Bakaru Rowatsu's (noticias misionarias)| 07



Missão Salesiana de Mato Grosso

ANIMAÇÃO MISSIONÁRIA INSPETORIAL

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO INDÍGENA (CDI)

Av. Tamandaré, 6000 - Jd. Seminário

Caixa Postal 100 - UCDB

79.117-900 Campo Grande MS

Fone (067) 312-3600 / 3731 Fax (067) 312-3301

E-mail: lachnitt@ucdb.br








Coordenação: Delegado Inspetorial de Animação Missionária:

Pe. Georg Lachnitt SDB





Digitação e Diagramação: Georg Lachnitt





Impressão: Mariza Etelvina Rosa Irala

Centro de Documentação Indígena

UCDB - Campo Grande MS




Capa:

BAKARU, palavra Bororo, significa: o que se conta, notícia

ROWATSU'U, palavra Xavante, significa: o que se conta amplamente, notícia

Apresentação


Este número das NM começa com a notícia das reuniões missionárias, como hoje podemos dizer. Antigamente era apenas uma reunião de missionários SDB e missionárias FMA, duas vezes por ano, desde 1974. Há dois anos, já na presença de Dom Protógenes José Luft, atual bispo diocesano de Barra do Garças, a Pastoral Indigenista foi assumida com própria da diocese, e assim há hoje a Reunião da Pastoral Indigenista da Diocese de Barra do Garças, em que participam todos os que se envolvem com a questão indígena na diocese. A diocese se divide em Regiões, sendo a IIIª a das paróquias indígenas. E por fim, SDB e FMA continuam em sua costumeira reunião, para tratar de questões missionárias da Família Salesiana.

A segunda parte do relatório do IIIº Seminário sobre a Inculturação da Liturgia entre os Povos Indígenas, a saber, as contribuições dos grupos, mostra amplamente quantas propostas surgiram a partir das experiências relatadas, das contribuições dos assessores e em vista da continuidade da reflexão e prática da inculturação da liturgia. Não foi feita nenhuma síntese, para não delimitar e direcionar unilateralmente a reflexão e prática localizada.

A VIª reflexão sobre cultura pretende fechar com a reflexão sobre a cultura em geral para, nos próximos números, dedicar atenção a aspectos particulares importantes, tais como, o mito, a ritualidade, e símbolo etc.

O Curso de Agentes de Pastoral Xavante em Areões torna-se singularmente importante, uma vez que, após anos de reflexão, começa agora apresentar-se o fruto dessa iniciativa, que é a conclusão de uma parte da iniciação cristã através da celebração do sacramento do batismo e a recepção da Eucaristia, pela primeira vez nesta área indígena em diversas aldeias.

Os Critérios para Vocações Indígenas mostram outro esforço de missionários/as para acolher o dom de Deus de vocações ministeriais e religiosas dos Povos Indígenas.

A Paróquia de Miranda mostra um precioso fruto de levar a efeito o esforço pela inculturação da liturgia, que os bispos em Santo Domingo declararam urgente.

Pe. Georg Lachnitt SDB

1. Reunião da Pastoral Indigenista de Barra do Garças1

No dia 12 de maio se reuniram missionários e missionárias na Cúria diocesana de Barra do Garças. Faltaram, com exceção de um só, os demais párocos que têm indígenas em sua paróquias fora das Áreas Indígenas. A reflexão inicial versou sobre a realidade conflitiva da conjuntura atual mais ampla. Nota-se um posicionamento englobalistas de gente que vê o futuro dos Povos Indígenas na integração no mercado do trabalho e na participação no sistema produtivo do latifúndio. No entanto, o sistema prevê beneficiados e incluídos apenas 40 milhões da população nacional, 120 milhões são excedentes, entre os quais os indígenas. Os indígenas fazem soma com os MST, sem Teto, sem Trabalho, sem ..... Se estes conseguirem uma terra para garantir sua subsistência autonomamente, poderão ter sua sobrevivência garantida, apesar de estarem excluídos. Ficou porém a pergunta: Qual é o futuro dos Povos Indígenas, sobretudo os que ainda não têm suas terras demarcadas e homologadas?

Refletiu-se ainda sobre maneiras de fazer participar os padres que, de fato, enfrentam sem muito resultado, a presença dos indígenas, sobretudo estudantes. Achou-se interessante a proposta de convocar os estudantes na cidade, na maioria Xavante, para um encontro e para fazer-lhes uma proposta de maior convivência, mecanismos de garantir a animação cultural e assim evitar melhor os malefícios do sub-mundo urbano com fumo, álcool, drogas etc. Pe. Aquilino é figura imprescindível num encontro desse tipo.

Constata-se uma diminuição da atuação da FUNASA nas áreas indígenas, pelo que, em razão de atendimento à saúde, muitos indígenas têm que dirigir-se à cidade, sobretudo mulheres com as crianças. Os postos da FUNASA estão abandonados e vazios e os veículos paralisados. Que será do governo quanto ao atendimento à saúde?


2. Reunião da Região III da Diocese de Barra do Garças2

No dia 13 de maio reuniram-se em Sangradouro missionários e missionárias das quatro paróquias indígenas, Sangradouro, Merúri, São Marcos e São Domingos Sávio, com a presença importante do Inspetor dos SDB e da Inspetora das FMA.

De início, cada grupo fez um breve relato da realidade atual de cada paróquia e dos desafios que solicitam prioridade.

Em seguida, Tião, da Diretoria do CIMI em Brasília e antigo coordenador do CIMI-MT, veio prestigiar o encontro com sua preciosa assessoria, sobre o tema CONJUNTURA. De uma maneira ampla e geral, os Povos Indígenas ficaram de lado, no atual governo. Devido à composição do governo, mesmo os direitos legítimos garantidos pela Constituição de 88 são negociados, não só quanto aos povos indígenas. Houve um encontro dos Povos Indígenas com o presidente Lula, no dia 10 de maio, mas sem anúncio de medidas concretas longamente esperadas. A homologação da A.I. Raposa-Serra do Sol de Roraima foi anunciada, mas sem esclarecer de que tipo, área contínua, de direito, ou área cortada em faixas, entre plantadores de arroz e índios. O PT não está cumprindo o que foi prometido solenemente na campanha eleitoral.

