A MENSAGEM DO REITOR-MOR
Pe. ANGEL FERNANDEZ ARTIME
A DANÇA DOS RAPAZES DE BRONZE
O monumento a Dom Bosco defronte da Basílica de Maria Auxiliadora em Valdocco é um símbolo da missão dos salesianos no mundo
Queridos amigos leitores do Boletim Salesiano, saúdo-vos da bela Índia, de Dimapur, Nagaland, no nordeste, na fronteira com outras nações. Aqui onde a presença salesiana lançou sólidas e belíssimas raízes e de grande fidelidade a Dom Bosco.
Precisamente ao ver as extraordinárias cenas de acolhimento que vivo em todo o mundo, vem-me à mente um símbolo do amor e do reconhecimento que os amigos de Dom Bosco quiseram erigir mesmo em frente da Basíliica de Maria Auxiliadora. O monumento a Dom Bosco.
Daqui a alguns meses fará cem anos. Não aparenta tanta idade e como um fiel guardião dá as boas-vindas a todos os que entram na Casa Mãe. Como tantas vezes acontece, estamos tão habituados a vê-lo que lhe lançamos uma olhadela apressada e seguimos em frente.
E pensar que a ideia de um monumento nesta praça tinha sido precisamente de Dom Bosco. Um dia, já depois de se ter iniciado a construção da Basílica de Maria Auxiliadora, ao atravessar a praça ainda em terra mal batida, Dom Bosco parou a contemplar as linhas da fachada nascente e depois lançou um olhar em redor, aquele olhar sonhador e decidido típico dele, e disse ao sacerdote que o acompanhava: «Aqui no meio gostaria de erguer um monumento que representasse Moisés a bater na rocha, e a fazer jorrar dela um jato de água a cair num lago».
Hoje há um monumento no meio da praça. Não é exatamente aquele que Dom Bosco imaginava, mas exprime algo mais.
A epopeia da obra salesiana
A 10 de sembro de 1911, a ideia de um monumento a Dom Bosco para assinalar o primeiro centenário do seu nascimento explodiu no Congresso Internacional dos Antigos Alunos. Aderiram logo muitíssimas personalidades de todo o mundo. O Município de Turim concedeu o espaço e um pequeno contributo. Foi lançado um concurso em que participaram artistas de todo o mundo. Foi escolhido o projeto apresentado pelo escultor Gaetano Cellini de Ravenna.
Estava tudo pronto, mas a terrível Primeira Guerra Mundial fez protelar a inauguração, que só aconteceu às 11.00h do dia 23 de maio de 1920, véspera da festa de Maria Auxiliadora.
Quando caiu o véu que cobria o monumento, milhares de pessoas presentes explodiram num sincero e comovido aplauso.
Modelada no bronze e apoiada em sólido granito está a epopeia da obra salesiana.
No alto, a meiga e sorridente figura de Dom Bosco está circundada de uma coroa de rapazes, que parecem dançar ao redor dele. Dom Bosco faz um gesto muito expressivo, parece querer levantar um dos rapazes. É um símbolo magnífico da sua missão e da Congregação: a palavra educar significa precisamente “puxar para cima”, elevar, fazer crescer. O tom jubiloso, que é próprio da espiritualidade salesiana em que o clima de amizade entre o educador e o jovem é de grande ajuda para o crescimento pessoal. Com a tradição de S. Francisco de Sales, crescer na fé, mesmo tendo um guia, não será possível se não houver verdadeira amizade, comunicação, influência recíproca; uma amizade que chega a ser verdadeiramente espiritual. A relação entre formador salesiano e jovens deve ser marcada pela “maior cordialidade”, porque a familiaridade traz amor, e o amor traz confiança. Os rapazes olham para Dom Bosco cheios de confiança porque estão certos de ser amados.
O espelho
Em baixo, um grupo magnífico representa a humanidade que se curva para beijar a Cruz que lhe é apresentada pela Fé. «Esta sociedade nos seus inícios era uma simples catequese», atestou Dom Bosco. Isto reporta às origens e às raízes da Congregação. De Dom Bosco aprendeu a paixão evangelizadora para levar cada rapaz, cada pessoa ao encontro com Jesus. Nos dois altos-relevos da frente há, à direita, uma mãe com um menino nos braços a enviar beijos a Dom Bosco; à esquerda, um pobre leproso a olhar reconhecido para o seu benfeitor.
Aos lados, dois dos “amores brancos” promovidos por Dom Bosco, a Eucaristia e a Auxiliadora, estão unidos na ideia da missão “ad gentes” e na da família.
Na parte de trás, três baixos-relevos recordam quanto os salesianos fizeram e continuam a fazer na assistência aos emigrantes. Os de ontem e de hoje. Penso em quantas casas salesianas, em todo o mundo, têm as portas abertas aos migrantes de todas as idades. Penso nos campos de refugiados e nas Casas-Família. Nos lados estão representadas as Escolas Profissionais e Agrícolas Salesianas. Todos os dias, milhares de jovens entram nas nossas casas para ser “bons cristãos e honestos cidadãos”.
Como num jogo de espelhos, mesmo sobre a figura de Dom Bosco, no centro da fachada da Basílica, sobressai com grande nitidez a estátua de Jesus com as crianças. «Deixai vir a mim os pequeninos e não os afasteis, porque o Reino de Deus pertence aos que são como eles» (Mc 10,14).
Em todo o mundo vi os filhos de Dom Bosco realizar as palavras de Jesus com imutável paixão. Por isso daqui partem ainda os novos missionários e missionárias.
Vi sobretuo o infinito reconhecimento de inúmeros homens e mulheres por aquilo que receberam em nome de Dom Bosco. E quando chego a uma casa salesiana, em qualquer nação do mundo, parece-me rever ao redor de mim a canção de roda dos garotos do monumento. Com aquela alegria transbordante que a todos vós auguro.