DIRETÓRIO para a ATIVIDADE MISSIONÁRIA , DIRETRIZES para VOLUNTÁRIOS , CRITÉRIOS para VOCAÇÕES INDÍGENAS





DIRETÓRIO para a ATIVIDADE MISSIONÁRIA




DIRETRIZES para VOLUNTÁRIOS




CRITÉRIOS para VOCAÇÕES INDÍGENAS

















MSMT, INSPAZ, MML

MISSÃO SALESIANA DE MATO GROSSO

Rua Barão do Rio Branco, 1811 - Centro

79.002-173 Campo Grande MS




INSPETORIA NOSSA SENHORA DA PAZ

Av. Fernando Corrêa da Costa, 3250 - B. Coxipó da Ponte

78.070-970 Cuiabá MT




MISSIONÁRIAS DE MADRE LAURA

Aldeia São Pedro, T. I. Parabubu

78.630-000 Campinápolis MT







Coordenação da Revisão/Atualização: Pe. Georg Lachnitt SDB




Diagramação: Pe. Georg Lachnitt SDB




Impressão: Mariza Etelvina Rosa Irala

Centro de Documentação Indígena

Campo Grande MS

ÍNDICE


DIRETÓRIO para a ATIVIDADE MISSIONÁRIA 05

Introdução 8

I. Premissa 8

II. Disposições Gerais 9

III. Compromisso com os Povos Indígenas 9

IV. Atividades Missionárias 10

1. Evangelização e Catequese 10

2. Educação Indígena 13

3. Saúde 15

4. Subsistência 16

V. Perfil do/a Misionário/a 16

1. O/a Missionário/a 16

2. Formação Específica do/a Missionário/a 17

3. Metodologia de Trabalho 19

VI. Conclusão 21


DIRETRIZES para VOLUNTÁRIOS 22

I. Conceituação 25

II. Condições de Aceitação 26

III. Orientação e Dinâmica de Trabalho 27

IV. Situação Econômica 29

V. Situação Jurídica 29

VI. Atividades Propostas 30

V. Formação Permanente 31

VI. Relação com a Comunidade Missionária 32


CRITÉRIOS para VOCAÇÕES INDÍGENAS 33

I. Critérios Gerais 33

II. Critérios para os Bororo 36

III. Critérios para os Xavante 37




Abreviações

AADecreto Apostolicam Actuositatem

AGDecreto Ad Gentes

APApocalipse de São João

CNBBConferência Nacional

dos Bispos do Brasil

C. SDBConstituições dos

Salesianos Dom Bosco

C. FMAConstituições das Filhas

de Maria Auxiliadora

CDICentro de

Documentação Indígena

CGECapítulo Geral Especial

dos SDB

CISBrasilConferência Inspetorias Salesianas do Brasil

CIMIConselho lndigenista

Missionário

CNBBConferência Nacional

dos Bispos do Brasil

CRBConferência Nacional

dos Religiosos

CTExortação Apostólica

Catechesi Tradendae

1Cor1a Carta aos Coríntios

DGAEDiretrizes Gerais para a

Ação Evangelizadora

da CNBB

DSDDocumento de Santo

Domingo

Ef Carta aos Efésios

EN Exortação Apostólica

Evangelii Nuntiandi

ENAM Equipe Nacional de

Animação Missionária

FMA Filhas de Maria Auxiliadora

FUNAI Fundação Nacional do

Índio

FUNASA Fundação Nacional da

Saúde

GS Constituição Pastoral

Gaudium et Spes

INSPAZ Inspetoria Nossa

Senhora da Paz

LG Constituição Dogmática

Lumen Gentium

MML Missionárias de Madre

Laura

MSMT Missão Salesiana de

Mato Grosso

OMG Operação Mato Grosso

Rm Carta aos Romanos

RMi Carta Encíclica

Redemptoris Missio

SDB Salesianos de Dom Bosco

T.I. Terra Indígena

(ant. Reserva Indígena)

UCDB Universidade Católica

Dom Bosco


DIRETÓRIO para a ATIVIDADE MISSIONÁRIA

MISSÃO SALESIANA DE MATO GROSSO,

INSPETORIA NOSSA SENHORA DA PAZ e

MISSIONÁRIAS DE MADRE LAURA




APRESENTAÇÃO


O CIE/73 aprovou a deliberação 3.9: "Será elaborado um diretório que sirva de unidade de ação para todos os que trabalham na área indígena."

A fim de atuar esta deliberação, Pe. Geraldo Pompeu de Campos, então Inspetor, incumbiu o saudoso Pe. Rodolfo Lunkenbein de elaborar um esquema de diretório.

Nos dias lº e 2 de janeiro de 1. 976, reuniram-se em Merúri salesianos e irmãs salesianas das três Missões a fím de examinar o esquema elaborado. Sugestões e emendas foram inseridas no texto, com aprovação unânime do grupo.

Este diretório, com redação simplificada e cotejada em outros diretórios, foi reexaminado no encontro missionário de 24 de março de 1.976, em Merúri, presentes 19 membros das três Missões. Integraram-se novas sugestões.

Examinado por Dom Camilo, naquele tempo Prelado de Guiratinga, e pelo Conselho Inspetorial, o Diretório foi encaminhado ao Conselho Superior para aprovação do Pe. Bernardo Tohill, Conselheiro Geral para as Missões, comunicando sugestões de peritos, deu sua aprovação em 14/08/76.

Com a mudança da realidade, depois de dez anos, e novas orientações da Igreja nos diversos níveis, os/as missionários/as sentiram a necessidade de atualizar o Diretório.

Uma equipe de missionários/as, sob a coordenação do Pe. Osvaldo Scotti, elaborou, em base às sugestões fornecidas pela Assembléia, realizada em São Marcos nos dias 27 e 28 de setembro de 1.984. Irmãos e irmãs das duas Inspetorias elaboraram um novo esboço de Diretório, submetido a apreciação dos/as Missionários/as religiosos/as e leigos/as, no encontro realizado nos dias 20-22 de maio de 1986, em Sangradouro.

Esta nova redação foi oferecida aos Salesianos, Irmãs e Leigos/as engajados/as na atividade missionária, no décimo aniversário da morte do Pe. Rodolfo Lunkenbein, com os votos que se tornasse instrumento válido para o aprimoramento do nosso trabalho de evangelização e promoção humana das tribos Bororo e Xavante.

Em 1994, por ocasião do Centenário da presença salesiana em Mato Grosso, foi decidida em assembléia missionária a atualização do diretório em vigor. Os Documentos do magistério da Igreja e da Congregação, as exigências e os desafios dos tempos atuais e a realidade da nossa práxis pastoral entre os Bororo e Xavante nos motivam para isso. O trabalho foi iniciado com ampla participação resultando um texto-mártir que foi submetido à assembléia missionária, reunida em Merúri de 10-12 de maio de 1995. A seguir o novo texto do "Diretório para a atividade missionária foi apreciado e aprovado pelos conselhos inspetoriais da MSMT e INSPAZ.