De tarde, passou-se a refletir sobre os projetos de parceria, sobretudo na questão de arrendamento de terras indígenas para exploração agrícola pelos latifundiários, liderados pelo governador de MT Blairo Maggi. O Projeto de Reconstrução de uma aldeia tradicional Bororo, concedido ao Paulinho Bororo pelo Min. de Cultura Gilberto Gil, no valor de R$ 3,6 milhões, parece ser uma das peças para "compensar" os índios para parar de reclamar direitos, como aliás são os projetos de parceria. A suspensão dos Xavante de tomar posse da terra homologada de Marãiwatsédé, é mais uma peça, sem falar da ampla problemática no Mato Grosso do Sul. Os direitos mais legítimos são negociados pelo governo.


3. Reunião dos Missionários SDB e FMA em Sangradouro3

Esse dia começou com o retiro trimestral de SDB e FMA. Depois da oração inicial, Pe. Afonso apresentou um profunda reflexão sobre espiritualidade salesiana e missionária, em base a um estudo do Pe. Braido. A celebração da reconciliação foi concluída com a concelebração da Eucaristia.

De tarde, foram tratados temas de atualidade das missões salesianas da inspetoria.

Educação Escolar Indígena:

O Estado de Mato Grosso, através da SEDUC, instalou amplamente escolas indígenas nas aldeias e, onde já tivesse o ensino básico de 1ª-4ª séries, ampliou de 5ª-8ª séries e, nalgumas escolas, instituiu também o 2º grau. Professores são os próprios indígenas, já que vários estão realizando seus estudos de 3º grau em Barra do Bugres e 14 indígenas, por sua vez, a formação para o ensino básico na UCDB de Campo Grande. Os cargos administrativos inclusive são exercidos pelos indígenas, incluindo a direção. Isso repercutiu nas nossas missões com um movimento que também os missionários fossem substituídos por indígenas. Pena é que, na hora da execução, faltaram as verbas respectivas no Estado, também para garantir eventuais professores e assessores externos.

Com esse pano de fundo, a discussão se desenvolveu em duas direções:

- Numa, pensou-se de entrar simplesmente nesse movimento passando a direção das nossas escolas para os indígenas, se as respectivas comunidades indígenas assim o quisessem. Nossa nova missão então consistiria em prestar assessoria às escolas indígenas naquilo que for solicitado e o que estiver ao nosso alcance.

- Noutra, levou-se em conta que, por longos anos, os cargos de diretores e do pessoal de administração foram apresentados pela Missão e homologados pelo Estado, por concessão do Estado. Cumprimos então nossa missão de salesianos e salesianas oferecendo aos indígenas uma escola de qualidade, com um significativo esforço de que as escolas sejam cada vez mais indígenas e participadas com os professores indígenas. Em alguns lugares houve e há extensão das nossas escolas em outras aldeias através de salas de aula. Nessa condição poderíamos continuar, também em vista de futuros cursos de nível superior a oferecer nas áreas indígenas, a partir do nosso futuro Centro Universitário a ser instalado em Cuiabá.

A presença salesiana missionária entre os povos Bororo e Xavante sempre soube atualizar-se para uma ação eficaz entre eles. Assim os tempos atuais estão exigindo passos que acompanham as novas exigências dos tempos e dos lugares.

Critérios para Vocações Indígenas:

Desde o início das nossas Missões entre os Bororo e Xavante tentou-se enfrentar o desafio das vocações indígenas. Já nos anos 60 houve candidatos e experiências, dentro da mentalidade da época. Apesar de quase nenhum resultado bem sucedido, a ordenação sacerdotal do Pe. Aquilino mostrou que é possível pensar seriamente em vocações de indígenas, naturalmente destinando-se prioritariamente à evangelização de sua gente e, se for o caso, num sentido de envio missionário, também serem enviados a trabalhar no mundo em geral, em nossas inspetorias. Há novos candidatos nas casas de formação, no aspirantado, noviciado e pós-noviciado, atualmente. Para pessoas específicas, critérios específicos! Depois de várias experiências e incertezas de como manipular os pedidos, o Pe. Lauro desencadeou a reflexão para definir alguns critérios que servissem de orientação para os candidatos indígenas que se apresentarem. Dentro em breve os CRITÉRIOS estarão à disposição dos interessados.

Divisa entre Bororo e Xavante:

Em 1918, o governador de MT concedeu 2 lotes de 25.000 ha cada aos Bororo de Merúri. Quando um grupo dos Xavante chegou em Merúri em 1956, foram ocupar um final de um desses lotes, a 39 km de Merúri, São Marcos. Com a demarcação da Reserva São Marcos, em 1975, pela FUNAI, esse lote incorporou a reserva Xavante. Quando da demarcação definitiva da terra Bororo em 1976, após tratativas, parte da antiga área Bororo do 2º lote foi devolvida aos Bororo, pelo que a divisa chegou a 6 km distante de São Marcos.

Em 2002 houve a grande divisão da aldeia de São Marcos e o grupo maior que saiu se localizou, para fins de conclusão dos rituais do DARINI, perto da divisa das duas áreas. Concluídos os ritos, esse grupão se dividiu em cinco outras aldeias, ficando um grupo no mesmo lugar.

Muito se falava de os Xavante terem invadido a terra dos Bororo e acusações não faltaram.

Aos 14 de fevereiro, um grupo de oito Bororo foi até a aldeia Guadalupe para uma verificação. A recepção foi em estilo intimidador Xavante, mas enfim acolhedor e esclarecedor. Nem a caixa d'água com o poço, nem a construção da escola nova pela Estado de MT, nem a aldeia estão em território Bororo. Apenas fofocas! É verdade, o ex-deputado Juruna ficou sepultado em terra Bororo. Há também uma outra aldeia pequena que tem duas casas provisórias além da divisa, até a construção da aldeia definitiva.

Valeu a visita esclarecedora e uma paz relativa voltou às duas comunidades, digo relativa, pois conversas sobre futuras invasões maiores pairam ainda pelas ares. Valeu o esforço dos missionários de deixar os próprios índios resolverem seus próprios problemas.

Centenário de Sangradouro:

Missionários e Missionárias, com os Bororo e Xavante, já pensam no centenário da Missão em Sangradouro. O terreno terreno da Missão, de 15.000 ha, foi comprado de um fazendeiro, Dr. Manuel Joaquim dos Santos, onde a primeira missa foi celebrada aos 24 de maio de 1906. Ainda não há muita coisa definida para as comemorações, também há tempo até lá. Uma idéia seria, à maneira com aconteceu por ocasião do centenário de Merúri, organizar um

Centro Cultural em Sangradouro:

Diante da proximidade da cidade de Primavera, 50 km, há muita influência maléfica que prejudica a vida dos dois povos indígenas. Há também muitas visitas turísticas para conhecer os índios. Consolidar a pertença cultural e oferecer aos visitantes informações sobre esses dois povos, eis dois objetivos do projeto.

