301-350|pt|330 - O Centenário de Dom Bosco e a nossa renovação

Viganò Egídio



O CENTENÁRIO DE DOM BOSCO E A NOSSA RENOVAÇÃO



Atos do Conselho Geral

Ano LXX – julho-setembro, 1989

N. 330



Introdução — Um rápido olhar às celebrações: Ano jubilar: entusiasmante adesão juvenil; Estima das autoridades civis; Estudos e publicações; Manifestações artísticas, culturais e esportivas; Expe­riências vividas na Congregação; Vitalidade da Família Salesiana; Interesse dos Bispos e de tantas comunidades diocesanas e paroquiais; Viva participação do Santo Padre. Algumas prioridades a serem cuidadas: A nossa dimensão eclesial; A urgência da educação cristã da juventude; O inte­resse e a qualificação para um Projeto-Leigos”; Uma presença evangelizadora mais atualizada na comunicação social. A impressão dominante: “um acontecimento de graça”. — O primado da “interioridade apostólica”. — A surpreendente vitalidade da Família Salesiana — O Movimento juvenil. — O envolvimento laical. — A dimensão mariana. — A devoção a D. Bosco Santo. — Os dois grandes compromissos por nós assumidos: Estreia/89; o CG23. — Conclusão.



Turim-Valdocco: Solenidade de Maria Auxiliadora

24 de maio de 1989


Queridos Irmãos,



passaram-se apenas alguns meses da conclusão do Centenário “DB88”. Foi um acontecimento de grande interesse para todos nós e para toda a nossa Família.

Convido-os a refletir sobre o seu significado de vida e sobre as suas perspectivas de ação. Acredito que não seja prematuro tentar fazer uma espécie de primeiro balanço que sirva para reforçar a nossa identidade salesiana no Povo de Deus e a nossa dimensão missionária no mundo. O centenário marcou sem dúvida alguma todo o nosso processo de renovação. Pode­mos considerá-lo como uma etapa de valor histórico colocado no final do longo período pós-conciliar de redefinição da nossa vocação de filhos de Dom Bosco (através dos três grandes Capítulos Gerais: XX, XXI, XXII); ela marca a passagem de uma época de busca e de crise para uma outra de renovada consciência vocacional e de uma maior e audaz iniciativa pas­toral e missionária. Isto me parece aflorar dos fatos, das múlti­plas esperanças suscitadas e dos propósitos formulados.

Certamente, não podemos fazer do 88 uma espécie de marco cronológico, porém ele aparece sem dúvida como o tempo e o espaço em que apareceram os frutos do anterior delicado e partilhado trabalho da Congregação e de toda a Família Sale­siana; os valores perenes herdados de Dom Bosco e da tradição se não fossem aprofundados e expressados na modalidade própria dos tempos, de fato, não seriam mais compreensíveis.

Neste sentido devemos dizer que o centenário foi verda­deiramente um “ano de graça” em que Dom Bosco, reafirmando a qualidade do seu carisma, em certo sentido, deixou sua assi­natura em nossa carteira de identidade pós-conciliar.

De verdade, devemos reconhecer que os grandes Santos são a juventude da Igreja: eles, que viveram no passado, são homens do futuro, testemunhas da ação transformadora, cheia de novidade, própria do Espírito do Senhor.



Um rápido olhar às celebrações



É impossível, e também não é tarefa de uma carta de reflexão espiritual, fazer uma lista de tudo o que foi realizado nas Casas, nas Inspetorias, nos vários Países, nas Regiões e em nível central de Família Salesiana e de Igreja. Acredito seja útil acenar em primeiro lugar aos principais acontecimentos, mesmo se de maneira muito resumida, porque sobre eles se concentram depois várias reflexões.



Preparação do Centenário. Começou-se a projetar as celebrações logo após o CG22 (1984). Já havia algumas propos­tas e iniciativas anteriores, mas era necessário esperar a eleição do Reitor-Mor e do seu Conselho pelo Capítulo Geral. Imediata­mente foram estabelecidos os objetivos e foram escolhidas Comissões especiais formadas por representantes dos vários grupos da Família Salesiana nas Inspetorias; em Roma também foi criada uma Comissão central de coordenação presi­dida pelo Vigário Geral, P. Gaetano Scrivo. Esta procurou, em tempo útil, elaborar e fixar um programa bem amplo, escolhen­do também os responsáveis pelos respectivos setores. O traba­lho foi intenso, sobretudo para o presidente da Comissão central que comprometeu sua saúde para o feliz êxito das celebrações. Como sabemos, de fato, o P. Scrivo sofreu um enfarte quase no final das celebrações: devemos ser muito gratos a ele.

Se quisermos lembrar os passos principais deste período (em nível central), podem ser lidas, nos Atos do Conselho Geral, algumas cartas do reitor-Mor1 e várias comunicações do Vigário Geral.2

Quisemos unir memória e compromisso, evitando “duas atitudes opostas, mas ambas desviantes: o triunfalismo ana­crônico e, portanto, hoje incompreensível, de difícil aceitação e de efêmera incidência; e o reducionismo incapaz de viver o Centenário como acontecimento, através do qual o Espírito Santo, que suscitou com a intervenção de Maria, São João Bosco, nos pede para aprofundar o nosso compromisso de ser­mos 'Dom Bosco vivo' no nosso tempo”.

Houve também um detalhado planejamento de tipo logísti­co com a necessária melhoria (também dispendiosa) dos luga­res de Dom Bosco: Valdocco e, sobretudo, o Colle dos Becchi, para torná-los mais acolhedores e significativos para a finali­dade das romarias.

E aqui vai um especial agradecimento ao Ecônomo Geral, P. Omero Paron e a todos aqueles que colaboraram com gene­rosidade.



Ano jubilar. Com um “Breve Apostólico” o Santo Padre proclamou para o 88 um especial ano jubilar, enriquecido de graças e de indulgências para celebrar o testemunho de santi­dade de Dom Bosco e para obter especiais auxílios pela sua intercessão.3 Às sete igrejas indicadas inicialmente no Breve, a Penitenciaria Apostólica sucessivamente concedeu a faculda­de de acrescentar numerosas outras em cada um dos continen­tes (também na URSS: Bielorrússia, Geórgia, Lituânia, Ucrânia), e assim favorecer com as vantagens do jubileu tantos jovens e fiéis de todas as latitudes.

Isto promoveu uma extraordinária variedade de iniciativas espirituais e de romarias que caracterizaram todos os meses do Centenário. As manifestações mais intensas e maciças verificaram-se em Turim-Valdocco e nos Becchi — “Colina das bem-aventuranças juvenis” — sem esquecer as muitas manifestações populares, em particular na basílica de Dom Bosco, no Panamá, e no seu templo em Leon, no México.

O impacto dos lugares de Dom Bosco e uma sadia teologia das romarias e dos santuários contribuíram para dar a estes acontecimentos um caráter de transcendência. A romaria, de fato, enquanto lembra o mistério de Cristo-caminho, testado por uma rica prática através dos séculos, possui a característica de um “sacramental” da Igreja — perita em humanidade e mestra do Evangelho — e faz praticar vitalmente a pedagogia da conversão.

Entre as romarias mais significativas nos lugares de Dom Bosco devemos assinalar aquela de todos os Oratórios paro­quiais de Milão, de várias dioceses italianas e europeias, lide­radas pelos seus Bispos, de numerosos grupos europeus com longa tradição salesiana, de muitas representações dos vários continentes. Merecem uma particular menção as romarias da Polônia, da Iugoslávia e da Hungria, do Médio e do Extremo Oriente, da América, os numerosos grupos da Família Salesiana da Espanha com as Associações de Maria Auxiliadora e o “Campo Bosco” nacional.

Subiram ao Colle Don Bosco para rezar mais de um milhão de romeiros, na maioria jovens.

Revalorizou-se, assim, sobretudo entre os jovens, a tradicio­nal prática da romaria cristã que, numa época de turismo con­sumista, valorizou o sentido da oração, da presença histórica e geográfica do sagrado, da frequência aos sacramentos e, neste caso, do modelo de santidade apostólica específica de Dom Bosco e da sua poderosa intercessão particularmente na obra da educação.



Estimulante adesão juvenil. Entre os objetivos específi­cos das programações havia o do envolvimento da juventude em profundidade, com a colaboração de várias forças pastorais e pedagógicas da nossa Família. O “Confronto DB88” em Turim devia ser sua expressão máxima.

O tema a ser aprofundado era “Os jovens na Igreja para o mundo” seguindo as grandes orientações do Concílio Vatica­no II. O Centenário envolveu todas as Inspetorias neste interes­sante trabalho. Aconteceram numerosas iniciativas em nível local; realizaram-se interessantes encontros (congressos ou concílios) juvenis nacionais, sobretudo em vários Países da América Latina (Argentina, Antilhas, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru, Uruguai, etc.), na Espanha e em outras nações. Foram promovidas especiais jornadas de convivência e de reflexão, organizados retiros espirituais, ela­borados temas de estudo e vários concursos, celebrados festas juvenis e torneios esportivos. Pode-se dizer que cada Inspetoria ou região organizou manifestações de alto conteúdo formativo. O sucesso do “Confronto DB88” foi o coroamento de todo este trabalho; foi como que a proclamação — pelos próprios jovens — de um caminho a ser percorrido com fantasia criativa e com profundidade eclesial.

Ultrapassou-se em larga escala o que inicialmente se havia previsto e iniciado durante o biênio de preparação. Os jovens demonstraram-se verdadeiros protagonistas de uma renovação da consciência de fé em Cristo, da capacidade e seriedade do compromisso, das suas concretas e corajosas possibilidades apostólicas. A peculiar santidade cultivada por Dom Bosco os atraiu e inspirou; a sua espiritualidade demonstrou-se atual e promissora, com uma experiência rica de crescimento nas novas condições culturais. Para este precioso resultado concor­reram animadoras e animadores muito preparados pertencentes aos vários Grupos da Família Salesiana.