Vendo a necessidade de uma atualização do mesmo Diretório, em 2005 foi decidida, como atividade prévia, uma ampla consulta para sugestões em vista de atualização do mesmo. Estas sugestões inseridas, foram apresentadas para a discussão, estando missionários e missionárias reunidos na Aldeia São Pedro, na T.I. de Parabubure, onde há uma comunidade de Irmãs Lauritas que integram a nossa ação missionária, de 06-08 de setembro de 2006. Dois dias de trabalho levaram ao resultado de 55 números atualizados. O restante da revisão foi remetido à próxima Reunião dos Missionários de 16-18 de maio de 2007. Nesta reunião em Merúri, como planejado, foi concluída a revisão que atualmente serve de referência no nosso trabalho em favor dos povos indígenas Bororo e Xavante.

Em agosto de 2008 o texto com os dois anexos foi entregue ao Inspetor Pe. Lauro Takaki Shinohara e aos conselheiros para a aprovação final. Igualmente os mesmos textos foram enviados à Inspetora Ir. Francisca Gomes de Santana e conselheiras para a aprovação final.

Com as observações inseridas apresentamos o texto para servir de orientação a missionários e missionárias entre os Xavante e Bororo.


Mês das Missões de 2008



Pe. Lauro Takaki Shinohara

Inspetor Salesiano

Ir. Francisca Gomes de Santana

Inspetora das FMA


Ir. Martha Genoveva Jara Andino

Representante das Irmãs Lauritas


INTRODUÇÃO

A ação pastoral de missionários e missionárias junto aos povos indígenas, protagonistas de sua história, contribui para que a evangelização seja profunda e permanente.

Daqui surge a necessidade de elaborar diretrizes claras que inspirem nossa atividade missionária e justifiquem a atualização do Diretório seguido até o presente.



1. PREMISSAS

01. O Espírito Santo, alma de toda evangelização, no meio dos povos e no coração de cada homem, leva à plena realização o Plano de Salvação, confiado pelo Pai ao Filho e por Ele à sua Igreja. Esta, fiel servidora do Reino, evangeliza de maneira especial através da comunidade.

02. Os povos, ainda não evangelizados, foram objeto especial dos cuidados e do ardor apostólico de D. Bosco. Eles continuam a solicitar e a manter vivo o nosso zelo; reconhecemos no trabalho missionário um traço essencial da Congregação Salesiana (C. SDB 30), do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (C. FMA 75) e conseqüentemente de nossas Inspetorias.

03. A nossa ação pastoral junto aos povos indígenas Bororo e Xavante nas dioceses de Barra do Garças, Guiratinga, Paranatinga e São Félix do Araguaia se concretiza nas Paróquias: São José (Sangradouro), N.S. Auxiliadora (São Marcos), São Domingos Sávio (T. I. Xavante) e Sagrado Coração de Jesus (Merúri). Colaboramos também com a diocese de Rondonópolis, atendendo as comunidades Bororo conforme solicitação do bispo diocesano.1

04. Diante da constante multiplicação das aldeias Xavante e da nossa resposta pela itinerância, urge refletir sobre critérios de itinerância, uma espiritualidade adequada e modos de como efetivá-la.

05. A população envolvente destas paróquias é orientada para acolher e respeitar a cultura e os direitos dos povos indígenas, como também vice-versa.



II. DISPOSlÇÕES GERAIS

06. Nossas comunidades missionárias junto aos povos indígenas são formadas por SDB, FMA, outras congregações religiosas, voluntários leigos e voluntárias leigas, membros da Família Salesiana e outros grupos missionários que trabalham na pastoral indigenista. Em nossa atividade missionária, integradamente, contribuímos com o carisma específico de cada grupo, para anunciar aos mesmos povos o Evangelho de Jesus e testemunhar a experiência de vida cristã.



III. COMPROMISSO COM OS POVOS INDÍGENAS

07. Como opção preferencial, procuramos, na ação pastoral, apoiar os povos indígenas também:

- na defesa de seus direitos;

- no respeito e valorização da cultura indígena;

- na auto-determinação;

- no diálogo inter-religioso e na inculturação;

- no apoio às organizações indígenas;

- na conscientização de seus deveres;

- no compromisso com a educação integral.



IV. ATIVIDADES MISSIONÁRIAS

1 - EVANGELIZAÇÃO E CATEQUESE

"Evangelizar é levar a Boa Nova a todos as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: 'Eis que faço novas todas as coisas" (Ap 21,5. EN 18).

A evangelização "é uma realidade rica, complexa e dinâmica, constituída por elementos ou, se se preferir, de momentos, essenciais e diferentes entre si, que é preciso saber abranger com uma visão de conjunto, na unidade de um único movimento" (CT 18), complementares entre si e nunca excludentes.

'A catequese é crescimento na fé e maturação da vida cristã em vista da plenitude" (CT 72), como um elemento ou momento, é igualmente essencial para a evangelização (cf. CT 18; EN 44).

08. Reconhecendo a presença operante de Deus na caminhada histórica dos povos indígenas, devemos considerar indispensável fortalecer, valorizar e consolidar os elementos espirituais e culturais dos povos indígenas, para que a evangelização e catequese sejam eficientes, em vista de uma Igreja Indígena Autóctone.

09. O objetivo da evangelização é o anúncio do Reino, tendo como conseqüência uma Igreja Indígena Autóctone, até sua completa maturação (cf. RMi 48), o que exige a leitura do Evangelho a partir das culturas indígenas, a expressão da fé em linguagem, ritos, ministérios e símbolos próprios.

10. A evangelização e a catequese partem da profunda espiritualidade que impregna as culturas indígenas tendo em vista sua maturidade eclesial, dentro de um processo contínuo, no qual o indígena é protagonista. Comprometemo-nos profundamente com esse processo.

11. Incentivamos a formação cristã em clima de diálogo, valorizando sua espiritualidade, suas expressões culturais e os agentes de evangelização da comunidade.

12. Para a formação de uma Igreja Autóctone é prioritária a formação de agentes de pastoral e ministros, não-instituídos, instituídos e ordenados.

Os Agentes de Pastoral e ministros indígenas também assumem o compromisso missionário para com outras comunidades indígenas da própria etnia. Lá apóiam o trabalho dos agentes locais.

13. Procuramos despertar nos/as jovens a reflexão sobre a sua vocação cristã específica, religiosa e sacerdotal. Para o acompanhamento dos/as candidatos/as seguimos as orientações já existentes em cada grupo missionário, tendo como critérios imprescindíveis a iniciação cultural e o comprometimento cristão e religioso.

14. No processo de discernimento para a admissão ao Batismo e aos demais sacramentos do povo Xavante, levamos em conta a fé em Jesus Cristo e em seu Evangelho, o parecer da comunidade cristã local e a inserção comprometida do indivíduo na mesma.

15. A Iniciação Cristã, abrangendo o Catecumenato, Batismo, Eucaristia e Crisma, "abre-se com uma gradual formação para uma visão cristã integral da vida que ilumina com a luz do Evangelho os valores próprios" (CGE 468) da cultura indígena. Exige também certa duração com etapas de amadurecimento progressivo, já que não se limita apenas à instrução, mas visa a experiência de vida cristã (Ritual do Batismo de Adultos). Respeitamos as etapas de iniciação típicas da cultura xavante na organização de todo o processo de formação à vida cristã.



