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DOM BOSCO
SONHADOR
INSPIRADOR
PROMOTOR
EDUCADOR
FUNDADOR
COMUNICADOR
SANTO

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SALESIANOS 2013
Capa:
Vamos abrir os nossos corações
Missionários salesianos na Áustria,
- Praveen Antony (Índia)
- Tchoungang Simplice (de Togo),
"Cada país é u‘a missão - não há limites
para Deus e seu Evangelho."
índice
Reitor-Mor, Dom Bosco escreve…
Dom Bosco Abençoa Pequim
Braços e mãos que se cruzam
Formando leigos para transformar a socie-
dade
Recontar Dom Bosco
«Recebi tanto e gratuitamente! Quero retri-
buir. E gratuitamente!»
'Dai-me homens à altura das minhas monta-
nhas!’
O sonho de Dom Bosco, Entrevista com
Starsky
Social Network Salesiana, Dos jovens para os
jovens
Canta pelo social e direitos humanos
Magia à Dom Bosco
Realmente em casa com Dom Bosco
Um coração que pulsa no centro do mundo
Romênia, Ser Dom Bosco hoje
Sicelo: um pedido satisfeito!
A tipografia de Dom Bosco completa 150
anos
BIOSELVA e desenvolvimento integral
Papua Nova Guiné, À descoberta das missões
salesianas
Criando cultura missionária para os nossos
jovens
Nigéria, o gigante jovem da África
Como ovelhas sem pastor
Missionário reciclado
Da Valtellina às Ilhas Salomão
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SALESIANOS 2013
Edição em português, 8 de dezembro de 2012. Roma

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Precede, protege e aprende a partilhar
Centro Salesiano do Adolescente Trabalha-
dor, CESAM
Supermercado como Escola
Ajudando a fazer tijolos de esperança!
Movimento Juvenil Salesiano do Trivêneto
Dom Bosco hoje no mundo do Trabalho
Aprender a arte de viver
MJS Valência: Encontros de Caminhada For-
mativa
Sonho que dura um século
Famílias caminhando na escola de Dom
Bosco
Tabernáculos de esperança
Dois corações e um carisma: Maín, Casa da
felicidade
140 anos de serviço aos jovens
Dom recebido, compromisso assumido
De aluno a professor, A história de William
Dom Bosco Escritor
Um empenho atual pela boa imprensa
Ciência e Tecnologia: a serviço de quem?
O Evangelho através da mídia
Agite & Reze, App para iPhone & Android
Uma rádio feita por meninos de rua
Os mirins da Fé, Livrinhos práticos para todo
cristão
Festiclip: Clipes de jovens para jovens
Nino Baglieri, apóstolo incansável
Do «Inferno» às portas do Céu
Um Dom Bosco novo
Santidade familiar
P. Filiberto González Plasencia, sdb
Conselheiro para a CS
Caríssimos amigos e amigas,
“Salesianos” compraz-se em compartilhar com todos, desde este
número, um processo e Projeto de Congregação. É algo que está a pedir
uma caminhada de preparação que seja não só frutuosa para todos nós
mas sobretudo para os jovens mais necessitados da sociedade. Trata-se de
preparar o Bicentenário de Nascimento do Santo Dom Bosco.
Nossa revista acompanha a caminhada deste enorme aconteci-
mento apresentando obras, experiências e testemunhos, específicos para
cada um dos três anos de preparação, culminando com o da celebração.
A finalidade dessa indicação de caminhada comum, que nasce do “dá
míhi ánimas, cétera tólle”, é, com palavras do Reitor-Mor, P. Pascual
Chávez, “assumir o programa espiritual e apostólico de Dom Bosco e a
razão do seu incansável trabalho “pela glória de Deus e pela salvação
das almas”. Assim poderemos reencontrar a origem do nosso carisma,
o fim da nossa missão, o futuro de nossa Congregação”.
Três são as etapas que nos preparam para a celebração do Bicente-
nário, marcada cada qual por datas e temas programáticas: a primeira
etapa se refere ao conhecimento da historia de Dom Bosco – de 16 de
agosto de 2011 a 15 de agosto de 2012; a segunda pede-nos aprofundar,
atualizar e praticar a Pedagogia de Dom Bosco – de 16 de agosto de 2012
a 15 de agosto de 2013; a preparação culminará com o aprofundamento
e a vivência da espiritualidade de Dom Bosco e esta terceira etapa nos
ocupará de 16 de agosto de 2013 a 15 de agosto de 2014.
Neste número compartilhamos o que já se viveu na primeira etapa,
centrada no conhecimento da história de Dom Bosco: sua figura, sua
experiência de vida, suas opções. O estudo de Dom Bosco é a primeira
condição para se poder comunicar seu carisma e propor sua atualidade.
Diz o Reitor-Mor: “Sem conhecimento não pode haver amor, imitação,
invocação; só o amor impele ao conhecimento. Trata-se, pois, de um
conhecimento que nasce do amor e propele ao amor”. Haverão de dar-
se conta por este motivo que o fio condutor dos artigos não remete uni-
camente à historia de Dom Bosco: faz-nos antes notar que, na
apresentação de pessoas, comunidades, obras e projetos, Dom Bosco
continua vivo. Persiste fazendo historia.
Agradecidos pela acolhida que continuam a dispensar à revista ‘Salesianos’,
seu servidor e equipe de redação convidam-nos, a todos, a envolver-se com Dom
Bosco e a Família Salesiana pelo bem dos jovens mais necessitados.
Com muita amizade e estima,
8 de dezembro de 2012
redazionerivistesdb@sdb.org, www.sdb.org, ©Direzione Generale Opere Don Bosco SALESIANOS 2013
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Dom Bosco Escreve…
4
SALESIANOS 2013

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Dom Bosco
ESCREVE
Escrevo-lhes,
como pai e amigo,
por meio do meu nono Sucessor.
Meus amados filhos,
Tenho ainda impresso na mente e no coração o
encontro que tive com vocês em Madri, no dia
17 de agosto, no grande pátio do Instituto Salesiano
de Atocha. Uma experiência certamente
inesquecível do ponto de vista emotivo, mas
principalmente muito significativa do ponto de vista
salesiano.
Alegrei-me ao ver o seu senso de responsabilidade,
o seu orgulho de serem jovens empenhados em
viver a própria fé. Admirei o seu desejo de investir
bem a própria vida, segundo o projeto de Deus e o
sonho que conservam no coração. Comovi-me ao
vê-los rezar, acolhendo a Palavra com alegria. Foi um
encanto vê-los imersos no silêncio adorante de
Jesus Eucaristia. À luz de tudo isso, a alegria de vocês
pareceu-me ainda mais bela, mais pura, mais
contagiante. Alegrei-me, depois, ao ver entre vocês,
com tantos jovens animadores, muitos Salesianos e
Filhas de Maria Auxiliadora. Entre eles, vários
Inspetores, delegados e delegadas de Pastoral
Juvenil. É aí o lugar deles! Presentes e atentos à vida
de vocês, aos seus desejos e ao mesmo tempo fiéis
acompanhadores do crescimento de vocês e da sua
caminhada espiritual.
Estou feliz, também, por saber que estão
preparando uma grande festa para 2015. Aqui em
cima, no céu, contemplando o rosto de Jesus,
conhecemos toda a história que se desenrola na
terra. É uma história belíssima porque redimida;
entretanto, às vezes, vocês só conseguem ver a
história em seus aspectos mais difíceis.
Diversamente de quanto talvez pensem, não há
distâncias entre nós e vocês, pois bem sabem que,
desde o momento em que Jesus entrou na história
com o seu Natal, não há nascimento humano que
não seja sagrado, não há rosto de criança que não
traga impressa nos olhos a Luz resplandecente do
Redentor. Essa proximidade torna mais autêntica e
eficaz a minha presença entre vocês, real como nos
tempos do Oratório de Valdocco em Turim, com a
vantagem a mais de poder viver em todas as
presenças salesianas espalhadas em 130 países do
mundo.
"O meu sonho… o sonho de vocês… o
sonho de Deus"
O sonho dos nove anos, como eu vos disse muitas
vezes, foi o evento que marcou a minha vida, que
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5

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me deu, com o passar do tempo, a inspiração para
orientar-me na escolha do campo onde trabalhar, a
capacidade de imaginar um sistema pedagógico
vitorioso para conquistar o coração de vocês, a
paciência temerária de lutar para mudar o mundo, o
seu mundo.
Com a ajuda do Senhor, eu também convido vocês,
que são a "esperança encarnada", a encontrarem,
entre as muitas insinuações ilusórias que lhes são
sugeridas, o sonho que os torna pessoas criativas.
Sonhar com o coração voltado para Deus e com os
pés na terra não é evasão, mas significa abrir a
própria vida a algo novo, que ainda não se conhece
plenamente, mas que, em todo caso, se sente como
significativo. Significa projetar-se para alguma coisa
que ainda não se possui, mas em que alguém se
reconhece; significa descobrir com inteligência a
presença de "um Deus que os acompanha" no fluir
dos dias. Nenhum projeto, do mais modesto ao mais
prestigioso, que encha a existência de sentido, pode
ser realidade sem ser antes guiado e nutrido de um
sonho. Para fazer escolhas corajosas no interior de
uma sociedade líquida, sem alma e pobre de valores,
é indispensável reencontrar a força de ter amplas
visões que desenraízem o homem da sua
mediocridade e o façam caminhar para novos céus
e nova terra.
Ao completar 58 anos de idade, escrevi a mando do
Papa Pio IX, a história dos primeiros quarenta anos
da minha vida, dando-lhe o título de "Memórias do
Oratório de São Francisco de Sales". Não o fiz
certamente por desejo de imortalidade ou por
vontade de grandeza. Somos eternos porque
estamos no coração de Deus, amados e salvos pelo
seu Filho Jesus. Foi um gesto de amor que eu fiz, um
testamento espiritual para ajudá-los no presente e
no futuro. Convido-os a ler essa "vivência", não tanto
pela curiosidade histórica do meu passado, quanto
para que, entre as linhas marcadas de sangue e suor,
descubram que a finalidade de tudo é realizar a vida
plenamente. Compreenderão então que aqueles que
têm responsabilidades educativas devem
necessariamente entender a própria vida como
serviço de amor, devem ler o seu tempo como
oportunidade de acolhida, devem adquirir
conhecimento não para humilhar ou manipular, mas
para "plasmar" o coração, a fim de orientá-lo para
Cristo. Educar revela-nos como enamorados de Deus e
do homem, por ser um exercício prático de caridade.
6
SALESIANOS 2013

1.9 Page 9

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Enquanto abraço todos vocês com afeto, gostaria de
revelar-lhes o maior segredo do meu coração.
Sempre acreditei que a minha missão devia ter um
caráter especial: salvar os jovens através dos jovens.
Sempre desejei que o meu amor por vocês fosse
uma missão compartilhada e que vocês mesmos
fossem apóstolos dos jovens. Há quem possa querer
alguma coisa ou algum ideal à força, mas se não
encontrar a modalidade adequada, sua capacidade
de perseverar vacila, porque o que não convence
não pode ser meta estável de uma vida. Como nos
tempos de Isaac, devemos cavar novos poços, dar
vida a uma cultura nova, a novos modos de viver
juntos. Conto com vocês, aposto de novo a minha
vida em suas capacidades de se reerguerem, de
readquirirem confiança na vida, nas intuições para se
programarem um futuro de solidariedade e de paz.
de Deus espalhados pelo mundo, na esplêndida
História da salvação.
Sejam os novos profetas, homens capazes de indicar
na desorientação dos espíritos o caminho a
percorrer e, na incerteza do instável, o novo que
Deus faz desabrochar no coração e na história. O
sentido da vida, como profecia e como missão,
torna-se um tesouro imenso para a sociedade.
Não há mais tempo ou espaço para a mediocridade,
pois a tepidez e melancolia espiritual estão nos
forçando a nos nutrirmos das sobras culturais do
nosso tempo. Queridos jovens, não arruínem a
própria juventude vivendo-a de modo superficial,
sem bússola e sem energia! Sonhem coisas grandes!
Realizem coisas grandes em suas vidas!
Ao formar o meu grupo de Salesianos dirigi tudo aos
jovens e foi uma revelação vitoriosa. Somente vocês,
jovens, têm a potencialidade de transformar os seus
conhecimentos em sabedoria, e de inserir essa
sabedoria na vida. Não se dobrem sobre si mesmos,
viajantes cansados e resignados, mas interpretem a
própria condição humana como "aventura divina",
envolvendo-se e integrando-se com todos os filhos
Com amor de um pai,
Roma, 31 de janeiro de 2012.
O seu Dom Bosco
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SONHADOR
Dom Bosco abençoa Pequim
Braços e mãos que se cruzam
Formando leigos para transformar a
sociedade
Recontar Dom Bosco
«Recebi tanto e gratuitamente!
Quero retribuir. E gratuitamente!»
'Dai-me homens à altura das minhas
montanhas!’
O sonho de Dom Bosco
Entrevista com Starsky
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SALESIANOS 2013

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Nessa idade tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por
toda a vida.
(Memórias do Oratório)
SALESIANOS 2013
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Dom Bosco Abençoa
Pequim
Dom Bosco teve um sonho. Um sonho famoso e missionário tido na cidade de
Barcelona, Espanha. Está-se realizando graças à presença da Família Salesiana em
132 países do mundo. A linha traçada no sonho (de Santiago, no Chile, a Pequim,
na China) está-se a completar e podemos estar certos de que os filhos de Dom Bosco
se mantiveram fiéis à recomendação de Dom Bosco de cultivarem sempre a virtude
da Virgem Maria, a exemplo do seu próprio pai e fundador…
Então, qual a pequena coisa que ainda está fal-
tando? O mundo encheu-se do espírito de
Dom Bosco: desde Santiago, no Chile, até sua an-
típoda Pequim, na China, onde, é claro, estão os
salesianos, mas sua presença ainda não é oficial.
E embora os demais lugares citados no sonho –
Hong Kong, Calcutá, África, Madagascar – pos-
suam presenças salesianas já bem consolidadas,
Pequim, que se encontra no fim da linha traçada
por Maria SS., continua um lugar aonde o amor
de Dom Bosco pelos jovens ainda não se pôde
expandir. Que pensaria a respeito Dom Bosco
hoje, a quase 200 anos do seu nascimento?
Talvez tenha sido o próprio Dom Bosco a decidir
pela sua peregrinação pelos países da Ásia Orien-
tal e Oceânia. No início da sua peregrinação a essa
por Seo Jeongkwan Hilario
Região, que obviamente inclui Pequim e é
uma significativa referência ao sonho –
decidiu buscar a melhor maneira
para se aproximar de
todos esses
pobres jovens que,
com grande anseio, esperavam
pelo seu amor paterno.
A Urna de Dom Bosco, depois de longa peregri-
nação pela América, voltou à Itália, para em se-
guida rumar à Coreia do Sul e começar ali a fase
da peregrinação pela Região Ásia-Oceânia. E foi
no dia 25 de outubro de 2010, às 15h50, que
muitas comunidades salesianas, particularmente
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SALESIANOS 2013

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a da Pisana, em Roma, onde reside o IX Sucessor
de Dom Bosco, P. Pascual Chávez, receberam a
notícia de que, naquele exato momento, a Urna
de Dom Bosco se encontrava em voo por sobre
a cidade de Pequim. Enquanto pois em Roma ce-
lebrava-se a Missa matutina, a Urna de Dom
Bosco pelo vôo KE927 de rumo a Seul sobre-
voava os céus da Capital Chinesa: como autor
deste artigo, posso atestar que eu também
estava a viajar com Dom Bosco da Itália para Seul.
Dom Bosco estava assim a cruzar os céus daquela
cidade que havia sonhado em Barcelona, cidade
que tanto desejava visitar para poder ali construir
um oratório para os jovens mais pobres e neces-
sitados, cidade em que ansiava ser pastor de um
rebanho e levá-lo depois a verdes pastagens. Foi
uma passagem veloz, vendo a cidade a 10 000
metros de altura. Mas Dom Bosco sabe que um
dia as palavras de Maria tornar-se-ão realidade e
há de acorrer àqueles jovens que, há tanto
tempo, esperam pela chegada de um pai que os
ame.
SALESIANS 2013
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2.4 Page 14

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Braços e mãos
que se cruzam
“E’ ele ou não é ele?”
“E’ verdadeiro ou apenas uma estátua?”
Muitos dos presentes estavam
como que perdidos em silencio-
sos pensamentos. Continuavam a
fazer-se perguntas que vinham do
fundo d’alma. E foi também um mo-
mento de estupor, como o do centu-
rião romano e sua famosa frase: “Este é
realmente o Filho de Deus” (Mt 27,54).
A veneração da relíquia de Dom Bosco
foi algo semelhante. Todos os que apa-
rentemente estavam ali somente para
uma pequena parada diante de uma
coisa visível, nunca teriam podido
tocar o invisível, o divino, o maravi-
lhoso, o extraordinário, se não fosse
pelos missionários que fizeram com
que Dom Bosco e as suas Relíquias
fossem para ali trasladadas. Cada um
de nós, para perceber algumas coisas
com o coração, deve fechar os olhos.
Quem quer que esteja em condições
de dar um passo iluminado pela fé
descobre um mundo cheio de graça,
uma oportunidade apresentada em
verdadeira baixela de prata, por causa
da decisão tomada pelo Reitor-Mor, P.
Pascual Chávez, e o seu Conselho, de
fazer com que os Jovens se encontras-
sem com Dom Bosco, em todas as
partes do mundo, onde quer que eles
estivessem, contanto que haja o canto
do Magnificat pela boca dos pobres e
dos jovens abandonados.
por Jean-Marc Marie Mutangala
Chegou-se pois a um autêntico con-
certo de mãos: todos queriam tocar
em Dom Bosco, todos queriam ache-
gar-se e roçar os traços visíveis do ca-
risma salesiano. Dom Bosco não era
portanto uma invenção dos missioná-
rios, mas algo real. Para todos nós.
Dom Bosco estava ali. Exatamente
diante dos nossos olhos.
As ruas transbordavam de gente, de
ambos os lados. Todos queriam tocar
em Dom Bosco. E com as próprias
mãos. Eram mãos que se esticavam
para alcançar e braços que se cruza-
vam e entrecruzavam! Se em alguns
países, por pura crendice, evita-se – ao
saudar-se, ajudar-se, etc. – que o braço
de um se sobreponha – em cruz – ao
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SALESIANOS 2013

2.5 Page 15

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Dom Bosco visitou a República Democrática do Congo, no coração da
África, de 16 de março a 15 de abril de 2012. Procedente da cidade de
Brazzaville (Congo), Dom Bosco aterrissou às 9h30, em Kinshasa. Como em
todo encontro com um santo no âmbito da Igreja Peregrina, houve um
momento de silêncio, de curiosidade, de grandes emoções vindas do coração.
braço ou braços de outro, na RDC, ao
contrário, as mãos dos que se buscam,
dos que se amam, dos que trabalham,
sim, podem-se cruzar. Sem ridicularias.
Dom Bosco era o santo do povo e tal
foi durante toda a sua permanência no
meio de nós. O trânsito estava sempre
fechado, porque na rua, os jovens
eram sempre maré para tocar o corpo
do seu Mestre. Parou até o seu próprio
cortejo quando uma menina, toda en-
tusiasmo, pulara do seu ônibus para ir
tocar a mão de São João Bosco.
Dom Bosco fez chorar pessoas que não
tinham fé, no momento em que se
deram conta que haviam recebido o
presente de ver-se a si mesmas. Fez si-
lenciar alguns descrentes quando viram
que tudo prosseguia na melhor das
maneiras, como se fosse conduzido por
mão invisível. Abriu os corações de
muitas pessoas que se confessaram e
assim se libertaram do pecado. Reuniu
pessoas de variadas classes sociais em
torno do Altar de Jesus Cristo. Mostrou-
se como sempre o discípulo de Cristo:
que chama, que reúne em torno da
mesa do Cordeiro pascal.
A urna de Dom Bosco visitou as várias
comunidades e obras de Kinshasa, de
Goma e de Lubumbáshi. Para nós, essa
presença foi motivo de conversão e re-
descoberta do carisma salesiano. Cada
grupo da Família Salesiana pôde outros-
sim renovar suas próprias promessas.
O peregrinação de Dom Bosco é por-
tanto uma fonte de alento neste pe-
ríodo em que nos preparamos para
celebrar o Bicentenário de Dom Bosco
na Rep. Dem. do Congo. O que os
nossos olhos viram e as nossas mãos
tocaram, continuar-nos-á presente
neste tempo de relançamento do ca-
risma salesiano, nas áreas em que já
estamos, e nas em que ainda não es-
tamos presentes, no Congo.
Quando a mão de uma pessoa se en-
contra com a mão de um santo, não se
pode não sentir-se impelidos a levan-
tar-se e a levar avante
a própria missão.
SALESIANOS 2013
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2.6 Page 16

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Formando leigos
para transformar a sociedade
Respondendo ao desafio
lançado pelo Capítulo Geral 26,
o DB-CLAY nasceu em outubro
de 2002 no sul das Filipinas. A
finalidade é ser um Centro de
formação salesiana para leigos
adultos e para jovens: fazer
com que cresçam com a figura
do Cristo no coração de sua
vida e se tornem hábeis
trabalhadores, testemunhas e
promotores de transformação
nas suas famílias, na sociedade,
na Igreja. O Centro deseja dar
uma formação cristã holística,
impulsionada pelo espírito e
exemplo de São João Bosco.
Quer ser outrossim um centro
‘para’ leigos e dirigido ‘por’
leigos, que portam na alma a
missão salesiana e o desejo de
partilhá-la com outras pessoas.
Através disso, as várias
associações leigas que
colaboram com o Centro têm
um espaço qualitativo nas
várias atividades e têm
também a possibilidade de
compartilhar as
responsabilidades do trabalho
pastoral.
por Randy Figuracion
Na oficina de marcenaria do Centro
Dom Bosco, Alex del Mar suspira
aliviado. Lentamente, o baixo-relevo
“Sonho dos Nove Anos” vai tomando
forma. As mãos dos artistas, tanto sale-
sianos quanto leigos, fizeram maravi-
lhas. Aquele pedaço de madeira quer
ser o símbolo da Estreia 2012, do
Reitor-Mor. Alex, a um tempo chefe e
artista, não pode deixar de relevar
quão grande tenha sido a contribuição
de dois salesianos P. Nioret e P. Joel. A
obra, cópia do pôster da Estreia, reali-
zação de DOS Comunicaciones, inspi-
rado numa pintura de Manuel Montes,
será depois feita com fibra de vidro.
Uma vez terminado, será posto na en-
trada principal do Centro de Formação
Profissional Dom Bosco.
A ideia original foi do P. Fidel Orendain,
precedente diretor do DB-CLAY (sigla
em inglês para «Centro Dom Bosco
para Adultos leigos e Jovens»). Alex
está agora cuidando do
acabamento do projeto.
A escultura deseja ser
um ícone do DB-CLAY. A ideia de
fundo é expressar o conceito “De
Lobos a Cordeiros”. O trabalho exigiu
um grande esforço de cooperação por
parte de muitos salesianos e grupos de
leigos: uma cooperação na área da
educação que portanto envolve dife-
rentes tipologias de pessoas.
Ao dar assistência aos jovens – para que
se desenvolvam e se tornem hábeis tra-
balhadores e honestos cidadãos, e
possam assim responder ao chamado
à santidade – o DB-CLAY oferece pro-
gramas como Encontros para Jovens,
Encontros para Jovens Empresários, En-
contros para os animadores deste
último com seminários e ‘workshops’,
Formação de líderes, Seminários sobre
sexualidade, Atividades de grupo, Reti-
ros Espirituais. Recentemente iniciou
também projetos de formação para ca-
tequistas e trabalhadores leigos no
campo da PJ, oferecendo portanto os
próprios programas também à Igreja
Local.
14
SALESIANOS 2013

2.7 Page 17

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Um importante elemento para um
envolvimento qualitativo dos leigos é
que eles tenham uma formação
adequada
Uma das iniciativas já levada à frente
pelo DB-CLAY todos os anos, no mês de
outubro, é o Congresso Bv. João Paulo
II em favor da comunicação e destinado
aos animadores dos jovens e aos cate-
quistas. As atividades do congresso ba-
seiam-se todas na ‘Conferência John
Paul II Catechetics and Youth Ministry’,
iniciada em 2005 pela Casa salesiana de
Paranaque, e administrada pela Secre-
taria Catequética Salesiana. Cada um
desses encontros tinha a finalidade de
reunir na PJ aqueles animadores que es-
tivessem à procura de novas e moder-
nas metodologias de educação dos
jovens hoje.
A versão da Inspetoria da Filipinas Sul
(FIS) aspira a dar maior ênfase ao
desejo de melhorar tanto o conteúdo
quanto as habilidades dos jovens ani-
madores e catequistas, na comunica-
ção da Palavra de Deus e, ao mesmo
tempo, criar oportunidades de asso-
ciação, porque é dando testemunho
da sua vida e compartilhando com os
outros as próprias experiências pasto-
rais que cada participante enriquece
os demais. Já chegamos à 3ª edição
dessa reunião que se realiza ao longo
de três dias, reunião que envolve um
grande número de agentes pastorais,
desejosos de amadurecer em seu ser-
viço. Cada vez refletem sobre a men-
sagem do Santo Padre, divulgada por
ocasião do Dia Mundial das Comuni-
cações. “E’ preciso ter um tipo de for-
mação integral para todos os acólitos”
(Kalakbay, p. 152). E desses encontros
também nasceu um‘seminário-works-
hop estivo’, todos os anos, no mês de
maio, destinado especialmente aos
professores cristãos.
Um importante elemento para um en-
volvimento qualitativo dos leigos é
que eles tenham uma formação ade-
quada. Para responder a essa neces-
sidade, a versão FIS do programa
Evangelium foi introduzida como
parte integrante do DB-CLAY. O pro-
grama prevê um curso de dois anos na
Catequese e na PJ, e se realiza cada
sábado. Quer elevar o nível de profis-
sionalismo dos catequistas e daqueles
que estão envolvidos nos vários minis-
térios da Igreja, com métodos de
estudo sistemáticos e práticos. Ao
mesmo tempo, quer também enri-
quecer o conhecimento da Doutrina
da Igreja e fazer com que adquiram
métodos pedagógicos e estratégias
para tornar-se melhores educadores
no campo da fé. A esperança é que
este programa produza pessoal qua-
lificado capaz de ajudar na missão
evangelizadora da Igreja e possa
também transformar positivamente a
sociedade humana.
Falta ainda muito para completar o
baixo-relevo. Mas Alex se interessa dia
após dia por levar a termo esse projeto.
E assim também a missão do DB-
CLAY avança no desejo de melhorar
a formação e a atualização de muitos
Leigos. Com uma visão clara de quanto
se deseja alcançar, o trabalho continua,
com aqueles que já participam do pro-
jeto como colaboradores na vinha do
Senhor.
SALESIANOS 2013
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2.8 Page 18

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Recontar Dom Bosco
O teatro, a música, o jogo constituíam para Dom Bosco elementos
pedagógicos fundamentais para entreter, ocupar o tempo livre,
promover as qualidades dos seus meninos. Em nosso século XXI, esses
mesmos elementos pedagógicos constituem um modo com que
aprofundar a história de Dom Bosco.
Ex-alunos, jovens, artistas, poetas e literatos que tiveram contato com
a história de Dom Bosco quiseram contá-la novamente e aprofundá-la,
tornando-a cada vez mais atual. Fizeram-no através do teatro, da
música, da dança, da poesia ou do folclore de cada nação. Entre os
exemplos mais recentes, estão os Carnavais feitos no Brasil e no
Uruguai, e a produção musical através dos Continentes.
A historia de Dom Bosco sempre será
atual. O seu aprofundamento se
poderá fazer também a partir de
todos os recursos que ele mesmo nos
propôs em sua insuperável
pedagogia.
por Jaime González
16
SALESIANS 2013

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No Uruguai, o grupo de teatro Texas, formado por ex-alunos
salesianos, participou do Carnaval de Montevidéu, compe-
tindo com outros 47 grupos, apresentando a historia de Dom
Bosco na categoria “paródia”, ou de arremedo. Na descrição, os
artistas mostram, através da música, os traços essenciais de
Dom Bosco, a luta contra tudo o que se opõe à juventude, a
profunda confiança em Deus, a missão em favor dos jovens.
Um dos integrantes do grupo, ao final de uma de suas apre-
sentações, dizia: “Para nós é muito importante qua o povo co-
nheça a história de Dom Bosco, a história de um homem que
nos cativou, nos educou, nos transformou, nos deu a força ne-
cessária para saber que se podem realizar os sonhos por mais
difíceis que pareçam.
Passando agora à Itália, o cantautor Marcos Anzovino e o
cômico turinês Giampiero Perone aceitaram o desafio de falar
de Dom Bosco, usando linguagem para adolescentes. O espe-
táculo “Dom Bosco, força de um sorriso” destaca um aspecto
específico da personalidade de Dom Bosco: o seu sorriso. Sua
visão positiva e otimista permitiu-lhe, em tempos nada fáceis,
realizar um projeto voltado aos jovens e, de modo especial,
aos mais necessitados: os excluídos, os últimos.
Graças a uma proposta feita de música, palavras e vídeo, os
dois artistas arrastam o público a uma viagem pela persona-
lidade do santo, sublinhando a grandeza de sua obra. O es-
petáculo se fecha, baseando-se numa história real, uma
história de periferia, onde se busca fazer entender quão atual
seja a mensagem que Dom Bosco nos deixou.
No Brasil, no dia 20 de fevereiro, a Escola de Samba “Reino
Unido da Liberdade” ganhou o primeiro lugar no Carnaval,
de Manaus-AM, com uma homenagem a Dom Bosco. Com
a produção intitulada “Um Menino, um Sonho, uma Obra: o
Amor de Dom Bosco se fez Realidade” contou em cinco mo-
mentos a história do Santo dos Jovens, isto é, o Sonho dos
Nove Anos, as Missões Salesianas, os Salesianos na América
Latina, os Salesianos na Amazônia, os 90 Anos do Colégio sa-
lesiano de Manaus.
A Escola de samba Reino Unido já se havia proposto como
desafio comemorar os seus 30 Anos de existência prestando
uma homenagem a Dom Bosco e descrevendo o maravi-
lhoso resultado da sua vida: uma Família Salesiana espalhada
por 132 países no mundo. Segundo o Presidente da Escola
de Samba, Fábio Pierre, tanto a Família Salesiana quanto a
Escola de samba nasceram de sonhos de adolescentes hu-
mildes, preocupados em construir um
mundo melhor, especialmente
trabalhando pela juventude
mais necessitada, através
da arte e da música,
como elementos
vitais no processo.
A Escola Reino Unido da Liberdade desfilou com uma apre-
sentação gigantesca, dividida em cinco carros alegóricos,
uma bateria composta por 300 percussionistas e cerca de
4000 entre sambistas, passistas e figurantes. Sobressaíam os
carros do Oratório e das Missões. O carro do Sonho e o do
Oratório mostrava à sua frente dois palhaços que sorriam
para a vida, demonstrando a dedicação de Dom Bosco aos
pequenos. A seguir, revestido de beleza e esplendor, em
trajes chamativos, empunhando a varinha mágica, no meio
de um circo, surgia no centro um Mágico, destacando a cria-
tividade que Dom Bosco usou para atrair a Juventude.
No carro das Missões, o cenário mostrava símbolos de luga-
res onde os salesianos estão presentes, descrevendo a obra
evangelizadora do Santo. Na frente um elefante representava
a África, seguido pela imponência histórica do Taj Mahal e
de dois pagodes chineses e suas bandeiras em sinal de glória.
No fundo brilhava a
luz branca de um
grande farol no fim
do mundo, na Pa-
tagônia, com que
se quis transmitir
o triunfo da paz.
SALESIANS 2013
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2.10 Page 20

