E STRÉIA 2008
Pascual Chávez Villanueva
E
UM SERVIÇO
EDUCATIVO/PASTORAL
“Ao educador, pede-se seriedade no próprio trabalho e vigilância mental. Ele deve tomar conhecimento de todas as correntes que influem sobre os jovens e ajudá-los a avaliar e
a escolher [...] Não basta saber, é preciso comunicar. Não basta comunicar, é preciso comunicar-se. Quem comunica uma noção, mas não se comunica ensina, mas não educa [...] É preciso amar o que comunicamos e aquele a quem comunicamos".1
M
ais do que
as obras interessam as pessoas às quais somos enviados e aos quais
devemos dar respostas válidas do ponto de vista educativo e
pastoral. Para Dom Bosco, "os jovens eram seus patrões" a
serem conhecidos e salvos. A formação
é, pois, a primeira exigência da sua vocação e missão, porque se
deve estar em forma
– do ponto de vista educativo, religioso e pastoral – diante de
qualquer situação em que os jovens se encontrem. Para que o serviço
educativo seja de qualidade, é preciso investir em pessoas, recursos
e tempo na formação dos agentes; e é preciso formar não só a
mente e a inteligência, mas também o coração. Por isso, como
educadores, devemos valorizar a nossa vocação educativa em toda a
sua dignidade. É preciso estar realmente em forma para enfrentar a
"problemática educativa" como desafio à nossa capacidade
profissional e não como uma desculpa que nos bloqueie, com a
renúncia às nossas tarefas educativas. A "qualidade" da
vida cotidiana deve ser a plataforma privilegiada da formação.
☻ Para quem è educador por vocação, a ação educativa é "o lugar privilegiado do encontro com Deus".2 Não se trata, pois, de um momento marginal em sua vida. Estar com os jovens é o espaço espiritual e o centro pastoral da vida do educador segundo o coração de Dom Bosco. Se este centro de unidade se desfaz, fica aberto o espaço ao protagonismo, aos ativismos ou aos intuicionismos que são uma tentação insidiosa para as instituições educativas. A caridade pastoral é o motor da espiritualidade educativa que é fruto de esforço, dedicação, reflexão, busca, e de cuidado contínuo e vigilante; mas afunda suas raízes na união com Deus (como se visse o Invisível), traduz-se em oração e ação, em mística e ascese. Dessa forma, serve para a santificação do educador e dos jovens. Jesus quer compartilhar com eles a sua vida, e o seu Espírito se faz presente neles para construir a comunidade humana e cristã. Educadores e jovens coincidem no mesmo caminho de santidade. Por isso, deve-se aceitar o desafio de ser, através da educação, missionário dos jovens de hoje. O serviço que a educação salesiana oferece é completo, integral, pois leva em conta todas e cada uma das dimensões da pessoa, na busca do bem integral do jovem "aqui e para a eternidade", o honesto cidadão e o bom cristão assim como se exprime no trinômio: Saúde, Sabedoria, Santidade. Este serviço educativo é válido para todos. É concebido para a massa e para cada indivíduo em particular, para qualquer ambiente e qualquer situação educativa que seja, dado que os princípios e as técnicas que o regem podem ser praticados por educadores comuns que possuam – isso sim – uma profunda personalidade cristã e sejam dotados de grande caridade pastoral pelos alunos.
☻ Dom Bosco, homem prático, sabia que a bondade de qualquer método educativo é medida pela capacidade de motivar os desencorajados, recuperar os desanimados, oferecer à sociedade, como honestos e competentes profissionais, os meninos que recolhia pelas ruas e praças, expostos aos perigos próprios de uma grande cidade. O seu método prepara homens para uma vida profundamente humana mediante uma profissão, útil a si mesmos e à sociedade. Dom Bosco era sempre educador: no pátio, no refeitório, na aula, na oficina, na capela. Por isso, a proposta educativa salesiana não está circunscrita a determinadas estruturas. O fato educativo é uma relação entre pessoas e isso é possível tanto em ambientes educativos institucionais como no tempo livre para os jovens. Alma e corpo, indivíduo e sociedade, cultura e saúde física: tudo é levado em consideração nesta concepção educativa, adaptada a todos os ambientes, a todos os contextos geográficos, sociais, religiosos, a qualquer tipo de sujeitos e especialmente a todos os educadores que aspirem sinceramente ao bem dos jovens. Podemos concluir afirmando que o serviço educativo e pastoral é realizado numa pluralidade de formas, determinadas pelas necessidades daqueles a quem nos dedicamos. Sensíveis aos sinais dos tempos e atentos às exigências do território e da Igreja, renovemos as nossas estruturas com criatividade e flexibilidade constantes, procurando ser em todos os lugares missionários dos jovens, portadores do Evangelho à juventude de hoje. O educador salesiano é sempre filho de Dom Bosco, que se declarava pronto a qualquer coisa, até mesmo a "tirar o chapéu diante do diabo",3 desde que servisse para salvar a alma dos seus jovens. ☻
1 J.E.VECCHI, Spiritualità Salesiana, ELLEDICI, 2001, p.136 ‘passim’
2 Cf. ‘Atos do Capítulo Geral 23", n. 95
3MB XIII, p.415
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