16. A iniciação cristã Bororo segue a tradição do longo contato deste povo com o cristianismo. Começa quando a família dá o nome Bororo à criança, segundo o ritual cultural próprio. Em seguida, a família pede o Batismo cristão, muitas vezes celebrado em liturgia inculturada com o rito de nominação. Os sacramentos da Eucaristia e da Crisma são ministrados após preparação específica de dois anos cada um, na idade estabelecida pela diocese.

17. A Iniciação aos sacramentos é realizada normalmente na própria comunidade indígena onde se vive o compromisso cristão com os compromissos culturais próprios. Nada impede assistir a catequese no mundo externo: a Iniciação, no entanto, seja feita na comunidade indígena.

18. Haja um estudo mais profundo dos rituais de purificação, de cura e culto aos mortos em vista de sua inculturação.

19. Na formação à vida matrimonial partimos da realidade concreta dos noivos dentro de sua sociedade e iluminamos os valores culturais com a mensagem evangélica.

20. O empenho para uma liturgia cristã inculturada de uma Igreja Autóctone, entre os povos indígenas, constitui-se atualmente num dos grandes desafios à pastoral indigenista. Acolhemos o trabalho dos agentes de pastoral indígena colaborando, avaliando, dialogando e celebrando com eles.

21. Continuamos elaborando, junto com os destinatários, subsídios para o trabalho evangelizador, específicos para cada povo, levando em consideração a caminhada da Igreja.



2 - EDUCAÇÃO INDÍGENA

A contribuição para a educação da juventude indígena é parte constitucional do carisma específico da nossa missão. Como grupos missionários colaboramos, dentro do contexto cultural específico, preferencialmente, na educação da juventude, acompanhando os responsáveis no cumprimento desta tarefa. A pedagogia indígena tem método e ambientes próprios de educação.

a) Educação

22. Os pais, os padrinhos e a comunidade indígena, como portadores naturais de sua cultura, são os primeiros e principais responsáveis pela educação das novas gerações indígenas.

23. A educação escolar, estruturada a partir dos critérios indígenas e com contribuições do saber universal, processa-se, não como quem troca ou substitui, mas como quem complementa e enriquece o próprio saber. Procuramos assessorar no bom funcionamento das escolas existentes, no encaminhamento da burocracia estatal, no acompanhamento dos professores indígenas, no reconhecimento de novas etapas do ensino, no aprofundamento de temas relacionados com a educação.

24. Colaboramos para que a Escola Indígena, específica e diferenciada, tenha um currículo adequado, com conteúdos e métodos apropriados, para que o aluno viva em plenitude a própria cultura e se afirme na convivência com a população envolvente.

25. A escola, seguindo o modelo indígena de formação à vida dentro do grupo, garante a todos os seus membros as condições e os conhecimentos básicos em tudo o que é essencial à vida e à realização pessoal como membro de sua sociedade. Evita fazer uma seleção piramidal individualista.



26. O contato constante com a população envolvente, principalmente urbana, exige que o indígena possua mais do que a instrução mínima, sendo insuficiente a escola que se restrinja à alfabetização e aos conhecimentos rudimentares. Junto com eles cobramos do Estado a criação de cursos de Ensino Médio e outros que respondam às exigências da vida atual do povo indígena.

27. Os/as professores/as indígenas, aceitos/as pela comunidade, são indicados/as como os mais aptos para o ensino, pelo conhecimento da própria cultura, pela capacidade de ser liderança, pelo método de comunicar o saber, as tradições e a língua do grupo indígena. Nossos grupos missionários realizam convênios oportunos e procuram apoio na área da educação.

28. A educação escolar indígena deve ser inter-cultural e bilíngüe, específica e diferenciada2. A alfabetização se realiza sempre na língua materna. Existem e continuam sendo elaborados textos escolares cujo conteúdo abarca o saber, costumes, tradições e formas de expressão da comunidade indígena.

29. A escola procura auxiliar a população indígena a conviver com os MCS, sobretudo mantendo uma postura crítica.

30. Em nosso trabalho pela educação escolar indígena, procuramos dialogar também com as respectivas secretarias de educação para garantir os direitos dos indígenas a uma escola diferenciada.

b)Educação Continuada

31. O progresso de um povo não deriva primeiramente do dinheiro, nem dos auxílios materiais, nem das estruturas técnicas, mas sobretudo da formação das consciências, do amadurecimento das mentalidades e dos costumes. O indígena é o protagonista do desenvolvimento, não o dinheiro ou a técnica (cf. RMi 58). Empenhamo-nos sobretudo na formação da consciência crítica.

32. Comprometemo-nos em acompanhar, animar e apoiar e a organização comunitária em todas as suas dimensões, de maneira que corresponda cada vez mais à realidade atual dos povos indígenas.



3 - SAÚDE

O atendimento da saúde atualmente é de responsabilidade da FUNASA.

33. A pastoral da saúde constitui uma das prioridades da nossa ação missionária. A medicina tradicional e popular é respeitada, bem como, incentivada e aperfeiçoada.

34. Reconhecemos e promovemos o protagonismo dos indígenas na questão da saúde, tanto na medicina tradicional quanto na medicina farmacêutica, quando necessária.

35. Incentivamos a participação nos cursos e encontros de capacitação dos agentes de saúde, oferecidos pelos diversos órgãos competentes.

36. Damos prioridade à medicina preventiva, educando para a higiene e pediatria a partir e dentro da realidade indígena. A Pastoral da Criança oferece valiosa contribuição nesse sentido.

37. Contamos com o apoio de pessoas ou grupos, nacionais e internacionais, no atendimento à saúde e na formação de agentes, em regime temporário. Para isso dialogamos com a comunidade indígena e com os devidos órgãos governamentais responsáveis.



4 - SUBSISTÊNCIA

A promoção de projetos de subsistência, assumida e executada, de modo comunitário, por grupos familiares ou de interesse, tem que se basear na cultura do povo indígena.

38. Embora não os substituamos na solução do problema da subsistência, nos comprometemos, por nós mesmos ou por terceiros, na busca de novos caminhos. Urge encontrar alternativas para a subsistência, dentro da atual realidade das comunidades indígenas.

39. Urge promover pequenos projetos de subsistência administrados autonomamente e investir na educação necessária para mantê-los, com o acompanhamento dos missionários ou de eventuais técnicos, quando solicitado.

40. Fomentamos o aprendizado da agricultura mais produtiva, da pecuária, da criação de outros animais e de atividades domésticas, com suas técnicas, sem alterar a organização e a economia do grupo indígena.

41. Promovemos o artesanato de comprovada utilidade na vida da comunidade indígena e também para fins comerciais.


V. PERFIL DO/A MISSIONÁRIO/A

1 - O/A MISSIONÁRIO/A

O missionário é aquele que proclama ao mundo a Boa-Nova por ordem, em nome e com a graça de Cristo Salvador (cf. EN 59). Faz isso em união com a missão da Igreja e em nome da mesma (cf. EN 60), para a formação de uma Igreja Indígena Autóctone.

