ORAÇÃO |
150° ANIVERSÁRIO
DE FUNDAÇÃO DA CONGREGAÇÃO SALESIANA
SUBSÍDIOS
PARA ALGUMAS CELEBRAÇÕES
QUARESMA 2009
Liturgia penitencial
CANTO DE ENTRADA
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo
® Amém
Bendito seja o Pai,
que amou tanto o mundo a ponto de dar o seu Filho
para que o mundo tenha vida.
® Bendito seja o Senhor pelos séculos.
Bendito seja o Filho,
que, por nós, se fez obediente até a morte,
e morte de cruz.
® Bendito seja o Senhor pelos séculos.
Bendito seja o Espírito Santo,
derramado sobre a Igreja do peito de Cristo,
aberto pela lança.
® Bendito seja o Senhor pelos séculos.
O celebrante introduz a celebração com palavras oportunas.
Deus onipotente e eterno,
que deste como modelo aos homens
o Cristo teu Filho, nosso salvador,
feito homem e humilhado até a morte de cruz,
faz com que tenhamos sempre presente
o grande ensinamento da sua paixão,
para participar da glória da ressurreição.
Ele é Deus, e vive e reina contigo,
na unidade do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.
® Amen.
1 LEITURA |
▲back to top |
Da carta de São Paulo apóstolo aos Filipenses
Fl 2, 6 - 11
6Cristo Jesus, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, 7mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E encontrado em aspecto humano, 8humilhou-se, fazendo-se obediente Até a morte – e morte de cruz! 9Por isso, Deus o exaltou acima e tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome, 10para que, em o Nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua confesse: "Jesus Cristo é o Senhor", para a glória de Deus Pai.
Palavra do Senhor
2 Das nossas Constituições |
▲back to top |
Artigo 64
Nosso Salvador assegurou-nos ter vindo à terra não para fazer a sua vontade, mas a vontade do seu Pai que está nos céus.
Com a profissão de obediência oferecemos a Deus a nossa vontade e revivemos na Igreja e na Congregação a obediência de Cristo, cumprindo a missão que nos é confiada.
Dóceis ao Espírito e atentos aos sinais que Ele nos dá mediante os acontecimentos, tomamos o Evangelho como regra suprema de vida, as Constituições como caminho seguro, os superiores e a comunidade como intérpretes cotidianos da vontade de Deus.
Artigo 196
A nossa regra viva é Jesus Cristo, o Salvador anunciado no Evangelo, que hoje vive na Igreja e no mundo, e que descobrimos presente em Dom Bosco o qual deu a sua vida aos jovens.
Em resposta à predileção do Senhor Jesus, que os chamou pelo nome, e guiados por Maria, acolhemos as Constituições como testamento de Dom Bosco, como livro de vida para nós e penhor de esperança para os pequenos e para os pobres.
Meditamo-las na fé e comprometemo-nos a praticá-las. São para nós, discípulos do Senhor, um caminho que leva ao Amor.
3 HOMILIA |
▲back to top |
O Diretor faz a homilia, convidando os irmãos a contemplarem a obediência de Cristo, reconhecerem os próprios pecados como desobediência ao projeto de amor do Pai e invocarem o dom do Espírito para caminhar com renovada fidelidade pelo "caminho que conduz ao amor".
4 REFLEXÃO EM SILÊNCIO |
▲back to top |
5 VENERAÇÃO DA CRUZ – facultativa |
▲back to top |
5.1 PEDIDO COMUNITÁRIO DE PERDÃO |
▲back to top |
Deus Pai quis revelar-nos os abismos da sua misericórdia infinita na cruz do seu Filho. Conscientes do nosso pecado, imploremos confiantes o seu amor.
Rezemos juntos e digamos: Kyrie eleison
Cristo Jesus, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, enquanto nós quisemos apoderar-nos dos seus dons para construir-nos uma falsa grandeza. Invoquemos o Senhor:
Ele despojou-se, assumindo a forma de escravo. Pelas vezes que não quisemos ser humildes servidores dos nossos irmãos, invoquemos o Senhor:
Cristo fez-se obediente até a morte – e morte de cruz –, mas nós temos fugido do sacrifício de nós mesmos no dever cotidiano e na obediência generosa. Por isso invoquemos o Senhor:
Deus Pai o exaltou acima e tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Pelas vezes que não soubemos confiar em seu amor e manter firme a nossa esperança, invoquemos o Senhor:
Toda língua confesse: "Jesus Cristo é o Senhor", para a glória de Deus Pai. Porque temos sido incapazes de louvar a Deus com a nossa vida e a nossa oração, invoquemos o Senhor:
Se não se derem as confissões individuais, o sacerdote continua:
Dirijamo-nos, agora, a Deus Pai, com as palavras de Jesus Cristo nosso Senhor, para que perdoe os nossos pecados e nos livre de todo o mal.
Pai nosso...
O sacerdote conclui:
Perdoa, Senhor, os nossos pecados,
e na tua misericórdia, rompe as cadeias
que nos mantêm prisioneiros devido às nossas culpas,
e guia-nos à liberdade que Cristo nos conquistou
com a sua obediência até a morte de cruz.
Por Cristo nosso Senhor.
® Amém.
O Senhor esteja convosco
® Ele está no meio de nós.
Deus, Pai eterno, que na cruz do seu Filho revelou a imensidão do seu amor, vos dê a sua bênção ® Amém.
Cristo, que morrendo na cruz tornou-se esposo e senhor da humanidade redimida, vos torne participantes da sua vida imortal. ® Amém.
O Espírito Santo vos faça experimentar o poder misterioso da cruz, árvore da vida e princípio da nova criação. ® Amém.
Em seguida, despede a assembléia:
Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe. ® Demos graças a Deus.
