Responsório
Cf Si 50,4
R. Não me julgueis, ó Deus, segundo as minhas ações:
diante de vós nada fiz de bom. Suplico à vossa
majestade: * no vosso amor apagai todo o meu pecado.
V. Lavai-me de todas as minhas culpas, purificai-me
da minha injustiça. R. No vosso amor apagai todo o
meu pecado.
Segunda leitura
Do Tratado sobre "Isaac ou a Alma" de Santo
Ambrósio, bispo
8,78-79; SAEMO 3, 123-125)
O verdadeiro bem é a vida eterna
Fujamos para aquela que é nossa verdadeira pátria.
Lá temos a pátria e temos o Pai, que nos criou, lá onde
está a cidade de Jerusalém, que é a mãe de todos.
Mas em que consiste essa fuga? Certamente não é
uma fuga com os pés: porque os pés, para onde quer
que corramos, corremos sempre sobre a terra e
passamos de um solo a outro. E não devemos também
fugir de navio, nem de carro, nem a cavalo que tropeça
e cai, mas devemos fugir com a alma e os olhos e os
pés do nosso homem interior. Habituemos os nossos
olhos a ver as realidades que são resplandecentes e
claras, a olhar o rosto da continência e da temperança
e de todas as virtudes, nas quais nada há de
escabroso, nada de obscuro e tortuoso. Cada um olhe
para si próprio e para sua consciência; purifique o olho
interno, para que não tenha nenhuma mancha, porque
o que é visto não deve discordar daquele que vê,
porque Deus nos quer conformes à imagem do seu
Filho. Conhecemos o bem, que não está longe de
nenhum de nõs: "Nele, de fato, vivemos, nos movemos
e somos; nós somos, portanto, da sua estirpe"(At 17,
28), como o Apóstolo supõs que os pagãos deveriam
entender. Este é o bem que procuramos, o único bem:
ninguém, de fato, é bom, a não ser somente Deus.
Este é o olho que vê o grande, o verdadeiro esplen-
dor. Como somente um olho são e vivo pode ver o sol,
assim, somente uma alma boa pode ver o bem. Torne-
se bom, portanto, aquele que quer ver o Senhor e o que
é bom. Tornemo-nos semelhantes a este bem e, con-
formemo-nos a ele, fazendo aquilo que é bom. Este é o
bem que está acima de toda a ação, acima de toda inte-
ligência e de todo intelecto. É o que dura para sempre,
para o qual convergem todas as coisas. "Nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade" (C1 2, 9),
e por meio dele todas as coisas se reconciliam com ele.
Para definir mais perfeitamente o que é o bem, o bem é
a vida, porque o bem dura para sempre doando a todos
o viver e o ser, fonte de vida de todos é Cristo.
Dele diz o profeta: "Nós viveremos em sua presen-
ça" (Os 6,2); realmente, "a nossa vida está escondida
em Cristo; mas quando Cristo nossa vida aparecer, en-
tão aparecemos também com ele revestidos de glória"
(Cl 3, 3-4). Não devemos, pois, temer a morte, porque
ela é repouso do corpo, ao mesmo tempo que é
liberdade para a alma. E não devemos temer quem
pode matar o corpo, mas não pode matar a alma,
porque não tememos aquele que pode levar nossas
vestimentas, não tememos aquele que pode roubar
nossas coisas, mas não pode roubar-nos a nós
mesmos. Nós somos nossas almas, e nossos membros
são nossas vestes. Devemos conservar as vestes, é
verdade, para que não se estraguem nem envelheçam;
mas quem usa essas vestes, deve, com muita mais
razão, conservar e guardar a si mesmo.
Responsõrio
Cf SI 26,4.13; Fl 1,21
R. Uma só coisa peço ao Senhor: habitar na casa do
Senhor todos os dias da minha vida. * Estou certo de
que contemplarei a bondade do Senhor na terra dos
viventes.
V. Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. *
Estou certo de que contemplarei a bondade do Senhor
na terra dos viventes.