42. A nossa missão entre os povos indígenas se caracteriza como verdadeira missão "ad gentes", para a qual fomos enviados pela Igreja de origem e pelas Congregações.

43. O missionário e a missionária são pessoas que têm capacidade de adaptação à realidade indígena, de escuta e abertura para a inculturação. São pacientes, alegres, acolhedoras, não autoritárias, comprometidas, solidárias, imparciais.

44. Os agentes de evangelização, grupos de missionários leigos ou consagrados (voluntário/a) que se dispõem a trabalhar conosco na área indígena, com tarefas específicas, são participantes da mesma missão com seu carisma e qualificação própria.3



2 - FORMAÇÃO ESPECÍFlCA DO/A MISSIONÁRIO/A

No compromisso com a animação, formação e organização da Igreja, aprofundamos as reflexões, atendemos aos apelos e desafios da realidade e, com ardor, procuramos despertar vocações para a pastoral missionária.

45. No currículo de formação inicial sejam inseridas não somente noções de antropologia cultural e missiologia, como também visão histórica de nossas missões, os valores culturais e lingüísticos dos povos Bororo e Xavante (cf. Regul. SDB 19). Recomendamos que no período de formação inicial, na medida do possível, todos tenham experiências programadas e avaliadas nas missões.

46. O trabalho missionário, como elemento constitutivo das nossas congregações e por sermos membros da Igreja que é por sua natureza missionária, se rege não somente pela opção voluntária, mas deve ser parte de todos os membros que podem ser convocados para a atividade missionária.

47. Para quem vai trabalhar pela primeira vez numa área indígena, garantimos um período mínimo de informação sobre a realidade missionária e cultural.

48. Quanto à formação específica destacamos:

a) Espiritual: formados no espírito do Sistema Preventivo e do carisma dos nossos fundadores, adquirimos a alegria, o espírito de trabalho e o zelo apostólico, presença construtiva apoiados em indestrutível esperança e alimentados pela união constante com Cristo. A nossa pobreza se traduz em disponibilidade e solidariedade para com a população indígena.

b) Teológico-pastoral.- precisamos manter-nos atualizados na teologia e pastoral indigenista, no contexto eclesial, latino-americano e nacional.

c) Científico-antropológica: esforçamo-nos para conhecer a cultura, principalmente língua e o mundo mítico e ritual do povo com o qual trabalhamos. Para isso, no Centro de Documentação Indígena, são recolhidos documentos missionários e antropológicos como fontes de formação e informação para missionários e missionárias. Através do CDI divulgamos as pesquisas e a atividade missionária.

49. Na concretização da formação específica aproveitamo-nos de cursos oferecidos pelo CIMI e outras instâncias formativas.

50. Consideramos de extrema necessidade a formação profissional e/ou profissionalizante para todos os missionários e missionárias, em vista do trabalho educativo com os povos indígenas.



3 - METODOLOGIA DE TRABALHO

Os missionários e missionárias ... devem inserir-se no mundo socio-cultural daqueles a quem são enviados, superando os condicionalismos do próprio ambiente de origem. Assim, torna-se necessário aprender a língua da região onde trabalham, conhecer as expressões mais significativas de sua cultura, descobrindo os seus valores, por experiência directa. Eles só poderão levar aos povos, de maneira crível e frutuosa, o conhecimento do mistério escondido (cf. Rm 16,25-27; Ef 3,5), mediante aquela aprendizagem. Não se trata, por certo, de renegar a própria identidade cultural, mas de compreender, estimar, promover e evangelizar a do ambiente em que atuam e, deste modo, conseguir realmente comunicar com ele, assumindo um estilo de vida que seja sinal de testemunho evangélico e de solidariedade com o povo (RMi 53).

51. Inserimo-nos profundamente, assumindo a língua indígena, os valores culturais e as experiências significativas do povo. Comprometemo-nos a melhor identificar e valorizar, à luz do Evangelho, as riquezas e a complexidade das culturas Bororo e Xavante; aprendemos assim a conhecer e respeitar a ação de Deus nas culturas indígenas que se abrem à mensagem de Cristo. Procuramos superar toda forma de etnocentrismo.

52. Toda a atividade pastoral e sua metodologia baseiam-se na espiritualidade dos nossos fundadores. Missionários e missionárias, leigos, leigas e indígenas encontram nela os princípios de união e comunhão na ação evangelizadora e educativa.

53. Em nossa prática pastoral, seguimos os seguintes passos :

- VER: a realidade indígena e missionária convivendo, observando, pesquisando e dialogando.


- JULGAR: à luz do Evangelho, do magistério da Igreja e outros, comparando, meditando.

- AGIR coerentemente com os critérios da inculturação: assumindo, planejando, anunciando e envolvendo todos no processo.

- AVALIAR: revendo periodicamente os passos da caminhada.

- CELEBRAR a experiência de vida: participando dos vários acontecimentos significativos, dos rituais indígenas e promovendo uma liturgia mais inculturada.

54. "O que não é assumido não é redimido" (Santo Irineu, cf. Puebla 400). Seguindo as linhas da Pastoral pós-conciliar, todos nos esforçamos não só em admirar mas também em conhecer e assumir os valores culturais (cf. DSD 248). A solidariedade leva-nos a estar presentes e a participar dos eventos significativos, sempre que for oportuno.

55. Caminhamos com os povos indígenas, reconhecendo que eles são protagonistas de suas vidas e participantes ativos da evangelização. Na solução dos problemas, não lhes tiramos a responsabilidade de escolha, pois "é preferível fazer menos com eles do que mais sem eles" (Dom Bosco).

56. Realizamos reuniões periódicas de espiritualidade, estudo, planejamento e revisão do trabalho pastoral; algumas destas abertas à participação de representantes indígenas e de outros convidados.



VI. CONCLUSÃO

O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias. O testemunho da vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão: Cristo, cuja missão nós continuamos, é a 'testemunha' por excelência. (Ap 1,15.31) e o modelo do testemunho cristão" (RMi 42).


Nós, missionários e missionárias, reunidos em São Pedro de 06 a 08 de setembro de 2006, ano centenário da presença dos SDB e FMA em Sangradouro e cinqüentenário da vinda do Xavante a esta Missão, 30 anos de martírio do Pe. Rodolfo Lunkenbein e do Bororo Simão Koge Ekudugodu e em Merúri 17-18 de maio de 2007, assumimos o Diretório, ora reelaborado, dando continuidade à missão de Cristo e aos ideais dos nossos fundadores.