Outras expressões maciças e alegres de jovens, ricas de reflexão e oração, foram vistas — para lembrar só algumas — no Colle Don Bosco, no Estádio municipal de Turim, no coliseu de Verona, nos estádios de Manila, de Querétaro e em tantas outras cidades.



Estima das autoridades civis. Em nível central tinham sido programados dois momentos significativos na área social: um no Teatro Régio de Turim para a abertura oficial do Cen­tenário, e um outro em Roma no Capitólio no seu encerra­mento. Na realidade houve muitíssimos e em todas as partes do mundo: manifestações promovidas por diferentes Países, Congressos Nacionais, Cidades, Universidades, Associações, Clubes, Grupos do mundo da cultura e do trabalho, até Sindi­catos e Partidos políticos; construções de igrejas e monumen­tos públicos; dedicação de ruas e de praças; emissão de selos; títulos de cidadão honorário ao Sucessor de Dom Bosco; entre­ga de medalhas de ouro e de prata por méritos pedagógicos; numerosas comemorações na televisão, no rádio e na imprensa; etc.

Seria interessante lembrar, como exemplos, em Brasília a celebração promovida pelo Governador; em Portugal, a presença do Presidente da República na inauguração do Centenário e do Ministro da Justiça no encerramento; na Argentina, a iniciativa do Presidente da República que declarou de interesse nacional as comemorações centrais do Centenário; no Uruguai, a home­nagem a Dom Bosco prestada pelo Congresso Nacional; na Índia, a presença do primeiro ministro Rajiv Gandhi no dia da emissão do selo comemorativo; na Itália, a visita do Presidente da República a Valdocco, a fervorosa e agradecida adesão do ex-Presidente Sandro Pertini, a comemoração do Ministro do Exterior no Capitólio, a iniciativa do Rotary Clube no teatro Novo de Turim e as celebrações em várias cidades: Milão, no Scala com a participação do Presidente do Senado Giovanni Spadolini; Nápoles, no teatro São Carlos; Palermo, no Palácio dos Normando; Bolonha, no Teatro municipal, e, ainda, interes­santes atividades e encontros de estudo em várias Universidades.

Pode-se dizer que se consolidou uma visão da personalidade de Dom Bosco nos aspectos humanitários e sociais da sua obra e da sua missão: um Santo que é cidadão benemérito porque utilizou as suas múltiplas qualidades e a sua genialidade peda­gógica na promoção do bem no meio da sociedade.



Estudos e publicações. Em quase todos os lugares foram promovidas jornadas de estudo e publicadas obras nas mais diferentes línguas sobre a personalidade de Dom Bosco, sua obra, seus aspectos espirituais, pastorais, pedagógicos e sociais. É impossível apresentar uma lista completa, da divulga­ção popular à pesquisa histórica e à sua projeção eclesial e cultural.

Podemos lembrar algumas: os dois volumes de “Don Bosco nel mondo” de Marco Bongiovanni (traduzidos em outras línguas); “Don Bosco nella storia della cultura popolare”, editado por Francesco Trainello; “L’esperienza pedagogica di Don Bosco”, de Pietro Braido (traduzido em várias línguas); “Don Bosco e la musica” de Maria Rigoldi; “Don Bosco nella fotografia dell'800”, de Giuseppe Soldà; “Giovanni Bosco studente”, de Secondo Casella; “Scritti pedagogici e spirituali”, pela editora LAS; “Scritti spirituali”, de Joseph Aubry (reedição); “Don Bosco, attualità di un magistero pedagogico”, editado por Roberto Giannatelli; “Pensiero e prassi di Don Bosco nel primo Centenario della morte”, número único da revista Salesianum (quase 300 páginas); “Parola di Dio e carisma salesiano”, resultado do Encontro internacional dos nossos Biblistas; “Studi su San Giovanni Bosco”, fruto do Primeiro Congresso internacional de alto nível acadêmico realizado na UPS; a obra “Torino e Don Bosco”, em três volumes, do Arquivo Histórico da cidade, editado por Giuseppe Bracco; “Don Bosco Fondatore”, síntese do Simpósio realizado na Casa Geral de Roma; a nova biografia “Don Bosco, storia di um prete”, de Teresio Bosco, com numerosas traduções, até em língua russa; todo o catálogo da LDC sobre Dom Bosco, rico de textos e sub­sídios audiovisuais; alguns estudos do Instituto Histórico Sale­siano; etc. (Pedimos desculpas pelos numerosos livros não citados!).

Também a Faculdade de Ciências da Educação “Auxilium”, das Filhas de Maria Auxiliadora, contribuiu de várias maneiras: estudos e contribuições seja na “Rivista di Scienze dell'Educazione”, por exemplo, sobre o projeto sobre a paternidade de Dom Bosco4 e como mestre da nova educação;5 e, de maneira par­ticular, os dois interessantes livros: o primeiro de Maria Piera Manello, “Madre ed educatrice. Contributi sull’identità mariana della Figlia di Maria Ausiliatrice, per una pedagogia mariana nell’anno centenário”; e o outro de Antonia Colombo, “Verso l’educazione della donna oggi”, Atos do Congresso internacional promovido por ocasião das celebrações centenárias.

Quero lembrar com gratidão o corajoso trabalho do P. Basílio Bustillo (Madri) para terminar a desejada tradução das Memórias Biográficas em espanhol.

Houve também, além da divulgação, uma paciente e cuida­dosa obra de pesquisa e de aprofundamento, que abriu espaços concre­tos a novos estudos. Não faltaram também algumas poucas publicações críticas, talvez discutíveis, que, porém, contribuíram de alguma maneira para uma maior objetividade e seriedade de reflexão.



  • Manifestações artísticas, culturais e esportivas. Neste setor devemos lembrar em primeiro lugar o filme “Don Bosco” de Leandro Castellani e outros documentários, entre os quais, em particular “Giovanni, il ragazzo del sogno” feito pela SAP de Turim. Além disso, devemos assinalar duas obras musicais de especial valor artístico: o concerto sinfônico do maestro Marek Kopelent (checo) apresentado no teatro Régio de Turim, e o oratório musical do maestro William Rabolini (SDB) no Teatro São Carlos de Nápoles.

Abundante foi a produção de peças musicais: na Argentina, no Chile, na Espanha, Filipinas, Itália e outros Países.

As canções, os concursos, as exposições, os teatros, as competições esportivas e tantas expressões juvenis e populares fizeram intuir o encanto que ainda hoje desperta a figura de Dom Bosco, especialmente entre a juventude. Foi apresentado de mil maneiras à opinião pública. Como não lembrar a esca­lada do monte Aconcágua, o cume mais alto da América, com a colocação de uma placa comemorativa; a etapa da volta ciclística da Itália por profissionais e amadores ao Colle Don Bosco para homenagear o centenário?

Merece, ainda, uma lembrança a bênção da primeira pedra da nova “Biblioteca Dom Bosco” da UPS de Roma, chamada familiarmente a “Universidade de Dom Bosco para os jovens”; servirá para promover a seriedade da cultura entre os jovens e o povo do bairro, além dos frequentadores da Universidade.



  • Experiências vividas na Congregação. Todas as comuni­dades inspetoriais e locais promoveram qualificadas atividades sobretudo para melhorar a fidelidade ao Espírito do Fundador, para melhor atualizar a sua missão juvenil e popular, intensi­ficar a comunhão e a colaboração dos Grupos da sua Família, lançar um Movimento juvenil com profundidade eclesial. Dois momentos muito significativos, preparados durante muito tem­po com a reflexão e a oração, foram: a renovação da Profissão salesiana de todos os irmãos no dia 14 de maio, e a Profissão perpétua de 126 jovens SDB e FMA na basílica de Maria Auxi­liadora em Valdocco, no dia 8 de setembro. Estes momentos espirituais quiseram testemunhar a íntima adesão de todos ao querido Pai e Fundador e a atualidade do seu espírito e da sua missão nos novos tempos. Também hoje, como aqueles primei­ros 22 jovens de 1862, queremos estar com Dom Bosco para partilhar a sua experiência do Espírito Santo vivificada pelo “da mihi animas”, o seu estilo evangélico e a sua metodologia pedagógico-pastoral da bondade.

Foram organizados cursos especiais de Exercícios espiri­tuais para conhecer e viver melhor o carisma de Dom Bosco. O próprio Reitor-Mor comprometeu-se na pregação de vários cursos a muitos Diretores da América Latina, da Índia e do Extremo Oriente sobre o tema da “Interioridade apostólica”, ou seja, daquela “Graça de unidade” que caracteriza toda a nossa vida consagrada.

Muitos foram os dias e os encontros de estudo; foram pu­blicados cadernos de formação, subsídios litúrgicos, meditações, orações, etc. Em muitas partes houve o compromisso de relan­çar o Oratório, iniciar novas presenças entre a juventude necessitada, intensificar o compromisso missionário, promover a dimensão mariana, fazer com que a nossa pastoral entre a juventude encontre o caminho de um vivo Movimento de fé cristã.

Evidentemente os irmãos foram os principais animadores e organizadores de muitas das celebrações realizadas. Deve-se acrescentar que as Inspetorias participaram, cada uma de acor­do com as suas possibilidades, do chamado “Fundo 88” para ajudar a resolver os problemas econômicos das celebrações.

