A MENSAGEM DO REITOR-MOR
Pe. ÁNGEL FERNÁNDEZ ARTIME
SONHO UMA FAMÍLIA SALESIANA CHEIA DE FÉ, CHEIA DE DDEUS
Será este um maravilhoso fruto do Bicentenário do nascimento de Dom Bosco que no ano há pouco terminado celebrámos. Sonho uma Família Salesiana formada por mulheres e homens, consagrados e leigos, que vivem e procuram viver diariamente com uma fé profunda, com os olhos cheios de estrelas e a alma cheia de Deus.
Escrevi há poucos meses aos irmãos salesianos sdb que uma das qualidades mais valiosas a que sem dúvida devemos dedicar a nossa atenção é que em muitos lugares, em muitos países onde nos encontramos e trabalhamos com tanta dedicação e generosidade, somos conhecidos pelo trabalho que realizamos, mas são ignoradas ou desconhecidas as razões pelas quais trabalhamos e nas quais radica a nossa motivação profunda de vida. Admiram-nos pelo trabalho com os jovens, apreciam imenso as nossas redes de escolas, e a formação profissional e para o trabalho. Olha-se com grande respeito e simpatia para o nosso trabalho com os garotos a rua, é enaltecida a dedicação e a criatividade dos nossos oratórios, presta-se grande atenção aos nossos lares, casas e residências para rapazes pobres, etc.
Mas muitas vezes não sabem dizer quem somos e menos ainda os motivos pelos quais trabalhamos e pelos quais vivemos assim.
E este é o meu sonho, queridos membros da Família Salesiana, amigos e simpatizantes de Dom Bosco e do seu carisma: que quem se encontra conosco ou entra em contacto com alguma das nossas comunidades ou dos pertencentes a algum dos nossos grupos, possa sentir-se tocado pela presença de homens de fé, de profunda e provada fé que, no seu simples viver e agir, quase sem querer, deixem transparecer quem somos e de quem somos, porque somos, antes de tudo, crentes, felizes de o ser, sabendo “como nos faz bem deixar que Ele volte a tocar a nossa existência e nos leve a comunicar a sua vida nova. Então o que acontece é que, em definitiva, ‘o que vimos e ouvimos é o que vos anunciamos’ (1 J 1,3)”.
Estou plenamente convencido, irmãs e irmãos, que este é o caminho de que maior necessidade temos hoje. E de que tem absoluta necessidade o nosso mundo. Cuidar, alimentar e aprofundar a nossa fé, ser mulheres e homens de fé, comunicando que fazemos tudo assim porque nos sentimos atraídos e fascinados por Jesus, e livremente sentimos a profunda alegria de dizer sim a Deus Pai, que nos envia como suas testemunhas para o meio dos homens. Se somos mulheres e homens cheios de Deus, podemos irradiá-l’O sobre aqueles que encontramos na nossa vida quotidiana.
Assim Dom Bosco pregava Deus. Sempre presente e vivo. Deus como companhia, ar que se respira. Deus como a água para os peixes. Deus como o ninho quente de um coração que ama. Deus como o perfume da vida. Deus é o que sabem as crianças, não os adultos. Uma criança contemplava encantada os esplêndidos vitais de uma catedral iluminados pelo sol. «Agora compreendi o que é um santo», disse de repente. «Sim? A sério? «É um homem que deixa passar a luz».
Dom Bosco era um radioso vitral que deixava passar a luz de Deus. A Família Salesiana deveria ser assim.
Permanecer, amar, dar fruto
O nosso mundo tem necessidade de uma Família Salesiana cujos membros sejam capazes de permanecer, amar, dar fruto. Estes três verbos, no contexto do ícone da Videira e dos Ramos (Jo 15,1-11) convidam-nos a tomar consciência da necessidade de estar profundamente enraizados em Jesus para permanecer firmemente n’Ele, e a partir d’Ele viver uma fraternidade que seja verdadeiramente atraente, e nos leve a servir os jovens e todas as pessoas a que as diversas caraterísticas carismáticas da nossa Família nos conduzem.
Três verbos que nos levam a concretizar a Primazia de Deus nas nossas vidas sem nunca esquecer que devemos ser, acima de tudo, “buscadores de Deus”, e testemunhas do seu Amor no meio dos jovens e, entre estes, dando preferência aos mais pobres e aos mais abandonados. Três verbos que, calando no fundo do nosso coração, nos incitam a empenhar-nos cada vez mais seriamente para nos envolvermos de facto na trama de Deus. Vivemos tecendo a “tela” que nós e o Senhor realizamos juntos desenrolando e atando os fios da fraternidade, do respeito, dos olhos abertos para os necessitados e infelizes deste mundo.
Ao terminar esta mensagem, quero recordar a todos que somos família salesiana e compartilhamos o estupendo carisma de Dom Bosco não para viver fechados sobre nós mesmos, mas para dar e dar-nos, e para ser gesto e expressão humana da Misericórdia de Deus.