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por Chiemeka Utazi (videoentrevista)
«Recebi tanto e gratuitamente!
Quero retribuir. E gratuitamente!»
Dom Bosco nunca deixou de atrair pessoas de toda classe social e religião.
Exatamente como fazia em vida. O seu carisma e fascínio continuam vivos por
meio do árduo trabalho, da dedicação e da fidelidade dos seus filhos.
Esse mesmo espírito inspirou também a muitos jovens que estiveram em
contato com os salesianos através dos continentes.
É o mesmo espírito que moveu Moha-
med Abubakar (Pedro), jovem artista de
Sunyani, pequeno distrito de Gana, a
aproximar-se de Dom Bosco.
Vejamos esse testemunho de Abubakar!
Nasci e cresci na região de Sunyani.
Mas meus pais são oriundos do norte
de Gana. Pensava ser uma das crianças
mais infelizes do mundo, porque pro-
vinha de uma família de seis pessoas
totalmente destruída. E nunca tivera
alguém que me ajudasse a crescer.
Lutei para sobreviver por bem dez
anos. Não acabei os estudos. Deus en-
tretanto me mandou alguém que me
ajudou. Ajudou-me também a reaver
a esperança. Foi um meu amigo, aluno
do ‘Instituto Técnico Dom Bosco’… Foi
ele que me levou a Dom Bosco.
A primeira vez que pus os pés nesse
colégio vi tanta gente miúda: uns jo-
gavam, outros estudavam. Fiquei pro-
fundamente impressionado com o
clima que ali reinava… Queria ficar aí
com eles. Ser como eles. Portanto, vol-
tando a casa, comecei a trabalhar du-
ramente. E, graças a Deus, entrei a fazer
parte da casa de Dom Bosco. Foi um
sonho! Nunca pensei que isso pudesse
18
SALESIANOS 2013

3 Pages 21-30

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3.1 Page 21

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acontecer. Todos os que encontrava
pareciam-me ser melhores do que eu.
Quando descobri Dom Bosco, vi
também a grande generosidade do
seu coração. Ali dei com tantos jovens
que remavam nas mesmas águas ad-
versas em que eu… remava. Mas, ao
contrário de mim, eles eram felizes. Eu
devia ficar aí e decidi não voltar mais
para casa. Havia encontrado uma nova
casa. Queria ficar com Dom Bosco, na
sua casa: ali me sentia realmente feliz.
Na escola profissional escolhi o curso
de comércio. Por um lado, porque me
via com um pouco de talento para
Passei dois anos no Instituto Dom
Bosco. E, nesse período, vi e vivi pes-
soalmente um diferente estilo de vida.
No fim dos estudos, faltava-me ainda
pagar algumas mensalidades escola-
res. Por isso decidi interromper, porque
estava mais do que certo que nunca
acharia dinheiro para continuar. Apesar
de tudo, sou uma pessoa que acredita
em milagres. Que reza. Sempre. Um dia
achegou-se-me uma menina: disse-
me que o Diretor da escola queria
falar-me. Fiquei um tanto apavorado
por causa das mensalidades atrasadas.
Com minha grandíssima surpresa, o
Diretor acadêmico pediu-me iniciar o
encaminhamento profissional.
de gente que sequer conhecem, espe-
cialmente dos jovens, dos pobres, de…
mim que sequer conhecem!…” E
vejam só: recebi educação, tenho um
trabalho, sou uma pessoa realmente feliz!
Depois também nasceu em mim o
desejo de saber por que os Salesianos
eram tão bons. Isso induziu-me a
pensar sobre que tipo de pessoa eu era,
sobre quais eram as minhas motiva-
ções, comportamentos. De algum
modo, comecei a compreender que eu
tinha uma alma e improvisamente me
dei conta que devia… salvá-la. Essa si-
tuação me moveu a uma busca interior
para compreender o que Deus queria
de mim e para o meu futuro. Assim
também refleti sobre o fato que tinha
sido Deus a dar-me a ajuda de que pre-
cisava e que a deu através de Dom
Bosco. Comecei por isso a pedir a Deus
que me conduzisse para o caminho
certo. Decidi receber o Batismo e iniciei
o estudo da vida de Jesus Cristo, da
Igreja Católica; e, por isso, comecei a fre-
quentar a catequese. No Batismo recebi
o nome de Pedro: agora sou cristão e
me sinto realmente muito bem.
esse tipo de estudos e, por outro,
porque estava consciente de que, vista
a minha pobreza econômica, não teria
podido chegar a altos estágios de es-
colarização… Mas sobretudo porque
foi Dom Bosco que me guiou a essa
opção. Contemplava a sua imagem. O
que me impressionava era aquele belo
conjunto de cores. Via os seus quadros
em todos os ambientes e continuava
a perguntar-me quem fosse esse
homem… A curiosidade ia crescendo.
Ele devia ser alguém muito impor-
tante. Comecei a desenhá-lo. Depois a
pintá-lo!
Depois de um ano de introdução e um
de aprendizado, fui mandado à Capital,
a Acra, para continuar os estudos e qua-
lificar-me no ensino. Responsável de
toda essa escolarização? Dom Bosco!
Durante todo o tempo da minha per-
manência na casa de Dom Bosco, senti
sempre uma grande força, uma força
que me empurrava a fazer alguma
coisa… Mas não sabia exatamente
qual seria essa coisa! Às vezes me
punha a pensar: “Como é possível: eu
sou muçulmano, nunca estive em
contato com essas pessoas, e cuidam
Quando vi a Urna de Dom Bosco, com-
preendi – imediatamente – que tudo
devia a ele: estava no auge da felicidade.
Desejava que nunca mais se fosse
embora. Pedi para mim o seu mesmo
espírito a fim de poder ajudar a outros
jovens que não têm com quem contar.
Escrevi uma carta aos Salesianos di-
zendo-lhes que queria colaborar em
sua Casa para meninos de rua. Desejo
muito ajudar os outros, porque sei cla-
ramente que eu também fui ajudado. E
por muitíssimas pessoas! Mas quero
também passar pelos povoados e ensi-
nar a tingir tecidos, a estampá-los… E
mais: ensinar também como fazer pe-
quenas coisas com que… sobreviver.
Recebi tanto e gratuitamente! Quero
retribuir! E gratuitamente!
SALESIANOS 2013
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3.2 Page 22

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O aspirantado missionário
Hubert D’Rosário, em
Sirajuli, no Estado do
Assam, no Nordeste da
Índia, é uma de duas
obras especiais na
Congregação. A segunda
está em Chennai. São,
ambas, versões modernas
do Instituto Cardeal
Cagliero, de Ivrea, Itália,
em tempos idos!
Dai-me homens
à altura das minhas montanhas!’
por Joseph Pulinthanath
Faz tempo que as zonas mais
orientais da cadeia do Himalaia,
conhecida no mundo como Nordeste
da Índia, foram alvo de muitíssimos
sonhos e promessas de variado tipo,
diferentes como a sua mesma áspera
terra. Um desses sonhos teve início
antes da primeira década do século
XX, quando onze homens, armados de
firmíssima fé em Deus e impelidos por
um incontido fervor, pisaram essas
colinas e se uniram às pessoas que ali
habitavam. O primeiro grupo de Sale-
sianos chegou da Itália, e tinha por
chefe o P. Louis Mathias: esse era
apenas o início de um dos capítulos
mais fascinantes nos anais da história
da Congregação salesiana.
O grupo chegou não sem sacrifícios,
visto que a Europa estava ainda envol-
vida nas conseqüências da I Guerra
Mundial (1914-18), e a mesma Congre-
gação lutava contra a escassez de
homens e de meios. Apesar de tudo,
o Reitor-Mor, P. Paulo Albera, aceitou
a idéia de mandar missionários
ao Assam, não só pelo premente
pedido que chegava da Santa Sé mas
também porque considerava que o
espírito missionário era parte inte-
grante da Sociedade Salesiana.
Os salesianos chegaram a Shillong no
dia 13 de janeiro de 1922, data que
deixou marcas no tempo: um autên-
tico dia memorável para o Nordeste In-
diano. Desde esse momento o destino
de quase 200 etnias tornou-se grada-
tiva e inevitavelmente conta-
giado pelos salesianos. Todos
os outros grupos que che-
garam depois, decidiram
lutar, com a força do
amor e do sacrifício,
pelo bem daquelas
populações, tanto
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SALESIANOS 2013

3.3 Page 23

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Dom Bosco, no sonho feito em abril de 1886, viu
continentes e nações aonde os salesianos iriam
um dia trabalhar.
das planuras quanto das montanhas.
Muito cedo o Nordeste da Índia
tornou-se uma das missões salesianas
mais sensíveis no mundo às diferenças
culturais.
Nunca foi fácil achar pessoas e ajudas
financeiras pelo projeto das missões
de ultra-mar dentro da congregação.
Entretanto o Instituto Cagliero, de
Ivrea, Itália, foi uma inestimável fonte
de auxílio à Congregação fornecendo
missionários: missionários bem prepa-
rados e motivados. O P. Filipe Rinaldi
decidira de fato fundar um aspiran-
tado destinado apenas a missionários
«ad gentes» e dar-lhe o nome de Ca-
gliero, primeiro bispo e missionário da
história da Família Salesiana.
É digno de nota observar que o Insti-
tuo Cardeal Cagliero, de Ivrea, foi fun-
dado em 1922, no mesmo ano em
que os Salesianos chegaram ao Assam.
A terra prometida das missões, no
Assam, fora abençoada por receber
como missionários um quadro de
homens dignos de admiração e capa-
zes de milagres, como, p. ex., Ven-
drame, Piasescki, Ravalico, Marengo e
muitos outros, que, como eles, lança-
ram as raízes do seu indomável fervor
missionário na obra de Ivrea.
plendor, fora capaz de preparar 1000
missionários, muitos dos quais manda-
dos também para o Assam.
O Bispo Michael Akasius Toppo, da dio-
cese de Tezpur, presidiu a cerimônia de
abertura e benzeu o edifício, ao qual
foi dado o nome de um grande mis-
sionário e arcebispo da diocese de
Shillong. Foi no dia 11 de novembro de
2011 e à cerimônia estava presente
também o P. Vaclav Klement, Conse-
lheiro Geral para as Missões. Sirajuli
promete pois ser uma pedra miliária
para os próximos cem anos, por
quanto concerne“à imersão”dos filhos
de Dom Bosco no destino desses en-
cantados vales e montanhas. E’um“Te
Deum”regional que se alevanta de co-
rações que sentem ter chegado a sua
vez de enviar missionários a outras re-
giões do mundo.
Foi exatamente o Reitor-Mor, P. Pascual
Chávez, a lançar o desafio e a envolver
as várias regiões da Índia, muito ricas
de vocações, a quererem seguir o que
tinha sido feito em Ivrea e a manter
portanto vivo o espírito missionário
da Congregação. O P. John Almeida,
então Inspetor de Guwahati, junto
com os seus Conselheiros, tomaram
assim a decisão de dar a largada a esta
experiência em Sirajuli, povoado que
se encontra junto à Rodovia n. 52, 130
quilômetros a nordeste de Guwahati,
capital do estado do Assam. A come-
çar de agora a história das sete Inspe-
torias da Índia Setentrional (Guwahati,
Dimapur, Silchar, Kolkata (ex-Calcutá),
Délhi, Mumbai (ex-Bombaim), Konkan)
não será mais a mesma. Sirajuli é o seu
ponto direto de ligação com as terras
de missão.
Dom Bosco, no sonho feito em abril de
1886, viu continentes e nações aonde
os salesianos iriam um dia trabalhar. O
papel do Instituto de Ivrea foi determi-
nante. Há muito por que sentir-se feli-
zes e agradecidos: apesar da enorme
mudança dos tempos o espírito de
Ivrea persiste. Persiste, regenera-se e
renasce em regiões do mundo que, no
início, só eram conhecidas da congre-
gação. Sirajuli, com os seus 60 jovens a
nutrir-se desse sonho missionário, é
disso um exemplo incomparável.
Hoje, quase 90 anos depois, muitos dos
quais realmente foram anos sombrios,
enquanto assistimos a um renasci-
mento do Nordeste Indiano, é algo
assaz gratificante ver que o conceito de
missão salesiana está fechando um cír-
culo. A fundação do Aspirantado Hubert
D’rosário na cidade de Sirajuli, no Assam,
é como se fosse um segundo nasci-
mento daquele Instituto Cagliero, de
Ivrea, que, no seu período de maior es-
SALESIANOS 2013
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3.4 Page 24

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O sonho de Dom Bosco
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SALESIANOS 2013
Entrevista com Starsky
por Andrew Ebrahim
Antes de tudo, veja-se o vídeo "O sonho". Ver-se-á
que é um mix muito bonito, produzido por um
menino recém-chegado ao mundo do digital. Quem
dirigiu a feitura desse curta foi Starsky Torchia e foi
ajudado por seus colegas de aula, de 1ª ginasial, da
Escola salesiana de Chertsey, Inglaterra. Era a sua
pessoal contribuição ao "Projeto Dom Bosco".
Um dos comentadores afirmou: "A duração é de
perto de 12 minutos. Como momentos de ação ao
vivo, vídeo, imagens paradas, um fundo musical e
efeitos gráficos, uma história contada de modo muito
claro – ele exigiu muito esforço e espírito de iniciativa.
A mensagem salesiana está muito enraizada nas pes-
soas que frequentam o instituto de Chertsey!".
E disso não há dúvidas: é absolutamente um dos me-
lhores trabalhos sobre o tema de Dom Bosco, que se
possam achar em YouTube.
O ‘Sonho de Dom Bosco’ é, antes de tudo, um convite à
escuta. Em nossos dias, não se pode negar, as pessoas não têm
paciência de ouvir. A menos que um não crie breves apresen-
tações (ppt) ou que, às próprias falas, intercale breves clipes, a
atenção do público é já muito mais limitada que a de um
tempo.
Mas este trabalho é diferente. E' um raconto dinâmico,
com efeitos de vídeo que são de grandíssimo au-
xílio ao áudio.
E pensar que a dirigir tudo isso foi
um menino de apenas 11
anos! Mas é exata-
mente isto que
torna o trabalho
ainda mais mara-
vilhoso. Mas…
demos a palavra
ao Starsky.

3.5 Page 25

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http://www.youtube.com/watch?v=hRDV7XxsqaE
Diga alguma coisa de V. mesmo, Starsky
Bem, sou Starsky. Tenho 11 anos. Todos os meus avós,
paternos e maternos, são italianos. Menos minha avó, que
é francesa. Eu sou católico romano. Vivi os meus primeiros
cinco anos na Alemanha, na Itália e também na Inglaterra.
Quais as pessoas da sua família?
Eu vivo com minha mãe, Maria. Ela é uma bailarina de
profissão. Meu pai se chama Sebastião: é ator. Minha
irmã mais pequena se chama Livia e meu irmão, Tyler.
Quais são as coisas de que V. mais gosta e de quais, não?
Agrada-me muito pensar em futuras invenções, fazer
modelos. Gosto muito também de fazer cinema para a
família. E experimentar programas, como Word e Powerpoint.
Por que gosta de estar numa escola salesiana?
Agrada-me realmente estar numa escola salesiana: ali
todos ajudam e cuidam da nossa conduta. Depois nos
encorajam em tudo o que se refere ao nosso futuro.
Além disso, tem Dom Bosco: é uma pessoa brilhante.
Digna de admiração. Em pouco tempo fiz muitos
amigos. Todos os professores aqui na escola salesiana
tornam o ensino muito interessante. É como se fosse
um divertimento. E são sempre muito gentis e
generosos conosco. A escola nos oferece muitas
oportunidades que nos poderão ser úteis no futuro.
Qual foi a sua primeira reação quando lhe deram como
tarefa o Projeto Dom Bosco?
Num primeiro momento fiquei muito ansioso. Mas
comecei a pensar nas possibilidades de fazer um
projeto. Decidi imediatamente fazer um filme. Depois
pensei em como faria o esboço… estrutural do filme.
Como fez para bolar o seu vídeo?
Antes planejei o esquema cronológico do filme e onde
colocaria os vários momentos ou episódios; depois fiz
tomadas de meus colegas de aula a brigar… Coloquei
em seguida tudo isso no ‘Imovie’ e comecei a acrescentar
fotos, efeitos sonoros, títulos de tela eficientes, por todo o
filme. Pedi aos meus pais que lessem algumas frases para
inserir no sonho. Pedi também ao meu professor de
Religião, P. André, que me emprestasse as filmagens dos
alunos da sexta classe que iriam a Kolkata (ex-Calcutá),
Índia, e usar uma parte delas.
Qual foi a coisa mais interessante em toda essa realização?
Descobri muita coisa sobre Dom Bosco. Vi que ele é
realmente interessante. Vi como ele começou a
trabalhar, primeiro num contexto de menino muito
pobre, depois como se tenha tornado muito
conhecido, porque tomava conta de meninos, dando
início assim a uma congregação que continua tão
forte e importante, hoje.
Que coisa realmente o impressionou da… personalidade de
Dom Bosco?
Gostei muito do seu espírito de luta, no filme “Missão
de amor”, para demonstrar aos pequenos que era ele o
chefe e que o deviam ouvir: e não ignorar o que dizia
para livrar-se dele. Gostei também do fato de que
quando não conseguia alcançar alguma coisa num
primeiro momento, não se entregava: buscava todos
os meios legais para alcançar o seu fim.
Quais são os seus projetos para o… futuro? Que entende fazer
com sua vida?
No futuro próximo quero concentrar-me e obter bons
resultados na escola. Depois espero empenhar-me em
alguma coisa que se relacione com o cinema.
SALESIANOS 2013
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3.6 Page 26

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INSPIRADOR
Social Network Salesiana, Dos jovens para os jovens
Canta pelo social e direitos humanos
Magia à Dom Bosco
Realmente em casa com Dom Bosco
Um coração que pulsa no centro do mundo
Romênia, Ser Dom Bosco hoje
Sicelo: um pedido satisfeito!
A tipografia de Dom Bosco completa 150 anos
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SALESIANOS 2013

3.7 Page 27

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Para que servirá então este trabalho? Servirá de norma para superar as dificuldades
futuras, aprendendo as lições do passado; servirá para dar a conhecer como o próprio
Deus conduziu todas as coisas a cada momento; servirá de ameno entretenimento para
meus filhos quando lerem as aventuras em que andou metido seu pai.
(Memórias do Oratório)
SALESIANOS 2013
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3.8 Page 28

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SSaocliael Nseitawonrka
por Heriberto Herrera
São 20 horas. Uma vez por mês,
as telas dos computadores
começam a encher-se de
mensagens juvenis com
estranhos “nicks” – nomes que se
usam quando se está online –.
Chegou a hora do “chat
salesiano”. Essas mensagens tão
felizes ajudam a identificar as
pessoas envolvidas: são do
Panamá, El Salvador, Costa
Rica, Argentina… É tudo um
vaivém de SMS… A conversa
após alguns momentos chega a
um bem definido assunto. Pode
ter sido uma conversa bastante
caótica. Mas, no fim, prevalece
um senso de satisfação por ter
partilhado uma identidade
comum: a identidade salesiana.
Asessão de chat é um dos tantos
serviços oferecidos pela versão on-
line do Boletim Salesiano (BS) da América
Central. Pode-se também achar a sua
correspondente versão impressa. Edições
de repertório podem ser outrossim lo-
calizadas dentro do sítio.
As pessoas que assinalaram a sua
preferência com “like”, em Facebook e
Twitter, a respeito do nosso sítio já
sobem a 700 e o seu número cresce. A
todas elas são mandadas e-news da
semana.
Cada dia os utentes descobrem no-
vidades no sítio. São notícias que provêm
das várias obras que nós, salesianos, le-
vamos avante, pela América Central.
Algumas provêm também de canais
de informação administrados pela Con-
gregação ou pela Igreja. Nos artigos
não há só texto: acompanham-no uma
ou mais fotos.
À frente desta grande fonte de infor-
mação há 30 voluntários. Cada qual
frequentou um curso básico, com no-
ções de jornalismo, de fotografia, de
uso inteligente dos ‘social networks’:
sete estágios com a duração de três
dias cada um. Futuramente, por certo
não faltarão outros cursos. De atualiza-
ção.
O sítio carrega em si três blogues,
atualizados ao menos uma vez cada
duas semanas: num um salesiano ra-
conta a própria vida, um jornalista co-
menta o mundo da Internete, u’a Mãe
de Família escreve como o Sistema pre-
ventivo tenha sucesso na educação e
desenvolvimento dos próprios filhos.
Outro blogue ao invés se destina
àqueles que querem simplesmente dei-
xar uma mensagem inteligente, densa
de sensibilidade. E todos os dias há
quem a deixe.
Pedem-se informações sobre como
matricular o próprio filho ou filha na
escola. E até como conseguir fazer um
contato com um salesiano que num
tempo já bem distante foi seu professor.
Outros ao invés deixam comentos
sobre assuntos importantes e de atua-
lidade. Pouquíssimos os que mandam
mensagens ofensivas: mas também
para eles há sempre uma resposta
gentil, respeitosa. E com freqüência
escrevem novamente, pedindo des-
culpas.
O “muro”, ao invés, é outro compo-
nente do sítio: ali se divulgam os futuros
eventos nas casas salesianas. Não faltam
concursos de fotografia, de redação so-
bre assuntos indicados. Os chefes de
grupo acham aí grandes recursos para
os seus encontros de preparação para
a Pastoral Juvenil. Um vídeo cada dia,
quase sempre em YouTube, convida à
reflexão sobre assuntos importantes. A
Rádio Dom Bosco, conduzida pela vizi-
nha Universidade Dom Bosco, se coliga
estreitamente ao nosso sítio.
‘Dom Bosco na América Central’ está
ligado tanto ao Facebook quanto ao
Twitter. Esses links possibilitam-nos dar
uma difusão ampla às nossas mensa-
gens. Todos os dias de fato expedimos
uma mensagem de Dom Bosco, que
centenas de utentes anseiam por rece-
ber. Esta é a nossa versão moderna da
tradicional “palavrinha ao ouvido” que
o Santo dos Jovens costumava sussurrar
aos seus moleques.
Os nossos utentes são, em grande
parte, jovens. Mas não podemos es-
quecer que em nosso auxílio vem tam-
bém um grupo de jovens adultos: eles
têm a responsabilidade de manter sem-
pre fascinante e atraente este importante
meio de comunicação. De comunicação
com… o mundo dos jovens.
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SALESIANOS 2013

3.9 Page 29

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Dos jovens para os jovens
SALESIANOS 2013
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3.10 Page 30

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Juan
Francisco
Lastra
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SALESIANOS 2013
Canta pelo
Juan Francisco Lastra é ex-aluno do Liceu Camilo
Ortúzar Montt, de Santiago, e da Universidade
Católica Silva Henríquez, também de Santiago. Está-
se hoje afirmando como cantautor empenhado, e foi
nomeado Embaixador da paz e Defensor dos direitos
humanos, no Chile. Juan Francisco nos conta como
na escola salesiana aprendeu música e os valores
que decanta.
por ANS
Juan Francisco, 28 anos, dedica-se totalmente à música. A sua paixão
empenhada foi crescendo, até que a descobriu como vocação.
Nos curtos traços biográficos publicados em seu sítio lê-se: “Em 1989
entrou no Liceu Salesiano Camilo Ortúzar Montt, onde experimentou
diferentes formas de expressão musical e artística, buscando resposta às
perguntas indômitas que desde a infância se iam somando à bagagem
ainda carregada de idéias por explorar”. No Liceu salesiano, além de
receber formação acadêmica e humana, decidiu no último ano aprender
a tocar guitarra e progressivamente se interessou pelo trabalho de alguns
cantautores engajados: Violeta Parra, Silvio Rodriguez, Joan Manuel Serrat,
Víctor Heredia, Atahualpa Yupanqui. Começou assim a escrever as suas
próprias canções.
Depois do liceu, Juan Francisco se inscreveu em Educação Física na
Universidade Católica Silva Henríquez, bacharelando-se. Durante o
segundo ano foi convidado a participar com três canções no festival
“Víctor Jara”, organizado pela mesma Casa Salesiana de Estudos
Superiores: sua apresentação se prolongou por cerca de uma hora.
Compreendeu como com a música podia chegar às pessoas: “Creio que
esta seja a primeira qualidade de um musico, quando o povo reconhece
que transmite alguma coisa. Nem todos os que vão ao palco transmitem
alguma coisa”.
Com o tempo e a sucessão das exibições o empenho de Juan Francisco
se fez mais intenso. Conheceu novos musicistas. “Mui cedo o povo
começou a procurar-me pelo correio e internet; e escutava meus temas.
Nasceu assim a coragem de fazer um ‘show’com outros músicos. Meu
público começou a crescer e consolidou-se também o meu empenho de
cantor”.
No mês de junho do ano passado publicou o seu primeiro disco “Desde
mi Calle a la Imaginación” (De minha rua à imaginação), que contém treze

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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social e
direitos humanos
cantos dedicados às crianças e desenvolve conceitos como a solidariedade, a
mobilização social…
O seu papel de cantor levou-o a muitos palcos, nacionais e internacionais, o
que lhe mereceu o título de “Embaixador da paz e Defensor dos direitos
humanos no Chile”, pela Comissão dos Observadores e Defensores dos Diretos
Humanos. Juan Francisco não considera tal título uma honraria, mas uma
responsabilidade.
“Acho que todos os dias
podemos melhorar um pouco;
acho também que as coisas
não estão indo bem. Cada dia
que passa a sociedade se
torna mais egoísta, mais
individualista, mais
setorizada, com aumento de
discriminações. Não é normal
que haja mais egoísmo, não é
normal que haja mais
consumismo… Por isso, eu
canto, porque julgo
representar a muitos”.
SALESIANOS 2013
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4.2 Page 32

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Magia à
Dom Bosco
30
SALESIANOS 2013
A qualquer lugar que se vá pelo mundo salesiano
sempre se topará com algum mágico salesiano.
Mágico dos bons. Há de fato muitos membros da Fa-
mília Salesiana que pertencem à União dos Mágicos.
Em todo o mundo.
por Brian Barnes
Na idade de nove anos, Joãozinho
Bosco, já naquela idade um rapa-
gote apaixonado por leitura e um ar-
tista no desfiar histórias, teve um dos
seus famosos sonhos. Nele aparecia
uma turba de jovens e um homem de
aspecto imponente que lhe disse: “Eu
te darei a mestra sob cuja disciplina
poderá tornar-se mui sábio”. E que
melhor presente teria podido receber
Joãozinho senão o presente da sabe-
doria! Não devemos esquecer que
Joãozinho tinha apenas nove anos.
Estava para completar dez. E quantas
maravilhas não faria nos dois anos se-
guintes!
Mamãe Margarida, toda semana,
levava o menino ao mercado na
praça principal do vizinho povoado
de Castelnuovo. Joãozinho percebeu
logo que os mágicos e malabaristas
atraíam a si muita gente. Astuto
como era, também compreendeu
logo que, se fosse capaz de repetir
aqueles números, teria podido atrair
muito mais pessoas do que as que já
puxava com as suas histórias. Usando
os dons da observação, da memória
e de um exercício prático conti-
nuado, conseguiu copiar-lhes os es-
petáculos e assim, à simples narração
das histórias, acrescentou números
de passe-passes e de acrobacias,
como caminhar sobre uma corda
suspensa entre duas árvores. Tornara-
se portanto também ele uma pessoa
capaz de dar espetáculos!
A fase seguinte foi crucial. João ficou
fascinado por números de mágicas.
E compreendeu que quanto o im-
pressionava naqueles números im-
pressionaria também as pessoas que
participavam dos seus espetáculos. E
assim passava o tempo a observar os
números dos mágicos até compreen-
der sozinho onde estava o truque.
Depois fazia, repetia e voltava a repetir,
até que fosse perfeitamente capaz de
os fazer sozinho.
E, à medida que a confiança aumen-
tava, crescia também o repertório e o
número dos espetáculos. Aqueles es-
petáculos englobavam também um
conteúdo espiritual, formado por
orações e… homilias, sem o que o
espetáculo não começava. Não era
certamente coisa fácil essa de atrair
massas. Mas João era astuto. E pen-
sava que os números de prestígio
seriam uma fonte de admiração.
João estava totalmente determinado
a se tornar sacerdote. Portanto os es-
petáculos públicos foram substituídos
por horas e horas de estudo e traba-
lho, a fim de ganhar-se o necessário.
Durante os anos da adolescência,
porém, nunca deixou de trabalhar
sobre as habilidades de diálogo e dra-
matização, dois elementos que se tor-
nariam importantes nos anos futuros.
A sabedoria que fora prometida ao
pequeno Bosco começava a dar
forma a muitas das suas decisões.
Durante o último ano de escola, antes
de entrar no seminário, foi decidido
que passaria a residir com a família de
um certo alfaiate Tomás Comino. João
não pôde resistir ao desejo de fazer
“coisas de assombrar”. E como escre-
veu, “alguém começou a duvidar que
fosse apenas um mágico e que só po-
deria fazer aquelas coisas com o auxí-
lio de algum diabo”. Tomás Comino

4.3 Page 33

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Também as escolas e oratórios têm os seus grupos: uma espécie de noviciado para os
talentos nascentes. Os alunos da escola salesiana de Chertsey, Grã-Bretanha, p. ex.,
têm a fortuna de ter como professor um verdadeiro especialista do mundo da mágica
e membro do Círculo Mágico. É um Salesiano Cooperador. E então: o que se esconde
por trás desse mundo da mágica, da ilusão?
sentiu-se na obrigação de informar as
autoridades eclesiásticas sobre quanto
o João Bosco andava fazendo.
As informações dadas às autoridades
eclesiásticas chegaram até ao Cônego
Búrzio. O cônego, pois, começou por
verificar a coisa, porque via que João
também tirava notas muito boas na
escola. Pediu pois a João que ele
mesmo se explicasse. Para fazer isso o
Bosco pediu emprestado ao mesmo
sacerdote o relógio de algibeira. E
quando o não achou, João pediu
que lhe emprestasse uma moeda. O
cônego sequer conseguiu achar o
porta-moedas… Ali, já irritado, disse a
Bosco:“Ô seu malandro! Ou você serve
ao diabo ou o diabo serve a você”.
João então levantou um
abajur debaixo do
qual estava tanto o relógio quanto o
porta-moedas. Ao impetuoso cônego,
que pedia uma explicação do aconte-
cido, João foi obrigado a revelar o
truque. Explicou como tinha encon-
trado tanto o relógio quanto o moe-
deiro, e como, num momento de
distração do padre, os houvesse es-
condido. Com grande alívio para
mágico, o cônego desandou a rir e até
pediu que o jovem lhe ensinasse al-
gumas das suas enrolações…
No dia 25 de outubro de 1835 João
vestiu a batina ou hábito clerical. Na-
quele mesmo dia, mui privadamente,
tomou alguns propósitos que o iriam
ajudar em sua caminhada de melhoria
espiritual. Ironicamente, entre esses,
estava também “Deixarei de fazer má-
gicas…”. Talvez porque o episódio com
o cônego Búrzio o havia de algum
modo marcado profundamente. Os
números de prestígio lhe haviam de
fato atraído muita gente quando era
adolescente, mas talvez não o ajudas-
sem tanto em seu futuro ministério.
Nunca entretanto poderemos saber o
que se passou realmente em sua
cabeça. É certo entretanto que os dons
da sabedoria e da compreensão joga-
ram um papel importante no fato.
Como seria hoje João Bosco se não se
tivesse decidido a deixar os seus pres-
tígios? Seria, assim mesmo, o Dom
Bosco que todos conhecemos ou
quiçá apenas mais um
mágico?
SALESIANOS 2013
31

