PT_Documento de Comunicacao Social_ 31 Janeiro 2025


PT_Documento de Comunicacao Social_ 31 Janeiro 2025

1 Pages 1-10

▲back to top

1.1 Page 1

▲back to top
COMUNICAR
AMIGAVELMENTE COM OS
JOVENS DE HOJE
A COMUNICAÇÃO SOCIAL
A SERVIÇO DA
MISSÃO SALESIANA NA IGREJA

1.2 Page 2

▲back to top
DIRETRIZES
PARA APROFUNDAMENTO
E AÇÃO

1.3 Page 3

▲back to top
Setor para a Comunicação Social, Roma 2025
Propriedade reservada: Direção Geral Obra Don Bosco
Edição não comercial
Colaboração
Traduções
Francês: P. Rigobert Fumtchum, P. Placide Carava
Inglês: Aus-Pacific Province
Português: Dom Hilário Moser, P. Antenor Velho
Espanhol: P. José Antonio Hernández García, P. Fabio Díaz Vergara
Coordenação de tradução: Luca Caruso
Arte Gráfica: Fabrizio Emigli
Projeto gráfico e impressão: Graphic Art 6 srl – Roma
Impressão finalizada em Fevereiro de 2025
Direzione Generale Opere Don Bosco
Sede Centrale Salesiana
Via Marsala 42 - 00185 Roma

1.4 Page 4

▲back to top
APRESENTAÇÃO
Este texto que está em suas mãos é fruto do trabalho do Setor de Co-
municação Social da Congregação Salesiana. Pretende oferecer as
orientações mais atuais para aprofundar e operacionalizar o tema da
Comunicação Social a serviço da missão salesiana na Igreja.
Este documento é publicado 14 anos depois do texto intitulado Sistema Sa-
lesiano de Comunicação Social e é o resultado da colaboração dos Delega-
dos de Comunicação Social, especialistas em comunicação e consultores.
Certamente será enriquecido por seu conhecimento e experiência.
A Congregação Salesiana, em suas diversas áreas de intervenção, pretende
estar sempre em sintonia com os tempos. Uma atitude que ao longo dos
anos levou-nos a procurar continuamente o diálogo entre a fé e a ciência,
entre o Evangelho e a cultura juvenil, entre o Sistema Preventivo e o mundo
digital.
Como educadores de jovens, respondemos aos desafios e oportunidades
da cultura digital através de uma reflexão profunda sobre a comunicação e
a utilização das diversas tecnologias de informação, da Internet, das redes
sociais e, por último, da atualíssima Inteligência Artificial.
Partindo dos valores do Evangelho e do Sistema Preventivo, juntamente com
leigos e educadores, queremos falar desta realidade ouvindo as novas ge-
rações, acompanhando adolescentes e jovens e buscando novas linguagens
e novas formas de educá-los para o amor, o sentido da vida, a responsabili-
dade e a construção de seu projeto de vida.
A Igreja, depois do Sínodo sobre os Jovens, pediu-nos que aprofundásse-
mos nosso conhecimento sobre a dinâmica do digital: “O mundo digital re-
presenta um desafio para a Igreja em múltiplos níveis; é, portanto, essencial
aprofundar o conhecimento de sua dinâmica e de seu significado do ponto
de vista antropológico e ético. Requer não só habitá-lo e promover seu po-
tencial comunicativo com vistas à mensagem cristã, mas também impregnar
suas culturas e dinâmicas com o Evangelho. Algumas experiências nesse
3

1.5 Page 5

▲back to top
sentido já estão em andamento e devem ser incentivadas, exploradas e com-
partilhadas”.1
Recentemente, o Dicastério para a Comunicação do Vaticano publicou um
texto sobre o tema digital, afirmando que hoje vivemos uma mudança gi-
gantesca, mas que ainda temos que encontrar a maneira como nós, en-
quanto indivíduos e comunidade eclesial, podemos abordar o mundo digital
como “próximo fraterno”, autenticamente presentes e atentos uns aos ou-
tros em nossa jornada comum pelas “estradas digitais”.2
A Congregação Salesiana, em sintonia com a Igreja, tem feito um grande
esforço para atualizar a reflexão sobre o carisma salesiano, a identidade sa-
lesiana das pessoas consagradas e dos educadores leigos, o aprofunda-
mento e a atualização do Sistema Preventivo diante dos novos tempos, onde
vivem nossos jovens. Através de estudos, seminários, encontros e reuniões
em todos os níveis da Congregação, surgiu um tema fundamental: a Comu-
nicação Social como aspecto do mundo juvenil, especialmente em relação
à cultura digital.3
O Setor da Comunicação, através de suas diversas iniciativas, estuda, apro-
funda e responde de modo salesiano e atual ao importante diálogo entre
comunicação, evangelização e educação salesiana.
A comunicação faz parte da grande herança carismática salesiana, uma das
prioridades de nosso fundador Dom Bosco, e é expressão de nossa identi-
dade e de nossa missão como educadores.
A Congregação Salesiana anima e administra a comunicação sob a respon-
sabilidade do Setor para a Comunicação Social. Para cumprir esta tarefa, de-
senvolve um texto de orientação e guia para a comunicação em toda a
Congregação.
1 Sínodo dos Bispos, XV Assembleia Geral, Documento final “Os jovens, a fé e o discerni-
mento vocacional”, Cidade do Vaticano, 2018, n. 145.
2 Dicastério para a Comunicação, “Rumo à presença plena – Reflexão pastoral sobre a parti-
cipação nas redes sociais”, Cidade do Vaticano, 2023.
3 Setor para a Comunicação Social, Carta “Caminhar com os jovens na cultura digital”, n. 10,
ACG 440, Valdocco, 2023.
4

1.6 Page 6

▲back to top
O texto intitulado Sistema Salesiano de Comunicação Social – publicado
pela primeira vez em 2008 e atualizado em 2010 – foi um importante ponto
de referência para a comunicação social. No entanto, chegamos a um mo-
mento histórico em que é necessária uma mudança epocal, tanto no seu as-
pecto conceitual, como em sua estrutura organizacional e em suas
orientações práticas.
Por que renovar o Documento do Sistema Salesiano de Comunicação
Social?
Se considerarmos a revolução da comunicação dos últimos quinze anos, atra-
vés do desenvolvimento do digital, das redes sociais e das mudanças socio-
culturais no universo juvenil, é necessária uma atualização do Documento.
Graças ao Magistério do Papa Bento XVI e do Papa Francisco, a Igreja am-
pliou sua visão de comunicação, especialmente a partir das Mensagens
Anuais para o Dia Mundial das Comunicações Sociais e dos Documentos do
Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, mas também seguindo as diretrizes
dos Documentos Ética na Internet, Laudato Si’, Fratelli Tutti, Pacto Educativo
Global, Dignitas Infinita.
A nível de Congregação Salesiana, a atualização do tema do digital foi um
pedido claro e forte do CG27 e CG28, particularmente à luz da Proposta
Programática do Reitor-Mor para o sexênio (proposta número 3): “Viver o
sacramento salesiano da presença” e do novo documento do Vaticano
Antiqua et Nova sobre a Inteligência Artificial.
Neste contesto, é também oportuno e necessário ampliar a visão da comu-
nicação a partir de sua dimensão carismática, educativo-pastoral e eclesial,
em conformidade com o Quadro de Referência da Pastoral Juvenil Salesiana.
A partir da solicitação do Reitor-Mor, padre Ángel Férnandez Ártime, dirigida
no ano de 2020 ao Setor da Comunicação, foi-nos confiada a elaboração deste
Documento para aprofundar um estudo sobre o habitat digital: “O Setor de
Comunicação Social, em seus vários níveis, está empenhado em oferecer fer-
ramentas e propostas para um processo permanente de verificação, atualiza-
ção e inculturação da missão salesiana no habitat digital, onde vivem os
5

1.7 Page 7

▲back to top
jovens, envolvendo nossas Universidades, em redes com outros centros e
Organismos que acompanham mais de perto e estudam as transformações
que o mundo digital provoca entre os novas gerações” (ACG, 433).
O trabalho deste Documento foi realizado com a participação de um grande
número de delegados de comunicação, responsáveis pelo Boletim Sale-
siano, editoras, rádios e redes sociais. Como resultado, desenvolvemos um
instrumentum laboris de comunicação, integrando todas as propostas temá-
ticas apresentadas por estes grupos.
Partindo do princípio fundamental de que é possível renovar-se, no pleno
respeito pelas orientações do Magistério da Igreja e da Congregação Sale-
siana, o novo Documento permanece fiel à nossa tradição e a nosso patri-
mônio identitário.
O objetivo deste novo Documento é ser guia e instrumento de formação e
ação da comunicação, em linha com o que foi afirmado na edição anterior,
tentando ao mesmo tempo responder com estilo salesiano às mudanças so-
cioculturais das novas gerações, o mundo digital e da Inteligência Artificial.
Através das novas necessidades educativo-pastorais e dos desafios culturais
do caminho eclesial, é necessário aproximar a comunicação da proposta
evangelizadora e educativa da Pastoral Juvenil Salesiana.
Este Documento é um mapa oferecido pelo Setor da Comunicação Social
para guiar, iluminar, atualizar e orientar a reflexão, a prática e a partilha do
trabalho de comunicação em cada Comunidade Educativa Pastoral. Tudo
isto pode ser conseguido através dos vários Delegados de Comunicação e
de suas equipes. O Documento pretende também contribuir para a forma-
ção de salesianos e leigos que trabalham colaborativamente para a realiza-
ção da missão salesiana no mundo de hoje.
Roma, 31 de Janeiro de 2025.
P. GILDÁSIO MENDES DOS SANTOS - SDB
Conselheiro Geral para a Comunicação Social
6

1.8 Page 8

▲back to top
INTRODUÇÃO AO NOVO DOCUMENTO
Partindo de diversas perspectivas, a estrutura e os conteúdos fundamen-
tais deste Documento foram recolhidos e aprofundados, em primeiro
lugar, com uma abordagem bíblica e teológica; posteriormente, com
uma perspectiva antropológica, ética, educativa e pastoral salesiana, para
finalmente chegar às indicações organizativas e operacionais.
O Capítulo I começa com o sonho dos nove anos, que proporcionou a Dom
Bosco uma perspectiva particular sobre todas suas atividades e realizações.
Seguindo o exemplo do Bom Pastor e de seu coração de educador, des-
taca-se a gênese de sua forma de pensar e implementar a metodologia de
comunicação.
No capítulo II, a comunicação é definida como um fenômeno humano e cul-
tural complexo, e é analisada a nova abordagem comunicativa que as pes-
soas têm, em particular os jovens, quando confrontados com o universo e a
cultura digital, a Inteligência Artificial, e suas diversas implicações psicológi-
cas, sociológicas e relacionais.
O Capítulo III oferece uma nova visão sobre a importância da sinodalidade
e do discernimento no modo de comunicar para criar a comunhão fraterna,
a participação e a corresponsabilidade a serviço da pessoa e da sociedade.
No capítulo IV são desenvolvidos os fundamentos teológicos da comunica-
ção, partindo do princípio de que Deus procura a pessoa humana movido
pelo desejo de comunicar, aproxima-se, revela-se no amor e na verdade, cria
interação e mostra à humanidade seu plano de amor e salvação.
O capítulo V tem como tema a visão cristológica, que se baseia em Jesus
Cristo, comunicador do Pai que, como Bom Pastor, dá vida a uma pedagogia
amiga da autocomunicação: escuta, acolhe, ama, cuida, educa e salva. Atra-
vés do Espírito Santo, a Trindade é exemplo de comunidade que se constrói
na comunicação como comunhão e serviço.
No capítulo VI, a Igreja é apresentada como sinal de Deus no mundo, mestra
de humanidade e comunicadora do povo de Deus no caminho da redenção.
7

1.9 Page 9

▲back to top
O capítulo VII ilustra como Maria, a Mãe de Jesus, se coloca a serviço de seu
Filho, acompanha-o ao longo de todo o caminho de sua vida, até sua morte
e ressurreição. Maria é a comunicadora da ternura de Deus na comunidade
nascente. No Cenáculo participa ativamente do nascimento da Igreja. Como
exemplo de Igreja orante, constrói a vida da comunidade e da missão.
O capítulo VIII recorda que São Francisco de Sales, escolhido por Dom Bosco
como exemplo de comunicador, ensina que comunicar é uma questão de
coração e presença amiga.
O capítulo IX ilustra como viver a cultura digital com estilo salesiano, se-
guindo o exemplo da pedagogia própria de Deus: amigável, com proximi-
dade, acolhimento, escuta, comunhão fraterna e corresponsabilidade.
O capítulo X apresenta as bases da comunicação em sintonia com a visão
evangelizadora e educativa salesiana: a comunicação se realiza pela relação
entre evangelização e educação, em diálogo com a cultura, com um trabalho
em rede e mediante a colaboração com os leigos e a Família Salesiana.
Aborda também a metodologia da comunicação salesiana, a importância da
Comunidade Educativa Pastoral, o projeto pastoral e o trabalho realizado
com mentalidade educativa e pastoral.
No capítulo XI, o Sistema Preventivo é apresentado como um movente co-
municativo que se expressa através de uma espiritualidade, pedagogia e
pastoral específicas. Além disso, é apresentado como o Sistema Preventivo
dialoga com a dinâmica comunicacional do digital.
O Capítulo XII presta especial atenção à importância da antropologia cristã
como fonte que ilumina e humaniza a comunicação virtual e a cultura digital.
É apresentada também uma proposta educativa original que se inspira nas
imagens dos quatro Jardins bíblicos, comparando-os através de seu simbo-
lismo com a condição humana no mundo digital.
O capítulo XIII descreve os aspectos identitários do comunicador salesiano,
a partir da espiritualidade e da pedagogia de Dom Bosco.
Nos capítulos finais, do XIV ao XVII, são apresentadas as diretrizes para a or-
ganização, gestão e governo da Congregação Salesiana no que diz respeito
8

1.10 Page 10

▲back to top
à Comunicação Social. São apresentadas as novas necessidades e desafios
que hoje se colocam no campo da comunicação, como o profissionalismo
dos operadores de comunicação, a modernização da comunicação institu-
cional, os métodos colaborativos do trabalho em rede, a organização estru-
tural em suas diversas tipologias nas Inspetorias, questões relacionadas com
privacidade e segurança.
Esta parte final apresenta também orientações práticas de comunicação,
considerando a realidade de cada Inspetoria, com atenção à diversidade cul-
tural e aos diferentes ritmos, estilos e métodos de realização da missão sa-
lesiana no mundo.
9

2 Pages 11-20

▲back to top

2.1 Page 11

▲back to top
FONTES SALESIANAS
Bosco João, Memórias do Oratório de São Francisco de Sales, EDEBÊ, 2018.
Chávez Villanueva Pascual, Com a coragem de Dom Bosco nas novas fronteiras da Comuni-
cação Social, em ACG 390, 2005, págs. 4-46.
Constituições e Regulamentos da Sociedade de São Francisco de Sales, Lisboa, 2016.
Cuevas León Sergio, I Salesiani e la Comunicazione. Politiche, metodologie, settori di inter-
vento, priorità operative, Collana Comunicare, Editrice S.D.B., Roma, 1989.
Desramaut Francis e Midali Mario, a cura di, La Comunicazione e la Famiglia Salesiana, Collana
Colloqui sulla Vita Salesiana, Elledici, Leumann (To), 1977.
Dicastério para a Comunicação Social, Sistema Salesiano de Comunicação Social. Orientações
para a Congregação Salesiana, Roma, 2011.
Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, Pastoral Juvenil Salesiana. Quadro de Referência,
Roma, 2014.
Fernández Artime Ángel, “Quais Salesianos para os jovens de hoje?”, Orientações progra-
máticas para a Congregação depois do Capítulo Gerao 28, n. 3, em ACG 433, 2020.
Setor de Comunicação Social, Carta “Caminhar com os Jovens na Cultura Digital”, n. 10,
ACG 440, Valdocco, 2023.
Vecchi Juan Edmundo, A comunicação na missão salesiana. “É extraordinário! Faz os surdos
ouvirem e os mudos falarem”, em ACG 370, 2000, págs. 4-43.
Viganò Egidio, A “Comunicação Social” nos desafia, em ACS 302, 1981, págs. 3-32.
DOCUMENTOS DA IGREJA
Bento XVI, Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis sobre a Eucaristia, fonte
e ápice da vida e da missão da Igreja, Cidade do Vaticano, 2007.
Bento XVI, Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini sobre a Palavra de Deus na vida
e na missão da Igreja, Cidade do Vaticano, 2010.
Bento XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate sobre o desenvolvimento humano integral na
caridade e na verdade, Cidade do Vaticano, 2009.
Bento XVI, Carta Encíclica Deus Caritas Est sobre o amor cristão, Cidade do Vaticano, 2005.
Bento XVI, Carta Encíclica Spe Salvi sobre a esperança cristã, Cidade do Vaticano, 2007.
Bento XVI, Mensagens por ocasião das Jornadas Mundiais das Comunicações Sociais, Cidade
do Vaticano, 2006-2013.
Comissão Teológica Internacional, “Sinodalidade na vida e na missão da Igreja”, Cidade do
Vaticano, 2018.
Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Igreja Lumen Gentium, Ci-
dade do Vaticano, 1964.
Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina Dei Ver-
bum, Cidade do Vaticano, 1965.
Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Contemporâ-
neo, Gaudium et Spes, Cidade do Vaticano, 1965.
Concílio Ecumênico Vaticano II, Decreto sobre os instrumentos de Comunicação Social Inter
mirifica, Cidade do Vaticano, 1963.
10

2.2 Page 12

▲back to top
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica,
Vida fraterna em comunidade, “Congregavit nos in Unum Christi Amor”, Cidade do Vati-
cano, 1994.
Dicastério para a Comunicação, Rumo à presença plena - Reflexão pastoral sobre o envolvi-
mento com as redes sociais, Cidade do Vaticano, 2023.
Dicastério para a Doutrina da Fé e Dicastério para a Cultura e a Educação, Antiqua et nova, Nota
sobre a relação entre inteligência artificial e inteligência humana, Cidade do Vaticano, 2025.
Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium sobre o anúncio do Evangelho no mundo
de hoje, Cidade do Vaticano, 2013.
Francisco, Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate sobre o apelo à santidade no mundo
contemporâneo, Cidade do Vaticano, 2018.
Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia sobre o amor na família, Cidade
do Vaticano, 2016.
Francisco, Exortação Apostólica pós-sinodal Christus Vivit aos jovens e a todo o Povo de
Deus, Cidade do Vaticano, 2019.
Francisco, Exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazonia ao povo de Deus e a todas
as pessoas de boa vontade, Cidade do Vaticano, 2020.
Francisco, Carta Encíclica Fratelli Tutti sobre fraternidade e amizade social, Cidade do Vati-
cano, 2020.
Francisco, Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum, Cidade do Vaticano,
2015.
Francisco, Carta Encíclica Lumen Fidei sobre a fé, Cidade do Vaticano, 2013.
Francisco, Mensagens por ocasião das Jornadas Mundiais das Comunicações Sociais, Cidade
do Vaticano, 2014-2024.
João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio, Cidade do Vaticano, 1981.
João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles Laici sobre a vocação e missão
dos leigos na Igreja e no mundo, Cidade do Vaticano, 1988.
João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris Missio sobre a validade permanente do mandato
missionário, Cidade do Vaticano, 1990.
João Paulo II, Mensagens por ocasião das Jornadas Mundiais das Comunicações Sociais, Ci-
dade do Vaticano, 1979-2005.
Paulo IV, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, Cidade do Vaticano, 1975.
Paulo VI, Mensagens por ocasião das Jornadas Mundiais das Comunicações Sociais, Cidade
do Vaticano, 1967-1978.
Pio XII, Carta Encíclica Pio XII, Miranda Prorsus, Cidade do Vaticano, 1957.
Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais, Instrução Pastoral Communio et Progres-
sio, Cidade do Vaticano, 1971.
Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, Ética nas Comunicações Sociais, Cidade
do Vaticano, 2000.
Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Instrução Pastoral Aetatis Novae, Cidade
do Vaticano, 1992.
Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Instrução Ética na Internet, Cidade do Va-
ticano, 2002.
Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Instrução, A Igreja e a Internet, Cidade
do Vaticano, 2002.
Sínodo dos Bispos, XV Assembleia Geral, Documento Final “Os Jovens, a Fé e o Discerni-
mento vocacional”, Cidade do Vaticano, 2021.
11

2.3 Page 13

▲back to top
SIGLAS E ABREVIATURAS
ACG/ACS - Atos do Conselho Geral/Superior da Sociedade de São João Bosco
POI - Projeto Orgânico Inspetorial
CEP - Comunidade Educativa Pastoral
PEPS - Projeto Educativo Pastoral Salesiano
CG - Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco
Const/Reg - Constituições e Regulamentos Salesianos
12

2.4 Page 14

▲back to top
1 A GÊNESE DA
COMUNICAÇÃO
DE DOM BOSCO
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Dom Bosco usou a Comunicação Social como um setor de atividade
que lhe permitiu realizar o seu projeto educativo. Com a Comunicação
Social, utilizada de várias formas e em vários níveis, favoreceu a pro-
moção humana e cristã dos jovens pobres e das classes populares, e
apoiou também a ação missionária“ (Don Egidio Viganò, A “Comuni-
cação Social” nos desafia, em ACS 302, 1981).
O capítulo começa com o sonho que Dom Bosco teve aos nove anos, re-
latado no livro Memórias do Oratório, texto inicialmente escrito apenas
para os Salesianos, com o desejo de transmitir seu próprio sistema edu-
cativo e o próprio método.
Esse sonho contém também o arquétipo da comunicação salesiana, por-
que propiciou a Dom Bosco uma perspectiva particular a respeito de todas
suas atividades e realizações. Aqui é destacada a gênese de sua forma de
pensar e implementar a comunicação, a partir de seu coração de educador
segundo o exemplo do Bom Pastor.
Com a bondade do Bom Pastor e a paixão apostólica de Dom Bosco,
olhamos para os jovens com renovada simpatia e comunicamos fielmente
o projeto educativo salesiano, valorizando o protagonismo dos jovens,
que hoje vivem numa cultura altamente digitalizada, com seus desafios e
oportunidades pessoais e comunitárias.

2.5 Page 15

▲back to top
v Dom Bosco sonha um sonho de viver e comunicar. O Santo dos jovens
narra em seu livro Memórias do Oratório: “Aos nove anos tive um sonho,
que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida... Nesse
ponto, sempre no sonho, desatei a chorar e pedi que falassem de ma-
neira que pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo
aquilo. A Senhora descansou a mão em minha cabeça, dizendo: ‘A seu
tempo tudo compreenderás!’”4.
v O sonho dos nove anos é o arquétipo da raiz e da originalidade da
comunicação do educador dos jovens. No sonho do menino de nove
anos, a missão lhe é confiada por meio de uma palavra muito simples:
“Eis o campo onde deves trabalhar”, ou seja, sua missão será entre os
mais jovens, entre os mais pobres. A palavra dada a Dom Bosco no sonho
é praticamente a entrega de um projeto de vida a serviço dos outros.
Tanto em sua missão de sacerdote educador como em sua vida de escri-
tor, Dom Bosco é um homem que sabe discernir e interpretar a realidade
através da fé. Tudo isto transparece tanto em sua iniciativa de fundar a
Congregação Salesiana como de agir de forma prática e criativa. Mais
ainda, porém, o sonho dos nove anos é um grande exemplo e uma es-
cola de comunicação: “porque eu não sabia o que significava tudo
aquilo”.
Dom Bosco, ao longo de sua vida, procurou encontrar o sentido do
sonho, o que é, qual é a mensagem, o que fazer... De seu empenho para
viver e comunicar seu sonho nasceu sua pedagogia educativa. Profun-
damente fiel a Deus e a sua vocação e missão, Dom Bosco cria um ver-
dadeiro ecossistema comunicativo para colaborar na educação dos
jovens.
v Dom do Espírito Santo, o carisma salesiano inspira, nutre e orienta a
missão juvenil em todos os tempos e culturas. A comunicação colabora
com a missão salesiana, colocando-se a serviço da comunidade educativa
e dos jovens, participando da evangelização e da educação segundo o
projeto de formação integral dos jovens.
v Dom Bosco foi um comunicador com o coração e o olhar do Bom Pas-
tor. Enquanto Turim passava por uma grande transformação social, cul-
tural e religiosa, Dom Bosco desenvolveu um método de comunicação
muito original, mediante a pedagogia de Cristo Bom Pastor: aproxima-
4 João Bosco, Memórias do Oratório de São Francisco de Sales, EDEBÊ, Brasília, 2018,
pp. 32-34.
14

2.6 Page 16

▲back to top
se, dialoga, acompanha e ama os jovens pobres, os trabalhadores e os
migrantes que chegam das áreas rurais para trabalhar nas novas fábricas
da cidade industrial.
Dom Bosco, muito atento à realidade dos jovens pobres de Turim, pro-
cura um espaço para os acolher e educar, um ambiente que lhes permita
ter um lugar para dormir, comer, brincar, rezar, cantar e aprender uma
profissão. Convencido da grande importância que pode exercer um ha-
bitat educativo e comunicativo, ele luta com grande sacrifício e sofri-
mento para criar em Valdocco um ambiente onde seus jovens possam
viver, confiar e ser educados.
v Fiéis ao nosso Fundador, ao carisma salesiano e aos jovens, nós Sale-
sianos, como Dom Bosco, olhamos para os jovens de hoje com um olhar
evangélico. Juntamente com a comunidade educativa e os leigos, pro-
curamos responder de forma salesiana, por meio da comunicação edu-
cativa, aos grandes desafios que os jovens enfrentam hoje na cultura
digital, em particular o individualismo, a violência, a injustiça e a indife-
rença para com os jovens pobres, os sofredores e os migrantes; mas tam-
bém a outros problemas, como a destruição da natureza, a guerra e o
relativismo ético.
v Com o coração do Bom Pastor e a paixão apostólica de Dom Bosco,
comunicamos fielmente o projeto educativo salesiano, valorizando o pro-
tagonismo dos jovens, seus dons e suas iniciativas, as oportunidades que
a cultura digital pode oferecer em nível pessoal, seja profissional ou cris-
tão, porque caminhando juntos em diferentes realidades culturais, co-
municamos Jesus Cristo e a alegria do Evangelho.
15

2.7 Page 17

▲back to top
2 A COMUNICAÇÃO COMO
FENÔMENO HUMANO
E CULTURAL
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“A vida social não é algo acrescentado ao homem: assim, o homem
desenvolve-se em todas suas qualidades mediante a comunicação com
os outros, pelas obrigações mútuas, pelo diálogo com os irmãos e
pode corresponder à sua vocação. Dos vínculos sociais necessários à
educação do homem, alguns, como a família e a comunidade política,
correspondem mais imediatamente à sua natureza íntima”. (Gaudium
et Spes, 25).
A comunicação é um fenômeno humano complexo, uma componente es-
sencial e constitutiva da pessoa e um fator cultural em constante evolução.
Aqui analisamos a nova abordagem comunicativa que as pessoas demons-
tram, em particular os jovens, quando confrontadas com o universo e a
cultura digital, com as diversas implicações psicológicas, sociológicas e
relacionais.
Nas interações entre homem e máquina, mergulhamos num grande e
complexo universo real e global, com regras e tempos próprios e repleto
de novos desafios.
Por isso, os especialistas em comunicação falam em infosfera e psicosfera:
todos estamos envolvidos física, psicológica e socialmente neste imenso
e complexo universo virtual.
Na comunicação digital, a velocidade, a instantaneidade e a interatividade
tornam-se os principais fatores e também determinam a nossa dinâmica
afetiva, deixando espaços essenciais para a responsabilidade pessoal e o
trabalho educativo.

