351-400|pt|360 80 anos das VDB

Carta às Voluntárias de Dom Bosco,

aos Salesianos e aos grupos da Família salesiana

por ocasião do 80º aniversário do INÍCIO DO Instituto





P. Juan Edmundo Vecchi



Atos do Conselho Geral n. 360





Introdução - As novidades do Espírito de Deus - O ministério do Reitor-Mor - A salesianidade do Instituto - Um dado que interpela os Salesianos e a Família Salesiana - A secularidade consagrada - As originalidades da secularidade consagrada - A consagração qualifica a secularidade - A secularidade “define” a consagração - A missão dos seculares consagrados - Uma espiritualidade salesiana original - Conclusão.



Roma, 24 de maio de 1997

Festa de Maria Auxiliadora



Queridos Irmãos,



As visitas a diversas partes da Congregação fizeram-me ver o interesse de Inspetorias e comunidades locais pelas orientações do CG24. Em alguns lugares ainda se está numa primeira abordagem, enquanto em outros já vão sendo indicadas linhas concretas de animação às comunidades educativas pastorais, à Família Salesiana e ao Movimento Salesiano.

Convenci-me também da fecundidade desses três âmbitos de trabalho, que nos consentem agregar numerosos leigos, fazer frutificar o que eles trazem como vocação, capacidade profissional ou afinidade com o nosso espírito e torná-los corresponsáveis pela missão salesiana através de processos formativos adequados.

Relevo, particularmente, que a Família Salesiana, sobre a qual já tive a oportunidade de escrever-lhes, vai-se consolidando através do crescimento de cada um dos grupos e da atenção ao conjunto. São dois movimentos simultâneos. Cada grupo é chamado a expandir-se incorporando novos membros, reforçar-se em seu interior com um programa de formação, tornar-se autônomo nas iniciativas apostólicas e na organização. De outra parte, em seu conjunto, favorece-se a comunicação, estabelece-se uma coordenação de acordo com as vantagens e exigências concretas, sem esquemas rígidos, oferece-se apoio recíproco, aprofunda-se a espiritualidade comum.

Justamente nessa perspectiva de ajudar cada grupo a crescer, e tendo em vista o conjunto, pareceu-me conveniente oferecer-lhes o texto da carta que escrevi às Voluntárias de Dom Bosco, a pedido delas, por ocasião do octogésimo aniversário de fundação do seu Instituto.

Será bom, dizia-me, que toda a Família conheça melhor o Instituto, que conta no momento com quase 1300 membros, 150 grupos e subgrupos, espalhados em 44 nações, e que pode ainda expandir-se a muitos outros países, onde já estão trabalhando outros grupos da Família espiritual. E, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a sua identidade ajudará a nós Salesianos e a toda a Família a entender melhor uma das dimensões da nossa missão: a laico-secular, que justamente neste sexênio nos propusemos a assumir com decisão, sobretudo no que diz respeito às consequências práticas.

A carta deverá trazer, também, consequências práticas sobre a assistência espiritual que, conforme os nossos Regulamentos (cf. art. 40), devemos dar às VDB e que no momento apresenta-se com exigências novas devido à situação do mundo e o momento vivido pela Igreja.

Confio, pois, a presente carta, à vossa leitura atenta, também como agradecimento ao Senhor e como testemunho de afeto para com nossas irmãs Voluntárias. Ela diz respeito ao nosso carisma, ao nosso espírito, à nossa missão e à nossa Família.



* * *



1. Introdução



Caríssimas Irmãs em Dom Bosco,

Fui convidado, logo no primeiro encontro com o vosso Conselho Central, a escrever uma carta em que, a partir da ocorrência dos 80 anos do início do Instituto, pudesse oferecer um estímulo ao caminho de renovação que empreendestes à luz do Concílio Vaticano II.

Realizo agora o vosso desejo, com muito prazer. Ele vem depois da reflexão do CG24 dos Salesianos, que quiseram aprofundar o sentido da participação e da comunhão no espírito e na missão de Dom Bosco com os leigos, cuja vocação é marcada pela índole secular, e vós representais para nós uma categoria privilegiada de seculares, como um ponto de fusão e encontro entre a experiência dos religiosos e a dos leigos.

Esta carta permite-me repensar o significado e o valor do carisma salesiano vivido na secularidade consagrada; e colher, na memória de um fato que poderia ser considerado apenas de calendário, um evento de graça que chama todos os membros da Família Salesiana a uma tomada de consciência e a um empenho renovados.

Não gostaria de repetir coisas até muito conhecidas por vós, que com muita atenção procurais traduzir no concreto da vida. Pensando, porém, nos vários grupos da Família salesiana, parece-me oportuno retomar algumas afirmações que já são patrimônio adquirido da Igreja e deveriam fazer parte da nossa comum visão e mentalidade.

Representais, como Instituto secular, um fenômeno característico na Igreja. Deter-se na consideração dos aspectos que constituem a vossa novidade e as raízes da vossa originalidade, ajudará a vivermos todos nós mais conscientes e mais fiéis à vocação salesiana.



2. As novidades do Espírito de Deus.



A vossa vocação à consagração na secularidade toma forma no contexto histórico e eclesial da nascente pós-modernidade.

A humanidade encontra-se numa virada crucial da própria história, caracterizada por muitos sinais positivos e igualmente ambíguos. Entre eles emerge a tendência de pensar que possa bastar a si mesma e não tenha por isso necessidade de Deus e do sacramento da Igreja na construção e no desenvolvimento da própria vida. Assistimos a um divórcio perigoso entre progresso técnico científico e fé no Deus vivo, que é relegada ao privado.

Afirmava-o Paulo VI, no XXVº da Provida Mater: «O problema mais grave do desenvolvimento atual é o da relação entre ordem natural e ordem sobrenatural».1

Somos interpelados insistentemente pelos sinais dessa tendência. De um lado, eclipsa-se a referência religiosa em muitos ambientes da vida pública e social; de outro, observa-se uma tendência a experiências vagamente espirituais que comportam uma fuga da existência concreta.

A Igreja, por sua vez, deteve-se com particular atenção sobre o caminho da vida consagrada, reconhecendo as várias formas em que já se exprimiu e a sua abertura a novas realizações ainda não imaginadas. É a novidade do Espírito que se faz presente em todo tempo.

A consagração secular representa uma dessas novidades, e a Igreja não deixou de perceber e discernir os seus sinais.2 Conheceis as etapas fundamentais porque as haveis acompanhado com envolvimento pessoal: da Provida Mater (1947) ao primeiro Congresso Internacional dos Institutos Seculares (1970), até à Exortação Apostólica Vita Consecrata (1995) e a celebração dos 50 anos da Provida Mater (1997). Sabeis avaliar também a riqueza das indicações que vos foram oferecidas pelos Sumos Pontífices, de Pio XII a João Paulo II.

O vosso Instituto acompanhou com decisão o caminho de renovação desejado pelo Concílio e soube aprofundar nas Assembleias Gerais os vários elementos constitutivos do carisma.

Após o reconhecimento pontifício do Instituto (7 de agosto de 1978), vivestes a reformulação das Constituições com profundidade e riqueza de espiritualidade.

A beatificação do P. Filipe Rinaldi (1990) deu novo impulso à vossa renovação, acompanhada pelo Reitor-Mor, P. Egídio Viganò, que esteve paternalmente próximo de vós com a palavra e a simpatia, com a reflexão e a orientação prática.

