Bakaru Rowatsu's (noticias misionarias)| 06



Missão Salesiana de Mato Grosso

ANIMAÇÃO MISSIONÁRIA INSPETORIAL

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO INDÍGENA (CDI)

Av. Tamandaré, 6000 - Jd. Seminário

Caixa Postal 100 - UCDB

79.117-900 Campo Grande MS

Fone (067) 312-3600 / 3731 Fax (067) 312-3301

E-mail: lachnitt@ucdb.br








Coordenação: Delegado Inspetorial de Animação Missionária:

Pe. Georg Lachnitt SDB





Digitação e Diagramação: Georg Lachnitt





Impressão: Mariza Etelvina Rosa Irala

Centro de Documentação Indígena

UCDB - Campo Grande MS




Capa:

BAKARU, palavra Bororo, significa: o que se conta, notícia

ROWATSU'U, palavra Xavante, significa: o que se conta amplamente, notícia

Apresentação



Este número de Notícias Missionárias publica diversas novidades importantes. A beatificação da Madre Laura, juntamente com membros da Família Salesiana, no dia 25 de abril, mostra o vigor do ardor missionária de uma jovem professora e quanto a ela seguem hoje.

Os encontros de formação são momentos importantes para a atividade missionária e por isso devem ser divulgados. O Seminário de Liturgia entre os indígenas é outro elemento de elevado valor para a prática da evangelização e suas conseqüências.

Muito mais tem que ser feito para afirmar o inestimável valor dos povos indígenas presentes no Brasil e no Continente, para que sejam reconhecidos e valorizados, também como proposta para os excessos da vida moderna da sociedade atual.

A reflexão é um dos aspectos que deve acompanhar permanentemente a atividade missionária para fundamentá-la e declará-la justificável. A evangelização tem muito a receber também das pesquisas das ciências humanas, pois ela também é atividade humana, desenvolvida por razões de fé. Ciência e fé devem andar juntos.

Renovo o apelo a quantos possam contribuir com notícias e reflexões para a Notícias Missionárias, para que cumpra com a finalidade para que foi instituída, isto é, partilha de notícias missionárias.


Pe. Georg Lachnitt SDB

1. Beata Madre Laura

Irmãs Lauritas de São Pedro

No dia 25 de abril próximo, será declara Beata Laura Montoya Upegui, religiosa colombiana. Nasceu aos 16 de maio de 1874, na cidade de Jericó, Antioquia, Colômbia, filha de Juan da Cruz Montoya e de Dolores Upegui. Criada em um abiente cristão, mas em meio à pobreza e às provações.

Teve o título de professora e exerceu sua profissão no meio da juventude e das crianças de algumas cidades do Estado de Antioquia e finalmente de Medellin.

Viveu a perseguição, a injustiça, a calúnia e o desprezo da sociedade. Soube perdoar a todos, amar e rezar por aqueles que lhe faziam mal.

Guiada por Deus, dedicou toda a sua vida à evangelização entre os povos indígenas, marginalizados e excluídos da sociedade, os mais necessitados de fé e de amor.

Morreu em Medellin, aos 21 de outubro de 1949. Sua fama de santidade foi reconhecida por todos. Hoje a Igreja a apresenta como modelo, conferindo-lhe o título de BEATA LAURA MONTOYA.

Quando jovem professora, constatou a marginalização dos povos indígenas, onde ninguém lhes dedicava atenção e lhes oferecia uma educação escolar.

Com quatro companheiras solidárias resolveu sair para aldeias indígenas, para lhes dedicar atenção, oferecer educação escolar, e proporcionar-lhes catequese. Foi uma espanto para a sociedade e mesmo para a Igreja, vendo essas jovens se arriscar entre povos tão temidos e mal falados. A aproximação durou um ano, para merecer a confiança dos indígenas e assim iniciar sua missão. Vendo a Igreja naquele tempo tão corajosas missionárias, parecia mais prudente não autorizar tal empreendimento. Mas as jovens não desistiram. Vendo o empenho daquelas jovens missionárias leigas, as autoridades eclesiásticas julgaram necessário fazê-las religiosas. Mons. Crespo deu-lhes apoio e, conhecendo a espiritualidade das mesma, sugeriu o nome de Missionárias de Maria Imaculada de Santa Catarina de Sena.

A primeira aprovação de Roma veio aos 28 de junho de 1916.

Aos 24 de fevereiro de 1916 se instalaram, já antes da autorização canônica, na aldeia Rioverde, em plena Selva. A partir deste local começam organizar as itinerâncias pelas aldeias.

Lemos nas Constituições das Lauritas:

Nossa missão é anunciar e testemunhar a salvação oferecida pro Jesus, entre os indígena, destinatários preferenciais da nossa missão, entre os não-cristãos e marginalizados, contribuindo assim para o nascimento e a mturidade da Igreja, sinal escatológico da plenitude do Reino (Const. 55).

Desejamos ardentemente que Deus seja conhecido e amado por todos. Nossa compromisso missionário nso deve levar a procurar a maior glória de Deus e a salvação da humanidade. Nossa missão não deve conhecer limites, nem de lugar, nem de pessoas, nem de tempo (Const. 58).

A Congregação das Lauritas, como simplesmente é chamada de hoje, conta entre 900 a 1000 membros, presentes em 19 nações, com 180 presenças. No Brasil, elas estão presente em Arquidauana para os índios Terena, em Campo Grande para os índios urbanos e em São Pedro, mun. de Campinápolis MT para os índios Xavante.

Assim deu frutos, a deve dar muito mais ainda, a coragem empreendedora e evangélica da fundadora Beata Laura Montoya.


2. Encontro do CIMI-MS

Eliseu, secretário

Nos dias 20 e 30 de março reunira-se missionários e missionárias entre os povos indígenas de Mato Grosso do Sul. Esteve present também o secretário executivo nacional do CIMI, Eden Magalhães. Esse encontro com outros três planejados para o ano de 2004 tem caráter formativo para os membros do CIMI-MS. Desta vez o tema escolhido era: OS DIREITOS DO POVOS INDÍGENAS.

O advogado do CIMI-MS, Rogério, expos o que estabelece a Constituição Federal de 1988, nos art. 231 e 232 e fez valiosos comentários para sua melhor compreensão.

Para garantir sobretudo o direito sobre seu território, Rogério expôs o caminho processual para alcançar esse objetivo:

1. A identificação do território, em base a um laudo perificial de um antropólogo, ordenado pelo Governo Federal através da FUNAI.

2. A publicação do relatório, para o conhecimento público.

3. A contestação, aos cuidados do ministério da justiça, durante três meses, em que os prejudicados podem apresentar sua documentação para requerer a devida indenização.

4. A portaria declaratória, por parte da FUNAI, definindo o território de direito de um povo indígena.

5. A demarcação do território pelos topógrafos.

6. A homologação do território por ato declaratório do Presidente da República.

7. O registro do território em Cartório, por conta da FUNAI.

Esse procedimento processual, no entanto, está sofrendo no atual governo da interferência de pressões políticas em prejuízo dos direitos originários dos povos indígenas.

A formação dos missionários/as sobre esse tema tem por finalidade habilitá-los a informar as comunidades indígenas sobre seus direitos e o caminho para conseguí-los.

Num segundo momento, as equipes presentes apresentaram relatório sobre suas atividades e as problemáticas de suas respectivas comunidades. Eden comentou o relatório da última reunião da Diretoria do CIMI-Nacional. Entre os temas prioritários que hoje emergem a nível nacional e também regional, podem ser citados:

- a Cooperação Financeira;

- a Missionáriedade e Mística Missionária;

- a Política Indigenista e a Conjuntura.

Esses três temas postulam formação mais aprimorada de missionários e missionária.

Para o próximo Encontro do CIMI-MS, de 21-23 de junho, foi solicitada a reflexão sobre Mística Missionária.

A avaliação feita, em que todos se pronunciaram, mostrou a importância desse encontro e a necessidade de dar continuidade ao que foi planejado, também em vista da reconstrução e consolidação do CIMI-MS.

Um agradecimento especial ao Eden por sua presença valiosa e solidária.

3. Curso de Formação de Catequistas Terena

Pe. Georg Lachnitt SDB, assessor

Uma vez por ano, as Irmãs Lauritas da Dioceses de Jardim organizam um Curso de Formação de Catequistas Terena, realizado no Centro de Formação da Diocese de Jardim. Desta vez vieram 45 catequistas jovens das diversas aldeias das paróquias de Aquidauana e Miranda.

O tema de reflexão versou sobre a inculturação da catequese. Um subsídio para promover esta reflexão foi a "Mensagem do Santo Padre João Paulo II aos Indígenas da América", de 12 de outubro de 1992, em Santo Domingo. Os catequistas frisaram nesse discurso:

- a importância de suas culturas, seus valores e virtudes e a insistência do Papa para conservarem e transmitirem suas culturas;

- a humilhação sofrida através da história e o menosprezo de suas etnias; mas agora com maiores esperanças e a necessidade do perdão;

- o lugar próprio que lhes cabe na Igreja e o protagonismo de sua vida e evangelização;

- a presença das "sementes do Verbo", pela ação do Espírito Santo, mesmo antes da vinda dos primeiros missionários;

- a evangelização é um direito que, porém, não se opõe às suas culturas e religiões, antes as pressupõe, fortalece e lhes oferece o desenvolvimento para a plenitude de suas vidas;

- o papel dos missionários de defender os povos indígenas, de que a história apresenta exímios exemplos.

O significado da inculturação e de suas implicações foi um dos pontos de reflexão. O valor do Antigo Testamento bíblico, em confronto com a rica experiência religiosa de cada povo recordou e promoveu a reflexão sobre a própria identidade religiosa dos Terena. Esta, pelos anos do contato com o mundo mais amplo, ficou um tanto prejudicada, mas merece esforços para recordar e aprofundar.

