Bakaru Rowatsu's (noticias misionarias)| 08

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Missão Salesiana de Mato Grosso

ANIMAÇÃO MISSIONÁRIA INSPETORIAL

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO INDÍGENA (CDI)

Av. Tamandaré, 6000 - Jd. Seminário

Caixa Postal 100 - UCDB

79.117-900 Campo Grande MS

Fone (067) 312-3600 / 3731 Fax (067) 312-3301

E-mail: lachnitt@ucdb.br




"BAKARU-ROWATSU'U-Notícias Missionárias"

é de Circulação Interna




Coordenação: Delegado Inspetorial de Animação Missionária:

Pe. Georg Lachnitt SDB





Digitação e Diagramação: Georg Lachnitt





Impressão: Mariza Etelvina Rosa Irala

Centro de Documentação Indígena

UCDB - Campo Grande MS




Capa:

BAKARU, palavra Bororo, significa: o que se conta, notícia

ROWATSU'U, palavra Xavante, significa: o que se conta amplamente, notícia

Apresentação



Este número de BAKARU-ROWATSU'U- Notícias Missionárias mostra os muitos campos da ação missionária. Junto aos povos indígenas, vemos o desafio de retomada de sua terra tradicional dos Xavante em Marãiwatsédé, os muitos desafios dos povos indígenas no MS e as respostas pacientemente elaboradas dos missionários/as diante dos desafios.

O grupo de trabalho do Projeto AMA, dirigido pelo Me. Luiz Würstle, realizou e continua realizando maravilhas para garantir melhor saúde nas aldeias, proporcionando água potável.

A visita, aliás de todos os anos, dos noviços salesianos às Missões de Mato Grosso, apresenta cada vez uma face nova de fervor missionário das esperanças da congregação.

Como reflexão iniciamos neste número um tema central ao tratar com os povos primitivos: o tema do MITO, que será tratado sucessivamente. Da devida compreensão deste tema vai depender muito de como dialogar com as religiões dos povos indígenas.

Da Jornada Missionária Mundial dos salesianos reproduzimos uma reflexão sobre cultura e evangelização, do Arcebispo Thomas Menamparampil, da Índia.

Diante da proximidade do Mês das Missões, em outubro, urge programar muitas e boas iniciativas para que seja proveitoso para os destinatários, e também para tantos e tantos que participam generosamente em diversas iniciativas de Animação Missionária.

Continuamos solicitando notícias de realizações missionárias, breves e maiores, para divulgá-las neste noticiário.

Muita Animação Missionária!


Pe. Georg Lachnitt SDB

1. Projeto AMA - 2004

Me. Luís Wurstle

No começo deste ano, apesar das abundantes chuvas, a Equipe instalou uma nova usina hidroelétrica em Sangradouro. A turbina nova, marca Betta, aperfeiçoada pelo Me. Luís, produz 60KW, tem uma queda de 36m e uma vazão de 220 litros/segundos. Esta usina, que substitui a velha já desgastada, produz energia suficiente para a missão, a aldeia dos Bororo e dos Xavante.

No mês de maio a equipe, formada pelo Me. Luís, o Sr. Paulinho e o Sr. Osmar foi integrada pelo Sr. José, ex-aluno da Alemanha, e o casal Walter e Enir Santana, ele ex-aluno de Coxipó. Foram furados 10 poços nestas aldeias Xavante: Couto Magalhães (dois), Luto Sagrado, Deus é Amor, São Pedro, São Paulo, São Salvador, Bom Jesus da Lapa, São Domingos Sávio e São José.

Numa segunda etapa, em junho, a Equipe, integrada pelos sobrinhos do Me. Luís, Roberto e Raimundo, instalou as bombas e os módulos das placas solares nos poços furados anteriormente.

A furação de mais 10 poços e viagem de revisão e manutenção dos demais poços estão planejados.

Causa muita alegria constatar como melhora a saúde indígena graças à água potável. Ultimamente apareceram até umas hortas.

Até agora a providência não deixou faltar recursos necessários e temos esperança que não faltarão no futuro, apesar de todas as dificuldades.

Coxipó da Ponte-MT, 25/07/2004


2. Índios xavante fazem ultimato trágico para retomarem

suas terras

Campo Grande - MS, 03/08/2004

Fonte: Agência Brasil

publicado em: http:www.cress-ms.org.br

Brasília - Os 456 índios xavante que estão acampados como sem-terra na BR 158, no Mato Grosso, fizeram um ultimato trágico neste fim de semana: deram um prazo até o retorno de duas das suas crianças – vivas ou mortas – que estão hospitalizadas em estado grave há uma semana vítimas de pneumonia e desnutrição, para entrar na reserva Marãiwatsédé, ocupada por forasteiros.

Nesta segunda-feira (2), porém, outros seis pequenos xavante foram hospitalizados com os mesmos sintomas, dois pela manhã e quatro pela tarde.

Na semana passada, três crianças, uma de um ano e meio e duas de um ano, morreram. A ameaça de invasão da reserva se intensificou neste sábado (31), quando as três crianças mortas foram enterradas na BR, que foi interditada pelos xavante. “Conseguimos negociar que os índios aguardem até a volta das crianças. Será o limite para que eles retornem à terra que pertence a eles”, disse o administrador.

Passando por cima da Constituição”

O juiz da 5ª Vara do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Francisco de Deus, deu liminar desaconselhando o retorno dos xavante. Agora, o caso está com o juiz José Pires, também da 5ª vara, que não deu ainda o seu parecer. “Esta é uma situação que eu nunca vi em toda a minha história. Eles estão passando por cima de um decreto presidencial, estão desobedecendo a uma decisão superior e a própria constituição”, diz Edson Beiriz, administrador da Funai - Fundação Nacional do Índio - em Goiânia (GO) e coordenador das ações da fundação junto à comunidade Xavante.

Segundo Beiriz, os índios consideram que a doença e morte das crianças são conseqüência da situação em que eles vivem há nove meses, quando passaram a morar em acampamentos na beira da estrada, enquanto sua terra está ocupada por forasteiros.

A cultura deles está totalmente comprometida. Eles não estão se alimentando com o que é próprio da sua cultura, da caça e da pesca. Estão vivendo de doação de cestas básicas", informou. O administrador da Funai disse que as crianças estão expostas a toda sorte de perigo na estrada, recebendo desde fumaça de caminhão até hábitos que fogem àquilo a que estão habituadas.

Expulsos desde os anos 60

O conflito entre índios e fazendeiros envolve uma área de 165 mil hectares. Entre os anos 63 e 66, os índios xavante da área Marãiwatsédé foram deportados em aviões da FAB para o cerrado da Bacia do Rio das Mortes. Passaram por diversas outras aldeias, mas não conseguiram se adaptar a nenhuma delas. Na operação morreram 90 índios.

Os xavante manifestaram a necessidade de retornar à área onde nasceram e um decreto do então presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu a área como reserva de usufruto exclusivo dos índios. Em outubro do ano passado, eles resolveram retornar às origens, mas foram impedidos por uma ponte caída e estrada bloqueada por fazendeiros.

Latifundiários e posseiros

Segundo Beiriz, políticos e fazendeiros da região estimularam a invasão da área para impedir o retorno dos indígenas. “São grandes latifundiários que estão destruindo a mata, derrubando árvores para plantar soja”.

Ocupam a área cerca de 400 estabelecimentos. Destes, cerca de 250 são pequenos posseiros, clientes da política de reforma agrária que esperam pelo direito de ocupação de uma outra área. “Com estes aí, os índios já disseram que convivem até que o governo defina a área em que devem morar”. O restante, entretanto, são fazendeiros que se recusam a deixar a terra.

O drama dos xavante recebe apoio de diversas instituições, como o CIMI - Conselho Indigenista Missionário e a prelazia de São Félix do Araguaia. Tanto o bispo de São Félix, dom Pedro Casaldáliga, como Edson Beiriz, estão ameaçados de morte. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, já ofereceu apoio e segurança a Dom Casaldáliga, mas ele recusou. “Até o presidente Lula já manifestou apoio aos xavante, mas nada pode ser feito antes que a 5ª Vara do Tribunal Regional Federal dê o parecer final”, diz Beiriz.

O povo xavante soma hoje um total de cerca de 9.602 pessoas. As demais comunidades habitam mais de 70 aldeias em oito áreas da região compreendida pela Serra do Roncador e pelos vales dos rios das Mortes, Culuene, Couto de Magalhães, Botovi e Garças, no leste matogrossense.


3. Noviços em Visita às Missões de Mato Grosso

Por meio dessa pequena redação queremos informar-vos do nosso peregrinar pelas missões do Mato Grosso. Por que peregrinação? O sentido é dado pelo próprio mestre, é visitar e sentir parte daquilo que os salesianos construíram ao longo da história, dando as suas próprias vidas.

No dia 08 de Julho, colocamos o pé na estrada em direção a Campo Grande, onde foi a nossa primeira parada. O Pe. Mestre João Bosco, vice-inspetor Pe. Francisco Alves e o diretor do pós-noviciado Pe. Gildo organizaram um verdadeiro encontrou fraterno entre os formandos das duas inspetorias, que marcou a todos que lá estavam, sendo acompanhado de um churrasco saboroso, esse momento foi coberto de muita alegria e conversas.