Se houver as confissões individuais:
5.2 CONFISSÕES INDIVIDUAIS |
▲back to top |
5.3 AGRADECIMENTO |
▲back to top |
A comunidade exprime a Deus o seu agradecimento com o canto do Magnificat
5.4 RITOS FINAIS |
▲back to top |
Quem preside conclui:
Senhor Jesus, és o Salvador anunciado no Evangelho,
que vive hoje na Igreja e no mundo:
dilata o nosso coração para que corramos pelos caminhos dos teus mandamentos
e concede-nos acolher com renovada fidelidade
as Constituições, como o testamento de Dom Bosco,
livro de vida para nós e sinal de esperança para os pequenos.
Tu que vives e reinas para sempre.
® Amém.
O Senhor esteja convosco
® Ele está no meio de nós.
Deus, Pai eterno, que na cruz do seu Filho revelou a imensidão do seu amor, vos dê a sua bênção ® Amém.
Cristo, que morrendo na cruz tornou-se esposo e senhor da humanidade redimida, vos torne participantes da sua vida imortal. ® Amém.
O Espírito Santo vos faça experimentar o poder misterioso da cruz, árvore da vida e princípio da nova criação. ® Amém.
Em seguida, despede a assembléia:
Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe. ® Demos graças a Deus.
QUARESMA 2009
“Lectio divina"
A Segunda aos Coríntios é a Carta de Paulo que de modo mais direto e incisivo trata do tema do ministério apostólico: – Qual a identidade do verdadeiro apóstolo, qual deve ser o seu comportamento, quais as qualidades que deve possuir, quais os riscos que pode correr?
Paulo escreve essa carta depois de mais de 20 anos de ministério, depois de ter passado por provas, dificuldades e canseiras. A comunidade de Corinto a que se dirige foi fundada por ele. Se lhe é muito cara, é também uma comunidade difícil. E quando escreve, Paulo vive fundamentalmente três provações.
A primeira é a de já sentir-se rejeitado pela maioria dos seus irmãos judeus. Quanto à possibilidade de u’a missão privilegiada entre eles, talvez tenha sido uma ilusão, ilusão que ora já se esvaiu.
A segunda prova é constituída pelos contrastes internos na mesma comunidade. Em vez de uma comunidade unida, fraterna, concorde, reencontra uma comunidade dividida, litigante, que desconfia do mesmo Paulo.
A terceira é uma prova interior. Paulo alude a isso. Mas o faz de modo tão discreto que não nos permite compreender claramente do que se trate: doenças, depressões, perseguições, tentações, contrariedades, insucessos em nível pastoral…?
Exatamente por esse tipo de conteúdo, a Segunda Carta aos Coríntios se torna um texto muito concreto e próximo às vicissitudes que nos cabe – a cada um de nós – viver cotidianamente.
Para são Paulo e as primeiras comunidades, o ministério pastoral é antes de tudo anúncio da Palavra de Deus. Em poucos versículos o Apóstolo sintetiza os elementos essenciais desse anúncio: origem, conteúdo, método, frutos.
1. Origem do ministério pastoral
Na origem do ministério pastoral está a benevolência de Deus, o seu amor gratuito: somos investidos desse ministério pela misericórdia que nos foi usada” (v.1). Ninguém se auto-encarrega, ninguém faz concurso para aceder ao ministério. Foi o Deus criador (cf. v. 6) que como no início da criação fez explodir a luz nas trevas assim iluminou a consciência de Paulo para fazer-lhe descobrir a sua glória – glória que se irradia no rosto de Cristo – e para torná-lo, por sua vez, o seu mensageiro e testemunha. Este v. 6 é muito denso. E é provavelmente nele que Paulo condensa a lembrança da sua experiência de Damasco. Retomando o arrazoado de Paulo, a difusão do Evangelho no mundo é apresentada com termos de uma nova criação. À criação da luz física no mundo Deus fez suceder, na plenitude dos tempos, a manifestação do fulgor da sua glória, fazendo-a brilhar primeiro no rosto de Cristo ressuscitado. Por Ele essa luz se acendeu no coração de Paulo (e se deve acender no coração de cada apóstolo!), do Paulo que se dedicou a fazê-la brilhar no mundo, comunicando aos homens o conhecimento do evento da Ressurreição e da glorificação de Cristo.
2. Conteúdo do ministério pastoral
Só aquele que descobriu (por experiência pessoal!) a realidade salvífica e poderosa de Deus – a sua «glória», em termos bíblicos – no semblante humano de Jesus, só esse O pode anunciar como Messias histórico, Libertador, e anunciá-Lo como Senhor, único Senhor dos homens e da história. Jesus reproduz de modo visível os traços do Deus invisível: é a sua «cópia» histórica. Mas é ao mesmo tempo o projeto ideal da pessoa humana – única, autêntica e plenamente acabada imagem de Deus –. Ainda que em nosso texto o conteúdo do anúncio seja variamente explicitado como verdade (v. 2), palavra de Deus (v. 2), Evangelho (v. 4), trata-se em última análise somente da pessoa de Jesus: não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor” (v. 5).
3. Método do ministério pastoral
Como anunciar este Evangelho, que afinal é uma Pessoa, isto é, Jesus Cristo, Senhor? A origem e o conteúdo definem também o método do ministério pastoral. Paulo elenca uma série interessante de modalidades, de condições. E o faz de modo negativo e positivo (cf. vv. 2.5).
De modo negativo - Sem desanimar: um anúncio feito de confiança, apesar das dificuldades e os contrastes inevitáveis. Rejeitando as dissimulações vergonhosas: nada de subterfúgios, simulações, duplicidades. Sem comportar-nos com astúcia: nada de ‘taticismos’, nada de artifícios de persuasão oculta, nada de diplomacias. Nem falsificando a palavra de Deus: nada de reduções da mensagem na base de uma estratégia do consenso a qualquer preço.
De modo positivo – Anunciando abertamente a verdade: é a ‘parresia’, a coragem de proclamar abertamente todo o Evangelho, sem descontos nem descartes. Apresentamo-nos perante todas as consciências: não se tenta subjugar psicologicamente os ouvintes; procura-se antes despertar a inteligência, estimular sua liberdade. Diante de Deus: é a medida última da autenticidade da atitude pastoral. Como vossos servidores por amor de Jesus: não é diaconia ditada por necessidade, por exigências afetivas suspeitas; somos capazes de diaconia porque estamos entregues ao Senhor Jesus; é a paixão por Ele que engendra a compaixão pelos irmãos.
