Diretor Salesiano_pt


Diretor Salesiano_pt



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Animação
e governo
da comunidade
O serviço
do diretor salesiano

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AniOmcchaieçlloão
e governo
da comunidade
O serviço
do diretor
salesiano

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Animação
e governo
da comunidade
O serviço
do diretor
salesiano

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Projeto gráfico:
Andrea Marconi
Edição brasileira: EDEBÊ Brasília
Todos os direitos reservados
Sociedade de São Francisco de Sales
(Salesianos de Dom Bosco)
Edição extracomercial (2019)
Sede Central Salesiana
Via Marsala, 42
00185 Roma

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Agradecimentos
Um sincero agradecimento aos irmãos que colaboraram
com o Dicastério da Formação: Ivo Coelho,
Jose Kuttianimattathil, Cleofas Murguia – agora bispo,
Francisco Santos Montero, Silvio Roggia; no trabalho de
preparação: Marcello Baek, Adriano Bregolin,
Raymond Callo, Vincent Castilino, Manuel Cayo,
Martin Coyle, Jorge Crisafulli, Francesco de Ruvo,
Salvador Delgadillo, Ian Figueiredo, Pier Fausto Frisoli,
James Heuser, Zenon Klawikowski, Alberto Lorenzelli –
agora bispo, Gerard Martin, Eusebio Muñoz,
Gabriel Ngendakuriyo, Luis Onrubia, Michael Pace,
Stanislaus Swamikannu, Luis Timossi, Meinolf von Spee.
Um sentido agradecimento também aos membros do grupo
de redação e aos tradutores: Zdzislaw Brzek, Placide Carava,
Ivo Coelho, Ian Figueiredo, Julian Fox, Alberto Lorenzelli,
Giuseppe Nicolussi, Luis Onrubia, Silvio Roggia,
Francisco Santos Montero, José Antenor Velho.
Comentário às imagens
As imagens de abertura e conclusão levam-nos ao Colle Dom
Bosco e a Valdocco. O discurso sobre o diretor salesiano e seu
ministério de animação e governo da comunidade local inse-
re-se no interior da vida e do carisma de Dom Bosco, no pro-
cesso de formação contínua que se originou dele e permanece
vivo até hoje, até este trabalho, e os frutos que dele se propõe
produzir.

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Sumário
ABREVIAÇÕES, pag. 11
PREFÁCIO, pag. 13
INTRODUÇÃO, pag. 17
1. Objetivos, pag. 17
2. O processo, pag. 18
3. Conteúdo, pag. 19
4. Uso, pag. 22
PARTE 1 - A IDENTIDADE CONSAGRADA SALESIANA, PAG. 25
1. A missão salesiana dá à nossa vida consagrada o seu
tom concreto, pag. 27
2. A vocação consagrada salesiana: o nosso modo de
compartilhar a missão, pag. 33
2.1 A nossa consagração apostólica, pag. 33
2.2 Enraizados no mistério de cristo e da trindade, pag. 35
2.3 Em comunhão com as outras vocações na missão salesiana, pag. 38
2.4 Uma única vocação vivida em duas formas, sacerdotal e laical, pag. 40
2.5 Em comunidades que são quantitativa e qualitativamente consistentes, pag. 45
3. O diretor e a missão salesiana compartilhada, pag. 47
3.1 O diretor na comunidade, pag. 47
3.2 Autoridade reconhecida do diretor, pag. 55
3.3 O caráter presbiteral do diretor salesiano, pag. 58
PARTE 2 - O DIRETOR NA COMUNIDADE RELIGIOSA SALESIANA, PAG. 67
4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana,
pag. 69
4.1 Místicos no espírito: guia espiritual da comunidade, pag. 69
4.1.1 Fidelidade aos conselhos evangélicos, pag. 70
4.1.2 Animação da oração pessoal e comunitária, pag. 72
4.1.3. Cuidar da identidade carismática, pag. 74
7

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Animação e governo da comunidade
4.2 Profetas da fraternidade: animador de comunhão
e de corresponsabilidade, pag. 75
4.2.1 Promover a unidade, pag. 76
4.2.2 Relações fraternas e comunicação, pag. 77
4.2.3 Uma comunidade aberta e acolhedora, pag. 80
4.3 Servos dos jovens: o primeiro responsável da missão apostólica, pag. 82
4.3.1 Encorajar a caridade pastoral dos irmãos, pag. 83
4.3.2 Coordenar a corresponsabilidade na missão comum, pag. 84
4.3.3 Guiar o discernimento pastoral, pag. 85
4.3.4 Encorajar a animação vocacional, pag. 86
5. Um serviço carismático, pag. 89
5.1 Disposições e comportamento, pag. 89
5.1.1 Escuta e diálogo, pag. 89
5.1.2 Liberdade pessoal e corresponsabilidade, pag. 90
5.1.3 Discernimento pessoal e comunitário, pag. 92
5.2 Instrumentos para a animação, pag. 95
5.2.1 O colóquio com o diretor, pag. 95
5.2.2 O acompanhamento pessoal, pag. 98
5.2.3 O “boa-noite”, pag. 100
5.2.4 O projeto pessoal de vida, pag. 102
5.2.5 O projeto comunitário, pag. 103
5.2.6 Correção fraterna, pag. 105
5.2.7 A crônica da casa e o arquivo, pag. 107
5.3 Estruturas de animação, pag. 107
5.3.1 O Conselho local, pag. 107
5.3.2 O vigário do diretor, pag. 110
5.3.3 A assembleia dos irmãos, pag. 111
5.4 Atenção personalizada aos irmãos, pag. 112
5.4.1 Salesianos presbíteros e salesianos leigos, pag. 113
5.4.2 Irmãos em formação inicial, pag. 114
5.4.3 Interculturalidade, pag. 115
5.4.4 Irmãos que passam por momentos difíceis, pag. 116
5.4.5 Irmãos anciãos, pag. 117
5.4.6 Irmãos enfermos, pag. 118
5.4.7 Irmãos que precisam de atenção especial, pag. 119
8

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Sumário
5.5 A economia e a administração, pag. 120
6. Formação permanente, pag. 123
6.1 Na comunidade, pag. 123
6.2 Para o próprio diretor, pag. 127
PARTE 3 - O DIRETOR E A MISSÃO SALESIANA
COMPARTILHADA, PAG. 153
7. A comunidade educativo-pastoral, pag. 155
7.1 A cep e o projeto educativo-pastoral, pag. 155
7.1.1 A atual compreensão do Sistema Preventivo, pag. 155
7.1.2 A necessária inculturação do Sistema Preventivo, pag. 156
7.1.3 O Conselho da CEP e o Conselho da Obra, pag. 160
7.2 A comunidade religiosa salesiana na cep , pag. 162
7.2.1 O núcleo animador, pag. 162
7.2.2 As diversas formas de relação entre comunidade salesiana e obra, pag. 163
A. Obras confiadas conjuntamente à comunidade salesiana e aos leigos, pag. 164
B. Obras confiadas a leigos sob a orientação da inspetoria, pag. 166
7.3 A comunidade salesiana: ponto de referência carismático na cep, pag. 167
7.3.1 Animação espiritual, pag. 169
7.3.2 Profecia de fraternidade, pag. 172
7.4 A comunidade salesiana e o peps, pag. 174
8. Uma comunidade aberta, pag. 183
8.1 A comunidade inspetorial e a comunidade mundial, pag. 184
8.2 A família salesiana, pag. 185
8.3 A igreja, pag. 189
8.4 A presença no território, pag. 192
CONCLUSÃO, pag. 199
Apêndice 1: as ‘lembranças confidenciais’, pag. 201
Apêndice 2: o superior local no código de direito canônico, pag. 211
ÍNDICE ANALÍTICO, pag. 223
9

2 Pages 11-20

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2.2 Page 12

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ABREVIAÇÕES
ACG
Atos do Conselho Geral
ACS
Atos do Conselho Superior
AL
Amoris Laetitia (2016)
C
Constituições da Sociedade de São Francisco de Sales (2015)
Carta
Carta de identidade carismática da Família Salesiana de Dom Bosco (2012)
CIC
Catecismo da Igreja Católica (1992)
CEP
Comunidade educativo-pastoral
CG
Capítulo Geral
CGE
Capítulo Geral Especial
CDC
Código de Direito Canônico – Codex Iuris Canonici (1983)
CIVCSVA Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica
CL
Christifideles Laici (1988)
CV
Christus Vivit (2019)
EG
Evangelii Gaudium (2013)
ET
Evangelica Testificatio (1971)
FSDB
Formação dos Salesianos de Dom Bosco (2016)
FT
CIVCSVA, O serviço da autoridade e a obediência. Faciem tuam, Domine, requiram (2008)
LG
Lumen Gentium (1964)
MB
Memorie Biografiche
MBp
Memórias Biográficas (edição em português)
MR
Mutuae Relationes (1978)
MSD
O diretor salesiano: um ministério para a animação e o governo da comunidade local (1986)
NMI
Novo Millennio Ineuente (2001)
PdV
Pastores Dabo Vobis (1992)
PEPS
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
PV
O Projeto de vida dos Salesianos de Dom Bosco. Guia à leitura das Constituições Salesianas (1986)
QdR
Pastoral Juvenil Salesiana - Quadro referencial (2014)
R
Regulamentos gerais (2015)
RdC
CIVCSVA, Partir de Cristo: um renovado empenho da Vida Consagrada no terceiro milênio (2002)
VC
Vita Consecrata (1996)
VFC
CIVCSVA, Vida fraterna em comunidade. ‘Congregavit nos in unum Christi amor’ (1994)
VN
CIVCSVA, Para vinho novo odres novos (2017)
11

2.3 Page 13

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2.4 Page 14

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PREFÁCIO
Meus caros irmãos,
Já se passaram 32 anos desde o último manual do diretor salesiano
e fico feliz por apresentar-vos esta nova versão, revista a pedido do
CG27. Posso garantir-vos que é fruto da consulta feita em todas as
nossas inspetorias e regiões e do trabalho muito exigente feito também
pelo Conselho Geral.
Os diretores são figuras-chave na renovação da Congregação e do nos-
so serviço aos jovens na comunidade educativo-pastoral. São a chave
da tão desejada formação permanente, que deve ser atuada em nossas
comunidades religiosas e, por extensão, também em nossas comunida-
des educativo-pastorais. Este manual é oferecido, pois, principalmente
a eles e aos que estão envolvidos na sua formação, primeiramente os
inspetores e seus Conselhos.
O novo manual é dirigido, igualmente, a todos os salesianos e a todos
os membros de cada comunidade religiosa salesiana. O diretor é defi-
nido em nossas Constituições como ‘irmão entre irmãos’, e é assim que
a Igreja quer que seja, quando nos chama a dar vida à dinâmica da
fraternidade, sem descurar a ação de governo. Este é um dos grandes
presentes que o Papa Francisco está oferecendo à Igreja: a prática do
discernimento comunitário como estilo de animar e governar, que
nasce da profunda convicção de sermos irmãos, de sermos chamados à
comunhão, de termos recebido no batismo o mesmo Espírito que faz de
nós membros do mesmo corpo.
Notareis no manual, antes de tudo, uma grande atenção à nossa
identidade: salesianos leigos ou salesianos presbíteros, somos todos, em
primeiro lugar, consagrados salesianos e o diretor é, antes de tudo, o
guarda dessa identidade, responsável pela promoção do crescimento
vocacional da comunidade e dos irmãos a ele confiados. Como Dom
Bosco, ele é um homem profundamente enamorado de Jesus Cristo,
nossa regra viva, cujo modo de viver procura reproduzir fielmente; um
irmão unido aos seus irmãos no serviço do Pai, com aquela admirável
harmonia de humildade, realismo e fé, que vem do Espírito.
13

2.5 Page 15

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Animação e governo da comunidade
Outra grande ênfase presente no manual vem daquele que é, talvez,
o desdobramento mais significativo da nossa história desde o Vaticano
II: a afirmação clara de que o espírito salesiano e a missão salesiana
são compartilhados com os leigos. Hoje, então, o diretor e a comunidade
salesiana participam do núcleo animador da comunidade educativo-
-pastoral. No interior desse núcleo eles têm, naturalmente, uma res-
ponsabilidade especial na fidelidade ao carisma; de acordo com o CG25
são o “ponto carismático de referência”. O salesiano de hoje é chamado,
então, a ser antes de tudo animador daqueles com os quais compartilha
o carisma. E, para tanto, precisa viver a sua vocação consagrada com
alegria transparente e contagiosa.
A vós todos, pois, meus caros irmãos, ofereço este presente, fruto de um
trabalho exigente de síntese de todos os progressos que aconteceram na
Igreja e em nossa Congregação nos últimos 30 anos. Maria, nossa mãe
e mestra, ajude-nos a crescer na plenitude da nossa consagração, para
que possamos ser sinais e portadores sempre mais críveis do amor de
Deus aos jovens.
Vosso em Dom Bosco,
Ángel Fernández Artime
Reitor-Mor
Sacro Cuore – Roma, Páscoa da Ressurreição, 21 de abril de 2019
14

2.6 Page 16

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2.7 Page 17

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Animação e governo da comunidade
16

2.8 Page 18

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INTRODUÇÃO
1. OBJETIVOS
A longa história do
manual do diretor
1. Esta nova edição de O Diretor Salesiano, mais conhecida
como Manual do Diretor, parte de um pedido explícito do
CG27 (CG27 69). A última versão do manual fora publica-
da em 1986, como revisão de um texto precedente, pedido
pelo CG21. Temos também um manual ainda mais antigo,
dos tempos do Padre Albera.1 Entretanto, podemos afirmar
que o primeiro manual é o texto das Lembranças Confiden-
ciais aos Diretores, de Dom Bosco, entregue ao primeiríssimo
diretor salesiano, o jovem Padre Rua, quando foi enviado a
Mirabello.2 Pode-se afirmar, então, que o Manual do Dire-
tor tem uma longa e honrosa história.
As Lembranças
confidenciais de Dom
Bosco aos diretores
2. As Lembranças Confidenciais aos Diretores, de Dom Bosco,
foram redigidas com o tom afetuoso de um pai que confia
algo importante a um filho seu (“Falo como um pai que
abre o próprio coração aos seus queridos filhos”). Contêm
diretrizes para cuidar de si mesmo e daqueles que lhes são
confiados: os irmãos, os educadores, os jovens. As edições
sucessivas desse texto abandonaram a introdução muito
confidencial e familiar em sua tonalidade, mas mantiveram
a mesma solicitude pela salvaguarda do espírito salesiano
nas casas mediante a fidelidade dos diretores às suas res-
ponsabilidades específicas. A edição de 1886 conclui assim:
“Este é como um testamento que envio aos diretores das
nossas casas. Se estes lembretes forem mantidos, morrerei
tranquilo, certo de que a nossa Sociedade será sempre mais
florescente diante dos homens e abençoada por Deus, e con-
seguirá o seu escopo, que é a maior glória de Deus e a sal-
vação das almas”.
O diretor e a
corresponsabilidade dos
irmãos
3. O objetivo do manual de 1986 era manter a centralidade
da figura do diretor segundo a nossa tradição e, ao mesmo
tempo, apresentar uma atualização, à luz do Concílio e das
Constituições renovadas, em sintonia com os novos tempos.
17

2.9 Page 19

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Animação e governo da comunidade
O objetivo desta edição revista é equilibrar esta centralidade
com o papel da comunidade religiosa salesiana, o reconheci-
mento da autoridade confiada ao diretor e, ao mesmo tem-
po, a corresponsabilidade dos irmãos, à luz das mudanças
que se deram ao longo dos últimos 30 anos. Tenha-se pre-
sente, portanto, o caminho eclesial durante o pontificado de
João Paulo II e de Bento XVI, o pontificado de Francisco,
os Sínodos dos Bispos e os vários documentos produzidos
pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e
as Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA). Na Con-
gregação, temos os reitorados dos Padres Viganò, Vecchi,
Chávez e Fernández, os Capítulos Gerais 23 e seguintes e
os documentos redigidos pelos vários dicastérios, como o
Sistema Salesiano de Comunicação Social (2011), a Formação
Missionária dos Salesianos de Dom Bosco (2014), o Quadro
Referencial da Pastoral Juvenil (2014) e a Formação dos Sale-
sianos de Dom Bosco (ed. online 2016).
2. O PROCESSO
Uma grande diversidade
de culturas e contextos
4. O processo de revisão do manual começou com um semi-
nário (16-17 de junho de 2016), envolvendo representantes
de todas as regiões; ao seminário seguiu-se um questionário
(2016) no qual todas as Inspetorias puderam oferecer a pró-
pria contribuição, para chegar à compreensão da situação
atual do serviço de animação e governo da figura do diretor
salesiano. Houve, depois, outro seminário (29-31 de maio
de 2017) para a leitura e interpretação do material coletado.
Um fato ficou sempre muito claro no interior desse pro-
cesso: a Congregação, presente nos cinco continentes, em
133 nações e 89 inspetorias e circunscrições, abrange uma
grande diversidade de culturas e contextos, e caminha em
diversas velocidades. Isso nos leva a compreender desde o
início que é difícil dizer alguma coisa que seja igualmente
18

2.10 Page 20

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Introdução
válida e útil do mesmo modo e ao mesmo tempo para todos
os contextos. Entretanto, temos a firme esperança de que a
contribuição aqui oferecida possa ser um ponto de referên-
cia fundamental para o caminho comum que se está a trilhar
como Igreja e como Congregação, contribuição que, ulte-
riormente, poderá ser interpretada e encarnada nos diversos
contextos e situações.
Os Capítulos Gerais
3. CONTEÚDO
5. Os Capítulos Gerais são a principal expressão da Con-
gregação no seu conjunto; por isso devem ser levados em
conta como nossos principais pontos de referência.
O CG23 recordou-nos que a nossa missão tem uma dimen-
são educativa e pastoral: evangelizamos educando e educa-
mos evangelizando. O CG24 ajudou-nos a compreender
que a missão salesiana não é conduzida apenas pela comu-
nidade religiosa salesiana, mas também pelos demais mem-
bros da Família Salesiana, com os numerosos colaboradores
leigos. O CG25 quis esclarecer o novo papel da comunidade
religiosa salesiana no interior da missão. O CG26 concen-
trou-se nos aspectos mais tipicamente salesianos da nossa
identidade, de modo especial com o apelo para retornar a
Dom Bosco. Enfim, o CG27 convidou-nos a aprofundar a
compreensão da nossa vocação de salesianos consagrados,
para assumi-la em plenitude.
A presente edição do Manual do Diretor procura reunir to-
dos esses aspectos, sem perder de vista o fato fundamental,
tão claramente examinado pelo CG22 com o novo texto das
Constituições, ou seja, que a formação é a nossa contínua e
permanente resposta a Deus, que, no seu amor, nos chama
e nos envia. E formação compartilhada com os leigos, na
riqueza da diversidade das nossas vocações.
19

3 Pages 21-30

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3.1 Page 21

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Animação e governo da comunidade
CG27
6. Uma palavra a mais deve ser empregada para o CG27,
que pediu expressamente a revisão e a nova edição deste
manual. Recordamos o CG27, em geral, pelos seus três nú-
cleos: místicos no espírito, profetas de fraternidade e servos
dos jovens. É surpreendente notar que a carta de convocação
do Capítulo, como o discurso de abertura do Reitor-Mor
apresentou, porém, não três, mas quatro áreas temáticas:
Quisemos focalizar a atenção do CG27 ao redor de quatro
áreas temáticas: viver na graça de unidade e na alegria a
nossa vocação consagrada salesiana, que é dom de Deus
e projeto pessoal de vida; fazer uma intensa experiência
espiritual, assumindo o modo de ser e agir de Jesus
obediente, pobre e casto, e servos buscadores de Deus;
construir a fraternidade em nossas comunidades de vida e
ação; dedicar-nos generosamente à missão, caminhando
com os jovens para dar esperança ao mundo (CG27, p. 95).
Participamos da missão
de Dom Bosco como
pessoas consagradas
7. O ponto-chave a considerar é que o objetivo do CG27
era “aprofundar a nossa identidade carismática, tornando-
-nos cientes da nossa vocação de viver em fidelidade o pro-
jeto apostólico de Dom Bosco” (CG27, p. 95). É claro que
compartilhamos a missão de Dom Bosco como consagrados
e é precisamente enquanto tais que encontramos o nosso
lugar na CEP.
Por esse motivo, enquanto as três partes do manual de 1986
eram:
1. renovação como retorno e inovação;
2. animação e governo do Diretor na CEP e na comunidade
religiosa;
3. métodos, meios e estruturas de animação e governo.
20

3.2 Page 22

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Introdução
Aumenta o peso da
responsabilidade de
quem, hoje, aceita
prestar o serviço da
autoridade
as três partes do presente manual são:
1. diretor como guarda3 da identidade consagrada salesiana;
2. diretor como animador e guia da comunidade religiosa sale-
siana e da missão.
3. diretor e a comunidade religiosa na CEP e no território.
8. Ao apresentar esta edição atualizada do Manual do Dire-
tor Salesiano estamos cientes de que, nos anos passados des-
de a última edição de 1986, a vida em nossas comunidades
e obras tornou-se mais complexa, e o número dos irmãos,
mesmo nas inspetorias em crescimento, nunca é suficiente
para enfrentar as necessidades encontradas. Essa situação
faz aumentar também o peso das expectativas em relação
àquele a quem é pedido para aceitar o serviço da autoridade.
De um lado, a figura do diretor permanece central na nossa
tradição; de outro, hoje lhe é pedido para ser o animador
não só da comunidade religiosa salesiana, mas também da
CEP.
Iniciamos a revisão deste manual na esperança de apresen-
tar um texto simplificado, mas o trabalho de integração dos
progressos dos últimos 30 anos levou a delinear uma figura
de diretor salesiano ainda mais complexa. O que podemos
dizer? Reafirmamos simplesmente que o diretor salesiano
não é um super-homem, mas apenas um homem. Um ho-
mem que, segundo o estilo de Dom Bosco, foi tocado pela
graça do Senhor. Ele sabe que não está sozinho e aceita e
realiza o seu serviço dando o melhor de si e crescendo no
conhecimento da sua identidade salesiana consagrada, en-
quanto caminha com seus irmãos e irmãs, invocando todos
os dias o dom da alegria e da força necessária, certo de que
Deus está presente em todas as circunstâncias concretas
da vida.
21

3.3 Page 23

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Animação e governo da comunidade
4. USO
Diretor e comunidade
religiosa salesiana.
Inspetores e delegados
inspetoriais da formação
9. Uma palavra sobre como usar este manual. Obviamente,
ele é pensado para ser estudado e meditado pelos próprios
diretores, especialmente por quem assume este serviço pela
primeira vez. Variará o modo com que o farão, porque não
há um modo único de ler este texto: alguns o lerão parte
por parte, enquanto outros talvez desejarão lê-lo logo, por
inteiro, e ambas as modalidades são adequadas.
Dada a relação íntima entre o diretor e a comunidade re-
ligiosa salesiana, é extremamente importante afirmar com
clareza que o manual é dirigido também à comunidade. Os
irmãos são chamados a conhecer e acolher de bom-grado
a figura e a autoridade do diretor como guarda da vocação
consagrada salesiana e animador da missão compartilhada
com os leigos e os membros da Família Salesiana. O manual,
portanto, estará à disposição dos irmãos e das comunidades,
com a promoção de iniciativas para o estudo e a reflexão
sobre ele. O texto torna-se um instrumento para favorecer
a formação permanente na Congregação. A formação tem
seu lugar natural de realização na vida da comunidade e é
permanente pela sua mesma natureza, tendo o diretor como
seu principal animador, em colaboração com todos os mem-
bros da comunidade.
O manual será de ajuda principalmente aos Inspetores e de-
legados inspetoriais de formação, como também aos vários
centros regionais para a formação, dada a sua responsabili-
dade na formação inicial e permanente dos diretores. Pode-
ria ser também uma boa-prática apresentar uma cópia do
manual ao novo diretor na cerimônia da tomada de posse.
Além disso, será importante inserir o manual do diretor na
formação específica dos nossos candidatos ao sacerdócio: a
preparação para o papel de guia na comunidade faz parte
22

3.4 Page 24

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Introdução
com certeza do crescimento na forma ministerial/presbite-
ral da vocação salesiana.
Regiões ou inspetorias 10. Podemos notar também que, dada a grande variedade de
podem adaptar este
manual a fim de enfrentar
situações e necessidades nas diversas partes da Congrega-
suas exigências
ção, nada impede que regiões ou inspetorias possam adaptar
particulares
este manual às suas exigências particulares. Decidimos, por
exemplo, conservar as numerosas referências e notas, tanto
no texto como no final de cada capítulo, porque poderiam
oferecer novos elementos e orientações no processo de pla-
nejamento da formação dos diretores. Entretanto, as Inspe-
torias, caso o desejem, também podem decidir servir-se de
uma versão do texto mais simples e menos ‘sobrecarregada
de notas’.
Como ajuda ulterior, podem-se encontrar vários módulos
para a formação dos diretores na página da formação no sí-
tio web oficial da Congregação (www.sdb.org).
1 Manuale del direttore (San Benigno Canavese, 1915), com introdução
do Padre Albera.
2 Para a edição crítica, ver F. Motto, I ‘Ricordi confidenziali ai direttori’
di Don Bosco, Ricerche Storiche Salesiane 3/1 (1984) 125-166.
3 “Guarda” é usado aqui como Bento XVI o usou na audiência geral de 4
de maio de 2005, quando falou de Deus como guarda ou “sentinela” que
vela sobre o seu povo.
23

3.5 Page 25

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3.6 Page 26

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Introdução
Parte 1
A identidade
consagrada
salesiana
Procura
fazer-te
amar...
25

3.7 Page 27

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Animação e governo da comunidade
Videiras, ramos, uva...
A nossa identidade enraíza-se na
pertença ao Senhor em tudo e para tudo,
como o ramo à videira.
“Quem permanece em mim, e eu nele,
produz muito fruto, porque sem mim
nada podeis fazer” ( Jo 15,5).
26

3.8 Page 28

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1. A MISSÃO SALESIANA DÁ À
NOSSA VIDA CONSAGRADA O
SEU TOM CONCRETO
A missão “dá a toda a
nossa existência o seu
tom concreto”
11. O Artigo 3 das nossas Constituições afirma que “mis-
são apostólica, comunidade fraterna e prática dos conselhos
evangélicos são elementos inseparáveis da nossa consagra-
ção”, e acrescenta: “a missão dá a toda a nossa existência o
seu tom concreto”.
Ao elaborar, em 1984, o texto definitivo das Constituições,
o CG22 fez a opção de colocar a missão como centro unifi-
cador de todos os elementos da vida e da atividade salesiana.
Isso se torna evidente tanto no conteúdo dos artigos como
na estrutura que rege o conjunto do texto constitucional.
Basta considerar o título da segunda parte para tomar ciên-
cia disso: Enviados aos jovens em comunidades no seguimento
de Cristo.
A centralidade da missão
em Dom Bosco
12. A decisão do CG22 é reflexo da centralidade da missão
na vida de Dom Bosco: ele vivia claramente consciente de
ter sido enviado por Deus para trabalhar pela salvação dos
jovens.
O horizonte da missão começa a alargar-se já desde o sonho
dos nove anos. É interessante notar que ao narrar o sonho,
Dom Bosco não diz ter percebido nele indicações sobre a
sua vocação sacerdotal; só Mamãe Margarida faz um ace-
no a essa possibilidade. Anos depois, ao passar pelo difícil
período das opções decisivas para o seu futuro na conclusão
da escola pública em Chieri, a vida sacerdotal diocesana não
exercerá uma forte atração sobre ele. O seu coração orienta-
-se mais para a vida dos franciscanos; serão os conselhos do
tio-padre de Luís Comollo e a mediação do Padre Cafasso
a levá-lo, enfim, a entrar no seminário.
Quando inicia a experiência do Oratório, a primeira prio-
ridade de Dom Bosco é buscar colaboradores e auxiliares
para o seu trabalho entre os jovens, sempre em aumento, e
somente anos depois amadurecerá a ideia da possível funda-
27

3.9 Page 29

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
ção de uma Congregação de pessoas consagradas. A centra-
lidade da missão levou-o a buscar colaboradores, e a mesma
centralidade levou-o enfim à ideia de uma Congregação re-
ligiosa.
A sugestão ‘externa’ de Rattazzi e de Cavour sobre a funda-
ção da Congregação Salesiana pode ser entendida do mes-
mo modo: estes eminentes defensores da laicidade ficaram
muito impressionados com a missão de Dom Bosco. Po-
demos notar a mesma centralidade da missão na reação de
Cagliero diante da proposta de Dom Bosco em dezembro
de 1859: “Frade ou não frade, eu fico com Dom Bosco”.
Sempre nessa linha, podemos recordar as numerosas dificul-
dades vividas por Dom Bosco quanto à formação dos seus
futuros padres. Para ele, tudo estava voltado para as necessi-
dades da missão, em cujo centro havia um grande desejo de
santidade para si mesmo, para os seus colaboradores, para os
jovens – expresso de maneira eminente no lema herdado de
Francisco de Sales: Da mihi animas, coetera tolle.
A missão não pode ser
equiparada ao trabalho
ou à atividade
13. Dado que a missão ocupa um lugar tão central para nós,
é absolutamente essencial não negligenciar a sua densidade
teológica. A missão não pode ser equiparada ao trabalho ou à
atividade, com também o chamado não pode ser equiparado
à opção. Opção, trabalho e atividade podem ser iniciativas
do sujeito individual e autônomo; mas chamado, vocação e
missão são termos teológicos. A missão envolve vários ele-
mentos: alguém que envia; alguém que é enviado; aqueles
a quem é enviado; o serviço a ser feito; o modo como deve
ser feito e os meios dos quais se servir. Isso tudo está con-
densado no artigo 2 das nossas Constituições e amplamente
comentado no Projeto de Vida dos Salesianos de Dom Bosco
(PV 98). Aqui é suficiente evidenciar alguns aspectos.
Há Alguém que chama e envia: a missão vem de Deus. A
iniciativa é sempre de Deus e Deus chama a si aqueles que
28

3.10 Page 30

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1. A missão salesiana dá à nossa vida consagrada a sua tonalidade concreta
quer “para estar com ele e enviá-los a pregar” (Mc 3,14; ver
C 96). Esta, de fato, é a grande profissão, ao mesmo tempo
clara e humilde, do primeiro artigo das nossas Constitui-
ções: “A Sociedade de São Francisco de Sales não nasceu
de simples projeto humano, mas por iniciativa de Deus”.
“Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus,
mas foi ele que nos amou” (1Jo 4,10). No amor preveniente
de Deus está a raiz mais profunda do Sistema Preventivo.
O CG27 recorda-nos, ainda, que somos místicos no Espí-
rito. “Num mundo que começa a fazer sentir sempre mais
claramente o desafio do secularismo, precisamos ‘encontrar
uma resposta no reconhecimento do primado absoluto de
Deus’, através da ‘total doação de si’ e na ‘conversão per-
manente de uma existência doada como verdadeiro culto
espiritual’” (ACG 413 20) “Como para Dom Bosco, assim
também para nós, o primado de Deus é o fulcro que dá ra-
zão da nossa existência na Igreja e no mundo. Este primado
dá sentido à nossa vida consagrada, faz-nos evitar o risco de
nos deixarmos absorver pelas atividades, esquecendo-nos de
ser essencialmente ‘buscadores de Deus’ e testemunhas do
seu amor entre os jovens e os mais pobres” (CG27 32).
A origem da missão em
Jesus e no Espírito Santo
14. A missão vem até nós ‘em’ e ‘através’ de Jesus, epifania de
Deus, revelação do mistério do Deus trino que é comunhão
de amor. A missão de Jesus é revelar e recolher: revelar o Pai
e recolher na unidade os filhos de Deus dispersos (QdR 42-
47. “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus
e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer” ( Jo
1,18). Jesus é a revelação do rosto misericordioso do Pai.
“Quem me vê, vê o Pai” ( Jo 14,9). Jesus revela um Deus que
é comunhão de amor, a Trindade.
É o Espírito Santo, enviado pelo Pai em nome de Jesus
Cristo, que nos recorda tudo o que Jesus disse e fez ( Jo
14,25-26), e que nos municia habilita para continuar essa
missão mediante o carisma e os dons que ele distribui a cada
29

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
O conteúdo essencial
da nossa missão: ser
reveladores de Deus
um: “Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre
vós, para serdes minhas testemunhas...” (At 1,8; ver também
C 1).
Como o menino Joãozinho Bosco, cuja atenção dirige-se
primeiramente aos meninos do sonho e só no final apren-
de o nome da belíssima senhora e do seu filho, a primeira
atenção do salesiano dirige-se normalmente ao apostolado.
Descobre, depois – e às vezes apenas muito gradualmente
–, o seu chamado a responder apaixonadamente e com en-
tusiasmo ao amor revelado no Filho, e a ser transformado
à sua semelhança (2Cor 3,18) de modo a ser, como Jesus,
o rosto do Pai para os jovens, muitas vezes marcados por
graves carências de paternidade e maternidade.
15. Eis, pois, o conteúdo essencial da nossa missão: ser revela-
dores de Deus, ser sinais e portadores do seu amor (C 2), de
modo que o amor preveniente de Deus se torne visível atra-
vés de nós. O Sistema Preventivo inspira-se na “caridade de
Deus que se antecipa a toda criatura com a sua Providência,
segue-a com sua presença e salva-a com a doação da própria
vida” (C 20). Este é um amor que deve ser demonstrado para
ser realmente ele mesmo, e é muito mais eficaz quando visto
pelos jovens. É um amor libertador em todos os sentidos,
a ponto de o Sistema Preventivo poder ser definido como
pedagogia da liberdade. As nossas Constituições falam de
promoção integral (C 31). Mas, justamente como Jesus, que
não só revela o rosto do Pai, mas também “reúne os filhos
dispersos” ( Jo 11,52), a nossa missão inclui a promoção e a
criação da fraternidade e da comunhão, para sermos sempre
mais o que já somos radicalmente. Pois como fomos criados
à imagem de Deus-Comunhão-Amor, formos ‘pensados’ de
modo trinitário.
30

4.2 Page 32

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1. A missão salesiana dá à nossa vida consagrada a sua tonalidade concreta
Aqueles aos quais somos 16. Não esqueçamos que os jovens aos quais somos envia-
enviados
dos são, preferencialmente, os “‘pobres, abandonados e em
perigo’, aqueles que têm maior necessidade de amor e de
evangelização”; que trabalhamos especialmente nas áreas
de maior pobreza: pontos-chave nos quais insistiu o Rei-
tor-Mor, Padre Ángel Fernández Artime, na conclusão do
CG27.1 Trabalhamos pelos jovens nas comunidades educa-
tivo-pastorais, que incluem as suas famílias como agentes
pastorais ativos. A Congregação Salesiana acompanha os
jovens não só nos cinco continentes, mas também no novo
continente digital, tão onipresente e generalizado, cujo im-
pacto na vida dos jovens não pode ser realmente subestima-
do. Estão alterando as nossas noções de tempo e espaço, a
percepção que temos de nós mesmos e como vemos os ou-
tros e o mundo, o modo com que nos comunicamos, apren-
demos e recebemos informações, com o impacto diferente
que têm palavra e imagem. É um novo mundo que põe nas
mãos de grandes sociedades e das mídias um enorme poder
para o bem e o mal da vida dos jovens.2
Por isso, somos enviados aos jovens em comunidade no se-
guimento de Cristo, mas é a missão que dá o tom concreto
à nossa vida.
31

4.3 Page 33

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4.4 Page 34

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A missão salesiana é
compartilhada pelos
salesianos, pela Família
Salesiana e pelos leigos
2. A VOCAÇÃO CONSAGRADA
SALESIANA: O NOSSO MODO DE
COMPARTILHAR A MISSÃO
17. A missão salesiana, todavia, não pertence exclusivamen-
te aos salesianos de Dom Bosco. Dom Bosco, como já dis-
semos, iniciou com muitos tipos de colaboradores e, enfim,
chegou a sentir a necessidade de pessoas consagradas. Deus
chama muitos para participar da missão – membros da Fa-
mília Salesiana ou outros. Isso como que se cristalizou e foi
afirmado intensamente no CG24. Pode-se percebê-lo já no
título: “Salesianos e leigos: comunhão e participação no es-
pírito e na missão de Dom Bosco”. Trata-se de um tema em
que o Reitor-Mor, Padre Ángel Fernández Artime, insiste
constantemente.3
Nós salesianos compartilhamos essa missão como pessoas
consagradas. As implicações práticas desse fato para a figura
do diretor salesiano serão delineadas a seguir. Aqui é útil re-
tomar uma consideração expressada pelo Padre Juan Vecchi,
na conclusão do CG24, afirmando que, enquanto é verdade
que “muitos participam do carisma de Dom Bosco... isso, na
comunidade SDB, tem um grau especial de concentração:
pela força da consagração, pela experiência comunitária,
pelo projeto de vida (profissão), pela dedicação completa à
missão” (CG24 236).
2.1 A NOSSA CONSAGRAÇÃO APOSTÓLICA
A nossa é “consagração
apostólica”
18. Realizamos no interior da Igreja o projeto apostólico
do Fundador, ser sinais e portadores do amor de Deus aos
jovens, especialmente os mais pobres, numa forma específi-
ca de vida religiosa (C 2). Dada a centralidade da missão, a
nossa é uma “consagração apostólica”. Missão, comunidade
e conselhos evangélicos unem-se inseparavelmente na nossa
consagração apostólica, vivida na graça de unidade, “num
único movimento de caridade para com Deus e para com os
irmãos” (C 3).
33

4.5 Page 35

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
Eis, portanto, a nossa identidade básica: a consagração apos-
tólica salesiana. Somos religiosos educadores e pastores (C
98), que vivemos esta vocação de duas formas, clerical e lai-
cal (C 4 e 45). O desafio, tanto para os salesianos presbíteros
como para os salesianos leigos, é viver a forma particular
da própria vocação na sua totalidade, a partir ‘de dentro’ da
consagração apostólica, evitando, de um lado, a tendência
ao genericismo pastoral e ao individualismo apostólico e, de
outro, a busca de compensações, tanto no lado eclesiástico
(assumindo tarefas e comportamentos clericais) como no
laical (ênfase excessiva no profissionalismo ou busca de um
estilo de vida meramente secular).
Chamados a aprofundar
a graça de unidade
19. A nossa identidade baseia-se, pois, numa redescober-
ta harmoniosa e vital da “consagração apostólica”. “Missão”
e “consagração” não devem ser postas em oposição dualis-
ta. Somos chamados a aprofundar a graça de unidade pela
qual a nossa vida salesiana é, ao mesmo tempo, religiosa e
apostólica numa forma original de dedicação a Deus, amado
acima de todas as coisas, na sua infinita misericórdia de sal-
vador do mundo. Dom Bosco queria, de fato, que o ardor da
caridade fizesse com que a vida ativa caminhasse ‘pari passo’
com a contemplativa (CG22 20). “Para nós, será particular-
mente profícuo não esquecer o significado peculiar e tota-
lizante de cada um dos dois termos ‘consagração’ e ‘missão’,
que não podem ser reduzidos, cada um singularmente, a in-
dicar apenas um setor da vida salesiana: a nossa consagração
é, em si mesma, apostólica; e a missão que nos é confiada é,
enquanto tal e nossa, religiosa”.4
Padre Vecchi, ao ler Vita Consecrata numa perspectiva sale-
siana, reconheceu na profunda unidade entre consagração e
missão a verdadeira fonte da dimensão apostólica da nos-
sa vida: “A dimensão apostólica emerge da unidade interna
entre consagração e missão: «Na sua vocação, portanto, está
incluído o dever de se dedicarem totalmente à missão; mais,
34

4.6 Page 36

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2. A vocação consagrada salesiana: o nosso modo de compartilhar a missão
a própria vida consagrada, sob a ação do Espírito Santo, que
está na origem de toda vocação e carisma, torna-se missão,
tal como o foi toda a vida de Jesus» (VC 72)” (ACG 357 17).
Como notamos na introdução, o objetivo primeiro do
CG27 era, de fato, insistir novamente sobre a nossa consa-
gração apostólica. A “radicalidade evangélica” do título do
CG27, portanto, não deve ser entendida como referida ape-
nas à vida dos conselhos evangélicos. Refere-se a todos os
aspectos da vocação consagrada, incluída a vida fraterna e a
missão, enraizada em Cristo. Testemunhar os valores evan-
gélicos radicais “não é um aspecto que se coloque ao lado
dos outros, mas uma dimensão fundamental da nossa vida”
(ACG 413 8). É importante recordar que “místicos, pro-
fetas e servos” é um modo nítido de resumir o CG27, mas
não deveria distrair-nos do fato que a finalidade do Capítu-
lo era ajudar a apropriar-nos novamente da nossa vocação
consagrada salesiana na sua totalidade e vivê-la na graça de
unidade e com alegria.
Seguir Cristo de uma
maneira especial
2.2 ENRAIZADOS NO MISTÉRIO DE CRISTO
E DA TRINDADE
20. A vida consagrada enraíza-se no mistério de Cristo e
da Trindade, como foi afirmado na Exortação Apostólica
pós-sinodal Vita Consecrata. “O fundamento evangélico da
vida consagrada há de ser buscado naquela relação especial
que Jesus, durante a sua existência terrena, estabeleceu com
alguns dos seus discípulos, convidando-os não só a acolhe-
rem o Reino de Deus na sua vida, mas também a colocarem
a própria existência ao serviço desta causa, deixando tudo e
imitando mais de perto a sua forma de vida... Este especial
‘seguimento de Cristo’, em cuja origem está sempre a ini-
ciativa do Pai, reveste-se de uma conotação essencialmente
cristológica e pneumatológica, exprimindo de forma muito
35

4.7 Page 37

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
Impossível sem Cristo
viva o caráter trinitário da vida cristã, da qual antecipa de
algum modo a realização escatológica, para onde tende a
Igreja inteira” (VC 14).
Enquanto todos são igualmente chamados a seguir a Cris-
to, as pessoas consagradas dedicam a própria existência a
reproduzir em si mesmas “a forma de vida que o Filho de
Deus abraçou vindo ao mundo” (LG 44). Isso significa as-
sumir as opções concretas de celibato, pobreza e obediência
como Jesus as viveu durante a sua vida terrena (VC 30). “À
vida consagrada está confiada a missão de indicar o Filho
de Deus feito homem como a meta escatológica para onde
tudo tende, o esplendor perante o qual qualquer outra luz
empalidece, a beleza infinita, a única que pode saciar total-
mente o coração do homem. ,” (VC 16).
21. A presença de Deus torna-se tangível quando encontra-
mos pessoas consagradas que vivem com alegria o dom total
de si e para as quais a castidade, a obediência e a pobreza são
realmente a plenitude do amor recebido e doado. A beleza
da sua vida toca muitos corações e são muitos os exemplos
que podemos recordar na nossa história: Simão Srugi e Vi-
cente Cimatti, Artêmides Zatti e José Quadrio, para citar
apenas alguns deles. A vida consagrada torna-se, assim, um
sinal para os leigos e também para os membros da hierar-
quia, um dom único, e para todos, numa comunhão que se
expande em círculos concêntricos.
A vida consagrada é impossível sem Cristo. Ele é “a nossa
Regra viva”, como afirma o último artigo das nossas Cons-
tituições (C 196); ele é a videira e nós os ramos, e sem ele
nada podemos fazer.5 Essa parece ser também a abordagem
das “Cartas” emanadas pela Congregação para os Institutos
de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no
ano da vida consagrada (2015), que optou por referir-se não
tanto aos conselhos evangélicos quanto à pessoa do Senhor
36

4.8 Page 38

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2. A vocação consagrada salesiana: o nosso modo de compartilhar a missão
que nos enche de alegria (Alegrai-vos), de quem contem-
plamos a beleza (Contemplai), de quem esperamos a vinda
(Olhai) e por quem somos enviados aos nossos irmãos e
irmãs (Anunciai), como Maria de Magdala na manhã da
ressurreição.
A nossa vocação é estar
com Jesus (intimidade)
e ser enviados por Ele
(missão)
22. A atitude fundamental de todo cristão (e com maior ra-
zão de quem vive a sua existência cristã como pessoa consa-
grada) é a sequela Christi e a imitação de Cristo.6 A seque-
la evidencia a dimensão subjetiva: a relação interpessoal com
Jesus, o discipulado, a docilidade. A imitação, por sua vez,
evidencia o aspecto objetivo: a necessidade da configuração,
da completa transformação ou transfiguração da pessoa na
semelhança de Cristo. Aludindo a Jo 10,3.14, C 196 fala da
“predileção do Senhor Jesus que nos chamou pelo nome”.
A vocação é dada somente em vista de uma missão a cum-
prir ou de uma tarefa a realizar. É principalmente um cha-
mado à intimidade e à vida de comunidade com Jesus: “Je-
sus chamou pessoalmente seus apóstolos para que ficassem
com Ele e para enviá-los a proclamar o Evangelho” (C 96,
citando Mc 3,14). As duas dinâmicas são importantes: dis-
cipulado e configuração a Cristo. O diretor salesiano cuida
de uma e da outra tanto em si mesmo como na comunidade
que lhe foi confiada. A intimidade com Cristo leva à trans-
figuração, a assemelhar-se a Ele até ser como Ele rosto do
Pai, revelação do seu amor.
37

4.9 Page 39

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
2.3 EM COMUNHÃO COM AS OUTRAS VOCAÇÕES
NA MISSÃO SALESIANA
As diversas vocações
na Igreja e o modo com
que são ‘compreendidas’
uma pela outra
23. Dado que compartilhamos a missão com os leigos, tor-
na-se necessário para os salesianos, e com maior razão para
o diretor, compreender com suficiente clareza as diversas
vocações na Igreja e a sua natureza intrínseca de serem feitas
umas para as outras.
Por uma variedade de razões culturais que incluem o racio-
nalismo moderno e a reforma protestante, a teologia pós-
-tridentina entendeu definir a identidade da vida consagra-
da separando-a nitidamente do estado laical. A tendência
homogeneizadora do nosso tempo, porém, tende a nivelar as
diversas vocações no interior da Igreja. O caminho a seguir,
contudo, não está nem na separação nem no ofuscamen-
to das distinções, mas na “diversidade na relação”, como foi
afirmado com crescente clareza nas três grandes Exortações
Apostólicas que se ocupam dos estados de vida na Igreja:
Christifideles Laici (1988), Pastores Dabo Vobis (1992) e Vita
Consecrata (1996).
A diversas vocações na Igreja são pensadas uma em vista da
outra e, embora distintas, são orientadas uma à outra. O es-
tado laical é marcado pelo seu caráter secular e o seu serviço
é recordar, também aos sacerdotes e consagrados, o signi-
ficado das realidades terrenas no plano salvífico de Deus.
O sacerdócio ministerial é a garantia permanente para to-
dos da presença sacramental de Cristo. E a vida consagrada
testemunha o caráter escatológico da Igreja, recordando a
todos que somos destinados para “a vida da ressurreição”,
de algum modo antecipada e até experimentada através dos
votos de castidade, pobreza e obediência (CL 55; cf. VC 31).
Os Salesianos de Dom
Bosco na CEP e na
Família Salesiana
24. A partir desse conteúdo, o CG24 fala do espírito e da
missão de Dom Bosco compartilhados por salesianos e lei-
38

4.10 Page 40

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2. A vocação consagrada salesiana: o nosso modo de compartilhar a missão
gos. No interior da comunidade educativo-pastoral, a co-
munidade religiosa salesiana é o ponto carismático de refe-
rência para a identidade pastoral do núcleo animador, com o
diretor que tem um papel-chave na salvaguarda da unidade
e da identidade carismática.7
Isso se reflete na Carta de identidade carismática da Famí-
lia Salesiana de Dom Bosco (2012). Cada grupo da Família
Salesiana, segundo a sua vocação específica, participa da
missão carismática salesiana no interior da Igreja e para a
Igreja,8 no serviço do Evangelho.
Na Família Salesiana, a responsabilidade de “manter a
unidade do espírito e estimular o diálogo e a colaboração
fraterna para mútuo enriquecimento e maior fecundidade
apostólica”9 é confiada aos salesianos de Dom Bosco. Ao di-
retor da comunidade salesiana é confiada a responsabilidade
de guiar e animar a Família Salesiana.
Os consagrados são
chamados a ser sinais
escatológicos
25. Todos os que participam da missão salesiana são cha-
mados a ser de algum modo sinais e portadores do amor
de Deus aos jovens. Aqueles, dentre nós, que participam da
missão como consagrados são chamados a ser sinais escatoló-
gicos; e aqui, talvez, valha a pena recolher a inspiração sem-
pre válida que vem da insistência constante de Dom Bosco
sobre as “últimas coisas”, com a sua capacidade de instilar
um grande desejo de santidade nos corações daqueles que
estavam ao seu redor. Nós salesianos de Dom Bosco somos
chamados a ser sinais e profecia, sobretudo para os jovens,
da plenitude e da “superabundância” do dom que Deus quer
oferecer a todos os seres humanos. Fazemo-lo em comu-
nhão com outros grupos de homens e mulheres consagrados
na Família Salesiana, mas também e sobretudo com muitos
leigos e jovens.
39