Seguimos então para as três missões: Sangradouro, Meruri e São Marcos. A cada missão que chegávamos éramos bem recebidos e o nosso espírito jovial contagiou a todos. Fizemos momentos de oratório com a criançada xavante e bororo, jogamos partidas de futebol com os jovens, visitamos os trabalhos realizados pelos salesianos, subimos longos morros, fizemos teatros e até apresentação do boi-bumbá, ficamos e deixamos o povo indígena alegre com o espírito salesiano.

No dia 18 deixamos as missões para trás, e fomos para a casa do sonho, na Chapada dos Guimarães. A noite começou o retiro da lectio divina, tendo como pregador o inspetor da MSMT, Pe. Afonso de Castro, foram cinco dias em profundo silêncio e contato com Deus.

No dia 22 terminou o retiro, ficamos ainda na casa do sonho durante três dias, e aproveitamos desse momento para visitar as casas salesianas de Cuiabá e conhecer a Chapada dos Guimarães, nossa peregrinação foi encerrada com a peixada oferecida pelo Pe. Firmo, graças à proteção de Nossa Senhora Auxiliadora chegamos em casa dia 27 todos sãos e salvos.


4. ATA da XXXª Assembléia do CIMI-MT

Aos cinco dias do mês de julho do ano de dois mil e quatro, reuniram-se os missionários e missionárias do Cimi Regional Mato Grosso, na casa de formação do Cimi, para dar início à trigésima assembléia do Regional, que teve como tema “O papel do Cimi frente ao contexto político e à autonomia indígena”. Inicialmente, houve uma celebração de abertura coordenada pela equipe da Diocese de Juína, durante a qual os participantes se apresentaram. Em seguida, Raimundo Arruda, da Equipe de coordenação do Regional apresentou a proposta de horário e da composição das equipes de trabalho, que, com algumas modificações, foi aprovada por todos. A seguir, Luiz Gouvêa de Paula, da coordenação ampliada do Regional, fez a leitura da proposta de pauta planejada para a Assembléia, que também foi aprovada pelos presentes. Na seqüência, o professor Passos, da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentou uma análise da conjuntura nacional, tendo presente o tema da Assembléia. “Uma conjuntura não está desarticulada da posição que o sujeito ocupa num determinado lugar histórico. A mudança de posição altera a percepção de uma conjuntura. É uma teia de relações onde a mudança altera a percepção que temos”. D. Pedro Casaldáliga aparteou afirmando que “a conjuntura em si não existe. Existe uma conjuntura para mim, para um grupo, várias conjunturas se cruzando dialeticamente”. O professor Passos continuou a exposição afirmando que “a leitura teórica, às vezes, apresenta a conjuntura como se fosse uma leitura objetiva da realidade. Entretanto, há sonhos, há desejos utópicos que nos põem em curso, nos deslocam e que fazem parte da singularidade de cada um. Há forças utópicas capazes de revolucionar o processo. Estamos acostumados a fazer análise da conjuntura hegemônica, não das conjunturas marginais, periféricas. Hoje há um momento de orgia do poder, e não há sensibilidade para o sofrimento do pobre, do índio, do negro, que, eloqüentemente aumentou. Há um agorismo, só o que conta é o agora, a dimensão histórica se perde. Para se conseguir uma acumulação rápida, não se vê a destruição a médio prazo. A questão mais angustiante para os companheiros do PT é que estamos num fogo cruzado. O Projeto neoliberal dá sinais de agonia, mas é afirmado pelos governos de esquerda. A questão do mercado é suprema e como o mercado é idolatrado, precisa haver processo sacrificial dos pobres. O mercado é idolatrado, fetichizado, as pessoas se tornam mercadoria. A economia brasileira está se pautando por estes princípios. Entretanto, as esperanças do povo estão colocadas neste governo.Os EUA estão abocanhando a Amazônia, a Colômbia com a questão do narcotráfico, já é palco livre para os norteamericanos agirem”. Em seguida, Sebastião Carlos Moreira, secretário adjunto do Cimi Nacional, apresentou a conjuntura indigenista, relembrando que o quadro que se apresentava há um ano apenas se agravou ainda mais. A questão de Raposa Serra do Sol, que é emblemática para a questão indígena, hoje está esvaziada, pois o que se prevê é a demarcação em áreas descontinuas e ainda há a faixa de fronteira, ou seja, 150 km. Então, não sobra nada. A elaboração de um plano para a política indigenista está sendo discutido pelos militares. Em contraposição a isso, foi formado um fórum reunindo várias entidades aliadas dos povos indígenas, parlamentares, a 6ª. Câmara do Ministério Público, com o objetivo de discutir e relançar publicamente a situação atual da política indigenista. À noite deste dia, houve uma conversa com o deputado estadual, sr. Ságuas, durante a qual debateu-se a ausência de uma política indigenista por parte do Estado, resultando em danos para as escolas indígenas e para os professores indígenas. O segundo dia da Assembléia iniciou com a oração coordenada pelas equipes das Dioceses de Sinop e Rondonópolis relembrando o compromisso que expressamos quando rezamos o Pai Nosso; em seguida, Maristela Sousa Torres, da Coordenação do Regional, solicitou que as pessoas que chegaram depois do início da Assembléia se apresentassem: D. Vital, bispo de Paranatinga e representante do Regional Centro Oeste II da CNBB, bispo encarregado de acompanhar o trabalho missionário do Cimi; Pe. Pedro, Xaveriano, que veio do Pará recentemente; Pe. Miguel que há trinta e dois anos trabalha em Mato Grosso e acompanha principalmente o povo Bakairi; Pe. Balduíno, da equipe da Diocese de Juína, naturista, acompanha os Rikbaktsa, principalmente o trabalho dos pajés. Após as apresentações, a palavra foi dada a D.Vital, que colocou como vários bispos do regional estão apoiando o trabalho missionário junto aos povos indígenas, embora esse trabalho continue bastante desconhecido entre a maioria dos bispos. O nosso trabalho, então, deve se tornar cada vez mais conhecido pelos integrantes do Regional da CNBB. Dando continuidade aos trabalhos, Alan César Bortoleto, coordenador do dia, encaminhou as atividades propostas: que cada Diocese ou Prelazia preparassem os informes sobre a situação local, o que foi feito por grupos regionais durante vinte minutos. Na seqüência, esses informes foram socializados, iniciando-se as apresentações pela equipe de coordenação do regional. Maristela e Arruda, coordenadores do regional, inicialmente explicaram porque a equipe ficou reduzida, após a renúncia do Pe. Felício Fritsch, eleito no ano passado como coordenador estatutário, renúncia que se deu por motivos de saúde. Entre os trabalhos assumidos pela sede durante julho de 2003 e julho de 2004, destacaram-se a grande demanda exigida pelas questões de terra, com o acompanhamento junto ao Ministério Público e a participação em audiências públicas; a realização do 2º. Encontro de Mulheres Indígenas; a realização de um encontro sobre terra e auto-sustentação na região do Rio dos Peixes; a participação em vários conselhos que tratam de questões relacionadas aos povos indígenas; a presença nas reuniões periódicas da CNBB e de outras pastorais sociais; a realização da semana dos Povos Indígenas. Em seguida, a representante da Diocese de Sinop, Irmã Dorzilla Schweiger colocou a realidade da região do Rio dos Peixes, onde habitam três povos: Munduruku, Kayabi e Apiaká. Em Juara, sede do município, há uma casa de saúde para os três povos, porém o atendimento é precário. Da mesma forma, as escolas estão ligadas ao município de Juara, e, embora tenham currículos próprios, se submetem às exigências da Secretaria Municipal de Educação. Há uma luta constante pela demarcação das terras tradicionais dos povos Kayabi (Batelão) e Pontal (Apiaká). Há muita pressão dos fazendeiros e do governo para a implantação de projetos de cultivo de soja dentro da área indígena. A situação política é tensa, dada a proximidade das eleições municipais. Na seqüência dos trabalhos, D.Vital apresentou o informe da Diocese de Paranatinga, que atende a quatro povos: Bakairi, Meinako, Waurá e Xavante (Marechal Rondon, CF) embora não haja nenhum missionário liberado para este trabalho. Há a intensificação da presença de seitas, bem como do SIL – Sociedade Lingüística Internacional, cujo objetivo é traduzir a Bíblia. Existe também uma situação de tensão entre os fazendeiros e os índios, por causa das questões de terra. Uma equipe da Pastoral da Criança visita periodicamente as aldeias. A Diocese está planejando um Museu dos Povos Indígenas na cidade de Paranatinga, sendo que já funciona uma casa de apoio aos estudantes indígenas na cidade. Conseguiu-se articular a candidatura de um Bakairi – Estevão Taukane, que concorrerá ao cargo de vereador nas próximas eleições. Na seqüência, a equipe da Prelazia de São Félix do Araguaia apresentou o seu informe, destacando a situação do povo Xavante originário de Marãiwatsédé, que continua acampado na beira da BR 158, impedido de entrar em seu legítimo território por liminares do juiz, que solicitou um novo laudo antropológico, e isso implica em mais demora na resolução do conflito. O acampamento está mudado, com um maior número de pessoas, inclusive mulheres e crianças, cada vez mais tomando as feições de uma aldeia. Há três documentos novos sobre o caso, dois deles escritos por Edson Beiriz, funcionário da Funai que acompanha o povo Xavante e outro, por um vereador de São Félix que atua do lado dos invasores da área. Em relação ao povo Karajá, colocou-se a reconstrução da aldeia Tytema, extinta em 2001, após conflitos internos. Outro fato novo é a discussão da proposta de implantação do Ensino Médio na Aldeia Macaúba. Em abril passado aconteceu o 1º. Encontro sobre Língua Karajá com a participação de 35 professores de três aldeias, considerado muito positivo por todos. Ressaltou-se a situação de violência em que vive o povo Karajá, em decorrência do alcoolismo e outras drogas e também por causa do tráfico ilegal de peixes, sobretudo pirarucu.Em relação ao povo Tapirapé, destacou-se a situação de ilegalidade dos arrendamentos dos pastos da A.I. Urubu Branco. Neste ano, os Tapirapé conseguiram realizar todo o ciclo de festas, com a iniciação de quatro rapazes. Teve início o Projeto Aranowa’yao, Ensino Médio funcionando na Aldeia com a participação de 69 jovens que há muito esperavam a continuação dos estudos. Na seqüência dos trabalhos, a Diocese de Barra do Graças apresentou o seu informe, destacando como ponto positivo a pastoral indigenista assumida como pastoral diocesana; as festas culturais realizadas pelos povos como forma de coesão, sustento e resgate; as escolas sendo acompanhadas e os professores indígenas assumindo com mais autonomia; a presença dos missionários/as junto aos povos; a auto-sustentação das aldeias; a procura de batizados, especialmente pelos idosos e a construção de novas casas em Meruri. Como dificuldades foram apontadas a participação dos párocos na pastoral indigenista; a saúde em situação precária; a formação de uma “aldeia cultural” proposta pelo Ministério da Cultura incentivando o turismo; o alcoolismo e as drogas; a ação de madeireiras e a situação de áreas indígenas que necessitam revisões, como o caso de Volta Grande. A Diocese de Juína foi a próxima equipe a apresentar, colocando, em primeiro lugar, a angustiante situação das terras indígenas, exploradas pelos madeireiros e garimpeiros, como o caso da área dos Cintas Largas, explorado pela mídia que mostrou a “atrocidade dos índios” ignorando as violências históricas cometidas contra este povo; a situação dos índios isolados, a mercê dos madeireiros que estão invadindo suas terras; a necessidade de revisão de algumas áreas como Myky e Arara do Guariba. Em relação à invasão das terras indígenas e esbulho dos recursos naturais, notam-se algumas ações positivas do Ministério Público. Por outro lado, o povo Arara está