Ministérios Indígenas:

Há alguns anos, os cursos de agentes de pastoral Xavante aprimoraram a formação de Ministros da Palavra, sobretudo nas aldeias, onde o sacerdote passa apenas mensalmente ou menos ainda. A idéia foi acolhida com simpatia, e Dom Antônio Sarto, então bispo diocesano de Barra do Garças, instituiu o primeiro grupo em Parabubure. A rigor, os dirigentes do culto dominical já em ação foram homologados em seu ministério. Vários deles continuam até hoje atuando com consciência e competência, uns poucos tomaram outros rumos. Algum tempo depois, em Sangradouro, outro grupo recebeu esse ministério, naturalmente em um contexto diferente daquele descrito acima. Parece que essa iniciativa estacionou. Como dar novo vigor a esses ministérios, que deveriam ter sua continuação na instituição do ministério extraordinário da eucaristia e, num futuro mais distante, resultar no diaconato permanente nas diversas aldeias Xavante? Discutiu-se um pouco, sem porém chegar a conclusões mais consistentes.


4. IIIº Seminário de Inculturação da Liturgia no Meio dos Povos Indígenas (II) - Trabalho de Grupos

Dando continuidade na divulgação do IIIº Seminário, apresentamos aqui o resultado dos cinco grupos de trabalho, tal como foram apresentados em plenário. Não se trabalhou em conclusões mais comuns. A riqueza de cada grupo dá abertura a muitas iniciativas, que cada qual, à sua maneira e de acordo com as diversas instâncias, poderá levar a efeito.

GRUPO 1

AVANÇOS:

- É uma riqueza muito grande participar de um encontro com pessoas que estão trabalhando com os povos indígenas;

- Muito proveitoso contar com a partilha de especialistas em liturgia. O tema da inculturação é uma caminhada que merece ter continuidade;

- A Comunicação com outros povos ajuda a enriquecer mais os nossos trabalhos; os ritos, as celebrações, as línguas e culturas indígenas são de uma grande riqueza e ao mesmo tempo de um grande desafio para a liturgia;

- As perguntas que ficam são: qual é o papel dos povos indígenas neste processo? Qual o papel da teologia, da liturgia hoje?

DESAFIOS:

- As colocações de Pe. Ariovaldo iluminaram-nos e nos fizeram voltar a uma realidade de frente. Nos mostra que é possível celebrar o mistério pascal hoje dentro das realidades culturais de cada povo. Um grande desafio de coragem.

- Estar aberto as culturas salvando sempre o núcleo do sacramento e deixando a liberdade para que as culturas façam sua liturgia.

- O sentido da celebração deve aprovar uma presença de Deus amor e não de um Deus que castiga. A elevação do homem como filho de Deus e a realização deve ser o concreto em toda vida de fé celebrativa.

- O grande desafio é ajudar a viver com os povos o ressurgimento e o amadurecimento da cultura que aos poucos alguns povos vão pedindo (isolar as culturas ou entrar em diálogo?).

- Poder estudar mais com os teólogos, com os povos indígenas para refletir e avançar;

PASSOS:

- Trabalhar em primeiro lugar nos diversos níveis com os missionários. Preparar o missionário para enfrentar a realidade com o devido conhecimento ou vivência;

- Ter clareza o que é liturgia e inculturação;

- Provocar encontros entre os próprios indígenas;

- Os agentes devem ser os próprios indígenas;

- Promover nos regionais encontros com as equipes de liturgia, catequese e Cimi; promover momentos de partilha com os índios de seus ritos e relação com o sagrado;

- Procurar entrar em comunhão entre nós mesmos, para expor nossas divergências ou questionamentos pastorais;

4º SEMINÁRIO:

- Investir para o próximo ano acontecer os seminários regionais ou diocesanos sem se preocupar com o número de participantes;

- Seminário de 02 em 02 anos (momentos de trocar as ricas experiências locais);

- O próximo seminário deve acontecer em 2006, em Brasília, por ser um local central;

- O tema deveria continuar o assunto iniciação e a celebração da palavra;

SUGESTÕES:

- Ampliar os dias para o seminário;

- Contar com a presença de indígenas;

- Contar com a presença do Cimi e de missionários que atuam junto aos índios; assim como de liturgistas;

- Promover uma noite cultural;

GRUPO 2

AVANÇOS:

- A apresentação das experiências;

- Presença e participação dos povos indígenas neste seminário;

- Coragem de se colocar nesse caminho de buscar o conhecimento das culturas;

- Desperta a necessidade de conhecer mais profundamente as culturas indígenas;

- Existência de um rito de batismo inculturado a ex. dos Xavante;

- Cada povo tem um eixo cultural que o caracteriza;

Ex. Tuwuca – em torno da fraternidade das pessoas e com os seres com os quais convivem;

Xavante – Processo de maturação através da vida;

Bororo – relação íntima com os espíritos e o funeral como centro de toda a vida ritual;

Terena – Saci como protetor do bem, que também pode fazer o mal;

- Em ter claro que benefícios podemos acrescentar as culturas indígenas;

DESAFIOS:

- Conhecer melhor as culturas e a liturgia (também através dos documentos do magistério da Igreja);

- Desapegar dos elementos secundários do nosso rito;

- Participantes dos rituais indígenas com fé, não como algo estranho;

- Dar oportunidades aos agentes indígenas para agir, suscitar vocações;

- Abrir as portas para as culturas indígenas – abrir mais espaços;

- Promover a inculturação em todas as áreas da evangelização;

- Desenvolver uma evangelização básica para poder acontecer uma inculturação da liturgia;

PASSOS:

- Comunidade: transmitir o que vivenciamos neste seminário;

- Participar com fé mais das liturgias dos povos indígenas;

Nos regionais:

- Encontros em novembro. Encontros orientados pela coordenação nacional (comissão missionária, CIMI, e comissão para a liturgia da CNBB) em preparação ao seminário nacional;

- Sugestões: Formar uma comissão composta por 01 ou 02 membros das comissões ou entidades;

Nacional:

- Os missionários darem mais importância aos cursos oferecidos pelo CIMI;

- Ver fontes para financiar os encontros (elaborar projetos);

Com quem contar?