4.4 Page 34

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Realmente em casa com Dom Bosco
por Erwin Joey E. Cabilan
Devido à paixão pelo catecismo, comecei a procurar Congregações religiosas em que
poderia sentir-me mais à vontade no papel de educador na fé. Uma tarde enquanto
estudava, escrevi um ‘imeil’ aos salesianos, depois de passar pelo seu sítio web.
Rezei: «Senhor, se não receber uma resposta dentro de duas semanas, quer dizer que
o meu destino é ser um catequista leigo. Caso contrário, este será um sinal de que
devo mudar meu estilo de vida”. Antes de terminar o prazo, chegou-me um ‘imeil’
do salesiano P. Randy Figuracion. Eu estava à procura da minha vocação e, não
havia dúvidas, de que Deus me havia… achado!
Sempre sonhei, desde pequeno, ter
sucesso. Sempre tive de suar para
obter o que queria. E foi assim que
veio o prêmio de um diploma de pri-
meiro nível em Educação profissional.
Dois diplomas de segundo nível. A
oportunidade de estudar no exterior.
Um emprego de professor. E mais a
enriquecedora experiência de ensinar
catecismo. Pude sempre saborear cada
momento da vida, tal como o faria
todo jovem bacharel.
Mas, chegou uma hora em que me co-
mecei a perguntar: “Não seria o caso
de ter e fazer mais ou, ao contrário, ser
algo mais?”. Passei pois a refletir seria-
mente sobre essa pergunta. E exata-
mente enquanto procurava dentro de
mim uma possível resposta, veio-me
lentamente aflorando aquele sonho…
Aquele sonho que tivera em peque-
nino: de fazer-me sacerdote.
Educador na Fé
O meu trabalho de catequista sempre
me pôs em contato com muitas pes-
soas, cada qual com seu diferente cami-
nho de vida e, de modo especial, com
jovens catequistas que desenvolviam
essa atividade como voluntariado entre
os jovens. Aprendi a conhecer as suas
situações concretas e a entendê-las.
Assim, vivendo com eles e como eles –
com simplicidade e pobreza, e na busca
de Deus – consegui compreender,
amar e seguir Dom Bosco.
O artigo 34 das Constituições salesianas
diz que “a evangelização e a catequese
são para nós a dimensão fundamental
da nossa missão”. São João Bosco foi
chamado por Jesus Cristo a trabalhar
num vasto campo quando, pelos nove
anos, teve um sonho incancelável. E eu,
como noviço salesiano, terei o dever de
fazer conhecer e amar Jesus Cristo, es-
pecialmente aos meninos mais pobres
e abandonados.
Ao lado dos jovens
Compartilho o presente da fé ensi-
nando nas escolas estatais de Lawaan,
Tabunoc e Cebu, assim como no meu
trabalho no aspirantado do ‘Don Bosco
Formation Center’, de Lawaan.
32
SALESIANOS 2013

4.5 Page 35

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No domingo, ao invés, ajudo no Ora-
tório Dom Bosco, de Pasil, buscando
ser, para cada oratoriano, irmão, amigo
e colega e, ao mesmo tempo, enrique-
cer minha fé. Os jovens de Pasil são
meninos simples, mas também gran-
demente dotados, acolhedores e mui
expansivos: apesar de todas as lutas
cotidianas que devem enfrentar, têm
ainda a força de rir-se e sorrir. Estou
certo de que são um terreno fértil em
que se pode semear a Palavra de Deus.
Fé eles têm: falta apenas alguém que
lhes esteja perto e os ajude a crescer.
No mês de maio passado, fui testemu-
nha de quanto o trabalho de volunta-
riado do grupo dos catequistas tenha
ajudado as várias atividades do orató-
rio. Apesar da balbúrdia e bulício inicial,
todas as crianças ajudaram em se-
guida o P. Andy Mendoza e, depois, na
Santa Missa, houve muita participação
e atenção. Compreendi que o fruto
desse apostolado não se mostra à
força, nas grandes coisas.
Certa vez, no fim da Missa, uma criança
veio a mim, tomou-me a mão e fez o
gesto do “mano” (um gesto de respeito
que, na tradição filipina, significa respeito
pela pessoa mais idosa). Era um simples
gesto de respeito e gratidão pela minha
presença no meio deles. E, exatamente
graças a esse pequeno mas lindíssimo
gesto, compreendi que estava lançando
doces sementes no meio daquela garo-
tada. Apesar da grande pobreza em que
vivem, sabem doar um dos maiores te-
souros que existem no mundo: a ami-
zade. E é exatamente por isso que Jesus
está no meio deles.
Não é certamente fácil passar de um
lugar a outro do meu apostolado. Isso
também cansa fisicamente. E bastante.
Mas percebo que sou uma como nau
terrena da esperança e do amor de
Deus. Percebo que realmente é esta
uma das coisas mais nobres que uma
pessoa possa fazer. Deixei a família e os
amigos. Mas, na Família Salesiana e
com os jovens, posso dizer que, sim:
sinto-me realmente em casa com
Dom Bosco. Com ele só nutro um
desejo: “Dai-me almas, Senhor! O mais
não me interessa!”.
SALESIANOS 2013
33

4.6 Page 36

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Um coração
que pulsa
no centro do mundo
No
centro do mundo
existe uma casa. E
justamente aqui, em Quito,
no centro do mundo, os
Becchi e Valdocco voltam a
inflamar o coração de um
continente!
por Javier Altamirano
No centro do mundo há um oásis. A apenas 25 km ao sul da
linha do Equador, no longo vale de Quito, há uma casa. É exa-
tamente ali que um pequeno grupo de Salesianos e Leigos aco-
lhem membros da FS por três semanas. As pessoas ali chegam para
fazer com que os seus corações batam harmonicamente com o co-
ração de um simples camponês, de um camponês sonhador, de
um simples padre, fundador de uma das mais maravilhosas expe-
riências educativas, do mundo dos jovens: o Oratório de Valdocco.
Ali não está a cadeia dos Alpes. Está a Cordilheira dos Andes. Não
se fala piemontês: falam-se variadas formas de espanhol da América
Latina e o português do Brasil. Mas uma coisa é certa: o mesmo co-
ração que batia no Colle Don Bosco e em Turim no Oitocentos, bate
também agora ali. Digo: aqui.
Costumamos chamar esta casa de “O centro”, ainda que o seu nome
completo seja “Centro Salesiano Regional de Formação Perma-
nente”. Fundado pelos Salesianos em 1974 como parte da ondada
de renovamento pós-conciliar, foi criado para uma Região. Hoje
tornou-se um ponto de referência para a Família Salesiana em todo
o Continente Americano, particularmente a partir do ano 2000, ano
em que foi criada a Escola de Docência em Salesianidade. Até agora
já passaram mais de 400 entre professores e animadores (SDB, Filhas
de Maria Auxiliadora, Leigos), procedentes de todas as latitudes da
América: da Terra do Fogo aos rios Grande e Colorado: ali onde a
língua espanhola começa a mudar-se para o inglês.
34
SALESIANOS 2013

4.7 Page 37

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É um bom edifício, com 24 confortáveis alojamentos, uma ampla
sala para as aulas, seis salas mais pequenas para trabalhos de
grupo, uma biblioteca especializada em Salesianidade, um
Equadorrefeitório, uma sala de jogos e um belíssimo terraço panorâmico.
Mas, sem sombra de dúvida, a parte mais bonita do conjunto é a
Capela, situada exatamente no coração do Centro.
O Centro põe-se dentro do grande conjunto da Universi-
dade Politécnica Salesiana (UPS), de Quito. É um bom edi-
fício, com 24 confortáveis alojamentos, uma ampla sala
para as aulas, seis salas mais pequenas para trabalhos de
grupo, uma biblioteca especializada em Salesianidade, um
refeitório, uma sala de jogos e um belíssimo terraço pa-
norâmico. Mas, sem sombra de dúvida, a parte mais
bonita do conjunto é a Capela, situada exatamente no co-
ração do Centro. Quer ser a expressão da alma de Dom
Bosco: acolhedora e luminosa, convida ao recolhimento
e à devoção. A atenção de quem quer que ali entre é logo
chamada ao Cristo Bom Pastor, que antes se faz vítima e
altar para levar ao depois à energia e à beleza da Ressur-
reição: um Cristo Ressuscitado, como um esportista que
findou a sua corrida, com os braços escancarados, mãos
voltadas para o alto, o peito a respirar aquele ar de vitória
que adeja em todo o seu derredor… Tudo faz pensar na-
quele Domingo de Páscoa em que Dom Bosco chegou à
Casa Pinardi, em Valdocco, onde o Oratório se plantou
para ficar para sempre.
Nesses doze anos já foram centenas os alunos da Escola
de Docência em Salesianidade. Cada qual levou consigo
um especial presente da própria personalidade, do estilo
salesiano, da sua cultura, do seu profissionalismo. A casa
de fato se enche de cores brilhantes, de gostos, de sons e
de cantos próprios das diversas proveniências. Quem aqui
chega não vem apenas para receber e fortalecer o próprio
carisma salesiano. Vem bem assim para transmitir este ca-
risma a outras pessoas, dar-lhes nutrimento espiritual,
compartilhá-lo com os outros, para ajudá-los a crescer.
O método de estudo tem dois componentes básicos: a
história e a teologia espiritual. A história ajuda a conhecer
Dom Bosco a partir dos fatos e a entrar na sua mentali-
dade através dos eventos, das transformações históricas
e culturais do período em que viveu. A teologia fornece
uma base para estudar as profundas intuições que ele
teve, e os valores que definem a sua missão e espirituali-
dade, no contexto da Igreja e da Sociedade. Aqui se faz
experiência para compreender: e aprende-se para comu-
nicar. O Centro se torna pois um núcleo de irradiação, de
entusiasmo envolvente, de paixão, de conhecimento ex-
periencial, de conversão. Uma coisa é absolutamente
certa e clara: ninguém volta para casa como quando
chegou. Ninguém fica indiferente a quanto aqui se vive.
Três níveis, uma vida, muitas vidas. No espaço de três anos
(três semanas por ano), homens e mulheres convivem no
Centro, com o desejo de melhorar o próprio viver e o de
outras pessoas. Há ainda um quarto nível: o que leva os
alunos do curso exatamente aos lugares de Dom Bosco:
ao Colle, a Turim. Por trás deste projeto há uma pessoa,
um sonhador, um historiador e pesquisador com coração
de pastor, um educador dos bons, mistagogo e ‘avô’ de
todos: o P. Fernando Peraza.
São já muitos os que, findo o curso, começaram a produzir
abundantes frutos, incendiando o continente como chis-
pas em campos ressequidos. Dom Bosco está hoje mais
vivo do o era doze anos atrás nestas terras que ele sonhou
e onde ainda se alimentam tantos sonhos, de mistura in-
felizmente com tantos pesadelos. Muitos jovens, exata-
mente como nos tempos de Dom Bosco, aguardam
ansiosos de entrar em contato com salesianos apaixona-
dos (leigos e religiosos, homens e mulheres) que lhes ga-
rantam que o Oratório nunca deixará de existir.
SALESIANOS 2013
35

4.8 Page 38

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Romênia Ser
Dom Bosco
hoje
por Andrei Laslău
Comecei por ser coroinha na minha
paróquia. Depois frequentei o se-
minário menor. Certo dia, ao buscar
alguma coisa diferente, deparei-me
com um livro sobre a vida de Dom
Bosco. Ali estava aquela coisa diferente
que eu tanto buscara. Dom Bosco era
o tipo de padre que eu teria gostado
de ser. Lendo sua vida, as vicissitudes
do primeiro Oratório de Valdocco, ima-
ginei-me bem lá no meio daqueles
seus moleques.
Mas a minha alegria aumentou quando,
encontrando-me com os salesianos de
Bacău, defrontei-me com alguns padres
que pareciam ter saído das páginas da-
quelas ‘Memórias do Oratório’ (o livro
que eu lera sobre Dom Bosco): eles
não só estavam no meio de nós, jovens,
mas eram também a alma de todas as
atividades. Pensei que o seu tipo de
vida podia ser também o meu…
Bacău
Fiquei salesiano em 2009. Depois dos
estudos de filosofia, feitos em Nave,
Itália, os superiores me mandaram pra-
ticar a vida salesiana exatamente em
Bacău, minha cidade, e ali ser o encarre-
gado do oratório. Quem iria pensar que
eu seria mandado a praticar a vida sale-
siana (fazer o tirocínio) no mesmo lugar
em que eu crescera como animador?
A realidade de Bacău é muito bonita.
Mas complexa. A cidade conta cerca
de 200 000 habitantes e os salesianos
estão numa zona bem popular. O
nome de Dom Bosco vai-se difun-
dindo pelas
casas do povo e criando em seu der-
redor uma cultura e um sentido de res-
peito. É um sinal do trabalho que
estamos fazendo. A “casa amarela”, ou
seja, a nossa casa, já se tornou um
centro de interesse. E, mais importante,
um ponto de encontro para crianças,
adolescentes e jovens do bairro. Do
bairro e da cidade.
Se no começo se iniciou apenas com o
oratório, oferecendo aos pequenos um
ambiente seguro para jogar e aprender
alguma coisa de bom para a vida, em
pouco tempo viu-se a necessidade de
proporcionar alguma coisa a mais: e
assim as atividades aumentaram.
Na comunidade somos quatro irmãos.
Há o oratório, um centro diurno com
pós-escola, um centro para o desen-
volvimento de habilidades para a vida
independente e uma pe-

4.9 Page 39

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Sou Andrei Laslău.Tenho 23 anos. E sou de
Bacău, uma cidade no leste da Romênia. Cresci
como tantos outros rapazes da minha idade. Mas
Deus, nos seus desígnios, levou-me por estradas tais
que eu nunca teria imaginado…
quena escola profissional com cursos
para eletricistas e hidráulicos. Boa a co-
laboração com a prefeitura e também
com as paróquias vizinhas. Importante
é a contribuição dos animadores, que,
em sua maioria, são jovens que eu
animava antes de ir para a Itália. Têm
em média 16-17 anos e são uma
verdadeira explosão de criatividade.
Quando, não raro, me acontece de ter
uma boa idéia, partilho-a com eles:
juntos fazemos coisas impressionan-
tes, atividades muito apreciadas pelos
jovens. Como nos tempos de Dom
Bosco: os jovens para os jovens.
Dos livros de Nave voltei a imergir-
me nesta realidade que em parte já
conhecia, mas que com o tempo
também mudou. As primeiras sema-
nas foram-me todas uma aventura:
compreender como me seria possível
levar para a frente as atividades já exis-
tentes e quais poderiam ser as possibi-
lidades para o próximo futuro. Mas as
coisas, fossem como fossem, deviam
ser feitas. Então fui aprendendo à
medida que havia necessidade.
O oratório e o centro diurno são ativi-
dades que mais empenham durante o
dia: programação, sistematização, estar
com os rapazes e os animadores, com
os voluntários; projetar, preparar os en-
contros e ficar no pátio. Na “casa ama-
rela”oferecemos pós-escola, atividades
manuais, cursos de música e de lín-
guas estrangeiras, grupos esportivos,
formativos, como o dos Amigos de
Domingos Sávio; o de palhaço, ou
‘clown’; do conjunto musical do orató-
rio. Estas as atividades para os dias fe-
riais. Depois, segundo o calendário,
temos também outras propostas,
como o ‘Verão Jovem’, que reúne para
mais de 350 entre meninos e meninas,
com perto de 100 animadores.
Com frequência me pergunto se con-
seguirei levar avante tudo. Por isso, e
para tudo o mais, há sempre a Graça
de Deus, que continua a acompanhar-
me e a suprir as minhas carências.
Os rapazes e jovens de Bacău gostam
de sonhar grande. Apesar das difíceis
condições de vida e o futuro incerto,
sabem ser otimistas e esperar por um
país melhor. Problemas na Romênia
existem, como em todos os lugares;
mas admiro demais a nova geração de
jovens que entendeu que a situação
não mudará se deixarem o próprio
país e se forem para o Ocidente. Ficam,
também com um salário mais baixo.
Mas continuam a esperar e consolidar
um futuro para a Romênia.
uma base sólida e objetiva à
sua esperança
Como jovem, como salesiano e como
romeno, mandado a ser um dos rapa-
zes de Dom Bosco, em Bacău, me sinto
parte desta nova onda. O futuro do
país terá necessidade de muitos e
bons cristãos e honestos cidadãos. E
sinto o dever de ajudar os jovens não
só a esperar mas também a pôr uma
base sólida e objetiva à sua esperança
e alento. É o que fazemos como sale-
sianos, tanto através da formação pro-
fissional quanto por meio da formação
à vida.

4.10 Page 40

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O Oratório Dom Bosco foi
sempre crescendo, desde a
chegada dos primeiros
salesianos em 1949. Ao Oratório
vem especialmente a gente
miúda do 'Bosco Village',
crianças da classe operária e
do 'staff' do 'St. John Bosco
College'.
38
SALESIANOS 2013
Sicelo:
por Clarence Watts
Osalesiano irmão, Sr. Maurice Bon-
dioni, foi o primeiro salesiano a
chegar a Daleside, Johanesburgo, para
ir morar na primeira casa que, uma vez,
se conhecia como Transvaal (hoje,
parte da Província de Guateng). Era o
dia 2 de março de 1949. No dia 14 de
novembro de 1949 chegaram os pri-
meiros alunos. Começou a escola. O
edifício era pequeno. Deu-se o nome
de Escola Padre Rua. Com o passar do
tempo, o número dos alunos foi au-
mentando. Até aos 900 atuais.
O mesmo se diga do Oratório Dom
Bosco. Como a área em torno do
'Bosco Centre' crescia, também au-
mentava o número dos meninos que
queriam frequentar o Oratório: é que
o 'Bosco Centre' está rodeado, em
grande parte, de campos e fazendas, e
a seguir, as zonas de Drumbalde, Dale-
side, Walkerville e De Deur começaram
a expandir-se.
A Escola Miguel Rua, no início, em
1949, escola rural, foi-se aos poucos
desenvolvendo, com o consequente
resultado de ter-se que deslocar de
500 metros, para perto da estrada que
leva ao Bosco Centre. Ela acolhe os
jovens das áreas agrícolas acima men-
cionadas.
O meu primeiro contato com o Orató-
rio foi em 1994 quando, como pré-
noviço, estava sob a guia do P. Paul
Borok Kim, da Coreia do Sul. O Oratório
se fazia todos os domingos, das 13h30
às 16h30. Consistia num momento de
oração inicial, uma mensagem, brin-
quedos e jogos. O dia se fechava com
uma oração. Os jovens que participa-
vam vinham da vizinha região rural de

5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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um pedido satisfeito!
Oratório Dom Bosco, Daleside
Daleside, enquanto a maior parte dos
mais pequenos, do 'Bosco Village'. Os
meninos eram perto de 40.
Um novo desafio
Voltando dos meus estudos no Quênia
em 2008, foi-me dada a tarefa de Dire-
tor dos programas no ‘Bosco Youth
Centre’. Nesse período o diretor do ora-
tório era Cleric Lingoane, que ali ficaria
até o mês de julho de 2009 quando
partiria para a Itália, a estudar Teologia.
Sob sua guia o oratório crescera mui-
tíssimo. A zona de proveniência dos
meninos do Oratório alargara-se até
Sicelo (Meyerton). Em muitas das reu-
niões com os vários referentes do ora-
tório discutia-se longamente sobre
como solucionar o problema do trans-
porte. O problema era a grande distân-
cia e dispor apenas de duas cômbis
(oito pessoas cada). Lembro ainda que
num domingo, eu com o P. Roy tive-
mos de fazer cada um seis viagens até
Sicelo.
Num desses encontros, Zanele, um
dos responsáveis mais jovens, disse
que haveria em Sicelo um lugar de re-
creação livre e disponível, com um
campo de futebol, um de ‘netball’, uma
grande sala, um parquinho de recreio
para as crianças. Comecei a pensar
nisso e estudar a possibilidade trans-
portar o Oratório para Sicelo, lugar de
onde provinha a maior parte das crian-
ças e adolescentes do Oratório. Pedi-
mos também as necessárias licenças à
Prefeitura de Midvaal: responderam
que não haveria nenhum problema;
os salesianos poderiam usar os espa-
ços do ‘Sicelo Sports and Recreation
Centre’ aos domingos. A comunidade
do 'Bosco Centre' aprovou a mudança
do Oratório e assim, no dia 22 de maio
de 2011, foi aberto oficialmente o Ora-
tório de Sicelo, com 50 meninos.
O Oratório funciona todos os domin-
gos das 14 às 16 horas. A equipe do
'Bosco Centre' se responsabiliza pela
animação. Cada mês programa ativi-
dades diferentes. Em agosto, p. ex., tra-
tamos dos problemas das mulheres.
Em setembro, ao invés, os encontros
focalizaram temas de cultura e de tra-
dições locais.
A média de frequência ao oratório
varia entre 80 e 100. E esses garotos
aguardam com imensa felicidade
pelas horas do Oratório dominical! E
somos muito agradecidos à ‘Ferrero’
que nos doa do seu chocolate, que, de
quando em vez, podemos oferecer à
garotada.
Nossa luta agora é por que o oratório
continue a ser sempre um lugar de
aprendizagem, de oração, de jogo, a
fim de que os jovens de todas as
idades se sintam como em sua própria
casa. Com esta experiência dominical
feita em Sicelo, nós, salesianos, tor-
namo-nos missionários no meio dos
pequenos. Quem sabe não vejamos
um dia os frutos destes nossos esfor-
ços, feitos sempre com a finalidade de
lançar a semente do Evangelho nas
almas juvenis!
A palavra Sicelo, em língua ‘soto’ signi-
fica“pedir”. Os jovens do lugar pediram
e nós – numa quase realização da Pa-
lavra «Pedi e recebereis» – responde-
mos com amor ao seu chamado.
SALESIANOS 2013
39

5.2 Page 42

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Há em Turim uma
Tipografia. Fundou-a o
mesmo Dom Bosco.
Pessoalmente. E está hoje
a festejar os seus 150 anos.
Começada de modo bem
familiar, chegou muito
cedo à excelência.Tanto
na área da impressão
quanto da encadernação,
tornando-se Escola, uma
escola profissional,
forjando gerações de
hábeis e apreciados
artesãos do livro.
por ANS
A tipografia de
Dom Bosco
completa 150 anos
Em meados do Oitocentos, Dom
Bosco compreendeu que o futuro
estaria na capacidade de comunicar.
Certo dia depôs sobre uma mesinha
algumas folhas impressas, de um livro
que tinha por título “Os Anjos da
Guarda”. Chamando um dos seus me-
ninos lhe disse: - “Você vai ser o enca-
dernador!”. -“Eu, encadernador? E como
farei se não sei nada desse ofício!” – res-
pondeu o menino. - “Vem cá! – insistiu
Dom Bosco –. Sente-se aí a essa mesi-
nha. Está vendo estas folhas? É preciso
começar a dobrá-las: aaasssim!”. E ele
mesmo sentou-se ao lado do rapaz e
juntos dobraram todas as folhas. Depois
com a ajuda da Mãe – mamãe Marga-
rida – costuraram os fascículos. Os
jovens em torno dele se riam… -“Vocês
estão rindo – disse Dom Bosco –. Mas
eu sei que em nossa casa deve haver
esta oficina – dos encadernadores – e
quero que se comece já”. No fim de
1861, Dom Bosco fez colocar num local
especialmente construído duas máqui-
nas e uma prensa. A bancada e as caixas
para os tipos foram preparados pelos
marceneiros de casa. Vendo aquela
aparelhagem não exatamente mo-
derna, os meninos que deviam come-
çar o trabalho não estavam lá muito
entusiasmados. Mas Dom Bosco os en-
corajava: -“Vocês vão ver!Teremos uma
gráfica. Duas. Dez gráficas!… Vocês vão
ver!”.
A primeria de muitas
A Gráfica do Oratório («Tipografia
dell’Oratorio»), como era chamada a
primeira Escola Gráfica Salesiana, co-
meçou a produzir em 1862. Como
toda árvore destinada a crescer con-
dignamente, a Gráfica sofreu várias
transplantações, todas as vezes cres-
cendo mais. Enquanto se ampliavam e
transformavam os locais, compravam-
se máquinas mais poderosas e moder-
nas. A Gráfica tornou-se grandiosa e
eficiente, capaz mesmo de competir
com as melhores da cidade: quatro
prensas; doze máquinas tocadas pri-
meiro a vapor, depois a gás, enfim a
eletricidade; fundição de tipos; este-
reotipia; calcografia…
Em outubro de 1872, alguns tipógrafos
particulares, invejosos da obra sale-
siana e apavorados por seu promissor
futuro, uniram-se em sociedade e
apresentaram ao Governo uma peti-
ção para fazer abolir todas as tipogra-
fias “que tivessem finalidade e caráter
de beneficência”. Dom Bosco afastou a
ameaça com o seu habitual vigor.
Em 1884, na Exposição Nacional, a Grá-
fica Salesiana participou com um
enorme ‘estande’. Encimavam-no os
40
SALESIANOS 2013

5.3 Page 43

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dizeres “Fábrica de papel, tipografia,
fundição, encadernação e livraria sale-
siana”. No ano seguinte Dom Bosco di-
rigiu-se aos seus coirmãos salesianos
com uma carta falando da “difusão da
boa imprensa” com que os incentivava
a dar grande atenção às possibilidades
de apostolado que a imprensa propor-
cionava:
“O bom livro – escrevia – entra até nas
casas aonde não pode entrar o sacer-
dote. Como lembrança ou presente é to-
lerado até pelos maus. Apresentado não
se envergonha, descuidado não se in-
quieta, lido ensina a verdade com calma,
desprezado não se queixa e desperta o
remorso que por vezes acende o desejo
de conhecer a verdade; e está sempre
pronto a ensiná-la. (…) Quem doa um
bom livro, não tivesse outro mérito que o
de despertar o pensamento de Deus, já
adquiriu um mérito incomparável pe-
rante o Senhor”.
Na era digital
A fama da Gráfica de Dom Bosco, difun-
diu-se com o tempo pela Europa.
Obteve, como frutos, numerosos prê-
mios e distinções. Com o passar dos
anos foram abertos e equipados novos
setores, para responder adequada-
mente às exigências da sociedade atual,
e permanecer sempre na vanguarda,
como queria o Fundador. Também a
sigla mudou, ficando em italiano SGS
(Escola Gráfica Salesiana).
A mesma comunicação se transfor-
mou. Cada vez mais veloz, eletrônica,
digital, tornou-se uma rede que en-
volve o mundo. O livro, tão amado por
Dom Bosco, poderia parecer uma
vítima predestinada. Mas na Gráfica Sa-
lesiana se recorda que o livro não é
apenas um objeto de rápido consumo.
É também uma expressão de arte, de
mister, de capacidade profissional. E de
habilidade. A Gráfica de Valdocco
nasceu como Escola. E como tal conti-
nua também a fazer… escola. Entre
tantas mudanças, persiste a mesma:
como a desejou Dom Bosco, orientada
por ele. Ancorada, mesmo geografica-
mente, às suas origens, o seu lugar
continua lá, ao lado da Basílica de
Maria Auxiliadora.
Os elementos fundamentais da sua
natureza não mudaram: depois de
150 anos de experiência, prossegue
em seu labor cotidiano, sem pausas,
contando com a estima crescente de
todos os agentes, com um respiro
internacional e com a satisfação de
poder ainda ensinar a profissão a
muitíssimos jovens. Sobretudo com
duas características, que se transmi-
tem sem parar: o clima de família e o
profissionalismo.
SALESIANOS 2013
41

5.4 Page 44

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PROMOTOR
BIOSELVA e desenvolvimento integral
Papua Nova Guiné, À descoberta das missões
salesianas
Criando cultura missionária para os nossos jovens
Nigéria, o gigante jovem da África
Como ovelhas sem pastor
Missionário reciclado
Da Valtellina às Ilhas Salomão
42
SALESIANOS 2013

5.5 Page 45

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Mandou-me dizer várias vezes que muito apreciava essa atividade do ministério
eclesiástico, que ele comparava às missões estrangeiras, exprimindo vivo desejo de que
instituições similares se estabelecessem em todas as cidades e povoados de seu Estado.
(Memórias do Oratório)
SALESIANOS 2013
43

5.6 Page 46

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BIOSELVA
e desenvolvimento
integral
por Vicente Santilli
Bioselva é uma associação surgida
para apoiar os povos nativos da
Amazônia peruana. O projeto nasce
de um confronto com a realidade de
populações que nunca foram levadas
em consideração pelo Estado. Essas
populações desejam respostas leais
e respeito à sua cosmovisão. Lamen-
tavelmente, muitos “exploradores”
passaram por esses lugares com
promessas nunca cumpridas, provo-
cando apenas suspeitas e descon-
fiança.
Perante a realidade da 'Bioselva', a
visão dos nativos está mudando. O
projeto compreende a capacitação de
promotores comunitários nativos no
âmbito agroflorestal, a construção e a
implementação de dois andares para
estocagem e processamento daque-
les produtos que, posteriormente,
serão comercializados. “Estamos incre-
mentando o cultivo do amendoim e
do ‘sacha inchi’ (de que se extrai óleo
vegetal), o aproveitamento sustentá-
vel do ‘ungurahui’ e do ‘aguaje’ (ambos
frutos de palmeiras nativas da jungla
peruana)” – explana Enrico. Ensinam-
se ademais novas técnicas para colher
os frutos sem cortar as plantas.
Os promotores
Logo que a Srita. Rosario conheceu o
legendário P. Yankuam (P. Luís Bolla),
entusiasmou-se por sua missão:
“Seu trabalho – afirma – encheu-me de
emoção e aceitei o desafio de envolver-
me no projeto. Não faltaram temores,
mas ao ver o Povo Ashuar tão acolhedor,
desejoso de melhorar e aberto à evan-
44
SALESIANOS 2013

5.7 Page 47

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Um desafio para a defesa dos mais esquecidos da Amazônia peruana. Enrico Marinucci e a
senhorita Rosario Miñano, com o apoio do Voluntariado Internacional para o
Desenvolvimento (VIS), estão promovendo uma empresa que levantará o nível de vida e
preservará a cultura dos povos amazônicos, a começar pela etnia ‘ashuar’.
gelização, enchi-me de entusiasmo”.
Enrico trabalhara antes na ‘Fundación
Chankuap’, organização do Equador,
que leva avante uma exitosa e mui
semelhante experiência. A convite do
P. Ferdinando Colombo de reproduzir
a experiência no Peru, inicialmente
duvidou, mas, consciente de que os
problemas se resolvem caminhando,
aceitou o desafio. “Jesus é um bom
companheiro, os temores maiores re-
feriam-se à habilitação do pessoal e à
comercialização. Vejo porém que os
Ashuar respondem muito bem e
buscam um desenvolvimento que res-
peita a sua cultura”. Além disso, “os
Ashuar estão contentes com o projeto
e isto enche de alegria: garante que es-
tamos avançando de modo certo” –
diz Rosario.
Dificuldades e problemas
Não faltam dificuldades, criadas por in-
teresses econômicos. Muitas comunida-
des da selva e da serra não querem que
empresas de exploração de hidrocarbo-
netos e minas, se intrometam em seu
território, porque não respeitam o am-
biente. Mais da metade dos conflitos so-
ciais no Peru têm sua origem na defesa
das terras. Algumas empresas se infiltra-
ram no mundo ashuar para dividir as co-
munidades, e com presentes, dinheiro,
álcool, promessas de um falso paraíso,
manipularam e corromperam alguns
chefes. Mas a maioria não aceita propos-
tas destruidoras.
Pela contaminação operada no rio Cor-
rientes e outros setores, os nativos não
querem que as empresas entrem na
selva, porque danificam a biodiversi-
dade, o ambiente e a sua cultura. Os na-
tivos querem um desenvolvimento
humano, não só socioeconômico. É pre-
ciso portanto com urgência apoiar o
projeto 'Bioselva' e acompanhar os na-
tivos, para que ideologias externas não
danifiquem sua vida, sua cosmovisão, a
natureza.
Pessoas sem escrúpulos quiseram
também, desde o começo, ‘dinamitar’ o
projeto, oferecendo dinheiro em troca
de informações sobre o trabalho que se
está realizando. Aos nativos entretanto
já não se pode enganar tão facilmente:
estão dispostos a defender, com sua
vida, ao seu povo e à sua cultura. Esta so-
lidariedade enche de ânimo, porque é
uma prova de que não se trabalha em
vão.
SALESIANOS 2013
45