em processo de recuperação de práticas culturais e entre os Rikbaktsa há muita animação cultural por causa a participação nos jogos intertribais. Foi apresentado o trabalho em saúde alternativa que está sendo feito entre este povo, que envolve um estudo sobre as práticas dos pajés. O povo Myky fez uma viagem de intercâmbio com o povo Xukuru, PE. A seguir, apresentou-se a equipe da Diocese de Rondonópolis, que atua em três áreas do povo Bororo: Córrego Grande, Piebaga e Tadarimana. Há uma caminhada em direção a uma educação escolar específica, embora haja entraves colocados pelas Secretarias Municipais. Na saúde, em Córrego Grande foi feito um trabalho contra o alcoolismo. Mas a situação de saúde é preocupante. O ritual do funeral é bastante presente entre o povo Bororo. Em uma aldeia, por ocasião da morte de uma senhora, o esposo exigiu que se parassem todas as atividades escolares e de atendimento à saúde. A Diocese está apoiando significativamente o trabalho missionário. A equipe de Comodoro, Diocese de Cáceres, apresentou-se a seguir, ressaltando o fato de a cidade de Comodoro ter como fonte de sustentação econômica, a exploração das madeiras extraídas das áreas indígenas, o que implica em uma situação conflituosa constante. As fazendas ao redor das áreas indígenas plantam soja e estão pressionando os índios para arrendarem suas terras. A equipe atua na educação, porém, as escolas estão ligadas à Prefeitura municipal e são enquadradas como escolas rurais, submetidas à burocracia da Semec. Não há espaço para discussão da educação escolar indígena no Conselho Municipal. Um fato positivo foi a realização do Encontro de Formação para os professores não-índios que atuam na área, com apoio do Cimi e da Seduc. Após todas as apresentações, os mediadores apontaram como algo em comum a todos os povos o fato de este ser um ano eleitoral e a presença de candidatos indígenas relatado por praticamente todas as equipes. Houve um debate sobre como o Cimi poderia estar enfrentando a questão e sugeriu-se que este é um trabalho que temos que desenvolver durante todo o tempo e não só em época de eleições. Sugeriu-se, também, o uso da cartilha “Tem política na aldeia” preparada pelo Cimi NI. À noite deste dia, tivemos uma palestra proferida pelo representante do FORMAD, sr. Vicente Puhl, sobre o avanço da soja em nosso estado e no país, alertando sobre os riscos que correm as áreas indígenas, cobiçadas pelos sojicultores. O terceiro dia da Assembléia teve início com uma celebração em memória dos mártires da Caminhada, motivada pela equipe de São Félix do Araguaia. Em seguida, Sebastião Carlos Moreira, coordenador do dia, solicitou ao Secretário Executivo do Cimi Nacional, sr. Éden Pereira Magalhães, que se apresentasse, após o que foi apresentada a programação do dia, voltada para a reflexão sobre a vida do Regional. A palavra foi dada a D. Juventino, bispo de Rondonópolis, que iniciou uma reflexão sobre o momento histórico que estamos vivendo e que respostas estamos dando aos desafios. “Temos que visualizar o que é novo para o Cimi, o que é novo para os povos indígenas e atualizar as nossas respostas” afirmou D. Juventino. A seguir, D. Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia, falou sobre a mística que envolve o nosso trabalho, ressaltando alguns pontos: “a mística supõe a fé na causa. Em conseqüência desta fé, faço uma opção de vida, uma opção total. Como conseqüência a doação total. A mística supõe uma irradiação, que é a capacidade de convocação, de abrir horizontes, o que é conhecido como carisma. A mística precisa ser alimentada, ela vive em cada passo, em cada ação. Exige coerência, é profética, é contestadora”. Na seqüência dos trabalhos, Luiz Gouvêa de Paula, apresentou um histórico do Regional, enfatizando a ação missionária que aqui já existia antes mesmo da criação do Cimi. Este foi o primeiro regional a ser criado, mas a sua configuração em grandes áreas missionárias influencia até hoje. As subregiões dispõem de autonomia em termos de pessoas e recursos. Outra característica é a forte inserção em trabalhos de base, diretamente nas aldeias. Isso dificulta a liberação de pessoas para assumirem a coordenação do Regional. No ano passado, elegemos Pe. Felício Fristch, como coordenador estatutário e Maristela e Arruda, como adjuntos. Felício teve que renunciar por problemas de saúde. Os dois adjuntos não conseguiram trabalhar bem juntos, e, por isso, é necessário repensar como se encaminha melhor esta questão, além de buscar solução para as dificuldades financeiras por que passa o Regional. As pessoas em questão se pronunciaram e depois foi feito um trabalho de grupos para pensar sobre o assunto. À tarde, as sugestões dos grupos por Diocese foram colocadas em comum e decidiu-se dar mais um tempo para todos pensarem melhor sobre o assunto. O dia oito foi dedicado à convivência, com a realização de um passeio na cidade das Pedras, onde foi realizada uma fraterna oração, celebrando a vida e a natureza, coordenada pela Equipe de Animação da Assembléia. O dia nove, quinto dia da Assembléia, iniciou-se com a oração preparada pelas equipes da sede e Diocese de Cáceres, com o tema da água, fonte de vida. Em seguida, Thomás Lisboa, missionário e Raquel Cristina Rondon, contadora do Regional, se apresentaram. Irmã Cleide Palo fez, então, a apresentação de um resumo preparado pela secretaria com as sugestões apresentadas pelos grupos na tarde do dia oito em relação à organização do Regional. Luiz apresentou, em seguida, a proposta elaborada pela Equipe de Coordenação Ampliada e os Secretários Nacionais. Nesta proposta, Raimundo Arruda e sua esposa Rosinete retornarão para a Diocese de Juína, sendo que Maristela Sousa Torres continuará como Coordenadora do Regional, desenvolvendo os trabalhos na sede, acompanhada por membros da equipe da coordenação ampliada e outras pessoas do Regional que se dispuserem a participar de um sistema de rodízio. Cada pessoa passará duas semanas na sede. Será necessário resolver o problema da sustentação financeira dos trabalhos indigenistas da Diocese de Juína. A Assembléia se manifestou a respeito desta proposta com dezessete votos a favor, nenhum contra e cinco abstenções. A proposta da diminuição das estruturas do Regional e das atividades também foi aprovada, com o indicativo de que se priorizem as atividades a serem assumidas. Quanto à sugestão de as Dioceses assumirem mais a causa indigenista, subsidiando a sede com recursos para manutenção do prédio e do quadro funcional, inclusive com uma petição oficial ao Regional Oeste 02, também foi aprovada, com a indicação de que a Pastoral Indigenista seja articulada nas Dioceses e Prelazia, com recursos locais, na linha do Cimi, que agora conta com o estatuto aprovado pela CNBB. Para sanar as dificuldades financeiras do Regional foi elaborado um projeto ponte para a CESE, que já tem uma resposta positiva. A seguir, Raquel Cristina Rondon, apresentou a situação financeira do regional, que tem as seguintes contas e saldos: Projeto Mel, do Rio dos Peixes, R$ l3.061,00; Projeto Equipe Tapirapé : R$ 15.153,00; Projeto Myky, R$ 16.298,00; Projeto Chapada R$ 12. 364,00; Doações: R$ 1.477,00; Projeto Sede R$ 24.848,00. Será elaborado um novo projeto para custear as despesas do Regional, pois mesmo com a contenção dos gastos, as despesas ainda são altas. Em seguida, foi discutida a situação da Casa de Formação da Chapada, que não conta com um projeto de sustentação financeira. Há necessidade de uma pessoa capacitada para administrar a Casa de Formação da Chapada. Os preços das diárias são: R$ 25,00 para entidades parceiras, R$ 35,00 para outros grupos, R$ 15,00 para missionários. A seguir, foi colocada a questão da Campanha de Apoio Permanente ao Cimi e a Causa Indígena, que hoje está sendo coordenada por Luciano, ex- coordenador do Cimi Leste. Cada missionário/a deve depositar R$ 10,00 mensais na conta da Campanha e divulgar ao máximo a Campanha para que outras pessoas simpatizantes colaborem também. O Regional destacou duas pessoas como referência para a Campanha: Alan, da equipe Myky e Luziane, da Equipe Comodoro. Após o almoço, Éden Magalhães, secretário executivo do Cimi Nacional, colocou as questões do Cimi como um todo: a aprovação do Estatuto pela CNBB; a proposta de se criar uma Fundação ou Associação que cuidasse dos bens do Cimi e pudesse ser um canal para a assinatura das carteiras trabalhistas dos missionários; a participação do Cimi no 11º. Intereclesial das CEBs, que está sendo organizada pelo Cimi LE; a realização da Assembléia Geral do Cimi, que será entre os dias 25 a 29 de julho de 2005, com o tema A Força dos Pequenos, luz para o mundo; a realização do Fórum Social das Américas, em Quito, no Equador, de 25 a 30 de julho de 2004, para o qual o Cimi enviará uma delegação. Haverá também o Fórum Mundial da Educação, agora no final do mês de julho, e nele participará uma delegação de professores indígenas e missionários. Em Porto Alegre, de 26 a 31 de janeiro de 2005, acontecerá o Fórum Social Mundial, do qual também participará uma delegação do Cimi. O curso de Atualização Missionária acontecerá de 01 a 10 de setembro de 2004, no Centro de Formação Vicente Canas. Em seguida, o pe. Jair, secretário do Regional Oeste II da CNBB, apresentou a conjuntura eclesial do Regional frente à conjuntura estadual. Na seqüência dos trabalhos, foi discutida a situação das equipes que necessitam de pessoas e/ou recursos para financiar os trabalhos. Juína, Aripuanã, Comodoro colocaram as dificuldades financeiras para realizar os trabalhos; Rio dos Peixes, São Félix do Araguaia colocaram a necessidade de integração de novas pessoas e de recursos para manter os trabalhos. O último dia da Assembléia iniciou-se com a celebração eucarística motivada pela equipe da Diocese de Barra do Garças, com o tema “Não tenhais medo”. A seguir, discutiu-se a nova organização do Cimi, que eliminou as articulações e criou um coletivo, composto por uma pessoa de cada Regional e quatro diretores. D. Pedro questionou o fato de ter este assunto não ter sido discutido em Assembléia Geral, uma vez que muda a estrutura organizacional da entidade. Como representante de nosso Regional, foi referendado o nome da Ir. Lurdes Christ para compor o Coletivo. Apresentou-se a seguir a necessidade de as equipes enviarem os relatos sobre as violências contra os povos indígenas, acordando-se que esses relatos sejam enviados para o Sebastião em Brasília até o final de agosto próximo. Na seqüência, programou-se a agenda do Regional para o segundo semestre, com a colaboração em forma de rodízio de pessoas das equipes de área assumindo os compromissos previstos. Foi informada a data do Encontro Nacional de Educação: em Luziânia, de 07 a 10 de dezembro de 2004, com o tema: Políticas Públicas de Educação Escolar Indígena no Brasil: além do ensino fundamental (ensino médio e superior). Algumas pessoas manifestaram interesse em participar deste encontro: Luziane, Sílvia, Genoveva, Ana Bela, Eunice, Gilberto, Eulália. Como último ponto da pauta, planejou-se a Assembléia Regional de 2005, definindo-se a data de 11 a 16 de julho para a sua realização. Como tema foi escolhido “A resistência dos povos indígenas frente aos desafios históricos” e como assessor, decidiu-se pelo nome do Prof. Antônio Brand, da UCDB, em primeira opção e Dra. Lúcia Rangel, em segunda opção. Para finalizar a Assembléia, fez-se uma avaliação oral, na qual os participantes expressaram satisfação pela forma como foram conduzidos os trabalhos, ressaltando como ponto extremamente positivo a presença de jovens missionários/as que estão integrando as várias equipes das áreas. Nada mais havendo a tratar, eu, Sílvia Maria Valentim Pinheiro, lavrei a presente ata que vai por mim assinada e pelos demais participantes.



