
Decido passear
com ele
Cor
laranja
126
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
14 . Meditação guiada
com fundo musical
Havia em um vilarejo um jovem pastor chamado Lucas. Ele era conhecido pela
sua grande tranquilidade e sabedoria, que pareciam inabaláveis, mesmo nas
situações mais difíceis. As pessoas do vilarejo sempre perguntavam a Lucas
qual era o seu segredo, e ele sempre respondia: “Calma, autoconhecimento e
algumas emoções”.
Certo dia, um ancião da aldeia decidiu pedir a Lucas que compartilhasse o seu
segredo com todos. Lucas sorriu gentilmente e aceitou. Reuniu os habitantes
da aldeia debaixo de uma grande árvore centenária.
“O autodomínio”, começou Lucas, “começa com a consciência das nossas
emoções. Muitas vezes, quando sentimos emoções intensas, como raiva ou tri-
steza, somos dominados por elas”.
Fez uma pausa e apontou para um pequeno lago próximo. “Imagine que as
suas emoções são como a superfície desse lago. Quando há uma tempestade,
as ondas podem ficar altas e violentas”.
Lucas pegou um pequeno barco e levou-o até o meio do lago. “O autodomínio
é como este barco. Se você quiser dominar as suas emoções, é preciso entrar
no barco e observar as ondas desde o alto”.
Depois, Lucas entrou no barco e sentou-se em silêncio enquanto as ondas se
agitavam ao seu redor. Ele não tentou detê-las ou alterá-las, mas simplesmen-
te as observava com calma.
“Os estados de espírito passam como as ondas”, disse Lucas. “Quando as ob-
serva sem julgar e sem reagir impulsivamente, você descobre que elas acabam
se acalmando”.
Os aldeões ouviram atentamente as palavras de Lucas e compreenderam o
poder da consciência emocional. Desde aquele dia, começaram a praticar o
exercício do “barco” para dominar as próprias emoções.
Com o tempo, a aldeia tornou-se um lugar de maior compreensão e harmonia,
graças a um jovem pastor que compartilhou o seu segredo.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
127

7.5 Page 65

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15 . Meditação guiada
com fundo musical
1. Assim que você estiver tranquilo, certo de não ser interrompido, deite-se.
Feche os olhos suavemente deixando os braços ao lado do corpo, os pés caídos um de cada lado e
lentamente preste atenção no seu corpo.
2. Agora, leve a atenção aos pés e tome consciência de qualquer sensação que percebe neles.
Se não sentir nada, simplesmente registre essa sensação.
Enquanto inspira, imagine o seu respiro que entra pelo corpo chegando até os pés. Quando chegar
ali, comece a expirar deixando a respiração passar por todo o corpo e sair pelo nariz. Dessa forma,
você está inspirando pelo nariz e expirando pelos pés. Quando estiver pronto, deixe que os pés se
dissolvam pela sua mente.
Em seguida, tome consciência das canelas e dos músculos da panturrilha e das sensações na parte
inferior das pernas, não apenas na superfície, mas até os ossos, experimentando e aceitando o que
sente ali para, depois. respirar e expirar. Depois, solte a parte inferior das pernas enquanto relaxa no
tapete/colchonete. Ao chegar às coxas, se houver alguma tensão, note apenas essa sensação. In-
spire e expire para dentro e para fora das coxas. Depois, deixe as coxas se dissolverem e relaxarem.
Volte, então, a sua atenção para a bacia. De um quadril ao outro. Observe as nádegas em contato
com o colchonete/tapete e as sensações de contato e de peso. Tome consciência da região genital
e de quaisquer sensações ou ausência de sensações que esteja experimentando. Direcione a respi-
ração para a bacia, respirando com toda a bacia. E, enquanto espira, mova a respiração para cima
através do corpo e o nariz, deixe que a bacia se torne flexível e libere toda a tensão à medida que
você se afunda ainda mais num estado de consciência relaxada e quietude. Permaneça totalmente
presente em cada momento, feliz por existir e existir simplesmente aqui como está agora. Agora,
dirija a atenção para a região lombar e sinta as costas como elas são. Ao inspirar, deixe a respiração
entrar e se mover por todas as partes das costas e, ao expirar, deixe que qualquer tensão, rigidez
ou restrição do fluxo saia junto com a respiração à medida que você expira e, em seguida, solte as
costas.
Suba à parte superior das costas, sentindo as sensações nessa parte do corpo. Também pode sentir
a caixa torácica, tanto na parte posterior quanto na parte anterior. Expanda a respiração e sinta toda
rigidez, cansaço ou desconforto nessa parte do corpo, deixando-os dissolver e sair com o respiro
à medida em que se solta e mergulha ainda mais na quietude e no relaxamento. Volta a atenção
novamente ao abdômen e sente-o subir e descer conforme inspiras, preste atenção no peito con-
forme ele se expande na inspiração e se esvazia na expiração. Se puder, sintonize-se com a batida
rítmica do coração dentro do peito, sentindo-o se possível. Controle o peito, o abdome, os músculos
da parede torácica, os seios, toda a parte frontal do corpo. E agora deixe que essa região também
se dissolva no relaxamento.
Transfira a atenção para as pontas dos dedos das duas mãos juntas, tomando consciência das sen-
sações agora nas pontas dos dedos e dos polegares, onde você pode sentir alguma pulsação devido
ao fluxo sanguíneo, à umidade, ao calor ou ao que quer que sinta. Sinta apenas os dedos e expanda
128
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
a consciência para incluir as palmas, o dorso das mãos e os pulsos. Fique atento também aos ante-
braços e cotovelos e a todas as sensações, quaisquer que sejam.
Permita que o campo da consciência inclua agora dos braços aos ombros.
Sinta os ombros e, se houver tensão, respire nos ombros e braços, deixando a tensão se dissolver à
medida que respira. Solte a tensão e solte os braços, desde a ponta dos dedos até os ombros. À me-
dida que se afunda ainda mais num estado de consciência relaxada, permaneça presente em cada
momento, deixando de lado quaisquer pensamentos ou impulsos de movimento e simplesmente
vivenciando o momento.
Agora, concentre a atenção no pescoço e na garganta e sinta essa parte do corpo, experimentando
como ela se sente, talvez quando você engole e respira. Em seguida, solte-a, deixe-a relaxar e dis-
solver-se em sua mente. Tome consciência, agora, do seu rosto. Concentre-se na mandíbula e no
queixo, sentindo-os como são.
Tome consciência dos lábios e da boca. Tome consciência das bochechas... do nariz, sentindo a re-
spiração que entra e sai das narinas. Fique atento aos teus olhos e a toda a região ao redor dos olhos
e das pálpebras. Se houver alguma tensão, deixe-a sair expirando. E agora a testa: deixe-a relaxar
para liberar as emoções armazenadas. E as têmporas. E se sentir no rosto alguma emoção associa-
da à tensão ou aos sentimentos, Fique apenas atento a elas. Inspire e deixe o rosto dissolver-se em
relaxamento e quietude. E agora você deve tomar consciência das orelhas, do topo e da parte de
trás da cabeça. Deixe, então, relaxarem todo o rosto e a cabeça. Por enquanto, deixe que tudo fique
como está. Deixe-se ficar quieto e neutro. Relaxado e em paz.
Agora, deixe a sua respiração percorrer todo o corpo da maneira que lhe parecer mais natural. To-
dos os seus músculos estão em profundo estado de relaxamento. A sua mente está simplesmente
consciente dessa energia, desse fluxo de respiração. Experimente a respiração de todo o corpo.
Mergulhe sempre mais fundo num estado de quietude e relaxamento profundo. Permita sentir-se
por inteiro. Em contato com o seu eu essencial num reino de silêncio, quietude e paz.
Observe que essa quietude é curativa por si só; permite que o mundo seja como ele é, além dos
medos e preocupações pessoais. Para além da direção da sua mente de querer que tudo seja de
uma determinada maneira. Veja-te por inteiro neste momento, como você é. Totalmente presente
neste momento.
3- Ao final do exercício, leve a sua consciência de volta ao seu corpo, sentindo-o por inteiro. Re-
comenda-se que movimente os dedos das mãos e dos pés. Deixe que essa calma e centralização
permaneçam enquanto você se movimentas. Cumprimente-se por dedicar tempo para cuidar de si
mesmo dessa maneira. E lembre-se de que esse estado de relaxamento e clareza é acessível a você
simplesmente prestando atenção na sua respiração, em qualquer momento, independentemente
do que esteja acontecendo no seu dia. Deixe que a sua respiração seja uma fonte constante de força
e energia para você.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
129

