Segunda Parte
ENVIADOS AOS JOVENS
EM COMUNIDADES
NO SEGUIMENTO DE CRISTO
IVENVIADOS AOS JOVENS
OS DESTINATÁRIOS DA NOSSA MISSÃO
«Viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas» (Mc 6,34).
26Os jovens a quem somos enviados
O Senhor indicou a Dom Bosco os jovens, especialmente os mais pobres, como primeiros e principais destinatários da sua missão.
Chamados à mesma missão, tomamos consciência da sua extrema importância: os jovens vivem uma idade em que fazem opções fundamentais de vida que preparam o futuro da sociedade e da Igreja.
Com Dom Bosco reafirmamos a preferência pela «juventude pobre, abandonada, em perigo»,1 que tem maior necessidade de ser amada e evangelizada, e trabalhamos especialmente nos lugares de mais grave pobreza.
1 cf. MB XIV, 662.
27Os jovens do mundo do trabalho
Os jovens dos ambientes populares que se encaminham ao trabalho e os jovens trabalhadores freqüentemente encontram dificuldades e facilmente estão expostos a injustiças.
Imitando a solicitude de Dom Bosco, voltamo-nos para eles, a fim de capacitá-los a ocupar com dignidade seu lugar na sociedade e na Igreja e a tomar consciência de seu papel para a transformação cristã da vida social.
28Os jovens chamados para um serviço na Igreja
Respondendo às necessidades de seu povo, o Senhor continuamente e com variedade de dons chama a segui-lo para o serviço do Reino.
Estamos convencidos de que muitos dentre os jovens são ricos de recursos espirituais e apresentam germes de vocação apostólica.
Ajudamo-los a descobrir, acolher e amadurecer o dom da vocação laical, consagrada, sacerdotal, em benefício de toda a Igreja e da Família Salesiana.
Com igual solicitude cuidamos das vocações adultas.
29Nos ambientes populares
O compromisso prioritário para com os jovens pobres harmoniza-se com a ação pastoral em favor das classes populares.
Reconhecemos os valores evangélicos de que são portadoras e a necessidade que têm de ser acompanhadas em seu esforço de promoção humana e crescimento na fé. Damos-lhes, portanto, nosso apoio com «todos os meios que a caridade cristã inspira».1
Dirigimos nossa atenção aos leigos responsáveis pela evangelização do ambiente e à família, na qual as diversas gerações se encontram2 e constroem o futuro do homem.
1 C 1875, I, 7.
2 cf. GS 52.
30Os povos ainda não evangelizados
Os povos ainda não evangelizados foram objeto especial dos cuidados e do ardor apostólico de Dom Bosco. Eles continuam a solicitar e a manter vivo o nosso zelo; reconhecemos no trabalho missionário um traço essencial da nossa Congregação.
Com a ação missionária realizamos um trabalho de paciente evangelização e fundação da Igreja num grupo humano.1 Esse trabalho mobiliza todos os compromissos educativos e pastorais próprios do nosso carisma.
A exemplo do Filho de Deus que em tudo se fez semelhante a seus irmãos, o missionário salesiano assume os valores desses povos e partilha suas angústias e esperanças.2
1 cf. AG 6.
2 cf. AG 3, 12, 26.
NOSSO SERVIÇO EDUCATIVO-PASTORAL
«O Espírito do Senhor está sobre mim; porque ele me consagrou com o óleo, para levar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar aos prisioneiros a libertação e aos cegos a recuperação da vista; dar liberdade aos oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor» (Lc 4,18-19).
31A promoção integral
Nossa missão participa da missão da Igreja, que realiza o plano salvífico de Deus, o advento do seu Reino, levando aos homens a mensagem do Evangelho, intimamente unida ao desenvolvimento da ordem temporal.1
Educamos e evangelizamos segundo um projeto de promoção integral do homem, orientado para Cristo, homem perfeito.2 Fiéis às intenções do nosso Fundador, visamos formar «honestos cidadãos e bons cristãos».3
1 cf. EN 31.
2 cf. GS 41.
3 Piano di Regolamento per l'Oratorio, 1854 (MB II, 46).
32Promoção pessoal
Como educadores colaboramos com os jovens a fim de desenvolver-lhes as capacidades e aptidões até a plena maturidade.
Partilhamos com eles, nas diversas circunstâncias, o pão, e promovemos sua competência profissional e a formação cultural.
Sempre e em todos os casos, ajudamo-los a se abrirem à verdade e a construírem para si uma liberdade responsável. Para tanto nos empenhamos em suscitar neles a convicção e o gosto pelos valores autênticos que os orientam ao diálogo e ao serviço.
33Promoção social e coletiva
Dom Bosco viu com clareza o alcance social de sua obra.
Trabalhamos em ambientes populares e em favor dos jovens pobres. Colaborando com eles, educamo-los para as responsabilidades morais, profissionais e sociais, e contribuímos para a promoção do grupo e do ambiente.
Participamos, na qualidade de religiosos, do testemunho e do compromisso da Igreja para com a justiça e a paz. Conservando-nos independentes de qualquer ideologia e política partidária, recusamos tudo o que favorece a miséria, a injustiça e a violência, e colaboramos com quantos constroem uma sociedade mais digna do homem.
A promoção, à qual nos dedicamos em espírito evangélico, realiza o amor libertador de Cristo e constitui um sinal da presença do Reino de Deus.
34Evangelização e catequese
«Esta Sociedade, em seu início, era um simples catecismo».1 Também para nós a evangelização e a catequese são a dimensão fundamental da nossa missão.