Cresceu na Congregação o desejo de buscar as motivações profundas da própria escolha vocacional e despertou-se a cons­ciência do encanto que Dom Bosco continua a exercer.

Pareceu-nos entrar num clima de primavera e de reno­vado entusiasmo que ajuda a atravessar com esperança as difi­culdades do nosso tempo, como são algumas miragens ideológi­cas e a diminuição, nalgumas partes, das vocações.



Vitalidade da Família Salesiana. Um dos aspectos verda­deiramente admiráveis do Centenário foi a participação ativa da Família Salesiana, seja em cada um dos Grupos, seja na comunhão e colaboração de todos juntos.

Significativo foi o simpósio sobre Dom Bosco Fundador com a presença dos responsáveis de cada Grupo.

As Filhas de Maria Auxiliadora tiveram várias iniciativas de especial densidade espiritual, apostólica e pedagógica. Promo­veram com entusiasmo a participação sobretudo da juventude feminina e viveram, como dia maior, a beatificação de Laura Vicuña no Colle Dom Bosco.

Os Cooperadores realizaram Congressos regionais e nacio­nais; cresceram em número e intensificaram os compromissos formativos, cuidadosamente estudados na reunião da sua Con­sulta mundial em Roma. Voltaram-se com esperança para as orientações do Vaticano II, tão rico para a aplicação do seu Regulamento de Vida Apostólica.

Foram promovidos com fruto vários encontros dos Delega­dos e das Delegadas dos Cooperadores em várias regiões e nações. É digno de nota o 1º Congresso nacional espanhol dos “Hogares Don Bosco” para a animação cristã dos jovens casais e de suas famílias, que reuniu em Madri quase mil casais.

Os Ex-alunos e as Ex-alunas organizaram e celebraram o seu 1º Congresso mundial juntos, na perspectiva de uma maior comunhão. Os Ex-alunos também realizaram outros congressos e encontros em vários níveis. Organizaram exposições e concur­sos; em particular: montaram uma exposição internacional de arte em Roma, promoveram debates nos meios de comunicação social; demonstraram criatividade e gratidão. É preciso dizer que uma das coisas que mais chamou à atenção e surpreendeu foi a participação e a colaboração de muitos Ex-alunos de fato que, também se não inscritos na Associação, sentiram-se vital­mente envolvidos pelo Centenário.

Também cada um dos outros Grupos, em particular o das Voluntárias de Dom Bosco, aprofundou com alegria os seus laços vocacionais com o espírito comum. Particularmente fecun­do foi o encontro com as Superioras gerais dos Institutos de vida consagrada fundados por Salesianos.

Mas, além das iniciativas de cada grupo, é preciso assinalar a extraordinária vitalidade e a eficácia da mútua comunhão enquanto Família. Constatou-se isso sobretudo no ápice das cele­brações em Turim com a presença do Santo Padre (Colle Don Bosco, Valdocco, Estádio municipal) e também, por exemplo, nas do México (em Querétaro), coordenadas pelas quatro Inspetoriais (duas SDB e duas FMA) com admirável união de esforços. A Família Salesiana proclamou e celebrou também a importância da dimensão mariana do nosso carisma.

Quantas coisas foram feitas e quantas poderão ser feitas ainda em muitos lugares, com esta união de intenções, seguindo o nosso lema “para frente e unidos!”. Cresceram durante o Centenário a mentalidade e o caráter de Família Sale­siana mais concretos e atuantes.



Interesse de Bispos e de numerosas comunidades dioce­sanas e paroquiais. O centenário teve também uma extraordi­nária ressonância eclesial: eminentíssimos cardeais, bispos, núncios apostólicos, párocos, sacerdotes com cura pastoral, dioceses, comunidades de fiéis, associações de leigos, reli­giosos e religiosas de numerosos Institutos quiseram celebrar Dom Bosco como providencial dom de Deus para o bem da juventude sobretudo popular.

Primeiro entre todos devemos lembrar o arcebispo de Turim, cardeal Anastásio Ballestrero, com grande coração pas­toral e aguda sabedoria espiritual, que propôs o ano jubilar dedicado a Dom Bosco e interessou-se eficazmente para obter a visita do Papa em Turim e arredores. Viveu em primeira pessoa as várias etapas das celebrações: abertura e encerra­mento do Centenário com todos os Bispos do Piemonte, homi­lias e palavras oportunas por ocasião da visita do Santo Padre; preciosas reflexões sobre a identidade salesiana, sobre a urgên­cia da pastoral juvenil, sobre o relançamento do Oratório, sobre a originalidade e exemplaridade do ministério sacerdotal de Dom Bosco.

Também o cardeal Carlos Maria Martini de Milão escreveu cartas pastorais muito significativas e teve a bondade, em honra de Dom Bosco e de sua pastoral pedagógica, de aceitar o Douto­rado “Honoris causa” na Faculdade de Ciências da Educação da nossa Universidade de Roma.

É também significativo que a Comissão da Conferência Episcopal italiana tenha desejado celebrar em Valdocco o dia nacional da Pastoral dedicando-o à juventude.

Não é possível fazer uma lista dos cardeais, arcebispos e bispos que se manifestaram em diferentes partes do mundo; até Conferências episcopais nacionais e regionais mandaram sua mensagem. Suas cartas pastorais e alocuções sobre Dom Bosco são inúmeras. Na Espanha, por exemplo, são tantas e tão significativas ao ponto de sugerir a iniciativa de reuni-las e publicá-las num especial volume da BAC. Muitos bispos lideraram também expressivas romarias diocesanas aos lugares de Dom Bosco ou aos templos designados para o jubileu.

Em várias de nossas Inspetorias ofereceu-se um válido mate­rial bíblico, biográfico e pastoral-pedagógico aos sacerdotes e aos responsáveis pelo apostolado comunitário para encontros de oração, dias de estudo, atividades celebrativas, liturgias festivas, informação e reflexão nos seminários, nos vários cen­tros de formação, nas reuniões juvenis.

Não podemos esquecer a presença de mais de 60 entre cardeais e bispos salesianos na abertura do Centenário, com um simpaticíssimo diálogo fraterno com o Reitor-Mor e uma solene Eucaristia no templo dedicado a Dom Bosco no Colle em 1º de fevereiro.

Constatou-se que Dom Bosco e o seu carisma não são “propriedade particular”, mas um verdadeiro presente de Deus e de Nossa Senhora a todo o Povo de Deus na sua exigente missão de educação e de evangelização da juventude.



  • Viva participação do Santo Padre. Foi este um presente não previsto nas nossas programações iniciais, mas recebido com imensa alegria e preparado com muita atenção e renovado interesse. Foi o próprio Papa que o quis para agradecer e por convicção pessoal: “Dom Bosco é um dos grandes Santos da Igreja — disse-me—. É preciso fazer ressaltar sua originalidade e sua missão profética”. A participação do Sucessor de Pedro foi certamente o momento mais alto e memorável das celebra­ções, dando-lhes uma autêntica dimensão de eclesialidade e ilu­minando com a máxima autoridade a sua mensagem espiritual, pastoral, pedagógica e social.

Lembremos as intervenções mais relevantes e eloquentes:

  • o Breve para anunciar o Ano jubilar;

  • a preciosa Carta “Iuvenum Patris”;

  • a peregrinação de dois dias e meio aos lugares de Dom Bosco;

  • a solene beatificação de Laura Vicuña nos Becchi;

  • as numerosas alocuções e homilias;

  • as audiências especiais;

  • a outorga oficial a Dom Bosco do título universal Iuventutis Pater et Magister”;

  • o animador discurso conclusivo ao Reitor-Mor com o seu Conselho em 4 de fevereiro de 1989.

O Papa quer bem à Família Salesiana e a Família Salesiana continua a tradição de adesão convicta e atuante ao ministério de Pedro.

Devemos ficar profundamente agradecidos a S.S. João Paulo II por tudo aquilo que fez em favor do centenário e durante a sua realização. Apresentou com autoridade a peculiar estatura de Dom Bosco na Igreja e lançou com entu­siasmo o seu carisma em vista do terceiro milênio. Devemos saber aproveitar o seu testemunho e as suas orientações.



Algumas prioridades a serem cuidadas



O centenário, devo sublinhá-lo, revelou a presença marcante dos irmãos e dos membros da Família Salesiana. Se os seus filhos e as suas filhas de hoje não fossem impregnados de sua paixão educativa e apostólica, de sua ânsia pela salvação da juventude e de sua forte adesão à sua pessoa de Pai e Mestre, o Centenário não teria tocado os pontos altos de que lhes falei. Sem uma Família viva, talvez não teria existido um Dom Bosco vivo, ao menos na medida que lhe compete. Esta constatação positiva traz consigo, porém, questionamentos e desafios, que cada um deve enfrentar com honestidade.

Uma leitura mais aprofundada e mais dócil à voz do Espí­rito deve reconhecer que as celebrações centenárias nos leva­ram também a individualizar carências espirituais, pastorais, culturais e pedagógicas. Foram uma ocasião para avaliar e poder elevar a qualidade da nossa vida e da nossa ação. Fomos fortemente estimulados a superar o perigo de permanecer nas “coisas” e nas “estruturas”, sem dúvida também elas indispensáveis, para ir com consciente seriedade até à profundeza do carisma. Experimentamos um forte impulso para frente, um momento de serenidade e de tomada de consciência do verdadeiro espí­rito salesiano, do atrativo permanente do Fundador, da con­fiança e apreço pelo seu projeto evangélico, do entusiasmo de nos sentirmos participantes da sua missão, de uma maior comu­nhão fraterna, de grande esperança no processo global de renovação.

Mas também percebemos algumas deficiências.

Parece-me útil individualizar algumas delas com vistas à nossa renovação.

