251-300|pt|296 - Mais clareza de Evangelho

Egídio Viganò


Mais clareza de Evangelho”


Atos do Conselho Superior


Ano LXI – ABRIL-JUNHO, 1980


N. 296



Introdução. – A grande escolha do coração, Cristo: o significado da nossa profissão religiosa. – O Desafio da ambiguidade. – Os anos 70 e o anúncio do Evangelho: Na raiz está o Concílio; Pontos focais. – Uma trilogia de base para a renovação da pastoral: Diretório Catequético Geral; Evangelii nuntiandi; Catechesi tradendae. – Sintonia da Congregação: Evangelização e Catequese; Os Salesianos evangelizadores dos jovens. – Perspectivas, compromissos, propósitos: Ser arautos transparentes do Evangelho; Empenhar-se na área cultural; Formar pessoas competentes. – Dom Bosco nos interpela. – Conclusão.



Roma, 24 de fevereiro de 1980


Queridos Irmãos,



iniciamos, a partir de outubro de 1979, encon­tros especiais de diálogo: o Reitor-Mor e membros do Conselho Superior reuniram-se com grupos de Inspetores e seus Conselhos. Já se realizaram essas reuniões com as Inspetorias da Índia, com as de língua alemã e com as de língua holandesa; em abril fá-las-emos com as Inspetorias da Polônia e da Jugoslávia; e depois continuaremos com as outras.

O tema dos colóquios concentra-se sobre as grandes orientações operativas e diretrizes de renovação dos dois últimos Capítulos Gerais. O objetivo a ser alcançado é fazer juntos um exame de consciência realista, com revisão concreta da vida inspetorial, na fidelidade ao projeto evangélico de Dom Bosco, descrito com autoridade e autenticidade nas Constitui­ções.

O que afinal indagamos é se somos, em cada Inspetoria, de fato e com atualidade, genuínos evangelizadores dos jovens.

É sobre este argumento essencial do anún­cio do Evangelho, tão fortemente salientado pelo Capítulo Geral 21, que desejo convidar-vos a refletir, motivado pela promulgação da Exor­tação apostólica Catechesi tradendae.

Podemos dizer que, com este documento de João Paulo II sobre a catequese em nosso tempo, completou-se de certa maneira uma série de intervenções magisteriais sobre a renovação da pastoral na Igreja, iniciada com o Concílio Ecumênico Vaticano II.

Trata-se de um conjunto de diretrizes de extraordinária incidência sobre a nossa missão entre os jovens: interessam também diretamente todo o relançamento do Sistema Pre­ventivo.

Proponho-me, pois, atrair a vossa atenção sobre os três documentos mais importantes:

  • o “Diretório Catequético Geral”, publi­cado em 1971, em atenção a um man­dado conciliar do decreto Christus Dominus (n. 44);

  • a Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, que coordena e lança as ideias da III Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos de 1974; e

  • a Exortação Apostólica Catechesi tra­dendae, que apresenta o tema da IV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, celebrada em 1977.



Constituem esses documentos como três colunas que, juntas, sustentam verdadeira plata­forma de lançamento para uma nova pastoral do anúncio do Evangelho hoje e no futuro. Os dois próximos decênios “marcam a vigília do terceiro milénio do cristianismo” (Paulo VI); somos chamados a preparar neles o “novo Advento” do 2000 (João Paulo II).

A nossa é uma hora carregada de história: “é preciso ter a coragem de vivê-la de olhos abertos e corações impávido... (sem) ter medo de recomeçar do princípio a complicada e extenuante missão da evangelização” (Paulo VI).



A grande escolha do coração: Cristo



Somos discípulos de Cristo que realizamos, com a profissão religiosa, um gesto de liber­dade particularmente original: escolhemos de forma radical e para sempre o Senhor res­suscitado. Cristo constitui a nossa opção fun­damental, que condiciona e orienta todas as nossas outras opções. O coração do salesiano passa pelo mistério pascal antes de percorrer qualquer estrada da história. É um encontro de amor, uma aliança nupcial: só a partir de Cristo se explica o nosso gênero de vida, a nossa pertença à Igreja, a nossa missão juvenil e popular, o nosso projeto educativo, a nossa atividade e o estilo com que a realizamos.

É importante, hoje, renovar com clareza a consciência dessa opção fundamental a fim de que ela se torne operativa nas nossas convic­ções, no testemunho de vida e nos compro­missos de trabalho.

Pude perceber, girando pelos vários conti­nentes, que existem diversos polos culturais de atração para revestir de atualidade o compro­misso histórico da nossa missão. São particu­larmente dois: o processo de “libertação” que privilegia a consideração dos oprimidos e luta por maior justiça social, e o processo de “secularização” que se concentra na guinada antro­pológica e propõe uma formação humana de mais destacada laicidade. Os dois polos cultu­rais não são alternativos; acham-se estreita­mente unidos um pouco por toda a parte, ainda que com ênfases diversas; no ter­ceiro mundo, por exemplo, sói prevalecer o primeiro polo, levando a uma opção social pelo pobre que não raro se mostra submersa num clima temporal de empenho sociopolítico; nas sociedades economicamente mais pro­gredidas prevalece o segundo, acentuando uma opção cultural pelo homem num clima de em­penho pedagógico-social frequentes vezes de humanismo horizontal.

Pode-se ouvir, então, de situações diversas, insistentes perguntas sobre os atuais compro­missos do salesiano; quais devem ser os seus primeiros destinatários; qual a sua opção histó­rica de utilidade social.

Infelizmente nem sempre há clareza de fundo para responder a essas interpelações; conhecemos os perigos de um temporalismo politizado e certas modas de horizontalismo secularista. O aspecto mais preocupante desses perigos é o de atingir a genuinidade da evangeli­zação e da catequese, chegando, em definitivo, a instrumentalizar a própria figura de Cristo em favor da “revolução” ou do “huma­nismo”.

Ora, é bom que reflitamos sobre o signifi­cado vital da escolha feita com a nossa profissão religiosa. Optamos de maneira tão fundamental por Cristo, que fazemos dele o parâmetro de todas as outras escolhas; no nosso coração não se dá nenhuma opção que seja anterior e independente de Cristo. Ele é a “graça primeira”, o “carisma inicial”, a “intuição genial” de todos os nossos amores e de todas as nossas iniciativas.

Se quisermos responder bem a algumas perguntas inquietantes que as situações concre­tas nos propõem hoje sobre determinadas prioridades de trabalho entre os nossos desti­natários, é preciso acima de tudo estar com Dom Bosco na sua opção de base por Jesus Cristo. O Salesiano de ontem, de hoje e de amanhã optou, como o seu Fundador, absoluta e definitivamente por Cristo; somente através dele é que discerne e faz as demais opções. Com efeito, não nos referimos ao Senhor porque amamos os jovens e o povo, mas nos entregamos à juventude necessitada porque amamos o Senhor. O coração do Salesiano é inteiramente ocupado por Cristo para amar os jovens como Ele os ama; olha para Cristo amigo dos peque­nos e dos pobres; por isso, a sua dedicação à juventude e às classes populares se torna mais intensa, mais perseverante, mais genuína, mais fecunda. Sobre esta base, move-se nas decisões sucessivas, seguindo a vocação e a experiência de Dom Bosco, com ductilidade de adaptação à vida da Igreja e às exigências das conjunturas concretas.