Como Dom Bosco, somos chamados todos e em qualquer ocasião, a ser educadores da fé. Nossa ciência mais eminente é, pois, conhecer Jesus Cristo; e a alegria mais profunda, revelar a todos as insondáveis riquezas do seu mistério.2
Caminhamos com os jovens para conduzi-los à pessoa do Senhor ressuscitado, a fim de que, descobrindo nEle e em seu Evangelho o sentido supremo da própria existência, cresçam como homens novos.
A Virgem Maria é uma presença materna nesta caminhada. Procuramos torná-la conhecida e amada como Aquela que acreditou,3 ajuda e infunde esperança.
1 MB IX, 61.
2 cf. Ef 3,8-19.
3 cf. Lc 1,45.
35Iniciação à vida eclesial
Encaminhamos os jovens a fazer experiência de vida eclesial mediante o ingresso e a participação numa comunidade de fé.
Por isso, animamos e promovemos grupos e movimentos de formação e de ação apostólica e social. Neles, os jovens crescem na consciência das próprias responsabilidades e aprendem a dar a sua contribuição insubstituível à transformação do mundo e à vida da Igreja, tornando-se eles mesmos «os primeiros e imediatos apóstolos dos jovens».1
1 AA 12.
36Iniciação à vida litúrgica
Iniciamos os jovens numa participação consciente e ativa na liturgia da Igreja, ponto culminante e fonte de toda a vida cristã.1
Junto com eles celebramos o encontro com Cristo na escuta da palavra, na oração e nos sacramentos.
A Eucaristia e a Reconciliação, celebradas assiduamente, oferecem recursos de valor excepcional para a educação à liberdade cristã, à conversão do coração e ao espírito de partilha e serviço na comunidade eclesial.
1 cf. SC 10.
37Orientação para as opções vocacionais
Educamos os jovens a desenvolverem a própria vocação humana e batismal com uma vida quotidiana progressivamente inspirada e unificada pelo Evangelho.
O clima de família, de acolhida e de fé, criado pelo testemunho de uma comunidade que se doa com alegria, é o ambiente mais eficaz para a descoberta e a orientação das vocações.
Esse trabalho de colaboração com os desígnios de Deus, coroamento de toda a nossa ação educativo-pastoral, é sustentado pela oração e pelo contato pessoal, sobretudo na direção espiritual.
38O Sistema Preventivo em nossa missão
Para realizar o nosso serviço educativo e pastoral, Dom Bosco nos legou o Sistema Preventivo.
«Este sistema baseia-se inteiramente na razão, na religião e na bondade».1 Não apela para pressões, mas para as fontes da inteligência, do coração e do desejo de Deus, que cada homem traz nas profundezas de seu ser.
Associa numa única experiência de vida educadores e jovens, em clima de família, de confiança e de diálogo.
Imitando a paciência de Deus, encontramos os jovens no ponto em que se acha a sua liberdade. Acompanhamo-los para que eles amadureçam convicções sólidas e se tornem progressivamente responsáveis no delicado processo de crescimento de sua humanidade na fé.
1 MB XIII, 919.
39A assistência como atitude e método
A prática do Sistema Preventivo exige de nós uma atitude fundamental: a simpatia e a vontade de contato com os jovens. «Aqui entre vós me acho bem, minha vida é mesmo estar convosco».1
Estamos fraternalmente entre os jovens como presença ativa e amiga, que lhes favorece todas as iniciativas para o crescimento no bem; encoraja-os a libertar-se de qualquer escravidão, para que o mal não lhes domine a fragilidade.
Tal presença abre-nos ao conhecimento vital do mundo juvenil e à solidariedade com todos os aspectos autênticos de seu dinamismo.
1 MB IV, 654.
CRITÉRIOS DE AÇÃO SALESIANA
«Conquanto livre em relação a todos, eu me fiz escravo de todos, para ganhar o maior número possível... Fiz-me fraco com os fracos para ganhar os fracos; fiz-me tudo para todos, para a todo custo salvar alguns» (1Cor 9,19.22).
40O Oratório de Dom Bosco, critério permanente
Dom Bosco viveu uma típica experiência pastoral no seu primeiro Oratório, que foi para os jovens casa que acolhe, paróquia que evangeliza, escola que encaminha para a vida, e pátio para se encontrarem como amigos e viverem com alegria.
Ao realizarmos hoje nossa missão, a experiência de Valdocco continua critério permanente de discernimento e renovação de cada atividade e obra.
41Critérios inspiradores para as nossas atividades e obras
Nossa ação apostólica realiza-se em pluralidade de formas, determinadas em primeiro lugar pelas exigências daqueles a quem nos dedicamos.
Realizamos a caridade salvífica de Cristo, organizando atividades e obras de escopo educativo-pastoral, atentos às necessidades do ambiente e da Igreja. Sensíveis aos sinais dos tempos, com espírito de iniciativa e constante flexibilidade, nós as avaliamos e renovamos, e criamos outras novas.
A educação e a evangelização de muitos jovens, sobretudo entre os mais pobres, movem-nos a procurá-los no ambiente em que vivem e encontrá-los em seu estilo de vida com formas adequadas de serviço.
42Atividades e obras
Realizamos a nossa missão principalmente com atividades e obras nas quais é possível promover a educação humana e cristã dos jovens, como o oratório e o centro juvenil, a escola e os centros profissionalizantes, os internatos e as casas para jovens com problemas.
Nas paróquias e residências missionárias contribuímos para a difusão do Evangelho e promoção do povo, colaborando com a pastoral da Igreja particular mediante as riquezas de uma vocação específica.
Oferecemos nosso serviço pedagógico e catequético na área juvenil por meio de centros especializados.
Nas casas de retiros atendemos à formação cristã de grupos, especialmente juvenis.
Dedicamo-nos, além disso, a toda e qualquer outra obra que tenha em vista a salvação da juventude.