Dom Bosco nos convida a melhorar, entre outros, os seguin­tes aspectos: a nossa dimensão eclesial; a urgência da educação cristã da juventude; o interesse atento e qualificado de um “Projeto-Leigos”; e uma mais atualizada presença evangeliza­dora na comunicação social.



  • Em primeiro lugar a nossa dimensão eclesial. Se existe um aspecto que mais se destacou no ano de 1988 é exatamente o da eclesialidade de Dom Bosco e da sua obra. O sentido da Igreja universal e o compromisso concreto na Igreja particular, apareceram como duas dimensões inseparáveis, que devem ser cuidadas em seus desdobramentos complementares.

O Concílio Vaticano II acentuou o mistério da Igreja; pede que nos sintamos e vivamos como corresponsáveis pela grande missão comum, dedicando-nos a tornar mais transparente o nosso carisma no território em que estamos inseridos. Isto comporta toda uma nova modalidade de projeto pastoral que corrige defeitos, requer criatividade renovadora nas obras, sen­sibilidade pelas novas e urgentes presenças, coordenação e cola­boração com outros agentes locais.

O 88 deve nos mover para que todos compreendam, na prática, que somos (apesar das nossas limitações) um verda­deiro dom de Deus para a Igreja local, seguindo os valores e as finalidades da índole própria do projeto apostólico de Dom Bosco.



  • A urgência da educação cristã da juventude foi sem dúvi­da um dos questionamentos mais claros das celebrações e re­flexões centenárias.

O Papa e os Pastores já o estão repetindo há vários anos e com preocupada insistência. Os próprios jovens sentem fome dos grandes ideais proclamados por Cristo, infelizmente e tragi­camente ausentes numa civilização atingida por um sutil ar de materialismo. O Centenário nos levou a escolher esse urgente problema nos trabalhos do nosso próximo Capítulo Geral.

Compreendemos que Dom Bosco não teria ficado tranquilo se a sua práxis educativa não pudesse ser ainda uma “pedagogia de santidade”, em que Jesus e Maria não fossem os grandes amigos da atual juventude. Uma renovada e aprofundada valo­rização da “preventividade” deverá continuar a enriquecer a práxis educativa salesiana.

Quanto temos que recuperar e inventar neste vasto campo: a qualidade dos educadores, a inspiração dos projetos, a estru­tura cristã do método, a corajosa exequibilidade das propos­tas, o cuidado com o clima de família e a atmosfera pastoral dos ambientes. Deve ser derrotada entre nós uma superficiali­dade espiritual e pedagógica que impediria a verdadeira fideli­dade ao Fundador.



  • O interesse e a qualificação para um “Projeto-Leigos”. O Centenário também evidenciou a importância da presença ativa dos leigos na Nossa Família. A recente Exortação Apostó­lica “Christifideles laici”, fruto do Sínodo de 1987, veio con­firmar a prioridade pastoral deste aspecto no processo de re­novação eclesial. Dom Bosco privilegiou com crescente convic­ção o trabalho salesiano de animação e envolvimento espiritual e apostólico dos leigos. Nos grandes Capítulos Gerais do pós-Concílio reconfirmamos com clareza a vontade de sermos os continuadores do projeto do Fundador neste campo. Demos alguns passos, mas não em todos os lugares. Há uma carên­cia de adequada mentalidade conciliar a esse respeito entre não poucos irmãos. É preciso intensificar a formação dos nossos quadros, preparar pessoas convictas e hábeis, organizar melhor e estimular os organismos inspetoriais de animação, sobretudo as Associações dos Cooperadores e dos Ex-alunos.



  • Uma presença evangelizadora mais atualizada na comu­nicação social. Durante o Centenário fui convidado pelas autori­dades municipais de Mathi para visitar a famosa máquina para fazer papel comprada por Dom Bosco: ela existe ainda hoje, tecnicamente melhorada (pertence a uma indústria finlandesa), ainda hoje marcada pela lembrança viva dele. Ele quis se colo­car neste setor da comunicação-imprensa, como dizia, “na van­guarda do progresso”.

As iniciativas de comunicação social da nossa Família contribuíram notavelmente para o sucesso do Centenário: elabo­ração de subsídios apropriados, coordenação de uma Sala de Imprensa com os centros italianos e estrangeiros, congresso internacional dos Editores salesianos, primeiro encontro dos Delegados inspetoriais da Europa e da América Latina, várias consultas, primeiros passos para o funcionamento do Instituto para a Comunicação Social (ISCOS) na nossa Universidade. Pôde-se constatar mais ainda o marcante trabalho que este setor oferece na educação dos jovens e do povo. Também o último Capítulo Geral, o CG22, as Constituições e os regula­mentos6 insistiram numa presença significativa nesse campo.

Muitas Inspetorias já começaram a se mexer, mas o Cen­tenário pede-nos que se dê mais consistência a esta nova pre­sença evangelizadora, seja na qualidade dos conteúdos a serem comunicados, seja nas novas modalidades, aquelas a nós mais próprias, em transmiti-los. É uma área de urgência apostólica que poderá fazer reviver muitas iniciativas lançadas pelo nosso Pai, mas que depois, com a evolução das coisas, foram um pouco esquecidas ou abafadas: a música, o teatro, as comunica­ções de grupo, etc.

Também esta é uma prioridade a ser seguida bem de perto superando muitas deficiências.



A impressão dominante: um acontecimento da graça de Deus



Mas a sensação mais partilhada é que o Centenário foi um extraordinário presente do Alto para nós.

Escutei muitos irmãos de todas as partes do mundo: o primeiro Centenário da morte de Dom Bosco nos apresentou o nosso Pai e Fundador mais vivo do que nunca! Foram supera­das as previsões e as expectativas; foram alcançados os objetivos fixados da maneira mais satisfatória; foi um intenso período de repensamento que nos lançou com mais convicção na direção das grandes metas da renovação traçadas pelo Con­cílio Vaticano II. Quem tivesse planejado um clima triunfalista ou quem, por uma mentalidade marcada por ideologias, não tivesse se preocupado de entrar em sintonia espiritual com estas celebrações, teria ficado desiludido ou deslocado.

Os resultados positivos devem ser creditados, podemos dizer, ao próprio Dom Bosco! O seu estilo de santidade, o dinamismo prático do seu espírito, o seu critério pastoral, a sua experiência pedagógica, a sua bondade manifestada no “fazer-se amar”, a sua praticidade organizativa, o seu coração oratoriano e popular, o seu realismo de encarnação e a sua missionariedade universal, o seu sentido de Igreja, a sua atitude sacerdotal na política, e, sobretudo, a sua genial predileção pelos jovens, fizeram com que concentrar a atenção sobre ele se tornasse fascinante e profético.

Ninguém havia previsto os grandes benefícios que teria trazido este acontecimento: uma memória fecunda de descober­tas, de questionamentos e de perspectivas.

Aumentou o conhecimento objetivo do Fundador e revelou-se claramente redutiva a intenção de interpretar a sua práxis educativa só com critérios de um humanismo horizontalista.

Foi um “Ano de graça” em que se celebrou o seu carisma como se tivesse apenas nascido; as luzes do Concílio Vaticano II fizeram-no brilhar com mais autenticidade. Isto levou, não só à superação de qualquer ingênua mentalidade triunfalista, mas também daquela visão exclusivamente doméstica, demasiado voltada para si mesma e que poderia fazer ver só dentro de um muro fechado; olhamos mais ao mistério de Cristo e da sua Igreja.

O 88 foi para nós como uma espécie de síntese viva, preciosa e profética (em continuidade orgânica com a nossa tradição), dos 25 anos de trabalhos pós-conciliares: o CG21, o CG22, o texto renovado da nossa Regra viva, a Ratio Institutionis”, os dois Livros de governo (manual do Inspetor e do Diretor), o Regulamento de Vida Apostólica dos Cooperadores, os múltiplos subsídios para a renovação, os fundamentais Documentos de identidade dos outros Grupos da Família, encon­traram a sua expressão orgânica e existencial na figura de Dom Bosco Fundador, o modelo que nos foi entregue por Deus como “pai e mestre”.7

Esta visão de conjunto de redefinição da nossa identidade aparece como a verdadeira plataforma de lançamento em dire­ção aos compromissos da nova evangelização e da nova educação: “um Ano de graça” que nos faz entrar no “Advento” que prepara o terceiro milênio.

O “Salesiano” dos novos tempos, apresentado nos Do­cumentos renovados, possui sempre o seu ponto de referência vital em Dom Bosco, e este centenário foi a sua confirmação eclesial, social e de Família. Os sonhos do nosso Pai tornaram-se realidade depois de apenas cem anos, mesmo se permanecem tantos defeitos, infelizmente, e ainda vastos horizontes abertos às suas perspectivas. É como se a Providência tivesse determi­nado a data do 88 para concluir felizmente um processo de busca e para lançar na fidelidade a missão salesiana em direção a novas fases da história. O centenário foi para nós memória, mas foi sobretudo uma hora de primavera.

O Papa afirmou em Turim que o carisma de Dom Bosco é “grande” e que hoje é particularmente “necessário” à Igreja e à Sociedade. Penso que este “Ano de graça” nos convida a con­centrar a atenção no aspecto carismático da nossa Família: com Dom Bosco somos “carisma” na Igreja! Ou seja, a nossa Família está envolvida vitalmente naquele “momento pri­vilegiado do Espírito” de que falou Paulo VI na “Evangelii nuntiandi”.8

Se a “experiência do Espírito Santo” é inerente à natureza de um carisma,9 podemos dizer que historicamente o carisma maior e vital do nosso século foi o Concílio Ecumênico Vati­cano II; ele é a principal iniciativa de revitalização da Igreja feita pelo Espírito Santo, como acontecimento pentecostal. Ao redor do Concílio o Espírito de Deus suscitou muitos outros carismas que trazem uma nova vitalidade ao Povo de Deus; entre eles aparecem alguns Movimentos eclesiais. E também a nossa Família o deve ser!