O que é o Mito (I)

Pe. Georg Lachnitt SDB

No contato com populações indígenas, não apenas uma visão antropológica sobre a cultura é importante, mas ainda, dentro da mesma, uma visão antropológica do MITO, termo que se oferece a muitas distorções.



1. A Etimologia do Termo "MITO"

As pesquisas da antropologia cultural do fim do século retrasado e, sobretudo, do século passado, apresentam uma revisão do conceito de "mito". Isto fica evidente numa simples comparação de concepções.

Vejamos no Dicionário Brasileiro Contemporâneo, onde afirma que o mito é: Narração dos tempos fabulosos ou heróicos; fábula; tradição alegórica explicativa de um fato natural, histórico ou filosófico; (fig.) coisa inacreditável, que não tem realidade; quimera, utopia, mistério, enigma.1

Voltando às fontes, a palavra "mito" vem do grego, μῦθος , o que significa: 1- palavra, citado, lema, sentença, discurso; 2- narração, conto, história legendária de deuses ou heróis, fábula; 3- voz, grito, fama, notícia; 4- conversa, colóquio, objeto de que se fala; 5- deliberação, desenho, projeto, entendimento; 6- sugestão, conselho, ordem.2

2. O Mito como parte da Linguagem

Antes de mais nada, sendo palavra, discurso, narrativa, conto, conversa etc. o mito provém da ordem da linguagem, e faz parte integrante dela.3 Piazza, restringindo, afirma que o mito é uma forma de comunicação dos povos antigos, ressaltando a peculiaridade desta comunicação como um gênero literário próprio.4

3. O Mito, seus Significados Diferentes

Torna-se necessário, então, fazer uma distinção entre diversos termos contidos no termo μυθός da língua grega. A narrativa é um relato que descreve acontecimentos que sucederam ou poderiam ter sucedido.5 Com isso corrigimos a definição anteriormente citada de "mito", de autoria de Aelius Théon, que define mito como um relato falso que reflete certa verdade.6

Eliade elenca entre as "histórias falsas" as que contam aventuras e façanhas nada edificantes, sendo que aquelas se referem exclusivamente a conteúdo profano.7 Ainda, segundo o mesmo autor, os contos narram as aventuras maravilhosas do herói nacional.8 Este vive junto ao fogão no meio social estreito, como entretenimento.9 Estes também se referem à vida diária e dela tiram conclusões moralizantes. O conto é o reflexo da sociedade. É a vida do nosso povo, da nossa civilização tradicional com a sua estrutura social, a sua vida econômico-política, e seu sistema cultural.10 O conto, portanto, limita-se ao nível profano da vida e tem sentido informativo.

Igualmente a nível profano situa-se a "lenda". Ela penetra muito mais profundamente, pondo a descoberto perspectivas históricas do passado.11 Embora mantendo-se no nível do imaginário, do fictício que pode conter feições mentirosas, junto com o conto e a fábula, pode referir acontecimentos que, mesmo quando introduziram modificações no mundo (...), não modificaram a condição humana enquanto tal.12

4. Visão Racionalista do Mito

Estas diversas modalidades do conceito "mito" estiveram presentes já desde os primeiros filósofos gregos e, a partir deles, limitaram esse conceito ao nível do pensamento racional e científico, este de maneira racionalista, a ponto que, falar de mito significa tudo aquilo que não pode ser aprendido pela razão científica, que declara de verdade tudo o que pela razão pode ser apreendido e de não-verdade o que lhe escapa. O processo de separação e setorialização dos diversos campos da ciência levou também a "estilhaçar" o próprio mito, no dizer de Tarcísio Moura.13 Podemos afirmar que esta avaliação racional do mito limitou uma conceituação mais ampla, no dizer dos antropólogos e filósofos contemporâneos, a uma visão um tanto negativa, reducionista, deixando de lado o outro lado do mesmo conceito, que nestas últimas décadas pretende ser redescoberto. Mais do que redescobrir o mito em toda a sua amplitude, em base às pesquisas e descobertas no campo da antropologia, foi-se redescobrindo o ser humano, não apenas constituído pela razão ou pelo intelecto, mas igualmente pelo desejo, pelo coração e pela vida em sua globalidade e unidade.14

Todos estes significados do mito explanados acima estão, na verdade, contidos no conceito grego geral μυθός. Quando, porém, hoje falamos de mito, mitologia e mítico, no campo da antropologia cultural, da sociologia, da psicologia e da fenomenologia religiosa, entendemos um significado não genérico, mas específico do termo mito, que urge definir mais exatamente, a seguir. Este significado engloba e complementa os demais acima citados.