43A comunicação social
Trabalhamos no setor da comunicação social. É um campo significativo de ação,1 que está entre as prioridades apostólicas da missão salesiana.
Nosso Fundador intuiu o valor dessa escola de massa, que cria cultura e difunde modelos de vida, e lançou-se a empresas originais apostólicas para defender e sustentar a fé do povo.
Seguindo-lhe o exemplo, valorizamos como dons de Deus as grandes possibilidades que a comunicação social nos oferece para a educação e a evangelização.
1 cf. IM 1.
CO-RESPONSÁVEIS DA MISSÃO
«Quem planta e quem rega são como um só, mas cada um receberá o salário segundo o seu esforço. Porque somos colaboradores de Deus e vós, o campo de Deus, o edifício de Deus» (1Cor 3,8-9).
44Missão comunitária
O mandato apostólico que a Igreja nos confia é assumido e cumprido em primeiro lugar pelas comunidades inspetoriais e locais, cujos membros têm funções complementares, com incumbências todas elas importantes. Disso eles tomam consciência; a coesão e a co-responsabilidade fraterna permitem alcançar os objetivos pastorais.
O inspetor e o diretor, como animadores do diálogo e da participação, guiam o discernimento pastoral da comunidade, para que ela caminhe unida e fiel na atuação do projeto apostólico.
45Responsabilidades comuns e complementares
Cada um de nós é responsável pela missão comum e dela participa com a riqueza de seus dons e das características laical e sacerdotal da única vocação salesiana.
O salesiano coadjutor leva para todos os campos educativos e pastorais o valor próprio de sua laicidade, que o torna de modo específico testemunha do Reino de Deus e das realidades do trabalho.
O salesiano presbítero ou diácono leva ao trabalho comum de promoção e de educação para a fé a especificidade de seu ministério, que o torna sinal de Cristo pastor, principalmente com a pregação do Evangelho e a ação sacramental.
A presença significativa e complementar de salesianos clérigos e leigos na comunidade constitui um elemento essencial de sua fisionomia e completeza apostólica.
46Os salesianos jovens
O espírito de família e o dinamismo característico de nossa missão tornam particularmente válida a contribuição apostólica dos salesianos jovens.
Acham-se eles mais perto das novas gerações, são capazes de animação e entusiasmo, e disponíveis a soluções novas.
Encorajando e orientando essa generosidade, a comunidade ajuda-lhes o amadurecimento religioso apostólico.
47A comunidade educativa e os leigos associados ao nosso trabalho
Realizamos em nossas obras a comunidade educativa e pastoral. Ela envolve, em clima de família, jovens e adultos, pais e educadores, até poder tornar-se uma experiência de Igreja, reveladora do plano de Deus.
Nessa comunidade, os leigos, associados ao nosso trabalho, dão a contribuição original de sua experiência e modelo de vida.
Acolhemos e despertamos a sua colaboração e oferecemos a possibilidade de conhecer e aprofundar o espírito salesiano e a prática do Sistema Preventivo.
Favorecemos o crescimento espiritual de cada um e propomos, a quem se sente chamado, que participe de maneira mais estreita da nossa missão na Família Salesiana.
48Solidários com a Igreja particular
A Igreja particular é o lugar em que a comunidade vive e exprime seu compromisso apostólico. Inserimo-nos em sua pastoral, que tem no bispo o primeiro responsável1 e nas diretrizes das conferências episcopais um princípio de ação de maior amplitude.
Oferecemos à Igreja particular a contribuição do trabalho e da pedagogia salesiana, e dela recebemos orientações e apoio.
Para articulação mais orgânica, compartimos iniciativas com os grupos da Família Salesiana e com outros institutos religiosos.
Estamos prontos a colaborar com os organismos civis de educação e de promoção social.
1 cf. CIC, cân. 678,1.
VEM COMUNIDADES FRATERNAS E APOSTÓLICAS
«Que a vossa caridade seja sincera; ... amai-vos uns aos outros com afeto fraterno, porfiai na estima recíproca; ... socorrei os irmãos nas necessidades, exercei a hospitalidade solicitamente... Tende entre vós os mesmos sentimentos» (Rm 12, 9.10.13.16).
49Valor da vida em comunidade
Viver e trabalhar juntos é para nós salesianos exigência fundamental e caminho seguro para realizarmos a nossa vocação.
Por isso nos reunimos em comunidades1, nas quais nos amamos a ponto de tudo compartilhar em espírito de família e construímos a comunhão das pessoas.
Na comunidade reflete-se o mistério da Trindade; nela encontramos uma resposta às aspirações profundas do coração e nos tornamos sinais de amor e unidade para os jovens.
1 cf. CIC, cân. 608.
50Os vínculos da unidade
Deus nos chama a viver em comunidade, confiando-nos irmãos que devemos amar.
A caridade fraterna, a missão apostólica e a prática dos conselhos evangélicos são os vínculos que plasmam a nossa unidade e consolidam continuamente a nossa comunhão.
Formamos assim um só coração e uma só alma para amar e servir a Deus1 e para nos ajudarmos uns aos outros.
1 cf. C 1875, II, 1.
51Relações de amizade fraterna
São Paulo nos exorta: «Revesti-vos, como eleitos de Deus, santos e amados, de sentimentos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente».1
A comunidade salesiana se caracteriza pelo espírito de família que anima todos os momentos de sua vida: trabalho e oração, refeições e tempos de lazer, encontros e reuniões.
Em clima de fraterna amizade comunicamo-nos alegrias e dores, e partilhamos co-responsavelmente experiências e projetos apostólicos.