5.8 Page 48

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À descoberta das
missões salesianas
por John Dickson
Shaun conheceu Papua Nova Guiné
graças a uma experiência de tra-
balho em Port Moresby. Naquela ex-
periência foi testemunha direta de
numerosos casos de furtos e teve no-
tícia de graves casos de violência, que
o levaram a pensar no valor da educa-
ção como fator preventivo da violência
e da criminalidade. Voltando à sua
terra, iniciou um Doutorado de pes-
quisa sobre a relação entre delinquên-
cia e pluralismo jurídico em Papua
Nova Guiné.
Na capelania universitária “Newman
House”, de Londres, conheceu a seguir
o salesiano P. John Dickson e, através
dele, o P. John Cabrido, missionário fili-
pino em Vunabosco, que o ajudou.
“Não só me fez um caloroso convite a
viajar mas também em poucas sema-
nas organizou todo um itinerário de
dois meses para a minha pesquisa, in-
clusive alojamento, guias, tradutores,
transporte” - conta o jovem inglês.
De suas pesquisas de campo, Shaun
conseguiu dois significativos resulta-
dos: um que confirmou as suas hipó-
teses, e outro que representou uma
autêntica surpresa para ele.
O que se esperava, e que a sua análise
econométrica demonstrou, é que a
educação é muito mais eficaz para
contrastar os sequestros do que o au-
mento das sanções penais.
O que, ao invés, não esperava o jovem
estudioso foi a experiência concreta e
cotidiana de Evangelho, que fez nas
comunidades salesianas:“Fico com fre-
46
SALESIANOS 2013

5.9 Page 49

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Um doutorado de pesquisa na University College, de Londres,
Inglaterra, foi a ocasião que permitiu a Shaun Larcom, jovem
estudante inglês, conhecer a realidade das missões salesianas em
Papua Nova Guiné, o seu positivo influxo sobre as comunidades
locais e, sobretudo, modelos de concreteza e radicalidade evangélica.
qüência impressionado pela mensa-
gem radical do Evangelho e por
quanto não-radical possa ser a minha
resposta – diz com humildade Shaun
–. O mesmo se não pode dizer dos sa-
lesianos missionários que encontrei e
com os quais convivi. Abraçaram de
fato o desafio radical de Cristo de re-
nunciar a tudo para segui-Lo. Dei-
xando as comodidades de casa, as
famílias de origem e os amigos, vivem
uma vida de serviço e de oração, que
me recordou as descrições da Igreja
primitiva nos Atos dos Apóstolos.
E, além disso, vivem a própria vocação
em condições extremamente difíceis,
que compreendem também riscos
para a sua mesma segurança pessoal.
Cada um deles enfrenta cada dia de
trabalho com grande entusiasmo e
generosidade de espírito. Levantam-se
cedo e depois da oração e da Missa
(da qual participam também muitos
alunos), dedicam cada dia a garantir
aos seus alunos a melhor das forma-
ções, ocupando-se também, p. ex., do
menu, da participação no esporte
pós-meridiano e até assistindo eles
mesmos a aulas”.
As escolas e os institutos técnicos sa-
lesianos, em Papua Nova Guiné, ofe-
recem a muitos jovens a possibilidade
de receber uma tal formação que
doutra forma nunca a poderiam
obter. Em Vunabosco, a comunidade
salesiana dirige um instituto não-se-
letivo que acolhe o maior número de
alunos possível, independentemente
das suas capacidades acadêmicas.
Num país em que a instrução ‘secun-
dária’ e técnica se reserva a mui
poucos, as escolas salesianas ofere-
cem um serviço vital à cidadania.
Os alunos adquirem com recursos li-
mitados uma formação excelente,
preparação que os ajuda a crescer e
a servir às suas comunidades quando
voltam para casa: “Encontrei um ex-
aluno de Bougainville que – refere
Shaun – uma vez de volta à sua terra,
construiu com material de descarte
um gerador hidroelétrico com que
fornece regularmente energia elé-
trica”.
“Recordarei sempre a sensação de paz
e felicidade que provei convivendo na
comunidade salesiana de Vunabosco
– conclui Shaun –. É da vida desses
homens, e de outros como eles, em
todo o tempo e lugar, que a Igreja
ainda hoje refaz a sua beleza e projeta
realmente uma luz sobre o mundo”.
SALESIANOS 2013
47

5.10 Page 50

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Criando
cultura missionária para
Existem
várias maneiras de
criar cultura missionária
numa Inspetoria. Uma delas é
através de ‘experiências
missionárias curtas’. Neste artigo
falaremos da história, dos
problemas e dos sucessos de
“Gospel Roads Tijuana”, algo
como ‘Caminhos do
Evangelho de
Tijuana’…
por Juan Carlos Montenegro
Um pouco de história. A experiência de missões curtas em
Tijuana, que já tem perto de oito anos, iniciou quando se
viu que não havia nenhuma oportunidade de serviço para os
jovens da Paróquia São Domingos Sávio. Então o Delegado da
Pastoral Juvenil da Paróquia foi a Tijuana para achar um modo
de iniciar algum tipo de colaboração com os Salesianos do
México; em lá chegando, inteirou-se de que existia um grupo
de jovens do Oregon , EUA, chamados “Embaixadores” e que
iam com frequência a Tijuana prestar serviços comunitários. Os
Embaixadores chegavam a Tijuana e ali os Salesianos lhes pro-
videnciavam tanto hospedagem quanto comida e trabalho.
Essa idéia foi adotada pelo Delegado da PJ, da Paróquia São Do-
mingos Sávio. E assim começaram as experiências missionárias
salesianas, curtas, em Tijuana. As primeiras foram
de fim de semana: os jovens da Paróquia che-
gavam na quinta à noite e voltavam do-
mingo, depois de haverem ajudado no
que era necessário, nos oratórios. O pro-
cesso continuou por vários anos,
48
SALESIANOS 2013

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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os nossos jovens
nos quais os jovens iam pelo menos duas vezes por ano.
Até esse momento a experiência era unicamente de co-
laboração: os jovens chegavam a Tijuana e trabalhavam
no fosse necessário. Mas faltava alguma coisa… A vida
em comunidade devia ser um ponto importante e que
até esse momento não fora prioritário. Com essa idéia
na cabeça, o Encarregado da PJ da Paróquia São Domin-
gos Sávio e o Diretor da Comunidade de Tijuana se reu-
niram e começaram a analisar a possibilidade de integrar
as duas experiências. No final da reunião e depois da
aprovação dos coirmãos salesianos que viviam nessa co-
munidade, decidiu-se abrir a oportunidade para que
também os missionários tomassem parte das orações da
manhã (Laudes) e das boas-noites. Com isso as Missões
Salesianas Curtas, de Tijuana, começavam a ter também
um componente religioso e comunitário.
Coincidentemente, e ao mesmo tempo,
o Delegado da PJ de São Filipe
Apóstolo, no Leste dos EUA,
estava criando um movi-
mento chamado “Gospel
Roads”. Esse movimento
consiste em três retiros, baseados no serviço comunitário. O
primeiro retiro é um serviço em nível de comunidade, isto
é, de dar de comer aos pedintes, visitar os enfermos, criar
oratórios para os mais pequenos; o segundo, é já mais exi-
gente: os jovens saem de sua comunidade para ajudar
outras pessoas, quer em outros estados, quer simplesmente
fora da região em que vivem; o terceiro retiro é internacional
e isto quer dizer que os jovens que já passaram pelo 'Gospel
Roads’ I e II, agora podem realizar uma experiência interna-
cional de missões, onde encontrarão um Momento Espiri-
tual, baseado no serviço.
Graças ao Delegado Inspetorial de Animação Missionária,
da Inspetoria dos Estados Unidos Oeste (SUO), e ao De-
legado da PJ, da Inspetoria dos EUA-SUE, reuniram-se e
trocaram experiências com seus respectivos programas;
e ao ver as semelhanças, comprometeram-se a unir-se e
a colaborar na expansão de uma cultura missionária no
Norte do Continente Americano.
Hoje, 'Gospel RoadsTijuana’é a perfeita oportunidade de que
dispõe um jovem para ver a realidade da vida numa pers-
pectiva diferente: é uma fusão de oração partilhada com os
religiosos salesianos (Laudes) todas as manhãs e um trabalho
físico nos oratórios. Esse trabalho pode ser desde pre-
parar a massa para o pedreiro, pintar, limpar, até
fazer tudo quanto for necessário para me-
lhorar as instalações da missão e a vida
em comunidade, onde os participantes
comem com o povo do bairro, fazem
esporte e – o que é mais importante
– partilham com os pequenos a
alegria oratoriana e, de noite, toda
a comunidade religiosa e os volun-
tários se reúnem para as boas-
noites.
A experiência nos tem ajudado
muito a motivar os jovens a toma-
rem a decisão de dar um ano da sua
vida aos mais necessitados, fazendo-se
voluntários. A experiência missionária de Ti-
juana ensinou-nos que, unindo-nos, podemos fazer
uma diferença muito maior na Sociedade.
SALESIANOS 2013
49

6.2 Page 52

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Nigéria,
o gigante jovem da África
Mais que um país, a Nigéria é um universo. Infelizmente
quanto se diz no exterior é com frequência limitado. E
limitante. O que faz notícia são eventos trágicos, tornados
ainda mais dramáticos pelo número de pessoas envolvidas.
por Silvio Roggia
A Nigéria é grande. E seus problemas
são proporcionalmente complexos e
vastos. Os dados da ONU em 2010
falam de 158 423 000 de habitantes.
80 milhões deles são cristãos. 20
milhões, católicos.
É um universo: em seu interior se
entrelaçam constelações de história,
civilização e culturas radicadas, pelos
séculos, em povos que foram reunidos
à força para favorecer interesses
coloniais externos. Continuam
convivendo sob uma mesma bandeira,
a qual tem, como maior fator de
unificação nacional, os recursos
provenientes da exportação do
petróleo. Nesse volume de
exportação, a Nigéria ocupa
atualmente o 6º lugar no mundo. E o
10º em reservas.
50
SALESIANOS 2013
A África é feita para Dom Bosco
Oque menos dá notícia é a vida cotidiana desse gigante da África.
Sobretudo dos jovens, que constituem a parte mais numerosa
da população. Segundo os dados da ONU acima citados, 53,25%
dos nigerianos – 84.210.000 – ainda não completaram 20 anos.
Os Salesianos iniciaram uma primeira dúplice presença na Ni-
géria em 1982 – em Akure e em Ondo – abrindo a seguir
Onitsha, no Centenário de morte de Dom Bosco (1988).
Logo nos demos conta de que se «a África é feita para Dom

6.3 Page 53

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Bosco e Dom Bosco para a África», como gostava de repetir salesiano às novas gerações: como numa estafeta, chegou-
o P. Viganó, isso é também 100% verdade para a Nigéria. se ao momento crucial da passagem da… testemunha.
Comprovam-no as tantíssimas associações católicas dedicadas
a Dom Bosco, também longe das regiões próximas a centros
salesianos. Comprova-o sobretudo o número denso e crescente
de jovens que estão prontos a dedicar toda a sua vida para
serem, como Dom Bosco, um dom para os seus coetâneos.
E se no passado, se continuava a sonhar enquanto gradual-
mente se consolidavam as obras já existentes – às quais em
2002 se uniu Ibadan –, nos últimos anos a realidade parece
superar todas as esperanças e desejos: começou-se a presença
em Abuja, capital administrativa; desde outubro de 2011 dois
coirmãos iniciaram a nascente comunidade de Lagos; com a
colônia de férias para meninos chegou-se a Kintagora, ao
norte do país, um primeiro passo em vista da chegada per-
manente de Dom Bosco também ali. No mês de outubro pas-
sado o Reitor-Mor fez da Nigéria uma Delegação da Visitadoria
da África Oeste, incluindo Gana, Libéria e Serra Leoa.
Amplo e vasto é o campo. Também as promessas e as pers-
pectivas, exatamente quando grandes são os desafios por
enfrentar. Entre todos, o que abre a lista como primeiro e
mais importante, é a qualidade da comunicação do espírito
No passado a missão teve necessidade de contêineres, pa-
redes, máquinas para as oficinas. Hoje o apelo mais forte se
refere diretamente às pessoas, a começar pelos que se estão
preparando não só para continuar a caminhada por sobre
o caminho já iniciado pelos primeiros vanguardeiros mas
também para dar asas a um carisma que aqui possui o po-
tencial de transformar milhões de vidas.
Se o fragor da árvore que tomba também se pode captar
pelas antenas da grande mídia - cujos sismógrafos só regis-
tram o que é sensacional, marcado, com freqüência, pela
destruição e pela morte –, persiste em seu derredor uma
enorme floresta que cresce. E o impacto do seu crescimento
será sem dúvida mui notável no futuro por vir. Não só para
a Nigéria. Não só para a África.
Um sexto da “humanidade da África, pulmão espiritual do
mundo” (Bento XVI), é humanidade que cresce na Nigéria.
Fazê-la crescer com o Santo dos Jovens é uma aposta pela
qual vale a pena jogar todos os recursos disponíveis. Exata-
mente como faria o mesmo Dom Bosco.
SALESIANOS 2013
51

6.4 Page 54

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Como ovelhas
sem pastor
Acaminhada para chegar a Tuke
pode ser árdua para alguns. Sobre-
tudo nas duas últimas horas de cami-
nho. A certa altura cheguei mesmo a
contar o número de vezes que medi o
chão – para a frente, para trás, para os
lados – enquanto eu e seis jovens
acompanhantes percorríamos, des-
cendo, a íngreme montanha. A certo
ponto, por uns 150 metros, agarrei-me
às escorregadias paredes da monta-
nha e me segurei com todas as forças
em trepadeiras e raízes dos árvores,
buscando preservar a vida e não desli-
zar para um profundo despenhadeiro.
por John A. Cabrido
a Consagração! Estava sim numa co-
munidade, mas só de nome: tinha a fé,
mas não a possibilidade de a cultivar.
Outra causa dos problemas dessa po-
pulação é a falta de instrução: a escola
elementar só abriu os batentes em
2008. Portanto, grande parte da comu-
nidade é ainda analfabeta. Certo dia,
falando com um jovem adulto, pen-
sava de estar lidando com um dos pro-
fessores. Corrigiram-me por entre o
fragor das risadas: o mocetão de 30
anos era apenas um dos alunos da
quinta série… elementar.
quando no dia 17 de março de 2012
me encontrei com o Arcebispo, que
também se havia embrenhado e
subido àquelas montanhas do distrito
de Pomio, trazendo consigo dois
sacerdotes diocesanos, um deles o
Pároco. O encontro preparou-me o ca-
minho para eu voltar a Tuke por mais
quinze dias, durante a Semana Santa e
as Celebrações da Páscoa.
E’ exatamente por ser um lugar isolado
e quase de todo inacessível que as vi-
sitas do bispo são raras. À minha che-
gada, no fim do mês de fevereiro de
2012, disseram-me terminada a Santa
Missa que aquela tinha sido a primeira
missa desde maio anterior. Não foi,
claro, uma celebração simples: o povo
não lembrava sequer das respostas.
Nem dos cantos. Duvidavam até da
posição, tanto que sentaram durante
Quando, depois de cinco dias, deixei
a vila, estava preocupado: quando
aquele povo iria ter ainda a oportuni-
dade de contar com um sacerdote
para a celebração da Eucaristia?
Nunca a afirmação do Evangelho –
“Como ovelhas sem pastor”– havia-me
ecoado tão viva em minha vida: apli-
cava-se à letra àquela pobre gente.
Foi, por isso, grande o meu alívio
O tempo nesta segunda experiência
em nada nos ajudou: chuvas e en-
chente fecharam por dias a escola. Mas
não há males que não venham para
bem: e os benefícios vieram com o au-
xílio dos professores e dos alunos ca-
tólicos, depois de os ter farejado por
suas perdidas frações.
Assim, recordo nitidamente que o pri-
meiro grupo de coroinhas – sete, entre

6.5 Page 55

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Creio ter percorrido mais de 100 quilômetros em quatro dias atravessando a
densa floresta tropical, para chegar a Tuke, pequena missão católica, fundada
há quase 50 anos, nas montanhas do distrito de Pomio, por um grupo de
Missionários do Sagrado C. de Jesus, procedentes da Alemanha. Suas onze
frações fazem parte da Arquidiocese de Rabaul, tendo portanto como guia o
Arcebispo salesiano Dom Francisco Panfilo.
adolescentes e jovens pais de família –
foi uma perfeita tragédia… (E dizer
que eu havia pedido ao diretor da
escola de poder contar apenas com
uns tantos dos mais “adestráveis”…)
Sem o apoio da eletricidade, antecipa-
mos a celebração da “Última Ceia” de
Quinta-Feira Santa, para as 15 horas:
devia estar certo de dispor de sufi-
ciente luz, porque na floresta pluvial,
escurece muito cedo. Também fui
muito exigente com os meus “após-
tolos”: visto que todos no povoado
perambulam descalços, pedi que la-
vassem bem as… ‘patas’ antes de
aprestar-se para a sacra função do
Lava-pés. Também a Via-Sacra no dia
seguinte foi uma experiência real-
mente inesquecível. Pela primeira vez
em toda a semana, o sol brilhou pela
cúpula azulada, e nos permitiu percor-
rer as várias estações, passando pelas
várias frações. (Tudo isso se fez para
reacender a fé nos lugares onde essas
populações vivem e não só na sede da
missão.) A celebração durou quase…
três horas e viu os fiéis fazendo ‘trek-
king’pela selva, subindo caminhos em-
pinados, descendo vielas pedregosas,
revivendo a Paixão final de Senhor
também com encenações. Assim,
quase me faltam palavras para descre-
ver a tremenda cena da 10ª Estação
em que um soldado-ator – ignorando
completamente toda minha explícita
ordem de “arrancar apenas a parte su-
perior das vestes do Senhor, e de não
tocar no ‘laplap’ (saiote)” – cortou, de
modo fulminantemente inapelável,
toda a inteira vestimenta, desnudando
o ator-Jesus, que por fortuna portava
sua roupa mais íntima, evitando assim
todo escândalo…
Não dispondo de um verdadeiro Círio
pascal, tivemos que inventar um, de-
corando o tronco roliço de enorme
árvore, aplicando-lhe no cimo a luzi-
nha de uma vela de cera. No grande
escuro da floresta, a pequenina vela fez
a grande diferença desde as primeiras
notas do ‘Exultet’ – cantado obvia-
mente no dialeto pídgin, ou crioulo. E
como esquecer a Missa da manhã de
Páscoa?… Que alegria ver a igreja ilu-
minada por tantíssimas decorações,
claro símbolo do nascimento à vida
nova que a comunidade estava a reco-
meçar!
Na metade de abril, a duas semanas
portanto da minha chegada, era como
se estivesse vivendo um ‘déjà vu’, mas
com uma pequena diferença: com o
seu Pastor a apenas dois dias de cami-
nho e mais um sacerdote à igual dis-
tância, comecei a esperar que os dois
ministros diocesanos possam visitar a
comunidade com maior freqüência.
É claro que deixei o povoado com o
coração cheio de tristeza, mas com
maior serenidade do que na primeira
vez. Continuo a visitar, periodicamente,
por três meses essas vilas montanhe-
sas e, ao mesmo tempo, a encorajar
novas pessoas a fazer o que também
estou fazendo: responder ao chamado
de Deus e tornar-se pastores do seu re-
banho.

6.6 Page 56

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Um… missionário! Quem diria que
eu iria dar nisso!?… Por um lado, isto
me lembra que sou uma pessoa. Não
pelo fato de ser batizado. Mas devido
ao sistema legislativo do estado
indiano. Em 1965 deixei o Quênia,
terra em que nasci. Tinha 18 anos.
Fui para a Índia. Acabara de fazer o
colegial. Na Índia comecei minha
formação para o sacerdócio entrando
para o Seminário salesiano Dom
Bosco, de Lonavla. Na minha cabeça
havia a idéia de que eu passaria
minha vida como um simples pré-
noviço para depois tornar-me
sacerdote. Mas, sendo estrangeiro e
com um passaporte inglês, estudante
numa instituição religiosa, fui
etiquetado pelo governo indiano como
“missionário”. Foi assim que começou
a minha “vocação missionária”.
54
SALESIANOS 2013
Projeto África
Quando o Reitor-Mor daquele período, P. Egídio Viganó, em
1979, convidou voluntários para participar do Projeto África,
foi-me dada a oportunidade de trabalhar como sacerdote no
Quênia, minha terra natal. Os irmãos por isso me lembraram
que eu não ia à África como missionário, mas ia como uma
simples pessoa que voltava para as terras em que havia nas-
cido e crescido: – o Quênia. Assim o Inspetor salesiano pre-
parou tudo e me mandou como Pároco numa missão das
Highlands, da Tanzânia meridional.
O início da minha primeira viagem para missionário na África
foi um pouco como a de São Paulo, visto que as autoridades
indianas locais quase me… naufragaram. Não me deram o
“visto para a navegação”rumo às costas africanas no decorrer
da primeira expedição missionária: embicaram minha nau
fortemente na areia… Culpa? Dos meus documentos que
não estavam em dia (afinal… eu era um missionário estran-
geiro). Lembro ainda as palavras daquele oficial da Secretaria
de Imigração. Uma como profecia… Disse (não certamente
em tom de sarcasmo) o que na realidade eu era. Sim, lembro-
as perfeitamente aquelas palavras:“Nem o seu Cristo o pode
livrar disso”. O salesiano irmão que me acompanhava asse-
gurou-me que tudo acabaria bem. Deveria simplesmente

6.7 Page 57

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Missionário
reciclado
por Tony Fernandes
murmurar uma pequena oração (baseada em Mt 10,22:
“Todos vos odiarão por causa do meu nome, mas aque-
les que perseverarem até o fim serão salvos”). E de fato
assim foi: naquela mesma noite consegui juntar-me aos
demais do grupo, graças à ajuda de algumas amizades.
A minha experiência missionária de alguns anos na Tan-
zânia foi estupenda. Ser missionário significou tocar as
vidas dos jovens, com as palavras e com os gestos,
ajudá-los a realizar seus sonhos, guiá-los com gentileza
mas também com firmeza pelos caminhos da vida que
haviam decidido empreender; explorar com eles as
tantas possibilidades que se lhes deparavam na busca
pessoal de Deus dentro de suas próprias vidas. Mas
o novo Inspetor, em 1986, “des-missionarizou-me”.
Mandou-me para casa, para o Quênia. Ali trabalhei por
quase 20 anos.
Projeto Europa
de poder
tomar parte no projeto.
Estranhamente, mais uma vez,
me foi dito que me mandavam para a
Inglaterra, não como participante do Pro-
jeto Europa, mas somente porque a minha famí-
lia era originária daqueles lugares e ainda viviam ali,
lugares que eu tinha deixado 34 anos antes. Assumi tudo
com um certo senso de resignação. Mas depois, em vez
de ser mandato para a Inglaterra, mandaram-me para
uma comunidade na Escócia, lugar novo para mim. E
seria sem dúvida uma experiência missionária da qual
havia de aprender muitíssimas coisas…
Sim! Isto mesmo: um missionário reciclado! De fato, a re-
ciclagem é uma ação positiva. Ela dá-lhe uma sensação
de satisfação em saber que V. deu uma contribuição po-
sitiva às pessoas que lhe estiveram ao redor. Portanto, não
hesite, recicle-se! Comece a aventura e… vá em frente!!!
Durante a visita do Conselheiro Regional da zona Ásia, em Era exatamente este o pensamento que sempre me
Goa (Índia), falou aos coirmãos acerca do Projeto Europa. zumbia na cabeça em minha nova terra de missão, a
Foi uma como isca para mim. Pedi imediatamente Grã-Bretanha.
SALESIANOS 2013
55

6.8 Page 58

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Da Valtellina
às Ilhas
Salomão
por ANS
Quais são os temas sociais mais importantes nas Ilhas Salomão?
É claro que o isolamento é um dos principais obstáculos que
superar, tanto para a evangelização quanto para a adminis-
tração das necessidades básicas da saúde e da educação. O
tribalismo representa um oásis de segurança no oceano do
isolamento: a tribo se torna ali aquela parte da sociedade que
dá uma resposta imediata a todos os problemas urgentes da
subsistência e da paz entre as famílias e as tribos limítrofes.
Persiste o perigo de hostilidades entre diversas tribos, com
frequentes choques por direitos da terra… O governo cen-
tral permanece uma realidade muito abstrata e longínqua,
sem poder intervir em tempos realísticos, relativamente às
necessidades essenciais das tribos.
Que contribuição pode dar a Igreja à sociedade das Ilhas Salomão e
quais os desafios que lhe advêm da sociedade?
O governo central está praticamente ausente nos lugares
mais isolados, onde está ao invés a Igreja, com as suas insti-
tuições e o seu pessoal. A saúde de base e a educação, tanto
elementar quanto ginasial, são áreas onde as Igrejas e a So-
ciedade colaboram para o bem comum. A Igreja Católica
muito se interessa por manter as boas relações entre as várias
tribos por uma convivência pacífica e frutuosa. Permanecem
os desafios da corrupção na distribuição dos auxílios às ins-
tituições civis, que com freqüência não chegam àquela
gente para a qual fora decretado e doado o auxílio.
Numa sociedade que se proclama cristã, nas várias denomi-
nações, existe ainda muita disparidade entre o que se acre-
dita e o que se pratica. A religião é por vezes vista como uma
56
SALESIANOS 2013

6.9 Page 59

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Dom Luciano Capelli SDB, Bispo de Gizo em
pleno Pacífico e ora em Roma por ocasião da
Visita “ad limina Apostolorum”, responde a
algumas perguntas de ANS. As Ilhas Salomão
constituem desde 1978 uma república
independente e faz parte da Commonwealth;
um milhar de ilhas, das quais só 360 são
habitadas, com uma população de 600 000
habitantes. A maioria das pessoas se professa
cristã: perto de 40% anglicanas, 20%
católicas, seguidas por outras denominações
protestantes. Da Arquidiocese de Honiara
dependem as duas sufragâneas: Auki e Gizo.
“segurança” contra os maus espíritos, nos quais o povo
acredita com grande intensidade.
A partir de outubro próximo a Igreja viverá dois eventos muito
importantes: o Sínodo sobre a Nova Evangelização e o Ano da
Fé. Tem sentido falar de Nova Evangelização nas Ilhas Salomão
ou estamos ainda na fase do “primeiro anúncio”? Como se faz
para inculturar o Evangelho nas Ilhas Salomão?
Se por nova evangelização se entende a proclamação
por parte de testemunhas credíveis, disso há realmente
necessidade! Se por nova evangelização se pretendem
novos métodos de proclamar a mensagem evangélica,
também nesse caso confirmo: há realmente muita ne-
cessidade. A mensagem foi proclamada pelos missio-
nários, há já mais de um século, mas permanece a
necessidade de levar a mensagem evangélica à reali-
dade da vida cotidiana das pessoas, para que dê sentido
e direção a cada opção. Desta nova evangelização
temos realmente absoluta e urgente necessidade!
De resto, estamos construindo comunidades de base
que saibam administrar-se e crescer na fé e na solidarie-
dade: neste sentido porém já estamos falando de um
passo que está mais adiante da “implantatio ecclesiae”.
Para vencer as distâncias e criar junções, além disso,
parece que o avião ultraleve episcopal (com o qual o
bispo se desloca entre as ilhas da sua diocese, ndr) esteja
a prestar ótimos serviços.
Que lhe ficou das suas origens e o que ao invés assumiu dos ha-
bitantes das Ilhas Salomão, durante estes anos de convivência?
Das minhas montanhas da Valtellina – terra do missio-
nário P. Carlos Braga e do teólogo Venerável P. José Quá-
drio –, da minha cultura de origem e da meninice no
pós-guerra de ’39-‘45, conservo ainda a grande capaci-
dade de não me render perante as crises ou os perigos
de qualquer tipo. As montanhas me ensinaram que a vi-
tória na conquista do cimo não está na meta do cume
mas na luta do percurso, em pôr um pé cada vez mais
alto que o precedente, sem tirar os olhos do pico. Dos
habitantes das Ilhas Salomão, ao invés: a despreocupa-
ção, a alegria do viver o dia-a-dia…, a paciência e o con-
tentar-me com pouco, com o necessário, sem ‘stress’.
Soubemos que jogou, com Dom Pânfilo, hoje Arcebispo de
Rabaul, num time de futebol salesiano que nem a Seleção das
Filipinas conseguiu derrotar. Bate ainda uma bola?
Duas cirurgias nos ligamentos do joelho direito (em 1981
e em 1991) não me tiraram a vontade de dar, cá e acolá,
algum chute… Mas foi em ’99, durante uma partida,
que, depois de parar com a direita, não pude completar
com a esquerda, porque me dei conta de que… a bola
já não estava ali: aqueles danadinhos de rapazes ma rou-
bavam com a maior facilidade; e isso era demais para
um… ex-campeão! Deste modo, aos 52 deixei de jogar
sério. Mas alguns chutes na bola os dou ainda com
muito prazer, escolhendo bem a… idade dos adversá-
rios! Assim aos 64 anos ainda me viro discretamente
jogando com os coroinhas do primário…: e que entu-
siasmo em campo! Naturalmente a partida termina
sempre com um sorvete, que muito me ajuda a con-
quistar o coração daquela gentinha.
SALESIANOS 2013
57

6.10 Page 60

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EDUCADOR
58
SALESIANOS 2013
Precede, protege e aprende a partilhar
Centro Salesiano do Adolescente
Trabalhador, CESAM
Supermercado como Escola
Ajudando a fazer tijolos de esperança!
Movimento Juvenil Salesiano do Trivêneto
Dom Bosco hoje no mundo do Trabalho
Aprender a arte de viver
MJS Valência: Encontros de Caminhada
Formativa
Sonho que dura um século

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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Para sanar essa lacuna na educação, tão insistentemente reclamada pelos tempos,
dediquei-me de corpo e alma à compilação de uma História Sagrada de exposição fácil
e estilo popular, e sem os mencionados defeitos. Essa a razão que me levou a escrever e
imprimir a “História Sagrada para uso das escolas”. Não podia garantir um trabalho
elegante, mas trabalhei com a melhor boa vontade de servir à juventude.
(Memórias do Oratório)
SALESIANOS 2013
59

