Pastoral Juvenil-Projeto orgânico inspetorial

2.1 PROJETO ORGÂNICO INSPETORIAL





Padre Antônio DOMENECH

Conselheiro para a Pastoral Juvenil




Na sua reflexão sobre a vida e missão da comunidade salesiana, o CG25 quis também indicar algumas condições organizativas e estruturais, para tornar possível e significativo o “viver e trabalhar juntos” (Const. 49). Entre essas condições encontra-se o Projeto Orgânico Inspetorial (POI) (CG24, 82).

No sexênio passado, o Reitor-Mor, padre Vecchi, já havia insistido em que cada inspetoria considerasse e planejasse as suas possibilidades de desenvolvimento para garantir a qualidade e a significatividade da vida comunitária e da ação apostólica de todas as comunidades separadamente e no seu conjunto. O Conselho Geral refletiu sobre a orientação do CG25 e quis oferecer às inspetorias um instrumento prático para ajudá-las a realizar nos próximos três anos o POI (CG25, 82-84).


Descrição do POI

“O Projeto Orgânico Inspetorial apresenta as opções fundamentais que orientam o desenvolvimento da inspetoria, assegurando-lhe a continuidade e a coerência das decisões” (CG25, 82).

É o plano estratégico de animação e governo da inspetoria, que visa o conjunto da sua vida e missão e apresenta as opções fundamentais que devem orientar sua organização.

O POI é ponto de referência para todos os projetos e programações dos organismos de animação e governo das comunidades e das obras da inspetoria.


Sujeito do POI

O CG25 indica, antes do mais, o sujeito do POI: “A comunidade inspetorial, por meio dos seus organismos, estude, elabore ou avalie, nos próximos três anos, o Projeto Orgânico Inspetorial” (CG25, 82).

Concretamente, “o inspetor com o seu Conselho, ajudado por uma equipe operativa” (CG25, 84) guia e orienta o processo de estudo, de elaboração e de avaliação do POI, interessando as comunidades e de modo especial os diretores.

À luz de Const. 171, 1.2 e de Reg. 167, 3, é conveniente que o Capítulo Inspetorial estude e aprove as orientações e as opções fundamentais do POI.


Objetivos do POI

O CG25 explicita ainda os objetivos que nos são propostos mediante a elaboração do POI. Com efeito, afirma explicitamente:

O Projeto Orgânico Inspetorial deverá buscar os seguintes objetivos:

reforçar em cada irmão e em cada comunidade o sentido da missão comum e da co-responsabilidade nela;

redimensionar e reestruturar as frentes de empenho e de desenvolvimento da inspetoria;

superar situações comunitárias de fragmentação, dispersão e inconsistência numérica;

priorizar realmente as presenças mais significativas e proféticas, e expressar mais autenticamente a missão salesiana no território (CG25, 83).



Conteúdos do POI

Nesse ponto não se pretende oferecer um esquema rígido para ser seguido, mas somente recolher os aspectos fundamentais que o POI deve considerar.

Muitas inspetorias já elaboraram nestes anos, nas deliberações dos Capítulos Inspetoriais, no Projeto Educativo Pastoral Inspetorial ou no Projeto de Formação ou outros documentos inspetoriais, várias orientações sobre alguns destes pontos. Trata-se agora de recolhê-los e sistematizá-los num conjunto orgânico e coerente.

O esquema proposto segue o usado no CG25, mas cada inspetoria poderá adaptá-lo à sua realidade e às suas necessidades. Todavia, não se trata de elaborar um documento extenso e complexo, mas breve e essencial, recolhendo as opões fundamentais de governo sem muitas motivações nem explicações.


1. Chamado de Deus

Tendo presentes as exigências da Congregação e da Igreja, particularmente do CG25 e do Projeto de animação e governo do Reitor-Mor com o seu Conselho, a inspetoria se pergunta a que coisa Deus a chama para ser na sua situação atual e no território onde se encontra, a fim de garantir a significatividade da sua vida e da sua ação.


2. Situação da inspetoria

À luz do chamado de Deus, a inspetoria propõe-se um breve olhar sobre sua situação e sobre suas possibilidades de desenvolvimento. Olhando para o que a inspetoria quer ser, interroga-se:

Sobre sua vida e ação:

Quais os aspectos positivos que já existem e os recursos de que dispomos?

Quais os aspectos que exigem melhora e as dificuldades que encontramos?

Sobre as necessidades urgentes do território, especialmente dos jovens e dos pobres.

Sobre os desafios fundamentais que tais realidades apresentam ao futuro da inspetoria.


3. Opções fundamentais

O CG25 sugere alguns conteúdos que devem ser tomados em consideração no POI, a fim de individuar as opções fundamentais.

Em geral , ele

compreende os campos de ação prioritários para os próximos anos, os critérios operativos que devem guiar os vários planos e projetos, as presenças a que dar atenção, as linhas gerais para a preparação do pessoal e o desenvolvimento econômico e estrutural, respondendo às urgências atuais e às previsões futuras emersas da análise do território (CG25, 82).