5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
Uma única vocação
consagrada salesiana
vivida em duas formas
2.4 UMA ÚNICA VOCAÇÃO VIVIDA EM DUAS
FORMAS, SACERDOTAL E LAICAL
26. A nossa única vocação consagrada salesiana de educa-
dores-pastores é vivida em duas formas, presbiteral e laical,
numa configuração original e peculiar à nossa Congrega-
ção.10
Salesianos leigos e presbíteros são, antes de tudo, religio-
sos salesianos: são educadores e pastores que seguem Dom
Bosco como pessoas consagradas que vivem em comuni-
dade. A frágil compreensão do aspecto ‘salesiano’ leva ao
genericismo no ministério, enquanto a frágil compreensão
do aspecto ‘consagrado’ leva ao individualismo pastoral e a
várias formas de compensação, abrindo caminho para o cle-
ricalismo, frequentemente denunciado pelo magistério do
Papa Francisco.
O CG21 apresenta muito claramente o salesiano coadju-
tor e o salesiano padre no interior da comunidade salesiana:
“Não serão, pois, os indivíduos que difundem a sua mensa-
gem, mas as suas comunidades, ‘formadas de eclesiásticos e
leigos’, fraterna e profundamente integrados num só corpo”.
Por isso, continua o Capítulo, “tão somente na comunida-
de fraterna e apostólica é que pode ser estudada e avaliada
adequadamente a dimensão exata de cada salesiano” (CG21
171). Isso se confirma em C 45: “A presença significativa
e complementar de salesianos clérigos e leigos na comuni-
dade constitui um elemento essencial de sua fisionomia e
completeza apostólica”. Com razão, o CG21 fala da “corre-
latividade essencial entre o salesiano coadjutor e o salesiano
padre” (CG21 194-196). Essa grande intuição antecipa a
“teologia do sinal”, que se encontra nas três encíclicas acima
mencionadas sobre os estados de vida no interior da Igreja.
40

5.2 Page 42

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2. A vocação consagrada salesiana: o nosso modo de compartilhar a missão
O salesiano leigo
O salesiano presbítero
27. Assim, quando o CG21 178 nos diz que a dimensão lai-
cal é a característica específica do salesiano leigo fica claro
que isso deve ser compreendido em relação à comunidade
e ao salesiano presbítero. De fato, o Padre Viganò eviden-
ciou que o salesiano leigo é a encarnação da dimensão leiga
e da “abertura secular” que caracteriza a Congregação em
seu conjunto, e que a compreensão da vocação do salesia-
no leigo dá a medida da compreensão da abertura secular
em nossa sociedade.11 O salesiano leigo, poderíamos dizer,
é um ícone da dimensão laical da Congregação. Nas pala-
vras do CG24: “Aos irmãos consagrados lembra os valores
da criação e das realidades seculares”, convidando-os a co-
laborar com os leigos e recordando-lhes que o apostolado
vai além da atividade estritamente sacerdotal e catequética.
“Aos irmãos consagrados lembra os valores da criação e das
realidades seculares... A todos oferece uma particular sen-
sibilidade pelo mundo do trabalho, a atenção ao território,
as exigências da profissionalidade através da qual passa sua
ação educativa e pastoral”.12 Para os crentes de outras reli-
giões, poderíamos acrescentar, é uma profecia da beleza, da
sacralidade e do valor das realidades criadas.
Contudo, o irmão salesiano coadjutor, enquanto religioso ir-
mão, é também um ícone de comunhão e fraternidade, como
sugere o documento Identidade e Missão do Irmão Religioso
na Igreja.13 A Vida Consagrada é confessio Trinitatis e sig-
num fraternitatis, e na carta que abre o ano da vida consa-
grada, o Papa Francisco recordou-nos que a vida consagrada
não foi criada para que fechar-se em si mesma: a sua voca-
ção é fazer crescer a comunhão, abrindo-se em círculos sem-
pre mais amplos, numa expansão que não conhece limites.14
28. A realidade do salesiano presbítero é, de certo modo,
mais complexa, porque pertence tanto à sua comunidade
religiosa quanto ao presbitério presidido pelo bispo local.
A sua pertença ao presbitério é, contudo, condicionada e
41

5.3 Page 43

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
Unindo os dons da
consagração e do
ministério pastoral
específica. É condicionada pela pertença à sua comunidade
religiosa e é específica porque leva ao presbitério as riquezas
do carisma salesiano. Isso significa, por exemplo, que o ser-
viço da missão comum tem precedência sobre os serviços
ocasionais e individuais que envolvem o ministério sacerdo-
tal e têm pouco a ver com a missão salesiana. Significa que
o sacerdote salesiano não se lamentará da concelebração na
Eucaristia comunitária, mas verá nela uma expressão espe-
cial da sua pertença à comunidade. Significa que, na missão
compartilhada com outros irmãos e com leigos, exercerá um
etilo de autoridade que promove a responsabilidade de to-
dos, mais do que assumir tudo para si, muito mais se o sa-
lesiano padre é o diretor da comunidade. Significa que será
particularmente sensível a Cristo servo, acolhendo a natu-
reza temporária do serviço da autoridade religiosa e a par-
ticipação fraterna nos serviços humildes em comunidade e
evitando a “mundanidade espiritual”, que se exprime no de-
sejo de promoções e formas de carreirismo eclesiástico, para
“progredir no seu status”, em busca de conforto e cedendo a
compromissos.
As implicações do ministério sacerdotal salesiano ‘condi-
cionado e específico’ são ainda mais relevantes em nível de
comunidade. Novos trabalhos pastorais deveriam ser aceitos
somente depois de um atento discernimento comunitário,
tendo como critério-chave a identidade e a missão salesiana.
Nem tudo o que é “bom” é também “bom para nós”, se qui-
sermos permanecer fiéis às nossas Constituições.
29. A identidade do salesiano presbítero recebe uma orien-
tação radical do nosso carisma educativo e pastoral. A nossa
Ratio faz notar que o salesiano sacerdote reúne em si os
dons da consagração e os dons do ministério pastoral, de tal
modo que “é a consagração salesiana que determina as modali-
dades originais do seu ser-sacerdote e do exercício do seu minis-
tério” (FSDB 2019 39). O salesiano presbítero é essencial-
42

5.4 Page 44

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2. A vocação consagrada salesiana: o nosso modo de compartilhar a missão
Salesiano leigo e
salesiano presbítero
mente um sacerdote-educador, sensível de modo particular
à pedagogia da liberdade que é o Sistema Preventivo. Dado
que a comunicação feita por Deus de si mesmo conosco não
exclui de modo algum o nosso envolvimento, a missão que
Cristo confia à Igreja e aos seus ministros jamais pode ser
atuada de modo puramente vertical. A graça envolve sempre
a nossa liberdade, e nem sequer a graça mais potente exclui
a nossa liberdade, porque a graça é amor, e onde não há li-
berdade não pode haver uma resposta livre ao amor. “Pode-se
dizer que o Salesiano padre é uma figura tão original quanto o
é a síntese sapiencial de graça e liberdade própria do Sistema
Preventivo de São João Bosco”.15
Vale a pena apresentar aqui os comentários do Padre Vecchi
sobre o sacerdócio de Dom Bosco:
“Dom Bosco identifica-se com o padre da melhor tradição
eclesial, não ligada rigidamente a nenhuma das figuras que
se viam então; nem a do pároco, do padre que assume o
cuidado espiritual de um setor de pessoas ou a capelania
de uma instituição; nem a do padre que tem algum
papel diocesano, do professor de seminário ou de uma
universidade. É ainda menos dependente de uma imagem
de tipo político ou cultural: padre integrista, padre liberal,
padre ‘moderno’, padre ‘social’.
Todas essas figuras eram difusas e representadas em
porções do clero. ‘São João Bosco sentiu-se e soube ser
sempre simplesmente sacerdote’, em relação aos modelos
que mais evidenciavam o trabalho e a caridade pastoral
tipo Padre Cafasso, mas retrocedendo desses modelos
diretamente a Cristo sacerdote e, sobretudo, ao sentido
sacerdotal da Igreja” (As citações internas são do Cardeal
A. Ballestrero, no retiro aos Inspetores da Itália, 1988).16
30. Qual é, então, a relação entre o irmão salesiano leigo e
o irmão salesiano padre? No interior da comunidade sale-
siana, coadjutores e sacerdotes são sinais um para o outro.
Já dissemos que o salesiano leigo recorda aos seus irmãos
sacerdotes a dimensão laical da nossa vocação comum. É
uma referência permanente aos seus irmãos sacerdotes da
identidade consagrada deles. Por sua vez, o salesiano sa-
43

5.5 Page 45

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
cerdote é um sinal que recorda ao salesiano leigo que ele
não é apenas um profissional, mas pastor e educador no
saeculum.
Sob o influxo de alguns contextos culturais poder-se-ia pre-
sumir que o salesiano presbítero é “de algum modo supe-
rior” ao salesiano leigo. Aqui é útil recordar a surpreendente
afirmação do Padre Viganò em sua carta “O que vivamente
nos interessa é o sacerdote do ano 2000”: “Seremos todos
julgados sobre o amor. Na Jerusalém celeste não haverá ne-
cessidade nem da Bíblia, nem de Bispos e Padres, nem de
Magistério, nem de Sacramentos, nem de Coordenação,
nem de tantos serviços mútuos que são indispensáveis aqui
na história”. O sétimo sucessor de Dom Bosco continua:
“Por isso já e agora, na comunidade eclesial, a ordem das
realidades institucionais, hierárquicas e operacionais passa
em segundo plano… diante do Mistério a que elas servem e
revelam para quem vive a fé” (ACG 335 25). É maravilhoso
descobrir esta intuição intensamente reafirmada pelo Cate-
cismo da Igreja Católica quando diz:
Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela
‘caridade, que não passa jamais’, é o fim que comanda
tudo quanto nela é meio sacramental, ligado a este mundo
que passa. “A sua estrutura está completamente ordenada
à santidade dos membros de Cristo. E a santidade aprecia-
se em função do ‘grande mistério’, em que a esposa
responde com a dádiva do seu amor ao dom do Esposo”
(João Paulo II, Mulieris dignitatem, 27). Nesta santidade
que é o mistério da Igreja, Maria precede-nos todos como
‘a Esposa sem mancha nem ruga’. E é por isso que ‘a
dimensão mariana da Igreja precede a sua dimensão
petrina’”.17
Faz-nos bem recordar que o sacerdócio é fundamentalmen-
te ministerial, o que significa serviço humilde. Igualmente,
devemos recordar-nos com humildade que, como pessoas
consagradas, assumimos o nosso lugar no coração mariano
da Igreja – não porque somos de algum modo superiores aos
44

5.6 Page 46

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2. A vocação consagrada salesiana: o nosso modo de compartilhar a missão
leigos, mas porque a nossa vocação é ser para todos sinal do
destino escatológico da Igreja inteira.
• O diretor ajudará os irmãos e os membros da CEP a com-
preenderem e valorizarem as duas formas da nossa vocação.
• Aproveitará todas as ocasiões oportunas para apresentar as
duas formas da nossa vocação aos jovens, às pessoas com
quem entra em contato e às autoridades civis e eclesiásticas,
tendo o cuidado de evitar qualquer tipo de linguagem discrimi-
natória.
• Facilitará a formação permanente e a qualificação de cada
um dos irmãos, tanto salesiano leigo como presbítero ou aspi-
rante ao presbiterado.
2.5 EM COMUNIDADES QUE SÃO QUANTITATIVA
E QUALITATIVAMENTE CONSISTENTES
A comunidade salesiana
faz parte do núcleo
animador da CEP
31. A missão da comunidade salesiana é realizada sempre
numa comunidade educativo-pastoral, no interior da qual
a comunidade salesiana faz parte do núcleo animador. O
CG24 afirmou que todo salesiano é um animador (CG24
159) e o CG25 afirmou que a comunidade salesiana é o
ponto carismático de referência no interior do núcleo ani-
mador (CG25 70, ver adiante 7.3). Uma das consequên-
cias imediatas desse repensamento do papel do salesiano é
a necessidade da consistência quantitativa e qualitativa na
comunidade religiosa:
45

5.7 Page 47

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
Para desempenhar sua função animadora, a comunidade
salesiana tem necessidade de uma consistência
quantitativa e qualitativa, que ajuda a tornar visível e
significativa a sua ação.
A consistência numérica sustenta melhor a formação,
a vida espiritual e fraterna, o confronto e a qualidade
pastoral, a projeção e o diálogo com o território e a Igreja
local (CG24 173).
A consistência qualitativa exige na comunidade figuras
capazes de presença, de acompanhamento e educação
para a fé dos jovens, de animação de grupos e pessoas,
de formação dos leigos, de atenção ao território e à Igreja
local, à Família Salesiana e ao Movimento Salesiano
(CG24 174).
Se a ‘missão’ consiste apenas em ‘trabalhar pelos jovens’ e
‘administrar instituições e serviços para eles’, talvez não seja
preciso que as comunidades sejam tão consistentes. Mas se
todo salesiano é chamado a ser um animador, a comunidade
religiosa deve ser preparada (‘qualificada’) para esse trabalho,
e as comunidades devem ser suficientemente consistentes.18
46

5.8 Page 48

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3. O DIRETOR E A MISSÃO
SALESIANA COMPARTILHADA
O diretor na comunidade
religiosa salesiana e o
projeto apostólico de
Dom Bosco
32. Falamos da centralidade da missão para nós e do modo
como compartilhamos essa missão como pessoas consagra-
das. É no interior da comunidade religiosa salesiana e do
projeto apostólico de Dom Bosco que o diretor encontra a
sua missão. A riqueza interior e exterior da nossa consagra-
ção apostólica reflete-se naturalmente na complexidade do
papel do diretor.
Nos últimos decênios, tanto a Igreja como a Congregação
aprofundaram a figura de quem assume a autoridade como
guia e animador da comunidade religiosa.19
Na terceira parte do manual, será dada uma atenção maior
à liderança e ao papel de animação do diretor em relação
à comunidade educativo-pastoral e a todas as atividades e
grupos de pessoas ligadas de várias maneiras a uma obra
salesiana. Entre os dois papéis, ou seja, de animador da co-
munidade religiosa e ao mesmo tempo de quem tem a res-
ponsabilidade última sobre as várias atividades realizadas na
obra salesiana, gera-se tensão e não existem soluções fáceis
para atenuá-las ou resolver as dificuldades que possam sur-
gir. O que é proposto nas partes II e III desta nova edição do
Manual do Diretor pode ajudar a discernir com sabedoria e
encontrar o justo equilíbrio entre os dois polos de animação
e governo em nível de comunidade salesiana e de comuni-
dade educativo-pastoral.
3.1 O DIRETOR NA COMUNIDADE
O diretor representa
Cristo que une os seus
seguidores
33. O artigo 55 das nossas Constituições é especificamente
dedicado ao diretor na comunidade: “O diretor representa
Cristo que une os seus no serviço do Pai. Está no centro da
comunidade, irmão entre irmãos...”.
“O diretor representa Cristo”. Com toda a importância dada
47

5.9 Page 49

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
O serviço do Pai dá
identidade à unidade
pela nossa tradição à paternidade, pareceria mais natural di-
zer que o diretor representa o Pai. Contudo, C 55 diz-nos
que o diretor representa Cristo. Procuraremos ilustrar o sig-
nificado profundo desta afirmação de abertura.
O diretor representa Cristo “que une os seus”. O serviço
do diretor é habitualmente descrito em termos de anima-
ção e governo. Etimologicamente, “animação” deriva do
latim anima, que normalmente entendemos em termos
espirituais, embora no seu significado original se refira à
vida. Onde há alma há vida; quando, no entanto, quan-
do, na morte o corpo é separado da alma é possível que
alguns órgãos, e ainda mais parte das células, continuem
a viver, mas não há mais qualquer unidade: o organismo
fica dissociado em seus componentes. A alma é o princí-
pio da vida enquanto princípio de unidade. Sem a alma
não há mais um ser vivo, mesmo continuando a existir
alguns órgãos e algumas células. O significado é claro:
uma comunidade que não vive unida está morta, mesmo
se seus membros estejam individualmente vivos e conti-
nuem a funcionar. A animação, portanto, tem como tare-
fa construir a unidade vital da comunidade. O diretor une
os seus irmãos, como Cristo, no serviço do Pai. Isso não
significa que o diretor deva ser o mais competente, o mais
inteligente, ou mesmo aquele com a maior experiência
na comunidade. De fato, encontramos hoje facilmente si-
tuações em que o diretor é um dos membros mais jovens
da comunidade. Com grande medida de fé, esperança e
amor, e boa dose de humildade, pode, contudo, manter a
comunidade unida e, portanto, viva.
34. O diretor une os seus irmãos no “serviço do Pai”. É o
serviço do Pai que dá identidade à unidade. Nem todo tipo
de unidade é autêntico e positivo, e o diretor poderia ser
tentado a buscar a unidade a qualquer custo, mesmo se isso
significasse pôr de lado o objetivo principal, ou seja, a busca
48

5.10 Page 50

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3. O diretor e a missão salesiana compartilhada
da vontade do Pai.20 “A pessoa chamada a exercer a autori-
dade deve saber que somente o poderá fazer se ela mesma,
em primeiro lugar, empreender aquela peregrinação que
leva a buscar, com intensidade e retidão, a vontade de Deus.
Vale para ela o conselho que dava santo Inácio de Antioquia
a um confrade seu no episcopado: ‘Nada se faça sem o teu
consentimento, mas tu nada faças sem o consentimento de
Deus’. A autoridade há de agir em modo tal que os irmãos
ou as irmãs possam perceber que ela, quando ordena, o faz
unicamente para obedecer a Deus” (FT 12).
No centro da
comunidade, irmão entre
irmãos
35. O conceito de autoridade encerrado nas primeiras linhas
de C 55 é reforçado pelo que vem em seguida: o diretor
“está no centro da comunidade, irmão entre irmãos, que lhe
reconhecem a responsabilidade e autoridade”.
“Está no centro da comunidade”. Obviamente, não se trata de
um apelo ao egocentrismo e muito menos à autorreferên-
cia e autopromoção (VN 45). Como Cristo, o diretor deve
poder dizer que o seu alimento é fazer a vontade do Pai ( Jo
4,34). Como Cristo, que é Filho e irmão, exerce a autorida-
de na docilidade e na humildade. O Padre Chávez recor-
da-nos que o apelo à radicalidade evangélica envolve tam-
bém a “virtude oculta” da humildade. E a humildade com as
suas raízes na terra, leva-nos imediatamente a Dom Bosco,
o simples camponês cuja vida sempre foi acompanhada de
pobreza e mortificações. A humildade tem a ver com a po-
breza espiritual, que no seu significado mais profundo con-
siste em ter Deus e só Deus como nosso fim. A pobreza do
diretor salesiano comporta a humildade de aceitar a própria
insuficiência e os próprios limites, assim como os da comu-
nidade. É irmão entre irmãos, imperfeito entre imperfeitos.
Sabe que a sua primeira opção é Deus, e dessa opção fluem
todas as demais opções.
Irmão entre irmãos”. Aquele a quem é confiada a autoridade
49

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
permanece um irmão e está a serviço da fraternidade. Assim
se expressa o documento Para vinho novo odres novos: “Na
mais ampla visão sobre a vida consagrada elaborada desde
o Concílio, passou-se da centralidade do papel da autori-
dade à centralidade da dinâmica da fraternidade” (VN 41).
A autoridade é pessoal, mas não solitária; está a serviço da
comunhão e da fidelidade, ou melhor, a serviço do Pai e do
seu projeto para nós (VN 41, 44).
Está no centro da comunidade, irmão entre irmãos, que lhe re-
conhecem a responsabilidade e autoridade”. Como Cristo, que
é Filho e Irmão, e ao mesmo tempo revelação do rosto do
Pai ( Jo 14,9), o diretor salesiano é tanto irmão quanto pai, e
não há contradição entre os papéis. Encontramos em Dom
Bosco uma admirável encarnação dessa natureza peculiar
e profundamente trinitária da autoridade cristã. “O nosso
Fundador”, como diz o Padre Rinaldi, “não foi outra coisa
que Pai... Toda a sua vida é um tratado completo da pater-
nidade que vem do Pai Celeste... e que o Beato praticou
na terra em sumo grau” (ACS 12 939-940). Dom Bosco
sempre recusava promoções e homenagens, mas ficava feliz
ao ser chamado de pai. Não escondia a sua alegria e, nos
últimos anos, nem a ternura e comoção por essa relação
realmente paterna e filial: “Chamai-me sempre de pai e eu
ficarei feliz” (MB XVII 176).
Todos esses elementos se resumem na seguinte conside-
ração prática: “Sua primeira tarefa é animar a comunidade
para que viva na fidelidade às Constituições e cresça na uni-
dade” (C 55).
“Sua primeira tarefa é animar a comunidade”. Nossos Capí-
tulos Gerais, e mais recentemente o CG26, notaram repe-
tidamente com preocupação que o campo de intervenção
para os diretores foi ampliado, e que eles vivam sempre mais
empenhados em funções administrativas, deixando-os com
50

6.2 Page 52

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3. O diretor e a missão salesiana compartilhada
pouco tempo e energia para serem guias espirituais da co-
munidade e animadores da CEP.21
O acúmulo de
responsabilidades e a
hierarquia de valores nos
trabalhos
36. A dificuldade mais recorrente emersa na sondagem feita
em 2016 relaciona-se com os papéis administrativos que o
diretor tende a assumir. “O acúmulo de responsabilidades
impede o diretor de realizar o seu papel essencial: oferecer a
paternidade espiritual; dar a prioridade aos irmãos; formar
e acompanhar os leigos... A preocupação com o que é ur-
gente marginaliza a preocupação com o que é importante.
Muitos diretores estão sobrecarregados com muito trabalho
e compromissos. Não têm tempo e energia para animar a
comunidade”.22 Não raramente os trabalhos administrativos
e gerenciais vão se tornando predominantes, não só porque
realmente necessários no contexto da casa salesiana e da
obra a ela ligada, como também porque esses papéis são fre-
quentemente escolhidos de modo intencional e preferidos
ao que se refere à guia espiritual da comunidade e ao apoio
fraterno a cada irmão. Por sua vez, esse limite está ligado a
outros desafios: “Dificuldades relacionadas com a consistên-
cia quantitativa e qualitativa das comunidades; a desorienta-
ção sobre o tipo de comunidade que hoje somos chamados
a ser; as qualidades exigidas, que estão além da capacidade e
da preparação de muitos dos irmãos nomeados diretores: ser
ao mesmo tempo pai, guia espiritual, gerente, administrador,
animador pastoral de uma comunidade de irmãos e de um
centro educativo-pastoral...”.23
A mesma sondagem indica, contudo, a necessidade sentida
de um diretor que seja, sobretudo, animador carismático e
guia da comunidade, ícone da paternidade de Dom Bos-
co. Não devemos subestimar aqui a importância das nossas
convicções e estilos fundamentais: há uma nítida diferença
entre um diretor que sabe e está convencido de que a sua
primeira tarefa é a animação da comunidade e aquele que
não o sabe ou não está convencido dela.
51

6.3 Page 53

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
Responsabilidade
carismática
Nossos Capítulos Gerais também insistiram na hierarquia
dos trabalhos: o diretor deve saber organizar as suas nu-
merosas responsabilidades segundo um critério de priori-
dade e cultivar a capacidade de delegar. Nem todos os seus
numerosos compromissos têm o mesmo peso e nem todos
precisam da mesma atenção.
37.“Para que viva na fidelidade às Constituições e cresça na
unidade”. O diretor é o guarda do espírito salesiano, que é
o estilo original de vida e ação que Dom Bosco nos deixou.
No centro do espírito salesiano está a caridade pastoral –
“um ardor apostólico que nos faz buscar as almas e servir
somente a Deus” (C 10). A caridade pastoral é a caridade
do Bom Pastor, a caridade que, não se satisfaz em oferecer
pão e trabalho, mas está atenta em “salvar as almas”; não
insiste apenas na educação, mas também na evangelização,
desejando oferecer aos jovens a plenitude da felicidade. O
diretor é chamado a encarnar esse nível elevado de caridade
e promovê-lo nos seus irmãos. É chamado sobretudo a amar
as pessoas, os seus irmãos e todos os que fazem parte da co-
munidade educativo-pastoral, com “um coração novo, gran-
de e puro, com um autêntico esquecimento de si mesmo,
com dedicação plena, contínua e fiel, juntamente com uma
espécie de ‘ciúme’ divino (cf. 2Cor 11,2), com uma ternu-
ra que reveste inclusive os matizes do afeto materno, capaz
de assumir as ‘dores de parto’ até que ‘Cristo seja formado’
nos fiéis (cf. Gl 4,19)” (PDV 22). Para que viva na fidelida-
de às Constituições: o diretor é guarda, para o bem dos seus
irmãos, também da identidade consagrada salesiana como
encarnada nas Constituições. A ele, portanto, dirige-se de
modo particular o convite do CG27 a explorar mais profun-
damente a nossa identidade carismática e a tomar ciência
da nossa vocação, a fim de poder viver fielmente o projeto
apostólico de Dom Bosco (CG27 p. 95-96).
A responsabilidade carismática do diretor é evidenciada no-
52

6.4 Page 54

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3. O diretor e a missão salesiana compartilhada
Primeiro formador na
comunidade local
vamente na parte sucessiva do artigo 55: “Tem igualmente
responsabilidade direta em relação a cada um dos irmãos; aju-
da-o a realizar sua vocação pessoal e o apoia no trabalho que lhe
é confiado”.
38. Assim como o inspetor é o primeiro formador da ins-
petoria, também o diretor é o primeiro formador na comu-
nidade local. O CG22, que nos deu o texto definitivo das
nossas Constituições, decidiu organizar a sessão inteira da
formação do ponto de vista da formação permanente. Para
nós, portanto, a formação não pode ser identificada apenas
com a formação inicial. É, antes, a nossa resposta quotidiana
ao chamado de Deus, pelo qual Ele nos dá todos os dias a
sua graça (C 96). É um processo que dura a vida inteira.
Trata-se de aprender a discernir a voz do Espírito nos even-
tos de cada dia e, assim, fazer experiência dos valores da
vocação salesiana (C 119 e 98). A vida quotidiana torna-se,
então, o grande locus da formação, e quando tomamos cons-
ciência disso, conseguimos compreender também o quanto
é importante o papel do diretor, cuja primeira tarefa é ani-
mar a comunidade para ser fiel às Constituições e crescer
na unidade; ele tem uma responsabilidade direta sobre cada
irmão, a fim de ajudá-lo a realizar a própria vocação.
Como todos os seus irmãos, o diretor está aberto à graça
de unidade. Vive a sua consagração apostólica num único
movimento de amor para com Deus e para com seus irmãos
e irmãs (C 3). Sabe que existe uma conexão o mais forte
possível entre os dois polos da caridade pastoral, Deus e o
próximo.
“Não será autêntica uma dedicação aos jovens que não brote
do amor a Deus; mas será igualmente certo que não existirá
em nós verdadeiro amor a Deus se não houver a predileção
pela juventude sobretudo necessitada” (ACG 330 22). O
amor de Deus derramado nos nossos corações através do
53

6.5 Page 55

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
Espírito é a fonte e a causa do nosso amor pelo próximo,
enquanto o modo com que amar a Deus é serviço aos nos-
sos irmãos e irmãs (PV 149). Como diz muito bem o Padre
Viganò no prefácio à edição de 1986 de O diretor salesiano,
a atividade da caridade pastoral não é inferior ao seu ser; é,
realmente, uma participação no amor de Deus. Nas profun-
dezas da experiência apostólica encontramos uma forma de
vida interior (MSD 18).
Da presença ativa do
Espírito, o diretor haure a
energia para a fidelidade
e o apoio da esperança
39. Tudo o que se disse acima é admirável e estimulante,
mas também é capaz de fazer tremer o coração do diretor
mais corajoso. Serve-nos de ajuda recordar novamente que
nunca estamos sozinhos. O chamado vem de Deus, somos
chamados a viver unidos ao Filho, sem o qual nada podemos
fazer, e sabemos que o Senhor nos dá a sua graça todos os
dias: é da presença ativa do espírito que haurimos a energia
para a nossa fidelidade e o apoio da nossa esperança (C 1).
E não podemos esquecer, também, que a cruz está no centro
do mistério da nossa fé. Nenhum ‘manual’ jamais será capaz
de resolver os problemas do diretor. Só pode convidar-nos,
como Dom Bosco convidou sua mãe, a fixar os olhos no
Crucifixo.
Assim, com Maria, o diretor aprende a fixar os olhos no Fi-
lho Crucificado. Maria é o seu modelo, porque é a discípula
perfeita, o sim perfeito, como seu Filho em relação ao Pai.
Tanto a Mãe quanto o Filho sabiam caminhar constante-
mente na obediência diante da nuvem luminosa da vontade
do Pai, mesmo quando não entendiam tudo. Maria é tam-
bém mestra, porque justamente como ensinou Dom Bosco
a amar, como ensinou o próprio Jesus a amar, ensinará tam-
bém ao diretor a amar, esperar e crer.
54

6.6 Page 56

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3. O diretor e a missão salesiana compartilhada
3.2 AUTORIDADE RECONHECIDA DO DIRETOR
Auctoritas como força
generativa mais do que
poder de direção
40. O Sistema Preventivo promove um estilo de liderança
no qual a confiança e a familiaridade são fundamentais na
relação entre educador e jovem, e o mesmo se dá com os ir-
mãos no interior da comunidade salesiana. O papel de guia
e animação a quem é confiado um ‘serviço de autoridade’
não fica, por isso, de modo algum diminuído. Ao contrário,
quando esse papel e serviço são vividos segundo o espírito
salesiano, eles adquirem maior autoridade, muito mais efi-
cácia do que se consegue obter apenas recorrendo à ‘frieza
de um regulamento’ (Carta de Roma 1884).
É interessante encontrar o mesmo apelo à autoridade no
documento final da assembleia sinodal sobre os jovens, a fé
e o discernimento vocacional: “Para percorrer um verdadei-
ro caminho de amadurecimento, os jovens têm necessidade
de adultos com autoridade. No seu significado etimológico,
a auctoritas indica a capacidade de fazer crescer; expressa a
ideia, não dum poder diretivo, mas duma autêntica força
geradora”.24
Para permitir que o salesiano amadureça neste tipo de auc-
toritas, como educador com os jovens e, também, no seu
serviço de liderança, deve-se dar muita atenção e dedica-
ção ao seu crescimento humano e espiritual. Quando Dom
Bosco escreveu o primeiro Manual do Diretor para o Padre
Miguel Rua, enviado aos 26 anos como diretor em Mira-
bello, começou a sua longa carta com o parágrafo intitulado
“Contigo mesmo”, pedindo ao jovem P. Rua a cuidar bem
de si mesmo. Não é necessário escrevê-lo aqui em todos os
detalhes, mas certamente o que se refere à formação per-
manente de todos os irmãos diz respeito, antes de tudo, ao
próprio diretor: sua saúde vocacional, sua vida de oração, o
tempo para refletir e estudar, a fidelidade ao acompanha-
mento espiritual. Quanto mais responsabilidade tivermos
55

6.7 Page 57

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
em relação aos outros mais precisaremos ser sustentados e
guiados pessoalmente.25
Relacionada diretamente com a qualidade da vida pessoal
do diretor está a capacidade de promover a partilha de res-
ponsabilidade entre os irmãos e os leigos que participam
da nossa mesma missão nas atividades, nos trabalhos, nos
projetos e na gestão das situações que se referem à vida da
comunidade educativo-pastoral (R 173).
Autoridade como
potestas
41. Vale a pena notar que o direito canônico define todo
tipo de autoridade na Igreja como potestas. Quem recebe a
autoridade, recebe-a sempre da Igreja: só se pode exercer a
potestas em nome da Igreja e segundo as suas diretrizes. A
autoridade de Pedro deriva, em última instância, de Cristo e
do seu Evangelho. Não é algo arbitrário; está sempre ligada
a Ele, caminho, verdade e vida para todos os seus discípulos.
Isso vale também para todas as formas de poder-autoridade
presentes nas Constituições, encarnação do projeto de vida
dos salesianos de Dom Bosco, totalmente dependentes da
autoridade da Igreja que “reconheceu nisso a ação de Deus,
sobretudo ao aprovar as Constituições e proclamar santo o
Fundador” (C 1).
O exercício da autoridade 42. É, portanto, na perspectiva de tipo auctoritas-potestas que
sempre procura
promover a fidelidade
carismática
o Código de Direito Canônico define as linhas fundamentais
do serviço da autoridade na vida consagrada, com também
os direitos e deveres mais especificamente aplicáveis à vida
consagrada.26
Nessa mesma ótica, a Congregação para os Institutos de
Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica ofere-
ceu reflexões sobre o serviço da autoridade na Vida Consa-
grada com algumas acentuações como, por exemplo, sobre o
fato de o ‘superior’ ser o primeiro a ter que prestar obediên-
56

6.8 Page 58

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3. O diretor e a missão salesiana compartilhada
cia a Deus, sobre o espírito de serviço e sobre a atenção pas-
toral. O exercício da autoridade sempre procura promover a
fidelidade carismática nas diversas áreas da vida comunitária
e do trabalho apostólico confiado à comunidade.27
Para o correto exercício do serviço da autoridade é impor-
tante insistir sobre algumas disposições fundamentais: o
espírito de fé e obediência da parte de todos, a escuta, o diá-
logo, a corresponsabilidade, o discernimento comunitário, o
serviço à missão, a atenção a cada um dos papéis no interior
da comunidade e da atividade. Ao mesmo tempo, devemos
evitar certos abusos de autoridade, como também a omissão
ou negligência das responsabilidades confiadas a quem tem
autoridade.
Cada Congregação ou Instituto religioso estabelece as ca-
racterísticas do exercício da autoridade segundo o próprio
carisma e a própria regra. Para a Congregação Salesiana es-
tão definidas nas Constituições e Regulamentos, nas deci-
sões dos Capítulo Gerais e nos Diretórios Inspetoriais.
Estilo salesiano no
exercício do serviço da
autoridade
43. C 65 e 121 sintetizam o estilo salesiano do exercício da
autoridade no espírito de família e na caridade. As Con-
stituições indicam no capítulo 10 os critérios básicos des-
se serviço: exercido como Cristo e no seu nome; promove
a caridade para com todos e da parte de todos; para a fiel
realização da missão através de orientações, decisões, cor-
reções e outras intervenções oportunas; garante a unidade,
a participação, a responsabilidade, a subsidiariedade e a de-
scentralização na coordenação das pessoas e das estruturas.
“Tal serviço destina-se a promover a caridade, a coordenar
o empenho de todos, a animar, orientar, decidir, corrigir, de
forma que se realize a nossa missão” (C 121).
Com a promoção do estilo salesiano no serviço da autori-
dade, as Constituições e os Regulamentos dão orientações
57

6.9 Page 59

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
muito concretas para o seu exercício (C 175-186, R 170-
184), levando em consideração também as competências e
responsabilidades do diretor e do vice-diretor, do Conselho
local e da assembleia dos irmãos. Para o exercício frutuoso
do ministério do diretor, essas orientações devem ser bem
conhecidas também pelos demais irmãos.
O Diretório Inspetorial e as decisões do Inspetor e do seu
Conselho oferecem orientações concretas para a anima-
ção e o governo de todas as presenças salesianas, indicando
responsabilidades e papéis básicos à comunidade educa-
tivo-pastoral e segundo os vários setores de trabalho. Isso
tornará mais fácil ao diretor a realização das suas respon-
sabilidades. É também muito útil o acompanhamento fei-
to pelo centro inspetorial através das visitas canônicas e de
outros serviços de animação e coordenação.
3.3 O CARÁTER PRESBITERAL DO DIRETOR
SALESIANO
As comunidades são
44. O serviço da autoridade na comunidade é confiado a um
guiadas por um salesiano
presbítero
salesiano presbítero: “Segundo a nossa tradição, as comuni-
dades são guiadas por um sócio sacerdote, que, pela graça do
ministério presbiteral e pela experiência pastoral, sustenta
e orienta o espírito e a ação dos irmãos” (C 121). Esta é
uma questão que fez muito discutir no CG20 e foi enfren-
tada explicitamente no CG21. Numa intervenção, o Padre
Viganò formulou uma questão fundamental: “O serviço da
autoridade está substancialmente ligado ao ministério do
sacerdócio ou não?”.28 A reflexão sucessiva foi abundante,
procurando ser fiéis a Dom Bosco e dar qualidade ao serviço
pedido ao Diretor.29
A primeira parte de C 121 oferece-nos uma indicação
importante: “A autoridade na Congregação é exercida em
58

6.10 Page 60

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3. O diretor e a missão salesiana compartilhada
nome e à imitação de Cristo como um serviço aos irmãos no
espírito de Dom Bosco, para procurar e cumprir a vontade
do Pai”. Não se trata nem da categoria canônica (instituto
clerical) nem da distribuição das competências e dos papéis
para o serviço da autoridade; muito menos se trata de clas-
sificar os salesianos em categorias. Mas faz-se referência ao
modo de viver da comunidade salesiana originado de Dom
Bosco, que com a sua paternidade sacerdotal guiou os seus
filhos no projeto comum que está na base da nossa vida sa-
lesiana.
Seguindo o exemplo deixado por Dom Bosco, as comunida-
des salesianas sempre foram guiadas por salesianos presbíte-
ros. A celebração dos sacramentos marcou profundamente
a animação espiritual através da qual Dom Bosco formou e
guiou os seus irmãos, e isso se tornou parte do patrimônio
carismático que nos transmitiu, seguido fielmente pelos seus
sucessores e comunidades.
O serviço da Palavra, de
santificação, de guia, na
e pela comunidade
45. O elemento decisivo é que o diretor é chamado a viver
a graça do ministério sacerdotal exercendo o serviço da au-
toridade que lhe foi confiado na comunidade. Faz frutificar
assim os três aspectos do seu ministério sacerdotal: o serviço
da Palavra, o serviço de santificação, o serviço de guia para
a sua comunidade (ACG 306 13). Não se trata da questão
de distribuição de competências, mas da qualificação do ser-
viço da autoridade com a graça do ministério sacerdotal. O
Padre Vecchi, na carta de convocação do CG25, pediu aos
diretores que dessem prioridade às suas funções e indicou
uma tríplice concentração: carismática (colaborando com o
Espírito no crescimento vocacional dos irmãos), pastoral
(reforçando a caridade pastoral daqueles que compartilham
a mesma missão salesiana) e fraterna (cultivando as relações,
a unidade e a corresponsabilidade). “Para realizar tudo isso,
o diretor coloca em jogo o seu carisma sacerdotal. As Con-
stituições dizem que o diretor deve ser sacerdote. Não quer
59

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
dizer simplesmente que deve ter o requisito jurídico da or-
denação sacerdotal, mas que o diretor exerce o sacerdócio na
e para a sua comunidade religiosa e educativa” (ACG 372,
33).
A prioridade no seu
serviço é a animação da
fidelidade vocacional,
da vida fraterna e da
caridade pastoral
46. Essa foi a linha seguida pelo CG25. “Seguindo o modelo
de Dom Bosco, seja o diretor ‘uma figura paterna e, ao me-
smo tempo, afetuosa a autorizada… Profundamente mar-
cado pelo caráter sacerdotal, ele o traduz quotidianamente
no ministério da palavra, da santificação e da animação’...
O exercício do seu ministério requer, na situação atual, que
leve em consideração a escala hierárquica das suas tarefas:
servidor da unidade e da identidade salesiana, mestre e guia
pastoral, orientador do trabalho educativo, gestor da obra”
(CG25 64).
O caráter presbiteral do diretor na comunidade salesiana,
como queria Dom Bosco, evidencia por si mesmo que a
prioridade do seu serviço está na animação da fidelidade vo-
cacional, da vida fraterna e da caridade pastoral. Com essa
finalidade, compartilha a graça do seu ministério sacerdotal
e concentra as suas preocupações e os seus esforços na ani-
mação carismática e na paternidade espiritual, tão necessá-
rias na Congregação (CG27 12, 14, 51).
60

7.2 Page 62

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Notas
1 CG27 p. 124ss; ACG 420 n. 4; ACG 421 n. 3.2.2.
2 XV Assembleia do Sínodo dos Bispos Os jovens, a fé e o discernimento
vocacional, Instrumentum Laboris (2018) 34 e 57.
3 CG27 p. 140; ACG 427 Carta de convocação do CG28 27-30.
4 Cf. CG25 70 e CG24 172.
5 Carta 22. Os capítulos 3 e 4 da Carta apresentam os critérios da espi-
ritualidade e da formação dos membros da Família Salesiana em vista
da missão compartilhada.
6 C 5; Cf. C 45. O Reitor-Mor, como “centro vital” da Família Salesiana
torna real “a referência a Dom Bosco, à missão comum e ao único espí-
rito” (Carta 13).
7 Uma nota sobre a terminologia: as nossas Constituições usam tanto o
termo salesiano coadjutor como o termo salesiano leigo, às vezes no inte-
rior do mesmo artigo (C 45). Estamos cientes de que cada uma dessas
formas tem um peso diverso e evoca diferentes nuances de significado
nas diversas regiões; desde que não se chegou ainda a uma terminologia
universalmente aceita como preferível, aqui se escolheu seguir a mesma
modalidade que encontramos nas Constituições.
8 Egídio Viganò, O componente laical da comunidade salesiana, ACG 298
(1980), seção 5. Ver também a seção 4 onde Viganò distingue três sig-
nificados de “laicidade” e observa que o salesiano coadjutor não é “leigo”
no mesmo sentido em que os fiéis leigos vivem na Igreja, mas que a sua
vocação tem, no entanto, uma conexão real e certa congruência de pen-
samento e atividade com os primeiros dois níveis de “laicidade”.
9 Ver CG24 154, e Pascual Chavez, Il Salesiano Coadiutore, San Be-
nigno Canavese, 19 de março de 2005 (não publicado) (http: //www.
Coadiutoresalesiano.net/index.php/2002-14-Chavez).
10 CIVCSVA, Identidade e Missão do Irmão Religioso na Igreja (2015).
11 Carta apostólica do Santo Padre Francisco a todos os consagrados por oca-
sião do ano da vida consagrada (21 de novembro de 2014), 3.
12 A. Bozzolo, Salesiano Prete e Salesiano Coadiutore: Spunti per un’in-
61

7.3 Page 63

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
terpretazione teologica, in Sapientiam dedit illi: Studi su Don Bosco e sul
carisma salesiano, ed. Andrea Bozzolo (LAS, Roma 2015) 357.
13 J. E. Vecchi, Espiritualidade Salesiana, temas fundamentais, Elledici,
Turim 2001, 171 [Edebê, Brasília, 2017, 181]. O texto continua: “A
opção de trabalhar, nem numa paróquia, nem numa família ou num
instituto, mas pelas ruas, portanto sem uma renda fixa e um trabalho
reconhecido, foi uma opção pastoral corajosa e nova. Dom Bosco prati-
camente se inseriu nas novas correntes pastorais que se estavam forman-
do na Igreja de Turim. Assim, mais do que ‘trabalhar como padre’ num
papel institucional definido, preferiu ‘ser padre’ para o povo e os jovens
na comunhão eclesial; fora do quadro de papel rígido, mas certamente
de acordo com o seu bispo que num determinado momento designou-o
“diretor” ou encarregado da obra dos Oratórios” (ibid. 183).
14 Catecismo da Igreja Católica n. 773. Cf. também João Paulo II, Discur-
so aos cardeais e prelados da cúria romana na apresentação dos votos natalí-
cios (22 de dezembro de 1987), L’Osservatore Romano, 23 de dezembro
de 1987.
15 F. Cereda, Consistência quantitativa e qualitativa da comunidade sale-
siana, ACG 422 27-39.
16 Cf. VC 43, RC 14 e VFC 50, FT 13 e 20, VN 19-21, 41-54. São de
particular relevo as reflexões do CG21 que deram origem ao Manual
do Diretor (1986) e do CG25 sobre “A comunidade salesiana hoje”. O
CG27, ao refletir sobre a vida salesiana nos últimos anos e reconhecen-
do alguns desafios, sentiu a necessidade de atualizar o manual. Estas são
algumas das orientações do CG27: “Ampliou-se nestes anos o campo
de intervenção dos diretores que, além da tarefa de guias espirituais dos
irmãos e animadores da CEP, são absorvidos por atividades de gestão.
Por isso, os diretores nem sempre têm condição de honrar o próprio ser-
viço, muitas vezes não recebem uma colaboração adequada da parte dos
irmãos e, às vezes, em nível inspetorial, não têm um acompanhamento
formativo sistemático” (CG27 14). “O Diretor é uma figura central; ele,
mais do que gestor, é pai que reúne os seus na comunhão e no serviço
apostólico. Devido à complexidade de nossas obras, dos muitos encargos
e de uma formação pouco adequada, ele nem sempre tem condições de
assumir o cuidado da vida fraterna, do discernimento e da correspon-
sabilidade segundo o projeto de vida da comunidade e o projeto edu-
cativo-pastoral. Incide, em algumas situações, o fraco apoio dos irmãos”
(CG27 51). Outras orientações sobre o caminho a percorrer podem ser
62

7.4 Page 64

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Notas
encontradas no CG27 69: corresponsabilidade na vida salesiana, aten-
ção a cada um na sua vida pessoal e pastoral, acompanhamento, reforço
da formação dos diretores, atualização do Manual do Diretor.
17 A subordinação da autoridade religiosa à vontade de Deus é clara-
mente indicada nas primeiras linhas da Instrução da CIVCSVA, O ser-
viço da autoridade e a obediência, quando nos diz que aqueles a quem é
confiado, por certo tempo, o serviço da autoridade numa comunidade
religiosa, são chamados a exercer “a tarefa particular de ser sinal de uni-
dade e guia na busca conjunta e no cumprimento pessoal e comunitário
da vontade de Deus. Este é o serviço da autoridade” (FT 1).
18 Cf. CG27 14, 51, 69; CG25 64.2. Dedicar-se às suas funções seguin-
do uma escala hierárquica: servo da unidade e da identidade salesiana;
mestre e guia pastoral, orientador dos serviços educativos, responsável
último da atividade.
19 Das coletas dos dados regionais apresentados no seminário interna-
cional realizado em Roma de 26 a 31 de maio de 2017 para a renovação
do Manual do Diretor Salesiano.
20 Ibid.
21 XV Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, Os jovens, a fé e o
discernimento vocacional,2018 – Documento final, 71.
22 Ver a insistência da Ratio Fundamentalis Istitutionis Sacerdotalis (2017)
sobre a direção espiritual, tanto para quem está em formação permanen-
te quanto para quem está em formação inicial (107; 88).
23 Cf. CIC 596, 608, 617-630 onde se especifica ulteriormente em que
consiste a autoridade do superior religioso ligada à ministerialidade na
Igreja.
24 Cf. VFC, FT, VN.
25 E. Viganò, Participação na vida e no governo da Congregação, CG21
213. A preocupação do Padre Viganò era salvaguardar o elemento ca-
rismático nesta matéria (cf. CG 21 212-239). O Capítulo dissera que
“não parece plenamente realizada a igualdade fraterna na Congregação
se não desaparecer do nosso direito particular toda diferença nesse pon-
to”, mas acrescentou logo em seguida: “É claro que não se trata de uma
63

7.5 Page 65

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Parte 1
Animação e governo da comunidade
A identidade consagrada
salesiana
questão unicamente jurídica, nem sociológica, ou de algo que diga res-
peito genericamente à vida religiosa na Igreja. Trata-se de uma realidade
eclesial religiosa específica, isto é, ‘salesiana’. Refere-se, de fato, a um
determinado modo de vida da comunidade salesiana, que dom Bosco
iniciou e estruturou, que é vivido na Igreja e por ela aprovado, em ordem
ao desenvolvimento da missão concreta que o Espírito Santo confiou ao
nosso Fundador e Pai” (CG 21 199).
26 Um primeiro elemento já se encontra em C 4 e 45: somos “institu-
to religioso clerical”, composto por clérigos e leigos que se completam
reciprocamente como irmãos na vivência da mesma vocação, uma com-
plementaridade que é essencial para a consistência e completude apos-
tólica da comunidade. Nos passos de VC 61, o CG24 192, pediu um
estudo sobre a forma jurídica da Congregação, para ver se pudesse ser
considerada como “instituto misto”. Esse estudo devia estar relacionado,
obviamente, com o trabalho sobre o mesmo tema que VC 61 confiara à
CIVCSVA. Os resultados desse estudo foram entregues pela comissão
‘ad hoc’ às autoridades competentes da Santa Sé (alguns anos depois
de VC, publicada em 1996), sem ulteriores respostas ou ações. Recen-
temente a Santa Sé foi convidada por alguns institutos religiosos a re-
tomar a questão e oferecer uma resposta adequada. Os Reitores-Mores
e os Capítulos Gerais continuaram a refletir sobre o serviço do diretor,
evidenciando a contribuição positiva e enriquecedora que o ministério
sacerdotal traz ao papel de animação e guia. Cf. E. Viganò, A animação
do diretor salesiano, ACG 306 (1982); E. Viganò, Como reler hoje o caris-
ma do Fundador, ACG 352 (1995); E. Viganò, O que mais vivamente nos
interessa é o padre de 2000, ACG 335 (1991); CG25 64; etc.
64

7.6 Page 66

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7.7 Page 67

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Parte 2
Animação e governo da comunidade

7.8 Page 68

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
Parte 2
O Diretor
na comunidade
religiosa
Emsalesiana
Mirabello,
serei
Dom
Bosco
67

7.9 Page 69

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
Grão, espigas, farinha, pão...
Das parábolas sobre a semente ao pão
repartido no cenáculo: aí está todo o
mistério do Reino.
O dom da unidade é o que nos espera
antes de tudo de quem é chamado a
servir a comunidade e fazê-la crescer
(“auctoritas indica a capacidade de fazer
crescer”. Documento final
do sínodo sobre os jovens, 71).
“Sua primeira tarefa é animar a
comunidade para que viva na
fidelidade às Constituições e cresça na
unidade” (C 55).
A Eucaristia “ato central cotidiano
de toda a comunidade salesiana” (C 88)
é a semente e o fruto do nosso viver e
trabalhar juntos.
68

7.10 Page 70

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O diretor, guarda da
identidade consagrada
salesiana
4. GUARDA E ANIMADOR
DA IDENTIDADE CONSAGRADA
SALESIANA
47. O Diretor Salesiano é o guarda da identidade consagrada
salesiana na comunidade local. O seu serviço de animação
e governo caracteriza-se pelo carisma salesiano. Na primeira
parte examinamos, com certa amplitude, o serviço do diretor
como resulta especialmente em C 55. Nesta segunda parte
vamos nos deter em algumas consequências práticas, valori-
zando como esquema de referência os três temas do CG27.
Tenhamos bem presente, porém, que as três vias (místicos,
profetas e servos) são caminhos que levam a reconhecer de
modo mais profundo a nossa identidade carismática e viver
sempre mais conscientes da nossa vocação, que nos chama a
viver com fidelidade o projeto apostólico de Dom Bosco.1
4.1 MÍSTICOS NO ESPÍRITO:
GUIA ESPIRITUAL DA COMUNIDADE
Atenção aos valores
fundamentais da
consagração no
acompanhamento
48. A expressão “místicos no espírito”, adotada pelo CG27,
é um modo de exprimir a segunda área temática indicada
pelo Reitor-Mor no discurso de abertura, em que a ênfase é
pessoal e da comunidade posta na vida consagrada: “fazer uma intensa experiência es-
piritual, assumindo o modo de ser e agir de Jesus obediente,
pobre e casto, e sendo buscadores de Deus” (CG27 p. 95).
A Igreja insiste que as pessoas consagradas deem um tes-
temunho claro da sua identidade consagrada, guiadas por
quem assume o serviço da autoridade (RdC 20). Aos cha-
mados a oferecer o seu serviço de autoridade, recomenda-se,
como primeira coisa, velar pelos valores básicos da consa-
gração, a começar do modo de viver a sua “autoridade espi-
ritual”: “Na Vida Consagrada, a autoridade é, antes de tudo,
uma autoridade espiritual... Uma autoridade é “espiritual”
quando se põe a serviço do que o Espírito quer realizar atra-
vés dos dons que Ele distribui a cada membro da fraterni-
dade, dentro do projeto carismático do Instituto. Para estar
em condições de promover a vida espiritual, a autoridade
69

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
deverá, em primeiro lugar, cultivá-la em si mesma, por meio
de uma familiaridade, orante e cotidiana, com a Palavra de
Deus, com a Regra e as outras normas de vida”.2
Em nossa tradição, o diretor é sempre o guia espiritual da
comunidade. Sua tarefa de acompanhamento tem dimen-
sões comunitárias e pessoais (C 55, 70). Segundo o CG27,
ele encoraja cada irmão a ter um guia espiritual estável
(75.2) e guia, antes de tudo, com o seu exemplo, a fim de ser
por sua vez um guia guiado. Ajuda cada irmão a discernir,
desenvolver e utilizar os dons carismáticos que o Espírito
Santo lhe conferiu para realizar a missão salesiana (C 99;
1Cor 12, 7; 1Tt 4,10; LG 12).
Há diversos modos de ser ‘companheiros no caminho’, uma
vez que todos nos esforçamos para responder ao chamado “a
identificar-se com Cristo como fez Dom Bosco” (FSDB 47).
Quanto mais o diretor, apoiado pelo Conselho local, constrói
pacientemente uma atmosfera de confiança recíproca e dedica-
ção generosa ao redor dos valores fundamentais do carisma sa-
lesiano (acompanhamento comunitário), tanto mais será refor-
çado o itinerário pessoal de fidelidade de cada irmão, no pleno
respeito da sua liberdade e unicidade. Neste contexto de empe-
nho comum, também as outras formas de apoio pessoal serão
oportunamente valorizadas (acompanhamento pessoal), sem
recorrer a formalismos ou modelos uniformizadores. Quando
há sincera disponibilidade e interesse pelo bem de cada irmão,
então ‘o coração fala ao coração’ e as modalidades mais profí-
cuas de caminhar juntos se manifestam espontaneamente.
4.1.1 Fidelidade aos conselhos evangélicos
A animação do
diretor ajuda-nos a
ser testemunhas da
radicalidade evangélica
49. A nossa participação na missão salesiana como pessoas
consagradas põe-nos no seguimento de Jesus obediente, po-
bre e casto, sendo memória viva do seu estilo de vida.
70

8.2 Page 72

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
Com a profissão religiosa comprometemo-nos publicamen-
te a viver os conselhos evangélicos. A atmosfera da comuni-
dade (espiritual, fraterna, pastoral) e a animação do diretor
ajudam-nos a ser cotidianamente fiéis a este estilo de vida,
que faz de nós testemunhas da radicalidade evangélica.
Este modo de vida, pela sua natureza contracorrente em re-
lação à cultura dominante, requer um esforço especial de
discernimento constante, voltado a reconhecer as opções
pessoais e comunitárias que não são coerentes com o cha-
mado.3 O nosso modo de viver deve ser profecia para “des-
pertar o mundo” segundo as palavras do Papa Francisco.
O CG25 faz um discernimento sobre o “testemunho evan-
gélico” com uma análise da situação e propostas concretas
de ação. O CG26, exprimindo o desejo de reforçar a nossa
identidade carismática, retoma o lema Da mihi animas cetera
tolle e sugere linhas de ação relativas à pobreza evangélica
(CG26 79-97). O CG27, desejando reforçar novamente o
nosso modo de viver o carisma salesiano, convida-nos a ser
“testemunhas da radicalidade evangélica”, e nos estimula a
viver convencidos da “fecundidade dos conselhos evangé-
licos para a realização da comunhão em comunidade e a
missão pelos jovens” e do “papel profético de propor uma
cultura inspirada no Evangelho” (CG27 36,37).
• O diretor inclui o scrutinium de cada um dos conselhos
evangélicos no projeto anual da comunidade, utilizando os ma-
teriais oferecidos pela comissão inspetorial para a formação.
• Promove iniciativas para favorecer a reflexão sobre os con-
selhos evangélicos e a sua incidência na vida pessoal, comu-
nitária e espiritual, servindo-se do tempo da leitura espiritual
comunitária, dos encontros e de outros momentos de formação
permanente.
• Programa o estudo comunitário do CG25 17-36 sobre o “tes-
71

8.3 Page 73

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
temunho evangélico”, do CG26 79-97 sobre a “pobreza evangé-
lica” e as orientações do CG27.
• Integra no projeto comunitário empenhos concreto relativos
aos conselhos evangélicos.
4.1.2 Animação da oração pessoal e comunitária
50. A oração é um dom de Deus, diálogo entre a criatura e o
criador, comunhão com Deus que é comunhão e amor (CIC
2559-2565). O religioso que põe Deus em primeiro lugar
na sua vida leva muito a sério o dom da oração. A Igreja
recorda a quem é chamado a papéis de responsabilidade no
interior da vida consagrada, o dever de “garantir à sua comu-
nidade o tempo e a qualidade da oração”.4
A comunidade considera a vocação como um dom a que
deve responder (C 85). A vida salesiana é vivida “em diálogo
com o Senhor” (C 85-95), com o estilo específico do nos-
so carisma, seguindo os empenhos concretos indicados nas
Constituições. A Congregação, por sua vez, referiu-se em
vários momentos ao valor fundamental da vida de oração
para cada salesiano e para as comunidades.5
Passar um tempo prolongado na oração todos os dias ali-
nha-se com a tradição salesiana, como resulta do exemplo
pessoal do próprio Dom Bosco,6 da vida dos jovens cujas
biografias Dom Bosco escreveu7 e do estilo de vida de mui-
tos dos primeiros salesianos.8
O diretor cuida do
dom da oração na vida
pessoal, para poder
animar a comunidade
a viver “a vida como
oração”
51. A qualidade da nossa oração é sinal de que somos “bus-
cadores de Deus” e “testemunhas do seu amor entre os jo-
vens”. Ela faz da comunidade uma “escola de oração” para os
jovens e os fiéis leigos (CG25 31). Ajuda também a promo-
ver a espiritualidade de comunhão pedida pela Igreja.9
72

8.4 Page 74

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
Chamados à contínua conversão pela Palavra de Deus, os
irmãos e a comunidade valorizam a meditação cotidiana,
celebram o sacramento da Reconciliação e dão lugar central
à celebração cotidiana da Eucaristia, para que a mesma vida
se torne um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm
12,1), um contínuo ‘sim’ mariano ao chamado de Deus.
O diretor cuida do dom da oração na sua vida pessoal, a fim
de ser capaz de animar os irmãos e as comunidades a vive-
rem a “vida como oração”.10 Nem sempre o diretor encontra
as condições favoráveis para esse tipo de animação (CG27
14, 51) sendo necessário, portanto, um trabalho particular-
mente intenso nesse aspecto fundamental do seu serviço.
• Os irmãos integram a dimensão da oração em seu projeto
pessoal de vida.
• O projeto comunitário privilegiará o que faz crescer para ser
“uma comunidade em diálogo com o Senhor”, dando a devida
atenção à meditação, à Eucaristia, à liturgia das horas, aos
retiros mensais, aos exercícios espirituais, à celebração do
sacramento da Reconciliação, à lectio divina, ao rosário e ou-
tras formas de oração mariana, às festas salesianas, etc.
• O scrutinium da vida de oração será feito seguindo uma
metodologia adequada, que favoreça a inspiração que o tema
exige, de modo a tomar ciência de possíveis sinais de mediocri-
dade e chegar a sugestões concretas para melhorar a qualidade
da oração.
• Serão promovidas iniciativas para fazer da comunidade uma
“escola de oração” para os jovens e os leigos (CG25 31). O
projeto comunitário incluirá momentos de oração com os jo-
vens, os leigos envolvidos na missão, a Família Salesiana e ou-
tros grupos eclesiais e religiosos.
• A comunidade estabelecerá momentos de formação per-
manente sobre o tema da oração comunitária, refletindo sobre
os estímulos oferecidos pelo CG25 27 e por ACG 421 – “A vida
como oração”.
73

8.5 Page 75

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
4.1.3. Cuidar da identidade carismática
A identidade carismática
no centro da atenção
52. A partir do Capítulo Geral Especial, pedido pelo Vati-
cano II, a Congregação iniciou um intenso caminho de re-
novação do carisma salesiano. Os Capítulos Gerais seguin-
tes procuraram aprofundar a nossa identidade carismática a
fim de encorajar uma maior fidelidade, superando a medio-
cridade e reforçando o que dá solidez ao caminho. Os Rei-
tores-Mores perseguiram a mesma prioridade: “Continuar a
cuidar da nossa identidade carismática em plena fidelidade
a Dom Bosco” (ACG 419 13).
É responsabilidade de todo salesiano cuidar do carisma re-
cebido de Dom Bosco, vivendo com fidelidade a própria
vocação e ajudando seus irmãos a fazer o mesmo. Cada um
contribui com a riqueza da própria vocação, de salesiano pa-
dre e salesiano leigo, para chegarem juntos ao fim comum.11
O papel do diretor e do
seu Conselho
53. A Igreja recomenda àqueles que são investidos do ser-
viço da autoridade a cuidarem do carisma: “A autonomia é
chamada a manter vivo o carisma da própria família religio-
sa”.12 Eis porque a Congregação promove muitas iniciativas
para assimilar e aprofundar o carisma salesiano (publicações,
encontros, cursos sobre temas específicos, celebrações...). É
importante que essas propostas encontrem espaço no proje-
to pessoal de vida, como também no projeto da comunidade
e da CEP. O diretor e seu Conselho têm um papel impor-
tante na animação dos irmãos, dos leigos e dos jovens, ser-
vindo-se de iniciativas adequadas para o carisma salesiano
ser sempre mais compreendido e valorizado.
• A comunidade procura aprofundar dois elementos específicos
do carisma salesiano: a complementaridade das duas formas
da vocação salesiana (padres e leigos, cf. CG26 74-78; CG27
69.7; ACG 424: Uma renovada atenção ao Salesiano Coad-
jutor) e a comunhão e participação no espírito e na missão
de Dom Bosco (salesianos e leigos, cf. CG24, CG27 71.1-3).
74

8.6 Page 76

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
• Os projetos inspetoriais e as diretrizes (Capítulos com suas
decisões e orientações, Projeto Orgânico Inspetorial, Proje-
to Inspetorial de Formação, Projeto Educativo-Pastoral...), as
deliberações dos Capítulos Gerais e do Conselho Geral sejam
estudadas com atenção, buscando os melhores modos de tra-
duzi-las em práxis. Um novo estudo do CG26 1-22, “Partir no-
vamente de Dom Bosco”, atuando as iniciativas lá propostas
para os indivíduos e as comunidades.
• Cuida-se diligentemente da informação sobre a vida da
Congregação e da Família Salesiana, servindo-se dos meios
oferecidos pelo mundo digital.
• A comunidade, em sua programação, estabelece alguns mo-
dos para aprofundar o carisma salesiano (espiritualidade,
história, trabalho pastoral, vida da Congregação e da Família
Salesiana...): leitura espiritual, cursos, conferências, reuniões,
publicações, contribuições da internet.
• A comunidade encoraja a participação dos irmãos em iniciati-
vas comuns de formação conjunta entre salesianos e leigos
sobre o carisma salesiano (espiritualidade, história, trabalho
pastoral, Família Salesiana) tanto em nível local como inspeto-
rial e mundial.
• O diretor e os irmãos integram no seu projeto de vida pes-
soal os meios adequados para aprofundar o próprio conheci-
mento do carisma salesiano.
A comunhão é missão
4.2 PROFETAS DA FRATERNIDADE: ANIMADOR
DE COMUNHÃO E DE CORRESPONSABILIDADE
54. A vida fraterna em comunidade é uma das caracterís-
ticas essenciais da vida religiosa. É um dom de Deus que
precisa ser vivido, testemunhado e reforçado. A Igreja, nos
últimos decênios, exortou as pessoas consagradas a serem
“especialistas em comunhão” (VC 46) e darem testemunho
de fraternidade como modelo de vida para a comunhão
eclesial e a sociedade humana.13
75

8.7 Page 77

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
Quem exerce a autoridade na comunidade tem uma respon-
sabilidade particular para tornar vivo o dom da fraternidade.
“Os superiores e as superioras, unidos às pessoas a eles con-
fiadas, são chamados a edificar em Cristo uma comunidade
fraterna, onde se busque a Deus, amando-o sobre todas as
coisas, para realizar o seu plano redentor” (FT 17). A vida
fraterna já é parte da missão.14
A Congregação deu uma sábia atenção a este elemento da
vida consagrada. Juntamente com o que encontramos no
texto das Constituições, o CG25 dedicou-se à “Comuni-
dade Salesiana hoje”. Por sua vez, o CG27 evidenciou o
discernimento sobre os salesianos como “profetas de frater-
nidade” e propôs linhas concretas de ação. São orientações
particularmente úteis para o diálogo e a revisão sobre a vida
salesiana concreta.15
Os principais aspectos a dar atenção no serviço de anima-
ção, comunhão e corresponsabilidade compartilhada do di-
retor, são:
1. Promover a unidade
2. Crescer nas relações fraternas e na comunicação.
3. Construir uma comunidade aberta e acolhedora.
4.2.1 Promover a unidade
O diretor representa
Cristo que une os seus
discípulos
55. É o Espírito que move os corações à união e ajuda-nos
a formar assim “um só coração e uma só alma para amar
e servir a Deus e para nos ajudarmos uns aos outros” (C
50). Graças ao Espírito, as comunidades religiosas podem
ser testemunhas eloquentes de unidade e “especialistas de
comunhão”.
Àquele que dirige a comunidade cabe também a responsabi-
76

8.8 Page 78

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
lidade de salvaguardar a unidade e promovê-la como “autori-
dade agente de unidade”.16 A Congregação sempre conside-
rou o diretor nesses termos, desde os tempos de Dom Bosco,
vendo como seu primeiro empenho ser “servidor da unidade
e guarda da identidade salesiana” (CG21 52). Desse modo, “o
diretor representa Cristo que une os seus no serviço do Pai...
Sua primeira tarefa é animar a comunidade para que viva na
fidelidade às Constituições e cresça na unidade” (C 55).
É necessário fazer reviver em cada salesiano a consciência
de que “Deus nos chama a viver em comunidade, confian-
do-nos irmãos que devemos amar. A caridade fraterna, a
missão apostólica e a prática dos conselhos evangélicos são
os vínculos que plasmam a nossa unidade e consolidam con-
tinuamente a nossa comunhão” (C 50).
• O diretor e seu Conselho motivam e acompanham a elabora-
ção, atuação e avaliação do projeto comunitário.
• Preparam e fazem com a comunidade o scrutinium da vida
fraterna e, juntos, buscam as modalidades mais eficazes para
viver a “espiritualidade de comunhão” (CG27 45).
• Animam o dia semanal da comunidade (programam mo-
mentos de distensão, formação, oração, comunicação e parti-
lha fraterna) promovendo as relações fraternas e favorecendo a
partilha de experiências de vida e de vocação entre os irmãos.
• Os irmãos valorizam o colóquio com o diretor para dialogar
sobre a vida e a missão da comunidade, valendo-se dessa opor-
tunidade também para esclarecimentos e resolver dificuldades.
4.2.2 Relações fraternas e comunicação
Relações e comunicação 56. A comunhão no interior da casa salesiana requer aten-
em estilo salesiano
ção às relações fraternas, fazendo uso onde necessário das
contribuições das ciências humanas. A comunidade é o lu-
77

8.9 Page 79

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
gar onde a pessoa aprende a harmonizar o “eu” com o “nós”,
a respeitar a pessoa como também o bem-comum: “A co-
munidade religiosa torna-se, então, o lugar onde se aprende
cotidianamente a assumir aquela mentalidade renovada que
permite viver a comunhão fraterna através da riqueza dos
diversos dons e, ao mesmo tempo, impele esses dons a con-
vergir para a fraternidade e para a corresponsabilidade no
projeto apostólico” (VFC 39).
O estilo salesiano de viver as relações tem suas caracterís-
ticas peculiares: “A bondade salesiana” (C 15) e o “espírito
de família” (C 16) e também a “amizade fraterna” na co-
munidade (C 51). São ideais a que devemos tender e que
servem de critérios para a avaliação do estilo de vida pessoal
e comunitário. A qualidade das relações fraternas em comu-
nidade contribui para a comunhão de vida e a partilha dos
bens. Isso corresponde ao desejo que a Igreja compartilha e
promove (VFC 29-34), e é uma característica das relações
fraternas salesianas. “Em clima de fraterna amizade comu-
nicamo-nos alegrias e dores, e partilhamos corresponsavel-
mente experiências e projetos apostólicos” (C 51).17
Compreendida a importância da vida fraterna, o diretor e o
conselho local cuidam dela de modo especial,18 dando aten-
ção às circunstâncias concretas de cada comunidade. A aná-
lise da realidade das relações de cada comunidade revelará
luzes e sombras; será preciso, portanto, intervir com realis-
mo e fé, embora sabendo que nunca encontraremos uma co-
munidade perfeita e que estamos sempre em caminho. Por
isso, devemos ter confiança na graça de Deus e munir-nos
de muita paciência, força e esperança, fazendo o possível
com os meios disponíveis.
O diretor e seu Conselho também tenham presente que
uma comunicação adequada é essencial para a construção da
comunidade. Para tanto fazem bom uso de todos os meios
78

8.10 Page 80

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
tradicionais de comunicação no interior da comunidade re-
ligiosa, como o “boa-noite” e as reuniões da comunidade,
mas também dos novos meios oferecidos pelo mundo di-
gital. Vivem muito conscientes da necessidade de um bom
fluxo de comunicação no interior da comunidade educati-
vo-pastoral, e com a inspetoria (CG24 128-137).
• O diretor prepara bem os encontros de comunidade a fim de
facilitar a participação e o envolvimento dos irmãos.
• Avalia no Conselho a qualidade das relações em comunidade
dando atenção também ao testemunho da fraternidade reco-
nhecida pelos jovens e leigos, buscando modos concretos para
melhorar.
• Dá atenção a cada irmão e também às famílias dos irmãos
(R 46).
• Promove momentos de oração e encontros em que os ir-
mãos possam compartilhar seus interesses, preocupações,
projetos, experiências vocacionais, ansiedades e alegrias.
• É sensível às dificuldades particulares de relação no interior
da comunidade, para conhecer bem a situação, pensar pruden-
temente em possíveis intervenções, buscar as mediações mais
oportunas.
Cada irmão dá atenção a tudo o que facilita as relações
interpessoais na vida fraterna: colóquio com o diretor, atenção
à situação de cada irmão, respeito e apoio recíproco, avaliação
dos comportamentos que possam enfraquecer as relações fra-
ternas (críticas não construtivas, reclamações, indiferença, ciú-
mes...), “dando o primeiro passo”, pedindo e oferecendo per-
dão, paciência, correção fraterna, diálogo para esclarecimentos
onde houver divergências ou iluminar sobre algumas situações,
oração pelos irmãos, atmosfera de discernimento...
• A comunidade organiza momentos de formação permanente
sobre o tema das relações fraternas e da comunicação, com a
ajuda de especialistas no campo das relações e da comunica-
ção quando necessário.
79

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
• A comunidade e a CEP buscam modos de formar-se na área
da resolução de conflitos. O CG27 recorda-nos que os confli-
tos “não devem ser vividos apenas como realidades negativas,
mas como oportunidades de amadurecimento: sejam ilumina-
dos pelo Evangelho e enfrentados e resolvidos com mais cora-
gem, competência humana e misericórdia” (CG27 42). Algumas
orientações para enfrentar as dificuldades em espírito de comu-
nhão podem ser encontradas em FT 25b.
• O diretor reflete sobre as próprias intervenções de modo a
superar as suas dificuldades no relacionar-se com os irmãos e
com a comunidade. Também mantém um diálogo com o inspe-
tor e recorre ao acompanhamento espiritual.
4.2.3 Uma comunidade aberta e acolhedora
Encontrar vida dando a
vida, a esperança dando
esperança, o amor,
amando
57. No contexto do seu convite constante para uma ‘Igreja
em saída’, o Papa Francisco, pede aos religiosos para “sair de
si mesmos para ir às periferias existenciais… Não vos fe-
cheis em vós mesmos, não vos deixeis asfixiar por pequenas
brigas de casa, não fiqueis prisioneiros dos vossos proble-
mas. Estes resolver-se-ão se sairdes para ajudar os outros a
resolverem os seus problemas, anunciando-lhes a Boa Nova.
Encontrareis a vida dando a vida, a esperança dando espe-
rança, o amor amando”.19
O espírito salesiano requer que a comunidade seja capaz de
“fazer com que todos participem do espírito de família sale-
siano” (C 56), e de serem solidários com a Igreja local e com
a comunidade humana do contexto e território onde estão
situados (C 57), promovendo o envolvimento de diversas
forças na missão (C 47), sobretudo daqueles que se preocu-
pam com os jovens.
O sinal dessa abertura e hospitalidade está no envolvimento
dos irmãos nas iniciativas educativas e pastorais e na sua
presença como núcleo animador da CEP. Os Capítulos
80

9.2 Page 82

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
Gerais têm insistido muito na importância de compartilhar
o carisma e a missão com os leigos e na Família Salesiana,
e envolver no projeto pastoral também os jovens e suas fa-
mílias. O CG27, como também a carta de convocação do
CG28, desafia-nos a ter esta dimensão como o que mais
interessa a fim de viver a profecia da fraternidade.20
• No Conselho local e na comunidade, o diretor avalie a relação
da comunidade com a Família Salesiana, propondo iniciati-
vas específicas para uma mais profunda comunhão: o estudo
da Esteia do Reitor-Mor e da “Carta da identidade da Família
Salesiana de Dom Bosco” (2012), a colaboração nas iniciativas
pastorais, o conhecimento dos diversos grupos da Família Sa-
lesiana, favorecendo a colaboração onde possível.
• Dá o melhor de si para reforçar o sentido de pertença e de
corresponsabilidade dos Salesianos e dos leigos envolvidos
na presença salesiana: formação comum, planejamento e ava-
liação dos projetos, momentos de partilha, encontros de ora-
ção, modos para facilitar a partilha das informações... Promove
o espírito de família nas relações com os leigos que participam
da mesma missão, como também o respeito dos diversos pa-
péis na animação e governo das atividades salesianas.
• Busca modalidades concretas para favorecer a presença dos
jovens na comunidade salesiana (oração, encontros, forma-
ção permanente, relações cordiais...).
• Encoraja iniciativas nas quais a presença salesiana “chega às
periferias existenciais”, onde a responsabilidade é compartilha-
da entre salesianos, leigos e jovens.
• Participa das atividades da Vida Consagrada presente na
região e dos projetos pastorais da diocese e da Igreja local.
• Reflete com a comunidade sobre o modo de atualizar as linhas
de ação do CG25 46 (comunidade que acolhe) e do CG27 13-17,
39-51, 70-71 (disponíveis à atuação de projetos e à partilha).
• Serve de guia à comunidade em seu conjunto, acolhedora e
hospitaleira (C 56, R 45).
81

9.3 Page 83

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
4.3 SERVOS DOS JOVENS: O PRIMEIRO
RESPONSÁVEL DA MISSÃO APOSTÓLICA
O diretor tem uma
especial responsabili-
dade na missão
58. A profecia de fraternidade orienta a comunidade a
ocupar-se da missão comum, a ela dedicar-se com paixão
e envolver outras forças para levá-la a bom termo. Na vida
consagrada há diversos modos de compreender a relação
entre comunidade e missão, mas os consagrados devem ser
discípulos e ao mesmo tempo apóstolos.
A Igreja reveste de responsabilidade pela missão aquele a
quem é pedido o serviço da autoridade, a fim de fazer com
que cresçam a comunidade e a CEP na caridade pastoral.21
Na vida salesiana a dimensão apostólica é muito clara e es-
tamos convencidos de que “a missão dá a toda a nossa exis-
tência o seu tom concreto” (C 3). Sabemos, também que
“o mandato apostólico que a Igreja nos confia é assumido
e cumprido em primeiro lugar pelas comunidades inspeto-
riais e locais, cujos membros têm funções complementares,
com incumbências todas elas importantes. Disto eles to-
mam consciência: a coesão e a corresponsabilidade frater-
na permitem alcançar os objetivos pastorais. O inspetor e
o diretor, como animadores do diálogo e da participação,
guiam o discernimento pastoral da comunidade, para que
ela caminhe unida e fiel na atuação do projeto apostólico...
Cada um de nós é responsável pela missão comum e dela
participa com a riqueza de seus dons” (C 44-45).
Animação pastoral da
comunidade salesiana
59. São diversos os modos com que uma comunidade se
relaciona com o trabalho salesiano (cf. parte III, 7.2.2). Isso
requer uma reflexão, em sintonia com a comunidade inspe-
torial, sobre a organização, a animação e o governo. Os frutos
dessa reflexão indicarão o estilo da direção, o envolvimento
da comunidade e a identidade da CEP (CG24 169, 171;
CG25 80-81, CG26 81,112, 120). O capítulo 8 do Quadro
82

9.4 Page 84

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
Referencial da Pastoral Juvenil oferece uma apresentação de
grande importância do significado e do papel da comunida-
de salesiana, de modo especial do diretor, na realização da
missão salesiana com todos os outros que estão envolvidos
nela. Este será o ponto focal da terceira parte deste texto.
O diretor da comunidade local deve ocupar-se dos seguintes
elementos:
1. Encorajar a caridade pastoral dos irmãos.
2. Coordenar a corresponsabilidade compartilhada para a mis-
são comum.
3. Guiar a comunidade no discernimento pastoral.
4. Estimular a animação vocacional.
4.3.1 Encorajar a caridade pastoral dos irmãos
Um pai que une os seus
irmãos na comunhão e
no serviço apostólico
60. O diretor, como pai que une os seus irmãos na comunhão
e no serviço apostólico, encoraja a caridade pastoral dos ir-
mãos e a sua dedicação à missão comum, cada um segundo
as suas possibilidades. Sua comunidade é composta de dis-
cípulos-missionários, parcela de uma Igreja que se lança na
busca dos dispersos e na acolhida dos marginalizados (EG
24). O diretor dá atenção à situação de cada irmão, aos seus
sucessos e dificuldades, aos elementos de formação que po-
dem fazer aumentar as suas habilidades pastorais, as conse-
quências das opções feitas, que o irmão não fosse capaz de
perceber. Anota também o que não ajuda o projeto comum,
a arrefecimento do entusiasmo, o modo com que a ação pas-
toral se amalgama com o restante da Vida Consagrada do
irmão, como o irmão participa da missão da comunidade...
Tudo isso pode ser objeto de diálogo fraterno no colóquio
pessoal e no discernimento comunitário.
• O diretor encoraja a participação de todos na reflexão sobre
83

9.5 Page 85

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
o modelo de presença salesiana que se pretende seguir.
• Promove uma atmosfera comunitária de oração e de tra-
balho pastoral, consciente de que “a missão é realizada auten-
ticamente quando a acolhemos como vinda de Deus, e quando
d’Ele tiramos o sustento para o nosso serviço” (CG27 53).
• Organiza momentos de formação para a comunidade em
conjunto com a CEP para assimilar os critérios do Quadro Re-
ferencial da Pastoral Juvenil e as exigências suscitadas pelo
Sistema Preventivo em cada contexto.
4.3.2 Coordenar a corresponsabilidade na
missão comum
Envolvimento pastoral
de cada irmão e
responsabilidade
compartilhada por todos
61. A comunidade inspetorial confia uma parcela da missão
a uma comunidade local e determina seus critérios de ido-
neidade e meios. Cada comunidade local põe todas as suas
energias a serviço da missão dando atenção às circunstân-
cias particulares que caracterizam a relação entre a comuni-
dade e o tipo de atividade como indicado em CG26 120 e
CG25 78-81.
Cabe ao diretor, com a ajuda do conselho local, coordenar
o envolvimento pastoral de cada irmão e encorajar a cor-
responsabilidade compartilhada de todos, na concretude da
situação em que se vive e à luz do modelo de animação e
governo adotado pela Inspetoria.
• A comunidade elabora o projeto comunitário em que é defi-
nido o papel da comunidade na CEP da Obra salesiana.
• A comunidade participa da elaboração e avaliação do PEPS,
em que são definidas as responsabilidades dos irmãos e leigos
que participam da nossa missão. O diretor e o Conselho local
acompanham o conselho da CEP na elaboração do PEPS local.
84

9.6 Page 86

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
• O diretor garante o acompanhamento pessoal e vocacional
dos leigos e das pessoas responsáveis pelos diversos setores
da obra salesiana.
• O diretor assume a coordenação dos diversos setores do
trabalho salesiano, garantindo unidade e coesão.
4.3.3 Guiar o discernimento pastoral
Ver a vida e o mundo com 62. Dom Bosco, na sua ação, era um homem constante-
os olhos do discípulo
mente aberto à inspiração divina. Dele aprendemos a fazer
sempre um bom discernimento para descobrir os campos
prioritários da ação pastoral e os melhores critérios para essa
ação em qualquer contexto concreto. A disposição para o
discernimento pastoral é a expressão da “conversão pastoral”
que a Igreja pede a todo salesiano. Faz parte da “correspon-
sabilidade na obediência” da comunidade salesiana (C 66).
O discernimento é um modo de estar no mundo, uma ati-
tude fundamental e ao mesmo tempo um método de traba-
lho, que consiste em olhar para a vida e o mundo no qual
estamos imersos com os olhos do discípulo. Leva-nos a re-
conhecer e sintonizar com a ação do Espírito em autêntica
obediência. Desse modo torna-se abertura ao que é novo,
coragem de sair de nós mesmos e força para não ceder à
tentação de reduzir o novo ao que já é conhecido.22 EG 51
delineia o processo de discernimento fazendo-o consistir
em reconhecer, interpretar e escolher.
Empenho renovado pelos 63. Il CG26 indica as linhas de ação para todo salesiano e
jovens mais pobres e
suas famílias
toda comunidade no empenho de educar e evangelizar os
jovens, com atenção às “novas fronteiras” dos jovens mais
pobres e suas famílias.23 São as linhas de ação a ter como
critérios de discernimento sobre a significatividade da ação
educativo-pastoral da comunidade.
85

9.7 Page 87

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
O CG27 73.1 também requer de cada Inspetoria “uma pro-
funda revisão da significatividade e presença entre os mais
pobres das nossas obras, segundo os critérios oferecidos pe-
los Capítulos Gerais e pelos Reitores-Mores, em vista de
uma ‘conversão pastoral estrutural’ e de uma maior finaliza-
ção em vista das novas pobrezas (cf. Reg. 1)”.
O diretor, ajudado pelo Conselho local e em harmonia com
a Inspetoria, tem a responsabilidade de promover o espírito
de discernimento, de tal modo que as decisões pastorais se-
jam o mais possível conformes ao carisma salesiano (C 44).
• O Conselho local e a comunidade oferecem uma contribuição qua-
lificada na avaliação e no discernimento feitos pela inspetoria sobre
a significatividade de cada presença salesiana (CG27 73.1).
• A comunidade avalia a sua dimensão pastoral à luz das
diretrizes do CG26 34, 38, 43, 48, 106, 109.
• Promove iniciativas para a formação dos salesianos e leigos
sobre a missão salesiana e o Quadro Referencial da Pastoral
Juvenil Salesiana.
• Cuida das iniciativas que deem atenção aos jovens pobres
na presença salesiana, em consonância com o projeto local e
a colaboração com as instituições ou agências que trabalham
para o desenvolvimento social no território.
• Garante a qualificação dos salesianos e leigos, para servir
aos jovens pobres e suas famílias, com projetos específicos
em cada casa salesiana, para realizar, como pedido pelo CG27
72-73, “a saída para as periferias”.
A primeira proposta
vocacional é o
testemunho de uma
comunidade fraterna
4.3.4 Encorajar a animação vocacional
64. A animação vocacional, que ajuda os jovens a descobri-
rem o que o Senhor espera de cada um deles, é um elemen-
to decisivo na pastoral salesiana. Desde o início da nossa
86

9.8 Page 88

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4. Guarda e animador da identidade consagrada salesiana
Congregação está claro que a primeira proposta vocacional
para a vida consagrada salesiana é o testemunho de uma
comunidade fraterna, onde se vê o entusiasmo pelo Senhor
e pela missão a que Ele nos chama.
A criação de uma cultura vocacional começa, pois, com o
testemunho de cada salesiano e da comunidade salesiana
(CG26 52b). Como afirma o Instrumentum laboris (184) do
Sínodo dos Bispos sobre Os jovens, a fé e o discernimento vo-
cacional “é evidente, portanto, que na qualidade espiritual da
vida comunitária encontram-se grandes oportunidades para
aproximar os jovens da fé e da Igreja e acompanhá-los em
seu discernimento vocacional” (184 – tema retomado em
CV 202, 216-217, 242-243).
Animação vocacional,
horizonte último do
nosso trabalho pastoral
65. O Quadro Referencial da Pastoral Juvenil fala da anima-
ção vocacional como a dimensão que marca “o horizonte úl-
timo da nossa pastoral” e como “o coração do PEPS”. É por
essa razão que, em última análise, assumimos a responsabi-
lidade do itinerário de educação à fé e do acompanhamen-
to pessoal, que ajuda os jovens a elaborarem o seu projeto
pessoal de vida e a fazer o discernimento vocacional, de tal
modo que sejam habilitados a se orientarem para opções de
vida em sintonia com os valores do Evangelho, e em respos-
ta ao que o Senhor espera deles.24
Ainda durante a vida de Dom Bosco, o diretor tinha um
papel especial de animação e acompanhamento dos jovens
que viviam a estação das opções de vida decisivas para o
seu futuro. Hoje, o serviço salesiano de animação vocacio-
nal (C 38, 37) é feito em sintonia com o projeto inspetorial
e local de animação vocacional. O diretor garante que sa-
lesianos, jovens e educadores cresçam na sua resposta vo-
cacional (C 55) e que a animação vocacional faça parte do
PEPS local.
87

9.9 Page 89

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
• A comunidade planeja momentos de formação permanente
sobre o tema “a necessidade de convocar”, detendo-se nas
linhas de ação para cada Salesiano (CG26 62, 66, 70) e para a
comunidade (CG26 63, 67, 71).
• Elabora e acompanha o projeto local de animação vocacio-
nal, em linha com o projeto inspetorial.
• Inclui a oração pelas vocações no ritmo de vida e oração da
comunidade.
• Dá testemunho de uma comunidade que vive unida e empe-
nhada dando o melhor de si na missão com e pelos jovens, os
leigos, a Família Salesiana e o povo do território. Convida os jo-
vens e os leigos que compartilham a sua missão a participarem
de determinados momentos da vida da comunidade (oração,
partilha, celebração, formação...).
• Acolhe e dá espaço na sua vida aos jovens que estão em
discernimento da própria vocação.
• Participa de iniciativas e cursos de formação para o acom-
panhamento pessoal e vocacional.
• Permanece próxima das famílias dos jovens que se sentem
chamados a uma vida de especial consagração, acompanhan-
do o processo de discernimento vocacional.
• Dá atenção aos grupos da Família Salesiana e às suas pro-
postas de animação vocacional, e encoraja os irmãos a acom-
panharem os leitos que participam da mesma missão juvenil e
os membros da Família Salesiana nos seus itinerários de cres-
cimento vocacional.
88

9.10 Page 90

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5. Um serviço carismático
5. UM SERVIÇO CARISMÁTICO
Carisma salesiano e
serviço da autoridade
66. Reconhecemos que o carisma salesiano é dom de Deus
à Igreja, que nos guia na vivência de modo peculiar dos ele-
mentos da vida consagrada como são apresentados nas nos-
sas Constituições. O carisma determina o modo de viver
e exercer o serviço da autoridade (animação e governo) e
os meios adotados para encorajar salesianos e comunidades
a crescerem na fidelidade à vocação salesiana. Nesta seção
falaremos de disposições e condutas, como também de ins-
trumentos e estruturas de animação
O diretor facilita o
diálogo
5.1 DISPOSIÇÕES E COMPORTAMENTO
5.1.1 Escuta e diálogo
67. O diálogo é a habilidade de uma pessoa de favorecer
boas relações humanas e ajudar a construir comunidade;
pressupõe o desejo de encontrar o outro e buscar o bem-
-comum. Envolve escuta, conhecimento do outro, busca do
bem-comum, partilha das próprias riquezas...
Na vida consagrada, o diálogo é condição indispensável
para construir a vida fraterna, facilitar o discernimento e
compartilhar as responsabilidades. Quem anima a vida da
comunidade tem um papel de grande importância na facili-
tação do diálogo.25
O estilo salesiano de relações pessoais e pastorais considera
o diálogo como algo de específico e próprio, de tipicamente
‘nosso’, além de reconhecer o seu elevado valor na cultura
contemporânea e um objetivo de primeira ordem na edu-
cação dos jovens (C 38, 44, 66, 70). O diálogo também faz
parte do nosso estilo de animação e governo, para facilitar a
participação e a partilha da responsabilidade. O CG27 pro-
põe-no como modalidade de viver a profecia da fraternida-
de (CG27 69.1-3).
89

10 Pages 91-100

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10.1 Page 91

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
O diretor questiona a sua habilidade de dialogar, tanto pes-
soalmente como com a ajuda de um guia: habilidade de escutar
e dar atenção aos irmãos e aos interesses comuns, paciência
diante de situações de falta de responsabilidade, desejo de pro-
mover a boa informação, aceitação de pessoas e opiniões di-
ferentes das suas, conhecimento e controle do próprio caráter
de modo a não bloquear o diálogo, clareza unida à caridade na
apresentação de princípios e critérios...
• O Conselho da casa está atento às modalidades de diálogo
e participação da comunidade, apresentando propostas con-
cretas para melhorar a sua qualidade.
• A comunidade prepara bem os momentos que envolvem o
diálogo (encontros, momentos de discernimento em assem-
bleia, encontros de formação...): informação, preparação do
material para facilitar a participação, atenção à interação com
os participantes, motivações espirituais.
• Os irmãos refletem sobre o modo de viver em comunidade as
orientações de C 66 e CG27 69, 1-3.
5.1.2 Liberdade pessoal e corresponsabilidade
Respeito pela dignidade
das pessoas e a sua
liberdade
68. A vida consagrada contribui para a formação de pessoas
maduras que vivem uma liberdade responsável. É o que todo
irmão professa: “Eu, com plena liberdade ofereço-me to-
talmente a Vós, comprometendo-me a dar todas as minhas
forças...” (C 24).
Insistiu-se, nos últimos decênios no fato de a autoridade na
Vida Consagrada ter que ser exercida no respeito da dig-
nidade e liberdade das pessoas. Por isso, a pessoa a quem
é confiado o serviço da autoridade deve criar um clima de
participação e corresponsabilidade, animando a todos para
se empenharem no projeto comum e no serviço de cada
pessoa, com as suas necessidades particulares, e da comu-
nidade no seu conjunto.26 Igualmente, a autoridade sabe
90

10.2 Page 92

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5. Um serviço carismático
Participação e
corresponsabilidade
como assumir as próprias responsabilidades e encorajar a
corresponsabilidade dos envolvidos no respeito à missão
comum.27 Aquele a quem é confiada a autoridade deve su-
perar alguns possíveis erros na maneira de exercer o serviço
da autoridade: a incapacidade de escutar, o autoritarismo, o
clericalismo, a falta de sensibilidade para com as pessoas e os
grupos, a falta de funcionamento adequado dos organismos
de animação e de governo...
69. O estilo de animação e governo promovido pela Con-
gregação Salesiana é marcado por alguns princípios funda-
mentais: participação, corresponsabilidade, subsidiariedade,
descentralização (C 123-124), obediência de pessoas livres e
responsáveis. São princípios que a Congregação propôs nos
Capítulos Gerais sobre a vida fraterna e a missão comparti-
lhada com a CEP (CG27 69.3, 71.1), estendendo essa cor-
responsabilidade aos leigos, à Família Salesiana e aos jovens
(CG27 15, 19, 70.2).28
A liberdade é um dos grandes valores atuais, não só para os
jovens aos quais somos enviados, mas também para o gran-
de grupo de jovens salesianos em formação inicial. O fato
de todos nós sermos nativos digitais acentua a propensão
cultural contemporânea à liberdade de escolha. Com o Papa
Francisco somos convidados a reconhecer nessa mudança
cultural um dom e uma oportunidade para os educadores,29
no espírito do humanismo que herdamos de Francisco de
Sales, que “acredita nos recursos naturais e sobrenaturais do
homem, embora não lhe ignore a fraqueza” (C 17). Com o
sínodo sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional,
reconhecemos que a liberdade é, ao mesmo tempo, respon-
sorial – precedida e gerada por um ato de amor, e, depois,
chamada a ser uma resposta no amor, ou seja, a ser “respon-
sável”.30
91

10.3 Page 93

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
A inspetoria elabora um bom modelo de animação e de
governo da presença local, de modo que cada obra conhe-
ça com clareza as responsabilidades das diversas pessoas e
dos órgãos colegiados, para que não sejam deixadas somente
à gestão do diretor ou daqueles a quem são confiados encargos
específicos. A comunidade aplica o modelo de animação e go-
verno proposto pela Inspetoria para todas as casas.
• O Conselho local e a assembleia da comunidade elaboram
modalidades para promover a corresponsabilidade, a partici-
pação e o sentido de pertença. Quando a corresponsabilidade
compartilhada for frágil, encontram as modalidades oportunas
para avaliar o nível de envolvimento das pessoas e a correção
fraterna.
• O diretor garante uma adequada informação e comunica-
ção sobre os projetos e atividades. A comunidade promove ini-
ciativas para a formação das pessoas (salesianos e leigos)
para o trabalho em equipe e em estilo salesiano de correspon-
sabilidade.
Discernimento, ou
a atitude básica da
formação permanente
5.1.3 Discernimento pessoal e comunitário
70. O discernimento, como dissemos acima, é um modo
de olhar para o mundo com os olhos do discípulo. É algo
que a Igreja requer especialmente dos religiosos, sendo uma
“comunhão de pessoas consagradas que professam buscar e
cumprir juntas a vontade de Deus” (FT 1). Significa, como
diz o Papa Francisco, “não só reconhecer e interpretar as
moções do espírito bom e do espírito mau, mas também – e
aqui está o ponto decisivo – escolher as do espírito bom e
rejeitar as do espírito mau” (EG 51; cf. Gaudete et Exsultate
167-175 e Christus Vivit capítulo 9).
O discernimento requer algumas disposições fundamentais
na vida religiosa: olhar de fé sobre todos os acontecimentos
e circunstâncias, qualidade da vida espiritual, capacidade de
escuta e diálogo, abertura à conversão pedida pelo discerni-
92

10.4 Page 94

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5. Um serviço carismático
mento, capacidade de comunicação pessoal e espiritual.31 “O
discernimento figura entre os momentos mais altos da fra-
ternidade consagrada, onde se ressalta, com evidência parti-
cular, tanto a centralidade de Deus, qual fim último da busca
de todos, como a responsabilidade e a contribuição de cada
um no caminho de todos em direção à verdade” (FT 20e).
O discernimento, no carisma salesiano, é também uma ati-
tude fundamental da pessoa, a atitude básica da formação
permanente (C 119 e ACG 425 25-37), que ajuda a encon-
trar a orientação adequada nas decisões da vida ordinária
e nas opções pastorais em nível pessoal e comunitário. É a
capacidade de aprender das experiências da vida à luz da fé
e do nosso carisma (C 98). Todo irmão e toda comunida-
de é protagonista e responsável dessa abertura constante ao
discernimento.
O CG25 pede que a comunidade ajude cada irmão a dar
unidade à sua vida “praticando o discernimento evangélico
como atitude de busca da vontade de Deus por meio do
diálogo comunitário e de coerentes processos de decisão e
de execução” (CG25 32). Nós sabemos que “na escuta da
Palavra de Deus e na celebração da Eucaristia, exprimimos
e renovamos a nossa entrega comum à vontade divina. Nos
assuntos importantes, buscamos juntos a vontade do Senhor
mediante fraterno e paciente diálogo e vivo sentido de cor-
responsabilidade” (C 66).
O diretor anima e
71. O diretor, “ajudado pela comunidade, tem especial res-
encoraja o discernimento ponsabilidade em discernir” (C 69) os dons de cada irmão e
as opções pastorais (C 44). A animação e o discernimento
são confiados ao diretor (CG27 51) não tanto como me-
todologias para exercer o seu papel, mas antes para serem
atitudes a cultivar constantemente e em que crescer dia após
dia com os seus irmãos. Este é um modo de viver os três
aspectos do seu ministério sacerdotal: o serviço da Palavra,
93

10.5 Page 95

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
o serviço da santificação, o serviço de guia (ACG 306 14).
Entretanto, todos os irmãos estão cientes de que o diretor
não deve apenas animar, mas também governar: ele é cha-
mado a dizer a última palavra nos momentos de discerni-
mento “tomando as oportunas decisões” (C 66).
• A comunidade cultiva os elementos da vida salesiana que
ajudam o discernimento: a qualidade da vida de oração, o cui-
dado da vida espiritual e da caridade pastoral, a vontade de
escuta e diálogo, a capacidade de comunicação, a partilha de
responsabilidades, o colóquio, a participação nos encontros de
comunidade, a lectio divina...
• Promove a prática do discernimento comunitário à luz da Pa-
lavra de Deus e das Constituições (CG25 15, cf. FT 20 ‘e’ e ‘f’)
e encoraja os momentos que reforçam a vida comunitária
como a oração em comum, as reuniões, os retiros, a revisão de
vida, as reuniões do Conselho, os tempos de recreação, o dia
da comunidade (CG25 15).
• Elabora o projeto de vida comunitária salesiana, tendo pre-
sente a situação dos irmãos e evidenciando os aspectos da for-
mação pessoal, da comunicação e da comunhão e os compro-
missos assumidos pelo PEPS (CG25 15).
• Envolve a todos, em espírito de família, nos momentos de
programação e avaliação (projeto comunitário, projeto educa-
tivo-pastoral). Os irmãos são fiéis ao colóquio pessoal com o
diretor e com o inspetor durante a visita inspetorial.
• O diretor e a comunidade dão atenção à qualidade do retiro
mensal e trimestral, e dos exercícios espirituais.
94

