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CAPÍTULO GERAL XXIX
SALESIANOS DE DOM BOSCO
APAIXONADOS POR JESUS CRISTO
CONSAGRADOS AOS JOVENS
Para uma vivência fiel e profética
da nossa vocação salesiana
Documentos Capitulares
CG29
Turim, 26 de fevereiro – 12 de abril de 2025

1.2 Page 2

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atos
do Conselho Geral da
Sociedade Salesiana
de São João Bosco
ÓRGÃO OFICIAL DE ANIMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA A CONGREGAÇÃO SALESIANA
N. 441
N. 445
Ano CV
ano CVII
Convocação do CG2j9unho de 2025
1. CARTA DO
1.1 P. Ángel FERNÁNDEZ ARTIME......................... 3
REITOR-MOR
Carta de convocação do Capítulo-Geral 19
“APAIXONADOS POR JESUS CRISTO,
CONSAGRADOS AOS JOVENS”
Para uma vivência fiel e profética da nossa
vocação salesiana
A2.POARIEINXTAOÇÕNESAEDOS2.1.PPrOoceRssoJdEe pSrepUarSaçãCo pRaraISo CTGO29 .......... 15
CDIORENTRSIZEAS GRADO2.2S. EsAquOemSa pJaraOaVrefElexNãoSe o trabalho sobre
o tema do CG29........................................... 18
Para uma vivência2.3fi.eElsqeuepmraopfaératiacraeflexão sobre temas
da nossa vocação sajulerídsiciaosndao CG29 ....................................... 29
2.4. Capítulos Inspetoriais ................................... 36
2.5. Normas para as eleições.............................. 40
3. ATAS DAS
........................................................................... 50
ELEIÇÕES
DD4POAA. CRCTASISUCOOUMSCLAEIRENEDSTAODSEDDO..E...C.S..A..Ã..P.O..Í.T..F.U..R..L..A.O..N...GC....EI.S..R..C.A..O..L...D.X...EX...I.S.X..A....L...E...S...... 51
5. ORIENTAÇÃO
FORMAIS PARA A
COMPILAÇÃO DAS
LISTAS DOS IRMÃOS
........................................................................... 52
Turim, 26 de fevereiro – 12 de abril de 2025

1.3 Page 3

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Diretor-Geral: Sérgio Augusto Baldin Júnior
Diretor de produtos e serviços editoriais: Lauri Cericato
Gestora Editorial: Fabianni Mamone
Editor: Lauri Cericato
Revisão: Zeneida Cereja
Tradutor: Pe. José Antenor Velho
Diagramação: Diagonal Design
Produção digital: Diagonal Design
© Edebê 2025
Editora Edebê Brasil Ltda.
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Asa Sul – Brasília-DF CEP 70350-525
Site: www.edebe.com.br
Para acessar esta publicação
https://edbbrasil.org.br/

1.4 Page 4

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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
NÚCLEO 1
NÚCLEO 2
ATOS DO CG29
APAIXONADOS DE JESUS CRISTO,
CONSAGRADOS AOS JOVENS
Para uma vivência fiel e profética da
nossa vocação salesiana
Introdução .......................................................... 9
ANIMAÇÃO E CUIDADO DA VERDADEIRA
VIDA DE CADA SALESIANO
A. Centralidade de Cristo e cuidado da
vocação salesiana
Escuta............................................................ 13
Interpretação.................................................. 15
Opção ........................................................... 17
B. Fraternidade e atenção aos pobres
Escuta............................................................ 19
Interpretação.................................................. 21
Opção............................................................. 24
C. A formação do salesiano
Escuta............................................................ 25
Interpretação................................................. 29
Opção............................................................ 32
JUNTOS SALESIANOS, FAMÍLIA
SALESIANA E LEIGOS “COM” E “PARA”
OS JOVENS
A. Compartilhar espiritualidade e missão na CEP
Escuta............................................................ 34
Interpretação.................................................. 37
Opção............................................................. 40
B. Educar e evangelizar
Escuta............................................................ 42
Interpretação.................................................. 44
Opção............................................................. 47
C. Novas expressões do carisma
Escuta............................................................ 48
Interpretação.................................................. 50
Opção............................................................. 52

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NÚCLEO 3
ANEXOS
UMA CORAJOSA REVISÃO E
REPROGRAMAÇÃO DO GOVERNO DA
CONGREGAÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS
A. Modificação das Constituições................. 54
B. Modificação dos Regulamentos Gerais.... 56
C. Deliberações sobre a configuração das
Regiões.......................................................... 59
D. Deliberações para o Reitor-Mor com seu
Conselho....................................................... 60
E. Deliberações para os Inspetores, os Conselhos
Inspetoriais, os Capítulos Inspetoriais................. 65
1. Carta/Mensagem do Santo Padre Francisco
aos membros do CG29............................. 67
2. Intervenção da Ir. Simona Brambilla,
Prefeita do Dicastério para os Institutos de
Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica........................................................ 68
3. Discurso de abertura do CG29, do Vigário
do Reitor-Mor, Pe. Stefano Martoglio.......... 72
4. Outros discursos ....................................... 81
5. Boa-noite do Pe. Fabio Attard após a
eleição como Reitor-Mor 25 de março
de 2025 …………...............................….. 90
6. Discurso do Reitor-Mor Pe. Fabio Attard no
encerramento do CG29 ............................ 95
7. Elenco dos participantes do CG29.......... 111
8. Crônica dos trabalhos do CG29.............. 121
9. Pe. Pascual Chávez, Para o futuro, uma
chave de leitura do CG29........................ 152

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APRESENTAÇÃO
Caríssimos irmãos,
O Documento Final que hoje entregamos à Congregação é fruto
de uma experiência espiritual e comunitária vivida de forma muito
intensa. Foi uma experiência que marcou o coração de cada um dos
membros do CG29. Este Documento Final é a memória viva de um ca-
minho guiado pelo Espírito, celebrado na casa das nossas origens, aqui
em Valdocco, onde tudo começou. Aqui quisemos fazer uma pausa
para uma escuta profunda, com a consciência de que toda verdadeira
renovação nasce de um retorno autêntico às fontes. Neste lugar aben-
çoado, imersos na presença silenciosa de Dom Bosco, vivemos dias de
oração, discernimento e diálogo sincero. Sentíamo-nos guiados pelo
olhar materno de Maria Auxiliadora, na convicção de que a nossa vo-
cação hoje exige um coração ardente como o dela, uma visão clara e
escolhas corajosas como as que ela viveu.
O tema escolhido para o Capítulo – “Apaixonados por Jesus Cristo,
consagrados aos jovens” – não foi apenas o pano de fundo do nosso
trabalho, mas também o fogo que animou cada confronto e orientou
cada decisão. Não é um tema que nasceu em teoria, mas amadureceu
na escuta das Inspetorias de todo o mundo. Foi o fruto de um processo
sinodal autêntico, inspirado pela metodologia eclesial do "Diálogo no
Espírito”, que marcou profundamente o tom do Capítulo Geral. A escuta
recíproca, a humildade de se deixar questionar, o desejo de deixar emer-
gir a voz do Espírito entre nós, criaram um clima de comunhão real,
que possibilitou um discernimento compartilhado, honesto e maduro.
Reconhecemos com alegria que este é o primeiro fruto do CG29: uma
experiência eclesial que nos fez redescobrir que, somente caminhando
juntos sob a guia do Espírito, podemos ser fiéis ao Evangelho e signifi-
cativos para os jovens de hoje.
O Documento Final que apresentamos está estruturado em três
grandes núcleos. Os dois primeiros – “Animação e cuidado da vida
verdadeira de cada salesiano” e “Juntos Salesianos, Família Salesiana
e leigos com e para os jovens” – estão organizados segundo a tríplice

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6 ATOS DO CONSELHO GERAL
dinâmica da escuta, da interpretação e da opção. Neles se reconhece
uma honestidade intelectual e espiritual ao enfrentar as luzes e som-
bras da nossa vida pessoal, comunitária e apostólica. Durante o CG29,
não tivemos medo de nomear os desafios que marcam a vida espiritual
de muitos irmãos a fragmentação interior que às vezes enfraquece a
graça da unidade, a crise vocacional que em algumas regiões questiona
profundamente a qualidade do nosso acompanhamento, e os desafios
culturais que põem à prova a consistência do nosso testemunho. Mas
junto a essas sombras, reconhecemos com gratidão os muitos sinais
de vida, de fidelidade, de generosidade e de esperança. As opções que
o Documento Final propõe não são normas abstratas, mas indicações
concretas, fruto de reflexões compartilhadas e enraizadas na realidade.
Elas pedem a cada um de nós que volte a colocar Cristo no centro da
própria vida, que cultive uma espiritualidade mais profunda, que viva
a fraternidade com autenticidade, que valorize de modo especial a vo-
cação do salesiano coadjutor, e que promova uma missão educativa
cada vez mais compartilhada com os leigos e os diversos grupos da
Família Salesiana.
O terceiro núcleo reúne as vinte e três deliberações capitulares, que
representam uma resposta corajosa e lúcida às exigências de um go-
verno da Congregação mais coerente com a missão, mais próximo da
realidade, mais ágil e transparente. Algumas delas modificam artigos
das Constituições e dos Regulamentos gerais, outras tratam de ques-
tões operacionais fundamentais. São textos concisos, mas incisivos.
Quero aqui recordar algumas, para ressaltar sua importância. É signi-
ficativa a modificação do art. 187 das Constituições, que elimina toda
ambiguidade na relação entre pobreza evangélica e sustentabilidade
econômica. De grande importância é a constituição de uma segunda
Região na África-Madagascar, que reconhece não apenas o cresci-
mento numérico dos irmãos mas também a maturidade apostólica e a
capacidade de planejamento local.
Ainda mais simbólica é a deliberação que modifica o art. 30 das
Constituições sobre a missão salesiana, ampliando o horizonte para
além da primeira evangelização, para incluir explicitamente também a
“revitalização da fé nos países de antiga tradição cristã”. É uma cons-
tatação lúcida do nosso tempo e um relançamento profético da nossa
identidade missionária, precisamente no 150o aniversário da primeira
expedição salesiana e enquanto a Igreja celebra o Jubileu da Esperança.

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 7
Nesse contexto, ganha ainda mais força o sentido da deliberação que
insere formalmente nos Regulamentos as obras para jovens em situação
de vulnerabilidade ou exclusão, reconhecendo-as como uma resposta
carismática e prioritária às feridas do nosso tempo. De modo semelhan-
te, o compromisso com a proteção (safeguarding), expresso em vários
momentos e reflexões, atravessa transversalmente o Documento Final
como um princípio evangélico irrenunciável: a tutela dos pequenos e
frágeis continua sendo um critério essencial de autenticidade evangélica
e de credibilidade pastoral.
Ao lado dos três núcleos principais, o Documento Final é com-
pletado por uma seção de Anexos, que não devem ser considerados
marginais. Valorizamos a mensagem do Santo Padre, as diversas in-
tervenções de abertura e o discurso final do Reitor-Mor, juntamente
com as reflexões semanais que o Pe. Pascual ofereceu regularmen-
te e que levam o título “Fazendo o ponto”. Para o caminho de co-
nhecimento do Documento Final nos próximos anos, nos ajudará a
contribuição que eu mesmo pedi ao Pe. Pascual que compartilhasse
com toda a Congregação. Trata-se de uma sua reflexão conclusiva
feita após o término do CG29. Estou convencido de que seu acom-
panhamento, tão apreciado por todos, é ainda mais enriquecido por
essa contribuição final que, ao completar suas reflexões semanais,
nos ajudará a relançar essa memória que vivemos aqui em Turim e
concluímos em Roma.
Estas são páginas para meditar. São páginas que nos devolvem o
espírito com que o CG29 foi conduzido: um espírito de fé, de busca,
de fraternidade e de amor pela missão.
Caríssimos, este Documento Final é agora confiado a vocês, às
comunidades, às inspetorias, aos leigos e aos jovens que partilham
conosco o sonho de Dom Bosco. Para tornar-se fecundo, precisa ser
lido, meditado, discutido, interiorizado. Sobretudo, precisa ser vivido.
Nada do que elaboramos fará sentido, se não encontrar eco na vida
concreta das pessoas e das comunidades. O CG29 não se encerrou
com a proclamação do último voto. O CG29 começa agora, com a
responsabilidade que cada um de nós assume ao receber este mandato.
Confiamos este caminho a Maria Auxiliadora, que sentimos como
uma presença discreta, mas fortíssima durante o CG29. É Ela quem
continua presente todos os dias em nossa vida e em nossas casas.

1.9 Page 9

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8 ATOS DO CONSELHO GERAL
A Ela, que “continua fazendo tudo”, confiamos o desejo de sermos
hoje Salesianos verdadeiramente apaixonados por Jesus Cristo e dedi-
cados aos jovens. E pedimos a Dom Bosco, que hoje nos repete como
então: “não basta amar os jovens, é preciso que eles percebam que
são amados”, que nos guie com sua intercessão e com seu exemplo,
para que a chama da caridade apostólica nunca se apague em nosso
coração.
Roma, 24 de maio de 2025 – Solenidade de Maria Auxiliadora

1.10 Page 10

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ATOS DO CG29
APAIXONADOS POR Jesus Cristo, Consagrados aos Jovens
Para uma vivência fiel e profética à nossa vocação salesiana
Introdução
1. Ser apaixonados por Jesus Cristo e consagrados aos jovens é o cora-
ção da nossa identidade e a energia que move a nossa vida. Estes dois
aspectos essenciais da vocação salesiana não foram apenas o tema do
Capítulo Geral 29, mas a alma profunda do que vivemos na partilha e
na oração. Foram a perspectiva a partir da qual olhamos para o mundo
de hoje, com as suas riquezas que nos fascinam e os muitos desafios
educativos e pastorais que nos interpelam.
2. Reunimo-nos em Valdocco, na casa do nosso pai e fundador, onde
pudemos permanecer longamente em oração e recolhimento. As medi-
tações oferecidas pelo Reitor-Mor emérito, P. Pascual Chávez, durante
os primeiros dias, dedicados à espiritualidade, ajudaram-nos a apro-
fundar o olhar sobre a nossa identidade carismática. Igualmente, a
visita ao Colle Don Bosco, a Chieri e outros lugares onde Dom Bosco
deixou a marca da sua presença, alimentou em nós a consciência das
nossas raízes e a gratidão por tudo o que recebemos. Em particular,
neste 150o aniversário da primeira expedição missionária, a visita a
Gênova – Sampierdarena, com a memória da partida dos primeiros
irmãos à Argentina, reacendeu em nós a consciência de que o carisma
de Dom Bosco é um dom para toda a Igreja e para todas as culturas.
Neste espírito, ressoou o apelo a desenvolver ainda mais a nossa pre-
sença missionária na Oceania. Unidade nas raízes e pluralidade nas
expressões são a grande riqueza da nossa Congregação, que devemos
guardar com sabedoria e promover com criatividade.
3. A elevada responsabilidade que o Santo Padre confiou ao Reitor-
-Mor emérito, P. Ángel Fernández Artime, enquanto o seu mandato
ainda estava em curso, antecipou de um ano o prazo habitual de seis
anos do Capítulo. Não obstante a sua ausência, as perspectivas da Car-
ta de convocação e a Relação sobre o estado da Congregação deram
um rumo claro aos nossos trabalhos. Queremos, pois, renovar-lhe a
expressão da nossa sentida gratidão pelo serviço generoso de anima-

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2.1 Page 11

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10 ATOS DO CONSELHO GERAL
ção e governo, juntamente com os votos para a nova missão que está a
desempenhar na Santa Sé a serviço da Igreja universal.
4. O Capítulo foi realizado num tempo marcado por grandes referên-
cias eclesiais. Estamos a viver, antes de tudo, o Jubileu da Esperança,
cuja inspiração sentimos de modo especial na semana das eleições e
na peregrinação conclusiva à tumba de Pedro com a passagem pela
Porta Santa. A recente celebração do Sínodo “Por uma Igreja sinodal:
comunhão, participação, missão” ofereceu preciosas orientações ecle-
siológicas e espirituais ao nosso trabalho. Procuramos praticar, real-
mente, o diálogo no Espírito como forma de realizar o discernimento
comunitário. A enfermidade do Santo Padre levou-nos, todos os dias,
à oração por ele, com o afeto sincero e filial que Dom Bosco nos en-
sinou a ter pelo Papa.
5. Os eventos do mundo também entrelaçaram as nossas reflexões e
orações. As guerras que continuam a devastar muitos países, o drama
dos migrantes e dos refugiados, a perseguição de muitos irmãos na
fé e de minorias étnicas e religiosas, as convulsões e as violências
que impedem em muitas regiões a convivência serena e pacífica e as
calamidades naturais chegaram até nós não só através das notícias da
mídia, mas particularmente graças ao testemunho direto de muitos ir-
mãos que vivem nas zonas mais difíceis do planeta e trabalham a ser-
viço dos mais pobres e necessitados. Escutar as suas palavras foi uma
verdadeira lição de vida.
6. Os jovens, sobretudo, estiveram no centro dos nossos pensamentos.
Diante do frescor dos seus sonhos, da generosidade com que sabem
empenhar-se, da criatividade com que contemplam o futuro, conti-
nuamos a viver com admiração. Com o seu entusiasmo, ajudam-nos
a não ceder ao peso do hábito e a manter o dinamismo interior e a
paixão apostólica. Por convivermos com eles todos os dias, também
conhecemos em primeira mão as dificuldades que enfrentam, além das
lutas e decepções que experimentam ao se tornarem adultos respon-
sáveis. Por eles, damos a vida todos os dias, e o nosso maior desejo é
ajudá-los a descobrir o quanto Deus os ama e o quanto está perto do
coração deles.
7. No desenvolvimento do tema capitular, fomos inspirados sobretudo
por duas referências, que com muita frequência voltaram aos nossos
diálogos. O mistério da Eucaristia acolhido, recebido e celebrado, re-

2.2 Page 12

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 11
cordou-nos o amor com que o Senhor doou a vida por nós e o seu
ardente desejo de reunir-nos em comunhão. Buscamos todos os dias
no seu sacrifício a energia para doar a vida e a força para não ceder ao
mal. O mistério da sua presença nos sinais humildes e cotidianos do
pão e do vinho lembrou-nos que a nossa presença entre os jovens deve
ser sinal e instrumento da Sua. Ao permanecermos junto ao taberná-
culo onde São Domingos Sávio viveu o seu êxtase, refletimos sobre o
quanto a Eucaristia e os sacramentos são centrais na nossa pedagogia
e verdadeira fontes de santidade. Por isso, em vários momentos, recor-
damos a exigência de celebrá-los com amor e prolongar na vida a sua
graça e o seu dom.
8. Juntamente com o tema eucarístico, a invocação do Espírito San-
to marcou, com intensidade particular, a nossa experiência capitular.
Dialogar “no Espírito” recordou-nos que é Ele o grande protagonista
do discernimento e que somente com a sua luz podemos reconhecer os
sinais que Deus nos oferece para manifestar a sua vontade. Na semana
das eleições, de modo especial, experimentamos a sua guia e alegra-
mo-nos pelo dom do décimo primeiro Sucessor de Dom Bosco, na
pessoa do P. Fabio Attard, e do seu Conselho. O Espírito, doador dos
carismas e artífice da santidade, é o fogo que arde no nosso coração:
d’Ele dependem a paixão por Cristo e a consagração aos jovens.
9. O Documento que elaboramos contém os frutos do nosso trabalho.
Os dois primeiros núcleos desenvolvem respectivamente os temas
“Animação e cuidado da vida de cada Salesiano” e “Juntos Salesianos,
Família Salesiana e leigos ‘com’ e ‘para’ os jovens”. Os núcleos são
estruturados segundo os três passos que nos são familiares da escuta,
em que é apresentada uma descrição da realidade, da interpretação, em
que se procura aprofundar as razões e oferecer critérios para iluminar
a compreensão, e das opções propostas aos irmãos, às comunidades, às
Inspetorias e ao Reitor-Mor, com o seu Conselho. A seção das opções
oferece uma ampla gama de indicações, que propositadamente não se
quis restringir. Cabe, de fato, a cada Inspetoria e Região identificar as
prioridades mais urgentes e os passos concretos mais oportunos para o
próprio contexto. Também este é um modo de garantir ao mesmo tem-
po a unidade do caminho e a especificidade dos percursos.
O terceiro núcleo apresenta as Deliberações aprovadas pelo Capítulo.
Algumas modificam artigos das Constituições ou dos Regulamentos,

2.3 Page 13

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12 ATOS DO CONSELHO GERAL
outras pedem ao Reitor-Mor com o seu Conselho atenção sobre ques-
tões de particular relevância. Estas deliberações são o fruto de uma
reflexão ampla e articulada, que envolveu também temas que ficaram
pendentes do Capítulo Geral 28 devido ao seu encerramento antecipa-
do. Nem todos os temas estudados tornaram-se deliberações ou alcan-
çaram o consenso necessário para produzir mudanças institucionais,
mas fizeram parte da “corajosa revisão e reformulação do governo da
Congregação em todos os níveis” pedida na carta de convocação.
10. Durante o Capítulo Maria Auxiliadora foi uma presença materna,
discreta, mas constante. Acolheu-nos na Basílica a Ela dedicada nas
celebrações mais solenes e no silêncio da oração pessoal. Junto ao al-
tar de Dom Bosco, detivemo-nos várias vezes, num diálogo filial com
ele. Agradecemos-lhe a sua presença em nossa vida, confiamos-lhe
dores e preocupações pastorais, falamos-lhe muitas vezes dos nossos
jovens, dos seus sonhos e das suas esperanças. A Maria e a Dom Bosco
confiamos os frutos do Capítulo Geral, para que sejam um mapa do
caminho para o futuro das comunidades e das Inspetorias e um dom
para o nosso serviço aos jovens. Que o Senhor nos dê força para ser-
mos coerentes com o que aqui expressamos e mantenha viva em nós a
chama da caridade apostólica.
Os Irmãos do Capítulo Geral 29

2.4 Page 14

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NÚCLEO 1
ANIMAÇÃO E CUIDADO DA VERDADEIRA VIDA DE
CADA SALESIANO
A. Centralidade de Cristo e cuidado da vocação salesiana
Escuta
11. Reconhecemos que a nossa consagração salesiana está profunda-
mente enraizada em Jesus Cristo. Com espírito agradecido, constatamos
que muitos Irmãos, com fidelidade alegre, mantêm uma relação pessoal
e apaixonada com o Senhor, seguindo-o com generosidade no caminho
traçado por Dom Bosco. Apesar destes sinais de esperança, é claro que a
sociedade contemporânea, marcada pela instabilidade da aceleração, pelo
imperativo da eficiência, pelo individualismo, pela sedução do consumis-
mo, tende a relegar à margem a dimensão transcendente da existência, e
isto acaba por ter um impacto até mesmo na vida dos consagrados. Vive-
mos num tempo marcado por conflitos bélicos, incertezas econômicas e
profundas mudanças culturais e crises ambientais, mas queremos servir
este mundo com uma escuta humilde e um olhar cordial, reconhecendo os
muitos valores que falam da presença de Deus na história.
12. Em sua “Relação”, preparada para o Capítulo Geral, o Reitor-Mor
emérito evidenciou “certa fraqueza ou fragilidade no modo de viver a
vida espiritual e a relação com Deus, comprometendo a nossa mesma
identidade carismática” (A. F. ARTIME, Relação do Reitor-Mor ao
Capítulo Geral 29, p. 10). Trata-se de uma doença sutil, presente em
todo o corpo da vida consagrada e que, também entre nós Salesianos,
incide como ferrugem que corrói a nossa fidelidade. Percebe-se em
alguns lugares uma deriva para a vida burguesa e conformista, que
revela a falta de radicalidade evangélica que deveria ser a nossa marca
distintiva. A gestão das nossas estruturas constitui às vezes um fardo
pesado que corre o risco de absorver muita energia. Apesar dessas
dificuldades, há sinais positivos. Em algumas Regiões e Inspetorias,
registra-se uma significativa vitalidade vocacional acompanhada de
modos criativos de inculturação do carisma, que resultam particular-
mente significativos neste 150o aniversário da primeira expedição mis-
sionária salesiana.

2.5 Page 15

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14 ATOS DO CONSELHO GERAL
13. A Eucaristia, cume e fonte da vida cristã, constitui “o ato central
cotidiano de toda a comunidade salesiana” (Const. 88). Entretanto, o
discernimento capitular levou-nos a reconhecer luzes e sombras na
vida litúrgica das comunidades salesianas. Enquanto em algumas ca-
sas a celebração eucarística é vivida com fervor e é geradora de comu-
nhão e de missão, em outras, notam-se rotina e formalismo.
A escuta da Palavra de Deus e a prática da meditação diária são fun-
damentos da nossa espiritualidade, mas em mais de um contexto são
sacrificadas por atividades consideradas mais urgentes. O ativismo,
desafio permanente da vida salesiana, continua a ameaçar o equilíbrio
entre oração e trabalho, revelando não só um problema de organização
do tempo, mas uma questão mais profunda de interpretação do caris-
ma e da vida de fé.
A “graça de unidade”, fio invisível que deveria entrelaçar a nossa mis-
são apostólica, a vida comunitária e a prática dos conselhos evangé-
licos, corre o risco de se desfazer, de perder esplendor e força, em
consequência de uma vida espiritual frágil e cansada.
14. “Da mihi animas, cetera tolle” – o lema que inspirou Dom Bosco
– continua a interpelar a nossa identidade carismática. O Reitor-Mor
emérito manifestou a sua surpresa ao constatar que “alguns Irmãos me
apresentavam dúvidas sobre o que estamos a falar quando falamos de
identidade carismática ou de identidade salesiana como consagrados
ou sobre o que deve ser essencial e radical em nossa vida salesiana”
(A. F. ARTIME, Relação do Reitor-Mor ao Capítulo Geral 29, p. 10).
As saídas de Irmãos já padres ou candidatos ao sacerdócio, que pe-
dem para passar ao clero diocesano, como também as dificuldades
de compreender, promover e acompanhar a vocação do Salesiano
coadjutor são sinais preocupantes de uma crise de identidade mais
profunda. Às vezes, refere-se à compreensão do carisma, outras ve-
zes ao processo formativo de assimilação. Num contexto cultural
onde Deus é percebido por muitos como o grande Ausente e onde
prevalece a desorientação, o nosso testemunho aparece muitas ve-
zes esvaecido e sem incisividade. Custa a alguns Irmãos reconhecer-
-se plenamente no carisma salesiano, vivendo a consagração como
pertença formal mais do que como identidade substancial. Esta fra-
gilidade identitária manifesta-se também na escassa capacidade de

2.6 Page 16

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 15
transmitir aos jovens a beleza da vocação salesiana. Os frequentes
abandonos indicam, sobretudo nos primeiros anos após a profissão
perpétua, que o processo formativo não consegue tocar o coração em
profundidade e consolidar suficientemente a identidade carismática,
deixando os Irmãos vulneráveis face aos desafios e às seduções do
contexto contemporâneo. Preocupa particularmente a tendência de
alguns Salesianos que buscam reconhecimento e gratificação, ali-
mentando atitudes que contradizem a radicalidade evangélica da
nossa consagração.
A figura do Salesiano coadjutor, expressão original do carisma de
Dom Bosco, atravessa um momento de particular dificuldade em
muitas Regiões. Apesar dos esforços e das declarações oficiais, per-
siste em muitos ambientes uma mentalidade clericalista que não
consegue fazer emergir o proprium da vocação do coadjutor. A dimi-
nuição drástica das vocações de Salesianos coadjutores em diversas
Inspetorias representa uma grave perda para a riqueza e a completu-
de do carisma.
Interpretação
15. Ao lado de elementos encorajadores de fidelidade e dedicação,
a escuta da vida das nossas comunidades permitiu-nos reconhecer
dificuldades e incertezas que nos parece poder reconduzir ao redor
de um núcleo central: a dificuldade de uma existência realmente uni-
ficada, em que oração e trabalho, serviço aos jovens e profundida-
de espiritual, missão e contemplação não sejam justapostos, mas se
alimentem reciprocamente. Se a graça de unidade é o dom vital que
recebemos no carisma salesiano, a dispersão interior apresenta-se
como a grande tentação de que devemos nos guardar, como indiví-
duos e como comunidade.
Não é difícil reconhecer que, por muitos motivos, essa tentação é mais
insidiosa hoje do que no passado. A influência generalizada da tec-
nologia digital, se por um lado oferece oportunidades de comunica-
ção e educação, por outro apresenta um sério risco de individualis-
mo, superficialidade e isolamento na comunidade. A aceleração dos
ritmos de vida, a crescente complexidade da realidade, o estímulo ao
ativismo e ao individualismo têm um forte impacto em nossas vidas.
Alimentam a fragmentação interior e ameaçam a capacidade de silen-

2.7 Page 17

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16 ATOS DO CONSELHO GERAL
ciar, aprofundar e viver uma autêntica experiência de Deus. A estas
razões externas, somam-se outros fatores, mais ligados ao andamento
das nossas obras e à nossa organização da vida comunitária, como a
desproporção entre frentes pastorais e número de Irmãos, o excesso
de encargos confiados à mesma pessoa, a negligência no cuidado da
oração comunitária, o pouco empenho na reflexão e no estudo.
16. Contudo, não queremos ser renunciantes nem buscadores de justi-
ficativas. Ao contrário, estamos convencidos de que, mesmo no mun-
do frenético de hoje e em meio a tantas situações difíceis em que
muitos Irmãos vivem a sua missão, Deus vem ao nosso encontro,
fala-nos e oferece-nos a possibilidade de unificar a nossa vida em
Cristo. É o que experimentamos a cada dia na oração e na escuta
da Palavra, que culminam na celebração da Eucaristia. Para a nos-
sa fragmentação, há, portanto, uma resposta muito clara: entrar na
graça que a Eucaristia nos oferece todos os dias. Quando nos aproxi-
mamos do altar, sentimos interiormente as palavras que Jesus disse
na última ceia: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco”
(Lc 22,15). Como escreveu o Papa Francisco: (na Eucaristia) “nos é
dada a surpreendente possibilidade de intuir a profundidade do amor
das Pessoas da Santíssima Trindade para conosco” (Francisco, Carta
apostólica Desiderio desideravi 2).
Experimentamos na Eucaristia que oração, fraternidade e missão nas-
cem juntas e provêm de um dom que nos precede e não merecemos. A
única resposta que este dom nos pede é render-nos ao amor, depondo
a pretensão de colocar no centro a nós mesmos, os nossos projetos e as
nossas obras. Trata-se, como nos recorda o Papa Francisco, da “ascese
mais exigente” (Ibid. 6), mas é, sem dúvida, o segredo profundo de
uma vida consagrada autêntica.
O nosso ativismo, às vezes, pretende arrastar o Senhor atrás de nós,
mas numa direção que nem sempre é aquela em que sopra o Espíri-
to. Isso acontece, por exemplo, quando nos identificamos mais com o
nosso papel do que com a nossa vocação. A Eucaristia, por sua vez,
faz-nos realizar a passagem pascal de uma vida que se afadiga a correr
atrás das próprias ideias para uma vida que segue com serena confian-
ça o sopro do Espírito. Como afirma o artigo 88 das Constituições,
“a presença da Eucaristia em nossas casas é para nós, filhos de Dom
Bosco, motivo de frequentes encontros com Cristo”. A adoração eu-

2.8 Page 18

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 17
carística vivida em comunidade e a prática da “visita ao Santíssimo
Sacramento” recomendada por Dom Bosco alimentam a união com
Deus e reavivam a amizade com o Senhor.
17. Reconhecemos, por isso, que na base da dispersão e fragmentação
interior não há apenas o muito trabalho que temos, mas também – e
talvez sobretudo – a tendência a vivê-lo de modo desordenado, con-
tando mais com nós mesmos do que com o Senhor. Dom Bosco tinha
realmente uma atividade impressionante, realizada em várias frentes
exigindo muito esforço e, no entanto, aqueles que o encontravam ti-
nham a impressão de se ver diante de um homem profundamente paci-
ficado, que irradiava a presença de Deus. Para segui-lo nesse caminho
de santidade, percebemos, então, a exigência de aprofundar a sua ex-
periência espiritual. Não podemos ficar satisfeitos em conhecer a sua
história e as suas atividades, mas precisamos redescobrir o segredo
da sua contínua união com Deus, o itinerário espiritual que o levou
a viver a graça de unidade. Precisamos alcançar, quase tocar, o fogo
interior do Da mihi animas, em que oração e trabalho se unificam na
participação da caridade pastoral do Ressuscitado. Isso é ser apaixo-
nados pelo Senhor!
Nisso, seremos ajudados pelo precioso ensinamento espiritual de São
Francisco de Sales, de quem recentemente celebramos o quarto cente-
nário da morte. Ele ensinou que a santidade é alcançada nas circuns-
tâncias concretas da vida cotidiana e, ao propor uma autêntica mística
da ação apostólica, lançou as bases para uma sólida espiritualidade da
entrega de si. As palavras com que o Santo Padre recorda a sua doutri-
na espiritual na encíclica Dilexit nos encorajam a redescobrir os seus
ensinamentos para viver a centralidade de Jesus Cristo e o cuidado da
nossa vocação.
Opção
18. À luz da escuta e da interpretação, optamos por
Renovar com decisão a centralidade de Jesus Cristo redescobrindo a
graça de unidade e fugindo da superficialidade espiritual.
Esta opção implica para os Irmãos, as comunidade, as Inspetorias e o
governo central da Congregação empenhos concretos que exemplifi-
camos a seguir.

2.9 Page 19

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18 ATOS DO CONSELHO GERAL
O Salesiano
a. elabore o projeto pessoal de vida, atualizando-o anualmente;
b. cuide da oração pessoal e comunitária, com atenção especial à lectio
divina, à centralidade da Eucaristia e à devoção mariana;
c. cultive o acompanhamento espiritual como elemento essencial de
crescimento, num diálogo sério e sistemático;
d. desenvolva uma leitura crítica, profética e constante do contexto
sociocultural em que trabalha, para viver um significativo testemu-
nho evangélico, percebendo os sinais dos tempos.
A comunidade
a. celebre a Eucaristia como autêntico “ato central” da vida comuni-
tária, proponha momentos de adoração eucarística e garanta tem-
pos e espaços adequados à oração pessoal e comunitária;
b. valorize a meditação diária, adequando-a aos ritmos apostólicos
sem nunca a sacrificar, e programe momentos de partilha da Pala-
vra de Deus e da lectio divina;
c. renove a tradição da memória mensal de Maria Auxiliadora como
oportunidade para intensificar e difundir a devoção mariana;
d. favoreça o conhecimento profundo de Dom Bosco e de São Fran-
cisco de Sales, valorizando a sua espiritualidade;
e. testemunhe com opções concretas a pobreza evangélica e a solida-
riedade com os pobres;
f. valorize com convicção a vocação do Salesiano coadjutor como
expressão original e preciosa do carisma salesiano.
A Inspetoria
a. promova o aprofundamento da identidade carismática mediante
iniciativas oportunas e desenvolva itinerários formativos que aju-
dem os Irmãos a viver a “graça de unidade” no contexto contem-
porâneo;
b. valorize os centros de estudo, na UPS e nas IUS, para a pesquisa
teológico-espiritual sobre a experiência de Dom Bosco;
c. garanta que haja ao menos um Salesiano com a Licença em espiri-
tualidade salesiana, para a animação dos Irmãos e das comunidades
educativo-pastorais;

2.10 Page 20

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 19
d. invista recursos significativos na promoção e formação do Salesia-
no coadjutor;
e. promova modalidades criativas de inculturação do carisma nos di-
versos contextos culturais,
f. cuide da qualidade e da animação dos exercícios espirituais anuais,
para serem realmente tempos de retomada espiritual e de renovação.
B. A fraternidade e a atenção aos pobres
Escuta
19. Os pátios de Valdocco nas semanas capitulares trouxeram à evi-
dência como a variedade de rostos, cores, línguas e tradições são a
fotografia mais evidente de uma Congregação com rosto mundial. Em
poucos dias, o desejo de comunhão e fraternidade deu forma ao “vi-
ver e trabalhar juntos”, à vontade de conhecer, encontrar e escutar-se
profundamente. Podemos dizer que a dimensão da fraternidade está no
DNA do nosso chamado e muitos Irmãos são exemplares no viver e
testemunhar o espírito de família típico da nossa espiritualidade.
20. As nossas comunidades são habitadas por muitos Salesianos ge-
nerosos e corajosos na vivência da fraternidade; algumas comunida-
des abrem-se a novas formas de vida com os jovens, manifestando o
desejo de participação e serviço, e testemunhando a alegria de viver
juntos. Constatamos que essas comunidades têm um estilo mais vivo,
profético e atraente permitindo a participação de Salesianos e leigos
na espiritualidade e na missão. A interculturalidade presente em mui-
tas das nossas casas é vista como um dom precioso e delicado para o
qual são necessárias uma preparação e uma constante atitude de con-
versão e acolhimento.
A este canto de gratidão unem-se também algumas notas dissonantes
da nossa identidade salesiana comunitária: a falta de comunhão e de
correção fraterna, a rotina, o isolamento de alguns em espaços privados,
a rigidez à mudança, o descuido nas relações e a falta de participação,
algumas imaturidades afetivas, a pouca atenção a situações de Irmãos
cansados e sofredores, o desconforto na transformação das estruturas, a
pouca atenção à consistência quantitativa e qualitativa; a exclusão ou a
autoexclusão do trabalho com os jovens de alguns Irmãos pela idade ou
saúde, o impacto do mundo digital na vida comunitária.

3 Pages 21-30

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3.1 Page 21

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20 ATOS DO CONSELHO GERAL
Alguns Irmãos carregam consigo “feridas” profundas em sua história
de vida, não enfrentadas e não resolvidas, que provocam sofrimento
ao indivíduo e à comunidade. Para estes, não se pode improvisar um
acompanhamento genérico e, frequentemente, vemo-nos desprepara-
dos diante dessas situações.
A consistência qualitativa e quantitativa das nossas comunidades é
elemento imprescindível para uma vida religiosa regular e a gestão
séria e tempestiva dos casos de irregularidade, tornando o clima da
casa sereno e ordenado.
21. Nesse contexto de luzes e sombras, evidencia-se o papel fundamen-
tal do diretor como pai da comunidade, em cujo centro está como “Ir-
mão entre Irmãos, que lhe reconhecem a responsabilidade e autoridade”
(Const. 55). Ele desempenha um papel fundamental na promoção da
fraternidade e na garantia da fidelidade carismática. Constata-se que não
são favoráveis as condições de muitos Irmãos chamados ao serviço da
autoridade; com frequência veem-se sobrecarregados de trabalhos e res-
ponsabilidades dentro e fora da Obra e nem sempre estão adequadamen-
te preparados para o seu serviço. Em algumas Inspetorias, é evidente a
dificuldade de selecionar e formar Irmãos para este serviço. Por outro
lado, instrumentos e organismos ordinários de participação, como o ma-
nual do diretor, o conselho da casa, o conselho da comunidade educati-
vo-pastoral, a assembleia da comunidade e outros órgãos de animação,
nem sempre são adequadamente valorizados e preparados.
22. A nossa fraternidade abre-nos à missão e leva-nos ao serviço dos
jovens. Na Relação ao Capítulo Geral 29, o Reitor-Mor emérito escre-
ve: “apesar da complexidade do mundo de hoje em termos de pobreza,
que não dá sinais de diminuir, a opção pelos jovens, e entre eles os
mais pobres, concretiza-se numa grande variedade de serviços, pro-
jetos e até mesmo obras, expressões da nossa identidade carismática
em nome de Dom Bosco” (A.F. Artime, Relação do Reitor-Mor ao
Capítulo Geral 29, p. 19).
Reconhecemos como o trabalho com os pobres renova a comunidade,
aproxima de Deus e fortalece a vida fraterna. Lemos na Relação do
Reitor-Mor ao Capítulo Geral: «é verdade que há muitos Irmãos com
muita sensibilidade, mas não somos todos assim. (...) cuidamos dos
pobres, mas não estamos “com os pobres” nem “somos pobres” (...),

3.2 Page 22

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 21
junto com Salesianos santos há Salesianos “burgueses” que desejam
mais vida social do que vida missionária, atraídos pelo carreirismo e
com posturas de fachada, com distrações e comodidades variadas – e
o pior – tudo é considerado normal...” (Ibid. p. 20). Isto corre o risco
de deixar no trabalho pastoral com os pobres apenas poucos Irmãos
carismáticos e não a comunidade; a opção pelos pobres é realizada,
mas falta a audácia missionária que leva a cair em uma perigosa inér-
cia pastoral.
Interpretação
23. A primeira comunidade salesiana nasceu no Oratório e a partir do
Oratório. Esta é a luz fundamental que nos orienta na interpretação do
que constatamos sobre a nossa vida fraterna e a abertura aos pobres.
Ao nascerem da experiência oratoriana de Valdocco, as nossas comu-
nidades trouxeram em si, desde o início, o timbre do Sistema Preven-
tivo e caracterizaram-se pelo espírito de família que anima “trabalho
e oração, refeições e tempos de lazer, encontros e reuniões” (Const.
51). Para nós, Salesianos, o espírito de família é o modo concreto de
praticar o amor fraterno ensinado por Jesus e o sinal mais eloquente
da presença de Deus entre nós. A vida comunitária não tem apenas um
valor funcional e organizativo, mas pertence à alma da vida salesiana.
Antes de ser fruto dos nossos esforços, a vida fraterna em comunidade
é dom de Deus e fruto da Eucaristia que celebramos: “Porque há um só
pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos
do único pão” (1Cor 10,17). A afirmação de São Paulo recorda-nos
que a comunhão que se torna possível pela Eucaristia supera infini-
tamente as nossas melhores disposições naturais e, ao mesmo tempo,
adverte-nos de que não podemos iludir-nos de estar unidos a Cristo se
estivermos separados dos Irmãos. Dom Bosco estava bem consciente
disso, quando em 1861 dizia ao clérigo Albera, futuro Reitor-Mor:
“Caro Paulinho, verás coisas bonitas com o tempo; terás de ver que
estão juntos na mesma balaustrada para a Comunhão […] e colocam
juntos ódio, Sacramentos, orações e pecados: tudo uma coisa só!” (A.
CAVIGLIA, Conferências sobre o espírito salesiano. Conferência n.
10). São palavras amargas, que nos fazem refletir sobre os riscos do
formalismo, que leva o coração a endurecer-se e a não sentir mais as
contradições em que vive.

3.3 Page 23

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22 ATOS DO CONSELHO GERAL
24. Convencidos do valor da fraternidade, queremos tomar novamente
consciência de que a participação convicta e generosa na vida da co-
munidade não é de modo algum um opcional do qual se possa dispen-
sar. “Viver e trabalhar juntos”, de fato, “é para nós, Salesianos, exigên-
cia fundamental e caminho seguro para realizarmos a nossa vocação”
(Const. 49). Na comunidade salesiana não há lugar para o individua-
lismo e para a gestão autônoma da vida e do trabalho. Percebemos, por
outro lado, que, diante das mudanças ocorridas na estrutura de muitas
comunidades (relação diversa entre comunidade e obra, mudanças no
equilíbrio geracional, interculturalidade), para garantir as condições
efetivas do encontro fraterno, é necessário, em alguns casos, repen-
sar as prioridades. Sem esse repensamento comunitário corremos, re-
almente, o risco de sermos tão absorvidos pelos trabalhos, que não
encontramos mais tempo para o diálogo, a lectio divina e a partilha
da Palavra, a revisão, o estar juntos de maneira gratuita, como Dom
Bosco sabia fazer com os primeiros Irmãos. Se acreditamos realmen-
te na vida fraterna, devemos ter uma imaginação saudável e reservar
espaço para as relações não só no coração, mas também no calendário
da comunidade.
25. Tudo isso refere-se, antes de tudo, à figura do diretor, frequen-
temente sobrecarregado com encargos excessivos que dificultam a
dimensão principal do seu serviço de animação e governo: o acom-
panhamento e o cuidado da vocação dos Irmãos. Refere-se também
aos organismos de participação da comunidade, como o conselho
da casa e a assembleia comunitária. São estruturas codificadas nas
Constituições e nos Regulamentos, a cuja qualidade é importante
dar atenção, para que não se reduzam a encontros estéreis que ge-
ram desinteresse. O documento final do Sínodo sobre a sinodalidade
oferece ideias preciosas para realizar de modo mais maduro e parti-
cipativo os processos de discernimento para a missão, a articulação
dos processos decisórios e o cuidado da transparência, da prestação
de contas e da avaliação (cf. Francisco - XVI Assembleia geral
ordinária do sínodo dos bispos. Para uma Igreja sinodal: comu-
nhão, participação, missão. Documento final, parte terceira). O mes-
mo documento, enquanto valoriza o testemunho da vida fraterna dos
religiosos, convida-os a não serem autorreferenciais e a viverem um
autêntico intercâmbio de dons com os outros membros do Povo de
Deus nas Igrejas locais.

