Quadro_Referencial_pt_por


Quadro_Referencial_pt_por

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A Pastoral
Juvenil
Salesiana
Quadro
de Referência
Dicastério da
Pastoral Juvenil
Salesiana

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A Pastoral
Juvenil
Salesiana
Quadro
de Referência
Dicastério da
Pastoral Juvenil
Salesiana

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Colaboraram no trabalho preparatório:
Com o P. Fabio Attard, SDB
Conselheiro da Pastoral Juvenil:
Andrea Bozzolo - Antonino Romano - Antonio Jiménez - Centro Nacional Salesiano de
Pastoral Juvenil (Espanha) - Centro Salesiano Pastorale Giovanile (Itália) - Chris Ford - David
O’Malley - Dominic Sequeira - Equipa do Teologado Dom Bosco (Guatemala) - Gianantonio
Bonato - Instituto da pastoral juvenil Don Bosco (Alemanha) - Joe Arimpoor - José Antonio
Vega - José Miguel Núñez - Joseph Gevaert - Marek Chrzan - Don Bosco Center (Filipinas)
- Osvaldo Gorzegno - Pier Fausto Frisoli - Riccardo Tonelli - Ronaldo Zacharias - Rossano Sala
- Savio Hon Tai Fai - Thomas Menamparambil.
Colaboraram na redação do documento
Alberto Martelli - Carlo Loots - Charles Maria Antonysamy - Chiara Bambozzi – Erino Leoni
- Fernando García - Francesca Ciolfi - Francisco Santos – Francesco Cereda - Gianni Filippin –
Giovanni Doff Sotta - Gregoire Kifuayi Nzilimpiem - Javier Valiente - José Francisco M. Zazo
- José Luis Aguirre - Jose Luis Plascencia - Koldo Gutiérrez - Marcello Baek - Mario Olmos
- Marta Cesteros - Miguel Angel Alvarez - Miguel Angel Garcia - Pier Fausto Frisoli - Rafael
Borges - Robert Simon David - Samuel Segura - Santiago Domínguez - Santiago G. Mourelo
- Sergio Castellini - Tarcízio Morais.
Apresentação gráfica: Artia Comunicación
Ilustrações: Javier Carabaño
Tradução: José Antenor Velho, Basílio Nuno e Anibal Mendonca
Propriedade reservada ao Dicastério da Pastoral Juvenil, SDB
Terceira edição 2014
Edição extracomercial
Direzione Generale Opere Don Bosco
Via della Pisana, 1111
Casella Postale 18333
00163 Roma Aurelio
Tipografia «Grafisur S.L.»

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Apresentação
O Concílio Vaticano II foi um evento de grande importância na vida da
Igreja. Ele deu início, no interior da Igreja, a um longo processo de reflexão
que se rea i ou nas ontes das randes onstitui es onciliares a re a,
como comunidade de crentes, encontra na Palavra e na vida sacramental-
litúrgica, especialmente na Eucaristia, a força para ser sinal de esperança e
alegria para o mundo. O processo foi nutrido e sustentado pelo caminho
sinodal, com suas Exortações Apostólicas. As Exortações Apostólicas
Evangelii Nuntiandi e Catechesi Tradendae, com a Encíclica Redemptoris
Missio e o Diretório Geral para a Catequese, deram novo vigor à missão
evangelizadora da Igreja.
Desde o imediato pós-Concílio, a Congregação empenhou-se profundamente
em ler os sinais dos tempos e responder com generosidade e criatividade
pastoral às novas urgências. Repensando a própria missão, a Congregação
ofereceu nestas décadas uma reflexão atualizada sobre o Sistema
Preventivo de Dom Bosco. Desenvolveu também uma reflexão sobre a
Comunidade salesiana, objeto e sujeito da evangelização. Atenção especial
foi dada à Comunidade Educativo-Pastoral, com clara visão do seu Projeto
Educativo-Pastoral Salesiano, que define a identidade evangelizadora e
educativa de todo o tipo de presença salesiana.
A Congregação também se empenhou em dar respostas à questão de
sentido e à busca espiritual através da proposta da Espiritualidade Juvenil
Salesiana, vivida por um vasto movimento de pessoas.
Nestas décadas, o Dicastério da Pastoral Juvenil acompanhou as
Províncias com animação sistemática e contínua. Ação que tinha por
objetivo reforçar o conhecimento e a aplicação do modelo pastoral da
Congregação que tem as suas raízes nas nossas Constituições (31-39).
Neste itinerário de animação, o Dicastério encontrou um apoio sólido
e claro no Magistério dos Reitores-Mores que ofereceram a própria
reflexão de modo contínuo e sistemático e orientaram com sabedoria o
processo de evangelização e educação.
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Na fronteira pastoral, é preciso reforçar este esforço de assimilação,
esclarecimento e realização, para que cresça ainda mais. Nota-se um
profundo desejo em todos os sujeitos pastorais de responder com as suas
melhores forças aos questionamentos da juventude.
Deve-se reconhecer que esta edição do «Quadro de Referência» está em
continuidade com as edições anteriores. Procurou-se enriquecê-lo com a
reflexão amadurecida pela Igreja nos últimos anos. Esta edição é fruto de
um caminho iniciado pelas comunidades e amadurecido no interior de
cada Província.
Temos aqui uma rica visão de conjunto do património pastoral salesiano,
iluminado pelo magistério da Igreja em resposta aos desafios atuais. É uma
síntese orgânica que tem sempre presente a leitura empática da história dos
jovens, que encontra em Cristo a sua fonte, síntese que se torna cada
vez mais ciente do seu património carismático e da sua identidade
pastoral. Um manual que a CEP assume como dom e responsabilidade.
Por isso tradu-lo no PEPS, que oferece a todos os ambientes e a todas as
obras uma proposta clara de evangelização e educação seguindo linhas de
projetos comuns para a proposta salesiana hoje.
O «Quadro de Referência» é um instrumento oferecido pelo Dicastério
da Pastoral Juvenil para iluminar e orientar o itinerário pastoral da CEP
provincial e local; para orientar a ação pastoral do delegado provincial
e local de Pastoral Juvenil e das suas equipas; para contribuir para a
formação de todos os que – salesianos, educadores e educadoras – são
corresponsáveis da missão salesiana.
Fabio Attard
Conselheiro Geral da Pastoral Juvenil
Roma, 8 de dezembro de 2013
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Premissa
à terceira edição
O Capítulo Geral 26 dos Salesianos (2008) deliberou que o Reitor-Mor «cuide,
por meio dos Dicastérios competentes, do aprofundamento da relação entre
evangelização e educação, a fim de atualizar o Sistema Preventivo e adequar
o quadro de referência da pastoral juvenil às alteradas condições culturais»
(CG26, n
Imediatamente após o CG26, o Dicastério da Pastoral Juvenil iniciou
um processo de consulta para chegar a essa meta. Inicialmente, foram
interpelados todos os Centros de Estudo da Congregação, os Centros
Nacionais de Pastoral Juvenil, os Centros de Formação Permanente, além
de Salesianos especialistas na matéria. O seu contributo serviu de base para
elaborar um instrumento com a finalidade de solicitar a reflexão de todas
as comunidades da Congregação. Após essa ampla fase de participação,
o Dicastério recebeu de todas as províncias um relatório sobre o processo
realizado. A diversidade dos temas e dos matizes dos relatórios vindos de
todas as partes da Congregação foi objeto de estudo da equipa que elaborou
esta edição procurando facilitar a unidade orgânica dos diversos elementos
constitutivos da Pastoral Juvenil Salesiana.
O texto que, pelas suas finalidades de guia e instrumento de formação, se
coloca em continuidade com o que foi afirmado nas edições anteriores,
procura, ao mesmo tempo, colher as novas exigências educativo-pastorais e
os atuais desafios culturais e eclesiais.
A publicação de uma nova edição é ocasião para insistir na centralidade dos
jovens, particularmente os mais carenciados, no coração da Pastoral Juvenil
Salesiana. O texto, de facto, lembra nas primeiras páginas (capítulo I) essa
op ão carismática a ótica que aqui escol emos é a de er como a on re a ão
Salesiana compreende ou, melhor, como sente o seu trabalho em relação aos
jovens, desde os tempos de Dom Bosco até hoje.
A estrutura e os conteúdos fundamentais da 2ª edição (2000) foram
enriquecidos e desenvolvidos por uma reflexão teológica, espiritual e
carismática mais ampla (capítulos II e III). Além disso, foi dada atenção
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especial à diversidade dos contextos que desde há tempo se tornaram
pluriculturais e plurirreligiosos, onde a Congregação está presente.
No capítulo III é dada especial aten ão a dois aspetos particulares de um
lado, a compreensão da relação evangelização-educação e, de outro, o
Sistema Preventivo como projeto formativo, espiritualidade e metodologia
educativa.
A nova edição é enriquecida com a apresentação atualizada da Espiritualidade
Juvenil Salesiana e dos itinerários de educação à fé, procurando uma maior
adequação à situação juvenil de hoje (capítulo IV).
O capítulo V apresenta de modo pormenorizado a Comunidade Educativo-
Pastoral (CEP) e, com ela, oferece também uma nova secção que descreve “o
coração do educador salesiano”.
O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano (PEPS) é apresentado em suas
dimensões constitutivas no capítulo VI. Estreitamente relacionada com o
PEPS, esta edição sublinha algumas orientações para uma maior atenção à
cultura vocacional, à animação missionária e voluntariado, e ao mundo da
comunicação social.
O capítulo VII oferece as linhas operativas no interior da atividade e da obra de
astoral u enil alesiana ser i os e o ras nos di ersos am ientes salesianos
que têm forte incidência educativo-pastoral. É um capítulo notavelmente
reestruturado, à luz das novas realidades sociais, culturais e salesianas.
O capítulo VIII apresenta uma leitura dos vários instrumentos pastorais e
como eles são entendidos e aplicados no interior da Pastoral Juvenil Salesiana
orgânica. Explica-se também a programação pastoral local, provincial e
interprovincial para ser mais bem atuada.
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A apresentação gráfica quer facilitar aos agentes pastorais a leitura, o
estudo e a reflexão em comum. Ainda, a centralidade da Palavra de Deus
foi privilegiada, juntamente com a referência às fontes salesianas; estas
constituem o fio condutor do texto e são apresentadas nas “caixas de
texto” que enriquecem cada capítulo. As citações do texto são tiradas da
documentação que se segue a esta premissa. Atenção particular foi dada
à linguagem própria das Constituições e Regulamentos, ao património do
Magistério da Igreja e dos Reitores-Mores.
Para uma leitura mais clara e lógica, o texto divide-se em três partes,
salvaguardando a estrutura de cada parte. Em vista de itinerários formativos,
cada capítulo pode ser lido separadamente ou em ordem diversa da proposta.
Um vivo agradecimento a todos aqueles que, nos últimos anos, nos
acompanharam com a oração, a reflexão e as sugestões. Gostaria de
agradecer de maneira especial a Miguel Angel Morcuende, que acompanhou
de perto o itinerário e a formação do texto, e a Rafael Borges, Mario Olmos e
Robert Simon que participaram com generosidade na revisão do texto.
Sentimos o dever de exprimir o mais vivo agradecimento a todos os que,
com o seu precioso e oculto trabalho de tradução, garantiram que a reflexão
pastoral da Congregação chegasse a todos os lugares do mundo. O seu
generoso serviço é um autêntico e cada vez mais apreciado ministério.
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Documentação
Documentos da Igreja
• Lumen Gentium. Constituição dogmática do Concílio Vaticano II
so re a re a de no em ro de
• Gravissimum Educationis. Declaração do Concílio Vaticano II sobre a
educação cristã (28 de outubro de 1966).
• Gaudium et Spes. Constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre
a Igreja no mundo contemporâneo (7 de dezembro de 1966).
• Evangelii Nuntiandi. Exortação apostólica de Paulo VI sobre a missão
de anunciar o an el o de de em ro de
• A escola católica. Documento da Sagrada Congregação da Educação
Católica (19 de março de 1977).
• Conferência de Puebla. Documento da Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano (28 de janeiro de 1979).
• Familiaris Consortio. Exortação apostólica de João Paulo II sobre a
missão da família cristã no mundo de hoje (22 de novembro de 1981).
• Código de Direito Canónico. romul ado por oão aulo
de
janeiro de 1983).
• Christifideles Laici. Exortação apostólica de João Paulo II sobre a vocação
e a missão dos leigos na Igreja e no mundo (30 de dezembro de 1988).
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• Juvenum Patris. Carta de João Paulo II no centenário da morte de
Dom Bosco (31 de janeiro de 1988).
• Ex Corde Ecclesiae. Constituição Apostólica de João Paulo II sobre as
ni ersidades atólicas de a osto de
• Redemptoris Missio. Carta encíclica de João Paulo II (7 de dezembro
de 1990).
• Presença da Igreja na universidade e na cultura universitária.
Congregação da Educação Católica, Pontifício Conselho dos Leigos,
Pontifício Conselho da Cultura (22 de maio de 1994).
• Diretório geral da catequese. on re a ão do lero
de 1997).
de a osto
• Novo Millennio Ineunte. Carta apostólica de João Paulo II (6 de
janeiro de 2001).
• Deus Caritas Est. Carta encíclica de Bento XVI sobre o amor cristão
de de em ro de
• Spe Salvi. Carta encíclica de Bento XVI sobre a esperança cristã (30 de
novembro de 2007).
• Nota doutrinal sobre alguns aspetos da evangelização.
Congregação da Doutrina da Fé (3 de dezembro de 2007).
• Carta de Sua Santidade Bento XVI ao Padre Pascual Chávez Villanueva,
Reitor-Mor S.D.B. por ocasião do Capítulo Geral XXVI (1 de março de 2008).
• Caritas in Veritate. Carta encíclica de Bento XVI sobre o desenvolvimento
humano integral na caridade e na verdade (29 de junho de 2009).
• Verbum Domini. Exortação Apostólica de Bento XVI sobre a Palavra
de Deus na vida e na missão da Igreja (11 de novembro de 2010).
• Porta Fidei. Carta apostólica de Bento XVI (11 de outubro de 2011).
• Mensagem ao Povo de Deus. XIII Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos (7-28 de outubro de 2012).
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Fontes salesianas
• Cronache dell’Oratorio di San Francesco di Sales de Domenico
u no oma, rqui o alesiano entral, caderno
• Memórias do Oratório de S. Francisco de Sales de 1815 a 1855 de
João Bosco. Ensaio introdutório e notas históricas preparadas por Aldo
iraudo orto di es alesianas
• Vidas de Jovens de João Bosco. Biografias de Domingos Sávio,
Miguel Magone e Francisco Besucco. Ensaio introdutório e notas
istóricas cuidadas por ldo iraudo orto di es alesianas
• Introduzione al Piano di Regolamento per l’Oratorio maschile
di San Francesco di Sales (1854) di Giovanni Bosco, in Pietro
Braido (ed.), Don Bosco educatore scritti e testimonianze.
stituto torico alesiano, onti, erie prima, n orto di es
Salesianas 2012).
• Il giovane provveduto per la pratica de’ suoi doveri degli
esercizi di cristiana pietà di Giovanni Bosco (Turim, 1847), in Pietro
Braido (ed.), Don Bosco educatore scritti e testimonianze. Istituto
torico alesiano, onti, erie prima, n oma
• Il Sistema Preventivo nella Educazione della Gioventù (1877)
de Giovanni Bosco, in Braido P. (ed.), Don Bosco educatore scritti
e testimonianze. Istituto Storico Salesiano, Fonti, Serie prima, n. 9
oma
• Lettera da Roma di Giovanni Bosco (Roma, 1884), in Pietro Braido
(ed.), Don Bosco educatore scritti e testimonianze. Istituto Storico
alesiano, onti, erie prima, n oma
• Lettera di Giovanni Bosco a Don Giacomo Costamagna (10
a osto
, in raido , ed , Don Bosco educatore scritti e
testimonianze. Istituto Storico Salesiano, Fonti, Serie prima, n. 9
oma
15

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• Lettera Circolare sulla Diffusione di Buoni Libri di Giovanni Bosco
mar o
, in eria , Epistolario di san Giovanni Bosco,
olume , lettera
• Memorie biografiche di don [del venerabile servo di Dio / del
beato / di San] Giovanni Bosco di Giovanni Battista Lemoyne -
Angelo Amadei - Eugenio Ceria, 19 vol.
Documentos da Congregação
e da Família Salesiana
• Atos do Conselho Geral da Sociedade Salesiana de São João
Bosco. Órgão oficial de animação e comunicação para a
Congregação Salesiana. Direção Geral das Obras de Dom Bosco.
• Capítulo Geral Especial da Sociedade Salesiana (1971).
• Capítulo Geral 21 da Sociedade Salesiana (1978).
• Capítulo Geral 22 da Sociedade Salesiana (1984).
• Capítulo Geral 23 dos Salesianos de Dom Bosco. «Educar os
jovens para a fé» (1990).
• Capítulo Geral 24 dos Salesianos de Dom Bosco. «Salesianos e
leigos: Comunhão e partilha no Espírito e na missão de Dom
Bosco» (1996).
• Capítulo Geral 25 dos Salesianos de Dom Bosco. «A comunidade
salesiana hoje» (2002).
• Capítulo Geral 26 dos Salesianos de Dom Bosco. «Da mihi
animas, cetera tolle» (2008).
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• Constituições e Regulamentos da Sociedade de São Francisco de
Sales (1984).
• Sistema Salesiano de Comunicação Social. Linhas de orientação
para a Congregação Salesiana. Dicastério da Comunicação Social
(2011).
• O voluntário na missão salesiana. Manual de Guia e Orientações.
Dicastério da Pastoral Juvenil e das Missões (2008).
• Carta de Identidade Carismática da Família Salesiana. Pe. Pascual
Chávez (2012).
• Identidade das Instituições Salesianas de Educação Superior.
Direção Geral das Obras de Dom Bosco (2003).
• Políticas para a presença salesiana na educação superior 2012-
2016. Direção Geral das Obras de Dom Bosco (2012).
Siglas e abreviaturas
ACG/ACS Atos do Conselho Geral/Superior da Sociedade
Salesiana de São João Bosco.
Const./Reg. Constituições e Regulamentos da Sociedade de São
Francisco de Sales (1984).
CG
Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco.
IUS
Instituições Salesianas de Ensino Superior.
PEPS
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano.
PEPSP
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano Provincial.
CEP
Comunidade Educativo-Pastoral.
CFP
Centro de Formação Profissional.
MJS
Movimento Juvenil Salesiano.
POP
Projeto Orgânico Provincial.
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I II III

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PARTE
PRIMEIRA
Nesta primeira parte são traçadas as linhas da Pastoral Juvenil
Salesiana renovada, a partir de uma abordagem teológica e
antropológica. São indicadas algumas chaves interpretativas para a
comunicação da Boa Nova para que possa ser recebida pelos jovens,
em sintonia com suas expetativas.

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
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HABITAR A VIDA E A CULTURA
DOS JOVENS DE HOJE
CAPÍTULO
I
«Encheu-se de compaixão
por eles…
e começou a ensinar-lhes»
(Mc 6, 34)

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O Senhor indicou a Dom Bosco os jovens,
especialmente os mais pobres, como primeiros e
principais destinatários da sua missão. Chamados à
mesma missão, tomamos consciência da sua extrema
importância: os jovens vivem uma idade em que
fazem opções fundamentais de vida que preparam
o futuro da sociedade e da Igreja. Com Dom Bosco
reafirmamos a preferência pela “juventude pobre,
abandonada, em perigo”, que tem maior necessidade
de ser amada e evangelizada, e trabalhamos
especialmente nos lugares de mais grave pobreza»
(Const. 26)
Olha, disse-me (...). Eis o teu campo, onde deves
trabalhar»
(Memórias do Oratório, Introdução)
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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
O primeiro capítulo tem caráter
inspirador. Além de oferecer uma perspetiva positiva da re-
alidade juvenil à pastoral, faz com que esta seja aberta a to-
das as expetativas mesmo ocultas e inconscientes dos jovens.
Somente habitando o seu mundo se pode apreciar realmente
as suas potencialidades. Abandonando uma pastoral dobrada
sobre si mesma, abrimos o horizonte com esperança, tendo
sempre presente quem é mais frágil e quem está em maior
risco. Os novos paradigmas culturais e os desafios dos vários
contextos provocam atenções específicas e desafiam o senti-
do mesmo da pastoral e do ser Igreja. Neste capítulo gosta-
ríamos de esclarecer a motivação que moveu Dom Bosco e a
Congregação, com ele e depois dele, na sua ação pelos jovens.
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3.3 Page 23

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 «Eis o teu campo, eis onde
deves trabalhar»
João Bosco, em casa, em família e no ambiente dos Becchi onde vivia, falava
certamente o dialeto piemontês típico das suas terras de camponeses.
Foi utilizando esse dialeto, acreditamos, que Maria, a mulher de aspeto
majestoso do sonho dos nove anos, falou em sonho a Joãozinho. Ora, no
dialeto do tempo, a frase que Maria disse para indicar a Joãozinho o seu
futuro campo de ação, “eis onde deves trabalhar” não é bem traduzida
com o verbo “trabalhar”, mas de modo mais verossímil com o verbo
lavrar: “eis o campo que deverás lavrar”.
Somos filhos de um lavrador, e isso confirma-nos que o carisma salesiano
tem em si uma virtude totalmente especial a sustentar a missão juvenil
que nos carateriza: a virtude da esperança.
O lavrador não se volta para trás, não mede o cansaço com os frutos
que recolhe. Ele, segundo o clima do Piemonte, deve lutar com o terreno
pedregoso e inculto, com a terra fria do outono ou ainda compacta no
início da primavera. Não tem o horizonte do semeador, nem a alegria do
ceifeiro; tem somente a esperança, a certeza do futuro que já vê florido,
mesmo se naquele momento é feito de suor e esforço.
São estas as virtudes de quem quer evangelizar e educar os jovens: não é pos-
sível permitir a perda de tempo, não se pode desviar do caminho e contemplar
o passado, a olhar muito para trás,
mas também não se podem ver logo
os frutos. Em vez disso, é preciso es-
perar, olhar em frente e saber cultivar
no coração a certeza de que aquilo
«Nas coisas que redundam em vantagem
para a juventude em perigo ou servem
para conquistar almas para Deus, eu
que se está a fazer produzirá muito
fruto, frutos de santidade, frutos de
bons cristãos e honestos cidadãos.
avanço até a temeridade»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XIV, CAP. XXVIII)
Nós salesianos olhamos para os
jovens como o lavrador contempla
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3.4 Page 24

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
a terra que está a lavrar, com a firme teimosia do agricultor, com a
temeridade que carateriza o nosso fundador quando intui que os seus
projetos vêm de Deus; com os olhos e a mente fixos no presente como
lugar da esperança, porque esse é o tempo dos jovens, porque, mesmo
não parecendo, a terra em que se trabalha já é fecunda de santidade, e
deve ser apenas cuidada da maneira certa.
2 Simpatia e vontade de
contacto com os jovens
A chegada de Dom Bosco à Turim
de 1841 corresponde, para o jovem
padre camponês, à descoberta de
um mundo juvenil inesperado e novo
em relação ao qual estava habituado
desde pequeno: por um lado, são
«Basta que sejais jovens, para que eu vos
ame muito»
(O JOVEM INSTRUÍDO, INTRODUÇÃO “À JUVENTUDE”)
muitos os meninos e jovens que
convergem para a capital do Estado
sabaudo em busca de trabalho e sustento para o futuro; por outro, Dom Bosco
descobre uma sociedade com caraterísticas mais perigosas, cruéis e duras do
que aquelas que vivera nos Becchi ou mesmo na pequena cidade de Chieri.
Dom Bosco vê-se lançado num mundo novo, em que não faltam
problemas sociais, económicos, políticos e religiosos, em que vai crescendo o
anticlericalismo e onde o sentir normal da gente “nobre”, incluindo uma parte
da Igreja, é que os jovens não são e jamais serão adequados à vida civil. Muitos
deles são analfabetos, ignorantes, religiosamente não praticantes, dados ao
furto e aos crimes. Único remédio: «a Generala», a prisão juvenil.
Dom Bosco, graças também à orientação espiritual e pastoral do padre
Cafasso, vê essa situação com outros olhos, vê nos encarcerados,
possíveis futuros honestos cidadãos; nos jovens em situação de rua, bons
cristãos; nos limpa-chaminés e nos jovens operários, futuros santos, pilares
da sociedade e da Igreja do presente e do futuro.
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3.5 Page 25

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Esta é a grandeza da esperança, capaz não só de amar (como a caridade),
mas de amar o que será amanhã, não só crer e saber (como a fé), mas crer
e conhecer o amanhã.
O olhar de Dom Bosco é marcado, antes de tudo, pela simpatia. Ele
mete-se na pele dos seus rapazes. E amadureceu, durante a sua formação
vocacional, um modelo de padre caraterizado pela proximidade, pela
capacidade de empatia, de contacto imediato, de participar no sentimento
dos jovens e do povo. O modelo pastoral que Dom Bosco intui, constrói e
experimenta, sob a guia de Maria, é o modelo do padre simpático, não do
fanfarrão ou do amigalhote, mas daquele que faz sentir-se logo à vontade,
porque se faz sentir imediatamente amado por aquilo que se é e naquilo
que se é.
A ação pastoral de Dom Bosco, a opção de partir dos mais jovens, a sua
ideia de projeto, não tem por base a simples pesquisa sociológica sobre
os vícios da sociedade, ou só a constatação psicológica do potencial
inerente à fase juvenil da vida, nem sequer o puro filantropismo de quem
é movido à ação tão-somente pela insatisfação que vê nas pessoas ao
seu redor.
Dom Bosco é movido pelo mesmo coração do Bom Pastor que,
vendo ao seu redor um rebanho desanimado e a vaguear, tomado de
profunda comoção, se põe a anunciar-lhes a Palavra e a dar-lhes de comer
para o sustento do corpo e do espírito, aqui e para a eternidade: «Ao
sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão
porque eram como ovelhas sem pastor. E começou, então, a ensinar-lhes
muitas coisas» (Mc 6, 34).
A ação pastoral da Congregação é, assim, marcada por uma profunda
capacidade de encontrar ocasiões de contacto, de proximidade, de co-
munhão com os jovens. Vai à procura dos seus destinatários onde eles se
encontram, onde está a sua liberdade e onde, também fisicamente, estão
os seus interesses (cf. Const. 38). Como o Bom Pastor, o salesiano deixa-se
interpelar pelo desalento dos seus destinatários, dos seus adolescentes,
adaptando-se a eles, pedindo ao Espírito Santo o dom da simpatia, mode-
lada na doçura do coração de Cristo (cf. CG20, n. 100).
Para que isto aconteça, a ação pastoral deve ser realizada de maneira
profissionalmente correta, valorizando toda a ajuda que provenha das
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3.6 Page 26

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
ciências e da sabedoria humana,
mas deve ser orientada, principal-
mente, pela contemplação da
situação juvenil com o mesmo
olhar de Deus, olhar que Dom
Bosco teve na sua vida, desde o
sonho dos nove anos até o fi m,
«Os superiores amem o que agrada aos
jovens e os jovens amarão o que agrada
aos superiores»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XVII, CAP. III)
com a oração, a entrega a Maria,
a obediência à Igreja, a harmonia
dos próprios desejos e sentimentos
com os de Cristo: «Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em
Cristo Jesus» (Fl 2, 5).
3 O discernimento de
educadores e de crentes
A contemplação leva-nos a ver a realidade na sua profundidade. São
célebres os muitos sonhos nos quais Dom Bosco descreve a própria ação e
os acontecimentos do Oratório como uma luta, às vezes cruenta, entre o
bem e o mal, ou melhor, entre o diabo e Maria e Jesus.
Essas visões não são apenas pedagogicamente pensadas como metáfora
formativa para os rapazes que ouviam Dom Bosco nas boas-noites de
Valdocco; são uma visão da realidade com os olhos de quem contem-
pla a vida com o olhar de Deus. Está efetivamente em curso uma luta
entre Jesus e o poder do mal, uma luta já certamente vencida (o que
fundamenta o nosso otimismo e a nossa esperança), mas que ainda não
terminou.
A nossa pastoral insere-se na luta ainda cruenta em vista da libertação
dos jovens daquilo que é a verdadeira escravidão e o verdadeiro
mal: o pecado. Pecado que se manifesta de muitas maneiras: no pecado
pessoal, no pecado da Comunidade eclesial, nas estruturas de pecado da
sociedade; pecado que oprime o homem e ofusca o horizonte da salvação
em que já progride e que o espera no Paraíso.
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3.7 Page 27

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
É nesta luta que se insere a nossa pastoral, enfrentando todas as
consequências espirituais, materiais, estruturais, políticas, sociais,
económicas e jurídicas, para que todo o jovem possa obter plenamente a
vida digna de Deus e a felicidade que lhe está reservada.
O salesiano assume com responsabilidade (cf. Const. 18) e com alegria
e esperança (cf. Const. 17) o empenho de escutar, observar e discernir a
situação de pecado deste mundo e esforça-se, com a sua ação quotidiana
pessoal e comunitária, em dispor dos instrumentos para realizar a sua
missão: uma vida feliz, agora e na eternidade, para todos os jovens,
mesmo os mais afastados.
Por este motivo, à imagem do Bom Pastor que reúne as suas ovelhas
e as guia para pastagens seguras, a pastoral salesiana é ao mesmo
tempo evangelização e educação. É obra de transformação de toda
a vida do jovem, e esforça-se por ouvir e conhecer de modo profundo
e competente a realidade em que vivemos a fim de poder transformá-la
segundo o desígnio divino (v. capítulo III).
Desta forma, a missão salesiana, segundo a intuição do Fundador, é ex-
tensiva à pessoa inteira e ao mundo todo. A ânsia pastoral missionária
de Dom Bosco assume o cuidado do jovem todo, em todas as suas com-
ponentes, pessoais e sociais, e de todos os jovens do mundo. Nasce daí,
desde o início da Congregação Salesiana, a opção de ir ao encontro dos
jovens nas situações e nos lugares em que se encontram para lhes comu-
nicar o Evangelho.
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3.8 Page 28

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
4 Comunhão no amor
com os outros
Formamos, nas nossas obras, a Comunidade Educativo-Pastoral e nela e
por meio dela nós salesianos somos «sinais e portadores do amor de
Deus aos jovens» (Const. 2, 47).
Esse dúplice ponto de referência ilumina e dá sentido à nossa missão.
A nossa missão realiza-se, primeiramente, no âmbito da mesma missão
de Cristo, que veio para que todos os homens tenham a vida e a tenham
em abundância (Jo 10,10); não uma vida qualquer, mas a sua mesma
vida, sendo Ele, justamente, a vida em pessoa, a verdade que ilumina e o
caminho para alcançá-la (Jo 14, 6).
A vida divina que Cristo encarna e manifesta na terra e testemunha até a
morte de cruz é a mesma vida de Deus, a vida do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, movimento único de comunhão e de amor.
Estamos, então, firmemente convencidos de que a finalidade última da nossa
missão na Igreja e no mundo é oferecer aos jovens, sobretudo aos mais
pobres, a mesma vida de Cristo, vida de relação, de amor, de comunhão
trinitária com o Pai, fim último da
nossa existência e origem da nossa
felicidade no tempo e na eternidade.
Só na plena comunhão com Deus,
Trindade de amor, da mesma for-
ma que o Filho feito homem, os
jovens podem encontrar o sentido
da própria vida, ou seja, a realiza-
ção de si mesmos, no quotidiano
concreto, a verdade que Deus lhes
reserva: a plenitude de vida e de
felicidade.
«A comunhão e a missão estão
profundamente ligadas entre si,
compenetram-se e integram-se
mutuamente, ao ponto de a comunhão
representar a fonte e, simultaneamente, o
fruto da missão»
(CHRISTIFIDELES LAICI 32)
29

3.9 Page 29

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Esta realização pessoal, porém, não é solitária; é construída desde o início na
comunhão trinitária que nos carateriza como filhos de Deus e como homens.
Criado segundo o modelo do Filho, o homem é criado para a comunhão.
A promoção desta espiritualidade de comunhão é o princípio educativo em
todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão (cf. Novo Millennio
Ineunte 43). Por isso, a nossa missão não se exprime primeiramente na
organização de obras e de projetos, mas na construção de Comunidades
Educativo-Pastorais que refletem aqui na terra a mesma comunidade
trinitária do céu, onde somos chamados a morar.
Estamos certos de que o amor de Deus levado por nós aos jovens
se desenvolve nas suas vidas com a alegria, a ascese e a vida
sacramental que combatem o pecado do individualismo, da solidão
e da autossuficiência. Somos chamados à comunhão no amor, uns
para com os outros. Realizamos a nossa missão em comunidade e
esforçamo-nos continuamente por dar vida a comunidades que vivam
aqui na terra como Deus nos pensou na eternidade.
5 A Pastoral Juvenil Salesiana
exprime a missão salesiana
A missão salesiana, que dá à nossa existência a sua tonalidade concreta,
especifica a missão que temos na Igreja e determina o lugar que
ocupamos entre as famílias religiosas (cf. Const. 3). Exprime-se ao
nível da sua ação histórica, no conjunto de projetos, obras, ambientes
educativos, lugares de formação e atividades de evangelização, a que se
atribui o nome genérico de Pastoral Juvenil Salesiana.
A Pastoral Juvenil Salesiana não esgota a riqueza da missão da Congre-
gação. A missão é, de facto, uma realidade teologal, estritamente relacio-
nada com a mesma vocação da Congregação e de cada irmão individual-
mente. Ela, contudo, não pode deixar de se exprimir em ações concretas.
A pastoral juvenil é a expressão primeira e típica da missão.
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3.10 Page 30

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
É pastoral, em primeiro lugar, por ser expressão multiforme de uma
comunidade eclesial, em cujo núcleo animador está presente a
comunidade dos consagrados salesianos, com os leigos colaboradores
(cf. CG25), constituindo juntos a comunidade eclesial no território,
marcada pelo carisma salesiano, que exprime a sua missão
evangelizadora através das obras educativo-pastorais que anima ao
longo do tempo.
É juvenil porque no centro da sua ação está a pessoa dos jovens,
especialmente os mais carenciados. Trata-se de buscar os jovens na sua
realidade, com seus recursos e dificuldades, e descobrir os desafios dos
contextos culturais, sociais e religiosos em que vivem, dialogando com eles
para propor, através da pedagogia do acompanhamento, um caminho de
encontro vivo e comunitário com Jesus Cristo (cf. CG20, n. 360).
Por fim, é salesiana por ter no carisma de Dom Bosco, segundo a inspiração
da caridade educativa do Bom Pastor, a sua referência principal, expressão
da pedagogia preventiva, amável, aberta ao diálogo e à confiança, o grau
da própria verdade e eficácia, a medida do seu projeto e da sua ação.
Expressão da missão eclesial ao estilo de Dom Bosco, a Pastoral Juvenil
Salesiana entende a evangelização como a principal urgência da sua
ação, ciente de que a sua tarefa fundamental é propor a todos os jovens
viver a existência humana como Jesus a viveu para que, pouco a pouco, se
encontrem com Cristo, vivam plenamente a própria humanidade e sejam
protagonistas e corresponsáveis na construção do reino de Deus no mundo.
A pastoral salesiana não é diversa da eclesial, toda ela justamente evange-
lizadora. Carateriza-se pelo estilo de mediação educativa, mas é também
uma pastoral que passa através da própria experiência educativa.
Os nossos destinatários privilegia-
dos são os jovens, que Dom Bosco
define como a parte mais preciosa
e delicada de toda a humanidade
e encanto do Senhor. A categoria
“jovens”, embora designando ine-
vitavelmente uma idade evolutiva
específica, não é utilizada nem de
forma psicológica nem sociológica.
«Nós devemos ter como finalidade
primária o cuidado da juventude, e não é
boa qualquer ocupação que nos distraia
deste cuidado»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XIV, CAP. XI)
31

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A idade juvenil deve ser entendida, portanto, não só como idade de pas-
sagem em vista de ser «bons cristãos e honestos cidadãos» no futuro, mas
em dupla ótica:
• por um lado, não pode ser pensada senão como uma parte do todo
da vida da pessoa, incompreensível sem a correlação com as idades
que a precedem e se lhe seguem, e etapa de desenvolvimento e
crescimento para a idade adulta;
• por outro, é necessário examinar o que é próprio desta idade para
ser assumido necessariamente a fim de passar à idade seguinte sem
lacunas.
Desta forma, as idades não se sucedem de maneira que a nova idade
simplesmente decrete a decadência da precedente, pois a idade juvenil
representa uma forma fundamental da existência humana, um modo ca-
raterístico da vida do homem, do seu caminho do nascimento à morte,
um modo de sentir, de comportar-se diante do mundo.
A idade juvenil, que interessa à pastoral juvenil de modo privilegiado e
prioritário, só pode ser compreendida e pensada em relação com a idade
que a precede e com a que se lhe segue; e, ao mesmo tempo, há que exa-
minar aquilo que nela é único e que será necessário assumir para passar
à fase seguinte sem lacunas. Descobrimos assim que a idade juvenil, com
a adolescência que a precede, é a parte mais preciosa da humanidade
por ser justamente a parte da vida em que a pessoa toma consciência de
si mesma, da sua liberdade como
missão, missão de querer a própria
verdade, marcada pela vocação di-
vina e pela solidariedade para com
«A juventude dos nossos dias (é) a
porção mais delicada e mais preciosa da
Sociedade humana, em que se fundam as
esperanças do presente e do futuro»
(INTRODUÇÃO AO PLANO DE REGULAMENTO PARA O ORATÓRIO
os outros. É a idade na qual com-
preender e querer a própria missão
na vida, para que, depois de um
período de prova, em que o sujeito
se vê a si mesmo nas várias identi-
DE SÃO FRANCISCO DE SALES)
dades futuras possíveis, possa dar
o salto de iniciação que faz passar
«Recordai-vos, ó jovens, que vós sois o
encanto do Senhor»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS III, CAP. LIII)
do provisório à decisão definitiva a
seu respeito. É a idade em que a
fortaleza se torna a virtude cardeal
por excelência; é a fase do ideal,
32

4.2 Page 32

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
do desafio à realidade em nome da
memória dos pais e da caminha-
da feita em vista da verdade e do
bem. É a coragem da missão, de
“lançar as redes” segundo a pro-
messa de uma palavra autorizada.
«A nossa missão fundamental é, portanto,
propor aos jovens, com alegria e coragem,
a vivência da existência humana como foi
A Pastoral Juvenil Salesiana
vivida por Jesus Cristo»
(CG26, N. 36)
procura tudo isto não só em
favor dos jovens, mas como estilo
particular: com os jovens. Dom Bosco é o primeiro santo que funda uma
Congregação não só para os jovens, mas com os próprios jovens,
valorizando de modo inaudito o seu protagonismo típico dessa idade e
envolvendo-os pessoalmente na aventura do próprio amadurecimento
religioso e humano. Por isso, a pastoral salesiana é juvenil: não só por ver
nos jovens os próprios destinatários e a própria medida, mas por assumi
-los como protagonistas.
Protagonismo não cego, porém. Superando as divisões geracionais e certo
paternalismo pastoral, no estilo de família, ativa a responsabilidade educa-
tiva em diálogo franco e aberto, e valoriza a corresponsabilidade do sujeito
na comunidade, de forma proporcionada à sua maturidade, mas com a
consciência de que, quem não se tornar protagonista de si mesmo e do
seu diálogo com Deus jamais poderá envolver-se na aventura da santidade.
Por fim, justamente por ser pastoral juvenil, é sempre e ao mesmo tempo
evangelização e educação ou, talvez pudéssemos dizer, evangelização que,
propondo aos jovens viver a própria vida segundo a maneira como Jesus
mesmo a viveu, também é sempre formação integral da pessoa e, portan-
to, educação.
A Pastoral Juvenil Salesiana é, pois, ação orgânica de uma Comuni-
dade Educativo-Pastoral que, movida por uma missão carismática,
quer habilitar os jovens a crescerem até a própria maturidade, até
colherem o seu apelo religioso e até à comunhão na Igreja com Je-
sus Cristo percebido como Aquele que dá plenitude à vida, sendo seu
fundamento e, ainda, até serem, graças às intervenções educativas,
“honestos cidadãos e bons cristãos”.
33

4.3 Page 33

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
6
Multiplicar e qualificar os
lugares de encontro com os
jovens
A Pastoral Juvenil Salesiana está atenta, por defi nição, aos sinais dos
tempos, porque os jovens nunca são os mesmos e a sua idade e condição
são por natureza mutáveis e variáveis. Por isso, a pastoral salesiana não
tem receio de alterar os próprios paradigmas e colocar-se na situação de
conversão pastoral.
Os contextos em que nos movemos caracterizam-se por notável comple-
xidade e contradição. É um dado de facto que nunca como atualmente
fomos chamados a colocar o tema de modo explícito.
A experiência religiosa dos jovens apresenta-se variada e também com
sinais de contradição; às vezes, uma experiência ao lado de outras, em que
a fé não consegue ser eixo de projeção unitária da vida. Para muitos jovens, a
proposta cristã, abordada esporadicamente ou com alguma continuidade na
catequese, celebração ou através de qualquer outra iniciativa eclesial, resulta
pouco significativa em relação à experiência deles, pouco eloquente, pouco
capaz de questionar os problemas concretos da vida. Às vezes, a proposta
supõe, se não um interesse explícito pela fé, ao menos certa abertura à
dimensão religiosa da vida ou uma interrogação explícita sobre o sentido
da vida. Muitos jovens, porém, levados pelas dificuldades do quotidiano e
pela busca de interesses muito imediatos, encontram-se de facto ausentes,
não tanto e não só fisicamente, mas, sobretudo, mentalmente.Verifica-se,
então, certa indiferença em relação à fé. Note-se, porém, que tal indiferença
provém da maneira como é apresentada a proposta da fé e não deve ser
entendida como um fechar-se absoluto diante da fé, da presença de Deus,
do bem que dá esperança e sentido à vida.
Esta complexidade não se refere apenas ao mundo dos jovens, pois a
Congregação Salesiana, à escala mundial, vive a fecunda mas inovadora
tensão entre a fidelidade à própria identidade e o afastamento dela nas
múltiplas e complexas realidades em que vive e das quais vive.
34

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
É na polivalência desses processos de globalização e de mudança
estrutural, e não apenas superficial, que como Salesianos somos chamados
a redescobrir profundamente as raízes da nossa identidade, ver com fé os
nossos projetos pastorais e encarnar com maior verdade a nossa missão
juvenil, a ponto de se tornar proposta intensa e criativa de novas e atuais
formas para o anúncio da “bela notícia” do Evangelho.
7 Dupla fidelidade
A simpatia por Dom Bosco traduz-se hoje em saber que é
preciso questionar a nossa ação pastoral para ser sempre
guiada por uma dupla fidelidade: fidelidade ao sentir dos
jovens, aos seus desejos profundos, ao clima cultural por
eles vivido, do qual gostaríamos que fossem protagonis-
tas e não apenas destinatários ou consumidores; e
fidelidade ao sentir da Igreja, à sua missão evan-
gelizadora, na capacidade de viver, graças à ação do
Espírito Santo, a missão no presente, não só como
aplicação protocolar de um passado que ficou para
trás, mas como verdade sempre fecunda de história e
de novidade, que incessantemente nos renova e nos
conduz à união com o Esposo (cf. Lumen Gentium 4).
Ou seja, é necessário habitar um terreno comum, em
sintonia, e viver profundamente a assistência e convi-
vência com os jovens; foi sobre isso que Dom Bosco
escreveu na carta de Roma, de 1884: urgência não
só de presença física, mas também de proximidade es-
piritual, cultural, afetiva, propositiva; não paternalista,
mas ciente do que é vivido pelo jovem; urgência de uma
proximidade que descubra na relação educativa a novi-
dade de Deus e o seu chamamento a exprimir e viver de
modo sempre novo a vocação da Igreja.

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Esta dupla fi deildade histórica, ao mundo juvenil e à missão eclesial,
coloca, antes de tudo, a necessidade de multiplicar e qualificar os lugares
de encontro com os jovens do nosso tempo, de descobrir, experimentar
e propor novas formas de escuta, de partilha e de propostas. É esta a
conversão pastoral pedida hoje e nela está a raiz da criatividade pastoral
(cf. Const. 19) que, como salesianos cultivamos nas nossas obras e nos
nossos projetos. Esta conversão é uma intervenção de revisão e
relançamento da pastoral a partir da fidelidade ao mundo e ao
Evangelho, não estática, mas eminentemente inovadora e missionária.
Aqui está o coração da Nova Evangelização, ato de renovado acolhimento
pela Igreja do mandato missionário do Senhor Jesus Cristo que a quis e enviou
ao mundo, para que, guiada pelo Espírito Santo, testemunhe a salvação rece-
bida e anuncie a face de Deus Pai, primeiro artífice da obra de salvação. Ela
não é só renovação, mudança de paradigma ou renovação de projetos, mas
uma verdadeira e própria conversão porque é caminho de santidade, de com-
bate ao pecado e de conformação cada vez mais plena a Cristo Bom Pastor.
Por isso, nós, salesianos e leigos, carismaticamente chamados como Comu-
nidade Educativo-Pastoral a anunciar a Boa Nova, sentimo-nos interpelados
de modo especial pela urgência da Nova Evangelização, como responsabili-
dade de toda a Igreja. Urgência que nos incentiva a encontrar, na fidelidade
renovada ao carisma, um novo estímulo apostólico, um novo estímulo de
contacto com os jovens e, sobretudo, rever a nossa ação pastoral para que
seja sempre mais eficaz no anúncio do Evangelho, na colaboração para o
advento do Reino de Deus, na formação de bons cristãos e honestos cida-
dãos no presente e no futuro.
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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
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4.8 Page 38

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DO CRISTO EVANGELIZADOR
À IGREJA EVANGELIZADORA
CAPÍTULO
II
«…Para reunir os
filhos de Deus que
estavam dispersos…»
(Jo 11, 52)

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Nós, Salesianos de Dom Bosco (SDB),
formamos uma comunidade de batizados que, dóceis
à voz do Espírito, intentam realizar numa forma
específica de vida religiosa o projeto apostólico do
fundador: ser na Igreja sinais e portadores do amor
de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres.
No cumprimento desta missão, encontramos o
caminho da nossa santificação»
(Const. 2)
(…) para reunir os filhos de Deus dispersos (Jo 11,
52). As palavras do santo Evangelho revelam-nos que
o Divino Salvador veio do céu à terra para reunir todos
os filhos de Deus, dispersos nas várias partes da terra e
parece-me poderem aplicar-se literalmente à juventude
dos nossos dias. Esta porção, a mais delicada e a mais
preciosa da sociedade humana, na qual se fundam as
esperanças de um futuro feliz (...). Esta foi a missão
do Filho de Deus; e só a sua santa religião pode fazer
isto (...). Quando me dediquei a esta parte do sagrado
ministério, entendi consagrar todos os meus esforços
à maior glória de Deus e ao bem das almas; entendi
trabalhar para fazer bons cidadãos nesta terra, para que
fossem depois um dia dignos habitantes do céu. Deus me
ajude a poder continuar assim até ao último alento da
minha vida»
(Introdução ao Plano de Regulamento para o Oratório de São Francisco de Sales)
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4.10 Page 40

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DO CRISTO EVANGELIZADOR À IGREJA EVANGELIZADORA
A organização atualizada da Pastoral
Juvenil Salesiana exige uma reflexão não só de tipo carismáti-
co, mas também de tipo teológico. A pastoral juvenil como
ação da comunidade eclesial leva-nos ao aprofundamento te-
ológico e eclesiológico. Este segundo capítulo expõe três con-
vicções fundamentais: Jesus Cristo, evangelizador e anuncia-
dor da comunhão com Deus e da comunhão entre os homens
(amor fraterno), que é a revelação plena de Deus Comunidade
de Amor; a Igreja, “Mistério de comunhão e de missão”, ani-
mada e sustentada pelo Espírito de Deus; a Congregação Sa-
lesiana partilha com a Igreja a missão evangelizadora com a
específica opção juvenil.
41

5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1
Jesus Cristo, Bom Pastor,
manifestação plena do Amor
de Deus
O precioso texto do nosso Santo Fundador (v. acima), além de indicar a
integralidade da educação salesiana que, através do Sistema Preventivo forma
“honestos cidadãos e bons cristãos”, revela-nos claramente a profundidade
teológica da missão que lhe foi confiada por Deus. Esta, em contextos
novos e muito diferentes daqueles nos quais Dom Bosco viveu e trabalhou,
continua a ser também a nossa missão. Somos chamados a ser, na Igreja,
«sinais e portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais
pobres» (Const. 2).
O amor de Deus manifestou-se plenamente em Jesus Cristo, como diz a
primeira carta de João: «O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que
vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e o que as nossas mãos
apalparam da Palavra da Vida – vida esta que se manifestou, que nós vimos
e testemunhamos, vida eterna que vos anunciamos, para que estejais em
comunhão connosco» (1Jo 1, 1-3a). Neste sentido, Jesus é o Profeta por
excelência; diversamente dos profetas do Antigo Testamento, através dos
quais falou Deus ao seu Povo de muitos modos e tempos (cf. Hb 1), Ele é a
Palavra de Deus, na qual Deus se comunica de maneira definitiva a todos os
homens e mulheres do mundo.
O amor de Deus manifestado em Jesus Cristo é a Boa Nova por excelência
oferecida a todos os homens, o euanghèlion. Este amor constitui também
a plenitude de todo o homem e mulher, na sua realidade integral. Jesus
oferece-o mediante a comunhão com Deus, principalmente no perdão dos
pecados, e através da comunhão entre todos os homens, no “mandamento
novo”: «Nisto todos conhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes
uns aos outros» (Jo 13, 35).
Jesus comunica o Amor de Deus que leva à salvação de todos sem excluir
ninguém, embora com predileção especial por aqueles que, por razões
diversas, são marginalizados social e religiosamente: os mais pobres, os doentes
42

5.2 Page 42

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DO CRISTO EVANGELIZADOR À IGREJA EVANGELIZADORA
– de modo especial os leprosos e os
atribulados pelo espírito maligno
–, até mesmo os mais distantes
de Deus, os pecadores públicos
(publicanos e prostitutas: cf. Lc 7, 36-
50; Lc 15, 1-3). Demonstra também
uma grande bondade e ternura
pelas crianças, a propósito das quais
afirma: “Quem não receber o Reino
de Deus como uma criança, não
entrará nele” (Mc 10, 15).
A manifestação do Amor de Deus
por todos os homens e mulheres
não é apenas uma promessa que
se cumprirá no futuro: Jesus revela
o Amor de Deus mediante os seus
sinais salvíficos: “passou fazendo o
bem” (Act 10, 37-38).
«A pobreza refere-se diretamente à sua
situação socioeconómica. O abandono
reporta-se à “qualificação teológica”
de privação de sustento por falta de
uma mediação adequada do Amor de
Deus; o perigo remete para uma fase
determinante da vida, a adolescência
– juventude, que é o tempo da decisão,
depois da qual muito dificilmente se
podem mudar os hábitos e as atitudes
adotadas»
(PE. PASCUAL CHÁVEZ, ACG 384, «CONTEMPLAR CRISTO COM
O OLHAR DE DOM BOSCO»)
Por outro lado, todos os que fizeram
experiência do Amor de Deus
mediante a palavra e a ação de
Jesus Cristo, os mais “necessitados”
nas diversas situações, tornam-se,
eles mesmos, evangelizadores:
os doentes, os mais pobres, a
samaritana desprezada, até mesmo
quem estava possuído por uma
legião de demónios (cf. Mt 5).
«Jesus Cristo fez-se pequeno com os
pequenos e carregou as nossas fraquezas.
Aí está o mestre da familiaridade»
(CARTA DE ROMA, 1884)
Jesus mesmo quis representar a sua missão com a imagem do Bom
Pastor (cf. Mt 18, 12-14; Lc 15, 4-7; Jo 10, 1-8), «que conquista com a
mansidão e o dom de si» (Const. 11).
Como Bom Pastor, Jesus sempre teve uma preocupação missionária: «Eu devo
anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, pois é para
isso que fui enviado» (Lc 4, 43-44). «Tenho ainda outras ovelhas, que não são
deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e
haverá um só rebanho e um só pastor» (Jo 10, 16). Amando todas as suas
43

5.3 Page 43

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ovelhas, o Bom Pastor tem uma predileção até desconcertante por aquela
que se perdeu, manifestando a sua amável preocupação em procurá-la até
que a encontre e, na sua bondade «alegre, põe-na aos ombros» (Lc 15, 5).
O sentido mais profundo da Encarnação do Filho de Deus, enviado
pelo Pai “por obra do Espírito Santo” e que encontra a sua mais
plena realização no Mistério Pascal, morte e ressurreição de Jesus, é
justamente este: revelar-nos «até ao fim» (Jo 13, 1ss.) o Amor divino, para
reunir na unidade desse Amor todos os homens e mulheres do mundo:
«Ele é a nossa paz: de dois povos fez um só, derrubando o muro da
inimizade que os separava. (...) É por Ele que todos nós temos acesso a
Deus, num só Espírito» (Ef 2, 14.18).
2 Jesus revela-nos o Mistério de
Deus, Comunidade de Amor
Jesus, porém, revela-nos não só o amor de Deus por nós, mas o rosto
do verdadeiro Deus, que é, em si mesmo, Comunhão de Amor: o Pai
entrega-se a si mesmo ao Filho, gerando-o e, juntos, inspiram o Espírito
Santo: este é o coração da fé cristã.
Esta Comunhão de amor não é só manifestada aos homens pelo Filho, mas
é realmente participada através da ação de Jesus e do Espírito Santo. Ela
constitui o compromisso fundamental do cristão: construir no nosso mundo
o Reino de Deus, que é um Reino “de justiça, de amor e de paz”. «Pai, que
todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam
em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste» (Jo 17, 21).
44

5.4 Page 44

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DO CRISTO EVANGELIZADOR À IGREJA EVANGELIZADORA
3 A Igreja, chamada a continuar
a missão de Jesus
Esta é a razão de ser e a missão fundamental da Igreja: continuar a missão
de Jesus Cristo, com a luz e a força do Espírito Santo, para manifestar o
Deus que é Amor, e construir a comunhão com Ele e entre todos os homens
e mulheres, sem qualquer exclusão, mas privilegiando “os últimos”,
segundo as diversas situações no espaço e no tempo da história. Essa
continuidade é indicada no Novo Testamento, na obra joanina, através
de uma constatação citada duas vezes: «Ninguém jamais viu a Deus» (Jo
1, 18; 1Jo 4, 12); mas, se a primeira vez sublinha a missão de Jesus: «O
Filho unigénito, que é Deus, e está no seio do Pai, foi Ele que o revelou»,
a segunda vez transfere essa missão para a comunidade dos crentes em
Cristo: «Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu
amor é perfeito em nós».
A Igreja, na sua essência mais profunda, é «mistério de comunhão e de
missão» (Christifideles Laici 32): continuação da Missão de Jesus Cristo,
no anúncio do Amor de Deus para a edificação da comunhão-comunidade
dos fi hl os e fi hl as de Deus. A experiência de Igreja é experiência de
comunhão com Deus e com os homens.
É uma comunidade sustentada pelo Espírito onde a fé
é vivida em comunidade (koinonia)
é refletida e se torna testemunho coerente (martyria)
é celebrada (liturgia)
é transmitida no serviço e na ação pastoral (diakonia)
é traduzida em atitudes de vida (espiritualidade)
A sua comunitariedade manifesta-se e realiza-se em diversos níveis. Tem
a própria meta na realização escatológica da Comunhão de amor com
Deus e dos homens entre si: a plenitude do Reino de Deus. Instrumento
privilegiado e lugar de atuação desse amor, ainda aqui na terra, é a
Comunidade eclesial, comunhão de amor que se constrói todos os dias
e, ao mesmo tempo, indispensável serviço ministerial para a realização do
45

5.5 Page 45

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Reino através da obra de evangelização e catequese, da celebração dos
Sacramentos, da experiência do amor fraterno na comunidade, do diálogo
ecuménico e inter-religioso, da promoção humana que leva
à superação de toda a discriminação e marginalização.
Por isso, a Igreja é essencialmente missionária,
e leva o anúncio de Cristo a todos os povos e
culturas como seu dever prioritário. A missão
eclesial dá o tom à própria identidade da
comunidade cristã: a missão recebida de
Cristo de evangelizar os povos não é só
“algo a fazer”, mas faz parte da mesma
natureza da Igreja e exprime a sua identidade.
Assim, um texto litúrgico lindo:
“Fazer de todas as nações um só povo
novo, cujo fim é o vosso reino, cuja condição
a liberdade dos vossos filhos, cujo estatuto
(MISSAL ROMANO, PREFÁCIO
o preceito do amor”
COMUM VII)
4 A missão salesiana
O carisma salesiano participa na missão universal da Igreja: é uma
experiência de Espírito, um Dom de Deus dado à Igreja e à humanidade
através de Dom Bosco, com propriedades distintas:
• os destinatários específicos: “reunir” os jovens;
• a predileção pelos “mais pobres, abandonados, em perigo”: os
“afastados”, marginalizados pela comunidade humana, mais
carenciados da experiência do amor de Deus;
46

5.6 Page 46

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DO CRISTO EVANGELIZADOR À IGREJA EVANGELIZADORA
• um estilo típico que privilegia a bondade (amor educativo
que faz crescer e cria correspondência) e a comunitariedade
(espírito de família), para superar a solidão e a exploração;
• a “mediação privilegiada” da educação e a experiência de
Comunidade Educativo-Pastoral, «experiência de Igreja,
reveladora do plano de Deus» (Const. 47).
5 Maria, Mãe e Mestra
«Todos perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres,
entre elas, Maria, mãe de Jesus» (Act 1, 14). A presença materna de
Maria na primeira comunidade, no centro dos “irmãos e irmãs” de Jesus,
continua ao longo dos séculos. “Rosto materno do Amor de Deus”, Ela nos
leva a Jesus, para que todos, homens e mulheres do mundo, possam ser
filhos e filhas no Filho. E, como nas bodas de Caná, a sua preocupação
e predileção materna é por todos os que «já não têm vinho» (Jo 2, 3),
especialmente pelos muitos jovens que não encontram o sentido da
própria vida porque não se sentem amados por Deus, marginalizados por
causa de sua condição socioeconómica, familiar, afetiva ou profi ssional.
Fazendo-nos companheiros de caminho, sobretudo para estes jovens, «a
Virgem Maria é uma presença materna nesta caminhada. Procuramos
torná-la conhecida e amada como Aquela que acreditou, ajuda e infunde
esperança» (Const. 34).
47

5.7 Page 47

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
48

5.8 Page 48

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EVANGELIZAR E EDUCAR:
A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
CAPÍTULO
III
«Dá-me dessa água,
para que eu não
tenha mais sede»
(Jo 4, 15)

5.9 Page 49

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A nossa missão participa na missão da Igreja,
que realiza o plano salvífico de Deus, o advento do
seu Reino, levando aos homens a mensagem do
Evangelho, intimamente unida ao desenvolvimento
da ordem temporal. Educamos e evangelizamos
segundo um projeto de promoção integral do homem,
orientado para Cristo, homem perfeito. Fiéis às
intenções do nosso Fundador, visamos formar
“honestos cidadãos e bons cristãos”»
(Const. 31)
O sistema apoia-se todo na razão, na religião e
na bondade»
(O Sistema Preventivo na Educação da Juventude)
50

5.10 Page 50

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
A vida em plenitude e a felici-
dade dos seres humanos é o sentido último do plano de Deus.
O Evangelho de Cristo tem grande confiança no humano. É pre-
ciso dar atenção à realidade única de cada pessoa e à dispo-
nibilidade para acolher a vocação e o destino em Cristo, “ho-
mem perfeito”. O Evangelho propõe a bela notícia (a pessoa de
Jesus), que a todos convida a participar na filiação em Cristo,
fundamento da liberdade e da dignidade de toda a pessoa. Dom
Bosco educa e evangeliza pondo em ação um projeto de pro-
moção integral: a educação como desenvolvimento da pessoa,
como conjunto de mediações necessárias ao serviço das pesso-
as; a evangelização inspira e ilumina a plenitude da vida plena
oferecida em Jesus, respeitando a condição evolutiva do sujei-
to. Por fim, a escolha do campo apostólico: os jovens, sobretudo
os mais pobres, e os ambientes populares, pelos quais e nos
quais se humaniza e se evangeliza a cultura.
51

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 A vida em plenitude e a
felicidade do ser humano
Construir-se como pessoa é tarefa quotidiana, ligada à alegria e ao
compromisso de existir. Às vezes, um compromisso particularmente
empenhativo. Tem-se a sensação de precisar de inventar por si (e sozinho)
um percurso inédito, que nunca é linear, mas marcado por altos e baixos,
por momentos de satisfação e momentos de frustração, de esperanças e
desilusões: um construir-se que frequentemente permanece como trama
de situações e experiências sem grandes referências ideais ou grandes
preocupações de coerência e unidade.
Nesse sentido, o contexto atual provoca uma nova insatisfação, não temporá-
ria, mas permanente. À mudança incessante que carateriza a sociedade
e a cultura, une-se a fragilidade das instituições que acompanham os jo-
vens nesta situação. Tornam-se urgentes e importantes a atitude responsável
do educador salesiano e a solidez da sua proposta.
A reflexão de Paulo VI, indicando que a ruptura entre fé e cultura é um
drama do nosso tempo, não perde a atualidade (cf. Evangelii Nuntiandi
20). A cultura atual, não homogénea, infl ui sobre os jovens através da
sua complexidade e fragmentação; com os seus vários estímulos e as
suas virtualidades leva a uma compreensão consumista também do que é
afetivo e deixa os jovens na selva dos desejos, diante da dura realidade de
uma crise económica e existencial.
«Cremos que Deus está à nossa espera
nos jovens para nos oferecer a graça do
encontro com Ele e para nos dispor a servi-
l’O neles, reconhecendo-lhes a dignidade e
educando-os para a plenitude da vida»
(CG23, N. 95)
Ao lado desta dura realidade, encon-
tram-se no coração das pessoas
capacidades e possibilidades incri-
velmente preciosas que levam a em-
preendimentos extraordinariamente
grandes; enfim, homens e mulheres,
na própria singularidade, refletem
sobre si mesmos, interrogam-se a
respeito do sentido da vida (de onde
venho, para onde vou, como desejo
52

6.2 Page 52

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
caminhar, com quem quero caminhar), conscientemente ou nos factos, estabe-
lecem uma orientação precisa à própria vida. No horizonte último do humano
está a vida em plenitude, no jovem e no educador, que envolve a ambos.
Na interpretação da vivência das pessoas, observamos a necessidade de
serem amadas, o sentido da gratuidade, o prazer de se sentirem valorizadas
e importantes pelo que são e não em vista dos objetivos ou resultados
alcançados: percebemos que a falsa orientação da vida quotidiana é uma
questão de sentido, uma questão de projeto de vida. Por isso, é urgente
que, como educadores, identifiquemos aquilo pelo qual vale a pena gastar a
própria existência e entregar-se a si mesmo em favor dos outros. É urgente ver
nos jovens não recipientes a encher, mas pessoas a acompanhar. Ajudamo-los
a serem eles mesmos, a descobrirem a beleza da própria vocação.
Como cristãos, lemos nesta lógica o projeto de vida sob o sinal da
vocação, chamamento de Deus que suscita, sustenta e reforça a liberdade
do jovem, tornando-a capaz de corresponder com liberdade e alegria à
própria identidade e missão.
A vivência do Evangelho em plenitude não só abre à dignidade do humano,
mas também liberta e sustenta a sua capacidade de resposta responsável
e madura a Deus. A vida humana coloca-se sob o sinal da vocação,
que requer grande abertura de espírito, responsabilidade no acolhimento
de um compromisso fiel: “responsabilidade” significa literalmente assumir
a beleza do “responder”.
Nesta dinâmica, o jovem é levado a avaliar-se, a sair de si, a deixar-se
questionar por experiências novas, em vista de encontros que o levem
mais longe, onde se assumirá mais profundamente a si mesmo. É neste
espaço que se coloca também a proposta da fé e a resposta do projeto de
vida. O jovem, objeto do chamamento de Deus, é protagonista a escutá-lo
e no responder-lhe: é o seu “responsável”.
Ter conhecimento da “vocação” é o modo de entender verdadeiramente a
própria vida e a própria liberdade. Só quando a liberdade assume esta tarefa,
é que ela vai além do eu pessoal, entra na esfera do amor e aceita construir o
bem também para os outros. Numa palavra: vocação é amar, entregar-se,
fazer de si mesmo um dom que testemunhe uma nova cultura com inteligência
amorosa. A vocação é uma resposta de amor. Todo o projeto de vida que nasça
de uma vocação é um dom a oferecer, que transcende o próprio eu.
53

6.3 Page 53

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 Orientado para Cristo,
homem perfeito
21
INTEGRAR O AMOR PELA VIDA
E O ENCONTRO COM JESUS CRISTO
A fé leva-nos a descobrir que o projeto de vida e a transcendência da
pessoa referem-se a Cristo na sua condição histórica de único verdadeiro
“Homem novo”. Nós, salesianos, formamos uma comunidade de batizados
e apresentamo-nos na Igreja e no mundo com uma missão, uma vocação
e uma razão de ser particular: propor a todos a vivência da existência
humana como Jesus a viveu, e que o seguimento de Cristo pode
preencher a vida. Perguntemo-nos: como propor o Evangelho de Jesus de
modo que ele resulte desafiante para o amadurecimento na vida? Como
podem os desejos do homem concorrer com Jesus Cristo?
A pessoa de Jesus, perito em humanidade, interage com todos os desejos
humanos com a sua mensagem; ele mostra grande confiança no humano,
no qual encontra os sinais do bem e da presença de Deus. Jesus levou a
sério as necessidades do homem, o desejo de viver bem com o seu próprio
corpo, com a própria mente, no vasto mundo das relações, nas experiências
afetivas. Ele conhece o que há no coração do homem, o seu desejo de sentir-
se reconciliado com o próprio ser profundo, frequentemente fragmentado,
sem que tudo isso seja fruto de merecimento, mas apenas por bondade e
ternura. E, no fundo, traz uma simpatia radical, no sentido etimológico do
termo, evocado pela Gaudium et Spes:
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos
homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles
que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não
há realidade alguma verdadeiramente humana que não
(GAUDIUM ET SPES 1)
encontre eco no seu coração”
E pode fazê-lo porque a sua proposta libertadora é cheia de humanidade,
feita de gestos e palavras de acolhimento, de reciprocidade, de escuta. Isto
54