Frutos do ministério pastoral
Entretanto, a fidelidade ao método evangélico não garante automaticamente a acolhida da proposta cristã. É eloqüente a respeito o drama de Jesus. É preciso também contar com a rejeição aberta e obtusa de quem se fecha ao anúncio do Evangelho, porque escolheu, como senhor de sua vida, o diabo, o deus deste mundo (cf. vv. 3-4). E’ um aceno discreto, mas preciso, a essa potência maléfica, que se insere insidiosamente no jogo livre da vontade humana, e que, embora substancialmente vencida por Cristo, conserva ainda um grande poder sobre aquele que ingenuamente se abre ao seu influxo. Evangelizar é testemunhar, fazer ver: mas não obrigar a olhar, a acolher. Isto porém não pode levar o evangelizador ao pessimismo: nunca se sabe todo o bem que se faz quando se faz o bem! O bem, como a semente, tem toda uma estação para amadurar. O importante é que o evangelizador esteja repleto do Deus que anuncia, como nos ilustram os racontos bíblicos das vocações proféticas, e que não pretenda fixar ele mesmo os tempos e os modos do acolhimento do Evangelho pelos seus destinatários. O próprio Paulo, em outra carta – depois de haver constatado a força do mal que o assedia: Sei que em mim habita o bem; há em mim o desejo do bem, mas não a capacidade de o fazer; de fato, eu não faço o bem que quero, mas o mal que não quero… Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? (cf. Rm 7,1-19.24) – responde e resolve a sua angústia exclamando: Quem me separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? .... Mas em tudo isto somos mais que vencedores graças Àquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,35.37-39).
Alguns testemunhos na perspectiva da atualização existencial.
1. “Um amor apaixonado por Cristo é o segredo de um anúncio convicto de Cristo” (João Paulo II, papa).
2. Nada no mundo nos dará acesso ao coração do nosso próximo senão o fato de que já demos a Cristo acesso ao nosso” (Delbrel).
3. “Só as convicções profundas podem convencer profundamente. O anúncio cristão não consiste na comunicação de proposições sobre a fé, mas na comunicação da mesma fé. Dizer: ‘Jesus é o Senhor’ é também dizer alguma coisa de si: ‘Jesus é o meu Senhor’. Não há boca de apóstolo sem ouvidos de discípulo. Anunciar a Cristo, sem sermos seus íntimos, é expor-nos a ouvir de Satanás quanto ele diz em At 19,15: «Jesus eu o conheço; .... mas Vós quem sois?»” (Manaranche).
4. “Quem evangeliza sem rezar acabará um dia por deixar de evangelizar. E não é só porque se esquece de carregar as baterias mas também porque terminará na hipocrisia. Como poderá proclamar vivente Aquele a Quem ele nunca se dirige? Quem quer que fale de Deus como de um “Ele”, sem nunca dizer-lhe “Tu”, tem tudo para esquecer os traços fisionômicos de Deus. A “vivência” da evangelização não implica somente aproximar-se dos homens; implica outrossim o diálogo com Deus” (Guilluy).
5. “Em cada pessoa está a imagem de Deus. Muitas vezes essa imagem já foi sabotada, deturpada, sofreu danos gravíssimos; jaz agora esmaecida, ofuscada, sob um cúmulo de escombros e marcada por incrustações de maldade mui tenazes. Todo apostolado autêntico tem o dever de chegar a essa imagem. De despertá-la! De reconduzi-la à luz... É por isso que dissemos que é preciso fazer de espelho. Mas exigem-se exatamente criaturas transparentes. Criaturas que possuam Deus. Então será possível o milagre do encontro. Só Deus é capaz de “despertar” o Deus que dorme nos recessos mais profundos de alguns corações. Em cada Zaqueu, com que nos deparamos ao longo do nosso caminho, jaz um Deus sepultado no seu íntimo mais abscôndito. E ele só responderá à voz do chamado de Deus” (Pronzato).
Paulo imagina que os cristãos de Corinto – perante a comovida exaltação que ele fez do próprio ministério pastoral na seção precedente – se perguntem:
Mas onde está a glória divina, que refulge no semblante de Cristo e que Paulo, depois de ter feito uma experiência pessoal, deveria testemunhar, documentar e difundir em favor dos seus irmãos? Onde a glória divina, se o Apóstolo corre de uma cidade a outra, denunciado às autoridades, boicotado e ameaçado por grupos judeo-cristãos que não lhe perdoavam a ‘apostasia’?Onde, se ele mesmo é presa de contínuas mudanças de humor, com alternâncias de arrebatamentos e otimismo espiritual refinado, e de momentos de desconforto e de desilusão?
Paulo, que está ditando a carta, intui essa possível, legítima objeção, e então desenvolve uma resposta adequada.
1. Um tesouro em vasos de barro (vv. 7-12).
É claro que este “tesouro”, que é o “Evangelho da glória de Cristo”, é confiado a “vasos de argila”, isto é, a pessoas – como Paulo e qualquer outro apóstolo – limitadas, fracas, frágeis. Desde sempre a Bíblia documenta em muitas de suas páginas este fato: é uma constante da ação de Deus servir-se de instrumentos humanamente insignificantes. E isto, observa Paulo, para que se não corra o risco de atribuir ao instrumento humano o mérito do resultado, mas sempre e só ao poder de Deus. E Paulo, com uma série pitoresca de verbos, descreve não só a precariedade congênita da sua situação existencial, quase fora um animal perseguido de perto por caçadores e cães ou um pugilista cansado, prestes a jogar a toalha; descreve também a misteriosa energia que, vez por vez, o reemerge, o revigora, o relança à luta.