Numa hora de busca de identidade pes­soal e coletiva, a primeira coisa a garantir é o significado da nossa profissão religiosa que nos incorpora numa Comunidade que fez a grande opção de Cristo salvador e pastor, amigo dos jovens.1

Temos hoje na Congregação necessidade urgente de refletir muito mais nessa escolha! Somente a consciência desta opção fundamen­tal nos dará mais clareza de Evangelho.





O desafio da ambiguidade



As fortes mudanças em que nos vimos envolvidos não só abalaram toda a metodologia pastoral em uso, mas atingiram, mais de uma vez, vários dos seus grandes conteúdos, obscu­recendo a nossa missão na sua atualidade, incisividade e identidade.

Não poucos, também entre nós, começaram a mover-se entre ambiguidades, a não compre­ender mais o significado histórico da nossa vocação, a reduzir o apostolado a promoção humana ou a simples espiritualismo e prática cultual, a superestimar projetos ideológicos, a não cuidar da importância e da evolução da linguagem, a interpretar a volta para o homem com uma superação da revelação objetiva de Deus.

Em clima tão perigoso de incertezas, insta­bilidade e confusão, que pode levar ao enfraque­cimento e ao abandono dos grandes ideais da nossa vocação, é mister reagir, reconquistando a clareza e a validez do compromisso dos ver­dadeiros anunciadores do Evangelho. Urge perceber a nítida originalidade da missão especí­fica da Igreja, sem cair na “tentação de reduzir a sua missão às dimensões de um projeto simplesmente temporal; suas tarefas, a um plano antropológico; a salvação de que Ela é mensageira e sacramento, a um bem-estar ma­terial; a sua atividade, descuidando toda preocupação espiritual e religiosa, a iniciativas de ordem política ou social”.2 “A Igreja neste século XX, que se encaminha para o fim, é convidada por Deus e pelos acontecimentos (...) a renovar a sua confiança na ação catequética como uma tarefa absolutamente pri­mordial da sua missão”.3

O anúncio de Cristo aos jovens é a nossa razão de ser. Fazer evangelização e catequese é a meta das nossas iniciativas e a finalidade das nossas qualificações. Não se trata, para nós, de uma tarefa adicional e de um serviço simplesmente de tempo livre, mas de uma missão totalizante: ela “merece que o Apóstolo lhe consagre todo o seu tempo, todas as suas energias, e por ela sacrifique, se necessário, a própria vida” (...). A mensagem do Evangelho de Cristo “é necessária. É única. É insubstituí­vel. Não suporta nem indiferença, nem sincre­tismos, nem acomodações. Está em causa a salvação dos homens”.4

Eu vos dizia na circular sobre o Sistema Preventivo5 que a Palavra de Deus, por sua natureza, revela e interpela. “A Palavra de Deus não é propriamente amadurecimento humano ou resposta de explicitação a uma situação pro­blemática; é, ao invés, iniciativa de Deus, dom, interpelação, vocação, pedido. O Evangelho, ainda antes de responder, interroga. O educador deve ser ciente e leal em relação a esta natureza da Palavra de Deus: a sua preocupação ‘pedagógica’ de adequação à condição juvenil não deve ignorar ou opor-se ao seu compromisso pastoral de “profeta” do Evangelho. A harmonia e a constante compenetração mútua dos dois aspectos (de “educador” e de “profeta”) exigem reflexão, revisão e lealdade.

Portanto, dado que a pedagogia do Sistema Preventivo se apoia numa escolha explícita de empenho pastoral, o Salesiano deverá cuidar constantemente da autenticidade da apresenta­ção do conteúdo da fé. A sua particular incli­nação e capacidade de considerar as condições dos destinatários serão sempre iluminadas e guiadas pela figura de Cristo que interpela e chama como Senhor da história”.6

Ou seja, deve saber cuidar de uma síntese viva e unitária dos dois níveis complementares do Sistema Preventivo que aprofundam a sua alma:

o “impulso pastoral” no coração do irmão que orienta e caracteriza toda a sua espiritualidade de “profeta”;

e o “método pedagógico”, que determi­na e guia toda a sua criteriologia de “educador” na programação pastoral das opções e na modalidade das intervenções operativas.7



Creio muito conveniente sublinhar que a “espiritualidade do profeta” exige fidelidade na transmissão da Palavra de Deus: o “profeta” não pode ser arbitrário nas suas opções;8 ao jovem chamado a conhecer mais e melhor o mistério de Deus “segundo a verdade que existe em Jesus”,9 ele não pode “recusar-lhe parte alguma desse conhecimento”;10 “há de procurar que a atenção e a adesão da inteligência e do coração daqueles que catequiza não se detenha em si mesmo, nas suas opiniões e atitudes pessoais; e sobretudo não há de procurar inculcar as suas opiniões e opções pessoais, como se elas exprimissem a doutrina e as lições de vida de Jesus Cristo”.11 O anunciador do Evangelho não procura prosélitos para si ou para as suas preferências ideológicas, mas empenha-se, como porta-voz da Igreja, em formar verdadeiros discípulos de Cristo: “Todo poder — disse o Senhor — me foi dado no céu e na terra. Ide, pois; tornai meus discípulos todos os homens do mundo”.12

O profeta, além disso, apoia-se em “cer­tezas” que sabe comunicar convicção aos outros; ele é chamado a transmitir “não dúvidas e incertezas nascidas de uma erudição mal assimilada, mas certezas sólidas, porque anco­radas na Palavra de Deus”.13

Infelizmente devemos reconhecer — diz o Papa — que se encontram hoje, aqui e ali, abusos na tarefa do evangelizador e do cate­quista: redução da verdade do mistério de Cristo,14 falta de integridade no conteúdo da catequese,15 condicionamentos ideológicos,16 defasagens na inculturação,17 sentido de insegu­rança que cede a um ensino de pura busca sem certezas,18 desequilíbrio na aproximação ecu­mênica,19 carências várias nos textos e manuais20 etc.

Ora, o ministério do “profeta” do Evan­gelho provém diretamente de Cristo-Mestre, através dos Apóstolos e da ininterrupta Tradi­ção (transmissão viva) da Igreja. Numa mudança de época, isso se mostra particularmente “importante, mas arriscado”;21 há necessidade simultaneamente de profunda renovação e de genuína lealdade: “importa que a Igreja nos dias de hoje saiba dar mostras — como aliás soube fazer noutros momentos da sua história — de sapiência, de coragem e de fidelidade evangélicas no procurar e no pôr em prática vias e perspectivas novas”.22

Como é exigente em todo Salesiano a sín­tese viva e unitária do duplo aspecto de “profe­ta” e de “educador” para realizar como Dom Bosco o Sistema Preventivo que evangeliza edu­cando e educa evangelizando!



Os anos 70 e o anúncio do Evangelho



Os três recentes documentos magisteriais convidam-nos justamente a um severo exame de consciência sobre a fidelidade à nossa missão de evangelizadores dos jovens; ajudar-nos-ão a reavivar na prática as intenções ge­nuínas do Sistema Preventivo.

Consideremos brevemente a sua ambienta­ção histórica.



Na raiz está o Concílio



O grande evento que assinalou o atual “tempo da Igreja” é, sem dúvida, o Concílio Ecumênico Vaticano II. O Papa João falava dele como de novo Pentecostes. Dele provém um anúncio do Evangelho que toca no vivo os problemas do homem de hoje, com uma busca de linguagem adequada.

