Sistema Preventivo|A missão salesiana e os direitos humanos especialmente os direitos dos menores

Congresso Internacional sobre Sistema Preventivo e Direitos Humanos

Roma 2-6 de janeiro de 2009



A missão salesiana e os direitos humanos

especialmente os direitos dos menores


P. Pascual Chávez Villanueva



Caros Participantes

do Congresso Internacional

"Sistema Preventivo e Direitos Humanos"


Alegra-me, antes de tudo, cumprimentá-los e, ao mesmo tempo, dirigir-lhes a palavra encorajadora e empenhativa sobre uma temática que me está particularmente a peito, no 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. O Papa Bento XVI afirmou em dezembro passado: "Há sessenta anos, em 10 de dezembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida em Paris, adotou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que ainda hoje é um altíssimo ponto de referência do diálogo intercultural sobre a liberdade e os direitos do homem. A dignidade de todo homem está realmente garantida somente quando todos os seus direitos fundamentais são reconhecidos, tutelados e promovidos. Desde sempre a Igreja insiste que os direitos fundamentais, para além da formulação diversa e do peso diverso que possam revestir no âmbito das várias culturas, são um dado universal, porque conaturais à mesma natureza do homem".1 Como Salesianos, estamos conscientes e convencidos disso e por isso trabalhamos na educação e promoção da cultura da educação.

Agradeço, também, ao Prof. Vernor Muñoz pelo que nos disse sobre a importância de promover a educação como um direito fundamental, especialmente a educação dos menores, com a finalidade de construir cidadanias ativas, inclusivas, responsáveis e autônomas. Ele apresentou-nos com grande realismo as causas que impedem a educação de milhões de menores no mundo todo, mantendo graves situações de exclusão e discriminação. Como salesiano reencontro-me em suas palavras e estou convencido de que o desafio mais urgente é a transformação dessa cultura que gera exclusão e marginalização. Estou também consciente de que hoje a educação é o instrumento mais precioso e importante para a construção de uma sociedade mais justa e solidária na qual todos, principalmente os mais jovens, frágeis e carentes possam olhar com esperança para um futuro digno e feliz.



1. A emergência educativa da nossa sociedade

Nossa época demonstra ter confiança na educação; empenha-se por estendê-la a todos; procura adequá-la constantemente aos desafios que surgem no campo do trabalho, dos conhecimentos e da organização social; confia-a sempre mais a instituições especializadas. A educação tornou-se um direito reconhecido e uma aspiração de toda pessoa. Apesar da confiança na educação, temos a impressão de que há, em relação a ela, uma distância sempre crescente entre aspirações e possibilidades, entre declarações e execuções, entre intenções e realizações. Torna-se difícil definir-se diante da educação numa cultura marcada pelo pluralismo das convicções e comportamentos; pela caducidade e substituição veloz dos conhecimentos; pela socialização dos bens culturais; pela escolarização generalizada e a universidade de massa; pelo papel dominante dos meios de comunicação social na cultura moderna; pelo desenvolvimento do setor quaternário que privilegia a inovação constante e a pesquisa. Sociedades e instituições de todos os tipos parecem frágeis e desorientadas diante do pedido de sentido feito pelos jovens.

Chega, então, oportunamente, o apelo do Papa Bento XVI sobre a emergência educativa. Na carta à Diocese e à Cidade de Roma, ele afirma: "Educar nunca foi fácil, e hoje parece tornar-se sempre mais difícil. Sabem-no bem os pais, os professores, os sacerdotes e todos os que desempenham responsabilidades educativas diretas. Fala-se por isso de uma grande 'emergência educativa', confirmada pelos insucessos com os quais com muita frequência se confrontam os nossos esforços para formar pessoas sólidas, capazes de colaborar com os outros e dar um sentido à própria vida. (....) Há uma atmosfera difundida, uma mentalidade e uma forma de cultura que fazem duvidar do valor da pessoa humana, do próprio significado da verdade e do bem, em síntese, da bondade da vida. Torna-se difícil, então, transmitir de uma geração a outra algo de válido e de certo, regras de comportamento, objetivos críveis em base aos quais construir a própria vida".2

Essa emergência torna-se trágica quando não é garantido o direito universalmente reconhecido à educação, sobretudo em alguns contextos e países em vias de desenvolvimento. Como falar de direito à educação quando existem imensas massas de crianças e adolescentes que morrem de fome na África ou na Ásia, de menores vendidos ou explorados sexualmente? Onde está o direito à educação das crianças obrigadas aos cinco anos a trabalhos pesados nas minas, ou respirando substâncias tóxicas nas fábricas de calçados ou repetindo os mesmos gestos durante longuíssimas jornadas de trabalho nas cadeias de montagem, sem nada aprender, mas funcionando simplesmente como peças da própria engrenagem de produção?

Sabe-se que os interesses econômicos fixam as prioridades da sociedade materialista e que a publicidade, o incitamento ao consumo, é a varinha mágica usada pela avidez insaciável das multinacionais. Só as sociedades agressivas e competitivas subsistem, e este estilo também entrou nas entidades e associações educativas. O que fazer, então?