10.6 Page 96

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5. Um serviço carismático
5.2 INSTRUMENTOS PARA A ANIMAÇÃO
5.2.1 O colóquio com o diretor
Um meio simples para
criar espírito de família e
ajudar o irmão a crescer
na fidelidade
72. O colóquio com o diretor é um instrumento simples
para criar o sentido de família e ajudar o irmão a crescer na
sua vocação. Desde os tempos de Dom Bosco, foi um auxílio
muito eficaz para a animação da vida da comunidade e de
cada irmão.
O estudo da Congregação nos últimos decênios indica que
o colóquio está em crise e que a sua pratica deve ser renova-
da e atualizada, em sintonia com as recentes orientações da
Igreja sobre a vida religiosa.32
Na sondagem feita sobre o acompanhamento pessoal sale-
siano em 2017, que envolveu mais de 4.000 entrevistados,
um dos pontos que emergiu claramente foi a distinção entre
o colóquio com o diretor ou rendiconto e a direção espiritual
pessoal, tanto na prática como no desejo expresso de vários
modos, sobretudo pelos irmãos do pós-noviciado, do tiro-
cínio e da formação específica.33 Essa distinção, por si, não
significa a perda do valor do colóquio. Ao contrário, ajuda a
torná-lo mais próximo e fiel ao seu aspecto mais caracterís-
tico e original, intuído claramente por Dom Bosco: ser um
dos meios mais eficazes para “promover o bom andamento
da comunidade” (C 70). Quando os irmãos se encontram
regularmente com seu diretor nesse colóquio fraterno, estão
oferecendo-lhe uma ajuda muito preciosa para a animação
e o governo da comunidade. O colóquio torna-se, então, um
modo prático de participação também na responsabilida-
de de governo, que faz parte do processo de renovação da
vida religiosa como recomendado no documento Para vinho
novo odres novos (VN 19-24).
95

10.7 Page 97

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
O diretor dá o primeiro
passo
73. Em espírito de humildade e serviço, o diretor dá o primeiro
passo para promover esta ‘boa-prática’do estilo salesiano de ani-
mação e governo, considerando os benefícios que traz à vida dos
irmãos e da comunidade. Considerada a sua importância, tem
como tarefa convidar os irmãos para esse encontro.
O diretor aceita cada irmão por aquilo que é: filho de Deus,
pessoa consagrada, membro da Congregação; e, como bom
pastor, está pronto a acompanhá-lo no caminho da sua se-
quela Christi.34 Dá a devida consideração às circunstâncias
psíquicas, relacionais e vocacionais do irmão, de modo a ga-
rantir que o colóquio fraterno seja respeitoso e eficaz.
Ciente das reais dificuldades de natureza psicológica ou ligadas
ao contexto e à cultura, o diretor procura assumir atitudes que
possam servir de subsídio ao diálogo: o sincero desejo espiritual
de ajuda aos irmãos e à comunidade, o genuíno interesse pela
vida de cada um, a busca de ocasiões formais e informais de
encontro, atitudes e capacidades que favoreçam o entendimen-
to (capacidade de escuta e diálogo, confiança, disponibilidade
para compartilhar, atenção à pessoa), como também atenção ao
ambiente externo em que se realiza o encontro...
O acompanhamento
pessoal é de vital
importância para o
crescimento
74. As nossas Constituições e os Regulamentos (C 70 e R 49)
recordam-nos os elementos fundamentais do colóquio com o
diretor. Os temas sobre quais se dá atenção variam segundo a
atitude com que o diálogo se apresenta, tanto da parte do irmão
como do diretor. Alguns encontros são funcionais à resolução
de determinados problemas; em outros, são enfrentadas ques-
tões pessoais. Às vezes, compartilham-se pontos que se referem
à vocação e a vida espiritual, enquanto outras vezes, o argumen-
to refere-se à comunidade e ao ministério, situações dos irmãos,
suas alegrias e sofrimentos, preocupações de natureza variada...
O diretor bem sabe que o colóquio com o irmão é protegi-
do pela confidencialidade: nihil, unquam, nulli, nada, nun-
96

10.8 Page 98

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5. Um serviço carismático
ca, a ninguém.35 Aqui, o princípio formulado pelo CG19
conserva todo o seu valor: “A obrigação do segredo acerca
das coisas ouvidas nas contas de consciência é rigorosíssimo.
Tratando-se de coisas íntimas o diretor é obrigado a não
revelar nada, nem direta nem indiretamente, por nenhum
motivo, nunca, menos ainda quando se trata de admissões
aos Votos ou às Ordens” (CG19 c. VIII, 11).
No entanto, a confidencialidade relativa ao colóquio, como
também o encontro com o guia espiritual, não é ab­soluta,
como é o sigilo do sacramento da Reconciliação. De fato,
existem circunstâncias graves que podem suspender o dever
de confidencialidade, como casos de abuso de menores, ho-
micídio ou suicídio.
A pesquisa sobre o acompanhamento pessoal salesiano mostra
que a falta de confidencialidade está entre os fatores mais in-
quietantes denunciados pelos entrevistados em todas as fases
da formação inicial, pois estraga e arruína a confiança recíproca,
condição indispensável em qualquer relação humana significa-
tiva, tanto mais nesse nível de interação entre irmãos.36
Quando existem dificuldades na relação, é preciso muita pa-
ciência, com a busca dos modos mais adequados e profícuos
para melhorar as relações.
• O diretor e os irmãos estudem como favorecer o colóquio
com o diretor (rendiconto) na comunidade.
• O diretor toma a iniciativa para convidar os irmãos ao coló-
quio fraterno e encontra modos criativos para envolvê-los.
• Está muito atento a manter a confidencialidade sobre o que
lhe é dito durante o colóquio.
• O colóquio oferece uma boa oportunidade para dar a devida
atenção aos pais e à família do irmão (R 176).
97

10.9 Page 99

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
O acompanhamento
pessoal é de vital
importância para o
crescimento
Acompanhamento
espiritual comunitário
5.2.2 O acompanhamento pessoal
75. O ‘acompanhamento pessoal’ é aqui entendido em sen-
tido lato, incluindo o colóquio com o diretor, a direção espi-
ritual, a confissão, etc.
O acompanhamento na vida consagrada é necessário para
ajudar o religioso a conformar-se sempre mais a Cristo Je-
sus.37
O desejo de acompanhamento pessoal é um elemento-cha-
ve em Dom Bosco: na sua vida pessoal, no seu trabalho com
os jovens e também com os seus salesianos. A Pastoral Juve-
nil propõe o acompanhamento na relação pastoral; (cf. CV
242-247, 291-298; QdR 115-117); R 99 propõe-no tam-
bém para a vida salesiana, segundo a necessidade de cada
irmão. O CG27 indica-o como meta clara para cada sale-
siano: “Ter um guia espiritual estável e tê-lo como referên-
cia periódica” (CG27 67.2; indicação que se encontra já em
CG26 20).38 Isso vale, antes de tudo, para o próprio diretor.
O acompanhamento pessoal ajuda o salesiano a ser fiel à
sua vocação, crescendo em experiência espiritual, fraterna
e pastoral. É também um apoio precioso quando se devem
enfrentar situações particulares, favorecendo a clareza no
discernimento e nas decisões a serem tomadas.
76. O contexto cultural (com sua tendência ao individualis-
mo, à centralização no bem-estar pessoal, à autossuficiência,
à desconfiança nos outros) e as possíveis experiências ne-
gativas de acompanhamento (falta de respeito e confiden-
cialidade, métodos de acompanhamento que não respeitam
os processos de personalização, atenção inadequada à expe-
riência espiritual) tornam necessário melhorar o serviço de
acompanhamento através de uma preparação específica para
essa forma de ministério.
98

10.10 Page 100

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5. Um serviço carismático
O diretor é responsável pelo acompanhamento espiritual da
comunidade (C 55). Ele se torna disponível a todos para o
colóquio ou rendiconto, também oferecendo, caso o irmão
o deseje, o acompanhamento espiritual pessoal (C 70 R 78).
Bem sabendo que o Sistema Preventivo é uma pedagogia de
liberdade, seguindo a modificação trazida à Ratio (FSDB
233 e 417) assim como indicado na seção 5.2.5 de Jovens sa-
lesianos e acompanhamento – orientações e diretrizes, encoraja
cada um a valer-se da ajuda de um guia espiritual, respei-
tando e promovendo desde as primeiras fases da formação
inicial, a liberdade do irmão na escolha do seu guia. “Pro-
cura fazer-te amar”, recordando as palavras de Dom Bosco
ao P. Rua, sabe, com efeito, que deve conquistar a confian-
ça dos irmãos mais do que valer-se da autoridade de uma
norma. Está ciente de que existem muitas outras formas de
acompanhamento, conforme às circunstâncias, aos estilos de
relações e às experiências espirituais das pessoas com que
tem a ver concretamente: participação no próprio evento
vocacional e vida espiritual; colóquio fraterno; sacramento
da reconciliação; diálogo fraterno focalizado em temas ou
problemas especiais.
Durante as fases da formação inicial, a Ratio pede que o
guia espiritual seja um salesiano. As Orientações e diretrizes
dizem, porém, sobre jovens salesianos e acompanhamento
que é melhor investir na “qualidade salesiana” dos formado-
res e da comunidade, em vez de impor uma norma externa
a seguir. Certamente dois elementos devem ser garantidos:
1. o guia escolhido conheça bem o nosso carisma e espi-
ritualidade; 2. seja possível encontrar o guia regularmente.
Em um relacionamento caracterizado pela confiança mútua
o diretor sabe dialogar com o irmão em formação também
sobre a escolha do seu guia espiritual.39
Se o diretor for escolhido como guia espiritual por alguns
irmãos em formação inicial, estará extremamente atento à
99

11 Pages 101-110

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11.1 Page 101

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
questão da confidencialidade, especialmente no momento
da admissão aos votos, ministérios ou ordens.
• O diretor, consciente do seu serviço de animador da fidelidade
vocacional de cada irmão, quer ser um guia guiado, e, portan-
to, busca quem o acompanhe, fazendo com que o acompa-
nhamento pessoal faça parte do seu projeto pessoal de vida.
• Garante a presença de um confessor externo durante os re-
tiros mensais e trimestrais.
• A comunidade estuda a proposta do CG26 70 (“O Salesiano...
esteja disponível para o acompanhamento espiritual, e preocu-
pe-se com a preparação pessoal”), que tem continuidade na
proposta do CG27 75.1 sobre a preparação dos Salesianos e
dos leigos na arte do acompanhamento.
• O diretor e a comunidade estudam e procuram atuam Jovens
salesianos e acompanhamento – Orientações e diretrizes
(2019).
5.2.3 O “boa-noite”
Momento privilegiado de
direção espiritual
77. “O diretor ou quem por ele, conforme a tradição sale-
siana, dirija à comunidade palavras fraternas de ‘boa-noite’”
(R 48). O ‘boa-noite’ é um momento privilegiado de di-
reção espiritual comunitária porque dá a oportunidade de
uma leitura de fé dos eventos do dia ou da semana, contri-
buindo assim para reforçar a identidade carismática da co-
munidade. É igualmente de grande valor educativo-pastoral
e carismático quando dirigido aos jovens e à comunidade
educativo-pastoral, quando conveniente, sob a forma de um
pensamento de ‘bom-dia’.
Há vários modos de dar o ‘boa-noite’. Seria realmente ad-
mirável poder manter esta tradição: na sua simplicidade,
contém um grande valor formativo.
100

11.2 Page 102

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5. Um serviço carismático
É um momento familiar de união dos corações e comu-
nicação de temas de interesse geral: notícias, informações
sobre eventos, apresentação de projetos educativo-pastorais
da comunidade, da Inspetoria, da Congregação;
É uma palavra clara de encorajamento ao final do dia, que
pode ajudar a levar serenidade aos corações dos irmãos, su-
perando o cansaço de tipo psicológico ou espiritual, com
atenção ao centro e ao significado da nossa vida.
Não é apenas um momento para troca de informações,
mas para interpretar na fé os acontecimentos do dia, um
verdadeiro exercício de discernimento comunitário.
É um modo de dar força à sensibilidade salesiana sobre a
vida e os acontecimentos.
• O diretor assume a responsabilidade de preparar o ‘boa-noi-
te’, de modo a ser um momento significativo de direção espiri-
tual para a comunidade.
• O diretor com seu Conselho faz a avaliação dos ‘boas-noi-
tes’, escutando também o que os irmãos têm a dizer sobre ele,
e modificando o que for necessário para garantir a qualidade
desse meio original de comunicação salesiana.
• O diretor oferece a oportunidade de apresentar o pensa-
mento de ‘bom-dia’ ou ‘boa-noite’ aos irmãos e também a
outros, inclusive jovens, educadores, membros da Família Sa-
lesiana, encorajando-os a compartilhar elementos significativos
do que se faz nos vários setores da obra, ou outros aspectos da
vida salesiana, eclesial e social.
101

11.3 Page 103

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
5.2.4 O projeto pessoal de vida
Um auxílio para a
78. É útil recordar que o “projeto pessoal de vida salesiana” é
unidade da vida e o
crescimento na fidelidade
uma forma contemporânea das “resoluções” que Dom Bosco
vocacional
tomava durante os exercícios espirituais anuais ou quando
estava para iniciar uma nova fase da sua vida, como maneira
de garantir o crescimento da sua vida espiritual e vocacional.
O CG25 14 propôs o projeto pessoal de vida como linha-
-guia a seguir por toda a Congregação, e pediu que fossem
oferecidas aos irmãos orientações concretas. O CG27 5 e
67.1 propuseram-no novamente a cada irmão como meio
eficaz para promover a fidelidade vocacional.40
O projeto pessoal de vida é fruto do discernimento espiri-
tual sobre a própria vida e treina o irmão para dar unidade
ao processo de fidelidade vocacional no contexto da situação
de cada um e dos desafios que deve enfrentar. O importante
não é tanto a redação formal do projeto, mas a vontade firme
do irmão de crescer na fidelidade, adotando medidas con-
cretas para o seu caminho, amadurecidas durante o processo
de acompanhamento pessoal. O projeto pessoal não é um
modo de dominar o próprio futuro e planejar o seu êxito,
mas uma ajuda para responder dia a dia ao chamado do Se-
nhor (C 96) e permanecer dócil às sugestões do Espírito nos
eventos da vida cotidiana (C 64, 119).
Como Dom Bosco, portanto, o Salesiano faz com que o pla-
no pessoal de vida emerja do seu caminho de fé e o ajude a
amadurecer na sua vocação.
• O diretor elabora e revê anualmente o seu projeto pessoal
de vida, incluindo aspectos que possam ajudar a melhorar e
crescer no ministério a ele confiado.
Encoraja a formulação e a revisão do projeto pessoal de
vida através de diversos momentos de animação: colóquio,
102

11.4 Page 104

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5. Um serviço carismático
boas-noites, encontros, retiros mensais e exercícios espirituais,
acompanhamento pessoal. Dá atenção especial sobre isso aos
irmãos em tirocínio que lhe são confiados. O acompanhamen-
to pessoal torna-se mais significativo e útil quando relacionado
com o projeto pessoal de vida.
• Valoriza e encoraja a concordância de um projeto pessoal de
vida quando acompanha os jovens.
Um instrumento muito
útil para a unidade e
a direção do caminho
comunitário
5.2.5 O projeto comunitário
79. O projeto da comunidade é outro instrumento útil de
animação da comunidade salesiana na sua fidelidade voca-
cional. Dá unidade e apoio a todos os compromissos que os
irmãos assumem como comunidade. Entre os vários meios à
disposição do diretor para acompanhar a comunidade, este é
um dos mais relevantes e eficazes, com efeitos benéficos que
são sentidos ao longo do ano todo.
O processo ativado anualmente para elaborar o projeto en-
coraja o diálogo, a participação entre os irmãos da sua expe-
riência vocacional, das suas expectativas, dos seus problemas
e objetivos, favorecendo a corresponsabilidade e o sentido
de pertença. O projeto comunitário já é uma praxe bem en-
raizada em algumas partes da Congregação, mas não em
outras. Tenhamos presente que as Constituições e os Regu-
lamentos falam da comunidade que redige o seu projeto to-
dos os anos, abrangendo “a vida, as atividades, a atualização”
da comunidade (R 184, C 181). O CG25 72-74 convidava
as comunidades a elaborar um projeto, e a não se limitar a
um simples programa. Ao abordar o tema da comunidade
salesiana, o CG25 viu no projeto de vida comunitária um
meio eficaz para reforçar a capacidade de “viver e trabalhar
juntos, superando a progressiva dispersão do trabalho indi-
vidual e o risco da fragmentação pastoral”. Por isso, ele pe-
diu a cada comunidade para “trabalhar segundo um projeto
103

11.5 Page 105

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
O projeto comunitário
é distinto do projeto
educativo-pastoral
comunitário” (CG25 72)”.41
80. O projeto comunitário é distinto do projeto educati-
vo-pastoral (PEPS). Este envolve a comunidade educati-
vo-pastoral, refere-se à missão compartilhada, oferece um
panorama do trabalho educativo e pastoral no território e
permanece como quadro de referência por diversos anos. O
projeto da comunidade é um exercício anual, feito pelos ir-
mãos, focalizado na sua vida comum e no seu crescimento
vocacional, com metas e estratégias consequentes para o ano
que se abre diante deles. Sua eficácia não consiste tanto no
documento escrito – que pode ser muito simples na forma
– mas em compartilhar a mesma visão e direção de marcha,
que nasce do trabalho comum ao formulá-lo.
Para ajudar a desenvolver esta orientação do Capítulo Ge-
ral 25, o dicastério para a formação publicou o documento
“O Projeto da comunidade salesiana – processo de discerni-
mento e participação” (2002).42 O documento referia-se às
motivações, oferecia sugestões sobre o método, a elaboração
e a avaliação, e fazia referência também às condições neces-
sárias para favorecer a sua utilização, a corresponsabilidade
que envolvia e às possíveis dificuldades que se podiam en-
contrar.
Os diversos contextos e circunstâncias de cada comunidade
condicionam a elaboração e a avaliação desse instrumento.
O diretor e seu Conselho devem ter presente tudo isso no
seu trabalho de animação da vida comunitária.
• A comunidade estuda as orientações do CG25 72-74 e do
dicastério para a formação sobre o projeto comunitário.
• O diretor motiva e prepara a comunidade todos os anos
para a elaboração do projeto comunitário, à luz das orienta-
ções dadas pelo dicastério para a formação e pela Inspetoria.
Estuda em comum também as modalidades de atuação e ava-
104

11.6 Page 106

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5. Um serviço carismático
liação do projeto comunitário.
• Zela para que o projeto comunitário responda à situação
real da comunidade.
• Facilita a coordenação e sintonia entre o projeto comunitário
e os aspectos interessados pelo PEPS local.
Um meio para crescer
em fraternidade e na
fidelidade vocacional
5.2.6 Correção fraterna
81. A correção fraterna faz parte do empenho da vida cristã
para ajudar os crentes a orientarem a sua vida para o Senhor
e os seus planos, modificando atitudes e modos de vida para
levá-los a viver em harmonia com o Evangelho (Mt 18, 15-
20; Gl 6,1-5). A correção fraterna, na vida consagrada, é
proposta como meio de comunicação, formação e ajuda para
crescer na fidelidade vocacional.43
A nossa regra de vida fala do irmão que aceita a correção
fraterna para crescer em fraternidade (C 52), como ajuda de
conversão contínua (C 90) e meio para crescer na fidelidade
vocacional (C 121).
Modos diferentes de
corrigir
O exercício da correção fraterna não é fácil. CG25 14, 15,
54 e CG27 48, 68.2 propõem-na como um desafio a en-
frentar na vida salesiana, pois faz surgir questionamentos
sobre aspectos da vida do irmão e da comunidade. A eficácia
deste meio para promover a fidelidade vocacional depende
em grande medida da atmosfera da comunidade, que pode
favorecer ou não este exercício de caridade fraterna.
82. Os modos de exercer a correção fraterna são muitos e
diversos, desde a pequena observação na vida ordinária até
o discernimento feito nos encontros comunitários sobre te-
mas importantes que envolvem a vida dos irmãos. Algu-
mas vezes, o bom exemplo é suficiente para que os irmãos
105

11.7 Page 107

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
fiquem mais conscientes de suas responsabilidades e sin-
tam-se encorajados à mudança; outras vezes, será necessário
um encontro comunitário para rever aspectos da vida que
precisam de correções e melhorias. Outras vezes é neces-
sário intervir publicamente para tornar presentes à comu-
nidade critérios comuns, enquanto outras vezes ainda será
necessário falar pessoalmente ao irmão ou pedir a ajuda de
alguém que intervenha.
Em todo caso, a correção fraterna sempre pressupõe algu-
mas condições:
espírito de fé e de oração da parte de quem faz a correção;
discernimento, abertura, humildade;
capacidade de escuta, compreensão, aceitação, ajuda, per-
dão;
evitar a ofensa, o juízo negativo, a reprovação, o impulso
agressivo;
correção motivada pelo amor e oferecida com amor.
• O diretor promove a formação das capacidades necessárias
para a correção fraterna frutuosa (diálogo, escuta, perdão,
boa comunicação…).
• Programa os escrutínios sobre os vários aspectos da vida
comunitária: conselhos evangélicos, fraternidade, vida de ora-
ção, ministério pastoral…
• Valoriza a mediação de quem possa ajudar a solucionar
conflitos ou diferenças de opinião.
106

11.8 Page 108

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5. Um serviço carismático
Valorizar a história
de família e a boa
administração
5.2.7 A crônica da casa e o arquivo
83. Uma das tarefas confiadas pelos nossos Regulamentos
ao diretor e seu Conselho é: “Mantenha ordenado e atuali-
zado o arquivo e redija ou faça redigir a crônica da casa” (R
178). Não se trata de um requisito meramente burocrático,
mas de permitir à comunidade fazer tesouro da sua história
familiar e estar sempre pronta a receber pedidos e possíveis
desafios com registros corretos e atualizados. Um arquivo
ordenado garante uma resposta adequada às situações em
que se requer tempestivamente a documentação esperada. É
uma medida preventiva sábia para uma boa administração
e governo.
5.3 ESTRUTURAS DE ANIMAÇÃO
5.3.1 O Conselho local
Essencial para a boa
animação e governo da
comunidade
84. O conselho local, como também a assembleia dos ir-
mãos, quando a comunidade não coincide com o Conselho
local, é um órgão simples, mas precioso de discernimento,
formação e participação, que merece ser mais valorizado e
respeitado. É estabelecido pelo Direito Canônico e pelas
nossas Constituições e Regulamentos e essencial para a boa
animação e o bom governo da comunidade.
Um dos pontos-chave no serviço do diretor é a sua capaci-
dade de trabalhar em equipe, respeitando e promovendo a
competência do Conselho local, valorizando a sua capacida-
de de promover o crescimento da comunidade. As reuniões
dos Conselhos e das assembleias não devem ser considera-
das, portanto, como simples requisitos a atender. Em seu
funcionamento entendido em sentido proativo está uma
preciosa possibilidade que pode multiplicar a fecundidade
da vida e da missão da comunidade. Esta é a direção ade-
107

11.9 Page 109

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
quada sugerida pela Igreja no processo de renovação da vida
religiosa.44 A ‘sinodalidade’ torna-se o caminho que a Igreja
é chamada a percorrer, em todos os níveis.45
As competências do conselho são indicadas em C 178-186,
com as orientações específicas para as reuniões (R 180).
Outros detalhes mais específicos devem ser indicados con-
forme o modelo de animação e governo assumido em cada
comunidade, tendo presentes os diversos modos de relacio-
nar-se entre a comunidade e o trabalho salesiano em cada
obra (ver depois, parte III 7.2.2).
Alguns irmãos participam do conselho em força do papel
que ocupam, enquanto a pertença de outros está relacionada
com a situação peculiar da comunidade.46
Devemos reconhecer que, quando há um número elevado
de pequenas comunidades, todos os membros fazem parte
do conselho, de modo que não há praticamente qualquer
diferença entre comunidade local e assembleia dos irmãos.
Neste caso, as Constituições dão a possibilidade de maior
flexibilidade na gestão dos papéis e das estruturas para o
bom andamento da vida e das atividades da comunidade.
Quando as circunstâncias sugerirem alguma exceção, o
inspetor, com o consentimento do seu Conselho, após ou-
vir o parecer da comunidade local interessada, pode mo-
dificar, ressalvada sempre a figura do diretor, as estruturas
ordinárias e os encargos da comunidade, sobretudo quan-
do numericamente reduzida (C 182).
A responsabilidade dos
membros do conselho
é carismática pela sua
natureza
85. É importante promover as capacidades de trabalho em
equipe entre os membros do Conselho (escutar, dialogar,
comunicar, programar, ser corresponsável…). O Conselho
local não tem apenas tarefas administrativas ou de governo.
A responsabilidade dos membros do Conselho é carismática
por natureza, pois os membros são chamados a servir a co-
108

11.10 Page 110

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5. Um serviço carismático
munidade e a missão salesiana segundo o espírito de Dom
Bosco e as orientações da Congregação.
A relação entre conselho local e conselho da CEP ou da
Obra é definida pela inspetoria.
Os leigos encarregados de diversos setores – diretores es-
colares, diretores de escolas técnicas, diretores de oratórios
– participam diversamente da missão e do trabalho salesia-
nos. Em linha com o espírito e as orientações do CG2747
e da carta de convocação do CG28,48 o seu envolvimento
nos processos de decisão deve fazer parte da realização nor-
mal das atividades. Dada a grande variedade de contextos e
situações locais, as orientações específicas sobre esse tema
devem ser definidas em nível inspetorial, com outros crité-
rios suplementares que serão examinados durante a visita
inspetorial.
Recorde-se que, segundo as deliberações do CG26, os ecô-
nomos leigos são convidados a participar do conselho local
sem direito de voto (cf. CG26 121).
O diretor de uma comunidade de formação procura con-
vocar periodicamente também as reuniões da equipe de
formação, dado que nem todos os formadores são também
membros do conselho local.
• O diretor garante a presença e interação dos elementos indis-
pensáveis para garantir um bom trabalho de equipe: preparar
e convocar o encontro, dar uma informação prévia sobre ele,
qualidade e eficiência dos encontros, clareza nas decisões e
na ata, corresponsabilidade na tomada de decisões, discrição
sobre as coisas discutidas...
• Mantém tempestivamente informados os irmãos sobre as
reuniões do Conselho: antes, para que possam contribuir para
a reflexão e, depois, sobre as decisões tomadas (R 180)
109

12 Pages 111-120

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12.1 Page 111

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
• Promove iniciativas de participação, formação e oração en-
tre os membros do Conselho.
• Programa periodicamente a revisão do modo de o próprio
Conselho atuar.
• O diretor convida os leigos com responsabilidades espe-
ciais na CEP, como também os ecônomos leigos, para partici-
parem do Conselho local.
5.3.2 O vigário do diretor
É o primeiro colaborador
do diretor
86.O serviço do diretor é realizado com a ajuda e o conselho
de várias pessoas e organismos. O vigário do diretor é uma
figura importante na tradição salesiana: “É o primeiro cola-
borador do diretor” (C 183, R 182).
Embora o vigário tenha “poder vicário ordinário” (em coisas
confiadas particularmente a ele e em tudo o que se refere ao
governo ordinário na ausência do diretor, enquanto o inspe-
tor não decidir diversamente), pelo direito canônico ele não
é “Ordinário”. A experiência mostra que o papel do vigário
depende, em grande parte, das tarefas a ele confiadas pelo
diretor e pela sua capacidade de interpretá-las e adminis-
trá-las e, portanto, de favorecer e apoiar a atuação do proje-
to comunitário. Ainda mais importante é que entre diretor
e vigário haja um bom nível de entendimento e, digamos
também, de amizade recíproca.
Cabe ao diretor estabelecer com o vigário uma relação ins-
pirada na recíproca compreensão, confiança, corresponsabi-
lidade ao assumir o cuidado da vida da comunidade e da
vocação dos irmãos. O diretor encontra momentos para reu-
nir-se e dialogar com o vigário, compartilhando com ele os
problemas da vida comunitária e dos irmãos, além de proje-
tos, propostas de melhorias e possíveis tarefas que pudesse
assumir.
110

12.2 Page 112

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5. Um serviço carismático
Um exercício de
discernimento
comunitário
O vigário, por sua vez, toma a iniciativa de apoiar o diretor,
aconselhar, corrigir e também divergir, e formular sugestões
e propostas.
A nossa tradição, em que o diretor é chamado a ser pai,
sugere também que o vigário cuide de modo especial da dis-
ciplina e das questões organizativas; também desse modo
torna-se um apoio importante para o diretor.
• Além do seu “poder vicário ordinário” o vigário tem tarefas
específicas que lhe são confiadas pelo diretor.
• O diretor empenha-se em esclarecer o papel e os encargos
do vigário na comunidade, de modo que os irmãos saibam
com clareza as tarefas a ele confiadas e as responsabilidades
especiais e a autoridade associadas as essas tarefas.
5.3.3 A assembleia dos irmãos
87. Expressão dos valores de participação e responsabili-
dade (C 123), a “assembleia dos irmãos, que reúne todos
os salesianos da comunidade local, é convocada e presidida
pelo diretor para exame em caráter consultivo das principais
questões que dizem respeito à vida e às atividades da comu-
nidade”. É uma expressão dos valores de participação e de
corresponsabilidade (C 186), mas é, sobretudo, um exercício
de discernimento comunitário.
Entretanto, como foi dito, há atualmente um número con-
siderável de comunidades nas quais, dado seu número redu-
zido, não há qualquer diferença prática entre assembleia dos
irmãos e conselho local.
Além de ser um organismo previsto pelo nosso direito pró-
prio, o espírito de família dá-lhe o tom de um encontro fra-
terno de participação, discernimento, programação, avalia-
111

12.3 Page 113

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
ção, formação e corresponsabilidade para a vida e missão
comum.
As tarefas da assembleia são indicadas em R 84; podem ser
ulteriormente desenvolvidas, segundo a qualidade da vida
fraterna e da participação dos irmãos.
• O diretor prepara com atenção as assembleias da comuni-
dade (informação, agenda, ambiente, atas).
• Cria um clima de corresponsabilidade e sentido de perten-
ça, clima de discernimento e de família.
• Com o Conselho, acolhe com interesse sincero as conclu-
sões das assembleias, comunica as decisões, envolve os
irmãos para realizar o que se concordou; em seguida presta
contas do que foi realizado.
5.4 ATENÇÃO PERSONALIZADA
AOS IRMÃOS
Atenção à situação
concreta de cada irmão
88. O diretor tem “responsabilidade direta em relação a cada
um dos irmãos; ajuda-o a realizar sua vocação pessoal e o
apoia no trabalho que lhe é confiado” (C 55). Esta tarefa do
diretor pode ser realizada de diversas maneiras, mas é sem-
pre necessário estar atento às situações concretas de cada
irmão.
Muitas circunstâncias incidem na situação pessoal de um
irmão: os processos de formação, a personalidade, as situa-
ções familiares, o itinerário na vida salesiana, as experiências
pastorais e de vida comunitária, a experiência espiritual, os
projetos, as dificuldades, os dons e as qualidades... Como
em família, contudo, cada irmão deve ser aceito, amado e
integrado na comunidade (C 52).
112

12.4 Page 114

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5. Um serviço carismático
5.4.1 Salesianos presbíteros e salesianos leigos
Complementaridade das
duas formas: um tesouro
carismático
89. Uma das características da nossa Congregação é a com-
plementaridade entre irmãos clérigos e leigos na vida e nos
trabalhos da comunidade. Acreditamos que a complemen-
taridade das duas formas da nossa vocação salesiana é um
tesouro precioso, típico do nosso carisma, e por isso somos
gratos àqueles que foram chamados conosco a esta vida.49
O CG26 e o CG27 insistiram nos elementos comuns da nos-
sa vocação, e a Congregação refletiu profundamente sobre as
duas formas, oferecendo orientações para realizar e promover
a complementaridade: conhecimento da identidade do salesia-
no leigo, reflexões sobre as competências específicas, formação
paritária para todos os membros, orientações para a formação
específica dos sócios clérigos e leigos, boas relações fraternas.
50 A complementaridade é um recurso a valorizar também nos
processos de decisão, segundo os princípios básicos delineados
pelas Constituições sobre o serviço da autoridade:
A vocação comum importa a participação responsável e
efetiva de todos os membros na vida e na ação da comu-
nidade local, inspetorial e mundial, não somente no plano
da execução, mas também no da programação, organi-
zação e revisão, segundo os encargos e as competências
de cada um.
Essa corresponsabilidade exige a participação dos irmãos,
conforme as modalidades mais convenientes, na escolha
dos responsáveis de governo nos diferentes níveis e na
elaboração de suas decisões mais significativas.
É dever de quem exerce autoridade promover e guiar essa
contribuição mediante a informação apropriada, o diálogo
pessoal e a reflexão comunitária (C 123).
• O diretor empenha-se com constância para promover e dar
visibilidade às duas formas da vocação salesiana especial-
mente na comunidade educativo-pastoral, mesmo quando não
há irmãos coadjutores na sua comunidade.
113

12.5 Page 115

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
• Cria oportunidades para momentos de estudo e reflexão so-
bre a nossa única vocação nas suas duas formas.
• Fica atento para evitar qualquer linguagem discriminatória
(por exemplo, ‘padres salesianos’).
O tirocínio é a fase
mais característica da
formação inicial
5.4.2 Irmãos em formação inicial
90. Em concordância com a FSDB e a seção sobre a for-
mação no Diretório Inspetorial, toda casa de formação tem
o seu projeto formativo.
Do ponto de vista salesiano, o tirocínio é a fase mais carac-
terística da formação inicial (FSDB 428). Seu principal ob-
jetivo é a integração dos elementos básicos da vida salesiana
até criar um “projeto de vida fortemente unitário” (C 21);
é prioritário aqui o papel formativo do diretor, desde que é
ele quem ajuda os seus tirocinantes a fazer experiência dos
valores da vocação salesiana (C 98). Esta é uma das respon-
sabilidades mais importantes e delicadas do diretor.51
91. Atenção particular também deve ser voltada aos irmãos
do quinquênio, para acompanhá-los na passagem da fase da
formação específica à vida ativa em comunidades educati-
vo-pastorais, ajudando-os a assumir os novos trabalhos em
sintonia com os critérios fundamentais da vida salesiana.
O Diretório Inspetorial refere-se às iniciativas promovidas
pela comunidade sobre o tirocínio e o quinquênio, segundo
indicado pela FSDB. Os irmãos, que vivem essas estações
da vida salesiana, estão cientes da importância destas fases
da formação e da necessidade de acompanhamento e revi-
são, incluindo no próprio projeto de vida os seus objetivos
e participando das iniciativas propostas pela Inspetoria para
a formação.
114

12.6 Page 116

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5. Um serviço carismático
O diretor, por sua vez, faz-se próximo dos jovens salesianos
e garante que sejam postas em ação as condições para uma
frutuosa experiência formativa (colóquio pessoal, acompa-
nhamento espiritual pessoal, propostas formativas específi-
cas, amizade, apoio, escrutínios trimestrais e pareceres para
a admissão à renovação da profissão...).
5.4.3 Interculturalidade
Sinal de fraternidade no
Reino de Deus
92. A vida consagrada envolve a possibilidade de viver a
nossa vocação em diversos lugares e contextos culturais.
Isso requer de cada religioso uma boa capacidade de adap-
tação e integração, enquanto exige das comunidades a ca-
pacidade de acolher e celebrar a diversidade (VN 13, 40).
Tornamo-nos, assim, sinais da fraternidade do Reino, si-
nais de unidade na diversidade. A experiência da intercul-
turalidade não é nova para nós; é uma realidade presente na
Congregação desde as primeiras comunidades missionárias
e bem antes do Concílio Vaticano II já existiam comu-
nidades formativas interculturais em muitos países onde
estamos presentes. Deve-se notar, contudo, que depois do
Vaticano II, com a Igreja inteira, também a Congregação
passou a uma nova sensibilidade pelos contextos culturais
locais. O CG27 e os repetidos apelos do Reitor-Mor, Padre
Ángel Fernández Artime, convidam-nos agora a promover
comunidades internacionais com experiências de intercul-
turalidade, que se tornem testemunho de unidade e carida-
de pastoral (CG27 29, 75.5).
A comunidade facilita a
integração
93. A comunidade que recebe irmãos salesianos provenien-
tes de outra cultura favorece a sua boa integração em vários
níveis: material (vestuário, alimentação, administração
econômica, documentação, oportunidade de aprender
línguas e conhecer culturas...), relacional (dentro e fora da
comunidade), espiritual (garantindo a possibilidade de va-
115

12.7 Page 117

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
lorizar o sacramento da Reconciliação e o acompanhamen-
to espiritual), pastoral. Introduz os recém-chegados fazendo
com que conheçam a vida da nova inspetoria, das comu-
nidades e dos irmãos, inclusive das comunidades educati-
vo-pastorais. O diretor tem uma responsabilidade especial
na facilitação da inserção gradual desses irmãos, e ajuda a
cultivar boas relações com a família e a inspetoria de prove-
niência.
A comunidade valoriza a riqueza das diversas culturas dos
irmãos, acompanha o seu processo de integração e acolhe
as contribuições de cada um para a vida e a missão comum.
Ajuda os irmãos a desenvolverem a capacidade de diálogo
e acolhida e compreenderem as diversidades valorizando o
outro, superando os comportamentos que não servem de
ajuda. Promove, também, a igualdade fraterna entre irmãos
provenientes de diversos grupos étnicos ou contextos cultu-
rais e sociais, evitando toda discriminação.
5.4.4 Irmãos que passam por momentos difíceis
O diretor e a comunidade
intervêm de modo
tempestivo e oportuno
94. Podem surgir na vida de um irmão momentos de dúv-
ida, fragilidade e queda de motivações. Além da abertura e
transparência do próprio irmão, é importante que o diretor
e a comunidade sejam sensíveis em perceber a situação e
intervir nos tempos e nos modos oportunos.
A qualidade da vida fraterna, com seus momentos de ora-
ção, formação, correção fraterna, momentos de encontros e
o apoio oferecido no conjunto, são o primeiro modo de aju-
dar o irmão, mas isso não é suficiente. O diretor deve pro-
curar também outras modalidades de ajuda, como o acom-
panhamento pessoal e as propostas adequadas de formação
em centros especializados, a proximidade de algum irmão
em particular e o reequilíbrio do peso do trabalho.
116

12.8 Page 118

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5. Um serviço carismático
As primeiras intervenções nem sempre produzem resulta-
dos imediatos; é preciso muita paciência, perseverança, con-
fiança e fé na ação da graça.
Ancianidade como um
dom a acolher
5.4.5 Irmãos anciãos
95. Vita Consecrata fala da idade avançada como um dom
que deve ser acolhido e valorizado na Vida Consagrada;
pensamento retomado pelo Papa Francisco.52 A tradição sa-
lesiana recorda-nos que a comunidade cerca de cuidados e
afeto os irmãos idosos (C 53), enquanto estes, por sua vez,
continuam a viver a própria vocação com alegria, a serviço da
comunidade e da missão nos modos que lhes seja possível.53
Sua contribuição para a missão comum não é, realmente,
menos relevante e menos frutuosa, se vivida em espírito de
fé. “O sofrimento e a cruz inserem-se na vida. E é preciso
dizer logo que o período de enfermidade e de limitação é
fecundo como o da atividade específica, se vivido à luz do
mistério da morte e ressurreição de Jesus.54
A diversidade no itinerário vocacional, a experiência espiri-
tual e pastoral, as condições de saúde, fazem com que a in-
tegração na comunidade seja de algum modo única e distin-
ta para cada irmão. As iniciativas de formação permanente
para ajudar a ‘envelhecer bem’ são sempre úteis. Dialogar e
conversar com os salesianos mais idosos ajudam-nos a sen-
tir-se parte da família, reconhecendo as suas possibilidades
e os seus limites e indicando os seus campos concretos de
ação e modos de contribuir para a vida e a ação da comu-
nidade, também através da oração e da proximidade com os
jovens e os educadores da presença salesiana. Esse diálogo,
naturalmente, nem sempre é fácil: requer paciência e clare-
za, mas também firmeza diante de desejos individuais que
poderiam estar em contraste claro com a comunidade e os
projetos pastorais.
117

12.9 Page 119

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
5.4.6 Irmãos enfermos
A enfermidade: um
tempo para viver a nossa
vocação
97. A experiência da enfermidade pode ser um período pri-
vilegiado para viver com maior intensidade a nossa vocação.
Obviamente, cada situação é diferente e cada pessoa a vive
de maneira diversa. Sobretudo quando há irmãos que não
sabem expressar a sua necessidade de ajuda, o diretor e os
irmãos, levados pela comunhão fraterna, são os primeiros a
dar o primeiro passo perguntando, escutando e ajudando. A
sensibilidade e atenção para com um irmão enfermo é uma
grande expressão de fraternidade.
É preciso ajudar o irmão a aceitar a sua situação e vivê-la em
espírito de fé (C 53), de modo que possa descobrir a fecun-
didade pastoral da sua oração e da oferta do seu sofrimento
unido ao de Cristo.
O irmão enfermo precisa de vários tipos de atenção (médica,
psicológica, espiritual). Continuando a viver na comunida-
de, isso se torna ocasião para testemunhar a vida fraterna e
o espírito de família. Como em qualquer família, isso requer
um empenho suplementar da parte dos demais irmãos. Em
alguns casos o irmão é transferido a uma casa para anciãos e
enfermos. O diretor dessa casa e seus colaboradores acom-
panham esses irmãos com atenção fraterna, procurando fa-
vorecer a proximidade da comunidade local e inspetorial.
Irmãos com dificuldade
para aceitar os seus
limites
98. Às vezes, um irmão tem dificuldade para aceitar os seus
limites e o que lhe é requerido pelos médicos e cuidadores.
Aqui é preciso ser ao mesmo tempo carinhosos e firmes. As
pessoas em quem confia, inclusive o pessoal médico, podem
ajudar o irmão a aceitar decisões difíceis, mesmo quando são
contrárias aos seus desejos.
Não podemos esquecer, ainda, a importância de manter uma
comunicação constante com o Inspetor e com a família do
118

12.10 Page 120

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5. Um serviço carismático
irmão enfermo, nem as visitas e comunicações da parte de
outros irmãos e comunidades. Seria muito bom se a ins-
petoria pudesse oferecer iniciativas de formação voltadas à
ajuda dos irmãos enfermos para aceitarem e viverem positi-
vamente aquele particular momento de prova.
5.4.7 Irmãos que precisam de atenção especial
Irmãos com vários
problemas, com
dependências, ou com
dificuldades particulares
de integração
99. Temos também irmãos em tratamento psicológico ou
psiquiátrico por vários problemas ou por dependências (álc-
ool, droga, internet, jogo etc.), ou com dificuldades parti-
culares de integração. As orientações dadas acima para os
irmãos enfermos valem também para estes, mas requerem
tato e sensibilidade ainda maiores da parte do diretor da
comunidade.
É necessário definir claramente as condições do tratamento
que estes irmãos devem seguir, com diretrizes precisas para
eles, como também para o diretor e a comunidade. Seria
ideal poder reconhecer o quanto antes os sintomas de si-
tuações problemáticas. O clima de família na comunidade,
as relações francas e sinceras, a correção fraterna, o coló-
quio amigável são alguns dos meios normais e eficazes para
prevenir e acompanhar os irmãos que precisam de atenção
especial.
Nestas situações pode ser necessário mudar alguma coisa no
ritmo da vida comunitária e nas nossas interações. Qualquer
família normal vê-se no dever de modificar os próprios há-
bitos quando alguém está enfermo, e a verdadeira fraterni-
dade pede-nos para fazer o mesmo.
Confrères assujettis à 100. O diretor garante que as orientações da Congregação
des restrictions ou à des
situations particulières
e da Inspetoria para a proteção e salvaguarda dos menores
sejam bem conhecidas, e as faz observar com clareza e fir-
119

13 Pages 121-130

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13.1 Page 121

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
meza, superando também possíveis resistências.55 O diretor
coordena toda interação com a autoridade competente em
nível inspetorial, dando atenção especial aos aspectos juríd-
icos e ao âmbito da comunicação.
A comunidade tem o mesmo tipo de atenção para com os
irmãos com estilos de vida e modos de pensar estranhos às
orientações da Congregação e da Igreja e àqueles sujeitos a
processos canônicos ou em situações irregulares por diversos
motivos.
O diretor e a comunidade são sempre apoiados e acom-
panhados pela inspetoria, que acompanha com atenção
também a família do irmão envolvido. Como já afirmado
claramente, são de importância primordial as orientações
previstas e redigidas pela inspetoria, que esclarecem as com-
petências e as ações a serem tomadas nos diversos níveis.
As reuniões frequentes dos diretores são ocasiões preciosas
para a formação permanente dos diretores neste âmbito.
Irmãos submetidos
a restrições ou em
situações especiais
5.5 A ECONOMIA E A ADMINISTRAÇÃO
101. A prioridade dada ao carisma e à vida espiritual inclui
também a atenção à dimensão econômica e sua eficiência.56
Também aqui o diretor tem a sua responsabilidade, segundo
as orientações da Igreja e da Congregação, pois a admini-
stração permanece “sob a direção e o controle dos respectivos
superiores e Conselhos” (C 190, cf. R 198). O diretor é, de
fato, o “primeiro responsável”, também pela administração
dos bens da comunidade local (cf. C 176), continuando fir-
me o que é estabelecido por R 198:
A gestão dos bens materiais da casa é confiada ao ecô-
nomo local, que agirá na dependência do diretor e do seu
Conselho.
120

13.2 Page 122

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Principais aspectos
administrativos
Qualquer movimento econômico-financeiro dos vários se-
tores da casa, mesmo o do diretor, deve ser entregue ao
departamento administrativo, que será organizado propor-
cionalmente à sua importância e complexidade.
Na tomada de posse de um novo diretor e em suas visitas,
o inspetor apresentará claramente o papel e a responsabili-
dade do diretor, inclusive os aspectos jurídicos, aos irmãos e
aos membros da comunidade educativo-pastoral envolvidos
nos papéis de animação e liderança.
O serviço da autoridade é responsável pela supervisão,
transparência e qualidade da administração para o bem da
missão: “A supervisão e os controles não devem ser entendi-
dos como limitação da autonomia das instituições ou sinal
de falta de confiança, mas como expressão de um serviço à
comunhão e a transparência, também para defesa de quem
presta delicados trabalhos de administração”.57 O CG26
convidou-nos à gestão dos recursos “de modo responsável,
transparente, coerente com os fins da missão, ativando as
formas de controle necessárias em nível local, Inspetorial e
mundial” (CG26 94).
102. Os principais aspectos administrativos sob a supervisão
do diretor e seu Conselho são:
Avaliar o funcionamento correto dos serviços administra-
tivos.
Planejar os recursos para garantir a viabilidade e sustenta-
bilidade do trabalho.
Aprovar o orçamento e o controle contábil.
Acompanhar as pessoas envolvidas no trabalho salesiano
(seleção do pessoal e avaliação do desempenho).
121

13.3 Page 123

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
Conservar os arquivos locais, garantindo o sigilo e a prote-
ção dos dados e a redação da crônica da casa.
Arquivar os bens históricos e artísticos, como indicado
pela secretaria geral, pela administração da inspetoria ou
pelo Diretório Inspetorial (R 62).
Estes princípios gerais relativos à gestão dos bens são re-
gulamentados em R 198-202 e especificados ulteriormente
na seção ‘pobreza e administração dos bens’ dos Diretórios
Inspetoriais (R 190).
O diretor é responsável perante o inspetor e acompanha
plenamente as diretrizes inspetoriais, dando-as a conhecer
e cuidando para que sejam atuadas, em vista de um serviço
pastoral e educativo ordenado e eficaz.
Segundo as disposições dos Diretórios Inspetoriais, o di-
retor convida os ecônomos leigos, como também os leigos
responsáveis dos setores de trabalho, a participarem, sem di-
reito de voto, das reuniões do conselho local sempre que a
sua presença for requerida (cf. CG26 121).
• O diretor estuda periodicamente com o seu Conselho os
regulamentos relativos à economia e a administração, como
também a seção pertinente do Diretório Inspetorial (CG26 88).
• A comunidade é envolvida na preparação do orçamento
anual e dos rendicontos financeiros (CG26 88).
• Entrega à inspetoria o “dinheiro excedente” (R 197, CG26 88).
• A comunidade faz anualmente o scrutinium paupertatis (R
65, CG26 88).
• Onde houver um ecônomo salesiano, o diretor entrega-lhe a
sua prestação de contas mensal.
122

