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VI° ano / n. 104-106 • setembro-outubro 2002
PROCURADORIAS MISSIONÁRIAS E SOLIDARIEDADE:
UM MUNDO A SER APRECIADO
A formação é o coração do desenvolvimento
As Procuradorias Missionárias Salesianas
Descrição do trabalho das Procuradorias Missionárias
Os 9 membros do Grupo Internacional
Pequenas, mas capazes de produzir solidariedade
Projetos de Desenvolvimento
Economia e Animação missionária
Servir os mais necessitados, um dever carismático

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ANSMAG
PROCURADORIAS MISSIONÁRIAS E SOLIDARIEDADE SET-OUT 2002
ANS
Agenzia internazionale
salesiana di informazione
Periodico quindicinale
Registro: Tribunale di Roma
N.517/97 (19/09/97)
Via della Pisana, 1111
00163 Roma, Italia
Tel.: +39.06.656.12.579
Fax: +39.06.656.12.709
ans@sdb.org
Direttore Responsabile
Antonio Martinelli
Capo redattore
Renato Butera
Redattori
Peter Gonsalves
Giancarlo Manieri
Traduttori
Tadeo Martín
(spagnolo)
Lambert Petit
(francese)
Hilário Passero
(portoghese)
Bernard Grogan
(inglese)
Hanno collaborato
Ferdinando Colombo
Christian Bigault
Gianni Mazzali
Pierluigi Zuffetti
Francis Alencherry
Spedizione a cura di
Alessandro Parrozzani
Stampa grafica
Tipolito
Istituto Salesiano Pio XI
Via Umbertide, 11
00181 Roma, Italia
Edizione on-line
Sito ufficiale SDB
www.sdb.org
EDITORIAL
Procuradorias Missionárias e Solidariedade:
um mundo a ser apreciado
Mais um número monográfico, mas
por uma sua razão especial: a de tomar
parte na celebração anual do Dia Mis-
sionário Salesiano, com subsídios e ma-
terial informativo, produzidos para forne-
cer instrumentos úteis às comunidades e
à Família Salesiana, visando a animação
missionária.
Foi assim que nasceu esta colabo-
ração com o Dicastério das Missões. O
objetivo é o de prestar um serviço útil à
missão salesiana.
Como Agência concentramo-nos so-
bretudo no aprofundamento da realidade
das Procuradorias Salesianas e no tra-
balho que desenvolvem para tornar
possível a obra de apoio solidário aos
missionários e às populações mais ne-
cessitadas. A evangelização e a pro-
moção do desenvolvimento humano e
social são os objetivos principais dessa
complexa organização. Ela desenvolve
uma árdua e difícil tarefa por meio de tan-
tos homens e mulheres, salesianos e lei-
gos, que dedicam o seu tempo a partici-
par da missio ad gentes para a difusão
do Evangelho, e a lutar contra a pobreza
e a injustiça, fruto de um mundo cada vez
mais encaminhado ao desenvolvimento
do próprio interesse e que egoisticamen-
te inventou essa nova estratégia da glo-
balização, claramente e quase que ex-
clusivamente econômica. O empenho
então para todos quantos se encontram
pela obediência religiosa ou por genero-
sa e livre escolha dentro de estruturas,
como Procuradorias, ONGs, Secretarias
de Projeto e Desenvolvimento, etc., se
traduz na vontade de promover a globa-
lização da justiça e da igualdade. É uma
constelação de organismos de solidarie-
dade que giram na galáxia da missão
social salesiana.
Fundamental para a produção deste
número de ANSMag foi o P. Christian
Bigault, profundo conhecedor das Pro-
curadorias e dos organismos de apoio
salesiano às missões, o qual por muitos
anos trabalhou dentro do Dicastério das
missões, animando justamente essa
área. Quase todo o material descritivo e
analítico, deste mundo que se acha na
revista, foi tomado com abundância do
seu trabalho, preparado para uma reu-
nião de alguns responsáveis de Procu-
radorias e ONGs, feita recentemente, e
que o P. Christian nos repassou. En-
quanto o P. Bigault trabalhava na elabo-
ração destas informações, nasceu em
nós a curiosidade de saber mais alguma
coisa a respeito dessas estruturas sale-
sianas nem sempre corretamente conhe-
cidas e de que se tem uma idéia defor-
mada e parcial; aquela idéia que as
considera como “fábricas de fazer din-
heiro”, autônomas, a que dirigir-se para
resolver os problemas econômicos
inerentes a projetos para e sobre as
obras em terras de missão. Evidente-
mente não é assim. E a nossa pesquisa
quer dar uma visão correta da realidade.
(continua a página 19)
SUMÁRIO
2 Editorial: Procuradorias Missionárias e Solidariedade: um mundo a ser apreciado.
3 Está-me muito a peito: Um nó caridade solidária cada vez mais unido e concreto.
4 Focus/Aprofundamento 1: A formação é o coração do desenvolvimento.
5 Focus/Entrevista: Uma rede de generosidade solidária.
7 Focus/Aprofundamento 2: As Procuradorias Missionárias Salesianas: Desenvolvimento
Histórico e Filosofia do apoio às missões.
9 Focus/Aprofundamento 3: Descrição do trabalho das Procuradorias Missionárias.
12 Focus/Aprofundamento 4: Os 9 membros do Grupo Internacional.
14 Focus/Aprofundamento 5: Pequenas, mas capazes de criar solidariedade.
15 Focus/Aprofundamento 6: Projetos de Desenvolvimento: como e por quê.
16 Focus/Aprofundamento 7: Economia e Animação missionária: relação.
17 Focus/Aprofundamento 8: Servir os mais necessitados, um dever carismático.
19 Focus/Experiência: Tipologia de intervenção prática de uma Procuradoria Missionária
Salesiana. O caso de Turim.
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PROCURADORIAS MISSIONÁRIAS E SOLIDARIEDADE SET-OUT 2002
ESTÁ-ME MUITO A PEITO
Um nó de caridade solidária
cada vez mais unido e concreto
Pelo P. Pascual Chávez, Reitor-Mor dos salesianos
O recente encontro dos diretores das Procu-
radorias missionárias salesianas deu-me
a oportunidade de dirigir-me a eles com
da pessoa, e que freqüentemente amadurece em
verdadeira “caridade”, virtude teologal. “Amor
diffusivum sui”, diria com profundidade santo
uma mensagem de saudação e de agradecimento Tomás.
pelo bem que desenvolvem em favor dos jovens
Gostaria de convidar todos a dar um passo à
mais necessitados e as famílias mais pobres de frente. Já fizemos tanto; podemos fazer ainda
todo o mundo, apoiando a obra de evangelização e mais, não só no sentido de recolher mais dinhei-
promoção humana no estilo de Dom Bosco.
ro – o que não é um mal, se for a serviço dos mais
É o seu um empenho imprescindível, que não necessitados –, mas de criar maior sinergia entre
podemos dispensar, para qualificar e acompanhar todos os responsáveis das Procuradorias, das
cada vez mais o trabalho dos missionários. E o Ongs, e das outras Instituições missionárias a fim
meu reconhecimento vai a eles por tal generosa de possibilitar uma autêntica rede de Procurado-
contribuição que entregam, semestre após se- rias Missionárias. E mais: estreitar relaciona-
mestre, nas mãos do Reitor-Mor, para o desenvol- mentos de coligação com os missionários, a Famí-
vimento e a sustentação da missão salesiana. Com lia Salesiana, os benfeitores, toda a sociedade
o seu trabalho, tais irmãos tornam possível a rea- civil, para estreitar cada vez mais o nó da solida-
lização do “sonho” de Dom Bosco que se prolonga riedade entre os que estão passando necessidade
nos “sonhos” dos nossos missionários.
e os que podem responder com generosidade a tal
Quem sabe seja oportuno relembrar que necessidade. Hoje mais do que nunca vale o que
também o seu trabalho é missão salesiana, não só dizia Dom Bosco com o seu conhecido bom senso
pelo auxílio financeiro que oferecem, mas porque e a sua sabedoria pedagógica: “Sozinhos podemos
o fazem dentro de um plano de quanto faz a fazer muito pouco, mas unidos somos muito
Congregação em favor dos mais pobres, nos países fortes”, segundo o dito latino: “Funiculus triplex
da Europa Leste, América, Ásia, África, e porque difficile rumpitur”.
hoje a evangelização é inseparável da promoção
Não se trata de criar super-estruturas, mas de
humana. De fato, a educação, especialmente dos levar a uma mudança de mentalidade que nos faça
rapazes e dos jovens mais necessitados, é o auxí- pensar sempre com espírito de comunhão e atitu-
lio mais substancial, o mais importante e ne- de de solidariedade. É um tema que gostaria de
cessário que lhes possamos oferecer, e neles aos propor à consideração de toda a Congregação e da
seus países e ao mundo. Visitando as inspetorias Família Salesiana, mas especialmente dos agentes
de todos os continentes po-
de-se constatar o que signi-
fica contar com a colabo-
Também o seu trabalho é missão salesiana,
ração dessas instituições,
sem a qual muito pouco se
poderia fazer e muitos son-
não só pelo auxílio financeiro que oferecem
mas também porque o fazem dentro do plano
hos se iriam desvanecer.
de quanto realiza a Congregação em favor dos mais pobres.
Mas há outras duas razões
que tornam significativa e
salesiana a sua presença. Dom Bosco, verdadeiro salesianos no mundo da solidariedade e dos seus
e excepcional “fundraiser” – como o estão a de- colaboradores, a fim de que se pense com vontade
monstrar as suas viagens a Gênova, à França e à determinada em tornar concreta esta ação de fluxo
Espanha – estava convencido de que pôr os outros de caridade solidária, para que tenha como fim o
na situação de fazer beneficência era um bem para bem do homem e o reconhecimento daquela sua
eles mesmos, os quais são única e apenasmente dignidade que lhe advém do fato de ser criatura de
administradores dos bens de Deus. Há além disso Deus, filho seu redimido no seu Filho.
o fato de que, devendo responder aos benfeitores
Concluo invocando sobre todos, sobre as Pro-
para lhes agradecer, criava uma comunicação na curadorias, sobre as organizações de apoio mis-
qual circulava extraordinária riqueza espiritual. sionário, sobre os colaboradores e os seus genero-
Não se pode esquecer o fato de que a “filantropia” sos benfeitores e suas famílias, as bênçãos de Deus
é uma virtude considerada das mais preciosas, por intercessão de nossa Mãe, Maria Auxiliadora.
aquela que revela o que de melhor há no coração
Com afeto em Dom Bosco
R
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FOCUS/Aprofundamento 1
A formação é o coração do desenvolvimento
A ‘projetualidade’ das Ongs salesianas a serviço do crescimento dos jovens
De Ferdinando Colombo
A formação humana é a um só tempo pro-
cesso e fim que leva ao desenvolvimento
global da pessoa, por parte da pessoa e por
o desenvolvimento é um processo que visa promo-
ver a dignidade da pessoa, venerar o inviolável
direito à vida, promover a liberdade de invocar o
meio da mesma pessoa. Consideramos a formação Nome do Senhor, o empenho social, o apoio da
o coração do desenvolvimento, porque por for- solidariedade. Em suma: pôr o homem no centro
mação entendemos um caminho humano global da vida econômico-social e evangelizar a cultura e
que visa ao crescimento de cada aspecto da pessoa as culturas do homem (ChL 36-44).