A educação deve ser sempre mais uma janela escancarada sobre a realidade mundial e um motor de sensibilização e transformação da humanidade. Por isso, sem ideologizações ou manipulações, deve-se escutar a voz daqueles que não têm voz, sentir a fome e a sede, ver a nudez de tantos povos esquecidos; com coerência, devem-se tornar conhecidos os esforços de tanta gente empenhada nas grandes causas da dignidade da mulher, da paz, do respeito ao criado... Felizmente, diversas situações e instâncias (ONG, Voluntariados...) começam a convergir na defesa da vida, do ser humano, dos povos, do planeta e de seus direitos.

Diante desta emergência educativa, nós Salesianos somos portadores de um carisma pedagógico que, mais do que nunca, é atual e necessário: o Sistema Preventivo de Dom Bosco. Este é o nosso tesouro, a contribuição que nós somos chamados a dar aos jovens e à sociedade atual, a nossa profecia.

Agora, eu gostaria de atrair a atenção de todos sobre a necessidade de renovar o Sistema Preventivo de Dom Bosco em estreita relação com a promoção e defesa dos Direitos Humanos, especialmente dos Direitos dos Menores, como proposta educativa capaz de gerar cultura e pôr a sociedade em estado de educação.



2. A experiência de Dom Bosco

Diante da situação dos jovens do seu tempo, Dom Bosco faz a opção da educação: um tipo de educação que previne o mal por meio da confiança no bem que existe no coração de todo jovem, desenvolve suas potencialidades com perseverança e paciência, constrói a identidade pessoal de cada um. Trata-se de uma educação que forma pessoas solidárias, cidadãos ativos e responsáveis, pessoas abertas aos valores da vida e da fé, homens e mulheres capazes de viver com sentido, alegria, responsabilidade e competência. Este modo de educar torna-se verdadeira experiência espiritual, que haure na "caridade de Deus que se antecipa a toda criatura com a sua Providência, segue-a com sua presença e salva-a com a doação da própria vida" (Const. SDB 20).

Em contato com os jovens do cárcere de Turim Dom Bosco fica horrorizado. Ele escreve: "Ver turmas de jovens, de 12 a 18 anos, todos eles sãos, robustos, e de vivo engenho, mas sem nada fazer, picados pelos insetos, à míngua de pão espiritual e temporal, foi algo que me horrorizou".3

Dom Bosco vê a realidade social, percebe o seu significado e tira suas conclusões. Dessa experiência nasce nele uma imensa compaixão por aqueles jovens desafortunados e explorados; cresce em seu coração uma opção pessoal de vida: "consagrar-se ao bem da juventude", como disse à marquesa Barolo que lhe dava a alternativa de deixar a obra dos meninos ou a obra do Refúgio.4 A sua opção está fundamentada numa profunda fé na paternidade misericordiosa de Deus e em sua Providência; ela se fundamenta também na convicção de que todo jovem, mesmo o mais transviado ou desafortunado, possui um ponto acessível ao bem e que, quando estimulado e apoiado, ele é capaz de não se deixar levar pelo mal e escolher os caminhos da vida e do bem. "Nessas ocasiões descobri que muitos voltavam àquele lugar porque abandonados a si próprios. Quem sabe – dizia de mim para mim –, se tivessem lá fora um amigo que tomasse conta deles, os assistisse e instruísse na religião nos dias festivos, quem sabe não se poderiam manter afastados da ruína ou pelo menos não diminuiria o número dos que retornam ao cárcere? Comuniquei esse pensamento ao padre Cafasso, e com o seu conselho e com suas luzes pus-me a estudar a maneira de levá-lo a efeito".5

Com imaginação e generosidade, Dom Bosco cria um ambiente de acolhida, rico de qualidades humanas e cristãs, no qual os educadores estão presentes entre os jovens com proximidade afetiva e efetiva. O Oratório de Valdocco torna-se a sua realização ideal e ponto de referência para o futuro, um autêntico laboratório pedagógico do Sistema Preventivo.

Nesse ambiente, Dom Bosco atua de fato uma proposta educativa com a qual deseja prevenir as experiências negativas dos meninos que chegam a Turim em busca de trabalho, dos órfãos ou aqueles cujos pais não podem ou não querem cuidar, dos vagabundos que ainda não se tornaram desonestos. Essa proposta oferece aos jovens uma educação que desenvolve os seus recursos melhores; faz renascer a confiança em si e o sentido da dignidade pessoal; cria um ambiente positivo de alegria e amizade no qual assumem quase por contágio os valores morais e religiosos; inclui a prática religiosa proposta e vivida de tal modo que os jovens fiquem espontaneamente envolvidos por elas.

Consciente da importância da educação da juventude e do povo para a transformação da sociedade, Dom Bosco faz-se promotor de novos projetos sociais de prevenção e assistência; pense-se na relação com o mundo do trabalho, nos contratos, no tempo livre, na promoção da instrução e cultura popular. Dom Bosco sabe que não basta mitigar a situação de insatisfação e abandono em que vivem aqueles jovens (ação paliativa); ele sente-se levado a fazer uma mudança cultural (ação transformativa) por meio de um ambiente e uma proposta educativa que envolva muitíssimas pessoas identificadas com ele e com a sua missão.



3. Elementos constitutivos do Sistema Preventivo de Dom Bosco

Como viver hoje esta mesma experiência espiritual e educativa que Dom Bosco amadureceu com os jovens em Valdocco e como inculturá-la nos lugares mais diversos em que se realiza a missão salesiana? O caminho é o de aprofundar e tornar operativos os seus elementos fundamentais, que indicamos hoje em nossa linguagem com o nome de "critério oratoriano".



3.1. Centralidade e protagonismo dos jovens, sobretudo os mais pobres

A educação inspirada na pedagogia de Dom Bosco coloca a pessoa dos jovens no centro da ação e do projeto educativo-pastoral, ouvindo suas vozes, identificando suas expectativas, desejos, desilusões e esperanças, acompanhando-os na busca do conhecimento das próprias capacidades, aumentando sua confiança nas possibilidades de desenvolvê-las e serem protagonistas do projeto pessoal de vida.

Colocar os jovens no centro da atenção educativa e apostólica "é um dos elementos mais específicos do rico patrimônio espiritual que Dom Bosco nos deixou. E a tarefa que nos é confiada é de levá-lo a todas as culturas aonde nós vamos e trabalhamos e, aonde, com freqüência, os jovens não contam".6

É preciso, sobretudo, fazer a opção em favor dos jovens mais pobres e em situação de risco, individualizando as suas situações de insatisfação visível ou oculta, apostando em seus recursos positivos, que também os mais destroçados pela vida possuem, empenhando-se totalmente pela sua educação e evangelização.

Quanto mais conheço a Congregação espalhada nos cinco continentes, mais percebo que nós Salesianos procuramos ser fiéis a esse critério fundamental de estar próximos e solidários com os mais carentes e ver as realidades juvenis que a sociedade não quer ver; por exemplo, os meninos de rua, os adolescentes soldados, as crianças operárias, o jovens explorados pelo maldito turismo sexual etc. Cresceu entre nós a sensibilidade para com os mais pobres; o trabalho dos pioneiros que, às vezes, trabalharam como "livres batedores", foi assumido pela instituição; sobretudo, todos estão adquirindo uma mentalidade que permite nos permite estar onde quer que seja com esta chave de leitura.



3.2. Cultura da preventividade

A urgência da preventividade, suas vantagens e sua importância vão-se impondo com dados sempre mais alarmantes, contudo assumi-la como princípio e atuá-la com eficácia não é, em muitos contextos, coisa garantida. A cultura da preventividade não é a cultura prevalente. Ao contrario!

Todavia, a prevenção custa menos e rende mais do que a só contenção dos desvios e da recuperação tardia. De fato, ela permite à maioria dos jovens viverem livres do peso das experiências negativas, que colocam em perigo a saúde física, o amadurecimento psicológico, o desenvolvimento das potencialidades, a felicidade eterna. Permite, também, que eles desprendam as melhores energias, aproveitem de maneira excelente os caminhos mais qualificados e sólidos da educação, recuperem-se desde os primeiros passos diante de uma queda eventual.

Esta pedagogia "tende a uma educação na confiança, confiança nos jovens de hoje e confiança no futuro, justamente quando a aceitação dos desafios da modernidade se torna irrenunciável". Nas sociedades atuais, intensamente competitivas e dificilmente orientadas a investimentos de confiança, corremos o risco de serem sempre mais numerosos os meninos e jovens condenados a ficar à margem, a ter que se arranjar para sobreviver sem poder valorizar o que é reconhecido como direito deles: saúde, instrução, trabalho etc. Por isso, seguindo o ensinamento de Dom Bosco e mirando os direitos reconhecidos aos menores, queremos empenhar-nos na promoção da cultura da preventividade.

Dom Bosco estava convencido de que o coração dos jovens, de todo jovem, é bom, que existem germes de bondade até mesmo nos jovens mais desgraçados e que a tarefa do educador sábio é descobri-las e desenvolvê-las. É preciso, então, criar ambientes positivos nas obras educativas, com propostas que estimulem o reconhecimento desses recursos positivos, promovam o seu desenvolvimento e abram ao sentido da vida e ao gosto pelo bem.

Bastaria pensar na história de Miguel Magone, o "general do pátio", na estação de Carmagnola; Dom Bosco oferece-lhe a amizade, depois o microclima educativo no Oratório de Valdocco, depois ainda a sua orientação competente ("Caro Magone, gostaria que me fizesses um favor,... que me deixasses ser por um momento dono do teu coração"), até fazê-lo encontrar em Deus o sentido da vida e a fonte da verdadeira felicidade ("Oh! quanto sou feliz!") e torná-lo modelo para os jovens de ontem e de hoje. A preventividade deve ser, portanto, a qualidade intrínseca e fundamental da educação que pode assim antecipar o surgimento de situações e hábitos negativos, materiais ou espirituais, e ao mesmo tempo multiplicar as iniciativas que orientam os recursos ainda sadios da pessoa para projetos fascinantes e válidos.