2.8 Page 18

▲back to top
v A comunicação é um componente essencial e constitutivo da pessoa
humana. Comunicar é um dom e uma responsabilidade pessoal e so-
cial. Etimologicamente, a palavra “comunicação” tem como raiz a partí-
cula com (colocar em comum; do latim communis, comum). Em sua
origem, traduz-se em comunhão, relações humanas, capacidade de in-
teragir e criar vínculos com as pessoas.
É claro que a palavra comunicação recorda a necessidade humana de ser
communitas (comunidade) e de partilhar, de estabelecer processos atra-
vés dos quais as pessoas partilham ideias, sentimentos e informações.
v A pessoa humana é o principal protagonista da comunicação, que de-
senvolve capacidades e habilidades próprias, como a linguagem, as re-
lações afetivas e sociais, a interpretação de códigos e símbolos, o diálogo
consigo mesmo e com os outros, a capacidade de criar processos e pro-
cedimentos de comunicação, a capacidade de desenvolver meios e téc-
nicas para registrar e divulgar seus conhecimentos e experiências5.
Através da comunicação em suas diversas vertentes, o ser humano cons-
trói suas redes de relações, desenvolve linguagens para expressar sua
visão de vida, suas crenças e seus valores, participa em iniciativas sociais,
políticas, culturais e religiosas.
v Do ponto de vista antropológico, a comunicação humana evoluiu em
diferentes culturas através de expressões como a língua, os costumes, as
artes, a culinária e as cerimônias religiosas. Cada povo elabora, celebra
e partilha a tradição de seus valores, de sua visão de mundo e de sua re-
ligiosidade. Através de vários rituais, a comunicação promove a partici-
pação do indivíduo na comunidade.
v A comunicação humana é complexa e caracteriza-se pela dimensão
relacional, pela partilha de conteúdos, mensagens, expressões emocio-
nais e significados, pela intencionalidade e simbolismo.
Por meio da família e da educação, cada pessoa desenvolve dons e ha-
bilidades para se comunicar, como códigos linguísticos e culturais, diá-
logo, escuta, envolvimento com as pessoas e situações da vida.
v A comunicação é multidisciplinar e trabalha transversalmente com as
ciências, como a psicologia, a sociologia, a antropologia, a economia e
as diversas ciências tecnológicas e organizacionais. Praticamente, todas
as sociedades e culturas necessitam de comunicação, tanto em nível in-
terpessoal como organizacional e funcional.
5 Luigi Paccagnella, Sociologia della Comunicazione, Il Mulino, Bolonha, 2004, pp. 23-25.
17

2.9 Page 19

▲back to top
v Os meios de comunicação, como a rádio, os jornais, a TV, as revistas
e, mais recentemente, a comunicação digital, os satélites, as redes in-
formáticas e a Inteligência Artificial, formam uma grande e complexa
rede de relações humanas, com diferentes aspectos sociais, políticos e
econômicos.
A comunicação nasce, evolui e se difunde dentro das sociedades, com
regras jurídicas precisas e diferentes organizações políticas, que mudam
dependendo dos interesses pessoais, governamentais ou de grupos pri-
vados. Devido aos muitos assuntos políticos e econômicos, a comunica-
ção pode tornar-se um lugar de conflito e tensão, muitas vezes um
campo de batalha entre ideologias a serviço de grupos, interesses co-
merciais e guerras pelo controle de pessoas e sociedades.6
v Com o desenvolvimento da cultura organizacional, constituída por va-
lores, símbolos, tradições, práticas e comportamentos, a comunicação
institucional presta-se ao desenvolvimento de processos internos e ex-
ternos através de uma rede de relações humanas. Sua aplicação carac-
teriza-se por um conjunto de ferramentas e procedimentos para a gestão
de pessoas, organizações e empresas. Dessa forma, a cultura organiza-
cional busca oferecer a qualidade dos relacionamentos, a fluidez das
ações, a profissionalização e os resultados da comunicação institucional
em seus diversos âmbitos.
A – A DINÂMICA HUMANA E TECNOLÓGICA NO MUNDO DIGITAL
v Com o crescimento da comunicação digital, teve início o fenômeno
denominado digitalização. Este é o processo de transformação de uma
imagem ou sinal analógico em um código digital. A digitalização também
inclui a conversão em código digital de sinais de áudio e imagens em
movimento (vídeo), originalmente criadas em outros formatos.
Um segundo conceito relacionado com a digitalização é a transformação
digital, que é um processo amplo no qual os recursos tecnológicos assu-
mem um novo e importante papel. Gera-se assim um conjunto de proces-
sos e procedimentos técnicos de gestão que, a partir da digitalização, se
estende à forma de gerir dentro de uma organização e inclui o contato com
6 Comissão Internacional de Estudo sobre os Problemas da Comunicação no Mundo. Comu-
nicação e Sociedade hoje e amanhã. Turim, 1982, páginas 38;39.
18

2.10 Page 20

▲back to top
o cliente, a forma de fazer o marketing, a inovação tecnológica, o mer-
cado… O objetivo é garantir qualidade na execução de processos e pro-
cedimentos organizacionais, desenvolvimento e aprimoramento da gestão.
v O mundo digital leva as pessoas para um universo amplo e complexo
de comunicação humana, social e cultural. Este é um aspecto novo,
com grandes possibilidades e desafios. Na verdade, os especialistas em
comunicação falam de infosfera e de psicosfera: todos estamos envolvi-
dos física, psicológica e socialmente neste imenso e complexo universo
virtual7.
v A infosfera é um universo constituído pela totalidade de objetos e in-
formações que interagem dinamicamente. Neste ambiente é como
estar completamente imerso num verdadeiro aquário. Se antes você co-
nhecia seu país, sua cidade e seus vizinhos, agora com um simples celular
conectado à Internet pode-se viajar pelo mundo. A Pessoa se envolve a
nível cognitivo e emocional num vasto universo de imagens e sons que
permitem interatividade, participação.
A infosfera é um termo complexo. Fundamentalmente, é o ambiente em
que os mundos real e virtual se integram, onde o tempo e o espaço se
entrelaçam e se fundem, para que tanto o online como o offline interajam
entre si. Neste cenário, também se expande o campo de difusão da au-
tomação e da Inteligência Artificial (IA), da Realidade Virtual (RV) e da
Realidade Aumentada (RA).
A infosfera abre uma nova fronteira de grandes investimentos depois da
dos smartphones, criando a possibilidades de imersão em um mundo
com diferentes dimensões – temporal, psicológica, social – e ampliando
a experiência da realidade das relações.
v A realidade virtual (RV), realidade aumentada (RA), a infosfera, envol-
vem os cinco sentidos, nossas habilidades: visual, sonora, sensível e in-
teração com dispositivos (por exemplo, instrumentos virtuais, como
óculos 3D). É através dos sentidos que entramos numa realidade pre-
sente-ausente para nós, que nos permite mergulhar em diferentes reali-
dades interativas (feitas de pessoas e instrumentos virtuais).
v Quando uma pessoa entra na Internet e começa a interagir, seja numa
videoconferência ou participando em um videogame, existe uma in-
teração humana com a máquina que lhe permite aceder ao mundo vir-
7 David J. Chalmers, Più realtà. I mondi virtuali e i problemi della filosofia, Raffaello Cortina
Editore, Milão, 2023.
19

3 Pages 21-30

▲back to top

3.1 Page 21

▲back to top
tual, mais vulgarmente designada por “mediação humana virtual”. Isto
envolve usar nossos sentidos e percepções, nossa imaginação e nossas
emoções.
Através da mediação (eu e a máquina), a pessoa tem acesso a um uni-
verso real que é codificado (digitalizado) e vivenciado à distância. A imer-
são digital tem impacto direto na vida e nas relações sociais e culturais.
O termo utilizado para entender esse ecossistema em que a comunica-
ção ocorre é “mediatização”, que indica os efeitos gerais da mídia na or-
ganização social, econômica e política.
v Neste contexto, surge uma nova realidade: o Metaverso. Este é um
termo criado simplesmente para dizer que existe um mundo virtual que
pode ser habitado por avatares em formato 3D. Podemos dizer que o
Metaverso é um universo de várias dimensões em um universo paralelo.
v Na complexidade da comunicação que a infosfera e o Metaverso nos
apresentam, vemos progressivamente a influência da cibernética, da bio-
genética, da biopolítica e da Inteligência Artificial, que formam assim um
verdadeiro caleidoscópio do ambiente comunicacional, com suas diver-
sidades e implicações.
v A midiatização envolve microcódigos e a linguagem da comunicação,
símbolos, interesses diversos que são elaborados e comunicados, ora di-
retamente, ora indiretamente (subliminarmente), tornando a comunica-
ção um fenômeno complexo, ramificado e amplificado, que afeta a
identidade social de cada pessoa.8 Neste universo da infosfera, a pessoa
vive uma experiência psicofísica e social: a psicosfera.
v A psicosfera é o estado afetivo e cognitivo que a pessoa vivencia
quando a mente está alterada. Elementos imateriais de informação in-
fluenciam os pensamentos e sentimentos humanos sem que a pessoa
tenha consciência da realidade.
Dessa forma, a pessoa entra no que se chama de cérebro coletivo, que
é uma forma de processamento de sinais (símbolos, linguagens, sons) e
estímulos.
v No mundo digital aprendemos a conviver com uma nova lógica que
se baseia fortemente em estímulos, reações neurológicas e nas for-
mas como o cérebro responde a estes estímulos. Nesse sentido, pode-
se dizer que todas as imagens, sons, palavras e interatividade que
8 Censis, XVI Rapporto sulla Comunicazione, I media e la costruzione dell’identità, Franco
Angeli, Milão, 2020.
20

3.2 Page 22

▲back to top
vivenciamos em uma rede social têm efeitos em nosso cérebro, impac-
tando diretamente em nossas percepções, em nossa imaginação, em
nossos comportamentos e consequentemente em nossas escolhas, tanto
consciente quanto inconscientemente.
A lógica digital, que se baseia na técnica e no automatismo, acompanha
os estímulos que a neurociência tem desenvolvido, dando muito pouca
importância à questão da consciência.
Um exemplo de como funciona essa lógica é a velocidade que o mundo
digital oferece, a grande capacidade de gerar e compartilhar informações
e de facilitar a instantaneidade e a interatividade. Esta lógica altera, por
isso, a forma de aprender, gerando uma certa superficialidade no pen-
samento e dificuldade em refletir de forma sistemática, integrada e coe-
rente.
v A comunicação digital permite velocidade, instantaneidade e intera-
tividade. É importante levar em conta que, por si só, o universo digital
é baseado na lógica digital e na Inteligência Artificial sobre algoritmos.
Na comunicação digital, nossas sensações e percepções entram obvia-
mente numa nova dinâmica e passam a responder a esta aceleração ce-
rebral com maior ativação do sistema nervoso, como consequência do
envolvimento dos cinco sentidos. Imagens, sons, palavras e a interativi-
dade que vivenciamos em uma rede social têm efeitos em nossa dinâ-
mica cognitiva e afetiva.
A aceleração do cérebro, a intensidade das emoções, a exposição de
nossa vida emocional dentro das redes sociais, colocam-nos num uni-
verso onde este novo mecanismo mental requer muitos estímulos, muitas
reações e velocidade.
O mundo digital e a sua lógica são realidades que fazem parte da vida
humana e de seu desenvolvimento. Fazemos parte do mundo digital e
temos consciência dos benefícios que isso oferece à humanidade e ao
progresso humano. É preciso entender como funciona a interação hu-
mana e social com o universo digital. É precisamente por esta razão que
é essencial uma educação ética que nos ajude a viver de forma saudável
e criativa na cultura digital.
v Portanto, o digital se torna muito complexo quando o inserimos na
comunicação humana, interpessoal, comunitária e institucional. Além
disso, existem muitas formas de compreender o fenômeno digital e o
contexto sociocultural e econômico da humanidade.
21

3.3 Page 23

▲back to top
A forma de interpretar o digital apresenta-nos situações práticas que têm
e terão consequências no presente e no futuro. Neste encontro entre a
pessoa, a tecnologia e o ambiente imersivo, emergem na esfera pública
aspectos da vida da pessoa e da sociedade, tornando a infosfera uma
realidade onde se refletem as grandes questões humanas, éticas, eco-
nômicas, ecológicas, políticas, culturais. e religiosas.
v É na relação entre as pessoas, nos processos de interação e na imer-
são na infosfera que o fenômeno da comunicação digital se torna mais
complexo, envolvendo processos políticos, econômicos e sociais, nos
quais entram em jogo a liberdade e os interesses das pessoas.
Os aspectos jurídicos que regulam o comportamento humano, os direitos
e deveres do indivíduo, estão assim interligados no grande e complexo
fenômeno da comunicação humana no mundo digital.9 Como afirma o
documento eclesial “Rumo à presença plena”: “As redes sociais são ape-
nas um componente do fenômeno muito mais amplo e complexo da di-
gitalização, que é o processo de transferência de muitas tarefas e
dimensões da vida humana para plataformas digitais. As tecnologias di-
gitais podem aumentar a nossa eficiência, impulsionar a nossa economia
e ajudar-nos a resolver problemas anteriormente intransponíveis. A re-
volução digital ampliou nosso acesso à informação e a nossa capacidade
de nos conectarmos uns com os outros para além dos limites do espaço
físico”.10
v A forma como todos vivem no mundo digital é também uma questão
de responsabilidade pessoal. É importante ressaltar, porém, que o diá-
logo entre a dinâmica digital e a pessoa humana é mais amplo e que os
aspectos cognitivos e afetivos envolvidos na experiência digital também
devem ser considerados, pois quem ingressa no universo digital é uma
pessoa livre, que pode escolher seus interesses, tomando decisões cons-
cientes. Isso significa que quem vive no mundo digital e interage na in-
fosfera está em condições de elaborar informações, atribuir significado
aos diversos processos comunitários, exprimir a própria liberdade e criar
relações humanas significativas.
9 Paolo Dal Ben, Nuovi media e identità digitale, Pazzini, Rimini, 2022.
10 Dicastério para a Comunicação, “Rumo à presença plena - Reflexão pastoral sobre o
envolvimento com as redes sociais”, Cidade do Vaticano, 2023, n. 7.
22

3.4 Page 24

▲back to top
3 COMUNICAR COM
DISCERNIMENTO
E SINODALIDADE
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“O exercício do discernimento está no coração dos processos e dos even-
tos sinodais. (...) Trata-se de individuar e percorrer como Igreja, mediante
a interpretação teologal dos sinais dos tempos sob a guia do Espírito
Santo, o caminho a seguir a serviço do desígnio de Deus escatologica-
mente realizado em Cristo, que quer realizar-se em cada kairós da histó-
ria. O discernimento comunitário permite descobrir um chamado que
Deus faz escutar em uma situação histórica determinada” (Sinodalidade
na vida e na missão da Igreja, n. 113).
Os temas ligados à sinodalidade e ao discernimento no modo de comunicar,
à procura da comunicação e da comunhão fraterna, à participação e à cor-
responsabilidade no serviço à pessoa e à sociedade são o tema deste capí-
tulo.
O ponto de partida para nossa comunicação com o mundo juvenil continua
a ser a nossa comunicação com Deus e seu amor por nós. A verdadeira co-
municação coloca no centro as relações interpessoais e comunitárias, forta-
lece o sentido do outro, da capacidade de viver momentos de generosidade,
de partilha e de celebração.
No discernimento evangélico, o comunicador salesiano trabalha com men-
talidade de planejamento e sentido de comunidade.
A sinodalidade abre uma visão da comunicação como serviço e colaboração
para a missão evangelizadora da Igreja e da Congregação, que na diversi-
dade cultural se expressa também de diferentes maneiras.

3.5 Page 25

▲back to top
v A comunicação está a serviço da realização da pessoa humana, de sua
felicidade, de sua missão de viver a fraternidade e da construção digna
e responsável das instituições e da sociedade em todas as culturas e con-
textos sociais. A comunicação cria pontes entre as pessoas, favorece a
expressão dos valores e desejos dos indivíduos e da comunidade, abre
canais para a manifestação das riquezas culturais, dos valores e das ações
realizadas pelas pessoas e comunidades. A comunicação constrói o diá-
logo, a escuta, a colaboração para o discernimento, a abertura ao novo
e à sinodalidade.
v A interpretação evangélica da realidade juvenil, realizada com discer-
nimento comunitário e um forte sentido de sinodalidade eclesial, é
um ponto de partida fundamental para responder às necessidades edu-
cativas e pastorais dos jovens de hoje.
A realidade dos jovens na cultura digital exige uma atitude educativa
atenta e sábia, que nos permita levar adiante a missão salesiana a partir
da consciência de que a comunicação está a serviço da pastoral sale-
siana, que é ao mesmo tempo evangelizadora e educativa.
v O discernimento evangélico garante que o comunicador salesiano
experimenta a ação comunicativa como processo, como diálogo, como
escuta e como realização da missão salesiana com visão ampla, com
mentalidade de planejamento e sentido de comunidade.
v A sinodalidadee abre a visão da comunicação como serviço e colabo-
ração para a missão evangelizadora da Igreja e da Congregação, for-
talecendo o sentido eclesial, a corresponsabilidade na missão realizada
com espírito fraterno, a capacidade de experimentar a diversidade cul-
tural, pensar de forma original e colaborar com toda a missão. “A sino-
dalidade indica o modus vivendi et operandi específico da Igreja, Povo
de Deus, que manifesta e realiza concretamente seu ser comunhão no
caminhar juntos, no encontro em assembleia e na participação ativa de
todos seus membros em sua missão evangelizadora”11.
v O discernimento e a sinodalidade para nós surgem de nossa comuni-
cação com Deus e de seu amor por nós. Comunicar é uma realidade
simples e fundamental: é a relação entre o homem e Deus, entre pessoas
ou grupos de pessoas. A verdadeira comunicação centra-se nas relações
11 Comissão Teológica Internacional, A sinodalidade na vida e na missão da Igreja, Cidade
do Vaticano, 2018, n. 6.
24

3.6 Page 26

▲back to top
interpessoais e comunitárias, fortalece o sentido do outro, a capacidade
de vivenciar momentos de generosidade, partilha e celebração. “Na re-
novação destes anos, verifica-se que a comunicação é um dos fatores
humanos que adquire uma relevância crescente para a vida da comuni-
dade cristã. A necessidade mais sincera de aumentar a vida fraterna de
uma comunidade traz consigo a correspondente exigência de uma co-
municação mais ampla e intensa. Para nos tornarmos irmãos é necessário
nos conhecermos. Para nos conhecermos, parece muito importante co-
municar-se de uma forma mais ampla e profunda”.12 Do mesmo modo,
visto que a comunicação encontra sua fonte em Deus que ama, que apro-
xima a pessoa humana de forma amigável, isto conduz necessariamente
a uma experiência de comunidade e de fraternidade.
v A comunicação é fonte de fraternidade e sinodalidade na comuni-
dade. Sem ela não pode existir unidade de corações e de projetos, pois
assim a comunidade ficaria reduzida a um grupo de pessoas que só
vivem em comum fisicamente e que estão espiritualmente distantes. A
fraternidade, como o Senhor ensinou a seus discípulos, encontra seu ha-
bitat natural na comunidade, entendida não como um círculo restrito,
mas como uma schola amoris que ensina a viver entre irmãos e irmãs.
“Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da comunicação
humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o desafio de desco-
brir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, para costruir uma verdadeira
experiência de fraternidade, numa caravana solidária e numa peregrina-
ção sagrada”.13 A relação interpessoal em comunidade consiste princi-
palmente na comunhão fraterna, no cuidado uns dos outros, na
consciência de que a fraternidade se alcança comunicando e construindo
o projeto de Deus na partilha.
12 Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, A
vida fraterna em comunidade. “Congregavit nos in nunum Christi amor”, Cidade do Vati-
cano, 1994, n. 29.
13 Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Cidade do Vaticano, 2013, n. 87.
25

3.7 Page 27

▲back to top
4 A COMUNICAÇÃO AMIGA
QUE NASCE DO AMOR
DE DEUS POR NÓS
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“N’Ele e por seu sangue, obtemos a redenção e recebemos o perdão de
nossas faltas, que Deus derramou profusamente em nós, abrindo-nos para
toda a sabedoria e inteligência. Ele nos fez conhecer o mistério de sua
vontade, segundo o desígnio benevolente que formou desde sempre em
Cristo para realizá-lo na plenitude dos tempos: recapitular tudo em Cristo,
tudo o que existe no céu e na terra” (Ef 1,7-10).
Depois de estabelecermos os fundamentos humanos da comunicação, par-
ticularmente no mundo juvenil, vamos em busca de seus fundamentos teo-
lógicos, partindo do princípio de que Deus procura a pessoa humana
movido pelo desejo de se comunicar, aproxima-se, revela-se no amor e na
verdade, cria interação e mostra à humanidade seu projeto de amor e re-
denção.
Neste processo comunicativo, a Palavra de Deus torna-se fonte de salvação,
porque para Deus revelar-se pessoalmente coincide com salvar o homem.
Além disso, a Palavra de Deus, que se revela de modo humano, que “se faz
carne” (Jo 1,14), manifesta-se em todas as coisas criadas, na beleza da cria-
ção e em todas as obras humanas que participam deste dom.
Também o amor e o carinho humanos em sua totalidade, assim como a di-
mensão vocacional de cada pessoa, o apelo à doação, são iluminados pela
Palavra de Deus que nos ama.
A visão educativa e espiritual de Dom Bosco constrói-se inteiramente nesta
perspectiva e leva o nome de caridade pastoral.

3.8 Page 28

▲back to top
v Deus comunica-se conosco com amor: é o núcleo central da comuni-
cação. O Creador se revela falando como amigo. Esta visão implica uma
mudança de mentalidade na concepção do modo como Deus se revela
e, portanto, como se comunica conosco. Nesta revelação amiga de Deus,
a comunicação é iluminada e orientada por uma visão ampla, humanís-
tica, espiritual e pastoral, com sentimentos éticos que são despertados,
precisamente, pelo amor.
v A iniciativa de comunicar-se com os filhos e filhas provém sempre,
antes de mais, de Deus. O homem não seria capaz de comunicar-se com
Deus se não houvesse revelação de sua parte. É Ele quem se aproxima
da humanidade de forma amigável para realizar sua salvação. A peda-
gogia da iniciativa de Deus de se aproximar de seus filhos para se revelar
como Deus Criador manifesta sua presença nas criaturas. O ser humano
é obra do Criador e por isso é amado e procurado.
v É através de sua iniciativa de procurar a pessoa humana que nasce a
comunicação de Deus. Deus estabelece uma verdadeira pedagogia da
comunicação: aproxima-se como amigo, fala, revela-se e procura encon-
trar um modo de ouvir, de captar a reação da pessoa, de estabelecer um
diálogo. É desta iniciativa de amor que nascem as relações, o diálogo e
a interação.
Na pedagogia comunicativa de Deus, Ele fala primeiro, a pessoa escuta,
reflete, reage para que se crie uma interação.14 Neste processo, a Palavra
divina é expressa em palavras humanas. Realiza-se como diálogo e dá
origem à fé: estabelece relações interpessoais e realiza-se progressiva-
mente, num entrelaçamento de carne e linguagem, através de fatos e
palavras, acontecimentos e interpretações intimamente ligados entre si,
que ocorrem juntos e se complementam. Por isso, a característica que
melhor define o Deus bíblico é sua disponibilidade para o diálogo, sua
capacidade de se manifestar sempre através da Palavra (Hb 1.1-2).
v Deus deseja comunicar-se com a humanidade verdadeiramente. O en-
contro entre a pessoa humana e o mistério exige um caminho. Deus ama
na verdade e esta verdade deve emergir na relação da pessoa com Deus.
Por isso a comunicação não está a serviço de si mesma. Colabora para
que a pessoa possa encontrar verdadeiramente a Deus.
14 Juan José Bartolomé Lafuente, Dios y su Pueblo necessitam mediadores, Editorial CCS,
Madrid, 2023.
27

3.9 Page 29

▲back to top
A Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina Dei Verbum explica
muito claramente a natureza e o objeto da Revelação quando afirma que
“aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e
tornar conhecido o mistério de sua vontade (Ef 1,9), pelo qual os homens,
por intermédio do Cristo, Verbo feito carne e no Espírito Santo, têm
acesso ao Pai e se tornam participantes da natureza divina (cf. Ef 2,18; 2
Pd 1,4)”.15
v Na comunicação de Deus com a pessoa humana, sua Palavra cria a
realidade. O poder da Palavra cria as coisas no início. O Deus bíblico
não se expressa apenas declarando-nos sua existência. Ele fala a favor
da realidade, dando-lhe existência.
Na Bíblia, a relação entre Deus criador e a realidade criada é entendida
como um pronunciamento divino: o mundo é sua Palavra repetida (cf.
Gn 1,3-25); o homem nasceu de uma conversa divina, foi pensado na in-
timidade de Deus e querido por Ele, veio do nada, sabendo que foi feito
à imagem do Deus que fala; o povo é o cumprimento de uma palavra
dada, de uma promessa cumprida (Gn 12,2). A Palavra de Deus é obra
sua: aquilo que Deus nomeia, declara que existe; ao nomeá-lo, Ele o
chama, salvando-o do silêncio e do nada. Tudo o que tem vida é Palavra
do Deus vivo.
v O homem é o resultado de um encontro com o divino. O crente sabe
que foi chamado à vida por Deus. Nascido de um diálogo divino, está
destinado ao diálogo com Deus: é portanto, no meio de toda a criação,
a própria imagem de Deus.
O crente, simplesmente por viver, sabe que é chamado por Deus e que
Deus é responsável por ele: vive porque Deus o quis e para viver como
Deus quer; ele sabe que está vivo porque foi invocado por Deus; ele
sabe que viverá se permanecer fiel à sua origem e mantiver a comunica-
ção com seu Deus.
v O crente, nascido da Palavra, está a seu serviço. Pelo próprio fato de
existir, o homem deve assumir responsabilidades. Como único ser vivo
que reflete a natureza dialógica de Deus (Gn 1,26), ele terá que respon-
der por aquilo que criou, ser responsável pela procriação ou por seu
irmão.
15 Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina Dei Verbum, Cidade
do Vaticano, 1965, n. 2.
28

3.10 Page 30

▲back to top
v A salvação do homem é um caminho dialógico. “A novidade da reve-
lação bíblica consiste no fato de Deus se dar a conhecer no diálogo que
deseja ter conosco. (...) Nunca houve um tempo em Deus em que o
Logos não tivesse existido”.16
Para Deus, revelar-se pessoalmente coincide com salvar o homem. Sua
Palavra exprime-se ao longo de toda a história da salvação, é salvação
realizada: salvo é aquele que vive em diálogo aberto ao outro e respon-
sável perante ele pelos outros.
v “Deus pronunciou sua Palavra eterna de forma humana; seu Verbo
‘se fez carne’ (Jo 1,14). Esta é a boa notícia”.17 Sem o Espírito não teria
havido nem a encarnação do Verbo nem a Palavra de Deus registrada na
Sagrada Escritura. Não se pode, portanto, “compreender a Escritura sem
a colaboração do Espírito Santo que a inspirou”.18 “Por isso é necessário
recorrer à revelação para procurar e conhecer os fundamentos trinitários
da comunicação. O Deus da fé cristã revelou-se como Deus trino, no qual
coincidem a unidade e a pluralidade, um só Deus e três pessoas, o Pai,
o Filho e o Espírito Santo”.19
v A beleza é um aspecto constante nos textos da Sagrada Escritura. Ela
se manifesta em todas as coisas criadas, atingindo o ápice na sabedoria
divina, na beleza e na sabedoria suprema.
Nas Bíblias hebraica e grega encontramos um léxico próprio de “beleza”.
Os termos hebraicos Japheh e Tov podem ser traduzidos como “esplên-
dido”, “decoroso”, “bem sucedido”, “agradável”, “em forma”. Em grego,
os termos são kalós e agathós: “bonito” e “bom”, especialmente no sen-
tido de “saudável”, “forte”, “excelente”, “bem composto”, “adequado”.
O texto bíblico oferece-nos uma visão da beleza que se manifesta no es-
plendor da criação. Em particular, alguns Salmos são obras de arte lite-
rária de expressão comunicativa profunda e rica, hinos artísticos que
podem ser cantados como forma de oração, meditação e liturgia.
A beleza é também uma experiência comunitária e social: cuidar dos ou-
tros e da natureza, realizar atividades sociais, religiosas e cívicas, envol-
ver-se em ações que sirvam à sociedade mediante o trabalho, dedicar-se
ao desenvolvimento e ao progresso humano.
16 Bento XVI, Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini, Cidade do Vaticano, 2010,
n. 6.
17 Ibidem, n. 1.
18 Ibidem, n. 16.
19 Felicísimo Martínez Díez, Teología de la Comunicación, BAC, Madrid, 1994, pp. 1254-1270.
29

4 Pages 31-40

▲back to top

4.1 Page 31

▲back to top
v A Palavra de Deus ilumina o amor e o afeto humanos. A comunicação
é essencialmente uma expressão do ser humano em sua totalidade. A
pessoa se comunica a partir de sua experiência afetiva, de sua sensibili-
dade, de sua empatia com os outros e pelos outros.
No Livro sapiencial do Cântico dos Cânticos (2, 8-17) encontramos um
texto muito rico em expressões de amor e de carinho que uma pessoa
experimenta, cultiva pela outra e que lhe comunica. No simbolismo deste
Livro sobre o amor entre duas pessoas, encontramos um protótipo de
como podemos viver nosso amor a Deus: porque Deus nos ama, nós o
amamos. E cada pessoa constrói esta história de amor com Deus. Este
texto também nos inspira como viver a experiência do amor em Deus
para com os outros. A grandeza do amor de Deus ilumina e mostra a di-
mensão vocacional de cada pessoa, chamada à doação, à entrega e ao
compromisso para construir o amor.
30

4.2 Page 32

▲back to top
5 JESUS CRISTO
SE COMUNICA
AMIGAVELMENTE
EM NOME DO PAI
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Durante sua permanência na terra, Cristo manifestou-se como perfeito
Comunicador. Pela encarnação, fez-se semelhante àqueles que haviam
de receber sua mensagem; mensagem que comunicava com a palavra e
com a vida. Não falava como que ‘de fora’, mas ‘de dentro’, a partir de
seu povo; anunciava-lhe a Palavra de Deus com coragem e bondade,
adaptando-se à sua linguagem e mentalidade” (Communio et Progressio,
n. 11).
A visão cristológica baseada em Jesus Cristo, comunicador do Pai, como
Bom Pastor, dá vida a uma pedagogia amiga da comunicação: escuta, aco-
lhe, ama, cuida, educa e salva.
Deus, através da encarnação de seu Filho Jesus Cristo, estabelece uma co-
municação decisiva e poderosa. É a Palavra de Deus que cumpre a promessa
do Salvador e realiza a salvação da humanidade, porque Jesus Cristo é a ex-
pressão infinita de um Deus que ama eternamente a pessoa humana.
Fiel à Palavra do Pai, Jesus vive e comunica seu plano a todos seus filhos.
Esta verdade é transmitida aos discípulos e inspira e guia a Igreja e todos os
crentes.