DIRETRIZES para VOLUNTÁRIOS LEIGOS e VOLUNTÁRIAS LEIGAS

nas ÁREAS INDÍGENAS da

MISSÃO SALESIANA DE MATO GROSSO

e da INSPETORIA NOSSA SENHORA DA PAZ




APRESENTAÇÃO

A presença de voluntários leigos e voluntárias leigas nas áreas indígenas da Missão Salesiana de Mato Grosso é uma constante desde as origens da atividade missionária entre os índios. Essa presença aconteceu de diversas maneiras e foi orientada, mais pelo senso comum e pela intuição, do que pela reflexão e regulamentação. Depois de muitos anos tornou-se necessário fazer uma reflexão, tomando como base as orientações do Concílio Vaticano II, do magistério da Igreja e das diretrizes da congregação. Faz-se necessária, também, uma sucinta regulamentação que sirva de orientação tanto para voluntáriose voluntárias, quanto para missionários e missionárias.

Em 1980, sobretudo através do empenho do Pe. Gino Fávaro, foi elaborado o primeiro esboço de normas. Aos 20 de maio de 1981, o então inspetor, Pe. José Winkler, acrescentou algumas variantes a essas normas. Em carta de 22 de setembro de 1982, o ainda inspetor, Pe. José Winkler, reapresentou as mesmas normas: "Há cerca de dois anos a Missão Salesiana de Mato Grosso estabeleceu algumas normas para Leigos que se prontificam a trabalhar por um período limitado junto à comunidade Salesiana ou das FMA, a saber.- ... "e segue-se o texto.

Aos 19 de maio de 1992, às 19:30 h, em Sangradouro, Pe. Luiz Silva Leal, Pe. Bartolomeu Giaccaria, Pe. Gonçalo Ochoa, Pe. Jorge Lachnitt, Ir. Anna Marcuz, Ir. Cleide Paio Janeiro, Ir. Gema Elvira Scoz, Ir. Maria Carla Volontè e Me. Mário Bordignon foram convocados pelo Pe. João Bosco e pela Ir. Beatriz para refletir sobre o trabalho de leigos/as e missionários/as nas missões, no atual contexto de presença dos leigos em nossas obras.

A partir dessa data, através de contatos informais com SDB, FMA, voluntários e voluntárias, o encarregado da Animação Missionária recolheu dados descritivos da realidade e normas já em uso. Após reflexão com o Pe. Miguel Paes da Silva, os elementos recolhidos foram redigidos em 20 pontos e, por carta de 19 de dezembro de 1992, enviados a diretores e diretoras das comunidades missionárias e a diversos leigos e leigas. Solicitou-se-lhes, então, reflexão sobre o texto-mártir e contribuições para melhor redigi-lo.

De fato, uma redação, reordenada e mais sistemática resultou da reflexão com a comunidade dos SDB de São Marcos e, igualmente, de outra reunião com as FMA da mesma missão.

A nova redação, então com 39 itens, foi enviada às comunidades missionárias para pronunciamento e, a seguir, apresentada na reunião do Conselho lnspetorial da MSMT no dia 11 de fevereiro de 1993, por solicitação do inspetor, Pe. João Bosco Monteiro Maciel. Levando em consideração as observações apresentadas, o encarregado da AM retrabalhou o texto a fim de apresentá-lo numa nova reunião do Conselho Inspetorial. O mesmo texto foi entregue à inspetora das FMA de Mato Grosso, Ir. Darcy Dantas de Almeida, a fim de solicitar-lhe, e ao seu Conselho, um parecer.

Como, a pedido da CISBRASIL, o assunto fazia parte da pauta do encontro anual da Equipe Nacional de Animação Missionária (ENAM), o texto reelaborado foi inserido nas contribuições provindas das inspetorias do Brasil. Da reunião da ENAM, em Belo Horizonte, de 27 de fevereiro a 2 de março, originou-se o texto "Voluntariado Leigo Salesiano, Orientações Gerais da ENAM" ' Fruto das contribuições de todas as inspetorias e de dois dias de intensas reflexões dos participantes da ENAM, o documento, com 41 itens, foi aprovado em bloco pela CISBRASIL em sua reunião de 19-21 de abril de 1993.

A 1º de abril de 1993, o tema foi novamente estudado pelo Conselho lnspetorial dos SDB, tendo presente também o texto elaborado pela ENAM. Recebeu algumas observações, as quais deverão ser inseridas no texto que passará por uma revisão de ordem redacional.

O documento resultante foi enviado, com o presente histórico, às diversas comunidades missionárias e constou da pauta da reunião dos missionários, em maio de 1993. Nesta reunião foi feita uma leitura e comentário. Algumas observações procedentes foram levadas em conta no texto abaixo.

Por fim, o documento elaborado foi apreciado pelo Conselho da Inspetoria Nossa Senhora da Paz. Depois de todo esse processo, a Missão Salesiana de Mato Grosso (MSMT) e a Inspetoria Nossa Senhora da Paz (INSPaz) propuseram as seguintes diretrizes para voluntários leigos e voluntárias leigas nas áreas indígenas da MSMT e INSPaz, em Merúri, aos 24 de maio de 1993.

No processo de ampla revisão do Diretório Missionário, a partir de 2005, antes de proceder a inserir e discutir as modificações de diversas origens, julgou-se, na Reunião de Missionários de 16-18 de maio de 2007, adiar para setembro do mesmo ano esta discussão, uma vez que será realizado o Encontro Nacional sobre Voluntariado e Missão Salesiana, promovido pelos Dicastérios da Pastoral Juvenil e das Missões. Neste encontro foi ainda proposto um novo regulamento que deveria também lançar luzes sobre as nossas Diretrizes. Na Aldeia Santa Clara, de 11-13 de setembro de 2007, foi estudada também a legislação sobre o trabalho voluntário, Lei n. 9.608 de 18 de fevereiro de 1998. Uma síntese sobre o Voluntariado do Encontro de Brasília foi apresentada além de uma reflexão sobre a realidade da Operação Mato Grosso, pelo Sr. Frederico, líder do grupo como eles originalmente concebem sua atividade voluntária em muitas presenças. Tudo isso pressuposto, a discussão ocupou seu tempo adequado para agora apresentarmos estas "Diretrizes para Voluntários Leigos e Voluntárias Leigas nas Áreas Indígenas da Missão Salesiana de Mato Grosso e da Inspetoria Nossa Senhora da Paz". Que elas sirvam de referência para missionários e missionárias, como para voluntários e voluntárias, para a evangelização, em sentido amplo, dos povos indígenas a nós confiados.

Mês das Missões, Outubro de 2008




I. CONCEITUAÇÃO

01. Voluntário ...

Os voluntários e as voluntárias são cristãos que se oferecem espontaneamente para prestar auxílio a outros ... povos (GS 88; cf. AG 41). Eles se dedicam, com sua habilidade profissional e zelo apostólico, ao serviço a outros povos, às instituições da Igreja e são para isso enviados pela mesma Igreja (cf. AA 22, AG 41). A contribuição dos voluntários se caracteriza pela gratuidade com que prestam sua colaboração. A Igreja e seus pastores acolhem "com alegria e gratidão" (AA 22) esse dom assumindo-o e é a mesma Igreja que os envia. Os voluntários podem ser sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas.

02. ... leigo ...

