Segunda leitura
Das "Cartas" do Bem-aventurado Miguel Rua,
presbítero.
(29 de novembro de 1899; "Lettere circolari",
Torino 1965, 236-239 passim)
A prática da obediência e do sacrifício
Entre as virtudes, a que é mais difícil para o homem,
é a obediência. O ter de renunciar à própria vontade e
ao próprio juízo, o ter de depender de outros, não só no
trabalhar, mas também no pensar e no julgar nas coisas
grandes e nas pequenas, até mesmo naquilo que se
refere à salvação da alma - são sacrificios bem mais
difíceis que praticar austeras penitências.
A obediência atinge o homem no mais íntimo do
seu coração, na parte mais nobre do seu ser, isto é, na
sua livre vontade. Porém a obediência não pode cami-
nhar separada do espírito de sacrifício, que é a virtude
pela qual, nos momentos mais difíceis, um consagrado
não se deixa dominar pela imaginação, pelo sentimen-
to ou pelas paixões, mas, fazendo prevalecer a razão,
iluminada e robustecida pela fé, convence de que tudo
que lhe sucede de desagradável ser-lhe-á de vantagem
espiritual.
Quem tem a felicidade de possuir o espírito de sa-
crificio, nas penas e mesmo nos sofrimentos mais dolo-
rosos, bem longe de entristecer-se ou de lamentar-se,
sufoca no coração a natural repugnãncia ao
sofrimento, e elevando até o céu o rosto resignado, diz
generosamente: "Senhor, se assim Vos agrada, seja
feita a vossa vontade".
É sobre esta virtude que se baseia a bem-aventurança
da dor que Jesus Cristo revelou ao mundo. E nas suas
pegadas caminhou o nosso Fundador, cuja vida bem pode
definir-se como um contínuo sacrificio. Por isso, sem es-
pírito de abnegação, não poderemos chamar-nos filhos
seus.
Além disso, sem ela não se poderia esperar fazer o
bem à juventude, pois que a cada momento se cairia em
atos de impaciência e de cólera, ou de falta de coragem;
não conseguiríamos suportar os defeitos dos irmãos, nem
obedecer aos Superiores. Quem não tem espírito de sa
crificio não terã a força para praticar a pobreza, expor-
se-á ao perigo de naufragar na castidade e fará com que
muito se duvide de sua perseverança na vocação.
Toda manhã, na oração de consagração a Ma-
ria Santíssima, nós lhe suplicamos que, na medida do
possível, com nossas atitudes, com nossas palavras,
com nosso bom exemplo, representemos ao vivo o bom
Jesus. Mas, meus caríssimos filhos, quando será
possível assemelharmo-nos mais ao Divino e melhor
podermos fazer suas vezes junto às almas que devemos
salvar? É especialmente quando, com o nosso estado de
consagrados, com o nosso ministério sacerdotal,
pudermos sofrer alguma coisa. Na hora da morte não
serão os prazeres, as honras, as riquezas que nos hão de
consolar e dar-nos confiança e; sim, os sacrificios que
tivermos feito sofrendo com Jesus.
Responsôrio
Cf Ef 4, 1.3.4; Rm 15, 5.6
R. Comportai-vos segundo a maneira de viver a que
fostes chamados. Empenhai-vos em manter a unidade
do espírito pelo vínculo da paz. * Há uma só esperança
na vida a que fostes chamados.
V. O Deus da paciência e da consolação vos conceda
que alimenteis os mesmos sentimentos uns para com
os outros, segundo Cristo Jesus, para que, numa só
alma e numa só voz, glorifiqueis a Deus. * Há uma só
esperança na vida.
ou
Das "Homilias" do papa Paulo VI
(29 de outubro de 1972;
Ensinamento de Paulo VI, 10,
Cidade do Vaticano 1973, 1100-1106 passim)
Filho, discípulo, imitador
Neste momento preferimos meditar antes que
escutar. Pois bem, meditemos, por um instante, sobre
o aspecto que o define, e que com um só olhar nos diz
tudo, nos faz entender tudo.