Entretanto expandistes-vos a novas regiões e o vosso número aumentou sem interrupção, enquanto solidificáveis a vossa organização para a animação e vos dáveis eficazes instrumentos para a formação. O vosso Instituto apresenta-se hoje numeroso, bem fundamentado e fecundo em vocações, capaz de autonomia.

A atual situação religiosa e social torna mais urgente considerar quem sois e como colocai-vos na Igreja e na Família salesiana.

Reconhecemos todos que há (para usar as palavras de Paulo VI) «uma produção ininterrupta de novas gemas, um florescer insuspeito de iniciativas de santidade»3 na Igreja e, de nossa parte, na Família de Dom Bosco. E sentimos que é bom para todos tomar consciência disso.



3. O ministério do Reitor-Mor



Leio das vossas Constituições: «A fundação, o projeto de vida e a tradição inserem o Instituto no âmbito da Família Salesiana e, como parte dela, foi reconhecido oficialmente. O Instituto vê no Reitor-Mor dos Salesianos, o sucessor de Dom Bosco, o pai de toda a Família, aquele que é chamado a promover entre os vários grupos e membros a unidade de espírito e a fidelidade na missão comum».4

Por força da consciência comum de uma paternidade que deriva de Dom Bosco e na fidelidade à missão que me foi confiada como guardião e promotor do espírito salesiano, em harmonia com as diferentes realizações da vocação salesiana adentro-me nesta reflexão sobre a secularidade consagrada.

Fá-lo-ei colocando-me a partir de perspectivas múltiplas e complementares: a Família Salesiana em sua globalidade, a originalidade do Instituto secular das VDB, a relação das Voluntárias com a Congregação, o espírito salesiano em seus diversos matizes conforme o Grupo e outras semelhantes.

O estilo da presente carta quer ser fraterno e orientador. Unirá, por isso, contribuições de reflexão e estímulos de orientação.

É uma carta dirigida a vós, caríssimas Irmãs; mas oferecida a uma atenta leitura a todos os Grupos da Família Salesiana. Contribuirá, espero, para o enriquecimento recíproco mediante o conhecimento e a comunicação dos dons de cada um. Isso fará crescer o espírito de Dom Bosco que compartilhais e enriqueceis com uma realização original.

O acontecimento dos 80 anos de fundação do vosso Instituto, torna-se assim um evento de graça e de fidelidade que envolve a todos nós da Família.



4. A “Salesianidade” do Instituto



Muito foi dito e escrito a respeito. Condensastes a sua substância no artigo 5 das Constituições: «As Voluntárias vivem sua vocação assumindo o carisma salesiano que as qualifica na Igreja e no mundo. A caridade pastoral, núcleo central do espírito de Dom Bosco, torna-as particularmente sensíveis e abertas aos valores humanos e evangélicos que o Santo hauriu do coração de Cristo. Como Dom Bosco, confiam totalmente em Maria, porque sabem que Ela continua na história “sua missão de Mãe da Igreja e Auxiliadora dos cristãos”».5

Poderia parecer supérfluo deter-se neste ponto da vocação da VDB, levando-se em conta a vossa origem e o vosso desenvolvimento. Entretanto, creio interessante dirigir ainda uma vez a vossa atenção sobre ele, embora de forma breve, porque está na raiz da vossa originalidade entre os Institutos seculares e constitui uma expressão típica no próprio interior da Família Salesiana.

Vós mesmas definis a salesianidade «qualificante na Igreja e no mundo».6 Fazeis dela o sinal distintivo: os outros reconheçam em vós a raiz salesiana. A vida demonstre a ligação que tendes com a realidade salesiana, para que o pensar e o agir, as opções e os critérios, as palavras e os testemunhos de vida exprimam e difundam o espírito salesiano na Igreja e no mundo.

O P. Egídio Viganò, na carta que vos endereçou em 1979, recordava que «a salesianidade não é um acréscimo à vossa consagração, mas a substância mesma que a constitui e faz viver».

Isso significa que a consagração que viveis ou encontra manifestação em alguns valores típicos da vida evangélica vivida no espírito salesiano ou não pode ter a relevância que a Igreja exige com o reconhecimento oficial dado por ela.

Rapidamente e com uma expressão talvez um tanto sintética, gostaria de recordar-vos: a vossa santificação ou é salesiana ou não é.

Essa é a “qualificação” de que fala o artigo constitucional. Ela não reduz os espaços e não descolora a vivacidade do ser secular. Pelo contrário. Sustenta, vivifica e orienta o caminho das pessoas que vivem no século com a radicalidade típica de uma consagração.

O sucesso está para vós na harmonia das dimensões que quereis compor, ao redor e em força da salesianidade.

A discrição nada influi nesse ponto. Podeis ser conhecidas e podeis manifestar-vos abertamente como discípulas e seguidoras de Dom Bosco em vosso compromisso de santidade.



5. Um dado que interpela os Salesianos e a Família Salesiana



A reflexão sobre a salesianidade que vos distingue, provoca em mim uma questão: o Instituto das Voluntárias é suficientemente conhecido pelos meus Irmãos e por todos os membros da Família Salesiana?

Não se trata de uma questão retórica. Algumas expressões que ocorrem em nossas comunidades e grupos, que apresento de forma simplificada, evidenciam dimensões do problema e interrogativos que não podem ser descuidados.

Para alguns, a vossa identidade não é clara. Veem-na como à metade do caminho, entre a das Irmãs e a dos leigos, porque destituída de sinais visíveis de definição! Isso explica, provavelmente, a dificuldade destes para falar da vossa vocação.

Para outros, a discrição causa dificuldade. Parece-lhes que vos obrigue a um difícil exercício de presença-ausência, que vos leve a formas de evangelização pouco incisivas e reduza as possibilidades vocacionais.

Outros, enfim, colocam-se a questão sobre o vosso envolvimento real na sociedade secularizada para propor caminhos evangélicos a tantos irmãos e irmãs que, imersos no consumismo, perderam o sentido da vida. Pensam a vossa presença mais natural à Igreja que ao ambiente secular.

Existindo esses interrogativos, isso poderia significar que também nós salesianos devemos conhecer melhor a efetiva identidade do Instituto secular, tanto no interior como fora da Família salesiana. Espero, pois, que esta carta tenha uma continuidade de reflexão nas comunidades dos Salesianos.

A vocação salesiana precisa de muitas expressões, capazes de entrar na vida quotidiana, com originalidades diversas: a das Voluntárias é típica e significativa pela harmonia entre a opção da evangelização e a inserção nos contextos humanos ordinários. Existem, portanto, espaços próprios e formas singulares de presença e de intervenção.



6. A secularidade consagrada.



Vós VDB sois salesianas, portanto, e uma característica vos distingue: a secularidade consagrada.

Colocais muito oportunamente, em vossa IV Assembleia geral, o mistério e o critério da Encarnação como fundamento da reflexão sobre a secularidade consagrada. Desde essa perspectiva podem-se reler o sentido da consagração secular e a espiritualidade que deve apoiar a vossa vida.

Considerando quanto vós mesmas já oferecestes às vossas Irmãs, indico alguns passos ulteriores a serem dados no desenvolvimento da vocação de uma VDB.