Paulo intui entretanto uma realidade ainda mais sublime, isto é, a exata experiência do limite, da perseguição, da tribulação, vivida com amor e fidelidade ao projeto do Senhor: o modo concreto de participar dos sofrimentos e da morte de Cristo; antes, o modo concreto de renovar e completar essa oferta total de Jesus. Mas como ele triunfou da morte e da hostilidade dos seus inimigos assim os apóstolos, que lhe compartilham as contradições e a morte, participam no poder vitorioso da sua ressurreição. Não só: esses sofrimentos, suportados por causa de Jesus e a seu exemplo, se tornam princípio de vida e de salvação para os fiéis. Paulo não é pois um sonhador, não possui uma visão ingênua e romântica da sua vocação apostólica. Ele sabe, mais, que o poder de Deus, que também está em ato em sua vida, não lhe assegura um salvo-conduto nem o torna invulnerável, como acontece aos heróis das histórias em quadrinhos.
2. Um tesouro fortalecido pela fé (vv. 13-18)
Esta lúcida e realista consciência não detém Paulo, não o entorpece nem paralisa. Ele continua a falar, a agir, porque se alicerça no sólido fundamento da fé: Nós cremos, por isso falamos (v.17). É a fé na força da ressurreição que, como exerceu a sua energia em Jesus, assim produz os seus efeitos nos apóstolos. Em parte esses efeitos são constatáveis imediatamente e, mediante essa ‘graça’ – verificável já agora para os que têm olhos de fé – multiplica-se o hino de louvor à glória de Deus.
Mas a maturação completa dos frutos da ressurreição se dará no fim, quando, diz estupendamente São Paulo, Deus ressuscitará também a nós com Jesus e nos colocará ao Seu lado juntamente com todos vós (v. 14). E é exatamente a consciência desse peso incomensurável e eterno de glória (v. 17) como também o olhar fixo nas coisas invisíveis (v. 18) o motivo do otimismo e da confiança de Paulo. Por isso não desanimamos (v. 16), embora as dificuldades, as lutas, as tribulações, consumam e desgastem as forças físicas do Apóstolo, que em outros versículos aprofunda mais e mais a reflexão sobre esse seu destino final, que é a razão última e sólida da sua esperança.
Alguns testemunhos visando uma atualização existencial
1. “O Monte Calvário é o monte dos amantes. Todo amor que se não origina da Paixão do Salvador é frívolo e caduco. Infeliz a morte sem o amor do Salvador” (S. Francisco de Sales).
2. “Somos discípulos de um mestre sofrente e humilhado. Antes de segui-lo na Ascensão no monte das Oliveiras, somos chamados a segui-Lo, mui raramente no Tabor; mais freqüentemente no Calvário” (Dom Leodey).
3. A hora, em que o Senhor é entregue àqueles que fazem dEle o que querem, é uma hora crucial no ministério de Jesus. Significa a passagem da ação à paixão. Depois de anos de ensino, de pregação, de curas, durante os quais se desloca aonde quer, Jesus é entregue aos caprichos do inimigo. As coisas já não são feitas por ele, mas a Ele. E’ importante para mim entender que Jesus cumpre a sua missão não por aquilo que faz, mas por aquilo que lhe é feito. Como para qualquer outra pessoa, grande parte da minha vida é determinada pelo que me é feito: e por isso é paixão. Só parcelas da minha vida são determinadas por aquilo que penso, digo, faço. Propendo a rebelar-me contra isso, a querer ser todo ação – que tudo nasça de mim – . Mas a verdade é que o sofrimento é uma parte da minha vida muito maior do que a parte da minha ação” (Nouwen).
4. “Na velha Sé de Molfetta há um grande Crucifixo de terracota: presente de um artista do lugar. O pároco, enquanto esperava o dia da entronização definitiva, encostou-o a uma parede da sacristia, apondo-lhe uma papeleta com a inscrição: Colocação provisória. A escrita, que num primeiro momento eu pensara fosse um indicativo da obra, pareceu-me providencialmente inspirada. Colocação provisória. Acho que não há melhor fórmula para definir a Cruz. A minha, a tua cruz! Não só A de Cristo. Coragem, pois! A tua cruz, mesmo que durasse a vida inteira, seria sempre uma «colocação provisória». O calvário em que está plantada não é zona residencial. E o terreno dessa colina em que se consuma o teu sofrimento não se venderá nunca como solo para edificar moradias. Também o Evangelho nos convida a considerar a transitoriedade da cruz. Há uma frase imensa, que resume a tragédia da criação no momento da morte do Senhor: Do meio-dia às três, fez-se treva sobre a Terra. Talvez a frase mais escura de toda a Bíblia. Para mim, entretanto, é uma das mais luminosas. Exatamente por aquelas reduções de horário que, como dois marcos intransponíveis, delimitam o tempo em que se concede às trevas investirem contra a terra. Das doze às quinze horas! Eis as margens que delimitam o rio das lágrimas humanas. Eis as portas-de-aço que baixam e comprimem, em espaços circunscritos, todos os estertores da terra. Eis as barreiras entre as quais se consumam todas as agonias dos filhos do homem. Só ‘do meio-dia às três’ se permite parar sobre o Gólgota: fora deste horário se proíbe terminantemente estacionar. Após três horas, haverá a remoção forçada de todas as cruzes. Uma permanência mais longa será considerada abusiva também por parte de Deus. Coragem, pois! Faltam poucos instantes para ‘as três’ da tua tarde. Dentro em pouco, a treva cederá o espaço à luz: a terra reassumirá as suas cores virginais! E, por entre as nuvens que desfeitas se esvaem, o sol da Páscoa, triunfante, avançará!” (Dom Tonino Bello).