Várias comunidades celebram o Dia do Senhor em sua própria língua e com seus próprios ministros. A ausência prolongada dos sacerdotes é um fato, embora alguns brilhem pela simpatia e o compromisso com os povos indígenas. Assim sendo, os catequistas são os próprios Terena que exercem sua missão com o dedicado apoio das Irmãs Lauritas e assim hoje trabalham com subsídos catequéticos próprios.

4. IIIº Seminário de Inculturação da Liturgia no Meio dos Povos Indígenas - Relatórios das experiências

DIA 05 DE MARÇO

No dia 05 de março às 14:00 iniciamos o 3º seminário nacional sobre inculturação da liturgia no meio dos povos indígenas com a presença de 33 participantes (ver lista dos participantes em anexo). Pe. Hernaldo, SAC, animou a celebração de abertura, rezando salmo 141 e cânticos.

Dando encaminhamento ao seminário, Pe. Marcelino acolheu os participantes e seguiu apresentando a proposta de cronograma do seminário e a distribuição de serviços tais como: coordenação, secretaria, liturgia e ambiente.

Pe. Marcelino propiciou um momento para a apresentação dos participantes num total de 36 presentes. Entre os participantes estavam os assessores deste seminário: Pe. Paulo Suess, Fr. José Ariovaldo da Silva –OFM, Pe. Georg Lachnitt - SDB e Pe. Gregório Lutz - CSSP e os bispos que acompanham a dimensão litúrgica e missionária pela CNBB, assim como: D. Franco Masserdotti (bispo da diocese de Balsas/MA), D. Manoel João Francisco (bispo da diocese de Chapecó/SC), D. Hélio Adelar Rubert, (bispo auxiliar de Vitória/ES) e D. Joviano de Lima Júnior, (bispo da diocese de São Carlos).

Em seguida houve um levantamento de quem iria relatar as experiências e organização do tempo de cada uma. Antes do relato, Irmã Rosirene do Nascimento fez uma breve reflexão dizendo que o relato das experiências deve nos ajudar abrir pistas para avançar nesse processo. E para isso precisa-se olhar por onde passa a vida e onde ela se manifesta nessas questões.

Contextualizou brevemente a história dos Kaingang, cujo contato com os primeiros missionários foi a partir de 1600 mais ou menos. Em 200 anos de contato (1840), os missionários, além da evangelização, se preocupavam e ajudavam muito na sobrevivência dos mesmos. O que caracteriza uma comunidade indígena, um povo é a ação e essa, normalmente gira em torno de efeitos ancestrais. Assim se uma determinada ação não se fizer poderão ocorrem grandes males para a pessoa e, por vezes, sobre a comunidade. Os batismos dos Kaingang se realizam: 1º na casa – quando a criança completa três dias. Neste dá-se o nome. É realizado pelos padrinhos (2) e por uma apresentadeira. Usa - se o sal, velas, três raminhos verdes e água. O 2º batismo (não são todos que fazem) é na água corrente – para livrar das doenças, sobretudo da garganta. O 3º é o batismo nas Águas do Monge São João Maria de Agostini. Esse Batismo é realizado, não somente porque os antigos faziam, mas porque, se não leva o filho na fonte, algum mal pode acontecer à criança, e essa terá dificuldade de integração na comunidade. E o 4º é realizado na Igreja, normalmente os padrinhos são da sociedade não índia, alguém influente.

Na sexta-feira (05) pela noite o grupo promoveu uma hora de trabalho para organizar a divisão dos relatos das experiências ficando distribuído da seguinte forma: Pe. Justino – 30’; Rosalino e Gilmar Terena – 30’; Pe. Nello – 30’; Pe. Georg – 30’ e Pe. Ochoa – 30’.

As reflexões passariam pela temática dos ritos de iniciação entre os povos indígenas e a parte dos ritos matrimoniais ficaria para um outro encontro.

DIA 06 DE MARÇO

No dia 06 de março (sábado) iniciamos com orações animados pelo oficio divino das Comunidades. Após a oração recebemos a visita de Omina Macuxi que fez um relato da luta de seu povo pela terra indígena Raposa Serra do Sol em RR.

Em seguida demos inicio as exposições e relatos das experiências. O primeiro relato foi feito por Pe. Justino, SDB, que nos indicou considerações sobre a cultura Tuyuka e o trabalho de inculturação que está sendo realizado desde o ano 2000.


Relato do Pe. Justino1

Antes de falar em celebração é necessário entender o que se passa nas comunidades do diversos povos. Por exemplo, levar em conta: Parentesco – Benzimentos – Nome.

A preparação para o Batismo, Crisma e Matrimônio é realizada com os casais. Estes são assuntos para serem tratados com adultos que já tem maturidade - a partir de 9 a 10 anos.

Alguns assuntos podem ser falados só com os homens ou só com as mulheres.

PARENTESCO: - a Kawererã = mesma etnia – família;

- a Kasaorã - diferentes etnia – nosso irmão ( não se pode casar)

- Peyarã – diferentes = primos podem casar

- Família = homem e mulher (útero materno – dessa união nasce o Filho. Tem uma linha de vivência religiosa.

BENZIMENTOS: Benze–se o útero materno, onde é o lugar que o filho está sendo formado e é bom que ele esteja num lugar bom. Quem benze é alguém da 1ª etnia, na ausência pode ser alguém da 2ª ou 3ª etnia. Quem procura para benzer deve ser a mulher ou algum parente dela.

O benzedor não pode se oferecer – pode ser interpretado como maldizer...

Quando a criança nasce – sai do mundo materno é um momento de (dores, parto), a parente chama o benzedor = benze o espaço e o torna bom. A vida nova precisa do espaço bom. Os males que estão presentes, a morte, vão respeitá-lo como irmão da natureza.

Elementos para benzer: Breu (queima) cigarro para espalhar a força.

O novo ser não é um estranho – é um ser importante, por isso ele tem um nome. Ele o recebe quando nasce. Quem o batiza é o benzedor.

O nome vem da etnia – por isso eles vão repetir sempre, por ex. Justino = Besû – dtppo = 1º filho homem. Tem um sentido = o 1º filho é o possuidor, tanto do mal como do bem.

Receber o nome – eherípor baserô = alma.

CONCEPÇÃO DE MUNDO: O mundo é divido em 4 partes: Força de cima = força da vida.

- Força de baixo. Nos dois lados, há duas portas abertas; o benzedor benze para fechar as portas contra o mal.

Banho: a água é boa, mas também há vida que prejudica, por isso o benzedor benze a água para não fazer nenhum mal a criança.

Alimento: Benze com o mesmo sentido o leite materno.

Perguntas do grupo: O benzedor é sempre homem? Normalmente é, mas se a mulher tem um marido ou pare que é o benzedor ela pode se tornar benzedeira.

O Batismo está ligado ao nome, em que sentido? – O nome (Vamê) tem o sentido de alma – ao nascer já recebe o nome indígena = nome sagrado do batismo. Não se fala o nome – só se diz: meu avô, meu tio...

Qual a relação com Deus – vida após a morte? - Os mortos não vão embora, eles ficam através do vento... se tornam vivos, estão aí.

Na pastoral, qual o maior desafio que você encontra, nesse aspecto da inculturação?

Há tensões entre: Eu com os índios – eu com a instituição. Os padres indígenas deveriam ser a parte.

A maioria de seu povo é batizado no católico? Sim. Como adotaram o nome cristão? O nome, como já falei é sagrado = sentido de vida – bem e mal. Quando se fica doente – o benzedor vai perguntar qual o nome: ex. esse nome é o mesmo que vem do – ttá - piro - pona (A cobra da origem). Pedra cobra filhos

O benzedor vai desde a origem, vai ver onde ele adquiriu essa doença - foi na cachoeira na (briga com a outra cobra).

Diante da variedade de culturas, como agir? O processo de inculturação é a morte da Igreja e o renascimento de outra cultura.

O Batismo em casa das crianças Terena. 2

O batismo em casa é um costume muito antigo entre os Terena. Até agora ninguém fala quando começou este ritual, só sabe-se que usa o batismo para as crianças não ficarem pagãs, pois se ela não for batizada, o saci pode brincar com ela e até levar para o mato, e quando fica doente fica impedida de receber a benção (a cura).

O batismo em casa se faz assim: Os pais da criança procuram os padrinhos para seu filho, reúnem-se na casa dos pais ou dos padrinhos para fazerem o batismo, vão até à frente do altar onde já está preparado uma vela acesa, um copo de água, um pouco de sal e três brotinhos de laranjeira. O batismo tem que se realizar na parte da manhã e nunca pela tarde.

O rito: A madrinha pega a criança em seus braços. Juntos pais e padrinhos fazem o sinal da cruz, rezam um Pai-Nosso e cinco Ave-Marias. O padrinho pega um brotinho molha na água e pergunta para a criança:......você quer ser batizada? A madrinha responde pela criança: eu quero! Então os padrinhos dizem: Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, fazendo com o broto de laranjeira um sinal da cruz na cabeça da criança, repetindo por três vezes, usando um broto de cada vez.

O padrinho coloca um pouquinho de sal na língua da criança. Os padrinhos acedem a vela e seguram na mão da criança e rezam um credo, um Pai-Nosso e cinco Ave-Marias.

Para finalizar o batismo a mãe pega a criança, junta as mãozinhas dela e faz pedir a benção para os padrinhos presentes. Os pais e padrinhos se cumprimentam com muito respeito como novos compadres.