humana, desde a sua vida espiritual (relação com
As ONGs (organizações não governamentais)
Deus, música, dança, tradições, alegria, esporte, têm hoje a possibilidade e os instrumentos para
teatro, etc.) até àquela profissional (alfabetização, dar uma contribuição fundamental e inovadora à
formação cultural fundamental ou superior, for- estratégia do desenvolvimento humano. A sua
mação profissional, etc.), àquela “humano-afetiva”, vocação, de fato, é a de envolver a sociedade civil
realizando assim um aperfeiçoamento comunitário numa visão solidária das problemáticas do desen-
e integral da pessoa.
volvimento. As Ongs salesianas especialmente são
Tal aperfeiçoamento, na visão salesiana, deve- o instrumento “moderno eficiente “ que pode dar
ria dar vida a uma personalidade “solidária” com consistência histórica ao carisma de Dom Bosco
todas as pessoas do mundo, que acredita nos di- para a juventude do mundo globalizado, sobretudo
reitos humanos e que prodigaliza a sua vida para para os Países Pobres. Os mesmos instrumentos
que todas as pessoas vejam respeitados os seus di- utilizados (projetos, voluntariado internacional,
reitos. A formação assim entendida refere-se a to- publicações, cursos de formação), o alvo a que se
dos, não só aos pobres, porque: “ninguém liberta dirigem (os jovens mais pobres e marginalizados e
ninguém, libertamo-nos caminhando juntos para os seus formadores), a metodologia de consócio
uma meta comum: a dignidade da Pessoa”.
e de inculturação, denotam a sua inspiração
É já opinião difundida (pelo relatório UNDP de carismática e os distinguem de outras organizações
2000) que o fundamento do conceito de desenvolvi- do setor.
mento humano reside na idéia do progresso da hu-
É por isto que os nossos projetos são funda-
manidade por meio do processo de ampliação das li- mentalmente educativo-formativos. Lembramos (só
berdades e das escolhas individuais. Para o pro- para citar alguns) os nossos numerosos centros de
gresso da humanidade, de fato, não basta só o cres- formação profissional para os menores em situação
cimento econômico. É necessária também a ex- de risco social da Albânia, de Angola, do Brasil, da
pansão das capacidades e das oportunidades de ca- China (onde há também um centro de assistência
da indivíduo a fim de que toda pessoa tenha a pos- para leprosos e para a minoria Yiu), de São Do-
sibilidade de viver uma vida decorosa, a capacidade mingos para meninos de rua, assim como são for-
de satisfazer
mativas to-
quer aos
das as ativi-
próprios di-
A paz e a justiça serão assim
dades que
reitos civis e
políticos,
quer aos
obra de Pessoas formadas e educadas,
que vivem profundamente os direitos humanos
desenvolve-
mos no ter-
ritório des-
econômicos,
de cada habitante do mundo.
de o Master
sociais e cul-
internacio-
turais, quer
nal sobre a
às necessidades “físicas” (fome, saúde...), quer aos cooperação e o desenvolvimento, aos cursos de for-
econômicos, culturais, de trabalho e sociais (capa- mação on-line sobre os direitos humanos, sobre o
cidade de participar da vida da comunidade ou ca- voluntariado internacional, sobre a intercultura,
pacidade de tomar parte nos processos de decisão). sobre a cooperação ao desenvolvimento, etc., aos
É por isso que ao termo “desenvolvimento” as- cursos de formação noturnos, aos Encontros e Se-
sociamos os adjetivos “humano, sustentável, parti- minários organizados sobre as mesmas temáticas.
cipante”. Mas é também um conceito garante dos
Mas também o apoio à distância e os “gemel-
direitos como: liberdade de religião e de culto, laggi” são atividades educativas, antes de tudo pa-
liberdade de pensamento, liberdade de espírito, ra quem as faz, para os mesmos doadores, porque
liberdade de evangelizar. Do ponto de vista cristão, em tais palavras há conceitos como: sentido de res-
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ponsabilidade, doação gratuita, confiança e espe-
rança. O apoio à distância é um instrumento que
promove a educação à mundialidade, a tomada de
consciência dos problemas dos países em via de
desenvolvimento, uma mudança de mentalidade e
de estilo de vida também para quem apóia. Torna-
se, neste sentido, uma proposta educativa, uma for-
ma de envolvimento e de abertura para os outros e,
ao mesmo tempo, uma ponte de solidariedade que
permite unir pessoas, culturas e mundos comple-
tamente diferentes.
Outro caminho fundamental, além disso, para
construir essa ponte humana entre culturas, base
de todo intercâmbio profícuo, é a presença dos vo-
luntários nos projetos. O voluntário é um instru-
mento para a realização de um projeto, e é sobre-
tudo mediador e ligação entre duas culturas às
vezes muito distantes entre si. A sua mesma função
de executar uma tarefa precisa e um determinado
serviço que corresponde ao seu profissionalismo,
exige como condição de eficácia, que se esforce por
compreender realidade e cultura locais, em fazer-se
porta-voz dos pobres e seu intérprete no seu pró-
prio país. Tal mediação faz com que o projeto ten-
ha um desdobramento também nos assim chama-
dos Países ricos, os países promotores; um desdo-
bramento educativo intercultural que permite aos
vários Organismos elaborar projetos cada vez mais
direcionados e ajustados às efetivas exigências dos
Países pobres. É claro que, nestes termos, o vo-
luntário não é um simples colaborador, um técnico,
um dependente, mas um anel de entrosamento cul-
tural e espiritual entre dois mundos, duas reali-
dades, uma ponte de ligação “humana” que torna
projetos e financiamentos também “humanos”; uma
pessoa que decide partilhar e consagrar uma parte
consistente da própria vida a pessoas que vivem em
situações de grave necessidade.
Ser voluntário, mais que uma atividade específi-
ca, é um estilo de vida. E a sua característica prin-
cipal é o envolvimento pessoal, profundo e pro-
gressivo num estilo de partilha e serviço. Pede-se-lhe
aquela maturidade interior que é indispensável em
qualquer opção que ligue a vida de um indivíduo a
outras pessoas de modo estável e duradouro, numa
visão unitária da existência, pelo que a dignidade
dos pobres é também a nossa, a sua realização é
necessária para a nossa realização. Assim, homem,
vida, justiça, comunidade, etc., são re-compreendi-
dos, redefinidos, reestruturados, a começar pelos
últimos, a fim de construir uma vida de dignidade
para todos.
A paz e a justiça serão assim obra de Pessoas
formadas e educadas; de Pessoas que vivem pro-
fundamente os direitos humanos de cada habitante
do mundo.
R
FOCUS/Entrevista
Uma rede de generosidade solidária
Responde o P. Francis Alencherry, Conselheiro geral para as Missões
1. Que funções desenvolvem as Procurado-
rias Missionárias dentro da Missio ad Gentes
salesiana?
As Procuradorias nasceram por vontade do
Reitor-Mor e da Congregação para ajudar os mis-
sionários a desenvolverem o seu trabalho. Viu-se
que o esforço para sustentar o trabalho humano
é muito empenhativo e tem necessidade de gran-
de quantidade de fundos. Assim também a orga-
nização da beneficência devia ser revista. As Pro-
curadorias participam assim do trabalho dos
missionários, da evangelização e da promoção
humana.
numerosas e diferentes nações; as nacionais, que
possuem raio mais limitado; as secretarias de
desenvolvimento e de projeto; e assim por diante.
Todas estas instituições, internacionais e nacio-
nais, e com elas as Ongs com as quais colaboram,
são coordenadas pelo Dicastério das missões.
Todas estão coligadas de diversas maneiras e
trabalham juntas em colaboração. O Dicastério
funciona como eixo e como animador, fazendo-
lhes chegar diretivas, indicações, orientações, que
a congregação, na pessoa do Reitor-Mor e do seu
Conselho, quer realizar para auxílio das missões
salesiana.
2. Qual a relação entre elas e o Dicastério para
as Missões?
O Dicastério para a Missões coordena as Pro-
curadorias espalhadas pelo mundo, na variedade
da sua consistência e da amplitude do seu raio
territorial de ação. Há vários tipos de Procurado-
rias: as Procuradorias internacionais, que ajudam
3. Há uma política comum e, se existe, qual é?
Antes de tudo, o trabalho em rede, colaboran-
do juntos para objetivos bem precisos, mas com
uma única finalidade carismática de evangelizar
educando e educar evangelizando, no estilo de
Dom Bosco. Os dois conceitos caminham estrei-
tamente unidos. E isto ilumina a política de fun-
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do: trabalhar para o desenvolvimento dos mais
pobres, especialmente dos jovens, nas terras de
missão, se ainda for válida esta terminologia. A
colaboração para um único objetivo e com um
único estilo, faz com que estas instituições não se-
jam individualidades auto-referenciais, “entidades
de beneficência” estanques, mas instrumentos
da Congregação que por meio delas sustenta o
empenho da Missio ad gentes. Estão portanto a
serviço da Congregação e não vai cada uma por
sua conta, como se fosse uma pequena “potência
econômica”.
4. Muitos as consideram “máquinas de fazer
dinheiro”. É verdade?
Para um serviço de sustentação dos missioná-
rios com tais dimensões, precisa-se de grande
quantidade de dinheiro. É necessário que alguém
se ocupe em suscitar a beneficência. Mas tudo is-
so está subordinado ao objetivo da evangelização
e da promoção humana. Diria por isso que os que
trabalham numa Procuradoria são tão missioná-
rios quanto os que trabalham na linha de frente.
Não são portanto as tais, frias, ‘máquinas de fazer
dinheiro’ – quem não possui um coração para os
pobres não pode trabalhar efetivamente numa
Procuradoria –. São meios para suscitar e orga-
nizar a solidariedade. As Procuradorias e as ou-
tras instituições de solidariedade estão a serviço
da humanidade por meio dos missionários que
trabalham diretamente no campo.
5. Que quer dizer hoje fazer animação mis-
sionária?
Fazer animação missionária significa tornar
vivo o empenho missionário de cada cristão. Nós,
salesianos, como todos os outros cristãos, somos
anunciadores do Evangelho. Assim, tornar vivo o
empenho missionário quer dizer informar, utilizar
todos os meios possíveis para anunciar a mensa-
gem da salvação cristã, partilhar esta fé com os
outros. A animação missionária está toda aqui:
encaminhar processos, campanhas, qualquer coi-
sa que possa ajudar o povo a adquirir o sentido
missionário que lhes advém do serem batizados.
6. Tem isso mudado com relação ao passado?
Mudaram as dimensões do trabalho. Antes os
missionários trabalhavam sozinhos; possuíam
algum benfeitor cá e acolá. Agora as coisas estão
organizadas diferentemente e, diria: melhor. Es-
tamos na era da globalização; assim também a
solidariedade deve ser globalizada. Na congre-
gação há muito mais globalização da solidarie-
dade do que no passado. Isto quer dizer que o
trabalho de coordenação aumentou e se tornou
um desafio, um objetivo, que é o de manter todos
unidos para o mesmo fim: anunciar o Evangelho
de Cristo.
7. Qual a relação entre a animação missioná-
ria e a economia?