Pentecostes foi o ponto de partida para a difusão do Evangelho nos diversos povos e línguas. Da fecundidade desse acontecimento e desse “tempo da Igreja” surgiu toda uma atividade evangelizadora e catequética que marcou os séculos seguintes.

Também o Vaticano II traz consigo uma fecundidade pentecostal: Paulo VI considerava-o como “o grande Catecismo dos tempos modernos”.23 Realmente os objetivos do Concí­lio resumem-se num só: “tornar a Igreja do século XX cada vez mais capaz de anunciar o Evangelho à humanidade”.24 Esta a sua missão e paixão, como proclama a Lumen gentium: “Sendo Cristo a luz dos povos, este sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda a criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja”.25

Este primeiro e fundamental destaque é indispensável para captar tanto o alcance como as perspectivas da renovação da evangelização e da catequese. É indispensável para não avaliar ou programar o anúncio do Evangelho apenas em termos de “quantidade” de iniciativas, mas para acolher e aprofundar a sua “mudança qualitativa” em relação ao conteúdo, mé­todo, linguagem, aos ambientes e mediações, objetivos e agentes.

Toda a obra conciliar requer estímulos fortes para uma renovação do anúncio do Evangelho: das perspectivas sobre a Revela­ção26 e sobre a Igreja27 ao dinamismo da fé e da evangelização,28 à reflexão sobre o homem e o mundo29 e sobre as relações com as outras confissões, religiões, correntes de pensamento e “experiências” típicas do mundo contempo­râneo.30



Pontos focais



No Vaticano II, o ministério da Palavra (colocado sempre em primeiro lugar nos três níveis do serviço pastoral do Bispo e do Pres­bítero!) é lançado corajosa e profundamente para novos rumos. Mais que um novo leque de temas interessantes, apresenta-se uma novidade de visão ou de perspectivas segundo as quais os temas são explicados. As novas direções, que iluminam o todo, são fundamentalmente três: a Palavra de Deus, o Homem e a Igreja.

O Concílio colocou Cristo no centro da reflexão e das atividades da fé: nele manifesta e é proclamada a Palavra de Deus; nele se esclarece e penetra, em definitivo, o mistério do Homem; a Ele refere-se na forma nupcial a Igreja como “Corpo do Cristo” na história.

A Palavra de Deus dá ao Homem uma visão penetrante e global de toda a realidade e lhe faz compreender o significado da sua vocação. O Concílio quis que os crentes entrem em viva sintonia com a Sagrada Escritura lida na própria língua e comentada dentro das celebra­ções litúrgicas; exigindo isso, não anunciou apenas um princípio, mas criou uma praxe que deve desembocar numa evangelização e cate­quese em que esteja em primeiro lugar a Pa­lavra de Deus: a Sagrada Escritura, não já como “subsídio”, ou “exemplo”, ou “argumento”, ou “citação”, acrescentada de fora a conteúdos vazados em outras matrizes, mas como matéria primeira e privilegiada de evangelização e catequese.

Também o retorno ao Homem, o “núcleo antropológico”, é uma perspectiva mais que um tema: significa que tudo deve voltar-se para o Homem (“voltados, não desviados para o homem”! — Paulo VI); a ele precisamente é endereçada a Palavra de Deus, porque foi amado e criado de forma tão superior, que para ele o mistério de Deus não é simplesmente uma curiosidade intelectual mais ou menos de luxo, mas uma necessidade da sua existência, uma constante da sua história, o único horizon­te verdadeiro do próprio projeto de futuro e o componente mais indispensável da sua salva­ção. A perspectiva antropológica implicará para o anúncio do Evangelho a necessidade de apro­fundar problemas de abordagem, de lingua­gem e de comunicação, e de salientar a impor­tância, não de segunda ordem, das ciências do homem no conjunto da qualificação pastoral.

Enfim, a ênfase dada pelo Concílio à Igreja comporta uma espécie de revira­volta da situação; sua consistência de “misté­rio” apresenta-a como o grande Sacramento dos séculos, no qual o “povo” é convocado e constituído pela Palavra de Deus; a “comunidade eclesial” nutre-se do conteúdo da Revelação e permuta-o fraternalmente; ela é também o “lugar” de ressonância da verdade salvífica; é a guarda do “sentido da fé” que, com a guia dos Pastores, vai progressivamente esclarecen­do, à luz dos eventos da história mais que através de análises semânticas; ela se torna, assim, a “servidora da humanidade” no seu crescimento até à idade perfeita.

Será difícil nestes dois próximos decênios dizer algo deveras útil na nossa missão juvenil e popular, se não se assumirem operativamente estas linhas de fundo. Não se trata, de fato, somente de “conteúdos”, mas de novo enfoque qualitativo da atividade evangelizadora e catequética para o homem de hoje. E é precisamen­te por esta razão que me alonguei um pouco sobre essas perspectivas de partida.

As principais iniciativas eclesiais do pós-Concílio retomaram, aprofundaram, explicita­ram, desenvolveram e esclareceram, do ponto de vista pastoral, a visão amadurecida no Vati­cano II. Assim foi que assistimos a um esforço geral de aplicação e renovação (pensemos, por exemplo, nas quatro Assembleias Gerais do Sínodo dos Bispos e nas duas Conferências Episcopais Latino-americanas de Medellín e Puebla, com tantos aspectos positivos.

Afirmaram-se instâncias inéditas sobre a conceituação e a praxe da pastoral com maior sensibilidade antropológica. Repensaram-se e reestruturaram-se os centros e os meios de formação para o anúncio do Evangelho: programas, textos, institutos de pastoral e de catequética.

Esforço tão vasto comporta necessaria­mente problemas que não são simples: procuram-se novos caminhos e métodos, linguagem mais adaptada, integração entre fé e vida, busca-se uma interdisciplinaridade orgânica, o uso de novas possibilidades e técnicas pedagó­gicas etc. Aqui e ali aparece também a unilateralidade, a contestação, a crise de identidade da pastoral; já aludimos a certo sentido de incer­teza e desconcerto: não é difícil citar experiên­cias discutíveis e constatar tensões de integrismo ou de progressismo, quando não se captou a nova perspectiva da evangelização e da catequese.



Uma trilogia de base para a renovação da pastoral



De todo este processo eclesial emergem e adquirem valor alguns fatos, particularmente significativos para a pastoral, que interessam a Igreja universal: o Congresso Catequético Internacional (1971), a III Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a evangelização dos povos (1974), o Ano Santo voltado de maneira particular para a renovação do anúncio do Evangelho (1975), as várias reuniões episcopais de âmbito continental sobre o mesmo tema e, por fim, a IV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos (1977) centrada sobre o tema da cate­quese em nosso tempo.

É no quadro de todos estes eventos eclesiais dos anos 70 que se apresentam os três grandes documentos magisteriais que constituem a tri­logia de base da qual falamos.