5. Um Conceito Específico de Mito

Mantendo um traço fundamental do mito enquanto pertencente à linguagem, ele é, como todo fator cultural, criação de determinado grupo étnico. Portanto, num certo sentido, ele é ficção, mas não pura ficção; ele é narrativa, mas não simples narrativa, ele é regido por uma lógica, não porém de cunho racionalista, mas de cunho intuitivo.15 É impróprio, desde já, opor o mito como não-verdadeiro ao que é verdadeiro, isto é, o que racional e científico. Esta avaliação do mito como não-verdadeiro provém da dificuldade de abordar o mito com as categorias da lógica racionalista a que ele resiste, pois o pensamento mítico tem uma unidade fundamental, mas já de outro registro, em outra modulação em relação ao racional,16 que não se opõe necessariamente à razão e sua lógica própria.

Se o pensamento racionalista tem dividido o homem e sua vida em partes, parcelas e setores, o pensamento mítico, tal com se dá entre os povos primitivos, mantém a unidade do homem primitivo, unidade esta perdida pelo homem moderno. Esta unidade envolve o homem com o mundo em que vive e de que ele não se sente distinto.17 Tarcísio Moura antes já havia afirmado: ... "muito mais que a razão e a ciência, o mito está encarregado de conter, por uma espécie de "razão engajada", aquilo que deve ser encarado como o plenamente humano. O mito é a forma de vida que a ciência, embora almeje, jamais será.18

6. O Mito como Linguagem Simbólica

Mas então, o que é o mito? Pertencendo à categoria da linguagem, ele se processa não pela linguagem oral, verbal, embora pertencendo à categoria de narrativa, mas pela linguagem simbólica, pela qual ele expressa não discursos ou notícias, mas valores. Esta expressão é carregada de conotações afetivas, o que caracteriza o poder de sedução do mito. Abrangendo uma totalidade dificilmente apreensível de modo direto e imediato pela consciência discursiva, o mito sintetiza, recorrendo ao símbolo, conteúdos que se referem às mais profundas aspirações do ser humano: sua sede de absoluto e de transcendência, sua deslumbrada busca de plenitude.19

Esta linguagem através de símbolos requer um ambiente não de racionalismo e discursividade loquaz que verbaliza todo pensamento, mas um ambiente de intuição, apreensão vivencial do significado, não tanto de tomar conhecimento conscientemente, mais experienciando o conhecimento inconsciente, intuitiva e vivencialmente. O mito acontece dentro de uma comunidade, mas não se explica.

Tarcísio Moura ressalta a importância do mito, não apenas para o homem primitivo, mas também para o homem moderno quando afirma que o mito não é apenas a primeira forma do viver humano, correspondente a estágios de civilização menos desenvolvida (...), mas a forma fundamental de todo viver humano. Apropriando-se a seguir das palavras de Malinowski, afirma que: O mito, tal como o encontramos nas comunidades primitivas, isto é, na sua forma original, não é simples narrativa, mas realidade viva: não é pura ficção, semelhante à que apreciamos nas novelas e romances, mas um sucesso originário que domina e determina ininterruptamente o mundo e o destino dos homens. (...) É um fato vivo da civilização humana, não uma explicação intelectual ou uma fantasia artística...20

7. O Mito relata Acontecimentos dos Primórdios

O mito como narrativa relata de maneira simbólica, como acabamos de afirmar, um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, o tempo fabuloso dos "começos". Continuando, Mircea Eliade acrescenta que o mito conta como, graças aos feitos dos Seres Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, quer seja a realidade total, o Cosmos, quer apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição.21

Com isso fica evidente o caráter sagrado do mito, das ações míticas como ações sagradas e de tudo o que de alguma maneira se acha em relação direta ou indireta com tais acontecimentos e com personagens primordiais.22 Firth igualmente constata esta dimensão sagrada do mito e nota a preocupação do homem primitivo em relatá-lo com a maior exatidão possível.23

Martinez expressa idêntico parecer quando afirma que em cada sociedade há uma maneira típica de ver a Deus, condicionada a seus valores fundamentais. Chamamos de "mito" o "como" os membros de cada sociedade percebem a Deus.24

8. A Verdade do Mito

Neste sentido de sacralidade do mito, é preciso considerar a "verdade" do e no mito. Não se trata, como é evidente, de verdades em sentido absoluto como que antecipadas à sua verificação científica, mas de verdades tal como o povo primitivo foi capaz de entendê-las e expressá-las. Eça de Almeida tenta explicá-lo afirmando que os mitos podem não ser verdadeiros no que narram, mas são verdadeiros em outro sentido: contam algo realmente acontecido na história, isto é, a crença nos mitos e estes são então considerados fatos históricos e sua verdade uma verdade histórica.25 Em outras palavras, o fato histórico realmente aconteceu, mas como aconteceu, ou melhor, como determinada etnia interpreta que tenha acontecido, isto é de competência do mito, através da linguagem simbólica.

De fato, portanto, os mitos contêm e expressam verdade. Mas esta verdade, conforme afirmam Ricoeur, Eliade e Van Riet, não é imediatamente evidente para a razão discursiva,26 por se tratar de uma expressão simbólica que é dinâmica, expressa num código pertinente a uma cultura específica.

9. O Mito é Universal e Cultural

Com isso ficou declarado outro fator importante do mito. De um lado, o fato do mito é constatado universalmente. Todas as culturas têm sua mitologia e até podemos constatar certos temas míticos universalmente abordados, como os acima citados mitos primordiais. Martinez chama o mito de ingrediente indispensável de toda cultura.27 Eça de Almeida, citando Eliade, chama o mito de um dos ingredientes vitais da civilização humana.28

Neste sentido de universalidade do mito, valiosa é a contribuição de C. G. Jung quando situa o símbolo, e com ele de modo particular o mito que se expressa em símbolos, entre os arquétipos do inconsciente coletivo29 da humanidade ou, em outro lugar, entre os arquétipos fundamentais que exprimem as constantes da psique humana.30

Além disso, como todo fator humano que é radicalmente cultural, como ainda toda a linguagem e simbologia, também o mito, como expressão de verdades, é culturalmente condicionado. É o mundo cultural que fornece os elementos pelos quais o mito se expressa e reveste. Como fator cultural e, portanto, histórico, o mito não é tampouco uma realidade estática mas, como toda cultura e sua história, uma realidade dinâmica pelo que, conforme o já citado Martinez afirma, constantemente se regenera: cada mudança histórica cria sua mitologia, que está todavia, relacionada somente indiretamente com o fato histórico.31 O mito interpreta o momento histórico presente recorrendo aos primórdios. Podemos ver nesta afirmação a importância do mito para um povo.

10. O Mito na Vida do Homem Atual

O mito não apenas se restringe à dimensão religiosa ou, no citado acima, ao "como" os membros de cada sociedade percebem a Deus. A dimensão religiosa do mito não se limita à narração dos primórdios da humanidade, fechada sobre si mesma. Ele estende a dimensão religiosa sobre o homem em sua existência atual que está empenhado na busca constante em dar uma resposta ao problema da vida. (...) A solução que cada sociedade dá a este problema é o mito,32 igualmente. O fato de a religião numa cultura ser o elemento fundante integralmente presente em toda a cultura como globalidade se verifica de modo peculiar com a presença do mito em toda a vida do homem e na sua religião. Paulo Suess expressa-o sintetizando: nos mitos de origem de quase todos os povos encontra-se uma articulação íntima e original entre cultura e religião.33

11. O Mito condiciona o Homem

O mito não é só narrativa e nada mais, mas é presença permanente na vida de uma comunidade primitiva. O'dea afirma que o tempo mítico é sempre presente e, mais adiante, que o mito torna o futuro e o passado imediatamente presentes.34 Continuando seu pensamento e estendendo-o podemos afirmar que o mito exprime a solidariedade do homem com o mundo, a unidade dele mesmo com seus semelhantes e sua profunda e radical união com Deus. Explicitando estas afirmações, Piazza concede que os mitos definem o modo de agir, de integrar-se no campo das forças vitais para subsistir. ... Em resumo, definem-se os mitos pelo interesse pela vida presente.35 Martinez o descreve igualmente quando diz que o mito condiciona o homem a viver de uma maneira determinada. (O mito) é uma solução humana ao "problema da vida". E citando John Dunne afirma que o mito é a solução humana ao problema da morte.36 Invertendo a colocação afirma que a sociedade necessita do mito para dar um significado ao seu mundo e, desta maneira, perpetuar-se.37 Negar o mito de uma sociedade ou descartá-lo significa, então, negar o sentido da existência que uma sociedade dá, é declarar sem razão sua vida.

12. O Mito como Fator Fundante

Mircea Eliade apresenta uma argumentação detalhada sobre a incidência do mito na vida dos homens e de suas sociedades. Ele afirma: ... os mitos relatam não só a origem do mundo, dos animais, das plantas e do homem, mas também todos os acontecimentos primordiais em conseqüência dos quais o homem se transformou naquilo que é hoje, ou seja, um ser mortal, sexuado, organizado em sociedade, obrigado a trabalhar para viver, e trabalhando segundo determinadas regras. Se o mundo existe, se o homem existe, foi apenas porque os Seres Sobrenaturais desenvolveram uma atividade criadora nas "origens". (...) os outros acontecimentos tiveram lugar depois da cosmogonia e da antropogonia e o homem como é hoje, é o resultado direto desses acontecimentos míticos, é constituído por esses acontecimentos.38 De um lado fica evidente, nesta argumentação, o elemento fundante do mito na vida dos homens em sua globalidade, de outro lado, declara o autor o poder revelador do mito quanto às suas origens, quanto às sua situação real atual na vida concreta, em toda a sua globalidade.