Em particular, as opções fundamentais convergem para os argumentos aqui lembrados. Trata-se de:

Escolher “os campos de ação prioritários” (CG25, 82), as principais áreas ou aspectos sobre os quais centrar as atenções e as forças nos próximos anos.

Após avaliar “a significatividade da missão de cada obra/presença com base nos critérios” que o CG25 propõe (CG25 84), definir:

a prioridade das presenças mais significativas e proféticas (cf . CG25, 83);

os critérios para orientar um crescimento significativo para as inspetorias em desenvolvimento;

os critérios para o redimensionamento e reestruturação das frentes de empenho e de desenvolvimento da inspetoria (cf. CG25, 83).


Individuar as condições para “garantir a consistência qualitativa e quantitativa de cada comunidade salesiana” (CG25, 75-77), a fim de garantir “a superação de situações comunitárias de fragmentação, de dispersão e inconsistência numérica” (CG25, 83).

Redefinir para cada presença uma relação entre comunidade e obra que torne possível a cada comunidade salesiana poder “viver e trabalhar juntos e ser ponto de referência carismático no núcleo animador da CEP” (CG25, 78-81).

Indicar “as linhas gerais para a preparação das pessoas” (CG25, 82), tanto SDB como leigos colaboradores.

Propor “as linhas gerais para o desenvolvimento econômico e estrutural” (CG25, 82) da inspetoria com atenção também à solidariedade.


Sugestões metodológicas

O CG25 pede que “a comunidade inspetorial, através de seus organismos, estude, elabore ou verifique nos próximos três anos, o Projeto Orgânico Inspetorial” (CG25, 82). Isso exige que o inspetor e o seu Conselho, assistido por um grupo operativo, assumam a direção e a animação de todo o processo de elaboração do POI; nesse processo deverão interessar os diretores e promover a participação de todas as comunidades da inspetoria.

Pode-se, em geral, pensar nos seguintes passos:

O inspetor com o seu Conselho recolhe as expectativas e as necessidades da comunidade a fim de definir o “Chamado de Deus” hoje para a inspetoria. A esse propósito pode-se, por exemplo, utilizar as reflexões feitas pelo Capítulo Inspetorial de preparação ao CG25.

O inspetor com o seu Conselho elabora a Situação da inspetoria em relação a esse chamado. Para isso pode ser útil ter presente o relatório do inspetor e a sua discussão no último Capítulo Inspetorial. Com a ajuda das comunidades escolham-se os desafios principais que esta situação apresenta para a vitalidade da inspetoria.

O inspetor com o seu Conselho, à luz dos passos precedentes, propõe as opções fundamentais para o futuro da inspetoria e as apresenta ao estudo das comunidades e dos grupos inspetoriais de animação (diretores, comissões inspetoriais etc.).

O texto revisto pelo inspetor com o seu Conselho é apresentado ao próximo Capítulo Inspetorial, que o estuda e aprova suas opções fundamentais.

O inspetor com o seu Conselho elabora a redação definitiva do POI.


Relação do POI com outros projetos da inspetoria (cf . gráfico)

O POI não é de per si um projeto em sentido próprio, mas orienta todos os projetos da Inspetoria.


Relação com os Projetos de Formação e de Pastoral

O Projeto Inspetorial de Formação e o Projeto Educativo Pastoral inspetorial propõem os objetivos a serem atingidos e avaliados, os processos ou passos a serem realizados e as intervenções que devem ser feitas em relação à formação e à missão, segundo as opções fundamentais do POI.

O PEPS inspetorial refere-se a toda a missão salesiana e, por isso, abrange também a comunicação social, a animação e o empenho missionários, a animação da Família Salesiana.


Relação com a previsão orçamentária e o balanço anual

O Diretório é um texto normativo do direito próprio contendo as normas particulares que se apresentam como atuação prática da legislação geral, em determinadas matérias confiadas ao nível inspetorial (ACG 315, 34ss). As normas particulares do Diretório regulam a realização da vida e da missão da inspetoria, que é planejada nos projetos segundo as opções do POI.


Relação com o Projeto comunitário e o Projeto Educativo Pastoral local

Mediante o Projeto comunitário, cada comunidade local “dá consistência à capacidade de viver e trabalhar juntos” (CG25, 72). Ela reforça o sentido de pertença e o espírito de família; desenvolve entre os irmãos uma visão partilhada da vida comunitária; favorece a comunicação e partilha de valores, expectativas e experiências; promove a unidade e a convergência de critérios e de linhas na vida e na ação educativa e pastoral da comunidade (cf. CG25, 73). Por isso, deve-se procurar de que o Projeto comunitário seja coerente com as orientações do POI e com as opções do PEPS de cada CEP que a comunidade local anima (cf. CG25, 78).


Relação com as opções do Capítulo Geral e do Projeto do RM e do seu Conselho

O POI deverá normalmente ser revisto e atualizado depois de cada Capítulo Geral para assumir e aplicar à inspetoria suas orientações e as prioridades escolhidas no Projeto de animação e governo do RM e do seu Conselho.