A economia por si é um campo que permeia o
trabalho de todos. Como já dissemos, a animação
missionária precisa de fundos e portanto a evan-
gelização precisa de dinheiro. Neste sentido diria
que a ligação é muito estreita. Mas isto não quer
dizer que a economia dite as regras sobre a evan-
gelização; como quer que seja, esta última irá
avante, porque é vontade divina. Mas Deus se ser-
ve de meios humanos para anunciar o Evangel-
ho, tal como fizeram no seu tempo os Apóstolos.
Diria portanto que uma depende da outra, mas
não há, nem deve haver, condicionamento, porque
são complementares, e com uma particularidade
essencial: que a economia está a serviço da evan-
gelização.
8. Que significado tem a mudança feita pelo
CG25 no artigo dos Regulamentos a respeito do
tema Procuradorias?
Para dizer a verdade, a mudança que houve
não é tão radical. Houve uma explicitação escrita
de uma praxe já em ato havia muito. Na Congre-
gação, o Ecônomo geral é o responsável último de
todo o setor financeiro. Para as missões existem
fundos administrados com escopo preciso e os
Regulamentos confiavam a sua gestão ao Consel-
heiro para as missões, que o fazia de entendi-
mento com o ecônomo geral. Ainda é assim. Um
dos tantos exemplos de trabalho em rede. A
pequena revisão do artigo deu maior impulso à
colaboração. Animação missionária e economia
têm um único objetivo: a evangelização. De resto,
foi o mesmo Conselheiro para as missões do
último sexênio a promover tal variação.
9. Que objetivos se propôs a animação mis-
sionária para este sexênio?
Foram agrupados em quatro áreas: a ani-
mação, a formação e a práxis missionária, a soli-
dariedade missionária (partilha e intercâmbio de
pessoal e meios), e enfim as novas fronteiras.
Acentua-se a animação. Para isto será importan-
te valorizar mais a figura do Delegado inspetorial
para a animação missionária, a fim de que todas
as inspetorias se conscientizem mais da dimensão
missionária da vocação salesiana. Os meios de
que usaremos para esta finalidade serão os de
sempre: partilha de informações e de notícias
com apropriadas publicações e encontros; conti-
nuaremos a dar muita importância ao dia mis-
sionário anual, também com apropriados instru-
mentos de animação. Esperamos que este se
torne consistente, como o foi no último sexênio,
durante o qual se fez um belíssimo trabalho neste
campo, a fim de que o dia possa ser celebrado
como uma campanha missionária estendida a
todo o ano.
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10. Por que a escolha das Procuradorias e das
outras instituições de animação missionária para
o Dia das Missões deste ano?
Para dizer a verdade, o tema deste ano não é
a Procuradoria em si. O tema é assim formulado:
“O empenho salesiano para a promoção humana
na tarefa da evangelização”. O acento é portanto
posto sobre o empenho salesiano para a pro-
moção humana, que faz parte muito estreita da
nossa tarefa de evangelização. As Procuradorias
têm um papel específico e importante no empen-
ho de coligação, especialmente no campo da pro-
moção humana. Não só das Procuradorias, diria,
mas também e especialmente das Ongs. Neste
contexto, queremos tornar conhecido o trabalho
que as Procuradorias e as Ongs realizam para fa-
zer compreender que o seu empenho não é uni-
camente finalizado à coleta de fundos. Elas são
ao contrário verdadeiras protagonistas da evan-
gelização e da promoção social, embora não se
encontrem diretamente em território de missão.
Preparam campanhas de conscientização e sen-
sibilização missionária em todos os países do
mundo: e os fundos coletados são fruto dessa
sua sensibilização. O seu trabalho é portanto o de
avivar o empenho missionário na Congregação,
nas pessoas de fé, e na sociedade.
11. O que espera desta campanha?
Antes de tudo que cresça a consciência, de per
si já grande, da vastidão do empenho da Congre-
gação no campo da evangelização e da promoção
humana. Além disso, a minha expectativa princi-
pal é que as comunidades e Inspetorias salesia-
nas se tornem mais conscientes do fato de que
não são as Procuradoria as protagonistas da so-
lidariedade missionária, mas toda a Congregação
na sua consistência. Alguns julgam ter sido aju-
dados por este ou aquele responsável dessa ou
daquela Procuradoria, mas não é assim: ele foi a
mão da Congregação, na pessoa do Reitor-Mor,
responsável último por tudo.
E quero aqui expressar a minha gratidão à
Divina Providência pelos meios que Ela nos põe
à disposição através das nossas Procuradorias.
R
FOCUS/Aprofundamento 2
As Procuradorias Missionárias Salesianas:
desenvolvimento Histórico e Filosofia
do apoio às missões
De Christian Bigault
1940/60
O grande movimento de auxílio às Missões na
Congregação Salesiana e o fenômeno das Procura-
dorias Missionárias começou depois da segunda
guerra mundial com algumas iniciativas na Euro-
pa e na América (Irlanda, Holanda, Argentina...) e
desenvolveu-se lentamente por vinte anos. Com a
criação da Procuradoria de New Rochelle, EUA
(1947), dá-se início ao movimento de apoio às
Missões Salesianas espalhadas por todo o mundo.
Nessa época as várias Procuradorias nacionais
ajudavam os missionários originários da própria
Inspetoria ou região. A Procuradoria de New Ro-
chelle teve um desenvolvimento consistente sob a
guia do P. Cappelletti, que a dirigiu por 37 anos e
a organizou de modo a prestar um serviço a toda
a Congregação. Rapidamente, o auxílio direto
uniu-se à promoção humana nos países mais
pobres. Esta Procuradoria favoreceu o nascimen-
to e o apoio de outros centros semelhantes em fa-
vor das missões (Madri, Adis-Abeba, Manaus, CO-
MIDE na Bélgica...) ou de várias Secretarias de
Projetos ou de Desenvolvimento (África do Sul, Fi-
lipinas, Haiti...).
1960/90
Nos trinta anos seguintes nasceram, com o mes-
mo espírito de auxílio e promoção humana, as ou-
tras três Procuradorias Internacionais e as 5 Ongs
correspondentes ou independentes que constituem
com elas um grupo que trabalha em nível interna-
cional. Trata-se de Madri, Bonn, depois COMIDE
(Ong da Bélgica), Jügend Dritte Welt (Ong que co-
labora com a Procuradoria de Bonn, Alemanha),
Washington (escritório que trabalha em colabo-
ração com a Procuradoria de New Rochelle),VIS
(Ong de Roma, com o Voluntariado e a Animação
Missionária Italiana), Jóvenes del Tercer Mundo
(Ong que colabora com a Procuradoria de Madri).
Todas estas últimas organizações surgiram entre
os anos 1970 e 1990.
Nestes 50 anos nasceram também outras Pro-
curadorias nacionais na Europa (Bélgica Norte,
Suíça, Polônia, Áustria), na América (Canadá), na
Ásia (Índia e Filipinas) e na Austrália, seguindo a
tradição salesiana iniciada pelo mesmo Don Bosco.
Entre todas essas organizações, tiveram sempre
uma notável importância as três grandes Procura-
dorias internacionais (New Rochelle, Madri e
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PROCURADORIAS MISSIONÁRIAS E SOLIDARIEDADE SET-OUT 2002
Bonn) que se distinguiram por seu caráter de ser-
viço a toda a Congregação sob a guia do Reitor-Mor.
Junto com as suas duas Ongs (JTM e JDW), e
mais COMIDE e VIS, elas formaram um grupo
muito eficiente de desenvolvimento material e de
promoção humana para as Missões salesianas, e
ajudaram de modo todo especial na realização do
“Projeto África”. Por vontade dos Superiores da
Congregação Salesiana, juntou-se a este grupo a
Procuradoria “Missioni Don Bosco, Valdocco”, em
Turim com a sua Ong “Noi per Loro” (Nós por Eles)
(1992).
1990/2000
No último decênio do século passado nasceram
mais outras Procuradorias nacionais na Europa
(Áustria, Espanha/Sevilha, Alemanha/Munique), na
América (Equador, Brasil, Chile), na África (Etió-
pia, Quênia, Congo) e na Ásia (Coréia, Hong Kong).
Este novo período, de pouco mais de dez anos,
contempla também o florescimento de Secretarias
de Projetos e de Secretarias de Desenvolvimento
(umas 40 ao todo), para responderem às necessi-
dades do homem no seu hábitat. Essas secretarias
ou escritórios localizam-se sobretudo no hemisfé-
rio sul do planeta: América (América Central, Hai-
ti, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Argentina, Uru-
guai, ....); África (Camarões, Zâmbia, Madagascar,
....); Ásia (Índia com nove, Vietnã, Sri Lanka, ....).
Colaboração com a Direção Geral
Este grande movimento em favor da missões
salesianas, composto atualmente por 72 organi-
zações de diversos tipos, foi acompanhado e coor-
denado pelo Dicastério para as Missões, na Casa
Generalícia, da Pisana, pelos Conselheiros para as
Missões da Congregação, que se vieram sucedendo.
Já faz mais de 20 anos que se realizam reuniões
regulares para ajudar este movimento a crescer e a
trabalhar com sempre maior eficácia. Inicialmente
convocavam-se, todos os anos, todos os Procura-
dores espalhados pelo mundo a fim de se obter
uma colaboração mais estreita, maior conheci-
mento mútuo e intercâmbio de informações. Viu-se
depois, por parte do grupo internacional, a neces-
sidade de reuniões menos numerosas, mas mais
freqüentes, sem descuidar as gerais que nesse meio
tempo continuaram, embora com menor regulari-
dade (cada dois anos).
As Procuradorias e Ongs do “Grupo de Trabalho
dos Macro-Projetos”, que compreendem cerca de
15 pessoas das quatro Procuradorias Internacio-
nais, com as 5 Ongs correspondentes, reúnem-se
atualmente duas vezes por ano, convocadas pelo
Conselheiro para as Missões, a fim de fixar uma
estratégia comum na luta contra a pobreza, na
promoção dos jovens e no auxílio às Inspetorias e
às Casas da Congregação. Este é grupo já realizou
mais de 10 reuniões deste gênero e tomou consciên-
cia de que para trabalhar em rede são necessários
encontros periódicos regulares.
Visão filosófica do auxílio às missões
Como foi que mudou a filosofia da solidariedade
relativamente a quem está em estado de necessida-
de? Eis alguns passos.
1º Passo - Inicialmente pensava-se (já o não é
em muitos casos) que bastava “conceder”, “enviar
bens materiais” para os lugares em que havia
necessidade: dinheiro, criação de escolas, pessoal.
O salesianos do ocidente rico (América, Europa)
busca, portanto,
meios para enviá-los aos países mais pobres, a
fim de aliviar tantas misérias e para desenvolver a
causa missionária.
2º Passo - Pensou-se depois que os bens mate-
riais enviados deviam ajudar os destinatários a
crescerem e a se libertarem de tantas situações de
pobreza, que não permitem uma vida segundo o
plano de Deus. Vários países do “Mundo em Via
de Desenvolvimento” teriam podido organizar-se
melhor internamente, na busca de uma auto-sus-
tentação que lhes permitisse desenvolver suas
obras sem ser obrigados a estender a mão. Trata-
va-se portanto de educar ao desenvolvimento local
e pessoal. O Dicastério para a missões favoreceu o
nascimento, e continua a fazê-lo, de Procuradorias
missionárias na América do Sul, na África e na
Ásia. É o “princípio da subsidiariedade”.