O choro copioso de crianças de noite que foram batizadas deve ser motivo para procurar o benzedor. Que pode declarar ou não se o batismo foi válido ou se precisa ser refeito. Se o batismo não foi bem feito, a responsabilidade recai sobre os padrinhos por não terem rezado juntos.

O Povo Terena assumiu o catolicismo como religião própria. Por essa razão na Paróquia local se faz os ritos católicos para iniciação cristã. Esse mesmo ritual ainda é feito em algumas famílias Terena. Hoje esse ritual é complementado com a benção do óleo, que é feito pelo sacerdote católico quando vai para as aldeias. Necessariamente não precisa fazer um novo batismo na Igreja católica. O batismo em casa não é aceito por confissões evangélicas, que realizam novamente o batismo para substituir o batismo indígena.

Uma experiência missionária de diálogo inter-religioso e inculturação da liturgia a partir da Situação dos Povos Indígenas da região de Oiapoque-AP. 3

Os povos desta região, assim como grande parte dos índios no Brasil, já não praticam os ritos de iniciação originários.Não se pode falar do rito (celebração) sem contextualizá-lo dentro da conjuntura, história e cultura de um povo.

1. A parte inicial da exposição foi dedicada a apresentar a situação histórica e conjuntural dos povos da região em contato com a sociedade envolvente há séculos. Frisou-se a situação de desconhecimento dos direitos, do não assumir a própria identidade, do isolamento geográfico, fato que evitou os conflitos até então. Frisou-se também que além de duas línguas indígenas uma do tronco aruak e a outra do tronco karib, estes povos falam uma língua indígena geral que é o kheuol, um patoá de influência francesa falada pela grande maioria. Aliás, dois destes povos são povos mesclados que reconstruíram a sua cultura e esta é a língua deles.

2. Quanto à cultura explicou-se que tem um aspecto que perpassa o econômico, o social, o religioso que é o aspecto da retribuição. A dimensão sócio-econômico, manifesta-se no trabalho em mutirão, principalmente no mutirão do plantio que o pessoal chama de maiuhi ou convidado. O trabalho é feito por grupos de família que retribuem, ao longo do tempo, a ajuda que recebem dos outros. Também no âmbito sócio-religioso temos a cura pelo pajé e a religião herança do período colonial. Na festa do turé, traço cultural característico de todos eles, provavelmente de origem palikur, todas as pessoas curadas pelo pajé preparam a dança e oferecem bebidas (caxiri) para agradecer os espíritos que curaram as doenças. Também na festa do padroeiro os festeiros desempenham a mesma função e pela mesma razão, mas em agradecimento “ao santo” pela graça recebida. Neste catolicismo herança colonial além da festa do padroeiro/a, das festas de outros santos e de costumes transmitidos ao longo dos séculos, tem o batismo das crianças, pedido geral e constante de todos os índios católicos.

3. Na terceira parte abordou-se o diálogo. Este começou pela realidade em vista de sua transformação. Partimos do respeito e reconhecimento mútuos de nossas culturas e conscientes dos limites e em seguida, tendo como base comum os valores reconhecidos por ambos como a vida, dignidade, Deus Pai e Mãe. A partir da realidade sempre presente na reflexão e celebrações começamos a lutar pela demarcação da terra, saúde, educação própria bilíngüe e pluricultural, economia a serviço de todos, organização política.

O diálogo abrangeu o religioso como a pajelança e a religião católica tradicional e os seus agentes como o pajé e o cantor de ladainhas. Ao mesmo tempo em que nos despojávamos de esquemas teológicos, morais, litúrgicos e canônicos também abrimos o diálogo quanto ao feitiço, à motivação para o batismo das crianças; falamos de um Deus de bondade que gosta de crianças, que gosta de cada povo com sua cultura, da necessidade do trabalho de cada um para realizar o bem comum. O Evangelho encontrou um terreno propício nas comunidades indígenas pelo fato que a vida gira em torno da coletividade. O que regula o relacionamento é a retribuição. A boa nova do Evangelho acrescenta de forma mais visível a gratuidade. Deus nos amou primeiro e sem nós merecer. Partir para esta prática exige uma passagem, um pulo de qualidade, uma experiência de fé. A palavra de Deus encontrou terra fértil nestes povos. Eles se tornaram evangelizadores dos próprios missionários na experiência evangélica da gratuidade, na prática do perdão. O que é mais difícil é o assumir da cruz como vitória sobre a morte e portal para vida nova.

4. O diálogo não foi restrito a uma dimensão da vida, mas sempre a partir do conjunto como é característico das comunidades indígenas. Partimos da reflexão sobre o fazer, da análise e constatação dos frutos das iniciativas tomadas, para saber se era bom para a comunidade. Nós incentivamos e introduzimos o culto como momento novo de celebração e reflexão que tinha como balizas a realidade, a Bíblia, a cultura.

5. Como metodologia incentivamos sair da aldeia para conhecer diretamente outras realidades seja no âmbito da conjuntura seja no âmbito eclesial. Vários representantes participaram de inúmeras assembléias indígenas, encontros, visitaram outras aldeias e organizações. Participaram também das assembléias paroquiais, diocesanas, dos intereclesiais das CEBs e COMLA V. Foi importante a participação mas principalmente o envolvimento das comunidades na escolha e preparação dos representantes e na partilha no retorno destes.

6. O ponto norteador do trabalho da inculturação que se reflete sobre a inculturação litúrgica é o protagonismo indígena. Protagonismo indígena quer dizer que o povo indígena é quem decide, dirige e gerencia as mudanças. Para este fim na região as assembléias e encontros em todos os níveis foram o pressuposto de todas as iniciativas em qualquer campo: educação, saúde, religião, economia, política, organização... Dentro do protagonismo onde fica a tarefa do missionário? Além do pressuposto de convivência, apreciação, solidariedade achamos importante fornecer aos indígenas instrumental que favorece o seu protagonismo: o conhecimento e domínio dos mecanismos de nossa sociedade, capacidade de análise crítica, inclusive análise de sua própria sociedade tornando-se mais conscientes dos valores inerente nela; habilitação nos vários campos que precisam dominar para não depender de pessoas de fora. Daí a necessidade e a multiplicação de cursos visando os dois objetivos

7. Ao mesmo tempo o processo de inculturação litúrgica passa pelo protagonismo indígena a partir de sua cultura (como ela é hoje) e da nossa. Também da capacidade de distinguir os aspectos essenciais dos acidentais, os valores do que atrapalha o projeto do povo e de Deus. Confessamos, no entanto, que estes povos indígenas já estão num caminho bem avançado de autonomia em outros campos, no campo religioso-litúrgico a caminhada é mais devagar. É mais difícil neste campo ter o ministério do sacerdócio, por exemplo. Também os ministérios do batismo e casamento deveriam passar pelo diaconato o que não nos estimula, devido aos limites e contradições que a introdução na hierarquia eclesiástica traz.

8. Hoje o batismo é sim uma celebração de alegria e não de medo. Incentivamos o batismo em casa, que não todos praticam. A celebração do batismo é anual e é o momento do agradecimento pela vida da criança e a entrada oficial na comunidade, tanto indígena como povo de Deus. É um momento também de compromisso coletivo do povo para a educação das crianças em vista do bem comum. A escolha de padrinhos fora da vida da comunidade é uma exceção. No ritual podemos destacar três momentos além do momento do batismo na água em nome da Trindade e da tradição do povo: 1) a apresentação das crianças por parte do pai e da mãe 2) o compromisso de ensinar profissão, costumes, habilidades por parte de pessoas da comunidade na liturgia catecumenal 3) a invocação comunitária do Espírito Santo com a unção depois do batismo.

9. As celebrações da Eucaristia e Crisma marcam nas comunidades a entrada dos jovens na vida adulta (Eucaristia) e seu comprometimento na comunidade através dos ministérios (Crisma). (Os comentários sobre os ritos, não foram feitos por completo na exposição.)

10. O matrimônio é o momento de proclamar publicamente o compromisso já assumido pelos casais e suas famílias. A comunidade afirma este compromisso e promete a ajudar a nova família. Assim também nos outros sacramentos, a comunidade inteira participa, pois assume compromisso público com as pessoas recebendo o sacramento.

Rito de iniciação entre os Xavante/MT.4

INICIAÇÃO DOS XAVANTE: Estes foram batizados a partir 1795 até 1840 pelos Capuchinhos, em Goiás. Em 1840 – os Xavante fugiram do exército e foram até perto da Ilha do Bananal. Atravessaram o rio com balsas de tronco de bananeiras. Alguns conseguiram e outros se assustaram do boto e voltaram. Daí a divisão entre Xavante e Xerente. Os que fugiram deixaram tudo para trás, inclusive o batismo.

Em 1956 – procuram os missionários que trabalhavam com os Bororos. Sua contactação é recente (50 anos), mais ou menos antes do Vat. II. O processo de inculturação teve início em 77/78 e mais nos anos 80. A 1ª Missa rezada na língua Xavante foi Natal 1977.

Os catequistas são os próprios Xavantes e a formação se realiza através do diálogo. O Xavante tem três estágios de iniciação. A iniciação dos jovens durante 5 anos.

O rito de iniciação religiosa se dá a cada 15 anos, também em 3 etapas. Só aos 55 anos o Xavante é maduro, pronto na iniciação religiosa. Os ritos envolve toda a comunidade.

A iniciação cristã também se dá em 3 etapas: 1ª etapa – catecúmenos – sua função é cantar nas liturgias. Não podem proferir a palavra. Só os padrinhos e catequistas que a proclamam.

A 2ª etapa – neófitos

Na 3ª etapa – ele ou ela se torna padrinho ou madrinha de novos catecúmenos.

