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atos
do Conselho Geral
da Sociedade Salesiana
de São João Bosco
Órgão oficial de animação e comunicação para a Congregação Salesiana
Nº 418
ano XCV
maio 2014
“TESTEMUNHAS DA
RADICALIDADE EVANGÉLICA”
Trabalho e temperança
DOCUMENTOS DO CAPÍTULO GERAL XXVII
DA SOCIEDADE DE SÃO FRANCISCO DE SALES
Roma, 22 de fevereiro - 12 de abril de 2014

1.2 Page 2

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Tradução: Pe. José Antenor Velho
Impressão: Gráfica Salesiana, São Paulo-SP
EDITORA DOM BOSCO
SHCS CR - Quadra 506 - Bloco B
Salas 65/66 - Asa Sul
70350-525 Brasília (DF)
atendimento@edbbrasil.org.br
www.edbbrasil.org.br

1.3 Page 3

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ÍNDICE DOS ATOS DO CG27
APRESENTAÇÃO........................................................................... 7
TESTEMUNHAS DA RADICALIDADE EVANGÉLICA
“Trabalho e Temperança”..........................................................15
Introdução .................................................................................................17
I. Escuta ...................................................................................................25
- Como Dom Bosco, em diálogo com o Senhor.................................25
- Caminhamos juntos, movidos pelo Espírito.....................................26
- Fazendo experiência de vida fraterna, como em Valdocco..............27
- Disponíveis à projetualidade e à participação..................................28
- Em saída para as periferias...............................................................31
- Sendo sinais proféticos a serviço dos jovens....................................32
II. Leitura...................................................................................................35
- Como Dom Bosco, em diálogo com o Senhor, caminhamos
juntos, movidos pelo Espírito...........................................................35
- Fazendo experiência de vida fraterna, como em Valdocco,
disponíveis à projetualidade e à colaboração...................................37
- Em saída para as periferias, sendo sinais proféticos a
serviço dos jovens..........................................................................41
III. Caminho...............................................................................................45
1. Objetivo.......................................................................................45
2. Processos e passos.................................................................45
- Como Dom Bosco, em diálogo com o Senhor.............................45
- Caminhamos juntos, movidos pelo Espírito................................46
- Fazendo experiência de vida fraterna, como
em Valdocco.................................................................................47
- Disponíveis à projetualidade e à participação..............................48
- Em saída para as periferias..........................................................49
- Sendo sinais proféticos a serviço dos jovens...............................50

1.4 Page 4

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DELIBERAÇÕES DO CG27........................................................53
1. Duração no cargo do Reitor-Mor e dos membros do
Conselho Geral.....................................................................................55
2. Reelegibilidade do Reitor-Mor e dos membros
do Conselho Geral................................................................................55
3. Composição do Conselho Geral...........................................................56
4. Vigário do Reitor-Mor..........................................................................57
5. Número e áreas dos Conselheiros de setor...........................................58
6. Atribuições do Conselheiro regional....................................................58
7. Modalidade de eleição do Reitor-Mor..................................................59
8. Modalidade de eleição do Vigário do Reitor-Mor................................60
9. Modalidade de eleição dos Conselheiros de setor................................60
10. Modalidade de eleição dos Conselheiros regionais..............................61
11. Coordenação no Conselho Geral..........................................................62
12. Configuração das Regiões da Europa e Oriente Médio........................63
13. Visita extraordinária..............................................................................64
14. Visita de conjunto.................................................................................65
15. Comissão econômica............................................................................66
16. Representação no Capítulo Geral.........................................................67
17. Pessoal para os lugares salesianos........................................................69
18. Atos do Conselho Geral, portal www.sdb.org, agência
info salesiana........................................................................................69
19. Projeto de animação e governo do Reitor-Mor e
Conselho Geral para o sexênio.............................................................70
ANEXOS ........................................................................................73
Anexo 1. Discurso do Reitor-Mor P. Pascual Chávez na abertura
do CG27......................................................................................75
Anexo 2. Discurso do Card. João Braz de Aviz, Prefeito da
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as
Sociedades de Vida Apostólica ................................................100
Anexo 3. Saudação de homenagem do Reitor-Mor ao Santo
Padre na ocasião da audiência pontifícia.................................. 114

1.5 Page 5

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Anexo 4. Discurso de Sua Santidade Francisco na audiência aos
capitulares de 31 de março de 2014.......................................... 116
Anexo 5. Mensagem do Capítulo Geral aos irmãos salesianos................ 119
Anexo 6. Discurso do Reitor-Mor P. Ángel Fernández Artime no
encerramento do CG27.............................................................124
ELENCO DOS PARTICIPANTES NO CG27...........................143
ÍNDICE ANALÍTICO DO TEMA CAPITULAR.........................151

1.6 Page 6

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1.7 Page 7

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APRESENTAÇÃO
Caríssimos Irmãos,
o CG27, como já aconteceu no Capítulo Geral anterior, foi concluído
no dia 12 de abril. Esta data é, para nós, particularmente cara, porque
nos recorda o início da obra de Dom Bosco em Turim Valdocco. 12
de abril de 1846, de fato, era dia de Páscoa, quando Dom Bosco pôde
estabelecer-se num lugar “todo seu” para poder acolher os jovens.
Recordando aquele dia, agora na iminência do bicentenário do seu
nascimento, preparamo-nos como Congregação para um novo início,
percorrendo o caminho traçado pelo Capítulo Geral.
Todo Capítulo Geral apresenta um momento de preparação, que
começa com a publicação da carta de convocação do Reitor-Mor e
culmina com a realização dos capítulos inspetoriais; um momento de
celebração, que é constituído por aquilo que a assembleia capitular
viveu desde o dia do seu início até a sua conclusão; um momento de
aplicação, que se abre a partir do final da celebração capitular e vai
até o início do próximo Capítulo Geral. Com a publicação dos Atos
do CG27, que agora vos apresento, abre-se a terceira fase capitular, a
aplicativa.
Os Atos do CG27 subdividem-se em três partes fundamentais:
o texto do desenvolvimento do tema “Testemunhas da radicalidade
evangélica”, as deliberações e os anexos. Estas partes são todas
importantes e contribuem para compreender o evento capitular e o seu
espírito. Acrescentam-se a estas partes a minha apresentação e o índice
analítico sobre o desenvolvimento do tema. Não se deve esquecer que
estes Atos encontram na carta de convocação do Capítulo, escrita pelo
Reitor-Mor emérito P. Pascual Chávez, algumas linhas que podem
ajudar para uma melhor interpretação do mesmo evento capitular.
7

1.8 Page 8

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Testemunhas da radicalidade evangélica
O tema fundamental do CG27 é “Testemunhas da radicalidade
evangélica. Trabalho e temperança”. Indico-vos agora alguns relevos
a respeito deste tema; outros aspectos importantes já estão presentes
na introdução, como, por exemplo, o ícone bíblico da videira e dos
ramos.
Conversão
O tema capitular é fascinante e prometedor para o futuro da
Congregação, mas, ao mesmo tempo, é muito empenhativo. Ele
pede-nos um caminho de conversão, que não podemos programar;
podemos desejar que ela aconteça, mas não é acertado que se realize.
A conversão é obra do Espírito que muda a nossa mente, o nosso
coração e a nossa vida; a cada um de nós e a cada comunidade cabe a
responsabilidade de viver, atentos e disponíveis, àquilo que o Espírito
nos sugere; cabe-nos a tarefa de encontrar as condições que possam
favorecer a conversão espiritual, fraterna e pastoral. A conversão é a
meta indicada a todos nós pelo CG27, uma conversão que é ao mesmo
tempo pessoal e comunitária.
Discernimento
Depois da experiência do CG25 e do CG26 chegamos a uma
metodologia de discernimento que me parece melhor definida. Ela
utiliza três expressões novas, mais coerentes com a ação do Espírito:
escuta, leitura e caminho. Durante o Capítulo, foi uma metodologia
difícil de compreender, especialmente na parte relativa à leitura, mas,
afinal, parece-me que ela foi acolhida e aplicada. Esta metodologia
inspira-se naquela muito utilizada pela Igreja na América Latina
e reafirmada na última Conferência Geral do Episcopado Latino-
-americano em Aparecida.1 Se assumida, poderá dar bons frutos para a
1 Cf. Documento de Aparecida, 19.
8

1.9 Page 9

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vida dos irmãos, das comunidades e das inspetorias; o discernimento é
o caminho que hoje o Espírito nos indica para encontrar a vontade de
Deus.
O ponto de partida pede-nos para nos colocarmos à escuta da
vida, das situações, das expectativas das pessoas. Deus fala-nos através
da vida, das pessoas que coloca ao nosso lado e dos acontecimentos
da história. A escuta leva-nos a sair de nós mesmos, a contemplar a
realidade, a deixar-nos interpelar por ela, a superar a autorreferência,
para perceber o que é novo e desafiador na vida dos jovens e das
famílias, da Igreja e da Congregação, da cultura e do mundo. Trata-se
de uma escuta contemplativa que nos faz não só “escutar” a realidade,
mas ajuda-nos a “vê-la”, contemplá-la à luz da Providência de Deus; é
a escuta de fé feita enquanto crentes.
O segundo passo também é empenhativo: a leitura. É preciso
interpretar os fatos e as situações, para compreendê-los melhor e
individuar as suas causas. Não se pode parar nos sintomas, é preciso ir
às raízes das situações. Trata-se de uma leitura crente da realidade, que
se baseia no evangelho e no carisma, que assume critérios vindos da fé
e da razão e, portanto, faz um verdadeiro discernimento comunitário.
Às vezes, pode acontecer o conflito das interpretações; é necessário,
por isso, chegar a uma leitura compartilhada. O convite é de julgar a
realidade segundo Jesus Cristo, caminho, verdade e vida.
O caminho, enfim, propõe um itinerário a seguir, indicando um
objetivo para o qual se orientar, os processos que individuam algumas
situações de partida e os pontos para os quais tender, alguns passos
que entendem dar concretude ao caminho nos próximos anos.
Os três momentos formam um conjunto inseparável; eles
são diversos, mas entrelaçados. Não devemos esquecer que se trata
do discernimento para conhecer a vontade de Deus e colocá-la em
prática. “A adesão crente, alegre e confiante no Deus Pai, Filho e
Espírito Santo e a inserção eclesial na Igreja [e na Congregação] são
pressupostos indispensáveis que garantem a eficácia deste método”.2
2 Cf. Documento de Aparecida, 19.
9

1.10 Page 10

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Vocação e graça de unidade
Os elementos fundamentais que percorrem o documento
capitular sobre o testemunho da radicalidade evangélica são a realidade
da vocação e da graça de unidade. Trata-se de realidades teológicas e
teologais a assumir vitalmente.
O testemunho do evangelho vivido radicalmente é um chamado
de Deus e não só uma decisão nossa. Como dom da vida consagrada
salesiana, que Deus fez a cada um de nós, somos chamados a ser
testemunhas do evangelho. O perfil do salesiano que devemos assumir
torna-se, pois, o de alguém que é “chamado a ser místico no espírito,
profeta da fraternidade e servo dos jovens”. O testemunho é antes de
tudo um dom vocacional e, por isso, tarefa e responsabilidade. Brota
daqui a importância de colocar o reconhecimento e a gratidão pelo
dom da vocação como fundamento do nosso testemunho; sem este
fundamento, o testemunho será frágil.
O dom gratuito de Deus e a nossa resposta cooperante
entrelaçam-se numa relação de reciprocidade. Eis a graça de unidade,
eis o primado de Deus em nossa vida. Eles são dom do Espírito para
cada um de nós. Nas realidades em que nos encontramos com as nossas
fragilidades pessoais e comunitárias, nas diversas dificuldades do
contexto cultural e social e da missão, a graça de unidade é o caminho
para responder com generosidade e sermos nós mesmos: salesianos
consagrados, irmãos a serviço dos jovens. Acolhendo este dom
encontraremos um traço característico da nossa espiritualidade que é a
união com Deus; ela favorece a unificação da vida: oração e trabalho,
ação e contemplação, reflexão e apostolado. Aqui encontraremos o
êxtase da ação. O testemunho a que somos chamados não se refere
a aspectos parciais da nossa vida; se quiser ser autêntica, deve ser
totalizante.
Trabalho e temperança
Viver a radicalidade na sequela do Senhor não pode ser imposto,
não é uma ordem, mas expressão do amor a Jesus, a quem devemos
10

2 Pages 11-20

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2.1 Page 11

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estar vitalmente unidos; por essa razão, o documento capitular escolhe
o ícone da videira e dos ramos.
Trabalho e temperança constituem o modo salesiano de viver
a radicalidade evangélica. Eles são o nosso distintivo e a nossa
característica. São, para nós, duas realidades inseparáveis: “O trabalho
é a visibilidade da mística salesiana e a expressão da paixão pelas
almas, enquanto a temperança é a visibilidade da ascética salesiana
e a expressão do ‘cetera tolle’” (ACG 413, p. 39). Não há mística
sem ascética e vice-versa; não há trabalho sem temperança e não há
temperança sem trabalho; isto também é graça de unidade.
O “da mihi animas” exprime-se visivelmente na vida do
salesiano e da comunidade através do trabalho apostólico incansável,
apaixonado e santificado; o “cetera tolle” exprime-se na temperança
que é a renúncia, o sacrifício e o preço que estamos dispostos a pagar
pelas almas. Trabalho e temperança unificam-se e sintetizam-se no
dom total de si a Deus pelos jovens. Eles são um critério vocacional
de discernimento e de formação. Tudo isso nos leva ao que diz o artigo
18 das nossas Constituições.
Deliberações
As 19 deliberações capitulares dizem respeito às Constituições,
aos Regulamentos gerais e à vida da Congregação. Em geral, elas
referem-se às estruturas do governo central da Congregação, mas
também têm um reflexo na vida dos irmãos, comunidades e inspetorias.
Todas as deliberações devem ser, portanto, estudadas também pelas
consequências operativas que têm em todos os níveis. A título de
exemplo, apresento algumas delas.
A deliberação que confia a Família Salesiana a um Secretariado
geral diretamente dependente do Reitor-Mor, não comporta apenas
uma mudança na organização e na outorga das atribuições, mas ajuda
também a realizar uma mudança de mentalidade sobre o modo de a
nossa Congregação compreender e animar a Família Salesiana.3
3 Cf. Deliberação 4.
11

2.2 Page 12

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Tomou-se depois uma deliberação a respeito da modalidade
de eleição dos Conselheiros de setor. Ela introduziu um critério
importante para a designação de um irmão para um trabalho específico:
é necessário conhecer previamente os nomes dos candidatos sobre
os quais exercer o discernimento antes de uma votação e, ao mesmo
tempo, ativar um processo transparente e comunitário para fazer
emergir os candidatos. O mesmo critério poderá ser utilizado também
para as nomeações dos irmãos ou dos leigos.4
Outra deliberação pede ao Reitor-Mor para criar uma comissão
econômica central com atribuições de estudo, consultoria e controle.
Isso estimula a necessidade de monitorar a economia em todos os
níveis de modo colegiado, ativar processos transparentes nas decisões
e servir-se de competências profissionais.5
Um último exemplo de deliberação refere-se à responsabilidade
da busca de pessoal para os lugares salesianos, que é confiada ao
Reitor-Mor e ao seu Conselho. Isso exige um maior envolvimento das
inspetorias, chamadas a oferecer com generosidade irmãos competentes
e disponíveis para serviços que se referem a toda a Congregação; isso
também vale para as demais necessidades da Congregação.6
Anexos
A terceira parte dos Atos do CG27 apresenta alguns discursos
importantes. Eles não são oferecidos, primeiramente, como documen-
tação; eles são apresentados, sobretudo, para o estudo e a reflexão,
porque contêm elementos importantes de compreensão das opções
capitulares. Constituem o horizonte interpretativo das nossas ações.
Com a publicação dos Atos do CG27, temos, agora, uma
referência para a qual olhar juntos; dessa forma, é-nos indicada a
4 Cf. Deliberação 9.
5 Cf. Deliberação 15.
6 Cf. Deliberação 17.
12

2.3 Page 13

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mesma direção do itinerário. A Assembleia capitular empenhou-se em
oferecer textos essenciais. Cabe agora a todos – irmãos, comunidades
e inspetorias – a tarefa de estudar e aprofundar estes documentos
com mente aberta e coração disponível. Só conhecendo, estudando e
compreendendo o que nos é oferecido, poderemos caminhar juntos e
dar frutos abundantes.
Confiamos o caminho pós-capitular a Maria Auxiliadora, a
quem invocamos como modelo de radicalidade evangélica. Ela é a
Mulher da escuta, a Mãe da comunidade nova, a serva dos pobres.
Ela ensine-nos a viver disponíveis ao Espírito; Ela guie-nos em nosso
caminho de renovação e de conversão. Caminhemos juntos com
Maria!
Roma, 24 de maio de 2014.
Solenidade de Maria Auxiliadora
P. Ángel Fernández Artime
Reitor-Mor
13

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“TESTEMUNHAS DA RADICALIDADE EVANGÉLICA”
Trabalho e temperança
15

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16

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INTRODUÇÃO
“A videira e os ramos”
Antigo ícone – Grécia: séc. XV-XVII
17

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SIGNIFICADO DO ÍCONE
Chama a atenção neste ícone, o entrelaçamento dos ramos que
descreve o tronco da videira. Ele refere-se à metáfora evangélica “Eu
sou a videira” e indica a solidez e a força da pessoa de Jesus para
aqueles que por Ele são chamados e enviados. A figura do Cristo forma
uma só coisa com a raiz da videira: seu rosto benévolo e reflexivo e seu
duplo gesto de bênção aproximam-no da iconografia do Pantocrator.
Contudo, neste contexto a ‘bênção’ do Senhor assume duplo valor
eclesial: indica tanto o amparo e a proteção quanto uma espécie de
‘mandato’. Aquele que é o Mestre ampara os seus na comunhão, mas
para enviá-los a anunciar o Reino.
Antes de tudo, esta vigorosa ligação com o Senhor floresce
abundantemente. É o florescer da Igreja, e os frutos bem visíveis são o
‘colégio apostólico’. Este grupo é o ‘protótipo’ de todos os discípulos-
-apóstolos: assim como o Filho mantém a Palavra junto de si, cada
personagem é apresentado com o texto a ele atribuído no Novo
Testamento. Este também é o florescer da Congregação e da Família
Salesiana.
Interessa notar ainda certa semelhança iconográfica entre os
Doze e o Mestre, semelhança que não anula as diferenças e os traços
fisionômicos característicos: jovens, adultos e anciãos. A relação de
escuta e obediência a Cristo modela realmente a personalidade do
discípulo sem alterá-la: só assumindo o ‘perfil’ do Mestre o discípulo
torna-se capaz de escrever a riqueza do Evangelho com a sua vida.
Enfim, deve-se evidenciar que a relação fecunda dos discípulos
com Jesus não permanece fechada em si mesma, mas dá equilíbrio à
comunidade dos homens: note-se a expansão harmoniosa da videira
por todo o quadro; esta relação torna-se expressão do serviço de
caridade que somos chamados a oferecer aos jovens.
18

2.9 Page 19

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Viver a “radicalidade evangélica” é o tema do CG27 convocado
pelo Reitor-Mor P. Pascual Chávez, como “conclusão aberta” de um
itinerário que, a partir das Constituições renovadas (1984), continuou
até hoje visando acolher os grandes apelos do Concílio Vaticano II, na
escuta da voz do Espírito com referência especial à vida consagrada.
Os quatro últimos Capítulos Gerais concentraram a atenção nos
destinatários da nossa missão (CG23), na participação, comunhão e
corresponsabilidade de salesianos e leigos na única missão (CG24),
na comunidade (CG25) e na espiritualidade salesiana (CG26). O
CG27, em continuidade com os anteriores, evidencia o enraizamento
evangélico da nossa consagração apostólica.
Os três núcleos (“místicos no Espírito”, “profetas da
fraternidade”, “servos dos jovens”), sobre os quais refletimos e dos
quais extraímos o itinerário para o próximo sexênio, constituem o
único e tríplice dinamismo da “graça de unidade”, dom e tarefa para
as nossas comunidades e para cada um de nós.
A experiência capitular foi um convite contínuo a escutar
intensamente e ler em profundidade a nossa vida, para individuar
linhas de abertura para a nossa Congregação. O Documento capitular
pretende ser o seu reflexo, quase uma “onda de retorno” e uma entrega
às comunidades locais e inspetoriais.
A videira e os ramos
O livro dos Evangelhos acompanhou com humildade e
esplendor a experiência capitular. Diariamente, na sala da assembleia a
Palavra do Senhor foi proclamada nas diversas línguas e solenemente
entronizada.
Solicitados por esta escuta cotidiana, sentimo-nos
particularmente interpelados pelo texto evangélico da “videira e dos
ramos” (Jo 15,1-11), ícone do tema e síntese dos trabalhos capitulares.
Sua mensagem central remete ao vivermos profundamente unidos,
“enraizados”, portanto, no amor a Jesus, como aconteceu com Dom
Bosco, que viveu a existência em profunda unidade, ao redor da
pessoa do Filho de Deus, produzindo “muito fruto”.
19

2.10 Page 20

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Permanecer, amar, produzir fruto são, portanto, os três verbos
que iluminam intensamente os núcleos do CG27. Jesus permanece
conosco e convida cada um de nós a permanecer n’Ele, para aprender
o amor fraterno e servir com fruto os jovens a nós confiados. Neste
amor fiel, experimentamos continuamente a proximidade do Pai,
graças à escuta da palavra de Jesus.
No amor, que se traduz no dom de si aos irmãos, está a plena
realização da existência, tanto do indivíduo como da comunidade. E
o amor que aprendemos de Jesus, permanecendo unidos a Ele como o
ramo à videira, é fecundo, sempre produz fruto.
A graça de unidade
A preparação das comunidades locais e inspetoriais e a
experiência capitular ajudaram-nos a redescobrir a identidade
salesiana segundo quatro ângulos, indicados na carta de convocação
do CG27: “Viver na graça de unidade e na alegria a vocação
consagrada salesiana, que é dom de Deus e projeto pessoal de vida;
fazer uma intensa experiência espiritual, assumindo o modo de ser e
agir de Jesus obediente, pobre e casto, e sendo buscadores de Deus;
construir a fraternidade nas nossas comunidades de vida e ação;
dedicar-nos generosamente à missão, caminhando com os jovens
para dar esperança ao mundo” (ACG 413, p. 5).
Os três núcleos – místicos no Espírito, profetas de fraternidade,
servos dos jovens – não devem ser considerados independentes ou
separados, mas compreendidos na “graça de unidade”: um único
dinamismo de amor entre o Senhor que chama e o discípulo que
responde (cf. Const. 23). Trata-se da única e multiforme graça de Deus
que se expande envolvendo pessoas, situações e recursos e gera um
movimento de bondade, beleza e verdade.
Para corresponder à “graça de unidade” exige-se conversão
autêntica à radicalidade evangélica, transformação contínua da mente
e do coração, purificação profunda. Este é o desafio a enfrentar com
audácia e coragem e o processo a ativar para regenerar a nós mesmos,
as comunidades educativo-pastorais e os jovens.
20

3 Pages 21-30

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3.1 Page 21

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João Paulo II afirmava: “A vida espiritual deve ocupar o primeiro
lugar [...]. Desta opção prioritária, desenvolvida no compromisso
pessoal e comunitário, depende a fecundidade apostólica, a
generosidade no amor pelos pobres, a própria atração vocacional
sobre as novas gerações”.1
A referência às raízes, à profundidade do coração, deixa
entrever, aos que estão ao nosso lado e nos observam as motivações
da nossa entrega a Deus e aos jovens, o sentido último da nossa vida
neste mundo. Trata-se da realidade mais verdadeira e profunda que
orienta a nossa existência.
Bastará contemplar Jesus, Mestre e Senhor, para entrever n’Ele
o Filho de Deus que, na encarnação, uniu-se a cada ser humano.2
Bastará contemplar Dom Bosco para perceber que nele transparece
“uma esplêndida harmonia de natureza e graça [...] num projeto de
vida fortemente unitário: o serviço dos jovens” (Const. 21).
O Papa Francisco também no-lo recordou na audiência de 31 de
março: “Imagino que durante o Capítulo [...] tivestes sempre diante de
vós Dom Bosco e os jovens; e Dom Bosco com o seu lema: ‘Da mihi
animas, cetera tolle’. Ele reforçava este programa com outros dois
elementos: trabalho e temperança. Eu recordo que no colégio era vedado
fazer a sesta!... Temperança! Aos salesianos e a nós! ‘O trabalho e a
temperança – dizia – farão florescer a Congregação’. Quando se pensa
em trabalhar pelo bem das almas, supera-se a tentação da mundanidade
espiritual, não se buscam outras coisas, mas só a Deus e o seu Reino.
Temperança é, também, senso de medida, contentar-se, ser simples.
A pobreza de Dom Bosco e de mamãe Margarida inspire em cada
salesiano e em cada uma de vossas comunidades uma vida essencial
e austera, próxima dos pobres, transparência e responsabilidade na
gestão dos bens”.
Contemplação e ação, prática dos conselhos evangélicos,
comunidade fraterna e missão apostólica são assim relacionadas
com o “único movimento de caridade para com Deus e para com
os irmãos” (Const. 3). Neste sentido “o trabalho é a visibilidade da
mística salesiana e a expressão da paixão pelas almas, enquanto a
1 João Paulo II, Vita Consecrata, 93.
2 Cf. Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 22.
21

3.2 Page 22

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temperança é a visibilidade da ascética salesiana e a expressão do
cetera tolle’”.3
“O testemunho desta santidade, que se realiza na missão
salesiana, revela o valor único das bem-aventuranças e é o dom
mais precioso que podemos oferecer aos jovens” (Const. 25). A
santidade consiste para nós na “graça de unidade”, na humanidade
plenamente realizada, na harmonia do que há em nós e ao nosso redor
de “verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável ou honroso”,
em tudo “o que é virtude ou louvável...” (Fl 4,8).
Ponto de chegada e ponto de partida
O CG27 adotou a metodologia do discernimento comunitário
ritmada em três momentos, relacionados e consequenciais entre si:
escuta, leitura, caminho.
No primeiro momento, colocamo-nos em atitude de escuta
para captar a situação em seus múltiplos e importantes aspectos: os
mais positivos e prometedores e os mais críticos que, de algum modo,
nos desafiam e interpelam. Dar atenção aos sinais e às expressões de
radicalidade evangélica, já presentes em nossa vida e no momento
histórico que estamos a viver, permitiu-nos distinguir as expressões de
fidelidade e de testemunho daquelas de incoerência e de conformismo.
A partir da escuta da realidade, procuramos ler, interpretar e
iluminar a situação, os sinais e as expressões de vida, considerados
anteriormente, tentando ir às causas que os originam e colher os
desafios provocados por eles, indo além da superfície e do aparente.
As chaves interpretativas foram oferecidas pelo Evangelho, pela vida
e pelo ensinamento da Igreja, pela experiência carismática de Dom
Bosco, pelas Constituições e pelos apelos que nos vêm dos jovens.
Tendo presente esta perspectiva, foi possível explorar a raiz profunda
da nossa identidade de discípulos e apóstolos.
O terceiro passo, recolhendo os resultados dos dois primeiros,
permitiu-nos delinear o caminho a percorrer, consolidando o que
3 ACG 413, p. 39; cf. Const. 18.
22

3.3 Page 23

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foi considerado como positivo, individuando novas expressões
de radicalidade evangélica e superando formas de infidelidade,
fragilidade e risco, para transformar a nossa vida. O caminho propõe
então um objetivo que constitui o horizonte para o qual orientar-se;
prevê alguns processos que o tornam mais concreto, projetando uma
possível situação de partida e o ponto para o qual tender que nos
aproxima mais do objetivo. Os passos, como foram individuados,
formulados e dispostos, pretendem dar concretude à caminhada da
nossa Congregação nos próximos anos.
O fio condutor que une estes três momentos é expresso na
redação definitiva numa frase colocada no início de cada sessão: Como
Dom Bosco, em diálogo com o Senhor, caminhamos juntos movidos
pelo Espírito, fazendo experiência de vida fraterna como em Valdocco,
disponíveis à projetualidade e à colaboração, “em saída” para as
periferias, sendo sinais proféticos a serviço dos jovens. A partir deste
“mapa”, as realidades locais e inspetoriais poderão selecionar e dispor
o próprio caminho, aderindo ao contexto em que vive e às múltiplas
indicações vindas da experiência do CG27, do sentir da Congregação
e da Igreja local e universal.
Maria, modelo de radicalidade evangélica
A Maria Imaculada e Auxiliadora, Mãe do “sim incondicional e
radical”, entregamos a nossa adesão de fé, o nosso consenso e vontade
de comunhão, o nosso trabalho apostólico entre os jovens.
Bendita és tu Maria, Mulher da Escuta,
porque viveste na busca da vontade de Deus sobre Ti.
E, quando te foi revelado o seu desígnio,
tiveste a coragem de acolhê-lo,
abandonando o teu projeto de vida
para fazer teu o do Senhor.
Mãe dos crentes,
ensina-nos a escutar Deus
e fazer nossa a Sua vontade,
23

3.4 Page 24

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a fim de que Ele possa realizar o seu desígnio
para a salvação dos jovens!
Bendita és tu Maria, Mãe da comunidade nova,
que aos pés da cruz acolheste,
como teu filho, o discípulo amado por Jesus
e ajudaste o nascimento da Igreja,
novo Corpo do teu Filho,
realidade mística de irmãos unidos pela fé e pelo amor.
Acompanhaste a vida e a oração dos apóstolos,
invocando no cenáculo a efusão do Espírito do Ressuscitado.
Mãe dos irmãos do teu Filho,
ensina-nos a formar comunidades
que sejam um só coração e uma só alma.
A nossa comunhão, a nossa fraternidade e a nossa alegria
sejam testemunho vivo
da beleza da fé e da nossa vocação salesiana.
Bendita és tu Maria, Serva dos pobres,
porque te colocaste prontamente em caminho,
para servir uma mãe necessitada,
e te fizeste presente em Caná,
compartilhando as alegrias e as tristezas
de um jovem casal de esposos.
Não olhaste para tuas exigências,
mas para as necessidades deles
e indicaste o teu Filho Jesus
como o Senhor que pode dar à humanidade
o vinho novo da paz e da alegria no Espírito.
Mãe dos servos, ensina-nos a sair de nós mesmos,
para ir ao encontro do nosso próximo,
a fim de que, enquanto respondemos às suas carências,
possamos oferecer Jesus, o dom de Deus, o dom mais
precioso!
Amém.
24

3.5 Page 25

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I. ESCUTA
Como Dom Bosco, em diálogo com o Senhor
1. Reconhecemos que o momento histórico em que vivemos é um
lugar de encontro com o Senhor. Temos o desejo de dar, como
indivíduos e como comunidade, o primado a Deus na nossa vida,
provocados pela santidade salesiana e pela sede de autenticidade
dos jovens. Estamos muito cientes de que só o encontro pessoal
com Deus, mediante a Sua Palavra, os Sacramentos e o próximo,
torna-nos significativos e testemunhas autênticas na Igreja e na
sociedade. O desejo de Deus, que sentimos presente em nós,
está vivo nos jovens e nos leigos: nós os vemos sensíveis aos
valores da vida expressos na simplicidade, na austeridade e nas
relações autênticas entre as pessoas. Os jovens, em particular,
buscam adultos significativos que os acompanhem e façam
amadurecer a sua vida.
2. Trabalhamos em diversos contextos culturais nos quais, de
maneiras variadas, se manifesta o sentido de Deus. O desejo
de ter Deus no centro da vida pode defrontar-se, às vezes, com
culturas que nos podem levar ao receio de falar d’Ele para não
ofender, por respeito ao outro, para proteger-nos da opinião
alheia. Algumas vezes, o encontro com o Evangelho não acontece
pela indisponibilidade ou indiferença dos ouvintes; outras vezes,
pela nossa indolência ou falta de audácia missionária. Outras
vezes, consideramos o nosso tempo apenas como um problema;
o nosso conhecimento da história e das culturas atuais é parcial
e superficial. Adequando-nos acriticamente às exigências e
necessidades da sociedade, calamos sobre a experiência de
Deus e corremos o risco de não compreender a nossa missão
específica de religiosos no mundo de hoje.
3. sinais do primado de Deus em nossa vida: a fidelidade ao
Senhor através da prática dos conselhos evangélicos, o serviço
25

