Carta aos irmãos |
Prever o futuro
Tive a oportunidade de participar na Assembleia de Irmãos da Inspectoria, realizada nos dias 14 e 15 de Fevereiro passado. A finalidade, como dizia a convocatória do Provincial, foi “promover uma reflexão sobre a significatividade a partir da nossa realidade presente e futura, tendo em conta os recursos humanos da nossa Província”.
A presença dos irmãos foi significativa, tendo a assembleia decorrido num bom ambiente de fraternidade. É certo que se tratava de reflectir sobre a significatividade, mas as questões situaram-se à volta de três núcleos: A alta idade média dos salesianos da Província, que criará graves dificuldades à manutenção de todas as obras dentro de poucos anos; a não entrada de salesianos jovens, (nestes últimos 2 anos houve apenas um noviço e no próximo, poderá não haver nenhum); o testemunho comunitário e pessoal de vida religiosa com capacidade de convocar jovens que se sintam entusiasmados pelo projecto de D. Bosco.
Certamente que Deus nos quererá dizer alguma coisa com estas situações, mas ainda não conseguimos ler e perceber os seus sinais.
É evidente que, participando nesta assembleia e ouvindo as reflexões que se iam fazendo, me ia interrogando sobre a nossa realidade em Moçambique. Felizmente é diversa, para melhor. O número de salesianos em formação faz-nos olhar o futuro com esperança; mas não podemos dormir sobre essa esperança. Os ventos da mudança chegarão rápidos. A ocidentalização com os seus valores e contra-valores, o consumismo e o hedonismo entrarão rapidamente na mentalidade da nossa gente e os jovens serão os primeiros a sofrer o impacto, com as consequências que já conhecemos.
É animador verificar que praticamente todas as comunidades acompanham jovens e que os ajudam para que possam participar nos encontros vocacionais mensais que estão programados. Temos jovens, em algumas comunidades, a viver com os salesianos enquanto não passam para a casa do aspirantado. Tudo isso significa que a Delegação tem consciência que este é um assunto de todos nós.
Também nós nos temos que interrogar sobre a nossa significatividade para os jovens, não apenas pelo trabalho social e educativo que realizamos e que felizmente é muito apreciado, mas também perguntar-nos constantemente se o nosso estilo de vida pessoal e comunitário interroga os jovens de forma que desperte neles o desejo de serem como nós. Muitas vezes esse desejo pode não ser expresso ou suficientemente claro na consciência. Como educadores e acompanhantes dos jovens, somos chamados a ajudá-los a tomar consciência do chamamento através da proposta ou do convite a participar em encontros ou no trabalho gratuito ao serviço dos irmãos e do Reino
Em vários documentos e orientações da Congregação, somos convidados a rezar com os jovens, para que eles percebam as motivações profundas que nos animam no nosso trabalho. Como fazer? Que linguagem, que estilo de vida deve ser o nosso para que possa ser interpelante? Eis a pergunta que nos temos que fazer dia a dia. Exigirá mudanças, antes de mais a nível pessoal e comunitário. A nível de estruturas também poderá haver mudanças, para que respondam melhor à missão, mas estas não serão o problema, desde que haja dentro delas uma comunidade viva e interpelante, e portanto, sensível à realidade juvenil. É aqui que deve estar o centro da questão, não nas estruturas que temos ou poderemos vir a ter.
P. Leal
Conselho
No dia 12 de Fevereiro, reuniu-se o Conselho da Delegação. Estiveram presentes todos os Conselheiros. O P. Leal deu as boas vindas ao Ir. Marcelo, que participava pela primeira vez e ao P. Sebastião que, também pela primeira vez, exercia a função de Secretário.
O Conselho tratou:
* do Projecto Orgânico da Delegação, por agora limitado às Escolas e, mais particularmente ainda, aos Centros de Formação Profissional.. Dentro deste contexto, o Sr. Eusébio Mora, convidado, falou do tema «Planificação Estratégica – uma Ferramenta ao serviço da Missão».
* da entrega do Colégio D. Bosco – em que moldes e dentro de quanto tempo, tendo em conta que o Projecto já elaborado deve entrar em fase de execução no próximo ano.
* Tomou-se conhecimento de um documento enviado pelo Dicastério das Missões que fala duma Campanha de Oração pelas Missões a lançar em toda a Congregação e dos novos moldes de poder aceder ao «Fundo de Solidariedade», nas mãos do Reitor Mor.