Os padrinhos devem ser da facção oposta = troca simbólica. A ornamentação nos rituais é muito importante. São batizados mas não são completamente iniciados. A idade para batizar é o pai que pede e decide. O conteúdo da catequese é baseado na Bíblia e no ano litúrgico. A catequese se dá a partir dos critérios do AT do Xavante.

Sobre os Bororos: (Pe. Ochôa)5

Há grupos com 100 anos de catequese. Outros grupos conservam seus rituais. A pessoa do missionário precisa se tornar da cultura, caso contrário não é do povo. É importante conhecer o sistema de parentesco, de nominação e o funeral. Descobrir os seus valores, a língua. Há o resgate do ritual da nominação. Experiência de juntar este ritual com o batismo cristão. O ritual do funeral é muito valorizado. Através da morte surge a nova vida. O funeral dura 2 a 3 meses, nos últimos 3 dias é mais forte.

O canto “grande” para o funeral, este só pode cantar se o mais velho dá a ordem.

O jovem José Mário disse que no tempo da Páscoa – quaresma (6ª feira maior) cantam um canto para Jesus que é cantado no funeral. Rezam a Via - Sacra.


CONTRIBUIÇÕES DA ASSESSORIA.

Apontamentos apresentados durante o Seminário “INCULTURAÇÃO E LITURGIA”

Organização: Cimi/CNBB, Luziânia, 6.3.2004

1. Paulo Suess

Estamos assistindo, durante este seminário, um rito de iniciação eclesial. Iniciari, do latim, quer dizer: abrir portas. Procuramos saber em que direção abrir as portas (para dentro ou para fora), para que possa acontecer um encontro com os povos indígenas.

1) Um processo complexo

Pode-se considerar a inculturação da liturgia cristã na vida dos povos indígenas como um processo de iniciação para a própria Igreja. Este processo passa por rituais de dor, de morte e ressurreição. A inculturação não é opcional. È um imperativo do seguimento de Jesus, como diz o documento de Santo Domingo (n. 13). A inculturação responde à primeira colonização e à segunda colonização, hoje presente, no neocolonialismo dos meios de comunicação e do mercado.

Se a Igreja declarar que a finalidade da inculturação não é criar novos ritos, mas adaptar o Rito Romano à compreensão dos povos indígenas, então não se trata de inculturação. Por outro lado, a diversidade entre os povos indígenas é muito grande e pode chegar aoponto de impedir a comunicação.

2) Como comunicar-se com o diferente?

O diferente é um valor que está ligado ao surgimento da vida. A vida humana é resultado de uma permanente diversificação das primeiras células primitivas.

O diferente pode ser eliminado pela integração na cultura dominante. A adaptação é uma tentativa de encontrar-se no meio caminho. A inculturação que se inspira na encarnação de Jesus de Nazaré. A inculturação é um ato permanente de despojamento (kenose) que visa o protagonismo dos povos indígenas, com a sua identidade fortalecida. Não podemos defender, politicamente, o projeto histórico dos povos indígenas, e prejudicá-lo no campo simbólico. A alteridade indígena aponta para a alteridade do Reino de Deus que gira em torno de uma outra lógica.

A unidade da Igeja não é resultado da uniformização dos sinais e ritos. Mesmo ritos iguais podem sempre ter um significado diferente. A leitura do sentido vai sempre muito além de coreografias rituais padronizadas. A unidade da Igreja emerge da articulação de sua diversidade. O diferente é sempre uma possibilidade do divino entre nós. Essa possibilidade exige nossa abertura e compaixão. O diferente não nos faz indiferentes, mas particularmente sensíveis.

A comunicação ritual (litúrgica) com o diferente aponta para a possibilidade de celebrar em dois ritos: Um rito particular, específico, do respectivo povo e outro rito mais universal para a con-celebração com outros grupos. No campo das línguas fala-se do bilingüismo, o que neste contexto significa, falar a própria língua e falar uma língua geral. O bilingüismo é a condição para que ninguém seja oprimido pela cultura ou língua do outro, mas também para que haja comunicação e compreensão além da própria tribo.

3) Diversificar os ministérios e decentralizar as estruturas

Trabalhar com essa grande diferença cultural dos povos indígenas exige não só diversificar os ritos, mas também decentralizar e diversificar os ministérios. A diversidade dos ministérios na Igreja obriga distinguir entre ministérios cuja ênfase está na inculturação micro-estrutural (equipe de base) e ministérios que priorizam, por sua estrutura funcional, a articulação mais ampla (secretariado nacional das pastorais; ministério episcopal).

Nós, agentes de pastoral, que passamos pelas estruturas da Igreja e vivemos culturalmente perto da classe média, temos muitas dificuldades para conviver com os povos indígenas ou outros setores sociais. Às vezes, por não conseguirmos a inculturação na aldeia, gastamos muitas energias para legitimar a não-inculturação. Atrás de muitas “desculpas” está simplesmente a impossibilidade psicológica de a classe média abrir mão de seus privilégios e, com isso, a impossibilidade de se inculturar num determinado ambiente social.

Como fica então a evangelização? O evangelho deve ser anunciado em todos os grupos sociais. Se não conseguimos a inculturação em determinados ambientes, talvez consigamos descobrir os evangelizadores que já estão no respectivo grupo, onde não conseguimos fincar pé. Porque Aquele que depois de sua ressurreição precedeu seus discípulos na Galiléia dos pagãos, precedeu também hoje seus evangelizadores em todas as Galiléias do mundo. O primeiro evangelizador, que é o Espírito Santo, pai dos pobres e protagonista da evangelização, já está entre eles. Deus suscita em todos os grupos sociais evangelizadores. Falta descobrí-los, acolhê-los, confirmá-los e acompanhá-los. Quem impediu os povos indígenas no Brasil de terem seus próprios protagonistas da evangelização?

4) Trabalhar com o cultural e historicamente disponível

Como a cultura de nenhum povo é normativa para um outro povo, Jesus de Nazaré não padronizou sua cultura para viver e testemunhar a experiência de Deus. Jesus interveio em sua própria cultura - dentro dos limites da consciência possível de sua época - , quando se tratava de estruturas de pecado no interior do seu povo (crítica do farisaísmo). Para explicar a vontade de Deus, Jesus se serviu em todas as circunstâncias de sua vida do cultural e historicamente disponível.

Jesus não fez empréstimos ou importações culturais para explicar os mistérios de Deus. Apesar da precariedade de sua cultura, explicava os mistérios do Reino numa linguagem também semanticamente compreensível para todo mundo. Não mandou buscar bebida fermentada do Egito para celebrar a Última Ceia com seus apóstolos.

O culturalmente disponível não é "qualquer coisa". As diferentes experiências humanas vividas e culturalmente codificadas por grupos sociais não são algo meramente arbitrário ou descartável. São resultado de uma longa experiência histórica.

5) O cristianismo acrescenta algo à religião e à vida dos povos indígenas?

No Rio Negro (AM), numa mesma diocese, existe o povo Maku e existe o povo Tukano. Os Tukano consideram os Maku os últimos na hierarquia étnica do Rio Negro. Maku dorme no chão e come formiga. O Tukano acha isso ruim. Na ética tribal Tukana não está previsto “o amor maior”, no sentido de um Tukano dar a sua vida por um Maku. Os povos indígenas vivem, como Israel no Antigo Testamento, a ética da reciprocidade que é, frente à ética do capitalismo, um grande avanço. A gratuidade universal (raíz da fraternidade e da solidariedade) é uma contribuição do cristianismo para o patromônio da humanidade. Dar a vida pelos outros... Vicente Cañas, Irmã Cleusa, Rudolfo Lunkenbein, Romero e Girardi... A gratuidade é o núcleo da lógica do Reino e a condição da não-violência e do shalom. A gratuidade não é natural, é sobrenatural, rompe com o feitiço e sua vinculação à lei do causa-efeito, rompe com a vingança, com o pagamento das dívidas: “Para nós nada, para o povo tudo”...


2. Pe. Gregório Lutz – CSSP.

Aspecto Litúrgico: - O mistério Pascal é celebrado a partir das culturas.

O Evangelho pode enriquecer e também ser enriquecido pela cultura. Nos elementos de iniciação humana de cada cultura, precisamos indagar mais precisamente para ver se o Mistério Pascal está presente. Voltar às fontes das culturas – ver o natural e o sobrenatural. Não voltar para à traz para fazer folclore, e sim, partir do presente = os Terenas.

A iniciação implica também nas refeições. Conhecer o coração Pascal das culturas e iluminar pelo Mistério Pascal de Jesus, enquanto núcleo cristão. Não se limitar à pesquisa da celebração, mas ter presente e conhecer a liturgia cristã ou o cristianismo para entrar nessa cultura. Não esquecer esse imperativo cristão – a verdadeira tradição da igreja é a inculturação. Os maiores problemas aconteceram quando esta não se inculturou.

A Igreja deve estar presente em todas as culturas. Sua presença se faz, sobretudo pela liturgia, caso contrário ela perde sua catolicidade.

Por isso é necessário preparar bem esses encontros para poder avançar. Precisamos visar uma liturgia mais específica para os povos indígenas.

Concluindo cita D. Walfredo Teppe - a inculturação mexe com três elementos:

Propostas – anúncio da proclamação da verdade sobre Jesus Cristo;

Questão do rito – essas verdades se expressam através do Rito;

A Igreja mesma tem contradições em seus Documentos e orientações.


3. Fr. José Ariovaldo,OFM.

Podemos entender a liturgia a partir da motivação histórica. A liturgia inculturada é resultado de um longo processo de renovação da liturgia, que ganha força na Igreja com o Concilio Vaticano II.

Algumas características apartir do primeiro e segundo milênio de cristianismo.

