Ratio Cap.7

10



CAPÍTULO SÉTIMO

O NOVICIADO



7.1 NATUREZA E FINALIDADE


357. O noviciado é o início da experiência religiosa salesiana como seguimento de Cristo.1

"Destina-se ele a que os noviços conheçam melhor a vocação divina, a vocação própria do Instituto, façam experiência do modo de viver do Instituto, conformem com o espírito dele a mente e o coração e comprovem sua intenção e idoneidade".2


Nesta fase, com o auxilio do mestre e da comunidade, o noviço:

- aprende a viver a vida consagrada apostólica salesiana mais diretamente sob o aspecto de experiência religiosa: aprofunda as motivações de sua escolha, adquire uma mentalidade de fé e interioriza os valores salesianos;

- verifica a sua idoneidade à vida salesiana de maneira a dar, a si mesmo e à comunidade, a possibilidade de chegar a uma certeza moral positivamente provada;

- orienta constantemente a sua vida à doação de si a Deus no serviço aos jovens segundo o espírito de Dom Bosco, e empenha-se a tender àquela graça de unidade que associa contemplação e ação apostólica;

- prepara-se para, com a primeira profissão, doar-se totalmente a Deus de modo consciente e livre, entrando num processo formativo que há de durar toda a vida.



7.2 A EXPERIÊNCIA FORMATIVA


358. A formação que se oferece no noviciado conjuga progressivamente o conhecimento com o exercício prático, a proposta comunitária com o acompanhamento pessoal, de modo que os conteúdos comunicados se tornem "experiência" e sejam assimilados de forma personalizada. Deste modo, o noviço se identifica gradualmente com a vocação salesiana.


A proposta formativa do noviciado abraça as diferentes dimensões da formação salesiana, mas dá especial atenção à dimensão espiritual e ao aprofundamento do carisma.



7.2.1 A dimensão humana


359. O noviço aprofunda o conhecimento e a aceitação de si, cultiva o autodomínio e a temperança, consolida a capacidade de opções motivadas e se torna disponível ao trabalho.

Cuida de sua inserção na vida comunitária, aperfeiçoando a capacidade de adaptação e de relacionamentos interpessoais permeados de cordialidade e gratuidade.

Cultiva a urbanidade, a capacidade de diálogo, de aceitação da diversidade, de viver com otimismo e de pôr os próprios dons a serviço da comunidade.

É importante que o mestre e a equipe formadora abram "espaços" de responsabilidade e de liberdade, a fim de que o noviço se possa medir a si mesmo, à sua autonomia pessoal e à sua capacidade de colaboração, e tenha possibilidade de refletir sobre as opções feitas.



7.2.2 A dimensão espiritual


7.2.2.1 A configuração a Cristo na perspectiva

do da mihi animas


360. É a dimensão que caracteriza o noviciado.

O noviço é acompanhado na caminhada de configuração a Cristo, apóstolo do Pai e Bom Pastor, descobrindo-o presente em Dom Bosco que doou sua vida aos jovens.3 Entra num processo de seqüela de Jesus obediente, pobre e casto, e cresce na união com ele em sintonia com o carisma salesiano.

Busca pela graça do Espírito uma real identificação com Cristo: "Não esqueçais que vós, de modo muito particular, podeis e deveis dizer não só que sois de Cristo, mas que 'vos tornastes Cristo'".4 Quer dizer: a pessoa do noviço é assumida em sua totalidade num processo de conversão e de transformação evangélica.

No esforço ascético que realiza, o noviço experimenta a alegria de pôr Cristo no Centro da vida e de partilhar cada vez mais os seus sentimentos. Trata-se de uma auto-transcendência, pela qual atinge a sua verdadeira realização pessoal em Cristo.5


Este aprofundamento do Batismo e configuração a Cristo na perspectiva do "da mihi animas" explicitar-se-á plenamente na profissão religiosa e na vida consagrada.