3.6 Page 26

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aos jovens pobres, o sentido de pertença à Igreja e à Congregação,
o crescente conhecimento de Dom Bosco e do seu Sistema
Preventivo, o simples e rico patrimônio de espiritualidade do
cotidiano, caracterizado pelo espírito de família e pelas relações
interpessoais positivas, a sensibilidade pelo acompanhamento e a
paternidade espiritual. Percebemos, ao mesmo tempo, que nem
sempre o que somos e fazemos mostra-se enraizado na fé, na
esperança e na caridade, e não indica claramente que a iniciativa
parte de Deus e que a Ele tudo retorna. Às vezes, a Eucaristia não
é percebida e não é vivida como fonte e sustento da comunhão,
e muito facilmente se deixa a oração em comum que constrói e
reforça a fraternidade. São, sobretudo, os jovens e as famílias a
nos interrogarem sobre as nossas raízes espirituais e as nossas
motivações vocacionais, despertando em nós a identidade de
consagrados e a nossa missão educativa e pastoral.
Caminhamos juntos, movidos pelo Espírito
4. Somos agradecidos a Deus pela fidelidade de muitos irmãos e
pela santidade reconhecida pela Igreja a alguns membros da
Família Salesiana. Entramos todos os dias em contato com
adultos e jovens, com irmãos jovens e anciãos, em plena
atividade ou enfermos, que testemunham o fascínio da busca
de Deus, a radicalidade evangélica vivida na alegria e a paixão
viva por Dom Bosco.
5. Em geral, a nossa consagração deixa transparecer o sentido de
Deus na história e na vida dos homens, nas situações de busca
de sentido ou de pobreza, com a força de um testemunho que dá
esperança e entusiasmo e propõe uma humanidade venturosa,
tornando-se alternativa à mentalidade do mundo.4 A prática da
lectio divina com a partilha comunitária da Palavra de Deus e o
projeto pessoal de vida tornaram-se para não poucos irmãos um
grande recurso de renovação e antídoto eficaz contra a tentação
da superficialidade espiritual.
4 Cf. Evangelii Gaudium, 93-97.
26

3.7 Page 27

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6. Nas dificuldades e nos desafios atuais, relativos ao anúncio do
Evangelho, estamos mais cientes de que há uma ligação estreita
entre caridade pastoral e vida espiritual, como fonte da nossa
fecundidade.
7. Notamos alguns sintomas de autorreferência que não nos deixam
sair de nós mesmos para abrir-nos às exigências de Deus e irmos
ao encontro dos outros: a falta de atualização, de referência a um
guia espiritual estável e a formação “por conta própria”. Muitas
vezes, estas formas de autossuficiência fazem-nos esquecer de
que somos cooperadores de Deus e impedem-nos de fazer de
Cristo o ponto referencial da nossa vida.
Fazendo experiência de vida fraterna, como em Valdocco
8. A partir do CG25, vem crescendo o esforço de viver de forma
mais autêntica a nossa vida comunitária com uma maior
animação dos momentos de oração, com o esforço de aumentar
a participação e com um trabalho apostólico mais qualificado
e participativo. Cresceram nas comunidades os encontros
sistemáticos e melhorou a sua qualidade. Sobretudo algumas
opções comunitárias favorecem o encontro comum como irmãos
para viver, refletir e trabalhar juntos: o dia da comunidade, a
proposta formativa anual, a lectio divina e a partilha espiritual,
a reflexão sobre a experiência salesiana, os momentos de festa
e de distensão. As estruturas comunitárias, os ambientes e a sua
localização, o estilo e os ritmos de vida exprimem a nossa visão
de comunidade e permitem-nos vivê-la.
9. Alguns influxos negativos da sociedade são também percebidos
em nossas comunidades. Corremos o risco de perder os nossos
modos de pensar inspirados no Evangelho para assumir as
categorias negativas da cultura atual. Por exemplo, camuflamos
atrás do “respeito” e da “tolerância” a nossa indiferença ou
ausência de preocupação com o irmão ou tornamos públicas
27

3.8 Page 28

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de modo indevido informações que nos são reservadas. O
emburguesamento e o ativismo fazem ver o tempo comunitário
como tempo “roubado” à “esfera pessoal” ou à missão.
10. A vida fraterna em comunidade ressente-se particularmente de
uma escassa valorização do sentido da nossa vida consagrada
salesiana que se manifesta na fraca preocupação com a vocação
do salesiano coadjutor, com a sua contribuição específica à
comunidade e à missão salesiana, e no excessivo clericalismo
manifestado muitas vezes em nossas relações comunitárias e
pastorais.
11. Constatamos que a oração e a oferta sacrificada da vida dos
salesianos anciãos e enfermos são verdadeiro apostolado com e
pelos jovens; eles permanecem parte “ativa” da comunidade que
vive o “da mihi animas”. As comunidades, com efeito, estão
se empenhando para não excluí-los da missão. Encontramos
também algumas dificuldades para a acolhida e o cuidado
dos irmãos que vivem situações de fragilidade, inquietações,
senilidade e enfermidade.5
12. Há, também, em nós e em nossas comunidades, a demanda de
paternidade espiritual, numa articulada trama de dar e receber,
vivida em harmonioso espírito de família. Reconhecemos que
nestes anos, sobretudo na formação inicial, foram desenvolvidas
propostas válidas de crescimento humano em âmbito afetivo,
relacional e espiritual.
Disponíveis à projetualidade e à participação
13. O projeto comunitário e o Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
(PEPS), em quase todas as comunidades e obras salesianas, foram
redigidos com maior frequência em relação ao passado, embora
ainda se registrem um conhecimento limitado e uma aceitação
5 Cf. Evangelii Gaudium, 209-210.
28

3.9 Page 29

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frágil da consciência da função essencial da Comunidade
Educativo-Pastoral (CEP). Reconhecemos a importância de
trabalhar de modo corresponsável, apesar da dificuldade de nos
sentirmos parte ativa da CEP e de reconhecê-la como sujeito da
missão. Às vezes, o nosso projeto educativo-pastoral limita-se
à organização de atividades, sem uma reflexão compartilhada
dos objetivos, das prioridades, dos processos e do controle dos
objetivos alcançados. Permanece ainda em alguns irmãos a
dificuldade para a participação da missão devido à tendência de
privilegiar campos pessoais de ação.
14. Ampliou-se nestes anos o campo de intervenção dos diretores
que, além da tarefa de guias espirituais dos irmãos e animadores
da CEP, são absorvidos por atividades de gestão. Por isso, os
diretores nem sempre têm condição de honrar o próprio serviço,
muitas vezes não recebem uma colaboração adequada da
parte dos irmãos e, às vezes, em nível inspetorial, não têm um
acompanhamento formativo sistemático.
15. Constatamos o maior protagonismo dos leigos, favorecido pela
participação e a corresponsabilidade na comunidade educativo-
-pastoral. Superaram-se algumas dificuldades relativas ao
relacionamento entre salesianos e leigos, no esforço unânime
de convergir ao redor de um projeto único. Nos lugares em
que se realiza esta sinergia, mediante um clima de confiança
e o espírito de família e no respeito dos papéis, o ambiente
torna-se propositivo e fecundo, também vocacionalmente. Em
alguns contextos, a formação sistemática para os leigos ainda
é frágil.
16. Alguns de nós nos deixamos envolver por atividades de
gestão ou nos refugiamos em zonas de conforto, delegando
aos irmãos tirocinantes ou aos colaboradores a assistência
e a presença entre os jovens. Muitos leigos assalariados para
papéis de animação e para a assistência oferecem um serviço
29

3.10 Page 30

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verdadeiramente profissional e salesiano, em comparação com
outros que demonstram carências, sobretudo devido ao nosso
envolvimento ineficaz nos processos de formação.
17. Acompanhamos nestes anos o desenvolvimento de um
sadio protagonismo dos jovens, especialmente no interior
do Movimento Juvenil Salesiano (Articulação da Juventude
Salesiana). Esta realidade permite-nos experimentar com alegria
e satisfação a verdade regeneradora do carisma salesiano:
evangelizar e educar os jovens com os jovens. Percebemos
sempre mais que o voluntariado ajuda os jovens a amadurecerem
integralmente, também na dimensão vocacional e missionária.6
Para que possa ser uma experiência autêntica do encontro
com Cristo nos pobres, falta um adequado acompanhamento
espiritual e pedagógico no interior do voluntariado juvenil
salesiano.
18. Adquirimos um maior conhecimento da importância de
acompanhar os jovens no conhecimento de Jesus e no encontro
com Ele. Cristo e o seu Evangelho são um direito que devemos
aos jovens. Fortificados por esta convicção, aprofundamos
em alguns contextos a relação inseparável entre educação e
evangelização, obtendo resultados apreciáveis.
19. Cresceu a consciência de ser Família Salesiana, graças também
às colaborações positivas nas comunidades inspetoriais e locais,
aos Dias de Espiritualidade Salesiana, à Estreia anual do Reitor-
Mor e à Carta de identidade carismática. Algumas experiências
de trabalho “em comum” a favor dos jovens fizeram-nos crescer
como corpo unido e corresponsável no interior da Família
Salesiana, amadurecendo a consciência de ser um único
movimento carismático. Também a corresponsabilidade na
missão entre salesianos e outros membros da Família Salesiana,
leigos e jovens, ajudaram-nos a melhorar a qualidade do nosso
6 Cf. Evangelii Gaudium, 106.
30

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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ministério, a alargar os horizontes e a dilatar o coração da nossa
missão apostólica.
20. Uma frente apostólica emergente, com que começamos a
preocupar-nos, é a pastoral familiar, não só nos contextos
paroquiais e de formação dos adultos, a ser considerada em
ligação estreita com a pastoral juvenil.
21. A formação inicial permanece, às vezes, desligada dos
processos pastorais. Concluída a formação específica dos
irmãos candidatos ao presbiterado e dos coadjutores, surgem
dificuldades e desconfortos para uma efetiva e significativa
inserção na pastoral e nas dinâmicas da vida comunitária.
Nem todas as comunidades que acolhem os irmãos ao final da
formação inicial são dotadas de um projeto explícito que preveja
formas adequadas de inserção na atividade educativo-pastoral
ordinária.
Em saída para as periferias
22. A Congregação vai-se orientando mais decididamente para
os jovens pobres e em situações de risco à escuta do seu grito
de ajuda. Vai crescendo entre os irmãos a sensibilidade pela
cultura dos direitos humanos, especialmente dos menores, em
algumas opções proféticas nas novas fronteiras e nas “periferias
existenciais”.
23. A Congregação também se empenhou a reiterar intensamente
que o uso de qualquer modalidade não respeitosa dos jovens e o
recurso a qualquer forma de violência são claramente contrários
à pedagogia salesiana. Em todas as Inspetorias foram dados ou
estão sendo completados os passos necessários para organizar
tanto o código ético, como estatuto da nossa cultura pedagógica
preventiva, quanto o protocolo de procedimento jurídico para
enfrentar eventuais casos de abuso, segundo a normativa
canônica e a legislação dos Países onde trabalhamos.
31

4.2 Page 32

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24.Tomamos ciência de que há certo distanciamento entre nós e
os jovens; antes que físico, ele é mental e cultural. Em alguns
contextos, olhamos para as novas gerações como se elas fossem
um “problema” e não uma “oportunidade”, um apelo do Senhor,
um reflexo eloquente dos “sinais dos tempos” e um desafio que
nos interpela.
25. As novas tecnologias de informação e comunicação e o ambiente
digital em que vivemos constituem um espaço cultural, social
e pastoral para favorecer a experiência de vida, fazem parte
integrante da vida cotidiana e têm um impacto no nosso modo
de sentir, pensar, viver e relacionar-se. Elas permitem manter
ligações e cultivar relações sadias entre irmãos e jovens, reduzir
as distâncias geográficas que, diversamente, impediriam a
comunicação imediata e frequente. Como salesianos, sentimos
que não estamos presentes neste ambiente de modo significativo
como educadores e evangelizadores.
Sendo sinais proféticos a serviço dos jovens
26. Em resposta às necessidades dos jovens do nosso tempo
fizemos grandes esforços para ressignificar e reestruturar
as presenças a fim de tornar atual a identidade carismática
e garantir a fidelidade criativa ao sistema educativo de Dom
Bosco. Em alguns contextos, porém, a preferência pelos jovens
mais pobres não é suficientemente clara. A preocupação com o
sustento econômico das estruturas tradicionais limita a nossa
abertura às novas pobrezas e às inéditas emergências sociais.
27. O povo e os jovens admiram-nos, muitas vezes, pela quantidade
de trabalho que realizamos em benefício deles. Contudo, alguns
de nós, subjugados pelas múltiplas atividades, experimentamos
sentido de cansaço, tensão, fragmentação, ineficiência e
burnout. Às vezes, somos excessivamente marcados pelo
extenuante esforço de conservação e sobrevivência das obras.
32

4.3 Page 33

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Às vezes, quando nos ocupamos dos jovens, temos somente em
mira o seu bem-estar social e descuidamos do acompanhamento
de sua vida espiritual e de sua vocação.
28. Diminuiu progressivamente a visibilidade e credibilidade
da nossa vida consagrada. Nem sempre se percebe em nós o
testemunho do primado de Deus com a prática dos votos,
a sobriedade de vida, o empenho no trabalho, a dedicação à
missão, a oração pessoal e comunitária vivida com fidelidade.
29. A multiculturalidade no interior das nossas comunidades é uma
oportunidade, um testemunho de unidade para o mundo, mas
também revela alguns limites da nossa caridade e manifesta
preconceitos que resistem à fraternidade evangélica. As
comunidades internacionais e a colaboração em projetos
mundiais contribuem para criar um maior sentido de fraternidade
e de solidariedade.
30. Reconhecemos que a responsabilidade pela conservação da
criação é uma sensibilidade emergente também em nossas
comunidades. Contudo, ainda não estamos suficientemente
persuadidos dessa prioridade na escolha do nosso estilo de vida
sóbrio e essencial e na educação dos jovens.
33

4.4 Page 34

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34

4.5 Page 35

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II. LEITURA
Como Dom Bosco, em diálogo com o Senhor,
caminhamos juntos movidos pelo Espírito
31.Imersos na história, marcada por expectativas e fragilidades,
somos sustentados pela certeza de que Deus acompanha a
humanidade com suas intervenções que têm o seu ápice na Páscoa
do Senhor Jesus: “A sua ressurreição não é algo do passado;
contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia
que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos
da ressurreição”.7 No seguimento de Jesus, que se transfigura
e envolve os seus discípulos na luz do Tabor8 e ouvindo as
advertências de Dom Bosco no “sonho dos dez diamantes”,
valorizamos a graça da vocação salesiana, a fecundidade dos
conselhos evangélicos, a fraternidade na comunidade e entre os
jovens. Contemplamos a Virgem Maria, que no seu Magnificat
canta a Deus que orienta fielmente o seu povo pelos caminhos
da história, operando maravilhas e prodígios em favor dos
humildes e dos pobres. Com Ela redescobrimos a alegria da fé
que infunde otimismo e esperança.
32. Como para Dom Bosco, assim também para nós, o primado
de Deus é o fulcro que dá razão da nossa existência na Igreja e
no mundo. Este primado dá sentido à nossa vida consagrada,
faz-nos evitar o risco de nos deixarmos absorver pelas
atividades, esquecendo-nos de ser essencialmente “buscadores
de Deus” e testemunhas do seu amor entre os jovens e os
mais pobres. Somos chamados, portanto, a reconduzir o nosso
coração, a nossa mente e todas as nossas energias ao “princípio”
e às “origens”: a alegria do momento em que Jesus olhou para
7 Cf. Evangelii Gaudium, 276.
8 Cf. Vita Consecrata, 14-16.
35

4.6 Page 36

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nós, a fim de evocar significados e exigências que fundamentam
a nossa vocação.9
33. A nossa mística exprime-se como humanização profunda da
vida pessoal e comunitária.10 Ela está enraizada no mistério da
Encarnação: Jesus fez suas as necessidades e as aspirações do
povo e realizou a vontade do seu Pai na construção do Reino.
Dom Bosco viveu e transmitiu-nos um estilo original de união
com Deus a ser vivido sempre (cf. Const. 12, 21, 95) e em
todos os lugares segundo o critério oratoriano (cf. Const. 40).
O salesiano, portanto, dá testemunho de Deus quando se gasta
pelos jovens e está com eles com entrega sacrificada “até o
último respiro”, vive o “cetera tolle” e sabe narrar para eles a
própria experiência do Senhor.
34. A experiência do encontro com Deus pede uma resposta
pessoal, que se realiza num itinerário de fé e numa profunda
relação com a Palavra, porque “no início do ser cristão não há
uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com
um acontecimento, com uma Pessoa, que dá à vida um novo
horizonte e com isso a direção decisiva”.11
35. Hoje, além de constatar as mudanças culturais, estamos
convencidos de viver uma viragem de época12 talvez sem
precedentes. Esta viragem modificou sensivelmente as
motivações que levam a escolher e a viver a vida consagrada.
O Papa Francisco convida-nos a escutar o grito dos pobres,
a sair para recolher as necessidades mais urgentes, a viver a
cultura do encontro e do diálogo,13 evitando a autorreferência e
encarnando a espiritualidade missionária.
9 Cf. Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida
Apostólica, Rallegratevi, n. 4.
10 Cf. Evangelii Gaudium, 87, 92, 266.
11 Bento XVI, Deus Caritas est, 1.
12 Cf. Evangelii Gaudium, 52, 61-70.
13 Cf. Evangelii Gaudium, 220.
36

4.7 Page 37

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36. As dificuldades que experimentamos para responder ao chamado
de Deus, para viver a sequela de Cristo com radicalidade,
são devidas à fraca convicção na fecundidade dos conselhos
evangélicos para a realização da comunhão em comunidade
e a missão pelos jovens. A acolhida do dom da vocação e a
responsabilidade do nosso itinerário de formação continuada
ajudam-nos a modelar a cultura com o Evangelho e a sermos
homens de compaixão, sobretudo pelos pobres.
37. Chamados a testemunhar as realidades do Reino e a dialogar
com um pensamento que, às vezes, tende a relativizar e
marginalizar o discurso religioso, tornamo-nos irrelevantes
quando nos subtraímos ao nosso papel profético de propor uma
cultura inspirada no Evangelho.
38. O perigo de sermos facilmente considerados apenas como
“agentes sociais”, em vez de educadores e pastores capazes de
testemunhar o primado de Deus, de anunciar o Evangelho e de
acompanhar espiritualmente, exige de nós o cuidado da nossa
vocação. O desafio mais relevante consiste em encontrar modos
criativos para afirmar a importância dos valores espirituais e o
encontro pessoal com o Deus da vida, do amor, da ternura e da
compaixão. Isso exige que favoreçamos a experiência de fé e
o encontro com Jesus Cristo: os jovens exigem consistência e
coerência em nosso estilo de vida.
Fazendo experiência de vida fraterna, como em Valdocco, disponíveis
à projetualidade e à colaboração
39. Acreditamos que a comunidade “se propõe como eloquente
confissão trinitária”14 e que a nossa vida em comum é fruto da
iniciativa de Deus Pai, que nos chama a sermos discípulos de
Cristo para uma missão de salvação (cf. Const. 50). Para não
perder este dom especial, oferecido a nós e a toda a Igreja, a
14 Vita Consecrata, 21; cf. 16.
37

4.8 Page 38

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visibilidade da dimensão fraterna da nossa vida deve ser mais
consciente, mais direta, eficaz e alegre (cf. Sl 133,1).
40. Reconhecemos que a vida de comunidade é um dos modos de
fazer experiência de Deus. Viver a “mística da fraternidade”15
é um elemento essencial da nossa consagração apostólica
e uma grande ajuda para sermos fiéis a ela. Há aí uma clara
ligação com a nossa missão e com o mundo juvenil, sedento de
comunicação autêntica e de relações transparentes. Numa época
de desagregação familiar e social, oferecemos uma alternativa
de vida baseada no respeito do outro e na cooperação com
ele; num tempo de desigualdade e injustiça, oferecemos o
testemunho da paz e reconciliação (Const. 49). A comunidade
revela a si mesma também na missão comum. A unanimidade
na ação apostólica realiza a profecia da comunidade e esse
testemunho favorece o surgimento de novas vocações.
41. Nossas limitações de incompreensão recíproca, os fechamentos
em nós mesmos e as nossas fragilidades cotidianas dependem
da acolhida ineficaz do amor e da graça derramados em nossos
corações pelo Espírito de Cristo (cf. Rm 5,5). Reconhecemos
que a comunhão no Corpo e no Sangue de Jesus (cf. 1Jo 10,16),
de que nos nutrimos todos os dias, faz de nós “um só coração
e uma só alma” (At 2,42; Const. 50). A Eucaristia constitui o
cume e a fonte de nossa fraternidade, consagração e missão.16
Impelidos pela caridade de Cristo e participantes do dom de si
de Jesus Bom Pastor, participamos da experiência espiritual de
Dom Bosco e prodigalizamo-nos como ele pela salvação dos
jovens.
42. As relações pessoais em comunidade podem ser formais,
fragmentadas e pouco significativas devido a vários fatores:
o individualismo e a aversão pessoal, uma formação pouco
envolvente, a preocupação excessiva com o próprio trabalho ou
15 Cf. Evangelii Gaudium, 87, 92.
16 Cf. Lumen Gentium, 11.
38

4.9 Page 39

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o fato de ter pouco trabalho, as relações só funcionais, o refluxo
no privado e o uso nem sempre equilibrado das mídias pessoais.
Estes fatores tornam-se álibi fácil para não enfrentar o empenho
na vida comunitária. Os conflitos não devem ser vividos
apenas como realidades negativas, mas como oportunidades
de amadurecimento: sejam iluminados pelo Evangelho e
enfrentados e resolvidos com mais coragem, competência
humana e misericórdia.17
43. Certa tendência ao perfeccionismo e, opostamente, ao
imobilismo está na base de uma ineficaz renovação comunitária.
Desaparece a capacidade de ser realista e, ao mesmo tempo,
de saber sonhar. Sentimo-nos provocados pelo Papa Francisco:
“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter
saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e
a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. [...] Sonho
com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para
que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda
a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à
evangelização do mundo atual do que à autopreservação”.18
44. A nossa proposta comunitária entende revelar uma “Igreja
em saída”,19 e realizar um ambiente educativo aberto e uma
comunidade educativo-pastoral “extrovertida”. A comunidade
salesiana tem a missão de criar fraternidade também com os
leigos corresponsáveis, em especial com os membros da Família
Salesiana, superando toda forma de clericalismo e dirigindo-se
para novas fronteiras, deixando “as portas sempre abertas”.20
45. Viver a espiritualidade de comunhão é o que nos pede hoje a
Igreja, integrando vida comunitária e serviço na obra,21 num
renovado sentido de pertença. Para construir a comunidade é
17 Cf. Mt 5, 20-26; Evangelii Gaudium, 226-230.
18 Cf. Evangelii Gaudium, 49. 27.
19 Cf. Evangelii Gaudium, 20-24, 46.
20 Cf. Evangelii Gaudium, 46-47.
21 Cf. Novo Millennio Ineunte, 43-45.
39

4.10 Page 40

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preciso passar da vida em comum à comunhão de vida, para
que cada irmão instaure assim ligações profundas e se doe sem
reservas, não sentindo a necessidade de distanciar-se ou de
encontrar formas compensatórias e mundanas.22
46. Na Igreja, que é povo de Deus em caminho e comunhão de
pessoas com carismas e papéis diversos, compartilhamos com
os leigos o serviço da construção do Reino de Deus. O carisma
salesiano pede-nos para nos preocuparmos com o envolvimento
e a corresponsabilidade de todos os membros do núcleo
animador da Comunidade Educativo-Pastoral (cf. Const. 47),
salesianos e leigos, para promover a mentalidade de projeto
e a ação comum em benefício dos jovens, das famílias e dos
adultos dos ambientes populares.
47. O Sistema Preventivo não serve apenas para a animação pastoral,
mas também para regular de modo salesiano as relações no
interior da comunidade. Inspira-nos a sermos profetas de
fraternidade uns para os outros, sobretudo nos momentos de
sofrimento e na busca de relações mais profundas. Somos, pois,
“sinais e portadores do amor de Deus” (Const. 2) não apenas
diante dos jovens, mas também dos irmãos.
48. “Casa” e “família” são os dois vocábulos frequentemente
utilizados por Dom Bosco para descrever o “espírito de
Valdocco” que deve resplender nas nossas comunidades. Neste
sentido, acolhemos o apelo evangélico e carismático à recíproca
compreensão e corresponsabilidade, à correção fraterna e à
reconciliação.
49. A formação, tanto inicial como continuada, é chamada a incidir,
valendo-se da contribuição das ciências humanas, nas dinâmicas
relacionais profundas, da vida afetiva e da sexualidade, que
influem nos equilíbrios da vida comunitária. Nos processos
formativos, é coisa boa enfrentar esses argumentos de modo
22 Cf. Evangelii Gaudium, 93-97.
40

5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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mais competente, frequente e compartilhado, sem confiná-los
exclusivamente na direção espiritual e na prática do sacramento
da reconciliação.
50. A formação, pessoalmente acolhida, ajuda-nos a purificar
as motivações, habituando-nos a viver com reta intenção;
educa-nos ao trabalho e à temperança com uma ação apostólica
disciplinada e desinteressada que sabe desenhar os necessários
limites nas relações interpessoais; treina-nos para um estilo de
vida sóbrio que nos permite realizar o trabalho manual e os
serviços ordinários em comunidade.
51. O Diretor é uma figura central; ele, mais do que gestor, é pai
que reúne os seus na comunhão e no serviço apostólico. Devido
à complexidade de nossas obras, dos muitos encargos e de uma
formação pouco adequada, ele nem sempre tem condições
de assumir o cuidado da vida fraterna, do discernimento e da
corresponsabilidade segundo o projeto de vida da comunidade
e o projeto educativo-pastoral. Incide, em algumas situações, o
fraco apoio dos irmãos.
Em saída para as periferias,
sendo sinais proféticos a serviço dos jovens
52. Os jovens são “a nossa sarça ardente”23 através da qual Deus
nos fala. É um mistério a respeitar, acolher, do qual perceber os
aspectos mais profundos, diante do qual tirar as sandálias para
contemplar a revelação de Deus na história de todos e de cada
um. Esta forte experiência de Deus permite-nos responder ao
clamor dos jovens.24
53. Estamos cientes de que a união com Deus deve ser vivida no
meio dos jovens. “Nós cremos que Deus está a nos esperar nos
jovens para oferecer-nos a graça do encontro com Ele e para
23 Cf. Ex 3,2ss; Cf. Evangelii Gaudium, 169.
24 Cf. Evangelii Gaudium, 187-193, 211.
41

5.2 Page 42

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dispor-nos a servi-lo neles, reconhecendo-lhes a dignidade e
educando-os para a plenitude da vida”.25 A missão é realizada
autenticamente quando a acolhemos como vinda de Deus, e
quando d’Ele tiramos o sustento para o nosso serviço.
54. Estamos cientes de que a força e a participação das motivações
de fé e a busca cotidiana da união com Deus enriquecem a
reflexão pastoral, dão criatividade ao anúncio do Evangelho,
incentivam-nos a entregar a nossa vida aos jovens. Realiza-se,
assim, o duplo movimento próprio do Sistema Preventivo: na
escola do amor de Deus, que nos precede amando-nos (cf. 1Jo
4,10.19) também através dos jovens, tornamo-nos capazes de
um “amor preveniente” (Const. 15).
55. Queremos ser uma Congregação de pobres para os pobres.
Como Dom Bosco, acreditamos que seja este o nosso modo
de viver o Evangelho com radicalidade, a fim de vivermos
mais disponíveis e prontos para aderir às exigências dos
jovens, atuando em nossa vida um autêntico êxodo para os
mais necessitados. Os migrantes, os refugiados e os jovens
desempregados interpelam-nos como salesianos em todas
as partes do mundo: convidam-nos a encontrar formas de
colaboração e estimulam-nos a dar respostas concretas e a ter
uma mentalidade mais aberta, solidária e corajosa.26
56. O genericismo pastoral não exprime o carisma salesiano e é
consequência de um planejamento inadequado (cf. ACG 334).
Isso se deve à escassa adesão às expectativas mais profundas
dos jovens, à falta de valorização das orientações do magistério
salesiano e à fraca observância das Constituições.
57. A nossa ação educativa e pastoral está em sintonia com a Igreja
local e colabora com as instituições do território, para um
25 CG23, 95.
26 Cf. Evangelii Gaudium, 210.
42

5.3 Page 43

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serviço mais incisivo e qualificado em favor dos jovens e dos
ambientes populares. A pastoral juvenil e a proposta pedagógica
salesiana não são nossa propriedade reservada ou para uso
exclusivo no interior da Congregação, mas um dom precioso
para a Igreja e a transformação do Mundo.
58. O Sistema Preventivo é, para nós salesianos, metodologia
pedagógica, proposta de evangelização juvenil, experiência
espiritual profunda. É preciso empenhar-se mais para a sua
renovada compreensão e prática nas alteradas condições
atuais. Gostaríamos de evidenciar, sobretudo, que ele é uma
“espiritualidade a viver”; a fecundidade do nosso trabalho
é fruto de uma intensa vida espiritual vivida com os jovens
(Const. 20) e para a salvação deles.
59. A assistência salesiana é um aspecto fundamental da nossa
espiritualidade. Viver com os jovens e fazer-se próximos
deles, conquistar a sua confiança e acompanhá-los na adesão
de fé, permite encontrar Deus e escutá-lo, dar todas as forças
“até o último respiro”27 e testemunhar o dom da nossa vida
segundo a lógica da cruz. Vivendo dessa forma, participamos
do dinamismo pascal, certos de que a beleza da ressurreição
preenche de alegria e de paz a autêntica entrega de nós mesmos.
60. Viver o binômio trabalho e temperança preenche a vida do
salesiano, alimenta o seu zelo apostólico e torna-o próximo dos
jovens, do Senhor e dos irmãos. A linha de frente apostólica
deve ser proporcional à consistência qualitativa e quantitativa
da comunidade e da CEP.
61. Reafirmamos a necessidade de a formação levar em
consideração o treinamento e a preparação para o serviço dos
jovens, também através do estudo profundo, do diálogo cultural
e de experiências pastorais significativas, preocupando-se com
27 MB XVIII, p. 258.
43

5.4 Page 44

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a atualização continuada segundo as orientações da Igreja e da
Congregação.
62. O mundo digital, “novo areópago do tempo moderno”,28
interpela-nos como educadores dos jovens: esse mundo é um
“novo pátio”, um “novo oratório”, que exige a nossa presença
e estimula em nós novas formas de evangelização e educação.
A nossa “era do conhecimento e da informação” tende, porém,
à mercantilização das relações humanas e à monopolização do
saber humano, tornando-se assim “fonte de novas formas de um
poder muitas vezes anônimo”29 que devemos enfrentar com a
nossa ação pastoral e educativa.
28 João Paulo II, Redemptoris Missio, 37.
29 Cf. Evangelii Gaudium, 52.
44

5.5 Page 45

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III. CAMINHO
1. Objetivo
63.Testemunhar a “radicalidade evangélica” através da contínua
conversão espiritual, fraterna e pastoral
1. vivendo o primado de Deus na contemplação do cotidiano e
na sequela de Cristo;
2. construindo comunidades autênticas nas relações e no
trabalho segundo o espírito de família;
3. colocando-nos de modo mais decidido e significativo a
serviço dos jovens mais pobres.
2. Processos e passos
Como Dom Bosco, em diálogo com o Senhor
64. Para ser MÍSTICOS no Espírito é necessário passar:
1. de uma espiritualidade fragmentada a uma espiritualidade
unificante, fruto da contemplação de Deus em Jesus Cristo e
nos jovens;
2. da atitude de quem se sente já formado à humilde e permanente
escuta da Palavra de Deus, dos irmãos e dos jovens.
65. Para realizar estes processos, empenhamo-nos em:
1. Viver cotidianamente a Eucaristia como fonte da nossa
fecundidade apostólica e celebrar o sacramento da
Reconciliação como retomada frequente do nosso itinerário
de conversão.
2. Cultivar a oração pessoal no contato cotidiano com a Palavra
de Deus, praticando cotidianamente a meditação, e cuidar da
qualidade da oração comunitária, compartilhando-a com os
jovens e os membros da CEP.
45

5.6 Page 46

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3. Caracterizar o projeto de animação e governo em todos
os níveis para o próximo sexênio, colocando no centro a
Palavra de Deus.
Caminhamos juntos movidos pelo Espírito
66. Para ser MÍSTICOS no Espírito é necessário passar:
1. de um testemunho fraco dos conselhos evangélicos a uma
vida cheia de paixão na sequela de Jesus, capaz de despertar
o mundo, convocando-o para os valores essenciais da
existência;
2. de uma visão pessimista do mundo a uma visão de fé que
descobre o Deus da alegria nos acontecimentos da vida e na
história da humanidade.
67. Para realizar estes processos, empenhamo-nos em:
1. Viver com alegria e autenticidade a graça da consagração,
elaborando ou redefinindo o projeto pessoal de vida e o
projeto comunitário.
2.Ter um guia espiritual estável e tê-lo como referência
periódica.
3. Aprofundar a nossa espiritualidade mediante a leitura
frequente das Constituições e o estudo das Fontes salesianas.
4. Prever momentos de partilha espiritual comunitária a partir
da Palavra de Deus, valorizando particularmente a lectio
divina.
5. Verificar e promover como comunidade e como irmãos
individualmente a harmonia entre oração e trabalho, entre
reflexão e apostolado, mediante scrutinia adequados.
6. Cuidar da tradução das Fontes salesianas nas diversas
línguas.
7. Atualizar o manual Em diálogo com o Senhor e os demais
subsídios de oração.
8. Ativar iniciativas de formação para salesianos e leigos
e qualificar em nível regional um Centro de Formação
Permanente ou valorizar os existentes em outras Regiões.
46

