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I. VIDA FRATERNA DOM E PROFECIA DE COMUNHÃO



Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento

dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração

do pão e às orações. .... A multidão dos que

haviam crido era um só coração e uma só alma”

(At 2,41; 4,32)






CHAMADO DE DEUS E APELO DOS JOVENS


7. Movido pelo Espírito, assistido pela materna intervenção de Maria,1 iniciou Dom Bosco, em comunhão de vida e ação com os jovens, os colaboradores e os primeiros salesianos, uma experiência de família, rica de valores humanos e espirituais, e grandemente voltada para o serviço da juventude. Percebemos que o primeiro serviço educativo que os jovens esperam de nós é o testemunho de uma vida fraterna que se torne resposta à sua profunda necessidade de comunicação, proposta de humanização, profecia do Reino, convite a acolher o dom de Deus.


8. Temos consciência de que a comunhão fraterna é dom do Pai em Cristo Jesus, conseqüentemente tarefa e empenho de cada um. Tornamos visível e construímos a comunhão por meio da partilha de vida, da caridade fraterna, da participação da missão comum.


9. Empenhamo-nos, assim, por crescer na espiritualidade relacional, conscientes de que “Deus nos chama a viver em comunidade, confiando-nos irmãos que devemos amar”.2

O espírito de família, vivido segundo o Sistema Preventivo, pede-nos: cultivar um genuíno espírito de fé; viver relacionamentos interpessoais de qualidade; crescer quer na estima e acolhida recíprocas, quer na capacidade de reconciliação e partilha.


10. Cada irmão educa as próprias capacidades de relacionamento, convencido da estreita ligação que existe entre o amadurecimento do indivíduo e o da comunidade. Sentimo-nos, por isso, todos empenhados em cuidar de quanto facilita o processo de crescimento individual e comunitário.


SITUAÇÃO


11. Refletindo sobre a prática da vida fraterna, salientamos aspectos positivos, como:

- o crescimento do respeito pela dignidade das pessoas, pela estima recíproca e pela qualidade do relacionamento interpessoal;


- a comunicação mais profunda, a partilha de vida mais sentida e procurada pelos irmãos;


- a necessidade de um confronto pessoal com a Palavra de Deus e o desejo de partilhar seus frutos com os outros irmãos;


- um maior contato com as fontes do carisma e uma consciência mais clara da espiritualidade salesiana que alimentam o empenho pela fraternidade;

- o enriquecimento que nasce da partilha da vida fraterna com jovens e leigos;

-

o “dia da comunidade” valorizado e vivido com criatividade;


- a comunicação social, em âmbito local, inspetorial e mundial, para o crescimento do sentido de pertença.


12. Constatam-se também dificuldades:


- formas de conflito que não se sabem administrar positivamente, casos de ativismo que afastam da comunidade e situações de enfraquecimento do sentido de pertença;

-

situações de irmãos que se refugiam em relacionamentos compensatórios ou que buscam experiências comunitárias e espirituais alternativas à comunidade salesiana;

- a existência de comunidades quantitativa e qualitativamente pouco consistentes nas quais se torna difícil organizar a vida fraterna;

-

o desânimo e a desmotivação de alguns irmãos, devidos a experiências negativas do passado, dificuldades de adaptação no presente, diminuição do sentido de fé e carências pessoais;


- problemas de convivência entre irmãos distantes por idade, formação, cultura e pertença étnica;

- a condição de irmãos idosos ou doentes, que em alguns casos acham difícil partilhar a vida e a missão comunitária;

-

a invasão dos MCS que roubam tempos ao relacionamento fraterno comunitário.



DESAFIOS


13. As dificuldades indicadas podem ser redutíveis a três áreas que às vezes influenciam de modo concomitante:


- escolhas individuais e estilos de vida que afastam progressivamente da comunidade;


- uma estruturação da vida comunitária que nem sempre favorece o crescimento humano e vocacional dos irmãos, prejudicando a possibilidade de “viver e trabalhar juntos”;


- a dificuldade da comunicação interpessoal, por uma insuficiente partilha da vida e da missão, que enfraquece o sentido de pertença e a identificação com o projeto de vida salesiana.



Perguntamo-nos por isso:


ٱ Como favorecer os processos de crescimento humano e vocacional dos irmãos em contextos culturais marcados pela fragmentação, dispersão, relativismo e individualismo?


ٱ Como superar a inércia de inadequados esquemas relacionais que enfraquecem o sentido de pertença e comprometem o clima fraterno da comunidade?


ٱ Como organizar a vida e a ação comunitárias, para melhorar a comunicação e qualificar o relacionamento pessoal?


ٱ Que processos ativar para apreender e praticar o discernimento, tanto individual quanto comunitário, a fim de que se favoreça diálogo fraterno e partilha?



D. ORIENTAÇÕES OPERATIVAS



Interpelados por esses desafios, indicamos as seguintes orientações operativas:


14. O Irmão, como primeiro responsável pela própria formação, valorize o “Projeto pessoal de vida salesiana”, dando especial atenção a alguns elementos:


. o exame do amadurecimento humano, espiritual e salesiano, graças a processos de autoavaliação, de confronto com a Palavra de Deus e de aceitação da correção fraterna;

. o conhecimento e a prática da espiritualidade do Sistema Preventivo, fonte de relações novas na vida fraterna;

. o progressivo amadurecimento da identidade carismática salesiana;

. a presença, ativa e cordial, nos encontros ordinários e extraordinários que marcam a vida comunitária.

. a abertura ao outro e a disponibilidade à partilha.


15. A Comunidade local, como lugar de crescimento humano e vocacional:


a) Valoriza a prática do discernimento comunitário à luz da Palavra de Deus e das Constituições; promove, por isso, atitudes que lhe favorecem o exercício:

- abertura à realidade, a ser vivida com espírito de fé e capacidade de escuta;

- disponibilidade ao diálogo fraterno, para facilitar e despertar a participação de todos;

- busca paciente da convergência da unidade e da comunhão.


b) Vela pelos momentos específicos da vida comunitária: a oração comum, as assembléias, os retiros, a revisão de vida, os escrutínios, os conselhos, os tempos de lazer, o dia da comunidade; neles, também por meio de adequadas metodologias, ajuda os irmãos a:


- manifestar a riqueza dos sentimentos da sua própria vivência interior;

- partilhar preocupações e problemas, projetos e atividades educativo- pastorais;

- praticar a escuta, o diálogo, a aceitação das diferenças e a correção fraterna.


c) Elabora o Projeto de vida comunitária salesiana, levando em consideração a situação existencial dos irmãos e pondo em relevo os aspectos da formação das pessoas, da comunicação e comunhão e dos empenhos estabelecidos pelo projeto educativo pastoral salesiano.


16. O Inspetor e o seu Conselho, por meio da Comissão inspetorial para a formação (CIF), sugerem modalidades e oferecem subsídios para elaborar o “Projeto pessoal de vida salesiana” e o “Projeto de vida comunitária salesiana”.



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2 C 50