13.4 Page 124

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6. Formação permanente
6. FORMAÇÃO PERMANENTE
Essencial para a
fidelidade vocacional
103. A formação permanente na vida consagrada é indi-
spensável para a fidelidade vocacional de cada irmão e co-
munidade. Nos últimos decênios intensificou-se a reflexão
sobre a formação permanente e as iniciativas a ela correla-
tas.58 Neste âmbito quem é chamado ao serviço da autori-
dade tem uma responsabilidade precisa.
Uma tarefa a considerar-se hoje sempre mais importante,
da parte da autoridade, é a de acompanhar, ao longo do
caminho da vida, as pessoas a ela confiadas. Esta atribui-
ção se cumpre não apenas mediante o oferecimento de
ajuda para resolver eventuais problemas ou superar possí-
veis crises, mas também prestando atenção ao crescimen-
to normal de cada um, em cada uma das fases e estações
da existência, a fim de garantir aquela “juventude do espí-
rito que permanece no tempo” e que torna a pessoa con-
sagrada sempre mais conforme ao “mesmo sentimento de
Cristo Jesus” (Fl 2,5).
Será responsabilidade da autoridade, portanto, manter um
nível alto de disponibilidade formativa em cada um, de ca-
pacidade de aprender com a vida, sobretudo da liberda-
de de deixar-se formar pelo outro e sentir-se responsável
pelo caminho de crescimento de todos. Favorecendo a
utilização daqueles instrumentos de crescimento comuni-
tário transmitidos pela tradição e, hoje, sempre mais reco-
mendados por quem possui experiência comprovada no
campo da formação espiritual: partilha da Palavra, projeto
pessoal e comunitário, discernimento comunitário, revisão
de vida e correção fraterna.
6.1 NA COMUNIDADE
‘Formação’ significa
antes de tudo ‘formação
permanente’ e o diretor é
o seu primeiro animador
104. Nos dois capítulos das nossas Constituições dedi-
cados ao tema, ‘formação’ significa principalmente ‘for-
mação permanente’. É a nossa resposta cotidiana ao apelo
de Deus (C 96), e é permanente (C 98). É a nossa capa-
cidade de discernir a voz do Espírito e, assim, aprender
de todas as experiências da vida, boas e más (C 98, 119).
A formação permanente é, portanto, uma atitude pessoal
de discernimento em todas as circunstâncias da vida e
123

13.5 Page 125

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
é realizada, antes de tudo, na comunidade local (CG25
49-62).59
Como a Igreja, também a Congregação recorda ao diretor
a sua responsabilidade de animar e guiar a formação da co-
munidade, como também a formação conjunta de salesianos
e membros leigos da comunidade educativo-pastoral.
O Diretor é o primeiro animador da experiência de forma-
ção permanente na comunidade. Oportunamente prepara-
do, ele:
- favorece um clima e uma forma de relações internas
e externas, que dão qualidade à vida cotidiana da comuni-
dade (a “direção espiritual comunitária, as conferências, as
boas-noites, os encontros” (R 175);
- comunica aos irmãos o critério salesiano de vida e
ação; para tanto faz conhecer e valoriza como estímulos
privilegiados os documentos eclesiais e salesianos, e culti-
va a comunhão com a Inspetoria e a Congregação;
- anima a missão salesiana, corresponsabilizando a as-
sembleia dos irmãos e o Conselho local, e promovendo os
encontros que favorecem a fraternidade, a atualização e a
distensão;
- promove processos de relacionamentos e de forma-
ção com a Família Salesiana e com a CEP, zelando pela
identidade carismática do PEPS, estimulando a comuni-
dade salesiana no seu papel específico de animação, e
aproveita com inteligência os meios de animação como a
informação salesiana e as experiências concretas de parti-
cipação (FSDB 544).
Projeto comunitário para
a formação permanente
105. A Congregação empenhou muitas energias na formação
permanente embora reconhecendo as dificuldades que se en-
contram ao assumir para si essa responsabilidade vocacional.60
Cada Inspetoria, através da comissão para a formação, do Di-
retório Inspetorial e do projeto formativo inspetorial oferece
meios e propostas formativas para os irmãos, as comunidades
e as comunidades educativo-pastorais.
124

13.6 Page 126

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6. Formação permanente
A estrutura inspetorial ajuda os diretores e comunidades
a formularem o projeto comunitário local61 com propostas
significativas para a formação permanente. Os irmãos são
assim encorajados a crescerem na própria identidade e voca-
ção e promoverem uma cultura de leitura, de reflexão e tam-
bém de redigir textos. As áreas que podem ser incluídas no
projeto comunitário anual (humana, espiritual, intelectual
e pastoral) devem ser conciliadas com os contextos e situa-
ções concretas. O CG25 57 sugere outros temas possíveis:
maturidade humana relacional e afetiva; identidade cristã e
salesiana; aprofundamento do Sistema Preventivo; forma-
ção para o trabalho em equipe e para uma mentalidade de
projeto; conhecimento do contexto cultural e da realidade
juvenil; inculturação do Evangelho e do carisma salesiano.
Além destes existem muitos outros temas como a comuni-
cação social e as ciências humanas, a atualização pastoral, a
salesianidade, a vida consagrada, a espiritualidade... e na-
turalmente as necessidades específicas de cada comunida-
de. Os irmãos certamente precisarão aprofundar a própria
compreensão do mundo digital se quiserem acompanhar os
jovens de hoje e se quiserem utilizar plenamente e de modo
adequado a internet e as tecnologias digitais como meio
para a nova evangelização.62
A formação conjunta de
salesianos e leigos
106. A formação daqueles que participam da missão sale-
siana na comunidade educativo-pastoral é uma prioridade
absoluta. Quanto maior for o resultado da atenção dada a
um trabalho comum entre irmãos e leigos, mais será con-
strutiva para todos, a partir dos primeiros beneficiários da
nossa presença, os jovens aos quais somos enviados. Este é
um mandato explícito dos últimos Capítulos Gerais.63
Um dos primeiros objetivos que o diretor persegue com os
Conselhos da comunidade salesiana e da CEP é, portanto,
a elaboração de um projeto de formação para todos os que
125

13.7 Page 127

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
participam da missão salesiana, realístico e harmonizado
com o PEPS e o projeto anual da comunidade salesiana.64
Há, ainda, a necessidade da formação dos pais que fazem
parte da CEP, em linha com a renovada consciência do pa-
pel fundamental da família na sociedade e na Igreja, evi-
denciadas pelas duas assembleias sinodais centradas sobre a
família e pela sucessiva exortação apostólica Amoris Laetitia.
Ninguém tem um lugar mais importante do que os pais no
campo da educação.65 Este é um campo no qual o trabalho
em rede entre comunidades, equipes inspetoriais de anima-
ção e outras realidades eclesiais e sociais torna-se muito útil;
em muitos lugares, os pais devem enfrentar desafios sem
precedentes e as comunidades locais têm dificuldade para
dar respostas adequadas e oferecer formação de qualidade.
Os diretores das casas de formação e suas equipes formativas
têm um papel especial a realizar no que se refere à formação
conjunta de salesianos e leigos. Experiências significativas
de crescimento nos valores fundamentais do carisma per-
mitem a todos os sujeitos envolvidos desenvolverem o inte-
resse e a capacidade de caminhar e trabalhar juntos. Além
dos dons que compartilhamos, como o Sistema Preventivo,
existem também muitas áreas em que os leigos têm dons e
competências específicas a oferecer aos jovens salesianos e
vice-versa.
Para tornar eficazes estes processos, é preciso um bom pla-
nejamento em nível inspetorial, sob a guia do delegado ins-
petorial da formação e da comissão inspetorial para a for-
mação.
• O diretor guia a comunidade na elaboração realista do projeto
comunitário e faz a sua revisão regular, segundo as diretrizes
da Inspetoria.
• A comunidade reflete sobre a carta sobre a formação do Rei-
126

13.8 Page 128

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6. Formação permanente
tor-Mor, Padre Pascual Chávez, Vocação e formação: dom e
tarefa (ACG 416), sobre as diretrizes do conselheiro para a for-
mação, A formação é permanente (ACG 425), e sobre o capí-
tulo 12 da FSDB.
• O diretor, com o Conselho local, garante a qualidade dos ele-
mentos da vida comunitária que contribuem para a forma-
ção permanente: a oração pessoal, e a lectio divina; a par-
tilha de reflexões sobre experiências pastorais, eclesiais e de
compromisso civil e social; o boa-noite; a informação constante
sobre os modos de aprofundar esses temas e materiais bem
selecionados para a leitura espiritual comunitária (R 71).
• A comunidade cuida da biblioteca para facilitar o acesso aos
documentos eclesiais, salesianos e pastorais que alimentam o
hábito da formação contínua.
• Conscientes da própria necessidade de aprender a relacionar-
-se com os leigos, os irmãos participam com eles de momen-
tos de formação conjunta.
• Os diretores das comunidades de formação garantem que a
formação conjunta de salesianos e leigos se dê já nos anos da
formação inicial.
• O diretor e seu Conselho promovem a participação ativa em
diversas atividades de formação em vários níveis: formação
inicial, quinquênio, renovação da fidelidade vocacional na ma-
turidade, preparação para viver bem a terceira idade, iniciativas
para irmãos idosos, iniciativas especiais; em ocasiões de ani-
versários de profissão e ordenação, na preparação específica
de iniciativas pastorais.
6.2 PARA O PRÓPRIO DIRETOR
Também o diretor precisa 107. Como irmão entre irmãos, também o diretor preci-
de formação permanente
e de acompanha-mento
sa de formação permanente para reforçar a sua fidelidade
vocacional. Preocupa-se com a própria formação a fim de
exercer o serviço que lhe foi confiado, busca acompanha-
mento pessoal e redige o seu projeto pessoal de vida, para
127

13.9 Page 129

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
não ser “um cego que guia outro cego” (Lc 6,39), mas um
guia que, por sua vez, é guiado. Tem um forte sentido de
pertença à inspetoria e à Congregação, trabalha referindo-se
constantemente ao Projeto Orgânico Inspetorial e ao Proje-
to Educativo-Pastoral Salesiano, e sabe que pode dirigir-se
ao inspetor e aos vários delegados para o encorajamento, o
apoio e a orientação.
Uma das dificuldades mais comuns compartilhadas pelos
diretores é a falta de tempo devido ao excesso de trabalho e
de responsabilidades. Este é um desafio sério para muitos,
às vezes extremamente pesado a enfrentar. No discerni-
mento que se refere ao serviço de diretor, duas habilidades
são particularmente importantes e devem ser desenvolvi-
das e reforçadas: a capacidade de delegar e compartilhar
responsabilidades e tarefas; e a capacidade de escolher as
prioridades adequadas, com a devida distinção entre o que
é importante e não pode ser transcurado e o que é urgente,
mas deveria ser enfrentado sem ser prejudicial ao que é
importante.
É interessante notar que este conselho vem do próprio Dom
Bosco, quando falou aos diretores no primeiro Capítulo Ge-
ral da Congregação:
No passado, duas coisas de modo especial criavam
obstáculo ao andamento regular da casa. 1º A falta de
pessoal fazia com que quase todas as coisas se acu-
mulassem sobre o diretor, que ficava sobrecarregado a
ponto de não lhe ser possível fazê-las caminhar orde-
nadamente. Aos poucos, esse inconveniente diminuiu e
vai diminuindo sempre mais, mas nem mesmo agora as
coisas estão suficientemente normalizadas. A base deve
ser esta: o diretor seja diretor, isto é, saiba fazer os ou-
tros atuarem: seja vigilante, disponha, mas nunca tenha
que pôr as mãos na massa. Se não encontra indivíduos
de grande habilidade para fazer as coisas, deixe quem
tenha habilidade medíocre; mas pela mania do melhor
não se ponha a fazer ele mesmo as coisas. Ele deve vi-
128

13.10 Page 130

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6. Formação permanente
giar para que todos cumpram com o próprio dever, mas
não deve assumir nenhuma parte específica. Fazendo
assim, sobrará tempo para fazer o que eu creio nunca ter
inculcado suficientemente (MB XIII 258).
Projeto inspetorial para a
formação dos diretores
108. O diretor também está profundamente ciente de que o
espírito e a missão salesiana são compartilhados com muitos
leigos e membros da Família Salesiana e que o sujeito da
missão é a comunidade educativo-pastoral, em que a comu-
nidade religiosa faz parte do núcleo animador. Sabe que a
educação e a evangelização têm em vista fazer com que os
jovens sejam preparados para assumir o seu lugar na Igreja e
na sociedade e viver a vida como vocação ao amor. Está ple-
namente ciente de que hoje são muitos os agentes da edu-
cação, tendo em primeira linha os meios de comunicação
social e o mundo digital. Cada um destes fatores tem fortes
implicações na sua formação pessoal e na da CEP.
Contudo, os nossos Capítulos Gerais reconhecem que não
raramente os diretores deixam de receber qualquer prepa-
ração prévia para o seu serviço e não são acompanhados
sistematicamente pela inspetoria.66 É preciso fazer uma
séria reflexão sobre isso em todas as inspetorias e pensar
num projeto de formação dos diretores em nível inspetorial
ou regional, como pedido pelo CG25 65 e reiterado pelo
CG27 69.10.
Um bom planejamento para a formação dos diretores em
nível inspetorial é garantia de uma formação de qualidade,
superando o risco de reuniões dos diretores dedicadas prin-
cipalmente a questões de organização ou gestão. Uma ajuda
válida para a formação dos diretores provém dos centros re-
gionais para a formação permanente. A tecnologia digital,
que favorece o trabalho em rede e a partilha dos recursos,
pode ser de grande ajuda na formação dos diretores.
129

14 Pages 131-140

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14.1 Page 131

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
Melhorar o modo
com que são feitas as
consultas, e também o
discernimento que leva à
escolha dos diretores
109. A consulta pedida pelas nossas Regras (C 177, R 170)
para a nomeação dos diretores é uma fonte de informação
para o inspetor e seu conselho sobre as necessidades da casa
e as expectativas sobre o novo diretor. Também ajuda o dire-
tor a identificar e levar a sério as prioridades e necessidades
da comunidade e da obra.
A partilha de 2016 entre diretores, Conselhos inspetoriais,
comunidades locais e irmãos em vista da revisão do Manual
do Diretor evidenciou o desejo de melhorar os modos com
que são feitas as consultas, e também o discernimento que
leva à nomeação dos diretores. “Nas consultas, é preciso um
método mais adequado, baseado em bons critérios compar-
tilhados, no conhecimento mais profundo da situação das
casas e do irmão, antes de chegar à nomeação. Atenção par-
ticular deveria ser dada sobre as capacidades dos possíveis
candidatos para compartilhar e confiar/delegar responsabi-
lidades a outros, e às suas reais capacidades de liderança”.67
Evidencia-se, igualmente, a necessidade de uma maior pre-
paração dos novos diretores, com o pedido de preparar pro-
jetos em nível regional, e que a sua formação seja centrada
especialmente no “acompanhamento dos irmãos e colabora-
dores, na animação comunitária, na escuta ativa, na paterni-
dade espiritual, na capacidade de administrar as mudanças e
as fases de transição”.68 Estes aspectos são tidos como prio-
ritários em relação a outras questões de tipo administrativo
e gerencial. Surgiu, ainda, de todas as regiões um forte apelo
para que os diretores sejam capazes de colaborar estreita-
mente com a CEP, pois “deveria ser o diretor a coordenar e
animar a comunidade nesta capacidade colaborativa”.69
Formação dos diretores: 110. Em vista do projeto inspetorial de formação dos dire-
principais áreas de
interesse
tores e do projeto pessoal de vida, eis os principais âmbitos
de interesse em que concentrar a atenção:
Vida espiritual: a vida religiosa do diretor, que se reflete no
130

14.2 Page 132

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6. Formação permanente
seu projeto pessoal de vida (salesiano consagrado, educador-
-pastor-sacerdote na comunidade salesiana e na comunida-
de educativo-pastoral).
Maturidade humana: conhecimento de si; elementos de
psicologia para compreender e orientar as dinâmicas comu-
nitárias, de grupo e pessoais; elementos sobre relações hu-
manas e aptidões em questões de relacionamento. Formação
para a higiene mental, a paciência, a capacidade de viver a
solidão de modo positivo, as críticas pela sua ação e o diálo-
go com irmãos e outras pessoas difíceis. Superar os defeitos
notados pelos irmãos (possíveis favoritismos, interesses pes-
soais, sede de poder, incapacidade de tomar decisões, falta
de autoridade...).
Animação espiritual dos irmãos, dos leigos e dos jovens.
Formação para o acompanhamento e o discernimento.
Preparação em cultura geral e conhecimento da cultura
juvenil.
Vida consagrada, salesianidade, pastoral, teologia...
Formação para o estilo salesiano do exercício da autori-
dade: comunhão, corresponsabilidade, trabalho em rede,
colaboração, mentalidade de projeto, sintonia com o projeto
inspetorial, animação da dimensão pastoral, tendo a educa-
ção à fé como objetivo de base.
Método de animação e governo: autoridade reconhecida
na liderança; trabalho em equipe; formação na comunica-
ção, escuta, direção de grupo (na comunidade, nas relações
de trabalho, com a CEP, com a Família Salesiana); mentali-
dade de projeto; comunhão e partilha de responsabilidades;
gestão de conflitos.70
131

14.3 Page 133

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
Temas específicos segundo as circunstâncias e os proble-
mas a serem enfrentados, em nível local e inspetorial.
Questões econômicas, administrativas e jurídicas.
Relacionamento adequado com as autoridades civis, os
meios de comunicação e os vários grupos com os quais é
chamado a interagir.
Preparação para ser guia na formação dos irmãos, dos Con-
selhos, dos educadores, dos jovens.
Saber intervir em situações particulares (proteção dos me-
nores, problemas com a justiça, processos canônicos, irmãos
em situações irregulares ou com atitudes não adequadas à
vida consagrada...), de acordo com o que é estabelecido pela
Inspetoria e perante as autoridades civis.
Formação e acompanha- 111. Alguns pontos que o inspetor e seu Conselho devem
mento dos diretores pelo
conselho inspetorial
ter presentes na formação e acompanhamento dos diretores:
Estudo atento dos resultados das consultas para a no-
meação dos diretores, tendo presentes as três concentrações
propostas pelo Padre Vecchi e confirmadas pelo Padre Chá-
vez.71
Acompanhamento e proximidade do inspetor e seu Con-
selho mediante visitas oportunamente programadas, reu-
niões, colóquios...
Redação do projeto inspetorial para a formação dos dire-
tores levando em conta também as iniciativas interinspeto-
riais sobre isso.
Formação dos diretores de recente nomeação com várias
abordagens (teórica, experiencial...).
132

14.4 Page 134

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6. Formação permanente
Encontros periódicos dos diretores para compartilhar,
reforçar o sentido de participação no projeto inspetorial
comum, aprofundar a unidade e a corresponsabilidade, en-
frentar temas específicos, refletir com os outros, definir as
orientações comuns. Juntos se programa a formação dos
diretores. O inspetor dá atenção, pois, à qualidade desses
momentos, para fazer deles oportunidades realmente de
formação e não só de organização.
Iniciativas de formação espiritual específica para diretores:
exercícios espirituais, retiros, dias de salesianidade, peregri-
nações aos lugares de Dom Bosco, experiência de formação
na Terra Santa...
Tornar conhecidas todos os anos as diretrizes da inspetoria
para a proteção e salvaguarda dos menores.
Além dos recursos já disponíveis na rede, todas as Inspe-
torias podem criar um sistema de partilha entre diretores
e Conselho inspetorial (e-mail, revistas eletrônicas, mensa-
gens, grupo de WhatsApp dos diretores, materiais de refle-
xão...).
Formação remota: preparação dos irmãos em formação ini-
cial, sobretudo dos aspirantes ao presbiterado, nas áreas de
animação comunitária e pastoral, de boa liderança, mentali-
dade de projeto, trabalho em equipe, corresponsabilidade no
trabalho com os leigos que participam da missão salesiana.
Em nível de Congregação 112. Em nível de Congregação:
- O dicastério para a formação tem um sítio web para os di-
retores, com diversos recursos atualizados constantemente
(textos, links áudio e vídeo). Iniciativa semelhante pode ser
proposta em nível regional e inspetorial.
133

14.5 Page 135

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Parte 2
Animação e governo da comunidade

14.6 Page 136

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Notas
1 As três dimensões, experiência espiritual, fraternidade e missão, nesses
termos e com expressões semelhantes, estruturam os documentos ecle-
siais sobre a vida consagrada (Vita Consecrata, Faciem Tuam) e também
as reflexões do CG27, e já as encontramos nas Constituições: “Missão
apostólica, comunidade fraterna e prática dos conselhos evangélicos
são elementos inseparáveis da nossa consagração, vividos num único
movimento de caridade para com Deus e para com os irmãos” (C 3).
Tenhamos presente, em todo caso, a intensa unidade da nossa vida: a
nossa consagração é apostólica, e nela a missão e a consagração são tota-
lizantes, definem-se reciprocamente e não podem ser reduzidas a setores
separados no interior da vida salesiana (Cf. CG22 201).
2 FT 13a. VFC 50 diz a mesma coisa: “Se as pessoas consagradas se
dedicaram ao total serviço de Deus, a autoridade favorece e sustenta
essa sua consagração. Em certo sentido pode ser vista como ‘serva dos
servos de Deus’. A autoridade tem a função primária de construir, junto
com seus irmãos e irmãs, ‘comunidades fraternas nas quais se busque e
se ame a Deus antes de tudo’ (Can. 619). Por isso, é necessário que seja,
antes de tudo, pessoa espiritual, convicta da primazia do espiritual, tanto
no que concerne à vida pessoal como no que se refere à construção da
vida fraterna, consciente como está que, quanto mais o amor de Deus
cresce nos corações, tanto mais os corações se unem entre si. Seu dever
prioritário será, portanto, a animação espiritual, comunitária e apostóli-
ca de sua comunidade”.
3 CG27 2-3, 35-36; RdC 12.13.
4 FT 13b: “A autoridade é chamada a garantir à sua comunidade o tem-
po e a qualidade da oração, velando pela fidelidade cotidiana da mesma,
com a consciência de que a Deus se vai com passos pequenos, mas cons-
tantes, de cada dia e de cada um, e de que as pessoas consagradas podem
ser úteis aos demais na medida em que estiverem unidas a Deus”.
5 A Congregação investiu muitas energias para oferecer reflexões e ani-
mar a vida de oração do salesiano; para um exemplo recente, veja-se
a reflexão oferecida pelo Conselheiro Geral para a Formação, A vida
como oração, ACG 421, 32-43. Levam-nos a essa dimensão fundamental
da nossa vida muitas análises feitas e documentos, como por exemplo,
CG25 26, 30-31. CG27 1 diz: “Temos o desejo de dar, como indiví-
duos e como comunidade, o primado a Deus na nossa vida, provocados
pela santidade salesiana e pela sede de autenticidade dos jovens. Esta-
mos muito cientes de que só o encontro pessoal com Deus, mediante
a Sua Palavra, os Sacramentos e o próximo, torna-nos significativos e
135

14.7 Page 137

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
testemunhas autênticas na Igreja e na sociedade”. Ao mesmo tempo,
reconhecem-se com franqueza limites e fragilidades: “Percebemos, ao
mesmo tempo, que nem sempre o que somos e fazemos mostra-se en-
raizado na fé, na esperança e na caridade, e não indica claramente que a
iniciativa parte de Deus e que a Ele tudo retorna. Às vezes, a Eucaristia
não é percebida e não é vivida como fonte e sustento da comunhão, e
muito facilmente se deixa a oração em comum que constrói e reforça
a fraternidade. São, sobretudo, os jovens e as famílias a nos interroga-
rem sobre as nossas raízes espirituais e as nossas motivações vocacionais,
despertando em nós a identidade de consagrados e a nossa missão edu-
cativa e pastoral” (CG27 3).
6 No processo para a canonização de Dom Bosco, o Padre Felipe Rinaldi
testemunhou sob juramento ter encontrado Dom Bosco, muitas vezes,
entre as duas e três da tarde, imerso em profunda oração (MB XIX, 400.
Cf. também MB III, 31 e MB IV, 187.
7 Fonte Salesianas, 1071-1252
8 Clérigo Giovanni Arata (1858 – 1878), cf. http://www.donbosco-
santo.eu/oe/biografie_dei_salesiani_defunti_negli_anni_1883_e_1884.
php
Clérigo Cesare Peloso (1860 – 1878), cf. http://www.donbosco-
santo.eu/oe/societa_di_san_f rancesco_di_sales._anno_1879.php#_
Toc228457543 {71} [39]}).
Clérigo Carlo Becchio (1844 - 1877), cf. http://www.donbosco-
santo.eu/oe/societa_di_san_f rancesco_di_sales._anno_1879.php#_
Toc228457543 {37[5]})
9 RdC 28-29; FT 19; CG27 45.
10 C 95; ACG421 32-43.
11 C 45; CG26 55 74-76; Ivo Coelho, Atenção renovada ao Salesiano
Coadjutor, ACG 424 66-77.
12 FT13e: “A autoridade é chamada a manter vivo o carisma da própria fa-
mília religiosa. O exercício da autoridade comporta, assim mesmo, pôr-
-se a serviço do carisma próprio do Instituto a que se pertence, guardan-
do-o com cuidado e tornando-o atual na comunidade local, na província
ou no Instituto inteiro, de acordo com os projetos ou as orientações
oferecidas, em particular, nos Capítulos Gerais (ou reuniões análogas).
Isso exige, na autoridade, um conhecimento adequado do carisma do
136

14.8 Page 138

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Notas
Instituto, assumindo-o, antes de tudo, na própria experiência pessoal,
para interpretá-lo depois em função da vida fraterna comunitária e da
sua inserção no contexto eclesial e social”.
13 O grito do Papa Francisco “Não deixemos que nos roubem a comu-
nidade!” (EG 92) reflete o profundo desejo da Igreja, expresso em vários
documentos: “Vida Fraterna em Comunidade”, “Partir de Cristo”, “Faciem
Tuam”, “Vinho novo em odres novos”. Os textos de VFC 54-57; FT 22 etc.
fazem referência a modos concretos em que a vida fraterna se expressa,
insistindo para que o esforço de construir a fraternidade seja transfor-
mado em testemunho e ação missionária, para tornar crível esta forma
de vida.
14 Ver FT 22; VFC 54-57.
15 O CG27 fala das luzes e sombras da nossa vida fraterna (8-21, 39-51)
e propõe linhas adequadas de ação. Ao diretor são oferecidas orientações
especiais para realizar a profecia da fraternidade: “O Diretor é uma figu-
ra central; ele, mais do que gestor, é pai que reúne os seus na comunhão
e no serviço apostólico” (CG27 51).
Ao convocar o CG27, o Padre Pascual Chávez propôs uma síntese clara:
“A profunda renovação da nossa vida religiosa e salesiana passa, então,
através da também profunda renovação da nossa fraternidade na vida
comunitária. Para isso adquire especial importância o estilo de animação
e governo do diretor, em seu papel de autoridade espiritual que ajuda os
irmãos em seu itinerário vocacional, através de uma animação comuni-
tária viva e inteligente e um atento acompanhamento pessoal; autorida-
de operadora de unidade, que cria um clima de família adequado a pro-
mover a partilha fraterna e a corresponsabilidade; autoridade pastoral,
que guia e orienta as pessoas, as atividades e os recursos para objetivos
de educação e evangelização que caracterizam a nossa missão; autori-
dade que sabe tomar as decisões necessárias e garantir a sua realização”
(Testemunhas da radicalidade evangélica, ACG413 p. 32).
16 VFC 50: “Uma autoridade realizadora de unidade é aquela que se
preocupa em criar o clima favorável para a partilha e a corresponsabi-
lidade, que suscita a contribuição de todos para as coisas de todos, que
encoraja os irmãos a assumir as responsabilidades e os sabe respeitar,
que ‘suscita a obediência dos religiosos, no respeito à pessoa humana’
que os escuta de bom grado, promovendo sua concorde colaboração para
o bem do instituto e da Igreja, que pratica o diálogo e oferece oportu-
nos momentos de encontro, que sabe infundir coragem e esperança nos
momentos difíceis, que sabe olhar para a frente a fim de indicar novos
137

14.9 Page 139

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
horizontes para a missão. E ainda: uma autoridade que procura manter
o equilíbrio dos diversos aspectos da vida comunitária. Equilíbrio entre
oração e trabalho, entre apostolado e formação, entre empenhos e re-
pouso. A autoridade do superior ou da superiora se usa para que a casa
religiosa não seja simplesmente um lugar de residência, um aglomerado
de pessoas, cada uma vivendo uma história individual, mas a ‘comunida-
de fraterna em Cristo’ (can. 619)”.
17 As orientações do CG25 15 podem ser úteis aqui:
“(A comunidade) vela pelos momentos específicos da vida
comunitária: oração comum, assembleias, retiros, revisão
de vida, escrutínios, conselhos, tempos de lazer, dia da
comunidade; neles, também por meio de adequadas
metodologias, ajuda os irmãos a:
- manifestar a riqueza dos sentimentos da sua própria
vivência interior;
- partilhar preocupações e problemas, projetos e atividades
educativo-pastorais;
- praticar a escuta, o diálogo, a aceitação das diferenças e
a correção fraterna”.
O Padre Pascual Chávez, na convocação do CG27, fala de algumas cir-
cunstâncias que condicionam as relações fraternas em comunidade e da
necessidade de a elas responder com maturidade e de modo coerente
com a nossa identidade de religiosos:
“A vida religiosa salesiana é inconcebível sem a
comunhão que se concretiza na vida comum e na missão
compartilhada. A exigência da fraternidade nasce do fato
de sermos filhos do mesmo Pai e membros do Corpo de
Cristo; a vida religiosa cria uma autêntica família constituída
de pessoas que compartilham a mesma fé e o mesmo
projeto de vida. Da perspectiva tipicamente salesiana, nós
somos chamados a criar e viver o espírito de família como
o queria e vivia Dom Bosco.
Obviamente, como em outros campos da vida religiosa,
também aqui podemos individuar alguns riscos como,
por exemplo, definir um estilo de relações meramente
funcionais ou hierárquicas ou falsamente democráticas. As
nossas relações devem ser fraternas e amigáveis, levando-
nos a nos amarmos até compartilharmos tudo. Esse critério
faz-nos ver que a comunidade é bem compreendida e vivida
quando se nutre de comunhão e tende à comunhão. Uma
comunidade sem comunhão, com tudo o que isso comporta
de acolhida, afeto e estima, ajuda recíproca e amor, reduz-
138

14.10 Page 140

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Notas
se a um grupo no qual as pessoas se justapõem, deixando-
as, porém, no isolamento. Por outro lado, na vida religiosa,
a comunhão sem comunidade é uma forma narcisista de
viver a vida e, consequentemente, uma contradição, porque
é uma forma sutil de individualismo. Hoje, os religiosos
devem fazer um esforço grande e compartilhado para criar
comunidades nas quais a densidade espiritual, a qualidade
humana e o trabalho apostólico de cada membro fazem
com que a vida seja realmente boa, bela e feliz. Em outras
palavras, não há fraternidade verdadeira sem qualidade
humana, espiritualidade vivida e dedicação apostólica”
(ACG 413, p. 30-31).
18 As orientações de R 176 são simples e claras. A Igreja indica que o
serviço de autoridade é chamado a promover de vários modos a escu-
ta, a atmosfera favorável ao diálogo, a participação corresponsável nos
trabalhos comuns, a atenção dada a cada irmão e à comunidade em seu
conjunto, a habilidade de promover o discernimento comunitário (cf.
Faciem Tuam 20).
Acrescenta-se um aspecto importante para a comunicação
e a comunhão de vida: “Não basta pôr os bens materiais
em comum; mais significativa é a comunhão dos bens
e das capacidades pessoais, dos dons e talentos, das
intuições e inspirações, e ainda mais fundamental é que
se promova a partilha dos bens espirituais, da escuta da
Palavra de Deus e da fé: ‘o vínculo de fraternidade é tanto
mais forte quanto mais central e vital é o que se coloca em
comum’ (VFC 32)” (FT 20).
19 Carta apostólica do Santo Padre Francisco a todos os consagrados por oca-
sião do ano da vida consagrada (21 de novembro de 2014).
20 CG27 13-17, 39-51, 70-71.
21 FT 25:
“Tudo isso implica que se reconheça à autoridade uma
importante tarefa no que concerne à missão, em fidelidade
ao carisma próprio. Uma tarefa não tão simples nem isenta
de dificuldades e equívocos. No passado, o risco podia vir
de uma autoridade que se orientava, na maioria das vezes,
pela gestão de obras, com o perigo de deixar de lado as
pessoas; hoje, o risco pode vir do excessivo temor, por parte
da autoridade, de melindrar suscetibilidades pessoais, ou de
uma fragmentação de competências e responsabilidades
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15 Pages 141-150

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15.1 Page 141

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
que enfraquece a convergência em direção ao objetivo
comum e dilui a própria função da autoridade. Entretanto,
a autoridade não é responsável apenas pela animação da
comunidade, mas tem também uma função de coordenação
das diversas competências em ordem à missão, no respeito
às atribuições e segundo as normas internas do Instituto”.
O documento indica outros aspectos que as pessoas que exercem a au-
toridade devem ter presentes: a) o superior encoraja as pessoas a as-
sumirem as próprias responsabilidades, e respeita a sua contribuição e
tarefa quando são envolvidas; b) convida a confrontar-se e esclarecer
as opiniões em espírito de comunhão; c) mantém o equilíbrio entre as
várias dimensões da vida consagrada; d) tem sempre um coração mise-
ricordioso; e) tem o sentido da justiça e da determinação; f ) promove a
colaboração com os leigos.
22 XV Assembleia do Sínodo ordinário dos Bispos Os jovens, a fé e o
discernimento vocacional, Istrumentum Laboris (2018) 2, cf. CV ca-
pítulo 9.
23 CG26 34, 38, 43, 48, 106, 109.
24 QdR 160-162. O CG26 dedicou um dos temas na sua reflexão e
proposta à “necessidade de convocar”. E o CG27 75.1 recorda sobre este
importante serviço que somos chamados a prestar a todos os jovens:
“Desenvolver a cultura vocacional e o cuidado das vocações à vida sale-
siana, cultivando a arte do acompanhamento e habilitando salesianos e
leigos para serem guias espirituais dos jovens”.
25 FT 20b:
“A autoridade deverá preocupar-se em criar um ambiente de
confiança, promovendo o reconhecimento das capacidades
e das sensibilidades de cada um. Alimentará, igualmente,
com palavras e fatos, a convicção de que a fraternidade
exige participação e, portanto, informação.
Junto à escuta, estimará a prática do diálogo sincero e
livre para compartilhar sentimentos, perspectivas e pro-
jetos: neste clima, cada um poderá ver reconhecida a
própria identidade e melhorar as próprias capacidades
relacionais. Não temerá reconhecer e aceitar aqueles pro-
blemas que podem surgir facilmente do buscar juntos, do
decidir juntos, do trabalhar juntos, do empreender juntos
os melhores caminhos para realizar uma colaboração fe-
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15.2 Page 142

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Notas
cunda; pelo contrário, procurará as causas dos eventuais
incômodos e incompreensões, sabendo propor remédios,
o mais possível compartilhados. Empenhar-se-á, ade-
mais, em fazer que se supere qualquer forma de infan-
tilidade e em desencorajar qualquer tentativa de evitar
responsabilidades ou de eludir compromissos sérios, de
fechar-se no próprio mundo e nos próprios interesses ou
de trabalhar de modo solitário”.
26 As diretrizes fundamentais dadas em FT 20 são: (b) a criação de um
clima favorável ao diálogo, à partilha e à corresponsabilidade; (c) a so-
licitação da contribuição de todos com as coisas que são de todos; (d) a
serviço de cada um e da comunidade.
27 Cf. VN 19-21, 41-45; VFC 47-53. Em relação à missão FT 25 diz:
Múltiplos são os desafios que o momento presente ofe-
rece à autoridade, diante da tarefa de coordenar as ener-
gias em vista da missão. Enumeram-se aqui também
algumas tarefas tidas como importantes no serviço da
autoridade. Ela:
a) Encoraja a assumir responsabilidades e as respeita
quando assumidas.
As responsabilidades podem suscitar certo temor em al-
guns. É necessário, pois, que a autoridade transmita aos
próprios colaboradores a fortaleza cristã e a coragem de
enfrentar as dificuldades, superando medos e atitudes de
renúncia.
Sua preocupação será a de partilhar não só informações
como também responsabilidades, comprometendo-se, a
seguir, a respeitar a cada um na própria e justa autonomia.
Por parte da autoridade, isso implica um trabalho paciente
de coordenação e, por parte da pessoa consagrada, a sin-
cera disponibilidade para colaborar.
A autoridade deve “estar presente” quando for preciso, de
modo a favorecer nos membros da comunidade o sentido
da interdependência, distante tanto da dependência infantil
quanto da independência autossuficiente. Esta interdepen-
dência é fruto daquela liberdade interior que permite a cada
um trabalhar e colaborar, substituir e ser substituído, ser
protagonista e dar a própria colaboração, mesmo que na
retaguarda.
141

15.3 Page 143

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
Quem exerce o serviço da autoridade cuidará de não ceder
à tentação da autossuficiência pessoal, ou seja, do achar
que tudo depende dele ou dela, e que não é tão importante
e útil assim favorecer a participação comunitária; uma vez
que é melhor dar um passo juntos do que dois (ou até mais)
sozinhos”.
28 Estes princípios são explicados em MSD 50-53 (uma autoridade par-
tilhada e responsável em diálogo), 163-167 (um clima de verdadeira
corresponsabilidade) e 133-136 (corresponsabilidade e coordenação
pastoral). CG24 106-148 indica as seguintes áreas de empenho: alargar
o envolvimento, promover a partilha da responsabilidade e valorizar a
comunicação.
29 Sobre isso, é significativo ver as perspectivas educativas presentes em
Amoris Laetitia, em especial no cap. VII. São fonte de inspiração para
todo tipo de liderança, tanto mais para nós salesianos, chamados a ser
educadores e pastores também no modo de exercer o serviço da au-
toridade. “Se a maturidade fosse apenas o desenvolvimento de algo já
contido no código genético, quase nada poderíamos fazer. Mas não é! A
prudência, o reto juízo e a sensatez não dependem de fatores puramente
quantitativos de crescimento, mas de toda uma cadeia de elementos que
se sintetizam no íntimo da pessoa; mais exatamente, no centro da sua
liberdade. É inevitável que cada filho nos surpreenda com os projetos
que brotam desta liberdade, que rompa os nossos esquemas; e é bom
que isto aconteça. A educação envolve a tarefa de promover liberdades
responsáveis, que, nas encruzilhadas, saibam optar com sensatez e inte-
ligência; pessoas que compreendam sem reservas que a sua vida e a vida
da sua comunidade estão nas suas mãos e que esta liberdade é um dom
imenso” (AL 262).
30 XV Assembleia do Sínodo ordinário dos Bispos sobre Os jovens, a fé e
o discernimento vocacional, Documento final (2018) 73-76.
31 Cf. FT 20e:
Se o discernimento em si se reserva às mais importantes
decisões, o espírito do discernimento deveria caracterizar
todo processo de decisão que envolva a comunidade.
Jamais deveria faltar então, antes de qualquer decisão, um
tempo de oração e reflexão individual, ao lado de uma série
de atitudes importantes para escolher juntos o que é justo
e agradável a Deus. Eis algumas delas:
142

15.4 Page 144

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Notas
– a determinação a nada buscar além da vontade divina,
deixando-se inspirar pelo modo de agir de Deus manifestado
na Sagrada Escritura e na história do carisma do Instituto,
e tendo a consciência de que a lógica evangélica é
frequentemente “invertida” diante da lógica humana que
procura o sucesso, a eficiência e o reconhecimento;
– a disponibilidade para reconhecer em cada irmão ou irmã
a capacidade de colher a verdade, mesmo que parcial, e,
por isso, para acolher o seu parecer como mediação para
descobrir, juntos, a vontade de Deus, até ao ponto de saber
reconhecer as ideias dos outros como melhores que as
próprias;
– a atenção aos sinais dos tempos, à expectativa das
pessoas, às exigências dos pobres, às urgências da
evangelização, às prioridades da Igreja universal e particular
e às indicações dos Capítulos e dos superiores maiores;
– a liberdade frente a preconceitos, ao excessivo apego
às próprias ideias, a esquemas de percepção rígidos
ou distorcidos, a tomadas de posição que acentuam a
diversidade de pontos de vista;
– a coragem de motivar as ideias e posicionamentos
pessoais, mas também de abrir-se a novas perspectivas e
de modificar o próprio ponto de vista;
– o firme propósito de manter sempre a unidade, seja qual
for a decisão final.
32 MSD 247-265 apresenta a história do rendiconto na vida salesiana
desde o início da Congregação e oferece muitas orientações concretas,
enquanto reconhece a sua situação de crise e a necessidade de renovação.
O CG25 65 e o CG27 42 convidam-nos a redescobrir este meio de
animação salesiana. Um bom estudo sobre o tema foi feito por Pietro
Brocardo, Maturare in dialogo fraterno. Dal rendiconto di don Bosco al
colloquio fraterno, Roma, LAS, 2000.
33 Marco Bay, Giovani salesiani e accompagnamento – risultati di una
ricerca internazionale, Roma LAS, 2018.
34 As sugestões de FT 20a sobre a atitude de escuta podem ser aplicadas
ao colóquio com o diretor:
143

15.5 Page 145

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
“A escuta é um dos ministérios principais do superior, para
o qual ele sempre deveria estar disponível, especialmen-
te para com quem se sente isolado e carente de atenção.
Escutar significa, com efeito, acolher o outro incondicio-
nalmente, dar-lhe espaço no próprio coração. A escuta
transmite, por isso, afeto e compreensão, diz que o outro
é apreciado e que sua presença e seu parecer são levados
em consideração.
Quem preside deve recordar que quem não sabe escutar
o irmão ou a irmã, não sabe escutar tampouco a Deus,
que uma escuta atenta permite coordenar melhor as
energias e os dons que o Espírito deu à comunidade, além
de considerar, nas decisões, os limites e as dificuldades
de algum de seus membros. O tempo que se emprega
na escuta jamais será tempo perdido e a escuta, amiúde,
pode prevenir crises e momentos difíceis, quer na esfera
individual, quer na comunitária”.
35 MSD 1986 264:
“O colóquio é defendido, por sua natureza, por um segredo
rigoroso: “o diretor abstenha-se atentamente de manifestar
a uns os defeitos dos outros, mesmo quando se trata de
coisas que ele conhece através de outros meios. Dê, a seus
subalternos, prova de que é capaz de guardar segredo a
respeito de tudo que os irmãos lhe vêm confiar. Uma pe-
quena indiscrição nesta matéria bastaria para diminuir e tal-
vez destruir inteiramente a confiança que eles, nele, tinham
depositado” (Manual do diretor, do Padre Albera, 131).
Por razões inerentes ao seu ofício, o diretor pode ser
interrogado pelo inspetor a respeito deste ou daquele irmão.
Nesse caso o diretor dará as informações com objetividade
e grande sentido de responsabilidade. Mas a fonte dessas
informações será exclusivamente a conduta externa do
irmão interessado e tudo quanto, a respeito dele, outros
tenham referido. As confidências do colóquio são tuteladas
por um segredo rigoroso: nihil, unquam, nulli”.
36 Marco Bay, ibid., 63, 98, 146, 201, 297, 319, 408.
37 FT 13g:
A autoridade é chamada a acompanhar o caminho de
formação permanente. Uma tarefa a considerar-se hoje
144

15.6 Page 146

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Notas
sempre mais importante, da parte da autoridade, é a de
acompanhar, ao longo do caminho da vida, as pessoas a ela
confiadas. Esta atribuição se cumpre não apenas mediante
o oferecimento de ajuda para resolver eventuais problemas
ou superar possíveis crises, mas também prestando
atenção ao crescimento normal de cada um, em cada uma
das fases e estações da existência, a fim de garantir aquela
“juventude do espírito que permanece no tempo” (VC 70) e
que torna a pessoa consagrada sempre mais conforme ao
“mesmo sentimento de Cristo Jesus” (Fl 2,5).
38 Este é um tema tratado em diversos textos na literatura salesiana.
MSD 265-278 oferece orientações para o acompanhamento e a dire-
ção espiritual na vida salesiana, para a formação inicial e permanente,
recordando também a experiência de Dom Bosco e da tradição salesia-
na. FSDB 260-263 detém-se nas características do acompanhamento e
direção espiritual na vida do salesiano.
39 FSDB 292, ver também a referência feita pela Ratio: ACS 244 97.
40 Cf. comentário não publicado do Dicastério para a formação “Il pro-
getto personale di vita – un cammino di fedeltà creativa verso la santità”
(2003). É muito útil o artigo de Giuseppe M. Roggia, “Il progetto di
vita personale” in Formazione affettivo-sessuale. Itinerario per i seminaristi
e giovani consacrati e consacrate, ed. P. Gambini, M. L. Llanos e G. M.
Roggia (Bologna: EDB,2017) 341-347.
41 F. Cereda, O projeto da comunidade salesiana. Processo de discernimen-
to e participação, Carta aos Inspetores e seus Conselheiros e Delegados
para a Formação, Roma 13/10/2002. O CG25 72-74 convida a comu-
nidade a ter uma visão comum e compartilhar os mesmos objetivos e
não só redigir um programa limitando-se a apresentar a agenda e o ca-
lendário do ano:
A Comunidade habilita-se a trabalhar segundo uma men-
talidade de projeto:
• Desenvolvendo entre os Irmãos uma visão partilhada do
projeto comunitário e ajudando cada um a descobrir e va-
lorizar dons e qualidades. A Comunidade aceita cada Irmão
com sua riqueza e limites e atribui a cada um papéis de
corresponsabilidade.
• Vivendo o projeto como um processo comunitário, que
parte da vida concreta dos Irmãos. O objetivo não é só a
145

15.7 Page 147

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
religiosa salesiana
redação final do projeto, mas sobretudo levar a efeito um
confronto permanente sobre visões, valores, esperanças,
que leve os Irmãos a um real viver e trabalhar juntos.
• Promovendo momentos de diálogo (assembleia dos ir-
mãos, Conselho local), de discernimento da vontade de
Deus (momentos de oração, escuta da Palavra de Deus
por meio da lectio divina, de confronto com o Magistério
da Igreja e da Congregação), em sintonia com o Projeto
Orgânico Inspetorial, cada Comunidade partilha, elabora e
avalia todos os anos o caminho do próprio projeto.
• Questionando-se, particularmente, sobre os seguintes
aspectos: O que queremos ser hoje como comunidade
local? Como podemos, enquanto comunidade local, estar
presentes de modo salesiano e religioso, animar a CEP e
dar um testemunho evangélico? Quais as consequências
concretas que brotam disso para a Comunidade? Quais as
opções que devemos fazer agora? De que formação pes-
soal e comunitária estamos precisando? (CG25 73).
42 Ibid.
43 VFC 32:
As formas assumidas pela comunicação dos dons espiri-
tuais podem ser diferentes. Além daquelas já assinaladas
— partilha da Palavra e da experiência de Deus, discer-
nimento comunitário, projeto comunitário — podem-se
lembrar também a correção fraterna, a revisão de vida e
outras formas típicas da tradição. São modos concretos de
colocar-se a serviço dos outros e de canalizar para a comu-
nidade os dons que o Espírito abundantemente concede
para sua edificação e para sua missão no mundo.
FT 13g (Quem está no serviço de autoridade é chamado a acompanhar
o itinerário de formação permanente):
Será responsabilidade da autoridade, portanto, manter um
nível alto de disponibilidade formativa em cada um, de ca-
pacidade de aprender com a vida, sobretudo da liberda-
de de deixar-se formar pelo outro e sentir-se responsável
pelo caminho de crescimento de todos. Favorecendo a
utilização daqueles instrumentos de crescimento comuni-
tário transmitidos pela tradição e, hoje, sempre mais reco-
mendados por quem possui experiência comprovada no
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15.8 Page 148

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Notas
campo da formação espiritual: partilha da Palavra, projeto
pessoal e comunitário, discernimento comunitário, revisão
de vida e correção fraterna.
44 “A autoridade não pode deixar de estar a serviço da comunhão: um
verdadeiro ministério para acompanhar os irmãos e as irmãs até uma fi-
delidade consciente e responsável. Com efeito o confronto entre irmãos
e irmãs e a escuta das pessoas tornam-se um lugar imprescindível de um
serviço da autoridade que seja evangélico” (VN 41).
45 XV Assembleia do Sínodo ordinário dos Bispos Os jovens, a fé e o dis-
cernimento vocacional, Documento final (2018) 118, e a citação, em nota,
da Comissão Teológica Internacional, A sinodalidade na vida e missão da
Igreja, (2 de março de 2018) 9 e 64.
46 Ver C 179,180,186.
47 CG27 15, 70.2, 88c.
48 Ver a forte ênfase sobre a missão compartilhada com os leigos na
terceira parte da carta de convocação do CG28 do Reitor-Mor Padre
Ángel Fernández Artime (ACG 427).
49 C 45, CG26 76, ACG 424.
50 Cf, Ivo Coelho, Uma atenção renovada para o Salesiano coadjutor, ACG
424 (2017) 66-77 para uma apresentação do caminho da Congregação
e uma reflexão sobre o tema como pedido pelo CG27 28, 69.7, e antes
pelo CG21 e CG26. Ver MSD 169-171 para as linhas fundamentais a
que o diretor pode referir-se a fim de valorizar os dois modos de viver a
única vocação salesiana e cada irmão pelo que ele é.
51 “Em toda a formação inicial, juntamente com o estudo, dá-se impor-
tância às atividades pastorais da nossa missão. Fase de confronto vital e
intenso com a ação salesiana numa experiência educativo-pastoral é o
tirocínio. Durante esse tempo, o jovem irmão exercita-se na prática do
Sistema Preventivo e em particular na assistência salesiana. Acompa-
nhado pelo diretor e pela comunidade, realiza a síntese pessoal entre sua
atividade e os valores da vocação” (C 115; cf. R 86, 96).
52 Ver VC 44, VFC 63, VN 47.
53 CG26 34, CG27 69.4.
147