- As pró-graduações em missiologia e liturgia deveriam se envolver nesse processo;

4º SEMINÁRIO:

- Deve-se promover outro seminário em agosto de 2005. Antecedido de outros encontros regionais que devem acontecer a partir de novembro deste ano.

- Assunto: Símbolos significativos para as culturas e religiões dos povos indígenas;

- Participantes: Representantes das pró-graduações; tentar uma continuidade dos participantes deste 3º seminário;

- Devem participar padres e agentes que trabalham com os povos indígenas e os próprios indígenas;

GRUPO 3

AVANÇOS:

- Maior representatividade de missionários e índios;

- Preocupação da Igreja (CNBB) em acompanhar e compreender;

- A presença e o apoio dos bispos;

- A partilha das experiências;

DESAFIOS:

- Precisamos investir mais nessa temática da inculturação e articular com outras dimensões: catequese, teologia...;

- Ir com mais calma, ter paciência, escutar mais a cultura dos povos indígenas;

- Como trabalhar esse tema na prática?

- Conhecer mais a nossa própria cultura e a nossa liturgia.

- Ampliar a participação de missionários e indígenas nesses seminários;

PASSOS:

- Partilhar essas experiências com as Igrejas locais (dioceses, regionais);

- Resgate das culturas;

- Partir do que já existe nas comunidades indígenas, fazendo experiências de inculturação nos vários espaços da vida;

- Reforçar os passos iniciados e ter coragem em avançar;

- Trabalhar a pessoa (índios, padres, religiosos), a nossa identidade, gostar de ser o que se é, desenvolver a auto-estima;

- Trabalhar nas bases regionais com encontros regionais com essa temática;

- Encontros nacionais a partir do trabalho feito pelas regiões, sempre de 02 em 02 anos, dando continuidade ao mesmo tema deste 3º seminário;

4º SEMINÁRIO:

- Devemos continuar os seminários. Durante 01 ano realizam-se os seminários regionais para se trocar as experiências locais e envolver as dimensões como catequese e liturgia;

- Realizar o seminário nacional de 02 em 02 anos. O próximo no dia 06 de março, dando continuidade ao tema atual;

- A equipe em nível nacional deve envolver a comissão interdisciplinar para articular com as outras dimensões.


GRUPO 4

AVANÇOS:

- Consciência do papel missionário, como aquele que deve conviver, aprender a cultura, a língua;

- Consciência clara de reforçar este processo de inculturação;

- Preocupação das organizações (comissões missionárias, CIMI, CEM) base e apoio para sustentar essa experiência de inculturação;

- Algumas comissões indigenistas estão preocupadas e trabalhando neste processo de inculturação;

-Alguns ritos com elaboração inculturada;

DESAFIOS:

- Necessidade de seguir aprofundando nestas questões, a alegria de ver pessoas trabalhando com essas questões;

- Necessidade em aprofundar a reflexão a partir de um ritual;

- Das organizações de responsabilidade, apoiar a quem está tentando fazer alguma coisa neste campo;

- Respeito à cultura diferente; e respeito à própria cultura;

- Cada nação indígena tem seus universos de valores. Possuem ritos apropriados;

- Não ter medo de propor com gentileza a verdade da fé. Deixar-se tocar, despojar-se e assumir, e depois com humildade ensinar;

PASSOS:

- Nas comunidades continuar aprofundando a vivência, a experiência de inculturação, juntos missionários, comunidades indígenas. Sabendo que é um processo lento e que implica risco;

- Conhecer melhor a realidade de cada povo. Acompanhar de perto;

- Preocupação de haver uma catequese inculturada, caminhando junto com a liturgia;

- Pegar experiências concretas. Sistematizar e aprofundar, a partir da cosmologia do rito;

Regional.

- Que nos regionais se façam seminários convocando: O CIMI, lideranças indígenas, responsáveis da liturgia e responsáveis das missões;

- Redefinir e aprofundar com um tema como o de ritos de iniciação.

4º SEMINÁRIO.

- Realizá-lo em 2006 em Brasília, no mes de março, abordando o tema ritos de iniciação.

SUGESTÕES:

- Valorizar a parte dos assessores para dar fundamento nesse processo de inculturação – Ubiquação;

GRUPO 5

AVANÇOS:

- Foi alcançado o objetivo deste encontro;

DESAFIOS:

- Não podemos ter só a liturgia indígena, pois são vários e diferentes povos. Porque precisamos respeitar os vários povos;

- Descobrir o momento histórico, o momento em que cada povo se encontra neste processo de inculturação;

- É importante “descascar” e achar o miolo. Voltar às fontes da cultura indígena e da liturgia;

- Respeitar, tirar as sandálias, pois estamos entrando numa terra sagrada;

- Conhecer uma cultura diferente exige tempo, convivência e constância. Deixar-se despojar para ir às fontes da cultura indígena, da liturgia cristã;

- Missionários capacitados na dimensão litúrgica-teológica;

- Método do diálogo respeitoso;

PASSOS:

- Carta pastoral dos bispos responsáveis (dimensões missionárias, catequética e litúrgica), assim como dos bispos, cujas dioceses têm a presença de povos indígenas;

- CNBB (bispos e dimensões missionária-catequética-litúrgica e formação), seminários e CRB, em apoio e acompanhamento das experiências, aceitando os limites;

- Redescobrir a liturgia como cume da vida em todos os níveis;

4º SEMINÁRIO:

- Partir das experiências para conhecer o mundo (cosmologia) indígena;

- Tema inicial: a relação de parentesco e seus ritos de iniciação no clã (tribo) com assessoria do Pe. Justino;

- Apresentar e conhecer a teologia litúrgica cristã;

- Presença das pessoas que se encontram neste seminário;

SUGESTÕES:

- Dar continuidade, cursos para entender o que é inculturação e inculturação da liturgia; nesse sentido o próximo seminário deverá acontecer em 2006 – início da quaresma, local em Brasília.

Tema: Continuidade do assunto sobre sacramentos de iniciação e sugestões de cursos sobre inculturação da liturgia.

Após o debate sobre as propostas apresentadas pelos grupos, encerramos o encontro com a presença dos índios Truká que apresentaram a dança do Toré.

Pe. Jesus Arbella – SDB, Ir. Anita Sabini, Claudemir Teodoro do C. Monteiro -CIMI.