A missão de levar o Evangelho a todas as nações é tarefa de todos os fiéis (RMi 71). Os leigos são chamados a dar seu contributo específico na atividade missionária da Igreja (cf. RMi 71; AG 35-36.41), que é um direito-dever, fundado sobre a dignidade batismal (RMi 71). Pela índole secular que lhes é própria, cabe-lhes a vocação particular de buscar o Reino de Deus, tratando das coisas temporais e orientando-as segundo o plano de Deus (RMi 71, LG 31). Os voluntários leigos oferecem sua contribuição na atividade missionária, por tempo determinado ou permanentemente, quer individualmente, quer como membros de grupos e associações (cf. RMi 72).

03. ... entre os SDB e FMA...

A presença de leigos voluntários e leigas voluntárias na atividade missionária da Família Salesiana deve ser vista como elemento vital que integra a amplitude e a dinâmica característica do carisma salesiano desde suas origens.


04.... numa comunidade missionária

Integrando-se numa presença missionária salesiana, os/as voluntários/as vinculam-se ao projeto salesiano peculiar de determinada comunidade e prestam contribuição original, provinda de sua índole laical, a qual complementa e enriquece a missão salesiana.





II. CONDlÇÕES DE ACEITAÇÃO

05. Compromisso com a evangelização

Os leigos voluntários e/ou as leigas voluntárias devem comprometer-se com a missão evangelizadora da Igreja. O ideal e a mística missionária motivam seu compromisso e o sustentam em meio aos desafios.

06. Saúde

Os/as candidatos/as devem ter saúde compatível com as exigências das atividades missionárias, equilíbrio psíquico e emocional adequado e comprovantes de vacinações requeridas para a região em que pretendem trabalhar.

07. Engajamento pastoral prévio

Os/as candidatos/as precisam ter realizado uma experiência de engajamento na comunidade eclesial de origem, como catequistas, agentes de animação pastoral etc., ou numa comunidade salesiana ou outro grupo do compromisso promocional. A comunidade de origem garante sua idoneidade e os envia como missionários. Esta ligação com a comunidade que os envia reforça e apóia a sua missão. Há casos em que, por circunstâncias, este engajamento prévio ainda não desabrochou. De qualquer maneira, referências pessoais são necessárias.


08. Formação prévia

Os/as candidatos/as passam por um estágio prévio de formação e informação, em contato com o responsável do Centro de Documentação Indígena e Animação Missionária. Este estágio de formação prévia é concluído com a seleção dos candidatos. Dá-se atenção à formação da vocação missionária, dentro da nossa realidade.

09. Engajamento na comunidade missionária

Os voluntários leigos e/ou as voluntárias leigas devem ter capacidade igualmente de engajar-se na comunidade missionária local, o que é requisito indispensável.

10. Aceitação

O inspetor e a inspetora e encarregados/as do voluntariado (SDB e FMA) encaminham as propostas de candidatos/as à direção de cada presença missionária, à qual cabe a aceitação informando a comunidade indígena

A direção, por sua vez, informa quando necessário o inspetor e a inspetora sobre o desempenho dos voluntários leigos e/ou das voluntárias leigas nas missões, repassando as avaliações realizadas com os interessados.



III. ORIENTAÇÃO E DINÂMICA DE TRABALHO

11. Orientações básicas

Como orientação servem os documentos do Magistério da Igreja universal e da CNBB, as orientações provindas do CIMI, por se tratar da pastoral indigenista, da Igreja particular, os planos inspetoriais e locais e o diretório para a atividade missionária.

12. Orientação pela direção da missão

Os/as voluntários/as se orientam mais estreitamente com a direção da missão, que lhes oferece orientação, apoio e linhas de atuação. Em tudo, o relacionamento tenha como base a fraternidade e o diálogo.

13. Divergência e unidade

Se, na reflexão, a diferença e mesmo divergência enriquecem, na ação requer-se unidade que normalmente resulta da convergência de pareceres. Com senso de responsabilidade evite-se que a divergência crie atividades contraditórias, oposições de atuação e divisão entre os destinatários.

14. Diversidade como dom

Os missionários SDB e FMA, por sua vez, reconheçam os leigos voluntários e/ou leigas voluntárias como dom à comunidade eclesial local, acolhendo seu trabalho onde testemunham Jesus Cristo com sua vida e compromisso. Como não estão vinculados pela consagração religiosa, os/as missionários/as lhes reconheçam a sua identidade específica.

15. O indígena protagonista

Dentro do contexto da Nova Evangelização os/as missionários/as e voluntários/as evitem atitudes discriminatórias, assistencialismo, paternalismo e protecionismo para com os indígenas. Estes também são protagonistas do seu processo de evangelização. Mais do que trabalhar para os indígenas, trata-se de trabalhar com eles, "superando os condicionamentos do próprio ambiente de origem" (RMi 53).

16. Documentação

Em atitude de respeito pela alteridade dos destinatários, e somente com a autorização das lideranças indígenas, podem documentar a cultura e as atividades missionárias com discrição por meio de pesquisas, fotos, vídeos etc., evitando a todo custo invadir a vida particular dos mesmos. Os/as voluntários/as sejam informados/as da legislação em vigor a respeito do direito à imagem.

IV. SITUAÇÃO ECONÔMlCA

17. A comunidade que envia

Sendo enviado por uma comunidade eclesial, salesiana ou outra, onde antes esteve engajado, esta apóia sua atividade missionária também no campo econômico. Tal apoio se dá, porém, normalmente através da direção da missão, uma vez que esta assume o compromisso com a presença do voluntário leigo e/ou da voluntária leiga.

18. A comunidade missionária

A comunidade missionária oferece alojamento e alimentação e acolhe o voluntário leigo e/ou a voluntária leiga como membro integrante em sua comunidade.

19. Outras necessidades

O voluntário leigo e/ou a voluntária leiga tenha uma relativa autonomia econômica quanto à sua vida particular. A comunidade estude a possibilidade de como atendê-la.

20. A saída

Em caso de saída da Missão (comunidade local), não haverá nenhuma indenização.





V. SITUAÇÃO JURÍDICA

21. Situação Jurídica

A relação jurídica dos/as voluntários/as com a MSMT se rege pelo que estabelece a Lei 9.608/98 sobre o trabalho de voluntários. Seja assinado um termo de compromisso de trabalho voluntário com a MSMT.



VI. ATIVIDADES PROPOSTAS

22. Campo aberto

Como missionários/as, os/as voluntários/as leigos/as podem assumir "váríos tipos de serviços, funções, ministérios e formas de animação cristã" (RMi 71), em sintonia com as atividades missionárias da comunidade local.

23. Devido à sua índole laical, oferecem-se-lhes oportunidades de trabalho "nas famílias, nas escolas, na vida política, social e cultural e, em particular, no ensino da doutrina cristã" (RMi 71), na pastoral da saúde, na educação em práticas domésticas e de corte e costura, na promoção de atividades de subsistência.

24. No campo da atividade evangelizadora inculturada, em sentido mais explícito, abre-se o espaço para promoção da catequese, ministérios litúrgicos diversificados, animação das comunidades eclesiais em formação etc. (cf. RMi 73-74).

