2008|pt|01: Educar com o coração de DB: Um santo educador

E STRÉIA 2007

Pascual Chávez Villanueva


EDUCAR COM O CORAÇÃO DE DB

UM SANTO EDUCADOR


A situação dos jovens no mundo de hoje está muito mudada e apresenta condições e aspectos multiformes. No entanto, também hoje permanecem aquelas mesmas perguntas, que Dom Bosco meditava desde o início do seu ministério, desejoso de entender e determinado a atuar. (Juvenum Patris 6).

Caros leitores do Boletim Salesiano, iniciamos um novo ano que vos desejo rico de graças e bênçãos. Ao longo de 2008 gostaria de vos oferecer algumas reflexões sobre a educação salesiana, consciente de que, como escrevia João Paulo II em 31 de janeiro de 1988: "a situação juvenil... está muito mudada... no entanto também hoje permanecem aquelas mesmas perguntas que Dom Bosco meditava... Quem são os jovens? Que querem? Para onde vão? Do que precisam? (JP 6). Falar de educação salesiana leva-me a falar primeiramente de Dom Bosco, "que realiza a sua santidade pessoal mediante o empenho educativo, vivido com zelo e coração apostólico, e que sabe propor, ao mesmo tempo, a santidade como meta concreta da sua pedagogia" (JP 5). Dom Bosco chega à santidade sendo um educador santo. Pio XI não hesitou em defini-lo "educator princeps".


A feliz combinação de dons pessoais e circunstâncias levaram Dom Bosco a ser Pai, Mestre e Amigo da juventude, como o proclamou João Paulo II; isso aconteceu devido ao seu talento inato de aproximar-se dos jovens e conquistar a sua confiança, ao ministério sacerdotal que lhe deu conhecimento profundo do coração humano e experiência tangível da eficácia da graça no desenvolvimento do jovem, ao talento prático capaz de levar as inspirações iniciais a desenvolvimento pleno. Na raiz de tudo, porém, está a vocação: para Dom Bosco, o serviço aos jovens foi resposta ao chamado do Senhor. A fusão de santidade e educação no que tange a trabalhos, ascese, expressão do amor constitui o traço original de sua figura. Ele é um santo educador e um educador santo. Dessa fusão brotou um "sistema", um conjunto de intuições e práticas que pode ser exposto num tratado, narrado num filme, cantado num poema ou representado num musical; trata-se, de fato, de uma aventura que envolveu os colaboradores e fez sonhar os jovens. Assumido pelos seus seguidores, para os quais a educação também é vocação, foi levado a grande variedade de contextos culturais e traduzido em propostas educativas diversas, conforme à situação do jovens que eram seus destinatários.


Quando retornamos aos acontecimentos pessoais de Dom Bosco, à história de suas obras, surgem algumas questões: e hoje? O quanto se sustentam ainda hoje as suas intuições? Quanto às soluções dadas por ele (diálogo entre gerações, transmissão de valores etc.), elas podem ajudar a resolver as que para nós são dificuldades insuperáveis? Não me detenho a enunciar as diferenças existentes entre o tempo de Dom Bosco e o nosso. São encontradas, e não pequenas, em todos os campos: na condição juvenil, na família, nos costumes, na maneira de pensar a educação, na própria prática religiosa. Se já é difícil a partir disso compreender uma experiência do passado em vista da reconstrução histórica, muito árduo será querer traduzi-la num contexto radicalmente diverso. Temos, contudo, uma convicção: "aquilo que aconteceu com Dom Bosco foi um momento de graça, cheio de virtualidade; que possui inspirações para pais e educadores; que tem sugestões grávidas de desenvolvimento, como brotos que esperam desabrochar".1


A educação, sobretudo dos jovens em desvantagem, não é ocupação empregatícia, mas vocação. Dom Bosco foi pioneiro carismático que ultrapassou leis e praxes. Criou o sistema preventivo, impulsionado por elevado sentido social, mas através de iniciativa autônoma. Hoje, a exigência não é outra: fazer frutificar as energias disponíveis, favorecer vocações e projetos de serviço. A eficácia da educação está em sua qualidade, a começar da do educador, do clima educativo, do programa e dos objetivos prefixados. A complexidade da sociedade, a multiplicidade de visões e mensagens oferecidas, a separação dos diversos âmbitos em que se desenvolve a vida, comportaram tendências de riscos também para a educação. Um deles é a fragmentação do que se oferece e da maneira com que é recebido. Outro é a seleção segundo as preferências individuais. O opcional passou do mercado à vida. Todos conhecem as polaridades difíceis de conciliar: proveito individual e solidariedade, amor e sexualidade, visão temporal e sentido de Deus, aluvião de informações e dificuldade de avaliação, direitos e deveres, liberdade e consciência. Evidentemente a graça de unidade no coração do educador e a própria santidade contribuem muito para superar essas e outras tensões presentes no campo educativo.






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  1. Foi Pio XI quem definiu Dom Bosco “educator princeps”, príncipe, mestre dos educadores.


  1. O serviço aos jovens é para todo salesiano uma resposta ao chamado do Senhor.

1 Braido P., Prevenir não reprimir.

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