7.6 Page 66

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Marcos: capitão do
16. próprio corpo e da
própria mente
Havia um jovem chamado Marcos que se sentia frequentemente sobrecarre-
gado pelas situações e emoções. Ele tinha a impressão de que os eventos ex-
ternos e as reações das pessoas determinavam o seu humor e a sua felicidade.
Muitas vezes, ele se deixava dominar pela ansiedade, raiva ou tristeza sem sa-
ber como lidar com elas.
Certo dia, Marcos decidiu que era hora de assumir o controle da própria vida e
desenvolver um maior autodomínio. E começou a explorar diversas práticas que
pudessem ajudá-lo no seu caminho.
Uma das primeiras coisas que Marcos descobriu foi a meditação. Todas as
manhãs, ele se sentava em silêncio por alguns min, concentrando a atenção
na respiração e deixando de lado os pensamentos que o dominavam. A medi-
tação permitiu que ele desenvolvesse uma maior consciência de si e das suas
emoções. Ele aprendeu a observá-las sem julgá-las e deixando-as fluir sem re-
primir ou reagir impulsivamente.
Marcos percebeu que o autodomínio também exigia tomar consciência do seu
corpo. Começou a praticar ioga, o que lhe permitiu conectar-se com o seu corpo
e experimentar uma sensação de equilíbrio e calma interior. Por meio dos áss-
anas (posturas de ioga) e da respiração consciente, Marcos aprendeu a contro-
lar o estresse e a relaxar a tensão física.
O autodomínio, porém, não se referia apenas ao indivíduo, mas também à re-
lação com os outros. Marcos percebeu que precisava aprender a comunicar-se
de forma assertiva e estabelecer limites saudáveis. Começou a praticar a arte
da escuta ativa, dando espaço aos outros e tentando entender as próprias per-
spectivas sem deixar que as suas emoções o dominassem. Ele aprendeu a dizer
“não” quando necessário e a defender as suas necessidades e os seus valores
de modo respeitoso.
Com o passar do tempo, Marcos notou algumas mudanças significativas em sua
vida. Sentiu-se mais sereno e confiante. As situações difíceis já não o oprimiam
como antes. Aprendeu a administrar as emoções e a tomar decisões conscien-
tes em vez de reagir impulsivamente.
O autocontrole tornou-se parte essencial da vida de Marcos. Ele continuou a
cultivar as práticas que havia aprendido e a explorar novas maneiras de desen-
volver maior consciência de si mesmo e dos outros.
Ele acordava todos os dias com a determinação de viver plenamente e de ser
o capitão do seu navio. Apesar dos desafios que a vida lhe apresentava, ele sa-
bia que o verdadeiro autocontrole estava na sua capacidade de responder con-
scientemente em vez de reagir ide modo impulsivo.
130
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
17. Figura bíblica:
Priscila e Áquila
Alguns casais sabem como tirar o máximo proveito de suas vidas. Eles se com-
pletam, exploram os pontos fortes um do outro e formam uma equipe eficaz.
Seus esforços conjuntos têm um impacto sobre as pessoas ao redor. Áquila
e Priscila formavam um casal assim. Eles nunca são mencionados separada-
mente na Bíblia. No matrimônio e no ministério, estavam sempre juntos.
Priscila e Áquila conheceram Paulo em Corinto, durante a segunda viagem mis-
sionária do Apóstolo. Eles tinham acabado de ser expulsos de Roma por causa
do decreto do imperador Cláudio contra os judeus. A casa deles era tão móvel
quanto as tendas que construíam para se sustentar. Eles abriram sua casa a
Paulo, que trabalhou com eles fazendo tendas. Paulo abriu-lhes o coração, en-
sinando-lhes a riqueza da sua sabedoria espiritual.
Priscila e Áquila aproveitaram ao máximo a sua formação espiritual. Escutavam
atentamente os sermões e os avaliavam. Quando ouviram Apolo falar, ficaram
impressionados com a sua capacidade oratória, mas concluíram que o con-
teúdo da sua mensagem não era completo. Em vez de um confronto aberto,
eles convidaram Apolo em particular à sua casa e o instruíram sobre o que ele
precisava saber. Até aquele momento, Apolo sabia o que João Batista tinha dito
em sua mensagem sobre Cristo. Priscila e Áquila contaram-lhe sobre a vida
de Jesus, a sua morte e ressurreição, e a realidade da presença de Deus no
Espírito Santo. Apolo continuou a pregar com autoridade.
Priscila e Áquila continuaram a usar a sua casa como um local agradável de
preparação e culto. Em Roma, muitos anos depois, eles patrocinaram uma das
igrejas domésticas que ali se desenvolveram.
Numa época em que nos concentramos principalmente no que acontece entre
marido e mulher, Áquila e Priscila são um exemplo do que pode acontecer en-
tre marido e mulher. A sua unidade efetiva fala da relação que tinham um com
o outro. A sua hospitalidade abriu a porta da salvação para muitos. O lar cristão
ainda é um dos melhores instrumentos para divulgar o Evangelho. Os teus con-
vidados encontram Cristo na tua casa?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
131

7.7 Page 67

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Um pai conta
18. à suwa filha o que são
as emoções
www.youtube.com/watch?v=3UqBtN094nI
O vídeo mostra alguns trechos do texto de Giovanni Ariano (Diventare uomo
2. Antropologia della psicoterapia d’integrazione strutturale, Armando Editore.
pp. 209-226).
19. Comment
je me sens?
* siga as instruções na página 182 para selecionar legendas no seu idioma preferido
132
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
133

7.8 Page 68

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Ficha de
20. administração
das emoções
A
CONTEXTO
Onde estou?
B
EMOÇÃ
O que estou
vivendo?
O que vivi?
C
PENSAMENTO
No que
eu estava
pensando?
E
AÇÃO
O que eu fiz
depois?
F
DESATIVE
Que ideia
irracional está
escondia
debaixo disso?
134
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Carta dos direitos
às emoções
01.
02.
03.
04.
05.
06.
07.
Estes são os direitos que queremos garantir a
cada criança, adolescente, jovem, adulto.... a
cada pessoa!
AS EMOÇÕES NÃO SÃO NEM POSITIVAS NEM NEGATIVA,
ELAS EXISTEM!
Cada emoção è uma mensagem, dizem-nos alguma coisa de importante e
sevem-nos para alguma coisa...
A EMOÇÃO NÃO É O COMPORTAMENTO:
a emoção está SEMPRE OK. O comportamento pode ser punível.
CADA UM TEM O DIREITO DE CHORAR, DE FICAR CALADO
E DE FICAR SOZINHO
FICAR COM RAIVA É NATURAL, o importante é respeitar os outros, cuidar
de si mesmos e respeitar as coisas.
TODOS TÊM O DIREITO DE SORRIR OU RIR AO MENOS CINCO
VEZES POR DIA.
TODOS TÊM O DIREITO DE SENTIR RAIVA, FICAR TRISTE, ASSU-
STADO, DESGOSTOSO, ENAMORADO, FELIZ, ENTUSIASMADO,
ORGULHOSO... respeitando as coisas, as pessoas, os lugares e as sensibilida-
des diferentes das próprias.
TODOS TÊM O DIREITO DE SER OUVIDOS SEM PRECONCEITOS,
DE PEDIR CONSELHOS... e de não os escutar e recusá-los se não os
pediram.
LEMBREMO-NOS DISTO EaPasCjroNucmeahddudTixmoanoetoiarassgrm.dad)truq,eo-ooénsgmussmpeãrana.aooipóstprjoiussodnpirdgdãeóodanxeosdorip”,efprq!ierm!côafu!raí!riisoemveiemsacmexag,npnotdetrrosaiiúsme-tmavltmoeiirordzoposaaaceu.eipra.om.nmrsnãóoiaeptoçeml.r,õ,iMaoaeeçlsaeonõ,sgpãeqreiosuinlaaeidpã,soopaosdnod.eãdommoeuimtrosraãossçsoouãobcroguer,iirgardtaamienrsmoennsroiepn(nqmegsurutareaéadrnmrradaqmaoduaes“esnsine.et.ter.ror.aee-las
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
135

7.9 Page 69

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21. Os valores da vida
No profundo do seu íntimo, o que é importante para você?
O que você quer que a sua vida seja para si?
Que tipo de qualidades quer desenvolver como pessoa?
Como quer RELACIONARSE com os outros?
Os valores são os desejos mais profundos do nosso coração sobre como que-
remos interagir e relacionar-nos com o mundo ao nosso redor, com as outras
pessoas e conosco mesmos. Eles são os princípios orientadores que podem nos
guiar e motivar em nosso caminho ao longo da vida.
Valores e objetivos não são a mesma coisa.
Os valores são as direções para as quais continuamos a caminhar, enquanto os
objetivos são aquilo que desejamos obter ao longo do caminho. O valor é como
ir para o leste; o objetivo é como a montanha ou o rio que queremos atraves-
sar enquanto caminhamos nessa direção. Os objetivos podem ser alcançados e
cancelados da lista, enquanto os valores são um processo constante. Por exem-
plo, se você quiser ser um parceiro afetuoso e carinhoso, isso é um valor, um
processo contínuo. Se você deixar de ser carinhoso e atencioso, não será mais
um parceiro carinhoso e atencioso; não estará vivendo à luz desse valor. Caso
contrário, se você pensa em casar-se, esse é um objetivo: pode ser alcançado e
cancelado da lista. Uma vez casado, estará casado, mesmo que comece a tratar
mal o parceiro. Se quer um emprego melhor, esse é um objetivo. Quando você o
obtém, o objetivo é alcançada. Mas se quiser dar o seu melhor no trabalho, isso
é um valor, um processo constante.
136
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
22. Avaliação dos
valores da vida
Âmbito de
aplicação
Módulo de avalição dos valores
Direção
valorizada
Que
importância
eu lhe dou?
Quanto eu
consegui viver
à altura desse
valor no último
mês?
Prioridades
Casal /
relações
intimas /
Matrimônio
escreva um
breve resumo,
em uma ou
duas frases,
ou em poucas
palavras-chave
0 > pouco
importante
10 > muito
importante
0 > nada
10 > muito
ordem da mais
alta à mais
baixa
Genitorialidade
Amigos /
vida social
Trabalho
Instrução /
formação
Tempo livre /
entretenimento
Espiritualidade
Empenho
cívico / vida
comunitária
Cuidado de si /
bem-estar físico
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
137