7.2 Page 62

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Faz dois anos que os jovens
alunos do primeiro e
segundo anos, do Ginásio
Dom Bosco, são também
acompanhados por alguns
monitores. De fato, os alunos
dos últimos dois anos de
curso assumem o papel de
mentores, amigos,
confidentes dos alunos mais
jovens. Visitamos a escola
de Unterwaltersdrof e
passamos um dia inteiro
com três desses… eleitos.
60
SALESIANOS 2013
Precede, protege e
aprende a partilhar
Áustria O Papel do Monitor no Ginásio Dom Bosco de Unterwaltersdrof
Texto e fotos aos cuidados de Markus Schauta
“O fato de ter boas notas
não quer dizer que se pos-
suam também grandes
qualidades na área do social” – explica-
nos Beatrix Dillman, Professora do Ginásio
Dom Bosco. Os monitores não são esco-
lhidos apenas por suas notas no Boletim
escolar. Junto com a colega Michael Hof-
mann, é Dillman uma das professoras res-
ponsáveis pelo Projeto Monitor.
Soa a campainha. Inter-
valo. Numa das mesas
veem-se três monitores da
1C, que estão papeando exatamente
acerca da sua tarefa de monitores ou
prefeitos dentro da escola. “Por alguns
alunos esse encargo é visto como algo
um tanto ultrapassado”. Três jovens,
Sophie Berger, Lisa Budinsky e Sophie
Huszarek concordam, mas só… intelec-
tualmente, com a afirmação. E, quem
diria, o número de jovens monitoras é
superior ao dos seus coetâneos varões.
As três são jovens do penúltimo ano, da
seção G, e foram incumbidas dessa
tarefa na 1C, no mês de setembro pas-
sado. 23 ao todo – eles e elas – que par-
ticipam do projeto.
A campainha soa nova-
mente. As jovens deve-
riam ir para a aula de
história, mas têm licença de ficar, exa-
tamente para falar conosco do seu
papel de monitoras.
Cresceram ao lado dos seus pupilos: “É
uma coisa maravilhosa quando lhe per-
guntam por que não pôde passar para
vê-los durante o intervalo”– diz Lisa.
O papel do monitor visa também
aparar um pouco as hierarquias que
possam existir dentro de um ambiente
escolar… Quando as nossas três
jovens da entrevista frequentavam o
primeiro ano, havia a regra de que só
os alunos mais crescidos podiam
ocupar os últimos assentos no ônibus.
“Todas normas, hierárquicas, que não
existem mais”. Às vezes é necessário
falar também de coisas pouco agradá-
veis. Coisas deste mundo.
A campainha soa mais uma vez. Todos
para a aula de francês.
Quinta hora de aula.
Música com a Profra. Dill-
mann. Todos os alunos
estão muito felizes porque a Professora
está a nos dar entrevista. E eles por-
tanto irão ver um filme.
A decisão de inserir monitores ou pre-
feitos na escola foi tomada há dois
anos. Especialmente para prevenir o
‘bulismo’, ou algo semelhante, entre os
alunos.
A Profra. Beatrix Dillmann e a colega Mi-
chael Hofmann se encarregam da for-
mação dos novos prefeitos, com os quais
têm periódicos encontros formativos. E
caso apareçam problemas graves, encar-
regam-se de os revolver imediatamente.
Também a colaboração entre professo-
res e prefeitos funciona muito bem.
“Muitos professores-delegados de classe
são deveras ambiciosos: interessam-se
por saber das exigências dos próprios
alunos e mantêm-se por isso em cons-
tante contato com os monitores. Outros,
ao invés, ainda não se habituaram a esse

7.3 Page 63

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novo projeto, em que ensinar significa
também ministrar um certo tipo de
educação. Não é certo dedicar dema-
siado tempo a questões administrativas
em detrimento da qualidade do ensino
e das exigências dos alunos, embora
isso não seja coisa fácil!” – admite a
Profra. Dillmann –. E conclui: “E é exata-
mente por isso que acredito firme-
mente no projeto que a nossa escola
acaba de assumir”.
Michaela Gross, profes-
sora-delegada da 1C, con-
fiou aos monitores a
própria hora de aula. “Isto acontece,
mais ou menos, uma vez cada dois
meses, quando o professor-delegado
nos cede a nós uma das suas horas,
com a liberdade de a usar como
acharmos melhor”– diz Lisa.
Os estudantes acolhem os prefeitos
com muita alegria. É o momento de
jogos organizados.
Chegou, para todos, a
hora do almoço. “Poderia
também ir para casa, se
quisesse – diz Lisa –, mas é o mo-
mento do recreio com os alunos mais
pequenos e, a seguir, hora de ir ao
cinema”.
Normalmente os monitores mantêm
esse papel de acompanhamento por
dois anos. Alguns deles entretanto se
afligem por não dispor de suficiente
tempo que dedicar ao estudo, espe-
cialmente quando se aproxima o
exame de ‘maturidade’. Lisa terá isso
no próximo ano e não está muito
segura de poder cuidar bem dos seus
‘pimpolhos’. Sophie, ao contrário, não
tem qualquer dúvida: poderá ajudá-
los. Huszarek concorda com ela, afir-
mando ter sempre tido desejo de
ajudar os colegas mais pequenos que
ela, desde os tempos do Jardim.
Terminado o almoço,
todos os alunos se
reúnem à porta da pró-
pria classe. E se alguém lhes pergunta
o que acham dos prefeitos, o co-
mento é unânime:
– “Fantásticos!!!”.
Lisa e as duas Sophie decidem levar
seus alunos ao Freizeitzentrum (O
centro da amizade), pequeno centro
de entretenimento.
Antes, porém: “Hora de limpar a sala!”,
exclama Lisa. E todos ajudam: lim-
pando ou repondo as coisas em seus
lugares.
É no último andar do
edifício que está o Frei-
zeitzentrum (O centro
da amizade)… Alguns alunos jogam
baralho, outros pingue-pongue,
outros videojogos, outros…
No Auditorium do Giná-
sio Dom Bosco foi mon-
tado um telão. O filme
de hoje será “Tim & Struppi”. Pelas
15h, sala cheia: o P. Wiedemayr fecha
as portas e diz:
- “Vamos começar”!
Depois que a palavra
‘fim’viu escoar a lista dos
créditos do filme, todos
– alunos e… monitores – podem fi-
nalmente voltar para casa. Na pró-
xima semana, Julia e as duas Sophie
voltarão para tomar conta dos seus
adoráveis pupilos.
SALESIANOS 2013
61

7.4 Page 64

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Centro Salesiano
do Adolescente Trabalhador
por Guilherme Barbosa
Historia
Andando
Foi então que o Ir. Mesquita, juntamente com
outros salesianos, decidiram criar um modelo
pelo pátio do Cesam em
Belo Horizonte, Minas Gerais
(Brasil), o salesiano Irmão
Raymundo Rabelo de Mesquita vê
centenas de jovens com um só objetivo:
inédito de unidade salesiana que aliava a qua-
lificação dos jovens e o posterior encami-
nhamento ao trabalho formal. O Cesam
(Centro Salesiano do Adolescente Traba-
lhador) nasceu no mês de maio de 1973
na capital de Minas Gerais e, na época,
qualificar-se e ingressar no mercado de
foi batizado com o nome de“Vigilantes
trabalho. Ao ver esta cena, Ir. Mesquita lembra
de como e quando tudo começou: “Há 40 anos os
salesianos da Inspetoria São João Bosco de Belo
Horizonte – Brasil perceberam um hiato nas
instituições de amparo aos jovens e nas
Mirins”. Mais do que uma agência
de empregos, esta unidade salesiana
passou a atuar também na formação
profissional e pessoal de cada jovem,
preparando-o para os desafios de uma
vida digna e responsável.
agências de trabalho da época. Muitas
delas não davam importância ao
O CESAM
jovem e não o tratava de forma
digna e respeitosa”.
Atualmente o Cesam, sob a administração da
Inspetoria São João Bosco (ISJB), está presente
em cinco Estados brasileiros: Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Goiás e o Distrito Fe-
deral. As unidades sociais atendem centenas de jovens a
62
SALESIANOS 2013

7.5 Page 65

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CESAM Há 40 anos transformando a vida dos jovens
cada semestre. Com uma equipe mul-
tidisciplinar, composta por educadores
sociais, assistentes sociais, psicólogos,
pedagogos e outros, o Cesam oferece
uma estrutura de orientação e acompa-
nhamento sócio-familiar, qualificação
sócio-profissional, desenvolvimento
integral para adolescentes e um pro-
grama de articulação e mobilização
pelos direitos humanos. A unidade
social tem como finalidade a educação
e evangelização de adolescentes caren-
tes na faixa etária de 16 a 18 anos de
idade. Emprega adolescentes de forma
legalizada, encaminha-os para o mer-
cado de trabalho formal, acompanha-
os no desempenho de suas atividades,
reúne-os nos finais de semana para re-
flexão e esporte e procura envolver
também seus familiares no processo
de formação. Assim, orientando-se
pelos princípios do evangelho, a
partir da espiritualidade salesiana, o
Cesam proporciona ao adolescente
“ser bom cristão e honesto cidadão”.
CESAM + Família + Empresa
= Uma grande parceria
Com as empresas, o Cesam celebra
uma parceria sócio-educativa. São em-
presas que acreditam na força do
jovem, como sujeito de mudanças.
Com o adolescente, a unidade celebra
um contrato de trabalho, e assina um
Termo de Compromisso, estabelecido
entre Cesam adolescente e responsá-
vel. O adolescente se compromete a
comparecer nas reuniões formativas,
fazer uso de forma correta do uniforme
da unidade social e ter um bom com-
portamento. Para que o processo edu-
cativo possa se desenvolver da forma
mais harmoniosa possível, o Cesam
acompanha ainda as famílias de seus
jovens, principalmente por meio de
reuniões formativas.
Todo adolescente, para pertencer ao
Cesam, tem que estar estudando. Por
isso, a unidade social acompanha a
vida escolar de seus adolescentes. Rea-
liza este acompanhamento periodica-
mente, por meio do recebimento da
Declaração de Escolaridade e sempre
que necessário, os educadores reali-
zam contatos diretamente com as es-
colas.
São inúmeras as parcerias e conquistas
das unidades de cada estado. Recen-
temente, o Cesam do Espírito Santo
firmou um convênio com a Petrobrás
para o atendimento de 125 adolescen-
tes e jovens no Programa ‘Petrobrás
Jovem Aprendiz’.
E o sonho, que começou na década de
70, continua com o mesmo entu-
siasmo e com as perspectivas atualiza-
das para as necessidades do contexto
atual.
SALESIANOS 2013
63

7.6 Page 66

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Supermercado como
por Angelica Luderschmidt
Fotos de Gregory P. Gugala
Não entendi ainda tudo da organização, mas estou pro-
gredindo”. Andreas Erhard ri-se esperto enquanto ajeita
uma caixa de requeijão no frigorífico. O jovem, 18 anos, aca-
bara, havia pouco, de botar o seu uniforme - uma camiseta
azul com à esquerda o logo vermelho “Dom Bosco”.
O reino de Andreas começa nos bastidores do grande su-
permercado. Ali se sente bem e dá o melhor de si. Mui ra-
ramente a sua deficiência lhe causa problemas: uma
paralisia de nascença afetou-lhe o lado direito. «Mas posso
fazer tudo. Pouquíssimas as vezes que não: cada três ou
quatro meses» – diz. Mas logo muda de assunto. Quando
fala do seu trabalho, Andreas usa termos técnicos de
venda a varejo como um trabalhador de longa data no
setor. «Os artigos devem ser colocados nas estantes por
data de vencimento em ordem decrescente» – explica,
enquanto com a esquerda coloca em lugar oportuno uma
caixa de iogurte. Além da colocação dos vários artigos,
entre suas tarefas conta-se também o controle do estoque
e a encomenda de mercadorias.
Desde setembro do ano passado, no supermercado “Dom
Bosco”, de recente construção, 21 jovens de Aschau acompa-
nham o curso de formação que os levará a tornar-se vende-
dores ou comerciantes varejistas. Para o gestor – Inspetoria
alemã dos Salesianos de Dom Bosco – este ponto de venda
Edeka, especialmente iniciado, é um projeto piloto.
Antes, Andreas e os outros aprendizes faziam sua prática
num mercadinho de 150 metros quadrados de superfície.
A superfície do novo ponto de venda é de 600 metros
quadrados. «O trabalho que posso fazer aqui é mais inte-
ressante que no velho mercadinho. Aqui posso falar com
os clientes e orientá-los», diz Andreas, puxando um pouco
para cima seu ‘jeans’ um tanto folgado.
No supermercado‘Dom Bosco-Edeka’, Andreas é responsável
pelos produtos frescos e congelados, como o era no merca-
dinho. «Os clientes são muito gentis e o seu relacionamento,
favorável. Muito raramente alguém se mostra irritado
quando não acha o que procura». Andreas saúda gentil-
mente uma cliente que empurra um carrinho de compra.
«Aqui no supermercado os jovens adquirem habilitações
úteis à vida social e têm um contato direto com os clientes.
É uma formação construtiva» – diz Hans Kiefl, responsável
pelo projeto.
Ao lado da cozinha, no primeiro andar do supermercado,
há também uma sala de estudo. Toda terça-feira Andreas
deve estar ali com mais quatro seus colegas de classe, do
3º ano, para estudar. Faz parte do plano de estudos a con-
tabilidade e a matemática. Além disso, durante todo o dia
de quinta-feira são dadas as aulas do Centro de formação
profissional “Waldwinkel”. No internato anexo ao centro,
Andreas vive com 260 outros aprendizes com necessida-
des específicas. Como na segunda, quarta e sexta-feira não
há aulas, Andreas pode fazer o primeiro turno de trabalho,
das 6 às 15h30min, como hoje.
Cerca de meia hora depois do fim do horário de trabalho,
Andreas volta ao pensionato e ali passa duas horas de
64
SALESIANOS 2013
Em Aschau am Inn, na Baviera, Andreas
Erhard realiza o seu percurso de
formação trabalhando na área de vendas.
O supermercado “Dom Bosco”, de Edeka,
conhecida cadeia distribuidora de
produtos alimentícios, sob o patrocínio da
Inspetoria alemã dos Salesianos de Dom
Bosco, empenha-se por ajudar os jovens
necessitados. É ali que Andreas trabalha
desde setembro passado.
O ‘Don Bosco Magazin’ visitou-o no
trabalho.

7.7 Page 67

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Escola
tempo livre. Seguem-se ainda uma hora de estudo e a ceia.
Nos momentos livres do estudo e do trabalho, Andreas ouve
música e dedica-se ao seu ‘hobby ‘preferido: visitar sítios de
carros na Internet. Os seus olhos brilham, quando contempla
o calendário que pende de uma das paredes do seu quarto
em que se mostra uma linda sequência de carros velozes, en-
venenados.
No fim do próximo verão, o jovem de 18 anos completará
seu percurso de formação para vendas a varejo.
Os responsáveis pelo curso de formação que se realiza no su-
permercado estão contentes com ele. Também os professo-
res de “Waldwinkel” preveem um futuro positivo para esse
jovem de cabelos arrufados e um ‘piercing’ na orelha. «An-
dreas fará o seu caminho», diz Hans Kiefl. «O terceiro ano é
importante para a sua caminhada rumo ao exame de matu-
ridade. Aqui no supermercado os jovens se habilitam util-
mente para a vida social e mantêm um contato direto com
os clientes. É uma formação construtiva». O professor que lhe
está perto concorda e acrescenta: «Antes do fim do curso,
Andreas deverá ainda aprender a moderar sua exuberância.
e estudar». Logo mais iniciará a importante fase de prepara-
ção ao exame. Começará depois também a parte prática,
orientada a aprender como apresentar a própria candidatura
a um emprego.
Quando lhe perguntam onde gostaria de trabalhar, Andreas
tem uma resposta pronta: «Gostaria de empenhar-me na área
técnica: seria magnífico se eu achasse emprego num centro
de vendas de artigos para informática ou telefonia celular».
SALESIANOS 2013
65

7.8 Page 68

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Ajudando a fazer tijolos
de esperança!
O trabalho de crianças em olarias no Estado do Haryana, Índia
por Kollappalliyil Thankachan
Julga-se que o trabalho de menores na
Índia envolva – pasme-se! – 60 milhões de
crianças. Quase um terço da população do
Brasil. Chamados “trabalhadores ocultos”,
topam qualquer tipo de trabalho no…
subsolo do mundo econômico. Embora o
Governo Indiano e as Instituições garantam
educação gratuita e obrigatória a todas as
crianças de idade compreendida entre 6 e
14 anos e proíba a assunção de crianças
para o trabalho, o problema é ainda uma
das maiores chagas existentes no País.
66
SALESIANOS 2013

7.9 Page 69

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Alonga estrada que atravessa vastos
campos agrícolas, está ladeada em
ambas as margens por áreas de produção
de tijolos. Muitíssimas as pessoas que tra-
balham nessa zona e que moram em feiís-
simos barracos. São pobres imigrados que
provêm dos estados limítrofes. São cerca
de 500 as olarias em Pasahaur, distrito de
Jhajjar (Haryana), a uns 60 quilômetros da
capital da Índia, Nova Délhi: elas são a fonte
primeira dos tijolos para muitos estados da
Índia do norte. Entretanto, nenhum desses
operários possui um só tijolo para fazer-se
uma casa digna desse nome.
O dia de trabalho começa mui cedo. Por
toda a noite uma nuvem de fumo se
elevou sem cessar das chaminés: é ali, a
seus pés, que se põem ao depois os tijo-
los a queimar. O fumo que se ergueu,
transforma-se agora em nuvem, que às
vezes despede fagulhas, como quando
se queima capim seco. O gás envolve
tudo! E ardem os olhos…
Não é ali uma coisa incomum ver muitas
pessoas – jovens e idosos – a trabalhar por
entre dunas de lama, moldando tijolos. En-
tretanto ver – ali – também crianças com
menos de dez anos é de cortar o coração.
O simples bom senso se recusa a aceitar
que crianças tão pequenas trabalhem ali
com suas mãozinhas como se fossem de
expertos pedreiros, e sob um sol abrasa-
dor, de abril a meados de junho. Fazem-se
por vezes pequenas pausas, mas nota-se
que grande parte desses pequenos traba-
lhadores são apenas pele e osso.
Pior: a produção de tijolos tornou-se uma
espécie de parque de apostas. Quanto
mais tijolos uma criança produz tanto mais
vale perante o grupo dos operários…
Há também outras crianças nessa praia
pelo avesso: pequenas demais para
fazer tijolo, brincam… Mais ainda: nesse
deserto de fumo e lama, há outrossim
o grupinho das meninas que cuidam
dos mais pequeninos enquanto suas
mães se arrebentam no trabalho.
O ‘Don Bosco Pasahaur’, casa salesiana
que se acha exatamente nessas imedia-
ções, procurou e está buscando realizar
um vilarejo com que poder ajudar a
essa gentinha infeliz. Os salesianos
querem ajudá-las a fazer tijolos… de es-
perança, para um futuro bem melhor. O
P. Joseph Thankachan, diretor da comu-
nidade, está firmemente decidido a
melhorar as condições de vida das pes-
soas que vivem nessa péssima situação
sanitária. Deseja por isso obter mais
pontos de captação de água corrente
não poluída e levantar centros de aco-
lhida. Os Salesianos têm a importante
tarefa de dar a essas crianças exploradas
e vítimas da injustiça um futuro de ale-
gria. Têm pois em mira muitos projetos,
alguns dos quais são:
» programas de sensibilização acerca das
mulheres e das crianças trabalhadoras;
» realização de um centro de acolhida
para crianças necessitadas;
» elevar o nível de educação e assistên-
cia para todas as pessoas carentes.
Os filhos de Dom Bosco estão a expen-
der muita energia para tentar solucionar
o problema da exploração de crianças e
adolescentes nessa região. A educação
é o seu instrumento de libertação. As
crianças são convidadas às escolas não-
formais e resgatadas das condições pe-
rigosas da fabricação de tijolos.
Volte pois o dia em que brilhe para toda
criança, em todo o mundo, um tempo
de luz e um lugar de serenidade e de
paz, em que possa sonhar, aprender a
viver e a fundamentar o seu amanhã…
Em que possa crescer como o Filho de
Deus em idade, sabedoria e graça!
Diante de Deus e dos Homens!
SALESIANOS 2013
67

7.10 Page 70

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Os Cursos de Animadores propos-
tos pelo Movimento Juvenil Sale-
siano (MJS; AJS, no Brasil), do
Trivêneto, são uma experiência de
crescimento humano-espiritual
para quantos desejem doar-se pelos
mais pequenos, cultivando a
própria paixão pela educação.
Uma expressão de Bento XVI
resume muito bem o sentido e o
coração desta experiência: «Ide
contar aos outros jovens a vossa
alegria por ter achado aquele pre-
cioso tesouro que é o mesmo Jesus
Cristo. Sede missionários entusias-
tas da nova evangelização! Levai
àqueles que sofrem, que estão à
procura, a alegria que Jesus Cristo
deseja doar» (Da Mensagem da
JMJ 2012).
por Igino Biffi
Movimento Juvenil Salesiano
Uma experiência salesiana a serviço da Igreja do Nordeste Italiano
Oprojeto “Curso de Animadores” con-
siste na realização de uma experiência
que pretende ajudar os jovens a tornar-se
próximos aos mais pequenos e habilitá-los
a enfrentar com mente e coração as várias
atividades estivas de animação. A finalidade
é pois dar ulterior consistência à formação,
que já em nível local se dá aos animadores.
É a isso que se convidam aqueles rapazes e
meninas, entre 14 e 18 anos, que desejam
capacitar-se a educar no estilo da animação
do Sistema Preventivo de Dom Bosco. São
todos/as jovens e muito jovens, que a ca-
minho rumo à própria maturidade humana
e cristã, se preparam para um serviço à
mesma realidade eclesial.
Globalmente a experiência dura uma
semana. E cada curso se estrutura em três
dias, em junho, nas sedes de Údine,
Verona, Mestre (casas salesianas), apenas
terminado o ano letivo. É um momento
muito esperado porque marca o início do
verão e é uma incomparável ocasião de
encontro, que envolve, entre 'staff' e
jovens, mais de 2.000 jovens. Para garantir
uma formação gradual, os cursos se reali-
zam em quatro níveis segundo a idade e
a experiência, e cada qual se caracteriza
por uma figura bíblica de referência, que
com a vida, indica o caminho de tornar-se
testemunhas credíveis no meio dos pe-
quenos:
» I nível: DAVI
» II nível: OS DOZE
» III nível: SÃO PAULO
» IV nível: MARIA
68
SALESIANOS 2013

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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do Trivêneto
A finalidade dos Cursos de Animado-
res consiste antes de tudo em levar os
jovens a descobrir ou fortalecer em si
o desejo de Deus. Têm além disso o
escopo de ajudar a descobrir que a
vida se torna plena quando é doada.
Os Cursos de Animadores são o fruto
da colaboração estreita entre os Sale-
sianos da Inspetoria Nordeste, as Filhas
de Maria Auxiliadora da Inspetoria
Madre Mazzarello do Trivêneto, e a As-
sociação dos Salesianos Cooperadores.
O 'staff' além disso se compõe de um
denso grupo de universitários ou
jovens trabalhadores, que suspendem
os seus empenhos para dar em muitas
áreas uma sua contribuição . Uma
Equipe de base garante a coordena-
ção do 'staff' de colaboradores empe-
nhados nas diferentes áreas (formação,
logística, assistência, oração, animação,
laboratórios). Amigos e convidados
provêm também do exterior: Romê-
nia, Moldávia, Hungria, Bósnia.
O ingrediente que dá um toque de
maior profundidade a essa experiência
tão vivaz é a proximidade, mesmo sendo
uma experiência residencial com perto
de 500 jovens. Durante os Cursos de Ani-
madores são muitas as ocasiões em que
os/as jovens podem ser aproximados
por um consagrado, por um animador
maior, ou podem se confrontar com
coetâneos. Nesses dias, revestem papel
central os relacionamentos: na festa, no
empenho, na partilha, os adolescentes
estão juntos a seus coetâneos e ao
mesmo tempo são acompanhados por
adultos que gostam daquilo que eles
mesmos apreciam. São tempos impor-
tantes, que revestem um papel privile-
giado na alquimia do todo: trata-se de
respiros d’alma em que se pode achar
um pouco de espaço para abrir-se ao
outro, confrontar-se, deixar-se acompa-
nhar. São ocasiões preciosas para todo
educador, porque é no relacionamento
pessoal que se pode revelar a parte mais
profunda e verdadeira do jovem.
Desses Cursos para Animadores partici-
pam para mais de 60% jovens proceden-
tes de paróquias confiadas a diocesanos;
para os restantes 40%, os jovens provêm
de realidades salesianas (SDB e FMA).
SALESIANOS 2013
69

8.2 Page 72

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Dom Bosco hoje
no mundo do Trabalho
por Jesús Rodríguez Mejía
Àimitação de São João Bosco, os salesianos no México ini-
ciaram a sua primeira obra em Santa Julia, no Distrito Fe-
deral, em 1892. Era uma escola de Artes e Ofícios, onde os
alunos podiam escolher dentre vários cursos. Estes eram: sa-
pataria, marcenaria, alfaiataria.
Em 1983, o diretor da escola, P. José Lazaro y Reyes SDB, e,
com ele um grupo de Cooperadores, sonhavam seguir mais
uma vez o exemplo de Dom Bosco e fundar uma Escola Pro-
fissional, com a finalidade de propiciar aos jovens um lugar
onde aprender um ofício.
Inicialmente os cursos propostos eram mecânica, marcenaria,
eletrônica, soldagem. Depois, com o passar do tempo, o Centro
se redesenhou e modernizou, especialmente graças ao auxílio
do COMIDE (Grupo de voluntariado belga), do Senosiain Works-
hops, da Sra. María Guadalupe Salgado Mendía, do Kindermis-
sionswerk (Grupo de voluntariado alemão) e do Sr. Julio César
Dominguez, da Associação KABA.
Recentemente os cursos foram melhorando mais ainda, quer
nos programas de estudo, quer na aparelhagem de que os
alunos dispõem: chegaram de fato muitíssimas novas máquinas
para os diversos cursos que o Centro propõe.
Agrada também sublinhar o fato de que cada um dos cursos dedica
80% do tempo a lições práticas e o restante 20% às lições teóricas.
70
SALESIANOS 2013

8.3 Page 73

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Segundo os dados coletados, os alunos que nestes 29
anos de vida do Centro usufruíram dos nossos cursos
foram 9.900. O Centro oferece os próprios serviços a
quem quer que os peça, indiferentemente de raça, sexo,
religião, status social. E é de grande auxílio, sobretudo
àqueles jovens que se encontram num contexto de
maior desamparo social.
Atualmente o Centro ministra formação técnica nos se-
guintes setores: Mecânica básica, Combustível, Carpin-
taria, Serralheria, Eletrônica, Eletricidade, Reparação de
pequenos eletrodomésticos, Inspeção de drenagens,
Curso de inglês, Instalação de refrigeração (doméstica e
comercial), Instalação de ar-condicionado, Informática
(de base e avançada), Assistência informática. Os cursos
são ministrados nos dias feriais das 18 às 21 horas, e, no
sábado, das 9 às 14 horas. No final de cada curso, o aluno
recebe um diploma que atesta a sua freqüência ao
curso.
A Escola Profissional Salesiana é atualmente adminis-
trada pelo salesiano coadjutor Sr. Austreberto Velasco
Sandoval e, na qualidade de Coordenador, pelo Sr. Jesús
Rodríguez Mejía, os quais aproveitam da oportunidade
para agradecer às tantas pessoas e instituições que,
nestes 29 anos, sempre ajudaram o Centro, especial-
mente no setor econômico com suas doações.
SALESIANOS 2013
71

8.4 Page 74

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Aprender a arte de
viver
por Marjan Lamovšek
Na Eslovênia, país circundado pelos Alpes Júlios, pelo
mar Adriático e pela planície da Panônia, a missão sa-
lesiana já iniciou o seu segundo centenário. E vai-se
decididamente ampliando. Os filhos de Dom Bosco
estão ali desde o ano de 1901. À pastoral paroquial,
quase único modo de sobrevivência dos Salesianos no
regime sob a estrela vermelha, acrescentam-se hoje
outras áreas do vasto labor da FS. Uma escola, Gimna-
zija Želimlje, todos os anos oferece a 60 novos jovens
uma formação de alto nível, além da educação se-
gundo o sistema de Dom Bosco. Ao lado das paró-
quias se abrem os Centros juvenis, onde adolescentes
e jovens encontram local de acolhida, passatempo
ativo, formação, para tornar-se bons cristãos e hones-
tos cidadãos. O Oratório de Verão, ou colônia de férias,
já se conhece e difunde por toda a nação. Isso o reco-
nheceu até a Conferência Episcopal Eslovena com
uma honraria, em 2011, pela contribuição do Oratório
à Pastoral Juvenil Nacional.
Há depois muitíssimas paróquias que usufruem do
trabalho das mãos da Família Salesiana que, exata-
mente neste setor, vê uma enorme potencialidade
para a educação das jovens gerações. Também no tra-
balho social, há já dois decênios, sua presença e voz,
acompanhadas pelas várias atividades dos salesianos
e por seus colaboradores, se faz ouvir em favor dos
jovens mais necessitados.
Poder-se-iam elencar outras iniciativas em favor dos
jovens, como a dos que desejam tornar-se protago-
nistas entre os seus coetâneos, isto é, dos animadores.
Mas não é o caso de se elencar tudo. Entretanto no
quadro de conjunto, poderia, pela sua completeza, ser
mencionado também o Centro DUO, de Veržej. DUO
é uma abreviação, que em língua eslovena de modo
sintético indica que se trata de um Centro de Artes e
Ofícios. Alguns anos faz, em Veržej, foi reestruturado
um edifício, para o qual agora confluem muitos arte-
sãos. Os jovens, e quantos se sentem tais, em cursos
de variada intensidade podem penetrar nos mistérios
de um… mister, ou ofício. E isso para aprender e fazer
uma experiência de artesanato. E também de vida! E
esta é uma arte que não se aprende lendo. Aprende-
se vivendo.
72
SALESIANOS 2013

8.5 Page 75

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Com argila entre as mãos, um se sente um quase… criador. Também a
palha, de per si uma haste seca, e sem valor, através de mão hábil e da
fantasia, pode tornar-se um objeto de valor: é frágil, certamente, e pode
sofrer os danos do fogo como a palha dos campos, mas possui um valor
inestimável para quem a modelou com finura e amor. Afinal, não é uma
coisa sem importância experimentar que na vida o que conta não é a
quantidade do trabalho que se expendeu, mas sim o esmero e o amor que
se lhe devotou.

