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atos
do Conselho Geral da
Sociedade Salesiana
de São João Bosco
ÓRGÃO OFICIAL DE ANIMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA A CONGREGAÇÃO SALESIANA
N. 428
XCVIII
julho-dezembro 2018
1. CARTA DO
REITOR-MOR
P. Ángel Fernández Artime
PERCORRENDO UM CAMINHO DE FIDELIDADE
Uma saudação na iminência do CG28.................... 3
2. ORIENTAÇÕES E
DIRETRIZES
P. Stefano VANOLI
2.1. À ESCUTA DOS JOVENS EM VISTA DO CG28 ... 18
P. Ivo COELHO
2.2. A FORMAÇÃO ESPECÍFICA DO SALESIANO
LEIGO ................................................................. 21
P. Fabio ATTARD
2.3. PASTORAL JUVENIL E FAMÍLIA .................... 27
P. Guillermo BASAÑES
2.4. MÊS MISSIONÁRIO EXTRAORDINÁRIO DE
OUTUBRO 2019 .................................................. 42
3. DISPOSIÇÕES
E NORMAS
Não constam neste número
4. ATIVIDADES
4.1. Crônica do Reitor-Mor................................... 52
DO CONSELHO-GERAL 4.2. Crônica dos Conselheiros Gerais................... 65
5. DOCUMENTOS
E NOTÍCIAS
5.1. Segundo Seminário de promoção das Causas
de Beatificação e Canonização da Família
Salesiana............................................................. 91
5.2. Venerabilidade do Cardeal Augusto Hlond ..... 96
5.3. Decreto de ereção canônica da Visitadoria “São
Calisto Caravario” da Indonésia.......................... 101
5.4. Decreto de ereção canônica da Visitadoria
“Maria Auxiliadora” de Malta.............................. 103
5.5. Novos Inspetores........................................ 105
5.6. Novos Bispos ............................................. 116
5.7. Irmãos falecidos ........................................ 120
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Direção-geral: José Adão Rodrigues da Silva
Direção executiva: Guido Fontgalland Junior
Coordenação editorial: Maria Fernanda B. Regis
Coordenação de inovação e tecnologia: Edevaldo Gaudencio
Edição: Márcia Helena Rodrigues Paroli
Assistência editorial: Alceni Albino da Silva
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Produção Digital: Marcílio Hebert Canuto
EDITORA EDEBÊ BRASIL LTDA.
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1. CARTA DO REITOR-MOR
PERCORRENDO UM CAMINHO DE FIDELIDADE
Uma saudação na iminência do CG28
Roma, 8 de setembro de 2018
1. A hora do CG28 e os jovens. – 2. Qual é a situação da nossa Congregação?
– Quais são as fragilidades que mais se manifestam? - 3. A missionariedade
da Congregação, fonte de esperança.
Meus caros Irmãos,
Foi publicada, recentemente, nos Atos do Conselho Geral
(n. 427) a carta de convocação do CG28. Nela, fruto da reflexão do
Conselho Geral do mês de abril e da minha visão pessoal sobre a
Congregação, eu convidava a considerar a belíssima oportunidade
oferecida à nossa Congregação Salesiana, como de resto em todos os
Capítulos Gerais, de dar um novo passo no caminho de fidelidade ao
Senhor, nas pegadas de Dom Bosco.
No número supracitado dos Atos do Conselho Geral, eram
explicitados e concretizados muitos elementos a ter em consideração
em todas as Inspetorias e Visitadorias em vista do Capítulo Geral.
Aproveitamos agora a publicação deste número dos Atos para
enviar outras reflexões e deliberações do Conselho Geral com as
informações sobre a agenda e os serviços de animação do Reitor-Mor
e dos membros do Conselho Geral.
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ATOS DO CONSELHO-GERAL
Este novo número dos Atos oferece-me a possibilidade de diri-
gir-lhes uma saudação, caríssimos Irmãos, e escrever uma carta quase
coloquial, que pretende ser uma comunicação fraterna e espontânea.
