A MENSAGEM DO REITOR-MOR
Pe. ÁNGEL FERNÁNDEZ ARTIME
A FAMÍLIA
NUNCA PASSA DE MODA
Neste campo, todos temos uma “bússola do coração” que não falha:
a nossa experiência pessoal.
A família foi o ninho em que nos sentimos amados, acolhidos, protegidos e sustentados enquanto não tínhamos condições de voar com as nossas asas.
Meus caros leitores do Boletim Salesiano, amigos e amigas de Dom Bosco e das suas obras em todo o mundo e caríssima Família Salesiana, saúdo-vos com todo o afeto do meu coração e ainda com votos de que 2017 que o Senhor nos concede seja repleto de graça e de bênçãos.
Fiel à tradição de Dom Bosco, uma vez mais vos ofereço um belo Lema para todo este ano recentemente iniciado. É proposto antes de tudo às Filhas de Maria Auxiliadora e com elas a toda a Família Salesiana do mundo.
Este ano, em sintonia com a Exortação Apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco, tem como tema a família, todas as famílias do mundo, com o título: «Somos Família! Cada casa é uma escola de Vida e de Amor». Precisamente este título e tudo o que escrevi como comentário ao Lema permite-me saudar-vos com esta reflexão em que, com toda a sinceridade, insisto em que as famílias nunca passam de moda: são sempre atuais, sempre vitais e essenciais para a vida das pessoas. Mudam os tempos e as culturas, mas, como todos os estudos e investigações evidenciam, esta verdade permanece incontestável.
Neste campo, todos temos uma “bússola do coração” que não falha: a nossa experiência pessoal. Cada um de nós deve reconhecer que, para além das limitações e dos possíveis defeitos, a nossa família de “carne e osso”, não obstante as inevitáveis imperfeições, é a realidade mais importante e mais bela da nossa vida. A vocação laical de muitos de vós nasceu do calor e da satisfação da própria experiência familiar.
Foi o verdadeiro berço da vida, o ninho em que nos sentimos amados, acolhidos, protegidos e sustentados enquanto não tínhamos condições de voar com as nossas asas.
Na nossa família aprendemos o alfabeto do amor, a força prodigiosa dos laços e dos afetos. É este o oásis em que podemos reencontrar serenidade, satisfação e harmonia pessoal.
Ao escrever a carta à Família Salesiana do mundo, senti uma alegria encantadora e emocionante ao meditar que também o Filho de Deus, Jesus de Nazaré, teve uma mãe escolhida por Deus e uma família que O amou e acolheu, uma família na qual viveu fazendo experiência, precisamente como nós. Nos trinta anos de Nazaré, Jesus aprendeu a ser homem.
E pensei em Dom Bosco. Ele mesmo nos contou o que significa perder o pai aos dois anos e ser órfão de pai, mas que grande dom pode ser o ter uma família com uma mãe excecional, como Mãe Margarida.
Pensei em Maria Domingas Mazzarello (Main), menina feliz e adolescente num contexto religioso e rural tão semelhante ao de Dom Bosco, mas com a alegria de crescer serenamente sempre na sua aldeia natal, Mornese, e numa família numerosa e com a proteção preciosa de um pai e de uma mãe.
E quantas histórias de vida e de famílias poderia contar-vos!
As viagens pelo mundo ajudaram-me a compreender como é importante a família, embora na sua diferença cultural e étnica, mas sempre fundamento indispensável de toda a sociedade, como primeira e normal escola de humanidade.
Com tudo isto, convido-vos, amigos leitores, como fez o Papa Francisco, a tomar a sério o valor e o contacto com as famílias, que são lar, refúgio e ninho para todas as crianças do mundo. É no coração da família, no ramerrame quotidiano, entre acordos e desacordos, perdões e recconciliações como é típico de toda a existência, que podem aprender a arte do diálogo, da comunicação, da compreensão, do perdão.
Em família, podem sentir-se as limitações, mas também os valores mais preciosos e essenciais como o amor, a fé, a liberdade, o respeito, a justiça, o trabalho, a honestidade, que assim lançam raízes na vida de cada pessoa.
Outros ingredientes, que hoje já não estão de moda, encontram sentido na família: a educação à sobriedade e ao autocontrole, à fidelidade, ao compromisso pela dignidade das pessoas. E sobretudo a transmissão da fé.
Que resposta podemos então dar ao forte apelo do Papa? Que podemos fazer pelas famílias que todos os dias encontramos sobretudo nas nossas Presenças Educativas?
Ocorrem-me algumas “sugestões”:
Acompanhar na medida do possível as famílias que conhecemos, com cordialidade e empatia.
Ajudar os pais a educar com coração “salesiano”.
Declarar-nos “casa aberta”, sempre prontos a acolher os amigos e as famílias dos filhos.
Favorecer os projetos dos jovens que sonham uma vida matrimonial.
Não ter medo de propor valores humanos, morais e espirituais aos nossos jovens e às suas famílias, como certamente eles mesmos desejam (mesmo que não ousem dizê-lo).
Encorajar as famílias dos nossos destinatários a viver a “alegria” do amor.
Banir qualquer forma de discriminação contra as meninas e as senhoras.
Manter sempre uma atitude de compreensão e simpatia, para melhor compreender as situações que, tantas vezes difíceis, muitas famílias que nos são próximas vivem.
Criar com todas as nossas forças aquele autêntico clima de família tão amado por Dom Bosco em Valdocco.
Certamente poderíamos realizar algumas destas práticas. Que para isso nos dê força e proteção a Sagrada Família de Nazaré, como reza o Papa Francisco:
«Sagrada Família de Nazaré,
faz com que todos nos tornemos conscientes
do caráter sagrado e inviolável da família,
da sua beleza no projeto de Deus».