4.3 Page 33

▲back to top
v O Pai revela-se através de Jesus de forma amigável. Jesus, como Filho
de Deus, comunica-se a partir de sua filiação divina. Sua comunicação
realiza-se inteiramente em nome de Deus. Pode-se dizer que Jesus se
comunica por necessidade, isto é, para dar a conhecer o plano de salva-
ção do Pai para toda a humanidade. “Uma nuvem veio e os cobriu com
sua sombra e da nuvem saiu uma voz: este é o meu Filho amado; ouvi-
o!” (Mc 9,6).
v A Palavra de Deus é seu Filho, Jesus Cristo. Jesus Cristo, nascido da
Virgem Maria, é verdadeiramente o Verbo de Deus que se tornou con-
substancial conosco. Quem encontra sua pessoa escuta Deus e, ouvindo
a Deus, encontra seu Filho (cf. Mc 1,11.9,7). Para facilitar a comunicação,
Deus veio ao encontro dos seus filhos. “O Verbo eterno fez-se pequeno,
tão pequeno que cabe numa manjedoura. Ele se fez criança, para que a
Palavra estivesse a nosso alcance”.20 Sua história única é a Palavra defi-
nitiva que Deus dirigiu à humanidade.
v Em Jesus Cristo, o Verbo se faz carne e se comunica conosco. O Evan-
gelho de João começa com a grande afirmação da comunicação de
Deus: “No princípio era o Verbo” (Jo 1,1). Em Jesus Cristo, a Palavra de
Deus se tornou carne. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo
1,14). O Papa João Paulo II afirma que “por meio do Espírito, Deus pre-
parou sua vinda como Salvador, orientando secretamente os corações a
cultivarem a expectativa na esperança”.21
v Teologicamente, a Palavra de Deus tem o poder de agir, de criar vín-
culos, de transformar e construir novas realidades. Deus, mediante a
encarnação de seu Filho Jesus Cristo, estabelece uma comunicação de-
cisiva e poderosa. É a Palavra de Deus que cumpre a promessa do Sal-
vador e realiza a salvação da humanidade. Na Revelação, a Palavra é
intensamente fecunda de amor, porque Jesus Cristo é a expressão infinita
de um Deus que ama eternamente a pessoa humana. Portanto, é uma
Palavra que gera vida e constrói uma aliança profunda entre o Pai e o
Filho e o Espírito Santo.
v Sem o Espírito não teria havido encarnação do Verbo, nem haveria
entendimento da revelação de Deus. O Verbo fez-se carne, tendo sido
concebido por Maria “por meio do Espírito Santo” (cf. Mt 1,18.20; Lc
20 Bento XVI, Homilia da Missa na Solenidade do Natal do Senhor, 24 de dezembro de 2006.
21 João Paulo II, Audiência Geral, 3 de dezembro de 1997.
32

4.4 Page 34

▲back to top
1,35). É o mesmo Espírito que falou através dos profetas, que recordará
aos discípulos o que Jesus lhes tinha dito (Jo 16,7), que desceu sobre os
apóstolos e os enviou ao mundo para pregar o Evangelho, e sob cuja
inspiração os sagrados autores escreveram a mensagem de salvação.
“Sem a ação eficaz do ‘Espírito da Verdade’ (Jo 14,16) não é possível
compreender a Palavra do Senhor. (…) Assim como a Palavra de Deus
chega até nós no corpo de Cristo, no corpo eucarístico e no corpo das
Escrituras pela ação do Espírito Santo, também ela só pode ser acolhida
e verdadeiramente compreendida graças ao mesmo Espírito”.22
v Jesus aprende com o Pai que comunicar-se é amar e cuidar. O Evan-
gelista Marcos afirma: “Jesus foi batizado em Nazaré... E imediatamente,
saindo da água, viu os céus abertos e o Espírito descer sobre Ele como
uma pomba, e uma voz veio do céu: ‘Tu és meu filho amado, em ti eu
coloquei todo meu amor’” (Mc 1,9-11). Por meio de sua Palavra, Deus
confirma Jesus como seu verdadeiro Filho e ao mesmo tempo expressa
seu amor incondicional.
v Jesus, em sua relação profunda com o Pai, aprende d’Ele a se comu-
nicar: “Assim como o Pai me amou, eu também vos amei; permanecei
no meu amor. Se guardardes meus mandamentos, permanecereis no
meu amor; assim como eu guardei os mandamentos de meu Pai e per-
maneço em seu amor. Eu vos disse estas coisas para que a minha alegria
esteja em vós e a vossa alegria seja completa” (Jo 15,9-11).
Ao longo de sua existência, Jesus experimenta uma profunda intimidade
comunicativa com o Pai, que se transmite ao homem. “Assim como o Pai
me amou, eu também vos amei” (Mc 1,9-11). Jesus é a Palavra que se
fez carne. Nele a Palavra se faz carne, sentimento, emoção, linguagem,
amor e serviço à missão.
Como comunicador do Pai, a Palavra de Jesus e o que Ele ensina são
coerentes com a verdade e fiéis à missão que recebe do Pai. Ele se co-
munica, portanto, a partir de sua experiência e testemunha sua comu-
nhão íntima com o Pai.
v A pedagogia comunicativa de Jesus é a do Bom Pastor, que se apro-
xima, ama e dá a vida por suas ovelhas. Jesus é o modelo do comuni-
cador: escuta, dialoga, questiona, interage com empatia e caminha junto,
colocando no centro a pessoa e sua realidade interior.
22 Bento XVI, Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini, Cidade do Vaticano, 2010,
n. 15.
33

4.5 Page 35

▲back to top
O apelo de Jesus a seus discípulos realiza-se também através do poder
da Palavra: “Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André,
irmão de Simão, lançando as redes ao mar; de fato, eram pescadores.
Jesus disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”
(Mc 1,16-17).
Jesus ensina seus discípulos a se comunicarem como Ele e com o Pai. A
este propósito, a Dei Verbum recorda que Jesus ordena a seus discípulos
que anunciem o Evangelho. Esta missão comunicativa tem sua raiz no
desejo de Deus de se comunicar e em seu modo de se comunicar ami-
gavelmente. “Deus, com suprema bondade, providenciou para que o
que Ele havia revelado para a salvação de todas as pessoas permane-
cesse intacto para sempre e fosse transmitido a todas as gerações. Por
isso, Cristo Senhor, em quem a Revelação do Deus Altíssimo encontra
cumprimento pleno, ordenou aos apóstolos que o Evangelho, outrora
prometido através dos profetas e cumprido e promulgado pessoalmente
por Ele, fosse pregado por eles a todos, como a fonte de toda verdade
salvífica e de toda regra moral, comunicando-lhes assim os dons
divinos”.23
Fiel à Palavra do Pai, Jesus vive e comunica seu plano a todos seus filhos.
Esta verdade é transmitida aos discípulos e inspira e guia a Igreja e todos
os crentes. “Isso foi feito fielmente, tanto pelos apóstolos, que na pre-
gação oral, mediante exemplos e instruções, transmitiram tanto o que
haviam recebido da boca de Cristo, vivendo com Ele e vendo-o agir,
quanto o que aprenderam com as inspirações do Espírito Santo; bem
como por aqueles apóstolos e pessoas de seu círculo que, por inspiração
do Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação”.24
23 Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina Dei
Verbum, Cidade do Vaticano, 1965, n. 7.
24 Ibidem.
34

4.6 Page 36

▲back to top
6 DEUS CONTINUA
A SE COMUNICAR COM
A HUMANIDADE
POR MEIO DA IGREJA
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Deus continua a se comunicar com a humanidade por meio da Igreja, por-
tadora e guardiã de sua Revelação, a cujo Magistério, somente, confiou a
tarefa de interpretar autenticamente sua Palavra. Além disso, a própria
Igreja é ‘communio’, uma comunhão de pessoas e comunidades eucarísticas
que derivam a comunhão trinitária e que a refletem. Por isso, a comunicação
é essencial para a Igreja” (A Igreja e a Internet, n. 3).
Depois do aprofundamento teológico e cristológico da comunicação, este
capítulo oferece uma fundamentação eclesiológica da comunicação: a Igreja
como sinal de Deus no mundo, mestra da humanidade e educadora do povo
de Deus no caminho da redenção.
A Igreja, de fato, nasceu da escuta da Palavra e existe para evangelizar, isto
é, para pregar e ensinar o Evangelho em todo o mundo, ou seja, a narração
da experiência pascal.
A Igreja, mensageira do Evangelho e mestra de humanidade, coloca a pes-
soa humana e sua comunidade no centro de sua missão. Em sua obra é ilu-
minada pelo Espírito Santo, que guiou os apóstolos e Maria no caminho do
anúncio do Evangelho.
Além disso, utiliza os meios de comunicação para evangelizar e acompanha
a humanidade em sua vocação e missão na história da comunicação humana.

4.7 Page 37

▲back to top
v A Igreja nasce da escuta de Deus. Ela ouve a Palavra para a anunciar:
só quem primeiro escuta a Palavra pode tornar-se seu anunciador. Na
verdade, o cristão não deve ensinar sua própria sabedoria, mas a sabe-
doria de Deus, que muitas vezes aparece como um escândalo aos olhos
do mundo (cf. 1 Cor 1, 23).
v A Igreja existe para evangelizar, isto é, para pregar e ensinar. Segundo
o testemunho de Lucas, a comunidade cristã nasceu para anunciar a ex-
periência pascal em todo o mundo (At 1,6-8; cf. Mt 28,16-20) e apresen-
tou-se ao mundo pregando a ressurreição (At 2,14-36): o novo povo de
Deus se dedica a comunicar o Evangelho. Não é por acaso, portanto,
que a pregação da fé comum tem estado também na origem do pro-
cesso de geração das Escrituras. A tradição eclesial deu vida à Palavra
escrita: a própria existência da Escritura é prova documental da pré-exis-
tência da pregação. Deus falou então e fala ainda hoje através da expe-
riência de suas testemunhas, que celebram sua fé no culto e que têm a
tarefa de torna-la pública.
v A Igreja, criada pela Palavra, vive para ouvi-la. O Deus bíblico, o Deus
que fala como amigo, salva reunindo: faz de seus ouvintes seu povo.
Deus não tem outra maneira de salvar senão reunindo aqueles que o
ouvem.
v A Igreja, mensageira do Evangelho e mestra de humanidade, coloca
a pessoa humana e sua comunidade no centro de sua missão. Por isso,
ela é uma comunicadora autorizada do plano de Deus. A Igreja comunica
porque sua missão e sua vocação no mundo consistem precisamente em
ser sinal do mistério de Deus na vida e na história humana. Isto, por sua
vez, nos permite afirmar o que ensina a Lumen Gentium: “Veio o Filho,
enviado pelo Pai. Foi n’Ele que, antes da constituição do mundo, o Pai
nos escolheu e nos predestinou a sermos filhos adotivos, porquanto foi
de seu beneplácito restaurar n’Ele todas as coisas (Ef 1,4-5.10). Para cum-
prir a vontade do Pai, Cristo inaugurou na terra o Reino dos céus, reve-
lou-nos seu mistério e por sua obediência realizou a redenção. A Igreja,
ou seja o Reino de Cristo já presente em mistério, pelo poder de Deus
cresce visivelmente no mundo”.25
25 Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Igreja Lumen Gentium,
Cidade do Vaticano, 1964, n. 3.
36

4.8 Page 38

▲back to top
v A Igreja comunica iluminada pelo Espírito Santo que guiou os apósto-
los e Maria no caminho do anúncio do Evangelho. O mesmo Espírito guia
a Igreja em todos os tempos e lugares para ser a comunidade nascida
do Pentecostes, onde a comunicação trinitária é o exemplo para todo
tipo de comunicação. Concluída a obra que o Pai havia confiado ao Filho
na terra (Jo 17.4), no dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi enviado
para santificar continuamente a Igreja para que os crentes tivessem assim,
por meio de Cristo, acesso ao Pai em um só Espírito (Ef 2:18). Este é o
Espírito que dá vida, fonte de água que jorra para a vida eterna
(Jo 4,14); por meio d’Ele o Pai restitui a vida aos homens, mortos pelo
pecado, até que um dia ressuscitará seus corpos mortais em Cristo
(Rm 8,10-11).
v “Segundo a Igreja, a história da comunicação humana assemelha-se a
um longo caminho que conduz a humanidade ‘desde o orgulhoso pro-
jeto de Babel, com seu fardo de confusão e incompreensão mútua (Gn
11,1-9), até o Pentecostes e o dom de línguas: a restauração da comuni-
cação centra-se em Jesus mediante a ação do Espírito Santo’. Na vida,
morte e ressurreição de Cristo, a comunicação entre os homens encon-
trou seu ideal máximo e modelo supremo em Deus, que se fez homem
e irmão”.26
26 Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, A Igreja e a Internet, Cidade do Vati-
cano, 2002, n. 2.
37

4.9 Page 39

▲back to top
7 MARIA, EXEMPLO
DE COMUNICADORA
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Predestinada desde a eternidade junto com a encarnação do Verbo di-
vino, como Mãe de Deus, por desígnio da Providência divina, a Bem-
aventurada Virgem foi nesta terra a sublime mãe do Redentor. Ela
concebeu, gerou, nutriu a Cristo, apresentou-o ao Pai no templo, sofreu
com seu Filho que morria na cruz. Assim de modo inteiramente singular,
pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra
do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por tal
motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da graça” (Lumen Gentium,
n. 61).
A Virgem Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, é modelo de comunicação. Ela
se põe a serviço do Filho, acompanha-o ao longo de todo o caminho de sua
vida, até sua morte e ressurreição.
Em Caná, na Galileia, Maria é a comunicadora das relações humanas.
Ao pé da cruz, ela é a comunicadora da fé no plano de Deus para cada um
de nós.
No Cenáculo, depois da ressurreição, nós a vemos silenciosamente presente
entre os discípulos de Jesus.

4.10 Page 40

▲back to top
v A Virgem Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, é modelo de comunicação.
Maria é a comunicadora da graça de Deus, a partir de seu “sim” incon-
dicional e amoroso dirigido Àquele que a escolheu como sua eleita.
Maria anuncia a Isabel que foi escolhida para ser mãe de Jesus, do Sal-
vador (Lc 1,39-56). A relação interpessoal entre elas é um encontro entre
duas mulheres profundamente envolvidas no amor de Deus. Um inter-
câmbio entre irmãs, uma comunicação de atenção e cuidado que uma
tem pela outra.
v Em Caná, na Galileia, Maria é comunicadora das relações humanas,
da empatia, da sensibilidade e da abertura. Ela interpreta a situação com
fé, saindo de si mesma e projetando-se ao encontro dos outros: “Quando
acabou o vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles não têm mais vinho’” (Jo
2,3). Ela valoriza o grupo, sabendo viver em comunidade, participando
de seus ritos e unindo-se à alegria dos convidados. Sua comunicação
com Jesus e com os convidados da festa é caracterizada por uma auto-
ridade amorosa, ativa, firme e criativa: “A mãe diz aos servos: ‘Fazei tudo
o que Ele vos disser’” (Jo 2, 5).
Maria toma a iniciativa, dá o primeiro passo, dialoga, questiona, ouve e
age para encontrar uma solução para a falta de vinho. Maria, comunica-
dora exemplar, demonstra uma sensibilidade específica para com os ou-
tros e uma atitude ativa imediata enraizada na ordem racional das coisas.
v Ao pé da cruz (Jo 19,25-27), Ela é a comunicadora da fé no plano de
Deus para cada um de nós. Fiel ao amor que se doa para além de toda
a lógica humana, ela nos ensina a comunicar a redenção de Deus na his-
tória e a partilhar a esperança que nunca terá fim, porque encontra sua
fonte de luz em Cristo ressuscitado.
v No Cenáculo, Maria está silenciosamente presente entre os discípulos
de Jesus. Nos Atos dos Apóstolos (1,14), Lucas menciona a presença hu-
milde de Maria durante a efusão do Espírito Santo. É uma mulher de co-
munhão, de integração na comunidade; ela se insere entre os discípulos
como mulher, e enquanto Mãe de Jesus, interage, escuta, reza, acom-
panha, participa da comunidade que nasce. Mesmo sendo a Mãe de
Jesus, não se coloca acima dos discípulos. Ela se comunica com sua pre-
sença amigável e humilde, com seu profundo senso de comunidade.
39

5 Pages 41-50

▲back to top

5.1 Page 41

▲back to top
8 SÃO FRANCISCO DE SALES:
TUDO POR AMOR
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Afinal, uma de suas declarações mais famosas, ‘o coração fala ao co-
ração’, inspirou gerações de crentes (…). Demonstra como para ele a
comunicação nunca deveria ser reduzida a um artifício, a – diríamos
hoje – uma estratégia de marketing, mas era o reflexo da alma, a su-
perfície visível de um núcleo de amor invisível para os olhos dos ou-
tros” (Mensagem do Santo Padre Francisco para o 57º Dia Mundial das
Comunicações Sociais).
A figura de São Francisco de Sales, escolhida por Dom Bosco como exem-
plo de comunicador, ensina que comunicar é uma questão do coração.
Em sua expressão “Tudo na Igreja é amor: tudo vive no amor, para o amor
e do amor”, compreendemos sua revolução no modo de se comunicar, e
como a comunicação se torna fecunda quando permite a comunhão e a
troca de experiências próprias num caminho de acompanhamento e co-
laboração no plano de Deus.
Com esta visão enraizada na experiência do dom e da gratuidade do amor
de Deus, Francisco de Sales abriu um caminho original de espiritualidade,
arte comunicativa e ação pastoral.

5.2 Page 42

▲back to top
v Tudo na Igreja é amor: tudo vive no amor, para o amor e por amor”.27
É com esta expressão que São Francisco de Sales, único em seu tempo,
iniciou uma verdadeira revolução na forma de se comunicar. A palavra
comunicação é a chave da teologia e espiritualidade do santo, que fez
uma peregrinação interior na busca sábia e amorosa de Deus.28
v A comunicação, como chave interpretativa da vida e da doutrina de
São Francisco de Sales, refere-se a uma riqueza e multiplicidade de as-
pectos que encontram seu fundamento na teologia do mistério trinitário,
do qual o homem é chamado a participar pela graça e pela vocação.
Francisco de Sales encarna um modelo de comunicação que, tanto em
seus conteúdos como em sua dinâmica, se inspira no Evangelho. Para
ele, comunicar-se significa dar-se ao outro, partilhar das próprias expe-
riências e estabelecer amizades autênticas. A comunicação só é eficaz
quando se é capaz de criar vínculos e estabelecer relacionamentos que
geram comunhão e fraternidade.
A comunicação é fecunda quando permite a comunhão, a troca de ex-
periências. Francisco parte de um princípio fundamental: Deus se comu-
nica por amor. Este amor é um dom de Deus para suas criaturas, que
respondem livremente com espírito filial, entrega amorosa e compro-
misso alegre, que se traduz num caminho de santidade na colaboração
com o desígnio de Deus no mundo.
v Com esta visão enraizada na experiência do dom e da gratuidade do
amor de Deus, Francisco de Sales abriu um caminho original de espiri-
tualidade, arte comunicativa e ação pastoral.
São Francisco é um comunicador que viveu sua vida e criou suas obras
com criatividade e intensidade. Isto demonstra sua importante e decisiva
forma de comunicar, que continua a ser atual: viver uma vida espiritual
aberta ao dinamismo interior do coração e da alma em união com Deus
no serviço aos outros.29
27 Francesco di Sales, Il Trattato dell’amore di Dio, Prefácio, Città Nuova, Roma, 2011, p. 84.
28 A história dos homens é marcada por sua incessante atividade de pesquisa. Um sábio de Israel
disse: “Eu, Qohélet, fui rei de Israel em Jerusalém. Decidi pesquisar e explorar sabiamente
tudo o que é feito sob o céu. Esta é uma ocupação pesada que Deus deu aos homens para
trabalharem” (Qo 1,12-13). “O desejo de conhecer constitui, sem dúvida, uma das caracterís-
ticas do ser humano, já reconhecida pelos antigos filósofos e por eles apreciada, porque torna
a própria existência criativa, útil e melhor” (Pontificia Commissione Biblica, “Chi è l’uomo?” (Sl
8,5). Un itinerario di antropologia biblica, Libreria Editrice Vaticana, Cidade do Vaticano, 2019).
29 Vincenzo Marinelli, Francesco di Sales comunicatore. Ricostruzione della teologia della co-
municazione salesiana e suo contributo per la prassi pastorale contemporanea, PUL, Roma,
2019, pp. 26-28.
41

5.3 Page 43

▲back to top
9 VIVER AMIGAVELMENTE
NA CULTURA DIGITAL HOJE
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“À medida que o mundo se torna cada vez mais digital e virtual, todos
temos a responsabilidade de aprofundar, com nossos educadores, os fun-
damentos da comunicação para estabelecer uma relação saudável entre
as pessoas e a tecnologia, com especial atenção ao cuidado com a cria-
ção, com a dignidade e os direitos, a ética da economia e a política. O
objetivo é salvaguardar a casa comum através da fraternidade, como pro-
põe o Papa Francisco a partir da Encíclica Laudato Si’ e do Pacto Educa-
tivo Global” (Carta Caminhando com os jovens na cultura digital, n. 13).
Viver a cultura digital com estilo salesiano é compromisso fundamental e co-
ração de toda atividade comunicativa. Realiza-se antes de mais nada se-
guindo o modelo da pedagogia própria de Deus.
Dom Bosco pede aos Salesianos que saibam acompanhar os tempos, aten-
tos às mudanças sociais e culturais, seguindo de perto o desenvolvimento
dos jovens e abertos às ciências, ao avanço contínuo da tecnologia e das
culturas.
São majoritariamente os jovens que vivenciam a realidade digital com seus
grandes desafios e oportunidades, crescendo como protagonistas com uma
mentalidade e comportamento tipicamente novos. São eles os primeiros a
serem influenciados pelo complexo cenário econômico, político e social que
ameaça o presente e o futuro, a viver uma espiritualidade e uma relação com
Deus sem necessariamente estarem vinculados a rituais ou pertencerem a
uma religião específica. Por isso cabe a nós procurá-los nos diferentes am-
bientes onde vivem.

5.4 Page 44

▲back to top
v Os jovens são o coração da missão comunicativa salesiana. Dom Bosco
desenvolveu o Sistema Preventivo, sublinhando fortemente este valor.
“Ele orienta seu trabalho decididamente para a juventude; escolhe cons-
cientemente colocar-se à disposição para acolher adolescentes e jovens
‘em risco’: escolha que se torna critério para configurar a evangelização,
visando sua reintegração total. A prioridade quanto aos ‘jovens, espe-
cialmente aos mais pobres’ – as palavras são de Dom Bosco – é também
a nossa escolha decisiva”.30
v Dom Bosco, profundamente consciente da realidade dinâmica dos jo-
vens, pediu aos Salesianos que soubessem acompanhar os tempos.
A Congregação Salesiana, atenta às mudanças sociais e culturais das di-
ferentes sociedades, acompanha de perto o desenvolvimento dos jovens
através de uma visão orgânica da pastoral, com capacidade de interpre-
tar as realidades juvenis, mudar paradigmas e empreender o caminho da
conversão pastoral e da sinodalidade.
A comunicação se situa nesta dinâmica de escuta dos sinais dos tempos,
no aprofundamento das linguagens juvenis, nos códigos de comunica-
ção, na formação de grupos e no uso moderno da comunicação.
v As ciências sociais, os documentos da Igreja e da Congregação Sale-
siana atestam que vivemos uma realidade vasta e complexa no mundo
da comunicação, na atual era da informação, da Internet, das redes so-
ciais e da Inteligência Artificial.31
A Igreja reconhece que estas realidades, contudo, não dizem respeito a
todas as pessoas em todas as partes do mundo. Em muitos locais pobres
o acesso à Internet e às redes sociais é muito precário ou mesmo inexis-
tente. A exclusão digital ainda está presente em muitos países.
O contexto geral e global do desenvolvimento da comunicação digital
deve ser considerado. Devemos também ter em mente que a comunica-
ção não se limita apenas à tecnologia, mas se manifesta através de rituais
humanos, cultura, arte e expressões diárias que as pessoas usam para
comunicar-se na comunidade. É também necessário avaliar a utilização
dos meios de comunicação tradicionais (rádio, TV, jornais, multimídia)
que funcionam digitalmente ou que estão em transição para a tecnologia
30 Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, Pastoral Juvenil Salesiana. Quadro de Refe-
rência, Direção Geral Obra Don Bosco, Roma, 2014, p. 64.
31 Sínodo dos Bispos, XV Assembleia Geral, Documento final “Os jovens, a fé e o discerni-
mento vocacional”, Cidade do Vaticano, 2021.
43

5.5 Page 45

▲back to top
digital. Existem regiões no mundo que, apesar da presença da telefonia
móvel e da Internet, ainda não possuem estrutura de tecnologias de in-
formação e conexões de qualidade.
Finalmente, em alguns países existe controle da comunicação, da inter-
net e das redes sociais por parte de governos. É importante ressaltar tam-
bém que a justiça e a liberdade no mundo atual passam pelo acesso às
tecnologias de comunicação e redes sociais.
v A tecnologia anda de mãos dadas com o progresso da humanidade,
desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da ciência,
do conhecimento, das grandes descobertas e dá uma imensa contri-
buição para a educação, a saúde, a democracia, a justiça e a paz. Por
isso, o mundo digital está destinado a crescer, a tornar-se mais sofisti-
cado e rápido, principalmente com a Inteligência Artificial. Mas é res-
ponsabilidade de cada cidadão e de cada cristão educar-se eticamente
para ser protagonista no uso destas tecnologias para o bem-estar e a
segurança de seus filhos, da família, da comunidade e da sociedade
em geral.
Por todas estas razões, considerando o contexto comunicativo em que
vivem nossos jovens, sublinhamos a importância de compreender a di-
nâmica da cultura digital para educar e evangelizar com profundidade e
significatividade.
v Os adolescentes e jovens vivenciam a realidade digital com seus gran-
des desafios e oportunidades, crescem com uma mentalidade e um
comportamento tipicamente novos, utilizam a linguagem e a lógica di-
gitais, fazem múltiplas coisas ao mesmo tempo, respondem emocional
e socialmente à velocidade e instantaneidade da Internet e são influen-
ciados pelo complexo cenário econômico, político e social que ameaça
o presente e o futuro.
No entanto, estamos todos imersos nesta realidade em nível físico,
emocional e social. Vivemos neste habitat digital dia e noite. Conver-
samos com as pessoas ao telefone, gravamos e enviamos vídeos, faze-
mos compras, gerenciamos nossas contas bancárias, pesquisamos
sobre temas educativos e buscamos uma variedade de entratenimento.
Praticamente vivemos em uma verdadeira realidade digital. E não se
pode absolutamente separar o mundo real do virtual.
v Os jovens na cultura digital formam uma rede de imagens, sons inte-
ratividade. Eles são nativos de uma realidade onde o “real” e o “virtual”
são uma coisa só e onde a imaginação fala uma linguagem multidimen-
44

5.6 Page 46

▲back to top
sional. Para eles, a Internet e as redes sociais são locais de estudo, pes-
quisa, promoção pessoal e profissional, amizades e entretenimento.
As novas gerações, dentro deste ecossistema, estão construindo a cultura
digital, com todas suas possibilidades e seus desafios, em nível pessoal e
comunitário.32 Vivem diante de ameaças como o individualismo e o relati-
vismo; manifestam males que assumem traços de autorreferencialidade,
indiferença, desrespeito à natureza, até as diversas formas de desconhe-
cimento a respeito dos algoritmos que gerenciam o funcionamento da In-
ternet; eles sofrem com o problema da privacidade, segurança e violência.
O digital reflete o complexo cenário econômico, político e social, onde
a pobreza, a violência, a guerra, a indiferença para com os outros, o in-
dividualismo, a injustiça, a falta de trabalho e a crise climática constituem
uma ameaça ao presente e ao futuro.
Neste contexto de grandes mudanças sociais e culturais devido às tec-
nologias de informação, o Evangelho continua a ser fonte de valores para
o desenvolvimento da comunicação humana, fraterna e ética. Por isso é
importante colocar a comunhão e a fraternidade no centro de qualquer
forma de comunicação, mantendo uma ética que garanta o respeito pela
pessoa humana e por toda a comunidade. Isto é fundamental para ga-
rantir que a comunicação seja sempre um meio e nunca um fim.
v Os jovens são protagonistas da cultura digital. Eles são nativos digitais,
trazem consigo sensibilidade e percepção das relações humanas; pos-
suem os códigos culturais para entrar no universo da imagem e do som
de forma instantânea e rápida; conhecem a gramática das palavras e dos
símbolos para criar suas mensagens e compartilhá-las; possuem uma lin-
guagem de grande expressividade emocional, visual e simbólica e se co-
municam por meio de uma verdadeira enciclopédia de palavras que lhes
permitem dialogar com a realidade e dar sentido às suas sensações e
percepções. São também capazes de dominar ferramentas tecnológicas
básicas, integrando fotografia, vídeo, sons e palavras, publicando suas
mensagens nos grandes e complexos contextos das redes sociais.
Eles utilizam o universo virtual para navegar pelos canais onde se encon-
tram conteúdos educativos, informações sobre arte, saúde, política,
moda e comida; utilizam as tecnologias de informação para estudar, tra-
32 Sínodo dos Bispos, Documento final da Reunião pré-sinodal em preparação à XV Assem-
bleia Geral Ordinária, “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, Cidade do Vaticano,
2018, n. 4.
45

5.7 Page 47

▲back to top
balhar, pesquisar, criar suas políticas relacionais e de trabalho; eles nave-
gam e criam um universo para compartilhar seus sonhos, seus medos,
suas esperanças e sua visão de futuro.
Os jovens em nossos ambientes educativos e pastorais são verdadeiros
comunicadores, tanto através das relações humanas e das amizades,
como através do uso criativo da tecnologia e das redes para estudar, pes-
quisar, partilhar laços emocionais ou sua visão do mundo e encontrar um
trabalho.
Muitos jovens utilizam as tecnologias digitais para criar seu próprio ne-
gócio profissional, formando redes de promoção, marketing, organi-
zando grupos para partilhar ideias e projetos sobre música, cinema,
dança, esporte, para criar redes de solidariedade e incentivar ações so-
ciais a serviço da maioria em necessidade, para promover a ecologia e a
paz, para se envolver em causas sociais, políticas e culturais e na evan-
gelização.
Muitos jovens utilizam o mundo digital para divulgar a Palavra de Deus,
a liturgia, a devoção aos santos, o conhecimento dos documentos da
Igreja e a divulgação de notícias comunitárias e de grupos.
v A gramática comunicativa dos jovens no mundo digital não segue
uma linearidade, nem uma hierarquia de conceitos, pelo contrário, é
uma linguagem fragmentada, onde símbolos e rituais também têm valor.
A inteligência múltipla e emocional dos jovens demonstram um estilo de
comunicação, a vontade de estar sempre conectado, o sentimento de
pertença a um grupo, a necessidade de criar códigos para expressar sen-
timentos, emoções e formas de perceber o mundo. As linguagens da
arte, da música, dos vídeos, dos filmes permitem a interatividade, a imer-
são e a instantaneidade, formando um verdadeiro ecossistema de rela-
ções humanas.
A corporeidade, manifestada através dos cinco sentidos, constitui um
canal privilegiado para os jovens se comunicarem e criarem suas próprias
mensagens. Nesse sentido, o corpo passa a ser o lugar da mensagem,
por isso o uso de tatuagens, atenção à moda, estética e manifestações
visuais externas são muito comuns. A corporeidade torna-se assim a ex-
pressão da política comunicativa de cada jovem. Ela deve porém ser fun-
damentada em uma ética.
46

5.8 Page 48

▲back to top
v Os jovens vivenciam uma espiritualidade, uma relação com Deus, sem
necessariamente estarem vinculados a rituais ou pertencerem a uma re-
ligião específica. Precisamente por esta razão, a comunicação deve fa-
vorecer um processo no qual os jovens possam verbalizar suas
experiências do sobrenatural e assim tornem mais conscientes de seu ca-
minho de fé. Muitos jovens vivem e praticam sua fé em Jesus Cristo e a
testemunham como cristãos na Igreja.
Os jovens também demonstram uma grande sensibilidade para com a
gastronomia, a moda e o entretenimento. Possuem uma imaginação no-
tável e uma forte expressão de seus desejos, que se materializam através
de símbolos e que se tornam importantes para eles. Devemos, portanto,
procurá-los nos diferentes ambientes onde vivem, no seu modo de ali-
mentar, na música que ouvem, na pratica do esporte e das atividades so-
ciais.
A linguagem dos jovens segue uma lógica digital, porque o mundo di-
gital é constituído por uma enciclopédia de símbolos que utilizam para
comunicar (Apps).
v Esta linguagem dá acesso a um universo de informação e conteúdos
que abordam sempre de forma integrada, instantânea e interativa
(ver um filme, ouvir música, comprar comida online, etc.). Os jovens ace-
dem a um universo de informação (científica, educativa, de investiga-
ção... por exemplo através do Google). Além disso, utilizam o digital para
partilhar informação com amigos, com professores, criando assim uma
rede de partilha de informação e conhecimento, recebendo atualizações
sobre o que se passa na sociedade em nível político, social, econômico,
religioso e no mundo do entretenimento.
47

5.9 Page 49

▲back to top
10 A RELAÇÃO ENTRE
A COMUNICAÇÃO
E A AÇÃO EDUCATIVA
E EVANGELIZADORA
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Nossa missão participa da missão da Igreja, que realiza o plano salví-
fico de Deus, o advento de seu Reino, levando aos homens a mensa-
gem do Evangelho, intimamente unida ao desenvolvimento da ordem
temporal. Educamos e evangelizamos segundo um projeto de promo-
ção integral do homem, orientado para Cristo, homem perfeito. Fiéis
às intenções de nosso Fundador, visamos formar ‘honestos cidadãos e
bons cristãos’” (Constituições, art. 31).
Nesta parte do documento são apresentados os fundamentos da comu-
nicação integrada com a visão evangelizadora e educativa salesiana.
Como o ser humano vive imerso na busca do sentido da vida e de seu
lugar num mundo midiático e digital, a comunicação desempenha um
papel fundamental a partir da evangelização e da educação.
O capítulo analisa também a metodologia da comunicação salesiana, a
importância da Comunidade Educativa Pastoral, do projeto pastoral e do
trabalho realizado com mentalidade projetual, de acordo com as diretrizes
do Quadro de Referência da Pastoral Juvenil.