Primeiro Milênio Cristianismo Segundo Milênio Cristianismo

1. Jesus Cristo é o centro 1. Os santos se tornam o centro

2. Bíblia como centro da verdade 2. Leitura da vida dos santos

3. Teologia apartir da vida 3. Teologia sob reflexão filosófica

4. Os sacramentos – mistérios de Cristo. 4. Os sacramentos como

remédio para curar os males

5. Inculturação sob a lógica pascal 5.Inculturação como

uniformização romana

- No primeiro milênio cristão era muito forte a centralidade nas pessoas de Jesus, viviam sob o impulso do mistério pascal. Hoje acentuamos com o projeto de Jesus.

- A importância da palavra de Deus era outra centralidade. Nas celebrações eucarísticas, a palavra era tão importante quanto a própria eucaristia. Pela palavra se tornava real a presença de Deus.

- A Teologia vigente era elaborada apartir da vivencia celebrativa, partindo de uma experiência de encontro com Deus nas celebrações;

- Os sacramentos eram vistos como celebração do mistério de Cristo. Daí entra o batismo como ritual de iniciação para o cristianismo;

- A inculturação pelos apóstolos era uma experiência de se aproximar de Jesus pascal, saindo para a missão em outras culturas. Do judaísmo para o mundo grego, onde funcionava outra cultura, língua e expressões.Nessa cultura encontraram outras maneiras de expressar a fé em Jesus.

No Ocidente, os cristãos se estabeleceram na Península Ibérica. No segundo milênio o cristianismo começa mudar de eixos:

- Pouco a pouco a pessoa de Jesus deixa de ser o centro, sendo ocupado pela figura dos santos. Surge a apartir da discussão da presença real no santíssimo sacramento. As festas do padroeiro ocupam o lugar das festas pascais;

- A palavra de Deus passa a ser desconhecida, inclusive as leituras eram feitas com voz baixa. A leitura sobre a vida dos santos ocupam maior espaço que a leitura bíblica;

- A teologia que antes partia da experiência de Deus nas celebrações, passa a prenderem-se em reflexões filosóficas em especulações sobre Deus;

- Os sacramentos, de celebração e mistério, passam a significar remediações contra os males do espírito (pecado original) e prevenção aos males do corpo;

- A inculturação passa a significar uniformização romana. As culturas não têm importância, mas o padrão de Igreja vinda de Roma é o mais importante.

O Concilio Vaticano II, surge e resgata a centralidade cristã da liturgia do Iº milênio. Após 40 anos de Concilio Vaticano II demos conta que ainda não conseguimos resgatar o processo evangelizador do Iº milênio. Esse era o objetivo da Vaticano II, retornar às fontes e fazer nova síntese da inculturação.

4. Pe. Georg Lachnitt - SDB – Para melhor entender o papel missionário.

Aspecto antropológico: O missionário diante da diversidade cultural, se sente inseguro e às vezes desiste. Ele deve saber que é um portador de cultura no sentido amplo. Por exemplo: a saúde, para os povos indígenas faz parte da religião, a escola também gira em torno da religião. A terra é uma questão profundamente religiosa. Então é preciso ver como trabalhar essas questões.

Qual é o papel mesmo do missionário? Dar-se conta da diferença de cultura e religião.

Na liturgia também se dá esse confronto. Precisamos correr o risco de exercitar e encarar os erros com naturalidade. O que é essencial, é o protagonismo dos povos indígenas e missionário não pode esquivar-se com sua participação. Deve ser responsável.

A tarde foi encerrada com a celebração Eucarística coordenada pelos indígenas presentes.

À noite houve um sessão de vídeos sobre a iniciação e funeral dos Bororos e o Batismo dos Xavante.

No próximo número da NM seguem os relatos dos grupos de trabalho.


5. O que é Cultura (V)

Pe. Georg Lachnitt SDB

Dando continuidade à reflexão sobre cultura, passamos agora a aprofundar alguns elementos mais sistematizados sobre um tema vital, que é o do indivíduo e sua cultura. Os processos de aquisição, por parte do indivíduo, e a inserção de cada indivíduo na sua cultura.

1. Todos recebem sua Cultura por Aprendizagem

Já a definição de cultura de Tylor, de 1871, aduzida acima, declarava o aprendizado cultural em oposição à idéia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos.6 Igualmente a afirmação da cultura como herança social e não como herança genética leva à mesma conclusão. Não se trata, porém, de levar isso a uma oposição entre natureza biológica e cultura, mas muito mais de admitir um crescimento ou enriquecimento do indivíduo em base à sua natureza dentro de um contexto cultural.

Como a cultura não é adquirida por herança genética, qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado.7 Este aprendizado consiste em integrar os indivíduos na cultura em que vivem, em transmitir-lhes a cultura em que vivem, ou num adestramento dos indivíduos para perpetuarem a própria cultura na qual nasceram. Esse processo de aprendizado da própria cultura é conhecido pelo termo de "enculturação" ou "endoculturação", termo este melhor para evitar equívocos com termos semelhantes.8 Este processo de aprendizado, dentro de uma cultura particular, é caracterizado por um sistema de aprendizado peculiar, dentro do contexto das configurações e instituições peculiares de determinada cultura. Longe de deixar este processo por conta da criança para um aprendizado em base a experiências individuais, embora estas integrem seu processo de aprendizagem, cada sociedade transmite positivamente a cultura ao seu novo membro, de acordo com certos mecanismos criados para isso.9

O elemento fundamental de formação se dá pelo contato vivencial do indivíduo com os membros de sua sociedade: pais, irmãos, vizinhos, colegas etc. Estas pessoas servem de modelo à criança para o seu aprendizado inicial, muito importante. Desta maneira, ela aprende, por imitação e inconscientemente, os padrões de comportamento, consolidados pelos valores da sociedade, as configurações sociais de uma maneira global e vital, seus métodos e técnicas aptas para garantir a sobrevivência etc. etc.10 Estes contatos são mais íntimos e menos formais, mas de relevante importância para a formação do perfil cultural de uma pessoa, sobretudo por se situarem a nível de intuição e se firmarem no inconsciente.11 Com isso, a criança aprenderá um acervo de respostas já preestabelecidas para as situações mais comuns que cada pessoa normal poderá enfrentar e uma dinâmica, em base aos sistemas sociais, de produzir respostas emergentes a situações novas que possam surgir, inevitavelmente.

2. O Indivíduo e sua Cultura

Cada sociedade dispõe pois de um sistema de aprendizado para "enculturar" os novos membros dentro de sua cultura, transmitindo-lhes suas configurações culturais, os padrões de comportamento etc. Poder-se-ia pensar que diante disso a personalidade individual consiste em reproduzir com perfeição o modelo socialmente considerado o perfeito. Quais são as margens que uma cultura pode oferecer para o desenvolvimento da individualidade? O perfil cultural, a identidade cultural da pessoa fica delineada pelos parâmetros que para isso fornece a cultura. Com isso se reconhece cada pessoa como pertencente a determinada etnia, isto não apenas por traços fisionômicos originais, tais como japonês, inglês, negro e índio, mas com configurações típicas, próprias de cada etnia. Os de outra cultura, antes de constatar a individualidade de uma pessoa, constatam seu tipo étnico genérico e identificam as pessoas neste sentido. Só posteriormente constatam os traças da individualidade de cada pessoa dentro de sua própria cultura.

O pesquisador, quando entrevistar um informante sobre as normas de comportamento estabelecidos, recebe normalmente delineado o padrão ideal de comportamento. E nisso diversos informantes estarão normalmente de acordo. Mas na convivência diária constatará variantes e desvios do comportamento ideal. A sociedade dispõe de mecanismos para estimular e mesmo recompensar o indivíduo pela congruência de seu comportamento com os padrões estabelecidos. Inversamente, dispõe igualmente de mecanismos para repreender e até punir os desvios e as infrações contra as normas culturais.

Fica evidente com isso, que o indivíduo age culturalmente enquanto de acordo com os modelos estabelecidos, e quando divergir deles age individualmente, isto é, a ação discordante do indivíduo não pode ser considerada de cultural, mas pessoal. Existe porém a possibilidade de uma ação individual dentro das margens dos padrões culturais, sem ter que infringir contra as normas. A dimensão cultural não suplanta a individualidade, mas a integra.12

Nesse caso, trata-se de realizações enquanto variantes culturais originais, ou de acordo com Linton, de pautas modais de uma cultura, embora ele as considere mais como discordâncias das pautas ideais.13 No caso de uma infração contra as normas culturais, o indivíduo passa progressivamente a ser taxado de anti-social, provoca reações desfavoráveis dentro do grupo e é marginalizado.14

Diferente já é o relacionamento no caso das variantes culturais. O indivíduo contará com o apoio pelo menos de uma parte dos membros de uma cultura, que o aceita como original e mesmo enriquecedor, pelo que não raro certas variantes são incorporadas como novos padrões culturais possíveis, embora já tenham sido configurados de alguma maneira dentro dos padrões existentes. Este fenômeno pertence à dinâmica própria de cada cultura e a sociedade conta com eles.15 Nesse caso podemos falar de uma participação dinâmica na própria cultura, enquanto que, no caso anterior, se trata de uma ação divergente e agressiva à própria cultura.

Tais comportamentos desviantes podem ter origem, de um lado, do recurso ao livre arbítrio da pessoa, como, de outro lado, podem ser manifestação de algumas normas e padrões culturais serem desfuncionais e que por isso exigem um novo posicionamento que costuma surgir como desvio das normas em vigor.

