Responsório
Mt 25,35.40; Pr 19,17
R. Tive fome e me destes de comer; tive sede e me
destes de beber; era peregrino e me acolhestes. * Em
verdade vos digo: quantas vezes o fizestes a um dos
meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.
V. Quem pratica a caridade para com o pobre
empresta a Deus. * Em verdade vos digo.
ou
Do "Comentário sobre a Carta de São João aos
Partos" de S. Agostinho, bispo
(7,10; NBA 24, 1783-1785)
Nada é mais doce do que a caridade
"Ninguém nunca viu a Deus" (1Jo 4,12). Deus é
invisível; não pode ser visto com os olhos, e, sim, com
o coração. Se quiséssemos ver o sol, tiraríamos todos
os empecilhos dos olhos do corpo, para poder enxergar
a luz; assim também se quisermos ver a Deus,
devemos limpar o olho com o qual Deus pode ser visto.
Onde se encontra esse olho? Escuta o Evangelho:
"Bem-aventurados os puros de coração, porque eles
verão a Deus" (Mt 5,8).
Ninguém faça idéia de Deus seguindo o juízd dos
olhos. Quem assim faz, teria a idéia de uma imensa
forma ou prolongaria no espaço uma grandeza incomen-
surável, como a luz que fere nossos olhos e se estende ao
infinito até quanto pode; ou então teria a idéia de Deus
como de um velho de aspecto venerando. Não se deve
pensar deste modo. Temos à nossa disposição a idéia
justa de Deus: "Deus é amor" (Jo 4, 16).
Qual é o rosto do amor? Qual a forma, a estatura, os
pés, as mãos? Ninguém pode dizer. Contudo ele tem pés,
que conduzem à Igreja; tem mãos, que socorrem os
pobres; tem olhos, com os quais se enxerga aquele que
está passando necessidade; diz o salmo: "Feliz de quem
pensa no pobre e no fraco" (S1 40, 2). A caridade tem
ouvidos e dele fala o Senhor: "Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça" (Lc 8,8). Estes vários membros não se en-
contram separados, em lugares distintos, mas quem tem
caridade vê com a mente tudo ao mesmo tempo.
Tu, então, habita na caridade e ela habitará em ti;
permanece nela e ela permanecerá em ti. Será possível,
ó irmãos, que alguém ame o que não vê? Porque,
então, quando se fala da caridade, võs ficais de pé,
aclamais, louvais?
Que coisa vos mostrei? Mostrei-vos, por acaso, so-
frimentos? Coloquei em vossa frente ouro e prata? Ofe-
reci-vos pedras preciosas, tiradas de um tesouro? Que
coisa de extraordinário mostrei aos vossos olhos? Será
que foi meu rosto, enquanto vos falava? Eu estou aqui
em carne e osso, estou aqui na mesma forma com que
entrei; também vós estais aqui na mesma forma com que
viestes. Mas, ao se louvar a caridade, prorrompeis em
aclamações. Vossos olhos, certamente, não vêem nada.
Mas, assim como ela vos agrada quando a louvais, do
mesmo modo vos agrade conservá-la no coração.
Compreendei, irmãos, o que quero dizer: eu vos
exorto, enquanto o Senhor vos concede, a procurar um
grande tesouro. Se vos fosse mostrado um vaso burila-
do, dourado, feito com arte, e ele alegrasse vossos
olhos e atraísse o desejo ardente do vosso coração, e a
mão do artista vos agradasse do mesmo modo que o
peso da matéria e o brilho do metal, quem então não
diria: "Oh, se eu pudesse possuir esse vaso"? Mas,
dissestes isto inutilmente, porque não estava em vosso
poder possuí-lo. Ou, se alguém quisesse possuí-lo,
pensaria em roubá-lo da casa de outrem?
Foi-vos apresentado o elogio da caridade; se ela
vos agrada, tende-a, possuí-a; não é necessário que a
roubeis de ninguém, nem é necessário que penseis em
comprá-la. Ela é gratuita. Tende-a, abraçai-a; nada é
mais doce do que ela. Se é assim tão preciosa quando
apresentada a vós, qual não será seu valor quando
possuída?
Responsório
Cf 2Cor 5,18; Rm 8,32
R. Esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: *
amemo-nos uns aos outros.
V. Toda lei encontra sua plenitude num único preceito:
*amemo-nos uns aos outros.
Oração como nas Laudes