Espero que também a minha alma faça parte deste
negócio". Daí nasceu aquele exemplar teor de vida,
aquela exatidão no cumprimento dos deveres, que
dificilmente poderia ser ultrapassada
Na tarde do dia 8 de dezembro de 1854, dia da de-
finição dogmática da Imaculada Conceição de Maria, re-
novou os propósitos feitos na primeira comunhão; de-
pois, disse muitas e muitas vezes estas exatas palavras:
"Maria, eu vos dou o meu coração. Jesus e Maria, sede
sempre meus amigos. Mas, por amor de Deus, fazei-me
morrer antes que aconteça a desgraça de cometer ainda
que seja um só pecado".
Havia seis meses que Domingos entrara no Oratório,
quando foi feito um sermão sobre o modo de nos
tomarmos santos. Aquele sermão foi, para Domingos,
como que uma centelha que o abrasou no amor de Deus.
"Sinto, dizia ele, um grande desejo e uma necessidade de
tornar-me santo. Agora que sei que posso tornar-me
santo estando alegre, eu tenho absoluta necessidade de
ser santo. Deus quer que eu seja santo e eu devo tornar-
me santo. Quero ser santo e não serei feliz enquanto não
ficar santo!".
Havia em sua aparência exterior tanta naturalidade
que ninguém diria que fora assim criado por Deus. Mas
muito que o conheceram mais de perto e cuidaram de
sua educação, podem assegurar que havia nele um
grande esforço humano auxiliado pela graça de Deus.
Domingos começou por escolher um confessor re-
gular. A sua preparação para receber a santa Eucaristia
era piedosa, edificante. A ação de graças não tinha fim.
Entre as graças com que Deus o enriqueceu ocupa lugar
proeminente a do fervor na oração. Muitas vezes ficava
como que em estado de êxtase. Interrogado, respondia:
"Parece-me ver tanta coisa linda! Parece-me que o para-
íso se abre acima da minha cabeça!"
A primeira coisa que se lhe aconselhou para ser santo
foi trabalhar para ganhar almas para Deus. Este pensa-
mento tornou-se-lhe como que o respiro de sua vida. Lia de
preferência a vida dos santos que mais se tinham
empenhado na salvação das almas; falava com prazer dos
missionários. Muitas vezes ouviram-no dizer: "Como seria
feliz se pudesse ganhar para Deus todos os meus
companheiros! Estas almas esperam a nossa ajuda"! O
pensamento de salvar almas acompanhava-o sempre e em
toda parte. Morreu sorrindo com um ar de paraíso.
Responsório
SI 14, 1-2; cf. Mt 7,21
R. Senhor, quem habitará em vossa casa? Quem
morará em vosso santo monte? * É aquele que caminha
sem culpa, age com justiça e fala lealmente. Aleluia.
V. Quem faz a vontade do meu Pai entrará no Reino
dos céus. *É aquele que caminha sem culpa, age com
justiça e fala lealmente. Aleluia.
ou
Da "Vida do jovem Domingos Sávio", escrita por São
João Rosco, presbítero.
(Opere edite, 11, Roma 1976, 200 as)
Eu devo e quero ser todo do Senhor.
Havia seis meses que Domingos entrara no Orató-
rio, quando um dia se fez lá um sermão sobre o modo
fácil de nos tornarmos santos. O pregador deteve-se
especialmente a desenvolver três pontos que fizeram
profunda impressão no espírito de Domingos, a saber:
"E vontade de Deus que todos nos santifiquemos; é
muito fácil conseguir tal intento; há um grande prémio
preparado no céu para quem se faz santo".
O sermão foi como que uma centelha que lhe abra-
sou o coração no amor de Deus. Durante alguns dias
nada disse, mas estava menos alegre que de costume.
Notaram-no os companheiros como o havia notado eu.
Julgando que isso fosse causado por alguma problema
de saúde, perguntei-lhe se padecia de alguma doença.
— Pelo contrário, sinto-me muito bem.
— Que queres dizer com isso?
— Quero dizer que sinto um grande desejo e
necessidade de tornar-se santo, estando alegre; não
pensava que fosse tão fácil; mas agora sei que posso
tornar-me santo, estando alegre; eu quero de fato e
tenho absoluta necessidade de ser santo. Diga-me,
pois, como devo proceder para conseguir isso.
Louvei o seu propósito, mas exortei-o a que não se
inquietasse, porque no meio da agitação de espírito não