3.4 Page 24

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 23
26. A vida fraterna requer, sem dúvida, uma adequada maturidade
relacional, que nunca pode ser considerada um dado adquirido ou al-
cançado de uma vez por todas. De fato, sem o empenho de continuar
a caminhar, todos corremos o risco de ceder a formas de cansaço, de
curvar-se sobre si mesmo, de desilusão e fechamento em nós mes-
mos. A presença de alguns Irmãos feridos, que com o passar dos anos
se tornam mais rígidos e menos disponíveis ao encontro, constitui um
desafio exigente para não poucas comunidades e um alerta a dar aten-
ção às formas de desconforto relacional e de imaturidade afetiva que
podem manifestar-se desde os primeiros anos da vida salesiana. Às
vezes, as dificuldades relacionais remetem à crise de fé e à frouxidão
da oração; outras vezes, afundam as raízes em experiências familia-
res que não foram relidas durante o itinerário formativo e repercu-
tem-se no relacionamento com a autoridade, com os Irmãos, com os
jovens, com o mundo feminino. É importante ter, ao menos em nível
inspetorial, pessoas preparadas para o acompanhamento exigido por
imaturidades mais marcantes e que as comunidades não se rendam na
ajuda de quem atravessa situações difíceis. A fraternidade é ao mes-
mo tempo dom de Deus e laboratório de humanidade: cuidar da vida
fraterna significa favorecer o amadurecimento humano equilibrado e
harmonioso.
27. O espírito de família, que nos caracteriza, tem também um profun-
do valor apostólico e vocacional (cf. Const. 57). A comunhão fraterna
é o sinal mais eloquente do amor de Deus, do qual queremos ser sinais
e portadores aos jovens, sobretudo os mais pobres. Precisamente por
isso, é importante que a dedicação aos jovens mais necessitados não
seja trabalho exclusivo de alguns Irmãos, mas expressão de toda a
comunidade e critério das suas opções. Pode acontecer, de fato, que
a só ou excessiva preocupação com a sustentabilidade econômica das
obras acabe por traduzir-se em opções que afastam dos pobres e de-
monstram pouca confiança na Providência. O Papa Francisco recor-
dou-nos várias vezes, porém, que o contato com o Corpo eucarístico
do Senhor na Eucaristia não pode estar separado do contato com o
corpo dos Irmãos carentes. Somente nessa dupla relação – com o Se-
nhor e com os jovens pobres – o corpo da comunidade salesiana cresce
saudável, evita a mundanidade espiritual e testemunha o amor de Deus
mesmo nos lugares de maior conflito e sofrimento. Permanece, assim,
fiel à inspiração inicial do Oratório, do qual nasceu.

3.5 Page 25

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24 ATOS DO CONSELHO GERAL
Opção
28. À luz da escuta e da interpretação, optamos por
Revitalizar a vida fraterna nas comunidades e potencializar o ser-
viço aos jovens mais pobres como expressão autêntica do carisma
salesiano.
Essa opção implica para os Irmãos, as comunidade, as Inspetorias e o
governo central da Congregação empenhos concretos que exemplifi-
camos a seguir.
O Salesiano
a. contribua para fazer da comunidade uma verdadeira família (cf.
Const. 83), combatendo o que descobre em si de anticomunitário
e participando generosamente na vida e no trabalho comum (cf.
Const. 52);
b. evite toda forma de mundanismo e vida burguesa, buscando a au-
tenticidade evangélica nas relações e nas opções.
A comunidade
a. garanta um equilíbrio saudável entre trabalho e vida fraterna, preser-
vando tempos de qualidade para relacionamentos e partilha gratuita;
b. valorize a contribuição de experiência e sabedoria dos Irmãos ido-
sos e dê-lhes atenção e cuidados adequados;
c. dê atenção especial aos Irmãos feridos e em dificuldade, criando
um ambiente acolhedor e não crítico; o diretor, em particular, deve
interessar-se na oferta de apoio especializado, quando necessário;
d. adote o critério oratoriano como estilo comunitário, compartilhan-
do com os jovens momentos significativos de vida cotidiana e de
crescimento;
e. relance o dia da comunidade como oportunidade para juntos cele-
brarem a Eucaristia e viverem momentos de diálogo e partilha;
f. cuide da qualidade da assembleia comunitária e das reuniões do conse-
lho como oportunidades para a sinodalidade e a corresponsabilidade;
g. elabore em estilo sinodal o Projeto Comunitário, em sintonia com o
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano local e o caminho da Comu-
nidade Educativo-Pastoral, e preveja a avaliação periódica.

3.6 Page 26

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 25
A Inspetoria
a. garanta a consistência quantitativa e qualitativa necessária para uma
vida fraterna autêntica, assegurando, na medida do possível, a comple-
mentaridade entre os Irmãos sacerdotes e coadjutores (cf. Const. 45);
b. assuma a opção pelos jovens mais pobres como critério fundamen-
tal para o discernimento comunitário e inspetorial;
c. ofereça ocasiões de formação sobre a dimensão afetiva e relacio-
nal dos Irmãos e forme pessoas especificamente preparadas para o
acompanhamento;
d. promova um forte senso de solidariedade interna, sustentando con-
cretamente as comunidades mais empenhadas em obras de fronteira;
e. ative processos de avaliação do impacto social das obras;
f. promova um estilo de vida sóbrio e contracorrente;
g. favoreça a inserção vital das comunidades na Igreja local, no espí-
rito da sinodalidade eclesial.
O Reitor-Mor com o Conselho
a. continue o empenho para garantir a consistência quantitativa e qua-
litativa das comunidades;
b. promova comunidades de fronteira para os jovens abandonados;
c. promova a acolhida do caminho sinodal da Igreja;
d. promova a defesa dos jovens pobres nas instituições internacionais;
e. ofereça orientações claras para prevenir e combater a vida burguesa;
f. desenvolva um serviço salesiano específico para os migrantes e ou-
tros jovens em situação de vulnerabilidade.
C. A formação do salesiano
Escuta
29. Reconhecemos com gratidão que, nos últimos anos, a Congrega-
ção empreendeu um caminho significativo rumo à personalização do
acompanhamento, evidenciando que a formação não se refere prima-
riamente aos programas e às estruturas, mas às pessoas: é um processo
que tem em vista o crescimento dos Irmãos em sua paixão por Cristo e
pelos jovens. Não esquemas rígidos, mas relações vivas.

3.7 Page 27

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26 ATOS DO CONSELHO GERAL
Na escuta, emergiu a importância de figuras de referência que saibam
ser pais, irmãos e guias. Numerosos testemunhos evidenciaram que
muitos Salesianos devem a própria perseverança vocacional ao encon-
tro com Irmãos que foram para eles mestres, capazes de fazer emergir
os seus talentos e a sua vocação.
A recente instituição da Escola Salesiana de Acompanhamento, pro-
movida pelo Setor Formação e as demais propostas existentes para a
formação dos formadores representam um recurso valioso que está
produzindo bons resultados. A crescente demanda por participação
nessa iniciativa testemunha uma sensibilidade maior na Congrega-
ção para entender a formação em termos de acompanhamento con-
tinuado.
Constatamos, no entanto, que nem todos os Irmãos se deixam acom-
panhar, demonstrando fechamentos pessoais e pouca consciência das
próprias necessidades. Ao mesmo tempo, nem sempre encontramos
guias espirituais e diretores preparados e empenhados que deem prio-
ridade ao acompanhamento. Em algumas realidades, o acompanha-
mento não é entendido como uma relação que deseja o bem do outro
com particular atenção ao cuidado e à criação de laços de confiança,
mas se reduz a um cumprimento formal.
30. Deus continua a abençoar a Congregação com novas vocações. A
Congregação empenha-se para garantir a qualidade da formação ini-
cial e a preparação de formadores e docentes, ainda que muito trabalho
reste a fazer para consolidar as equipes de formação e os centros de
estudo. Além disso, a internacionalização representa um caminho pro-
fético para a formação de Irmãos provenientes de contextos diversos.
Ao lado destes aspectos positivos, permanecem desafios significati-
vos. As dificuldades encontradas por alguns jovens Irmãos nos pri-
meiros passos da vida salesiana levantam questões sobre a qualidade
da animação vocacional na pastoral juvenil e a proposta oferecida nos
aspirantados e pré-noviciados. Emergiu certo distanciamento entre as
comunidades de formação inicial e as comunidades apostólicas, as-
sim como entre a formação e a missão. A formação inicial aparece,
por vezes, desligada da realidade pastoral e do mundo juvenil, pouco
inculturada, enquanto algumas casas de formação resultam pouco in-
tegradas no território.

3.8 Page 28

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 27
31. Ainda há muito a fazer para personalizar os processos formati-
vos. A formação inicial encontra obstáculos quando os formadores
não conhecem os Irmãos em profundidade e as estruturas não favore-
cem o crescimento personalizado em liberdade e responsabilidade. O
crescimento adequado na liberdade requer, inclusive dos formadores,
um constante caminho de autoconhecimento para evitar que eventuais
formas de imaturidade pessoal entrem em conflito com o acompanha-
mento dos formandos. O desafio está no fortalecimento do “homem
interior”, isto é, na atitude de conversão contínua, evitando o forma-
lismo estéril que não ajuda a amadurecer.
Durante a formação inicial, é importante acompanhar com cuidado os
jovens Irmãos nas experiências apostólicas, para aprenderem a ama-
durecer motivações profundas, refletir sobre os critérios educativos
e pastorais com que trabalham e alcançar uma síntese pessoal entre
formação e missão.
Alguns Irmãos demonstram “sinais de fragilidade” desde o início da
formação em relação a fragilidades específicas e imaturidades (a ges-
tão do tempo, dos instrumentos de comunicação, a dispersão...) que
nem sempre são adequadamente abordadas. Além disso, na formação
inicial, parece haver a carência de um projeto de formação afetiva e
sexual: o tema da afetividade nem sempre é tratado de forma orgânica,
com o risco de os afetos não serem adequadamente educados.
Preocupa o risco de desresponsabilizar os Irmãos e afastá-los da reali-
dade de muitos coetâneos e famílias. Em alguns contextos, o processo
formativo parece favorecer o clericalismo e a busca do poder, influen-
ciados por um ambiente sociocultural que exalta a autorrealização e a
autorreferencialidade.
32. Reconhece-se a boa disponibilidade e o grande trabalho dos Ir-
mãos que prestam serviço na formação, feito com competência, ge-
nerosidade e total dedicação. Entretanto, emerge a necessidade de
identificar com maior atenção os Irmãos que possam ser preparados
para ser formadores de qualidade, mediante a experiência apostóli-
ca, a capacidade de acompanhamento e o enraizamento no carisma
salesiano.
Uma crítica relevante é que os Irmãos que tiveram a oportunidade de
se especializar, às vezes, não trabalham diretamente nas casas de for-

3.9 Page 29

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28 ATOS DO CONSELHO GERAL
mação e nos centros de estudo. Em alguns contextos, a formação não
parece ser considerada uma prioridade, dada a constante rotatividade
dos formadores e a falta de estabilidade das equipes formadoras. Na
raiz dessa dificuldade, evidencia-se a necessidade improrrogável de
esclarecer a coordenação desse âmbito.
Outra tensão ainda não suficientemente resolvida refere-se ao equi-
líbrio entre a inculturação do carisma e a interculturalidade dos pro-
cessos formativos em nível de Congregação. Esse desafio requer uma
coordenação estratégica do Setor Formação para garantir uma maior
identidade carismática nas diversas Regiões.
33. A formação permanente enriqueceu-se com propostas de qualida-
de em nível local e inspetorial, com o envolvimento de Salesianos e
leigos. Contribuíram para isso as várias iniciativas interinspetoriais
realizadas nas Regiões e Conferências de inspetores, juntamente com
as propostas culturais e acadêmicas dos vários centros de estudo e das
nossas instituições acadêmicas.
Entretanto, nem sempre há continuidade entre as fases da formação
inicial e permanente, cujo conteúdo e valor nem sempre são compre-
endidos. Notamos uma fragilidade na vivência dos momentos ordiná-
rios de formação já previstos nas Constituições (meditação, escuta da
Palavra, retiro mensal, colóquio com o diretor e dia da comunidade).
O papel do diretor como animador é frequentemente atenuado pela
multiplicidade de compromissos e pela sobrecarga de responsabilida-
des. Em uma cultura que exalta a autonomia do indivíduo, o sentido
do colóquio com o diretor nem sempre é compreendido e a sua prática
é frequentemente negligenciada.
As questões afetivas não resolvidas influenciam, às vezes, a capacida-
de de servir eficazmente os jovens. A consciência da fragilidade e da
necessidade de cura dos indivíduos e das comunidades exige a capaci-
dade de responder com empatia e coragem, inclusive com uma ajuda
profissional competente.
34. Não podemos ignorar os dolorosos casos de abuso sexual que
arruinaram existências inteiras, deixando feridas indeléveis e pro-
vocaram escândalo e desconcerto no ambiente civil e eclesial. Em-
bora com ritmos diferentes, as Inspetorias reagiram com coragem
e firmeza, tanto no acompanhamento das vítimas quanto na elabo-

3.10 Page 30

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 29
ração de diretrizes para a prevenção. A determinação de garantir
ambientes seguros para todos que frequentam as nossas obras leva
a intensificar o compromisso da formação dos Irmãos, dos leigos e
dos próprios jovens, para evitar todo tipo de abuso, assédio e com-
portamento inadequado.
Interpretação
35. “Para colaborar na salvação da juventude... o Espírito Santo,
com a maternal intervenção de Maria, suscitou São João Bosco.
Formou nele um coração de pai e mestre, capaz de doação total”
(Const. 1). Com estas palavras, o primeiro artigo das nossas Cons-
tituições apresenta a ação de Deus na vida de Dom Bosco e na fun-
dação da nossa Congregação. Dom Bosco, sozinho, não se tornou
pai e mestre dos jovens, mas foi o Espírito Santo que formou o seu
coração; e isso não aconteceu apenas nos anos de seminário, mas
ao longo de toda a sua vida. Esta visão, tão claramente expressa no
início da nossa Regra de vida, constitui o ponto de referência para
compreender o nosso caminho formativo e interpretar e avaliar o
que reconhecemos na escuta. Não por acaso, o mesmo artigo termi-
na passando da ação do Espírito em Dom Bosco à ação do Espírito
em nós: “Desta presença ativa do Espírito haurimos a energia para
a nossa fidelidade e o apoio da nossa esperança” (Const. 1). A ação
formativa, então, nada mais é do que a correspondência contínua
ao chamado do Senhor. Assim ela é apresentada no artigo 96 das
Constituições: “Respondemos a esse apelo com o empenho de uma
formação adequada e contínua, para a qual o Senhor dá cada dia a
sua graça”.
Abandonando essa perspectiva vocacional, a formação é mal com-
preendida como uma etapa preparatória, mais ou menos bem-su-
cedida, que depois dá espaço à vida salesiana real. Esta é, prova-
velmente, a razão profunda da resistência ou da desvalorização do
acompanhamento pessoal de não poucos Irmãos. Feita a profissão
perpétua ou recebida a ordenação presbiteral, pensa-se ter alcançado
uma meta que não requer mais discernimento interior e torna os in-
divíduos autônomos e independentes. É impressionante a distância
dessa mentalidade da atitude de Dom Bosco, que, ordenado padre,
continua a procurar no Padre Cafasso, no Colégio Eclesiástico e na
plenitude da sua atividade pastoral, um guia iluminado que o ajude

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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30 ATOS DO CONSELHO GERAL
a discernir a voz do Espírito. Não podemos deixar de nos perguntar
como é que a mentalidade difundida em muitos Irmãos é tão distante
daquela do nosso Pai.
36. Para superar essa mentalidade, que divide claramente os tem-
pos da formação e os tempos da missão, começou-se a falar há
alguns anos de “formação na missão”. Corretamente entendida,
esta fórmula indica que a missão que nos foi confiada “dá o tom”
(cf. Const. 3) a todo o itinerário formativo, orientado a formar o
educador-pastor dos jovens, e que no encontro com os jovens so-
mos chamados a aprender concretamente o exercício da caridade
pastoral e a graça de unidade que nos faz encontrar Deus neles e
através deles. A formação na missão é, portanto, um elemento que
caracteriza todo o itinerário formativo, não apenas a fase inicial.
Trata-se de não se contentar em estar entre os jovens com simpatia
e com uma disposição filantrópica, mas de contemplar a presença
de Cristo que age neles e entre eles. O que Joãozinho viu no sonho
dos nove anos, contemplando Jesus e Maria em um pátio, entre
jovens carentes de ajuda, é o que devemos aprender a vislumbrar
também nós, no exercício cotidiano da caridade apostólica. E como
essa atitude não se desenvolve em nós de forma automática, todos
nós precisamos de acompanhamento espiritual e pastoral. A Vir-
gem Maria, desde aquele sonho, foi para João a mestra que o acom-
panhou em seu caminho vocacional. Sob a sua guia, ele aprendeu
a obedecer ao Senhor com um “Eis-me aqui” total. Também nós,
seguindo o seu exemplo, “confiamo-nos a Ela, a humilde serva na
qual o Senhor operou coisas grandiosas, para nos tornarmos, entre
os jovens, testemunhas do amor inexaurível do seu Filho” (Const.
8). Só assim alcançaremos uma autêntica síntese interior e uma
verdadeira identificação carismática.
37. É natural que devamos ser iniciados nisso, antes de tudo, nos anos
da formação inicial, com uma pedagogia adequada, atenta ao caminho
de cada pessoa e devidamente contextualizada no seu horizonte cultu-
ral. É o que entendemos com a expressão “personalizar a formação”.
Esta fórmula, às vezes, foi mal interpretada como se favorecesse a
lógica individualista da autorrealização; ela, contudo, visa envolver a
pessoa na profundidade das suas convicções e promover uma resposta
livre e responsável ao chamado de Deus.

4.2 Page 32

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 31
Com outras palavras, não podemos satisfazer-nos com a correção for-
mal dos comportamentos observáveis desde o exterior, mas devemos
ajudar cada Irmão a reler a própria vivência, para reconhecer, ilumi-
nado pela Palavra de Deus, as motivações autênticas que orientam as
suas escolhas cotidianas e amadurecer uma verdadeira docilidade à
ação do Espírito. Sem um acompanhamento personalizado, podem-se
atravessar todas as etapas da formação inicial sem alcançar uma ver-
dadeira síntese interior, que resista às provas da vida e que alimente o
ardor pela missão.
Por isso, não basta oferecer conteúdo sólido na formação, mas é preci-
so oferecer também instrumentos concretos de caminho pessoal. Isso
se aplica a todos os âmbitos da vida salesiana, mas de modo particular
ao do amadurecimento afetivo e sexual, para viver de maneira mais
alegre e consciente o conselho evangélico da castidade. Trata-se de
uma dimensão que “atinge inclinações das mais profundas da natureza
humana” (Const. 82) e que é particularmente desafiada pelas mudan-
ças da cultura afetiva. É urgente, pois, que a Congregação prepare
melhor os formadores para acompanharem também essa dimensão do
crescimento pessoal e que reflita sobre a possibilidade de oferecer ins-
trumentos e itinerário específicos.
38. Há muitos anos a formação dos formadores tem sido um desafio
para a Congregação. Embora já tenha sido apontada diversas vezes
como prioridade, reconhecemos que, apesar dos passos dados, ainda
não foi feito um investimento adequado na formação. A primeira
dificuldade decorre da pouca clareza na atribuição das tarefas de
coordenação desse âmbito. A natureza cada vez mais interinspetorial
das casas de formação inicial exige colaboração no envio de Irmãos
para o papel de formadores e professores que muitas vezes se cho-
ca com resistências, adiamentos e incertezas. A própria estrutura do
Curatorium, por vezes, não funciona bem. É realmente urgente, por-
tanto, definir um sistema claro e bem coordenado que permita iniciar
uma nova estação nesse campo.
Da mesma forma, é importante elaborar, em nível de Congregação,
diretrizes para a formação sobre o tema do safeguarding (salvaguarda,
proteção) durante a formação inicial, a fim de ajudar todos os Irmãos
que iniciam a vida salesiana a tomarem consciência do tema e a for-
marem-se adequadamente.

4.3 Page 33

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32 ATOS DO CONSELHO GERAL
Opção
39. À luz da escuta e da interpretação, optamos por
Renovar os processos formativos cuidando do acompanhamento e
da formação na missão.
Esta opção implica para os Irmãos, as comunidade, as Inspetorias e o
governo central da Congregação compromissos concretos que exem-
plificamos a seguir.
A comunidade de formação inicial
a. favoreça a personalização do processo formativo, educando ao re-
conhecimento da ação do Espírito no caminho de crescimento gra-
ças ao acompanhamento espiritual e pastoral;
b. não se limite a propor conteúdos, mas ofereça instrumentos para a
elaboração do projeto pessoal de vida, o crescimento na oração, na
lectio divina e na meditação;
c. proponha itinerários específicos sobre o tema da maturidade afeti-
va, também com a ajuda de especialistas;
d. ajude a viver de modo crítico, ético e criativo na cultura digital
e. preveja a presença de figuras femininas idôneas nos processos for-
mativos;
f. integre a formação sobre a proteção de menores e pessoas vulnerá-
veis (safeguarding) através de protocolos específicos;
g. promova a cultura do diálogo como metodologia formativa e garanta
a formação dos jovens Irmãos para a liderança em estilo sinodal;
h. seja aberta ao território e às realidades juvenis locais e supere a
distância entre formação e missão, integrando estavelmente expe-
riências pastorais significativas acompanhadas e reelaboradas;
i. previna o risco de aburguesamento e clericalismo, educando à so-
briedade evangélica e à cultura do trabalho.
A Inspetoria
a. garanta equipes formadoras consistentes, qualificadas e de qualidade;
b. assegure aos coadjutores uma formação e um título profissional
adequado; promova a vocação do Salesiano coadjutor, através de
estratégias específicas de proposta vocacional e valorização da sua
contribuição única;

4.4 Page 34

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 33
c. promova a formação conjunta de Salesianos e leigos;
d. organize a formação dos diretores para a liderança em estilo sinodal;
e. preveja que os Irmãos, entre 40 e 50 anos, vivam um tempo ade-
quado de renovação espiritual e pastoral;
f. ofereça apoio psicológico aos Irmãos que necessitem dele e desen-
volva programas de formação para enfrentar os desafios relacionais
e afetivos;
g. reveja criticamente as estruturas formativas para garantir um am-
biente que realmente favoreça o crescimento integral da pessoa;
h. analise as causas dos abandonos vocacionais e repense criticamen-
te os processos de animação vocacional inicial para fortalecer a
identidade carismática;
i. cuide da redação, realização e verificação das “Diretrizes de proteção de
menores e pessoas vulneráveis” para a prevenção de casos de abuso.
O Setor Formação
a. coordene com os Conselheiros Regionais as tarefas e os papéis no
Curatorium incluindo-os na nova Ratio;
b. amplie a Escola de Acompanhamento em colaboração com os Cen-
tros regionais e a Universidade Pontifícia Salesiana e prepare os
formadores para o acompanhamento espiritual e pastoral;
c. desenvolva um plano de formação para formadores que integre a
tradição salesiana e os desafios do mundo contemporâneo;
d. promova a formação dos inspetores para a liderança em estilo sinodal;
e. estude as possibilidades e os conteúdos da proposta de renovação
espiritual e pastoral para os Irmãos entre 40 e 50 anos;
f. elabore diretrizes para a formação sobre a tutela de menores e pes-
soas vulneráveis (safeguarding) para as casas de formação inicial,
com a ajuda dos Setores;
g. elabore orientações para uma formação adequadamente contextu-
alizada nas diversas Regiões, respeitando as culturas locais, man-
tendo a unidade carismática e garantindo a continuidade entre as
diversas fases formativas;
h. desenvolva instrumentos específicos de educação à afetividade e à
sexualidade, formando adequadamente os formadores nesse âmbito;
i. garanta a continuidade entre as diversas fases formativas.

4.5 Page 35

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NÚCLEO 2
JUNTOS SALESIANOS, FAMÍLIA SALESIANA E LEIGOS
“COM” E “PARA” OS JOVENS
A. Compartilhar espiritualidade e missão na CEP
Escuta
40. A nossa missão a serviço dos jovens traz hoje a marca imprescindí-
vel da colaboração entre Salesianos e leigos. Muitas das nossas obras
não existiriam sem essa comunhão e participação que se configura
como um autêntico sinal dos tempos. Reconhecemos que em muitas
Inspetorias a comunidade educativo-pastoral tornou-se uma realidade
viva e consolidada, espaço autêntico de crescimento onde floresce a
partilha da vida, da fé, da paixão por Cristo segundo o espírito de Dom
Bosco e do amor pelos jovens. Os leigos que percorrem este caminho
conosco são verdadeiros corresponsáveis, parte integrante e vital des-
se novo sujeito da missão formado por Salesianos, leigos e jovens jun-
tos, numa sinergia que enriquece a todos e dá novo vigor ao carisma.
41. A figura de Dom Bosco e o nosso carisma mantêm intacta a sua atração
especial e são capazes de suscitar simpatia e adesão à missão salesiana.
Em diversas partes do mundo, assistimos uma fecunda integração entre
carisma salesiano e culturas locais, frequentemente graças à mediação de
leigos profundamente identificados com a missão de educar e evangeli-
zar no estilo do Sistema Preventivo. A força atrativa do carisma salesiano
gerou experiências significativas de colaboração também com pessoas de
outras confissões religiosas e com não crentes, que reconhecem no nosso
método educativo um patrimônio de valores que contribuem para o bem
dos jovens e que, por isso mesmo, sentem que o compartilham.
42. Entretanto, o olhar atento à realidade revela, ao lado das luzes, tam-
bém algumas sombras que não podemos ignorar. Permanece em algumas
comunidades resistências mais ou menos explícitas para delegar respon-
sabilidades reais aos leigos, com o risco de empobrecer a vida e a missão.
A confiança e a abertura são necessárias para superar a hesitação de in-
tegrar plenamente os leigos nos papéis decisórios e de liderança, embora
respeitando o papel específico do diretor salesiano da comunidade.

4.6 Page 36

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 35
Devemos constatar ainda que nem sempre o magistério da Congre-
gação sobre o tema da comunidade educativo-pastoral é conhecido,
continuando a surgir questionamentos, inclusive sobre questões que já
receberam respostas e orientações precisas. Isso se relaciona, sem dú-
vida, à diversidade das situações locais e dos ritmos de efetivação das
opções da Congregação, mas talvez também a processos inadequados
de acompanhamento das inspetorias na assimilação das orientações
dos Capítulos Gerais.
43. Ainda há em algumas Regiões certa ambiguidade em torno do con-
ceito de “leigo” no nosso contexto salesiano. Quando falamos de “lei-
gos”, referimo-nos propriamente aos “Christifideles laici”, ou seja, à
grande maioria dos membros do povo de Deus: homens e mulheres
que, pelo Batismo, renasceram para uma vida nova e seguem o Se-
nhor como membros da comunidade eclesial. Em sentido lato, porém,
utilizamos este termo referindo-nos também a outras pessoas que, em
diversos níveis, colaboram conosco, muitas vezes reconhecendo-se no
estilo educativo que Dom Bosco nos transmitiu.
O panorama laical em âmbito salesiano é, portanto, extremamente va-
riado e requer uma atenção diferenciada: há voluntários e funcionários
contratados, adultos com longa experiência e jovens no início da sua
caminhada, membros da Família Salesiana e amigos de Dom Bosco,
católicos e cristãos de diversas confissões, pessoas de outras religiões
ou sem uma pertença religiosa definida. A partir dessa complexidade,
que reflete a riqueza das nossas presenças no mundo, vemos emer-
gir três níveis de envolvimento que delineiam um possível caminho
de crescimento na missão compartilhada: a colaboração profissional
(funcionários que trabalham nas nossas obras), a corresponsabilidade
educativa (voluntários e funcionários que optam conscientemente por
aderir ao projeto educativo-pastoral) e a partilha profunda da espi-
ritualidade salesiana (aqueles que, por vocação pessoal, fazem parte
do núcleo animador da CEP ou da Família Salesiana). Esta distinção
não expressa uma hierarquia de valores das pessoas, mas diferentes
graus de identificação com o carisma, que devem ser reconhecidos e
respeitados.
44. A formação no caminho de “comunhão e partilha no espírito e na
missão de Dom Bosco” (CG 24) não é um elemento acessório, mas o
coração pulsante de uma missão compartilhada que deseje ser autên-

4.7 Page 37

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36 ATOS DO CONSELHO GERAL
tica e duradoura. Muitas Inspetorias e Regiões deram início a progra-
mas formativos sistemáticos e de qualidade voltados tanto aos leigos
quanto aos Salesianos e leigos juntos, criando ocasiões preciosas de
intercâmbio e enriquecimento recíproco. Essas iniciativas, mesmo
sendo qualitativamente válidas e bem estruturadas, carecem de maior
potencialização e continuidade para se tornarem parte integrante da
nossa cultura organizativa.
Em diversos contextos, infelizmente, a formação ainda é insuficiente
ou fragmentada, impedindo um verdadeiro enraizamento do carisma
além do grupo dos Salesianos consagrados. Entre as principais difi-
culdades, encontramos: atenção prevalecente ao aspecto operativo em
detrimento de propostas de espiritualidade apostólica; transmissão
inadequada e pouco sistemática do carisma salesiano aos leigos; es-
cassez de recursos humanos e econômicos destinados a uma forma-
ção de qualidade; elevada rotatividade do pessoal leigo dificultando
a construção de itinerários continuados e eficazes. Deve-se notar com
honestidade que, às vezes, também os próprios Irmãos não são pre-
parados adequadamente para a colaboração com os leigos, não tendo
recebido durante a formação inicial os instrumentos necessários para
valorizar esse aspecto essencial da missão atual. A formação conjunta
deve ir além dos programas: é um caminho de discipulado comparti-
lhado que requer um profundo empenho pessoal tanto dos Salesianos
quanto dos leigos.
45. No interior da reflexão sobre a comunidade educativo-pastoral,
emerge também a questão da sustentabilidade das obras e da trans-
parência econômica. O envolvimento de leigos preparados e compe-
tentes na gestão econômica das obras trouxe maior profissionalismo,
rigor e transparência, favorecendo o desenvolvimento de uma menta-
lidade de projeto e de contabilidade que tem a sua expressão concreta
e operativa nos Escritórios inspetoriais de planejamento e desenvol-
vimento. Este processo contribuiu, em muitos contextos, para tornar
mais sólidas as bases econômicas das nossas presenças, garantindo a
continuidade também nos tempos de incerteza.
É preciso reconhecer e evidenciar com gratidão que, apesar das recentes
e generalizadas dificuldades financeiras globais, as Inspetorias salesianas
mantiveram fielmente o seu compromisso com os mais pobres, vendo
muitas vezes desenvolver-se de forma surpreendente o apoio da Provi-

4.8 Page 38

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 37
dência através de benfeitores e de contribuições públicas, sinal de que a
fidelidade ao carisma atrai bênçãos também materiais.
46. Em alguns contextos geográficos e sociais, há uma crescente dificul-
dade de competir economicamente com outras organizações públicas e
privadas, perdendo assim valiosos colaboradores qualificados e identifi-
cados com o nosso carisma. Este problema parece particularmente agu-
do em alguns setores especializados e nas economias mais avançadas.
Sobre o tema, são notáveis as diferenças relacionadas com o contexto
geográfico, cultural e eclesial e a presença numérica dos Salesianos.
Emergem também críticas significativas sobre a organização, que me-
recem uma atenção particular: a natureza e as tarefas do Conselho da
casa (Const. 178) chamado a apoiar eficazmente a missão em con-
textos complexos; relações nem sempre claras e bem definidas entre
este e o conselho da comunidade educativo-pastoral, com consequente
confusão de papéis e responsabilidades; e a ausência, em alguns con-
textos, da mentalidade de projeto e de participação que é absolutamen-
te necessária para uma real corresponsabilidade.
É indispensável crescer na cultura de responsabilidade e transparência
em todos os níveis, especialmente num tempo histórico marcado pela
mudança, pela crescente desconfiança, em alguns contextos, em relação
às instituições eclesiais, e pelo risco de perder o apoio dos benfeitores,
com consequente perigo para a sustentabilidade futura dos nossos
projetos educativos, sobretudo aqueles voltados para os mais pobres.
Interpretação
47. Para interpretar e avaliar o caminho percorrido nas Inspetorias,
encontramos uma referência sólida e imprescindível no Documento
Final do Capítulo Geral 24, que identificou na experiência de Dom
Bosco e na eclesiologia do Concílio Vaticano II as bases sólidas sobre
as quais se fundamenta a participação do carisma com os leigos.
Como afirma o artigo 5 das Constituições, “De Dom Bosco origina-se
vasto movimento de pessoas que, de várias maneiras, trabalham para
a salvação da juventude”.
De fato, o nosso pai e fundador envolveu desde o início muitos leigos
na sua missão juvenil e popular, convencido de que era preciso unir
forças para socorrer os jovens mais carentes e fazê-los descobrir o

4.9 Page 39

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38 ATOS DO CONSELHO GERAL
amor de Deus. Os primeiros a serem envolvidos foram os próprios
jovens, que Dom Bosco sabia transformar em apóstolos dos seus com-
panheiros e verdadeiros protagonistas da vida oratoriana.
O Capítulo Geral 24 também assumiu com coragem e convicção a ins-
piração eclesiológica do Concílio Vaticano II, reconhecendo a tarefa
missionária confiada a cada batizado, a natureza comunial do Povo de
Deus e a reciprocidade entre as diversas vocações na Igreja. A clara vi-
são conciliar enriquece-se hoje com o magistério do Papa Francisco na
encíclica Fratelli tutti e da contribuição do recente Sínodo “Por uma
Igreja sinodal: comunhão, participação, missão”, que almejou pro-
longar a inspiração e relançar a força profética do Concílio Vaticano
II. A sinodalidade resulta, neste sentido, na tradução do Concílio num
“estilo” de vida e de ação (modus vivendi et operandi) que requer con-
versão nas relações, atuação de processos e renovação das estruturas.
48. A perspectiva sinodal leva-nos a reconhecer, antes de tudo, a ne-
cessidade de converter as nossas relações. As nossas obras não são
empresas baseadas em relações funcionais e lógicas de poder, mas
comunidades de fé que vivem do acolhimento recíproco, da partilha
profunda e da atenção aos mais pobres. É fundamental, portanto, re-
descobrir o “gosto espiritual” (Francisco, Evangelii Gaudium 268)
de caminhar juntos, ou seja, aquela “mística” da fraternidade muitas
vezes lembrada pelo Papa Francisco. A comunidade educativo-pasto-
ral vive quando nela se experimentam as novas relações geradas pelo
Evangelho. Dessas relações os jovens, sobretudo os mais feridos, têm
imensa necessidade.
Quando os relacionamentos são autênticos, torna-se possível viver, na
comunidade educativo-pastoral, processos participativos e sinodais
reais, dos quais o mais importante é o “discernimento eclesial para
a missão”. Ele consiste na busca compartilhada da vontade de Deus,
aprendendo a ler à luz da sua Palavra os desafios que devemos enfren-
tar e os passos que somos chamados a dar. O documento sinodal ofe-
rece indicações preciosas sobre isso, que não se limitam a indicar pas-
sos metodológicos, mas propõem uma verdadeira espiritualidade para
viver juntos, na docilidade à ação do Espírito. Mais do que organizar
atividades e distribuir tarefas, devemos reunir-nos à escuta do Senhor:
esta será a melhor atitude para elaborar um projeto educativo-pastoral
que nasça verdadeiramente da paixão apostólica do Da mihi animas.

4.10 Page 40

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 39
O discernimento comunitário em estilo sinodal constitui também a
alavanca para melhorar o funcionamento dos organismos de partici-
pação e reconhecer em nível local as mudanças estruturais necessárias
para responder às necessidades dos jovens de hoje com coragem e
criatividade. A ressignificação das nossas presenças, que é o sentido
profundo do redesenho, não pode acontecer na escrivaninha, mas en-
contra no discernimento da comunidade educativo-pastoral o lugar
mais adequado para ser profética e generativa.
49. Não é possível compartilhar a espiritualidade e a missão sem com-
partilhar também a formação. A formação conjunta entre Salesianos
e leigos é, portanto, uma prioridade, em que devem ser investidos
recursos e energias. O mesmo documento final do Sínodo insistiu
“na necessidade de uma formação em que participem juntos homens
e mulheres, Leigos, Consagrados, Ministros ordenados e candidatos
ao ministério ordenado, permitindo assim crescer no conhecimento
e na estima recíproca, e na capacidade de colaborar”, lembrando que
a formação necessária deve ser “integral, contínua e partilhada”. “O
seu objetivo não é apenas a aquisição de conhecimentos teóricos,
mas a promoção de capacidade de abertura e encontro, de partilha e
colaboração, de reflexão e discernimento em comum, de leitura te-
ológica das experiências concretas. Deve, portanto, interpelar todas
as dimensões da pessoa (intelectual, afetiva, relacional e espiritual) e
incluir experiências concretas devidamente acompanhadas” (Fran-
cisco - XVI Assembleia geral ordinária do sínodo dos bispos.
Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão. Docu-
mento final, 143).
Naturalmente, para os crentes, a formação não é meramente o desen-
volvimento dos talentos pessoais, mas a correspondência no amor de
Deus que, com o seu Espírito, nos torna participantes da vida do Res-
suscitado. Como escreveu o Papa Francisco: “A plenitude da nossa
formação é a conformação a Cristo [...]: não se trata de um proces-
so mental, abstrato, mas de chegar a ser Ele” (Francisco, Desiderio
desideravi 41). Justamente por isso, a experiência fundamental de que
a comunidade educativo-pastoral – e antes de tudo o núcleo animador
– obtém a formação é a celebração da Eucaristia: nela o dom da comu-
nhão e da missão são continuamente renovados e nada pode substituir
a sua eficácia.

5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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40 ATOS DO CONSELHO GERAL
A esta raiz sacramental, somam-se a reflexão, o estudo, o diálogo, a
partilha sobre Dom Bosco, o carisma salesiano e a experiência educa-
tivo-pastoral vivida no cotidiano. A experiência confirma que é muito
positivo confiar a organização das diversas iniciativas de formação a
equipes mistas, compostas por Salesianos, leigos e membros da Famí-
lia Salesiana, de modo que ela não seja unidirecional e integre com-
petências e abordagens diferentes. Justamente por isso, a formação
inicial dos Irmãos já deverá incluir experiências compartilhadas com
os leigos, proporcionais aos objetivos de cada etapa de amadureci-
mento, e favorecer a contribuição específica que eles podem dar ao
sadio crescimento vocacional.
50. Também na vertente da sustentabilidade econômica das obras é fre-
quentemente indispensável a contribuição de profissionais leigos bem
identificados com o carisma. A confiança na Providência, que Dom
Bosco testemunhou de modo heroico, e a clara destinação dos nossos
bens a serviço dos pobres são critérios fundamentais para orientar a
nossa ação neste âmbito. Diante de normas sempre mais complexas, o
recurso à competência específica de especialistas do setor é um gesto
de responsabilidade de que não podemos subtrair-nos. A preparação
insuficiente e a falta de planejamento podem comprometer realmente
o serviço aos pobres e colocar as nossas instituições em dificuldade. A
competência especializada, porém, não exime de avaliações que, em
sua inspiração profunda, devem ser evangélicas e carismáticas. Disso
também deriva a exigência da transparência, da prestação de contas e
da avaliação da gestão econômica, bem como a educação para a so-
briedade de vida e a corresponsabilidade.
Opção
51. À luz da escuta e da interpretação, optamos por
Compartilhar em cada comunidade educativo-pastoral a participa-
ção da espiritualidade e da missão com os leigos e os membros da
Família Salesiana.
Esta opção implica para os Irmãos, as comunidade, as Inspetorias e o
governo central da Congregação empenhos concretos que exemplifi-
camos a seguir.

5.2 Page 42

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 41
A comunidade
a. torne operativo o Conselho da comunidade educativo-pastoral
como órgão de discernimento, formação e corresponsabilidade, e
seja instituído onde não existir;
b. cuide da formação conjunta de Salesianos e leigos com momentos
oportunos de partilha espiritual e de reflexão educativo-pastoral;
c. promova uma cultura de simplicidade, transparência financeira e
envolvimento ativo dos leigos na gestão econômica, buscando fon-
tes de financiamento novas e diversificadas.
d. cuide da elaboração dos orçamentos, dos balanços e da solidez fi-
nanceira da obra, sob a orientação de administradores Salesianos
ou leigos e de consultores externos, garantindo transparência e res-
ponsabilidade.
A Inspetoria
a. amplie o esforço de envolver a Família Salesiana;
b. prepare um plano sistemático e diferenciado de qualificação dos
leigos sobre o carisma salesiano;
c. valorize profissionais competentes na administração e na economia;
d. identifique modos concretos e atuais da busca e do acompanha-
mento de benfeitores;
e. crie uma comissão de acompanhamento do inspetor e seu conselho
para a avaliação regular dos recursos e da gestão econômica;
f. adote estratégias financeiras éticas, diversificando a arrecadação de
fundos e reforçando a contabilidade.
O Reitor-Mor com o Conselho
a. ofereça orientações sobre o terceiro nível de pertença à Família Sa-
lesiana, indicado pela Carta de Identidade da Família Salesiana;
b. através dos setores para a Formação e para a Pastoral Juvenil, ofe-
reça diretrizes e instrumentos oportunos de formação conjunta de
Salesianos e leigos e envolva a UPS e os demais centros de forma-
ção na organização de itinerários adequados;
c. incentive a acolhida na Congregação e na Família Salesiana do do-
cumento final do Sínodo sobre a sinodalidade.