7.10 Page 70

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23. O centro do alvo
trabalho /
estudo
tempo livre
crescimento
pessoal /
saúde
Vivo
plenamente
segundo os
meus valores
Não estou em
contato com os
meus valores
relações
138
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
24. Figura bíblica:
Maria
A maternidade é um privilégio doloroso. A jovem Maria teve
o privilégio único de ser a mãe do mesmo Filho de Deus. No
entanto, as dores e os prazeres da sua maternidade são com-
preensíveis para qualquer mãe. Maria foi o único ser humano
presente desde o nascimento de Jesus até a sua morte. Ela o
viu nascer como seu filho e o viu morrer como seu Salvador.
Até a visita surpresa de Gabriel, a vida de Maria caminhava tão
bem quanto ela poderia esperar. Há pouco ficara noiva de um
carpinteiro local, José, e estava ansiosa pelo casamento. No
entanto, a vida de Maria mudaria para sempre.
Os anjos não costumam agendar encontros antes da sua visita.
Como se estivessem congratulando-se com Ela como a ven-
cedora de uma competição da qual nunca participara. Maria
achou a saudação do anjo intrigante e a sua presença angu-
stiante. O que Ela ouviu de repente foi a notícia que quase to-
das as mulheres de Israel esperavam ouvir: o seu filho seria o
Messias, o Salvador prometido. Maria não duvidou da mensa-
gem, mas perguntou como seria possível a concepção. Gabriel
respondeu que a criança seria o Filho de Deus. A resposta de
Maria foi a que Deus espera, mas não recebe de muitos: “Eis
aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”
(Lucas 1,38). Depois disso, o seu cântico de alegria para Isabel
mostra como Ela conhecia bem a Deus, os seus pensamentos
estavam cheios de palavras do Antigo Testamento.
Algumas semanas depois do seu nascimento, Jesus foi levado
ao templo para ser consagrado a Deus. Lá, José e Maria en-
contraram dois profetas, Simeão e Ana, que reconheceram a
criança como o Messias e louvaram a Deus. Simeão dirigiu al-
gumas palavras a Maria que Ela deve ter lembrado várias vezes
nos anos seguintes: “Uma espada transpassará a tua alma”
(Lucas 2,35). Grande parte do privilégio doloroso da materni-
dade seria ver o seu Filho rejeitado e crucificado por aqueles
que ele viera salvar.
Podemos imaginar que, mesmo se soubesse o que sofreria
para ser a mãe de Jesus, ela teria reagido da mesma forma.
E você? Está disposto, como Maria, a deixar-se usar por Deus?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
139

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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25. Fato de crônica
“No início do verão passado, uma notícia
grave chocou o mundo. Um homem arma-
do entrou num cinema lotado nos Estados
Unidos e abriu fogo, matando e ferindo um
grande número de espectadores. Naquele
dia, o público era composto em sua maioria
por jovens e famílias com crianças. O noti-
ciário transmitiu várias entrevistas com as
pessoas presentes. Em geral, o fato chocou
a todos os entrevistados.
O sentimento que brotou em todos foi de
medo, ainda presente nos olhos de homens
e mulheres, pais e mães, jovens e crianças
entrevistados.
Entre as pessoas naquele cinema havia,
porém, uma que não parecia ter sido nem
um pouco afetada pelo que havia aconteci-
do. Ele não chorou, não demonstrou medo,
mas, ao contrário, parecia serena como se
nada tivesse acontecido.
Era uma criança que não devia
ter mais de um ou dois anos
de idade, dormindo nos braços
do seu jovem e choroso pai”.
140
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
26. Ante de tudo
o homem
Poema “Ante de tudo o homem”
Nazim Hikmet
Não viva nesta Terra
como um estranho
e como um sonhador errante.
Viva neste mundo
como na casa de seu pai:
acredite na semente, na terra, no mar,
mas, antes de tudo, acredite no homem.
Ame as nuvens, as máquinas, os livros,
mas, antes de tudo, ame o homem.
Sinta a tristeza do galho que seca,
da estrela que se apaga,
do animal ferido que agoniza,
mas, antes de tudo, sinta a tristeza
e a dor do homem.
Eles lhe deem alegria
todos os bens da terra:
a sombra e a luz lhe deem alegria,
as quatro estações lhe deem alegria,
mas, sobretudo, com as mãos cheias,
o homem lhe dê alegria!
Natim Hikmet (1901 - 1963)
foi um poeta e escritor turco
naturalizado polonês e è considerado
um dos mais importantes poetas
turcos da época moderna.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
141

8.2 Page 72

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27. Profumo
(Perfume)
de Max Pezzali
Até mesmo a neblina tem um odor inconfundível
Misto de madeira queimada e folhas úmidas
Tem gosto de outono e de um canal turvo
Tem gosto de escola e frio no estômago
Tem gosto da minha cidade, tem gosto da univer-
sidade
Tem gosto de manhã, tem gosto de sono atrasado
Tem gosto de fuligem e também um pouco de mim
O que eu sou e o que eu fui
Há um perfume que passa e que vai embora
Parece afastar-se, mas depois voltará
Há um perfume que com o seu rastro
Fica na memória e não quer ir embora
Recordo a primeira vez que cheguei a Nova Iorque
Impressionou-me logo o seu odor intenso
De todo tipo de fritura imaginável
De todo tipo concebível de comida
E de cafeteria
De ferro e ferrovia
Que do metrô sobe e escorrega pela rua
Aromas de butique
Sujeira e líquidos
O odor tórrido do mundo que se transforma
Há um perfume que passa e que vai embora
Parece afastar-se, mas depois voltará
Há um perfume que com seu rastro
Fica na memória e não quer ir embora
Há um perfume que passa e vai embora
Parece afastar-se, mas depois voltará
Há um perfume que, com o seu rastro
Agarra-se à memória e não quer ir embora
E o sofá que tem odor de couro macio
De pizza aos pedaços e de cumplicidade
Velas à baunilha e filmes na TV
E aqueles produtos que você sempre borrifa por aí
Reconhecível
Indescritível
Não se assemelha a uma coisa específica
Está em todos os cômodos e
Me faz sentir que
É o meu perfume, é o odor de casa
Há um perfume que passa e vai embora
Parece que vai embora, mas depois voltará
Há um perfume que com o seu rastro
Parece afastar-se, mas depois voltará
Há um perfume que passa e vai embora
Parece ir embora, mas depois voltará
Há um perfume que, com o seu rastro
Agarra-se à memória e não quer ir embora
Há um perfume que passa e vai embora
Parece ir embora, mas depois voltará
Há um perfume que, com o seu rastro
Agarra-se à memória e não quer ir embora...
142
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Passa il favore
28. do filme “Um sonho
para amanhã”
www.youtube.com/watch?v=vYc5v8_VAZs
(italiano)
www.youtube.com/watch?v=B5UZ_9husMo
(inglês)
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
* siga as instruções na página 182
para selecionar legendas
no seu idioma preferido
143

8.3 Page 73

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29. Benvenuto
(Bem-vindo)
de Laura Pausini
A você que perdeu o caminho de casa, mas vai
Aonde seus pés o levam e você sabe
Que você é livre
Em seus sapatos encharcados.
A você que tem palavras más apenas porque
Não soube esclarecer-se consigo mesmo
A quem suplica
E depois se esquece
A quem não tem um segredo para sussurrar
Mas uma mentira a desvendar
A quem não pede perdão
Mas que o terá
Bem-vindo a um grito que comove
A um céu que promete neve
Bem-vindo a quem sorri, a quem que desafia
A quem troca os seus conselhos com os teus
Bem-vindo a um trem para o mar
E que chega a tempo para o Natal
Bem-vindo a um artista, à sua paixão
Bem-vindo àquele que jamais mudará
A um ano de nós
A esta lua que realiza sonhos ou os dá
Ou os esconde em oportunidades
A quem escorrega
A quem se maquia no carro
E bem-vindo seja este longo inverno
Se ele nos ajudar a crescer
A quem que tem coragem
E a quem ainda não a têm
Bem-vindo ao grito que comove
A um céu que promete neve
Bem-vindo a quem se despe, por ofício ou vontade
E às estrelas pede ajuda ou piedade
Bem-vindo à dúvida das esposas
Ao minuto cheio de surpresas
Bem-vindo ao músico, à sua canção
E aos acordes que se tornam meus
A um ano de nós
Ao descanso que virá (stop, stop, stop) a todo resto
A tudo o que virá (stop, stop, stop) tudo isso
A todo o resto então, pois quem sabe (stop, stop, stop) todo
o resto
E então
Stop
Bem-vindo ao grito que comove
Ao céu que promete neve
Bem-vindo a quem sorri, a quem desafia
E a quem troca os seus conselhos com os teus
Bem-vindo ao para o mar
Que cintila e chega a tempo para o Natal
Bem-vindo ao artista, à sua intuição
Bem-vindo ao novo ano para nós
A um ano de nós
Um ano para nós
Para tudo e para nós
Um ano de nós
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
30. Teste: Você é
capaz de acolher?
1. Os dependentes de drogas são jovens que:
a. não entendem nada;
b. são problemáticos;
c. não querem fazer nada;
d. são incapazes de pedir ajuda;
e. devem ser punidos;
f. não merecem consideração;
g. não dão a mínima para os outros;
h. podem sair da escravidão das drogas
2. Os “limpadores de para-brisa” são pessoas que:
a. não querem trabalhar;
b. tiram os empregos regulares;
c. estão em situação difícil;
d. vivem na miséria no próprio país ou região;
e. devem ser removidos;
f. poderiam ser “regularizados”;
g. são trapaceiros;
h. estão tentando sobreviver.
3. Os idosos são pessoas que:
a. já viveram a própria vida;
b. impedem que os filhos vivam a própria vida;
c. ainda têm muitos recursos;
d. optam pelos asilos porque não os querem em família;
e. sempre devem ser colocados em asilos;
f. não produzem e atrapalham;
g. têm o direito de viver inteiramente as próprias vidas;
h. poderiam ser ajudados a viver a sua solidão.
4. As pessoas com limitações:
a. não devem ser consideradas como tais;
b. não entendem, porque não contam;
c. podem encontrar o próprio lugar na sociedade;
d. têm direitos que devem ser protegidos;
e. rendem pouco, portanto, é melhor não as contratar;
f. podem melhorar com um trabalho adequado;
g. podem ser responsáveis;
h. são um fardo para os outros.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
145

