Como sacerdote, percorrendo as ruas de Turim e visitando as prisões, Dom Bosco compreende que
os jovens buscam a felicidade, desejam gozar a vida, sentir-se acolhidos e valorizados; e se, às
vezes, vivem a própria aspiração seguindo caminhos errados que os levam até mesmo à prisão, não
é porque sejam maus, mas porque não encontram pessoas que acreditem neles e que os ajudem a
desenvolver positivamente as próprias energias e qualidades. Dom Bosco empenha, então, a sua
vida em favor deles e cria com eles um ambiente positivo de vida, no qual possam experimentar a
alegria de viver, com amplas possibilidades de brincar e divertir-se, de formar-se e encontrar
trabalho, de se sentirem amados, aceitos e valorizados em clima de família. O jogo, a música, o
teatro, as excursões e os passeios são para Dom Bosco instrumentos importantes de educação e
caminho para conquistar o coração e, dessa forma, ajudar esses jovens a desenvolverem as melhores
qualidades, a se sentirem capazes de fazer o bem e serem úteis aos outros e à sociedade. E, dessa
forma, Dom Bosco os leva a conhecerem e viverem a amizade com Jesus Cristo.
Podemos dizer que Dom Bosco vive com os seus jovens em Valdocco uma verdadeira pedagogia
da vida, da alegria e da festa; ou melhor, convida-os a se empenharem eles próprios na promoção
desse ambiente entre os colegas. Ele escreve na biografia de Francisco Besucco: «Se queres ser
bom, pratica apenas três coisas e tudo irá bem (...). São elas: Alegria, Estudo, Piedade. Este é o
grande programa com o qual, ao praticá-lo, poderás viver feliz e fazer muito bem à tua alma». A
alegria é característica essencial do ambiente familiar e expressão da amabilidade, resultado lógico
de um regime baseado na razão e na religiosidade, interior e espontânea, que tem sua fonte última
na paz com Deus, na vida da graça.[10] Por esse motivo, a alegria é, para Dom Bosco, não só um
meio de tornar aceitável a seriedade da educação, mas uma forma de vida que leva em conta a
realidade do jovem e do seu desejo de viver; entende-o Dom Bosco e quer que se realize
plenamente; ele compreende que a exigência mais profunda do jovem é a alegria de viver, a
liberdade, a diversão, a amizade. Acima de tudo, Dom Bosco como sacerdote crê profundamente
que o cristianismo não é uma religião de proibições, mas, ao contrário, é a religião da vida, da
felicidade, do amor; por isso, mediante a pedagogia da festa e da alegria abre os jovens a Jesus
Cristo, leva-os a uma relação pessoal de amizade com Ele. Diante de uma imagem de vida cristã
que os jovens recebiam da sociedade do seu tempo como de uma vida triste, cheia de renúncias e
proibições, uma vida pouco adaptada à juventude, Dom Bosco propõe-lhes uma forma de vida
cristã feliz e alegre.
Dom Bosco santificou o trabalho e a alegria. Era o santo da alegria cristã, da vida cristã ativa e
alegre... Nisso consiste a sua verdadeira originalidade. «Num arroubo genial da sua caridade cheia
de compreensão humana, convencido das exigências naturais e honestas da juventude e da vida
saudável, Dom Bosco santificou junto com o trabalho a alegria, alegria de viver, de agir, de
rezar».[11]
Dom Bosco vive e sabe comunicar a todos os seus filhos, colaboradores e amigos uma visão
positiva e integral da vida; crê na bondade e na dignidade de cada pessoa humana, sobretudo de
cada jovem, de modo especial do mais pobre e em perigo; ele escrevia: «O educador deve
persuadir-se de que todos ou quase todos estes caros jovens têm uma inteligência natural para
reconhecer o bem que lhes é feito, e o coração sensível, facilmente aberto ao reconhecimento».[12]
Ele acredita, por isso, na capacidade de recuperação de todo jovem, na eficácia do trabalho
educativo, quando é vivido com dedicação generosa e se segue o método da razão e da amabilidade.
Os jovens abandonados e desviados deviam ser ajudados a encontrar o mais elementar sentido de
vida; isso exigia que se estimulasse neles o desejo de viver a fim de ganharem com o trabalho e o
suor da fronte, os meios para se manterem, eles e seus familiares, e terem uma vida digna. Para os
que viviam carências afetivas Dom Bosco se propunha criar um ambiente e uma rede rica de