Percebo, desde o início, que são muitos os problemas ainda em aberto sobre a consagração secular. Exemplo simples, mas imediato é o uso indistinto ou preferencial das expressões “secularidade consagrada” ou “consagração secular”. Existe um matiz não sem importância no modo diverso de exprimir-se.

Não é minha intenção enfrentar todos os problemas, nem os considerar em seus vários aspectos, o que comportaria um amplo tratado de teologia, direito, espiritualidade. Coloco-me mais da parte da Família Salesiana, para ajudá-la a compreender, e da vossa, para encorajar-vos a realizar plenamente a vossa vocação.

É preciso reconhecer que a secularidade (e consequentemente a secularidade consagrada) é um estado de vida em contínuo movimento. Encontramos todos os dias, com efeito, situações instáveis no campo da família, da economia, da vida social, das opções políticas, enfim, do empenho humano.

Existem, porém, alguns pontos de referência definitivamente adquiridos. Um texto do Perfectae Caritatis evidencia o significado e a orientação dos Institutos religiosos. «Os Institutos seculares, diz, embora não sendo institutos religiosos, comportam, contudo, uma verdadeira e completa profissão dos conselhos evangélicos no mundo, reconhecida pela Igreja. Tal profissão confere uma consagração a homens e mulheres, leigos e clérigos que vivem no mundo.

Por isso tendam antes de mais nada a doar-se totalmente a Deus na perfeita caridade, e os mesmos institutos conservem a identidade própria e a índole especial, a secular, para ser capaz de exercer o apostolado eficazmente e em todos os lugares, no mundo e a partir de dentro do mundo, para cujo exercício eles surgiram.

Saibam, contudo, que não poderão absorver tarefa tão importante, se seus membros não receberem uma tal formação nas coisas divinas e humanas a ponto de se tornarem fermento no mundo para o vigor e o crescimento do Corpo de Cristo. Os superiores procurem por isso dar seriamente aos seus membros uma instrução especialmente espiritual e desenvolver ulteriormente a sua formação».7

A longa citação serve-me para reafirmar as coisas fundamentais, queridas e expressas pelo Concílio, cuja real importância não foi ainda assimilada por todos. Deter-nos em comentá-las servirá para dissolver os interrogativos aos quais acenávamos acima.



A índole própria.

O texto conciliar afirma que os Institutos seculares não são institutos religiosos. Existe aqui uma distinção capital: a vida consagrada secular constitui um ‘tipo’ diferente da vida consagrada religiosa.

«Vós, dizia Paulo VI aos Institutos seculares, enriqueceis a Igreja de hoje com uma particular exemplaridade em sua vida secular, vivendo-a como consagrados; e de uma particular exemplaridade em sua vida consagrada vivendo-a como secularidade».8

A exemplaridade nas duas vertentes pede uma atenta consideração. A secularidade não é um indício, uma condição sociológica exterior de vida, nem só um conjunto de atitudes interiores, mas é conteúdo da consagração e da espiritualidade.

A consagração, por sua vez, não representa um fator santificante acrescentado, mas mergulha no sentido da secularização e exprime a alma de todo Instituto secular enquanto não apenas “colocado”, mas encarnado no mundo.



A consagração, a partir dos membros dos Institutos seculares, é completa e verdadeira.

É uma consagração moralmente perfeita, segundo a medida do dom de graça comunicado a cada um quanto aos demais tipos de consagração. Não é de proporção reduzida, de segunda ordem; e nem sequer é parte de uma vida religiosa “alargada”, como se fosse um seu exemplar aclimatado. Não é nem mesmo uma sua derivação. O Espírito não se repete.

É uma consagração original que se exprime no âmbito de uma instituição nova. É completa porque permite o dom total de caridade a Deus e aos homens, que a faz ser autêntica apesar de alguns indícios mundanos.

Trata-se de uma vida evangélica, caracterizada não pela separação exterior, psicológica ou espiritual do mundo, mas pelo livre desenvolver-se dos conselhos evangélicos no coração das realidades do mundo, em vista da oferta total a Deus e da salvação dos homens.

Enquanto tal, a vida consagrada na secularidade percebe a necessidade espiritual do mundo em que está inserida e assume as aspirações mais verdadeiras e profundas do mundo; mas apresenta também uma escala de valores alternativos aos propostos pelo mundo fechado em si mesmo. Portanto, com o seu testemunho e ação, critica a situação estagnada em que o mundo vive frequentemente; torna-se, silenciosamente, modelo inspirador para os indivíduos e a sociedade.



A consagração dos membros dos Institutos seculares é “secular”, ou seja, vivida no meio do mundo.

Houve quem colocasse em dúvida a possibilidade de uma consagração secular. Provavelmente porque não consideram corretamente o sentido da consagração, como doação de caridade.

A caridade adapta-se e é capaz de penetrar a criação inteira. Ela pode ser vivida em qualquer estado de vida, em cada ambiente social. Pode chegar ao seu pleno florescimento mesmo permanecendo em contato com a realidade mais material ou corporal do mundo.

É verdade que algumas condições são necessárias. O Evangelho enuncia-as e a experiência da Igreja explicita-as. Mas entre elas não está a clausura ou a necessidade de recopiar a vida religiosa.

A plenitude da caridade surge como uma parábola, narrada pelo Espírito Santo no tempo da Igreja, nos tempos dos homens, através de modalidades continuamente novas.

Esse aspecto representa na verdade um ponto de difícil conversão, também em nossa Família Salesiana, para os que não conhecem diretamente os Institutos seculares, ou não estão suficientemente abertos à ação do Espírito que “sopra onde quer”.



Os membros dos Institutos seculares podem ser homens e mulheres, leigos e sacerdotes.

A determinação não é secundária. Poder-se-ia aprofundar os quatros acenos ligados à diferença de gênero e à colocação diversa na Igreja, perguntando-se porque se quis explicitar essa enumeração.

A conclusão fundamental é que a consagração secular constitui “a índole original comum”, assume todas as diversas condições ou traços numa síntese particular, enriquecendo-as e enriquecendo-se com elas.

Não aprofundo o tema da consagração secular feminina, que vos diz respeito diretamente. Poderá ser considerado em outro momento.

Quero recordar, porém, nesta circunstância que, em harmonia com as Voluntárias de Dom Bosco, tiveram início os “Voluntários com Dom Bosco”. Trata-se do início de um Instituto secular masculino, que vive no momento em diversos Países do mundo salesiano e está crescendo tanto numericamente, quanto em qualidade de presenças. É um verdadeiro dom do Senhor!

A experiência que a Congregação tem com as VDB servirá para chegar a uma boa conclusão também com os Voluntários CDB.

Todas essas categorias têm uma condição comum: a consagração vivida na condição secular e a secularidade assumida até a consagração.



A secularidade é a característica dos Institutos seculares.

A imagem que descreve a sua presença e ação é a do fermento. Falando dos seculares consagrados, assim exprimia-se Pio XII: Vivem no meio do mundo, o seu apostolado é feito com os meios do mundo, a sua ação é voltada à santificação do mundo, e atuam no mundo como fermento; toda a sua vida é apostolado e deve traduzir-se em apostolado.9

A secularidade, própria da vocação de cada um, configura os próprios Institutos. A sua forma de estar no mundo é a do fermento na massa. Inútil pedir-lhes uma maior visibilidade. Neles, a profissão não comporta formas organizadas de fraternidade em que se expresse uma nova pertença. A obediência não determina um lugar ou tipo de trabalho apostólico e a pobreza não implica na renúncia pessoal aos bens e aos ganhos. A castidade, que exprime a opção pelo amor a Deus e aos homens, é vivida numa forma adequada que suscite mais perguntas do que manifeste de imediato uma opção religiosa.