8.4 Page 74

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31. Figura bíblica:
Saul
A primeira impressão pode enganar, especialmente quando a imagem criada
pela aparência de uma pessoa é contrariada pelas suas qualidades e capaci-
dades. Saul era a imagem visual ideal de um rei, mas as suas tendências de
caráter para um rei eram muitas vezes contrárias aos mandamentos de Deus.
Saul era um líder escolhido por Deus, mas isso não significava que ele fosse
capaz de ser rei por si mesmo.
Durante o seu reinado e enquanto obedecia a Deus, Saul teve grandes suces-
sos. Seus grandes fracassos ocorreram quando agiu sozinho. Saul tinha as ma-
térias-primas para ser um bom líder: visão, coragem e ação. Até mesmo as suas
fragilidades poderiam ter sido usadas por Deus se Saul as tivesse reconhecido
e colocado nas mãos de Deus. Suas decisões o separaram de Deus e, no final,
também o separaram do seu povo.
Com Saul, podemos aprender que, embora os nossos pontos fortes e capaci-
dades nos tornem úteis, são as nossas fraquezas que nos tornam inúteis. As
nossas capacidades e os nossos talentos fazem-nos instrumentos, mas os nos-
sos fracassos e recuos lembram-nos de que precisamos de um artífice para
controlar a nossa vida. Tudo o que podemos fazer por conta própria é apenas
um indício do que Deus poderia fazer através da nossa vida.
146
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
32. O jardim
dos limites
Encontre um lugar tranquilo, possivelmente ao aberto, onde você possa estar
sozinho e sem distrações.
Levando à meditação:
1. Imagine que você está num jardim.
Ele representa a sua vida e a sua liberdade. Observe as árvores, as flores
e a vegetação ao redor. Esse espaço representa o seu âmbito pessoal de
ação e de possibilidades.
2. Dê uma volta ao redor do jardim e observe os limites ao redor.
Você pode ver cercas, muros ou árvores delimitando a área do jardim.
Esses limites representam as regras, as responsabilidades e as limitações
presentes na sua vida.
3. Reflita sobre o significado dos limites e das fronteiras.
Pense neles como elementos que nos protegem e orientam, além de permi-
tir-nos estabelecer prioridades e valores na nossa vida.
4. Reserve um momento para meditar sobre como as fronteiras e os limi-
tes podem afetar a sua liberdade. Pergunte-se se você se sente limitado
por essas restrições ou se, pelo contrário, elas permitem que você viva
uma vida mais equilibrada e significativa.
5. Agora, imagine que você está fora do jardim, num espaço aberto sem
limites.
Isso representa a liberdade total. Pergunte-se como você se sente nesse
lugar sem limites, se se sente mais seguro ou se percebe a necessidade de
limites para guiá-lo e protegê-lo.
6. Retorne ao jardim e anote o que aprendeu durante este exercício.
O que você descobriu sobre a sua relação com os limites e a liberdade? Há
alguns aspectos da sua vida em que você sente a necessidade de estabe-
lecer novos limites ou expandir o seu âmbito de liberdade?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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8.5 Page 75

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Nella terra dei giocattoli
33. (Na Terra dos brinquedos)
dos Pooh
Na terra dos Brinquedos
Se você gosta de liberdade
Na Terra dos Brinquedos
Todo dia uma novidade
Há de tudo, de tudo e muito mais
Na maior festa que existe
Você pode encontrar de tudo
Dia e noite cantando e dançando
Você nunca vai dormir
Pizza e Coca-Cola, nada de estudar
Há apenas uma escola e você não sabe
onde fica
Não há professores ou zeladores
Que estão em cima de você
Até os cachorros são mais bonitos
E todos eles têm um osso
Então, se você não quiser escovar os dentes
Aqui não há ninguém para estressá-lo
Na terra dos brinquedos
Todo dia é uma novidade
Você não pode acreditar nos seus olhos
Se você gosta de liberdade
Rápido, largue tudo e entre
Há de tudo, mas tudo mesmo e muito
mais
A quem consegue comer mais sorvete
Dão um 10 com louvor
Você pode ver até os filmes mais proibi-
dos
Com mulheres nuas
Música alta e estridente
Mascar chiclete o tempo que quiser
Na terra dos brinquedos
Se você chegar lá, nunca mais sairá
Paredes cheias de rabiscos
Nada de história ou geografia
Apresse-se, largue tudo e entre nela
Há de tudo, mas de tudo mesmo e muito
mais
Na terra dos brinquedos
Se você gosta de liberdade
Na terra dos brinquedos
Todo dia uma novidade
(Há de tudo e tudo mesmo, se você
quiser)
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
34. A borboleta
e a gaiola
Havia uma pequena borboleta chamada Aurora. Ela era fascinada pelo mundo ao seu redor e
queria explorar cada canto da floresta onde vivia. Todos os dias, esvoaçava entre as flores e
dançava com o vento, desfrutando da sua liberdade sem limites.
Um dia, enquanto voava nos limites da floresta, Aurora notou uma gaiola prateada pendurada
em um galho. Dentro da gaiola, havia um passarinho chamado Leo. O seu canto era triste e me-
lancólico, e Aurora aproximou-se para ver o que havia de errado.
“Por que você dentro dessa gaiola, passarinho?”, perguntou Aurora, preocupada.
Leo respondeu com um suspiro: “Fui capturado por um caçador e preso aqui. Tiraram a minha
liberdade de voar e cantar livremente”.
Aurora ficou triste por Leo e decidiu ajudá-lo. No entanto, Leo alertou-a sobre os perigos de
deixar os limites da floresta. “A liberdade pode ser perigosa, querida borboleta. A floresta é o
meu mundo seguro e, fora dela, há muitos perigos que eu não conheço”.
Apesar do aviso de Leo, Aurora não conseguiu ficar indiferente. Ela queria ajudar o passarinho a
recuperar a liberdade. Então, decidiu procurar uma solução. Voou pela floresta, pedindo ajuda
aos outros animais.
Encontrou Sabina, uma sábia coruja, que a aconselhou: “A liberdade é preciosa, mas os limites
nos protegem de perigos desconhecidos. Se quiser ajudar o Leo, precisa encontrar uma maneira
de fazê-lo sem arriscar a segurança dele”.
Aurora entendeu que precisava respeitar tanto a liberdade de Leo quanto os limites da floresta.
E decidiu pedir ajuda a todos os animais da floresta para construir um túnel secreto que o levas-
se para fora da gaiola. Dessa forma, Leo poderia ficar livre para explorar o mundo sem sair da
segurança da floresta.
Após dias de trabalho árduo, o túnel foi concluído. Leo saiu da gaiola e, com grande alegria, voou
para fora dos limites da floresta pela primeira vez. No entanto, ele tinha um sentimento de grati-
dão para com a floresta e suas regras que o protegeram durante a sua prisão.
Daquele dia em diante, Aurora e Leo se tornaram grandes amigos. De tempos em tempos, Leo
fazia o seu voo de exploração para fora da floresta, mas sempre com a certeza de que retornaria
ao seu mundo seguro.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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8.6 Page 76

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Ficha sobre as
35. comunicações
difíceis
Os participantes devem anotar na folha o momento de comunicação difícil ou estressante que viveram.
Devem tentar responder às perguntas sobre a experiência da melhor forma possível depois tê-la vivenciado
36. Figura bíblica:
Sara
Talvez não haja nada mais difícil do que esperar, quer estejamos esperando por
algo bom, ruim ou desconhecido.
Uma das maneiras pelas quais às vezes lidamos com uma espera longa (ou me-
smo curta) é quando começamos a ajudar Deus a colocar o Seu plano em ação.
Sara tentou fazer isso. Ela era muito velha para acreditar que poderia ter um filho,
então achou que Deus tinha outra coisa em mente. Do ponto de vista limitado
de Sara, isso só poderia acontecer dando um filho a Abraão por meio de outra
mulher, um costume comum naqueles tempos. O plano parecia completamente
inofensivo. Abraão dormiria com a escrava de Sara para conceber um filho. Sara
tomaria a criança como sua. No início, o plano se desenrolou muito bem. Mas, ao
ler o que aconteceu mais tarde, ficamos surpresos com a quantidade de vezes em
que Sara se arrependeu de ter decidido apressar o plano de Deus.
Outra maneira de lidar com uma longa espera é quando gradualmente concluím-
os que o que estamos esperando nunca acontecerá. Sara esperou noventa anos
por um filho! Quando finalmente Deus disse que ela teria o seu filho, ela riu, não
tanto por falta de fé no que Deus poderia fazer, mas por duvidar do que Ele pode-
ria fazer por meio dela. Quando foi repreendida pelo seu riso, ela mentiu, como
havia visto seu marido fazer em algumas ocasiões. Provavelmente, ela não queria
revelar os seus verdadeiros sentimentos.
Neste momento, que situações da sua vida parecem estar “à espera”?
Elas poderiam fazer parte do plano de Deus para você?
A Bíblia contém muitas instruções claras para nos manter ocupados enquanto
esperamos que algo específico aconteça em nossa vida.
O PDF pode ser baixado de:
https://interessere.info/io-lo-chiedo-amnesty-international/ digitando a senha: amnesty2020
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8.7 Page 77