Nesse sentido, devo dizer que me sinto muito identificado com
o modo de escrever dos primeiros Reitores-Mores que, certamente em
contextos muito diferentes dos nossos, escreviam aos irmãos com um
tom muito familiar e próximo que parecia terem ali, diante dos olhos,
todos os membros da Congregação; como se todos vivessem em
Valdocco. Lendo muitas das cartas do P. Rua, do P. Albera e do
P. Rinaldi, tive e experimentei essas agradáveis sensações.
1. A HORA DO CG28 E OS JOVENS
Já falei disso na carta de convocação. Certamente o próximo
Capítulo Geral, que bate às nossas portas, pede uma preparação ade-
quada de cada Inspetoria e Visitadoria. Posso garantir-lhes que, como
Conselho Geral, esperamos esse acontecimento com grande esperan-
ça; e estamos certos de que será outro tempo de graça e de efusão do
Espírito Santo para a nossa Congregação.
Nestes meses, até hoje, posso testemunhar que recebi uma gran-
de quantidade de mensagens, tanto de Inspetorias como de Irmãos in-
dividualmente, que agradecem pela escolha do tema e encorajam-me
a prepará-lo e a vivê-lo como uma grande ocasião para continuar o
caminho na fidelidade.
Acatei do Regulador do Capítulo Geral a sugestão de organizar
em cada ambiente, em cada Inspetoria ou Visitadoria, uma consulta
aos jovens das nossas presenças. Desejo evidenciar este último ponto.
Caros Irmãos, interpelemos os jovens, todos os jovens: dos
mais próximos aos mais afastados ou daqueles dos quais nós estamos
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mais distantes. Perguntemos a eles o que esperam de nós, como pode-
mos ajudá-los e como eles mesmos podem ajudar-nos a ser mais fiéis
ao Senhor, como Dom Bosco. Não percamos essa oportunidade. Eles
podem ser, conosco, Salesianos de Dom Bosco, os outros protagonis-
tas do nosso Capítulo. A participação deles na assembleia capitular
será – presumo – “simbólica”; mas, mesmo que não possam participar
fisicamente de todos os momentos do CG28, eles estarão presentes
com uma palavra jovem, forte, corajosa e até mesmo “audaciosa”, que
nós acolheremos com o coração disponível.
Como exemplo e com o mesmo estilo coloquial com que iniciei
esta carta, desejo compartilhar dois textos que me chegaram recente-
mente. O primeiro é uma mensagem pessoal que chegou a mim pelo
Facebook; o outro é o testemunho de um jovem que encontrei numa
das minhas últimas visitas.
Transcrevo as duas mensagens como foram escritas por eles,
mesmo com os erros gramaticais. A primeira mensagem, enviada há
duas semanas, vem de uma jovem animadora:
“Caríssimo Padre Ángel,
Vi há pouco a tua mensagem sobre o Capitulo Geral 28 e
decidi escrever-te apenas para dizer-te alguma coisa; o tema
do Capítulo pareceu-me maravilhoso. Já conseguira um pouco
de tempo para refletir um pouco sobre a figura salesiana, da
qual precisa a nossa realidade e nós jovens precisamos, inspi-
rada pela experiência pessoal que vivi com os Salesianos que
me acompanharam ao longo do meu crescimento. Parece-me
que o Capítulo envolva diretamente a nós, jovens em forma-
ção-acompanhamento ou jovens já animadores, desde que so-
mos muito sensíveis aos gestos que possam ser dirigidos a nós.
Sinceramente, algumas vezes senti-me um pouco triste
pois, aparentemente, para alguns salesianos, parecem contar
mais outras coisas como as contas, os objetos da casa, a eco-
nomia, os edifícios, a gestão etc.
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ATOS DO CONSELHO-GERAL
Contudo, o convite a colocar em primeiro lugar as coi-
sas do coração, enche-me de alegria; enche-me realmente de
grande esperança o desafio de deixar a zona de bem-estar por-
que precisamos de Salesianos com convicção, sonho, paixão,
que possam ser testemunhas vivas do amor de Cristo e possam
ser para nós um exemplo de tudo aquilo que Dom Bosco pro-
fessava.
Creio que, assim, poderemos enamorar-nos novamente
deste estilo de vida e, assim, fazer crescer mais a nossa que-
rida Família salesiana, obviamente fazendo todos a própria
parte.
Tenho-te no coração.
Com muito afeto,
P.”
Em minha última visita ao México, um jovem do Movimento
Juvenil Salesiano entregou-me esta carta, depois de ter sido lida em
público:
“Olá, P. ‘Ángel.
Antes de tudo, desejo cumprimentar-te e agradecer-te por
tudo o que fazes.
É um verdadeiro prazer poder compartilhar um pouco da
experiência da minha comunidade como jovem do movimento
salesiano.