O ser fermento reveste toda a existência de cada um e conforma o projeto do Instituto.

Sua finalidade é dúplice. De um lado, a santificação do mundo através da presença cristã, expressa na forma radical da vida consagrada, consciente e operante. De outro, a imersão no mundo e, por assim dizer, a atuação desde o seu interior, também para o fortalecimento e crescimento do Corpo de Cristo.

Os leigos são um fermento no mundo. Os Institutos seculares são-no também na Igreja que vive no mundo. Sua missão particular é animar o laicato, se o Instituto é leigo; o sacerdócio, se os seus membros são sacerdotes.



Os responsáveis dos Institutos seculares têm uma tarefa primária e quase única: a formação espiritual dos membros.

Aos responsáveis não compete dirigir o apostolado do Instituto, como fariam os superiores religiosos. Eles não podem pensar em dispor das pessoas para solicitar-lhes tarefas pastorais numa estrutura comunitária; deverão deixá-las onde Deus as colocou, para que se tornem centros de irradiação no mundo e entre o povo.

A pobreza de estruturas materiais serve para permanecer na discrição apostólica, própria dos seculares consagrados.

Os responsáveis, livres das preocupações de organização apostólica, dedicam-se à formação dos membros. Estes devem ser habilitados a viverem de forma plena e eficaz o apostolado ligado à própria atividade profissional e ao contexto sociocultural em que se exprime. Nisso está a força do fermento.



6.1. As originalidades da secularidade consagrada.



Existem dois aspectos inseparáveis em vossa vocação: a consagração e a secularidade. Eles não estão justapostos ou ligados de uma maneira qualquer, mas mutuamente compenetrados.

Ora, é iluminante perguntar-se: porque “qualificar” a secularidade dos Institutos seculares com o termo “consagrada”?

E porque “definir” a consagração dos Institutos seculares com a especificação de “secular”?

A abordagem dos termos faz brotar uma quantidade de questões e abre outras tantas linhas de reflexão.

Qualificar” significa, de fato, potencializar, levar ao sentido mais verdadeiro, extrair quanto existe de bom numa realidade, melhorar. “Definir” sublinha também os limites em que se mover; esclarece modalidades de vida, conteúdos de espiritualidade, formas de ação.

A reflexão ajudará os Grupos da Família salesiana a viverem algumas características da comum vocação salesiana. Evidenciais, com efeito, realidades que interessam a todos nós e que cada Grupo é chamado a assumir conforme a própria identidade.



6.2. A consagração “qualifica” a secularidade



As afirmações do magistério da Igreja são numerosas e constantes em apelar ao compromisso da secularidade aos Institutos seculares.

«“Secularidade” indica a vossa inserção no mundo, dizia Paulo VI aos responsáveis gerais dos Institutos Seculares. Ela não significa apenas uma posição, uma função, que coincide com a vida no mundo exercendo um trabalho, uma profissão “secular”. Deve, antes de tudo, significar a tomada de consciência de estar no mundo como lugar de responsabilidade cristã que vos é próprio».10

Essas palavras evidenciam aquisições conciliares de grande interesse que estão à base da experiência da secularidade vivida até a consagração. Especifico algumas delas.



A bondade do mundo.

A afirmação leva-nos a uma renovada visão da realidade secular em que estamos todos inseridos.

Mundo” tem muitos significados. Alguns biblistas contam bem nove sentidos diversos com que o termo retorna na linguagem da Escritura. Não nos interessa enumerá-los todos.

Seja entendido nesta sede segundo o significado delineado pela Gaudium est Spes: «(O mundo é) a inteira família humana no contexto das realidades em que vive; o mundo que é teatro da história do gênero humano, e traz os sinais de suas lutas, derrotas e vitórias, o mundo que os cristãos creem criado e conservado na existência pelo amor do Criador, o mundo certamente colocado sob a escravidão do pecado, mas pelo Cristo crucificado e ressuscitado, com a derrota do maligno, libertado e destinado segundo o desígnio divino a transformar-se e a chegar à sua realização».11

O termo “mundo” refere-se a todas as realidades que constituem o viver quotidiano, a trama de relações que se estabelecem entre as pessoas: relações de geografia, isto é, de vizinhança e de território; relações de história e de cultura, construídas juntas com esforço e das quais se usufrui, no bem e no mal; enfim, relações sociais que dão origem às nossas cidades.

Com razão, gostais de dizer, vós seculares consagrados, que «seculares se nasce». E isso porque nascemos “humanos” inseridos no século.

A bondade à qual se faz referência evidencia a presença de Deus no mundo. Nele atua, desde o início, o amor e a Providência do Pai, a redenção do Filho e a animação do Espírito. Esse reconhecimento não é um dado espontâneo, nem automático. É fruto de graça, consequência da resposta responsável do crente.

Quando a resposta comporta também a aceitação em Cristo da realidade “mundo” para colaborar em sua realização; quando nele se orienta à realização do Reino, pelo qual se põe à disposição toda a própria existência, dons e talentos, capacidades e valores, então não se é mais “secular” apenas por nascimento ou natureza, mas por um chamado e uma opção vocacional de participar na história da salvação, habitando o coração do mundo para nele encontrar e exprimir o amor de Deus.

Quanta sensibilidade “salesiana” encontramos na atitude de assumir a “secularidade” como tarefa a ser realizada!

Somos educadores; preocupamo-nos pela promoção humana em nosso trabalho apostólico quotidiano; interessam-nos a pessoa, a cultura, o trabalho, a sociedade; a razão ao lado da fé orienta a nossa abordagem das situações; o humanismo conforma a nossa espiritualidade! A nossa Família inclui uma dimensão secular expressa nas mais variadas figuras: os cooperadores, os ex-alunos. No interior mesmo da Congregação existem os irmãos coadjutores que fundem consagração religiosa e laicidade.



A missão é essencial à vocação de consagrado secular.

O documento Primo Feliciter dizia: «Toda a vida dos membros dos Institutos Seculares, consagrada a Deus com a profissão de perfeição, deve converter-se em apostolado».12

Ecoa o Cânone 713,1: «Os membros (dos Institutos seculares) exprimem e realizam a própria consagração na atividade apostólica e, como fermento, esforçam-se por permear toda a realidade com o espírito evangélico para consolidar e fazer crescer o Corpo de Cristo».13

Os Institutos seculares nasceram para isso. A reconhecida bondade do mundo torna-se, por vocação, empenho pelo homem.

É a perspectiva mais fecunda que deriva do mistério da Encarnação.

Santifica-se não “apesar” da inserção no mundo, mas através dela. A sequela Christi encontra na realidade do mundo o seu lugar próprio de realização e desenvolvimento.

Existe unidade entre vocação cristã e missão. A consagração “secular” não separa do mundo, mas imerge mais profundamente nele aonde se percebe o seu sentido e intui-se o seu destino.