* * *
ADVENTO 2009
6 Novena da Imaculada |
▲back to top |
Com Dom Bosco, colocamo-nos à escola de Maria para renovar o nosso
"Eis-me aqui"
O esquema propõe um caminho que a comunidade pode fazer durante a meditação cotidiana
|
1º do Advento – Vésperas e Adoração Eucarística lectio divina sobre Lc 1,26-28 – "A Anunciação" I lectio divina sobre Lc 1,29-33 – "A Anunciação" II lectio divina sobre Lc 1,34-38 – "A Anunciação" III leitura meditada da narração do "sonho dos nove anos" I leitura meditada da narração do "sonho dos nove anos" II B. Rinaldi: os irmãos recordam ou escrevem os inícios da própria vocação 2º do Advento – Vésperas e Adoração Eucarística os irmãos rezam ou escrevem a sua oração a Dom Bosco |
Antes do dia 18 de dezembro, data da renovação da Profissão feita por toda a Congregação, a comunidade organiza um encontro de partilha em que os irmãos podem narrar a própria história vocacional e comunicar o que mais os ajudou na fidelidade.
2ª feira, 30 de novembro
Lectio divina sobre o evangelho da Anunciação – 1ª parte (Lc 1,26-28)
Invocação do Espírito Santo
Leitura do texto
26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: "Alegra-te, cheia de graça O Senhor está contigo".
Breves pontos para a “lectio”
A visita do anjo a Maria evoca as visitas de Deus a diversas mulheres do Antigo Testamento: Sara, mãe de Isaac (Gn 18,9-15), Ana, mãe de Samuel (1Sm 1,9-18), a mãe de Sansão (Jz 13,2-5). A todas elas foi anunciado o nascimento de um filho com uma missão importante na realização do plano de Deus.
A narração inicia com a expressão "No sexto mês". É o sexto mês da gravidez de Isabel. A necessidade concreta de Isabel, mencionada no início (Lc 1,26) e no final da visita do anjo (Lc 1,36.39), é o pano de fundo de todo o episódio. O chamado de Maria coloca-se assim no encontro entre o projeto eterno de Deus sobre a humanidade e a história concreta do pequeno mundo familiar ao qual pertence, no encontro entre o dom inimaginável da vocação à maternidade divina e o humilde chamado para servir à sua parenta anciã.
"Alegra-te": as palavras do anjo não são apenas uma saudação, mas, desde o início, um anúncio e um convite de alegria, que retoma e leva à realização muitas expressões do A.T.: "Terra, nada de medo, dança e canta, pois o Senhor fez coisas grandiosas... (Jl 2,21-23); "Grita de alegria, filha de Sião! Canta, Israel! Filha de Jerusalém fica contente, de todo o coração, dá gritos de alegria! O Senhor aboliu a sentença contra ti" (Sf 3,14); "Exulta e fica alegre, filha de Sião, pois venho morar no meio de ti – oráculo do Senhor" (Zc 2,14). Maria é a filha de Sião que recebe o anúncio da alegria messiânica, a alegre notícia que está para realizar-se a vinda de Deus entre nós.
"Cheia de graça": é o nome novo dado a Maria, o nome que revela a sua identidade profunda e a sua vocação. Maria está cheia da bênção divina, a sua liberdade está total e estavelmente em harmonia com o mistério de Deus. Lendo esta afirmação na perspectiva da solenidade da Imaculada, vemos realizar-se em Maria a figura da mulher que esmaga a cabeça da serpente (Gn 3,15) e a antecipação da Igreja, esposa pura e sem mancha (Ef 5,26), na qual todo batizado é chamado a viver santo e imaculado no amor (Ef 1,4).
"O Senhor está contigo". Palavras semelhantes foram ditas também a Moisés (Ex 3,12), a Jeremias (Jr 1,8), a Gedeão (Jz 6,12) e a outros homens e mulheres escolhidos por Deus para uma missão particular. A presença de Deus na vida daquele que é chamado, é o recurso fundamental com que ele pode contar. No caso de Maria, então, essa presença de Deus tomará até mesmo a forma do mistério abissal da Encarnação, pelo qual o Filho de Deus será filho de Maria.
“Meditatio” pessoal
“Oratio” pessoal
3ª feira, 1º de dezembro
Lectio divina sobre o Evangelho da Anunciação – 2ª parte (Lc 1, 29-33)
Invocação do Espírito Santo
Leitura do texto
29Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse: "Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. 31Conceberás e dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. 33Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim".
Breves pontos para a "lectio"
"Ela perturbou-se". É a perturbação que o homem sente em contato com o mistério de Deus, com os seus caminhos que não são os nossos caminhos, com os seus pensamentos que não são os nossos pensamentos. Começa para Maria a percepção de ter que se entregar diante da iniciativa perturbadora de Deus, de ter que acolher uma proposta imprevista e imprevisível; inicia para Maria o escândalo da fé, que ela deverá viver antes, e mais do que todos os crentes, em sua peregrinação interior até a noite escura do Gólgota.
"Conceberás um filho...". Os versículos 30-33 são o centro do trecho, a explosão do anúncio, a manifestação do dom de Deus, da sua onipotência que age na fraqueza humana. As palavras do Anjo são inspiradas em várias passagens messiânicas do A.T. Evoca-se aqui particularmente a profecia de Natã de 2Sm 7,1ss: não será Davi a fazer uma casa (um templo) para Deus, mas será Deus a dar uma casa (uma dinastia) a Davi. A partir dessa promessa, que ultrapassa a figura de Salomão, sucessor imediato de Davi, seguem-se no A.T. as diversas profecias sobre o Messias, filho de Davi (Is 7,14; Mq 4,14; Ag 2,23), que chegam à sua realização no anúncio a Maria.
"O seu reino não terá fim": o filho anunciado a Maria inaugurará o Reino messiânico escatológico. A riqueza desse versículo aparece na ligação com toda a pregação de Jesus sobre o Reino de Deus e com os textos do Novo Testamento que apresentam a realeza de Cristo (p.ex.: Jo 12,13-15; 18, 36-37).
“Meditatio” pessoal
“Oratio” pessoal
4ª feira, 2 de dezembro
Lectio divina sobre o Evangelho da Anunciação - III parte (Lc 1,34-38)
Invocação do Espírito Santo
Leitura do texto
34Maria, então, perguntou ao anjo: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?" 35O anjo respondeu: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois 37para Deus nada é impossível. 38Maria disse: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo retirou-se.