A presença do Espírito, de fato, tocou também, e profun­damente, a renovação dos carismas já existentes. Devemos nos sentir interpelados neste sentido; a nossa Família é um dom vivo para o Povo de Deus: um carisma juvenil e popular, mar­cado pela preocupação educativa e pela praticidade laboriosa do bom senso, sem aspectos sensacionalistas ou polêmicos, mas vivo e criativo na sua corajosa participação na renovação eclesial inspirada na magnanimidade do Fundador. O Centená­rio deu o sinal de “partida” — e é uma grande graça — a um renovado caminho “carismático” no qual devemos andar com entusiasmo e criatividade por longo tempo.



O primado da interioridade apostólica



No centro deste dom do Alto, coloco para nós a luta contra a superficialidade espiritual. Em toda a Congregação, dedi­camo-nos com vivo interesse ao grande ato de renovação da Pro­fissão salesiana em 14 de maio de 1988. As iniciativas de formação permanente em relação a isso foram numerosas e bem cuidadas. Ao longo de um ano, considerado quase uma espécie de “noviciado geral”, nos dedicamos em aprofundar a nossa identidade vocacional na Igreja. Um subsídio bastante útil para nós foi o comentário às Constituições.10

O grande tema, explicado e aprofundado em numerosos cursos de Exercícios espirituais, em grupos de formação e em jornadas de estudo, foi o da nossa “interioridade apostólica”, fruto da “graça da unidade” que caracteriza a caridade pastoral salesiana. A estrada percorrida nos Capítulos Gerais do pós-concílio trouxe-nos uma visão sintética da nossa “consagração apostólica”. Interiorizar e assimilar esta realidade foi uma das tarefas espirituais do Centenário.

A “graça de unidade”11 dá vigor orgânico a esta caridade pastoral, que é o centro animador do espírito salesiano.12 Comporta uma mútua e inseparável intercomunicação entre os elementos indicados no feliz artigo 3º das Constituições: a “Aliança” especial com o Senhor, a “Missão” juvenil e popular, a “Comunidade” fraterna como sujeito da missão, e a “Prática radical dos Conselhos evangélicos” guiados pela atitude filial de obediência. Trata-se de uma leitura original do Evangelho que brilha na experiência de santidade de Dom Bosco vivida “em um projeto de vida fortemente unitário”.13 Exatamente neste esforço de aprofundamento procuramos o mais seguro e radical remédio para a insidiosa superficialidade espiritual.14

A nossa consagração de vida ativa e pedagógica não é coisa fácil. Requer uma iniciação especial e uma contínua e apropria­da formação permanente. O todo se concentra na energia da caridade pastoral com os dois polos: Deus e os destinatários. Os dois polos possuem uma dinâmica interna inconfundível e original. O amor de Deus é a fonte e a causa de tudo; o amor ao próximo é a dimensão prática e a medida segura para avaliar o verdadeiro amor a Deus, a estrada indispensável sobre a qual caminha o amor de caridade. Existe como que um vai-e-vem entre os dois, uma mútua relação causal em diferentes níveis, de modo que é preciso afirmar o princípio da união interior com Deus e a prioridade operacional e metodológica do serviço ao próximo. O verdadeiro Deus não é compreensível sem o seu amor ao homem, e o autêntico próximo é impensável longe da imagem de Deus. Portanto, não será autêntica uma dedicação aos jovens que não brote do amor a Deus; mas será igualmente certo que não existirá em nós verdadeiro amor a Deus se não houver a predileção pela juventude sobretudo necessitada.15 A paixão por Deus é inseparável da paixão pelo homem: vivemos o grande mandamento do Evangelho num único movimento de caridade. Não existe alternativa entre os dois polos da nossa caridade pastoral.

É aqui que se atua a “graça de unidade” que procede da presença e do poder do Espírito Santo que constitui a original riqueza da “graça da consagração”16 inerente à nossa Profissão religiosa.

Ela gera a síntese vital e a unidade interior entre Aliança, Missão, Comunidade e Conselhos evangélicos que fundamentam a nossa identidade salesiana. Para esta graça de unidade cada um dos quatro aspectos indicados une-se vitalmente a cada um dos outros e é autêntico só se testemunhado simultaneamen­te no interior dos outros. Querer promover um sem o outro significa deteriorar a natureza carismática da nossa Profissão. O Centenário ajudou-nos a meditar salesianamente sobre a opção fundamental da Profissão religiosa: a Aliança como fonte inesgotável do “da mihi animas”; a Missão como traço central que caracteriza o rosto da nossa identidade na Igreja; a Comu­nidade como originalidade de uma comunhão que constitui o sujeito e o estilo de vida e de ação; a prática dos Conselhos evangélicos como estrutura básica e vital da verdadeira doação de nós mesmos como discípulos de Cristo. A unidade e a inse­parabilidade destes quatro elementos é uma maravilha de graça cotidianamente alimentada em nós pelo Espírito santificador.

A data de 14 de maio visava exatamente evitar em nós a deletéria separação entre “vida religiosa” e “carisma salesiano”. A nossa consagração apostólica é constitutivamente “carismá­tica”. Isto nos obrigou a repensar em perspectiva dinâmica também alguns termos clássicos mais em uso e que poderiam se tornar, quase inconscientemente, expressão de uma visão estática, causa de divisão entre “vida religiosa” e “carisma”; podemos lembrar, por exemplo, as palavras: “observância”, “fim primário e secundário”, “vida de comunidade”, “votos”.

Se a “observância” significa fidelidade ao Fundador, exigirá de nós espírito de iniciativa, ardor criativo na caridade pastoral, maleabilidade nas situações dos destinatários, adequa­ção às exigências de renovação na Igreja e aos sinais dos tempos.

As Constituições renovadas focalizam corajosamente o “carisma” de Dom Bosco, ultrapassando simplesmente a le­galidade exterior que não animaria a versatilidade apostólica. Trazem certamente também algumas “normas” sábias e renova­das a serem praticadas, mas o que dirige a vida e a ação procede de uma forte interioridade e daquela experiência espiritual e pedagógica que é a alma e a fonte das mesmas normas, e que as transcende.

Se, em lugar de “fim primário e secundário”, se fala de “missão”, isso significará que se entendem as coisas de maneira evangélica e teologal como participação ativa no mistério da Igreja e na sua tarefa evangelizadora, vivendo uma especial Aliança com Deus.

Se no falar de “comunidade” se põe o acento sobre a “comunhão fraterna”, significará que a nossa convivência deverá se caracterizar pela partilha comum dos valores do projeto evangélico de Dom Bosco, da Aliança da Missão e da radicalidade dos Conselhos como aspectos vitais do nosso carisma. A comunidade deve tornar-se conscientemente “sujeito” da missão.

E quando se fala dos “votos” será necessário pensar na globalidade da “Profissão” que interpreta de maneira mais orgânica e apostólica os conselhos evangélicos, significando que cada um deles deverá ser pensado e vivido em harmonia com todo o projeto salesiano. Fizemos a “renovação da profissão” e não simplesmente “dos votos”.

O Centenário, portanto, significou também para os outros grupos da Família um esforço de interiorização da vocação salesiana no seu aspecto substancial de carisma e de vida no Espírito.

Certamente, entre a consciência renovada da própria iden­tidade e a realidade dos novos horizontes de fidelidade, per­manece sempre um vazio a ser preenchido. A estrada a ser per­corrida é um progredir que não para nunca, mas é só ela que leva à verdadeira meta.



A surpreendente vitalidade da família salesiana



A Comissão central de coordenação das programações do Centenário estava formada, como dizia, pelos representantes dos vários Grupos da Família Salesiana; assim foi feito, em geral, também nas diferentes Nações e regiões. A colaboração foi concreta e visível. A referência a Dom Bosco fez convergir o interesse de todos.

Esta união de intenções demonstrou que, “juntos”, podemos realizar grandes coisas em favor da juventude, dos pobres, da Igreja e da Sociedade. O mundo viu que esta Família não é fechada em si mesma, mas aberta evangelicamente; que de ver­dade quer bem ao Papa e aos Bispos, e é fiel ao seu Magistério; que está comprometida em colaborar com a Igreja local de acordo com suas capacidades; que é uma força ao serviço do bem-comum. Ela sabe envolver um grande número de pessoas na realização do bem: as autoridades civis e eclesiásticas, as diferentes classes sociais, mesmo se com algumas ideias dife­rentes entre si, os fiéis de várias religiões, os educadores de diferentes culturas.

O Centenário foi, de fato, um grande impulso para o relan­çamento da nossa Família. Experimentou-se o convite para al­cançar metas comuns postas em lugar mais alto daquilo que se fez até agora, seja em nível social seja em nível eclesial.

Além da atração que Dom Bosco continua a exercer, pode-se constatar com alegria a eficácia que nasceu da convergência das forças salesianas no lugar onde se encontram inseridas. Nasceu assim espontaneamente o propósito de programar e de trabalhar mais ainda de maneira coordenada, superando resistências e enfrentando fraternalmente as dificuldades sem­pre presentes. Trata-se também de intensificar entre os Grupos aquele conceito básico de “comunhão” que constitui um dos pontos centrais da eclesiologia do Concílio Vaticano II.