3º Passo - Já faz mais de dez anos que, conti-
nuando a reflexão amadurecida precedentemente,
se procura dar apoio cada vez maior às Secreta-
rias de Desenvolvimento” que estudam e organi-
zam o progresso da inspetoria ou região, sugerindo
e seguindo os projetos, estudando soluções para
problemas locais, utilizando homens e recursos
que se encontram no lugar. O grupo das grandes
Procuradorias e das Ongs internacionais sustenta
também economicamente a criação e o funciona-
mento dessas Secretarias. Passou-se do dar ao
organizar-se melhor, ao planejar com inteligência.
O trabalho do Grupo Internacional não se re-
duz portanto somente a recolher os auxílios mate-
riais (Fundrasing, pedido de auxílio a Instituições
ou a Privados) para mandá-los às Missões; ou a
apresentar projetos para o desenvolvimento hu-
mano indispensável (tarefa mais específica das
Ongs), ou a sustentar as missões (por parte das
Procuradoriadoris); ou enfim a sustentar a obra
missionária sob várias formas. Este trabalho entra
na linha do 1º Passo da “Filosofia” do auxílio.
O Grupo Internacional trabalha também para
promover a Animação Missionária nos países de
antiga evangelização, tarefa importante para
formar uma mentalidade missionária, e educar a
uma distribuição eqüitativa dos bens, por meio da
publicação de livros ou de revistas, organizando
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PROCURADORIAS MISSIONÁRIAS E SOLIDARIEDADE SET-OUT 2002
encontros de sensibilização para alunos, e vários
outros tipos de atividades sobre o tema da
“missão”. Se trata de ajudar os jovens que vivem
nos países abastados a lançar um olhar sobre as
necessidades daqueles que receberam menos no
seu país: uma educação à partilha.
A Organização do trabalho missionário nos
países de recente evangelização (e também nos
países em que a atividade evangelizadora esteve por
muito tempo impedida, como nos países do Leste
europeu, ou sob regimes totalitários) com o apoio
de Secretarias para o Desenvolvimento a fim de pla-
nejar melhor os recursos locais e obter uma visão
de conjunto das necessidades da Inspetoria ou da
região na qual está situada a Obra salesiana; o en-
vio de Voluntários que prestam a sua contribuição
humana e técnica a este desenvolvimento, para
ajudar os organismos locais a serem “autônomos”
e a administrar o próprio futuro com responsabili-
dade (3º Passo da “Filosofia” do auxílio).
R
FOCUS/Aprofundamento 3
Descrição do trabalho das Procuradorias Missionárias
De Christian Bigault
S e a Procuradoria de New Rochelle foi a
“Procuradoria Mãe” de todo o movimento
de auxílio às Missões Salesianas indican-
rais, índios explorados). Eis algumas dessas ativi-
dades.
do o caminho a muitas outras, cada uma delas de-
“Fundraising”
senvolveu-se segundo uma índole própria, adqui-
Quase todas as Procuradorias utilizam os mé-
rindo características próprias. Algumas são muito todos mais adaptados para coletar meios econô-
complexas e desenvolvem uma riqueza enorme de micos indispensáveis para o bem-estar da pessoa.
atividades em favor da pessoa, das Missões e da O fundraising suscita a generosidade das pessoas
difusão do espírito missionário, trabalhando em e promove o espírito de partilha. Boa parte dos
contextos nacionais próprios e com pessoas que fundos obtidos é colocada à disposição do Reitor-
têm intuições diferentes. Cada Procuradoria tra- Mor, que pode assim responder aos muitos pedi-
balha também para territórios preferenciais ou em dos de ajuda por parte de Inspetorias ou comuni-
campos específicos, seguindo uma sua implan- dades que se encontram em situações difíceis.
tação geográfica ou ligações históricas com deter-
minados países.
Origem dos Fundos das Procuradorias e das
Muitos pensam que uma Procuradoria deva so- Ongs
mente coletar auxílios concretos, dinheiro, meios
30% se obtém pela técnica moderna do Fun-
materiais a serem en-
draising. 60% é dado
viados às terras de
Missão. Esta visão é
Muitos pensam que uma Procuradoria
por Organismos pú-
blicos, Instituições
muito restritiva e es-
deva somente coletar auxílios concretos.
internacionais (por
quece a dimensão hu-
mana de qualquer
auxílio material. Para
Esta é uma visão muito restritiva
e esquece a dimensão humana
exemplo, Nações Uni-
das, Banco Mundial
ou Comunidade Eu-
tentar uma mudança
de qualquer auxílio material.
ropéia), Governos na-
dessa falsa reducente
cionais ou regionais
opinião, visitamos as
(Ministérios do Exte-
instituições de solidariedade da Congregação sale- rior, da Cooperação Internacional, do Desenvolvi-
siana para descobrir que atividades levam avante mento...”.). 10% provém de Entidades ou de Parti-
para estarem validamente presentes na obra de culares: Instituições religiosas (Conferências Epi-
apoio às missões salesianas.
scopais, Dioceses, Bispos individuais); Fundações
As quatro Procuradorias (New Rochelle, Madri, de beneficência ou de filantropia; Grupos de Apoio
Bonn e Turim) e as cinco Ongs internacionais (Jó- às Missões; Benfeitores individuais.
venes del Tercer Mundo, Jugend Dritte Welt, Noi
per Loro, VIS) são todas regidas por estatutos pró-
Projetos
prios e têm características próprias. Possuem
Além da coleta direta de dinheiro, a Procura-
multíplices atividades dirigidas ao bem do próximo doria e as Ongs se preocupam também com apre-
e ao crescimento dos destinatários (jovens em si- sentar Projetos de Caráter Social e Educativo ou
tuação de pobreza, populações que sofrem as de Caráter Pastoral nos países de Terceiro Mundo
conseqüências da guerra ou de catástrofes natu- e da Europa do Leste (globalmente mais de 100
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países), lutando contra a pobreza, promovendo o
desenvolvimento dos jovens, ajudando Dioceses
novas destituídas de meios para desenvolver-se.
Quando um Projeto é muito grande para ser de-
senvolvido por uma só Procuradoria, mais Procu-
radorias e Ongs trabalham em consórcio, dividin-
do o trabalho entre si.
Animação missionária
Esta – outra atividade muito importante, típica
das Procuradorias, e que não pode ser separada
da coleta de meios materiais –, traduz-se de várias
maneiras. Exposições Missionárias, permanentes
ou itinerantes (em paróquias ou institutos), Mu-
seus Missionários, fixos ou itinerantes, sobre po-
vos e culturas em terras de missão; Pregação nas
paróquias, fazendo até vir expressamente mis-
sionários dos seus locais de trabalho, para sensi-
bilizar os fiéis a respeito do problema missioná-
rio; Organização de Encontros, de Congressos, de
Reuniões várias, com imigrados, diplomatas, etc;
Educação à mundialidade nas escolas particulares
e estatais, Educação ao desenvolvimento social;
Publicação de revistas especializadas.
Auxílio direto a Missionários
As Procuradorias prestam também serviços aos
Missionários de passagem; favorecem a Construção
de Capelas nos territórios de Missão; ajudam Casas
de Formação da Congregação; ajudam os catequis-
tas, os seminaristas, os jovens das escolas (com bol-
sas de estudo, adoção à distância, construção de es-
colas de vários tipos).
Produção de material
Procuradorias e Ongs editam Revistas e Bole-
tins em várias línguas (14 títulos, com mais de 7
milhões de exemplares globalmente) e Livros sobre
as missões; produzem material audiovisual (Film,
Vídeo, CD, DVD), calendários, etc.; passam-se co-
municados de imprensa através da mídia; quase
todas as missões têm sítio Internet para sensibili-
zar a opinião pública.
Voluntariado
Procuradorias e Ongs preparam e acompanham
voluntários leigos numa quinzena de países, com
cursos de formação e, visitas aos voluntários nos
seus lugares de trabalho, reinserção na pátria ao
seu retorno. Alguns partem por um período breve
de alguns meses, outros se empenham por um ser-
viço de vários anos.
Secretarias de desenvolvimento
Algumas Ongs apóiam países menos desenvol-
vidos a fim de que se organizem e se financiem lo-
calmente, criando estratégias de desenvolvimento
nos seus países. É um trabalho de acompanha-
mento econômico, mas sobretudo de organização,
de aprendizagem de técnicas, de formação de diri-
gentes. A formação à gestão do projeto (identifi-
cação, formulação, monitoração de avaliação) e à
filosofia do desenvolvimento ajuda a fazer crescer
os dirigentes locais.
Outras atividades
Trabalho de sensibilização, de educação ao de-
senvolvimento nos países mais ricos; arquivo foto-
gráfico e multimídia; são todos membros de Redes
internacionais ou nacionais de Procuradorias e de
Ongs, e trabalham em estreita colaboração entre
si; colaboram também com muitas outras Organi-
zações (outras Procuradorias, Inspetorias, Gover-
nos, Dioceses, Conferências Episcopais...); dirigem
Fundações várias.
Empregados
As Procuradorias e as Ongs de caráter interna-
cional são constituídas por uma equipe de trabal-
ho da qual fazem parte salesianos (15) e leigos
(200) como empregados, voluntários sociais ou co-
laboradores. Muitas dessas pessoas são de altíssi-
mo profissionalismo e de grande competência no
campo lingüístico, administrativo, organizativo,
financeiro e de relacionamento e internacional.
AUXÍLIOS ENVIADOS
PELO REITOR-MOR
Nem todas as necessidades das obras salesia-
nas podem ser resolvidas apresentando projetos a
entidades oficiais internacionais e nacionais,
porque, quando se trata de atividades estritamente
religiosas, estas não programam financiamentos
destinados a exigências desse gênero. Para essas
necessidades, tipicamente pastorais, funciona na
Congregação salesiana outro sistema, ajudado pelo
trabalho das Procuradorias internacionais. Trata-
se do auxílio direto do Reitor-Mor.
Com o dinheiro recolhido por meio do Fundrai-
sing, de benfeitores particulares, das campanhas
de sensibilização, etc., e posto à sua disposição, o
Reitor-Mor pode obviar muitas dificuldades e aju-
dar a numerosas inspetorias ou obras que confian-
temente escrevem diretamente, pedindo o apoio
econômico devido a necessidades urgentes para as
quais não acham apoio em entidades e instituições
estatais e internacionais.
São muitos os pedidos que durante o ano che-
gam ao Reitor-Mor o qual, avaliada a consistência
do projeto e considerado o dinheiro à disposição
pelas Procuradorias internacionais, responde duas
vezes por ano (em junho e em dezembro), ajudando
segundo as possibilidades.
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No ano de 2001, por exemplo, o Reitor-Mor
pôde atender quase 400 pedidos feitos pelos
irmãos salesianos de todo o mundo. Eis alguns
exemplos de doações feitas pelo Reitor-Mor nesse
ano:
Auxílios distribuídos durante o ano
de 2001
120 casos (África, América Latina, Ásia, Leste
Europeu) para apoio a inspetorias recém-criadas
e que ainda não dispõem de estabilidade econô-
mica suficiente para subsistir sozinhas; subsídios
extraordinários para cobrir um déficit, pagar uma
dívida, etc.; ajuda a bispos salesianos (para
seminários, televisão diocesana, programas de
catequese...).
