PARTE I: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS


PARTE I: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS






DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL SALESIANA












A


PASTORAL JUVENIL


SALESIANA









QUADRO DE REFERÊNCIA FUNDAMENTAL










ROMA, dezembro de 1997








INTRODUÇÃO



A Congregação percorreu, nos últimos trinta anos, um caminho de desenvolvimento da Pastoral Juvenil em sintonia com a evolução do mundo e da Igreja, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II.

Os cinco Capítulos Gerais celebrados desde 1972 guiaram o processo de aprofundamento. O CG20 (1972) esclarece a missão salesiana e seus destinatários à luz da renovação conciliar e diante das novas situações históricas. Os conteúdos da proposta pastoral salesiana, com uma leitura atualizada do Sistema Preventivo de Dom Bosco, são repensados no CG21 (1978). Ela apresenta a comunidade salesiana evangelizada e animadora de numerosas forças apostólicas, o Projeto Educativo-Pastoral a ser elaborado em cada Inspetoria, e define a identidade salesiana de alguns ambientes de educação e evangelização. O Oratório e o Centro Juvenil, a Escola, a Paróquia e as novas presenças salesianas.

O CG23 (1990), diante da interpelação da nova situação dos jovens em seus contextos, qualifica o PEPS como um caminho de educação à fé, inspirado, guiado e finalizado pela Espiritualidade Juvenil Salesiana. O CG24 (1996) coloca toda a missão, expressa no PEPS e animada pela Espiritualidade Juvenil Salesiana, no horizonte amplo de um vasto movimento de pessoas que, de maneiras variadas, participam do espírito e da missão de Dom Bosco; alguns dos temas aprofundados pelo Capítulo são a centralidade da participação dos leigos, a nova função animadora da comunidade salesiana, a Comunidade Educativo-Pastoral (CEP) que manifestam e realizam a comunhão e participação no espírito e na missão de Dom Bosco.


Acrescentou-se às indicações gerais oferecidas pelos Capítulos a reflexão mais particularizada levada adiante pelo Dicastério, pelos Centros de Pastoral e pelas próprias Inspetorias, no esforço de criar um programa pastoral adequado. Esse esforço teve três manifestações maiores: a elaboração do Projeto Educativo-Pastoral por parte das Inspetorias e comunidades locais; a Espiritualidade Juvenil Salesiana, comunicada e aprofundada entre os jovens, como conteúdo unificador do Movimento Juvenil Salesiano; os itinerários de formação humana e cristã elaborados nas diversas partes da Congregação como síntese contextualizada de evangelização juvenil.


O Dicastério para a Pastoral Juvenil acompanhou a caminhada desses anos oferecendo sínteses para ser utilizadas pelos agentes, colaboradores, pessoal em formação; têm um significado especial os documentos que orientam a elaboração do PEPS nas Inspetorias e nas diversas obras.

O magistério abundante do Reitor-Mor P. Egídio Viganò estimulou e orientou a reflexão e o processo de assimilação aprofundando as quatro dimensões fundamentais do Projeto Educativo Pastoral Salesiano1.


A Congregação, as diversas Inspetorias e as comunidades, instadas pelo conjunto todo de estímulos, fizeram um notável esforço de assimilação, esclarecimento e realização, para responder sempre melhor às exigências da juventude. Ao mesmo tempo, porém, encontraram algumas dificuldades como o desnível entre a quantidade de propostas e as possibilidade de atuá-las, o ritmo diverso de assimilação da nova mentalidade pastoral, a multiplicidade de propostas e necessidades que provoca dispersão e pouca atenção à reflexão, sobretudo ao ato de projetar. Segue-se daí que as Inspetorias só conseguem assimilar e principalmente traduzir as orientações da Congregação na prática, com esforço e de forma limitada.


Existe um patrimônio de pastoral salesiana extraordinariamente rico e consistente, decorrendo daí a necessidade de ter uma visão completa de conjunto e de recolher as suas linhas fundamentais numa síntese orgânica e compartilhada, visando facilitar a assimilação pessoal e a orientação da práxis.


É esta a finalidade deste subsídio: oferecer em primeiro lugar aos delegados inspetoriais de PJ e suas equipes, como também aos irmãos e comunidades, particularmente a quem tem responsabilidade de animação e de governo, esta coletânea orgânica que permite caminhar para a maior unidade dos agentes e da gestão dos processos educativos.

A Pastoral Juvenil Salesiana envolve sempre mais a Família Salesiana e muitos leigos colaboradores. Este manual pode também orientar e ajudar a formação deles, assim como a elaboração e realização conjunta do Projeto Educativo-Pastoral Salesiano.


Ele foi pensando, por isso, como um instrumento de estudo e um guia de reflexão e de revisão. Não se pretende desenvolver e aprofundar nele todos os argumentos, mas intende-se oferecer um quadro de referência unitário e alguns critérios operativos que possam guiar o trabalho de animação pastoral.


Oferece-se, no início, uma síntese dos documentos da Congregação que inspiraram e orientaram a escolha dos conteúdos e, no final de cada capítulo, apresentam-se algumas indicações bibliográficas para aprofundar os argumentos mais importantes.


À luz da experiência, pensa-se em acrescentar alguns subsídios para o estudo e exposição das diversas partes e capítulos, a fim de facilitar a apresentação do conjunto e o estudo e assimilação dos conteúdos dos vários capítulos.








































DOCUMENTAÇÃO



DOCUMENTOS DA CONGREGAÇÃO que inspiraram este Manual


  1. Constituições e Capítulos Gerais


1 Constituições e Regulamentos da Sociedade de São Francisco de Sales. Roma 1984.

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CAPÍTULO GERAL ESPECIAL DA SOCIEDADE SALESIANA (CG20). Roma, 1971. Sobretudo a Seção primeira: A nossa missão apostólica. P. 1-306

CAPÍTULO FERAL 21 DA SOCIEDADE SALESIANA. Documentos capitulares. Roma 1978. Sobretudo o Documento I: Os salesianos evangelizadores dos jovens. P. 1-165

CAPÍTULO GERAL 23 DOS SALESIANOS DE DOM BOSCO. Educar os jovens à fé. Roma 1990.

CAPÍTULO GERAL 24 DOS SALESIANOS DE DOM BOSCO. Salesianos e Leigos: Comunhão e participação no Espírito e na missão de Dom Bosco. Roma 1996.

CAPÍTULO FERAL 24 DOS SALESIANOS DE DOM BOSCO. A Sociedade de São Francisco de Sales no sexênio 1990-1995. Relação do Vigário do Reitor-Mor P. Juan E. Vecchi. Roma, 1996. P. 149-162; 239-274; 292-306

DIREÇÃO GERAL OBRAS DE DOM BOSCO. O projeto de vida dos Salesianos de Dom Bosco. Guia à leitura das Constituições Salesianas. Roma 1987



2. Documentos do Dicastério para a pastoral juvenil


DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL, Animação pastoral da Inspetoria. Documento PJ 1. Roma 1979

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Projeto educativo-pastoral: elementos e linhas. Documento PJ 3. Roma 1978.

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Projeto educativo-pastoral: Metodologia. Documento PJ 2. Roma 1978

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Elementos e linhas para um projeto educativo-pastoral nas paróquias confiadas aos salesianos.. Documentos PJ 4. Roma 1980

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Elementos e linhas para um projeto educativo-pastoral nos oratórios e centros juvenis salesianos. Documentos PJ 5. Roma 1980

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Elementos e linhas para um projeto educativo-pastoral nas escolas salesianas. Documentos PJ 6. Roma 1980

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Linhas essenciais para um plano inspetorial de pastoral vocacional. Documentos PJ 7. Roma 1981

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Grupos, movimentos e comunidades juvenis. Documentos PJ 8. Roma 1979

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. A proposta associativa salesiana. Síntese de uma experiência em caminho. Documentos PJ 9. Roma 1985

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Comunidade salesiana no território. Presença e missão. Documentos PJ. 10 Roma 1986.

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL E CENTRO INTERNACIONAL DE PJ - FMA. O animador salesiano no grupo juvenil. Uma proposta salesiana. Documento PJ 12. LDC, Leumann (Turim) 1988

DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL. Pastoral juvenil salesiana. Roma 1993.


DICASTÉRIO PARA A PASTORAL JUVENIL SDB E DICASTÉRIO PARA A PJ DAS FAMA, Espiritualidade Juvenil Salesiana. Um dom do Espírito à Família Salesiana para a vida e a esperança de todos, Roma 1996

DICASTÉRIOS PARA A PASTORAL JUVENIL, PARA AS MISSÕES E PARA A FAMÍLIA SALESIANA, Voluntariado e missão salesiana. Roma 1995



1.1 3Cartas do Reitor-Mor

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VIGANÒ Egídio, O projeto educativo salesiano. ACG 290, setembro, 1978

VIGANÒ Egídio, Missão salesiana e mundo do trabalho. ACG 307, dezembro 1982

VIGANÒ Egídio, Carta de João Paulo II aos jovens. ACG 314, junho 1985

VIGANÒ Egídio, A carta Juvenum Patris de S.S. João Paulo II. ACG 325, março 1988.

VIGANÒ Egídio, A nova evangelização. ACG 331, setembro 1989

VIGANÒ Egídio, Espiritualidade salesiana para a nova evangelização. ACG 334, dezembro 1990

VIGANÒ Egídio, Nova educação: ACG 337, setembro 1991.

VIGANÒ Egídio, Ainda existe um bom terreno para as sementes. ACG 339, abril 1992

VIGANÒ Egídio, A nossa oração pelas vocações. ACG 341, setembro 1992

VIGANÒ Egídio, Uma mensagem eclesial de nova evangelização. ACG 343, janeiro 1993

VIGANÒ Egídio, Educar a fé na escola. ACG 344, abril 1993

VIGANÒ Egídio, Somos profetas educadores. ACG 346 dezembro 1993

VECCHI Juan, Teve compaixão deles. Novas pobrezas, missione salesiana e significatividade. ACG 359, abril 1997




4. Orientações e diretrizes


VECCHI Juan, Centros de preparação profissional. ACG 298, dezembro 1980

VECCHI Juan, O nosso trabalho pelas vocações. ACG 302, dezembro 1981

VECCHI Juan, A escola salesiana. ACG 303, janeiro 1982

VECCHI Juan, Pastoral juvenil: documentos e pontos a serem verificados. ACG 307, março 1983

VECCHI Juan, O projeto educativo-pastoral. ACG 316, março, 1986

VECCHI Juan, Pastoral vocacional. ACG 320 março 1987

VECCHI, Juan, A paróquia salesiana. ACG 322, setembro 1987

VAN LOOY Luc, O movimento juvenil salesiano. ACG 336 junho 1991

VAN LOOY Luc, A formação do salesiano educador pastor: reflexos do CG23 sobre a formação inicial. ACG 338, dezembro 1991

VAN LOOY Luc, A pastoral vocacional na pastoral juvenil. ACG 339 março 1992

VAN LOOY Luc, Mentalidade de itinerário. ACG 345, setembro 1993

VAN LOOY Luc, O projeto educativo pastoral nas Inspetorias. ACG 349, setembro 1994

VAN LOOY Luc, Voluntariado e missão salesiana. ACG 352, abril 1995



5. Outros documentos da Congregação


O Diretor Salesiano. SDB, Roma 1986, pp. 132-179

O Inspetor Salesiano. SDB, Roma 1987, pp. 115-120; 169-199




























PARTE I: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS








Capítulo 1



ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA


Apresentam-se neste primeiro capítulo as características fundamentais da Pastoral Juvenil Salesiana, colocando-a no conjunto da missão e da espiritualidade salesiana. O chamado de Deus a Dom Bosco para a missão de salvar os jovens, especialmente os mais pobres, convoca muitas pessoas e grupos à convergência espiritual e à participação educativa e pastoral, o Sistema Preventivo de Dom Bosco. Ele é a fonte e a inspiração da forma concreta e original de viver e atuar a missão salesiana que chamamos de Pastoral Juvenil Salesiana.


1. DOM BOSCO E A MISSÃO SALESIANA:

PONTO DE REFERÊNCIA HISTÓRICO-CARISMÁTICO


Dom Bosco, sob a inspiração do Espírito Santo, teve uma clara consciência de ser chamado por Deus a uma missão singular em favor dos jovens pobres. Sinais do alto, hábitos naturais, conselhos de pessoas prudentes, discernimento pessoal, circunstâncias que se sobrepunham providencialmente, convenceram-no que Deus o enriquecia com dons singulares e lhe pedia uma entrega total aos jovens: «Prometi a Deus que mesmo meu último alento seria para meus pobres jovens» (C 1).


Esta missão para a qual o Senhor chamava Dom Bosco tem o seu traço caracterizante nos jovens, especialmente os mais pobres (C 26). Sem eles Dom Bosco é irreconhecível: «Por vós estudo, por vós trabalho, por vós eu vivo, por vós estou disposto até a dar a vida» (C 14).

Com o campo de trabalho, porém, Dom Bosco viu a finalidade original da sua missão: revelar o amor de Deus aos jovens pobres. Intuiu também os princípios de um estilo pastoral adequado a essa finalidade: o do Bom Pastor.


Dom Bosco entregou toda a sua vida pelos jovens num projeto de vida fortemente unitário: sua vida sacerdotal e sua ação educativa, suas múltiplas relações e sua profunda espiritualidade, tudo orientava-se ao serviço dos jovens; «não deu passo, não pronunciou palavra, não pôs mão a empreendimento que não visasse a salvação da juventude» (C 21).


Deus não deixa de chamar muitos outros crentes a continuarem a missão de Dom Bosco em favor dos jovens. Entre estes, os salesianos (SDB) são por Ele consagrados, reunidos e enviados a serem na Igreja sinais e portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente os mais pobres.


Com eles participam da missão de Dom Bosco, segundo suas específicas vocações e estilos de vida, outros grupos da Família Salesiana e um vasto movimento de pessoas e grupos, homens e mulheres, pertencentes às mais diversas condições de vida, que formam o Movimento Salesiano.


A missão salesiana, partindo de Dom Bosco e da sua experiência de Valdocco, estende-se ao infinito e convoca muitas pessoas e grupos à convergência espiritual e à participação educativa e pastoral em vista da promoção integral dos jovens, especialmente os mais pobres.






2. UMA ESPIRITUALIDADE NA MISSÃO: O SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO


A missão e o projeto de vida de Dom Bosco, partilhado pela Família Salesiana, exprime-se num estilo de vida e de ação, o Espírito Salesiano, centrado na caridade pastoral, caracterizada pelo dinamismo juvenil, que se manifesta muito forte em Dom Bosco e nas origens da nossa Família (cf. C 10).


O Espírito Salesiano encarna-se e é manifestado na experiência espiritual e educativa de Dom Bosco no primeiro Oratório de Valdocco, chamado por ele de Sistema Preventivo, que pertence à própria essência da nossa missão: é o nosso estilo de exprimir a caridade pastoral; ele pode ser considerado como a síntese do que Dom Bosco quis ser, o núcleo do programa e do projeto pedagógico e pastoral por ele atuado e confiado particularmente à Família Salesiana.

Demonstrou-se como uma rica síntese de:


2.1. Experiência espiritual


O Sistema Preventivo encontra a sua fonte e o seu centro na experiência da caridade de Deus, que se antecipa a toda criatura com a sua Providência, acompanha-a com a sua presença e salva-a dando a vida (C 20).

Essa experiência dispõe-nos a acolher a Deus nos jovens, convencidos de que Deus nos oferece neles a graça do encontro com Ele e nos chama a servi-lo neles, reconhecendo a sua dignidade, renovando a confiança em seus recursos de bondade e educando-os à plenitude da vida (cf. CG23, 95).

A caridade pastoral cria uma relação educativa à medida do adolescente, e do adolescente pobre, fruto da convicção de que qualquer vida, mesmo a mais pobre, complexa e precária, traz em si, pela presença misteriosa do Espírito, a força do resgate e a semente da felicidade (cf. CG23, 92).


2.2. Proposta pastoral de evangelização juvenil


A proposta original de evangelização juvenil parte do encontro com os jovens lá onde eles se encontram, valorizando o patrimônio natural e sobrenatural que todo jovem traz consigo, num ambiente educativo cheio de vida e rico de propostas; atua-se através do caminho educativo, que privilegia os últimos e os pobres; promove o desenvolvimento dos recursos positivos que têm, e propõe uma forma peculiar de vida cristã e de santidade juvenil (cf. CG23, 97-115).

O projeto original de vida cristã é organizado ao redor de algumas experiências de fé, de opções de valores e de atitudes evangélicas, que constituem a Espiritualidade Juvenil Salesiana (EJS), como estilo de santidade educativa, proposta a todo jovem para crescer em Cristo, homem perfeito, desenvolvendo os seus dinamismos interiores para o amadurecimento da fé.


2.3. Metodologia pedagógica


O Sistema Preventivo é também uma metodologia pedagógica que se caracteriza:

pela vontade de viver entre os jovens, participando de sua vida, contemplando o seu mundo com simpatia, atentos às suas verdadeiras exigências e valores;

pela acolhida incondicional que se torna força promocional e capacidade incansável de diálogo;

pelo critério preventivo que acredita na força do bem, presente em todo jovem, mesmo no mais carente, e procura desenvolvê-la mediante experiências positivas de bem;

pela centralidade da razão, que é bom senso nas exigências e normas, flexibilidade e persuasão nas propostas; da religião, entendida como desenvolvimento do sentido de Deus, inerente a cada pessoa, e esforço de evangelização cristã; da cordialidade, que se exprime como amor educativo que faz crescer e cria correspondência;

pelo ambiente positivo entranhado de relações pessoais, vivificado pela presença amorosa e solidária, que é animadora e ativadora dos educadores e do protagonismo dos próprios jovens.



3. A PASTORAL JUVENIL SALESIANA (PJS), REALIZAÇÃO DA MISSÃO


O Sistema Preventivo é fonte e inspiração da nossa forma de viver a missão salesiana, que chamamos de Pastoral Juvenil Salesiana.

Nós, como Dom Bosco, respondemos integralmente à ação evangelizadora da Igreja no mundo, oferecendo uma contribuição carismática específica: privilegiando a atenção ao mundo juvenil; a nossa ação pastoral é especificamente pastoral juvenil, com as características próprias do nosso espírito salesiano.