5. O que é Cultura (VI)

Pe. Georg Lachnitt SDB

1. Mudanças da Cultura

As teorias evolucionistas, sejam unilineares ou multilineares, constroem suas teorias sobre as mudanças culturais, mudanças estas constatadas em outros campos da ciência. O difusionismo parte do mesmo fato e o analisa mais a partir da história e os intercâmbios culturais que ocorrem entre diversas culturas. O funcionalismo igualmente analisa as mudanças constatadas do ponto de vista funcional. Em nossos dias, constatamos rápidas mudanças culturais provocadas de diversas maneiras, quando não encaminhadas conscientemente pelos "criadores de cultura".

No âmbito da cultura material, constatamos que a grande maioria das mudanças culturais são por natureza substituições.4 O machado de pedra é substituído pelo machado de ferro, a lamparina é substituída pela luz NEON, a viagem a pé é substituída pela viagem em Boeing, a pena de escrever é substituída pela informática, a comunicação de pessoa a pessoa é substituída por rádio, televisão, telefone, telefax, internet, via satélite. Culturas ameaçadas de extinção pela escassez de alimentos básicos, de repente se tornam viáveis por nova tecnologia que, porém, traz consigo novos padrões sociais nos quais ela se desenvolve, em parte, enquanto outros elementos tecnológicos deixam intocados certos padrões sociais conexos. Grandes centros urbanos milionários, antes impraticáveis, agora se tornam viáveis, por um novo sistema de abastecimento das necessidades básicas através do comércio.5

As mudanças a nível de cultura material se apresentam como um fato, não só na sociedade em geral, mas sobretudo numa sociedade indígena de recente contato com o "mundo civilizado". Parece que um "rolo compressor" está passando sobre estas sociedades primitivas para esmagá-las. Os métodos para conseguir a subsistência, de repente, se tornaram inadequados. A sociedade que vivia com um sistema social equilibrado e com tecnologia proporcional para conseguir o sustento por caça, pesca e coleta está mudando compulsoriamente, pois o mundo "civilizado" não permite a alternativa tradicional.

Como toda a cultura é constituída por uma globalidade interrelacionada, toda a mudança, seja qual for, o nível em que ela se processar, atinge de diversas maneiras a globalidade.

Existem sempre dois movimentos opostos: a dimensão estática da cultura, garantida mais pelas instituições, sistemas sociais e simbólicos e, em última análise, pelo núcleo da cultura, e a dimensão dinâmica, renovadora, transformadora da cultura. Toda cultura, ao mesmo tempo que é garantia de estabilidade, contém, igualmente, a capacidade nativa de ser dinâmica, portanto, adaptável a novas realidades geográficas, climatológicas, produtivas etc. Todo o conjunto interrelacionado de uma cultura sofre um permanente processo de evolução, está se reorganizando respondendo a novas exigências das mais diversas origens. A tensão entre conservação e renovação pertence à dinâmica de qualquer cultura, é portanto normal.6

Em cada caso particular de cultura, constatamos ainda ora mais tendências para a renovação, ora mais tendências para a conservação da cultura. Kaplan, citando Shalins, considera uma cultura adaptada e adequada mais rígida e menos adaptável. Por sua vez, uma cultura em crise tem mais condições de adaptabilidade pela desfuncionalidade de diversos setores dela.7 A falta de capacidade de adaptação ou integração de novos elementos de alguma cultura, como também a total aceitação, acrítica, de uma cultura, de elementos provenientes de fora dela, ambas as maneiras podem resultar em desaparecimento de uma cultura.8 Da mesma maneira, uma acomodação perfeita de todos os elementos de uma cultura é mais ideal do que real.

As mudanças a partir do interior de uma cultura são reais e muito lentas, sobretudo porque procedem de uma mudança de mentalidade, de fundamentação, do núcleo da cultura. Kaplan, citando Leslie White, parte da necessidade de os sistemas simbólicos ou ideologias exercerem o papel de manter as estruturas sociais durante as suas mudanças. Mas o "quanto" eles exercem papel determinativo nesse processo, ele deixa em aberto.9 As mudanças externas da cultura manifesta, e promovidas por contatos com outras culturas podem ser rápidas e bruscas, quando não catastróficas.10 Uma televisão levada a uma aldeia indígena primitiva atinge não só tecnicamente a comunidade, mas atinge seu sistema simbólico e comunicativo, eliminando seus predecessores e suplantando-os com novas ideologias que atacam o núcleo da cultura.

As mudanças externas são facilmente constatáveis, mas as mudanças do mundo simbólico e interpretativo só são dedutíveis por suas manifestações posteriores. Os elementos provindos de outra cultura, no entanto, estão igualmente radicados na globalidade de sua cultura de origem e recebem dela seu significado simbólico e interpretativo. Normalmente, tais elementos são aceitos numa outra cultura quanto à sua materialidade, sofrendo uma reinterpretação.11 Seja um simples exemplo um tanto banal, mas elucidativo. Um pai indígena, tendo necessidade de maiores recipientes de comida para sua numerosa família, encontrou na cidade dos "brancos" similares adequados na forma de penicos. Houve realmente uma reinterpretação considerável quanto à finalidade desses objetos na outra cultura.

O primeiro impacto de uma inovação, de modo especial de elementos incisivos, tais como um toca-fita, uma TV, sobretudo quando tais pelo status social do importador, é catastrófico: suplanta, erradica seus similares anteriores. Tendo ultrapassado esse primeiro impacto, vem um tempo de avaliação crítica. Caso tal elemento seja considerado aceitável definitivamente, apesar de mudanças, é integrado nos sistemas sociais e interpretativos da comunidade e até transformado a partir deles. Nesta situação não influem somente critérios de utilidade e compatibilidade, sobretudo vistos a partir da cultura doadora. Tais critérios devem ser muito mais procurados a partir da cultura receptora e a partir dos critérios interpretativos dessa, além de outros critérios muito mais complexos e nem sempre previsíveis.12 Mesmo provindo tal inovação de grupos pertencentes à mesma cultura, os ambientes contextuais nunca são idênticos e portanto as respostas tampouco serão idênticas. Além do mais, entra também a questão da livre aceitação das inovações como não menos a livre rejeição.13

Malinowski pondera a profundidade das mudanças, mesmo quando ocorridas a nível mais periférico. ... um novo artífício técnico se incorpora a um sistema já estabelecido de comportamento organizado e gera gradualmente uma completa reforma dessa instituição. E ele ainda vai às causas desta reforma: nenhuma invenção, nenhuma revolução, nem mudança social ou inteletual, jamais ocorre exceto quando são criadas novas necessidades.14 Esse fato é altamente explorado pela propaganda comercial; antes se cria a imagem de necessidade premente par, em seguida, oferecer meio de satisfazer as necessidades.