15.9 Page 149

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
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57 ACG 377 8. Veja-se também G. Basañes, carta de 11/11/2018 ende-
reçada especificamente aos irmãos idosos e enfermos da Congregação.
55 Ver F. Cereda, Investigação prévia: Anotações para o procedimento, ACG
425 (2017) 25-28, onde se faz referência ao vade-mécum sobre o tema,
a enviar aos Inspetores.
56 CIVCSVA, Diretrizes para a gestão dos bens nos Institutos de Vida
Consagrada e nas Sociedades de Vida Apostólica, LEV, Cidade do Va-
ticano 2014, 12.
57 CIVCSVA, Ibid. 10
58 Cf. VC 69-71, VN 16-35. RdC 15:
O tempo em que vivemos impõe que se repense, em geral,
a formação das pessoas consagradas, sem a limitar a um
único período da vida. Não só para que se façam sempre
mais capazes de se inserir numa realidade que se modi-
fica com um ritmo muitas vezes frenético, mas também,
e primeiramente, porque é a própria vida consagrada que
exige, pela sua mesma natureza, uma constante disponi-
bilidade naqueles que a ela são chamados. Se, de fato, a
vida consagrada é, em si mesma, uma ‘progressiva assimi-
lação dos sentimentos de Cristo’, parece evidente que um
tal caminho não poderá durar senão toda uma existência,
para comprometer toda a pessoa, coração, mente e forças
(cfr. Mt 22, 37), fazendo-a semelhante ao Filho que se doa
ao Pai pela humanidade. Assim entendida, a formação não
é mais apenas um tempo pedagógico de preparação para
os votos, mas representa um modo teológico de pensar
a própria vida consagrada, que é, em si, uma formação
jamais terminada, uma ‘participação na ação do Pai que,
através do Espírito, plasma no coração (...) os sentimentos
do Filho’ (VC 66). Importante será, então, que cada pessoa
consagrada seja formada para a liberdade de aprender ao
longo de toda a sua vida, em cada idade e época, em cada
ambiente e contexto humano, de cada pessoa e de cada
cultura, para deixar-se instruir por qualquer fragmento de
verdade e de beleza que encontrar ao seu redor. Mas de-
verá aprender principalmente a se fazer formar pela vida
cotidiana, pela sua própria comunidade, por seus irmãos e
irmãs, pelas coisas de sempre, ordinárias e extraordinárias,
pela oração bem como pela fadiga apostólica, na alegria e
no sofrimento, até ao momento da morte.
148

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Notas
59 Além do capítulo 12 da FSDB, ver também ACG 416 3-56 e as dire-
trizes oferecidas em ACG 425 29-44.
60 CG25 49-54; CG27 7-8, 36; ACG 425 29-44.
61 FSDB 543, 553. FSDB 543 oferece algumas sugestões para a atenção
a ser dada à formação permanente a comunidade local:
Eis algumas considerações que contribuem para fazer real-
mente da comunidade o lugar da formação permanente:
- Criar na comunidade um ambiente e um estilo de vida e
de trabalho que favoreçam o crescimento como pessoas e
como comunidades: o espírito de família dispõe do encontro,
põe em atitude de escuta e de diálogo, cria uma mentalidade
de comum procura e discernimento que valoriza a experiên-
cia de todos e leva a aprender na experiência de cada dia;
um clima de fé de e oração revigora as motivações interiores
e dispõe a vivê-las com radicalidade evangélica e doação
apostólica; uma boa compreensão do trabalhar juntos, do
projeto comunitário e pastoral e das avaliações favorece no
salesiano um processo de revisão das suas atitudes de vida
religiosa e dos seus métodos de trabalho e o relançamento
da qualidade da vida e da missão.
- Valorizar todos os tempos, meios e aspectos que a vida
comunitária oferece para favorecer a formação permanen-
te: os tempos de oração comunitária, como a meditação,
a leitura espiritual, a boa-noite, os retiros mensais e trimes-
trais; os momentos de avaliação, participação e co-respon-
sabilidade (entre os quais, em particular, o dia comunitário;
a comunicação com a comunidade inspetorial e com a
Congregação e o acolhimento dos estímulos e das orien-
tações que delas chegam; a informação, as leituras, uma
biblioteca atualizada;
- Estabelecer um programa anual de formação permanente;
- Garantir a formação em conjunto na comunidade educati-
vo-pastoral mediante encontros de reflexão, programação
e avaliação e as iniciativas partilhadas com outros mem-
bros da Família Salesiana;
- Oferecer a quem tiver necessidade a possibilidade de mo-
mentos ou programas específicos de renovação e atualiza-
ção (iniciativas, experiências, cursos, etc.).
149

16 Pages 151-160

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16.1 Page 151

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Parte 2
Animação e governo da comunidade
O diretor na comunidade
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62 XXV Assembleia ordinária dos Sínodo dos Bispos, Os jovens, a fé e o
discernimento vocacional, Instrumentum Laboris (2018) 34-35; 57-58.
63 CG24 13, 55, 101, 103, 136-148; CG25 26, 31, 39, 46, 50, 57, 60, 70,
80; CG26 10, 11, 24, 38, 39, 49, 68, 101, 111; CG27 15, 67, 71; Carta de
convocação do CG28 2.3.3. Formação conjunta de salesianos e leigos, em
ACG 427 30-31. Ver também em ACG 418 140 o discurso do Reitor-
-Mor Padre Ángel Fernández Artime no encerramento do CG27, sobre
a sétima chave para interpretar as reflexões do CG27: “Com os leigos na
urgência da missão compartilhada”.
64 QdR, 125:
Foi confirmada a insuficiência de itinerários formativos
centrados de modo unilateral nos conteúdos ou na
aquisição de competências e técnicas profissionalmente
válidas. Estamos sempre mais convencidos da importância
de o educador ser envolvido com toda a sua pessoa
na missão educativa. As habilidades comunicativas e
educativas devem enraizar-se sempre mais na identidade
pessoal, no verdadeiro itinerário pessoal. Podem-se
possuir todas as informações, podem-se conhecer bem
metodologias e didáticas atualizadas e exibir recursos e
profissionalismo, mas o processo de formação profissional
dos educadores salesianos passa, certamente, pela
colocação em jogo da própria identidade e do dom do
testemunho pessoal, pelo modelo de identificação e pela
trajetória da mesma formação pessoal. A vocação para o
serviço educativo exige a capacidade de interrogar-se ou
de deixar-se interrogar sobre as convicções pessoais, as
próprias motivações.
65 Cf, capítulo VII de Amoris Laetitia: “Reforçar a educação dos filhos”.
66 CG25 54, 64, 65 e CG27 14, 51.
67 Da coleta dos dados regionais para a revisão do Manual do Diretor,
apresentados no segundo seminário internacional realizado em Roma,
de 26 a 31 de maio de 2017.
68 Ibid.
69 Ibid.
70 Útil neste contexto: MB XIII 258; Recomendações do Padre Rua aos
150

16.2 Page 152

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Notas
diretores no IX Capítulo Geral (1902) in Lettere circolari di don Miche-
le Rua ai salesiani, Direzione Generale delle Opere Salesiane, Torino
1965, 323-325; CG21 (1978) sobre o diretor (cf. 46-57) e sobre a CEP
(cf. 63-67).
71 ACG 372 30-31; CG27, p. 80.
151

16.3 Page 153

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16.4 Page 154

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Introdução
Parte 3
O diretor
e a missão
Um salesiana
compartilhada
coração
grande
como
as areias
do mar
153

16.5 Page 155

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
Mar, barcas, redes... A pesca de Pedro
está no início do seu chamado e também
do novo início em que o Ressuscitado, no
mesmo lago da Galileia, lhe pede para
apascentar um rebanho sem limites, no
qual também nós já estávamos incluídos
( Jo 21).
A missão salesiana compartilhada pede
a mesma amplitude de horizontes, de
confiança no Reino de Deus que continua
a crescer, e do qual a comunidade
salesiana, animada pelo diretor, é simples
instrumento, em comunhão com muitas
outras pessoas, a começar dos próprios
jovens, nos quais o Espírito Santo está
presente e age, dentro e fora da Igreja.
154

16.6 Page 156

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7. A COMUNIDADE
EDUCATIVO-PASTORAL
A CEP e o PEPS, frutos
da reflexão pós-conciliar
113. A Comunidade Educativo-Pastoral (CEP) e o Projeto
Educativo-Pastoral Salesiano (PEPS) foram amplamente
tratados no Quadro Referencial (QdR) para a Pastoral Juve-
nil Salesiana, e não entendemos repetir o que lá já foi dito.
Aqui, evidenciamos que o diretor e a comunidade salesiana
são chamados hoje a realizar o projeto apostólico salesiano
no interior da CEP.1
7.1 A CEP E O PROJETO
EDUCATIVO-PASTORAL
7.1.1 A atual compreensão do Sistema
Preventivo
O sujeito da missão
salesiana é a
comunidade educativo-
pastoral
114. O sujeito missão salesiana é, hoje, a CEP. C 47 diz:
“Realizamos em nossas obras a comunidade educativa e pas-
toral. Ela envolve, em clima de família, jovens e adultos, pais
e educadores, até poder tornar-se uma experiência de Igreja,
reveladora do plano de Deus. Nessa comunidade, os leigos,
associados ao nosso trabalho, dão a contribuição original de
sua experiência e modelo de vida. Acolhemos e despertamos
a sua colaboração e oferecemos a possibilidade de conhecer e
aprofundar o espírito salesiano e a prática do Sistema Preven-
tivo. Favorecemos o crescimento espiritual de cada um”.
É o conselho da CEP que redige o PEPS local em confor-
midade com o PEPS inspetorial (R 4).
O PEPS e a CEP são elementos significativos para com-
preender e viver hoje o Sistema Preventivo, acompanhan-
do a renovação que a Congregação está realizando sobre-
tudo depois do Vaticano II. CEP e PEPS propostos já no
CG21, foram legislados pelo CG22 com a aprovação das
Constituições e dos Regulamentos e foram esclarecidos
e compreendidos de maneira mais detalhada no CG24.
155

16.7 Page 157

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
CG24 é o coração do
magistério salesiano
pós-conciliar, a nossa
resposta carismática
à “eclesiologia de
comunhão”
115. O CG24, cujo título já é, por si, um programa inteiro,
Salesianos e leigos: comunhão e participação no espírito e na
missão de Dom Bosco, é o coração do magistério salesiano
pós-conciliar, a nossa resposta carismática à ‘eclesiologia
de comunhão’ do Vaticano II. Esse Capítulo vai ao passa-
do, para recolher o melhor do que foi produzido, e projeta-
-se no futuro, para oferecer um novo estilo de pensamento
e de ação apostólicos e comunitários. Os dois principais
elementos desse novo estilo são as pessoas empenhadas na
missão (CEP) e o projeto compartilhado (PEPS). A eles,
o Quadro Referencial da Pastoral Juvenil Salesiana dedi-
ca dois capítulos de grande interesse: o capítulo 5 sobre a
CEP e o capítulo 6 sobre o PEPS. Com o capítulo 4 sobre
o Sistema Preventivo como experiência espiritual e educa-
tiva, esses capítulos constituem, hoje, a espinha dorsal do
nosso carisma.
As raízes da renovação, que foram como que materializadas
no CG24, já estão presentes em Dom Bosco, que pôs em
ação um vasto movimento de pessoas com a missão de edu-
car e evangelizar os jovens. Ao mesmo tempo, o Capítulo
também é um novo ponto de partida e um ponto de não
retorno, o único modelo operativo “praticável nas condições
atuais” (CG24 39). Infelizmente, como observa o Reitor-
-Mor Padre Ángel Fernández Artime na carta de convo-
cação do CG28, a recepção desse Capítulo foi irregular na
Congregação, com significativas resistências para assumir o
modelo de Igreja como comunhão proposto pelo Concílio
Vaticano II (ACG 427 23-31).
A mesma missão
realizada em diversos
contextos
7.1.2 A necessária inculturação do Sistema
Preventivo
116. A atual compreensão e atuação do Sistema Preventivo
envolve a sua inculturação. A Congregação chegou a reco-
156

16.8 Page 158

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7. A comunidade educativo-pastoral
nhecer gradualmente a variedade dos contextos em que atua
no mundo, mesmo se esse reconhecimento nem sempre foi
logo traduzido nos modos de pensar e nos pronunciamentos
consequentes.
Partimos de um texto muito bonito dos primeiros parágra-
fos do texto final do CG24.
A missão é única, mas as suas realizações são diversas,
tantas quantas as situações e os contextos históricos,
geográficos, religiosos e culturais em que vivem os
jovens.
O projeto educativo pastoral salesiano (PEPS) é a
mediação histórica e o instrumento para realizar a mesma
missão em todas as latitudes e em todas as culturas. O
projeto, pois, não é um fato técnico, mas um horizonte
cultural ao qual é preciso reportar-se continuamente, e é
exigido pela necessária inculturação do carisma.
Ele é elaborado e realizado em cada obra salesiana por
urna comunidade que chamamos comunidade edu­
cativa pastoral (CEP). Esta é o conjunto de pessoas
(jovens e adultos, pais e educadores, religiosos e leigos,
representantes de outras instituições eclesiais e civis
e pertencentes também a outras religiões, homens e
mulheres de boa vontade) que trabalham juntos na
educação e evangelização dos jovens, especialmente os
mais pobres (CG24, 5).
O carisma salesiano, suscitado na Igreja para o mundo,
deve encarnar-se nas diversas situações culturais para
exprimir suas potencialidades de serviço aos jovens e às
classes populares. No encontro com as várias culturas
pode demonstrar vitalidade e adquirir características novas
e enriquecedoras (CG24, 6).
O Quadro Referencial
sobre a inculturação do
Sistema Preventivo
117. A janela aberta pelo CG24 é retomada e confirmada
nos seus conteúdos de diversas maneiras pelo Quadro Re-
ferencial:
A missão salesiana é única: consiste em evangelizara e edu-
car, fortes da convicção que a plenitude da vida e da felici-
157

16.9 Page 159

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
dade do ser humano é o projeto de Deus para todos, que a
vocação de cada pessoa é amar até o dom de si (QdR 59, 61;
cf. Instrumentum Laboris do Sínodo 2018).
A missão salesiana pode encarnar-se em diversas culturas e tra-
dições religiosas. De fato, o Sistema Preventivo já está encar-
nado em diversos continentes, em contextos multiculturais
e em muitos contextos religiosos (QdR 87).
A CEP é tanto o sujeito como o objeto da nossa ação educativo-
-pastoral (QdR 116).
A CEP é mais o modo salesiano de animar do que uma nova
estrutura ou um simples modo de organizar o nosso traba-
lho. É o reconhecimento de que a educação acontece no
interior de uma comunidade, numa rede de relações signifi-
cativas (QdR 117).
A CEP é uma comunidade organizada em círculos concêntricos
com o jovem no centro, e incluindo a comunidade religiosa
salesiana, famílias, leigos em diversos papéis e membros da
Família Salesiana (QdR 110).
A CEP é uma experiência de Igreja. O próprio Sistema Pre-
ventivo, atuado por um indivíduo não pode deixar de refe-
rir-se ao modelo educativo da CEP e, portanto, ele mesmo,
torna-se expressão profunda de comunhão. Caso contrário,
perderia a sua eficácia educativa (C44-48; R5; QdR 108).
PEPS: instrumento
concreto para a
inculturação do carisma
e missão salesianos
118. Obviamente, a CEP é uma experiência viva de Igre-
ja num determinado contexto. É uma comunidade aberta
a todos e que colabora com todos, com a Igreja local e com
todas as forças que, no território, trabalham para o bem dos
jovens. Existe em contextos de maioria cristã, nos pós-cris-
tãos, como também em contextos plurirreligiosos e mul-
ticulturais. Em alguns lugares inclui colaboradores leigos
158

16.10 Page 160

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7. A comunidade educativo-pastoral
principalmente cristãos, e em outros há uma significativa
presença de pessoas que pertencem a culturas e credos di-
versos (QdR 121).
O CG24 184 diz:
Podemos convidar os leigos de diversas crenças a cola-
borar conosco num projeto educativo que é aplicável a
diversas situações e culturas: “O aspecto da transcen-
dência religiosa, base do método pedagógico de Dom
Bosco, não só é aplicável a todas as culturas, mas é
adaptável, com fruto, também às religiões não cristãs”
(Iuvenum Patris 11). “Ali [em territórios de primeira
evangelização], sobretudo será possível operar eficaz-
mente mesmo com leigos que não pertençam à Igreja
católica, sempre que se saiba viver em plenitude a ex-
periência de Dom Bosco e apresentar integralmente seu
sistema educativo e seu espírito apostólico” (Mensagem
de João Paulo II ao CG24).
Em todas as situações, portanto, a CEP é uma presença de
Igreja, uma experiência de comunhão que reflete a comuni-
dade de amor que é Trindade.
O CG21 pedira o repensamento e a atualização do Siste-
ma Preventivo “com seus operadores, seus conteúdos, suas
metas, seu estilo, seus modos, nos vários ambientes em que
trabalhamos” (CG21 14). Trata-se de algo que o Manual
do Diretor de 1986 já ressoara no seu apelo a realizar a
missão no Sistema Preventivo “compreendido e atualiza-
do” (MSD 109ss). O CG24 declara, como vimos acima,
que o PEPS é a mediação histórica e o instrumento prático
para a inculturação e a contextualização do carisma e da
missão salesiana (CG24 5). Isso é verdade para o PEPS
inspetorial, mas ainda mais para o local, visto que é elabo-
rado em cada CEP fazendo tesouro da diversidade de seus
membros.
159

17 Pages 161-170

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17.1 Page 161

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
Inculturação e universo
digital
119. Uma forma de inculturação, atualmente mais do que
urgente, refere-se à cultura digital, que é global, onipresente
e transversal.
O CG27 faz um forte convite a ser proativos nesse campo.2
Esse mesmo convite foi confirmado pelo sínodo sobre os
jovens, a fé e o discernimento vocacional.3
Uma resposta eficaz requer um bom trabalho em rede. A
CEP é certamente um dos lugares onde elaborar respostas
educativas e evangelizadoras significativas para os desafios
postos pelo nosso tempo hiperconectado, valorizando o
imenso potencial oferecido pelo universo digital.
A própria CEP pode encontrar uma ajuda no intercâmbio
ativo e profícuo de experiências no interior da comunidade
inspetorial, em nível regional e inter-regional, na Família
Salesiana, com várias realidades eclesiais e ecumênicas, e
com outras agências que se dedicam à educação e ao ge-
nuíno bem-estar da juventude. Dom Bosco foi um gran-
de mestre em saber acolher e fazer frutificar todo tipo de
energia positiva para “salvar o maior número possível”. O
seu exemplo estimula-nos “a seguir o movimento da his-
tória e a assumi-lo com a criatividade e o equilíbrio do
Fundador” (C 19).
7.1.3 O Conselho da CEP e o Conselho da Obra
Onde houver diversas
CEP, os representantes
dos conselhos das CEP
fazem parte do conselho
da Obra
120. Nas obras complexas com diversos setores de ativida-
des (paróquia, escola, pensionato universitário, jovens em
dificuldade), é possível ter diversas CEP. Se houver apenas
uma CEP, será o Conselho da CEP. Se forem diversas CEP,
cada uma terá o próprio conselho, e haverá o Conselho da
obra composto por representantes dos Conselhos das CEP.
160

17.2 Page 162

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7. A comunidade educativo-pastoral
É fácil imaginar que o papel do diretor aumente em com-
plexidade proporcionalmente à complexidade do trabalho.
Além disso, se houver leigos colaboradores que partici-
pam da nossa missão como dirigentes de vários setores,
serão facilmente pessoas com grande competência e pro-
fissionalismo. Embora dando a esses elementos a devida
importância, a verdadeira divisão de responsabilidade é a
resultante de muitos outros fatores, entre os quais a per-
sonalidade do diretor e os modelos culturais prevalentes a
respeito da autoridade.
Obviamente, é preciso um sério esforço de formação, com-
preendida a formação conjunta de salesianos e leigos, a fim
de reduzir a possível incidência negativa de fatores pessoais
e culturais. Contudo, também é de ajuda, como sabiamente
requerido pelo CG24, definir com exatidão a tarefa especí-
fica do diretor salesiano no interior do Conselho da CEP e
do Conselho da Obra (CG24 161). Este esclarecimento e
definição exata de papéis é responsabilidade do Inspetor e
seu Conselho, em diálogo com a comunidade salesiana local
(CG24 169).
• O diretor participa das iniciativas promovidas em nível inspe-
torial para a formação dos diretores.
• Com o Conselho da casa e na CEP, estuda o Quadro referen-
cial para melhor compreender a CEP e o PEPS como instru-
mentos de integração e contextualização do Sistema Preventi-
vo.
Qualquer que seja o contexto, cristão, pós-cristão ou plurir-
religioso, o diretor com seu Conselho promove a CEP em espí-
rito de abertura, diálogo e criatividade.
• Promove a consciência nos membros da CEP de que hoje
a inculturação implica no aprendizado de habitar o mundo
digital, para poder acompanhar os jovens utilizando esta nova
abordagem da vida como um terreno fértil para a evangelização.
161

17.3 Page 163

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
7.2 A COMUNIDADE RELIGIOSA SALESIANA
NA CEP
7.2.1 O núcleo animador
O núcleo animador é
121. R 5 afirma que a comunidade religiosa salesiana é o
formado por pessoas que
compartilham a nossa
núcleo animador da CEP. Sobre isso, evidencia o CG25
espirituali-dade e missão que “participam cada vez mais, no interior do núcleo ani-
mador da CEP, outros agentes (jovens, leigos, membros da
Família Salesiana, representantes da Igreja local e do ter-
ritório), os que compartilham conosco a nossa espirituali-
dade e missão, empenhando-se na animação” (CG25 70).
E continua dizendo que a comunidade salesiana, embora
não sendo idêntica ao núcleo animador, é parte significati-
va do núcleo animador da CEP, o seu ponto carismático de
referência.4 Este alargamento foi preparado pela amplia-
ção do núcleo animador que o Padre Vecchi já apresentara
em sua carta de 1998 Especialistas, testemunhas e artífices de
comunhão. A comunidade salesiana – núcleo animador (ACG
363).
O que entendemos por “núcleo animador”? Trata-se de
um grupo de pessoas que se identifica com a missão, com
o sistema educativo e com a espiritualidade salesiana, e
assume solidariamente a missão de convocar, motivar,
envolver todos os que se interessam por uma obra, para
formar com eles a comunidade educativa e realizar o
projeto de evangelização e educação dos jovens.5
O Quadro Referencial afirma com clareza que todos na CEP,
salesianos e leigos, implicitamente também os pais e os jo-
vens, participam da sua animação, mas que alguns têm a
tarefa específica de promover a contribuição de todos, ocu-
pando-se com a qualidade e a coordenação da animação,
dando atenção especial à identidade salesiana e à qualidade
da educação e evangelização. Essas pessoas formam o nú-
cleo animador da CEP (QdR 125).
162

17.4 Page 164

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7. A comunidade educativo-pastoral
O núcleo animador, fator-
chave que determina o
bom funcionamento da
CEP
122. O núcleo animador, ou Conselho da CEP, é a chave do
bom funcionamento da CEP. É, pois, importante, garantir
a qualidade espiritual, a competência educativa e a paixão
pastoral desse núcleo. Qualquer alteração na qualidade do
núcleo animador determina alterações da CEP em seu con-
junto, e consequentemente do seu impacto no território e
na Igreja local.6
Mesmo quando se enfrentam dificuldades de vários gêneros,
dar a devida atenção e importância à qualidade do Conselho
da CEP pode ser realmente decisivo para o bom andamento
da atividade. Quando não é possível planejar com toda a CEP,
o planejamento pode ser feito no núcleo animador ou tam-
bém apenas com os membros mais disponíveis. Se o PEPS
não pode ser atuado em nível da obra em seu conjunto, sem-
pre podemos criar processos de aprendizagem que favoreçam
o crescimento de grupos mais restritos de pessoas.7 Enfim, é
bom recordar que a formação acontece também diretamente
através da ação: “O primeiro e melhor modo de formar-se e
formar para a partilha e para a corresponsabilidade é o correto
funcionamento da CEP” (CG24 43).
Em poucas palavras: a chave para o bom funcionamento da
CEP está no núcleo animador estável e bem formado, capaz
de pensar, avaliar e planejar com bom ritmo de trabalho e
de reuniões.
7.2.2 As diversas formas de relação entre
comunidade salesiana e obra
Variedade de situações 123. A Congregação reconhece, hoje, apenas duas modali-
dades de relação entre comunidade salesiana e Obra:
A. Obras confiadas conjuntamente à comunidade salesiana
e aos leigos.
163

17.5 Page 165

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
B. Obras confiadas a leigos sob a direção da inspetoria.8
É importante ter presente que não existe um terceiro mode-
lo, formado “só de salesianos”.
A. Obras confiadas conjuntamente
à comunidade salesiana e aos leigos
O papel da comunidade
salesiana no núcleo
animador
124. Nas obras confiadas conjuntamente à comunidade re-
ligiosa salesiana e aos leigos, a comunidade é parte signifi-
cativa do núcleo animador da CEP e serve de modelo para
a identidade pastoral desse núcleo. A comunidade salesiana
oferece o testemunho da vida religiosa, salvaguarda a iden-
tidade carismática salesiana com a sua presença entre os jo-
vens, promovendo o espírito de família e participando da
redação do PEPS. Promove a comunhão, a participação e a
colaboração. Assume a responsabilidade primária quanto à
formação espiritual, salesiana e vocacional (CG24 159).
Este nível de participação do espírito e da missão de Dom
Bosco com os leigos marca uma nova fase no desenvolvi-
mento do nosso carisma. De aí deriva a necessidade de a
comunidade religiosa salesiana reconsiderar e assumir ple-
namente o seu papel, relativamente novo, no interior da
CEP. Sobretudo nos contextos em que a CEP ainda deve
desenvolver-se, a comunidade salesiana é chamada a realizar
a passagem da responsabilidade exclusiva das obras com os
leigos que compartilham a missão salesiana, assumindo o
compromisso de formá-los pastoral e espiritualmente (QdR
266-267). Isso comporta a mudança radical da estrutura pi-
ramidal da autoridade ao estilo mais participativo, no qual
as relações e os processos pessoais são da máxima importân-
cia. Ainda, a autonomia do conselho da CEP / Obra deve
ser garantida, seguindo o princípio de subsidiariedade e des-
centralização bem expresso em C 124.
164

17.6 Page 166

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7. A comunidade educativo-pastoral
A autoridade de qualquer gênero e nível deixa à iniciativa dos
organismos inferiores e dos indivíduos o que por eles pode
ser decidido e feito dentro das respectivas competências.
Assim se valorizam as pessoas e as comunidades e
favorece-se um maior empenho real. A subsidiariedade
postula uma efetiva “descentralização”. Esta provê a uma
justa e eficaz distribuição dos poderes, com uma oportuna
delimitação dos âmbitos de competência dos vários
organismos.9
A Inspetoria define a
relação existente entre a
comunidade salesiana e
a CEP
125. A forma concreta da relação entre comunidade salesia-
na e obra, ou setores dela, não pode ser reduzida a um único
modelo (CG26 120). Em alguns casos, o Quadro Referen-
cial recomenda que a identidade salesiana e a coordenação
do trabalho sejam de competência da Inspetoria, enquanto
a comunidade local, muitas vezes reduzida no número de
seus membros, pode confiar aos irmãos salesianos a anima-
ção pastoral, a formação e o acompanhamento do pessoal,
segundo os critérios propostos pelo CG24 164, em cola-
boração, onde possível, com membros da Família Salesiana
(QdR 271). Em todo caso, a relação adequada entre comu-
nidade salesiana e obra, como também a modalidade com
que a autoridade do diretor é exercida, deve ser codificada
no PEPS inspetorial e local.
Dessa forma, cada inspetoria define e programa modos que
favoreçam a melhor colaboração possível entre a comunida-
de salesiana e as CEP, contextualizando as diretrizes con-
forme os diversos ambientes sociais e as particularidades de
cada ambiente e atividade. Devem-se oferecer orientações
claras para regular as relações entre o Conselho local e o
Conselho da CEP; diretores de comunidades salesianas e
diretores de obras, diretores escolares, dirigentes de repar-
tição e outros encarregados em posições-chave; delegados
inspetoriais e animadores locais.
Durante a visita inspetorial, pode-se examinar o protocolo
específico de entrosamento a fim de favorecer a melhor coo-
165

17.7 Page 167

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
peração possível no pleno respeito da devida autonomia das
várias pessoas e dos organismos envolvidos na obra.
• A comunidade salesiana prepara-se para o seu papel no nú-
cleo animador da CEP estudando, refletindo e assimilando os
documentos e as orientações pertinentes da Congregação
(entre os quais o CG24 e o QdR, mas também o PEPS inspeto-
rial e local).
• O diretor e o conselho local colaboram com o inspetor e seu
Conselho na elaboração do modelo local de animação e go-
verno, indicando os critérios para a composição do conselho
da CEP / Obra e definindo as competências de cada organismo
e da comunidade salesiana no interior da obra.
• O diretor encoraja os seus irmãos a acompanharem os pro-
cessos educativo-formativos na CEP.
O Inspetor e seu Conselho acompanham os diretores e
os apoiam segundo a relação específica de cada comunidade
salesiana com a CEP.
• Os Delegados Inspetoriais para a Pastoral Juvenil e a For-
mação, com as respectivas comissões inspetoriais, em conta-
to com as várias comunidades educativo-pastorais, preparam
módulos adequados de formação para os diretores e para os
salesianos e leigos em conjunto.
B. Obras confiadas a leigos
sob a orientação da inspetoria
O núcleo animador é
composto inteiramente
por leigos
126. O CG26 fala de “atividades e obras inteiramente con-
fiadas pelos salesianos aos leigos, ou criadas por leigos e re-
conhecidas no projeto Inspetorial, segundo os critérios indi-
cados pelo CG24, n. 180-182”. As duas condições essenciais
aqui são: (1) os critérios de identidade, comunhão e signifi-
catividade da atividade salesiana; (2) acompanhamento do
inspetor e do seu conselho (QdR 271). A Obra não tem
qualquer relação direta com nenhuma comunidade salesia-
166

17.8 Page 168

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7. A comunidade educativo-pastoral
na local e o núcleo animador é composto inteiramente por
leigos. “Aos leigos que trabalham em uma obra salesiana
sem comunidade religiosa deve-se garantir que, de modo
conveniente, estejam abertos para uma real participação e
uma verdadeira responsabilidade na organização, na gestão
e, também, nas funções próprias do núcleo animador” (QdR
118).
Mesmo neste caso, cabe ao inspetor e seu conselho definir o
modelo local de animação e governo para a obra, e animá-
-la e governá-la de modo análogo aos contextos nos quais
está presente uma comunidade salesiana, com a ajuda de um
irmão nomeado para essa finalidade e por meio da visita
canônica anual (ver QdR 271-272 para os detalhes).
• A instituição do Conselho da CEP e a elaboração do PEPS
são acompanhados atentamente pelo Inspetor ou por um irmão
designado, com a ajuda dos Delegados Inspetoriais para a Pas-
toral Juvenil e a Formação.
• O PEPS indica a modalidade de interação entre o diretor lei-
go, o delegado inspetorial, o conselho da CEP e o conselho
inspetorial.
• A formação na identidade salesiana dos membros da CEP
em vários níveis fará parte dos processos definidos no PEPS e
será acompanhada pelo delegado do inspetor para aquela obra.
7.3 A COMUNIDADE SALESIANA:
PONTO DE REFERÊNCIA CARISMÁTICO NA CEP
A comunidade religiosa 127. Dissemos que a comunidade religiosa salesiana, onde
salesiana, ponto
carismático de referência
estiver presente, sempre compartilha a responsabilidade da
Obra com os membros leigos do núcleo animador. Mas, po-
deríamos perguntar-nos: qual é a posição e o papel da co-
munidade salesiana nessa situação? Qual é a especificidade
que uma comunidade de religiosos é chamada a levar, hoje,
167

17.9 Page 169

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
O diretor, guarda da
identidade carismática
Promotor de um novo
estilo de autoridade
aos leigos que participam com a sua paixão pela educação e
a missão apostólica? Qual é, hoje, a competência profissio-
nal própria dos salesianos, quando devem ser especialistas
de modo bem definido e inconfundível? O CG25 oferece-
-nos uma resposta muito clara, como indicado no Quadro
Referencial.
Evidencie-se que a comunidade religiosa salesiana (cf.
Const. 38, 47; Reg. 5), com seu patrimônio espiritual,
seu estilo pedagógico, suas relações de fraternidade e
corresponsabilidade na missão, representa um testemunho
de referência para a identidade pastoral do núcleo
animador: “desempenha o papel de referência carismática
na qual todos se inspiram” (CG25, n. 70).10
128. No interior da comunidade religiosa, o diretor é o “o
primeiro responsável... pelas atividades apostólicas” (C 176)
e guia “o discernimento pastoral da comunidade, para que
ela caminhe unida e fiel na atuação do projeto apostólico”
(C 44). O CG24 continua a considerá-lo, com o inspetor,
a figura-chave para a participação do espírito e da missão
de Dom Bosco com os leigos.11 “O Diretor SDB, primeiro
responsável da CEP, anima os animadores e está a serviço da
unidade global da obra” (QdR 267). Sobre o diretor, portan-
to, de modo especial, recai a responsabilidade de ser guarda
da identidade carismática da CEP.
129. O diretor está ciente de ser o primeiro na ordem de
responsabilidade da atividade apostólica e da administração
dos bens da comunidade, e também da CEP. “Nela a pala-
vra definitiva, depois de paciente busca, caberá ao diretor,
sempre em diálogo com o seu Conselho” (CG24 172). En-
tretanto, ele também sabe ser promotor do novo estilo de
autoridade bem expresso nas quatro palavras resumidas pelo
CG24 (107-148): alargar o envolvimento, promover a corres-
ponsabilidade, valorizar a comunicação, qualificar a formação.
168

17.10 Page 170

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7. A comunidade educativo-pastoral
Animação dos
animadores, aspecto
típico da vocação
salesiana
130. O CG24 declarou que todo salesiano é animador
(CG24 159). “Ser animadores do movimento de pessoas
envolvidas no espírito e na missão de Dom Bosco” diz o
Padre Vecchi que “não é, então, uma função acrescentada
ocasionalmente: é um traço vocacional que pertence à iden-
tidade do consagrado salesiano, do indivíduo e da comu-
nidade, parte não secundária da sua práxis pastoral” (ACG
363 p. 22). Para a comunidade salesiana, portanto, o primei-
ro objeto das suas atividades é a CEP, e o primeiro serviço é
o da animação espiritual e salesiana. “Não somos chamados
somente a dinamizar um grupo de educadores ou colabora-
dores com métodos oportunos; somos chamados a suscitar
‘uma experiência de Igreja’, a estender e dar consistência a
uma realidade vocacional. Trata-se não só de empregar me-
lhor os recursos disponíveis, por exemplo os leigos, mas de
comunicar a fé e o espírito salesiano. Animar vem a ser, então,
uma parte não secundária da nossa missão e da maneira original
de viver a nossa comunhão” (ACG 363, p. 20).
Profissionais da
evangelização
7.3.1 Animação espiritual
131. Como pessoas consagradas, somos chamados a ser
animadores espirituais, ou também poderíamos dizer pro-
fissionais da evangelização em contexto educativo. A nossa
animação não é meramente cultural ou social, nem se refere
apenas ao esporte e às diversões; é uma animação segundo
o Espírito do Senhor. “Nossa ciência mais eminente é, pois,
conhecer Jesus Cristo; e a alegria mais profunda, revelar a
todos as insondáveis riquezas do seu mistério” (C 34).
‘Espiritual’, aqui, não deve ser entendido em sentido reduti-
vo; é a perspectiva que faz recolher numa unidade todos os
demais aspectos da animação. A animação espiritual refere-
-se, de fato, à qualidade pastoral do nosso trabalho. É o que
favorece a fusão entre educação e evangelização.
169

18 Pages 171-180

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18.1 Page 171

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
Não podemos ser animadores espirituais se não vivemos a
nossa espiritualidade com convicção e a exprimimos com
alegre espontaneidade. A fé não pode ser comunicada se não
for vivida como o grande recurso da própria existência. “A
renovação espiritual e a pastoral são dois aspectos que se
compenetram e são interdependentes” (CG23 217)
Santidade compartilhada
132. A meta da formação dos leigos e com os leigos é uma
santidade compartilhada” (ACG 363 p. 26). “Em Valdoc-
co” recorda-nos o CG24, “respirava-se um clima especial: a
santidade era construída em conjunto, compartilhada, reci-
procamente comunicada, tanto que não se pode explicar a
santidade de uns sem a dos outros” (CG24 104).
Pedagogia da oração
133. A capacidade de animação espiritual pressupõe a expe-
riência da oração. A oração renova-nos no desejo de perma-
necer com Cristo e revigora as motivações da missão. Uma
adequada vida de oração permite à comunidade “pôr em
ação uma pedagogia de oração, que leve à relação pessoal
com o Senhor”. Trata-se de ir além da oferta de experiên-
cias ocasionais para ser “educadores e mestres de espiritualida-
de... companheiros e testemunhas autorizadas, orientadores,
guias no caminho da espiritualidade” (ACG 363 p. 26).
É o que a Igreja espera das pessoas consagradas. “Um re-
novado empenho de santidade das pessoas consagradas é
hoje mais necessário do que nunca para favorecer e apoiar
a tensão de todo o cristão para a perfeição... Na medida em
que aprofundam a sua própria amizade com Deus, ficam em
condições de ajudar os irmãos e irmãs com válidas iniciati-
vas espirituais” (VC 39).
Em contextos cristãos, o diretor e a comunidade darão mui-
ta importância ao que é fundamental: a experiência de fé, o
projeto pessoal de vida, as motivações vocacionais, a carida-
de pastoral e a ação apostólica, o sentido de Igreja e a fideli-
170

18.2 Page 172

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7. A comunidade educativo-pastoral
Acompanhamento
espiritual
dade ao Papa, a abertura eclesial à missão, a vida sacramen-
tal, o crescimento na oração, com a presença de Maria na
Igreja e na vocação salesiana. Considerarão a participação
dos jovens e dos colaboradores na nossa oração comunitária
como um modo significativo de introduzi-los experiencial-
mente na oração.
134. O diretor e a comunidade salesiana darão atenção es-
pecial ao acompanhamento espiritual. À luz da nossa tra-
dição e impelidos pelo convite do Sínodo Os jovens, a fé e
o discernimento vocacional, promovem a complementaridade
vital do acompanhamento comunitário e pessoal. Colocam-
-se de boa-vontade à disposição para esse serviço, empe-
nhando-se por uma formação adequada de si e dos leigos
neste campo.12 Christus Vivit dedica o capítulo 8 à vocação
e o capítulo 9 ao discernimento, com orientações preciosas
para quem presta serviço de acompanhamento para os jo-
vens (cf. CV 242-247).
Em contextos não
cristãos ou pós-cristãos
135. Em contextos com prevalência de não cristãos ou pós-
-cristãos, a animação espiritual da CEP requer uma par-
ticular criatividade e coragem (parrésia). Essa é uma das
áreas em que a inculturação se faz mais necessária. Como
indicado pelo CG24, neste caso, o Sistema Preventivo seja
critério de referência e base sobre o que construir: “Com os
que não aceitam a Deus podemos caminhar juntos, basean-
do-nos nos valores humanos e laicais presentes no Sistema
Preventivo; com os que aceitam a Deus ou o Transcendente,
podemos ir mais adiante, até facilitando a acolhida dos va-
lores religiosos; por fim, com os que partilham conosco a fé
em Cristo, mas não a Igreja, podemos avançar ainda mais
no caminho do Evangelho” (CG24 185). Valores humanos,
valores religiosos, valores do Evangelho são as bases para
um ministério inculturado e contextualizado de animação
espiritual e pastoral do diretor e da CEP.
171

18.3 Page 173

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
Diretor: animador de
animadores
Centralidade da
comunhão
O importante, como já dissemos, é que os cristãos na CEP
sejam fiéis à própria vocação e à missão evangelizadora da
Igreja, segundo o carisma salesiano (CG24 183-185).
136. O diretor, animador de animadores, deixa-se inspirar
pela sua relação com Cristo, que, dessa forma, encontra ex-
pressão em todas as coisas e em todos os lugares. Anima
os demais de modo simples e humilde. Vive consciente de
que é Cristo mesmo que lhe confia irmãos, colaboradores
e jovens. Realiza o seu ministério com conhecimento claro
da própria fragilidade e dos próprios limites, e com grande
confiança no amor de Jesus que o precede, envolve e sus-
tenta. É, sobretudo, homem de discernimento. Este dom,
tão central no magistério do Papa Francisco, é hoje mais
necessário do que nunca, quando nos vemos diante de uma
variedade de situações e pessoas, cada uma com a unicidade
da sua história de vida e as suas exigências peculiares. Na
animação da CEP, a capacidade de fazer um bom discerni-
mento é provavelmente a qualidade mais importante para o
diretor.
7.3.2 Profecia de fraternidade
137. Numa cultura de narcisismo globalizado, em que o di-
namismo imperante é a competição mais do que a comu-
nhão, a fraternidade vivida com generosidade torna-se real-
mente ‘profecia’. “Uma obra educativo-pastoral animada por
um grupo de salesianos e leigos que trabalha de fato em co-
munhão, participação e corresponsabilidade é uma profecia
de fraternidade em ação, um sinal luminoso da eclesiologia
de comunhão em vias de realização e sinal educativo lumi-
noso para todos os destinatários da obra: meninos, adoles-
centes, jovens, famílias, Igreja local”.13 A comunhão abre-se
para a missão e converte-se ela própria em missão (VC 46).
Uma contribuição decisiva para a comunhão vem do teste-
172

18.4 Page 174

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7. A comunidade educativo-pastoral
munho da comunidade salesiana e do seu primeiro anima-
dor e guia, que é um homem de comunhão e crê profunda-
mente na centralidade desse valor. A comunidade religiosa
é confessio Trinitatis e signum fraternitatis, um sinal de co-
munhão no interior da Igreja. Em força do nosso chamado,
somos pessoas que criam e fazem crescer a comunhão no
interior da CEP.
O diretor com a ajuda da sua comunidade promove, portan-
to, a unidade e o espírito de família na CEP e entre todos
os que contribuem para o bem dos jovens. Resiste à tenta-
ção de criar pequenos grupos na CEP entre os que pensam
como ele ou têm alguma afinidade com ele. Preocupa-se
com a unidade centralizada num projeto comum, na coor-
denação entre os diversos setores da obra, nas boas relações,
na unidade na diversidade e no envolvimento da Família
Salesiana.
Contemplando Maria, ícone da Igreja-comunhão, torna-se
um especialista de comunhão, alguém capaz não só de inte-
grar a diversidade, mas também celebrar as diferenças.
• A comunidade salesiana, guiada pelo diretor, avalia periodi-
camente a qualidade da sua presença animadora na CEP.
• Dá vida a uma pedagogia da oração, favorecendo também
a participação de jovens e leigos nos momentos de oração co-
munitária.
• Assume especialmente a responsabilidade do acompanha-
mento espiritual comunitário e pessoal, preparando também
para esse serviço os salesianos e os leigos.
• Promove o estilo familiar de relações na CEP e avalia perio-
dicamente a qualidade da ‘profecia da fraternidade’ que a CEP
vive e transmite.
173

18.5 Page 175

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
• Atento à qualidade pastoral na vida da CEP, garante a forma-
ção dos seus membros, em especial com a ajuda do Quadro
Referencial.
• O diretor está muito atento à própria formação para o novo
estilo de autoridade atualmente exigido, e nessa direção, ser-
ve-se de todas as oportunidades oferecidas tanto pela Inspeto-
ria como por outros.
7.4 A COMUNIDADE SALESIANA E O PEPS
Mentalidade de projeto
138. A formulação de um projeto educativo-pastoral faz
parte do ‘modelo’ pastoral elaborado para atuar as orienta-
ções do CG23 e do CG24.14 Ele é realizado tanto em ní-
vel de Inspetoria como de comunidade local. “Como a co-
munidade inspetorial, assim também a comunidade local é
chamada a viver e agir com mentalidade clara de projeto;
mentalidade que leva a individuar os campos prioritários de
atenção e fazer escolhas fundamentais que orientem a vida
das pessoas e a efetivação da ação nos diversos ambientes e
setores de animação da obra” (QdR p. 260).
O PEPS local
139. A mentalidade de projeto torna-se concreta no PEPS
formulado no interior de e por uma comunidade educati-
vo-pastoral. O nosso trabalho pastoral tem o seu principal
ponto de referência no PEPS local. “O PEPS indica as li-
nhas para a realização da pastoral juvenil em todos os setores
e âmbitos da obra. O PEPS cuida da integralidade e articu-
lação das quatro dimensões que configuram a proposta edu-
cativo-pastoral salesiana” (QdR 260). A principal finalidade
do PEPS é orientar as comunidades locais para trabalharem
com mentalidade comum e com critérios claros e objetivos,
e tornar possível a gestão compartilhada dos processos pas-
torais (QdR 137). A descrição completa pode ser encontra-
da no capítulo 6 do Quadro Referencial.
174

18.6 Page 176

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7. A comunidade educativo-pastoral
A responsabilidade do 140. De acordo com o Quadro Referencial, onde a comuni-
diretor e do seu Conselho dade salesiana está envolvida na gestão de uma obra com os
leigos, “o diretor e seu Conselho são os primeiros responsá-
veis do governo e da animação pastoral da obra. Cabe-lhes
a responsabilidade fundamental de coordenar e organizar
a pastoral juvenil. Eles favorecem os processos de envolvi-
mento das pessoas, individuam as prioridades, indicam os
recursos e ativam a reflexão” (QdR 260). A divisão real da
responsabilidade é regulada pelos princípios da subsidiarie-
dade e da descentralização dos quais já se falou em 7.2.2
e concretizada no modelo de governo local definido pela
Inspetoria e codificada no PEPS local.
Garantir a visão integral
da Pastoral Juvenil
Salesiana
141. O diretor com seu Conselho faz com que as várias
dimensões da Pastoral Juvenil Salesiana estejam presentes
no PEPS:
A dimensão da educação à fé: a partir do ponto em que os
jovens se encontram, acompanhamo-los à plenitude de vida
e de amor, que acreditamos firmemente estar em Cristo Je-
sus.
A dimensão educativa e cultural, pela qual se encoraja o
desenvolvimento de todos os recursos humanos dos jovens,
ajudando-os a abrir-se ao sentido da vida.
A dimensão da experiência de grupo e da vida social, que
ajuda os jovens a descobrir e valorizar a comunhão, da qual
a Igreja é sinal e sacramento.
A dimensão vocacional, que significa acompanhar os jovens
na descoberta do próprio projeto de vida, para contribuírem
na transformação do mundo e torná-lo sempre mais justo e
mais bonito, segundo o projeto de Deus.
175

18.7 Page 177

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
Além disso, como indica o Quadro Referencial (QdR 155-
165), o diretor acompanha com atenção algumas áreas edu-
cativo-pastorais que se referem a todos os setores:
Animação das vocações apostólicas, garantindo o acompa-
nhamento dos jovens que manifestam sinais de vocações
laicais, religiosas ou sacerdotais na Igreja (R 9);
Animação missionária, como expressão madura do empe-
nho generoso de cada cristão e comunidade;15
Animação da Comunicação Social, que é para nós não só um
meio educativo, mas também um campo aberto de trabalho
salesiano que é uma das prioridades apostólicas da nossa
missão (C 43).16 O diretor estará particularmente atendo
e sensível ao universo digital, dado que é uma parte muito
relevante da identidade dos jovens de hoje e do seu modo
de viver, com um impacto antropológico e cultural extrema-
mente profundo, e as consequentes grandes potencialidades,
tanto no bem como no mal.
Reforçar a mentalidade
de projeto
142. Principalmente em contextos em que a mentalidade
de projeto ainda não se afirmou, o diretor assegura, antes de
tudo, que a CEP esteja convencida da necessidade de um
bom projeto. Alguns pontos úteis sobre isso:
O PEPS é um modo de aplicar o Sistema Preventivo em
todos os contextos, também naqueles que são multiculturais
e plurirreligiosos, ou mesmo pós-religiosos.
O projeto permite definir o que miramos em nosso traba-
lho educativo-pastoral, garantir a continuidade e libertar-
-nos do perigo da improvisação. Torna possível colaborar
mais num quadro de objetivos compartilhados. Aumenta o
sentido de pertença e compartilham-se princípios comuns
para avaliar atividades e eventos (MSD 111-112).
176