Tendo o Sistema Preventivo como fonte e inspiração da nossa forma de viver a missão salesiana, isto é, a nossa pastoral juvenil salesiana, sublinham-se algumas características concretas:


3.1. Opção determinante: os jovens e o seu mundo


Dom Bosco orienta a sua obra decididamente à juventude; e, conscientemente, escolhe nela os jovens mais pobres, em perigo e à margem da Igreja.

Assume a atitude evangélica de ir em direção aos distantes, fazendo da rua, das praças, dos ambientes de trabalhos, do pátio os lugares de encontro e de primeiro anúncio; acolhe-os sem barreiras e sem preconceitos, reconhecendo e valorizando o que eles têm em si; caminha com eles, adequando-se ao passo deles.

Constrói o seu projeto na medida dos jovens, ajudando-os a perceber a riqueza da vida e os seus valores, preparando-os para viver neste mundo e tornando-os conscientes do seu destino eterno (C 26).


A opção preferencial pelos jovens, sobretudo os mais pobres, leva-nos também a ir aos ambientes populares onde vivem esses jovens; dedicamos, também, a nossa atenção aos leigos responsáveis da evangelização do ambiente e à família onde as diversas gerações se encontram e se constróem (cf. C 29).


A pastoral salesiana é juvenil, não só pelos destinatários prioritários, como também pela sua própria qualidade juvenil (estilo e ótica) que, partindo da «caridade pastoral, caracterizada por aquele dinamismo juvenil que tão fortemente se revelava em nosso Fundador e nas origens da nossa Sociedade…» (C 10), explicita-se no dom de predileção pelos jovens, vivida em qualquer campo pastoral (C 14).


A opção de campo dá-nos uma forma específica de olhar a realidade e de reagir-lhe, para entendê-la do ponto de vista dos jovens, sensíveis aos aspectos que favoreçam a sua educação e evangelização ou, contrariamente, que comportem risco; atentos aos aspectos positivos, aos novos valores e possibilidades de retomada; com uma atitude de escuta, simpatia e diálogo com eles.

Estamos atentos, pois, na análise da realidade:

  • às diversas situações de pobreza, que comprometem gravemente a sua educação, e a reação dos jovens diante delas;

  • às instituições educativas e à relação que estabelecem com os jovens: a situação da família e a sua capacidade educativa, o sistema educativo e a qualidade e integridade da formação que oferece, os meios de comunicação social e o tipo de mentalidade e cultura que favorecem, etc.;

  • aos aspectos sociais que mais influenciam na situação juvenil, como as possibilidades e qualidades de trabalho oferecidas aos jovens, as oportunidades de ocupar o tempo livre, a realidade associativa, etc.;

  • ao fenômeno religioso no ambiente, à presença e ação da Igreja, suas ofertas aos jovens, e à forma com que os jovens se situam diante dela; à presença das várias religiões e outras formas de religiosidade;

  • à realidade cultural do povo com o seu conjunto de valores e limites, experiências, linguagens e símbolos que formam sua mentalidade e sensibilidade;

  • às principais características da condição juvenil e às urgências que brotam delas.




3.2. Missão: educar evangelizando e evangelizar educando


A preocupação pastoral de Dom Bosco situa-se no interior do processo de humanização, que busca o crescimento integral da pessoa dos jovens e a construção da sociedade: «Educamos e evangelizamos segundo um projeto de promoção integral do homem, orientado para Cristo, homem perfeito. Fiéis às intenções do nosso Fundador, visamos formar “honestos cidadãos e bons cristãos”» (C 31).

A Pastoral Juvenil Salesiana acentua a profunda relação entre a ação educativa e a ação evangelizadora, porque se funda numa experiência de fé: a vida como dom em que Deus se faz presente, também debaixo de aparências pobres e mesquinhas. O acontecimento de Cristo é prova disso. A PJS faz, então, uma opção: estar da parte da vida, da sua dignidade, do seu sentido, da sua plenitude, até abri-la ao Senhor da Vida, Cristo Jesus.


Isso comporta algumas opções precisas:


  • Orientar positivamente todo o processo educativo dos jovens, para a sua configuração a Cristo, o homem perfeito, fazendo dele e do seu Evangelho, o ponto de referência no plano da mentalidade e da vida.

  • Enriquecer com os valores evangélicos e os dinamismos cristãos os processos de amadurecimento da liberdade e da responsabilidade, a formação da consciência e dos critérios de avaliação e de julgamento, o desenvolvimento da dimensão social da pessoa com uma atitude de serviço.

  • Propor o Evangelho estritamente unido à existência concreta, inserido de maneira harmônica nos processos de crescimento da pessoa e ligado profundamente aos valores da cultura, como verdadeira mediação educativa que estimula, promove e sustenta o autêntico crescimento da pessoa.

  • Promover o crescimento de uma fé operativa, caracterizada pela dimensão social da caridade para o advento da cultura de solidariedade.


A meta que a PJS propõe ao jovem é construir a própria personalidade, tendo Cristo como referência fundamental; referência que, fazendo-se progressivamente explícita e interiorizada, o ajudará a ver a história como Cristo, a julgar a vida como Ele, a escolher e amar como Ele, a esperar como Ele ensina, a viver nele a comunhão com o Pai e o Espírito Santo (cf. CG23,112-115).


A proposta salesiana de educação cristã, isto é, o caminho de educação à fé, é pensada como um processo unitário em vista dessa meta. O caminho tem uma dinâmica interna em que se articulam as quatro dimensões características do projeto educativo-pastoral salesiano, o PEPS (dimensão educativo-cultural, dimensão de evangelização e catequese, dimensão vocacional e dimensão da experiência associativa).


Eis as características da dinâmica interna da proposta pastoral salesiana:

Ponto de partida é o encontro com os jovens na situação em que se encontram, na escuta atenta de seus questionamentos e aspirações, valorizando o patrimônio que cada jovem traz em si, oferecendo-lhes um ambiente educativo cheio de vida e rico de propostas. Nesse ambiente:

estimula-os e acompanha-os no desenvolvimento de todos os recursos humanos pessoais, fazendo brotar as aspirações profundas até chegar ao transcendente,

orienta-os ao encontro com Jesus Cristo, o homem perfeito,

amadurece neles uma intensa pertença eclesial,

para a descoberta da própria vocação no empenho de transformação do mundo segundo o projeto de Deus. (cf. C 32-37; CG23, 116-157).


3.3. Experiência comunitária


A experiência comunitária caracteriza o nosso trabalho apostólico e o nosso estilo educativo, no qual:

a comunidade é o sujeito da missão pastoral (C 44);

encaminhamos os jovens à experiência de Igreja com a participação numa comunidade (C 35);

o espírito de família, as relações pessoais, a confiança recíproca entre educadores e jovens e a promoção da vida de grupo e do protagonismo juvenil, são uma característica do nosso estilo educativo e evangelizador (C 16, 35).


A comunidade, sujeito da missão pastoral salesiana, é uma comunidade articulada, que partindo da comunidade salesiana abre-se a realidades mais amplas, como em círculos concêntricos (C 5):

  • A comunidade salesiana, que realiza a missão através da sua vida religiosa.

  • A Família Salesiana, ou o conjunto de grupos instituídos na Igreja, que sentem e realizam a vocação salesiana participando do espírito e da espiritualidade salesiana e são co-responsáveis da missão salesiana, com a contribuição da característica e riqueza vocacional próprias de cada grupo.

  • Muitos outros leigos, que participam do espírito e da missão de Dom Bosco e colaboram em níveis diversos nas responsabilidades educativas e pastorais.

  • O movimento salesiano, ou conjunto das pessoas, que com uma atitude de simpatia pela figura de Dom Bosco, pelo seu espírito e pela sua missão, entendem colaborar com títulos diversos nas iniciativas de bem, participando assim da missão salesiana.


A pastoral salesiana, então, não se identifica nem se reduz à comunidade e à obra salesiana; esta contudo é necessária como lugar de convocação e formação do vasto movimento que trabalha pela juventude, dentro e fora das estruturas salesianas, na Igreja e nas instituições da sociedade civil (CG24, 4). A comunhão e participação do espírito e da missão de Dom Bosco entre salesianos e leigos manifesta-se e exprime-se de modo particularmente intenso e visível na Comunidade Educativa Salesiana (CEP), que «envolve, em clima de família, jovens e adultos, pais e educadores, até poder tornar-se uma experiência de Igreja» (C 47; CF. R 5).


3.4. Estilo específico: a animação


A Pastoral Juvenil Salesiana privilegia a via da educação para levar a pessoa à escuta–acolhida do Evangelho. Tornamos concreta essa via através da animação (cf. CG21, 46), que é um estilo específico de realizar a missão educativo–pastoral segundo os valores do Sistema Preventivo de Dom Bosco, e que promove em cada jovem a alegria de viver a coragem de esperar.

Esse estilo educativo original tem a finalidade de amadurecer as pessoas e instituições na plenitude de vida, ativando um processo de promoção libertadora.

Fundamenta-se em algumas convicções de base, que são ao mesmo tempo opções operativas precisas:


  • confiança na pessoa e em suas forças de bem; por isso a pessoa deve ser protagonista e comitente principal de todos os processos que lhe digam respeito;


  • força libertadora do amor educativo; os jovens, para desenvolver as energias que trazem consigo, precisam do contato com educadores que nutram uma profunda cordialidade educativa; por isso, a animação exige a valorização da relação interpessoal marcada pela confiança, pela participação e pela acolhida recíproca com a coragem de apresentar propostas;


  • abertura a todos os jovens e a cada jovem, não rebaixando as expectativas educativas, mas oferecendo a cada um o que ele precisa aqui e agora; isso implica acolher o jovem no ponto em que a sua liberdade e amadurecimento se encontram, despertar gradualmente as suas potencialidades e abrir a sua vida a novas perspectivas através de diversos percursos educativos e religiosos;


  • presença ativa dos educadores entre os jovens, criando com eles uma relação pessoal ao mesmo tempo propositiva e libertadora, e a criação de uma ambiente humano de qualidade com pluralidade de propostas educativas significativas segundo as necessidades dos jovens.


3.5. Pastoral orgânica: unidade na diversidade e organicidade


As diversas atividades e intervenções da PJ estão no interior de uma mesma e única finalidade: a promoção integral dos jovens e do seu mundo. Deve-se superar, por isso, a pastoral setorial de muitas atividades, não relacionadas entre si, com uma pastoral orgânica; isto é, com a comunhão operativa ao redor das grandes finalidades, critérios de ação e opções preferenciais de todos os aspectos que intervêm na ação pastoral, para criar uma ligação e uma inter-relação entre elas.


A convergência é exigida pelo sujeito – o jovem –, ao qual se dirigem as diversas propostas, pela comunidade educativa pastoral, que deve participar da finalidade e das linhas operativas, e pela necessária complementaridade das diversas intervenções e modelos pastorais.


A organicidade da PJS realiza-se através:


  • do PEPS, que define em níveis diversos (local, inspetorial) os objetivos que devem orientar e promover a convergência e a comunhão operativa, na comunidade educativa pastoral, das múltiplas atividades, intervenções e pessoas;


  • da organização da animação pastoral que promova comunicação, coordenação e trabalho de equipe ao redor dos objetivos educativos e de evangelização dos jovens. (cf. CG23, 240-242)


3.6. Presença significativa na Igreja e no mundo


A Pastoral é a ação da Igreja que torna presente Jesus Cristo e a sua realidade de salvação num grupo humano que vive num tempo e num espaço determinado. Tem, pois, dois referenciais essenciais: Jesus Cristo vivo e presente na Igreja e o grupo humano concreto com a sua realidade social e cultural.

A Pastoral Juvenil Salesiana insere-se na pastoral eclesial para enriquecê-la com o dom do carisma salesiano e para encarná-la no mundo juvenil.

A comunidade ampla, sujeito da pastoral, vive a age na Igreja e no mundo como presença significativa.


  • Como célula da comunidade eclesial

recebe dela a vida e a missão,

colabora para torná-la presente e viva entre os jovens,

enriquece-a com o dom da Espiritualidade Juvenil Salesiana, do Sistema Educativo de Dom Bosco, da vitalidade da Família Salesiana e do Movimento Juvenil Salesiano.


Por isso, a comunidade educativo-pastoral cultiva uma renovada consciência eclesial (C 13) e insere-se adequadamente na Pastoral da Igreja local, assumindo com convicção os seus critérios, participando dos organismos que a animam, preocupando-se em relacionar-se com as várias realidades educativas que estão presentes nela.


  • Como presença significativa da ação salvífica de Deus na comunidade humana organizada social e politicamente

participa «do compromisso da Igreja para com a justiça e a paz» (C 33),

favorece a transformação das situações contrárias aos valores do Evangelho (C 7, 33).


Por isso, a comunidade educativo-pastoral:

está presente nos contextos humanos em que vivem os jovens, particularmente os marginalizados ou excluídos (presença salesiana no civil), com uma atenção particular aos elementos que mais influem em sua educação e evangelização, discernindo neles os sinais da presença salvífica de Deus;

participa decididamente do debate cultural e dos processos educativos através das diversas formas de associacionismo, voluntariado e cooperação social, contribuindo com uma proposta educativa original para a criação de mentalidade e consciência civil solidária e cristã, e para a evangelização da cultura;

torna significativa a presença salesiana que, com uma identidade própria, educativa e pastoral, é centro de acolhida e agregação, sinal de comunhão e participação, proposta de transformação do ambiente (cf. CG23, 225-229; CG24 173-174).


  • Como presença da Igreja em contextos de pluralismo religioso e cultural


A PJS realiza-se também em contextos de pluralismo cultural e religioso, com notável presença de leigos de diversas culturas e crenças, que participam da nossa missão.

Por isso, ela deve estar sempre aberta ao diálogo e à colaboração com as diversas tradições religiosas, promovendo com elas o desenvolvimento integral da pessoa e a sua abertura à transcendência.


O Sistema Preventivo é o critério de base para essa colaboração:

«com os que não aceitam a Deus, podemos caminhar juntos baseando-nos nos valores humanos e laicais presentes no Sistema Preventivo;

com os que aceitam a Deus ou o Transcendente, podemos ir mais adiante, até facilitando a acolhida dos valores religiosos;

por fim, com os que partilham conosco a fé em Cristo mas não na Igreja, podemos avançar ainda mais no caminho do Evangelho» (CG24, 185).

































Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


VECCHI J.-PRELLEZO J.M. (a cura di), Progetto educativo pastorale. Elementi modulari, LAS, Roma 1984.

O texto, em forma de dicionário, recolhe as vozes da PJS.


VECCHI J., Pastorale giovanile, una sfida per la comunità ecclesiale, LDC, Leumann, (Turim) 1992.

Sugerem-se em particular:

Parte Prima: La Chiesa di fronte alla Pastorale Giovanile: quale pastorale?, cap. 3: Pastorale. Punti Fermi e Prospettive, o. C, pp. 38-56.

Parte Seconda: Un’esperienza originale ed emblematica di Pastorale Giovanile a servizio della Chiesa, o. C, pp. 59-118.

VECCHI J., Pastorale. Educazione. Pedagogia nella prassi salesiana, in DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE, Il cammino e la prospettiva 2000 (o. C), pp. 107-121.


VECCHI J.-PRELLEZO J.M., (a cura di), Prassi educativa pastorale e scienze dell’educazione (1988).

Sugerem-se particularmente:

Parte Seconda:

Cap. 1: VECCHI J., (ed.), Pastorale. Educazione. Pedagogia nella prassi salesiana, o. C, pp. 123-150.

Cap. 2: GROPPO G., (ed.), Educazione e Pastorale: rapporti – tensioni – distanze – convergenze, o. C, pp. 151-195.

Cap. 3: ALBERICH E., (ed.), Evangelizzazione – Catechesi – Pastorale – Educazione: per un chiarimento dei termini e dei loro reciproci rapporti, o. C, pp. 197-208.

Cap. 4: TONELLI R., (ed.), Pastorale Giovanile – Educazione – Animazione, o. C, pp. 209-223.


ISTITUTO DI TEOLOGIA PASTORALE – UPS, Dizionario di Pastorale Giovanile, LDC, Leumann (Turim), 1989. Este dicionário oferece uma rica série de vozes temáticas, entre as quais se sugere:

POLLO M., (ed.) Animazione, o. C, pp. 54-64. TONELLI R., Pastorale giovanile, o. C, pp. 668-679.

TONELLI R., (ed.), Spiritualità giovanile, o. C, pp. 909-919.

Pode-se ver, também sobre o tema Espiritualidade Juvenil Salesiana:

VAN LOOY L., La Spiritualità Giovanile Salesiana, in Il modello di Pastorale Giovanile, in DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE – SDB, Il cammino e la prospettiva (o. C), pp. 149-164.

BRAIDO P., L’esperienza pedagogica di Don Bosco, LAS, Roma 1988.

DICASTERO PER LA FAMIGLIA SALESIANA, Il Sistema preventivo verso il Terzo Millennio. Atti della XVIII Settimana di Spiritualità della Famiglia Salesiana. A cura di A. MARTINELLI – G. CHERUBIN, Ed. SDB, Roma 1995.

Estes textos são sugeridos para o aprofundamento do tema do Sistema Preventivo.


TONELLI R., Per raccogliere la sfida della nuova situazione giovanile e culturale: criteri e prospettive d’intervento, in DPGS, L’Europa interpella il carisma salesiano. L’esperienza religiosa in una situazione pluriculturale. Atti Convegno Europeo in Polonia, Roma 1994, pp. 55-84.

Este texto pode ser útil para aprofundar o processo de educação e evangelização hoje.


TONELLI, R., Pastorale Giovanile e animazione. Una collaborazione per la vita e la speranza. LDC, Leumann (Turim) 1986.

DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE E CENTRO INTERNAZIONALE DI PG – FMA, L’animatore salesiano nel gruppo giovanile. Una proposta salesiana. Documento PG 12. LDC, Leumann (Turim) 1988.

Estes textos podem ser úteis para aprofundar o tema da animação.


Capítulo 2


O PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO.


FUNDAMENTOS2





Inspirando-se no Sistema Preventivo, para responder à situação da juventude e dos ambientes populares e orientar as iniciativas de evangelização, a comunidade salesiana, com o envolvimento da CEP, elabora um projeto educativo-pastoral (PEPS) (cf. R 4).