7.2.2.2 A assimilação do carisma salesiano

e a identificação com o Fundador


361. A formação tende a purificar e consolidar a atração inicial por Dom Bosco e pela vida salesiana, e a torná-la real mediante um processo de assimilação do carisma salesiano expresso nas Constituições.

O noviço é guiado a uma experiência espiritual que se concentra num modo original de ser e de operar, e se exprime em atitudes características: uma forte sensibilidade pela missão salesiana entre os jovens pobres, um estilo particular de oração e de vida fraterna em comunidade, numa palavra, um modo peculiar de viver a consagração.


362. O noviço aprofunda a particular experiência de Deus feita por Dom Bosco, verifica as motivações que o impelem a abraçar a vida consagrada salesiana e aprende a manter o equilíbrio entre a tensão ideal e a situação concreta da comunidade. Entra em contato profundo e sério com as fontes da experiência carismática.


Prepara-se para fazer parte da Congregação, cultiva a comunhão com a sua Inspetoria e se abre à realidade da Família Salesiana. Por meio do conhecimento de sua história e da informação a respeito dos seus acontecimentos mais significativos, toma consciência da diversidade das vocações na Família Salesiana e vai assim crescendo em sua pertença a ela.



7.2.2.3 A experiência de vida fraterna


363. É na comunidade que o noviço aprende o espírito salesiano, que é fundamentalmente um fato de comunicação de vida6.

Acolhe os irmãos com espírito de fé7 e abre-se à comunicação e ao serviço. A vida cotidiana oferece-lhe múltiplas ocasiões para crescer na caridade fraterna, na paciência e na superação das dificuldades no relacionamento interpessoal. Intensifica o seu amor concreto à comunidade e sabe que, para além das diferenças e dos defeitos dos irmãos, é convocada pela iniciativa de Deus. Insere-se nela com verdadeiro espírito de participação e de alegria familiar, aí descobrindo a presença de Deus.8



7.2.2.4 Iniciação à oração que abraça toda a vida


364. O noviciado oferece clima e ambiente de recolhimento que favorece o diálogo com Deus. Assegura também orientações apropriadas, tempo e regularidade, conhecimento das diferentes modalidades de oração. Apresenta-se deste modo como verdadeira escola de iniciação à oração. Grande auxílio encontra o noviço quando a comunidade do noviciado tem um programa de oração bem conduzido, oração feita com simplicidade, dinamismo e alegria, e quando também lhe oferecem diferentes possibilidades de rezar, em pequenos grupos até, com os jovens e com os leigos.


Durante o noviciado, é o noviço educado:

- a amar a Palavra de Deus e a pôr-se à sua escuta;

- a compreender e a amar a liturgia como oração de Cristo e da Igreja, e como caminho de vida espiritual;

- a viver a Eucaristia como ato central cotidiano de sua vida e da comunidade salesiana, "vivido como uma festa em liturgia viva",9 a celebrar com regularidade e profundidade o Sacramento da Reconciliação, a descobrir a riqueza da Liturgia das Horas e a rezar com os salmos da Igreja;

- a exercitar-se na oração pessoal e a sentir-lhe a necessidade como um autêntico respiro da alma; é importante que o noviço adquira o hábito da meditação, hábito que o deverá acompanhar por toda a vida;

- a aprender a caminhar pessoalmente na vida espiritual.


Este caminho de oração ajuda-o a viver em "união com Deus" e a santificar as atividades de cada dia. Passa assim o noviço de um ritmo de oração ao espírito de oração, que lhe engloba toda a existência e fá-la tornar-se vida no Espírito.



7.2.3 A dimensão intelectual


365. "Os estudos durante o noviciado se façam com seriedade, segundo um programa definido na organização geral dos estudos; tenham como objetivo principal a iniciação ao mistério de Cristo, para que o noviço, no contato com a Palavra de Deus, desenvolva mais profunda vida de fé e um conhecimento amoroso de Deus. Aprofunde-se também a teologia da vida religiosa e se estudem as Constituições, a vida de Dom Bosco e a nossa tradição".10 Apresentar-se-ão os aspectos significativos da história da Congregação, uma visão da Família Salesiana e do Movimento Salesiano.

