tudes necessárias e as qualidades indispensáveis ao
sacerdote. Mas, exigem-se também outro espírito, ou-
tras virtudes, outras obras de um verdadeiro ministro
de Deus que, como luz do mundo e sal da terra está
destinado a iluminar e santificar as almas.
O sacerdote deve ser homem de oração, se quer as-
semelhar-se ao Divino Redentor e se deseja fazer o bem
no campo evangélico. Não é necessário buscar outros
mestres: os bons operários que se tornaram eminentes
nesta ciência, foram todos alunos da mesma escola, to-
dos copiaram deste Divino Mestre.
O homem apostólico deve ter seus tempos fixos de
oração. Renunciando a esta escola, já não seríamos có-
pias do modelo, mas homens materiais, simplesmente,
porque sem alma e sem espírito, seremos apóstolos só de
nome, bronze que soa (cf 1Cor 13,1) e nada mais. Além
disso, devemos manter nosso coração voltado para Deus
durante todo o dia, antes de começar qualquer trabalho,
no exercício do nosso ministério e depois do trabalho
fatigante. Eleve-se o nosso coração a Deus fre-
qüentemente; que tenha um caminho aberto para man-
ter uma contínua relação com Ele, de modo que, quando
necessitarmos de algum coisa, encontrando-nos em di-
ficuldades, precisando de alguma luz, logo possamos ir
até Ele, falar com Ele, fazer-nos entender. Isto é rezar, e
quem assim faz, pode chamar-se homem de oração.
Com a bondade tornar-nos-emos queridos aos homens
e arrebataremos seus corações na terra. O Divino Redentor
tornou-se nosso modelo, o mais perfeito, a ponto de Ele
mesmo dizer-nos: "Aprendei de mim que sou manso e
humilde de coração" (Mt 11, 29). Dele se diz que "passou
fazendo o bem e curando a todos"(At 10,38). Sede, pois,
amáveis com todos; usai de especial atenção para quem a
merece menos ou vos ofende: esta é a melhor conduta. Se
o Divino Redentor usou de alguma particularidade e
preferência, foi sempre em favor dos pecadores, tanto que
seus inimigos chamavam-no pecador e amigo dos
pecadores (cf Lc 11, 2; Jo 9, 24). Não amigo de suas
desordens, mas para convertê-los e ganhá-los.
Pensemos no conforto de tê-los tratado com
bondade e caridade, de ter-lhes dado este fio de
esperança e de salvação, ao se lembrarem de uma
pessoa que os tratou com bondade.
O homem apostólico não tenha nada mais em mira
além da glória de Deus e a salvação das almas. É este o
ensinamento do Divino Mestre: "Eu não procuro a mi-
nha glória... Desci do céu não para fazer a minha von-
tade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 8,
50; 6, 38). Esta retidão e pureza de intenção foi
sempre o distintivo dos homens apostólicos.
Trabalhando com tal pureza de intenção, o sacerdote
quase não sente o peso de suas fadigas, pois que o
fatigar-se para Deus é mais um gozo do que um
sofrimento. Deus só e nada mais.
Responsório
Cf F 4, 8.9; 1Cor 16,13
R. Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é justo e puro,
tudo o que é amável e de boa reputação, é o que
deveis praticar. * E o Deus da paz estarã convosco.
V. Vigiai, sede firmes na fé, procedei varonilmente,
sede fortes. * E o Deus da paz.
ou
Das "Meditações para os exercícios espirituais do
clero" de São José Cafasso, presbítero.
(Turim 1925, 309-310, passim)
O sacerdote e o amor
Nascemos para amar, vivemos para amar. morremos
para amar ainda mais. É este, irmãos, nosso fim aqui
na terra; este será, assim esperamos, o nosso destino
futuro e eterno. "Feliz daquele - diz S. Agostinho - que
aprendeu esta ciência do amor". "O senhor é que é feliz!
- dizia um bom leigo ao grande doutor S. Boaventura -
feliz é o senhor que aprendeu e conhece tanta coisa!"
"Ah, meu filho - respondeu o santo - não tenha inveja
da minha ciência; uma velhinha que sabe amar a Deus,
sabe tanto quanto frei Boaventura...".
Esta resposta, que causou maravilha e admiração
naquela alma simples, pode fornecer-nos a matéria para
reflexão e confusão. As vezes pensamos que conhece-
mos alguma coisa neste mundo; e, depois de tantos
anos de estudo, parece-nos quase um insulto ter que
tratar com certas pessoas rudes e ignorantes; contudo,
se elas amam a Deus, sabem fazê-lo tão bem quanto
nós, e, às vezes, melhor do que nós.