Mesmo que se trate de jovens pertencentes a famíli-
as civilizadas e cristãs, não devemos maravilhar-nos de
encontrar defeitos e até mesmo vícios nas crianças. Se,
na realidade, fossem já perfeitos, para que educá-los?
Ora, nós que acolhemos meninos de rua, ou que, às
vezes, saem das mãos de pais vulgares ou escandalosos,
o que vamos esperar? Sua miséria moral nos deve
comover muito mais do que sua miséria material; e, ao
invés de perdermos logo a paciência e a esperança, de-
vemos animar-nos a trabalhar com coragem e cheios de
bondade para com estes infelizes; na verdade, muitas
vezes, são mais infelizes do que culpados e, provavel-
mente, nós seríamos iguais a eles, se também nós fôs-
semos abandonados.
A condição mesma destes nossos jovens pobres
nos deve impelir a fazer maior violência sobre nós
mesmos para cumprir os deveres que a cada um, no
próprio estado, nos impõe a educação deles, e pedir a
Deus "que faça crescer" (cf. 1Cor 3, 6).
Responsário
S1 81, 3-4; cf. Tg 2,5
R. Defendei o órfão e o desprotegido, fazei justiça ao
humilde e ao pobre. * Salvai o oprimido e o indigente,
libertai-o das mãos dos ímpios.
V. Deus escolheu os pobres deste mundo para serem
ricos na fé e herdeiros do Reino. * Salvai o oprimido e
o indigente.
ou
Dos artigos sobre "A boa imprensa" de São
Leonardo Murialdo, presbítero
{ano 1884, nn. 7.8.12; ano 1885, n.2)
O bom jornalismo é apostolado
No grande dia do Juízo será bem motivada a salva-
ção dos bons que não negaram o pão a quem tinha
fome; mas não só de pão material vive o homem. No
nosso século, a fome que se sente muito mais é a fome
de instrução moral e religiosa, de verdade, de justiça.
Dedicar-se a isto é uma obra de caridade que
ultrapassa a obra de caridade corporal. O católico que
possui os dons exigidos para usar utilmente a pena,
não fique ai de braços cruzados, não enterre seus
talentos. Sim, o bom jornalismo é um apostolado e,
depois do sacerdócio, em nossos dias, é o mais nobre e
o mais sublime. O bom jornalismo é uma pregação
continuada, uma instrução cotidiana, um corajoso
combate em prol da Igreja e do Papa, é um meio de
salvação das almas, de regeneração cristã do mundo.
As palavras do padre na igreja não alcançam senão os
convertidos, os fiéis: o jornal, pelo contrário, entra em
todos os lugares e alcança todos.
Os que se comprazem em achar defeitos nos
jornais bons e perfeição nos maus, que não conseguem
ter uma palavra de incentivo, um conselho, nem uma
moedinha que os ajude a corrigir os defeitos, a preen-
cher as lacunas, a aperfeiçoarem-se, não se convencem
de que o jornalismo católico seja um apostolado
Estes tais atacam os jornais por seus defeitos, mas
não são capazes de louvar a parte boa, ou gostariam de
ver um jornal perfeito e, no entanto, tratam-no com des-
prezo, falando mal dele, deixando-o sem meios de ex-
pandir-se; entretanto, compram e deixam os jornais dos
inimigos invadirem seus lares. E uma ilusão e é absolu-
tamente falso acreditar que eles não sejam perniciosos e
que este ou aquele jornal não tenha influência. Um jornal
lido hoje, lido amanhã, lido todos os dias, consegue
imprimir a imagem de suas idéias nas mentes mais
tenazes e, imperceptivelmente, forma o espírito e o cora-
ção.
Em nossos dias, esta instituição do jornalismo en-
trou nos nossos hábitos e o bom jornalismo tornou-se
uma necessidade absoluta para lutar contra a maré que
tudo invade e tudo penetra. Existe também outra classe
de pessoas, que, apesar de honestas, sentem grande
repugnância por tudo que se refere à imprensa política: