Saudação de Homenagem ao Santo Padre

do Reitor-Mor por ocasião da Audiência pontifícia

Beatíssimo Padre,

165.

este encontro paterno que quis Vossa Santidade conceder-nos aqui em sua Casa, junto à Cátedra de Pedro, enche-nos de alegria e gratidão. E, por aquele senso vivo de Igreja e de amor ao Vigário de Cristo que Dom Bosco nos transmitiu para servir à Igreja, sentimos que esta é também a nossa Casa,

Somos 231 participantes do 25º Capítulo Geral da Sociedade Salesiana, membros de direito e convidados, provenientes de 94 Inspetorias salesianas espalhadas pelo cinco continentes, onde os Salesianos realizam hoje o carisma e a missão de Dom Bosco. Eles trabalham nessas Inspetorias empenhados nos contextos mais diferentes, especialmente na educação da juventude e na nova evangelização, com freqüência em situação de fronteira.

Em nome dos Capitulares e de toda a Família Salesiana, desejo antes de tudo expressar os mais vivos sentimentos de gratidão por este encontro especial e pelas tantas provas de afeto, de confiança e de estima dirigidas à nossa Família. A proximidade fraterna e a palavra encorajadora de Vossa Santidade nos momentos mais importantes – alegres e dolorosos – da nossa Congregação, até o recente luto que nos atingiu com a morte do P. Juan Vecchi, iluminaram o nosso caminho, e introduziram-nos, com renovada fidelidade ao Espírito, para dentro do novo Milênio.

166.

Estamos agora por concluir, Beatíssimo Padre, os trabalhos do 25º Capítulo Geral, a que nos dedicamos, em comunhão de família e sentido de responsabilidade, durante estas semanas. Foi-nos de estímulo e orientação, no tratamento do tema capitular, centralizado sobre A comunidade salesiana hoje, a Mensagem que nos foi transmitida no início do Capítulo por Vossa Santidade.

“É importante – dizia-nos – focalizar bem a identidade peculiar das vossas comunidades: que sejam comunidades, como Dom Bosco queria, reunidas em torno da Eucaristia e animadas por um profundo amor a Nossa Senhora, prontas para trabalhar juntas, partilhando dum único projeto educativo-pastoral. Comunidades capazes de animar e envolver os outros, sobretudo pelo exemplo”.

Sobre isto refletimos em nosso Capítulo, tomando decisões para o futuro. Conscientes dos novos contextos em que hoje se insere a vida consagrada, num mundo globalizado e pluralista, marcado por situações dramáticas de pobreza e opressão, na busca de motivos e modelos novos de vida, quereríamos ser capazes de oferecer aos jovens um modelo novo de humanidade, por meio de comunidades que fossem “um só coração e uma só alma”, significativas e visíveis, que pela própria vida e palavra dessem testemunho do Senhor Ressuscitado. Tal como Vossa Santidade nos indicou na Novo Millennio Ineunte, queremos que nossas comunidades sejam “casa e escola de comunhão”.

167.

E justamente com referência a essa mesma Carta Apostólica, com a qual Vossa Santidade lançou a Igreja no Terceiro Milênio, devo dizer que os nossos trabalhos capitulares foram guiados pelo convite que nos repetiu em nome do Senhor Jesus: Duc in altum! Tal convite já o havia acolhido o nosso queridíssimo e saudoso Reitor-Mor, P. Juan Edmundo Vecchi, o qual no-lo deixou quase que como um testamento em sua última “Estréia”: «Duc in altum: ao mar aberto e para o profundo». Estimulava-nos ele aí a renovar a nossa missão educativa e evangelizadora no “mar aberto” do mundo de hoje, respondendo aos desafios da juventude hodierna e, juntamente, fundamentando a nossa ação na profundidade da vida espiritual.

Vossa Santidade mesma, em sua Mensagem no início do Capítulo, nos dizia: “Educadores atentos e acompanhadores espirituais competentes como sois, sabereis como ir ao encontro dos jovens que querem «ver Jesus». Sabereis conduzi-los com suave firmeza rumo a metas empenhativas de fidelidade cristã. “Duc in altum!”.

Nos jovens de hoje queremos reconhecer – como Vossa Santidade nos indicou – o caminho da Igreja. Com eles, “chamados a ser sentinelas da manhã”, queremos descobrir, sempre de novo, a Luz verdadeira, que ilumina cada pessoa. E em sua companhia entendemos difundi-la com bravura evangélica.