O estudo ajuda o noviço a iluminar sua fé, a compreender a vocação salesiana, a fundamentar as convicções, a crescer na direção da completa doação de si11 e a sustentar os comportamentos e as opções. O programa de estudos previsto tende a reforçar este caminho de amadurecimento espiritual e tem, como centro, o estudo das Constituições.

Fomenta-se durante o noviciado a leitura de autores de espiritualidade e favorece-se o estudo das línguas, especialmente das que são requeridas pela situação da Inspetoria, e da língua italiana. Esta permanece elemento de comunicação para a Congregação, para o conhecimento das fontes e a leitura dos documentos, para os contatos com os superiores e para os encontros internacionais.



7.2.4 A dimensão educativo-pastoral


366. Todo o noviciado é vivido na perspectiva da vocação apostólica, no fervor do "da mihi animas", na disponibilidade para o serviço aos jovens, na assunção da missão da Congregação. O serviço do Reino, o testemunho do Evangelho, o sentido de Igreja, o elã missionário caracterizam a experiência do noviciado. Não deve faltar a informação e a reflexão sobre a condição dos jovens, especialmente dos pobres, sobre a pastoral da Inspetoria, e sobre a experiência e as orientações da Congregação, sobre as fronteiras da missão e das missões.

A sensibilidade para as necessidades do mundo, especialmente dos jovens, constitui um estímulo vocacional, alimenta a oração, torna-se partilha. E é justamente em vista da missão que o noviço cultiva seus dotes e desenvolve suas potencialidades.


367. "Inserida na realidade social e apostólica",12 a comunidade do noviciado exprime a sua caridade pastoral no serviço do Reino por meio de diversas experiências educativas e pastorais, que dão ao noviço a possibilidade de :

- amadurecer como pessoa e conhecer as próprias qualidades para a vida e missão salesiana;

- aprender a prática do Sistema Preventivo;

- tornar-se capaz de unir ação e contemplação na "graça da unidade";

- conhecer e experimentar a realidade do mundo dos jovens, especialmente os mais pobres.



Por meio das atividades educativas e pastorais o noviço aprende a tudo fazer por amor de Cristo, encarnando-se entre os destinatários, partilhando com os leigos, descobrindo a alegria de doar-se gratuitamente.

Tais experiências se caracterizam por sua simplicidade e qualidade, pela boa projetação e preparação, pelo estilo comunitário, a presença de um guia que acompanha e a reflexão sobre a atividade feita.




7.3 ALGUMAS CONDIÇÕES FORMATIVAS


7.3.1 A comunidade e o ambiente


368. A comunidade do noviciado – quando é "um exemplo de vida fundada na fé e alimentada pela oração, em que a simplicidade evangélica, a alegria, a amizade e o respeito recíproco criam um clima de confiança e docilidade",13 – facilita a osmose dos valores religiosos e salesianos. Nela o relacionamento dos noviços com os professos se desenvolve em clima de naturalidade, e a sua formação é o resultado do trabalho concorde de uma comunidade formadora capaz de comunicar, por meio da vida vivida, os valores do carisma.


A Inspetoria, consciente de sua responsabilidade, empenha-se em fornecer o pessoal e os meios necessários para concretizar as finalidades formativas do noviciado.

Governa a organização do noviciado um único e fundamental critério: o ambiente e as estruturas devem estar em condição de favorecer a transmissão da autêntica formação salesiana, de levar os noviços a assumir as finalidades do noviciado e a interiorizar os conteúdos.

Tendo presente a finalidade do noviciado, é desejável que ele se situe numa realidade pastoralmente significativa.14

Úteis também são todas as ocasiões de contato, de partilha espiritual e de colaboração entre Institutos religiosos, respeitada a especificidade da vida comunitária e do caminho formativo de cada Instituto.



7.3.2 O mestre dos noviços e os formadores


369. "O mestre dos noviços é o guia espiritual que coordena e anima toda a ação formadora do noviciado".15 O noviço desde o início do noviciado "se coloca sob a direção do mestre",16 abre-lhe com confiança e simplicidade o coração, assume uma clara disposição formativa e colabora com responsabilidade.


É tarefa principal do mestre dos noviços, assistido pelos outros formadores, fazer do noviciado uma verdadeira comunidade educativa, que acompanha cada noviço numa experiência formativa personalizada e salesianamente identificada e que vive segundo o estilo e o espírito do Sistema Preventivo, aberta à realidade salesiana inspetorial.

As conferências, as boas noites, o colóquio pessoal regular, os encontros de programação, avaliação e partilha são alguns dos meios à sua disposição.


370. O mestre possui capacidade de diálogo e bondade nos contatos, de modo a inspirar confiança; demostra apego a Dom Bosco e à Congregação, zelo apostólico, capacidade de trabalhar em equipe e de criar clima de família.

Favorece a co-responsabilidade entre os formadores que dão uma contribuição particular segundo o próprio papel e são envolvidos no discernimento e nas decisões. Cuida do relacionamento com os responsáveis do pré-noviciado e do pós-noviciado.


Adapta-se à situação de cada noviço, fazendo o possível para conhecer seu ambiente, a educação recebida na família e a experiência de vida precedente. Deixa espaço suficiente para que os noviços se exprimam com espontaneidade e sabe discernir com profundidade.




7.4 DISCERNIMENTO E ADMISSÃO

À PRIMEIRA PROFISSÃO


7.4.1 Tempo de discernimento


371. O ano de noviciado é um tempo de intenso discernimento vocacional feito em clima de fé, de sincera abertura e de sistemático acompanhamento.

À medida que faz experiência da vida consagrada salesiana, avalia o noviço sua situação diante de Deus – o lugar que Jesus ocupa em sua vida, a assimilação dos valores vocacionais, as motivações, a caminhada formativa – e, com o acompanhamento do mestre e o auxílio da comunidade, chega a um grau de serenidade e clareza relativamente à vontade de Deus a seu respeito.


Momentos significativos deste processo são também as avaliações periódicas, e sobretudo o discernimento final, que envolvem o noviço pessoalmente.

São momentos de confronto entre a pessoa do noviço e sua experiência concreta de todos os dias, de um lado, e a identidade salesiana, os requisitos e as motivações para vivê-la, de outro.



7.4.2 A profissão temporária



372. O noviço é admitido à primeira profissão pelo Inspetor com o consentimento do seu Conselho, ouvido o parecer do Diretor da comunidade com seu Conselho.17


A profissão religiosa sanciona publicamente o início do pacto de aliança que Deus, a Igreja e a comunidade estabelecem com o novo consagrado.

É Deus que consagra e o noviço responde oferecendo-se todo inteiro a Ele na vida salesiana. A comunidade reconhece-o capaz de viver tal vocação e o acolhe como irmão.

Em sua experiência, estabeleceu a Igreja um período de profissão temporária em que o religioso aprofunda o amadurecimento e a verificação de suas capacidades concretas baseando-se no carisma vivido, a fim de poder chegar a uma escolha livre, responsável e definitiva.

O candidato, acolhendo de todo o coração as disposições da Igreja, emite a profissão temporária, mas com a intenção de doar-se completamente por toda a vida, porque sabe que "não se entrega a vida a Cristo 'para tentar'".18




ORIENTAÇÕES E NORMAS PARA A PRÁXIS


373. "Para ser válido o noviciado deve ser feito numa casa devidamente designada para isso".19 Compete ao Reitor-Mor com o consentimento de seu Conselho erigir ou suprimir a casa de noviciado, aprovar-lhe a transferência ou a colocação junto a outra comunidade apropriada.20 Estes atos devem ser feitos canonicamente, isto é, por decreto escrito.