Meu nome é A. K. e tenho 23 anos. Sou originário da fron-
teira, de Nuevo Laredo, Tamaulipas. É realmente um desafio
escrever estas palavras e saber que serão lidas pelo sucessor
de Dom Bosco, o nosso amado Dom Bosco, a pessoa que que
inspirou milhares de jovens a converter-se por amor a Deus,
a viver experiências inesquecíveis e conhecer-se mais intima-
mente.
Digo-te que conheço os salesianos há 10 anos. Tenho
como uma grande bênção ter visto nascer um Oratório de um
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CARTA DO REITOR-MOR 7
verdadeiro e próprio lixão; a alegria de ver como se formou
aos poucos uma comunidade que queria trabalhar, fazer a di-
ferença, cultivar um espaço de alegria, convivência e paz para
as nossas crianças e jovens, um lugar onde amar livremente a
Cristo, dedicando tempo e trabalho.
Ao longo deste tempo foi difícil manter vivo o oratório,
devido ao difícil ambiente circunstante cheio de drogas, ál-
cool, tráfico, migração ilegal e onde os mais expostos são os
rapazes e as moças. É difícil a luta que se vive todos os dias,
uma luta de todos contra todos.
Deve-se reconhecer o apoio da comunidade salesiana e
dos voluntários que nos acompanham e procuram livrar os
jovens dessas situações. Ao mesmo tempo, porém, há jovens
enamorados de Jesus e de Dom Bosco, jovens que encontra-
ram uma segunda casa, novos amigos, um lugar onde podemos
expressar-nos e divertir-nos de modo saudável.
Por essa razão, nós jovens de Nuevo Laredo desejamos
dizer a Dom Bosco que queremos ser corajosos como ele em
suportar tantas situações sem nos desesperar e nos entregar-
mos, lutando sempre pelos nossos sonhos, mesmo sem saber
o quão longe podemos ir. Muitos de nós continuam a pergun-
tar-se o que fizemos para sermos escolhidos para conhecer e
viver num Oratório e, nele, aprender a compartilhar o exemplo
de Dom Bosco.
Apaixona-nos saber que ele dedicou tempo e vida pe-
los mais carentes, dando-lhes um lugar onde viver, enviando
pessoas que nos acompanham transmitindo-nos a mesma ener-
gia para crer em Jesus e viver segundo o seu exemplo.
Muitos de nós não imaginam uma vida sem Dom Bosco,
sem Salesianos, e podemos afirmar que, sem ele, não seríamos
enamorados de um jeito ‘doido’ de Deus, cheios de alegria
e grandes experiências. Dom Bosco, tu guiaste os dispersos
que, sem conhecerem a direção de suas vidas, encontraram a
resposta no interior desta casa, escola, igreja e pátio.
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ATOS DO CONSELHO-GERAL
Por isso, querido Dom Bosco, desejo dizer-te obrigado
porque continuas a incentivar e motivar sempre os jovens, e
desejo agradecer-te porque manténs viva a minha ‘Grande
Família Salesiana’, onde vivi os melhores momentos da minha
vida, onde conheci pessoas estupendas, das quais ainda estou
aprendendo, sobretudo a alegria de amar a Deus de um modo
que jamais teria pensado; a felicidade de ser eu mesmo, fazen-
do o que me agrada, sem medo ou vergonha diante dos outros,
vivendo simplesmente na medida máxima o carisma salesiano
e podendo dizer, então, que a minha opção é por Cristo, no
estilo de Dom Bosco.”
Eis aqui dois testemunhos que nos dizem quão importante para
esses jovens o itinerário de vida no ambiente salesiano onde se en-
contram e como o ambiente salesiano os levou e leva ao encontro
com Jesus. Ao mesmo tempo, pedem-nos para estar perto deles, cami-
nhar ao lado deles, especialmente nas decisões importantes, as mais
profundas, as que tocam realmente a vida e o coração deles.
Enquanto escrevo, penso: o testemunho de dois jovens já nos
diz muito; quanto mais nos dirá a palavra de milhares de jovens que
chegará ao nosso Capítulo Geral. O que permitirá ouvir o batimento do
coração deles e não deixará aAssembleia capitular indiferente, porque será
expressão do Espírito Santo que falará também por meio deles.