1 Cl 3, 12-13.
52O irmão na comunidade
A comunidade acolhe o irmão de coração aberto, aceita-o como é e favorece-lhe o amadurecimento. Oferece-lhe a possibilidade de desenvolver seus dons de natureza e graça. Provê o que lhe é necessário e ampara-o nos momentos de dificuldade, dúvida, fadiga e doença.
Dom Bosco costumava dizer a quem lhe pedia para ficar com ele: «Pão, trabalho e paraíso: eis as três coisas que vos posso oferecer em nome do Senhor».1
O irmão empenha-se em construir a comunidade em que vive, quer-lhe bem, mesmo se imperfeita. Sabe que nela encontra a presença de Cristo.
Aceita a correção fraterna, combate o que descobre em si de anticomunitário e participa generosamente da vida e do trabalho comum. Agradece a Deus estar rodeado de irmãos que o encorajam e ajudam.
1 MB XVIII, 420.
53Os irmãos anciãos e doentes
A comunidade cerca de cuidados e afeto os irmãos anciãos e doentes.
Prestando o serviço de que são capazes e aceitando a própria condição, eles são fonte de bênçãos para a comunidade, enriquecem-lhe o espírito de família e tornam mais profunda a sua unidade.
Sua vida assume novo significado apostólico. Oferecendo com fé as limitações e os sofrimentos pelos irmãos e pelos jovens, unem-se à paixão redentora do Senhor e continuam a participar da missão salesiana.
54A morte do irmão
A comunidade ampara com mais intensa caridade e oração o irmão gravemente enfermo. Quando chega a hora de dar à sua vida consagrada o remate supremo, os irmãos o ajudam a participar com plenitude da Páscoa de Cristo.
Para o salesiano, a morte é iluminada pela esperança de entrar na alegria do seu Senhor.1 E quando acontece que um salesiano sucumbe trabalhando pelas almas, a Congregação alcançou uma grande vitória.2
A lembrança dos irmãos falecidos une na «caridade que não passa»3 os que ainda são peregrinos aos que já repousam em Cristo.
1 cf. Mt 25,21.
2 cf. MB XVII, 273.
3 1Cor 13,8.
55O diretor na comunidade
O diretor representa Cristo que une os seus no serviço do Pai. Está no centro da comunidade, irmão entre irmãos, que lhe reconhecem a responsabilidade e autoridade.
Sua primeira tarefa é animar a comunidade para viva na fidelidade às Constituições e cresça na unidade. Coordena os esforços de todos, levando em conta direitos, deveres e capacidades de cada um.
Tem igualmente responsabilidade direta em relação a cada um dos irmãos; ajuda-o a realizar sua vocação pessoal e o apóia no trabalho que lhe é confiado.
Estende sua solicitude aos jovens e aos colaboradores, a fim de que cresçam na co-responsabilidade da missão comum.
Nas palavras, nos contatos freqüentes, nas decisões oportunas é pai, mestre e guia espiritual.
56Comunidade acolhedora
Os irmãos vivem com simplicidade o dom de si e o sentido de partilha na acolhida aos outros e na hospitalidade. Com suas atenções e alegria sabem fazer com que todos participem do espírito de família salesiano.
Todavia, para favorecer o mútuo respeito e as expressões de comunhão fraterna, a comunidade reserva alguns ambientes da casa religiosa1 unicamente para os irmãos.
1 cf. CIC, cân. 667, 1.
57Comunidade aberta
A comunidade salesiana atua em comunhão com a Igreja particular.
É aberta aos valores do mundo e atenta ao contexto cultural em que desenvolve sua ação apostólica. Solidária com o grupo humano em que vive, cultiva boas relações com todos.
É, desta sorte, sinal revelador de Cristo e da sua salvação presente entre os homens, e torna-se fermento de novas vocações, segundo o modelo da primeira comunidade de Valdocco.
58Comunidade inspetorial
As comunidades locais são parte viva da comunidade inspetorial. Esta as promove na comunhão fraterna e sustenta na missão.
Segue com amor os novos irmãos; é solícita pela formação de todos, alegra-se com seus bons êxitos e acontecimentos felizes, sente suas perdas, mantém viva sua recordação.
Atenta às situações da juventude, coordena e avalia o trabalho apostólico mediante seus organismos, favorece a colaboração, anima a pastoral vocacional, provê à continuidade das obras e se abre a novas atividades.
Cultiva a fraternidade e exprime-a com concreta solidariedade com as demais inspetorias, a Congregação e a Família Salesiana.
59Comunidade mundial
A profissão religiosa incorpora o salesiano na Sociedade, fazendo-o partícipe da comunhão de espírito, de testemunho e de serviço que ela vive na Igreja universal.
A união com o Reitor-Mor e o seu Conselho, a solidariedade nas iniciativas apostólicas, a comunicação e informação sobre o trabalho dos irmãos, incrementando a comunhão, aprofundam o sentido de pertença e abrem para o serviço da comunidade mundial.
VINO SEGUIMENTO DE CRISTO OBEDIENTE, POBRE E CASTO
«Renunciei a tudo... para ganhar a Cristo... porque eu também fui conquistado por Jesus Cristo» (Fl 3,8.12).
60No seguimento de Cristo
Com a profissão religiosa, queremos viver a graça batismal com maior plenitude e radicalidade.
Seguimos Jesus Cristo, que, «casto e pobre, remiu e santificou os homens com a sua obediência»,1 e participamos mais estreitamente do mistério da sua Páscoa, do seu aniquilamento e da sua vida no Espírito.
Aderindo totalmente a Deus, amado sobre todas as coisas, empenhamo-nos numa forma de vida que se funda por inteiro nos valores do Evangelho.
1 PC 1.
61Amor fraterno e apostólico
Dom Bosco faz notar com freqüência quanto a prática sincera dos votos consolida os vínculos do amor fraterno e a coesão na ação apostólica.