6.4 Page 54

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
implica, no plano da antropologia
cristã, a consciência da correlação
íntima entre a riqueza da humani-
dade de cada pessoa e a experiência
humana de Jesus. Ela tem o seu fun-
damento na Encarnação de Cristo: a
vida humana, mesmo sob as aparên-
«Sem Deus, o homem não sabe
para onde ir e não consegue sequer
compreender quem é»
(CARITAS IN VERITATE 78)
cias mais indigentes e mesquinhas,
torna-se digna de ser, à imitação de
Cristo, lugar onde Deus se faz presente, e é chamada a desenvolver-se até à
comunhão plena com Deus mediante o dom de si. Pela Encarnação, Jesus de
Nazaré é o único caminho acessível para conhecer o mistério de Deus
e o mistério do homem. O mundo de Deus e o mundo do homem não são
distantes e incomunicáveis. Deus e o homem estão em pleno diálogo a partir
de Jesus Cristo, o intérprete mais profundo da verdade do homem.
A missão de Jesus manifestou-se num contexto de encarnação-
inculturação. A Encarnação, como expressão máxima de inculturação,
não é um facto secundário, mas o caminho escolhido por Deus para
se automanifestar: a revelação foi transmitida mediante a Encarnação.
A missão da Igreja, guiada e suscitada pela missão do Espírito Santo,
foi realizada e realiza-se sempre em categorias espácio-temporais, de
profunda inculturação na vida dos povos. A Nova Evangelização
realiza-se na inculturação da fé. Isto implica a escolha de três
estratégias: uma nova evangelização através da catequese e da liturgia
(evangelizar catequizando); uma nova evangelização atenta à promoção
integral do povo, a partir dos pobres, pelos pobres, ao serviço da vida e da
família (evangelizar promovendo); uma nova evangelização empenhada
em penetrar nos ambientes da cultura urbana e não urbana (evangelizar
inculturando). Na época da Nova Evangelização, a nova pastoral (cf.
Pe. Pascual Chávez, ACG 407, “A Pastoral Juvenil Salesiana”) deve ser
aquela que ao mesmo tempo catequiza, promove e incultura. Se a Nova
Evangelização não se traduzisse em promoção humana e inculturação,
não seria autêntica e não faria amadurecer a energia da fé na história.
Sendo o Mistério de Cristo, na sua Encarnação-Morte-Ressurreição, a revelação
plena e completa da humanidade e da enorme grandeza de cada pessoa, a
Igreja pode ser intérprete do humano, pode mostrar-se perita em hu-
manidade, pode lançar-se livremente, sem temor, no terreno do humano: uma
antropologia cristã, em que a centralidade da pessoa, não concorrendo certa-
mente com o primado de Deus, é compreendida no horizonte da sua iniciativa.
55

6.5 Page 55

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A ciência de viver imerso no dom da salvação de Deus e de ser, em Jesus Cristo,
«criaturas novas» (Rm 8) é uma experiência que unifica a existência.
A confiança cristã na vida e no homem, na sua razão e na sua capacidade
de amar, não é fruto de um otimismo ingénuo, mas provém da «esperança
confiável» (Spe Salvi 1) que nos é dada com a filiação em Cristo; ela serve de
fundamento à dignidade, à liberdade e à capacidade de amar e de ser amado
e permite à pessoa viver de modo autenticamente humano, conforme a sua
natureza e a sua vocação. Cristo encontra o espaço mais íntimo da humanidade.
Revelando o mistério do Pai e do seu amor, «Cristo revela plenamente o homem
ao homem» (Gaudium et Spes 22) e dá-lhe a conhecer a sua altíssima vocação.
A pastoral juvenil habilita os jovens a descobrirem a profundidade da
sua própria experiência até perceberem o seu apelo religioso, a plena
comunhão com Jesus Cristo. Gradualmente, Jesus Cristo torna-se uma
pessoa central em relação à qual se organiza a vida: atitudes, opções,
ações, comportamentos. Hoje também encontramos vários modelos
pedagógicos, permeados de valores positivos, mas que na sua antropologia
prescindem de qualquer referência a Jesus Cristo e, portanto, da visão
integral do homem que encaminha a vida para a meta da salvação, como
vida nova, para o pleno amadurecimento da pessoa.
A ação salesiana, em qualquer ambiente que se desenvolva, compreende
sempre no seu âmago o anúncio de Cristo e a solicitude pela salvação dos
jovens; a «predileção pelos jovens dá sentido a toda a nossa vida» (Const.
14). Em qualquer iniciativa educativo-pastoral, esta solicitude constitui
sempre a intenção e o desejo principal. Tudo deve ser explicitado na medida
em que os sujeitos se tornam capazes disso. É este o “projeto apostólico”
de Dom Bosco: «ser, com estilo salesiano, sinais e portadores do amor de
Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres» (Const. 2).
Desejamos que escutem Deus Pai, que conheçam Jesus Cristo. Estamos
convencidos de que a proposta do Evangelho traz energias insuspeitadas para
a construção da personalidade e o desenvolvimento integral que todo o jovem
merece. Trata-se de um processo pedagógico que toma em consideração todos
os dinamismos humanos, e favorece nos jovens as condições que tornam
cada resposta um ato de liberdade. O sentido do realismo, a paciência da
gradualidade são atitudes que respeitam a situação pessoal de cada jovem, do
mais frágil ao mais forte, do mais afastado da fé e da experiência eclesial ao
mais próximo delas.
56

6.6 Page 56

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
22
A ORIGINALIDADE E A AUDÁCIA
DA ARTE DE EDUCAR EM DOM BOSCO
A pedagogia de Dom Bosco assume com insistência explícita a autêntica
fi naildade religiosa da vida num processo educativo positivamente
orientado para Cristo e iluminado pela sua mensagem: a integração de fé e
vida, nutrida pela sua força. É fundamental reconhecer que a preocupação
pastoral de Dom Bosco se situa dentro do processo de humanização que
promove o crescimento integral da pessoa dos jovens: a descoberta do
projeto de vida e o esforço de transformação do mundo segundo o projeto
de Deus sobre cada um deles. A originalidade e audácia da proposta
da “santidade juvenil” é intrínseca à arte de educar de Dom Bosco:
santidade que não frustra as profundas aspirações do espírito juvenil
(necessidade de vida, de expansão, de alegria, de liberdade, de futuro,
etc.); santidade que, de forma gradual e realista, os jovens experimentam
como “vida de graça”, de amizade com Cristo, e realização dos próprios
ideais mais autênticos: «Nós aqui fazemos consistir a santidade em estar
sempre alegres» (São Domingos Sávio).
3 Evangelizar e educar
segundo um projeto de
promoção integral
31
O HORIZONTE DE COMPREENSÃO
DA EVANGELIZAÇÃO
A evangelização torna-se veículo e expressão do anúncio claro e
inequívoco do Senhor Jesus; ela comunica a sua mensagem, a sua
proposta de vida e a salvação realizada por Deus, para todos, com o
poder do Espírito. A reflexão eclesial sobre a evangelização convoca todo
o crente para o compromisso evangelizador que torna acessível a riqueza,
a profundidade, a organicidade e a múltipla articulação da mensagem.
Nesta ótica, a evangelização, em sentido mais amplo, é:
57

6.7 Page 57

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
compromisso pela difusão do
Reino e seus valores entre todos os
homens e ação ao serviço do homem
«Evangelizar não é só ensinar uma
doutrina, mas anunciar Jesus Cristo
com palavras e ações, isto é, fazer-se
instrumento da sua presença e ação no
mundo»
pela justiça social relativa aos direitos
humanos, à reforma das estruturas
injustas, à promoção social, à luta
contra a pobreza e as estruturas que
a provocam;
(NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUNS ASPETOS
DA EVANGELIZAÇÃO 2)
aproximação progressiva dos
povos aos ideais e valores evan-
gélicos: recusa da violência e da
guerra, respeito por cada pessoa, desejo de liberdade, de justiça
e de fraternidade, superação do racismo e dos nacionalismos,
afirmação da dignidade e do valor da mulher;
intervenção operativa nos areópagos do mundo moderno e
nas grandes áreas ou setores de sofrimento da humanidade:
os exilados, os refugiados, os migrantes, as novas gerações,
os povos emergentes, as minorias, as áreas de opressão, de
miséria e de catástrofes, a promoção da mulher e da criança, a
salvaguarda da criação, as relações internacionais e o mundo da
comunicação social.
Evangelizar implica pluralidade de aspetos: presença, testemunho,
pregação (anúncio explícito), apelo à conversão pessoal, formação da
Igreja, catequese; mas também, inculturação, diálogo inter-religioso,
educação, opção preferencial pelos pobres, transformação da sociedade.
A sua complexidade e articulação foram enfatizadas pela Evangelii
Nuntiandi (n. 17) e muito bem apresentadas na Redemptoris Missio (n.
41-60):
“A evangelização, por tudo o que dissemos, é uma dili-
gência complexa, em que há variados elementos: reno-
vação da humanidade, testemunho, anúncio explícito,
adesão do coração, entrada na comunidade, aceitação
dos sinais e iniciativas de apostolado. Estes elementos,
na aparência, podem afigurar-se contrastantes. Na re-
alidade, porém, são complementares e reciprocamente
(EVANGELII NUNTIANDI 24)
enriquecedores uns dos outros”
58

6.8 Page 58

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
Esta visão ampla de evangelização valida a primeira tarefa da missão
salesiana: a promoção integral das pessoas, segundo as urgências
das múltiplas situações concretas (cf. Const. 31). Agir neste campo,
inspirados pelo amor de Cristo e sob o sinal do seu Reino, é
evangelização. A compreensão salesiana da evangelização é animada
pela preocupação de integralidade, a que se segue a preocupação
educativa pelo crescimento da pessoa na sua totalidade. A educação
é o lugar humano em que apresentamos o Evangelho e no qual ele
adquire uma fisionomia típica. A abordagem antropológica leva-nos a
entender melhor como os espaços de ação do educador salesiano são
felizmente marcados pelo humanismo integral e pela sua dimensão
transcendente.
32
A RELAÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA COM
A AÇÃO EVANGELIZADORA
A meta proposta pela Pastoral Juvenil Salesiana para todo jovem é a
construção da própria personalidade, tendo Cristo como referência
fundamental; referência que, tornando-se progressivamente explícita
e interiorizada, o ajude a ver a história como Ele, a julgar a vida como
Ele, a escolher e a amar como Ele, a esperar como Ele ensina, a viver
n’Ele a comunhão com o Pai e o Espírito Santo (cf. CG23, n. 112-115). A
verdadeira e real conversão missionária pede à Pastoral Juvenil Salesiana
para descobrir e viver a profunda e inseparável relação da ação
educativa com a ação evangelizadora.
A Os aspectos educativos da antropologia cristã
Partir da educação não signifi ca seguir a deriva antropológica, como
numa espécie de ‘secularização’ da missão evangelizadora; nem sequer
signifi ca mover-se fora dos horizontes e dos fundamentos teologais.
É possível pensar a mediação educativa no horizonte da história da
salvação. A reflexão teológica pós-conciliar considerou na fé a abordagem
da educação, tratando, por exemplo, do primado do Reino de Deus ou do
processo de salvação no contexto da Igreja e das suas mediações pastorais;
ou reconhecendo como lugares teologais as situações de vida do homem
e incentivando, portanto, a lê-las com o olhar da fé.
59

6.9 Page 59

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A centralidade da pessoa na antropologia cristã possui aspetos
educativos. A educação é assumida na sua aceção ampla e completa:
como crescimento da pessoa e como conjunto de mediações que se
colocam ao seu serviço para a tornar ciente da sua identidade, ajudá-la a
abraçar o que de bom nela foi colocado pelo Criador e abri-la ao sentido
e ao mistério. Focalizar a questão educativa é obrigação de todos, não
só dos cristãos. A opção de pensar a educação na ação pastoral torna-se
cada vez mais urgente, como confirmação da centralidade da educação
como mediação privilegiada ao serviço das pessoas.
A educação ativa todas as potencialidades do jovem, das capacidades intelectu-
ais às emotivas, até a vontade livre. Assumindo a responsabilidade pelo jovem,
a proposta educativo-pastoral salesiana acompanha e educa, em sentido am-
plo, as suas razões de viver e, através delas, todo o seu desenvolvimento.
O ponto de partida imprescindível é o encontro com os jovens na condição
em que se encontram, escutando atentamente os seus questionamentos e
as suas aspirações, para valorizar o potencial de crescimento que cada um
deles traz em si.
Vista assim, a educação dos jovens não é uma manifestação opcional da cari-
dade ou um aspeto setorial da missão; ela é o caminho a percorrer. A preocu-
pação educativa da ação pastoral quer deixar-se alcançar pela história da
vida do jovem e reconhecer que a ação de Deus passa pela nossa mediação.
Daí segue-se que são necessárias mediações culturais e pedagógicas ao
serviço das pessoas; se a educação coloca a pessoa no centro, preocupando-
-se com a harmonia das suas diversas dimensões, as estruturas ou instituições
são suas mediações, em resposta às necessidades dos jovens aos quais
somos enviados (cf. Const. 26). Reconhece-se, então, a função precio-
sa de todas as intervenções educativas na educação da fé; elas têm a
tarefa de ativar, apoiar e mediar o processo de salvação.
Nem todos os modelos educativos oferecem o precioso serviço
da educação aos processos de evangelização. Apostamos de
modo especial numa educação que se mede com a práxis do
Reino, que é restituir vida em abundância a todos, dentro de
uma perspetiva de humanização mais plena. Reconhecemo-
-nos numa práxis educativa que nunca se torna absoluta
nem torna absolutas as estratégias, os conteúdos, os ins-

6.10 Page 60

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
trumentos; práxis que administra
o processo educativo de maneira
aberta, a partir do resultado impre-
visível, não manipulável, por ter re-
lação com o mistério da liberdade
das pessoas e da ação de Deus na
vida de cada um e também na das
comunidades e instituições.
«O seu carisma (dos salesianos) coloca-os
na situação privilegiada de poder valorizar
o contributo da educação no campo da
evangelização dos jovens. Efetivamente,
sem educação não há evangelização
A educação à maturidade huma-
na e cristã evoca mais a perspeti-
va pedagógica: é uma ajuda para
propor o Evangelho com realismo
educativo e pedagógico.
duradoura e profunda, não há crescimento
nem amadurecimento, não acontece uma
mudança de mentalidade e de cultura. Os
jovens nutrem desejos profundos de vida
plena, de amor autêntico e de liberdade
construtiva; contudo, infelizmente, muitas
vezes as suas expetativas são atraiçoadas e
B O Evangelho, inspiração
radical
não chegam a realizar-se. É indispensável
ajudar os jovens a valorizar os recursos
que têm em seu interior como dinamismo
A intencionalidade da “ação educa-
tiva” distingue-se, em si mesma, da
“ação evangelizadora”; cada uma
delas tem a sua finalidade e os seus
conteúdos caraterísticos. Devemos sa-
ber distingui-las; não para as separar,
mas para as unir harmoniosamente
na práxis. Ambas atuam na unidade
e desejo positivo; colocá-los em contato
com propostas ricas de humanidade e de
valores evangélicos; animá-los a inserir-se
na sociedade como parte ativa mediante o
trabalho, a participação e o compromisso
em favor do bem comum»
(CARTA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI AO P. PASCUAL
CHÁVEZ VILLANUEVA, REITOR-MOR SDB POR OCASIÃO DO
CAPÍTULO GERAL XXVI)
da pessoa do jovem; são dois modos
complementares de intervenção
em relação aos jovens, confluem na tentativa de “gerar” o homem novo.
Devem colaborar plenamente no desenvolvimento unitário, integral do jovem. A
pastoral habita o terreno do humano e, ao mesmo tempo, o terreno da fé.
A evangelização dialoga com o educativo
A evangelização mede-se no terreno humano que encontra; ela assume
e regenera a vida quotidiana dos jovens e a sua exigência de sentido e
plenitude do que acontece no seu mundo. A evangelização, libertando
todas as potencialidades educativas da mensagem de Cristo, orienta para o
amadurecimento em humanidade, ilumina, propõe, questiona a liberdade. A
61

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
educação, ajudando as pessoas a chegar à plenitude da vida, é fundamental
para a construção da pessoa; envolve todos aqueles a quem está a peito
o bem do homem. A mensagem cristã coloca-se assim na ótica educativa,
oferece-se na lógica de um projeto que favoreça o crescimento verdadeiro
e integral. A evangelização parece entrecruzada com as instâncias da
educação, onde pode ressoar o Evangelho de Jesus Cristo como condição
para ser acolhido na sua verdade.
A atenção educativa exprime-se no esforço de oferecer a proposta evangélica
de modo existencialmente significativo, isto é, esforço de a calibrar, de a fazer
interagir com as problemáticas da vida do jovem e, mais em geral, da busca de
sentido. Como a educação é um processo e um apelo de adequação contínua
ao futuro, seja do sujeito seja da cultura, deve fazer perceber o sentido da
gradualidade do caminho e ajudar a programar os seus itinerários; deve saber
desenvolver também uma função positiva em relação a certas modalidades de
evangelização que podem pecar por ingenuidade e por abstração; deve saber
estimular, na programação pastoral, uma indispensável consciência pedagógica
para nunca prescindir da fundamental positividade dos valores humanos, mesmo
quando feridos pelo pecado. A pastoral deixa-se interpelar pela experiência dos
jovens. O reconhecimento das questões últimas que estão no seu coração,
permite à fé e ao anúncio evangélico dialogar de modo fecundo com eles.
O Evangelho como inspiração radical
Por outro lado, o ponto qualificador, a sua função orientadora e a sua
inspiração radical é o Evangelho: trata-se de um anúncio que questiona
a vida, mais profundamente do que qualquer outro. A evangelização
tem uma força que provoca. Não chega “depois”. O Evangelho entra na
lógica formativa da unidade estrutural da personalidade. Os seus critérios de
avaliação e operacionais referem-se a Jesus Cristo. O serviço educativo que,
com inteligência, vise a formação integral dos jovens não tem receio de se
questionar continuamente sobre o significado e as razões da evangelização.
A ação educativa enraíza-se na de Jesus; não só a toma por modelo, mas
prolonga-a no tempo. Encontra o seu significado integral e uma razão de força
maior na mensagem de Jesus Cristo. Antes, encontra no Evangelho a ajuda
para o amadurecimento da liberdade e da responsabilidade. O Evangelho
é guia na busca de identidade e de sentido, iluminador para a formação
da consciência; apresenta-se como modelo sublime para a autenticidade
do amor e oferece o horizonte mais claro e empenhativo para a dimensão
62

7.2 Page 62

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
social da pessoa. O Evangelho inspira os critérios de avaliação, guia as opções
fundamentais da vida, ilumina a conduta ética privada e pública, regula as
relações interpessoais e indica a orientação do agir e do viver. A dignidade
da pessoa é elevada na interação com a fé. No encontro com a Boa-Nova, a
pessoa humana chega ao vértice da “imagem de Deus”, que revela à vida o
seu destino transcendente, enquanto ilumina, a partir da sua luz nova, todos
os direitos.
Eis a integralidade da proposta: a educação que se enriquece ao ser
evangelicamente inspirada desde o início; a evangelização que desde o
primeiro momento reconhece a beleza de ser oportunamente adequada à
condição evolutiva dos jovens. A mediação educativa é finalmente orientada
para favorecer em cada um a experiência pessoal do encontro com Deus;
para orientar positivamente o processo educativo na abertura a Deus e na
configuração a Cristo, homem perfeito. Esta perspetiva supera o problema,
substancialmente metodológico, de como e quando anunciar o Evangelho
e de como inserir todas as dimensões do Projeto Educativo-Pastoral nos
ambientes pastorais concretos e nos itinerários educativos.
C A Boa-Nova na variedade das culturas e tradições religiosas
O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano revelou-se de grande
atualidade nos mais diversos contextos. Já demonstrou a sua validade
mesmo em ambientes de outras tradições religiosas, de outros contextos
multiculturais e ambientes secularizados. Hoje, contudo, em sociedades
extremamente pluralistas, do ponto de vista cultural e religioso, é evidente
que as referências cristãs do Sistema Preventivo nem sempre podem ser
exibidas explicitamente. Devem ser interpeladas e adaptadas, acentuando
o seu humanismo integral, base de toda a educação, aberto à dimensão
ética e religiosa que sabe atribuir a devida importância ao conhecimento e à
valorização das culturas e dos valores espirituais das várias civilizações.
O que hoje se exige é conhecer bem o instrumento de que dispomos,
aplicando-o nos diversos contextos em sintonia com a sensibilidade
moderna. A urgência educativa convida à educação integral, que tenha em
vista formar o homem todo e todo o homem. A liberdade religiosa favorece
o exercício das faculdades humanas criando as premissas necessárias para
a realização do desenvolvimento integral, que se refere unitariamente à
totalidade da pessoa em todas as suas dimensões (cf. Caritas in Veritate 11).
63

7.3 Page 63

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
As obras salesianas, em força da sua vocação missionária à universalidade,
são solicitadas pela presença de religiões e modalidades diversas de fé a um
maior diálogo com as demais tradições espirituais e religiosas. Não se trata
de renunciar à própria identidade ou ao mandato missionário, menos ainda
assumir atitudes fundamentalistas. O pluralismo religioso é ocasião para
maior compreensão da identidade cristã. Antes, neste sentido a consciência
da própria identidade é premissa irrenunciável de qualquer diálogo sério.
Devem evitar-se todas as formas de uma leitura puramente secularista,
valendo o mesmo para todas as formas de rigidez diante da abertura às
outras religiões. São duas atitudes que impedem o verdadeiro testemunho
dos crentes na vida civil e política.
4 A opção apostólica de campo
41
OS JOVENS, ESPECIALMENTE OS MAIS POBRES,
SÃO A NOSSA OPÇÃO DETERMINANTE
A Um amor constante e intenso pelos pobres
Dom Bosco orienta a sua obra decididamente para os jovens; escolhe
conscientemente viver disponível para acolher os rapazes e os jovens “em
situação de risco”; opção que se torna critério de organização da evan-
gelização para a sua libertação integral. A prioridade pelos «jovens,
especialmente os mais pobres» – as palavras são de Dom Bosco – é tam-
bém a nossa opção determinante (Const. 6, 26-29, 41; Reg. 1,3,11,14,15,
25,26; CG20, n. 45-57).
Dom Bosco escolhe a condição evangélica de ser pobre com os pobres. Assume
para si a pobreza do Filho de Deus, também material, para caminhar na direção
dos afastados. Faz da rua, das praças, dos locais de trabalho, do prado-pátio os
lugares de encontro e primeiro anúncio. Acolhe os jovens sem exclusões e pre-
64

7.4 Page 64

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
conceitos, reconhecendo e valorizan-
do o que eles trazem no coração (os
seus sonhos, as suas dificuldades, os
seus desafios). Caminha ao lado de-
les, adequando-se ao passo deles. O
encontro com cada rapaz é, para
ele, ocasião de diálogo e de even-
tual encontro com a fé. Aquele é
simplesmente o terreno no qual a
proposta de fé se revela como recur-
«Ver turbas de jovens, de 12 a 18 anos,
todos eles sãos, robustos, e de vivo
engenho, mas sem nada fazer, picados
pelos insetos, à míngua de pão espiritual
e temporal, foi algo que me horrorizou»
(MEMÓRIAS DE ORATÓRIO, SEGUNDA DÉCADA 1835-1845, N. 11)
so de vida, potencial de plenitude de
vida. Os jovens mais pobres esperam
ser acolhidos, levados a sério nas suas aspirações, sentir que os seus maiores
desejos encontram uma saída. A atitude de Dom Bosco é a atitude de quem
acompanha; ele não substitui, não invade, não tem preconceitos, não finge
confiança. Caminha realmente com eles, apoia-os, anima-os.
Ele opõe à pobreza negativa dos jovens, instrumento de corrupção
e causa de embrutecimento, a pobreza libertadora do Filho de Deus.
Entregue à sua missão de cura das almas, está pronto a pagar o seu
preço e abandonar tudo (Da mihi animas cetera tolle). Abandona-se a si
mesmo e as suas próprias comodidades para viver totalmente entregue
aos seus jovens, próximo dos seus rapazes, pobre com os pobres. Por isso,
constrói o seu projeto de modo adequado aos jovens, sobretudo
aos mais frágeis e em perigo, para ajudá-los a acolher a riqueza da vida
com seus valores, prepará-los para viver com dignidade neste mundo e
torná-los mais cientes do próprio destino eterno (cf. Const. 26).
Dom Bosco, sob a inspiração do Espírito Santo, teve consciência clara de
ser chamado por Deus para uma missão singular em favor dos jovens
pobres. Sem eles, Dom Bosco seria irreconhecível: «Por vós estudo, por
vós trabalho, por vós vivo, por vós estou disposto até a dar a vida» (Const.
14). Sinais do alto, aptidões naturais, conselhos de pessoas prudentes,
discernimento pessoal, circunstâncias que se sucediam providencialmen-
te, convenceram-no de que Deus, ao enriquecê-lo com dons especiais,
pedia-lhe uma dedicação total aos jovens.
“Prometi a Deus que até o meu último respiro seria
(CONST. 1)
para os meus pobres jovens”
65

7.5 Page 65

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Na atual urgência da Nova Evangelização, deve recomendar-se o mesmo
espírito missionário da ação pastoral de Dom Bosco: espírito missionário que
leve onde as necessidades e os desafios dos jovens ainda não são preocupação.
B A pobreza compromete as reservas educativas e
o crescimento dos jovens
A opção salesiana pelos jovens em maior perigo oferece-nos um modo de olhar
e de interpretar a realidade: o ponto
de vista dos jovens. Somos, pois, sen-
síveis às condições que favorecem a
sua educação e evangelização, como
também àquelas que trazem riscos.
«Temos uma preocupação particular
pelos jovens, porque eles, que são parte
relevante do presente da humanidade
e da Igreja, são também o seu futuro
[...]. Queremos apoiá-los na sua busca e
encorajamos as nossas comunidades a
entrar sem reservas numa perspetiva de
escuta, de diálogo e de proposta corajosa
em relação à difícil condição dos jovens.
Para resgatar, e não mortificar, o poder
dos seus entusiasmos. E para apoiar em
seu favor a justa batalha contra os lugares
comuns e as especulações interesseiras
dos poderes mundanos, interessados em
dissipar as energias e em consumir os seus
Estamos atentos aos aspetos posi-
tivos, aos novos valores e às possi-
bilidades de recuperação. Todas as
formas de pobreza bloqueiam
ou chegam a destruir os recursos
educativos da pessoa e compro-
metem o crescimento dos jovens
como filhos de Deus. Todo o jovem
traz dentro de si os sinais do amor de
Deus no desejo de vida, na inteligên-
cia e no coração. Aos crentes pede-se
que tomem a peito todas estas ex-
pressões de pobreza, novas e antigas,
e inventem novas formas de atenção,
solidariedade e partilha para as curar.
impulsos em seu benefício, privando-os de
qualquer memória grata do passado e de
qualquer projeto sério de futuro. A nova
evangelização tem no mundo dos jovens
um campo empenhativo, mas também
particularmente promissor [...]. Deve-se
reconhecer aos jovens um papel ativo
na obra de evangelização, sobretudo em
relação ao seu mundo»
(SÍNODO DOS BISPOS (2012), MENSAGEM AO POVO DE DEUS 9)
Evangelizar e educar nestes contex-
tos significa acolher, dar novamen-
te a palavra, ajudar a reencontrar-se
a si mesmo, acompanhar com paci-
ência ao longo do caminho de recu-
peração de valores e de confiança.
Esta opção determinante é parte
essencial da espiritualidade salesia-
na, que professa a força redentora
da caridade pastoral e proclama o
66

7.6 Page 66

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
desejo e a determinação de “sal-
var” aqueles que vivem abandona-
dos por todos. É um amor que se
exprime com respostas ágeis e ime-
diatas diante da inquietação juvenil,
amor que se empenha em dar vida
e esperança. A missão original da
«É hora de uma nova fantasia da
caridade»
(NOVO MILLENNIO INEUNTE 50)
Igreja e da Congregação é o núcleo
do anúncio de Cristo (cf. Evangelii Nuntiandi 32).
O anúncio da salvação aos pobres, sinal por excelência do Reino de Cristo, é a
componente mais profunda da nossa missão educativo-pastoral. A relação com
Jesus Cristo e o seu Evangelho é um dom a oferecer a todos, uma fonte que
satisfaz a sede e a busca de sentido: se Cristo se entrega aos mais pobres e
necessitados, não podemos retardar o dom do encontro com Ele.
A opção preferencial pelos jovens, sobretudo pelos mais pobres, leva-nos
aos ambientes populares em que eles vivem (cf. Const. 29). Nos ambientes
populares, somos chamados a levar o espírito de família e de compreensão
com o contacto quotidiano da nossa ação apostólica.
42
A HUMANIZAÇÃO E A
EVANGELIZAÇÃO DA CULTURA
A Fidelidade ao Evangelho e fidelidade à cultura
O fim próprio da educação e da verdadeira atividade cultural é libertar o
jovem, torná-lo ciente dos seus próprios direitos e deveres, participante
consciente nos acontecimentos da sua época, capaz de autodeterminação
e colaboração por uma sociedade mais humana. Educar desta forma
produz cultura, abre-a e enriquece-a. Este processo torna-se realidade,
não só instilando na sociedade ideias novas, impulsos novos e seiva nova,
mas principalmente preparando pessoas corajosas, portadoras de
reflexão crítica e de sadia conduta de vida.
A evangelização não é apenas conformidade com os valores do Evangelho,
transmitidos pelo Fundador; é também encontro com a cultura. O indispensá-
67

7.7 Page 67

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Para a Igreja não se trata tanto de pregar
o Evangelho a espaços geográficos cada vez
mais vastos ou populações maiores em di-
mensões de massa, mas de chegar a atingir
e como que a modificar pela força do Evan-
gelho os critérios de julgar, os valores que
contam, os centros de interesse, as linhas
de pensamento, as fontes inspiradoras e os
modelos de vida da humanidade, que se
apresentam em contraste com a Palavra de
Deus e com o desígnio da salvação»
(EVANGELII NUNTIANDI 19)
vel empenho cultural comporta o en-
contro com as novas questões de vida
geradas pela cultura, questões que
põem à prova o realismo da nossa
proposta cristã e confirmam a nossa
capacidade de diálogo. É preciso, por
isso, um conhecimento adequado
da complexa realidade cultural e so-
ciopolítica. É necessário um exercício
de “discernimento”, reformulando
a experiência cristã em relação com
as situações históricas concretas em
que ela é chamada a realizar-se. Na
verdade, a evangelização das culturas
representa a forma mais profunda e
completa de evangelização de uma
sociedade.
«A palavra “cultura” indica, em geral,
todas as coisas por meio das quais o
homem apura e desenvolve as múltiplas
capacidades do seu espírito e do seu cor-
po; procura dominar, pelo estudo e pelo
trabalho, o próprio mundo; torna mais
humana, com o progresso dos costumes
e das instituições, a vida social, quer
na família quer na comunidade civil; e,
finalmente, no decorrer do tempo, expri-
me, comunica aos outros e conserva nas
suas obras, para que sejam de proveito
a muitos e até à humanidade inteira, as
suas grandes experiências espirituais e
as suas aspirações»
(GAUDIUM ET SPES 53)
O mundo juvenil é o “lugar” por
excelência no qual, de forma
mais imediata, se manifestam
os traços culturais típicos da
nossa sociedade. Aqui exige-se
um discernimento atento e a ca-
pacidade de perceber em profun-
didade os problemas postos pelas
mudanças em curso. É urgente
entender a sua realidade cultural,
com o seu conjunto de valores e
limites, experiências, linguagens e
símbolos. São estes os elementos
que formam a sua mentalidade e a
sua sensibilidade. Os desafi os não
são um obstáculo problemático,
mas uma provocação positiva que
nos interpela e solicita uma cora-
josa intervenção. A ação realizada
pela Congregação em relação à cultura, como foi dito, complexa e arti-
culada, já não pode ser compreendida no interior de um universo cultural
homogéneo, mas num horizonte determinado pela pluralidade de situa-
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7.8 Page 68

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
ções. Com efeito, numerosos fatores concorrem para desenhar um pa-
norama cultural cada vez mais fragmentado e em contínua e rapidíssima
evolução. Enunciamos alguns deles:
as diferentes situações de pobreza e exclusão social: cada vez com
mais frequência fragilidade e marginalidade desembocam em
fenómenos de dependência de drogas, de desvios, de violência;
a situação e a compreensão da família, com as consequentes
problemáticas humanas e éticas;
as questões relativas à vida e à sua capacidade de transmissão
de valores;
a esfera afetiva e emotiva, o âmbito dos sentimentos, como a
corporeidade, são fortemente marcados pela tempérie cultural;
os sistemas educativos e a qualidade e integralidade da formação
que oferecem;
a cultura digital que favorece e, por vezes, provoca contínuas
e rápidas mudanças de mentalidade, de costumes e de
comportamentos;
um dos horizontes mais complexos e fascinantes das sociedades
atuais: a identidade multicultural e multirreligiosa dos povos;
os pressupostos antropológicos que sustentam interpretações
sociológicas e educativas;
as correntes de pensamento que insistem na negação da
transcendência, no desconhecimento da estrutura relacional do
homem e da relação baseada em Deus.
B Os desafios da cultura atravessam todas as experiências pastorais
A atenção prioritária atravessa todas as experiências pastorais que se
revelam como desafios para todos: para o crente e o não crente, para
quem pertence à Igreja e para quem não pertence, para o jovem e o
adulto. São os desafios inscritos no interior da própria vida, na sua
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7.9 Page 69

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
pobreza e na sua riqueza, na sua dignidade, nos seus dons e nos seus
apelos, que a todos se impõem e para todos são promessa.
O educador salesiano confronta-se seriamente com esta cultura, descobre
nela os sinais da presença de Deus e os apelos à renovação da pastoral, da
linguagem e das atitudes. Nesta ótica, a evangelização torna-se sensível
à instância do diálogo. Torna-se prioritária a solicitude positiva pelos
valores e as instituições culturais, como também pelas ciências
antropológicas que têm o próprio contributo específico a oferecer.
O confronto é enriquecedor,
porque tem a capacidade de levar
à unidade o contributo específico
de cada disciplina. Trata-se de
«Recebemos um sinal, isto é, que nas
vésperas do novo milénio — nestes novos
tempos, nestas novas condições de vida
— volta a ser anunciado o Evangelho.
Teve início uma nova evangelização,
quase como se se tratasse de um segundo
anúncio, embora na realidade seja
sempre o mesmo»
um vasto horizonte que se deve
conhecer, habitado por importantes
valores e, em parte, por anti-
valores. No seu conjunto, tudo
incide profundamente no modo
de pensar e de agir, como também
na maneira de viver das pessoas,
famílias e instituições sociais.
(JOÃO PAULO II, HOMILIA DURANTE A MISSA NO SANTUÁRIO
DE S. CRUZ, MOGILA (POLÓNIA), 9 DE JUNHO DE 1979)
Como Dom Bosco, manifestamos
interesse especial pelo mundo
do trabalho (cf. Const. 27). Ele
«Através da Igreja, o Senhor Jesus
chama-nos a realizar uma nova
evangelização: “nova no seu ardor, nos
seus métodos e nas suas expressões”»
(JOÃO PAULO II, DISCURSO À XIX ASSEMBLEIA DO CELAM,
9 DE MARÇO DE 1983)
preocupou-se também com dotar
as jovens gerações de adequada
competência profissional e técnica.
Notável a sua preocupação para
favorecer uma cada vez mais incisiva
educação à responsabilidade social,
tendo por base a consciência da
dignidade pessoal: uma educação
para o social ao qual a fé cristã não só confere legitimidade, como também
confere energias incalculáveis. Mediante o trabalho e o uso correto dos
recursos, o “honesto cidadão” não só se realiza como pessoa, mas também
contribui para o bem comum, dando um contributo substancial em benefício
da sociedade: um projeto que tem as suas raízes na visão evangélica do
homem empenhado no bem de todos.
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7.10 Page 70

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
Os nossos ambientes educativos
são chamados a ser centros de
irradiação da cultura da vida para
as famílias, para os vários grupos,
para o território e para a sociedade.
A Nova Evangelização exprimirá a
sua novidade no renovado ardor
do testemunho da caridade, na
proposta de novos métodos de
um alegre anúncio de Cristo e nas
convictas expressões de diálogo
inteligente com a cultura, visando
os jovens e todos os que, de modos
variados, esperam o bom anúncio –
euanghèlion (cf. Const. 30).
«Na realidade, o apelo à nova
evangelização é, antes de tudo, um
apelo à conversão. De facto, através do
testemunho de uma Igreja cada vez mais
fiel à sua identidade e mais viva em
todas as suas manifestações, os homens
e os povos de todo o mundo poderão
continuar a encontrar Jesus Cristo»
(JOÃO PAULO II, DISCURSO À IV ASSEMBLEIA DO CELAM,
12 DE OUTUBRO DE 1992)
71

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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IV V VI

8.2 Page 72

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PARTE
SEGUNDA
Os três capítulos desta segunda parte aprofundam as opções da
Pastoral Juvenil Salesiana, ou seja, o modo próprio salesiano de
realizar a missão evangelizadora. A fonte carismática é o Sistema
Preventivo, que inspira a Comunidade Educativo-Pastoral, enquanto
a sua proposta operacional é o Projeto Educativo-Pastoral.

8.3 Page 73

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
74

8.4 Page 74

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O SISTEMA PREVENTIVO:
UMA EXPERIÊNCIA
ESPIRITUAL E EDUCATIVA
CAPÍTULO
IV
«Eu vim para
que tenham vida,
e a tenham em
abundância»
(Jo 10, 10)

8.5 Page 75

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Guiado por Maria que foi sua Mestra, Dom
Bosco viveu, no encontro com os jovens do primeiro
Oratório, uma experiência espiritual e educativa a que
chamou «Sistema Preventivo». Era para ele um amor
que se dá gratuitamente, e que tem a sua fonte na
caridade de Deus que precede todas as criaturas com
a sua Providência, as acompanha com sua presença
e as salva dando a vida. Dom Bosco compraz-se em
no-lo transmitir como forma de viver e trabalhar
para comunicar o Evangelho e salvar os jovens, com
eles e por meio deles. É um estilo que permeia as
nossas relações com Deus e a vida de comunidade, no
exercício de uma caridade que sabe fazer-se amar»
(Const. 20)
A prática deste sistema baseia-se toda nas
palavras de São Paulo que diz: A caridade é benigna
e paciente; tudo sofre, tudo espera e suporta qualquer
incómodo»
(O Sistema Preventivo na Educação da Juventude)
76

8.6 Page 76

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
O chamamento de Dom Bosco, por parte
de Deus, para a missão de salvação dos jovens, especialmente
dos mais pobres, envolve muitas pessoas e grupos numa
convergência espiritual e em colaboração educativa e pastoral:
o Sistema Preventivo. Esta é a fonte e inspiração de uma
forma concreta e original de viver e atuar a missão salesiana
a que chamamos Pastoral Juvenil Salesiana. Neste quarto
capítulo toma gradualmente corpo a proposta educativo-
pastoral a partir do seu princípio inspirador: a caridade
pastoral. A sua centralidade torna-se uma perspetiva real de
renovação para a pastoral juvenil e, portanto, critério, eixo da
programação pastoral a todos os níveis. O Sistema Preventivo,
enquanto proposta educativa de educação integral articula-se
substancialmente em duas direções: como proposta de vida
cristã (Espiritualidade Juvenil Salesiana) e como metodologia
pedagógica prática.
77

8.7 Page 77

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 A missão salesiana é
iluminada pela práxis de
Dom Bosco
11
O ESPÍRITO SALESIANO INSPIRA-SE
NO ESTILO DO BOM PASTOR
Dom Bosco entreviu a finalidade original da sua missão: revelar aos jovens
pobres o amor de Deus por eles (cf. Const. 2, 14). Também intuiu os
princípios inspiradores de um estilo pastoral adequado a esta
finalidade: o estilo do Bom Pastor. A evocação bíblica que abria o
capítulo I deste texto oferecia um ícone eloquente da experiência de
Valdocco: a multidão com fome e dispersa e a comoção de Jesus.
O espírito salesiano, inspirado no estilo do Bom Pastor, qualifica a nossa
espiritualidade e a nossa ação educativo-pastoral. Esse espírito encarna-se
primeiramente em Dom Bosco. Ele e a missão que dele recebemos são o
nosso ponto de referência histórico-carismático.
Dom Bosco ofereceu toda a sua vida pelos jovens num projeto de vida
intensamente unitário: a sua vida sacerdotal e a sua ação educativa, as
suas múltiplas relações e a sua profunda interioridade, tudo era orientado
ao serviço dos jovens. Um serviço que os ajudou a crescer, tornando-os a
eles mesmos protagonistas do seu próprio projeto de vida:
“Não deu passo, não pronunciou palavra, nada
empreendeu que não visasse a salvação da juventude”
(CONST. 21)
Deus não deixa de chamar muitos outros para continuar a missão de Dom
Bosco em favor dos jovens. Entre eles, os salesianos religiosos (SDB) são
por Ele consagrados, reunidos e enviados para serem na Igreja sinais e
portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente os mais pobres. Com
eles, partilham a missão de Dom Bosco outros grupos da Família Salesiana,
segundo as suas vocações específicas e o seu estilo de vida. Trata-se de um
78

8.8 Page 78

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
vasto movimento de pessoas e grupos, homens e mulheres pertencentes
às mais diversas condições de vida que constituem o Movimento Salesiano.
A missão salesiana que, em Dom Bosco e na sua experiência em Valdocco
encontra o critério permanente de discernimento (cf. Const. 40), cresceu
posteriormente, convocando muitas pessoas e grupos à convergência
espiritual e à participação na missão educativa e pastoral para a promoção
integral dos jovens, especialmente os mais pobres.
12
A ENCARNAÇÃO DO “ESPÍRITO SALESIANO”
É O SISTEMA PREVENTIVO
A A atuação (a atualidade) pastoral-espiritual-pedagógica
de Dom Bosco
A missão e o projeto de vida de Dom Bosco exprimem-se num estilo de
vida e ação: o espírito salesiano. A
encarnação mais caraterística e
expressiva do “espírito salesia-
no” é o Sistema Preventivo.
O Sistema Preventivo relaciona-nos
com a alma, as atitudes e as op-
ções evangélicas de Dom Bosco. A
práxis salesiana tem como quadro
de referência e medida de au-
tenticidade a atuação do projeto
pastoral-espiritual-pedagógico
de Dom Bosco. A “genialidade” do
seu espírito está ligada à atuação do
Sistema Preventivo: um sistema de
sucesso, modelo e inspiração para
os que hoje se empenham na edu-
cação nos vários continentes, em
contextos multiculturais e multirre-
ligiosos, modelo que pede a todos
uma reflexão contínua para promo-
ver cada vez mais a centralidade dos
jovens como destinatários e prota-
«Depois, eu mesmo gostaria de fazer uma
pregação, ou melhor, uma conferência
sobre o espírito salesiano que deve animar
e guiar as nossas ações e todos os nossos
discursos. O sistema preventivo seja algo
nosso. Jamais castigos físicos; jamais pa-
lavras humilhantes, nem censuras severas
na presença de outros. Mas ressoe nas
salas de aula a palavra doçura, caridade e
paciência. Jamais palavras mordazes, ja-
mais um tabefe pesado ou leve. Recorra-se
a castigos negativos, e sempre de modo que
aqueles que são admoestados se tornem
mais nossos amigos do que antes, e jamais
partam humilhados por nós»
(CARTA DE JOÃO BOSCO AO PADRE TIAGO COSTAMAGNA,
10 DE AGOSTO DE 1885)
79

8.9 Page 79

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
gonistas da missão salesiana (cf. Pe. Pascual Chávez, ACG 407, «A Pastoral
Juvenil Salesiana»).
A palavra “Sistema” sugere a ideia de um todo, isto é, de uma experiência
orgânica, de uma proposta articulada em vista do dinamismo pedagógico.
No Sistema Preventivo podem distinguir-se, de facto, algumas articulações
profundamente relacionadas entre si: o princípio inspirador, que cria
uma determinada atitude espiritual na pessoa: a caridade pastoral. Uma
tríplice realidade dinâmica:
a “ousadia pastoral”, que inspira um projeto educativo de
promoção integral (v. neste capítulo IV, n. 2);
a espiritualidade em vista da proposta de vida cristã – Espiritu-
alidade Juvenil Salesiana – (v. neste capítulo IV, n. 3);
a metodologia pedagógica prática inspirada no “critério orato-
riano”, que orienta as modalidades concretas das opções e inter-
venções operativas que devem ser propostas (v. capítulo V, n. 3).
B O princípio inspirador é a caridade pastoral
Educar, para Dom Bosco, comporta uma atitude especial do educador e um
conjunto de intervenções fundadas em convicções de amor, de razão e de
fé. No centro da sua visão está a “caridade pastoral”. Trata-se de buscar
especialmente o bem espiritual dos jovens, a salvação dos jovens, o
seu bem integral («Da mihi animas»).
O Sistema Preventivo encontra a sua fonte e o seu centro na experiência
da caridade de Deus que precede toda a criatura com a sua Providência, a
acompanha com sua presença e a salva dando a vida (cf. Const. 20). Dom
Bosco tinha uma profunda fé na benignidade e paternidade misericordiosa
de Deus. A escolha de São Francisco de Sales como exemplo para os seus
colaboradores e protetor da sua Congregação é uma confirmação disso.
Esta experiência tem em vista o acolhimento de Deus nos jovens; neles,
Deus oferece-nos a graça do encontro com Ele, chama-nos para O
servirmos neles; trata-se de uma experiência que reconhece a dignidade
deles, renova a confi ança nos seus recursos de bem, educa-os para a
plenitude da vida (cf. CG23, n. 95). Nesta dinâmica educativa, a atenção
aos jovens leva a educá-los para serem protagonistas da evangelização.
80

8.10 Page 80

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
Pastoral
(Projeto educativo de
promoção integral)
CARIDADE
PASTORAL
Espiritualidade
(Proposta de
vida cristã)
Pedagogia
(Método
pedagógico
prático)
A caridade pastoral salesiana tem outra qualificação mais precisa que a
define melhor: é caridade pedagógica. Demonstra paixão educativa, mas
também tacto, bom senso, medida, afeto e respeito pelo adolescente e pelo
jovem. Esta atitude é fruto da convicção de que cada vida, mesmo a mais
pobre, complexa e precária, traz em si, pela presença misteriosa do Espírito,
a força da redenção e a semente da felicidade (cf. CG23, n. 92).
A expressão sintética “primado da caridade educativa” reflete o amor que
sabe criar uma relação educativa; ela exprime-se na medida do adolescente,
do pobre que deve ser ajudado a abrir-se, a descobrir a riqueza da vida, a
crescer. Por isso, para o adolescente pobre, por vezes com falta de coragem,
de educação, de palavras e de pensamento, a caridade pedagógica do
educador torna-se comunicação do amor de Deus; uma caridade que chega
aos últimos, aos mais humildes, àqueles que têm maiores dificuldades. É
expressão da sabedoria paterna que ensina a enfrentar a vida.
C O Sistema Preventivo envolve o educador
e a comunidade a que ele pertence
É íntima a unidade da experiência, ao mesmo tempo espiritual e
educativa, que se torna ponto de referência e expressão da Família Sale-
siana na Igreja. Ela pode ser definida como a autêntica espiritualidade da
81

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
nossa ação apostólica. Dissociar o método pedagógico de Dom Bosco da
sua alma pastoral seria destruí-los a ambos.
O Sistema Preventivo envolve toda a pessoa do educador e a comunidade a
que pertence, junto com os jovens e para eles, com uma modalidade própria
de pensamento e sentimento, de vida e atividade, que inspira e carateriza
toda a existência. Na ação operativa do Sistema Preventivo, ao mesmo tempo
pedagógica e espiritual, a atividade educativa abre-se em constante e com-
petente inteligência ao Evangelho de Cristo; é o “critério metodológico” da
missão salesiana para o acompanhamento dos jovens no delicado processo
de crescimento da sua humanidade na fé. Por sua vez, a espiritualidade sa-
lesiana respira e age na área educativa como proposta original de vida cristã,
organizada em torno de experiências de fé, de escolhas de valores e estilos
evangélicos que constituem a Espiritualidade Juvenil Salesiana.
Os salesianos encontram a sua própria identidade na fidelidade a
esse património pedagógico (o Sistema Preventivo) e na sua contínua
atualização. A meta fundamental do projeto é sintetizada na conhecida
fórmula “honestos cidadãos e bons cristãos”, segundo a qual Dom Bosco
queria “formar construtores da cidade e homens de fé”. Dois termos de
um binómio apresentados como unidade inseparável em Dom Bosco: os
dois polos formam uma unidade indivisível.
2 O Sistema Preventivo como
ousadia pastoral
2 1 UM PROJETO EDUCATIVO INTEGRAL
O Sistema Preventivo inspira um projeto educativo de promoção
integral presente na proposta de evangelização para os jovens nos
diversos contextos. Esclarece, ao mesmo tempo, a riqueza humanista e
o coração essencialmente religioso do sistema, no dinamismo da razão,
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9.2 Page 82

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
religião e bondade. O Sistema Preventivo torna-se método para a ação
caraterizada pela centralidade da razão, razoabilidade das exigências e
das normas, fl exibilidade e persuasão das propostas; da centralidade da
religião, entendida como desenvolvimento do sentido de Deus, conatural
a todos, e esforço de lhes levar a beleza da Boa Nova; da centralidade da
bondade, amor educativo, que faz crescer e cria correspondência.
2 2 O DUPLO VALOR DA EDUCAÇÃO PREVENTIVA
A práxis preventiva, embora com diversos matizes, compõe-se de duas
atividades inseparáveis: satisfazer as necessidades primárias dos jovens
(alimentação, vestuário, alojamento, segurança, desenvolvimento físico
e psíquico, inserção social, um mínimo de valores) e dar vida a uma ação
educativa mais orgânica na formação social, moral e religiosa da pessoa.
De facto, a intencionalidade do Oratório de Dom Bosco nasce como
instituição assistencial e educativa.
A dupla instância é atual, estando em ato uma decisiva exaltação dos
valores assistenciais e sociais do projeto educativo salesiano, como
também a promoção e o crescimento da dimensão cognitiva, afetiva,
ética e espiritual.
A O Sistema Preventivo nas situações de insatisfação e recuperação
A “preventividade” nas situações de insatisfação e de recuperação leva-
nos novamente a Dom Bosco, que visitava as prisões, andava pelas ruas
e ia aos locais de trabalho para se encontrar com os rapazes; Dom Bosco
que, mesmo depois da institucionalização do Oratório socorria os jovens
empesteados nas casas e nos becos de Turim; Dom Bosco que enviava os
salesianos missionários para junto dos jovens que não tinham um “lugar”
adequado ao seu desenvolvimento humano e social.
Hoje, numa época de “emergência” educativa, o estilo preventivo pode
obter resultados muito satisfatórios. O humanismo pedagógico-cristão, no
qual se funda o Sistema Preventivo, constitui uma resposta assistencial e
social ao mesmo tempo educativa e pastoral. A “caridade educativa” não
pode deixar de ser “caridade social”. A evangelização apresenta-se sem-
83

9.3 Page 83

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Precisamos, portanto, de caminhar na
direção de uma confirmação atualizada da
pre estreitamente integrada com a
promoção humana e a liberdade da
proposta cristã. O mandamento do
amor é único, embora com dois po-
los de referência, Deus e o próximo.
“opção social, política e educativa” de Dom
Bosco. Isto não significa promover um
ativismo ideológico, ligado a determinadas
opções político-partidárias, mas formar
para a sensibilidade social e política que
sempre leve a investir a própria vida como
missão pelo bem da comunidade social,
com referência constante aos inalienáveis
valores humanos e cristãos»
(PE. PASCUAL CHÁVEZ, ACG 415, “COMO DOM BOSCO
EDUCADOR”)
As profundas transformações que
se deram na “sociedade comple-
xa” demonstram a mais articula-
da fenomenologia da “condição
juvenil” e em particular daquela
que Dom Bosco chamava “pobre,
abandonada, vulnerável”. Uma ju-
ventude intensamente problemáti-
ca sob o aspeto da educação e da
reeducação, os jovens atingidos
pela marginalização e a pobreza
económica, social, cultural, afetiva,
moral e espiritual. O panorama da insatisfação juvenil que invoca urgen-
temente a intervenção educativa articula-se sobre o conjunto dessas po-
brezas, frequentes nos países em vias de desenvolvimento, mas também
nas grandes cidades dos países desenvolvidos. É preciso prevenir o mal
com o remédio da educação.
Diante das graves situações de injustiça e das violações perpetradas contra
os direitos humanos nas nossas sociedades, o carisma de Dom Bosco e o seu
sistema educativo exortam-nos à ação, no plano pessoal e no plano coletivo.
Com olhar renovado, a preventividade através da educação deve transformar
as estruturas de miséria e marginalização, particularmente dos menores.
Temos a possibilidade de oferecer uma preventividade que promove o bem:
intervenções educativas que reforçam a integralidade dos direitos
fundamentais civis, culturais, religiosos, económicos, políticos e sociais.
Há também necessidade de criar comunidades capazes de repropor os
valores fundamentais, talvez ausentes já na primeira idade da vida. A
“educação libertadora” do Sistema Preventivo tem em vista acompanhar
os adolescentes e os jovens, já marcados por condicionamentos negativos:
situações que os tornam pobres do ponto de vista sociocultural, económico,
moral, espiritual e religioso (cf. CG20, n. 61). A preventividade salesiana
exprime-se, pois, em muitíssimas opções práticas; responde à urgência
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9.4 Page 84

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
indicada em cada contexto. O pluralismo operacional pelos jovens mais
necessitados é expressão da riqueza da educação salesiana, em que a
afetividade vivida ou recuperada consegue unir-se de modo fecundo com
a razão e a religião.
A “experiência educativa” de Dom Bosco tende a ser “sistema” de
assistência, educação e socialização. Educar significa “prevenir”, em todas
as suas possíveis aceções. Educar exprime-se no “acolher”, no “dar novamente
a palavra” e no “compreender”. Educar significa ajudar os indivíduos a
reencontrar-se a si mesmos, acompanhá-los com paciência no caminho da
recuperação de valores e da confiança em si; comporta a reconstrução das razões
de viver, descobrindo a beleza da vida. Educar fala da renovada capacidade de
diálogo, mas também da proposta rica de interesses e solidamente ancorada
no que é fundamental; envolver os jovens em experiências que os ajudem a
perceber o sentido do esforço quotidiano; oferecer instrumentos fundamentais
para ganhar o próprio sustento, tornando-os capazes de agir como sujeitos
responsáveis em todas as circunstâncias. Educar exige conhecer as problemáticas
sociais juvenis do nosso tempo (v. capítulo I).
B A arte de educar positivamente
A “preventividade” exprime-se num projeto formativo de educação
positiva:
«A arte de educar de modo positivo, propondo o bem
em experiências adequadas e empenhativas, capazes de
atrair pela sua nobreza e beleza; a arte de fazer crescer
os jovens “a partir de dentro”, fazendo apelo à liberdade
interior, contrariando os condicionamentos e os
formalismos exteriores; a arte de conquistar o coração
dos jovens, para os estimular, com alegria e satisfação,
para o bem, corrigindo os desvios e preparando os
jovens para o futuro, por meio de uma sólida formação
do caráter»
(JUVENUM PATRIS 8)
A fórmula razão, religião, bondade, que sintetiza o sistema de Dom Bosco,
é entendida como a inspiração fundamental do projeto educativo de
promoção integral da pessoa, que entende dar uma resposta plena à
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9.5 Page 85

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
necessidade de evangelização do mundo juvenil. O amor pedagógico, no
método de Dom Bosco, desenvolve-se em três atitudes: amor-cordialidade,
amor-racionalidade, amor-fé. O Sistema Preventivo torna-se projeto formativo
e pedagógico, um conjunto de elementos que compõem a totalidade no
tríplice valor afetivo, racional e religioso:
A força
libertadora
do amor
educativo
BONDADE
RAZÃO
As diversas
formas de
racionalidade
da proposta
O amor
pedagógico
baseia-se na fé
RELIGIÃO
A força libertadora do amor educativo
O amor pedagógico é, antes de tudo, autêntico amor humano; o
princípio do método é a bondade, expressa como amor educativo que
faz crescer e cria correspondência em relações cordiais. Aqui está a
grande intuição de Dom Bosco: a força libertadora do amor educativo.
Em contacto com educadores que nutrem profunda paixão e bondade
educativa, os jovens sentem-se solicitados a exprimir a sua própria parte
melhor e aprendem a fazer sua a experiência cultural e religiosa que os
precede. A caridade pastoral, centro e alma do espírito salesiano, evoca
algumas atitudes de fundo. Antes de tudo, as relações pessoais. Para Dom
Bosco, o amor pedagógico é, ao mesmo tempo, espiritual e afetivo. É um
amor que brota da vontade, que leva o educador a buscar unicamente o
bem do educando, esquecendo-se completamente de si mesmo. Em força
desse amor, o educador é levado com intensidade à ação e ao espírito de
sacrifício. Assim, a realidade mais espiritual do amor educativo é chamada
a manifestar-se como cordialidade e afeto. O amor cordial consiste antes
de tudo em querer realmente o bem do outro enquanto pessoa. O amor
maduro é ao mesmo tempo caraterizado pela vontade e pelo afeto.
O amor-cordialidade-bondade foi ilustrado por Dom Bosco, sobretudo
na Carta de Roma, de 1884, em relação a uma situação de crise que se
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9.6 Page 86

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
manifestava nas suas casas. Ele expõe o que lhe parece essencial na relação
educativa. Referindo-se à experiência pessoal, procura fazer entender que
o amor de vontade com o total empenho do educador, é certamente coisa
apreciável e boa, mas insufi ciente e sem resultados pedagógicos, se os
jovens não “sentem” o amor, ou se este não se torna linguagem e sinal
que fl oresce em comunhão e cordialidade. O educador que se entrega
inteiramente aos jovens, mas não consegue fazer “sentir” que aquilo
que lhe interessa é o bem do jovem, não terá resultados pedagógicos. A
primeira coisa no amor não é a ação, mas a atenção à pessoa como tal.
É a força do encontro gratuito, que tem significado e dá valor a
todos os outros valores.
As diversas formas da racionalidade nas propostas
O amor pedagógico de Dom Bosco é também amor-racional. Dom Bosco
concentra-se nele: o amor pedagógico deve ser acompanhado da
racionalidade manifestada de muitas formas: racionalidade das exigências
e das normas, sem pressão emocional e sentimental; flexibilidade e bom
senso nas propostas; cuidado com o espaço de compreensão, diálogo
e paciência, partindo do mundo concreto dos jovens; realismo
e espírito de iniciativa; naturalidade e espontaneidade;
sensibilidade pelo que é concretamente factível; apelo
à convicção pessoal.
Trata-se da ação educativa que, por um
lado, estimula os jovens a desenvolverem
os próprios talentos e serem ativos e
empreendedores no trabalho e,
por outro, educa-os a não confi ar
apenas em si mesmos, a evitar a
ambição e o orgulho intelectual. A
racionalidade ajuda o educador a
oferecer adequadamente os valores
que no presente concreto são bons
e permitem ao jovem ser realmente
pessoa. Numa sociedade que se
transforma rapidamente e na qual a
capacidade de julgamento e o senso
crítico são indispensáveis, apresenta-se um
terreno magnífico para a educação baseada na
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
racionalidade. Ela ajuda a avaliar as coisas com senso crítico e a descobrir
o valor autêntico das realidades terrestres, respeitando a sua autonomia e
a dignidade laical.
O amor pedagógico baseia-se na fé
O amor pedagógico é iluminado pela , no desenvolvimento do sentido
de Deus, conatural a todas as pessoas, e no esforço de evangelização
cristã. Para Dom Bosco, o amor cordial e racional alimenta-se de uma
raiz profunda. Os jovens são pessoas chamadas à plenitude real da
vida, à comunhão com Deus e com o próximo. Dom Bosco julgava que,
fora desta perspetiva, a proposta educativa perde a sua força e o seu
significado. O amor educativo do salesiano é símbolo do amor de Deus
pelos jovens. Dom Bosco fundador, pai dos órfãos, educador maduro,
sonhador e empreendedor arrojado, promotor intuitivo de iniciativas
pastorais e educativas é compreendido a partir de dois núcleos dinâmicos
da sua vocação: a natural atitude cordial e afetuosa pelos jovens e o dom
incondicional de si a Deus como resposta à missão recebida.
No Sistema Preventivo, a religião é a da “Boa Nova”, do Evangelho, das
bem-aventuranças, de Jesus que considerou os seus discípulos como
amigos e não servos, e chama a todos a buscar o Reino de Deus e a sua
justiça, e vive e age conosco todos os dias até o fim do mundo. A religião
do Sistema Preventivo é popular, simples e vai ao essencial: “amor a Deus
e amor ao próximo”.
Mais concretamente: é a religião do humanismo devoto de São Francisco
de Sales, que aprendeu de Deus a ser amável, bom, capaz de paciência e de
perdão; e na Encarnação do Senhor reconhece que somos todos chamados no
Filho a partilhar a santidade, ou seja, a viver segundo o Evangelho em todas as
condições de vida, em todos os momentos, em todas as situações, em todas
as idades.
De forma mais profunda, é a religião vivida no Espírito que ajuda a discernir
no tempo os sinais da sua presença e da vontade de Deus. Ele é a fonte
do otimismo, que não nos deixa cair no pessimismo nem desanimar nas
dificuldades.
Em contextos secularizados, nos quais a cultura parece silenciosa, incapaz
de falar do Pai de Jesus Cristo, será preciso educar as invocações de
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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
transcendência e as grandes questões de sentido colocadas pela vida e
pela morte, pela dor e pelo amor, sem esconder o raio de luz que nos vem
da nossa fé (cf. CG23, n. 76, 77, 83).
Nos contextos das grandes religiões monoteístas ou tradicionais, o primeiro
diálogo educativo será com os leigos mais próximos para reconhecer com
eles a graça presente nessas religiões, encorajar o desejo da oração e
valorizar os fragmentos de Evangelho e de sabedoria educativa presentes
na cultura, na vida, na experiência dos jovens (cf. CG23, n. 72-74, 86).
3 O Sistema Preventivo como
proposta de espiritualidade
O trinómio razão, religião, bondade, articulação da caridade pastoral e alma
do Sistema Preventivo, não expressa apenas o projeto educativo de forma-
ção integral nem é apenas o método prático que o educador deve utilizar,
mas revela também os traços fundamentais de uma espiritualidade a des-
cobrir, viver e renovar continuamente (cf. Pe. Egidio Viganò, ACG 334,
“Espiritualidade salesiana para a nova evangelização”). Portanto, a Pastoral
Juvenil Salesiana aprofunda as suas raízes numa espiritualidade viva que a
alimenta e estimula a buscar Deus no serviço aos jovens.
A espiritualidade é uma releitura do Evangelho, capaz de unifi car os
gestos e as atitudes que caraterizam a existência cristã. Como fruto
disto, encontramos na raiz da Pastoral Juvenil Salesiana uma
espiritualidade para o nosso tempo, que signifi ca a possibilidade
da experiência de Deus no contexto da própria vida, um caminho de
santidade, um projeto específico de vida no Espírito.
Há uma espiritualidade cristã fundamental que brota da mensagem do
Evangelho, mesmo existindo, depois, diferentes tipos de espiritualidade
cristã segundo as tonalidades históricas e, sobretudo, carismáticas de rele-
vo, que descobrimos na experiência do Deus trinitário, a nível pessoal ou
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
comunitário. Alguns valores evangélicos foram intensamente evidencia-
dos na tradição eclesial por diversos Fundadores, fiéis à Palavra de Deus,
iluminados e guiados pelo seu Espírito.
Consequentemente, podemos fa-
lar de uma espiritualidade salesia-
na, espiritualidade carismática
que enriquece toda a Igreja com
A nossa ação educativa deve «propor
de novo a todos, com convicção, esta
‘medida alta’ da vida cristã ordinária»
(NOVO MILLENNIO INEUNTE 31)
um modelo de vida cristã, carateri-
zado por um itinerário concreto de
santidade. Espiritualidade apos-
tólica, porque, guiados pelo Espí-
rito, somos enviados a colaborar
na missão do Pai que dá eficácia
salvífi ca à nossa ação educativa e
evangelizadora entre os jovens e, ao mesmo tempo, unifica toda a nossa
existência no seu centro inspirador. Espiritualidade, enfi m, que faz dos
jovens evangelizadores de outros jovens.
Portanto, esta espiritualidade não se reduz a um conjunto de práticas
psicológicas ou terapêuticas destinadas a garantir o bem-estar da pessoa.
Nelas, a “vida espiritual” é como a adesão a um sentimento, a um dado
subjetivo sentido interiormente como experiência totalmente intimista.
Nessas confi gurações reconhecem-se os infl uxos de muitas fi ol sofi as
e ideologias que negam os conteúdos revelados da fé cristã e se
colocam como sua alternativa; negam a transcendência de Deus e o
seu ser pessoal; não se confrontam com a realidade do pecado nem
consideram a necessidade da graça e da salvação em Cristo. Acreditam
que o bem-estar é obtido pelo homem apenas com as suas forças, e Jesus
Cristo é uma entre as muitas manifestações do divino que, com nomes
diversos, se sucederam na história humana.
A Pastoral Juvenil Salesiana, entretanto, propõe uma espiritualidade que
facilita e favorece a visão unitária da vida, indicando a ligação estrita
e conatural que abraça a gratuidade de Deus, a alegria do encontro com
Cristo e a liberdade da vida no Espírito.
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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
31
A ESPIRITUALIDADE É,
ANTES DE TUDO, VIDA NO ESPÍRITO
A A primazia da gratuidade de Deus
A espiritualidade é, antes de tudo, vida no Espírito. Só a Ele pertence a
iniciativa. Ele tem a primazia da gratuidade, da iniciativa do amor de Deus
e do encontro com Jesus Cristo.
A vida espiritual tem em Deus, Mistério de Amor, a sua fonte, o seu
centro e a sua meta. Podemos entender a vida espiritual como experimentar
o amor de Deus, viver a experiência de amizade e de intimidade com Ele e
reconhecer-nos enviados por Ele à missão pelos jovens. Também neles atua o
mesmo dinamismo de descoberta do amor e do chamamento a testemunhá-lo.
Deus é o centro unificador da nossa vida, a fonte da nossa comunhão fraterna,
o inspirador da nossa ação. Viver “na presença de Deus” significa cultivar uma
profunda e contínua relação com Deus, inundados do seu Amor e enviados
aos jovens. Significa acolher os sinais da sua misteriosa presença nas necessi-
dades e expetativas de homens e mulheres do tempo presente.
B O encontro com Cristo
Centro da vida espiritual é a experiência da fé cristã, o encontro com Jesus
Cristo, Evangelho de Deus. Enraizar-se em Cristo e configurar-se com Ele é
um dom e, ao mesmo tempo, o ho-
rizonte da Pastoral Juvenil Salesiana.
A escuta da Palavra, a liturgia, a vida
sacramental e o dom de si no serviço
aos irmãos são importantes na vida
cristã e na ação pastoral.
«Ao início do ser cristão, não há uma
decisão ética ou uma grande ideia, mas
C A vida no Espírito Santo
o encontro com um acontecimento, com
uma Pessoa que dá à vida um novo
A vida espiritual consiste em acei-
tar que a nossa existência seja plas-
horizonte e, desta forma, o rumo decisivo»
(DEUS CARITAS EST 1)
91