Nesse sentido, o comportamento ideal seria o mais aproximado possível aos padrões enquanto o comportamento real, divergente daquele, corresponde à realidade e às exigências de fato da sociedade.16 Da parte do pesquisador, de certa maneira, as normas ideais são deduções teóricas das normais reais constatadas. Os padrões ideais estão configurados expressa ou tacitamente na tradição de cada cultura ou mesmo, nas culturas primitivas, alicerçadas na mitologia, como se verá mais adiante.17

Além de produzir tipos culturais básicos, cada cultura produz ainda uma diversidade original de tipos especiais, dentro dos padrões culturais peculiares. Estas pessoas ocupam um status dentro da sociedade, que integra a

configuração de cada cultura. Trata-se de indivíduos competentes para diversas especialidades, funções rituais e sociais e tantas outras. Estes são adestrados e iniciados para o seu status e reconhecidos pela sociedade como tais.18 Cada indivíduo raramente pertence a um sistema social só, mas pode acumular ainda outros com seu status particular, tais como membro de um grupo etário, membro de um clã, de um grupo familiar, líder religioso institucionalizado e/ou xamã etc. A confluência de várias competências tornaria inevitável o conflito. Os sistemas culturais, no entanto, dispõem de mecanismos para superar e contemporanizar tais conflitos, estabelecendo prioridades e mesmo normativizando o que chamaríamos de "exceções". A harmonia institucionalizada de cada cultura é um fato em que, não há dúvidas, em umas prevalece a dimensão social do indivíduo, em outras a dimensão individual.19 Nisso constatamos igualmente a originalidade de cada cultura particular.

Existem, portanto, dois movimentos quanto à relação do indivíduo com sua cultura: um primeiro, pelo qual cada indivíduo procura adaptar-se, com maior ou menor fidelidade, ao seu ambiente cultural, em todas as suas dimensões; um segundo, pelo qual cada indivíduo se torna agente transformador do seu próprio ambiente cultural, trabalhando as variantes previstas criativamente e ainda ultrapassando seus modelos ideais não mais funcionais e inovando-os com novas práticas, de início discordantes dos modelos ideais, mas posteriormente incorporadas como novos modelos.20

3. Cada um vive e conhece a própria Cultura parcialmente

Longe de assimilar toda a globalidade da própria cultura, cada pessoa apenas aprende tudo aquilo que dele for requerido pela situação vivencial concreta. O que não for funcional, não terá utilidade e pouco interesse provocará. Assim desde já podemos afirmar, que cada pessoa apenas participará parcialmente da globalidade de sua cultura, apenas de determinado setor, e dentro dos condicionamentos próprios de cada cultura particular.21

Mais acima ficou afirmado que a cultura age seletivamente. Este princípio ainda pode estender-se tanto ao indivíduo como a subgrupos dentro da cultura. Não raro um pesquisador inicial julga poder abordar qualquer indivíduo para obter informações. Julga-se que cada participante de uma cultura esteja plenamente informado sobre todos os aspectos de sua cultura. Isto tampouco procede. Laraia afirma mesmo que não existe possibilidade de um indivíduo dominar todos os aspectos de sua cultura.22 Kaplan argumenta que um nativo realmente conhece a sua cultura melhor do que alguém que não seja membro dela. E continua mais adiante afirmando que pode haver uma profunda diferença entre experimentar um fenômeno e ter conhecimento desse fenômeno.23 Na visão de um conhecimento não apenas racional, mas também simbólico, que se processa de maneira intuitiva e de outra maneira não atingível, a experiência vivencial e sua expressão simbólica são uma outra maneira de conhecimento diferente do da faixa racional e intelectiva.

Com isso, um pesquisador estranho de uma cultura, por mais que disponha de mecanismos e metodologia científica, constrói seu estudo e conhecimento de uma outra cultura, no dizer de Geertz, (...) aos arrancos. Em vez de seguir uma curva ascendente de achados cumulativos, a análise cultural separa-se numa seqüência desconexa e, no entanto, coerente de incursões cada vez mais audaciosas.24

4. Unidade e Complexidade da Cultura

Conhecendo uma cultura primitiva pode-se afirmar, contra certas teorias evolucionistas, que as culturas primitivas se revestem não raro de extraordinária complexidade não ficando em falta com as culturas "civilizadas". Isto vale também para as instituições educacionais das culturas primitivas.

Toda a cultura, embora constituindo uma complexa unidade global, ainda pode estar parcelada em diversas subculturas. Estas podem consistir em subgrupos dentro de um mesmo grupo da própria sociedade local, tais como clãs, grupos etários etc., como ainda resultar do distanciamento geográfico ou social de parcelas da sociedade. Tais subculturas participam dos traços essenciais da cultura de que são parte integrante e se reconhecem como tais, enquanto se distinguem por certas características ausentes ou diferentes na totalidade, sendo apenas próprios de algum desses subgrupos. Mas esses traços não criam divisão, pelo contrário, são elementos peculiares e, ao mesmo tempo, interdependentes. Num contexto tal, a cultura é a soma orgânica de todas as suas subculturas.25

5. Níveis mais profundos da Cultura

Falou-se acima da cultura material como suporte de toda a vida cultural. A cultura social é a manifestação dos sistemas culturais, de suas estruturas mais genéricas subjacentes, de que o sistema interpretativo é a expressão simbólica. Falta ainda penetrar mais a fundo nos alicerces da cultura, no seu núcleo. Este núcleo da cultura pertence, segundo afirma Linton, à cultura encoberta, dimensão ou setor da cultura que na maioria das vezes permanece na faixa do inconsciente, mas não menos real, pois fornece as motivações para a cultura manifesta.26

O núcleo garante a coesão de todo o edifício da cultura. Enquanto mudanças são efetuadas, estas se processam na periferia da cultura, na sua manifestação, mas o núcleo continua firme, intocado, embora se deva admitir que de fato haja influências também sobre o núcleo. Podem acontecer também conflitos entre a periferia da cultura e seu núcleo, o que pode revestir-se de importância decisiva, embora na maioria dos casos tais conflitos não passem de conflitos aparentes.

Este núcleo é constituído por uma comunhão de idéias básicas, por um capital de ideologia que garante orientação e visão básica do mundo e a integridade básica de cada cultura.27 Pertencem ao núcleo ainda o conjunto de valores, associações e reações emocionais condicionadas, em grande parte inconscientes, que dão à cultura sua vitalidade e fornecem aos indivíduos os motivos para aderir aos padrões culturais.28 É o núcleo que dá à cultura (...) sua forma e seus padrões básicos.29 Diferente do núcleo é a zona fluída da cultura, constituída por alternativas, grandemente desintegrada e constantemente em mutação.30

Enquanto o núcleo de uma cultura persiste, os indivíduos são capazes de proceder a uma série de mudanças exteriores que eles porém processam com equilíbrio e tranqüilidade. Quando porém as mudanças atingirem o núcleo, os membros da sociedade passam da insegurança para o desequilíbrio, resultando na perda da unidade psicológica.31 Enquanto os membros de uma sociedade tiverem um senso de unidade básica de cultura, a sobrevivência da cultura está assegurada. Na medida em que uma cultura se esvaziar em seu núcleo básico ou mesmo só o reduzir a elementos mínimos, o grupo passoesa a desagregar-se e perde seu sentido de unidade.

Como conseqüência, a cooperação recíproca motivada por um sentido de unidade não terá mais condições de prever o comportamento dos indivíduos, devido à falta de conceitos básicos de unificação, resultando daí conflitos amplos e profundos sem previsão de soluções que em tempos normais estão à disposição com mecanismos culturais específicos. Faltarão padrões fixos de integridade e de honestidade e podem seguir até a marginalização e eliminação de amplos setores da sociedade.

Estes elementos nucleares da cultura são portanto básicos para a sobrevivência ou a morte de uma cultura, são decisivos nesses processos de mudanças inevitáveis e permanentes.32 Isto porém não significa de pretender reduzir o núcleo de uma cultura à imutabilidade, pois a mudança até mesmo do núcleo é um fato, não apenas dos elementos periféricos. A mudança também se concretiza sobretudo a partir das mudanças externas e periféricas da cultura.

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6. Animação Missionária Inspetorial

Pe. Georg Lachnitt SDB

O Material da Jornada Missionária Mundial chegou de Roma e será entregue às Casas. O Video com o tema "ARUNACHAL PRADESH - O Despertar de um Povo" já está à disposição, como também o Dossiê, desta vez enriquecido por um CD com fotos e os textos da JMM.

O Delegado Inspetorial de Animação Missionária prevê visitar as Casas da Inspetoria para promover a Jornada Missionária Mundial, conforme o programa seguinte:

- 17-30 de abril: Campo Grande e Indápolis;

- 11-20 de maio: Sangradouro, Merúri, São Marcos, Barra do Garças, Nova Xavantina, Poxoréo, Rondonópolis;

- 01-06 de junho: Cuiabá, Coxipó;

- 02-04 de agosto: Corumbá.

- 09-13 de agosto: Três Lagoas, Araçatuba, Lins, São Paulo:

- 06-07 de setembro: Alto Araguaia, Guiratinga.




7. Os Terena de Cachoeirinha Lutam para Retomar seu Território

Jorge Vieira – CIMI/MS

Uma das primeiras comunidades Terena a constar nos registros históricos, mas até hoje a Terra Cachoeirinha não foi demarcada.

Intensificando a luta a partir da década de 70, os Terena de Cachoeirinha querem voltar para seu território tradicional, 36.288 hectares, que foi identificado e publicado no Diário Oficial da União em 24 de junho de 2003. A área está localizada na região Pantaneira sul-mato-grossense, a 240 km de Campo Grande e a 18 km do centro administrativo municipal de Miranda.

A terra Cachoeirinha foi demarcada em 2.630 hectares. A população que era de três mil pessoas, atualmente já são mais de cinco mil que se encontram organizadas nas aldeias Campão Babaçu, Argola, Morrinho, Lagoinha e Cachoeirinha. Enquanto que, mais de 50% moram nas periferias da capital do estado do Mato Grosso do Sul, Campo Grande.