O sugestivo encontro dos responsáveis dos vários Grupos nas “camerette” de Dom Bosco, bem cedinho no dia 31 de janeiro, quase na mesma hora da morte do nosso Pai e Fun­dador, serviu para meditar com afeto filial a comum herança recebida, dando início assim humilde e familiarmente, como filhos e filhas agradecidos, às múltiplas e sucessivas celebrações. Aí se pronunciou novamente a palavra de ordem para todos: “para frente e unidos!”.

Olhando o dinamismo desta Família durante o Centenário aparece com evidência que cresceram uma mentalidade e uma atitude de comunhão mais flexível e mais participativa no centro e em muitas Inspetorias. Desta feliz experiência nasceu uma adesão mais consciente e comunitária ao patrimônio salesiano, uma mais concreta atenção ao espírito comum, à missão e ao método comum. E assim fortaleceu-se a convicção e a vontade de “caminhar juntos”.

O trabalho e as iniciativas dos leigos, pertencentes aos vários grupos da Família, foram particularmente significativos; muitas vezes, de fato, os leigos se demonstraram bastante dinâ­micos e mais exuberantes em celebrar a grandeza de Dom Bosco e em sublinhar a sua válida mensagem. Quase a nos lembrar que neste aspecto devem convergir mais e melhor os esforços de todos.

A Família Salesiana é chamada pelo Centenário a se trans­formar em verdadeiro “Movimento eclesial” renovado hoje pelo Espírito em favor dos jovens.



O movimento juvenil



O fruto mais bonito e promissor do relançamento da nossa Família é o do crescimento de um correspondente Movimento juvenil.

Pode-se dizer que ele surge quase naturalmente pela vitali­dade dos Salesianos de Dom Bosco, das Filhas de Maria Auxi­liadora, dos Cooperadores, das Voluntárias, dos Ex-Alunos e dos outros vários Grupos. Experimentou-se isso de maneira inequívoca no “Confronto DB88”.

Já faz alguns anos que se fala deste Movimento e nos enca­minhamos para a sua realização, iniciando pela América Latina. Nasceu uma nova estação do associacionismo juvenil;17 o pró­prio João Paulo II lembrou-nos isso com sua autoridade, falan­do da “urgente necessidade de renascer, percebido um pouco em todas as latitudes, de vários modelos de associações juvenis católicas”. O Papa os exorta a serem fiéis, criativos, ricos de genialidade neste esforço em dar vida cada vez mais firme a essas associações. “É um convite urgente que dirijo a todos os responsáveis pela educação cristã da juventude”.18

Sem dúvida, a iniciativa do Movimento deve ser elencada entre as melhores e mais urgentes “novidades de presença sa­lesiana”.19 O centenário assegura-nos assim que o associacio­nismo juvenil é uma exigência do Sistema preventivo e do crité­rio oratoriano de renovação; lembra-nos o protagonismo do jovem na busca de um ideal, como Domingos Savio e inter­pela-nos para que saibamos captar cada vez mais e melhor a inspi­ração educativa e pastoral desta que já é uma realidade viva na nossa Família.

No “Confronto DB88” participaram 2500 jovens, sobretudo das Inspetorias europeias, que representavam praticamente o trabalho real de todas as Inspetorias: uma iniciativa mundial, cuidadosamente preparada através de uma programação de mais de dois anos, com subsídios elaborados com paciente competência. O “Confronto” apresentou-se como a meta alcançada após uma caminhada de envolvimento direto de tantos jovens. Em Turim, com Dom Bosco, confluíram os inícios do nosso renascimento associativo: escuta da fé, esforço de assimilação, celebrações de alegria e de festa, partilha de ideais e de pro­blemas, diálogo estimulante, oração e sacramentos, romarias de memória reverente, perspectivas de testemunho cristão e de propósitos de crescimento.

Dom Bosco, “Pai e Mestre da juventude”, apresentou-se como o inspirador vivo, hoje e para o futuro, de uma autêntica espiri­tualidade juvenil, fruto desta “pedagogia realista de santidade” que não delude “as aspirações profundas dos jovens (necessi­dade de vida, de amor, de expansão, de alegria, de liberdade, de futuro), e que ao mesmo tempo os leva gradual e realisti­camente a experimentar que só na vida da graça, isto é, na amizade com Cristo, se atuam plenamente os ideais mais autênticos”.20

A sua missão juvenil é profecia ainda atual. A sua leitu­ra do Evangelho para os jovens se traduz numa espiritua­lidade que gera uma convicta pertença, relacionada firmemente a ele como Mestre, embora necessite evidentemente de ulte­riores explicitações à luz do Concílio Vaticano II.

Convido-os a reler, pois, as “Reflexões após o Confronto DB88” escritas pelo Conselheiro para a Pastoral juvenil, P. Juan Edmundo Vecchi, publicadas nos Atos do Conselho Geral.21 Chamo sua atenção sobre dois pontos por ele sublinhados: um que se refere à Família Salesiana e o outro aos jovens.

O “Confronto DB88” lembra à nossa Família “o valor dos organismos de animação e de intercomunicação”. A nova estação do associacionismo salesiano florescerá se existirem bons Dele­gados e Equipes de Pastoral Juvenil verdadeira­mente capazes de animação e dotados de um material bem elaborado com programação, orientações, estímulos, propostas, atrativos espirituais e criatividade apostólica. A experiência do centenário foi um verdadeiro teste para estes organismos.

O “Confronto”, ainda, sublinhou “o novo sujeito juvenil”. Antes de mais nada, evidenciou-se o prolongamento da própria juventude que exige um compromisso com especiais capacidades também na faixa de idade que vai dos 18 até, ao menos, aos 25 anos. Os adolescentes e os jovens são sujeitos eclesiais privi­legiados; vivem um tempo estratégico para a consciência da fé e para a elaboração de uma própria síntese cultural. A convi­vência pedagógica com eles, a sabedoria pastoral do encontro, a original interação salesiana entre evangelização e promoção humana, nos convidam — como nos disse o Papa — “a não tanto nos dedicar genericamente aos jovens, mas a educar com um projeto”.22 Um projeto que faça deles verdadeiros protagonistas do amadurecimento de suas personalidades e de participação ativa na Igreja e na Sociedade.

Já captamos este fato importante como uma grande diretriz para o futuro: dedicar-nos com maior convicção e competência à espiritualidade juvenil como alma da nova estação associa­tiva. A beatificação de Laura Vicuña e a inauguração da “Casa do garoto santo” em Mondônio, quiseram focalizar a escola de santidade juvenil promovida por Dom Bosco e que vários ado­lescentes do mundo já experimentaram.

O Movimento juvenil salesiano é uma realidade existente, que deve ser consolidada com inteligente e corajosa perseve­rança. O “Confronto” confirmou o feliz discurso que já tinha sido iniciado e o projetou adiante exigindo de nós que saiba­mos fazer com os jovens uma experiência educativa de mais consistência evangélica.

É esta, certamente, uma das maiores linhas do nosso caris­ma reavivado.



O envolvimento laical



Afirmei que no Centenário os leigos tiveram uma partici­pação bastante significativa, sobretudo aqueles pertencentes aos grupos da nossa Família. Se a este fato se acrescenta o especial trabalho (embora imperfeito) da Congregação nestes últimos anos para intensificar seu crescimento qualitativo e quantitativo23 e se pensarmos que na Igreja o último Sínodo dos Bispos24 estudou exatamente este tema, esclarecido depois pelo Santo Padre na Exortação Apostólica “Christifideles laici”, encontramos então um vasto horizonte aberto à nossa vitalidade espiritual e apostólica.

Dom Bosco con­vidou-nos a ser mais eclesiais e mais magnânimos nas próprias características das duas Associações dos Cooperadores salesianos e dos Ex-alunos.

Compreendemos que o nosso espírito, marcado pelo realis­mo e pela síntese vivida no dia-a-dia, responde aos anseios evangélicos de tantos fiéis leigos. Ele mesmo nos deixou um exemplo profético envolvendo-os na missão e formando-os na fé. A presença colaboradora e o bom senso cristão de Mamãe Mar­garida está na origem deste promissor desenvolvimento. Não podemos ser fiéis hoje a Dom Bosco sem um número crescente de leigos comprometidos conosco.

O Regulamento de Vida Apostólica para os Cooperadores nos lembra que a sua Associação é feita — como escreve Dom Bosco — para sacudir o torpor em que vivem tantos cristãos e para difundir a energia da caridade”.25

A Associação dos Ex-alunos, depois, enquanto mede a vitali­dade da nossa prática educativa, é chamada a levar às famílias e à sociedade aqueles valores pedagógicos que promovem a dignidade da pessoa e uma melhor convivência na sociedade. Se queremos viver a identidade salesiana dos novos tempos precisamos considerar as orientações e as diretrizes da Exor­tação Apostólica sobre a vocação e a missão dos leigos. De maneira particular, enquanto nos comprometemos na sua for­mação — que é uma das grandes prioridades pastorais da Igreja hoje26 à luz da nova evangelização27 —, os envolveremos como protagonistas na grande missão pedagógica e pastoral entregue por Deus à Família Salesiana.

É preciso reconhecer que o Centenário serviu para aprofun­dar também a dimensão secular do nosso carisma e despertar em nós o interesse apostólico que ficou um tanto adormecido por vários motivos que deveríamos já ter superado.

Também aqui, como no Movimento juvenil, devem ser cui­dados os organismos de animação escolhendo Delegados capazes e competentes.

O DB88 soprou sobre as cinzas e fez reaparecer as bases de um vasto Movimento “carismático” inspirado em Dom Bosco.



A dimensão mariana



O Centenário coincidiu durante o período de mais de seis meses com o extraordinário Ano Santo Mariano proclamado pelo Papa — de Pentecostes de 1987 à Assunção de 1988 — como preparação ao grande Jubileu do ano 2.000. Feliz coinci­dência!