Obras: aquisição de terrenos para abrir novas
obras em terra de missão; reformas em edifícios e
restaurações em presenças que não têm fundos ne-
cessários para renovar as suas edificações.
Casas de formação:40 casos de ajuda, especial-
mente na África e na América Latina, para
construção de casas de formação em territórios de
missão (noviciado, pós-noviciado, teologado...);
apoio a bibliotecas para estudantados salesianos
em território de missão.
Pastoral Juvenil: centros juvenis, formação de di-
rigentes, movimento juvenil em geral; ajuda para o
funcionamento de oratório (construção de uma
quadra esportiva).
Missões: reforma de casas situadas em território
de missão; aquisição de veículos de apoio à ativi-
dade evangelizadora de missionários em dificul-
dade; criação ou manutenção de museus mis-
sionários que protegem culturas em perigo; pes-
quisas antropológicas.
Comunicação: ajuda a TV paroquial, impressão
de livro de orações em língua especial em missão
pobre; etc.
Igrejas: 26 casos de ajuda para a construção de
santuários a N. S. Auxiliadora ou a Dom Bosco, e
para a construção de capelas missionárias em
zonas pobres.
Completamento de projetos apoiados em parte
por outras entidades:16 casos de completamento
de projetos apresentados a organismos públicos,
os quais nunca dão a totalidade da quantia
necessária, porque sempre pedem que também o
destinatário ponha a sua parte econômica no pro-
jeto financiado: muitos irmãos não têm como ga-
rantir materialmente esse compromisso e correm
o risco de perder uma quantia consistente se não
participarem com os 15% ou 10% exigidos.
Casos especiais: evento particular ou imprevisto que
precisa de fundos dos quais não se dispõe; potencia-
mento de uma casa de exercícios espirituais.
R
FOCUS/Aprofundamento 4
Os 9 membros do Grupo Internacional
De Renato Butera
O rganismos, instituições e associações dão
sustentação à obra missionária de Dom
Bosco no mundo. O objetivo destas organi-
zações é principalmente o de incrementar as ativi-
dades de evangelização e promoção humana que os
salesianos levam avante em contextos missionários.
Entre os numerosos organismos têm um papel es-
pecialmente importante as 4 Procuradorias Interna-
cionais de New Rochelle nos Estados Unidos, de Ma-
dri na Espanha, de Bonn na Alemanha, a ‘Associação
Missões Dom Bosco de Turim’ na Itália, e as ONGs
(Organizações Não Governamentais) a elas filiadas
ou independentes. As quatro Procuradorias depen-
dem diretamente do Reitor-Mor e levam avante in-
iciativas em benefício dos povos mais pobres de to-
do o conjunto missionário salesiano. Animação, sen-
sibilização missionária, desenvolvimento de proje-
tos e ações humanitárias representam o centro vital
das atividades das Procuradorias Missionárias,
constantemente empenhadas na difícil luta contra a
pobreza, a miséria e o subdesenvolvimento.
Apresentamos agora, uma por uma, as Procu-
radorias e as ONGs Internacionais, que compõem
o assim chamado Grupo Internacional, esse que
fez nascer o grande movimento de apoio ao cresci-
mento das Missões Salesianas no mundo nos últi-
mos sessenta anos e é ainda hoje a mais impor-
tante ajuda que oferece a Congregação às popu-
lações necessitadas, com um destaque especial em
favor dos jovens em situação de risco ou sem apoio
de entidades e instituições.
As 4 Procuradorias
NEW ROCHELLE
A “Salesian Missions” (Missões Salesianas) é
administrada pela Inspetoria dos Estados Unidos
Leste (SUE) e se encontra no terreno da casa ins-
petorial. New Rochelle é uma cidade residencial
não muito longe da grande metrópole de Nova
York. A casa inspetorial situa-se perto do Oceano
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Atlântico, às margens de uma baía fechada por lin-
das ilhas povoadas de pássaros.
A Procuradoria foi fundada em 1947 pelo P.
O’Loughlen que a dirigiu por cinco anos. Desde
1959 ficou sob a responsabilidade do P. Edward
Cappelletti que a dirigiu por 37 anos, até o ano de
1996, desenvolvendo-a, dando-lhe importância e
dinamismo. Num prédio de três andares trabal-
ham perto de 80 funcionários com todos os meios
de uma empresa moderna: computadores, máqui-
nas para dividir o correio, tipografia, biblioteca
com várias revistas, arquivo fotográfico, sítio In-
ternet (“www.salesianmissions.org”). Em 1985, es-
sa atividade ampliou-se para a capital federal com
a criação de um Escritório em Washington, o qual
busca recursos junto ao Governo dos EUA e onde
trabalham uma dezena de pessoas.
A Procuradoria de New Rochelle envia milhões
de cartas a seus benfeitores, imprime quatro vezes
ao ano uma revista com 1.300.000 exemplares em
duas edições (inglês e espanhol), produz vídeos
sobre as missões salesianas, administra uma li-
vraria com objetos religiosos e livros de espiritua-
lidade; e sobretudo ajuda toda a Congregação com
os recursos colocados à disposição do Reitor-Mor
e apoiando outras Procuradorias e ONGs salesia-
nas. Recupera também bens materiais que o go-
verno dos EUA oferece gratuitamente quando fe-
cha alguma base militar nalguma parte do mundo,
mandando-os para países de missão com a auto-
rização do Governo norte-americano.
New Rochelle, “Mãe das Procuradorias Sale-
sianas”, ajudou na formação do pessoal de outras
Procuradorias ou “Project Office” na Europa (Ma-
dri), na América Latina (Haiti, Manaus, Equador),
na África (Adis-Abeba e Cidade do Cabo), na Ásia
(Filipinas). O trabalho da Procuradoria não se li-
mita a recolher meios materiais para apoiar pro-
jetos de promoção humana em todo o mundo,
construir capelas nas missões, ajudar estudantes
pobres ou jovens que desejam consagrar sua vida
para a difusão do Reino; mas também alimenta o
espírito missionário nos EUA, convidando todos
os anos missionários salesianos dos países em que
trabalham para campanhas de sensibilização nas
paróquias durante o verão.
MADRI
“Misiones Salesianas” (Missões Salesianas) foi
fundada em 1960 e depende da Inspetoria de Ma-
dri (SMA). O primeiro local foram algumas casas
da cidade à espera de se estabelecer na sede atual,
um prédio com alguns andares, em parte refor-
mado para se adaptar às necessidades de trabalho,
localizado numa rua tranqüila da capital. Os Pro-
curadores que aí trabalharam, entre os quais dois
ex-membros do Conselho Geral (P. Modesto Belli-
do e P. Antonio Mélida), foram sempre ajudados
por uma comunidade regular, com muitas respon-
sabilidades no campo missionário e por um grupo
de uns trinta funcionários.
Esta Procuradoria também é complexa e reali-
za um grande trabalho de promoção e apoio às
Missões Salesianas em todos os continentes, espe-
cialmente na América Latina. Ela realiza um tra-
balho muito interessante de conscientização mis-
sionária na Espanha, graças à suas duas Expo-
sições Missionárias – uma fixa na sede da Procu-
radoria, e outra itinerante, que visita sistematica-
mente os Colégios ou as Paróquias de todas as re-
giões da Espanha – e graças à edição de material
didático (as duas revistas “Juventud Misionera” e
Misiones Salesianas”) e de outros meios, como ví-
deos ou livros sobre o tema Missões.
Com uma rede bem organizada de benfeitores,
envia regularmente recursos consistentes ao Rei-
tor-Mor e apóia bom número de projetos destina-
dos a melhorar a educação ou a vida de numerosos
povos em todo o mundo, de preferência latino-
americanos.
É atualmente dirigida pelo P. Alberto García Ver-
dugo. Este ano recebeu um importante reconheci-
mento internacional pelo trabalho desenvolvido em
favor dos povos mais necessitados.
BONN
“Missionsprokur der Salesianer Don Boscos”
(Procuradoria Missionária dos Salesianos de Dom
Bosco) foi fundada no ano de 1968 pelo P. Rauh,
que a dirigiu por dez anos, até quando o P. Oerder,
atual Procurador, lhe assumiu a direção, levando-
a ao nível de eficiência que possui atualmente. A se-
de está na antiga capital federal da Alemanha. Aju-
dado por uma quinzena de colaboradores leigos e
alguns membros da comunidade salesiana, o Pro-
curador pode desenvolver um consistente trabalho
em favor dos mais pobres em todos os continentes.
A equipe que trabalha na Procuradoria é formada
por pessoas qualificadas e efetua trabalho de qua-
lidade. São muitas as realizações da Procuradoria:
edita várias Revistas (“Fórum Don Bosco”, “Don
Bosco Telex”, “Don Bosco Welt”) e comunicados
para imprensa, produz vídeos missionários, orga-
niza congressos, etc. Apóiam, além disso, a Procu-
radoria perto de 90 grupos, como, por exemplo, a
Fundação dos dentistas, paroquianos que deixam
os rendimentos de suas poupanças para paga-
mento dos funcionários, etc.
A Procuradoria de Bonn colabora com outras
Procuradorias de língua alemã e criou em 2001 o
“D.A.CH.” que reúne três Procuradorias e ONGs da
Alemanha (Bonn e Benediktbeuern), duas da Áus-
tria (Viena) e uma da Suíça (Beromünster). Ajuda,
além disso, a formação de uma Procuradoria FMA
em Bonn e a Jugend Eine Welt, de Viena. O ponto
forte desta Procuradoria é a apresentação de pro-
jetos de tipo pastoral, deixando à sua ONG os de
caráter social.
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2.3 Page 13

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TURIM
A Associazione Missioni Don Bosco (Asso-
ciação Missões Dom Bosco) nasce na Itália em
1990. O objetivo deste organismo da Congregação
é o de animar, na região em que nasceu Dom Bos-
co, a atividade de apoio em favor das missões no
mundo, com o objetivo de levar adiante projetos
de desenvolvimento, de evangelização e de ani-
mação, iniciados em numerosas missões salesia-
nas. Esta Associação atua informando, divulgando
e levando até às casas de muitíssimos italianos a
palavra de Deus, de Dom Bosco e dos seus mis-
sionários.
Junto com a Associação atua também a Ong
“NOI PER LORO” (Nós para Eles) que se ocupa do
relacionamento com as empresas, para ativar
também com o mundo das empresas, projetos de
desenvolvimento em favor dos países mais pobres.
Com o passar dos anos as atividades da Asso-
ciação Missões Dom Bosco ampliaram-se e diver-
sificaram-se. Uma das áreas a que a Procuradoria
dá maior atenção é o da acolhida dos missionários
na Itália. Toda vez que um missionário salesiano
chega à Itália, muitas vezes de um país distante,
encontra uma Casa para acolhê-lo, a hospitalidade
dos irmãos e tudo aquilo de que necessita. De fa-
to, a Procuradoria ocupa-se de sua estadia, resol-
vendo todos os aspectos práticos e providenciando
a todas as suas necessidades.