*Fez-se a admissão dos pré-noviços.
* Preparou-se a reunião dos Directores.
* Leu-se uma Carta da CIRM dirigida aos Superiores Maiores.
*Aprovou-se um projecto de Informática da Missão de S. José de Lhanguene.
* Falou-se do Projecto do Matundo, que será realizado por auto-construção.
*Abordaram-se outros assuntos de interesse limitado.
Notícias
P. Ricardo Cáceres
O P. Ricardo Cáceres deslocou-se ao seu país, o Chile, para poder terminar o bacharelato em pedagogia, para, em Setembro, poder ingressar na Universidade Pontifícia Salesiana, em Roma.
Saúde do P. Bernardo
Depois das análises, do tratamento e do merecido descanso, o P. Bernardo está pronto para voltar à sua missão em Moatize. Desejamos-lhe bom trabalho e a continuação de boa saúde.
Encontro de assistentes
Nos dias 21 e 22 de Fevereiro de 2 003, realizou-se o encontro formativo para os jovens assistentes salesianos das nossas presenças. O local: S. Martinho do Bilene. Participaram os Irmãos Amílcar, da Comunidade da Namaacha; o Chico Muamba, da Casa da Moamba; o Fábio, da Missão de Moatize; o Filipe, da obra de S. José de Lhanguene e o Helder, do Aspirantado da Matola. Foram acompanhados pelo P. Mário, da Comunidade da Namaacha.
Partiram de Maputo na manhã de Sexta-feira. O dia prometia muita chuva, mas o tempo amigo brindou-lhes nos dois dias, um clima agradável; mas bom, mesmo bom, foi o clima fraterno e salesiano que lá se experimentou.
A Casa estava muito acolhedora; não faltaram sugestões a dizer que todos os encontros daquela natureza fossem realizados naquele lugar e por mais tempo.
Este foi o primeiro encontro do ano e reuniu todos os assistentes das presenças salesianas da Delegação. A sua estruturação e os temas estavam bem orientados e preparados pela Comissão e pelo P- Mário.
O primeiro dia foi dedicado ao convívio por grupos espontâneos, a partilhar a vida vivida nas actividades das Casas e a experiência feita nos anos de pós noviciado. Fez-se também o horário em que constavam as práticas de piedade, os tempos de distensão na praia e a distribuição das responsabilidades de cozinha e loiça. No segundo dia, num encontro longo, mas não cansativo, fez-se a leitura da «Carta de Roma» e de alguns artigos das Constituições; viram o que D. Bosco queria dos seus colaboradores, sobretudo dos seus filhos salesianos.. Seguiu-se um tempo de partilha, em que cada um comunicou a sua vida, os seus êxitos e dificuldades. Nesta partilha, verificou-se que a maioria dos assistentes participava pela primeira vez nestes encontros; comunicaram-se as dificuldades que havia em participar em todos os actos da vida comunitária, sem ter que abandonar o campo da assistência; fez-se ver o excesso de trabalhos e de responsabilidades que os assistentes têm nas comunidades, que não lhes oferece o tempo necessário para a sua programação, preparação e execução.... Contudo, todos manifestaram a alegria de poder fazer uma experiência de assistência e de contacto com os jovens destinatários.
Na tardinha do último dia, já na viagem de regresso, programou-se o próximo encontro, que ficou marcada para Outubro em local e data a especificar mais tarde. E fez-se uma pequena avaliação: «Foi muito bom», concordaram todos: houve um pouco de tudo: momentos de partilha, de oração, de encontro, de diversão na praia (o jogo do tronco = a troncada), demos passeios...” Desta vez, falámos nós, partilhámos as nossas vidas e nos encorajámos uns aos outros...» Da parte logística, não houve reclamações.
Actualmente são cinco os assistentes: quatro clérigos e um coadjutor – o Ir, Chico. Mas há boas notícias: esperamos a chegada de um grande reforço para a Delegação com a chegada de dez (10) novos irmãos salesianos assistentes que terminam o pós noviciado na República Democrática do Congo, em Junho próximo.
No regresso tivemos um percalço: um pneu que rebentou, mas chegaram todos bem às suas Casas, recompostos física e espiritualmente.
Agradecem aos irmãos que tudo programaram e aos que, nas Casas, assumiram as suas tarefas, durante a sua ausência.
1 H. Cocoréa |
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