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Identificando
37. uma farsa: como
desmascará-la?
É possível apresentar aos jovens um guia rápido para reconhecer notícias falsas (e desma-
scará-las), embora seja importante deixar claro que essa lista não deve ser tomada como
uma espécie de manual de referência a ser aplicado de forma mecânica e acrítica, pois é
sempre adequado avaliar as circunstâncias caso a caso.
1. A farsa vem em geral de fontes não sérias e não confiáveis, como jornais com nomes de-
sconhecidos ou que imitam parcialmente o nome de revistas e jornais conhecidos e im-
portantes. As redações profissionais, embora não estejam imunes a fraudes, geralmente
verificam as notícias antes de publicá-las.
2. As pessoas citadas são realmente especialistas no assunto sobre o que estão falando?
Mesmo uma personalidade confiável, até mesmo um ganhador de Prêmio Nobel, pode
cometer erros se sair do seu âmbito.
3. A notícia é comunicada em estilo sensacionalista ou apresentada como uma verdade al-
ternativa “do que ninguém quer que se saiba” ou, novamente, como uma solução fácil e
rápida para um problema complexo? É muito provável que seja uma farsa.
4. Os sites honestos mais conhecidos já estão falando sobre isso e negando-o? A fraude está
bem estabelecida.
5. A mensagem difunde ódio ou hostilidade contra uma categoria de pessoas ou identifica
um suposto inimigo, transformando-o em bode expiatório? Esse é um mecanismo extre-
mamente perigoso que geralmente acompanha a difusão de notícias falsas (fake news).
6. São citadas evidências sérias em apoio às teses relatadas ou tudo é vago, apesar do tom
triunfalista? Se esse for o caso, deve-se suspeitar.
7. A afirmação é tão paradoxal que parece absurda? Pode ser uma piada: verifique se ela
vem de jornais cujo objetivo é publicar notícias irônicas ou ridículas.
Diferença entre
38. golpe online e
phishing
A diferença entre um golpe online e uma tentativa de roubo de identidade (phi-
shing) é esta:
GOLPE ONLINE
O golpe online é uma ação enganosa com o objetivo de roubar uma pessoa ou
organização, sem especificar o método usado. Pode incluir vários tipos de ci-
ladas, como ofertas excessivamente vantajosas, vendas de produtos falsos ou
serviços inexistentes, solicitações enganosas de ajuda financeira e muito mais.
O golpe online pode ocorrer por e-mail, mídia social, sites, aplicativos ou outras
plataformas digitais.
TENTATIVO DE ROUBO DE IDENTIDADE (PHISHING)
O phishing é um tipo específico de golpe online em que um fraudador envia
mensagens ou e-mails enganosos que parecem vir de fontes confiáveis, como
bancos, instituições financeiras ou serviços online. O objetivo do phishing é
enganar as pessoas para fornecerem informações pessoais, como nomes de
usuário, senhas, números de cartão de crédito ou outras informações confi-
denciais. Os links nas mensagens de phishing podem direcionar as vítimas
para sites falsos que tentam roubar suas senhas ou informações financeiras.
Em síntese, a tentativa de phishing é um subtipo de golpe online que envol-
ve mensagens enganosas e sites falsos para obter informações confidenciais,
enquanto o golpe online pode incluir uma ampla gama de ardis sem se limitar
especificamente ao phishing.
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8.8 Page 78

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Educar para a palavra
39. na era digital: um desafio
novo e complexo
Cresceram com pão e tablets e desenvolveram uma nova maneira de viver, comunicar-se
e lidar com os sentimentos, diversamente do que acontecia no passado. São os jovens da
Geração Z, também conhecidos como Zedders, nascidos entre 1995 e 2010. Protagonistas
de um salto geracional diferente, foram os primeiros na história da humanidade a ter aces-
so à Internet desde o nascimento.
Os GenZs consideram a navegação na Web como parte integrante de própria vida cotidiana
e veem os dispositivos digitais quase como uma extensão de seus corpos. Mais do que para
qualquer outro, a mídia é para eles um elemento de identidade fortemente estrutural no
seu dia a dia.
Tomar consciência de que a multimídia, ou seja, a possibilidade de interação entre as míd-
ias, transformou o ambiente digital em uma verdadeira dimensão existencial é o primeiro
passo necessário para reconhecer e analisar as novas fronteiras da comunicação de ódio,
fronteiras que nossos jovens cruzam com uma frequência preocupante e, muitas vezes,
sem percebê-lo.
DISCURSOS DE ÓDIO, BULISMO CIBERNÉTICO E ZOOMBOMBING (bombardeio)
No mundo sempre mais conectado das redes sociais e das comunicações digitais, sur-
gem desafios significativos relacionados ao abuso dessa tecnologia. Entre eles estão o
discurso de ódio, o bulismo cibernético e o zoombombing, fenômenos que desafiam a
liberdade de expressão, a segurança online e o bem-estar psicológico dos indivíduos.
O hate speech, ou discurso de ódio, manifesta-se através da incitação ao ódio, à discri-
minação e difusão de preconceitos baseados em características pessoais, como raça,
religião ou orientação sexual. Esse tipo de comunicação, geralmente realizada nas redes
sociais, pode ter consequências graves, desde incitar à violência até criar divisões sociais.
O bulismo cibernético, , por sua vez, é um fenômeno de assédio e bulismo online, com
consequências devastadoras para as vítimas, que geralmente sofrem danos psicológic-
os, diminuição da autoestima e problemas sociais.
Enfim, o zoombombing é uma forma de interrupção indesejada de videoconferências
online (bombardeio), que evidenciou a vulnerabilidade da segurança das plataformas de
comunicação digital.
Essas questões levantam temas importantes sobre a responsabilidade individual e cole-
tiva no uso das tecnologias digitais, a importância da segurança online e a necessidade
de promover a cultura de respeito e tolerância. Nesse contexto, é fundamental examinar
as consequências do discurso de ódio e do assédio online para enfrentar os desafios do
mundo digital contemporâneo.
154
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
As consequências do discurso de ódio podem ser muito graves. O homem é, por defi-
nição, um animal social. Precisamos sempre de um intercâmbio contínuo e incessante
com nossos semelhantes. A maior parte das pessoas não pode deixar de participar da
vida de uma comunidade desde a menor, a unidade familiar, até as maiores agregações.
A colaboração, lealdade e solidariedade deveriam ser os pilares de toda relação humana,
mas nem todos são capazes de RELACIONARSE com os outros de forma equilibrada e
correta. De fato, há pessoas que, sem qualquer motivo, prevaricam contra os outros. Elas
colocam em movimento o que o Prêmio Nobel Toni Morrison definiu como alteração, o
“processo de inventar o outro”.
A CASA DAS PALAVRAS: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
A escola é a casa das palavras. É o lugar onde a pessoa pode expandir e consolidar o
alfabeto da socialidade e da afetividade. Sobretudo, porém, é o espaço onde também
acontece algo único. Em geral, é em seu perímetro que ocorre o encontro mais proveitoso
com os livros que chamamos de clássicos, as obras imortais que nos permitem entrar em
contato, de forma íntima e profunda, com a essência do ser humano. As escolas podem
ser uma barreira importante para o discurso e os fenômenos de ódio e ajudar-nos a con-
trastá-los.
Trazer os clássicos de volta ao centro da atividade educativa tem, de fato, um duplo obje-
tivo. Dá aos adolescentes e jovens um número crescente de vocábulos e restaura o seu
gosto pela reflexão. Em outras palavras, cria um sistema necessário de contrapesos para
restaurar a completude e consistência da teia comunicativa da juventude e subtraí-la do
domínio do imediatismo e da imprecisão semântica.
Ao ler, parafrasear, comentar e interpretar as obras dos grandes autores, os participantes
podem apreender o valor das palavras e voltar a servir-se delas com atenção. Estudos
neurocientíficos sobre o “cérebro que lê” (Maryanne Wolf) e os neurônios em atividade
durante a leitura (Stanislas Dehaene) confirmam que há uma relação de causa e efeito
entre “a qualidade da leitura e a qualidade do pensamento”. Eles também nos dizem que
somente a leitura profunda, lenta e atenta pode garantir o nosso crescimento cognitivo,
intelectual, afetivo-relacional e ético de nós, seres humanos.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
155

8.9 Page 79

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40. Bella
(Bonito)
de Chadia Rodriguez
Meu nome é Mulher
Eu vivo com defeito e vergonha
Ando de salto alto e saia curta
Se eu for muito magra ou muito redonda
Já me chamaram de “magrela” e “baleia”
Gritaram na minha cara e sussurraram nas
minhas costas
Já me chamaram de freira, vagabunda, tola
Sem maquiagem, sem esmalte e creme
Eu gosto de mim assim (sim)
E se eu tiver vontade, vou assim (sim)
Afinal, palavras são palavras
E um dia desaparecerão sem rumor
Com os cabelos fora do lugar
Sem vestir roupas bonitas
Mesmo no escuro, há uma luz que a ilumina
Porque você é bela assim
Porque você é bela assim
Há sempre há alguém esperando por você
E, aos seus olhos, você é perfeita
E um dia você entenderá como foi tola
Porque você é bela assim
Porque você é bela assim
Oi, meu nome é Chadia
Eu sempre fui esquisita
Cresci sozinha no meio da rua
Sem ser ladra ou prostituta
Eu fiz uma armadura, uma armadura
Que me protege das pessoas, do medo
Eu não tinha seios grandes nem estatura
O corredor da escola era uma tortura
Eles me chamavam de “pobre” e assobiavam
Em bandos, mas sozinha eu choro
E eles me devem dinheiro e respeito
Olho para mim inchando o peito no espelho
Com os cabelos fora do lugar
Sem vestir roupas bonitas
Mesmo no escuro, há uma luz que a ilumina
Porque você é bela assim
Porque você é bela assim
Sempre há alguém esperando por você
E, aos seus olhos, você é perfeita
E um dia você entenderá como foi tola
Porque você é bela assim
Porque você é bela assim
Você só precisa se parecer com você mesma
Nem uma rainha nem uma princesa
Só quem não a ama quer você diferente
Porque você é tão bela, tão bela
Será assim para sempre, desde a primeira vez
Eles lhe pagarão muito, tanto quem despreza compra
Se você não lhes agradar, afinal a culpa não é sua,
Porque você é tão bela assim
Com os cabelos fora do lugar
Sem vestir roupas bonitas
Mesmo no escuro, há uma luz que a ilumina
Porque você é bela assim
Porque você é bela assim
Sempre há alguém esperando por você
E, aos seus olhos, você é perfeita
E um dia você entenderá como foi tola
Porque você é bela assim
Porque você é bela assim
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
41. Il suo nome è Gioia
(Seu nome é Alegria)
de Junior Cally
Ela dança seminua e depois dá prá você
(It’s Jeremy)
Sim, para alegria de mamãe e papai
Ela só usa roupas de grife
Ela sai à noite em um carro conversível
Ela não trabalha, mas quer dinheiro
Ela bebe e depois dança sobre o sofá
Sempre de férias, ela mora na França
Então ela se aproxima e pergunta: “fuma
maconha?”
Olho para a lua, mas ela a quer
Para viver essa vida, ela vendeu seu coração
Diz “Vou te levar prá Marte”, fala de arte, recita a
parte
Ela vai dormir quando sai o sol
Ela não se interessa pelas pessoas
Ela, ela, ela
Ela dança seminua e depois dá para você
Ela, ela, ela
Sim, para a alegria de mamãe e papai
Seu nome é Alegria, mas bebe e depois engole
Ela dança seminua e depois dá prá você
Seu nome é Alegria porque ela é uma vadia
Sim, para alegria de mamãe e papai
Seu nome é Alegria, mas bebe e depois engole
Ela dança seminua e depois dá prá você
Seu nome é Alegria porque ela é uma vadia
Sim, para alegria de mamãe e papai
Agora que todos falam de mim
Ela quer a máscara da Louis Vuitton
Eu vestido mal, ela usando Louboutins
E dentro da boate ela bebe mais um pouco
Toda noite as vieiras
No restaurante nunca paga
Bebendo Moet com as amigas
Paso Adelante, checa as curtidas
Ela vai embora e não se despede de ninguém
Vira-se e parece um show
Com a bebida na mão, mexendo a bunda
No entanto, parece uma boa garota
Ela, ela, ela
Dança seminua e depois dá prá você
Ela, ela, ela
Sim, para alegria de mamãe e papai
Seu nome é Alegria, mas bebe e depois
engole
Ela dança seminua e depois dá prá você
Seu nome é Alegria porque ela é uma vadia
Sim, para a alegria de mamãe e papai
Seu nome é Alegria, mas bebe e depois
engole
Ela dança seminua e depois dá prá você
Seu nome é Alegria porque ela é uma vadia
Sim, para a alegria de mamãe e papai
Seu nome é Alegria, mas bebe e depois
engole
Ela dança seminua e depois dá prá você
Seu nome é Alegria porque ela é uma vadia
Sim, para a alegria de mamãe e papai
Seu nome é Alegria, mas bebe e depois
engole
Ela dança seminua e depois dá prá você
Seu nome é Alegria porque ela é uma vadia
Sim, para a alegria de mamãe e papai
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
157