O povo Terena é uma das maiores populações indígenas do Brasil, com cerca de 30 mil indígenas organizados em 33 aldeias, concentradas em sua maioria na vasta região pantaneira. Atualmente, em conseqüência de variados fatores, parte da população terena habita nas periferias das grandes cidades, como Campo Grande, Dourados, Sidrolândia e Aquidauana e ainda nos estados de São Paulo e Mato Grosso.

A região, segundo o Tratado de Tordesilhas, em 1494, estava sob domínio da Coroa espanhola. Portanto, até a Segunda metade do século XIX foi motivo de disputa entre Brasil e Paraguai. Segundo relatos etnográficos, habitavam naquela época diversas etnias, como Xarayé, Guaycuru, Kadiwéo, Beaquéo, Guaná, Laiana, Kinikinawa e Terena.

A etnia Terena é originária das planícies colombianas e venezuelanas ou dos varjões equatorianos. Para a historiografia é um sub grupo da etnia Guaná e pertencente ao tronco lingüístico Aruák, falado também por povos das Guianas, Karibe e Brasil. Caminhava na direção do sol nascente à procura de terras férteis para a agricultura de subsistência familiar. A sua população é também reconhecida como produtora de cerâmica, instrumentos musicais e objetos de cipó e de palha de palmeira.

Fazendo uma breve retrospectiva histórica do povo, três acontecimentos marcaram profundamente a sua vida. O primeiro fato aconteceu com a saída do Êxiva ou Chaco, como é conhecido pelos purutuyé – termo utilizado pelos terena para denominar o homem “branco” - no século XVIII, motivada pela pressão dos invasores espanhóis e pelas disputas interétnicas. Ocupando o vasto território sul-mato-grossense, firmaram alianças com Guaicuru e portugueses, mantendo relações políticas de segurança e comerciais.

O segundo momento é a fase considerada e denominada de servidão. Aconteceu depois da participação dos terena na Guerra do Paraguai (1864-1870). As conseqüências da guerra foram significativas perdas de “patrícios” nas frentes de batalha e também por doenças, provocando a depopulação. Os que conseguiram voltar para as aldeias, encontraram suas terras invadidas por fazendeiros criadores de gado. Foi uma diáspora forçada na vida do povo. A maioria da população foi esparramada pelas fazendas e grandes cidades do Brasil em busca de emprego. Morando nas periferias dos centros urbanos e fazendas, tornaram-se mão-de-obra barata para a economia regional, onde muitos até hoje ainda exercem atividades de peões de fazenda, bóias-frias em usina de cana-de-açúcar ou sobrevive de biscates. Entre 1903 e 1904 iniciou a construção das linhas telegráficas pela Comissão de Rondon e da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil que ligaria Bauru a Porto Esperança, em 1905, onde foi significativa-mente utilizada a mão-de-obra indígena.

E o terceiro ocorreu quando as quatro primeiras reservas Terena foram demarcadas entre 1904 e 1905, Cachoeirinha, Bananal, Ipegue e Lalima, no município de Miranda. O governo tinha como objetivo liberar o restante das terras para a ocupação das frentes expansionistas de criação de gado e plantação de soja e, também, implementar a política integracionista para os indígenas considerados arredios ou não “civilizados”, transformando-os em pequenos produtores rurais. Resultado dessa política foi confinar a população em pequenas glebas de terra e possibilitar aos missionários realizarem a catequização dos indígenas.

No entanto, mesmo depois de todo o processo de colonização ou “civilização” e invasão perda dos territórios, o escritor e engenheiro Alfredo de Taunay, em visita à aldeia Naxadaxe, em torno 1866, observou que apesar do longo contato com o “branco”, o povo Terena ainda mantinha sua tradição. O comentário será feito quase um século depois pelo antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira, identificando que o povo mantinha sua organização tradicional.

As últimas décadas foram marcadas por uma intensa relação política e econômica dos Terena com o Estado brasileiro e com a sociedade ocidental, exercida sob a tutela do SPI e da FUNAI e a submissão à economia regional. O Estado, os setores econômicos e igrejas intervieram permanentemente na organização social, política, econômica e religiosa do povo, impondo sua cultura, costumes e religião e utilizando sua mão-de-obra barata no desenvolvimento da economia de mercado. O que tem levado os terena a um processo de mudança e adaptação permanente em suas formas de organização social.

As comunidades terena localizadas no município de Miranda têm uma longa história de contato, disputa pela terra e conflitos cultural e religioso com a população não-indígena. Logo no início, entre 1580 e 1584, o Capitão Melgarejo fundou a Vila Santiago de Xerez, às margens do rio Mbotetei - denominação indígena; para os purutuyé, rio Miranda. No ano de 1631 chegaram os padres jesuítas, empregados da Coroa Espanhola, para conquistar e catequizar a população indígena. Em 16 de julho 1797 foi fundado o Presídio Nossa Senhora do Carmo e uma pequena capela em honra da virgem do Carmelo, por ordem do Capitão-General de Mato Grosso, Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Em sua homenagem, em 20 de janeiro de 1859 é instalada a Vila de Miranda e, em 07 de outubro de 1871, foi elevado a município. Atualmente, Miranda tem uma população de 26 mil pessoas, segundo dados do IBGE de 2001, sendo que 9 mil são Terena.

Com o crescimento populacional, os espaços nas aldeias ficaram cada vez mais reduzidos. A convivência e sobrevivência tornaram-se mais difíceis, principalmente para a juventude. Já entre as décadas de 40 e 60, o antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira realizou pesquisa com os jovens terena e identificou que a maioria dos jovens tinha como perspectiva de realização pessoal morar, estudar e conseguir um emprego na cidade. De volta para casa, como expressou o professor terena Sebastião Rodrigues: “nosso jovens, quando saem em busca de um trabalho, criam a ilusão de felicidade; mas quando volta, o dinheiro só dá passar uma semana mantendo a alimentação da família, além de aprender os costumes ruins dos purutuyë e trazer para as nossas aldeias”. Como também, o confinamento diminui a cada dia a perspectiva da juventude, provocando o aumento do consumo de drogas, álcool, prostituição e violência dentro das aldeias.

As comunidades estão encurraladas por fazendas e chácaras. O confinamento da população e a ausência de uma política indigenista governamental voltada para a auto-sustentação e ampliação do território, tem acirrado os conflitos internos e aumentado a violência.

A realidade é que hoje que a Terra Cachoeirinha encontra-se invadida por fazendas, povoados e chácaras. E, apesar da Constituição Federal de 1988 determinar um prazo de cinco anos para o governo brasileiro demarcar todas as áreas indígenas, depois de várias décadas o processo de demarcação de Cachoeirinha ainda encontra-se à espera da Portaria Declaratória do Ministério da Justiça definido-a oficialmente como Terra Indígena.

Diante do processo de resistência e de luta que se prolonga por várias décadas em defesa de seus direitos e pela recuperação do território tradicional, poderíamos apontar que o povo está vivenciando um quarto momento de extrema importância em sua vida. É o período da libertação! Quando antropólogos renomados anunciavam o processo de aculturação do povo por muitos de seus membros estarem inseridos na economia regional, estudarem em universidades, exercerem cargos públicos, serem profissionais liberais ou viverem de biscates, eles estão fazendo a “a viagem da volta” como escrevera o também antropólogo João Pacheco de Oliveira referindo-se aos povos indígenas do Nordeste. Com o sofrimento que enfrentaram lá no meio da sociedade ocidental e o conhecimento que adquiriram, hoje estão voltando com o objetivo de fortalecer a cultura e organização de sua comunidade para recuperar seu território tradicional e ensinar às suas crianças seus direitos históricos e constitucionais.

Desde 1978 as lideranças começaram a retomar a luta pela demarcação da terra. O cacique da aldeia Campão Babaçu, Zacarias Rodrigues, reclamou da morosidade do governo federal, e exclamou: “estamos começando a acordar!”. Segundo ele, confiaram muito nas promessas do governo. Mas diante da situação difícil em que se encontram as comunidades, cansaram de esperar. O cacique Ramão Vieira da aldeia Lagoinha, justificou: “enquanto não saía a demarcação, nós lideranças buscávamos formas paliativas para amenizar a situação de miséria, violência e conflitos das comunidades, fazendo projetos de trator, óleo, sementes e adubos junto aos órgãos públicos e até ONG’s. Ao longo dos anos percebemos que a terra não era demarcada e que, cada vez mais, aumentava dependência de apoio externo. Por isso, a partir do início de 2003 resolvemos fortalecer a nosso organização interna e procurar entender nossos direitos”. A partir daí realizaram reuniões com as lideranças das associações de produtores e mulheres, presidentes e pastores das igrejas, de clube de futebol e de grupo de jovens.

Tiveram grande destaque nesse processo duas atividades que foram realizadas com a participação da maioria dos membros das comunidades. A primeira foi realização de três seminários de estudo sobre organização e movimento indígena; direitos indígenas na Constituição Federal e a legislação que trata do processo de demarcação da terra; e a organização da luta pela terra. A Segunda aconteceu no final do ano: a primeira Assembléia Terena de Cachopeirinha - teve como objetivo avaliar o processo de organização das comunidades e o planejamento das atividades de 2004 -, com a participação de mais de 300 representantes indígenas e aliados, onde reafirmaram como prioridades o fortalecimento da organização das comunidades e a articulação interétnica e a demarcação da terra.