Nas mudanças, conforme disserta Firth citado por Kaplan, de modo particular de ordem da estrutura social, intervém personalidades incomuns, inovadoras ou desviantes.15 O seu comportamento, de início, não pode ser considerado de "cultural", pois não corresponde aos padrões culturais estabelecidos e o indivíduo inovador "rompe" a barreira do cultural. A aceitação de pelo menos um pequeno grupo reveste o procedimento gradualmente de culturalidade até que seja plenamente incorporado nos sistemas da cultura.

Até que se chegue a um tal resultado, passa-se por crises conflitivas que não raro, em maior ou menor proporção, atingem os fundamentos do edifício inteiro da cultura.16 Um pouco diferente deve ser avaliada a posição dos gênios dentro de uma cultura. As inovações e invenções deles, longe de serem desvios da cultura, normalmente são o resultado do esforço de toda a comunidade. São o resultado do conhecimento e da experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam.17 Aplicando original e criativamente o acervo de tais conhecimentos é que resultam tais novidades, com acerto consideradas de culturais.

Nem sempre tais mudanças se processam a nível de consciência. Muitas mudanças são processadas inconsciente, natural e espontaneamente. Seja mais um exemplo! Pais indígenas com tendências "civilizadoras" compraram bonecas para seus filhos imitando os "brancos". Tais brinquedos não encontraram muita aceitação pelas crianças, pois os nativos existentes, os irmãozinhos pequenos dos quais tradicionalmente costumam cuidar, atraíam muito mais do que os objetos imitativos. Assim, muitas novidades trazidas de outra cultura são rejeitadas ou assumidas naturalmente, sem muito alarde e sem poder verificar com muita exatidão, em cada caso, se tal ou tal elemento está em tempo de experiência ou já passou no teste de definitividade.18

2. O Processo de Mudanças por Aculturação

Nas considerações precedentes procurou-se analisar o processo de mudanças culturais sempre a partir de uma cultura que recebe elementos de outra cultura. Existe, nos termos da antropologia teórica, um termo de mudanças recíprocas de duas culturas contactantes: a "aculturação". O processo de difusão funciona nos dois sentidos: cada cultura transmite aos membros da outra elementos proveitosos que harmoniosamente serão assumidos no que for o caso. Mas isso só é teoria.

Na prática da política indigenista promovida pela sociedade nacional através do governo e seu órgão executor, a aculturação do índio consiste em integrar o índio harmoniosamente19 dentro da cultura nacional. O nativo destas terras deixe de ser e de viver como índio e se torne "civilizado"! Justifica-se que somente sendo integrado nos sistemas político, social, educacional, econômico etc. ele terá condições de sobrevivência. Nesse sentido, a aculturação tem tantos outros termos equivalentes, de que alguns serão analisados a seguir.

Não adianta muito avaliar as modalidades possíveis da aculturação, tais como espontânea ou violenta, compulsória ou progressiva estrategicamente planejada, consciente ou inconscientemente assumida. No caso ideal, ela resulta pelo menos na renúncia de 50 % da própria cultura e aceitação de outro tanto da cultura alheia. Idealmente portanto o indivíduo permanece apenas 50 % identificado culturalmente e outro tanto ele se torna outro, assim como toda a sua sociedade nativa, pois o processo aculturativo é sempre acompanhado por outros mecanismos que tolhem a liberdade dos indivíduos e dos grupos étnicos.

Como porém o processo aculturativo sempre se dá entre vencedores e vencidos, onde há aqueles se impõem numérica, política e militarmente, resta pouca chance para garantir esses 50 % matematicamente ideais, se é que assim se pode avaliar.20

A história da América Latina comprova, durante os 500 anos decorridos, que nunca houve aculturação equitativa, pelo contrário, dominação política, militar (veja-se quantas expedições militares e para-militares foram realizadas, por exemplo, também contra os xavante), econômica e cultural. Os resultados projetados são um indígena que abandone a sua cultura nativa e assuma a "nossa superior".

Felizmente o mundo dominador se contenta com as aparências conquistadas e pouco se importa em ter alcançado o núcleo da cultura, que os dominados em muitos casos conseguem defender e manter com verdadeiros sistemas de resistência. Mas muitas etnias sucumbiram e continuam sucumbindo desaparecendo completamente como etnias e mesmo como pessoas.

O indivíduo que voluntariamente queira "transculturar-se", abandonando a sua cultura nativa e assumindo a outra do dominador, só consegue assumi-la quanto às suas manifestações, não porém quanto ao seu núcleo, pois este, como vimos, se situa na faixa do inconsciente. Terá portanto uma manifestação cultural que não está alicerçada, o que corresponde a uma situação prática de deculturação, isto é, de privação de cultura.21 Como resultado temos a marginalização dos indígenas destribalizados, o desmantelamento de suas estruturas de subsistência, de seus ritos ou reduzidos à situação de manifestações folclóricas, a fome etc. que até nossos dias levam à situação alarmante de suicídios coletivos, como nesses últimos anos está acontecendo com os índios Kaiová do Mato Grosso do Sul, só para citar um exemplo contemporâneo.22 Colombres debruça-se longamente sobre os fatos históricos e de seus pressupostos ideológicos quanto à situação problemática na América Latina.

Resumindo, podemos afirmar sem medo de errar que a aculturação resulta em etnocídio, glossofagia, genocídio, marginalização e massificação descaracterizadora, como aliás aconteceu com milhões de moradores do campo que compulsoriamente foram alocados nas periferias dos centros urbanos, sem condições mínimas de sobrevivência física, social e cultural.


6. Animação Missionária Inspetorial

Pe. Georg Lachnitt SDB

O material da Jornada Missionária Mundial chegou de Roma e está sendo entregue às Casas. O Vídeo com o tema "ARUNACHAL PRADESH - O Despertar de um Povo" já está à disposição, como também o Dossiê, desta vez enriquecido por um CD com fotos e os textos da JMM.