18.8 Page 178

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7. A comunidade educativo-pastoral
As opções e o planejamento baseiam-se nas experiências e
necessidades reais dos jovens (C 41, 7; R 1, 4), com o discer-
nimento atento dos sinais dos tempos e a abertura a todos
os valores positivos (C 57, 17).
Diante de situações desafiadoras, faz-se pleno uso da cria-
tividade, que brota da caridade pastoral e da sensibilidade
pastoral amadurecida com a experiência (C 7, 10, 18, 19,
40, 41).
O PEPS também é um modo de assegurar a continuidade
em momentos como a mudança de diretores e outras pes-
soas que ocupam alguns lugares-chave. A Inspetoria tam-
bém criará procedimentos de ‘passagem e entrega do bastão’
para facilitar a transição.
O PEPS é um modo de aplicar o Sistema Preventivo em
todos os contextos, também naqueles que são multiculturais
e plurirreligiosos, ou mesmo pós-religiosos.
O projeto permite definir o que miramos em nosso traba-
lho educativo-pastoral, garantir a continuidade e libertar-
-nos do perigo da improvisação. Torna possível colaborar
mais num quadro de objetivos compartilhados. Aumenta o
sentido de pertença e compartilham-se princípios comuns
para avaliar atividades e eventos (MSD 111-112).
As opções e o planejamento baseiam-se nas experiências e
necessidades reais dos jovens (C 41, 7; R 1, 4), com o discer-
nimento atento dos sinais dos tempos e a abertura a todos
os valores positivos (C 57, 17).
Diante de situações desafiadoras, faz-se pleno uso da cria-
tividade, que brota da caridade pastoral e da sensibilidade
pastoral amadurecida com a experiência (C 7, 10, 18, 19,
40, 41).
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18.9 Page 179

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
O PEPS também é um modo de assegurar a continuidade
em momentos como a mudança de diretores e outras pes-
soas que ocupam alguns lugares-chave. A Inspetoria tam-
bém criará procedimentos de ‘passagem e entrega do bastão’
para facilitar a transição.
Desafios e dificuldades
143. Alguns desafios e dificuldades na elaboração do PEPS
derivam de fatores internos, como a expansão mundial da
Congregação em diversos contextos culturais, históricos e
geográficos; os diversos tipos de presença e os diversos tipos
de relação entre comunidade religiosa e obras; o novo papel
que os salesianos são chamados a ter na CEP; a crescente
distância das nossas origens em termos de tempo, culturas e
também na vertente linguística.
Outros desafios derivam de fatores externos como as situa-
ções constantemente novas dos jovens; a existência de uma
pluralidade de ‘agências’ com forte impacto educativo, inclu-
sive os meios de comunicação e o universo digital; os valores
do pluralismo, da liberdade e da participação; a pluralidade
das culturas e das religiões, com a concomitante crescente
indiferença pela religião.
O diretor está ciente do fato de a nossa própria vocação im-
por-nos viver em atitude de abertura, em diálogo com a rea-
lidade, ricos daquela sensibilidade criativa e prática que faz
parte do ser educador e comunicador. Promove essa atitude
em si mesmo e também nos seus irmãos e na CEP. Trata-se
da capacidade de aprender da experiência à luz da pessoa de
Jesus e do seu Evangelho, vivida segundo o espírito de Dom
Bosco (C 98), que corresponde ao saber discernir, isto é, a
capacidade de escutar a voz do Espírito nos eventos de cada
dia e na realidade que nos rodeia (C 119).
Linhas-guia para a
elaboração do PEPS
144. Podem-se encontrar no Quadro Referencial da Pasto-
ral Juvenil Salesiana algumas sugestões para a elaboração e
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18.10 Page 180

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7. A comunidade educativo-pastoral
A presença do diretor
salesiano na obra
O coordenador da
pastoral juvenil
avaliação do PEPS local em cada setor da obra. Elas podem
servir também como linhas-guia para o diretor e o conselho
da CEP /Obra, a fim de garantir constantemente a boa qua-
lidade educativa e pastoral do serviço que se presta.
145. Cada obra e ambiente salesiano tem a própria organi-
zação, baseada nas indicações do PEPS. Idealmente, o dire-
tor salesiano está presente em todos os ambientes e setores
da casa, com competências específicas (CG24 172); mas,
sobretudo em obras muito complexas, deve saber delegar o
mais possível. Participa de direito nos Conselhos da CEP
quando são vários e preside o conselho da CEP/Conselho
da obra, como requerido pelas diversas situações.
146. Seguindo as orientações e a praxe da inspetoria, so-
bretudo onde as obras são complexas, o diretor provê à no-
meação de um coordenador local da pastoral juvenil, salesia-
no ou leigo, apoiado por uma equipe de salesianos e leigos
(QdR 268-269).
O coordenador local, com sua equipe, planeja, organiza e
coordena a atividade pastoral da obra, segundo os objetivos
estabelecidos pelo PEPS local e as linhas-guia e os critérios
do Conselho da CEP / Obra, trabalhando sempre em es-
treito contato com o diretor (QdR 269-270).
• O diretor e seu Conselho participam ativamente da elabo-
ração do PEPS local, sensíveis às diversidades culturais e reli-
giosas, e em espírito de diálogo baseado no Sistema Preventivo
e dentro dos seus parâmetros característicos. O diretor (ou seu
delegado) participa da gestão de cada ambiente educativo-
-pastoral e preside o conselho da CEP / Obra.
• O diretor e o Conselho da CEP acompanham a elaboração
do PEPS de cada setor à luz do PEPS local; também avaliam
anualmente os relatórios/revisões dos setores, preparando-se
assim para a atualização do PEPS local.
179

19 Pages 181-190

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19.1 Page 181

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
• Os novos diretores procurarão promover a continuidade do
PEPS e respeitar os processos de planejamento já definidos.
O diretor tem a tarefa de acompanhar a atuação do modelo de
animação e governo estabelecido pela inspetoria e garantir a
presença de salesianos e leigos formados no espírito salesiano.
• Garante a identidade salesiana do PEPS, guiando a sua ela-
boração, integrando elementos do espírito salesiano na forma-
ção e nas atividades que são realizadas.
• Promove processos de formação conjunta para salesianos
e leigos, em especial no campo das competências educativo-
-pastorais próprias do carisma salesiano.
• Apresenta propostas para a assimilação e aplicação do
Quadro Referencial.
• Provê para que a totalidade e organicidade da Pastoral
Juvenil Salesiana seja preservada em todas as atividades da
Obra.
• Segundo às disposições da Inspetoria, provê à nomeação do
coordenador local da Pastoral juvenil e da equipe de salesia-
nos e leigos com que trabalhará (QdR 269-270)
Segue os critérios estabelecidos para a seleção e formação
dos leigos, envolvendo o Conselho da CEP/obra.
• Garante o conhecimento e a atuação das diretrizes para a pro-
teção e salvaguarda dos menores e da legislação vigente em
matéria de privacy.
180

19.2 Page 182

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19.3 Page 183

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19.4 Page 184

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8. UMA COMUNIDADE ABERTA
Aberta à Inspetoria,
à Congregação, à
Família Salesiana e ao
Movimento Salesiano, à
Igreja, ao mundo
147. As Constituições definem a comunidade salesiana lo-
cal como “parte viva da comunidade inspetorial” (C 58),
da Congregação e da Família Salesiana. Ela “atua em co-
munhão com a Igreja particular” e “é aberta aos valores do
mundo e atenta ao contexto cultural em que desenvolve sua
ação apostólica. Solidária com o grupo humano em que vive,
cultiva boas relações com todos” (C 57).
A atividade pastoral da comunidade pode ser considerada
em vários níveis:
É atividade realizada no interior da CEP, com a presença
de salesianos e colaboradores leigos, especialmente dos que
pertencem à Família Salesiana:
É uma atividade de Igreja, tanto no sentido de a CEP
encarnar e inculturar a Igreja num determinado ambiente,
quanto na colaboração com os vários organismos e grupos
da Igreja local.
É atividade no interior do ambiente social, no contexto do
território onde se vive.
A comunidade local, portanto, vive e trabalha em corres-
ponsabilidade, fazendo parte de uma comunhão ainda mais
ampla: no interior da Congregação, com a Inspetoria e com
o Reitor-Mor e seu Conselho; com a Família Salesiana e os
grupos que a constituem; com a Igreja em nível universal e
local; e, enfim, com todos os que trabalham, embora apenas
parcialmente, para alcançar os mesmos fins.
183

19.5 Page 185

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
8.1 A COMUNIDADE INSPETORIAL
E A COMUNIDADE MUNDIAL
Ser salesiano é pertencer 148. “Assim como na Igreja universal, a unidade se articula
à Congregação
no pluralismo das Igrejas particulares e nos grupos de base,
assim também a Congregação se articula em comunidades
inspetoriais, e estas, por sua vez, em comunidades locais, que
constituem o lugar e o modo concreto em que se realiza a
vocação salesiana” (CGE 506). A Comunidade local não é
uma ilha; é parte viva da comunidade inspetorial, que se une
pela comunhão fraterna e a missão comum. Na comunidade
local e inspetorial cada irmão vive a sua pertença a toda a
Congregação, na qual foi incardinado no dia da sua profis-
são religiosa (cf. C 59).
A vocação salesiana tem dimensão universal. Ser salesiano
significa entrar numa grande comunidade que o próprio
Fundador intuiu e viu como sem fronteiras. Sua extensão
mundial é uma das características mais importantes e mais
evangélicas do espírito salesiano.
Viver a abertura em nível mundial significa aceitar cons-
cientemente responsabilidades específicas: as que precisa-
mente jorram da comunhão de espírito, do testemunho e do
serviço que a Congregação tem para com a Igreja universal
(cf. C 59).
Tudo o que promove a transmissão de valores do centro
às inspetorias e a cada comunidade e vice-versa, enriquece
também a nossa comunhão, a experiência da nossa voca-
ção e a eficácia da nossa missão. Podemos pensar nas tarefas
de animação e de governo indicadas pelas Constituições ao
Reitor-Mor, aos Inspetores e seus Conselhos, aos vários or-
ganismos de coordenação de natureza pastoral ou técnica, e
também à comunicação no interior da Congregação (Cons-
tituições, Atos dos Capítulos Gerais, comunicações do Rei-
184

19.6 Page 186

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8. Uma comunidade aberta
tor-Mor e dos seus conselheiros, os vários meios e agências
de comunicação interna).
O diretor facilita a comunicação e o fluxo constante de in-
formações entre os níveis local, inspetorial e mundial.
• Encoraja a adesão sincera aos projetos inspetoriais e a dis-
ponibilidade pessoal.
Promove a solidariedade para com a comunidade inspe-
torial (R 58, 197).
8.2 A FAMÍLIA SALESIANA
Os salesianos precisam
da Família Salesiana
149. Idealmente, a CEP deveria envolver, o quanto possível,
também os vários grupos e membros da Família Salesiana.
Entretanto, é verdade e óbvio que não podemos limitar a
presença e a ação da Família Salesiana ao seu envolvimen-
to na CEP de uma obra salesiana. Por isso, é importante
dedicar um pouco de tempo a considerar a relação entre o
diretor, a comunidade salesiana e a Família Salesiana.
A Família Salesiana surgiu como parte da resposta de Dom
Bosco às exigências que brotavam da sua vocação e às neces-
sidades da juventude do seu tempo. Hoje “os salesianos não
podem repensar integralmente a sua vocação na Igreja sem
se referirem àqueles que juntamente com eles são depositá-
rios da vontade do Fundador. Por isso procuram uma maior
unidade de todos, embora na autêntica diversidade de cada
um” (CGE 151).
Os salesianos precisam dos outros grupos da Família Sale-
siana. Em nível de Igreja, a Família Salesiana oferece aos sa-
lesianos uma boa oportunidade para repensar e redescobrir
a natureza específica da nossa vocação de ser evangelizado-
185

19.7 Page 187

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
Os Salesianos
têm algumas
responsabilidades
especiais no interior
da Família Salesiana
res e valorizar de modo sempre novo o que é mais genuina-
mente salesiano (CG21 73). Também na CEP, a presença
dos membros da Família Salesiana dá maior consistência ao
núcleo animador e reforça a fidelidade ao nosso carisma e
ao nosso espírito.
150. Por sua vez, a Família Salesiana, por expressa vontade
do Fundador, precisa dos salesianos. Na Família Salesiana,
“por vontade do Fundador, temos nela particulares respon-
sabilidades: manter a unidade do espírito e estimular o diá-
logo e a colaboração fraterna para mútuo enriquecimento e
maior fecundidade apostólica” (C 5). Manter a unidade do
espírito, estimular o diálogo e promover a colaboração fra-
terna: são essas as três responsabilidades do Reitor-Mor, do
Inspetor e do Diretor, cada um no nível que lhe é próprio.
Acrescenta-se a isso o que se diz nos Regulamentos: “É de-
ver do inspetor e do diretor, coadjuvados pelos respectivos
delegados, sensibilizar as comunidades para que cumpram
sua função na Família Salesiana” (R 36).
Também devemos ter presente que, segundo R 38-40, temos
uma especial responsabilidade para com 5 dos 31 grupos da
Família Salesiana: os Salesianos Cooperadores, os Ex-Alu-
nos de Dom Bosco, a ADMA, as Voluntárias de Dom Bos-
co (VDB) e os Voluntários com Dom Bosco (CDB).
Para realizar estas responsabilidades em harmonia com o
carisma de Dom Bosco, continuamos não só a insistir na
importância da educação e evangelização, mas temos à dis-
posição também meios específicos a valorizar.
Primeiro, a reunião da Consulta local da Família Salesiana.17
Esta comissão, que serve como complemento do que existe
em nível inspetorial, é convocada e presidida pelo diretor.
Seus membros são os responsáveis dos grupos da Família
Salesiana presentes no território da comunidade salesiana
186

19.8 Page 188

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8. Uma comunidade aberta
local. Essa comissão é expressão da unidade carismática dos
grupos; torna-se um modo de promover a comunhão; ga-
rante o desenvolvimento do carisma salesiano. É também
um momento privilegiado para favorecer o diálogo, a refle-
xão, o planejamento e a colaboração na realização da missão
salesiana.
Segundo, a celebração local do Dia (Festa) da Família Sa-
lesiana. Trata-se de uma ocasião em que os grupos da Fa-
mília Salesiana se reúnem para a oração e a formação, para
conhecer-se mais e celebrar a alegria de pertencer à família
de Dom Bosco.
Em terceiro lugar, colaboração. Pode ser atuada de diversas
maneiras, e é muito facilitada quando há delegados para a
Família Salesiana. É possível que o próprio diretor seja o
delegado para a Família Salesiana ou de algum grupo no
seu interior.
A Carta da identidade carismática da Família Salesiana
(2012) é, hoje, indispensável para compreender a Família
Salesiana e a sua importância. Merece ser mais conhecida
e estudada se quisermos fazer com que a Família Salesiana
seja uma realidade viva e vibrante.
O Movimento Salesiano
151. É importante ter presente o Movimento Salesiano. C
5 diz-nos que de “Dom Bosco origina-se vasto movimento
de pessoas que, de várias maneiras, trabalham para a salva-
ção da juventude”. A Carta da Família Salesiana fala, com
efeito, de diversos níveis de pertença à Família, sendo o ter-
ceiro nível constituído por títulos particulares de pertença, ou
pelo “círculo de pessoas que participam do vasto Movimen-
to Salesiano e encontram na Família Salesiana o seu nú-
cleo animador. Este nível é formado pelos Amigos de Dom
Bosco, pelo Movimento Juvenil Salesiano e, mais em geral,
pelo voluntariado social salesiano, e pela ampla presença de
187

19.9 Page 189

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
educadores e educadoras, catequistas, profissionais adultos,
políticos simpatizantes, colaboradores e colaboradoras, per-
tencentes a diferentes religiões e culturas, que trabalham
nos cinco continentes”.18
O diretor tem um papel fundamental na promoção do sen-
tido de pertença e na garantia do acompanhamento ade-
quado da Família Salesiana. A vitalidade e o significado da
Família Salesiana num determinado território, em nível de
Igreja e sociedade, depende em grande medida do amor e da
solicitude com que o diretor realiza o seu serviço de acom-
panhamento e animação.
O diretor convoca e preside a Consulta Local da Família
Salesiana e promove a colaboração entre os diversos grupos.
• Assume a responsabilidade da celebração local do dia ou fes-
ta anual da Família Salesiana.
• Inclui as atividades da Família Salesiana no projeto da co-
munidade.
• Promove o estudo da Carta da Identidade carismática da
Família Salesiana de Dom Bosco, tanto na comunidade sale-
siana como entre os grupos da Família Salesiana.
• O diretor e a comunidade cultivam uma atitude de sincera
acolhida em relação aos membros da Família Salesiana.
· O diretor oferece espaço para os escritórios dos Coopera-
dores e dos Ex-Alunos e sala de reuniões no interior da casa
salesiana.
• Promove o empenho de todos os membros da Família Sale-
siana no campo da pastoral vocacional, com atenção espe-
cial às vocações relacionadas com o nosso carisma.
188

19.10 Page 190

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8. Uma comunidade aberta
O nosso lugar na vida
da Igreja
8.3 A IGREJA
152. O vivo sensus ecclesiae tem um lugar tão importante na
tradição salesiana que deve ser considerado como elemento
constitutivo do espírito salesiano (cf. C 13).
O diretor e a CEP olham para a Igreja particular como para
o espaço histórico em que a comunidade vive e exprime o
seu compromisso apostólico (cf. C 48). A Igreja local, de
fato, tem “a função original de orientar para Deus as rique-
zas humanas desse povo e fazer com que sirvam para uma
expressão particular da graça redentora” (CGE 80). O CGE
exortou-nos a encontrar o nosso lugar no contexto de vida
da Igreja, evitando tanto a mentalidade isolacionista quanto
a infundada pretensão de autonomia; ou seja, o receio de
trabalhar com os outros e uma espécie de autossuficiência
complacente.
A comunidade local acolhe com alegria o fato de a Igreja
e a Congregação compartilharem os mesmos objetivos. Na
realização da sua atividade pastoral, sempre procura estar
alinhada com as diretrizes da diocese e das conferências
episcopais (C 48). É preciso distinguir naturalmente, na
colaboração com a Igreja local, entre colaboração de tipo
ordinário ou ocasional, que não requer uma quantidade ex-
traordinária de tempo, e outros tipos de envolvimento que,
devido ao maior empenho necessário, requerem a autoriza-
ção do Inspetor.
A nossa colaboração, nas Igrejas jovens, tem uma contribui-
ção especialíssima a oferecer, mediante o nosso espírito de
predileção pelos jovens e o trabalho missionário. O trabalho
missionário é uma característica essencial da nossa Congre-
gação (cf. C 30). A missão é um “lugar privilegiado onde
realizar a missão salesiana” e o “espírito com que a realizar”.19
189

20 Pages 191-200

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20.1 Page 191

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
Colaboração mediada
pelo carisma
153. As nossas Constituições ilustram claramente as mo-
dalidades da nossa colaboração com a Igreja local: “Ofere-
cemos à Igreja particular a contribuição do trabalho e da
pedagogia salesiana e dela recebemos orientações e apoio.
Para articulação mais orgânica, compartimos iniciativas
com os grupos da Família Salesiana e com outros institutos
religiosos” (C 48). O diretor apresentará essa colaboração
aos seus irmãos e à CEP como um valor essencial, à luz da
eclesiologia de comunhão promovida pelo Concílio Vatica-
no II. Nossa colaboração, porém, é naturalmente mediada
pelo nosso carisma. Na Igreja local, de fato, existem âmbitos
que são muito próximos à nossa missão, por exemplo, o tra-
balho pastoral pelos jovens e pelas vocações, o envolvimento
com o mundo do trabalho e o povo dos bairros pobres, e no
campo da cultura e da comunicação social.
Participação em
154. O diretor promoverá também a participação na vida e
associações de religiosos
em nível nacional e
nas atividades de associações de religiosos em nível nacional
diocesano
e diocesano. Mutuae Relationes não só reconhece a existên-
cia desses organismos, como atribui a eles uma grande im-
portância: “As associações de Religiosos e de Religiosas em
nível diocesano mostram-se muito úteis; devem, pois, ser
fomentadas tendo sempre em conta a sua índole e finalida-
des específicas” (MR 59). Os carismas, como insistiu o Papa
Francisco, estão a serviço e em função da comunhão.20
Amor pela Igreja e pelo
Papa
155. Como Congregação pontifícia presente em todos os
continentes e em grande número de países, cultivamos um
forte sentido de pertença à Igreja universal, alimentando
essa mesma abertura e amor à Igreja inteira nas pessoas
com que trabalhamos, especialmente as que compartilham
a mesma fé católica.
Fiéis ao nosso Fundador cultivamos uma especial filial de-
voção ao sucessor de Pedro.
190

20.2 Page 192

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8. Uma comunidade aberta
A Sociedade Salesiana tem como supremo superior o Sumo
Pontífice, a cuja autoridade os sócios estão filialmente sub-
missos também em força do voto de obediência, disponíveis
para o bem da Igreja universal. Acolhem com docilidade
seu magistério e ajudam os fiéis, especialmente os jovens, a
aceitar os seus ensinamentos (C 125).
O diretor promoverá estas dimensões carismáticas de amor
filial pela Igreja e pelo Papa mediante os meios de animação
a sua disposição, com o apoio do conselho local.
• Em suas intervenções, conferências e outros momentos de
animação, o diretor promove o sentido de pertença à Igreja
local.
• Mediante um contato ativo com a Igreja local, ele encontra
os modos mais idôneos de participar ativamente do projeto
pastoral diocesano.
• Participa pessoalmente e encoraja a participação dos irmãos
nas iniciativas das associações diocesanas e nacionais de
religiosos.
• Promove o espírito missionário na comunidade religiosa e na
CEP, como também as formas de empenho prático pela missão
ad gentes.
• Nutre e promove o sentido de pertença à Igreja universal e
promove o conhecimento e a acolhida do magistério do Papa.
191

20.3 Page 193

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
8.4 A PRESENÇA NO TERRITÓRIO
Trabalhar em rede no
contexto civil e social,
envolvidos na defesa
e proteção dos direitos
dos jovens e dos pobres
156.O trabalho salesiano feito na CEP é, de per si, a nossa
ação e contribuição à vida do povo num determinado terri-
tório. Contudo, não está fora de lugar deter-nos novamente
neste tema, dado sobretudo que, segundo C 48, “estamos
prontos a colaborar com os organismos civis de educação e
de promoção social”.
Este tipo de colaboração também é um modo de prestar
serviço à Igreja num determinado bairro, ambiente ou terri-
tório. Onde possível, participamos do contexto civil e social,
para ser presença cristã e também exercer, sendo possível,
uma influência cristã no campo legislativo. Hoje, a fideli-
dade à nossa vocação requer essa participação, sobretudo
através da presença “leiga” de irmãos salesianos-leigos, de
leigos que participam da nossa missão e de grupos da Fa-
mília Salesiana. Como diz o CGE, “participando do dina-
mismo da Igreja, a comunidade é enviada e aberta ao serviço
dos irmãos e a todos oferecer os dons de que o Senhor a
enriqueceu. Cultiva de boamente e com vivificante espírito
de fé as relações que a ligam a outras pessoas e ambientes,
tais como os laços de parentesco, de trabalho, de inspiração
e ideal comum ou os deveres de justiça, conveniência social,
amizade, caridade” (CGE 507).
Educação social e
política
157. Envolvimento no território significa educação social e
política para preparar ‘cidadãos honestos’ que veem na parti-
cipação social e política ativa uma parte essencial da própria
responsabilidade moral, e sabem que devem ser cidadãos do
mundo.21 O CG26 fala da passagem “de uma mentalidade
assistencialista ao envolvimento dos jovens pobres para que
sejam protagonistas do próprio desenvolvimento e se em-
penhem no âmbito sociopolítico (CG26 104; cf. também
98). Os Papas recentes encorajaram os católicos, de algum
modo, a abraçarem a vocação à política como uma elevada
192

20.4 Page 194

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8. Uma comunidade aberta
O mundo digital
forma de caridade. Bento XVI, por exemplo, fez repetida-
mente apelo para uma formação dos católicos que os habili-
te a assumirem plena responsabilidade nos vários setores da
sociedade, até “suscitar uma nova geração de homens e mu-
lheres capazes de assumirem responsabilidades diretas nos
vários âmbitos do social, de modo especial no político. Mais
do que nunca, ele tem necessidade de ver pessoas, sobretudo
jovens, capazes de edificar uma ‘vida boa’ a favor e a serviço
de todos. Com efeito, a este compromisso não podem sub-
trair-se os cristãos, que são certamente peregrinos rumo ao
Céu, mas que já vivem aqui na terra uma antecipação da
eternidade”.22 O Papa Francisco também convidou os fiéis a
se interessarem e participarem de modo criativo da política.
158. Não podemos esquecer, ainda, que o território atual
não é apenas físico, mas também digital. Nos tempos de
Dom Bosco, a obra salesiana era realizada no interior de
um sistema institucional “fechado, apartado, apolítico, au-
tônomo, no qual tudo acontecia num espaço educativo de
contornos claros e, de algum modo, autossuficiente, no qual
os mestres reconhecidos por todos e bem aceitos em seu
papel eram Dom Bosco e seus ‘filhos’, e no qual reinava uma
única e simples cultura, a católica e popular do tempo, cuja
única aspiração era ser dotados de meios suficientes para a
vida quotidiana aqui na terra, à espera da recompensa celes-
te”.23 Hoje, é evidente que os salesianos já não são os úni-
cos agentes da educação, não só no sentido que o sujeito da
missão salesiana é a CEP, mas também pelo fato de a nova
tecnologia da informação – o mundo digital – ser agora um
formidável agente educativo que está provocando uma mu-
dança de cultura e de antropologia (ACG 427 17-19).
“O mundo digital, ‘novo areópago do tempo moderno’, in-
terpela-nos como educadores dos jovens: esse mundo é um
‘novo pátio’, um ‘novo oratório’, que exige a nossa presença
e estimula em nós novas formas de evangelização e educa-
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20.5 Page 195

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
ção” (CG27 62). Ser servos dos jovens, portanto, significa
empenhar-se para “entrar de modo significativo e educati-
vo no mundo digital habitado particularmente pelos jovens,
garantindo uma adequada formação profissional e ética dos
irmãos e colaboradores, aplicando o Sistema Salesiano de
Comunicação Social (CG27 75,4). Christus Vivit reconhece
a importância do mundo digitalina pastoral juvenil (cf. CV
86-90).
• O diretor, com o Conselho da CEP, estuda modos adequa-
dos de participar no contexto civil e social e colaborar com
organizações civis que atuam no campo educativo e do desen-
volvimento social.
• O diretor e o Conselho da CEP projetam e atuam propostas
para a educação sociopolítica dos jovens.
• O diretor e o conselho da CEP empenham-se em cuidar da
formação na área do mundo digital, de modo a estarem mais
preparados para o seu trabalho de educação e evangelização
neste ‘novo pátio’ e ‘novo oratório’.
194

20.6 Page 196

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Notas
1 O QdR reúne o conjunto das orientações salesianas que o precedem.
Isso explica a abundância de referências ao QdR na III parte desta edi-
ção do Manual do Diretor.
2 CG27 62; ver também 25 e 75.
3 XV Assembleia do Sínodo ordinário dos Bispos, Os jovens, a fé e o
discernimento vocacional, Documento final (2018) 21-24, 145-146; cf.
também CV 86-90.
4 CG25 70; QdR 117-118, 267.
5 ACG 363, pag. 8-9, citato in CG25 79, nota 49.
6 Isso é conhecido como o princípio de ‘inside-out’ (de dentro para fora):
iniciar mudanças em níveis mais baixos e menos complexos com a fi-
nalidade de promover a mudança em níveis mais elevados e complexos.
Cf. M. Vojtaš, Progettare e discernere. Progettazione educativo-pastorale
salesiana tra storia, teoria e proposte innovative, LAS, Roma 2015, 281.
7 M. Vojtaš, ibid., 314.
8 ACG 363 I.2. É interessante notar que o Padre Vecchi fala de dois
possíveis modos de constituir o núcleo animador, um formado por con-
sagrados e leigos salesianos e outro formado apenas por leigos, mas con-
siderando este como “complementar”.
A modalidade de referência almejada, que se deve ten-
der a realizar nos planos inspetoriais de reorganização
e redimensionamento, é aquela em que a comunidade
salesiana está presente em número e qualidade sufi-
ciente para animar, com alguns leigos, um projeto e uma
comunidade educativa, admitindo que ela consente va-
riedade de realizações quanto ao número de irmãos e
de funções. A segunda modalidade, em que só os leigos
constituem o núcleo animador imediato, é complemen-
tar, isto é, uma possibilidade aberta que resolve casos
especiais, de pessoal e de iniciativas, e olha sempre para
o “núcleo salesiano” como modelo carismático para nele
inspirar-se e apoiar-se (ACG 363 p. 9).
O CG25, como já dissemos, consolidou e ratificou a ampliação do nú-
cleo animador atuado pelo Padre Vecchi, mas não se pronunciou sobre
o tipo de obras salesianas (CG25 70, 78-81). O CG26, contudo, en-
195

20.7 Page 197

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Parte 3
Animação e governo da comunidade
O diretor e a missão
salesiana compartilhada
quanto de certo modo não dá muita atenção a essa expansão do núcleo
animador, reconhece (a) “obras geridas por uma comunidade salesiana,
núcleo animador de uma comunidade educativo-pastoral mais ampla”;
(b) atividades e obras inteiramente confiadas pelos salesianos aos leigos,
ou criadas por leigos e reconhecidas no projeto Inspetorial, segundo os
critérios indicados pelo CG24, n. 180-182”, e (c) modalidades diversifi-
cadas de gestão, não atribuídas a um modelo único, nas quais permanece
a relação entre uma comunidade local e a obra (ou mais obras), mas
esta (ou setores dela) são geridas por leigos” (CG26 120. QdR 118-119,
265-272)
9 Cf. o comentário em PV 824-826.
10 QdR 118. Ver também CG25 78, 80.
11 CG24 172; cf. 169-171.
12 XV Assembleia do Sínodo ordinário dos Bispos, Os jovens, a fé e o
discernimento vocacional, (2018) Documento Final 95-97.
13 Rossano Sala, Il segno della Comunità Educativo-Pastorale. Profezia
di fraternità nello spirito e nella missione salesiana oggi. Fare di ogni CEP la
casa e la scuola della comunione, Atti Convegno Nazionale sulla Comuni-
tà Educativo-Pastorale, Salesianum - Roma, 16-19 de fevereiro de 2017
(Roma, 2017) 66-67.
14 Cf. ACG 363 p. 4-6. Os demais elementos do modelo são a CEP, o
núcleo animador e o conhecimento da situação e da mentalidade dos
jovens.
15 Cf. Dicastérios das missões e da formação, Formação missionária dos
Salesianos de Dom Bosco (2014).
16 Cf. Dicastério da comunicação social, Sistema Salesiano de Comunica-
ção Social (2011).
17 Carta 46.
18 Carta 3.
19 ACS 267 18ss. Cf. também CG27 p. 130; ACG 421 22-25.
196

20.8 Page 198

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Notas
20 Carta Apostólica do Santo Padre Francisco a todos os consagrados por oca-
sião do Ano da Vida Consagrada (21 de novembro de 2014) 3.
21 P. Chávez, “Cristianità e prevenzione”, L’educatore oggi: tratti per un
profilo di san Giovanni Bosco. Seminario di studio, ed. Cosimo Laneve,
Università di Ateneo 11 [Bari], Servizio Editoriale Universitario, 2007,
11-28.
22 Assembleia do segundo encontro de Aquileia, Discurso do Santo Padre
Bento XVI, Basílica de Aquileia, 7 de maio de 2011. Ver também CV
86-90).
23 P. Chávez, ibid. 5
197

20.9 Page 199

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Conclusão
Animação e governo da comunidade
198

20.10 Page 200

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CONCLUSÃO
Estímulos e
contribuições da Igreja e
da Congregação
159. Esta nova edição do Manual do Diretor procurou in-
corporar, com sucesso ou não, os estímulos e as contribui-
ções provenientes da Igreja e da Congregação nos últimos
trinta anos. A própria estrutura do texto revela as atenções
prevalentes nos últimos Capítulos Gerais: a perspectiva
dada pela nossa consagração apostólica (CG26 e CG27),
o diretor na comunidade religiosa salesiana (especialmente,
ainda que não exclusivamente, no CG25), o diretor e a co-
munidade religiosa na CEP (CG23 e CG24).
Frère parmi ses frères,
homme de la foi et de la
joie
160. Com a centralidade do papel do diretor na nossa tradi-
ção, o manual talvez possa parecer que pede muito de uma
só pessoa. Contudo, devemos ter presente que o documento
“Para vinho novo odres novos” referiu-se ao modelo relacio-
nal da autoridade, com a passagem da centralidade do papel
da autoridade à centralidade da dinâmica da fraternidade.
Hoje, nenhum indivíduo, por mais brilhante que seja, pode
carregar todo o peso da autoridade. O diretor salesiano,
embora mantendo a sua autoridade pessoal, permanece um
irmão entre irmãos, um irmão que crê e espera profunda-
mente, porque sabe que lhe foi dado o dom do amor, como
a Pedro ( Jo 21,15-17). Vive com uma profunda consciência
dos limites, seus e da sua comunidade, e com profunda sen-
sibilidade para com seus irmãos e irmãs, e sobretudo para
com as necessidades dos jovens às margens da vida.
Sabe, pois, que o serviço que lhe foi confiado comporta so-
frimento, e como Dom Bosco e Mamãe Margarida, volta
seu olhar para a cruz. Mas vive também com a serenidade e
a alegria de quem sabe que o mundo foi salvo. Poderia não
ter todos os dons que os nossos documentos e também os ir-
mãos e colaboradores esperam que tenha, mas pode sempre
ser um crente e um irmão que sabe como manter a sua co-
munidade aberta e hospitaleira, abrindo suas portas a todos
numa comunhão que se expande em círculos concêntricos.
Está ciente, naturalmente, de que o seu papel envolve a res-
199

21 Pages 201-210

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21.1 Page 201

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Conclusion
Animação e governo da comunidade
ponsabilidade de governo, e aceita, segundo o seu tempera-
mento, tudo o que ele comporta.
Dans l’humble confiance
en Marie et en nos
célestes protecteurs
161. Com seus irmãos, o diretor entrega-se confiante aos
nossos protetores celestes, a todos os que nos precederam
e, sobretudo, a Maria, mãe e mestra, mulher corajosa (Pr
31,10) que sabe quando pedir ajuda, quando ficar ao pé da
cruz, quando simplesmente conservar as coisas em seu co-
ração, vivendo na presença da nuvem luminosa da vontade
do Pai.
Aos 26 anos de idade, Miguel Rua, tornou-se o primeiro
diretor da Congregação em Mirabello. A ele Dom Bosco
deu o primeiro Manual do Diretor, escrito de próprio pu-
nho, com as preciosas palavras “Procura fazer-te amar”, que
agora estão gravadas na cruz entregue a todos os irmãos na
profissão perpétua. O Padre Rua, a ‘regra viva’, é o primeiro
e melhor intérprete do que Dom Bosco queria que fossem
os seus salesianos e os seus diretores. Com as palavras de
Dom Bosco, que ressoam em nossos ouvidos –“Vós comple-
tareis a obra que eu inicio; eu faço o esboço, vós colocareis as
cores” (MB XI, 309) – peçamos ao Beato Miguel Rua que
interceda por nós para que possamos ser fiéis intérpretes do
pensamento do nosso Pai e Fundador.
200

21.2 Page 202

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APÊNDICE 1:
AS ‘LEMBRANÇAS CONFIDENCIAIS’
DE DOM BOSCO AOS DIRETORES
Apresentamos aqui a última versão das Lembranças Confiden-
ciais aos Diretores, datada em 8 de dezembro de 1886, cerca
de um ano antes da morte de Dom Bosco.1 A origem deste do-
cumento é o texto que Dom Bosco entregara ao Padre Rua em
1863 quando, aos 26 anos de idade, o enviou como diretor em
Mirabello, primeira casa salesiana fora de Turim. Os vinte e
seis pontos da carta original ao Padre Rua foram enriquecidos
de novos conteúdos ao longo dos anos.
Contigo mesmo
1° Nada te perturbe.
2° Evita as austeridades na alimentação. As tuas mortifica-
ções consistam na diligência nos teus deveres e em suportar
as moléstias causadas por outros. Todas as noites repousarás
por sete horas. Prescreve-se uma hora a mais ou a menos
para ti e para os outros, quando houver alguma causa razoá-
vel. Isso é útil para a tua saúde e para a dos teus dependentes.
3° Celebra a santa missa e recita o breviário pie, attente ac
devote. Isso para ti e para os teus dependentes.
4° Nunca omitir a meditação todas as manhãs, e ao longo do
dia uma visita ao Santíssimo Sacramento. O restante, como
está disposto nas Regras da Sociedade.
5° Procura fazer-te amar, mais do que fazer-te temer. A
caridade e a paciência te acompanhem constantemente ao
mandar, ao corrigir, e faze com que cada uma das tuas ações
e palavras mostrem que buscas o bem das almas. Tolera
qualquer coisa quando se trata de impedir o pecado. Tuas
solicitudes se voltem para o bem espiritual, sanitário e cien-
tífico dos jovens que a divina Providência te confiar.
201

21.3 Page 203

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Apêndice 1
Animação e governo da comunidade
6° Nas coisas de maior importância faze sempre uma breve
elevação do coração a Deus antes de deliberar. Quando te re-
latam algo, escuta tudo, mas procura esclarecer bem os fatos e
ouvir ambas as partes antes de julgar. Não raro algumas coisas
parecem uma trave ao primeiro relato, não passam de palha.
Com os professores
1° Procura que aos professores não falte nada do que lhes
for necessário para o alimento e a roupa. Leva em conta as
suas fadigas, e quando doentes ou simplesmente indispos-
tos, manda logo alguém substituí-los na aula.
2º Fala muitas vezes com eles separada ou simultaneamente;
observa se não são demasiadas as suas ocupações; se lhes fal-
tam roupas, livros; se têm algum sofrimento físico ou moral;
ou então, se em suas aulas têm alunos que precisam de cor-
reção ou de atenção especial quanto à disciplina, ao modo e
grau de ensinamento. Conhecida alguma necessidade, faze
o que puderes para providenciar a solução.
3° Mediante conferências apropriadas recomenda que in-
terroguem indistintamente todos os alunos da classe; que
leiam por turnos os trabalhos de cada um. Fujam das amiza-
des particulares e da parcialidade, e nunca levem alunos ou
outras pessoas para o próprio quarto.
4° Devendo dar incumbências ou avisos aos alunos, usem
uma sala ou um aposento destinado a esta finalidade.
5° Quando ocorrerem solenidades, novenas ou festas em
honra de Maria Santíssima, de algum santo padroeiro do
lugar, do colégio, ou algum mistério da nossa santa religião,
comuniquem a celebração com breves palavras, mas que isso
nunca seja omitido.
202

21.4 Page 204

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Apêndice 1: As ‘Lembranças Confidenciais’ de Dom Bosco aos diretores
6° Cuide-se para que os professores nunca mandem algum
aluno embora da classe, e quando forem absolutamente
obrigados a isso, façam com que ele seja acompanhado até
o superior. Como também nunca batam nos alunos negli-
gentes ou delinquentes, por nenhum motivo. Acontecendo
alguma coisa grave, avise-se imediatamente o diretor dos
estudos ou o superior da casa.
7° Os professores, fora da aula, não exerçam nenhuma auto-
ridade sobre os seus alunos, e se limitem a conselhos, avisos
ou, no máximo, às correções que a caridade bem entendida
permite ou sugere.
Com os assistentes e os chefes de dormitório
1° O que foi dito quanto aos professores, em grande parte
pode-se aplicar também aos assistentes e aos chefes de dor-
mitório.
2° Procura distribuir as ocupações de tal modo que tanto
eles quanto os professores tenham tempo e comodidade
para atender aos próprios estudos.
3° Procura entreter-te de bom grado com eles para ouvir
seu parecer quanto ao comportamento dos jovens que lhes
foram confiados. A parte mais importante dos seus deveres
consiste em estar pontualmente no lugar onde os jovens se
reúnem para o repouso, as aulas, o trabalho, os recreios e
semelhantes.
4° Notando que algum deles tem amizade particular com
algum aluno, ou que a tarefa que lhe foi confiada ou que sua
moralidade está em perigo, com toda prudência mudarás
sua ocupação; se o perigo continuar, avisarás imediatamente
o teu superior.
203

21.5 Page 205

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Apêndice 1
Animação e governo da comunidade
5° De vez em quando reúne os professores, os assistentes, os
chefes de dormitório, e a todos dirás que cuidem para im-
pedir más conversas, afastar qualquer livro, escrito, imagem,
pintura (hic scientia est) e qualquer outra coisa que ponha
em perigo a rainha das virtudes, a pureza. Deem bons con-
selhos, usem de caridade para com todos.
6° Seja objeto de comum solicitude descobrir os alunos que
forem perigosos; descobertos, insiste para que te sejam in-
dicados os nomes.
Com os coadjutores e as pessoas de serviço
1° Faze de tal modo que todas as manhãs possam assistir a
santa missa e aproximar-se dos santos sacramentos segundo
as Regras da Sociedade. As pessoas de serviço sejam exorta-
das a se confessarem cada quinze dias ou uma vez por mês.
2° Usa de grande caridade no mandar, mostrando com as
palavras e os fatos que desejas o bem das suas almas: vigia
especialmente para que não se contraia familiaridade com
os jovens ou com pessoas externas.
3° Nunca permitir que entrem mulheres nos dormitórios ou
na cozinha, nem que tratem com alguém da casa, a não ser
por caridade ou absoluta necessidade.
4° Surgindo dissensões ou rixas entre as pessoas de serviço,
os assistentes, os jovens ou outras pessoas, ouve cada um
com bondade, mas normalmente exprimirás separadamente
o teu parecer de tal modo que um não ouça o que se diz do
outro.
5° Para as pessoas de serviço seja estabelecido como che-
fe um coadjutor de conhecida probidade, que acompanhe
204

21.6 Page 206

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Apêndice 1: As ‘Lembranças Confidenciais’ de Dom Bosco aos diretores
seus trabalhos e vigie quanto à sua moralidade, para que
não aconteçam furtos, nem se tenham más conversas. Haja
constante solicitude para impedir que alguém assuma en-
cargos por conta própria, tarefas referentes aos parentes ou a
outras pessoas externas, seja quem for.
Com os jovens alunos
1° Nunca aceitarás alunos expulsos de outros colégios ou a res-
peito dos quais conste que têm maus costumes. Se apesar de
toda cautela, ocorrer aceitar algum desse tipo, encarrega logo
um colega exemplar para que o assista e nunca o perca de vista.
Caso cometa faltas em assuntos imorais, seja avisado apenas
uma vez, e se recair, seja imediatamente mandado para casa.
2° Procura fazer-te conhecer pelos alunos e conhecê-los,
passando com eles todo o tempo possível, empenhando-te
em dizer-lhes ao ouvido alguma palavra afetuosa, como bem
sabes, à medida que fores descobrindo a necessidade. Esse é
o grande segredo que te fará dono do seu coração.
3° Talvez perguntes: – Que palavras são essas? Aquelas que
no passado, em geral, foram ditas a ti. Por exemplo: Como
vais? – Bem. – E quanto à alma? – Mais ou menos. – Tu de-
verias ajudar-me numa grande empresa; estás disposto a me
ajudar? – Sim, mas em quê? – A tornar-te bom; ou então: a
salvar a tua alma; ou ainda: a tornar-te o melhor dos nossos
jovens. Com os mais levianos: – Quando queres começar?
– O quê? – A ser a minha consolação; a ter o comporta-
mento de São Luís. Aos que são um pouco retraídos quanto
aos santos sacramentos: – Quando queres que quebremos
os chifres do demônio? – De que modo? – Com uma boa
confissão. – Quando quer? – O mais cedo possível. Outras
vezes: – Quando lavaremos a roupa? Ou então: Estás dis-
posto a me ajudar a quebrar os chifres do demônio? Queres
205

21.7 Page 207

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Apêndice 1
Animação e governo da comunidade
que sejamos dois amigos para os negócios da alma? Haec aut
similia.
4° Nas nossas casas, o diretor é o confessor ordinário; por
isso, mostra que ouves de bom grado em confissão a cada
um, mas deixa ampla liberdade de se confessarem com ou-
tros, se assim quiserem. Dá claramente a conhecer que nas
votações sobre o comportamento moral tu não tomas par-
te, e procura afastar qualquer sombra de suspeita de que te
servirás, ou mesmo de que te lembrarás, do que te foi dito
em confissão. Nem uses o mínimo sinal de parcialidade com
quem prefere confessar-se com este e não com aquele.
5° O Pequeno Clero, a Companhia de São Luís, do Santís-
simo Sacramento, da Imaculada Conceição sejam recomen-
dadas e promovidas. Demonstra benevolência e satisfação
para com os que nelas estão inscritos; mas tu serás somente
o promotor, não o diretor delas; considera essas coisas como
próprias dos jovens, cuja direção é confiada ao catequista.
6° Quando descobrires alguma falta grave, chama imediata-
mente para o teu aposento o culpado ou o suspeito do fato, e
da maneira mais caridosa procura fazer com que ele declare
a culpa e o erro em tê-la cometido; em seguida corrige-o
e convida-o a acertar os assuntos da sua consciência. Com
este meio e continuando a assistir benevolamente o aluno,
foram obtidos efeitos maravilhosos e mudanças de vida que
pareciam impossíveis.
Com os externos
1° Prestemos de bom grado a nossa colaboração para com
o serviço religioso, a pregação, celebrar missas para a co-
modidade do público e ouvir as confissões, sempre que a
caridade e os deveres do próprio estado o permitirem, espe-
206

21.8 Page 208

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Apêndice 1: As ‘Lembranças Confidenciais’ de Dom Bosco aos diretores
cialmente em favor da paróquia cujos limites confinam com
a nossa casa. Nunca, porém, se assumam compromissos ou
outras tarefas que comportem ausência do estabelecimento
ou possam impedir os encargos confiados a cada um.
2° Por cortesia, às vezes, sejam convidados sacerdotes exter-
nos para as pregações ou para outros empenhos, por ocasião
de solenidades, de apresentações musicais ou coisas seme-
lhantes. Esse mesmo convite seja feito às autoridades e a
todas as pessoas caridosas ou beneméritas por favores que
nos prestaram ou que estejam em condições de prestar.
3° A caridade e a cortesia sejam as notas características de
um diretor para com os internos e para com os externos.
4º Em questões de coisas materiais sê condescendente em
tudo o que puderes, mesmo com algum prejuízo, contan-
to que se afaste qualquer motivo de discussão ou coisa que
possa fazer perder a caridade.
5º Se se trata de coisas espirituais, as questões se resolvam
sempre de modo a poderem redundar na maior glória de
Deus. Empenhos, caprichos, espírito de vingança, amor
próprio, razões, pretensões e também honra, tudo se deve
sacrificar para evitar o pecado.
6º Nas coisas de grave importância é bom pedir tempo para
rezar e solicitar conselho a alguma pessoa pia e prudente.
Com os da Sociedade
1° A observância exata das Regras e especialmente da obe-
diência é a base de tudo. Mas, se quiseres que os outros obe-
deçam a ti, sê tu obediente aos teus superiores. Ninguém é
capaz de mandar se não é capaz de obedecer.
207

21.9 Page 209

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Apêndice 1
Animação e governo da comunidade
2º Procura dividir as coisas de maneira que ninguém fique
muito sobrecarregado de incumbências, mas faze com que
cada um cumpra fielmente as que lhe são confiadas.
3° Ninguém da Congregação faça contratos, receba dinhei-
ro, faça trocas ou empréstimos aos parentes, aos amigos ou a
outras pessoas. Ninguém conserve dinheiro ou administra-
ção de coisas temporais sem estar diretamente autorizado
pelo superior. A observância deste artigo manterá longe a
peste mais fatal para as congregações religiosas.
4º Abomina como veneno as modificações das Regras. Sua
observância exata é melhor do que qualquer mudança. O
ótimo é inimigo do bom.
5º O estudo, o tempo e a experiência fizeram-me comprovar
que a gula, o interesse e a vanglória foram a ruína de congre-
gações muito flóridas e de respeitáveis ordens religiosas. Os
anos farão conhecer também a ti verdades que agora talvez
te pareçam incríveis.
6º Máxima solicitude em promover com palavras e fatos a
vida comum.
Ao mandar
1° Nunca ordenes coisas que julgas superiores às forças dos
subalternos ou quando prevês que não serás obedecido. Evita
ordens inaceitáveis; antes, tem o máximo cuidado em favo-
recer as inclinações de cada um, confiando de preferência os
encargos que se sabe serem de maior agrado a este ou àquele.
2º Nunca mandar coisas prejudiciais à saúde ou que im-
peçam o necessário repouso ou venham a chocar-se com
outras incumbências ou ordens de outro superior.
208

