ALGUNS PONTOS PRÁTICOS
A finalidade deste último encontro é muito prática e direta.
Seguirei alguns pontos que são também o resultado de várias
sugestões que recebi nos últimos meses. Não se trata de uma
conferência, mas de simples apontamentos referentes a diversas
questões a analisar-se discutir-se. Creio que seja interessante o
método do diálogo e da troca de experiência.
1. A
solidariedade
Trata-se de um dos temas centrais da
carta do Pe. Vecchi e representa um testemunho muito claro tanto de
nosso espírito comunitário como da pobreza. É consolador sublinhar
que é uma realidade crescente como temos chamado a atenção por
diversas vezes, também internamente em nossa Congregação.
1.1.Refiro-me em primeiro lugar ao artigo dos ACG: “Pobres e
solidários”.
1.2.Um elemento ulterior é a solidariedade
entre as Inspetorias do Brasil
Estou convencido que se trata de
um aspecto delicado da solidariedade, se consideramo-lo sob o ponto
de vista da organização estrutural. Nossas Constituições
estabelecem a autonomia da Inspetoria quer do ponto de vista do
governo quer da animação. O Reitor Maior e seu Conselho podem
instituir Conferências de Inspetorias para uma melhor união entre
as mesmas Inspetorias.
A solidariedade é por conseguinte um
posicionamento que depende da boa vontade e da sensibilidade dos
vários Inspetores e dos Conselhos Inspetoriais. Certamente não se
pode pensar em se legislar, neste sentido, em nível nacional.
Esclarecido este ponto, dentro da atual ordem constitucional, é
necessário ter presente o quanto somos vinculados quer pelo
espírito, quer pela missão salesiana que partilhamos.
Freqüentemente os leigos têm dificuldade de compreenderem nossas
diferenças estruturais, maxime quando se trata de nos empenhar-mos
decididamente em favor dos pobres.
Dificuldades econômicas,
emergências de vários tipos, obras particulares que evidenciam de
modo palpável nosso carisma, deveriam ser levadas em consideração
para se realizar uma colaboração mais concreta e eficaz entre as
Inspetorias do Brasil.
Deveria acontecer em nível nacional,
repito, o que se verifica em nível mundial. É verdade que cada
Inspetoria é autônoma…mas existem momentos de prova ou de
dificuldades, quando o interesse e a ajuda do “centro” são muito
desejados.
2. Uma comissão inspetorial de consultores
profissionais.
O artigo 185 dos Regulamentos afirma
que podemos nos servir da ajuda e assistência de profissionais não
salesianos em áreas específicas como orçamentos e balanços,
programas econômicos, projetos diversos… Trata-se de uma indicação
muito sábia, que deve ser seguida igualmente com sabedoria e
prudência. Permito-me de assinalar os seguintes pontos:
- É
aconselhável instituir em nivel inspetorial um grupo de
profissionais capazes e confiáveis com a finalidade de assistir ao
ecônomo inspetorial na administração da Inspetoria e das várias
casas;
-Questões legais e financeiras deveriam ser sempre
submetidas ao crivo dos profissionais;
-Qualquer projecto de
construção terá sempre a responsabilidade do ecônomo inspetorial.
Aconselha-se que ele seja assistido por um arquitecto e engenheiro
que tenham demonstrado habilidade e honestidade;
-Não é
necessário uma comissão deste tipo em nível local; seria muito
dispendiosa e não raro desnecessária;
-As diversas
experiências da Congregação em muitas partes do mundo
demonstraram-se interessantes, especialmente onde tais comissões
inspetoriais ( ou simplesmente os consultores da Inspetoria)
alcançaram um nível altamente profissional e estão capacitados
para assistirem a comunidade local, mesmo em si tratando da autonomia
regulamentada pelas nossas Constituições;
-Uma área que
precisa de uma qualificada consulta profissional é certamente a do
trabalho e do direito do trabalho;
-Um outro sector, em que
podemos nos servir de consulta profissional é o da formação e
preparação dos ecônomos locais, como está indicado no n.186 dos
Regulamentos. Cada ano o ecônomo inspetorial deveria estudar com
seus consultores um plano de formação permanente (não muito
extenso, mas multo específico), com especial atenção aos novos
ecônomos que com frequência sentem-se não muito à vontade em seus
novos encargo.
-E’ necessário sublinhar com clareza que os
consultores são convocados para darem pareceres qualificados e
apresentarem soluções adequadas; as decisões no entanto, devem ser
tomadas pelos órgãos aos quais compete decidir, como estabelecido
pelas nossas Constituições e pela nossa praxis consolidada
(Inspetor e seu Conselho, Diretor e seu Conselho).
3. As
licenças
É um outro ponto delicado. Para analisá-lo
gostaria de me referir ao artigo do Pe. Paron no ACG 348 “Pedir
licença”.
Acrescento o seguinte ao que já foi dito:
·podem
acontecer situações que exigem uma “sanatio”;
-pedir as
necessárias licenças, especialmente para operações de grande
porte, deve-se considerar como uma garantia e uma partilha de
responsabilidade;
-operações financeiramente discutíveis e a
falta de transparência além do risco de imoralidade, podem originar
sérios problemas com graves repercussões…como já aconteceu na
Congregação;
-a transparência gera transparência de
regra.
3.1. Depósitos bancários
Já
acenamos ao temos dos depósitos bancários. Acho útil acrescentar
alguns elementos operacionais:
-assegurar-se que todos as contas
bancárias tenham pelo menos duas assinaturas (diretor e ecônomo, um
irmão e o ecônomo inspetorial…);
- é oportuno fazer-se
uma verificação periódica para monitorar o número de contas
correntes pessoais, ativas na Inspetoria, e para evitar óbvios
abusos e contra testemunhos;
-a Inspetoria deveria ser a sede
natural, onde se organizar fundos para escopos diversos, colo fundo
ancianidade, fundo saúde, fundo missões, mesmo aceitando-se o ato
que certos fundos, segundo as diversas legislações, devem ser
gerenciados em nível local. De regra no entanto, é de se evitar a
criação de fundos com a finalidade de acumular capitais;
-a
Inspetoria deveria se preocupar ( e só a Inspetoria) em organizar um
fundo de garantia para garantir necessidades financeiras
particulares, emergências, atividades particulares de apostolado e
dificuldades financeiras das casas; poderia ser chamado “reserva
inspetorial”. Teria o rigoroso controle do Inspetor e ecônomo
inspetorial;
-No caso que seja útil o investimento de dinheiro,
devemos sempre evitar que se trate de investimento especulativo e
sobretudo cuidar dos investimentos com eficiência e atenção. Não
devemos esquecer que o dinheiro que recebemos é para nossa missão,
especialmente destinado àqueles que são mais
necessitados;
-Particularmente no campo dos investimentos
financeiros devemos ser assistidos por profissionais que conheçam
nossas instituições e valorizem nosso trabalho pastoral e social.
Experiências negativas nos ensinam que o lucro excessivo e muito
fácil é sempre perigoso e inseguro.
4. Outros temas
Pe. João
Mazzali.
d. Gianni Mazzali
ENCONTRO DE INSPETORES E ECONOMOS
INSPETORIAIS
PORTO ALEGRE, 13-14 OTUBRE 1999