O Delegado Inspetorial de Animação Missionária está visitando as Casas da Inspetoria para promover a Jornada Missionária Mundial, conforme o programa seguinte:

- 17-30 de abril: Campo Grande e Indápolis;

- 11-20 de maio: Sangradouro, Merúri, São Marcos, Barra do Garças, Nova Xavantina, Poxoréo, Rondonópolis;

- 01-06 de junho: Cuiabá, Coxipó;

- 02-04 de agosto: Corumbá;

- 09-13 de agosto: Três Lagoas, Araçatuba, Lins, São Paulo;

- 06-07 de setembro: Alto Araguaia, Guiratinga.


7. Curso de Agentes de Pastoral Xavante, em Areões

De 17 a 21 de maio foi realizado o Curso para Agentes de Pastoral Xavante na A.I. Areões na aldeia Cachoeira, a 35 km distante de Nova Xavantina. Coincidiu que os Xavante das outras 10 aldeias vieram para a aldeia Cachoeira para uma vivência intensiva de suas tradições culturais. Eles tinham acampado debaixo das mangueiras num estilo de "sem terra", em barracos de lona preta e palha.

No primeiro dias houve a luta dos meninos OI'O, luta entre os dois clãs. No segundo dia seguiu a luta WA'I dos adolescentes WAPTÉ com seus padrinhos. O padrinho pretende medir o amadurecimento físico de seu afilhado. Quando este for inferior, os colegas vêm ajudar. No terceiro dia a vigorosa corrida de tora de buriti colocou toda a comunidade indígena em vibração e torcida. Por fim, no último dia, o ritual do WAI'A perpassou a noite inteira. Assim sendo, os agentes de pastoral, além de sua formação cristã, também tiveram uma significativa experiência de sua vivência cultural.

Pe. Giaccaria iniciou com uma reflexão sobre conjuntura, sobretudo no que envolve os povos indígenas. O tema geral foi o Sacramento da Confirmação. Pe. Giaccaria refletiu com eles sobre aspectos antropológicos que emergem dos rituais da própria cultura e que iluminam o significado desse sacramento. Ir. Cleide apresentou aspectos relevantes do Antigo Testamento em previsão da novidade de Jesus Cristo. Ir. Glória colheu informações preciosas da vida dos primeiros cristãos nos escritos do Novo Testamento. Pe. Jorge refletiu sobre o Espírito Santo e a Igreja que surgiu do evento de Pentecostes. Também foram apresentadas informações estatísticas gerais dos povos indígenas e dos territórios Xavante, em particular. Por fim, Pe. Aquilino trabalhou numa síntese das reflexões na dinâmica da inculturação do Sacramento da Confirmação.

Esse foi mais um evento precioso na formação também dos catequistas, que nesses próximos tempos levam seus afilhados à celebração dos sacramentos da iniciação cristã, nas diversas aldeias de Areões.


8. Critérios para Vocações Indígenas

Na Reunião de Missionários SDB e Missionárias FMA e seus voluntários, em São Marcos, no dia 29 de agosto de 2003, foi discutida amplamente a questão das vocações indígenas, na presença do Pe. Lauro Takaki Shinohara, Vice-Inspetor e Encarregado Inspetorial das Vocações. A discussão muito rica em contribuições, a pedido dos participantes, deve ser sintetizada em CRITÉRIOS. Para isso, num primeiro momento, foi feito um texto mártir, a partir das contribuições na Reunião dos Missionários. Esse texto foi levado às diversas comunidades missionárias e outros responsáveis pela questão vocacional. Na Reunião de Missionários/as SDB e FMA de 14 de maio de 2004, em Sangradouro, e novo texto foi apresentado para discussão. Viu-se a conveniência que o mesmo texto contemple também critérios para as vocações religiosas femininas. Foram feitas outras observações que são inseridas nesse novo texto, para que possa ser proposto para as nossas Inspetorias.

Depois da receber a aprovação do Pe. Inspetor da MSMT e seu Conselho, como da Ir. Inspetora INSP e seu Conselho, os Critérios para Vocações Indígenas serão divulgados amplamente.


9. Paróquia de Miranda MS estuda a inculturação do batismo

Para levar a efeito o IIIº Seminário de Inculturação da Liturgia no Meio dos Povos Indígenas, foi realizado na Paróquia de Miranda MS um encontro, convocado e presidido pelo Pe. Joselito, para refletir sobre a inculturação do batismo de crianças entre os Terena. Estiveram presentes as Irmãs Lauritas Francis e Luz Dary, o Terena Gilmar que participou do Seminário em Brasília e João, ambas da aldeia Lalima, Laurindo, ministro do batismo da aldeia Cachoeirinha, e o Pe. Georg. A descrição do relato apresentado em Brasília ganhou explicitações interessantes.

O batismo em casa é um costume muito antigo entre os Terena, provavelmente de origem nos tempos dos missionários itinerantes em toda a região do Pantanal. O interessante é que foi assumido a tal ponto que hoje se torna uma realidade cultural típica também do povo Terena.

Poucos dias depois do nascimento da criança, reunem-se os pais, o padrinho e a madrinha da criança para realizar o batismo. Na mesa preparada para servir de altar se encontram: uma vela acesa, um copo de água, um pouco de sal e três brotinhos de laranjeira. O batismo tem que se realizar na parte da manhã e nunca pela tarde.

O rito tem a seqüência seguinte: A madrinha pega a criança em seus braços. Juntos pais e padrinhos fazem o sinal da cruz, rezam um Pai-Nosso e cinco Ave-Marias. Todos devem participar ativamente da oração. O padrinho pega então um brotinho molha na água e pergunta para a criança: ...... você quer ser batizado(a)? A madrinha responde pela criança: eu quero! Então os padrinhos dizem: Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, enquanto o padrinho asperge a criança com o broto de laranjeira com o sinal da cruz na cabeça. Esse rito de perguntar pelo nome e o batismo é repetido por três vezes, usando um broto novo de cada vez. Em seguida, o padrinho coloca um pouquinho de sal na língua da criança. Os padrinhos acendem a vela e seguram na mão da criança e rezam o Credo, o Pai-Nosso e cinco Ave-Marias. Para finalizar o batismo, a mãe pega a criança, junta as mãozinhas dela e faz pedir a bênção para os padrinhos presentes. Pais e padrinhos se cumprimentam com muito respeito como novos compadres.

Foi feito um esforço de substituir o batismo em casa instituindo ministros do batismo Terena. Em vão! Resultou que estes recebiam posteriormente as crianças na igreja para o "batismo na igreja".

