isto é, a oração, o silêncio, a contemplação, o amor exclusivo de Deus e a dedicação total ao seu
serviço... A Igreja conta muitíssimo com a sua contribuição espiritual [73].
Por isso, apesar da urgente necessidade de apostolado activo, aqueles Institutos conservam sempre
lugar preeminente no Corpo místico de Cristo... De facto, os seus membros oferecem a Deus exímio
sacrifício de louvor e, produzindo frutos abundantíssimos de santidade, são uma honra e um
exemplo para o Povo de Deus que fazem crescer com misteriosa fecundidade.
Em consequência, devem viver com realismo o mistério do "deserto", a que os conduziu o seu
"êxodo". É o lugar onde, apesar da luta contra a tentação, o céu e a terra — segundo a tradição —
se unem, em que o mundo, terra árida, se torna paraíso... e a humanidade mesma alcança a sua
plenitude [74].
Por isso pode dizer-se que, se os contemplativos estão, de certo modo, no coração do mundo, se
encontram muito mais no coração da Igreja [75]. Além disso, Ad gentes afirmou também que" a
vida contemplativa significa a pertença à plenitude da presença da Igreja e exortou a instaurá-la em
todas as partes, principalmente nas missões [76].
26. O mistério apostólico destes Institutos
A vida destes Institutos, modo particular de viver e de expressar o mistério pascal de Cristo, que é
morte para a vida [77], é um mistério especial da graça que mostra a face mais santa da Igreja,
comunidade orante que, com o seu esposo Jesus Cristo, se imola por amor, para glória do Pai e
salvação do mundo.
Por isso mesmo, o seu apostolado primordial e fundamental consiste na própria vida contemplativa,
porque tal é, segundo os desígnios de Deus, o seu modo próprio de ser Igreja, de viver na Igreja, de
realizar a comunhão com a Igreja e de cumprir a sua missão dentro da Igreja. É em certa
perspectiva, no pleno respeito à função apostólica primordial da vida mesma, em virtude da qual
devem soli Deo vacare [78], e também respeitando as leis da clausura e as normas estabelecidas a
respeito, que devem abrir-se — com toda a fidelidade ao espírito próprio e às tradições de cada
família religiosa — para umas experiências de ajuda e de participação, por meio da oração e da vida
espiritual, em benefício dos que vivem fora [79].
27. Necessidade de uma formação adequada.
Insiste-se na necessidade de uma formação inicial e permanente adequada à vocação e à vida de
busca contemplativa de Deus na solidão e no silêncio, na oração contínua e na intensa penitência
[80], no sério desempenho de fundamentar tal formação sobre bases bíblicas, patrísticas, litúrgicas e
espirituais, e de preparar formadores e formadoras idóneos para tal função.
Merecem particular atenção as Igrejas jovens e os mosteiros ilhados e desprovidos de ajudas
especiais ou de meios adequados a este fim. Em colaboração com a Sagrada Congregação para as
Igrejas Orientais, deverão ser estudados modos e meios de proporcionar a esses mosteiros uma
ajuda válida no campo da formação (Equipes de formação, livros, cursos por correspondência, fitas
magnetofónicas, cassettes, discos...).
28. Estima e delicadeza nas relações.
As relações do Bispo com os mosteiros contemplativos, dos quais é pastor, guia e pai — relações já
realçadas numa plenária anterior — requerem que o estudo dos vários aspectos desta questão seja
continuado, de maneira que, com a ajuda da Sagrada hierarquia, a presença e a missão desses