8.10 Page 80

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Gaetano:
42. histórias corriqueiras
de cyberbullying
https://www.youtube.com/watch?v=hUIwW2gpw6c
* siga as instruções na página 182 para selecionar legendas no seu idioma preferido
158
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
43. Figura bíblica:
Marcos
Os erros são mestres eficazes. As uas consequências têm a virtude de tornar as
lições dolorosamente claras. Mas aqueles que aprendem com seus erros são
candidatos a desenvolver sabedoria. João Marcos era um bom aluno que só
precisava de tempo e incentivo.
Marcos queria fazer tudo certo, mas teve dificuldade para manter-se na sua
missão. Em seu Evangelho, Marcos menciona um jovem (talvez se referindo a si
mesmo) que fugiu nu e aterrorizado quando Jesus foi preso. A tendência de fu-
gir reaparece mais tarde, quando Paulo e Barnabé o levam como ajudante em
sua primeira viagem missionária. Durante a segunda etapa, Marcos abando-
na-os e volta para Jerusalém. Uma decisão que Paulo não aceitou facilmente.
Na preparação para a segunda viagem, dois anos depois, Barnabé sugeriu no-
vamente que Marcos fosse com eles como companheiro de viagem, mas Paulo
recusou terminantemente. Como resultado, a equipe dividiu-se. Barnabé levou
Marcos consigo e Paulo escolheu Silas. Barnabé foi paciente com Marcos e o
jovem retribuiu o seu investimento. Mais tarde, Paulo e Marcos uniram forças e
o apóstolo agora idoso tornou-se grande amigo do jovem discípulo.
Marcos foi um companheiro valioso para três líderes cristãos: Barnabé, Paulo e
Pedro. O material do Evangelho de Marcos parece vir principalmente de Pedro.
O papel de Marcos como assistente deu-lhe a possibilidade de observar. Ele
ouviu repetidamente Pedro contar as suas experiências dos anos em que este-
ve com Jesus e foi o primeiro a escrever a vida de Jesus.
Barnabé desempenhou um papel importante na vida de Marcos. Ele apoiou o
jovem apesar de suas falhas, incentivando-o com muita paciência. Marcos de-
safia-nos a aprender com os nossos erros e valorizar a paciência dos outros. Há
algum Barnabé na sua vida a quem você deve agradecer pelo incentivo?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
159

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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44. I bambini fanno ooh
(Os bebês fazem ooh)
de Povia
Quando os bebês fazem “ooh”, há um ratinho
Quando os bebês fazem “ooh”, há um cachorrinho
Se há uma coisa que eu sei agora
mas que nunca mais verei
é um lobo negro dando um beijinho (smack)
em um cordeirinho
todos os bebês fazem “oh”
dá-me a mão
por que me deixas sozinho,
sabes que sozinhos não se pode
sem alguém
ninguém
pode se tornar um homem
Para uma boneca ou um robô bot
talvez briguem um pouco
mas com o mindinho em riste
pelo menos eles (eh)
fazem a paz
Então tudo é novo
é uma surpresa
e quando chove
os bebês fazem “oh”
olhe a chuva
Quando os bebês fazem “oh”
que maravilha, que maravilha!
mas que tolo você vê, contudo
envergonho-me um pouco
porque eu não sei mais fazer “oh”
e fazer tudo como me convém
porque os bebês não têm pelos
nem na barriga
nem na língua
os bebês são muito indiscretas
mas têm muitos segredos
como os poetas
nos bebês, a imaginação voa e também alguma
mentira
oh mamma mia, veja!
mas tudo é claro e transparente
que quando um grande chora
os bebês fazem “oh”
você tem um dói-dói
a culpa é sua
Quando os bebês fazem “oh”
que maravilha, que maravilha!
mas que tolo você vê, contudo
envergonho-me um pouco
porque eu não sei mais fazer “oh”
não sei mais como me balançar
de um fio de lã não sei mais como fazer um colar
... nananananananana...
Enquanto os cretinos fazem (eh)
enquanto os cretinos o fazem (ah)
enquanto os cretinos fazem “boom”
todo o resto é igual
mas se os bebês fizerem “oh”
a vogal é suficiente
envergonho-me um pouco
enquanto os grandes dizem “não”
eu peço asilo, eu peço asilo,
como os leões
eu quero andar de quatro...
e todos são perfeitos
igual é a cor
viva os tolos que entenderam
o que é o amor
é tudo uma história em
quadrinhos de palavras estranhas
que eu não li
quero voltar a fazer “oh”
quero voltar a fazer “oh”
porque os bebês
não têm pelos na barriga
nem em sua língua...
160
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
45. Giovanni
(Estereótipos de gênero)
https://www.youtube.com/watch?v=qdFK2ZfZP5U
* siga as instruções na página 182
para selecionar legendas
no seu idioma preferido
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
161

9.2 Page 82

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46. Ficha Quiz
Respondam marcando com uma cruz o correspondente ao gênero (F) feminino, (M) masculino e (N)
se a afirmação pode referir-se tanto ao masculino quanto ao feminino:
Preciso de uma sapateira maior: não sei mais onde
pôr os sapatos
Vemo-nos no bar, ofereço-lhe um café.
Ontem, trabalhei a tarde toda para que a máquina de lavar
funcionasse.
Enfim, amanhã vou ao cabeleireiro.
F MN
F MN
F MN
F MN
Matriculei-me na academia para aumentar os músculos.
F MN
Estou há uma semana de dieta.
A gente se vê no sábado de manhã para uma partida de
tênis.
O filme de ontem à noite era muito romântico.
F MN
F MN
F MN
O meu passatempo preferido é fazer compras.
Amanhã vou pedir licença do trabalho, porque devo levar
meu filho ao dentista.
Os professores disseram-me que o Mário melhorou muito.
F MN
F MN
F MN
Devo ir para casa preparar o jantar.
F MN
Amanhã vou viajar para um congresso internacional.
F MN
Ontem, deixei o carro na oficina.
F MN
Parei de fumar há 10 anos.
F MN
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
47. Cuerdas,
completo
www.youtube.com/watch?v=MF19PqxSnps
(português)
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
* siga as instruções na página 182
para selecionar legendas
no seu idioma preferido
163

9.3 Page 83

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48. Piume spennate
(for the birds)
www.youtube.com/watch?v=nYTrIcn4rjg
* siga as instruções na página 182
para selecionar legendas
no seu idioma preferido
164
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Extrato do livro
“A interessante
narrativa da vida
de Olaudah Equiano”
49. ou Gustavus Vassa,
chamado o Africano
Tive medo de ser morto, os brancos olhavam
para mim e se comportavam, como eu pensa-
va, de forma selvagem: será que poderíamos
ter sido comidos por aqueles homens bran-
cos de aparência horrível, de rosto vermelho
e cabelos compridos? Fui forçado a notar a
magreza especial das suas mulheres... e achei
que elas não eram tão puras quanto as afri-
canas.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
165