5.7 Page 47

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Fazendo experiência de vida fraterna como em Valdocco
68. Para ser PROFETAS da fraternidade é necessário passar:
1. de relações funcionais e formais a relações cordiais,
solidárias e de comunhão profunda;
2. de preconceitos e fechamentos à correção fraterna e à
reconciliação.
69. Para realizar estes processos, empenhamo-nos em:
1. Dar espaço à prática do diálogo com o outro,30 ativando
dinâmicas positivas de comunicação interpessoal entre
irmãos, jovens, leigos e membros da Família Salesiana,
servindo-nos também da contribuição das ciências humanas.
2. Viver relações de fraternidade, proximidade e escuta com
os nossos dependentes e colaboradores, evitando atitudes
autoritárias e contratestemunhos.
3. Encorajar cada irmão a sustentar, com o Diretor e o seu
Conselho, a responsabilidade da comunidade.
4.Ir ao encontro das necessidades dos irmãos enfermos e
anciãos e envolvê-los na vida e missão comum, segundo as
suas efetivas possibilidades.
5. Apoiar particularmente as comunidades que trabalham nas
“fronteiras”.
6. Garantir a consistência qualitativa e quantitativa das
comunidades através do redesenho sábio e corajoso das
presenças.
7. Preocupar-se com as duas formas complementares da
vocação religiosa salesiana, assumindo as orientações do
CG2631 e continuando a reflexão tanto na vertente da vida
consagrada como na especificidade dos coadjutores, visando
a vida fraterna e a missão.
8. Reforçar os itinerários de amadurecimento humano e
espiritual e prever adequados itinerários de apoio para
irmãos em dificuldade.
30 Cf. Evangelii Gaudium, 88.
31 Cf. CG26, 74-78.
47

5.8 Page 48

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9. Garantir adequados itinerários de acompanhamento para
indivíduos envolvidos em eventuais casos de abuso.
10.Verificar e relançar, no plano do próximo sexênio, a proposta
da formação dos Diretores.32
11. Providenciar pelo Reitor-Mor e Conselho Geral a atualização
do Manual do Diretor e do Inspetor.
Disponíveis à projetualidade e à colaboração
70. Para ser PROFETAS da fraternidade é necessário passar:
1. da iniciativa pastoral individualista à disponibilidade
incondicional à missão e ao projeto comunitário e inspetorial;
2. da consideração dos jovens como simples destinatários e
dos leigos como colaboradores à promoção dos jovens como
protagonistas e dos leigos como corresponsáveis da única
missão.
71. Para realizar estes processos, empenhamo-nos em:
1. Crescer na comunhão e na corresponsabilidade, mediante
a acolhida do projeto comunitário e do PEPS, dando
desenvolvimento e visibilidade à “cultura salesiana”.33
2. Criar sinergias com outros grupos da Família Salesiana
que trabalham pelos e com os jovens e promovam os seus
direitos.34
3.Trabalhar em rede conectando-se eficazmente com a Igreja
local, com as demais Famílias religiosas e as agências
educativas, sociais e governativas.
4. Estruturar itinerários mais adequados na formação inicial,
voltados para o envolvimento na pastoral juvenil, a
habilitação à leitura das problemáticas sociais do território e
o planejamento educativo e pastoral.
32 Cf. CG21,46-57; CG25, 63-65.
33 Cf. AGC 413, p. 46.
34 Cf. Carta de identidade da Família Salesiana, 21, 41.
48

5.9 Page 49

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5.Integrar no PEPS inspetorial e local a pastoral familiar,
prevendo a formação e o envolvimento dos leigos como
animadores.35
6. Organizar uma pastoral salesiana orgânica e integral nas
comunidades inspetoriais e locais, segundo o “Quadro
referencial da pastoral juvenil” e o planejamento concorde
dos Conselheiros de Setor e Regionais.
7. Garantir em todos os níveis a atenção à pastoral das famílias
e à formação dos leigos, e favorecer a coordenação das
reflexões e intervenções dos Setores da missão salesiana e
da formação.
Em saída para as periferias
72. Para ser SERVOS dos jovens é necessário passar:
1. de um distanciamento em relação aos jovens à presença
ativa e entusiasmada entre eles com a paixão do Bom Pastor;
2. de uma pastoral de conservação a uma pastoral “em saída”,
que parte das necessidades profundas dos jovens mais pobres
considerados em seu ambiente familiar e social.
73. Para realizar estes processos, empenhamo-nos em:
1. Promover nas Inspetorias uma profunda revisão da
significatividade e presença entre os mais pobres das nossas
obras, segundo os critérios oferecidos pelos Capítulos
Gerais e pelos Reitores-Mores, em vista de uma “conversão
pastoral estrutural” e de uma maior finalização em vista das
novas pobrezas (cf. Reg. 1).
2. Assumir juntamente com os leigos o “Quadro referencial
da pastoral juvenil”, ativando processos de renovação,
valorizando as forças existentes de voluntariado e
considerando as novas fronteiras existenciais e geográficas
dos jovens mais pobres.
35 CG26, 99, 102, 104.
49

5.10 Page 50

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3. Promover e defender os direitos humanos e dos menores
através da abordagem inovadora do Sistema Preventivo,
dando atenção especial ao trabalho infantil e ao comércio
sexual, à dependência das drogas e a todas as formas de
abuso, à desocupação e migração juvenil e ao tráfico de
pessoas.
4. Favorecer nos nossos ambientes um clima de respeito
da dignidade dos menores, empenhando-nos para criar
as condições que previnam qualquer forma de abuso e de
violência, seguindo em cada Inspetoria as orientações e
diretrizes do Reitor-Mor e do Conselho Geral.
5. Educar os jovens para a justiça e a legalidade, para a
dimensão sociopolítica da evangelização e da caridade,
acompanhando-os a fim de serem agentes de transformação
social numa lógica de serviço ao bem comum.
6. Sensibilizar as comunidades e os jovens a respeito da
criação, educando para a responsabilidade ecológica
mediante atividades concretas de salvaguarda do ambiente
e de desenvolvimento sustentável.
Sendo sinais proféticos a serviço dos jovens
74. Para ser SERVOS dos jovens é necessário passar:
1. de uma vida marcada pelo emburguesamento a uma
comunidade missionária e profética, que vive a participação
com os jovens e os pobres;
2. de uma pastoral de eventos e atividades a uma pastoral
orgânica e integral, capaz de acompanhamento dos processos
de amadurecimento vocacional, em sintonia com as novas
perspectivas eclesiais e salesianas.
75. Para realizar estes processos, empenhamo-nos em:
1. Desenvolver a cultura vocacional e o cuidado das vocações
à vida salesiana, cultivando a arte do acompanhamento e
habilitando salesianos e leigos para serem guias espirituais
dos jovens.
50

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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2. Viver o binômio “trabalho e temperança”, preocupando-
nos com um estilo de vida visivelmente pobre, eliminando
os desperdícios e estando disponíveis para os serviços
domésticos e comunitários.
3. Praticar uma solidariedade eficaz com aqueles que passam
por necessidades, com os pobres e entre as casas salesianas.
4. Entrar de modo significativo e educativo no mundo
digital habitado particularmente pelos jovens, garantindo
uma adequada formação profissional e ética dos irmãos
e colaboradores, aplicando o Sistema Salesiano de
Comunicação Social (SSCS).
5. Favorecer comunidades internacionais também através da
redistribuição global dos irmãos e a promoção dos projetos
missionários da Congregação.
6. Ativar procedimentos, também através de auditorias, que
garantam a transparência e o profissionalismo na gestão dos
bens e das obras.
7. Fazer uma revisão diligente da Casa Geral e de outras
estruturas edilícias da Congregação, para serem sinal claro e
crível de radicalidade evangélica.
51

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52

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DELIBERAÇÕES DO CG27
53

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54

6.5 Page 55

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Com base na avaliação das estruturas do governo central da
Congregação, feita pelo Reitor-Mor e pelo Conselho Geral a pedido
do CG26, n. 118, e com base nas propostas recebidas dos Capítulos
Inspetoriais, de Irmãos individualmente, como também da mesma
Assembleia capitular, depois do exame feito pela Comissão jurídica e
pela Assembleia, o Capítulo Geral aprovou as seguintes deliberações.
Algumas delas referem-se a artigos das Constituições e dos
Regulamentos Gerais; outras são orientações operativas para o
governo da Congregação.
1. DURAÇÃO NO CARGO DO REITOR-MOR E DOS
MEMBROS DO CONSELHO GERAL
76. O Capítulo Geral 27,
em relação aos artigos 128 e 142 das Constituições, que fixam a
duração no cargo por seis anos, do Reitor-Mor e dos membros do
Conselho Geral,
considerado que seis anos são um tempo adequado para governar
e animar a Congregação,
confirma a duração de seis anos no cargo para o Reitor-Mor
e os membros do Conselho Geral, como previsto pelos artigos
128 e 142 das Constituições.
2. REELEGIBILIDADE DO REITOR-MOR E DOS MEMBROS
DO CONSELHO GERAL
77. O Capítulo Geral 27,
em relação ao artigo 128 das Constituições, que prevê que o
Reitor-Mor possa ser eleito apenas para um segundo sexênio
consecutivo, e em relação ao artigo 142 das Constituições, que
prevê que o Vigário do Reitor-Mor, os Conselheiros de setor e
55

6.6 Page 56

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os Conselheiros regionais possam ser eleitos apenas para um
segundo sexênio consecutivo no mesmo cargo,
considerado que a atual formulação dos artigos 128 e 142 deixa
a Assembleia capitular livre para:
- confirmar ou não para um segundo sexênio no mesmo cargo
o Reitor-Mor, o Vigário do Reitor-Mor, os Conselheiros de
setor, os Conselheiros regionais;
- valorizar a experiência adquirida para um eventual outro
cargo no Conselho Geral,
A. confirma a possibilidade de eleger o Reitor-Mor apenas
para um segundo sexênio consecutivo, como previsto pelo
artigo 128 das Constituições;
B. confirma a possibilidade de eleger o Vigário do Reitor-
-Mor, os Conselheiros de setor e os Conselheiros regionais
para apenas um segundo sexênio consecutivo no mesmo
cargo, como previsto pelo artigo 142 das Constituições.
3. COMPOSIÇÃO DO CONSELHO GERAL
78. O Capítulo Geral 27,
em relação aos artigos 130, 131 e 133 das Constituições, relativos
às atribuições e à composição do Conselho Geral,
considerado que a atual estrutura do Conselho Geral composto
pelo Vigário, pelos Conselheiros encarregados de setores
especiais e Conselheiros regionais encarregados de grupos de
inspetorias, permite a integração da visão global da Congregação,
própria do Reitor-Mor, do Vigário e dos encarregados de setores
especiais, com a visão aprofundada dos grupos de inspetorias,
própria dos Conselheiros regionais,
confirma a atual estrutura do Conselho Geral prevista pelo
artigo 133 §1 das Constituições.
56

6.7 Page 57

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4. VIGÁRIO DO REITOR-MOR
79. O Capítulo Geral 27,
em relação ao artigo 134 §3 das Constituições, que atribui ao
Vigário do Reitor-Mor a tarefa de animar a Família Salesiana,
considerado o pedido feito pelo Capítulo Geral 26 de fazer uma
avaliação desta atribuição ao final do sexênio,1
uma vez que acredita ser preferível confiar a animação da Família
Salesiana a um Secretariado central diretamente dependente do
Reitor-Mor, conforme o artigo 108 dos Regulamentos gerais,
pelas seguintes motivações:
a) deu-se grande impulso nestes anos à Família Salesiana, que
cresceu no número de seus membros, na sua consciência
carismática mediante a aceitação da Carta de identidade
da Família Salesiana e da Estreia do Reitor-Mor, na sua
visibilidade mundial e inspetorial;
b) o Reitor-Mor, enquanto sucessor de Dom Bosco, é a única
referência carismática de toda a Família Salesiana;
c) um Secretariado central instituído pelo Capítulo Geral e
dependente diretamente do Reitor-Mor pode garantir de
modo melhor essa referência de forma estável e com maior
disponibilidade e continuidade de tempo pelas pessoas
chamadas a compor o Secretariado;
d) as atribuições confiadas ao Vigário do Reitor-Mor pelo art.
134 das Constituições são potencialmente muito amplas, e
também são multíplices e pontuais aquelas descritas no Vade-
-mécum para a vida e ação do Conselho Geral, exigindo uma
ação muito absorvente;
A. suprime o §3 do artigo 134 das Constituições, que atribui
ao Vigário do Reitor-Mor a tarefa de animar a Família
Salesiana;
1 CG26, 116.
57

6.8 Page 58

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B. institui um Secretariado central para a Família Salesiana
diretamente dependente do Reitor-Mor, segundo a norma do
artigo 108 dos Regulamentos, com as seguintes atribuições:
- animar a Congregação no setor da Família Salesiana e
garantir a interação com os demais setores da Congregação
em nível mundial;
- promover, segundo a norma do artigo 5 das Constituições,
a comunhão dos vários grupos, respeitando a sua
especificidade e autonomia;
- orientar e assistir as Inspetorias para que se desenvolvam
em seus territórios, segundo os respectivos estatutos, a
Associação dos Salesianos Cooperadores, o movimento
dos Ex-Alunos e a ADMA.
5. NÚMERO E ÁREAS DOS CONSELHEIROS DE SETOR
80. O Capítulo Geral 27,
em relação aos artigos 133, 136 e 138 das Constituições,
confirma que os Conselheiros encarregados de setores
especiais são: o Conselheiro para a formação, o Conselheiro
para a pastoral juvenil, o Conselheiro para a comunicação
social, o Conselheiro para as missões e o Ecônomo Geral,
como indicado no artigo 133 §2 das Constituições.
6. ATRIBUIÇÕES DO CONSELHEIRO REGIONAL
81. O Capítulo Geral 27,
em relação aos artigos 140 e 154 das Constituições, relativos
respectivamente às atribuições do Conselheiro regional e dos
grupos de inspetorias (ou regiões),
58

6.9 Page 59

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considerado que as atribuições confiadas pelas Constituições
aos Conselheiros regionais são adequadas às exigências atuais da
Congregação porque, sem constituir um nível intermediário de
governo, permitem:
- promover a unidade da Congregação e a fluidez dos processos
de animação na diversidade dos contextos;
- manter viva a ligação entre o Reitor-Mor e o Conselho Geral
de um lado e, de outro, as inspetorias, as comunidades locais
e os irmãos individualmente;
- ter no interior do Conselho Geral uma visão real e atualizada
das diversas áreas da Congregação, sendo que tal conhecimento
é decisivo para a animação e o governo;
- tornar presente, especialmente durante a visita extraordinária,
um aspecto fundamental do nosso carisma que é a atenção ao
irmão e a escuta,
confirma as atribuições confiadas aos Conselheiros regionais
pelo artigo 140 das Constituições.
7. MODALIDADE DE ELEIÇÃO DO REITOR-MOR
82. O Capítulo Geral 27,
em relação ao artigo 141 das Constituições e aos artigos 126,
127 e 128 dos Regulamentos gerais, relativos à modalidade de
eleição do Reitor-Mor e dos membros do Conselho Geral,
considerado que o processo de discernimento, orientado e
coordenado pela pessoa do facilitador, externo à Congregação,
permite criar um clima positivo e de busca da vontade de Deus,
confirma a modalidade de eleição do Reitor-Mor indicada
pelo artigo 141 das Constituições e pelos artigos 126 e 127
dos Regulamentos gerais.
59

6.10 Page 60

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8. MODALIDADE DE ELEIÇÃO DO VIGÁRIO DO
REITOR-MOR
83. O Capítulo Geral 27,
em relação ao artigo 141 das Constituições e aos artigos 126,
127 e 128 dos Regulamentos gerais, relativos à modalidade de
eleição do Reitor-Mor e dos membros do Conselho Geral,
considerado que
- a atual modalidade atribui plena e exclusiva responsabilidade
ao Capítulo Geral, que detém na Sociedade a autoridade
suprema e a exerce segundo a norma do direito (Const. 147);
- a eleição direta por parte da Assembleia sublinha melhor o
papel institucional do Vigário do Reitor-Mor,
confirma a modalidade de eleição do Vigário do Reitor-Mor
indicada pelo artigo 141 das Constituições e pelos artigos 126
e 127 dos Regulamentos gerais.
9. MODALIDADE DE ELEIÇÃO
DOS CONSELHEIROS DE SETOR
84. O Capítulo Geral 27,
em relação ao artigo 141 das Constituições e dos artigos 126,
127 e 128 dos Regulamentos gerais, relativos à modalidade de
eleição do Reitor-Mor e dos membros do Conselho Geral,
considerado que, na fase de discernimento para a eleição dos
Conselheiros de setor, é preciso:
- individuar os candidatos mais adequados por capacidade e
competências;
- favorecer a corresponsabilidade e a participação de todas as
regiões “na escolha dos responsáveis de governo” (Const.
123) em nível mundial;
60

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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- envolver os membros do Capítulo, reunidos por regiões, num
processo de discernimento que amadurece no diálogo e na
busca comum;
- fazer amadurecer algumas convergências sobre alguns
candidatos,
delibera que a eleição dos Conselheiros de setor seja
precedida de um discernimento da parte dos irmãos
capitulares subdivididos por regiões sobre os principais
desafios do setor e o perfil do candidato. O processo de
discernimento termina com a proposta à Assembleia de
um candidato da própria região e outro de fora da própria
região, individuados com votação em escrutínio secreto.
Neste sentido, modifica-se o artigo 127 dos Regulamentos
gerais.
10. MODALIDADE DE ELEIÇÃO
DOS CONSELHEIROS REGIONAIS
85. O Capítulo Geral 27,
em relação ao artigo 141 das Constituições e aos artigos 126,
127 e 128 dos Regulamentos gerais, relativos à modalidade de
eleição do Reitor-Mor e dos membros do Conselho Geral,
considerado que a formulação do artigo 128 dos Regulamentos
gerais como modificada pelo Capítulo Geral 262 permite à
Assembleia capitular conhecer com maior clareza a orientação
prevalente dos irmãos da Região,
confirma a modalidade de eleição dos Conselheiros regionais
indicada pelo artigo 128 dos Regulamentos gerais.
2 CG26, 119.
61

7.2 Page 62

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11. COORDENAÇÃO NO CONSELHO GERAL
86. O Capítulo Geral 27,
vistos os artigos 133 das Constituições e 107 dos Regulamentos
gerais,
vista a deliberação do Capítulo Geral 26, n. 117,
considerado o resultado da consulta das inspetorias, com as
motivações e sugestões expressas por elas, como também o debate
da Assembleia precedente à eleição dos membros do Conselho
Geral, dos quais emergiu de modo evidente a necessidade de uma
maior coordenação da ação dos Conselheiros encarregados de
setores específicos entre si e com os Conselheiros regionais,
por acreditar que
a) a composição do Conselho Geral, prevista pelo artigo 133
das Constituições, entende favorecer simultaneamente uma
ação de raio mundial em setores específicos e uma ação de
proximidade às inspetorias em determinadas áreas geográficas
(as regiões ou grupos de inspetorias);
b) tal articulação, para ser eficaz, requer sinergia e coordenação
para evitar a dispersão e a fragmentação das intervenções;
delibera modificar como segue o artigo 107 dos Regulamentos
gerais:
“A animação da missão salesiana em nível mundial requer
a individualização de objetivos comuns e sinergias entre
os Conselheiros encarregados de setores específicos e a
coordenação das intervenções com os Conselheiros regionais,
mediante encontros sistemáticos de programação e revisão.
Os Conselheiros gerais encarregados de setores específicos,
para realizar as atribuições que lhes são confiadas, servem-se de
ofícios técnicos e de consultas.
62

7.3 Page 63

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A sua criação, o seu orgânico e as modalidades de funcionamento
são de competência do Reitor-Mor com o consenso do seu
Conselho”.
12. CONFIGURAÇÃO DAS REGIÕES DA EUROPA E
ORIENTE MÉDIO
87. O Capítulo Geral 27
vistos os resultados da consulta de todas as inspetorias da Europa
e do Oriente Médio,
considerado o parecer do Conselho Geral,
considerado que a configuração interna às três Regiões foi
alterada significativamente depois das últimas reestruturações
da França – Bélgica Sul (2008), da Itália (2008) e da Espanha
(2014),
levando em conta a diminuição do número de irmãos em toda
a Europa e o redimensionamento em ato das obras em diversas
inspetorias,
considerado que o “Projeto Europa” iniciado pelo Capítulo Geral
263 entende promover e reforçar as sinergias entre as diversas
inspetorias, em vista também do revigoramento do carisma,
considerado que no interior das Regiões poder-se-ão criar várias
Conferências inspetoriais (Const. 155), para garantir uma ligação
mais estreita,
considerado que, continuando válida a importância da visita
extraordinária para o conhecimento dos irmãos e da realidade de
cada inspetoria, podem-se adotar outras modalidades de realização
das visitas (por exemplo, com um visitador extraordinário que
não coincida sempre com o Conselheiro regional), de modo a
3 CG 26, 108.111.
63

7.4 Page 64

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garantir o serviço de animação do Conselheiro regional como
expressão de comunhão e coordenação,
em substituição das Regiões Europa Norte, Europa Oeste,
Itália e Oriente Médio, institui os seguintes dois grupos de
inspetorias:
– Região MEDITERRÂNEA, formada pela Circunscrição
Itália Central, pela Circunscrição Piemonte e Valle d’Aosta
e pelas inspetorias Itália Lombardo-Emiliana, Itália
Meridional, Itália Nordeste, Itália Sicília, Oriente Médio,
Portugal, Espanha-Barcelona, Espanha-Bilbao, Espanha-
Leon, Espanha-Madri, Espanha-Sevilha, Espanha-Valência.
– Região EUROPA CENTRO E NORTE, formada pelas
Inspetorias da Áustria, Bélgica Norte, Croácia, França-
Bélgica Sul, Alemanha, Grã-Bretanha, Irlanda, Polônia-
Cracóvia, Polônia-Piła, Polônia-Varsóvia, Polônia-Wroclaw,
República Checa, Eslováquia, Eslovênia, Hungria e
Circunscrição da Ucrânia.
13. VISITA EXTRAORDINÁRIA
88. O Capítulo Geral 27,
em relação ao artigo 104 dos Regulamentos gerais,
considerado o parecer positivo das inspetorias consultadas e as
motivações apresentadas,
considerado o parecer do Conselho Geral e as motivações
apresentadas,
acredita que a visita extraordinária seja uma modalidade válida
para animar de modo fraterno as inspetorias, as comunidades
locais e cada irmão individualmente, além de instrumento
jurídico de governo, previsto pelo CIC.
64

7.5 Page 65

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Acredita também que:
a) em relação ao número das inspetorias de uma região, às
línguas faladas, ao número total dos irmãos, para consentir
ao Conselheiro regional realizar as demais atribuições a
ele confiadas pelas Constituições e pelos Regulamentos
gerais, o Reitor-Mor, segundo quanto previsto pelo artigo
104 dos Regulamentos gerais, possa confiar, de acordo com
o Conselheiro regional, a incumbência de fazer a visita
extraordinária, além de ao Conselheiro regional, a outro
membro do Conselho Geral ou a um ou mais irmãos por ele
designados;
b) é necessário que cada região tenha um órgão de estudos e
documentação, para apoio da ação do Conselheiro regional
em vista também da visita extraordinária;
c) é indispensável a escuta pessoal de cada irmão durante a
visita extraordinária e o encontro com os organismos de
participação e os leigos em postos de responsabilidade;
d) a preparação da visita extraordinária, o acompanhamento
posterior e o encontro periódico com o Inspetor e o Conselho
inspetorial são elementos fundamentais para favorecer o
apoio fraterno, a unidade com o Reitor-Mor e a aceitação das
orientações dos Capítulos Gerais.
Portanto,
delibera que seja confirmada a modalidade da visita
extraordinária, prevista pelo artigo 104 dos Regulamentos
gerais.
14. VISITA DE CONJUNTO
89. O Capítulo Geral 27,
considerada a praxe em uso que prevê, na metade do sexênio
de governo do Reitor-Mor e do Conselho Geral, a realização em
cada região de uma ou mais “Visitas de conjunto”,
65

7.6 Page 66

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porque acredita que ela seja um instrumento útil de animação,
que permite com modalidades flexíveis,
- o maior conhecimento das regiões,
- a partilha de problemáticas comuns e de orientações da
Congregação,
- a comunhão com o Reitor-Mor e o Conselho Geral,
- a escuta direta dos Conselhos inspetoriais,
- a revisão da atuação das deliberações do Capítulo Geral
precedente,
confirma a validade da “Visita de conjunto” como instrumento
de animação da Congregação, segundo modalidades flexíveis
que permitam a escuta direta e a partilha.
15. COMISSÃO ECONÔMICA
90. O Capítulo Geral 27,
visto o relatório do Ecônomo geral à Assembleia capitular,
considerada a necessidade de dar forma estável, para o nível
mundial, ao que é previsto pelo art. 185 dos Regulamentos gerais,
pede ao Reitor-Mor e ao Conselho Geral a instituição de
uma “Comissão Econômica”, composta por membros não
residentes, salesianos e profissionais não salesianos, que
colaborem estavelmente com o Ecônomo geral.
A Comissão econômica terá as seguintes atribuições:
a) analisar os orçamentos e os balanços das inspetorias e
visitadorias da Congregação;
b) apresentar um relatório anual ao Conselho Geral sobre o
estado econômico e financeiro das inspetorias e visitadorias;
66

7.7 Page 67

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c) estudar a alocação do patrimônio mobiliário da Direção geral
no respeito dos critérios éticos e de gestão responsável e
prudente dos recursos;
d) fazer a revisão das estruturas edilícias da Direção geral, do seu
emprego, dos custos de manutenção ordinária e extraordinária;
e) rever o orçamento e o balanço anual da Direção geral,
sugerir ações de melhoria segundo critérios de pobreza,
funcionalidade, transparência, e informar as inspetorias e
visitadorias sobre o emprego dos recursos;
f) propor formas de solidariedade;
g) examinar a situação de inspetorias e visitadorias em
dificuldade econômica e sugerir as intervenções necessárias;
h) examinar anualmente o andamento econômico da
Universidade Pontifícia Salesiana e da Visitadoria UPS, em
vista da sua sustentabilidade;
i) verificar anualmente os convênios em ato com a Circunscrição
especial do Piemonte e Valle d’Aosta (ICP) para os lugares
salesianos maiores (Valdocco Casa-Mãe, Colle Don Bosco);
j) oferecer consultoria sobre exigências particulares do
Economato geral ou problemáticas indicadas pelo Reitor-Mor
e pelo Conselho Geral;
k) elaborar com o Ecônomo geral os programas dos cursos de
formação dos ecônomos inspetoriais.
16. REPRESENTAÇÃO NO CAPÍTULO GERAL
91. O Capítulo Geral 27
visto o artigo 114 dos Regulamentos gerais sobre a participação
no Capítulo Geral,
67

7.8 Page 68

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visto o artigo 123 das Constituições que sanciona o princípio da
participação dos irmãos na escolha dos responsáveis de governo
e na elaboração de suas decisões, “segundo as modalidades mais
convenientes” (Const. 123);
considerado que:
1. de acordo com a sua natureza, o Capítulo Geral deve ter uma
composição tal que seja representativa de toda a Sociedade,
segundo o estabelecido pelo artigo 151 das Constituições,
onde são elencados primeiramente os membros “ex officio”
ou de direito e, depois, os delegados eleitos entre os professos
perpétuos nas várias circunscrições da Congregação;
2. para garantir a prevalência do número dos Capitulares eleitos
em relação ao número dos membros participantes de direito
no Capítulo Geral, foi codificado o procedimento da eleição
dos delegados segundo o critério quantitativo;
3. as progressivas unificações das inspetorias com números muito
elevados, feitas na Congregação, e a presença de inspetorias
com número exíguo de irmãos, torna necessária uma revisão
dos critérios de eleição dos delegados ao Capítulo Geral, em
vista de uma justa representatividade no mesmo, em relação
ao número dos irmãos presentes na inspetoria,
modifica como segue o artigo 144 dos Regulamentos gerais:
As inspetorias com menos de duzentos professos e as
visitadorias enviarão ao Capítulo Geral um delegado eleito
pelos respectivos Capítulos. As inspetorias também enviarão
outro delegado a cada duzentos professos ou fração. As
demais eventuais circunscrições jurídicas de que se trata no
artigo 156 das Constituições, terão a representação definida
em seu decreto de ereção.
68

7.9 Page 69

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17. PESSOAL PARA OS LUGARES SALESIANOS
92. O Capítulo Geral 27,
visto o pedido feito pelo Capítulo inspetorial da Circunscrição
especial do Piemonte e Valle D’Aosta (ICP),
vista a linha de ação n. 1 do Capítulo Geral 26 que empenhava
o Reitor-Mor com o seu Conselho a promover “uma equipe
internacional de irmãos para a animação dos lugares de origem
do carisma salesiano” (CG 26, 12),
considerada a importância histórica e carismática dos lugares
salesianos que são patrimônio de toda a Congregação a ser
conservado, promovido e valorizado,
considerada a necessidade de um projeto que valorize plenamente
os lugares das origens salesianas em chave pastoral e vocacional,
para os jovens e para a Família Salesiana, sobretudo em previsão
do bicentenário do nascimento de Dom Bosco,
delibera que a busca do pessoal salesiano das comunidades de
Turim-Valdocco “Maria Auxiliadora” e do Colle Don Bosco
seja da competência do Reitor-Mor e do seu Conselho, no
interior de um projeto global que empenhe o Conselho Geral,
o Inspetor e o Conselho inspetorial ICP, a solidariedade de
todas as inspetorias.
18. ATOS DO CONSELHO GERAL,
PORTAL www.sdb.org,
AGÊNCIA INFO SALESIANA
93. O Capítulo Geral 27,
considerado o resultado da consulta das inspetorias,
considerado o parecer do Conselho Geral,
69

7.10 Page 70

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considerado que:
- os Atos do Conselho Geral constituem o boletim oficial de
informação do Reitor-Mor e do Conselho Geral;
- o portal web www.sdb.org permite o conhecimento e a difusão
de uma grande riqueza de conteúdos;
- a Agência INFO Salesiana (ANS) consolidou-se como
instrumento necessário de informação interna e externa à
Congregação,
confirma a validade dos Atos do Conselho Geral, do portal
web www.sdb.org, da Agência INFO Salesiana (ANS) como
instrumentos de informação e de formação.
19. PROJETO DE ANIMAÇÃO E GOVERNO
DO REITOR-MOR
E CONSELHO GERAL PARA O SEXÊNIO
94. O Capítulo Geral 27,
considerado o resultado da consulta das inspetorias,
considerado o parecer do Conselho Geral,
considerado que:
- o Projeto de animação e governo do sexênio do Reitor-Mor e
do Conselho Geral é um instrumento que permite indicar as
linhas do projeto de animação e governo em nível mundial, a
partir das orientações do Capítulo Geral;
- ele permite, no interior do Conselho Geral, individuar os
objetivos, criar sinergias e coordenar as intervenções nas
formas e nos prazos;
- o diálogo com as Regiões e com as Consultas mundiais dos
setores específicos, antes de redigir o Projeto, favorece o
envolvimento e permite colher expectativas e sensibilidades;
70

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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- um texto essencial, operativo e verificável continuamente, com
uma clara demarcação temporal das intervenções, favorece
a comunicação e a harmonização com as programações das
inspetorias e das Conferências inspetoriais,
confirma a validade do Projeto de animação e governo do
sexênio redigido pelo Reitor-Mor e pelo Conselho Geral,
para atuar as orientações do Capítulo Geral e responder às
necessidades da Congregação.
71

8.2 Page 72

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ANEXOS
73

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74

8.5 Page 75

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Anexo 1
Discurso do Reitor-Mor
Padre Pascual Chávez Villanueva
na abertura do CG27
“Caminhai, pois, no Senhor Jesus
como o recebestes, bem enraizados e fundados nele,
inabaláveis na fé em que fostes instruídos,
com o coração a transbordar de gratidão”
(Cl 2,6-7)
1. Uma palavra de saudação e boas-vindas
Eminência Reverendíssima
Card. João Braz de Aviz,
Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as
Sociedades de Vida Apostólica
Eminências Reverendíssimas
Card. Tarcisio Bertone
Card. Ricardo Ezzati
Card. Raffaele Farina
Card. Oscar Rodríguez Maradiaga
Excelentíssimo Dom Gino Reali
Bispo de Porto e Santa Rufina
Excelentíssimo Dom Francesco Brugnaro,
Arcebispo de Camerino – Ex-aluno salesiano
Excelentíssimos Arcebispos e Bispos Salesianos
Gentilíssima Madre Yvonne Reungoat,
Superiora Geral do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora
Caríssimos Responsáveis dos vários Grupos da Família Salesiana
75

8.6 Page 76

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Reverendíssimo Padre David Glenday,
Secretário Geral da União dos Superiores Gerais
Em nome de todos os Capitulares, agradeço-vos de coração pela
acolhida do convite para estarem conosco compartilhando a alegria e
a oração no dia de abertura do Capítulo Geral 27 da Sociedade de
São Francisco de Sales. Apreciamos a vossa presença como sinal de
proximidade fraterna e contamos com a vossa simpatia e as vossas
orações pelo bom êxito desta Assembleia. Obrigado a todos.
Caríssimos Irmãos Capitulares, Inspetores e Superiores de
Visitadorias, Delegados inspetoriais, observadores convidados, vindos
do mundo todo para participar desta importante assembleia da nossa
amada Congregação.
2. Guiados pelo Espírito
Domingo, 10 de novembro de 2013, último dia da visita à
Inspetoria de Calcutá, tive a graça de visitar, novamente, a casa-mãe das
Irmãs da Caridade de Madre Teresa. Se na primeira vez fui acolhido por
Madre Nirmala, desta vez foi Madre Prema a receber-me e acompanhar-
-me na oração diante do leito em que Madre Teresa expirara, no mesmo
quarto onde vivera até a sua Páscoa. Nossa oração continuou, depois,
diante de sua sepultura, na Capela da Casa-Mãe.
Confesso-vos que, naquele momento, senti uma profunda
inspiração sobre o que representa para nós a “radicalidade evangélica”,
semelhante àquela vivida diante da urna do Padre Pio em julho passado.
Os santos, em particular Padre Pio e Madre Teresa, como Dom Bosco,
testemunham-nos um modo de viver radicalmente o evangelho.
2.1 Na trilha da ‘radicalidade evangélica’
Naquele momento, naqueles lugares santos, rezei por toda a
Congregação e pelo bom êxito espiritual e pastoral do nosso Capítulo
Geral. Espero muito que esta experiência especial de oração e reflexão
76

8.7 Page 77

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possa levar-nos a Cristo, à sua gramática, que é o seu Evangelho, e à
sua lógica, que é a da cruz.
Gostaria de reiterar aqui que o que nos preocupa não é o futuro
da Congregação, como se fosse uma questão de sobrevivência, mas
principalmente a nossa capacidade de profecia, ou seja, a nossa
identidade carismática, a nossa paixão apostólica, que é a verdadeira
relevância social e eclesial, segundo o critério dado pelo próprio Jesus:
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns
aos outros” (Jo 13,35).
Identidade carismática e paixão apostólica são dadas pela
“radicalidade evangélica” que não é outra coisa senão a contemplação
de Cristo numa forma tal que nos permite ser, aos poucos, a Sua
imagem fiel. A conformação com Cristo, por outro lado, consiste em
apropriar-se do seu modo de ser e agir obediente, pobre e casto, cheio
de compaixão pelos mais pobres, amando-os e amando a pobreza,
fazendo dela uma verdadeira bem-aventurança, a ponto de vivê-la
com alegria, humildade e simplicidade.
2.2 Escutando o Senhor
Eis a importância desta assembleia, que nos é oferecida como
um kairós, um momento forte de graça, na história da Congregação
e, portanto, na história da salvação, enquanto a mesma Congregação
participa da comunhão e da missão da Igreja, até quando o Senhor o
quiser.
Na vida da Igreja
Parece-me obrigatório referir-me aqui ao modelo cativante
e carismático introduzido na Igreja pelo Papa Francisco. Com seus
gestos, suas atitudes e intervenções já a está renovando profundamente,
procurando iluminar as mentes, aquecer os corações e reforçar as
vontades de todos com a luz e a energia do Evangelho para fazer
de todos nós testemunhas corajosas, “discípulos missionários de
77

8.8 Page 78

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Cristo”, enviados ao mundo, sem temor, para servir os mais pobres
e marginalizados e assim transformar esta sociedade. Não creio que,
como Congregação, possamos ficar indiferentes ou distantes; através
d’Ele, estou convencido, o Espírito está a falar às Igrejas e propõe-nos
uma verdadeira “conversão pessoal e pastoral”.
Evidenciaria, primeiramente, as suas atitudes e os seus gestos.
Não são apenas notícia para a crônica dos jornalistas, que estão a dar
grande relevância a tudo o que faz, e, também, como o faz. Eles já
comunicam a sua visão de Igreja, o seu magistério e a sua forma de
governo.
Com efeito, desde a sua primeira fala aos Cardeais eleitores,
o Papa Francisco propôs um modelo de Igreja em sintonia com as
grandes opções do Vaticano II – embora não fale muito sobre ele;
naturalmente, em harmonia com a nova evangelização – embora não o
sublinhe explicitamente –; sob o influxo da pastoral latino-americana,
desde Medellín, com a opção pelos pobres, até Aparecida com a
opção de uma Igreja formada por discípulos missionários de Cristo
plenamente inseridos na realidade cotidiana.
A primeira coisa a assinalar no Papa Francisco é, justamente, o
seu conservar-se atento à realidade concreta, mas com uma delicada
sensibilidade pastoral, procurando contemplar a Deus em tudo e a tudo
contemplar com o olhar de Deus. Dessa forma, podemos descobrir
a necessidade de salvação, própria desta sociedade, e a urgência de
iniciar processos de transformação adequados a torná-la mais humana
e fraterna, em maior consonância com o plano de Deus. Ele procura
fazer tudo isso mantendo e construindo a unidade, sem exasperar as
dinâmicas sociais.
É esta a Igreja que o Papa Francisco se sente chamado a construir
na fidelidade a Jesus e ao seu Evangelho: uma Igreja a serviço deste
mundo. Trata-se de uma Igreja livre da mundanidade espiritual
que leva à vaidade, à prepotência, ao orgulho; elementos todos que
constituem uma verdadeira idolatria. Ele quer uma Igreja livre do
narcisismo teológico, da tentação de congelar-se no próprio quadro
institucional, do risco da autorreferência, do emburguesamento, do
fechamento sobre si mesma, do clericalismo.
78

8.9 Page 79

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Trata-se, ainda, de uma Igreja que seja verdadeiramente o corpo
do Verbo feito carne e, como Ele, encarnada nesta realidade, atenta
aos mais pobres e aos que sofrem; uma Igreja que não pode reduzir-se
a uma pequena capela, sendo chamada a ser uma casa para toda a
humanidade; uma Igreja sempre em caminho em direção aos últimos,
aos quais exprime a sua predileção sem abandonar os demais; uma
Igreja que se sente bem nas fronteiras e nas margens da sociedade.
Isso não significa que a Igreja deva fazer de todos os homens e
mulheres do mundo seus filhos, e também não quer dizer que devamos
pressionar para que todos entrem nela. A Igreja do Papa Francisco
quer oferecer-se como lugar aberto em que todos possam estar e
encontrar-se, porque nela há espaço para o diálogo, a diversidade, a
acolhida. Não devemos obrigar o mundo a entrar na Igreja; é a Igreja
que deve acolher o mundo como o mundo é, isto é, como lugar de
salvação.
O sonho deste Papa é uma Igreja que saia às estradas para
evangelizar, para tocar com as mãos o coração das pessoas; uma Igreja
pronta a servir, que se propõe chegar não só às periferias geográficas,
mas as da existência onde, por vezes, os nossos irmãos e irmãs lutam
para viver; uma Igreja pobre, que privilegia os pobres e dá-lhes voz,
que vê nos idosos, nos doentes ou nos jovens portadores de deficiência
as “chagas de Cristo”; uma Igreja que se empenha em superar a terrível
cultura da indiferença em que vivemos e que leva à violência aquele
que se sente sempre mais frustrado, explorado e marginalizado; uma
Igreja que dá uma justa atenção e importância às mulheres, tanto na
sociedade como no interior de suas instituições.
Muitos destes elementos podem ser encontrados nas crônicas
e nas reportagens de jornais, semanários ou revistas religiosas como
se fossem simples episódios curiosos. Contudo não é assim. Aquilo
que o Santo Padre está a nos propor de forma simples e cotidiana
são elementos de um magistério rico de novidade evangélica! Há aqui
uma nova concepção de Igreja! Há aqui um novo modo de pensar o
mesmo governo da Igreja! Há muito a aprender!
Ao falar aos Bispos do Brasil, ele dizia: “Parece que a Igreja se
esqueceu de que não há nada de mais elevado do que Jerusalém, de
mais forte do que a fragilidade da cruz, de mais convincente do que
79

8.10 Page 80

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a bondade, o amor, o ritmo veloz dos peregrinos; porque a nossa não
é, de fato, uma maratona, mas uma peregrinação”. É preciso, portanto,
adequar o passo ao do povo que devemos acompanhar, para encontrar
tempo de estar com aqueles que caminham, para poder acompanhá-los
cultivando a paciência, a capacidade de escuta e a compreensão de
situações tão diversas. Não é preciso viajar velozmente a ponto de não
se ver nada do que nos rodeia!
Dirigindo-se no Rio de Janeiro aos dirigentes da política e da
cultura, o Papa quis sublinhar a importância da cultura do encontro
para promover uma sociedade que consiga dar espaço a todos, a não
excluir ninguém, a não fazer dos homens um material descartável.
Uma cultura do encontro que deve eliminar a marginalização social
dos jovens, aos quais, muitas vezes, é negada a possibilidade de
trabalho e de futuro.
Sobretudo no discurso aos jovens, o Papa os convidava a pôr
em jogo a própria vida, a investir suas energias na construção da Igreja
e da nova sociedade, a gastar a vida pelas coisas pelas quais vale a
pena viver, em especial Jesus Cristo e o serviço aos pobres, sem deixar
que lhes arrebatem a esperança e a alegria e sem ceder às promessas de
paraísos de felicidade a baixo custo.
A Igreja, às vezes, não tem vitalidade, não tem fascínio, não
tem visibilidade e credibilidade para continuar a atrair a si os homens
e as mulheres deste tempo, sobretudo as novas gerações. Em menos
de um ano de pontificado, o Papa Francisco apresentou-se como uma
aragem nova do Espírito que está tirando a poeira da Igreja, que está
fazendo diminuir a burocracia, que está tornando mais pobre e simples
a Igreja, e, sobretudo, está levando-a a sair às estradas do mundo para
evangelizar. Fez perceber que a Igreja é uma Mãe cheia de ternura e
de amor, de doçura, de humildade, de paciência. E ensinou-o com os
seus gestos, com as suas atitudes e com as suas opções pessoais, com
o seu modo de relacionar-se com o mundo.
Caros Capitulares, isso tudo representa um exemplo admirável
e um estímulo poderoso para nós! Se quisermos levar os jovens ao
encontro do mistério de Deus, isso deve acontecer mediante grandes
experiências de amor, que abram o coração e não transmitam apenas
ideias ou conhecimentos sobre Ele. E deve ser atuado por nós na
80

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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escassez dos nossos meios. De fato, como o Papa Francisco disse
aos Bispos brasileiros, a Igreja não é um “transatlântico”, mas uma
pequena barca, uma simples barca de pescadores. O que significa que
Deus atua através de meios pobres. O sucesso não pode apoiar-se na
suficiência humana, mas na energia e na criatividade de Deus. E tudo
isso é claramente válido também para nós.
No caminho da Congregação
Parece-me importante reconhecer, entender e assumir este
esplêndido momento eclesial que estamos vivendo. Sem excessivas
pretensões, diria que o caminho que estamos vivendo como
Congregação e como Família Salesiana, em preparação ao bicentenário
do nascimento do nosso amado Pai e Fundador Dom Bosco, está
justamente nessa linha. Como Capitulares, estamos cientes, estou certo
disso, de que este evento pede a todos e a cada um de nós a máxima
responsabilidade, para poder escutar a voz do Senhor, discernir a
sua vontade e assumi-lo como projeto de vida. Só assim teremos a
capacidade de ler a realidade juvenil de hoje e enfrentá-la como o fez
Dom Bosco ontem.
Gostaria de convidar-vos, então, a colocar no centro da nossa
Assembleia, já a partir desta celebração de abertura do Capítulo Geral,
a Palavra de Deus, de modo que seja Ele a fazer-nos entender o que
Cristo quer hoje da Congregação. Sabemos o que Ele pediu a Dom
Bosco e como ele entregou toda a sua existência “à glória de Deus e à
salvação das almas” para realizar o ‘sonho’ de Deus e confiá-lo a nós
para continuá-lo, expandi-lo e consolidá-lo.
Hoje, muita gente não chega a crer em Cristo porque o seu rosto
está ofuscado ou até mesmo escondido por instituições religiosas
que carecem de transparência. Sofremos muito nos últimos 12
anos devido a inúmeros acontecimentos desagradáveis nos quais se
encontram muitos irmãos e inspetorias. Entretanto, estou certo de que,
com a ajuda de Deus, estes males poderão ser superados plenamente
e esta experiência dolorosa levará a Congregação a recuperar o seu
esplendor e a sua credibilidade justamente onde vieram a faltar. Em
81

9.2 Page 82

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todo caso, para que isso seja possível é preciso enfrentar os problemas
com humildade e coragem.
Demos, agora, um passo adiante colocando-nos a questão sobre
qual é, neste momento, a vontade de Deus a nosso respeito como
instituição. Estou convencido de que como para a Igreja também
para a nossa Congregação, a sua identidade, unidade e vitalidade
seja o summum desideratum da parte de Cristo, que quer que os seus
discípulos sejam “sal da terra”, “luz do mundo”, “cidade construída
sobre o monte” (cf. Mt 5,13-16).
Desafios a enfrentar
Graças a Deus, a Congregação, até agora, não sofreu divisões e
foi muito amada e abençoada pelo Senhor. Graças a Deus, ela cresceu
muito nestes 150 anos, multiplicando as suas presenças no mundo
todo. Hoje, porém, novos e poderosos desafios apresentam-se no
horizonte. Em meu modo de ver, e com a experiência destes 12 anos
de governo, os desafios aos quais devemos dar atenção especial, são
três:
A vida de comunidade
Antes de vir a faltar, o padre Vecchi, na carta de convocação
do CG25, acreditava que a vida de comunidade fosse não só um tema
a estudar, mas, sobretudo, um elemento de mudança e renovação da
vida da Congregação. Estava convencido de que se fôssemos capazes
de criar comunidades ricas e fascinantes do ponto de vista humano,
animadas ao mesmo tempo por uma grande tensão espiritual, a ponto
de nos lançar novamente entre os jovens como seus companheiros de
caminhada, a Congregação se renovaria profundamente.
A vida em comum não encontra maior segurança apenas na sua
consistência quantitativa, o que não é indiferente, mas fundamenta-se
principalmente na capacidade ou não de criar relações interpessoais
profundas. O grande desafio é justamente passar da vida comunitária
82

9.3 Page 83

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à comunhão de vida. Às vezes, a vida de comunidade arrisca-se a
degradar-se numa espécie de comunitarismo; de fato, viver reunidos
nos mesmos ambientes, unidos nos tempos de oração e nos lugares de
trabalho não comporta necessariamente compartilhar o que se sente,
o que se pensa e se quer, o que nos faz realmente companheiros de
estrada; viver em comum não é de per se compartilhar um projeto
carismático, uma missão apostólica.
No Conselho Geral, nós nos esforçamos para renovar as
comunidades, procurando superiores, inspetores e diretores, que
fossem realmente a alma de suas comunidades (inspetoriais ou locais)
e fossem, antes de tudo, pessoas com uma tríplice concentração.
Primeiramente, a concentração carismática no sentido de que
o superior deve ser o ponto de referência em relação à identidade
salesiana. O seu exercício de autoridade, que se transmite através da
presença paterna e benévola entre os irmãos, promove a criação da
‘cultura salesiana’: boas-noites, seleção de leituras, tipo de retiros que
se fazem, acompanhamento espiritual que se oferece aos irmãos.
Um segundo aspecto, para o diretor ou o Inspetor, é representar
a especial concentração de fraternidade. Devemos escolher e formar
superiores com verdadeira paternidade espiritual, que tenham a
capacidade de criar clima de fraternidade, espírito autêntico de família,
que estejam sempre dispostos a acolher e acompanhar os irmãos.
A terceira dimensão é a concentração pastoral. Esperamos ter
superiores capazes de serem realmente a alma e o coração do projeto
pastoral, sobretudo num momento como este, em que há uma grande
participação da missão e dos encargos importantes com os leigos.
Para isso, é necessário dedicar-se totalmente, alma e corpo. Não
é possível realizar part time as funções que nos são confiadas, menos
ainda as que se referem ao exercício da autoridade.
Os jovens
Quando ouvimos o Papa Francisco dizer que “não podemos
manter as portas fechadas, que devemos abrir as portas e mantê-las
abertas, sair para a estrada”; que ele prefere “uma Igreja acidentada na
83

9.4 Page 84

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estrada a uma Igreja que morre de asfixia”, sinto-me confirmado numa
convicção profunda que tenho exprimido há tempo: se não formos ao
encontro dos jovens – especialmente daqueles que não vêm até nós
–, se nos contentarmos com os milhares de jovens que frequentam
nossas obras e, apesar disso, pensarmos conhecer e servir os jovens,
estamos redondamente errados. O grande desafio atual é, de fato, como
alcançar os jovens mais distantes e em maiores dificuldades, como
chegar realmente ao mundo deles, como entender a cultura deles, a
sua linguagem, as suas carências, as suas expectativas. Permanecendo
fechados em nossas obras, o risco é pensar que estamos vivos
pastoralmente, enquanto estamos morrendo de asfixia. Os jovens, in
primis aqueles que não nos buscam e vagam sem bússola pela vida,
são a nossa pátria, a nossa missão.
Pessoalmente, gostaria de dizer-vos que um dos grandes dons
que o Senhor me concedeu, foi o de ser chamado a viver entre os
jovens, a amar os jovens. Vo-lo confesso! Não posso entender a
minha vida, o meu ministério sem pensar nos jovens! Para mim, eles
nunca foram um passatempo, uma fase da história da vida salesiana,
como quando era tirocinante; ou melhor, foi justamente ali, durante o
tirocínio, que comecei a entender que era para eles que o Senhor me
chamava a gastar a minha vida.
Os jovens tornaram-se um enorme desafio para nós. O grave
risco que corremos e, ao mesmo tempo, a grande tentação pela qual
podemos ser subjugados, é o de sermos administradores de obras,
deixando de ser pastores-educadores dos jovens. A isso nos pode levar
a idade ou uma cultura salesiana não correta ou também uma maneira
limitada de entender a missão identificada, muitas vezes, com a gestão
de obras. Se não conseguirmos retornar para o meio deles e trabalhar
não só para eles, mas também com eles, realmente não conseguiremos
conhecê-los, entendê-los e, sobretudo – o que é mais trágico – amá-los.
“Basta que sejais jovens para que eu vos ame muito”. O grito de Dom
Bosco não pode ser sufocado. Ele deve ser transmitido continuamente
pela nossa vida.
Quando o Papa afirma que o pastor deve ter o cheiro das
ovelhas, recorda-nos a nossa experiência salesiana, aquela que todos
nós fizemos quando vivíamos entre os jovens, brincando com eles e
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9.5 Page 85

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suando com eles. É uma expressão muito eloquente, mas, sobretudo
em sintonia com o que Dom Bosco viveu e com o que vivemos muitos
de nós. Na carta de convocação do Capítulo Geral precedente, eu
escrevera que os jovens eram muito sensíveis a três valores particulares
– a liberdade, a vida e a felicidade – que, às vezes, podem ser mal
compreendidos e levar a desvios perigosos. Hoje, não falaria mais de
desafios próprios dos jovens; cheguei à convicção de que para nós o
desafio são os próprios jovens, o seu mundo, a sua cultura.
A vocação e a formação
O terceiro desafio que a Congregação é chamada a enfrentar
é o ponto que se refere à “vocação e formação” dos Salesianos.
Considero este tema de vital importância. Por isso quis fazer dele
objeto da última carta do meu reitorado. Tão estratégica considero a
problemática vocacional e formativa!
Infelizmente são muitíssimos os irmãos, e não só jovens, que
vivem a vida salesiana como se fosse um voluntariado. Começa-se
quando e onde se quer; e ela é interpretada, vivida e abandonada por
que e como se quer. Não se pensa num plano salvífico, numa vontade
de Deus que me envolve de modo tal a fazer-me ver que vale a pena
vivê-lo e torná-lo realidade, dando uma mão – a própria vida – a Deus.
Sem esta perspectiva de fé, com motivação meramente social, vive-se
a vocação como um serviço livre e temporário, numa forma arbitrária,
sem qualquer referência a um projeto definitivo.
Na última visita feita à Inspetoria de Calcutá, tive a
oportunidade de encontrar-me com os Superiores religiosos daquela
região. Comunicando-me com eles, referi-lhes um fato que me
tinha impressionado durante o Simpósio sobre a Vida consagrada,
organizado pela USG e pela UISG, realizado em Roma. Nessa ocasião,
uma teóloga, representante da Ásia Sul, evidenciara um problema
encontrado em seu país. Dizia que “as pessoas, quando querem
resolver suas particulares necessidades sociais, costumam vir até nós,
mas, quando precisam de experiências espirituais, procuram alhures”.
Na mesma circunstância, dialogando com a Superiora Geral das Irmãs
85

9.6 Page 86

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da Caridade fundadas por Madre Teresa, ela me confirmou que, de
fato, é realmente assim. O que está matando o sentido mais profundo
da vida consagrada é o fato de ela ser conhecida e valorizada apenas
pelo serviço social realizado por muitas Congregações. Acontece então
que os consagrados são considerados como social services providers
e nada mais. Esta visão distorcida é, muitas vezes, uma das causas da
diminuição das vocações.
Essa dupla observação ficou muito impressa em meu coração.
Creio que aquilo que continua a ser um grande desafio para todos
nós é a graça de unidade, que harmoniza a nossa entrega a Deus e
o nosso serviço aos irmãos. Vivendo como Dom Bosco, deveríamos
realizar em nós uma esplêndida convergência entre natureza e graça,
vivendo o nosso ser consagrados a Deus e, ao mesmo tempo, entregues
incansavelmente aos destinatários (cf. a apresentação de Dom Bosco
no artigo 21 das Constituições).
Também pretendi reafirmar na última carta circular, que a
nossa vocação é, antes de tudo, uma vocação gratuita de Deus, que
deve ser acolhida cultivando o esforço da formação permanente. Já
é um fato preocupante que muitos dos que batem às nossas portas
para entrar na Congregação não provenham das nossas obras, ou seja,
que não tenham um adequado background salesiano e familiar. Para
muitos irmãos, o carisma não foi assimilado, quase por osmose, desde
a pré-adolescência, como, de fato, costumava acontecer entre nós,
no passado. Mais ainda, não poucos irmãos tiveram, não raramente,
experiências que não os favoreceram na opção de vida salesiana.
Acrescente-se a isso que, nem sempre, quem faz a seleção vocacional
escolha pessoas com uma psicologia proativa, pessoas com iniciativa,
capazes de tomar decisões corajosas e organizar a própria vida ao
redor delas.
Vemo-nos hoje, na formação, a responder à tríplice problemática
que brota da fragilidade psicológica, da inconsistência vocacional e
de certo relativismo ético. Em nosso recente encontro de Superiores
Gerais, o Papa Francisco insistiu na importância da seleção, que deve
ser cuidadosa e responsável. É preciso, disse, não aceitar pessoas
doentes mentalmente ou corrompidas moralmente. As pessoas que
pensam, sobretudo, em si mesmas e não aceitam ser um dom de Deus
para os outros, não servem para a nossa causa.
86

9.7 Page 87

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Nós Salesianos fomos formados prevalentemente, sobretudo,
para criar ambiente comunitário, conduzir e animar grupos de jovens,
mas nem sempre fomos habituados a acompanhar pessoas em seu
itinerário pessoal humano e espiritual. Às vezes, em nossos ambientes
educativos, mas também nas casas de formação, acolhemos meninos
e jovens com backgrounds familiar, social, religioso, salesiano
muito diferentes e, com pouca sabedoria formativa, colocamo-los
todos juntos, ignorando tudo o que viveram anteriormente, para
simplesmente fazerem as mesmas coisas. É evidente que tudo isso não
é formar interiormente uma pessoa, mas conformá-la a um ambiente, a
situações e regras externas. É claro que, se Deus me chama, me chama
não só com o meu temperamento, mas também com a minha história,
com as minhas sensibilidades, com as minhas qualidades, e com um
percurso vital já feito. Formar os nossos jovens e os nossos irmãos,
tendo em conta tudo isso, é muito empenhativo, muito mais difícil.
Insisto, pois, que a formação é um problema nevrálgico e, para atuar
uma formação adequada, precisamos de formadores novos, capazes de
entender, motivar, corrigir, acompanhar, entusiasmar. Põe-se, portanto,
também o tema de preparar novos formadores e requalificar os que já
atuam nessa missão.
Tarefas do Capítulo
Por isso, a Congregação é chamada neste Capítulo, que
representa um momento extraordinário para a preparação espiritual
e carismática da celebração do bicentenário do nascimento de Dom
Bosco, a conhecer sempre mais profundamente o seu Fundador e Pai
e assumir com convicção a sua experiência pedagógica, o seu sistema
preventivo e a fazer própria com convicção a sua espiritualidade
marcada pela caridade educativo-pastoral. A Congregação é chamada
neste Capítulo a renovar-se de tal modo que possa ter o frescor das
suas origens, o impulso missionário da sua adolescência, o dinamismo
da sua juventude, a santidade da sua maturidade.
Precisamos recuperar fecundidade espiritual sendo santos,
enquanto vivemos o dom precioso da nossa vocação salesiana;
fecundidade pastoral enquanto realizamos a missão salesiana em
87

9.8 Page 88

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favor dos jovens; e fecundidade vocacional enquanto ajudamos os
jovens a entender a vida como vocação, descobrir a beleza do “viver
para os outros”, pôr em jogo a própria existência pelas causas que
valem a pena serem assumidas. Acompanhando-os com o mesmo
amor de Dom Bosco e caminhando ao lado deles, queiramos ajudá-los
a amadurecer projetos de vida verdadeira.
A unidade da Congregação não significa, porém, uniformidade.
Os Salesianos, com efeito, são chamados a encarnar e inculturar o
carisma de Dom Bosco em contextos muito diversos do ponto de vista
social, econômico, político, cultural, religioso. É evidente, portanto,
que o Capítulo deva abrir as portas para uma discussão que tenha em
consideração todos estes elementos. Todos são livres de exprimir os
seus pensamentos sobre a missão atual da Congregação e a respeito dos
desafios mais urgentes. Ao mesmo tempo, todas as propostas devem
ser encontradas na linha e no espírito do Evangelho, na fidelidade ao
que nos indicam as Constituições, que são a nossa forma salesiana de
ler e querer viver o Evangelho, e em conformidade com o que constitui
a sadia tradição da Congregação, fruto da sua história.
Leis e tradições, que são puramente acidentais, podem
certamente ser mudadas, mas nem toda mudança significa progresso.
É preciso discernir se essas mudanças contribuem verdadeiramente
para reafirmar a identidade, reforçar a unidade, promover a vitalidade,
a santidade da Congregação. Deve-se evitar, decerto, toda mudança
que não tenha estes processos positivos como critérios.
Isso tudo será possível, se deixarmos que o Espírito Santo
continue a animar e renovar a nossa vida, impulsionar a nossa missão,
tornar fecundas as nossas presenças. Ele transcende qualquer análise
sociológica ou previsão histórica. Supera os escândalos, as políticas
internas, os arrivismos e os problemas sociais que poderiam ocultar o
rosto de Cristo que, contudo, deve brilhar também através das densas
nuvens da complexidade atual.
2.3 Relendo hoje o carisma
A vida consagrada na Europa foi analisada na assembleia da
União dos Superiores Gerais de novembro de 2011 e percebeu-se
88

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uma situação alarmante motivada por alguns fatores determinantes.
Entre estes, o envelhecimento do pessoal, o fluxo vocacional fraco ou
nulo, o desequilíbrio entre pessoal disponível e obras a administrar.
O quadro, embora preocupante, entretanto, não deve ser considerado
desesperador. De fato, sempre são possíveis novos projetos e campos
de missão.
Um dado foi ressaltado: muitos dos institutos de vida religiosa
apostólica foram fundados depois da revolução francesa, em uma
sociedade e para uma sociedade em que tudo estava desagregado do
ponto de vista espiritual e moral. É preciso, porém, que os religiosos
esclareçam os objetivos fundamentais da própria presença no
mundo de hoje,1 fazendo referência aos elementos fundamentais que
caracterizaram o seu surgimento.
Urgência de conhecer as origens
O convite dos Superiores Gerais a olhar para as origens não
era motivado pela nostalgia do passado, mas pela necessidade de
saber como os Fundadores e os Institutos religiosos enfrentaram os
desafios sociais e as necessidades apostólicas do seu tempo e como
lhes responderam. Ao mesmo tempo entendiam perguntar-se como é
possível responder hoje na fidelidade renovada ao carisma original
aos desafios da missão, da educação e da evangelização, num clima
espiritual e cultural muito semelhante (hoje, na Europa, mas com
tendência constante a expandir-se ao mundo todo) ao de então. De
fato, as duas épocas (a dos nossos Santos Fundadores do século 19 e
a nossa) resultam ter um caráter semelhante enquanto deram lugar a
“viradas epocais”.
O convite dos Superiores Gerais parece oportuno e necessário;
é preciso ir às raízes do surgimento de tantas congregações. Elas
apareceram num momento histórico preciso, como resposta do
Espírito a demandas precisas da sociedade e da Igreja. Cabe-nos, hoje,
a tarefa de interrogar-nos para ver como podemos responder em nosso
momento histórico às atuais necessidades dos jovens e às exigências
1 Cf. E. Bianchi, Testimoni, número 14 de 2011.
89

9.10 Page 90

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da sociedade e da Igreja, sem nos reduzirmos, porém, a simples
provedores de serviços sociais. E devemos fazê-lo “investigando
novamente” o carisma das origens para colher a sua atualidade e
capacidade de responder a essas demandas.
Durante este triênio de preparação ao bicentenário do nascimento
de Dom Bosco, mas ainda desde o Capítulo precedente com o seu
apelo a “retornar a Dom Bosco” nós nos perguntamos como ele se
moveu no seu tempo. Ele fundou a Congregação num período em que
já começava a afirmar-se um clima de descristianização. Entretanto,
ele soube encontrar estratégias, modalidades e uma proposta especial
de formação humana e cristã para ir ao encontro dos adolescentes e
jovens que deixavam o campo e iam a Turim sem casa, sem preparação
profissional, sem pontos de referência, vulneráveis à exploração e à
delinquência.
Como outros Fundadores seus contemporâneos, Dom Bosco
sentiu profundamente a urgência e a necessidade da formação das
consciências, primeiramente as das pessoas e das instituições centrais
para a sociedade. Eis, então, a atenção ao mundo juvenil (mediante
a escola e outros ambientes próprios dos jovens), à família (lugar de
convergência de muitos fatores vitais), à catequese (para a formação
cristã não superficial), à pregação (para o anúncio atualizado da
Palavra de Deus). São todos setores de apostolado que ele nos deixou
em herança. São âmbitos nos quais nos devemos empenhar com ação
profissional e paixão apostólica.
Hoje, como então, o desafio é o mesmo: reconduzir os valores
do Evangelho, mediante a educação, à vida moral, social, cultural,
política, não certamente para recriar uma nova “cristandade” e nem
para recuperar espaços ou privilégios perdidos, mas para contribuir à
formação de uma cultura individual e coletiva que saiba colocar em
primeiro plano as necessidades reais da pessoa humana.
Significado histórico e eclesial de Dom Bosco
No meu modo de ver, contudo, a contribuição original de Dom
Bosco deve ser buscada, antes de nas muitíssimas “obras” e em alguns
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10 Pages 91-100

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10.1 Page 91

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elementos metodológicos relativamente originais, como o famoso
“sistema preventivo de Dom Bosco”:
- na percepção intelectual e emotiva que ele teve do peso
universal, teológico e social do problema da juventude
“abandonada”, isto é, da enorme porção de jovens dos
quais não se ocupava ou se ocupava mal, com soluções não
adequadas;
- na intuição da presença em Turim, antes – na Itália e no
mundo, depois –, de uma forte sensibilidade, no civil e no
“político”, do problema da educação da juventude e da sua
compreensão por intelectuais atentos à situação social e
eclesiásticos abertos a novas respostas e, em geral, por um
grande estrato da opinião pública;
- na ideia de iniciar intervenções obrigatórias em larga escala
no mundo católico e civil, como necessidade primordial
da vida da Igreja e para a mesma sobrevivência da ordem
social;
- e na capacidade de comunicar o seu projeto envolvendo
largas fileiras de colaboradores, benfeitores e admiradores.
Nem político, nem sociólogo, nem sindicalista ante litteram;
simplesmente padre-educador, Dom Bosco partiu da ideia de que
a educação podia muito, em qualquer situação, ser realizada com
o máximo de boa vontade, empenho e capacidade de adaptação.
Empenhou-se em mudar as consciências, formar para a honestidade
humana, para a lealdade cívica e política e, nessa perspectiva, para
“mudar” a sociedade, mediante a educação.
Transformou os valores fortes nos quais acreditava – e que
defendeu contra todos – em fatos sociais, em gestos concretos, sem
dobrar-se à dimensão espiritual ou ao âmbito eclesial entendido como
espaço alheio aos problemas do mundo e da vida. Antes, forte de sua
vocação de sacerdote educador, cultivou um estilo de vida cotidiano
que não era ausência de horizontes, mas dimensão encarnada do valor
e do ideal. Não queria que fosse um nicho protetor e uma renúncia
ao enfrentamento aberto, mas um sincero confrontar-se com uma
realidade mais ampla e diversificada. Suas opções não eram no sentido
91