3.3. Experiência comunitária

Dom Bosco criou no Oratório uma comunidade, isto é, uma família em que ele estava presente, um ambiente de encontro, de familiaridade, no qual os valores humanos e cristãos eram vividos e causavam alegria até tornar desejável a proposta da santidade. Para Dom Bosco toda obra salesiana deve ser uma "casa", isto é, família para os jovens que não têm família; ambiente no qual se privilegiam as relações pessoais, a presença e o diálogo dos educadores entre os jovens, o protagonismo juvenil e a vida de grupo, como lugar privilegiado de personalização.

Dom Bosco fez do grupo a opção qualificadora da sua pedagogia: o grupo como lugar no qual os jovens vivem a busca de sentido e a construção da própria identidade; espaço de criatividade e protagonismo; escola onde aprendem a inserir-se com responsabilidade no mundo social e no território; mediação privilegiada da experiência de Igreja. Dessa forma, o grupo torna-se também ambiente da partilha e diálogo entre jovens e adultos, no acompanhamento recíproco e no intercâmbio de entrega contínua.

Esta experiência comunitária desenvolve um novo estilo de relação educativa caracterizada pela amabilidade que é amor manifestado e vivido na medida do jovem, particularmente do mais pobre; amor expresso por meio de gestos de familiaridade que manifestam o gosto e o desejo de estar com os jovens e participar da vida deles e das suas iniciativas; amizade que abre o coração do jovem à confiança e torna possível a comunicação educativa que sabe falar ao coração, tocar a profundidade da consciência, infundir segurança interior nos jovens e sustentar o esforço do seu crescimento humano e cristão.

Para o educador salesiano, o "lugar educativo" fundamental no qual ele vive esta experiência comunitária é o pátio, o ambiente da iniciativa e da criatividade juvenil, do seu protagonismo e espontaneidade. Nele os educadores têm a tarefa de participar, favorecendo a criatividade e o protagonismo juvenil, oferecer uma palavra de encorajamento e motivação, e promover a vida de grupo e iniciativas culturais, sociais e religiosas significativas.



3.4. Projeto educativo integral

Dom Bosco quer dar uma resposta integral às necessidades e expectativas dos seus jovens; oferece-lhes uma casa para acolhê-los e fazer com que experimentem o calor da família que falta a muitos deles; garante para eles um espaço, o pátio, no qual possam exprimir espontaneamente suas energias de vida e seu desejo de felicidade e amizade; preocupa-se com a formação cultural deles e a sua preparação para o trabalho, por meio do qual podem olhar com confiança o seu futuro e inserir-se com responsabilidade na sociedade; propõe-lhes a formação cristã e uma experiência adequada de fé, que faz a vida cristã atraente e significativa. Essa proposta educativa torna-se verdadeiro caminho de evangelização e leva os jovens a experimentarem a alegria da vida cristã até a meta da santidade.7

Ao seguir esse mesmo caminho, os Salesianos assumem a educação como seu campo específico de evangelização; ou seja, anunciam Jesus Cristo e levam os jovens à vida cristã plena por meio de um caminho de desenvolvimento humano integral que parte da situação em que os jovens se encontram, apoiam-se em seus recursos interiores e garantem o acompanhamento paciente do seu crescimento humano e cristão. A educação e a evangelização, vividas então em estreita relação, constituem um caminho único de desenvolvimento integral e enriquecem-se reciprocamente, como afirma o Papa Bento XVI: "Efetivamente, sem educação não há evangelização duradoura e profunda, não há crescimento nem amadurecimento, não acontece uma mudança de mentalidade e de cultura".8

A proposta de educação integral torna-se sempre mais difícil de atuar numa sociedade laicista que apresenta uma visão redutiva e instrumental da pessoa humana. Exige-se, pois, que a comunidade educativo-pastoral inteira a assuma com coragem e se empenhe por cuidar com atenção especial do desenvolvimento dos valores humanos e sociais presentes na sociedade, superando decididamente o desequilíbrio nela presente entre liberdade e verdade, liberdade e sentido ético, poder e consciência, progresso tecnológico e progresso social. Ela é chamada a dialogar com os diversos universos culturais vividos pelos jovens e a valorizar as grandes energias de humanização que a fé cristã tem para o crescimento pessoal e social dos jovens e a transformação da sociedade.



3.5. Visão cristã da pessoa e da vida

É bem conhecida a situação de indiferença à realidade religiosa em que cresce a maior parte dos jovens europeus. Essa indiferença tem uma extraordinária relevância cultural. A experiência religiosa é apresentada com tonalidades negativas, como fenômeno de infantilismo, realidade que gera sentimento de culpa, obstáculo para o desenvolvimento pleno da pessoa, do progresso científico e da paz social; por isso, tende-se a reduzir a experiência religiosa à esfera do privado.

Basta debruçar-se no mundo da literatura e do cinema. É difícil encontrar, nos últimos decênios ou nas obras mais representativas ou de sucesso, alguma produção cujos protagonistas recebam do cristianismo inspiração para a vida ou para a dignidade da sua existência.

Essa mentalidade vai-se estendendo também a outros contextos sociais e culturais nos quais se vê sempre mais com desconfiança a presença pública da religião, sobretudo do cristianismo como fato social ou da fé cristã como expressão de vida.