Breves pontos para a "lectio"
"O Espírito Santo descerá sobre ti". A concepção de Jesus é um evento novo, primícias da futura nova criação atuada pelo poder gerador de Deus, que vem ao encontro da impossibilidade de conceber de Maria, porque ainda não conhece homem (Lc 1,34). A sombra que o Altíssimo estende sobre Maria refere-se à nuvem que acompanhava durante o dia o povo no deserto (Ex 13,22), que encobria o monte Sinai revelando a Glória do Senhor por seis dias (Ex 19,16; 24,17). É também um sinal da proteção de Deus, dada ao justo que invoca o nome do Senhor e se entrega em suas mãos durante a provação (Sl 17,8; 57,2; 140,8). Na criação, o Espírito de Deus pairava sobre as águas, sinal do poder criador da palavra de Deus (Gn 1,2).
"Eis aqui a serva do Senhor". No "Eis-me aqui" de Maria ressoa o "sim" total e incondicional da fé diante de Deus que fala. "Bem-aventurada aquela que acreditou": assim Isabel poderá saudar a Virgem, que com a sua obediência reverteu a desobediência de Eva. No seu "Eis-me aqui" ecoam as palavras do Salmo 40,6: "Eis que eu venho", que a carta aos Hebreus põe, antes de tudo, nos lábios do Filho, no momento da sua encarnação. O "Eis-me aqui" de Maria parece, assim, misteriosamente entrelaçado com o "Eis-me aqui" que o Filho eterno diz enquanto assume a nossa humanidade. Maria usa para si o título de serva, escrava do Senhor. Esse título em Isaias representa a missão do povo não como privilégio, mas como serviço aos outros povos (Is 42,1-9; 49,3-6). Mais tarde, Jesus mesmo definirá a sua missão como um serviço: "Não vim para ser servido, mas para servir!" (MT 20,18).
“Meditatio” pessoal
“Oratio” pessoal
5ª feira, 3 de dezembro
Meditação sobre o “sonho dos nove anos” – 1ª parte
Invocação do Espírito Santo
Leitura do texto
Das “Memórias do Oratório”
Nessa idade tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida.
Pareceu-me estar perto de casa, numa área bastante espaçosa, onde uma multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros se divertiam, não poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles, tentando, com socos e palavras, fazê-los calar.
Nesse momento apareceu um homem venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo. Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos, acrescentando estas palavras:
– Não é com pancadas mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Confuso e assustado repliquei que eu era um menino pobre e ignorante, incapaz de lhes falar de religião. Senão quando aqueles meninos, parando de brigar, de gritar e blasfemar, juntaram-se ao redor do personagem que estava a falar. Quase sem saber o que dizer, acrescentei:
– Quem sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
– Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
– Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
– Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultice.
– Mas quem sois vós que assim falais?
– Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
– Minha mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me, pois, vosso nome.
– Pergunta-o a minha mãe.
Esquema para a meditação pessoal
Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos.
Tenho consciência de ter sido chamado por Cristo a este estado particular de vida? Vivo em profundo reconhecimento por este caminho para a santidade que Deus pensou para mim? Dedico o meu tempo e as minhas forças à missão salesiana que me é confiada?
Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
Estou consciente de que, para viver, para corresponder à minha vocação cristã e religiosa tenho absoluta necessidade da ajuda misericordiosa de Deus? Faço do colóquio com o Superior um momento privilegiado de diálogo para o bem, meu e da comunidade? Preocupo-me em conservar, melhorar e atualizar a minha competência educativa e pastoral?
Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultice.
Sei dar à Mãe de Deus um lugar único na minha vida de apóstolo salesiano? Rezo a ela de boa vontade com o Rosário? Recorro com confiança a Maria Santíssima, que espera com coração de Mãe, formar Cristo em mim?
6ª feira, 4 de dezembro
Meditação sobre o "sonho dos nove anos" – 2ª parte
Invocação do Espírito Santo
Leitura do texto: Das "Memórias do Oratório"
Nesse momento vi a meu lado uma senhora de aspecto majestoso, vestida de um manto todo resplandecente, como se cada uma de suas partes fosse fulgidíssima estrela, Percebendo-me cada vez mais confuso em minhas perguntas e respostas, acenou para que me aproximasse e, tomando-me com bondade pela mão, disse:
– Olha.
Vi então que todos os meninos haviam fugido, e em lugar deles estava uma multidão de cabritos, cães, gatos, ursos e outros animais.
– Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês acontecer a esses animais, deves fazê-lo aos meus filhos.
Tornei então a olhar, e em vez de animais ferozes apareceram mansos cordeirinhos que, saltitando e balindo, corriam ao redor daquele homem e daquela senhora, como a fazer-lhes festa.
Nesse ponto, sempre no sonho, desatei a chorar, e pedi que falassem de maneira que pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo aquilo. A senhora descansou a mão em minha cabeça, dizendo:
– A seu tempo, tudo compreenderás.
Após essas palavras um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu.
Fiquei transtornado. Parecia-me ter as mãos doloridas pelos socos que desferira e doer-me o rosto pelos tapas recebidos.
Roteiro para a meditação pessoal
Eis o teu campo, onde deves trabalhar.
O amor aos jovens dá significado a toda a minha vida? Sou, para eles, pai, irmão e amigo? Pratico a amorevolezza e o espírito salesiano?
Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês acontecer a esses animais, deves fazê-lo aos meus filhos.
Sou dócil ao Espírito Santo desenvolvendo as aptidões e os dons da sua graça? Estou convencido de que a vida consagrada exige de mim uma renovação e uma conversão contínua? A minha vida é dominada pelo sentido pastoral e pela paixão apostólica?
A seu tempo, tudo compreenderás.
Vivo sempre realmente voltado para a meta definitiva? Coloco a Palavra de Deus e os sacramentos no centro da minha vida espiritual? Confio que as sementes espalhadas no campo do Reino de Deus produzirão frutos de salvação?