5.10 Page 50

▲back to top
v Os seres humanos vivem em busca do sentido da vida e de seu lugar
num mundo midiático e digital. A vocação da pessoa humana é sua rea-
lização e sua felicidade. Para isso, todos são chamados a responder com
responsabilidade à sua vocação à vida, ao amor e a serviço do próximo,
para contribuir para o desenvolvimento das pessoas.
A construção da pessoa exige um compromisso baseado em valores hu-
manos e cristãos, como a verdade, a fraternidade, a colaboração e a res-
ponsabilidade perante a vida, os outros e o meio ambiente.
Infelizmente, a realidade em que vivem muitas pessoas não favorece
o progresso da dignidade humana, o crescimento pessoal e institu-
cional da sociedade. Por vezes, o ambiente digital, os meios de co-
municação tradicionais e as ideologias que neles estão subjacentes
criam desinformação, notícias falsas, manipulação e exploração de
pessoas. Dentro do universo comunicativo aumentam a pobreza, o in-
dividualismo, o relativismo ético, a indiferença para com os outros e
a destruição do meio ambiente.
v Neste contexto de enfraquecimento de instituições como a família e
de desintegração social e cultural, os jovens são os primeiros a enfren-
tar crises existenciais, econômicas e éticas, perdendo muitas vezes o sen-
tido da vida e tornando-se simples consumidores das ideologias
comerciais que dominam os meios de comunicação social e as redes so-
ciais em particular.
A fragmentação existencial e ética e a secularização destroem valores,
como a família, as relações interpessoais, as tradições culturais e a prática
religiosa, aumentando a distância entre fé e cultura, fortalecendo assim
o chamado mundo sem Deus ou pós-cristianismo.
v O ser humano, porém, carrega no coração o desejo de ser feliz, de
dar sentido à própria vida e de encontrar motivos para viver, amar, tra-
balhar e ter um futuro.
Plenamente envolvidos no mundo da comunicação, os jovens procuram
linguagens, símbolos, formas de expressarem a si mesmos, suas alegrias
e esperanças, seus medos e incertezas. Em seu percurso pelo imenso
universo das redes sociais e da Internet, procuram a amizade, os encon-
tros fraternos, o acompanhamento na descoberta e na vida de fé, a vo-
cação ao amor e à dedicação a um projeto existencial que dê alegria e
sentido à vida. Os jovens procuram a Deus e muitos vivem uma expe-
riencia de fé em suas comunidades.
49

6 Pages 51-60

▲back to top

6.1 Page 51

▲back to top
v A evangelização é fonte e origem da comunicação salesiana. Através
da fé, as pessoas se abrem para uma nova realidade e embarcam em
uma jornada de descoberta de significados que lhes dão motivos para
viver e amar. Historicamente, o caminho da fé exige uma abertura a Deus,
a uma Pessoa, ao Mistério.
Jesus Cristo e sua mensagem são o centro da proposta e da comunica-
ção dos jovens de todos os tempos: o encanto de sua pessoa, a profun-
didade de sua mensagem, a autenticidade de sua vida, sua fidelidade
ao desígnio do Pai. Seu amor pelos pobres e pelos pecadores não co-
nhece fronteiras, sua morte e ressurreição são sempre o fundamento e a
razão que alimentam a evangelização e iluminam a comunicação sale-
siana. Através da experiência de Cristo, os jovens encontram sua profun-
didade humana, desenvolvem seus dons no serviço aos outros,
amadurecem na comunhão fraterna, no encontro, na escuta e no sentido
do serviço na família e na comunidade. Em sua experiência de dor, sofri-
mento solidão, o jovem, acreditando em Cristo, encontra um horizonte
de esperança e redenção para a humanidade.
v Dom Bosco realiza uma evangelização profundamente cristológica:
no encontro com Cristo, o jovem constrói seu caminho de compromisso
humano e espiritual.
O Evangelho inspira e orienta a experiência prática da espiritualidade
que se expressa numa vida alegre, comprometida, criativa e no serviço
ao próximo.
Com o trinômio razão-religião-amor, Dom Bosco cria em Valdocco uma
experiência de evangelização e educação, baseada no carisma salesiano,
que é critério de comunicação a todos os povos e a todas as culturas. A
partir desta antropologia cristã que vê no jovem um dom de Deus, ar-
quiteto de seu caminho espiritual e formativo, Dom Bosco cria um sis-
tema original de evangelização e de educação, estabelecendo um
diálogo com a cultura, envolvendo os leigos e os diversos segmentos da
sociedade, promovendo a mensagem do Evangelho através de seus es-
critos, do Boletim Salesiano e das artes. Esta síntese define o estilo de
Dom Bosco como comunicador.
v A centralidade do carisma salesiano é a opção pelos jovens, especial-
mente os mais pobres. Este é o dom carismático dado a Dom Bosco
pelo do Espírito Santo. Esta é a principal opção de nossa missão, tanto
como educadores quanto como comunicadores.
O Papa Francisco, em sua mensagem ao Capítulo Geral 28, falou aos sa-
50

6.2 Page 52

▲back to top
lesianos da “opção Valdocco e do carisma da presença”, que ele carac-
terizou como o “sacramento salesiano da presença”. Isto significa, antes
de tudo, ser para os jovens, viver para eles e educá-los com uma peda-
gogia de escuta, de diálogo e de processos educativos.
O Papa Francisco afirma que “antes de fazer as coisas, o Salesiano é a
memória viva de uma presença, onde a disponibilidade, a escuta, a ale-
gria e a dedicação são as notas essenciais para despertar os processos.
O primeiro apelo é ser presença alegre e gratuita entre os jovens. Nosso
ser discípulos do Senhor, nosso modo autêntico e profundo de ser após-
tolos dos jovens passa antes de tudo por nosso ‘estar entre as pessoas’,
de modo especial, entre as crianças e os jovens. O termo ‘sacramento’
exprime o ser da Igreja e dos dons da Graça que lhe foram confiados,
para uma perpetuação histórica do Mistério Pascal, para que o destino
universal da oblação do Senhor possa ser pleno e eficaz”.33
A – A COMUNICAÇÃO É IMPLEMENTADA A PARTIR DO DIÁLOGO
ENTRE EVANGELIZAÇÃO E EDUCAÇÃO
v A evangelização envolve vários aspectos coerentemente interligados,
necessários para que a comunicação possa cumprir sua missão de forma
completa e colaborativa. A evangelização é essencialmente o anúncio
explícito da pessoa do Senhor Jesus Cristo.
A evangelização é constituída por três aspectos fundamentais: a expe-
riência de Cristo, o testemunho e o anúncio. O crente vive uma vida nova
na graça, alimenta-se da Palavra, da Eucaristia, da oração pessoal e co-
munitária; testemunha a vocação e a missão de servir aos outros na cari-
dade fraterna e no serviço; anuncia a Pessoa de Cristo, o Reino; participa
da missão evangelizadora e missionária da Igreja.
Ao viver, testemunhar e anunciar o Evangelho da alegria, o comunicador
transmite a mensagem de Cristo e da Igreja no mundo, denunciando
todas as injustiças e tudo o que vai contra a vida e a dignidade da pessoa
33 Francisco, Mensagem aos participantes no Capítulo Geral dos Salesianos, 4 de março de
2020. O P. Pascual Chávez Villanueva, num artigo para a revista Rassegna CNOS, retoma
a mensagem do Papa Francisco sobre a “opção Valdocco” e o “carisma da presença” e
conecta-a com a terceira proposta do Reitor-Mor sobre o “sacramento salesiano” de pre-
sença. Ele sublinha a dimensão cristológica e eclesial do termo “sacramento”.
51

6.3 Page 53

▲back to top
e de seu ambiente, e proclama o primado da vida e da fé cristã: “Eu vim
para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (cf. Jo 10,10).
v A comunicação salesiana inspira-se nos valores do Evangelho e ba-
seia-se na pessoa de Jesus Cristo; sua pedagogia se fundamenta na
forma como Jesus se comunica com as pessoas; organiza-se tendo como
exemplo o modelo comunitário e colaborativo e constrói sua metodolo-
gia de comunicação por meio da linguagem, dos símbolos, das relações
humanas e culturais. Além disso, utiliza as tecnologias de informação, a
Internet, as redes sociais e Inteligencia Artificial e metodologias de co-
municação, sempre em diálogo com o Evangelho e o Sistema Educativo
de Dom Bosco.
Nesta tarefa, a pessoa de Jesus Cristo e sua mensagem são os princípios
que orientam e iluminam a educação. O Quadro de Referência da Pas-
toral Juvenil afirma a este respeito: “O Evangelho é um guia na busca
da identidade e do sentido, uma iluminação para a formação da cons-
ciência; apresenta-se como um excelente modelo de autenticidade do
amor e oferece o horizonte mais claro e comprometido para a orientação
social da pessoa”.34
O Evangelho inspira e encaminha critérios de discernimento, orienta es-
colhas fundamentais de vida, ilumina a consciência ética privada e pública,
orienta as relações interpessoais e dá indicações para viver e realizar pro-
jetos. A dignidade da pessoa é enriquecida na interação com a fé.
v Desta forma, a comunicação, em diálogo com a educação e a evan-
gelização, torna-se profundamente rica do ponto de vista antropológico,
oferecendo princípios para uma visão integral da pessoa humana, tra-
çando um caminho para a experiência do divino com base nos valores
de Evangelho e na pessoa de Jesus Cristo.
v Em seu diálogo com a educação e a evangelização, a comunicação
social baseia sua proposta educativa na realidade existencial e atual dos
jovens de todas as sociedades e culturas.
Neste diálogo, a comunicação encontra a base de sua psicodinâmica:
quem comunica, como, por que, que meios de comunicação e mediação
utiliza, que mensagem tenta transmitir. Isto significa que, a partir dos prin-
cípios e da metodologia da educação, com todas suas hermenêuticas, a
34 Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, Pastoral Juvenil Salesiana. Quadro de Refe-
rência, Direção Geral Obra Don Bosco, Roma, 2014, p. 43.
52

6.4 Page 54

▲back to top
comunicação tem a responsabilidade de dialogar com os valores do
Evangelho e traduzi-los nas realidades sócio-psicológicas dos jovens, res-
peitando a psicodinâmica do crescimento humano e a natureza gradual
dos processos de formação.
v A educação é, portanto, uma forma de desenvolver todos os dons e
capacidades dos jovens, permitindo-lhes ser sujeitos de sua própria for-
mação e amadurecer na sua psicodinâmica cognitiva e afetiva. A educa-
ção torna-se um caminho de diálogo, de confronto amigável que facilita
o crescimento integral dos jovens.
Do ponto de vista salesiano, a mediação cultural e pedagógica devem
estar a serviço da pessoa: “Se a educação coloca a pessoa no centro,
cuidando da harmonia das diferentes dimensões, as estruturas, ou ins-
tituições são mediações em resposta às necessidades dos jovens aos
quais somos enviados. Reconhecemos, portanto, a função preciosa de
todas as intervenções educativas na educação da fé: elas têm a tarefa de
ativar, apoiar e mediar o processo de salvação”.35
Com uma consistente fundamentação antropológica cristã, “a educação
para a maturidade humana e cristã evoca mais imediatamente a pers-
pectiva pedagógica: é uma ajuda na proposta do Evangelho com rea-
lismo educativo e pedagógico”.36
v No diálogo entre evangelização e educação, os processos e ativida-
des realizados andam de mãos dadas com os jovens. Isto significa que
o processo educativo “se expressa no esforço de oferecer a proposta
evangélica de forma existencialmente significativa, isto é, de calibrá-la e
fazê-la interagir com os problemas da vida do jovem e, de modo geral,
com a busca de sentido. Dado que a educação é um processo e é cha-
mada a adaptar-se continuamente à evolução do sujeito e da cultura,
deve fazer com que as pessoas percebam o sentido da gradualidade do
caminho e ajudem a planejar os itinerários; deve também ser capaz de
desempenhar uma função crítica positiva em relação a certos métodos
de evangelização que podem ser vitimas de ingenuidade e ignorância;
deve saber estimular, na programação pastoral, uma consciência peda-
gógica indispensável”.37 Desta forma, “a evangelização deve ser impreg-
35 Ibidem, p. 60.
36 Ibidem, p. 61.
37 Ibidem, p. 62.
53

6.5 Page 55

▲back to top
nada pelas exigências da educação, onde o Evangelho de Jesus Cristo
possa ressoar, como condição para que seja acolhido em sua verdade”.38
v O fundamento teológico pastoral do diálogo entre evangelização e
educação salesiana é um aspecto fundamental da identidade e da me-
todologia da comunicação social.
A Pastoral Juvenil salesiana constitui a base deste diálogo e orienta a re-
lação entre a ação educativa e a ação evangelizadora. Este fundamento
baseia-se na “centralidade da pessoa na antropologia cristã, com implica-
ções educativas”. “A educação é tomada em seu sentido amplo e abran-
gente: como crescimento da pessoa e como conjunto de mediações que
se colocam a seu serviço para torná-la consciente de sua identidade, ajudá-
la a abraçar todas as coisas boas que o Criador colocou nela, e abrir-se ao
significado e ao mistério”. Assim, afirma-se claramente a “centralidade da
educação como mediação privilegiada a serviço das pessoas”.39
B – COMUNICAÇÃO EM DIÁLOGO COM A CULTURA
v A comunicação a serviço da evangelização insere-se numa dinâmica
de inculturação contínua da mensagem cristã nas diversas realidades da
vida comunitária. Isso significa que a comunicação dialoga com princípios
bíblicos e educativos, como a pedagogia da escuta, do diálogo, do aco-
lhimento, do discernimento e da sinodalidade.
v No documento conciliar Gaudium et Spes, expressa claramente como,
ao longo do tempo e da história, a Igreja utilizou as categorias filosóficas
e antropológicas dos grandes pensadores para construir um diálogo entre
o Evangelho e a realidade humana e cultural, demonstrando o dinamismo
e sua abertura ao diálogo entre fé e razão, religião e cultura, Igreja e so-
ciedade. O documento afirma que a Igreja “desde o início de sua história,
aprendeu a expressar a mensagem de Cristo através dos conceitos e lin-
guagens dos diversos povos e, além disso, tentou ilustrá-la com a sabe-
doria dos filósofos, com o fim de adaptar o Evangelho, enquanto possível,
à capacidade de todos e às exigências dos sábios”.40
38 Ibidem.
39 Ibidem, p. 60.
40 Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contempo-
râneo, Gaudium et Spes, 1965, Cidade do Vaticano, n. 44.
54

6.6 Page 56

▲back to top
v A Igreja, considerando a diversidade cultural na qual é chamada a
evangelizar, sabe valorizar a cultura e a história dos povos de todos os
lugares, estabelecendo uma metodologia evangelizadora baseada no
conceito de inculturação do Evangelho: “Deste modo, estimula-se em
todas as nações a possibilidade de exprimirem a seu modo a mensagem
de Cristo e promove-se ao mesmo tempo um intercâmbio vivo entre as
Igrejas e as diversas culturas dos povos”.41
C – UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR PARA O DIÁLOGO COM O
DIGITAL
v Nos últimos trinta anos, foram publicados muitos estudos sobre os
aspectos psicológicos, filosóficos, sociais e educacionais da realidade
digital e virtual. Assistimos a um debate constante que questiona se es-
tamos realmente vivenciando a primazia das tecnologias, se o mundo vir-
tual está se tornando uma nova religião, se podemos continuar a viver
imersos no habitat digital sem uma ética que nos ofereça segurança, li-
berdade, responsabilidade e justiça.42
É importante notar que um dos grandes desafios destacados pelos estu-
diosos digitais e virtuais é como estabelecer um diálogo sólido em nível
epistemológico com as diversas ciências. Há tentativas de diálogo, por
exemplo, entre filosofia e virtualidade, psicologia e Inteligência Artificial,
teologia e neurociência. É precisamente neste ponto que encontramos
grandes impasses e grandes desafios. Por exemplo, a Inteligência Artifi-
cial dialoga muito bem com a neurociência, pois favorece a relação do
cérebro humano com a lógica digital e virtual. Esta relação favorece a ló-
gica da automatização, mas encontra um obstáculo sério no que diz res-
peito ao livre arbítrio da pessoa, da consciência e da liberdade.
É importante aprofundar como estabelecer um diálogo entre antropologia,
filosofia, psicologia humanística, cognitiva, liberdade, consciência, livre ar-
bítrio, especialmente no caso da psicanálise (o papel do inconsciente),
com a neurociência e a Inteligência Artificial. Esta será um grande desafio
para o futuro.43
41 Ibidem.
42 Carlo Bordoni (a cura di), Il primato delle tecnologie. Guida per una nuova iperumanità,
Mimesis, Milão, 2020.
43 Byung-Chul Han, Le non cose. Come abbiamo smesso di vivere il reale, Einaudi, Turim, 2022.
55

6.7 Page 57

▲back to top
v No contexto da transformação digital e da utilização da Inteligência
Artificial, a tecnologia nunca é neutra. O virtual surge no complexo uni-
verso do desenvolvimento do capital, da política, das diferentes ideolo-
gias dos grupos, do domínio das empresas que, através de suas
pesquisas de mercado, controlam a estrutura, a organização e os con-
teúdos da Internet e das redes sociais.
Portanto, tudo está interligado: o sistema tecnológico, o sistema econô-
mico, a saúde, a educação, a segurança, o conflito de interesses entre o
Estado e as empresas.44 Neste contexto, a questão da ética é fundamen-
tal. A tecnologia nasce e se desenvolve dentro do capital e das finanças.
O distanciamento incomensurável entre as nações economicamente
avançadas e as que vivem na pobreza extrema leva necessariamente a
questões relativas aos direitos humanos, ao grande conflito entre o indi-
víduo e o sistema.
v Mais recentemente, a Inteligência Artificial abriu novos horizontes ao
relacionar as pessoas com a tecnologia. Alguns autores refletem sobre
a necessidade urgente de ética para a Inteligência Artificial.45 Além disso,
num contexto planetário, há discussões básicas envolvendo o ecossis-
tema humano e natural e sua relação com a pessoa e a tecnologia. Isto
significa que a questão digital não pode ser pensada fora do desenvol-
vimento humano e de sua relação com a ecologia.
Mas a questão fundamental é que devemos considerar que o humanismo
foi superado e que estamos entrando numa nova era, o pós-humanismo
(onde a tecnologia nos ajudará a resolver os grandes problemas da hu-
manidade) é humanizar e encontrar uma ética para a relação entre a pes-
soa humana e tecnologia, cuidado da criação, da dignidade e dos
direitos humanos, da renovação da economia e da política, salvaguar-
dando a casa comum, promovendo a fraternidade e a cooperação, e in-
tegrando a tecnologia com a ecologia integral, como propôs o Papa
Francisco a partir da Laudato Si’46 e do Pacto Educativo Global.47
44 Shoshana Zuboff, Il capitalismo della sorveglianza. Il futuro dell’umanità nell’era dei nuovi
poteri, Luiss, Roma, 2019.
45 Paolo Spaviero, L’etica alla prova delle neuroscienze. Sfide e opportunità per la teologia
morale, Cittadella Editrice, Assis, 2020.
46 Francisco, Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum, Cidade do Vaticano,
2015.
47 Francisco, Mensagem para o lançamento do Pacto Educativo Global, Cidade do Vaticano,
12 de setembro de 2019.
56

6.8 Page 58

▲back to top
v Dado o contínuo desenvolvimento da comunicação, surge uma tarefa
fundamental para os pesquisadores e estudiosos das diversas ciências:
a de encontrar um centro comum de diálogo e estabelecer uma ética
para a tecnologia, a informação e o digital, para que esta realidade esteja
inserida numa visão de desenvolvimento integral e justo, e não apenas
numa visão de capital e lucro.
v Existem atualmente alguns pesquisadores que estudam a relação
entre a antropologia e o universo digital. Propõem uma interpretação
do digital a partir de fenômenos antropológicos e culturais, por exemplo
a linguagem e seus códigos, como elementos fundamentais para a co-
municação virtual.
Outros estudos aprofundam os símbolos, como metáfora da linguagem
digital, nos rituais sociais do cotidiano como forma de estabelecer a in-
teratividade.
No grande mosaico do mundo online encontramos uma verdadeira rede
de elementos socioculturais. Quando falamos de moda, comida, música,
jogos, estamos falando de aspectos antropológicos, ou seja, de como
entender a pessoa dentro de sua cultura. Um dos segmentos de pesquisa
que vem crescendo bastante nessa área é a etnografia digital e a netno-
grafia.
v A base do diálogo interdisciplinar hoje depende de uma epistemolo-
gia que envolve filosofia, antropologia, ética, psicologia e estudiosos
do mundo digital e da Inteligência Artificial.
O futuro da comunicação digital, da Internet e da Inteligência Artificial
dependerá muito da presença de uma ética que garanta a integração
humana com a tecnologia de forma responsável em nível pessoal, social
e global.
D – COMUNICAÇÃO COMO FAMÍLIA SALESIANA E EM REDE COM OS
LEIGOS
v Comunicamo-nos como uma grande Família Salesiana. Dom Bosco,
nosso pai, tinha uma capacidade comunicativa inata e colocou a comu-
nicação a serviço da educação e da evangelização. Seguindo este cami-
nho, hoje prosseguimos como Família Salesiana num vasto movimento
de pessoas guiadas pelo mesmo dinamismo pastoral e apostólico.
Em nossas casas, nas escolas, nas obras sociais, nas universidades e nas
57

6.9 Page 59

▲back to top
paróquias, podemos contar com um amplo e variado material midiático,
que expressa a nossa criatividade e a nossa cultura em todas as Regiões
da Congregação.
A Família Salesiana aplica a comunicação social no contexto do mundo
contemporâneo, onde permeia todos os aspectos da vida humana, social
e cultural, reafirmando a fidelidade à riqueza profética de Dom Bosco
como resposta de fidelidade ao plano de Deus a partir dos três âmbitos:
promoção humana, educação e evangelização.
Os membros da Família Salesiana, em relação à sua vocação e à sua mis-
são nas diversas realidades, formam uma rede de comunicação a serviço
do carisma. A unidade carismática da Família Salesiana, na composição
variada de dons e serviços, é testemunho de que a comunicação é fruto
de uma experiência de comunhão, de fraternidade e de preparação hu-
mana, pastoral e profissional a ser vivenciada nos diversos âmbitos da
comunicação e em diferentes culturas.
v A comunicação salesiana acontece através de uma rede de pessoas
que se relaciona a partir da espiritualidade e da pedagogia salesiana,
com metodologia própria. A rede é formada a partir de valores partilha-
dos, da visão global, da colaboração e do compromisso comum com a
missão salesiana. Considerando que a comunicação digital é uma ex-
pressão de trabalho colaborativo, é essencial que na comunidade edu-
cativa e pastoral salesianos e leigos possam trabalhar junto para
comunicar de forma sinérgica e colaborativa.
v A missão salesiana partilhada através da comunicação entre salesia-
nos e leigos é hoje uma necessidade vital. Isto significa estabelecer
com os leigos, antes de tudo, um aprofundamento da base científica
entre as dimensões carismática e educativo-pastoral, com o conheci-
mento e a experiência educativa dos leigos nas diferentes áreas de sua
competência. Portanto, para favorecer a corresponsabilidade na missão
educativa no campo da comunicação, os leigos devem aprofundar a di-
mensão antropológica, psicológica e educativa de nossa pedagogia,
para que sejam capazes de integrar seus valores e sua metodologia.
No mundo digital, a construção e a complexidade dos fenômenos educa-
tivos exigem um trabalho colaborativo com leigos e jovens. É fundamental
que nesta experiência sejam valorizadas e promovidas a vocação e a mis-
são dos leigos, tanto na Igreja como na comunidade educativo-pastoral.
A missão partilhada com os leigos deve ser motivado por sua vocação
e missão no mundo da cultura e da sociedade. Principalmente hoje,
58

6.10 Page 60

▲back to top
na era da informação e da comunicação digital, existem muitos leigos
que possuem um grande conhecimento técnico e profissional da
comunicação. É nossa missão animar e envolver leigos para colaborar
na implementação de uma comunicação profissional e de alta quali-
dade.
E – A METODOLOGIA DA COMUNICAÇÃO SALESIANA
v A metodologia da comunicação salesiana alimenta-se do Evangelho. É
essencialmente a forma como o comunicador se relaciona com as pes-
soas, sua cultura e seu mundo.
Quando nos propomos comunicar a partir do chamado da Igreja e da
Congregação, que é evangelizar e educar os jovens, a metodologia deve
necessariamente ocorrer da forma como a Igreja, através de seus ensi-
namentos e experiências, nos guia. Isto significa que, para colaborar com
a missão salesiana, a comunicação, em todas suas expressões e formas
de criação, partilha e difusão de informação, deve assentar seus alicerces
no modelo educativo salesiano, que tem uma ampla visão antropológica
da pessoa humana, valoriza a personalização dos conteúdos, a constru-
ção como pessoa, o protagonismo, a psicodinâmica do crescimento in-
tegral, onde os valores evangélicos e cristãos são os alicerces. A
educação exige uma mediação humana, que se concretiza com a lingua-
gem, o uso dos meios de comunicação.
v A pastoral salesiana é expressão do carisma e da metodologia do Sis-
tema Preventivo de Dom Bosco. Por estar inserida na pastoral salesiana,
a comunicação é essencialmente educativa. Por isso, a comunicação está
a serviço da missão salesiana, como afirma o Quadro de Referência da
Pastoral Juvenil: “Reconhece-se, portanto, a preciosa função de todas
as intervenções educativas na educação da fé: elas têm a tarefa de ativar,
apoiar e mediar o processo de salvação”.48
Com base nesta visão teológica, cristológica e salesiana da comunicação,
comunicamos através de uma pedagogia educativa construída a partir
de vários processos, para colaborar com as pessoas, para dar vida a um
48 Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, A Pastoral Juvenil Salesiano. Quadro de Refe-
rência, Direzione Generale Opere Don Bosco, Roma, 2014, pag. 60.
59

7 Pages 61-70

▲back to top

7.1 Page 61

▲back to top
ambiente, para sistematizar itinerários formativos, para organizar e criar
estruturas para a educação.
v A comunicação salesiana traz consigo uma grande riqueza humana e uma
abordagem integral na sua psicodinâmica, porque a comunicação envolve
aspectos cognitivos e afetivos, tanto nos processos de relacionamento como
de aprendizagem. Envolve questões de linguagem, de metodologia de
aprendizagem, de psicodinâmica das relações humanas, da forma como os
jovens expressam sua imaginação criativa através de símbolos culturais e ar-
tísticos sempre novos. Por isso, as mediações pedagógicas e culturais são
fundamentais para a concretização da comunicação social.
v Inspirada no trinômio do Sistema Preventivo – razão, religião e amor – a
comunicação salesiana é profundamente juvenil: o jovem é a prioridade
da missão educativa; o ambiente é um elemento-chave na forma como co-
municamos; a presença dos educadores como amigos dos jovens constrói
uma relação de confiança e amizade; o protagonismo dos jovens manifesta-
se como responsabilidade e compromisso criativo; as artes, como a música,
o teatro, a dança, a literatura, a pintura, a produção musical, o vídeo, a fo-
tografia, e o esporte privilegiam uma metodologia prática, simples e intera-
tiva, onde a comunicação está integrada no processo educativo.
As experiências vividas pelos jovens, como o estudo, as celebrações, as
festas, o esporte, as artes e as atividades de serviço ao próximo e à co-
munidade, tornam-se momentos significativos que, partilhados na Inter-
net e nas redes sociais, tornam-se evangelizadoras.
v Integrada no corpo da pastoral salesiana, a comunicação opera de
forma interdisciplinar, colocando-se a serviço da missão. Esta visão con-
cretiza-se através da mentalidade de planejamento, trabalhando em si-
nergia e no desenvolvimento e implementação do projeto de
comunicação inspetorial. Desta forma, a comunicação estrutura-se e or-
ganiza-se dentro do projeto pastoral educativo da Inspetoria. “Na pas-
toral juvenil, as diferentes atividades e intervenções são implementadas
com um propósito único e idêntico: a promoção integral dos jovens e de
seu mundo, superando uma pastoral setorial e fragmentada. Este obje-
tivo é alcançado com a comunhão operacional em torno de grandes pro-
pósitos, critérios de ação e escolhas preferenciais dos fatores que
intervêm na ação pastoral, para criar conexão e inter-relação entre
eles”.49
49 Ibidem, p. 176.
60