5.3 Page 43

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42 ATOS DO CONSELHO GERAL
B. Educar e evangelizar
Escuta
52. Dom Bosco não tinha receio de manifestar sempre e em todo lu-
gar a sua identidade sacerdotal, e assim viveu o sacerdócio em favor
dos jovens com uma profunda atenção educativa. Confessava todas as
manhãs, celebrava a Eucaristia com profunda fé, pregava e, ao mesmo
tempo, percorria as ruas de Turim em busca de jovens a ajudar, abria
escolas e laboratórios, publicava livretes para a instrução popular, es-
crevia o tratado sobre o Sistema Preventivo para a educação da juven-
tude. Em seu seguimento, a nossa vocação salesiana é profundamente
caracterizada pelo binômio indissolúvel de educação e evangelização.
Duas faces da mesma moeda, bem sintetizadas pela feliz expressão
“educamos evangelizando e evangelizamos educando”.
Constatamos com gratidão que nos desafios do contexto contempo-
râneo, muitos Irmãos continuam a testemunhar com paixão e criati-
vidade esta dupla dimensão do nosso carisma. Os contextos em que
trabalhamos não são homogêneos: alguns secularizados, outros mul-
tirreligiosos, outros ainda prevalentemente ateus. Essa pluralidade de
situações impõe-nos enfrentar diferentes desafios na evangelização e
aproveitar as possibilidades específicas de cada ambiente, mantendo a
unidade da nossa missão em contextos muito diversificados.
53. O universo juvenil é também muito variado. Não obstante a glo-
balização tenda a uniformizar estilos de vida, cada contexto apresenta
peculiaridades específicas. Um traço, porém, une todos os estilos: os
jovens carregam em seus corações um profundo questionamento – fre-
quentemente silencioso – sobre o sentido da vida. De modo mais ou
menos consciente, eles se questionam sobre o seu futuro, sobre o que
lhes é importante, sobre o que poderá fazê-los felizes. A tecnologia
que os fascina, o fluxo contínuo de informações, a trama de relações
e conexões que os envolve são o seu mundo, que parece ignorar ou
ser indiferente ao anúncio da fé. Os modelos familiares tornaram-se
múltiplos e as relações que deveriam dar-lhes energia e segurança fre-
quentemente são lugar de conflitos e não de afetos.
Ainda assim, apesar de tudo, estamos convencidos, como Dom Bos-
co, de que “em cada jovem há um ponto acessível ao bem”. O desejo
de Deus permanece uma necessidade fundamental no coração do ho-

5.4 Page 44

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 43
mem, que não se satisfaz em viver “só de pão”. Acreditamos que os
jovens estão abertos à novidade do Evangelho se este for apresentado
com uma linguagem que saiba atingir o seu coração. Contudo, esta-
mos sobretudo convencidos de que não ficam insensíveis diante do
testemunho daqueles que tocaram com as suas mãos o Verbo da vida
(cf. 1Jo 1,1) e foram transformados por ele.
Nesse panorama variegado de luzes e sombras, de expectativas e es-
peranças, a piedade popular continua a ser um espaço significativo em
que muitos jovens vivem a própria fé. A atração dos lugares de oração,
os caminhos da fé e as peregrinações juvenis, o intenso compromisso
com a ecologia, o voluntariado nas suas variadas formas, dizem-nos
que o fogo não se apagou, mas espera ser reavivado e alimentado.
54. Como Salesianos, reconhecemos que a nossa missão requer um
equilíbrio constante entre o trabalho pela educação e a paixão pela evan-
gelização. O trinômio “razão, religião e bondade” não é um slogan, mas
uma fonte inspiradora permanente que ajuda a manter presente a meta
elevada da santidade juvenil e a gradualidade do caminho, os poderosos
recursos educativos dos Sacramentos e da Palavra de Deus e a pedago-
gia do pátio e da rua que nos faz encontrar os jovens “no ponto em que
se encontra a sua liberdade”.
Esta síntese vital nem sempre está presente no coração de todos os
Irmãos e dos membros das nossas comunidades educativo-pastorais.
Quem nos observa nota – não sem razão – que corremos o risco de
reduzir a nossa missão à gestão de atividades educativas ou socio-
assistenciais. A pastoral juvenil corre o risco de se transformar em
gestão de serviços aos jovens. Evangelizar, como nos recorda a nossa
tradição, é acompanhar ao longo de um caminho de fé no Senhor Res-
suscitado, oferecendo itinerários adequados.
Reconhecemos com gratidão os pontos fortes da nossa presença edu-
cativo-pastoral. Somos apreciados como bons educadores na Igreja e
ponto de referência para outras instituições eclesiais. Em algumas re-
alidades, somos particularmente proativos e bem-preparados no plano
educativo. A aceitação das nossas propostas de fé é para nós um sinal
de esperança num mundo frequentemente indiferente ou hostil.
Os leigos são valorizados e participam ativamente na evangelização,
de modo direto ou indireto, através do testemunho evangélico da pró-

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44 ATOS DO CONSELHO GERAL
pria vida. Muitos educadores, Salesianos, leigos e membros da Famí-
lia Salesiana, continuam a sentir paixão por esta vocação e sabem ver
os desafios como oportunidades de crescimento e renovação.
55. A proposta cristã está no centro dos nossos esforços pastorais e
traduz-se em múltiplas iniciativas diversificadas com base nos contex-
tos e territórios. Muitos jovens encontram o Senhor Jesus em nossas
casas e vivenciam a alegria da fé e a pertença a uma comunidade.
Não poucos colaboram conosco na animação dos jovens, sobretudo
em experiências de férias, no serviço missionário e na atividade ca-
ritativa. Sentem que Dom Bosco e a espiritualidade juvenil salesiana
oferecem-lhes uma inspiração para o crescimento e um guia para o
futuro. Muitos adultos que frequentaram as nossas obras recordam
com alegria e gratidão a educação recebida e procuram concretizar os
ensinamentos no seu dia a dia.
Reconhecemos, porém, que às vezes a nossa ação não consegue tradu-
zir-se em itinerários sistemáticos de educação à fé. A proposta evange-
lizadora aparece às vezes tímida e incapaz de alcançar em profundida-
de o coração dos jovens. Em algumas Regiões, mesmo tentando novas
propostas de catequese de iniciação cristã, constata-se com tristeza o
afastamento de muitos adolescentes da comunidade eclesial.
A gestão e a organização de numerosas atividades correm às vezes o
risco de afastar-nos dos jovens e do contato direto com eles, fazendo-
-nos perder de vista a centralidade da relação educativa que está na
base do Sistema Preventivo. A pergunta de Valfré, o antigo aluno do
Oratório, no sonho da carta de Roma de 1884, ressoa atual ainda hoje:
“Onde estão os Salesianos?”.
Interpretação
56. As nossas Constituições identificam com clareza o “critério per-
manente de discernimento e renovação de cada atividade e obra”,
encontrando-o na experiência pastoral do primeiro Oratório, “que foi
para os jovens casa que acolhe, paróquia que evangeliza, escola que
encaminha para a vida, e pátio para se encontrarem como amigos e
viverem com alegria” (Const. 40). Na experiência vivida por Dom
Bosco com os primeiros jovens de Valdocco, o entrelaçamento de edu-
cação e evangelização apresenta-se como uma feliz síntese original,
que chamamos de Sistema Preventivo.

5.6 Page 46

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 45
Segundo esta inspiração, o trabalho com a educação é assumido como
expressão do amor de Deus que acompanha cada jovem em seu cres-
cimento enquanto o anúncio do Evangelho é realizado com atenção à
gradualidade pedagógica das etapas e às linguagens juvenis. O artigo
38 das Constituições recorda-o quando afirma: “Imitando a paciência
de Deus, encontramos os jovens no ponto em que se acha a sua liber-
dade. Acompanhamo-los para que eles amadureçam convicções sóli-
das e se tornem progressivamente responsáveis no delicado processo
de crescimento de sua humanidade na fé”.
A relação entre educação e evangelização é para nós tão central que
a Congregação refletiu sobre ela várias vezes, a fim de manter-se fiel
à missão que o Senhor confiou a Dom Bosco e assumir os desafios
propostos pela mudança dos tempos e dos contextos. O Capítulo Geral
26, por exemplo, chamou a atenção para “salvaguardar juntos a inte-
gridade do anúncio e a gradualidade da proposta”, na convicção de
que “a evangelização propõe à educação um modelo de humanidade
plenamente realizada e que a educação, quando chega a tocar o cora-
ção dos jovens e desenvolve o sentido religioso da vida, favorece e
acompanha o processo de evangelização” (CG 26, n. 25). O “Quadro
Referencial da pastoral juvenil” oferece uma visão global da proble-
mática e orientações preciosas para a prática.
57. Não faltam, então, as referências carismáticas e a reflexão sobre
elas. São, aliás, ricas, abundantes e atualizadas. O desafio consiste em
assumi-las com coragem e criatividade, ativando percursos graduais e
diferenciados e fugindo do risco de multiplicar atividades e eventos que
nem sempre incidem sobre a vida real dos jovens. As diversas Regiões
onde trabalhamos apresentam grandes diferenças de cultura, economia,
estrutura social, experiência familiar, relações intergeracionais, mas to-
dos os jovens estão unidos pelo desejo de serem ouvidos na singularida-
de de sua história e acompanhados a se abrir para um futuro promissor.
Isso, naturalmente, requer competência pedagógica e pastoral, que
deve ser constantemente atualizada nos Irmãos e nos corresponsáveis
da missão. Requer, ainda, aquela familiaridade com os jovens, que se
adquire somente estando entre eles e compartilhando o seu mundo. A
lógica da encarnação impele-nos a partir do dia a dia da sua existência
para lê-la com olhar educativo e sabedoria pastoral. Quando comparti-
lham conosco a sua busca de felicidade ou o seu desconforto eles ma-

5.7 Page 47

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46 ATOS DO CONSELHO GERAL
nifestam, frequentemente sem o saber, uma necessidade de salvação
que devemos saber identificar. Nas inclinações do humano, o educa-
dor pastor sabe reconhecer a ação do Espírito que, com gemidos inex-
primíveis, conduz cada consciência a abrir-se à verdade e ao amor.
Não devemos esquecer, também, que nas aspirações mais profundas
dos jovens, na sua sensibilidade pela paz, a justiça, a ecologia, a digni-
dade de cada pessoa, há ainda uma profecia que devemos acolher. Os
jovens que compartilham a fé e se apaixonam por Dom Bosco mani-
festam frequentemente um entusiasmo do qual temos muito a apren-
der: eles mesmos evangelizam-nos, mostrando a face jovem da Igreja
em que se reflete a perene juventude de Deus.
58. Algumas grandes questões antropológicas de hoje, de modo es-
pecial, requerem a nossa atenção, porque constituem um verdadeiro
desafio para a nossa proposta educativo-pastoral. Pensamos de modo
particular nas transformações da cultura afetiva e sexual que se refere a
um âmbito muito sensível e delicado no crescimento e requerem novas
competências para acolher e acompanhar cada pessoa com delicadeza.
Pensamos na cultura digital e no modo como ela modifica os processos
de aprendizagem, a percepção do tempo, do espaço, do corpo, das rela-
ções interpessoais e, ultimamente, o modo inteiro de pensar e estar no
mundo. Pensamos, enfim, nos fenômenos migratórios, frequentemente
determinados por conflitos e injustiças, que expõem muitíssimos jo-
vens à precariedade e à necessidade de viver de expedientes, ferindo a
própria dignidade. Perante essas situações, compreendemos com ainda
maior consciência que não se pode anunciar o Evangelho do Senhor
sem se encarregar das prementes necessidades educativas dos jovens
e que não se pode indicar-lhes uma esperança confiável sem indicar a
luz do Amor que vem de Deus e que terá no céu a sua plenitude. Como
dizia Dom Bosco, queremos formar “bons cristãos, honestos cidadãos
e um dia felizes habitantes do céu” (Il giovane provveduto, 1847, p. 7).
59. Em alguns contextos, fortemente secularizados ou marcados pela
desconfiança em relação à instituição eclesial, vive-se alguma dificul-
dade no anúncio da fé e existe o risco de se renunciar à transmissão da
luz do Evangelho de modo alegre e propositivo. Em outras situações,
ao contrário, o ensinamento de Jesus é acolhido com alegria, como pa-
lavra que dá esperança aos pobres e aos pequenos, renova a sociedade
e abre ao sentido último da existência. A piedade popular, sobretudo

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 47
mariana, constitui em muitas Regiões um recurso extraordinário para a
transmissão da fé encarnada no contexto da sensibilidade de um povo.
Nos lugares onde o anúncio explícito de Jesus Cristo não é possível, a
nossa presença de educadores cristãos assume um significado profético
e deposita a semente da Palavra de Deus com o testemunho da vida e o
exercício da caridade. Algumas comunidades trabalham em contextos
em que os cristãos conhecem não só obstáculos, mas também perse-
guição: elas demonstram que nada pode impedir o testemunho apai-
xonado por Cristo e o seu Evangelho. O empenho no diálogo entre as
religiões e a edificação de uma verdadeira fraternidade entre os homens
é, segundo o atual ensinamento da Igreja, parte da missão cristã. Em
todo caso, um coração apaixonado por Cristo não se envergonha de falar
d’Ele e de compartilhar a beleza de tê-Lo encontrado. Como escreveu
o Papa Francisco: “Falar de Cristo, pelo testemunho ou pela palavra, de
tal modo que os outros não tenham de fazer um grande esforço para o
amar, é o maior desejo de um missionário da alma. Não há proselitismo
nesta dinâmica de amor, as palavras do enamorado não perturbam, não
impõem, não forçam, apenas levam os outros a se perguntar como é pos-
sível um tal amor. Com o maior respeito pela liberdade e pela dignidade
do outro, o enamorado limita-se a esperar que lhe seja permitido narrar
esta amizade que preenche a sua vida” (Francisco, Dilexit nos, 210).
Opção
60. À luz da escuta e da interpretação, optamos por
Oferecer itinerários graduais e sistemáticos de educação à fé e reno-
var a prática do Sistema Preventivo, garantindo ambientes seguros
em todos os lugares.
Esta opção implica para os Irmãos, as comunidade, as Inspetorias e o
governo central da Congregação empenhos concretos que exemplifi-
camos a seguir.
A comunidade educativo-pastoral
a. promova itinerários graduais e sistemáticos de educação à fé e cui-
de com audácia do primeiro anúncio do Evangelho;
b. promova o planejamento compartilhado com os jovens, oferecen-
do-lhes espaços de participação ativa e responsabilidade no projeto
educativo-pastoral, segundo o método da sinodalidade.

5.9 Page 49

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48 ATOS DO CONSELHO GERAL
A Inspetoria
a. providencie a criação de uma escola de formação pedagógica, es-
piritual e carismática para Salesianos, leigos e membros da Família
Salesiana a fim de conhecerem e viverem o binômio Evangelização
e Educação;
b. desenvolva comunidades missionárias no mundo digital, formadas
por jovens, leigos e Salesianos, que possam criar conteúdos educa-
tivos e evangelizadores;
c. acompanhe as comunidades educativo-pastorais na aquisição do
estilo sinodal, valorizando o diálogo no Espírito e o discernimento
comunitário;
d. Promova as vocações à vida consagrada salesiana.
O Reitor-Mor com seu Conselho
a. promova uma reflexão sobre a relação entre educação e evangeli-
zação que leve em conta a diversidade dos contextos geográficos,
culturais e multirreligiosos;
b. potencialize no Conselho Geral um trabalho por projetos antes que
por setores;
c. promova pesquisas e estudos para aprofundar e relançar o Sistema
Preventivo como espiritualidade e método integral de educação e
evangelização;
d. promova a revisão e atualização dos textos sobre a espiritualidade
juvenil salesiana, tornando mais explícita a dimensão missionária
e o valor do acompanhamento.
C. Novas expressões do carisma
Escuta
61. A vida da Congregação é rica em experiências que representam no-
vas expressões do carisma. Muitas presenças são autênticos lugares de
salvação para jovens pobres e marginalizados. As Inspetorias respon-
dem com sensibilidade às necessidades dos mais pobres: migrantes, re-
fugiados, meninos de rua e discriminados. Em muitas casas salesianas
existem experiências exemplares de acolhimento, por exemplo, com a
criação de balcões de acolhimento para migrantes que coordenam múl-

5.10 Page 50

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 49
tiplas iniciativas de solidariedade. A colaboração com organizações go-
vernamentais e não governamentais permitiu compartilhar projetos e
construir redes em favor de menores em situação de precariedade.
Como educadores e evangelizadores, estamos cientes dos novos desa-
fios que os jovens nos apresentam: falta de pontos de referência, soli-
dão e isolamento, emergência da fragilidade psicoafetiva, difusão de
dependências de tipos variados, o fenômeno dos “NEM-NEM” (nem
estudam, nem trabalham, nem se formam), falta de educação à cida-
dania e ao pensamento político num mundo radicalizado, presença de
ideologias que criam desorientação.
62. Há na Congregação experiências promissoras de renovação da
vida comunitária, caracterizadas por uma maior participação com
os jovens. Alguns deles vêm morar em nossas casas, participando
conosco da missão, da vida fraterna e da oração. Seria importante
refletir sobre essas experiências, avaliar o seu alcance e reconhecer
de que modo podem enriquecer a nossa vida, sem permanecerem
esporádicas e ocasionais.
Na história das nossas Inspetorias, houve Irmãos que deram início a
iniciativas pastorais inovadoras, mas nem sempre foi possível alcan-
çar a sua integração no projeto orgânico inspetorial para garantir a sua
continuidade. Quando a comunidade é capaz de dar espaço a novas
intuições, em diálogo humilde e discernimento ponderado, percebe-se
que a renovação pastoral é possível e fecunda.
63. Reconhecemos a urgência de desenvolver uma abordagem mais
sistemática e crítica à cultura digital, que incide profundamente na
visão do mundo e nas relações. Embora o mundo digital e o desen-
volvimento da inteligência artificial tenham um grande potencial de
progresso, também colocam questões de natureza antropológica e éti-
ca e solicitam de nós uma profunda reflexão educativa. Além de ofe-
recer muitos potenciais de crescimento, também podem causar danos
e feridas, como o bullying, a desinformação, a exploração sexual e
a dependência. Agora, os nossos Irmãos em formação são “nativos
digitais”: se acompanhados e formados com sabedoria, podem aju-
dar a Congregação toda a abrir-se na utilização das novas tecnologias
para a missão. Já existem na Congregação experiências positivas de
comunidades digitais, mas não poucos educadores reconhecem não

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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50 ATOS DO CONSELHO GERAL
ter formação adequada e usam os espaços digitais apenas para fins
informativos.
64. A ecologia integral emerge como um campo privilegiado de traba-
lho educativo e pastoral. O Papa Francisco fez deste tema uma parte
consistente do seu magistério: a sua voz interpela-nos para sermos
mais tempestivos em escutar o grito da terra e dos pobres e promo-
ver uma autêntica espiritualidade ecológica, que reconheça a criação
como dom de Deus e eduque ao olhar contemplativo e ao estilo de
vida sóbrio.
Cresce nas comunidades educativo-pastorais a atenção aos temas am-
bientais, mas frequentemente falta um plano integral e sistemático;
por isso, as iniciativas correm o risco de ter vida curta e não incidir
na mudança de mentalidade. Agradecemos as várias propostas de for-
mação neste âmbito já presentes na Congregação, mas reconhecemos
a necessidade de compreender melhor a mudança de paradigma que
comporta a acolhida da ecologia integral.
65. A dimensão sociopolítica da educação salesiana precisa ser revita-
lizada. A nossa presença nas arenas sociais, políticas e eclesiais onde
são tomadas as decisões que influenciam a vida dos jovens cresceu
através dos nossos representantes em Instituições e Organismos in-
ternacionais. No entanto, ainda não estamos suficientemente empe-
nhados em ajudar os jovens no compromisso sociopolítico, oferecen-
do-lhes uma formação adequada segundo a doutrina social da Igreja.
Interpretação
66. As experiências de partilha da vida com os jovens, além de refleti-
rem o que Dom Bosco viveu em Valdocco, também são uma resposta
ao pedido surgido no Sínodo para os Jovens de oferecer “um tem-
po destinado ao amadurecimento da vida cristã adulta”. Tal proposta
deve ser construída em torno de pelo menos três pilares indispensá-
veis: “uma experiência de vida fraterna partilhada com educadores
adultos que seja essencial, sóbria e respeitadora da ‘casa comum’;
uma proposta apostólica sólida e significativa que deve ser vivida em
conjunto; uma oferta de espiritualidade radicada na oração e na vida
sacramental” (XV Assembleia geral ordinária sínodo dos bispos.
Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Documento final 161).

6.2 Page 52

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 51
67. Diante da atividade descontrolada do ser humano que ameaça des-
truir a natureza, “o urgente desafio de proteger a nossa casa comum
inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um de-
senvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem
mudar.” (Francisco, Laudato Si’ 13). O grito expresso na encíclica
Laudato Si’ interpela-nos como educadores e pastores dos jovens. Se no
Capítulo Geral 23 descrevemos a nossa atividade educativa através dos
três nós da educação à consciência moral, ao amor e à dimensão social
da caridade, chegou agora o tempo de integrarmos também a dimensão
da espiritualidade ecológica. Tal novidade requer “o desenvolvimento
de novas convicções, atitudes e estilos de vida” (Ibid. 202).
Uma ecologia que seja verdadeiramente “integral” deve compreender
“claramente as dimensões humanas e sociais” (Ibid. 137), consideradas
não separadamente, mas em suas interações: nesse sentido, pode-se fa-
lar de uma ecologia social (cf. Ibid. 142). De fato, não haverá uma nova
relação com a natureza sem um ser humano renovado, à luz de uma an-
tropologia bíblica. Trata-se, enfim, de “continuar a fazer com que toda
essa realidade seja objeto de reflexão e de decisões práticas em cada
presença, unindo as dimensões pastoral, educativa, social, econômica e
ambiental” (A. F. Artime, Relação do Reitor-Mor ao CG29, 27).
68. Reconhecemos que o mundo digital não é apenas um instrumento,
mas uma cultura que molda a forma como os jovens interagem, apren-
dem e formam a própria identidade. Se, por um lado, oferece oportuni-
dades de educação, conexões globais e conteúdos religiosos, por outro,
expõe os jovens à desinformação, ao cyberbullying e a comportamentos
de dependência que enfraquecem as relações. Sem uma formação ade-
quada, corremos o risco de deixar os jovens sozinhos para enfrentar
esses desafios. O apelo do Papa Francisco à responsabilidade ecológica
na Encíclica Laudato Si’ estende-se ao mundo digital que, como o am-
biente natural, é poluído pela desinformação e pela negligência ética. É
necessária uma sólida preparação bíblica, teológica e carismática, téc-
nica para empenhar-se não só em utilizar os espaços digitais, mas em
transformá-los, tanto quanto possível, em lugares de verdade, de encon-
tro autêntico e de evangelização. Entretanto, uma abordagem inadequa-
da pode levar também a uma menor profundidade pastoral, a interações
superficiais e a negligenciar a vida comunitária e de oração. Sem disci-
plina, o esforço digital pode alterar gradualmente as prioridades, distrair
da missão principal e diluir a essência da identidade salesiana.

6.3 Page 53

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52 ATOS DO CONSELHO GERAL
Opção
69. À luz da escuta e da interpretação, optamos por
Estar presentes nas novas fronteiras da missão: o ambiente digital, a
ecologia integral, as novas expressões do carisma.
Esta opção implica para os Irmãos, as Inspetorias e o governo central
da Congregação empenhos concretos que exemplificamos a seguir.
A comunidade
a. encaminhe um estudo sobre as formas emergentes de pobreza no
próprio bairro, criando planos concretos de ação para enfrentá-las
com a sua comunidade educativo- pastoral;
b. avalie onde possível a possibilidade de ter acesso a energias reno-
váveis.
A Inspetoria
a. programe a especialização de Salesianos e leigos aos novos desa-
fios emergentes para a missão salesiana (inteligência artificial, diá-
logo inter-religioso, bioética, migrantes, refugiados, safeguarding
etc.);
b. promova obras para jovens em situações de dificuldade e margina-
lização, também com os leigos e os Grupos da Família Salesiana;
c. estude um plano concreto de comunidades mais abertas aos jovens,
convidando-os a compartilhar a vida comunitária, também em óti-
ca vocacional;
d. experimente novas formas de comunidade com a Família Salesia-
na, famílias e jovens, e garanta a revisão e a continuidade das ex-
periências inovadoras já em andamento;
e. promova a formação sobre ecologia integral e educação ecológica
dos jovens, e a presença no mundo digital como testemunho evan-
gelizador e ação educativa.
O Reitor-Mor com o seu Conselho
a. através dos setores para a Formação, a Pastoral Juvenil e a Comu-
nicação Social, ofereça às Inspetorias linhas de formação e ação
para a presença no mundo digital;

6.4 Page 54

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 53
b. através dos setores para a Formação e a Pastoral Juvenil, desenvol-
va linhas de orientação para a educação sociopolítica, ecológica e
econômica nas instituições salesianas;
c. promova uma plataforma para compartilhar as melhores práticas
de ecologia integral, evangelização digital e respostas às novas for-
mas de pobreza presentes na Congregação;
d. favoreça a colaboração entre as Inspetorias para um maior acompa-
nhamento dos jovens migrantes e deslocados;
e. reforce a nossa presença institucional nos organismos civis e ecle-
siais, como também nas instituições governativas em todos os
níveis (internacional, nacional, regional e local) para promover a
advocacy em favor dos jovens mais pobres.

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NÚCLEO 3
UMA CORAJOSA REVISÃO E REPROGRAMAÇÃO DO
GOVERNO DA CONGREGAÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS
A. Modificação das Constituições
DELIBERAÇÃO No. 1
O Capítulo Geral 29
• considerando a oportunidade de atribuir ao vigário do inspetor
uma tarefa primordial, não discricionária;
• visto o costume em várias inspetorias de confiar ao vigário do
inspetor o cuidado da vida e da disciplina religiosa;
• tendo em conta que, em nível mundial, a disciplina religiosa é
confiada ao Vigário do Reitor-Mor;
• com o objetivo de permitir ao inspetor manter o perfil paterno
típico de sua figura em nossa tradição.
DELIBERA
Modificar o art. 168 das Constituições, inserindo após as palavras
“de que tenha recebido especial encargo” as palavras: “A ele é confia-
do ordinariamente o cuidado da vida e da disciplina religiosa.”
DELIBERAÇÃO No. 2
O Capítulo Geral 29
• Considerando que no Capítulo Geral 28 a comissão jurídica já
havia iniciado, com a ajuda de especialistas, uma reflexão sobre
o art. 187 das Constituições;
• considerando que a redação usada no §2 desse artigo (“exclusão
apenas para fins de renda e qualquer outra forma permanente de
capitalização”) recebe interpretações diversas e não correspon-
de às necessidades atuais;
• considerando que atividades geradoras de renda, eticamente
lícitas e com uma clara destinação dos lucros, foram conside-
radas legítimas tanto no passado quanto no presente, sem que

6.6 Page 56

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 55
isso tenha gerado escândalo ou constituído motivo de contrates-
temunho de pobreza institucional;
• visto que o art. 187 não exclui que as inspetorias promovam
atividades que gerem renda;
• visto que o art. 188, no 3, permite a aceitação de heranças, lega-
dos ou doações onerosas e isso pode implicar vínculos no uso
das rendas, estabelecidos pelo doador, tais como a necessidade,
por exemplo, da conservação dos bens imóveis recebidos;
• visto que o art. 188, no 4, permite a constituição de vitalícios,
entidades de caridade, fundações que devem – por estatuto –
possuir um patrimônio próprio e estável;
• considerando que obras não autossuficientes do ponto de vista
econômico, como obras sociais, casas de formação, casas para
idosos, necessitam de fontes estáveis de sustento;
• mantendo firme que se excluem operações de caráter especula-
tivo imobiliário ou financeiro,
DELIBERA
modificar o art. 187 das Constituições, retirando as palavras “são di-
retamente úteis para as obras. É excluída a aquisição e a conservação de
bens imóveis apenas para fins de renda e qualquer outra forma permanen-
te de capitalização lucrativa, salvo o previsto no artigo 188 das Constitui-
ções” e substituindo-as pelas palavras “são diretamente úteis para as fi-
nalidades previstas pelas Constituições. É excluído o recurso a operações
puramente especulativas de natureza imobiliária ou financeira”.
DELIBERAÇÃO No. 3
O Capítulo Geral 29
• considerando a transformação da ideia de missão ligada a terri-
tórios específicos;
• observando o fato de que países que antes recebiam missioná-
rios hoje enviam Irmãos para países de antiga evangelização,
DELIBERA
modificar o art. 30 das Constituições, retirando as palavras “foram
objeto especial” e substituindo-as pelas palavras “foram sempre des-

6.7 Page 57

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56 ATOS DO CONSELHO GERAL
tinados” e acrescentando após as palavras “fundação da Igreja em um
grupo humano” as palavras “e revitalização da fé também em países
de antiga tradição cristã”.
B. Modificação dos Regulamentos Gerais
DELIBERAÇÃO No. 4
O Capítulo Geral 29
• considerando o pedido de várias comissões capitulares;
• tomando nota da diminuição numérica dos Irmãos;
• reconhecendo a dificuldade em algumas inspetorias de fundar
novas comunidades com seis Irmãos;
• visto a necessidade de dar consistência jurídica às pequenas co-
munidades já existentes,
DELIBERA
modificar o art. 150 dos Regulamentos, retirando as palavras “Em
cada casa o número de sócios não seja ordinariamente inferior a seis”
e substituindo-as pelas palavras “Em cada casa o número de sócios
com votos perpétuos não seja ordinariamente inferior a quatro”.
DELIBERAÇÃO No. 5
O Capítulo Geral 29
• Considerando que em várias inspetorias foram desenvolvidas
obras e serviços para jovens em situação de vulnerabilidade ou
exclusão;
• considerando que tais obras correspondem à natureza do nosso
carisma;
• considerando que no capítulo III do Regulamento não existe
uma referência específica a essas obras;
• com o objetivo de reconhecer institucionalmente a sua impor-
tância e especificidade,
DELIBERA
• acrescentar aos Regulamentos, após o no. 14, um novo artigo
redigido da seguinte forma:

6.8 Page 58

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 57
“Realizamos a nossa missão também por meio de obras e serviços
para jovens em situação de vulnerabilidade ou exclusão, para res-
ponder a problemas decorrentes da injustiça social, da violação dos
direitos humanos, da pobreza econômica, afetiva e espiritual. Com
propostas e projetos educativo-pastorais específicos, atuamos para
fazer com que os destinatários descubram a própria dignidade de
filhos de Deus e possibilitar a sua plena participação na vida social e
eclesial. Cada Inspetoria, atenta a tudo que gera pobreza e exclusão,
oferece ambientes e serviços específicos, colabora com os demais or-
ganismos na promoção do bem comum e realiza ações que impactam
as políticas juvenis”.
DELIBERAÇÃO No. 6
O Capítulo Geral 29
• considerando a distinção entre o ecônomo da casa religiosa e o
administrador da obra;
• considerando que, em alguns casos, ambas as funções são de-
sempenhadas por um Irmão, enquanto em outros a administra-
ção da obra é confiada a um leigo;
• considerando que essa delegação não encontra respaldo nos Re-
gulamentos,
DELIBERA
modificar o art. 190 dos Regulamentos – “Compete aos capítulos
inspetoriais a formulação de normas detalhadas sobre a administração
inspetorial e local. Em particular, serão dadas diretrizes”: – adicio-
nando o ponto 4 bis com a seguinte redação: “sobre a figura e as fun-
ções do administrador leigo da obra, quando e onde previsto”.
DELIBERAÇÃO No. 7
O Capítulo Geral 29
• considerando a peculiaridade da figura do diretor dentro da co-
munidade e da obra;
• considerando que o art. 176 das Constituições estabelece que
o diretor é “o primeiro responsável pela vida religiosa, pelas
atividades apostólicas e pela administração dos bens”;

6.9 Page 59

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58 ATOS DO CONSELHO GERAL
• considerando que as Constituições preveem uma clara distinção
entre a figura do diretor, que preside o Conselho, e o ecônomo
que é membro deste (cf. Const. 178-179);
• considerando que o art. 184 das Constituições afirma: “o ecônomo
é o responsável imediato pela administração dos bens temporais da
casa religiosa, subordinado ao diretor com o seu Conselho”;
• a fim de garantir que ele “se mantenha livre de compromissos
que possam comprometer as tarefas fundamentais do seu servi-
ço para com os Irmãos” (Reg. 172);
• a fim de garantir maior transparência e corresponsabilidade,
DELIBERA
adicionar no art. 172 dos Regulamentos, após as palavras “para
com os Irmãos”, as palavras “Não exerça a função de ecônomo”.
DELIBERAÇÃO No. 8
O Capítulo Geral 29
• considerando a redução do número de Irmãos em algumas ins-
petorias;
• com o objetivo de manter distinta a figura e as funções do ecô-
nomo daquelas do diretor;
• com o objetivo de garantir transparência e corresponsabilidade,
DELIBERA
retirar do art. 182 dos Regulamentos as palavras “Ordinariamente,
porém, o cargo de vigário não deve ser unido com o de economato”.
DELIBERAÇÃO No. 9
O Capítulo Geral 29
• em consonância com a reflexão da Congregação expressa nos
Capítulos Gerais e no magistério do Reitor-Mor sobre o núcleo
animador da Comunidade educativo-pastoral,
DELIBERA
modificar o art. 5 dos Regulamentos substituindo as palavras “O seu
núcleo animador é a comunidade religiosa” pelas palavras “O seu núcleo

6.10 Page 60

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 59
animador é composto por um grupo de pessoas que se identificam com
a missão eclesial, o sistema educativo de Dom Bosco e a sua espirituali-
dade. O seu ponto de referência carismático é a comunidade religiosa”.
C. Deliberações sobre a Configuração das Regiões
DELIBERAÇÃO No. 10
O Capítulo Geral 29
• tendo em conta o rápido crescimento do número dos Irmãos, das
obras e das frentes pastorais das inspetorias da África-Madagascar;
• tendo em conta o pedido dos inspetores da Região;
• considerando a extensão geográfica da Região e as diversidades
culturais e linguísticas presentes;
• visto a proposta unânime das comissões capitulares;
• com o objetivo de permitir um melhor acompanhamento das
inspetorias e dos Irmãos pelo Regional,
DELIBERA
a constituição de uma segunda Região na África-Madagascar, de
acordo com o art. 154 das Constituições.
DELIBERAÇÃO No. 11
O Capítulo Geral 29
• considerando a deliberação com que foi constituída uma se-
gunda Região na África-Madagascar, conforme o art. 154 das
Constituições;
• considerando que a constituição dos grupos de inspetorias é com-
petência do Capítulo Geral, conforme o art. 154 das Constituições;
• visto a proposta dos membros do Capítulo provenientes da Áfri-
ca e Madagascar,
INSTITUI
os seguintes dois grupos de circunscrições:
• REGIÃO ÁFRICA LESTE E SUL compreendendo as inspeto-
rias AFE, AGL, ANG, TZA e as visitadorias AET, AFM, MDG,
MOZ, ZMB;

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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60 ATOS DO CONSELHO GERAL
• REGIÃO ÁFRICA CENTRO E OESTE compreendendo as ins-
petorias AFC, AON, AOS, ANN e as visitadorias ACC, ATE.
DELIBERAÇÃO No. 12
O Capítulo Geral 29
• considerando o pedido do Capítulo Inspetorial da Croácia;
• tendo em vista que tal pedido não pôde ser tratado no CG 28;
• considerando a proximidade geográfica e a afinidade cultural
com a Região Mediterrânea;
• considerando que há muitos anos a formação inicial dos Irmãos
da inspetoria ocorre na Região Mediterrânea,
DELIBERA
que a Inspetoria “São João Bosco” da Croácia seja transferida da
Região Europa Centro e Norte para a Região Mediterrânea, conforme
o art. 154 das Constituições.
D. Deliberações para o Reitor-Mor com seu Conselho
DELIBERAÇÃO No. 13
O Capítulo Geral 29
• tendo em vista a complexidade do governo da Congregação;
• considerando as indicações do art. 107 dos Regulamentos;
• com o objetivo de favorecer uma ação de governo mais ágil e
unificada;
• com o objetivo de evitar a sobreposição de iniciativas e facilitar
a sua atuação nas inspetorias;
• com o objetivo de promover uma cultura de planejamento que
melhore os processos previstos no Diretório do Conselho Geral,
SOLICITA
ao Reitor Maior com o seu Conselho que promova uma coordenação
mais eficaz entre os conselheiros de setor e com os conselheiros regio-
nais, e ative um sistema de avaliação periódica do governo central.

7.2 Page 62

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 61
DELIBERAÇÃO No. 14
O Capítulo Geral 29
• tendo em vista as numerosas tarefas atribuídas ao Conselheiro Re-
gional no art. 140 das Constituições, nos artigos 135-140 dos Regu-
lamentos e nos números 119-136 do Diretório do Conselho Geral;
• considerando a dificuldade de conciliar o acompanhamento dos
inspetores, das inspetorias, dos organismos interinspetoriais e
dos Curatorium das casas de formação, com a realização regu-
lar das visitas extraordinárias,
SOLICITA
ao Reitor-Mor com o seu Conselho que revise as prioridades e as
modalidades de atuação das tarefas do Conselheiro Regional, a fim de
melhor cumprir o que é solicitado no art. 140 das Constituições, nos
artigos 135-140 dos Regulamentos, e nos números 119-136 do Diretó-
rio do Conselho Geral.
DELIBERAÇÃO No. 15
O Capítulo Geral 29
• tendo em conta as numerosas tarefas atribuídas ao Conselheiro Re-
gional no art. 140 das Constituições, nos artigos 135-140 dos Regu-
lamentos e nos números 119-136 do Diretório do Conselho Geral;
• considerando a extensão geográfica das Regiões e a sua diversi-
dade linguística e cultural;
• com o objetivo de permitir que o Conselheiro Regional se con-
centre nas prioridades de seu ofício,
SOLICITA
ao Reitor Maior com o seu Conselho garantir aos Conselheiros Re-
gionais pessoal adequado para apoiar o seu serviço.
DELIBERAÇÃO No. 16
O Capítulo Geral 29
• tendo em conta a diminuição do número de Irmãos na Europa;
• considerando a necessidade de assegurar processos conjuntos
de formação inicial e permanente;

7.3 Page 63

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62 ATOS DO CONSELHO GERAL
• considerando a necessidade de redesenhar a presença salesiana
no Continente;
• com o objetivo de favorecer a coordenação no estudo dos pro-
blemas e no desenvolvimento dos projetos,
SOLICITA
que o Reitor-Mor, com o seu Conselho, desenvolva uma reflexão
renovada sobre os desafios comuns que a Congregação deve enfrentar
hoje na Europa e sobre a sinergia entre as duas Regiões.
DELIBERAÇÃO No. 17
O Capítulo Geral 29
• ciente do aumento das casas de formação e dos centros de estu-
do intersetoriais;
• constatada a dificuldade em precisar a natureza e as funções do
Curatorium e em definir a quem cabe a presidência e a coorde-
nação dos processos decisórios;
• reconhecida a dificuldade em identificar critérios para a seleção,
preparação e gestão do pessoal das casas de formação e dos
centros de estudo,
SOLICITA
ao Reitor-Maior, com seu Conselho, que precise
• a natureza e as funções do Curatorium,
• a presidência e as responsabilidades decisórias,
• o papel do Conselheiro Regional, do Conselheiro para a Forma-
ção, do inspetor local e dos demais inspetores envolvidos,
• os critérios para a seleção, preparação e gestão do pessoal das
casas de formação e dos centros de estudo.
DELIBERAÇÃO No. 18
O Capítulo Geral 29
• constatando a ausência de uma normativa regulamentar sobre a
Visita de conjunto;
• constatando que, segundo a prática em uso, a Visita de conjun-
to tem como principal finalidade a verificação da realização do
Capítulo Geral na Região;

7.4 Page 64

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 63
• considerando que se trata de um momento privilegiado e es-
tratégico de unidade, participação e corresponsabilidade (cf.
Const. 123);
• visto o pedido das comissões capitulares de uma maior eficácia
da Visita e que se chegue a definir formas de colaboração mais
eficazes dentro da Região;
• para favorecer uma maior interação entre o governo central e o
governo das inspetorias,
SOLICITA
ao Reitor-Maior, com seu Conselho, que revise a metodologia da
Visita de conjunto, de modo a garantir:
• uma preparação adequada que envolva os Inspetores com os
seus conselhos,
• uma participação ativa em estilo sinodal,
• a escuta recíproca sobre questões específicas da Região,
• a avaliação dos organismos interinspetoriais e dos centros re-
gionais.
DELIBERAÇÃO No. 19
O Capítulo Geral 29
• considerando a multiplicidade de tarefas atribuídas ao Conse-
lheiro Regional;
• considerando as possibilidades previstas no art. 104 dos Regu-
lamentos;
• em continuidade com o pedido já apresentado no Capítulo Geral 28o,
SOLICITA
ao Reitor-Mor, com o seu Conselho, que preveja no início do sexê-
nio os tempos e as modalidades mais adequados para realizar as visi-
tas extraordinárias conforme o art. 104 dos Regulamentos, de modo a
garantir:
• a todo Irmão a possibilidade de um diálogo pessoal com o visi-
tador;
• ao visitador a possibilidade de conhecer profundamente o con-
texto em que a inspetoria realiza a missão;

7.5 Page 65

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64 ATOS DO CONSELHO GERAL
• ao Conselheiro Regional a possibilidade de estar presente em al-
guns momentos da visita, caso seja realizada por outro visitador;
• a comunicação entre o visitador e o Conselheiro Regional para
garantir o acompanhamento posterior por parte do Conselheiro
Regional após a visita;
• tempos adequados para que o Conselheiro Regional possa de-
sempenhar as funções próprias do seu cargo a serviço da Região
e de cada Inspetoria (cf. Const. 140 e 154; Reg. 135-137).
DELIBERAÇÃO No. 20
O Capítulo Geral 29
• considerando que o Rescriptum ex audientia Ss.mi do Santo Pa-
dre Francisco de 18 de maio de 2022 concedeu ao Moderador
supremo de um Instituto de vida consagrada clerical de direito
pontifício a faculdade de nomear, com o consentimento de seu
conselho, Superior local um membro não clérigo,
• considerando a variedade de posições expressas no rico debate
capitular,
SOLICITA
ao Reitor Maior valer-se da mencionada possibilidade ad experimen-
tum pelos próximos seis anos e empenhar o próximo Capítulo Geral,
após um sério aprofundamento histórico, teológico, carismático, pas-
toral e jurídico, a se pronunciar sobre a possível modicação dos artigos
relativos ao diretor nas Constituições, nos Regulamentos e, consequen-
temente, nos demais documentos da Congregação (“Animação e gover-
no da comunidade. O serviço do diretor salesiano”, Ratio institutionis et
studiorum, outros documentos de animação e governo em vigor).
DELIBERAÇÃO No. 21
O Capítulo Geral 29
• considerando a variedade das experiências em andamento e a
complexidade do assunto,
SOLICITA
ao Reitor-Mor, com o seu Conselho, elaborar diretrizes sobre a re-
lação entre o Conselho local e o Conselho da comunidade educativo-
-pastoral, no que diz respeito à gestão da obra.

7.6 Page 66

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 65
E. Deliberações para os Inspetores, os Conselhos,
Inspetoriais e os Capítulos Inspetoriais
DELIBERAÇÃO No. 22
O Capítulo Geral 29
• considerando a necessidade de consolidar também no plano ins-
titucional uma cultura e uma política de proteção dos menores e
das pessoas vulneráveis em cada inspetoria;
• considerando a necessidade de ter um grupo de pessoas compe-
tentes e atualizadas sobre a evolução da legislação nessa área;
• considerando a experiência adquirida em várias inspetorias;
• com o objetivo de garantir um sistema de segurança para meno-
res e pessoas vulneráveis, respeitando as leis civis e eclesiásticas,
DELIBERA
que em cada inspetoria seja instituída uma Comissão para a prote-
ção e salvaguarda de menores e pessoas vulneráveis.
DELIBERAÇÃO No. 23
O Capítulo Geral 29
• à luz do que foi afirmado no no 34 do Documento capitular:
“A determinação de garantir ambientes seguros para todos que
frequentam as nossas obras leva-nos a intensificar o compromisso
formativo em relação aos Irmãos, aos leigos e aos próprios jo-
vens, para evitar todo tipo de abuso, assédio e comportamento
inadequado”;
• em continuidade com a deliberação que solicitou a cada ins-
petoria a instituição de uma Comissão para a proteção e salva-
guarda de menores e pessoas vulneráveis;
• segundo a inspiração do Sistema Preventivo que Dom Bosco
nos transmitiu como a herança mais preciosa do nosso carisma,
DELIBERA
que cada inspetoria:
• dê continuidade ao compromisso assumido de garantir ambien-
tes seguros para menores e pessoas vulneráveis, cumprindo a

7.7 Page 67

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66 ATOS DO CONSELHO GERAL
legislação canônica, as diretrizes emitidas pelas Conferências
Episcopais e colaborando com as autoridades civis, respeitando
a legislação de cada país;
• valorize as boas práticas experimentadas em outras inspetorias
e seja diligente em compartilhar as suas;
• inclua no Diretório inspetorial o próprio sistema (política) de
proteção de menores e pessoas vulneráveis;
• torne-o conhecido por todos aqueles que, de qualquer forma,
colaboram em suas obras e serviços; preveja medidas adequa-
das de formação; exija seu cumprimento e avalie periodicamen-
te a sua realização;
• preveja, em particular, no interior do sistema, os procedimentos
de denúncia, as formas de acompanhamento para quem declara
ter sofrido abusos, as modalidades adequadas de comunicação;
• promova caminhos de justiça restaurativa.