O “Diretório Catequético Geral”



Este documento (11 de abril de 1971) assinala um momento decisivo para os com­promissos atuais da catequese; ainda hoje “con­tinua sendo o documento base para estimular e orientar a renovação catequética em toda a Igreja”.31

Ele “tem como escopo fornecer os prin­cípios fundamentais teológico-pastorais (...) para que, por eles, mais adequadamente se possa dirigir e organizar a ação pastoral do ministério da palavra (...). Somente se partir­mos de uma forma correta de compreender a natureza e os fins da catequese como também das verdades que por ela se devem transmitir, levando na devida conta aqueles a quem a catequese se dirige e as condições em que vivem é que poderemos evitar as falhas e erros que hoje não poucas vezes se constatam no campo catequético”.32

O documento salienta com cuidado especial o fato de que o anúncio do Evangelho é um ato da Tradição viva da Igreja; não só comunica o conteúdo da Revelação “encerrada com o tempo dos Apóstolos”, mas ajuda também, com a guia do magistério dos Pastores, a perceber as re­lações do Evangelho com os sinais dos tempos, aprofundando-lhe o conteúdo, aplicando-o às novas situações e discernindo “com autentici­dade as formulações e explicações propostas pelos fiéis”.

Daí se depreende ser necessário que o ministério da palavra apresente a revelação divina, tal como ensinada pelo Magistério, e também tal como expressa pela viva consciên­cia e pela fé do povo de Deus, sob a vigilância do mesmo Magistério. Desta sorte, o ministério da palavra não constitui pura e simples repe­tição da doutrina antiga, mas fiel reprodução sua com adaptação aos novos problemas e com uma compreensão crescente dela”.33

O Diretório recolhe organicamente e uni­fica catequeticamente as perspectivas conciliares. Sobre a sua base (com as várias partes: Atualidade do problema, Ministério da Palavra, Mensagem cristã, Metodologia, Cate­quese segundo a idade, Programação pastoral), surgem as instâncias catequéticas que deverão servir para compilar os diretórios nacionais e redigir os catecismos segundo a peculiaridade dos diversos contextos e regiões.

É certamente necessário acrescentar que este pro­grama de profunda renovação catequética causou alguma desorientação (mesmo entre alguns dos nossos). Trata-se de certas diferen­ças surgidas entre os que entraram na linha proposta pelo Diretório e tentaram traduzi-la em termos operativos e os que, não tendo assimilado os pressupostos nem avaliado de maneira equânime as primeiras inseguranças próprias da mudança, permaneceram anco­rados em fórmulas, metodologias e práticas anteriores; diferenças agravadas em alguns lu­gares também por certas defasagens, omissões e perigosas imprecisões talvez inevitáveis numa rodagem de tão vastas proporções.



A Exortação Apostólica “Evangelii nuntiandi”



O segundo documento (8 de dezembro de 1975) é de capital importância numa época que procura precisar o papel do Cristianismo na transformação do mundo. Ele proclama que a evangelização “constitui a missão essencial da Igreja, (...) a sua identidade mais profunda”,34 a sua contribuição original à missão histórica dos homens.35

A evangelização exige clara percepção da “transcendência” do mistério de Cristo: o Evan­gelho não se identifica com os “sinais dos tempos”, mas é de per si revelador do “Reino de Deus”, anunciado por Jesus Cristo.36 Ele exige, todavia, simultaneamente uma penetran­te sensibilidade da “encarnação”: o Evangelho é uma mensagem que envolve toda a vida humana e a sua história e é particularmen­te sensível às exigências dos “sinais dos tem­pos”.37

A abordagem, o confronto, a diferencia­ção e a relação da evangelização com o conceito e o movimento histórico da libertação humana, sobre o qual se detém a exortação,38 esclarecem o papel específico e próprio do anúncio do Evangelho, exposto, aliás, com clareza nas partes anteriores.

Há que relevar no documento a sua conceituação ampla e compreensiva da evangeliza­ção: “nenhuma definição parcial e fragmentaria pode dar a razão da realidade rica, com­plexa e dinâmica que é a evangelização (...). É impossível captá-la se não se procurar abran­ger com uma visão de conjunto todos os seus elementos essenciais”.39 Não se restringe ao anúncio do Evangelho aos que o não conhecem, mas compreende uma diligência complexa, em que há variados elementos: renovação da huma­nidade, testemunho, anúncio explícito, adesão do coração, entrada na comunidade, aceitação dos sinais e iniciativas de apostolado (...). É necessário encarar sempre cada um deles na sua integração com os demais”.40

Assim é que uma justa programação pas­toral é sempre “global” e não “setorial”, e preocupa-se em “compor” e não em “opor” entre si os vários elementos.

Compreende-se o alcance renovador de tal conceituação tendo-se presente que, antes, falava-se de evangelização quase somen­te com referência a determinada ação apostó­lica em “terras de missão”. Pois bem: dar lugar central a uma evangelização assim concebida, significa deslocar substancialmente o eixo de qualquer ação pastoral que vise garantir o amadurecimento de verdadeiros “crentes”.

É fácil enumerar algumas razões que motivaram essa mudança de perspectiva: a desintegração da situação de “cristandade”, o advento do pluralismo cultural e religioso, o vasto movimento de secularização e descristianização, a nova consciência de socialização e dos direitos da pessoa etc. Isso tudo obriga a repensar a praxe pastoral tradicional no anún­cio do Evangelho. Colocar-se em estado de evangelização significa, então, aceitar o desafio de uma espécie de “economia de mercado livre”, onde a fé não é mais um valor adquirido, aceito por todos, mas uma profecia de pessoas e de comunidades convictas, que testemunham na vida o que creem na fé. Toda a ação pastoral recebe nesta perspectiva uma dimensão inova­dora de evangelização.

Para nós, é importante a recomendação dirigida aos Religiosos, não só quanto ao seu peculiar testemunho tecido de “pobreza e des­pojamento, de pureza e transparência, de aban­dono na obediência”,41 mas também porque o seu apostolado é “marcado por uma originali­dade e por uma feição própria que lhes granjeia forçosamente admiração. São generosos: encontram-se com frequência nos postos de van­guarda da missão”.42

Na obra de evangelização somos convi­dados para os postos avançados da missão com uma verdadeira originalidade carismática de vida e ação, ou seja, a reatualizar com audácia a índole própria do nosso Instituto,43 realizan­do assim, na Igreja, o Carisma de Dom Bosco.



A Exortação Apostólica “Catechesi tradendae



O terceiro documento, enfim, apareceu justamente ao encerrar-se o decênio dos anos 70 (16 de outubro de 1979). Tanto na mensagem final do Sínodo-77 como na própria Exortação, emerge de maneira explícita e solene a impor­tância da catequese na vida da comunidade cristã e na ação pastoral: “nos próximos dez anos a catequese será em todo o mundo o terreno natural e mais frutuoso para a renova­ção de toda a comunidade eclesial”.44

Nestes anos de um século prestes a ter­minar, a Igreja é convidada por Deus “a renovar a sua confiança na atividade catequética, como tarefa verdadeiramente primordial da sua missão. Ela é convidada a consagrar à cate­quese os seus melhores recursos”.45

A catequese merece ter a prioridade no conjunto da ação pastoral.46

Podemos salientar algumas instâncias par­ticulares no impulso dado ao movimento cate­quético:

a reconfirmação das linhas principais da “renovação” lançada pelo Concílio, olhando com otimismo os passos dados, embora se devam evitar alguns defeitos, para cuja correção o Sínodo apresentou orientações tiradas da experiência comum e da reflexão episcopal;

a consideração da “complexidade” da ação catequética, que não se reduz ao ensino, mas compreende ao mesmo tempo a “palavra”, a “me­mória” e o “testemunho”,47 e une em si de ma­neira indissolúvel:

  • o conhecimento da Palavra de Deus”,

  • a celebração da fé nos sacramentos” e

  • a confissão da fé na vida cotidiana”;48



a advertência sobre o valor exemplar do “catecumenato” como processo de base par­ticularmente importante na situação atual.