7.2 Page 62

▲back to top
v A comunicação se desenvolve a partir da visão e proposta do Quadro
de Referência da Pastoral Juvenil (QRPJ), como dimensão que im-
pregna toda a ação educativo-pastoral, no mesmo nível de outras obras
salesianas. Podemos, portanto, falar de “educar comunicando” e de “co-
municar educando”. Uma combinação que caracteriza o estilo salesiano
de evangelizar e educar.
v O plano de comunicação desenvolvido de acordo com as diretrizes
do Quadro de Referência da Pastoral Juvenil expressa uma visão in-
tegrada da pastoral, uma metodologia com mentalidade projetual, uma
forma segura de cumprir a missão de forma sinérgica, colaborando assim
com a pedagogia e a metodologia da comunicação, com a pastoral sa-
lesiana. Neste sentido, para que um plano de comunicação seja eficaz,
deve ser desenvolvido e acordado com o Inspetor e seu Conselho. A co-
municação expressa a cultura da Inspetoria e, por isso, deve estar ligada
ao POI e ao PEPS inspetorial. Esta é uma atividade que pertence à missão
e, através da gestão de processos e compartilhada, visa criar e fortalecer
ambientes de comunicação salesianos. Cabe a cada Inspetoria, a partir
de sua cultura, realidade e tradição, planejar e desenvolver seus PEPS e
documentos de comunicação. Dentro da missão, a comunicação sale-
siana visa sempre a coordenação do trabalho em harmonia com os de-
mais setores da missão salesiana, e a implementação da comunicação
com mentalidade de planejamento.
A comunicação em nossas Inspetorias deve ter como objetivo transmitir
a “personalidade” de nossa instituição e os valores que lhe estão subja-
centes: é um passo essencial para comunicar nossa missão. Devemos dar
prioridade a uma comunicação transparente, expressando sempre com
clareza a própria identidade e valores éticos.
A identidade é (re)construída através de processos comunicativos. O
que chamamos de identidade é tecido através do diálogo com os ou-
tros sobre nossa forma de compreender a realidade, o que fazemos
e por que o fazemos. Isso não significa cercar-se de preconceitos, es-
tereótipos e idealizações confortáveis, mas comunicar de forma crea-
tiva.
v Para realizar hoje a missão salesiana é essencial que a reflexão, o pla-
nejamento e a ação educativo-pastoral aconteçam a partir de uma visão
transversal, aberta e sinodal. Dado que nossa forma de comunicar é si-
nérgica, é essencial que os diferentes Setores (Comunicação, Pastoral Ju-
venil, Formação, Missão e Administração) partilhem a missão salesiana,
61

7.3 Page 63

▲back to top
criando uma reflexão criativa e profissional, convidando especialistas lei-
gos em comunicação e pastoral, para manter um diálogo com os fenô-
menos da cultura digital.50
v No desenvolvimento do projeto de comunicação, a partir do QRPJ, é
fundamental que a Comunicação Social possa oferecer uma base teo-
lógica, antropológica, psicológica, bíblica, salesiana e pastoral para ilu-
minar, orientar e implementar a forma, o estilo e a organização do projeto
de comunicação nas diversas Inspetorias e presenças salesianas em todo
o mundo.
50 Setor para a Comunicação Social, Carta “Caminhar com os jovens na cultura digital”,
n. 10, ACG, Valdocco, 2023.
62

7.4 Page 64

▲back to top
11 O SISTEMA PREVENTIVO
COMO IMPULSO
PASTORAL E DE
COMUNICAÇÃO
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“A prática do Sistema Preventivo exige de nós uma atitude fundamen-
tal: a simpatia e a vontade de contato com os jovens” (Constituições,
art. 39).
O Sistema Preventivo nasceu da experiência direta de Dom Bosco e dos
primeiros Salesianos: um estilo e um impulso comunicativo que se expres-
sam através de um ambiente educativo, da presença amiga, do protago-
nismo dos jovens e de um projeto de vida cristã que combina
espiritualidade com pedagogia e pastoral.
Este método baseia-se em alguns princípios subjacentes à experiência es-
piritual do comunicador.
Aqui analisa-se como o Sistema Preventivo dialoga com a dinâmica co-
municacional do mundo digital, com os aspectos que estão diretamente
ligados a ele, ou seja, interatividade, instantaneidade e imersão e com os
novos fenômenos ligados ao desenvolvimento da Inteligência Artificial.
Por fim, sublinha-se a importância da arte e de todas as linguagens juve-
nis.

7.5 Page 65

▲back to top
v O Sistema Preventivo nasceu da experiência direta de Dom Bosco e
dos primeiros Salesianos com os jovens em Valdocco. Dom Bosco, como
educador e comunicador, iniciou um estilo de comunicação capaz de ex-
pressar os valores do Sistema Preventivo: um ambiente educativo, uma
presença amiga, o protagonismo dos jovens e um projeto de vida cristã.
v A comunicação salesiana desenvolve-se a partir do princípio funda-
mental da missão carismática a serviço dos jovens e inspira-se na ori-
ginalidade educativa de Dom Bosco, fundamentado em sua caridade
pastoral, concretizada no amor e na predileção pelos jovens mais po-
bres.
Dom Bosco teve um objetivo muito claro, que é fazer com que cada
jovem se sinta amado por Deus, responda ao chamado a viver em sua
graça e misericórdia, faça o bem, cumpra seus deveres e viva na alegria.
Para isso criou um verdadeiro ecossistema comunicativo salesiano cen-
trado caridade pastoral (que é espiritualidade, pastoral e pedagogia). A
espiritualidade manifesta-se na proposta de vida cristã (trata-se de pro-
curar a salvação dos jovens, vivendo o “Da mihi animas; na pedagogia
(que se traduz num método prático de ensino); e na pastoral (que se con-
cretiza no projeto educativo de promoção total do indivíduo).
v A comunicação salesiana inspira-se no Sistema Preventivo, expressão
do espírito salesiano. Ela participa e colabora com o projeto educativo
de promoção integral presente na proposta de evangelização dos jovens
nos diversos contextos sociais e culturais.
v A caridade pastoral de Dom Bosco na vivência de sua missão pelos
jovens pobres nasceu do coração e do exemplo de Cristo Bom Pastor,
e é uma referência atual para todos os comunicadores, tanto em nível de
experiência como em nível da prática comunicativa.
Sua caridade educativa manifesta-se em sua profunda sensibilidade e em
sua capacidade de desenvolvimento humano e espiritual dos joves. Dom
Bosco entendeu que a educação é uma questão do coração e por isso
criou um estilo educativo que nasceu do amor que cria relações inter-
pessoais e comunitárias, que favorece a abertura dos jovens a si mesmos
e aos outros. Uma pedra angular que permite aos jovens conhecerem
seus dons e capacidades e colocarem-se ao serviço dos outros, de ex-
perimentaren a arte, a aprendizagem profissional e a liturgia como formas
de expressarem suas vidas interiores e colaborarem para que o ambiente
seja caracterizado pela confiança, pela amizade e pela verdadeira partilha
fraterna, como fruto de uma vida vivida na graça de Deus.
64

7.6 Page 66

▲back to top
Este estilo garante originalidade e identidade ao comunicador salesiano.
Esta forma autêntica e criativa de viver a espiritualidade e o estilo educa-
tivo define a identidade carismática salesiana e nosso modo de comunicar.
“O espírito salesiano, inspirado no estilo do Bom Pastor, qualifica nossa
espiritualidade e nossa ação educativo-pastoral. Este espírito encontra-
se encarnado, antes de tudo, em Dom Bosco. Ele e a missão que dele
deriva são nosso ponto de referência histórico-carismático”.51
v Dom Bosco, comunicador-educador, tem plena consciência da realidade
da pessoa humana, das necessidades do coração do jovem e de sua sen-
sibilidade na formação humana e cristã. A caridade pastoral de Dom Bosco
é pedagógica: respeita a dinâmica do crescimento humano, o modo de ser
de cada jovem, sua história, seus talentos e suas possibilidades, a importân-
cia de estabelecer normas educativas que promovam o bem de cada um.
v A visão comunicativa ecossistêmica de Dom Bosco, que busca sempre
conectar as dimensões espiritual, pedagógica e pastoral, abre-se a
uma realidade familiar típica, onde a presença do pai (educador), dos fi-
lhos (educandos), da mãe (Maria Santíssima), de educadores (leigos),
forma um mosaico salesiano muito original.
O Sistema Preventivo envolve o educador e a comunidade na implemen-
tação simultânea dos processos e ações que permitem a prática peda-
gógica e espiritual integrada do próprio Sistema.
v A coerência teológico-espiritual e pedagógica do ecossistema sale-
siano do Sistema Preventivo é constantemente alimentada pela expe-
riência de vida, pelos processos educativos partilhados, pelas ações
concretas, pelo planejamento e pela organização. Daí a necessidade de
um projeto educativo pastoral para a comunicação, fundado nesta pri-
mazia do Sistema Preventivo que “inspire um projeto educativo de pro-
moção integral presente na proposta de evangelização dos jovens nos
diversos contextos. Destaca, ao mesmo tempo, a riqueza humanística e
o coração essencialmente religioso do Sistema, no dinamismo da razão,
da religião e da bondade. O Sistema Preventivo torna-se um método de
atuação, caracterizado pela centralidade da razão, no significado das re-
gras, na flexibilidade e na persuasão de propostas educativas; da cen-
tralidade da religião, entendida como o desenvolvimento do sentido de
Deus inerente em cada pessoa e do esforço para levar-lhe a beleza da
51 Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, A Pastoral Juvenil Salesiana. Quadro de Refe-
rimento, Direcão Geral Obra Dom Bosco, Roma, 2014, pag. 78.
65

7.7 Page 67

▲back to top
boa nova; da centralidade da bondade amorosa, do amor educativo que
cresce e cria espirito de familia”.52
v Consciente da realidade humana dos jovens, de suas virtudes e fragi-
lidades, dos valores culturais, mas também daquilo que pode explorá-
los e afastá-los de seu caminho educativo, Dom Bosco definiu a
“prevenção” como aspecto fundamental no modo de educá-los.
A “prevenção” está diretamente ligada à razão, à importância de reco-
nhecer os sentimentos, as intenções e seus desejos e de saber interpretar
esta realidade humana e social com diálogo, comprensão, paciência, en-
contrando o caminho para a confiança, para a reconstrução da pessoa,
de uma perspectiva positiva e otimista para com cada jovem. Este olhar
preventivo do educador salesiano é proativo, propositivo: oferece aos
jovens a oportunidade de crescer, de se comprometer, fornece ferramen-
tas e meios para sua formação humana, artística e profissional. A educa-
ção salesiana acredita no potencial interior dos jovens.
A – O SISTEMA PREVENTIVO COMO ESPIRITUALIDADE SALESIANA E
FONTE PARA A COMUNICAÇÃO
v O Sistema Preventivo é uma proposta original da espiritualidade sa-
lesiana, que por sua vez é uma verdadeira “releitura do Evangelho, capaz
de unificar os gestos e comportamentos que caracterizam a existência
cristã”. É fonte e inspiração para a comunicação: O trinômio razão, reli-
gião, bondade, articulação da caridade pastoral e alma do Sistema Pre-
ventivo, não exprime apenas o projeto educativo de formação integral e
nem sequer é apenas o método prático que o educador deve utilizar,
mas revela também os traços fundamentais de uma espiritualidade a ser
descoberta, vivida e continuamente renovada.
v A espiritualidade salesiana baseia-se em alguns princípios que cons-
tituem a base da experiência espiritual do comunicador. Destaca-se o
primado da gratuidade de Deus: é no mistério do amor de Deus que en-
contramos a fonte, o centro e a meta da vida cristã.
Segue-se o encontro com Cristo, Evangelho de Deus, Amigo e Redentor
da humanidade. Finalmente, realiza-se na vida no Espírito, à qual o
jovem, consciente deste dom, responde com liberdade interior e com-
promisso de viver como bom cristão.
52 Ibidem, pp. 82-83.
66

7.8 Page 68

▲back to top
v Na espiritualidade salesiana, a comunicação tem uma referência fun-
damental em Deus que dirige sua ação, a partir da vocação cristã de
cada jovem. Na experiência do Batismo, da Confirmação e do sentir-se
membro da Igreja particular e universal, os jovens experimentam o dom
de si e a pertença à família dos batizados que vivem como sal da terra e
luz do mundo em todas as nações.
Com a intervenção materna de Maria, o Espírito Santo deu origem à
Obra Salesiana. Como Mãe do Filho de Deus e Auxiliadora dos Cristãos,
Maria orienta e educa para uma vida plena na redenção de seu Filho.
A vida é um dom e um serviço, por isso a espiritualidade salesiana está
a serviço dos outros, especialmente dos mais necessitados, do compro-
misso com a justiça e a paz, da ecologia integral, da dedicação ao traba-
lho, da compreensão do multiculturalismo e da maneira cristã de viver
em uma cultura digital.53
v O Sistema Preventivo nasceu e amadureceu a partir de uma experiên-
cia evangélica concreta, encarnada na realidade dos jovens pobres.54
O importante é que, a partir desta visão, o Sistema Preventivo oferece
uma base profunda de espiritualidade e pedagogia, permitindo ao edu-
cador desenvolver um diálogo com as diferentes ciências da comunica-
ção. Além disso, através de sua profunda base antropológica cristã, o
Sistema Preventivo é uma verdadeira gramática da psicodinâmica cog-
nitiva e afetiva para entrar no mundo dos jovens: linguagem, sentimentos
e relação humana.
v São vários os aspectos do Sistema Preventivo que oferecem uma an-
tropologia educativa salesiana para a comunicação: a aceitação incon-
dicional do outro como dom de Deus; a presença efetiva do educador
entre os jovens; a partilha de suas vidas e interesses diários; a certeza de
Dom Bosco de que “em cada jovem existe um ponto acessível ao bem”;
o uso constante da razão, que significa razoabilidade de solicitações e re-
gras e personalização da relação educativa; a referência à religião, parti-
lhando com os jovens o anúncio de Jesus e sua mensagem de salvação,
através de ações, palavras e propostas concretas; o traço da gentileza,
que se expressa na atenção às reais necessidades das pessoas e no cui-
dado com um ambiente acolhedor; o envolvimento do jovem como prin-
cipal responsável e protagonista de sua própria formação.
53 Ibidem, pp. 92-99.
54 Ibidem, p. 79.
67

7.9 Page 69

▲back to top
v Considerando os vários contextos de diversidade religiosa e cultural,
o comunicador salesiano, guiado pelo Sistema Preventivo, engaja-se
no diálogo ecumênico com jovens de outras religiões e crenças e tam-
bém com aqueles que não professam explicitamente a fé. Baseado nos
valores do Sistema Preventivo, como a gentileza, a hospitalidade, a ale-
gria, o meio ambiente, as artes, a solidariedade e o profissionalismo, o
comunicador salesiano sabe responder às diferentes realidades intercul-
turais com uma visão aberta, dinâmica e acolhedora.
B – COMUNICAR NO ECOSSISTEMA DIGITAL A PARTIR DO SISTEMA
PREVENTIVO
v A comunicação, a partir da proposta espiritual, educativa e pastoral
do Sistema Preventivo, procura criar um diálogo contínuo entre este e
o mundo digital. É importante sublinhar que na interação que se desen-
volve a partir dos valores do Sistema Preventivo de Dom Bosco, estabe-
lece-se um diálogo fundamental com a dinâmica do mundo digital, para
estabelecer critérios de acompanhamento e formação dos jovens.
A comunicação salesiana não se opõe à presença física e a experiência
da presença no ambiente virtual. Educar num ambiente multidimensional
significa, portanto, entrar nesta nova lógica que exige, por parte do edu-
cador salesiano, capacidade de criar relações de confiança e amizade,
sentimento de pertença e acompanhamento educativo.
Se a imersão é a forma de entrar no ambiente comunicativo através dos
cinco sentidos, a comunicação digital favorece uma ampliação da comu-
nicação tanto no tempo como no espaço, permitindo à pessoa comuni-
car-se com centenas de outras pessoas, por exemplo através das redes
sociais.
v Na dinâmica da comunicação digital existem três aspectos que estão
diretamente ligados: interatividade, instantaneidade e imersão. Não se
opõem à comunicação “presencial”; pelo contrário, são elementos que
enriquecem a comunicação, estendendo-a ao universo digital, na com-
plementaridade entre o real e o virtual. Justamente por isso falamos de
uma antropologia da comunicação no universo digital.
v A comunicação interativa caracteriza-se por uma relação em nível ho-
rizontal, onde todos são sujeitos e protagonistas. Esta requer abertura,
diálogo, empatia, escuta e grande capacidade de compreensão da di-
68

7.10 Page 70

▲back to top
versidade da comunicação. A instantaneidade introduz o jovem numa di-
mensão onde a comunicação se caracteriza pelo “aqui e agora”, tudo ao
mesmo tempo. A imersão é uma forma de comunicação em que a pessoa
se sente dentro de um universo de imagens, sons e espaços interativos.
v Comunicar em contato com os jovens e em sintonia com os tempos
exige uma atualização pedagógica contínua, para educar e evangelizar
com uma linguagem e um método compreensíveis e envolventes. Além
disso, é necessário um apoio vigilante, capaz de saber acompanhar os
jovens, tanto no método como nos conteúdos, para que possam com-
preender e viver a mensagem do Evangelho.
v A abordagem educativa salesiana assume uma atitude de acompa-
nhamento dinâmico, que se traduz em “caminhar ao lado” dos jovens,
que vivem grande parte de sua vida com os olhos fixos na tela do celular.
Como diria Dom Bosco, o que é absolutamente necessário é que saibam
que são amados!
O desafio é, portanto, favorecer que os jovens assumam o protagonismo
no mundo digital, para garantir que possam fazer parte deste universo
de forma crítica e responsável. Desse modo, os jovens ficarão mais livres
para aprender, refletir, pensar, fazer melhores escolhas para a vida, de-
senvolvendo sua espiritualidade.
A vivência digital condiciona a forma de expressar ideias, de dar vida ao
próprio método de comunicação, de partilhar informação, de se expres-
sar, de ver o mundo e as realidades em que se vive.
A visão salesiana da comunicação está sempre integrada com a arte de
educar. “A própria finalidade da educação e da verdadeira atividade
cultural é libertar o jovem, torná-lo consciente de seus direitos e deve-
res, participando conscientemente nos acontecimentos de seu tempo,
capaz de autodeterminação e colaboração para uma sociedade mais
humana. Educar, desta forma, produz cultura, abre-a e enriquece-a.
Este processo torna-se realidade, não só introduzindo ideias, novos im-
pulsos e nova vida na sociedade, mas sobretudo preparando pessoas
corajosas, portadoras de reflexão crítica e de um estilo de vida saudá-
vel”.55
55 Ibidem, p. 67.
69

8 Pages 71-80

▲back to top

8.1 Page 71

▲back to top
v Educar para as relações humanas e fraternas é tarefa central do co-
municador e do educador. Por exemplo, trata-se de aprofundar no diá-
logo a forma de comunicar na Internet e nas redes sociais, com um olhar
e uma atitude humana e fraterna para com os outros, a fim de que pos-
samos sempre comunicar sem dominar, relacionar-nos sem controlar as
pessoas, expressar-nos sem a tentação do poder mundano, interagir di-
gitalmente sem manipular ou se deixar manipular.
v Educar os jovens para comunicar digitalmente exige compreender a
sua lógica, aprofundar os valores e a importância da consciência nas es-
colhas e decisões. É através da consciência que se educa à liberdade, ao
respeito pelos outros, ao sentido de sacralidade do corpo e ao valor da
sexualidade.
v Atualmente, a Inteligência Artificial (IA) ganha cada vez mais impor-
tância. Estamos perante uma mudança de época que exige nosso dis-
cernimento, a fim de educar para seu uso de forma inteligente e critica.
Falando no G7 na Apúlia, em junho de 2024, o Papa Francisco afirmou
que “A Inteligência Artificial é uma ferramenta extremamente poderosa,
utilizada em muitas áreas da ação humana: da medicina ao mundo do
trabalho, da cultura ao campo da comunicação, da educação à política.
É legítimo levantar a hipótese de que sua utilização influenciará cada vez
mais nosso modo de vida, nossas relações sociais e, no futuro, até
mesmo a forma como conceberemos nossa identidade enquanto seres
humanos”. O Papa reconhece sua importância e utilidade nos vários sec-
tores do desenvolvimento da vida humana e da sociedade, mas reitera
a necessidade de “garantir e proteger um espaço de controle significa-
tivo do ser humano sobre o processo de escolha dos programas de Inte-
ligência Artificial: a própria dignidade humana está em jogo”. Estes
programas devem criar “instrumentos para construir o bem e um amanhã
melhor, devem estar sempre orientados para o bem de cada ser humano.
Eles devem ter uma inspiração ética”.56
v A nossa abordagem à IA consiste em estabelecer um diálogo educa-
tivo. É essencial construir uma visão humanística do desenvolvimento da
pessoa e da comunidade em sua utilização. Assim como é necessário
aprofundar e implementar encontros e seminários nas comunidades e
56 Francisco, Discurso para o G7 em Borgo Egnazia, 14 de junho de 2014.
70

8.2 Page 72

▲back to top
trabalhos salesianos para conhecer os diferentes aspectos psicológicos,
sociais, morais e culturais que envolvem a IA.
É também necessário conhecer as leis e acompanhar a evolução da re-
gulamentação da IA e seu impacto na economia, na política, na cultura,
na educação, tanto em nível pessoal como comunitário. Além disso, é
importante tomar conhecimento das regras vinculativas em matéria de
transparência e segurança, especialmente no que diz respeito ao reco-
nhecimento biométrico, à privacidade e à segurança, garantindo que a
utilização da IA garanta a proteção e defesa de todos os cidadãos.
Na Mensagem para o 57º Dia Mundial da Paz em 2024, sobre o tema
Inteligência Artificial e Paz”, o Papa Francisco alerta claramente sobre
a importância da IA e os riscos que ela pode representar para a humani-
dade: “Por um lado, há grandes oportunidades como a melhoria dos em-
pregos, das condições de vida das pessoas, dos instrumentos médicos
e das interações pessoais; por outro, há ‘riscos graves’, como o uso não
regulamentado de armas ditas ‘inteligentes’, o consequente perigo de
ataques terroristas, promovendo assim ‘a loucura da guerra’ ou interven-
ções destinadas a desestabilizar instituições governamentais legítimas,
chegando, por exemplo, a influenciar eleições políticas”.57
Por isso é fundamental saber como funcionam os algoritmos e como são
aplicados nas diferentes áreas da vida humana e social (educação, saúde,
segurança, economia, política). É bom saber como a IA é utilizada na pro-
dução de conteúdos, com todas as implicações em matéria de direitos
de autor, fake news, manipulação de informação, ideologias estatais e
empresas comerciais. Será cada vez mais necessário acompanhar o de-
senvolvimento e as disposições legais com equipes de especialistas, com
informações técnicas sobre o uso consciente nos diversos setores da so-
ciedade.
v A arte é uma base importante para o diálogo entre o Sistema Pre-
ventivo e a metodologia digital. A promoção e valorização de todas as
formas e expressões de comunicação como a arte, a música, o teatro, o
cinema, a fotografia e a literatura são essenciais para construir a nossa
sociedade de forma saudável.
57 Francisco, Mensagem para a LVII Jornada Mundial da Paz, Inteligência artificial e paz,
Cidade do Vaticano, 2024.
71

8.3 Page 73

▲back to top
No Sistema Preventivo de Dom Bosco, tradicionalmente, as expressões
artísticas são meios utilizados para criar um ambiente adequado aos jo-
vens e visando seu envolvimento.
Todos os tipos de arte são úteis para criar uma cultura comunicativa. Fun-
damentalmente, a linguagem e a estrutura técnica das artes favorecem
uma interação com as tecnologias de informação virtuais. Além disso,
considerando que a arte é uma linguagem que influencia as dimensões
cognitivas e afetivas, que diz respeito a sentimentos, emoções e imagi-
nação, por meio dela os jovens expressam sua forma de pensar, sentir e
agir.
Portanto, a arte é uma gramática de sentimentos e percepções juvenis.
Neste sentido, é fundamental que a comunicação promova uma educa-
ção-evangelização que reúna interatividade, instantaneidade e imersão,
para que os jovens possam participar ativamente, como protagonistas,
em todas as formas de comunicação.
v Os leigos, com sua formação humana, científica e técnico-cultural, co-
laboram significativamente para a educação dos jovens no mundo di-
gital. Devido à complexidade cultural em que o mundo digital se
desenvolve e para manter um diálogo educativo neste ambiente, é ne-
cessária uma atitude educativa profunda que tenha em conta os aspectos
antropológicos, metodológicos e técnicos que dizem respeito à pessoa
e ao universo digital.
72

8.4 Page 74

▲back to top
12 A ANTROPOLOGIA
CRISTÃ, FONTE PARA
UMA ÉTICA DA
COMUNICAÇÃO
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“A qualidade ética da comunicação é o resultado de uma consciência
cuidadosa, não superficial, sempre respeitosa das pessoas, tanto dos
sujeitos da informação como dos destinatários da mensagem” (Dis-
curso do Santo Padre Francisco por ocasião da Audiência com os Dire-
tores e funcionários da Rai – Rádio e Televisão Italiana, 18 de janeiro
de 2014).
A antropologia cristã é a fonte que nutre e humaniza a comunicação virtual
e a cultura digital. Partindo do princípio de que o Evangelho é a inspiração
central e completa da ação educativa e evangelizadora, as duas ações
complementam-se no cuidado dos jovens, convergindo assim no objetivo
de “gerar o homem novo”. Desta forma, a pastoral habita o terreno do
humano e, ao mesmo tempo, o terreno da fé, constituindo um ecossis-
tema digital integrado no qual o respeito pelos outros e a interculturali-
dade fovorecem a base para uma comunicação eficaz e construtiva.
Além disso, neste capítulo é apresentada uma proposta educativa original
a partir das imagens bíblicas de quatro Jardins, que oferecem uma visão in-
tegral para descrever a vivência cristã no mundo digital.