A profissão dos conselhos ajuda-nos a viver a comunhão com os irmãos da comunidade religiosa, como numa família que se alegra com a presença do Senhor.1
Os conselhos evangélicos, favorecendo a purificação do coração e a liberdade espiritual,2 tornam solícita e fecunda nossa caridade pastoral; o salesiano obediente, pobre e casto está pronto para amar e servir àqueles a quem o Senhor o envia, sobretudo aos jovens pobres.
1 cf. PC 15.
2 cf. LG 46.
62Sinal peculiar da presença de Deus
A prática dos conselhos, vivida no espírito das bem-aventuranças, torna mais convincente o nosso anúncio do Evangelho.
Num mundo tentado pelo ateísmo e pela idolatria do prazer, da posse e do poder, o nosso modo de viver testemunha, especialmente aos jovens, que Deus existe e o seu amor pode saciar uma vida; que a necessidade de amar, a ânsia de possuir e a liberdade de decidir da própria existência adquirem em Cristo Salvador o sentido supremo.
Nosso modo de vida leva em consideração também o hábito. O que os clérigos usam conforme as disposições das Igrejas particulares dos países em que moram, e o traje simples que Dom Bosco aconselhava aos sócios leigos1 querem ser um sinal exterior desse testemunho e serviço.2
1 cf. C 1875, XV, 1-3.
2 cf. CIC, cân. 669.
63Testemunho do mundo que há de vir
O oferecimento da própria liberdade na obediência, o espírito de pobreza evangélica e o amor que se faz dom na castidade tornam o salesiano um sinal da força da ressurreição.
Os conselhos evangélicos, plasmando inteiramente seu coração para o Reino, ajudam-no a discernir e a acolher a ação de Deus na história; e, na simplicidade e laboriosidade da vida quotidiana, transformam-no num educador que anuncia aos jovens «novos céus e nova terra»,1 estimulando neles os compromissos e a alegria da esperança.2
1 cf. Ap 21,1.
2 cf. Rm 12,12.
NOSSA OBEDIÊNCIA
«Embora fosse Filho, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que padeceu. E, tendo-se tornado perfeito, fez-se causa de salvação eterna para todos quantos lhe obedecem» (Hb 5,8-9).
64Significado evangélico da nossa obediência
Nosso Salvador assegurou-nos ter vindo à terra não para fazer a sua vontade, mas a vontade do seu Pai que está nos céus.1
Com a profissão de obediência oferecemos a Deus a nossa vontade e revivemos na Igreja e na Congregação a obediência de Cristo, cumprindo a missão que nos é confiada.
Dóceis ao Espírito e atentos aos sinais que Ele nos dá mediante os acontecimentos, tomamos o Evangelho como regra suprema2 de vida, as Constituições como caminho seguro, os superiores e a comunidade como intérpretes quotidianos da vontade de Deus.
1 cf. C 1875, III, 1.
2 cf. PC 2.
65Estilo salesiano da obediência e da autoridade
Na tradição salesiana, obediência e autoridade se exercem naquele espírito de família e de caridade que inspira relações repassadas de estima e confiança recíproca.
O superior orienta, guia e encoraja, fazendo uso discreto de sua autoridade. Todos os irmãos colaboram com uma obediência sincera, pronta, cumprida «com ânimo alegre e com humildade».1
O serviço da autoridade e a disponibilidade na obediência são princípio de coesão e garantia de continuidade da Congregação; para o salesiano, são caminho de santidade, fonte de energia no trabalho, de alegria e de paz.
1 C 1875, III, 2.
66Co-responsabilidade na obediência
Na comunidade e em vista da missão, obedecemos todos, embora com encargos diversos.
Na escuta da Palavra de Deus e na celebração da Eucaristia, exprimimos e renovamos a nossa entrega comum à vontade divina.
Nos assuntos importantes buscamos juntos a vontade do Senhor mediante fraterno e paciente diálogo e vivo sentido de co-responsabilidade.
O superior exerce a sua autoridade ouvindo os irmãos, estimulando a participação de todos e promovendo a união das vontades na fé e na caridade. Conclui o tempo da busca comum tomando as oportunas decisões, que normalmente emergirão da convergência dos pontos de vista.
Todos depois nos empenhamos na execução, colaborando sinceramente, ainda quando os próprios pontos de vista não tenham sido aceitos.
67Obediência pessoal e liberdade
O salesiano é chamado a obedecer com espírito livre e responsável, empenhando suas «forças de inteligência e vontade, os dons de natureza e graça».1
Obedece com fé e reconhece no superior um auxílio e um sinal que Deus lhe oferece para manifestar sua vontade.
Tal obediência «conduz à maturidade, fazendo crescer a liberdade dos filhos de Deus».2
1 PC 14.
2 PC 14.
68Exigências do voto de obediência
Com o voto de obediência o salesiano se compromete a obedecer aos legítimos superiores no que se refere à observância das Constituições.1
Quando um preceito é dado expressamente em força do voto de obediência, a obrigação de obedecer é grave. Somente os superiores maiores e os diretores podem dar esse preceito; façam-no, porém, raramente, por escrito ou diante de duas testemunhas e apenas quando o exigir alguma grave razão.2
1 cf. CIC, cân. 601.
2 cf. CIC, cân. 49ss.
69Dons pessoais e obediência
Cada um põe qualidades e dons a serviço da missão comum.
O superior, ajudado pela comunidade, tem especial responsabilidade em discernir tais dons, favorecer seu desenvolvimento e seu reto exercício.
Se as necessidades concretas da caridade e do apostolado exigirem o sacrifício de desejos e projetos em si legítimos, o irmão aceita com fé o que a obediência lhe pede, embora podendo sempre recorrer à autoridade superior.