Caros Irmãos, não podemos nos esquecer de que quem dá pleni-
tude à nossa vida, quem realmente nos “salva” salesianamente, quem
nos modela vocacionalmente são as crianças, os adolescentes e os
jovens do mundo para os quais o Senhor nos chama e aos quais nos
envia.
Aquilo que nos mantém distantes dos jovens não nos salvará
nem reforçará a nossa vocação. Apenas a administração e a gestão
de programas e projetos não nos tornarão mais salesianos no estilo
de Dom Bosco. Somente eles, os jovens, tornarão o nosso coração
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sempre mais salesiano; assim como aconteceu para os jovens de Dom
Bosco que, com a graça de Deus, permitiram que ele vivesse entregan-
do-se até o último respiro por eles.
Essa convicção pede de todos nós uma presença afetiva e efe-
tiva entre os jovens. Uma das expressões do “retorno a Dom Bosco”,
que assumimos como programa para a Congregação nos anos passa-
dos e que deve estar sempre presente em nós, é a presença afetiva e
efetiva entre os jovens. Significa que devemos cuidar do nosso cora-
ção salesiano, que vibra diante da realidade dos nossos jovens, sonha
e espera sempre o melhor para eles, quer compartilhar o seu modo de
viver, como o testemunho dos dois jovens nas cartas que transcrevi.
Eles precisam de nós e nos querem ao seu lado, para acompanhá-los
no caminho da vida.
Meus caros Irmãos, viajando pelo nosso mundo salesiano,
sempre volto comovido e com o coração enriquecido pelo bem que
a Congregação faz em tantos lugares. E, ao mesmo tempo, digo-me:
“Como seriam fascinantes o presente e o futuro da nossa Congregação
se todos e cada um dos meus Irmãos salesianos, em qualquer lugar do
mundo, tomassem o propósito de ser e viver sempre mais pelos nossos
adolescentes e jovens!”.
A Congregação goza, sem dúvida, de uma boa saúde. Creio, ao
mesmo tempo, porém, que se possa dizer que a carta de Roma, escrita
por Dom Bosco, conserva sempre a sua atualidade. Não porque inexis-
ta um clima salesiano em nossas presenças, mas porque, nesse sentido,
devemos exigir sempre mais, muito mais de nós mesmos.
O nosso orgulho deveria estar no fato de que todo menino, me-
nina, adolescente e jovem do mundo, que está em alguma casa salesia-
na e precisa da presença do salesiano, possa encontrá-lo sempre como
amigo, irmão e pai.
Caros Irmãos, sem dramatizar, ouso afirmar que no mundo de
hoje há uma grande “crise de paternidade”. Há muitos indicadores
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10 ATOS DO CONSELHO-GERAL
disso e os especialistas nesse campo bem o evidenciam. Pois bem,
os nossos rapazes e as nossas moças deveriam encontrar nas casas
salesianas o clima que, na liberdade, os ajudasse a crescer em todas
as dimensões da vida deles. Deveriam encontrar pessoas capazes de
acompanhá-los pelos caminhos nos quais se sentissem frágeis e inse-
guros. Deveriam encontrar educadores, salesianos de Dom Bosco e
leigos que trazem Dom Bosco nos próprios corações e retornam sem-
pre a ele, e estão prontos a acolher todos os jovens em suas diversas
situações, assim como são.
2. QUAL É A SITUAÇÃO DA NOSSA CONGREGAÇÃO?
Essa pergunta me é feita muitas vezes nas visitas às Inspetorias.
Durante a celebração do CG28, daremos uma informação sobre
o estado da Congregação. Obviamente a profundidade e a vastidão
do tema não permitem responder agora, de modo adequado, a essa
pergunta.
Em todo caso, caros Irmãos, com toda a sinceridade e objetivi-
dade posso afirmar que a Congregação goza de boa saúde. Estamos
percorrendo, ou tentamos percorrer, um caminho sereno de fidelidade.
Com as nossas forças e as nossas fragilidades, como é natural, mas
caminhando nos passos de Dom Bosco.
As nove “Visitas de conjunto” que foram feitas evidenciaram
o que estou dizendo, como também a avaliação que comunicamos
naquelas ocasiões.
Sobre isso, evidencio apenas alguns indicadores, consciente de
que esta é apenas uma primeira indicação, nada exaustiva.
Os jovens continuam a ser o centro da nossa missão e devem
continuar a sê-lo sempre mais.