7.8 Page 68

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ANEXOS
MENSAGEM DO SANTO PADRE
aos participantes do XXIX Capítulo Geral
da Congregação Salesiana
16 de fevereiro – 12 de abril de 2025
Queridos Irmãos,
Não podendo, infelizmente, encontrar-me convosco, envio esta
mensagem por ocasião do XXIX Capítulo Geral da Congregação
Salesiana e também do 150o aniversário da primeira expedição
missionária de Dom Bosco à Argentina. Saúdo o novo Reitor-Mor,
Padre Fabio Attard, desejando-lhe bom trabalho, e agradeço ao
Cardeal Ángel Fernández Artime pelo serviço que prestou nestes
anos ao Instituto e que oferece agora à Igreja universal.
Mesmo a distância, desejo encorajá-los a viver com confiança
e empenho este tempo de escuta do Espírito e de discernimento
sinodal.
Escolhestes, como tema para os vossos trabalhos, o lema: “Sa-
lesianos apaixonados por Jesus Cristo e consagrados aos jovens”.
É um belo programa: ser “apaixonados” e “consagrados”, deixar-se
envolver plenamente pelo amor do Senhor e servir os outros sem
reservar nada para si, exatamente como fez, no seu tempo, o vosso
Fundador. Mesmo que hoje, em comparação com aquele tempo, os
desafios a serem enfrentados tenham mudado em parte, a fé e o en-
tusiasmo permanecem os mesmos, enriquecidos com novos dons,
como o da interculturalidade.
Queridos Irmãos, agradeço-vos pelo bem que fazeis em todo o
mundo e encorajo-vos a continuar com perseverança. Abençoo de
coração a vós e aos vossos trabalhos capitulares, bem como aos
Irmãos espalhados pelos cinco continentes, e peço, por favor, que
rezeis por mim. Maria Auxiliadora vos acompanhe sempre.
Francisco
Desde o Vaticano, 2 de abril de 2025.

7.9 Page 69

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68 ATOS DO CONSELHO GERAL
APAIXONADOS POR JESUS CRISTO,
CONSAGRADOS AOS JOVENS
Mensagem aos Capitulares
Ir. Simona Brambilla, MC
Prefeita da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada
e as Sociedades de Vida Apostólica
Turim, 16 de fevereiro de 2025.
Os discípulos de Emaús: Lc 24, 13-35
13Eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava
cerca de onze quilômetros de Jerusalém, cujo nome era Emaús. 14E
iam conversando de tudo aquilo que havia sucedido. 15Aconteceu,
então, que, caminhando conversando entre si, fazendo perguntas
um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e caminhava com eles.
16Mas os olhos deles estavam como que fechados, e por isso não o
reconheceram. 17Disse-lhes ele: Que palavras são essas que, cami-
nhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? 18Respondendo
um deles, cujo nome era Cleofas, disse-lhe: És tu peregrino em
Jerusalém, e não sabes as coisas que ali aconteceram nestes dias?
19E ele perguntou: Quais? Eles, então, lhe disseram: aquelas que
se referem a Jesus de Nazaré, que foi um profeta, poderoso em
obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; 20e como os
sumos sacerdotes e os nossos chefes o condenaram à morte, e o
crucificaram. 21Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Is-
rael... mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde
que essas coisas aconteceram. 22É verdade que também algumas
mulheres dentre nós nos maravilharam, elas que de madrugada
foram ao sepulcro; 23E, não achando o seu corpo, voltaram, di-
zendo que também tinham tido uma visão de anjos, dizendo que
ele vive. 24E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro,
e acharam como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o vi-
ram. 25E ele lhes disse: Ó néscios e tardos de coração para crer
em tudo o que os profetas disseram! 26Porventura não convinha
que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? 27 E,
começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o
que dele se achava em todas as Escrituras. 28E chegaram à aldeia
para onde iam, e ele fez como quem ia mais adiante. 29Eles, contu-
do, o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e o
dia declina. E entrou para ficar com eles. 30Aconteceu, então, que,

7.10 Page 70

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 69
estando com eles à mesa, tomando o pão, abençoou-o e partiu-o, e
o entregou. 31Os seus olhos, então, se abriram, e o reconheceram;
ele então desapareceu de diante deles. 32E disseram um para o
outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo
caminho, nos falava, e quando nos explicava as Escrituras? 33E
na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém, e acha-
ram reunidos os onze, e os que estavam com eles; 34Eles diziam: o
Senhor ressuscitou verdadeiramente, e apareceu a Simão. 35Eles,
então, contaram o que lhes acontecera no caminho, e como o reco-
nheceram no partir do pão.
Caros Irmãos, caras Irmãs,
Gostaria de propor, na abertura do 29o Capítulo Geral dos Salesia-
nos de Dom Bosco, que nos deixemos iluminar pelo ícone bíblico dos
Discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), e que ele nos introduza na arte
do discernimento, que pode transformar o nosso modo de vida num
sentido sempre mais evangélico, e que é mais evidente e importante
em momentos e caminhos de particular relevância para uma família de
consagrados, como o de um Capítulo Geral.
Antes de ser indicado como paradigma do processo de Diálogo no
Espírito, um fecundo instrumento metodológico utilizado pelo Sínodo
sobre a “Sinodalidade”, 2021-2024,1 para o discernimento comum, a
passagem do Evangelho de Lucas foi uma fonte de inspiração e ilu-
minação para o Sínodo sobre “Os Jovens, a Fé e o Discernimento Vo-
cacional”, celebrado em 2018. O exemplo dos Discípulos de Emaús,
segundo Christus vivit, também pode ser um modelo para o que acon-
tece na pastoral da juventude, como «processo lento, respeitoso, pa-
ciente, confiante, incansável e compassivo».2
A cena apresenta-nos um caminhar juntos. Na verdade, dois tipos
de caminhar juntos naquele primeiro dia depois do sábado. Há um
caminhar juntos no caminho que leva para longe de Jerusalém, para
longe da comunidade, para longe da experiência dolorosa e árdua da
sexta-feira e do sábado, para longe da cruz. É um caminho de descida
1 Cf. XVI Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, Por uma Igreja sinodal:
comunhão, participação, missão. Instrumentum Laboris para a Primeira Sessão,
Roma, outubro de 2023, n. 36.
2 Francisco, Exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit, Loreto, 25 de março de
2019, n. 237.

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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70 ATOS DO CONSELHO GERAL
geográfica e interior, com as pernas e o coração pesados pela decep-
ção, pelo luto, pela amargura, pela derrota, no ritmo de uma conversa
míope que deixa o semblante triste: «Nós esperávamos que fosse ele
quem libertaria Israel...».
E há outro caminhar juntos, o do retorno, já tarde da noite, para Jerusa-
lém, para a comunidade, para a vida. Escuridão por todos os lados, estrada
íngreme, mas pernas que voam, olhos que brilham de alegria e corações
inflamados por um encontro que libera os sentidos interiores, abre-os para
a Luz e desperta um desejo irrefreável de comunicá-la aos outros.
Entre os dois caminhos, de fato, um encontro. Os dois peregrinos
tornam-se três. O terceiro aproxima-se dos dois no avançar diurno
pelo caminho que leva para longe da vida. Ele não impõe uma mudan-
ça de rota, mas aproxima-se, desce com eles e neles; ouve, até que o
espaço relacional se abre para uma pergunta: «Que palavras são essas
que, a caminhar, trocais entre vós?».
É a possibilidade de libertar o coração da dor que o torna pesado, que
impede a visão, mesmo sendo dia. A estrada agora corre velozmente sob
os pés, o caminho para longe de Jerusalém chega ao seu destino, mas
os corações, agora inflamados, derretem o seu anseio em um convite
caloroso e insistente: «Fica conosco, porque já é tarde, e o dia declina».
Deus entra e permanece. Fica ali mesmo, com eles, longe de Jerusalém.
E ali mesmo, distante, os dois discípulos se descobrem alcançados, pro-
curados, aquecidos, nutridos, curados por Jesus, que desceu com eles
em sua angústia, em sua aflição, em sua fuga. Restaurados pelo Pão
partido, libertados da escuridão de seus corações, eles não têm mais
medo da noite exterior: Jesus agora está neles, uma presença interior,
e a missão é urgente! É urgente retornar imediatamente a Jerusalém, à
comunidade dos discípulos. Há uma necessidade urgente de comunhão,
há uma necessidade urgente de reunir-se, de reencontrar-se, de caminhar
juntos e dizer a todos que a noite agora é luminosa.
Há um caminhar juntos longe de Deus, introvertido, autorreferencial,
fechado à luz, remoendo juntos os nossos fardos, os nossos trabalhos e
as nossas doenças, prisioneiros da desolação. É um caminhar juntos que
apaga os sentidos interiores, que torna o coração incapaz de reconhecer o
bem, oprimido por uma dor que se degenera em maldade, uma maldade
que contagia, infecta. Sim, há um caminhar juntos, uma aliança, uma so-
lidariedade no mal, uma “sinodalidade doente”, curvada sobre si mesma,
que produz um movimento regressivo, longe da vida, do Amor, de Deus.

8.2 Page 72

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 71
E há um caminhar juntos na direção de Deus, um caminhar missio-
nário, extrovertido, «Corações ardentes, pés no caminho»,3 que pode
ser cansativo, noturno, mas animado pela alegria de um encontro que
dá asas aos pés e ao coração, que liberta, cura, excita, acende o nosso
desejo de estar com Jesus, de acolhê-lo em nós, de sermos dele, de nos
tornarmos também pão partido, de comunicá-lo aos outros, a todos.
Essa é a sinodalidade cristã, que é missionária.
«Jesus caminha com os dois discípulos que, incapazes de entender
o sentido do que lhe acontecera, se retiram de Jerusalém e da
comunidade. Para estar na sua companhia, percorre a estrada com eles.
Interroga-os e escuta pacientemente a sua versão dos fatos, para ajudá-
los a reconhecer o que estão a viver. Depois, com afeto e energia,
anuncia-lhes a Palavra, levando-os a interpretar à luz das Escrituras
os fatos que viveram. Aceita o convite para ficar com eles ao cair
da tarde: entra na sua noite. Enquanto O escutam, o coração deles
abrasa-se enquanto a mente se ilumina; na fração do pão, os seus olhos
abrem-se. E são eles mesmos a decidir pôr-se de novo a caminho,
sem demora, mas em sentido inverso, para regressar à comunidade
e compartilhar a experiência do encontro com Jesus Ressuscitado».4
Os verbos evidenciados pelo Papa Francisco identificam as princi-
pais etapas em um processo de discernimento. «O discernimento envol-
ve todos, tanto os que participam em nível pessoal como comunitário,
exigindo cultivar disposições de liberdade interior, abertura à novidade
e abandono confiante à vontade de Deus, e permanecer à escuta uns dos
outros, a fim de escutar «o que o Espírito diz às Igrejas» (Ap 2,7)».5
À luz do ícone de Emaús, peço convosco em oração a graça de uma
escuta verdadeira, profunda e ativa que vos leve a reconhecer o movi-
mento do Espírito em vosso coração, nos Irmãos, na Assembleia. Que
a chama do carisma seja liberada no Capítulo, viva, brilhante e arden-
te! Que essa chama aqueça os vossos corações para poderdes revisitar
a vossa vivência vocacional, em fidelidade criativa ao dom recebido
através de São João Bosco, e vos torne sempre mais apaixonados por
Jesus Cristo, consagrados aos jovens.
3 Cf. Francisco, Corações ardentes, pés no caminho, Mensagem para o 97º Dia Mis-
sionário Mundial 2023, Roma, 6 de janeiro de 2023.
4 Francisco, Exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit, Loreto, 25 de março de
2019, n. 237.
5 XVI Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, Como ser Igreja sinodal
missionária. Instrumentum Laboris para a segunda sessão (outubro 2024), 59.

8.3 Page 73

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72 ATOS DO CONSELHO GERAL
Discurso de abertura do CG29, do Vigário do Reitor-Mor,
Pe. Stefano Martoglio
Uma palavra de saudação e de boas-vindas
Reverendíssima Ir. Simona Brambilla,
Prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as
Sociedades de Vida Apostólica
Excelentíssimos Arcebispos e Bispos salesianos
Caríssima Madre Chiara Cazzuola,
Superiora-Geral do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora
Caríssimos Responsáveis dos Grupos da Família Salesiana
Senhor Prefeito e estimadíssimas Autoridades civis
da Cidade de Turim e da Região Piemonte
Autoridades militares
Em nome dos Capitulares, desejo agradecer a vossa presença e dis-
ponibilidade, com que quisestes acompanhar de forma significativa
o dia de abertura oficial do 29o Capítulo Geral da Sociedade de São
Francisco de Sales (Salesianos de Dom Bosco).
Sentir-nos apoiados por cada um de vós nos honra e recorda a res-
ponsabilidade que temos diante da Igreja, da Família Salesiana e, espe-
cialmente, diante da Congregação de Dom Bosco. Tudo isso nos enco-
raja a iniciar os trabalhos com um olhar profético e cheio de esperança.
Ao mesmo tempo, dou oficialmente as boas-vindas aos Irmãos Ca-
pitulares de todas as circunscrições jurídicas da Congregação: Inspe-
tores, Superiores de Visitadorias, Delegados inspetoriais, observado-
res e convidados.
Cada um de vós é essencial. À luz da visão de fé que cada um traz
no coração, estamos cientes de um fato: foi o Senhor que nos reuniu
aqui, mediante os “misteriosos” caminhos da Providência, para viver
um evento muito importante. Encontramos a confirmação disso nas
próprias palavras de Dom Bosco, pronunciadas por ocasião do primei-
ro Capítulo Geral da nossa Congregação: «Estamos realizando algo de
extrema importância para a nossa Congregação».6
6 MB XIII, 250.

8.4 Page 74

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 73
Hoje, também nós somos chamados a uma tarefa muito especial e
o que surgir ao ouvirmos o Espírito como fruto do nosso CG29 será
de extrema importância para a nossa Congregação. Todos nós acredi-
tamos profundamente nisso.
A boa disposição de todos será, sem dúvida, decisiva para os frutos
da Assembleia capitular.
1. O CG29 da Sociedade de São Francisco de Sales
Dom Bosco convocou em Lanzo Torinese o primeiro Capítulo Ge-
ral no dia 5 de setembro de 1877. Eram vinte e três os participantes e
o Capítulo durou três dias inteiros.
Seguiram-no outros Capítulos Gerais, alguns deles aqui mesmo em
Valdocco. Não é indiferente, portanto, celebrar o Capítulo Geral em
um ou outro lugar. Certamente, no “berço do carisma”, temos a opor-
tunidade de redescobrir as nossas origens e redescobrir a originalidade
que está no coração da nossa identidade como pessoas consagradas e
apóstolos dos jovens.
Confiemo-nos, pois, ao Senhor e ao seu Santo Espírito, que conti-
nua a assistir a nossa Congregação. Deixemo-nos levar pela mão de
Maria Auxiliadora, que “continua a fazer tudo”, ouvindo o apelo que
Dom Bosco nos dirige neste santo lugar salesiano.
Na abertura do primeiro Capítulo Geral, Dom Bosco disse aos nos-
sos Irmãos: «O Divino Salvador diz no santo Evangelho que onde
dois ou três estão reunidos em seu nome, Ele mesmo está ali no meio
deles. Não temos outro objetivo nestas reuniões senão a maior glória
de Deus e a salvação das almas redimidas pelo precioso Sangue de
Jesus Cristo».7 Podemos, pois, ter certeza de que o Senhor estará em
nosso meio e que Ele conduzirá as coisas de modo que todos se sintam
à vontade.
É com a mesma convicção e igual olhar de fé que eu quis ressaltar
as palavras de Dom Bosco: são expressões que nos ultrapassam e re-
cordam a continuidade de visão e o caminho de fidelidade a Deus e a
Dom Bosco.
7 MB XIII, 252.

8.5 Page 75

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74 ATOS DO CONSELHO GERAL
Lemos nas nossas Constituições: «O Capítulo Geral é o sinal prin-
cipal da unidade na diversidade da Congregação. É o encontro fra-
terno no qual os salesianos fazem uma reflexão comunitária, para se
manterem fiéis ao Evangelho e ao carisma do Fundador, e sensíveis às
necessidades dos tempos e lugares. Mediante o Capítulo Geral, toda
a Sociedade, deixando-se guiar pelo Espírito do Senhor, procura co-
nhecer, em determinado momento da história, a vontade de Deus para
melhor servir à Igreja»8. E é isso que somos chamados a viver.
Queremos e devemos enfrentar com esse espírito de fé a importan-
te tarefa que toda a Congregação nos confia neste CG29.
2. Tema e finalidade do CG29
Em carta datada de 24 de setembro de 2023, o Reitor-Mor Pe.
Ángel Fernández Artime convocou o 29o Capítulo Geral, observando
que o tema escolhido havia sido identificado pelo Conselho Geral após
uma oportuna e extensa consulta às inspetorias do mundo todo, rece-
bendo um grande número de contribuições.
Apesar da celeridade dos tempos de convocação e de preparação, o
Reitor-Mor destacava a profunda motivação e o grande empenho por
parte de toda a Congregação neste processo.
Foi um “quinquênio” imprevisto e imprevisível por tudo o que
aconteceu; o agradecimento sincero vai aos Irmãos do Conselho e a
todos vós que soubestes enfrentar o que ocorreu nestes anos e que nos
trouxe até aqui.
O tema de reflexão, que todos conhecemos, que preparamos nos
Capítulos inspetoriais e que somos chamados a aprofundar ainda mais
nestas semanas, é este:
«Apaixonados por Jesus Cristo, consagrados aos jovens»
Para uma vivência fiel e profética da nossa vocação salesiana
e articula-se em três núcleos:
• Animação e cuidado da vida real de cada salesiano,
• Juntos, Salesianos, Família Salesiana e Leigos “com” e “para”
os jovens,
8 Const. 146.

8.6 Page 76

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 75
• Uma corajosa revisão e reformulação do governo da Congrega-
ção em todos os níveis.
É evidente, no tema proposto, a centralidade e o primado de Deus,
em quem encontramos a energia e a motivação para dedicar-nos à
missão juvenil, com os membros da Família Salesiana, os leigos e os
próprios jovens.
Também a referência à revisão do nosso modelo de governo não
é justaposta, mas faz parte do caminho que, em fidelidade à nossa
tradição e com os olhos abertos para o futuro, haverá de habilitar-
-nos para trabalhar melhor no campo da nossa missão como edu-
cadores e pastores. Um ponto importante e corajoso de obediência
à realidade.
Enfim, o subtítulo capta a preocupação atual, tanto na vida reli-
giosa em geral quanto em nossa vida consagrada em particular, com
a característica específica da vida religiosa como “profética”. O ca-
minho que a Igreja está a trilhar sob a orientação do Papa Francisco
estimula-nos a ser fiéis a Deus e proféticos na abertura às pobrezas do
mundo, segundo o coração de Dom Bosco.
Como mencionado, esse é o resultado do trabalho realizado pelo
Conselho Geral em harmonia e sinergia com a resposta rica e conver-
gente recebida das inspetorias na consulta do verão de 2023.
2.1. Motivação da escolha do tema
Acreditamos que a Congregação, com o tema proposto para o
CG29, possa evidenciar concretamente os cansaços e as deficiências
que, em vez de nos fazer avançar no caminho da fidelidade ao Senhor
e no testemunho profético de nossas vidas, nos atrasam, nos limitam,
nos tornam ou podem nos tornar incapazes de aproveitar as muitas
oportunidades que o contexto atual apresenta.
Na vida da maior parte dos Irmãos, das inspetorias e da Congre-
gação há muitas coisas positivas, contudo, isso não é suficiente e não
pode servir de “consolação”, porque o grito do mundo, as grandes e
novas pobrezas, a luta cotidiana de tantas pessoas – não apenas pobres,
mas também simples e laboriosas – se ergue bem alto como pedido de
ajuda. São todas essas questões que nos devem provocar e sacudir, e

8.7 Page 77

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76 ATOS DO CONSELHO GERAL
não nos deixar calados. São questões que exigem de nossa parte res-
postas pessoais e institucionais.
Com a ajuda das inspetorias, através da consulta, acreditamos ter
identificado, por um lado, os principais motivos de preocupação e,
por outro, os sinais de vitalidade da nossa Congregação, sempre em
consonância com os aspectos culturais específicos de cada contexto.
Durante o Capítulo, queremos concentrar-nos naquilo que para nós
significa ser verdadeiramente salesianos apaixonados por Jesus Cristo,
porque sem isso ofereceremos bons serviços, faremos o bem às pessoas,
ajudaremos, mas não deixaremos uma marca profunda. A nossa identi-
dade de religiosos consagrados é o cerne do fato de estarmos aqui.
A expressão evangélica: «Jesus chamou aqueles que queria consi-
go e os enviou a pregar» (Mc 3,14-15), diz que Jesus escolhe e chama
aqueles que quer. Entre estes também estamos nós. O Reino de Deus
se faz presente e os primeiros Doze são exemplo e modelo para nós e
para as nossas comunidades.
Os Doze eram pessoas comuns, com valores e defeitos; não for-
mavam uma comunidade de puros, nem um simples grupo de amigos.
No momento da nossa profissão, optamos pela verdadeira com-
panhia de Jesus, totalmente envolvido em uma relação de pessoa a
pessoa. É exatamente esse envolvimento com Jesus que nos estimula
na direção dos jovens.
A missão de Jesus continua e se torna visível no mundo de hoje
também por nosso intermédio, seus enviados. Fomos consagrados
para construir espaços amplos de luz para o mundo de hoje, para ser-
mos profetas. Fomos consagrados por Deus e postos no seguimento
de Jesus, seu Filho amado, para vivermos verdadeiramente como con-
quistados por Deus.
Portanto, novamente, o essencial tem a ver com a fidelidade da
Congregação ao Espírito Santo, vivendo, com o espírito de Dom Bos-
co, uma vida consagrada salesiana centrada em Jesus Cristo. Se fal-
tar isso – e às vezes falta –, podemos oferecer serviços, ter escolas e
centros de formação profissional, oratórios e centros juvenis, casas
de acolhida para jovens..., mas se faltar o essencial, ou seja, a nossa
pertença ao Senhor Jesus, não honramos a missão que recebemos. O

8.8 Page 78

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 77
apelo à fidelidade a nossa identidade consagrada retorna, pois, cons-
tantemente.
Diversas vozes na Congregação pedem para enfrentar, redesco-
brindo esta realidade da vida consagrada e do nosso modo de viver no
Senhor com e para os jovens, especialmente os mais pobres. Está claro
que se quer e se deseja uma autenticidade maior.
E há um forte desejo e expectativa de que este seja um Capítulo
Geral corajoso, em que as coisas sejam ditas, sem se perder em frases
exatas, bem costuradas, mas que não tocam a vida. Há um forte desejo
de dar à Congregação um impulso para o futuro.
Os Irmãos, em geral, desejam uma Congregação fiel ao Senhor e
a Dom Bosco, em que todos, quais Salesianos de Dom Bosco, vivam
com essa paixão intensa por Deus e pela missão juvenil.
Dói muito quando se percebe que não se vive assim, quando há
diversas velocidades no caminho de dedicação e radicalidade evangé-
lica, e quando a “graça de unidade” não é vivida em sua plenitude, mas
reduzida a intimismo ou ativismo.
É o que está em jogo no CG29, provocados também – ousaria di-
zer – pelo Espírito de Deus através de muitas mediações, incluindo, in
primis, o próprio Santo Padre com as suas decisões.
Queridos Irmãos, gostaria de lembrar um aspecto que certamente
muitos de vós percebestes. Refiro-me à continuidade e harmonia com
a experiência do CG28. De fato, o tema está concentrado intensamen-
te na nossa identidade consagrada salesiana, com um desejo real de
crescer na fidelidade e no valor profético da nossa vida, bem como na
missão compartilhada com os leigos e com a Família Salesiana, aco-
lhendo sempre em nossos corações os jovens e suas famílias, muitas
vezes pobres e provadas.
Há continuidade também em relação a questões sobre a animação
e o governo da Congregação que não foram tratadas anteriormente.
Posso assegurar-vos que quase todas as inspetorias pediram para de-
dicar algum tempo na Assembleia capitular – já que não foi possível
na anterior – a aprofundar essas situações que são essenciais e vitais.
Retomo nos três núcleos temáticos o desenvolvimento do que foi
dito até agora.

8.9 Page 79

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78 ATOS DO CONSELHO GERAL
Animação e cuidado da vida real de cada salesiano: como
crentes conquistados por Deus, fixamos o nosso olhar em Jesus
e nos consagramos a Ele. Isso é conservado em cada um de nós,
todos os dias, no cuidado da vocação, própria e dos outros, na
fidelidade a Deus e a nós mesmos
É importante ser fiéis a Deus, como comunidade, vivendo juntos a
experiência de Deus numa fraternidade simples, concreta e evangélica.
É um caminho que acompanha a nossa vida inteira e nunca se
interrompe, da formação inicial ao encontro final com o Senhor.
A nossa fraternidade aberta às pobrezas do mundo faz com que
sejamos humanos e estejamos atentos a todos, a começar pelos mais
pobres e excluídos.
«Reaviva o dom de Deus que recebeste» (2Tm 1,6)
Juntos, Salesianos, Família Salesiana e Leigos “com” e “para”
os jovens: somos chamados a completar, na continuidade, os ca-
minhos de reflexão do CG28 e crescer na missão compartilhada.
A vitalidade apostólica, como vitalidade espiritual, é ação a favor
dos jovens, dos adolescentes, nas mais variadas pobrezas; por isso,
não podemos limitar-nos a só oferecer serviços educativos: o Senhor
está a nos chamar para educar evangelizando, levando a Sua presença
e acompanhando a vida com oportunidades para o futuro.
Somos chamados a buscar, em nome de Deus, novos modelos de pre-
sença, novas expressões do carisma salesiano. Isso deve ser feito em co-
munhão com os jovens e com o mundo, mediante a “ecologia integral”, na
formação de uma cultura digital nos mundos habitados por jovens e adultos.
É preciso, então, ter o cuidado de desenvolver um modelo de bem
economicamente sustentável, sem exclusão dos pobres.
«Um só coração e uma só alma» (At 4,32).
Uma corajosa revisão e reformulação do governo da Congre-
gação em todos os níveis: a obediência à realidade pede-nos
para sermos concretos, olhar e examinar as formas de animação
e de governo da Congregação, para avaliar e verificar se são
adequadas para acompanhar a vida das pessoas – a começar dos
Salesianos – e a missão.

8.10 Page 80

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 79
A fé faz com que sejamos concretos: nos Capítulos inspetoriais,
examinamos as estruturas de animação e governo da Congregação;
faremos o mesmo e ainda mais neste Capítulo Geral. Cabe-nos de-
senvolver e fazer reflexões corajosas e com visão de futuro sobre essa
atividade. O exame da dimensão institucional é a condição concreta
para a possibilidade da vida pessoal e comunitária, na missão e nos
vários contextos.
Tudo isso com várias questões jurídicas que abordamos nos Capí-
tulos inspetoriais e que, como bem sabeis, somos chamados a retomar
e concluir como Assembleia capitular.
«Não vos conformeis com a mentalidade deste século, mas
transformai-vos renovando a vossa mente, para poder discernir a
vontade de Deus, o que é bom, o que lhe é agradável e perfeito»
(Rm 12,2).
Conclusão
Concluo com uma última referência a Dom Bosco e à nossa Mãe
Auxiliadora.
O nosso Fundador, ciente de que nem tudo terminaria com ele, mas
que certamente seria apenas o início de um longo caminho à frente,
disse um dia, em 1875, ao Pe. Júlio Barberis, um de seus colabora-
dores mais próximos: «Vós fareis o trabalho que eu começo; eu farei
o esboço, vós espalhareis as cores [...] agora, eu faço o rascunho da
Congregação e deixarei para aqueles que vierem depois de mim fazer
a bela cópia».9
Com o CG29, que iniciamos hoje, aperfeiçoaremos outras partes
do esboço que Dom Bosco nos deixou, como sempre foi feito em to-
dos os Capítulos Gerais da história da Congregação, confiantes de que,
ainda hoje, podemos continuar a ser iluminados pelo Espírito para ser-
mos fiéis ao Senhor Jesus em fidelidade ao carisma original, com os
rostos, a música e as cores de hoje.
Não estamos sozinhos nessa missão. Sabemos e sentimos que a
Virgem Maria é o modelo de fidelidade.
9 MB XI, 310.

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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80 ATOS DO CONSELHO GERAL
É belo voltar com a mente e o coração ao dia da solenidade da
Imaculada Conceição de 1887, quando, dois meses antes da sua morte,
Dom Bosco disse a alguns Salesianos que, comovidos, o observavam
e ouviam: «Até agora caminhamos sobre o certo. Não podemos errar;
é Maria que nos guia».10
Guia-nos aqui Maria Auxiliadora, a Madonna de Dom Bosco. Ela
é a Mãe de todos nós e é Ela que repete, como em Caná da Galileia,
nesta hora do CG29: «Fazei tudo o que ele vos disser».11
A nossa Mãe Auxiliadora nos ilumine e guie, como fez com Dom
Bosco, para sermos fiéis ao Senhor e nunca decepcionarmos os jovens,
especialmente os mais necessitados.
Dom Bosco recordava com frequência, de maneira plástica, àque-
les que viviam em Valdocco ou vinham aqui, a Casa da Mãe: se esta-
mos aqui é porque Nossa Senhora nos trouxe até aqui.
Todos nós acreditamos intensamente nisto, à escuta para “fazer o
que ele vos disser”, de Cananeia memória. E a isso entregamo-nos,
abertos à maravilha da presença de Deus que teremos nesta experiên-
cia capitular.
Obrigado pela vossa escuta.
Turim, 16 de fevereiro de 2025
Pe. Stefano Martoglio
Vigário do Reitor-Mor
10 MB XVIII, 439.
11 Jo 2, 5.

9.2 Page 82

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 81
Instituto Filhas de Maria Auxiliadora
Salesianas de Dom Bosco
Saudação à Assembleia do Capítulo Geral 29
dos Salesianos de Dom Bosco
Ir. Chiara Cazzuola
Superiora-Geral
Turim, 16 de fevereiro de 2025.
Caríssimo Pe. Stefano, Vigário do Reitor-Mor,
e caríssimos Irmãos Salesianos,
Estou aqui em nome das Filhas de Maria Auxiliadora do mundo
inteiro que acompanharam a vida e a missão da Congregação Sale-
siana nos últimos anos, especialmente com afeto e oração.
Estávamos próximas quando o Reitor-Mor, Pe. Ángel Fernán-
dez Artime, foi nomeado Cardeal pelo Papa Francisco; entendendo
tudo o que essa nomeação implicava em nível concreto. É uma es-
colha que exprime estima e confiança à sua pessoa, honra a Família
Salesiana, cada um de vós, e que levou à antecipação da celebração
deste 29o Capítulo Geral.
Estamos, agora, ao vosso lado em oração, garantindo-a enquan-
to durar a Assembleia capitular.
O Espírito Santo desça abundantemente sobre ela com os Seus
dons de sabedoria e discernimento, e Maria Auxiliadora continue
a guiar as vossas escolhas e a “fazer tudo”, como na vida de Dom
Bosco e de nossos Santos.
O tema do Capítulo Geral 29 é belo e envolvente: APAIXONA-
DOS POR JESUS CRISTO, CONSAGRADOS AOS JOVENS. Para
uma vivência fiel e profética da nossa vocação salesiana.
Como Filhas de Maria Auxiliadora, sentimo-nos em total sinto-
nia com a vossa exigência de aprofundamento, expressa no subtítu-
lo. Para uma vivência fiel e profética da nossa vocação salesiana,
é um tema que convida a retornar ao essencial, à identidade caris-
mática centrada em Cristo e à educação evangelizadora dos jovens.
É um novo apelo do Espírito e do mundo contemporâneo a
renovar o coração mesmo da vocação salesiana, a reavivar o

9.3 Page 83

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82 ATOS DO CONSELHO GERAL
ardor espiritual e apostólico que distinguiu o carisma em suas
origens e que hoje caracteriza a vossa vida e missão nos cinco
Continentes.
As três prioridades que escolhestes: renovar a vida espiritual e a
formação mediante uma autêntica relação com Cristo e um profun-
do empenho na missão; colaborar com os leigos e com os membros
da Família Salesiana na missão específica própria do carisma sa-
lesiano; e, enfim, uma corajosa revisão das estruturas de animação
e de governo da Congregação para torná-las mais eficazes e ade-
quadas aos desafios sempre novos e inéditos do tempo presente,
são três grandes escolhas que garantirão uma renovada vitalidade a
toda a Congregação, tanto em nível missionário como vocacional,
uma forte aposta no presente e no futuro.
O futuro do carisma está nas mãos de cada um de nós, como
membros ativos e corresponsáveis da Família Salesiana, mas ago-
ra, sobretudo, está em vossas mãos, como Assembleia capitular
mundial.
Sabemos muito bem que o Capítulo Geral é um evento de graça
e sinodalidade, de importância decisiva na Igreja de hoje, um even-
to do Espírito Santo. Ele pode irradiar toda a sua luz, a sua graça
em nossa pequena vida cotidiana para nos tornar mais corajosos,
mais proféticos, num tempo tão complexo e difícil sob muitos pon-
tos de vista.
Penso nas situações sociais e políticas nada fáceis das quais al-
guns de vós provêm. Penso nas realidades de dor, violência, po-
breza e injustiça, nas situações dramáticas causadas pelos vários
conflitos que afligem o mundo e afetam as vossas Inspetorias.
Penso nas comunidades em situações precárias e sofridas onde
vivem e trabalham tantos Irmãos e Irmãs que enfrentam, com fide-
lidade e coragem, o desafio cotidiano da educação para promover
a vida das jovens gerações que lhes foram confiadas e garantir um
futuro melhor para todos.
A grandeza e a amplitude que compreendeis nesta Assembleia
capitular oferecem uma visão maravilhosa da vitalidade e da força
do carisma do qual a missão da Congregação Salesiana recebe o
seu impulso criativo.

9.4 Page 84

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 83
O ano jubilar que estamos a viver agora projeta-nos para um
horizonte radiante de esperança, enraizado no Senhor ressuscitado
e vivo. Ajude-vos Ele a olhar para o futuro com confiança, sem de-
sanimardes com as incertezas do tempo presente, tão contraditório,
complexo e em mudança constante.
O vosso caminhar juntos em profunda comunhão é um sinal
forte de esperança para a Família Salesiana e para a Igreja. A cer-
teza de que Maria Auxiliadora e Dom Bosco vos guiam, susten-
te-vos enquanto olhais para o futuro com coragem e descortino.
O mundo salesiano inteiro e todas as Filhas de Maria Auxiliadora
estão convosco, acompanhando-vos na oração com afeto e esti-
ma. Pessoalmente, aproveito este momento para agradecer-vos
pela proximidade, pela alegria de compartilhar a mesma vocação
salesiana, de experimentar a beleza da mesma espiritualidade e
missão.
Sou-vos grata pela riqueza do vosso ministério sacerdotal que
generosamente ofereceis às nossas comunidades, aos jovens, às
crianças, às famílias que encontramos nas obras educativas em
situações fáceis e, muito frequentemente, em situações difíceis.
Pude constatá-lo em minhas visitas às nossas comunidades espa-
lhadas em tantas partes do mundo. É por isso que me faço porta-
-voz das Filhas de Maria Auxiliadora para dizer-vos um “obriga-
do coral”.
Desejo que este evento de graça possa gerar uma renovada vi-
talidade carismática e novas e santas vocações. Confio esse desejo
aos nossos Santos e, em particular, a Santa Maria Domingas Maz-
zarello, que não deixará faltar a sua intercessão.
Obrigado pelo convite, pela oportunidade de estar aqui convos-
co e de participar deste momento tão importante para toda a Famí-
lia Salesiana.
Bom trabalho e tudo de bom!

9.5 Page 85

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84 ATOS DO CONSELHO GERAL
ASSOCIAÇÃO DOS SALESIANOS COOPERADORES
Antonio Boccia
Coordenador Mundial
Roma, 16 de fevereiro de 2025.
É com imensa alegria e profunda emoção que me encontro
hoje aqui, para a abertura do 29o Capítulo Geral da Congregação
Salesiana. Este momento crucial, que vos vê reunidos em nome
de Dom Bosco, marca uma etapa fundamental em nosso caminho
compartilhado de fé e missão.
Este Capítulo Geral, o CG29, ocorre num período particular-
mente significativo: acabamos de celebrar os 200 anos do sonho
dos nove anos de Dom Bosco, recordamos os 150 anos da primeira
expedição missionária e nos alegramos pela nomeação a Cardeal
do nosso Reitor-Mor, Padre Ángel Fernández Artime.
Esses eventos traçam um percurso ideal desde as origens até os
dias atuais e recordam-nos a importância de retornar ao coração
da vossa identidade consagrada salesiana, centrada em Cristo, e de
renovar o vosso compromisso com os jovens.
O tema que guiará os trabalhos destes dias, “Apaixonados por
Deus, consagrados aos jovens”, é um convite a redescobrir a pai-
xão por Cristo e a reavivar o vosso zelo apostólico. Um tema que
vos incentiva a retomar os valores fundamentais do carisma, para
traduzi-los em ações concretas na vida cotidiana.
Como Salesianos, como filhos de Dom Bosco, sois chamados a
ser “místicos no Espírito, profetas da fraternidade e servos dos
jovens”. Esta tripla identidade é a bússola que orienta a vossa vida
espiritual, comunitária e pastoral. Sois chamados a viver a sequela
de Cristo em comunidade, com um espírito profético e envolvente.
Isso implica uma profunda relação com Cristo através da oração,
da reflexão e do acompanhamento espiritual.
O tema “Apaixonados por Deus, consagrados aos jovens” traça
a rota que a Congregação percorrerá em direção a um futuro de
esperança, futuro em que a Família Salesiana é protagonista, assim
como Dom Bosco a imaginara.

9.6 Page 86

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 85
Irmãos, este Capítulo Geral não é um evento isolado, mas uma
etapa fundamental do caminho de renovação que estais prestes a
empreender. Recordemos, como evidenciado em diversos docu-
mentos, que a Congregação Salesiana tem um papel de animação
no interior da Família Salesiana.
Sois chamados a ser “companheiros de viagem”, com um es-
pírito de acolhimento, proximidade e amizade, cuidando da voca-
ção de cada um. A vossa animação deve fortalecer a interioridade
das pessoas, infundir entusiasmo pela vida e ajudar a descobrir mo-
tivos de melhoria, revitalizando o coração e abrindo à esperança.
É vosso dever manter viva a chama do Carisma de Dom Bosco,
na convicção de que o Carisma não é propriedade individual, mas
encarna-se numa “comunidade carismática e espiritual” forma-
da por diferentes grupos ligados por vínculos de parentesco espiri-
tual e de afinidade apostólica.
Como nos recorda a Carta de Identidade da Família Salesiana,
a unidade é parte do nosso ser e da nossa identidade. O caminho
sinodal que estais prestes a iniciar exige que trabalheis juntos por
uma vida fiel e profética da nossa vocação salesiana.
A Família Salesiana inteira, como Família Carismática na Igre-
ja, formada por leigos e consagrados, é chamada a conservar, apro-
fundar e atualizar o Carisma, criando lugares de encontro e de for-
mação compartilhada.
Os três núcleos temáticos fundamentais interpelam-vos profun-
damente nestes dias de discernimento:
Renovar a Vida Espiritual e a Formação
Irmãos, voltai ao coração da vossa fé, a exemplo de Dom Bosco!
Este núcleo temático convida-vos a redescobrir a autêntica rela-
ção com Cristo, fonte inesgotável de entusiasmo e dedicação para a
vossa missão, assim como o fora para Dom Bosco. Não se trata de
um simples apelo à oração, mas de um convite à profunda experi-
ência de fé que ilumine cada um dos vossos passos, seguindo o ca-
minho de santidade de Dom Bosco. A formação não é um percurso
individual, mas um caminho compartilhado, como Dom Bosco nos
ensinou ao envolver os seus colaboradores.

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86 ATOS DO CONSELHO GERAL
Abri as portas da vossa formação, inspirando-vos na inclusi-
vidade de Dom Bosco! Envolvei ativamente os leigos e os mem-
bros da Família Salesiana em vossos itinerários formativos. A sua
diversidade de experiências e vocações é uma riqueza que enri-
quece o vosso caminho e ajuda a compreender melhor os desafios
do mundo de hoje. Juntos, podemos crescer na formação integral,
que envolve todas as dimensões da pessoa, seguindo o exemplo
de Dom Bosco, que cuidava de cada aspecto da vida dos jovens.
O “colóquio no Espírito” torna-se um instrumento valioso para
o discernimento comunitário, uma oportunidade para ouvir a voz
do Espírito e tomar decisões que nascem de um coração aberto e
sincero, como Dom Bosco fazia em sua Obra.
Valorizar a colaboração na Missão
A missão é uma obra coletiva, um sonho que Dom Bosco realizou
com a sua Família!
Este núcleo temático recorda que não estais sozinhos nessa
aventura. Fazeis parte de uma grande Família, composta de sale-
sianos, leigos e membros de diversos Grupos, todos chamados a
colaborar com alegria e generosidade, seguindo o exemplo de Dom
Bosco, que a todos envolveu em sua Obra. A sinodalidade é o ca-
minho, uma maneira de ser Igreja que Dom Bosco antecipou! Isso
significa reconhecer que somos todos responsáveis pela missão
educativa e pastoral, como Dom Bosco sempre acreditou.
A Família Salesiana é um tesouro a ser valorizado, fruto da
visão de Dom Bosco! Incentivai a participação e a corresponsa-
bilidade de cada membro, reconhecendo o valor e a contribuição
específica de cada um. Promovamos a formação compartilhada e
a missão conjunta entre os vários Grupos, criando uma rede de
relações fraternas que nos ajudem a realizar o Projeto Educativo
Salesiano, assim como foi sonhado por Dom Bosco.
A Consulta Inspetorial da Família Salesiana é o lugar ideal para
encontrar-se, compartilhar experiências e planejar juntos interven-
ções que respondam aos desafios do território, inspirando-nos na
abordagem prática e concreta de Dom Bosco.
Rever e atualizar as Estruturas de Animação e Governo
Não temais a mudança, mas acolhei-a como Dom Bosco!