Para aceitar incumbências ou cargos além dos marcados na comunidade, pede autorização ao legítimo superior.1
1 cf. CIC, cân. 671.
70Colóquio com o superior
Fiel à recomendação de Dom Bosco, cada irmão se encontra freqüentemente com o próprio superior em colóquio fraterno.
É um momento privilegiado de diálogo para o próprio bem e para o bom andamento da comunidade.
Nele trata com confiança da sua vida e atividades e, se o desejar, também de seu estado de consciência.
71Obediência e mistério da cruz
«Em vez de fazer obras de penitência, diz-nos Dom Bosco, fazei as da obediência».1
Por vezes a obediência contrasta com nossa inclinação à independência e ao egoísmo ou pode exigir difíceis provas de amor. É o momento de olhar para Cristo obediente até a morte.2 «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade».3
O mistério de sua morte e ressurreição nos ensina quão fecundo é para nós obedecer: o grão que morre na escuridão da terra dá muito fruto.4
1 MB XIII, 89.
2 cf. Fl 2,8; cf. MB IV, 233.
3 Mt 26,42.
4 cf. Jo 12,24.
NOSSA POBREZA
«Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me» (Mt 19,21).
72Significado evangélico da nossa pobreza
Conhecemos a generosidade de nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico se fez pobre para que nos enriquecêssemos com a sua pobreza.1
Chamados a uma vida intensamente evangélica, escolhemos seguir «o Salvador que nasceu na pobreza, viveu desprovido de tudo e morreu despojado na cruz».2
Como os Apóstolos ao convite do Senhor, libertamo-nos da preocupação e afã dos bens terrenos3 e, pondo nossa confiança na Providência do Pai, entregamo-nos ao serviço do Evangelho.
1 cf. 2Cor 8,9.
2 C 1875 (Introdução), p. XXIV.
3 cf. Mt 6,25ss.
73Pobreza e missão salesiana
Dom Bosco viveu a pobreza como desapego do coração e generoso serviço aos irmãos, com um estilo austero, industrioso e rico de iniciativas.
A seu exemplo, também nós vivemos no desapego de qualquer bem terreno1 e participamos com espírito empreendedor na missão da Igreja no seu empenho pela justiça e pela paz, de modo especial mediante a educação dos necessitados.
O testemunho da nossa pobreza, vivida na comunhão de bens, ajuda os jovens a superar o instinto de posse egoísta e os abre ao sentido cristão da partilha.
1 cf. C 1875, IV, 7.
74Exigências do voto de pobreza
Com o voto de pobreza comprometemo-nos a não usar e a não dispor dos bens materiais, sem o consentimento do legítimo superior.
Cada irmão conserva a propriedade do seu patrimônio e a capacidade de adquirir outros bens; mas antes da sua profissão dispõe livremente do uso e usufruto deles e cede a outrem a sua administração.
Antes da profissão perpétua redige seu testamento de acordo com as leis do código civil. Após séria reflexão, para exprimir seu total abandono à Divina Providência, pode também renunciar definitivamente aos bens dos quais conservou a propriedade, de conformidade com o direito universal e próprio.
75Compromisso pessoal de pobreza
Cada um de nós é o primeiro responsável pela sua pobreza, mediante a qual vive dia a dia, com um teor de vida pobre, o desapego prometido.
Aceita depender do superior e da comunidade no uso dos bens temporais, mas sabe que a licença recebida não o dispensa de ser pobre na realidade e no espírito.1
Está atento em não ceder aos poucos ao desejo do conforto e às comodidades, que são ameaça direta à fidelidade e à generosidade apostólica.
E quando o seu estado de pobreza lhe for causa de algum incômodo e sofrimento,2 alegra-se em poder participar da bem-aventurança prometida pelo Senhor aos pobres em espírito.3
1 cf. PC 13.
2 cf. C 1875 (Introdução, p. XXVI.
3 cf. Mt 5,3.
76A comunhão dos bens
A exemplo dos primeiros cristãos pomos em comum os bens materiais:1 os frutos do nosso trabalho, os presentes recebidos e o que percebemos por aposentadoria, subsídios e seguros. Oferecemos ainda os nossos talentos, nossas energias e experiências.
Na comunidade o bem de cada um torna-se o bem de todos.
Com as comunidades da inspetoria partilhamos fraternalmente o que temos, e somos solidários com as necessidades de toda a Congregação, da Igreja e do mundo.
1 cf. At 4,32.
77Testemunho de pobreza na comunidade e nas obras
Cada comunidade permanece atenta às condições do ambiente em que vive e testemunha a sua pobreza com uma vida simples e frugal, em habitações modestas.
A exemplo e no espírito do Fundador, aceitamos a posse dos meios exigidos pelo nosso trabalho e administramo-los de maneira que a todos se torne patente sua finalidade de serviço.
A escolha das atividades e a localização das obras respondam às carências dos necessitados; as estruturas materiais inspirem-se em critérios de simplicidade e funcionalidade.
78O trabalho
O trabalho assíduo e sacrificado é característica que nos foi legada por Dom Bosco e é expressão concreta da nossa pobreza.
Na operosidade quotidiana associamo-nos aos pobres que vivem do próprio suor e testemunhamos o valor humano e cristão do trabalho.1
1 cf. ET 20.
79Solidariedade com os pobres
O espírito de pobreza nos leva a ser solidários com os pobres e a amá-los em Cristo.1
Para isso esforçamo-nos em lhes estar ao lado, em aliviar-lhes a indigência, fazendo nossas as suas legítimas aspirações a uma sociedade mais humana.
Ao pedir e aceitar auxílios para o serviço dos pobres, imitamos Dom Bosco no zelo e na gratidão, e nos mantemos, como ele, evangelicamente livres. «Lembrai-vos bem, diz-nos ele, que tudo o que temos não é nosso, mas dos pobres; ai de nós se não fizermos bom uso disso».2
1 cf. PC 13.