O texto da Exortação de João Paulo II deve ser lido no contexto mais vasto do trabalho sinodal e de todo o movimento de desenvolvi­mento da evangelização e da catequese, intensificando-se com o surgimento do Diretório Catequético Geral; este é confirmado no seu valor.49 O Papa entende dar novo vigor às iniciativas da catequese, estimulando “a cria­tividade — com a necessária vigilância — (...) para difundir na Comunidade a alegria de levar ao mundo o mistério de Cristo”.50

Instância prevalente é o lugar central dado à pessoa e ao mistério de Cristo:51 sujeito e objeto precípuo da catequese, Cristo é a “ver­dade” que se transmite, o “caminho” que se deve percorrer, a “vida” de que se participa, o “único Mestre” que nos guia. O tema da centralidade de Cristo na autocompreensão do homem e no processo da sua salvação leva a conclusões de envolvimento total dos evangeli­zadores numa atitude coerente de discípulos fiéis.

Ressalta, igualmente, a apresentação de uma conceituação ampla da catequese.52 A sua identidade requer verdadeira especificida­de, distinta da evangelização inicial, embora a catequese seja, globalmente, uma “etapa da evangelização”, ou seja, um momento particu­larmente importante de todo o processo de crescimento na fé.53 Ela é “ensino”, “educação para a fé” e “iniciação na vida cristã”; “faz amadurecer a fé inicial e educa o verdadeiro discípulo de Cristo”,54 desenvolvendo o primei­ro anúncio. No seu aspecto de ensino, ela é aprofundamento da doutrina, ordenamento dos seus elementos, visão mais harmoniosa do con­junto da Revelação, exposição mais orgânica e sistemática,55 ainda que acompanhada sempre de aspectos de redescoberta e de início.56 O Papa descreve-a justamente de diversos modos.57

A Exortação sobre a catequese constitui também, no espírito do pontificado de João Paulo II, um convite à prudência, a objetividade eclesial e à seriedade profética na obra catequética, sobretudo com a sua insistência sobre a integridade do conteúdo.





Sintonia da Congregação



Os Salesianos não ficaram à margem deste movimento de Igreja. O nosso empenho está constelado de fatos verdadeiramente relevan­tes: esforço para a qualificação do pessoal; inclusão da catequética e disciplinas comple­mentares nos programas de formação; preocu­pação pela multiplicação dos catequistas leigos; fundação de centros catequéticos quer como estruturas de animação quer como centros de produção e difusão de material e subsídios; esforço de nova compreensão e reprogramação de conteúdo e metodologia nos diversos ambientes, nem sempre com resultados iguais; serviços especializados a regiões e dioceses.58

Os nossos vários Centros, já existentes, de estudo, de formação, de aplicação, de programa­ção e difusão empenharam-se louvavelmente com multíplices e qualificadas iniciativas a respeito.

Durante o decênio foi feito um trabalho não muito fácil de revisão a fundo da nossa Universidade Pontifícia. Quis-se melhorar nela a convergência das pesquisas e da docência das várias Faculdades para um centro de interesse comum e global constituído precisamente pela Pastoral Juvenil e pela Catequética. Finalmente tanta preocupação chegou a um objetivo de refundação que esperamos eficaz.59

Em nível de reflexão e orientação geral na década dos anos 70, a Congregação condensou a sua experiência e as suas opções em dois documentos, sancionados pelos dois Capítulos Gerais 20 e 21.



Evangelização e Catequese”



É o 3º documento do Capítulo Geral Espe­cial. Notamos que o “tema” tratado nele não estava previsto pelos numerosos esquemas pré-capitulares; foi pedido e acrescentado so­mente nos dias iniciais do Capítulo. Ele abre a série dos textos sobre a nossa ação pastoral60 e lhe dá o tom fundamental; considera “a cate­quese juvenil como a primeira atividade do apostolado salesiano; ela pede por isso repensamento e reorganização de todas as obras em função prevalente da formação do homem para a fé”.61

Nascido no contexto de uma reflexão global sobre a nossa vida e missão, à luz das instâncias conciliares, e elaborado sob a inspiração próxima do Diretório Geral, o nosso documento assume totalmente as suas perspectivas e programas. Essa escolha de fundo exprime-se na seguinte afirmação: “o documento tem presente a opção antropológica em todas as suas partes e põe em contínua re­lação entre si o homem concreto, a Palavra de Deus, a comunidade. Isto permite salientar a ‘prioridade da Palavra de Deus’ como critério primordial de renovação, e afirmar que todo o processo que se desenvolve pastoralmente do homem para Cristo inspira-se desde o início em Cristo”.62

À luz desta “opção”, é preciso considerar a ênfase “Educativa”. O documento ressalta, com efeito, “o contexto educativo no qual sempre se desenvolveu a catequese na nossa Congregação”.63 “Catequizar é mais que pregar, ensinar religião, dar catecismo; é toda uma ação educativa para ajudar o batizado a orga­nizar globalmente os valores da sua personali­dade do ponto de vista do Evangelho”.64

Em torno destes “pontos” (A PALAVRA DE DEUS — O HOMEM — A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA) concentram-se referências e alu­sões e delas promanam desenvolvimentos que não é possível expor detalhadamente nos limi­tes desta carta: escutar novamente a PALAVRA,65 anun­ciar a Palavra a partir de dentro do HOMEM,66 testemunhar a Palavra,67 catequizar através de autênticas COMUNIDADES,68 evangelizar em “diálogo” com um mundo pluralista.69

Toda a Inspetoria é concebida como “co­munidade a serviço” da evangelização: a ela “cabe a tarefa de renovar o impulso apostólico das comunidades e dos irmãos, a responsabili­dade na formação do pessoal, o redimensiona­mento das obras para melhor evangelização e uma programação inspetorial da ação catequética”.70

Os aspectos de uma educação integral para a fé segundo a praxe salesiana implicam: con­duzir à pessoa de Jesus Cristo,71 ajudar a ama­durecer uma personalidade cristã e uma mentalidade de fé,72 iniciar à vida litúrgico-sacramental,73 levar ao compromisso.74

Síntese de conteúdo e metodologia, enfo­que educativo e escolhas de orientação pastoral, é quanto o Capítulo Geral Especial 20 nos ofereceu no início dos anos 70 e nos oferece ainda, se formos capazes de não o esquecer e de aprender os seus estímulos.



Os Salesianos evangelizadores dos jovens

É o primeiro documento do Capítulo Geral 21, que visa aplicar as instâncias da “Evangelii nuntiandi” à área dos jovens segundo o projeto educativo e pastoral de Dom Bosco.

Consideradas como já adquiridas as colo­cações doutrinal-pastorais e as indicações fundamentais de método elaboradas pelo Diretório Catequético Geral e pelo Capítulo Geral Especial, o Capítulo Geral 21 concretiza algu­mas opções e, sobretudo, insere organicamente a catequese num PROJETO EDUCATIVO, repropondo o Sistema Preventivo como síntese original de atitude profética, de critérios pas­torais e de métodos de evangelização.