10 Pages 91-100

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10.1 Page 91

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
mada pelo Espírito na ação da graça. Nessa relação de amor podemos
afirmar a primazia da graça e, ao mesmo tempo, a colaboração livre
e consciente do homem. O ser humano colabora colocando-se à escu-
ta e mantendo-se disponível e dócil. O seu desejo é encontrar-se com o
Senhor. Na oração, pede que este encontro aconteça e contribua, na sua
vida, para a missão.
A vida espiritual é um dinamismo que se desenvolve num processo
temporal que assume todas as dimensões do ser humano, com ritmo
próprio e com os próprios momentos de crescimento e de prova.
32
UMA PROPOSTA ORIGINAL DE VIDA CRISTÃ:
A ESPIRITUALIDADE JUVENIL SALESIANA
A A espiritualidade salesiana,
expressão concreta da caridade pastoral
A caridade pastoral educativa é o coração do espírito salesiano que vive no
encontro e na confissão de Jesus Cristo, o Senhor. O Sistema Preventivo
é verdadeiramente uma proposta de espiritualidade para todos:
salesianos, leigos envolvidos no espírito e na missão de Dom Bosco,
famílias e jovens. Dom Bosco indicou na sua experiência pedagógica e
pastoral o caminho da santidade juvenil e demonstrou no seu método a
validade da sua elevada finalidade, com resultados admiráveis.
O segredo do sucesso de Dom Bosco educador foi a sua intensa caridade
pastoral, aquela energia interior que nele uniu inseparavelmente o amor
de Deus e o amor do próximo, tornando-o capaz de harmonizar em síntese
a atividade evangelizadora e a atividade educativa. A espiritualidade
salesiana, expressão concreta da caridade pastoral, constitui, portanto,
um elemento fundamental da ação pastoral: a espiritualidade salesiana,
fonte da vitalidade evangélica, alma da caridade pastoral, permanece o seu
princípio de inspiração e identidade, o seu critério de orientação. Devemos
estar certos disto e ser promotores atualizados da sua sabedoria pastoral.
A espiritualidade vivenciada é a atitude própria dos crentes empenhados.
Não se trata de um espiritualismo de fuga, mas de uma espiritualidade de
fronteira, de busca, de iniciativa, de coragem, numa palavra, de realismo.
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10.2 Page 92

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
Em Dom Bosco, tudo isto assume o nome de “coração oratoriano”:
fervor, zelo apostólico, mobilização de todos os recursos pessoais,
busca de novas intervenções, capacidade de resistir nas provações,
vontade de recomeçar depois dos insucessos, otimismo cultivado e
difundido; é a solicitude, cheia de fé e caridade, que encontra em
Maria um exemplo luminoso de entrega de si (cf. Carta de Identidade
Carismática da Família Salesiana, n. 29).
B Programa e itinerário da Espiritualidade Juvenil Salesiana
A espiritualidade salesiana adaptada aos jovens, vivida com e pelos
jovens, pensada e realizada no interior da experiência do jovem,
tem em mira gerar uma imagem cristã proponível àqueles que, inseridos
no nosso tempo, vivem suas condições atuais; dirige-se a todos os jovens
adequando-se aos “mais pobres”, capaz ao mesmo tempo de indicar metas
aos que fazem mais progressos; pretende tornar o jovem protagonista de
propostas para os seus contemporâneos e no ambiente de vida.
A espiritualidade salesiana associa-se ao Sistema Preventivo; é o
desenvolvimento do Projeto Educativo-Pastoral oferecido a todos os
sujeitos da Comunidade Educativo-Pastoral, traduzido em itinerários de
maior compromisso. Os elementos propostos entrelaçam-se; cada um deles
representa uma ênfase relativa ao que é expresso pelos outros: a vida, Cristo,
as bem-aventuranças, a Igreja, Maria, o serviço são pontos de referência
para refletir e viver em unidade a totalidade da experiência cristã.
A vida quotidiana como lugar do encontro com Deus
A Espiritualidade Juvenil Salesiana considera a vida quotidiana como lugar
de encontro com Deus (cf. Const. 18; CG23, n. 162-164; CG24, n. 97-98;
Carta de Identidade Carismática da Família Salesiana, n. 27-28, 34). Na
base da compreensão do quotidiano e da avaliação positiva da vida
há a fé e a compreensão contínua do evento da Encarnação; espiritualidade
que se deixa guiar pelo mistério de Deus que com a Encarnação, Morte
e Ressurreição, afi rma a sua presença de salvação em toda a realidade
humana.
O quotidiano do jovem é feito de obrigações, de vida social, diversão,
tensão de crescimento, vida de família, desenvolvimento das próprias
capacidades, perspetivas de futuro, desejo de intervenção, aspirações.
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Esta é realidade a assumir, aprofundar e viver à luz de Deus. Segundo
Dom Bosco, para ser santo é preciso fazer “bem” aquilo que se deve
fazer; ele considera a fidelidade ao dever na sua quotidianidade como
critério de comprovação da virtude e sinal de maturidade espiritual; um
realismo prático centrado no quotidiano, o sentido religioso do dever
em cada momento do dia.
Para que a vida quotidiana possa ser vivida como espiritualidade,
é necessária a graça de unidade que ajuda a harmonizar as diversas
dimensões da vida em torno de um coração habitado pelo Espírito de
Amor. A graça de unidade que torna possível a conversão, a purificação e
a força do sacramento da Reconciliação, meio privilegiado; que faz com
que, através “do trabalho e da contemplação”, o coração se mantenha
livre, aberto a Deus e entregue aos irmãos, especialmente aos jovens e
aos jovens pobres.
Dom Bosco inspirou-se em São Francisco de Sales como mestre de uma
espiritualidade simples porque essencial, popular porque aberta a todos,
simpática porque cheia de valores humanos e, por isso, particularmente
disponível à ação educativa.
Entre as atitudes e as experiências do quotidiano a viver em
profundidade no Espírito podem estar:
a vida de família;
o amor ao trabalho/estudo, o crescimento cultural e a experiência
escolar;
a ligação das “experiências intensas” com os “itinerários
ordinários da vida”;
a visão positiva e reflexiva diante da própria época;
o acolhimento responsável da própria vida e do próprio itinerário
espiritual de crescimento no esforço de cada dia;
a capacidade de orientar a vida segundo um projeto vocacional.
Espiritualidade pascal de alegria e de otimismo
A verdade decisiva da fé cristã é o Senhor ressuscitado. A glória eterna
é a nossa meta última, mas também, atual, porque se fez realidade
no corpo de Jesus Cristo. A Espiritualidade Juvenil Salesiana é pascal e
escatológica.
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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
As tendências mais radicais no coração da pessoa são o desejo e
a busca da felicidade. A alegria é a expressão mais nobre da felicidade
e, com a festa e a esperança, é caraterística da espiritualidade salesiana.
A fé cristã é, por vocação, anúncio de felicidade radical, promessa e
oferenda de “vida eterna”, sem constrangimentos de espaço, de tempo,
de limites nas aspirações. A descoberta do Reino e o encontro com
Cristo são bem-aventuranças do homem. Estas realidades, contudo,
não são uma conquista, mas um dom: Deus é a fonte da verdadeira
alegria e da esperança. Sem excluir o valor pedagógico da alegria,
afirma-se principalmente o seu valor teológico. Dom Bosco vê nela uma
manifestação imprescindível da vida da graça.
Dom Bosco entendeu e fez entender aos seus jovens que empenhamento
e alegria caminham juntos, que santidade e alegria são um binómio
inseparável. Dom Bosco é o santo da alegria de viver e os seus jovens
aprenderam bem a lição de vida, na linguagem tipicamente oratoriana,
que a “santidade consiste em estar sempre alegre“ (cf. CG23, n. 165).
A Pastoral Juvenil Salesiana propõe um itinerário de santidade simples,
alegre e serena (cf. Const. 17; CG23, n. 165-166; Carta de Identidade
Carismática da Família Salesiana, n. 33).
A valorização da alegria como ato do Espírito, fonte de empenhamento
e seu fruto, comporta que se favoreçam nos jovens algumas atitudes e
experiências:
a experiência alegre do afeto às pessoas num ambiente de
participação e de relações sinceramente amigáveis e fraternas;
a livre expressão nas festas juvenis e nos encontros de grupo;
a admiração e o prazer pelas alegrias que o Criador colocou no
nosso caminho: a natureza, o silêncio, as atividades realizadas
em comum no sacrifício e na solidariedade;
a graça de poder viver a cruz e o sofrimento sob o signo e a
consolação da Cruz de Cristo.
Espiritualidade de amizade e de relação pessoal
com o Senhor Jesus
A Espiritualidade Juvenil Salesiana leva o jovem ao encontro com Jesus
Cristo e torna viável uma relação de amizade com Ele alimentada na
confiança, num vínculo vital e numa adesão fiel. Muitos jovens nutrem
o desejo sincero de conhecer Jesus e buscam uma resposta às questões
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10.5 Page 95

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
sobre o sentido da própria vida,
que só Deus pode dar.
Amigo, Mestre e Salvador são
os títulos que descrevem a
centralidade da pessoa de Jesus
Cristo na vida espiritual dos
jovens no método salesiano
(cf. Const. 11; CG23, n. 167-
«Devemos ajudar os jovens a ter
confiança e familiaridade com a Sagrada
Escritura, para que seja como uma
bússola a indicar o caminho a seguir»
(VERBUM DOMINI, 104)
168; CG24, n. 61; Carta de
Identidade Carismática da Família Salesiana, n. 24, 36). É interessante
recordar que Jesus é apresentado por Dom Bosco como amigo dos
jovens – «Os jovens são o encanto de Jesus», dizia –; como mestre de
vida e de sabedoria; como modelo de todo o cristão; como redentor que
entrega a sua vida no amor e na paixão pela salvação até à morte; como
presente nos pequenos e necessitados. Recorre muitas vezes à citação:
«Sempre que fizestes isto a um dos mais pequenos destes meus irmãos,
a mim o fizestes» (Mt 25, 40).
Eis, como exemplo, algumas atitudes e experiências a favorecer e de-
senvolver para um itinerário de conformidade progressiva com Cristo:
participação de fé na comunidade, que vive da memória e da
presença do Senhor e o celebra nos sacramentos da iniciação
cristã;
pedagogia da santidade, que Dom Bosco mostrou na
reconciliação com Deus e com os irmãos através do sacramento
da Penitência;
aprendizagem da oração pessoal e comunitária, mediações
privilegiadas para crescer no amor e na relação pessoal com Jesus
Cristo. A oração salesiana é simples e para todos, mergulha as
suas raízes na vida quotidiana;
aprofundamento sistemático da fé iluminada pela leitura e
meditação da Palavra de Deus.
Espiritualidade eclesial e mariana
A experiência e o conhecimento adequado da Igreja são distin-
tivos da espiritualidade cristã. A Igreja é comunhão espiritual e co-
munidade que se faz visível através de gestos e convergências também
operativas; é serviço aos homens dos quais não se separa como numa
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10.6 Page 96

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
“seita” que só considera boas as obras que trazem o sinal da própria
pertença; é o lugar escolhido e oferecido por Cristo, no tempo e no es-
paço da nossa história, para poder encontrá-l’O. Ele entregou à Igreja a
Palavra, o Batismo, o seu Corpo e o seu Sangue, a graça do perdão dos
pecados e os demais Sacramentos, a experiência de comunhão e a força
do Espírito que levam à caridade pelos irmãos. É necessário um sentido
cada vez mais responsável e corajoso de pertença à Igreja particular e
universal. A Família de Dom Bosco tem, de facto, entre os tesouros de
casa uma rica tradição de fidelidade filial ao Sucessor de Pedro e de
comunhão e colaboração com as Igrejas locais (cf. Const. 13; CG21, n.
96, 102; CG23, n. 169-170; CG24, n. 62-64, 91-93; Carta de Identidade
Carismática da Família Salesiana, n. 26).
As atitudes e as experiências a revitalizar são, portanto:
o ambiente concreto da casa salesiana como lugar em que se
experimenta uma imagem de Igreja agradável, simpática, ativa,
capaz de responder às expetativas dos jovens;
os grupos e, sobretudo, a Comunidade Educativo-Pastoral, que
reúne jovens e educadores num ambiente de família em torno
de um projeto de educação integral dos jovens;
a participação na Igreja local que reúne todos os esforços
de fi delidade dos cristãos na comunhão visível e no serviço
percetível num determinado território;
a estima e confi ança na Igreja universal, vivida na relação de
amor pelo Papa, na informação sobre as situações em que o
povo de Deus vive limitado no seu desejo de viver a fé e no
conhecimento dos santos e das personalidades significativas do
pensamento e das realizações cristãs nos diversos campos.
A Espiritualidade Juvenil Salesiana é uma espiritualidade
mariana. Maria foi chamada por Deus Pai para ser, na graça do
Espírito Santo, mãe do Verbo, e entregá-Lo ao mundo. A Igreja olha
para Maria como exemplo de fé; Dom Bosco teve esse olhar e nós
somos chamados a imitá-lo em comunhão com a Igreja (cf. Const. 34,
92; CG23, n. 177; CG24, n. 68, 188; Carta de Identidade Carismática
da Família Salesiana, n. 11, 37).
Estamos convencidos de que o Espírito Santo suscitou a obra salesiana
com a intervenção materna de Maria (cf. Const. 1). Ela indicou a Dom
Bosco o seu campo de ação entre os jovens, guiou-o e sustentou-o
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10.7 Page 97

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
constantemente e está presente entre nós e continua a sua missão de Mãe
da Igreja e Auxiliadora dos Cristãos (cf. Const. 8). No Oratório de Valdocco,
Maria era uma presença viva: inspiradora, guia e mestra. Domingos Sávio,
Miguel Magone e muitos outros jovens contemplaram-n’A não como ideal
abstrato ou simples objeto de culto e devoção, mas como uma pessoa viva
e atuante, que enche a casa e faz sentir e experimentar a proximidade
do amor de Deus. A Espiritualidade Juvenil Salesiana estimula a entrega
simples e confiante à assistência materna da Virgem Maria.
Ela também é reconhecida como Mãe de Deus e nossa, como a Imaculada,
cheia de graça, totalmente disponível a Deus, como santidade, vida cristã
vivida com coerência e totalidade, como Auxiliadora, auxílio dos cristãos
na grande batalha da fé e da construção do Reino de Deus, Aquela que
protege e orienta a Igreja; sustentáculo e apoio da fé, considerada por
Dom Bosco como “A Senhora dos tempos difíceis”.
Em Maria Auxiliadora, temos um modelo e uma guia para a nossa ação
educativa e apostólica. Ela é proposta com amor-admiração ao culto e
à imitação, na participação nas celebrações e na memória das suas
mensagens. Mãe e Mestra da nossa experiência formativa, invocamo-l’A
de modo especial na oração (cf. Const. 84.87.92; Carta de Identidade
Carismática da Família Salesiana, n. 37), meditando no Evangelho as suas
ações e as suas palavras.
Espiritualidade de serviço responsável
A vida assumida como encontro com Deus, o caminho de identifi cação
com Cristo, o empenho pelo Reino, a Igreja percebida como comunhão
-serviço em que cada um tem o próprio lugar e onde há necessidade dos
dons de todos, fazem emergir e amadurecer uma convicção: a vida é
conduzida no interior de uma vocação de serviço (cf. Const. 7, 19;
CG23, n. 178-180; CG24, n. 94-96; Carta de Identidade Carismática da
Família Salesiana, n. 35).
Tudo isto encontra grande correspondência na experiência de Dom Bosco,
jovem e apóstolo. Ele, desde o sonho dos nove anos, percebeu e viveu a
própria existência como vocação. Escuta e responde com coração generoso
ao convite a colocar-se no meio dos jovens para os salvar. Dom Bosco
convidava os seus jovens para um «exercício prático de amor ao próximo».
A Espiritualidade Juvenil Salesiana é apostólica: tem-se a convicção de ser
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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
chamado a colaborar com Deus na sua missão, com dedicação, fidelidade,
confiança e disponibilidade total. Com um empenho concreto ao serviço
do bem segundo as próprias responsabilidades sociais e as necessidades
materiais e espirituais dos outros.
O serviço responsável comporta algumas atitudes e experiências a
favorecer, que podem ser reunidas em torno de quatro áreas:
abertura à realidade e ao contacto humano: Dom Bosco pe-
dia aos seus jovens que fossem “bons cristãos e honestos ci-
dadãos”. Ser honesto cidadão comporta hoje, para o jovem,
promover a dignidade da pessoa e os seus direitos, em todos
os contextos; viver com generosidade na família e preparar-se
para formar a sua própria na base da entrega recíproca; favore-
cer a solidariedade, especialmente em relação aos mais pobres;
realizar o próprio trabalho com honestidade e competência pro-
fissional; promover a justiça, a paz e o bem comum na política;
respeitar a criação e favorecer a cultura (cf. CG23, n. 178);
empenho sério para identificar o seu próprio projeto de vida;
amadurecimento gradual e opções progressivas e coerentes de
serviço à Igreja e aos homens. O serviço responsável cresce
no testemunho de vida e concretiza-se em muitos âmbitos:
animação educativo-pastoral e cultural, voluntariado e missio-
nariedade;
prontidão para enfrentar situações novas e capacidade de re-
nunciar às coisas secundárias para assumir os valores essenciais.
A Espiritualidade Juvenil Salesiana, portanto, pretende ajudar cada jovem
no itinerário vocacional, para que ele descubra o sentido da sua própria
vida, na verdade, em diálogo com Deus.
C Planear itinerários de educação à fé
A espiritualidade, antes de ser formulação sistemática, é “experiência” de
vida. É preciso traduzir a síntese teórica em itinerários pedagógicos
estruturados em etapas graduais, segundo a condição dos rapazes e
dos jovens que os devem percorrer (objetivos, atitudes, conhecimentos,
compromissos concretos e experiências) com alguns conteúdos
claramente defi nidos. A Congregação Salesiana indicou quatro áreas de
amadurecimento humano e cristão: identidade humana, encontro com
Cristo, compromisso pelo Reino e pertença eclesial (cf. CG23, n. 120-157).
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Dom Bosco, ao propor o seu sistema educativo-pastoral, traçou um caminho
“fácil” de santidade para os jovens, criando um ambiente adequado para
o seu crescimento como homens e como cristãos, e conseguindo persona-
lizar os itinerários educativos concebidos à medida deles. Basta confrontar
as três biografias de Domingos Sávio, Francisco Besucco e Miguel Magone
para verificar que os itinerários eram intensamente unitários nas intenções
educativas e sabiamente diferenciados segundo a singularidade do sujeito.
Brevemente, o que signifi ca elaborar itinerários? Eis alguns critérios
operativos que orientam a dinâmica do itinerário de fé:
flexibilidade, que supera a rigidez estrutural e o fixismo. O itine-
rário deve adequar-se aos jovens que vivem situações pessoais
e ambientais diferenciadas, embora seja sempre adequado em
relação à meta a atingir. Trata-se, por isso, de projetar percursos
abertos, repropondo a integralidade da mensagem de modo e
nas formas adequadas às várias idades e condições culturais e
espirituais dos jovens concretos;
continuidade, contrária à periodicidade e improvisação, e gradua-
lidade, que supera a lógica do “tudo e já” em favor de uma sábia
paciência e espera educativa. O itinerário assume assim a cara-
terística de um percurso iniciático, capaz de estimular e envolver
a liberdade do jovem na realização dos passos a dar e assumir
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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
as responsabilidades que o itinerário educativo simbolicamente
projetou mediante a proposta de conteúdos progressivos e de
modalidades de interiorização. É preciso estabelecer uns e outras,
apresentando em cada etapa as metas essenciais e fundamentais
do crescimento humano e cristão;
orientação, para o ponto de chegada e para a consecução de re-
sultados formativos: caminhar para a meta do “bom cristão e do
honesto cidadão”, buscando a consolidação dos valores, atitudes
e capacidades fundamentais. Isto significa ser concreto, ou seja,
aderência à realidade para discernir, através de resultados com-
prováveis, a adequação das propostas e das intervenções;
organicidade, em vista da promoção integral da personalidade de
cada um, ou seja, harmonizar com critério educativo o crescimento
da experiência humana, a descoberta do significado cristão, a ex-
pressão da fé. O itinerário unifica os três fatores em circularidade,
pelo que cada um deles evoca, provoca e faz crescer os demais,
chegando a uma rica unidade pessoal cristã. Educar o “bom cristão
e o honesto cidadão” exige, portanto, que a proposta educativa
por inteiro e cada etapa do itinerário tenham como horizonte de
sentido e de ação todas as dimensões da pessoa do jovem.
É importante a abordagem pedagógica do método, em conexão estrita
com a dos conteúdos e da dinâmica. A atenção aos estilos relacionais
e de comunicação, aos elementos que se referem à dinâmica e à qua-
lidade do processo é subordinada ao objetivo e aos conteúdos. Devem
privilegiar-se as formas mais adequadas à idade juvenil, as mais flexíveis,
que deem amplo espaço ao aprofundamento sistemático e à criativi-
dade; alguns “pontos de não retorno”, muito importantes, brotam da
realidade. Os educadores salesianos não podem ignorar os principais
aspetos caraterizadores dos jovens contemporâneos e que incidem pro-
fundamente na vivência, também religiosa, caso contrário arriscam a
inadequação e a ineficácia das propostas. A pastoral juvenil será autên-
tica se for caraterizada pela flexibilidade e criatividade.
Nesse sentido, o método também é mensagem. Os jovens pedem um esti-
lo de anúncio cristão propositivo, capaz de estabelecer uma comunicação
correta e dar espaço à criatividade e às modulações linguísticas de hoje.
Para a realidade dos jovens e a qualidade dos objetivos e dos conteúdos a
comunicar, é necessário levar em consideração os seguintes critérios de
método:
101

11 Pages 101-110

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11.1 Page 101

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Ser concreto
Símbolo
Narração
Interiorização
Os jovens apreciam e acolhem os passos con-
cretos, as ações iniciadas, a eficácia do que é
proposto. Tudo que é feito deve ser revisto, enfa-
tizado, agradecido, avaliado e verificado no quo-
tidiano concreto;
É necessário educar a capacidade simbólica, ou
seja, a capacidade de comunicar e entrar em
comunhão com o que não é transmitido apenas
através do conceito, mas precisa da colaboração
da sensibilidade e da criatividade. Iniciar a co-
municação de experiências e realidades com
gestos e experiências antropológicas de caráter
ritual (o cumprimento, a festa, a saudação de
paz...). A dimensão simbólica nasce da necessi-
dade de entrar em comunhão com o Mistério de
Deus já presente na realidade de cada dia. Nes-
se sentido, a linguagem litúrgica, catequética e
experiencial devem ser utilizadas harmoniosa-
mente;
Mais do que o discurso de demonstração, justi-
ficação ou convencimento, os jovens preferem
a narração, a sugestão, o envolvimento nas
narrações de histórias de vida. É indispensável
e mais credível servir-se dos géneros evangéli-
cos como a parábola. É preciso ser capaz de
narrar a própria história e a fé que ela contém.
«O que vimos e ouvimos» é o que devemos
transmitir;
Para que o itinerário de fé seja efetivo, a expe-
riência e as atividades devem ser avaliadas na
interioridade da pessoa (mente, coração e atitu-
de), dando voz à vivência, partilhando-a, comu-
nicando-a, a fim de se tornar opção, itinerário,
transformação;
102

11.2 Page 102

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O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
Experiência
Partir da experiência, suscitar experiência,
retornar à experiência, ler a experiência. A
experiência de vida é o principal recurso edu-
cativo, completado e estimulado ao longo do
processo por experiências posteriores. Ex-
periência é também consolidar ou contestar
o que se evidencia e se descobre. Deve ser
acompanhada e lida, para ser parte do teci-
do pessoal e vital, superando a tendência de
simples acumulação de dados;
Protagonismo e
participação
Os jovens precisam de ser protagonistas de si
mesmos, acreditando nas suas capacidades
de crescimento e transformação. Querem ser
tidos em conta e interpelados. É preciso ar-
riscar, confiando-lhes responsabilidades, se-
gundo a sua situação e as suas capacidades.
Não há maturidade sem responsabilidade,
nem confiança se não percebem confiança.
Os jovens não são objetos, mas sujeitos do
processo de vida;
Personalização e
socialização
Levar em conta a liberdade efetiva alcançada
pelo jovem e o legítimo pluralismo educati-
vo que respeite as diversas situações vividas
pelos jovens. É preciso ser flexível, pensar
em cada um de maneira específica, preocu-
par-se com o seu processo pessoal. A per-
sonalização é atuada em relação aos outros,
acontece com os outros (grupo) e através dos
outros. Todos se reconhecem em relação
com os outros, com a história e o mundo. O
crescimento dá-se em relação.
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11.3 Page 103

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
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11.4 Page 104

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL:
FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA
PARA OS JOVENS
CAPÍTULO
V
«Jesus aproximou-se
e pôs-se a caminho
com eles»
(Lc 24,15)

11.5 Page 105

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Dom Bosco queria que nos seus ambientes cada
qual se sentisse em casa. A casa salesiana torna-se
uma família quando o afeto é correspondido e todos,
irmãos e jovens, se sentem acolhidos e responsáveis
pelo bem comum. Em clima de mútua confiança e
perdão quotidiano, sente-se a necessidade e a alegria
de partilhar tudo, e as relações são reguladas não
tanto pelo recurso às leis, quanto pelo movimento do
coração e da fé. Esse testemunho desperta nos jovens
o desejo de conhecer e seguir a vocação salesiana»
(Const. 16)
Sem familiaridade não se demonstra afeto e sem
essa demonstração não pode haver confiança. Quem
quer ser amado deve mostrar que ama»
(Carta de Roma, 1884)
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11.6 Page 106

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
A Pastoral Juvenil Salesiana exige convergên-
cia de intenções e convicções de todos os envolvidos na pro-
gramação e realização da Comunidade Educativo-Pastoral,
onde ela acontece. Exporemos, neste capítulo, a sua identida-
de comunitária, os seus dinamismos, o seu estilo de corres-
ponsabilidade e as modalidades de animação do seu próprio
crescimento. A comunidade é chamada a investir na figura do
educador salesiano. Enfrentando o discernimento e a renova-
ção de cada atividade e obra, voltamos o olhar para o estilo sa-
lesiano, para o “critério oratoriano” que nos liga às intuições
práticas do carisma (modalidades de convivência e de comu-
nhão) que se tornaram património comum, aplicáveis a todos
os contextos onde os salesianos atuam. Dá-se importância ao
modo de oferecer os sinais do Evangelho no quotidiano, privi-
legiando as relações e comunicações autênticas.
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11.7 Page 107

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 Pastoral Juvenil Salesiana:
uma experiência comunitária
11
A EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA
NO ESPÍRITO SALESIANO E NA MISSÃO
A A comunhão ao serviço da única missão
A evangelização é sempre ação eclesial. Por isso, o primeiro elemen-
to fundamental para realizar a Pastoral Juvenil Salesiana é a comunidade
que envolve, em clima de família, jovens e adultos, pais e educadores,
até ser experiência de Igreja (cf. Const. 44-48; Reg. 5); comunhão que
vive os diversos dons e serviços como realidades complementares, em
reciprocidade, ao serviço de uma mesma missão (cf. CG24, n. 61-67). A
evangelização é fruto do itinerário comum, da missão entre consagrados
e leigos que unem suas forças em colaboração no intercâmbio de dons,
embora nas diferenças de formação, tarefas, carismas e graus de partici-
pação nessa missão. Comunidade em que todos, consagrados e leigos,
são sujeitos ativos, protagonistas da evangelização dos indivíduos e das
culturas (cf. Christifideles Laici 55-56; CG24, n. 96).
Essa comunidade, sujeito e, ao mesmo tempo, objeto e âmbito da
ação educativo-pastoral é a “Comunidade Educativo-Pastoral” (CEP).
É o nosso ser Igreja, a nossa pastoral no interior da pastoral eclesial.
A educação e a evangelização são fruto da convergência de pessoas,
intervenções, qualificações, num projeto partilhado e atuado correspon-
savelmente (cf. Const. 34; CG21, n. 63, 67; CG24, n. 99). A Pastoral
Juvenil Salesiana, de ação pessoal de agentes torna-se coordenação de
várias intervenções, busca de entendimento e complementaridade entre
todos, busca de colaboração, esforço de organicidade e programação.
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11.8 Page 108

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
B A forma salesiana de estar presente entre os jovens
Desde os primeiros tempos do Oratório, Dom Bosco criou ao seu redor
uma comunidade-família em que os jovens eram os protagonis-
tas: um ambiente juvenil impregnado dos valores do Sistema Preventivo,
com caraterísticas espirituais e pastorais bem defi nidas, objetivos claros
e uma convergência de papéis pensados em função dos jovens. Dessa
comunidade surgiram a Congregação e a Família Salesiana. Segundo o
próprio Dom Bosco, os Salesianos, com a vida em comum, são centro de
comunhão e participação para os educadores que trazem o seu próprio
contributo ao projeto e nele difundem o carisma (cf. CG24, n. 71-72, 75).
Na memória dos inícios de Valdocco, encontramos não só o coração pas-
toral de Dom Bosco, como também a sua capacidade de envolvimento:
igreja, dormitórios e pátios tornam-se realidades educativas graças à co-
laboração de eclesiásticos e leigos. O Sistema Preventivo está atento à
relação pessoal, mas é também comunitário. A sua proposta é de intensa
comunhão. A CEP é a forma salesiana da animação de toda a realidade
educativa entendida como realização da missão de Dom Bosco. Não é
uma nova estrutura, que se acrescenta aos demais organismos de gestão
e participação existentes nas diversas obras ou ambientes pastorais, nem
sequer uma organização de trabalho, nem uma técnica de participação.
A presença salesiana é chamada a ser casa que
acolhe, habitável, para os jovens. Com
a CEP, queremos formar, em cada
uma de nossas presenças, uma
comunidade de pessoas,
orientada para a edu-
cação dos jovens, que
possa ser para eles ex-
periência de Igreja e
os abra ao encon-
tro pessoal com
Jesus Cristo. A
CEP (cf. Const.
47; CG24, n.
156) é, por-
tanto:
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11.9 Page 109

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
comunidade: porque envolve em clima de família os jovens e os
adultos, os pais e os educadores, onde o elemento fundamental de
unidade não é o trabalho ou a eficácia, mas um conjunto de valores
vitais (educativos, espirituais, salesianos...) que configuram uma
identidade partilhada e cordialmente desejada;
educativa: porque coloca no centro de seus projetos, relações
e organizações, a preocupação com a promoção integral dos
jovens, isto é, o amadurecimento das suas potencialidades em
todos os aspetos: físico, psicológico, cultural, profissional, social,
transcendente;
pastoral: porque se abre à evangelização, caminha com os jovens
ao encontro de Cristo e faz uma experiência de Igreja, onde, com
os jovens, se experimentam os valores da comunhão humana e
cristã com Deus e com os outros.
C A CEP envolve muitas pessoas em torno do
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
O desafio da CEP é a reconstrução de um forte sentido de pertença e
também de uma renovação de mentalidade quanto ao modo de pensar,
avaliar e agir, de situar-se diante dos problemas e do estilo das relações (com
os jovens, entre os educadores e os agentes da pastoral). Trata-se de uma
comunidade articulada em círculos concêntricos, na qual os jovens, ponto
fundamental de referência, são o centro (cf. Const. 5): a comunidade salesiana,
garante da identidade salesiana, núcleo de comunhão e participação; as
famílias, primeiras e principais responsáveis pela educação dos jovens; os leigos
responsáveis e colaboradores a vários títulos, entre os quais primeiramente os
membros da Família Salesiana, que atuam no âmbito da obra, com o contributo
das caraterísticas e da riqueza vocacional do próprio grupo de referência.
As iniciativas pastorais mais significativas são articuladas em rede: todos
colaboram a diversos níveis na elaboração do PEPS, centro de convergência de
todas as atividades, cooperando no próprio processo educativo, enriquecendo
-se reciprocamente num itinerário comum de formação (cf. CG24, n. 157).
A experiência formativa envolve a comunhão de critérios (mentalidade),
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11.10 Page 110

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
convergência de intenções (objetivos) e organicidade de intervenções
(corresponsabilidade, confronto, busca, revisões). O PEPS contribui para unificar
em síntese o Evangelho e a cultura, a fé e a vida (cf. CG24, n. 96).
D A CEP e a Família
Como se disse, a CEP é centro de acolhimento e convocação do maior
número possível de pessoas interessadas nos aspetos humanos e religiosos
do território. Desafi o pastoral muito importante é realizar uma partilha
mais integral com a família, primeira e indispensável comunidade
educadora. Reconhecemos que a família é a célula da sociedade e da
Igreja. Ela, embora com todas as suas difi culdades, é valorizada pelos
próprios fi lhos que dela recebem o afeto indispensável. Para os pais, a
educação é um dever essencial, ligado à transmissão da vida, original e
primário, em relação à missão educativa de outros sujeitos, insubstituível
e inalienável, não delegável nem substituível (cf. Familiaris Consortio 36).
É interessante e promissor o surgimento de centros de escuta, geridos por
leigos ou consagrados, para apoio da educação e assistência às problemáti-
cas familiares. São também interessantes as tentativas de acompanhamen-
to de grupos de pais que se envolvem na educação à fé de seus filhos. A
CEP empenha-se em fazer com que os pais vivam cientes da própria res-
ponsabilidade educativa, diante dos novos paradigmas emergentes, e do
acompanhamento com atenção especial aos jovens casais, envolvendo-os
ativamente na própria CEP. É preciso que SDB e leigos façam um atento
discernimento comunitário para reconhecer as problemáticas mais urgentes
da família e dar-lhes resposta, percebendo os seus múltiplos recursos. É
desejável o envolvimento cada vez mais participativo da família no PEPS.
E A CEP como experiência significativa de Igreja no território
Devido à sua presença capilar no território, a obra salesiana dispõe
de um potencial educativo extraordinário. A missão salesiana não
se identifica com a comunidade e com a obra salesiana, nem se reduz a
ela; todavia, esta é necessária como lugar de convocação e formação do
vasto movimento que trabalha pela juventude, dentro e fora das estruturas
salesianas, na Igreja e nas instituições da sociedade civil (CG24, n. 4). A CEP,
assim articulada, colabora e abre-se aos que trabalham pela promoção e
formação dos jovens no território, aos ex-alunos e ex-alunas que se sentem
solidários com ela, aos jovens e adultos da região, aos quais oferece a sua
111

12 Pages 111-120

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12.1 Page 111

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
proposta educativa. Enquanto sujeito da pastoral, ela vive e age na Igreja e
no mundo (cf. Const. 47), como presença significativa:
Integra-se na pastoral da Igreja local inserindo o PEPS no
plano pastoral da Diocese ou região; coordenando o próprio
trabalho com as demais forças cristãs que trabalham pela
educação dos jovens; exprimindo comunitariamente a sua
pertença à Igreja através de gestos proporcionados ao nível de
fé alcançado pela CEP.
Intervindo na comunidade eclesial com o seu contributo específico,
a CEP enriquece a Igreja local com o dom da Espiritualidade
Juvenil Salesiana, do Sistema Educativo de Dom Bosco, da
vitalidade da Família Salesiana e do Movimento Juvenil Salesiano,
quer participando ativamente do Conselho pastoral paroquial ou
regional, quer oferecendo o próprio contributo profissional de
educadores dos jovens ou apresentando propostas e iniciativas
ao serviço da missão educativo-pastoral da Igreja em favor dos
jovens.
Atua como ponto de agregação das forças sociais
existentes no território, e tende a integrar-se na realidade em
que vive. Mantém diálogo e confronto enriquecedor com essas
forças; participa na formação e promoção humana e cristã dos
jovens, colaborando com os organismos que trabalham com a
mesma fi nalidade (cf. CG21, n. 17, 132; CG23, n. 229-230;
CG24, n. 115).
Sendo centro de comunhão e participação, a CEP constitui
-se como uma espiral cujo núcleo central irradia sensibilidade
e corresponsabilidade às periferias, preocupando-se com a
significatividade e a comunicação (cf. CG24, n. 49, 114, 135).
Torna signifi cativa a presença salesiana que, com a própria
identidade educativa e pastoral, se torna centro de acolhimento
e associação, sinal de comunhão e participação, e proposta de
transformação do ambiente (cf. CG23, n. 225-229; CG24, n.
173-174).
Atua como agente de transformação do ambiente. Está
presente através dos seus membros não só na vida do ter-
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12.2 Page 112

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
ritório, como também participa «no testemunho e no com-
promisso da Igreja em prol da justiça e da paz» (Const. 33)
e favorece a conversão das situações contrárias aos valores
do Evangelho (cf. Const. 7). A sua competência educativa e
pastoral poderá ser solicitada para responder a problemáticas
relativas aos jovens (cf. CG24, n. 235). Torna-se presente nos
contextos humanos em que eles vivem, especialmente se fo-
rem marginalizados ou excluídos, atenta aos elementos que
mais influenciam na sua educação e evangelização, discer-
nindo neles os sinais da presença salvífica de Deus; participa
decididamente no debate cultural e nos processos educativos
através das diversas formas de associativismo, voluntariado e
cooperação social, contribuindo com uma proposta educativa
original para a criação da mentalidade e da consciência social
e cívica solidária e cristã, e para a evangelização da cultura.
Este dinamismo levará a comunidade a avaliar criticamente o
que acontece ao seu redor e a encorajar os cristãos empenhados
no território.
Atua como presença de Igreja em contextos plurirreligiosos
e pluriculturais. A Pastoral Juvenil Salesiana é realizada também
em contextos de pluralismo cultural e religioso, com a presença
notável de leigos de diversas culturas e crenças que participam
na nossa missão. Por isso, deve ser sempre aberta ao diálogo e
à colaboração com as diversas tradições religiosas, promovendo
com elas o desenvolvimento integral da pessoa e a sua abertura
à transcendência. Esta perspetiva exprime a exigência de uma
profunda inculturação da pastoral. O Sistema Preventivo é o
critério fundamental para esta colaboração: «com os que não
acreditam em Deus podemos caminhar juntos, baseando-nos
nos valores humanos e laicais presentes no Sistema Preventivo;
com os que acreditam em Deus ou no Transcendente, podemos ir
mais longe, facilitando até o acolhimento dos valores religiosos;
por fi m, com os que partilham conosco a fé em Cristo, mas
não na Igreja, podemos avançar ainda mais no caminho do
Evangelho» (CG24, n. 185). Torna-se, por isso, importante que
na CEP os cristãos vivam na fidelidade à própria vocação e à
missão evangelizadora da Igreja segundo o carisma salesiano
(cf. CG24, n. 183-185).
113

12.3 Page 113

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 2 A ANIMAÇÃO DA CEP
A CEP, mais do que estrutura ou instituição consolidada, é um organismo vivo,
que existe na medida em que cresce e se desenvolve. Por isso, não se deve
cuidar apenas da sua organização, mas, sobretudo, desenvolver a sua vida.
Em toda a CEP é preciso garantir a promoção e o cuidado das múltiplas
modalidades de animação, de acompanhamento das pessoas. Por este
motivo, podemos falar de um original acompanhamento pastoral salesiano.
Acompanhamos as pessoas a diversos níveis, mediante o ambiente geral da
CEP, os grupos e a relação pessoal – acompanhamento pessoal.
A Acompanhamento do ambiente
Em primeiro lugar, acompanha-se, antes de tudo, construindo o ambiente
educativo. Nele, por um lado, os jovens sentem-se em casa e, por outro, em
clima de apoio, de circulação de ideias e afetos, recebem propostas educativas
que os estimulam a fazer escolhas e a empenhar-se. O ambiente da CEP ofe-
recido numa obra salesiana deve ser entendido, primeiramente, nos aspetos
mais externos e operativos, isto é, na sua organização e coordenação: qua-
lidade e adequação dos processos informativos e de comunicação tanto no
interior como no exterior da CEP; envolvimento dos esforços de todos nos pro-
cessos formativos; respeito pelos papéis, funções e contributos específicos das
diversas vocações; presença real de espaços para a participação na elaboração,
realização e revisão em comum do PEPS; intencionalidade educativo-pastoral
dos objetivos, conteúdos oferecidos e realizações das diversas equipas.
O jovem, para amadurecer, deve criar relações educativas e de identifi-
cação com diversas figuras de adultos na CEP. Cada uma dessas pes-
soas dá o seu próprio contributo e o sinal da sua própria personalidade
e competência. Devem garantir-se na CEP relações abertas, com fi guras
diversificadas que promovam relações personalizadas entre o mundo dos
adultos e o mundo dos jovens, relações que vão além das relações pura-
mente funcionais e favoreçam relações fraternas, de respeito e interesse
pelas pessoas. É o princípio da assistência salesiana.
Enfim, o ambiente deve favorecer o esforço constante da formação
permanente de qualidade em níveis diversos – espiritual, cristão e salesiano
114

12.4 Page 114

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
– pois a CEP não é apenas sujeito, mas também objeto da pastoral juvenil.
Com essa finalidade, devem-se ativar itinerários de formação para todos; a
proposta educativo-pastoral deve ser desenhada não só para os jovens, mas
inspirar um itinerário para os adultos (leigos e salesianos em comum) que,
além de lhes permitir viver “para” os jovens, os ajude a crescer “com” os
jovens, a ritmar os próprios passos com os das novas gerações.
B Acompanhamento do grupo
Todas as pessoas que participam na CEP entram em contacto com uma única
proposta de vida e espiritualidade. De algum modo, caminham percorrendo
um único itinerário, em cujo interior são privilegiados diversos lugares edu-
cativos e religiosos. Um deles é o dos grupos. Estes acompanham as pessoas
justamente preocupando-se com a gradualidade e a diferenciação, no interior
de um único caminho, para responder aos diferentes interesses das pessoas.
São harmonizadas a nível pessoal as diversas pertenças numa forma de apren-
dizagem ativa, na qual se recorre à experimentação, à busca, ao protagonismo,
à invenção e reexpressão de iniciativas. São sinais de vitalidade que permitem
aos jovens elaborar os valores com as categorias culturais às quais são mais sen-
síveis. Os grupos podem ser para os jovens o lugar no qual as suas expetativas
entram em contacto com as propostas de valor e de fé e, sendo envolvidos de
forma leal na descoberta dos valores, assimilam-nos vitalmente.
Ajudam os jovens a encontrar mais facilmente a própria identidade e a
reconhecer e aceitar a diversidade dos outros, passagem quase obrigatória
para amadurecer a experiência de comunidade e de Igreja.
O acompanhamento através dos grupos ajuda a crescer no sentido
de pertença à CEP. Cada grupo dever reconhecer o seu envolvimento na
CEP, sua referência maior. Os grupos, ao serem propositivos, estabelecem
uma mediação entre a grande massa, na qual se corre o risco do
anonimato e da solidão exasperada fechada em si mesma. À medida
que o grupo se consolida internamente, interage positivamente com a
CEP intercambiando propostas, intuições e expetativas, e favorecendo a
participação afetiva nos seus momentos e símbolos.
C Acompanhamento pessoal
Surge uma terceira tarefa: acompanhar cada membro da CEP no seu
crescimento humano e cristão e nas suas opções mais pessoais. Isto
115

12.5 Page 115

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
comporta alcançar a pessoa na sua individualidade, “face a face”, mesmo
quando ela está ativamente inserida num ambiente ou num grupo. A
práxis pedagógica de Dom Bosco juntou sempre à presença com todos no
pátio a palavra pessoal «ao ouvido», aos momentos sugestivos com todos
o diálogo personalizado, ao encontro educativo a relação. O objetivo do
itinerário desta pedagogia do “um a um” é a autenticidade pessoal.
A vida dos membros da CEP não se esgota no ambiente ou no grupo,
mesmo que neles as experiências sejam decisivas. O encontro-colóquio tem
valor e função específicos. O diálogo restabelece atitudes pastorais, como
vemos no encontro do pequeno João Bosco com o padre Calosso ou o
colóquio do padre João Bosco com Bartolomeu Garelli. A ação salesiana
quer despertar no jovem a colaboração ativa e crítica no itinerário educativo,
na medida das suas possibilidades, opções e experiências pessoais: busca
de motivações fundamentais para a vida; necessidade de clareza num
determinado momento; desejo de diálogo e discernimento; interiorização
das experiências quotidianas, para decifrar as suas mensagens; confronto
e instância crítica; reconciliação consigo mesmo e recuperação da calma
interior; consolidação da maturidade pessoal e cristã. Os tempos dessas
opções e experiências não são os mesmos para todos os jovens nem
iguais as situações e decisões diante das quais os jovens se encontram. O
acompanhamento realiza um serviço educativo-pastoral em relação aos
indivíduos, valorizando a sua vivência pessoal, e faz da vida o tema central
do diálogo educativo e espiritual.
A CEP oferece muitas possibilidades de comunicação pessoal. O
único objetivo é alcançar uma gama variada de modalidades,
circunstâncias e intervenções. Os momentos espontâneos e informais
de participação são os mais frequentes. Outros, porém, mais sistemáticos,
são indispensáveis. Entre estes, a direção espiritual, em que se consolida
a fé como vida em Cristo e sentido radical da existência. Ela ajuda a
discernir a vocação pessoal de cada um na Igreja e no mundo e a crescer
constantemente na vida espiritual até à santidade.
O jovem, sentindo o peso da multiplicidade de propostas que lhe
são feitas e o esforço interior de ter de as avaliar em vista do próprio
desenvolvimento, deseja um espaço – afetivamente cheio, mas respeitoso
da sua liberdade – que lhe permita “respirar”, interrogar-se, exercitar a sua
própria responsabilidade; espaço no qual encontrar apoio para se poder
assumir, pacientemente, a si mesmo. Trata-se, em rigor, de um pedido
116

12.6 Page 116

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
de educadores, de guias, de figuras educativas capazes de realizar o
acompanhamento pessoal.
A CEP deve oferecer ocasiões e possibilidades de diálogo pessoal; não
pode ser surda à exigência desse espaço. Isto exige que se garantam tem-
pos e lugares nos quais a comunicação pessoal não seja negada nem
apressada. A preocupação com a dimensão pessoal fornece oxigénio à
CEP, criando ocasiões para que cada um analise a sua própria vida e se
torne consciente da sua própria orientação. Sente-se cada vez com maior
urgência a necessidade de pessoas dispostas à escuta e ao acolhimento
respeitoso das confi dências, sem nunca invadir a intimidade da consci-
ência. São necessárias pessoas que tenham o dom da escuta e aceitem a
responsabilidade educativa de assistir os jovens, particularmente no seu
esforço de crescimento. Caminhar ao lado do jovem para o ajudar a iden-
tificar o seu caminho é uma experiência humana e de fé que deixa uma
marca permanente na sua vida.
13
UM SERVIÇO ESPECÍFICO DE ANIMAÇÃO:
O NÚCLEO ANIMADOR
A animação salesiana da CEP comporta algumas intervenções que ga-
rantam a organização, a coordenação, o acompanhamento pedagógico,
a orientação educativa com os seus objetivos e conteúdos, a formação
dos sujeitos que interagem e o reforço da originalidade salesiana da
obra. São todos necessários e precisam uns dos outros para uma
animação em equipa, em que a diversidade das tarefas e dos papéis e
a corresponsabilidade de todos facilitam a realização dos objetivos (cf.
CG24, n. 106-148).
A Um grupo de pessoas em enriquecimento recíproco
Todos os componentes da CEP, SDB e leigos, participam na sua anima-
ção, mas alguns têm a tarefa específica de favorecer o contributo
de todos, promovendo a responsabilidade do maior número possível dos
membros, preocupando-se com a sua qualidade e coordenação e tendo
um cuidado particular com os níveis mais determinantes para a identidade
salesiana e a qualidade educativa e evangelizadora. Com o seu testemu-
nho carismático, essas pessoas formam o “núcleo animador” da CEP.
117

12.7 Page 117

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O coração, na pessoa, embora sendo um pequeno órgão em relação ao resto do
corpo, é capaz de fazer chegar o sangue e, portanto, a vida a todas as partes do
corpo, desde, porém, que todas as “válvulas” trabalhem em sinergia para que
isso aconteça. Igualmente, o núcleo animador é um grupo de pessoas composto
por salesianos e leigos que se identificam com a missão, o sistema educativo e a
espiritualidade salesiana e assumem solidariamente a tarefa de convocar, mo-
tivar, envolver todos os que se interessam pela obra, para formar com eles a co-
munidade educativa e realizar o projeto de evangelização e educação dos jovens.
Sublinhe-se que a comunidade religiosa salesiana (cf. Const. 38, 47; Reg.
5), com seu património espiritual, seu estilo pedagógico, suas relações de
fraternidade e corresponsabilidade na missão, representa um testemunho
de referência para a identidade pastoral do núcleo animador: «desempenha
o papel de referência carismática na qual todos se inspiram» (CG25, n.
70). Sozinha, a comunidade religiosa não é o núcleo animador, mas faz
parte integrante dele. Aos leigos que trabalham numa obra salesiana sem
comunidade religiosa deve garantir-se que, de modo conveniente, estejam
abertos a uma real participação e uma verdadeira responsabilidade na
organização, na gestão e, também, nas funções próprias do núcleo animador.
O Conselho da CEP é o organismo que anima e coordena a atuação
do Projeto Educativo-Pastoral, é o lugar privilegiado da corresponsabilida-
de dos salesianos, dos leigos, dos pais e dos jovens. Atua com a reflexão, o
diálogo, a programação e a revisão das intervenções previstas (cf. CG24, n.
160-161, 171). Sendo organismo de coordenação para o serviço da unidade
de todos no Projeto Local, coopera com todas as outras instâncias que atuam
na CEP. Compete ao Provincial com seu Conselho oferecer-lhe os critérios de
composição, as competências e os níveis de responsabilidade, em coordena-
ção com as atribuições do Conselho da comunidade salesiana (cf. CG24, n.
171). Este tema será tratado de maneira ampla no capítulo VIII, n. 2.1/d.
B Novos modelos organizativos
O Capitulo Geral 26 (n. 120) reconhece que há atualmente na Congregação
uma pluralidade de modelos de gestão das obras: obras administradas
pela comunidade salesiana que é o núcleo animador de uma mais ampla
Comunidade Educativo-Pastoral; atividades e obras inteiramente confiadas
pelos salesianos aos leigos e reconhecidas no projeto provincial (de acordo
com os critérios indicados pelo CG24, n. 180-182); modalidades diversificadas
118

12.8 Page 118

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
de gestão, não atribuíveis a um modelo único, nas quais permanece a
relação entre uma comunidade local e a obra, ou mais obras, ou ambientes
pastorais administrados pelos leigos. Estas situações exigem, obviamente,
novos modelos organizativos; a animação da CEP, onde falte a presença da
comunidade salesiana, o núcleo animador, constituído por leigos, inspira-
se nos três critérios de identidade, comunhão e significatividade da ação
salesiana e é realizada sob a responsabilidade do Provincial e seu Conselho
(v. capítulo VIII, n. 2.2).
2 O coração do educador
salesiano
Acabamos de identificar, na CEP, os sujeitos com os quais se constrói esta
experiência. É necessário, agora, refl etir sobre a pessoa do educador, o
perfi l em que deve inspirar-se e as atitudes a cultivar. Acenamos breve-
mente ao coração do educador salesiano, daquele que, em qualquer âm-
bito que seja de presença e de ação, é fi el ao modelo de educador e
evangelizador que Dom Bosco deixou em herança.
2 1 A INDISPENSÁVEL “INTERIORIDADE APOSTÓLICA”
A Entrar mais profundamente no Evangelho
A indispensável “interioridade apostólica” leva à maior consciência do
significado e das exigências do ser educador-pastor; cresce-se num
mais completo e profundo conhecimento de Cristo, Bom Pastor, e numa
autêntica experiência de fé na ação quotidiana.
119

12.9 Page 119

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Só uma “pessoa interior” é capaz de escuta, de distinguir o aparente do
autêntico, de estar aberta às necessidades dos outros e deixar-se tocar
por elas. A interioridade atinge o seu ápice no homem “cheio de Deus”,
que vive e caminha “na presença de Deus”, que descobriu o Deus que se
revela na história quotidiana e, de modo especial, se revela na história dos
rapazes e jovens ao serviço dos quais se encontra.
Para ter maior incidência não basta ser mais numerosos ou dispor de meios
mais poderosos; é necessário, sobretudo, ser mais discípulo de Cristo,
entrar mais profundamente no Evangelho. A força de atração que vivifica
a ação educativo-pastoral procede da caridade pastoral, ou seja, de uma
motivação vocacional de serviço ao Evangelho. Esta opção basilar permeia
de tal modo a consciência do educador que todas as suas atividades,
qualquer que seja a sua natureza, adquirem intencionalidade evangélica
(cf. Ez 34, 11.23, o verdadeiro pastor). Pessoas realmente competentes,
que unificam na sua vida a interioridade evangélica salesiana e uma rica
humanidade, que veem no seu serviço educativo um aspeto da própria
missão. Nunca teremos uma verdadeira evangelização sem a especial
preocupação com a interioridade apostólica dos consagrados, dos leigos
e dos jovens. É a caridade pastoral enraizada no coração que se torna o
centro vivo do espírito salesiano.
B A primeira forma de evangelização é o testemunho
Movidos pela interioridade apostólica, a evangelização tem consciência de
que a Boa Nova não reside só na verdade anunciada, mas, sobretudo na
convicção do testemunho com que
é proposta (cf. Evangelii Nuntiandi
42). O educador salesiano dá teste-
munho não para solicitar imitação,
mas para mostrar a possibilidade
«O homem contemporâneo escuta de
melhor boa vontade as testemunhas
do que os mestres, dizíamos ainda
recentemente a um grupo de leigos, ou
então se escuta os mestres, é porque eles
são testemunhas»
(EVANGELII NUNTIANDI 41)
de uma vida animada pelo Evan-
gelho e ajudar assim a descoberta
pessoal de cada jovem. O teste-
munho na lógica do diálogo e
do anúncio exige uma intensa ca-
pacidade de viver claramente a fé
entre os jovens. A pastoral juvenil
precisa não só de mestres abertos
120

12.10 Page 120

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
ao poder iluminador do Evangelho, mas também de testemunhas que
falem de Deus estando habituadas a falar com Deus.
É preciso que todo o educador reforce de modo consciente as motivações
da fé. Pode acontecer, por vezes, que algum contributo educativo, mesmo
dado em colaboração com a comunidade eclesial, não brote dessas
motivações. É importante que o serviço brote do sincero desejo de vida e
de promoção da vida. O itinerário educativo toca o coração (no sentido
bíblico) da pessoa e, em sentido cristão, é caminho de espiritualidade, vida
no Espírito de Cristo, alimentada pela fé a caminho da sua plenitude.
2 2 A IDENTIDADE CARISMÁTICA SALESIANA
A identidade carismática ilumina o projeto de vida. Fazendo da educa-
ção uma razão e uma opção de vida, Dom Bosco amadureceu gra-
dualmente a sua vocação de educador e o seu modo específico de ser
cidadão, cristão e padre. Ontem como hoje, o Sistema Preventivo tem
necessidade de pessoas que façam da educação uma opção de vida; que
a educação seja o centro de unificação da vida pessoal e o ponto ins-
pirador e dinâmico da sua ação, funções e papéis pessoais. Dom Bosco
costumava afirmar:
“Entendei o que eu sou, sou todo para vós, dia e noite,
manhã e tarde, em qualquer momento. Não tenho outra
coisa em mente senão buscar o vosso benefício moral,
intelectual e físico. Por vós estudo, por vós trabalho,
por vós eu vivo, por vós estou disposto até a dar a vida”
(CRÓNICA DO ORATÓRIO DE SÃO FRANCISCO DE SALES)
Repropondo e aprofundando continuamente o quadro de referência teó-
rico e prático do Sistema Preventivo, a herança salesiana torna-se compe-
tência educativa, moral e espiritual, intensamente enraizada em disposi-
ções interiores: desejo de responder ao apelo de ajuda que vem do jovem;
disponibilidade para dedicar o próprio tempo, as próprias energias, os
próprios conhecimentos e competênicas ao serviço dos jovens; capacida-
de de continuar sistematicamente e com perseverança na busca do bem
121

13 Pages 121-130

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13.1 Page 121

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
que se propõe, apesar das dificuldades e desilusões. A evangelização hoje
não pode ser vivida de maneira diferente, nem pode ser entregue a pesso-
as sem coragem, permanentemente insatisfeitas e pessimistas. A paixão e
a vocação educativa devem ocupar o primeiro lugar.
23
PRIVILEGIAR O ESTILO DE ANIMAÇÃO
NO ITINERÁRIO DA EDUCAÇÃO
A Privilegiar nas pessoas os processos
de personalização e crescimento
O educador salesiano privilegia a prática da animação para levar as pes-
soas à escuta e acolhimento de Jesus. O modelo é o do caminho de
Emaús: aproximar-se de modo missionário da pessoa do jovem, ir ao en-
contro com atitudes de escuta e acolhimento, anunciar o Evangelho com
a oferta do acompanhamento (cf. CG20, n. 360-365; CG23, n. 94-111).
A animação privilegia nas pessoas os processos de personalização e cresci-
mento da consciência, educa as motivações que orientam as suas opções e
a sua capacidade crítica, como também ativa o seu envolvimento a fim de
as tornar responsáveis e protagonistas dos próprios processos educativos e
pastorais. Tem-se em vista criar comunhão em torno dos valores, critérios,
objetivos e processos da Pastoral Juvenil Salesiana, aprofundando a identi-
dade vocacional dos educadores, reforçando a comunicação e participação
entre todos, promovendo a corresponsabilidade. Esforça-se por favorecer a
colaboração, a complementaridade e a coordenação de todos num projeto
partilhado.
B A presença ativa dos educadores entre os jovens
Isto implica o esforço de estar onde os jovens vivem e se encontram,
criando com eles uma relação pessoal, ao mesmo tempo propositiva e
libertadora. Trata-se do esforço de participação dos educadores adultos,
feito de encontro, escuta e testemunho. Isto requer a presença física do
educador naquilo a que Dom Bosco chamou “assistência”, entendida
como acompanhamento, proximidade animadora, atenção a tudo o
que acontece, possibilidade de intervenção oportuna e exemplo. Cena
muito eloquente na vida de Dom Bosco é aquela que compara as atitudes
122

13.2 Page 122

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
contrastantes de alguns personagens, corteses, mas indiferentes e
distantes, com a atitude paterna do padre Calosso:
«Via alguns bons padres trabalhar no sagrado
ministério, mas não podia contrair com eles nenhuma
familiaridade. Aconteceu encontrar-me muitas
vezes pelo caminho com o pároco e seu coadjutor.
Cumprimentava-os de longe e, quando mais de
perto, fazia também uma inclinação. Eles, contudo,
retribuíam sérios e corteses a saudação e continuavam
andando. Repetidas vezes, chorando, disse de mim
para mim e também a outros: “Se eu fosse padre, agiria
de outro modo. Aproximar-me-ia dos rapazes, dizer-
lhes-ia uma boa palavra, dar-lhes-ia bons conselhos”»
(MEMÓRIAS DO ORATÓRIO, PRIMEIRA DÉCADA 1825-1835, N. 4)
Este estilo educativo original baseia-se em algumas convicções fundamentais
que são ao mesmo tempo opções operativas precisas: se os jovens, para de-
senvolver as energias que trazem em si, precisam do apoio dos educadores,
estes devem dotar-se de uma profunda bondade educativa. Para eles é obri-
gatório abrir-se a todos os jovens e a cada jovem, não minimizando as expe-
tativas educativas, mas oferecendo a cada um aquilo de que precisa “aqui e
agora”. Esta decisão ativa envolve o acolhimento do jovem no ponto em que
a sua liberdade e o seu amadurecimento se encontram, que as suas poten-
cialidades sejam despertadas gradualmente e que a sua vida se abra a novas
perspetivas, através de diversos itinerários educativos e religiosos.
Daí decorre a madura e afetuosa paternidade salesiana que torna o educador
salesiano inconfundível em relação ao mundo contemporâneo, cada vez mais
“órfão” e só. Segundo testemunhas da sua vida, Dom Bosco tinha uma bon-
dade paterna expressa com inumeráveis delicadezas: modos desinteressados
de agir, pequenos presentes, cartas gentis, gestos de atenção, palavras de
conforto e vida; bastava lembrar-se disso para os corações serenarem. Define-
-se a paternidade, de Deus e dos homens, quando ela gera para a vida. E não
se gera se, de algum modo, não há entrega de si mesmo sob o signo da gra-
tuidade. Podemos dizer que gerar para a vida comporta sempre morrer, que
para os educadores nunca é perder-se, mas reencontrar-se sempre numa vida
mais plena. Além da forma da entrega e da gratuidade, não há paternidade
sem uma afetividade envolvente que se volta para alcançar a todos. Quanta
necessidade têm os jovens não só de saber-se, mas também de sentir-se vistos
123

13.3 Page 123

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
com bondade! Têm necessidade, antes, o “direito” de sentir a paternida-
de de Deus no estilo de vida do educador; que o seu modo de pensar,
falar, ouvir, comportar-se deixe transparecer a benevolência de Deus.
24
INTELIGÊNCIA PASTORAL PARA
DINAMIZAR O PEPS
A Ler “educativamente” a atual condição juvenil
É urgente a qualidade pastoral e cultural para dinamizar o PEPS; é neces-
sário dotar-se de uma preparação adequada para a realização em
plenitude da própria missão. A formação visa uma múltipla conversão
do coração, da mente e da ação pastoral. Daí resultam o repensamento e
a recompreensão da própria pastoral.
O apelo a ler “educativamente” a condição juvenil atual exige cultivar
uma aguda consciência da urgência educativa e pastoral dos sinais dos
tempos, identificando os valores emergentes que atraem os jovens: paz,
liberdade, justiça, comunhão e participação, promoção da mulher, soli-
dariedade, desenvolvimento, urgências ecológicas, pluralidade das cul-
turas, convivência pacífica entre diversas etnias, ação contra a explora-
ção de qualquer tipo dos menores e contra as novas formas de escravi-
dão. Como servos dos jovens, somos chamados a examinar os eventos
e as correntes de pensamento do nosso tempo que mais influência têm
sobre o homem.
B O trabalho paciente de adaptação e formação
Ao educador, com a consciência de ser mediador, é solicitado o esforço
paciente de adaptação e repensamento, em vários aspetos: na tarefa de
projetar itinerários de fé que saibam valorizar as linguagens disponíveis
atualmente, que servem de ligação com a condição dos jovens; na inci-
dência vital e clara da proposta evangélica e educativa, pontos estratégi-
cos para a evangelização das culturas. A vida torna-se uma lição contínua:
oportunidade para refletir sobre a experiência educativa, caminho marca-
do pela criatividade, prontidão para a revisão, sem se contentar com o que
sempre se fez, limitando-se à repetição.
124