374. "A casa destinada ao noviciado esteja inserida na realidade social e apostólica. Se as circunstâncias o aconselham, pode o noviciado ser colocado junto a outra comunidade apropriada."21 A inserção no contexto, feita levando-se em consideração as finalidades formativas deste período, pode enriquecer a experiência, mantém a formação em contato com a realidade e abre espaço para a realização das atividades pastorais requeridas.22


375. O Inspetor sob cuja jurisdição se põe a casa de noviciado "pode permitir que o grupo de noviços, em determinados períodos de tempo, more em outra casa do Instituto por ele mesmo designada".23 Se a casa escolhida pertencer a outra Inspetoria, deverá haver o acordo com o Inspetor competente. Especifica-se:

- a designação da casa deve ser feita por escrito;

- junto com os noviços devem estar também o mestre e os formadores;

- o período de tempo deve ser claramente determinado no decreto;

- a casa religiosa deve ser unicamente salesiana e canonicamente ereta.24


376. Um candidato pode fazer o noviciado em outra casa com as seguintes condições:

- em casos particulares e por exceção, apenas por concessão do Reitor-Mor com o consentimento do seu Conselho;

- sob a direção de um salesiano experiente que faça as vezes do mestre, nomeado pelo Inspetor com o consentimento do seu Conselho e aprovado vez por vez pelo mesmo Reitor-Mor;25

- numa casa salesiana canonicamente ereta.


377. O mestre "é professo perpétuo. É nomeado pelo Inspetor com o consentimento do seu Conselho e a aprovação do Reitor-Mor. Permanece no cargo por três anos e pode ser reconduzido".26 A aprovação do Reitor-Mor é necessária: tanto para o primeiro triênio quanto para os demais.27


378. Nas casas de noviciado destinadas exclusivamente a tal escopo, é oportuno que o mestre seja também Diretor. Nos outros casos – seja ele Diretor ou não –, o Inspetor garantirá que as condições em que o mestre trabalha sejam as mais apropriadas para levar a termo as finalidades do noviciado.28

Seja a equipe dos formadores consistente tanto pelo número quanto pela qualidade. Zele-se pela diversidade dos papéis e dos personagens; em particular, faça-se o possível para que haja entre os formadores também salesianos coadjutores.


379. "De acordo com o direito, o noviciado dura doze meses. Começa quando o candidato, admitido pelo Inspetor, entra na casa do noviciado, erigida canonicamente, e se coloca sob a direção do mestre. Uma ausência superior a três meses, contínuos ou descontínuos, torna-o inválido. Uma ausência superior a quinze dias deve ser recuperada".29 Para a cômputo do tempo é preciso remeter-se a quanto dispõe o CDC.30


380. Em casos especiais o Inspetor pode prolongar o noviciado, não, porém, por mais de seis meses, de acordo com o cânon 653".31


381. "Os noviços façam os exercícios espirituais no início do noviciado, em tempo julgado mais oportuno, e antes de emitir os votos".32


382. As "experiências pastorais" se inspirem nas normas supra-indicadas.33 Realizem-se com gradualidade e segundo o caráter de iniciação do noviciado; sejam preparadas, acompanhadas e oportunamente avaliadas dentro da comunidade do noviciado.34 Seu primeiro responsável é o mestre.


383. Durante o noviciado interrompe-se o currículo oficial dos estudos (inclusive os filosóficos e teológicos). Também os que estiverem em andamento para a consecução de títulos acadêmicos ou para a preparação direta de um trabalho profissional ou apostólico.35

"Os estudos durante o noviciado se façam com seriedade segundo um programa definido na organização geral dos estudos; tenham como objetivo principal a iniciação ao mistério de Cristo […]. Aprofunde-se também a teologia da vida religiosa e se estudem as Constituições, a vida de Dom Bosco e a nossa tradição”.36


384. Cada três meses o mestre com o Conselho da comunidade faça uma avaliação atenta do amadurecimento vocacional de cada noviço. Sejam os noviços educados a fazerem constante discernimento, a fim de compreenderem a vontade de Deus e purificarem as próprias motivações.