9.8 Page 88

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 87
Este núcleo temático convida-vos a olhar com coragem para as
vossas estruturas de animação e governo, com o objetivo de torná-
-las mais eficazes e correspondentes aos desafios do presente. Não
se trata de uma crítica do passado, mas de uma oportunidade para
renovar as vossas formas de liderança e tomar decisões corajosas,
sempre em benefício da Congregação e sua missão, como Dom
Bosco sempre fez ao adequar o seu método aos tempos.
A revisão e a atualização são sinais de uma Congregação dinâ-
mica e aberta ao futuro, fiel ao espírito de Dom Bosco que sempre
nos estimula a ir adiante. Abri as vossas estruturas à participação,
assim como Dom Bosco abriu as portas do seu Oratório! Envolvei
ativamente os leigos e os membros da Família Salesiana no pro-
cesso de revisão e atualização, valorizando as suas capacidades e
experiências. Promovei um clima de transparência, responsabili-
dade e participação, criando um espaço de diálogo e colaboração
onde todos se sintam protagonistas da mudança, assim como Dom
Bosco criou um ambiente familiar em Valdocco.
O Capítulo Geral 29 chama-vos a uma viagem extraordinária,
uma oportunidade única: este é o momento de redescobrir a própria
identidade consagrada, fortalecer a missão e caminhar juntos em
direção a um futuro de esperança, com e pelos jovens, seguindo o
exemplo de Dom Bosco.
Com confiança e audácia, acolhei este desafio de coração aber-
to e mente iluminada, prontos para construir um futuro em que o
amor de Deus e a paixão pelos jovens estejam no centro de cada
uma das vossas ações, inspirados pelo coração de Dom Bosco.
Juntos, como Família Salesiana, podemos fazer a diferença,
continuando a obra de Dom Bosco!
Maria Auxiliadora seja a vossa companheira neste caminho.
Bom trabalho a todos.

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88 ATOS DO CONSELHO GERAL
Declaração da Confederação Mundial Mornese Ex-Alunas/os FMA
290 Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco
"Apaixonados por Jesus Cristo, consagrados aos jovens.
Por uma vida fiel e profética da nossa vocação salesiana"
Caro Vigário do Reitor-Mor, Membros do Capítulo e Família
Salesiana,
Em nome da Confederação Mundial Mornese Ex-alunas/os
FMA, enviamos as nossas mais sinceras saudações e orações en-
quanto vos reunis para o 290 Capítulo Geral dos Salesianos de Dom
Bosco.
O tema escolhido, "Apaixonados por Jesus Cristo, consagra-
dos aos jovens. Por uma vida fiel e profética da nossa vocação sa-
lesiana", ressoa profundamente com a essência da nossa missão
compartilhada. Chama todos nós a renovar o nosso compromisso
com o carisma de São João Bosco, acendendo em nossos corações
uma paixão por Cristo e uma dedicação inabalável ao serviço dos
jovens, especialmente os mais necessitados.
Como ex-alunas/os, somos testemunhas vivas do poder trans-
formador da vocação salesiana. Experimentamos pessoalmente o
impacto revolucionário de sermos acompanhados com amor, com-
preensão e uma visão profética que nos inspira a sermos partici-
pantes ativos na Igreja e na sociedade. Este Capítulo convida-nos a
refletir sobre como também podemos viver fiel e profeticamente a
nossa missão, enraizados nos valores do nosso carisma.
No documento final do Sínodo dos Jovens (2024), eles nos ofe-
receram a sua visão, os seus sonhos e um caminho que sentiram
necessário para o Encontro com Deus, a sua santidade. Os jovens
imaginam uma comunidade transformadora onde são apoiados, ou-
vidos e guiados para realizar o seu potencial na fé, na família e na
sociedade, contribuindo ativamente para um futuro esperançoso e
inclusivo. Duas das prioridades que considerei muito significativas
e em sintonia com o tema do Capítulo Geral são a busca de uma
conexão com Deus e a fé, uma relação pessoal mais profunda que
inspira esperança e direção, e uma âncora que ajudará as suas vi-

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 89
das na fé, na oração e nos sacramentos – uma guia na descoberta
da própria vocação e na vida de santidade. A segunda é Relações
Autênticas e Modelos de Papel. É aqui que os líderes de hoje de-
vem cultivar e analisar a nossa santidade. Não podemos servir com
promessas ou ideias vazias; devemos oferecer aos nossos jovens
um acompanhamento credível, uma orientação empática e ouvidos
que escutam sem julgamento. Essa relação favorece a confiança e
a compreensão recíproca.
Rezamos pela orientação do Espírito Santo durante este Capítu-
lo para que seja um tempo de discernimento frutuoso, de decisões
corajosas e de um compromisso renovado com a visão de Dom
Bosco. Que as vossas discussões e reflexões fortaleçam a unidade
da Família Salesiana e inspirem caminhos inovadores para evange-
lizar e acompanhar os jovens nos desafios do mundo de hoje.
Tende certeza das nossas orações e do nosso apoio enquanto
empreendeis este caminho significativo. Juntos, continuemos a ca-
minhar na fidelidade a Cristo e com um espírito profético, promo-
vendo uma cultura de encontro, de esperança e de transformação
para os jovens e para o mundo.
Com cordiais saudações e orações,
Maria Carmen Castillon
Presidente
Confederação Mundial Mornese Ex-alunas/os FMA

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90 ATOS DO CONSELHO GERAL
Primeiro Boa-noite do Pe. Fabio Attard após a eleição como
Reitor-Mor 25 de março de 2025
Caros Irmãos,
Neste momento, tão intensamente humano, desejo compartilhar
com vocês três reflexões que nascem de um sentimento de pro-
funda gratidão e consciência. A dimensão pessoal, embora real e
tocante, é apenas um fragmento de uma realidade muito mais am-
pla: hoje, o centro não sou eu, mas a Congregação Salesiana. Ela é
o verdadeiro sujeito protagonista, que com o gesto realizado hoje
testemunha não apenas vitalidade, mas também o desejo de que
essa vitalidade se prolongue no tempo.
Somos parte de uma dinâmica maior que nós, em que homens
e mulheres são chamados, por um tempo, a servir onde outros os
seguirão, assumindo o mesmo mandato. Nesta história profunda-
mente humana, o Espírito de Deus continua a falar, criar, redimir,
santificar. É uma história habitada pelo Deus trinitário que nos in-
terpela, a nós Salesianos de Dom Bosco, para que permaneçamos
abertos à sua ação salvífica, que tem em Jesus Cristo o princípio e
o cumprimento.
Esta manhã, refletindo sobre o que poderia acontecer – e que
depois aconteceu – perguntei-me: “O que o Senhor está a dizer
com tudo isso?”. Acompanhei, como tantos Irmãos no mundo, o
caminho deste Capítulo Geral, reconhecendo um desejo autênti-
co de escuta do Espírito. Desde o início, as reflexões do Pe. Pas-
cual Chávez ajudaram-me muito; elas ressoavam profundamente
em mim, em continuidade com o que Pe. Ángel me confidenciou
em setembro de 2023, quando foi anunciado o tema do Capítu-
lo: “Apaixonados por Jesus Cristo, consagrados aos jovens, para
uma fidelidade profética”.
Lembro bem daquele momento: estávamos na escola de acom-
panhamento com o coadjutor Raymond Callo, envolvido em um
trabalho excepcional da Escola de Acompanhamento Espiritual
Salesiano, e o Pe. Ángel veio cumprimentar os participantes. Apro-
veitei a oportunidade para agradecer-lhe. Na minha opinião, aquele
título era – e é – profundamente acertado: resume o que estamos a
viver, ouvir, buscar. É interessante observar como os últimos três

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 91
Capítulos Gerais abordaram, de diferentes formas, a questão da
identidade do Salesiano. Desde 2014, com “Místicos, Profetas e
Servos”, passando pelo tempo complexo da pandemia, chegamos à
reflexão sobre “Qual salesiano para os jovens de hoje?”
É preciso encarar a opção do Capítulo Geral não como uma
preferência pessoal – por mais legítima que seja – mas como a
aceitação de um chamado coletivo que nos interpela a todos. O
importante não é tanto quem é escolhido, mas a forma como esse
serviço é assumido, o espírito de disponibilidade e o desejo que
move quem é chamado. Seja o Fábio ou outro Irmão, a essência
não muda: a Congregação é maior que o seu Reitor-Mor, embora
seja verdade que o Reitor-Mor tenha um papel significativo.
O Pe. Pascual destacou várias vezes como hoje, nós Salesianos,
somos chamados a viver o carisma de forma autêntica, evitando
o risco das “fotocópias pastorais”. O Papa Francisco lembra-nos
que simplesmente repetir o que sempre foi feito já não é suficiente.
O maior perigo, no entanto, não está em ignorar essa consciên-
cia, mas em ficar preso no nível teórico. Saber as coisas no nível
intelectual, sociológico, analítico, não equivale a vivê-las de forma
profética e fiel. E é justamente nessa tensão que se situa o meu
pensamento para nós, hoje.
Juntos – e digo “juntos” como Dom Bosco diria – somos cha-
mados a redescobrir, antes de tudo, uma paixão por Deus. Sem
isso, falta também a paixão pelo homem. E como a natureza não
tolera o vazio, quando falta a paixão por Deus, inevitavelmente
entra o egoísmo. Longe de sermos servidores, somos pessoas que
se servem do próprio papel.
Daqui nasce o segundo ponto da minha reflexão, ligado à Pa-
lavra que nos foi proclamada: “Somos os últimos chamados para
servir”.
Há anos, todo sábado à noite, na celebração das Vésperas, me-
dito o cântico da Carta aos Filipenses: o mistério da kenosi, o es-
vaziamento do Filho de Deus, que assume a forma de servo para
servir, para se identificar, para se encarnar. Nesta manhã, providen-
cialmente, a leitura breve das Laudes remetia-nos a este mesmo
mistério, na festa da Anunciação: não celebramos um espetáculo

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92 ATOS DO CONSELHO GERAL
divino que irrompe na história, mas contemplamos com humildade
e inteligência o mistério da Encarnação, que nos envolve profun-
damente, pessoalmente.
Deus se fez carne para que, na minha carne, na minha história,
essa mesma força de amor possa viver e agir. Esse amor recebido,
hoje, na mudança de época de que fala o Papa Francisco, somos
chamados a compartilhar. É aqui que se joga o nosso serviço edu-
cativo-pastoral: em que direção nos movemos? No sentido vertical,
como se fôssemos benfeitores, patrões, provedores de serviços? Ou
no sentido evangélico, como autênticos servidores?
Recordo com gratidão uma frase do Pe. Viganò numa de suas
cartas: ele falava da necessidade de unir a caridade pastoral à in-
teligência pedagógica. É um binômio que nos guia, uma graça de
unidade que nos mantém fiéis à nossa vocação salesiana.
Neste momento particular que o Capítulo está a viver, esta-
mos imersos no coração do carisma. É bom constatar, mesmo para
quem acompanha de longe, o quanto o trabalho de comunicação
está tornando visível o que está a ser construído aqui. É um sinal
muito positivo. Agora, a verdadeira pergunta que nos interpela é:
conseguiremos levar tudo isso para as Inspetorias? Conseguiremos
encarnar este chamado em um contexto radicalmente novo?
Se o tempo é novo, não o é a sede de significado que o
atravessa. Ela é antiga, constitutiva do homem. E quem, como nós,
teve o dom de conhecer o mundo, sabe que hoje os jovens vivem
realmente em uma «aldeia global». As perguntas que ouvi no
Vietnã são as mesmas que captei no Brasil. As mesmas perguntas,
os mesmos questionamentos que recolhi no ano passado em Madri,
na Inspetoria de Santiago Maior, reencontrei há poucos meses em
Bangalore.
Jovens cristãos, jovens católicos, mas também jovens de outras
religiões ou sem filiação religiosa, que, no entanto, se relacionam
conosco: reconheçamos que todos carregam no coração uma sede.
A pergunta que devemos fazer-nos é: somos capazes de realmente
escutar essa pergunta? A resposta é sim, somente se aceitarmos ser
servos. Só então poderemos captar essa sede e, consequentemente,
criar as condições – pessoas, lugares, propostas – para que ela seja

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 93
reconhecida, acolhida e, possivelmente, também saciada, pelo me-
nos com “um copo d’água” que rompe a sede.
A mudança de época não é, então, uma ameaça, mas uma opor-
tunidade extraordinária. Durante algumas visitas a contextos em
que os cristãos são minoria – países muçulmanos, budistas, hindus,
agnósticos – toquei com a mão uma simpatia extraordinária por
Dom Bosco. Uma simpatia não superficial ou emotiva, mas pro-
funda, inteligente, afetivamente saudável. Ela nasce de uma busca
autêntica do verdadeiro, do belo e do bom.
Aqui está a novidade do nosso tempo. Avante, então! Não pode-
mos perder esta oportunidade. A medida da nossa paixão por Cristo
indicará o grau da nossa consagração aos jovens. A nossa fidelidade
será a espinha dorsal da nossa profecia. Não há outros caminhos.
Enfim, não podemos esquecer os nossos Irmãos salesianos que
hoje vivem em contextos de guerra. Durante a última Visita Inspe-
torial que fiz, tive o dom de passar um tempo com o padre Thomas
Uzhunnalil, que ficou refém durante 557 dias. A sua serenidade, a
sua profundidade espiritual, a sua vida de oração são um testemu-
nho vivo. São pessoas diante das quais é preciso ajoelhar-se.
Graças a Deus, temos muitos salesianos como o Padre Thomas:
Irmãos que não abandonaram terras marcadas pela violência e pelo
sofrimento. Eles ficaram, para testemunhar que por Jesus Cristo
vale a pena ser Dom Bosco para os jovens hoje. Como podería-
mos esquecer a martirizada Ucrânia, a Palestina, Israel, o Líbano,
Mianmar, Sudão, Etiópia, a República Democrática do Congo? Es-
ses Irmãos precisam da nossa proximidade espiritual. São os már-
tires do nosso tempo, testemunhas silenciosas e fiéis da esperança
cristã.
Esta manhã, quando o Pe. Stefano me fez a pergunta decisiva,
tudo pareceu abrir-se como uma história imprevisível, quase uma
aventura. Baguncei todos os programas, nada da organização das
dez e meia que vocês tinham preparado! Mas tudo bem. Fiquei
profundamente emocionado, não tanto pela estima pessoal – que
também me honra – mas pela confiança que a Congregação quis
expressar. Uma confiança que não nasce de uma ideia abstrata, mas
de um caminho compartilhado. Digo com liberdade: não a mereço.

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94 ATOS DO CONSELHO GERAL
Mas esta é a nossa Congregação.
E com este mesmo espírito queremos deixar-nos acompanhar
nos próximos dias. Servir significa, antes de tudo, viver o que se
anuncia. Deve ser visível, crível. E tudo isso começa conosco, do
Conselho Geral. Somos chamados a ser sinal de sinodalidade, de
comunhão, de fraternidade. Somos chamados a ser pais. Estamos
ali para servir. Nada mais.
Hoje, Dom Bosco somos nós. Hoje, Dom Bosco nos repete:
coragem!
Nestes dias, eu estava a ler algumas páginas do segundo vo-
lume do Pe. Pietro Braido, dedicadas ao ano de 1875 – ano que
hoje celebramos no centésimo quinquagésimo aniversário das mis-
sões. Dom Bosco, naquele tempo, tinha inúmeras frentes abertas: a
consolidação das Constituições, a fundação do Instituto das Filhas
de Maria Auxiliadora, os Cooperadores, as missões, a abertura na
França, as dificuldades com Gastaldi... E, no entanto, ele seguia em
frente, e seguia em frente.
Este é Dom Bosco. E este somos nós hoje.
Peço-lhes apenas uma coisa: rezem por mim. Vocês me con-
fiaram um peso. Falava sobre isso esta manhã com o meu diretor
espiritual. Ele me disse: “Vá em frente. O Senhor te pede. Vá”. E
eu vou, mas peço a vocês: acompanhem-me com a oração. Esta não
é uma tarefa humana.
Rezem também por aqueles que elegerão para o Conselho Ge-
ral: para que sejamos uma comunidade, para que sejamos irmãos,
para que possamos realmente servir uns aos outros, escutar-nos,
sonhar juntos. Entrar naquele espaço sagrado onde não são neces-
sárias sandálias, para sermos livres na escuta e prontos para levar
adiante o projeto do Capítulo Geral com alegria e otimismo.
Viva Dom Bosco!

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 95
SOCIETÀ DI SAN FRANCESCO DI SALES
sede centrale salesiana
Via Marsala, 42 – 00185 Roma
Il Rettor Maggiore
DICURSO FINAL
Caríssimos Irmãos,
Chegamos ao fim da experiência do XXIX Capítulo Geral com
o coração cheio de alegria e gratidão por tudo o que pudemos vi-
venciar, compartilhar e planejar. O dom da presença do Espírito de
Deus, que suplicamos todos os dias na oração da manhã e durante
o trabalho mediante o diálogo no Espírito, foi a força central da ex-
periência do Capítulo Geral. Buscamos o protagonismo do Espírito
e ele nos foi concedido em abundância.
A celebração de cada Capítulo Geral é como um marco na vida
de toda congregação religiosa. Isso também é verdade para nós,
para a nossa amada Congregação Salesiana. É um momento que
dá continuidade ao caminho que, desde Valdocco, continua a ser
vivido com empenho e levado adiante com zelo e determinação nas
várias partes do mundo.
Chegamos ao final deste Capítulo Geral com a aprovação do
Documento Final que servirá como nossa carta de navegação para
os próximos seis anos – 2025-2031. Veremos e sentiremos o valor
do Documento Final à medida que a mesma dedicação à escuta, a
mesma preocupação de nos deixarmos acompanhar pelo Espírito
Santo que marcou estas semanas, conseguirmos manter após a con-
clusão desta experiência salesiana de Pentecostes.

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96 ATOS DO CONSELHO GERAL
Desde o início, desde que o Reitor-Mor Pe. Ángel Fernández
Artime tornou pública a Carta de Convocação para o Capítulo
Geral 29, em 24 de setembro de 2023, ACG 441, eram claras
as motivações que deveriam guiar os trabalhos pré-capitulares e,
mais tarde, os trabalhos do próprio Capítulo Geral. O Reitor-Mor
escreve que:
«O tema escolhido é fruto de uma rica e profunda reflexão que
fizemos no Conselho-Geral, com base nas respostas recebidas
das Inspetorias e da visão que temos da Congregação neste mo-
mento. Ficamos agradavelmente surpresos com a grande con-
vergência e harmonia encontradas em muitas contribuições das
Inspetorias, que tinham muito a ver com a realidade que en-
contramos na Congregação, com o caminho de fidelidade que
há em muitos setores e também com os desafios do momento
presente» (ACG 441).
O processo de escuta das Inspetorias, que levou à identifica-
ção do tema para este Capítulo Geral, já é uma indicação clara
da metodologia da escuta. À luz do que vivemos nestas sema-
nas, confirma-se o valor do processo de escuta. O modo como
primeiramente identificamos e, depois, interpretamos os desa-
fios que a Congregação está decidida a enfrentar evidenciou
aquele nosso clima tipicamente salesiano, o espírito de família,
que não quer evitar os desafios, que não procura padronizar o
pensamento, mas que faz o possível para chegar ao espírito de
comunhão em que cada um de nós pode reconhecer o modo de
ser Dom Bosco hoje.
O ponto central dos desafios identificados tem a ver com a refe-
rência “à centralidade de Deus (como Trindade) e de Jesus Cristo
como Senhor da nossa vida, sem jamais esquecer os jovens e o
nosso compromisso para com eles” (ACG 441). A condução dos
trabalhos do Capítulo Geral atesta não só que temos a capacidade
de identificar desafios, mas também de encontrar maneiras de tra-
zer à tona harmonia e unidade, reconhecendo e valorizando o fato
de encontrar-nos em diferentes continentes e contextos, diferentes
culturas e línguas. Além disso, esse clima confirma que, quando
olhamos para a realidade de hoje com os olhos e o coração de Dom
Bosco, quando estamos realmente apaixonados por Cristo e con-

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 97
sagrados aos jovens, descobrimos que a diversidade se transforma
em riqueza, que caminhar juntos é belo, embora cansativo, que jun-
tos podemos enfrentar desafios.
Em um mundo fragmentado por guerras, conflitos e ideologias
que despersonalizam, em um mundo marcado por pensamentos e
modelos econômicos e políticos que privam os jovens do seu pro-
tagonismo, a nossa presença é um sinal, um “sacramento” de espe-
rança. Os jovens, independentemente da cor da pele, da pertença
religiosa ou étnica, pedem-nos para promover propostas e lugares
de esperança. Eles são filhas e filhos de Deus à espera de sermos
servos humildes.
Um segundo ponto, confirmado e reafirmado por este Capítulo
Geral, é a convicção compartilhada de que “se faltassem em nossa
Congregação a fidelidade e a profecia, seríamos como uma luz que
não brilha e um sal sem sabor” (ACG 441). A questão aqui não é
tanto se queremos ou não ser mais autênticos, mas que esse é o úni-
co caminho que temos e é o que foi enfatizado intensamente nestas
semanas: crescer em autenticidade!
A coragem demonstrada em alguns momentos do Capítulo Ge-
ral é uma excelente premissa para a coragem que será exigida de
nós no futuro em outros temas que surgiram deste Capítulo Geral.
Tenho certeza de que essa coragem encontrou aqui um terreno fér-
til, um ecossistema saudável e promissor para o futuro. Ter co-
ragem significa não deixar que o medo tenha a última palavra. A
parábola dos talentos ensina-o claramente. O Senhor deu-nos ape-
nas um talento: o carisma salesiano, concentrado no Sistema Pre-
ventivo. A cada um de nós será perguntado o que fizemos com esse
talento. Juntos, somos chamados a fazê-lo frutificar em contextos
desafiadores, novos e inéditos. Não temos motivos para enterrá-lo.
Temos muitas motivações, muitos gritos de jovens que nos incitam
a “sair” e semear esperança. Este passo corajoso, cheio de convic-
ção, já foi dado por Dom Bosco no seu tempo e, hoje, ele pede-nos
para vivê-lo como ele e com ele.
Gostaria de comentar alguns pontos que já constam no Docu-
mento Final e que, acredito, possam servir de indicadores que nos
encorajem em nosso caminho nos próximos seis anos.

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98 ATOS DO CONSELHO GERAL
1. Conversão pessoal
O nosso caminho como Congregação Salesiana depende das opções
pessoais, íntimas e profundas que cada um de nós se decide a fazer.
Alargando o plano de fundo com que devemos refletir sobre o tema
da conversão pessoal, é importante recordar como, nestes anos após o
Concílio Vaticano II, a Congregação trilhou um caminho de reflexão
espiritual, carismática e pastoral magistralmente comentado pelo Pe.
Pascual em suas intervenções semanais. Essa leitura e essa contribui-
ção enriquecem ainda mais a importante reflexão que o Reitor-Mor, Pe.
Egidio Viganò, nos deixou em sua última carta à Congregação: Como
reler hoje o carisma do Fundador (ACG 352, 1995). Se hoje falamos
de uma “mudança de época”, o Pe. Viganò escrevia em 1995:
«A releitura do carisma do nosso Fundador está a nos empenhar já
há bem trinta anos. Dois grandes fachos de luz ajudaram-nos nesse
trabalho: primeiro, o Concílio Ecumênico Vaticano II e, depois,
a transformação epocal desta hora de aceleração histórica» (ACG
352, 1995).
Refiro-me a esse caminho da Congregação, com suas riquezas e
patrimônio, porque o tema da conversão pessoal é o espaço em que
este caminho da Congregação encontra a sua confirmação e o seu im-
pulso ulterior. A conversão pessoal não é um assunto intimista e autor-
referencial. Não se trata de um chamado que toca somente a mim, de
uma maneira desvinculada de tudo e de todos. A conversão pessoal é
aquela experiência singular de onde sairá e emergirá depois uma pas-
toral renovada. Podemos constatá-lo porque encontra o seu ponto de
partida no coração de cada um de nós. A partir disso, podemos notar
a contínua e convicta renovação pastoral. O Papa Francisco condensa
essa urgência em uma frase: “A intimidade da Igreja com Jesus é uma
intimidade itinerante, e a comunhão «reveste essencialmente a forma
de comunhão missionária»” (Evangelii Gaudium 23).
Isso nos leva a descobrir que, quando insistimos na conversão pes-
soal, devemos ter o cuidado de não cair, por um lado, numa interpreta-
ção intimista da experiência espiritual e, por outro, de não subestimar
aquilo que é o fundamento de todo caminho pastoral.
Diante do apelo de uma paixão renovada por Jesus, convido cada
salesiano e cada comunidade a levarem a sério as opções e os compro-

10.10 Page 100

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 99
missos concretos que, como Capítulo Geral, consideramos urgentes
para um testemunho educativo-pastoral mais autêntico. Acreditamos
que não podemos crescer pastoralmente sem essa atitude de escu-
ta da Palavra de Deus. Reconhecemos que os vários compromissos
pastorais que temos, as necessidades sempre crescentes que nos são
apresentadas e que testemunham uma pobreza que nunca se detém,
correm o risco de nos tirar o tempo necessário para “estar com Ele”. Já
encontramos esse desafio desde o início da nossa Congregação. É uma
questão de ter prioridades claras que fortaleçam a nossa espinha dorsal
espiritual e carismática que dá alma e credibilidade à nossa missão.
O Pe. Alberto Caviglia, ao comentar o tema da “Espiritualidade
Salesiana” em suas Conferências sobre o Espírito Salesiano, escreve:
«A maior admiração daqueles que estudaram Dom Bosco para o
processo de canonização... foi a descoberta do incrível trabalho de
construção do homem interior.
O Card. Salotti (...), referindo-se aos estudos que estava a fazer,
disse ao Santo Padre que “ao estudar os volumosos processos de
Turim, mais do que a grandeza exterior da sua obra colossal, fico
impressionado com a vida interior do espírito, de onde nasceu e
alimentou-se todo o prodigioso apostolado do Ven. Dom Bosco”.
Muitos conhecem apenas o trabalho exterior que parece muito rumo-
roso, mas ignoram em grande parte aquele sábio e sublime edifício de
perfeição cristã que ele havia erigido pacientemente em sua alma, exer-
citando-se todos os dias, a cada hora, na virtude própria do seu estado».
Caríssimos Irmãos, aqui temos o nosso Dom Bosco. É este Dom
Bosco que hoje somos chamados a descobrir.
«Nós o estudamos e imitamos, admirando nele esplêndida harmo-
nia de natureza e graça. Profundamente homem, rico das virtudes
do seu povo, era aberto às realidades terrenas; profundamente ho-
mem de Deus, cheio dos dons do Espírito Santo, vivia “como se
visse o invisível”. Esses dois aspectos fundiram-se num projeto
de vida fortemente unitário: o serviço dos jovens. Realizou-o com
firmeza e constância, por entre obstáculos e canseiras, com sensi-
bilidade de um coração generoso. “Não deu passo, não pronunciou
palavra, nada empreendeu que não visasse à salvação da juventu-
de... Realmente tinha a peito tão somente as almas” (Const. 21).

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100 ATOS DO CONSELHO GERAL
Agrada-me recordar aqui um convite feito por Madre Teresa a suas
Irmãs poucos anos antes da sua morte. A sua dedicação e a das suas
Irmãs aos pobres é conhecida de todos. Mas nos faz bem ouvir essas
palavras que ela escreveu para suas Irmãs:
«Enquanto não conseguires ouvir Jesus no silêncio do teu coração,
não conseguirás ouvi-lo dizer “tenho sede” no coração dos pobres.
Jamais desistas desse contato íntimo e cotidiano com Jesus como
uma pessoa real e viva, não só como uma ideia».1
Tão somente escutando no fundo do coração àquele que nos chama
a segui-lo, Jesus Cristo, podemos realmente escutar com um coração
autêntico aqueles que nos chamam a servi-los. Se a motivação radical
de sermos servos não encontrar suas raízes na pessoa de Cristo, a al-
ternativa é que a nossa motivação seja nutrida pelo terreno do nosso
ego. E a consequência é que a nossa mesma ação pastoral acaba por
inflacionar o próprio ego. A urgência de recuperar nestas semanas o
espaço místico, o terreno sagrado do encontro com Deus, um terreno
onde devemos tirar as sandálias das nossas certezas e das nossas
maneiras de interpretar a realidade com os seus desafios, foi reiterada
várias vezes e de várias maneiras.
Caríssimos Irmãos, temos aqui o primeiro passo. Aqui comprova-
mos se queremos realmente ser filhos autênticos de Dom Bosco. Aqui
comprovamos se realmente amamos e imitamos Dom Bosco.
2. Conhecer Dom Bosco, não só amar Dom Bosco
Estamos cientes de que um dos desafios centrais que temos como
Salesianos é comunicar a Boa Nova com o nosso testemunho e com as
nossas propostas educativo-pastorais numa cultura que está passando
por uma mudança radical. Se no Ocidente falamos de indiferença à
proposta religiosa como resultado do desafio da secularização, nota-
mos que em outros continentes o desafio assume outras formas, antes
de tudo a mudança para uma cultura globalizada que altera radical-
mente a escala dos valores e dos estilos de vida. Em um mundo flui-
1 “Until you can hear Jesus in the silence of your own heart, you will not be able to
hear Him saying, “I thirst” in the hearts of the poor. Never give up this daily intimate
contact with Jesus as the real living person – not just the idea”, in https://catholice-
ducation.org/en/religion-and-philosophy/the-fulfillment-jesus-wants-for-us.html

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 101
do e hiperconectado, o que conhecíamos ontem mudou radicalmen-
te hoje: em suma, estamos lidando aqui com o tema frequentemente
mencionado da mudança de época.
Tendo essa mudança os seus efeitos complexos, é positivo ver como
a Congregação desde o CGE (1972) até hoje vive num contínuo cami-
nho de repensamento e reflexão sobre a sua proposta educativo-pastoral.
Trata-se de um processo que responde à questão sobre “o que faria Dom
Bosco hoje, numa cultura secularizada e globalizada como a nossa?”
Reconhecemos em todo esse movimento que, desde as suas ori-
gens, a beleza e a força do carisma salesiano residem precisamente
na sua capacidade interna de dialogar com a história dos jovens que
somos chamados a encontrar em cada época. O que contemplamos
em Valdocco, nesta terra santa salesiana, é o sopro do Espírito que
guiou Dom Bosco e que reconhecemos continuar a guiar-nos hoje.
As Constituições começam exatamente com essa certeza fundante e
fundamental:
«O Espírito Santo, com a maternal intervenção de Maria, suscitou
São João Bosco.
Formou nele um coração de pai e mestre, capaz de doação total:
“Prometi a Deus que até meu último alento seria para meus pobres
jovens”.
Para prolongar no tempo a sua missão, guiou-o na criação de várias
forças apostólicas, sendo a primeira delas a nossa Sociedade.
A Igreja reconheceu nisso a ação de Deus, sobretudo ao aprovar as
Constituições e proclamar santo o Fundador.
Desta presença ativa do Espírito haurimos a energia para a nossa
fidelidade e o apoio da nossa esperança» (Const. 1).
O carisma salesiano contém um convite inato a colocar-nos diante
dos jovens da mesma forma de Dom Bosco ao colocar-se diante de
Bartolomeu Garelli... “seu amigo”!
Tudo isso parece muito fácil de dizer, parece uma exortação amigá-
vel. Na realidade, ela esconde em si o convite urgente a nós, filhos de
Dom Bosco, para que, no atual momento histórico em que vivemos,
proponhamos de novo o carisma salesiano de modo adequado e signi-

11.3 Page 103

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102 ATOS DO CONSELHO GERAL
ficativo. Há, porém, uma condição indispensável que nos permite fazer
esse caminho: o conhecimento verdadeiro e sério do bom Dom Bosco.
Não podemos dizer que “amamos” Dom Bosco de verdade se não esti-
vermos seriamente empenhados em “conhecer” Dom Bosco.
Muitas vezes, o risco é ficarmos satisfeitos com um conhecimento de
Dom Bosco que não se conecta com os desafios de hoje. Com um co-
nhecimento superficial de Dom Bosco, ficamos realmente pobres daquela
bagagem carismática que nos torna seus filhos autênticos. Sem conhecer
Dom Bosco, não podemos e não chegamos a encarnar Dom Bosco nas
culturas onde estamos. Qualquer esforço nessa pobreza de conhecimento
carismático resulta apenas em operações carismáticas cosméticas, que,
afinal, são uma traição à mesma herança de Dom Bosco.
Se quisermos que o carisma salesiano seja capaz de dialogar com
a cultura de hoje, devemos aprofundá-lo continuamente por si mesmo
e à luz das condições sempre mutáveis em que vivemos. A bagagem
que recebemos no início da nossa fase formativa inicial, se hoje não
for seriamente aprofundada, não é suficiente, é simplesmente inútil, se
não for até mesmo prejudicial.
Nessa direção, a Congregação fez e está fazendo um enorme es-
forço para reler a vida de Dom Bosco, o carisma salesiano à luz das
atuais condições sociais e culturais, em todas as partes do mundo. É
um patrimônio que temos, mas corremos o risco de não o conhecer
porque não o estudamos como ele merece. A perda da memória corre
o risco não só de nos fazer perder o contato com o tesouro que temos,
mas também de nos fazer acreditar que esse tesouro não existe. E isso
será realmente trágico, não tanto e somente para nós salesianos, mas
para aquelas multidões de jovens que nos esperam.
A urgência deste aprofundamento não é apenas de natureza inte-
lectual, mas toca a sede que existe de uma formação carismática séria
dos leigos em nossas CEPs. O Documento Final trata dessa questão de
forma frequente e sistemática. Os leigos que hoje participam conosco
da missão salesiana são pessoas ávidas de uma proposta salesiana de
formação mais clara. Não podemos viver esses espaços de convergên-
cia educativo-pastoral se a nossa linguagem e o nosso modo de co-
municar o carisma não tiverem a capacidade cognitiva e a preparação
adequada para despertar a curiosidade e a atenção daqueles que vivem
conosco a missão salesiana.

11.4 Page 104

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 103
Não basta dizer que amamos Dom Bosco. O verdadeiro “amor” a
Dom Bosco envolve o esforço de o conhecer e estudar, e não apenas
à luz do seu tempo, mas também à luz do grande potencial da sua
atualidade, à luz do nosso tempo. O Reitor-Mor, Pe. Pascual Chávez,
convidou a Congregação e a Família Salesiana para isso nos três anos
que precederam o “Bicentenário do nascimento de Dom Bosco 1815-
2013”. 2 Trata-se de um convite mais atual do que nunca. Este Capítu-
lo Geral é um apelo e uma oportunidade para reforçar o conhecimento
histórico, pedagógico e espiritual do nosso Pai e Mestre.
Reconheçamos, caríssimos Irmãos que, neste ponto, este tema se
conecta ao anterior: a conversão pessoal. Se não conhecermos Dom
Bosco e não o estudarmos, não poderemos compreender a dinâmica e
as lutas do seu itinerário espiritual e, consequentemente, as raízes das
suas opções pastorais. Nós o amaremos apenas de modo superficial,
sem a verdadeira capacidade de imitá-lo como homem profundamente
santo. Acima de tudo, será impossível inculturar o seu carisma hoje
nos diversos contextos e situações. Será tão somente ao fortalecer a
nossa identidade carismática que poderemos oferecer à Igreja e à so-
ciedade um testemunho credível e uma proposta educativo-pastoral
significativa e relevante para os jovens.
3. O caminho continua
Nesta terceira parte, gostaria de encorajar a Congregação inteira a man-
ter viva a atenção em determinadas áreas que, por meio de várias Delibera-
ções e empenhos concretos, quisemos dar um sinal de continuidade.
O campo da animação e coordenação da marginalização e da insa-
tisfação juvenil é uma área em que a Congregação tem se empenhado
muito nas últimas décadas. Creio que a resposta das Inspetorias à pobreza
crescente é um sinal profético que nos distingue e vê a todos determinados
a continuar a reforçar a resposta salesiana em favor dos mais pobres.
O empenho das Inspetorias no campo da promoção de ambientes
seguros continua a encontrar uma resposta crescente e profissional
nas Inspetorias. O esforço nesse campo testemunha que este caminho
é o acertado para afirmar o compromisso com a dignidade de todos,
especialmente dos mais vulneráveis.
2 Pe. Pascual Chávez, Estreia 2012, “Conhecendo e imitando Dom Bosco, façamos
dos jovens a missão da nossa vida” [ACG 412]).

11.5 Page 105

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104 ATOS DO CONSELHO GERAL
O campo da ecologia integral surge como apelo para um maior
trabalho educativo- pastoral. A atenção crescente das comunidades
educativo-pastorais às questões ambientais exige uma ação sistemá-
tica para promover mudanças de mentalidade. As várias propostas de
formação nessa área, já presentes na Congregação, devem ser reco-
nhecidas e acompanhadas.
Depois, há duas áreas que eu gostaria de convidar a Congregação
a considerar cuidadosamente nos próximos anos. Elas fazem parte de
uma visão mais ampla do trabalho da Congregação. Acredito que es-
sas duas áreas terão consequências substanciais para os nossos proces-
sos educativo-pastorais.
a. A Inteligência Artificial – uma missão real num mundo artificial
Como Salesianos de Dom Bosco, somos chamados a caminhar
com os jovens em todos os ambientes onde vivem e crescem, inclusi-
ve no vasto e complexo mundo digital. Hoje, a Inteligência Artificial
(IA) apresenta-se como uma inovação revolucionária, capaz de mol-
dar a maneira como as pessoas aprendem, comunicam-se e constroem
relacionamentos. Entretanto, por mais revolucionária que seja, a IA
continua a ser exatamente isso: artificial. O nosso ministério, enraiza-
do na conexão humana autêntica e orientado pelo Sistema Preventivo,
é profundamente real. A IA pode assessorar, mas não pode amar como
nós. Pode organizar, analisar e ensinar de maneiras novas, mas jamais
poderá substituir o toque relacional e pastoral que define a nossa mis-
são salesiana.
Dom Bosco era um visionário sem medo de inovar, tanto em ní-
vel eclesial quanto em nível educativo, cultural e social. Quando essa
inovação servia ao bem dos jovens, Dom Bosco avançava com uma
velocidade surpreendente. Ele explorou a imprensa, os novos méto-
dos educativos e as oficinas para elevar os jovens e prepará-los para
a vida. Se estivesse entre nós hoje, sem dúvida olharia para a IA com
um olhar crítico e criativo. Vê-la-ia não como um fim, mas como um
meio, um instrumento para ampliar a eficácia pastoral sem perder de
vista a pessoa humana no centro.
A IA não é apenas um instrumento: ela faz parte da nossa missão
como Salesianos que vivem na era digital. O mundo virtual não é mais
um espaço separado, mas uma parte integrante da vida cotidiana dos

11.6 Page 106

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 105
jovens. A IA pode ajudar-nos a responder às suas necessidades de for-
ma mais eficiente e criativa, oferecendo caminhos personalizados de
aprendizagem, orientação virtual e plataformas que promovem cone-
xões significativas.
Nesse sentido, a inteligência artificial torna-se tanto um instrumen-
to quanto uma missão, pois ajuda-nos a alcançar os jovens onde eles
estão, geralmente imersos no mundo digital. Ao mesmo tempo em que
adotamos a IA, devemos reconhecer que ela é apenas um aspecto de
uma realidade muito ampla que inclui a mídia social, as comunida-
des virtuais, a narração digital e muito mais. Juntos, esses elementos
formam uma nova fronteira pastoral que nos desafia a estar presentes
e a ser proativos. A nossa missão não é simplesmente servir-nos da
tecnologia, mas evangelizar o mundo digital, levando o Evangelho a
espaços onde, de outra forma, ele poderia estar ausente.
A nossa resposta à IA e aos desafios digitais deve estar enraizada
no espírito salesiano de otimismo e empenho proativo. Continuemos
a caminhar com os jovens, também no vasto mundo digital, com os
corações cheios de amor, porque eles são apaixonados por Cristo e
enraizados no carisma de Dom Bosco. O futuro é brilhante quando a
tecnologia está a serviço da humanidade e quando a presença digital
está cheia do autêntico ardor salesiano e da ação pastoral. Abracemos
este novo desafio, confiantes de que o espírito de Dom Bosco haverá
de guiar-nos em cada nova oportunidade.
b. A Universidade Pontifícia Salesiana
A Universidade Pontifícia Salesiana (UPS) é a Universidade da
Congregação Salesiana, de todos nós. Ela constitui uma estrutura de
grande e estratégica importância para a Congregação. A sua missão
consiste em fazer o carisma dialogar com a cultura, a energia da expe-
riência educativo-pastoral de Dom Bosco com a pesquisa acadêmica,
a fim de desenvolver uma proposta educativa de alto nível a serviço da
Congregação, da Igreja e da sociedade.
Desde o início, a nossa Universidade desempenhou um papel in-
substituível na formação de muitos Irmãos para funções de animação
e governo, e ainda desempenha essa tarefa valiosa. Numa época mar-
cada pela desorientação generalizada em relação à gramática do ser
humano e ao significado da existência, pela desintegração do vínculo

11.7 Page 107

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106 ATOS DO CONSELHO GERAL
social e pela fragmentação da experiência religiosa, pelas crises inter-
nacionais e pelos fenômenos migratórios, uma Congregação como a
nossa é chamada com urgência a enfrentar a missão educativo-pasto-
ral, servindo-se dos sólidos recursos intelectuais que se desenvolvem
numa universidade.
Como Reitor-Mor e como Grão-Chanceler da UPS, desejo reiterar
que as duas prioridades fundamentais da Universidade da Congrega-
ção são a formação de educadores e pastores, salesianos e leigos, a
serviço dos jovens, e o aprofundamento cultural – histórico, pedagó-
gico e teológico – do carisma. Ao redor desses dois pilares, que reque-
rem diálogo interdisciplinar e atenção intercultural, a UPS é chamada
a cumprir com o seu compromisso com a pesquisa, o ensino e a trans-
missão do conhecimento. Por isso, estou muito contente que, em vista
do 150o aniversário do texto de Dom Bosco sobre o Sistema Preventi-
vo, tenha sido lançado um projeto sério de pesquisa, em colaboração
com a Faculdade “Auxilium” das Filhas de Maria Auxiliadora, para
focalizar a inspiração original da práxis educativa de Dom Bosco e
examinar o modo como ela inspira as práticas pedagógicas e pastorais
de hoje na diversidade dos contextos e das culturas.
O governo e a animação da Congregação e da Família Salesiana se-
rão certamente beneficiados com o trabalho cultural da Universidade,
como também, com o estudo acadêmico, receberão uma linfa preciosa
ao manter contato estreito com a vida da Congregação e o seu serviço
cotidiano aos jovens mais pobres em todas as partes do mundo.
3. 150 anos: a viagem continua
Somos chamados a dar graças e louvar a Deus neste Ano Jubilar
da Esperança, porque neste ano recordamos o trabalho missionário
de Dom Bosco, que encontrou um momento muito significativo de
desenvolvimento no ano de 1875. A reflexão que nos é oferecida na
Estreia 2025 pelo Vigário do Reitor-Mor, Pe. Stefano Martoglio, re-
corda-nos o tema central do 150o aniversário da primeira expedição
missionária de Dom Bosco: reconhecer, repensar e relançar.
À luz do 29o Capítulo Geral que estamos a concluir, isso nos ajuda a
situar esse convite no sexênio que temos pela frente. Somos chamados
a ser reconhecidos porque «a gratidão torna evidente a paternidade
de toda bela realização. Sem gratidão não há capacidade de acolher».