Sábado 5, de dezembro
Cada irmão, depois de ter meditado sobre o chamado da Virgem Imaculada e sobre o sonho vocacional de Dom Bosco, é convidado a repensar no tempo em que percebeu a voz de Deus que o chamava à vida salesiana, para preparar-se a reviver com intensidade a renovação dos votos do dia 18 de dezembro. Pode fazê-lo refletindo ou pondo por escrito as lembranças do próprio chamado: momentos que o iluminaram, pessoas significativas, experiências que o levaram à decisão... Estamos conscientes, de fato, do valor que tem na Bíblia o "fazer memória" como nutrição da fé?
2ª feira, 7 de dezembro
Cada irmão pode formular, também escrevendo, uma oração pessoal a Dom Bosco, expressando a própria gratidão pelo que recebeu de Deus através da experiência do Fundador.
18 DE DEZEMBRO DE 2009
Celebração dos 150 anos do nascimento da Congregação
Renovação da Profissão religiosa
Propõe-se aqui a celebração eucarística jubilar do 150º aniversário do nascimento da Congregação. Tendo-se por oportuno celebrar uma liturgia da Palavra, podem-se utilizar os textos propostos. Numa estante preparada para isso, pode-se expor o livro das Constituições em formato grande.
Introdução
18 de dezembro de 1859, em Turim, num humilde quarto, 17 jovens ao redor de Dom Bosco.
Um momento simples que marca o nascimento da nossa Congregação. Humilde início de uma história de homens chamados pelo Senhor para seguirem Dom Bosco na oferta da própria existência pelo bem dos jovens.
18 de dezembro de 2009. Uma história de 150 anos.
História de homens santos e mártires, pessoas humildes, gente dotada de dons extraordinários, criatividade apostólica, entusiasmo, coração pastoral, alegria, lágrimas, cansaços e grandes consolações.
História de fidelidade cotidiana, de testemunho corajoso, de caridade que aquece o coração, abre ao sorriso acolhedor, estimula a mente e lança em empresas sempre mais corajosas, para que os jovens encontrem Aquele que é Vida e Vida abundante.
História da temeridade apostólica, do coração, do sorriso, das mãos operosas de Dom Bosco que chega até nós.
Na memória reconhecida de tantos irmãos que conhecemos, com admiração e alegria, também nós nos descobrimos protagonistas dessa história de salvação.
Eucaristia: dia de ação de graças, invocação, promessa renovada de fidelidade a Deus e a Dom Bosco.
Coleta
Pai, santo e bom,
na caminhada para o Senhor que vem,
celebramos o evento do nascimento da nossa Congregação.
Envia-nos a tua Graça para que o nosso coração seja inflamado
na fidelidade para seguir Jesus obediente, pobre e casto
e numa vida alegremente entregue aos jovens.
Por nosso Senhor Jesus Cristo...
Leitura do livro do Profeta Jeremias (23,5-8)
"Chegará um dia – oráculo do Senhor –, quando farei brotar para Davi um rebento justo! Ele reinará de verdade e com sabedoria, porá em prática no país a justiça e o direito. Naquele dia, Judá estará a salvo e Israel vai se deitar confiante. E o nome que lhe darão será Senhor-Nossa-Justiça! É por isso que um dia há de chegar – oráculo do Senhor –, quando ninguém mais há de jurar 'pelo Deus que tirou do Egito os filhos de Israel', e, sim, 'pelo Deus que, para que viessem morar no próprio chão, fez subir e conduziu a descendência da casa de Israel da terra do norte e de outros países' para onde eu os expulsara; eles habitarão na própria terra". Palavra do Senhor.
O Senhor é a salvação do pobre.
Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
com eqüidade ele julgue os vossos pobres.
Libertará o indigente que suplica,
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
Terá pena do indigente e do infeliz,
e a vida dos humildes salvará.
Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
porque só ele realiza maravilhas!
Bendito seja o seu nome glorioso!
Bendito seja eternamente! Amém, amém.
Aclamação ao Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Senhor, guia do
teu povo,
que deste a Lei a Moisés no monte Sinai,
vem libertar-nos com o teu poder.
Aleluia, aleluia, aleluia
+ Leitura do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 1,18-24
Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, pensou em despedi-la secretamente.
Mas, no que lhe veio esse pensamento, apareceu-lhe em sonho um anjo do Senhor, que lhe disse: "José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados".
Tudo isso aconteceu para que cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: "Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus-conosco".
Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa.
Palavra da salvação
Homilia
Renovação da Profissão e promessa de fidelidade
Celebrante:
Recordando o momento de nascimento da nossa Congregação, ouçamos com comoção a ata do momento histórico, redigida pelo P. Vitório Alasonatti.
"No ano do Senhor de mil oitocentos e cinqüenta e nove, aos dezoito de dezembro – esta é a ata – neste Oratório de S. Francisco de Sales, no quarto do Sacerdote João Bosco, às 9 horas da noite, reuniam-se, ele, o Sacerdote Vitório Alasonatti, os clérigos Diácono Ângelo Sávio, Subdiácono Miguel Rua, João Cagliero, João Batista Francesia, Francisco Provera, Carlos Ghivarello, José Lazzero, João Bonetti, João Anfossi, Luís Marcellino, Francisco Cerruti, Celestino Durando, Segundo Pettiva, Antonio Rovetto, César José Bongiovanni, o jovem Luís Chiapale, todos com a finalidade e no espírito de promover e conservar o espírito de verdadeira caridade necessária na obra dos Oratórios pela juventude abandonada e em perigo, que nestes tempos calamitosos, é seduzida de mil maneiras em dano da sociedade e precipitada na impiedade e na falta de religião. Foi do agrado dos mesmos Congregados erigirem-se em Sociedade ou Congregação que, tendo em vista a ajuda recíproca na própria santificação, se propuseram a promover a glória de Deus e a salvação das almas especialmente das mais necessitadas de instrução e de educação, e aprovado de comum acordo o plano proposto, feita breve oração e invocando as luzes do Espírito Santo, procediam à eleição dos membros que devessem constituir a direção da Sociedade para esta e para novas congregações [comunidades ou casas] se a Deus agradar favorecer o seu crescimento". Em seguida, unânimes, os congregados pediam a Dom Bosco, "iniciador e promotor", que "aceitasse o encargo de Superior Maior".