13.4 Page 124

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
Formação é a disponibilidade da mente e do coração para se deixar
educar pela vida e ao longo da vida inteira. A pessoa é inteligentemente
ativa e pronta para aprender. Tal disponibilidade não se improvisa a partir
do nada; ela brota da nossa vocação educativa.
Foi confirmada a insuficiência de itinerários formativos centrados de modo
unilateral nos conteúdos ou na aquisição de competências e técnicas pro-
fissionalmente válidas. Estamos cada vez mais convencidos da importância
de o educador ser envolvido com toda a sua pessoa na missão educativa.
As competências comunicativas e educativas devem enraizar-se sempre
mais na identidade pessoal, no verdadeiro itinerário pessoal. Podem pos-
suir-se todas as informações, conhecer-se bem metodologias e didáticas
atualizadas e exibir recursos e profissionalismo, mas o processo de forma-
ção profissional dos educadores salesianos passa, certamente, por pôr em
ação a própria identidade e o dom do testemunho pessoal, pelo modelo
de identificação e pela trajetória da mesma formação pessoal. A vocação
para o serviço educativo exige a capacidade de se interrogar ou deixar-se
interrogar sobre as convicções pessoais, as próprias motivações e expeta-
tivas: conhecer-se afasta o temor e reforça a própria identidade.
Sempre que nos confrontamos com a nossa missão e vocação educativa,
reforça-se em nós a consciência de sermos mais idóneos. Sentimo-nos
encorajados a cumpri-la no conjunto de novas competências culturais,
pedagógicas e pastorais, como o ecumenismo, o diálogo inter-religioso
e com os não crentes, o uso da comunicação social, a participação no
debate público.
125

13.5 Page 125

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
3
O Sistema Preventivo como
pedagogia prática: o estilo
educativo salesiano
31
O ORATÓRIO DE DOM BOSCO,
CRITÉRIO DAS NOSSAS ATIVIDADES E OBRAS
A O “critério oratoriano”, inspiração e paradigma
para as nossas atividades e obras
«Quando pensamos na origem da nossa
Congregação e Família, de onde partiu
a expansão salesiana, encontramos,
sobretudo, uma comunidade, não só
visível, mas até mesmo singular, atípica,
quase como uma lamparina na noite:
Valdocco, casa de uma comunidade
original e espaço pastoral conhecido,
vasto, aberto... Elaborava-se nessa
comunidade, uma nova cultura, não
em sentido académico, mas no sentido
de relações renovadas entre jovens e
educadores, entre leigos e sacerdotes, entre
aprendizes e estudantes, uma relação
que transbordava no contexto do bairro
e da cidade... Tudo isto, tendo como raiz
e motivação a fé e a caridade pastoral,
procurava criar no seu interior o espírito
de família e orientava para um sentido
afeto pelo Senhor e por Nossa Senhora»
(PE. JUAN VECCHI, ACG 373, “EIS O TEMPO FAVORÁVEL”)
O Oratório de Valdocco leva-
nos à experiência originária da
missão salesiana. Dom Bosco, com
os seus colaboradores e os primeiros
salesianos, encarnou no oratório
a particular experiência do Espírito
(o carisma), que suscitou na Igreja
a nossa forma original de missão
apostólica entre os jovens mais
pobres. Por isso, referir-nos hoje ao
Oratório de Valdocco não é exercício
histórico do que aconteceu com
Dom Bosco, mas caminho de retorno
às origens, à fonte que inspirou as
nossas obras e atividades (cf. Const.
41), para examinar a fidelidade da
nossa ação educativo-pastoral.
O Oratório de Dom Bosco em Val-
docco é o paradigma, o critério per-
manente de toda a nossa atividade
(cf. Const. 40):
Este regresso às origens tem
como meta o “coração oratoriano”,
126

13.6 Page 126

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
que se carateriza pela
solicitude pelos jovens
mais pobres e pela
classe popular. Tal zelo,
expressão da vontade sal-
vífica de Deus, incarnada
na figura do Bom Pastor,
tem como primeiros des-
tinatários os jovens po-
bres nas diversas formas
de pobreza em que se
encontram.
«Nessas ocasiões descobri que muitos
[desses jovenzinhos] voltavam àquele lugar
porque abandonados a si próprios. Quem
sabe, dizia para comigo, se tivessem lá
fora um amigo que tomasse conta deles,
os assistisse e instruísse na religião nos
dias festivos, quem sabe se não poderiam
manter-se afastados da ruína ou pelo
menos não diminuiria o número dos que
Exige-se uma mudança na
perspetiva pastoral: antes
das obras estão os jovens!
Em função deles, as me-
diações institucionais e as
atividades devem ser re-
pensadas, reformuladas e
retornam ao cárcere. Comuniquei este
pensamento ao padre Cafasso e, com o seu
conselho e com suas luzes, pus-me a estudar
a maneira de o levar a efeito, deixando o
êxito nas mãos do Senhor, pois sem Ele são
inúteis todos os esforços dos homens»
(MEMÓRIAS DO ORATÓRIO, SEGUNDA DÉCADA 1835-1845, N. 11)
reorganizadas para serem
fiéis à missão que nos foi
confiada: «ser sinais e portadores do amor de Deus» (Const. 2).
Em segundo lugar, relativamente ao “coração oratoriano”, prati-
camos um método pedagógico tipicamente salesiano de con-
vivência e comunhão, que dá uma fisionomia específica às nossas
obras. É o património da Família Salesiana que se configura não só
como bagagem da experiência de Valdocco, como também identi-
dade que desemboca num estilo. A sua atuação facilita o clima de
família, estabelece as mediações necessárias, para que cada jovem
cresça num ambiente acolhedor e familiar (“casa”) marcado pela
alegria (“pátio”), onde possa desenvolver todas as suas potencia-
lidades, adquirindo novas competências (“escola”) e caminhar se-
guindo uma clara proposta de fé (“paróquia”).
Este aspeto carateriza o nosso carisma na Igreja, qualifica o nos-
so trabalho educativo e renova as nossas atividades pastorais,
em sintonia com as várias formas culturais e com as variadas
experiências de fé e de religião nas quais os jovens vivem.
127

13.7 Page 127

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Indicadores gerais para o discernimento e a renovação
O “coração oratoriano” não só representa a meta e a forma da ação educativo-
-pastoral salesiana, como também se torna critério fundamental para o dis-
cernimento e a renovação das atividades e das obras. Para dar ao nosso
trabalho e às nossas atividades a conotação impressa por Dom Bosco na sua
ação, devemos confrontar-nos, antes de tudo, com os seus critérios básicos.
«Dom Bosco viveu uma peculiar
experiência pastoral no seu primeiro
oratório, que foi para os jovens casa que
acolhe, paróquia que evangeliza, escola
que forma para a vida e pátio para se
encontrarem como amigos e viverem em
alegria. No desempenho da nossa missão,
hoje, a experiência de Valdocco continua a
ser critério permanente de discernimento e
de renovação de toda a obra e actividade»
(COST. 40)
Para sermos fiéis à missão e aos
destinatários é fundamental, antes
de tudo, a disposição de escuta e
docilidade à ação do Espírito. É Ele,
de facto, que sustenta e acompa-
nha a nossa missão, orientando-a
e renovando-a. Submetendo-nos à
sua ação e inspiração, percorremos
o caminho de Dom Bosco que, dócil
ao Espírito, deu uma resposta dura-
doura e adequada à realidade dos
jovens. Para nos renovarmos coeren-
temente é preciso também a capaci-
dade de ler e discernir: uma escuta
atenta e profunda da realidade so-
ciocultural dos jovens.
A experiência do discernimento é de fundamental importância. A partir
dele, a Pastoral Juvenil Salesiana deve procurar formular uma resposta
adequada aos atuais desafi os. Discernir implica saber fazer perguntas
adequadas, examinar com sabedoria os sinais dos tempos, avaliar com
prudência as diversas opções, e, dóceis ao Espírito Santo, pôr em ação,
com um coração inteligente e uma vontade forte, as ações que tornam
presente Dom Bosco hoje e fecundo o trabalho por ele iniciado.
32
MODALIDADES DE CONVIVÊNCIA
E COMUNHÃO DO “ESTILO SALESIANO”
O Sistema Preventivo está de tal modo ligado ao “estilo salesiano”,
que é a sua incarnação mais caraterística e expressiva. Na sua
128

13.8 Page 128

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
centralidade, o Sistema Preventivo, como pedagogia concreta, não só
facilita a ação educativo-pastoral, como também traz em si os conteúdos
da proposta. Os seus aspetos mais significativos foram identificados com
os ícones de “casa”, “paróquia”, “escola” e “pátio”. São ícones que não
identificam ambientes, espaços e lugares determinados, mas uma série de
experiências a oferecer e propor.
A diversidade das experiências desses “ícones” modela a unidade inse-
parável e indivisível. Pressupõe diversas formas de ação em função do
contexto juvenil, de modo que nenhuma delas seja desatendida.
A Casa que acolhe (experiência
do “espírito de família”)
A experiência de “casa” gera um
ambiente rico de confiança e
familiaridade. Como em famí-
lia, é essencial que todos cuidem
«Faz com que todos aqueles com quem
conversares se tornem teus amigos»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XX, CAP. VIII)
de todos. No ambiente salesiano,
este cuidado concretiza-se numa
diversidade de momentos nos quais o indivíduo se sente profunda-
mente ouvido e entendido. É a proposta de uma série de experiências
e valores transmitidos pelo testemunho dos educadores e pelo acom-
panhamento de quem ama e é amado. É forte o impacto do acolhi-
mento incondicional a quem chega pela primeira vez e percebe que as
suas principais necessidades são respeitadas e lhes é dada a resposta
oportuna.
Esta experiência de “casa” no espírito de família é um elemento carate-
rístico da nossa pedagogia: a assistência salesiana, feita de atitudes
de empatia, acolhimento atento, desejo de fazer com que os jovens
cheguem ao encontro com Cristo e disponibilidade para acolher as suas
inquietudes.
Só no interior desta relação afetuosa e signifi cativa os jovens percebem
que, embora lentamente, são possíveis o crescimento do diálogo e a cir-
culação dos valores. Neste clima, desenvolvem-se todas as condições fun-
damentais para que o jovem possa amadurecer em todos os seus aspetos
e dimensões.
129

13.9 Page 129

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Paróquia que evangeliza
(vivência religiosa e pedagogia de itinerários)
A experiência de “paróquia” é construída sobre duas grandes colunas: a
convicção de que todo o jovem traz inscrito no seu próprio coração
o desejo de Deus, o desejo de uma vida plena na perspetiva unificadora
da fé em primeiro lugar e, depois, uma série de propostas adaptadas aos
destinatários, tendo como finalidade a descoberta e o sucesso da vocação
pessoal.
Sobre estas colunas, a ação evangelizadora propõe-se como ambiente
em que a fé é vivida quotidianamente, com espontaneidade e normali-
dade, testemunhada antes de mais pela CEP. É o ambiente em que são
explicitadas as dimensões essenciais da Igreja, segundo o carisma sale-
siano: a “Koinonia”, cuja máxima expressão é a CEP, que vive os valores
do Reino e chama outros a participar como protagonistas; a “Liturgia”,
celebração cristã dos eventos quotidianos, cuja expressão máxima e ple-
na se concretiza nos Sacramentos, de modo especial na Eucaristia e na
Reconciliação; a “Diakonia”, disponibilidade para o serviço educativo e
promocional em modelos de referência, muito mais extensa do que ape-
nas a assistência; a “Martyria”, testemunho dos valores do Reino diante
do mundo em ações de caridade, com propostas formativas que prepa-
rem os jovens e educadores para darem a razão da esperança que neles
existe (1Pd 3, 15-16).
Tudo isto se realiza na CEP com uma proposta de itinerários graduais de
educação à fé para ajudar os jovens a descobrirem a sua própria vocação
e a segui-la segundo o projeto de Deus (v. capítulo IV, n. 3.2.).
C Escola que prepara para a vida
(crescimento integral mediante a educação)
A experiência de “escola” qualifica-se na oferta dos recursos necessários
a fim de que todo o jovem desenvolva as capacidades e as atitudes
fundamentais para a vida na sociedade.
Em todo o espaço educativo, formal ou informal, o educador deve procu-
rar e encontrar em cada jovem o ponto acessível ao bem para que, a partir
dele, possa amadurecer integralmente.
130

13.10 Page 130

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
O jovem é o protagonista do seu próprio crescimento e amadurecimen-
to. O educador acompanha o seu caminho apresentando as propostas
necessárias para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade,
numa vida social fundada no respeito e no diálogo, para a formação de
uma consciência crítica e empenhada.
D Pátio para se encontrar entre amigos e viver na alegria
(pedagogia da alegria e da festa)
A experiência de “pátio” é própria de um ambiente espontâneo, no qual se
criam e estreitam relações de amizade e confiança. No “pátio”, entendido como
pedagogia da alegria e da festa, a
proposta dos valores e a atitude
confidencial são realizadas de
modo autêntico e próximo. É o
lugar adequado para dar atenção
a cada adolescente/jovem, para
a palavrinha ao ouvido, de onde
deriva a relação educador-jovem que
supera o formalismo ligado a outras
estruturas e ambientes e aos cargos.
«Ficas a saber que aqui fazemos consistir a
santidade em estar muito alegres. Apenas
nos esforçamos por evitar o pecado, como
um grande inimigo que nos rouba a graça
de Deus e a paz do coração, para fazer os
Nesse sentido, a experiência de
“pátio” é um apelo a sair das
nossas estruturas formais, dos
muros entre os quais trabalhamos
para fazer de cada lugar onde os
jovens se encontram um ambiente
nossos deveres com exatidão, e frequentar
as práticas de piedade. Começa desde
agora a escrever como lembrança: “servite
Domino in laetitia”, sirvamos o Senhor em
santa alegria»
(VIDA DE DOMINGOS SÁVIO, ALUNO DO ORATÓRIO DE SÃO
FRANCISCO DE SALES, CAP. XVIII)
rico de propostas educativas e pas-
torais. Mesmo nos locais onde se
tentam itinerários pastorais mais di-
ferenciados em relação aos lugares frequentados pelos jovens, como a rua,
os parques, a atenção não vai apenas para a relação pessoal, mas também
para a importância e a valorização das dinâmicas dos grupos informais.
No âmbito do tempo livre, os novos lugares de encontro virtual, as
redes sociais, são na verdade espaços que não nos devem ser estranhos
e que devemos saber utilizar para chegar a viver com o jovem onde o
encontramos.
131

14 Pages 131-140

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14.1 Page 131

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
132

14.2 Page 132

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL
SALESIANO:
INSTRUMENTO OPERACIONAL
CAPÍTULO
VI
«Revestir-se do
homem novo, criado à
imagem de Deus»
(Ef 4, 24)

14.3 Page 133

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Para realizar o nosso serviço educativo e
pastoral, Dom Bosco legou-nos o Sistema Preventivo.
“Este sistema baseia-se totalmente na razão, na
religião e na bondade”: apela não para a coação,
mas sim para os recursos da inteligência, do coração
e do desejo de Deus, que todo o homem traz no mais
íntimo de si mesmo. Associa numa única experiência
de vida educadores e jovens, em clima de família,
de confiança e de diálogo. Imitando a paciência de
Deus, encontramo-nos com os jovens no ponto em
que se situa a sua liberdade. Acompanhamo-los a
fim de neles amadurecerem convicções sólidas e de se
tornarem progressivamente responsáveis no delicado
processo de crescimento da sua humanidade na fé»
(Const. 38)
Uma vez instalados definitivamente em Valdocco,
pus-me a promover com toda a alma tudo quanto
pudesse contribuir para conservar a unidade no
espírito, na disciplina e na administração (...) as
bases orgânicas do Oratório»
(Memórias do Oratório, terceira década 1846-1855, n. 6)
134

14.4 Page 134

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
Acreditamos na educação e programamos
a sua práxis; a pastoral juvenil cumpre-se quando se tra-
duz concretamente em itinerários educativos. O esforço de
programação, mediante o PEPS, torna viva a vontade de ser
propositivo com os jovens. Segundo as quatro dimensões,
ajudamos a desenvolver a personalidade do jovem cristão
com a variedade orgânica de propostas e com a compreen-
são ampla da pastoral dos jovens, aberta a todos. No final,
apresentam-se algumas opções transversais da pastoral sa-
lesiana.
135

14.5 Page 135

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 A mentalidade de projeto
Num mundo em contínua mudança, em que a sociedade é muito
complexa, a reflexão teológica e eclesiológica procura acompanhar os
vários modelos educativos na diversidade dos contextos, enquanto as
experiências pastorais se tornam cada vez mais diversificadas. A “caridade
pastoral”, dentro desta complexidade, não deixa de impulsionar e
animar a práxis quotidiana com “inteligência pedagógica”, enquanto
a comunidade cristã cresce no seu desejo de viver com convicção a
responsabilidade educativa dos jovens. O mundo juvenil pede um
empenho renovado, vivido na constância, com continuidade e grande
envolvimento de agentes educativos. É preciso que todos se reconheçam
alinhados na intervenção, em torno de um projeto capaz de continuar
a “tradição” e, ao mesmo tempo, de se abrir à novidade, de maneira
que não se recomece continuamente do zero nas alternâncias de
responsáveis ou na renovação da equipa. Torna-se essencial entender
o contributo da reflexão e da planificação pastoral. O próprio
Dom Bosco sentiu no seu tempo a exigência de estabelecer ordem e
organicidade nas intervenções pedagógicas.
Os agentes da pastoral juvenil devem ter consciência do caminho
a percorrer, da situação da qual partir e da meta a alcançar. Devem
familiarizar-se com todo o processo educativo que se põe concretamente
em execução. Planear é atitude da mente e do coração, antes de ser
obra concreta. Planear é mais um processo do que um resultado, planear
é mais um aspeto da pastoral do que um ato passageiro, planear é um
itinerário de envolvimento e de congregação das forças.
Entretanto, pode existir o risco de levar a efeito intervenções superficiais
e inefi cazes. Delinear um projeto pareceria “algo a mais” a fazer, uma
atividade teórica preliminar a suportar, um tributo a pagar às orientações
vigentes.
Ao contrário, o projeto tem o peso de uma “carta de navegação” e de
referência, em que são defi nidos os pontos de partida e de chegada. O
projeto não é programação técnica, nem vago conjunto de ideias. É um
mapa que orienta a paixão educativa e o serviço aos mais frágeis. Será
136

14.6 Page 136

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
importante ter isto em conta na realização de itinerários diversifi cados.
Construir um projeto não significa matar a criatividade nem ter a solução
de todos os problemas, mas valorizar todos os recursos e abrir-se a
soluções possíveis.
2 O Projeto
Educativo-Pastoral
Salesiano
2 1 O PEPS COMO PROJETO APOSTÓLICO SALESIANO
A O PEPS é mediação histórica e instrumento operativo
O PEPS é a concretização da mentalidade de projeto, que deve orientar
a realização da missão nas obras. O PEPS é a mediação histórica e
o instrumento operativo que orienta a realização da Pastoral Juvenil
Salesiana (cf. Reg. 4), e o fator de inculturação do carisma (cf. CG24, n. 5).
É o condutor do processo de crescimento da comunidade provincial
e das várias CEPs existentes no território no seu esforço de incarnar
a missão salesiana em determinado contexto. O PEPS equivale a um
diretório prático que orienta e dá continuidade à pastoral garantindo a
unidade de objetivos e o rumo de orientação das obras.
Se a finalidade primordial do PEPS é levar a Província e as comunidades locais
a trabalhar com mentalidade partilhada e clareza de objetivos e critérios,
o PEPS também torna possível a gestão corresponsável dos processos
pastorais. O projeto é codificado num texto a ser conhecido e atuado.
137

14.7 Page 137

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Caraterísticas fundamentais
Sendo o PEPS expressão operativa da Pastoral Juvenil Salesiana, deve
corresponder às suas caraterísticas fundamentais, que devem qualifi car
todos os aspetos e elementos que o compõem como linhas transversais
que garantem a sua salesianidade.
O centro do PEPS é a pessoa do jovem,
sobretudo o mais pobre
O principal ponto de atenção de todo o dinamismo da Pastoral
Juvenil Salesiana é o jovem na totalidade das suas dimensões
(corpo, inteligência, sentimentos, vontade), das suas relações (consigo
mesmo, com os outros, com o mundo e com Deus), a dupla perspetiva
da pessoa e do seu protagonismo na história (promoção coletiva,
compromisso na transformação da sociedade); sem esquecer a unidade
do seu dinamismo existencial de crescimento humano até o encontro
com a pessoa de Jesus Cristo (v. capítulo III).
O PEPS orienta e guia um processo educativo no qual as múltiplas
intervenções, os recursos e as ações se entrecruzam e se conjugam ao
serviço do desenvolvimento gradual e integral da pessoa do jovem. O PEPS
atualiza os valores e as atitudes, tanto da proposta cristã da Espiritualidade
Juvenil Salesiana, como dos princípios metodológicos da pedagogia
salesiana, ou seja, do Sistema Preventivo: com atenção prioritária aos
jovens mais pobres e em dificuldade.
É preciso manter constantemente o contato com a realidade juvenil, sem-
pre em mudança numa cultura em mudança, considerando-a sempre não
em termos de mero destino, mas como lugar teológico. Este é o “fi o
condutor” que atravessa todas as dimensões e todos os aspetos da ação
pastoral e do PEPS.
A sua realidade comunitária
O PEPS, antes ainda de ser um texto, é um processo comunitário que
tende a gerar na CEP uma convergência operativa em torno de
critérios, objetivos e linhas comuns de ação. Sendo um processo da
mente e do coração, evita a dispersão da ação e reconstrói a sua sínte-
se e aprofunda a sua vocação educativo-pastoral a partilhar e examinar
138

14.8 Page 138

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
ininterruptamente. O PEPS é, portanto, um elemento de identifi cação e
planificação da missão comum da CEP, sujeito da ação educativo-pastoral
(cf. Reg. 5).
Projetar não só ajuda a orientar e examinar continuamente a ação
pastoral, para que seja cada vez mais inculturada e consciente dos
desafios, mas é também um processo de identificação comunitária,
compromisso ainda mais urgente por sermos chamados a educar na
fé em situação de Nova Evangelização. A CEP é convidada a refletir
sobre a sua própria identidade e o seu próprio projeto operativo. Um
novo cenário compromete-a numa tarefa de especial desafio: propor
itinerários adequados às situações específicas nas quais os jovens se
encontram.
A abertura da obra salesiana
ao território e o impacto sobre ele
Hoje, não se pode pensar o PEPS tão-somente em relação com o interior
da obra salesiana; todas as instituições, sobretudo educativas, entram
num sistema mais vasto de relações com o qual estão em confronto e
dentro do qual interagem. Deve-se considerar o refl exo que a ação
salesiana tem fora da obra, pensada como centro agregador e agente
de transformação educativa.
A eficácia da evangelização desafia a CEP a atuar em harmonia, segundo
a lógica da aliança educativa, aberta aos contributos do território.
Visar este serviço de coordenação e de conjugação de esforços implica
o sério compromisso de ultrapassar a pura gestão das próprias obras
e serviços; o que exige passar do simples acompanhamento cuidadoso
das atividades realizadas no seu interior à capacidade comunicativa e
envolvente dos valores típicos da missão e da espiritualidade salesiana;
alargar o diálogo com as instituições educativas, sociais e religiosas
que atuam na mesma área; abrir-se mediante o espaço criado pelas
técnicas modernas, capazes de construir relações; estabelecer um
diálogo efetivo com os mais diversos interlocutores que têm incidência
na vida dos jovens.
139

14.9 Page 139

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 2 O PEPS COMO PROCESSO DINÂMICO E INTEGRAL
A A compreensão coordenada da Pastoral Juvenil Salesiana
O PEPS é o ponto focal para o qual convergem as linhas doutrinais e operativas do
Sistema Preventivo. O projeto apostólico salesiano em todas as suas dimensões
encontra as suas raízes e a sua cuidadosa descrição nas Constituições da Socie-
dade de São Francisco de Sales, n. 31-39: «O nosso serviço educativo-pastoral».
A ação educativo-pastoral salesiana é um processo dinâmico realiza-
do em algumas dimensões fundamentais, como aspetos integrantes
e complementares. É um quadro de referência antropológico, pedagógico
e espiritual coerente para o acompanhamento dos jovens no delicado pro-
cesso de crescimento da sua humanidade na fé.
O PEPS, na sua unidade orgânica, integra estes diversos aspetos e elementos da
Pastoral Salesiana num processo único orientado para uma meta bem identifi-
cada. Este processo inclui quatro aspetos fundamentais, reciprocamente
correlacionados e complementares, a que chamamos “dimensões” (cf.
Const. 32-37; Reg. 6-9). As dimensões constituem o conteúdo vital e dinâmico
da Pastoral Juvenil Salesiana e indicam a sua finalidade. Cada uma delas tem
o seu objetivo específico que a qualifica, embora estando intimamente corre-
lacionadas. Não são etapas organizadas como rigorosamente sequenciais, mas
integram-se no dinamismo unitário do crescimento do jovem.
Subjacente a estas dimensões, há um horizonte antropológico, educativo
e teológico preciso: o crescimento implica, na lógica do itinerário, uma in-
tercompenetração entre maturidade humana e sentido cristão da vida. As
dimensões evocam-se reciprocamente, em cada intervenção, obra e
serviço. Nesse sentido, consideramos “transversal” a sua presença no PEPS.
B O sentido das quatro dimensões
As dimensões podem ser compreendidas como vasos comunicantes, que
não só se evocam, mas se alimentam reciprocamente. Mesmo sendo se-
quenciais na descrição, convém perceber que elas formam uma unidade; cada
uma, com a sua própria especificidade, contribui para o conjunto, mas também
140

14.10 Page 140

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
recebe das demais uma orientação e alguns destaques originais. São insepa-
ráveis e qualificam-se reciprocamente de modo que não se pode desenvolver
uma delas sem uma referência explícita às outras. Estão presentes segundo a
lógica do sistema, no qual a dinâmica de um elemento suscita adaptações em
todas as outras.
Esta unidade e esta correlação devem ser explicitadas nos objetivos e estra-
tégias dos PEPS de todas as obras da Província, garantindo que cada passo e
intervenção sejam inseridos num processo de crescimento humano e cristão
unitário, respondendo à questão: Que tipo de jovem deve ser promovido
para ser “adulto na fé”? Tendo presentes as diversidades culturais e territoriais
que condicionam o modelo cristão e exigem integrações importantes, as di-
mensões orientam para a definição da identidade cristã do jovem na Igreja e na
sociedade contemporânea.
A articulação destas dimensões brota da conceção respeitosa da complexidade
do crescimento da pessoa e de um projeto que tem a sua salvação integral
como alvo, interessando-se pelas dinâmicas divinas e humanas que, de facto,
interagem na história do mundo.
A síntese orgânica, expressa nas dimensões, constitui a caraterística da
Pastoral Juvenil Salesiana:
dimensão da educação à fé (cf. Const. 22, 33, 34, 36; Reg. 7, 13): implícita
ou explicitamente, todo o projeto pastoral se preocupa com a orientação
dos jovens para o encontro com Jesus Cristo e para a transformação da
vida segundo o Evangelho;
dimensão educativo–cultural (cf. Const. 31, 32; Reg. 4, 6): os jovens
devem ser encontrados no ponto em que estão, estimulando o de-
senvolvimento de todos os seus recursos humanos e abrindo-os ao
sentido da vida;
dimensão da experiência associativa (cf. Const. 35; Reg. 8): favorecer
o amadurecimento da experiência de grupo até descobrir a Igreja como
comunhão de crentes em Cristo e amadurecer uma intensa pertença
eclesial;
dimensão vocacional (cf. Const. 34, 35, 37; Reg. 9): acompanhar a des-
coberta da vocação e do projeto pessoal de vida em vista do compro-
misso de transformação do mundo segundo o projeto de Deus.
141

15 Pages 141-150

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15.1 Page 141

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O conjunto das quatro dimensões forma a dinâmica interna da Pastoral
Juvenil Salesiana; trata-se de um quadro de opções qualificantes, que nos
pode ajudar a elaborar com os jovens, nas situações concretas, propostas
educativas adequadas.
As quatro dimensões permitem-nos, na sua harmonia, uma variedade
orgânica de propostas e uma ampla compreensão da pastoral juvenil,
aberta a todos. O itinerário da pastoral dos adolescentes e dos jovens,
enquanto é efetivado, realiza muitas intervenções (pela diversidade das
situações juvenis) e integra-as (visando a totalidade da pessoa). Quando
as condições sociais e culturais em que os jovens vivem são fortemente
condicionantes e se trabalha dentro de instituições educativas com
fi naildades específi cas, é preciso elaborar itinerários que assumam as
situações concretas (jovens operários, jovens estudantes, jovens em
situação especial de marginalização) sempre na perspetiva da centralidade
do jovem e da sua experiência de vida.
Depois de definir o sentido e a consistência do PEPS, será possível atender
mais em pormenor aos momentos da sua elaboração (v. capítulo VIII).
23
A ESPECIFICIDADE DE CADA DIMENSÃO
E AS OPÇÕES NECESSÁRIAS
A Dimensão da educação à fé
Sua especificidade
Evangelizar os jovens é a primeira e fundamental finalidade da nossa
missão (cf. Reg. 7. 13). O nosso projeto é decididamente orientado
para o amadurecimento pleno dos jovens em Cristo (cf. Const. 31)
e para o seu crescimento na Igreja, certos de que a educação da
dimensão religiosa é central no desenvolvimento da pessoa (cf.
CG23, n. 160).
A evangelização leva a Boa Nova de Cristo a todos os estratos da humanidade
a fim de a renovar a partir de dentro (cf. Evangelium Nuntiandi, 18). Desde
o primeiro anúncio da pessoa de Jesus, queremos levar os jovens a cruzar
142

15.2 Page 142

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
a porta da fé para que, durante a sua vida, acreditando «com uma fé
consciente e vigorosa» (Porta Fidei 8) descubram a sua alegria intrínseca.
Muitas vezes, o itinerário de amadurecimento na fé exige tempos muito
longos e um envolvimento comunitário que vá além da proposta estrita-
mente catequética. Para acompanhar a adesão à fé e o itinerário cristão,
raciocina-se em termos de iniciação.
Dom Bosco transmitiu a paixão pela salvação dos jovens, vivida no com-
promisso constante de uma catequese simples, essencial, adap-
tada à condição, idade e cultura dos jovens e unida a outras propostas
educativas e recreativas do oratório. Não se faz catequese salesiana no
final de um itinerário propedêutico, mas, implicitamente, ela é o coração
dos primeiros encontros e, explicitamente, de toda a proposta formati-
va. Dom Bosco não distinguia entre primeiro anúncio e catequese, mas,
ao encontrar-se com um rapaz, logo o convidava oportunamente para
o itinerário de vida cristã. Se a catequese não se integra na vida dos
jovens, torna-se estranha e incompreensível, é suportada e, no futuro,
abandonada.
Algumas opções qualificantes
1 Promover o desenvolvimento da dimensão religiosa da pessoa, tanto
nos cristãos como em quem pertence a outras religiões, aprofundando-a,
purificando-a e abrindo-a ao desejo de um ulterior caminho de fé. Ajuda-
mos os jovens, através de várias propostas, a viverem as atitudes típicas
de uma experiência religiosa: deslumbramento, contemplação, abertura
ao mistério, sentido da gratuidade. O primeiro desafio é suscitar a busca
religiosa e mostrar gradualmente a sensatez do ato de fé.
Diversão, diálogo, confronto, encontro são o terreno da vida, dos
seus problemas, das suas esperanças, das suas expetativas, terreno
da experiência. Aqui é preciso fazer-se companheiro de viagem dos
jovens, partilhando com eles o penoso caminho de crescimento
e aprofundamento da experiência da vida. Para eles, este terreno é
necessariamente o do seu crescimento, das suas tarefas relativas à
construção da própria identidade. A isto, eles não são indiferentes.
2 Suscitar, acompanhar e aprofundar a experiência da fé, como ade-
são pessoal a Cristo, que leva a ver a vida com os olhos de Jesus. É
143

15.3 Page 143

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
importante desenvolver um itinerário sistemático de educação à
. Quem conhece o processo de amadurecimento humano do adoles-
cente e do jovem percebe que a integração fé-vida exige uma grande
atenção educativa.
Procuramos aproximar-nos da experiência juvenil ativando, antes de
tudo, o repensamento dos conteúdos do anúncio e da catequese. A
catequese experiencial ou antropológica, caraterizada pela abertura à
problemática humana como conteúdo e dimensão, é expressa mediante
uma finalidade dupla e complementar:
proclamar a fé de modo significativo, em toda a riqueza
experiencial da mensagem cristã;
ajudar o amadurecimento da fé como atitude capaz de inspirar
e organizar todo o processo de amadurecimento humano,
reforçando a adesão ao Senhor através do encontro pessoal
com o educador e a direção espiritual (cf. CG23, n. 173-175).
3 Iniciar os jovens na participação na liturgia de modo consciente
e ativo e, de modo especial, na celebração dos sacramentos da
Reconciliação e da Eucaristia,
favorecendo a sua preparação com um ambiente acolhedor e
de amizade que suscite abertura do coração;
preparando celebrações que, pela beleza e profundidade comu-
nicadas, levem a uma verdadeira relação pessoal com Cristo;
promovendo o esforço pessoal de viver no quotidiano o que foi
celebrado.
4 Num mundo dominado pela pressa, pela busca do prazer imediato e
pela eficiência pragmática, é urgente criar, para os jovens, ambientes
adequados que favoreçam o encontro com Deus mediante itinerários
de interiorização: oração pessoal e comunitária, abertura ao
mistério, contemplação e silêncio, encontro e confronto com a
Palavra vivida e partilhada. Esta abordagem da Palavra e os esforços
formativos e da sua integração na oração quotidiana da comunidade
são extremamente importantes. Os jovens são sempre muito sensíveis
144

15.4 Page 144

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
à leitura orante da Palavra de Deus na forma de Lectio divina quando
o texto bíblico lhes é apresentado com linguagem adequada e em
relação estreita com a sua vida, narrando quem é Deus, para depois
revelar a si mesmos quem são eles.
5 Oferecer aos jovens experiências graduais de serviço e trabalho
apostólico, que os ajudem a realizar pessoalmente a integração da
própria fé com a vida, sendo eles mesmos, segundo as suas possibilidades,
testemunhas e evangelizadores dos seus contemporâneos. Trata-se
de uma fé que estimule e aprofunde os processos de humanização e
promoção das pessoas e dos grupos segundo o modelo de Jesus Cristo.
A dimensão social da caridade pertence à educação da pessoa social e po-
liticamente empenhada na justiça, na construção de uma sociedade mais
justa e mais humana, descobrindo a sua inspiração plenamente evangélica
(cf. Const. 32; Reg. 22). A adesão de fé cada vez mais madura abre-se ao
serviço sincero ao homem. A proposta e o testemunho de solidariedade
dão credibilidade ao anúncio evangélico, porque exprimem o seu potencial
de humanidade; são já anúncio da vida nova em Cristo e manifestam que
o Evangelho é para o homem, que a Igreja tem uma palavra decisiva a dizer
pela vida, pela dignidade, pela esperança e pelo futuro do homem. Dom
Bosco educou os jovens nas virtudes morais do honesto cidadão.
B Dimensão educativo-cultural
Sua especificidade
A dimensão educativo-cultural está em íntima relação com a dimensão
da educação à fé. A educação é lugar e mediação para a oferta da Boa
Nova do Evangelho, mensagem que incarna na cultura concreta e pede
processos graduais de acolhimento em sintonia com a capacidade de
amadurecimento de cada jovem (cf. Const. 31). A educação requer que,
partindo da situação concreta dos jovens, elaboremos estratégias que os
guiem para o amadurecimento integral.
A visão pastoral não se orienta exclusivamente pela problemática religiosa e
de relação com a fé e a Igreja. Ela está aberta a toda a experiência; acolhe
todas as esperanças e todos os esforços de crescimento, de construção de
si com os outros, de inserção na sociedade, de trabalho. A proposta de fé,
145

15.5 Page 145

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
por sua vez, une-se aos objetivos do amadurecimento humano porque é ali
que o crer tem sentido. O olhar pastoral, portanto, está cheio de atenções
educativas, exercício da sabedoria educativa orientada pela fé.
Algumas opções qualificantes
A preocupação com a dimensão educativo-cultural na ação pastoral privi-
legia alguns conteúdos operativos precisos:
1 Ajudar os jovens a construir uma identidade forte. Num mundo
fragmentado e voltado para o imediato, marcado pelo relativismo e
pela falta de princípios, nós salesianos cremos que o Projeto Educativo
-Pastoral pode ajudar a formar personalidades fortes nos jovens (cf.
Mt 7, 24-27). Ajudamo-los a superar as dificuldades. É preciso cuidar
da convergência de todas as intervenções educativas para a formação
de uma personalidade unitária; uma opção operativa em que todos os
contributos sejam integrados reforçando-se reciprocamente, de harmonia
com as aspirações e as dimensões educativas bem hierarquizadas.
Ao contemplar os jovens com os olhos de Jesus, ajudemo-los a:
formar a consciência moral e a capacidade de discernimento
ético em vista de um juízo motivado e responsável;
crescer na autonomia para enfrentar a vida com coerência e
responsabilidade;
adquirir um rico património de valores/virtudes, concordes com
o Evangelho (cf. Const. 32);
confrontar-se com modelos credíveis de referência, reconhecidos
em educadores que têm Jesus, Bom Pastor, e Dom Bosco como
primeira referência (Const. 11, 21). A qualidade da vivência destes
modelos incide fortemente no itinerário de adesão a Cristo.
2 Acompanhar os jovens no desenvolvimento e amadurecimento do próprio
mundo afetivo e emotivo. Este é um mundo que, por vezes, tem difi-
culdade em exprimir-se, embora tenha papel fundamental. Os afetos e os
sentimentos são critério-guia do caminho relacional e também da avaliação
ética, mas procedem muitas vezes por um percurso paralelo à racionalidade.
146

15.6 Page 146

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
O âmbito afetivo e sexual torna-se cada vez mais relevante em relação à for-
mação da personalidade. É preciso ajudar, sobretudo os adolescentes, a gerir
emoções, sentimentos e pulsões sexuais, e viver o namoro como experiência
de crescimento. A educação integral da pessoa levará os jovens a dar impor-
tância aos valores autênticos da afetividade (respeito por si e pelos outros,
dignidade da pessoa, transparência das relações, fidelidade ao outro/a) e da
sexualidade como valor determinante no itinerário de amadurecimento.
Cuidemos deste aspeto:
criando ambientes ricos de intercâmbios de comunicação e
afeto. Os jovens buscam relações autênticas na família, com os
professores, os amigos, os colegas no ambiente de trabalho,
relações que ajudem a estar bem e caminhar com serenidade na
realização do próprio itinerário;
ajudando as famílias nas situações heterogéneas em que se
encontram, contribuindo com as caraterísticas próprias do
nosso carisma: familiaridade, disponibilidade constante para o
diálogo e a proximidade;
acolhendo os desejos dos jovens com a aceitação serena dos
limites, evitando restrições exageradas diante da atual cultura
do excesso amplamente difundida na sociedade;
acompanhando os jovens nas diversas etapas da vida,
favorecendo atitudes relacionadas com o serviço e a gratuidade.
3 Promover uma cultura que se inspire no humanismo cristão. A
partir deste rico património humanista pode-se ter uma visão diferente
do mundo e do homem. Suscitemos o desenvolvimento positivo da
realidade cultural na unidade da fé e da vida:
valorizando o que há de bom na cultura atual, atentos a não
cair numa avaliação simplista e excessivamente crítica da condi-
ção juvenil (cf. Const. 17);
promovendo a cultura da vida, opondo-se às tendências destru-
tivas do relativismo, do hedonismo e do pragmatismo;
147

15.7 Page 147

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
criando a cultura da solidariedade e do compromisso, que leve a
superar as situações difíceis lutando contra toda a forma de injustiça;
fazendo dos diversos programas de comunicação social uma
proposta educativa orientada para o amadurecimento da men-
talidade evangélica.
4 Trabalhar pela promoção humana e pela competência humanista
e profissional, para que os jovens possam inserir-se no mundo do tra-
balho como cidadãos qualificados. O profissionalismo deve incentivar a
que o trabalho seja realizado com competência crescente e satisfação
real, consciente dos limites e respeitoso do trabalho dos outros, cons-
ciente do próprio contributo para o crescimento social.
É preciso, também, formar atitudes e estruturas estáveis na personali-
dade dos jovens (autoestima, socialização, participação, autonomia, so-
lidariedade, responsabilidade, vontade), que lhes permitam agir como
pessoas livres e os orientem na compreensão crítica da realidade e na
comunhão solidária com as pessoas.
5 Ajudar a refl etri sobre a racionalidade da própria fé, sobre o
contributo do cristianismo na construção das sociedades em que
vivemos, cultivando uma leitura inteligente da mensagem cristã:
educação das atitudes que estão na base da abertura a Deus (saber
entrar em si mesmo; conhecer-se cada vez mais e melhor nos pró-
prios limites e possibilidades; saber surpreender-se e admirar-se, valo-
rizando o que há de bom, de grande, de belo em si e ao seu redor);
formação religiosa crítica e adequada que ilumine a mente e robus-
teça o coração;
atitude de abertura, respeito e diálogo entre as diversas confissões
cristãs e a pluralidade de expressões religiosas.
148

15.8 Page 148

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
C Dimensão da experiência associativa
Sua especificidade
A Pastoral Juvenil Salesiana tem na experiência associativa uma
das suas intuições mais importantes. Dom Bosco valorizou o grupo
como presença educativa capaz de multiplicar as intervenções. Ainda jo-
vem, ele criou a Sociedade da Alegria quando frequentou a escola em
Chieri, fazendo experiência de grupo. As companhias, as sociedades, as
conferências vicentinas, cada uma a seu modo e com interesses e objeti-
vos próprios assumidos pelos associados, nasceram no início do Oratório
e entraram nos internatos e colégios nos anos 1860-1870.
Esta dimensão é uma caraterística fundamental da educação-evangelização
salesiana (v. capítulo V, n. 1.3/b).
O Sistema Preventivo requer um intenso e luminoso ambiente de participação
e relações de amizade, vivificado pela presença animadora dos educadores, e
favorece todas as formas construtivas de atividades e de vida associativa, ini-
ciação concreta ao trabalho comunitário, civil e eclesial (cf. Const. 35; Reg. 8).
Algumas opções qualificantes
O desenvolvimento desta dimensão na situação descrita requer algumas opções:
1 Construir um ambiente de família, através de intervenções
adequadas e estrategicamente planeadas, vivendo a pedagogia da
proximidade, das relações e do afeto demonstrado; ambiente de
confiança em que as propostas educativas e evangelizadoras sejam
credíveis e assimiláveis pela intensidade das relações pessoais e pelo
clima de alegria partilhada.
2 Optar pelo grupo como ambiente privilegiado em que se desenvolve a
proposta associativa salesiana: a variedade de grupos abertos a todos
os jovens, os verdadeiros protagonistas, e que exprimem a diversidade
dos itinerários pedagógicos nos quais se diversifi ca a nossa proposta
pastoral. Este critério implica outros cuidados:
criar pluralidade de propostas e ambientes de amplo acolhimen-
to, segundo os diversos interesses e itinerários dos jovens, a par-
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15.9 Page 149

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
tir da situação em que eles se encontram, no respeito pelo ritmo
de desenvolvimento que lhes é possível;
cuidar de modo especial dos grupos de formação e de compro-
misso cristão, coroamento da experiência associativa;
qualificar e formar continuamente os educadores e animadores;
oferecer tempos intensos de convivência/partilha de vida (reti-
ros, acampamentos, jornadas) como momentos de consolida-
ção e de relançamento da opção associativa e cristã dos grupos;
tornar objeto de reflexão e de revisão na CEP o funcionamento,
a eficácia educativa e as intervenções dos grupos juvenis.
3 Educar com o coração e o estilo de animação. O estilo da animação
comporta:
um modo de pensar a pessoa humana que, pelos seus recursos
interiores, seja reconhecida como capaz de empenhar-se e ser
responsável nos processos que lhe dizem respeito;
um método que perceba o positivo, as riquezas e potencialidades
que cada jovem traz dentro de si, procurando promover estes
aspetos;
um estilo de caminhar com os jovens que sugere, motiva,
ajuda a crescer no quotidiano, através de uma relação de tipo
libertador e válido;
o objetivo último e global de restituir a cada pessoa a alegria de
viver plenamente e a coragem de esperar.
A animação tem o aspeto concreto de uma pessoa: o animador. Ele
tem um papel preciso e indispensável. Embora esse papel varie em
situações particulares conforme o tipo de grupo, podemos exprimi-
-lo assim:
encoraja a formação de grupos e o progresso das buscas, refle-
xões, atividades e ideais;
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15.10 Page 150

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
ajuda, mediante a sua competência e experiência, a superar as
crises do grupo e a estabelecer relações pessoais entre os seus
membros;
apresenta aos jovens elementos de crítica e aprofundamento,
para que saibam indicar as suas propostas, os seus desejos e as
suas buscas;
favorece a comunicação e ligação entre os grupos na CEP local;
acompanha cada elemento no seu processo de crescimento hu-
mano e cristão.
4 O grupo juvenil deve tender à inserção social e eclesial segundo a
própria opção vocacional. Nesta ótica, a experiência associativa salesia-
na deve promover:
a preparação e o acompanhamento que tornem o jovem ca-
paz de participar na vida da sociedade, assumindo as próprias
responsabilidades morais, profissionais e sociais, e cooperando
com os que trabalham para torná-la mais digna do homem;
a inserção cívica ativa, mediante a promoção de diversas asso-
ciações ao serviço do bem comum na sociedade;
a inserção na comunidade eclesial, ajudando os jovens ao amor
sincero por ela, como comunhão de todos os crentes em Cristo
e sacramento universal de salvação.
Os grupos locais reúnem-se no Movimento Juvenil Salesiano (MJS): in-
divíduos, grupos e associações juvenis que, mantendo a sua própria au-
tonomia, se reconhecem na espiritualidade e na pedagogia salesiana,
formam de modo implícito ou explícito o MJS (v. capítulo VI, n. 2.5).
5 Criar comunidades de jovens adultos que permitam cuidar da própria
vida cristã e da sua participação. São lugares nos quais se partilha a vida,
se descobre a vontade de Deus na escuta da Palavra, se celebra, se reza
e se assumem compromissos pastorais nos contextos eclesiais em que os
membros estão inseridos.
151

16 Pages 151-160

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16.1 Page 151

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
As comunidades juvenis são um lugar privilegiado para o discernimento vo-
cacional e oferecem aos jovens uma ajuda quotidiana preciosa para o apro-
fundamento da fé professada, celebrada, vivida e rezada (cf. Porta Fidei 9).
D Dimensão vocacional
Sua especificidade
A proposta vocacional deve estar presente durante todo o processo de
educação e evangelização. As três primeiras dimensões convergem na
dimensão vocacional, horizonte último da nossa pastoral. O seu objetivo
é acompanhar cada jovem na busca concreta da própria vocação, lugar da sua
resposta ao projeto de amor gratuito e incondicional que Deus tem para ele/
ela. A dimensão vocacional configura o objetivo primeiro e último da Pastoral
Juvenil Salesiana.
Algumas opções qualificantes
1 Suscitar atitudes de disponibilidade e generosidade, que preparem os
jovens para a escuta da voz de Deus, e acompanhá-los na formulação
do projeto de vida pessoal. A preocupação vocacional comporta um
verdadeiro e próprio itinerário de acompanhamento nas opções funda-
mentais da sua vida, ajudando-os a enfrentar a própria história como
dom e a acolher a perspetiva vocacional da vida.
2 Criar comunidades de crentes, onde seja visível e credível a expe-
riência de fé: comunidades acolhedoras, próximas, profundas, empe-
nhadas e abertas a todos os jovens que buscam o seu lugar na vida. O
itinerário de vida cristã requer um contexto comunitário (eclesial) vivo,
envolvente, capaz de sustentar a opção de fé e ajudar a interpretá-la
em relação à vida quotidiana: ambiente educativo, portanto, de teste-
munhas significativas que vivam a vida como vocação.
3 Optar pelo acompanhamento pessoal, que permita amadurecer as op-
ções vocacionais dos jovens de modo personalizado e procure chegar ao
indivíduo de maneira diversificada, adequada à sua experiência interior, à
situação por ele vivida e às justas exigências da comunidade. Por isso, é es-
sencial, na CEP e no PEPS, a proposta concreta de espaços e tempos para
o acompanhamento, o encontro e o diálogo pessoal com os grupos e as
152

16.2 Page 152

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
famílias, a interiorização e perso-
nalização (retiros, exercícios, etc.) e
a direção espiritual sistemática (v.
capítulo V, n. 1.3/c).
«Toda a pastoral e, em particular a juvenil,
4 Por último, requer-se que a pro-
posta vocacional seja inserida
no itinerário de educação à
, como ponto de convergência
de todos os esforços educativos
e evangelizadores. A pastoral, na
medida em que torna explícita a
sua dimensão vocacional, encontra
as grandes motivações para a sua
revitalização; leva a redescobrir a
vida como dom, como “ser para”,
numa perspetiva libertadora e fas-
cinante porque colocada diante do
plano surpreendente e admirável
de Deus. Esse itinerário supõe:
é radicalmente vocacional: a dimensão
vocacional constitui o seu primeiro motivo
inspirador e a sua saída natural. É preciso,
pois, abandonar a conceção redutora da
pastoral vocacional que só se preocupa
com a busca de candidatos para a vida
religiosa ou sacerdotal. Ao contrário,
como acima se diz, a pastoral deve criar
as condições adequadas para que todo o
jovem possa descobrir, assumir e seguir
responsavelmente a própria vocação.
Seguindo o exemplo de Dom Bosco, a
primeira condição consiste na criação de
um ambiente em que se viva e se transmita
uma verdadeira “cultura vocacional”, isto
é, um modo de conceber e enfrentar a vida
discernimento vocacio-
nal, oferecido a todos os
jovens segundo a idade e
as diversas situações, aju-
dando cada jovem a des-
cobrir o dom de Deus, os
como dom recebido gratuitamente; dom a
partilhar ao serviço da plenitude da vida
para todos, superando a mentalidade
individualista, consumista, relativista, e a
cultura da autorrealização»
(PE. PASCUAL CHÁVEZ, ACG 409, “VINDE E VEDE”).
próprios recursos, fazen-
do frutificar os dons rece-
bidos empregando-os na resposta generosa ao chamamento;
aprofundamento, nas diversas etapas do itinerário de educação à
fé, do tema vocacional, sobretudo na adolescência e na juventude
e, ao mesmo tempo, oferta de experiências de serviço gratuito aos
mais necessitados;
proposta clara e explícita, mediante encontros, testemunhos,
experiências, informações sobre as diversas vocações nos vários
âmbitos da vida (namoro, matrimónio, sacerdócio ministerial,
vida consagrada);
153

16.3 Page 153

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
formação espiritual profunda através da iniciação à oração, à escuta
da Palavra de Deus, à participação nos sacramentos e na liturgia e à
devoção mariana; participação ativa na vida da comunidade eclesial
através dos grupos e movimentos apostólicos, considerados como
lugares privilegiados de amadurecimento cristão e vocacional; pos-
sibilidade de contacto direto com algumas comunidades religiosas e
com a experiência explícita de discernimento vocacional;
convite pessoal para seguir uma vocação, garantindo um discerni-
mento cuidadoso e gradual; preocupação especial pelas vocações
no carisma salesiano em suas múltiplas formas, mediante o dis-
cernimento e o cuidado dos germes de vocação salesiana, tanto
consagrada como leiga, presentes nos jovens.
Resumamos esquematicamente as quatro dimensões da Pastoral Juvenil
Salesiana:
a educação à fé (1) não será possível se não for itinerário educativo e
cultural (2) que envolva a dimensão relacional e associativa da pessoa (3)
que só neste momento poderá descobrir e orientar a própria vida para
a sua realização (4);
o itinerário educativo (2) fica sem amadurecimento, ou seja, sem ver-
dade antropológica de referência, se não se inspirar na ideia de homem
iluminado pela evangelização (1); além disso, não alcança o próprio
objetivo se não envolver a pessoa levando em conta todas as suas re-
lações (3) e o seu objetivo de realizar a própria vida segundo um projeto
preciso de orientação da existência (4);
as relações pessoais e associativas em que vivemos (3) serão
meras proximidades físicas, se de algum modo não forem assu-
midas no pleno amadurecimento pessoal e cultural (2), se não fo-
rem envolvidas no projeto pessoal de vida como indispensáveis à
realização de si (4) e não encontrarem na evangelização a própria
definição de relações de amor (1);
a dimensão vocacional que orienta todo o nosso itinerário (4) será in-
compreensível sem a referência a Cristo (1), se não incidir nas relações
que cada um tem na sua própria vida (3) e se não se tornar o sentido e o
fim da própria formação cultural e educativa (2).
154

16.4 Page 154

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
24
OPÇÕES TRANSVERSAIS DA
PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O PEPS promove o crescimento de uma fé operativa com ações educativas
e pastorais transversais, enraizadas no nosso carisma:
A A animação das vocações apostólicas
Em continuidade com os elementos indicados na dimensão vocacional,
a animação vocacional encontra o seu momento irrenunciável de
intervenção no acompanhamento da opção vocacional apostólica.
A orientação educativa ajuda na busca da identidade e facilita o
processo de decisão num projeto de vida baseado e construído
sobre os valores evangélicos.
Habitar uma cultura vocacional
A continuidade do processo de animação vocacional apostólica realiza-se
num itinerário vocacional específico. Nele se cuida com atenção da escu-
ta, do discernimento, da verificação
experiencial no campo da idoneida-
de pessoal para um possível chama-
mento de especial consagração.
A diversificação das propostas na
orientação vocacional deve ser
feita em função dos sinais vo-
cacionais que parecem mani-
festar-se no itinerário de cres-
cimento. A identificação da pró-
pria vocação feita pelo jovem não
deve ser entendida como ponto
de chegada, mas como ponto de
partida para o crescimento con-
tínuo na opção vocacional. É o
valor da cultura vocacional que
entende a vocação em sentido
«Os conteúdos da cultura vocacional,
assim entendida, referem-se a três
áreas: a antropológica, a educativa
e a pastoral. A primeira refere-se ao
modo de conceber e apresentar a pessoa
humana como vocação; a segunda visa
favorecer uma proposta de valores afins
à vocação; a terceira presta atenção à
relação entre vocação e cultura objetiva
e dela tira conclusões para o trabalho
vocacional»
(PE. PASCUAL CHÁVEZ, ACG 409, “VINDE E VEDE”).
155

16.5 Page 155

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
amplo como chamamento à vida, ao trabalho digno, aos diversos com-
promissos e serviços, ou seja, uma cultura que leva alguns a refletir
sobre a possibilidade de optar pelo estado de vida sacerdotal ou con-
sagrada.
Chamamento à vida e à fé
A “vocação” tem início com o chamamento à vida, continua no chama-
mento à fé e chega, com diversas respostas, ao chamamento à vida con-
sagrada. Neste sentido, são acompanhados aqueles que, num processo
adequado de crescimento e amadurecimento na dimensão vocacional da
própria pessoa, consideram a possibilidade de Deus os chamar a uma vida
de especial consagração. Dá-se especial atenção à natureza do chama-
mento: itinerário espiritual configurado como tomada progressiva
de consciência das exigências de uma vocação que exige conversão
e entrega de si para a vida de entrega amorosa a Deus.
A CEP, acompanhando os jovens no seu itinerário de crescimento hu-
mano, cristão e salesiano, também oferece momentos e formas ade-
quadas de séria reflexão sobre a possibilidade de entregar a própria
vida totalmente ao serviço de Deus.
O orientador espiritual, necessário em todo o processo vocacional, aju-
da de modo especial as vocações apostólicas a viverem no discerni-
mento das motivações vocacionais e dos requisitos necessários. Este
processo permite ao jovem tomar uma decisão serena e pessoal,
livre e motivada, enquanto faz experiência numa comunidade em
que se forma segundo o carisma ao qual é chamado, aprofundando o
seu conhecimento e a sua resposta gradual.
A animação vocacional no coração do PEPS
O PEPS deve propor decididamente uma ação pastoral capaz de suscitar
e identifi car as vocações apostólicas de especial consagração. O PEPS
deve responder adequadamente aos jovens que se interrogam
seriamente sobre a possibilidade de viver a vocação apostólica
salesiana.
Nas propostas de discernimento, a animação das vocações apostólicas
respeita a gradualidade dos objetivos e dos métodos.
156

16.6 Page 156

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
As fases da pré-adolescência e
adolescência preparam o proces-
so de decisão dos jovens. São fa-
ses que constroem a identidade
humana e cristã e dispõem para a
busca e a adesão à própria voca-
ção. É um período favorável para
os jovens se descobrirem como
protagonistas, com uma vocação
específica na Igreja, na Congrega-
ção e no mundo: descoberta que
pode ser proposta de modo ex-
plícito.
«A promoção das vocações consagradas
exige algumas opções fundamentais:
oração constante, anúncio explícito,
proposta corajosa, discernimento
cuidadoso, acompanhamento
personalizado”. A oração deve
ser compromisso quotidiano das
comunidades e deve envolver jovens,
famílias, leigos, grupos da Família
Salesiana. O anúncio pede a valorização
Esta gradualidade permite chegar
a assumir a vida como vocação e
traduzi-la em projeto pessoal de
vida. Retomando intuições e as-
pirações vocacionais escondidas
em épocas precedentes, passa-se
da disponibilidade genérica à dis-
ponibilidade específica do dom
de si.
das múltiplas ocasiões vocacionais que
se apresentam durante o ano litúrgico.
A proposta e o discernimento exigem
aquela proximidade cordial que suscita
confiança e permite intuir os sinais
de vocação manifestados pelo jovem.
O acompanhamento requer ajudar os
jovens a intensificar a vida espiritual,
experimentar formas adaptadas de
apostolado, viver a experiência de
Nestes vários processos – amadureci-
mento de decisões de vida, itinerário
espiritual orientado, discernimento
vocacional – deve-se garantir a li-
comunidade, conhecer a Congregação,
examinar as motivações e ativar as
dinâmicas que levam à decisão»
(CG26, N. 54)
berdade interior que ajude ao pleno
amadurecimento da decisão vocacio-
nal. Deve-se dar atenção à libertação de possíveis condicionamentos culturais,
afetivos, sociais ou emotivos para que a autenticidade leve à aceitação de um
compromisso radical de vida.
B A animação missionária e do voluntariado
nas suas diversas formas
A dimensão da educação à fé encontra, na animação missionária e nas
diversas formas de voluntariado, uma continuidade que deve ser manti-
157

16.7 Page 157

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«No Oratório de Dom Bosco, os
colaboradores jovens e adultos fizeram a
experiência de viver e trabalhar com ele
da e desenvolvida. A abertura à
vocação missionária e ao com-
promisso social da caridade no
voluntariado são expressões
maduras da educação à fé e da
evangelização dos jovens.
para a educação e a salvação dos jovens.
Esta “vida carismática” e comunitária,
núcleo da Espiritualidade Salesiana,
ilumina o projeto do voluntariado
salesiano»
(O VOLUNTARIADO NA MISSÃO SALESIANA, N. 33)
A animação missionária não surge
como facto isolado, mas em conti-
nuidade com a identidade de cada
cristão e cada comunidade, como
seu natural “florescimento”. Por ou-
tro lado, ela apresenta-se como ex-
pressão radical e clara da identidade
capaz de motivar as comunidades
no dinamismo apostólico. Caraterística comum e evento significativo são as
duas vertentes que é preciso ressaltar: a animação missionária que reforça a
fé e a fé que leva ao compromisso missionário para com todos, especialmente
os mais necessitados. Por isso, é preciso considerar a animação missionária
como elemento que fecunda as diversas dimensões do PEPS: do crescimento
humano da pessoa, do seu amadurecimento na fé, do seu processo de deci-
são vocacional.
O coração missionário de Dom Bosco
Dom Bosco intuiu a enorme tensão espiritual e a extraordinária força apos-
tólica que o ideal missionário haveria de suscitar nos seus rapazes. Intuiu-as
e utilizou-as com zelo e inteligência. Falava-lhes das missões e dos missio-
nários, mantinha-os informados das suas atividades, das suas necessidades,
fazia-os rezar, encorajava-os a participar no sonho missionário.
A animação missionária e o voluntariado levam hoje o missionário a
partilhar e o voluntário a assumir uma visão vocacional da vida: dom recebi-
do gratuitamente e a ser partilhado no serviço de vida a todos.
A cultura missionária torna-se realidade quando se adquirem atitudes e
valores fundamentais do carisma salesiano. São os valores que Dom Bosco
inculcou nos seus rapazes e salesianos: o amor preferencial pelos jovens
mais pobres, o desejo de colaborar na missão redentora de Cristo e na
renovação do mundo.
158

16.8 Page 158

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
A nossa Congregação é missionária
A encíclica “Redemptoris Missio” apresenta três formas diversas de
atividade evangelizadora: a “atividade missionária específi ca” entre os
povos que não conhecem Cristo; a “atenção pastoral” entre comunidades
cristãs amadurecidas; e a “reproposta do Evangelho” nos países de antiga
tradição cristã, agora secularizados.
Os limites entre as três modalidades não podem ser traçados de modo
claramente definido; estas atividades certamente não se identificam umas
com as outras, nem se excluem mutuamente como se fosse possível isolar
uma delas, independente das outras. Ao contrário, são intercomunicantes;
e, além disso, a atividade especificamente missionária (ad gentes) significa
também para as demais a expressão primeira e qualifi cante de toda a
evangelização: «Sem ela, a Igreja fi caria privada do seu signifi cado
fundamental e da sua atração exemplar» (Redemptoris Missio, n. 33-34).
O trabalho missionário ad gentes faz parte integrante do carisma sa-
lesiano. Desde o início, as vocações missionárias foram cultivadas na Congre-
gação, como as expressões mais vivas e generosas da vocação salesiana. Hoje,
também, a animação missionária e o voluntariado missionário salesiano são
expressões da missionariedade e espiritualidade da Congregação Salesiana.
O missionário e o voluntário salesiano comprometem-se num projeto de
vida baseado nos valores do Evangelho, no serviço das pessoas em di-
fi culdade; promovem o anúncio do Evangelho, os direitos humanos, a
solidariedade, a justiça e a paz.
Os valores defendidos e promovidos pela animação missionária e o volunta-
riado são os mesmos do espírito salesiano: serviço desinteressado, espírito de
comunidade e estilo oratoriano, interculturalidade, solidariedade como opção
clara e preferencial pelos últimos, particularmente os pobres e marginalizados,
inserção crítica e responsável na realidade social para a construção do Reino.
O ardor pelas missões provém do mistério de Deus
Para a missão e o voluntariado é indispensável cultivar uma vida interior
espiritualmente sólida. Ela permite descobrir em si mesmo e nos outros a
presença e a ação de Deus, e anunciá-l’O; uma vida espiritual que reforce a
consciência da responsabilidade evangelizadora e o envolvimento na ação pelo
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16.9 Page 159

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
bem dos outros. A vida espiritual gera atitudes de serviço e gratuidade e dá
coragem para sonhar e desejar intensamente o bem dos outros.
A dimensão missionária da Igreja está enraizada na vida trinitária de
Deus: o Verbo enviado pelo Pai, no seu mistério de Morte e Ressurreição,
confere-nos a plenitude da vida no dom do Espírito Santo. A missão
da Igreja consiste em partilhar com todos os povos esta mensagem de
plenitude, esta boa notícia, este euanghèlion.
A animação missionária e o voluntariado oferecem às pessoas a
possibilidade de compromisso e trabalho para o advento do Reino de
Deus nos diversos contextos da missão salesiana.
A atividade missionária não se baseia primariamente nas capacidades humanas,
mesmo sendo importante o seu papel. O sujeito protagonista da missão da Igre-
ja é o Espírito Santo: Ele chama, ilumina, guia, confere valor e eficácia. O mis-
sionário e o voluntário vivem a própria vocação na docilidade à ação do Espírito.
O voluntariado e a atividade missionária
O voluntariado missionário salesiano propõe os valores do Evange-
lho com o testemunho do serviço desinteressado e solidário na edu-
cação e no compromisso sociopolítico que atinge as realidades da família,
do trabalho, da cultura.
Da atual experiência, emerge o voluntariado salesiano que abarca subs-
tancialmente grandes áreas de intervenção: cultura, assistência social,
tempo livre, desenvolvimento cooperativo, animação de grupos, educa-
ção à fé, formação de catequistas e agentes pastorais.
O voluntariado, nas suas várias formas, mais do que ato de generosidade
espontânea e passageira, é mentalidade que assume o significado de um
testemunho de elevadíssimo valor moral e social. Qualifica-se por alguns
elementos determinantes: interioridade apostólica, caraterizada pelo espí-
rito do «da mihi animas»; centralidade de Cristo, Bom Pastor, que requer
do voluntário missionário uma atitude pedagógico-pastoral na relação
com os destinatários; compromisso educativo, nota caraterística do nosso
carisma salesiano; pertença eclesial; trabalho feito com alegria; dimensão
mariana, que realiza a ação missionária e o voluntariado como participa-
ção na maternidade eclesial de Maria Auxiliadora.
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16.10 Page 160

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
É importante reconhecer a multiplicidade de iniciativas e a diversidade
de experiências que se identificam ou se referem à missionariedade da
Família Salesiana: encontro e ligação direta com os missionários; informação
sobre as inúmeras atividades missionárias (notícias, publicações, audiovisu-
ais, propostas de financiamento para pequenos objetivos); materiais de ani-
mação missionária, com sentido pedagógico e critérios didáticos; existência
de grupos missionários; temas de formação para grupos diversos e comuni-
dades cristãs; conhecimento e estudo dos documentos da Igreja relativos às
missões; participação nas várias jornadas missionárias da Igreja.
C A Comunicação Social
A Comunicação Social é inerente a todas as presenças salesianas
A Comunicação Social enche o mundo e determina a forma da convivência
humana. Interessa, então, de perto, à vocação do educador salesiano que age
nas frentes da promoção e da evangelização. Trata-se, pois, de uma dimensão
específica do carisma salesiano (cf. Const. 43). Foi essencial em Dom Bosco; é
um apelo para todo educador, é irrenunciável na Igreja e no mundo de hoje.
Dom Bosco fez da sua incansável atividade na comunicação social um
elemento constitutivo do seu ser educador e apóstolo dos jovens e de todo
o povo. Aprendemos da tradição salesiana que a comunicação social não
é apenas um conjunto de instrumentos ou de meios materiais a utilizar; na
verdade, ela é inerente a toda a presença salesiana empenhada em educar
e evangelizar, tanto nas obras específicas como mediante diversas formas
de ação que infl uenciam na cultura popular e na promoção de formas
sociais adequadas. E evocando Dom Bosco:
“Peço-vos e insisto muito que não descureis esta parte
importantíssima da nossa missão”
(CARTA CIRCULAR SOBRE A DIFUSÃO DE BONS LIVROS, 19 DE MARÇO DE 1885)
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17 Pages 161-170

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17.1 Page 161

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Comunicadores por vocação e missão
Como educadores salesianos devemos, em toda a nossa plurifacetada
atividade apostólica e educativa, exprimir a nossa vontade firme de sermos
autênticos comunicadores. Comunicadores, portanto, por vocação interior
e por missão educativa.
A nossa qualidade de educadores e evangelizadores exige que se-
jamos comunicadores qualificados. A comunicação promove a comu-
nhão carismática e a mobilização da missão. Interessa-nos particularmente
a comunicação interpessoal entre adultos e jovens, entre leigos e religiosos,
entre os ricos de experiência e os que dão os primeiros passos na vida, en-
tre todos os que têm dons a partilhar. O Sistema Preventivo obtém a sua
eficácia educativa principalmente no encontro direto, face a face; encontro
de confiança, amizade, escuta atenta e interessada. É preciso, portanto,
cultivar a capacidade de utilizar as dinâmicas relacionais; a qualidade das
interações pode condicionar de modo construtivo ou negativo a formação
da personalidade; as atitudes e os estilos educativos refletem-se nos estados
emocionais, determinando com frequência o seu comportamento.
A reflexão da Congregação revela a consolidação das convicções sobre a
comunicação entendida em sentido amplo e abre a uma nova prática mais
sistemática no campo da comunicação social (cf. Sistema Salesiano de
Comunicação Social). Desta visão ampla de comunicação, depreende-se a
finalidade primária: a comunhão e o progresso da sociedade humana (cf.
Pe. Egídio Viganò, ACG 302, “A Comunicação Social interpela-nos”).
Vivemos uma fase de transição, atravessamos um período de profunda
revolução tecnológica e cultural; as informações e o nosso modo de as uti-
lizar passam cada vez mais pelo formato digital. Tudo acontece em rede, e
as jovens gerações (os “nativos digitais”, “cyberkids”, “click generation”)
adquiriram uma elevada capacidade de acesso à tecnologia e às capacida-
des de utilização da mesma.
A tecnologia é um instrumento de libertação e de “empowerment” para
os jovens; contudo, coloca uma questão educativa: a abordagem da
tecnologia é um passo importante no itinerário de crescimento e afirmação
da própria identidade. Os media infl uenciam no amadurecimento da
personalidade dos jovens, na sua opção pelos valores fundamentais, no
seu posicionamento perante Deus e o homem. Convidam-nos a refletir
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17.2 Page 162

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
sobre aquilo que, estética e moralmente, é excelente na formação dos
jovens e na sua incidência na educação.
A Comunicação Social no PEPS e ao serviço da evangelização
A comunicação também acontece ao implementar projetos orientados
para criar processos comunicativos, inseridos no PEPS. Evita-se a atenção
apenas às atividades e obras isoladas. Nos projetos educativo-pastorais
e nos planos de comunicação devem estar presentes algumas linhas
operativas de intervenção neste setor:
formação para o uso crítico e educativo dos meios de Co-
municação Social (cf. CG24, n. 129) e das novas tecnologias.
Educadores e jovens compreendam as mudanças em ato, o funcio-
namento dos meios de comunicação social e as indústrias culturais.
Senso crítico, espírito estratégico, capacidade de se controlar, uso
seguro e eficaz, sentido dos limites e do respeito, sensibilidade cí-
vica, autonomia e capacidade de resolver problemas não fazem
necessariamente parte do capital de um adolescente ou de um
jovem apenas por ter nascido e crescido entre o monitor e o tecla-
do e por se ter servido deles. É preciso competência séria para a
utilização dos meios de comunicação no “continente digital”: cla-
reza dos objetivos a propor-se, para a valorização da criatividade;
aquisição de uma atitude autónoma e crítica em relação às suas
mensagens, para a tomada de consciência da sua influência, a fim
de poder exprimir-se com elas dominando a sua linguagem e as
suas tecnologias. O significado da comunicação mediática remete
diretamente para aquilo que os meios exprimem através de pala-
vras e imagens, para o “porque” as utilizam e para as finalidades
de emissores e recetores envolvidos no processo comunicativo. Há
necessidade, portanto, de uma elaboração crítica dos elementos
concetuais dos sinais que os próprios meios utilizam;
envolvimento na produção de mensagens e conteúdos
destinados especificamente aos jovens, utilizando os meios
à disposição. Fazer comunicação social é cada vez mais uma pre-
sença educativa, plasmadora de mentalidade e criadora de cul-
tura. O desafio para o futuro será educar para os novos media,
mas também desenvolver a ação educativo-pastoral mediante os
novos media, principalmente diante das novas gerações. A sua
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17.3 Page 163

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
eficácia incisiva e a sua presença cada vez mais maciça fazem da
comunicação social uma verdadeira e autêntica escola alternativa
para grandíssimas camadas da população mundial, especialmen-
te juvenis e populares (cf. CG21, n. 148). A relação entre comu-
nicação social e evangelização ou, mais concretamente, entre a
utilização das linguagens e dos “media” da comunicação social
pelo Evangelho e o nosso estilo apostólico de “evangelizar edu-
cando”, incide profundamente na atividade salesiana. Trata-se
não só de “educar para os media”, isto é, para a leitura crítica de
suas mensagens, mas também de “evangelizar com os media”.
Abre-se, assim, um vasto campo de iniciativas para as nossas ati-
vidades didáticas, educativas e culturais, para a animação cristã
dos grupos juvenis, para a catequese, para a oração;
valorização da comunicação social como novo espaço de
associação dos jovens (cf. CG25, n. 47). As tecnologias da
comunicação alteram o sentido de pertença e o modo de asso-
ciação enquanto criam mais comunidades, nas quais os utentes
se inserem com dispositivos cada vez mais ligados à vida dos
jovens. As ações oferecidas e requeridas são escutar, reconhe-
cer, responder, estar com e fazer com numa realidade que visa
a possibilidade de experiências (quem sabe novas ou diferentes)
que oferecem a confiança recíproca como antídoto à sociedade
de consumo. Estes novos espaços, como a social network favo-
recem a atenção às histórias de vida dos jovens apresentando-as
nas narrações de si e nas reelaborações das vivências, com a
possibilidade de os ajudar a se orientar e optar;
promoção e apreço por todas as formas e expressões de
comunicação (cf. CG24, n. 129), como a música, o teatro, o
cinema, a televisão, a fotografia, os cartoons, os multimédia e
outras expressões da arte, com uma clara finalidade educativa e
evangelizadora. É preciso animar estas realidades comunicativas
para não só darem espaços cada vez maiores à livre expressão e
à criatividade, mas também estimularem o gosto pelo belo em
todas as suas expressões (artes visuais, música, poesia, literatu-
ra, dança, teatro). Educar para a beleza significa envolver toda
a esfera da sensibilidade e da emotividade, a imaginação e a
criatividade, a capacidade de exprimir sensações e sentimentos
pessoais e compreender a expressão dos outros; potencia-se,
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17.4 Page 164

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
assim, um enriquecimento progressivo do próprio património
expressivo e da área da afetividade. A educação para a beleza
comporta ainda a formação para a compreensão e o uso das
diversas linguagens icónica, musical e poética.
2 5 O MOVIMENTO JUVENIL SALESIANO
Os Movimentos são criados por aqueles que, no grande único “movi-
mento” da Igreja, vivem a própria experiência cristã, eclesial, missioná-
ria... participando num carisma particular. Os jovens do MJS vivem a pró-
pria vocação-missão eclesial segundo o carisma de Dom Bosco. De facto,
desde 2004, o MJS faz parte da Lista das Associações Internacionais de
fiéis (Pontifício Conselho para os Leigos).
O MJS não é uma associação, mas é constituído por jovens que pertencem
a várias associações ou grupos animados pela Pastoral Juvenil Salesiana.
Não sendo uma associação, abre as portas a todos, pois o seu serviço
pertence à Igreja e a todos os jovens. Isto, na verdade, não impede de
testemunhar Cristo, partilhar o seu Mistério com outros jovens unidos
pela mesma fé e anunciá-lo com alegria a quem ainda o não acolheu. O
MJS participa no carisma salesiano, sendo sua expressão no âmbito laical
juvenil.
A prática associativa, a vida de grupos, a ação comunitária das “Companhias”
foi uma experiência quase espontânea na vida de Dom Bosco, criada
naturalmente pela sua índole propensa à sociabilidade e à amizade.
Dom Bosco, guiado pela intuição que teve da alma juvenil, descobriu a
grande oportunidade oferecida pelos grupos e associações; adaptando-se às
diversas e múltiplas exigências dos seus jovens, criou para eles muitas formas
associativas.
O associativismo juvenil é indispensável no projeto preventivo e popular de
Dom Bosco. É um lugar educativo e pastoral de absoluta importância para
o protagonismo dos jovens. Os grupos e as associações de tipo variado
são, por isso, “obra dos jovens”, embora promovidos pelos educadores
que estimulam com a própria ação o real protagonismo dos jovens que
neles participam e assumem de modo próprio a responsabilidade da sua
condução.
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17.5 Page 165

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Através da pluralidade de grupos e associações juvenis, queremos garantir
uma presença educativa de qualidade nos novos espaços de socialização
dos jovens e animá-los a uma experiência significativa de vida eclesial.
A Identidade e natureza do MJS
São dois os elementos de identidade que caracterizam o MJS: por um
lado, as referências à Espiritualidade Juvenil Salesiana e à pedago-
gia salesiana; por outro, a ligação entre os grupos e associações para
cooperar reciprocamente no próprio esforço de formação segundo a pro-
posta educativo-pastoral salesiana:
o MJS une em comunhão os jovens dos diversos grupos, asso-
ciações e setores animados pela Espiritualidade Juvenil Salesiana,
segundo a proposta educativo-evangelizadora de Dom Bosco;
trata-se de um movimento juvenil inspirado em Dom Bosco, con-
cebido não só como “organização”, mas como dinamismo espi-
ritual com um núcleo comum de valores evangélicos que suscita
iniciativa apostólica e entusiasmo de vida. A identidade do MJS é,
portanto, a Espiritualidade Juvenil Salesiana (v. capítulo IV), pro-
posta de santidade na vida ordinária quotidiana. É a santidade
alcançada por Domingos Sávio, Laura Vicuña e muitos outros da
Família Salesiana;
os grupos são os sujeitos primeiros do MJS, nos quais os jovens
se encontram e se ajudam no seu caminho de crescimento. É
necessário ligar numa rede provincial os grupos existentes e os
que vão surgindo. A atenção primeira não se volta então para
um determinado tipo de grupo. O MJS a todos eles valoriza, dos
desportivos aos dedicados a atividades de expressão artística,
dos que se ocupam com o simples estar juntos aos que privile-
giam atividades práticas; dos ocupados em atividades de serviço
aos voltados para a oração e o encontro explícito com a men-
sagem cristã e eclesial; dos centrados em interesses tidos como
importantes pelos adolescentes aos dispostos a confrontar-se
com as exigências da fé; dos que vivem no limite entre comuni-
dade cristã e território àqueles nos quais o sentido de pertença
eclesial é muito forte. Sendo comunicantes entre si, são como
uma rede em que todos se distinguem pelo valor educativo.
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17.6 Page 166

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
Esta ligação entre os grupos é atuada na partilha dos valores
salesianos e na coordenação de iniciativas comuns, ocasiões sig-
nifi cativas de diálogo, confronto, formação cristã e expressão
juvenil (cf. CG23, n. 275-277). Trata-se, portanto, de um Mo-
vimento de referência, no qual cada grupo mantém a própria
especificidade, unido a outros por muitos elementos comuns.
O MJS é um movimento juvenil, educativo e mundial:
juvenil, porque os jovens são os verdadeiros protagonistas do cresci-
mento educativo do movimento, acompanhados pelos próprios edu-
cadores, na responsabilidade que lhes é própria e no interior do único
projeto pastoral do território;
educativo, porque oferecido a todos os jovens para fazer deles sujeitos
e protagonistas do próprio desenvolvimento humano e cristão, com ou-
sadia missionária, aberto aos distantes, com vontade de incidência no
território e na sociedade civil e inserção e colaboração na Igreja local;
mundial, porque, indo além de cada realidade, se estende a todo o
mundo nos diversos contextos culturais.
O horizonte do MJS é representado, então, por todos os jovens que se
movem ou vivem nos diversos ambientes e setores de animação pastoral
das obras salesianas, com diversos níveis e ritmos de envolvimento e
compromisso. O “coração” do movimento é, sem dúvida, constituído
pelos jovens animadores, os líderes juvenis, que assumiram com clareza
e decisão a proposta educativo-evangelizadora salesiana e fazem da sua
própria vida um testemunho para os demais jovens. A tarefa da animação
foi apresentada neste capítulo (ponto 2.3. “dimensão da experiência
associativa”). Os jovens animadores do MJS são objeto de atenção especial
por parte dos SDB, das FMA, dos SSCC e dos demais membros adultos da
Família Salesiana que os orientam e acompanham.
B Campos privilegiados de ação do MJS
O MJS organiza toda a sua atividade em função da pessoa dos jovens,
escolhendo os seguintes campos de ação:
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17.7 Page 167

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
educação e evangelização, acompanhando o jovem para a ple-
nitude da vida cristã mediante ambientes positivos de apoio
(modelos alternativos concretos de vida cristã), nos quais se res-
pira familiaridade e confiança;
associativismo e vida eclesial, estimulando os jovens a empe-
nhar-se na vida da Igreja, com colaboração ativa;
trabalho apostólico, pessoal e comunitário, ao serviço gratuito
dos outros e com uma “leitura salesiana” da realidade quotidia-
na segundo o Evangelho;
ação sociopolítica, especialmente nas instituições civis que pro-
movem iniciativas para os jovens;
processos de comunicação e partilha (informações, notícias, ex-
periências) e também encontros comunitários aos diversos ní-
veis, segundo as possibilidades.
C Funcionamento e visibilidade do MJS
Mesmo que as realidades sejam muito diversas, estes aspetos são
fundamentais na animação:
o MJS torna-se visível através das diversas equipas de coordenação
local, provincial, nacional e dos vários continentes (qualquer que
seja o grau de desenvolvimento e constituição); através da partici-
pação comunitária nas várias convocações eclesiais de ordem dio-
cesana, nacional ou mundial, como pode ser a Jornada Mundial
da Juventude; mediante uma significativa representação junto das
instituições civis que promovem políticas em favor do jovens. É im-
portante, por isso, criar uma rede de informações e ligações entre
os diversos grupos e associações do MJS e também entre eles e os
demais grupos e associações na Igreja e no território;
juntamente com as reuniões e atividades de cada grupo do MJS,
são reconhecidos como momentos fortes de experiência comu-
nitária do Movimento os encontros juvenis provinciais, nacionais,
internacionais e mundiais, as celebrações litúrgicas e as festas sale-
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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERACIONAL
sianas, a formação de animadores. Os encontros juvenis estão entre
os elementos caraterizadores do MJS, como ocasiões significativas
de comunicação entre os grupos e circulação das mensagens e dos
valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana;
embora a diversos níveis e cada um segundo a sua especificidade,
os membros do MJS identificam-se de modo especial com as figu-
ras de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Por isso, é necessária
uma proposta formativa salesiana a oferecer aos diversos grupos e
associações como ponto de referência para o seu plano de forma-
ção, na perspetiva da Família Salesiana;
a Província, em coordenação com as demais formas de presença
da Família Salesiana organizada no território, atua para que o Mo-
vimento seja considerado no contexto do PEPS, no qual o delegado
da pastoral juvenil com a sua equipa seja reconhecido como pro-
motor de todo o MJS como expressão juvenil da ação pastoral da
própria Província.
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17.9 Page 169

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VII VIII

17.10 Page 170

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PARTE
TERCEIRA
A concretização da Pastoral Juvenil Salesiana precisa de uma grande
variedade de elementos: pessoas, estruturas, atividades, recursos
materiais e programas que devem orientar-se adequadamente
segundo os objetivos, conteúdos e estratégias do Projeto Educativo-
Pastoral. Trata-se, segundo o presente documento, de tentar
evidenciar a forma concreta de estruturar e organizar os vários
elementos da prática educativa e pastoral, para garantir a sua
identidade, a coerência em relação aos objetivos do projeto e a
organicidade. Esta terceira parte é o “modelo operativo”.

18 Pages 171-180

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18.1 Page 171

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
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18.2 Page 172

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL
JUVENIL SALESIANA
CAPÍTULO
VII
«Eu vos escolhi...
para dardes fruto»
(Jo 15, 16)

18.3 Page 173

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Realizamos a nossa missão principalmente
através de atividades e obras em que nos é possível
promover a educação humana e cristã dos jovens,
tais como o oratório e o centro juvenil, a escola e os
centros profissionais, os lares e as casas para jovens
em dificuldade. Nas paróquias e nas residências
missionárias damos o nosso contributo para a difusão
do Evangelho e para a promoção do povo, colaborando
na pastoral da Igreja particular com as riquezas de
uma vocação específica. Oferecemos o nosso serviço
pedagógico e catequético na área juvenil por meio de
centros especializados. Nas casas de retiros atendemos
à formação cristã de grupos, especialmente juvenis.
Além disso, dedicamo-nos a toda e qualquer outra obra
que tenha em vista a salvação da juventude»
(Const. 42)
Na tarde desse dia contemplei a multidão de
rapazes a brincar, e pensava na messe abundante
que se ia preparando para o sagrado ministério.
Vendo-me agora tão só, falto de colaboradores, forças
esgotadas, saúde em estado deplorável, sem saber
onde no futuro reunir os meus rapazes, senti-me
profundamente comovido. Afastando-me um pouco,
pus-me a passear sozinho, e pela primeira vez quiçá
senti-me comovido até às lágrimas. Caminhando
e erguendo os olhos ao céu, exclamei: ‘Meu Deus,
porque não me mostrais o lugar em que desejais que
reúna os rapazes? Dai-me a conhecê-lo ou dizei-me o
que devo fazer’»
(Memórias do Oratório, segunda década 1835-1845, n. 23)
174

18.4 Page 174

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Apresentam-se a seguir algu-
mas reflexões sobre as caraterísticas mais importantes das
obras e dos serviços em que se concretiza a Pastoral Juvenil
Salesiana expressa no Projeto Educativo-Pastoral. Primei-
ramente, apresentam-se as obras e as estruturas mais or-
ganizadas e tradicionais: o Oratório-Centro Juvenil, a Escola
e o Centro de Formação Profissional, a presença salesiana
no Ensino Superior, a paróquia e o santuário confiados aos
salesianos, e as obras e serviços sociais para jovens em si-
tuação de risco. Em seguida, as demais obras e serviços com
que se tenta ir ao encontro dos jovens e responder aos no-
vos desafios que nos são apresentados. Muitas destas novas
presenças educativas e pastorais entre os jovens podem ser
realizadas também nas obras tradicionais e constituem um
sinal do seu esforço de renovação e qualificação pastoral.
175

18.5 Page 175

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 Uma pastoral orgânica:
unidade na diversidade
Na pastoral juvenil, as diversas atividades e intervenções são atuadas
com uma única e idêntica fi nalidade: a promoção integral dos jovens e
do seu mundo, superando a pastoral setorial e fragmentada. O objetivo
é alcançado com a comunhão operativa em torno das grandes
finalidades, dos critérios de ação e das opções preferenciais dos
fatores que intervêm na ação pastoral, para criar entre si ligação e
inter-relação.
A convergência é exigida pelo sujeito – o jovem – a quem se dirigem
as diversas propostas, pela Comunidade Educativo-Pastoral que deve
partilhar as fi nalidades e as linhas operativas e pela necessidade de
complementaridade entre as diversas intervenções, experiências e modelos
pastorais.
A organicidade da Pastoral Juvenil Salesiana é realizada mediante:
o Projeto Educativo-Pastoral Salesiano, que define a diver-
sos níveis os critérios, os objetivos e processos que orientam e
promovem a convergência e a comunhão operativa das múlti-
plas atividades, intervenções e pessoas na Comunidade Educa-
tivo-Pastoral;
a organização da animação e do governo pastoral da Pro-
víncia e das obras, que garanta a comunicação e coordenação
de todos os aspetos da vida salesiana em torno dos objetivos de
educação e evangelização dos jovens (cf. CG23, n. 240-242).
176

18.6 Page 176

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 Os diversos ambientes e
atividades
Utilizamos o termo ambientes para indicar as estruturas educativas e pastorais
em que se realiza a missão salesiana segundo uma proposta educativo-
pastoral específica (cf. Glossário). Cada um destes ambientes cria uma
atmosfera e atua um estilo próprio de relações no interior da Comunidade
Educativo-Pastoral. A obra salesiana pode compreender vários ambientes que
se completam reciprocamente para exprimir melhor a missão salesiana.
2 1 O ORATÓRIO-CENTRO JUVENIL
2 1 1 A originalidade do Oratório salesiano
O Oratório de São Francisco de Sales em Valdocco foi a primeira obra
estável de Dom Bosco, que deu início a todas as outras. O ambiente
educativo construído no Oratório foi a resposta pastoral de Dom Bosco às
necessidades dos adolescentes e jovens mais carenciados da cidade de Turim.
Com a catequese, ele oferecia à maior parte deles diversão sadia, instrução
elementar e competências de trabalho para a vida. Dom Bosco soube garantir
formação e compromisso cristão aos jovens que lhe apresentavam desafios
educativos muito imperiosos.
A marca pessoal de Dom Bosco deu forma ao Oratório, e a sua práxis
tornou-se o critério preventivo aplicado pelos anos fora:
da aula inicial de catequese à presença-participação na vida
do jovem, preocupando-se com as suas necessidades, os seus
problemas e as suas oportunidades;
do oratório de “tempo limitado” à casa de “tempo inteiro”,
que se prolonga ao longo da semana com contactos pessoais e
atividades complementares;
177

18.7 Page 177

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
do ensino de conteúdos catequéticos ao programa educativo-
pastoral integral, o Sistema Preventivo;
de alguns serviços pensados para os jovens à presença familiar
dos educadores entre os jovens, nas atividades lúdicas e nas
propostas religiosas;
da instituição que tinha os adultos como referência à comunidade
de vida com os jovens, de participação juvenil, de convivência aberta
a todos;
da prioridade da programação à prioridade da pessoa e das
relações interpessoais;
da paróquia centrada no culto e na devoção à ousadia
missionária de uma comunidade juvenil aberta aos jovens que
não conhecem a paróquia, nem têm qualquer referência nela.
O dinamismo próprio do Sistema Preventivo suscitava nos jovens o desejo
de crescer e amadurecer, passando das exigências imediatas de diversão
ou instrução a compromissos mais sistemáticos e profundos de formação
humana e cristã; e, envolvidos nas atividades, aprendendo a ser protagonistas
de atividades, os jovens aprendiam a ser animadores do ambiente educativo
ao serviço dos companheiros.
O Oratório de Dom Bosco está na origem de toda a obra salesiana e
constitui o seu protótipo. Com esta inspiração desenvolvem-se os diversos
projetos e serviços evangelizadores da missão salesiana (cf. Const. 40).
O desenvolvimento histórico e a extensão da obra de Dom Bosco não modifi-
caram os princípios inspiradores nem as caraterísticas próprias do Oratório sale-
siano. Contudo, as novas situações socioeducativas e os fenómenos que
marcaram a condição juvenil, exigem a sua reatualização. Surgiu uma
nova conceção de tempo livre, realidade cada vez mais valorizada nas nossas
sociedades como espaço aberto a todo tipo de experiência social, cultural, des-
portiva, no qual desenvolver as relações sociais e as capacidades pessoais. Nas-
ceram novos ambientes e agências educativas abertas ao protagonismo juvenil.
Numa situação na qual o tempo livre dos jovens está saturado de muitas ativi-
dades reguladas cada vez com maior frequência por instituições civis com re-
cursos ingentes, o Oratório acolhe as exigências de atividades com atenção ao
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18.8 Page 178

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
coração oratoriano, ao estilo, à qualidade, na convicção de que, com o tempo
e a colaboração das famílias, as nossas propostas educativas sejam de sucesso.
Os Oratórios salesianos souberam adaptar-se às novas situações, com diver-
sas modalidades, assumindo também nomes diversos. Em alguns contextos,
entende-se por “Oratório” a programação, festiva ou quotidiana, destinada
especialmente aos mais novos (crianças e pré-adolescentes); é aberto a um
vasto público, com métodos de abordagem que favorecem várias formas de
tempo livre e encontro religioso no seu ambiente. Por “Centro Juvenil”, en-
tende-se a estrutura destinada preferencialmente aos adolescentes e jovens,
mas aberta a todos com propostas variadas de crescimento integral, com
prevalência da metodologia de grupo em vista do compromisso humano e
cristão. Com “Oratório-Centro Juvenil” compreende-se ao mesmo tempo
a realidade oratoriana aberta e também o trabalho pelos jovens mais madu-
ros (cf. Const. 28; Reg. 5, 7, 11-12, 24; CG21, n. 122).
Muitas obras da Congregação são atualmente Oratórios-Centros Juvenis, que
conduzem vários projetos educativos com uma ampla faixa de destinatários,
capazes de interessar e envolver os jovens. Assumem múltiplas formas e
caraterísticas, em função das diversas áreas geográficas, religiosas e
culturais. Há, por exemplo, oratórios noturnos, presenças itinerantes para
jovens em situação de risco, oratórios regionais ou de bairro ligados entre si
em rede, oratórios que oferecem aos jovens desocupados e à margem do sis-
tema escolar a possibilidade de adquirir uma formação básica ou preparação
para algum trabalho; alguns também procuram recuperar jovens em situação
de grave risco social.
2 1 2 A Comunidade Educativo–Pastoral do Oratório–Centro Juvenil
A A importância da CEP do Oratório-Centro Juvenil
O Oratório-Centro Juvenil é organizado em todos os lugares como
uma CEP composta de jovens, animadores, famílias, colaboradores e
comunidade salesiana. Todos se sentem chamados à participação
ativa e corresponsável, segundo as funções próprias de cada um.
Como Dom Bosco com seus jovens e colaboradores em Valdocco, deseja-
se fazer do Oratório-Centro Juvenil uma verdadeira e própria casa com
espaços concretos e bem definidos em ambiente de família, com um PEPS
partilhado e um adequado acompanhamento dos grupos e das pessoas.
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18.9 Page 179

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O Oratório-Centro Juvenil é um ambiente de amplo acolhimento, aberto
a grande variedade de crianças, adolescentes e jovens, principalmente os
mais carenciados, e com influência numa ampla zona social. Trata-se ao
mesmo tempo de um espaço educativo-pastoral especialmente adequado
ao acolhimento e à atenção pessoal, para além das relações meramente
funcionais. O educador salesiano, desde os primeiros encontros, sabe ini-
ciar o diálogo com os jovens para os motivar e envolver cada vez mais,
corresponsabilizando-os gradualmente nas atividades e nos processos de
grupo em que participam. Desde os tempos de Dom Bosco, o protagonismo
juvenil é caraterístico na CEP do Oratório-Centro Juvenil salesiano.
A CEP nos Oratórios-Centros Juvenis vive a realidade dos jovens, faz suas
as inquietações, os problemas e as expetativas deles, e abre espaços para
viver e empenhar-se no próprio mundo. Com a sua gestão flexível e cria-
tiva, é capaz de se adequar à diversidade e espontaneidade típicas da
educação oratoriana. É certamente uma presença educativa e pastoral de
referência significativa no mundo dos jovens.
B Os sujeitos da CEP do Oratório-Centro Juvenil
Os jovens são o centro da vida da CEP do Oratório-Centro Juvenil
Salesiano, das suas opções e propostas. Isto torna possível aos jovens sentir-
se capazes de julgar e decidir com sucesso nas questões que lhes dizem
respeito; ter consciência das oportunidades que com essa finalidade se lhes
oferecem e ter acesso aos meios necessários; e empenhar-se na organização
do Oratório-Centro Juvenil de acordo com seu projeto educativo no respeito
pelos níveis de decisão dos diversos órgãos.
A CEP do Oratório-Centro Juvenil Salesiano está em constante construção
e precisa de pessoas que animem o seu projeto na convergência das
iniciativas educativas. Os animadores jovens, identificados com o estilo
e o carisma salesiano, assumem a proposta educativa do Oratório-Centro
Juvenil e animam ativamente a sua realização.
O animador é um educador que caminha com os jovens e os acompanha na
descoberta, deixando-se questionar por eles e sabendo propor com entusiasmo
e firmeza novas metas de amadurecimento pessoal; faz experiência do processo
educativo que anima respondendo à vocação e ao projeto de vida que o fazem
crescer como pessoa; tem consciência, tanto dentro como fora do Oratório
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18.10 Page 180

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
-Centro Juvenil, de ser animador e, portanto, educador que vive os valores que
propõe. Os animadores estão conscientes de que a vida do Oratório-Centro
Juvenil depende em grande parte deles, pela função diretiva e organizativa com
que são chamados a ser os dinamizadores da vida do próprio oratório. Por isso,
devem ser objeto de especial atenção, acompanhamento e cuidado por parte
dos responsáveis do Oratório-Centro Juvenil.
O serviço de animação é realizado em estilo de voluntariado e gratuidade;
conforme a situação da região ou das diversas estruturas, para o bom
funcionamento do Oratório-Centro Juvenil e para melhor atenção aos
jovens, também se pode profissionalizar os cargos.
O Oratório-Centro Juvenil e o seu projeto têm como destinatários não só os
jovens, mas também os salesianos, agentes protagonistas e, ao mesmo
tempo, destinatários da oferta pastoral. Por isso, todos os salesianos da
casa, e não só os encarregados, têm a função específi ca de animação
do Oratório-Centro Juvenil, o que coloca os salesianos na situação
de estabelecer com os jovens a mesma relação de Dom Bosco, com o
testemunho da comunhão fraterna e da abertura cordial. A comunidade
religiosa também oferece experiências de fé e oração, partilhadas com eles,
e iniciativas para viverem juntos os processos de formação permanente e
participação ativa na elaboração, realização e revisão periódica do PEPS
local. Nas presenças e obras oratorianas geridas integralmente por leigos,
garanta-se sempre a referência ao PEPS provincial.
São próprios da pastoral oratoriana os processo de orientação da
corresponsabilidade dos adultos que partilham com os jovens o ambiente de
amizade, a proposta educativa de vida e a experiência de família e comunidade.
A sua presença constante é um elemento de estabilidade e maturidade
importante na vida variável do Oratório-Centro Juvenil. Entre os adultos,
sobressaem os que têm funções específicas de animação, como podem ser os
pais e os referentes familiares ou os membros da Família Salesiana.
2 1 3 A proposta educativo–pastoral do Oratório-Centro Juvenil
A proposta do Oratório-Centro Juvenil torna-se realidade mediante itinerários
em função dos interesses dos jovens. O jovem, escolhendo entre as diversas
possibilidades de participação oferecidas, pode optar pelo caminho mais
adequado à sua situação e ao seu nível de amadurecimento.
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Dê-se atenção ao perigo, sempre muito presente, de centrar a dinâmica
do Oratório quase exclusivamente nas atividades lúdico-recreativo-
culturais próprias da pastoral educativa salesiana. Requer-se uma reflexão
para repensar a identidade do Oratório e do Centro Juvenil e recriar
a sua metodologia educativo-pastoral original.
A Um processo de evangelização
A proposta do Oratório-Centro Juvenil tem como objetivo a
pessoa do jovem, dentro de uma visão cristã da vida. A nossa é
uma proposta cristã de educação, cujo núcleo ativo é a Espiritualidade
Juvenil Salesiana.
A nossa fé em Jesus Cristo abre-nos à visão cristã da vida e à vivência
que deve animar o Oratório-Centro Juvenil. No Centro, os jovens
poderão, pouco a pouco, descobrir um ambiente rico de valores
evangélicos que os orienta na experiência de fé na vida prática de
todos os dias. São oferecidos, também, itinerários variados conforme a
idade do destinatário, percursos graduais de educação e personalização
da fé, celebrações festivas da fé e dos sacramentos, educação para
o compromisso cristão no próprio ambiente, conforme a vocação
pessoal e o amadurecimento do projeto pessoal de vida na Igreja e na
sociedade.
O Oratório-Centro Juvenil é uma obra de mediação, de “fronteira”
entre Igreja, sociedade urbana e faixas populares juvenis, que
garante a busca e o contacto com os jovens. Como trabalho limítrofe
entre os campos religioso e civil, entre o mundo secular e o eclesiástico,
o Oratório oferece respostas educativas e evangélicas aos desafios e às
urgências mais sentidas, particularmente aquelas que se referem aos
últimos. É um ambiente salesiano de agregação juvenil com identidade
cristã, no qual os espaços estão abertos a todos os que nele desejarem
entrar.
O Oratório-Centro Juvenil é um lugar privilegiado para os
animadores. Nele vivem a fé pessoal e comunitariamente, com atitudes
de abertura ao serviço dos mais carenciados. A mesma oportunidade é
dada também às crianças e aos jovens; com o seu exemplo e testemunho,
questionam as famílias e os jovens afastados da vida da Igreja.
182

19.2 Page 182

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Uma educação em estilo salesiano
A ação educativa dos Oratórios-Centros Juvenis tem como referência
constante o Oratório de Valdocco que evoca a profunda unidade da
nossa proposta, ao mesmo tempo educativa e evangelizadora, e
nos impele a viver as atitudes fundamentais que lhe dão vida: sensibilidade
educativa e intencionalidade evangelizadora.
O critério preventivo promove experiências positivas, dá motivação e
procura responder às aspirações e aos interesses mais profundos dos
jovens. Sublinham-se, por isso, os seguintes elementos:
abertura do Oratório Centro-Juvenil a todos os jovens, especialmente
aos mais pobres e em situação de risco, que nem sempre conseguem
integrar-se noutras estruturas e propostas educativas;
acompanhamento das forças mais profundas e pessoais de cada
um: a razão, o afeto e a busca de Deus;
clima de alegria e de festa, que favorece o otimismo e a visão
positiva da vida;
animação como opção educativa, que se concretiza na presença
ativa dos educadores entre os jovens, na abertura a todos e
a cada jovem em particular, na força libertadora do amor
educativo, na confi ança na pessoa e nas forças positivas e de
bem que encerra em si mesma;
criatividade e espírito de inovação, que recusam a rotina, a
indiferença ou o conformismo;
sentido do dever e da responsabilidade nas formas concretas
do empenho pessoal e do serviço aos outros. O Oratório-Centro
Juvenil busca novos métodos pastorais para responder às
necessidades mais imediatas da grande massa de jovens, sem
esquecer as propostas mais empenhativas e exigentes aos jovens
disponíveis para um itinerário formativo de maior profundidade.
O âmbito educativo da organização associativa consolidou a experiência singular
da pedagogia pastoral de Dom Bosco. Ela oferece, portanto, uma ampla e
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
articulada proposta de grupos e associações em função dos interesses
juvenis em torno dos quais se organizam: grupos espontâneos nos quais
prevalecem os líderes naturais e os interesses imediatos; grupos propostos com
itinerários formativos específicos, conforme os vários âmbitos desportivos,
culturais, sociopolíticos, ecológicos, de comunicação social, aprofundamento
religioso, sensibilização missionária, animação interna, voluntariado.
C Uma educação inserida na sociedade para a transformar
A CEP do Oratório-Centro Juvenil insere-se na Igreja local e no território,
aos quais está aberta; é uma célula viva da sociedade e da Igreja,
uma comunidade de fé e de vida. Através do nosso contínuo trabalho
educativo e do envolvimento dos jovens nestes processos, colaboramos
principalmente na renovação da sociedade, a partir dos contextos mais
próximos até os ambientes mais alargados e às estruturas.
Portanto, na ação educativa preocupamo-nos com:
a sensibilidade por tudo o que nos rodeia e pela superação da
passividade conformista e da indiferença;
a capacidade de analisar a realidade e despertar atitudes de
serviço e solidariedade, pondo em ação iniciativas que ajudem a
conhecer os ambientes de insatisfação juvenil na região;
a valorização da família e o contributo que os jovens lhe podem
oferecer;
os momentos de “portas abertas” e disponibilidade dos locais para
as atividades do território, em sintonia com a finalidade do Centro;
a participação em contextos cada vez mais amplos – o bairro,
a cidade ou o País –, a partir do compromisso ativo e crítico
nas situações sociais em que vivemos. Na sua relação com o
território, a comunidade oratoriana sabe dialogar também com
as instituições para uma ação em rede.
Sendo os Oratórios-Centros Juvenis uma presença de Igreja, requer-se
que estejam inseridos corresponsavelmente nas diversas estruturas
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19.4 Page 184

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
de participação (conselho pastoral da paróquia e/ou da região) e
qualifiquem o PEPS em convergências e diálogo com as linhas da pastoral
diocesana. Como o Oratório-Centro Juvenil Salesiano é uma presença
pastoral no mundo juvenil, os seus programas educativo-pastorais são
particularmente significativos: aproximam a Igreja dos jovens e promovem
a sua evangelização na pastoral de conjunto (ver o presente capítulo VII,
n. 2.4.4/b).
D Uma experiência para o amadurecimento vocacional
O admirável processo de formação da pessoa faz entrar em jogo
alguns dinamismos que a pedagogia do acompanhamento educativo no
Oratório-Centro Juvenil deve favorecer. O PEPS local do Oratório-Centro
Juvenil prevê para os jovens um serviço de acompanhamento.
Com a direção espiritual, a prática cuidadosa da oração e a pedagogia do
projeto pessoal de vida, amadurece gradualmente o discernimento para
opções responsáveis: trabalhos estáveis em favor de outros, a missão de
pais, o exercício consciente da profissão, outros ministérios e serviços
apostólicos na Igreja. É importante, neste aspeto, o acompanhamento
dos ex-oratorianos em ordem à sua inserção responsável na vida social
e eclesial.
O Oratório-Centro Juvenil promove a cultura vocacional em todas as
experiências de voluntariado social: projetos de férias, campos de missão,
atividades didáticas para crianças e adolescentes, apoio solidário à
comunidade do bairro, iniciativas em relação à ecologia e outras atividades.
2 1 4 Animação pastoral orgânica do Oratório-Centro Juvenil
A Principais intervenções da proposta
1 O Oratório-Centro Juvenil Salesiano é uma casa aberta aos adolescen-
tes e jovens do bairro e da região: um lugar físico de referência. O
ambiente educativo é o resultado de uma série de encontros significati-
vos, de histórias e nomes próprios, de qualidade das relações humanas.
“O ambiente oratoriano” não é criado, portanto, apenas para manter
as portas abertas e os jovens terem tudo à disposição. O valor da pro-
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19.5 Page 185

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
posta educativa do Oratório-Centro Juvenil Salesiano está no acompa-
nhamento da pessoa, sujeito dos processos de crescimento e objeto das
ações educativo-pastorais.
2 A assistência salesiana é a proximidade real, afetiva e efetiva dos educa-
dores com os jovens, mesmo fora do ambiente físico do Oratório-Centro Ju-
venil, nos lugares ondem vivem; é estilo salesiano de encorajamento e inter-
venção pedagógica nos processos da missão. A presença ativa e animadora
de salesianos e educadores leigos entre os jovens é uma excelente forma de
comunicação educativa e evangelizadora (CG24, n. 131).
3 A pluralidade de propostas, atividades e experiências, que cara-
teriza a pastoral oratoriana salesiana, requer uma animação coorde-
nada e convergente, cujos critérios fundamentais visam a promoção
de diversos grupos de atividades e de formação, segundo a idade e os
interesses, e o associativismo juvenil, como participação no Movimento
Juvenil Salesiano.
A proposta oratoriana é múltipla e variada (desportiva, recreativa,
cultural, social, ecológica) quanto aos aspetos mais signifi cativos da
vitalidade e do processo de desenvolvimento dos jovens. Entre as
atividades mais específicas do Oratório-Centro Juvenil estão a diversão
e o desporto, tanto espontâneo como organizado, e tudo o que se
refere à cultura, à música, ao teatro e à comunicação social, nas suas
diversas expressões; excursões e turismo juvenil, acampamentos,
atividades solidárias e missionárias.
É importante envolver a participação dos jovens na programação,
realização e revisão das atividades, através dos vários grupos e associações.
É bom que todas as atividades sejam bem articuladas e coordenadas,
de modo a poderem desenvolver com os jovens as suas possibilidades
educativas intrínsecas. O que se propõe deve corresponder aos objetivos
formativos previstos no PEPS do Oratório-Centro Juvenil.
É necessário coordenar os tempos, os meios e as modalidades educativas
do Oratório-Centro Juvenil com os dos demais ambientes ou setores de
atividade da casa-presença salesiana.
4 A qualidade da formação sistemática exige um esforço contínuo de
qualificação educativa, cristã e salesiana das pessoas e dos recursos. So-
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
mente nestas condições os jovens animadores serão capazes de assumir
responsabilidades. Os programas da escola, dos animadores, acampa-
mentos, cursos, retiros, encontros e das demais atividades de formação
sobre temas educativos, culturais ou salesianos significativos devem valo-
rizar as experiências da vida quotidiana.
B Estruturas de participação e responsabilidade
Todos são corresponsáveis na animação, mas há que evidenciar algumas
funções específicas.
Animação local
O coordenador do Oratório-Centro Juvenil local não deverá minimizar
a participação e a corresponsabilidade dos demais membros do Centro,
mas incentivá-las, abrindo canais para o seu desenvolvimento. É salesiano
ou leigo com a vocação de trabalhar entre os jovens, com simpatia e
competência; com espírito apostólico, capacidade de relações diretas e
profundas com os colaboradores, de presença estimulante entre os jovens;
com criatividade e determinação para renovar propostas e comunicar
entusiasmo; com a preocupação pela unidade operativa da equipa e seu
crescimento na fé.
Em sintonia com a comunidade salesiana, promove o PEPS, elaborado,
implementado e avaliado com a CEP; coordena os educadores que
trabalham no Oratório-Centro Juvenil e os vários grupos e comissões;
promove a sua ligação e colaboração com as demais forças ao serviço
do mundo juvenil no território e na Igreja local; e garante a inserção do
Oratório-Centro Juvenil na comunidade cristã paroquial.
A função do grupo de animadores, parte integrante da CEP, é ser
referência para os jovens com suas vidas. Os educadores do Oratório
-Centro Juvenil são os animadores de grupo, os treinadores desportivos,
os educadores dos ateliers artísticos. Trabalham juntos e acompanham o
processo continuado de formação como educadores.
As funções de animação são coordenadas também mediante outros
organismos. Entre eles, é importante o Conselho do Oratório-Centro
Juvenil ou Conselho da CEP do Oratório-Centro Juvenil (cf. CG24, n.
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
161). A sua composição e o seu funcionamento obedecem a esquemas e
critérios dinâmicos, mas também de continuidade, segundo as orientações
do Provincial com seu Conselho (CG24, n. 171).
Suas principais responsabilidades são avaliar e promover a programação
pastoral anual segundo as principais exigências da condição juvenil e as linhas
de orientação do PEPS local; coordenar as várias propostas educativas das
associações e dos grupos e cuidar da harmonização e integração entre as
diversas intervenções pastorais; favorecer o associativismo salesiano, a partilha
de informações e a coordenação entre os vários grupos e associações; manter
estreito relacionamento com o território e com todos os que trabalham pela
educação dos jovens, favorecendo intervenções e propostas adequadas
para situações de marginalização e de risco. No interior do Conselho e sob
o seu controlo, podem criar-se comissões com encargos específicos para os
ambientes ou setores de atividade.
O Projeto do Oratório-Centro Juvenil deve favorecer algumas estruturas
de participação das famílias. Por isso, conforme as instâncias locais de
coordenação, no Projeto do Oratório-Centro Juvenil, também as famílias
dos oratorianos são corresponsáveis, garantindo sempre o protagonismo
dos jovens.
Com o PEPS, os estatutos e/ou normas/regulamentos de funcionamen-
to concreto são elemento da organização local. Neles, sejam especificados:
de quem depende a entidade e a personalidade jurídica do Centro; a pessoa
responsável nomeada pela referida entidade; os órgãos de participação e as
competências pessoais e colegiais; a relação com os órgãos de participação
e animação da obra salesiana, com as famílias e com os organismos civis e
eclesiais.
Animação provincial/nacional
A Comissão Provincial para o acompanhamento dos Oratórios-
Centros Juvenis participa na animação da Pastoral Juvenil na Província. O
Coordenador e os membros da Comissão garantem a elaboração, atuação
e avaliação do Projeto Educativo Pastoral Provincial dos Oratórios-Centros
Juvenis, em conformidade com o PEPS provincial.
Para a animação orgânica e coordenada em rede, é necessária uma
sinergia entre as comissões provinciais de Oratórios-Centros Juvenis,
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19.8 Page 188

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Escolas, Paróquias, MJS, Animação vocacional, Animação missionária e
Voluntariado, Comunicação Social. A Comissão provincial de Formação
garante o acompanhamento formativo dos jovens salesianos que, pela
sua ação apostólica, são indicados para a gestão e animação do Oratório-
Centro Juvenil.
Para a animação e coordenação deste ambiente da missão salesiana
provincial é particularmente importante o Gabinete Provincial de
Planeamento e Desenvolvimento, para garantir a sustentabilidade do
projeto, de acordo operativo com a Delegação provincial da Pastoral
Juvenil.
A nível nacional, onde houver duas ou mais comissões provinciais de
Oratórios-Centros Juvenis estas devem ser coordenadas e atuar segundo
um projeto partilhado e participar nas redes mais extensas. A ação dos
Oratórios-Centros Juvenis não termina nos bairros da cidade. O trabalho
em rede requer coordenação ampla para estar presente nos fóruns de
opinião, no mundo do trabalho juvenil, nas organizações para a infância
e juventude, que têm influência nas decisões que se referem às políticas
juvenis (prevenção educativa, ação social, formação e promoção
do voluntariado, animação sociocultural, promoção do tempo livre
educativo).
22
A ESCOLA E O CENTRO DE FORMAÇÃO
PROFISSIONAL SALESIANO
2 2 1 A originalidade da escola e do Centro de Formação
Profissional salesiano
A formação profissional e a escola salesiana surgiram em Valdocco para
responder às necessidades concretas da juventude e inserem-se num
projeto global de educação e evangelização dos jovens, sobretudo
os mais necessitados. Animado pelo desejo de garantir dignidade
e futuro aos seus jovens, Dom Bosco deu vida às ofi cinas de artes e
ofícios, ajudando ao mesmo tempo os jovens na busca de trabalho e
providenciando contratos para eles, impedindo que fossem explorados.
Este serviço e esta preparação serão enriquecidos com a vocação e a
presença do Salesiano Coadjutor.
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19.9 Page 189

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Foi Dom Bosco que enviou os seus
filhos às Universidades do Estado,
confiando-lhes em seguida o ensino até
de matérias profanas. Dom Bosco tinha
ideias muito claras sobre a unidade
do homem e, consequentemente, sobre
a necessidade de uma ação educativa
integral. Sabia, na verdade, que uma
ação pastoral forma ao mesmo tempo
“honestos cidadãos” e “bons cristãos”.
Neste sentido, ele via na escola um
momento formativo providencial»
(CG20, N. 234)
Foi esta a matriz dos atuais CFP
(Centros de Formação Pré-profissio-
nal) que procuram promover a for-
mação humana, cristã e profissional
dos jovens. A proposta responde
a predisposições, competências e
perspetivas de muitos deles que, ao
terminar a formação de base, as-
piram a inserir-se no mundo do
trabalho. A formação profissional
é um instrumento para o amadu-
recimento humano integral e para
a prevenção da insatisfação juvenil,
além da animação cristã das realida-
des sociais e do desenvolvimento do
mundo empresarial.
Sempre atento às necessidades
juvenis, Dom Bosco alargou a sua ação promovendo a criação das escolas
salesianas. Ele intuía que a escola é instrumento indispensável para
a educação, lugar de encontro entre a cultura e a fé. Consideramos a
escola como uma mediação cultural privilegiada de educação; uma
instituição determinante na formação da personalidade, porque transmite
uma conceção do mundo, do homem e da história (cf. A escola católica,
n. 8). O ambiente “escola” desenvolveu-se muito na Congregação como
resposta às exigências dos próprios jovens, da sociedade e da Igreja.
Tornou-se um movimento de educadores solidamente comprovado no
âmbito escolar.
Há também os Centros de Formação Pré-profissional com formulação
e atuação especiais de propostas diversificadas: itinerários de orientação,
instrução e formação, atualização, requalificação, inserção e reinserção
social e no ambiente de trabalho, promoção do empreendedorismo
social. Contribuem para o sucesso pessoal de cada um e visam uma ampla
tipologia de destinatários: jovens da escolaridade obrigatória; jovens e
adultos em busca de trabalho; jovens em dificuldade ou em situação de
abandono escolar; migrantes ou aprendizes. Estes itinerários preveem
uma proposta intensamente individualizada para retornar ao sistema
escolar e formativo ou para se ser iniciado no mundo do trabalho. A
formação pré-profis sional compreende, de facto, uma série de intervenções
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
adequadas para tornar o sujeito consciente do atual contexto de trabalho
e preparado para enfrentar do melhor modo as fases de acesso à profissão.
Algumas Províncias oferecem serviço de internato para jovens que
frequentam as escolas/CFP. Os internatos são dotados de uma estrutura
residencial que permite a permanência do aluno durante todo o dia,
também no período noturno. É um ambiente adequado ao estudo em
clima de convivência serena. Os jovens são constantemente acompanhados
por uma equipa de educadores. A fi gura do educador assume grande
importância nos internatos, assistindo e aconselhando os alunos nas horas
de estudo e no recreio; senta-se à mesa com eles e acompanha-os durante
todo o dia. Nalguns casos, cuida da sua formação humana e cultural,
que serve de apoio ao estudo diário. O dia do interno articula-se entre o
tempo de escola, o tempo de estudo e o tempo de recreio, de desporto e
de atividade espiritual.
2 2 2 A Comunidade Educativo-Pastoral da escola /CFP salesiano
A A importância da CEP da escola/CFP salesiano
Nas décadas de fins do século XX e inícios do século XXI procurou-se passar
do modelo educativo institucional ao modelo educativo comunitário,
da atitude de delegação educativa a algumas pessoas especialmente
consagradas a isso (religiosos, professores), ao esforço de participação
ativa de todos os envolvidos no facto educativo. A CEP é o novo sujeito
da responsabilidade educativa e do ambiente educativo. Nas
escolas e nos CFP salesianos a convergência das intenções e convicções
de todos os membros da CEP encontra a sua correspondência na
realização do PEPS.
Reconhecemos o valor fundamental da formação profissional e da
escola como âmbitos nos quais o Evangelho ilumina a cultura e se deixa
interrogar por ela; cria-se assim uma integração eficaz entre o processo
educativo e o processo de evangelização. Esta integração constitui uma
alternativa educativa importante no atual pluralismo cultural, ético
e religioso da sociedade. A atual realidade sociopolítica e cultural, as
novas orientações de renovação escolar nos diversos Estados e a própria
realidade interna das escolas, apresentam desafios novos e dificuldades
191

20 Pages 191-200

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20.1 Page 191

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
complexas. É preciso concretizar os critérios e as estratégias que,
enfrentando esta complexidade, orientem a realização do PEPS.
B Os sujeitos da CEP da escola/CFP salesiano
Os alunos são os protagonistas primários do itinerário formativo;
participam de modo criativo na elaboração e atuação desse itinerário nas
suas várias fases; crescem na capacidade relacional mediante o exercício
de participação escolar e formativa. Respondendo à exigência explícita por
parte dos jovens de receber uma séria preparação cultural e profissional,
a escola/CFP promove neles a demanda implícita do sentido da vida. A
escola/CFP dá início a itinerários, atividades e iniciativas que respondem
essencialmente a esta preocupação.
Segundo a expressão de Dom Bosco, os educadores criam com os
jovens uma “família”, uma comunidade juvenil em que os interesses e
experiências dos jovens são postos como fundamento de todo o arco
educativo. Os educadores não só ensinam, mas “assistem”, trabalham,
estudam e rezam com os alunos. São pessoas disponíveis para estar com
os jovens, capazes de assumir os seus problemas. «Mestres na cátedra e
irmãos no pátio» (Dom Bosco).
Entre os educadores, assinalamos o pessoal docente/formador, salesianos
e leigos, inseridos plenamente no trabalho educativo-pastoral, segundo o
projeto salesiano e a própria competência profissional:
A escolha dos leigos resulta de uma decisão atenta e
ponderada, que exige equilíbrio, seriedade e teor de vida
coerente; leigos que assumem com alegria o trabalho
educativo, abertos aos interesses pedagógicos próprios da
escola ou dos CFP salesianos. Têm competência profissional,
disponibilidade para a atualização sistemática e participam
ativamente nos encontros de programação e revisão. O seu
profissionalismo educativo valoriza a relação interpessoal e
carateriza-se por uma fundamental dimensão ética, entendida
como testemunho pessoal, que favorece a interiorização
dos valores pelos alunos. Os docentes e formadores leigos
oferecem a própria experiência de vida laical, exprimem-na
cultural e profissionalmente em opções de vida, conhecimentos
192

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
e atividades operacionais, também nas várias iniciativas
paraescolares e formativas, e fora delas.
Por sua vez, os docentes e formadores religiosos testemunham
a sua própria experiência de pessoas consagradas, estimulam a
busca de novos modos de fazer cultura e formação segundo a
visão cristã da vida, do homem e da história.
O pessoal auxiliar e administrativo contribui para a ação educativa de
modo particular através do cuidado do ambiente, do estilo relacional e do
bom funcionamento logístico e organizativo.
Aos pais, como responsáveis diretos pelo crescimento dos filhos, compete
de modo especial o diálogo com os educadores e formadores; participam
pessoalmente, através dos órgãos colegiais, na vida da escola e do CFP
nos seus momentos de programação, de revisão educativa e de ação nas
atividades de tempos livres.
O Sistema Preventivo de Dom Bosco inspira-se na família e é praticado em
relações familiares. É posto em prática nas nossas escolas e nos nossos
centros de formação profissional, sendo proposto aos pais como modelo
de relação e crescimento no diálogo educativo com os filhos.
2 2 3 A proposta educativo-pastoral da escola e do CFP salesiano
As escolas e os CFP salesianos são duas estruturas de formação
sistemática com caraterísticas próprias, mas sempre em profunda
relação. Não há verdadeira escola salesiana que não prepare para o
trabalho, nem há verdadeiro CFP salesiano que não leve em conta a
elaboração sistemática da cultura. O educador tem a tarefa e a arte de
pensar no conteúdo do seu ensino do ponto de vista do desenvolvimento
educativo integral dos jovens, ao serviço do seu crescimento pessoal.
É oportuno recordar sinteticamente alguns traços essenciais da práxis
educativo-pastoral que faz da Escola e do CFP salesianos um meio
privilegiado de formação, elemento válido de promoção popular e
ambiente de evangelização de particular eficácia:
193

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A A inspiração nos valores evangélicos e a proposta de fé
Sublinha-se a atual urgência da ação evangelizadora nas nossas instituições
educacionais. Inserimo-nos no panorama dos CFP e das escolas católicas
com o património pedagógico herdado de São João Bosco e desenvolvido
pela tradição posterior (cf. CG21, n. 130).
É preciso que a instituição educativa ofereça uma proposta educativo-pastoral,
permanecendo aberta aos valores partilhados nos contextos, promova a
abertura e o aprofundamento da experiência religiosa e transcendente e
repense a “mensagem evangélica” aceitando o confronto vital com o mundo
das linguagens e os questionamentos da cultura. Por isso:
organiza a atividade à luz da conceção cristã da realidade, de que
Cristo é o centro (cf. A escola católica, n. 33);
orienta os conteúdos culturais e a metodologia educativa segun-
do uma visão da humanidade, do mundo, da história inspirados no
Evangelho (cf. A escola católica, n. 34);
promove a partilha dos valores educativo-pastorais expressos
principalmente no PEPS (cf. A escola católica, n. 66);
favorece a identidade católica através do testemunho dos educa-
dores e a constituição de uma comunidade de crentes animadora
do processo de evangelização (cf. A escola católica, n. 53).
B A educação eficiente e qualificada
Entre os muitos modos pelos quais se pode realizar a evangelização, nós
salesianos privilegiamos aqueles nos quais a preocupação educativa é
mais respeitada e as exigências de um correto processo educativo são mais
bem garantidas. Em sentido amplo, a educação é uma intervenção “projetada”
(com finalidades precisas, papéis definidos, experiências adequadas) e em
sinergia de esforços (CEP). Nesta ótica, as escolas e os CFP salesianos oferecem
uma proposta educativo-cultural de qualidade, na qual:
as dinâmicas de ensino e aprendizagem estão inseridas numa
sólida base educativa;
194

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
se cultiva a atenção contínua e crítica aos fenómenos da cultura,
do mundo do trabalho e da comunicação social;
se oferece a abordagem pedagógico-metodológica de processos,
que favoreça nos jovens a descoberta do seu projeto de vida;
se amadurece a visão humana e evangélica do trabalho,
entendido não unicamente como tarefa a realizar na organização
social, mas como modalidade privilegiada de comunicação,
expressão de si, autorrealização, relações interpessoais e sociais
sempre novas, contributo da pessoa para melhorar do mundo
em que vive e age;
se garante a atualização contínua da qualificação profissional
e da identidade salesiana de todos os membros da CEP com
processos sistemáticos de formação permanente;
se favorece uma adequada pedagogia e uma adequada
programação da ação educativa visando a estreita relação dos
objetivos educativos, didáticos e pastorais.
É obrigatório garantir a formação para o profissionalismo, a fi m de o
jovem ser envolvido num processo de educação completa em que, além
das competências relativas ao trabalho, aprende os direitos e deveres
de cidadania ativa; experimenta comportamentos sociais marcados
pela colaboração, pela responsabilidade individual e pela solidariedade;
aumenta os próprios conhecimentos culturais; estrutura a sua identidade
de modo adequado para se integrar no tecido social e civil.
195

20.5 Page 195

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
C A pedagogia salesiana
A escola e os CFP salesianos atingem sua finalidade com o método e o
estilo educativo de Dom Bosco (CG21, n. 131). A vivência dos seguintes
aspetos oferece a configuração típica dos nossos centros educativos:
animar, orientar e coordenar de modo oratoriano, fazendo da
instituição uma família em que os jovens tem «a própria casa»
(Const. 40);
sublinhar a personalização das relações educativas, fundadas na
confiança, no diálogo e na presença-assistência dos educadores
entre os jovens;
assumir a integralidade da vida dos jovens, tornando os
educadores participantes nos interesses juvenis e promovendo
as atividades de tempo livre como o teatro, o desporto, a música,
a arte;
preparar para enfrentar responsavelmente a cidadania ativa na
vida familiar, na sociedade civil e na comunidade eclesial.
D A função social e a atenção aos mais carenciados
Os itinerários escolares são abertos à pluralidade de experiências
e podem ser coordenados pela escola e pelo CFP comunicando-se
também fora deles. Os educadores acompanham a inserção dos
jovens na realidade, em colaboração com entidades e agências
educativo-formativas. A inserção plena dos jovens na vida local e a sua
aceitação de responsabilidades representam uma meta do itinerário de
educação integral na escola e no CFP salesianos. As nossas escolas e
CFP propõem-se a contribuir para a construção de uma sociedade mais
justa e digna do homem. Por isso:
procuram localizar-se em regiões mais populares dando
preferência aos jovens mais carenciados;
denunciam toda a situação discriminatória ou ocorrência de
exclusão;
196

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
privilegiam o critério do
acompanhamento de to-
dos, em vez do critério da
seleção dos melhores;
«A escola salesiana seja popular pela
promovem a formação
social sistemática dos
seus membros;
localização, pela cultura e pelos rumos
que privilegia, e pelos jovens que acolhe”.
Organize serviços úteis à população
da região, como cursos de qualificação
privilegiam a inserção
justa dos jovens no mun-
do do trabalho e o seu
acompanhamento edu-
profissional e cultural, de alfabetização e
recuperação, fundos para bolsas de estudo
e outras iniciativas»
(REG. 14)
cativo, mantendo con-
tacto sistemático com o mundo empresarial;
tornam-se centros de animação e de serviços culturais e
educativos para a melhoria do ambiente, privilegiando os
currículos, especializações e programas que respondam às
necessidades dos jovens da região (cf. CG21, n. 129, 131);
praticam a proximidade e a solidariedade, com a disponibilidade
das pessoas e dos locais, a oferta de serviços de promoção
abertos a todos, a colaboração com outras instituições
educativas e sociais;
promovem a presença significativa no mundo dos ex-alunos para
se inserirem de modo ativo e propositivo no diálogo cultural,
educativo e profissional em ação no território e na Igreja local.
2 2 4 A animação pastoral orgânica da escola e do CFP salesiano
A Principais intervenções da proposta
1 Na tradição salesiana as pessoas, o tempo, o espaço, as relações, o
ensino, o estudo, o trabalho e toda atividade interagem organicamente
num ambiente de serenidade, alegria e trabalho: é o ambiente edu-
cativo.
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20.7 Page 197

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
É preciso qualificar as relações educativas fundadas na racionalidade das
exigências, na valorização da vida quotidiana e no acompanhamento
educativo. Além da atenção aos deveres de estudo e de trabalho, é
pedagogicamente importante, como expressão de pertença, o respeito
e o cuidado com os instrumentos, equipamentos e locais nos quais se
realiza a vida escolar e profissional.
O pátio é o espaço e a modalidade indispensáveis na experiência da
escola e do CFP salesianos. Não é apenas lugar físico, no qual se
realizam atividades e iniciativas, mas configura-se como tempo de
construção das relações pessoais a partir da animação, da diversão, do
desporto. A escola e o CFP salesianos são chamados a salvaguardar,
também no futuro, os tempos e os espaços destinados ao encontro
dos alunos. A CEP garante a assistência dos jovens segundo o espírito
de Dom Bosco.
2 Os conteúdos sistemáticos das diversas disciplinas são oferecidos
como conhecimentos a adquirir, verdades a descobrir, técnicas a do-
minar, respostas aos questionamentos, valores a assimilar. Para isso,
contribui a clareza dos conhecimentos, a organização pedagógica e,
sobretudo, a conceção cultural fundamental que se apresenta.
Isto leva, por um lado, a dar relevo à forma de experiência humana
subjacente às diversas disciplinas, ajudando os jovens a perceber,
valorizar e assimilar os valores naturais inerentes aos factos apresentados
e aprofundados; e, por outro, a fazer com que o interesse se abra à
cultura universal, em contacto com as expressões dos diversos povos e
o património de valores partilhados pela humanidade.
É absolutamente necessário evitar o perigo que um desvio científico
-tecnológico coloque em segundo plano, ou até marginalize a referência
aos valores fundamentais que estão na base dos “conhecimentos”. A
educação para os valores, para os ideais e para a investigação está entre
os aspetos educativos que formam a estrutura da ação de educação
integral.
O problema central da escola é a sua organização cultural, a sua reflexão
integral sobre o homem. Na vida quotidiana da aula ou da oficina,
oferece-se uma visão antropológica integral inspirada no humanismo
cristão.
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Nas diversas áreas disciplinares, os docentes introduzem os alunos
no encontro vivo e vital com o património cultural e profissional em
diálogo com o humanismo cristão. Nesta perspetiva, dê-se atenção
especial à escolha dos livros de texto e dos demais materiais didáticos.
Os educadores da escola e do CFP salesianos implementam itinerários
formativos ricos do contributo do humanismo cristão e salesiano com
temas centrais para o desenvolvimento integral dos jovens: formação
da consciência, educação da afetividade e educação sociopolítica e,
especificamente, formação religiosa. Acreditamos que a dimensão
religiosa deve estar presente no quadro dos “conhecimentos” que
constituem a base da formação das crianças e dos jovens.
De facto, o ensino da Religião Católica, considerado como elemento
fundamental da ação educativa, entra nos programas escolares de muitas
nações. Com o conhecimento da problemática inerente à formação cristã
dos jovens, ativam-se processos periódicos de programação e revisão
para qualificar o ensino da religião como momento importante de
formação cultural. O ensino escolar da religião deve propor como objeto
de estudo o que para os crentes é objeto de fé. A sua finalidade é formar
a capacidade habitual de entendimento da religião, isto é, dos factos
que ritmam a história religiosa do homem. Como de todos os factos
culturais, também dos factos religiosos a escola propõe um conhecimento
sistemático e crítico nas formas do discurso educativo, com a finalidade
de educar para o conhecimento da vida religiosa da humanidade. É um
ensino que ajuda os jovens a descobrir a dimensão religiosa da realidade
humana e buscar o sentido último da vida; oferece uma orientação para
a escolha consciente e livre de uma vivência empenhativa e coerente;
propõe a visão positiva e aberta da doutrina cristã que dispõe ao anúncio
explícito; promove o diálogo crítico e positivo com as demais áreas do
conhecimento e com as outras religiões; desperta o desejo de uma
progressiva educação à fé na comunidade cristã.
3 Optamos, como método didático-educativo, pela personalização
das propostas e pela colaboração recíproca. Portanto, uma didática
ativa, que desenvolva nos alunos a capacidade de descoberta e faça
amadurecer hábitos de criatividade e crescimento cultural autónomo; a
interdisciplinaridade, na qual as diversas ciências oferecem contributos
complementares; a avaliação do processo de crescimento dos alunos na
capacidade de aprender e investigar, e não só dos resultados finais.
199