8.5 Page 75

▲back to top
v A antropologia cristã é a fonte da ética da comunicação. A visão hu-
manizadora e evangélica da Igreja foi repetidamente descrita pelo Papa
Francisco: “A comunicação tem o poder de criar pontes, de favorecer o
encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade. Como é lindo
ver pessoas comprometidas em escolher cuidadosamente palavras e ges-
tos para superar mal-entendidos, curar memórias feridas e construir paz
e harmonia”.58
Segundo João Paulo II, “na contínua expansão e progresso dos meios
de Comunicação Social podemos ver um sinal dos tempos, que constitui
um imenso potencial de compreensão universal e de fortalecimento das
premissas de paz e fraternidade entre os povos”.59
Partindo do princípio de que o Evangelho é a inspiração básica em que
se baseia a ação educativa e evangelizadora, as duas ações complemen-
tam-se no cuidado dos jovens, convergindo assim no objetivo de “gerar
o homem novo”. Desta forma, “a pastoral habita o terreno do humano
e, ao mesmo tempo, o terreno da fé”.60
v A ética na comunicação deve promover a vida e a dignidade de cada
pessoa. A Igreja reconhece a pessoa humana como centro da ética da
comunicação. A este respeito, a Igreja afirma o princípio ético fundamen-
tal que regula o uso dos meios de comunicação social: “A pessoa hu-
mana e a comunidade humana são a finalidade e a medida dos meios
de comunicação social”. E reafirma que “a comunicação deve ser feita
pelas pessoas em benefício do desenvolvimento integral das outras pes-
soas. Tem a tarefa de unir as pessoas e enriquecer suas vidas”.61
Através do uso ético e profissional dos meios de comunicação social, a
própria Igreja reconhece, não só o uso de instrumentos e redes de co-
municação para informar, mas também para promover a paz, a justiça e
a solidariedade. A comunicação deve ser sinodal, a serviço dos outros e
criadora de uma cultura humanistica e ética.
58 Francisco, Mensagem para a L Jornada Mundial das Comunicações Sociais, Comunicação
e misericórdia: um encontro fecundo, Cidade do Vaticano, 2016.
59 João Paulo II, Mensagem para a XV Jornada Mundial das Comunicações Sociais, As Comu-
nicações Sociais a serviço da liberdade responsável do homem, Cidade do Vaticano, 1981.
60 Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, Pastoral Juvenil Salesiana. Quadro de Refe-
rência, Direção Geral Obra Don Bosco, Roma, 2014, p. 61.
61 Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Ética nas Comunicações Sociais, Cidade do
Vaticano, 2020, n. 21.
74

8.6 Page 76

▲back to top
“Os princípios morais que regulam os instrumentos de comunicação
devem basear-se numa justa consideração da dignidade do homem, por-
que quem escolhe o modo de utilizá-los é o próprio homem, chamado
a tornar-se corresponsável pela comunidade dos filhos adotivos de Deus.
Por outro lado, estes princípios derivam da natureza específica da Co-
municação Social e das características dos meios individuais”.62
A – A HUMANIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
v Para construir uma ética da comunicação é fundamental partir da pre-
missa da comunicação como ecossistema. Teoricamente, o ponto de
partida é que cada pessoa no mundo digital é chamada a ser colabora-
dora de Deus no processo de dar continuidade à criação do mundo. Isto
significa que cada pessoa é corresponsável pela natureza, pela cultura,
pelo desenvolvimento humano e pela comunicação.
Partindo desta visão ampla e sistêmica, é importante sublinhar, antes de
mais, que na comunicação há responsabilidade para com os outros, para
com cada pessoa, seja qual for a cultura a que ela pertença e de onde
venha. Isto significa que a comunicação tem um papel fundamental na
promoção da justiça social e na construção de uma sociedade sustentá-
vel, fraterna e solidária.
Na perspectiva da interação, a comunicação deve também dialogar com
diferentes culturas e religiões, de forma a promover a expressão cultural,
a riqueza de cada religião, a história e a originalidade de cada grupo e
comunidade.
Neste sentido, podemos dizer que a pessoa humana, como continuadora
da criação de Deus na história, é responsável pelo cuidado da criação,
pelo uso consciente dos recursos naturais, bem como pela proteção dos
valores culturais, da dignidade da pessoa e do desenvolvimento susten-
tável, de todas as expressões do progresso social, econômico e político
de uma sociedade.
v Na cultura digital, todas as pessoas estão profundamente ligadas
umas às outras. A comunicação, a partir de uma visão ética, deve estar
sempre a serviço do desenvolvimento integral da pessoa e da sociedade.
62 Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais, Instrução Pastoral Communio et pro-
gressio, Cidade do Vaticano, 1971, n. 14.
75

8.7 Page 77

▲back to top
Consequentemente, cada comunicador torna-se missionário com esta
abordagem holística, para a comunicação a serviço da pessoa e da hu-
manidade.63
v No mundo digital, a comunicação é como uma extensão dos sentidos
e percepções humanas. Isso nos envolve de forma cognitiva e afetiva,
pois o mundo digital é capaz de tocar, tanto nossos sentidos, nossa aten-
ção, quanto nossos sentimentos. Além disso, habitar no mundo digital é
como fazer parte de uma dimensão em que o tempo e o espaço se ca-
racterizam por uma grande velocidade.
Vivemos uma nova realidade e gerimos toda a informação num curto es-
paço de tempo, de forma rápida e interativa. Durante este processo, exis-
tem consequências psicológicas para a pessoa humana, como é provado
pelas evidências científicas: podem ocorrer cansaço mental e emocional,
perda de atenção, falta de concentração, dificuldade de leitura e de lidar
com questões existenciais. Por isso, no mundo digital, a saúde física,
emocional e espiritual são essenciais.
v No mundo digital, onde o trigo e o joio crescem juntos, a prudência
e a compreensão dos níveis de relacionamento são essenciais. Diante
da ampla gama de níveis de comunicação presentes no mundo digital
hoje, devemos discernir e ter clareza sobre quem são os destinatários de
nossa comunicação e o que queremos transmitir.
A comunicação de informação, caracterizada pela divulgação de mensa-
gens a um público geral e por vezes anônimo, é indefinida, atinge mui-
tos, mas não é garantido que será recebida e acolhida fraternalmente.
Claro que tem seu valor e sua necessidade, mas permanece em nível da
informação, do envio de mensagens e da transmissão de conteúdos.
A comunicação interpessoal, que envolve o conhecimento e a participa-
ção da pessoa no processo comunicativo, tem o poder de gerar con-
fiança, diálogo, envolvimento e participação.
A comunicação em grupo, onde as pessoas se conhecem, partilham va-
lores comuns, têm sentido de pertença e comunhão fraterna, tem poten-
cial para gerar uma comunicação afetiva, eficaz e fecunda.
Esses níveis de comunicação, claro, podem ter suas exceções, mas o co-
municador deve tê-las em mente para entender quem é seu público, o
63 Cfr. Francisco, Carta Encíclica Fratelli tutti sobre a fraternidade e a amizade social, Cidade
do Vaticano, 2020.
76

8.8 Page 78

▲back to top
que ele quer transmitir, em nome de quem está comunicando e os passos
que definem a gradualidade do processo de comunicação.
No diálogo entre comunicação e evangelização é fundamental compreen-
der a linguagem e os códigos de comunicação utilizados pelas pessoas,
especialmente crianças, adolescentes e jovens. Consequentemente, é es-
sencial aprofundar-se no uso da linguagem artística, metafórica, narrativa
e simbólica para compreender os conteúdos da fé cristã. Com efeito, a co-
municação não se realiza apenas na linearidade e na racionalidade das ver-
dades da fé.
v Comunicar significa exercer o dom e a responsabilidade para com os
outros. Para o verdadeiro protagonismo das pessoas na comunicação in-
terativa e intercultural é muito importante que o processo comunicativo
favoreça o envolvimento do indivíduo. Tudo deve estar centrado em sua
liberdade, suas experiências e sua visão do mundo, para que a comuni-
cação se torne uma oportunidade de diálogo, de abertura e de troca de
visões, entendida como um caminho comum baseado na escuta mútua.
v Num mundo globalizado, a comunicação torna-se intercultural. En-
quanto fenômeno social, cultural e comunicativo, a interculturalidade per-
mite que duas ou mais culturas dialoguem, interajam e se relacionem,
sem que uma cultura domine a outra. A interculturalidade exige compro-
misso com o diálogo, valorizando o outro com seus esforços, incenti-
vando a troca, a aceitação, a colaboração e a abertura.
v Na comunicação, a inculturação significa aprender com o ambiente,
com todas suas expressões, e depois integrar esses elementos na vida
de uma forma criativa.
A inculturação é a maneira pela qual cada pessoa, em qualquer cultura
ou sociedade, aprende e se comunica com o que é novo e desconhe-
cido. Um exemplo de inculturação, nas Escrituras, encontra-se no dis-
curso de São Paulo em Atenas. “De pé, no meio do Areópago, Paulo
tomou a palavra: ‘Atenienses, em tudo eu vejo que sois extremamente
religiosos. Com efeito, observando, ao passar, os vossos monumentos
sagrados, encontrei até um altar com esta inscrição: A um deus desco-
nhecido. Pois bem, aquele que adorais sem conhecer, eu vos anuncio’”
(At 17,22-23).
Com estas palavras de profunda sensibilidade e empatia, Paulo conquista
seus ouvintes e consegue que alguns estejam mais abertos e o ouçam.
Depois desta introdução e da resposta positiva do público, Paulo lança
sua mensagem: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe,
77

8.9 Page 79

▲back to top
sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mão
humana. Também não é servido por mãos humanas, como se precisasse
de alguma coisa; pois é Ele quem dá a todos vida, respiração e tudo o
mais. […] De fato, n’Ele vivemos, nos movemos e existimos, como tam-
bém disseram alguns dentre vossos poetas: ‘Pois também nós somos de
sua linhagem’” (At 17,24-28).
Naquele momento, Paulo se encontra com um grupo de gregos de ori-
gem pagã. Ele escolhe um tema já conhecido de seus ouvintes e o apre-
senta, respeitando o imaginário cultural e os valores do povo grego.
Através desta atitude inicial de respeito, São Paulo constrói um espaço
para falar de Deus, sem ferir a sensibilidade de seus ouvintes.
B – CUIDADO COM O HUMANO COMUNICATIVO
v Em nível antropológico e teológico, há na Bíblia uma imagem muito
interessante e rica, que oferece uma base e um horizonte para descrever
a experiência de habitar humana e espiritualmente no mundo digital: é
a imagem do Jardim. O Jardim é, biblicamente, o lugar da criação, da
relação de Deus com o homem, o ecossistema onde a pessoa e o am-
biente se integram, onde o mistério de Deus se manifesta em suas cria-
turas e na criação;64 é também o lugar do exercício da liberdade humana.
É possível, portanto, delinear uma psicodinâmica humana e espiritual no
mundo digital, referindo-se aos quatro Jardins bíblicos.
v O primeiro Jardim encontra-se no Livro do Gênesis (2,21-24; 3,1-24),
onde Deus cria o homem e a mulher, o ambiente e as coisas, dá-lhes um
nome, um ecossistema humano e natural, que hoje chamamos com o
termo ecologia integral.65
No mundo digital corre-se o risco de nos afastarmos de uma visão global
que une natureza, ambiente, pessoas e cultura, e viver de forma fragmen-
tada, com o perigo de perder o gosto pela existência e a responsabilidade
pelas coisas que dão significado para a vida (pense-se, por exemplo, na
crise ecológica, com suas consequências econômicas, sociais, etc.).
64 Cfr. Francisco, Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum, Cidade do Va-
ticano, 2015, nn. 76-83.
65 Ibidem, nn. 84-88.
78

8.10 Page 80

▲back to top
O mundo digital está progressivamente se tornando a causa da crise am-
biental. Por isso, o Jardim do Gênesis oferece o paradigma da importân-
cia de olhar o mundo digital de forma integral, sendo corresponsável
pela criação e pela vida humana e assumindo a liberdade com respon-
sabilidade para consigo e para com os outros.
v Seguindo esta psicodinâmica do Jardim como referência para o uni-
verso digital, o segundo Jardim é o do Getsêmani (Mt 26,36-39), que
apresenta uma visão antropológica da dor, do sofrimento, do abandono,
da solidão, onde a pessoa experimenta o ser profundamente solitário no
mistério dos limites da vida, como foi para Jesus, que ali viveu a expe-
riência do abandono total.
Numa visão cristã, o Jardim do Getsêmani está ligado ao primeiro Jar-
dim, e nos lembra que a comunicação é sempre uma interlocução direta
com Deus. Jesus Cristo nos ensina que ,mesmo na dor e no sofrimento,
existe um interlocutor importante, seu Pai. Jesus fala, chora, manifesta
uma comunicação profundamente humana, numa relação interpessoal
muito forte com Deus, que o escuta. A comunicação humana não eli-
mina o sofrimento humano; a Inteligência Artificial ou qualquer tipo de
tecnologia nunca conseguirá apagar o mistério da pessoa e de seus li-
mites.
O mundo digital, onde conhecemos muitas pessoas, é uma grande rede
mundial do humano. Muitas vezes vivemos nesta rede povoada por pes-
soas que vivenciam doenças, dores, medos e ansiedades. Neste sentido,
o Jardim do Getsêmani, lugar onde Jesus passa o momento mais dra-
mático de sua vida, nos lembra que devemos vivenciar dentro de nós
esse ambiente como um lugar de espiritualidade, e pensar que nosso
sofrimento está unido ao de toda a humanidade.
v O terceiro Jardim é o da Ressurreição (Jo, 20,11-18): a aparição de Jesus
Cristo a Maria Madalena no Jardim tem um significado muito importante
para a comunicação humana. Vemos neste encontro uma mulher que pro-
cura seu Amigo querido, Cristo, com grande dor e sofrimento.
Por outro lado, a aparição de Jesus a Maria Madalena é uma expressão
de amor e de vida que vence a morte. Por que em um jardim? Porque é
sempre um lugar aberto e um lugar de relação entre as coisas, a natureza,
a criação de Deus.
No Jardim da Ressurreição encontramos um belo diálogo entre Jesus e
Madalena, que manifesta a expressão humana e divina da comunicação
em que todos estão envolvidos. Neste lugar podemos compreender que
79

9 Pages 81-90

▲back to top

9.1 Page 81

▲back to top
a comunicação tem uma dimensão que vai além da experiência dos sen-
tidos (ver, ouvir, tocar), com as características vivenciadas por Maria Ma-
dalena, enriquecidas por uma dimensão transcendental.
O grande perigo do mundo digital é precisamente o de um empirismo,
de uma tecnicidade em que as pessoas muitas vezes perdem a dimensão
transcendente, perdendo também a capacidade de ver e experimentar
uma comunicação capaz de ir além do humano, para acolher o mistério
de Deus.
O egocentrismo e a autorreferencialidade são muitas vezes as grandes
tentações do mundo virtual, porque a pessoa corre o risco de estar de-
masiado centrada em si mesma e pode, por vezes, perder tanto a dimen-
são da alteridade, a relação com os outros, como o contato com Deus.
Ao passo que a experiência de comunicação de Cristo Ressuscitado é
uma perspectiva de abertura, de apostolado, como Maria Madalena que
saiu para anunciar a Ressurreição de Jesus aos outros. Devemos, por isso,
viver no mundo digital seguindo a lógica de Jesus. A Ressurreição é ao
mesmo tempo um dom e uma responsabilidade, porque devemos par-
tilhar com os outros a mensagem de Deus, de vida, de esperança.
v O quarto Jardim é o da Redenção, no Apocalipse (22,1-2). No texto
bíblico fala-se de uma praça com uma nascente que jorra e se torna um
rio de água viva que flui do trono de Deus e do Cordeiro, onde as pes-
soas se reúnem em torno desta fonte que representa o Cordeiro de Deus.
Jardim da Redenção nos permite ter um horizonte de vida, caminhar
numa nova realidade em Jesus Cristo, não só individualmente, mas como
família e como comunidade.
No mundo digital não existe uma filosofia que ofereça à pessoa humana
uma visão de redenção, nem é esta a tarefa da tecnologia. Por isso, é es-
sencial estar no mundo digital mantendo diante de si o Jardim da Re-
denção como horizonte essencial, para vivenciar a comunicação de forma
criativa, alegre e esperançosa. O humano iluminado pela redenção: esta
é a missão da comunicação!
80

9.2 Page 82

▲back to top
13 O CORAÇÃO E A
IDENTIDADE DO
COMUNICADOR
SALESIANIO
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Como Dom Bosco, somos chamados em qualquer ocasião, a ser edu-
cadores da fé. Nossa ciência mais eminente é, pois, conhecer Jesus
Cristo; e a alegria mais profunda, revelar a todos as insondáveis rique-
zas de seu mistério” (Constituições, art. 34).
O comunicador salesiano realiza seu trabalho na comunidade, a serviço
da missão salesiana e em sintonia com as orientações da Congregação.
Atento ao caminho da gestão colaborativa, atua em conjunto com outros
setores como Pastoral Juvenil, Formação, Missão, Economia, Vocações e
Família Salesiana.
Acompanha os tempos, formando-se e atualizando-se para educar no uso
crítico e criativo do mundo digital.
Valoriza todos os aspectos e meios de comunicação social como um novo
espaço de encontro para os jovens, onde podem ser protagonistas.

9.3 Page 83

▲back to top
v O comunicador salesiano desempenha sua missão em comunidade, a
serviço da Congregação, vivendo e testemunhando seu amor a Cristo
no âmbito da missão evangelizadora da Igreja.
Seguindo o exemplo de Dom Bosco, ama os jovens e os acompanha com
o coração do Bom Pastor. Conhecedor da pedagogia salesiana, compar-
tilha o projeto educativo com educadores e comunicadores, trabalhando
com uma visão sinérgica, colaborativa e sinodal, concretizando a missão
salesiana de forma orgânica e dinâmica.
Com base em sua mentalidade projetual, coopera para que o plano de
comunicação integre as diversas dimensões do projeto educativo e as-
suma um método de comunicação tipicamente salesiano, colocando os
jovens como protagonistas da comunicação.
v Em linha com as diretrizes da Congregação e do Setor para Comunica-
ção Social, participa dos processos e linhas operacionais do projeto da
Congregação e das Inspetorias. Sua formação educativa, pastoral e técnica
permite-lhe desenvolver uma mentalidade e uma ação comunicativa ba-
seadas numa visão evangélica, sinodal, salesiana, artística e em rede.
v Atento ao caminho da gestão colaborativa, trabalha em conjunto com
outros setores como a Pastoral Juvenil, a Formação, a Missão, a Eco-
nomia, a pastoral vocacional e a Família Salesiana, comprometendo-se
a implementar o projeto pastoral educativo inspetorial e o POI (Projeto
Orgânico Inspetorial).
Por sua vez, em sintonia com os responsáveis pela gestão e governo da
Inspetoria, colabora com o Conselho Inspetorial, os diretores e os res-
ponsáveis pelas obras salesianas em nível inspetorial e regional. Em si-
nergia com o centro da Congregação, participa e implementa os
princípios e linhas de comunicação. Por fim, acompanha a evolução das
tecnologias e redes de informação, atualizando-se nas diversas vertentes
da comunicação digital e da Inteligência Artificial, comunicando-se com
as diversas áreas da cultura digital e examinando os elementos antropo-
lógicos, éticos, culturais, sociais e religiosos dos jovens.
v Educar os jovens de hoje exige um esforço comum para acompanhar
os tempos: a formação e a atualização são essenciais. Educá-los no
uso crítico e criativo do mundo digital exige uma mudança de mentali-
dade de nossa parte, porque os jovens são nativos digitais e conhecem
bem a dinâmica técnica, a linguagem e a interatividade desse mundo.66
66 Dicastério para a Comunicação Social, Sistema Salesiano de Comunicação Social. Orien-
tações para a Congregação Salesiana, Editora SDB, Roma, 2011, n. 28.
82

9.4 Page 84

▲back to top
Neste sentido, a metodologia da escuta, do diálogo, da afetividade e do
acompanhamento são essenciais. É preciso, portanto, aprofundar e gerir
a comunicação de forma educativa e profissional. Isso implica:
v Assumir a tarefa de investigar o tema do mundo digital, não apenas
em sua vertente funcional e técnica. A reflexão é necessária para com-
preender, num contexto de alto nível tecnológico, como continuar a colo-
car sempre a pessoa humana no centro, favorecendo a comunhão fraterna.
v Exercer a responsabilidade de aprofundar, com nossos educadores,
as diretrizes para o estabelecimento de uma relação saudável entre
as pessoas e a tecnologia, com especial atenção ao cuidado com a cria-
ção, com a dignidade e os direitos das pessoas, com a ética econômica
e com a política. O objetivo é salvaguardar a casa comum por meio da
fraternidade, tal como propõe o Papa Francisco a partir da Encíclica Lau-
dato Si’ e do Pacto Educativo Global.
Para enfrentar o presente e o futuro, é essencial desenvolver um diálogo
interdisciplinar entre a antropologia cristã e o digital; uma epistemologia
que envolva filosofia, antropologia, ética, psicologia e estudos sobre o
mundo digital e Inteligência Artificial.
v Compreender bem a dinâmica e o uso da Inteligência Artificial. Sale-
sianos, leigos e jovens são chamados a compreender e se comunicar atra-
vés da Inteligência Artificial (IA).
Na certeza de que toda conquista humana nunca é definitiva, é impor-
tante compreender o que é a IA, como funciona e sua finalidade, para
conhecer o potencial que traz para a forma de ensinar e aprender.
Para além da importância que estas observações possam ter, a nossa tarefa
é saber utilizar a IA com uma visão ética e um propósito educativo-pastoral.
A IA diz respeito à criação de máquinas, softwares, sistemas que possam
realizar tarefas normalmente executadas pela inteligência humana. Diz res-
peito aos processos cognitivos, afetivos e neurológicos, ou seja, como a
pessoa humana aprende, raciocina, elabora e processa informações.
Igualmente importante é saber como é criada a linguagem da IA, ba-
seada em algoritmos e modelos técnicos que permitem às máquinas pro-
cessar e reprocessar dados e tomar decisões autônomas.
83

9.5 Page 85

▲back to top
Precisamos aprofundar com os educadores as diversas formas de IA, como
aprendizado técnico, visão computacional, processamento de linguagem
natural, planejamento e otimização. É necessário entender como tudo isso
é utilizado em diversos setores (medicina, finanças, automação industrial,
e-commerce, etc.), e conhecer a dinâmica e o desenvolvimento do Chat
GPT e de outros sistemas que estão sendo introduzidos no mercado.
É fundamental ter consciência de que existem vários aspectos de natu-
reza econômica, política e corporativa que geram atualmente tensões e
conflitos de interesses, especialmente na competição pela conquista da
hegemonia sócio-econômica-política através da utilização desta tecno-
logia.
v Formação no uso crítico e educativo das novas tecnologias para a vida
digital. Os educadores e os jovens são chamados a compreender as mu-
danças em curso, o funcionamento dos meios de comunicação social e
das indústrias culturais. Comunicar com senso crítico, estratéga, segu-
ranca e capacidade de resolução de problemas são elementos que não
necessariamente fazem parte dos dotes de um adolescente ou de um
jovem, só por ter nascido e crescido entre monitores e teclados ou por
tê-los usado.
Da mesma forma, é necessária uma competência séria para a utilização
dos meios de comunicação no “continente digital”: clareza de objetivos,
criatividade, aquisição de uma atitude crítica, dominando suas linguagens
e tecnologias.
O significado da comunicação midiática refere-se diretamente ao que os
meios de comunicação expressam através de palavras e imagens, ao mo-
tivo pelo qual os usamos e aos propósitos dos transmissores e receptores
envolvidos no processo de comunicação. Há necessidade, portanto, de
uma formação crítica e multidisciplinar dos elementos conceituais, dos
sinais que os próprios meios utilizam.
v Envolvimento na produção de mensagens e conteúdos dirigidos es-
pecificamente aos jovens, utilizando todos os meios a nosso dispor.
Comunicar requer cada vez mais uma presença educativa, formadora de
mentalidade e criadora de cultura. “O desafio do futuro será educar para
os novos meios de comunicação, mas também realizar uma ação educa-
tivo-pastoral através dos novos meios de comunicação, especialmente
para as novas gerações. Sua eficácia incisiva e sua presença cada vez
mais massiva fazem da comunicação social uma verdadeira e autêntica
84

9.6 Page 86

▲back to top
escola alternativa para vastas camadas da população mundial, especial-
mente jovens e populares”.67
v A relação entre Comunicação Social e evangelização, entre o uso das
línguages e meios de Comunicação Social para o Evangelho e nosso es-
tilo apostólico de “evangelizar educando”, tem um impacto profundo na
atividade salesiana. Não se trata apenas de educar para os meios de co-
municação, isto é, para a leitura crítica des suas mensagens, mas também
de evangelizar com os meios de comunicação. Neste setor abre-se um
vasto campo de iniciativas para nossas atividades didáticas, educativas
e culturais, para a animação cristã dos grupos juvenis, para a catequese,
para a oração.
v A valorização da comunicação social como novo espaço de encontro
dos jovens. As tecnologias de comunicação alteram o sentimento de
pertença e a forma de agregação, pois favorecem mais comunidades,
nas quais os utilizadores estão inseridos, com dispositivos cada vez mais
ligados à vida dos jovens. “As ações oferecidas e solicitadas são ouvir,
reconhecer, responder, estar com e fazer com, numa realidade que
aponta para a possibilidade de experiências (talvez novas ou diferentes)
que oferecem a confiança mútua como antídoto consumismo e mo-
dismo. Estes novos espaços, como as redes sociais, incentivam a atenção
às histórias de vida dos jovens, apresentando-as em narrativas de si e em
reelaborações de experiências, com a possibilidade de os ajudar a orien-
tar-se e a fazer escolhas”.68
“A promoção e valorização de todas as formas e expressões de comuni-
cação (ver CG24, n.129), como a música, o teatro, o cinema, a televisão,
a fotografia, a multimídia e outras formas de arte, devem ser utilizadas
por uma clara política educativa e propósito de evangelização. É neces-
sário animar estas realidades comunicativas para que não só ofereçam
espaços cada vez mais amplos de livre expressão e criatividade, mas tam-
bém estimulem o gosto pela beleza em todas suas expressões. Educar
para a beleza significa envolver toda a esfera da sensibilidade e da emo-
ção, da imaginação e da criatividade, da capacidade de expressar sen-
sações e sentimentos próprio e compreender a avida dos outros”.69
67 Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, Pastoral Juvenil Salesiana. Quadro de Refe-
rência, Direção Geral Obra Don Bosco, Roma, 2014, pp. 163-164.
68 Ibidem, p. 164.
69 Ibidem.
85

9.7 Page 87

▲back to top
14 DIRETRIZES PARA
A COMUNICAÇÃO
SALESIANA
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
“Somos chamados a crescer juntos, na humanidade e como humanidade. O
desafio que temos diante de nós é dar um salto de qualidade para vivermos
à altura de uma sociedade complexa, multiétnica, pluralista, multirreligiosa
e multicultural. Cabe a nós questionar-nos sobre o desenvolvimento teórico
e a utilização prática destas novas ferramentas de comunicação e conheci-
mento” (Mensagem do Papa Francisco para o LVIII Dia Mundial das Comu-
nicações Sociais).
As orientações para a Comunicação Social constituem o quadro sobre o qual
cada Inspetoria e Região podem planejar suas atividades e projetos.
Neste capítulo, tendo presente o contexto digital, a Inteligência Artificial e os
diferentes aspectos humanos, culturais e técnicos da comunicação digital e a
visão da Igreja e da Congregação no campo da evangelização e da educação,
são elencadas algumas áreas de reflexão e temas essenciais.
São também delineadas a organização, gestão e governo da Congregação Sa-
lesiana no que diz respeito à Comunicação Social.
O Documento considera as novas necessidades e desafios que hoje se colocam
no campo da comunicação, como o profissionalismo dos operadores de comu-
nicação, a modernização da comunicação institucional, os métodos colaborati-
vos de networking, a organização estrutural em suas diversas tipologias nas
Inspetorias, questões relacionadas à privacidade e segurança.
Esta parte final também apresenta orientações práticas para a comunicação con-
siderando a realidade de cada Inspetoria, com atenção ao multiculturalismo.
Todas elas representam as novas necessidades, estilos e formas de realizar a
missão salesiana no mundo de hoje.

9.8 Page 88

▲back to top
v Considerando a diversidade cultural das Regiões, as mudanças que ocor-
rem no campo da comunicação, o dinamismo dos processos em que ela
se dá em cada Inspetoria, é importante definir, atualizar e implementar a
comunicação, tanto em nível local como em nível inspetorial. Este novo
e profundo horizonte deve partir de uma visão que inclua as dimensões
bíblica, teológica, eclesial, salesiana e pastoral. Com esta base, cada Ins-
petoria e cada Região desenvolve e organiza a comunicação, em sintonia
com o Inspetor, seu Conselho e a Equipe Pastoral da Inspetoria.
v O objetivo destas diretrizes é atualizar, iluminar e ampliar a comunicação
na Inspetoria.
v Tendo presente o contexto digital, a Inteligência Artificial e os diferentes
aspectos humanos, culturais e técnicos da comunicação digital, acredi-
tamos que é importante que os projetos de comunicação incluam, atra-
vés da visão da Igreja e da Congregação no campo da evangelização e
da educação, as seguintes áreas:
– Área da Evangelização
Observando as intenções da Congregação Salesiana, a evangelização repre-
senta um compromisso central e transversal. É um processo dinâmico e in-
terativo, que visa difundir a mensagem evangélica através dos modernos
meios de comunicação, respondendo aos desafios e oportunidades do con-
texto contemporâneo.
Por este motivo, tem tarefas específicas:
– acompanhar a produção de conteúdos, os processos e procedimentos
para evangelizar em sintonia com os demais Setores, com os Inspetores e
Delegados de Comunicação e suas Equipes;
– promover os fundamentos e a metodologia para a evangelização na cul-
tura digital.
– Área da Animação
Este processo sinérgico tem seu fundamento no estilo operacional salesiano,
baseado na colaboração com os leigos e na utilização de ferramentas obje-
tivas adequadas, tanto técnicas como humanas. O objetivo desta aborda-
gem não é apenas uma comunicação interna ou externa eficaz, mas também
a promoção dos valores evangélicos e da missão salesiana através das redes
sociais, da Inteligência Artificial e, por último mas não menos importante,
dos meios de comunicação tradicionais.
87

9.9 Page 89

▲back to top
As suas atribuições específicas, em colaboração e em estreita relação com
os Inspetores, são:
– coordenar os aspectos relacionados com a Comunicação Social, no que
diz respeito às visitas do Reitor-Mor e do Conselho Geral;
– acompanhar e coordenar os Delegados para a Comunicação Social;
– promover e verificar a implementação dos Planos Inspetoriais da Comu-
nicação Social;
– dar cobertura comunicativa para as visitas do Conselheiro ou das pessoas
do Setor e da Inspetoria;
– promover e coordenar encontros regionais e mundiais de Delegados para
a Comunicação Social;
– animar e coordenar encontros regionais ou mundiais de organismos e em-
presas salesianas de comunicação: editoras, rádios, gráficas, Boletim Sa-
lesiano, revistas, sites, criadores de conteúdo, missionários digitais,
produtores de vídeo, artistas diversos, música e teatro, encontros relacio-
nados à comunicação com e para migrantes e refugiados (Voices), diversos
workshops (Mobile Journalism).
– Área de Gestão
A gestão salesiana da comunicação inclui todo o conjunto de processos, re-
lações humanas, metodologias de trabalho e etapas operacionais necessá-
rias para a realização de projetos e operações de gestâo da comunicação
da própria organização. Visa realizar os objetivos traçados pelo setor comu-
nicativo-administrativa. É uma sinergia de pesquisa, desenvolvimento, logís-
tica, finanças e patrimônio.
A gestão integrada é, precisamente, um objetivo prioritário para a Congre-
gação Salesiana no campo da Comunicação Social. Isto implica não só a har-
monização das atividades de comunicação entre as diversas realidades da
organização, mas também o desenvolvimento de uma estratégia clara e coe-
rente, que leve em conta os desafios e oportunidades apresentados pela
convergência mediática.
As suas tarefas específicas estão particularmente orientadas para:
– coordenar a comunicação institucional externa e interna;
– promover a cooperação com instituições ligadas ao mundo da comunicação;
– realizar todas as atividades de comunicação em escala global.
88

9.10 Page 90

▲back to top
– Área da Comunicação Institucional
Em primeiro lugar, a comunicação institucional na Congregação Salesiana tem
a tarefa específica de acompanhar as atividades realizadas para gerar e transmitir
informações a indivíduos, grupos e comunidades. A Congregação Salesiana ad-
ministra a comunicação externa e interna. Nessas atividades divulgam-se a mis-
são, visão, valores, objetivos, informações e projetos da organização.
A comunicação interna diz respeito à transmissão de mensagens dentro da
organização e dirige-se a quem dela faz parte. A comunicação externa sig-
nifica, em particular, a transmissão de informações para fora da organização,
dirigindo-se assim a um público mais vasto.
Propondo esses objetivos, mais detalhadamente, as tarefas específicas pas-
sam a ser:
– desenvolver uma estratégia adequada de comunicação externa e interna
da Congregação Salesiana em nível global;
– coordenar e promover os serviços de relações públicas da Congregação;
– gerir a Agência Salesiana de Informação (ANS) em sinergia com os Dele-
gados para a Comunicação Social e os correspondentes nas Inspetorias;
– promover o Boletim Salesiano (impresso e digital);
– coordenar os sites sdb.org e sdl.sdb.org;
– organizar a difusão dos boletins inspetoriais e a produção múltipla de in-
formação salesiana;
– coordenar as redes sociais institucionais da Congregação, do Setor e da
ANS em nível global;
– gerir emergências e organizar a comunicação institucional de crises;
– acompanhar a Comissão Internacional de Inteligência Artificial.
– Área do Trabalho em rede
O estilo salesiano inclui o networking, a promoção da identidade carismática,
a valorização das pessoas e das relações humanas, a partilha da visão e da
missão, a adoção de uma mentalidade de projeto e o envolvimento da co-
munidade educativa.
Além disso, promove sinergias com outros setores como Pastoral Juvenil,
Missão, Formação, Economia e Família Salesiana.
As tecnologias, a Internet e as redes sociais são utilizadas para compartilhar
projetos e incentivar uma gestão profissional e sinérgica. Todas as atividades
de mídia internacional salesiana exigem ampla colaboração com centros lo-
calizados em todo o mundo.
89