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CARTA DO REITOR-MOR 11
E, entre eles, os mais pobres e os mais necessitados. Nestes
anos, insisti intensamente em reafirmar essa prioridade. Igualmente,
os membros do Conselho Geral contribuíram para reforçar essa men-
sagem através das suas intervenções nas diversas nações.
Somos uma Congregação suscitada pelo Espírito Santo para os
jovens e, entre eles, com prioridade absoluta, os mais pobres e os mais
necessitados.
Nem sempre, em todas as casas salesianas do mundo, os desti-
natários são pobres. Muitas vezes, as famílias são simples, humildes,
trabalhadoras. Entretanto, também a presença de outros jovens menos
carentes, graças à sua contribuição, está permitindo a oferta de educa-
ção, formação e evangelização a muitos outros que quase não teriam
essa oportunidade se não tivessem encontrado Dom Bosco e as casas
salesianas.
Recordo que, em todas as Inspetorias do mundo, quando se trata
de fazer um discernimento ou tomar uma decisão inspetorial de qual-
quer tipo, é preciso ter presente que essa opção deve ajudar-nos a ser
mais fiéis ao carisma e à opção prioritária em relação aos mais neces-
sitados. Em caso de dúvida, se houver, o critério deve ser este: o mais
pobre e o mais necessitado, como o foi para Dom Bosco.
Junto à presença entre os jovens e a opção pelos mais
pobres, a evangelização e a educação à fé devem ser sempre a
urgência da nossa Congregação. “Ai de mim se não anunciar o Evan-
gelho!”,1 escreve o Apóstolo Paulo.
Não poucas vezes, sentimo-nos limitados. Os diversos contex-
tos sociais, às vezes, nos freiam e nem sempre sabemos bem como
agir ou nos sentimos sem forças… Contudo, os esforços para fazer
uma verdadeira evangelização e educação à fé são reais.
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12 ATOS DO CONSELHO-GERAL
Acrescente-se a isso a sensibilidade de envolver na missão
salesiana também as famílias dos nossos jovens. Estamos cientes de
que trabalhar pastoralmente com as famílias continua sendo “uma
questão pendente”. Nós o temos dito em muitas ocasiões, mas estamos
tomando providências. Estes anos foram eloquentes nesse sentido.
Vai-se fazendo um esforço expressivo no âmbito da forma-
ção e particularmente no campo da formação dos formadores, tanto
para o Pré-Noviciado, como na formação dos mestres dos noviços e
na preparação de formadores para as demais etapas.
Acrescente-se o trabalho que se faz em quatro Regiões da Con-
gregação, em diálogo com o Reitor-Mor e seu Conselho, para a cria-
ção de uma nova geografia das casas de formação: trabalho que ficou
pendente devido às profundas mudanças vividas em algumas Inspeto-
rias nos últimos anos.
A reorganização das casas de formação refere-se à Região
Interamérica, à Região América Cone Sul e às duas Regiões da
Europa. Essa reorganização ainda é esperada nas Regiões da África e
Madagascar, Ásia Sul, e Ásia Este e Oceania, mas com a firme decisão
de a situação ser enfrentada pelo Reitor-Mor e seu Conselho.
O Capítulo Geral dirá obviamente uma palavra muito qualifi-
cada sobre a formação dos Salesianos de Dom Bosco como resposta
ao tema do próprio Capítulo: “Quais Salesianos para os jovens de
hoje?”. E será, sem dúvida, uma magnífica oportunidade para sermos
mais fiéis, também hoje, e respondermos ao que o Senhor espera de
nós, num mundo e numa sociedade complexa onde o carisma sale-
siano é de grande importância e mais necessário do que nunca.
Não menor é o esforço que se faz na Congregação em
relação à Economia e à transparência econômica em todas as partes
do mundo. A realidade não é homogênea, bem o sabemos. Contudo, é
importante saber que se vai dando passos muito expressivos.
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CARTA DO REITOR-MOR 13
A realidade da comunicação social nas Inspetorias é hete-
rogênea. Algumas deram passos muito expressivos para não reduzir
a comunicação social apenas ao uso dos meios tecnológicos, mas
valorizá-la como linguagem, como meio para que a pastoral seja mais
incisiva e sempre com a opção clara de tornar visível e conhecido o
bem que se faz.
Em outras zonas do mundo, a realidade é mais pobre e precisa-
mos continuar a crescer.
Quais são as fragilidades que mais se manifestam?