11.8 Page 108

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 107
Ao reconhecimento, acrescentamos o dever de repensar a nossa
fidelidade, porque «a fidelidade envolve a capacidade de mudar, na
obediência, para uma visão que vem de Deus e da leitura dos ‘sinais
dos tempos’... Repensar torna-se, então, um ato gerador, em que se
unem fé e vida; um momento em que nos perguntamos: o que queres
dizer-nos, Senhor?».
Enfim, a coragem de relançar, de recomeçar todos os dias. Como
estamos a fazer nestes dias, olhamos adiante para «acolher os novos
desafios, relançando a missão com esperança. (Porque a) Missão é
levar a esperança de Cristo com uma consciência clara e lúcida, unida
à fé».
CONCLUSÃO
Ao final deste discurso de encerramento, gostaria de apresentar
uma reflexão de Tomas HALIK, tirada do seu livro The Afternoon
of Christianity (A tarde do cristianismo). No último capítulo do livro,
que traz o título de “A Sociedade do Caminho”, o autor apresenta qua-
tro conceitos eclesiológicos.
Acredito que esses quatro conceitos eclesiológicos podem ajudar-
-nos a interpretar positivamente as grandes oportunidades pastorais
que nos aguardam. Proponho esta reflexão com a consciência de que
aquilo que o autor propõe está intimamente ligado ao coração do caris-
ma salesiano. É impressionante e surpreendente que, quanto mais nos
empenhamos em fazer uma leitura pastoral carismática, pedagógica e
cultural da realidade de hoje, a convicção de que o nosso carisma nos
dá uma base sólida para que os vários processos que estamos a acom-
panhar possam encontrar o seu devido lugar em um mundo onde os
jovens esperam que lhes seja oferecida esperança, alegria e otimismo.
É bom reconhecer com grande humildade, mas ao mesmo tempo com
grande senso de responsabilidade, que o carisma de Dom Bosco con-
tinua a oferecer hoje diretrizes, não só para nós, como também para
toda a Igreja.
I. A Igreja como povo de Deus em peregrinação pela história.
Essa imagem descreve uma Igreja em movimento e em luta con-
tra as incessantes mudanças. Deus plasma a forma da Igreja na
história, revela-se a ela por meio da história e transmite-lhe os

11.9 Page 109

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108 ATOS DO CONSELHO GERAL
seus ensinamentos por meio de eventos históricos. Deus está na
história.3
O nosso chamado a ser educadores e pastores consiste precisamen-
te em caminhar com o rebanho nessa história, nessa sociedade em
constante mudança. A nossa presença nos vários “pátios da vida das
pessoas” é a presença sacramental de um Deus que quer encontrar
aqueles que o buscam, sem o saber. Nesse contexto, “o sacramento
da presença” adquire para nós um valor inestimável, porque se en-
trelaça com as eventualidades históricas dos nossos jovens e de todos
aqueles que vêm até nós nas várias expressões da missão salesiana – o
PÁTIO.
II. A “escola” é a segunda visão da Igreja – escola de vida e es-
cola de sabedoria. Vivemos numa época em que nem a religião
tradicional nem o ateísmo dominam o espaço público de muitos
países europeus, mas sim o agnosticismo, o apateísmo e o analfa-
betismo religioso... Há, nesta época, uma necessidade urgente de
que a sociedade cristã se transforme em uma “escola”, seguindo
o ideal original das universidades medievais, que foram estabele-
cidas como comunidades de professores e alunos, comunidades de
vida, oração e ensino.4
Ao fazer uma retrospectiva do projeto educativo-pastoral de Dom
Bosco desde as suas origens, descobrimos como essa segunda pro-
posta toca diretamente a experiência que oferecemos hoje aos nossos
jovens: a escola e a formação profissional. São itinerários educativos
como instrumento indispensável para dar vida a um processo integral
onde se encontrem cultura e fé. Para nós, hoje, esse espaço é uma
excelente oportunidade para dar testemunho da boa nova em encon-
tros humanos e fraternos, educativos e pastorais com muitas pesso-
as e, sobretudo, com muitas crianças e muitos jovens que se sentem
acompanhados para um futuro digno. Para nós, pastores, a experiência
educativa é um modo de vida que comunica sabedoria e valores num
contexto que encontra e vai além da resistência e derrete a indiferença
com empatia e proximidade. Caminhar juntos promove um espaço de
crescimento integral inspirado na sabedoria e nos valores do Evange-
lho – a ESCOLA.
3 HALÍK, Tomáš, Pomeriggio del cristianesim (p. 229).
4 HALÍK, Tomáš, Pomeriggio del cristianesimo. (p. 231-232).

11.10 Page 110

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 109
III. A Igreja como hospital de campanha... Por muito tempo, face
a face com as doenças da sociedade, a Igreja limitou-se à morali-
dade; agora ela se depara com a tarefa de redescobrir e aplicar o
potencial terapêutico da fé. A missão diagnóstica deveria ser rea-
lizada por uma disciplina para a qual propus o nome de cairologia
– a arte de ler e interpretar os sinais dos tempos, a hermenêutica
teológica dos fatos da sociedade e da cultura. A cairologia deve
dedicar a sua atenção aos tempos de crise e às mudanças de para-
digmas culturais. Deveria senti-las como parte da “pedagogia de
Deus”, como momento oportuno para aprofundar a reflexão sobre
a fé e renovar a sua prática. De certa forma, a cairologia desen-
volve o método de discernimento espiritual, que é um componente
importante da espiritualidade de Santo Inácio e seus discípulos;
ela aplica-o ao aprofundar e avaliar o estado atual do mundo e as
nossas tarefas nele.5
Este terceiro critério eclesiológico vai ao cerne da abordagem sa-
lesiana. Não estamos presentes na vida das crianças e dos jovens para
condená-los. Tornamo-nos disponíveis para oferecer-lhes um espa-
ço sadio de comunhão (eclesial), iluminado pela presença de um
Deus misericordioso que não impõe condições a ninguém. Elabo-
ramos e comunicamos as diversas propostas pastorais justamente com
a visão de facilitar o encontro dos jovens com uma proposta espiritual
capaz de iluminar os tempos em que vivem, oferecendo-lhes esperan-
ça para o futuro. A proposta da pessoa de Jesus Cristo não é fruto de
um confessionalismo estéril ou de um proselitismo cego, mas a des-
coberta da relação com uma pessoa que oferece amor incondicional
a todos. O nosso testemunho e o de todos os que vivem a experiên-
cia educativo-pastoral, como comunidade, é o sinal mais eloquente e
a mensagem mais crível dos valores que desejamos comunicar para
compartilhá-los – a IGREJA.
IV. O quarto modelo de Igreja... é necessário que a Igreja insti-
tua centros espirituais, lugares de adoração e contemplação, mas
também de encontro e diálogo, onde a experiência da fé possa ser
compartilhada. Muitos cristãos estão preocupados com o fato de
que, em um grande número de países, está se desgastando a rede
de paróquias, estabelecida há alguns séculos em uma situação so-
5 HALÍK, Tomáš, Pomeriggio del cristianesimo. (p. 233-234).

12 Pages 111-120

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12.1 Page 111

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110 ATOS DO CONSELHO GERAL
ciocultural e pastoral completamente diferente e dentro de uma
autocompreensão diferente de Igreja.6
O quarto conceito é o de uma “casa” capaz de comunicar acolhi-
mento, escuta e acompanhamento. Uma “casa” onde é reconhecida
a dimensão humana da história de cada pessoa e, ao mesmo tempo,
é oferecida a possibilidade de permitir a esta humanidade chegar à
maturidade. Dom Bosco chama justamente de “casa” o lugar onde a
comunidade vive o seu chamado porque, acolhendo as nossas crianças
e os nossos jovens, sabe garantir as condições e as propostas pastorais
necessárias para que essa humanidade cresça de modo integral. A nos-
sa comunidade, “casa”, é chamada a dar testemunho da originalidade
da experiência de Valdocco: uma “casa” que se encontra com a his-
tória dos nossos jovens, oferecendo-lhes um futuro digno – a CASA.
Temos em nossas Constituições, Art. 40, a síntese destes “quatro
conceitos eclesiológicos”. É uma síntese que serve de convite e tam-
bém de encorajamento para o presente e o futuro das nossas comu-
nidades educativo-pastorais, das nossas Inspetorias, da nossa amada
Congregação Salesiana:
O Oratório de Dom Bosco, critério permanente
«Dom Bosco viveu uma típica experiência pastoral no seu primei-
ro Oratório, que foi para os jovens casa que acolhe, paróquia que
evangeliza, escola que encaminha para a vida, e pátio para se en-
contrarem como amigos e viverem com alegria.
Ao realizarmos hoje nossa missão, a experiência de Valdocco con-
tinua critério permanente de discernimento e renovação de cada
atividade e obra».
6 HALÍK, Tomáš, Pomeriggio del cristianesimo. (p. 236-237).

12.2 Page 112

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 111
ELENCO DOS PARTICIPANTES DO CG29
N0
Nome
Cognome
Ruolo
Ispettoria
1 Attard
2 Stefano
3 Alphonse
Roggia
4
Fabio
Martoglio
Owoudou
Silvio
Rettor Maggiore -
Nuovo Eletto
Vicario del RM -
Presidente
Regolatore
Consigliere per la
formazione - Nuovo
Eletto
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
5 Ivo Nicholas
Coelho
6 Bejarano
Rafael
7
Miguel Angel
García
Morcuende
8 Jorge Mario
Crisafulli
9 Alfred
Maravilla
Fidel
10 Maria[Daza]
Orendain
Consigliere per la
Formazione
RMG – Sede Centrale
Consigliere per la
RMG – Sede Centrale
Pastorale - Nuovo Eletto
Consigliere per la
Pastorale Giovanile
RMG – Sede Centrale
Consigliere per le
RMG – Sede Centrale
Missioni - Nuovo Eletto
Consigliere per le
Missioni
RMG – Sede Centrale
Consigliere Per la
RMG – Sede Centrale
Comunicazione Sociale -
Nuovo Eletto
Gildásio
11
Mendes Dos
Santos
Consigliere Per la
RMG – Sede Centrale
Comunicazione Sociale
12 Stawowy
13 Jean Paul
14 Innocent
15 Juan Carlos
16 Hugo
Roman
17
Gabriel
Muller
Bizimana
Pérez Godoy
Orozco Sánchez
Jachimowicz
Economo Generale -
Nuovo
Consigliere Economo
Generale
Consigliere per Africa
Est e Sud
Consigliere Regionale
per Mediterranea
Consigliere Regionale
per Interamerica
Consigliere Regionale
per Europa Centro
Nord
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
18 Héctor Gabriel Romero
Consigliere Regionale RMG – Sede Centrale
per America Cono Sud

12.3 Page 113

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112 ATOS DO CONSELHO GERAL
N0
Nome
Cognome
Ruolo
Ispettoria
Matthews
19
William
Consigliere Regionale
per Asia Est Oceania -
Nuovo Eletto
RMG – Sede Centrale
20 Thinh Phuoc
Nguyen
Consigliere Regionale RMG – Sede Centrale
per Asia Est Oceania
21 Biju
Michael
Consigliere Regionale RMG – Sede Centrale
per Asia Sud
22 Guido
Garino
Segretario Generale
RMG – Sede Centrale
23 Pier Fausto
Frisoli
Procuratore Generale RMG – Sede Centrale
24 Pascual
Chávez
Villanueva
Rettor Maggiore
Emerito
ICC – ITALIA
Circoscrizione Centrale
25
Aurelien
Mwanangoy
Mukangwa
Ispettore
ACC – AFRICA Congo
Congo
26 Sylvain
Woto Bope
Delegato
ACC – AFRICA Congo
Congo
27 Tedros Berhe Hawku
Delegato
AET – AFRICA Etiopia -
Eritrea
28
Hailemariam
Medhin
Tesfay
Ispettore
AET – AFRICA Etiopia -
Eritrea
29 Gauthier
Tshibangu Ilunga Delegato
AFC – AFRICA Centrale
30 Tryphon
Kalimira Cizihira Delegato
AFC – AFRICA Centrale
31 Guillermo Luis Basañes
Ispettore
AFC – AFRICA Centrale
32 George
Tharaniyil
Ispettore
AFE – AFRICA Est
33 Ngigi (John) Njuguna
Delegato
AFE – AFRICA Est
34
Mojela Ntsane
Colern
Fihlo
Osservatore
AFM – AFRICA
Meridionale
35
Bonginkosi
Timothy
Nhleko
Delegato
AFM – AFRICA
Meridionale
36 Václav
Klement
Ispettore
AFM – AFRICA
Meridionale
37 Gabriel
Ngendakuriyo
Ispettore
AGL – AFRICA
Grandi Laghi
38 Servilien
Ufitamahoro
Delegato
AGL – AFRICA
Grandi Laghi
39
José Kussama
Mayengue
(Mayembe)
Delegato
ANG – ANGOLA
40 Luis Víctor
Sequeira Gutiérrez Ispettore
ANG – ANGOLA
41 Oriafo James
Ailen
Delegato
ANN – AFRICA
Nigeria Niger

12.4 Page 114

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 113
N0
Nome
42 Jésus Benoît
Cognome
Badji
43
Appolinaire
Franck Kakpo
Ametepe
44
Kpossi Koffi
Didier
Eklou
45
Kolotcholoma
Denis
Soro
46 Eleuterio
Evita Role
47 Roland
Mintsa
48
Donat Jean
Fabien
Rakotovao
49
Adolfo De
Jesus
Sarmento
50
Pedro
Alexandre
Meia
51 Emilius Aloyce Salema
52
Augustine
[Sellam]
Jacob
Joseph Samson Nyondo
53
Ruolo
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Michael
54 Kazembe
Mbandama
Ispettore
55 Lucas Mario
Mautino
56 Horacio Fabián Barbieri
57 José Alberto
García Arias
58 Ramón Darío Perera
59 Márcio José
60 Natale
Marçal
Montandon
Vitali
61 Ricardo
Carlos
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Ispettore
Ispettoria
AON – AFRICA
Occidentale Nord
AON – AFRICA
Occidentale Nord
AOS – AFRICA
Occidentale Sud
AOS – AFRICA
Occidentale Sud
ATE – AFRICA
Tropicale Equatoriale
ATE – AFRICA
Tropicale Equatoriale
MDG –
MADAGASCAR
MOZ – MOZAMBICO
MOZ – MOZAMBICO
TZA – TANZANIA
TZA – TANZANIA
ZMB – ZAMBIA –
Malawi – Zimbabwe
- Namibia
ZMB – ZAMBIA –
Malawi – Zimbabwe
- Namibia
ARN – ARGENTINA
Nord
ARN – ARGENTINA
Nord
ARS – ARGENTINA
Sud
ARS – ARGENTINA
Sud
BBH – BRASILE Belo
Horizonte
BBH – BRASILE Belo
Horizonte
BCG – BRASILE
Campo Grande

12.5 Page 115

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114 ATOS DO CONSELHO GERAL
N0
Nome
62 Adalberto
Cognome
Alves De Jesus
Ruolo
Delegato
63 João da Silva Mendonça Filho Delegato
64 Philippe
Bauzière
Ispettore
65 Ademir Ricardo Cwendrych
Ispettore
66
Sérgio Ramos
de
Souza
67
Francisco
Inácio
Vieira Junior
68 José Lopes
Lima Júnior
Delegato
Ispettore
Delegato
69 Ronaldo
Zacharias
Delegato
70 Alexandre Luis De Oliveira
Ispettore
71
Claudio
Esteban
Cartes Andrades Delegato
72 Nelson Javier Moreno Ruiz
Ispettore
73
Néstor
Alejandro
Ledesma Peralta Ispettore
74 Dionisio
Medina Ovelar Delegato
75 Francisco
Lezama
Ispettore
76 Raúl Esteban García Aparicio Delegato
77 Pietro (Peter) Hoang Kim Huy Ispettore
78 Philip Donald Gleeson
Delegato
79 Antonio
Leung Wai-Choi Delegato
80
Teng Kok
(Domingos)
Leong
Ispettore
81 Gerardo [Naguit] Martin
Ispettore
82
Alexander
(Locsin)
Garces
Delegato
83
Rooney John
(Gustilo)
Undar
Delegato
84 Joseph Shoichiro Nakada
Delegato
Ispettoria
BCG – BRASILE
Campo Grande
BMA – BRASILE
Manaus
BMA – BRASILE
Manaus
BPA – BRASILE Porto
Alegre
BPA – BRASILE Porto
Alegre
BRE – BRASILE
Recife
BRE – BRASILE
Recife
BSP – BRASILE São
Paulo
BSP – BRASILE São
Paulo
CIL – CILE
CIL – CILE
PAR – PARAGUAY
PAR – PARAGUAY
URU – URUGUAY
URU – URUGUAY
AUL – AUSTRALIA
PACIFICO
AUL – AUSTRALIA
PACIFICO
CIN – CINA
CIN – CINA
FIN – FILIPPINE Nord
FIN – FILIPPINE Nord
FIS – FILIPPINE Sud
GIA – GIAPPONE

12.6 Page 116

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 115
N0
Nome
Cognome
Ruolo
85
Atsushi
Francesco
Hamasaki
Ispettore
86 Vincentius
Prastowo
Ispettore
87
Silverius Andang Aji
Kencana
Delegato
88
Marcello
Baek
(Kwang Hyun)
Ispettore
89
Peter (Sang
Yun)
Kim
Delegato
90
Timothy Won
Chol
Choi
Osservatore
91 Leo
Neng Khan Mang Delegato
92 (Bosco)
Zaya Aung
Ispettore
93 Pedro
Sachitula
(Satchitula)
Delegato
94
Gregorio Jr.
(Encina)
Bicomong
Ispettore
95
Thanad (John
Baptist)
Anan
Delegato
96 Boonlert
Paneetatthayasai Ispettore
97 Plácido Teófilo Freitas
Delegato
98 Anacleto
Pires Guterres
Ispettore
99 An Phong
Le
Ispettore
100 Hoang Phi (Sr) Nguyen
Delegato
101 Ngoc Vinh
Nguyen
Delegato
102 Van Luan
Bui
Osservatore
103 Ashley
Miranda
Delegato
104 Michael
Fernandes
Delegato
105 Savio Raj
Silveira
Ispettore
106 Sunil
Kerketta
Delegato
107 Tomy Augustine Kumplankal
Delegato
108 Joseph
Pauria
Ispettore
109 Joseph
Pampackal
Ispettore
110
Devasia
Anthony
Rajeesh
Payamppally
Delegato
111 Deli
Kapani
Delegato
Ispettoria
GIA – GIAPPONE
INA – INDONESIA
INA – INDONESIA
KOR – KOREA
KOR – KOREA
KOR – KOREA
MYM – MYANMAR
MYM – MYANMAR
PGS – Papua Nuova
Guinea e Isole Salomone
PGS – Papua Nuova
Guinea e Isole Salomone
THA – THAILANDIA
THA – THAILANDIA
TLS – TIMOR Est
TLS – TIMOR Est
VIE – VIETNAM
VIE – VIETNAM
VIE – VIETNAM
VIE – VIETNAM
INB – INDIA Bombay
INB – INDIA Bombay
INB – INDIA Bombay
INC – INDIA Calcutta
INC – INDIA Calcutta
INC – INDIA Calcutta
IND – INDIA Dimapur
IND – INDIA Dimapur
IND – INDIA Dimapur

12.7 Page 117

▲torna in alto
116 ATOS DO CONSELHO GERAL
N0
Nome
112
Nicodim
(Nicodem)
113 Sebastian
114 Joy
115 Rajesh
Cognome
Aind
Kuricheal
Kachappilly
Salagala
116
Thomas
Rajkumar
117 Joe Tony
Santiagu
Previnth
118 George
119 Jose Thomas
Thannickal
Chacko
Koyickal
120 John Alexander Michael
121 Don Bosco
Lourdusamy
122 Stanislaus
Swamikannu
123
Augustine
Albert
Toppo
124
Davis
Maniparamben
John
125 Vijay
Soy
126 Banzelao Julio Teixeira
127 Clive Justin
Telles
128 Anthony
Kharkongor
129 John
Zosiama
130 Jose
Vettath
131 Agilan
Sarprasadam
132 Robert Simon David
133 Amaladoss
Sanjone
134
Angelo Sylvester Miranda
Roshan
135
Oratious
Sajeewaka
Paul
136 Peter Johannes Rinderer
137 Siegfried
Kettner
Ruolo
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato/Supp
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Ispettoria
ING – INDIA Guwahati
ING – INDIA Guwahati
ING – INDIA Guwahati
INH – INDIA
Hyderabad
INH – INDIA
Hyderabad
INK – INDIA
Bangalore
INK – INDIA
Bangalore
INK – INDIA
Bangalore
INM – INDIA Madras
INM – INDIA Madras
INM – INDIA Madras
INN – INDIA New
Delhi
INN – INDIA New
Delhi
INN – INDIA New
Delhi
INP – INDIA Panjim
INP – INDIA Panjim
INS – INDIA Shillong
INS – INDIA Shillong
INS – INDIA Shillong
INT – INDIA Tiruchy
INT – INDIA Tiruchy
INT – INDIA Tiruchy
LKC – SRI LANKA
LKC – SRI LANKA
AUS – AUSTRIA
AUS – AUSTRIA

12.8 Page 118

▲torna in alto
ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 117
N0
Nome
138 Dieter
Cognome
Verpoest
139 Bart
Decancq
140 Martin
Hobza
141 Libor
Všetula
142 Mihovil
143 Milan
144 Daniel
Kurkut
Ivančević
Federspiel
145 Xavier
De Verchère
146 James Robert Gardner
147 James Gerard Briody
148 Simon Leonhard Härting
149 Reinhard
Gesing
150 Eunan
McDonnell
151 Cyril Aigbadon Odia
152 Savio
Vella
153 Eric
Cachia
154 Tadeusz
Jarecki
155
Dariusz
Stanislaw
Mikolajczyk
156 Jacek
Zdzieborski
157 Łukasz
Pawłowski
158 Szymon
Kasprzak
159 Tadeusz
Itrych
160 Bartlomiej
Polanski
161 Tomasz
Hawrylewicz
Ruolo
Delegato
Ispettore
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Ispettore
Delegato
Delegato
Delegato
Delegato
Ispettore
Ispettore
Delegato
Ispettoria
BEN – BELGIO
NORD – OLANDA
BEN – BELGIO
NORD – OLANDA
CEP – CECA
REPUBBLICA
CEP – CECA
REPUBBLICA
CRO – CROAZIA
CRO – CROAZIA
FRB – FRANCIA –
BELGIO SUD
FRB – FRANCIA –
BELGIO SUD
GBR – GRAN
BRETAGNA
GBR – GRAN
BRETAGNA
GER – GERMANIA
GER – GERMANIA
IRL – IRLANDA
IRL – IRLANDA
MLT – MALTA
MLT – MALTA
PLE – POLONIA EST
PLE – POLONIA EST
PLE – POLONIA EST
PLN – POLONIA
NORD
PLN – POLONIA
NORD
PLN – POLONIA
NORD
PLO – POLONIA
OVEST
PLO – POLONIA
OVEST

12.9 Page 119

▲torna in alto
118 ATOS DO CONSELHO GERAL
N0
Nome
162 Dariusz
163 Marcin
164 Peter
165 Peter
166 Peter
167 Klemen
168 Andrii
169 Mykhaylo
170 Sándor
171 Gábor
172 José Pastor
173 Jorge Antonio
174 Líder
175 Luis Adolfo
176 Juan Gabriel
Cognome
Ruolo
Bartocha
Kaznowski
Jacko
Timko
Končan
Balažič
Platosh
Chaban
Kovács
Vitális
Ramírez
Fernández
Santiago
Cartagena
Justiniano Flores
Torrez Sanjines
Romero López
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato/Supplento
Ispettore
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
177 Julio Andrés
Navarro Mora
Ispettore
178 Rubén Dario
Jaramillo Duque Ispettore
179
Rafael Andrés
Lasso
Castelblanco
Delegato
180 José Ariel
Guerrero Castro Ispettore
181 José Luis
Jiménez Martínez Delegato
182 Luis Alberto
Mosquera
Herrera
183 Marcelo Alfonso Farfán Pacheco
184 Morachel
Bonhomme
185 Marc-Antoine Justable
186 Filiberto
González
Plasencia
187 Eduardo
Lara Perez
Delegato
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettoria
PLS – POLONIA SUD
PLS – POLONIA SUD
SLK – SLOVACCHIA
SLK – SLOVACCHIA
SLO – SLOVENIA
SLO – SLOVENIA
UKR – UCRAINA
UKR – UCRAINA
UNG – UNGHERIA
UNG – UNGHERIA
ANT – ANTILLE
ANT – ANTILLE
BOL – BOLIVIA
BOL – BOLIVIA
CAM – CENTRO
AMERICA
CAM – CENTRO
AMERICA
COB – COLOMBIA
Bogotá
COB – COLOMBIA
Bogotá
COM – COLOMBIA
Medellín
COM – COLOMBIA
Medellín
ECU – ECUADOR
ECU – ECUADOR
HAI – HAITI
HAI – HAITI
MEG – MESSICO
Guadalajara
MEG – MESSICO
Guadalajara

12.10 Page 120

▲torna in alto
ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 119
N0
Nome
188 Juan Aaron
189 Hugo
190 Uriel Iván
191 Juan Pablo
192 Travis
193
Danh Cong
Dominic
194 Kristian Kris
195 Melchor
196 John Thomas
197 José Liborio
198
Rafael
Bernardo
199 Domenico
200 Albert
201 Roberto
202 Daniele
203 Michelangelo
204 Fabiano
205 Claudio
206 Leonardo
207 Edoardo
208 Roberto
Cognome
Cerezo Huerta
Herrera Rosales
Jáuregui Casas
Alcas Michilot
Gunther
Tran
Laygo
Trinidad
Mass
Escalona
Uzcategui
Montenegro
Latouche
Paternò
Ramadan
Colameo
Merlini
Dessì
Gheller
Belfiore
Mancini
Gnocchini
Dal Molin
Ruolo
Ispettore
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Osservatore
Delegato
Ispettore
Ispettore
Osservatore
Ispettore
Delegato
Delegato
Delegato
Delegato
Ispettore
Delegato
Ispettore
Ispettoria
MEM – MESSICO
Mexico
MEM – MESSICO
Mexico
PER – PERÙ
PER – PERÙ
SUE – STATI UNITI
EST
SUE – STATI UNITI
EST
SUO – STATI UNITI
Ovest
SUO – STATI UNITI
Ovest
SUO – STATI UNITI
Ovest
VEN – VENEZUELA
VEN – VENEZUELA
CNA – Circoscrizione
Nord Africa
CNA – Circoscrizione
Nord Africa
ICC – ITALIA
Circoscrizione Centrale
ICC – ITALIA
Circoscrizione Centrale
ICC – ITALIA
Circoscrizione Centrale
ICP – ITALIA
Circoscrizione Piemonte
ICP – ITALIA
Circoscrizione Piemonte
ICP - ITALIA
Circoscrizione Piemonte
ILE – ITALIA
Lombardo Emiliana
ILE – ITALIA
Lombardo Emiliana

13 Pages 121-130

▲torna in alto

13.1 Page 121

▲torna in alto
120 ATOS DO CONSELHO GERAL
N0
Nome
209 Claudio
Cognome
Beretta
Ruolo
Delegato
210 Giuseppe
Russo (Tardio) Delegato
211 Gianpaolo
Roma
Ispettore
212 Lorenzo
213 Michele
214 Silvio
215 Domenico
216 Arnaldo
217 Pier
Teston
Bortolato
Zanchetta
Saraniti
Riggi
Jabloyan
Delegato
Delegato
Ispettore
Ispettore
Delegato
Delegato
218 Simon
Zakerian
Ispettore
219 João
Mendes Chaves Delegato
220 Tarcízio António Morais De Castro Ispettore
221 José Luis
Navarro
Santotomás
Delegato
222 Jordi
Lleixá Jané
Delegato
223 Fernando
Miranda Ustero Ispettore
224 Xabier
Camino Sáez
Delegato
225 Luis Fernando Gutiérrez Cuesta Delegato
226 Óscar
227
Manuel
Fernando
228 Andrea
Bartolomé
Fernández
García Sánchez
Delegato
Ispettore
Bozzolo
Delegato
229
José Aníbal
Milhais
230 Francesco
231 Joan Lluis
232 Luca
Mendonça Pinto Ispettore
Marcoccio
Playà Morera
Barone
Delegato
Osservatore
Osservatore
Ispettoria
ILE – ITALIA
Lombardo Emiliana
IME – ITALIA
Meridionale
IME – ITALIA
Meridionale
INE – ITALIA Nord-Est
INE – ITALIA Nord-Est
INE – ITALIA Nord-Est
ISI – ITALIA Sicula
ISI – ITALIA Sicula
MOR – MEDIO
ORIENTE
MOR – MEDIO
ORIENTE
POR – PORTOGALLO
POR – PORTOGALLO
SMX – SPAGNA
Sevilla
SMX – SPAGNA
Sevilla
SMX – SPAGNA
Sevilla
SSM – SPAGNA
Madrid
SSM – SPAGNA
Madrid
SSM – SPAGNA
Madrid
SSM – SPAGNA
Madrid
UPS – Università
Pontificia Salesiana
UPS – Università
Pontificia Salesiana
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale
RMG – Sede Centrale

13.2 Page 122

▲torna in alto
ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 121
Crônica dos trabalhos do CG 29
Fazendo um balanço (1)
P. Pascual Chávez Villanueva, sdb
1. O ponto de referência para tudo o que estamos a fazer é o artigo
146 das Constituições, que define a natureza e o objetivo do Capí-
tulo Geral.
146. O Capítulo Geral é o sinal principal da unidade da Congre-
gação na sua diversidade. É o encontro fraterno no qual os Sa-
lesianos realizam uma reflexão comunitária para permanecerem
fiéis ao Evangelho e ao carisma do Fundador e sensíveis às neces-
sidades dos tempos e dos lugares. Através do Capítulo Geral, toda
a Sociedade, deixando-se guiar pelo Espírito do Senhor, procura
conhecer, num dado momento da história, a vontade de Deus para
um melhor serviço à Igreja (1 cf. CIC, cân. 631).
2. Na oração de abertura, no pátio, presidida pelo Arcebispo da Dio-
cese de Turim, Card. Roberto Repole, inspirando-se na segunda
leitura de domingo (1Cor 15 sobre a Ressurreição de Cristo, núcleo
da nossa fé), começou por recordar-nos que fomos convocados por
Deus para celebrar a nossa fé, reavivar a nossa esperança e inflamar
a nossa caridade. Depois, na Eucaristia, ao comentar as bem-aven-
turanças, num paralelismo entre as mais espirituais do Evangelho
de Mateus e as mais sociais do Evangelho de Lucas, observou que
estas refletem muito bem a situação dramática que vivemos hoje e
convidou-nos a ter, como Jesus, um olhar de amor pelos pobres e
um olhar profético para aqueles que depositam toda a sua confian-
ça no homem: poder, dinheiro, ganância etc. E a reagir, como diz o
Salmo 1, pondo toda a nossa confiança em Deus.
3. Na cerimónia de abertura, no teatro, o presidente da Câmara não
só agradeceu à Congregação Salesiana a oportunidade de nos re-
ceber e desejou-nos uma bela assembleia, mas também partilhou
a sua perplexidade perante a situação social e política do mundo e
exortou-nos a que, como fruto do nosso Capítulo, possamos reno-
var o nosso compromisso com os jovens através da educação e da
promoção do seu futuro.

13.3 Page 123

▲torna in alto
122 ATOS DO CONSELHO GERAL
4. É interessante notar como tanto as autoridades religiosas como as
civis nos recordaram o cenário social e político do nosso mundo
atual, precisamente para que não vivamos este acontecimento como
uma «bolha de sabão», mas como um verdadeiro interlocutor. Ja-
mais devemos perder de vista que Deus fala com uma voz polifô-
nica, através da natureza e da crise ecológica, através da história,
especialmente através do grito dos pobres em todas as suas expres-
sões, através da Palavra de Deus, através do Magistério da Igreja e
da Congregação, através da nossa própria voz...
5. O P. Stefano Martoglio, por sua vez, fez um esclarecedor esboço do
CG29, cujo tema - formulado pelo RM P. Ángel Fernández Artime
Apaixonados por Jesus Cristo - consagrados aos jovens” - foi
fruto das respostas de todas as Inspetorias e do discernimento no
interior do Conselho, que levou à definição do tema e dos núcleos
nos quais foi declinado, com um claro apelo “a uma renovada iden-
tidade carismática, fruto da experiência de Deus, em vista de uma
vida salesiana fiel e profética”.
6. No seu discurso, Ir. Simona Brambilla, Prefeita da Congregação
para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica, ao partilhar a sua experiência do Sínodo “por um cami-
nho sinodal”, tomou o ícone dos Discípulos de Emaús para ilustrar
o diálogo espiritual no seu duplo vértice, em nível humano, do que
passa pelas nossas mentes e corações, e em nível espiritual, do que
acontece quando, inflamadas pela Palavra e iluminadas pelo Espí-
rito, procuramos a vontade de Deus, com a esperança de que isso
aconteça no desenvolvimento do nosso Capítulo Geral.
Por fim, Madre Chiara e Antonio Boccia, representantes não só das
FMA e dos Salesianos Cooperadores, mas de toda a Família Sale-
siana, desejaram-nos uma frutuosa experiência capitular, justamen-
te porque se trata de um evento que diz respeito a toda a Família
Salesiana, e asseguraram-nos a sua oração.
7. Os Exercícios Espirituais tiveram como objetivo criar a atmosfera
espiritual para viver este “Pentecostes salesiano” e, ao mesmo tem-
po, aprofundar o critério de referência para iluminar a realidade, o
estado da Congregação, os desafios emergentes e as prioridades a
assumir. As homilias do P. Eunan McDonell, do P. Fernando García
e do P. Jorge Crisafulli ofereceram, a partir de perspectivas dife-

13.4 Page 124

▲torna in alto
ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 123
rentes, pistas para uma vivência fecunda do CG, de modo que as
opções a serem feitas respondam àquilo que Deus espera da Con-
gregação.
8. A peregrinação ao Colle Dom Bosco, berço do nosso pai e da sua
vocação e missão recebidas no “sonho dos 9 anos”, e a Chieri,
lugar onde viveu os dez anos que marcaram profundamente a sua
vida e onde discerniu a sua vocação sacerdotal, foi uma oportuni-
dade para agradecer o dom que Dom Bosco significou e significa,
recordar a sua história a partir das origens, do sonho e de tudo o
que dele brotou e, enfim, encontrar inspiração para responder aos
desafios das novas gerações de jovens, estando atentos a eles, às
suas expectativas, às suas necessidades, sem fossilizar o carisma
identificando-o com obras, programas e projetos.
9. Depois dos dias de espiritualidade, os trabalhos começaram com o
horário normal do Capítulo. A informação sobre o funcionamento do
tablet para facilitar o trabalho e a participação de todos, a apresenta-
ção pelo P. Stefano, na qualidade de Presidente do CG29, dos seus
três secretários, P. Daniele Merlini, P. Fabiano Gehler e P. Bortolato,
a leitura do Regulamento, concluída com a sanatio dos procedimen-
tos de alguns Capítulos inspetoriais, e a constituição das Comissões,
permitiram aprovar o Regulamento com as alterações pedidas pela
Assembleia e receber a apresentação do Instrumento de Trabalho
para o CG29, com a consequente partilha e votação.
10. A segunda semana, por outro lado, foi dedicada à apresentação do
Estado da Congregação, através das Relações do RM, do Vigário,
dos Conselheiros de Setor e dos Conselheiros Regionais, e das Es-
tatísticas com a sua correspondente leitura, sobretudo através da
interpretação do P. João Dalpiaz.
11.Esta parte muito importante termina com uma intervenção do P.
Stefano, na qual ele reitera aos capitulares que as relações que nos
são apresentados sobre o estado da Congregação são uma palavra
com que Deus nos fala e que cabe a nós, no estudo pessoal e em
comissão, identificar os desafios e as prioridades para o futuro.
O confronto entre os Conselheiros de Setor e o Vigário para res-
ponder às perguntas enviadas pelos capitulares é sempre orien-
tado para o maior conhecimento do estado da Congregação no
seu conjunto e nos seus setores e regiões, criando sempre mais o

13.5 Page 125

▲torna in alto
124 ATOS DO CONSELHO GERAL
sentido de pertença e responsabilidade. As informações fornecidas
não são para satisfazer a curiosidade, mas para tornar-nos mais
corresponsáveis por esta herança de Dom Bosco que temos hoje
em mãos, para que possamos transmiti-la fielmente às gerações
seguintes. Podemos imaginar a importância deste trabalho, cujo
resultado se torna praticamente o programa de governo do RM
para o próximos sexênio.
12. Deste ponto de vista, o trabalho em comissões foi muito frutuoso
e, sobretudo, ajudou a criar comunhão e incentivou a participação,
tudo em vista da missão. E assim, quase naturalmente, entramos no
espírito e na metodologia sinodal.
A esta altura, é evidente que o CG29 marcará um ponto de inflexão
na Congregação, que se tornou sempre mais multicultural e neces-
sitada de passar da inculturação do carisma em todas as culturas
à interculturalidade, que significa uma unidade da Congregação
feita da diversidade de expressões do mesmo carisma, um desa-
fio muito grande, não fácil, mas decisivo para o futuro da Con-
gregação. Encontramo-nos com uma nova configuração da Vida
Consagrada, também em nossa Congregação, como demonstram
a diferente progressão das vocações, a cultura das novas gerações
de religiosos, também dos nossos salesianos, a mudança de ênfase
da gestão das obras para a missão educativa e evangelizadora, e
o novo sujeito pastoral formado por salesianos e leigos que com-
partilham não só o trabalho, mas também o carisma, o espírito e a
missão. Esperamos que o cumprimento do programa de trabalho
seja acompanhado pela tomada a sério desta mudança, que toca
o tema da unidade e da descentralização, de modo que a perfeita
inculturação do carisma nas diversas culturas seja um enriqueci-
mento para todo o carisma salesiano. O Espírito Santo é a fonte da
diversidade, é o criador da harmonia. Deixemo-nos habitar e guiar
por Ele. Que Maria, especialista do Espírito, nos ensine as atitudes
fundamentais: escuta - docilidade - colaboração.
Fazendo um balanço (2)
1. Desta vez, o balanço da semana começa no sábado passado, quando o
P. Andrea Bozzolo e o P. Eunan McDonell apresentaram e propuseram
à Assembleia o que é o “diálogo no Espírito”, vivido com excelen-

13.6 Page 126

▲torna in alto
ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 125
tes frutos no “Sínodo para um caminho sinodal da Igreja”, ilustrado
depois por testemunhos de experiências feitas por três capitulares: P.
Luis Gutiérrez (Koldo), P. Daniel Federspiel e P. Gian Paolo Roma.
2. Na segunda-feira, dia 3, depois de uma reflexão pessoal e em comis-
são sobre o método, procedeu-se a uma votação na sala da assembleia
e o método foi aprovado. O método foi imediatamente posto em prá-
tica através da introdução espiritual do P. Eunan, o primeiro núcleo do
Instrumento de Trabalho, a partir da meditação do texto de Mc 3,13-
16, feita em clima de oração. O resto do dia foi dedicado ao estudo
pessoal e às comissões do núcleo 1, na sua primeira parte, a escuta. O
dia terminou na aula magna com a oração das Vésperas e a palavra de
boa-noite do inspetor da Argentina Sul, P. Dario Perera, inspirado no
1500 aniversário da primeira expedição missionária salesiana.
3. Terça-feira, 4, foi dia de trabalho em comissões, sempre sobre o
primeiro núcleo, nas duas partes seguintes: Interpretação e Opções.
O dia terminou com as Vésperas e a palavra de boa-noite do P. John
Zosiama, inspetor de Guwahati, que nos falou da presença salesia-
na no nordeste da Índia. Durante o jantar houve um pouco de festa
carnavalesca.
4. Quarta-feira, dia 5, depois da oração da manhã para os grupos lin-
guísticos, tiveram início os trabalhos em comissão sobre o tema
A “Centralidade de Jesus Cristo e o cuidado da vocação”, com a
partilha do que foi feito pelos grupos. No final da manhã, na Basí-
lica, tivemos a celebração da Eucaristia das cinzas presidida pelo
P. Peppe Roggia, que na sua homilia, a partir da imagem simbólica
das cinzas usadas também para regenerar o campo, convidou-nos
a fazer deste tempo litúrgico um tempo de vida e de florescimento,
como e com Cristo ressuscitado. À tarde, trabalhou-se em comis-
sões sobre o tema B “Fraternidade e atenção aos pobres” e depois
sobre o tema C “Formação do salesiano”, até completar o estudo
do núcleo 1. Continuamos no salão com as Vésperas e a palavra de
boa-noite de Dom Saro Vella, bispo em Madagascar, e a sua pro-
posta de criação de uma associação de bispos salesianos.
5. Na quinta-feira, dia 6, a primeira parte da manhã foi passada em
comissões a estudar a síntese do núcleo 1, no final da qual se proce-
deu à votação. Após o intervalo, houve estudo pessoal sobre alguns
aspectos do núcleo 3.

13.7 Page 127

▲torna in alto
126 ATOS DO CONSELHO GERAL
À tarde, na aula, foi lida e aprovada a ata, após o que o Presidente usou
a palavra para agradecer o trabalho realizado na comissão e justificar
a decisão de passar já ao Núcleo 3, que contém aspectos jurídicos que
poderão terminar com a alteração de alguns artigos constitucionais.
Nesse caso, seria necessário enviar as alterações à Santa Sé pedindo
aprovação, antes da semana das eleições para o Conselho Geral.
O núcleo 3 começou imediatamente com uma meditação da Palavra
conduzida pelo P. Eunan, a partir do texto de Rm 12,2; em seguida, o
P. Chávez ofereceu uma informação solicitada sobre as estruturas de
animação e de governo da Congregação, seguido pelo P. Pier Fausto
Frisoli, que ilustrou, do ponto de vista jurídico, as três questões so-
bre as quais o Capítulo deverá decidir: a organização das Regiões, a
composição do Conselho Geral e dos Secretariados Gerais, e a exi-
gência do sacerdócio para Diretor, Inspetor e Reitor-Mor, porque no
caso de mudanças nas Constituições deve ser pedida a aprovação
da Santa Sé, como já foi referido pelo Presidente do Capítulo, P.
Stefano Martoglio. Por fim, o Regulador apresentou o esquema de
trabalho sobre 6 pontos. Depois do intervalo, voltamos às comissões
para os trabalhos sobre a Escuta, a Interpretação e as suas Opções.
A Assembleia reuniu-se novamente para as Vésperas e a palavra de
boa-noite do P. Vaclav Klement, Inspetor da AFM.
6. Na sexta-feira, dia 7, de manhã, as comissões trabalharam para re-
colher as propostas dos grupos e elaborar três propostas com jus-
tificativa para apresentar à Assembleia. Após o intervalo, foi lida e
aprovada em Assembleia a ata e foram apresentadas as propostas
de cada comissão com espaço para discussão em Assembleia. À
tarde, o Regulador apresentou o ponto 3.1 mais os separadores 1 e
2, e passamos às comissões. Depois, voltamos à assembleia para a
apresentação das resoluções que serão votadas no dia seguinte. A
sessão terminou com a Via-Sacra.
7. Elemento não indiferente foi, de fato, a progressiva apresentação das
realidades da Congregação, sobretudo através das homilias, como a do
inspetor da Ucrânia, P. Myhailov Chavan, e das “palavras de boa-noi-
te”, a começar pelo primeiro, do P. Guillermo Basañes sobre a AFC e
os demais já referidos. Não se trata de dar a conhecer para satisfazer
a curiosidade, mas para criar comunhão, sentido de pertença, para
passar cada vez mais do “eu” ao “nós” em nível congregacional.