8.6 Page 76

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MJS Valência:
Encontros de Caminhada
Formativa
por Marta Peirat
Os Encontros de Caminhada, organizados
pela Delegação Inspetorial de Pastoral
Juvenil (PJ), da Inspetoria de Valência, se
dirigem a crianças, adolescentes e jovens, na
faixa de 9 a 20 anos. Esses encontros
reúnem, por grupos de idade, pequenos e
crescidos, de todas as associações e centros
juvenis das obras da Inspetoria, abarcando
as Províncias de Valência, Alicante,
Castellón, Saragoça, Múrcia e Albacete.
Oobjetivo desses encontros do Movimento Juvenil Sa-
lesiano (MJS; no Brasil, AJS – Articulação da Juventude
Salesiana) é acompanhá-los em seu desenvolvimento e
formação, potenciar o associacionismo e o valor do en-
contro com os outros/outras que vivem os mesmos valo-
res, mas em lugares diferentes. Com o passar do tempo, o
sentido de inspetoria e família vê-se e percebe-se assaz
desenvolvido nesses participantes.
Fundamentalmente, os Encontros promovem em cada
participante o conhecimento do mundo salesiano, seus
valores e os elementos fundamentais da Espiritualidade
Juvenil Salesiana. Cada encontro associa estes objetivos
em diferentes atividades e propostas. Por exemplo, os mais
pequenos, pertencentes aos grupos ADS (Amigos de Do-
mingos Sávio), trabalham as figuras da santidade juvenil:
Domingos Sávio, Laura Vicuña, Miguel Magone, Francisco
Besucco. A partir de diferentes atividades, o miúdo de 9 a
14 anos, partilha suas ideias e é animado a agir, solidaria-
mente, com os outros.
No encontro do ‘Marchabosco’, pensado para adolescentes
de 15 a 17 anos, os participantes são convidados a desco-
brir a vida como um caminho a ser partilhado com os
outros. A atividade central desse encontro é uma cami-
nhada para um ponto natural, durante a qual se vão reali-
zando paradas para compartilhar em grupo diferentes
momentos formativos. A noite é um momento especial:
vive-se nele a festa e a alegria com a proposta de variadas
atividades.
No ‘Campobosco’, se apresenta aos jovens a possibilidade
de viver a vida a partir da opção pelos demais, como ani-
mador juvenil. Esse encontro se destina a jovens entre 18-
20 anos: em sua grande maioria estão em processo de
formação para serem monitores de tempo livre. O relacio-
namento educativo, o espírito de família e a espiritualidade
juvenil salesiana são pois alguns dos conteúdos formativos
de um ‘Campobosco’.
Nos três encontros citados, propõe-se com especial cuidado
o encontro com Jesus Cristo na sua Palavra, mediante mo-
mentos de oração e celebrações, cuidadas e adaptadas à
realidade dos destinatários. Jogos, dinâmicas, momentos de
animação e vigílias, danças, música e atividades esportivas,
completam o conteúdo desses encontros.
Os participantes se organizam em grupos para desenvolver
as atividades preparadas previamente por seus animadores.
Tais animadores, vista a sua opção pessoal para o volunta-
riado, são os que acompanham os grupos durante o encon-
tro. É também muito importante o trabalho de organização
e apoio à Delegação de Pastoral Juvenil, que nesses encon-
tros realizam as "Equipes Zero", formadas por voluntários
adultos e Salesianos Cooperadores: mostra viva do espírito
de família com o qual Dom Bosco acolhia os seus jovens.
74
SALESIANOS 2013

8.7 Page 77

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Embora cada encontro se realize anualmente, trata-se de
um processo formativo que abraça desde a infância até
a juventude. Nos mais de 25 anos de vida desses encon-
tros, muitos jovens compartilharam desse caminho
desde a infância até a sua maioridade, e os ajudou a des-
cobrir sua vocação e seu compromisso como educadores
com a identidade do MJS.
Também, alguns dos encontros estão vinculados a pro-
jetos solidários. É o caso dos Acampamentos ADS que –
há mais de dez anos – colaboram com projetos solidários,
mediante a ONGD salesiana "Jóvenes y Desarrollo".
México, Peru, Togo, Mali e outros países já foram os des-
tinatários dessas ajudas. Concretamente, durante os pró-
ximos três anos, se concentrarão os esforços no Projeto
Meninos de Rua, de Guaiaquil (Equador).
Quando começaram os encontros de caminhada, eram
muitas as realidades associativas de que se podia dispor
na Inspetoria de Valência: grupos de escoteiros, juniores,
grupos paroquiais, e que não tinham lá grande relação
entre si. A ideia de promover esses encontros de cami-
nhada formativa objetivava fomentar que se reunissem
e se conhecessem as crianças das mesmas idades, sa-
bendo que, embora proviessem de grupos com identi-
dades diferentes, todos se podiam encontrar debaixo de
uma comum e mais ampla identidade: a identidade sa-
lesiana.
SALESIANS 2013
75

8.8 Page 78

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Sonho
que dura um século
Há cem anos iniciou a história dos
primeiros salesianos húngaros.
Chegaram antes a Péliföldszentkereszt
e dali partiram para outras direções. O
lugar não era realmente ideal para a
vida de um salesiano, visto que, além
da tranquilidade do bosque, por um
raio de três quilômetros não havia
sequer um povoado. Mas apesar de
tudo, o dinamismo dos religiosos que
ali se haviam estabelecido fazia pouco,
depois de um ano, primeiro ampliou a
construção, depois abriu mais uma
presença. A nova comunidade sediou-
se a sete quilômetros, numa pequena
cidade chamada Nyergesújfalu, e a pri-
meira casa transformou-se em novi-
ciado. Em 1932 foi necessário levantar
mais um edifício, a ‘Casa Dom
Bosco’, para poder começar a
Escola Superior de Teologia.
Infelizmente em 1950, o regime comu-
nista sustou todo desenvolvimento
dos salesianos e das outras congrega-
ções religiosas: só depois de 40 anos se
pôde recomeçar. Fecharam-se pois as
obras e as comunidades foram supres-
sas. Assim também o que se construíra
em Péliföldszentkereszt foi num átimo
estatizado. Só em 1992, em condições
bastante deploráveis e depois de
longas tratativas e por entre dificulda-
des, o edifício foi devolvido aos Sale-
sianos. O Inspetor de então, P. József
Havasi, Inspetor da Hungria por de-
zoito anos, num primeiro momento
pensara em não reativar o conjunto
geral do santuário. Mas, hoje, após
muito trabalho e investimento, os sa-
lesianos refizeram o «berço» e ponto
de partida para a sua caminhada.
Assim, Péliföldszentkereszt – «berço
por Erzsébet Lengyel
salesiano magiar», como tantos a
chamam – está vivendo um seu flores-
cente renascimento. Nos últimos anos,
o Diretor, P. Ábrahám Béla, que em
2012 o Reitor-Mor, P. Pascual Chávez,
nomeou para Inspetor da Hungria, de-
dicou-se a renovar tanto a parte ex-
terna quanto a parte interna do
‘claustro’, buscando envolver cada vez
mais os jovens do vizinhança.
O sonho de Dom Bosco sobre a Hun-
gria parte, pois, de Péliföldszentkereszt.
Nesse lugar, nos primeiros quarenta
anos de vida salesiana, cultivaram-se
muitíssimas vocações. Foram deze-
nas os países distantes que recebe-
ram missionários salesianos húngaros:
China, Japão, Cuba, Brasil, México,
76
SALESIANS 2013

8.9 Page 79

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Neste ano do Centenário, 2013, a Família Salesiana húngara deseja,
a partir do passado, viver no presente a vitalidade da espiritualidade
salesiana e levá-la a toda a nação.
Índia… Hoje, ao invés, os salesianos –
consequência da repressão do regime
comunista – diminuíram muito: são os
missionários provenientes da Índia e
do Vietnã a vir-nos agora em auxílio.
Durante a perseguição comunista os
filhos de Dom Bosco húngaros pensa-
vam, em seu íntimo, que afinal o seu
sofrimento não duraria para sempre.
Houve quem em silêncio trabalhasse
nas dioceses. Outros ao invés quiseram
trabalhar de modo salesiano e para os
jovens: assim fugiram para o exterior.
O mártir, salesiano irmão, Sr. István
Sándor, quis ficar nesses anos difíceis
em sua pátria para dedicar-se aos
jovens, vivendo como religioso. Tinha
documentos falsos e poderia ter
fugido para fora do país. Preferiu ficar.
E ficou. E por toda a vida dedicou-se ao
serviço dos jovens. Um processo
fajuto, baseado em falsas testemunhas,
levou-o à condenação e à morte: só
porque fizera simplesmente o que faz
todo e cada salesiano: dedicara a sua
vida em fazer o bem e para o bem dos
jovens. Hoje é já Venerável! Esperamos
poder venerá-lo quanto antes como
Beato, na glória dos altares.
Findos os anos da angústia e dos des-
pistamentos sob o regime comunista,
passa-se agora aos anos de renasci-
mento e de renovação. A Inspetoria sa-
lesiana húngara é a mais pequena
dentre todas as inspetorias salesianas
do mundo. Apesar disso, lança com
muita esperança o seu olhar para o
futuro… A menos de sete quilômetros
do lugar em que nasceu a primeira
casa, em Péliföldszentkereszt, agora
existe um liceu, em Nyergesújfalu. Há
depois mais três comunidades em Bu-
dapeste. Os salesianos estão presentes
também em Szombathely, Balassagyar-
mat. Entre as mais jovens ao invés está
a comunidade de Kazincbarcika, onde
pululam muitíssimas atividades, dentre
as quais duas escolas com mais de 1300
alunos e uma escola específica para a
minoria étnica dos rom, ou ciganos. Seu
fim é dar um futuro melhor a tantos ra-
pazes e meninas que tiveram um pas-
sado difícil e devem agora achar um
caminho para a sua própria maturidade.
O que unifica o coração de todos esses
jovens, entre escola e oratório – que os
salesianos levam avante de modo in-
cansável –, é o espírito juvenil do Movi-
mento Juvenil Salesiano (MJS), o qual
através dos seus animadores difunde o
carisma salesiano por entre os mesmos
jovens.
Os salesianos húngaros e os salesianos
missionários indianos, vietnamitas e
poloneses sonham, junto com Dom
Bosco, mais Cem Anos de vida no co-
ração da Europa. A pequena Hungria
possui uma história gloriosa. Seu Povo
teve de sofrer muito. Sua língua não é
fácil. Mas o seu coração é gigante. E
está sempre aberto a toda a Humani-
dade.
SALESIANOS 2013
77

8.10 Page 80

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FUNDADOR
Famílias caminhando na escola de
Dom Bosco
Tabernáculos de esperança
Dois corações e um carisma: Maín,
Casa da felicidade
140 anos de serviço aos jovens
Dom recebido, compromisso assumido
De aluno a professor
A história de William
78
SALESIANOS 2013

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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Por isso é que aqui estou a relatar detalhadamente confidências de família. Poderão
servir de luz e proveito à instituição que à Sociedade de São Francisco de Sales dignou-
se confiar a Providência divina.
(Memórias do Oratório)
SALESIANOS 2013
79

9.2 Page 82

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Somos famílias que, faz 20 anos,
guiadas por sacerdotes salesianos,
percorrem juntas uma caminhada
que deu muito fruto:
» um amor entre o casal que se
renova todos os dias;
» um crescimento espiritual como
pessoas e como famílias;
» uma formação como pais no di-
fícil dever educativo;
» uma amizade entre os nossos
filhos, que os torna capazes de
partilhar a fé e de testemunhá-la
aos outros.
80
SALESIANOS 2013
Famílias
caminhando na escola
de Dom Bosco
por ADMA
Um sonho
Dom Bosco era um Santo sonhador.
Coração no céu e pés na terra, gos-
tava de exprimir-se com sonhos. Con-
tava-os aos seus filhos. Sobretudo na
boa-noite – pequena saudação de co-
mento que dava aos meninos no fim
do dia.
No famoso “Sonho das Duas Colunas”,
o Santo vê a Nau da Igreja atacada por
numerosas pequenas naus que ansia-
vam por causar-lhe “com seus aríetes e
esporões todo tipo de danificação”. A
batalha se enfurece. Mas o Papa, supe-
rando todo tipo de obstáculos, conse-
gue atracar a Nau da Igreja a duas
colunas: à de Jesus Eucaristia e à de
Maria Auxiliadora. Então os inimigos
fogem, dispersam-se. E por sobre o
mar retorna uma grande bonança”.
Diz-nos a experiência que não só a Igreja
no seu todo mas também a pequena
barca de cada família, ancorada às duas co-
lunas, prossegue, segura, o seu caminho.
Com esta pequena exposição quere-
mos relatar a experiência de algumas
famílias que há já anos caminham na
escola de Dom Bosco, na ADMA – As-
sociação de Maria Auxiliadora –, fun-
dada pelo Santo piemontês em 1869,
hoje um dos grupos da Família Sale-
siana (FS).
Quem somos?
Somos famílias que, faz 20 anos, guia-
das por sacerdotes salesianos, percor-
rem juntas uma caminhada que já deu
muito fruto.
Cada família participa segundo as
próprias possibilidades: encorajam-se
apenas à assiduidade, para poderem
usufruir o mais possível dos benefícios.
Somos também convidados a cultivar
a participação na vida da Igreja, inse-
rindo-nos nas atividades das paróquias
ou dos oratórios.
Estar na escola de Dom Bosco significa
cultivar na família diversos aspectos do

9.3 Page 83

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carisma salesiano: a alegria de viver, o
cuidado pela oração, a união com
Deus no cotidiano. Mais: o serviço ao
próximo, particularmente aos Jovens e
aos Pobres; a confiança em Deus, que
é Pai providente; a entrega a Maria, que
é nossa Mãe e Mestra.
Que fazemos?
Catequese – O tema do ano é esco-
lhido e desenvolvido por sacerdotes,
em sintonia com as caminhadas ecle-
siais e as propostas pastorais da FS.
Toda catequese possui sempre três re-
ferências indispensáveis:
» Palavra de Deus e Sacramentos;
» dinâmicas conjugais e educativas;
» empenho por uma vida de oração
mais intensa e por uma fidelidade
maior aos próprios deveres: na famí-
lia, no trabalho, na Igreja.
Semana do Retiro Espiritual - É vivida
em clima familiar de empenho e des-
canso, de amizade e simplicidade.
Cada dia é ritmado por Laudes, cate-
quese; oração pessoal e de casal;
terço; partilha. Opcionalmente dedica-
se uma hora por dia à Adoração Euca-
rística.
A semana tem o seu ápice no deserto
pessoal, i. é, num ‘espaço’ de silêncio e
oração para encontrar-se com Deus e
consigo mesmos, a fim de crescer no
amor e amadurecer decisões.
Retiros Mensais – Duram um dia e se
fazem aos domingos.
Dia 24 de cada mês, dia de Maria – O
encontro do dia 24 de cada mês é uma
pequena pérola de uma hora, que en-
cerra as coisas às quais Dom Bosco
dava tanta importância e que desejava
transmitir aos jovens: Eucaristia, Maria,
Palavra, Confissão, espírito de família.
Os jovens antes de vir a nós, encon-
tram-se pelas 19h00 para um mo-
mento de formação, partilha e ceia em
alegria.
Peregrinações – São momentos espe-
ciais em que a família se põe em cami-
nho para encontrar-se com Maria, a
Qual, como mãe pressurosa, nos con-
vida à conversão. São lindas ocasiões
de se viver juntos, em que os filhos
aprendem a entregar-se com natu-
ralidade a Deus seguindo os pais,
partilhando momentos de oração,
também com seus amigos.
Como?
Uma Caminhada Também para os
Nossos Filhos – Faz parte do nosso
estilo que toda a Família esteja pre-
sente aos encontros. Assim cresce
unida e ao mesmo tempo cada um
encontra o seu espaço e as suas ami-
zades. Os filhos, vendo que os pais
rezam e partilham a fé, aprendem a
viver em família na presença de Jesus
e de Maria. Para eles torna-se natural
fazer o mesmo.
Vendo os nossos filhos, estamos cada
vez mais convencidos de que o teste-
munho da nossa fé é o mais belo pre-
sente que lhes possamos oferecer, a
herança mais rica que lhes possamos
deixar.
Com Espírito de Serviço – A organiza-
ção dos retiros e dos exercícios espiri-
tuais de verão requer o empenho de
muitas pessoas. Há por isso casais que
se põem à disposição para quanto for
necessário: organização, animação, co-
zinha, limpeza.
Realmente o espírito de serviço é um
ingrediente vital na caminhada de for-
mação!
“Gratuitamente recebestes, gratuita-
mente dai” – Não existem obstáculos
econômicos: essa é também uma he-
rança de Dom Bosco. Quando acon-
tece que alguma família não pode
pagar, são os demais do grupo que,
com discrição e espírito fraterno, se en-
carregam de fazê-lo. A falta de dinheiro
não deve impedir, a uma família que o
queira, de receber os dons de Deus.
SALESIANOS 2013
81

9.4 Page 84

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eTasbperercaulnosçdae
Salesianos Cooperadores emÁfrica
Uma viagem à África é sempre alguma coisa densa de
grandes emoções e de belas surpresas. São as surpresas
do Espírito Santo que assume o semblante de Dom
Bosco e dos seus filhos. No Quênia, guiados pelo
incansável P. Simon Asira, Vigário Inspetorial,
encontramo-nos com os Diretores das obras salesianas
em Embu, com a consultoria da FS em Makuyu e, por
fim, com os Salesianos Cooperadores em Nairóbi.
por Giuseppe Casti
Histórias de pessoas simples, apai-
xonadas por Dom Bosco, empe-
nhadas em personificar o carisma
salesiano da maneira mais autêntica.
Nairóbi é uma grande cidade que en-
cerra em si todas as contradições da
África: ousados prédios modernos ao
lado de favelas populosas e degrada-
das. Os SSCC estão presentes nesses
bairros aviltados: organizados em “pe-
quenas comunidades” tomam conta
dos meninos de rua, encaminhando-
os à “Don Bosco Boys’ Town”, cidade
dos meninos, pequena Valdocco no
coração da áfrica.
O mesmo empenho, a mesma von-
tade de dar um semblante e um cora-
ção africano a Dom Bosco, na Tanzânia.
O P. Augustine Sellam, delegado de PJ,
nos leva a Moshi, Morogoro, Dar Es
Salaam. Em todos os lugares nos
temos deparado com o entusiasmo de
trabalhar pelo futuro do país.
Estes pensamentos e estas imagens
também me perpassam pela mente
enquanto percorro as ruas de Juba.
Juba? Sim! Exatamente Juba. Ou, para
a gente se entender melhor, o Sudão
do Sul. De fato, Juba não está ainda
nos mapas. Como estado indepen-
dente, o Sudão do Sul tem apenas
poucos meses: sai aniquilado de uma
longuíssima guerra para alcançar a in-
dependência, soberania que pagou
com milhões de mortos e milhões de
refugiados. Em Juba tudo está envol-
vido na poeira: um pó vermelho, subtil,
que lhe entra por tudo: nariz, orelhas,
olhos, boca. No fim acaba-se por achar
que também o cérebro se empoeirou.
Ficou vermelho.
O que emerge, dessa nuvem de pó
vermelho, é um povo que avança nos
limites da sobrevivência. Os corpos
magros, os rostos encovados, recon-
tam, silenciosamente, vidas essenciais,
duras batalhas diárias para sobreviver,
limites cada vez mais restritos entre a
vida e a morte.
Pergunto-me: que significa ser Sale-
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SALESIANOS 2013

9.5 Page 85

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siano Cooperador numa realidade
assim tão extremada? O desafio apa-
rece imediatamente ímpar, superior às
nossas forças, vendo crianças que
morrem de malária, por desnutrição ou
por água poluída. A essa gente, outra
coisa não temos para oferecer senão a
nossa pobre e vulnerável pessoa. Uma
presença amorosa que se inclina para
as feridas e mantém viva a… esperança.
Foi esse o modo com o qual Jesus re-
velou o amor de Deus. Como fazem os
missionários e como fazem os SSCC em
Juba: vivendo com eles por entre os
seus humílimos casebres.
E’ domingo de manhã. O sol, às nove,
já alcançou os 40 graus.
Como todos os dias, Juba
está envolta em sua
nuvem de pó. De pó vermelho! Como
todos os dias esperava eu que daquele
pó emergissem umas como sombras
de gente…, mulheres e crianças sujas
e com qualquer mísero trapo as envol-
vendo… Mas ao invés não! Quase não
acredito nos meus… olhos! Estão
limpos. Sorridentes. Impecavelmente
trajados. E’ que é domingo! Puseram
roupa nova. A única roupa digna desse
nome. A roupa de festa. Sorrio maravi-
lhado… Ex-ta-sia-do! Como diante de
uma aparição! Em Juba, hoje é real-
mente festa.
Enquanto contemplo seus semblantes
a brilhar de nova luz, pergunto-me:
onde conservariam essa
roupa… nova? Deve
certamente haver em
suas lúridas cabanas de barro ou na-
quelas quatro folhas de zinco queima-
das pelo sol ardente… um local, antes
um tabernáculo, onde os habitantes
de Juba conservem sua roupa nova
para o domingo. Sim! Deve ser um ta-
bernáculo! Porque essa não é apenas
a roupa do domingo. Essa roupa está
entretecida de dignidade e de liber-
dade. Há muito sofrimento! Mas há
também a esperança num futuro
melhor. Muitos fios têm a cor cinzenta
de um cotidiano miserando, mas há
também as cores vivas de uma esplên-
dida eternidade. Sim! Esse trajo, único
traje dos habitantes de Juba, deve ser
conservado zelosamente, como qual-
quer coisa de único e precioso no ta-
bernáculo de cada choupana. Sabe-o
muito bem o P. Cyril Odia, jovem sacer-
dote salesiano, que, ao concluir a Missa
numa explosão de cantos e alegria,
convida todos ao oratório.
Em Juba, nos confins do deserto, às
margens do rio Nilo branco, os Coope-
radores, esses verdadeiros salesianos
no mundo, realizam, com o P. Cyril e os
demais missionários, o milagre da es-
perança. Esperança que renasce
com os jovens.
SALESIANOS 2013
83

9.6 Page 86

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Maín, a Casa da felicidade
Dois corações e
um carisma
«A longividência e a paixão educativa de Dom Bosco viram certo relativamente a Maín e suas
colegas». Esta a resposta da Irmã Caterina Cangià, que elaborou a cenografia do filme «Maín.
A casa da felicidade», enquanto explica como no filme tenha amalgamado a simbiose e a
afinidade educativa dos dois santos, Dom Bosco e Madre Mazzarello. Dois corações
apostólicos e um carisma educativo, poderíamos dizer. E são exatamente duas falas da
cenografia que dão a chave dessa reciprocidade apostólica:“Como fazemos nós com as
meninas?” – pergunta-se Maria Mazzarello. E o P. Pestarino a confirmar-lhe que também eles
fazem o oratório aos domingos, enquanto durante a semana ensinam um ofício aos meninos.
por Maria Trigila
Irmã Caterina, na base da ideia educa-
tiva de Dom Bosco a que aderiu Madre
Mazzarello existe o primado da pessoa.
Há alguma cena do filme que mostre cla-
ramente essa opção antropológica?
Muito bela a cena em que Maín,
depois que se curou do tifo que lhe ar-
rebatara as forças que possuía, tem
uma clara intuição – chamada, dentro
do Instituto, “visão” – intuição que lhe
faz compreender que pode colocar a
própria vida a serviço da educação das
meninas. E diante de um oratório de
estrada do povoado, pergunta a Maria:
“Tu m’as entregas?”. A ideia de“entrega”
e de “cuidar” estão na base da sua
opção, opção que hoje nós enriquece-
mos com o termo “antropológico”. Para
Maín a pessoa em crescimento deve
ser cuidada, amparada, levada à sua
plena realização. Às meninas ensina-se
falando e sendo: “Fica o que se ensina
com o exemplo”. É intenso em Maín o
sentido da reciprocidade, claramente
declarado na frase: “Petronila, eu não
tenho filhas, mas muitas irmãs: e a
todas eu lhes quero muito bem”.
Dom Bosco no filme tem uma sua locali-
zação bem precisa. Por que optou por
esses determinados fatos e não por outros?
Escolhi, em primeiro lugar, a espera por
Dom Bosco, introduzida pelo P. Pesta-
rino quando comunica que o quer
convidar, e aos seus meninos, para que
visite Mornese. O olhar de Maín brilha
por dois motivos: sabe que toda pro-
posta do P. Pestarino visa um cresci-
mento; e depois “sente” toda a
grandeza de Dom Bosco antes mesmo
de se encontrar come ele. Enfim, Dom
Bosco chega. Todo o lugar está em
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SALESIANOS 2013

9.7 Page 87

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festa. E a festa se multiplica com a
chegada dos meninos com sua
banda. Maín diz à menina que lhe
está na frente: “Olhe! É um santo!”.
Disso Maín está convencida. Per-
guntei-me como fazer sentir ao
expectador, toda a sua profunda
convicção da santidade de Dom
Bosco. Bem, decidi trabalhar com os
olhares: com dois primeiros planos,
o filme conta o reconhecimento da
santidade por Maín e a intuição ime-
diata de Dom Bosco relativamente a
ela: “E Você será a primeira”. Depara-
mos depois Dom Bosco, quando
todos os meninos já dormem, a falar
com o P. Pestarino sobre a fundação
de um colégio para meninos em
Borgoalto. Vemo-lo a seguir em
Turim, enquanto fala a um jovem sa-
lesiano da sua firme intenção de
fundar um instituto que “faça pelas
meninas o que seus salesianos
fazem pelos meninos”; e o vemos
também a confirmar a decisão do
Conselho Geral de dar início ao Ins-
tituto das Filhas de Maria Auxilia-
dora. A sua presença no filme se
fecha com a lindíssima fala na pro-
fissão religiosa, no dia 5 de agosto
de 1872, seguida pela recomenda-
ção de que “sejam sempre muito
alegres”.
Dom Bosco funda o Instituto quando no
seu ânimo crescia o fervor missionário e
a audácia de levar a sua obra à Patagô-
nia, o que se concretiza em 1875.
Depois, em 1876, Madre Mazzarello es-
creve ao P. João Cagliero: «Chame-nos
logo, então, desde a América! … Eu gos-
taria de ir também!». Esse nó já está a
entretecer desde as origens a Congrega-
ção salesiana com o Instituto das Filhas
de Maria Auxiliadora. Em seu filme
onde está ‘o algo mais’ que desejou acres-
centar a esse respeito?
O “algo mais” está nas poucas pala-
vras da Madre, mas sobretudo na
entoação de confiança, decidida e
alegre, com que as pronuncia e no
seu olhar. A primeira expedição mis-
sionária, no filme, está imortalizada
por uma foto e está autenticada
pelas palavras: “Dom Bosco nos
chama a trabalhar entre as meninas
do povo, entre as mais necessitadas”.
As sequências exprimem claramente a
incidência de Dom Bosco na vida de
Domingas Mazzarello. Não só porque,
poderíamos dizer, as irmãs se torna-
ram desde Mornese cidadãs do mundo
mas também porque…
… porque tudo se fazia no nome de
Dom Bosco, seguindo as suas reco-
mendações e os seus ensinamentos,
expressos através dos vários Direto-
res da nascente congregação. As úl-
timas palavras da Madre que o filme
nos faz ouvir em off são: “Morro
esposa de Cristo, filha de Maria Au-
xiliadora e de Dom Bosco. Desejo
esta graça para todas vocês, que
tanto amei! E que agora amarei
ainda mais”.
De algumas sequências, particular-
mente, parece-me ler a carta que de
Roma em 1884 Dom Bosco escreveu à
comunidade salesiana de Valdocco: “O
perigo maior, que pode minar desde a
base o relacionamento educativo, é a
perda da familiaridade”. Não lhe
parece que no fundo seja exatamente
esta uma das mensagens do filme?
O filme mostra-o com muita clareza.
De fato, as meninas estão presen-
tes em todos os eventos vividos:
quando se fazem opções decisivas,
como a divisão entre as Novas Ursu-
linas e as meninas que decidirão
fazer-se FMA; quando, na cena dos
ensaios da profissão, é chamada
uma menina “que lê bem” a fazer a
parte do Bispo no dia da profissão
religiosa. Também quando se joga,
se canta, se estuda, se faz teatro…: é
um tecido de presença. De presença
que observa, socorre, ama.
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140 anos de serviço aos jovens
por ANS
O Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) completa 140 anos de
existência. No dia 5 de agosto de 1872, em Mornese, pequeno centro na Província
de Alexandria, Piemonte, 11 jovens entregavam-se a Deus, iniciando assim aquele
que se tornaria ao depois um Instituto internacional, presente em 94 Nações.
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SALESIANOS 2013

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Nesse dia 5 de agosto de 1872, Dom Bosco
está em Mornese. Chegara na véspera, dia 4,
para falar com as jovens, explicar-lhes o sen-
tido da função, ensinar-lhes a ler as respostas
e a fórmula dos votos:“Vós agora pertenceis
a uma Família religiosa – são algumas das
suas palavras – que é toda de Nossa Se-
nhora; sois poucas, desprovidas de meios,
não amparadas pela aprovação humana.
Nada vos perturbe. […] O Instituto terá um
grande futuro se vos mantiverdes simples,
pobres, recatadas. […] pensai com frequên-
cia que o vosso Instituto deverá ser o monu-
mento vivo da gratidão de Dom Bosco à
Grande Mãe de Deus, invocada sob o título
de Auxílio dos Cristãos” (cf. Cronistoria I 305-
306).
Dom Bosco queria um Instituto feminino
que pudesse fazer pelas meninas a obra
educativa que ele levava avante com os me-
ninos. Em Maria Domingas Mazzarello, que
seria a Cofundadora, e no primeiro grupo de
jovens que se encontra em Mornese, en-
trevê a possibilidade de que o seu sonho se
possa realizar.
O Instituto das FMA conta atualmente com
13.653 irmãs (dados de dezembro de 2011),
distribuídas em 1.436 comunidades, em 94
nações, nos cinco continentes. Ao longo dos
anos persistiu, mui viva, a paixão pela edu-
cação das jovens, declinada nas diferentes
culturas, através da formação integral da
pessoa, da solidariedade social, com a pro-
posta e o desenvolvimento de atividades de
evangelização, de formação, de prevenção.
Escolas, Centros de formação profissional,
casas-lares, obras para meninas de rua, asso-
ciações para o tempo livre, voluntariado, ca-
tequese, obras de primeira evangelização,
trabalho com indígenas, obras de promoção
da mulher, atividades de micro-crédito e
micro-economia…: estas são apenas algu-
mas das atividades com que as FMA buscam
desempenhar a sua missão educativa e evan-
gelizadora, junto com tantos colaboradores
leigos, voluntários e jovens animadores.
Em muitas nações, o dia 5 de agosto tornou-
se a data em que se pronunciam os primei-
ros votos temporários ou as profissões
perpétuas.
SALESIANOS 2013
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9.10 Page 90

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SALESIANOS 2013
Dom recebido,
compromisso assumido
Oartigo 1º do Estatuto Confederal
da Associação diz: “Antigos Alunos
e ex-Alunas de Dom Bosco são aqueles
que, por ter frequentado um oratório,
uma escola ou qualquer outra obra
salesiana, nela receberam uma prepa-
ração para a vida … segundo os prin-
cípios do Sistema Preventivo de Dom
Bosco”.
A Associação dos Ex-Alunos é real-
mente uma associação original: cristã
por estatuto, admite de pleno direito
membros de diferentes confissões e de
diferentes religiões. O ex-aluno pode
ser um leigo, um sacerdote, um reli-
gioso. Os Ex-Alunos não cristãos ou de
outras confissões religiosas são cha-
mados a viver o seu empenho mos-
trando-se coerentes com a própria fé e
permanecendo sempre ligados aos va-
lores humanos e culturais aprendidos.
Há na Associação duas faixas: a primeira
é constituída pelos associados que se
empenham de variadas maneiras nas
realidades locais e nos caminhos de
formação previstos; a segunda, sem
nenhum vínculo de pertença, é feita
por um movimento mais vasto, menos
estruturado. Mais que nas estruturas,
a Associação se reconhece em ser
um ambiente de formação na fé, um
espaço de diálogo religioso, um labo-
ratório para mui variadas colaborações,
um campo aberto de evangelização,
uma convergência segundo as dispo-
sições de cada um para objetivos tanto
religiosos quanto seculares.
por ANS
mas deve-se transformar em força que
atrai a pessoa a incidir no presente para
transformá-lo. É a oportunidade de
tornar presente na sociedade de hoje,
sobretudo no “novo continente digital”,
o patrimônio dos valores educativos vi-
vidos, i. é, o Sistema Educativo de Dom
Bosco.
A sua origem é simples, caracterizada
pelo estilo familiar típico do carisma sa-
lesiano. No dia 24 de junho de 1870,
festa de São João Batista – patrono de
Dom Bosco – um grupo de “antigos
alunos” agradeceu a Dom Bosco, pre-
senteando-lhe um jogo de xicrinhas de
café. Dom Bosco desejou que o ato
continuasse dedicando à festa todo
um dia inteiro, retribuindo o presente
com um convite para o almoço. O pri-
meiro“ágape fraterno”se deu em 19 de
julho de 1874. E se iniciou o costume
do encontro anual dos ex-alunos que,
ainda hoje, se realiza nas casas salesia-
nas.
A educação recebida no passado não
pode reduzir-se a meras lembranças,