A mais evidente, que ousaria dizer comum à vida religiosa
apostólica (ou vida religiosa ativa) em toda a Igreja, é a fragilidade do
nosso testemunho de sermos consagrados, ou seja, testemunhas de
Deus. A nossa vida, mais pelo que somos e não só pelo que fazemos,
deve tornar visível e transparente a humanidade de Deus entre o povo.
Caros Irmãos, o CG27 enfrentou muito bem essa realidade e
demos passos notáveis, mas esse aspecto continua ainda um dos pon-
tos mais frágeis. De fato, sentimo-nos mais à vontade em fazer, em
ser criativos, em administrar e organizar mais do que em testemunhar
com o nosso modo de viver, rezar, falar e trabalhar, que somos consa-
grados a Deus. Ouso dizer que esse é o “nosso calcanhar de Aquiles”.
Também devemos continuar a crescer nos próximos anos no
sentido de identidade e pertença à nossa Congregação.
Recordamos, certamente, ao menos aqueles que não são mais
tão jovens na Congregação, a advertência dada pelo P. Egídio Viganò
sobre o perigo do genericismo. Depois de trinta anos, o perigo verifi-
cado em alguns Irmãos, dos quais uma parte importante é formada por
presbíteros que buscam um Bispo para incardinar-se numa Diocese, é
justamente o de uma frágil identidade salesiana, de um escasso sentido
de pertença. Às vezes, estamos muito distantes daquele amor por Dom
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14 ATOS DO CONSELHO-GERAL
Bosco expressado pelo jovem João Cagliero: “Frade ou não frade, eu
fico com Dom Bosco”.2
Há ainda outros dois elementos que considero muito importan-
tes e dos quais falei nas 70 Inspetorias e Visitadorias que visitei.
Desde os primeiros meses do exercício do meu serviço como
Reitor-Mor, comecei a intuir algo que compartilhei com o Conselho
Geral e que, juntos, aprofundamos.
A minha surpresa se deu quando, no final de novembro de 2016,
o Papa Francisco recebeu a União dos Superiores Gerais em audiência
particular, que o Papa quis com os 117 Superiores Gerais, um encontro
que durou mais de três horas e que foi realizado na sala do Sínodo dos
Bispos. O Papa falou-nos do que trazia no coração e falou-nos como
um pai fala com seus filhos, conhecendo muito bem a nossa condi-
ção de religiosos; falou-nos com toda a liberdade, sem gravador, sem
televisão ou outros meios, e ofereceu-nos a sua visão sobre a Igreja e
sobre a vida religiosa.
A certa altura, o Papa falou-nos da sua preocupação em relação
a dois grandes problemas que afligem a Igreja. Com energia excepcio-
nal, disse-nos que esses problemas se chamam clericalismo e busca
de poder. É fácil e imediato pensar na nossa Congregação, porque
em alguns casos essas tentações batem com força à nossa porta e há
Irmãos que cedem diante delas. Por outro lado, são tentações muito
sutis, que se apresentam como proveitosas, a ponto de parecerem uma
forma de agir normal, adequada e até mesmo correta.
Com clericalismo não se quer fazer referência à condição dos
Salesianos presbíteros. Em nossa Congregação, setenta por centro dos
Salesianos são também presbíteros e esse é um modo belo de viver
a única vocação religiosa à qual somos chamados: ser Salesianos de
Dom Bosco, como Salesianos presbíteros ou Salesianos Coadjutores.
2 Cf. MB VI, 334.
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CARTA DO REITOR-MOR 15
O clericalismo, porém, tem muito a ver com acreditar que, pelo
fato de ser padre, alguém tem toda a autoridade e tudo deve passar
pelas suas mãos. Tem a ver com a tentação do carreirismo. Tem muito
a ver com a criação de dependências – e há Irmãos que gostam de ter
pessoas que “dependam deles”.
O segundo perigo refere-se à tentação do poder. E, quando digo
“poder”, não me refiro imediatamente à autoridade. Se a autoridade é
vivida com o espírito evangélico de serviço, não há qualquer perigo
da busca de poder... Mas quando a responsabilidade, o cargo e a au-
toridade são vividos como poder (não poucas vezes com orgulho) e
como exercício do poder sobre os outros porque dependem dos nossos
recursos econômicos, ou da concessão de um trabalho, ou beneficiam
um e outro conforme os próprios desejos... Pois bem, nesses casos é
necessário voltar a viver segundo o Evangelho para não cair nas redes
sutis tecidas pela tentação do poder.