Esse movimento brota do desejo de entrar mais profundamente no Amor de Deus pelo mundo participando assim, em primeira pessoa, na atuação do Amor que o Pai revelou ao enviar o seu Unigênito ao mundo.

É uma visão interessante para nós salesianos.

Afirmarmos que a missão dá a tonalidade a toda a nossa vida.14 Vós afirmais que a ação apostólica é expressão e realização da mesma consagração e compreende a vida toda. Todos os que se inspiram em Dom Bosco são considerados sempre “ativos”, agentes, animadores e promotores de vida.

Contemplando as VDB deveríamos crescer no empenho apostólico, desejado pelo carisma salesiano, vivido nas diversas modalidades de cada Grupo.



A nova relação Igreja-mundo.

Trata-se de uma outra perspectiva que ajuda a entender porque a existência do mundo pode ser consagrada.

Reside nessa relação o desafio mais alto da Igreja, da renovação conciliar.

Paulo VI, no discurso de 7 de dezembro de 1965, expressou-a com riqueza de tonalidades espirituais, mas clara e provocante. «O humanismo leigo profano apareceu em sua terrível dimensão e, em certo sentido, desafiou o Concílio. A religião do Deus que se fez homem encontrou-se com a religião (porque é tal) do homem que se faz Deus.

O que aconteceu? Um choque, uma luta, um anátema? Podia ter sido; mas não aconteceu. A antiga história do samaritano foi o paradigma da espiritualidade do Concílio. Invadiu-o todo uma simpatia imensa. A descoberta das necessidades humanas (e são tão maiores quanto maior se faz o filho da terra) absorveu a atenção do nosso sínodo. Reconhecei-o, neste momento, humanistas modernos, renunciatários da transcendência das coisas supremas, e reconhecei o nosso novo humanismo: nós também, nós mais do que todos, somos cultores do homem. (...) Uma corrente de afeto e de admiração derramou-se do Concílio sobre o mundo humano moderno»15.

São muitas as expressões da presença da Igreja no mundo, quanto multíplices as exigências reais dos homens. Há pastores, bispos e presbíteros, dedicados ao anúncio da Palavra e responsáveis pela comunhão eclesial, colocados e constituídos pelo Espírito Santo como mestres autênticos da fé, dispensadores dos mistérios que levam os fiéis à santificação, defensores do homem e do pobre.

Há os fiéis leigos que formam o tecido mais denso do povo de Deus pelo qual está presente em todas as realidades temporais com o testemunho, o anúncio e o esforço pela sua transformação.

Há os missionários, por vários títulos, que plantam, fundam e constituem novas comunidades de fiéis, no mundo inteiro. A força do Evangelho é a sua única estratégia.

Os religiosos, na variedade de seus carismas, são Igreja viva, que apelam ao futuro do Reino e às exigências das bem-aventuranças, apresentando no mundo a perspectiva última da construção da cidade do homem.

Existis vós, seculares consagrados, que representais a frente avançada da Igreja “no mundo”; exprimis a sua vontade de nele introduzir as energias do reino e santificá-lo a partir de dentro como fermento com a força das Bem-aventuranças.16

Vista do exterior, poderá parecer uma presença humilde. Poderá ser também confundida com “a massa do mundo” em que vos inseris.

Estamos convencidos, como crentes, que no mundo, no coração das coisas e da história existem “sementes” que esperam exprimir todas as suas potencialidades, também cristãs e evangélicas. Elas precisam de um estímulo, uma força coaguladora, um empenho contínuo.

E vós, como Igreja, trabalhais assim. A vossa presença poderia tornar-se efetivamente «como que um laboratório experimental no qual a Igreja revê as modalidades concretas de suas relações com o mundo»,17 para utilizar novamente a palavra de Paulo VI.

As relações Igreja-mundo têm hoje espaços concretos aonde se constrói a história do homem: a realidade social, a cultura, a política, a economia, as ciências e as artes, a vida internacional, os instrumentos da comunicação social.

Quem haverá de colocar-se “dentro” como fermento?

É diante da vastidão do trabalho que surge a questão colocada no início do parágrafo: «Porque “qualificar” a secularidade como consagrada?». Percebe-se que para absorver essas tarefas é necessário ter uma estrutura interior básica, sólida e robusta, como uma alma interior.

Para não ficar no horizonte do secular exige-se uma força que leve o homem e a sua vida ao horizonte do definitivo, que é o amor incondicionado, o dom de si como oferta sacrifical, uma verdadeira e total consagração. A mesma que deu origem ao Instituto e ao seu desenvolvimento.

Todo Instituto secular nasceu de um “voto”: o voto da caridade, do amor. A vida consagrada é um dedicar-se totalmente a Deus, sumamente amado: essa totalidade de dedicação a Deus, numa autêntica plenitude de amor (sumamente amado), é a motivação decisiva da vocação de especial consagração.

Não só Deus em primeiro lugar, mas Deus como razão de ser da vida consagrada; é nele que o consagrado encontra a si mesmo, a relação com o mundo e com os outros.

Nasce aqui a diaconia do mundo.

O coração, o centro e o sentido da vida consagrada é, portanto, a busca da perfeição da caridade, carisma dos carismas, sem o qual tudo o mais é inútil.18

Igreja e mundo são às vezes, também para o salesiano, ambiente de vida e de ação; às vezes, objetivo de empenho vocacional; às vezes difícil realidade a compor em unidade no próprio existir e agir. Representam sempre os grandes conteúdos e motivos para viver com responsabilidade.

A vossa experiência, no coração do mundo com o coração em Deus, pode ser de estímulo para que a Família salesiana viva com maior autenticidade e realismo uma característica que permeia a nossa espiritualidade.



6.3. A secularidade “define” a consagração.



Sem o mundo e a sua realidade os membros dos Institutos seculares não teriam razão de existir. Eles estão “no” mundo e “para” o mundo, como os leigos. Partilham com eles a consagração batismal e crismal que constitui o título e a energia para a fermentação evangélica do mundo, mas assumem essa consagração com a maior radicalidade possível através da profissão da castidade, pobreza e obediência por amor de Cristo.

Estão no mundo, então, de um modo particular, que “qualifica” a sua condição de cristãos: eles não são “do” mundo. Pelo chamado e vontade do Senhor encontram-se no mundo, para que cada coisa seja levada de novo à primitiva ordem da criação e da redenção.

É importante exprimir a consagração. Nela reside o princípio fermentador. Como Jesus, sois “consagradas e enviadas”. É necessário ao mesmo tempo que saibais “definir” e fazer emergir nessa consagração a peculiaridade “secular”. Isso será uma vantagem para vós VDB e uma ajuda também para nós que nos dizemos salesianos.

Também essa perspectiva brota dos mistérios da fé.



A encarnação à prova.

Muitas dificuldades de compreensão, aceitação e valorização dos Institutos seculares nas comunidades cristãs provêm da forma de conceber a experiência religiosa e de resolver algumas dificuldades da fé.

Existem realidades a serem compostas no quotidiano do cristão que podem ser expressas em algumas duplas de termos: natureza e graça, existência no mundo e relação com Deus, vida e espiritualidade, fé cristã e história.

Às vezes, a relação entre eles foi configurada e vivida como separação e falta de comunicação, que, em alguns casos, se aproxima da indiferença recíproca. Os dois planos da experiência humana aparecem como paralelos. Procura-se o desenvolvimento de um sem a referência direta ao outro. Segundo essa visão, a vida cristã não se constrói nos ambientes da vida social enquanto esta se encontra com a outra só por necessidade.