9.4 Page 84

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sobre a
50. diversidade
de Gianni Rodari
Cantiga dos diferentes de mim
Você não é como eu: você é diferente
Mas não se sinta perdido
Eu também sou diferente, somos dois
Se comparo as minhas mãos
com as suas
certas coisas eu posso fazer e outras
coisas você pode fazer
E juntos podemos fazer muito.
Você não é como eu, eu tenho sorte.
Eu realmente sou grato
porque não somos iguais:
isso significa que nós dois somos especiais.
O dromedário e o camelo
Certa vez, um dromedário, ao encontrar
um camelo disse-lhe: - Tenho pena de você,
querido irmão: você também seria um dromedário
magnífico se não tivesse essa corcunda feia a mais.
O camelo respondeu-lhe: - Você roubou a minha palavra.
É uma pena que você tenha apenas uma corcunda.
Você está perto de ser um camelo perfeito:
com você, a natureza errou por omissão.
O estranho debate durou a manhã inteira.
Num canto, um velho beduíno estava ouvindo
e pensava consigo mesmo: - Coitados dos dois
Cada um acha belas apenas as próprias corcovas.
Assim também, há muita gente no mundo,
que acha errado o que é apenas diferente.
A pele
Pele branca como a cera
Pele negra como a noite
Pele alaranjada como o sol
Pele amarela como o limão
Tantas cores quanto as flores
De nenhuma você pode prescindir
para desenhar o arco-íris.
Quem ama apenas uma cor
terá sempre um coração cinzento.
166
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
51. Figura bíblica:
O apóstolo João
Ser amado é a motivação mais poderosa do mundo. A nossa capacidade de
amar geralmente é moldada pela nossa experiência de amar. Geralmente,
amamos os outros na medida em que eles nos amam.
Algumas das maiores declarações sobre a natureza do amor de Deus foram
escritas por um homem que experimentou o amor de Deus de uma maneira
muito especial. João, um discípulo de Jesus, expressou a sua relação com o
Filho de Deus chamando a si mesmo de “o discípulo que Jesus amava” (João
21,20). Embora o amor de Jesus seja claramente expresso em todos os Evan-
gelhos, no Evangelho de João ele é o tema central. Como o amor de Jesus era
intenso e pessoal em sua própria experiência, João permaneceu sensível às
palavras e ações de Jesus que ilustram como Aquele que é amor ama os ou-
tros.
Jesus conhecia João perfeitamente bem e o amava da mesma forma. Tanto ele
quanto o seu irmão Tiago foram apelidados de “Filhos do Trovão”, talvez por
causa da ocasião em que ambos pediram permissão a Jesus para mandar de-
scer fogo do céu (Lucas 9,54) sobre uma aldeia que se recusava a aceitar Jesus
e os discípulos. Em seu Evangelho e em suas cartas, vemos o grande amor de
Deus, enquanto o trovão da justiça de Deus emerge das páginas do Apocalipse.
Jesus confronta-se com cada um de nós como fez com João. Não podemos
conhecer a profundidade do amor de Deus se não estivermos dispostos a enca-
rar o fato de que Ele nos conhece plenamente. Caso contrário, seremos tolos se
acreditarmos que Ele deve amar as pessoas pelo que elas fingem ser e não pe-
los pecadores que realmente são. João e os outros discípulos convencem-nos
de que Deus está disposto e é capaz de aceitar-nos como somos. Acreditar no
seu amor é uma grande motivação para a mudança. O seu amor não nos é dado
em troca dos nossos esforços; o seu amor liberta-nos para viver de verdade.
Você já aceitou esse amor?
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
167

9.5 Page 85

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52. Frases
de estímulo
eéAscvtoriaomnlêegntecidiiraaosspeoxrual
Ser casado é
sempre uma
garantia de que
nunca haverá
violência sexual
no casal
Desde que consentiu
com o sexo na
staemmbaénma pcaosnscaodrdaa,
hoje
Asvsevdepexieroxoudulpdaêaaaelndlémicxec,iã,anaouosarmrqceuoganeattodnrooãloar
eoasnuatlmoguvlmQtiupetoinueéasreeia,tmisesénss,tuanadammioiorasrdaaaomeeiszg,saicnaaalehrlqtodaoutoaeà
Ovoeiscmooalêrltronoeccsmaiadiseàseensxocuiutaerl,ossó
168
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
53. Digam não,
digam sim.
DIGAM NÃO!
Descrevam uma ou
mais situações, reais ou
imaginárias, em que
vocês sentem que devem
rejeitar decisivamente uma
proposta sexual.
Compartilhem o
que escreveram nos
subgrupos. Cada subgrupo
deve escolher uma
situação. Identifiquem
os personagens e
suas características e
dramatizem-nos diante do
grupo. Os observadores
prestem atenção na eficácia
com que rejeitam a situação.
É importante ressaltar os
sentimentos das pessoas
durante a dramatização.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
169

9.6 Page 86

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53. Digam não,
digam sim.
DIGAM SIM!
Descrevam uma ou
mais situações, reais ou
imaginárias, em que
vocês sentem que devem
aceitar uma proposta sexual
Compartilhem o
que escreveram nos
subgrupos. Cada subgrupo
deve escolher uma
situação. Identifiquem
os personagens e
suas características e
dramatizem-nos diante do
grupo. Os observadores
prestem atenção na eficácia
com que rejeitam a situação.
É importante ressaltar os
sentimentos das pessoas
durante a dramatização.
170
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
54. Ela pediu
isso
www.youtube.com/watch?v=b9G_ezXc1Ss
(Inglês; legendas em italiano)
* siga as instruções na página 182
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Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
171

9.7 Page 87

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55. Exposição: Como você
estava vestida?
OBJETIVOS:
A exposição tem como objetivo desmantelar o
preconceito de que as vítimas de estupro poderiam
tê-lo evitado se tivessem usado outras roupas.
DURAÇÃO:
De um dia a algumas semanas
MATERIAIS E RECURSOS ÚTEIS:
• Roupas diferentes em relação às histórias
de abuso que serão apresentadas na exposição
• Fichas das histórias impressas em folha A3 -
uma ficha para cada história
• Cola, fita adesiva ou tachinhas para fixar as hi-
stórias na parede.
• Corredor ou aula magna de uma escola.
O QUE FAZER: DESCRIÇÃO PASSO A PASSO
PREPARAÇÃO
Atenção para:
• preparar os participantes para a montagem e o funcionamento da exposição, explicando que a função
deles será acompanhar os visitantes e facilitar a compreensão do tema da exposição;
• organizar a exposição de modo que cada roupa corresponda a uma história;
• estimular os participantes a procurarem roupas que correspondam às histórias que serão apresentadas;
• acompanhá-los na preparação da exposição do ponto de vista técnico, escolhendo os locais de maior
visibilidade;
• organizar um dia de visitação oficial, em que os jovens serão os guias e poderão explicar o objetivo da
exposição aos visitantes e discutir estereótipos, preconceitos e violência contra a mulher com eles;
• divulgar o dia de abertura através dos canais de comunicação da escola.
• pedir aos participantes para participarem ativamente da divulgação da iniciativa.
REALIZAÇÃO
A exposição pode permanecer aberta por mais de um dia e os jovens podem atuar como guias tanto na
abertura quanto nos dias seguintes, alternadamente. É útil que o educador esteja presente no dia da aber-
tura oficial para acompanhar os jovens na orientação dos convidados, caso surjam conflitos ou situações
emocionalmente difíceis. Depois, poderão fazer com que os jovens se revezem na orientação da exposição
durante os intervalos das aulas. No final da exposição, os educadores poderão pedir aos visitantes para
deixarem suas impressões e reflexões sobre o tema. Podem pedir aos visitantes que preencham um for-
mulário anônimo de avaliação ou deixem uma mensagem ou reflexão em um pôster colocado numa parede
livre do local da exposição.
ACOMPANHAR
No final da exposição, será útil uma reunião com os participantes que atuaram como guias, para refletir
sobre a experiência e o seu valo e analisar em conjunto o feedback dos visitantes.
172
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
cenário 1,
56. cenário 2,
cenário 3.
Com Maria, normalmente nos encontramos no bar “???” às 5 da tarde e toma-
mos chá. Hoje nos encontramos no local de costume, às 5 h, mas depois de
concordar em tomar o chá, Maria disse que estava com dúvidas e que não o
queria mais.
Insisti para que tomasse o chá, até porque já havíamos feito o pedido, mas
Maria disse que não o queria e saiu com raiva. Fiquei no bar sem entender o
que havia acontecido. Na minha opinião, as mulheres são estranhas.
Rosa veio visitar-me e eu lhe ofereci chá verde, pois sabia que ela é louca por
todos os tipos de chá, especialmente pelo chá verde. Meus irmãos mais no-
vos estavam brincando no quarto e meus pais organizavam a garagem. Assim,
podíamos tomar o nosso chá em paz. Rosa disse-me que talvez quisesse chá,
mas não tinha certeza. Decidi fazer o chá mesmo assim e oferecer-lhe. Ela cer-
tamente tomaria o chá. Quando o viu, disse-me que não queria mais tomá-lo.
No início, tentei convencê-la explicando que havia feito chá verde só para ela.
Depois, fiquei com raiva e forcei-a a tomar o chá, pois ela sempre dizia que o
chá verde era o seu favorito e que eu tinha feito de tudo para agradá-la. Ela
bebeu o chá chorando. Acho que Rosa foi muito rude e eu me comportei bem
porque preparei tudo com muito cuidado e atenção.
Teresa veio ver-me no domingo de manhã, pelas 10 h. Disse-me que estava
cansada; então ofereci-lhe um chá. Sei que ela gosta muito de chá de mirtilo
e fiz um para ela. Enquanto eu preparava o chá, ouvi um estrondo. Voltei ao
quarto e encontrei Teresa caída no chão. Ela havia desmaiado. Achei que era
uma brincadeira e trouxe o chá. Depois perguntei se ela queria tomar o chá,
já que o havia preparado só para ela. Ela, porém, não respondeu. Então, eu a
deitei no sofá e fiz com que bebesse o chá que acabou se derramando na sua
blusa. Teresa sempre faz de tudo para me irritar e, dessa vez, ela conseguiu. Eu
havia preparado o chá para ela com tanto amor e ela foi tão ingrata.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
173