20.9 Page 199

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
4 A educação integral requer que se complete o programa escolar-profissional
com outras atividades complementares, integrativas, de apoio e pro-
postas livres. A escola e o CFP salesianos dão amplo espaço às atividades
de tempos livres e de distensão (artísticas, recreativas, desportivas, culturais),
tendendo a ser escola abrangente.
A escola e o CFP salesianos dão espaço, favorecem e acompanham os
diversos grupos (de estudo-pesquisa, culturais, recreativos, artísticos,
de serviço comunitário, voluntariado, crescimento cristão, orientação
vocacional, compromisso cristão), reconhecendo neles uma mediação
privilegiada de educação e evangelização. Nalgumas escolas e nalguns
CFP são colocados à disposição dos jovens espaços de acolhimento
informal, salas para encontros, salas de música, etc. Na programação
anual devem ser previstos os tempos específicos de participação nestas
atividades.
Sendo próprio da tradição salesiana, cuide-se do reencontro com os
jovens que frequentaram a nossa escola ou CFP, os ex-alunos, buscando
as modalidades mais oportunas para o seu envolvimento pessoal e
associativo.
Uma das colunas que regem a identidade da escola e do CFP salesianos
é a programação clara e orgânica de intervenções explicitamente
evangelizadoras. A proposta educativo-pastoral é traduzida em
experiências e atividades caras à tradição salesiana:
breves encontros diários preparados para todos ou para
grupos (“Bons-dias”, palavra de acolhimento) inspirados na
“Boa-noite” praticada por Dom Bosco na sua experiência de
vida com os rapazes de Valdocco. O “Bom-dia” qualifica-se
como um tempo de oração e leitura sapiencial da vida em vista
da aceitação progressiva de um juízo cristão sobre os eventos;
durante o ano escolar-formativo, é oferecida a possibilidade
aos alunos e aos docentes da escola e do CFP salesianos
viver experiências de caráter formativo-espiritual. Realizados
preferivelmente nos tempos fortes do ano litúrgico, são
momentos favoráveis para o crescimento na fé e a revisão da
própria vida à luz da mensagem cristã;
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20.10 Page 200

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
fiéis ao que Dom Bosco viveu com os jovens acolhidos em
Valdocco, a escola e o CFP proponham momentos explícitos
de oração e celebração. Os alunos pertencentes a outras
confissões cristãs ou outras religiões também podem participar
nesses momentos como ocasiões de integração cultural e
conhecimento da tradição religiosa da nação em que vivem.
A Eucaristia e as celebrações de memórias, tempos litúrgicos
ou devoções locais, fazem parte integrante da proposta
educativo-pastoral. Devem ser bem preparados especialmente
os momentos de celebração da Reconciliação segundo uma
oportuna inserção no calendário, prevista na programação das
atividades formativas anuais;
durante o ano escolar-formativo prevejam-se tempos de
socialização e festa como ocasiões de conhecimento e educação
à corresponsabilidade e pertença. Envolvam-se ativamente
na organização e realização de algumas dessas iniciativas as
famílias e os diversos componentes da CEP. Relevo especial
seja dado à celebração das festas salesianas, momentos de
crescimento do espírito de família e de gratidão.
5 Os jovens que frequentam a escola e o CFP salesianos são muitas ve-
zes atraídos pelo ambiente familiar que encontram. É importante, na
animação da CEP, que os educadores estejam cada vez mais disponí-
veis para o encontro pessoal com os alunos. Levando em conta as
diversas fases da idade evolutiva dos alunos, os educadores ofereçam
em todos os setores espaços e tempos adequados para o encontro
pessoal com os alunos, em vista de uma revisão do caminho feito e de
propostas a apresentar.
Os educadores estejam disponíveis para o colóquio pessoal; haja, con-
tudo, alguns que se dediquem a este serviço com especial cuidado. O
serviço de orientação psicológica tem nisto um papel importante.
6 A formação e a atualização dos professores são grandes opor-
tunidades para toda a instituição educativa e para aqueles que nela
trabalham. É necessária a formação e atualização dos nossos docen-
tes não só no aspeto metodológico e disciplinar que qualifique o pro-
fissionalismo na escola salesiana, segundo um projeto formativo que
unifica fé, ciência e vida. Por isso, o itinerário formativo dos professo-
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21 Pages 201-210

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21.1 Page 201

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
res deveria preocupar-se com o seu profissionalismo pedagogicamen-
te eficaz, o seu estilo educativo salesiano qualificado, a sua espiritu-
alidade cristãmente vivida, a sua personalidade humanamente rica e
acolhedora. Espera-se nesta formação uma atenção maior à pastoral
educativa nas dinâmicas específicas da escola.
Programem-se periodicamente iniciativas locais ou provinciais que
respondam ao projeto provincial de formação dos professores e for-
madores, com especial atenção à formação dos novos professores
admitidos. Os cursos, as jornadas de reflexão e formação, em que os
professores e formadores da escola e do CFP salesianos são chamados
a participar, envolvê-los-ão num itinerário que prevê o conhecimento
de Dom Bosco e do Sistema Preventivo. Sejam também partilhados
os aspetos inerentes à metodologia e a didática praticada na tradição
salesiana.
7 Todos os elementos e intervenções indicados que formam o PEPS da
escola e do CFP devem ser inseridos no Projeto Educativo, mais am-
plo e global, segundo as disposições legais emanadas pelos Gover-
nos. A planificação pastoral do PEPS exprime e define a identidade
da escola, explicitando os valores evangélicos em que ela se inspira,
traduzindo-os em termos operativos precisos. O PEPS é o critério ins-
pirador e unificador de todas as opções e de todas as intervenções
(programação escolar, escolha dos professores e dos livros de texto,
planos didáticos, critérios e métodos de avaliação). Carateriza a inten-
cionalidade pastoral que anima a CEP, decisiva em todos os elementos
e intervenções da escola e da CFP.
Como instituições educativas, os nossos centros salesianos inserem-
-se num contexto histórico e normativo preciso, definido pelas leis
nacionais que traçam o seu sistema organizativo e didático, reco-
nhecendo e aprovando ordinariamente a nossa proposta de escola
ou CFP, os nossos princípios e valores que os caracterizam. O PEPS
é a nossa “carta de identidade”. Aqui são apresentados: o carisma
que inspira a nossa oferta educativa (as motivações originárias de-
vem continuar a iluminar hoje a nossa obra); o conceito de educação
integral; o modelo de comunidade educativa, a CEP; os valores de
referência; o método educativo e as opções preferenciais do mo-
mento.
202

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A identidade da “nossa escola salesiana” descrita no PEPS local será,
portanto, uma proposta educativa comum para todos os alunos da es-
cola e de cada classe. O PEPS, que na planificação pastoral define inter-
venções explicitamente evangelizadoras, é plenamente coerente com a
cultura do currículo didático (opções educativas e didáticas gerais), com
a planificação mais ampla, que apresenta também propostas extracur-
riculares e organizativas, e com a planificação administrativa (itinerários
formativos, atividades, iniciativas educativas, organização e gestão de
estruturas, pessoas e recursos da escola). A ação pastoral, não isolada,
permeia toda a obra educativa.
B As estruturas de participação e corresponsabilidade
Animação local
As estruturas de participação e corresponsabilidade visam criar as
condições ideais para uma cada vez maior comunhão, participação e
colaboração entre os diversos componentes da CEP. A sua fi naildade
é a implementação do Projeto Educativo-Pastoral e o crescimento da
colaboração entre docentes, formadores, alunos e pais. Estas estruturas
variam segundo os países e as diversas legislações escolares. Por isso,
cada Província deve defi nir as modalidades oportunas e concretas de
organização, funcionamento interno e responsabilidades das escolas e
CFP, tendo em conta os seguintes elementos:
em primeiro lugar, o Conselho da CEP da Escola ou CFP, conforme
as orientações de cada Província, é o órgão que anima e orienta
toda a ação salesiana com a reflexão, o diálogo, a programação e
a revisão da ação educativo-pastoral (CG24, n. 160-161, 171);
depois, cabe à assembleia de professores/assembleia de
formadores a programação das orientações educativas e
didático-formativas nos momentos de proposta, discussão,
decisão e revisão coerentes com o Projeto Educativo-Pastoral. Toda
a escola ou CFP também garante a estruturação da assembleia de
professores/assembleia de formadores em comissões (ou equipas
ou grupos de trabalho) e departamentos (ou áreas disciplinares)
em vista do projeto, da programação e atuação das iniciativas
educativas;
203

21.3 Page 203

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
por fim, a Equipa de Pastoral, dirigida pelo coordenador de
pastoral, anima a ação evangelizadora cuidando da sua profunda
integração no processo didático e educativo. Os critérios de
composição desta equipa são definidos localmente. Nela devem
participar alguns alunos.
Animação provincial/nacional
As estruturas são de nível provincial, nacional e internacional. Podem ser
entidades com personalidade jurídica civilmente reconhecida. Esta
rede de colaboração a níveis diversos constitui uma presença ativa no
sistema escolar e de formação profissional, interagindo com o sistema
produtivo, com as entidades públicas e privadas para o desenvolvimento da
formação profissional, com as forças sociais e sindicais, como também com
outros organismos nacionais e internacionais interessados nos processos
formativos e nas políticas ativas do trabalho.
23
A PRESENÇA SALESIANA NO
ENSINO SUPERIOR
2 3 1 A originalidade da presença dos salesianos
no Ensino Superior
Trata-se de uma presença recente na história da Congregação
Salesiana. A primeira instituição neste âmbito remonta a 1934 (St.
Anthony’s College, Shillong, Índia), contudo, a consciência da importância
deste nível educativo e o desenvolvimento no mesmo da presença
salesiana só aconteceram nas últimas décadas do século passado, com
o processo mundial de acesso maciço das classes médias e populares ao
Ensino Superior.
A presença salesiana no Ensino Superior cresceu quantitativa e
qualitativamente a partir do processo de reflexão e trabalho em rede das
instituições universitárias, iniciado em 1997 por iniciativa do Reitor-Mor,
Pe. Juan Edmundo Vecchi, como serviço da Direção Geral às Províncias
e às próprias Instituições (cf. Pe. Juan Vecchi, ACG 362, “Documentos e
Notícias: Um serviço para as instituições universitárias salesianas”). Este
serviço, feito através da Coordenação Geral das IUS, representou a vontade
204

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
da Congregação Salesiana de orientar e qualificar o desenvolvimento
deste novo tipo de presença entre os jovens. Como resultado do processo
realizado, a Congregação Salesiana, através de uma modificação do artigo
13 dos Regulamentos Gerais, quis reconhecer que a presença no âmbito
do Ensino Superior faz parte da sua missão:
“A escola salesiana, os centros de formação profissional
e as instituições de ensino superior promovem o
desenvolvimento integral do jovem mediante a assimilação
e a reelaboração crítica da cultura e a educação para a fé,
tendo em vista a transformação cristã da sociedade”
(REG. 13; CF. CG26, N. 122)
A presença salesiana neste âmbito é hoje uma realidade muito difundida
e diversificada. Atuamos através da direção e promoção de instituições
universitárias – sob a direta responsabilidade da Congregação Salesiana
em corresponsabilidade com outras instituições eclesiais –, da gestão e
animação de Colleges e residências para jovens universitários, e a presença de
numerosos salesianos com responsabilidade de direção, ensino, investigação
ou animação da pastoral universitária em instituições de ensino superior
salesianas, eclesiais ou públicas.
A reflexão e as orientações da Congregação Salesiana para a presença no
Ensino Superior visam de modo especial as instituições de ensino superior, os
Colleges e as residências universitárias sujeitas à sua responsabilidade, enquanto
estruturas que permitem desenvolver uma proposta educativo-pastoral mais
orgânica e animada especificamente pelo carisma salesiano.
2 3 2 As Instituições Salesianas de Ensino Superior
Sob o nome de Instituições Salesianas de Ensino Superior (IUS) inclui-se um
conjunto de centros de estudo de nível superior e terciário, de que
a Congregação Salesiana é titular ou responsável, direta ou indiretamente.
As diferenças nas condições sociais e nos sistemas educativos dos países
onde estão presentes fazem com que os centros apresentem uma grande
diversidade não só no modo de gestão, mas também do ponto de vista dos
graus académicos conferidos e do tipo de cursos oferecidos: Universidades,
Centros Universitários, Politécnicos, Colleges, Faculdades, Institutos, Escolas
de Ensino Superior ou Especializadas.
205

21.5 Page 205

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Na origem das IUS constam diversas motivações: a preocupação de oferecer
e garantir aos salesianos religiosos uma formação de nível superior; a
passagem ao ensino superior enquanto resultado natural do crescimento
e evolução das escolas secundárias, conhecidas pela sua excelência
académica e educativa; a necessidade de continuar a acompanhar os
jovens no período da sua vida no qual tomam decisões fundamentais para
o próprio futuro, a oferta de uma oportunidade de acesso à universidade
àqueles que provêm de ambientes populares e do mundo do trabalho
(cf. Identidade das Instituições Salesianas de Ensino Superior, n. 2.19). No
seu conjunto, refletem a convicção de que, através dos nossos centros de
formação superior, somos capazes de oferecer à sociedade uma proposta
cultural de qualidade, enriquecendo-a com pessoas de qualidades humanas,
profissionais competentes e cidadãos ativos.
A natureza e a finalidade deste tipo de presença salesiana foram
definidas pelas próprias instituições através do processo de reflexão
e trabalho em rede já assinalado. Isto tornou possível a elaboração e,
depois, a aprovação pelo Reitor-Mor e seu Conselho, de uma série de
documentos que fundamentam hoje o quadro de referência das IUS:
Identidade das Instituições Salesianas de Ensino Superior (Roma, 2003) e
Políticas para a presença salesiana no Ensino Superior 2013-2016 (Roma,
2012). Enquanto o primeiro defi ne a identidade e a natureza deste tipo
de presença, o segundo torna concretas as orientações operativas para o
desenvolvimento das instituições num determinado período.
As IUS são definidas como «instituições de ensino superior de inspiração
cristã, caráter católico e índole salesiana» (Identidade das Instituições
Salesianas de Ensino Superior, n. 14). Assumindo a tradição científi ca
e académica própria da estrutura universitária, oferecem a este nível
educativo os valores e o espírito próprios do património educativo e
carismático salesiano, confi gurando-se assim como instituição de Ensino
Superior com identidade específi ca, tanto no interior da Igreja como da
Sociedade.
Como parte da Igreja, as IUS querem ser «uma presença cristã no mundo
universitário diante dos grandes problemas da sociedade e da cultura»
(Ex Corde Ecclesiae 13); como presença da Congregação Salesiana,
«caracterizam-se pela sua opção em favor dos jovens das classes populares,
pelas comunidades académicas com clara identidade salesiana, pelo
projeto cultural, cristã e salesianamente orientado, e pela intencionalidade
206

21.6 Page 206

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
educativo-pastoral» (Identidade das
Instituições Salesianas de Ensino
Superior, n. 18).
As IUS – como qualquer obra sa-
lesiana – estão sob a responsabili-
dade da Província, que as promo-
ve e sustenta, e lhes atribui uma
função específica no interior do
seu POP. Toda a IUS é uma pre-
sença qualificada da Província ao
serviço da missão e dos demais ti-
pos de presença salesiana no seu
território.
A A comunidade académica
das Instituições Salesianas
de Ensino Superior
«Cada IUS, enquanto instituição de
ensino superior, é uma comunidade
académica, formada por docentes,
estudantes e pessoal administrativo,
que promove de modo rigoroso, crítico e
propositivo o desenvolvimento da pessoa
humana e do património cultural da
sociedade, mediante a investigação,
a docência, a formação superior e
contínua e os diversos serviços oferecidos
às comunidades locais, nacionais e
internacionais»
(IDENTIDADE DAS INSTITUIÇÕES SALESIANAS DE
ENSINO SUPERIOR, N. 15)
Importância da comunidade académica
Como tal, dispõe de autonomia institucional própria, académica e
de governo, no respeito pela missão e fi nalidade confi adas pela Igreja
e pela Congregação Salesiana (cf. Ex Corde Ecclesiae 12; Identidade
das Instituições Salesianas de Ensino Superior, n. 21), assim como da
orientação específi ca indicada pela Província e consignada nos próprios
atos estatutários e normativos.
A comunidade académica das IUS é o sujeito da missão, como a CEP
noutros ambientes e obras salesianas. Os seus membros empenham-se a
trabalhar de maneira corresponsável na elaboração da proposta educativa
integral para os jovens e agem com responsabilidade diante das carências e
expetativas da sociedade em que estão inseridos.
A comunidade configura-se em sintonia com os valores do humanismo
cristão e do carisma salesiano, indicados no Projeto Institucional. Como
afirma a “Ex Corde Ecclesiae”, «A fonte da sua unidade brota da sua
comum consagração à verdade, da mesma visão da dignidade humana e,
em última análise, da pessoa e da mensagem de Cristo» (n. 21).
207

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Os sujeitos da comunidade académica
Como os documentos de referência indicam, a comunidade académica é
formada por diversos membros, salesianos e leigos, que cooperam de forma
corresponsável na realização dos objetivos institucionais. Para alcançar a sua
finalidade, a comunidade académica requer de cada um de seus membros:
identificação com o carisma e o método educativo salesiano, indi-
cado sobretudo no Sistema Preventivo de Dom Bosco;
atenção à realidade da condição juvenil e à capacidade de re-
lações com os jovens universitários;
identificação e empenhamento no Projeto Institucional, que supõe
e exige de cada membro da comunidade educativa coerência ética
e profissionalismo, teórico e prático, com os valores e os princípios
nele contidos;
competências necessárias para a realização das funções univer-
sitárias;
respeito pelas respetivas funções e pelos papéis confiados a cada
membro (estudantes, docentes, pessoal diretivo, administrativo e
de serviço);
cuidado e promoção de um ambiente em que a pessoa humana
esteja no centro, e em que o diálogo e a colaboração sejam a base
do método educativo.
Os educadores e membros da comunidade académica empenham as
suas qualidades pessoais e competências em vista da única fi nalidade
educativo-pastoral (cf. Identidade das Instituições Salesianas de Ensino
Superior, n. 31); cada um, porém, fá-lo segundo as suas competências na
tarefa específica que lhe é atribuída no interior da comunidade académica,
cuja configuração requer:
docentes, que tenham as respetivas competências profissionais,
pedagógicas e relacionais, capazes de organizar toda a sua
atividade académica, tanto de investigação como de ensino, em
coerência de vida com os valores do Evangelho;
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21.8 Page 208

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
estudantes, orientados para a sua própria formação humana
e profissional, que participam corresponsavelmente no desafio
cultural, científico e social promovido pelo Projeto Institucional;
pessoal administrativo e de serviço, que assume o seu próprio
trabalho como suporte imprescindível da atividade académica e
como contributo para a formação dos jovens universitários;
dirigentes, salesianos e leigos, capazes de coordenar os desafios e
as responsabilidades próprias da instituição universitária e orientar
a comunidade na elaboração e realização do Projeto Institucional.
A fi m de realizar efi cazmente a sua missão e conseguir um resultado
de qualidade, segundo a fi nalidade e os objetivos da própria identidade
universitária, católica e salesiana, cada IUS deve garantir a gestão e
o desenvolvimento do seu pessoal, sobretudo docente e diretivo.
Isto implica uma cuidadosa seleção, formação e acompanhamento,
para garantir a identifi cação e o empenho no Projeto Institucional (cf.
Identidade das Instituições Salesianas de Ensino Superior, n. 29).
B O Projeto Institucional
Como instituição de educação superior, toda a IUS deve fazer investigação,
coordenar o ensino, difundir o saber e a cultura. Cada uma, porém, fá-lo
«num projeto institucional específi-
co – de caráter cultural e científico,
pedagógico-educativo e pastoral, or-
ganizativo e normativo – o qual, res-
pondendo às exigências da realidade
local e da universidade, concretiza
e aplica de modo global em termos
operativos a identidade acima descri-
ta» (Identidade das Instituições Sale-
sianas de Ensino Superior, n. 26).
«As Congregações e Ordens Religiosas
asseguram uma presença específica nas
Universidades e, pela riqueza e diversidade
dos seus carismas – especialmente o
O Projeto Institucional especifica
o modo como a instituição con-
textualiza o carisma salesiano em
resposta às exigências do sistema
educativo –, contribuem para a formação
cristã de Mestres e Discípulos»
(PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA
UNIVERSITÁRIA, II, N.1)
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21.9 Page 209

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
de educação superior nacional e às condições do território onde está
situada. Missão e contexto local dão a cada IUS o seu próprio caráter
particular no conjunto das instituições de Ensino Superior presentes no
mesmo território.
Além de defini r com clareza a natureza, a missão e os objetivos institucionais,
o Projeto esclarece as opções e os critérios da investigação, seleciona as
áreas científi cas e profi ssionais do ensino e os métodos de transmissão
do conhecimento e da cultura. Em coerência com o Projeto Orgânico
Provincial (POP), avalia as opções a privilegiar no território, os setores e
as áreas sociais a favorecer, em consonância com a missão salesiana e
as necessidades da Igreja local, da qual é uma presença qualifi cada no
campo universitário. O Projeto Institucional é uma verdadeira carta
de navegação que orienta integralmente a vida da instituição.
O desenvolvimento e a aplicação concreta do Projeto Institucional são
realizados progressivamente com a adoção de uma série de instrumentos
e procedimentos que garantem a sua orientação, direção e gestão e o
funcionamento de acordo com a identidade específica (Identidade das
Instituições Salesianas de Ensino Superior, n. 28); em primeiro lugar, o
Plano Estratégico e o Plano Operativo para a realização progressiva do
Projeto Institucional, com a definição dos objetivos estratégicos, metas,
linhas de ação e identificação de recursos; a avaliação institucional e a
credenciação, como procedimentos ordenados a garantir a melhoria
constante da instituição e a efetiva realização dos objetivos e da finalidade
educativo-pastoral indicados. Enfim, o Projeto Institucional determina a
estrutura organizativa e o corpus normativo (estatutos, regulamentos) que
caracterizam a vida universitária e a cultura institucional.
C A proposta educativo-pastoral
Como já foi referido, «o projeto cultural de cada IUS é movido por
uma clara finalidade educativo-pastoral segundo as características
da pedagogia e da espiritualidade salesiana» (Identidade das Instituições
Salesianas de Ensino Superior, 24). Esta finalidade é traduzida na proposta
educativo-pastoral dirigida a todos os membros da comunidade académica,
em particular aos estudantes, e no desejo de ter incidência educativa e
cultural na sociedade e na Igreja (cf. Identidade das Instituições Salesianas
de Ensino Superior, n. 24.31).
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21.10 Page 210

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A proposta educativo-pastoral está contida no Projeto Institucional e é
realizada através dos diversos processos e ações com que a instituição
realiza as suas funções de investigação, ensino e serviço à sociedade.
Fundamenta-se na concepção cristã da pessoa e orienta-se segundo
os valores do espírito e da pedagogia salesiana (cf. Ex Corde Ecclesiae
49; Identidade das Instituições Salesianas de Ensino Superior, n. 22). De
acordo com estes princípios, a proposta educativo-pastoral promove:
a concepção de pessoa humana inspirada no Evangelho, que a
coloca no centro da vida e promove a sua dignidade;
a constante busca da verdade mediante a investigação à luz do
Evangelho, que coloca o conhecimento ao serviço da pessoa e do
desenvolvimento da sociedade;
a visão formativa que prepara pessoas capazes de juízo crítico,
com uma compreensão orgânica da realidade, resultado da
interdisciplinaridade e da integração do saber;
a conceção da vida profissional orientada para a consciência ética
e aberta à responsabilidade e ao serviço na sociedade;
o diálogo entre cultura, ciência e fé, capaz de iluminar cristãmente
a vida e favorecer a inculturação do Evangelho.
A finalidade educativo-pastoral manifesta-se também na vontade de
incidência educativa e cultural na sociedade e na Igreja. Realiza-se
mediante o empenho do conhecimento da realidade social e da sua
transformação, sobretudo nos aspetos relativos à condição dos jovens (cf.
Políticas para a presença salesiana no Ensino Superior 2012-2016, n. 41).
O contexto social é uma referência constante para a vida e a atividade da
instituição, constitui o campo de prova das suas propostas educativas e
um desafio constante à sua significatividade.
Este serviço é realizado através da investigação científi ca, do estudo
dos problemas humanos e sociais contemporâneos, da análise crítica
da cultura, da promoção do bem comum e da justiça social segundo os
princípios da doutrina social da Igreja, e a transformação de homens e
mulheres capazes de assumirem um compromisso responsável de serviço
na Igreja e na sociedade.
211

22 Pages 211-220

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22.1 Page 211

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
D A animação pastoral orgânica das Instituições Salesianas
de Ensino Superior
A proposta educativo-pastoral explicita-se e é atuada nas diversas
dimensões de vida e atividades da instituição, em particular no ambiente
educativo, na proposta de formação integral dos estudantes, na atenção
e no cuidado pastoral dos membros da comunidade.
1 O ambiente educativo, elemento chave da pedagogia salesiana, é
concebido como espaço rico de estímulos e relações de qualidade
entre as pessoas fazendo circular um conjunto de valores que tornam
possível a ação educativa e pastoral. Isto comporta na práxis educati-
va salesiana:
um ambiente de família, caracterizado pelo acolhimento e
disponibilidade para o encontro pessoal;
uma relação humana, em que são evidentes o respeito, a
cordialidade e a disposição para o diálogo;
um reflexo da prática dos valores propostos (solidariedade, justiça,
liberdade, igualdade, etc.) na vida das pessoas e na organização
da instituição;
um ambiente rico de propostas educativas e experiências capazes
de favorecer o desenvolvimento das pessoas;
uma promoção e o acompanhamento do associativismo e a
participação através de diversos organismos de representação;
uma disponibilidade e distribuição de espaços e estruturas físicas
que favoreçam o encontro, a comunicação e a relação entre as
pessoas.
2 A proposta de formação integral é explicitada na atividade académica
e nas iniciativas complementares que configuram a vida universitária. Na
medida em que a investigação, o ensino e a prática profissional são rea-
lizados concordemente, contribuem para a criação da estrutura do pen-
samento e o desenvolvimento de critérios, atitudes e competências que
garantam aos estudantes a sua formação integral. Com o seu caráter
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22.2 Page 212

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
global, esta proposta oferece aos estudantes o amadurecimento pessoal
e a preparação cultural, científica e profissional necessária para garantir a
plenitude da pessoa e a sua inserção na sociedade.
A integralidade oferecida no Projeto Institucional exige, portanto, uma
atenção particular aos seguintes aspetos:
elaboração de um modelo educativo que integre os valores e
os princípios da visão humanista cristã e salesiana, as teorias e
os métodos de aprendizagem, as metodologias e os recursos
didáticos necessários;
desenho de um modelo curricular que ofereça o desenvolvimento
de critérios e atitudes humanas de base, conhecimentos e
competências relacionadas com o crescimento profissional e
que preparam a pessoa para a vida, para o trabalho profissional
e para a sua inserção na sociedade;
forma científi ca e rigorosa da investigação, dos itinerários
curriculares e dos conteúdos da docência, abertos a uma visão
transcendente da pessoa humana e da vida;
diálogo interdisciplinar entre as diversas matérias académicas,
incluídas as de caráter ético, religioso e teológico, para ajudar
os estudantes a adquirirem uma visão orgânica da realidade;
oferta de matérias cur-
riculares específi acs de
caráter ético e religio-
so de nível científi co e
pedagógico e de valor
académico semelhante
às das demais disciplinas
do itinerário curricular.
3 O desenvolvimento humano in-
tegral oferecido pela proposta
formativa requer atenção pas-
toral e acompanhamento de
cada pessoa.
«A pastoral universitária é aquela
atividade da Universidade que oferece
aos membros da própria Comunidade a
ocasião de coordenar o estudo académico
e as atividades para-académicas com os
princípios religiosos e morais, integrando
assim a vida com a fé»
(EX CORDE ECCLESIAE 38)
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22.3 Page 213

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A integralidade implica a integração das diversas dimensões da pessoa
com a transcendente e com sua abertura a Deus. Isto supõe o desenvol-
vimento de um modelo de formação e de pastoral que:
garanta a orientação e o acompanhamento da pessoa na
integração das diversas dimensões do seu desenvolvimento
humano, cristão, profissional e social;
anuncie explicitamente Jesus Cristo e o seu Evangelho,
acompanhando os que livremente desejam percorrer um caminho
de crescimento e amadurecimento cristão, com itinerários de
educação na fé, celebrações litúrgicas e sacramentais, a inserção
e a experiência numa comunidade de fé;
crie a possibilidade de diálogo e direção espiritual como meios
de acompanhamento de todo o membro da comunidade no seu
itinerário de fé e aprofundamento da própria vocação cristã;
proponha momentos de reflexão sobre a realidade social,
intercultural e inter-religiosa e a situação dos jovens;
ofereça propostas formativas, serviços e instrumentos de atenção
aos jovens em resposta às situações e aos desafios postos pela
sua condição de estudantes universitários;
favoreça a realização de experiências de compromisso cristão e
solidário através do serviço social ou do voluntariado em favor
dos pobres e carenciados;
coloque à disposição espaços e estruturas que favoreçam
o encontro e o crescimento cristão: locais abertos a todos,
acolhedores, de fraternidade, reflexão e oração.
Nas Instituições Salesianas de Ensino Superior, a pastoral atravessa,
orientando-os e reforçando-os, todos os processos e áreas de atividade
da instituição. A sua animação requer uma adequada organização com
a nomeação dos responsáveis, a elaboração dos planos de intervenção
e a efi ciente gestão dos serviços e das estruturas de acompanhamento
pastoral às pessoas.
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22.4 Page 214

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 3 3 Estruturas de acolhimento para estudantes universitários
A expansão do sistema de ensino superior nos diversos países, considerado
necessário para o desenvolvimento económico e social, como também
para a consolidação da democracia, envolveu o acesso massivo dos jovens
das classes médias e populares à educação superior. O que comportou
um crescimento não só no número e tipo de instituição superior, mas
também nas estruturas de serviço e acolhimento, indispensáveis
para garantir que a ela tenham acesso os jovens residentes longe
dos centros de estudo.
A necessidade crescente de garantir a estes jovens um serviço de hospitalidade
e, sobretudo, uma experiência positiva de crescimento humano, cristão e
profissional, tem encorajado as comunidades salesianas na criação de várias
estruturas de acolhimento para jovens estudantes universitários fora da
sede. Em conformidade com os sistemas de ensino superior e as condições
socioeconómicas de cada país ou região, criaram-se colégios ou residências
universitárias, quer como estruturas separadas, próximas dos centros de
estudos, quer como estruturas integradas no interior do campus das Instituições
Salesianas de Ensino Superior ou de instituições pertencentes a outros.
As residências universitárias, diversamente dos internatos tradicionais com
função prevalentemente de mora-
dia, são centros externos à estru-
tura universitária que oferecem aos
estudantes espaço de acolhimento
e projeto de formação. Muitas resi-
dências resultam da reestruturação
da obra salesiana e da abertura às
novas necessidades dos jovens, par-
ticularmente nas cidades sedes de
grandes e tradicionais estruturas
universitárias. Nestes casos, passou-
-se em geral da iniciativa oferecida
de alimentação e alojamento, pos-
sível pela reestruturação de edifícios
pré-existentes, à criação de verda-
deiros ambientes com propostas de
formação humana, cristã, académi-
«As estruturas de acolhimento, de
acompanhamento e de vida comunitária
são muitas vezes defeituosas. É por
isso que muitos deles, transplantados
para longe da família para uma cidade
que mal conhecem, sofrem a solidão.
Por outro lado, em muitos casos, as
relações com os professores são raras e
os estudantes encontram-se desprovidos
de orientação perante os problemas que
os ultrapassam»
(PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA
UNIVERSITÁRIA, I, N. 1)
ca e profissional.
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22.5 Page 215

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
As residências, enquanto estruturas separadas do campus universitário,
são geralmente associados a uma obra salesiana, na qual estão presentes
outros ambientes (Oratório-Centro Juvenil, Escola, Paróquia, etc.) e em
cuja estrutura se inserem e integram. Nesta condição, encontram-se sob
a tutela e a promoção da comunidade salesiana responsável pela obra. A
sua gestão operativa é confi ada geralmente a um responsável salesiano
ou leigo, acompanhado por outros tutores e pelo pessoal de serviço.
As residências universitárias são estruturas pertencentes à própria
instituição de educação, destinadas ao acolhimento dos estudantes.
Encontram-se, em geral, no interior do campus e, além de oferecer
espaço de alojamento e ambientes de apoio para a vida e o estudo,
permitem aos estudantes fazer experiência no campus, desfrutando da
melhor maneira da totalidade dos serviços académicos (biblioteca, áreas
de estudo e consulta) e formativos (atividades e programas de caráter
cultural, desportivo, religioso e social) postos à disposição pela própria
instituição.
Além das atividades extracurriculares, feitas no interior da estrutura
universitária, as residências oferecem aos estudantes um programa próprio
de formação e crescimento pessoal, espiritual, social e cultural, integrando
com os serviços já oferecidos no campus o valor da experiência da vida em
comum e da participação num projeto.
A A Comunidade Educativo-Pastoral das estruturas
de acolhimento de estudantes universitários
Importância da CEP nas estruturas
de acolhimento de estudantes universitários
Enquanto obras educativas salesianas, os colégios e as residências
universitárias são chamados a promover comunidades nas quais se
elabore um projeto de formação e se ofereça uma experiência de
acompanhamento educativo e pastoral.
Neste tipo de presença, a CEP é composta por todos os responsáveis,
salesianos e leigos, encarregados da gestão da estrutura de acolhimento
e pelos jovens universitários que, a diferentes níveis, são envolvidos na
animação da vida da comunidade e na realização de seus objetivos.
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22.6 Page 216

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Sujeitos da CEP das estruturas de acolhimento
de estudantes universitários
A organização dos diversos serviços de acolhimento e a realização da sua função
formativa exigem o envolvimento e a corresponsabilidade dos diversos membros:
o diretor e comunidade salesiana, responsáveis pela direção
e animação de toda a obra ou da instituição universitária como
também da estrutura de acolhimento dos estudantes universitários;
o responsável direto, salesiano ou leigo, que em nome da
comunidade garante a orientação e a gestão do colégio ou
residência e o desenvolvimento da proposta formativa;
os tutores ou educadores, que a diversos títulos se inserem
e acompanham a experiência da comunidade do colégio ou
residência (orientadores, psicólogos, pessoal administrativo,
capelães, etc.);
os estudantes, chamados a ser verdadeiros protagonistas do
próprio crescimento e formação, assumindo papéis e tarefas
específicas na vida do colégio ou residência, cada um segundo a
própria capacidade e possibilidade específicas.
A edificação da comunidade requer de seus membros atenção aos lugares
e tempos adequados de comunicação e formação. É particularmente
necessário promover o envolvimento dos estudantes na vida e na animação
do colégio ou residência através de grupos, conselhos ou assembleias.
A comunidade salesiana, de modo especial, é chamada a garantir a
presença constante nos ambientes e tempos da vida do colégio ou
residência, oferecendo aos jovens o seu testemunho e a oportunidade
de viverem o espírito de família que Dom Bosco desejava nas suas casas.
B A proposta educativo-pastoral nos colleges
e nas residências universitárias
Colégios e residências oferecem aos estudantes universitários não só
o espaço de acolhimento para viverem e estudarem, mas, sobretudo a
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22.7 Page 217

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Para responder às exigências suscitadas
pela cultura universitária, numerosas
Igrejas locais tomaram diversas iniciativas
apropriadas: busca de uma pastoral
proposta formativa que lhes
permita crescer como pessoas,
profissionais e cidadãos. Estas
estruturas têm como orientação o
PEPS, no qual são defi nidas a sua
finalidade, as figuras de referência
e os conteúdos, métodos e tempos.
universitária que não se limite a uma
pastoral juvenil, geral e indiferenciada,
mas que tome como ponto de partida
este facto: numerosos jovens são
profundamente influenciados pelo
ambiente universitário. Aí se decide em
grande parte o seu encontro com Cristo e o
seu testemunho de cristãos. Esta pastoral
tem em vista, por conseguinte, a educação
e acompanhamento dos jovens que fortes
na fé têm de enfrentar a realidade concreta
dos meios e das atividades nas quais estão
O PEPS é o instrumento que reúne os
diversos elementos da experiência de
vida, convivência e formação que os
colégios e residências universitárias
salesianas oferecem aos jovens uni-
versitários. Como tal, integra numa
proposta unitária, as respostas às
carências dos jovens, as exigências
derivadas da experiência de estudo
na universidade e os valores da espi-
ritualidade e da pedagogia salesiana.
comprometidos»
(PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA
UNIVERSITÁRIA, II, N. 3)
A sua elaboração comporta um pro-
fundo conhecimento da condição
dos jovens e das dinâmicas peculia-
res que caraterizam as experiências
de estudo na universidade e de inserção na experiência de trabalho e pro-
fissional. Entre estas, exigem especial atenção a passagem da vida familiar e
escolar ao ambiente universitário, a necessidade de criar novas relações inter-
pessoais e aprender a conviver com outras pessoas, a adaptação às exigências
e ao método de estudo universitário, a necessidade de integrar a formação
científica e profissional com as próprias convicções de vida e de fé.
A proposta educativo-pastoral, contida no projeto, oferece um itinerário
de crescimento orientado para o pleno amadurecimento humano, a
formação de uma visão cristã da vida e o profi ssionalismo aberto à
solidariedade. Por isso, reúne diversas dimensões necessárias para garantir
aos jovens uma experiência de formação integral; entre elas:
crescimento humano orientado para o pleno amadurecimento,
que implica a capacidade de gerir a própria vida com autonomia
e responsabilidade;
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22.8 Page 218

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
valorização das relações interpessoais, da convivência e do serviço
aos outros;
desenvolvimento da responsabilidade no estudo e na própria
formação;
crescimento da própria capacidade de reflexão, debate e
empenhamento na busca da verdade;
desenvolvimento de uma conceção do profissionalismo aberta à
solidariedade e ao serviço dos mais carenciados;
crescimento espiritual mediante o conhecimento progressivo e a
experiência de fé vivida pessoal e comunitariamente;
descoberta da própria vocação e construção de um projeto
de vida ao serviço de Deus na Igreja e no trabalho social vivido
segundo os valores do Evangelho.
C A animação pastoral orgânica nos colleges
e nas residências universitárias
A atenção a estas dimensões requer que se ofereçam aos estudantes
momentos e experiências que garantam a plena realização da proposta
educativo-pastoral. Entre estas têm relevância especial:
1 o ambiente de vida em clima de acolhimento e família, que favoreça o
empenho sério no estudo em perspetiva de formação integral da pessoa.
Para isso, muitos colégios e residências oferecem, além do alojamento,
diversos ambientes de apoio à experiência de estudo e crescimento pes-
soal: capela, salas de estudo e informática, salas de TV e recreio, salas de
encontro, refeições, campos de jogos ou de prática desportiva, etc.;
2 locais e tempos de encontro e convivência com outros, nos quais
aprender a viver em comum e partilhar a experiência de comunidade;
3 a experiência do acompanhamento e orientação pessoal (vocacio-
nal, profissional, de trabalho) que ajude o jovem nos anos de estudo a
viver e integrar as diversas experiências formativas;
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22.9 Page 219

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
4 o programa de formação partilhada para o ano de estudo, que favo-
reça o crescimento pessoal, social e cultural. Oferecem-se experiências de
aprofundamento cultural e contacto com a realidade social para a forma-
ção da consciência ética, responsável e solidária, sobretudo em relação
aos mais carenciados da sociedade. Estas experiências orientam para o
voluntariado como opção de vida e crescimento humano e cristão;
5 o itinerário de formação na fé, segundo os valores da Espiritualidade Juvenil
Salesiana, através da direção espiritual e de momentos de oração, de
reflexão sobre a Palavra de Deus e celebração dos sacramentos.
Onde for possível, a proposta de animação educativa e pastoral do
colégio ou residência universitária seja harmonizada com as iniciativas dos
departamentos e organismos da pastoral universitária da Igreja local.
2 4 A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
2 4 1 A originalidade da paróquia
e dos santuários confiados aos salesianos
O zelo apostólico de Dom Bosco pelos jovens mais pobres de Turim
levou-o a criar uma paróquia para os jovens sem paróquia. Ele mesmo
aceitou no seu tempo sete paróquias. Em 1887, escreveu um regulamento
sobre o funcionamento correto de uma paróquia. Tocou as temáticas que
mais o preocupavam: atenção prioritária aos jovens, sobretudo os mais
pobres, e identidade do religioso salesiano pároco que ali presta serviço
em comunhão com o Bispo e o clero diocesano:
“Os doentes, os pobres e os jovens sejam objeto de solicitude
especial (dos párocos)”
(DELIBERAÇÕES DO QUARTO CAPÍTULO GERAL, DE 1886)
Muitos anos depois, o CG19 afirmou que a paróquia é lugar para «o cuidado
exemplar da comunidade juvenil» (CG19, IX, n. 3), e o CG20 afirma que
«nós encontramos no ministério paroquial vastas possibilidades e condições
favoráveis para realizar as finalidades próprias da nossa missão e, em particular,
para a educação dos jovens da classe popular ou pobre» (CG20, n. 401). O
CG21 considera a paróquia como uma obra que nos permite estar entre os
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22.10 Page 220

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
jovens para os evangelizar e nela podemos evangelizar segundo o estilo do
PEPS (cf. CG21, n. 135). O Capítulo confirma a prioridade da pastoral juvenil
e define as caraterísticas da paróquia salesiana (cf. CG21, n. 136-141).
Em 1984, com a aprovação definitiva das renovadas Constituições e Regula-
mentos da Sociedade de São Francisco de Sales, a paróquia é explicitamente
reconhecida como um dos ambientes nos quais realizamos a nossa missão:
«Realizamos a nossa missão também nas paróquias, como resposta às necessi-
dades pastorais das Igrejas particulares nas regiões que oferecem conveniente
campo de serviço à juventude e às classes populares» (cf. Const. 42; Reg. 25).
A opção pelos jovens na paróquia confiada aos salesianos não é
exclusiva ou discriminatória, mas preferencial. Esta opção preferencial é
um dom precioso para a missão em qualquer comunidade eclesial.
2 4 2 A CEP das paróquias e dos
santuários confiados aos
salesianos
A A importância da CEP da
paróquia e do santuário
confiados aos salesianos
A paróquia é a primeira instância
comunitária em que a Igreja realiza
a missão que lhe foi confiada por
Jesus num contexto sociocultural
bem definido. Ela é uma grande
comunidade de crentes batizados,
“porção” da Igreja universal, no
dinamismo da pastoral diocesana. A
comunidade cristã é o lugar histórico
em que se vive a comunhão; nela, o
crente encontra sua casa.
Sendo comunidade de comuni-
dades, a paróquia cria um tecido
amplo de relações humanas que
«A paróquia é, sem dúvida, o lugar
mais significativo, no qual se forma e
se manifesta a comunidade cristã. Esta
é chamada a ser uma casa de família,
fraterna e acolhedora, onde os cristãos
se tornam conscientes de ser Povo de
Deus. A paróquia, de facto, congrega
num todo as diversas diferenças
humanas nela existentes, inserindo-as
na universalidade da Igreja. (316) Ela é,
por outro lado, o ambiente habitual em
que se nasce e se cresce na fé. Constitui,
por isso, um espaço comunitário muito
adequado a fim de que o ministério
da Palavra realizado nesta, seja,
simultaneamente, ensinamento,
educação e experiência vital»
(DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE, 257)
221

23 Pages 221-230

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23.1 Page 221

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
favorece a comunhão e a fraternidade – a «espiritualidade de comunhão»
(Novo Millennio Ineunte 43-45).
B Os sujeitos da CEP da paróquia
e do santuário confiados aos salesianos
A CEP da paróquia confiada aos salesianos assume uma missão comum que
envolve o maior número possível de pessoas na corresponsabilidade (cf. CG24,
18) em torno de um projeto pastoral. Trata-se de uma comunidade crente
que, promovendo a pertença a um ambiente de família, acolhe a participação
consciente, clara e corresponsável das várias vocações, dos vários carismas e
ministérios, reciprocamente complementares na diversidade.
A paróquia é confiada à comunidade religiosa salesiana. Ela assume as orien-
tações pastorais da diocese com a riqueza do próprio carisma pastoral; cria em
torno do pároco uma equipa de animadores para a pastoral paroquial; promove
o desenvolvimento e a realização do PEPS na paróquia; é responsável, em cola-
boração com o pároco e sua equipa, pela formação e animação espiritual dos
fiéis; orienta os membros da Família
Salesiana para serem os primeiros co-
laboradores na realização do projeto.
«Quando os salesianos são convidados pelo
Bispo a tomar a responsabilidade pastoral
de uma região ou de um setor do povo de
Deus, assumem perante a Igreja o nobre
compromisso de construir – em plena corre-
sponsabilidade com os leigos – uma comuni-
dade de irmãos, reunidos na caridade, para
ouvir a Palavra, celebrar a Ceia do Senhor e
anunciar a mensagem de salvação»
(CG20, N.416)
«A paróquia salesiana tem a comunidade
religiosa como responsável e animadora»
(CG21, N. 138)
A comunidade religiosa (cf. CG21,
138; Reg. 26) participa no núcleo ani-
mador da paróquia salesiana e nela
assume um papel caraterístico (cf.
CG24, n. 159); é testemunha da pri-
mazia de Deus, manifesta visivelmen-
te a sua vida fraterna e a prática dos
conselhos evangélicos com seus mo-
mentos de oração, encontro, disten-
são, e partilha esse testemunho com
os leigos da comunidade paroquial.
Manifesta o seu acordo no projeto
que reconhece as diversas compe-
tências dos irmãos. Participa na vida
da paróquia, interessando-se pela
história das pessoas, principalmente
dos jovens.
222

23.2 Page 222

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O diretor da comunidade salesia-
na tem responsabilidade especial na
paróquia, enquanto guia espiritual
da comunidade religiosa e primeiro
responsável pelas atividades apos-
tólicas da comunidade. Cuida da
unidade e identidade salesiana de
toda a obra, encoraja os irmãos na
realização do projeto pastoral da pa-
róquia (cf. Reg. 29) e é membro do
Conselho Pastoral.
«O Projeto Educativo-Pastoral é uma
síntese rica de conteúdos e de métodos;
de processos de promoção humana e ao
mesmo tempo, de anúncio evangélico e
de aprofundamento da vida cristã»
(CG21, N. 80)
O pároco, pastor da comunidade, é o responsável imediato pela missão
paroquial confiada pelo Bispo à Congregação Salesiana. Para a comunida-
de cristã, ele representa o Bispo, mas também a Congregação Salesiana.
Fiel à missão educativa e pastoral, tem Dom Bosco como modelo na evan-
gelização dos jovens e do povo de Deus.
O pároco é chamado a acolher, escutar, acompanhar e formar a comuni-
dade paroquial. Preside-a, assumindo a responsabilidade de atuar o pro-
jeto pastoral, em comunhão com o diretor, a comunidade salesiana e o
Conselho Pastoral.
A comunidade paroquial promove e acompanha a diversidade das
vocações, encorajando também os leigos para que assumam o
seu papel significativo na missão evangelizadora. A comunidade
paroquial reforça-se nas assembleias, nos grupos, nas pequenas
comunidades e nos movimentos que vivem um maior compromisso em
favor de todos. A paróquia salesiana anima os grupos eclesiais, com
especial atenção às propostas da Família Salesiana e do Movimento
Juvenil Salesiano.
Considera os jovens como membros de pleno direito da CEP. Esta
presença carismática garante a atenção ao mundo dos adolescentes e
jovens, positiva e interessada no seu mundo, nas suas preocupações,
experiências e expetativas. A preferência pelos jovens carateriza a for-
ma da pastoral paroquial, dinâmica, entusiasta e propositiva de ideais
evangélicos.
223

23.3 Page 223

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 4 3 A proposta educativo-pastoral da paróquia
e do santuário confiados à comunidade salesiana
A paróquia faz parte de um mundo sujeito a profundas e rápidas
transformações. A sua missão é uma realidade unitária e complexa e exige
um Projeto Educativo-Pastoral (CG21, n. 140).
A Um centro de evangelização e educação à fé
O livro dos Atos dos Apóstolos, mais do que outros, ajuda-nos a entender
a vida não certamente fácil das primeiras comunidades cristãs. Nelas,
enraizava-se e consolidava-se a partilha e difusão da verdade de Jesus
Cristo. No capítulo 2, versículos 42-46, lê-se um trecho que pode realmente
acompanhar a vida de qualquer comunidade paroquial:
«Eram assíduos ao ensino
dos Apóstolos,
à união fraterna
à fração do pão
e às orações
e partiam o pão em suas casas»
Evangelização
e catequese
Testemunho da caridade
Oração
Liturgia
A paróquia confiada à comunidade salesiana oferece a todos uma proposta
sistemática de evangelização e educação à fé (cf. CG23, n. 116-157). Promove o
primeiro anúncio para os que estão afastados e oferece itinerários continuados e
graduais de educação à fé, sobretudo às famílias. A paróquia é uma comunidade
em que se podem experimentar os valores mais caraterísticos da espiritualidade
salesiana: alegria da vida cristã quotidiana, esperança que percebe o que há de
positivo nas pessoas e nas situações e promove a comunhão.
A comunidade paroquial cultiva as relações humanas, preocupando-se com
que as pessoas e os grupos se sintam reconhecidos, aceites, compreendidos.
As nossas comunidades eclesiais representam o lugar oportuno da experiência
cristã quotidiana.
224

23.4 Page 224

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Portanto, a comunidade preocupa-se com todos e, em particular, com o
amadurecimento humano e religioso dos mais fracos e necessitados: não
só acolhe todos os que buscam o significado religioso da própria vida,
mas oferece compaixão e acompanhamento àqueles que são tentados a
afastar-se. Consciente disso, a paróquia sente-se interpelada por aqueles que
se consideram indiferentes ou não interessados.
A paróquia é uma comunidade missionária e evangelizadora, que promove
a comunicação da experiência cristã; a Palavra de Deus e a liturgia
sustentam a vida de fé dos seus membros. A comunidade paroquial coloca
a Eucaristia no centro da vida comunitária e celebra de modo significativo os
sacramentos da vida cristã, especialmente o sacramento da Reconciliação.
A paróquia confiada aos salesianos alimenta a devoção a Maria Auxiliadora.
A Virgem de Dom Bosco deve ser considerada como uma presença realmente
ativa que nos torna melhores no seguimento de Jesus: «fazei o que Ele vos
disser», é o convite da Mãe. A devoção a Maria Auxiliadora une-nos na
comunidade universal da Igreja.
B Uma presença de Igreja aberta e inserida no território
A paróquia é o rosto da Igreja. É no território, ponto de referência, que a
paróquia torna a Igreja visível e socialmente inserida na vida quotidiana.
Nela, os cristãos vivem a fé, a esperança e a caridade alimentados pela Palavra
de Deus e pela celebração dos sacramentos. A paróquia é «a própria Igreja que
vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas» (Christifideles Laici 26).
A comunidade paroquial é o centro
significativo das várias comunidades
eclesiais e dos grupos que nela exis-
tem. É uma comunidade aberta, que
colabora com as outras paróquias e
comunidades e com as demais agên-
cias sociais e educativas presentes no
território para o desenvolvimento hu-
mano e religioso dos cidadãos.
Empenhada no diálogo com os vá-
rios ambientes culturais, a paróquia
«Nas paróquias contribuímos para a
difusão do Evangelho e promoção do
povo, colaborando com a pastoral da
Igreja particular mediante as riquezas
de uma vocação específica»
(CONST. 42)
225

23.5 Page 225

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ajuda a todos no desenvolvimento dos valores, critérios de discernimento e
modelos de vida segundo o Evangelho, através de uma presença fundada na
confiança (dada e recebida).
A paróquia realiza a própria missão em comunhão com a Igreja local e o
Bispo, com as outras paróquias e as organizações pastorais diocesanas.
C Uma comunidade com olhar missionário
Na fidelidade a Jesus, a paróquia crê que o Reino de Deus tem os pobres
como seus destinatários e sujeitos privilegiados. Portanto, na sua pastoral,
deve resplandecer a opção preferencial evangélica pelos mais pobres,
o que leva, em primeiro lugar, à valorização da fé e da sabedoria dos
pobres e ao seu acompanhamento.
A paróquia confiada aos salesianos assume como critério e opção fundamental
a unidade existencial de evangelização, promoção humana e cultura
cristã. Anunciamos o Evangelho e a pessoa de Jesus em relação íntima com a
história das pessoas, seus problemas e suas possibilidades. No desejo de sanar
as situações menos humanas, deixamo-nos guiar pelo valor de plenitude
humana que a pessoa tem em Deus. A realização da evangelização paroquial
comporta ao mesmo tempo a difusão do Evangelho e a promoção do povo
(cf. Const. 42). Tal proposta não se esgota apenas na administração dos
sacramentos.
A paróquia é encorajada a ser espaço de acolhimento e de esperança
para todos, especialmente para quem está cansado, na indigência,
marginalizado, doente e a sofrer. Assim, em diálogo e colaboração estrita
com as instituições do território, promove intensamente a tutela e a defesa
dos direitos humanos; partilha as suas preocupações e aspirações.
D Uma opção clara pelos jovens e pelas classes populares
A pastoral juvenil deveria ser considerada na paróquia como a dimensão
que carateriza a sua vida. É esta a contribuição especial que os salesianos
oferecem como enriquecimento à missão da Igreja particular (cf. Const.
48; Reg. 26). A atenção especial aos jovens é, portanto, uma opção
preferencial de dinamismo juvenil na evangelização.
226

23.6 Page 226

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A atenção preferencial aos jovens,
especialmente os mais pobres, con-
fere à pastoral da paróquia uma par-
ticular forma de ação e uma especial
disposição educativa. Favorecem-se
experiências que tornam os jovens
evangelizadores de outros jovens. A
prioridade juvenil implica também o
dever de sensibilizar a comunidade
diocesana sobre os problemas e as
exigências da pastoral juvenil. A pa-
róquia confiada aos salesianos pode
contribuir para oferecer propostas
educativo-pastorais às relações das
paróquias com o mundo dos jovens.
«A paróquia confiada aos salesianos
deve atualizar hoje esta experiência
carismática de Valdocco e enriquecer
com ela a pastoral da Igreja local. Por
isso, caracteriza-se por algumas opções
carismáticas colocadas na base da
própria vida e missão»
(PE. ANTONIO DOMENECH, ACG 396, “ORIENTAÇÕES E
DIRETRIZES: A IDENTIDADE DA PARÓQUIA CONFIADA AOS
SALESIANOS”)
A paróquia é uma comunidade que acompanha a opção vocacional dos
fi éis, especialmente dos jovens. O acompanhamento dos jovens requer
esforço notável. Este serviço ajuda a personalizar a fé; na escuta de
Deus, reforça-se o sentido vocacional da vida cristã. A paróquia orienta
e acompanha as diversas vocações na Igreja. Oferece aos jovens uma
proposta vocacional específica à vida religiosa, ao sacerdócio ou ao laicato
empenhado. Promove a oração constante pelas vocações na comunidade
paroquial e nos vários grupos e movimentos.
A paróquia salesiana tem caráter popular de amplo acolhimento. A
evangelização da cultura popular requer atenção constante às várias
formas nas quais ela se manifesta. A evangelização contextualiza-se e
integra-se na vida do povo considerando a sua história, tradição e cultura,
os seus costumes e as suas raízes.
2 4 4 A animação pastoral orgânica da paróquia e do santuário
confiados aos salesianos
A Principais intervenções da proposta
A paróquia é uma comunidade evangelizadora; leva o primeiro anúncio
àqueles que vivem afastados e catequiza-os, acolhendo-os na situação
227

23.7 Page 227

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
em que se encontram. Parece oportuno recuperar alguns princípios
inspirados no catecumenato cristão como elementos pedagógicos
e base para a educação à fé. O catecumenato procura evangelizar nas
quatro principais áreas de crescimento na fé, presentes na experiência
da Igreja (cf. Diretório Geral da Catequese, 147): a dimensão pastoral, a
dimensão comunitária, a dimensão celebrativo-litúrgica e a dimensão da
ação evangelizadora. As quatro dimensões podem ajudar à programação
adequada das intervenções com os jovens, garantindo o caráter unitário
e integral da experiência cristã.
1 A paróquia cria e propõe itinerários graduais e diversificados de
educação à fé especialmente dos jovens e das famílias sem, contu-
do, reduzir a catequese apenas à preparação para os Sacramentos (cf.
CG23, n. 166-157). Estes processos iniciam as famílias na educação da
fé de seus filhos, instituem a catequese batismal, oferecem itinerários
de educação à fé para os jovens namorados e noivos que depois pode-
riam dar vida a grupos de famílias.
A catequese deve transmitir, em todas as suas formas, uma síntese adaptada
e atualizada da mensagem cristã e, sobretudo, integrar a experiência
pessoal no processo de amadurecimento e crescimento cristãos. Procura
encorajar e acompanhar o esforço progressivo na vida cristã.
A iniciação cristã baseia-se na esperança, nas relações com a
comunidade e com o testemunho de vida. Portanto, a paróquia confiada
aos salesianos oferece múltiplos processos pastorais e iniciativas que,
com frescura e criatividade, permitem um encontro pessoal com
Jesus Cristo. É urgente iniciar nas comunidades cristãs experiências
signifi cativas que acompanhem quem, nos vários momentos, anda à
procura da fé: compreensão e escuta da Palavra de Deus (cursos de
introdução à Sagrada Escritura, pregação, Lectio Divina); experiência
de oração pessoal e partilhada (escolas de oração); participação na
celebração litúrgica da Eucaristia e dos Sacramentos; aprofundamento
da fé; valorização das riquezas da piedade popular; experiência de
pastoral juvenil missionária nas zonas rurais e urbanas. Tudo deve
ser acompanhado de refl exão, comunicação profunda, silêncio e
contemplação.
2 Outra ação da paróquia é encorajar a pertença eclesial nos grupos.
Com esta finalidade, favorece entre outros os movimentos, as comu-
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23.8 Page 228

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
nidades juvenis, os grupos da Família Salesiana. Exige-se também
a coordenação desses grupos com o MJS e a proposta da Espiritualida-
de Juvenil Salesiana. A experiência de grupo deveria levar à criação de
comunidades cristãs abertas e integradas.
3 A paróquia é uma comunidade que vive a liturgia e os sacramen-
tos e, para tanto, prepara-se para celebrar com alegria e beleza.
Cuida de que a liturgia seja mais próxima da vida, procurando usar
uma linguagem compreensível e acessível, expressa de modo simples
através de cantos, gestos, histórias, testemunhos, símbolos. Para que a
celebração seja viva, é importante reavivar a participação ativa de todos
na sua preparação e realização.
4 Ao promover o crescimento de uma fé ativa, a paróquia educa para a
dimensão social da caridade a fim de construir a cultura da solidarie-
dade. Desta forma, reconhece e encoraja o compromisso dos membros
da comunidade paroquial envolvidos na ação social e na caridade, na
vida civil e política. Sustenta a promoção, a formação e o acompanha-
mento do voluntariado solidário e missionário.
Em suma, na comunidade eclesial que colabora com outras forças do
território em favor dos pobres, deve ser visível em gestos concretos a
conduta de vida sóbria e aberta à generosidade e à solidariedade, em
ações que manifestem os valores do Reino. Privilegiem-se os gestos de
solidariedade que se traduzem em atividades duradouras.
5 A comunidade paroquial torne-se centro de formação para leigos,
dinâmicos e empenhados, e, sobretudo, para os animadores pasto-
rais dos jovens. Prioridade para o futuro da comunidade eclesial é o
desenvolvimento de itinerários adequados de formação para
todos os agentes, em particular para os que têm responsabilidades
educativas: catequistas, adultos (ou jovens maduros), pessoas de fé,
preparadas para animar os grupos. A metodologia criativa e dinâmica
não pode ser realmente fecunda, se não for utilizada por catequistas
preparados.
Tudo isto exige da comunidade paroquial, salesianos e leigos, espaço e
tempo de análise e reflexão sobre a ação pastoral em favor dos jovens
e adolescentes.
229

23.9 Page 229

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B As estruturas de participação e responsabilidade
Animação da comunidade paroquial local
A assembleia paroquial e os grupos são instrumentos de comunhão
e participação dos leigos na vida da comunidade e momentos de
corresponsabilidade. Reforçam a sua identidade mediante a preparação e
concretização do Projeto Educativo-Pastoral Salesiano da paróquia.
A pastoral paroquial confi gura-es também num Projeto Educativo
-Pastoral unitário e articulado. Com ele, a paróquia propõe uma efetiva
corresponsabilidade na missão pastoral de ensinar, santificar e orientar a
todos. As estruturas da paróquia reforçam a comunhão entre todos e a
convergência e complementaridade das pessoas, intervenções e estruturas
em torno do Projeto Educativo-Pastoral.
O conselho paroquial é uma equipa pastoral de caráter consultivo
e operativo (cf. Código de Direito Canónico, can. 536); é representativo
dos vários grupos e setores da paróquia. Em conformidade com as tarefas
previstas pelo Código de Direito Canónico e pelas linhas de orientação da
Igreja local, cumpre o papel que o CG24 confere ao Conselho da CEP e
da obra (cf. CG24, n. 160.171). Trata-se de uma equipa necessária para
a animação pastoral da paróquia. Presidida pelo pároco, animada e
acompanhada por ele mesmo com os demais salesianos da comunidade,
a equipa é composta pelos presbíteros indicados para a paróquia, pelos
representantes dos vários setores da vida paroquial e demais membros que
o pároco pode nomear livremente.
As suas principais funções são definidas nos Estatutos: analisar a
realidade da paróquia e dos destinatários para uma resposta evangélica
aos desafios que dela provêm; propor à assembleia o PEPS da paróquia,
implementá-lo e revê-lo periodicamente; estudar e aprovar o balanço
ordinário da paróquia; garantir a formação dos agentes pastorais paroquiais.
As comissões e os grupos de trabalho são equipas que, em
conformidade com o PEPS, animam as diversas áreas de atividade. Entre
estas é particularmente importante a comissão ou equipa animadora da
pastoral juvenil, coordenada pelo vigário paroquial ou por um salesiano
ou leigo responsável pelo Oratório-Centro Juvenil (cf. CG20, n. 432).
230

23.10 Page 230

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
É prescrita a comissão económica da paróquia. A sua composição responde a
critérios de competência e eficiência administrativa. Os seus membros devem
ser especialistas no campo económico e de conduta reta. O seu estatuto
jurídico é puramente consultivo: aconselha o pároco na administração dos
bens da paróquia. Presidente de direito da comissão económica é o pároco,
enquanto «pastor próprio» (cf. Código de Direito Canónico, can. 515.519) de
uma determinada comunidade de fiéis; o pároco é o seu responsável não só
do ponto de vista sacramental, litúrgico, catequético e caritativo, mas também
administrativo; de facto, ele é, no ordenamento canónico, o seu representante
legal (cf. Código de Direito Canónico, Ca. 532) e seu único administrador (cf.
Código de Direito Canónico, can. 1279).
Os seus estatutos definem-lhe a natureza, as caraterísticas, os objetivos, a
composição, as tarefas, as funções dos membros, os modelos de trabalho,
a relação com o Conselho paroquial e a duração dos cargos.
Quando a paróquia está presente na região com outros ambientes da
obra salesiana (Oratório-Centro Juvenil, Escola, Obra Social, Internato,
Residência), promove com eles, em diálogo, uma colaboração especial
em vista da pastoral unitária no interior da única missão. Em relação
ao Oratório-Centro Juvenil é um apelo ao projeto pastoral convergente no
território e na Igreja local, a partir das diversas responsabilidades dos dois
ambientes da obra. As relações recíprocas demonstram, de facto, a unidade da
ação pastoral enquanto a distinção dos projetos permite-nos responder melhor
às não poucas situações particulares da Congregação: Oratório-Centro Juvenil
numa paróquia salesiana; Oratório-Centro Juvenil em paróquias diocesanas;
Oratório-Centro Juvenil em obras muito complexas.
O conselho do Oratório-Centro Juvenil, na sua totalidade ou através
de uma representação qualifi cada, está presente no conselho pastoral
paroquial como garantia de unidade da ação evangelizadora. Em diversas
Inspetorias foi codifi cado que o encarregado do Oratório-Centro Juvenil
seja o vigário paroquial para a pastoral juvenil.
Animação provincial/nacional
O pároco é nomeado pelo Provincial e apresentado ao Ordinário do lugar
para trabalhar ao serviço da Igreja local, em comunhão com o Bispo, o
presbitério e as demais paróquias. Procura a coordenação com as demais
paróquias da Província e a delegação provincial de pastoral juvenil. As
231

24 Pages 231-240

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24.1 Page 231

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
orientações do Capítulo Geral 19 e do Capítulo Geral Especial (CG20, n.
441) pedem que se promova em todas as Províncias a coordenação das
paróquias.
As paróquias dependem das Dioceses nas quais estão localizadas, mas
são confiadas à Congregação Salesiana para responder às exigências das
Igrejas particulares (Reg. 25). Pela sua pertença à Igreja local, a paróquia
salesiana incorpora no seu PEPS as orientações pastorais da diocese e as
do PEPS provincial.
A Comissão provincial, presidida por um coordenador, garantirá a ação
provincial de acompanhamento e apoio às comunidades paroquiais na
atuação do PEPS paroquial. Tanto o coordenador como a própria Comissão
participam nos órgãos de animação da pastoral juvenil provincial.
O Coordenador e os membros da Comissão têm estas funções:
sensibilizar as comunidades salesianas para que deem maior
atenção às realidades paroquiais onde elas se encontram;
promover a reflexão e o aprofundamento da identidade salesiana
da paróquia em relação à situação eclesial e social do território;
responder aos desafios pastorais da Igreja nas igrejas públicas e
nos santuários presentes nas obras da Província;
garantir a elaboração, execução e revisão do PEPS das paróquias
e dos santuários, oferecendo às comunidades paroquiais linhas
e orientações que levem a viver a identidade salesiana;
favorecer a comunicação e colaboração entre as diversas
paróquias da Província;
apoiar a formação permanente dos salesianos e leigos
corresponsáveis na pastoral paroquial, com encontros e cursos
programados;
convocar periodicamente jornadas ou encontros de párocos,
conselhos pastorais, catequistas, equipas de serviços, de
apostolado da saúde, de pastoral juvenil.
232