Desejando exprimir com as palavras de Dom Bosco, poder-se-ia dizer que não constitui uma preocupação o empenho de realizar “o bom cristão e o honesto cidadão” na mesma pessoa e no mesmo tempo de vida.

Em outros casos, comporta-se aplicando o regime de comunicação externa, considerando a experiência humana apenas como campo de aplicação das exigências éticas e espirituais da fé. Isso certamente representa um passo em relação à separação, com consequências evidentes em todos os ambientes da vida.

Nessas concepções uma consagração secular não teria lugar! Será preciso esperar momentos históricos novos, nos quais seja possível falar de recomposição dos dois planos.

A graça que nos salva não constrói um mundo à parte, fechado à vida do século, avulso da realidade quotidiana, preservado de poluições naturais. Cria, ao contrário, a alegre possibilidade de realizar um projeto de vida de forma renovada e nova.

A própria Igreja encontra assim papéis e ambientes mais abertos à sua intervenção. Colocada nem fora nem acima da realidade quotidiana, participa do esforço do homem na construção da cidade terrena, preparando, indicando e orientando à Jerusalém celeste.

Nós Salesianos aprendemos de São Francisco de Sales a possibilidade, os princípios e a modalidade para viver uma vida “devota”, isto é, radicalmente voltada a Deus e orientada por ele nas condições do mundo, segundo o próprio estado. À escola de Dom Bosco aprendemos a continuidade entre trabalho e oração, promoção humana, educação e evangelização, profissão e apostolado.

O P. Filipe Rinaldi transmitiu-o ao vosso Instituto, com simplicidade de orientações, mas com extraordinária solidez. Não opomos, mas compomos. Não separamos, mesmo onde distinguimos modalidades diversas de intervenção e conteúdos renovados à luz do Evangelho de salvação.

Reconhecemos que temos, como a Igreja toda, uma dimensão secular. Sabemos que somos parte concreta e viva do mundo. Descubramos novamente a nossa vocação de serviço, em vista da sua santificação e consagração. A sensibilidade educativa obriga-nos a olhar para os grandes valores evangélicos que estão imersos na vida do mundo: justiça, paz e amor.









Salvação e história do homem.

As palavras possuem um valor próprio para a justa compreensão da realidade e a comunicação. Usando o termo “secularidade” será útil manter distintos três possíveis níveis de referência.

O primeiro e mais imediato leva à realidade material em que todos nós nos inserimos. Ou seja, somos todos “seculares” pelo fato de estar aqui, neste mundo, na realidade que nos viu nascer e nos acompanha ao longo de toda a existência. O termo “secular” não tem aqui colorações especiais, nem negativas nem positivas. O mundo condiciona a nossa existência, a ponto de todos os nossos recursos serem orientados para ele: faculdades, sentimentos, inteligência, energias operativas.

Um segundo nível é dado pela apropriação que o homem faz do mundo através de suas intervenções, que modificam o que lhe é oferecido desde o nascimento: é a cultura e a humanização.

A intervenção feita por ele é dada pelo trabalho. Ela é também chamada de “profissionalismo”, empenho operativo, e de outros modos. Dela resulta a construção de um ambiente físico, de um tipo de sociedade, de uma organização comunitária da vida e das relações. Somos todos, também nessa perspectiva, seculares embora com responsabilidades diferentes e sobretudo com consciência diversificada.

O terceiro nível tem a ver com a vida cristã, com o compromisso religioso, a salvação do mundo, trazida e querida por Cristo.

Assume-se, como crentes, a responsabilidade de “santificar” ou “consagrar” a realidade secular, de explicitar a sua referência a Deus, de continuar e mediar o acontecimento de Cristo, de salvá-la com Ele do pecado, de orientá-la à sua realização.

O conjunto forma a história humana onde se dá a presença de Deus e atua o mistério de Cristo. Falamos, pois de história da salvação.

Elas não constituem duas histórias paralelas. Ambas realizam um caminho comum de promoção e salvação do homem e da sociedade, sem confusão, mas também sem separação.

A salvação «já está presente aqui na terra, acolhida, mediada por homens, que são membros da cidade terrena, chamados a formar já na história da humanidade a família dos filhos de Deus, que deve constantemente crescer até o advento do Senhor»19.

A condição secular deve ser por isso entendida como propriedade do homem, querida, também ela, por Deus, lugar onde atua a sua graça. Representa o ambiente normal no qual Deus ama e consequentemente realiza a salvação do homem.

A teologia propõe hoje uma visão muito sugestiva e feliz: a graça não vem só depois da criação, mas precede-a e causa-a. Nesse movimento de efusão, de comunicação, de dom de si, de associação de outros viventes à própria vida, neste voltar-se de Deus aos homens como graça, surge a criação! Ou seja, nós criaturas humanas vindas ao mundo somos marcadas pela graça.

Nas coisas, no homem, no mundo há certo ordenamento, uma capacidade, uma afinidade, um ser feito para viver com Deus através da sua graça. O pecado tornou-o e torna-o difícil. Não queremos ignorar essa realidade. Reconhecemos, porém, que o mundo, enquanto mundo do homem, é feito de modo a servir de apoio para que ele se oriente para Deus. E o mundo não pode ser chamado humano se não ajudar o homem a atingir a sua plenitude no encontro com Deus.

A consagração dos seculares atesta essas possibilidades reais. Resultam frequentemente escondidas aos olhos dos outros, que se encontram no mundo. Quem vive, porém, na secularidade orientada pela consagração, assumida numa vocação específica, reconhece e é capaz de indicar Deus oculto, mas presente.

A secularidade, então, oferece conteúdos de espiritualidade e sugere modalidades de intervenção à própria consagração.



7. A missão dos seculares consagrados



A animação das realidades temporais.

A missão ou colaboração para a salvação dos crentes leigos, presentes como fermento nas realidades seculares, é indicada com diversos nomes contendo referências claras.

Encontramos na Constituição dogmática Lumen Gentium20 a expressão “consagração do mundo”; no decreto sobre o Apostolado dos leigos encontramos as palavras «animação cristã da ordem temporal»;21 no documento sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et Spes, enfim, essa exigência é expressa com as palavras: «inscrever a lei divina na vida da cidade terrena».22

Pode-se ler na Exortação Apostólica Christifideles Laici uma ampla seção descritiva dos ambientes da presença e do trabalho do fiel leigo. O título dessa parte é: “viver o Evangelho servindo a pessoa e a sociedade”.23

Lemos no n. 34: «É urgente refazer em todos os lugares o tecido cristão da sociedade humana. A condição, porém, é que se refaça o tecido cristão das mesmas comunidades eclesiais que vivem nos países e nações onde são difusos o indiferentismo, o secularismo e o ateísmo».24

O caminho da reflexão eclesial no pós-Concílio evidenciou que as realidades mundanas e seculares (no significado que apresentei nas páginas precedentes) não constituem obstáculo no plano salvífico, e nem sequer um elemento estranho ou justaposto, mas representam aquilo que o corpo é para a alma.

Entram no desígnio de amor de Deus Pai, enquanto são instrumentos e lugares da Providência salvífica. Foram assumidas pelo Verbo na Encarnação, para exprimir de maneira humana a relação do homem com Deus e colaborar com o seu projeto de redenção.