A opção antropológica traduzir-se-á numa exigência de aproximação constante à condição juvenil “mediante uma análise suficientemente séria”,75 uma vez que a evangelização passa “sempre mais obrigatoriamente pela análise das situações de vida que incidem sobre a persona­lidade juvenil.76

Exprime-se também na realização da evan­gelização dentro de um projeto que visa à pro­moção total do homem e ao desenvolvimento integral dos indivíduos e dos grupos.77



A mediação comunitária é posta em ação, à luz das inspirações da “Evangelii nuntiandi”, com o testemunho evangélico de uma comuni­dade religiosa animadora, isto é, aberta e servidora de uma comunidade mais ampla, educativa e pastoral, num intercâmbio de comu­nhão e de participação nos ideais, nas respon­sabilidades e nos programas.



A Palavra se encarna e se transmite num projeto que “não é simples pedagogia nem apenas catequese”, mas é síntese “de pro­cessos de promoção humana e, ao mesmo tempo, de anúncio evangélico e de aprofunda­mento da vida cristã”.78



O processo completo implica, pois, que se assuma a vida do menino, valorizando os ele­mentos e os fatos que a compõem até a um nível de “experiências educativas” (esporte, instrução, distensão, idealidade, grupos). Tudo inspirado, desde o início, pela palavra e pela presença de Cristo que se explicita segundo sábia gradualidade.

Porquanto é em continuidade com o empe­nho de maturação e de promoção dos valores mais especificamente humanos que se desenvol­ve a direção propriamente religiosa e cristã.79



Para esta inserção da evangelização num projeto educativo, a dimensão cultural não é secundária para a catequese; e não penetraria o segredo do Sistema Preventivo quem ainda colocasse as “atividades culturais” ou recreati­vas ao lado da catequese, simplesmente como instrumento de atração, mais do que como valor objetivo, ainda que subordinado, cuja riqueza e força educativa cumpre saber aprofundar.

Juntamente com esta modalidade realista, que exige a inserção da catequese num projeto integral de formação, feito de experiências, conteúdo, relações, clima e estilo, o Capítulo Geral 21 nos ajudou a salientar alguns aspectos a privilegiar em nossa atividade evangelizadora e catequética; a ilumi­nação através do ensino e da doutrina, da vida sacramental e litúrgica, da devoção mariana e da orientação vocacional.

Trata-se, pois, de cada Inspetoria condensar tudo num projeto educativo integral que seja, na prática, o caminho no qual se mova a nossa conversão pós-conciliar.



Perspectivas, compromissos, propósitos



A rápida apresentação das riquezas pasto­rais que nos foram oferecidas nos eventos e orientações dos anos 70 tinha a finalidade de ajudar-nos a perceber e sintonizar as preocupa­ções da Igreja, e a reconsiderar na sua luz as tarefas da Congregação.



Ser arautos nítidos do Evangelho



A nossa sensibilidade eclesial e uma docili­dade concreta aos dois últimos Capítulos Gerais exigem que nos coloquemos decidida­mente em “estado de evangelização”. O que não requer tanto que se acrescentem atividades a mais ao nosso trabalho, quanto que ele seja repensado globalmente em função de um convincente testemunho e de um válido anúncio de Evangelho.

Tomemos o primeiro documento do Capítulo Geral 21, que teve precisamente como escopo colocar a Congregação nesse “estado”, e vejamos como melhorar “a comunidade evangelizadora” e “a comunidade ani­madora”, como relançar “o projeto educativo e pastoral salesiano”, como incrementar “a fecundidade vocacional da nossa ação pastoral” e, enfim, como rever pastoralmente os nossos vários “ambientes e caminhos de evangelização”.

O nosso trabalho educativo deve ser, em toda parte e sempre, mesmo entre os não cristãos, orientado positivamente a Cristo. Com efeito, “o sistema educativo de Dom Bosco — diz-nos o Capítulo Geral — revela-se genial nas suas intuições e fecundo de possibilidades as mais variadas. Aplicado com flexibilidade, gradualidade e respeito sincero aos valores humanos e religiosos presentes nas culturas e religiões dos nossos destinatários, ele produz frutos fecundos no plano educativo, cria amizade e suscita simpatia em alunos e ex-alunos, libera grandes energias de bem e, em não poucos casos, coloca as premissas de um caminho livre de conversão à fé cristã”.80

Para cada irmão, portanto, todo trabalho educa­tivo deve encontrar “inspiração e motivações no Evangelho. A luz que o ilumina e a meta últi­ma à qual conduz é Cristo. Fazer conhecer a Deus como Pai e encontrar sua vontade em todo momento e colaborar com Cristo para a chegada do seu Reino, é o fim último de toda e qualquer ação educativa salesiana”.81 E o que constitui o fim último das nossas intenções, deve ser o primeiro elemento energético do nosso impulso pastoral. No nosso projeto educativo, “Cristo é o fundamento; ele revela e promove o sentido novo da existência e transforma-a, capacitando o homem a viver de ma­neira divina, isto é, a pensar, querer e agir de acordo com o Evangelho, fazendo das bem-aventuranças a norma de sua vida”.82

Mas depois, “no plano religioso-cristão, a ação salesiana tem por finalidade a educação para a fé consciente e operante, para o des­pertar da esperança, do otimismo (servir ao Senhor na alegria) e para a vida da graça. Dá impulso à caridade em uma experiência integral de vida, alimentada por uma catequese viva e uma pregação concreta e aderente. Ensina a descobrir e amar a Igreja como sinal eficaz de comunhão e serviço a Deus e aos irmãos, e ver no Papa o vínculo da unidade e caridade na Igreja. Faz viver a experiência de alegres e juvenis celebrações litúrgicas, com intensa participação na Eucaristia. Promove uma forte devoção à Virgem, Auxiliadora dos Cristãos, Mãe da graça, verdadeiro modelo de vida, de fé realizada e de pureza serena e vitoriosa. Educa e suscita uma vida de oração autêntica com particular cuidado em utilizar as formas mais acessíveis e próximas da piedade juvenil e popular.83

É, pois, imprescindível que recuperemos maior clareza de Evangelho na nossa vida e ação.



Empenhar-se na área cultural



Para anunciar o Cristo aos jovens é ne­cessário sentir-se chamado a participar ativamente na gestação de uma nova cultura e conhecer concretamente a condição juvenil das várias culturas em que se atua. Para nós, urge compreender e traduzir na prática a afirmação capitular de “evangelizar educando e educar evangelizando”.

Mais de uma vez vos tenho lembrado deste tema:84 a nossa missão juvenil e popular situa-se no âmbito de uma cultura em gestação, privilegiando o seu setor educativo.

Ora, os três grandes documentos magisteriais insistem nas indispensáveis relações entre evangelização e catequese, de um lado, e os valores e as modalidades concretas da cultura ou das culturas, de outro.

Bastará reler aqui algumas de suas afirmações mais significativas. O Diretório Catequético Geral85 recorda-nos que “a fé cristã, para deitar raízes em todas as culturas subsequentes, exige expli­citações e novas formas de expressão. Embora as aspirações e desejos profundos, próprios da natureza e condição humanas, permaneçam fundamentalmente idênticos, contudo os ho­mens de nossa época colocam novas questões acerca do sentido e importância da vida. Decer­to, os crentes de hoje não são absolutamente iguais aos crentes de épocas passadas. De aqui surge a necessidade de corroborar a continui­dade da fé como também de propor a mensa­gem da salvação em novas formas”.86 Portanto: urgência de novos caminhos pastorais para levedar a mudança cultural.