10 Pages 91-100

▲back to top

10.1 Page 91

▲back to top
As tarefas específicas são:
– organizar a Rede de Delegados de Comunicação em nível regional;
– elaborar o projeto de comunicação da Região alinhado com as propostas
de animação e gestão do Setor;
– desenvolver linhas de formação para delegados e equipes regionais atra-
vés da Escola de Comunicação;
– criar sinergia e colaboração com outras redes salesianas;
– implementar e acompanhar a criação de redes em todos os Setores de
Comunicação da Congregação;
– garantir que os conteúdos relativos à comunicação social em nível global
sejam corretamente arquivados para o benefício de toda a Congregação.
– Área da Formação
Garante o fortalecimento da formação dos salesianos e leigos com uma
clara identidade carismática, ética, técnica e pastoral, compreendendo a
dinâmica do ambiente digital e a visão de uma gestão convergente, cola-
borativa e em rede.
Deve-se sublinhar que o desenvolvimento de competências digitais entre
salesianos e leigos na gestão colaborativa e nos diversos processos relativos
aos projetos de comunicação.
São destacadas como tarefas específicas:
– apoiar a integração do programa de formação inicial e contínua em co-
municação social nas diferentes fases, em harmonia com as Constituições,
a Ratio e o Documento sobre Comunicação Social;
– promover encontros anuais internacionais ou inspetoriais sobre comuni-
cação social para salesianos estudantes e formadores, envolvendo tam-
bém vários grupos da Família Salesiana e jovens;
– incentivar a criação e coleta de materiais adequados à formação em co-
municação social;
– organizar oficinas sobre o projeto de Jornalismo Móvel nas Inspetorias.
– Área da Produção
A produção de materiais no âmbito das atividades relacionadas com a Co-
municação Social na congregação Salesiana inclui a criação de uma vasta
gama de conteúdos e ferramentas de comunicação, tais como: artigos, ví-
deos, filmes, podcasts, fotografias, livros, músicas, revistas, gráficos, infográ-
90

10.2 Page 92

▲back to top
ficos, cursos, workshops, mídias sociais, sites, aplicativos, plataformas de co-
municação, live streaming, materiais artísticos e educativos.
Será dada grande importância à criação de uma rede de promoção e visibi-
lidade das diversas iniciativas, eventos, conteúdos e produtos.
As tarefas específicas desta área são:
– coordenar com o Ecônomo Geral as editoras ou gráficas, como centros
produtores de cultura cristã e salesiana;
– acompanhar os centros de produção multimídia;
– animar as salas multimídia: cinema, teatro e cultura em geral;
– incentivar a participação ativa dos Salesianos como evangelizadores, edu-
cadores e comunicadores nos diversos meios de comunicação: Internet,
redes sociais, televisão, rádio, imprensa e outros;
– estimular a criação de conteúdos variados dedicados principalmente à In-
ternet e às redes sociais;
– promover a elaboração e tradução de textos com professionalidade, tendo
em conta os mais recentes desenvolvimentos em Inteligência Artificial.
– Área da Profissionalização
Envolve a utilização de conhecimento especializado e experiência na área
de comunicação social para planejar, implementar e avaliar estratégias de
comunicação.
Considera-se selecionar os canais de comunicação adequados, elevar a qua-
lidade dos conteúdos, identificar os grupos-alvo (destinatários), contratar
profissionais qualificados e garantir tecnologias e ferramentas adequadas.
O objetivo da profissionalização é aumentar o impacto, o alcance e a eficácia
da comunicação na Congregação Salesiana em nível internacional, apoiando
assim a realização da missão e dos valores salesianos em todo o mundo.
Suas principais tarefas são:
– promover a preparação específica, acadêmica e técnica dos Delegados
para a comunicação social, e salesianos leigos, para que possam tornar-
se formadores em comunicação;
– apoiar a especialização de alguns irmãos das Inspetorias em comunicação
social;
– implementar a formação contínua de leigos nas diversas áreas dea comu-
nicação;
91

10.3 Page 93

▲back to top
– acompanhar e apoiar a organização dos aspectos digitais para a evange-
lização nas diversas Inspetorias;
– desenvolver estratégias de comunicação que apoiem a missão da Con-
gregação Salesiana.
92

10.4 Page 94

▲back to top
15 GESTÃO E GOVERNO
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
v O aspecto fundamental da colaboração para a realização da missão
salesiana é que a Comunicação Social se realize através de processos,
procedimentos, etapas e projetos dentro do planejamento da comuni-
cação institucional e do Setor de Comunicação.
No que diz respeito à comunicação interna, o Diretório do Conselho
Geral de animação e governo da Congregação e o Plano de Comunica-
ção do Setor orientam os diversos processos e procedimentos de acordo
com a competência dos responsáveis diretos.
Em nível de comunicação externa, a Congregação proporciona diversas
atividades, como relações públicas e cuidado da imagem institucional e
publicitária. A estas se acresce a assistência ao Reitor-Mor e a seu Con-
selho, no âmbito geral, e aos Inspetores e a seu Conselho, no âmbito
inspetorial. Também nos comprometemos a promover o conhecimento
da Congregação entre os organismos eclesiásticos, governamentais e
civis, a fim de ajudar na realização da missão salesiana.
v Critérios e diretrizes para a gestão da comunicação salesiana. Não há
dúvida de que a promoção da comunicação é responsabilidade de
todos, com a animação e coordenação do Conselheiro para a Comuni-
cação Social em nível mundial e dos Inspetores e Delegados em nível
inspetorial. Através de uma atividade sistêmica, com políticas e planos
comuns, tudo deverá ser integrado no Projeto de Animação do Reitor-
Mor e de seu Conselho e no Projeto Orgânico Inspetorial. “A Comunica-
ção Social ultrapassa os estreitos limites de uma Inspetoria. Deve,
portanto, ser pensado online. O que não pode ser feito com as forças

10.5 Page 95

▲back to top
de uma única Inspetoria pode ser conseguido com a participação de vá-
rias” (ACG 370, 41). “Estes serviços (…) encontram formas de ligação e
cooperação com centros de outras Inspetorias e com o Conselheiro Geral
(…) para a Comunicação Social” (Regulamentos, art. 31).
Neste sentido, onde houver oportunidades e conveniências, os países,
Conferências ou Regiões deverão organizar equipes, estruturas ou servi-
ços de partilha, consultoria e ligação para a comunicação a serviço das
Inspetorias. Estas estruturas e serviços serão regulados por acordos ou
estatutos específicos acordados entre as Inspetorias, com a participação
do Conselheiro Regional, ouvido o Conselheiro Geral para a Comunica-
ção Social.
A comunicação é promovida quando as habilidades de comunicação dos
indivíduos e da instituição melhoram. Esta avaliação deve ser orientada
por parâmetros ou indicadores objetivos, capazes de medir o grau de al-
cance dos resultados pretendidos e sua implementação deve ser deli-
neada de acordo com os critérios elencados.
Estes processos serão realizados com a participação das pessoas envol-
vidas, com o objetivo de avaliar a eficácia dos planos e processos inicia-
dos, de forma a orientar os próximos passos.
O caráter único da missão salesiana indica a possibilidade e a necessidade
de equipes interdepartamentais (por exemplo: Pastoral Juvenil, Comuni-
cação Social, Missões), especialmente para facilitar ações partilhadas.
v Como Congregação, podemos contar com Agencias e produtos de
informação, como a Agência de Notícias Salesianas (ANS), com a rede
de correspondentes nas Regiões e Inspetorias, os serviços de relações
públicas, as assessorias de imprensa, os porta-vozes, o Boletim Salesiano,
os portais e websites, os serviços de documentação e arquivos, os bole-
tins inspetoriais e a múltipla produção de informação.
v Necessidade de um Plano de Ação para o Setor da Comunicação
(PASC). Em nível de Congregação, é necessário desenvolver e ter um
Plano, enraizado no Projeto de Animação do Reitor-Mor e de seu Con-
selho, que vise criar sinergias entre as Inspetorias e desenvolver a cola-
boração entre atividades específicas de formação e produção.
A. Nível inspetorial
• A Comunicação Social é orientada por um Plano Inspetorial de Comu-
nicação Social (PICS), integrado no Projeto Orgânico Inspetorial (POI),
que leva em conta a situação específica de cada Inspetoria e procura
94

10.6 Page 96

▲back to top
aplicar as diretrizes de Comunicação Social da Congregação e o pla-
nejamento geral elaborado pelo Reitor-Mor e seu Conselho para o se-
xênio.
B. Trabalho transversal
• Será necessário promover a vitalidade, a dinâmica e o estilo salesiano
de comunicação, em sua expressão de dimensão transversal da ação
educativo-pastoral, do campo missionário, do trabalho com caracte-
rísticas próprias e do sistema específico e integrado de comunicação.
C. Estudo e pesquisa
• O desenvolvimento e implementação da comunicação são apoiados
com ações de análise, investigação, estudo e reflexão e monitorizados
com ações de avaliação, consultoria, atividades de formação e desen-
volvimento.
D. Conselhos permanentes
• Foram constituídos conselhos permanentes em nível mundial e ins-
petorial para a Comunicação Social, compostos por equipes de espe-
cialistas salesianos e leigos para os diversos campos ou áreas,
coordenados respectivamente pelo Conselheiro Geral e pelos Dele-
gados inspetoriais para a Comunicação Social. Compete-lhes aprofun-
dar a metodologia pastoral salesiana de comunicação a serviço da
Congregação, da Igreja e da sociedade.
v Algumas indicações para a comunicação salesiana. Na gestão, organi-
zação e funcionamento da comunicação em nossas Inspetorias e traba-
lhos relacionados, é importante encaminhar: a educação mediática,
considerada como ferramenta a ser utilizada nos processos educativos
gerais; a compreensão crítica dos meios de comunicação, vistos não ape-
nas como ferramentas, mas como linguagem e cultura; a utilização dos
meios de comunicação para a formação de profissionais; expressões ar-
tísticas, atividades culturais, musicais, esportivas e de tempos livres, típi-
cas do estilo salesiano; cuidar do meio ambiente em diversos aspectos;
abertura a formas de educação e de evangelização, que valorizem a co-
municação como novo espaço vital de encontro dos jovens; o compro-
misso constante de construir uma comunidade de pessoas com uma
visão comum e partilhada de missão, espírito e projeto salesiano, num
95

10.7 Page 97

▲back to top
ambiente familiar, de proximidade e partilha entre salesianos e leigos (ver
em particular o CG24), educadores e estudantes.
A promoção da unidade, na crescente diversidade de culturas e de si-
tuações em contínua transformação, deve ser cuidada através do diálogo
constante entre o Centro e as Inspetorias, para que as situações e os pro-
blemas locais sejam conhecidos e tidos em conta e, ao mesmo tempo,
se amplie a visão do horizonte geral da Congregação. Também será ne-
cessária a proximidade da Direção Geral com as Conferências e grupos
de Inspetorias, para planejar intervenções locais em rede, mais do que
impostas de cima, envolvendo centros e Delegados regionais ou inspeto-
riais.
v No que diz respeito ao tema da animação e gestão da comunicação
nas relações externas, devem ser tidos em consideração alguns fatores
importantes, senão essenciais:
– cuidar das relações públicas da Congregação;
– cuidar da imagem e da publicidade institucional da Congregação;
– assistência ao Reitor-Mor e a seu Conselho no contexto geral, aos Ins-
petores e a seu Conselho no contexto inspetorial, nos compromissos
relacionais com as pessoas, comunidades, instituições, meios de co-
municação, atividades públicas;
– promoção do conhecimento da Congregação junto aos órgãos ecle-
siásticos, governamentais e civis, para ajudar na realização da missão
salesiana;
– coordenação dos meios de comunicação para sua utilização em favor
da educação dos jovens e da difusão da Boa Nova;
– oportunidade de aproveitar os espaços possíveis para entrar no mundo
dos meios de comunicação, conhecer os meios de comunicação, uti-
lizá-los e influenciar positivamente seus conteúdos;
– ligações e participação em organismos eclesiásticos e civis que operam
e coordenam o setor da Comunicação Social;
– participação em eventos e movimentos eclesiais e sociais no campo
da comunicação, que tenham relações com a educação e a pastoral.
v A formação dos Salesianos. A formação dos Salesianos leva em consi-
deração o que escrevem alguns documentos fundamentais, entre os
quais o Regulamento no artigo 82: “A missão salesiana orienta e carac-
teriza de modo próprio e original a formação intelectual dos sócios em
todos os níveis. A organização, pois, dos estudos harmonize as exigên-
cias da seriedade científica com as da dimensão religioso-apostólica de
96

10.8 Page 98

▲back to top
nosso projeto de vida. Cultivem-se com particular empenho os estudos
e as disciplinas que tratam da educação, da pastoral da juventude, da
catequese e da comunicação social”. Além disso, as orientações da nova
Ratio (“A formação dos Salesianos de Dom Bosco. Princípios e normas”);
a sensibilização e preparação dos irmãos, para que possam ingressar, de
forma profissional, no campo da comunicação; o Documento conjunto
do Dicastério para a Formação e do Setor para a Comunicação Social
(2006) com as Diretrizes para a formação dos Salesianos em Comunica-
ção Social, os conteúdos e as metodologias para as diversas fases de for-
mação.
v Aquisição de dados sobre a realidade dos jovens. Para além do contato
e do conhecimento pessoal dos jovens em seu trabalho ou área de tra-
balho, almejamos um conhecimento atual e documentado do mundo em
constante evolução dos jovens. Informações ricas sobre eles devem ser
agregadas para maior conhecimento, para aumento do envolvimento e
para melhor qualificação do serviço.
Ao mesmo tempo, estamos empenhados em divulgar esta mesma infor-
mação na sociedade, com o objetivo de criar opinião e consciência pú-
blica que deem origem a políticas e ações a favor da juventude.
Para apoiar a animação e o bom funcionamento da Congregação como
organização, deve ser disponibilizada uma base de dados permanente-
mente atualizada, que permita conhecer a situação do pessoal, das obras
e das atividades de forma rápida e a qualquer momento, de forma prá-
tica e segura.
v Procedimentos de sistematização e conservação digital. A informação
também tem a função de conservação digital. Envolve o desenvolvi-
mento de procedimentos em diferentes níveis, que garantam material
digital valioso, processado de forma a facilitar sua preservação. Também
devem ser cuidados os diversos processos digitais relativos à sistemati-
zação e conservação dos documentos históricos e culturais da Congre-
gação: escritos, imagens (fixas ou em movimento), áudio e objetos
artísticos. Deve ser estabelecida uma gestão adequada de arquivos, bi-
bliotecas, museus e monumentos.
v A imagem institucional. A imagem institucional deve ser cuidada através
de informações corretas e completas, que expressem claramente o sig-
nificado social da obra de Dom Bosco. “Trabalhamos em ambientes po-
pulares e em favor dos jovens pobres. Colaborando com eles,
educamo-los para as responsabilidades morais, profissionais e sociais, e
97

10.9 Page 99

▲back to top
contribuímos para a promoção do grupo e do ambiente. Participamos,
na qualidade de religiosos, do testemunho e do compromisso da Igreja
para com a justiça e a paz. Conservando-nos independentes de qualquer
ideologia e política partidária, recusamos tudo o que favorece a miséria,
a injustiça e a violência, e colaboramos com os que constroem uma so-
ciedade mais digna da pessoa humana. A promoção, à qual nos dedica-
mos em espírito evangélico, realiza o amor libertador de Cristo e constitui
um sinal da presença do Reino de Deus” (Constituições, art. 33).
v A gestão da comunicação em crises exige profissionalismo e uma es-
tratégia de ação. Isto não se limita a reagir a eventos adversos, mas cen-
tra-se na antecipação de cenários, na definição de protocolos claros e
na análise de riscos. De fato, é necessário antecipar cenários, estabelecer
protocolos claros e manter sempre uma comunicação transparente e coe-
rente.
Uma das chaves para gerenciar a comunicação em crises é a velocidade
e a eficácia da resposta. A ação oportuna e a informação transparente
são essenciais para gerir eficazmente uma crise. Isso significa estar pronto
para agir imediatamente diante de situações críticas, fornecendo infor-
mações precisas e atualizadas. A comunicação que flui harmoniosamente
ajuda a manter a confiança e a credibilidade da organização mesmo em
caso de crise.
Gerenciar comunicações de crise requer uma compreensão profunda dos
valores e da cultura organizacional. Por isso, neste contexto, a comuni-
cação deve ser empática e imediata. Isto inclui alinhar as mensagens e
ações da organização com seus princípios e valores fundamentais.
v Qualificação e profissionalismo. É fundamental fortalecer e qualificar
profissionalmente estruturas, ferramentas e produtos de informação. Em
particular, devem-se assinalar:
• Agência de Notícias Salesianas de Informação (ANS), com a rede de
correspondentes nas Regiões e Inspetorias;
• serviços de relações públicas, assessorias de imprensa, porta-vozes;
• os Boletins Salesianos;
• portais e sites;
• serviços de documentação e arquivos;
• os boletins inspetoriais e a variada produção de informação salesiana;
• plataformas e meios tecnológicos de comunicação que permitam
maior rapidez, e acesso permanente e pessoal à informação.
98

10.10 Page 100

▲back to top
v Política editorial. A obra educativa de Dom Bosco traz a marca de sua
atividade de escritor e editor. Como autor, escreveu textos devocionais,
formativos, educativos e escolares. Para apoiar sua atividade editorial
fundou a Sociedade para a difusão da boa imprensa e a Gráfica do Ora-
tório de Valdocco.
• As editoras salesianas são empresas envolvidas na vida cultural, social
e política do povo, em particular dos jovens provenientes de ambien-
tes populares. Estão abertas às culturas dos países onde operam, para
compreendê-las e incorporar nelas a mensagem evangélica (ver Cons-
tituições, art. 7).
Com sua atividade tornam a Congregação presente na sociedade, nas
escolas e na cultura, com um papel ativo no processo de evangelização
e de catequese; regulam sua política editorial com base na relação
entre fé e cultura, tal como interpretada pelo Magistério; reconhecem
a autenticidade dos valores humanos, sua autonomia e relevância para
a fé; rejeitam todas as formas de fundamentalismo.
São presenças educativas e criadoras de cultura, com particular atenção
à dimensão popular e humanística, na linha de Dom Bosco e da tradi-
ção educativa e pedagógica salesiana.
• As editoras salesianas atuam no campo da educação, evangelização,
catequese, formação e instrução. Estão empenhadas em promover o
anúncio do Evangelho, em acompanhar a descoberta e o amadureci-
mento da fé, em facilitar a síntese entre fé e cultura, em educar no sen-
tido crítico, estético e moral, em promover a abertura ao religioso.
v Estruturas de comunicação empresarial. Seguindo o exemplo de Dom
Bosco, que deu estabilidade empresarial à sua atividade editorial, e
como exige o Regulamentos Gerais (art. 31), as Editoras Salesianas são
constituídas sobre bases jurídicas e econômicas seguras.
Como acontece com qualquer outra obra da Inspetoria, o Inspetor com
seu Conselho definem: a estrutura jurídica da Editora, em conformidade
com as leis em vigor no país; a entidade proprietária do mesmo; o objeto
de sua atividade; sua estrutura organizacional, especificando papéis,
competências e funções.
A Inspetoria exerce também seu dever constante de controle e direção.
A entidade proprietária da Editora define em documento oficial: os va-
lores fundamentais e as diretrizes para as decisões; as políticas, as ações,
a finalidade, ou seja, a razão fundamental da existência da Editora; a mis-
são e os objetivos a perseguir.
99

11 Pages 101-110

▲back to top

11.1 Page 101

▲back to top
A Editora desenvolve uma estratégia significativa e criteriosa, que lhe
permite cumprir a missão que lhe foi confiada. Através de uma avaliação
de seus pontos fortes e fracos, de seus recursos financeiros e humanos,
de sua capacidade inovadora, identifique seu alvo e espaço de mercado,
o core business; desenvolva o plano estratégico, financeiro e de marke-
ting; defina seu organograma e descrição do cargo.
v Sites web salesianos. Podemos identificar três núcleos de um site sale-
siano: a identidade, a finalidade, a natureza da própria web. A identidade
de um site salesiano é carismática e institucional e pode ser expressa da
seguinte forma:
• a missão (a salvação dos jovens); uma referência a Dom Bosco e à sua
figura; o termo “salesiano”; certo estilo inspirado no Sistema Preven-
tivo; o sentido de uma comunidade e como uma comunidade é criada.
Existem diferentes níveis de pertença à identidade institucional, depen-
dendo do caráter do site: pode ser um site “oficial” da Congregação,
da Região ou de uma Inspetoria, ou de uma obra, de um setor, de uma
atividade tipicamente salesiana.
• Elementos concretos, como o logótipo e os vários links ajudam a ex-
pressar esta pertença. Um site oficial deve incluir um link para o portal
da Congregação.
Um site salesiano tem sempre o objetivo de testemunhar sua identi-
dade cristã e evangelizadora. Sua finalidade é animar, formar, educar,
informar (notícias, vídeos...), preservar (documentos, imagens, sons...),
divulgar (sem excessiva autorreferencialidade).
Sem dúvida, o desenvolvimento contínuo envolve vários aspectos: de-
sign, ícones, competências, interatividade, acessibilidade, capacidade
de gerir sites cada vez mais complexos, de forma simples, utilizando
as ferramentas hoje disponíveis.
v Rádios e televisões salesianas. São estruturas radiofônicas ou televi-
sivas que, com estilo salesiano, evangelizam a juventude e a cultura
popular, educando, orientando, informando e envolvendo. Entre suas
múltiplas finalidades, destacamos a importância de promover o asso-
ciacionismo, a participação dos jovens e das classes populares; des-
pertar neles a capacidade crítica de interpretar e avaliar a realidade;
difundir os valores humanos e cristãos na sociedade; implementar pro-
gramas educativos, culturais e pastorais, promovendo a cultura, a edu-
cação e a religião através de uma programação ética e de qualidade;
difundir programas especializados com identidade salesiana funda-
100

11.2 Page 102

▲back to top
mentada no Sistema Preventivo, com criatividade, utilizando recursos
específicos; promover a vocação salesiana em suas diversas expres-
sões.
Portanto è necessário:
• Educar, evangelizar os jovens e as classes populares utilizando a lin-
guagem do rádio; produzir e apoiar programas juvenis, emissoras de
rádio e televisão com estilo educativo salesiano, estimulando e envol-
vendo os próprios jovens; difundir informações corretas, que ofereçam
elementos para críticas construtivas à sociedade; dar espaço em nossas
mensagens a questões de justiça social e campanhas para a proteção
e promoção dos direitos humanos.
Para isso é essencial: lutar pela sustentabilidade econômica da rádio e
da televisão, através de uma gestão profissional, de apoios locais e de
projetos online; preparar e formar profissionalmente o pessoal da rádio
e da televisão no carisma salesiano, para garantir a qualidade evange-
lizadora da mensagem. Para isso, é necessário planejar encontros for-
mativos periódicos e promover o trabalho em rede, partilhado com a
Congregação Salesiana e a Igreja em nível local e Inspetorial.
v Redes sociais. São uma nova forma de comunicação. São utilizadas prin-
cipalmente para a troca de experiências e opiniões, para comunicar com
amigos e manter contato com conhecidos numa sociedade cada vez mais
ligada à Internet.
Desempenham um papel fundamental na realidade de muitas pessoas,
pois permitem conhecer novas pessoas e novos lugares, saber dos acon-
tecimentos de forma imediata, dialogar e criar grupos com diferentes in-
tenções e funções.
Através do Facebook, X, Youtube, Whatsapp e muitas outras mídias so-
ciais, são criadas conexões entre pessoas nas mais diversas partes do
mundo, algo que era impossível imaginar até alguns anos atrás. Com
apenas um clique pode-se descobrir imediatamente o que está aconte-
cendo a milhares de quilômetros de distância.
Além disso, as plataformas online trazem grandes benefícios aos utiliza-
dores, que se tornam consumidores e produtores de informação, porque
estão praticamente disponíveis para todos. Nas redes sociais, todos os
usuários são criadores e atores.
v A formação de especialistas salesianos e leigos. É necessário estar
consciente da prioridade da formação de salesianos e leigos especialistas
em comunicação. É preciso iniciar, apoiar e fortalecer os âmbitos de ação,
101

11.3 Page 103

▲back to top
animação, formação, informação e produção para uma comunicação efi-
caz e crítica a serviço da missão salesiana.
v A realização da comunicação salesiana em nível de Congregação e de
Inspetorias. Com essa finalidade é preciso levar em conta as áreas de
atenção e de compromisso, de modo que a animação e a gestão da Co-
municação Social possam cumprir sua missão de forma integrada, con-
vergente e profissional.
102

11.4 Page 104

▲back to top
16 ORGANIZAÇÃO
DA COMUNICAÇÃO
SALESIANA
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
v Coordenação Geral. A coordenação, organização e promoção da comu-
nicação são confiadas ao Conselheiro para a Comunicação Social, em
nível geral, e ao Delegado para a comunicação social, em nível inspeto-
rial.
Organizar significa identificar e estruturar o trabalho a ser realizado; de-
finir e atribuir as tarefas e atividades relacionadas; estabelecer relações
adequadas entre as pessoas para o trabalho em equipe a fim de alcançar
os resultados esperados.
O Inspetor, segundo as indicações do CG23, deve nomear o Delegado
para a comunicação social que “ajudará cada comunidade na promoção
das diversas realidades comunicacionais, prestará seu serviço aos diver-
sos setores de atividade, e manterá relações com os organismos locais,
eclesiásticos e civis” (CG23, n. 259).
v A atividade de apoio e suas políticas. É necessário garantir a disponi-
bilidade e a administração adequada do pessoal, dos recursos e dos ser-
viços necessários ao funcionamento da comunicação na Inspetoria. As
atividades de apoio devem ser realizadas de comum acordo entre o Ecô-
nomo Geral e/ou inspetorial.
A gestão de pessoas deve levar em consideração:
• o apoio e desenvolvimento de recursos humanos, que nos permita
contar com quadros qualificados, estáveis e motivados;
• a formação constante das pessoas para o desenvolvimento de seu po-
tencial e para seu adequado posicionamento na estrutura de trabalho.

11.5 Page 105

▲back to top
A gestão dos recursos e ativos econômico-financeiros diz respeito:
• à disponibilidade, ao uso adequado e controle dos recursos necessá-
rios;
• à utilização, de acordo com os requisitos legais e regulamentos legais
vigentes, da sociedade civil e da Congregação;
• ao profissionalismo nos procedimentos;
• ao orçamento financeiro correspondente a cada um dos planos.
A gestão dos serviços refere-se:
• à organização e aos métodos de trabalho, para que as estruturas or-
ganizacionais sejam constantemente atualizadas e adaptadas aos re-
sultados esperados, dentro do quadro de referência traçado pelas
Constituições e Regulamentos da Congregação;
• à socialização de experiências e resultados entre os setores e áreas da
Congregação;
• ao funcionamento adequado de sistemas informatizados, que garan-
tam bases seguras e rápidas para a tomada de decisões gerenciais ne-
cessárias ao alcance dos resultados desejados da comunicação;
• à disponibilidade de apoio jurídico para garantir o cumprimento da lei
e garantir a defesa dos interesses da Congregação nesta área.
A gestão dos recursos linguísticos e da tradução deve considerar:
• a salvaguarda da terminologia salesiana, tanto interna como externa-
mente;
• o cuidado de uma tradução fiel e compreensível das mensagens do
Reitor-Mor e de seu Conselho, dos demais órgãos de animação, for-
mação e informação. Por “fiel” entendemos fidelidade à línguagem e
ao contexto originais, mas de modo a facilitar a compreensão dos lei-
tores em seu contexto cultural;
• a promoção de padrões úteis para os textos publicados pela Direção
Geral.
v Os cuidados para com a gestão do patrimônio documental. O Setor
para a Comunicação Social cuida da gestão do patrimônio documental
da Congregação, em colaboração com o Arquivo Central Salesiano, atra-
vés da digitalização de textos, da memorização de textos (TM), etc.
O Delegado para a Comunicação Social oferece suas competências e as-
sessoria ao Arquivo Central Salesiano e a outros gestores para a geren-
ciamento do patrimônio documental da Congregação.
104

11.6 Page 106

▲back to top
O Setor de Comunicação Social, também em colaboração com o Secre-
tário Geral e/ou o Vigário do Reitor-Mor, cuida da coordenação do grupo
de tradutores e oferece serviços de apoio à sua tarefa.
O Setor de Comunicação Social promove diretrizes de estilo e normas
para as diversas situações, por exemplo, para Direção Geral, ou para tra-
dutores para vários idiomas.
105

11.7 Page 107

▲back to top
17 FUNÇÕES E
RESPONSABILIDADES
PELA COMUNICAÇÃO
SALESIANA
DIRETRIZES PARA APROFUNDAMENTO E AÇÃO
v O Conselheiro Geral para a Comunicação Social
Tarefa fundamental:
“O Conselheiro para a Comunicação Social tem a tarefa de animar a Con-
gregação neste âmbito. Promove a ação no setor da Comunicação Social
e coordena em particular, em nível global, os centros e estruturas que a
Congregação gere neste domínio” (Constituições, art. 137). O Setor da
Comunicação Social fundamenta seus valores no Evangelho, na pessoa
de São João Bosco e nas fontes de inspiração do seu Sistema Preventivo,
unindo-se ao Magistério da Congregação Salesiana.
Para responder adequadamente à complexidade midiática, torna-se im-
portante destacar a mudança em curso. Estas novas necessidades socio-
culturais, ditadas por sinais reais e evidentes dos nossos tempos, devem
promover um tipo de comunicação rica em ensinamentos e princípios éti-
cos, destacando:
– fidelidade ao carisma salesiano a serviço dos jovens;
– a pessoa humana, sempre no centro da comunicação;
– o convite da Igreja e da Congregação a viver, evangelizar e educar
na cultura digital com identidade salesiana;
– a relevância da convergência na gestão e na governança partilhada,
no profissionalismo da gestão e na cultura organizacional;
– a participação ativa dos leigos na gestão colaborativa da comunica-
ção em nível educativo, pastoral e administrativo;
– a mentalidade de networking, a utilização ética e educativa da Inte-
ligência Artificial com uma visão sinérgica e uma mentalidade mul-
titarefa, planejadora e convergente.