13.8 Page 128

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 127
Assim, depois de uma semana de trabalho capitular típico, no sen-
tido de estar centrados no tema “Apaixonados por Jesus Cristo e
consagrados aos jovens” e nos seus três núcleos, podemos dizer
que tanto o trabalho feito pela comissão pré-capitular que elabo-
rou o Instrumento de Trabalho, como a Presidência que preparou
cuidadosamente todos os aspectos do Capítulo Geral em Valdocco,
bem como a organização concreta e a opção feita para assumir e
utilizar o “Diálogo no Espírito”, revelaram-se componentes muito
adequados e válidos.
Hoje, depois de três semanas, já é visível o clima de fraternidade
intercultural que estamos a viver, bem como a familiarização com
a espiritualidade e o método do “Diálogo no Espírito”, dando lugar
a um conhecimento mais profundo entre nós, a uma acolhida recí-
proca mais aberta, a uma comunhão espiritual na escuta do Espírito
para nos abrirmos à vontade do Pai, que nos quer sempre mais fiéis
a Cristo e ao projeto de Dom Bosco em favor dos jovens, especial-
mente os mais pobres e necessitados. E é isso que faz do Capítulo
Geral um verdadeiro Pentecostes "salesiano".
Fazendo um balanço (3)
1. Esta minha terceira intervenção “Fazendo um balanço” começa re-
cuperando o que vivemos no sábado 8, iniciado com uma Lectio
sobre “A Eucaristia no centro da vida” guiada por Dom Guido Er-
rico e pela Inspetoria do Vietnã. Naquela sessão, foi feita a leitura
e aprovação das atas, depois o Presidente, P. Stefano Martoglio,
convidou o P. Pier Fausto Frisoli para fazer alguns esclarecimentos
jurídicos referentes às votações das deliberações que os Capitula-
res deveremos fazer nas próximas semanas, depois do que, antes
de proceder às votações não definitivas das deliberações, foi dada a
palavra a quem pediu algum esclarecimento, depois do que se efe-
tuou a votação deixando para segunda-feira a votação definitiva. A
sessão concluiu-se com a intervenção “Fazendo um balanço” (2)
juntamente com uma parte do caminho interior da Congregação
desde o CGE ao CG29.
2. Ao meio-dia, na Eucaristia na Basílica presidida pelo Inspetor
da Inspetoria de Myanmar, P. Zaya Aung proferiu uma homilia
tocante e uma saudação final sobre a situação dramática que estão

13.9 Page 129

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128 ATOS DO CONSELHO GERAL
vivendo há anos. À noite, a oração das Vésperas na Basílica foi
presidida por P. Bonhomme Morachel, Inspetor da Inspetoria do
Haiti, que nos deu o boa noite falando também sobre a difícil situ-
ação política e social que o país vive há anos e onde os Salesianos
fizeram a opção de estar com o povo e compartilhar o seu sofri-
mento para testemunhar a proximidade de Deus, a sua ternura e
dar esperança a um povo desesperado. Estas duas intervenções
tocaram o coração de todos os capitulares, reforçando o sentido
de Congregação e convidando à solidariedade no sofrimento com
estas realidades, uma verdadeira simpatia (sym-pascho) que leva
a ‘chorar com quem chora’.
3. Na segunda-feira, dia 10, pela manhã, trabalhou-se nas comissões
sobre o núcleo 3.1 + fichas 1 e 2 até chegar às propostas. Pos-
teriormente, no Plenário, passou-se à aprovação das Atas, segui-
da de uma intervenção do Presidente, após o que as 6 comissões
apresentaram as propostas sobre o núcleo 3.1. No final, pediu-se
para examinar as deliberações a serem votadas e preparar as in-
tervenções sobre as propostas do ponto 3.1. À tarde, no Plenário,
deu-se todo o espaço necessário para as intervenções, que fizeram
sentir as diferentes avaliações sobre os diversos temas referentes à
composição do Conselho. Neste ponto, o Presidente tomou a pala-
vra, agradecendo a liberdade com que se expressaram aqueles que
intervieram e, ao mesmo tempo, salientando a importância do tema
e do que estamos a fazer, não com o objetivo de chegar a uma deci-
são compartilhada, mas de criar uma visão comum, sempre com o
desejo de dar resposta ao pedido do RM que, em sua carta de con-
vocação do CG29, convidava a uma corajosa revisão da animação
e governo em todos os níveis. Após uma pausa, no retorno, proce-
deu-se à votação das 5 deliberações referentes ao núcleo 3.2: 1) a
Constituição de uma segunda Região na África-Madagascar, 2) o
pedido ao Reitor-Mor com seu Conselho para rever as priorida-
des e modalidades de atuação das tarefas do Conselheiro Regional
para melhor implementar o que é solicitado pelas Constituições
e Regulamentos, 3) o pedido ao RM com seu Conselho para ga-
rantir aos Conselheiros Regionais pessoal adequado para apoiar
o seu serviço, 4) que a Inspetoria “São João Bosco” da Croácia
seja transferida da Região Europa Centro e Norte para a Região
Mediterrânea, 5) o pedido ao Reitor-Mor com seu Conselho para

13.10 Page 130

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 129
desenvolver uma reflexão sobre os desafios comuns que a Con-
gregação deve enfrentar hoje na Europa e sobre a sinergia entre
as duas Regiões. As 5 deliberações foram aprovadas com níveis
diferentes entre o placet, o não placet e a abstenção. Seguiram-se
outras intervenções sempre sobre o tema, que terminaram com uma
palavra adicional do Presidente expressando o apreço pelo que foi
compartilhado e sugerindo um livre intercâmbio para capitalizar o
que foi o fruto da escuta. O dia terminou com a oração das véspe-
ras e a boa noite do Inspetor da Inspetoria da Polônia Varsóvia, P.
Tadeusz Jarecki.
4. Na terça-feira, 11, na Aula, começou-se com a leitura e aprovação
das atas. O Presidente tomou a palavra para nos dizer que chega-
ria a proposta das novas deliberações a serem votadas e ofereceu
alguns critérios a respeito. O Regulador apresentou o trabalho a
ser feito: estudo das fichas 8-9-10 sobre a Exigência do Sacerdó-
cio para ser Diretor, Inspetor, Reitor-Mor, e levando em conside-
ração o Rescrito do Santo Padre Francisco sobre a derrogação
ao cân. 588 52 CIC, de 18.05.2022 e a ‘Releitura carismática
salesiana’ de tal Rescrito. Após estas indicações, fomos à comis-
são para o estudo pessoal, a reflexão em grupos e as subsequentes
propostas elaboradas em comissão. Na última parte do dia, na
Aula, a Comissão de redação apresentou as deliberações sobre o
tema 3.1. Em seguida, as 6 comissões apresentaram as propostas
sobre o tema 8/9/10. O material apresentado seria lido e estudado
no dia seguinte. Terminamos com a oração das vésperas e o boa
noite dado pelos Inspetores do Equador, P. Marcelo Farfán, e do
Peru, P. Juan Pablo Alcaz, que nos apresentaram a figura missio-
nária extraordinária do P. Luigi Bolla e o Centro de Formação
para o povo Achuar.
5. Quarta-feira, 12, toda a manhã na Aula para leitura e aprovação
das Atas, uma palavra do Presidente para nos comunicar a con-
clusão da Comissão Central sobre as deliberações a serem vota-
das sobre a Composição do Conselho, depois o P. Luca Barone
apresentou as três deliberações referentes ao pedido ao RM e ao
seu Conselho para promover uma maior coordenação entre os
Conselheiros de Setor e os Conselheiros Regionais, a transfor-
mação da Comunicação Social em um Secretariado e, finalmente,
a transformação das Missões em um Secretário, os três com re-

14 Pages 131-140

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14.1 Page 131

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130 ATOS DO CONSELHO GERAL
sultados. Depois disso, passou-se a manhã ouvindo intervenções
sobre a ficha 8 referente ao requisito do sacerdócio para o dire-
tor. No final da manhã, sou convidado a oferecer uma ilumina-
ção inspirando-me na conferência de Dom Bosco aos Noviços
Coadjutores em San Benigno Canavese em 1883 e na carta do P.
Filipe Rinaldi, comentando um a um todos os elementos daquele
texto referencial. À tarde, prosseguiu-se com mais intervenções,
após o que foi dada a palavra ao P. Gioan Lluís Playá para apre-
sentar uma proposta de modificação do artigo 151 que incluiria
entre os membros do Capítulo Geral com direito a voto o De-
legado Central a quem é confiada a responsabilidade direta do
Secretariado para a Família Salesiana nos termos do artigo 108
dos Regulamentos Gerais. Depois houve um tempo para reflexão
pessoal seguido de outro em comissão e voltou-se ao Plenário.
Ao chegar, o P. Luca Barone apresentou-nos as propostas para 4
deliberações sobre as fichas 8/9/10 com duas alternativas na ficha
8 que diz respeito ao requisito do sacerdócio para o diretor. Após
algumas informações do Presidente e do Regulador, passamos à
oração das Vésperas, guiada pela Inspetoria de Angola e seguida
do boa noite oferecido pelo Inspetor do Oriente Médio, P. Simone
Zekarian.
6. Quinta-feira, 13, na Aula, após a leitura e aprovação das atas,
procede-se à votação intermédia das fichas 8/9/10 com resultado
positivo para a deliberação sobre a possibilidade ad experimen-
tum para os próximos 6 anos de nomeações de Salesianos Coad-
jutores como Diretores de comunidade. Ao término da votação,
inicia-se a apresentação do núcleo primeiro, conforme elaborado
em cada comissão. Após a pausa, ainda na Aula, é feita a votação
definitiva das deliberações sobre o tema 1 “Organização do Con-
selho geral” com estes resultados: 10) pedir ao RM a promoção
de uma maior coordenação entre os conselheiros de setor e con-
selheiros regionais, 20) manter inalterado o artigo sobre o Con-
selheiro para a Comunicação Social, 30) manter igualmente o
artigo sobre o Conselheiro para as Missões. Após estas votações,
continuou-se com a apresentação do núcleo primeiro. Na parte da
tarde, na Aula, completou-se a apresentação das comissões sobre
o núcleo primeiro e deu-se espaço para intervenções na assem-
bleia sobre este núcleo. Em seguida, são propostas à Assembleia

14.2 Page 132

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 131
as propostas de deliberações 12.13.14.15 sobre o “requisito do
sacerdócio”. A n. 12 relativa ao pedido ao RM para utilizar o
Rescrito do Papa e alterar o art. 121 das Constituições para no-
mear, com o consentimento do seu conselho, um Salesiano Co-
adjutor como Diretor de uma comunidade, não atinge a maioria
qualificada (2/3 dos votantes). A n. 13 relativa ao pedido ao RM
para utilizar ad experimentum o Rescrito do Papa para nomear,
com o consentimento do seu conselho, um Salesiano Coadjutor
como Diretor de uma comunidade, atinge a maioria absoluta exi-
gida (metade +1) e, portanto, é aprovada. A n. 14 relativa ao pe-
dido ao RM para utilizar o Rescrito do Papa e alterar o art. 121
e o art. 162 e nomear, com o consentimento do seu conselho, um
Salesiano Coadjutor como Inspetor e, consequentemente, prever
a nomeação de outro irmão sacerdote a quem compete exercer as
faculdades atribuídas pelo Direito Canônico ao Ordinário para o
serviço da autoridade em nível inspetorial, não atinge a maioria
qualificada (2/3). A n. 15 relativa ao pedido de utilizar a possibili-
dade do Rescrito de autorizar discricionariamente aos irmãos não
clérigos a atribuição do ofício de Reitor-Mor e, consequentemen-
te, de alterar o art. 121 das Constituições e o art. 127 e o art. 129 e
de eleger também outro irmão sacerdote a quem compete exercer
as faculdades atribuídas pelo Direito Canônico ao Ordinário para
o serviço da autoridade em nível mundial, não atinge a maioria
qualificada (2/3).
O dia termina com a oração das vésperas sob a responsabilidade
da Inspetoria AON, e o boa noite dado pelo Inspetor P, Jèsus Be-
noit, que nos apresentou a realidade deles, uma zona fortemente
militarizada, islâmica, com uma parte em que o islamismo radical
exerce a sharia, e onde os irmãos, com grande coragem e determi-
nação, continuam a levar adiante a missão salesiana com presenças
e obras que são verdadeiramente lugares de esperança em meio à
situação crítica do território.
7. Na sexta-feira, 14, na Aula tivemos a leitura e aprovação das atas e,
sobretudo, a belíssima meditação guiada pelo P. Eunan, a partir do
texto de Mt 18,20. Ao término desta, passou-se às comissões para a
reflexão sobre o núcleo 2, ao longo de todo o dia, que concluiremos
na Aula com a Via Sacra.

14.3 Page 133

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132 ATOS DO CONSELHO GERAL
Já fizemos 4 semanas de Capítulo Geral e estamos na metade de todo
o percurso. Fazendo um balanço do que vivemos e fizemos até agora,
poderíamos resumir dizendo que, após a primeira semana de espiri-
tualidade e aspectos regulamentares, a segunda semana nos colocou
diante do estado de saúde da Congregação com a apresentação, estudo
e perguntas das Relações do RM, do Vigário e dos Conselheiros, e na
terceira entramos no núcleo 1 com trabalho em comissões e assem-
bleia, para passar nesta quarta semana ao estudo do núcleo 3, tanto em
comissões, mesas e plenário sobre as fichas, propostas e discussão em
plenário. Se as primeiras três semanas foram caracterizadas por argu-
mentos pacíficos, mesmo na diversidade de pontos de vista e posições,
a quarta evidenciou a grande diversidade da Congregação, o que ex-
plica intervenções mais polarizadas, mais emotivas, todas elas como
expressão da escuta do Espírito. Se é Ele quem cria a diversidade, é
também Ele quem cria a harmonia, não no sentido de que todos pen-
sem da mesma forma, mas no fato de que não se rompe a comunhão e
o Espírito abre o seu espaço.
Poderíamos dizer, inspirando-nos no Evangelho, que pedimos e rece-
bemos, procuramos e encontramos, batemos e a porta nos foi aberta.
Pedimos o Espírito Santo e nos foi dado. Procuramos em todos os
caminhos qual seria a vontade de Deus e encontramos. E batemos à
porta e nos foi aberta a da mente e do coração para acolher o que Deus
quer da Congregação hoje! O Espírito Santo não pode ser aprisionado
nem domesticado, é livre como o vento, diz Jesus, sempre renovando
e criando.
Entretanto, as comunicações nas homilias, as orações na diversidade
de línguas e os boas noites sobre as situações das Inspetorias ajudaram
a conhecer melhor essas realidades e a suscitar um profundo senso de
Congregação em sua variedade de contextos sociais, políticos, eco-
nômicos e culturais, apreciando muito tudo o que os Irmãos fazem
em tais circunstâncias, levando adiante a missão apesar de todas as
dificuldades.
Algo que parece muito importante é não esquecer que o todo está a
serviço do tema capitular “Apaixonados por Jesus Cristo – consa-
grados aos jovens”, e, portanto, que as intervenções, os debates, as
deliberações etc. todos eles não buscam outra coisa senão responder
fielmente a Deus e aos Jovens.

14.4 Page 134

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 133
Fazendo o balanço (4)
1. A quinta semana do Capítulo Geral começou em 15 de março, sá-
bado, com a Lectio divina “Ser em Cristo”, que teve como texto
inspirador Gl 2,15-21. Na sessão da manhã foi feita a leitura e a
aprovação da Ata e, logo em seguida, fui convidado a apresentar
“Fazendo o balanço” (3); depois, retornou-se às comissões para
continuar a reflexão sobre o núcleo 2. Ao meio-dia celebramos a
Santa Missa na Basílica, presidida pelo P. Rafael Montenegro, Ins-
petor da Venezuela. À noite, a oração das Vésperas foi celebrada
na Basílica e presidida pelo P. Vaclav Klement, que também deu o
“Boa-noite” sobre a realidade de sua Inspetoria (AFM), sublinhan-
do os seus pontos de esperança.
2. Na Segunda-feira, 17 de março, iniciamos a Assembleia com a
invocação do Espírito Santo, seguida da leitura e da aprovação da
Ata. Em seguida, o Presidente tomou a palavra, em nome da Co-
missão Central, para relembrar aos capitulares a responsabilidade
pessoal em relação à comunicação do que acontece no Capítu-
lo; informar que haverá um encontro aberto aos capitulares para
compartilharem sobre o tema dos abusos; dizer que a Comissão
Central irá fazer uma proposta sobre a apresentação do núcleo 2.
Terminada a intervenção do P. Stefano retornou-se às comissões
para continuar o estudo do núcleo 2 na tripla temática A-B-C. Não
há dúvida de que a reflexão, seja nas mesas-redondas seja nas
comissões, se mostrou muito enriquecedora e nos fez entender o
que é realmente a experiência capitular, recuperando as práticas e
ideias das inspetorias na sua diversidade de realidades, contextos
e possibilidades. À noite houve um encontro do Presidente e do
Regulador com a Região África-Madagáscar. O dia terminou na
sala capitular com a oração das Vésperas dirigida pelos irmãos da
Índia, em hindi e em outras línguas, e o Boa-noite foi dado pelo
P. Roberto Colameo Inspetor Salesiano da ICC, que apresentou a
significativa presença de Macerata, que em muitos aspectos encar-
na o que se propõe como comunidades abertas com SDB, FMA,
voluntários e jovens, levando adiante a missão salesiana em obras
plenamente integradas no território.
3. Terça-feira, 18 de março, já no primeiro momento do dia reunimo-
-nos na sala capitular para a leitura e aprovação das Atas, seguida

14.5 Page 135

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134 ATOS DO CONSELHO GERAL
de uma proposta do Presidente sobre a apresentação somente do
essencial dos trabalhos das comissões, sem ler todo o relatório,
proposta que foi aprovada e seguida da apresentação do trabalho
de cada comissão sobre o núcleo 2, acompanhada de tempo para a
leitura pessoal dos relatórios e a preparação das intervenções. Após
o intervalo, novamente na sala capitular voltou-se a discutir sobre
o núcleo 2, com intervenções esclarecedoras e estimulantes, como
a do P. Reinhard Gesing sobre o desastre ecológico que vivemos
e que deve nos levar a fazer uma escolha corajosa e operativa; em
relação a este tema, como guardiões da criação, da nossa ‘casa co-
mum’, e como serviço à missão, especialmente dos mais pobres e
carentes; para dar uma resposta àqueles que pediram uma decla-
ração da Congregação pela Paz, em um momento tão perturbador
como o que estamos a viver; para aqueles que sentiram a necessi-
dade de precisar o termo ‘leigo’, não somente pela diversidade dos
tipos de ‘leigos’ que trabalham conosco, com diferentes funções e
maior ou menor identificação com o carisma, mas também pela di-
versidade de contextos, em particular aqueles de diferentes religi-
ões para definir bem o grau de participação na missão e no carisma;
para aqueles que sentem a necessidade de definir melhor o grau de
poder de decisão dos leigos no Conselho da CEP, com a redefinição
de alguns artigos das Constituições e Regulamentos; para aqueles
que têm insistido na urgência de retomar o binômio educação-e-
vangelização como dois elementos inseparáveis, mas respeitando
sua autonomia; para aqueles que falam, de forma mais decisiva, em
habitar a vida digital dos jovens etc.
Na parte da tarde continuou a discussão sobre o núcleo 2, e de-
pois foi apresentada a proposta do novo mapa para duas Regiões da
África, fruto do grande crescimento vocacional, da multiplicação
das inspetorias e das visitadorias, e da extensão territorial. Sendo
assim, não se trata da divisão de uma única Região, mas da multi-
plicação dela em duas, a Região Sudeste e a Região Centro-Oeste,
para acompanhar melhor os jovens. Após o intervalo retomou-se o
trabalho nas comissões para discutir a proposta de composição das
2 regiões da África e a moção apresentada pelo P. Playà para incluir
o Delegado Central para a Família Salesiana entre os membros de
direito do Capítulo Geral, e com voto. O dia terminou na Basíli-
ca com a oração das Vésperas, dirigida pelo P. Manuel Jiménez,

14.6 Page 136

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 135
Diretor da Comunidade de Valdocco, e o Boa-noite dado pelo P.
Fernando Miranda, Inspetor da Inspetoria Maria Auxiliadora da Es-
panha (SMA).
4. Quarta-feira, 19 de março, Solenidade de São José. Iniciamos na sala
capitular a leitura e a aprovação da Ata, seguidas das palavras do
Presidente, que apresentou duas informações em nome da Comis-
são Central: 1) sobre o pedido de envio de mensagens em nome de
todo o CG29 sobre diversos temas (a paz, os jovens...) foi decidi-
do deixá-las para as próximas semanas; 2) pede-se às comissões de
priorizar as opções a fim de facilitar o trabalho da Comissão de Re-
dação. Depois destas informações, a Comissão de Redação informou
à Assembleia sobre as opções feitas para a redação do trabalho e, em
seguida, os diversos membros da Comissão leram a primeira versão
do núcleo 1, apresentando-a no telão. Após o intervalo retornou-se
às comissões para o citado rascunho e a preparação das intervenções
para a Assembleia, com sua respectiva votação.
Após o intervalo da tarde retornou -seà sala capitular para ouvir as
6 comissões sobre o tema da constituição das 2 Regiões de África
e sobre a moção do P. Playà, com discussão em assembleia. Em se-
guida, o P. Pier Fausto Frisoli fez uma apresentação das fichas sobre
os temas jurídicos correspondentes ao núcleo 3 a serem estudados
nesta semana (órgãos interinspetoriais; visitas extraordinárias; visi-
tas de conjunto; organização da animação da Inspetoria; composição
do conselho inspetorial; escritórios, secretarias e comissões inspeto-
riais; consistência quantitativa e qualitativa da comunidade; duração
dos cargos de governo). O dia terminou com as Vésperas, guiadas
pela Inspetoria de Hyderabad, e o Boa-noite foi dada pelo P. Roshan
Miranda, Superior da Visitadoria do Sri Lanka.
5. Quinta-feira, 20 de março, o trabalho começou na sala capitular
com a leitura e aprovação das Atas; em seguida o Presidente deu a
palavra ao presidente da Comissão de Comunicação para que in-
formasse o modo como serão feitas as comunicações oficiais, in-
cluindo aquelas das eleições. Depois, a Assembleia continuou a
discussão sobre o núcleo 1 com a apresentação do trabalho das
comissões feita por seus porta-vozes, e outras intervenções. Isso
feito, foram apresentadas e votadas as resoluções sobre a consti-
tuição das duas Regiões da África e a moção sobre o Secretariado

14.7 Page 137

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136 ATOS DO CONSELHO GERAL
para a Família Salesiana. Enquanto a primeira obteve o número
necessário de votos, a segunda não. Após o intervalo retornou-se
às comissões para trabalhar sobre o terceiro núcleo, nos números:
3.3 (Organismos interinspetoriais); 3.4 (Visitas extraordinárias);
3.5 (Visitas de Conjunto); 3.7 (Duração dos cargos de governo).
As comissões preparam e votam as propostas de decisão. Na par-
te da tarde as comissões continuam o trabalho sobre o núcleo 3,
números: 3.6 (Escritórios, secretariados, comissões inspetoriais);
e fichas 4 (Vigário do inspetor); 5 (configuração do Conselho Ins-
petorial); 6.7 (consistência quantitativa e qualitativa das comuni-
dades). As comissões preparam e votam as propostas de decisão.
O dia termina na sala capitular com as Vésperas, guiadas pela Ins-
petoria de Dimapur em sua própria língua, e com o Boa-noite do
P. Pierluigi Cameroni, Postulador das Causas dos Santos, que nos
ofereceu uma esclarecedora e estimulante apresentação da santida-
de salesiana, fazendo uma partilha pessoal do que significou para
ele este ministério.
6. Sexta-feira, 21 de março, começamos na sala capitular testando
o bom funcionamento do tablet, tendo em vista as votações. De-
pois da oração a Nossa Senhora de Guadalupe, foi feita a leitura e
aprovação das Atas e, em seguida, passou-se à votação definitiva
sobre as 2 regiões da África (Região África LESTE e SUL, Re-
gião África CENTRO e OESTE), que obteve os votos necessários
e foi aprovada, e sobre a Moção n0 1, que não alcançou a maioria
qualificada. Depois disso, o P. Pier Fausto Frisoli, na qualidade de
Procurador Geral, informou com atenção sobre o andamento dos
processos nos casos de abuso. Após o intervalo retornou-se às co-
missões para estudar a proposta de um Artigo dos Regulamentos
sobre as Obras Sociais, com proposta de decisão. Além disso, cada
comissão votou e compartilhou as propostas dos pontos 3.3 e 3.7.
Na parte da tarde retornou-se à sala capitular para a apresentação
das decisões e propostas das comissões relativas a: 3.3; 3.4; 3,5;
3,6; 3.7 e às fichas: 4.5.6.7. Após o intervalo, as 6 comissões apre-
sentaram à Assembleia as suas resoluções sobre o artigo dos Regu-
lamentos referente às Obras Sociais. Por fim, há uma apresentação
das linhas metodológicas do discernimento. O dia terminou com a
Via crucis guiada pela Inspetoria de Chenai e com o Boa-noite de
P. Andrea Bozzolo, Reitor Magnífico da UPS.

14.8 Page 138

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 137
Como se pode ver, esta quinta semana do Capítulo foi de muito tra-
balho, com uma “agenda cheia” no sentido que, ao mesmo tempo,
teve início o estudo do núcleo 2 e foi apresentado o primeiro ras-
cunho do núcleo 1 (com estudo nas comissões) e, sobretudo, foram
finalizados quase todos os temas do núcleo 3.
O trabalho realizado, fruto de uma excelente condução do Capítulo e
da corresponsabilidade ativa de todos os capitulares, levou-nos a um
bom ponto antes da importante semana das eleições do Reitor-Mor,
do Vigário, dos Conselheiros de Setor e dos Conselheiros Regionais.
O Espírito Santo, verdadeiro protagonista desta ‘Pentecostes sa-
lesiana’, guiou-nos até aqui e o continuará a fazer, de modo par-
ticular, na delicada eleição daqueles que terão a responsabilidade
de animar e governar a Congregação Salesiana a fim de que ela
responda ao sonho de Deus em favor dos “jovens, especialmente
os mais pobres, abandonados e em risco”.
Fazendo um balanço (5 e 6)
1. A sexta importantíssima semana do Capítulo Geral começou no
sábado, dia 22, na sala capitular, com a Lectio sobre a Comuni-
dade Fraterna, partindo do texto de Rm 12, 9-21, conduzida pela
Inspetoria de Bombay. Na sessão, foram lidas e aprovadas as atas.
Depois, o Presidente tomou a palavra em nome da Comissão de
Comunicação Social para informar sobre como se procederá na
elaboração e discussão das mensagens e comunicações, conforme
o artigo 35 do Regulamento do Capítulo. Em seguida, fui convi-
dado a apresentar o “Fazendo o ponto - 4”, ao qual se seguiram di-
versas intervenções, como a do P. Eunan McDonell sobre deixar-se
guiar pelo Espírito, ou a de Lukasz Pawlowski. A discussão sobre
as deliberações relativas, como de costume com posições contras-
tantes, a 3.3; 3.4; 3.5; 3.6; 3.7; + fichas 4, 5, 6, 7, embora a maioria
das intervenções tenha se referido à proposta de um artigo sobre as
“obras sociais”. Após o intervalo, tivemos na Basílica a Eucaristia
presidida pelo P. Bonhomme Morachel, inspetor da inspetoria do
Haiti. À noite, na Basílica, a oração das Vésperas foi presidida por
Pe Rafael Montenegro, Inspetor da Venezuela, que na boa noite
apresentou-nos a precária e desafiadora situação social, política e
econômica do país.

14.9 Page 139

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138 ATOS DO CONSELHO GERAL
2. No domingo, dia 23, à tarde, reunimo-nos na Sala capitular para
iniciar o processo de discernimento em vista das eleições, sob a
orientação do P. Amedeo Cencini. Inicialmente, ele repassou o
título/tema e o contexto social/eclesial, apresentando o tema do
CG29 “Apaixonados por Jesus Cristo – Consagrados aos Jovens,
para uma vivência fiel e profética da Vocação Salesiana” sob a óti-
ca da esperança: “Um Capítulo Geral no Jubileu da Esperança!”.
Isso porque tudo parece levar à resignação, ao pessimismo ou ao
desespero. É por isso que é indispensável uma fé que se torne
confiança e crie profecia, que se traduza numa visão de futuro. Ele
concluiu citando um texto profético de Ratzinger de 1969 sobre
a Igreja do futuro, aquela que vemos hoje! Após o intervalo, a
reflexão continuou, agora muito mais centrada no discernimento,
com o título “Discernir é esperar – Esperar é discernir”, sintetiza-
do no subtítulo “Da contemplação ao discernimento”. A reflexão
terminou com uma oração que reunia tudo o que estamos vivendo
neste momento do Capítulo Geral. O dia terminou com a oração
das Vésperas na Basílica, presidida pelo P. Amedeo Cencini que,
a partir da parábola da figueira do Evangelho, voltou a convidar
à esperança, tomando como base a confiança que o Pai sempre
tem em nós. Depois, tivemos o jantar e a Adoração Eucarística na
Igreja de São Francisco de Sales.
3. Iniciamos a segunda-feira, dia 24, na Basílica com a Eucaristia
presidida pelo P. Amedeo Cencini, que, na homilia, introduziu a
semana de discernimento à luz da Palavra, uma Palavra inquietante
justamente porque narra o fracasso de um discernimento, e justa-
mente daqueles a quem o Senhor se revelou de modo particular,
“os seus”. É uma possibilidade também para nós quando temos a
pretensão de saber tudo sobre Deus, sobre Jesus, o que nos impede
de colocar-nos em estado de discernimento. Esta é ou deveria ser
a atitude normal, não circunstancial, que nos permite ver o quanto
o Senhor já fez e quanto está fazendo, e, portanto, perguntar-nos o
que Ele está nos dando ou pedindo, ou revelando. O discernimento
é a atitude normal de crescer na fé e na esperança do crente normal.
Na Sala capitular, foi feita a leitura e aprovação da ata, seguida
por outra conferência do P. Amedeo Cencini, em que apresentou
o “Capítulo Geral como processo de discernimento”, indicando as
condições que o tornam possível (liberdade interior, familiarida-

14.10 Page 140

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 139
de com o discernimento, sensibilidade ob-audiens), precisando o
método e oferecendo critérios para uma escolha de governo hoje
(critérios genéricos e específicos). Após o intervalo, fomos para as
comissões em mesas redondas para o diálogo no Espírito sobre o
serviço do Reitor-Mor, perguntando-nos à luz do período 2020-24
quais eram nossas expectativas e qual o perfil para a figura do Rei-
tor-Mor para o sexênio 2025-2031.
À tarde, os capitulares foram convidados a ir para a Sala capitular
e depositar um nome em uma urna preparada para isso. Depois,
continuaram o trabalho nas comissões para elaborar e votar a sín-
tese das expectativas e do perfil. Após o intervalo, voltaram às co-
missões, onde o presidente, depois de comunicar a lista dos nomes
depositados na urna, convidou para uma votação secreta. Voltaram
novamente para a sala e o guia apresentou a síntese das expectati-
vas e do perfil do futuro Reitor-Mor, seguida por um tempo de si-
lêncio e reflexão. Em seguida, procedeu à apresentação em ordem
alfabética dos 5 nomes que obtiveram mais votos nas comissões.
Então o Regulador realizou uma prova, depois do que foi feita uma
votação sondagem. Em seguida, decidiu-se fazer uma segunda
votação sondagem que foi anulada por problemas técnicos. O dia
terminou com as Vésperas, o jantar e, após o jantar, na Basílica, o
rosário e a Adoração Eucarística junto com a ADMA, sendo dia
24 do mês, e o boa noite dado pela Madre Chiara Cazzuola, que
expressou a alegria de estar na Basílica contemplando a imagem de
Maria e de ser seu monumento vivo querido por Dom Bosco. Ela
destacou a importância deste momento, a eleição do Reitor-Mor,
porque sua figura é centro de unidade de toda a Família Salesiana.
A sua presença, juntamente com a conselheira da Família Salesiana
e da Inspetora do Piemonte e Vale d’Aosta, quis ser um sinal de
proximidade, afeto e estima pelos salesianos, sendo porta-voz de
todas as Filhas de Maria Auxiliadora do mundo que escreveram
para levar a sua saudação ao novo Reitor-Mor.
4. Terça-feira, 25, Solenidade da Anunciação do Senhor. Iniciamos
com a Eucaristia solene presidida pelo P. Amedeo Cencini, que na
homilia destacou a feliz circunstância que une esta Festa à eleição
do Reitor-Mor, porque Maria encarna a resposta e as atitudes ade-
quadas que o Senhor espera de todos nós, especialmente de quem
será eleito. Na sala, após a leitura e aprovação das atas, tomou a pa-

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15.1 Page 141

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140 ATOS DO CONSELHO GERAL
lavra o P. Amedeo Cencini, que nos convidou a retomar o processo
de eleição. O Regulador, esclarecido o que havia acontecido ontem
na segunda votação sondagem que havia sido invalidada por um
erro, abriu a votação para a segunda sondagem sobre os 5 nomes.
Em seguida, para estar em conformidade com o regulamento do
Capítulo, foi feita uma votação sobre todos os irmãos elegíveis da
Congregação. E, enfim, após a invocação do Espírito Santo, pas-
sou-se à votação definitiva para a eleição do Reitor-Mor, que nos
ofereceu na pessoa do P. Fabio Attard o XI Sucessor de Dom Bosco.
O Presidente, P. Stefano Martoglio, ligou para o P. Fabio, que não
era capitular, pedindo que aceitasse o cargo. Padre Fabio, emocio-
nado, respondeu aceitando. Foi então convidado a se juntar a nós
para a acolhida formal à noite! Após o intervalo, trabalhamos nas
comissões para a eleição do Vigário com a mesma tarefa: identi-
ficar expectativas e perfil e chegar a uma votação. E continuamos
à tarde até o intervalo, quando começou a transmissão ao vivo.
Reunimo-nos na Sala para a acolhida do novo Reitor-Mor, que fez
a profissão de fé, seguida de cumprimentos e presentes dos capitu-
lares. Ao final deste momento rico em gestos de verdadeira familia-
ridade, tanto pelas representações das Inspetorias que ofereciam a
sua homenagem, quanto pelo P. Fabio, que permaneceu de pé, sor-
ridente, amável com todos, trocando lembranças e piadas, o Rei-
tor-Mor presenteou-nos com três ‘palavras’ que atraíram a atenção
de toda a Assembleia, cativada pelo que foi dito e pelo tom com
que foi dito: 1) o agradecimento pela confiança expressa nele com
a eleição, que é expressão do apego a Dom Bosco, ao seu carisma
e missão; 2) a consciência de uma nova época que estamos a viver,
que exige fidelidade e parrésia para sermos capazes de responder
às novas necessidades dos jovens de hoje na diversidade de con-
textos; 3) um ministério a ser levado adiante com o apoio de todos,
fazendo do CG29 o programa da Congregação para os próximos
anos, em continuidade com o que a Congregação tem feito até ago-
ra. Terminou pedindo orações para poder satisfazer as expectativas
depositadas nele. A belíssima e inesquecível noite concluiu-se com
a oração das Vésperas, o jantar e, depois, a Adoração Eucarística
na Igreja de São Francisco de Sales.
5. O que vivemos ontem foi um dia inesquecível, cheio de emoções
para todos, assim como as que o nosso querido P. Fabio está a vi-

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 141
ver. Foi um dia abençoado por Deus que nos uniu fortemente, mais
uma vez, a Dom Bosco, com um profundo senso de comunhão. É
a História Sagrada Salesiana que caminha na história, graças aos
nossos “Eis-me aqui”, como o de Maria, o de Dom Bosco, o do P.
Fabio, o de todos e cada um de nós.
6. Na quarta-feira, dia 26, pela manhã, a Eucaristia na Basílica foi
presidida pelo Reitor-Mor, que na homilia - inspirando-se na Pa-
lavra - falou da escuta como primeira e fundamental atitude, uma
escuta de Deus, do Espírito, que se torna obediência, como acolhi-
mento da vontade de Deus, e, portanto, da Palavra a ser proclama-
da, capaz de iluminar a mente e tocar o coração, de forma a deixar
marcas, como Dom Bosco sabia fazer. Na Sala, começou-se com
a leitura e aprovação das atas. Depois, o Reitor-Mor voltou a agra-
decer e exortar a continuar com o clima espiritual. O P. Amedeo
Cencini compartilhou a sua emoção vivida ontem pelo senso de
comunhão testemunhada e apresentou seus votos ao P. Fabio. Em
seguida, fez uma introdução para abrir a apresentação das sínteses
sobre as expectativas e o perfil para a eleição do Vigário, com a
lista dos candidatos prevalentes por ordem alfabética, após o que
se deixou tempo para a possibilidade de intervenções e comentá-
rios, e passou-se à votação sondagem. Após o intervalo, houve um
breve momento de silêncio com a invocação ao Espírito Santo e
passou-se à votação definitiva do Vigário do Reitor-Mor. Alcan-
çada a maioria absoluta, foi eleito o P. Stefano Martoglio que, à
pergunta do Reitor-Mor sobre sua disponibilidade, expressou a sua
aceitação e fez a profissão de fé. Obviamente, não se tratou de uma
mera formalidade, mas de uma consciente e convicta expressão do
ser Igreja, discípulos e testemunhas de Cristo. Em seguida, foram
para as comissões, desta vez, regionais, onde escolheram um coor-
denador e um secretário.
À tarde, nas comissões regionais, trabalhamos em mesas-redondas
para o diálogo no Espírito sobre o Conselheiro para a Formação, e
à luz de 2020-2024, identificar as expectativas e o perfil, refletindo
pessoalmente; em seguida, compartilhamos as ressonâncias e fize-
mos uma votação para um candidato interno e um externo à Região.
Após o intervalo, ainda na comissão regional, o mesmo processo
para o Conselheiro para a Pastoral Juvenil. O dia terminou na Sala
com as Vésperas guiadas pela Inspetoria SUE, o boa-noite dado

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142 ATOS DO CONSELHO GERAL
pelo Vigário, P. Stefano Martoglio, que agradeceu a renovada con-
fiança dos capitulares, compartilhou a experiência tão desafiadora
e difícil que marcou este quinquênio em que todos os membros do
Conselho fizeram o seu melhor, e expressou a sua gratidão pelo
ambiente tão fraterno que se criou desde o início deste Capítulo
graças às opções feitas, em particular a do Diálogo no Espírito’,
que criou uma grande comunhão na diversidade e reafirmando o
fato da graça que significa já ter um pai na pessoa do Reitor-Mor,
P. Fabio Attard. Após o jantar, houve a Adoração Eucarística na
Capela de São Francisco de Sales.
7. Na manhã de quinta-feira, dia 27, na Basílica, o Vigário, P. Stefano,
presidiu a Eucaristia. Ele considerou providencial para o nosso Ca-
pítulo a Palavra de Deus que nos convida a ouvir a voz do Senhor
e a não endurecer o coração, citando o exemplo de nossa Mãe que
nos deixou como testamento sua indicação: ‘Fazei o que Ele vos
disser’. Na sala, após a oração, foram lidas e aprovadas as atas.
O Presidente tomou a palavra e convidou-nos a estarmos atentos
à escuta da Palavra, a não perder o centro no novo contexto que
estamos a viver, e a continuar com o “diálogo no Espírito”, en-
fatizando que se trata de docilidade ao Espírito. Em seguida, o P.
Amedeo Cencini apresentou as sínteses das expectativas e o perfil
para o Setor Formação, bem como os nomes votados entregues
pelos presidentes das comissões regionais. Passou-se à votação
sondagem. Continuou-se com o mesmo processo referente ao Se-
tor para a Pastoral Juvenil, com a apresentação das expectativas,
perfil e nomes. Após a pausa, fomos para as comissões regionais
para o diálogo no Espírito sobre o Conselheiro Geral para a Comu-
nicação Social, identificando expectativas, perfil e candidatos. À
tarde, ainda nas comissões regionais, o diálogo no Espírito para o
Conselheiro Geral para as Missões. Após o intervalo, o diálogo no
Espírito é sobre o Ecônomo Geral. Às 18h30, a pedido de alguns
capitulares, retornou-se à Sala para uma segunda votação sonda-
gem para o Conselheiro para a Formação e para o Conselheiro para
a Pastoral Juvenil, a fim de alcançar uma maior convergência. O
dia terminou com as vésperas, o jantar e a Adoração Eucarística na
Capela de São Francisco de Sales.
8. Na manhã de sexta-feira, dia 28, na Basílica, a Eucaristia foi pre-
sidida pelo P. Ivo Coelho que, no contexto do CG29, comentou a

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 143
Palavra sobre o Grande Mandamento do Amor a Deus e ao pró-
ximo, oferecendo duas reflexões: o primeiro mandamento não é
apenas um mandamento, mas o fim de todas as coisas, a Comunhão
com Deus e com os santos; o outro é que o mandamento não é
apenas o fim, mas também o caminho, pelo qual, sendo livres, so-
mos chamados a responder a Deus, mendicante de amor. Na Sala,
começou-se com uma invocação em inglês ao Espírito Santo, guia-
da pelo Superior da Visitadoria de Malta e jovens. Logo depois,
o Reitor-Mor deu a palavra ao Inspetor de Mianmar, que nos co-
municou a tragédia do terremoto que atingiu o país, já duramente
provado por uma ditadura cruel e desumana. O Reitor-Mor pediu
para sermos solidários com a oração e com a ajuda econômica. Em
seguida, foram lidas e aprovadas as atas, ao final do que o P. Ame-
deo apresentou e comentou a síntese sobre os setores e os perfis e
os nomes em ordem alfabética para o Conselheiro para a Comuni-
cação Social, o Conselheiro para as Missões e o Ecônomo Geral, e
a consequente votação sondagem.
Após o intervalo, de volta à Sala, houve um momento de silêncio
orante e passando em seguida à votação definitiva dos conselheiros
de setor, seguida pela aceitação por parte dos eleitos.
Silvio Roggia, que não era membro do Capítulo, foi eleito e, ques-
tionado por telefone pelo Reitor-Mor, respondeu aceitando e foi
solicitado a encontrar-nos o mais rápido possível.
Rafael Bejarano foi eleito e, questionado pelo Reitor-Mor, respon-
deu aceitando.
A essa altura, o P. Amedeo propôs fazer a segunda votação sonda-
gem para os Conselheiros da Comunicação Social, para as Missões
e do Ecônomo Geral.
À tarde, na Sala, começamos com uma invocação ao Espírito e logo
depois passamos à votação definitiva para os Conselheiros de setor.
Foi eleito o P. Fidel Orendain para a Comunicação Social, questio-
nado pelo Reitor-Mor se aceitava, respondeu positivamente.
Foi eleito padre Jorge Crisafulli para as Missões que, questionado
pelo Reitor-Mor se aceitava, respondeu positivamente.
Foi eleito padre Gabriel Stawowy, que não estava no Capítulo, e,
questionado pelo Reitor-Mor se aceitava a eleição para Ecônomo
Geral, respondeu positivamente.

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144 ATOS DO CONSELHO GERAL
9. Terminadas as eleições dos Conselheiros de Setor, o Reitor-Mor to-
mou a palavra, apreciando o clima espiritual em que se realizaram
estas eleições, fruto da escuta de Deus que implica discernimento;
e como um dever de gratidão, agradeceu aos Conselheiros que até
agora desempenharam o seu serviço, dando a sua contribuição num
quinquênio muito exigente: P. Ivo Coelho, P. Miguel Ángel García,
P. Gildasio Méndez, P. Alfred Maravilla e o Sr. Jean Paul Müller.
Eles continuaram o que haviam feito aqueles que os antecederam,
e outros o continuarão.
Após o intervalo, fomos para as comissões regionais para identifi-
car as expectativas e o perfil do Conselheiro Regional, e a votação
em cada comissão dos candidatos, um interno e outro externo. O
dia terminou com a Via Sacra, o jantar e a Adoração Eucarística na
igreja de São Francisco de Sales.
10. Sábado, dia 29, último dia de eleições, as dos Conselheiros Re-
gionais. Pela manhã, na Basílica, a Eucaristia foi presidida pelo
P. Joseph Nguyen Phuoc que, na homilia, inspirando-se nas duas
leituras, a de Oséias que convidava a voltar ao Senhor com um
amor que não fosse como o orvalho da manhã que desaparece à
noite, e a do Evangelho em que Jesus, contando a parábola dos
dois que subiram ao templo para rezar, nos ensina qual é a verda-
deira conversão. Na Sala, leitura e aprovação das atas, ao final das
quais o Reitor-Mor deu as boas-vindas oficiais ao P. Silvio Roggia,
retomou a homilia sublinhando alguns elementos, sobretudo o da
atitude do fariseu, que não só estava longe de Deus, mas também
afastava outros de Deus. Convidando, ao invés, a criar uma ecolo-
gia positiva em todos os níveis. O Regulador informou como seria
realizado o processo eletivo dos Conselheiros regionais. P. Ame-
deo introduziu o processo:
A primeira Região é a África Central e Ocidental, com três candi-
datos apresentados à Assembleia. Passou-se à votação definitiva.
Foi eleito o P. Alphonse, que respondeu positivamente à pergunta
do Reitor-Mor.
A segunda Região é a África Leste e Sul, que apresentou 4 candi-
datos. Passou-se à votação definitiva. Foi eleito o P. Innocent Bizi-
mana, que respondeu positivamente à pergunta do Reitor-Mor.