A Exortação Evangelii nuntiandi,87 cons­tatando o drama atual da “ruptura entre Evan­gelho e cultura”,88 proclama claramente que “para a Igreja não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humani­dade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação”.89

Ou seja, descreve-nos explicita e ampla­mente em que deve consistir a capacidade evan­gelizadora de penetração e de fermento dos tecidos culturais.

Enfim, a Catechesi tradendae, ao falar-nos de “aculturação ou inculturação”, garante-nos que este neologismo “exprime muito bem um dos componentes do grande mistério da Encarnação”. Com efeito, deve-se dizer “da catequese, como da evangelização em geral, que ela é chamada a levar a força do Evangelho ao coração da cultura e das culturas (...) Por um lado, a mensagem evangélica (...) transmite-se sempre através de um diálogo apostó­lico que se achará inevitavelmente inserido num diálogo de culturas; por outro lado, a força do Evangelho por toda parte é trans­formadora e regeneradora (...). Os catequetas autênticos sabem que a catequese se há de “encarnar” nas diferentes culturas (...); eles não aceitam que a catequese se empobreça, por abdicação ou por uma atenuação da luz da sua mensagem e por adaptações (...) que porventura comprometessem o ‘bom depósito’ da fé ou, ainda, por concessões em matéria de fé ou de moral; eles estão persuadidos de que a verdadeira catequese há de acabar por enri­quecer essas culturas, ajudando-as a superar os aspectos deficientes ou até mesmo inumanos que nelas existam e comunicando aos valores lídimos delas a plenitude de Cristo”.90

Temos nesta Exortação de João Paulo II também uma indicação concreta para superar perigos não imaginários de dominação das culturas sobre o Evangelho e um quadro de referência para rever e avaliar as modalidades práticas do nosso esforço de promover um diálogo entre Revelação e Humanismo, garan­tindo ao Evangelho o primado de interpelação, o fermento transformador e regenerador, a sintonia promotora de tudo o que é genuina­mente humano, até poder acertar, com os Padres da Igreja, o princípio de encarnação formulado no famoso adágio: “o que não é assumido não é redimido”!

Os três textos magisteriais integram-se mutuamente num crescendo de convergência adquirida em diferentes momentos históricos de reflexão: o Diretório lança a necessidade de propor, em modo cultural novo, a mensagem evangélica; a Evangelii nuntiandi insiste em atingir o cerne e os pontos vitais da cultura emergente; a Catechesi tradendae, ao mesmo tempo que confirma ambos os aspectos, salienta quais devem ser os componentes de genuinidade no diálogo com as culturas e exorciza os seus perigos.



Formar pessoas competentes



Como responder de maneira concreta ao apelo dos Pastores?

Penso, em primeiro lugar, que é para nós tarefa extremamente útil conhecer e aprofun­dar os três documentos de forma unitária como base orientadora da renovação da nossa pas­toral. Deveria ser impensável que, nesta ou naquela Inspetoria, eles não estejam influindo sobre a ação salesiana e não plasmem a men­te dos irmãos e dos que colaboram no anúncio do Evangelho aos jovens. Uma simples e rápida leitura desses textos, feita à distância e de forma independente um do outro, talvez sob a influência de comentários setoriais não isentos de preconceitos ideológicos, pode levar-nos a destaques parciais e defasados, tornando mais difícil a convergência que se encontra objetivamente na progressão histórica do exercício do Magistério contido neles e que se enriquece e integra numa visão de conjunto mais completa e integral.

Devemos acrescentar, além disso, que o trabalho da Igreja neste campo absolutamente não terminou: apenas começou, ou melhor, está sempre começando. Em nível de Conferências Episcopais e de Igrejas locais estão-se elaboran­do, por exemplo, os vários “catecismos”. Pois bem: em tais iniciativas devemos sentir-nos particularmente interessados, com o propósito real de chegar a ser colaboradores competentes, de maneira especial no que se refere aos catecismos das crianças, adolescentes e jovens. As contribuições da nossa experiência e competên­cia deveriam influir sobre tais textos e nas várias iniciativas de evangelização e de cate­quese para a juventude da Igreja local.

E se é verdade que os “problemas” da evangelização e da catequese se abrem para no­vos horizontes, devemos sentir-nos fortemente interpelados por eles. Os três documentos deixam perceber, por exemplo, o esforço de adaptação e de repensamento que requerem, especialmente hoje, certos aspectos como o da linguagem, da pertinência realista com a con­dição dos destinatários, da incisividade vital e clara da mensagem, dos pontos estraté­gicos da animação evangélica das culturas. Os Salesianos deveriam, em toda parte, ser capa­zes de participar na difusão de ideias e projetos que se referem a este argumento. E preciso acolher generosamente o apelo do Papa à responsabilidade dos Religiosos, especialmente dos que, como nós, surgiram “para a educação cristã dos meninos e dos jovens, sobretudo dos mais abandonados”.91

Eis, então, que toda a possibilidade da nossa resposta é condicionada por um dado de fato muito palpável e exigente: o empenho e o propósito para a formação de pessoas verda­deiramente competentes, que unam uma adesão interior e salesiana ao Evangelho com a capa­cidade e perícia de comunicação. A formação de coirmãos neste campo será, pois, uma frente a ser tratada com privilégio, seja a nível de for­mação de base, seja a nível de especialização, ou a nível de atualização e de formação perma­nente.

Permanece mais do que nunca atual e obrigatória a orientação prática do Capítulo Geral Especial: “Todo Salesiano é por vocação e missão um evangelizador, um catequista, sempre e em toda parte. Por isso, ele deve encontrar nos períodos da sua formação peritos em catequese que o ajudem a realizar a união entre ensino religioso (e teológico) e ensino profano, entre experiência de vida comunitária e ação de pastoral direta. Aprendida esta arte, ponha-se com entusiasmo e constância à dispo­sição da comunidade por toda a vida neste serviço prioritário de evangelizar e cate­quizar”.92



Dom Bosco nos interpela



Estamos seguros, queridos irmãos, de que, colocando-nos nestas linhas de trabalho, conti­nuamos a missão de Dom Bosco e atualizamos as suas “opções”. Dele quero recordar apenas alguns traços, na esperança de que através deles consigamos colher alguns lampejos daquela originalidade que será também hoje a nossa melhor “contribuição” para uma Igreja evange­lizadora.