Marcelo Fabri, por sua vez, argumenta sobre a atualidade do mito, afirmando que ... o tempo fabuloso das Origens representa a essência mesma da realidade presente. Ele é o fundamento sempre vivo de um passado que não morre jamais.39 Assim sendo, historia e atualidade estão profundamente articulados. A história mítica fornece, neste sentido, as razões de viver de determinada maneira concreta, justifica o modo de ser do homem no tempo presente.

Tarcísio Moura mostra o valor de podermos ter, ainda em nossos tempos, a presença de etnias chamadas depreciativamente de "primitivas", mas na verdade originais, no sentido mais exato da palavra "primitivo", o que nos leva ao conhecimento de modelos mais humanos da existência humana, modelos estes ofuscados e desvirtuados pelo desenvolvimento tecnológico das sociedades modernas. Ele escreve: ... o basicamente humano se funda, seja agora como outrora, todo ele no mito. Isto nos leva a modificar totalmente as perspectivas tradicionais sobre as civilizações primitivas. Porque, se é verdade ser o mito a fonte de todo o autenticamente humano, nada melhor para compreendê-lo, e também a nós mesmos, do que procurá-lo no comportamento primitivo, onde se encontra, por assim dizer, em estado puro. O homem primitivo não pode, então, ser encarado como o negativo de nossa civilização, mas sim como sua matriz primordial.40

Waldomiro Piazza desce a pormenores sobre a importância do mito declarando que os mitos são realidades fundamentais para o homem, porque dizem respeito aos seus anseios mais tipicamente humanos, como de uma felicidade integral, de uma sobrevivência eterna, coisas que só podem preocupar um ser que não é apenas matéria, mas também espírito.41

Malinowski, em outros termos, igualmente põe em evidência a abrangência do mito na vida concreta dos nativos, enquanto acontecimentos primordiais e fundantes, pressupondo alguns princípios gerais que invariavelmente têm uma ascendência lendária, histórica ou mitológica, de revelação precedente e primeva. E continua deduzindo daí: Ao relacionar os tipos gerais de atividades e seus efeitos sobre a vida total, seríamos capazes de estimar a função de cada sistema de atividades organizadas e assim demonstrar como em conjunto eles fornecem aos nativos alimento e abrigo, ordem e adestramento, sistemas de orientação ambiental e crenças segundo as quais essas pessoas se colocam em harmonia com o destino geral de suas vidas.42

No próximo número da NM continua a reflexão sobre o MITO.


6. Animação Missionária Inspetorial

Pe. Georg Lachnitt SDB

No dia 11 de novembro de 1875, Dom Bosco enviou os primeiros Missionários para a América Latina. Para manter vivo o interesse pelas Missões, é de grande utilidade a COMEMORAÇÃO DO PRIMEIRO ENVIO MISSIONÁRIO, NO DIA 11 DE CADA MÊS. Assim, o entusiasmo pelas Missões pode ser mantido vivo em nossas comunidades salesianas.

O Mês das Missões, o mês de outubro, brilhe com muitas iniciativas para reacender o entusiasmo pelas missões e para suscitar novas vocações missionárias.

Visitas do Delegado Inspetorial de Animação Missionária:

- 02-04 de agosto, Corumbá;

- 11-14 de agosto, Três Lagoas, Araçatuba e Lins;

- 16-18 de agosto, Cuiabá e Coxipó;

- 06-07 de setembro: Alto Araguaia, Guiratinga.


7. Cultura e evangelização43

Arcebispo Dom Thomas Menamparampil

1. Um estudo dos valores tribais

O termo “cultura” pode ter vários significados. Compreende os costumes que caracterizam um grupo social, a herança de uma determinada comunidade, significados, valores, regulamentos, ações e relações, crenças, leis, tradições e instituições, religiões, ritos, idiomas, canções, danças, festas, estilos de vida, ­artesanato, apetrechos, etc. de uma sociedade.

A minha definição do termo “cultura” colhe um pouco todos os significados mencionados acima, mas preferiria utilizar esta palavra, no presente contexto, primeiramente em referência aos traços característicos de uma comunidade ou aos valores e tradições através dos quais se exprime a alma e o caráter profundo de um povo.

2. A alma de uma comunidade

Como nos podemos aproximar da alma de uma comunidade? Como é possível identificar o seu ser profundo? A alma de um povo é revelada antes de tudo pelos valores nos quais crê. É verdade que a natureza humana é idêntica em qualquer raça e comunidade; do mesmo modo, porém, que os indivíduos têm preferências e preconceitos, as comunidades têm priori­dades, orientações mentais, interesses, temores, ambi­ções e aversões. Possuem portanto uma visão própria do mundo e uma mentalidade própria.

Trabalhando na região nordeste da Índia, desejo apresentar a cultura tribal com suas características.


3. Diversidades culturais

Quando nos referimos a culturas tribais, somos inclinados a pensar que sejam perfeitamente idênticas onde quer que se encontrem. Não poderia existir erro maior. Uma cultura tribal diferencia-se de uma outra assim como acontece para uma civilização.

Não podemos negar, contudo, que as culturas tribais tenham muitas características em comum, algumas das quais nos preparamos para examinar em profundidade.

4. No centro, a comunidade

Na sociedade tribal tudo é feito em comunidade. Os programas são desenhados durante os encontros coletivos da aldeia nos quais tudo se discute chegando-se às decisões com o consenso geral. Qualquer indivíduo tem o direito de exprimir a própria opinião sobre qualquer assunto, quer se trate da derrubada de arvores, da semeadura ou da colheita, da imposição de multas ou da declaração de tabu.

Alguns desses encontros de aldeia são comparáveis a um verdadeiro e próprio parlamento. Através do intercâmbio recíproco, a comunidade consegue pensar junto, buscar e encontrar soluções comuns. Conseqüentemente, as decisões tomadas no interior da comunidade têm uma tal força e validade que qualquer voz dissonante, sobretudo quando vinda de fora, não ­pode ser aceita.

A orientação comunitária faz com que os povos tribais prefiram rituais religiosos de tipo coletivo. Um Jingiaseng ou um Sabha encontrarão muito mais interesse numa hora de meditação individual. Encontros, congressos e jubileus, assim como as festividades e solenidades, representam grandes atrações e são, portanto, muito populares. Será, portanto, fácil organizar acampamentos, conferências, associações e grupos de oração.

Esforço maior será necessário, porém, para transmitir o hábito da oração pessoal e familiar, para difundir no indivíduo a necessidade de buscar um guia espiritual e fazer-lhe entender a importância de se construírem convicções pessoais.

5. A dimensão social da propriedade privada

A sociedade tribal reconhece o direito à propriedade privada, mas não se trata de um direito absoluto. A comunidade goza, de fato, de alguns direitos sobre a terra de propriedade individual ou familiar; tais direitos variam de tribo para tribo e podem ser: direito de passagem, direito de recolher água, de cortar bambu, de colher um fruto ou, até mesmo, direito de utilizá-la parcialmente, se esta estiver inutilizada.

Frases tipo “Proibido ultrapassar”, “Cuidado com o cão” ou “Proibido o ingresso” não têm qualquer significado numa sociedade tribal.

A mais bela virtude tribal é o desejo de partilha. O que pode ser economizado deve ser compartilhado. Na sociedade tribal tradicional, a estação da abundância é a estação da colheita. Não falta generosidade nesse período. As festas e celebrações do período indicam a vontade do indivíduo de compartilhar com o resto da comunidade aquilo que tem em excesso ou o que crê que tenha em excesso.

Assim sendo, na sociedade tribal há o risco de se ter pouca evidência, mas ao mesmo tempo, não existem mendicantes, indigentes ou pessoas abandonadas. O forte de­sejo de partilha do membro da sociedade tribal torna-o extremamente hospitaleiro mas, ao mesmo tempo, faz com que não tenha sucesso nos negócios.

Uma lei importante na partilha: o homem realmente necessitado tem um direito que deve ser respeitado.

Como dito anteriormente, a propriedade individual da terra nunca é total; do mesmo modo, não é imediata a sua separação em relação a ela e, por isso, os indivíduos têm pretensões sobre a terra dos outros.

Na sociedade tribal estas normas foram desenvolvidas para proteger os fracos e os pobres enquanto os ricos e poderosos jamais poderiam acumular muita terra nas próprias mãos, como acontece nas sociedades não-tribais e, do mesmo modo, os fracos não haveriam de perder o que possuíssem.

6. Sentido de igualdade

Já vimos anteriormente como as sociedades tribais diferem umas das outras, algumas absolutamente democráticas e outras que tendem à monarquia; não há dúvidas, porém, de que os valores democráticos dominam a vida tribal em seu conjunto. Nas discussões comunitárias, cada um pode exprimir a própria opinião, que é sempre levada em conta; há o reconhecimento geral da dignidade de uma pessoa, rica ou pobre, muito dotada ou limitada; as mulheres são consideradas com paridade em relação aos homens; as crianças são tratadas como pequenos adultos e, em vez de serem repreendidas ou punidas, são persuadidas e orientadas.

Ninguém é tratado como uma “não entidade”, marginalizado ou ignorado como acontece com freqüência nas sociedades mais sofisticadas. Uma tribo é como se fosse realmente uma família alargada onde uma pessoa recebe todas as atenções e cuidados que receberia em família. Nessa atmosfera, o indivíduo adquire um sentido de respeito por si próprio, e até o agricultor analfabeto está consciente da própria dignidade, não teme aproximar-se dos demais e faz suas afirmações sem embaraços, movendo-se entre as pessoas com grande familiaridade.