10 Pages 91-100

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10.1 Page 91

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A Associação dos Ex-Alunos e Ex-Alunas de Dom Bosco acaba de celebrar seu
1º centenário de instituição. São um sem número aqueles que, depois de ter
frequentado um ambiente educativo salesiano, adquirem o título de ex-alunos
ou ex-alunas de Dom Bosco. São muitos os personagens ilustres; mais
numerosos ainda os que na simplicidade e no cotidiano encarnam o anseio de
Dom Bosco de serem “bons cristãos e honestos cidadãos”.
Em 1884 o grupo de “antigos alunos” –
mais de 300 – teve a sua primeira es-
truturação organizativa: empenha-
vam-se por conservar a educação
recebida, continuar a obra em favor
dos jovens necessitados, cultivar a ami-
zade e a solidariedade entre os sócios.
O primeiro estatuto oficial data de
Turim, aos 8 de dezembro de 1911, por
ocasião do I Congresso Internacional,
sob o impulso do Bv. P. Filipe Rinaldi,
que mais tarde seria o III Sucessor de
Dom Bosco.
No dia 23 de maio de 1920, para a
inauguração do monumento a Dom
Bosco desejado pelos Ex-Alunos, na
praça defronte à Basílica de Maria Au-
xiliadora, em Turim, foi definida a estru-
tura organizativa ainda vigente: União
local, Federação inspetorial, Federação
internacional (desde 1954 chamada
Confederação Mundial). Nesse Encon-
tro, decidiu-se acolher na Associação
também ex-alunos de religião não
cristã, eliminando distinções e separa-
ções, considerando antes um motivo
de honra para o movimento e para a
Associação o laço fraterno e o sentido
da unidade.
A guinada conciliar levou a prever
novas e mais concretas formas
de colaboração com os Salesianos. A
confederação faz parte do OMAAEEC,
organismo que reúne os ex-alunos e as
ex-alunas das diferentes congregações,
reconhecido pela Igreja nas Organiza-
ções Internacionais Católicas (OIC).
Nos últimos anos a Associação está
zelando pela formação dos futuros lí-
deres mediante específicos cursos,
iniciados nos continentes, enquanto,
pela partilha de novos projetos e
pelo intercâmbio das iniciativas
territoriais entre os associados, ins-
tituem-se Congressos Internacionais
(Eurobosco, Ásia Austrália, Congrelat,
Afrobosco), que se celebram cada
quatro anos, e a Assembleia Mundial,
feita cada seis anos.
O Congresso de relançamento do bi-
centenário da Associação, levado a
termo em Turim e nos lugares de nas-
cimento e infância de Dom Bosco, de
26 a 29 de abril de 2012, com a pre-
sença do Reitor-Mor da Congregação
Salesiana e do seu Vigário, marcou a
história da Associação.
A Confederação Mundial dos Ex-
Alunos de Dom Bosco assumiu para os
próximos anos um Plano Estratégico
(2011-2016) que aponta para o cresci-
mento do sentido-de-pertença à Con-
federação e à Família Salesiana, para o
aprofundamento da espiritualidade
cristã e salesiana, para o reforço da ani-
mação dos Ex-Alunos, para a consoli-
dação da estrutura organizativa e,
como sublinhou várias vezes o Reitor-
Mor, para um revigoramento do em-
penho social e eclesial dos Ex-Alunos.
SALESIANOS 2013
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10.2 Page 92

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De aluno a professor
A história de William
Do empenho em favor de uma só pessoa podem advir
vantagens para uma inteira comunidade. Assim se deu com
o William, rapaz tanzaniano, de origem massai, que
recebeu auxílio de muitas pessoas e a educação dos
salesianos, em Turim, e que agora deseja oferecer às
crianças menos afortunadas do seu povoado alguma
possibilidade de melhoria.
por ANS
William é jovem. Tem 22 anos. É alto, magro.
De olhos atentos, o sorriso está-lhe impresso
no rosto. Caracterizam-no uma cicatriz circular em
cada face e os grandes furos nos lóbulos das ore-
lhas, típicos dos massais. É o mais velho de seis
irmãos e nasceu em Elerai, vilarejo aos pés do
Monte Quilimanjaro, na Tanzânia. William, cujo so-
brenome é Makau, assumiu também o da família
italiana que o adotou: Cisero.
Embora muito desejasse, em sua infância não
pôde estudar muita coisa: “Frequentei por dois
anos a escola de uma missão luterana. Mas nin-
guém estuda, porque isso não se julga impor-
tante. Cultivar a terra, cuidar dos animais ou
vender ornamentos tradicionais são as ocupações
de um menino: assim trabalhei nas pastagens. E
percorria dezenas de quilômetros por dia para
levar carne aos mineradores, porque os meus pais
criavam algumas cabeças de gado e não podiam
nos manter facilmente a todos nós, filhos”.
Depois… veio o encontro com o casal italiano que
lhe mudou a vida: “Encontramo-nos nas praias da
ilha tanzaniana de Zanzibar, em 2005, quando
vendia produtos artesanais e tecidos do meu
povo, a turistas. Ouviram-me com atenção, esta-
vam interessados na minha história e no meu
desejo de estudar. Animaram-me a fazê-lo”. Assim
o casal Cisero ofereceu-se para custear-lhe os es-
tudos na ilha. “Aceitei prontamente, porque
sempre gostei tanto da escola a ponto de não me
desgrudar dos livros.
Feito o ginásio em Zanzibar, em 2008 William foi
adotado e chegou a Turim, onde começou a fre-
quentar o Liceu salesiano Eduardo Agnelli. Foi o
primeiro contato com os salesianos, embora os
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SALESIANOS 2013

10.3 Page 93

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Filhos de Dom Bosco já estivessem presentes em seu País desde
1980. Frequentou por dois anos o ‘liceu’. Mas viu que aquilo ainda
não era o seu caminho. Assim mudou de orientação escolar – fi-
cando entretanto sempre na área dos salesianos –: passou ao Poli-
técnico Agnelli, onde estuda eletrônica e cultiva o sonho de tornar-se
engenheiro.
No Agnelli, de Turim, com o passar do tempo, William foi-se tornando
bastante popular entre os colegas, devido aos relatos das vicissitudes
da sua vida, como quando, p. ex., contou que uma noite se viu frente
a frente com um leão… ou que viu… matar na sua frente, à macha-
dinha, buscadores de ouro… Entretanto, para o P. Alberto Zanini,
Diretor da escola, foi sobretudo a sua paixão pela escola que sur-
preendeu os companheiros.
Durante o terceiro ano de escola, William foi eleito presidente da“Re-
pública” dos estudantes, simulação da estrutura estatal dentro da
escola. Religiosamente não se define praticante: só recebeu o ba-
tismo‘luterano’, mas não se identifica com esse credo. Sublinha antes
que os valores do Instituto salesiano são os seus valores. Gosta do
esporte e, como muitos atletas africanos, é levado aos esportes de
resistência: “Gosto do ciclismo. Também gosto de longas competi-
ções a pé: posso correr até 25 km sem problemas! Numa competição
de 10 km, em que participaram mais de 6000 atletas, cheguei em 2°.
E em maio de 2012 obtive o mesmo resultado numa distância de 6
km, ao lado de 200 atletas da Federação”.
No verão de 2011 William voltou para casa. Ensinou várias matérias,
como a língua suaíli, a língua massai e a matemática, a algumas crianças
do seu povoado. Fez até à mão o quadro-negro, os bancos, ou car-
teiras, da classe, que foi montada à sombra do arvoredo. Tudo para
incentivar as crianças a estudar e as suas famílias a deixá-las frequentar
os estudos. Não foi fácil. “A ignorância e a pobreza do meu povo me
fizeram realmente mal! Comecei a convidar as crianças, casa por casa.
Mas as mães não viam a utilidade da escola e não as mandavam. Nas
primeiras aulas no início eram poucas as que vinham. Só depois, já
no fim chegamos a ter mais de 30. A satisfação só me adveio depois
que… dois dos alunos se matricularam na escola ‘municipal’”.
Para o futuro William quer fazer a Universidade e preparar-se mais e
mais. Entretanto o seu sonho é o de voltar a Elerai e continuar seu sonho
de educação para sua terra, erguendo uma escola.“Quero que também
as crianças do meu povoado possam ir à escola como fiz eu”.
Antes que William consiga o seu objetivo deverá ainda aceitar nume-
rosos desafios. Entrementes porém o seu entusiasmo se difunde e
sensibiliza outras pessoas: o Conselho do Instituto, do Agnelli, está
examinando um projeto para apoiá-lo, enquanto alguns jovens do
programa missionário dos salesianos pensam em acompanhá-lo até
Elerai durante a sua próxima viagem.
SALESIANOS 2013
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10.4 Page 94

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COMUNICADOR
Dom Bosco Escritor
Um empenho atual pela boa imprensa
Ciência e Tecnologia: a serviço de quem?
O Evangelho através da mídia
Agite & Reze, App para iPhone & Android
Uma rádio feita por meninos de rua
Os mirins da Fé, Livrinhos práticos para
todo cristão
Festiclip: Clipes de jovens para jovens
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SALESIANOS 2013

10.5 Page 95

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As Leituras Católicas foram recebidas com entusiasmo geral, e o número dos leitores
foi extraordinário.
(Memórias do Oratório)
SALESIANOS 2013
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10.6 Page 96

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Dom Bosco Escritor
por Fco. Javier Valiente
De 1844, data da publicação do seu
primeiro livro, a 1888, contam-se
403 títulos, entre livros e opúsculos, es-
critos por Dom Bosco, aos quais se de-
veriam acrescentar uma grande
quantidade de cartas e escritos auto-
biográficos. Algumas de suas obras ti-
veram várias edições e gozaram de
grande popularidade e difusão. Só em
vida de Dom Bosco, O Jovem Instruído
chegou a 118 edições; e ainda em vida
pôde vê-lo traduzido ao francês, ao es-
panhol e ao português. Em seu Testa-
mento Espiritual escreve: "Em minhas
pregações, conferências e livros publi-
cados, fiz tudo o que podia para sus-
tentar, difundir e propagar os princí-
pios católicos".
Só avizinhando-nos de Dom Bosco é
que nos damos conta das multíplices
iniciativas postas em andamento para
educar e evangelizar os jovens. Mesmo
no meio de tantas tarefas – atender os
meninos, levantar casas e colégios,
viajar para buscar fundos, fundar uma
congregação religiosa, falar, pregar
e confessar seus rapazes, escrever
cartas, fazer visitas oficiais, viagens… –
Dom Bosco desenvolve uma intensa
atividade de escritor e editor. Ativi-
dade de verdadeiro empresário da
comunicação – como diríamos hoje.
Seu projeto editorial ficará marcado
pelos grandes eixos que movimentam
a vida. Num momento histórico de
ataques à Igreja e ao Papado, de crítica
à Religião, ele vai-se converter num
publicista católico, num apologista.
Com seus escritos defende a Igreja e a
Fé cristã. Também nesse aspecto, es-
pelha-se em São Francisco de Sales.
Livros educativos
Além dessa intencionalidade apologé-
tica, Dom Bosco escreve e publica
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livros com finalidade educativa. O pri-
meiro livro foi Traços históricos da vida
do Clérigo Luís Comollo (1844), do
qual se imprimiram 30.000 exemplares.
A História Eclesiástica (1845) e a Histó-
ria Sagrada (1847) foram outros dentre
os primeiros livros publicados para res-
ponder à necessidade dos meninos
que, uma vez terminada a catequese,
não dispunham de outros livros adap-
tados.
Livros – como O Jovem Instruído
(1847), destinado à prática religiosa
dos meninos em paróquias e centros
religiosos, ou O Sistema métrico deci-
mal (1849), editado para explicar de
modo simples o uso dessa nova
norma estabelecida em 1845, a Histó-
ria da Itália, História Sagrada, Vida dos
Papas, inclusive uma Biblioteca da Ju-
ventude Italiana – são outros tantos
exemplos do interesse de Dom Bosco
por chegar aos jovens através dos
livros.
Imprensa política
Entretanto, além do interesse educa-
tivo, podemos rastrear na prática edi-
torial de Dom Bosco, também uma
mentalidade mais moderna, preocu-
pada em encontrar instrumentos
eficazes de comunicação com capa-
cidade de criar opinião pública e nela
influir. A efervescente cidade de Turim
do ponto de vista político da segunda
metade do século XIX faz com que se
desenvolvam mais os periódicos (diá-
rios, semanários, etc.) e rivalizem por
conquistar um mercado mais amplo e
busquem leitores por entre as classes
populares.
pelos tempos passados e lamuriar-se
dos dias presentes".
Revista para a Família
Salesiana
Outro produto lançado por Dom
Bosco, em 1877, é a revista Boletim Sa-
lesiano. Pensado inicialmente para os
benfeitores e cooperadores salesianos,
inscrevia-se na órbita política comuni-
cativa de Dom Bosco, a fim de criar um
vínculo que deveria unir todos os coo-
peradores já espalhados por todo o
mundo. Uma revista que continua a
publicar-se pelo mundo universo sale-
siano, cumprindo os objetivos para os
quais foi criada pelo mesmo Dom
Bosco: ser um instrumento de união,
dar a conhecer a Congregação, pro-
mover o conhecimento do espírito sa-
lesiano em favor dos jovens.
As Leituras Católicas
No início de 1853 começa a publicar
uma coleção importante no labor edi-
torial de Dom Bosco: as Leituras Cató-
licas. Seu alvo é bem preciso: artesãos,
camponeses, jovens das classes popu-
lares – da cidade e dos campos.
São livros de bolso, que, por seu con-
teúdo, tratam de temas religiosos e
amenos. Visavam a formação religiosa
e moral dos leitores. O esquema se-
guido, em muitos dos seus números –
especialmente dos primeiros –, cos-
tuma ser um diálogo entre o pai e seus
filhos, sobre os temas tratados. Muitos
dos protagonistas são jovens que dei-
xando o campo, vão à cidade e ali,
longe do controle da família, abando-
nam as práticas de piedade, os sacra-
mentos e os costumes aprendidos em
casa.
Nas Leituras Católicas sobejam tes-
temunhos, narrações de exemplos
a imitar, de jovens que procederam
de modo correto. As vidas dos seus
alunos Domingos Sávio, Miguel Magone
ou Francisco Besucco, se inscrevem
nessa linha.
Para resolver o problema da distri-
buição, Dom Bosco serviu-se das es-
truturas eclesiásticas; serviu-se de
correspondentes, encarregados de
promover assinaturas.
Escrevendo a outro sacerdote, anima-
o a comprar e investir em jornais de
orientação católica para defender as
opiniões da Igreja "em vez de suspirar
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Um empenho atual
pela boa imprensa
Os salesianos e
Os Salesianos comemoram, em 2012, 75 anos de
presença no Vaticano. Por pura coincidência o
aniversário cai no encerramento do Sesquicentenário
de «L’Osservatore Romano», conhecido em todo o
mundo como o Jornal do Papa. Os Salesianos têm uma
ligação especial com L’Osservatore Romano desde os
tempos de Dom Bosco, fiel defensor de Pio IX.
o jornal do Papa
por Carlo Di Cicco
Ocotidiano apareceu pela primeira
vez no dia 1° de julho de 1861. Em
31 de dezembro do mesmo ano, Dom
Bosco obtinha o decreto de luz-verde
para a sua primeira tipografia em Val-
docco. Pio XI, em 1937, enquanto cres-
ciam no mundo rumores de guerra, e
nazismo e comunismo pareciam um
desafio perigoso para a humanidade,
chamou os Salesianos para oVaticano“a
fim de cuidar das duas tipografias: da
«Poliglotta» e de L’Osservatore Romano”.
no tempo moderno, a serviço do
apostolado e da educação cristã. Pio XI
convenceu-se, pois, de que seria uma
ótima opção confiar aos Salesianos a
gráfica e o jornal.
Em 75 anos, a dirigir a comunidade sa-
lesiana dentro dos muros leoninos
foram-se sucedendo dez Diretores e
75 salesianos, muitos dos quais salesia-
nos irmãos especialistas e competen-
tes profissionais da arte gráfica.
Jovem sacerdote, Achille Ratti, que
nem de longe imaginava tornar-se o
Papa da Beatificação e da Canonização
de Dom Bosco, fora visitá-lo no Orató-
rio, guardando dele uma impressão
positiva e indelével. Ficou especial-
mente admirado por quanto se fazia
em Valdocco no campo gráfico-edito-
rial. Disso lembrou-se depois de mais
de 50 anos, quando, já Sucessor de
Pedro, viu-se a dar impulso à editoria e
à imprensa do jovem Estado do Vati-
cano, nascido dos Pactos Lateranenses
em 1929, que gradualmente se ia or-
ganizando em todas as suas frentes.
Lembrou-se de Dom Bosco que, com
intuição de vidente, havia compreen-
dido quão decisiva importância a arte
tipográfica e a editoria representariam
A exemplo do Fundador, os Salesianos
sempre consideraram de importância
vital para a educação dos jovens tanto
a boa imprensa quanto o amor ao
Papa. Um aniversário como o dos 75
Anos de presença ativa a seu serviço,
que coincide com uma ocorrência
igualmente importante para L’Osserva-
tore Romano, induz a revisitar a atuali-
dade e a longividência das duas
heranças deixadas por Dom Bosco aos
seus Filhos. Se de fato Bento XVI lançou
a emergência educativa como nova
fronteira de uma sociedade renovada
e de uma fé cristã vivida por livre
opção, há que perguntar-se como ler
e atuar hoje o amor dos Salesianos
pelo Papa e como realizar o objetivo
pastoral da boa imprensa.
L’Osservatore Romano, pelo qual
muito fizeram os salesianos, continua
para os filhos de Dom Bosco uma
questão ineludível, porque atual,
quase familiar, de se assumir no
tempo presente. Se a comunicação é
uma das encruzilhadas históricas da
nova percepção do mundo, ler L’Os-
servatore é um dos sinais de apoio à
Igreja, tal como foi definida e apre-
sentada pelo Concílio Vaticano II.
Nessa Assembleia, aberta há 50 anos,
a Igreja escolheu tanto a comunhão
com os seus vários componentes
quanto a colegialidade episcopal em
torno do Sumo Pontífice quais carac-
terísticas do seu caminhar na história.
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Assim, pois, tudo quanto ajuda a co-
munhão é importante. Na era da co-
municação, entre as possibilidades
do mercado mediático – cada vez
mais numerosas e articuladas se
comparadas com as do passado –,
sustentar o jornal do Papa já não é
indiferente ou irrelevante. A difusão
e a atualização do cotidiano da
Santa Sé reclamam dos Salesianos
atenção e especial dedicação. Di-
fundir L’Osservatore, para cuja pu-
blicação eles continuam ainda
indispensáveis, pode ser considerado
um dos novos modos de compreen-
der e expressar o amor ao Papa, se-
gundo os sinais dos tempos.
Na área da multimidialidade – não
obstante tantos jornais, sítios, rádios e
TVs tratem de assuntos religiosos –
L’Osservatore Romano é único. Para
dizê-lo com o P. Filiberto González,
Conselheiro Geral para a Comunica-
ção Social da FS, no imenso mar da
informação fermentada pela web,
«L’Osservatore Romano» continua,
por sua natureza, a fonte mais confiá-
vel sobre a Igreja Católica e sobre o
Papa.
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Ciência e
Tecnologia:
a serviço
de quem?
Por muitas vezes nos vemos dizendo “Como o tempo
passa rápido”… e diante disso é inevitável se perguntar
“Qual o sentido que estou dando para minha vida?”.
Alexandre explica-se….
por Alexandre Garcia Aguado
Em meados de 2008, após uma Jor-
nada Mundial da Juventude, esses
pensamentos se intensificaram em
mim. Eu trabalhava em uma excelente
empresa como Analista de Sistemas e
tinha boas perspectivas para o futuro,
porém, me incomodava perceber que
os softwares que eu estava desenvol-
vendo tinham sempre como objetivo
central provocar um impacto finan-
ceiro positivo para a empresa. Não que
isso seja um problema ou algo errado,
mas eu gostaria que a tecnologia e o
conhecimento que eu desenvolvesse
pudesse estar a serviço direto daque-
les que mais precisam deles.
Sou graduado em Tecnologia em
Software Livre, um curso da área de
Tecnologia, porém, com uma filosofia
voltada para inclusão social, colabo-
ração e respeito à vocação do ser
humano em 'ser mais'. A UNISAL era
uma das poucas universidades que
ofereciam esse curso de graduação e
foi através dela que conheci os Sale-
sianos, comecei a me envolver nas ac-
tividades pastorais, depois missionárias
e, finalmente, conheci o trabalho da
Missão Salesiana em Angola e encon-
trei no Voluntariado Missionário Sale-
siano uma forma de dar sentido à
minha vida e profissão.
Após um ano de preparação, final-
mente, em fevereiro de 2011, parti
para Angola. Chegando na terra de
missão, o primeiro passo foi conhecer
um pouco a realidade do país e aquilo
que existia na área de Tecnologia da In-
formação (TI).
Chegamos à conclusão de que a prio-
ridade máxima do trabalho de TI seria
a formação profissional, afinal, qual-
quer intervenção pontual não iria se
manter a longo prazo se não houvesse
pessoas para fazer isso. Começamos
por reestruturar o curso de informática
básica que já oferecíamos nos Centros
de Formação e atendem cerca de 1,5
mil jovens por ano. Essa reestruturação
contou com a criação de um novo ma-
terial didáctico e buscamos inovar em
uma nova proposta de curso de infor-
mática multi plataforma, criando um
ambiente que demos o nome de
UbuntuBosco, onde o aluno pode
praticar no Ubuntu, Windows-XP e
Windows 7, dando-lhe uma visão mais
ampla. Fizemos vários workshops e
formações com mais de 40 professo-
res de informática dos centros e capa-
citamos outros jovens para serem
responsáveis pela manutenção dos
computadores.
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Além da formação profissional básica,
reformulamos o curso de montagem
e manutenção de computadores,
afinal, esta é uma grande demanda no
país e esse tipo de curso já coloca ra-
pidamente o jovem no mercado de
trabalho.
Um pedido dos Salesianos de Angola,
logo na chegada ao país, foi a criação
de um site, para que finalmente pu-
déssemos passar a existir na Internet.
Formamos uma equipe juntamente
com alguns jovens angolanos, mem-
bros da Editora Dom Bosco de Angola,
o Pe. Andrés Algorta, então responsá-
vel pela Comunicação Social e volun-
tários brasileiros, conectados através
da internet. Em novembro de 2011, foi
ao ar o site domboscoangola.org, um
canal de formação para os jovens an-
golanos, comunicação da realidade
Salesiana em Angola e de integração
da família Salesiana.
Em sintonia com o desenvolvimento
do site, buscamos melhorar a conexão
de Internet nas obras Salesianas. A in-
ternet em Angola tem um alto custo,
principalmente no interior do país
onde a única forma de acesso é via Sa-
télite (VSAT). Conseguimos um bom
contrato com uma empresa, o que
possibilitou uma melhora significativa
em nossas conexões.
Além desses projetos principais, exis-
tem várias outras pequenas ações, par-
cerias e formações que buscamos
fazer, como, por exemplo, o projeto
OLPC (One Laptop Per Child) que é um
grande projeto que visa fornecer com-
putadores a baixo custo para auxilia-
rem na atividade pedagógica das
crianças. O projeto piloto em Angola
está sendo na escola Dom Bosco e
tenho auxiliado com formações sobre
Software Livre e na estrutura física de
servidores, Internet e o que mais for
necessário.
Os Salesianos mundialmente buscam
fazer uma opção pelo Software Livre e
em Angola estamos em sintonia com
isso, o que para mim é fantástico, pois
está diretamente ligada com aquilo
que acredito e que Deus me deu a
oportunidade de conhecer profissio-
nalmente.
Essas ações não dizem respeito somente
à utilização de softwares livres ou desen-
volvimento deles como fizemos com a
criação do UbuntuBosco, mas também
incorporar no cotidiano características
das comunidades de software livre,
como colaboração, partilha, liberdade,
valorização do humano entre tantas
outras que estão intimamente ligadas ao
evangelho e àquilo que acreditamos
como Família Salesiana.
Durante esse ano de Voluntariado Mis-
sionário, fizemos algumas coisas e
muitas ainda precisam ser feitas, mas o
mais importante é perceber o milagre
da comunhão acontecer diante dos
nossos olhos quando colocamos em
comum o pouco que temos e recebe-
mos riquezas incalculáveis daqueles
que já não tinham mais esperança de
que poderiam oferecer algo. Essa foi a
forma com que Deus me presenteou
para dar sentido a minha vida.
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O Evangelho
através da mídia
por Roman Sikoń
O« fato é que nós Salesianos
devemos difundir o Evangelho
também através dos vários meios de
comunicação, exatamente como fez o
mesmo Dom Bosco» – diz Roman
Sikoń, fundador do Artigo 43, movi-
mento de evangelização multimídia. A
bola e a guitarra que, por anos, haviam
sido os seus principais instrumentos de
trabalho, cederam hoje lugar a um mi-
crofone e a uma videocâmera.
Era o ano de 2007. Um grupo de alunos
do seminário salesiano de Cracóvia,
estava a ouvir uma das conferências do
Reitor-Mor da Congregação Salesiana.
«Perguntava-me como era possível que
os Salesianos estivessem em 130 países
e que algumas pessoas conhecessem
tão pouco da nossa identidade e da
nossa missão educativa – diz Sikoń –. Foi
portanto durante os exercícios espiri-
tuais pregados pelo Reitor-Mor que me
lembrei do artigo 43 das nossas Consti-
tuições. E achei a resposta».
Logo depois dessa inspiração do nosso
Roman Sikoń, nasceu nesse Seminário
Salesiano de Cracóvia o primeiro grupo
multimídia, com o nome de“Artigo 43”.
Foi exatamente esse artigo das Consti-
tuições a tornar-se ponto inicial e ver-
dadeiro programa de trabalho. Roman
fizera o seu primeiro vídeo no campo
de refugiados de Kakuma, norte do
Quênia, África, onde ele dera a sua con-
tribuição como voluntário, no Serviço
de Voluntariado para as Missões Sale-
sianas (SVMS) antes de entrar na Con-
gregação. E foi exatamente graças a
essa experiência que achou entu-
siasmo e o maior apoio para a sua ideia.
No ano seguinte, esteve em condições
de montar um estúdio de produção,
em Cracóvia, estúdio adaptado à pro-
dução de pequenos documentários.
Atualmente já passam de 30 os docu-
mentários transmitidos por redes de
TV, tanto em nível regional quanto na-
cional; sem contar os 250 minivídeos
que foram veiculados pela Internete.
«Fui a Smętowo, perto de Pelplin, com
o P. Witek, para um trabalho missioná-
rio. O pároco falara-me por telefone di-
zendo-me que ali já trabalhara três
vezes, em períodos diferentes, e que
esta era decididamente a melhor delas.
A devoção e o número das pessoas
que se aproximavam do Sacramento
da Eucaristia estava a crescer. Simples-
mente criei um vídeo para dar suporte
às minhas palavras» – recorda o P. Bro-
nisław Szymański, um lutador pelos
Meios. Ele agora tem mais de 90 anos,
mas relembra quase perfeitamente
todos os lugares que em moço visitou
com o seu ‘cinemamóvel’. Os primeiros
filmes de fundo religioso ele os conse-
guiu graças ao auxílio da Embaixada
estadunidense, em meados dos anos
sessentas. Costumava preparar a mala
com o projetor apenas adquirido, as
bobinas de 16mm, o gravador e os cas-
setes em que gravara os comentários.
E avante: de trem, de povoado em po-
voado, de uma paróquia a outra, atra-
vés de toda a Polônia.
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Faz muitos anos que os salesianos da Polônia se utilizam da
mídia. «Artigo 43» é apenas uma das tantas atividades por eles
empreendidas e a seguir difundidas por todo o mundo. Hoje,
porém, cada grupo e realidade pode trabalhar e colaborar
servindo-se da Internete.
«Aprendi a ver o que era viver nos po-
voados e nas paróquias. Muitas as ex-
periências acumuladas. Por isso os
sacerdotes me pediam que lhes pre-
gasse retiros e fazer pequenas confe-
rências aos fiéis… Tudo por culpa
daqueles filmes. Estive em todas as
nossas casas salesianas. Em Lublin, na
zona da Kalina, baixávamos as persia-
nas da igreja, no último andar da casa,
e projetávamos filmes horas e horas.
E, não tenho dúvidas: nestes 78 anos
de salesiano, aqueles foram, ao certo,
os momentos que mais fruto produzi-
ram» – nos afirma.
A censura do período comunista por
certo não facilitou o trabalho do P. Bro-
nislau. Os filmes chegavam, de contra-
bando, da Itália, graças ao Arcebispo
Karol Wojtyla (João Paulo II), e, com fre-
qüência, eram projetados secreta-
mente. E é por isso que, apesar desses
longos 20 anos e as 2.520 projeções não
se acha uma só fotografia para reme-
morar esses eventos… Outros a seguir
levaram avante o trabalho por ele co-
meçado: os salesianos sacerdotes Szy-
mański, Michał Szafarski, Jan Waszczut e
Bernard Weideman. Para todos eles os
meios de comunicação estiveram na
base do seu trabalho pastoral.
Ultimamente foram muitas as pessoas
que trabalharam no projeto Artigo 43,
nas cidades de Ląd, Świętochłowice.
Também em Gana (África). «O P. Piotr
Wojnarowski pediu-nos ajudá-lo a
montar um estúdio multimídia na Casa
inspetorial, de Ashaiman, exatamente
como o de Cracóvia. Junto com o vo-
luntário Michał Król conseguimos pois
realizar esse estúdio Artigo 43 ali em
Gana: Michael a seguir ficou por mais
dois anos, a fim de preparar mão-de-
obra adequada. Hoje o estúdio está em
condições de trabalhar e desenvolver-
se autonomamente – confirma Roman
Sikoń e continua –: O meu sonho seria
que cada Inspetoria salesiana pudesse
contar com pelo menos um pequeno
estúdio profissional como esse e com
um grupo de salesianos e de voluntá-
rios que exprimissem a própria voca-
ção assim, difundindo o Evangelho
através dos meios de comunicação,
exatamente como em seu tempo fez
Dom Bosco».
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Agite & Reze
App para iPhone & Android
por Don Bosco Publications
Hoje
o ‘smarthphone’ de
muitos jovens está ligado com
o mundo inteiro. É sua tv, gravador,
console para videojogos, seu “pão
cotidiano” – e até o seu melhor amigo. É,
de fato, o seu parque de diversões. Nós,
Salesianos, temos portanto a necessidade de
achá-los ali, exatamente onde eles se
habituaram a encontrar-se. As aplicações
para os ‘smartphones’ são conhecidas
como ‘app’. A app Agite & Reze oferece
aos jovens a possibilidade de fazer
do próprio ‘smarthpone’ um
autêntico livro de oração.
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SALESIANOS 2013

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“Devemos olhar com interesse para as várias formas de sítios, aplicações e redes so-
ciais que possam ajudar o homem atual não só a viver momentos de reflexão e de
busca verdadeira mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração,
meditação ou partilha da Palavra de Deus. Na sua essencialidade, breves mensagens
– muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos
profundos, se cada um não descuidar o cultivo da sua própria interioridade”.
(Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia das Comunicações Sociais 2012)
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SALESIANOS 2013
Uma rádio feita por
meninos de rua
Para a Congregação Salesiana, as rádios – tais como descritas
no Sistema Salesiano de Comunicação Social – “são estruturas
…. que com estilo salesiano evangelizam a cultura juvenil e
popular, educando, orientando, informando e envolvendo. A
rádio salesiana – prossegue o texto - produz programas para
servir à missão educativo-pastoral, especialmente para os
jovens, com uma atenção contínua e crítica aos fenômenos da
cultura da Comunicação Social; oferece uma boa qualificação
profissional aos próprios dependentes a par de uma visão
humano-cristã da vida e de um trabalho inserido na identidade
salesiana; dá qualidade ao setor informativo, reforçando o
pensamento critico e o conhecimento das realidades locais e
globais; e dentro da linha educativa salesiana abre espaços
aos grupos juvenis ligados à área de produção, chegando
mesmo a estimular e apoiar os jovens”.
por ANS
A ‘Radio Juventus Don Bosco’ – emissora nascida em 2004 na República
Dominicana, graças à coragem e iniciativa do P. Luis Rosario e de um
grupo de meninos de rua – assumiu o encargo de transformar, a
exemplo de Dom Bosco, um meio de comunicação num instru-
mento para educar e desenvolver uma obra pastoral magnífica.
Refere o P. Rosario: “No princípio havia só o desejo de ter uma
estação de rádio. Mas não havia dinheiro para construir o
edifício e muito menos para a aquisição da aparelhagem.
Iniciados os trabalhos, começaram também pouco a
pouco a chegar os recursos: alguns contribuíam com di-
nheiro, outros faziam trabalho voluntário…”
A coisa mais extraordinária dessa rádio são as pessoas que lhe
dão vida 24 horas por dia. Escrevendo a história da rádio, o cola-
borador Germain Marte conta:“Quem poderia pensar em pôr uma
estação de rádio de tal nível nas mãos de um grupo de rapagotes ti-
rados da rua? Só mesmo o P. Rosario, convencido de que os jovens mere-
cem confiança, respeito, oportunidade para desenvolver os seus talentos”.
Os rapazes em questão fazem parte do projeto desenvolvido pela Pastoral Ju-
venil “Yo También” (Eu também), que acolhe meninos de rua para os reeducar
e reintegrar em suas Famílias e na Sociedade. São eles que dirigem a rádio. A
juventude salesiana não só foi um exemplo para o país, mas realmente fez
escola: “Os jovens que aqui trabalham podem ser tomados como exemplo de
seriedade, disciplina, empenho. E eu me sinto realmente feliz – diz o sacerdote
salesiano –. Desses jovens fizemos o que desejava Dom Bosco: ‘bons cristãos,
honestos cidadãos”.