A irrelevância da fé na cultura e na vida faz com que os jovens se tornem indiferentes e estranhos ao mundo religioso, torna insignificante a questão sobre Deus, esvazia de sentido a linguagem religiosa e põe em perigo o valor absoluto dos mesmos direitos humanos, deixando-os muitas vezes subalternos ao interesse econômico ou ao poder político.

O educador, segundo o coração de Dom Bosco, está consciente de que a educação do Sistema Preventivo fundamenta-se numa visão cristã da pessoa e da vida; ele está convencido de que a riqueza mais profunda e significativa da pessoa é a sua abertura a Deus e a sua vocação de filho de Deus. Por isso, ele procura despertar ou aprofundar nos jovens a abertura ao sentido religioso da vida, desenvolver a capacidade de descobrir na realidade cotidiana os sinais da presença e ação de Deus, comunicar a convicção da profunda coerência entre a fé e os valores humanos de solidariedade, liberdade, verdade, justiça, paz. Ele crê que o Evangelho assume as suas autênticas expressões, regenera os aspectos humanamente frágeis e enriquece-os abrindo ao horizonte de Deus.



3.6. Projeção social da ação educativa

Para Dom Bosco, era importante o cuidado dos jovens que vinham ao Oratório, mas era igualmente importante para ele a preocupação de ir à procura de todos os que ficaram fora. Preocupava-se com o desenvolvimento da pessoa até o seu pleno amadurecimento humano e cristão, mas também se preocupava com a transformação da sociedade através da educação da juventude.

Consciente da importância da educação da juventude e do povo para a transformação da sociedade, Dom Bosco faz-se promotor de novos projetos sociais de prevenção e assistência; pense-se na relação com o mundo do trabalho, nos contratos, no tempo livre, na promoção da instrução e cultura popular por meio da imprensa.

A sociedade que Dom Bosco tinha em mente era uma sociedade cristã, construída sobre os fundamentos da moral e da religião. Hoje, a visão de sociedade transformou-se: vivemos numa sociedade secular, construída sobre os princípios da igualdade, da liberdade, da participação; a proposta educativa salesiana, porém, conserva a sua capacidade de formar um cidadão consciente de suas responsabilidades sociais, profissionais, políticas, capaz de trabalhar pela justiça e promover o bem comum, com sensibilidade especial e preocupação pelos grupos mais frágeis e marginalizados. Deve-se trabalhar, portanto, pela mudança de critérios e da visão de vida, pela promoção da cultura do outro, de um estilo de vida sóbrio, de uma atitude constante de gratuidade, de luta pela justiça e a dignidade de toda vida humana.

A fim de realizar esse projeto Dom Bosco envolve círculos amplos de pessoas, sonha um movimento vasto como o mundo com a colaboração e complementaridade das pessoas de boa vontade interessadas na educação dos jovens e no futuro da sociedade.

Por isso, toda obra salesiana deve ser pensada sempre como centro de acolhida e convocação do maior número possível de pessoas, que se torne sempre mais núcleo animador capaz de alargar-se para o exterior, envolvendo de formas e modos diversos todos os que desejam trabalhar pela promoção e a salvação dos jovens.

Essa qualidade social da educação salesiana poderá encontrar ainda mais clara compreensão e realização no empenho pela promoção dos direitos humanos e, de modo particular, daqueles dos menores; e isso como caminho privilegiado de realização nos diversos contextos do trabalho de prevenção, do desenvolvimento humano integral, da construção de um mundo mais justo e, pari passo, para inserir a nossa pedagogia nas diversas culturas do mundo.



4. A promoção dos direitos humanos, principalmente dos menores

Somos herdeiros e portadores de um carisma educativo que tende à promoção de uma cultura da vida e à mudança das estruturas. Por isso, temos o dever de promover os direitos humanos. A história da Família Salesiana e a sua rapidíssima expansão também em situações culturais e religiosas muito distantes e diversas daquelas que viram o seu surgimento, testemunha como o Sistema Preventivo de Dom Bosco seja uma porta de acesso garantido para a educação juvenil de qualquer contexto e uma plataforma de diálogo para uma nova cultura dos direitos e da solidariedade. Como Salesianos, a educação aos direitos humanos, principalmente dos menores, é o caminho privilegiado para realizar, nos diversos contextos, o trabalho de prevenção, desenvolvimento humano, construção de um mundo mais honesto, mais justo, mais saudável. A linguagem dos direitos humanos permite-nos também o diálogo e a inserção da nossa pedagogia nas diferentes culturas do mundo.9



4.1. Promover os direitos humanos como educadores

Diante de tantas situações problemáticas vividas pelos meninos e jovens em todas as partes do mundo, somos chamados, a exemplo de Dom Bosco, a estar ao lado deles para defender a sua dignidade e garantir para eles um futuro digno e positivo.

O nosso empenho na promoção dos direitos humanos, principalmente dos menores, deve ir além do puro assistencialismo, mesmo se às vezes somos obrigados a cobrir situações de emergência, sem nos limitarmos à defesa dos seus direitos, quando são violados ou esquecidos. Devemos assumir o empenho próprio do educador que busca o crescimento pessoal do jovem e da jovem e o seu desenvolvimento integral, conscientes da sua dignidade e responsabilidade.