Visto que o processo de demarcação encontrava-se paralisado no setor jurídico da FUNAI desde o final de 2003 aguardando parecer sobre as contestações dos invasores do território, as lideranças organizaram vigem à Brasília de uma delegação de 35 lideranças, que aconteceu em março, com o objetivo pressionar e agilizar o cumprimento do Decreto 1.775/96. Como resultado que tiveram das audiências com autoridades governamentais, conseguiram que o mesmo chegasse ao Ministério da Justiça.

De volta para suas aldeias, a delegação comemorou a vitória de uma mais etapa da luta pela demarcação da terra e pelo fato de, pela primeira vez, terem conseguido fazer uma viagem à Brasília com objetivo comum a todos. Para a presidente do Clube de Mães da aldeia Argola, Luciane Gomes, “a participação e apoio das mulheres é fundamental para a conquista terra”. Com muita animação, o jovem Edvaldo Antônio Raimundo da aldeia Morrinho, afirmou: “chegando em minha comunidade vou repassar tudo que aprendi e incentivar a participação de mais jovens na luta”. O que foi confirmado pelo cacique da aldeia Cachoeirinha, Lourenço Muchacho: “temos que envolver mais os jovens nessa luta, porque são eles os mais prejudicados com falta da terra e também porque serão eles que irão continuar defendendo o futuro do povo”.

Para as comunidades de Cachoeirinha, a demarcação do território é fundamental para a autonomia e melhoria da qualidade de vida do povo, desenvolver a produção e garantir uma assistência de saúde e educação específica e diferenciada.

O MITO DE CRIAÇÃO DO POVO TERENA

Entre as diversas formas que cada povo tem para construir e contar sua história, em pesquisa realizada por Circe Bittencourt e Maria Elisa Ladeira e registrada no livro “A História do Povo Terena” na comunidade em 1985 com os professores terena da Aldeia Cachoeirinha, assim contaram a criação do seu povo:

Havia um homem chamado Oreka Yuvakae. Este Homem ninguém sabia da sua origem, não tinha mãe e nem pai, era um homem que não era conhecido de ninguém. Ele andava caminhado no mundo. Andando num caminho, ouviu um grito de passarinho olhando como que com medo para o chão. Este passarinho era o bem-te-vi.

Este homem, por curiosidade, começou a chegar perto. Viu um feixe de capim, e embaixo era um buraco e nele havia uma multidão, eram os povos Terena. Estes homens não se comunicavam e ficavam trêmulos. Oreka Yuvakae, preocupado, queria comunicar-se com eles e ele não conseguia.

Pensando, ele resolveu convocar vários animais para tentar fazer as pessoas falarem e ele não conseguia. Finalmente ele convidou o sapo para fazer a apresentação na sua frente, o sapo teve sucesso pois todos esses povos deram gargalhada, a partir daí eles começaram a se comunicar e falaram para Oreka Yuvakae que estavam com muito frio”.


8. Semana dos Povos Indígenas 2004

A Semana dos Povos Indígenas está sendo comemorada de 19 a 23 de abril de 2004. O início está sendo no Dia do Índio, 19 de abril.

A Campanha de Fraternidade promovida pela CNBB tem como tema ÁGUA, FONTE DE VIDA - FRATERNIDADE E ÁGUA.

Em sintonia com a CF-2004, o CIMI propõe para a Semana dos Povos Indígenas 2004 o tema: ÁGUA E VIDA - ALICERCE DAS TRADIÇÕES E SOBREVIVÊNCIA DOS POVOS INDÍGENAS.

É costume, durante a Semana dos Povos Indígenas, os indígenas receberem homenagens e mostrarem o espendor de suas vigorosas culturas. Nesse ano de 2004, porém, o clima é bem outro, vendo a inércia do governo em reconhecer aos indígenas seus direitos aos territórios. Por razões e pressões políticas, até os direitos constitucionais estão sendo negociados e "vendidos". Daí, como resultado, que povos indígenas perdem a paciência e passam a "retomadas" de suas terras, que em alguns casos, chega a ser uma simples ocupação do que é de direito, já que o processo está concluído. No entanto, os indígenas continuam sendo classificados como "invasores". É tempo de apelar e de fazer protestos em todo o território nacional, para que a sociedade se dê conta que os povos indígenas estão sendo lesados nos seus direitos constitucionais mais legítimos.


9. Agenda

05-07 de março - III Seminário sobre Inculturação da Liturgia entre os Povos Indígenas, promovido pela Comissão de Liturgia da CNBB, Luziânia DF

12-14 de março - Encontro de Catequistas Terena, Jardim MS

18-19 de março - Curso de Agentes de Pastoral Bororo, Merúri MT

29-30 de março - Encontro de Formação do CIMI-MS, Campo Grande MS

04-11 de abril - Semana Santa e Páscoa do Senhor

18-23 de abril - Semana dos Povos Indígenas

12-14 de maio - Encontro de Missionários em Sangradouro:

12- Pastoral Indígenista de Barra do Garças, em Barra do Garças

13- Região III da Diocese de Barra do Garças, em Sangradouro

14- Encontro de SDB e FMA, em Sangradouro

17-21 de maio - Curso de Agentes de Pastoral Xavante, Areões

21-23 de junho - Encontro de Formação do CIMI-MS, Campo Grande

28 de junho -02 de julho - Curso de Agentes de Pastoral Xavante, Parabubure

05-09 de julho - Assembléia Regional do CIMI-MT, Chapada dos Guimarães



10. Publicações Diversas

Folders:

Índios, Xavante 1, Xavante 2, Xavante 3, Xavante 4, Bororo, Nambiquara

Aldeias Xavante 2004, Aldeias Kaiowá e Guarani, Aldeias Terena-Kinikinaua-Aticum-Guató-Kamba-Kadiwéu-Ofayè Xavante.

Livros recentes do CDI:

TSAWE, Jerônimo. A'uwe na Rowatsu'u 1. Campo Grande, MSMT-UCDB, 109 p. 2ª ed. 2004

TSAWE, Jerônimo. A'uwe na Rowatsu'u 2. Campo Grande, MSMT - UCDB, 114 p. 2ª ed. 2004

HITSÉ, Xavante Rafael e outros. O Meu Mundo - Wahöimanadzé - Livro de Leitura. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2ª ed. 2002, 107 p.

LACHNITT, Georg. Romnhitsi'ubumro - Dicionário xavante-português. Campo Grande, MSMT-UCDB, 108 p. 2ª ed. 2003.

LACHNITT, Georg. Damreme'uwaimramidzé - Estudos Siste-máticos e Comparativos de Gramática Xavante. Campo Grande, MSMT-UCDB, 202 p. 2ª ed. 1999.

LACHNITT, Georg. Romnhitsi'ubumro - Dicionário português- xavante Campo Grande, MSMT-UCDB, 123 p. 2ª ed. 2003.

LACHNITT, Georg e TSI'RUI'A, Aquilino Tsere'ubu'õ (Coord.s). Ihöiba prédu 'rãti'i na'ratadzé - Iniciação Cristã de Adultos. Campo Grande, MSMT-UCDB. 2004, 71 p.

LACHNITT, Georg. O Símbolo "Água" na Iniciação Cristã. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 135 p.

OBS: Eventuais pedidos sejam dirigidos ao CDI, com o enderço acima.

1Relato apresentado por Pe. Justino que é indígena do Povo Tuyuka (AM).

2Relato feito por Rosalino e Gilmar Terena.

3Contribuição de Padre Nello Ruffaldi, PIME – Cimi/Mensageiro.

4Relato feito por Pe. Georg Lachnitt, SDB cujo texto completo pode ser solicitado.

5Relato feito por Pe. Ochoa - SDB, que atua com o Povo Bororo (MT).

6Roque LARAIA, Um conceito antropológico, p. 774-776.

7Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p.17; cf. ibid.p. 63.

8

Cf. Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 20; cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 263; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 70.

9Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 92.

10Cf. Ibid. p. 103.

11Cf. Ibid. p. 106, 269; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 39, 144; cf. Waldenyr CALDAS, Cultura, p. 16; cf. Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 73.

12Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 101.

13Cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 64.

14Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 113; cf. Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 103.

15Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 266, 344; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 57, 103.

16Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 106-107; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 55, 58-59, 61, 63; cf. Bronislaw MALINOWSKI, Uma teoria científica da cultura, p. 57.

17Cf. David KAPLAN, e Robert A. MANNERS, Teoria da cultura, p. 159, Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 268, Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 58.

18Cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 85, 135, 156-157; cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 25 252 e 104, quanto ao adestramento.

19Cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 38, 86.

20Cf. Joachim SCHARFENBERG, Maturidade humana e símbolos cristãos. in: David POWER, e Dionísio BOROBIO, Ritos de passagem e cristianismo, p. 36.

21Cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 101, 143.

22Cf. Roque LARAIA, Cultura, um conceito antropológico, p. 84, dentro do contexto de pg. 82-84; cf. ainda Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 112, 270; cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 66.

23David KAPLAN, e Robert A. MANNERS, Teoria da cultura, p. 177, citando Turner.

24Clifford GEERTZ, A interpretação das culturas, p. 35; cf. até p. 36.

25Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 264-266, 268; cf. Waldenyr CALDAS, Cultura, p. 19, ele apresenta um tipo especial de subcultura, a cultura de classe; cf. Adolfo COLOMBRES, La colonización cultural de la América Indígena, p. 42; cf. Luis Campos MARTINEZ, Utopia somos nosotros - antropologia, p. 123.

26Cf. Ralph LINTON, Cultura y personalidad, p. 54, 51.

27Cf. Ralph LINTON, O homem, uma introdução à antropologia, p. 342.

28Ibid. p. 341.

29Ibid. p. 273

30Cf. ibid.

31Ibid. p. 341; cf. ainda ibid. p. 343.

32Cf. ibid. p. 272-273, 341, 442.