1. FINALIDADE DO PEPS


O PEPS é a mediação histórica e o instrumento operativo da única missão, em todas as latitudes e em todas as culturas; é o elemento de inculturação do carisma (CG24, 5). Nesse sentido, o PEPS

é manifestação da mentalidade de projeto que deve orientar o desenvolvimento da missão nas Inspetorias e nas obras;

é fruto da reflexão conjunta sobre os grandes princípios doutrinais que identificam a missão salesiana (quadro de referência), a leitura da realidade, o projeto operativo (opções prioritárias educativo-pastorais, objetivos, estratégias e critérios, programação de intervenções…) e o processo de revisão;

é guia do processo de crescimento vivido pela comunidade inspetorial e pela comunidade educativo-pastoral em seu esforço de encarnar a missão salesiana num determinado contexto.


A finalidade primária do PEPS não é só produzir um texto a ser conhecido e atuado, mas sobretudo ajudar a Inspetoria e as comunidades a trabalharem com mentalidade de participação e com clareza de objetivos e critérios para tornar possível a gestão co-responsável dos processos pastorais.


2. CARACTERÍSTICAS DO PEPS


  • A pessoa do jovem no centro


O centro do dinamismo (PEPS) é a pessoa do jovem

visto sempre na totalidade de suas dimensões (corporeidade, inteligência, sentimentos, vontade), de suas relações (consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com Deus), na dupla perspectiva da pessoa e do ambiente (promoção coletiva, empenho pela transformação da sociedade);

e visto também na unidade do seu dinamismo existencial de crescimento humano até o encontro com a pessoa de Jesus Cristo, homem perfeito, descobrindo nele o sentido supremo da própria existência.


Por isso, o PEPS

orienta e guia o processo educativo no qual as muitas intervenções, recursos e ações se encontram e articulam a serviço do desenvolvimento gradual e integral da pessoa do jovem;

determina os objetivos operativos, os aspectos estratégicos e as linhas de ação mais adequadas para transformar em vida os valores e as atitudes da proposta de vida cristã da Espiritualidade Juvenil Salesiana (EJS) e os princípios metodológicos da pedagogia salesiana (Sistema Preventivo).


  • A sua realidade comunitária


Consideramos o PEPS, antes mesmo de um texto, um processo mental e comunitário de envolvimento, esclarecimento e identificação que tende a

gerar na CEP uma confluência operativa ao redor de critérios, objetivos e linhas comuns de ação, evitando a dispersão da nossa ação e reconstruindo a síntese e a unidade da ação educativa;

criar e aprofundar na CEP a consciência de missão comum e mentalidade compartilhada;

até tornar-se um ponto de referência participado em vista da qualidade educativo-pastoral, a ser revisto continuamente.


O PEPS é, pois, um elemento constitutivo da CEP, enquanto esta é o sujeito e o ambiente da ação educativo-pastoral (cf. R 5).


  • A sua unidade orgânica


O PEPS, como mediação da PJS, deve exprimir a sua unidade orgânica nos diversos objetivos, intervenções e ações reciprocamente entrelaçados e orientados para uma mesma finalidade, manifestando a sua concreta complementaridade e formando uma unidade global.


Essa organização exprime-se nas quatro dimensões do PEPS (cf. C 32-37; R 6-9).

A dimensão educativo-cultural (R 6) e a dimensão da evangelização e catequese (R 7), que desenvolvem os dois aspectos fundamentais da pessoa, a sua realidade de ser humano e a sua vocação a ser filho de Deus (cidadão e cristão; educar evangelizando e evangelizar educando);

A dimensão vocacional, que visa o objetivo final do processo educativo e evangelizador: responder ao projeto de Deus com uma opção responsável de vida (R 9).

A dimensão da experiência associativa, que caracteriza o nosso estilo de educar e evangelizar, através de grupos, inserção no território, promoção e transformação do ambiente com o estilo de animação (R 8).


3. AS DIMENSÕES DO PEPS


Queremos apresentar agora a especificidade de cada dimensão, os desafios aos quais quer responder e as opções necessárias para a sua realização.

Mesmo que a descrição seja sucessiva, convém recordar que as quatro dimensões formam uma unidade; cada uma contribui ao conjunto com a sua especificidade; mas também recebe das outras uma orientação e algumas acentuações originais. Esta síntese orgânica constitui a característica da Pastoral Juvenil Salesiana.


3.1. Dimensão educativo-cultural


O aspecto educativo é um traço que caracteriza a nossa pastoral juvenil: quanto aos destinatários, nós nos dirigimos aos que precisam de apoio no crescimento humano; quanto aos conteúdos, assumimos a instrução, a cultura, a preparação ao trabalho, o tempo livre como parte do caminho de fé; quanto ao método, evangelizamos educando.

A dimensão educativo-cultural, em íntima relação e integração com a dimensão de evangelização e catequese, é o centro do PEPS.


3.1.1. A sua especificidade


Esta dimensão manifesta a centralidade da pessoa do jovem inserido numa comunidade humana, que age num território e é objeto de um processo sociocultural.


A nossa intervenção educativa quer desenvolver uma pessoa capaz de assumir a vida em sua integridade, de vivê-la com qualidade; uma pessoa que se coloque diante de si mesma, dos outros e da sociedade com um patrimônio ideal de valores e significados, com atitudes dinâmico-críticas diante da realidade e dos acontecimentos, com capacidade de opções e de serviço (cf. C 32).

O processo de crescimento da pessoa tem lugar num contexto cultural determinado. Respirando um certo tipo de patrimônio cultural, não só se cultivam as faculdades físicas, intelectuais e morais e se adquirem habilidades técnicas, mas adquire-se também uma visão do mundo e amadurece-se um estilo de ser pessoa. Queremos agir, então, como mediadores de cultura, promovendo a inserção crítica na própria cultura e, ao mesmo tempo, suscitar o desenvolvimento positivo da realidade cultural do grupo humano para uma síntese fé-vida.


3.1.2. Desafios aos quais se quer responder


A situação juvenil, em que se desenvolve a nossa intervenção educativa, apresenta alguns traços que desafiam as nossas capacidades educativas.

A sociedade é sempre mais complexa e ao mesmo tempo universal; emerge uma cultura planetária de natureza massificadora e de caráter pluralista; a ação dos meios de comunicação social difunde velozmente valores, linguagens, critérios, mas ao mesmo tempo favorece a proposta contraditória de modelos, valores e estilos de vida.


A prioridade absoluta dada ao fator econômico provoca diversas formas de pobreza, que assumem muitas vezes dimensões alarmantes e representam uma ameaça e um obstáculo para o desenvolvimento da pessoa, provocando formas de empobrecimento antropológico de inteiros grupos humanos.


Assistimos a fenômenos em expansão, como a aceitação resignada das situações contra as quais parece freqüentemente inútil reagir, ou como conseqüência o reflexo no pessoal e no privado, que se apresenta como manifestação de consumismo, tendência à falta de compromisso e superficialidade, ou as fugas na droga, as manifestações também violentas de rebelião sem finalidade construtiva.

Surgem, porém, em todas as partes, novos e sinceros desejos de empenho mais explícito no social; advertem-se a busca de sentido e de construção da própria identidade, a aspiração à melhor qualidade de vida, a emergência de novos valores (redescoberta do valor da igual dignidade e reciprocidade homem-mulher, a solidariedade, a paz e o desenvolvimento, etc.) e a questão das relações interpessoais estáveis e fecundas no respeito e na reciprocidade.


A família e as agências tradicionais de educação parecem perder o papel privilegiado de um tempo em relação ao amadurecimento da pessoa. A insatisfação tende a aprofundar-se pelo efeito das carências educativas das instituições (especialmente da família, da escola, da Igreja, etc.), que nem sempre garantem o amadurecimento integral da pessoa; e pelo efeito da dificuldade em comunicar-se com as linguagens dos jovens e a preencher a superficialidade e o vazio de valores.


3.1.3. Opções específicas a serem desenvolvidas


Desenvolver a dimensão educativo-cultural na ação pastoral supõe, nessa situação, privilegiar algumas opções precisas:


  • Favorecer em todo jovem um processo de crescimento pessoal e social, que o leve à plena maturidade humana, tornado-o protagonista da própria vida e capaz de perceber o mistério que o envolve e de procurar o seu significado.


Eis alguns aspectos desse processo a serem cuidados nas diversas intervenções educativas e pastorais:

. acolhida e reconhecimento do valor positivo da própria pessoa e da própria vida, através de experiências de aceitação incondicional e gratuita por parte dos educadores e um conhecimento positivo dos próprios valores e recursos;

. desenvolvimento das próprias qualidades e recursos nos diversos âmbitos da pessoa (físico-psicomotor, intelectual-cognoscitivo, afetivo-sexual, social…);

. progressiva abertura à relação e à verdadeira comunicação interpessoal, através do amadurecimento afetivo-sexual, da aceitação da diversidade dos outros, da experiência de grupo e da relação de amizade num clima de alegria e colaboração;

. formação da consciência e da capacidade de julgamento e discernimento ético, através de uma séria formação crítica quanto aos modelos culturais e normas de convivência social, ao desenvolvimento da leitura evangélica da realidade e às experiências de liberdade responsável, empenho e solidariedade;

. busca do sentido da vida até abrir-se ao transcendente, colocando a própria vida na ótica do projeto de Deus, através de experiências enriquecedoras de plenitude e de limite, interiorizadas e compartilhadas, e através da orientação profissional e vocacional que ajude cada jovem a projetar com responsabilidade a própria vida como doação e serviço.


  • Preocupar-se com a assimilação crítica e criativa da cultura, através

. da avaliação da qualidade da cultura oferecida nos programas e instituições educativas: uma cultura centrada no ser e não no ter, na pessoa e não nas coisas, na ética e não no poder técnico, econômico ou político, no valor da comunidade e não no individualismo, na defesa da vida e na abertura à transcendência;

. da habilitação à leitura crítica da realidade social e cultural segundo o critério da centralidade da pessoa inserida no território;

. do desenvolvimento da comunicação em todas as suas formas e expressões: comunicação interpessoal e de grupo, estudo das línguas, produção de mensagens, uso crítico e educativo dos meios de comunicação social;

. da iniciação ao discernimento ético segundo a visão cristã da dignidade da pessoa humana, de seus direitos e deveres, e do bem comum;

. do desenvolvimento da capacidade de criar cultura e de participar responsavelmente nos processos coletivos de transformação da realidade segundo os critérios evangélicos.


  • Desenvolver uma pedagogia dos valores, que leve à sua personalização através de um percurso que pode ser marcado em quatro etapas:

. experiência do valor que o faz perceber como importante e bom para a pessoa,

. sua compreensão e consciência, que o incorpora à própria existência,

. exercício múltiplo, que ajuda a interiorizá-lo,

. motivação profunda, que dispõe a pessoa a apostar no valor também contra outras vantagens.


  • Garantir uma dinâmica educativa de prevenção da insatisfação juvenil difusa, em certo sentido, em todos os lugares, com intervenções sistemáticas sobre os indivíduos, a sociedade, as instituições, os processos, as interações humanas nas quais se dão esses fenômenos, com:

. um ambiente educativo de acolhida familiar em que possam desenvolver a auto-estima e superar as atitudes de dependência;

. critérios, muitas vezes implícitos, de avaliação e seleção atuados nas instituições e ambientes educativos,

. promoção cultural e técnica adaptada às capacidades dos jovens mais necessitados, que os torne capazes de inserir-se com normalidade na vida social e de trabalho,

. atenção a cada um e às diversidades com o acompanhamento e a orientação profissional e educativa,

. inter-relação sistemática com as famílias, o território e suas instituições, com os que trabalham no campo da insatisfação,

. empenho pela transformação da sociedade e especificamente empenho pela justiça e pela paz, lutando contra tudo que favoreça ou consinta a miséria, a injustiça e a violência.


  • Cuidar de uma metodologia que tenda a:

. personalizar as propostas, segundo a originalidade pessoal e histórica de cada jovem, apelando às suas forças interiores mais do que a condicionamentos exteriores;

. proceder através de experiências educativas que favoreçam o contato direto e ativo com a realidade, as atitudes e o processo de busca, a capacidade de enfrentar a realidade a partir dos diversos pontos de vista e com diversas formas de aproximação;

. educar socializando, organizando a educação como processo de relação e comunicação, trabalho de colaboração e experiência social que crie atitudes e capacidades de convivência e participação;

. cuidar da convergência de todas as intervenções educativas para a formação de uma personalidade unitária, em que todos os aspectos se fundam fortificando-se reciprocamente, e harmônica, pelo que as dimensões e aspirações sejam hierarquizadas segundo o seu valor.


3.2. Dimensão de evangelização – catequese


Evangelizar os jovens é a primeira e fundamental finalidade da nossa missão. O nosso projeto é radicalmente aberto e positivamente orientado à plena maturidade dos jovens em Cristo (cf. C 31) e ao seu crescimento na Igreja.

A formação espiritual é colocada no centro de todo o desenvolvimento da pessoa (CG23, 160). Acompanhamos e fermentamos o crescimento humano oferecendo um itinerário de evangelização e de educação à fé (CG23, 102-111).


3.2.1. A sua especificidade


Na perspectiva de uma educação que evangeliza e de uma evangelização que educa o objetivo final do processo é a síntese fé-vida numa cultura particular: amadurecer a fé como capacidade de confrontar-se com a visão concreta do mundo, fé integrada e centrada na personalidade do sujeito e em seu sistema de valores, fé crítica, aberta ao confronto com as novas questões educativas ou desafios culturais, fé empenhada em traduzir na práxis a sua opção de valores.

Isso exige uma evangelização que

apele fortemente à abertura ao Transcendente,

tome a iniciativa do anúncio com uma variedade de propostas articuladas segundo a situação dos destinatários,

ajude a fazer experiência de fé através do encontro com a Palavra de Deus e da celebração dos Sacramentos,

eduque atitudes, hábitos e gestos de fé, simples mas bem enraizados na vida,

seja uma boa nova de salvação diante das esperanças e dos problemas do crescimento do jovem e dos eventos da vida social e coletiva,

escalone pedagogicamente as diversas intervenções, sem jamais perder de vista a meta final, articulando a atenção à massa e ao ambiente com a preocupação dos grupos e dos líderes.


3.2.2. Desafios aos quais se quer responder


Os ambientes e as pessoas entre as quais trabalhamos são com freqüência quase ou nada evangelizados, embora às vezes já iniciados na vida sacramental.

Existe um amplo processo de secularização que reveste aspectos fundamentais da vida com um progressivo acantonamento da religião à vida privada e subjetiva. Surge assim uma certa sensibilidade por valores espirituais e uma busca de novas formas de relação com o Transcendente, mas caracterizado pelo sincretismo e pela superstição (seitas, movimento chamado “New Age”).

Ao lado disso tudo, deve-se relevar a busca de interioridade e a sede de verdadeira espiritualidade, a presença em nossos ambientes de grupos sempre mais numerosos de pertencentes a outras religiões, a vontade de diálogo e colaboração através de encontros de oração e de empenho pela justiça e pela paz no mundo.


As expectativas dos jovens apresentam-se diversificadas. Muitos encontram-se afastados da fé, sem que tenham feito uma recusa consciente dela; seus critérios e significados são estranhos aos valores religiosos. Outros vivem uma religiosidade “light”, com uma prática religiosa mais ou menos ocasional, segundo o costume social e a busca de satisfação dos desejos e necessidades de segurança e paz interior, mas sem uma vida coerente com a fé e uma opção personalizada e madura. Existem também grupos de jovens empenhados que vivem a própria fé em profundidade.

Em todos e em cada um desses jovens é possível perceber a necessidade de verdade, libertação, crescimento humano, e o desejo, mesmo que seja implícito, de um profundo conhecimento do mistério de Deus.

Como anunciar o Evangelho de Jesus com sentido e valor a esses jovens para despertar neles o desejo de conhecer e encontrar-se com Jesus Cristo? Como educá-los na reconstrução de uma nova identidade cristã no interior dos processos de desenvolvimento dos valores humanos?


3.2.3. Opções precisas


  • Fazer com que todos os elementos educativos do ambiente, processos e estruturas sejam coerentes e abertos ao Evangelho:

a coerência é, muitas vezes, mortificada quando não ignorada, sobretudo nos ambientes em que a verdade coincide com o racionalmente demonstrado, o existente com o controlável, o ético com o útil; quando a questão do sentido passa ao segundo lugar diante da eficiência ou da funcionalidade das ações e convicções.


  • Promover o desenvolvimento da dimensão religiosa da pessoa, tanto nos cristãos como nos sujeitos de outras religiões, aprofundando-a, purificando-a e abrindo-a ao desejo da fé, através da:

educação das atitudes que estão na base da abertura a Deus (saber reentrar em si, fazer silêncio, escutar as vozes interiores; conhecer-se sempre mais e melhor nos próprios limites e possibilidades; saber admirar, maravilhar-se, apreciar o que existe em si e ao seu redor de bom, de grande, de belo; estar disponível ao advento do outro na originalidade do seu dom, etc.);

formação religiosa crítica e sistemática que ilumine a mente e reforce o coração;

atitude de abertura, respeito e diálogo entre as diversas religiões (ecumenismo e diálogo inter-religioso);

prática da “proximidade”, educando à partilha, à participação, ao serviço gratuito, à solidariedade, condição indispensável para garantir uma experiência religiosa autêntica e libertadora.


  • Oferecer uma primeira evangelização que ajude a viver a verdadeira experiência de fé pessoal, mediante:

a apresentação significativa da pessoa de Jesus,

o contato direto com a Palavra de Deus,

momentos fortes de celebração e oração pessoal e comunitária,

encontros e comunicações significativas com pessoas de fé e comunidades cristãs de ontem e de hoje.


  • Desenvolver um itinerário sistemático de educação à fé, para uma opção de vida na Igreja segundo os grandes aspectos do amadurecimento cristão:

crescimento humano para uma vida a ser assumida como experiência religiosa;

encontro com Jesus Cristo, especialmente na Palavra e nos Sacramentos, descobrindo nele o sentido da existência humana individual e social;

inserção progressiva na comunidade dos crentes, percebida como sinal e instrumento de salvação da humanidade;

empenho e vocação na linha da transformação do mundo (CG23, 116-157).