2 MB V, 682.
NOSSA CASTIDADE
«Estou convencido de que nem a morte, nem a vida... nem as coisas presentes ou futuras... nem outra criatura qualquer nos poderá separar do amor que Deus nos manifesta em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rm 8,38-39).
80Significado evangélico da nossa castidade
A castidade consagrada para o Reino é um «dom precioso da graça divina que o Pai dá a alguns».1 Como resposta de fé, nós o acolhemos com gratidão e nos comprometemos com voto a viver a continência perfeita no celibato.2
Seguimos de perto a Jesus Cristo, escolhendo um modo intensamente evangélico de amar de coração indiviso a Deus e aos irmãos.3
Inserimo-nos assim com uma vocação específica no mistério da Igreja, totalmente unida a Cristo e, participando de sua fecundidade, doamo-nos à nossa missão.4
1 LG 42.
2 cf. CIC, cân. 599.
3 cf. LG 42.
4 cf. ET 13-14; RD 11.
81Castidade e missão salesiana
Dom Bosco viveu a castidade como amor sem limites a Deus e aos jovens. Quis que ela fosse um sinal distintivo da Sociedade salesiana: «Quem despende a vida em prol dos jovens abandonados deve por certo fazer todos os esforços para enriquecer-se de todas as virtudes. Mas a virtude que se deve cultivar de modo todo particular ... é a virtude da castidade».1
A nossa tradição considerou sempre a castidade como virtude irradiante, portadora de mensagem especial para a educação da juventude. Faz de nós testemunhas da predileção de Cristo pelos jovens, permite-nos amá-los sinceramente de modo que «saibam que são amados»,2 e nos torna capazes de educá-los ao amor e à pureza.
1 cf. C 1875, V, 1.
2 DB, Carta de Roma 1884, MB XVII, 110.
82Castidade e maturidade humana
As exigências educativas e pastorais da nossa missão e o fato de que a observância da perfeita continência atinge inclinações das mais profundas da natureza humana,1 requerem do salesiano equilíbrio psicológico e maturidade afetiva.
Dom Bosco advertia: Quem não tem fundada esperança de poder conservar, com o auxílio divino, a virtude da castidade nas palavras, nas obras e nos pensamentos, não professe nesta Sociedade, porque muitas vezes se encontraria em perigo.2
1 cf. PC 12.
2 cf. C 1875, V, 2.
83Castidade e vida de comunidade
A castidade consagrada, «sinal e estímulo da caridade»,1 liberta e potencia a nossa capacidade de fazer-nos tudo para todos. Desenvolve em nós o sentido cristão das relações pessoais, favorece amizades verdadeiras e contribui para fazer da comunidade uma família.
Por sua vez, o clima fraterno da comunidade ajuda-nos a viver na alegria o celibato por amor do Reino e a superar, sustentados pela compreensão e pelo afeto, os momentos difíceis.
1 LG 42.
84Atitudes e meios para crescer na castidade
A castidade não é conquista feita de uma só vez por todas. Tem momentos de paz e momentos de prova. É um dom que, por causa da fraqueza humana, exige esforço quotidiano de fidelidade.
Por isso o salesiano, fiel às Constituições, vive no trabalho e na temperança, pratica a mortificação e a guarda dos sentidos, usa de maneira discreta e prudente os meios de comunicação social e não descuida os meios naturais que favorecem a saúde física e mental.
Sobretudo implora a ajuda de Deus e vive em sua presença; alimenta o amor a Cristo na mesa da Palavra e da Eucaristia e purifica-o humildemente no sacramento da Reconciliação; entrega-se com simplicidade a um guia espiritual.
Recorre com filial confiança a Maria Imaculada e Auxiliadora, que o ajuda a amar como Dom Bosco amava.
VIIEM DIÁLOGO COM O SENHOR
«Que a palavra de Cristo habite copiosamente em vós. Instruí-vos e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Agradecidos do fundo de vossos corações, cantai louvores a Deus, com salmos, hinos e cânticos espirituais. E tudo o que disserdes ou fizerdes, seja sempre em nome de Jesus, o Senhor» (Cl 3,16-17).
85O dom da oração
A comunidade exprime de forma visível o mistério da Igreja, a qual não nasce da vontade humana, mas é fruto da Páscoa do Senhor. Do mesmo modo Deus reúne a nossa comunidade e a mantém unida com seu convite, sua Palavra, seu amor.
Quando reza, a comunidade salesiana responde a esse convite, reaviva a consciência de sua íntima e vital relação com Deus e da sua missão de salvação, fazendo própria a invocação de Dom Bosco: «Da mihi animas, cetera tolle». (Gn 14,21)
86A oração salesiana
Dócil ao Espírito Santo, Dom Bosco viveu a experiência de uma oração humildade, confiante e apostólica, que unia espontaneamente a oração com a vida.
Dele aprendemos a reconhecer a ação da graça na vida dos jovens; por eles rezamos para que se realize em cada um deles o desígnio do Pai, e com eles rezamos para dar testemunho de nossa fé e partilhar da mesma esperança de salvação.
A oração salesiana é alegre e criativa, simples e profunda; abre-se à participação comunitária, adere à vida e nela se prolonga.
87Comunidade na escuta da Palavra
O povo de Deus é reunido antes de mais nada pela Palavra do Deus vivo.1
A Palavra ouvida com fé é para nós fonte de vida espiritual, alimento da oração, luz para conhecer a vontade de Deus nos acontecimentos e força para viver com fidelidade a nossa vocação.