É patente que o seu projeto educativo para a salvação dos jovens é intrínseco e extensiva­mente “catequético”. Assim como desejava a “Religião” como força relevante para a salvação da sociedade, da mesma maneira pensava que o Catecismo “nos oratórios festivos é a única tábua de salvação para tanta pobre juventude em meio à perversão geral”.93

A esse propósito obedeceu o primeiro início e desenvolvimento da sua obra; ele próprio no-lo lembra: “Esta Sociedade no seu princípio era um simples catecismo”.94 E essa razão inicial permanece privilegiada também nas Constituições, nas quais Dom Bosco descreve o projeto de vida e ação dos Salesianos; na sua mais antiga redação o texto dizia: “O primeiro exercício de caridade consistirá em recolher jovens pobres e abandonados para instruí-los na santa religião católica, sobretudo nos dias festivos”.95

À luz desta finalidade concreta e global compreende-se por que considerava uma “ruína na raiz” estudar muito para si ou também pelo prestígio da ciência, mas com o abandono dos oratórios festivos, dos catecismos aos meninos...96

O prazer de comunicar a palavra de Deus havia sido por outra parte um “dom seu” pessoal, que se havia manifestado desde a infância, o seu “momento de repouso e distração” durante os estudos de filosofia,97 a “graça” pedida na ordenação sacerdotal, a indicação operativa do primeiro sonho (“põe-te imediatamente a instruí-los”) e o “tema programático” do encontro com Barto­lomeu Garelli”: “Se te desse catecismo só para ti, virias à aula? (...). Quando queres que comecemos o nosso catecismo?”98

Ao lado deste primeiro dado fundamental, isto é, a relevância do anúncio do Evangelho na sua obra educativa e pastoral, é interessante salientar as três grandes mediações empregadas como veículo e ambiente para o seu trabalho de evangelização e catequese: “a educação” e as várias iniciativas culturais com que convo­cava, reunia e promovia os jovens; as “publi­cações” de divulgação com as quais atingia a classe dos trabalhadores e animava religiosa­mente a cultura do povo; os “centros” ou lugares de piedade popular, que têm como melhor exemplo o templo de Nossa Senhora Auxiliadora: neles o culto, as celebrações, a decoração e as iniciativas deviam levar à instru­ção e à prática do Evangelho.

Estas mediações juvenis e populares para os seus destinatários construíram também um “estilo catequético”; é possível constatá-lo nos escritos pessoais e nos “momentos” mais característicos que nos foram conservados pelos cronistas. “Estilo” que é feito substancialmen­te de aderência religiosa ao conteúdo da fé proposto pela Igreja, de adaptação à lingua­gem mais em uso e compreensível, sob medida sobretudo do menino do povo; donde a sua pre­ferência pelos aspectos históricos99 e pelo gênero narrativo, anedótico e didático, com a consequente concentração no necessário e a simplificação das formulações conceituais; o gosto e a arte do essencial das verdades de fé acima de modas e originalidades especulativas; o caráter prático, pelo qual, partindo do núcleo da fé, iluminam-se as atitudes e inspira-se o comportamento.

Mas o traço talvez mais original que torna Dom Bosco permanentemente simpático aos jovens, como anunciador do Evangelho, foi o de ter sabido inserir a sua “aula de catecismo no enredo das opções cotidianas,100 fazendo-a nascer no clima de alegria e participação que é conatural à natureza juvenil.



***

Queridos irmãos, trabalhemos e dediquemo-nos ao estudo e à aplicação dos documentos que guiam a renovação da nossa pastoral. Talvez a melhor forma para concluir estas refle­xões, tão pertinentes à nossa missão, seja a de juntos ouvirmos de novo o que o Personagem de idade viril, nobremente vestido, disse a Joãozinho no seu famoso sonho dos nove anos: “Não com pancadas, mas com a mansidão e com a caridade deverás ganhar estes teus amigos. Põe-te então imediatamente a dar-lhes uma instrução sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude (...).

Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?

Eu te darei a Mestra, sob cuja direção poderás tornar-te sábio e sem a qual toda sabedoria se torna estultícia.101

Que a Auxiliadora, Mãe da Igreja, nos ajude a todos a crescer em sabedoria e competência para evangelizar e catequizar a juventude.

Com afeto e esperança,



P. Egídio Viganò

Reitor-Mor

1 Cf. ACS 290 e ACS 295.

2 EN 32.

3 CT 15.

4 EN 5.

5 ACS 290.

6 Ib.

7 Ib.

8 Ib.

9 Ef 4,20.

10 CT 30.

11 CT 6.

12 Mt 28,18-19.

13 EN 79.

14 Cf. CT 29.

15 Cf. CT 30.

16 Cf. CT 52.

17 Cf. CT 53, 54, 59.

18 Cf. CT 60.

19 CT 32-33.

20 Cf. CT 34, 49.

21 CT 61.

22 CT 17.

23 Cf. CT 2.

24 EM 2.

25 LG 1.

26 Dei Verbum.

27 Lumen gentium, Sacrossanctum Concilium, Gaudium et Spes.

28 Ad Gentes, Christus Dominus, Presbiterorum ordinis, Apostolicam actuositatem, Inter mirifica, Gravissium educationis.

29 Gaudium et Spes.

30 Orientalium ecclesiarum, Unitatis redintegratio, Nostra aetate, Dignitatis humanae.

31 CT 2.

32 Diretório Catequético Geral, proêmio.

33 Diretório Catequético Geral, 13.

34 EN 14.

35 Cf. EN 5, 15, 51, 81.

36 Cf. EN 6-12, 25-28.

37 Evangelho, cultura e linguagem: cf. EN 19-20, 22, 40, 50.

38 Cf. EN 30-38.

39 EN 17.

40 EN 14.

41 EN 69.

42 Ib.

43 MR 11-12.

44 Mensagem do Sínodo sobre a catequese, 4.

45 CT 15.

46 Mensagem do Sínodo sobre a catequese, 18; cf. CT 15.

47 Mensagem do Sínodo sobre a catequese, 11.

48 Cf. Mensagem do Sínodo sobre a catequese, 11.

49 CT 18.

50 CT 4.

51 Cf. CT Capítulo 1.

52 Cf. CT 25.

53 Cf. CT 18.

54 Cf. CT 19.

55 Cf. CT 21, 22, 35.

56 Cf. CT 18, 22, 33, 37, 72.

57 Cf. CT 18, 19, 22, 25, 26, 47, 72.

58 Cf. Padre Ricceri: Relação sobre o estado da Congregação, 31 de outubro de 1977.

59 Cf. ACS 296, Carta do Reitor-Mor.

60 CGE Documentos 4, 5, 6, 7.

61 CGE 19, citado no CGE 279.

62 CGE 274.2.

63 CGE 274.4.

64 CGE 307.

65 CGE 382-388.

66 CGE 289-292.

67 CGE 293-296.

68 CGE 318-321.

69 CGE 297-300.

70 CGE 337.

71 Const. 21.

72 Const. 22.

73 Const. 23.

74 CGE 315.

75 CG21 30.

76 CG21 20.

77 CG21 81.

78 CG21 80.

79 CG21 91.

80 CG21 91.

81 Ib.

82 Ib.

83 Ib.

84 ACS 290; ACS 292.

85 Cf. especialmente Diretório Catequético Geral, 2-9.

86 Diretório Catequético Geral, 2.

87 Cf. especialmente n. 19, 20, 40, 50.

88 Cf. EN 20.

89 EN 19.

90 CT 53,

91 CT 65.

92 CGE 341.

93 MB XIV, 541.

94 MB X, 61.

95 Arquivo Central Salesiano D4720101, capítulo “Scopo di questa Congregazione”, art. 3º.

96 Cf. MB XVII, 387.

97 Cf. MB I, 381.

98 Memórias do Oratório, 122ss.

99 História Sagradas, História da Igreja, História dos Papas, História da Itália...

100 CGE 275.

101 MB 1, 124.

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