11.8 Page 108

▲back to top
Tarefas específicas
– Animar e gerir a comunicação institucional-informativa, educativa e
pastoral de forma sinodal, orgânica e inclusiva, através de políticas cla-
ras, processos eficazes, planejamento, implementação e verificação de
projetos.
– Difundir os valores e a visão da comunicação salesiana: colocar no cen-
tro a prioridade da pessoa e da sua formação mais do que nos meios,
promover uma visão positiva da pessoa humana, valorizar a comunhão
fraterna entre os indivíduos como vocação, estabelecer a autenticidade
na vida pessoal e comunitária como uma base confiável para a comu-
nicação.
– Acompanhar e apoiar a Congregação Salesiana no campo da comuni-
cação social, tendo em conta a transformação digital, a serviço da mis-
são, conforme indica o Regulamento Geral (artigos 31-34).
– Estimular a consciência de ser comunicador da identidade salesiana e
da fidelidade carismática. Normalmente, esta competência deve ser
alcançada nas comunidades religiosas, nos locais de missão, através
dos meios de comunicação tradicionais e digitais (Constituições, art.
43).
– Animar os Diretores e gestores dos centros e estruturas de comunica-
ção, para trabalharem com uma visão educativa, profissional e de net-
working, através da utilização das redes sociais e dos meios de
Comunicação Social.
– Coordenar as áreas que compõem o Setor de Comunicação Social:
evangelização, animação, gestão, comunicação institucional, formação,
produção, profissionalização, networking.
– Promover atividades de comunicação e marketing, de forma a garantir
a visibilidade e a coesão que, de fato, visam toda a comunicação ins-
titucional e a produção de conteúdos na Congregação Salesiana.
– Acompanhar a formação e animação dos delegados de comunicação,
diretores de centros de comunicação, editoras, Boletim Salesiano,
Rádio e outras instituições.
v Equipe do Setor para a Comunicação Social
A equipe que constitui este Setor tem funções específicas de colaboração
com o Conselheiro Geral. Em particular, deve:
• contribuir com o Conselheiro Geral para promover a comunicação;
107

11.9 Page 109

▲back to top
• colaborar constantemente com tudo o que diz respeito aos objetivos
do Setor da Comunicação Social;
• realizar as tarefas atribuídas pelo Conselheiro a serviço do Setor, tais
como: a Agência ANS, a assessoria de imprensa, o Boletim Salesiano
Italiano, os Boletins Salesianos, o Portal web, a documentação e ar-
quivo, os serviços de fotografia.
v Consulta Mundial de Comunicação Social
Os diversos membros salesianos e leigos da equipe, especialistas nas diver-
sas áreas de animação e formação, informação e negócios, colaboram per-
manentemente com o Setor através de seus estudos e conselhos,
respondendo às solicitações, mas também oferecendo sugestões espontâ-
neas com atitude proativa.
Sua contribuição visa nomeadamente:
• acompanhar o desenvolvimento da comunicação da Congregação;
• realizar avaliações, pesquisas, estudos;
• oferecer orientações e subsídios para atualização constante;
• oferecer consultoria permanente à comunicação da Congregação, es-
pecialmente ao Setor para a Comunicação Social.
v Delegado regional, nacional e/ou da Conferências
Em estreita colaboração com a Sede e de acordo com o princípio de subsi-
diariedade, os vários delegados regionais, nacionais e/ou de Conferências
comprometem-se a:
• promover a sinergia e a colaboração entre as Inspetorias no campo da
comunicação e de suas diversas atividades, com uma visão estratégica
aberta sobre toda a missão e a Congregação;
• desempenhar a tarefa que lhe é confiada pelos estatutos ou pelos con-
veênios da delegação regional ou da Conferências;
• manter um estreito vínculo de cooperação com o Conselheiro Geral
para a Comunicação Social e com o Setor;
• promover o desenvolvimento e implementação de um plano comum
de ação e colaboração no Setor da Comunicação Social, de acordo
com o planeamento geral da Região ou Conferências.
v O Inspetor com seu Conselho
Dentro de cada Inspetoria, o Inspetor com seu Conselho compromete-se a:
• promover a comunicação na Inspetoria;
108

11.10 Page 110

▲back to top
• cuidar e verificar a qualidade da comunicação dentro e fora da Ins-
petoria, entre os irmãos, com os grupos da Família Salesiana, com as
comunidades eclesiais e instituições civis e sociais, entre os grupos das
Inspetorias e com o Conselho Geral;
• nomear o Delegado Inspetorial para a Comunicação;
• cuidar da organização, papéis e funções da Comunicação Social e da
equipe ou comissão de comunicação;
• preparar os irmãos para ingressar nos circuitos de imprensa, cinema,
rádio e televisão;
• estabelecer e reforçar centros editoriais para a produção e divulgação
de livros, subsídios e periódicos, e centros de difusão e produção de
programas audiovisuais, de rádio e de televisão;
• estabelecer revisores de publicações que exijam revisão eclesiástica.
v O Delegado Inspetorial para a Comunicação Social
O Delegado (a Delegado/a) pode ser salesiano ou leigo/a e tem a tarefa de
promover e realizar, em nome do Inspetor, a comunicação na Inspetoria:
• o cargo deve ser de tempo integral;
• deve trabalhar em colaboração com as diversas equipes que compõem
a estrutura, em favor da missão juvenil salesiana, para sua implemen-
tação na Inspetoria;
• de forma particular, põe-se de acordo com os Delegados dos demais
Setores;
• de acordo com o Ecônomo Inspetorial, tenha uma adequada função de
representação na gestão dos negócios de comunicação da Inspetoria;
• colabora no desenvolvimento e aplicação do Plano de Comunicação
Social da Inspetoria;
• conforme as possibilidades, anima e acompanha os envolvidos na co-
municação da Inspetoria: o Conselho Inspetorial, as comunidades sa-
lesianas, os contatos locais de comunicação, as diversas áreas de ação
comunicacional;
• auxilia na formação permanente dos irmãos no campo da comunica-
ção;
• trabalha em rede com os diversos gestores de todos os níveis da Ins-
petoria para coordenar as ações, sublinhando os critérios salesianos
enumerados na primeira parte destas páginas: na elaboração e apli-
cação dos planos nos diferentes níveis inspetoriais e locais, na promo-
ção de processos e na execução de programas e atividades de
109

12 Pages 111-120

▲back to top

12.1 Page 111

▲back to top
formação, informação e produção, colaborando com a equipe de Pas-
toral Juvenil ou comissão inspetorial;
• participa nos órgãos de animação de obras de produção de Comuni-
cação Social;
• é essencial que o Delegado tenha uma visão global que lhe permita
realizar intervenções bem direcionadas para garantir o equilíbrio e a
harmonia entre a informação salesiana local e a informação em nível
mundial nas seguintes áreas: ANS (Agência de Notícias Salesianas), in-
formação local (correspondentes), produção e difusão de informação
dentro da Inspetoria e da Família Salesiana.
v Equipe de Comunicação Social
Para apoiar e contribuir para o desenvolvimento e funcionamento da comuni-
cação dentro de cada Inspetoria, convém formar uma equipe que se ocupe de:
• contribuir com o Delegado e a Inspetoria na tarefa de promover a co-
municação;
• trabalhar em equipe no Sistema e colaborar constantemente com tudo
o que se refere à missão no Setor de Comunicação Social;
• contribuir para a elaboração e aplicação do plano de animação-forma-
ção-consultoria inspetorial;
• contribuir para o trabalho do Delegado com informação, estudo, par-
tilha, planejamento e ação;
• assumir as tarefas que lhe forem confiadas pelo Inspetor ou pelo De-
legado para a gestão das diversas atividades, ou participação em even-
tos e órgãos de comunicação;
• melhorar a comunicação em favor da educação e da evangelização
dos jovens e da classe popular.
v Assessoria de imprensa, equipe e produção
É importante organizar uma assessoria de imprensa com as seguintes orien-
tações:
• desenvolver contato ativo e positivo com estruturas, pessoas e meios
de comunicação presentes no território;
• cuidar da imagem salesiana, em qualidade e quantidade, do significado
da presença nos meios de comunicação e no espaço da imprensa;
• participar das reuniões do Sistema Salesiano em diferentes níveis, re-
gional ou de Conferência e mundial, contribuindo cada vez mais para
o estabelecimento de sinergias dentro da Congregação;
110

12.2 Page 112

▲back to top
• coordenar com organismos eclesiásticos, religiosos, governamentais e
civis que lidam com a comunicação.
v Coordenador local de Comunicação Social
Cada realidade e obra local deve cuidar, organizar e coordenar cuidadosa-
mente suas intervenções no setor da comunicação. Será dada especial aten-
ção a:
• promover a comunicação no trabalho local;
• participar operacionalmente dentro da equipe da Pastoral Juvenil em
todas as atividades relacionadas com a educação dos jovens;
• interagir com os responsáveis dos demais Setores para uma atuação
bem coordenada do trabalho local;
• colaborar no desenvolvimento e implementação do Plano de Comu-
nicação Social local;
• animar no trabalho aqueles que colaboram na comunicação: o
Conselho da comunidade educativa, a comunidade salesiana, a co-
missão local de comunicação, as diversas áreas de atividade comu-
nicacional;
• acompanhar o desenvolvimento e aplicação de planos na promoção
de processos e na implementação de programas e atividades orienta-
dos pelo Setor;
• fazer funcionar o centro local de informação salesiana: promover a pro-
dução e difusão de informação dentro da obra e da Família Salesiana, cui-
dar de ferramentas como boletins locais e outros produtos específicos;
• acompanhar a ação dos corresponsáveis locais;
• orientar a gestão do site e as atividades da assessoria de imprensa;
• manter contato ativo e positivo com estruturas, pessoas e meios de
comunicação presentes no território;
• promover a imagem salesiana com a máxima atenção à qualidade e à
quantidade, ao significado da presença nos meios de comunicação e
no espaço da imprensa;
• Promover ANS (Agência de Notícias Salesianas), em nível inspetorial e
mundial, e divulgar de forma inteligente a informação produzida no
território.
v Agência ANS (Agência de Notícias Salesianas)
As principais finalidades da Agência responsável pela informação e comuni-
cação dos Salesianos são:
111

12.3 Page 113

▲back to top
• produzir informação salesiana para alimentar os meios de comunicação
salesianos e colocar seus produtos nas redes sociais, a serviço da mis-
são salesiana;
• estar à disposição dos diversos órgãos da Congregação (Reitor-Mor,
Conselho Geral, Setores, Inspetorias, etc.) para ajudá-los a utilizar efi-
cazmente a informação e a comunicação como meio para alcançar seus
objetivos de animação e governo;
• manter em contato através da informação sobre suas distintas realida-
des com os membros da Congregação espalhados pelo mundo e os
diversos grupos da Família Salesiana;
• Estudar os novos fenômenos sociais e econômicos da cultura digital e
ajudar a Família Salesiana e os educadores a ler e a interpretar estas
realidades com um olhar educativo salesiano;
• contribuir para a qualidade dos recursos informativos da Congregação
e dos grupos da Família Salesiana;
• dar a conhecer as realidades da Congregação e da Família Salesiana
no mundo, oferecendo informações sobre fatos relevantes aos meios
de comunicação próximos da Igreja e, em geral, às redes sociais;
• levar os problemas da juventude e da educação ao mundo através do
desenvolvimento e distribuição de informação;
• comunicar em linha com as novas ciências e metodologias da cultura
digital e das tecnologias de informação.
A Agência ANS atua em dois níveis:
Mundial: em Roma, e em estreita colaboração com os órgãos de go-
verno da Congregação e da Família Salesiana, o centro da Agência es-
tabelece os contatos necessários com Agências internacionais, bases
de dados mundiais, o Vaticano e toda a comunidade salesiana. Todos
os produtos de caráter mundial, tanto internos como externos, são cria-
dos pelo centro, que os distribuirá diretamente aos clientes ou os en-
viará aos Delegados da Inspetoria, para que os possam “colocar” nos
meios de informação nacionais.
Inspetorial: o Delegado Inspetoral (correspondente inspetorial) para a
Comunicação Social, em plena colaboração com os órgãos de gestão
inspetorial, estabelece contatos com agências e meios de comunica-
ção nacionais, com a assessoria de imprensa da Conferência Episcopal
e com as comunidades salesianas de sua Inspetoria.
O Delegado (pessoalmente ou através de outro correspondente) trans-
mite ao centro da Agência todas as informações da Inspetoria que lhe
112

12.4 Page 114

▲back to top
interessam e, segundo seus próprios critérios e de acordo com a política
de informação, “coloca” nas Agências e meios nacionais informações ou
produtos de informação recebidos pela Agência.
Além disso, o Delegado, como responsável perante a Agência, processa
e distribui a informação salesiana de interesse local aos meios de comu-
nicação existentes em sua área. Os Salesianos, membros da Família Sa-
lesiana e colaboradores, das diversas presenças (correspondentes locais)
colaboram com o Delegado.
Cuida também da produção e expedição dos produtos da ANS, como:
ANSfoto, revista mensal impressa, site da ANS, redes sociais e outros
produtos conforme necessidade.
v Assessoria de Imprensa da ANS
Em especial, a assessoria de imprensa da ANS deverá:
• cuidar e promover a imagem da Congregação e da atividade salesiana.
A assessoria de imprensa caracteriza-se como um serviço da ANS;
• manter contatos com agências de informação, meios de comunicação
e público em geral; atuar como porta-voz da atenção aos problemas
educacionais e juvenis;
• organizar e atualizar uma base de dados sobre a realidade salesiana,
sobre a situação juvenil e sobre a educação;
• acompanhar a informação atualizada nos meios de comunicação em
tudo o que diz respeito à missão salesiana, transmitir a informação
aos interessados imediatos em nível interno e interagir sobre estes as-
pectos com os mesmos meios;
• estabelecer contatos com agências e em particular com jornalistas para
informar sobre a missão salesiana e mobilizá-los em favor da educação
dos jovens;
• cuidar da organização de papéis e funções;
• gerir o plano de comunicação e marketing da imagem da Congrega-
ção ou Inspetoria;
• organizar as relações dos líderes da Congregação nos diferentes níveis
com os meios de comunicação e vice-versa.
Deve ser dada especial atenção às relações públicas. Para isso é necessário:
• gerir as relações oficiais do Reitor-Mor e de seu Conselho com a Con-
gregação e desta com o exterior, em nível geral, e do Inspetor e de
seu Conselho em nível inspetorial.
113

12.5 Page 115

▲back to top
O Reitor-Mor mantém a responsabilidade - que em casos particulares
pode delegar a seu Vigário, ao Secretário Geral, ao Porta-Voz oficial ou
a outros - pelas relações oficiais do Conselho com a Congregação e desta
com o exterior, em particular as relações com a Sé Apostólica, com a
União dos Superiores Gerais (USG), com outros Institutos e Congrega-
ções, com outras instituições e organismos, tanto no campo eclesial
como civil, especialmente para declarações ou posições tomadas pela
Congregação;
• Inspetor com seu Conselho define o funcionamento deste órgão em
nível inspetorial, em colaboração com a Assessoria de Imprensa.
v O Boletim Salesiano
O Boletim Salesiano (BS) é uma revista carismática e missionária, dirigida à
Familia Salesiana, aos benfeitores e à opinião pública. Isto implica a capaci-
dade de se situar na realidade que as pessoas e a Igreja vivem hoje e de
oferecer uma leitura salesiana dos fatos, especialmente daqueles que dizem
respeito à juventude e à educação.
O Boletim Salesiano é elaborado segundo as orientações do Reitor-Mor e
de seu Conselho, em diversas edições e línguas, como órgão de toda a Con-
gregação Salesiana, não como órgão particular de cada região. As numero-
sas edições nacionais ou regionais têm como objetivo encarnar os valores
da vocação salesiana única nas diversas áreas culturais.
Os principais objetivos do Boletim Salesiano são:
• difundir o espírito de Dom Bosco;
• dar a conhecer a obra salesiana e suas necessidades;
• conectar e animar os diferentes grupos de nossa Família;
• promover vocações;
• fazer crescer o Movimento Salesiano, incentivando a colaboração na
missão.
v O Portal Web
O portal Web da Direção Geral caracteriza-se como uma “plataforma” de
navegação na Internet, com ofertas de diversos sites com finalidades espe-
cíficas, ferramentas e serviços como: a escolha de vários idiomas, o motor
de busca, a área reservada/Intranet, links, chat… e informações especializa-
das para educação e evangelização de jovens.
É evidente a necessidade de gerir os recursos da Internet como espaço de
informação, formação e partilha, a serviço do projeto de animação e governo
114

12.6 Page 116

▲back to top
da Congregação, como fonte de informação sobre o carisma salesiano e
como instrumento de mobilização da sociedade em favor da juventude.
No que diz respeito à gestão e desenvolvimento do Portal Web, o Setor de
Comunicação Social trata da gestão do Portal de Direção Geral para:
• facilitar a interação entre o centro e as Inspetorias e a atualização dos
diversos sites salesianos;
• manter uma estrutura adequada de pessoas e meios tecnológicos para
operação interativa;
• treinar pessoas para interação;
• desempenhar um papel de animação com outros webmasters salesia-
nos de todo o mundo;
• colegar o portal ás redes sociais e Inteligência Artificial.
v Documentação e Arquivo
O Arquivo coleta documentação “histórica”, ou seja, material que não está
mais em uso ou diretamente consultável, mas disponível mediante solicita-
ção. A este respeito importa referir que:
• a finalidade desse Arquivo é recolher, preservar e disponibilizar a do-
cumentação sobre o carisma, a experiência e a obra salesiana;
• em nível geral, a responsabilidade do Arquivo Central Salesiano (ASC)
é atribuída ao Secretário Geral;
• funciona de acordo com o Regulamento do Arquivo Central.
v O arquivo fotográfico
Orientações:
• é o espaço (físico e imaterial) onde são preservadas fotografias e do-
cumentação cinematográfica histórica e atual;
• o responsável por este Arquivo põe à disposição o material para pu-
blicações de comunicação e documentação diversa;
• o Setor para a Comunicação Social também administra o Arquivo do
Setor e seus diversos serviços (ANS, BS, Portal), como base de dados
e como documentação de consulta atual;
• o Setor para a Comunicação Social pode oferecer competências es-
pecíficas, tanto ao Secretário Geral como aos responsáveis das dife-
rentes seções do Arquivo Central Salesiano, no que diz respeito às
políticas e estratégias de conservação, especialmente aquelas que en-
volvem aspectos técnicos e digitais.
115

12.7 Page 117

▲back to top
v O Boletim da Inspetoria
É bom que continuemos a produzir Boletins Inspetoriais de diferentes formas
e adequadas a situações individuais com o objetivo de:
• difundir informações salesianas úteis para a comunhão, partilhando ex-
periências, cultivando o sentido de pertença e de renovação entre as
comunidades salesianas e educativas e no seio da Família Salesiana;
• produzir informação a serviço do plano de animação da Inspetoria, re-
lativa aos diferentes setores da organização educativo-pastoral.
v Centros de Formação
Os Centros de Formação em Comunicação, presentes e geridos na realidade
da Congregação, têm diferentes perfis: universitários (acadêmicos) ou infor-
mais (com programas de formação variados em forma e calendário). Eles
devem:
• contribuir para a missão salesiana, formando salesianos, educadores,
pesquisadores, especialistas e operadores no campo da comunicação
social, integrando harmoniosamente conhecimentos teóricos com
competências operacionais;
• orientar-se por um projeto educativo-pastoral salesiano específico e
por planos de ação que respondam às necessidades concretas de
todos os usuários, integrando-se no Projeto Orgânico Inspetorial (POI).
v O Setor de Comunicação promove formação em comunicação
O Setor da Comunicação promove a colaboração mútua de centros de for-
mação em comunicação com as seguintes linhas de ação ou estratégias:
• trabalhar em harmonia com os Setores de Formação, Pastoral Juvenil,
Missão e Família Salesiana;
• buscar elementos de conhecimento e de relações colaborativas entre
as Faculdades de Comunicação das Instituições Universitárias Salesia-
nas (IUS) e os diversos Centros de Formação;
• dar uma resposta educativa à procura de educação em comunicação
e de a formação de salesianos e leigos.
116

12.8 Page 118

▲back to top
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bordoni Carlo (a cura di), Il primato delle tecnologie. Guida per una nuova iperumanità, Mi-
mesis, Milano, 2020.
Bozzolo Andrea, I sogni di Don Bosco. Esperienza spirituale e sapienza educativa, LAS, Roma,
2017.
Braido Pietro, Don Bosco prete dei giovani nel secolo delle libertà, voll. I - II, LAS, Roma,
2002-2003.
Braido Pietro, Prevenire non reprimere. Il sistema preventivo di Don Bosco, Istituto Storico
Salesiano - Saggi 11, LAS, Roma, 1999.
Brocardo Pietro, Don Bosco profondamente umano, profondamente santo, LAS, Roma, 2001.
Caruso Luca, Costa Giuseppe, Merola Giuseppe, Giornalismo e religione. Storia, metodo e
testi, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano, 2012.
Casolo Francesco e Melica Stefania, Neuroscienze, corporeità ed espressività, Vita e Pensiero,
Milano, 2022.
Censis, XVI Rapporto sulla Comunicazione. I media e la costruzione dell’identità, Franco An-
geli, Milano, 2020.
Ceria Eugenio, Memorie biografiche di San Giovanni Bosco, Società Editrice Internazionale,
Torino, 1935.
Chalmers David J., Più realtà. I mondi virtuali e i problemi della filosofia, Raffaello Cortina Edi-
tore, Milano, 2023.
Commissione Internazionale di Studio sui Problemi della Comunicazione nel Mondo, Comu-
nicazione e società oggi e domani. Il raporto MacBride sui problemi della comunicazione
nel mondo, ERI, Torino, 1982.
Costa Giuseppe (a cura di), Editoria, media e religione, Libreria Editrice Vaticana, Città del
Vaticano, 2009.
Costa Giuseppe, Parole attorno ai media. Saggi, cronache e provocazioni, Sciascia Editore,
Caltanissetta, 2002.
Costa Giuseppe, Paoluzi Angelo, Giornalismo. Teoria e pratica, Las, Roma, 2006.
Cuddy Amy, Presence. Bringing your boldest self to your biggest challenges, Little Brown and
Company, New York, 2015.
Dal Ben Paolo, Nuovi media e identità digitale, Pazzini, Rimini, 2022.
Damasio Antonio R., Descarte’s Error: Emotion, Reason, and the Human Brain, Grosset/Put-
nam, New York, 1994.
Esposito Elena, Comunicazione artificiale. Come gli algoritmi producono intelligenza sociale,
EGEA S.p.A, Milano, 2022.
Francesco di Sales, Il Trattato dell’amore di Dio, Prefazione, Città Nuova, Roma, 2011.
Gardner Howard, Multiple Intelligences. The Theory in Practice, Basic Books, New York, 1993.
Goleman Daniel, Emotional Intelligence, Bantom Books, New York, 1995.
Gregory Richard L., Colman Andrew M., The senses in communication, Longman Essential
Psichology, Londra, 1995.
Gregory Richard L., Eye and Brain, the Psychology of Seeing, MCGraw-Hill Book Company,
New York-Toronto, 1996.
Han Byung-Chul, La crisis de la narración, Herder, Barcelona, 2023.
Han Byung-Chul, Le non cose. Come abbiamo smesso di vivere il reale, Einaudi, Torino, 2022.
Lafuente Juan José Bartolomé, Dios y su pueblo necesitan mediadores, Editorial CCS, Madrid,
2023.
Lenti Arthur J., Don Bosco, storia e spirito, vol. I, LAS, Roma, 2017.
Lever Franco, Rivoltella Pier Cesare, Zanacchi Adriano, La comunicazione. Il Dizionario di
scienze e tecniche, Elledici-RaiEri-Pontificio Ateneo Salesiano, Roma, 2002.
117

12.9 Page 119

▲back to top
Marinelli Vincenzo, Francesco di Sales comunicatore. Ricostruzione della teologia della co-
municazione salesiana e suo contributo per la prassi pastorale contemporanea, PUL, Roma,
2019.
Martínez Díez Felicísimo, Teología de la Comunicación, BAC, Madrid, 1994.
Mendes dos Santos Gildásio, Don Bosco e la realtà digitale, Elledici, Leumann (To), 2023.
Paccagnella Luciano, Sociologia della comunicazione, Il Mulino, Bologna, 2004.
Pasqualetti Fabio, Avati Cosimo (a cura di), Reti Sociali: porte di verità e di fede; nuovi spazi
di evangelizzazione, LAS, Roma, 2014.
Predoti Rocco, Identità dell’uomo digitale. Antropologia del linguaggio digitale e implicazioni
catechetiche, Cittadella Editrice, Assisi, 2022.
Rivoltella Pier Cesare, Teoria della Comunicazione, Editrice la Scuola, Brescia, 1998.
Schmucki Albert e Forlani Donatella (a cura di), La vita consacrata e il nuovo ambiente digitale.
Sfide e opportunità formative, EDB, Bologna, 2015.
Sigman Mariano, El poder de las palabras, 3 edicion, Penguin Random House Grupo Editorial,
Barcelona, 2022.
Soldà Giuseppe, Don Bosco nella fotografia dell’800 (1861-1888), Società Editrice Interna-
zionale, Torino, 1987.
Spaviero Paolo, L’etica alla prova delle neuroscienze. Sfide e opportunità per la teologia mo-
rale, Cittadella Editrice, Assisi, 2020.
Talia Domenico, La società calcolabile e i big data. Algoritmi e persone nel mondo digitale,
Rubbettino, Soveria Mannelli, 2018.
Zuboff Shoshana, Il capitalismo della sorveglianza. Il futuro dell’umanità nell’era dei nuovi po-
teri, Luiss, Roma, 2019.
118

12.10 Page 120

▲back to top
ÍNDICE
Apresentação ........................................................................................ 3
Introdução ao novo documento ............................................................ 7
Fontes Salesianas .................................................................................. 10
Documentos da Igreja ........................................................................... 10
Siglas e abreviaturas .............................................................................. 12
v CAPÍTULO I
A gênese da comunicação de Dom Bosco....................................... 13
v CAPÍTULO II
A comunicação como fenômeno humano e cultural ........................ 16
A – Dinâmica humana e tecnológica no mundo digital.................... 18
v CAPÍTULO III
Comunicar com discernimento e sinodalidade ................................ 23
v CAPÍTULO IV
A comunicação amiga que nasce do amor de Deus por nós ........... 26
v CAPÍTULO V
Jesus Cristo se comunica amigavelmente em nome do Pai............. 31
v CAPÍTULO VI
Deus continua a se comunicar com a humanidade por meio da Igreja 35
v CAPÍTULO VII
Maria, exemplo de comunicadora .................................................... 38
v CAPÍTULO VIII
São Francisco de Sales: tudo por amor ............................................ 40
v CAPÍTULO IX
Viver amigavelmente a cultura digital hoje....................................... 42
v CAPÍTULO X
A relação entre comunicação e ação educativa e evangelizadora ... 48
119

13 Pages 121-130

▲back to top

13.1 Page 121

▲back to top
A – A comunicação é implementada a partir do diálogo entre
evangelização e educação.......................................................... 51
B – Comunicação em diálogo com a cultura .................................... 54
C – Uma abordagem interdisciplinar para o diálogo com
o mundo digital .......................................................................... 55
D – Comunicação como Família Salesiana e em rede com os leigos ... 57
E – A metodologia da comunicação salesiana ................................. 59
v CAPÍTULO XI
O Sistema Preventivo como impulso pastoral e comunicativo......... 63
A – O Sistema Preventivo como espiritualidade salesiana
e fonte de comunicação ............................................................. 66
B – Comunicar no ecossistema digital a partir do Sistema Preventivo... 68
v CAPÍTULO XII
Antropologia cristã, fonte de uma ética da comunicação ................ 73
A – A humanização da comunicação ................................................ 75
B – Cuidado com o humano comunicativo....................................... 78
v CAPÍTULO XIII
O coração e a identidade do comunicador salesiano ...................... 81
v CAPÍTULO XIV
Diretrizes para comunicação salesiana ............................................. 86
v CAPÍTULO XV
Gestão e Governo ............................................................................ 93
v CAPÍTULO XVI
Organização da comunicação salesiana ........................................... 103
v CAPÍTULO XVII
Funções e responsabilidades pela comunicação salesiana .............. 106
Referências bibliográficas ...................................................................... 117
120

13.2 Page 122

▲back to top
A Congregação Salesiana, em suas diversas áreas de
intervenção, pretende estar sempre em sintonia com os
tempos. Uma atitude que ao longo dos anos levou-nos a
procurar continuamente o diálogo entre a fé e a ciência, entre
o Evangelho e a cultura juvenil, entre o Sistema Preventivo e o
mundo digital.
Como educadores de jovens, respondemos aos desafios e
oportunidades da cultura digital através de uma reflexão
profunda sobre a comunicação e a utilização das diversas
tecnologias de informação, da Internet, das redes sociais e, por
último, da atualíssima Inteligência Artificial.
Partindo dos valores do Evangelho e do Sistema Preventivo,
juntamente com leigos e educadores, queremos falar desta
realidade ouvindo as novas gerações, acompanhando
adolescentes e jovens e buscando novas linguagens e novas
formas de educá-los para o amor, o sentido da vida, a
responsabilidade e a construção de seu projeto de vida.