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Alguns deles já estão de tal forma preparados que produ-
zem e levam avante programas também de três horas cada
domingo. Muitos desenvolveram habilidades como técni-
cos de som, de montagem, de ‘assemblage’, ou como repa-
radores de instalações, de ambientes, de computadores.
Segundo o P. Rosário, a “Radio Juventus Don Bosco” é algo
providencial. Desde o início, a rádio pôde contar com a ge-
nerosidade de muitos benfeitores, como, p. ex., da Embai-
xada Japonesa no país, que adquiriu o instrumental técnico
necessário. A rádio prossegue sem… vermelhos: nenhum
dos produtores dos programas paga a estação por quanto
transmite; nem a rádio lhes deve absolutamente nada. As
várias equipes que operam no interior da rádio – técnica,
de engenharia, de produção, dos coordenação, de levanta-
mento de fundos… – desempenham um trabalho total-
mente voluntário. A única condição é que seja sempre
respeitada a linha educativo-pastoral da estação.
A estrutura interna se desenvolve de maneira orgânica e cada
qual tem o seu papel e as suas funções específicas. As várias
equipes se reúnem pelo menos uma vez por mês para progra-
mar o trabalho. Regulares são as reuniões gerais e os momen-
tos de fraternidade e partilha entre todos os colaboradores.
A metodologia de trabalho é participativa, com frequentes
interações com os ouvintes. E fazem-se por vezes também
transmissões desde fora. O relacionamento com as demais
emissoras católicas é muito positivo e de recíproca coope-
ração, especialmente com as estações que se encontram
na cidade de Santo Domingo. Com freqüência a Rádio Dom
Bosco entra em rede com elas para algumas celebrações
especiais de Igreja, tanto nacionais quanto internacionais,
especialmente para as atividades do Papa, utilizando o sinal
da Rádio Vaticana.
A programação da rádio se dirige principalmente aos jovens,
aos adolescentes, às famílias, e segue o sistema educativo pre-
ventivo de Dom Bosco, fundado na razão, na bondade, na fé.
O objetivo principal da Rádio Juventus é contribuir para a
construção de um mundo melhor, baseado no amor. Daí o
seu lema:“Uma voz pela civilização do amor”.
SALESIANOS 2013
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Os mirins da Fé
Livrinhos práticos para
Inspirada pelo nosso
fundador João Bosco e pelo
seu grande modelo S.
Francisco de Sales, a Casa
editora Dom Bosco, da
Eslováquia, preparou uma
coleção de livrinhos com a
intenção de criar um
conhecimento maior dos
fundamentos da fé cristã e da
atitude que a Igreja mantém
relativamente a importantes
assuntos de interesse comum.
por Jan Misko
Todos os dias somos inundados por tantíssimas informa-
ções, vindas de meios de comunicação mais ou menos re-
levantes. Hoje em dia considera-se por demais importante
estar informados sobre quanto se passa no mundo e em
nosso derredor. Apesar disto, entretanto, quando se trata de
assuntos que dizem respeito à esfera da fé, vemo-nos à pro-
cura de alguma coisa ou confusos, com opiniões superficiais,
que se revelam totalmente inúteis quando devemos respon-
der às perguntas mais importantes da vida.
Edições para um alvo muito amplo de pessoas
Os livrinhos ‘DeBolso’ sobre a Fé são uma resposta às necessi-
dades e aos pedidos de muitos fiéis, que com freqüência não
têm tempo ou sequer a possibilidade de tomar parte de en-
contros e fóruns sobre assuntos religiosos. São também um
ótimo instrumento para aqueles que buscam respostas a
várias questões da vida, ou sabem apenas alguma coisa acerca
da atitude que um cristão deveria adotar perante alguns as-
suntos. Importante, além disso, é que esses livros mirins
podem também ser utilizados como instrumento durante en-
contros de comunidades religiosas ou para o cultivo do grupo
dos catequistas.
EDÍCIA VIERA DO VRECKA 2013
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todo cristão
Conhecimento e compreensão
Durante a preparação do conteúdo de cada assunto, nunca faltou
o auxílio de sacerdotes e leigos especializados, de modo a poder
tratar do assunto em todos os seus aspectos e sempre com
grande esmero. Além disso, sempre seguindo o exemplo de Dom
Bosco, temos procurado tornar a linguagem o mais fácil possível
para os nossos leitores. Para aqueles que quisessem ao depois
aprofundar ainda mais os vários assuntos, põe-se à disposição
uma lista de outras fontes.
Assuntos contemporâneos
Além dos vários assuntos que o nosso público de leitores certa-
mente se espera de uma coleção de livros sobre a fé, foi nosso
desejo tratar também de aspectos mais profundos, sem nunca
entretanto esquecer o ensino, ou magistério, da Igreja Católica.
Por isso, por quanto se refere ao ano 2012, propusemos os se-
guintes doze temas: Como viver cada dia as Sagradas Escrituras;
Os Cristãos e as eleições políticas; O castigo na educação das
crianças; A mídia manipula-nos: sim ou não?; Deus no tálamo
(sobre o controle da natalidade); Creio em Deus, não preciso da
Igreja; Os SS. Cirilo e Metódio como nunca os vimos; Revelações
particulares em nossa vida; Vivia-se melhor durante o comu-
nismo?; Magia, superstição, maldições…: que pensa Deus de
tudo isso? O dinheiro nas mãos de um cristão; Como formar a
própria consciência.
Preço mais que acessível
Os mirins da Fé publicam-se uma vez por mês. É possível tanto fazer
uma assinatura quanto comprar os vários livros em livraria ou atra-
vés do nosso sítio internete. Quem faz assinatura paga um euro por
livro, o que significa: 12 euros por toda a coleção de um ano. Ao
contrário, para quem deseja adquirir um só livro, paga 1,50 euro.
Enquanto editora de estilo salesiano, o nosso intento é seguir os
passos de São João Bosco, que, por sua vez, publicou as “Leituras
Católicas”. Dom Bosco, como também nós hoje, usava a mesma
metodologia para educar um grande número de pessoas, defen-
der os valores e os ensinamentos da Igreja. O nosso projeto co-
meçou em 2010. Depois de um ano, os assinantes subiram a
10.000. A esses se acrescentem os outros 2.000 exemplares ven-
didos nas livrarias.
SALESIANOS 2013
107

11.10 Page 110

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Festiclip: Clipes de
jovens para jovens
Desde 2005 o Multimedia Studio* organiza um festival dedicado ao mundo do clipe.
O festival envolve jovens de 15 a 20 anos. O que devem fazer é um breve clipe, de
perto de sete minutos, sobre um tema de sua preferência. Pede-se unicamente que o
clipe contenha alguma mensagem positiva. Positiva e educativa.
Maxime, de 16 anos, é aluno de
uma escola superior salesiana.
Esta manhã, uma de suas professoras
está a lhes projetar, a ele e à sua classe,
um clipe no qual a protagonista é uma
jovem, de 17 anos, grávida. Depois de
ver o filme, partilharão seus comentos
sobre o clipe. Alguns concordarão
com a decisão da jovem e dos pais de
ter a criança; outros, não. A Professora
coordenará o diálogo convidando os
alunos a aprofundar mais suas refle-
xões. O Maxime quer contribuir à dis-
cussão e reconta acerca de um caso
semelhante dentro do seu círculo de
amizades. A ficção ali se torna… reali-
dade. O testemunho do Maxime é
levado a sério: dá ao grupo a possibili-
dade de ver as coisas também sob ân-
gulos diferentes…
Uma coleção de partilhas
O clipe que o Maxime e sua classe
viram nessa manhã faz parte de uma
coleção chamada ‘D’Clic’, que
compreende também outros vídeos,
sobre variados assuntos, como
mundo da droga, videojogos, integra-
ção de jovens portadores de deficiên-
cia, ‘social networks’ (como o
Facebook), álcool, etc. Todos os vídeos
foram realizados dentro de obras sa-
lesianas.
Durante o ano escolar organiza-se o
grupo que produz o vídeo, e que
depois poderá também participar do
‘Festiclip’: este festival é aberto não só
às casas salesianas. Também a outras
famílias religiosas. “Para os nossos
alunos do último ano, esta foi uma
ocasião para fazer alguma coisa de
concreto com suas próprias mãos – diz
o Sr. Gérard Cuinet, Irmão marista –. A
produção do clipe pôs à mostra verda-
deiros talentos. Foi uma experiência de
partilha: e criou um excelente espírito
de classe. Foi realmente uma experiên-
cia positiva”.
por Vincent Grodsziski
O projeto envolve cinco, dez, trinta pes-
soas… É pois necessário espírito de
adaptação e um certo nível de disci-
plina que faz com que cada membro
do grupo se sinta envolvido, segundo
as próprias habilidades. O papel do líder
é importantíssimo. “O pai de um dos
alunos veio certa vez a dar ao grupo al-
gumas informações de base – diz Vero-
nique Le Pargneux, responsável por um
desses grupos – para depois deixá-los
continuar o trabalho sozinhos, mas
pondo-se à inteira disposição do grupo,
caso os rapazes precisassem de explica-
ções. Muito cedo o grupo se familiari-
zou com as várias operações do vídeo
e da redação do texto, de modo que ra-
pidamente levaram a cabo, sozinhos, o
próprio trabalho.
O líder do grupo não precisa ser forço-
samente um especialista em vídeo,
porque, às vezes, o grupo já esteve
empenhado em outras produções:
“Deixo-os livres de fazer o que bem
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SALESIANOS 2013

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12.1 Page 111

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quiserem – diz Serge Pagès, referente
para a Escola ‘St. Vincent de Paul’, de
Pignone –. Estou sim sempre à dispo-
sição para… responder a qualquer
pergunta, mas não para controlar as
operações. Através do diálogo, os
jovens compreendem o que é ou não
é fazível”. A confiança em seu líder é
uma coisa fundamental na realização
do trabalho e as perguntas que ele de
vez em quando lhes faz, incentivam-
nos ainda mais.
seriedade do evento. Cada um dos
detalhes foi antes planejado e em se-
guida realizado com cuidado. A parti-
cipação neste festival é certamente
um incentivo para fazê-lo também no
próximo ano. É outrossim verdade
que temos muito por fazer para atin-
gir um certo nível de qualidade. Mas
é positivo ver os trabalhos dos outros
grupos: estou certa de que isso nos
motivará ainda mais a convidar outros
jovens a fazer parte da nossa trupe”.
Dia D
Todos os clipes que participam do fes-
tival são visionados durante as várias
noites. Depois de uma introdução
feita pelo grupo que o produziu, o
clipe é projetado e, em seguida, jul-
gado por um júri composto de espe-
cialistas e de membros da Família
Salesiana. A nota máxima que pode
ser atribuída é de 20 pontos, assim
subdivididos: 12 pontos para o con-
teúdo e 8 para a técnica. “O fato de
que cada clipe deva ser votado cria
maior interesse – afirma Véronique Le
Pargneux –. Fomos motivados pela
O público e o júri atribuem um
prêmio aos clipes melhores. E para dar
mais um toque ao festival, não podem
faltar, é claro, os prelúdios, as canções,
os números de mágica – coisas todas
que possibilitam aos participantes
mostrar, aos demais, quais sejam os
próprios talentos e, aos jovens, desco-
brir os talentos dos seus coetâneos.
Terminado o festival, o ‘Multimedia
Studio’ escolhe dois ou três clipes, e
sugere aos autores que o seu trabalho
pode ser refeito com instrumentos
mais profissionais e ser com isso inse-
rido na coleção «D’Clic».
* «Multimedia Studio» é um grupo
formado por seis salesianos. Sua fi-
nalidade é reunir o maior número
possível de subsídios para jovens,
que lhes possa ser de ajuda no co-
nhecimento do Evangelho no
mundo moderno. Há em sua lista:
produção de vídeos, CD-Roms,
Áudios CD; livros e também outras
tipologias de material divulgativo
(pôsteres, folhetos, miniexposições;
e outros).
www.donboscomedia.com
SALESIANOS 2013
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12.2 Page 112

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SANTO
Nino Baglieri, apóstolo incansável
Do «Inferno» às portas do Céu
Um Dom Bosco novo
Santidade familiar
110
SALESIANOS 2013
… porque como tal ministério exige grande calma e
mansidão, havíamo-nos colocado sob a proteção deste
santo, para que nos alcançasse de Deus a graça de
imitá-lo em sua extraordinária mansidão e na conquista
das almas.
(Memórias do Oratório)

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SALESIANOS 2013
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12.4 Page 114

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Nino Baglieri,
apóstolo incansável
por ANS
Nino Baglieri nasceu em Modica
(Ragusa), em 1951. Depois de fre-
quentar as escolas elementares e co-
meçar a trabalhar de pedreiro, ou
alveneiro, aos 17 anos, no dia 6 de maio
de 1968 cai de um andaime de 17
metros de altura. Internado com urgên-
cia, Nino dá-se conta com amargura
que ficou totalmente paralisado. Inicia
assim o seu caminho de sofrimento,
passando de um hospital a outro, sem
qualquer melhoramento. Voltando em
1970 à sua terra natal, iniciam para Nino
dez longos anos de escuridão, passados
sem sair de casa, em solidão, em sofri-
mento, em desesperança.
No dia 24 de março de 1978, Sexta-Feira
Santa, às quatro da tarde, algumas pes-
soas da Renovação no Espírito rezam
por ele; Nino sente em si uma verda-
deira transformação. Desde aquele mo-
mento aceita a Cruz e diz o seu “sim” a
Deus. Começa a ler o Evangelho e a
Bíblia: redescobre a Fé. No mesmo mês,
ajudando algumas crianças a fazer os
seus deveres de escola, aprende a es-
crever com a boca e a discar os núme-
ros do telefone com o auxílio de uma
pequena haste: inicia aquele fluxo de
relações que o levará, gradualmente, a
testemunhar, na sua situação, o evan-
gelho da alegria e da esperança.
Escreve as suas memórias, escreve cartas
a pessoas de toda a estirpe em várias
partes do mundo, personaliza santinhos
que distribui a quantos o visitam. Os seus
escritos atraem a atenção dos editores e
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SALESIANOS 2013

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“na minha última viagem para Deus,
eu possa correr-Lhe ao encontro.”
a‘Setim’lhe publica“Dalla sofferenza alla Geral de Sua Santidade para a Cidade secular salesiana. A seguir, algumas con-
gioia” (Do sofrimento à alegria).
do Vaticano, que teve a oportunidade siderações, tiradas da lembrança pessoal
de o encontrar e conhecer, disse de de um de seus coirmãos CDB, Gaetano.
A partir de 6 de maio de 1982, Nino co- Nino Baglieri: “Quando o revia, dava a
memora o aniversário da Cruz. No sensação de que fosse inabitado pelo “Depois de fazer a promessa como
mesmo ano entra a fazer parte da Fa- Espírito Santo… Celebrava o aniversá- Cooperador Salesiano, Nino Baglieri
mília Salesiana como Salesiano Coope- rio do seu chamado à Cruz como os sentiu que o chamado de Deus para
rador. Em 31 de agosto de 2004 faz a outros celebram o do próprio aniver- viver o carisma salesiano exigia uma
profissão perpétua entre os CDB. No sário de Casamento ou de Ordenação consagração secular. Entrou assim em
dia 19 de janeiro de 2007, em Roma, religiosa. Nino Baglieri tornou-se um 1994 para o grupo dos CDB, vivendo
participa dos ‘Dias de Espiritualidade apóstolo incansável, um ímã de bon- plenamente todos os traços caracterís-
da Família Salesiana’: teve para isso de dade. Ímã que atraiu muitíssimos ticos desse Instituto.
CDB enfrentar uma difícil viagem de carro
até à Capital, para dar um último tes-
temunho público.
No dia 2 de março de 2007, às 8 horas,
Nino Baglieri, depois de um período de
longo sofrimento e prova, retorna a sua
alma a Deus. Após a morte, revestiram-
no com um uniforme e calçados de gi-
nasta, a fim de que, como ele dissera,
jovens para o amor de Deus”.
Nino Baglieri, a lembrança
de um amigo e irmão
Com o pedido oficial de iniciar a causa
de beatificação, a santidade de Nino Ba-
glieri também inicia a caminhada para
ser reconhecida pela Igreja universal.
Quem teve a possibilidade de o conhe-
O traço secular dos CDB expressou-o
ele em fazer-se de ligação entre Deus
e os homens, buscando testemunhar
a ação e o amor de Deus na vida dos
homens. Vendo embora os seus limi-
tes, Nino soube preparar uma men-
sagem preciosa que entregar aos
homens de hoje: numa sociedade
cada vez mais orientada ao culto do
“na minha última viagem para Deus, eu cer e estar-lhe perto, pode testemunhar corpo, do prazer, da força física, Nino
possa correr-Lhe ao encontro”.
desde agora a radicalidade com a qual o devia comunicar que o sofrimento não
Voluntário Com Dom Bosco (CDB) viveu é um instrumento de dor e de morte,
O Cardeal Angelo Comastri, Vigário as virtudes evangélicas e a consagração mas de purificação e de salvação!”
SALESIANOS 2013
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12.6 Page 116

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Do «Inferno»
No espaço de tempo que
mediou entre as duas Guerras
Mundiais (1918-1939), os
salesianos húngaros muito
haviam apoiado o Movimento
Católico dos Jovens Operários
(Katolikus Munkásiú
Mozgalom – KIOE). E por
toda a nação. Também e
sobretudo, formando pequenos
grupos de apostolado por entre
os jovens operários. A partir
de 1945, o regime comunista,
além de aumentar cada vez
mais o seu poder, passou a ver
na Congregação salesiana
um… sério perigo. Por isso, em
nome do “poder da classe
operária”, aumentou os seus
ataques a quantos se
dedicavam aos jovens e à sua
elevação moral, cultural,
profissional.
por Erzsébet Lengyel
Quem era István Sándor? A história
Os coirmãos salesianos o descrevem
como uma pessoa silenciosa, tran-
quila, dedicada ao seu trabalho e
apostolado, que nunca levantava a
voz para chamar a atenção de nin-
guém, que educava com a sua pre-
sença orante. Era um verdadeiro
modelo de vida cristã. Em toda a cir-
cunstância apresentava-se sempre
muito ordenado, pronto, determi-
nado; e isso ele o exigia também dos
seus rapazes, sobretudo daqueles
que trabalhavam na tipografia. Não
gostava de falar. E quando devia fazê-
lo, fazia-o sempre no momento e
com os modos mais apropriados, sa-
bendo também ouvir. Esse seu ca-
risma também fazia com que ele não
devesse nunca correr atrás de nin-
guém: os jovens lhe estavam sempre
ao redor. Preparou-se com empenho
para a vida salesiana, como salesiano
irmão: e assumiu com responsabili-
dade as funções que lhe foram con-
fiadas.
Nos anos 50s, na rua Árpád, uma das
vias principais de Újpest, bairro de Bu-
dapeste, foi aberto um novo bar com
o nome de «inferno». Nas vizinhanças
havia a casa salesiana de Budapeste-
Clarisseum, com o oratório, e a tipogra-
fia salesiana já estatizada. Quando os
jovens com o seu guia, ao atravessar a
rua, viram sobre a porta do bar a escrita
que zombava da fé, cancelaram com
piche o anúncio. Os proprietários do
bar chamaram a Polícia Secreta (ÁVH
Államvédelmi Hatóságot que significa
'Autoridade para a defesa do Estado'),
que descobriu as pistas que levavam
diretamente ao Clarisseum. Com isso
teve início o calvário do Sr. István
Sándor e dos seus companheiros: acu-
sações inventadas, espionagem, tor-
tura, prisão e, na tarde de 8 de junho
de 1953, o suplício na forca.
Hoje «A taberna do Inferno» sumiu. O
regime comunista desmoronou. A
Igreja e a Congregação salesiana reco-
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SALESIANOS 2013

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às portas do Céu
Em memória do mártir István (Estêvão) Sándor, salesiano irmão
meçam sua vida na Hungria. E, se Deus
quiser, logo veremos István Sándor por
entre os Beatos da Igreja, como um
dos primeiros mártires salesianos do
regime comunista em Budapeste.
István Sándor está entre nós
Ao festejarmos o 10º aniversário do
«Campo Nômade», promovido pelos
Salesianos, pelos Salesianos Coope-
radores e pelos Animadores – os
jovens viveram alguns dias de modo
totalmente inusitado, i. é, de “modo
nômade”, sem os costumeiros hábitos
e comodidades.
O fio condutor dessa experiência foi
a vida de István Sándor: não só a sua
biografia e o seu martírio. Também o
contexto histórico em que ele viveu.
Também os jogos fizeram reviver o
clima dos anos cinquentas, o modo de
vestir, os objetos e as reproduções da
época… Havia a enfermaria montada
e até uma saleta para os… interroga-
tórios. E os meninos puderam fazer
uma ideia do que eram as incursões
noturnas, com os esconderijos, os sub-
terfúgios, as Missas celebradas muito
cedo. Tudo enfim o que o Sr. István
Sándor teve de viver. O mártir, interpre-
tado por um pré-noviço, contou aos
jovens os acontecimentos mais impor-
tantes da sua vida: de personagem dis-
tante havia-se agora tornado mais
vizinho e amigo, um bom exemplo
que imitar. Rezaram por sua beatifi-
cação, a fim de que, nestes tempos
difíceis, a Igreja e a Hungria, tenham
nele um seu Marco miliar e um eficaz
Protetor.
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Um Dom Bosco novo
Em outubro de 2011 uma estátua de Dom
Bosco foi inaugurada e benta pelo P. Fábio
Attard, Conselheiro Geral para a PJ, na frente
da Casa Dom Bosco, de Viena, Áustria.
Dom Bosco está em pé, numa como atitude de
convidar os visitantes a entrar em Sua casa.
É uma figura angular, mais alta do que uma
pessoa normal, com a cabeça muito pequena,
o que dá a impressão de ser ainda mais alta
de quanto o seja na realidade: bem plantada
no chão, o seu olhar se dirige para o horizonte
buscando o futuro.
Seu calçado, de número muito maior do que o
normal, evoca o sapato de um… palhaço de
circo. Esse detalhe, a meu ver, está
perfeitamente de acordo com a bola colorida
que segura na sua mão esquerda. A mão,
com três dedos apontando, é também um
símbolo da SS. Trindade.
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SALESIANOS 2013

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A mão direita com a palma virada para cima, sobressai.
Não é apenas um convite para nós que a estamos
admirando mas também um convite para tudo o que vem
do alto. Eis portanto como Dom Bosco se nos apresenta a
nós: com o coração voltado para o céu, mas solidamente
plantado na terra.
Mais um detalhe: aos pés da estátua há três passarinhos,
como se quisesse repetir-nos a famosa frase: «Laetáre et
bene fácere – e lasciár cantár le pássere».
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O bicentenário de
casamento de
Francisco Bosco e
Margarida Occhiena,
pais de Dom Bosco,
recorda que a graça
do sacramento do
matrimônio procede
da Páscoa, como
sinal do amor de
Cristo esposo para
com a Igreja, sua
esposa.
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Santidade familiar
“A nova evangelização depende em grande parte da Igreja
doméstica… E assim como estão em relação o eclipse de Deus e a
crise da família, assim também a nova evangelização é
inseparável da família cristã. A família é de fato o caminho da
Igreja, porque é o “espaço humano” do encontro com Cristo… A
família fundada no Sacramento do Matrimônio é a atuação
particular da Igreja, comunidade salva e salvante, evangelizada e
evangelizadora” (Papa Bento XVI).
por Pierluigi Cameroni
Énessa luz que recordamos algumas
testemunhas da Família Salesiana
que viveram de modo excelente a graça
do Sacramento do Matrimônio ou pro-
moveram a verdade da Família cristã.
O bicentenário de casamento de Fran-
cisco Bosco e Margarida Occhiena,
pais de Dom Bosco, recorda que a
graça do sacramento do matrimônio
procede da Páscoa, como sinal do
amor de Cristo esposo para com a
Igreja, sua esposa.
Margarida viveu com fidelidade e fe-
cundidade o seu matrimônio com
Francisco Bosco. As suas alianças
seriam sinal de uma fecundidade que
se haveria de alargar à Família fundada
por seu filho, João.
de agosto de 1815, na oitava de Maria
SS. Assunta aos Céus, pelo nascimento
do segundogênito, João Melchior,
futuro ‘Santo dos Jovens’.
Por ocasião do VII Encontro Mundial
das Famílias (Milão, 30 de maio-3 de
junho de 2012) foi relembrado o teste-
munho de “boa e evangélica vida” do
SdeD Attilio Giordani (Milão, 3 de feve-
reiro de 1913–Brasil, 12 de dezembro
de 1972).
Attilio era catequista, animador, educa-
dor, brilhante ator de teatro, delegado
da Ação Católica, operário, missioná-
Francisco e Margarida celebraram o
casamento na Paróquia de Capriglio,
no dia 6 de junho de 1812, trocando
alianças ao pé do Altar. Margarida, ao
entrar para a nova casa de Morialdo,
acolheu imediatamente o pequeno
Antônio como se fora o seu próprio
filho; acolheu outrossim a idosa mãe
de Francisco, também ela Margarida,
com amor e respeito. Deus abençoou
a união de Francisco e Margarida: no
dia 8 de abril de 1813 alegraram-se
pelo nascimento de José e no dia 16

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13.1 Page 121

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rio no Brasil. Mas era sobretudo um
marido segundo o coração de Deus e
um pai exemplar de três filhos. Uma
vida plena a do Attilio! Uma vida vivida
veloz, pedalando, mas sempre sob o
olhar do Senhor Jesus, encontrado nos
sacramentos.
Quando estava em casa era tudo para
a sua família. Quando fora com a família
era um portento de ideias e propostas
para os jovens do oratório salesiano. De
Dom Bosco tinha todos os traços: a tal
ponto que muitos dos seus meninos –
a começar por seu irmão –, graças ao
seu exemplo se fizeram padres salesia-
nos. “Dom Bosco devia ser assim” –
diziam dele muitos meninos. As
danças, os passeios, mas também as
obras de caridade pela Milão do após-
guerra, os encontros de catequese, o
teatro – em que improvisava fazendo
morrer de rir… –, eram as «armas» de
que lançava mão «a vida boníssima» de
Attilio, toda devotada aos mais peque-
nos. Uma família, a do Attilio, que
semeou alegria e a esperança do evan-
gelho, até nas missões do Brasil, onde
terminou a sua… corrida.
vembro de 2012. Nascida em Córteno
Golgi (Itália), aos 16 de fevereiro de
1883, e morta em Sucua, no dia 25 de
agosto de 1969, na selva amazônica do
Equador, fez-se“médica”para os corpos
e para as almas. Enquanto curava e so-
corria, evangelizava, anunciando e tes-
temunhando a todos, o amor infinito
do Pai e a ternura materna de Nossa
Sra. Auxiliadora. Distinguiu-se pela
defesa e cuidado de tantas crianças e
pela promoção da mulher‘shuar’, favo-
recendo a formação de novas Famílias
cristãs, formadas – pela primeira vez! –
por livre escolha pessoal dos jovens
casais.
Enorme a alegria em toda a Família
Salesiana pela beatificação da Irmã
Maria Troncatti FMA ocorrida em
Macas, no Equador, no dia 24 de no-
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9.
8.
7.
VFSaiollhleuasnisatdnároaissasOSadbgelraaDtdaosomsdoCBoSoarsagcçroõadesodCeoJreasçuãsoeddeeJMesuarsia
6. Ex-alunas e Ex-alunos das FMA
5. Ex-alunos e Ex-alunas de Dom Bosco
4. Associação de Maria Auxiliadora
3. Associação Cooperadores Salesianos
2. Instituto Filhas de Maria Auxiliadora
1. Salesianos de Dom Bosco
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SALESIANOS 2013

13.3 Page 123

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Dom Bosco inspirou o início de um
vasto movimento de pessoas que
trabalham de diversos modos em
favor da juventude.
COMPREENDE
30 GRUPOS
OFICIALMENTE
RECONHECIDOS
Agradecimentos
Redação
P. Filiberto González Plasencia,
Conselheiro para a Comunicação Social
Membros do Dicastério da CS
e Sr. Seo Hilario, da Inspetoria da Coreia
Tradutores:
P. Francesc Balauder sdb (Espanhol)
P. Nicolas Echave sdb (Espanhol)
Senhora. Deborah Contratto (Italiano)
P. Placide Carava sdb (Francês)
P. Hilario Passero sdb (Português)
P. Julian Fox sdb (Inglês)
Sr. Zdisław Brzęk sdb (Polonês)
Agradecimentos a:
todos os autores de artigos, fotógrafos...
ANS por amplificar ou copidescar artigos
artista Mario Bogani
artista Austin Camilleri
Impressão:
Escolas Profissionais Salesianas, São Paulo, Brasil
Poligrafia Salezjańska, Cracôvia, Polônia
SIGA (Salesian Institute Of Graphic Arts),
Chennai, Índia
Sociedad Salesiana Editorial Don Bosco, La Paz,
Bolívia
GRAFISUR, S.L., Madrid, Espanha
Editrice S.D.B.: Edição extracomercial
Direzione Generale Opere Don Bosco,
Via della Pisana 1111, Casella Postale 18333,
00163 Roma-Bravetta, Italia
Informação:
redazionerivistesdb@sdb.org
www.sdb.org

13.4 Page 124

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