10.2 Page 92

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de recusar toda tensão, todo sacrifício exigente, todo risco, toda luta.
Teve para si e para os salesianos a liberdade e a altivez da autonomia.
Não quis ligar a sorte da sua obra à imprevisível alternância dos
regimes políticos. A glória de Deus e a salvação das almas eram seu
único projeto.
3. O Capítulo Geral
Quis colocar a citação da carta aos Colossenses no início deste
discurso de abertura porque me parece expressar muito bem o que
somos chamados a fazer neste Capítulo Geral.
Com efeito, mediante uma acalorada parênese, Paulo nos diz
que devemos viver em Cristo, permanecendo fiéis ao Evangelho contra
qualquer falsa teoria. Se a exortação a “caminhar no Senhor” é apelo
a uma vida que corresponda à vocação que recebemos, a expressão
“bem enraizados e fundados nele, inabaláveis na fé”, que se serve de
imagens tomadas da natureza (‘raiz’) e da edilícia (‘fundamento’), está
a reafirmar a exigência absoluta da íntima ligação com Cristo. O termo
da comparação “em que fostes instruídos”, em paralelo com o “como
o recebestes”, exprime a ligação com o que é essencial e perene, não
dependendo das sensibilidades culturais.
Sendo verdade que todo Capítulo Geral é um acontecimento que
supera na substância a simples realização formal do que é prescrito
pelas Constituições, com maior razão, acredito que deva sê-lo o
CG27. Ele será um evento pentecostal, que terá o Espírito Santo
como principal protagonista. Por isso, será realizado entre memória
e profecia, entre gratidão fiel às origens e abertura incondicional à
novidade de Deus. E todos nós seremos sujeitos ativos, com as nossas
responsabilidades e expectativas, ricos de experiência, disponíveis
à escuta, ao discernimento, à acolhida da vontade de Deus sobre a
Congregação.
Deste ponto de vista, o CG27 tem em mira algo de novo e
inédito. Impele-nos a urgência da radicalidade evangélica. Somos
chamados a retornar ao essencial, a ser uma Congregação pobre para
os pobres e a reencontrar inspiração na mesma paixão apostólica
92

10.3 Page 93

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de Dom Bosco. Somos convidados a beber nas fontes originais do
carisma e, ao mesmo tempo, abrir-nos com audácia e criatividade a
modalidades novas para exprimi-lo hoje.
Para nós, é como descobrir novas facetas de um mesmo
diamante, o nosso carisma, que nos permite responder melhor às
situações dos jovens, compreender e servir às suas novas pobrezas,
oferecer novas oportunidades para o seu desenvolvimento humano e a
sua educação, para o seu itinerário de fé e a sua plenitude de vida.
3.1 Atitudes de participação
Como viver então a experiência capitular de forma construtiva?
Que tipo de empenho assumir da parte de cada capitular? Com quais
atitudes participar do Capítulo Geral?
A consciência de sermos convocados por Deus desperta em nós
o espírito profético, que comporta o sentido de dependência d’Ele e
a aceitação profunda da missão que Ele nos confia. O que exige de
nós deixar ao Espírito Santo o protagonismo para que seja Ele a
fazer-nos conhecer a vontade de Deus, o que lhe é bom e agradável.
De nós se pede uma escuta contínua, humilde, obediente, em atitude
de discernimento e de confronto sobre a vida da Congregação e o
nosso carisma, que é um grande dom de Deus à Igreja e aos jovens.
O CG27 propõe-nos o envolvimento total das nossas
pessoas. Somos todos chamados a viver este acontecimento com
responsabilidade, perceber a sua importância vital e reavivar todos
os dias o interesse e a disponibilidade ao caminho que o Espírito nos
leva a trilhar.
O discernimento à luz do que o Espírito nos vai querer revelar,
exige da assembleia e de cada capitular em particular reflexão séria,
oração serena e profunda, contribuição pessoal, consciência da própria
adesão, escuta de Deus e de si mesmo.
Estou certo de que os dias vividos nos Becchi e em Turim,
os Exercícios Espirituais e também os dois dias de apresentação
da Congregação através do relatório dos Setores e das Regiões
contribuíram para criar este clima espiritual.
93

10.4 Page 94

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O Espírito age, sopra o seu hálito de vida e derrama as suas
chamas de fogo onde há uma comunidade reunida no nome de Cristo
e unida pelo amor. É a comunhão dos corações que nos convoca ao
redor do mesmo projeto apostólico, o de Dom Bosco, e torna possível
a unidade na pluralidade dos contextos, das culturas, das línguas.
É o Espírito que nos faz ouvir a voz de Deus na história. E
hoje a situação do mundo e da Igreja pede-nos para caminhar com o
Deus da história. A vocação cristã, em geral, e a vocação religiosa, em
particular, são marcadas pela dimensão profética, que nos leva a ser
‘sentinelas’ do mundo e ‘sensores da história’, capazes de ler os sinais
dos tempos e dar vida a novos sinais e dinamismos transformadores
da história, o que tem a ver com a nossa identidade, credibilidade e
visibilidade.
A abertura às demandas, às provocações, aos estímulos e aos
desafios do homem moderno, em nosso caso, dos jovens, liberta-nos de
toda forma de esclerose, de atonia, de bloqueio, de emburguesamento
e coloca-nos em caminho “no passo de Deus”. Só assim poderemos
superar o risco – nada imaginário – da ‘mundanidade espiritual’, da
autorreferência e do narcisismo teológico, estigmatizados pelo Papa
Francisco desde o início de seu pontificado.
Elemento típico de Dom Bosco e da Congregação sempre foi
a sensibilidade histórica e, hoje, mais do que nunca, não podemos
descuidar dela. Ela nos tornará atentos às demandas da Igreja e do
mundo. Far-nos-á “caminhar” e “sair” à busca dos jovens. O que deve
traduzir-se num documento capitular essencial, corajoso, capaz de
encher de fogo o coração dos irmãos. Eis porque é importante a leitura
dos “sinais dos tempos”, alguns dos quais eu quis indicar com a carta
de convocação do CG27 nos ACG 413.
Não se pode ser ‘testemunhas da radicalidade evangélica’ sem
viver fundados em Cristo. Esta é a única garantia segura de construir
sobre a rocha. Entre as numerosas tentativas de renovar a vida
consagrada nos últimos 50 anos, falou-se de ‘refundação’. Pois bem,
adverte-nos São Paulo: “Cada um esteja atento em como constrói. De
fato ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está ali, que
é Jesus Cristo” (1Cor 3,10b-11).
94

10.5 Page 95

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A explicação é muito simples: a nossa comunidade e a nossa
vida não podem ser edificadas sobre outro fundamento diferente
de Cristo, nem se pode construí-las com material de má qualidade.
Muitas experiências convalidam a suspeita de que, por vezes, cá e
acolá, desejou-se construir a casa sobre a areia, e não sobre a rocha.
Destina-se à falência toda tentativa de refundar a vida consagrada que
não nos leve novamente a Jesus Cristo, fundamento da nossa vida, e
não nos torne mais fiéis a Dom Bosco, nosso fundador.
Se quisermos recuperar o entusiasmo das origens e sermos
presença de Deus na Igreja e no mundo, deveremos evitar a tentação de
nos conformarmos à mentalidade secularizada, hedonista e consumista
deste mundo e deixar-nos guiar pelo Espírito, que fez surgir a Vida
consagrada como forma privilegiada de sequela e imitação de Cristo.
3.2 O tema
O tema escolhido para o CG27 refere-se ao testemunho
da radicalidade evangélica, que encontra no lema “trabalho e
temperança” (cf. Const. 18) uma explicitação do programa de vida
de Dom Bosco: “Da mihi animas, cetera tolle”. Ele quer ajudar-nos
a aprofundar a nossa identidade carismática, tornando-nos cientes da
nossa vocação de viver em fidelidade o projeto apostólico de Dom
Bosco.
O argumento é vasto. Por isso, quisemos focalizar a atenção do
CG27 ao redor de quatro áreas temáticas: viver na graça de unidade e
na alegria à nossa vocação consagrada salesiana, que é dom de Deus
e projeto pessoal de vida; fazer uma intensa experiência espiritual,
assumindo o modo de ser e agir de Jesus obediente, pobre e casto,
e servos buscadores de Deus; construir a fraternidade em nossas
comunidades de vida e ação; dedicar-nos generosamente à missão,
caminhando com os jovens para dar esperança ao mundo.
Ser “testemunhas da radicalidade evangélica” é um apelo
dirigido a toda a Congregação, que encontra sua tradução salesiana
no binômio “trabalho e temperança”. A primeira parte do conhecido
sonho dos ‘dez diamantes’ apresenta-nos o salesiano ‘sicut esse debet’,
95

10.6 Page 96

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caracterizado por uma intensa fisionomia teologal – fé, esperança e
caridade –, tonificada pelo trabalho e pela temperança e caracterizada
por uma vida consagrada ao Senhor, encontrando sustento no jejum e
na oração.
A segunda parte do sonho é apresentada como advertência
do que poderia acontecer, caso a nossa vida pessoal, comunitária,
institucional não estivesse à altura do dom da vocação recebida.
A imagem do personagem, desgastada e feia, não poderia ser mais
eloquente. Eis por que fomos aos Becchi e a Valdocco: não pelo gosto
da nostalgia, mas para nutrir a chama do entusiasmo e o empenho de
fidelidade dos primeiros Salesianos.
O tema da radicalidade evangélica pode ser bem ilustrado ao
tomar em consideração a sua perspectiva semântica e etimológica. De
fato, a palavra radicalidade tem a ver com raiz, com enraizamento.
Para compreender melhor as coisas podemos nos servir da imagem da
planta e da semente. Vejamos quais são as características e o valor das
raízes:
- a estabilidade e solidez da planta dizem-nos que uma árvore
sem raiz, seca ou cai. Nesse sentido, a imagem é análoga –
não igual – à de uma construção sem fundações;
- a vitalidade, porque as substâncias que nutrem uma planta
provêm, sobretudo, das raízes, embora evidentemente não
só, porque também há o ar, o sol etc.;
- o caráter de “enterramento”, ou seja, o seu lugar natural é
debaixo da terra, elas estão “escondidas”.
Neste sentido, o título do nosso tema, “testemunhas da
radicalidade evangélica”, exprime em si mesmo um paradoxo
interessante. De um lado, de fato, a palavra testemunhas fala-nos de
manifestação pública, portanto de visibilidade, de “sacramentalidade”,
enquanto, paradoxalmente, o termo “radicalidade” alude justamente
ao que não se vê, ao que está escondido, “sepultado”.
Creio que, com frequência, quando se fala de radicalidade,
se entende a partir do conceito semântico da palavra, sublinhando o
significado de incondicionalidade, de fidelidade absoluta, de opção
sem acomodações, de vontade de ser “por inteiro” etc., esquecendo o
significado etimológico mais exato.
96

10.7 Page 97

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Por vezes, há também a tendência de identificar a radicalidade
com a perfeição ou a sua busca, mas não é assim; de uma pequena
planta e, com maior razão, de uma semente apenas plantada na terra
não se esperam frutos, mas que afundem raízes, boas e profundas. A
quem quer entrar na vida salesiana, ou na vida religiosa em geral, não
se pode pedir para já ser “santo” (infelizmente, às vezes, nem depois
de muitos anos de vida consagrada), mas para ser radical em suas
opções de vida.
Creio que isso tenha suas implicações na formação,
primeiramente na etapa da formação inicial, em que eu acentuaria
dois aspectos na linha semântica do conceito de radicalidade. O
primeiro é o da profundidade (típica da raiz) de vida, convidando
os jovens irmãos a remarem contra a corrente, inseridos como estão
numa cultura que acentua mais a extensão superficial do que a
capacidade de colher no profundo o que é verdadeiro, justo, válido
e nobre para a vida de um homem e, muito mais, de um religioso. O
segundo aspecto refere-se a uma virtude muito esquecida no nosso
tempo, talvez porque muitas vezes foi mal-entendida: a humildade.
Sabemos que a raiz desta palavra vem de húmus... Húmus e raiz são
inseparáveis. A humildade não é outra coisa senão a “vida escondida
em Cristo”, da qual, e só da qual, pode brotar a fecundidade (os
frutos) espiritual, apostólica e vocacional.
Radicalidade para todos nós é, portanto, um retorno fecundo
a Cristo, ao Evangelho, à fidelidade da sequela, e é também um
retorno ao específico do nosso carisma. Ir às raízes do surgimento da
Congregação significa agradecer a Deus por Dom Bosco, pelo seu
amadurecimento espiritual e o seu itinerário apostólico; interrogar-nos
sobre o chamado que Deus nos faz no momento atual e responder neste
momento histórico, com fidelidade e generosidade, às necessidades
dos jovens e às demandas da sociedade e da Igreja.
3.3 Objetivo e frutos
O CG27 pretende ajudar cada irmão e cada comunidade a
viver em fidelidade o projeto apostólico de Dom Bosco. O CG27
deseja, portanto, em continuidade com o CG26, fortalecer ainda
97

10.8 Page 98

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mais a nossa identidade carismática. Tal objetivo é apresentado nos
artigos iniciais das Constituições: nós salesianos somos chamados
a “realizar numa forma específica de vida religiosa o projeto
apostólico do fundador” (Const. 2); além disso, em nossa forma
específica de vida, “missão apostólica, comunidade fraterna e prática
dos conselhos evangélicos são elementos inseparáveis da nossa
consagração, vividos num único movimento de caridade para com
Deus e para com os irmãos” (Const. 3).
Como frutos do CG27, esperamos tornar a nossa vida salesiana
ainda mais autêntica e, por isso, visível, crível e fecunda. Isso é
possível quando ela se fundamenta profunda e vitalmente em Deus,
se enraíza com coragem e convicção em Cristo e no seu Evangelho. A
consequência lógica é o reforçamento da sua identidade. Pelo mesmo
motivo, durante o sexênio passado, nós nos esforçamos para retornar
a Dom Bosco, despertando o coração de cada irmão com a paixão do
Da mihi animas, cetera tolle”.
Viver com fidelidade o projeto apostólico de Dom Bosco, ou
seja, viver a nossa identidade carismática haverá de nos tornar mais
autênticos; da identidade vivida nascerá, depois, uma visibilidade
mais clara, uma credibilidade mais convincente e uma fecundidade
vocacional renovada. Visibilidade não é principalmente a preocupação
com a imagem, mas o belo testemunho da nossa vocação. Se
testemunharmos com alegria, generosidade e fidelidade o projeto
apostólico de Dom Bosco, isto é, a vocação consagrada salesiana,
então a nossa vida será atraente, será fascinante especialmente para os
jovens e, então, teremos uma nova fecundidade vocacional em todos
os lugares.
4. Conclusão
Caríssimos Irmãos Capitulares, em 25 de março de 2008, o
CG26 reelegeu-me Reitor-Mor e, nos dias sucessivos, foram eleitos o
Vigário e demais Conselheiros de Setor e de Região com a missão de
animar e governar a Congregação no sexênio 2008-2014. Durante estes
seis anos procuramos viver essa missão com intensidade investindo as
nossas melhores energias.
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Graças a Deus, neste sexênio, não tivermos a morte de nenhum
membro do Conselho Geral e eu mesmo, superado o momento mais
crítico da doença, fui agraciado e abençoado pelo Senhor que me deu
a saúde necessária, a energia, o entusiasmo e a serenidade para levar o
mandato que me foi confiado até o seu fim natural.
Contudo, não faltaram situações que nos levaram a mudanças
necessárias na composição do Conselho. Primeiramente, um sério
problema cardiológico levou o padre Stefan Turansky à decisão de
apresentar sua renúncia do encargo de Regional da Região Europa
Norte, em 21 de julho de 2010. Para substituí-lo, com o consenso do
Conselho Geral, nomeei, seis dias depois, em 27 de julho de 2010, o
padre Marek Chrzan, então Inspetor da Inspetoria de Cracóvia.
Apenas seis meses depois, em 26 de janeiro de 2011, o
Ecônomo Geral, Sr. Claudio Marangio, deixou o seu cargo para
iniciar um período de discernimento acompanhado por mim mesmo,
que se concluiu em 10 de outubro de 2011 com o indulto de deixar a
Congregação Salesiana, com a dispensa dos votos e das obrigações
da profissão religiosa. Novamente, com o consenso do Conselho
Geral, em 25 de janeiro de 2011, nomeei o Sr. Jean Paul Muller, então
Diretor da Procuradoria de Bonn, como novo Ecônomo Geral. Nos
dois casos, fizemos a escolha daqueles que já tinham sido indicados
como candidatos para estes encargos no CG26.
Enquanto agradeço a cada um dos Conselheiros pela proximidade
e colaboração leal, generosa e qualificada nos diversos papéis a eles
confiados, é agora o momento de dar novamente voz à Assembleia
Capitular, que representa a máxima expressão de autoridade na vida
da Congregação. A todos vós, caríssimos irmãos, portanto, a palavra,
mas também o convite a abrir o coração ao Espírito, o grande Mestre
interior que nos guia sempre para a verdade e a plenitude de vida.
Concluo confiando este acontecimento pentecostal da nossa
Congregação a Nossa Senhora, a Maria Imaculada Auxiliadora.
Ela sempre esteve presente na nossa história e não nos fará faltar a
sua presença e o seu auxílio nesta hora. Como no Cenáculo, Maria,
a especialista do Espírito, haverá de nos ensinar a deixar-nos guiar
por Ele “para poder discernir a vontade de Deus, o que é bom, a Ele
agradável e perfeito” (Rm 12,12b).
Roma, 3 de março de 2014
99

10.10 Page 100

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Anexo 2
Discurso de João Braz Card. de Aviz,
Prefeito da Congregação
para os Institutos de Vida
Consagrada
e as Sociedades de Vida Apostólica
O testemunho da radicalidade evangélica na vida consagrada
Apresento uma saudação cordialíssima – também em nome de
S. Ex.cia D. José Carballo e do Dicastério – aos Cardeais e Bispos
salesianos, ao Reitor-Mor P. Pascual Chávez, à Madre Yvonne
Rengouat, Superiora Geral das Filhas de Maria Auxiliadora, e a todos
os Salesianos Capitulares.
Introdução
Na carta de convocação deste XXVII Capítulo Geral, o Reitor-
-Mor P. Pascual Chávez perguntou-se: “Qual vida consagrada será
necessária e significativa para o mundo de hoje?”. E continuou: “A
resposta não pode ser senão a de uma vida religiosa mística, profética,
serva, com radicalidade evangélica tanto pessoal quanto comunitária,
uma vida, por isso mesmo, rica de humanidade e de espiritualidade,
fonte de esperança para a humanidade. Também a nossa Congregação
é chamada hoje a colocar-se nessa estrada”.1 Parece-me ser a tradução
atual do programa de vida de Dom Bosco: “da mihi animas, cetera
tolle” (cf. Const. 4).
Ele explicou assim os três adjetivos: “mística, profética, serva”
em outro ponto da carta: “Centrar a nossa vida em Deus, o único
1 P. Chávez, Carta de convocação do Capítulo Geral XXVII, 8 de abril de 2012,
ACG 413, p. 35.
100

11 Pages 101-110

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Absoluto, que nos chama e nos convida a seguir o seu Filho na entrega
da vida por amor; viver a profecia da comunhão e da fraternidade;
redescobrir a missão entre os jovens como lugar por excelência do
encontro com Deus que continua a nos falar”.2
Entre os muitos aspectos nos quais somos chamados a exprimir
o nosso testemunho radical do Evangelho, e que o P. Chávez sintetizou
nos três modos recordados acima, ponho aqui em evidência apenas
um, que me parece mais decisivo no contexto eclesial e social de
hoje, para que a nossa vida de consagrados seja autêntica e se torne
realmente testemunho crível da nossa opção por Deus e da vitalidade
do Evangelho também para o nosso tempo: viver a profecia da
comunhão e da fraternidade. É daqui que pode derivar novo arrojo na
recuperação da beleza da nossa opção de vida a serviço do Evangelho
e novo estímulo na atuação da missão que – especificamente para vós
Salesianos – é levar aos jovens o amor de Deus, como dizem desde o
início as vossas Constituições (cf. Const. 2).
Seguir a Cristo em comunhão
Também para vós Salesianos, como para todos os consagrados,
os elementos fundamentais da vossa identidade são a escolha de Deus
expressa na prática dos conselhos evangélicos, a vida fraterna em
comunidade e a missão, como bem resume o artigo 3 das Constituições:
“Missão apostólica, comunidade fraterna e prática dos conselhos
evangélicos são elementos inseparáveis da nossa consagração, vividos
num único movimento de caridade para com Deus e para com os
irmãos”.
Como já tive a oportunidade de dizer outras vezes, parece-
-me que um elemento de novidade para os consagrados, que se
manifesta como necessário na cultura atual é a passagem da sequela
Christi individual, que continua sempre necessária, à sequela Christi
comunitária. Alguém, parafraseando a imagem de Santa Teresa
D’Ávila, escreveu que hoje devemos empenhar-nos em construir além
do “castelo interior”, isto é, a relação pessoal com Deus, também o
2 Idem, p. 10.
101

11.2 Page 102

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“castelo exterior”: ir a Deus com os irmãos e as irmãs. Isso, certamente,
vale não só para os consagrados, mas para todos os batizados na Igreja,
para todos os cristãos. Mas, para nós consagrados, isso deveria valer
de maneira especial. A Igreja, de fato, confia-nos justamente como
tarefa específica ser até mesmo de exemplo para os demais cristãos
sobre como é possível viver a opção radical de Deus e do Evangelho
não só como indivíduos, mas em comunhão: comunhão com Deus e
comunhão entre nós.
No documento Religiosos e promoção humana, da Congregação
para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica,
os religiosos foram definidos como “especialistas de comunhão”.
Lemos no n. 24: “Versados em ‘comunhão’, os religiosos são, portanto
chamados a ser, na Igreja, comunidade eclesial e, no mundo, testemunhas
e artífices daquele ‘projeto de comunhão’ que está no vértice da história
do homem segundo Deus. Antes de tudo, com a profissão dos conselhos
evangélicos, que liberta de todo impedimento o fervor da caridade,
eles tornam-se comunitariamente sinal profético da íntima comunhão
com Deus sumamente amado. Além disso, pela experiência cotidiana
da comunhão de vida, de oração e de apostolado, como componente
essencial e distintivo da sua forma de vida consagrada, fazem-se ‘sinal
de comunhão fraterna’. Testemunham, de fato – num mundo muitas
vezes tão profundamente dividido, e diante de todos os seus irmãos na
fé – a capacidade de comunhão dos bens, do afeto fraterno, do projeto
de vida e de atividade, que lhes provém de terem escutado o convite a
seguir mais livremente e mais de perto Cristo Senhor, enviado pelo Pai
para que, primogênito entre muitos irmãos, instituísse, no dom do Seu
Espírito, uma nova comunhão fraterna”.3
Um novo paradigma – a espiritualidade de comunhão
Estamos hoje num novo momento da história da humanidade
e da vida da Igreja, marcado por fenômenos como o secularismo, a
globalização, o refugiar-se no privado, e outros ainda, que tendem
a levar a humanidade a novas escolhas de sentido para a vida. O
3 Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida
apostólica, Religiosos e promoção humana, 25 de abril de 1978, n. 24.
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novo milênio que agora vivemos, comporta também para a Igreja a
necessidade de tomar consciência desta mudança e atuar os valores
evangélicos neste novo momento para abrir horizontes de vida e de
esperança para a humanidade.
A proposta mais significativa, para nós cristãos, parece-me ser
a que veio em 2001 pelo Bem-aventurado Papa João Paulo II que,
ao introduzir a Igreja no novo milênio, indicou a promoção de uma
espiritualidade de comunhão como novo paradigma para a vida da
Igreja e princípio educativo em todos os lugares onde se plasmam
o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os
consagrados, os agentes de pastoral, onde se constroem as famílias e
as comunidades.4
Não podemos entender nem atuar as relações entre consagrados
e com as demais vocações na Igreja como comunhão, missão e
serviço, sem viver cientes e decididos no assumir este princípio vital
da espiritualidade de comunhão. É a nota teológica e eclesiológica
indispensável do momento atual, que diz o que o Espírito Santo pede
hoje à Igreja para dar novo impulso à missão evangelizadora. “Fazer
da Igreja casa e escola de comunhão: eis o grande desafio que está
diante de nós no milênio que se inicia, se quisermos ser fiéis ao plano
de Deus e responder também às profundas expectativas do mundo”.
A espiritualidade da comunhão proposta pelo Bem-aventurado
João Paulo II não se reduz certamente a um fato intimista. Depois de
nos ter recordado que a sua fonte está na mesma vida de Deus Trindade,
são enunciadas algumas consequências muito concretas, que têm a
ver diretamente com a vida das nossas comunidades de consagrados:
“Espiritualidade da comunhão significa também a capacidade de sentir
o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como
‘alguém que faz parte de mim’, para saber partilhar as suas alegrias e
os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas
necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade.
Espiritualidade da comunhão é ainda a capacidade de ver antes de tudo
o que há de positivo no outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom
de Deus: um ‘dom para mim’, como o é para o irmão que diretamente
4 Cf. João Paulo II, Carta apostólica Novo millennio ineunte, 6 de janeiro de 2001,
n. 43.
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o recebeu. Por fim, espiritualidade da comunhão é saber ‘criar espaço’
para o irmão, levando ‘os fardos uns dos outros’ (Gl 6,2) e rejeitando
as tentações egoístas que sempre nos insidiam e geram competição,
arrivismo, suspeitas, ciúmes. Não haja ilusões! Sem esta caminhada
espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores da comunhão.
Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão,
do que como vias para a sua expressão e crescimento”.5
Se toda a Igreja deve viver esta orientação do Beato João Paulo
II, os consagrados são como que os seus “especialistas”, porque
esta é a essência da sua opção de vida: a união com Deus e a união
entre si na vida fraterna. Por isso, a Igreja confia à comunidade dos
consagrados a missão peculiar de “fazerem crescer a espiritualidade
da comunhão, primeiro no seu seio e depois na própria comunidade
eclesial e para além dos seus confins”.6 Podemos bem compreender
que também o viver juntos em comunidade, como é próprio dos
consagrados, mesmo quando a convivência fosse bem estruturada e
com os mais belos programas, se não for informada em profundidade
por este espírito de comunhão, reduz-se a mero fato sociológico.
Para dizer com as palavras do P. Chávez: “Uma comunidade sem
comunhão, com tudo o que isso comporta de acolhida, afeto e estima,
ajuda recíproca e amor, reduz-se a um grupo no qual as pessoas
se justapõem, deixando-as, porém, no isolamento”.7 E isto pode
acontecer também onde, ao contrário, deveria mostrar-se evidente
o “espírito de família” que vos pertence como carisma, segundo a
expressão cara a Dom Bosco.
“Assim na terra como no céu” – o modelo é a Trindade
Entre as múltiplas imagens com que se pode descrever a Igreja (e
a Lumen Gentium enumera brevemente algumas delas: redil, rebanho,
campo de Deus, edifício, família, templo, esposa, corpo; todas tiradas
5 Idem, n. 43.
6 João Paulo II, Exortação apostólica pós-sinodal Vita consecrata, 25 de março de
1996, n. 51.
7 P. Chávez, Carta de convocação do Capítulo Geral XXVII, 8 de abril de 2012, p.
30.
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11.5 Page 105