9.8 Page 88

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57. Consenso sobre
o chá
www.youtube.com/watch?v=RhaZDVcGo-o
(Italiano)
www.youtube.com/watch?v=pZwvrxVavnQ
(inglês)
www.youtube.com/watch?v=E4WTnJCMrH8
(espanhol)
www.youtube.com/watch?v=2ovcQgIN5G4
(Alemão)
* siga as instruções na página 182 para selecionar
legendas no seu idioma preferido
174
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Carta do
58. direitos sexuais
e reprodutivos
Em 1995, a International Planned Parenthood Federation (IPPF) e suas 127 associações-membros
adotaram uma “Carta sobre os Direitos Sexuais e Reprodutivos” baseada na legislação internacional sobre
os direitos humanos. Os 12 direitos contidos na Carta são:
1. O direito à vida, que, entre outras coisas, significa que a vida de nenhuma mulher deveria ser posta
em perigo devido a uma gravidez.
2. O direito à liberdade e à segurança da pessoa, que reconhece que todos os seres humanos devem
ser livres para desfrutar e controlar a própria vida sexual e reprodutiva e ninguém deve ser forçado a
submeter-se à gravidez, à esterilização ou ao aborto.
3. O direito à igualdade e o direito de viver livre de todas as formas de discriminação, pelo qual todo
indivíduo tem o direito de receber informações, educação e serviços de saúde sexual e reprodutiva,
independentemente de raça, cor, sexo, orientação sexual, estado civil, posição na família, idade,
língua, religião, opinião política, nacionalidade ou condição social, riqueza, nascimento ou qualquer
outra condição.
4. O direito à confidencialidade, o que significa que todos os serviços de saúde reprodutiva devem
garantir a confidencialidade dos seus usuários, especialmente com relação às informações
confidenciais confiadas aos agentes.
5. O direito à liberdade de pensamento, para permitir que todos obtenham informações sobre a saúde
sexual e reprodutiva não condicionadas por convicções religiosas ou morais.
6. O direito à informação e à educação, garantindo o direito de cada um receber informações
completas sobre os benefícios, riscos e eficácia dos diferentes métodos contraceptivos, de modo que
as escolhas nesse campo sejam feitas com consentimento livre, pleno e informado.
7. O direito de escolher se quer ou não se casar e de formar e planejar uma família, para evitar
matrimônios sem o consentimento livre, pleno e informado de ambos os parceiros.
8. O direito de decidir se e quando ter filhos, ou seja, o direito de cada um aos serviços de saúde
reprodutiva que ofereçam a maior variedade possível de métodos contraceptivos eficazes e seguros, e
que sejam acessíveis, baratos e agradáveis aos usuários.
9. O direito à assistência médica e à proteção da saúde, ou seja, serviços de saúde da mais alta
qualidade possível, e o direito de não ser submetido a tradições que possam ter efeitos negativos
sobre a saúde.
10. O direito aos benefícios do progresso científico, o que inclui o direito de usar as tecnologias
reprodutivas disponíveis se pesquisas objetivas demonstrarem que a relação risco/benefício é
aceitável e que esses métodos não escondem efeitos colaterais negativos sobre a saúde.
11. O direito à liberdade de reunião e participação política, garantindo o direito de formar associações
para promover a saúde e os direitos reprodutivos.
12. O direito de ser livres da tortura e dos abusos, para proteger crianças, mulheres e homens de toda
forma de violência, abuso e exploração sexual.
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
175

9.9 Page 89

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Figura bíblicas:
59. Azarias, Ananias
e Misael
As amizades tornam a vida agradável e os momentos difíceis mais suportáveis.
As dificuldades põem a amizade à prova e a fortalecem. Era assim a relação
entre os três jovens judeus deportados para a Babilônia e Daniel. A amizade
significava muito para eles, mas nunca permitiram que ela usurpasse o lugar
de Deus em suas vidas, mesmo diante da morte.
Juntos, eles desafiaram silenciosamente a ordem do rei Nabucodonosor de se
curvarem e adorarem o ídolo que ele havia feito de si mesmo. Compartilharam
um ato de coragem, enquanto outros, ansiosos para se livrar deles, disseram
ao rei que os três hebreus eram desleais. Embora isso não fosse verdade, Na-
bucodonosor não podia poupar a vida deles sem causar constrangimento.
Era o momento da verdade. A morte estava prestes a pôr fim àquela amizade.
Um pequeno acordo teria permitido que eles vivessem e desfrutassem a sua
amizade, servissem a Deus e ao seu povo enquanto estivessem na Terra. Mas
eles eram sábios o suficiente para perceberem que isso envenenaria a própria
convicção que os unia tão intimamente: a lealdade a Deus. Por isso, não hesita-
ram em colocar suas vidas nas mãos de Deus e o resto foi vitória!
Quando deixamos Deus de fora das nossas relações mais importantes, tende-
mos a esperar que elas atendam às nossas necessidades que somente Deus
pode atender. Os amigos são úteis, mas não podem satisfazer nossas neces-
sidades espirituais mais profundas. Deixar Deus de fora das nossas relações
indica o quanto Ele seja pouco importante em nossa vida. A nossa relação com
Deus deve ser importante o suficiente para tocar outras relações, especial-
mente as amizades estreitas.
La cura
60. (O cuidado)
de Franco Battiato
Eu o protegerei dos medos das hipocondrias
Das dificuldades que a partir de hoje encontrará na vida
Das injustiças e decepções do seu tempo
Dos fracassos que, por sua natureza, normalmente atrairá
Eu o aliviarei das suas dores e mudanças de humor
Das obsessões das suas manias
Superarei as correntes gravitacionais
O espaço e la uz para evitar que você envelheça
E sararás de todas as doenças
Pois você é especial
E eu cuidarei de você
Eu vaguei pelos campos do Tennessee
Como eu cheguei lá, eu me pergunto
Você não tem flores brancas para mim?
Mais rápido que as águias, meus sonhos
Atravessam o mar
Eu lhe trarei sobretudo o silêncio e a paciência
Percorreremos juntos os caminhos que levam à essência
Os aromas do amor intoxicarão nossos corpos
A calmaria de agosto não acalmará os nossos sentidos
Tecerei os seus cabelos como tramas de uma canção
Conheço as leis do mundo e farei de você um dom delas
Vou superar as correntes gravitacionais
O espaço e a luz para que você não envelheça
Eu o salvarei de toda melancolia
Porque você é especial
E eu cuidarei de você
Sim, eu cuidarei de você
176
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
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9.10 Page 90

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61. Textos
evangélicos
MARCOS 3:13
Subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a ele. Designou doze dentre eles para
ficar come ele e também para os enviar a pregar, com o poder de expulsar os demônios.
Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e
João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele
escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu,
Simão, o Cananeu; e Judas Iscariotes, que o entregou.
JOÃO 15:12
Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei. Ninguém tem
maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vocês sois meus amigos,
se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz
seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
Não fostes vocês que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades
e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo
quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. O que vos mando é que vos ameis
uns aos outros.”
LUCAS 22:24
Surgiu também entre eles uma discussão: qual deles seria o maior. E Jesus disse-lhes:
“Os reis dos pagãos dominam como senhores, e os que exercem sobre eles autoridade
chamam-se benfeitores. Que não seja assim entre vocês; mas o que entre vocês é o maior,
torne-se como o último; e o que governa seja como o servo. Pois qual é o maior: o que está
sentado à mesa ou o que serve? Não é aquele que está sentado à mesa? Todavia, eu estou
no meio de vocês, como aquele que serve.
LUCAS 22:61
Voltando-se o Senhor, olhou para Pedro. Então, Pedro se lembrou da palavra do Senhor:
“Hoje, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”. Saiu dali e chorou amargamente.
MATEUS 26:48
O traidor combinara com eles este sinal: “Aquele que eu beijar, é ele. Prendei-o!”. Aproxi-
mou-se imediatamente de Jesus e disse: “Salve, Mestre”. E beijou-o. Disse-lhe Jesus:
“Amigo, estás aqui para isto?”. Em seguida, adiantaram-se e lançaram mão em Jesus para
prendê-lo.
178
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
Grazie mille
62. (Muito obrigado)
de Max Pezzali
Quando se veem
As montanhas sem neblina
Quando as férias começam
E quando eu volto para minha casa
Quando me levanto e sinto que existo
Quando você roça o seu nariz no meu
Quando você respira perto de mim
Eu sinto que, eu sinto que
Para cada dia, cada momento, cada instante
Que estou vivendo
Muito obrigado
Quando jogam
As copas na tv na quarta-feira
Quando ouço uma bela música
Que jamais pensei que fosse tão bela
Quando o cachorro quer me cumprimentar
Quando vejo os meus sorrirem
Quando tenho o entusiasmo de fazer
Eu sinto que, eu sinto que
Para cada dia, cada momento, cada instante
Que estou vivendo
Muito obrigado
Para cada dia, cada momento, cada instante
Que me foi dado
Muito obrigado
Quando um microfone
Jamais gostaria de abandoná-lo
Quando meus amigos ganham
Um straight flush no SNAI (Associação
Hípica)
Quando o mundo parece melhor
Mesmo que apenas por um momento
Quando eu sei que posso conseguir
Eu sinto que, eu sinto que
Para cada dia, cada momento, cada instante
Que estou vivendo
Muito obrigado
Para cada dia, cada momento, cada instante
Que me foi dado
Muito obrigado
Muito obrigado
Muito obrigado
Muito obrigado
Muito obrigado
Muito obrigado
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
179

10 Pages 91-100

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10.1 Page 91

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Passagem
63. do Evangelho
Mt 18,15-18
“Se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás
ganho o teu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que
toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa ouvi-los,
dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um
publicano. Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e
tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu”
180
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
63. O seu SMS...
O meu SMS
Situações em que
devemos reagir
Um amigo sempre chega
atrasado quando você
planeja sair para um
passeio. Ele nunca é
pontual!!!
Um amigo nunca diz o
que pensa e, quando
o faz, é inseguro e fica
corado.
Um amigo nunca fala
sério, mas só sabe
provocar e contar piadas
pesadas.
Um amigo sempre acha
que tem razão, sempre
culpa os outros e nunca
questiona a si mesmo.
Um amigo não aceita
piadas nem críticas, fica
imediatamente triste e se
fecha em si mesmo.
O meu SMS
Itinerários Uma pastoral juvenil que educa para o amor
181

10.2 Page 92

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