A antiga sociedade tribal não aceitava o acúmulo de riqueza nas mãos de poucos; se alguém se tornasse rico deveria buscar reconhecimentos especiais através de festas muito custosas (por exemplo, oferecendo arroz a toda a aldeia), que lhe teria conferido o reconhecimento buscado, mas o teria tornado novamente pobre como os demais. A comunidade tribal, em geral, evitava que surgissem classes dominantes ou classes submissas e, portanto, os relativos complexos de superioridade/inferioridade. Nos tempos modernos, contudo, a situação foi-se mudando rapidamente.

7. Honestidade

A honestidade é um valor absoluto na sociedade tribal. Nela, as portas das habitações não eram fechadas pois não se temiam os furtos. Os celeiros, que com freqüência estavam fora da aldeia pelo temor dos incêndios, jamais eram assaltados. A propriedade alheia era considerada sagrada: se alguém tivesse cortado um bambu, deixando-o pelo caminho para pegá-lo mais tarde, tê-lo-ia encontrado no mesmo lugar.

Este sentido de honestidade custa caro aos povos tribais no momento em que entram em contato com a sociedade externa. Não conseguem entender, de fato, como um indivíduo possa aproveitar-se do seu próximo.

8. A dignidade do trabalho

A principal preocupação de uma comunidade tribal é o “trabalho”, normalmente nos campos.

Diversamente das sociedades de classes, não existe grupo ou indivíduo que não trabalhe enquanto não existe trabalho que fira a dignidade de alguém. Ninguém tem medo de sujar as mãos e o trabalho de grupo é um prazer.

A vida tribal inteira é construída ao redor do ritmo do trabalho de acordo com a estação.

Não existe na aldeia alguém que seja preguiçoso na estação da semeadura ou da co­lheita. Em algumas tribos, até os estudantes universitários e os líderes políticos estão prontos para dar a própria contribuição nos campos, caso estejam na aldeia durante a estação de trabalho.

9. O amor dos pais pelos filhos

Os pais, nas sociedades tribais, tratam seus filhos como jovens adultos. Convencem-nos e os fazem raciocinar sem jamais forçá-los à sua vontade. Dão motivos para convencer e não impõem castigos para obrigá-los.

Esse modo de relacionar-se pode parecer frágil para alguém de fora da sociedade tribal, mas pode ser mais ­pedagógico e cristão do que outros métodos. O poder ­persuasivo do amor não deve ser subestimado. Os pais na sociedade tribal conseguem comunicar-se com seus filhos de modo invejável e obtêm a maior parte do que querem.

10. O respeito pelos anciãos

A norma suprema na sociedade tribal é a sabedoria dos anciãos.

As pessoas mais velhas são respeitadas e suas opiniões levadas em grande consideração.

Se faltarem as persuasões pessoais, pode-se apelar à sabedoria dos membros mais velhos da comunidade e pedir-lhes ajuda, e tudo pode funcionar como por magia.

11. Conclusões

Limitei-me ao estudo da responsabilidade do educador na execução da própria missão, de modo que seja coerente com o ser íntimo da população tribal e do seu dever de preservar e reforçar os genuínos valores tribais, que têm validade permanente. Isso porque quando salvaste a alma da comunidade, salvaste tudo.

Quando uma tribo é educada a partir de seu interior, educam-se todos os níveis e dimensões da sua cultura.

As canções tornam-se hinos de louvor ao Senhor; a arte e as formas artísticas refletem a alegria de Deus; as estruturas sociais e as relações em nível de família e de comunidade tornam-se dignas da família de Deus; as leis, as tradições e as práticas encarnam os valores éticos.

Esse modo de educar inaugura o dia em que se realizará a profecia de Jeremias: “Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: porei a minha lei no seu espírito, haverei de escrevê-la no seu coração. Então, eu serei o seu Deus e ele o meu povo. Não deverão mais se instruir uns aos outros, dizendo: reconhecei o Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior, diz o Senhor; pois eu perdoarei a sua iniqüidade e não me recordarei mais do seu pecado” (Jeremias 31,33-34).

A igreja de Rajanagar.



8. Reunião do CIMI-MS

No dia 10 de agosto de 2004 reuniram-se os companheiros/as do CIMI-MS na residência das Irmãs Lauritas de Campo Grande. Estiveram presentes as irmãs Lauritas Librada, Francis, Luz Dary de Aquidauana, Francisca e Dolores de Campo Grande, Ir. Anari de Caarapó, Orlando e Pe. Edson de Dourados, Saulo e Raimundinha de Brasília, Jorge Vieira e Pe. Georg do CIMI-MS.

Saulo apresentou um relato detalhado do processo que resultou com a intervenção no Regional em abril de 2002. Aliás, a intervenção teve como precedentes uma avaliação iniciada já em 1996 e que, após várias tentativas e desencontros, resultou no afastamento da coordenação de então, dentro dos critérios possíveis no estatuto do CIMI. Estão em andamento processos movidos de ambos os lados: de restituição de verbas desviadas, do lado do CIMI, e de processos trabalhistas movidos pelos ex-companheiros.

Entre as causas estão a falta de integração na Igreja do MS e das dioceses, a falta de transparência na administração e o fechamento do grupo aos agentes missionários do regional que não se afinassem com eles.

Depois de dois anos passados, com a vinda de Jorge Vieira e Alberto Capucci, com o apoio do Pe. Georg, entre dificuldades, tropeços e esforços individuais, o resultado esperado e previstonão foi atingido, que é: a reconstrução das equipes num regional de situações extremas dos povos indígenas, a relações articuladas com as dioceses e seus agentes de pastoral junto aos indígenas e o encaminhamento de novos projetos para garantir o funcionamento do CIMI-MS. Entre as ações individuais houve articulações políticas e com os movimentos sociais, iniciativas junto aos Guarani de Dourados e um trabalho de conscientização com os Terena de Miranda. Isto por parte dos membros da coordenação.

As Irmãs Lauritas da Diocese de Jardim conseguiram um projeto para as suas atividades; igualmente as de Campo Grande. A equipe de Caarapó está envolvida num projeto de educação escolar indígena, num programa da UCDB e pastoral de criança. A equipe nascente de Dourados, com o apoio decidido do Pe. Edson e do Pe. Odilo, com a saúde abalada, teve apoio da Coordenação, mas enfim foi dissolvida ... mas continua em ação.

Diante da falta de recursos e os desacertos, a diretoria do CIMI decidiu fechar por um tempo a sede de Campo Grande, no fim de mes de junho e protelado no fim de agosto, decisão no entanto sem tanta segurança diante das demandas por parte dos povos indígenas.

Continuam como desafios:

- a importância da luta pela terra;

- a distância dos bispos do CIMI-MS;

- a consolidação da equipes existentes e a promoção de novas equipes;

- a formação de missionários/as para os diversos campos de ação, atribuição original do CIMI;

- a elaboração de novos projetos diante da realidade, tendo presente o fechamento das agências diante da situação do CIMI-MS;

- as dioceses tem que assumir a questão indígena como própria, mas é preciso refletir sobre as reais intenções e finalidades das ações.

Foram levantados nomes sobre eventuais novos integrantes da coordenação e do trabalho indigenista do CIMI-MS, mas sem previsão imediata de participação.

Pe. Georg continua em seus esforços de articulação com as dioceses, paróquias e equipes.

Foram reservadas datas para o encontro da Coordenação Ampliada: 20/09 de manhã, 13/10, 08/11 e 06/12 de manhã. Foram previstos também dois encontro de formação dos missionários: 20-21/09 (espiritualidade missionária) e 06-07/12 (organizações indígenas).

Este foi um encontro tranqüilo de procura de novos caminhos, diante da história recente e dos desafios que a situação extrema dos povos indígenas postulam.


9. Paróquias de Dourados estudam a Pastoral Indígena

No dia 26 de julho de 2004 foi realizado um encontro dos padres que contam com a presença de indígenas em seu território. Para chegar ao encontro o Pe. Edson, coordenador diocesano da Pastoral Indigenista, e o Pe. Odilo, da equipe do CIMI-Dourados, visitaram pessoalmente nove párocos para conversar sobre e problemática indígena e convidá-los para o encontro marcado. Acolhida simpática de todos!

Os demais párocos foram contactados por telefone.

Fizeram-se presentes 20 pessoas, contando com párocos, leigos, religiosas e representantes do CIMI. Um belo grupo para iniciar uma caminhada, embora talvez fosse apenas a metade das pessoas que se envolvem com a questão.

Dom Redovino, bispo diocesano

D. Redovino saudou os presentes com palavras de animação. Ainda solicitou esforços para integrar todas as forças apostólicas atuando na diocese, respeitando a diversidade, o pluralismo, garantindo no entanto linhas comuns de ação. O início da atividade normalmente se dá pelo serviço de caridade, como testemunho da fé, e deve também integrar o anúncio do Evangelho, numa ação conjunta e integrada.

A realidade dos Povos Indígenas

De uma maneira espontânea foram relatados os seguintes assuntos:

- Em nosso contato com os índios, ele revelam um pouco, mas guardam a maior parte;

- São feitas visitas, levando coisas úteis à sua vida, mas sem celebrar;

- Procura-se conhecer algo de sua cultura e de seu modo de pensar;

- Constata-se a ação pesada dos pentecostais para converter os índios, mas não resolvem os problemas que afligem os índios;

- Nós brancos somos problema para os índios;

- Devemos tratar dos problemas deles como amigos.