  • Assimilar e viver os valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana (CG23, 161-180; CG24, 89-100):

espiritualidade do quotidiano inspirado em Jesus Cristo, como lugar da presença de Deus,

espiritualidade da relação pessoal e da amizade, aberta ao encontro com o Senhor Jesus,

espiritualidade centrada no positivo, na alegria e no otimismo com que se vive o empenho e a responsabilidade do quotidiano,

espiritualidade do empenho apostólico na Igreja pelo mundo, segundo a própria vocação.


  • Encorajar a abertura missionária, que torne os jovens:

testemunhas e anunciadores críveis da fé no próprio ambiente,

protagonistas da missão, sobretudo entre os companheiros indiferentes ou distantes, com o voluntariado, os movimentos ou grupos missionários, a animação de iniciativas de evangelização, etc.,

colaboradores eficazes da missão “ad gentes”, pela comunicação com missionários, a colaboração com projetos missionários concretos e uma possível experiência de voluntariado missionário,

capazes de amadurecer a vocação cristã missionária na Igreja.


3.3. Dimensão vocacional


O nosso projeto de educação e evangelização tem a pessoa como centro, na singularidade da sua existência, e quer ajudá-la a realizar o próprio projeto de vida segundo o chamado de Deus (vocação). A opção vocacional é, por isso, uma dimensão sempre presente, em todos os momentos, atividades e fases da nossa ação educativa e pastoral (cf. C 28; 37).


3.3.1. Sua especificidade


Através dessa dimensão, a Pastoral Juvenil Salesiana tem em vista ajudar os jovens a colocarem-se diante do próprio futuro em atitude de disponibilidade e generosidade, predispô-los a escutar a voz de Deus e acompanhá-los na formulação do próprio projeto de vida.

Essa contribuição deve ser entendida em dois sentidos complementares:

como atitude do sujeito que vai assumindo a responsabilidade da própria existência;

e como ajuda por parte do adulto que vai oferecendo elementos de discernimento e experiência de vida.


Privilegiamos no empenho vocacional os seguintes aspectos:

. o serviço de orientação dirigido a todos os jovens no interior do discurso educativo;

. a constante atenção para descobrir e acompanhar com iniciativas diferenciadas e apropriadas as vocações de particular empenho na sociedade e na Igreja;

. a responsabilidade particular pelo carisma salesiano em suas múltiplas formas, mediante o discernimento e o cuidado pelos germes de vocação salesiana, tanto consagradas como leigas, presentes nos jovens. As três preocupações apoiam-se e completam-se reciprocamente e constituem o espaço da pastoral vocacional salesiana (cf. CG21, 110).


3.3.2. Desafios aos quais queremos responder


A situação em que os jovens se encontram quanto ao projeto cristão do próprio futuro distingue-se por alguns fenômenos importantes:

. Transformações socioculturais que revestem manifestações, valores, símbolos e práticas religiosas tradicionais. Contam-se entre elas, por exemplo:

a cultura pluralista, com grande quantidade e disparidade de mensagens e modelos de vida, o que torna difícil orientar-se na escolha de um projeto de vida;

o secularismo e o materialismo dominantes na cultura, que criam uma mentalidade crítica, mais atenta aos valores imediatos e úteis e menos sensível aos valores transcendentes e de gratuidade, o relativismo que diminui o senso moral e torna frágil a experiência e a vida de fé;

a recuperação do social, fora de motivações religiosas;

o prolongamento da idade juvenil e o atraso do ingresso nas responsabilidades sociais.


. Atitude psicológica e religiosa dos jovens diante das opções, onde gravitam:

a valorização da pessoa como valor absoluto e a busca de sentido na vida quotidiana;

a necessidade de experimentar pessoalmente, o desejo de co-responsabilidade e de participação, a necessidade de satisfações imediatas;

o forte senso comunitário manifestado na busca da vida em grupo, na comunicação, com uma sensibilidade acentuada pela justiça, a solidariedade e o serviço aos últimos;

uma difusa nostalgia do profundo, do silêncio, da oração e de formas diversas de religiosidade, muitas vezes, porém, marcadas pelo subjetivismo e pela fragmentação;

uma tendência psicológica quanto às alterações de avaliação de julgamento, o que traz dificuldade para assumir e levar adiante empenhos de longa duração.


. Modelos significativos de identificação de algumas vocações específicas na Igreja, como a vocação religiosa e sacerdotal:

não resulta clara a sua identidade, isto é, a contribuição específica que essas opções de vida oferecem à comunidade humana;

a forma como são vividas no contexto concreto (a sua realização humana, o tipo de relação que organizam e concretizam, a serenidade e a segurança nos momentos de prova…) não parece muito crível como modelo de vida que encoraje a opções semelhantes.


A pastoral vocacional, não raramente, oscila entre dois extremos diante de um mundo juvenil contraditório e complexo: ou ignora as dinâmicas da psicologia, fazendo propostas que não questionam e não interessam, ou fica como que atemorizada deixando de propor caminhos sérios em perspectiva vocacional, satisfeita só em propor experiências sem decisões para a vida.


3.3.3. Opções precisas


Esta situação exige que a pastoral vocacional seja:


  • Baseada na qualidade vocacional dos educadores e da comunidade religiosa e educativa. O seu testemunho de vida e a dinâmica com que vivem a própria vocação serão a mediação mais eficaz para ajudar os jovens num generoso e consciente projeto do próprio futuro.

Deverá haver, então, a tendência de:

colocar as comunidades numa atitude de confiança e de abertura ao dom de Deus, alimentada com a oração assídua pelas vocações;

renovar profundamente a vida cristã das comunidades e a sua capacidade de acolhida, diálogo, presença entre os jovens, a fim de tornar visível a proposta vocacional através de modelos válidos de identificação;

sensibilizar em primeiro lugar todos os irmãos e as comunidades salesianas e, em seguida, a Família Salesiana e as Comunidades Educativas, para que a orientação e a promoção vocacional sejam ministério e responsabilidade de toda a comunidade e não só de um “responsável” local ou inspetorial;

aproveitar os carismas de irmãos e de leigos particularmente dotados para “chamar” e acompanhar o amadurecimento das vocações.


  • Inserida no itinerário de educação à fé, como convergência de todos os esforços educativos e evangelizadores.

Esse itinerário supõe:

Orientação vocacional oferecida a todos os jovens, através

da orientação pedagógica e profissional, segundo a idade e as diversas situações, que ajude cada jovem a descobrir os próprios recursos e a fazer frutificar os dons recebidos;

do ambiente educativo com testemunhos significativos, que vivam a vida como vocação;

de informações sobre as diversas vocações na sociedade e na Igreja (encontros, testemunhos, experiências, etc.);

da oferta de experiências de serviço gratuito aos mais necessitados, como treinamento à generosidade e à disponibilidade;

do contato formativo pessoal, oferecido a todos os jovens que o desejem.


Proposta clara e explícita, através

da presença e do contato com testemunhos pessoais e comunitários significativos de ontem e de hoje;

da formação espiritual profunda, mediante a iniciação à oração, à escuta da Palavra de Deus, à participação aos sacramentos e à liturgia e à devoção mariana;

da participação ativa na vida da comunidade eclesial nos grupos e movimentos apostólicos, considerados como lugares privilegiados de amadurecimento cristão e vocacional;

do aprofundamento do tema vocacional nas diversas etapas do itinerário de educação à fé, sobretudo na adolescência e na juventude;

do convite pessoal a seguir a vocação;

da possibilidade do contato direto com alguma comunidade de referência vocacional.


Discernimento cuidadoso e gradual feito em comunidade segundo critérios de participação, pelo conhecimento direto, pelo diálogo e comunicação freqüente, pela oração e meditação que abrem à disponibilidade ao apelo de Deus, pelo empenho apostólico compartilhado com a comunidade.


  • Personalizada, que procura chegar a cada um de modo diversificado e aderente à sua experiência interior, à situação que vive, às justas exigências da comunidade, mediante:

a oferta concreta de orientação educativa pastoral animada pela CEP no interior do PEPS;

diversas possibilidades e momentos de encontro e diálogo pessoal com cada um, com os grupos e as famílias;

momentos especiais de interiorização e personalização (retiros, exercícios, etc.);

direção espiritual sistemática.


  • Compartilhada particularmente com a família, com a Igreja local e com os grupos da Família Salesiana. Tal inserção é atuada mediante:

a unidade de critérios ideais e operativos;

a atenção ao bem geral da Igreja, sem estreitezas e particularismos;

a oferta da nossa experiência e do nosso carisma específico na obra de orientação e promoção das vocações;

a integração de todas as nossas forças e possibilidades no trabalho e no empenho concreto pelas vocações;

a animação e sensibilização vocacional das famílias.


3.4. Dimensão da experiência associativa


O caminho de educação e evangelização da Pastoral Juvenil salesiana tem na experiência associativa uma das suas intuições pedagógicas mais importantes.


O Sistema Preventivo exige um intenso e luminoso ambiente de participação e de relações amigáveis e fraternas; um modo comunitário de crescimento humano e cristão, vivificado pela presença amorosa e solidária, animadora e ativadora dos educadores; favorecendo pois, todas as formas construtivas de atividade e de vida associativa, também como iniciação concreta ao empenho comunitário, civil e eclesial (C 35; R 8).


A dimensão associativa é, portanto, uma característica fundamental da nossa educação e evangelização, a sua forma característica de atingir tanto os grandes ambientes como os pequenos grupos e cada pessoa, de desenvolver os itinerários educativos e de evangelização, de promover o protagonismo dos próprios jovens no trabalho da própria formação.


3.4.1. A sua especificidade


Entendemos, com a proposta associativa:

desenvolver a capacidade de perceber e viver em profundidade o valor do outro e da comunidade, como tecido de relações interpessoais;

amadurecer na disponibilidade à participação e à intervenção ativa no próprio ambiente;

iniciar no empenho social, educando à responsabilidade do bem comum;

aprofundar a experiência de Igreja como comunhão e serviço;

descobrir e amadurecer a própria decisão vocacional no conjunto social e eclesial.


3.4.2. Desafios aos quais queremos responder


Os jovens procuram o grupo para satisfazer a própria vontade de comunicação pessoal, a própria necessidade de autonomia e participação. As análises sociológicas revelam a importância da variável da associação para compreender mais a fundo os comportamentos e as opções dos jovens.

A nossa sociedade, complexa nas relações e pertenças, pluralista nas concepções e opções de vida, fragmentada nas mensagens e propostas de valores, percebe algumas características assumidas hoje pelo fenômeno associativo como, por exemplo, a multiplicidade das agremiações, o seu pluralismo embora contraditório, a exposição à possível e freqüente desagregação e fragmentação; e, de outra parte, leva ainda uma vez à criação de espaços possíveis de serem vividos pelos jovens, quase “mundos vitais”, nos quais possa recuperar o senso do próprio crescimento, amadurecer a identidade pessoal, desenvolver uma significativa experiência cristã e eclesial.


3.4.3. Opções precisas


Desenvolver essa dimensão na situação descrita implica fazer algumas opções:


  • A experiência associativa é oferecida a todos os jovens que são os verdadeiros protagonistas.

Esse critério comporta:

criar pluralidade de propostas e ambientes de acolhida ampla segundo os diversos interesses e níveis dos jovens;

partir da situação em que os jovens se encontram e das aspirações que manifestam, respeitando o ritmo de desenvolvimento que lhes é possível;

valorizar na vida do grupo a qualidade e as contribuições que cada um pode dar, animando-os através de lideranças que nele possam surgir.


  • Com finalidade educativa


A educação não é só uma das dimensões fundamentais do projeto, mas a modalidade segundo a qual também se desenvolvem todas as demais.

Essa opção de educação comporta em termos operativos:

propor aos jovens grupos para os diversos níveis de idade, que correspondam às necessidades específicas e se relacionem através de programas progressivos e continuados (crianças, adolescentes, jovens);

cuidar particularmente dos grupos de formação e empenho cristão, considerados como coroamento da experiência associativa;

qualificar e formar continuamente os educadores e animadores;

oferecer tempos intensos de convivência (retiros, acampamentos, jornadas) como momentos de recapitulação e relançamento da carga associativa e cristã dos grupos;

fazer objeto de reflexão e revisão na comunidade educativa do funcionamento, eficácia educativa e intervenções dos grupos juvenis.


  • Com estilo de animação


Escolhemos, no interior dessa finalidade educativa, o estilo de animação que comporta:

um modo de pensar a pessoa humana que, pelos seus recursos interiores, é capaz de ser comitente e responsável dos processos que lhe dizem respeito;

um método que percebe o positivo, as riquezas e potencialidades que cada jovem traz dentro de si, desenvolvendo uma ação de promoção,

um estilo de caminhar com os jovens, de sugerir, motivar, ajudar a crescer, centrado na vida quotidiana, através de uma relação de tipo libertador, promocional e autorizado;

um objetivo último e global de restituir a cada pessoa a alegria de viver plenamente e a coragem de esperar.


A animação tem a face concreta de uma pessoa: o animador. Ele tem um papel preciso e indispensável. Embora esse papel varie nas atuações particulares, de acordo com o tipo de grupo, podemos exprimi-lo assim: o animador

encoraja a formação de grupos e o progresso das buscas, atividades e ideais;

ajuda, com a sua competência e experiência, a superar as crises do grupo e a tecer relações pessoais entre os componentes;

procura junto com os jovens, nos momentos adequados, a abertura a novas perspectivas de reflexão e ação;

oferece elementos de crítica e aprofundamento aos jovens, para que julguem suas propostas, desejos e buscas;

favorece a comunicação entre os grupos e, portanto, a abertura de cada um deles aos demais;

acompanha cada um dos membros em seu processo de crescimento humano e cristão;

abre constantemente no grupo a perspectiva de Cristo sobre os problemas e propostas apresentados pelos jovens.


  • Para a inserção no social e na Igreja


O grupo jovem é uma forma de abrir-se e de construir uma comunidade educativa e/o cristã inserida ativamente na própria realidade. Favorecemos, então:

a comunicação e o relacionamento entre os grupos e entre seus animadores no seio do Movimento Juvenil Salesiano;

a sua expressão e participação no interior dos organismos da comunidade educativa;

a participação dos adultos, de modo especial o interesse dos pais, para contribuições e intercâmbios enriquecedores.


O grupo juvenil deve visar uma saída na inserção social e eclesial, segundo a própria opção vocacional. A experiência associativa salesiana deve promover:

uma preparação e acompanhamento que torne o jovem capaz de participar da vida da sociedade, assumindo as próprias responsabilidades morais, profissionais e sociais, e cooperando com quantos constróem uma sociedade mais digna do homem;

uma inserção ativa no civil, através da promoção de associações diversificadas ao serviço do bem comum na sociedade democrática;

uma inserção na comunidade eclesial, vivendo a vocação que o caminho formativo tem ajudado a individuar e acolher;

uma definitiva opção da espiritualidade salesiana com o amadurecimento de uma possível vocação «laical, consagrada, sacerdotal, em benefício de toda a Igreja e da Família Salesiana» (C 28).


  • Promover o Movimento Juvenil Salesiano (MJS)


Os grupos e associações juvenis que, embora mantendo a própria autonomia de organização, se reconhecem na espiritualidade e na pedagogia salesiana, formam de modo implícito ou explícito o MJS.

Os grupos trabalham e relacionam-se entre si na comunidade educativa local. Nela interagem para enriquecer-se e criar um clima culturalmente vivo e cristãmente empenhado. Esse primeiro âmbito terá um respiro maior em raio inspetorial e inter-inspetorial no qual são favorecidos o intercâmbio e a comunicação entre os grupos, garantindo a sua incidência no território e a sua inserção e contribuição na Igreja local (CG23, 275-277).


  • Prestando atenção às novas formas de agremiação juvenil, sobretudo a duas experiências típicas, hoje particularmente vivas e próximas à sensibilidade juvenil: o voluntariado e a objeção de consciência, como opção positiva pela paz e o serviço aos outros, e como qualificação de uma presença significativa no território.


O conjunto dessas quatro dimensões constitui a dinâmica interna da Pastoral Juvenil Salesiana. É fundamental, por isso, recordar novamente a sua unidade orgânica no interior do PEPS.


  • São aspectos do único processo que tende a uma única finalidade; elementos co-presentes e necessários, embora pastoralmente hierarquizados, que constituem a identidade de todo o processo.

  • A sua unidade e correlação deve explicitar-se nos PEPS de todas as obras da Inspetoria, segundo as necessidades dos jovens. Em cada serviço pastoral deve-se dar atenção às opções específicas de cada dimensão, presentes em toda a nossa ação educativa pastoral, como por exemplo, a assimilação crítica e criativa da cultura, a atenção educativa à insatisfação juvenil, o itinerário sistemático de educação à fé, a orientação, proposta e discernimento vocacional, a promoção do MJS…

  • Cada obra e serviço pode, nesse processo, segundo a sua identidade, necessidades dos destinatários e objetivos do PEPS inspetorial, hierarquizar pastoralmente as dimensões; por exemplo, a dimensão educativa é a dimensão central na escola, enquanto na paróquia trata-se da dimensão evangelizadora; mas deve-se sempre manter a unidade e integridade do conjunto.



































Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


VECCHI, J., Pastorale giovanile, una sfida per la comunità ecclesiale, LDC Leumann, (Turim) 1992, Parte quarta: Le dimensioni fondamentali del Progetto educativo, cc. 1-7; pp. 201-314.


VECCHI, J.,-PRELLEZO J.M. (a cura di), Progetto educativo pastorale. Elementi modulari, LAS, Roma 1984. Sugere-se particularmente:

Parte Prima:

Cap. 2: NANNI C. (ed.), Educazione, o. c., pp. 26-37.

Cap. 3: GROPPO G. (ed.), Evangelizzazione e educazione, o. c., pp. 38-49.

Parte Terza:

Cap. 20: VECCHI J., (ed.), Orientamento e pastorale vocazionale, o. c., pp. 242-256.


ISTITUTO DI TEOLOGIA PASTORALE – UPS – Dizionario di Pastorale Giovanile, LDC, Leumann (Turim) 1989. Sugerem-se, entre as vozes temáticas:

TONELLI, R. (ed.), Associazionismo, o. c., pp. 79-87.

TONELLI, R. (ed.), Educazione Pastorale, o. c., pp. 290-297.

TONELLI, R. (ed.), Gruppo, o. c., pp. 415-418.

DE PIERIS S. (ed.), Vocazione, o. c., pp. 1132-1144.


DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE SALESIANA. Il progetto educativo-pastorale delle ispettorie salesiane. Raccolta antologica di testi. Dossier PG. Esperienze a confronto 9, Roma 1995, pp. 11-158.

























PARTE II: UM MODELO OPERATIVO










A realização da Pastoral Juvenil Salesiana precisa de uma grande variedade de elementos: pessoas, estruturas, atividades, recursos materiais, programas, etc., que se devem orientar adequadamente segundo os objetivos, conteúdos e estratégias do Projeto Educativo-Pastoral. Desse modo, todas essas realidades adquirem uma identidade própria, também em sua variedade e diversidade, ou seja, tornam-se salesianas.


Damos o nome de “modelo operativo” à forma concreta de estruturar e organizar os diversos elementos da prática educativa e pastoral para garantir a sua identidade, a sua coerência em relação aos objetivos e a sua organicidade.


Queremos explicitar, nesta parte, o modelo operativo da pastoral juvenil salesiana, apresentando as características dos diversos elementos, estruturas e serviços que formam o PEPS, a fim de facilitar a sua mais clara identidade salesiana e a sua unidade orgânica.




Capítulo 3



A COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL


A comunidade é o primeiro elemento fundamental para a realização da Pastoral Juvenil Salesiana .

Comunidade que envolva em clima de família, jovens e adultos, pais e educadores, até tornar-se experiência de Igreja, reveladora do desígnio de Deus (C 47).

O PEPS pede também a convergência das intenções e convicções por parte de todos os que estão envolvidos em sua elaboração e realização.

A comunidade, sujeito e ambiente da ação educativo-pastoral é chamada de “Comunidade Educativo-Pastoral” (CEP).

Exporemos neste capítulo a sua identidade, dinamismos e estruturas de participação para orientar e estimular o seu crescimento.


1. IDENTIDADE DA CEP


1.1. A forma salesiana de estar presente entre os jovens.


Desde os primeiros tempos do Oratório, ao redor de Dom Bosco, a CEP foi-se constituindo como família, em que os próprios jovens eram os protagonistas; vivia-se nela um ambiente juvenil impregnado dos valores do Sistema Preventivo, com características espirituais e pastorais bem definidas, com objetivos claros e uma convergência de papéis pensados em função dos jovens.

Dessa comunidade nasce a Congregação Salesiana; segundo Dom Bosco, os Salesianos, com a própria vida comunitária, são os centros de comunhão e participação para os demais educadores que dão a própria contribuição ao projeto e difundem o carisma (cf. CG24, 71-72.75).


Essa realidade carismática é hoje para nós:

uma exigência de Igreja, realidade de comunhão que manifesta o dom da comunhão trinitária e é enviada ao mundo a promover a comunhão como início do Reino de Deus; comunhão orgânica, que vive a diversidade dos dons e serviços como uma realidade complementar, vivida em reciprocidade, a serviço de uma única missão (cf. CG24, 61-67);

um elemento decisivo de evangelização, missão de todo o Povo de Deus que, através do próprio testemunho comunitário e do serviço, realiza o primeiro anúncio do Evangelho; comunidade em que todos, especialmente os leigos, são sujeitos ativos, protagonistas da evangelização dos indivíduos e das culturas (cf. ChFL, 55-56; CG24, 96);

uma participação necessária para a ação educativa baseada na unidade e na unicidade do sujeito, que é o jovem; vivida de modo extraordinariamente complexo e numa cultura de participação e partilha; educar é um fato social, fruto da convergência de pessoas, intervenções, qualificações, segundo um projeto participado e atuado co-responsavelmente (cf. C 34; CG21, 63.67; CG24, 99);

uma característica do Sistema Preventivo e da Espiritualidade Salesiana, que exige um intenso luminoso ambiente de participação e de relações sinceramente amigáveis e fraternas; que associe numa única experiência dinâmica educadores (como indivíduos e como comunidade) e destinatários, que faz da participação dos valores da Espiritualidade Salesiana a fonte da comunhão e da participação na missão (cf. CG21, 96, 102; CG24, 91-93).


A CEP, mais do que uma nova estrutura acrescentada aos demais organismos de gestão e participação existentes nas diversas obras ou ambientes pastorais, é a expressão concreta da presença salesiana como Dom Bosco quis, isto é,

uma comunidade: porque envolve em clima de família, jovens e adultos, pais e educadores, até tornar-se uma experiência de Igreja (cf. C 47); não é só uma organização de trabalho ou uma técnica de participação; o elemento fundamental de unidade não é o trabalho ou a eficácia, mas o conjunto de valores vitais (educativos, espirituais, salesianos…) que conformam a identidade partilhada e cordialmente desejada;

educativa: porque coloca no centro de seus projetos, relações e organização, a preocupação pela promoção integral dos jovens, isto é, o amadurecimento de suas potencialidades em todos os aspectos: físico, psicológico, cultural, profissional, social, transcendente;

pastoral: porque se abre à evangelização, caminha com os jovens ao encontro de Cristo, e realiza uma experiência de Igreja, onde se experimentam com os jovens os valores da comunhão humana e cristã com Deus e com os outros (cf. CG24, 156).


1.2. Que envolve muitas pessoas


Formam a CEP todos os que trabalham no ambiente de uma obra salesiana, com vontade de participação e colaboração ao redor do PEPS compartilhado, ou seja:

a comunidade salesiana, garante da identidade salesiana e centro de comunhão e participação;

os jovens, ponto de referência fundamental na ação da comunidade, que não só trabalha em meio aos jovens e por eles, mas com eles e por meio deles;

os pais, como primeiros e principais responsáveis da educação deles;

os leigos responsáveis e colaboradores por vários títulos, entre os quais, antes de tudo, os membros da FS, que trabalham no ambiente da obra salesiana.


Todos eles colaboram em diversos níveis no mesmo processo educativo, enriquecem-se reciprocamente e participam de um caminho comum de formação (cf. CG24, 157).


A CEP, assim articulada, colabora e abre-se:

aos que trabalham pela promoção e formação dos jovens no território,

aos ex-alunos que ainda se sentem solidários com ela,

aos jovens e adultos do território, aos quais oferece a sua proposta educativa.


1.3. Numa experiência de comunhão e participação do espírito e da missão de Dom Bosco.


A presença salesiana torna-se uma verdadeira experiência de comunhão e lugar de evangelização, onde o PEPS contribui para unir em síntese harmoniosa Evangelho e cultura, fé e vida (CG24, 96), quando tem em vista em seu desenvolvimento o seguintes objetivos:

  • Envolver os esforços de todos na animação dos processos educativos, favorecendo as contribuições específicas das diversas vocações e garantindo uma orientação comum segundo o projeto educativo-pastoral.

  • Criar um ambiente educativo de comunicação e relações pessoais entre os educadores e os jovens, no qual se experimentem de modo significativo e propositivo os valores educativos e evangélicos da proposta salesiana.

  • Promover uma experiência de vida cristã segundo o estilo salesiano, que favoreça a abertura a Deus, o anúncio do Evangelho e um caminho progressivo de educação à fé.

  • Colaborar, mediante uma qualificada presença educativa e eclesial no território, na promoção e evangelização da sociedade e da cultura.


1.4. Na Igreja e no território


1.4.1. A CEP, como experiência significativa de Igreja (cf. C 47), deve:


  • Integrar-se na pastoral da Igreja local

inserindo o PEPS no plano pastoral da Diocese ou região;

coordenando o próprio trabalho com as demais forças cristãs que trabalham pela educação dos jovens (Congregações religiosas, Movimentos cristãos de educadores, etc.);

exprimindo comunitariamente essa pertença à Igreja através de gestos proporcionados ao nível de fé alcançado pela CEP.


  • Intervir na comunidade eclesial com uma contribuição específica

participando ativamente do Conselho pastoral paroquial ou regional;

oferecendo a própria contribuição profissional como educadores dos jovens;

apresentando propostas e iniciativas a serviço da missão educativo-pastoral da Igreja.


1.4.2. Como uma presença significativa no território, a CEP age:


  • Como ponto de agregação

a comunidade envolve em sua missão educativo-pastoral as forças sociais existentes no território e na Igreja local, e tende ela mesma a integrar-se na realidade humana e cristã em que vive. Mantém com essas forças diálogo e confronto enriquecedor; participa da formação e promoção humana e cristã dos jovens, colaborando com os organismos que trabalham pelas mesmas finalidades (cf. CG21 17,132; CG23, 229-230; CG24, 115).

Crescerá, por isso, procurando:

ser centro de acolhida e convocação do maior número possível de pessoas (jovens, colaboradores leigos e pais, membros da FS, aqueles que estão interessados nos aspectos humanos e religiosos do território);

tornar-se centro de comunhão e participação: a CEP é construída como uma espiral, cujo núcleo central alarga sensibilidade e co-responsabilidade às periferias, preocupando-se com os aspectos de significatividade e de comunicação (cf. CG24, 49,11,135).


  • Como centro de irradiação e agente de transformação do ambiente

ela está presente através de seus membros na vida do território. A sua competência educativa e pastoral poderá ser exigida para suprir problemáticas que se refiram aos jovens (cf. CG24, 235). Esse dinamismo levará a comunidade a:

avaliar criticamente o que acontece ao seu redor;

participar das iniciativas culturais e educativas do território;

organizar-se civilmente para influir nas políticas juvenis em ação no território;

fazer do território um campo de trabalho de grupos juvenis (cf. CG23, 210-212; CG24, 53);

abrir novos espaços à colaboração (voluntariado);

apoiar e encorajar os cristãos empenhados no território.



2. A ANIMAÇÃO DA CEP


2.1. CEP como realidade em crescimento


A CEP, mais do que uma estrutura ou instituição já pronta, é um organismo vivo, que existe na medida em que cresce e se desenvolve. Não deve, por isso, preocupar-se apenas com a própria organização, mas sobretudo desenvolver a própria vida. Eis alguns elementos que podem indicar o grau de vitalidade tido por uma CEP e oferecer indicações para iniciar um caminho positivo de crescimento:


  • A qualidade das relações humanas que se dão em seu interior:

ir além das relações puramente funcionais, pelo cargo ou trabalho, desenvolvendo relações fraternas, de respeito e de interesse pelas pessoas;

superar as relações centradas apenas na amizade ou sintonia de idéias, em vista da partilha dos valores fundamentais da missão e do estilo salesiano;

ir além da colaboração de pura boa vontade, para estabelecer com clareza os níveis e conteúdos das responsabilidades e funções compartilhadas.


  • O amadurecimento do sentido de pertença, que se manifesta entre outras coisas na:

participação sempre mais consciente e clara dos objetivos e critérios do PEPS,

participação sempre mais cuidadosa e generosa nas responsabilidades educativo-pastorais, até à identificação vocacional.


  • O desenvolvimento da identidade educativo-pastoral em cada um dos educadores e em toda a comunidade:

da participação nos valores periféricos, como a atividade ou alguns interesses específicos, à partilha dos valores centrais da proposta educativo-pastoral salesiana.

Essa evolução manifesta-se:

. no empenho pela própria formação permanente;

. no esforço pessoal e coletivo por uma maior qualidade profissional, educativa e cristã do próprio trabalho;

. no empenho pela renovação e atualização das diversas instituições e estruturas segundo os critérios educativo-pastorais do PEPS;

. no esforço de sintonia, diálogo e presença entre os jovens.


2.2. Centralidade da animação da CEP


Entende-se, portanto, que a tarefa fundamental no funcionamento da CEP é a sua animação, ou a preocupação de formar uma verdadeira família em que jovens e adultos, pais e educadores, profissionais e voluntários, participem do único projeto educativo-pastoral, dando cada qual a sua contribuição original, e que se façam acompanhar reciprocamente no crescimento como pessoas e como cristãos, sendo uma verdadeira experiência de Igreja (CF. C 47).

Estejam todos envolvidos no processo de animação; cada um, com a própria forma de agir e com as relações que mantêm, favorecem-no ou não. Não há neutralidade possível; tudo o que acontece na vida de cada dia favorece ou impede o processo de crescimento e de desenvolvimento da CEP.


2.3. Contribuição recíproca dos religiosos salesianos e dos leigos na animação da CEP


2.3.1. A comunidade SDB


A comunidade SDB, como comunidade carismática que vive, conserva, aprofunda e desenvolve constantemente o carisma de Dom Bosco, desenvolve uma ação animadora específica diante da CEP:

testemunha a vida religiosa, manifestando o primado de Deus na vida e a dedicação total à missão educativa e evangelizadora;

garante a identidade carismática salesiana;

é centro de comunhão e participação, que convoca os leigos a participarem do espírito e da missão de Dom Bosco;

é a primeira responsável da formação espiritual, salesiana e vocacional (CF. CG24, 159).

Assumir a tarefa de animação supõe que a comunidade salesiana repense a sua situação e a sua função como comunidade religiosa no interior da CEP e do processo educativo-pastoral. A comunidade salesiana, no passado, assumia quase com exclusividade a responsabilidade do ambiente e da obra educativa, com a ajuda dos leigos segundo as necessidades; hoje, ela deve convocar os leigos à participarem dessa responsabilidade, assumindo no interior da CEP a sua missão específica.


2.3.2. Os leigos responsáveis


A comunidade SDB, consciente da sua responsabilidade específica, convoca os leigos à CEP e partilha com eles a responsabilidade da sua animação.

Os leigos trazem à CEP e à missão educativa um modelo concreto de vida secular vivida na família, na profissão e no próprio ambiente social e político, as suas competências específicas profissionais, educativas e pastorais, e a sua própria forma de viver a dimensão religiosa da vida e da vocação cristã na secularidade.


A contribuição recíproca oferece à CEP um enriquecimento da presença educativa e faz dela, numa verdadeira experiência de Igreja, testemunha e referência significativa para os jovens. É, pois, importante que cada um desenvolva ao máximo a própria contribuição em tudo o que faz.


2.4. Aspectos a serem lembrados na animação da CEP


Animar e preocupar-se com a vida da CEP compreende uma multiplicidade de tarefas que convém organizar segundo a sua importância.

Há tarefas que interessam aos aspectos mais externos e operativos da CEP, como:


  • Promover a sua organização e a coordenação das diversas equipes que a tornam operativa e eficaz, preocupando-se com:

a boa comunicação: relações pessoais, informação, diálogo;

a elaboração, realização e revisão em comum do PEPS;

o funcionamento eficaz e coerente com o PEPS das diversas estruturas, equipes e organismos de participação.


Outras tarefas visam os aspectos educativos, como:


  • Cuidar da qualidade da orientação educativa dos objetivos, conteúdos oferecidos e realizações:

orientando todas as propostas e atividades realizadas na CEP de acordo com o PEPS, com uma especial atenção educativa pelos mais pobres;

desenvolvendo uma metodologia educativa adequada de reflexão e ação;

inserindo a CEP no próprio ambiente cultural, social e eclesial.


Outras, enfim, interessam sobretudo ao nível da identidade salesiana:


  • Aprofundar a formação educativa, espiritual, cristã e salesiana de qualidade em todos os níveis:

motivando e organizando um processo sistemático de formação permanente;

acompanhando o crescimento educativo e cristão das pessoas e o seu desenvolvimento vocacional;

promovendo a experiência da Espiritualidade Juvenil Salesiana.


  • Garantir a originalidade salesiana, mediante:

a presença próxima, amiga e significativa de testemunho cristão e salesiano entre os jovens;

um ambiente de qualidade educativa e cristã com propostas específicas para os mais disponíveis;

uma clara e oportuna proposta vocacional.


Essas tarefas são todas necessárias e relacionadas entre si; estas últimas, porém, são mais determinantes para garantir a animação da CEP.


3. ESTRUTURAS E MODELOS DE ANIMAÇÃO DA CEP


3.1. Serviço específico de animação: o núcleo animador.


Todos os membros da CEP participam da animação; alguns, porém, têm a missão específica de estimular a contribuição de todos, promovendo a participação responsável do maior número possível de seus membros nas tarefas de animação global; de preocupar-se com a sua qualidade e coordenação; de acompanhar particularmente a animação dos níveis mais determinantes para a identidade salesiana e a qualidade educativa e evangelizadora. Eles constituem o “núcleo animador” da CEP. Como núcleo animador, está a comunidade salesiana, em força da sua vocação consagrada e salesiana, mas aberta também aos leigos, sobretudo aos mais identificados com o espírito e a missão salesiana, que desenvolvem tarefas de responsabilidade diretiva na CEP.


3.2. Modelo operativo


O modelo operativo, compartilhado um pouco em todos os lugares, reconhecido como válido e praticável nas condições atuais, é o seguinte:

Salesianos como núcleo animador e o envolvimento e co-responsabilidade dos leigos.

Elaboração de um projeto possível, adequado aos destinatários, às forças e ao contexto.

O papel efetivo dos Salesianos nesse modelo é, porém, diferenciado: em não poucas obras eles conseguem ser o núcleo animador; em outras vão-se tornando uma presença de acompanhamento e garantia; e, em outras, apoio e orientação à distância (CG24, 39).

Cabe ao Inspetor com o seu Conselho determinar os modelos concretos de atuação da CEP (CG24, 169).


3.3. Tarefas de animação


  • A comunidade salesiana deve estar consciente do seu novo modelo operativo e assumir suas responsabilidades próprias e específicas como núcleo animador da CEP.


Isso supõe repensar a situação e a função da comunidade religiosa no interior da CEP e do processo educativo-pastoral.


Essa consciência exprime-se em algumas atitudes e comportamentos específicos importantes, como:

testemunho alegre da própria vida religiosa e comunitária na missão educativo-pastoral;

empenho de todos e de cada um para viver os elementos fundamentais da identidade salesiana, como a presença próxima e significativa entre os jovens, a disponibilidade ao contato pessoal, o cuidado pela integridade do PEPS em cada atividade, a visão de conjunto de toda a presença salesiana, promovendo a integração e colaboração entre as diversas obras que a compõe, etc.;

colaboração leal com os diversos órgãos de participação existentes;

participação ativa nos processos de formação em ato na CEP;

preocupação pelo desenvolvimento da vocação salesiana nos jovens e colaboradores.


3.3.1. O Diretor SDB, como primeiro responsável da CEP:

anima os animadores e está a serviço da unidade global da obra;

cuida da identidade carismática do PEPS, em diálogo com o Inspetor e em sintonia com o projeto inspetorial;

promove os processos formativos e de relação;

atua os critérios de convocação e formação dos leigos, individualizados pela Inspetoria;

mantém a ligação entre a comunidade salesiana e a CEP (cf. CG24, 172).