24.2 Page 232

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Requer-se sinergia com as demais comissões provinciais: Oratório
-Centro Juvenil, MJS, Animação vocacional, Animação missionária,
Comunicação Social. A Comissão Provincial de Formação garante o
acompanhamento formativo dos estudantes de teologia, sobretudo dos
diáconos, no exercício do seu ministério. Eles devem ser inseridos na gestão
efetiva do ministério paroquial.
O dinamismo e o trabalho de coordenação provincial são apoiados pela
ação de animação e coordenação nacional, segundo as circunstâncias
e os contextos. A sua função primária consiste em promover a reflexão
e o aprofundamento da identidade salesiana da paróquia, através do
desenvolvimento e atualização da proposta educativo-pastoral. Por isso,
procurará facilitar a comunicação entre as Províncias a fim de partilhar
experiências e desafios. Prática comum em diversas realidades da Congregação
é promover, através da organização nacional, a atualização e formação dos
párocos (formação, exercícios espirituais, cursos de especialização). Além
disso, nesta plataforma, é possível convocar reuniões para uma reflexão
nacional, consciente da variedade dos grupos existentes nas nossas paróquias
(catequistas, conselhos paroquiais, animadores juvenis, comissões, grupos).
25
OBRAS E SERVIÇOS SOCIAIS PARA JOVENS
EM SITUAÇÃO DE RISCO
2 5 1 A originalidade das obras e dos serviços para jovens em
situação de risco
Dom Bosco, pelas ruas de Turim, viu as necessidades dos jovens em perigo
e respondeu à sua pobreza abrindo novas frentes de serviço pastoral. Logo
que entrou no Colégio Eclesiástico, o padre Cafasso confiara-lhe a tarefa
de visitar as prisões em que, pela primeira vez, constatou as condições
degradantes e infelizes de muitos jovens detidos. O impacto dos jovens na
prisão comove-o e perturba-o, mas suscita também uma reflexão operativa.
Considerou-se enviado por Deus para responder ao grito dos jovens
pobres e intuiu que, se era importante dar respostas imediatas ao mal-estar
deles, era-o ainda mais prevenir as suas causas com uma proposta
educativa integral. Para tanto quis, em primeiro lugar, acolher junto de
si os jovens, órfãos e abandonados, que chegavam à cidade de Turim à
233

24.3 Page 233

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
procura de trabalho, não podendo
ou não querendo seus pais assumir
o cuidado deles.
«Com Dom Bosco reafirmamos a
preferência pela “juventude pobre,
abandonada, em perigo”, que tem maior
necessidade de ser amada e evangelizada,
e trabalhamos especialmente nos lugares
de mais grave pobreza»
(CONST. 26)
Com o zelo missionário de Dom Bos-
co, vamos ao encontro das crianças,
dos adolescentes e dos jovens que
vivem em condições de exclusão so-
cial. Esta expressão deve ser assumida
além do mero significado eeconómi-
co, a que se refere o conceito tradicio-
nal de pobreza, pois também implica
a limitação no acesso à instrução, à
cultura, à habitação, ao trabalho; implica também a falta de reconhecimento
da dignidade humana, além da interdição ao exercício da verdadeira cidadania.
Acreditamos que a forma mais eficaz de responder a esta dificuldade é a ação
preventiva nas suas múltiplas formas.
A opção pelos jovens pobres, abandonados e em situação de risco sempre
esteve presente no coração e na vida da Família Salesiana, desde Dom Bosco
até hoje; daí uma grande variedade de projetos, serviços e estruturas
em prol da juventude mais pobre, com a opção da educação, inspirada no
critério preventivo salesiano.
Levados pela constatação da crescente exclusão social, reconhecemos a
necessidade de garantir a prática do sistema educativo de Dom Bosco,
para que os jovens superem o desânimo e a marginalização, assimilando as
perspetivas da educação ética e da promoção da pessoa, na ação sociopolítica
e na cidadania ativa, preocupamo-nos com a educação e a defesa dos direitos
dos menores, a luta contra a injustiça e a construção da paz.
A pobreza e a exclusão crescem diariamente até assumirem uma
dimensão trágica; trata-se de uma pobreza que fere indivíduos e comunidades,
especialmente os jovens, até ser uma realidade estrutural e global de vida. O
nosso modelo é o Bom Samaritano, “coração que vê” e que salva.
As situações de pobreza e de exclusão têm um forte impacto social e, infelizmente,
tendem a persistir. Não podemos ficar indiferentes diante disso; a realidade
impele-nos e empenha-nos a pôr em ação respostas imediatas, a curto e médio
prazo (cf. CG21, n. 158; CG22, n. 6, 72; CG23, n. 203-214), tais que, vencendo
234

24.4 Page 234

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
injustiças e desigualdades sociais, deem aos jovens novas oportunidades para
construir a vida de modo positivo e inserir-se responsavelmente na sociedade.
Muitas dessas obras e serviços apresentam um modelo pedagógico e
salesiano novo e exigem, por isso, competência profissional, programas
especializados e colaboração com as instituições civis e religiosas. A seguir,
oferece-se uma visão de conjunto dessas obras e serviços:
obras para meninos da rua: casa-escola, centros de dia ou casa-família.
Além delas há também soluções residenciais para jovens sem teto: es-
truturas adaptadas para deslocados e refugiados, para jovens errantes,
que vivem na rua, à margem da sociedade, abandonados ou órfãos;
serviços aos jovens com necessidades especiais: menores sem
medidas de proteção e responsabilidade penal; presidiários; crianças
-soldado; crianças exploradas pelo turismo sexual e maltratadas;
rapazes com necessidades educativas especiais, físicas e mentais;
atenção aos imigrantes: alfabetização; apoio psicopedagógico
e escolar; apoio jurídico para a regularização das situações;
contributos pelas competências sociais e profissionais; participação
e integração no contexto;
acolhimento e acompanhamento para recuperação e reabilitação de
dependentes de drogas, menores com problemas comportamentais,
doentes de AIDS-HIV;
serviços educativos alternativos para enfrentar o problema da falta
de sucesso escolar, com projetos socioeducativos; ateliers profissio-
nais e de pré-colocação; aulas de apoio e reforço escolar; ateliers
socioprofissionais; cursos de formação para desempregados; progra-
mas de reforço educativo;
presenças de inserção em ambientes populares e de atividades
culturais em bairros periféricos; ações para acolher e acompanhar
vítimas de violência, de guerra e de fanatismos religiosos;
centros de atenção e apoio à família na sua função educativa;
serviços destinados aos jovens que sofrem por provirem de famílias
irregulares, famílias sem casa ou com alojamento indigno;
235

24.5 Page 235

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
serviços específicos de promoção da mulher: alfabetização,
maternidade responsável, educação para a saúde e higiene.
A aceitação da opção preferencial carismática em favor dos mais pobres e
necessitados é transversal na animação orgânica da Família Salesiana.
No PEPS provincial, garantimos esse compromisso em todas as nossas obras e
presenças. Prevenir e enfrentar possíveis situações e necessidades dos jovens
em todos os nossos ambientes, em qualquer contexto e, em particular, nas
obras e nos serviços específicos de atenção à pobreza e exclusão social, é um
traço típico da Pastoral Juvenil Salesiana.
2 5 2 A Comunidade Educativo-Pastoral da obra social
A A importância da CEP da obra social
Dom Bosco, através do Oratório, ofereceu aos jovens abandonados uma
verdadeira família na qual pudessem desenvolver-se e preparar-se para a
vida; por isso, considerou importante a experiência comunitária.
A CEP nas obras e nos serviços que respondem à insatisfação juvenil tem carate-
rísticas próprias de configuração e crescimento. A experiência da Congregação
nos últimos anos adquiriu alguns critérios que devem ser levados em conta para
a consolidação da ação institucional. O serviço educativo integral é uma ver-
dadeira opção missionária de acolhimento e de presença familiar entre
os jovens que vivem situações de risco; atento à pessoa do jovem, acom-
panha-o na sua inserção comunitária como sujeito de direitos, empenhado na
justiça e na renovação da sociedade, promovendo a cultura da solidariedade,
segundo valores que se inspiram na Doutrina Social da Igreja (cf. Const. 33).
B Os sujeitos da CEP da obra social
Os educadores vivem com os jovens uma relação de proximidade
e amizade, na familiaridade e amabilidade da presença salesiana
(bondade). Não basta trabalhar pelos jovens pobres, mas há que trabalhar
em solidariedade e comunhão com eles; trata-se de uma experiência de
inter-relação estreita e flexível, baseada num pacto educativo de acordos
segundo o consenso recíproco.
236

24.6 Page 236

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A equipa de educadores é a principal responsável pela elaboração,
implementação e avaliação do PEPS local. A corresponsabilidade
de educadores e jovens no projeto é um elemento caraterístico da
pedagogia salesiana. A experiência comunitária torna-se então uma
escola prática para os próprios jovens. Eles reconhecem-se a si
mesmos como educadores de outros companheiros, com os quais
partilham o mesmo processo de amadurecimento integral, que os
prepara gradualmente para os futuros papéis de serviço educativo na
própria obra, nas suas famílias e na sociedade.
Para efetuar uma ação educativo-pastoral de qualidade, não são suficientes
as intuições, a experiência pessoal e a boa vontade subjetiva. Exigem-se dos
educadores as seguintes condições:
garantir no PEPS as estratégias e intervenções que aprofundem
continuamente as motivações e os valores que orientam as opções
institucionais e de cada educador;
ter a preparação necessária para realizar o projeto com competência
profissional e qualidade diante da complexidade das situações;
garantir o profissionalismo com fundamento vocacional, tanto
mais dos educadores entregues a esse serviço na comunidade,
especialistas em educação e humanidade;
cultivar um profundo conhecimento da realidade juvenil e
dos processos culturais gerados no mundo da exclusão e da
marginalização social;
aprofundar o estudo do Sistema Preventivo para o aplicar nas
situações de vida quotidiana com uma formação contínua na
dimensão social da caridade;
assumir o ponto de vista da Doutrina Social da Igreja e dos Direitos
Humanos;
gerir de modo eficaz os longos processos educativos e de
recuperação, garantindo ao mesmo tempo a capacidade de
organização e gestão, como também a busca e a gestão dos
recursos.
237

24.7 Page 237

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A intervenção proativa dos educadores e jovens no quotidiano exige a
cooperação de especialistas profissionais: sociólogos, psicólogos, médicos,
advogados, pedagogos, educadores sociais. Vão-se desenvolvendo, nestas
obras, as melhores formas de voluntariado. São igualmente indispensáveis a
ligação e a inter-relação sistemática com os referentes familiares e as demais
instituições da região ou associações que trabalham no mesmo campo.
A convivência com os jovens em situações existenciais precárias e frágeis in-
terpela os salesianos e os leigos a uma conversão pessoal e institucional. As
situações de carência e as muitas faces de sofrimento, fragilidade, insatisfação e
exploração questionam a vida do educador salesiano, as suas atividades ordiná-
rias, o sentido profundo de gestos dados muitas vezes como garantidos. Esses
aspetos e histórias exortam a uma ação concreta e ao imediatismo, à compe-
tência e paixão, ao planeamento e gratuidade, à espiritualidade e esperança.
Pela sua parte, os salesianos oferecem o testemunho austero de uma presença
solidária e educativa entre os jovens; acompanham-nos sustentados pela profun-
da fé em Deus Pai; Ele quer que todos “tenham vida, e a tenham em abundân-
cia” (Jo 10,10), enquanto adquirem um conhecimento cada vez mais profundo
da realidade social circundante e dos seus mecanismos. Os educadores leigos,
por sua vez, representam para os jovens um modelo próximo de vida em torno
do núcleo familiar, conduzido responsavelmente, empenhados com qualidade
profissional nas suas intervenções educativas e testemunhas da vida inspirada no
Evangelho de Cristo.
2 5 3 A proposta educativo-pastoral da obra social
O Projeto Educativo-Pastoral específico para estas obras e serviços sociais em favor
dos jovens em situação de risco delineia a identidade da proposta e orienta
o serviço dos educadores em função das exigências da qualidade profissional
e da consciência vocacional previstas no modelo pedagógico salesiano.
A A inspiração evangelizadora
A nossa ação educativa é inspirada no Evangelho e visa abrir os jovens a
Cristo, aquele que «passou a vida fazendo o bem» (Act 10, 38). Às vezes,
nestas obras e serviços, as intervenções respondem, de forma imediata,
a necessidades primárias de sobrevivência (alimentação, água, cuidados
238

24.8 Page 238

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
médicos, abrigo em ambiente familiar) para que os jovens possam crescer
com autonomia e superem condicionamentos de dependência. Alcançado
o primeiro objetivo, tende-se a garantir-lhes os demais recursos de que
precisam para viver de maneira digna e segura. A fórmula de Dom Bosco,
“honestos cidadãos e bons cristãos”, significa responder às necessidades
dos jovens “abandonados”, em perspetiva humanizante.
O testemunho dos educadores e da CEP, o ambiente de acolhimento e de
família, a defesa e promoção da dignidade da pessoa e seus valores são
a primeira forma de anúncio e a primeira realização da salvação de
Cristo, que é libertação e plenitude de vida.
Trata-se de uma ação educativa que partilha com os jovens uma proposta de
crescimento interior, com atenção especial à dimensão religiosa da pessoa,
fator fundamental de humanização e prevenção, apoio sólido de esperança
para os jovens que sofrem gravemente as consequências dramáticas da
pobreza e exclusão social.
A evangelização comporta, para nós, proximidade e participação,
humanização e proposta. É um processo, e mesmo quando a proposta
cristã não chega a todos com a mesma intensidade, é ainda a primeira
forma autêntica de evangelização porque, como Jesus, imerge na realidade
para a humanizar e chamar a todos ao seu seguimento.
No PEPS, portanto, a comunidade educativa deve propor aos jovens expe-
riências e itinerários que despertem
neles a dimensão da vida espiritual
e os ajudem a descobrir Jesus Cris-
to como seu Salvador (cf. CG26, n.
105-106). A proposta de evange-
lização deve inserir-se plenamen-
te no processo educativo com
itinerários pedagógicos simples, per-
sonalizados, estreitamente ligados à
vida quotidiana, e graduais.
«Através dos caminhos misteriosos do
Espírito, que age no coração de todas as
pessoas, e de maneira especial dos mais
pobres e necessitados, cremos que nesta
relação pessoal com Deus se escondem
energias insuspeitadas para a construção
É preciso proteger e desenvolver o
despertar religioso com paciência
e perseverança, fazendo brotar
o que há de positivo nos jovens,
da personalidade e para a sua formação
integral»
(PE. JUAN VECCHI, ACG 359, “NOVAS POBREZAS, MISSÃO
SALESIANA E SIGNIFICATIVIDADE”)
239

24.9 Page 239

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
a consciência da sua dignidade, a sua vontade de se recuperar. As formas
específicas de apoio e ação, que realizamos com os jovens, são estas: facilitar
o surgimento de questões sobre o sentido da vida (que sentido tem a minha
vida? Que tipo de pessoa eu quero ser?); estar presente nas celebrações e nos
eventos importantes da sua vida familiar, social e religiosa; oferecer valores que
orientem a busca religiosa e favoreçam a disponibilidade para a fé; apresentar o
humanismo cristão do Evangelho de Jesus como Boa-Nova; convidar a sentirem
-se acolhidos pela comunidade cristã e seus membros; propor experiências
religiosas simples e de qualidade e a aceitação de compromissos progressivos.
B Uma proposta educativa integral e orgânica
É importante ajudar, com processos de “identificação”, a reconstruir e
unificar o mundo interior. Numa época de fragmentação como esta, só se
pode chegar à unidade interior através do contacto vital com pessoas e
instituições de forte identidade, respeitosas da diversidade e libertadoras.
Por isso, educamos com convicção e motivação, em relações personalizadas
que expressam acolhimento e diálogo, respeito e aceitação incondicionada.
Todo o educador é modelo positivo de identificação e ponto de referência
no processo de desenvolvimento dos jovens. Ou, por outras palavras, a
presença “entre” os jovens levanta questionamentos e suscita atração.
«A pobreza e a marginalização não são
fenómenos puramente económicos, mas
expressão de uma realidade que toca
a consciência das pessoas e desafia a
mentalidade da sociedade. A educação
é, portanto, um elemento fundamental
para a sua prevenção e superação, e é
também o contributo mais específico
e original que podemos dar como
salesianos»
(PE. JUAN VECCHI, ACG 359, “NOVAS POBREZAS, MISSÃO
SALESIANA E SIGNIFICATIVIDADE”)
O ambiente precisa de animação
comunitária familiar. No seu núcleo,
os salesianos e educadores leigos
têm um papel irrenunciável. Os jo-
vens em situação de risco, a maior
parte deles com experiências em
ambientes familiares inadequados,
precisam de um ambiente familiar,
no qual encontrar as condições fa-
voráveis para reestruturar e reorien-
tar adequadamente a própria vida.
Além disso, a oferta de um am-
biente familiar, com a possibilida-
de de viver relações com referentes
adultos positivos, rompe a barreira
da desconfiança e desperta o dese-
jo educativo.
240

24.10 Page 240

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Elemento essencial é o desenvolvimento da consciência crítica em relação
a si mesmo e ao próprio ambiente, com critérios renovados de análise.
As competências técnico-culturais e, sobretudo, a aquisição de hábitos de
trabalho são um caminho importante para a inserção dos jovens na vida
familiar, de trabalho e social.
A formação completa, que se estende a todas as experiências de vida dos
jovens e a todas as dimensões da sua pessoa, valorizará os seus recursos de
modo contínuo e sistemático para que se tornem cada vez mais responsáveis
da própria vida. A nossa proposta educativa tem como finalidade o jovem,
chamado a desenvolver-se em todas as dimensões da vida: pessoal, familiar,
sociocultural, ambiental, sociopolítica e ético-religiosa.
C A escolha do critério preventivo
A prevenção é um método educativo que tem em vista curar a insatisfação
prevenindo os seus efeitos negativos; é também uma ação social
sistemática que não se reduz
à assistência momentânea, mas
ataca a marginalização nas suas
causas. Trata-se de uma ação não
só educativa dirigida às pessoas,
mas também de amadurecimento
de uma nova mentalidade social a
nível cultural e político, para o bem
comum e os direitos humanos.
«A força educativa do Sistema Preventivo
é demonstrada também na capacidade de
recuperação dos jovens transviados que
conservam pontos acessíveis ao bem»
A nossa proposta educativa inclui,
(CG22, N. 72)
em muitas ocasiões de emergência,
assistência e proteção social. O crité-
rio preventivo garante as condições pedagógicas para a reconstrução de uma
vida digna, evitando o seu agravamento. É fundamental o acompanhamen-
to pedagógico oferecido aos jovens durante o seu processo de crescimento,
destinado a fazer deles pessoas autónomas, capazes de gerir responsavel-
mente a própria vida.
Por vezes, a condição pessoal dos jovens exige obras e serviços capacitados
para a recuperação e reeducação. Dom Bosco apresenta um sistema entre os
mais adequados para a reeducação dos jovens que caíram na delinquência
241

25 Pages 241-250

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25.1 Page 241

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ou vivem seriamente marginalizados. A pedagogia contemporânea avalia a
“resiliência” como a capacidade de uma pessoa ou de um grupo progredir,
mesmo a partir de eventos desestabilizadores ou condições difíceis de vida,
com graves traumas.
O projeto salesiano oferece a pedagogia do grupo como experiência
para aprender a viver em relação e diálogo espontâneo em autonomia
e interdependência. Para estes jovens que tendem a associar-se e a
deixar-se ajudar pelo grupo e a nele encontrar refúgio, o grupo é um fator
determinante para todo o processo educativo e para a reconstrução da
própria personalidade.
D A perspetiva social e política
A resposta salesiana à marginalização e exclusão juvenil também tem
necessariamente uma perspetiva social e política. As suas obras e os
seus serviços promovem a cultura do outro, da sobriedade, da paz, da
justiça, entendida como atenção ao direito de todos a viver de maneira
digna.
«Ajudar a criar uma nova mentalidade e
uma nova cultura que suscite mudanças
de critérios e de visões mediante gestos e
ações... Trata-se de promover a cultura do
outro, da sobriedade... da disponibilidade
para partilhar gratuitamente, da justiça,
entendida como atenção ao direito de
todos à dignidade, e mais diretamente,
trata-se de envolver pessoas e instituições
numa obra de ampla prevenção, de
acolhimento e de apoio a quem tem
necessidade disso»
(PE. JUAN VECCHI, ACG 359, “NOVAS POBREZAS, MISSÃO
SALESIANA E SIGNIFICATIVIDADE”)
A ação educativa nestas obras e
serviços prepara e ajuda os jovens
a empenhar-se no território. Ao
mesmo tempo, promove a trans-
formação da mentalidade cola-
borando na transformação da
realidade social. É preciso en-
frentar a luta contra a pobreza e
exclusão social como desafio estru-
tural. A reflexão constante sobre a
pobreza e a marginalização, sobre
a sua influência no mundo juvenil,
especialmente na família, envolve
uma colaboração sistemática entre
as diversas instituições educativas
presentes no território. O nosso
carisma pede-nos para compre-
ender atentamente as categorias
culturais da juventude, dos pobres,
242

25.2 Page 242

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
das minorias, a fim de reconstruir uma nova humanidade também a partir
das margens da história.
Exige-se uma análise contínua do ambiente social local que indique de
forma cada vez mais clara os desafios ao PEPS e proponha processos
pertinentes e intervenções específicas. Cresce a consciência de
colaboração em rede com outras instituições na elaboração de políticas
educativas, familiares, juvenis, urbanísticas e outras, capazes de
prevenir e superar as causas estruturais do mal-estar. É preciso reforçar
a presença das Províncias junto dos organismos civis competentes para
continuar a evolução das políticas sociais juvenis e intervir na reflexão
e nas decisões legislativas.
Toda a CEP se insere na Igreja e no ambiente social em que realiza o seu
projeto. Aspiramos à promoção da cultura da solidariedade segundo o
Evangelho de Jesus. O projeto de atenção pastoral à infância, adolescência
e juventude em situação de risco torna concretas a participação e a ação
libertadora pela justiça e pela paz (cf. Const. 33) e, envolvendo todos os
responsáveis, faz-se voz profética para a construção de uma sociedade
digna do homem.
2 5 4 A animação pastoral orgânica na obra social
A Principais intervenções da proposta
1 A resposta às novas pobrezas juvenis deve ser dada em todas as obras e
serviços da Província. A colaboração e complementaridade das diversas
obras salesianas presentes no território e o serviço de um projeto unitário
de promoção e educação juvenil multiplicam as forças e tornam mais efica-
zes as ações de cada uma. Dê-se atenção, nos projetos provinciais e locais, às
situações de crise juvenil e às diversas manifestações de pobreza e exclusão
social, e definam-se os objetivos e as propostas educativas mais adequadas
para a sua prevenção e superação. É muito oportuna a criação de uma rede
de informação sobre projetos, presenças, programas e atividades.
2 O PEPS de uma obra dedicada explicitamente ao serviço social para os jovens
em situação de risco planeia políticas e estratégias em função das fases gra-
duais de atenção e acompanhamento:
243

25.3 Page 243

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
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lidárias, leva-os gradualmente a compromissos mais estáveis.
3 Como se viu, a prevenção não é só um método de remediar uma situação
problemática e prevenir os seus efeitos, mas também de criar condições
adequadas para que cada jovem desenvolva todas as suas potencialidades.
É importante promover ambientes abertos, que ofereçam uma am-
pla gama de possibilidades e iniciativas, especialmente atividades de
socialização conhecidas nas linguagens juvenis como a música, o teatro,
o desporto, a arte, os passeios pelo campo, as novas TIC (tecnologias da
informação e da comunicação), nas quais é valorizado nas suas qualidades.
São meios significativos de recuperação e ação preventiva que favorecem,
no projeto global, o acompanhamento educativo pessoal de todo o jovem.
4 A luta contra a exclusão social deve ser programada com “estra-
tégias em sinergia”, capazes de fazer convergir na mesma direção os
contributos dos diversos atores sociais: o bairro ou território, as instituições
e entidades ou grupos, as inter-relações humanas em que acontecem os
fenómenos de exclusão e as situações de crise. Trata-se de fazer amadu-
recer na sociedade uma nova mentalidade e a cultura da solidariedade, e
244

25.4 Page 244

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
de intervir, em colaboração com outros agentes, nas políticas educativas,
familiares, juvenis, que pesam sobre a vida e a condição dos jovens.
B As estruturas de participação e responsabilidade
Animação local
Enfrentando a velocidade com que acontecem as mudanças fundamentais
nas nossas sociedades, a CEP deve empenhar-se na busca de respostas
eficazes para as situações de pobreza juvenil dos nossos ambientes e do
contexto territorial, com iniciativas para implementar processos rápidos
de coordenação na realização de projetos específicos.
A atenção aos jovens em dificuldade deve ser mantida em todas as
comunidades e obras da Província, com a revisão da cultura e da mentalidade
promovida no PEPS. A elaboração do PEPS local deverá incluir
indicadores relativos a essa sensibilidade: abertura da obra ao ambiente
e ao mundo dos jovens; reforço da mentalidade de projeto orgânico segundo
os critérios e exigências do trabalho educativo-pastoral pelos mais pobres;
dinâmica e metodologia próprias da obra, que evitam a exclusão; presença,
participação e envolvimento dos jovens em dificuldade nas atividades e nos
grupos; qualidade dos processos educativos e dos programas, como são
exigidos pelas condições dos beneficiários.
As obras específicas destinadas à atenção pastoral dos jovens em situação
de risco têm reunido grande número de critérios e intervenções que
identificam a sua gestão. Como em toda a obra salesiana, exige-se uma
presença educativo-pastoral com a correta gestão e administração dos
respetivos recursos económicos.
Deve-se cuidar da sustentabilidade do próprio projeto em termos de
recursos humanos, administrativos, pedagógicos e financ eiros. A assessoria
jurídica é importante em todos os setores, com seus instrumentos mais
adequados. Este último aspecto deve ser aprofundado em colaboração
com as obras e os serviços da Província e as Instituições presentes no
território.
Os jovens apresentam-se nas estruturas e nos organismos de animação como
sujeitos ativos da própria formação, em vista da sua inserção sociofamiliar.
245

25.5 Page 245

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Animação provincial/nacional
Crescem nas Províncias a sensibilidade e a preocupação, a refl exão e o
trabalho pelo mundo da marginalização juvenil. Esta realidade já não
é uma parte isolada, identifi cada com alguma obra em particular, ou
animada apenas por iniciativas pessoais. A atenção aos últimos vai- se
tornando “sensibilidade institucional” expressa no PEPS provincial,
com o qual a CEP dá especial atenção aos fatores de pobreza e exclusão
e se orientam serviços específi cos em favor dos jovens em situação de
risco. O PEPS, coerente com as suas opções, políticas e estratégias em
favor dos mais pobres, orienta a ação de animação orgânica e em rede,
em colaboração a todos os níveis, com a Família Salesiana e outros
organismos eclesiais e civis.
Os principais critérios que orientam as intervenções de animação provincial
privilegiam os aspetos da formação e animação pastoral orgânica:
formação social e política dos educadores salesianos, religiosos
e leigos, e da CEP, de modo que compreendam a complexa
realidade da pobreza e da exclusão em que os jovens vivem, para
traçar itinerários adequados aos destinatários e aos educadores
(consagradas/os e leigos, referentes afetivos/familiares);
só com a reflexão e a revisão sistemática será possível consolidar
o trabalho que se realiza; a planificação dos processos, a sua
avaliação e a nova programação serão, cada vez mais, instrumentos
de melhor qualidade.
O Coordenador provincial das obras e dos serviços para os jovens
em situação de risco participa na Equipa da Pastoral
Juvenil Salesiana. Nalgumas Províncias/nações
246

25.6 Page 246

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
há uma comissão provincial/nacional que acompanha a Província na
realização da ação salesiana: opção carismática preferencial por toda a
missão. Nalgumas realidades nacionais, a coordenação foi assumida por
uma estrutura civil salesiana (associação, federação ou outra) que projeta
e atua as intervenções em favor dos menores e jovens, particularmente
daqueles que vivem em situação de marginalização, insatisfação e
exclusão social.
O Gabinete de Planeamento e Desenvolvimento é particularmente
importante para a animação e coordenação deste ambiente. O gabinete
ajuda a Província a planear estrategicamente as suas intervenções
para o desenvolvimento e a buscar fontes de financiamento para os
projetos. É muito importante o trabalho conjunto dos gabinetes com
a Delegação Provincial da Pastoral Juvenil, a fim de garantir a inserção
dos projetos no PEPS provincial e, ao mesmo tempo, promover o
planeamento sistemático e a revisão exigente dos objetivos do PEPS
local.
2 6 OUTRAS OBRAS E SERVIÇOS NOS DIVERSOS AMBIENTES
Desenvolveram-se no mundo salesiano novas realidades e associações
juvenis. São atividades educativas, serviços ou obras que respondem às
novas urgências juvenis e oferecem respostas adequadas às exigências de
educação e de educação à fé. Entre elas, encontram-se os programas de
animação vocacional (projetos de Aspirantado, Comunidades Proposta,
Centros de Acolhimento Vocacional), os serviços especializados de
formação cristã e animação espiritual (casas de espiritualidade e retiros,
centros de formação pastoral e catequética), as associações e os serviços
de animação no campo dos tempos livres, como escolas de tempos livres
e animação sociocultural, desporto, turismo, música e teatro, e outras
formas de ação nos media através das quais a proposta salesiana se
torna presente no tecido social, juntamente com a animação missionária,
animadas pelos respectivos Dicastérios da Comunicação Social e das
Missões.
As novas presenças são mais projetos do que estruturas, respondem e
adaptam-se às novas necessidades e urgências com liberdade de ação
247

25.7 Page 247

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
e iniciativa. Utilizam a comunicação, o ambiente natural dos jovens,
independente da estabilidade do ambiente físico. Nelas é relativamente
mais fácil envolver os próprios jovens sabendo que o caminho a trilhar
juntos está nas suas próprias mãos. São, portanto, expressão de uma
forma nova de presença no mundo juvenil e instrumento eficaz
de resposta às novas urgências educativas e evangelizadoras.
Estes projetos dão oportunidade de uma ação pastoral em sinergia com
os demais grupos da Família Salesiana.
Todavia, os novos espaços e formas educativas expõem-se a perigos
que podem reduzir a sua eficácia educativa e evangelizadora: o
individualismo na gestão, a identidade frágil e pouco definida, a
provisoriedade de realizações e a precariedade de projetos que
tornam difícil a continuidade dos processos educativos. Convém,
portanto, ter em conta algumas condições e critérios de orientação
que as harmonizam com as presenças tradicionais dentro do projeto
da Província. Eis alguns deles:
abertura ao critério imprescindível de discernimento e renovação:
toda a atividade e obra é «para os jovens casa que acolhe, paróquia
que evangeliza, escola que prepara para a vida, e pátio para se en-
contrarem como amigos e viverem com alegria» (Const. 40);
clareza da finalidade educativa e pastoral (cf. Const. 41);
realização comunitária: a CEP é sempre o sujeito da missão (cf.
Const. 44);
integração no projeto provincial com uma permanente interação e
colaboração entre as diversas obras e serviços educativo-pastorais
da Província (cf. Const. 58).
A Experiências ou serviços de animação
e orientação vocacional
No esforço de buscar novos caminhos para a animação vocacional,
surgiram e consolidaram-se experiências ou serviços de animação e
orientação vocacional (Comunidades de Acolhimento, Comunidades
248

25.8 Page 248

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Proposta, Centros de Orientação Vocacional). Oferecem aos jovens a
oportunidade de uma experiência concreta da vida e missão salesiana e de a
partilhar por algum tempo, aprofundando sistematicamente a vocação com
o acompanhamento adequado e imediato.
É importante que estas atividades garantam:
a presença de uma comunidade salesiana aberta e acolhedora, que
dê testemunho vocacional significativo para os jovens;
a experiência de vida fraterna e de missão salesiana;
o acompanhamento sistemático do processo de amadurecimento
vocacional de cada um;
a estreita relação e colaboração com as demais comunidades da
Província e a responsabilidade da animação vocacional segundo o
projeto provincial;
a colaboração com os centros de Pastoral Vocacional da Igreja local
e dos demais Institutos religiosos.
B Serviços especializados de formação cristã
e animação espiritual
Surgiram na Congregação, nas últimas décadas, diversas iniciativas e
serviços de formação cristã e educação à espiritualidade: experiências
de retiro, escolas de oração, casas de espiritualidade, centros de
formação pastoral e catequética. Estes serviços são uma nova forma
de presença salesiana entre os jovens, sempre mais necessária e urgente.
Convém que as casas de espiritualidade e retiros, como também os centros
de formação pastoral e catequética sejam configurados com estas dimensões:
garantir a presença de uma equipa de SDB e outros membros da
Família Salesiana; organizar essas casas não simplesmente como
lugar de hospitalidade, mas como comunidade ou equipa de
pessoas que acolhem, acompanham e partilham com os jovens
uma mesma experiência espiritual;
249

25.9 Page 249

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
com um programa preciso de aprofundamento e de pedagogia
espiritual, com diversas propostas e níveis segundo as
necessidades dos diversos grupos dos destinatários; superando
a simples oferta de iniciativas isoladas, para apresentar um
itinerário preciso de iniciação e aprofundamento espiritual;
dar atenção especial à pedagogia da oração e da escuta da
Palavra de Deus; oferecer experiências de participação nos
Sacramentos segundo os valores da Espiritualidade Juvenil
Salesiana; cuidar, sobretudo, do aspeto da iniciação e do
acompanhamento, para ajudar os jovens a fazer uma verdadeira
experiência, vivida pessoalmente;
oferecer aos jovens a possibilidade de um diálogo pessoal
com algum salesiano ou animador durante o encontro, ou de
acompanhamento sistemático;
desenvolver sempre o tema vocacional, ajudando os jovens a situarem
a própria vida diante do Senhor e do seu projeto de salvação.
outros serviços pastorais propostos fora da presença salesiana, na
Igreja local (como a atuação de SDB na pastoral vocacional diocesana
ou em movimentos juvenis não salesianos), e também em lugares não
salesianos (como a formação de educadores do território). Esses serviços
pastorais são assumidos de acordo com o Provincial e em coerência com
o PEPS da Província.
C Serviços de animação dos Tempos Livres
As atividades de tempos livres – desporto, turismo, cultura, música,
dança e teatro - são realidades associativas para muitos jovens que nelas
procuram satisfazer os próprios interesses, e estão presentes em todas as
nossas obras. Esta intervenção educativa é considerada hoje de grande
valor social e de relevância preventiva. É um modo novo de recriar o am-
biente oratoriano suscitado por Dom Bosco em Valdocco, onde o pátio foi
para ele um lugar privilegiado da ação educativo-pastoral.
Há no mundo salesiano uma grande variedade de grupos e associações
com iniciativas que realizam a proposta educativo-pastoral salesiana nes-
250

25.10 Page 250

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ses ambientes com pluralidade de
modos de ação, formas organizati-
vas e número de participantes.
Podemos identificar em todos eles
alguns elementos comuns que ca-
raterizam a sua identidade: o gru-
po e a experiência associativa como
opção educativa privilegiada e es-
sencial para o amadurecimento hu-
mano integral; a presença ativa no
território com uma oferta educativa
livre de condicionamentos consu-
mistas; a animação; a participação e
o protagonismo dos próprios jovens.
«A Igreja aprecia muito e procura
penetrar e elevar com o seu espírito
também os restantes meios, para
cultivar as almas e formar os
homens, como são os meios de
comunicação social, as múltiplas
organizações culturais e desportivas, os
agrupamentos juvenis e, sobretudo, as
escolas»
(GRAVISSIMUM EDUCATIONIS 4; CF. GAUDIUM ET SPES 61)
O desporto educativo salesiano
A promoção de atividades desportivas nas obras salesianas é uma realidade
viva, realizada com diversas formas de regulamentação e organização.
O desporto é reconhecido como um valor no sistema educativo
salesiano, atividade para todas as idades e todos os contextos.
A leitura atenta do desporto educativo salesiano permite individualizar
alguns de seus componentes que, em medida diversa e segundo múltiplas
realizações, se revelam constantes e caraterizadores:
o desporto popular, distante do elitismo, ao qual cada um tem
direito e possibilidade de acesso;
o desporto humanizante, que aumenta o potencial de desenvolvi-
mento dos jovens; que privilegia, com a promoção do “jogo limpo”,
a relação interpessoal e o respeito recíproco; que favorece o encon-
tro entre o jovem e o adulto, mais espontâneo em relação a outros
momentos educativos, como a sala de aula ou a oficina;
o desporto preventivo, promotor da criação de estilos saudáveis
de vida e que acolhe preferivelmente as crianças e os jovens em
situação de risco, pela idade, pela região onde vivem, pela situação
familiar, pelo baixo rendimento escolar;
251

26 Pages 251-260

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26.1 Page 251

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
o desporto com dimensão lúdica, sem desprezar a competitividade
na sua justa medida, move-se com espírito desportivo nas
situações de sucesso ou insucesso e acolhe e convoca para os
mesmos objetivos todos os membros do grupo, também os
menos capazes;
o desporto integrado no amplo Projeto Educativo-Pastoral, que
envolve uma equipa de pessoas com objetivos comuns; para isso
ser possível, são essenciais a formação e o acompanhamento dos
animadores desportivos;
o desporto estruturado e organizado, considerado no Projeto
Educativo-Pastoral com os membros do ambiente educativo
juvenil: animadores desportivos, colaboradores, pais.
As múltiplas formas da arte (música, canto, dança, teatro)
O oratório salesiano acolheu desde o início entre as suas fi nalidades e
caraterísticas próprias, a música e o teatro, como valores postulados
pelas exigências de manifestação dos jovens. Como Dom Bosco,
também hoje as obras salesianas mantêm esta atividade, propondo o
teatro e a música como artes acessíveis aos jovens e meios de comunicação
de mensagens positivas.
Reconhecendo seu grande valor educativo, as obras salesianas promovem
estas atividades tendo em consideração estes aspetos:
têm a possibilidade própria e única de se aproximar da realidade
e de a interpretar utilizando linguagens e símbolos estéticos;
revelam ideias, sentimentos e emoções, e evidenciam aspetos
fundamentais da experiência humana que difi cilmente pode-
riam ser compreendidos através de outras formas;
são um contributo único para o desenvolvimento das capaci-
dades intelectuais, criativas e expressivas, ajudando os jovens à
concentração, disciplina e constância;
oferecem um espaço privilegiado às relações interpessoais: atra-
vés das suas várias manifestações, geram espaços de socializa-
ção e colaboração, e são... divertidas;
252

26.2 Page 252

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
são um meio privilegiado de evangelização, anúncio e comu-
nicação da Boa Nova; música e arte favorecem o cuidado do
espaço celebrativo e o seu caráter festivo;
têm um valor estético e ético: levam o expetador à contempla-
ção, admiração, capacidade crítica e flexibilidade de julgamen-
to. Por isso, a pedagogia salesiana está sempre atenta a estas
iniciativas, bem consciente de que só é possível chegar a muitos
ambientes através de atividades “não formais”.
253

26.3 Page 253

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
254

26.4 Page 254

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ESTRUTURAS E PROCESSOS DE
ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL
SALESIANA
CAPÍTULO
VIII
«No meio de vós como
aquele que serve»
(Lc 22, 27)

26.5 Page 255

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O mandato apostólico que a Igreja nos confia
é assumido e cumprido em primeiro lugar pelas
comunidades provinciais e locais, cujos membros têm
funções complementares, com incumbências todas
elas importantes. Disso têm consciência; a coesão e
a corresponsabilidade fraterna permitem alcançar
os objetivos pastorais. O provincial e o diretor, como
animadores do diálogo e da participação, orientam o
discernimento pastoral da comunidade, para que ela
caminhe unida e fiel na implementação do projeto
apostólico»
(Const. 44)
Foi assaz notável a utilidade desse pequeno
regulamento. Cada um sabia o que devia fazer, e como eu
costumava deixar a cada um a responsabilidade do seu
cargo, todos procuravam conhecer e cumprir a sua parte»
(Memórias do Oratório, terceira década, n. 6)
256

26.6 Page 256

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A animação e coordenação da pastoral são
organizadas a diversos níveis: local, provincial, interprovin-
cial e mundial. Para elaborar o projeto pastoral com o qual
medir a sua ação, a CEP deve escolher instrumentos ade-
quados e definir os passos concretos a fim de não caminhar
sem rumo; em vista disso, propomos um roteiro concreto
para a elaboração do PEPS.
257

26.7 Page 257

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 Uma pastoral juvenil
orgânica e articulada
A ação pastoral é eclesial e vivida e atuada em comunhão: «o mandato
apostólico que a Igreja nos confia é assumido e cumprido em primeiro
lugar pelas comunidades provinciais e locais» (Const. 44). A Província é a
primeira estrutura territorial em que a Congregação organiza e anima a
vida de comunhão e a realização da missão num determinado território. A
comunidade provincial é mediadora de união das comunidades locais
entre si, com as demais Províncias, a comunidade mundial e a Igreja.
A ação pastoral de cada comunidade local começa a partir desta mediação
e articulando-se com a vida e o projeto apostólico da Província (cf. Const.
157). A ação pastoral da comunidade local encontra os seus pontos de
referência numa tríplice realidade: a vida e ação da Igreja local, a situação
e as opções da Província e as condições dos jovens e das pessoas do
território em que se encontra.
As orientações e opções pastorais que derivam da avaliação atenta das
situações são instrumentos para responder com caridade ardente e
inteligência pastoral aos desafios e expetativas dos jovens.
1 1 PROGRAMAÇÃO E ATUAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL
A Ao nível de estruturas de governo e de animação provincial
Salvo o que é indicado pelas Constituições da Sociedade de São Francisco
de Sales sobre a organização das Províncias e as funções confiadas ao
Provincial e seu Conselho (cf. Const. 161-169), cada Província é instituída
de modo próprio para a missão num determinado território.
A crescente complexidade das situações em que as pessoas vivem e a
pluralidade de ambientes em que nos é dado intervir faz com que tomemos
consciência da necessidade de estar atentos ao chamamento específi co
258

26.8 Page 258

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
de Deus na diversidade dos contextos. A comunidade provincial, com as
comunidades, cada irmão e leigos, é chamada a confrontar-se com as
situações dos jovens aos quais Deus nos envia. Ao acompanhá-los pastoral
e educativamente, a refl exão e o discernimento levam-nos a individuar
alguns desafi os fulcrais; obrigam-nos a ter em vista algumas opções
fundamentais e a focalizar a programação da nossa ação pastoral.
Como mais adiante veremos, as opções e orientações relativas à situação e
ao desenvolvimento da Província são definidas e indicadas, primeiramente,
no Projeto Orgânico Provincial (POP), ponto de referência constante
para o governo e animação da Província. Outros instrumentos relativos,
por exemplo, à vida e ação das pessoas envolvidas na ação pastoral são
os referentes à formação dos salesianos ou dos leigos que colaboram na
missão. As comunidades locais, na organização da sua vida e na realização
da sua missão, devem ter presente o POP.
Para a atuação da pastoral, é fundamental a referência às opções
da Província, articuladas no Projeto Educativo-Pastoral salesiano
provincial (PEPSP ou PEPS provincial). Ele indica as grandes opções
e orientações para a realização da pastoral juvenil em todas as obras da
Província, independentemente do tipo de ambiente e setor de animação
pastoral (cf. Glossário).
O Provincial com seu Conselho é o primeiro responsável pela animação
e pelo governo pastoral da Província (cf. Const. 161). Cabe-lhe a função
fundamental de governar a vida e a ação pastoral da Província definida no
PEPS: orientar e indicar, segundo a situação, as finalidades que desejam
alcançar, as prioridades a privilegiar, as estratégias a utilizar e os recursos
disponíveis. O Conselho provincial é, portanto, um órgão de refl exão e
decisão pastoral; no seu interior é confi ada uma função mais direta ao
Delegado de Pastoral Juvenil, enquanto animador e promotor direto das
decisões e orientações provinciais.
As opções e orientações da Província são tomadas em vista da realização
e organização de uma série de estruturas de animação e serviço que
sustentam e acompanham a ação das comunidades locais. Essas
estruturas de animação e serviço são referência e ponto de apoio para a
ação pastoral ordinária das comunidades e obras locais, assim como para
a sua contínua renovação. A reflexão pastoral constante é necessária em
todos os ambientes e setores de animação pastoral.
259

26.9 Page 259

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Ao nível de comunidades e obras salesianas locais
Ao nível local, as comunidades e obras devem responder a dois grandes
desafios: primeiramente, a crescente pluralidade de frentes e necessidades
a que são chamadas a atender; depois, a complexidade dos processos
que envolvem a mais cuidadosa e necessária atenção educativa e pastoral
às pessoas. As duas situações podem provocar nas comunidades e obras
uma tendência para a departamentalização e falta de organicidade.
Diante destes perigos, pede-se às comunidades salesianas e aos membros
das CEP locais uma mudança de mentalidade e de metodologia na
ação pastoral.
Como a comunidade provincial, também a comunidade local é chamada
a viver e agir com mentalidade clara de projeto; mentalidade que leva a
identificar os campos prioritários de atenção e a fazer opções fundamentais
que orientem a vida das pessoas e a efetivação da ação nos diversos
ambientes e setores de animação da obra.
A atuação da pastoral encontra o seu principal ponto de referência no
PEPS local. O PEPS indica as linhas para a realização da pastoral juvenil
em todos os momentos de animação e setores da obra. O PEPS cuida
da integralidade e articulação das quatro dimensões que configuram
a proposta educativo-pastoral salesiana (v. capítulo VI). O diretor e seu
conselho são os primeiros responsáveis pelo governo e animação pastoral
da obra. Cabe-lhes a responsabilidade fundamental de coordenar e
organizar a pastoral juvenil. Eles favorecem os processos de envolvimento
das pessoas, defi nem as prioridades, indicam os recursos e ativam a
reflexão.
É tarefa prioritária do diretor e seu conselho programar a reflexão e a prática
pastoral. A coordenação da pastoral juvenil encontra no coordenador
local o primeiro e direto animador, que promove a sua organicidade e
articulação com as estruturas e a organização local.
260

26.10 Page 260

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
12
UMA MODALIDADE ESPECIAL DE REALIZAÇÃO
DA AÇÃO APOSTÓLICA: A ANIMAÇÃO PASTORAL
A característica da Pastoral Juvenil Salesiana é a animação, no sentido
profundo do termo: “dar alma”. A animação salesiana não é, portanto,
apenas ação técnica e funcional; é espiritual, apostólica, pedagógica,
e tem a sua fonte na caridade pastoral. Animar é muito mais do que
governar, gerir e organizar obras e ambientes. As capacidades e
competências humanas necessárias para a tarefa funcional não são
descuradas, antes são pressupostas. É importante, contudo, que além da
eficiência das estruturas, a primazia seja da sensibilidade pastoral.
A animação é a forma de contemplar, pensar, sentir e agir que caraterizam
quem assumiu uma particular responsabilidade de governo e quem, sem
esse papel, se envolve na ação pastoral pelos jovens.
A Caraterísticas da animação salesiana
Este modo caraterístico de atuar a pastoral foi-nos transmitido por Dom
Bosco; refere-se ao estilo especial de presença no acompanhamento dos
261

27 Pages 261-270

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27.1 Page 261

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
jovens e colaboradores praticado por ele ao viver a missão que lhe fora
confiada por Deus. Esse estilo especial desenvolve-se e enriquece-se com
a sua aplicação nos diversos contextos e âmbitos.
A animação da Pastoral Juvenil Salesiana implica antes de tudo o envolvimento
das pessoas, das relações e dos processos. Por isso, supõe:
envolvimento do maior número de pessoas, salesianos em pri-
meiro lugar, mas também de todos os que participam na ação
educativa e pastoral;
motivação e aprofundamento da identificação em relação a valo-
res, critérios e objetivos da proposta pastoral salesiana;
acompanhamento contínuo, para realizar ininterruptamente a
unidade e organicidade do processo pastoral salesiano;
promoção e atualização de processos que influenciem a vida e o
crescimento dos jovens;
unidade e comunhão num processo partilhado;
atenção para favorecer a informação e a comunicação, a pro-
moção da colaboração, da criatividade e da pertença;
urgência da reflexão constante sobre a situação dos jovens e a
práxis pastoral, e para que corresponda às suas expetativas.
B Princípios e critérios para a animação
dos processos e das estruturas
Articulação com os organismos de governo
e coordenação provinciais
Para a promoção da estreita colaboração entre as diversas obras e
serviços em função da unidade, é necessário:
garantir no POP a convergência e articulação das opções de
animação e governo na Província;
262

27.2 Page 262

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
manter clara a consciência da globalidade da ação pastoral salesiana
no PEPS, nas suas quatros dimensões articuladas nos diversos
ambientes da obra, reciprocamente integrados e complementares;
garantir a coordenação e colaboração entre os diversos setores
da animação provincial (Formação, Família Salesiana, Economia,
ambientes da Pastoral Juvenil e Comunicação Social), para garantir
a unidade da ação pastoral segundo os objetivos do PEPS;
implementar a reflexão sistemática e o confronto entre a realidade
e os objetivos fixados: processo contínuo de estudo, reflexão,
opção, programação e avaliação;
apoiar a ação das comunidades religiosas salesianas e das CEP, mais
do que organizar diretamente, para favorecer a ampla participação
e corresponsabilidade (sentido de comunidade, trabalho em
equipa, informação adequada e suficiente).
Envolvimento das comunidades, dos irmãos e das CEP
A fi nalidade da animação é suscitar e manter a corresponsabilidade
constantemente ativa. Nas CEP, os irmãos, com os leigos, são
envolvidos no estudo e elaboração dos critérios e decisões pastorais,
como também na sua execução. Por isso, mais do que à realização de
grande número de atividades, deve dar-se prioridade às orientações, às
indicações e à informação que acompanham as comunidades e assumir a
sua responsabilidade. São seus fatores estratégicos:
garantir a consistência quantitativa e qualitativa das comunidades
locais (cf. CG24, n. 173-174);
acompanhar de perto e sistematicamente as comunidades e os
responsáveis dos diversos setores pastorais, sobretudo os que se
encontram em maior dificuldade na sua missão de animação;
cuidar da comunicação e do intercâmbio entre comunidades e
agentes pastorais;
promover o sentido de pertença, a assimilação dos critérios e
objetivos comuns, a colaboração e o enriquecimento mútuo;
263

27.3 Page 263

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
acompanhar com particular cuidado os momentos de incidência
especial na animação pastoral, como o processo de elaboração e
revisão dos PEPS locais, a determinação dos papéis pastorais e das
responsabilidades nas equipas de animação educativa e pastoral, a
programação da formação dos agentes pastorais, etc.
Formação para a missão
A resposta ao chamamento de Deus para o serviço dos jovens comporta
a adesão a processos de formação, a fim de reforçar a mentalidade e a
atitude pastoral à luz do carisma salesiano. A formação pastoral requer o
acompanhamento dos salesianos e leigos para o aprofundamento da
sua vocação educativa e a atualização de sua capacidade operativa.
Por isso, ao lado do estudo do modelo de Pastoral Juvenil Salesiana,
apresentado no «Quadro de Referência» da Pastoral Juvenil Salesiana, é
preciso oferecer processos de reflexão de apoio pastoral.
A complexa história dos nossos dias empenha, em itinerários
formativos comuns, salesianos, leigos, jovens colaboradores e
membros da Família Salesiana (cf. CG24, n. 138-146). Eis alguns
espaços importantes:
a proposta formativa sistemática e consistente deve ser apoiada
nas fases iniciais da formação dos Salesianos, mediante o estudo
metódico e gradual do modelo de Pastoral Juvenil Salesiana e
as práticas pastorais orientadas que ajudem os jovens irmãos a
assumir a mentalidade de pastoral unitária e o estilo de animação
e metodologia de projeto. É preciso garantir a iniciação gradual
à Pastoral Juvenil Salesiana no terreno, com boas práticas e com
o acompanhamento adequado. A formação deve ajudar a unir
a reflexão à ação pastoral a fim de superar a improvisação, a
superficialidade, o setorialismo e o genericismo;
os professores, animadores, formadores, assistentes sociais
e catequistas recebam uma formação específica para a sua
qualificação de educadores e pastores; seja planeada a preparação
específica do pessoal para os vários ambientes da Pastoral Juvenil
Salesiana (projeto provincial de formação do pessoal previsto no
POP); cuide-se especialmente da área das ciências pastorais e
educativas, com especialização teórica e prática;
264

27.4 Page 264

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
dê-se atenção ao acompanhamento espiritual, necessidade cada
vez mais sentida entre os jovens. Esta exigência pede-nos para
garantir itinerários formativos que preparem salesianos e leigos
colaboradores para serem pastores e educadores capazes de
discernimento e orientadores;
os processos de formação permanente sejam reforçados,
potenciando a qualidade cultural e pastoral de salesianos e leigos
num renovado compromisso de cultura, estudo e profissionalismo;
aprofundando a Espiritualidade Juvenil Salesiana para a viver e
propor (CG24, n. 239-241, 257); qualificando os momentos de
vida comunitária, no caminho quotidiano ordinário da formação
permanente.
2 A animação
e coordenação local
21
A COMUNIDADE SALESIANA ANIMADORA
DE UMA OBRA SALESIANA
O papel efetivo dos salesianos é diferente segundo o número de irmãos
e suas funções. Cabe ao provincial com seu Conselho determinar os
modelos concretos de atuação da CEP (cf. CG24, n. 169). Eis algumas
tarefas essenciais da animação:
A A comunidade SDB
A comunidade religiosa (SDB) que vive, conserva, aprofunda e enriquece
constantemente o carisma de Dom Bosco, exerce uma ação animadora
específica em relação à CEP. O património espiritual da comunidade religiosa, a
sua prática pedagógica, as suas relações de fraternidade e corresponsabilidade
265

27.5 Page 265

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
na missão representam em cada caso o modelo de referência para a identidade
pastoral do núcleo animador (cf. Const. 47; Reg. 5). A comunidade salesiana é
então chamada a:
testemunhar a vida religiosa, manifestando a primazia de Deus
na vida, a entrega total à missão educativa e evangelizadora, o
testemunho alegre da própria vida e o interesse pelo crescimento da
vocação salesiana nos jovens e colaboradores. Os jovens salesianos,
que vivem «mais perto das novas gerações são capazes de animação
e entusiasmo, e disponíveis para soluções novas» (Const. 46), sendo
esse o seu contributo apostólico. A vida de quem chegou à velhice,
pela força da fidelidade amorosa de Deus, torna-se dom e revelação
dos elementos mais maduros da vocação. O salesiano idoso ou
enfermo tem cada vez mais consciência de continuar a ter um
futuro de ação, não tendo ainda esgotado seu serviço missionário.
Continua a testemunhar que fora de Cristo não há nem valor nem
alegria na vida pessoal e na vida com os outros;
garantir a identidade carismática salesiana com a presença próxima
e significativa entre os jovens e a disponibilidade para o contacto
pessoal, a preocupação com a integralidade do PEPS em todas as
atividades, a visão de conjunto da presença salesiana, promovendo
a inter-relação e colaboração entre as diversas obras que a
compõem;
«A modalidade de referência desejada,
para a qual se deve tender nos planos
provinciais de reorganização e
redimensionamento, é aquela em que
a comunidade salesiana está presente
em número e qualidade suficiente para
animar, com alguns leigos, um projeto e
uma comunidade educativa»
(PE. JUAN VECCHI, ACG 363, “ESPECIALISTAS,
TESTEMUNHAS E ARTÍFICES DE COMUNHÃO”)
ser centro de comunhão e
participação, que convoca os leigos
para a participação no espírito e na
missão de Dom Bosco e colabora
lealmente com os diversos órgãos
existentes de participação;
ser primeira responsável da
formação espiritual, salesiana e vo-
cacional (cf. CG24, n. 159), partici-
pando ativamente nos processos de
formação.
A aceitação da missão de animação
requer que a comunidade salesiana
266

27.6 Page 266

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
compreenda a sua própria realidade e a função de comunidade religiosa
no interior da CEP e do processo educativo-pastoral. No passado, a
comunidade salesiana assumiu quase exclusivamente a responsabilidade do
ambiente e da obra educativa, ajudada pelos leigos segundo as necessidades;
hoje, ela é chamada a convocar os leigos partilhando a sua responsabilidade e
assumindo a sua tarefa específica no interior da CEP.
A cultura das pessoas (leigos, jovens), suas sensibilidades, seus modos de
pensar e de enfrentar a vida contêm potencialidades e claves de leitura
vitais para uma nova interpretação do Evangelho.
A comunidade salesiana, cada vez mais consciente deste novo modelo
operativo, assume a sua responsabilidade específica, como parte significativa
do núcleo animador da CEP.
B O Diretor SDB
A animação pastoral das obras e atividades através das quais se realiza
a missão salesiana num determinado lugar é responsabilidade antes de
tudo da comunidade salesiana local e, primariamente, do Diretor com o
Conselho local.
O Diretor SDB, primeiro responsável da CEP, anima os animadores e está
ao serviço da unidade global da obra:
cuida da identidade carismática do PEPS, em diálogo com o
provincial e em sintonia com o projeto provincial;
promove os processos formativos;
cuida de que se realize em
todas as atividades e obras
a integralidade e unidade
da Pastoral Salesiana;
põe em ação os critérios
de convocação e forma-
ção dos leigos, envolve
corresponsavelmente,
«O leigo cristão é, portanto, membro da
Igreja no coração do mundo e membro do
mundo no coração da Igreja»
(CONFERÊNCIA DE PUEBLA 103)
267

27.7 Page 267

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
sobretudo o Conselho da CEP e/ou da obra; mantém a ligação
entre a comunidade salesiana e a CEP (cf. CG24, n. 172).
C O Conselho da comunidade
O Conselho da comunidade assiste e colabora com o Diretor SDB
nas funções de primeiro responsável da CEP. Ao especifi car a necessária
ligação entre o Conselho da comunidade e os demais organismos de
participação da CEP, convém seguir alguns determinados critérios, além
dos oferecidos pelas Constituições e Regulamentos da Sociedade de São
Francisco de Sales:
participar nele na qualidade de membros do conselho da CEP,
colaborando direta e ativamente nos processos de refl exão e
decisão;
assumir as decisões no que toca diretamente a identidade
salesiana, a formação e a convocação dos leigos;
favorecer sempre o adequado intercâmbio de informações entre
comunidade e organismos da CEP, o diálogo e o respeito pelas
responsabilidades dos membros.
D O conselho da CEP e/ou da obra
O conselho da CEP e/ou da obra é o organismo que anima e
coordena a obra salesiana através da reflexão, do diálogo, da
programação e da avaliação educativo-pastoral (cf. CG24, n. 160-
161, 171). A sua função é favorecer a coordenação ao serviço da
unidade do projeto salesiano no território em que se localiza a obra
salesiana, ou em que atuam as CEP dos diversos ambientes nas obras
complexas. Se houver uma só CEP, então existirá um só conselho
da CEP que coincide com o Conselho da obra. Se, porém, existirem
tantas CEP quantos forem os ambientes da obra, cada um deles
tem o próprio conselho além do conselho da obra constituído pelos
representantes dos conselhos das CEP. O conselho da CEP não se
substitui e não se sobrepõe aos diversos organismos da CEP, com
decisões não competentes, mas deve ajudá-los a:
268

27.8 Page 268

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
conservar a integralidade do projeto como horizonte concreto
das programações e atividades dos diversos ambientes;
sentir-se corresponsáveis na sua elaboração, realização e
avaliação;
ter vontade clara de comunhão e serviço nas necessidades comuns;
estar atentos às necessidades e exigências do conjunto do
contexto dos jovens;
favorecer a recíproca ligação e colaboração, sobretudo nos
serviços mais gerais, como a formação dos educadores;
manter-se em comunhão e colaboração com os diversos grupos
da Família Salesiana que trabalham no território.
Cabe ao Provincial com seu Conselho determinar os critérios de composição
e estabelecer as suas competências, os níveis de responsabilidade e ligação
com o Conselho local da comunidade salesiana (cf. CG24, n. 171).
E O coordenador local da Pastoral Juvenil com sua equipa
Para a animação pastoral local, ao lado de cada encarregado dos vários
ambientes e setores da animação pastoral que compõem a obra, é possível,
caso se constate a sua necessidade, a presença de um coordenador da Pastoral
Juvenil Salesiana com uma equipa própria. Além disso, onde for exigido pela
complexidade da obra, haja a possibilidade de ter um coordenador pastoral
para cada ambiente e setor de animação pastoral da obra.
O coordenador local, com a equipa, programa, organiza e coordena a
ação pastoral da obra, segundo os objetivos propostos no PEPS local e as
orientações e os critérios do Conselho da CEP e/ou da obra, sempre em ligação
estreita com o Diretor. Este serviço exige capacidade de relacionamento e
coordenação. Concretamente, exerce as seguintes funções:
colabora com o conselho da CEP para tornar os elementos
fundamentais da Pastoral Juvenil Salesiana presentes no
processo de elaboração, efetivação e avaliação do PEPS local;
269

27.9 Page 269

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
coordena a atuação do PEPS local através de programações
concretas para os diversos setores da ação pastoral da obra, dos
quais é responsável;
cuida da coordenação e integração das diversas atividades
educativo-pastorais, garantindo a sua complementaridade e
orientação para a educação à fé;
promove iniciativas de formação dos agentes de pastoral
segundo as orientações da programação provincial;
garante a relação e colaboração da obra salesiana com a pastoral
da Igreja local e as demais instituições educativas do território.
Cabe ao Provincial ou ao Diretor, segundo a práxis das Províncias, a
nomeação do coordenador local, salesiano ou leigo e, no segundo caso,
determinar as suas relações com a comunidade salesiana.
F Outros organismos e funções de animação e governo na CEP
A participação e a corresponsabilidade exigem a articulação na CEP dos diversos
organismos de animação, governo e coordenação, equipas que se constituem
oportunamente em conformidade com o PEPS e os próprios recursos. Na
definição do seu perfil, é preciso que sejam garantidos por salesianos e leigos:
a complementaridade dos diversos papéis e das funções na CEP;
a sua referência ao PEPS, de que devem partilhar e assumir os
horizontes antropológicos e religiosos, o horizonte educativo da
realidade, o estilo de presença entre os jovens, os objetivos e o
método, e as estratégias para os atingir; as indicações para o seu
crescimento como educadores salesianos (maturidade humana,
competência educativa, identidade salesiana, testemunho que se
inspira nos valores cristãos) através do processo permanente de
formação pessoal e comunitária;
a presença ativa entre os jovens a fim de os ajudar a ser grupo,
acompanhar no processo de crescimento humano e cristão e
favorecer a abertura no ambiente educativo, cultural e eclesial.
270

27.10 Page 270

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Em todas as obras, de acordo com o Provincial e seu Conselho, sejam
especifi cados os campos de responsabilidade confi ados aos leigos, o
seu âmbito de decisão, a relação dos diversos órgãos e as formas de
corresponsabilidade com a comunidade salesiana e a Província (cf. CG24,
n. 125, 169).
22
OUTROS MODELOS DE ANIMAÇÃO
DA CEP NAS OBRAS SALESIANAS
A Obras salesianas geridas por leigos
com uma presença comunitária
Nas obras em que as principais responsabilidades são geridas por leigos, a
comunidade salesiana, quando for muito reduzida, garante a sua identidade
salesiana e a coordenação com a Província, com a ajuda desta (cf. CG26,
n. 120); envolve o salesiano em tarefas de animação pastoral, formação e
acompanhamento dos educadores; cuida da convocação e formação dos
leigos colaboradores segundo os critérios propostos pelo CG24, n. 164,
envolvendo o mais possível os membros da Família Salesiana.
B Obras geridas por leigos no interior
do projeto provincial salesiano
Para que uma atividade ou obra, gerida por leigos, possa ser considerada
como pertencente ao projeto da Província, deve garantir duas condições
indispensáveis: realizar os critérios de identidade, comunhão e
signifi catividade da ação salesiana e ser acompanhada pelo Provincial e
seu Conselho (CG24, n. 180; CG26, n. 120).
A Província, na sua responsabilidade oferece, portanto, a essas obras e
suas CEP, intervenções de animação e governo, em analogia com as CEP
que têm a presença da comunidade salesiana:
visita provincial;
avaliação do projeto local (PEPS);
271

28 Pages 271-280

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28.1 Page 271

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ligação do diretor leigo da obra com o Provincial;
participação periódica de um delegado do Provincial no
Conselho da CEP;
criação do Conselho da CEP;
organização, com os leigos, de um itinerário sério de formação
para a identidade salesiana;
atenção aos leigos que têm papéis de animação e responsabili-
dade na CEP;
ligação estável com uma comunidade salesiana próxima ou com
o centro de animação provincial, especialmente para o serviço
carismático e pastoral (cf. CG24, n. 181).
3 A animação
e coordenação provincial
3 1 O PROVINCIAL E SEU CONSELHO
São defi nidos três níveis de responsabilidade nos serviços provinciais de
animação pastoral, distintos, mas inseparáveis.
nível de governo: o Provincial com seu Conselho toma as de-
cisões fundamentais como primeiro responsável pela animação
e governo pastoral da Província (cf. Const. 161);
272