A obra do Espírito, depois, coloca em movimento as forças do homem para a transformação do mundo, como na primeira criação promoveu a passagem do caos ao cosmo.

A realidade que alguns de nós chamam de profanas, segundo certa idéia de sagrado, tem uma finalidade quanto à salvação e podem ser orientadas para ela. São “sagradas” pelo sinal de Deus que existe nelas, segundo a própria natureza. Mas tornam-se “sagradas” (consagradas) na medida em que também são conscientemente colocadas pelo homem sob o influxo da presença de Deus.

Nada há de automático ou só ritualista nisso tudo. Cabe ao homem, cabe ao crente, cabe ao consagrado apoiado e robustecido pelo Espírito, ajudar o mundo a abrir-se a Deus e à salvação que vem da relação com Ele.

O que foi dito comporta olhar para as realidades profanas com atitude de respeito pelo bem que representam, reconhecendo a sua legítima autonomia na própria ordem e em relação às próprias finalidades.25

Significa também levar a sério a ordem natural, trabalhando em vista do seu aperfeiçoamento, isto é, para que exprima a parte positiva inscrita em seu interior.

Realiza-se com essas indicações, com igual inserção e com diversidade de acentuações, o empenho no mundo dos leigos e dos seculares consagrados.

Vale para estes últimos a reflexão de Paulo VI: «Dessa forma, da vossa vida consagrada, também a vossa atividade no mundo - pessoal ou coletiva, nos setores profissionais em que vos empenhais individual ou comunitariamente - recebe uma acentuada orientação para Deus, ficando também ela de algum modo envolvida e enlevada em vossa própria consagração».26

É típico dos leigos preocupar-se, em primeira instância, no ordenamento das coisas temporais para que respondam ao próprio fim e sejam colocadas na história a serviço do homem, agindo por dentro delas e segundo as leis próprias de seu dinamismo. Os consagrados seculares têm como primeira intencionalidade testemunhar a necessidade, o primado e a realidade da presença de Deus na vida, recordar a indispensabilidade de Cristo e do espírito do Evangelho para a salvação da ordem temporal.

Isso é expresso na Exortação Vita Consecrata, n. 10, o único explicitamente dedicado aos Institutos Seculares: «Através da síntese de secularidade e consagração, que os caracteriza, eles querem infundir na sociedade as energias novas do Reino de Cristo, procurando transfigurar o mundo a partir de dentro com a força das Bem-aventuranças».27



O profissionalismo faz parte da consagração.

Os ambientes aos quais aludia anteriormente (cultura, trabalho e desenvolvimento sociopolítico) são aspectos que não podem ser deixados ao acaso. Eles têm leis que devem ser observadas, porque inscritas pela Providência como caminho para o encontro com Deus. Entendemos por profissionalismo o trabalho desenvolvido com responsabilidade, com atenção à qualidade, sentido das finalidades seculares, capacidade de serviço e colaboração.

A consagração faz-se aqui trabalhosa e também original diante dos seculares leigos. «Embora sendo secular, a vossa posição difere de certo modo daquela dos simples leigos, enquanto estais empenhados nos mesmos valores do mundo, mas “consagrados”, isto é, não tanto para afirmar a intrínseca validade das coisas humanas em si mesmas, quanto para orientá-las explicitamente segundo as Bem-aventuranças evangélicas».28

Os consagrados levam o sigilo do Espírito a todos os lugares. O seu profissionalismo compreende por isso duas vertentes, ambas igualmente importantes e significativas, capazes de definir de maneira mais completa o sentido de suas vidas: a competência na própria missão secular e a competência na espiritualidade, ou vida em Cristo, por experiência e reflexão.

A vida espiritual consiste, para quem se consagra num Instituto secular, também e principalmente, em assumir com responsabilidade o próprio trabalho, as relações sociais que são comuns no século, o ambiente de vida em suas várias expressões, como formas particulares de colaboração para o advento do Reino dos céus. E, ao mesmo tempo, comporta estar preparados para dar a razão da própria esperança e das próprias opções sabendo orientar com a palavra quem o desejasse.



8. Uma espiritualidade salesiana original.



Encaminho-me à conclusão oferecendo-vos alguns estímulos ao aprofundamento da vida “segundo o espírito” vivida com estilo salesiano numa autêntica secularidade consagrada.

Não me proponho um tratado completo, nem uma sistematização definitiva. O que exigiria revisitar os campos preferenciais, os conteúdos e as modalidades da missão, ir ao coração de Cristo e à caridade pastoral. Já o formulastes em vossas Constituições, acolhendo inspirações doutrinais e sintetizando experiências vividas.

A espiritualidade representa a síntese na e da vida pessoal e comunitária. Pede-se a vós VDB que mantenhais unidos os três aspectos inseparáveis: a santificação pessoal, a construção do Reino, a consagração do mundo. Não é uma empresa fácil! Já aprendestes que o Espírito salesiano é o elemento que os funde numa particular e original fisionomia manifestada na vida e na ação. Dele flui a graça de unidade: um dom que vem com a vocação, mas que deve ser conscientemente cultivado.

Desejo sublinhar agora apenas alguns traços que têm a ver com a secularidade consagrada, escolhida como ponto focal da nossa reflexão.

Estar inserido com dedicação total e com título pleno no mundo constitui uma clara indicação a valorizar o quotidiano. O profissionalismo secular comporta, pois, a adequação aos tempos, ritmos, exigências, expressões que aproximam do “concreto”. Brotam desse duplo relevo, indicações não indiferentes para o vosso estilo espiritual.



Ficai atentas à pequena história do povo e ao caminho do Espírito no coração do homem comum.

O cotidiano exige uma visão unitária. Parece feito de muitas pedrinhas! Trabalhos, encontros, notícias, estados pessoais, projetos, sofrimentos.

Afloram na vida quotidiana exigências que ligam a Deus e urgências que levam ao homem. A composição de diferentes fragmentos deve ser continuamente atualizada: não se pode deixar para um futuro distante e nem sequer se pode prever cada coisa para proteger aquela já conseguida.

Existem vozes que vêm de longe, do alto, de especialistas. Mas existem também os sussurros que nascem ao lado, do pobre, do sábio por graça e por dom.

Isso tudo deve levar à unidade no amor: o amor de Deus percebido, o vosso amor doado. É questão de um olhar, o de Cristo, e de um espírito, o da simpatia, da compreensão e da companhia.

Existem no quotidiano, aspectos que anunciam e constroem o futuro: são os sinais dos tempos. Ter olhos abertos sobre a vida do maior número possível de pessoas é perceber o convite do Espírito a decidir-se por algumas opções.

O Oratório como critério de presença e de ação é, pela experiência salesiana, o ambiente ideal onde encontrar os sinais dos tempos. Não me refiro à estrutura; mas ao estilo e ao espírito. O encontro livre com as pessoas, a escuta da gente, a possibilidade de perceber imediatamente “as questões dos jovens e dos adultos” e de dar uma resposta à sua medida, a capacidade de elaborar novas propostas e iniciativas substanciam a espiritualidade do quotidiano no estilo de Dom Bosco.



Fazei das muitas experiências quotidianas, a experiência do Reino escondido na trama da vida.