3.3.2.O Conselho da comunidade assiste e colabora com o Diretor SDB em suas funções de primeiro responsável pela CEP.

Ao estabelecer a ligação necessária entre o Conselho da comunidade e os demais organismos de participação da CEP, convém levar em conta alguns critérios:

participar como membros do conselho da CEP, colaborando direta e ativamente nos processos de reflexão e decisão;

assumir a decisão final nos assuntos que envolvam mais diretamente a identidade salesiana, a formação e a convocação dos leigos;

favorecer sempre uma adequada informação entre comunidade e organismos da CEP, caminhos ágeis de diálogos e respeito das responsabilidades dos diversos membros.


3.3.3.O Conselho da CEP e/ou da Obra, é o organismo que anima e coordena toda a obra salesiana através da reflexão, diálogo, programação e revisão da ação educativo-pastoral (cf. CG24, 160-161; 171).

É, portanto, um organismo de coordenação a serviço da unidade do projeto salesiano no território onde a CEP atua, ou onde atuam as CEPs dos diversos setores nas obras complexas (cf. CG24, 16); mais do que substituir ou sobrepor-se aos diversos organismos da CEP, tomando decisões que lhes competem, deve ajudá-los a:

ter sempre em vista a integridade do projeto;

sentir-se co-responsáveis da sua elaboração, realização e revisão;

estar atentos às necessidades e exigências do conjunto do contexto dos jovens;

favorecer a ligação e colaboração entre eles, sobretudo nos serviços globais, como a formação dos educadores, por exemplo, e outros.


Seus membros devem ter consciência clara do PEPS, como horizonte concreto de todas as programações e atividades dos diversos setores, vontade de comunhão e colaboração com os diversos grupos da FS que trabalham no território, sentido de Igreja, vontade clara de comunhão e de serviço às necessidades comuns para um serviço sempre maior aos jovens e ao seu ambiente.

Cabe ao Inspetor com o seu Conselho determinar os critérios de composição e estabelecer competências, níveis de responsabilidade e ligação com o Conselho local da comunidade salesiana (cf. CG24, 171). Parece necessário que participem dele os SDB membros do Conselho da casa, os leigos com papéis de responsabilidade diretiva e/ou de coordenação na CEP, algum representante dos grupos da FS presentes no território.

Convém contudo, coordenar o critério da representatividade de todos os setores da obra com o critério da eficácia animadora que exige uma certa agilidade de ação.


3.3.4. Diversas figuras de leigos educadores e suas tarefas e responsabilidades


Surgem diversas figuras e tarefas educativas na grande variedade de obras e serviços educativos pastorais, que abrem um vasto campo à participação e contribuições dos leigos. Os professores, o responsável da organização escolar, o catequista e educador da fé, o especialista na ligação entre instituição educativa e território, o educador social, o orientador psicológico e educativo, os animadores, sobretudo jovens… são algumas dessas figuras e tarefas.


Ao definir o perfil dos colaboradores e ao traçar as características da sua ação educativa na CEP, é necessário colocá-los no interior de um sistema composto por alguns elementos que interagem entre si:

pertença à CEP, com um papel específico solidário e complementar aos outros;

referência ao PEPS, do qual participam e assumem os horizontes antropológicos e religiosos, a visão educativa para ler a realidade, o modo de estar presente entre os jovens, os objetivos a perseguir, o método e as estratégias para conseguir os objetivos;

crescimento como educadores salesianos (maturidade humana, competência educativa, identidade salesiana, testemunho cristão) através do processo permanente de formação pessoal e comunitária;

presença ativa entre os jovens com os quais partilham o ambiente, ajudam-nos a formar um grupo, o seu âmbito de decisões, a relação dos diversos órgãos e formas de co-responsabilidade com a comunidade salesiana e a Inspetoria.


Especifiquem-se em cada obra, de acordo com o Inspetor e o seu Conselho, os campos de responsabilidade confiados aos leigos, o seu limite de decisão, a relação dos diversos órgãos e as formas de co-responsabilidade com a comunidade salesiana e com a Inspetoria.


3.4. Outros modelos de animação da CEP nas obras salesianas


. Obras salesianas com presença comunitária muito reduzida, nas quais as principais responsabilidades são geridas por leigos.

Nessas obras, a comunidade salesiana presente pensará, com a ajuda da Inspetoria, em

manter a função específica do Diretor na CEP como garante da identidade salesiana e da comunhão com a Inspetoria;

envolver os Salesianos antes de tudo em tarefas de animação pastoral, formação e acompanhamento dos educadores;

preocupar-se com a convocação e formação dos leigos colaboradores segundo os critérios propostos pelo CG24, 164, envolvendo o mais possível os membros da FS.


. Obras administradas por leigos no interior do projeto inspetorial salesiano.

Para que uma atividade ou obra, administrada por leigos, possa ser considerada pertencente ao projeto da Inspetoria, deve realizar os critérios de identidade, comunhão e significatividade da ação salesiana e deve ser atuada sob a responsabilidade do Inspetor e do seu Conselho (CG24, 180).

A Inspetoria, portanto, na responsabilidade de animação dessas obras e suas CEP:

oferece intervenções de animação e governo, em analogia com o que acontece nas CEP que contam com a presença da comunidade salesiana, como visita inspetorial, revisão do projeto local, ligação do diretor leigo da obra com o Inspetor, participação periódica de um delegado da Inspetoria no Conselho da CEP;

promove a constituição do Conselho da CEP;

organiza com os leigos um sério itinerário de formação à identidade salesiana;

preocupa-se com os leigos que detém papéis de animação e responsabilidade quanto à identidade salesiana;

estabelece uma ligação estável com uma comunidade salesiana próxima ou com o centro de animação inspetorial, especialmente quanto aos aspectos carismáticos e ministeriais (cf. CG24, 181).


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


TONELLI R., Comunità educativa, in VECCHI J.-PRELLEZO J.M. (a cura di), Progetto Educativo Pastorale. Elementi modulari, LAS, Roma 1984, pp. 399-417.


VECCHI J., Pastorale giovanile una sfida per la comunità ecclesiale, LDC, Leumann (Turim) 1992, pp. 120-167.


DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE SALESIANA, Il Progetto Educativo-Pastorale delle Ispettorie Salesiane. Raccolta antologica di testi. Dossier PG Esperienze a confronto 9, Roma 1995, pp. 11-158.


Sugere-se também que se tenha presente a Exortação Apostólica Christifideles laici di João Paulo II (Roma, 1988).
























Capítulo 4


OBRAS E SERVIÇOS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA

NOS DIVERSOS AMBIENTES JUVENIS



Introdução


O PEPS é atuado num determinado território através da “pluralidade de formas, determinadas em primeiro lugar pelas exigências daqueles a quem nos dedicamos”. (C 41).

Por isso “realizamos a nossa missão principalmente com atividades e obras nas quais seja possível promover a educação humana e cristã dos jovens, como o oratório e o centro juvenil, a escola e os centros profissionalizantes, os internatos e as casas para jovens com problemas”, as paróquias e residências missionárias, os centros especializados no campo pedagógico e catequético, as casas para retiros; trabalhamos também no setor da comunicação social e em outras obras e formas de presença entre os jovens (cf. C 41-43).


Através da pluralidade de obras e serviços manifestamos a unidade e, ao mesmo tempo, a riqueza do projeto salesiano. Toda obra e estrutura contribui ao conjunto com a sua especificidade e colabora na realização do critério oratoriano do art. 40 das Constituições, sendo “para os jovens casa que acolhe, paróquia que evangeliza, escola que encaminha para a vida, e pátio para se encontrarem como amigos e viverem com alegria”.


A fim de exprimir com clareza a unidade do Projeto Pastoral Salesiano no território e na Igreja local, as diversas obras e serviços que formam uma presença salesiana num determinado território, devem ser pensadas na referência e complementaridade recíproca ao redor:

da comunidade salesiana local ou inspetorial, que anima a presença preocupando-se com a sua identidade salesiana,

do conselho da obra, como organismo central de animação que envolve ao mesmo tempo SDB e leigos (CG24, 160-161; 171).

Isso exige que existam entre as diversas obras e serviços:

algumas linhas e critérios de ação educativo-pastorais comuns,

determinadas estruturas de coordenação e colaboração,

espírito de comunhão e participação de recursos.

Compete ao Inspetor com o seu Conselho – tendo em conta a realidade inspetorial e a consistência dos diversos ambientes educativos, em diálogo com a comunidade salesiana local – determinar as formas concretas de atuar essa relação e os modelos concretos de atuação da CEP (cf. CG24, 169).


Apresentam-se neste capitulo as características mais importantes dessas obras e serviços nos quais se realiza a Pastoral Juvenil Salesiana expressa no Projeto Educativo-Pastoral.

Antes de tudo, apresentam-se as obras e estruturas mais organizadas e tradicionais, como o Oratório-Centro Juvenil, a Escola, o Centro Profissionalizante e a Paróquia.

Em seguida, as obras e serviços com que se tenta ir ao encontro dos jovens e corresponder aos novos desafios que nos apresentam. Entre elas damos particular importância às obras e serviços para os jovens em dificuldade.

Muitas dessas novas presenças educativas e pastorais entre os jovens acontecem também nas obras tradicionais e são um sinal do seu esforço de renovação e qualificação pastoral.









I. ORATÓRIO-CENTRO JUVENIL


1. Originalidade do Oratório Salesiano


Os aspectos fundamentais do Oratório-Centro Juvenil Salesiano são explicados pela ação de Dom Bosco e pelo seu desenvolvimento em relação a modelos e instituições.


1.1. A inspiração original


O Oratório de Dom Bosco, que acolheu o nome de uma instituição já existente, foi diverso dos que o tinha precedido ou lhe eram contemporâneos.

São justamente as transformações atuadas por Dom Bosco que indicam ainda hoje as características da pastoral oratoriana. São substancialmente seis essas transformações:

Da prestação de um “serviço” de catequese, à presença e participação na vida do jovem com suas necessidades e problemas.

Do “tempo limitado” ao “tempo pleno”, ocupando toda a jornada dominical e prolongando-se na semana através de contatos pessoais e atividades.

Do programa catequético limitado ao programa educativo-pastoral potencialmente integral; o esporte e outras formas de expressão juvenil como o teatro, a música e o canto, a escola, os grupos… são elementos desse programa.

Da instituição centrada nos adultos à comunidade de jovens centrada na participação juvenil, no estar juntos, na abertura a todos.

Da centralidade do programa, à centralidade das pessoas e das relações interpessoais.

Do caráter paroquial ao impulso missionário, aberto aos jovens que nem sequer conheciam a própria paróquia e não viam na paróquia um ponto de referência, nem para a própria vida religiosa nem para seus problemas humanos.


1.2. A nova situação atual


Com o desenvolvimento da ação de Dom Bosco e a sua expansão, não mudaram nem os princípios inspiradores nem os traços característicos, mas as situações sociais e educativas e os fenômenos que modificaram a condição juvenil exigem a sua atualização.

Algumas dessas manifestações são:

o surgimento de uma nova concepção de tempo livre, que ocupa sempre mais o centro da vida dos jovens, em quantidade, em multiformidade e recursos, com novas possibilidades educativas ou de esvaziamento das pessoas (consumismo), até torna-se uma característica cultural.

o surgimento de novos ambientes e agências educativas: desenvolvimento do esporte, do turismo juvenil, da música, dos meios de comunicação social; aumento do associacionismo cultural, social, recreativo, religioso… que oferecem novas possibilidades de protagonismo juvenil.

a preocupação das próprias presenças escolares com múltiplas integrações, que vão além dos aspectos estritamente didáticos, com uma maior inserção no território e com variedade de atividades no tempo livre.

o aumento da distância e da estranheza entre jovens e Igreja, entre vida juvenil e instituições educativas e pastorais, que se vêem em dificuldade para serem uma proposta evangélica significativa para os adolescentes e jovens.


1.3. Para uma nova síntese


A reflexão feita pelos Capítulos Gerais XX, XXI e XXIII oferece os pontos de convergência aos quais se chegou em nível de Congregação. Segundo eles, o Oratório-Centro Juvenil deve ser concebido como uma realidade que se exprime de muitas formas possíveis de realização, mas com algumas características essenciais:


ambiente de acolhida ampla aberto a uma grande diversidade de jovens, sobretudo os distantes, de uma vasta região; com grande diversidade de propostas e de níveis de pertença; caracterizado pelo protagonismo juvenil e uma realização pessoal tão significativa que faz dele um ambiente de referência e irradiação para os jovens dos arredores.


programa de evangelização missionária voltado de forma prioritária aos jovens mais distantes para oferecer-lhes, através do despertar e do aprofundamento de suas exigências de vida e de companhia, um caminho de educação à fé adaptado às suas situações e sensível à realidade ecumênica e inter-religiosa em que vivem.


presença cristã no mundo jovem e na sociedade civil (obra de fronteira entre o religioso e o civil, entre o secular e o eclesial), capaz de oferecer respostas educativas e evangélicas significativas aos desafios e urgências mais sentidas, sobretudo as que se referem aos distantes, e capaz também de promover um ambiente de abertura intercultural, inter-racial, ecumênica e inter-religiosa.


2. A COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL DO ORATÓRIO-CENTRO JUVENIL SALESIANO


2.1. Características da CEP do Oratório-Centro Juvenil


A comunidade Educativo-Pastoral (CEP) nos Oratórios-Centros Juvenis adquire características próprias surgidas da sua mesma natureza que se apoia sobretudo no ambiente de liberdade, caracterizado pela acolhida, pela relação de amizade e pela participação dos próprios jovens.


A CEP dos Oratórios-Centros Juvenis, como sujeito animador da dinâmica comunitária, tem as seguintes características:


  • grande capacidade de aproximação e participação com o mundo dos jovens, atentos aos seus problemas e necessidades;

  • flexibilidade e criatividade para adaptar-se sempre mais à diversidade e espontaneidade do ambiente oratoriano;

  • consciência, ao mesmo tempo, clara e compartilhada da proposta e do projeto que favoreça a unidade de critérios e a convergência de intervenções, evitando a dispersão e o individualismo;

  • acolhida e atenção aos indivíduos, superando as relações muito funcionais;

  • espaço amplo à participação e responsabilidade dos próprios jovens;

  • sensibilidade e presença no território, disponível à colaboração ativa com as instâncias educativas e pastorais nela presentes.


2.2. A presença juvenil na CEP do Oratório-Centro Juvenil Salesiano


O Oratório é uma estrutura educativa pastoral especialmente adaptada a promover participação sempre mais intensa na vida dos jovens. Iniciamos o diálogo com os jovens desde os primeiros encontros para motivá-los, envolvê-los mais e co-responsabilizá-los nas atividades e grupos escolhidos por eles.

A CEP do Oratório-Centro Juvenil deve pensar de modo especial nas estruturas de participação capazes de oferecer aos jovens a mais ampla responsabilidade possível ao lado dos educadores adultos.


2.3. A CEP inserida na Igreja e aberta ao território


O Oratório e o Centro Juvenil são momentos e lugares particularmente significativos, embora não únicos, pela aproximação e evangelização dos jovens na pastoral de conjunto.

Muitos Oratórios-Centros Juvenis pertencem a uma paróquia, ou são uma presença de Igreja numa região pastoral.

Sua inserção na Igreja será manifestada com relações de pertença recíproca. É, por isso, importante:

qualificar o projeto educativo-pastoral salesiano do Oratório em convergência com as linhas da Pastoral diocesana para ser uma proposta significativa de Pastoral Juvenil;

inserir-se responsavelmente nas estruturas de participação (conselho pastoral da paróquia e/ou região), contribuindo com a própria sensibilidade e preocupação juvenil;

compartilhar iniciativas, momentos de diálogo, programas educativos e pastorais com as comunidades paroquiais da região, favorecendo um enriquecimento recíproco.


O Oratório-Centro Juvenil é também uma presença missionária para o mundo dos jovens; por isso a comunidade oratoriana deve dialogar com a realidade circunstante, com as instituições sociais e educativas do bairro e da cidade.

Eis algumas ações significativas nesse sentido:

conhecer o território;

relacionar-se e manter acordos de colaboração com outras realidades sociais e eclesiais operantes no território;

criar momentos de portas abertas e disponibilidade dos ambientes para atividades do território que condigam com as finalidades do Centro;

manter o esforço criativo de programação e proposta em favor do território;

participar com outras organizações que colaboram na Pastoral Juvenil.


2.4. Animação da CEP do Oratório-Centro Juvenil


Sendo a CEP do Oratório-Centro Juvenil uma realidade muito aberta e participada, ela precisa de uma animação sistemática que garanta a identidade salesiana clara e segura na adaptação contínua às mutáveis necessidades juvenis, e um processo educativo sistemático que dê unidade e articulação à pluralidade de propostas e experiências.


2.4.1. Eis alguns elementos fundamentais dessa animação:


articular a massa juvenil em diversos grupos de atividades e de formação segundo seus interesses; promover a mais ampla responsabilidade possível dos jovens no ambiente e na vida do Oratório; suscitar a participação e o associacionismo juvenil ao redor do Movimento Juvenil Salesiano;


alargar a co-responsabilidade dos adultos que saibam partilhar com os jovens de um ambiente de amizade, de uma proposta educativa de vida e de uma experiência de família e comunidade. A sua presença é o elemento de estabilidade e amadurecimento importante na mutável vida do Oratório. Entre os adultos, cuja presença consideramos importante no Oratório-Centro Juvenil, indicamos os adultos com tarefas específicas de animação, os pais dos jovens, especialmente os que desejam colaborar na ação educativa, e os membros da Família Salesiana;


cuidar da formação dos leigos educadores e dos jovens animadores; investir pessoas e recursos num esforço contínuo de qualificação educativa, cristã e salesiana dos educadores e, sobretudo, dos jovens mais maduros e capazes de responsabilidade através da escola de animadores, líderes, cursos, retiros, encontros, etc.;


promover a presença e a inserção significativa do Oratório-Centro Juvenil no território e na Igreja local, com uma particular atenção aos distantes e jovens em perigo, através do conhecimento por parte da CEP das regiões de normalidade e de insatisfação do território, como também os pontos-rede sociais e eclesiais que nele atuam; promovendo iniciativas concretas de busca dos jovens onde eles estão, sobretudo nas regiões sem serviços, e de resposta educativa às suas necessidades e interesses; até o máximo de envolvimento, como parte de uma coordenação permanente para a promoção de iniciativas e serviços geridos por outros. Formar e desenvolver essa animação, também através do voluntariado, segundo o estilo da gratuidade.