"Dom Bosco sentiu-se enviado por Deus para responder ao clamor dos jovens pobres e intuiu que, se era importante dar respostas imediatas ao seu sofrimento, era ainda mais importante prevenir suas causas. A seu exemplo, queremos ir ao encontro deles, convencidos de que a ação preventiva é justamente o modo mais eficaz de responder às suas pobrezas".10

Em várias de minhas intervenções11 procurei demonstrar que a educação é o caminho privilegiado para essa ação preventiva e renovadora das múltiplas situações de insatisfação e marginalização que alcançam os jovens e as jovens no mundo. Apresentei o Sistema Preventivo de Dom Bosco, sobretudo numa ótica de aceitação consciente de responsabilidades por parte do educando, que se transforma de objeto de proteção devido às suas necessidades, em sujeito responsável que tem seus direitos e reconhece os direitos alheios, preparando assim no jovem de hoje o cidadão de amanhã.

O Sistema Preventivo procura prevenir o mal por meio da educação, mas ao mesmo tempo ajuda os jovens a reconstruírem a própria identidade pessoal, revitalizarem os valores que não conseguiram desenvolver, elaborar e descobrir, justamente pela sua situação de marginalização, razões para viver com sentido, alegria, responsabilidade e competência. Tal Sistema crê também decididamente que a dimensão religiosa da pessoa é a sua riqueza mais profunda e mais significativa; por isso, procura orientar todo jovem à realização da vocação pessoal de filho de Deus como finalidade última de todas as suas propostas.

Fiéis, portanto, a essa herança preciosa, devemos empenhar-nos como educadores à promoção e defesa dos direitos humanos e dos direitos dos menores, preocupados, sobretudo, pelo desenvolvimento integral da pessoal dos jovens. Convém recordar o chamado urgente que eu mesmo e nós Salesianos do mundo inteiro, reunidos no Capítulo Geral 25, de 2002, endereçamos aos responsáveis e interessados pelo futuro da humanidade e principalmente dos jovens: "Estamos com os jovens porque confiamos neles, confiamos em seu desejo de aprender, de estudar, de sair da pobreza, de assumir o próprio futuro. (...) Somos pelos jovens porque acreditamos no valor da pessoa humana, na possibilidade de um mundo diferente e, sobretudo, no grande valor do empenho educativo. (...) Educar os jovens é o único modo de preparar um futuro positivo para todo o mundo!"12



4.2. Promover a cultura dos direitos

A educação propõe-se também o objetivo de construir uma cultura dos direitos humanos, capaz de dialogar, persuadir e, em última instância, prevenir as violações dos mesmos direitos, mais do que puni-las e reprimi-las.

A pobreza e a marginalização não são um fenômeno meramente econômico, mas uma realidade que toca a consciência das pessoas e desafia a mentalidade da sociedade, isto é, a cultura; é preciso passar da cultura do ter, do parecer, do dominar, à cultura do ser, da gratuidade e da partilha. A este ponto quero reportar as palavras do Papa Bento XVI em seu discurso de apertura da V Conferência Geral da CELAM em Aparecida (Brasil). Dizia o Papa:

"Como responder ao grande desafio da pobreza e da miséria? (...) Tanto o capitalismo como o marxismo prometeram encontrar o caminho para a criação de estruturas justas e afirmaram que estas, uma vez estabelecidas, funcionariam por si mesmas; afirmaram que não só não teriam tido necessidade de uma precedente moralidade individual, mas também que fomentariam a moralidade comum. E esta promessa ideológica demonstrou-se falsa. Os fatos o comprovam. O sistema marxista, onde governou, deixou não só uma triste herança de destruições econômicas e ecológicas, mas também uma dolorosa opressão das almas. E o mesmo vemos também no ocidente, onde cresce constantemente a distância entre pobres e ricos e se produz uma inquietadora degradação da dignidade pessoal com a droga, o álcool e as sutis ilusões de felicidade.

As estruturas justas são, como já disse, uma condição indispensável para uma sociedade justa, mas não nascem nem funcionam sem um consenso moral da sociedade sobre os valores fundamentais e sobre a necessidade de viver estes valores com as necessárias renúncias, inclusive contra o interesse pessoal. Onde Deus está ausente o Deus do rosto humano de Jesus Cristo estes valores não se mostram com toda a sua força, nem se produz um consenso sobre eles. Não quero dizer que os não-crentes não podem viver uma moralidade elevada e exemplar; digo somente que uma sociedade na qual Deus está ausente não encontra o consenso necessário sobre os valores morais e a força para viver segundo a pauta destes valores, também contra os próprios interesses".13

O Sistema Preventivo e o espírito de Dom Bosco chamam-nos hoje a um decidido empenho individual e coletivo, voltado a transformar as estruturas da pobreza e do subdesenvolvimento e, sobretudo, a promover os valores morais que garantem a renovação das mentalidades e das atitudes que estão na base das situações de injustiça. Queremos, por meio da educação, promover a cultura do outro, da sobriedade no estilo de vida e de consumo, da disponibilidade a compartilhar gratuitamente, da justiça entendida como atenção ao direito de todos; é esta a cultura da dignidade da vida, do trabalho solidário, da abertura à Transcendência.