385. "Durante o noviciado pode o noviço deixar livremente o Instituto".37

A eventual demissão de um noviço, durante o noviciado ou na sua conclusão, compete ao Inspetor da Inspetoria em que se encontra a casa de noviciado;38 caso o noviço pertença a outra Inspetoria, é conveniente que antes se informe ao Inspetor de origem.


A profissão


386. O pedido para a primeira profissão, respeitando-se embora a forma pessoal própria de cada um, contenha os seguintes elementos comuns:

- conhecimento do ato público que se pretende fazer;

- intenção de empenhar-se por toda a vida;

- liberdade para se fazer tal ato;39

- referência ao discernimento feito e ao pedido de parecer ao diretor espiritual e ao confessor;

- indicação da orientação para a vocação específica de salesiano presbítero ou salesiano coadjutor.


387. O candidato é admitido à profissão temporária depois de apresentar pedido e ser julgado idôneo.40

"Os superiores fundamentam o próprio juízo em elementos positivos que comprovam a idoneidade do candidato, levando em conta em primeiro lugar os requisitos canônicos".41 Não basta a só ausência de elementos negativos ou problemáticos. Distinga-se claramente o processo de amadurecimento da não aptidão à vida religiosa salesiana. Os que não dão esperanças de poder no futuro ser admitidos aos votos perpétuos, não sejam admitidos aos votos temporários.42


388. As condições para a validade da profissão temporária estão contidas no cânon 656:

- dezoito anos completos;43

- noviciado válido;

- admissão feita livremente;

- profissão expressa publicamente em total liberdade; o caráter público exige a presença do superior legítimo ou de um seu delegado, que recebe a profissão em nome da Igreja, segundo o cânon 1192 § 1, e de duas testemunhas para a prova jurídica de sua emissão;

- recepção pessoal por parte do legítimo superior ou de um seu delegado.

"Observem-se cuidadosamente todas as disposições do direito referentes às condições de validade e aos prazos da profissão".44


389. Ordena-se o período da profissão temporária à consecução da maturidade espiritual salesiana requerida pela profissão perpétua. O período ordinariamente dura seis anos.45

O Inspetor, atento à maturidade pessoal e aos critérios formativos, pode prolongá-lo, mas não além de nove anos.46


390. "A profissão no primeiro triênio será trienal ou anual; no segundo triênio, ordinariamente trienal".47

Nada proíbe que possa ser bienal. A escolha entre as diversas possibilidades deve basear-se em motivos formativos, considerando a gradualidade e a seriedade do compromisso. A decisão depende do pedido do noviço ou do professo temporário e do Inspetor que o admite.


391. A celebração da primeira profissão, subordinada à solenidade com que se celebra a profissão perpétua, mantenha um tom de sobriedade.48


392. A renovação da profissão temporária realiza-se após decorrer o tempo para o qual foi feita.49 A data precisa do tempo findo é o dia seguinte àquele em que foi feita.

A renovação deve ser celebrada "sem nenhuma solenidade particular",50 embora com a consciência do compromisso que importa.


393. O hábito que portam os futuros sacerdotes é o que se conforma com as disposições das Igrejas particulares dos países em que residem. Valem tais disposições também para o tempo que determinam para o início de seu uso.

Os salesianos coadjutores e, antes da vestidura clerical, os candidatos às ordens sagradas zelarão por trajar-se com a simplicidade e dignidade que Dom Bosco aconselhava.51


394. Compete ao Inspetor com seu Conselho readmitir na Congregação quem a tenha deixado legitimamente no final do noviciado ou depois da profissão. Quem for readmitido deverá repetir o noviciado e cumprir o período dos votos temporários.