Cotidiano fala de encarnação. Nas palavras, nos gestos, nas ações toma corpo visível a graça que existe em vós, exprime-se a vossa consagração. Inculturá-la e torná-la compreensível no tempo presente quer dizer tornar significativas as coisas ordinárias e eloquentes dos pequenos sinais, carregando-os de sentido e humanidade.

Haverá, talvez, a necessidade de treinar para o discernimento espiritual, que lê no interior da complexidade contemporânea, da fragmentação difusa, na precariedade que tudo devora. Haverá também a necessidade de olhar “além”, sonhar um pouco, imaginar coisas novas e novas possibilidades.

A Evangelii Nuntiandi recordou a todos e Paulo VI referiu explicitamente aos Institutos seculares a expressão do n. 70: «(tornar verdadeiras) as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, mas já presentes e atuantes na realidade do mundo».29

A capacidade de relacionar os acontecimentos à sua raiz; a abertura ao novo e ao inédito como irrupção da graça que leva à unidade; a solicitação em saber exprimir o inexpressivo que habita o próprio coração e o coração da realidade; o enriquecimento interior, não como acúmulo de notícias, mas como crescimento para germinação da vida, constituem itinerário para transformar a materialidade da vida em sentido de vida.

E, hoje, todos nós precisamos reencontrar os significados das coisas e da história que estamos vivendo e construindo, tanto com a presença como com a ausência.

Sou pessoalmente levado a pensar que “a discrição” de uma pessoa consagrada secular esteja relacionada ao quotidiano.

Os membros de um Instituto secular são, antes de tudo, homens e cristãos como os outros. São e querem comportar-se como todos. Pio XII em 1949 já dizia a um grupo de seculares consagradas: «Sois consagradas a Deus, recrutadas para o serviço de Cristo: o pacto foi sancionado. Sabe-o Deus; sabe-o a Igreja; sabei-lo vós. O mundo não o sabe; mas ressente-se dos efeitos benéficos que provêm da substância cristã da vossa existência e do vosso apostolado». A “discrição” deve ser então colocada no plano da “discrição apostólica”, que o consagrado e a consagrada são chamados a viver quotidianamente na própria profissão. Não se deve descuidar da situação de secularização vivida pelo mundo atual. Não deve ser esquecida a exigência de permanecer fermento que se esconde na massa.

Sabem-no todos que se a massa fermenta, é porque foi colocado o fermento: isso é garantido! Todos têm olhos suficientes para reconhecer que alguns se deixam orientar por critérios que comumente são descuidados ou conservados em silêncio. Todos sabem medir o quanto de Evangelho ou de novidade se alberga no coração e se exprime nas ações de alguns crentes. Isso, porém, exige um caminho que unifique as ações interior e exteriormente a ponto de fazer emergir a inspiração que está em sua origem. Pode-se, pois, dizer, que a secularidade consagrada se caracteriza e qualifica, mais do que pelas ações materiais que realiza, pelos significados, mensagens, interrogativos, estímulos ou novas imagens da vida que consegue provocar.



Construí uma trama de entendimentos e de relações, de diálogo e de busca, de simpatia e de comunhão evangélica.

O consagrado secular é e se faz companheiro de caminhada de seus irmãos e irmãs.

Não procura o isolamento. Recusa a marginalização.

Supera a busca de si e as expressões de individualismo.

Sabe fazer das diferenças existentes, uma riqueza para todos.

Torna-se profissionalmente qualificado, porque sabe que a competência abre as portas da inteligência e consequentemente também do coração.

É um buscador de diálogo. É um agente de comunhão.

Essa é uma exigência inscrita na própria vocação. «A vossa secularidade impele-vos a acentuar especialmente - diferente dos religiosos - a relação com o mundo. Ela não representa apenas uma condição sociológica, um fato externo, mas uma atitude: estar presentes no mundo, saber-se responsáveis para servi-lo, para configurá-lo segundo Deus».30

Em definitivo, a riqueza da secularidade que descrevemos até aqui exige a profundidade da consagração, para pô-la ao reparo da prevaricação e corrupção sempre possíveis. «A consagração que fizestes coloca-vos no mundo como testemunhas da supremacia dos valores espirituais e escatológicos, isto é, do caráter absoluto da vossa caridade cristã, que quanto maior for mais fará parecer relativos os valores do mundo, enquanto ao mesmo tempo ajudará a sua reta atuação da vossa parte e dos demais irmãos».31



Conclusão



Chegando ao final desta carta que desejei concentrar sobre a secularidade consagrada, percebo que, da reflexão feita, recebem novas luzes alguns pontos que valeria a pena aprofundar: as modalidades da proposta vocacional, as atenções a serem dadas à formação inicial e permanente, a espiritualidade a ser amadurecida, mas sobretudo a assistência espiritual que nos pedistes em todos os níveis32 e que a Congregação salesiana empenhou-se em prestar-vos33 pelo significado que a vossa presença tem no carisma e na Família salesiana.

São tarefas que compartilharemos em futuro próximo segundo as nossas respectivas responsabilidades. A ocorrência que celebramos encontra-nos, portanto, numa saudável tensão de fidelidade dinâmica a uma vocação que procura renovar sempre a sua resposta ao Senhor.

Entreguemos esse futuro a Maria Auxiliadora. Vós a contemplais como «modelo de vida consagrada na secularidade»34 porque Ela «acolhendo o mistério de Cristo no quotidiano, viveu sua consagração a Deus sem que nada a distinguisse das mulheres de seu tempo, e encontrou no trabalho um meio de vida e de santificação».35



P. Juan E. Vecchi

Reitor-Mor







1 Paulo VI, Discurso aos Dirigentes e Membros dos Institutos Seculares no XXVº da Provida Mater, AAS 64, 1972, p. 208.

2 cf. VC 10

3 Paulo VI aos representantes gerais dos Institutos Seculares, 20 de setembro de 1972

4 Const. VDB 71

5 Const. VDB 5

6 Cf. Const. VDB 5

7 PC 11

8 Paulo VI aos responsáveis gerais dos Institutos Seculares, 20 de setembro de 1972.

9 Pio XII, Primo Feliciter, motu proprio de 12 de março de 1948.

10 Paulo VI aos responsáveis gerais dos Institutos Seculares, 20 de setembro de 1972

11 CG 2

12 Pio XII, Primo Feliciter.

13 CDC 713,1.

14 Cf. Const. SDB 3.

15 Paulo VI, 7 de dezembro de 1965

16 Cf. VC 10

17 Paulo VI aos Responsáveis gerais dos Institutos Seculares, 25 de agosto de 1976

18 Cf. 1Cor 13.

19 Cf. GS 40

20 Cf. LG 34.

21 Cf. AA 7.

22 Cf. GS 43.

23 Cf. ChL 36-44.

24 Cf. ChL 34.

25 Cf. GS36

26 Paulo VI aos responsáveis gerais dos Institutos Seculares, 20 de setembro de 1972.

27 VC 10.

28 Paulo VI aos responsáveis gerais dos Institutos Seculares, 20 de setembro de 1972.

29 EN 70.

30 Paulo VI no XXVº da Provida Mater.

31 Paulo VI aos responsáveis gerais dos Institutos Seculares, 20 de setembro de 1972.

32 Cf. Reg. VDB 20-22.

33 Cf. Reg. SDB 40.

34 Const. VDB 11

35 ib.

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