168.

Este o horizonte que no Capítulo mantivemos à nossa frente: a vida fraterna e o testemunho evangélico vividos na comunidade levarão a uma presença mais viva e animadora entre os jovens, ajudando-os a crescer rumo àquela “santidade” que – como dizem nossas Constituições – é o presente mais belo que nós possamos dar aos jovens.

Desejo, por isso, agradecer-lhe, Beatíssimo Padre, pelo presente dos três novos Bem-aventurados que dará à nossa Família: o Padre Luís Variara, o Irmão Sr. Artêmides Zatti e a Irmã Maria Meneses Romero – três esplêndidos modelos de santidade, que queremos viver em nossas comunidades e oferecer aos jovens de hoje.

Para que possamos alcançar estes objetivos tão exigentes, imploramos de Vossa Santidade a Bênção Apostólica, que obtenha os dons do Espírito sobre os capitulares presentes, sobre os membros do novo Conselho Geral e sobre toda a Família Salesiana.

De nossa parte, junto com a oração assídua segundo as suas intenções, asseguramos o empenho de ser para os jovens na Igreja, como Vossa Santidade auspiciava, “educadores atentos e acompanhadores espirituais competentes”.

ANEXO 5

Discurso de S. S. JOÃO PAULO II

na Audiência aos Capitulares de 12 de abril de 2002

Caríssimos Irmãos

169.

1. Sinto-me feliz em vos receber por ocasião do XXV Capítulo Geral da vossa Congregação. Gostaria, por meio de vós, de fazer chegar a minha cordial saudação a todos os Salesianos que estão trabalhando nas várias partes do mundo.

Saúdo com afeto o novo Reitor-Mor, P. Pascual Chávez Villanueva, e o Conselho Geral que lhe estará ao lado nos próximos anos. Faço votos porque eles orientem a vossa Família religiosa com entusiasmo e docilidade à ação do Espírito Santo, mantendo vivo o carisma sempre atual do vosso santo Fundador.

E, é claro, não posso deixar de recordar o precedente Reitor-Mor, P. Juan Vecchi, que faleceu recentemente, no final de uma doença aceita com resignação e abandono  à vontade de Deus. Sirva o seu testemunho de estímulo a cada Salesiano para fazer da própria vida uma oferta total de amor a Deus e aos irmãos.

170.

2. Neste tempo pascal, a Igreja, depois dos dias da paixão e da crucifixão do Filho de Deus, convida os seus fiéis a contemplar o rosto resplandecente do Mestre divino ressuscitado. De fato, como lembrava na Carta Apostólica Novo millennio ineunte, "o nosso testemunho seria excessivamente pobre, se não fôssemos primeiro contemplativos do seu rosto" (n. 16). Só em Cristo podemos encontrar a resposta às expectativas mais profundas do nosso coração. Isto pressupõe que toda a energia esteja orientada para Jesus "que temos de conhecer, amar e imitar, para nEle viver a vida trinitária e com Ele transformar a história" (ibid., 29).

Caríssimos Salesianos, se fordes constantemente fiéis a este empenho, se vos esforçardes por imprimir ao vosso trabalho uma constante carga de amor evangélico, podereis realizar plenamente a vossa missão com alegria e eficácia. Sede santos! É a santidade – vós bem o sabeis – a vossa tarefa essencial, como, de resto, também o é para todos os cristãos.

A Família Salesiana se apresta para viver a alegria da próxima beatificação de três dos seus filhos: o P. Luís Variara, o Coadjutor Artêmides Zatti e a Irmã Maria Romero Meneses. A santidade constitui a melhor garantia de uma evangelização eficaz, porque nela se encontra o testemunho mais importante que se deve oferecer aos jovens destinatários das vossas várias atividades.

171.

3. A Virgem Santíssima, que vós venerais com o título de Maria Auxiliadora, oriente os vossos passos e vos proteja em todos os lugares. São João Bosco, juntamente com os numerosos Santos e Beatos que constituem a multidão celeste dos vossos protetores, vos acompanhe na difícil tarefa de executar as orientações programáticas resultantes dos trabalhos do Capítulo para o bem de todo o Instituto.

Com estes votos vos abençôo a vós, caríssimos Irmãos, garantindo-vos a minha oração para cada um de vós e por todos os que encontrardes no vosso cotidiano ministério apostólico e missionário.