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da Sagrada Escritura), o Concílio deu preferência à de povo de Deus
(LG dedicou-lhe um capítulo inteiro, o II). Este povo tem por cabeça
Cristo, por lei o novo preceito do amor na medida do seu, e é “para
toda a humanidade o germe mais forte de unidade, de esperança e de
salvação” (LG n. 9). Fonte e modelo da comunhão entre aqueles que
formam este único povo é a Trindade, a ponto de se poder definir a
Igreja como “um povo que deriva a sua unidade da unidade do Pai, do
Filho e do Espírito Santo” (LG n. 4), segundo a célebre expressão de
São Cipriano. Segue-se daí que a tarefa da Igreja na história é ajudar
os homens a viverem a comunhão com Deus e entre si que Jesus já
realizou definitivamente com a sua morte e ressurreição, mas que
agora deve informar progressivamente a vida dos crentes e, depois,
de todos os homens, para que se realize aquele “assim na terra como
no céu” que pedimos todos os dias na oração do Pater, até que “todos
sejam um” (Jo 17,20).
Assim como o emigrante que, quando deixa a sua pátria para
ir a um país distante, leva consigo os costumes, a língua, o modo de
viver da sua terra de origem, também Jesus – divino emigrante – vindo
à terra trouxe para nós o modo de viver da sua pátria de origem, a
Trindade. Não só no-la deu a conhecer, mas ensinou-nos a viver do
mesmo modo entre nós. Por isso, gosto de interpretar o versículo do
“Pai-nosso”: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”,
neste modo: ajudai-nos a viver aqui na terra como se vive no céu,
atuando entre nós a mesma dinâmica de relações que se vivem na
Trindade.
A vida consagrada, sendo parte viva da Igreja, participa com
título especial da única comunhão eclesial e expressa-a de maneira
significativa e característica, propondo-se por isso como lugar
privilegiado de experiência e testemunho da vida da Trindade.
“Qualquer forma de comunidade na Igreja, com efeito, busca a
profundidade do próprio ser da comunidade trinitária, através da
comunicação que a Trindade faz de si mesma e do mistério da
própria unidade (...). A dimensão trinitária, de fato, envolve a vida
consagrada em todas as suas dimensões de consagração, comunhão,
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missão”.8 Embora na variedade das inspirações e das formas com que
se expressou historicamente, a vida consagrada sempre esteve ciente
de precisar olhar não só para o exemplo de comunhão indicado nos
Atos dos Apóstolos entre a primitiva comunidade cristã de Jerusalém,
onde todos eram “um só coração e uma só alma” (At 4,32), mas ainda
mais radicalmente no seu modelo original, no protótipo de comunhão
das três divinas pessoas na Trindade.
Certamente, nem sempre esta referência normativa à comunhão
trinitária foi explícita nos fundadores e fundadoras. Mas, em diversas
regras e nos escritos de diversos deles é possível encontrar esta
inspiração de fundo. Alguém que se exprime com extrema precisão é
São Vicente de Paulo, escrevendo às Filhas da Caridade fundadas por
ele: “Do mesmo modo com que Deus é um só em si mesmo, e nele
há três Pessoas, sem que o Pai seja maior do que o Filho, nem o Filho
do Espírito Santo, assim também é preciso que as Filhas da Caridade,
que devem ser a imagem da Santíssima Trindade, embora muitas
sejam, contudo, um só coração e uma só alma (...). Assim fareis desta
Companhia uma reprodução da Santíssima Trindade. De tal modo que
a vossa Companhia representará a unidade da Santíssima Trindade”.9
É belo que também as vossas Constituições contenham uma
referência explícita a este altíssimo modelo normativo da nossa vida
que é a unidade das três Pessoas na Trindade. De fato, explicando
o valor do viver e trabalhar juntos, diz-se: “nos reunimos em
comunidades, nas quais nos amamos a ponto de tudo compartilhar
em espírito de família e construímos a comunhão das pessoas. Na
comunidade reflete-se o mistério da Trindade; nela encontramos uma
resposta às aspirações profundas do coração e nos tornamos sinais de
amor e unidade para os jovens” (Const. 49). Eis, portanto, como a vida
comunitária vivida segundo o modelo de amor da Trindade, torna-se a
fonte da alegria e da autorrealização de cada um, e nos torna capazes
de realizar a missão apostólica em favor dos jovens.
É preciso esclarecer que a vida de comunhão de marca trinitária
que constitui a identidade e a missão da Igreja por primeiro, e depois
8 F. Ciardi, Koinonia. Itinerario teologico-spirituale della comunità religiosa. Città
Nuova, Roma, 1992, p. 206-207.
9 Citado em: F. Ciardi, Esperti di comunione. Pretesa e realtà della vita religiosa.
San Paolo, Cinisello B. (Milão), 1999, p. 113.
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da vida consagrada, é antes de tudo um dom; caso contrário seria uma
pretensão sobre-humana e seria um ideal impossível de alcançar. Para
a Exortação apostólica pós-sinodal Christifideles Laici n. 31, o dom da
comunhão eclesial é “reflexo no tempo da eterna e inefável comunhão
de amor de Deus Uno e Trino”; sendo um dom, é comparado ao talento
que “exige ser movimentado numa vida de crescente comunhão”. Por
sua vez, “a comunhão gera comunhão”10 e alarga-se como em círculos
concêntricos no interior da Igreja, com os cristãos de outras confissões,
com os fiéis de outras religiões e com toda a humanidade. É o que torna
crível o testemunho dos cristãos e a própria Igreja: “Assim, a vida de
comunhão eclesial torna-se um sinal para o mundo e uma força de
atração que leva à fé em Cristo: ‘Como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu
em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que
Tu me enviaste’ (Jo 17,21)”.11
Aplicado à comunidade religiosa, Vita Consecrata assim o
expressa: ela é o “humano habitado pela Trindade, que difunde assim
na história os dons da comunhão próprios das três Pessoas divinas”.12
Justamente porque se tornaram participantes da vida trinitária, como
de resto todos os batizados, ou melhor, são nela introduzidos, os
consagrados podem depois ser suas testemunhas críveis e proféticas
na Igreja e no mundo, também entre os jovens.
O terceiro preceito do amor – “amai-vos uns aos outros”
O esforço de viver na comunidade relações fraternas segundo
o modelo da comunhão trinitária tornou-se possível porque o mesmo
amor que liga os Três na Trindade foi derramado nos nossos corações
por meio do Espírito Santo (cf. Rm 5,5). Realizando o mandamento
novo que Cristo nos deixou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei” (Jo 13,34-35; 15,12-13.17), vivemos aquele amor recíproco que
é participação e sinal da comunhão existente entre as pessoas divinas
10 João Paulo II, Exortação apostólica pós-sinodal Christifideles Laici, 30 de
dezembro de 1988, n. 32.
11 Idem, n. 31.
12 Vita Consecrata, n. 41.
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da Trindade. De fato, este amor, na medida do vivido por Cristo
(e é a medida da cruz), antes de ser fruto da nossa boa vontade, é
consequência do mesmo amor divino que age em nós. Foi Deus, de
fato, que nos amou por primeiro e sanou, com a redenção, a nossa
capacidade de amar a ele e aos próximos.
Como bem explica o documento A vida fraterna em comunidade:
“Antes de ser uma construção humana, a comunidade religiosa é um
dom do Espírito. De fato, é do amor de Deus difundido nos corações
por meio do Espírito que a comunidade religiosa se origina e por ele
se constrói como uma verdadeira família reunida no nome do Senhor.
Não se pode compreender, portanto, a comunidade religiosa sem partir
do fato de ela ser dom do Alto, de seu mistério e de seu radicar-se no
coração mesmo da Trindade santa e santificante”.13
Naturalmente, do dom da comunhão trinitária, brota a tarefa da
resposta pessoal (a relação com Deus) e da construção cotidiana de uma
verdadeira fraternidade. Esta dupla dimensão de comunhão pessoal
com Deus e de comunhão entre os membros “é o elemento basilar
que constitui a unidade da família religiosa”.14 Se da parte de Deus,
o dom da comunhão é pleno desde o início, da nossa parte, ele deve
ser conquistado e reconquistado a cada dia, ao longo de um itinerário
que requer o esforço de todos e que pode conhecer arrefecimentos de
velocidade e cansaço. A realização de uma vida comunitária fraterna é,
de fato, uma tarefa que exige renúncia de si, aceitação dos limites dos
irmãos, enfim, um caminho corajoso e perseverante de ascese.
Pode ser que este discurso seja um tanto duro para alguns. Só
o podemos compreender e acolher a partir da lógica da cruz, do dom
total de si por amor a Deus e aos irmãos: “Amai-vos como eu vos
amei”. Leio ainda um passo de A vida fraterna em comunidade: “É
necessário admitir que esse assunto causa problema hoje, tanto junto
aos jovens como junto aos adultos. Muitas vezes os jovens provêm
de uma cultura que aprecia excessivamente a subjetividade e a busca
da realização pessoal, enquanto os adultos ou estão ancorados em
estruturas do passado ou vivem certo desencanto (...). É bom preparar
13 Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida
apostólica, A vida fraterna em comunidade, 2 de fevereiro de 1994, n. 8.
14 Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares, Elementos essenciais
do ensinamento da Igreja sobre a vida religiosa, 31 de maio de 1983, n. 18.
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os jovens, desde o início, para serem construtores e não somente
consumidores da comunidade; para serem responsáveis um pelo
crescimento do outro; para estarem abertos e disponíveis a receber um
o dom do outro, capazes de ajudar e ser ajudados, de substituir e ser
substituídos. Uma vida comum, fraterna e partilhada tem um natural
fascínio sobre os jovens, mas depois o perseverar nas reais condições
de vida pode se tornar um pesado fardo”.15
Neste sentido, eu entendo a famosa frase do jovem jesuíta
São João Berchmans (1599-1621): “Vita communis mea maxima
poenitentia”. Talvez tenha sido interpretada muitas vezes apenas em
sentido negativo, evidenciando a dificuldade que representa viver
juntos em comunidade. Na verdade, esta frase indica muito mais.
Para aqueles que são chamados por Deus a seguir a Cristo junto com
outros irmãos ou irmãs numa comunidade religiosa, não é necessário
buscar outras penitências ou formas de ascese para se santificar. As
exigências cotidianas do amor ao irmão, à irmã, com todas as nuanças
que a caridade evangélica exige, são o ginásio onde exercitar a nossa
virtude, o nosso espaço característico para nos santificarmos juntos.
O que comporta, certamente, um aspecto de ascese, de renúncia ao
homem velho, mas é também a nossa grande oportunidade de encontrar
e amar a Deus na concretude do rosto do irmão, da irmã que vive ao
nosso lado. Então, a ascese exigida também pela vida fraterna não é
fim a si mesma, mas floresce depois numa nova experiência do amor
de Deus: é “a ‘mística’ de viver em comum” à qual acena também o
Papa Francisco, que faz da nossa vida “uma santa peregrinação”.16
Do ideal à vida concreta
Um dom altíssimo, portanto, o da comunhão trinitária da qual
somos feitos participantes, mas também uma grande responsabilidade
de fazer frutificar o dom recebido e demonstrar que a vida divina em
cada um dos membros leva a superar as diferenças e os obstáculos
que toda convivência humana comporta. Não queremos nos iludir:
sem perder de vista o modelo humano-divino no qual nos queremos
15 A vida fraterna em comunhão, n. 24.
16 Papa Francisco, Exortação apostólica Evangelii Gaudium, 24 de novembro de
2013, n. 87.
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inspirar, sabemos que precisamos enfrentar todos os dias o limite
humano e com a raiz do pecado e do egoísmo ainda presente em nós.
Somos muito diferentes uns dos outros, com temperamentos, gostos,
histórias que nos distinguem, e isso torna a vida fraterna empenhativa.
Sabemos que também a primeira comunidade de Jerusalém,
descrita idealmente nos assim chamados “sumários” dos Atos (cf.
At 2,42-47; 4,32-35; 5,12-16) e que a vida religiosa sempre olhou
como ao seu paradigma,17 não era destituída de dificuldades e de
aspectos problemáticos. Jesus mesmo, antes de morrer, conhecendo
bem a fragilidade humana, pedira ao Pai, como dom especial do alto
a unidade dos apóstolos e de todos os crentes: “Pai santo, conserva no
teu nome aqueles que me deste, para que sejam uma só coisa (...). Não
peço somente por estes, mas também por aqueles que, pela palavra
deles, acreditarão em mim; para que todos sejam uma só coisa (...)
para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17,11.20-21.23).
É interessante notar, percorrendo as cartas dos apóstolos
endereçadas às primeiras comunidades, nas quais e em muitas
indicações práticas se concretiza o mandamento novo de Jesus do
amor recíproco. Em seu conjunto, estas orientações configuram-se
como verdadeiro “manual” da vida fraterna em comunidade:
- “amai-vos uns aos outros com afeto fraterno, concorrei no
estimar-vos reciprocamente” (Rm 12,10);
- “cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fl
2,3);
- “tende os mesmos sentimentos uns para com os outros” (Rm
12,16);
- “acolhei-vos uns aos outros como Cristo vos acolheu” (Rm
15,7);
- “corrigi-vos uns aos outros” (Rm 15,14);
- “esperai uns pelos outros” (1Cor 11,33);
- “mediante a caridade permanecei a serviço uns dos outros”
(Gl 5,13);
- “confortai-vos reciprocamente” (1Ts 5,11);
- “suportai-vos reciprocamente com amor” (Ef 4,2);
17 Concílio Vaticano II, cf. Perfectae Caritatis, n. 15.
110

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12.1 Page 111

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- “sede bons uns para com os outros, misericordiosos,
perdoando-vos reciprocamente” (Ef 4,32);
- “sem buscar o próprio interesse, mas também o dos outros”
(Fl 2,4);
- “submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5,21);
- “orai uns pelos outros” (Tg 5,16);
- “revesti-vos todos de humildade uns para com os outros”
(1Pd 5,5);
- “amai-vos ardentemente uns aos outros com coração puro”
(1Pd 1,22);
- “fazei tudo sem murmurações e sem críticas” (Fl 2,14).
Encontrei um belo eco destas orientações práticas também no
texto do vosso fundador Dom Bosco: “Em primeiro lugar, exerçamos
a caridade entre nós Salesianos, suportando os defeitos dos outros,
suportando-nos uns aos outros. Animemo-nos para fazer o bem, para
pôr em prática todas as regras, para amar-nos e estimar-nos como
irmãos. Rezemos, para que possamos todos formar um só coração e
uma só alma para amar e servir o Senhor”.18
O amor recíproco entre irmãos na comunidade religiosa
garante ao mesmo tempo a unidade entre os membros sem mortificar
as diferenças e os dons de cada um. Como na Trindade, temos a
perfeita unidade pelo amor divino que circula, mas ao mesmo tempo
os Três não se confundem e agem de maneira distinta um do outro,
de modo que na comunidade o amor recíproco reforça a fraternidade
e a comunhão, garantindo liberdade a cada um segundo o desígnio
de Deus sobre ele. Também esta dinâmica de unidade e distinção,
segundo o modelo das relações entre as três Pessoas, é fruto do respeito
recíproco e do empenho comum para realizar a fraternidade. Para que
a comunidade possa favorecer ao mesmo tempo a realização humana
e espiritual de cada um de seus membros e o alcance comum das
finalidades apostólicas, “é necessário perseguir o justo equilíbrio, nem
sempre fácil de alcançar, entre o respeito à pessoa e o bem comum,
entre as exigências e necessidades de cada um e as da comunidade,
entre os carismas pessoais e o projeto apostólico da comunidade
18 Memorie Biografiche di San Giovanni Bosco, IX, p. 356.
111

12.2 Page 112

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(...). A comunidade religiosa torna-se, então, o lugar onde se aprende
cotidianamente a assumir aquela mentalidade renovada que permite
viver a comunhão fraterna através da riqueza dos diversos dons e, ao
mesmo tempo, impele esses dons a convergir para a fraternidade e
para a corresponsabilidade no projeto apostólico”.19
A presença do Ressuscitado
O fruto mais importante deste estilo de vida comunitária marcado
pela comunhão trinitária e guiado pela lógica da cruz, é a presença
estável e experiencial de Cristo ressuscitado, segundo a sua promessa:
“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei entre
eles” (Mt 18,20; cf. PC 15 a). Estar juntos “em seu nome” significa no
seu amor, na realização da sua vontade, sintetizada no mandamento
que ele mesmo definiu “seu” e “novo”. Então, ele mesmo se torna
presente, de modo místico, mas real, e esta sua presença pode ser
experimentada e quase tocada, especialmente graças aos dons pascais
que o Ressuscitado entre nós não deixará de fazer-nos experimentar: a
paz, a alegria de estar juntos, a luz, o “espírito de família” (segundo a
expressão cara a Dom Bosco), o ardor apostólico.
“A vida de comunidade – anota ainda Vita Consecrata – deve
tornar tangível, de algum modo, que a comunhão fraterna, antes de ser
instrumento para uma determinada missão, é espaço teologal no qual
se pode experimentar a mística presença do Senhor ressuscitado”,20
segundo a promessa de Mt 18,20. Também as vossas Constituições
referem-se àquele versículo do evangelho: “A profissão dos conselhos
ajuda-nos a viver a comunhão com os irmãos da comunidade
religiosa, como numa família que se alegra com a presença do Senhor”
(Const. 61). Em Cristo, também está presente ao mesmo tempo o
Pai e o Espírito: por isso a comunidade unida pelo vínculo do amor
recíproco goza da presença de Deus-Trindade e torna-se seu símbolo e
testemunho.
19 A vida fraterna em comunidade, n. 39.
20 Vita consecrata, n. 42c.
112

12.3 Page 113

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O “espírito de família” de que fala o vosso fundador, e também
as Constituições, é o clima de alegria e de liberdade no qual todos
os membros da comunidade se sentem à vontade, alegram-se com
a presença dos outros, sentem-se acolhidos e compreendidos, veem
valorizados os próprios dotes e desculpam as inevitáveis fragilidades.
Então “é belo e doce viver em comum” (cf. Sl 132), e o fruto mais
visível é a alegria, como também recordou o Papa Francisco ao falar
em outubro passado às clarissas de Assis: “Cuidai da amizade entre
vós, da vida de família, do amor recíproco. E que o mosteiro não seja
um Purgatório, mas uma família. Os problemas existem e existirão,
mas como se faz numa família, com amor, procurai uma solução
com caridade; não destruais esta para resolver aquela; que não haja
competição. Cuidai da vida de comunidade, pois quando na vida de
comunidade é assim, em família, é precisamente o Espírito Santo que
se encontra no seio da comunidade. Sempre com um coração grande.
Deixando passar, não vangloriar-se, suportar tudo, sorrir a partir do
coração. E o sinal é a sua alegria”.21
Cristo ressuscitado, presente na comunidade, unida no seu
amor, saberá fascinar ainda hoje a muitos jovens e chamá-los à família
religiosa salesiana, para continuar a testemunhar aos jovens do mundo
o amor a Deus.
21 Papa Francisco, “Por uma clausura de grande humanidade”, Assis, 4 de outubro
2013, cf. L’Osservatore Romano, domingo 6 de outubro, p. 6.
113

12.4 Page 114

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Anexo 3
Saudação de homenagem
do Reitor-Mor ao Santo
Padre na Ocasião da
Audiência Pontifícia
Caríssimo Papa Francisco,
Querido Pai,
Estamos realmente felizes por estar aqui com o Senhor. Obrigado
por este momento de encontro. É para nós um dom precioso e uma
ocasião única que nos permite testemunhar-Lhe os sentimentos que
trazemos no coração. Nós o amamos, Pai! Admiramos a sua coragem
e o seu testemunho. Constatamos com alegria o seu grande amor pelo
Senhor Jesus, pela Igreja e o seu desejo de uma renovação profunda
de toda a Comunidade Cristã que o Senhor preside no serviço e na
caridade.
Nós recordamos bem que, para Dom Bosco, o amor ao Papa
significava amor à Igreja e amor à missão. E este nosso encontro
não teria sentido se não fosse, ao mesmo tempo, acompanhado
do desejo de expressar-Lhe, querido Pai, a vontade de renovar o
nosso empenho carismático e missionário em favor da Igreja e do
mundo, com atenção especial aos jovens, sobretudo os mais pobres e
abandonados. Acolhemos, portanto, o seu convite a abrir as portas das
nossas casas e do nosso coração para sermos anunciadores da alegria
do Evangelho, crendo intensamente num Deus que ama o homem e
deseja a sua salvação. Com as palavras da Gaudium et Spes, queremos
compartilhar as alegrias e os sofrimentos do mundo de hoje e dos
jovens que o habitam, envolvendo-nos plenamente na construção do
Reino de Deus.
Durante este Capítulo Geral, que tem como tema ser
“Testemunhas da radicalidade evangélica”, nós nos sentimos em
114

12.5 Page 115

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profunda sintonia com a sua Exortação apostólica Evangelii Gaudium.
Este texto iluminou e orientou a nossa reflexão.
Foi uma ocasião para refletir profundamente sobre a nossa
identidade carismática salesiana, tendo presente ao mesmo tempo a
necessidade de interpretar de modo atual o que Dom Bosco viveu e
nos transmitiu. Identificamos um itinerário de renovação no qual nos
empenhamos a viver a dimensão mística de pessoas consagradas que
pretendem dar o primado absoluto a Deus, Senhor da nossa vida.
Movidos pelo Espírito de Jesus, queremos ser, portanto, “buscadores
e testemunhas de Deus”, acompanhando com alegria os jovens num
itinerário de crescimento humano e cristão.
Propusemo-nos renovar o testemunho profético da nossa vida
fraterna. Num mundo frequentemente dilacerado por situações de
conflito em todos os níveis, parece-nos que a nossa vida religiosa
tenha uma de suas principais tarefas no testemunho da alegria de uma
comunhão de irmãos que se sentem discípulos do Senhor. Trata-se de
uma fraternidade que envolve a nossa vida cotidiana, o nosso trabalho,
a nossa oração e torna-se ela mesma anunciadora de uma vida que se
exprime em relações novas inspiradas pela palavra do Evangelho e
capazes de atrair os jovens à preciosa experiência de uma vida entregue
aos outros, segundo o carisma de Dom Bosco.
Em nossa missão, desejamos reafirmar o nosso desejo de sermos
servos dos jovens, mediante uma proposta inspirada pelos valores
evangélicos e com uma ação generosa para a transformação do mundo.
Desejamos reconfirmar o critério da opção de Dom Bosco: a opção
da disponibilidade preferencial em relação aos jovens mais pobres,
das populações mais desfavorecidas e de periferia, nos contextos
missionários tradicionais e naqueles das sociedades mais secularizadas.
Querido Papa Francisco, acolhemos a sua palavra e as suas
orientações para a opção eclesial das grandes linhas que nos guiarão
neste próximo sexênio.
Colho a ocasião para agradecer-Lhe, com toda a Família
Salesiana, por ter aceitado ir a Turim por ocasião do Segundo Centenário
do nascimento de Dom Bosco. Com o afeto de filhos garantimos-Lhe
a nossa oração, confiando a Sua missão à Virgem Auxiliadora, Mãe da
Igreja, e pedimos a Sua bênção paterna.
Roma, 31 de março de 2014
115

12.6 Page 116

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Anexo 4
Discurso de Sua Santidade FRANCISCO
na Audiência aos Capitulares
DE 31 de março de 2014
Queridos irmãos,
sede bem-vindos! Agradeço ao P. Ángel pelas suas palavras.
A ele e ao novo Conselho Geral desejo que saibam servir guiando,
acompanhando e sustentando a Congregação Salesiana no seu
caminho. O Espírito Santo vos ajude a recolher as expectativas e os
desafios do nosso tempo, especialmente dos jovens, e interpretá-los à
luz do Evangelho e do vosso carisma.
Imagino que durante o Capítulo – que tinha como tema
“Testemunhas da radicalidade evangélica” – tivestes sempre Dom
Bosco e os jovens diante de vós; e Dom Bosco com o seu lema: “Da
mihi animas, cetera tolle”. Ele reforçava este programa com outros dois
elementos: trabalho e temperança. Eu recordo que no colégio era vedado
fazer a sesta!... Temperança! Aos salesianos e a nós! “O trabalho e a
temperança – dizia – farão florescer a Congregação”. Quando se pensa
em trabalhar pelo bem das almas, supera-se a tentação da mundanidade
espiritual, não se buscam outras coisas, mas só a Deus e o seu Reino.
Temperança é, também, senso de medida, contentar-se, ser simples.
A pobreza de Dom Bosco e de mamãe Margarida inspire em cada
salesiano e em cada uma de vossas comunidades uma vida essencial
e austera, próxima dos pobres, transparência e responsabilidade na
gestão dos bens.
1. A evangelização dos jovens é a missão que o Espírito Santo
vos confiou na Igreja. Ela está estritamente unida à sua educação: o
caminho de fé insere-se no de crescimento, e o evangelho enriquece
também o amadurecimento humano. É preciso preparar os jovens
para agirem na sociedade segundo o espírito do Evangelho, como
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12.7 Page 117

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agentes de justiça e de paz, e a viverem como protagonistas na Igreja.
Para isso, servi-vos dos necessários aprofundamentos e atualizações
pedagógicas e culturais, a fim de responder à atual emergência
educativa. A experiência de Dom Bosco e o seu “sistema preventivo”
vos sustentem sempre no esforço de viver com os jovens. A presença
entre eles distinga-se pela ternura que Dom Bosco chamou de
amorevolezza, experimentando também linguagens novas, mas bem
sabendo que a linguagem do coração é fundamental para aproximar-se
deles e ser seus amigos.
Fundamental aqui é a dimensão vocacional. Às vezes, a vocação
à vida consagrada é confundida com uma opção de voluntariado, e
esta visão distorcida não faz bem aos Institutos. O próximo ano 2015,
dedicado à vida consagrada, será ocasião favorável para apresentar a
sua beleza aos jovens. Contudo, é preciso evitar visões parciais, para
não suscitar respostas vocacionais frágeis e sustentadas por motivações
fracas. As vocações apostólicas são ordinariamente fruto de uma boa
pastoral juvenil. O cuidado das vocações exige atenções específicas:
primeiramente a oração, depois as atividades adequadas, os itinerários
personalizados, a coragem da proposta, o acompanhamento, o
envolvimento das famílias. A geografia vocacional mudou e está
mudando, e isso significa novas exigências para a formação, o
acompanhamento e o discernimento.
2. Trabalhando com os jovens, encontrais o mundo da exclusão
juvenil. O que é tremendo! Hoje, é tremendo pensar que aqui, no
Ocidente, há mais de 75 milhões de jovens sem trabalho. Pensemos na
enorme realidade do desemprego, com tantas consequências negativas.
Pensemos nas dependências que, infelizmente, são múltiplas, mas
derivam da raiz comum da falta de amor verdadeiro. Ir ao encontro
dos jovens marginalizados requer coragem, maturidade e muita
oração. A este trabalho devem ser enviados os melhores! Os melhores!
Pode haver o risco de deixar-se levar pelo entusiasmo, enviando para
essas fronteiras pessoas de boa vontade, mas não adequadas. Por isso,
é preciso o discernimento atento e o acompanhamento constante.
O critério é este: os melhores devem ir para lá! “Preciso deste para
fazê-lo superior aqui, ou para estudar teologia...”. Mas se tens aquela
missão, manda-o para lá! Os melhores!
117

12.8 Page 118

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3. Graças a Deus vós não viveis e não trabalhais como indivíduos
isolados, mas como comunidade: e agradais a Deus por isso! A
comunidade sustenta todo o apostolado. Às vezes, as comunidades
religiosas são atravessadas por tensões, com o risco do individualismo
e da dispersão, enquanto há necessidade de comunicação profunda
e de relações autênticas. A força humanizadora do Evangelho é
testemunhada pela fraternidade vivida em comunidade, feita de
acolhida, respeito, ajuda recíproca, compreensão, cortesia, perdão
e alegria. O espírito de família que Dom Bosco vos deixou ajuda
muito neste sentido, favorece a perseverança e cria atração pela vida
consagrada.
Queridos irmãos, o bicentenário do nascimento de Dom Bosco
já está às portas. Será um momento propício para repropor o carisma
do vosso Fundador. Maria Auxiliadora jamais deixou faltar a sua
ajuda na vida da Congregação, e certamente também não a fará faltar
no futuro. A sua intercessão materna vos obtenha de Deus os frutos
desejados e esperados. Abençoo-vos e rezo por vós e, por favor, rezai
também por mim! Obrigado!
Roma, 31 de março de 2014
118

12.9 Page 119

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Anexo 5
Mensagem do Capítulo Geral
aos irmãos salesianos
Queridos Irmãos,
Nós, que participamos do Capítulo Geral 27, queremos
compartilhar convosco a experiência extraordinária vivida nestes
meses, convocados a Roma em nome do Senhor e sustentados pela
força do Espírito. O Capítulo foi para cada um de nós um evento de
graça do qual queremos dar testemunho ao voltar para casa. Queremos
contar-vos, retomando nossos trabalhos e preocupações, que “o Senhor
foi grande conosco e por isso estamos alegres” (Sl 125,3).
No início houve Valdocco
Iniciamos o nosso caminho na Terra Santa Salesiana, em
Valdocco, lugar de Evangelho e de milagres cotidianos. Fomos até
lá como quem sobe um rio à busca da fonte. Estávamos sedentos e
a água fresca das origens restaurou-nos. A história do nosso Pai é
um convite sempre novo. Em sua vida e em sua proposta buscamos
inspiração para fazer reviver hoje o mesmo carisma. Redescobrir
Dom Bosco ajudou-nos a enraizar mais profundamente a nossa
vocação evangélica e a reavivar os motivos para viver, como ele
fez, a entrega pelo Reino em favor dos jovens mais pobres. À luz
da sua experiência, caminhamos sob o olhar de Maria Auxiliadora e
seguros da sua mediação materna.
Deus nos deu um Pai
Ao voltar para Roma, iniciamos os nossos trabalhos com
reflexões e deliberações empenhativas. O tom fraterno e a busca
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12.10 Page 120

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comum tornaram possível tecer, de imediato, relações cordiais e
sinceras entre nós, que nos ajudaram a experimentar a riqueza da
interculturalidade e a profecia da fraternidade, vividas em primeira
pessoa já durante as jornadas capitulares.
Sentimo-nos em comunhão com as comunidades que, nos países
em conflito, vivem momentos dramáticos da própria história. A Síria,
a Venezuela, a República Centro-Africana, o Sudão estiveram muito
presentes em nossas orações. A sua lembrança fez-nos abrir os olhos
para os sofrimentos de tantos povos e fez resplender o testemunho
de numerosos irmãos que vivem o Evangelho com radicalidade em
situações difíceis e dramáticas. Isso, para nós, serve de estímulo a nos
entregarmos sem parcimônia à nossa vocação e missão.
Depois, Deus nos deu um pai. Enquanto exprimimos a nossa
gratidão pelo ministério luminoso e fecundo do P. Pascual Chávez
Villanueva, sentimos que a eleição do P. Ángel Fernández Artime
como Reitor-Mor e décimo sucessor de Dom Bosco foi um dom da
Providência para nós, para toda a Família Salesiana e para os jovens.
Seu sorriso aberto e sincero, sua simplicidade, sua grande humanidade
e seu relacionamento espontâneo com cada um dos irmãos, depressa
nos fizeram ver nele o rosto do pai prometido: “Será eleito um novo
Reitor que cuidará de vós e da vossa salvação eterna. Escutai-o, amai-o,
obedecei-lhe, rezai por ele...” (Dom Bosco). Obrigado, P. Ángel, pelo
teu coração de bom pastor e pela tua generosidade.
Papa Francisco nos fascinou
O encontro com o Papa Francisco foi um momento de intensidade
especial. Acolheu-nos e abençoou-nos e, em nós, a cada um de vós e os
jovens que o Senhor nos confia. Sua palavra precisa e incisiva tocou-
nos o coração. No espírito da Evangelii Gaudium, recordou-nos que,
como Dom Bosco, devemos ser homens de Evangelho, que vivem
com simplicidade e generosidade a vida cotidiana com estilo austero e
livre. Recordou-nos que o nosso Pai Dom Bosco ensinou-nos a amar os
jovens com a amorevolezza que torna presente a ternura de Deus pelos
seus filhos mais frágeis. Pediu-nos com insistência a sairmos para as
periferias onde habitam os jovens e se manifesta mais intensamente
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13 Pages 121-130

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13.1 Page 121

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a sua pobreza. Pediu-nos a não economizar esforços para destinar as
pessoas melhores aos mais pobres que vivem sem perspectivas e sem
futuro.
O Papa Francisco inflamou realmente o nosso coração salesiano.
Seu abraço foi expressão de afeto sincero aos filhos de Dom Bosco
e o apertar as nossas mãos na sua renovou a nossa adesão filial ao
sucessor de Pedro, como Dom Bosco sempre quis dos seus filhos. A
mensagem do Santo Padre ficará em nossos corações e é um programa
para todos nós.
Contracorrente e com esperança
O tema do nosso Capítulo Geral, a radicalidade evangélica,
suscitou uma profunda reflexão que nos estimulou à conversão.
Aprofundamos, a partir da Palavra com a riqueza de experiências
diversas e na busca comum, o apelo que Deus nos faz hoje para sermos
místicos no Espírito, profetas da fraternidade e servos dos jovens.
Estamos convencidos de que aquilo que vivemos nestas semanas já é
uma antecipação do caminho que queremos percorrer com todos vós
e com as comunidades educativo-pastorais. Sonhamos o futuro e nos
esforçaremos para que se torne realidade.
Unidos à Videira e como ramos novos (cf. Jo 15,1-8), nós
salesianos sonhamos uma vida consagrada que, vivida com atitudes
profundamente evangélicas, seja capaz de dialogar com a cultura
e interrogar a realidade social em que vivemos. Desejamos para as
nossas comunidades um estilo de vida simples, marcado pela alegria
do Evangelho e a paixão pelo Reino. Queremos viver como homens
marcados por uma forte experiência de Deus e com os pés no chão,
capazes de dar razão da esperança que trazemos no coração, com uma
existência plenamente doada, autêntica, íntegra; empenhados na busca
das periferias e nos desertos dos jovens mais abandonados.
Se vivermos contracorrente, seremos hoje significativos.
Enquanto o individualismo cresce à nossa volta, a fraternidade torna-se
uma alternativa crível. Assumamos o desafio de edificar comunidades
nas quais aprendamos a passar do “eu” ao “nós”, antepondo sempre o
bem do irmão. Devemos ser capazes de abrir espaços de acolhida e de
121

13.2 Page 122

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diálogo que ajudem a curar as feridas com relacionamentos maduros
e regeneradores. Torna-se necessário o nosso decidido empenho para
humanizar a vida comum a fim de superar as solidões e multiplicar
a misericórdia. Em nosso mundo, a aposta pelo perdão e a paz torna
crível o nosso modo de viver e mais claramente evangélico o nosso
anúncio.
Descentrados
Cientes do novo momento eclesial em que vivemos, estamos
convencidos de que a nossa vida consagrada é um grito contra o
egoísmo e a autorreferência: trata-se de ir ao encontro das necessidades
dos outros com a atitude misericordiosa de Jesus e a partir da nossa
vida pobre e solidária. O nosso claustro é o mundo dos jovens em
dificuldade e a nossa oração são as nossas mãos elevadas e a nossa ação
empenhada em dar novamente dignidade aos mais excluídos. Por isso,
não podemos economizar energias, nem tenhamos mais tempo para
“as nossas coisas”, ou para fechar-nos em nossos interesses pessoais.
Tenhamos diante de nós um êxodo que nos ajudará a alcançar outra
terra, mil vezes prometida: a dos mais abandonados e dos mais pobres.
Ali, como salesianos, encontraremos o nosso Tabor.
Francisco convidou-nos a nos situarmos nas fronteiras, nas
margens, nas periferias do mundo, nos desertos existenciais onde
muitos vivem como ovelhas sem pastor e não têm o que comer (cf.
Mt 9,36). Esta é a chave de interpretação que o Papa nos oferece
para nos descentrarmos, ou seja, buscar outros olhares que ofereçam
pontos de vista diferentes e ajudem-nos a ler a realidade além de nós
mesmos. Este é o desafio para a vida religiosa hoje: pensar e viver
descentrados do nosso modo de olhar a realidade, muito seguros de
nós mesmos, acomodados em obras já garantidas, ocupados num
trabalho estruturado e satisfatório. Quando pensamos na renovação da
nossa Congregação, não teremos aqui um critério de significatividade
que nos pode ajudar a abrir novos horizontes às nossas estruturas? Não
é fácil descentrar-nos, mas é urgente fazê-lo se quisermos continuar a
ser fiéis ao apelo de Deus.
122

13.3 Page 123

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Queridos irmãos,
Sentimos nestes dias o sopro do Espírito que “faz novas todas
as coisas” (Ap 21,5). É o momento de tornar operativas as linhas do
itinerário que nos é proposto pelo nosso Capítulo Geral. Movidos pela
força do Espírito Santo e iluminados pela sua luz, queremos “avançar
mar adentro” (Lc 5,4), navegar para águas mais profundas, na nossa
vida consagrada e na missão juvenil e popular. Ouçamos a urgência
de anunciar com audácia o Evangelho libertador de Jesus Cristo, boa
notícia para os pequenos e os pobres. E se, ao ver a entrega da nossa
vida e da nossa alegria, alguém nos perguntar: “Por que o fazeis?”,
responderemos com liberdade que Deus preenche a nossa existência
e o seu grande amor nos interpela e grita em nós para que os jovens
“tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Roma, 12 de abril de 2014
123

13.4 Page 124

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Anexo 6
Discurso do Reitor-Mor
Padre Ángel Fernández Artime
no encerramento do CG27
O CG27: Uma ocasião para pertencer mais a Deus,
mais aos irmãos, mais aos jovens
“Quem permanecer em mim e eu nele esse dá muito fruto,
porque separados de mim, nada podeis fazer.
Nisto é glorificado meu Pai,
para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.”
(Jo 15,5.8)
Queridos Irmãos,
com este meu discurso e a saudação de despedidas que nos
daremos, concluímos o nosso Capítulo Geral 27, verdadeiro tempo de
Graça e de Presença do Espírito.
Creio que traduzimos em realidade o que é afirmado em nossas
Constituições. Foi um momento particularmente importante, um
“sinal da unidade na diversidade da Congregação” (Const. 146), no
qual, num encontro verdadeiramente fraterno, concluímos a reflexão
comunitária que nos ajudará a nos mantermos fiéis ao Evangelho e ao
Carisma do nosso Fundador, e sensíveis às necessidades dos tempos e
dos lugares (cf. Const. 146).
Nestas simples páginas, que dirijo aos Irmãos Capitulares e
a todos os Irmãos na Congregação, pretendo expressar algumas das
coisas que me parecem mais importantes e que podem acompanhar a
reflexão e a assimilação do que é central: aquilo que o Capítulo Geral
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13.5 Page 125

