34ATOS DO CONSELHO GERAL
que a comunidade lhe oferece. A necessidade de Deus, senti-
da no trabalho apostólico, leva-o a celebrar a liturgia da vida,
até chegar à «operosidade incansável, santificada pela oração
e pela união com Deus, que deve ser a característica dos filhos
de Dom Bosco”.3
A fim de sublinhar alguns elementos deste belíssimo texto, gos-
taria de fazer uma comparação com a versão prévia nas Constituições
ad experimentum do Capítulo Geral Especial (1972). Então, o texto
expressava mais a problemática da síntese entre oração e trabalho:
“Ao salesiano, imerso no mundo e nas preocupações da vida apos-
tólica, encontrar-se com Deus na liberdade e espontaneidade de
filho pode, às vezes, ser difícil”. Era sem dúvida uma constatação
verdadeira e concreta, mas ao mesmo tempo envolvia certa dicotomia,
que novamente se fazia presente no final quando dizia: “a necessidade
interior de Deus leva-nos a viver n’Ele a liturgia da vida, oferecendo-
nos a nós mesmos no trabalho cotidiano ‘como hóstias vivas, santas e
agradáveis a Deus’ (Rm 12,1)” (C. 67, 1972). Também isso é verdade,
e reflete toda a tradição espiritual da Igreja, mas podemos nos pergun-
tar: não será muito genérico, de modo que possa ser aplicado a todo
trabalho e a todo tipo de espiritualidade?
Diferentemente, o artigo atual procura superar esta possível di-
cotomia, na sua mesma raiz, isto é, na maneira de entender salesiana-
mente a relação entre o nosso trabalho e a união com Deus. Podemos
acrescentar que não foi fácil; de fato, o processo de elaboração deste
artigo, verdadeira joia de espiritualidade salesiana, só encontrou uma
síntese bem-sucedida e iluminante na última redação no final do Ca-
3 Enquanto a união com Deus é o tema de C. 12, C. 95, sobre a vida como oração,
ocupa um lugar muito especial nas Constituições, indo justamente ao mesmo fim, não
só no cap. VI, “Em diálogo com o Senhor”, mas também na Segunda Parte das nossas
Constituições: Enviados aos jovens – em comunidades – no seguimento de Cristo. O
CG22 era extremamente sensível à estrutura das Constituições e a colocação de C.
95 faz uma espécie de síntese não só da nossa vida de oração, mas também de toda a
nossa vida. Ele trata precisamente da vida como oração.