Celebrante:
Em comunhão com o Reitor-Mor, sucessor de Dom Bosco, e com todos os salesianos do mundo, a 150 anos do início da nossa Congregação, renovemos a promessa de fidelidade ao chamado do Senhor na vida consagrada, a serviço dos jovens.
Todos:
Deus Pai, no dia do Batismo me consagraste a Vós.
Respondendo ao amor do Senhor Jesus, Vosso Filho,
que me chama a segui-lo mais de perto,
e guiado pelo Espírito Santo que é luz e força
eu, com plena liberdade ofereço-me totalmente a Vós,
comprometendo-me a dar todas as minhas forças
àqueles a quem me enviardes,
especialmente aos jovens mais pobres,
em fraterna comunhão de espírito e ação,
e a participar deste modo na vida e na missão da vossa Igreja.
Por isso, na presença dos meus irmãos,
renovo os votos de viver obediente, pobre e casto,
segundo a via evangélica traçada nas Constituições Salesianas.
A vossa graça, ó Pai, a intercessão de Maria Santíssima Auxiliadora,
de São José, de São Francisco de Sales, de São João Bosco,
e os meus irmãos salesianos me assistam todos os dias
e me ajudem a ser fiel.
Amém.
Celebrante:
Coloquemos, agora, o nosso nome no texto das Constituições. É a marca do nosso alegre compromisso. A Graça do Senhor acompanhe e sustente a nossa fidelidade.
Em clima de oração, cada um assina a última página do texto das Constituições.
Oração da Comunidade
A Congregação, neste dia, faz memória dos seus primeiros passos. Unamos as nossas vozes a todos os nossos irmãos reunidos no mundo todo para interceder junto a Deus, nosso Pai. Rezemos juntos e digamos: Abençoa, Senhor, o teu povo.
Dom Bosco demonstrou uma fidelidade corajosa ao Papa e aos guias da Igreja. Concede, Senhor, sabedoria e discernimento aos pastores. A fidelidade ao sucessor de Pedro e aos nossos bispos reforce o testemunho da unidade da tua Igreja. Rezemos.
Senhor, nós te confiamos o Reitor-Mor e o seu Conselho. Concede-lhes sabedoria de governo e fidelidade ao carisma do Fundador, para que nos possam guiar e serem atentos e audazes em favor dos jovens, especialmente os mais pobres. Rezemos.
Senhor, fizeste de São João Bosco um interlocutor dos responsáveis civis e políticos do seu tempo. Concede-nos, hoje, assumir a nossa responsabilidade para fazer ouvir a voz dos mais frágeis da sociedade. Faz com que o nosso trabalho e a nossa proximidade junto aos pobres estimulem aqueles que nos governam a uma atenção privilegiada pelos mais necessitados. Rezemos.
Senhor, nós te confiamos os jovens, nossos primeiros destinatários. Dom Bosco, comovido com o sofrimento deles, decidiu oferecer por eles a sua vida até o último respiro. Hoje, eles ainda são vítimas de tantas formas de violência e injustiça. Concede-lhes a coragem da fé, da esperança e da caridade para enfrentar as dificuldades da vida. Rezemos.
Muitos irmãos optaram por colocar a própria vida no seguimento de Cristo na missão salesiana. Confiamos-te cada um deles para que a fidelidade e a alegria do seu trabalho seja fonte de fecundidade e de comunhão para nossas comunidades. Rezemos.
Senhor, suscitaste no primeiro Oratório de S. Francisco de Sales muitos colaboradores fiéis e generosos de Dom Bosco. Confiamos-te todas as pessoas que hoje colaboram na missão salesiana. Faz com que o trabalho a serviço dos mais jovens torne-se para eles escola de caridade e caminho de santificação. Rezemos.
Oremos. Senhor, suscitaste Dom Bosco como pai e mestre de uma grande família apostólica. Neste dia de festa e de ação de graças, olha os teus filhos reunidos para renovar a opção radical de seguir Jesus, teu Filho. Confirma-os na fidelidade e no entusiasmo, para serem, entre os jovens, anunciadores generosos do Senhor ressuscitado. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor.
Os demais textos da celebração são os próprios da liturgia do dia 18 de dezembro.
Ação de Graças após a Comunhão
Cremos que a Sociedade de São Francisco de Sales
não nasceu de simples projeto humano,
mas por iniciativa de Deus. (Const. 1)
Cremos que o Espírito Santo,
com a maternal intervenção de Maria,
suscitou São João Bosco,
para colaborar na salvação da juventude.
Formou nele um coração de pai e mestre,
capaz de uma doação total. (Const. 1)
Para prolongar no tempo a sua missão,
guiou-o na criação de várias forças apostólicas
sendo a primeira delas a nossa Sociedade (Const. 1)
Cremos que cada um de nós é chamado por Deus
a fazer parte da Sociedade Salesiana.
Para tanto recebe dEle dons pessoais (Const. 22)
Cremos que a nossa vocação è marcada
por um dom especial de Deus,
a predileção pelos jovens. (Const. 14)
Cremos que a profissão religiosa
é um sinal do encontro de amor entre o Senhor que chama
e o discípulo que responde
doando-se inteiramente a Ele e aos irmãos. (Const. 23)
Cremos que a vocação salesiana
situa-nos no coração da Igreja
e nos põe inteiramente a serviço da sua missão. (Const. 6)
Cremos que a ação do Espírito é para nós
fonte permanente de graças e apoio
no esforço cotidiano para crescer
no perfeito amor a Deus e aos homens. (Const. 25)
Cremos que Maria está presente entre nós
e continua a sua missão de Mãe da Igreja
e Auxiliadora dos cristãos. (Const. 8)