150 MAMÃE MARGARIDA 150
Pascual Chávez Villanueva
FAMÍLIA
BERÇO DA VIDA
O SUOR PELO PÃO
O TRABALHO dos pais é o meio com que concretamente, eles "dão a vida", gota a gota, dia após dia, aos seus filhos, e serenidade a si mesmos.
Os especialistas estão em alto mar quanto aos prós e aos contras do crescimento numa família onde os dois genitores trabalham, mas é claro que o deliciar-se em sentimentos de culpa pode ser devastador quer para os pais quer para as crianças. Os pais que trabalham por necessidade tiram algum conforto do pensamento que seus filhos intuem o sacrifício que estão fazendo. Se não logo, quem sabe quando forem maiores. Não há nada de mal em amar o trabalho, o status e o dinheiro perseguido. Para muitas mães que trabalham, a maior fonte dos sentimentos de culpa nasce do sentimento de privar os filhos da sua presença, confiando-lhes, quem sabe, aos avós. E quando se é afligido pelos sentimentos de culpa, tende-se a viciar as crianças e se tem dificuldade de ser severo quando necessário. Por outro lado, enviar a mensagem de que o trabalho pesa não faz senão piorar o problema. Os pais que amam o próprio trabalho, ou apreciam os seus benefícios à família, devem fazer com que os filhos o saibam.
É importante, porém, fazer saber constantemente aos filhos que eles são amados mais do que o trabalho. Pode parecer óbvio, mas não é assim. Afinal, o amor não é apenas um sentimento que se experimenta, mas também algo que se dá. Muito facilmente o trabalho leva embora a melhor parte da atenção e dedicação dos pais, que acabam por reservar aos filhos os resíduos, descarregando mais freqüentemente sobre eles do que sobre seus chefes ou clientes o nervosismo, a impaciência e a apatia originados do cansaço. Em parte, é uma questão de tempo, sobretudo quando se trabalha o dia todo. Somente alguns poucos se sentem em forma pela manhã quando estão correndo contra o tempo, ou à noite quando, durante o dia todo, não fizeram outra coisa que executar ordens. Mas, em casa, é preciso usar melhor o tempo a passar com os filhos. Não é necessário inventar quem sabe o quê. Basta focalizar-se nos familiares e não no jornal ou na TV.
Entretanto, è bom recordar, também a velha máxima: «Quando o trabalho è um prazer, a vida é uma alegria! Quando o trabalho é um dever, a vida é uma escravidão». É preciso ensinar os filhos a se empenharem. Não é uma questão de pregação ou histórias sobre o avô que trabalhava numa mina vinte e duas horas por dia, sete dias por semana. Os pais devem ensinar concretamente aos filhos a desenvolver determinadas atividades em casa, e permitir-lhes que trabalhem com o pai ou a mãe enquanto enchem a máquina de lavar pratos, passam o aspirador de pó, limpam o banheiro, trocam o óleo do carro ou cuidam do jardim. Trata-se de mostrar como se faz, e de convidá-los a experimentar. É um ensinamento "no campo". Dando aos filhos as competências necessárias para realizarem vários trabalhos e a confiança em si mesmos, os pais removem um dos obstáculos mais sérios da harmonia familiar.
É difícil enfrentar hoje, serenamente, com os filhos o argumento "trabalho". A questão do dinheiro pode passar ao primeiro plano. Em nosso costume, a locução "posto de trabalho" tornou-se sinônimo de estipêndio. É justo, bem-entendido. Mas é também justo não fazer dele a razão primeira da vida. Para muitos, porém, é assim. A locução que vai de braço com "posto de trabalho" é "homem de sucesso", isto é, alguém que é pré-concebidamente rico. O mito do sucesso é paralelo ao da riqueza, e os jovens pensam que é a coisa mais importante da vida, que o fim a alcançar é a conquista do maior número possível de admiradores e seguidores... qualquer coisa que se faça e, em todo caso, se faça. O que pensam os jovens com pais normais, debaixo de uma tal martelante apologia do sucesso? Que os pais não valem nada? Que tão bons não devem ser, visto que nenhum deles fica em êxtase na sua presença? Situação sem dúvida desagradável. Acrescente-se a isso que os próprios pais, que para o filho não valem grande coisa, incitam-no a trabalhar para "abrir-se caminhos", para "ser alguém". Mas, porque, poderia perguntar-se o filho, eles não fizeram isso?
Isso torna, às vezes, difícil formar os filhos à "laboriosidade". Virtude hoje fora de moda que, contudo, tem um espaço importantíssimo na pedagogia de Dom Bosco, e que, sobretudo os pais podem racionalmente "implantar" nos filhos. Nasce da criatividade e da vontade de agredir a realidade; nutre-se de fortaleza, responsabilidade, perseverança e sentido do dever; precisa de paciência, atenção, aprendizagem. As crianças e os jovens encerram sementes de capacidades, talentos, habilidades, intuições que, para germinar e crescer, exigem motivações verdadeiras (que não podem ser somente o lucro e o sucesso) e disciplina. Para tudo isso são necessários bons professores e bons pais.
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1. Para muitas mães que trabalham, a maior fonte dos sentimentos de culpa nasce do sentimento de privar os filhos da sua presença
2. Os pais devem ensinar concretamente aos filhos a desenvolver determinadas atividades em casa, e permitir-lhes que trabalhem com o pai ou a mãe.
3°-3b Retornando do trabalho, é preciso que os pais se focalizem ns familiares e não na TV.