4.3. Algumas exigências

A promoção dos direitos humanos e dos direitos dos menores deve ser em nossas mãos um poderoso instrumento de educação e transformação cultural. Isso requer que se cuide de algumas exigências importantes que garantam esse empenho.

  • Uma releitura salesiana dos direitos

Cada um de nós que, como educador e educadora, escolheu a visão antropológica cristã, a mesma visão que inspirou Dom Bosco, deve ser um defensor e promotor dos direitos humanos e dos menores. A esta altura, pode-nos ajudar uma releitura salesiana dos princípios postos como seus fundamentos. Eis alguns elementos dessa leitura, em relação, sobretudo aos direitos dos menores.

  • Integridade da pessoa e aplicação do princípio de indivisibilidade e interdependência de todos os direitos fundamentais da pessoa: civis, culturais, religiosos, econômicos, políticos e sociais.

  • "Desejo que vocês sejam felizes agora e sempre" e a aplicação do princípio do desenvolvimento humano integral, desenvolvimento que, na visão holística da Convenção dos direitos dos menores, compreende os aspectos físicos, mentais, culturais, espirituais, morais, sociais, políticos. Não basta uma lógica de assistência ou de garantia da sobrevivência; é preciso oferecer aos menores os elementos necessários para o seu desenvolvimento adequado e pleno; isso nos empenha a dar atenção às situações que, de fato, limitam essa integridade na dinâmica cotidiana do processo educativo.

  • O "um por um" e o princípio do interesse superior da criança. Este princípio da Convenção sublinha a necessidade de conhecer adequadamente cada situação e cada aspecto da vida da criança e saber valorizar as opiniões dos menores para escolher e orientar as intervenções educativas para o seu verdadeiro bem. Essa atenção à situação concreta do jovem é basilar na prática do Sistema Preventivo.

  • Centralidade do menor como sujeito ativo e o princípio da participação. Ouvir, envolver, tornar os menores participantes nas questões que se referem à vida deles é o caminho para responsabilizá-los como membros da sociedade em que vivem e potencializar suas habilidades sociais. Com esse espírito, devem-se rever as formas de acolhida e participação dos menores em nossos programas e atividades educativas.

  • O "basta serem jovens para que eu os ame muito" e a aplicação do princípio de não discriminação. Isso se conjuga com a identificação dos destinatários privilegiados da missão salesiana: os jovens mais pobres e desfavorecidos, aqueles que correm o risco de serem marginalizados, os portadores de deficiência, os refugiados, os imigrantes, os abandonados, os jovens vítimas de abusos etc. Neste sentido, deveríamos favorecer a participação e o protagonismo dos mais frágeis nos ambientes educativos, nas atividades propostas, nos diversos tipos de grupos etc.

  • Uma renovada opção de partilha comunitária

O caráter comunitário da experiência pedagógica salesiana exige trabalhar sempre em grupo, como comunidade educativa. Não é possível fazer tudo sozinho, como pioneiros, ou mover-se de modo autorreferencial. Só em comunidade é possível garantir as condições de um ambiente e de uma ação realmente educativa.

Urge desenvolver a mentalidade de rede, quer entre as diversas realidades da Congregação, quer com os demais sujeitos que têm a peito a educação e a vida dos menores.

Transformar a sociedade a partir de dentro, realizando a nossa missão educativa, exige despertar novas energias culturais e sociais, superar situações de clara injustiça, apelar para as responsabilidades sociais de todos. Como Salesianos, com os nossos múltiplos recursos e com o nosso rico patrimônio espiritual e pedagógico, temos uma importante responsabilidade.

Devemos ser núcleo animador e centro de convocação de todos os que estão dispostos a assumir solidariamente o trabalho educativo segundo o estilo de Dom Bosco. Compartilhar a defesa dos direitos humanos e dos menores pode ser uma forte motivação para garantir solidez a essa colaboração e sustentar o duro esforço cotidiano.

  • Uma renovada intencionalidade pastoral

A fim de garantir a eficácia do caminho dos direitos humanos na ação educativo-pastoral salesiana deve-se amadurecer a convicção da relação irrenunciável entre educação e evangelização. "Deve-se recordar que a evangelização sempre se desenvolveu com a promoção humana e a autêntica libertação cristã. Amar a Deus e amar ao próximo fundem-se entre si: no mais humilde encontramos Jesus mesmo e em Jesus encontramos Deus (cf. Deus caritas est 15). Por esse motivo, será também necessária uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja... A vida cristã não se exprime somente nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas".14

A ação salesiana compreende sempre a preocupação pela salvação integral da pessoa: conhecimento de Deus, comunhão filial com Ele por meio da acolhida de Cristo, mediação sacramental da Igreja. Tendo escolhido a juventude e os jovens pobres, os Salesianos aceitam os pontos de partida no qual os jovens se encontram e as suas possibilidades de fazer uma caminhada para a fé. Em toda iniciativa de recuperação, educação e promoção da pessoa, anuncia-se e realiza-se a salvação que será ulteriormente explicitada na medida em que os sujeitos se tornem capazes dela. Cristo é um direito de todos. Deve ser anunciado sem forçar os tempos, mas sem deixá-los passar em vão.