Outra tarefa importante, dentre as demais ati-
vidades da Procuradoria, é a da documentação fil-
mográfica e fotográfica da atividade missionária no
mundo. Foi-se realizando através dos anos vastís-
simo arquivo fotográfico missionário. Foram além
disso feitos filmes missionários com a finalidade
de documentar as condições de dificuldade extre-
ma, de pobreza e subdesenvolvimento em que tra-
balham os salesianos. Tais vídeos são o testemun-
ho vivo, visível para todos, do trabalho que os mis-
sionários de Dom Bosco realizaram e estão reali-
zando todos os dias em países em via de desen-
volvimento.
As 5 Ongs Internacionais
Jóvenes del Tercer Mundo (JTM)
Fundada em 1988, tem sua sede na Procurado-
ria de Madri e trabalha em estreita colaboração
com ela. Atuam nela um Salesiano e uma dezena
de funcionários. Apresenta projetos às agências pú-
blicas e a organismos internacionais como a União
Européia, para que apóiem os próprios objetivos.
Desenvolve também um trabalho de sensibilização
social em várias áreas, como, por exemplo, o de-
senvolvimento, o voluntariado, a dívida externa,
etc. Atua em todo o território espanhol, com sedes,
graças às Delegações, em 20 cidades do país.
Trabalha com o método do Fundraising e utili-
za os meios mais modernos (comunicados de im-
prensa, rádio, Boletim Salesiano...) para apoiar
projetos de caráter juvenil, educativo e social, di-
rigidos a rapazes em dificuldade ou de rua, e para
as populações pobres e indígenas, em quase 30
países. Vários membros do JTM acompanham os
projetos com visitas regulares aos lugares em que
se realizam. JTM participa também dos projetos
mais importantes, executados em parceria com ou-
tras Procuradorias e ONGs Internacionais.
Outro empenho do JTM é o Voluntariado. Mi-
nistra formação a Voluntários através de cursos re-
gulares organizados em sua sede ou nas Dele-
gações regionais, de envio e acompanhamento du-
rante o período de serviço dos Voluntários.
Jugend Dritte Welt (JDW)
Foi fundada em 1979 e tem sua sede no prédio
da Procuradoria de Bonn (Alemanha). Foi recon-
hecida pelo governo alemão, o que lhe permite
conseguir subsídios destinados ao desenvolvimen-
to nos países com maiores dificuldades e necessi-
dade. JDW está em contato e em relação com mui-
tas instituições e dioceses alemãs e utiliza todos os
métodos modernos disponíveis (fundraising, bo-
letim, comunicados de imprensa, rádio, TV, sítio
internet). A sua finalidade principal é a luta contra
a pobreza e a promoção do homem esmagado por
circunstâncias adversas, apoiando de preferência
projetos de tipo social.
JDW trabalha em estreita colaboração com os
outros membros do Grupo Internacional e
consegue realizar este importante trabalho graças
a uma equipe de funcionários altamente profissio-
nais, totalmente dedicados ao bem do próximo.
Noi per Loro (NPL)
Nós por Eles foi reconhecida como Ong sale-
siana em 1988. Tem como finalidade institucional
o desenvolvimento das relações com empresas,
com o objetivo de alcançar que estas dêem apoio a
projetos e atividades iniciados em lugares de
missão. Cuida da realização de projetos de for-
mação profissional, iniciação ao trabalho, edu-
cação, alfabetização, evangelização, assistência mé-
dico-sanitária, e intervém rapidamente em casos
de emergência.
Seu nome é seu programa: ajudar as popu-
lações em desenvolvimento a se tornarem autôno-
mas na própria terra. Com este objetivo, os mis-
sionários estudam e fazem funcionar, em parceria
com as populações indígenas, projetos articulados
que visam solucionar problemas de estrutura e
culturais, das populações dos Países em Desen-
volvimento.
Entre os seus objetivos está o de acompanhar
todos aqueles países que não conseguem autono-
mamente sair da pobreza, países onde guerras, ex-
ploração, fome e doenças bloquearam toda e qual-
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quer forma de crescimento, países que não têm a
força nem os meios para ativar uma economia de
desenvolvimento. A finalidade da ONG é a de pro-
mover o progresso também através da contri-
buição de experiências, tecnologias e meios que só
uma administração empreendedora e solidária
pode oferecer. Isto é realizado através de uma
ajuda bem direcionada, com projetos a curto e a
longo prazo, que permitem a esses países sair de
uma situação de subdesenvolvimento, a fim de
construir, junto com as populações locais e longe
de uma ótica de assistencialismo, um futuro de
autonomia, dignidade e trabalho em suas terras.
Coopération Missionnaire au Développement
(COMIDE)
‘Cooperação missionária para o desenvolvi-
mento’ foi fundada em 1969 pelos Salesianos do
ex-Zaire, ainda dependente da Inspetoria da Bélgi-
ca Norte (BEM). Sua sede está em Bruxelas. Des-
de o início esta ONG ajudou também outros países
africanos e outras congregações desde o ano de
1973. Reconhecida pelo governo belga, do qual
consegue ajuda para o desenvolvimento, estende
atualmente os seus benefícios a todo o mundo.
Com perto de 20 colaboradores leigos e um
Salesiano, COMIDE apresenta numerosos projetos
de tipo estritamente social (jovens em dificuldade,
formação pela educação) ao Governo belga e a ou-
tras entidades nacionais e internacionais (Comuni-
dade Européia), e apóia numerosas Secretarias de
Desenvolvimento em mais de 20 Países em desen-
volvimento. COMIDE quer deste modo ajudar esses
países a assumirem seu futuro e a se tornarem real-
mente independentes, utilizando os recursos locais,
para não dependerem sempre do exterior.
Volontariato Internazionale per lo Sviluppo
(VIS)
Para “Voluntariado Internacional para o Desen-
volvimento”, Ong fundada em 1986, sediada em
Roma, trabalha um Salesiano e 25 leigos. O VIS
forma e acompanha Voluntários com cursos regu-
lares. Tais voluntários se comprometem por no
mínimo dois anos, e dedicam parte de sua vida ao
desenvolvimento de povos e nações. Os membros
da equipe realizam visitas regulares aos lugares
onde trabalham os Voluntários e executam proje-
tos. O VIS preocupa-se também com a sensibili-
zação da opinião pública italiana na luta contra a
pobreza e pelo desenvolvimento social. Para reali-
zar todos estes objetivos, o VIS promove projetos
de desenvolvimento no mundo inteiro, especial-
mente em favor dos jovens, geralmente no campo
social, recebendo verbas do Fundraising, de
órgãos: governamentais (MAE na Itália), religiosos
(Conferência Episcopal Italiana) ou internacionais
(União Européia, Banco Mundial...). Cuida da
publicação de Revistas (“VISNotizie”, “Piroga”) e
organiza congressos e encontros vários.
R
FOCUS/Aprofundamento 5
Pequenas, mas capazes de criar solidariedade
O grupo das Procuradorias Nacionais
O segundo grupo de Procuradorias Mis-
sionárias existente na Congregação sale-
siana é o das chamadas Procuradorias
Nacionais, que foram criadas entre 1980 e o ano
2000. Encontram-se presentes em todos os conti-
nentes do planeta, e são de dois tipos: as de apoio
aos “Países em Desenvolvimento” e as “autôno-
mas”. Todas as Procuradorias gozam de uma
liberdade de ação e trabalham também elas para
realizar projetos de pequeno e imediato efeito,
como ajuda a estudantes, apoio a obras de mis-
sionários que trabalham em terras de primeira
evangelização.
As Procuradorias Nacionais trabalham em fa-
vor dos países mais pobres e com destinatários
próprios. Nasceram muitas vezes da iniciativa de
poucas pessoas, ou até mesmo de uma só, ajudada
por voluntários ou amigos dotados de um intenso
sentido da solidariedade.
Substancialmente, todas as Procuradorias Na-
cionais desenvolvem algumas das atividades reali-
zadas pelas Procuradorias Internacionais (Fun-
draising, Recursos Públicos ou Particulares, Ani-
mação Missionária...), mas em âmbito mais mo-
desto. Colocam o fruto do seu trabalho a serviço
dos países de Missão, de missionários oriundos do
próprio país ou das Obras da própria nação ou Ins-
petoria. Ajudam também os irmãos individual-
mente a apresentarem os seus Projetos às Procu-
radorias Internacionais ou às Agências que possam
disponibilizar financiamentos mais consistentes.
Afinal, pode-se dizer que o grupo das Procurado-
rias Nacionais trabalha no degrau do 1° Passo da
visão “filosófica” da ajuda às Missões, naquele que
consiste na ajuda direta a Obras ou Países, me-
diante o envio concreto de dinheiro ou material, e
no degrau do 2° Passo quando trabalham pelo seu
país ou Inspetoria. Todo o seu esforço ou trabalho
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é sempre feito na dupla dimensão da ajuda à evan-
gelização e à promoção humana. As Procuradorias
Nacionais estão em contato com o Dicastério das
Missões e apresentam regularmente o balanço de
suas atividades. Do Dicastério recebem apoio para
continuarem o seu trabalho com entusiasmo, espí-
rito de generosa doação e solidariedade, com uma
assessoria simples e direta para apontar as linhas
de trabalho a ser feito, e com a indicação e o envio
de algum subsídio de trabalho. Desde a década de
80, as Procuradorias Nacionais se reúnem uma vez
por ano; mas seu número cada vez maior tornou
menos praticável tal periodicidade, determinando
assim o seu encontro a cada dois anos.
R
FOCUS/Aprofundamento 6
Projetos de Desenvolvimento: como e por quê
E mbora as Procuradorias não sejam Agên-
cias para angariar verbas, e não o devem
ser, julgamos útil explicar em que consiste
o trabalho da apresentação de Projetos para obter
o financiamento em favor de Obras Sociais ou
Educativas por parte de Entidades que os podem
financiar.
Existem, em vários níveis (governos, insti-
tuições internacionais e nacionais, etc.), verbas
destinadas ao desenvolvimento de regiões pobres
ou destinadas ao desenvolvimento de determina-
dos grupos de pessoas. Essas Entidades respon-
dem ao pedido de financiamento, aí, onde vêem
uma necessidade e uma possibilidade de desen-
volvimento. Por isso, é importante conhecer a
caminhada a seguir para ter acesso e alcançar o
objetivo do financiamento. Para esta finalidade, as
Procuradorias internacionais e nacionais, e as
ONGs iniciaram um serviço para a criação e o
acompanhamento de projetos de desenvolvimento
a serem apresentados e realizados.
A elaboração de Projetos apresentados pelos sa-
lesianos de todo o mundo (mais de 1.700 Projetos
só em 2001) é um ponto importante do trabalho
das Procuradorias e das ONGs, embora elas não
sejam “intermediárias”. Os projetos são conside-
rados “grandes” quando superam os 50 mil US$.
Façamos uma exemplificação de alguns proje-
tos levados adiante em 2001.
Escolas - Mais da metade dos grandes projetos
apresentados são destinados às escolas. 80 proje-
tos referem-se à Educação em geral (sobretudo na
África e na América Latina) e 150 foram elabora-
dos para ajudar Escolas Profissionais (África,
América Latina, Ásia). Quase 30 ajudaram Esco-
las Agrícolas (América Latina). Os pedidos de aju-
da foram motivados pelas seguintes situações:
construção, reforma, ampliação, equipamentos de
laboratório, compra de material, apoio econômico
para a realização de cursos de formação ou quali-
ficação de professores; ajuda à educação informal;
inserção no mundo do trabalho após acabar os
estudos.