Tendo quotidianamente em mãos a Sagrada Escritura,2 acolhemos como Maria a Palavra e a meditamos em nosso coração3 para fazê-la frutificar e anunciá-la com zelo.
1 cf. PO 4.
2 cf. PC 6.
3 cf. Lc 2,19.51.
88Comunidade unificada pela Eucaristia
A escuta da Palavra encontra seu lugar privilegiado na celebração da Eucaristia. Ela é o ato central quotidiano de toda a comunidade salesiana, vivido como festa numa liturgia viva.
Nela a comunidade celebra o mistério pascal e entra em comunhão com o Corpo de Cristo imolado, recebendo-o para nEle construir-se como comunhão fraterna e renovar seu compromisso apostólico.
A concelebração põe em evidência as riquezas desse mistério: exprime a tríplice unidade do sacrifício, do sacerdócio e da comunidade, cujos membros estão todos a serviço da mesma missão.
A presença da Eucaristia em nossas casas é para nós, filhos de Dom Bosco, motivo de freqüentes encontros com Cristo. É dEle que haurimos dinamismo e constância em nosso trabalho em favor dos jovens.
89O mistério de Cristo no tempo
A Liturgia das Horas estende às diversas horas do dia a graça do mistério eucarístico.1
A comunidade, unida a Cristo e à Igreja, louva e suplica ao Pai, nutre sua união com Ele2 e se mantém atenta à vontade divina. Permanecendo para os clérigos as obrigações assumidas na ordenação,3 a comunidade celebra as Laudes como oração da manhã e as Vésperas como oração da tarde com a dignidade e o fervor que Dom Bosco recomendava.
O domingo é o dia do júbilo pascal. Vivido no trabalho apostólico, na piedade e na alegria, revigora a confiança e o otimismo do salesiano.
Ao longo do ano litúrgico, a comemoração dos mistérios do Senhor faz de nossa vida um tempo de salvação na esperança.4
1 cf. IGLH 10,12.
2 LG 3.
3 cf. CIC, cân. 1174,1.
4 cf. SC 102.
90Comunidade em contínua conversão
A Palavra de Deus nos chama a contínua conversão.
Conscientes de nossa fraqueza, respondemos com a vigilância e o arrependimento sincero, com a correção fraterna, o perdão recíproco e a serena aceitação da cruz de cada dia.
O sacramento da Reconciliação leva à plena realização o empenho penitencial de cada um e de toda a comunidade.
Preparado pelo exame de consciência quotidiano e recebido com freqüência, segundo as orientações da Igreja, ele nos dá a alegria do perdão do Pai, reconstrói a comunhão fraterna e purifica as intenções apostólicas.
91Momentos de renovação
Nossa vontade de conversão renova-se no retiro mensal e nos exercícios espirituais de cada ano. São tempos de retomada espiritual, que Dom Bosco considerava como a parte fundamental e a síntese de todas as práticas de piedade.1
Para a comunidade e para cada salesiano são ocasiões especiais de escuta da Palavra de Deus, de discernimento de sua vontade e de purificação do coração.
Tais momentos de graça restituem ao nosso espírito profunda unidade no Senhor Jesus e mantêm viva a espera da sua volta.
1 cf. C 1875, (Introdução), p. XXXIV.
92Maria na vida e na oração do salesiano
Maria, Mãe de Deus, ocupa posição singular na história da salvação.
É modelo de oração e de caridade pastoral, mestra de sabedoria e guia da nossa Família.
Contemplamos e imitamos sua fé, a solicitude pelos necessitados, a fidelidade na hora da cruz e a alegria pelas maravilhas operadas pelo Pai.
Maria Imaculada e Auxiliadora educa-nos à plenitude da doação ao Senhor e nos infunde coragem no serviço aos irmãos.
Nutrimos para com ela devoção filial e forte. Rezamos todos os dias o Terço e celebramos suas festas para nos estimular a uma imitação mais convicta e pessoal.
93A oração pessoal
Conseguiremos formar comunidades que rezam, só se nos tornarmos pessoalmente homens de oração.
Cada um de nós tem necessidade de exprimir em seu íntimo o modo pessoal de ser filho de Deus, manifestar-lhe a gratidão, confidenciar-lhe os desejos e as preocupações apostólicas.
Forma indispensável de oração é para nós a oração mental. Ela fortalece nossa intimidade com Deus, salva da rotina, conserva o coração livre e alimenta a doação ao próximo. Para Dom Bosco é garantia de alegre perseverança na vocação.
94A memória dos irmãos falecidos
A fé em Cristo ressuscitado sustenta a nossa esperança e mantém viva a comunhão com os irmãos que repousam na paz de Cristo. Consumiram a vida na Congregação, e não poucos sofreram até mesmo o martírio por amor do Senhor.
Unidos em intercâmbio de bens espirituais, oferecemos por eles com gratidão os sufrágios prescritos.
Sua lembrança é estímulo para continuarmos com fidelidade nossa missão.
95A vida como oração
Imerso no mundo e nas preocupações da vida pastoral, o salesiano aprende a encontrar Deus naqueles a quem é mandado.
Descobrindo os frutos do Espírito1 na vida dos homens, especialmente dos jovens, dá graças em todas as coisas:2 partilhando seus problemas e sofrimentos, invoca para eles a luz e a força de sua presença.
Alimenta-se da caridade do Bom Pastor, de quem quer ser testemunha, e participa das riquezas espirituais que a comunidade lhe oferece.
A necessidade de Deus, sentida no trabalho apostólico, leva-o a celebrar a liturgia da vida, até chegar à «operosidade incansável, santificada pela oração e pela união com Deus, que deve ser a característica dos filhos de São João Bosco.»3
1 cf. Gl 5,22.
2 cf. Ef 5,20.
3 R 1924, art. 291.