21.10 Page 210

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Apêndice 1: As ‘Lembranças Confidenciais’ de Dom Bosco aos diretores
3º Ao mandar, usem-se sempre maneiras e palavras carido-
sas e delicadas. As ameaças, a ira, particularmente a violên-
cia, estejam sempre longe das tuas palavras e atos.
4º No caso de se dever ordenar coisas difíceis ou repugnan-
tes ao subalterno, diga-se, por exemplo: Poderias fazer isto
ou aquilo? Ou então: Tenho uma coisa importante de que
não te queria incumbir porque é difícil, mas não encontro
outro como tu para fazê-la. Terias tempo, saúde, e não há
outra ocupação que te impeça, etc.? A experiência mostrou
que modos assim, empregados a tempo, têm muita eficácia.
5º Faça-se economia em tudo, de maneira, porém, que abso-
lutamente nada venha a faltar aos doentes. Por outra parte,
faça-se notar a todos que fizemos voto de pobreza, por isso
não devemos procurar nem desejar comodidades em nada.
Devemos amar a pobreza e os companheiros da pobreza.
Evitar, pois, toda despesa não absolutamente necessária nas
roupas, nos livros, na mobília, nas viagens etc.
Este é como um testamento que mando aos diretores das
casas particulares. Se tais avisos forem postos em prática,
morrerei tranquilo, porque estarei seguro de que a nossa So-
ciedade será cada vez mais florescente diante dos homens e
abençoada pelo Senhor, e conseguirá o seu escopo, que é a
maior glória de Deus e a salvação das almas.
Afeiçoadíssimo em Jesus Cristo
Sac. João Bosco
Turim, 1886, festa da Imaculada Conceição de Maria santíssima,
45° aniversário de fundação do Oratório
1 Instituto Histórico Salesiano, Fontes salesianas. 1. Dom Bosco e sua
obra. Coletânea antológica, EDEBÊ, Brasília, 2014, 498-504.
209

22 Pages 211-220

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22.1 Page 211

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22.2 Page 212

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APÊNDICE 2:
O SUPERIOR LOCAL NO CÓDIGO
DE DIREITO CANÔNICO
Apresentam-se os cânones do Código de Direito Canônico (CDC)
que ser referem ao Superior local. A hierarquia normativa é evocada
no art. 191 das Constituições: “A vida e a ação das comunidades e
dos irmãos são regidas pelo direito universal da Igreja e pelo direito
próprio da Sociedade. Este último encontra-se expresso nas Consti-
tuições, que representam o nosso código fundamental, nos Regula-
mentos Gerais, nas deliberações do Capítulo-Geral, nos Diretórios
gerais e inspetoriais e noutras decisões das autoridades competentes”.
Para o aprofundamento de cada cânon, envia-se aos Comentários
ao CDC e outros estudos específicos nas várias línguas.
PODERES, FACULDADES, DEVERES,
OBRIGAÇÕES
Can. 596 – Poder pessoal e colegiado
§ 1. Os superiores e os capítulos dos institutos têm sobre
os membros poder definido pelo direito universal e pelas
Constituições.
§ 2. Nos institutos religiosos clericais de direito pontifício,
porém, têm ainda o poder eclesiástico de regime para o foro
externo e interno.
§ 3. Ao poder mencionado no § 1 aplicam-se as prescri-
ções dos cân. 131 [poder ordinário e delegado] , 133 [limites do
mandato de delegação], 137-144 [modalidades de exercício do
poder executivo].
Can. 608 - A casa religiosa
A comunidade religiosa deve habitar em casa legitimamen-
te constituída, sob a autoridade do Superior designado de
acordo com o direito; cada casa tenha ao menos um ora-
tório, onde se celebre e se conserve a Eucaristia, a qual seja
verdadeiramente o centro da comunidade.
Can. 617 – Modalidade de exercício do poder
Os Superiores desempenhem seu ofício e exerçam seu poder
de acordo com o direito universal e com o direito próprio.
211

22.3 Page 213

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Apêndice 2
Animação e governo da comunidade
Can. 618 – Espírito de serviço
Os Superiores exerçam em espírito de serviço o seu poder,
recebido de Deus pelo ministério da Igreja. Dóceis, portan-
to, à vontade de Deus no desempenho do cargo, governem
seus súditos como a filhos de Deus, e promovam, com todo o
respeito à pessoa humana, a obediência voluntária deles; ou-
çam-nos de bom grado e promovam a colaboração deles para
o bem do instituto e da Igreja, mantendo-se, entretanto, firme
sua autoridade de decidir e prescrever o que deve ser feito.
Can. 619 – Deveres do Superior
Os Superiores se dediquem diligentemente a seu ofício e,
juntamente com os membros que lhes estão confiados, se
esforcem para construir uma comunidade fraterna em Cris-
to, na qual se busque e se ame a Deus antes de tudo. Nutram,
pois, os membros com o alimento frequente da Palavra de
Deus e os levem à celebração da sagrada liturgia. Sirvam-
-lhes de exemplo no cultivo das virtudes e na observância
das leis e tradições do próprio instituto; atendam conve-
nientemente às suas necessidades pessoais; tratem com soli-
citude e visitem os doentes, corrijam os rebeldes, consolem
os desanimados, sejam pacientes com todos.
Can. 623 - Designação
Para que os membros sejam validamente nomeados ou elei-
tos para o ofício de Superior, requer-se tempo conveniente
depois da profissão perpétua ou definitiva, a ser determina-
do pelo direito próprio, ou, tratando-se de Superiores maio-
res, pelas constituições.
Can. 624 – Duração do cargo
§1. Os Superiores sejam constituídos por determinado e
conveniente período de tempo, segundo a natureza e a ne-
cessidade do instituto, a não ser que as constituições deter-
minem o contrário para o Moderador supremo e para os
Superiores de uma casa sui iuris.
§ 2. O direito próprio providencie, mediante normas ade-
212

22.4 Page 214

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Apêndice 2: O Superior local no Código de Direito Canônico
quadas, que os Superiores constituídos por tempo determi-
nado não permaneçam durante muito tempo sem interrup-
ção em ofícios de governo.
§ 3. Podem, porém, durante o encargo, ser destituídos do
ofício ou transferidos para outro por causas determinadas
pelo direito próprio.
Can. 627 – O Conselho, obrigatoriedade e competências
§ 1. De acordo com as constituições, tenham os Superiores
o próprio Conselho, de cujo auxílio usem no exercício do
cargo.
§ 2. Além dos casos prescritos no direito universal, o direito
próprio determine os casos em que, para agir validamente,
se requer o consentimento ou o conselho, que deve ser soli-
citado de acordo com o cân. 127.
Can. 629 – A obrigação da residência
Os Superiores residam cada qual em sua casa, e não se afas-
tem dela, a não ser de acordo com o direito próprio.
Can. 630 – Normas para a confissão e a direção de cons-
ciência
§ 1. Os Superiores respeitem a justa liberdade dos membros
quanto ao sacramento da penitência e à direção de cons-
ciência, salva, porém, a disciplina do instituto.
§ 2. Os Superiores, de acordo com o direito, sejam solícitos
em que haja, à disposição dos membros, confessores idôneos
com os quais estes possam confessar-se frequentemente.
§ 3. Nos mosteiros de monjas, nas casas de formação e nas
comunidades laicais mais numerosas, haja confessores ordi-
nários, aprovados pelo Ordinário local após consulta à co-
munidade, sem haver, contudo, nenhuma obrigação de ir ter
com eles.
§ 4. Os Superiores não ouçam confissões dos súditos, a não
ser que eles o peçam espontaneamente.
§ 5. Os membros procurem com confiança os Superiores, po-
213

22.5 Page 215

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Apêndice 2
Animação e governo da comunidade
dendo abrir-lhes livre e espontaneamente o próprio ânimo.
Os Superiores, porém, são proibidos de induzi-los, de qual-
quer modo que seja, a manifestar-lhes a própria consciência.
Can. 636 - Ecônomo distinto do Superior local
§ 1. Em todos os institutos e, de modo semelhante, em to-
das as províncias governadas por um Superior maior, haja
um ecônomo, distinto do Superior maior e constituído de
acordo com o direito próprio, que administre os bens sob a
direção do respectivo Superior. Também nas Comunidades
locais se constitua, quanto possível, um ecônomo distinto do
Superior local.
Can. 661 – O devido cuidado para a formação permanen-
te os irmãos
Por toda a vida, os religiosos continuem diligentemente sua
formação espiritual, doutrinal e prática; os Superiores pro-
porcionem a eles meios e tempo para isso.
Can. 665 – A busca do religioso que se tenha afastado ile-
gitimamente da casa
§2. Quem permanecer ilegitimamente fora da casa religiosa,
com a intenção de se subtrair ao poder dos Superiores, seja
por eles procurado com solicitude e ajudado para que retor-
ne e persevere na sua vocação.
Can. 687 – O cuidado do religioso exclaustrado
O exclaustrado é liberado das obrigações que não se podem
harmonizar com sua nova condição de vida e permanece sob
a dependência e o cuidado de seus Superiores e também do
Ordinário local, principalmente se se trata de clérigo. Pode
usar o hábito do instituto, se o indulto não estabelecer o
contrário. Mas não tem voz ativa e passiva.
Can. 703 – A expulsão imediata da casa religiosa1
Em caso de grave escândalo externo ou de gravíssimo perigo
iminente para o instituto, alguém pode ser imediatamente
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22.6 Page 216

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Apêndice 2: O Superior local no Código de Direito Canônico
expulso da casa religiosa pelo Superior maior, ou, havendo
perigo na demora, pelo Superior local com o consentimento
de seu Conselho. Se necessário, o Superior maior cuide da
instrução do processo de demissão de acordo com o direito,
ou então leve a questão à Sé Apostólica.
Can. 911 – A administração do viático aos irmãos enfer-
mos
§ 1. Têm dever e direito de levar a santíssima Eucaristia
como viático aos doentes o pároco e os vigários paroquiais,
os capelães, como também o Superior da comunidade nos
institutos religiosos clericais ou nas sociedades de vida apos-
tólica, em relação a todos os que se encontram na casa.
Can. 1179 – As exéquias dos irmãos defuntos
As exéquias de religiosos ou de membros de sociedade de
vida apostólica sejam celebradas na própria igreja ou ora-
tório pelo Superior, se o instituto ou sociedade for clerical;
caso contrário, pelo capelão.
Can. 1196 – A faculdade de dispensar dos votos privados
Além do Romano Pontífice, podem dispensar dos votos
particulares, por justa causa, contanto que a dispensa não
lese os direitos adquiridos por outros:
1°- o Ordinário local e o pároco, em relação a todos os seus
súditos e também aos forasteiros;
2°- o Superior de instituto religioso ou de sociedade de vida
apostólica, se forem clericais de direito pontifício, em rela-
ção aos membros, noviços e pessoas que vivem dia e noite
numa casa do instituto ou da sociedade;
3°- aqueles aos quais o poder de dispensar tiver sido delega-
do pela Sé Apostólica ou pelo Ordinário local.
Can. 1203 – A faculdade de dispensar do juramento pro-
missório
Aqueles que podem suspender, dispensar, comutar o voto,
têm também, e por igual razão, poder quanto ao juramen-
215

22.7 Page 217

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Apêndice 2
Animação e governo da comunidade
to promissório; mas, se a dispensa do juramento redun-
dar em prejuízo a outros que não queiram liberar dessa
obrigação, somente a Sé Apostólica pode dispensar do
juramento.
Cân. 1245 – Dos tempos sagrados
Sem prejuízo do direito dos Bispos diocesanos consignado
no cân. 87, o pároco, por causa justa e segundo as prescrições
do Bispo diocesano, pode, em cada caso, conceder a dispen-
sa da obrigação de guardar um dia festivo ou um dia de
penitência ou a comutação em outras obras pias; o mesmo
poder tem o Superior do instituto religioso ou da sociedade
de vida apostólica, se forem clericais de direito pontifício,
com respeito aos próprios súbditos e a outras pessoas que
vivam dia e noite na casa.
IGREJA DIOCESANA E ATIVIDADES APOSTÓLICAS
Can. 463 – Participação no sínodo diocesano
§ 1. Devem ser chamados para o sínodo diocesano como
seus membros, e têm obrigação de participar dele:
[…]
9° alguns Superiores de institutos religiosos e sociedades
de vida apostólica que têm casa na diocese, a serem eleitos
de acordo com o número e modo determinados pelo Bispo
diocesano.
Can. 677 – Fidelidade à missão e às obras próprias do Ins-
tituto e prudente atualização
§ 1. Superiores e súditos mantenham fielmente a missão
e as obras próprias do instituto; entretanto, as adaptem
com prudência, levando em conta as necessidades de tem-
po e lugar, usando também de meios novos e oportunos.
§ 2. Os institutos, porém, se tiverem associações de fiéis que
lhes estejam unidas, ajudem-nas com especial cuidado, a fim
de se impregnarem do genuíno espírito de sua família.
216

22.8 Page 218

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Apêndice 2: O Superior local no Código de Direito Canônico
Can. 678 – Relações com o Bispo diocesano
§ 1. Os religiosos estão sujeitos ao poder dos Bispos, aos
quais devem obedecer, com devotado respeito e reverência,
no que se refere à cura de almas, ao exercício público do
culto divino e às outras obras de apostolado.
§ 2. No exercício do apostolado externo, os religiosos estão
sujeitos também aos próprios Superiores e devem perma-
necer fiéis à disciplina do instituto; os próprios Bispos, se
necessário, não deixem de urgir essa obrigação.
§ 3. Na organização das atividades apostólica dos religiosos,
é necessário que os Bispos diocesanos e os Superiores reli-
giosos procedam com mútuo entendimento.
Can. 778 – Cuidado com a instrução catequética
Os Superiores religiosos e de sociedade de vida apostólica
cuidem que, em suas igrejas, escolas e outras obras de algum
modo a eles confiadas, seja diligentemente ministrada a for-
mação catequética.
Can. 968 – Faculdade de ouvir as confissões
1. Em virtude de seu ofício, dentro de sua jurisdição, têm
faculdade de ouvir confissões o Ordinário local, o cônego
penitenciário, o pároco e os outros que estão em lugar do
pároco.
§ 2. Em virtude de seu ofício, têm faculdade de ouvir con-
fissões dos súditos e de outros que vivem dia e noite na casa
os Superiores de instituto religioso ou de sociedade de vida
apostólica, se forem clericais de direito pontifício, que ti-
verem, de acordo com as constituições, poder executivo de
regime, salva a prescrição do cân. 630, § 4.
Can. 969 – Competência do Ordinário do lugar e faculda-
de de delegação do Superior local
§ 1. Só o Ordinário local é competente para dar a quaisquer
presbíteros a faculdade para ouvirem confissões de todos os
fiéis; todavia, os presbíteros de institutos religiosos não a
217

22.9 Page 219

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Apêndice 2
Animação e governo da comunidade
usem sem a licença, ao menos presumida, de seu Superior.
§ 2. O Superior de instituto religioso ou de sociedade de vida
apostólica, mencionado no cân. 968, § 2, tem competência para
conceder a quaisquer presbíteros a faculdade de ouvir confis-
sões de seus súditos e de outros que vivem dia e noite na casa.
ATOS QUE EXIGEM CONSENSO, PARECER, LICENÇA
Can. 119 – Eleições e outros atos colegiados
No que se refere aos atos colegiais, salvo determinação con-
trária do direito ou dos estatutos:
1°- tratando-se de eleições, tem força de direito aquilo que,
presente a maior parte dos que devem ser convocados, tiver
agradado à maioria absoluta dos presentes; depois de dois
escrutínios ineficazes, faça-se a votação entre os dois can-
didatos que tiverem conseguido a maior parte dos votos, ou
se forem mais, entre os dois mais velhos de idade; depois
do terceiro escrutínio, persistindo a paridade, considere-se
eleito o mais velho de idade;
2°- tratando-se de outros negócios, tem força de direito
aquilo que, presente a maior parte dos que devem ser con-
vocados, tiver agradado à maioria absoluta dos presentes; se
depois de dois escrutínios os votos forem iguais, o presiden-
te pode, com seu voto, dirimir a paridade;
3°- o que, porém, atinge individualmente a todos, deve por
todos ser aprovado.
Can. 127 – Atos que exigem o conselho ou o parecer de
um colégio, de um grupo ou de indivíduos2
1. Quando é estatuído pelo direito que, para praticar certos
atos, o Superior necessita do consentimento ou conselho
de algum colégio ou grupo de pessoas, o colégio ou grupo
deve ser convocado de acordo com cân. 166, a não ser que
haja determinação contrária do direito particular ou pró-
prio, quando se tratar unicamente de pedir conselho. Mas,
para que os atos sejam válidos, requer-se que se obtenha o
218

22.10 Page 220

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Apêndice 2: O Superior local no Código de Direito Canônico
consentimento da maioria absoluta dos que estão presentes,
ou se peça o conselho de todos.
§ 2. Quando é estatuído pelo direito que, para praticar cer-
tos atos, o Superior necessita do consentimento ou conselho
de algumas pessoas tomadas individualmente:
1°- se for exigido consentimento, é inválido o ato do Supe-
rior que não pedir o consentimento dessas pessoas ou que
agir contra o voto de todas ou de algumas delas;
2°- se for exigido conselho, é inválido o ato do Superior que
não ouvir essas pessoas; o Superior, embora não tenha ne-
nhuma obrigação de ater-se ao voto delas, mesmo unânime,
todavia, sem uma razão que seja superior, segundo o próprio
juízo, não se afaste do voto delas, principalmente se unânime.
§ 3. Todos aqueles cujo consentimento ou conselho é reque-
rido devem manifestar sinceramente a própria opinião e, se
a gravidade do negócio o exige, guardar diligentemente o
segredo; essa obrigação pode ser urgida pelo Superior.3
Can. 307 – Licença para que um religioso possa participar
de uma associação
§ 3. Os membros de institutos religiosos podem inscrever-
-se em associações, de acordo com o direito próprio e com o
consentimento do Superior.
Can. 638 – Licença para realizar atos de administração
extraordinária, alienações e outros negócios jurídicos
§ 1. Compete ao direito próprio, dentro do âmbito do direi-
to universal, determinar os atos que excedam os limites e o
modo da administração ordinária e estabelecer o que é ne-
cessário para praticar validamente um ato de administração
extraordinária.
§ 2. Além dos Superiores, fazem validamente despesas e
atos de Administração ordinária, dentro dos limites de seu
cargo, os oficiais para tanto designados no direito próprio.
§ 3. Para a validade de uma alienação e de qualquer negócio
em que a condição patrimonial da pessoa jurídica pode tor-
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23 Pages 221-230

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23.1 Page 221

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Apêndice 2
Animação e governo da comunidade
nar-se pior, requer-se a licença escrita do Superior compe-
tente com o consentimento de seu Conselho. Tratando-se,
porém, de negócio que ultrapasse a soma determinada pela
Santa Sé para cada região, de ex-votos dados à Igreja ou de
coisas preciosas por valor artístico ou histórico, requer-se
ainda a licença da própria Santa Sé.
Can. 665 – Licença para que um religioso possa ausentar-
-se da casa
§ 1. Os religiosos residam na própria casa religiosa, obser-
vando a vida comum, e dela não se afastem sem a licença
de seu Superior. Tratando-se, porém, de ausência prolonga-
da de casa, o Superior maior, com o consentimento de seu
conselho e por justa causa, pode permitir a um alguém que
possa viver fora da casa do instituto, não, porém mais de um
ano, a não ser para cuidar de doença, por razão de estudos
ou de exercício de um apostolado em nome do instituto.
Can. 671 – Licença para um religioso assumir ofícios ou
encargos fora do Instituto
Sem a licença do legítimo Superior, o religioso não aceite
encargos e ofícios fora do próprio instituto.
1 Esta providência, de caráter urgente e extraordinária, não deve ser con-
fundida com a demissão do Instituto.
2 Cf. C 181; R 180, 181. A interpretação autêntica do can. 127 emanada em
5 de julho de 1985 pela Pontifícia Comissão para a interpretação autêntica
do Código de direito latino estabelecia que, quando o Superior precisa do
consenso de um colégio ou grupo de pessoas para alguma providência, o
mesmo Superior não tem o direito de dar o seu voto com os demais, nem
mesmo para dirimir a eventual paridade. Quando, porém, o ato (por exem-
plo, a admissão à profissão religiosa e às demais ordens sacras, ou a licença
para uma alienação) é de competência do Superior provincial com o con-
senso do seu Conselho, é requerida a aquisição do parecer do Superior local
com seu Conselho, neste caso o Superior local vota com o seu Conselho.
3 Segundo esta norma, a abstenção não é legítima.
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Animação e governo da comunidade
Índice analítico
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23.4 Page 224

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ÍNDICE ANALÍTICO
Todas as referências são relativas aos números de parágrafos no texto.
Acompanhamento comunitário e pessoal, 48
Acompanhamento dos jovens e projeto de vida pessoal, 78
Acompanhamento dos leigos, 61, 134
Acompanhamento espiritual comunitário, 76, 104; e boa-noite, 77
Acompanhamento espiritual pessoal, 75-76; disponibilidade
do diretor e da comunidade na CEP, 134; durante o tirocínio,
91; durante o quinquênio, 91; e irmãos passando por momentos
difíceis, 94; e Dom Bosco, 75; e liberdade de escolha, 76; e pro-
jeto pessoal de vida, 78; na CEP, 134; na formação inicial, 76;
na Pastoral Juvenil, 75; para o próprio diretor, 107; preparação
específica para o, 76
Acompanhamento pessoal e: confiança, 48; formação para o, 65;
em sentido amplo, 75. Ver também Acompanhamento espiritual
pessoal e Acompanhamento pessoal salesiano, pesquisa sobre o
Acompanhamento pessoal salesiano, pesquisa sobreo 72, 74
Advocacy, 156
Albera, Paulo e Manual do Diretor, 1
Amizade (Amorevolezza) e estilo salesiano de relacionamento, 56
Amor preventivo, 13, 15
Amoris Laetitia: e famílias, 5; e formação dos pais, 106
Ancianidade, 95
Animação e governo, estilo de 69
Animação espiritual da CEP: pela comunidade religiosa sale-
siana, 131-136; compenetração recíproca de educação e evan-
gelização, 131
Animação vocacional, 64-65; coração do PEPS, 65; e testemu-
nho da comunidade, 64; horizonte último da pastoral juvenil sa-
lesiana, 65
Animação: dimensão primária da missão, 130; espiritual e sale-
siana, primeiro serviço, 130
Aprender da experiência: e PEPS, 143; no tirocínio, 90
Aprender da vida, 103. Veja também Aprender da experiência
Arquivos: de patrimônio histórico e artístico, 102; local, 83, 102
Assembleia dos irmãos, 87, 104; e conselho local, 84, 87; exercí-
cio de discernimento, 87
Auctoritas, 40; 41, 42; e crescimento, 40
Autoridade reconhecida: do diretor, 40; necessária para os
jovens, 40
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Animação e governo da comunidade
Índice analítico
Autoridade, serviço de: ver Diretor
Autoridade: e direito próprio, 42; e carisma, 42; e consagração,
48; e fraternidade, 54; e oração, 50; e Studia di farti amare, 161; e
unidade na comunidade, 55; linhas fundamentais para o exercício
da 42; natureza trinitária da, 35; novo estilo de 129; formação
para a, 137; modelo relacional, 160; passagem do estilo piramidal
ao estilo participativo, 124; estilo salesiano de, 43, 109; espiritual,
48; Ver também Auctoritas e Potestas
Autoritarismo, 68, 110
Bento XVI, 3; e política, 157
Boa-noite, ver Pensamento de boa-noite
Bom-dia, ver Pensamento de bom-dia
Bondade (amorevolezza) e estilo salesiano de relacionamento, 56
Caridade pastoral: caridade do bom pastor, 37; centro do espírito
salesiano, 37; papel do diretor, 60
Carisma, encarnação do 116
Carismas: em função da comunhão, 154
Carta da identidade carismática da Família Salesiana de Dom
Bosco, 24, 57, 151
Catecismo da Igreja Católica, e sacerdócio como serviço, 30
CEP: ver Comunidade educativo-pastoral
CG24 e missão compartilhada, 17, 24; novo estilo de pensamento
e ação, 115; raízes em Dom Bosco, 115; resistência a 115; resposta
à eclesiologia de comunhão, 115
CG27: consagração apostólica, 19; objetivo do, 7, 19
Chávez, Pascual, 3; três concentrações, 111
Christifideles laici e estados de vida, 23
Christus vivit, 64, 65, 75, 157; e acompanhamento dos jovens,
134; e discernimento, 134; e mundo digital, 158; e vocação, 134;
Cimatti, Vicente, 21
Clericalismo, 26, 68
Coadjutor salesiano: ver Salesiano leigo
Colaboração: com outros religiosos, 57, 154; com a Igreja local,
152; com organizações civis, 156; de salesianos leigos no contexto
civil e social, 156; na Família Salesiana, 150; mediada pelo caris-
ma, 153; e trabalho missionário, 152
Colóquio com o diretor, 55, 71, 72-74; distinto de acompanha-
mento espiritual pessoal, 72; durante o quinquênio, 91; durante
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23.6 Page 226

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Índice analítico
o tirocínio, 91; e envolvimento pastoral, 60; e a família do irmão,
74; e confidencialidade, 74; o diretor chamado a dar o primeiro
passo, 73
Complementaridade: e processo de tomada de decisão, 89; entre
as duas formas de nossa vocação, 89
Comunhão: e missão, 14, 137; centralidade da, na CEP, 137; o
papel da comunidade salesiana na CEP; 137; expande-se em cír-
culos concêntricos, 21, 27, 160
Comunicação social: agente de formação, 108, 143; e formação
dos diretores, 110; e formação permanente, 105; e pastoral ju-
venil, 141; promove o sentido de pertença à Congregação, 148;
Sistema salesiano de, 3, 158. Ver também Mundo digital
Comunicação: capacidade de trabalhar em equipe, 85; e proteção
dos menores, 100; e relações fraternas, 56; Estilo salesiano de 56.
Ver também Comunicação social
Comunidade educativo-pastoral, 113-146; animação salesiana
da, 117; comunhão na 137; e comunidade religiosa salesiana, 121-
126; e conselho da obra, 120; e Família Salesiana, 149; e famílias,
5, 16; e formação conjunta, 104, 106; e profecia da fraternidade,
137; e PEPS, 114-120; experiência da Igreja, 117; experiência de
comunhão, 118; ponto de referência carismática da, 127-137; su-
jeito e objeto da atividade pastoral, 117; sujeito da missão, 114
Comunidade local: ver comunidade religiosa salesiana
Comunidade religiosa salesiana e Obra, 59, 61, 84; detalhes defi-
nidos pela inspetoria, 125; matéria codificada no PEPS inspeto-
rial e local, 125; relações diversas, 123-126
Comunidade religiosa salesiana, abertura da: para a Igreja, 152-
155; para a Família Salesiana e o Movimento Juvenil Salesiano,
149-151; para comunidades as inspetoriais e mundial, 148; para
o território, 156-158
Comunidade religiosa salesiana: animadores espirituais, 131;
aberta e acolhedora, 57; ativa em diferentes níveis (CEP, Igreja,
sociedade), 147; Confessio Trinitatis, 137; corresponsável, 3; con-
sistência qualitativa e quantitativa da, 31, 36; discípulos missio-
nários, 60; e animação espiritual, 131-136; e atenção à comunhão,
137; e discernimento, 70-71; e missão, 59; e núcleo animador, 31,
108, 127; e PEPS, 138-146; educadores e mestres de espirituali-
dade, 133; facilita a integração dos irmãos, ponto carismático de
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Animação e governo da comunidade
Índice analítico
referência, 24, 31, 127-137; 93; formação permanente, 104-106;
novo papel da, 5, 127; profissionais da evangelização, 131; Signum
fraternitatis, 137
Comunidade: ver comunidade religiosa salesiana e comunidade
educativo-pastoral
Confessor, externo, 76
Confidencialidade, e colóquio com o diretor, 74
Configuração a Cristo: ver Cristo, imitação de
Consagração Apostólica, 159; e centralidade da missão, 18; e
graça de unidade, 18
Consagração e missão, 19
Conselho da CEP / Obra, 61, 120; e PEPS, 114
Conselho inspetorial, 43, 109, 111
Conselho local, 84-85, 104; competências do, 84; e assembleia
dos irmãos, 84; e conselho da CEP / Obra, 85; e leigos, 85, 102; e
ecônomos leigos de setores, 102; e trabalho de equipe, 85; exercí-
cio da sinodalidade, 84
Conselhos evangélicos, fidelidade aos 49; escrutínios sobre os,
49. Ver também Votos
Consulta local da Família Salesiana, 150
Consulta para a nomeação dos diretores, 109, 111
Contextos, variedades de, 118, 143; cristãos, 118, 133; plurirreligio-
sos e multiculturais, 118; não cristãos, 135; pós-cristãos, 118, 135
Continente digital: ver Mundo digital
Conversão: pastoral, 62; pastoral estrutural, 63
Coordenação dos setores, 61
Coordenador local da pastoral juvenil, 146
Corresponsabilidade, 54-57; coordenação e, 59, 61; diretor ani-
mador de, 75; e discernimento pastoral, 62; e diretor, 42; frater-
nidade e, 45; encorajar a, 61; ver também Responsabilidade com-
partilhada
Correção: fraterna, 81-82; formação para a, 82; modalidades de,
82; por fidelidade vocacional, 81
Cristo, base da vida consagrada, 20, 21; depois de, 22, imitação
de, 22; a nossa regra de vida, 21
Crônica, local, 83
Delegar, necessidade, 107; o conselho de Dom Bosco, 107
Descentralização, 69, 124, 140
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23.8 Page 228

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Índice analítico
Dia (Festa) da Família Salesiana, 150
Dia da Comunidade, 55
Diálogo e construção da vida fraterna, 67; capacidade do diretor
de, 42; com os salesianos idosos, 95; e estilo salesiano de relacio-
namento, 67; facilitado pelo diretor, 67; meios para viver a profe-
cia da fraternidade, 67; estilo salesiano de animação e governo, 66
Dimensão mariana da Igreja, 30
Dimensão missionária, essencial para a identidade salesiana, 152
Direção Espiritual: ver Acompanhamento Espiritual Pessoal e
Comunitário
Direito canônico e autoridade como serviço, 41, 42
Diretor da comunidade de formação e reuniões da equipe de for-
madores, 85
Diretor e Conselho, 84-85; e formação permanente, 106; primei-
ro responsável pelo governo da obra, 140. Ver também Conselho,
local
Diretor, animador, 33, 36; da CEP, 7, 8; da comunhão, 54-57; da
comunidade religiosa salesiana, 7, 8, 36, 48-53; de animadores,
136; de responsabilidade compartilhada, 40, 54-57; da identidade
consagrada salesiana, 47-65; serviço carismático, 36, 66-102;
Diretor, formação de: ver Formação dos diretores
Diretor: animação vocacional, 65; capacidade de delegar, 145;
centralidade do 3, 160; consciente da própria fragilidade, 136;
complexidade do papel do, 32; aumento das expectativas, 8; cres-
cimento humano e espiritual, 40; construtor de unidades, 33; cui-
dado consigo mesmo, 40; guarda da identidade carismática na
CEP, 128; definição do seu papel na CEP, 120; dócil e humilde,
35; e autoridade, 40-46; e graça do ministério sacerdotal, 45; e
graça de unidade, 38; e o projeto apostólico de Dom Bosco, 32;
e caridade pastoral, 37, 38; e comunidade religiosa salesiana, 32,
47-112; e Família Salesiana, 151; e a cruz, 39, 160; e obediência a
Deus, 42; e a vontade do Pai, 34; e a tentação que vem de papéis
gerenciais, 36; figura-chave na missão compartilhada, 128; irmão
e pai, 35; irmão entre irmãos, 35, 160; hierarquia de tarefas, 36,
46, 107; incentiva a caridade pastoral, 60; ministério presbiteral
do 44-46; paternidade do, 46; preparação prévia, 108, 109; prepa-
ração remota durante o formação inicial, 111; presença na obra,
145; primeiro formador na comunidade 38; primeiro responsável
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Animação e governo da comunidade
Índice analítico
da CEP, 128, 129; promotor de um novo estilo de autoridade,
128; representa Cristo, 33; responsável da missão, 58-65; respon-
sabilidade diante de cada irmão, 37, 88; homem de discernimen-
to, 136
Diretório Inspetorial, 43; iniciativas relativas ao tirocínio e ao
quinquênio, 91
Discernimento vocacional, 64, 65; em Dom Bosco, 12
Discernimento: comunidade e papel do diretor, 42; critérios para,
28; disposições para, 70; e envolvimento pastoral, 60; elementos-
-chave para, 63; e PEPS, 143; entendido como atitude funda-
mental de formação permanente, 70; entendido como aprender
da experiência, 70; pastoral, 58, 62-63; pessoal e comunitário, 70-
71; responsabilidade do diretor, 71
Discipulado: ver Cristo, no seguimento de
Diversidade, cultural, 4, 116; ver também Contextos, variedade de
Docilidade, 35
Documentos, eclesiais e salesianos, 104
Dom Bosco: ‘últimas coisas’, 25; cuidado de si mesmo do diretor,
40; e a cruz, 160; exemplo de oração, 50; irmão e pai, 35; ministé-
rio presbiteral do diretor, 44; primeiro manual do diretor, 40, 161;
Lembranças Confidenciais aos Diretores, 1, 2
Duas formas da nossa vocação, 18; complementaridade, 53, 89;
a ser apresentado aos jovens, 30; dar visibilidade às, 89; evitar toda
forma de linguagem discriminatória, 89; essencialmente correla-
tas, 26, 30. Ver também salesiano leigo e salesiano presbítero
Eclesiologia de comunhão, 115, 153; e CEP, 137
Economia e administração, 101-102, 110; diretor primeiro res-
ponsável, 101; para o bem da missão, 101
Ecônomos leigos e conselho local, 85, 102
Educação, os salesianos não são mais os únicos agentes, 158
Educação social e política, 157
Envolvimento pastoral e papel do diretor, 61
Equipe de formadores, convocada periodicamente pelo diretor, 85
Escatologia: e vida consagrada, 23, 25; e Dom Bosco, 25
Escola de oração, comunidade como, 51
Escrutínios da vida comunitária, 82; dos conselhos evangélicos,
49; do ministério pastoral, 82; da pobreza, 102; da vida de oração,
51, 82
228

23.10 Page 230

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Índice analítico
Escuta, 66; habilidade requerida do diretor, 42, 48; e capacidade
de trabalho em equipe no conselho local, 85; e diálogo, 67; e pre-
paração dos diretores, 109, 110
Espírito de família, salesiano, 57; e estilo salesiano de relaciona-
mento, 56
Espírito salesiano: centrado na caridade pastoral, 37; diretor, guar-
da do, 37; e amor pela Igreja e pelo Papa, 155; e senso de pertença à
Igreja universal, 155; e sensus ecclesiae, 152; salvaguarda do, 2
Espiritualidade de comunhão, 51
Estilo de animação e governo, 69
Estilo de liderança do sistema preventivo, 40
Eucaristia, todos os dias, 51
Família de origem: atenção à, 56; dos irmãos em situações espe-
ciais, 100; de um irmão doente, 98; e colóquio com o diretor, 74
Família e CEP, 5, 16
Família Salesiana: colaboração na, 150; e animação vocacional,
65; e comunidade salesiana, 57; e formação conjunta, 104; e mis-
são compartilhada, 24; e papel do diretor, 150; informações sobre,
53; não redutível à CEP, 149
Fernández Artime, Ángel, 3; aqueles a quem somos enviados,
16; comunidades internacionais, 92; missão compartilhada, 17;
resistências ao GC24, 115
Formação dos diretores: principais áreas para, 110; plano inspe-
torial, 108, 111; planos regionais, 109; recursos online, 111; reu-
niões inspetoriais, 111
Formação dos salesianos com os leigos: ver Formação, conjunta
Formação inicial, irmãos em 90-91
Formação, conjunta, 5, 53, 60, 63, 104, 120; e Família Salesiana,
104; e formação dos pais, 106; e plano de formação, 106; e Siste-
ma Preventivo, 106; responsabilidade dos delegados inspetoriais
da Pastoral Juvenil e da Formação, 125, 126; papel do diretor, 106
Formação, permanente 5, 38, 103-112; irmãos idosos, 95; irmãos
doentes, 98; e animação vocacional, 65; e comissão inspetorial de
formação, 105; e discernimento, 104; e diretório inspetorial, 105;
e fraternidade, 56; e oração, 51; e projeto formativo inspetorial; e
projeto comunitário, 105; essencial para a fidelidade vocacional,
103; facilitada pelo diretor, 30; na comunidade, 104-106; na vida
quotidiana, 38, 105; para o próprio diretor, 107-112; responsabi-
229

24 Pages 231-240

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24.1 Page 231

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Animação e governo da comunidade
Índice analítico
lidade do serviço da autoridade, 103; santidade, objetivo da, 132;
significado primário de formação, 104; vários meios de cresci-
mento na comunidade, 103
Formação: a não se identificar com a formação inicial, 38; dos
pais, 106; é formação permanente, 104
Francisco (papa), 3; ancianidade, 95; carismas, 154; discernimen-
to, 70, 136; a liberdade como dom e oportunidade, 69; “Despertai
o mundo”, 49; “Sair de si mesmo”, 57
Francisco de Sales, e liberdade, 69
Fraternidade: e comunicação, 56; e resolução dos conflitos 56; e
vocação salesiana consagrada, 6
Genericismo, pastoral, 18, 26
Governo, não só animação, 71
Graça de unidade: e consagração apostólica, 18, 19; e vocação
consagrada salesiana, 6
Graça e liberdade, e o ministério do salesiano presbítero, 29
Guarda da identidade consagrada salesiana, 7, 9, 24, 47-65
Guarda da identidade salesiana, 32-46
Guarda do espírito salesiano, 37
Guia espiritual, estável, 48
Guia que é guiada, 48, 56, 76, 107
Humildade, 35; e pobreza espiritual, 35
Identidade carismática: ver identidade salesiana
Identidade salesiana: cuidado da, 52-53; e dimensão missioná-
ria, 152; objetivo do CG27, 7
Identidade, carismática: ver identidade salesiana
Identidade, consagração apostólica salesiana, 18, 19
Identidade, cristã e salesiana, e formação permanente, 105
Igreja, solidariedade com a Igreja local, 57
Inculturação: tarefa da, 4; do serviço educativo-pastoral, 135; e
formação permanente, 105; e o mundo digital, 119
Individualismo, apostólico, 18, 26
Interculturalidade, 92-93
Irmãos: anciãos, 95-96; passando por momentos difíceis, 94; que
precisam de atenção especial, 99; em situações irregulares, 100;
doentes, 97-98; na formação inicial, 90-91; sob restrição, 100
João Paulo II, 3, 118
Jovens pobres, critério de discernimento, 63
230

24.2 Page 232

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Índice analítico
Jovens, presença na comunidade salesiana, 57
Leigos responsáveis de setor e conselho local, 102
Leigos: acompanhamento dos, 36; e processos de decisão, 85; e
salesiano leigo, 27; formação conjunta com 5, 106, 132, missão
compartilhada, 24, 57, 69, 108. Ver também Formação, conjunta
Liberdade e responsabilidade compartilhada, 68-69; responsorial
e responsável, 69
Manual do diretor: do P. Albera, 1; e delegados da formação ins-
petorial, 9; e formação de aspirantes ao sacerdócio, 9; e formação
permanente, 9; e inspetores, 9; e sítio web da Congregação, 9;
dirigido à comunidade religiosa salesiana, 9; primeiro, 1, 2, 40, 41;
utilização do, 9
Maria: ícone da Igreja comunhão, 137; modelo e mestra, 39, 161
Maturidade humana, 109
Meditação, 51
Mentalidade de projeto, 138; fortalecimento da; 142; torna-se
concreta no PEPS, 139
Metodologia de animação e governo, 109
Missão, centralidade da: e consagração apostólica, 18; em Dom
Bosco, 12; nas Constituições, 11
Missão, compartilhada, 17, 53; e GC24, 17; em CEP, 5
Missão: e comunhão, 14, 15; consiste em revelar Deus, 14, 15, 22;
dá seu tom concreto a toda a nossa existência, 11, 58; densidade
teológica, 13; dimensões educativas e pastorais da, 5; e coerên-
cia da comunidade religiosa, 31; e consagração, 19; e primado de
Deus, 13; e vocação salesiana consagrada, 6, 17; encarnação da,
117; não pode ser equiparada a trabalho, 13, 31; objeto da CEP, 5,
114; para os jovens pobres, 16; vem através do Filho e do Espírito,
14; vem de Deus, 13
Missões: e formação, 3; orientação preferencial, 152
Místicos no espírito: e vida consagrada, 48; e o papel do diretor,
48-53
Modelo de animação e governo, local, 61, 69, 84; codificado nos
PEPS inspetorial e locais, 125, 126; definido pela inspetoria, 125,
126; e compartilhado nas responsabilidades, 140
Modelo educativo-pastoral salesiano e PEPS, 138
Modelo local de animação e governo: ver Modelo de animação e
governo, local
231

24.3 Page 233

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Animação e governo da comunidade
Índice analítico
Movimento Salesiano, 151
Mundanidade, espiritual, 28
Mundo digital: agente de educação, 108, 158; e a comunidade,
56; e formação permanente, 105; e a nossa missão, 16; e a incul-
turação, 119; desafio para o PEPS, 143
Nomeação de Diretores: ver Consulta para a nomeação dos Di-
retores
Núcleo animador: chave para o bom funcionamento da CEP,
122; composição do 121-122; Conselho da CEP, 122; e comu-
nidade religiosa salesiana, 31, 108, 121; formação do, através da
ação de, 122; presença dos salesianos, 57
Obra confiada conjuntamente a salesianos e leigos, 124-125; au-
tonomia do conselho da CEP / Obra, 124; papel da comunidade
salesiana, 124
Oração: animação da, 50-51; diretor, homem de oração, 51; pe-
dagogia da, 133; pessoal, 50; escola de, 51; scrutinium da vida de,
51; vida como, 51
Orçamento e balanço, responsabilidade dos diretores, 102
Padre, ver Salesiano presbítero
Participação e estilo de animação e governo, 69
Pastoral juvenil salesiana: dimensões da, 141; e animação missio-
nária, 141; e comunicação social, 141; e vocações apostólicas, 141;
integridade da, 141
Pastores dabo vobis, e estados de vida, 23
Pedagogia da liberdade e sistema preventivo, 15, 29, 76
Pensamento do boa-noite, 77; e comunidade, 56; e direção espi-
ritual da comunidade, 77
Pensamento do bom-dia, 77
PEPS Inspetorial, 107
PEPS: ver Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
Periferias, existenciais, 57
Pluralidade de culturas e religiões: desafio ao PEPS, 143
Pobres jovens, ver Jovens pobres
Pobreza, CG26 sobre, 49; scrutinium paupertatis, 102
Ponto carismático de referência: ver Comunidade religiosa sa-
lesiana
Potestas, 41, 42
Primado de Deus e missão, 13
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24.4 Page 234

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Índice analítico
Procura fazer-te amar e o estilo de autoridade, 161
Profecia da fraternidade: e CEP, 137; e o papel do diretor, 54-57
Programa da comunidade e projeto comunitário, 79
Projeto Apostólico, 32
Projeto comunitário, 55, 79-80; distinto do PEPS, 80; dá unida-
de à comunidade, 79; e conselhos evangélicos, 49; e identidade
carismática, 53; e programa comunitário, 79; exercício anual, 79,
80; requerido pelo GC25, 79; papel da comunidade salesiana na
CEP, 61
Projeto de vida comunitária, 71
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano: garante a continuidade,
142; discernimento como atitude, 143; e aprendendo pela expe-
riência, 143; e carisma salesiano, 104; e dimensões da Pastoral
Juvenil, 141; e mentalidade de projeto, 138, 139; e modelo pasto-
ral, 138; e participação da comunidade salesiana, 61; desenvolvido
e atuado pela CEP, 116; com base nas necessidades dos jovens,
142; linhas-guia para a elaboração do 144; mediação histórica na
missão, 116, 118; modo de aplicar o sistema preventivo em todos
os contextos, 142; finalidade principal do, 139; desafio do mundo
digital, 143; desafios da diversidade dos contextos, 143
Projeto Orgânico Inspetorial, 107
Projeto pessoal de vida, 51, 53, 78; e acompanhamento dos jo-
vens, 78; e acompanhamento pessoal, 78; e identidade carismáti-
ca, 53; e resoluções durante o retiro, 78; fruto do discernimento,
78; para o próprio diretor, 107
Proteção dos menores, 100, 110; diretrizes da Inspetoria para a, 111
Quadrio, Giuseppe, 21
Qualificação de salesianos e leigos, 63
Quinquênio, 91; e projeto de vida pessoal, 91
Radicalidade Evangélica, 19, 49
Reconciliação, sacramento da, 51
Recursos online: e Dicastério da Formação, 111; e formação do
diretor, 111
Relacionamentos: dificuldades nos, 56; pessoais, 56; estilo sale-
siano de 56
Rendiconto, ver Colóquio com o diretor,
Renovação espiritual e renovação pastoral, 131
Resolução de conflitos e fraternidade, 56
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24.5 Page 235

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Animação e governo da comunidade
Índice analítico
Responsabilidade compartilhada e discernimento pastoral, 62; e
diretor 42; coordenação da, 61
Retiros, 71
Reuniões de diretores, e irmãos que precisam de atenção especial, 100
Rua, Miguel, primeiro diretor, 1, 161
Sacerdócio, como serviço, 30
Sacerdote, ver Salesiano presbítero
Salesiano leigo, 18, 53; e comunidade religiosa, 26; e a vocação
salesiana consagrada, 26; encarna a dimensão laical, 27; ícone de
comunhão, 27; identidade do, 27. Ver também Duas formas da
nossa vocação
Salesiano presbítero, 18, 28; e carisma salesiano, 28, 29; e co-
munidade religiosa, 26, 28; e salesiano leigo, 89; e vocação consa-
grada salesiana, 26; identidade do, 28; pastor e educador, 29. Ver
também Duas formas da nossa vocação
Salesianos: precisa da Família Salesiana, 149; responsabilidade
na Família Salesiana, 150
Santidade: objetivo da formação conjunta, 132; e consagrados, 133
Serviço da autoridade e identidade carismática, 53 e carisma sa-
lesiano, 66; e respeito pela dignidade e liberdade, 68; incentiva a
partilha de responsabilidades, 68. Ver também Diretor
Servos dos jovens, papel do diretor, 58-65
Sinodalidade e conselho local, 84
Sínodo sobre a família e a formação dos pais, 106
Sistema preventivo: e reconhecimento da autoridade, 40; e for-
mação permanente, 105; e estilo de liderança, 40; inculturação do
116-119; pedagogia da liberdade, 15, 29, 76; PEPS como contex-
tualização do, 142; enraizado no amor preveniente de Deus, 13,
15; renovação do 114-115, 118
Srugi, Simão, 21
Subsidiariedade, 69, 124, 140
Sujeito da missão, a CEP, 108, 114, 117
Superior e obediência a Deus, 42
Testemunha, evangélica, 49
Tirocínio 90; e acompanhamento espiritual pessoal, 91; e apren-
dizado pela experiência, 90; e colóquio com o diretor, 91; e projeto
de vida pessoal, 91; fase mais característica da formação inicial, 90
Trabalhar em rede, 119, 156; exemplo de Dom Bosco, 119
234

24.6 Page 236

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Índice analítico
Trabalho confiado a leigos, 126; condições essenciais, 126; a ins-
petoria define o modelo local de animação e governo, 126; núcleo
animador composto inteiramente de leigos, 126
Trabalho em equipe, formação para, 69
Unidade, salvaguardar e promover a, 55
Vecchi, Juan, 3; consagração e missão, 19; e necessidade de prio-
rizar tarefas, 45; e o papel da comunidade salesiana na missão
compartilhada, 17; e sacerdócio de Dom Bosco, 29; tríplice con-
centração, 45, 111
Vice-Diretor. Ver Vigário do Diretor
Vida consagrada: Confessio Trinitatis, 27; de discípulos e apósto-
los, 58; e empenho pela santidade, 133; e liberdade responsável,
68; fundada sobre Cristo, 20, 21; identidade da, 23; no coração
mariano da Igreja, 30; enraizada no mistério de Cristo e da Trin-
dade, 20; reproduz a forma de vida de Cristo, 20; sinal escatológi-
co, 23, 25; Signum fraternitatis, 27, 92
Vida fraterna em comunidade: e irmãos passando por momentos
difíceis, 94; e missão, 54; e irmãos doentes, 97; essencial para a
vida religiosa, 54
Viganò, Egídio, 3; e ministério presbiteral do diretor, 44; sacer-
dócio como serviço, 30
Vigário do Diretor, 86; cuida da disciplina, 86; relacionamento
com o diretor, 86; primeiro colaborador do diretor, 86
Vita consecrata, 20; e ancianidade, 95; e estados de vida, 23
Vocação consagrada salesiana: objetivo do CG27, 5, 6. Ver tam-
bém Duas formas da nossa vocação
Vocação salesiana, a dimensão universal do mundo
Vocação: apostólica, 65; diversos tipos de, 23. Ver também Voca-
ção consagrada salesiana e Duas formas da nossa vocação;
Vontade do Pai, e diretor, 34
Votos e vocação consagrada salesiana, 6. Ver também Conselhos
evangélicos
Zatti, Artêmides, 21
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