25. Há ampla possibilidade de atividades de apoio nas presenças missionárias para leigos competentes em diversas profissões e atividades. Estas servem de apoio a todo o complexo de necessidades da comunidade.

26. Se o/a voluntário/a tiver um projeto pessoal a desenvolver, quem sabe até trazido de sua origem, é necessário colocá-lo no contexto das atividades da comunidade indígena e missionária que aprova, previamente, seu projeto pessoal e o assume como próprio.

27. A duração de sua presença é diversificada conforme as condições de cada candidato, sua proposta de atividade, sua disponibilidade e sua opção pessoal pela atividade missionária. Uma experiência de um curto período, nas missões, tem sentido de motivação para maior compromisso posterior e formação-informação prévia que, por isso mesmo, requer acompanhamento adequado.

28. Solicita-se, porém, uma presença de maior duração, pelo menos de um ano, para que a presença não seja apenas uma experiência pessoal, mas também uma contribuição efetiva em base à formação recebida.

29. Atividades propostas

Cada comunidade missionária apresentará ao centro inspetorial o projeto a ser proposto aos/às candidatos/as ao voluntariado.


VI. FORMAÇÃO PERMANENTE

30. Formação básica

A comunidade que envia procura aprimorar a formação humana e cristã do/a candidato/a. Fornece, também, elementos constitutivos de uma formação específica sobre a realidade cultural do lugar onde vai trabalhar, noções de missiologia e pedagogia salesiana.

31. Formação participativa

Estando já na área, os/as voluntários/as participam dos momentos de formação oferecidos formal e informalmente pela comunidade missionária, em encontros, reflexões, planejamento e revisão dos programas de atividades, revisão de vida e prática pastoral. Haja possibilidade de participar de encontros formativos promovidos pela CNBB, CRB, CIMI, como também tempo para leituras.

32. Formação sistemática

Possibilite-se a formação sistemática nos níveis de pastoral, antropologia e política indigenista.

33. Participação inserida

Os voluntários e/ou as voluntárias se esforcem para "aprender a língua ..., conhecer as expressões mais significativas de sua cultura, descobrindo seus valores, por experiência direta. Eles só podem levar aos povos, de maneira crível e frutuosa, o conhecimento do mistério escondido (..) mediante aquela aprendizagem. Não se trata, por certo, de renegar a própria identidade cultural, mas de compreender, estimar, promover e evangelizar a (cultura) do ambiente em que atuam e, deste modo, conseguir realmente comunicar-se com ele, assumindo um estilo de vida que seja sinal de testemunho e de solidariedade com o povo" (RMi 53).

34. A comunidade missionária incentive o voluntariado indígena diferenciado em seu próprio ambiente no exercício de seu compromisso cristão, e em sentido de gratuidade.

35. Responsabilidade da direção

Cabe ao diretor ou à diretora da presença missionária o papel de particular responsabilidade pela formação dos voluntários leigos e/ou das voluntárias leigas.


VII. RELACIONAMENTO COM A COMUNIDADE

MISSIONÁRIA

36. Privacidade

Os voluntários leigos e/ou as voluntárias leigas têm momentos privativos, na vida particular, de oração, de formação e reflexão, ao mesmo tempo que participam da mesa, oração, recreação e reflexão da comunidade.

37. Participação ampla

Os/as voluntários/as são solidários/as com o Projeto Comunitário Missionário participando de campanhas e atividades em mutirão. Com isso manifestam que, de fato, pertencem à Família Salesiana.

38. Solução de dificuldades

Caso surjam dificuldades muito sérias na adaptação ao ambiente missionário, o diretor e/ou a diretora, ouvida a comunidade, tem plena liberdade de convidar o/a voluntário/a a se retirar.

CRITÉRIOS para VOCAÇÕES INDÍGENAS


MSMT, INSPAZ, MML e OMG



Introdução


Na Reunião dos Missionários SDB e Missionárias FMA e seus voluntários, em São Marcos, no dia 29 de agosto de 2003, foi discutida amplamente a questão das vocações indígenas, na presença do Pe. Lauro Takaki Shinohara, Vice-Inspetor e Encarregado Inspetorial das Vocações. A discussão muito rica em contribuições, a pedido dos participantes, deve ser sintetizada em CRITÉRIOS. Para isso, num primeiro momento, foi feito um texto mártir. Esse texto foi levado às diversas comunidades missionárias e outros responsáveis pela questão vocacional. Na Reunião de Missionários/as SDB e FMA de 14 de maio de 2004, em Sangradouro, e novo texto foi apresentado para discussão. Viu-se a conveniência que o mesmo texto contemple também critérios para as vocações religiosas femininas. Foram feitas outras observações que são inseridas nesse novo texto, para que possa ser proposto para as nossas Inspetorias. Por ocasião da atualização do Diretório Missionário em 2006/2007, os mesmos Critérios foram revistos amplamente rediscutidos, na Reunião dos Missionários e das Missionárias em Merúri, de 16-18 de maio de 2007, e se apresentam como segue.



I. Critérios gerais

1. Cada pessoa e cada grupo eclesial, sem nada perder de sua identidade, se disponha a partilhar seus dons com os outros.

DGAE, doc. 54 da CNBB, nº 285. É necessário valorizar e articular os mecanismos de comunhão e participação em todos os níveis e melhorar a comunicação interna na Igreja para criar um clima de co-responsabilidade. O ideal é uma Igreja em que a busca da comunhão e do diálogo respeita e valoriza a diversidade de dons e vocações de cada pessoa e de cada comunidade. Estes dons e carismas, tanto os mais simples quanto os extraordinários, distribuídos pelo Espírito “a cada um como lhe apraz” (1Cor 12,11), devem ser acolhidos com alegria e gratidão, por serem úteis para a renovação da Igreja, a nova evangelização e as necessidades do mundo atual (cf. LG 12). Compete especialmente à hierarquia o discernimento e a aplicação pastoral dos carismas. Nesse dinamismo de comunhão, cada pessoa e cada grupo eclesial, sem nada perder de sua identidade, se disponha a partilhar seus dons com os outros e a “caminhar juntos”, na direção que o Senhor aponta.

A diversidade das vocações indígenas, para a Igreja e as Congregações, é um dom que deve ser valorizado e promovido, para qualificar mais ainda a ação evangelizadora.


2. As vocações, uma prioridade dos Bispos e um compromisso de todo o Povo de Deus

SD, nº 26. Condição indispensável para a nova evangelização é poder contar com evangelizadores numerosos e qualificados. Por isso, a promoção das vocações sacerdotais e religiosas, bem como de outros agentes de pastoral, há de ser uma prioridade dos Bispos e um compromisso de todo o Povo de Deus. É preciso dar, em toda a América Latina, um impulso decisivo à Pastoral vocacio­nal e enfrentar, com critérios acertados e com esperança, o que se relacionar com os Seminários e Centros de formação dos religiosos e religiosas, bem como com o problema da formação permanente do Clero e de uma melhor distribuição dos sacerdo­tes entre as diversas Igrejas locais, em que se deve ter em conta também o apreciável trabalho dos diáconos permanentes.