Como nova postura, julgou-se importante reconhecer essa prática do "batismo em família" como primeiro ato do processo de iniciação cristã. Mais tarde, na festa da Páscoa e na festa de um padroeiro, todas as crianças batizadas em família devem ser levadas pelos pais e padrinhos na Igreja, onde todos são apresentados diante da comunidade reunida que os acolhe com aplauso. Esse é o rito de entrada na igreja. Depois da celebração da Palavra com a profissão de fé, o sacerdote ou ministro do batismo confere a unção batismal, para assim completar o rito do batismo de crianças.

Num terceiro momento da iniciação cristã, tendo as crianças chegado à idade adequada, procede-se à catequese para a primeira eucaristia e à sua recepção e, por fim, à catequese e celebração do Sacramento da Confirmação.

Nesta nova organização, a tradição popular do batismo em casa é valorizada e integrada na vida da comunidade cristã Terena e no seu processo de iniciação cristã até a plenitude da pertença e vida na comunidade cristã. Soube-se que os idosos ficaram muito tocados pela nova postura e prometem voltar à comunidade católica.

Como se trata de uma nova experiência de celebração do batismo de crianças, após um tempo de experiência na própria paróquia e criteriosa avaliação, pode ser proposta mais amplamente na diocese. A autorização do bispo diocesano Dom Bruno para esse processo é indispensável. Na verdade, pretende-se estabelecer uma unidade entre a prática popular e a proposta da Igreja. Tudo isso é de grande importância para a pastoral dos sacramentos.

(NB: Esta é uma comunicação informal, não porém um relatório oficial.)


10. Agenda

12-14 de maio - Encontro de Missionários em Sangradouro:

12- Pastoral Indigenista de Barra do Garças, em Barra do Garças

13- Região III da Diocese de Barra do Garças, em Sangradouro

14- Encontro de Missionários SDB e FMA, em Sangradouro

17-21 de maio - Curso de Agentes de Pastoral Xavante, Areões

21-23 de junho - Encontro de Formação do CIMI-MS, Campo Grande

28 de junho - 02 de julho - Curso de Agentes de Pastoral Xavante, Parabubure

05-09 de julho - Assembléia Regional do CIMI-MT, Chapada dos Guimarães

11. Publicações Diversas

Folders:

Índios, Xavante 1, Xavante 2, Xavante 3, Xavante 4, Bororo 1, Bororo 2, Nambiquara.

Aldeias Xavante 2004, Aldeias Kaiowá e Guarani, Aldeias Terena-Kinikinaua-Aticum-Guató-Kamba-Kadiwéu-Ofayè Xavante.

Livros recentes do CDI:

TSAWE, Jerônimo. A'uwe na Rowatsu'u 1. Campo Grande, MSMT-UCDB, 109 p. 2ª ed. 2004

TSAWE, Jerônimo. A'uwe na Rowatsu'u 2. Campo Grande, MSMT - UCDB, 114 p. 2ª ed. 2004

HITSÉ, Xavante Rafael e outros. O Meu Mundo - Wahöimanadzé - Livro de Leitura. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2ª ed. 2002, 107 p.

LACHNITT, Georg. Romnhitsi'ubumro - Dicionário xavante- português. Campo Grande, MSMT-UCDB, 108 p. 2ª ed. 2003.

LACHNITT, Georg. Damreme'uwaimramidzé - Estudos Siste-máticos e Comparativos de Gramática Xavante. Campo Grande, MSMT-UCDB, 202 p. 2ª ed. 1999.

LACHNITT, Georg. Romnhitsi'ubumro - Dicionário português- xavante Campo Grande, MSMT-UCDB, 123 p. 2ª ed. 2003.

LACHNITT, Georg e TSI'RUI'A, Aquilino Tsere'ubu'õ (Coord.s). Ihöiba prédu 'rãti'i na'ratadzé - Iniciação Cristã de Adultos. Campo Grande, MSMT-UCDB. 2004, 71 p.

LACHNITT, Georg. O Símbolo "Água" na Iniciação Cristã. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 135 p.

OBS:

1. Eventuais pedidos sejam dirigidos ao CDI, com o endereço acima.

2. Os textos expostos resumidamente no III Seminário de Inculturação da Liturgia entre os Povos Indígenas, de Pe. Justino, Pe. Nello, dos Terena Rosalino e Gilmar, Pe. Georg e Pe. Ochoa, podem ser solicitados igualmente.

1Aqui apenas seguem algumas notícias do evento, não porém um relatório a rigor, nem uma ata da reunião.

2Aqui apenas seguem algumas notícias do evento, não porém um relatório a rigor, nem uma ata da reunião.

3Aqui apenas seguem algumas notícias do evento, não porém um relatório a rigor, nem uma ata da reunião.

4Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 271.

5Cf. ibid. p. 256; cf. ainda Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 49; cf. Luis Campos MARTINEZ, Utopia somos nosotros - antropologia, p. 130.

6Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 258-259; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 120; cf. Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 98-100, 105; cf. Waldenyr CALDAS, Cultura, p. 16-17.

7Cf. David KAPLAN, e Robert A. MANNERS, Teoria da cultura, p. 84.

8Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 346.

9Cf. David KAPLAN, e Robert A. MANNERS, Teoria da cultura, p. 172.

10Cf. Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 100.

11Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 326.

12Cf. ibid. p. 271-272.

13Cf. ibid. p. 105, 325.

14Bronislaw MALINOWSKI, Uma teoria científica da cultura, p. 47; cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 327.

15Cf. David KAPLAN, e Robert A. MANNERS, Teoria da cultura, p. 158.

16Cf. Waldenyr CALDAS, Cultura, p. 18; cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 327-328, 339; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 48; cf. Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 103.

17Roque LARAIA, Um conceito antropológico, p. 777, ou Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 46, 49, citando Kroeber.

18O grifo é nosso.

19Cf. Estatuto do Índio, lei no 6001, art. 1. de 19/12/1973.

20Cf. Luis Campos MARTINEZ, Utopia somos nosotros - antropologia, p. 125; cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 321; cf. Adolfo COLOMBRES, La colonización cultural de la América Indígena, p. 45, falando das diversas maneiras de aculturar os índios; cf. Paulo SUESS, Inculturação: Desafios - Caminhos - Metas, p. 95-96.

21Cf. Adolfo COLOMBRES, La colonización cultural de la América Indígena, p. 22, 43.

22Cf. ibid. p. 51-54; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 148.