28.2 Page 272

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
nível de unidade e orientação pastoral: o Delegado provincial,
com sua equipa, cuida da unidade orgânica da ação pastoral na
Província e da sua orientação segundo o PEPS provincial (cf.
CG23, n. 244);
nível de coordenação operativa: as Equipas, os Departamentos
provinciais e os Conselhos cuidam da coordenação das atividades
pastorais nos diversos ambientes e setores de animação pasto-
ral, segundo as diversas dimensões do PEPS (cf. CG26, n. 113).
Os três níveis interagem e completam-se reciprocamente garantindo, de
modo especial no segundo nível, a identidade salesiana da ação pastoral
decidida e coordenada nos outros dois.
32
O DELEGADO DE PASTORAL JUVENIL
PROVINCIAL E SUA EQUIPA
A O Delegado de Pastoral Juvenil
O Provincial «nomeará o seu Delegado da Pastoral Juvenil, que coordenará
uma equipa que garanta a convergência de todas as iniciativas para o
objetivo da educação à fé e torne possível a comunicação operativa entre
as Províncias» (CG23, n. 244).
O delegado do Provincial atua de acordo com ele e com o Conselho
provincial. Os seus primeiros destinatários são os irmãos, as comunidades
salesianas e as CEP. Não tem o encargo das iniciativas ou só de um setor,
mas é quem garante a pastoral orgânica na Província, atento a todas as
dimensões. Normalmente, dedica-se à animação pastoral da Província a
tempo inteiro. Convém que seja membro do Conselho provincial, no qual
faz presente habitualmente a perspectiva e as preocupações pastorais. As
suas funções preveem que:
assista o Provincial e seu Conselho na elaboração do PEPS e das
diretrizes e orientações pastorais comuns;
273

28.3 Page 273

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
coordene o funcionamento colegial da equipa provincial de Pastoral
Juvenil e assista os seus membros no desempenho do seu cargo;
acompanhe as comunidades locais na sua programação, exe-
cução e avaliação pastoral, cuidando da realização das quatro
dimensões do PEPS nos diversos ambientes;
comunique com os agentes pastorais para orientar as suas inter-
venções segundo a unidade do PEPS;
dirija as iniciativas intercomunitárias propostas no PEPS;
cuide da realização de um projeto orgânico de formação educa-
tivo-pastoral para os irmãos, os colaboradores leigos e os jovens
animadores;
mantenha um assíduo relacionamento com os membros da Fa-
mília Salesiana que trabalham na Província, com a Igreja local e
o Dicastério para a Pastoral Juvenil.
B A Equipa de Pastoral Juvenil
A equipa provincial de Pastoral Juvenil colabora diretamente com o
Delegado no cumprimento de suas funções. É importante na equipa
a presença dos encarregados provinciais dos ambientes e,
eventualmente, dos setores de animação pastoral da Província,
de modo a garantir a implementação harmoniosa e unitária dos
diversos programas e processos pastorais animados pela Província e
pelas comunidades. É importante que nela participem o encarregado
da animação vocacional e os delegados da animação missionária e da
comunicação social. Tem entre as suas tarefas:
colaborar com o Delegado no desempenho das suas funções;
promover a presença e a inter-relação das dimensões do PEPS nas
obras, ambientes e setores de animação pastoral da Província;
orientar as comunidades para uma visão interdisciplinar dos desa-
fios pastorais e para uma ação conjunta na resposta aos mesmos.
274

28.4 Page 274

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Para tanto, requer-se dos membros da equipa: preparação específica
teórica e prática; tempo de reflexão e confronto; capacidade de contacto,
coordenação, motivação; o programa concreto de trabalho baseado no
PEPS, segundo as linhas prioritárias indicadas pelo Provincial e seu Conselho.
C Os encarregados provinciais de ambientes e setores
de animação pastoral e suas equipas
Para o acompanhamento e animação dos ambientes e setores da pastoral
juvenil da Província, o Provincial nomeia um Encarregado ajudado
normalmente por uma equipa.
Função dos Encarregados dos ambientes e setores é:
ajudar as CEP desses ambientes e setores de animação pastoral
a concretizarem as orientações provinciais da Pastoral Juvenil,
segundo o PEPS e o plano de trabalho do Delegado de Pastoral
Juvenil e sua equipa;
estudar e refletir sobre a sua finalidade educativo-pastoral, rea-
lidade, problemáticas e projeções.
É importante que os diversos encarregados dos ambientes e setores de
animação pastoral da Província sejam coordenados sistematicamente com
a animação do Delegado provincial da pastoral juvenil; sejam membros
da sua equipa para uma visão partilhada e uma aplicação coordenada
do PEPS e da programação provincial; garantam a unidade orgânica da
pastoral juvenil em toda a Província.
275

28.5 Page 275

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
4 A animação e coordenação
interprovinciais
Para o serviço de planifi cação e animação pastoral de um grupo de
províncias surgem alguns organismos de inter-relação e coordenação:
equipas interprovinciais de pastoral juvenil, Delegações nacionais ou
regionais de pastoral juvenil, Centros Nacionais de Pastoral Juvenil. Esses
organismos ou equipas são promovidos e orientados pelos Provinciais de
um grupo de Províncias ou de uma Região e colaboram de perto com o
Dicastério para a Pastoral Juvenil.
As realidades são diversas, mas podem definir-se critérios comuns:
oferecer neste nível uma coordenação que responda à proble-
mática da situação juvenil cada vez mais global e complexa;
desenvolver nas Províncias uma mentalidade mais aberta e uni-
versal, promovendo a solidariedade e o intercâmbio de dons no
âmbito da Pastoral Juvenil, facilitando a circulação de experiên-
cias e modelos pastorais;
sendo serviço subsidiário de apoio, animação e coordenação,
não deve assumir tarefas que os outros sujeitos de planificação
podem e devem assumir;
a prioridade da educação à fé, afirmada pelos programas e pe-
las intervenções educativas, é afirmada também pela organiza-
ção das estruturas de animação (cf. CG23, n. 245);
os organismos de coordenação devem ser constituídos de ma-
neira convergente, integrada e orgânica, evitando tanto o seto-
rialismo como a burocratização centralizada.
Os Delegados Provinciais de Pastoral Juvenil das diversas Provín-
cias de uma Região ou grupo de Províncias (Delegação Nacional ou
276

28.6 Page 276

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Regional, equipa interprovincial de Pastoral Juvenil) reúnem-se sistemati-
camente para:
refletir sobre a realidade juvenil e os desafios que ela apresenta
no âmbito das próprias Províncias, em vista da elaboração de
critérios e orientações comuns para a animação pastoral na na-
ção ou região;
coordenar a colaboração recíproca entre as Províncias em or-
dem a alguns objetivos comuns, como a formação de educado-
res e animadores;
promover a partilha de experiências, subsídios, iniciativas e pro-
postas;
orientar uma forma de presença e ação convergente e unitária
na Igreja e no território nacional ou da Região.
Ao lado da Delegação Nacional ou Regional, ou das equipas
interprovinciais de Pastoral Juvenil, podem criar-se Centros Nacionais
ou Regionais de Pastoral Juvenil, organismos de reflexão e animação
criados por uma Conferência provincial ou grupo de Províncias, ao
serviço da pastoral juvenil da Região ou da nação para:
promover e fazer estudos e investigação sobre os problemas
atuais da Pastoral Juvenil Salesiana;
recolher e confrontar as experiências salesianas e eclesiais mais
significativas sobre Pastoral Juvenil Salesiana;
propor e divulgar essas reflexões e experiências;
pôr-se ao serviço das Províncias e Igrejas locais para animar a
ação de planeamento e programação, sobretudo na formação
dos agentes de pastoral juvenil;
agir em conformidade com as prioridades da Congregação e do
Dicastério da Pastoral Juvenil, da Conferência dos Provinciais e
dos Delegados provinciais.
277

28.7 Page 277

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
5 A animação e coordenação
a nível mundial
Os serviços, atividades, iniciativas e obras que têm por objetivo a educação
e a evangelização dos jovens encontrarão uma referência unificadora no
Dicastério da Pastoral Juvenil, formado pelo Conselheiro Geral da
Pastoral Juvenil e sua equipa.
Sua função, segundo as Constituições da Sociedade de São Francisco de
Sales, n. 136, é animar e orientar a ação educativa e apoiar as Províncias.
Concretamente, o Dicastério:
oferece ajuda para progredir, motiva, torna presente a globa-
lidade de ação, cuida do aprofundamento cultural e espiritual,
promove a orientação educativa dos projetos nos objetivos e con-
teúdos e no acompanhamento metodológico, promove a reflexão
sobre os critérios e urgências e o intercâmbio de experiências;
favorece a inserção da Pastoral Juvenil Salesiana na Igreja com o
acolhimento das suas indicações e orientações e a oferta do nosso
contributo específico;
no Conselho Geral, oferece o contributo da ótica pastoral e
juvenil na concretização das linhas programáticas gerais do
Reitor-Mor e seu Conselho; mantém relações de reciprocidade
e complementaridade com os Dicastérios como a Formação, as
Missões, a Comunicação Social e a Família Salesiana;
colabora com os Regionais para unificar e organizar as inter-
venções nas diversas Províncias segundo as situações e necessi-
dades.
278

28.8 Page 278

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Os destinatários prioritários da sua função
de animação são:
os Provinciais e seus
Conselhos;
os Delegados provin-
ciais da Pastoral Juve-
nil, as suas equipas e
os encarregados de
ambiente e setor;
os demais organismos
de animação a nível re-
gional.
6 Planificação pastoral
61
OS DIVERSOS NÍVEIS DE PLANIFICAÇÃO
PROVINCIAL E LOCAL
A planificação pastoral comporta diversos níveis de operacionalização, com
diversos processos e documentos. Queremos aqui fazer uma proposta
metodológica, com a apresentação de alguns instrumentos para a
planificação da pastoral juvenil. São mediações resultantes de opções
motivadas.
279

28.9 Page 279

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
CONTEXTOS
«Quadro de Referência»
da Pastoral Juvenil
Salesiana
Outras Orientações e
urgências da
Congregação e da Igreja
Projeto Orgânico
Provincial (POP)
[a longo ou médio prazo]
Outros projetos, planos,
itinerários provinciais
(formação, leigos,
vocações e outros)
Programação da
Animação Provincial
[anual]
Projeto Educativo-Pastoral
Salesiano provincial (PEPSP)
[a longo ou médio prazo]
Outros projetos,
planos,
itinerários locais
Programação
geral da obra
[anual]
Projeto Educativo-Pastoral
Salesiano (PEPS)
em cada obra ou ambiente local
[a longo ou médio prazo]
280

28.10 Page 280

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Os diversos documentos apresentam diferenças conceituais e aplicativas,
mesmo quando utilizados em sobreposição. Não se justapõem simplesmente,
mas influenciam-se e apoiam-se reciprocamente, em circularidade dinâmica.
O «Quadro de Referência» da Pastoral Juvenil Salesiana, com outros
documentos da Congregação e da Igreja, define o conjunto das diretrizes,
orientações e linhas fundamentais num amplo enquadramento segundo
as quais se move a ação pastoral salesiana e eclesial.
São textos que inspiram toda a Congregação, pontos de referência
propostos para um arco de intervenção pastoral mais extenso no tempo e
nos contextos.
Os projetos provinciais, como o Projeto Orgânico Provincial e o Projeto
Educativo-Pastoral Salesiano Provincial, e os projetos locais, como o
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano Local, têm um caráter mais operativo
e contextualizado, embora se movam ainda em linhas gerais. Esses
documentos especifi cam as orientações da Congregação e da Igreja,
dando-lhes um aspeto muito concreto. A tarefa da Programação é
elaborar a sua concretização detalhada e particularizada.
Parece oportuno chamar a atenção para a simplicidade dos projetos e
das programações: textos ágeis, claros na sua articulação e práticos na
aplicação. É desejável que sejam de poucas páginas para terem um caráter
prático e responderem às prioridades concretas. É necessário evitar que
estes documentos se tornem um “recipiente” no qual se deitam amplas
refl exões, ou, abundantes textos de referência. A clareza expositiva
permite a imediata compreensão da estrutura do documento.
A programação não responde a exigências de tipo meramente organizativo
e de planeamento. A programação expressa o discernimento e o
testemunho de quem escuta, oberva e perscruta os sinais dos tempos com
o olhar de Deus. Estamos convencidos, de facto, de que o planeamento
pastoral não é pensado à mesa de trabalho, mas se nutre de um profundo
e sério discernimento no Espírito que é alma e fonte inspiradora de toda
missão na Igreja. É preciso, portanto, ter presentes os dois momentos: o
discernimento e o planeamento.
Existem metodologias de discernimento, pessoais e comunitárias (“ver,
julgar, agir”, “apelo de Deus, situação e linhas de ação”, “revisão de
281

29 Pages 281-290

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29.1 Page 281

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
vida”), que requerem condições e atitudes muito atentas. São metodo-
logias que ajudam a ler e interpretar a realidade pastoral à luz da Palavra
de Deus. Deve avaliar-se a sua utilização segundo as circunstâncias e os
contextos.
62
ORIENTAÇÕES PARA DEFINIR OS TIPOS
DE DOCUMENTOS A GERIR
A O «Quadro de Referência» da Pastoral Juvenil Salesiana
É uma síntese orgânica da Pastoral Juvenil Salesiana; instrumento
-guia para a reflexão, planeamento, programação e avaliação da
Pastoral Juvenil Salesiana. Apresenta o conjunto de caraterísticas que
identificam a ação pastoral salesiana da Congregação. Indica a direção
a seguir no itinerário da realização da missão salesiana. Responde às
questões: Quem somos? O que queremos? Onde queremos chegar? O
que propomos?
O «Quadro de Referência» define perante a Igreja e a sociedade os
elementos constitutivos da ação pastoral da Congregação.
Conhecido e partilhado na CEP, é a referência fundamental que estabelece
a pertença, determina a ação comum, suscita os melhores recursos
das pessoas com a sua adequada formação, promove um ambiente de
colaboração e corresponsabilidade.
B O Projeto Orgânico Provincial
É o projeto estratégico de animação e governo que regula a realização
e a continuidade das decisões da Província (cf. CG25, n. 82). É o
instrumento prático que tem por finalidade coordenar com determinado
intuito os recursos educativos e pastorais presentes na Província. Não é
proposto como esquema rígido. O POP considera os aspetos fundamentais:
observação atenta da situação onde se é chamado a agir; opções centrais
que orientam o desenvolvimento da Província; campos de ação prioritários
nos próximos anos; critérios operativos que norteiam os vários projetos;
linhas para a preparação das pessoas e a evolução económica e estrutural.
282

29.2 Page 282

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O CG25 indicou o sujeito do POP: «A Comunidade Provincial através
dos seus organismos estude, elabore ou reveja nos próximos três anos
o Projeto Orgânico Provincial» (CG25, n. 82). O Provincial, com seu
Conselho, coadjuvado por uma equipa operacional (CG25, n. 84), guia e
orienta o processo de estudo, elaboração e revisão do POP, envolvendo as
comunidades e, de modo especial, os Diretores. À luz de Const. 1, 2, 171,
e Reg. 3, 167, é conveniente que as linhas e as opções fundamentais do
POP sejam estudados e aprovados pelo Capítulo Provincial.
Esses elementos institucionais (a longo ou médio prazo) devem
concretizar-se nos diversos planos ou projetos operacionais, segundo os
setores importantes da vida da Província: projeto de formação; projeto
-leigos; orçamento e balanço anual; projetos comunitários locais. Entre
os projetos, aquele que deve ser mais elaborado ponto de vista da
missão é o PEPS em relação ao setor da ação educativo-pastoral. Os
projetos não coordenam processos acrescentados ao PEPS, mas qualificam
e desenvolvem os seus aspetos importantes.
As funções do POP e do PEPS provincial são distintas, pela sua fisionomia,
de qualquer outro documento, em especial, do Diretório Provincial, texto
normativo confiado ao Capítulo Provincial (cf. Const. 171). Este regulamento
contém normas particulares em matérias necessárias a nível provincial. O
POP e o PEPS provincial têm natureza, finalidade e conteúdos distintos do
Diretório Provincial. Eles têm um caráter de projeto, são programáticos, são
documentos a se e não fazem parte do Diretório Provincial.
Projeto Orgânico Provincial: plano estratégico de animação
e governo que regula a realização e a continuidade das decisões da Província
análise da
realidade
opções
centrais
campos
prioritários
de ação
critérios
operativos
linhas
gerais em
duas áreas
distintas
tendo em
conta o
contexto
sociocultural
e educativo
para orientar
o crescimento
da Província
a longo ou
médio prazo
para orientar
os diversos
planos e
projetos
a preparação
das pessoas
e o desen-
volvimento
económico e
estrutural
283

29.3 Page 283

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
C O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
É o plano geral de intervenção que orienta a realização do itinerário
educativo-pastoral num determinado contexto provincial e local e
orienta as iniciativas e os recursos para a evangelização (cf. Reg. 4; cf. CG26, n.
39). Responde à pergunta: O que fazer e como, para chegar à meta prevista?
O PEPS, sendo mais concreto do que o «Quadro de Referência», tem valor
para durar “a longo ou médio prazo”, em relação à situação na qual está
presente a Província ou a obra salesiana. As metas ou final idades propostas,
as áreas de intervenção indicadas, as linhas operativas escolhidas indicam
o processo operativo a percorrer.
As Constituições da Sociedade de São Francisco de Sales fazem referência a
esse projeto apostólico em sentido global (Const. 31; 44), ao qual também
correspondem diversos artigos dos Regulamentos (Reg. 4-10, 184). Há,
portanto, uma correlação entre o PEPS provincial e o PEPS de uma obra:
O PEPS provincial define o processo da Província, por 3-5 anos. Indi-
ca objetivos, estratégias e linhas comuns de ação educativo-pastoral
que orientam a ação pastoral de todas as comunidades e obras. Ser-
ve como ponto de referência para a sua programação e avaliação
educativo-pastoral durante esse período. É referência para a elabo-
ração do PEPS de cada obra ou ambiente local;
O PEPS de cada obra ou ambiente local aplica à realidade local as
linhas do PEPS provincial. É o projeto diretamente operativo de cada
obra (com apenas um ambiente) e de cada ambiente (numa obra
complexa). Neste último caso, o PEPS das obras salesianas que se
apresentam com dois ou mais ambientes torna-se instrumento
importante para a convergência e unidade nos objetivos e nas linhas
de ação comuns da obra. Responde a dois aspetos fundamentais:
- coordenação de todos os ambientes e, eventualmente, setores
de animação pastoral da obra, com a série consequente de cri-
térios, opções metodológicas, orientações organizativas e instru-
mentais;
- convocação, constituição, formação e funcionamento das
CEP dos diferentes ambientes.
284

29.4 Page 284

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Todos os elementos estruturais (espaços, propostas educativas e
pastorais, tempos, horários, calendários) e pessoais (organismos pessoais
e colegiais) são orientados para a consecução do objetivo, no arco de
três anos. A corresponsabilidade da tarefa é assumida pelos membros de
cada CEP (cf. CG23, n. 243), mas é particularmente acompanhado pelo
seu Conselho.
O CG23 propôs que cada Província, na revisão do PEPS provincial, traduza,
entre outros aspetos, o itinerário de fé em itinerários concretos e adaptados
aos seus destinatários e aos contextos nos quais atua (cf. CG23, n.
230): itinerários de fé, itinerários educativos vocacionais e iniciação cristã
dos jovens. O itinerário é uma sucessão ordenada de etapas ou momentos
educativos (com modos e tempos de realização, meios e protagonistas
próprios) através dos quais se alcançam os objetivos estabelecidos no PEPS. O
itinerário ajuda a tornar o projeto operativo, realiza-o no tempo e adapta-o
aos vários destinatários; no itinerário, os objetivos tornam-se movimentos
progressivos; o método concretiza-se num conjunto de intervenções e
experiências organizadas sucessivamente (v. capítulo IV, n. 3.2).
D Os diversos níveis de concretização do PEPS
Somos chamados a traduzir e desenvolver o PEPS em itinerários, planos
e programações. Entre estes, indicamos: a Programação de animação
provincial e a Programação geral da obra. Algumas províncias servem-se
destes nomes ou de outros para indicar a mesma coisa.
A Programação de animação provincial é a aplicação anual do POP e
do PEPS provincial, segundo o seguinte esquema (aproximadamente):
objetivo geral do ano, como quadro de referência, horizonte no
qual se realiza o programa de animação do Conselho provincial;
objetivos específicos, para cada ambiente pastoral e setor de ani-
mação da Província: representam a explicitação do objetivo geral
e caraterizam-se como metas, horizontes a alcançar, pontos de
chegada nos quais focalizar todos os esforços durante o ano;
processos e intervenções para a animação e coordenação dos
ambientes e setores de animação pastoral da Província e, com a
285

29.5 Page 285

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
explicitação dos sujeitos envolvidos, das tarefas específicas e dos
tempos:
- Comunidade e Formação,
- Missão Educativo-Pastoral,
- Família Salesiana,
- Comunicação Social,
- Economia,
- Outros;
modalidades de avaliação para a efetiva revisão do alcance real
dos resultados pré-fixados;
organigrama da Província, isto é, a representação gráfica da es-
trutura organizativa geral da Província;
calendário provincial com todos os encontros provinciais do
ano.
Mediante os planos anuais delineia-se um itinerário gradual que torna
operativo o POP e o PEPS provincial, com a avaliação sistemática realizada
pela CEP de cada obra. A programação é feita todos os anos e utilizada
em todas as obras da Província como referência para a elaboração da
Programação Geral de cada obra.
Programação da animação provincial:
aplicação anual do POP e do PEPS provincial
objetivo
geral
do ano
objetivos
específicos
processo e
intervenções
modalidades
de avaliação
organigrama
geral da
província
calendário
provincial
segundo o
programa
de animação
do Conselho
provincial
com atenção
especial
durante o ano
explicitando
as pessoas,
as tarefas
específicas e
os tempos
representação
gráfica da
estrutura
organizativa
geral
todos os
encontros
provinciais
do ano
286

29.6 Page 286

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A Programação geral da obra é a aplicação anual do PEPS da obra
(ou eventualmente, cada PEPS dos diversos ambientes e setores de
animação pastoral da obra). Esquema aproximativo:
objetivo geral do ano, como quadro de referência, horizonte no
qual se desenvolve o programa de animação da Província;
objetivos específicos para cada ambiente e, eventualmente, setor
de animação pastoral da obra; eles representam a explicitação do
objetivo geral e caracterizam-se como metas, horizontes a alcan-
çar, pontos de chegada nos quais focalizar todos os esforços du-
rante o ano;
processos e intervenções da CEP dos diversos ambientes e, even-
tualmente, setores de animação pastoral, segundo as dimensões
do PEPS, com a explicitação dos sujeitos envolvidos, das tarefas
específicas e dos tempos;
modalidades de avaliação para a verificação da real concretização
dos resultados pré-fixados;
organigrama da obra, isto é, a representação gráfica dos órgãos
de animação e de governo, com indicações dos serviços, horários e
funcionamento:
- comuns a toda a obra,
- específicos de cada ambiente e setor de animação pastoral;
calendário com todos os encontros do ano.
287

29.7 Page 287

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Programação geral da obra: aplicação anual do PEPS local
(com os PEPS dos diversos ambientes da obra)
objetivo
geral
do ano
objetivos
específicos
de cada
ambiente e
setor da obra
processos e
intervenções
modalidades
de avaliação
organigrama
da obra
salesiana
calendário
segundo o
programa de
animação da
Província e
do PEPS local
com atenção
especial
durante o ano
com indicação
das pessoas,
das tarefas e
dos tempos
com indicação
dos serviços,
horários e
funcionamento
todos
os encontros
do ano
63
LINHAS METODOLÓGICAS PARA A ELABORAÇÃO
E REVISÃO DO PEPS
A As fases da elaboração do PEPS: uma proposta dinâmica
Trata-se de um projeto que deseja ser realista e eficaz para um processo
contínuo. A partir da situação inicial, caminha para as finalidades fixadas
mediante objetivos a atingir. Deve ser elaborado de modo progressivo.
O PEPS traça um itinerário em três momentos a ser retomados,
desenvolvidos, aprofundados. Deixa espaço para a adequação dos
projetos educativos à realidade mutável em que se trabalha.
No processo de elaboração, a CEP deve confrontar-se continuamente com
o «Quadro de Referência», tanto para a análise iluminada da situação
e o discernimento dos principais desafi os, quanto, e sobretudo, para a
definição dos objetivos que devem orientar a ação pastoral para as metas
indicadas no mesmo «Quadro de Referência».
Momento da análise da situação
1 Observação atenta e conhecimento da situação do nosso território e da
especificidade dos jovens que o habitam: pessoas, situações, recursos, pro-
288

29.8 Page 288

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
blemas, tendências, possibilidades. Este procedimento não é feito de uma
vez por todas. A operação requer a capacidade de ligar dados anteriores
com novas aquisições. É preciso ativar a comunicação, as experiências de
participação, as redes educativas e o sentido de responsabilidade.
2 Interpretação educativo-pastoral da situação, procurando entender mais
profundamente a realidade, “agitar as águas”, com o desejo de a reno-
var, tentando de todos os modos melhorá-la. Deve acolher-se a realidade
objetivamente, evitando formular avaliações apressadas sobre ela ou, mais
frequentemente, de modo negativo. A interpretação é feita à luz dos ele-
mentos fundamentais da missão salesiana e do Sistema Preventivo.
3 Determinar uma visão de futuro com opções precisas (quatro ou cinco no
máximo); no caso do PEPS provincial, as opções são para todas as presen-
ças e para todos os seus ambientes; no caso do PEPS local, para os ambien-
tes da realidade local. Em todo caso, é importante que essas opções claras
brotem da análise da realidade e das suas urgências educativo-pastorais.
Momento da programação operativa
1 Traduzir as opções claras em objetivos gerais que se consideram mais
importantes, urgentes e possíveis. Os objetivos têm em vista propostas
claras, levando em conta as pessoas da CEP e o dinamismo próprio das
quatro dimensões da pastoral juvenil.
2 Propor alguns processos através dos quais se traduzem na prática e se
tornam operativos os objetivos gerais.
3 Concretizar compromissos operativos, isto é, intervenções precisas, progres-
sivas e verificáveis. Nessas intervenções esclarecem-se os grupos de pesso-
as destinatárias (para quem?), as responsabilidades das diversas pessoas
ou equipas (por quem?), o uso dos recursos e a programação dos tempos
(como e quando?).
Momento da revisão do projeto e novo planeamento
A revisão do projeto permite medir objetivamente o impacto do projeto
na realidade. Avalia os resultados à luz dos objetivos propostos. Descobre
novas possibilidades ou urgências surgidas e faz o discernimento sobre
novos passos a dar.
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29.9 Page 289

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Para a revisão global do PEPS, há alguns elementos a não esquecer:
envolver as diversas pessoas, os diversos grupos e as equipas
interessadas. Os sujeitos da revisão do PEPS provincial são o
Capítulo Provincial, o Provincial com seu Conselho e a Equipa
Provincial de Pastoral Juvenil;
gerar um verdadeiro processo educativo-pastoral, que não deve
limitar-se ao exame dos produtos e resultados. De facto, é preciso
reavivar os processos de amadurecimento, individuais e comuni-
tários, encorajar à melhoria e motivar para resultados melhores;
utilizar indicadores precisos e mensuráveis, à luz dos quais se
possam verifi car os resultados obtidos e saber como foram al-
cançados. A prova e o erro fazem parte do processo; um erro
avaliado é fonte de aprendizagem; um erro não analisado leva
ao desânimo e à estagnação;
prestar atenção à análise das causas - pessoais, estruturais, or-
ganizativas - que favoreceram ou não o processo, e adequar os
objetivos às novas situações e possibilidades.
B Critérios fundamentais para a elaboração ou reelaboração do PEPS
Como já indicado, a finalidade do planeamento de um PEPS não é a elaboração
de um texto novo a pôr nas mãos dos agentes para que o conheçam e atuem,
mas ajudar a CEP a atuar, com mentalidade partilhada e clareza de objetivos e
critérios: mentalidade de projeto de corresponsabilidade.
O PEPS, mais do que um texto, é um processo mental e comunitário de
envolvimento, esclarecimento e identificação; tende a criar na CEP a
confluência operativa, evitando assim a dispersão da ação.
O caminho feito em comum e a sua metodologia são de fundamental
importância. É preciso indicar três critérios:
a) Discernimento constante com inteligente e corajosa ca-
pacidade profética. O planeamento pastoral não é um puro
empreendimento técnico, nem um simples ato espiritual, mas
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29.10 Page 290

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Análise da situação
Observação atenta e conhecimento
do contexto/jovens
Interpretação
educativo-pastoral
Determinação
das opções preferenciais
Planeamento operativo
Objetivos gerais tendo em conta as pessoas da CEP e
as quatro dimensões, válidas para todos os ambientes e,
eventualmente, os setores de animação pastoral
Processos e intervenções: indicando pessoas
destinatárias, responsabilidades das tarefas, recursos
reais e programação dos tempos
Revisão do projeto e replaneamento
291

30 Pages 291-300

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30.1 Page 291

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
mediação. Quem elabora, realiza e avalia o PEPS deve amadure-
cer um contínuo discernimento na escuta do plano de Deus. É
o Senhor quem indica o caminho a trilhar e oferece-nos os pon-
tos de referência: adesão à realidade concreta do tempo e da
história (evitando propostas abstratas e estranhas à situação);
centralidade da pessoa do jovem; atenção à globalidade da pro-
posta educativo-pastoral salesiana (entendida organicamente
segundo as quatro dimensões); são elementos constantes da
nossa práxis educativo-pastoral: o Sistema Preventivo e a Espiri-
tualidade Juvenil Salesiana.
Por isso, perante o desafio educativo-pastoral é preciso evitar
duas atitudes que criam obstáculo à missão salesiana; a primeira
é fechar-se num esquema de projeto estático, rígido e anónimo;
o segundo é equiparar o projeto de pastoral juvenil a outros de
natureza comercial, económica e política, traindo a alma edu-
cativo-pastoral do PEPS, a sua natureza evangélica de oferta de
salvação ao jovem em Cristo.
b) A colegialidade, participação conjunta de todos os membros
da CEP envolvidos no projeto. Apresentem-se com clareza a
motivação, os objetivos e o itinerário. Promova-se o diálogo se-
reno e progressivo no estudo dos problemas e das situações.
Sejam sempre avaliados os contributos de todos. Crie-se uma
verdadeira equipa de trabalho, capaz de animar processos lon-
gos e complexos.
O verdadeiro Projeto Educativo-Pastoral é obra comunitária e de
colaboração. O PEPS provincial envolve todas as comunidades e
obras da Província, o PEPS local empenha a CEP como sujeito da
sua elaboração, atuação e revisão.
É preciso envolver de modo especial os membros da Família Sa-
lesiana que trabalham no mesmo território (cf. CG24, n. 125), a
nível provincial, mediante o encontro dos organismos provinciais
(equipa provincial de Pastoral Juvenil e/ou Conselho Provincial)
com os representantes dos diversos grupos da Família Salesiana
presentes na Província; a nível local, através do diálogo entre o
conselho local da Família Salesiana, a comunidade SDB e o Con-
selho da CEP.
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30.2 Page 292

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A fim de interessar e empenhar toda a CEP neste processo, é útil
a criação de um grupo animador que provoque e motive, aju-
dando a superar os obstáculos; indique as linhas metodológicas
que favoreçam a participação de todos os grupos e organismos
da CEP segundo as suas responsabilidades e possibilidades; ofe-
reça elementos e subsídios para reflexão e estudo; resuma e for-
mule as conclusões para as propor de novo ao grupo. Este gru-
po, a nível provincial, pode ser a equipa provincial de Pastoral
Juvenil alargada a outras pessoas competentes e qualificadas; a
nível local, o Conselho da CEP ou a equipa de pastoral.
c) A comunicação, mediante a partilha das linhas de projeto en-
tre os que são sujeitos e agentes no projeto. Com esta atitude
aberta, urge, desde o início, a clareza sobre os diversos níveis de
participação (discussão, decisão, execução) e seus responsáveis.
Neste processo, salesianos e leigos fazem experiência de comu-
nhão e participação no espírito de Dom Bosco na sua missão.
Todos os membros da CEP percorrem um itinerário de discerni-
mento, participando ativamente da busca dos objetivos e linhas
de ação do PEPS (CG24, n. 119-120).
A complexidade da organização não deve ofuscar o espírito educativo e pastoral
que tem subjacente. Toda a atividade é a parte que deve tornar claro e evidente
o conjunto: a educação dos jovens à vida e ao encontro com o Deus da vida.
Iniciar o planeamento, atuá-lo e ser capaz de revisão e mudança não é nem
superficialidade nem complicação. É sinal de maturidade educativa, de um
serviço especializado que se coloca em contínua conversão para a promoção
da vida numa sociedade continuamente mutável. É capacidade de realismo, de
amor e respeito pelos jovens. É coerência com as decisões educativas que eles
esperam e merecem. É a realização de uma sinfonia educativa, fruto de
um itinerário pedagógico que, com o tempo, se torna a mais frutuosa
de todas as obras da humanidade.
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30.3 Page 293

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
294

30.4 Page 294

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
EPÍLOGO

30.5 Page 295

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O espírito salesiano encontra o seu modelo e a
sua fonte no próprio coração de Cristo, apóstolo do
Pai. Na leitura do Evangelho somos mais sensíveis a
certos traços da figura do Senhor: a gratidão ao Pai
pelo dom da vocação divina a todos os homens; a
predileção pelos pequenos e pelos pobres; a solicitude
em pregar, curar, salvar sob a urgência do Reino
que vem; a atitude do Bom Pastor que conquista
com a mansidão e o dom de si mesmo; o desejo de
congregar os discípulos na unidade da comunhão
fraterna»
(Constituições da Sociedade de São Francisco de Sales 11)
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30.6 Page 296

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ORAÇÃO A S. JOÃO BOSCO
São João Bosco,
Pai e Mestre da juventude.
dócil aos dons do Espírito
e aberto às realidades do teu tempo
foste para os jovens, humildes e pobres,
um sinal do amor e da predileção de Deus.
Sê nosso guia
no caminho de amizade com o Senhor Jesus,
para podermos ver n’Ele e no seu Evangelho
o sentido da nossa vida
e a fonte da autêntica felicidade.
Ajuda-nos
a corresponder generosamente
à vocação que recebemos de Deus,
para sermos no dia a dia
construtores de comunhão,
e, unidos em Igreja,
edificarmos com entusiasmo,
a civilização do amor.
Obtém-nos
a graça da perseverança na vida cristã
segundo o espírito das bem-aventuranças;
e faz com que, guiados por Maria Auxiliadora,
possamos encontrar-nos um dia contigo
na grande família do céu. Amém
EPÍLOGO
297

30.7 Page 297

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
COMENTÁRIO DAS ILUSTRAÇÕES
ÍCONE 1
À cena de Jesus com os apóstolos, segue-se a cena de Jesus com
as multidões: a vida é feita de encontros. O Senhor coloca-se
diante de nós como pastor. Aqui, um jovem, numa missão
salesiana. Esta ovelha encontrou alguém que não a despreza.
Um convite: estar com Jesus, para beber d’Ele o amor de
Deus, a sua compaixão. Bela esta palavra, como um milagre,
como um fio condutor. A primeira coisa que Ele oferece ao povo
é a compaixão. O seu olhar cura o cansaço, o desânimo, a fadiga
dos seus (o rebanho abaixo). A sua vida entregue pelo bem do rebanho,
as suas palavras pronunciadas para acompanhar. Para Ele, antes de tudo,
está a pessoa, a saúde profunda do coração. A primeira coisa que os
discípulos aprendem de Jesus é comover-se simplesmente, divinamente.
A comoção profunda do coração: sentimento divino e profundamente
salesiano! A comoção é a resposta certa, sempre atual, como as quatro
estações (quatro árvores abaixo). Habitamos a vida e a cultura dos jovens
para não os privar da nossa compaixão.
ÍCONE 2
Jesus rezou pelos seus discípulos e por todos os que acreditariam
n’Ele, em todos os tempos, em todos os lugares (céu estrelado).
Rezou, então, também pelas pessoas do nosso tempo, também
pelos nossos jovens. Gente cansada no deserto, que caminhou
debaixo do sol, sem orientação, com o rosto queimado pela
fadiga, pela dor, pelo cansaço... Gente que O busca porque
deseja escutá-l’O. Jovens em busca do verdadeiro repouso, que
precisam de palavras de salvação, palavras eternas, palavras que
permanecem... Caminho para o Senhor (o cálice, entre a terra e o céu). As
mãos de Deus alargam-se para reunir e acariciar os filhos dispersos. A nós
compete sustentar a sua esperança, para que possam fazer experiência da
ação providencial de Deus. Ele é um vento de comunhão que nos impele
a ir ao encontro uns dos outros.
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30.8 Page 298

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EPÍLOGO
ÍCONE 3
Jesus atravessa o país dos samaritanos, forasteiro no meio de um
povo de outra tradição e religião. Em seu livre caminhar, ele faz
surgir a sede e oferece pessoalmente o jarro de água. Jesus
chega à sede profunda daquela mulher oferecendo “algo
mais” de beleza, de bondade, de vida, de primavera: “Eu te
darei uma água que se torna fonte que jorra”. Na verdade,
Deus é Fonte inesgotável da vida vigorosa do início dos tempos,
desde quando foram criadas as espécies terrestres (cervo), o mar
(peixe) e o ar (pássaro). Jesus dá à samaritana a possibilidade de voltar
à sua fonte e, por sua vez, ser ela mesma fonte. Imagem belíssima. A
mulher da Samaria de olhos claros, alegres, serenos e cheios de bondade.
Não saciará a sua sede bebendo à saciedade, mas acalmando a sede de
outros; iluminar-se-á iluminando outros, receberá alegria dando alegria.
Será fonte, projeto belíssimo de vida para todo o evangelizador: fazer
brotar e difundir esperança, acolhimento, amor.
ÍCONE 4
Nenhuma palavra como o termo “vida”, em qualquer língua,
consegue resumir de maneira abrangente aquilo a que o ser
humano mais aspira. “Vida” indica a soma dos bens desejados
e, ao mesmo tempo, o que os torna possíveis, adquiríveis,
duradouros. A história dos jovens não será, talvez, marcada
pela busca de algo ou de alguém que seja capaz de lhes
garantir a vida? Mas, qual vida? A vida “em abundância”, de
Deus, que ultrapassa todas as aspirações que possam nascer no
coração humano, como o pôr do sol que ilumina os campos. A vida é
um lugar entre as mãos de Deus, como os pássaros que têm um ninho
entre os ramos floridos de uma árvore. A vida nova irradia em todos os
âmbitos da experiência humana dos jovens: na família, na escola, no
trabalho, nas atividades de cada dia e nos tempos livres. Ela começa a
fl orescer aqui, agora. A caridade pastoral é o sinal da sua presença e
do seu desenvolvimento. Uma fileira numerosa de educadores salesianos,
na quotidianidade da vida, gasta-se com generosidade, criatividade e
competência em favor da vida das novas gerações.
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30.9 Page 299

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ÍCONE 5
Jesus, ao longo do caminho, põe-se ao lado dos dois discípulos
desanimados de Emaús. Reconhece os seus irmãos em todos os
cantos do mundo. Acompanha-os, “caminha ao seu lado”...
O Senhor alcança-nos na nossa vida quotidiana de viajantes.
E transforma o coração, os olhos e o caminho de cada um.
Ao fundo, Dom Bosco: quantos experimentaram a riqueza
de um encontro capaz de agitar a própria vida! Também a nós
educadores salesianos, o Senhor pede a coragem de colocar-nos a
caminho, de sermos companheiros de viagem, não só da viagem exterior
(sentado no caminho), mas também da viagem interior (escuta). Toda a
presença salesiana cruza a estrada dos jovens no mundo, sonha fazer da
casa salesiana uma família para eles. Para tanto, é preciso uma Comunidade
Educativo-Pastoral que chame a cada um pelo nome, Comunidade que se
meça a partir da qualidade das relações humanas que foram instauradas.
ÍCONE 6
Cristo vestiu as nossas roupas: a dor e a alegria do ser homem, a
fome, a sede, o cansaço, as esperanças e as desilusões, todas
as nossas angústias até à morte. E deu-nos as suas “roupas”,
o dom do novo ser: “Revestir o homem novo, criado segundo
Deus”. Antes de ser uma decisão, a realização do homem
novo é obra de Deus. Mas é preciso um empenho de projeto
para a transmissão de uma fé viva. O Projeto Educativo-Pastoral
é apenas um instrumento pastoral, que responde a dois grandes
objetivos – humanizar e educar os jovens na fé – mediante as quatro
dimensões que integram e enriquecem toda a pessoa, que a fazem
renascer a partir de dentro, como a corola que, com as pétalas, forma uma
única flor. Todo o jovem (de qualquer idade e condição) tem dentro de si
um tesouro de luz, um sol interior, que é a nossa imagem e semelhança
com Deus. A Pastoral Juvenil Salesiana não é outra coisa que a alegria
(belo o sorriso dos jovens!) de libertar toda a luz do Ressuscitado.
300

30.10 Page 300

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EPÍLOGO
ÍCONE 7
«Eu vos escolhi». E esse chamamento é precisamente o que
garante a nossa efi cácia apostólica, a fecundidade do nosso
serviço. Somos agricultores pacientes e confi ante,s mas
devemos examinar onde e como produzimos fruto. Deus,
como mais ninguém, cuida do campo semeado, do pequeno
jardim que são as nossas obras: Ele trabalha, poda, e sentimos
as suas mãos sobre nós todos os dias. O olhar é sobre a
fecundidade; não dar a vida já é morrer. A árvore das nossas obras
apostólicas renova-se, multiplica a vida. A semente vai para onde sopra o
vento, longe do clamor e do rumor, planta-se nos sulcos da história e dos
povos. Nascem novas presenças educativas e pastorais porque a missão
salesiana contém muito mais energias do que aparenta, muito mais luz e
germes divinos. Ela é um vulcão de vida: a gema transforma-se em flor, a
flor em fruto, o fruto em semente.
ÍCONE 8
«Como aquele que serve». Servir: verbo agradável e empenhativo
ao mesmo tempo. Neste versículo encontramos a imagem
autêntica, real e concreta da animação e a coordenação
da ação pastoral. A corresponsabilidade dá forma concreta
à comunhão, comporta treinar o discernimento espiritual,
a escuta recíproca, a partilha, o testemunho recíproco até
amadurecer segundo a responsabilidade de cada um, uma
proposta coordenada e orgânica. A ação educativo-pastoral não é
feita de intervenções desconexas, mas tudo entra num plano partilhado,
em escolhas e percursos formativos adequados. A Pastoral Juvenil Salesiana
põe em campo todas as energias, acompanha com os seus dinamismos as
modalidades de animação.
301

31 Pages 301-310

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31.1 Page 301

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
GLOSSÁRIO
AMBIENTE PASTORAL ou SETOR DE ATIVIDADE: refere-se às
estruturas educativas e pastorais em que a missão salesiana é realizada
segundo uma específica proposta educativo-pastoral. Cada um desses
ambientes, à própria maneira, cria uma atmosfera e atua um estilo de
relações no interior da Comunidade Educativo-Pastoral. São eles: o Oratório-
Centro Juvenil, a Escola e o Centro de Formação Profissional (eventualmente
o centro de formação pré-profissional e o internato), as instituições de Ensino
Superior (eventualmente os centros académicos, os colleges e as residências
para jovens universitários), a paróquia e o santuário confiados aos salesianos
(eventualmente as igrejas públicas), as obras ou serviços sociais para jovens
em situação de risco. A obra salesiana pode compreender vários ambientes
que se completam reciprocamente para melhor exprimir a missão salesiana.
SETOR DE ANIMAÇÃO PASTORAL refere-se às múltiplas atividades ou
âmbitos educativo-pastorais, presentes trasversalmente nas obras e ambientes
tradicionais acima indicados. Podemos em síntese assinalar: a animação das
vocações apostólicas; a animação missionária e de voluntariado em suas
diferentes formas; as relevantes propostas de Pastoral Juvenil relativas à
Comunicação Social. A missão salesiana realiza-se, além disso, também dentro
de outras realidades significativas, como o Movimento Juvenil Salesiano e os
variados campos de ação especializados ao nível local ou provincial, como se
diz no Cap.6: os serviços de formação cristã e de animação espiritual, ou as
associações e serviços de animação no âmbito do tempo livre.
SETOR DE ANIMAÇÃO PROVINCIAL: é o campo ou área da ação de
uma Província ou obra. Os campos ou áreas fundamentais nas províncias
são: Pastoral, Formação, Família Salesiana, Economia, Comunicação Social.
A estes se acrescentam as diversas áreas nas quais cada um deles se exprime.
COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL (CEP) (cf. Const. 47;
CG24, n. 149-179): é a forma salesiana da animação de toda a realidade
educativa entendida como realização da missão de Dom Bosco. Não é
uma nova estrutura acrescentada aos demais organismos de gestão e
participação existentes nas diversas obras ou ambientes pastorais, nem
apenas uma organização de trabalho ou uma técnica de participação. É o
conjunto das pessoas (jovens e adultos, pais e educadores, religiosos e leigos,
representantes de outras instituições eclesiais e civis e pertencentes também
302

31.2 Page 302

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EPÍLOGO
a outras religiões, homens e mulheres de boa vontade) que trabalham juntos
pela educação e evangelização dos jovens, especialmente dos mais pobres,
segundo o estilo de Dom Bosco. Este conjunto atua em círculos concêntricos,
segundo a partilha das responsabilidades dos indivíduos na missão.
CONSELHO DA OBRA: reúne a comunidade religiosa (ou ao menos a sua
expressão de governo: diretor e conselho local) e os principais corresponsáveis
dos ambientes ou setores de atividade. Animados pelo mesmo carisma e
participantes numa única missão, encarregam-se de tornar presentes num
território o dom e o serviço do carisma salesiano na sua significatividade;
partilham solidariamente as várias responsabilidades que derivam da gestão
de todos os ambientes de uma obra; reúne-se não só para organizar, decidir,
governar, mas também para se formar e construir itinerários de reflexão.
CONSELHO DA CEP (cf. CG24, n. 160-161; 171-172): é o organismo que
anima e coordena a concretização do Projeto Educativo-Pastoral. A sua função é
favorecer a coordenação e corresponsabilidade de todos ao serviço da unidade
do projeto pastoral da obra salesiana ou das CEP dos diversos ambientes nas
obras complexas. Existindo uma única CEP, então existirá apenas um conselho
da CEP, que coincide com o Conselho da obra. Se, contudo, existirem várias
CEP quantos são os ambientes da obra, cada um deles tem o próprio conselho,
enquanto haverá o conselho da obra formado pelos representantes dos
conselhos das diferentes CEP.
CONSELHO DA COMUNIDADE ou CONSELHO LOCAL ou
CONSELHO DA CASA (cf. Const. 178): composto por irmãos da comunidade
com a tarefa de colaborar na animação e no governo com o diretor que o
convoca e preside. Cabe ao Provincial com o consenso do seu Conselho, ouvido
o parecer da comunidade local, determinar quais os setores das atividades da
comunidade que deverão ser representados no Conselho.
DIRETÓRIO PROVINCIAL (cf. Const. 171): texto normativo confiado na
sua composição e revisão ao Capítulo Provincial. A finalidade prioritária deste
regulamento, mediante suas normas particulares, é promover e garantir o
carisma e a salesianidade de cada obra no interior da comunidade provincial.
DICASTÉRIO (cf. Const. 133; Reg. 107): Os Dicastérios são concentrações
de serviços de animação de cada um dos setores nos quais se subdivide a
administração da Direção Geral das Obras de Dom Bosco. Cada Dicastério está
sob a responsabilidade de um Conselheiro que atua como líder do Dicastério.
303

31.3 Page 303

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
MOVIMENTO JUVENIL SALESIANO (MJS): é constituído por grupos e
associações que se reconhecem na espiritualidade e na pedagogia salesiana,
na escola de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Mantendo a própria
organização operativa, garantem na sua pluralidade uma presença educativa
de qualidade, especialmente nos novos espaços de socialização dos jovens.
Movimento de “jovens para jovens”, definido pela referência à comum
espiritualidade e comunicação entre os grupos garantindo a circulação de
mensagens e valores, o MJS une jovens muito diferentes entre si, desde os
mais distantes para os quais a espiritualidade é um apelo apenas em germe,
àqueles que de modo explícito e consciente tornam própria a proposta e a
ação apostólica salesiana.
NÚCLEOANIMADOR: é um grupo de pessoas que se identifica com a missão,
o sistema educativo e a espiritualidade salesiana e assume solidariamente a
missão de convocar, motivar, envolver todos os que se interessam por uma
obra, para formar com eles a comunidade educativa e realizar um projeto
de evangelização e educação dos jovens. A comunidade religiosa, ponto de
referência carismática (cf. CG25, n. 78-81), não esgota o núcleo animador, mas
é uma das suas partes integrantes; de facto, ele deve ser capaz de se alargar,
envolvendo de formas e modos diversos todos os que desejam trabalhar na
obra salesiana. Tal núcleo animador, não sendo uma “estrutura de governo”,
é único para toda a obra, mas pode coincidir com o Conselho da Obra e/ou o
Conselho da CEP, conforme a complexidade da obra e dos diversos ambientes.
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO (PEPS) (cf. CG24,
n. 5.42): é o plano geral de intervenção que orienta a realização do itinerário
educativo-pastoral em determinado contexto provincial e local e orienta todas
as iniciativas e recursos em vista da realização própria da missão salesiana. Tem
uma duração “de longo ou médio prazo” (3-5 anos), em relação à situação em
que está presente a Província ou a obra salesiana. Objetivo do PEPS, portanto,
não é só definir os conteúdos relativos aos vários ambientes pastorais a nível
provincial e local, mas também definir as dimensões em que são elaborados
os vários PEPS de ambiente. A formulação do PEPS e, consequentemente, dos
PEPS de ambiente tem como primeiro objetivo servir de apoio à programação
da missão de toda a CEP provincial e local.
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO (PEPS provincial):
define o processo da Província e indica os objetivos, as estratégias e as linhas
comuns de ação educativo-pastoral que orientam a ação pastoral de todas
as obras, ambientes e setores de animação pastoral. Serve como ponto
304

31.4 Page 304

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EPÍLOGO
de referência para a sua programação e revisão educativo-pastoral durante
certo período.
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO de CADA OBRA
ou AMBIENTE LOCAL: aplica à realidade local as linhas do PEPS
provincial. É o projeto diretamente operativo em cada obra (com um
só ambiente) e de cada ambiente (numa obra complexa). Neste último
caso, o PEPS das obras salesianas que se apresentam com dois ou mais
ambientes torna-se um instrumento importante para a convergência e
unidade nos objetivos e nas linhas comuns de ação da obra. Responde
a dois aspetos fundamentais: a coordenação de todos os ambientes e
setores de animação pastoral da obra, com a consequente série de
critérios, opções metodológicas, orientações organizativas e estruturais;
a convocação, constituição, formação e o funcionamento da CEP da obra
e dos ambientes.
PROGRAMAÇÃO DA ANIMAÇÃO PROVINCIAL: é a aplicação anual
do PEPS provincial, elaborado anualmente pelo Conselho Provincial, com a
colaboração das obras. Serve como referência provincial para a elaboração da
programação geral das obras.
PROGRAMAÇÃO GERAL DA OBRA: é a aplicação anual do PEPS da
obra (ou, eventualmente, de cada PEPS dos diversos ambientes e setores de
animação pastoral da obra). Quem o elabora é o Conselho da Obra, com a
colaboração dos conselhos da CEP dos vários ambientes pastorais.
PROJETO ORGÂNICO PROVINCIAL (POP): é um plano estratégico
de animação e governo que regula a concretização e a continuidade das
decisões da Província (cf. CG25, n. 82-84). É um instrumento prático com a
intenção de unir para um mesmo fim todos os recursos educativos e pastorais
presentes na Província. É, também, ponto de referência para todos os projetos
e programações das comunidades e obras.
«QUADRO DE REFERÊNCIA» DA PASTORAL JUVENIL: é um
instrumento (com as inspirações de fundo e as orientações de ação) oferecido
pelo Dicastério da Pastoral Juvenil a fim de iluminar e orientar o itinerário
pastoral de cada CEP provincial e local; guiar a ação pastoral do delegado
provincial e local de Pastoral Juvenil e das suas equipas; contribuir para a
formação de todos os que – salesianos, educadores e educadoras – são
corresponsáveis da missão salesiana.
305

31.5 Page 305

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ÍNDICE
Apresentação .................................................................................................................. 8
Premissa à terceira edição ......................................................................................... 10
Documentação ............................................................................................................. 13
PARTE PRIMEIRA
Capítulo I
HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
1. «Eis o teu campo, eis onde deves trabalhar»........................................... 24
2. Simpatia e vontade de contacto com os jovens ...................................... 25
3. O discernimento de educadores e de crentes.......................................... 27
4. Comunhão no amor com os outros............................................................ 29
5. A Pastoral Juvenil Salesiana exprime a missão salesiana ...................... 30
6. Multiplicar e qualificar os lugares de encontro com os jovens ........... 34
7. Dupla fidelidade................................................................................................. 35
Capítulo II
DO CRISTO EVANGELIZADOR À IGREJA EVANGELIZADORA
1. Jesus Cristo, Bom Pastor, manifestação plena do Amor de Deus ............ 42
2. Jesus revela-nos o Mistério de Deus, Comunidade de Amor................... 44
3. A Igreja, chamada a continuar a missão de Jesus ....................................... 45
4. A missão salesiana .............................................................................................. 46
5. Maria, Mãe e Mestra ........................................................................................ 47
Capítulo III
EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
1. A vida em plenitude e a felicidade do ser humano .................................. 52
2. Orientado para Cristo, homem perfeito ......................................................... 54
2.1. Integrar o amor pela vida e o encontro com Jesus Cristo ........... 54
2.2. A originalidade e a audácia da arte educativa de Dom Bosco .. 57
3. Evangelizar e educar segundo um projeto de promoção integral ..... 57
3.1. O horizonte de compreensão da evangelização .............................. 57
3.2. A relação da ação educativa com a ação evangelizadora................. 59
a) Os aspetos educativos da antropologia cristã
306

31.6 Page 306

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ÍNDICE
b) O Evangelho, inspiração radical
c) A Boa Nova na variedade das culturas e tradições religiosas
4. A opção de campo apostólica ........................................................................... 64
4.1. Os jovens, especialmente os mais pobres, são a nossa opção
determinante .............................................................................................................. 64
a) Um amor constante e intenso pelos pobres
b) A pobreza compromete as reservas educativas e
o crescimento dos jovens
4.2. A humanização e a evangelização da cultura ................................... 67
a) Fidelidade ao Evangelho e fidelidade à cultura
b) Os desafios da cultura atravessam todas as experiências pastorais
PARTE SEGUNDA
Capítulo IV
O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
1. A missão salesiana é iluminada pela práxis de Dom Bosco .................. 78
1.1. O espírito salesiano inspira-se no estilo do Bom Pastor ................ 78
1.2. A encarnação do “espírito salesiano” é o Sistema Preventivo ........ 79
a) A atuação (a atualidade) pastoral-espiritual-pedagógica
de Dom Bosco
b) O princípio inspirador é a caridade pastoral
c) O Sistema Preventivo envolve o educador e a comunidade
a que ele pertence
2. O Sistema Preventivo como ousadia pastoral ............................................ 82
2.1. Um projeto educativo integral................................................................... 82
2.2. O duplo valor da educação preventiva ................................................. 83
a) O Sistema Preventivo nas situações de insatisfação e recuperação
b) A arte de educar positivamente
3. O Sistema Preventivo como proposta de espiritualidade ....................... 89
3.1. A espiritualidade è antes de tudo vida no Espírito ......................... 91
a) A primazia da gratuidade de Deus
307

31.7 Page 307

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
b) O encontro com Cristo
c) A vida no Espírito Santo
3.2. Uma proposta original de vida cristã:
a Espiritualidade Juvenil Salesiana .................................................................. 92
a) A espiritualidade salesiana, expressão concreta da caridade pastoral
b) Programa e itinerário da Espiritualidade Juvenil Salesiana
c) Planear itinerários de educação à fé
Capítulo V
COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL:
FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
1. Pastoral Juvenil Salesiana: uma experiência comunitária .................... 108
1.1. A experiência comunitária no espírito salesiano e na missão ........ 108
a) A comunhão ao serviço da mesma missão
b) A forma salesiana de estar presente entre os jovens
c) A CEP envolve muitas pessoas
em torno do Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
d) A CEP e a família
e) A CEP como experiência significativa de Igreja no território
1.2. A animação da CEP ..................................................................................... 114
a) Acompanhamento do ambiente
b) Acompanhamento do grupo
c) Acompanhamento pessoal
1.3. Um serviço específico de animação: o núcleo animador ........... 117
a) Um grupo de pessoas em enriquecimento recíproco
b) Novos modelos organizativos
2. O coração do educador salesiano................................................................... 119
2.1. A indispensável “interioridade apostólica”....................................... 119
a) Entrar mais profundamente no Evangelho
b) A primeira forma de evangelização é o testemunho
2.2. A identidade carismática salesiana ...................................................... 121
2.3. Privilegiar o estilo de animação no itinerário da educação ...... 122
a) Privilegiar nas pessoas os processos de personalização e crescimento
b) A presença ativa dos educadores entre os jovens
308

31.8 Page 308

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ÍNDICE
2.4. Inteligência pastoral para dinamizar o PEPS ..................................... 124
a) Ler “educativamente” a atual condição juvenil
b) O trabalho paciente de adaptação e formação
3. O Sistema Preventivo como pedagogia prática:
e estilo educativo salesiano ..................................................................................... 126
3.1. O Oratório de Dom Bosco, critério das nossas atividades e obras 126
a) O “critério oratoriano”, inspiração e paradigma para as nossas
atividades e obras
b) Indicadores gerais para o discernimento e a renovação
3.2. Modalidades de convivência e comunhão do “estilo salesiano”.. 128
a) Casa que acolhe (experiência do “espírito de família”)
b) Paróquia que evangeliza
(vivência religiosa e pedagogia de itinerários)
c) Escola que inicia para a vida
(crescimento integral mediante a educação)
d) Pátio para encontrar-se entre amigos e viver na alegria
(pedagogia da alegria e da festa)
Capítulo VI
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO:
INSTRUMENTO OPERATIVO
1. A mentalidade de projeto................................................................................... 136
2. O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano ........................................................ 137
2.1. O PEPS como projeto apostólico salesiano ..................................... 137
a) O PEPS é a mediação histórica e o instrumento operativo
b) Caraterísticas fundamentais
2.2. O PEPS como processo dinâmico e integral .................................... 140
a) A compreensão articulada da Pastoral Juvenil Salesiana
b) O sentido das quatro dimensões
2.3. A especificidade de cada dimensão e as escolhas necessárias 142
a) Dimensão da educação à fé
b) Dimensão educativo-cultural
c) Dimensão da experiência associativa
d) Dimensão vocacional
309

31.9 Page 309

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2.4. Opções transversais da Pastoral Juvenil Salesiana ......................... 155
a) A animação das vocações apostólicas
b) A animação missionária e do voluntariado nas suas diversas
formas
c) A Comunicação Social
2.5. O Movimento Juvenil Salesiano .................................................... 165
a) Identidade e natureza do MJS
b) Campos privilegiados de ação do MJS
c) Funcionamento e visibilidade do MJS
PARTE TERCEIRA
Capítulo VII
ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1. Uma pastoral orgânica: unidade na diversidade...................................... 176
2. Os diversos ambientes e atividades ................................................................ 177
2.1. O Oratório-Centro Juvenil......................................................................... 177
2.1.1. A originalidade do Oratório salesiano
2.1.2. A Comunidade Educativo–Pastoral do Oratório–Centro Juvenil
a) A importância da CEP do Oratório–Centro Juvenil
b) Os sujeitos da CEP do Oratório–Centro Juvenil
2.1.3. A proposta educativo–pastoral do Oratório–Centro Juvenil
a) Um processo de evangelização
b) Uma educação em estilo salesiano
c) Uma educação inserida na sociedade para a transformar
d) Uma experiência para o amadurecimento vocacional
2.1.4. A animação pastoral orgânica do Oratório–Centro Juvenil
a) Principais intervenções da proposta
b) Estruturas de participação e responsabilidade
2.2. A Escola e o Centro de Formação Profissional salesiano............ 189
2.2.1. A originalidade da Escola e do Centro de Formação
Profissional salesiano
2.2.2. A Comunidade Educativo-Pastoral da Escola /CFP salesiano
a) A importância da CEP da Escola /CFP salesiano
b) Os sujeitos da CEP da Escola /CFP salesiano
2.2.3. A proposta educativo-pastoral da Escola /CFP salesiano
a) A inspiração nos valores evangélicos e a proposta de fé
b) A educação eficiente e qualificada
310

31.10 Page 310

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ÍNDICE
c) A pedagogia salesiana
d) A função social e a atenção aos mais carenciados
2.2.4. A animação pastoral orgânica da Escola /CFP salesiano
a) Principais intervenções da proposta
b) As estruturas de participação e responsabilidade
2.3. A presença Salesiana no Ensino Superior .......................................... 204
2.3.1. A originalidade da presença dos salesianos
no Ensino Superior
2.3.2. As Instituições Salesianas do Ensino Superior
a) A Comunidade académica das Instituições Salesianas de
Ensino Superior
b) O Projeto Institucional
c) A proposta educativo-pastoral
d) A animação pastoral orgânica das Instituições Salesianas de
Ensino Superior
2.3.3. Estruturas de acolhimento para estudantes universitários
a) A Comunidade Educativo-Pastoral das estruturas de
acolhimento de estudantes universitários
b) A proposta educativo-pastoral nos colleges e nas residências
universitárias
c) A animação pastoral orgânica nos colleges e nas residências
universitárias
2.4. A paróquia e o santuário confiados aos salesianos .................... 220
2.4.1. A originalidade da paróquia e santuário
confiados aos salesianos
2.4.2. A CEP da paróquia e santuário confiados aos salesianos
a) A importância da CEP da paróquia e do santuário confiados
aos salesianos
b) Os sujeitos da CEP da paróquia e do santuário confiados aos
salesianos
2.4.3. A proposta educativo–pastoral da paróquia e santuário
confiados aos salesianos
a) Um centro de evangelização e educação à fé
b) Uma presença de Igreja aberta e inserida no território
c) Uma comunidade com olhar missionário
d) Uma opção clara pelos jovens e pelas classes populares
2.4.4. A animação pastoral orgânica da paróquia e do santuário
confiados aos salesianos
311

32 Pages 311-320

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32.1 Page 311

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
a) Principais intervenções da proposta
b) As estruturas de participação e responsabilidade
2.5. As obras e serviços sociais para jovens em situação de risco ... 233
2.5.1. A originalidade das obras e dos serviços para jovens em
situação de risco
2.5.2. A Comunidade Educativo-Pastoral da obra social
a) A importância da CEP da obra social
b) Os sujeitos da CEP da obra social
2.5.3. A proposta educativo-pastoral da obra social
a) A inspiração evangelizadora
b) Uma proposta educativa integral e orgânica
c) A escolha do critério preventivo
d) A perspetiva social e política
2.5.4. A animação pastoral orgânica na obra social
a) Principais intervenções da proposta
b) As estruturas de participação e responsabilidade
2.6. Outras obras e serviços nos diversos ambientes............................. 247
a) Experiências ou serviços de animação e orientação vocacional
b) Serviços especializados de formação cristã e de animação
espiritual
c) Serviços de animação dos Tempos Livres
Capítulo VIII
ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO
DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1. Uma pastoral juvenil orgânica e articulada................................................. 258
1.1. Programação e atuação da pastoral juvenil...................................... 258
a) A nível de estruturas de governo e de animação provincial
b) A nível de comunidades e obras salesianas locais
1.2. Uma modalidade especial de realização da ação apostólica: a
animação pastoral.................................................................................................. 261
a) Caraterísticas da animação salesiana
b) Princípios e critério para a animação dos processos e das estruturas
2. A animação e coordenação local .................................................................... 265
2.1. A comunidade salesiana animadora de uma obra salesiana.... 265
312

32.2 Page 312

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ÍNDICE
a) A comunidade SDB
b) O diretor SDB
c) O conselho da comunidade
d) O conselho da CEP e/ou da obra
e) O coordenador local da Pastoral Juvenil com sua equipa
f) Outros organismos e funções de animação e governo na CEP
2.2. Outros modelos de animação da CEP nas obras salesianas...... 271
a) Obras salesianas geridas por leigos com uma presença comunitária
b) Obras geridas por leigos no interior do projeto provincial salesiano
3. A animação e coordenação provincial .......................................................... 272
3.1. Provincial e seu Conselho.......................................................................... 272
3.2. O Delegado de Pastoral Juvenil e sua equipa ...................................... 273
a) O Delegado de Pastoral Juvenil
b) A equipa provincial de Pastoral Juvenil
c) Os encarregados provinciais de ambientes e setores de
animação pastoral e suas equipas
4. A animação e coordenação interprovinciais ............................................. 276
5. A animação e coordenação a nível mundial .............................................. 278
6. Planeamento pastoral ........................................................................................... 279
6.1. Os diversos níveis de planeamento provincial e local................... 279
6.2. Orientações para definir os tipos de documentos a gerir.......... 282
a) O «Quadro de Referência» da Pastoral Juvenil Salesiana
b) O Projeto Orgânico Provincial
c) O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
d) Os diversos níveis de concretização do PEPS
6.3. Linhas metodológicas para a elaboração e revisão do PEPS ........... 288
a) As fases da elaboração do PEPS: uma proposta dinâmica
b) Critérios fundamentais para a elaboração ou reelaboração do PEPS
Epílogo .................................................................................................................................. 297
Comentário das ilustrações ..................................................................................... 298
Glossário .............................................................................................................................. 302
313

32.3 Page 313

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