Emergências - Ajudas como resposta às neces-
sidades específicas: terremotos, enchentes, guerras,
refugiados, etc.
Problemas sociais - 30 projetos, especialmente
na América Latina, resolveram problemas relacio-
nados com: saúde (centros médicos, luta contra a
Aids); seca (construção de poços); luta contra a po-
breza; criação de cooperativas ou micro-empresas,
etc.
Os destinatários da totalidade dos projetos são
jovens pobres ou em graves dificuldades. Na Amé-
rica Latina e na Ásia muitos projetos foram desti-
nados à recuperação de meninos de rua, com o ob-
jetivo de ajudá-los a encontrar uma vida familiar e
um trabalho honesto. Outra categoria de desti-
natários são os jovens sem trabalho ou marginali-
zados do sistema escolar de seus países. E ainda,
camponeses pobres, sem os meios adequados para
sustentar suas famílias; índios abandonados pelo
sistema educativo oficial, recuperação e conser-
vação de sua cultura com centros especializados
(sobretudo na América Latina).
Ainda que não seja a sua tarefa principal, as
Procuradorias Missionárias buscam ajudas para
todos estas Projetos por meio do trabalho de apre-
sentação, acompanhamento, prestação de contas,
avaliação, etc. O dinheiro vai diretamente da orga-
nização que financia a quem fez o pedido, sem pas-
sar pela Procuradoria ou ONG que o apresentou
ou acompanhou. Isto representa uma grande res-
ponsabilidade para as Procuradorias e as ONGs, e
comporta aspectos legais muito sérios. Tudo exige
grande competência técnica, honestidade declara-
da e seriedade da realização do trabalho.
Os projetos devem absolutamente ter a apro-
vação do Inspetor local, e isto compromete legal-
mente toda a Inspetoria na realização do projeto
apresentado de acordo com os termos do contrato
e com as conseqüências jurídicas que poderiam
derivar. É pois importante apresentar projetos in-
seridos num plano inspetorial de desenvolvimento
que sejam uma resposta a um compromisso cole-
gial e não como iniciativa de uma pessoa só. R
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2.6 Page 16

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FOCUS/Aprofundamento 7
Economia e Animação missionária: relação
De P. Gianni Mazzali
F olheando as páginas de sua vida, pode-se
constatar com grandíssima evidência que
Dom Bosco soube unir, de maneira toda
Os pioneiros missionários para chegar, muitas
vezes a pé e com meios improvisados, às aldeias
mais distantes, perceberam como era urgente
pessoal e original, uma indiscutível confiança na buscar auxílio, apoio e meios materiais. A criati-
Providência com aquela incansável criatividade vidade e a determinação ensinaram-lhes a formar
que o levou a se autodefinir um temerário pela com paciência redes de amigos, de benfeitores,
salvação das almas. O paradigma é muito evi- de simpatizantes que, oportunamente sensibili-
dente nos casos de emergência, quando ele pede zados, viessem ao seu encontro com dinheiro ou
a alguns jovens para ficarem na igreja rezando, com o envio de alimentos, roupas, equipamen-
enquanto ele anda pelas ruas em busca das... tos. Alguns grandes missionários formaram
surpresas da Providência.
redes de solidariedade realmente eficientes e
Como nos tempos de Dom Bosco na Turim fortes até ao ponto de permitir realizações im-
pré-industrial, povoada de jovens sem meios em pensáveis sem a ajuda do exterior.
busca de futuro, hoje nos ambientes missioná-
Também hoje, muitas missões salesianas e
rios e mais ainda
inspetorias predo-
nas fronteiras mais
avançadas da evan-
Como nos tempos de Dom Bosco
minantemente mis-
sionárias, podem
gelização e da edu-
cação, há uma
constante necessida-
de de meios mate-
na Turim pré-industrial,
hoje nos ambientes missionários
e mais ainda nas fronteiras mais avançadas
contar com a gene-
rosidade de benfei-
tores, que no início
estavam ligados à
riais e de recursos.
Começa-se pelas ne-
cessidades primá-
rias, alimento, rou-
da evangelização e da educação,
há uma constante necessidade
de meios materiais e de recursos.
pessoa de um mis-
sionário e que agora
continuam a colabo-
rar com os salesia-
pa, moradia, para
nos locais e com as
chegar depois às ne-
mesmas estruturas
cessidade que interessam a educação: prédios das Inspetorias. É interessante constatar que lá
escolares, meios didáticos, livros, equipamento onde os salesianos implantaram a Igreja,
de base. Também a evangelização tem seus cus- também por meio da obra de grandes bispos sa-
tos para a construção de centros de acolhida e lesianos, hoje a Igreja cresceu e os pastores, às
de culto, para a formação de catequistas e de co- vezes não salesianos, continuam a servir-se da
laboradores, para enfrentar viagens e desloca- generosidade dos benfeitores dos missionários.
mentos.
Com o dom da fé e do Evangelho, os missioná-
Em recente viagem minha pelas estradas no rios, sabiamente, souberam também infundir a
Nordeste da Índia, visitando uma das mais experiência da propaganda e da solidariedade
avançadas e significativas fronteiras da missão missionária.
salesiana, pude constatar, especialmente nas
As Grandes Procuradorias Missionárias
áreas mais afastadas e de não fácil acesso, quão (Bonn, Bruxelas, Madri, New Rochelle, Turim)
grande seja a necessidade de meios materiais e nasceram, no século passado, graças à inventiva
quão árduo seja repará-los, mesmo para as ne- de alguns irmãos, que intuíram a possibilidade
cessidades mais imediatas. Cheguei a centros de ampliar e também tornar mais eficiente a bus-
missionários sem luz elétrica, telefone, correio e ca e o contato com os benfeitores. A típica criati-
o mais simples serviço de transporte público. A vidade salesiana e o impulso dado por vários Rei-
missão, com a igreja e a escola, torna-se de fato tores Maiores levaram gradualmente à consoli-
o único ponto de referência para a população, pa- dação de estruturas eficientes, que conseguem
ra os momentos de encontro, para a expressão canalizar o desejo de solidariedade presente em
comunitária da identidade cultural das várias tantas pessoas.
tribos, para oferecer aos meninos e rapazes es-
Graças à coleta de meios financeiros e de
paços concretos para crescer e alicerçar a pró- bens, feita pelas Procuradorias Missionárias foi
pria esperança no futuro. Tudo isso requer re- possível realizar na década de 80 do século pas-
cursos materiais abundantes e contínuos, apesar sado, o Projeto África, em colaboração com vá-
de as exigências serem reduzidas ao essencial. rias Inspetorias do mundo, que puseram à dis-
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posição quer pessoal salesiano quer recursos
materiais. E a fronteira missionária continua
viva exatamente porque existe quem, com fé e de-
dicação, pensa que, na Economia da Encarnação,
os meios materiais são necessários para que a
Boa Nova chegue a todos.
A Congregação recebeu um benefício muito
grande, em planejar o próprio desenvolvimento e
em consolidar as próprias presenças, graças à
grande disponibilidade de meios que a Providên-
cia colocou à sua disposição. Mas o esforço foi e
continua a ser de mão dupla. Por um lado, como
se disse acima, a animação missionária deve ser
apoiada com recursos que localmente não podem
ser achados. Eis a estratégia das Procuradorias
Missionárias e de todas aquelas iniciativas que,
em vários níveis e em diferentes dimensões,
propõem-se como objetivo fornecer às missões,
aos missionários, à mesma estrutura central
salesiana, os meios financeiros necessários.
Por outro lado, é também forte o impulso de
não criar uma total dependência econômica das
fontes externas, dos subsídios, dos recursos vin-
dos dos projetos financiados por diferentes enti-
dades. É importante estimular as realidades lo-
cais, cada um dos centros missionários e sobre-
tudo a estrutura inspetorial para que ative in-
iciativas capazes de captar recursos e disponibi-
lidades internas, por mais modestas e relativas
que elas possam parecer; de individuar quem no
país, no estado ou na nação, pode de qualquer
modo, contribuir, e sobretudo envolver as pes-
soas a suprirem a falta de meios, mediante a co-
laboração ativa, a prestação da mão de obra e a
disponibilidade de energias e de tempo para rea-
lizar iniciativas que são em favor de todos.
E este objetivo está dando os seus frutos
porque muitas inspetorias missionárias criaram
uma “secretaria para o desenvolvimento” e uma
estrutura que se responsabiliza pelos projetos a
serem executados. Localmente é até comovente
ver como, tanto jovens como adultos, não po-
dendo oferecer dinheiro, colocam à disposição
da missão o seu tempo e as suas energias para o
bem de todos.
Durante uma das minhas numerosas etapas
nos longínquos centros missionários do Assam,
na Índia, vi certo dia bom número de homens e
mulheres da paróquia que trabalhavam nas
plantações de arroz da missão: o pároco, um
jovem salesiano, me explicou que se tratava de
um dia inteiro oferecido pelo povo em benefício
da paróquia.
Pensei com comoção que realmente o gesto de
generosidade dos benfeitores distantes se unia
idealmente com a profunda solidariedade desse
povo pobre e sem meios financeiros. Dois aspec-
tos complementares da Providência, que como
para Dom Bosco, continua assistindo quem
anuncia aos pobres a Boa Nova da libertação. R
FOCUS/Aprofundamento 8
Servir os mais necessitados, um dever carismático
Instituições missionárias salesianas à imitação de Dom Bosco
De Renato Butera
A s qualidades que normalmente são atri-
buídas aos filhos de Dom Bosco repetem
as que juntas definem o rosto do homem e
do santo que fez da sua coragem e do seu arrojo os
instrumentos para servir Cristo e a sua Igreja, os
jovens e a sociedade em que vivem.
A história desse sacerdote piemontês do 19º sé-
culo é riquíssima de páginas que ilustram o seu
empenho social e missionário, sempre caracteri-
zado pelos valores evangélicos da fé, da esperança
e da caridade. Sem isso não se poderia ler na sua
limpidez a figura deste homem que produziu uma
imensa cadeia de solidariedade e de paixão pelos
jovens que se traduzia em serviços, edificações, or-
ganizações, escolas, casas, laboratórios, oratórios,
centros de formação profissional, protótipos de
contratos, editoria, tempo livre, associações, obras
de assistência, etc. Um elenco interminável de ser-
viços que começou a ser escrito naquele famoso 8
de dezembro de 1841, quando se pôs, sobre a pá-
gina branca da história das obras salesianas, a pa-
lavra oratório.
A lista continua a enriquecer-se ainda hoje.