Segundo o cânon 690, o Reitor-Mor com o consentimento do seu Conselho pode dispensar da obrigação de repetir o noviciado, dando ao mesmo tempo ao Inspetor com seu Conselho faculdade de readmitir.

Cabe ao Reitor-Mor estabelecer – nestes casos – um conveniente período de prova antes da profissão temporária e a duração dos votos temporários antes da profissão perpétua.52

O Inspetor, avaliadas com seu Conselho as motivações do pedido de readmissão, apresentará a solicitação ao Reitor-Mor, com uma relação pormenorizada do caso (currículo detalhado do requerente, motivos pelos quais não fez a profissão ou decidiu sair depois da profissão e agora pede para ser aceito, etc.).53


395. Não se conceda, em via ordinária, a ausência da casa religiosa ("absentia a domo") por eventuais crises vocacionais aos irmãos em formação inicial e aos irmãos coadjutores. Tais situações sejam enfrentadas com sério discernimento, em diálogo sincero e confiante com o Inspetor, o Diretor e os formadores, continuando o professo na vida comunitária.54


Fim do Cap. 7.

R030101R220101R090201.


1 Cf. C 110. Veja-se proposta de celebração para o início do noviciado no Rituale della professione religiosa, Società di San Francesco di Sales, Roma 1989, cap. I, L'ammissione alla vita religiosa.

2 Cân. 646

3 Cf. C 196

4 VC 109

5 Cf. C 22

6 Cf. R 85

7 Cf. C 50

8 Cf. C 52

9 C 88

10 R 91

11 Cf. C 110

12 R 89

13 C 110

14 Cf. R 89

15 C 112

16 C 111

17 Cf. C 108

18 PI 55

19 Cân. 647 § 2; cf. C 111

20 Cf. C 132 §1.3; cân. 647 § 1

21 R 89

22 Cf. R 86; cân. 652 § 5

23 Cân. 647 § 3

24 Cf. ib.

25 Cf. C 111. 165 § 3; cân. 647 § 2

26 C 112; cf. cân. 651 § 1

27 Cf. ACS 276 p. 76 (it.)

28 Ib.

29 C 111; cf. Elementi giuridici e prassi amministrativa nel governo dell'Ispettoria. Roma 1987 55-56; si citerá Elementi giuridici

30 Cf. cân. 201§ 1; 202 § 2; 203 § 1.3

31 R 93

32 R 92

33 Cf. precedentes nn. 198-199. 202-204

34 Cf. R 86; ACS 276, p. 81 (it.)

35 Cf. ACS 276, p. 77 (it.)

36 R 91

37 R 93; cân. 653 § 1

38 Cf. R 90; cân. 653 § 1.2

39 Cf. C 108

40 Cf. R 93; cân. 653 § 2

41 C 108; cf. cân. 657 § 1

42 Cf. CGE 697b

43 Cf. cân. 656 § 1

44 PI 57; cf. cân. 655-657

45 Cf. O projeto de vida dos Salesianos de Dom Bosco, pp. 613-614

46 Cf. C 117

47 C 113

48 Cf. PI 56; Congregazione per il Culto Divino, Ordo profissionis religiosae 5, nota 24. Per la celebrazione salesiana della professione temporanea e perpetua vedi Rituale della professione religiosa, Società di San Francesco di Sales, Roma 1989

49 Cf. cân. 657 § 1; Elementi giuridici e prassi amministrativa nel governo dell'Ispettoria, Roma 1987; ISM, App. 64

50 PI 56

51 Cf. C 62

52 Cf. cân. 690 § 1

53 Cf. Elementi giuridici, 70-71; ISM App.70-71

54 Cf. Lettera del Vicario del Rettor Maggiore D. G. Scrivo agli Ispettori, 20.1.1985. Prot. 85/64; cf. Elementi giuridici, 91