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oferece a toda a Congregação como fruto do trabalho, da reflexão e da
vida compartilhada durante a sua realização.
1. Breve roteiro das diversas etapas do CG27
As sete semanas que vivemos como Capítulo Geral foram
marcadas pelos diversos momentos que lhe conferiram um caráter
próprio e nos ajudaram a trilhar um caminho muito denso.
Iniciamos nosso Capítulo em Turim e arredores, com uma
Peregrinação pessoal e comunitária ao nosso local de nascimento: I
Becchi. Com grande intuição, o Reitor-Mor P. Pascual Chávez propôs
iniciar a caminhada com este Ícone que tanto nos agradou: todos, pela
nossa condição de salesianos, nascemos nos Becchi. Tratou-se, então,
de um retorno ao local do nosso nascimento, não só o de Dom Bosco.
Sem dúvida, o nosso coração salesiano viu-se envolvido então numa
atmosfera histórico-espiritual. Lugares como os Becchi-Colle Don
Bosco, Valdocco (Capela Pinardi, São Francisco de Sales e Basílica
de Maria Auxiliadora...), Valsálice, Santuário da Consolata e São João
Evangelista... foram cenários que nos interpelaram intensamente, num
belo clima de meditação, oração e fraternidade. Começávamos a nos
conhecer mais e melhor, e a colocar as bases de algo que foi muito especial
em nosso CG27: a intensa experiência de comunhão e de fraternidade
a partir da diversidade e universalidade da nossa Congregação. Muitos
de nós não chegamos ao nosso ‘local de nascimento’ pela primeira
vez, pois já estivéramos ali antes, mas esta ocasião estava carregada
de uma singularidade: o aqui e agora do Capítulo Geral. Outros irmãos
visitavam pela primeira vez ‘I Becchi’ e “nossos lugares santos”
como experiência espiritual e carismática a reviver, como espaço e
oportunidade de ficar mais vinculados e ‘aprisionados’ pelo fascínio
que Dom Bosco desperta em todos e, muito especialmente, em nós seus
filhos. Para todos, sem dúvida, foram dias que tocaram profundamente
o coração, porque os Becchi e Valdocco nunca deixam indiferente quem
tem coração salesiano.
Chegados a Roma, dedicamos alguns dias à apresentação e
conhecimento do estado da Congregação com o relatório do Reitor-
125

13.6 Page 126

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Mor e a apresentação dos diversos Setores e Regiões. Depois, a
entrega do livro que recolhe o estado da Congregação encerrava
esse espaço tão bem cuidado que tivemos na apresentação de dados,
estatísticas, avaliação do programa do sexênio e desafios e carências
que se percebiam no momento presente. Sem dúvida, foi de grande
ajuda conhecer e aprofundar esse relatório para tomar ciência da
realidade da nossa Congregação com suas luzes e sombras e com a
certeza de que nós todos somos Congregação e nós todos lhe damos
vida e brilho, ou a limitamos com nossas carências pessoais. O
relatório permitiu-nos enfocar, sem dúvida, com maior precisão, as
subsequentes aproximações do tema que nos esperava como núcleo do
CG27.
Creio não exagerar ao dizer que nos dias dos Exercícios
Espirituais fomos envolvidos desde o primeiro momento num
ambiente especial.
Manifestamos várias vezes naqueles dias e nas semanas
seguintes a convicção de que estávamos vivendo muitos momentos
numa profunda chave de Fé, de Esperança e de presença do Espírito.
Neste sentido, vivemos os Exercícios Espirituais centrados no
questionamento que a Palavra de Deus nos fazia, com um esmerado
silêncio, com muitos momentos pessoais e comunitários de oração,
com bem preparadas celebrações da Eucaristia e da celebração da
Reconciliação em que nos sentimos agradavelmente envolvidos. E tudo
isso – envolvido pelas reflexões que nos convidavam à autenticidade
a partir do Evangelho – nos foi preparando para o que íamos viver e
trabalhar nos dias seguintes.
Tenho a sensação de que se produziu em nós, em nível pessoal
e comunitário, uma vivência espiritual e de Fé, que manifestava o
melhor de nós. Quando se experimenta o abandono no Amor de Deus,
Amor que é sempre restaurador em si mesmo, o Espírito faz com que
cada pessoa se disponha a dar o melhor que tem em si mesma. E creio
que foi essa a atitude vital com que iniciamos os trabalhos capitulares
propriamente ditos.
As três primeiras semanas de trabalhos capitulares foram
caracterizadas pela imersão nas tarefas que nos permitiram tomar
contato com o desafio proposto na carta de convocação do Reitor-Mor:
126

13.7 Page 127

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ser Testemunhas da radicalidade evangélica como Místicos no
Espírito, Profetas da Fraternidade e Servos dos Jovens.
Os
trabalhos em comissões e seu primeiro retorno em assembleia deu-
nos a sensação de que tínhamos muitas luzes e também sombras que
gostaríamos que não nos impedissem de ser, na realidade, aquilo para
o que fomos sonhados, a bela opção que fizemos pela nossa vida
religiosa consagrada como Discípulos do Senhor com o estilo de Dom
Bosco.
Acreditei ver nas entrelinhas desses primeiros momentos uma
espécie de nostalgia: a de poder ver realmente a realidade de cada
comunidade, de cada presença salesiana, de cada Inspetoria e da
Congregação inteira como corpo muito vivo e cheio de autenticidade,
um corpo no qual experimentamos a dor quando por nós mesmos
ou por outros não estamos à altura do que almejamos, ou quando
não existem as atitudes próprias de quem realmente ama os jovens,
preocupa-se com suas vidas, transmite vida e dá a própria vida.
Percebia-se o desejo de voar mais alto com verdade, autenticidade,
radicalidade e sentia-se que, às vezes, ainda se voava muito baixo.
O Reitor-Mor, P. Pascual Chávez, convidou-nos a olhar com
perspectiva, com realismo esperançoso e com valentia, na hora de nos
propormos desafios como Congregação. Em seguida, as reflexões, os
diálogos e as intervenções na assembleia estiveram, sobretudo, em sintonia
com este clima. E acrescento algo mais. O fruto do nosso Capítulo não
pode estar tão somente na busca de novidades. A força neste CG27 passa,
em primeiro lugar, pela conversão pessoal e a transformação de espírito
e mente de todos os participantes; passa através da nossa capacidade
de entusiasmar nossos irmãos e comunicar-lhes a ‘Boa Notícia do que
vimos e ouvimos, do que sonhamos e compartilhamos, da fraternidade
que se tornou vida nestas semanas. E tudo isso com a esperança de
sermos capazes de ser geradores de vida e estimuladores do desejo
de enfrentar nas Inspetorias, com verdadeira coragem, este novo
momento da nossa Congregação e da nossa vida: um novo momento
de evangelização e paixão pelos jovens.
Acompanhados de modo muito especial pelo P. José Cristo Rey
García Paredes no discernimento, iniciamos a semana que nos levaria
à eleição do novo Reitor-Mor e do Conselho Geral.
127

13.8 Page 128

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Muito do que expressei sobre a nossa peregrinação aos lugares
santos salesianos e aos Exercícios Espirituais teve sua concretização
nesta semana. Cada um de nós a viveu com a própria sensibilidade
e com ressonâncias muito pessoais, mas ousaria dizer que a maior
parte de nós sente que foi uma semana de busca do melhor a partir
da Fé: uma busca em consciência, em liberdade e verdade. Creio
não ser o único a dizer que a metodologia adotada para a eleição
dos conselheiros de setores foi de grande acerto. É possível que
um posterior aprofundamento no próximo Capítulo Geral nos
permitirá afinar um pouco mais o método, extensivo, quem sabe, ao
discernimento inclusive para a eleição do Reitor-Mor e do seu Vigário
e dos Conselheiros Regionais.
A semana foi marcada, portanto, por uma profunda experiência
de busca, na verdade que vem do Espírito, e também por um verdadeiro
agradecimento àqueles de nós que aceitavam a nova responsabilidade
e, mais ainda, aos irmãos que concluíam seus seis anos ou mais de
serviço, a começar pelo Reitor-Mor P. Pascual Chávez, seu Vigário
P. Adriano Bregolin e os demais membros do Conselho Geral. Eles
deram o melhor de si nestes anos com uma entrega sem medida
pelo bem da Congregação e da missão. Os aplausos emotivos, como
no último boa-noite do Reitor-Mor P. Pascual Chávez, foram uma
manifestação clara desse profundo agradecimento.
No dia 31 de março, tivemos o esperado presente. A audiência
com o Papa Francisco satisfez, sem dúvida, as expectativas, inclusive
dos mais exigentes. O Papa cativou-nos com sua proximidade e
simplicidade, da qual tanto se fala, também com sua espontaneidade
e decisão, tão aplaudida, de cumprimentar pessoalmente cada um
dos membros da nossa Assembleia Capitular, sendo cada irmão
apresentado pelo P. Pascual Chávez, estando eu ao seu lado, como
testemunha desse momento especial.
Mas, também trouxemos conosco uma mensagem do Papa
Francisco que não pode reduzir-se para nós a simples episódio. E, de
fato, não o será porque faz parte das nossas conclusões do Capítulo,
destas minhas palavras finais e também da programação e das decisões
que caberão ao Reitor-Mor e seu Conselho, e aos capitulares em suas
Inspetorias, tão logo regressem a elas.
128

13.9 Page 129

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O Papa sublinhou-nos várias coisas muito importantes,
das quais enumero apenas algumas, além de outras que terão seu
desenvolvimento nas páginas seguintes:
- “É preciso preparar os jovens para agirem na sociedade
segundo o espírito do Evangelho, como agentes de justiça e
de paz, e a viverem como protagonistas na Igreja”.
- “Tivestes sempre diante de vós Dom Bosco e os jovens; e
Dom Bosco com o seu lema: ‘Da mihi animas, cetera tolle’.
Ele reforçava este programa com outros dois elementos:
trabalho e temperança”.
- “A pobreza de Dom Bosco e de mamãe Margarida inspire em
cada salesiano e em cada uma de vossas comunidades uma
vida essencial e austera, próxima dos pobres, transparência e
responsabilidade na gestão dos bens”.
- “Ir ao encontro dos jovens marginalizados requer coragem,
maturidade e muita oração. A este trabalho devem ser
enviados os melhores! Os melhores!”
- “Graças a Deus vós não viveis e não trabalhais como
indivíduos isolados, mas como comunidade: e agradais a
Deus por isso!”
- “As vocações apostólicas são ordinariamente fruto de uma
boa pastoral juvenil. O cuidado das vocações exige atenções
específicas...”.
2. Chaves para ler a reflexão do CG27
2.1 Como Dom Bosco, envolvidos na trama de Deus
“Com a profissão religiosa oferecemo‑nos a nós mesmos a
Deus para caminhar no seguimento de Cristo e trabalhar com Ele na
construção do Reino” (Const. 3). Reconhecemos, em nosso documento
capitular, que por mais que o tempo em que nos cabe viver não seja o
que mais facilita a transcendência, nós temos o desejo, tanto pessoal
como comunitariamente de dar o primado a Deus em nossa vida,
estimulados pela santidade salesiana e pela sede de autenticidade dos
129

13.10 Page 130

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jovens. A isso mesmo nos convidou o Papa quando no início de sua
saudação nos disse que “quando se pensa em trabalhar pelo bem das
almas, supera-se a tentação da mundanidade espiritual, não se buscam
outras coisas, mas só a Deus e o seu Reino”. Esta foi a grande certeza e
paixão de Dom Bosco, que se viu completamente envolvido na ‘Trama
de Deus’ e, abandonando-se a Ele, chegava também à temeridade.
É nesta dimensão transcendente, neste garantir que toda a nossa
vida se encontre na trama de Deus e que Ele tenha o primado na nossa
vida, que encontramos a nossa força quando se torna realidade, e é
também o lugar no qual descobrimos a nossa fragilidade.
Somos chamados a dirigir o nosso coração, a nossa mente e
todas as nossas energias ao ‘princípio’ e às ‘origens’, ao primeiro amor,
no qual experimentamos a alegria de nos sentirmos observados pelo
Senhor Jesus e, por isso, dissemos sim. Queremos viver o primado de
Deus na contemplação cotidiana da vida ordinária, na sequela de Cristo.
Como eu sugeria anteriormente, é aqui que deve acontecer a
nossa maior conversão. Encontramos certamente muitos irmãos que
são exemplares neste aspecto, mas quando tantos Reitores-Mores (para
referir-me apenas aos últimos: P. EgídioViganò, P. Juan Edmundo
Vecchi e P. Pascual Chávez) nos advertiram sobre esta fragilidade,
isso significa que se trata de algo a ser levado mais a sério. O CG27
convida-nos a reverter esta tendência. Seria realmente preocupante
se alguém chegasse a pensar que a ‘fragilidade que constatamos na
vivência do primado de Deus em nossa vida’ faça parte do nosso DNA
salesiano. Não o é! Não o foi em Dom Bosco que, ao contrário, viveu
envolvido radicalmente na trama de Deus. Portanto, para nós, é – nada
mais nada menos – do que o ponto central da nossa conversão, o que
nos levará a uma maior radicalidade pelo Reino.
2.2 Uma fraternidade que seja ‘irresistivelmente profética’
“Missão apostólica, comunidade fraterna e prática dos
conselhos evangélicos são elementos inseparáveis da nossa
consagração” (Const. 3).
Em diversos momentos da assembleia capitular manifestamos
a nossa convicção de que a fraternidade vivida como comunidade é
130

14 Pages 131-140

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14.1 Page 131

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uma das maneiras de fazer experiência de Deus, de viver a mística da
fraternidade, num mundo em que, às vezes, as relações humanas estão
arruinadas. “A fraternidade vivida em comunidade, feita de acolhida,
respeito, ajuda recíproca, compreensão, cortesia, perdão e alegria dá
testemunho da força humanizadora do Evangelho”, disse-nos o Papa
Francisco.
Esta é outra chave com que ler não só o documento capitular, mas
principalmente a nossa vida e a revisão que dela fazemos e queremos
continuar a fazer. Os jovens precisam que nós sejamos realmente
irmãos. Irmãos que, com a simplicidade e o espírito de família típico
de Dom Bosco, vivamos uma fraternidade autêntica que, embora não
sendo isenta das dificuldades do dia a dia, cresce e purifica-se a partir
da fé chegando a ser tão “contracultural” e atrativa como o Evangelho
propõe.
Temos uma grande oportunidade de renovação e crescimento
na Profecia de uma verdadeira fraternidade vivida na simplicidade
cotidiana.
Isso significará para nós, não poucas vezes, também uma
mudança de mentalidade. Com não pouca frequência, nos quatro
pontos cardeais onde nossa Congregação está implantada, corremos
certo risco de sacrificar a comunidade, a fraternidade e, às vezes,
também a comunhão, por causa do trabalho, da atividade ou mesmo
do mero ativismo. Por isso, as nossas Constituições, com pedagogia
preventiva, proclamam que os três elementos da consagração são
inseparáveis. Quando um deles é frágil ou inexistente, não podemos
falar de consagração a partir do carisma de Dom Bosco; será outra
realidade, mas não a salesiana.
2.3 Uma radicalidade muito salesiana: “Trabalho e temperança”
“O trabalho e a temperança farão florescer a Congregação”
(Const. 18). Um binômio tão conhecido por nós, que o P. Viganò, em
suas reflexões sobre a Graça de Unidade, definia como ‘inseparável’.
“As duas armas com que nós conseguiremos vencer tudo e todos,
escreveu Dom Bosco” (Dom Bosco citado nos ACG 413, p. 37). O
Papa também se referiu a este binômio em suas palavras da audiência
131

14.2 Page 132

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enquanto nos encorajava a este compromisso: “A pobreza de Dom
Bosco e de mamãe Margarida inspire em cada salesiano e em cada
uma de vossas comunidades uma vida essencial e austera, próxima
dos pobres, transparência e responsabilidade na gestão dos bens”.
Demos várias orientações sobre isso na reflexão capitular. É
muito claro o ensinamento que sobre este binômio nos foi deixado
pelo P. Pascual Chávez na convocação do CG27, e o podemos ler
igualmente no P. Vecchi e no P. Viganò. Não nos falta iluminação a
respeito. Creio que o desafio passa pela vida e, se é certo que temos
em muitíssimas partes da Congregação presenças que têm os últimos,
os mais pobres, os excluídos como prioridade é igualmente certo que
o brilho desse testemunho será pleno se o nosso modo de vida se
caracterizar pela sobriedade, pela austeridade e também pela pobreza.
Sem dúvida, o confronto com a realidade que professamos passa
através da consciência pessoal de cada um, mas teremos de nos ajudar
comunitariamente durante este sexênio. Somos convidados a fazer
com que o testemunho de pobreza e sobriedade seja mais evidente
onde não o é. Todo movimento, progresso, animação que aconteça nas
diversas Inspetorias neste sentido será demonstração de autenticidade
e concretização da radicalidade evangélica que nos propomos.
2.4 Servos dos jovens, donos de nada e de ninguém...
“Nossa vocação é marcada por um dom especial de Deus, a
predileção pelos jovens: ‘Basta que sejais jovens para que eu vos
queira muito’. Esse amor, expressão da caridade pastoral, dá sentido a
toda a nossa vida” (Const. 14).
Com Dom Bosco, acompanhamos o Senhor Jesus que colocou
uma criança no centro, quando lhe foi perguntado sobre quem era o
maior no Reino. Nós, salesianos de Dom Bosco, gerados nos Becchi
como ele e nascidos em Valdocco, oferecemos a nossa vida ao Pai
para sermos consagrados por Ele, a fim de viver para os jovens.
Como expressamos no documento capitular, os jovens são a “nossa
sarça ardente” (cf. Ex 3,2ss). Por meio deles Deus nos fala e neles
nos espera. Eles são a razão pela qual nos sentimos capazes de dizer
sim ao chamado do Senhor, eles são a razão da nossa vida como
132

14.3 Page 133

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salesianos-educadores-pastores dos jovens. Como poderíamos ficar
no meio do caminho? Como poderíamos dedicar-nos somente por
alguns momentos, como se fosse um dia de trabalho? E ainda mais,
como poderíamos ficar tranquilos quando em nosso bairro, região,
cidade há jovens afligidos pela pobreza, pela solidão, pela violência
familiar, pela agressividade de quem os domina...? Somos chamados
a emprestar-lhes a voz que, nessas circunstâncias da vida, eles não
têm, somos chamados a oferecer-lhes amizade, ajuda, acolhida, a
presença do adulto que lhes quer bem, que só quer deles que sejam
felizes, ‘aqui e na eternidade’. Ser os amigos, irmãos, educadores e
pais que só querem que eles sejam protagonistas e senhores da própria
vida... E a partir desta chave é possível ser servo e nunca senhor, dono,
“autoridade”...
3. Para onde dirigir nossas opções futuras depois do CG27
Como é facilmente compreensível, não pretendo sugerir numa
intervenção como esta todas as opções que poderíamos pôr em ação
depois do Capítulo. O que vivemos nele, as amplas reflexões que
compartilhamos e o estudo que fizemos do estado da Congregação
permitem-nos vislumbrar alguns caminhos que considero
irrenunciáveis e prioritários. As Inspetorias estabelecerão, sem
dúvida, outras opções adequadas ao seu contexto e realidade, sempre
no quadro do CG27.
Faço apenas um elenco daquelas que me parecem prioritárias
e universais. Posteriormente, o Conselho Geral com a devida
programação e as Inspetorias com as suas programações poderão
estabelecer o itinerário adequado a seguir em todo o mundo
salesiano.
3.1 Conhecimento, estudo e assimilação do CG27
Em algumas das primeiras intervenções em assembleia, assim
como nas reuniões de comissão, foi-se manifestando a preocupação
de se chegar a um documento final que não fosse destinado a ficar
133

14.4 Page 134

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“estacionado” numa biblioteca, sem incidência para a renovação. Para
superar esse temor, creio que o primeiro passo deve ser o compromisso
de todos nós pensarmos as maneiras e o método espiritual – algo mais
do que simples estratégias – que possam favorecer o conhecimento
daquilo que o CG27 oferece a toda a Congregação. Em seguida,
convido-vos a buscar o modo adequado de chegar à sua assimilação
pessoal e comunitária e, também, à conversão (se o Espírito assim no-
lo conceder). Apenas esta assimilação e conversão serão geradoras de
vida nova.
Acredito que seria um erro pensar que o objetivo estaria
cumprido ao favorecer aos irmãos o conhecimento do CG27 num retiro
ou encontro de fim de semana. Proponho, então, que dediquemos ao
menos os três primeiros anos a lê-lo, a refletir sobre ele e fazê-lo
objeto de nossas programações locais e inspetoriais, e dos diversos
projetos de animação e governo das Inspetorias; verificá-lo,
depois, no próximo Capítulo Inspetorial (conhecido como Capítulo
Inspetorial Intermédio) e ver quais frutos está produzindo.
3.2 Profundidade de vida interior: testemunhas do Deus da vida
Como disse em páginas anteriores, creio que devemos
reconhecer que, na Congregação, ao falar em termos gerais, a
profundidade da vida interior não é o nosso ponto forte. Resisto a
admitir, dizia-lhes, que seja algo do nosso DNA salesiano porque nem
Dom Bosco foi assim e muito menos nos quis assim. Reconhecendo
esta fragilidade (expressada abundantemente pelos Reitores-Mores
precedentes, assim como por alguns Capítulos Gerais), e com a ajuda
do Espírito, devemos encontrar a força para reverter essa tendência.
Requer-se uma autêntica conversão à radicalidade evangélica que toca
a mente e o coração. Quando o Papa João Paulo II, dirigindo-se à
Vida Consagrada, nos pede que a vida espiritual esteja ‘no primeiro
lugar’, não nos está convidando a um espiritualismo estranho, mas à
profundidade de vida que nos faz ao mesmo tempo realmente fraternos
e generosos ao nos entregarmos aos outros, à missão e, em especial,
aos mais pobres, tornando assim verdadeiramente atraente a nossa
opção de vida.
134

14.5 Page 135

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Esta profundidade de vida, esta autenticidade, esta radicalidade
evangélica, este caminho de santificação é “o dom mais precioso que
podemos oferecer aos jovens” (Const. 25). De fato, em Dom Bosco,
não se explica sua predileção radical pelos jovens sem Jesus Cristo.
“Na sequela de Cristo encontra-se a fonte borbulhante da sua origem e
vitalidade. Isto é um dom inicial do Alto, o ‘primeiro carisma’ de Dom
Bosco” (P. Viganò, ACG 290, p.14).
Por isso sugiro que cada Comunidade possa ‘dizer a si mesma’ de
maneira concreta, e como fruto do CG27, o que pensa e o que propõe para
que se possa notar e verificar este colocar ‘Deus no primeiro lugar’, em
seu ser comunidade salesiana convocada pelo Senhor, que não só se reúne,
mas vive em seu nome.
3.3 Cuidemos de nós mesmos, cuidemos de nossos irmãos,
cuidemos de nossas comunidades
“Por isso nos reunimos em comunidades, nas quais nos amamos
a ponto de tudo compartilhar em espírito de família e construímos a
comunhão das pessoas” (Const. 49).
Para nós, salesianos, a vida comunitária, a ‘comunhão da
vida em comum’, não é apenas uma circunstância, um modo de nos
organizarmos, um meio para sermos mais eficazes na ação. Para
nós, a autêntica fraternidade que se vive na comunhão das pessoas é
essencial, constitutiva; é um dos três elementos inseparáveis de que
fala o já citado artigo 3 de nossas Constituições.
E, pela força testemunhal própria da fraternidade evangélica, eu
convido a todos a tomarem verdadeira ciência de que precisamos cuidar
de nós mesmos, para estar vocacionalmente bem e vocacionalmente
em forma, e precisamos cuidar de nossos irmãos de comunidade
com atitudes de verdadeira “acolhida, respeito, ajuda recíproca,
compreensão, cortesia, perdão e alegria” (audiência com o Papa).
Viver o verdadeiro amor fraterno que, em definitivo, aceita e integra as
diversidades e combate a solidão e o isolamento; e precisamos cuidar
da mesma forma de nossas comunidades nas Inspetorias.
Já dei a entender nas páginas anteriores. Sacrificamos, com
frequência, a vida comunitária e os espaços e momentos comunitários
135

14.6 Page 136

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por causa do trabalho. Esta realidade, no final, faz-nos pagar uma
fatura muito elevada, tremendamente dolorosa. Por isso, peço que
cada Inspetoria faça um verdadeiro estudo e o esforço prático para
cuidar das nossas comunidades, consolidá-las, garantir a solidez
em qualidade humana e em número de irmãos, mesmo que seja ao
preço de não poder ter comunidade religiosa em algumas presenças,
e caminhar na significatividade e no redesenho das Casas e das
Inspetorias, como nos vem sendo pedido nos últimos anos e em
diversas visitas de conjunto às Regiões. Certamente, precisaremos
vencer grandes resistências que nascem dos afetos, dos anos vividos
numa casa, da pressão da própria comunidade educativa, do bairro ou
associações citadinas, e até de governos locais e regionais..., mas as
dificuldades previsíveis não podem reduzir nem a nossa lucidez nem a
nossa capacidade de atuar com liberdade prudente.
3.4 Basta-me que sejais jovens para vos amar
Lemos no CG26 que retornar aos jovens é ‘estar no pátio’, e
sabemos que estar no pátio vai além do espaço físico. É querer estar
com eles e entre eles, é encontrá-los em nossa vida cotidiana, é
conhecer o seu mundo, animar o seu protagonismo, acompanhá-los no
despertar de seu sentido de Deus e animá-los com audácia a viverem
sua existência como a viveu o Senhor Jesus.
Quando contemplamos Dom Bosco naquilo que nos contam os
que mais o estudaram e no fascínio que ele próprio desperta, ficamos
admirados pela força da sua paixão e vocação pelos jovens. P. Ricceri
escreve numa de suas cartas um fragmento que me parece belo, quando
diz: “A predileção pastoral pelos meninos e jovens mostrava-se em
Dom Bosco como uma espécie de ‘paixão’, ou melhor, como a sua
‘supervocação’ à qual se dedicou evitando todo obstáculo e deixando
todas as coisas, mesmo as boas, que lhe dificultassem de alguma
maneira a sua realização” (ACG 284, 1976, p. 27).
E a predileção pelos jovens chega a ser a maior opção de fundo
em sua vida, e é a missão da Congregação. É muito o que poderíamos
encontrar escrito e pensado sobre esta realidade de Dom Bosco e
também o que foi dito em nossos Capítulos Gerais. O último deles, o
136

14.7 Page 137

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CG26, dedica várias linhas de ação a este “retornar aos jovens”.
Não falamos sobre o tema do ‘retorno aos jovens’ como
Assembleia Capitular, e por isso não estou certo em que medida se
tornou realidade neste último sexênio, mas é algo que sempre será de
atualidade permanente. É por isso que ouso pedir a cada Inspetoria
e às comunidades locais que, como resposta ao projeto de animação
e governo de cada Inspetoria, onde o irmão tem força, paixão
educativa e evangelizadora, vocação autêntica para viver pelos
jovens e no meio deles, seja qual for a sua idade, faça o possível para
ver-se livre de outras tarefas e gestões, e possa fazer o que melhor
deveríamos saber fazer por vocação: ser educadores-pastores dos
jovens. Convido a concretizar e traduzir ainda mais em decisões de
governo o que bem conhecemos como fruto de um patrimônio da
herança salesiana.
3.5 Para nós, como para Dom Bosco: a nossa prioridade são os
jovens mais pobres, os últimos, os excluídos
P. Vecchi escreve numa de suas cartas: “Os jovens pobres foram,
e o são ainda, um dom para os salesianos. O retorno a eles haverá de
fazer-nos recuperar o traço central da nossa espiritualidade e da nossa
práxis pedagógica: a relação de amizade que cria correspondência
e desejo de crescer” (ACG 359, p. 25). Evidentemente, ninguém
pode pensar que o P. Vecchi estivesse defendendo a pobreza, mas
sim, entende-se, que onde lamentavelmente houver pobreza e jovens
pobres, se nós estivermos com eles e no meio deles, eles serão os
primeiros a nos fazer um bem, eles nos evangelizam e nos ajudam a
viver de verdade o Evangelho com o carisma de Dom Bosco. Ouso
dizer que são os jovens pobres que nos salvarão.
O nosso ser Servos dos jovens passa, como refletimos em nosso
Capítulo Geral, pelo abandono das nossas seguranças, não só de vida,
mas também de ação pastoral, para caminhar para uma pastoral ‘em
saída’, que parte das necessidades profundas dos jovens e em especial
dos mais pobres. “Trabalhando com os jovens, encontrais o mundo da
exclusão juvenil. O que é tremendo!” (Papa Francisco na audiência).
137

14.8 Page 138

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Por isso ouso pedir que, com “coragem, maturidade e muita
oração” com que somos enviados aos jovens mais excluídos, optemos
em cada Inspetoria por rever onde devemos permanecer, aonde
devemos ir e de onde podemos sair... Com seu clamor e seus gritos
de dor, os jovens mais carentes nos interpelam. Eles, a seu modo, nos
chamam. Isso se traduz em espaços de reflexão em cada Inspetoria
durante este sexênio para que, à luz do CG27 e da nossa opção de
sermos Servidores dos jovens... para as periferias, cheguemos a
decisões de governo inspetorial, sempre em diálogo com os Irmãos,
que tornem realidade o que lhes peço com coragem, maturidade e
profunda visão de fé. Não tenhamos receio de ser proféticos nisso.
3.6 Evangelizadores dos jovens, companheiros de caminhada,
audaciosos em propor-lhes desafios
O artigo 6 de nossas Constituições encerra em essência toda
a riqueza da missão que por carisma nos foi confiada: “Fiéis aos
compromissos que Dom Bosco nos transmitiu, somos evangelizadores
dos jovens, especialmente dos mais pobres; cultivamos de modo
particular as vocações apostólicas; somos educadores da fé nos
ambientes populares, em particular com a comunicação social;
anunciamos o Evangelho aos povos que não o conhecem”. Este é e
continuará a ser o nosso grande desafio porque mesmo nos maiores
sucessos, sempre poderemos fazer mais, nunca se fará o suficiente e,
com certa frequência, nos caberá constatar que ficamos pelo meio do
caminho.
Dom Bosco é nosso grande modelo neste ‘saber fazer’ com
coração salesiano na educação e evangelização dos jovens. Seus jovens
estavam convencidos de que Dom Bosco os amava e queria o bem
deles, tanto nesta vida como na eternidade. E é por isso que aceitavam
sua proposta de conhecimento do Senhor e amizade com Ele. Como
educadores, devemos saber conviver com o jovem e acompanhá-lo a
partir da sua realidade e situação concreta, em seu processo pessoal de
amadurecimento. Como evangelizadores, nossa meta é acompanhar
os jovens para que, com liberdade, possam encontrar-se com o Senhor
Jesus.
138

14.9 Page 139

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Por isso, irmãos, embora na brevidade destas linhas, não
posso deixar de sublinhar este parágrafo como essencial: somos
evangelizadores dos jovens, e como Congregação, como comunidades
inspetoriais e locais concretas, devemos viver e crescer numa
verdadeira predileção pastoral pelos jovens. Será muito difícil
consegui-lo se não dermos caráter de prioridade e urgência ao Anúncio
do Senhor Jesus aos jovens e, ao mesmo tempo, se não formos capazes
de acompanhá-los em sua realidade de vida. Deveria ser o nosso ponto
forte acompanhar cada jovem a partir da sua situação, contudo, com
frequência é uma tarefa que deixamos a outros ou dizemos não saber
realizar. Neste acompanhamento, é de vital importância iniciar na
cultura vocacional da qual se nos tem falado tanto. Contudo, não o
temos conseguido. Ela costuma assustar-nos, ou nós a desqualificamos
com a ‘autojustificação’ de que não acreditamos ser preciso usar
‘uma vara de pesca’. Se realmente pensamos assim e ‘vendemos este
discurso’ estamos matando algo que é muito nosso, do nosso carisma:
a capacidade de acompanhar cada adolescente, cada jovem em suas
buscas pessoais, em seus desafios, em suas questões sobre a vida, em
suas opções de vida. Uma coisa que é fascinante em nossa vocação
salesiana, nós deixamos de lado ou nas mãos de outros... ou de ninguém.
Por isso peço a cada Inspetoria que destine os irmãos mais capazes
para a pastoral juvenil e vocacional, com verdadeiras propostas de
evangelização, desenvolvendo itinerários sistemáticos de educação
na fé, privilegiando a atenção à pessoa e ao seu acompanhamento
pessoal, propondo desafios corajosos no discernimento de seus
projetos de vida, com propostas também corajosas para todo tipo de
vocações na Igreja, também a vocação salesiana em suas diversas
formas, e envolvendo toda a comunidade.
Esperemos que não aconteça o que o CG23 constatava – uma das
visões mais brilhantes do nosso magistério capitular sobre a educação
dos jovens na fé – quando diz que no itinerário ao qual me referi,
pode chegar o momento do abandono, “não só pelas dificuldades
apresentadas pela fé, mas pela falta de atenção dos educadores, mais
preocupados com as coisas do que em acompanhar fraternalmente o
diálogo entre o jovem e Deus” (CG23, 137).
139