Isto, por um lado, nos fez descobrir o sentido de futuro das nossas celebrações centenárias, e, por outro, sublinhou a constitutiva e original dimensão mariana do carisma de Dom Bosco e de sua obra. A basílica de Maria Auxiliadora em Valdocco, lugar sagrado do nascimento e da irradiação da vocação e missão salesiana — e onde são venerados os restos mortais de Dom Bosco, de Madre Mazzarello e de Domingos Savio — foi o centro de muitas romarias e das nossas celebrações.

A encíclica “Redemptoris Mater” orientou na Congregação apropriadas reflexões marianas; a “teologia da imagem” nela desenvolvida28 também nos levou a contemplar com maior aten­ção o estimulante significado eclesial sugerido pelo quadro da Auxiliadora do Lorenzoni desejado por Dom Bosco. Assim, a tarefa pedagógica, catequética e “sacramental” da imagem sagrada contribuiu para destacar o original aspecto mariano do coração do nosso Pai.

A chegada do terceiro milênio deve ser interpretada com o espírito de Maria de Nazaré, como um “magnificat” da Igreja a caminho. “Maria precedeu a entrada de Cristo Senhor na his­tória da humanidade, entrada, como o mistério da encarnação, na plenitude do tempo... Assim através deste Ano Mariano a Igreja é chamada... de sua parte a preparar para o futuro os caminhos desta cooperação; porque o fim do segundo Milênio cristão abre como que uma nova perspectiva”.29

A Academia Mariana Salesiana, animada pelo saudoso e benemérito P. Domingos Bertetto, incansável apóstolo de Maria, dedicou uma sessão plenária, particularmente solene, para comemorar e aprofundar a mensagem da encíclica.30 Assim a dimensão mariana entrou, diria, de modo natural a fazer parte constitutiva do clima das nossas iniciativas centenárias.

Acentuou-se o aspecto da intimidade de Maria com o Espí­rito Santo, fonte dos carismas, e o que fez para o nosso Funda­dor e para a nossa Família apostólica; de fato, “para colaborar na salvação da juventude, o Espírito Santo, com a maternal intervenção de Maria, suscitou São João Bosco”.31

Além disso olhou-se com especial profundidade ao coração mariano do nosso Pai e no realismo histórico e eclesial da sua predileção por Maria enquanto “Auxiliadora e Mãe da Igreja”.32 Em relação a este importante aspecto admiramos a sintonia da escolha mariana de Dom Bosco com as orientações conci­liares do Vaticano II: uma visão eclesial da figura e da dimen­são de Maria na história da salvação, a sua prerrogativa de Rainha dos Apóstolos, e suas intervenções maternais, sobretudo nos tempos difíceis. Turim, que era a cidade da Consolata, tornou-se também a cidade da Auxiliadora e a basílica de Valdocco se transformou num vivo centro da difusão mundial dessa tão atual devoção à Mãe de Deus e da Igreja. Muitas romarias con­firmaram esta vitalidade (visitando também o interessante museu mariano criado nos ambientes do santuário).

Foi particularmente significativo o primeiro Congresso internacional das Associações de Maria Auxiliadora realizado em Valdocco com mais de mil participantes, sobretudo da Espanha.

A palavra do Papa na oração do “Ângelus” do domingo, 4 de setembro, na praça de Valdocco lotada de fiéis, ressoa como um grande apelo do Centenário: “Estamos aqui em Turim-Val­docco diante do Santuário de Maria Auxiliadora, desejado pelo amor e pela coragem de um Santo... O Concílio Vaticano II nos apresenta Maria como modelo da Igreja... na sua maternal solicitude pela salvação dos homens.

Deste santuário mariano tão significativo para os jovens, dirijo um apelo aos pais, aos sacerdotes, às pessoas consagra­das e a todos os educadores, lembrando-lhes que têm a vocação de interpretar com generosa doação de si a maternidade da Igreja para o nascimento e o crescimento da fé no coração dos jovens. Quantas dificuldades encontra hoje a juventude a esse respeito! É um desafio preocupante, entre os mais urgentes e também entre os mais delicados e complexos. Não é uma tarefa fácil, mas é mais do que necessária. Convido, portanto, a olhar para Maria, poderoso auxílio e guia maternal dos educadores da fé... Guiados por ‘Aquela que acreditou’, seremos levados a sentir mais intensamente a tarefa da educação da fé, e a perceber mais distintamente que a ação da Igreja no mundo é como uma continuação da maternidade da Virgem cheia de graça”.33

Portanto, a dimensão mariana, interpretada e vivida de acordo com a visão eclesial e apostólica de Dom Bosco, perten­ce ao próprio núcleo da rica experiência deste ano jubilar de bênçãos e inspiradora também dos trabalhos do próximo Capítulo Geral.



A devoção a Dom Bosco Santo



O que afirmei até aqui tem Dom Bosco como ponto luminoso e centro. Mas existe ainda um aspecto que não gostaria de esquecer diante das comoventes manifestações que aconteceram durante todo o tempo do Centenário: quero fazer alusão às orações, que em todas as partes do mundo foram dirigidas ao “Santo” por uma multidão de jovens e fiéis, e também por pagãos. O nosso carisma tem um intercessor permanente no céu! A figura de São João Bosco encanta pela sua rica persona­lidade e pelos feitos que o tornaram grande na história. Mas é também eficaz na sua condição de “Santo”, que o torna um poderoso intercessor junto de Deus, capaz de obter, com insistente predileção, tantas graças e favores de ordem espiritual e temporal dos quais todos sentimos a urgência.

Também o Papa João Paulo II, no final de sua homilia em 4 de setembro, na praça Maria Auxiliadora, quis unir-se a este imenso coro com uma elevada invocação: “Querido santo! Como nos é necessário o teu grande carisma! Como é importante que nos acompanhes e nos ajudes a compreender o mistério (evangélico) da criança, o mistério do homem, em particular do homem jovem! Querido São João! Apesar de nos teres deixado há cem anos, sentimos a Tua presença no nosso “hoje” e no nosso “amanhã”. Querido São João! Ora por nós. Amém!”.34

Estou certo de que todo membro da Família salesiana eleva muitas vezes a sua oração a São João Bosco; mas convido a todos a intensificá-la, a serem fiéis, a propagarem a sua devoção, sobre­tudo entre os jovens e o povo. O carisma salesiano não se afastou dele, que continua como intercessor e guia. A sintonia de espírito e a comunhão de oração com São João Bosco, enquanto nos assimila a ele, intensifica a participação no mis­tério da “Comunhão dos Santos”, que professamos no Credo. É também este um aspecto da eclesialidade que anima o nosso espírito.

Não podemos esquecer, de fato, que o Concílio Vaticano II exorta todos os fiéis a “se lembrar dos santos” não só pelo seu “exemplo”, mas sobretudo porque “a comunhão com os santos nos une a Cristo, do qual, como Fonte e Cabeça, brota toda a graça e toda a vida do próprio Povo de Deus”. E acres­centa que é “sumamente justo que amemos estes amigos e coerdeiros de Jesus Cristo e também nossos irmãos e insignes benfeitores... aos quais dirigimos súplices orações e recorre­mos ao seu poderoso auxílio”.35

Portanto, a devoção a São João Bosco nos une ao culto da Igreja celeste comungando com ela e venerando a memória sobretudo da Virgem Auxiliadora, de São José, dos Apóstolos e dos Mártires e de todos os Santos, especialmente de São Fran­cisco de Sales e daqueles da nossa Família.36

Outros novos carismas invejam este admirável ponto de apoio sobre o qual está assentado todo um Movimento. Nós, no entanto, podemos cantar com a liturgia da Igreja a alegria de celebrar a festa de São João Bosco; ele com os seus exem­plos nos fortalece, com suas palavras nos ensina, com sua intercessão nos protege.37



Os dois grandes compromissos assumidos por nós



Entre as consequências de vida e entre os múltiplos propó­sitos suscitados pelo DB88 gosto de lembrar dois que nos estão comprometendo seriamente: a Estreia/89 para toda a Família Salesiana e o Tema dos próximos Capítulos Gerais dos Sale­sianos e das Filhas de Maria Auxiliadora.

A “Estreia” propõe um renovado e mais cuidadoso e intenso trabalho pelas vocações. A fim de que o precioso carisma de Dom Bosco seja vivo e ativo hoje, é necessário que novas gerações de filhos e filhas assumam os peculiares valores e os tornem energia de fermento em todos os continentes.

Uma renovada pastoral vocacional será a expressão mais autêntica seja da fidelidade dos já consagrados, seja da fecun­didade apostólica do seu trabalho. Penso que a medida mais segura da “volta de Dom Bosco” e da “volta a Dom Bosco”38 seja exatamente a realização cotidiana e pedagógica, promovi­da individualmente e pelas comunidades, em favor da busca e do cultivo das vocações. No “Confronto DB88” em Turim alguns de nós nos encontramos com jovens que pediam informações e conselhos para se tornarem Salesianos ou Filhas de Maria Auxi­liadora. Por outro lado, as celebrações nos fizeram meditar mais de uma vez sobre o constante e fecundo trabalho voca­cional realizado por Dom Bosco: lembramos isso especialmente em Chieri na catedral lotada por jovens “chamados”. O cardeal Ballestrero, na sua carta pastoral “São João Bosco sacerdote de Cristo e da Igreja”,39 sublinhou explicitamente sua grande dedicação à pastoral das vocações; por isso, enfrentou tantas dificuldades no seu tempo, foi audaz no cultivo das vocações “adultas”, como se dizia (mesmo se para o ambiente eclesiás­tico da diocese era uma iniciativa nova e pouco compreendida), criando para eles especiais ambientes e programas de formação.