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 145
A terceira Região é a América Cone Sul, com 2 candidatos. Pas-
sou-se à votação definitiva e foi eleito Gabriel Romero, que res-
pondeu positivamente à pergunta do Reitor-Mor.
A quarta Região é a Ásia Leste e Oceania, com 6 candidatos. Pas-
sou-se à votação definitiva e foi eleito Matthews William, que, não
estando no capítulo, foi contatado por telefone pelo Reitor-Mor e
respondeu positivamente à pergunta do Reitor-Mor.
A quinta Região é a Ásia Sul, com 3 candidatos. Passou-se à vo-
tação definitiva e foi eleito Michael Biju, que respondeu positiva-
mente à pergunta do Reitor-Mor.
A sexta Região é a Europa Centro e Norte, com 4 candidatos. Pas-
sou-se à votação definitiva e foi eleito Jachimowicz, que respondeu
positivamente à pergunta do Reitor-Mor.
A sétima Região é a Interamérica, com 3 candidatos. Passou-se à
votação definitiva e foi eleito Hugo Orozco, que respondeu positi-
vamente à pergunta do Reitor-Mor.
A oitava Região é a Mediterrânea, com 2 candidatos. Foi elei-
to Juan Carlos Perez, que respondeu positivamente à pergunta do
Reitor-Mor.
O Reitor-Mor encerrou a manhã e toda esta semana de eleições
apreciando a expressão multicultural da Congregação, agradecen-
do ao P. Amedeo Cencini, que foi um guia sábio, chamou-nos à
esperança e comunicou-nos, com a palavra e atitude próxima e
familiar, a sua intensa experiência espiritual. Por isso, pediu-lhe
que continuasse a sua presença pedagógica, carismática, profunda-
mente “salesiana”. O P. Cencini respondeu dizendo que, de fato, o
Espírito Santo foi o protagonista desta aventura.
À noite, vésperas na Basílica conduzidas pelo Reitor-Mor, que nos
ofereceu três pensamentos de boa-noite como leitura da parábola
do pai misericordioso: um pai à espera, um pai cheio de amor, a
alegria da cura como fruto do reencontro. Seguiu-se o jantar de
felicitações ao Reitor-Mor e aos Conselheiros.
11.Na segunda-feira, dia 31, iniciamos a sétima semana e o dia na
Sala capitular com um canto a Dom Bosco: “Digo que Dom
Bosco vive”, sobre ser como ele, um verdadeiro salesiano. De-
pois, como de costume, fizemos a leitura e aprovação das atas.

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146 ATOS DO CONSELHO GERAL
Ao final, o Presidente tomou a palavra: expressou a sua gratidão
a Deus que nos acompanha, compartilhou o pedido feito ao P.
Cencini para dizer algumas palavras ao novo Conselho geral. O
que ele disse aqueceu o coração e foi muito estimulante. A sua
intervenção estará disponível. Por fim, lembrou o que disse na
Eucaristia à Região Mediterrânea a respeito da tríplice atitude do
funcionário de que fala o Evangelho: buscar, encontrar, pôr-se a
caminho. Depois, o P. Luca Barone, porta-voz da comissão de
redação, apresentou as deliberações 18-27, e o P. Frisoli apre-
sentou as últimas fichas do número 3.8. Após o intervalo, fomos
para as comissões a fim de formular os modos de votação das
deliberações 18-27 e estudar as últimas fichas apresentadas pelo
P. Frisoli. À tarde, o trabalho nas comissões continuou com a
discussão e preparação de uma deliberação para cada ficha a ser
apresentada na Assembleia. A comissão vota cada deliberação.
Houve um encontro da comissão central, seguido pela Assem-
bleia para a votação intermédia das deliberações 18-27 com iuxta
modum. Depois, cada porta-voz compartilhou o discernimento
sobre as últimas fichas. O dia terminou com as Vésperas guiadas
pela Inspetoria da Bélgica-Holanda, o boa noite em que P. Ivo
Coelho, o conselheiro de formação cessante, entregou o rascunho
da Ratio ao Reitor-Mor, e o jantar.
12.Terça-feira, 10 de abril, 910 aniversário da canonização de Dom
Bosco. Na Sala, a oração inicial foi conduzida pela Inspetoria de
Belo Horizonte, Brasil, a partir da memória da canonização de
Dom Bosco. Em seguida, foi feita a leitura e aprovação das atas.
O Presidente tomou a palavra, expressando a sua alegria pela pro-
posta sobre safeguarding e o seu apreço pelo trabalho da Comis-
são Central. Depois, o porta-voz de cada comissão compartilhou
o discernimento sobre as últimas fichas 11-15, e a Comissão de
Redação apresentou a primeira versão do núcleo 2. Após o inter-
valo, os capitulares participaram da inauguração da Praça Maria
Auxiliadora e da bênção dos dois campanários renovados com o
novo conjunto de sinos. À tarde, na Sala, procedemos à votação
definitiva das deliberações 18-27 (foram aprovadas as delibera-
ções 18, 19, 20, 21, 24, 25, 26, 27; não foram aprovadas as deli-
berações 22 e 23). Em seguida, o P. Reinhard Gesing apresentou
à assembleia a proposta de elaborar um texto sobre safeguarding,

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 147
e o P. Bejarano ilustrou com slides o trabalho realizado nestes
anos no setor para a Pastoral Juvenil sobre safeguarding, com o
objetivo de construir “uma cultura de proteção” através de uma
abordagem sistêmica.
Feita uma sondagem para saber se a Assembleia aceitava a propos-
ta, o resultado foi positivo; então a comissão apresentará a opção
a ser feita. Seguiram-se diversas intervenções: Ivo Coelho sobre o
núcleo animador, Simon Härting sobre Const. 187, Frisoli sobre o
ecônomo leigo, Joan Lluís Playà, sobre educar e evangelizar. Após
o intervalo, as comissões se reuniram para discutir o rascunho 1
do núcleo 2. As comissões prepararam intervenções para a Assem-
bleia sobre o rascunho e votaram em suas intervenções, ao final das
quais rezaram um salmo das Vésperas. O dia terminou com o jantar
e uma noite cultural com cantos e danças dos grupos regionais na
Aula Magna, ao final da qual o Reitor-Mor agradeceu, mostrando
a beleza de ser salesiano e recordando a história daquele menino
pobre que não se rendeu à pobreza e a outros condicionamentos
negativos e se tornou um sinal de amor e esperança para os jovens
mais pobres, abandonados e vulneráveis, o nosso amado pai Dom
Bosco. O mais importante é não perder as raízes, das quais pode
surgir a nova vida.
13.Na quarta-feira, dia 2, na Sala capitular, após uma oração com-
posta por Dom Hélder Câmara, foram lidas e aprovadas as atas.
O Presidente tomou a palavra e expressou o seu agradecimento
pela belíssima noite cultural, pela proposta sobre safeguarding e
o trabalho realizado na Congregação, e, por fim, pelo rascunho 1
do núcleo 2. Depois disso, o P. Luca Barone apresentou a propos-
ta das deliberações 28-34 e os relatores das comissões apresen-
taram as observações sobre o núcleo 2, com tempo para debate.
Após o intervalo, houve um painel de partilha de experiências
das inspetorias sobre safeguarding, com intervenções muito es-
clarecedoras e interessantes de Dominic Tran (Serviço de safe-
guarding), Fernando García (Justiça Restaurativa), Fidel Oren-
dain (Comunicação de Crise) e Daniel Federspiel (Experiência da
Igreja na França), que poderão ser de grande ajuda para todas as
Inspetorias. Após o almoço, à tarde, nas comissões, trabalhou-se
no rascunho de uma Declaração e na proposta de um novo artigo
para os Regulamentos sobre safeguarding, e cada comissão pre-

15.9 Page 149

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148 ATOS DO CONSELHO GERAL
parou intervenções para a Assembleia sobre o rascunho. Após o
intervalo, na Sala, P. Marco Panero, Professor da UPS, fez uma
breve apresentação da Revista “Salesianum” e depois o P. Leo-
nardo Mancini ofereceu como presente da Inspetoria Piemonte
Valle D’Aosta um livro com a coleção das mais belas Cartas de
Dom Bosco. Houve um encontro da Comissão Central sobre a
revisão. O dia terminou com a oração das Vésperas guiada pela
Inspetoria da França, o jantar e, na Sala capitular, um espetáculo
sobre as Cartas de Dom Bosco sob a orientação de P. Francesco
Motto.
14. Na manhã de quinta-feira, dia 3, na Sala capitular, houve a leitura
e aprovação da ata e a palavra foi dada ao Presidente: ele apreciou
a reflexão sobre a discussão do núcleo 2, especialmente sobre o
núcleo animador, mas disse que corremos o risco de perder a me-
mória do que já temos, mesmo que devamos continuar a reflexão.
Ele parabenizou os Irmãos que ofereceram seus testemunhos no
painel sobre experiências de safeguarding. Também aqui tivemos
muitas intervenções apreciáveis a respeito. Ele exortou a continuar
este caminho compartilhando reflexões e boas práticas a respeito.
Finalmente, convidou a não abandonar o diálogo no Espírito. Em
seguida, o porta-voz de cada comissão apresentou a contribuição
sobre safeguarding, seguida de um debate (Eric Cachia, Symon
Kasprzak, Don Bosco Lourdusamy).
Após o intervalo, presidido pelo Vigário P. Stefano Martoglio
na ausência do Reitor-Mor, que fora em vista já programada ao
centro de detenção juvenil, o debate continuou (falaram Eduardo
Lara, Stanislaus Swamikannu, Claudio Cartes, James Gerard
Briody, Dominic Tran, Jordi Lleixá Jané, Oscar Bartolomé, Rafa-
el Bejarano). Terminado o tempo de intervenções de 5 minutos,
continuou-se com o de 3 minutos: tomaram a palavra Domeni-
co Paternò, Bart Decancq, Pier Fausto Frisoli, Fidel Orendain,
Alexander Garces, George Thannickal Chacko, Fernando García,
Gildásio Mendez Dos Santos.
Ao final do debate, o P. Luca Barone, relator da Comissão de Re-
dação, apresentou a Introdução do Documento Final e explicou
os critérios utilizados para a reformulação das opções. Após o
almoço, houve uma sessão de fotos oficiais diante do monumento
a Dom Bosco, em frente à Basílica, e, após o intervalo, retorna-

15.10 Page 150

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 149
mos à Sala. Recomeçamos com a invocação ao Espírito Santo,
conduzida pelas Inspetorias de Porto Alegre e São Paulo. O re-
lator da Comissão de Redação voltou a ler, em vista da votação
iuxta modum”, as deliberações 28-34. As 7 deliberações foram
aprovadas. Em seguida, o Regulador apresentou uma síntese de
todas as intervenções da manhã sobre a oportunidade ou não da
declaração e da adição de um artigo dos Regulamentos em torno
de 4 grandes alternativas: inseri-lo em um núcleo, fazer uma de-
claração, uma deliberação, um artigo. Foi feita uma votação son-
dagem excludente sobre as 4 opções para verificar a orientação da
Assembleia. Opção 1: 109 placet. Opção 2: 31 placet. Opção 3:
99 placet. Opção 4: 35 placet. O Presidente comentou os resulta-
dos, destacando que duas opções alcançaram quase uma centena,
e propôs a inserção no texto e a elaboração de uma deliberação,
proposta que foi aceita pela assembleia por levantamento de mão.
O dia terminou com uma palavra do Presidente, agradecendo o
envolvimento de todos no trabalho e compartilhando a sua ex-
periência da visita ao presídio juvenil, a oração das Vésperas
conduzida pela Inspetoria da Inglaterra e o boa-noite oferecido
pela Inspetoria de Goa.
15. Na sexta-feira, dia 4, pela manhã, na Sala Capitular, começamos
com uma oração a Maria Auxiliadora conduzida pelo Inspetor do
Chile, P. Nelson. Foi feita a leitura e aprovação das atas, e então
o Presidente tomou a palavra: informou sobre a visita do Vigário
ontem à noite a Colle Don Bosco para um encontro com a comuni-
dade a fim de comunicar que Thatty será secretário pessoal do Rei-
tor-Mor; depois, compartilhou a impressão positiva após ler todas
as intervenções feitas na Sala Capitular a respeito do safeguarding;
agradeceu mais uma vez à Comissão Central pela total dedicação
e também a todos os capitulares. Por fim, pediu uma dispensa para
antecipar a votação sobre a deliberação 36. O voto da Assembleia
foi positivo. Depois disso, o P. Andrea Bozzolo compartilhou algu-
mas indicações sobre a apresentação do documento final, as esco-
lhas sobre o discurso e as palavras usadas a respeito do safeguar-
ding, o tom pastoral do documento, o destinatário do documento,
ou seja, as inspetorias, justamente para que possa ser um programa.
Após o intervalo, houve tempo para leitura pessoal do documento
final. À tarde, na Sala capitular, fomos introduzidos ao trabalho

16 Pages 151-160

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16.1 Page 151

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150 ATOS DO CONSELHO GERAL
com um canto de louvor e agradecimento, conduzido pela Inspe-
toria do Paraguai. Padre Luca Barone apresentou as deliberações
28-34 para votação definitiva, com o seguinte resultado: todas
as deliberações foram aprovadas. O Presidente tomou a palavra,
destacando que essas deliberações afetam 3 artigos das Consti-
tuições que tratam da missão e mostrando a serenidade com que
foram feitas; ele convidou a não minimizar a comunidade sale-
siana ao falar do núcleo animador da CEP; por fim, em relação à
missão, a ter uma visão ampla. Em seguida, a deliberação 35 (sa-
feguarding) foi apresentada para votação iuxta modum, obtendo
a maioria absoluta necessária. Depois, foi apresentado um vídeo
emocionante, “The strength of the Unseen”, sobre a dramática
situação em Serra Leoa como trágica consequência da guerra ci-
vil e o compromisso tipicamente salesiano com a reconstrução
através da recuperação de meninos e meninas e da educação, com
a participação visionária de Giorgio Crisafulli. O vídeo “Ecolo-
gical Sustainability (Colle Don Bosco)” foi oferecido para visua-
lização pessoal. O dia terminou com a Via Sacra conduzida pela
Inspetoria da Hungria, o jantar e um Concerto de Música para os
membros do Capítulo.
16. Saudação dos Capitulares ao Reitor-Mor, P. Fabio Attard:
Caríssimo P. Fabio,
Primeiramente, nós o parabenizamos pela sua eleição como novo
Reitor-Mor, XI Sucessor de Dom Bosco.
Não é por acaso que a sua eleição aconteceu no dia em que toda a
Igreja celebra, cheia de alegria e gratidão, a Solenidade da Anun-
ciação do Senhor, pois Deus, hoje como ontem, continua a buscar
colaboradores com total disponibilidade, como a de Maria, para
levar adiante seu admirável plano de salvação. E o que se esperava
é exatamente o que encontrou em você, caríssimo Reitor-Mor: um
“Eis-me aqui” incondicional.
Você bem sabe que quando Deus escolhe uma pessoa, a enriquece
com todos os dons de que precisa para realizar a missão a ela con-
fiada, neste caso, continuar a fazer com que o “sonho de Deus” de
ver os jovens felizes aqui e na eternidade se torne realidade.
Você não está sozinho. O Senhor, através dos capitulares, entregou-
-lhe o Documento Capitular, que marca o caminho da Congregação

16.2 Page 152

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 151
para o próximo sexênio, e colocou ao seu lado os seus principais
colaboradores, o Vigário, os Conselheiros de Setor e os Conselhei-
ros Regionais, que com você, sob a sua liderança, continuarão a
escrever a história sagrada da Congregação nascida aqui em Val-
docco, onde todos os salesianos nascemos.
Como Reitor-Mor, você é o pai da Congregação, o centro de unida-
de da Família Salesiana, o Sucessor de Dom Bosco, guardião fiel e
profético do carisma, espírito, missão e santidade salesiana.
Ao renovarmos os nossos melhores votos, asseguramos a nossa
oração e, acima de tudo, a nossa disponibilidade.
Com imenso afeto, estima, gratidão, unidos em Dom Bosco,
Os membros do CG29.
Valdocco, 5 de abril de 2025

16.3 Page 153

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152 ATOS DO CONSELHO GERAL
Apaixonados por Jesus Cristo e consagrados aos Jovens
CG XXIX
Valdocco, 16 de fevereiro – 12 de abril de 2025
P. Pascual Chávez Villanueva
Caríssimos Irmãos!
Tenho o prazer de compartilhar com vocês o resultado deste
importante momento de revisão, reflexão e planejamento que foi o
CG29, neste profundo e acelerado período de mudança que esta-
mos a viver e que nos obriga a saber ler atentamente toda a realida-
de à luz do Evangelho para conhecer e acolher o que Deus espera
de nós, sempre a serviço da salvação dos jovens.
Deste ponto de vista, parece-me muito significativo que, após
a experiência conturbada do último Capítulo devido à irrupção da
pandemia de COVID, tenha-se decidido voltar a celebrá-lo em
Valdocco - lugar de memória e profecia. Aqui encontramos as res-
postas que Dom Bosco soube dar aos desafios dos jovens das pe-
riferias de Turim da primeira revolução industrial, e aqui também
encontramos a inspiração para aquelas a serem dadas aos jovens da
quarta revolução industrial.
Salesianos apaixonados por Jesus Cristo e
consagrados aos Jovens
O tema escolhido pelo Reitor-Mor, P. Ángel Fernández Arti-
me, para o nosso Capítulo toca a essência da vida cristã e, portan-
to, religiosa, pois significa ser conquistado pelo amor de Cristo
a ponto de recolocar Deus no centro da nossa vida. De fato, toda
a vida consagrada é marcada pelo amor e deve ser vivida sob o
signo do amor, de modo que não se pode vivê-la senão na alegria,
mesmo nos momentos de provação e dificuldade, com a convic-
ção e o entusiasmo de quem tem o amor como força motriz da
vida. Daí emanam a serenidade, a luminosidade e a fecundidade
da vida consagrada, que a tornam encantadora e atraente para os
jovens a quem somos enviados e a quem, por profissão, somos
consagrados.
Em sua mensagem aos membros do CG29, o Papa Francisco
comenta o tema de forma magistral:

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 153
«É um belo programa: ser “apaixonados” e “consagrados”,
deixar-se envolver plenamente pelo amor do Senhor e servir
os outros sem reservar nada para si, exatamente como fez, no
seu tempo, o vosso Fundador. Mesmo que hoje, em compara-
ção com aquele tempo, os desafios a serem enfrentados tenham
mudado em parte, a fé e o entusiasmo permanecem os mesmos,
enriquecidos com novos dons, como o da interculturalidade».
Tudo isso nos leva necessariamente à ‘paixão de Deus’ no
Cristo Crucificado, expressão que significa tanto o amor infinito e
incomensurável de Cristo (‘paixão’ como expressão de um gran-
de amor) quanto o seu imenso sofrimento, fruto da traição de um
dos seus, do abandono de todos os seus, da negação do chefe dos
‘doze’, da rejeição do povo, da condenação dos chefes do povo, da
crucificação pelas mãos dos romanos e do silêncio de Deus (‘pai-
xão’ como expressão do sofrimento por amor). Não surpreende
que não haja melhor expressão da ‘paixão’ como amor e como so-
frimento do que o Cristo Crucificado.
A razão é muito clara: somente se nos conhecermos, somente
se nos sentirmos infinitamente amados pelo Pai em Cristo, pode-
remos ser conquistados por Ele e ser capazes de amar os outros,
os irmãos, os jovens, todas as pessoas que conosco levam adiante
a missão.
É exatamente esse ‹pathos’ de Deus que levou Paulo a confes-
sar: “Estou crucificado com Cristo. Já não sou eu quem vive, mas é
Cristo que vive em mim. E a vida que vivo na carne, vivo-a na fé do
Filho de Deus que me amou e se entregou por mim(Gl 2,19-20).
Somente conquistados pela paixão (amor e sofrimento) de
Cristo podemos ser apaixonados (capazes de amar e de entrega
total com o seu mesmo amor).
E, como amar é a aceitação do outro sem olhar para o próprio
interesse, compreende também a potência da compaixão. Essa rela-
ção entre o “pathos de Deus” e o seu povo torna o homem capaz de
“simpatia”, de sentir e de sofrer com Deus e com os outros.1
1 Moltman, Cristo Crocifisso: “Nel pathos divino l’uomo è riempito dallo Spirito di
Dio. Egli diventa amico di Dio, sente simpathia con Dio e per Dio.” p. 320

16.5 Page 155

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154 ATOS DO CONSELHO GERAL
O contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença, a “a-pa-
tia”. Este é um sinal claro da falta de experiência de Deus, do Deus
Amor, do qual, ao contrário, somos chamados a ser “sinais e por-
tadores” (Const. 2).
A dedicação total à missão em favor dos jovens, especialmente
os mais pobres, necessitados e em situação de risco, ajudando-os
a superar todos os sofrimentos produzidos pelo pecado do mundo
(a injustiça, a miséria, a ignorância etc.) é a forma mais concreta
em que, seguindo a Cristo, podemos viver o amor cristão e realizar
a missão salesiana. A grandeza de Dom Bosco foi justamente ter
se deixado comover, ser tocado pela situação de abandono dos jo-
vens e ter agido para aliviar os seus sofrimentos. Esse amor sempre
implicará a negação de si mesmo, e às vezes provocará o “ódio
do mundo” (Jo 15,18ss). Essa é a relação inseparável entre amor
(paixão) e sacrifício (paixão). E há situações de perseguição em
diversos países onde a nossa Congregação trabalha, como ouvimos
nos “boas-noites” de diversos Inspetores.
Gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões que se
encontram no final da última Encíclica sobre o Coração de Jesus,
que considero em sintonia com o nosso tema capitular: “Dilexit
nos”, pois mostra que a missão só é possível para missionários
apaixonados.
209. A missão, entendida a partir da irradiação do amor do Co-
ração de Cristo, requer missionários apaixonados, que se dei-
xem cativar por Cristo e que inevitavelmente transmitam esse
amor que mudou as suas vidas. Por isso, custa-lhes perder tem-
po a discutir questões secundárias ou a impor verdades e regras,
porque a sua principal preocupação é comunicar o que vivem
e, sobretudo, que os outros percebam a bondade e a beleza do
Amado através dos seus pobres esforços. Não é isto que aconte-
ce com qualquer enamorado? Vale a pena tomar como exemplo
as palavras com que Dante Alighieri, enamorado, tentou expri-
mir esta lógica:
«Pensando em todo o seu valor
tão doce se me faz sentir o Amor,
que se agora eu não perder veemência,
falando tornarei enamorada a gente»

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 155
Missionários apaixonados que falam do coração ao coração
210. Falar de Cristo, pelo testemunho ou pela palavra, de tal
modo que os outros não tenham de fazer um grande esforço
para o amar, é o maior desejo de um missionário da alma. Não
há proselitismo nesta dinâmica de amor, as palavras do enamo-
rado não perturbam, não impõem, não forçam, apenas levam
os outros a se perguntarem como é possível um tal amor. Com
o maior respeito pela liberdade e pela dignidade do outro, o
enamorado limita-se a esperar que lhe seja permitido narrar esta
amizade que preenche a sua vida.
Missionários apaixonados que narram o seu encontro com Cristo
211. Sem descurar a prudência e o respeito, Cristo pede-te que
não tenhas vergonha de reconhecer a tua amizade com Ele. Pe-
de-te que tenhas a coragem de dizer aos outros que foi bom para
ti tê-lo encontrado: «Todo aquele que se declarar por mim, dian-
te dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai
que está no Céu » (Mt 10, 32). Mas para o coração enamorado
não é uma obrigação, é uma necessidade difícil de conter: «Ai
de mim, se eu não evangelizar!» (1Cor 9, 16). «No meu cora-
ção, a sua palavra era um fogo devorador, encerrado nos meus
ossos. Esforçava-me por contê-lo, mas não podia» (Jr 20, 9).
Missionários apaixonados com profundo senso de comunidade
fraterna
212. Não se deve pensar nesta missão de comunicar Cristo como
se fosse algo apenas entre mim e Ele. Ela é vivida em comunhão
com a própria comunidade e com a Igreja. Se nos afastarmos da
comunidade, afastamo-nos também de Jesus. Se a esquecermos
e não nos preocuparmos com ela, a nossa amizade com Jesus
arrefecerá. Nunca se deve esquecer este segredo: o amor pelos
irmãos e irmãs da própria comunidade – religiosa, paroquial,
diocesana, etc. – é como o combustível que alimenta a nossa
amizade com Jesus. Os atos de amor para com os irmãos e irmãs
da comunidade podem ser a melhor ou, por vezes, a única forma
possível de exprimir aos outros o amor de Jesus Cristo. O pró-
prio Senhor o disse: «Por isto é que todos conhecerão que sois
meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35).

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156 ATOS DO CONSELHO GERAL
Missionários apaixonados que se tornam servos dos mais pobres
213. É um amor que se torna serviço comunitário. Não me can-
so de recordar que Jesus o disse com grande clareza: «Sempre
que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a
mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Ele propõe-te que o encon-
tres também aí, em cada irmão e em cada irmã, especialmente
nos mais pobres, desprezados e abandonados da sociedade. Que
lindo encontro!
214. Portanto, se nos dedicarmos a ajudar alguém, isso não
significa que nos esquecemos de Jesus. Pelo contrário, encon-
tramo-lo de outra forma. E quando tentamos levantar e curar
alguém, Jesus está lá, ao nosso lado. Com efeito, é bom recordar
que, quando enviou os seus discípulos em missão, «o Senhor
cooperava com eles» (Mc 16, 20). Ele está lá, trabalhando, lu-
tando e fazendo o bem conosco. De uma forma misteriosa, é
o seu amor que se manifesta através do nosso serviço, é Ele
próprio que fala ao mundo naquela linguagem que por vezes
não tem palavras.
Missionários apaixonados que agem como amigos do Senhor
215. Ele te envia a fazer o bem e te impele a partir do teu in-
terior. Para isso, chama-te com uma vocação de serviço: farás
o bem como médico, como mãe, como professor, como sacer-
dote. Onde quer que estejas, poderás sentir que ele te chama
e te envia para viveres esta missão na terra. Ele próprio nos
diz: «Envio-vos» (Lc 10, 3). Isto faz parte da amizade com Ele.
Portanto, para que essa amizade amadureça, é preciso que te
deixes enviar por Ele para cumprir uma missão neste mundo,
com confiança, com generosidade, com liberdade, sem medo.
Se te fechares no teu conforto, isso não te dará segurança; os
medos, as tristezas e as angústias aparecerão sempre. Quem
não cumpre a sua missão nesta terra não pode ser feliz, fica
frustrado. Por isso, deixa-te enviar, deixa-te conduzir por Ele
para onde Ele quiser. Não te esqueças que Ele vai contigo. Não
te atira para o abismo nem te deixa entregue a ti mesmo. Ele
conduz-te e acompanha-te. Ele prometeu e cumpre: «Eu estarei
sempre convosco» (Mt 28, 20).

16.8 Page 158

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 157
Missionários apaixonados que não conseguem conter o que lhes
aconteceu
216. De algum modo tens de ser missionário, como o foram os
apóstolos de Jesus e os primeiros discípulos, que foram anun-
ciar o amor de Deus, que saíram para dizer que Cristo está vivo
e merece ser conhecido. Santa Teresa do Menino Jesus viveu-o
como parte inseparável da sua oferta ao Amor misericordioso:
«Queria dar de beber ao meu Bem-Amado e sentia-me eu mes-
ma devorada pela sede de almas». Esta é também a tua missão.
Cada um cumpre-a à sua maneira, e verás como podes ser mis-
sionário. Jesus merece-o. Se tiveres coragem, Ele te iluminará,
acompanhará e fortalecerá, e viverás uma experiência preciosa
que te fará muito bem. Não importa se conseguirá ver algum
resultado; deixa isso para o Senhor que trabalha no segredo dos
corações, mas não deixes de viver a alegria de tentar comunicar
o amor de Cristo aos outros.
Espero que essas reflexões nos ajudem a aprofundar o lema que
Dom Bosco viveu como experiência do Espírito e nos deixou como
herança e programa de vida: “Da mihi animas, cetera tolle” e, con-
sequentemente, nos ajudem a redescobrir a novidade e a profecia
do seu lema.
O seu lema é uma síntese esplêndida da graça de unidade. Rom-
per essa unidade abre um espaço perigoso tanto para o ativismo
quanto para o intimismo, que constituem uma tentação insidiosa
para todos os consagrados de vida apostólica como nós. É por isso
que este tema, caros Irmãos, é tão importante, pois tem a ver com a
nossa identidade carismática.
Na verdade, a missão nada mais é do que a expressão histórica
do amor salvífico de Deus, concretizada no envio do Filho, no en-
vio que Jesus faz do seu Espírito, no envio do Espírito Santo aos
apóstolos. A consciência de sermos enviados alerta-nos contra a
tentação de querer apoderar-nos da missão, dos seus conteúdos,
dos seus métodos, dos seus destinatários específicos, dispondo dela
em vez de estarmos disponíveis para ela.
Justamente porque anunciamos um Outro e somos chamados a
oferecer a sua salvação, ai de nós se anunciarmos a nós mesmos e

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158 ATOS DO CONSELHO GERAL
os nossos projetos: somos suas testemunhas. Esta missão envolve
toda a nossa existência e livra-nos do risco não imaginário do fun-
cionalismo, do ativismo e do prometeísmo.
O nosso trabalho como educadores e pastores de jovens tem, en-
tre as tarefas mais importantes, a de ajudar os nossos destinatários
a encontrarem o sentido da vida e a verdadeira felicidade apren-
dendo a não conservar a vida para si mesmos, mas a serem pessoas
para os outros, à maneira de Jesus, e educar os jovens como Dom
Bosco em Valdocco, justamente no hoje marcado pela resignação,
pelo pessimismo e pela desesperança.
O Evangelho de João expressa de forma incomparável o amor
de Deus na missão do Filho quando, após o seu encontro com Ni-
codemos, Jesus afirma que “Deus não enviou o Filho ao mundo
para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio
dele” (Jo 3,17). O Evangelho de Marcos, por sua vez, conclui o
trecho da disputa dos apóstolos sobre a questão da autoridade com
a chave de leitura que Jesus dá à sua existência humana: “O Filho
do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos” (Mc 10,45).
Esta é a missão de Jesus e também a da nossa vida consagra-
da salesiana em favor dos jovens, especialmente os mais pobres,
abandonados e em perigo. Este é o evangelho, esta é a boa notícia
que somos chamados a proclamar e encarnar para encher o mundo
de esperança.
É evidente que, na medida em que vivemos plenamente a nossa
Missão salesiana, não só faremos com que os nossos jovens se
sintam felizes, mas também viveremos plenamente a mística da
Missão, e poderemos nos tornar plenamente, como Dom Bosco,
santos e felizes.
Num caminho ‘sinodal’
Jesus envia os seus discípulos dois a dois, porque o conteúdo da
missão é justamente este: a comunhão, mostrar que vivem juntos,
caminham juntos, trabalham juntos e têm uma visão compartilhada:
o Reino de Deus, a humanidade redimida feita de homens e mulhe-
res que se descobrem filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs entre si.

16.10 Page 160

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 159
A Igreja retomou essa modalidade no último Sínodo, ouvindo a
todos, criando comunhão através da participação em vista da mis-
são. Trata-se de algo que parece congênito a Dom Bosco, que en-
volvia a todos: a sua mãe, Mamãe Margarida, os seus meninos, os
colaboradores, os benfeitores, consciente de que precisava de todos
para a realização do sonho de Deus em favor dos jovens.
Por isso, a missão tem hoje como sujeito toda a comunidade e,
no nosso caso, toda a Família Salesiana na diversidade dos seus
grupos, consagrados, seculares e leigos, o Movimento Juvenil Sa-
lesiano com todo o seu protagonismo e os Amigos de Dom Bosco,
pessoas que, mesmo pertencendo a outras religiões, compartilham
conosco o espírito, o carisma e o trabalho educativo-pastoral. E
por este caminho sinodal devemos proceder com grande decisão e
convicção.
Para dar nova esperança ao mundo
A dramática situação que estamos a viver em nível mundial,
marcada por tantos conflitos, guerras, corrida armamentista, dis-
criminações, desigualdades escandalosas, privações da liberdade
e da dignidade da pessoa etc., está colocando em risco a criação e
a própria humanidade, deixando o fruto amargo da resignação, do
pessimismo e do desespero.
Ao anunciar o tema do Jubileu de 2025, “A esperança não de-
cepciona”, na homilia de 9 de maio, o Papa Francisco dizia:
“Irmãos e irmãs, que o Senhor, ressuscitado e elevado ao Céu,
nos conceda a graça de redescobrir a esperança - redescobrir a
esperança! -, de anunciar a esperança, de construir a esperança.
A esperança cristã sustenta o caminho da nossa vida mesmo
quando parece tortuoso e cansativo; abre-nos caminhos para o
futuro quando a resignação e o pessimismo querem nos manter
prisioneiros; faz-nos ver o bem possível quando o mal parece
prevalecer; a esperança cristã nos infunde serenidade quando o
nosso coração está pesado pelo fracasso e pelo pecado; faz-nos
sonhar com uma nova humanidade e nos dá coragem para cons-
truir um mundo fraterno e pacífico, quando parece que não vale
a pena. Esta é a esperança, o dom que o Senhor nos deu com o
Batismo”.

17 Pages 161-170

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17.1 Page 161

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160 ATOS DO CONSELHO GERAL
E, se ouvirmos os jovens com atenção, veremos que a esperança
surge mesmo por baixo de chistes irreverentes ou do dar de ombros;
ela está presente mesmo que reprimida por alguma ideologia ou traí-
da por tristes experiências de vida. Mas como despertar a esperança?
Fazer nascer sonhos
Este é o desafio para nós, educadores e evangelizadores que
nos inspiramos na fé. Abrir ao futuro significa fazer nascer sonhos,
nutrir expectativas, abrir-se para as promessas de Deus, aquelas já
inscritas na personalidade e na história do jovem; aquelas que ele
já encontrou e aquelas que ainda está procurando.
E isso se torna possível se, como educadores e evangelizadores,
soubermos recordar as maravilhas de Deus e celebrarmos, em nós
mesmos, a fidelidade de Deus. Prometer significa, então, fazer so-
nhar com aquela abundância de vida que jamais faltará e crescerá
dia após dia até a plenitude. Somente quem tem a memória da fé
sabe oferecer a profecia da esperança e pode livrar o jovem da ver-
tigem que poderia bloqueá-lo e até paralisá-lo.
Dom Bosco não queria oferecer utopias que soam como falsas
promessas e se tornam decepções amargas que enfraquecem a von-
tade de viver e lutar; ele queria dar esperança, aquela que se funda-
menta na promessa certa de Deus, uma confiança que se enraíza e
cresce ao constatar os sinais da sua fidelidade (ou seja, lendo a vida
à luz da fé); enfim, ele queria dar a esperança que é o grande sinal
da Páscoa do Senhor.
Como educador excepcional, Dom Bosco cultiva a esperança
em seus jovens por meio destas cinco vias.
Primeira: a da crítica corajosa à cultura dominante que tendia
a negar a transcendência e a instrumentalizar a religião (laicismo
iluminista/maçônico, perigo protestante, capitalismo negador dos
direitos fundamentais da pessoa); podemos não concordar com
certas análises feitas por Dom Bosco, tributário da cultura do seu
tempo; mas o que se impõe é o fato de que Dom Bosco não só não
aceitava passivamente a cultura dominante, mas a considerava um
elemento indispensável do seu projeto educativo. Fazer escola sig-
nifica fazer cultura: mas qual? Limitamo-nos a veicular a cultura
dominante? Educamos para o exercício honesto do senso crítico,

17.2 Page 162

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 161
para o amor apaixonado pela verdade, para o confronto sem pre-
conceitos com os outros, para a escuta da Palavra de Deus, para a
síntese interior na própria consciência?
Segunda: a de oferecer aos seus jovens experiências positivas
no presente; dessa forma, ele os fazia apaixonar-se pela vida (“é
uma aventura que vale a pena!”), levava-os a acreditar em si mes-
mos (autoestima) e treinava-os para enfrentar as dificuldades de
acordo com as próprias possibilidades. Somente na construção de
fragmentos de positividade é possível chegar àquele “continuum”
que faz da vida uma positividade digna de ser interpretada, projeta-
da e transformada em ação. Este é o significado mais verdadeiro do
adjetivo “preventivo” que caracteriza o nosso sistema educativo.
Fazemos de cada escola, de cada oratório, de cada Centro de For-
mação Profissional e de cada obra social um ambiente fortemente
propositivo, oferecendo modos de ser, de se relacionar, de agir que
façam tocar com a mão os valores éticos que ilustramos? E, para
fazê-lo, valorizamos as inclinações positivas manifestadas pelos
jovens de hoje ou vivemos apenas de heranças, comprovadas sim,
mas também endurecidas e entristecidas pelo hábito? Sabemos in-
ventar experiências positivas com os jovens e para os jovens?
Terceira: a de fazê-los sonhar; por isso, ele contava os sonhos
de Deus sobre a vida (quase como um gatilho para os sonhos
deles e um convite a não se sentirem satisfeitos), enquanto abria
diante dos seus olhos os sonhos possíveis para aqueles tempos e
para aquelas idades (pensemos nas aventuras missionárias ou nas
empreitadas para a recuperação dos desfavorecidos na Turim do
tempo); e isso contra um realismo que, de fato, se revelava e se
revela ainda hoje, um pragmatismo raso, obediência a critérios
que desconhecem a dignidade da pessoa fundada na autotrans-
cedência. Estimulamos os jovens a expressarem os sonhos que
carregam dentro de si, aqueles de se conhecerem melhor, de dese-
jarem ser diferentes, de se projetarem amplamente? Conectamos
os sonhos deles (muitas vezes doentes de individualismo egoísta)
às grandes expectativas da humanidade, assim como aos grandes
sonhos que Deus tem para a humanidade? Aqui podemos encon-
trar um caminho aberto para a orientação vocacional em sentido
amplo e em sentido eclesial.

17.3 Page 163

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162 ATOS DO CONSELHO GERAL
Quarta: a de fornecer-lhes a linguagem dos sonhos, através do
teatrinho, das peças improvisadas, dos concursos de poesia, das
bandas musicais, da invenção de jogos, do livre curso à fantasia
e à criatividade. Este é também um problema atual: o imaginário
juvenil resulta cada vez mais pobre e cada vez mais infestado por
monstros, imagens de violência, vulgaridade, banalidade, tanto que
os sentimentos mais verdadeiros já não encontram uma linguagem
adequada para se expressar e, portanto, enraizar-se neles: são so-
nhos pálidos ou sonhos tristes. Penso nas potencialidades que en-
cerram as linguagens próprias da literatura e da arte, sem esquecer
a linguagem moderna da web e das redes sociais...
Quinta: a de promover a experiência de grupo, aquela agrega-
ção que saciava não só a necessidade de socialização e amizade,
mas também o desejo de construir algo juntos no presente, visando
o futuro, instilando assim aquele sentimento de solidariedade que
se manifestaria depois, uma vez adultos, em modelos de microsso-
ciedades solidárias, fundamentando assim um robusto senso cívico
de responsabilidade coletiva (“bons cristãos e honestos cidadãos”,
como costumava dizer).
Da multiculturalidade à interculturalidade
150 anos após a primeira expedição missionária de Dom Bosco
à Argentina (11 de novembro de 1875), a nossa Congregação al-
cançou todos os Continentes e está agora presente em 137 países
do mundo, com a correspondente multiculturalidade dos Salesia-
nos. O rosto da Congregação mudou profundamente.
Esse dado envolve um desafio importante e delicado: a passa-
gem da multiculturalidade como fato sociológico à inculturação
fiel do Evangelho e do carisma, condição indispensável para alcan-
çar a interculturalidade da Congregação, única resposta válida para
a unidade na diversidade.
As estatísticas falam eloquentemente: enquanto as vocações
diminuem na Europa e nas Américas, aumentam no Sudeste Asi-
ático e na África. Essa transição de situações monoculturais para
multiculturais trouxe mudanças em nossas comunidades religiosas,
questionando os esquemas tradicionais de formação, o que é fonte
de riqueza, mas também de tensões.

17.4 Page 164

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ATOS DO CAPÍTULO GERAL 29 163
Uma verdadeira interculturalidade - afirma Aquilino Bocos -
envolve “entrar num processo de intercâmbio e respeito recíproco
de culturas diferentes, de histórias e sensibilidades, de sentimen-
tos e experiências de pertença, de costumes e tradições, gerando
um novo dinamismo e uma maior fecundidade à vida religiosa e à
Igreja”.2
Para que essa fecundidade vocacional da África e da Ásia seja
seiva que revitalize e rejuvenesça a nossa vida salesiana, será ne-
cessário garantir uma boa e sólida formação em nível humano, es-
piritual, carismático, pastoral, cultural, que alcance o coração das
pessoas e purifique elementos culturais que não se adequam ao
Evangelho e ao nosso carisma.
Daí a necessidade de conhecer bem a própria cultura, a cultura
dos outros e a cultura congregacional para compreender e assimilar
as realidades multiculturais com horizonte intercultural, e utilizar
alguns meios indispensáveis para superar atrofias ou hipertrofias.
Como, por exemplo, o discernimento pessoal e comunitário, a cen-
tralidade da Palavra de Deus e da Eucaristia, o imperativo urgente
da missão, a inevitável formação permanente e uma forte espiritu-
alidade de conversão e comunhão.
Esta será a melhor e mais fecunda celebração do 1500 aniversá-
rio da primeira expedição missionária de Dom Bosco, o sonhador
que continua a sonhar através de nós.
A modo de conclusão
Chegamos a Valdocco e partimos de Valdocco, cheios da expe-
riência vivida, com um Documento que se torna programa espiri-
tual e pastoral para todo o sexênio, sob a guia do pai que o Senhor
nos deu na pessoa do caríssimo P. Fabio Attard, Reitor-Mor e XIº
Sucessor de Dom Bosco. Suas intervenções desde o momento da
sua eleição e, sobretudo, o Discurso de encerramento nos ofere-
cem os grandes elementos do carisma de Dom Bosco que mais lhe
são caros e o ‘espírito salesiano’ com que ele gostaria que nossos
pulmões estivessem cheios para podermos nos entregar sem reser-
vas aos “jovens, especialmente os mais pobres, abandonados, em
situação de risco”.
2 A. Bocos, Herencia y profecía, Pub. Claretianas, Madrid 2006, 412.

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164 ATOS DO CONSELHO GERAL
Um aspecto que eu percebo e admiro no P. Fabio, e que será
um grandíssimo belo dom para toda a Congregação, é justamente
a centralidade de Deus em sua vida, hoje tão necessária, porque há
nos irmãos entusiasmo no trabalho com os jovens, mas nem sem-
pre fica claro qual é a fonte de toda essa atividade, no sentido de
que não raro a combinamos com outras atitudes que despertam per-
plexidade sobre o relacionamento com o Senhor e com a oração,
a ponto de nos perguntarmos se estamos convencidos de trabalhar
pela salvação deles, com tudo o que isso implica. Para Dom Bosco
isso era claríssimo e fundamental: não buscava outra coisa senão
“a Glória de Deus e a salvação das almas”.
Confiemo-nos a Maria Imaculada Auxiliadora para que Ela
continue a ser mãe e guia como o foi para Dom Bosco.

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