Como cada paróquia deve assumir como prioridade a questão vocacional, nos diversos sentidos, também no sentido ministerial e à vida religiosa, assim também as paróquias missionárias e indígenas. Devem ser assumidas ações concretas de realizar esse compromisso.


3. Vocações indígenas

DSD, nº 80. Procurar estimular as vocações provenientes de todas as cultu­ras presentes em nossas Igrejas particulares. O Papa nos convi­dou a prestar atenção às vocações indígenas (Mensagem aos indígenas, 6) e (Mens. aos afro-americanos, 5).

Como membros da Igreja pelos sacramentos da iniciação cristã, batismo, eucaristia e crisma, todos os povos são chamados à vocação ministerial e religiosa sem serem discrimados nesse chamado pela sua diversidade cultural, lingüística e religiosa. Essas vocações devem ser recebidas como dom precioso do Senhor Jesus, que nos foi confiado para a vida da Igreja e sua missão de evangelizar.

4. O desafio amplo

Para receber vocações indígenas nas casas de formação, o desafio da diversidade é tanto dos/as candidatos/as indígenas, quanto dos/as demais formandos/as e dos/as próprios/as formadores/as. Estes/as precisam habilitar-se a trabalhar esta diversidade do dom de Deus, renunciando a todo colonialismo formador. Antes, devem promover mecanismos que todos/as os/as vocacionados/as possam valorizar seu passado e suas origens para receber todos/as eles/as a vocação sacerdotal e salesiana como compromisso que constroi sobre suas bases de origem e, por isso, devem dar frutos diversificados e ricos da multiforme graça de Deus.

5. As questões fundamentais da vocação devem ser explicitadas desde os inícios

Os/as candidatos/as indígenas devem ser informados/as com clareza da proposta de sua vocação como compromisso com a Igreja e a Congregação. Sem rodeios devem ter consciência clara da vocação ao celibato (viver sem mulher/sem homem), vocação à pobreza (sem subentendidos de tirar vantagem da Congregação), vocação à obediência (banindo a independência) e vida em comunidade. Aliás, esta é fundamental para a realização da própria vocação e também dos demais irmãos e irmãs. Sobretudo os irmãos e as irmãs indígenas têm uma experiência peculiar de vida em comunidade e no grupo, com mecanismos diversificados de sua realização.

Além disso, no prosseguimento das etapas de formação, respeite-se o ritmo peculiar de cada povo e se dê tempo à pessoa para o seu amadurecimento.



II. Critérios para os Bororo

6. Quanto à formação escolar, como princípio, cada candidato/a deve completar as séries escolares que são oferecidas na própria aldeia e não sair antes.

7. Como candidato/a à vida religiosa ou sacerdotal, deve participar generosamente da atividade dos missionários e das missionárias, fazer-se próximo/a a seus futuros/as irmãos/ãs, tanto no tempo antes de sair para a casa de formação quanto depois, durante as férias.

8. Seja dada especial atenção ao acompanhamento dos/as vocacionados/as para o adequado discernimento vocacional.

9. O/a candidato/a deve comprometer-se na vida cristã da comunida-de, assumindo generosamente serviços compatíveis com sua idade.

10. A aprovação do diretor/pároco e/ou da diretora com suas respectivas comunidades é indispensável como elemento de vocacionabilidade comprovada mais amplamente.

11. A saída para a Casa de Formação não deve ter aparência de fuga, antes, deve revestir-se das características de um envio em missão. A aprovação dos pais é necessária como apoio na sua opção vocacional.

12. Nesse sentido deve ser avaliado também o grau de liberdade necessário para uma opção vocacional, que afasta o/a candidato/a por tempo prolongado de sua comunidade de origem.

13. Sejam aconselhados/as candidatos e candidatas a participar nas respectivas iniciações culturais, na medida que se lhes oferece oportunidade. Isto contribui para atingir também a maturidade cultural aos olhos da comunidade indígena.







III. Critérios para os Xavante


14. O candidato seja um "bom Xavante", nos critérios da cultura própria; seja praticante de suas obrigações conforme sua condição familiar, social e religiosa, com as devidas restrições da vida religiosa e sacerdotal.

15. O adolescente WAPTÉ (entre 8 a 15 anos de idade, mais ou menos) está em situação de formação básica para a vida em sociedade e para isso está confiado aos padrinhos, sob os olhares dos pais e de toda a comunidade; por isso ainda não pode afastar-se para ir ao seminário.

16. O jovem 'RITÉI'WA (entre 15 a 22 anos) está ainda em tempo de formação cultural para assumir gradativamente seus compromissos de homem adulto na sociedade; também este período requer a presença ativa dele na própria comunidade; surgindo algum pedido, estude-se com a comunidade indígena, com a condição de poder ser chamado para os rituais importantes. A comunidade formadora tem que estar informada.



17. As candidatas participem, por sua vez, da iniciação social no próprio grupo de idade, de acordo com os critérios particulares. Sejam inseridas na vida familiar ao lado de suas mães e avós como amadurecimento em sua personalidade humana.

18. Importante, para os candidatos vocacionados, é participar no processo da respectiva iniciação religiosa própria, quando há oportunidade, para que atinjam também a maturidade religiosa aos olhos da comunidade indígena.

19. Quanto à formação escolar, como princípio, deve completar as séries escolares que são oferecidas na própria aldeia e não sair antes, naturalmente tendo presente os critérios anteriores.

20. Como candidato/a à vida religiosa ou sacerdotal, deve participar generosamente da atividade de missionários/as, fazer-se próximo a seus futuros irmãos/ãs, antes de ir à casa de formação como, já estando nela, durante as férias.

21. Os/as formadores/as dêem especial atenção ao acompanhamento dos/as vocacionados/as para o adequado discernimento vocacional.

22. Os/as candidatos/as tenham concluído o processo de iniciação cristã, por etapas, na própria comunidade eclesial de origem.

23. O/a candidato/a deve comprometer-se na vida cristã na própria comunidade assumindo serviços compatíveis com sua idade.

24. A aprovação do pároco ou da diretora com suas respectivas comunidades é indispensável como elemento de vocacionabilidade comprovada mais amplamente.

25. A saída para o seminário não deve ter aparência de fuga, quem sabe de compromissos culturais, antes ser uma saída em missão; por isso a aprovação dos pais é condição, também para ter apoio na sua opção vocacional que requer dispensa dos compromissos matrimoniais para com o/a eventual futuro/a sogro/a.

26. Nesse sentido deve ser avaliado também o grau de liberdade necessário para uma opção vocacional, que afasta o candidato por um tempo prolongado de sua comunidade de origem.

27. A comunidade local e o/a encarregado/a vocacional de cada Inspetoria levem em consideração estes critérios.

1A UCDB desenvolve pesquisas junto aos povos Guarani-Kaiowá e Terena, no MS.

2MEC, Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena, Brasília, MEC/SEF/DPEF, 1994, preâmbulo de 3.1.

3As "Diretrizes para Voluntários Leigos nas Áreas Indígenas" já estão elaboradas em documento específico e são assumidas para orientar a presença dos voluntários e sua ação em nossas missões.