Justamente a referência a Cristo, o Homem novo, pode-nos ajudar a repensar o empenho da promoção dos direitos humanos e da educação dos jovens mais pobres e em situação de risco, fazendo-nos compreender a meta da realização integral da vida humana. "O confronto com Jesus de Nazaré... não deixa outra passagem, alternativa ou sucessiva àquela para a qual estão a caminho os homens empenhados na promoção dos direitos humanos. Repensa-a e reformula-a na verdade do ser homem ou mulher no projeto de Deus".15

À maneira de conclusão

Permitam-me concluir com o pequeno poema de Gabriela Mistral, breve, mas cheio de sentido profético, que dá a razão do porque hoje, mais do que nunca, se deva falar de "emergência educativa" e como hoje, mais do que nunca, o caminho de saída esteja no coração de Dom Bosco:

His Name is “Today”

We are guilty of many errors, of many faults,

But our worst crime is abandoning the children,

Neglecting the fountain of life.

Many of the things we need can wait.

The child cannot.

Right now is the time his bones are being formed,

His blood is being made and his senses are being developed.

To him we cannot answer “Tomorrow”.

His name is “Today”.



Gabriela Mistral

Nobel Prize-winning poet from Chile

1 Bento XVI, Discurso do Santo Padre por ocasião do 60º aniversário da Declaração dos direitos do homem, Roma 10 de dezembro de 2008.

2 Bento XVI, Carta à diocese e à cidade de Roma sobre a tarefa urgente da educação, Roma 21 de janeiro de 2008

3 J. Bosco, Memórias do Oratório de São Francisco de Sales, aos cuidados de A. da Silva Ferreira, Editora Salesiana, São Paulo, 3ª edição, 2005, p. 120

4 Idem, pag. 158

5 Idem, pag. 121

6 P. Chávez Villanueva, O CG 26: Uma carta de navegação a caminho do Jubileu de 2015 na marca do “Da mihi animas, cetera tolle", Discurso do Reitor-Mor no encerramento do CG26, in “Da mihi animas cetera tolle”. Documentos capitulares, Roma 2008, pag. 158 (Editora Salesiana, São Paulo, 2008).

7 Cf. CG 26 n. 25.

8 Bento XVI, Carta ao P. Pascual Chavez Villanueva, Reitor-Mor dos SDB por ocasião do Capítulo Geral 26, in “Da mihi animas, cetera tolle” Documentos capitulares, pag. 110, (Editora Salesiana, São Paulo, 2008).

9 Os direitos econômicos, sociais e culturais foram sancionados na "Declaração universal dos direitos do homem" da ONU em 1948. Nos anos sucessivos foram aprovados os direitos dos povos à autodeterminação, à paz, ao desenvolvimento, ao equilibro ecológico, ao controle dos recursos nacionais, à defesa ambiental. Há os direitos relacionados ao respeito do homem, às manipulações genéticas, à bioética e às novas tecnologias de comunicação. Há também a "Convenção da ONU sobre os direitos das crianças e dos adolescentes", adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e ratificada atualmente por 192 Estados.

10 CG 26, 98

11 Cf. P. Chávez, Prima che sia troppo tardi salviamo i ragazzi, il futuro del mondo, Intervenção no Capitólio, Roma 27 de novembro de 2002, por ocasião da comemoração da fundação do Borgo Ragazzi Don Bosco.

P. Chávez, Dare di più a chi ha avuto di meno. Un ripensamento educativo per il cambio culturale, Encontro CISI sobre a marginalização e insatisfação juvenil, Frascati 29 de dezembro de 2004.

P. Chávez, Educazione e cittadinanza. Formare salesianamente il cittadino. 'Lectio magisterialis' para a Láurea 'honoris causa' da Universidade de Gênova. 23 de abril de 2007.

P. Chávez, Educar com o coração de Dom Bosco. Sistema Preventivo e direitos humanos, 50º aniversário da Inspetoria de Porto Alegre, outubro de 2008.

12 Cf. CG25, n. 140.

13 Bento XVI, Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano e do Caribe, Aparecida,13 de maio de 2007, n. 4.

14 Bento XVI, Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano e do Caribe, Aparecida,13 de maio de 2007, n. 3.

15 R. Tonelli, Una pastorale giovanile attenta ai diritti umani?. Note di Pastorale Giovanile, 37 (2003) 1, p. 5.

Seu nome é “hoje”. Nós somos culpados de muitos erros, de muitas falhas, mas nosso crime maior está no abandono das crianças, negligenciando a fonte da vida. Muitas das coisas de que nós precisamos podem esperar. A criança não pode. É agora o tempo em que seus ossos estão recebendo forma, seu sangue está sendo feito e seus sentidos estão sendo desenvolvidos. A ele nós não podemos responder “amanhã”. Seu nome é “hoje”.


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