E não devemos acreditar, caros Irmãos, que estamos imunes
a esse risco. Todos e todos os dias, a começar por quem escreve,
devemos examinar-nos sobre esse risco diante do Senhor e pedir a sua
Graça para viver permanentemente na dimensão do dom e do serviço
simples e transparente.
3. A MISSIONARIEDADE DA CONGREGAÇÃO, FONTE
DE ESPERANÇA
Caros Irmãos, não posso concluir a minha carta sem me referir
à outra realidade que considero importante.
Sabemos pelas nossas Constituições e Regulamentos que, ju-
ridicamente, somos reconhecidos na Igreja como Congregação de
Vida Apostólica com um carisma preferencial pelos jovens, entre eles
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16 ATOS DO CONSELHO-GERAL
os mais pobres e abandonados. Não estamos entre as Congregações
reconhecidas oficialmente como “missionárias”, é verdade. Contudo,
sabemos que a dimensão missionária da Congregação era algo
essencial e prioritário para Dom Bosco e é, e deve continuar a sê-lo,
também para nós hoje. Sob esse aspecto, a Congregação continuará
a gozar de boa saúde se continuar a manter e a intensificar o próprio
caráter missionário.
Sinto uma grande alegria por isso e agradeço muitas vezes
ao Senhor por esse dom e porque Ele continua a cuidar da nossa
Congregação, além de chamar muitos Irmãos a viver a própria voca-
ção salesiana missionária ad gentes, ad vitam.
Vi crescerem, nestes anos, as respostas de muitos Irmãos a esse
chamado do Senhor.
Vi que nas Inspetorias esse chamado e a disponibilidade dos
Irmãos foram muito respeitados, também à custa de “perder” Irmãos
das próprias Inspetorias para oferecê-los a outras zonas da Congrega-
ção. Evidencio a generosidade manifestada por algumas Inspetorias
que poderiam ter muitas razões humanas para dizer que suas neces-
sidades não permitem ajudar a outras. Contudo, com uma visão de fé
e crendo realmente que é o Senhor quem chama, facilitaram todos os
processos.
Vi, enfim, que diante da ajuda específica solicitada, por exem-
plo, para a fundação da nova presença no campo de refugiados em
Palabek (Uganda), com a criação de uma comunidade internacional,
vários Inspetores puseram à disposição excelentes Irmãos dos quais
precisavam.
Isso tudo se chama visão de fé, fala de sentido de Igreja e de
Congregação, fala de generosidade. E não nos esqueçamos de que
Deus nunca se deixa vencer em generosidade.
Aumentou de 60%, no último ano, o número de Irmãos que,
depois de um sério discernimento pessoal, inspetorial e sucessiva-
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CARTA DO REITOR-MOR 17
mente em diálogo com o Reitor-Mor e o Conselheiro Geral para
as Missões, manifestaram a própria generosidade pela missio ad
gentes, ad vitam.
Não resta dúvida de que, com a paixão evangelizadora e educa-
tiva pelos jovens, com a paixão salesiana de estar ao lado dos mais po-
bres e dos mais necessitados e com o desejo de crescer e acompanhar
sempre mais as famílias e o itinerário de fé e discernimento vocacional
de seus filhos, a resposta ao chamado missionário é outra das grandes
bênçãos e uma via segura de fidelidade da Congregação.
Cumprimento-os, caros Irmãos. E desejo fazê-lo com o mesmo
tom familiar e próximo que desejei dar a esta carta, transmitindo-lhes
o que trago no coração.
Obrigado a todos e a cada um dos Irmãos pela resposta generosa
ao Senhor com coração salesiano.
Obrigado pela vida de cada um, meus caros Irmãos Salesianos,
verdadeira riqueza e patrimônio da nossa Congregação.
Obrigado por terem desejado vivenciar um caminho belo e
autêntico segundo o Evangelho, com Dom Bosco, como Dom Bosco,
e por serem os Salesianos que o mundo de hoje e os nossos jovens
esperam e dos quais precisam.
Nossa Mãe Auxiliadora nos segue e nos acompanha.
Ela fez tudo, Ela nos acompanha fazendo tudo!
E Dom Bosco nos acompanha guiando-nos como filhos, guian-
do a sua amada Congregação.
Com afeto sincero,
Ángel Fernández Artime, sdb
Reitor-Mor
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