- Para uma evangelização da cultura, precisaria de uma Paróquia Indígena;

- Diante de sua situação precária, na maior parte expulsos de seus territórios, vivem pedindo esmolas, comida e coisas mínimas para a sua vida;

- É difícil saber o que fazer; vai-se "para levar coisas" para diminuir certas situações; a Pastoral da Criança procura fazer sua ação com dedicação;

- Pergunta-se o que seja realmente a evangelização;

- Procuramos pregar pelo testemunho e ouvindo quando e o que nos falam;

- A evangelização é uma questão de método, como;

- Há ações isoladas com boa vontade individual e superposições, o que poderia ser melhor numa ação mais coordenada;

- Pode-se dizer que a questão indígena está longe da paróquia, embora esteja dentro dela.

Esclarecimentos

Pe. Georg e Roberto, do CIMI, apresentaram informações sobre a realidade indígena no MS e mais amplamente e a situação precária de como o governo enfrenta as situações. Alguns subsídios oferecidos demonstraram a realidade.

Prioridade e decisões

Depois de elencar os muitos desafios, foram definidas algumas prioridades:

1) Fazer visitas simpáticas às aldeias indígenas;

2) Reunir os que estão em contato com a realidade indígena e tentar integrar os esforços;

3) Elaborar um Plano de Pastoral Indigenista Diocesano;

4) Ouvir as lideranças e membros das comunidades;

5) Garantir tempo de reflexão sobre os diversos temas pertinentes;

6) Fazer um levantamento da realidade em cada paróquia, quanto à situação territorial, social e projeto incidindo sobre a diversas comunidades indígenas.

Próximo Encontro

No dia 13 de setembro, a partir das 14:00 hs.

Para isso convidar os ausentes para participar.

VALEU! Foi um esforço significativo para encaminhar a Pastoral Indigenista Diocesana.


10. Agenda

- Dia 11 de cada mês, comemoração da Primeira Expedição Missionária dos SDB e das FMA;

- 01-10 de setembro, atualização dos Missionários/as do CIMI, em Brasília;

- 04 de setembro, Visita do Reitor Mor dos SDB, Pe. Pascual Chávez

Villanueva a Merúri;

- 08-10 de setembro: Reunião dos Missionários/as em Merúri:

*08 - Reunião da Pastoral Indigenista Diocesana de Barra do Garças, em Barra do Garças;

*09 - Reunião da Região III (Paróquias Indígenas) da Diocese, em Merúri;

*10 - Reunião de Missionários SDB e FMA em Merúri.

- 13 de setembro: Encontro da Pastoral Indigenista Diocesana de Dourados;

- 20-21 de setembro-Encontro de Formação missionária do CIMI-MS

- 01-31 de outubro: Mês das Missões;

- 24 de outubro: Dia das Missões.

11. Publicações Diversas

Folders:

Índios, Xavante 1, Xavante 2, Xavante 3, Xavante 4, Bororo 1, Bororo 2, Nambiquara. - Aldeias Xavante 2004, Aldeias Kaiowá e Guarani, Aldeias Terena-Kinikinaua-Aticum-Guató-Kamba-Kadiwéu-Ofayè Xavante.

Livros recentes do CDI:

TSAWE, Jerônimo. A'uwe na Rowatsu'u 1. Campo Grande, MSMT-UCDB, 109 p. 2ª ed. 2004

TSAWE, Jerônimo. A'uwe na Rowatsu'u 2. Campo Grande, MSMT - UCDB, 114 p. 2ª ed. 2004

HITSÉ, Xavante Rafael e outros. O Meu Mundo - Wahöimanadzé - Livro de Leitura. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2ª ed. 2002, 107 p.

LACHNITT, Georg e TSI'RUI'A, Aquilino Tsere'ubu'õ (Coord.s). Ihöiba prédu 'rãti'i na'ratadzé - Iniciação Cristã de Adultos. Campo Grande, MSMT-UCDB. 2004, 71 p.

VV.AA. (Coord.) Romhurinhihötö Nhoré Waihu'uprãdzé - Cartilha de Leitura I. 2ª ed. Campo Grande, MSMT, 2004, 47 p.; MSMT-UCDB, 2004, 47 p.

VV.AA. (Coord.) Rowatsu'u Nhorédzé-Cartilha de Leitura II. 2ª ed. Campo Grande, MSMT, 12004, 106 p.; 2ª ed. MSMT-UCDB, 2004, 106 p.

LACHNITT, Georg. O Símbolo "Água" na Iniciação Cristã. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 126 p.

LACHNITT, Georg. Estudando o Símbolo. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 151 p.

LACHNITT, Georg. Ritos de Passagem do Povo Xavante - um estudo sistemático Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 155 p.

OBS: Eventuais pedidos sejam dirigidos ao CDI, com o endereço acima.

1Francisco FERNANDES, Dicionário brasileiro contemporâneo, verbete: Mito.

2Benedetto BONAZZI, Dizionario greco-italiano, verbete: Mythos.

3Claude LÉVI-STRAUSS, Antropologia estrutural, p. 242.

4Waldomiro O. PIAZZA, Introdução à fenomenologia religiosa, 1983, p. 207; Cf. ibidem p. 209, 210, onde chama o mito de formas literárias.

5Mircea ELIADE, Aspectos dO mito. p. 139, citando Grant.

6Ibid.

7Ibid. p. 15.

8Ibid. p. 15.

9Luis Campos MARTINEZ, Utopia somos nosotros, antropologia, p.237.

10Raul Ruiz de Asúa ALTUNA, Cultura tradicional Banto, p. 38.

11Luis Campos MARTINEZ,Utopia somos nosotros, antropologia,p.237.

12Mircea ELIADE, Aspectos do mito. p. 17.

13Cf. Tarcísio MOURA, O mito, matriz da arte e da religião, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 53.

14Cf. ibid. p. 26, 46-48.

15Cf. ibid. p. 48; cf. Luis Campos MARTINEZ, Utopia somos nosotros, antropologia, p. 237; cf. Maria da Piedade Eça de ALMEIDA, Mito: metáfora viva? in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 64.

16Augusto Novaski, Mito e racionalidade filosófica, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 25.

17Cf. Tarcísio MOURA, O mito, matriz da arte e da religião, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 51-54; cf. Marcelo FABRI, A presença dos deuses, in: ibid. p. 31; cf. Thomas F. O'DEA, Sociologia da religião, p. 63.

18Tarcísio MOURA, O mito, matriz da arte e da religião, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 50.

19Constança Marcondes CÉSAR, Implicações contemporâneas do mito, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 37.

20Tarcísio MOURA, O mito, matriz da arte e da religião, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 48-49; cf. Luis Campos MARTINEZ, Utopia somos nosotros, antropologia, p. 237.

21Mircea ELIADE, Aspectos do mito. p. 12.

22Marcelo FABRI, a Presença dos Deuses, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 31, citando Mircea ELIADE, História das religiões, p. 490.

23Cf. Thomas F. O'DEA, Sociologia da religião, p. 63.

24Luis Campos MARTINEZ,Utopia somos nosotros, antropologia,p.237.

25Maria da Piedade Eça de ALMEIDA, Mito: metáfora viva? in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 62.

26Cf. Constança Marcondes CÉSAR, Implicações contemporâneas do mito, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 39.

27Luis Campos MARTINEZ,Utopia somos nosotros, antropologia,p.237.

28Maria da Piedade Eça de ALMEIDA, Mito: metáfora viva? in: Régis de MORAIS (org.), As Razões do mito, p. 59, citando Mircea Eliade, Mito e realidade, p. 8.

29Cf. Lúcio PINKUS, O mito de Maria, uma abordagem simbólica,p.40.

30Cf. ibidem p. 34; cf. ainda Tarcísio MOURA, O mito, matriz da arte e da religião, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 48-49; cf. ainda Waldomiro O. PIAZZA, Introdução à fenomenologia religiosa, 1983, p. 205, 212.

31Luis Campos MARTINEZ,Utopia somos nosotros, antropologia,p.237.

32Ibidem, pg, 237.

33SUESS, Paulo. Inculturação, Desafios - Caminhos - Metas. in: REB 03/89 fasc. 193 p. 784.

34Thomas F. O'DEA, Sociologia da religião, p. 63, cf. ainda Claude LÉVI-STRAUSS, Antropologia estrutural, p. 241.

35Waldomiro O. PIAZZA, Introdução à fenomenologia religiosa, 1976, p. 36.

36Luis Campos MARTINEZ,Utopia somos nosotros, antropologia,p.237.

37Ibidem, p. 238.

38Mircea ELIADE, Aspectos do mito. p. 17.

39Marcelo FABRI, A presença dos deuses, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 32, citando Mircea ELIADE, O mito do eterno retorno.

40Tarcísio MOURA, O mito, matriz da arte e da religião, in: Régis de MORAIS (org.), As razões do mito, p. 49.

41Waldomiro O. PIAZZA, Introdução à fenomenologia religiosa, 1983, p. 217.

42Bronislaw MALINOWSKI, Uma teoria científica da cultura.p.54-55.

43Trechos tirados de Thomas Menamparampil, “Thoughts on Evangelization”, cap. III; esta reflexão, por sua vez, foi extraída do Dossiê da "Jornada Missionária Mundial, do Dicastério das Missões dos SDB, de 2004 p. 29-32.