14.10 Page 140

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3.7 Com os leigos na urgência da missão compartilhada
Constatamos em nossa reflexão capitular o maior
protagonismo dos leigos, favorecido pela corresponsabilidade e
a missão compartilhada na comunidade educativo-pastoral. Há
dezoito anos, no CG24 – para não remontarmos a um magistério
anterior – pedia-se ao Reitor-Mor e seu Conselho que se desse a
conhecer iniciativas e experiências de colaboração entre sdb e
leigos (CG24,127), e se reconhecia, na reflexão capitular, que
“o caminho do envolvimento leva à comunhão no espírito e o da
corresponsabilidade faz compartilhar a missão salesiana. Comunhão
e participação, envolvimento e corresponsabilidade são as duas faces
da mesma medalha” (CG24,22).
Progredimos no modo de ver a missão compartilhada. O P.
Pascual Chávez manifestou várias vezes, como fruto da sua reflexão
sobre este tema, que, com o olhar e a visão teológica e eclesiológica de
hoje, não se pode imaginar a missão salesiana sem os leigos, porque a
sua contribuição também é vital para nosso carisma.
Acrescento ainda isto, queridos irmãos: A missão compartilhada
entre sdb e leigos deixou de ser opcional – se alguém ainda pensasse
assim –, e é assim porque a missão salesiana no mundo de hoje
no-lo pede insistentemente. É verdade que na Congregação temos
diversas ‘velocidades’ nas Inspetorias e na relação entre si, mas
a missão compartilhada entre leigos e sdb, a reflexão sobre essa
missão, o processo de conversão dos nossos irmãos sdb a respeito, é
irrenunciável. Por isso ouso pedir que cada Inspetoria faça com que
seja realidade, no primeiro triênio depois do CG27, a concretização
do Projeto e do programa de missão compartilhada que se está
realizando entre sdb e leigos – onde já é realidade – ou o estudo da
realidade inspetorial e o Projeto e programa concreto a ser realizado
nos anos seguintes até o próximo Capítulo Geral.
3.8 Missão ‘Ad gentes’, Projeto Europa e Bicentenário
Não desenvolvo estes temas. Faço apenas constar que não se
trata de algum esquecimento; ao contrário, são três realidades que
140

15 Pages 141-150

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15.1 Page 141

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deverão ter lugar na programação do sexênio. Os dois últimos, Projeto
Europa e Bicentenário, já têm um desenvolvimento próprio, que
precisamos continuar a tutelar, e a Ação Missionária da Congregação
(Missio ‘Ad Gentes’) terá uma atenção especial, sempre enquadrada
na coordenação de todos os setores da missão que abrange a pastoral
juvenil, especialmente para os mais pobres, a educação das classes
populares, com cuidado atento na comunicação social, e o anúncio
do Evangelho aos povos que não o conhecem – Missio ad gentes (cf.
Const. 6).
3.9 Um agradecimento de coração
Não posso concluir estas palavras sem me referir ao anterior
Reitor-Mor e seu Conselho.
De todo coração, eu te agradeço, caríssimo P. Pascual, 9º Sucessor
de Dom Bosco, que foste nosso Reitor-Mor durante os últimos doze
anos, dando vida, entregando tua vida, sendo Pai, conduzindo nossa
Congregação com convicção e segurança, como bom capitão que sabe
encontrar o rumo apesar das névoas e da chegada da noite em cada
entardecer. Obrigado porque foste Pai para toda a Família Salesiana,
Sucessor de Dom Bosco para os jovens de todas as partes do mundo.
Obrigado pelo teu Magistério rico e sólido, obrigado por levar a bom
porto a nave da Congregação na longa travessia dos últimos doze
anos. O Senhor te abençoe e Dom Bosco premie toda a tua doação em
seu nome.
Por isso estou plenamente certo de que estas minhas palavras
como Reitor-Mor são as palavras de toda a Assembleia Capitular do
CG27, de todos os irmãos da Congregação, de toda a Família Salesiana
e de muitos jovens do mundo que quereriam ter voz neste momento.
E também um obrigado, vivíssimo e cheio de afeto ao teu
Vigário e a todos os membros do Conselho Geral que, por seis ou
doze anos cuidaram com zelo de cada uma das parcelas (seja Setores
de animação ou Regiões do mundo) que a Congregação lhes confiou.
Em nome de todos os irmãos, da Família Salesiana e dos jovens um
grande obrigado por tanta generosidade e doação.
141

15.2 Page 142

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Concluo, invocando a Mãe, a nossa Mãe Auxiliadora, a quem,
na oração que o P. Pascual preparou para o documento capitular,
invocamos como Mulher da Escuta, Mãe da nova comunidade e
Serva dos pobres. Que Ela, com sua intercessão nos obtenha o dom do
Espírito para termos um coração que pertença mais a Deus, junto com
os irmãos, para os jovens e entre eles.
Dom Bosco nos guie e acompanhe para traduzir em vida o
que vivemos, pensamos e sonhamos neste CG27. Com um coração
semelhante ao seu nos faça verdadeiros buscadores de Deus (Místicos),
irmãos capazes de amar a quem Deus nos coloca no caminho da vida
(Profetas da fraternidade), e verdadeiros Servos dos jovens com o
coração do Bom-Pastor.
Roma, 12 de abril de 2014
142

15.3 Page 143

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ELENCO DOS PARTICIPANTES NO CG27
Conselho Geral
1. P CHÁVEZ VILLANUEVA Pascual
2. P BREGOLIN Adriano
3. P CEREDA Francesco
4. P ATTARD Fabio
5. P KLEMENT Václav
6. P GONZÁLEZ Plascencia Filiberto
7. L MULLER Jean Paul
8. P BASAÑES Guillermo
9. P CHRZAN Marek
10. P FRISOLI Pier Fausto
11. P KANAGA Maria Arokiam
12. P NÚÑEZ MORENO José Miguel
13. P ORTIZ G. Esteban
14. P VITALI Natale
15. P WONG Andrew
16. P STEMPEL Marian
17. P MARACCANI Francesco
Reitor-Mor, Presidente
Vigário do Reitor-Mor
Conselheiro para a Formação -
Regulador
Conselheiro para a Pastoral Juvenil
Conselheiro para as Missões
Conselheiro para a Comunicação Social
Ecônomo Geral
Conselheiro Regional
Conselheiro Regional
Conselheiro Regional
Conselheiro Regional
Conselheiro Regional
Conselheiro Regional
Conselheiro Regional
Conselheiro Regional
Secretário Geral
Procurador Geral
Região salesiana: ÁFRICA E MADAGASCAR
18. P NGOY Jean-ClaudeInspetor
África Central
19. P MAKOLA MWAWOKA Dieudonné Delegado
África Central
20. P GEBREMESKEL Estifanos
Sup. Visit. África Etiópia e Eritreia
21. P TAKELE Seleshi
Delegado
África Etiópia e Eritreia
22. P SWERTVAGHER Camiel
Sup. Visit.
África Grandes Lagos
23. P NGOBOKA Pierre Célestin
Delegado
África Grandes Lagos
24. P ROLANDI Giovanni Inspetor
África Leste
25. P ASIRA LIPUKU Simon
Delegado
África Leste
26. P DUFOUR François
Sup. Visit.
África Meridional
27. L MHARA Marko
Delegado
África Meridional
28. P GARCĺA PEÑA Faustino Inspetor África Ocidental Francófona
29. L CORDERO Hernán
Delegado África Ocidental Francófona
30. P CRISAFULLI Jorge Inspetor África Ocidental Anglófona
31. P OCHE Anthony
Delegado África Ocidental Anglófona
143

15.4 Page 144

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32. P JIMÉNEZ CASTRO Manuel
Sup. Visit.
33. P NGUEMA Miguel Ángel
Delegado
34. P RODRĺGUEZ MARTIN Filiberto Sup. Visit.
35. P SEQUEIRA GUTIÉRREZ Victor Luis Delegado
36. P CIOLLI Claudio
Sup. Visit.
37. P BIZIMANA Innocent
Delegado
38. P CHAQUISSE Américo
Sup. Visit.
39. P SARMENTO Adolfo de Jesus
Delegado
40. P CHALISSERY George
Sup. Visit.
41. P MBANDAMA Michael Kazembe Delegado
Região salesiana: AMÉRICA CONE SUL
África Tropical Equatorial
África Tropical Equatorial
Angola
Angola
Madagascar
Madagascar
Moçambique
Moçambique
Zâmbia-Malauí-Namíbia-
Zimbábue
Zâmbia-Malauí-Namíbia-
Zimbábue
42. P CAYO Manuel Inspetor
43. P ROMERO Héctor Gabriel
Delegado
44. P FERNÁNDEZ ARTIME Ángel Inspetor
45. L VERA Hugo Carlos
Delegado
46. P MARÇAL Márcio
Delegado
47. P SHINOHARA Lauro Inspetor
48. P FIGUEIRÓ Tiago
Delegado
49. P ALVES DE LIMA Francisco Inspetor
50. P RIBEIRO Antônio de Assis
Delegado
51. P FISTAROL Orestes Inspetor
52. P DA SILVA Gilson Marcos
Delegado
53. P VANZETTA Diego Inspetor
54. P RODRIGUES João Carlos
Delegado
55. P CASTILHO Edson Inspetor
56. P SIBIONI Roque Luiz
Delegado
57. P LORENZELLI Alberto Riccardo Inspetor
58. P ALBORNOZ David
Delegado
59. P LEDESMA Néstor Inspetor
60. P ZÁRATE LÓPEZ Nilo Damián
Delegado
61. P CASTELL NéstorInspetor
62. P COSTA Daniel
Delegado
Argentina Norte
Argentina Norte
Argentina Sul
Argentina Sul
Brasil Belo Horizonte
Brasil Campo Grande
Brasil Campo Grande
Brasil Manaus
Brasil Manaus
Brasil Porto Alegre
Brasil Porto Alegre
Brasil Recife
Brasil Recife
Brasil São Paulo
Brasil São Paulo
Chile
Chile
Paraguai
Paraguai
Uruguai
Uruguai
Região salesiana: ÁSIA LESTE E OCEANIA
63. P CHAMBERS GregInspetor
64. P GRAHAM Bernard
Delegado
Austrália
Austrália
144

15.5 Page 145

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65. P FEDRIGOTTI Lanfranco Inspetor
China
66. P FUNG Ting Wa Andrew
Delegado
China
67. P NAM Stephanus (Sanghun)Inspetor
Coreia
68. P YANG Stefano
Delegado
Coreia
69. P CRUZ Eligio Inspetor
Filipinas Norte
70. P GARCES Alexander
Delegado
Filipinas Norte
71. P MILITANTE GeorgeInspetor
Filipinas Sul
72. P GERONIMO Honesto Jr.
Delegado
Filipinas Sul
73. P GUTERRES João Paulino
Sup. Visit. Indonésia e Timor Leste
74. P SOERJONOTO Yohannes Boedi Delegado Indonésia e Timor Leste
75. P CIPRIANI Aldo Inspetor Japão
76. P YAMANOUCHI Mario Michiaki DelegadoJapão
77. P VALLENCE Maurice
Sup. Visit.
Mianmar
78. P SOE NAING Mariano
Delegado
Mianmar
79. P PRASERT SOMNGAM PaulInspetor Tailândia
80. P SUPHOT RIUNGAM Dominic Savio DelegadoTailândia
81. P TRAN Hoa Hung GiuseppeInspetor
Vietnã
82. P NGUYEN Thinh Phuoc Giuseppe Delegado
Vietnã
83. P NGUYEN Ngoc Vinh Giuseppe Delegado
Vietnã
Região salesiana: ÁSIA SUL
84. P ANCHUKANDAM Thomas Inspetor
85. P KOONAN Thomas
Delegado
86. P VETTOM Jose
Delegado
87. P RAPHAEL JayapalanInspetor
88. P SWAMIKANNU Stanislaus
Delegado
89. P ANTONYRAJ Chinnappan
Delegado
90. P GURIA Nestor Inspetor
91. P CHITTILAPPILLY Varghese
Delegado
92. P VATTATHARA Thomas Inspetor
93. P ALMEIDA Joseph
Delegado
94. P RAMINEDI Balaraju Inspetor
95. P THATHIREDDY Vijaya Bhaskar Delegado
96. P ELLICHERAIL Thomas Inspetor
97. P PUYKUNNEL Shaji Joseph
Delegado
98. P D’SOUZA GodfreyInspetor
99. P FERNANDES Ajoy
Delegado
100. P PEEDIKAYIL MichaelInspetor
101. P PARAPPULLY Jose
Delegado
Índia Bangalore
Índia Bangalore
Índia Bangalore
Índia Chennai
Índia Chennai
Índia Chennai
Índia Dimapur
Índia Dimapur
Índia Guwahati
Índia Guwahati
Índia Hyderabad
Índia Hyderabad
Índia Kolkata
Índia Kolkata
Índia Mumbai
Índia Mumbai
Índia Nova Déli
Índia Nova Déli
145

15.6 Page 146

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102. P FIGUEIREDO IanInspetor
103. P RODRIGUES Avil
Delegado
104. P MALIEKAL GeorgeInspetor
105. P LENDAKADAVIL Anthony
Delegado
106. P JOHNSON Albert Inspetor
107. P JOSEPH Antony
Delegado
108. P KAHANAWITALIYANAGE Nihal Sup. Visit.
109. P SAJEEWAKA Paul
Delegado
Índia Panjim
Índia Panjim
Índia Silchar
Índia Silchar
Índia Tiruchy
Índia Tiruchy
Sri Lanka
Sri Lanka
Região salesiana: EUROPA NORTE
110. P GRÜNNER JosefInspetor
Alemanha
111. P GESING Reinhard
Delegado
Alemanha
112. P VON HATZFELD Hatto
Delegado
Alemanha
113. P OSANGER RudolfoInspetor
Áustria
114. P KETTNER Siegfried
Delegado
Áustria
115. P TIPS MarkInspetor
Bélgica Norte
116. P WAMBEKE Wilfried
Delegado
Bélgica Norte
117. P ORKIĆ PejoInspetor
Croácia
118. P STOJIĆ Anto
Delegado
Croácia
119. P MANĺK KarolInspetor
Eslováquia
120. P IŽOLD Jozef
Delegado
Eslováquia
121. P POTOČNIK JanezInspetor
Eslovênia
122. P MARŠIČ Franc
Delegado
Eslovênia
123. P COYLE Martin Inspetor
Grã-Bretanha
124. P GARDNER James Robert
Delegado
Grã-Bretanha
125. P VITALIS Gabor
Suplente
Hungria
126. P DEPAULA Flavio
Delegado
Hungria
127. P CASEY Michael Inspetor Irlanda
128. P FINNEGAN John Christopher
Delegado Irlanda
129. P BARTOCHA DariuszInspetor
Polônia Cracóvia
130. P KIJOWSKI Tomasz
Delegado
Polônia Cracóvia
131. P CHMIELEWSKI MarekInspetor
Polônia Piła
132. P KABAK Vladimir
Delegado
Polônia Piła
133. P KLAWIKOWSKI Zenon
Delegado
Polônia Piła
134. P WUJEK Andrzej Inspetor
Polônia Varsóvia
135. P KUŁAK Wojciech
Delegado
Polônia Varsóvia
136. P YASHEUSKI Aliaksandr
Delegado
Polônia Varsóvia
137. P LEJA Alfred Inspetor
Polônia Wrocław
138. P LOREK Piotr
Delegado
Polônia Wrocław
146

15.7 Page 147

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139. P VACULĺK PetrInspetor
140. P CVRKAL Petr
Delegado
141. P PISTELLATO Onorino
Sup. Circ.
Região salesiana: EUROPA OESTE
142. P ASURMENDI Angel Inspetor
143. P CODINA Joan
Delegado
144. P URRA MENDĺA Félix Inspetor
145. P VILLOTA José Luis
Delegado
146. P RODRĺGUEZ PACHECO JoséInspetor
147. P BLANCO ALONSO José Maria Delegado
148. P ONRUBIA Luis Inspetor
149. P VALIENTE Javier
Delegado
150. P GARCĺA SÁNCHEZ Fernando
Delegado
151. P RUIZ MILLÁN FranciscoInspetor
152. P PÉREZ Juan Carlos
Delegado
153. P SANCHO GRAU Juan BoscoInspetor
154. P SOLER Rosendo
Delegado
155. P FEDERSPIEL Daniel Inspetor
156. P ROBIN Olivier
Delegado
157. P PEREIRA ArturInspetor
158. P MORAIS Tarcízio
Delegado
Região salesiana: INTERAMERICANA
159. P PICHARDO Victor Inspetor
160. P SANTIAGO Hiram
Delegado
161. P HERNÁNDEZ Alejandro Inspetor
162. P SANTOS René
Delegado
163. P LÓPEZ ROMERO Cristóbal Inspetor
164. P APARICIO BARRENECHEA
Juan Francisco
Delegado
165. P MORALES JaimeInspetor
166. P GRAJALES Wilfredo
Delegado
167. P GÓMEZ RUA John Jairo Inspetor
168. P BEJARANO Rafael
Delegado
169. P FARFÁN Marcelo Inspetor
170. P GARCĺA ITURRALDE
Robert Germán
Delegado
República Checa
República Checa
Ucrânia
Espanha Barcelona
Espanha Barcelona
Espanha Bilbao
Espanha Bilbao
Espanha León
Espanha León
Espanha Madri
Espanha Madri
Espanha Madri
Espanha Sevilha
Espanha Sevilha
Espanha Valência
Espanha Valencia
França e Bélgica Sul
França e Bélgica Sul
Portugal
Portugal
Antilhas
Antilhas
América Central
América Central
Bolívia
Bolívia
Colômbia Bogotá
Colômbia Bogotá
Colômbia Medellín
Colômbia Medellín
Equador
Equador
147

15.8 Page 148

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171. P DUNNE Thomas Inspetor
172. P PACE Michael
Delegado
173. P PLOCH Timothy Inspetor
174. L VU Alphonse
Delegado
175. P SYLVAIN Ducange
Sup. Visit
176. P MÉSIDOR Jean-Paul
Delegado
177. P MURGUĺA VILLALOBOS
Salvador CleofásInspetor
178. P OROZCO Hugo
Delegado
179. P HERNÁNDEZ PALETA Gabino Inspetor
180. P OCAMPO URIBE Ignacio
Delegado
181. P DAL BEN Santo Inspetor
182. P PACHAS José Antonio
Delegado
183. P STEFANI Luciano Inspetor
184. P MÉNDEZ Francisco
Delegado
Estados Unidos Leste
Estados Unidos Leste
Estados Unidos Oeste
Estados Unidos Oeste
Haiti
Haiti
México Guadalajara
México Guadalajara
México México
México México
Peru
Peru
Venezuela
Venezuela
Região salesiana: ITÁLIA e ORIENTE MÉDIO
185. P MANCINI Leonardo
Sup. Circ. Itália Central
186. P BERTO Gino
Delegado Itália Central
187. P COLAMEO Roberto
DelegadoItália Central
188. P MARCOCCIO Francesco
DelegadoItália Central
189. P CACIOLI Claudio Inspetor Itália Lombardo Emiliana
190. P CUCCHI Daniele
Delegado Itália Lombardo Emiliana
191. P VANOLI Stefano
Delegado Itália Lombardo Emiliana
192. P CRISTIANI Pasquale Inspetor Itália Meridional
193. P BELLINO Fabio
Delegado Itália Meridional
194. P DAL MOLIN Roberto Inspetor Itália Nordeste
195. P BIFFI Igino
Delegado Itália Nordeste
196. L PETTENON Giampietro
Delegado Itália Nordeste
197. P MARTOGLIO Stefano
Sup. Circ.Itália Piemonte e Valle d’Aosta
198. P BESSO Cristian
DelegadoItália Piemonte e Valle d’Aosta
199. P STASI Enrico
Delegado Itália Piemonte e Valle d’Aosta
200. L MANZO Piercarlo
Delegado Itália Piemonte e Valle d’Aosta
201. P RUTA Giuseppe Inspetor Itália Sicília
202. P MAZZEO Marcello
Delegado Itália Sicília
203. P EL RA’I Munir Inspetor
Oriente Médio
204. P CAPUTA Giovanni
Delegado
Oriente Médio
148

15.9 Page 149

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Universidade Pontifícia Salesiana
205. P D’SOUZA Joaquim
Sup. Visit.
UPS
206. P NANNI Carlo
Delegado
UPS
Casa Geral e Comunidade Vaticana
207. P LÓPEZ Horacio Adrián
Delegado
RMG
Observadores convidados
208. P POOBALARAYEN Ferrington
209. P KARIKUNNEL Michael
210. P CAUCAMÁN Honorio
211. P OBERMÜLLER Petrus
212. P DOS SANTOS Gildásio
213. P DERETTI Asídio
214. L BEHÚN Rastislav
215. L PIÑUELA Matías
216. P BICOMONG Paul
217. L CALLO Raymond
218. P BAQUERO Peter
219. P GOMES Nirmol
220. L KURIAS Cyriac
Convidado
África Leste
Convidado África Ocidental Anglófona
Convidado
Argentina Sul
Convidado
Áustria
Convidado
Brasil Campo Grande
Convidado
Brasil Porto Alegre
Convidado
Eslováquia
Convidado
Espanha León
Convidado
Filipinas Norte
Convidado
Filipinas Norte
Convidado
Filipinas Norte
Convidado
Índia Kolkata
Convidado
Índia Nova Déli
149

15.10 Page 150

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150

16 Pages 151-160

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16.1 Page 151

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ÍNDICE ANALÍTICO DO TEMA CAPITULAR
Abertura à cultura
- Abertura às dinâmicas culturais do mundo 2, 5, 35, 37, 43, 62, 71.4
Acompanhamento dos jovens
- Acompanhamento espiritual 17, 18, 27, 38, 59, 75.1
- Acompanhamento para o seu amadurecimento 1, 73.5
- Acompanhamento vocacional 74.2, 75.1
Alegria
- A alegria que vem da nossa fé 31, 66.2
- A alegria que vem da nossa vocação e missão 4, 17, 32, 39, 59, 67.1
Ambiente digital
- O mundo digital nos interpela 25, 42, 62, 75.4
Autenticidade
- Autenticidade, a testemunhar na vida salesiana 1, 8, 55, 59, 63.2, 67.1
- Autenticidade, necessidade dos jovens 1, 17, 40
Colaboração e colaboradores
- Colaboradores dos Salesianos 16, 69.2, 70.2, 75.4
- Salesianos abertos à colaboração 19, 29, 55, 57, 71.3
Compreensão
- Compreensão recíproca 41, 48
Comunhão
- Comunhão em comunidade 3, 36, 41, 45, 46, 51, 68.1, 71.1
Comunicação relacional
- Comunicação interpessoal 25, 40, 69.1
Comunidade educativo-pastoral
- Papel proativo dos Salesianos para com a CEP 13, 14, 15, 44, 46, 60, 65.2
151

16.2 Page 152

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Comunidade salesiana
- Comunidade e missão 11, 21, 40, 43, 44, 60, 63.2, 69.5, 74.1
- Comunidade e vida fraterna 8, 9, 10, 11, 12, 31, 36, 40, 42, 45, 47, 48, 49,
50, 63.2, 67.5, 69.3, 69.6
- Comunidade em relação com Deus 1, 5, 33, 39, 40
- Comunidades internacionais 29, 75.5
- Consistência 60, 69.6
Conversão
- Conversão espiritual, fraterna e pastoral 63, 65.1, 73.1
Correção fraterna
- Acolhida da correção fraterna 48, 68.2
Corresponsabilidade
- Corresponsabilidade com a CEP e a Família Salesiana 13, 15, 19, 44, 46,
51, 70.2, 71.1
- Corresponsabilidade na comunidade salesiana 48, 51, 69.3, 71.1
Cuidado dos irmãos
- Cuidado dos irmãos em situações difíceis 9, 11, 47, 69.4
Cultura salesiana
- Promoção da cultura salesiana 67.3, 67.6, 71.1
Deus
- Busca de Deus 1, 2, 4, 32
- Deus Espírito 41, 64, 66
- Deus Pai 33, 39
- Encontro com Deus 1, 2, 17, 18, 34, 38, 53, 59, 66.2
- Experiência de Deus 2, 33, 40, 41, 52, 64.1
- Primado de Deus 1, 2, 3, 7, 28, 32, 38, 63.1
- União com Deus 33, 53, 54
Diálogo
- Abertura ao diálogo 35, 37, 61, 69.1
152

16.3 Page 153

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Direitos
- A promoção e defesa dos direitos humanos e dos menores 22, 71.2, 73.3
Diretor
- A necessidade sentida da sua paternidade espiritual 12, 14, 51
- O cuidado do diretor 69.3, 69.10, 69.11
Distanciamento em relação aos jovens
- Distanciamento em relação aos jovens 24, 72.1
Dom Bosco
- Seguir Dom Bosco 3, 4, 31, 32, 33, 41, 48, 55
Ecologia
- Educar as comunidades e os jovens ao respeito da criação 30, 73.6
Educação dos jovens
- A nossa vida consagrada deve transparecer no trabalho de educação 3, 18,
38, 44, 53
- Novos campos de educação dos jovens 25, 30, 62, 73.5, 73.6, 75.4
Emburguesamento
- Busca de uma vida confortável 9, 16, 45, 74.1
Escuta
- Escutar colaboradores e dependentes 69.2
- Escutar Deus nos jovens e nos pobres 22, 35, 52, 59, 64.2
- Escutar Dom Bosco 31
Espírito de família
- Comunidades autênticas segundo o espírito de família 3, 12, 15, 48, 63.2
Espiritualidade
- Espiritualidade do cotidiano 3
- Espiritualidade missionária 35, 45, 64.1
- Espiritualidade salesiana 19, 58, 59, 67.3
153

16.4 Page 154

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Eucaristia
- Eucaristia, fonte e sustento da vida consagrada 3, 41, 65.1
Evangelização dos jovens
- Novos campos de evangelização dos jovens 25, 62, 73.5
- O desafio de evangelizar os jovens 2, 17, 18, 27, 37, 47, 54, 58
Família Salesiana
- Trabalhar com outros grupos da Família Salesiana 19, 44, 69.1, 71.2
- Favorecer o crescimento na fé 38, 54, 59
- Viver de fé 3, 31, 34, 66.2
Fidelidade
- A nossa fidelidade 3, 4, 26, 28, 40
- Deus é fiel 31
Formação dos salesianos
- Formação afetiva, interpessoal e espiritual 12, 49, 50, 69.8
- Formação dos diretores 51, 69.10
- Formação inicial 21, 49, 71.4
- Formação pastoral 21, 50, 61, 71.4, 71.5, 75.4
- Formação permanente 7, 8, 36, 42, 49, 64.2, 67.8
Fraternidade
- Fraternidade com os colaboradores 44, 69.2
- Meios para construir a fraternidade 3, 10, 29, 31, 41, 47, 51, 68.2, 69.7
- Testemunho da fraternidade 39, 40, 63, 68, 68.2
Gestão dos bens e das obras
- Absorção em tarefa de gestão 14, 16, 27
- Transparência e profissionalismo na gestão 75.6
Graça de unidade
- A evangelização e a educação 17, 18, 25, 38, 58
- Consagração, fraternidade e missão 36, 40, 41, 63
154

16.5 Page 155

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- Encontrar Deus nos jovens 1, 53, 64.1, 64.2
- O espiritual e o humano 6, 27, 32, 33, 67.5
Guia espiritual
- Necessidade de um guia espiritual estável 7, 67.2
Individualismo
- Preocupação excessiva com o próprio trabalho 13, 42, 70.1
Jesus Cristo
- Amor por Jesus 32, 41, 64.1, 66.1, 72.1
- Apelo de Jesus 24, 32, 33, 39, 66.1
- Encontro com Jesus 1, 18, 31, 34, 38, 60, 64.1
Lectio divina
- Contato proveitoso com a Palavra de Deus 5, 8, 67.4
Leigos
- Contribuição dos leigos 15, 16, 71.5 75.1
- Corresponsabilidade dos leigos 15, 19, 44, 46, 69.1, 70.2, 71.5
- Formação dos leigos 15, 16, 20, 67.8, 71.5, 71.7, 73.2
- Sensibilidade aos valores 1
Maria
- Maria ajuda a redescobrir a alegria da fé 31
Meditação
- Prática cotidiana 65.2
Missão salesiana e missionariedade
- Corresponsabilidade na missão salesiana 13, 19, 70.2, 71.7
- Experiência de Deus e missão salesiana 2, 3, 41, 53
- Fraternidade e missão salesiana 11, 39, 40, 69.4, 69.7, 70.1
- Missionariedade 2, 17, 35, 43, 74.1, 75.5
- Vida consagrada e missão salesiana 9, 10, 28, 36
155

16.6 Page 156

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Mística
- Na base de tudo, a relação com Deus 33, 40, 64, 66
Movimento juvenil salesiano (AJS)
- O amadurecimento dos jovens mediante o MJS (AJS) 17
Mundo
- O mundo precisa de testemunho 5, 29, 40, 66.1, 66.2
Oração
- A oração, um verdadeiro apostolado 11
- A oração comunitária 3, 8, 28, 65.2 67.5
- A oração pessoal 28, 65.2, 67.5
- Manual de oração a atualizar 67.7
Paixão
- Paixão por Dom Bosco 4
- Paixão por Jesus Cristo 66.1, 72.1
Palavra de Deus
- Contato com a Palavra de Deus 5, 34, 52, 64.2, 65.2, 65.3, 67.4
Partilha
- Partilha com os leigos e os jovens 15, 46, 65.2, 74.1
- Partilha espiritual 5, 8, 54, 65.2, 67.4
- Partilha na missão 13, 46
Pastoral
- Dificuldades na pastoral 21, 56, 70.1
- Pastoral dinâmica / proativa 71.6, 72.2, 74.2
Pastoral familiar
- Cuidado das famílias 3, 20, 46, 71.5, 71.7
Pastoral juvenil
- Pastoral juvenil, dom para a Igreja e para o mundo 20, 57
- Renovação da pastoral juvenil 71.4, 71.6, 73.2
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16.7 Page 157

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Periferias juvenis
- Novas fronteiras e “periferias existenciais” 22, 26, 35, 43, 44, 55, 63.3, 69.5,
72.2, 73.1, 73.2, 73.3
- Serviço aos jovens pobres 3, 5, 6, 17, 22, 26, 31, 32, 35, 36, 63.3, 74.1, 75.3
Presença entre os jovens
- Viver com os jovens 16, 24, 59, 62, 72.1
Projeto
- Projeto comunitário 13, 67.1, 70.1, 71.1
- Projeto educativo-pastoral (PEPS) 13, 51, 71.1, 71.5
- Projeto inspetorial 70.1, 71.5
- Projeto pastoral e salesiano 56, 71.4, 71.6
- Projeto pessoal de vida 5, 67.1
Protagonismo dos jovens
- Jovens protagonistas 17, 70.2, 73.5
Proteção dos menores
- Respeito da dignidade dos menores 23, 73.4
- Acompanhamento dos indivíduos envolvidos em casos de abuso 69.9
Radicalidade evangélica
- Testemunho da radicalidade evangélica 4, 36, 55, 63, 75.7
Reconciliação
- A reconciliação para ser profeta da fraternidade 40, 48, 68.2
- Sacramento da Reconciliação 49, 65.1
Redimensionamento
- Redesenho das presenças 26, 69.6
Reflexão
- Reflexão pastoral 13, 54, 67.5, 71.7
- Reflexão sobre a vocação e vida salesiana 8, 69.7
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16.8 Page 158

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Relacionamentos e Relações
- A formação favorece relações interpessoais 12, 49, 50, 69
- Relacionamentos superficiais a superar 10, 42, 62, 68.1
- Relações fraternas 1, 3, 12, 15, 25, 40, 45, 47, 68.1, 69.2
Sair
- Ir ao encontro das necessidades 7, 35, 43, 44, 72.2
Salesiano coadjutor
- Cuidado da vocação do salesiano coadjutor 10, 69.7
Sequela de Jesus
- Sequela de Jesus na vida consagrada 33, 36, 63.1, 66.1
Servos dos jovens
- Formação, preparação para o serviço aos jovens 61
- Oração e sacrifício, serviço dos jovens 11
- Serviço a Deus nos jovens 53
- Serviço aos jovens pobres 3, 63.3
- Serviço comum 57
Sistema preventivo
- É necessária uma renovada compreensão e prática do Sistema Preventivo
3, 16, 26, 47, 54, 58, 59, 73.3
- Sistema preventivo, uma espiritualidade 54, 58, 59
Temperança
- Vida sóbria e essencial 30
Testemunho
- Testemunho de Deus 1, 3, 4, 5, 28, 32, 33, 37, 38, 39
- Testemunho de radicalidade evangélica 59, 63, 66.1
- Testemunho de unidade 40
Trabalho
- Trabalho em comum 8, 13, 19, 71.2, 71.3
- Trabalho fecundo 8, 50, 58, 63.2, 67.5
- Trabalho pouco significativo 27, 28, 38, 42
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16.9 Page 159

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Trabalho e temperança
- Viver o binômio trabalho e temperança 50, 60, 75.2
Valdocco
- Vida fraterna como em Valdocco 48, 68
Vida consagrada
- Deus, fulcro da vida consagrada 5, 31, 32, 41, 67.1
- Fraternidade e vida consagrada 40, 69.7
- Identidade da vida consagrada 3, 10, 31, 69.7
- Vocações à vida consagrada 35, 75.1
Vida espiritual
- Trabalho e vida espiritual 6, 58
- Acompanhamento da vida espiritual dos jovens 27
Vocação
- Cuidado das vocações 15, 17, 27, 40, 74.2, 75.1
- Vocação salesiana 3, 10, 31, 32, 36, 38, 69.7
Voluntariado
- Valorizar o voluntariado 17, 73.2
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