Aquela esperança, fundada na fé e vivificada pela
caridade, difundiu-se pelos cinco continentes, em
130 nações, com o trabalho de quase 16.900
consagrados salesianos, coadjuvados por uma in-
contável multidão de pessoas que fizeram da idéia
de Dom Bosco a maneira de viver a própria cida-
dania evangélica, no espírito das bem-aventu-
ranças, sobretudo daquela caridade que individua
as urgências e se torna concretamente generosa. O
ser filho de um santo como Dom Bosco transfun-
diu no DNA de muitos dos seus salesianos aqueles
elementos que o tornaram criativo, empreendedor,
temerário e sonhador... concreto, porque concretas
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eram ou se tornavam as coisas que entrevia, espe- que desmedida é a necessidade em que vive a
rava, sonhava, projetava.
massa dos pobres que precisam ser alcançados e
Não poucos ditos espirituosos atribuíram-lhe o não são. Todo o dinheiro é pouco...: toda a be-
uma “santa avidez” pelas coisas que se teriam tor- neficência é como um conjunto de pequeninos rios
nado as coisas dos seus jovens. A palavra pro- que deságuam num deserto – imenso – de pobre-
vidência detinha para ele o significado de empen- za e necessidade. O trabalho dessas organizações,
ho para obtê-la até ao cansaço, até desfibrar-se, até por outra parte não se reduz somente a recolher
tornar-se aquela roupa puída a que se reduziu “auxílios materiais”, apresentar projetos para o de-
antes de morrer. “Até o seu último respiro”, o últi- senvolvimento humano indispensável, sustentar de
mo seu gesto de força ele o teria empregado pelos formas variadas as missões e a obra missionária.
seus meninos. Uma promessa mantida por toda a Promovem também a Animação Missionária nos
vida, que nunca teve um átimo de incerteza ou países de antiga evangelização, cultivando sensibi-
cedência.
lidade e mentalidade missionária e, educando pa-
ra a justa distribuição
Pintam-se por vezes os Salesianos
dos bens, suscitam vo-
cações para o voluntaria-
como gente que está sempre à procura, quase espasmódica,
do, semeiam criatividade
de fundos, dinheiro, propriedades...
Se isto é verdade, é também verdade que os destinatários
‘projetual’ de pequeno e
grande nível, intervêm na
política de apoio em nível
de toda esta busca nunca são eles mesmos,
de governos e adminis-
mas os jovens de todo o mundo, especialmente os mais pobres,
aqueles que são relegados pelas pequenas e grandes instituições,
trações regionais nacio-
nais e internacionais, en-
corajam a mentalidade
os marginalizados pelas regras da produção.
de solidariedade e não a
de... ‘beneficência de tro-
cados’. As instituições
Pintam-se por vezes os salesianos como gente missionárias de beneficência salesiana não pos-
que está sempre à procura, quase espasmódica, suem fundos próprios, não recolhem para a reter
de fundos, dinheiro, propriedades... Se isto é ver- investindo (como fazem os bancos), mas desenvol-
dade, é muito mais verdade que os destinatários de vem: quer a tarefa de mediação entre quem preci-
toda esta busca não são jamais eles mesmos, mas sa ser subvencionado para um projeto em favor do
os jovens de todo o mundo, especialmente os mais desenvolvimento social cristão e as instituições
pobres, aqueles que são abandonados pelas pe- políticas, governativas, financeiras que podem sus-
quenas e grandes instituições, os marginalizados tentá-lo economicamente; quer o serviço de consul-
pelas regras da produção.
toria e assistência na realização de projetos indi-
O objetivo é a promoção deles, por meio da edu- cando as instituições às quais dirigir-se.
cação e da evangelização. Fazer de todos os jovens
Sem dúvida, a obra das Procuradorias, das
honestos cidadãos e bons cristãos é a meta plan- ONGs e das outras instituições salesianas, ajudou
tada no coração de Dom Bosco e de cada salesia- a sustentar a expansão da Congregação nos vários
no; é a razão de ser da Congregação, o motor que Continentes e sobretudo ajudou incontáveis gru-
move o empenho e a busca de cada consagrado e pos de população a revalorizar a própria vida.
de cada leigo que optou pelo estilo de vida de Dom
Os agentes dessa área e os missionários em ge-
Bosco.
ral, são autênticos pioneiros, corajosos filhos de
É em tudo isso que se enxerta as estruturas Dom Bosco que lhe imitaram e continuam a imitar
com as quais se realiza à missão salesiana. Procu- a audácia, e deram à luz um número consistente de
radorias missionárias, ONGs, Project Offices, De- projetos de desenvolvimento social justo e solidá-
velopment Offices, Associações de voluntariado, rio e que começam a conceber-se em rede para po-
atividades de sensibilização e de beneficência...: tu- tenciar a sua obra de promoção humana. Estas or-
do faz parte de um único organismo que tem a pei- ganizações precisam ser conhecidas e não apenas
to o bem do jovens pobres dos cinco continentes julgadas de modo muito sumário – e por uma óti-
do mundo. Elas não são “máquinas de fazer din- ca inteiramente estranha –, a fim de que possam
heiro”, ou ao menos não só, mas presidem a orga- receber um ulterior impulso no campo da solida-
nização da solidariedade e do auxílio missionário riedade missionária.
salesiano, já difundida em todos os cantos da ter-
Elas são no fundo uma parte daquele único
ra. E se é verdade que essas organizações, na in- organismo salesiano que possui, nos jovens de
dividuação, ação, condução e realização dos pro- todo o mundo, os destinatários privilegiados e, nos
jetos conseguem administrar e investir uma enor- povos mais pobres, o campo de ação carismático.
me quantidade de dinheiro, é também verdade
R
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FOCUS/Experiência
Tipologia de intervenção prática
de uma Procuradoria Missionária Salesiana.
O caso de Turim
INTRODUÇÃO
A Procuradoria Missionária Salesiana de Tu-
rim oferece aos missionários um significativo ser-
viço de assistência na realização de projetos que
são propostos vez por vez, a partir das exigên-
cias e emergências dos diferentes países. Trata-se
de uma atividade complexa que se realiza através
de dois momentos principais, subdivididos por
sua vez em várias fases significativas.
O primeiro momento é o exame dos projetos,
com estes passos: acolhida dos pedidos dos mis-
sionários; estudo e análise dos projetos, através
de um diálogo construtivo com os próprios mis-
sionários, para compreender bem suas exigên-
cias, confrontando e apresentando até soluções
economicamente diferentes; redação final da do-
cumentação e aprovação; visita ao lugar, quando
é possível, para se ter uma visão da situação e
das necessidades da missão.
O segundo momento é o da atuação prática.
As etapas previstas são as seguintes: atividade
de busca e coleta do material e eventuais má-
quinas e instrumentos necessários para a reali-
zação do projeto. Esta fase compreende também
uma ampla atividade de treino com as máquinas
e dos recursos encontrados, numa ótica de ex-
perimentação e de troca contínua de infor-
mações com os missionários que se encontram
no lugar. Envio do material e das máquinas, jun-
to com peças de reposição e periféricos, incluin-
do toda a documentação necessária para a utili-
zação das próprias máquinas. Assistência du-
rante a fase de instalação. Esta fase pode durar
mais ou menos tempo, de acordo com cada uma
das situações.
Um caso específico
O caso da construção do aspirantado de Luan-
da, em Angola, pode ajudar-nos a compreender
em suas fases a individualização de um projeto e
a sua realização.
Os missionários salesianos que trabalham em
Luanda pediram a assistência e o apoio da Pro-
curadoria Missionária Salesiana de Turim.
1° momento: exame do projeto
Os missionários de Luanda foram a Turim, à
sede da Procuradoria para apresentar o projeto
que queriam realizar, levando também fotos e de-
senhos.
Uma vez aceito o pedido, teve início a fase de
análise e estudo, que incluiu também a visita de al-
guns fornecedores, o que se realizou junto com os
próprios missionários, aproveitando da experiên-
cia e do profissionalismo de colaboradores efi-
cientes, prontos a colocar a sua competência, com-
pleta e gratuitamente, a serviço das necessidades e
das exigências das populações em dificuldade. Foi
uma fase bastante longa, porque foi fundamental
ter em consideração as particulares condições
climáticas e de vida do país, conciliando-as com as
exigências de contenção de despesas, junto com a
escolha de material de boa qualidade.
EDITORIAL
(continua da página 2)
O número, acompanhado de outro material infor-
mativo para a animação do Dia Missionário Salesiano,
produzido pelo Dicastério das missões, contém algu-
mas contribuições preciosas nas quais se aprofunda
o significado da política missionária e social da
Congregação de Dom Bosco. Escrevem assim o
Reitor-Mor, P. Chávez, que encoraja à colaboração
sempre mais estreita desses organismos, em nome
da caridade solidária; o P. Ferdinando Colombo,
Delegado nacional da Itália salesiana (CISI) para a
animação missionária, sobre a formação à solidarie-
dade como contribuição ao crescimento integral do
jovens; o P. Francis Alencherry, Conselheiro geral para
as missões, com uma entrevista sobre o empenho
salesiano na evangelização e na promoção humana
e social a ser tornada atual e eficaz dia após dia; o
P. Gianni Mazzali, Ecônomo geral da congregação,
sobre o relacionamento entre economia e animação
missionária; e a Procuradoria Missionária de Turim,
que partilha a experiência da tipologia das suas
intervenções para a realização de projetos de apoio
missionário.
Parece-nos um número interessante, ao menos pe-
lo fato de que nos faz conhecer um mundo nem
sempre conhecido na sua verdadeira e real identidade.
Mas este é um juízo que não podemos nem devemos
dar nós. Fica entretanto o serviço feito à congregação
de Dom Bosco e a experiência de colaboração, para a
informação, com um dos dicastérios em que é organi-
zada, e que esperamos repetir também com outros
organismos do mundo salesiano.
R
A Redação
19

2.10 Page 20

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2° momento: atuação prática
Uma vez estabelecidos os principais passos a
serem dados, os salesianos voltaram para Angola.
Teve início aí a fase concreta da realização do
projeto, que exigiu a ação conjunta e coordenada,
de total colaboração e troca de informações, entre
Itália e Angola. Esta fase exigiu: a oficialização
dos documentos; os que inicialmente eram de-
senhos foram formalizados e assim nasceu de
verdade o projeto que os salesianos apresenta-
ram às autoridades locais competentes, obtendo
todas as autorizações necessárias; escolha e en-
trega das máquinas e as estruturas necessárias
para a construção. Vista a particular situação só-
cio-econômica de Angola, onde o pouco material
disponível custa o olho da cara, os missionários
foram obrigados a importar até o material mais
elementar. Tinham necessidade de tudo: cimen-
to, ferro, vigas, pá-carregadeira, geradores de luz,
máquinas de soldar, arame farpado, tesouras,
etc. Preparação e entrega do material de
construção. Foi uma fase bem complexa que exi-
giu uma ampla e significativa colaboração à
distância com os missionários locais. Enquanto
na Itália se preparava o material básico necessá-
rio e se programava o envio (andaimes, portas,
janelas, ferro), em Luanda os Salesianos inicia-
vam os alicerces e as paredes.
Hoje o projeto está quase concluído e conti-
nua com os últimos detalhes tendo em grande
consideração o diálogo e a satisfação recíproca,
enfrentando e superando vez por vez as pequenas
e grandes dificuldades que se deparam. Neste
sentido, papel fundamental foi o das pessoas de
contato, seja locais seja italianos, que represen-
tam um verdadeiro ponto de referência a que
dirigir-se em qualquer momento e por qualquer
necessidade.
Conclusão
O tipo de intervenção apresentada obviamente
pode ser adaptada às diferentes situações sócio-
econômicas e ao grau de progresso de cada país.
Em particular, com o exemplo da construção
do aspirantado em Angola quis-se apresentar o
caso particular de um país que se encontra em
graves dificuldades devido ao precário nível de de-
senvolvimento sócio-econômico. Por este motivo,
a fase de encontro direto com os Salesianos que
trabalham no local é sempre fundamental.
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