2.4.2. Estruturas de animação


a. Comunidade salesiana

O centro animador do Oratório-Centro Juvenil é a comunidade salesiana em seu conjunto. Todos os irmãos da casa, não só os encarregados, são responsáveis da identidade salesiana, da convocação dos adultos e jovens animadores na CEP, da sua formação permanente, da abertura e inserção no território e na Igreja local.

A animação atua-se com:

o testemunho de comunhão fraterna e abertura cordial aos jovens,

a oferta de experiências de fé e oração compartilhada com eles,

a participação ativa na elaboração e revisão periódica do PEPS local,

a abertura atenta da comunidade à realidade social do território.


b. Diretor do Oratório-Centro Juvenil

A sua figura inspira-se em Dom Bosco do Oratório: vocação, simpatia e competência para o trabalho entre os jovens, espírito apostólico de relações diretas profundas com os colaboradores e de presença encorajadora entre os jovens, criatividade e capacidade de empreendimento para renovar propostas e comunicar entusiasmo, preocupação pela unidade operativa da equipe e o crescimento em Cristo.

Em profunda sintonia com a comunidade salesiana

promove o PEPS elaborado, atuado e revisto com toda a CEP,

coordena os que trabalham no Oratório, os diversos grupos e comissões,

promove a sua ligação e colaboração com outras forças que trabalham pela educação ou pelo mundo juvenil na região e na Igreja local,

garante a inserção do Oratório-Centro Juvenil na comunidade cristã paroquial.


c. Animadores, adultos e jovens

Os animadores, jovens e adultos, com o coração oratoriano de Dom Bosco, assumem a proposta educativa do Oratório-Centro Juvenil e dão impulso à sua realização (cf. CG24, 164).

A função dos animadores, como parte integrante da CEP consiste em:

ser ponto de referência para as crianças e jovens, vivendo os valores que propomos, aceitando o projeto de homem e de mulher segundo o Evangelho e empenhando-se em realizá-lo progressivamente em sua vida;

viver próximo da realidade dos jovens, dedicar tempo para estar com eles, compartilhar e apreciar aquilo que lhes agrada e favorecer o seu amadurecimento integral;

animar o projeto do Oratório-Centro Juvenil através da responsabilidade e coordenação dos diversos grupos e atividades propostos, fazendo com que os jovens sejam sempre os protagonistas;

favorecer a relação entre as pessoas e os grupos num clima de escuta e de respeito a todos;

trabalhar em equipe e manter-se em contínuo processo de formação.


O serviço de animação desenvolve-se com a marca do voluntariado e da gratuidade. Se, para algum trabalho mais oneroso ou profissional, sobretudo em relação a atividades de associações reconhecidas civilmente presentes no Oratório, convier uma compensação econômica ou um contrato de trabalho, seja feito sempre de acordo com a lei e com absoluta transparência, procurando vivê-lo sempre no estilo do voluntariado, que vai além dos tempos concordados, para ser sempre mais disponíveis às exigências dos jovens.


d. Conselho do Oratório

Os papéis de animação descritos são organizados em organismos. Entre eles consideramos importante o Conselho do Oratório-Centro Juvenil ou Conselho da CEP do Oratório (cf. CG24, 161).

A sua composição e funcionamento obedecem esquemas e critérios dinâmicos, mas também de continuidade, segundo as orientações do Inspetor com o seu Conselho (CG24, 171).

Suas tarefas serão:

promover e rever o plano pastoral anual segundo as exigências emergentes da condição juvenil e as orientações do PEPS;

coordenar as várias propostas educativas das associações e grupos e cuidar da harmonização e integração entre os vários momentos de promoção humana, evangelização e catequese, de celebração litúrgica e empenho caritativo e missionário;

favorecer o associacionismo salesiano, a troca de informações e a coordenação entre os diversos grupos e associações;

manter uma estreita relação com o território e com todos os que trabalham pela educação dos jovens, favorecendo intervenções e propostas idôneas às situações de marginalização e ao riscos de indiferença religiosa;

ajudar o crescimento religioso e “profissional” de todos os membros da CEP através de uma formação sistemática.


Podem-se constituir, no interior e na dependência do Conselho, grupos ou comissões com o encargo específico dos grandes setores de atividade. Entre elas é importante a comissão pastoral e a comissão econômica.


3. PROPOSTA EDUCATIVO-PASTORAL


A proposta que oferecemos no Oratório-Centro Juvenil oferece aos jovens a possibilidade de fazer uma autêntica experiência cristã juvenil, que os ajude a conhecer o mundo com prazer e julgá-lo à luz do Evangelho; a tomarem consciência sempre mais precisa de si, dos outros, do fato de ser homens entre homens na sociedade e na Igreja; a viverem com vivacidade a própria juventude e construírem um projeto de vida inspirado no Evangelho. Essa proposta é atuada com um itinerário central e com itinerários específicos, segundo os interesses dos jovens, pelo que cada jovem, através das diversas possibilidades de participação nas intervenções que são oferecidas, pode situar-se no itinerário segundo o próprio nível de crescimento.

Esta proposta concretiza-se em três momentos complementares:


3.1. Convocação juvenil


O primeiro elemento da proposta do Oratório-Centro Juvenil Salesiano é a sua capacidade de interessar os meninos e jovens para fazer surgir neles o senso do humano, ajudar o surgimento das buscas, fazer emergir o que o jovem traz em si de religioso por tradição, ambiente ou família.

Essa convocação é feita através:

º de um ambiente aberto e rico de propostas e atividades, segundo os diversos interesses dos jovens,

º do esforço dos animadores para fazê-lo conhecer e atrair,

º da acolhida pessoal e da pertença a um grupo que lhes permita uma participação ativa,

º da busca do encontro e do diálogo pessoal.


3.2. Experiência educativa


de criatividade pessoal e livre e de socialização, que desenvolva os recursos positivos das pessoas e grupos, promova um processo de crescimento nas diversas dimensões da pessoa segundo os valores da proposta salesiana.

Essa experiência supõe:

proposta múltipla e variegada (esportiva, recreativa, cultural, social…) que cobre os aspectos mais significativos da vitalidade e do processo evolutivo do jovem,

participação na programação, realização e revisão das atividades da comunidade oratoriana, através dos diversos grupos e comissões,

conhecimento gradual e recíproco, estima recíproca, capacidade de encontro e partilha,

experiências de solidariedade e serviço gratuito aos outros, proporcionadas à idade e evolução,

momentos de formação ao redor das experiências da mesma vida quotidiana, sobre temas educativos, culturais ou sociais significativos.


3.3. Processo de evangelização


Proposta de evangelização que leve ao encontro pessoal com Cristo e se desenvolva num itinerário de crescimento na fé, em busca da identidade cristã, segundo a Espiritualidade Juvenil Salesiana e a opção vocacional.

A proposta evangelizadora deve ser:

missionária, segundo o nível dos mais distantes, que desperte o interesse e a vontade de caminhar,

positiva, feita a partir da vida, segundo as aspirações e necessidades dos jovens,

rica e variada, na proporção das possibilidades e dos ritmos de amadurecimento,

consistente e empenhativa, em vista do crescimento sistemático e progressivo, até à opção vocacional cristã.


3.4. Mediações fundamentais


º O grupo


O Oratório-Centro Juvenil Salesiano faz opção pela vida de grupo e do associacionismo salesiano como experiência educativa fundamental.

Oferece uma proposta articulada de grupos e associações diversas segundo os interesses juvenis ao redor dos quais se organizam: grupos espontâneos onde prevalecem as lideranças naturais e os interesses imediatos, e grupos propostos com uma particular estruturação e itinerário formativo (esportivos, de empenho cultural, social, de formação e aprofundamento religioso, de sensibilização missionária, de animação interna, etc.).


Favorecemos nesses grupos:

o crescimento do sentido de pertença ao ambiente unitário da CEP do Oratório e ao Movimento Juvenil Salesiano;

a abertura dos interesses mais imediatos e superficiais aos interesses mais profundos até assumir um empenho de serviço aos outros tanto interna como externamente;

a aceitação e avaliação das experiências de vida do próprio grupo e ambiente, até suscitar a busca de experiências novas que ajudem a aprofundar os questionamentos religiosos e a busca de sentido;

o processo de formação sempre mais sistemática e explicitamente cristã;

o associacionismo entre os grupos para crescer na capacidade de criar agregação, crescer na solidariedade, produzir e difundir uma própria cultura em diálogo e confronto com outras culturas presentes no território, participar na vida civil a serviço da juventude.


º As atividades


A atividade é o momento específico do Oratório-Centro Juvenil, como as horas de ensino são-no para o campo escolar.

A atividade é também o nexo de comunicação entre o grupo e a “grande massa”. O grupo prepara, propõe, garante a permanência e a progressividade; a massa participa, enriquece-se, amadurece.


Procuramos em cada atividade:

responder a uma necessidade da vida dos jovens, descobrindo e desenvolvendo as suas possibilidades educativas intrínsecas;

estabelecer objetivos formativos segundo o PEPS do Oratório-Centro Juvenil, privilegiando as de maior conteúdo e riqueza;

coordená-la e abri-la aos outros ambientes e realidades do território para não perder a visão de conjunto.


Entre as atividades mais recorrentes no Oratório-Centro Juvenil são a diversão e o esporte, tanto espontâneo como organizado; a música e o teatro, os acampamentos e o turismo juvenil, os campos escolares ou de trabalho, etc.

É importante que todas as atividades sejam inseridas no conjunto da vida do Oratório-Centro Juvenil, sejam coordenadas e favoreçam momentos e encontros comuns.


º Experiências de serviço e solidariedade


Acreditamos que as possibilidades do Oratório-Centro Juvenil alargam-se na prestação de serviços sugeridos pelo amadurecimento dos jovens e pelos problemas do território: assistência escolar, orientação vocacional ou profissional, cursos noturnos, consultórios, iniciativas sociais ao serviço do território, etc.

Esses serviços respondem

às necessidades dos mais carentes,

à inspiração evangélica e especificidade salesiana nos conteúdos e modalidades de intervenção,

às possibilidades concretas do pessoal.



Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


FLORIS F.-DELPIANO M., L’Oratorio dei giovani. Una proposta di animazione, LDC, Leumann (Turim), 1992.


VECCHI J. (a cura di) voz Oratorio em ISTITUTO DI TEOLOGIA PASTORAL, Dizionario di Pastorale Giovanile, LDC, Roma 1989, pp. 615-621.




4. ESCOLAS E CENTROS PROFISSIONAIS SALESIANOS


1. ORIGINALIDADE DAS ESCOLAS E CENTROS PROFISSIONAIS SALESIANOS


1.1. Os salesianos na escola


A escola salesiana nasce no Oratório de Valdocco para responder às necessidades concretas dos jovens e insere-se num projeto global de educação e evangelização dos jovens, sobretudo os mais carentes.


O setor escola desenvolveu-se muito na Congregação como resposta às exigências dos mesmos jovens, da sociedade e da Igreja até tornar-se um movimento de educadores solidamente confirmado no fonte escolar.


Consideramos a escola como uma mediação cultural privilegiada de educação em que se pode dar uma resposta sistemática às necessidades da idade evolutiva; como uma instituição determinante na formação da personalidade, porque transmite uma concepção do mundo, do homem e da história (cf. SC 8); e como uma das formas mais importantes de promoção humana e de prevenção da marginalização.


Reconhecemos o valor fundamental da escola como ambiente onde o Evangelho ilumina a cultura e se dá uma eficaz integração entre o processo educativo e o processo de evangelização. Essa integração constitui-a como alternativa importante no atual pluralismo da sociedade.


Inserimo-nos no movimento que educa e evangeliza através da escola, contribuindo com o patrimônio pedagógico herdado de São João Bosco e acrescido da tradição posterior (cf. CG21, 130).


Nesse trabalho, a atual realidade sócio-política e cultural, as novas orientações de renovação escolar nos diversos Estados e a própria realidade interna das escolas, com um entrelaçamento de muitos e às vezes divergentes elementos legais, financeiros, de trabalho, didáticos, etc., apresentam novas e complexas dificuldades e desafios aos quais procuramos responder com uma maior qualidade educativa, profissionalismo e significatividade, fiéis à nossa identidade carismática.


1.2. Os Salesianos nos Centros Profissionais


Assim como as escolas, os CP nascem no oratório de Valdocco: Dom Bosco em sua opção educativo-pastoral pelos jovens em dificuldade, tem uma grande preocupação pelo mundo do trabalho e seus problemas mais urgentes (imigração dos jovens à cidade, falta de preparação para o trabalho industrial, exploração, abandono…). De início, organiza no Oratório pequenas oficinas, que depois se transformarão nas Escolas de “artes e ofícios” e, com o P. Rua, nas Escolas Profissionais. Ao mesmo tempo ajuda os jovens na busca de trabalho, provendo-os de contratos de trabalho para evitar que sejam explorados. Esse serviço e preparação serão enriquecidos com a vocação e a presença do Salesiano Coadjutor.


A formação profissional torna-se patrimônio da Congregação Salesiana e uma das exigências mais sentidas na sociedade.


Como Dom Bosco, os Salesianos estão convencidos de que com esse tipo de trabalho ajudam os jovens dos ambientes populares não só a se prepararem e inserirem no mundo do trabalho, mas também em seu crescimento integral. Favorecem assim uma visão humana e evangélica do mundo do trabalho.


A nossa sociedade tecnológica, em contínuo progresso, apresenta-nos algumas dificuldades e desafios de índole técnica, financeira, legal e pedagógica, às quais devemos responder corajosamente com uma maior qualidade educativa, fiéis à nossa identidade carismática.



1.3. Aspectos fundamentais das escolas e dos CP salesianos


As Escolas e os CP salesianos são duas estruturas de formação sistemática com características próprias mas sempre em profundo relacionamento. Não há verdadeira escola que não encaminhe ao trabalho, nem há um verdadeiro CP salesiano que não tenha em consideração a assimilação sistemática da cultura.

Os principais aspectos característicos da escola e dos CP salesianos podem ser assim expressos:


1.3.1. É um centro educativo eficiente e qualificado


Oferece uma proposta educativo-cultural de qualidade,

privilegiando o aspecto educativo sobre o da simples instrução,

com atenção contínua e crítica aos fenômenos da cultura,

com uma organização pedagógica e metodológica que favoreça a interação educativa superando organizações didáticas repetitivas,

orientando cada jovem para o seu projeto de vida,

oferecendo uma visão humana e evangélica do trabalho,

com uma qualificação profissional em contínua atualização.


1.3.2. É um centro educativo inspirado nos valores evangélicos, que além da proposta de crescimento na fé


Tem uma clara identidade católica, expressa sobretudo no testemunho dos educadores, no projeto, no seu funcionamento interno e no confronto com outros projetos e instituições educativas (cf. SC 66).


Oferece uma proposta educativo-pastoral aberta aos valores dos ambientes multi-religiosos e multiculturais, que

organiza toda a sua atividade à luz da concepção cristã da realidade, da qual Cristo é o centro (cf. SC 33);

orienta os conteúdos culturais e a metodologia educativa segundo uma visão de homem, de mundo, de história inspirada no Evangelho (cf. SC 34);

promove a abertura e aprofundamento da experiência religiosa e transcendente;

repensa a “mensagem evangélica”, aceitando o impacto da linguagem e os interrogativos da cultura.


Favorece a constituição de uma comunidade de fé, que seja animadora do processo de evangelização (cf. SC 53).


Mantém-se em comunhão com a Igreja e atua criativamente as suas orientações.


1.3.3. É um centro educativo portador do espírito e da pedagogia salesiana


A escola e o CP salesianos atingem a sua finalidade com o estilo, o espírito e o método educativo de Dom Bosco (CG21, 131):

animados, orientados e coordenados pelo espírito oratoriano;

procuram criar uma família que educa, centrada nos jovens, que encontram neles a “sua casa” (C 40);

sublinham a personalização das relações educativas, fundadas na confiança, no diálogo, na alegria e na responsabilidade;

assumem a integridade da vida dos jovens, fazendo com que os educadores participem dos interesses juvenis, promovendo atividades de tempo livre como teatro, esporte, música, arte;

educam evangelizando e evangelizam educando, isto é, harmonizam, numa unidade inseparável, desenvolvimento humano e ideal cristão;

preparam para enfrentar dignamente a vida familiar, de trabalho, social, eclesial…


1.3.4. É um centro educativo com uma consciente função social


As nossas escolas e CP propõem-se a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e digna do homem:

promovendo a formação social sistemática de seus membros;

privilegiando a formação profissional dos jovens e o acompanhamento em sua inserção no mundo do trabalho;

tornando-se centros de animação e de serviços culturais e educativos para a melhoria do ambiente; privilegia os currículos, especializações e programas que respondam às necessidades dos jovens da zona (cf. CG21, 129,131);

atuando um estilo de proximidade e solidariedade através da disponibilidade das pessoas e locais, da oferta de serviços de promoção abertos a todos, da colaboração com outras instituições educativas e sociais;

promovendo modelos culturais alternativos: uma cultura centrada na vida, aberta à gratuidade e à comunhão; uma cultura que favoreça a abertura a Deus.


1.3.5. É um centro educativo popular


A escola salesiana seja popular pela localização, pela cultura e pelos rumos que privilegia, e pelos jovens que acolhe. Organize serviços úteis à população da região, como cursos de qualificação profissional e cultural, de alfabetização e recuperação, fundos para bolsas de estudo e outras iniciativas” (R 14). Por isso as nossas escolas e CP:

procuram localizar-se nas zonas mais populares e dão preferência aos jovens mais carentes;

são abertas a todas as classes sociais (CG21, 131);

excluem qualquer condição discriminatória e exigem apenas a disponibilidade aos valores propostos pelo PEPS;

privilegiam o critério da promoção de todos ao da seleção dos melhores;

procuram criar as condições “econômicas” que tornem possível a igualdade de oportunidades.