Hoje, assiste-se nalgumas regiões do mundo a uma perigosa diminuição das vocações. É urgente suscitar uma renovada criatividade para individualizá-las e para cuidar delas. O Cen­tenário, proclamando a atualidade do carisma de Dom Bosco, nos convida a procurar numerosos e qualificados continuadores seja na vida consagrada seja na vida laical. Por conseguinte, estimula-nos a intensificar a nossa cotidiana oração pelas voca­ções, presente misterioso de Deus que deve ser primeiramente “pedido” e, depois, educado até o amadurecimento.

O “Tema”, depois, dos próximos Capítulos Gerais tanto dos Salesianos como das Filhas de Maria Auxiliadora refere-se à nossa práxis educativa para que se torne parte integrante e marcante da “nova evangelização”. Uma consciência da sua in­fluência no tecido social exige a capacidade de formar cristã­mente a juventude numa sociedade pluralista e secularizada.

Esta é a base também da pastoral vocacional.

O “honesto cidadão”, de que falava Dom Bosco, é tal se formado como “bom cristão”. Eis um dos maiores desafios da nossa hora histórica. As transformações culturais exigem uma “nova educação”, mas ela não será nem consistente e nem per­manente sem a fé.

Dom Bosco conseguiu “estabelecer uma síntese entre atividade evangelizadora e atividade educativa. A sua preocupação de evangelizar situa-se no interior do processo de formação humana. Como os jovens vivem uma idade peculiar de sua educação, a fé deverá se tornar elemento unificador e iluminador da sua personalidade”.40

O Santo Padre lembrou, na audiência concedida ao Reitor-Mor com o Conselho Geral, que “se trata de um tema que atinge profundamente toda a Igreja. O seu alcance não depende somente de determinadas características da atual condição juvenil, mas provém de uma situação de cultura emergente numa hora de profundas mudanças, ao aproximar-se o terceiro milênio cristão. É uma hora de grande responsabilidade eclesial e de fascinante compromisso no caminho da evangelização”.41

Certamente é este o objetivo central das nossas atividades; é também o questionamento mais exigente das atuais mudanças culturais. Para sermos capazes de responder, é indispensável rever com cuidado a metodologia da nossa ação. Mas, antes ainda da metodologia — tão importante na ordem dos meios —, é preciso uma adequada renovação da interioridade de todo filho e filha de Dom Bosco e do clima genuinamente salesiano de cada uma das comunidades. Com o fogo apostólico no coração e com o clima evangélico do ambiente de cada casa surgirão a inteligência e a força para renovar a metodologia da ação: a fé, de fato, é dom de Deus que passa também através do testemunho e da comunicação de vida dos educado­res. Não é bom criar ilusões; não existe um método mágico que transforme por si mesmo; é suficiente constatar o que aconteceu com os Apóstolos, os Santos, o Cura de Ars, Dom Bosco, Madre Mazzarello. Lembremos o que proclamou com autoridade o Concílio Vaticano II: “Como a vida religiosa antes de tudo está endereçada a seus membros para que sigam a Cristo e se unam a Deus com a profissão dos conselhos evangélicos, é preciso lembrar que as melhores formas de renovação espiritual, à qual compete sempre o primeiro lugar também nas obras eternas de um apostolado”.42



Conclusão



Queridos Irmãos, certamente cada um de vocês tem sua visão global dos valores do Centenário com uma própria avaliação pessoal. Para redigir esta carta circular falei com muitos irmãos e pedi o parecer dos membros do Conselho Geral. As reflexões apresentadas fundamentam-se na experiência vivida e, apesar de não serem completas, ajudam na formação de um juízo global positivo, estimulante para a nossa renova­ção e para melhor alcançá-la.

Gosto de repetir que ainda, depois de cem anos de sua morte, Dom Bosco preocupou-se pessoalmente em relançar o seu carisma: como se nos tivesse dito que nos trabalhos pós-conciliares fomos dinamicamente fiéis e que agora, enquanto se alegra conosco por termos “passado a limpo” a reelaboração dos Documentos da nossa identidade, nos exorta a testemunhá-la na prática, lançando o seu espírito e a sua missão em direção aos novos séculos em todas as latitudes.

Nos últimos anos de sua vida, Dom Bosco preocupou-se muito com o futuro da nossa Família espiritual: é suficiente lembrar o sonho do personagem dos 10 diamantes43 e suas claras intervenções nos primeiros Capítulos Gerais. Queria assegurar as ideias básicas do seu espírito, a originalidade da sua missão, a interioridade apostólica, a formação dos mem­bros, a prática do Sistema preventivo, o cuidado pelas vocações, a purificação das comunidades (“a Congregação — disse no terceiro Capítulo Geral — necessita de purificação”).44 Se lem­brarmos que o cardeal Ferrieri, prefeito da Congregação vaticana encarregada dos Religiosos, tinha proposto ao Papa uma Visita apostólica nas casas salesianas (e que depois não foi feita) e que havia no Vaticano um projeto de agregar a nossa Congregação, depois da morte de Dom Bosco, a uma outra já existente,45 podemos compreender as preocupações que ele alimentava no coração durante os anos ‘80 e qual tem sido a resposta da Providência, admirada mundialmente por nós nas celebrações deste Centenário.

Devemos sinceramente agradecer a Dom Bosco e amá-lo mais ainda, honrando o título eclesial que o proclama univer­salmente “Pai e Mestre da Juventude”.

Com ele agradecemos a Auxiliadora que o guiou maternal­mente na sua peculiar experiência de Espírito Santo. E, sobre­tudo, louvamos a Deus e ao seu Espírito. Somos profundamente agradecidos a Deus pelo dom de predileção aos jovens e ao povo que fez do nosso Fundador um dos grandes protagonistas do futuro para a Igreja e para a Sociedade.

Assim, com imensa gratidão no coração, nos sentimos feli­zes porque Deus nos chamou “pelo nome” nestes tempos novos, a sermos operosos discípulos de Cristo percorrendo com os jovens aquele caminho trilhado por Dom Bosco “que conduz ao Amor”.46

As celebrações do DB88 deram o sinal de partida aos com­promissos de um novo Centenário. Sejamos protagonistas criativos e fiéis!

Uma cordial saudação a todos da Basílica de Valdocco de onde se difundiu no mundo aquilo que o Papa chamou um “grande carisma”.

Deus nos enriqueça com a luz e as energias do seu Espírito!

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otos de crescimento.



P. Egídio Viganò



















1 ACG n. 313, “Dom Bosco 88”; ACG n. 319, “O 88 nos convida a uma especial renovação da Profissão”; ACG n. 323, “De Pequim rumo ao 88”.

2 ACG n. 317, “A todos os responsáveis dos vários Grupos da Família Salesiana”, em apêndice o Tema geral com um roteiro de reflexão; ACG n. 321, “Sábado, 14 de maio de 1988; dia da Profissão salesiana”; ACG n. 325, “Sobre o Debate DB88”.

3 Cf. ACG n. 321, p. 70-72.

4 Gertrud Stikler, n. 25/1987.

5 Piera Carvaglià, n. 26/1988.

6 Const. 6, 43; Regul. 31, 33.

7 Const. 21.

8 Cf. Evangelii nuntiandi 75.

9 Cf. Mutuae relationes 11.

10 O Projeto de vida dos Salesianos de Dom Bosco – Guia à leitura das Constituições Salesianas – E. SDB, Roma, 1986.

11 Cf. Atos do Capítulo Geral Especial, Roma 1986.

12 Const. 10.

13 Ib. 21.

14 Cf. Interioridad apostólica ­– Ed. Salesiana, Buenos Aires 1988 – Temas de reflexão dos Exercícios espirituais do Reitor-Mor.

15 Cf. Mt 25,34ss; 1Jo 2,9-11; 3,14-15.

16 Const. 195.

17 Cf. ACG 294, outubro-dezembro 1979: Carta circular do Reitor-Mor sobre os Grupos e Movimentos juvenis.

18 L’Osservatore Romano, 4; cf. também o Concílio Vaticano II, Gravissimum momentum, 4; Apostolicam actuositatem 18, 19, 21.

19 Cf. CG21, 156-159.

20 Iuvenum Patris 16.

21 ACG n. 238, janeiro-março de 1989, pág. 30-38.

22 L’Osservatore Romano, 5 de fevereiro de 1989.

23 ACG 316, 318, 321.

24 1987.

25 Regulamento de Vida Apostólica, 50.

26 Cf. Christifideles laici, 57.

27 Cf. Ib. 36-44.

28 Cf. Redemptoris Mater, 33-34.

29 Ib. 49.

30 Cf. AMS, Boletim n. 3, Maria Auxiliadora Mãe de Igreja, UPS Roma 1987.

31 Const. 1; cf. Adrian Van Luyn, Maria nel carisma salesiano, LAS Roma 1987.

32 Cf. G. Bosco, Le meraviglie della Madre di Dio invocata sotto il titolo di Maria Ausiliatrice, Torino 1868.

33 Ângelus do Papa, 4 de setembro de 1988.

34 Nella terra di Don Bosco, p. 123, LDC Torino, 1988.

35 Lumen gentium 50.

36 Cf. Ib. 50 e Const. 9 e 24.

37 Cf. Prefácio do Santos Pastores.

38 Iuvenum Patris 13.

39 5 de junho de 1988.

40 Iuvenum Patris 15.

41 L’Osservatore Romano, 5 de fevereiro de 1989.

42 Perfectae caritatis 2.

43 1881.

44 MB 16, 414-415.

45 Cf. Ceria, Annali II, pág. 4

46 Const. 196.

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