2. A CEP NAS ESCOLAS E NOS CP SALESIANOS


A realização do PEPS na escola e nos CP salesianos exige convergência de intenções e de convicções por parte de todos os seus membros (cf. SC 59), endereçando seus esforços à formação da CEP, que seja ao mesmo tempo sujeito e ambiente de educação.


2.1. Tarefas da CEP na escola e nos CP salesianos


Procura-se passar, nestes anos, do modelo institucional ao modelo comunitário de escola; da delegação educativa a algumas pessoas especialmente consagradas a isso (religiosos, professores…) ao empenho ativo de todos os que estejam interessados no fato educativo. A CEP é o novo sujeito da responsabilidade educativa.

As características e dinamismos gerais são apresentadas no capítulo sobre a CEP; desenvolvemos agora as características próprias da CEP das escolas e centros profissionais salesianos.


  • Cuidar da capacidade profissional educativa através de uma cuidadosa formação permanente:


A CEP da escola e dos CP deve harmonizar a necessária capacidade profissional e a formalidade da estrutura escolar com o caráter familiar típico do estilo salesiano.

Isso comporta:

promover entre todos os seus componentes a participação dos valores educativos expressos no PEPS; do consenso dos valores humanos de base proceder pelo caminho de confronto e aprofundamento, em vista de valores e objetivos mais explicitamente cristãos;

garantir que projeto e programação sejam elaborados, compartilhados e avaliados com a participação de todos;

cuidar do processo sistemático de formação permanente de todos os membros da CEP para atualizar suas competências educativas, didáticas e salesianas e desenvolver a sua vocação educativa e cristã;

garantir o bom funcionamento dos diversos organismos, determinando as tarefas específicas e o espaço das intervenções de decisões dos diversos componentes da comunidade educativa, preocupando-se com a avaliação e o respeito das diversas competências e funções.


  • Animar processos educativos sistemáticos, através


da estreita relação entre objetivos pastorais, educativos e didáticos;

da revisão constante da metodologia do ensino e do trabalho educativo;

da oferta de orientação profissional e pessoal de qualidade;

da revisão sistemática dos resultados educativos obtidos à luz dos objetivos previstos no PEPS.


  • Favorecer um estilo de relações segundo o Sistema Preventivo, que promova:


informação adequada e regular entre os diversos setores e níveis da CEP;

presença e assistência dos educadores entre os jovens, favorecendo a participação dos adultos nas atividades dos jovens;

relações inspiradas na confiança e no diálogo entre educador e jovem, direção e setores, serviços pedagógicos e utentes nas atividades docentes e educativas;

administração justa, eficiente, eficaz e sempre atenta às necessidades das pessoas.


  • Desenvolver uma relação específica com os pais e famílias dos jovens


favorecendo a sua colaboração na determinação do endereçamento educativo geral, no apoio econômico e material da escola e na avaliação da sua eficácia;

promovendo um processo sistemático de formação e de habilitação educativa;

garantindo momentos de diálogo e confronto entre eles e os demais membros da CEP.


  • Concretizar critérios e estratégias para enfrentar a complexidade de situações legais, econômicas, de relação com o Estado, etc. … que podem condicionar a realização do projeto educativo pastoral salesiano.


  • Inserir-se ativamente no diálogo cultural, educativo e profissional existente no território e na Igreja local:

procurando ser sempre propositivo;

garantindo o contato sistemático com o mundo empresarial para facilitar a inserção adequada dos jovens no mundo do trabalho e um acompanhamento educativo deles.


2.2. Estruturas de participação e responsabilidade


As estruturas visam criar as condições para uma sempre maior comunhão, participação e colaboração entre os diversos componentes da CEP ao serviço da formação cultural e profissional, humana e cristã dos jovens.

As estruturas variam segundo os Países e suas diversas legislações escolares; aqui, portanto, podemos apenas acenar a alguns elementos fundamentais que não devem ser descuidados.


2.2.1. Responsabilidades pessoais


º O diretor da comunidade salesiana é o primeiro responsável da CEP, princípio de unidade e garante da identidade salesiana (CG24, 172);

º O dirigente educativo e didático orienta e coordena a ação educativa segundo o PEPS, segue o desenvolvimento dos programas e projetos escolares e profissionais, coordena as diversas equipes de educadores;

º O coordenador da pastoral anima a ação evangelizadora cuidando da sua profunda integração no processo didático e educativo;

º Os diversos coordenadores de setor colaboram em diversos níveis no desenvolvimento da ação didática, educativa e evangelizadora.


2.2.2. Órgãos de participação:


exprimem a afinidade das experiências, a complementaridade das perspectivas, a participação das deliberações e a superação da consulta individual.


º Conselho diretivo, que reúne os responsáveis últimos dos diversos setores para colaborar na direção do Centro e assume as tarefas e funções do Conselho da CEP (CG24, 160, 171);

º Conselho de Instituto, no qual são representados os docentes, pais, alunos e outros membros da CEP; colabora na animação e coordenação didática, educativa e pastoral;

º Equipe de Pastoral, que colabora com o Coordenador da pastoral na animação da ação evangelizadora de toda a CEP;

º Colégio dos docentes, ao qual compete a programação das orientações educativas e didáticas;

º Departamentos escolares, que cuidam de uma área, buscando a integração das respectivas contribuições e estudando juntos as programações e execução;

º Associações, como dos ex-alunos, pais, etc.


3. A PROPOSTA EDUCATIVA PASTORAL NAS ESCOLAS E CP SALESIANOS


A dimensão educativo-cultural organizada a partir da perspectiva da evangelização é o núcleo da proposta educativo-pastoral das escolas e dos CP. Eles:


º Formam o homem a partir de dentro, libertando-o dos condicionamentos que lhe poderiam impedir de viver plenamente a sua vocação, e habilitando-o a expandir suas capacidade criativas;


º Fundam a sua ação didática numa particular concepção da pessoa humana, que:

  • amadurece a consciência através da busca da verdade e da adesão interior a ela;

  • desenvolve a liberdade responsável e criativa através do conhecimento e da opção do bem;

  • cresce na capacidade de relação, solidariedade e comunhão com os homens, baseadas no reconhecimento da dignidade da pessoa;

  • habilita-se às responsabilidades históricas, fundadas no senso da justiça e da paz.


º Sublinham e desenvolvem o aspecto ético e religioso do homem, abrindo desse modo ao transcendente e dispondo a receber a mensagem original de Cristo.


º Realizam uma mediação cultural capaz de colocar em confronto as aspirações e as situações vividas hoje pelos jovens e as experiências da humanidade, expressas no patrimônio cultural.


º Propiciam um caminho de educação à fé através do testemunho comunitário e da diversidade de propostas.






3.1. Proposta educativo-cultural


3.1.1. Algumas prioridades


A escola salesiana e o CP centram a sua função cultural e educativa nas seguintes prioridades:


  • oferecer um saber (valores, significados, exigências) que torne os jovens conscientes dos problemas do mundo de hoje, em primeiro lugar dos de seu ambiente; sensíveis aos valores em jogo; e construtivamente críticos quanto as justificações e soluções que sãp projetadas;

  • formar algumas atitudes ou estruturas relativamente estáveis na personalidade dos jovens (auto-estima, socialização, participação, autonomia, solidariedade…), que lhes permitam agir como homens livres e os orientem para a compreensão crítica da realidade e a comunhão solidária com as pessoas, para a abertura ao transcendente;

  • ajudar os jovens a adquirirem as capacidades técnicas e profissionais que os tornem competentes e eficazes na ação;

  • habilitar os jovens à compreensão das diversas linguagens, ao uso dos meios e das formas de expressão em que se fundam a comunicação e a possibilidade de enriquecer-se com o processo cultural e de contribuir para o seu desenvolvimento.


3.1.3. Principais intervenções


a. O ambiente e o quotidiano

Para realizar o processo de humanização é preciso, sobretudo, qualificar as relações educativas e criar um ambiente favorável, fundado no bom senso das exigências, na valorização da vida quotidiana e na caridade como método educativo de acompanhamento e crescimento.

As experiências que tecem o quotidiano escolar são:

os deveres de estudo, pesquisa e trabalho;

o encontro com as pessoas e a participação nas iniciativas comuns;

a disciplina pessoal e aquela exigida pela organização escolar;

o respeito e o cuidado pelos instrumentos, equipamentos e locais onde a vida escolar se desenvolve;

o senso de pertença à CEP;

certas experiências de solidariedade e colaboração diante de situações de insatisfação, marginalização e injustiça.


b. As atividades didáticas e técnicas

Os conteúdos sistemáticos das diversas disciplinas são oferecidos como conhecimento a adquirir, verdade a descobrir, técnicas a dominar, interrogativos e valores a assimilar; para isso ajuda a clareza de conteúdos, a organização pedagógica, e sobretudo a concepção cultural que oferece.

Isso comporta:

reorganizar a massa de informações ao redor de determinados núcleos, para que surjam as questões fundamentais que a ciência e a cultura procuram resolver;

confrontar constantemente os conhecimentos adquiridos com a percepção que os jovens têm da realidade pessoal e social;

pôr em relevo o tipo de experiência humana que está por baixo das diversas disciplinas, ajudando os jovens a colher, apreciar e assimilar os valores humanos compreendidos nos fatos apresentados e aprofundados;

aceitar e fazer surgir as questões de sentido e levá-las ao limite da reflexão possível;

abrir à cultura universal, colocando em contato com as expressões dos diversos povos e com o patrimônio dos valores compartilhados pela humanidade.


c. O método didático e educativo

Escolhemos como método a personalização das propostas e a colaboração recíproca. Portanto:

. adotamos uma didática ativa, que desenvolva nos alunos a capacidade de descoberta e faça amadurecer hábitos de criatividade e de crescimento cultural autônomo;

. favorecemos a oportuna complementaridade e integração entre trabalho pessoal e trabalho de grupo;

. promovemos a interdisciplinariedade através da qual as diversas ciências oferecem contribuições complementares;

. avaliamos não só os resultados finais, mas sobretudo o processo de desenvolvimento humano em ato, a capacidade de aprender e de buscar em vista do crescimento cultural autônomo;

. servimo-nos o mais possível da linguagem total (palavra, imagem, som, audiovisual, expressão corporal, etc.) no interior do processo de interação comunicativa.


d. Atividades complementares, de integração e de apoio

A educação integral exige completar o programa escolar com outras atividades. A escola salesiana e os CP dão amplo espaço às atividades do tempo livre e de pátio (artísticas, recreativas, esportivas, culturais…), tendendo a tornar-se escola em tempo integral.


e. A capacidade profissional

Consideramos importante colocar na escola, e ainda mais nos CP, as raízes das quais se desenvolverá a capacidade profissional. Tudo deve levar ao desenvolvimento do próprio trabalho com competência crescente e com satisfação real, com o senso dos limites e no respeito pelo trabalho dos outros, na consciência da complementaridade no trabalho de conjunto e da sua importância pelo crescimento social.


f. A orientação

Tendemos, em todas as intervenções educativas, ao amadurecimento de um projeto realístico de si, orientado para os outros, que supere tudo aquilo que aliene o homem da sua vocação ou o reduza em suas dimensões, quanto:

à vida afetiva e sexual (estado de vida);

à colocação profissional (trabalho);

à opção sócio-política;

ao significado último e total da existência.

Ajuda nisso o serviço ou departamento de orientação psico-pedagógica e profissional.


3.2. Proposta evangelizadora


3.2.1. Algumas prioridades


  • A escola salesiana e os CP procuram ajudar o jovem a fazer uma síntese entre vida, fé e cultura. Propõem, por isso, um itinerário de abertura ao transcendente e de educação à fé que:

. toma os jovens na situação em que se encontram e empenha-se em apoiá-los e orientá-los na realização dos passos para a plenitude de humanidade que lhes seja possível;

. privilegia os últimos e os mais pobres com linguagem fácil e imediata, ambiente acolhedor e estilo de relações familiares;

. adapta-se ao passo de cada jovem cuidado sobretudo nos primeiros passos nas diversas áreas do caminho (cf. CG23, 102-111).


  • Para aqueles que são de outras religiões, oferecem uma proposta de acompanhamento no crescimento da religiosidade e em sua abertura ao transcendente.


  • E, para os que estão abertos à fé cristã, desenvolvem um itinerário de crescimento progressivo em direção a Cristo, homem perfeito, segundo as quatro áreas que o CG23 nos propõe;

. para a maturidade humana;

. para o encontro autêntico com Jesus Cristo;

. para a intensa participação eclesial;

. para o empenho pelo Reino (cf. CG23, 112-116).


3.2.2. Principais intervenções


a. Testemunho cristão e salesiano da comunidade educativo-pastoral:

Propomo-nos a “dar vida ao ambiente comunitário escolar permeado de espírito evangélico de amor fraterno e liberdade”, no qual, antes ainda de ter dele uma noção clara, o aluno possa fazer experiência da própria dignidade, e tornar-se interlocutor de Deus (cf. SC 55), porque percebe a sua presença e ação através do testemunho e dos sinais cristãos.


b. Evangelização do saber, da técnica e da ação educativa:

A escola salesiana e os CP procuram estabelecer diálogo vital e integração entre saber, educação e Evangelho. Na disparidade de concepções e perspectivas, na diversidade de religiões, apresenta a referência a Cristo e ao seu evangelho como critério de avaliação para discernir os valores que orientam a pessoa humana para uma vida plena.

Por isso:

. ajudam a descobrir a profunda coerência entre a fé e os valores perseguidos pela cultura;

. relevam a função do Evangelho na cultura (elevar as expressões autênticas, regenerar e transformar os aspectos menos humanos) e o valor da cultura em relação ao Evangelho (encarnar a mensagem evangélica e ajudar a sua compreensão mais profunda);

. ajudam a entender a realidade do trabalho e da técnica segundo os valores do Evangelho;

. procuram desenvolver a cultura como capacidade de comunhão, serviço e responsabilidade pelos outros, e não como meio de afirmação e enriquecimento (cf. SC 56);

. habilitam a atitudes que predisponham os jovens à compreensão vital e à resposta favorável ao Evangelho.


c. Ensino religioso:

O ensino religioso entra normalmente nos programas escolares; considerado como elemento fundamental da ação educativa ele:

. ajuda os jovens a descobrirem a dimensão religiosa da realidade humana, a buscar o sentido último da vida e a orientar-se para uma opção consciente e livre da vida com empenho e coerência;

. oferece a visão positiva e aberta da doutrina cristã que facilita o anúncio explícito;

. promove o diálogo crítico e positivo com as demais áreas do conhecimento e com as outras religiões;

. desperta o desejo de uma educação ulterior à fé no seio da comunidade cristã.


d. Atividades complementares e propostas livres:

º Atividades oferecidas a todos; atividades de anúncio, de orientação e proposta que procuram semear os valores evangélicos em todos os jovens;

. breves encontros diários predispostos para a totalidade ou para grupos (“bom dia”, etc.);

. atividades propostas nos tempos fortes do ano litúrgico e na preparação aos sacramentos (com as celebrações, etc.);

. encontros e jornadas de reflexão.


º Propostas para os que desejam aprofundar:

. preparação aos sacramentos;

. jornadas de reflexão;

. celebrações litúrgicas com grupos especiais, etc.


e. Associacionismo

A escola e os CP salesianos dão espaço, favorecem e acompanham os diversos grupos (de estudo e busca, culturais, recreativos, artísticos, de serviço comunitário, voluntariado, crescimento cristão, orientação vocacional, empenho cristão, etc.) encontrando neles uma mediação privilegiada de educação e evangelização.


f. Discernimento vocacional:

Conforme o nível de fé e de idade, a escola ajuda a discernir os sinais do chamado de Deus a um determinado estado de vida cristã. É importante cuidar do jovens animadores e voluntários.

Embora todos os educadores estejam disponíveis ao colóquio pessoal, haverá algumas pessoas mais disponíveis ao diálogo; também aqueles que prestam um serviço de orientação psicológica ajudarão nisso.



Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE SALESIANA – NANNI C. (ed.), Scuola salesiana e profezia in Europa… Atti del Convegno Europeo della Scuola salesiana, Editrice SDB, Roma 1996.

L’opera scolastica salesiana, pp. 7-14. Documenti conclusivi, pp. 163-170.


VAN LOOY L.-MALIZIA G., Formazione professionale salesiana: Memoria e attualità per un confronto. Indagine di campo, Roma, LAS, 1997.

Assinala-se, particularmente:

Parte Prima:

Cap. 1: PRELLEZO J.M (ed), Dai Laboratori di Valdocco alle Scuole Tecnico-Professionali Salesiane. Un impegno educativo verso la gioventù operaia, o. c., pp. 19-51.

Cap. 2: MALIZIA G.-SARTIS S.-PIERONI V., Il quadro teorico e l’indagine sul campo, o. c., pp. 53-92.

Parte Terza:

Cap. 7: SARTI S., Il Sondaggio in Africa e Madagascar, o. c., pp. 217-236.

Cap. 9: PURAYIDATHIL T., Il Sondaggio sull’Asia/Australia, o. c., pp. 237-259.

Cap. 10: MALIZIA G.-PIERONI V., Il Sondaggio sull’Europa, o. c., pp. 261-279.

Parte Quarta:

Cap. 11: VAN LOOY L., Un bilancio in prospettiva di futuro, o. c., pp. 283-340.


ZANNI N., Educazione tecnica. Formazione professionale, In FSE/UPS, Dizionario di Scienze dell’Educazione, LDC/LAS/SEI, Turim 1996, pp. 368-369; 438-440.


III – A PARÓQUIA CONFIADA AOS SALESIANOS


1. ORIGINALIDADE DA PARÓQUIA SALESIANA


O ardor apostólico de Dom Bosco, sempre vivo no coração dos Salesianos, o renovado aspecto da paróquia como última localização da Igreja e as necessidades pastorais das Igrejas locais levaram a Congregação a abrir-se com largueza ao ministério paroquial. A paróquia, nas Constituições, é indicada explicitamente entre as várias presenças nas quais realizamos a nossa missão, “como resposta às necessidades pastorais das Igrejas particulares nas regiões que oferecem conveniente campo de serviço à juventude e às classes populares” (R 15; cf. C 42). O trabalho dos Salesianos no campo paroquial exprime-se nas paróquias confiadas à Congregação e nas paróquias missionárias.


1.1. A paróquia, presença da Igreja no território


O Concílio Vaticano II apresenta a Igreja como:


Sinal e instrumento de comunhão, convocada e reunida por iniciativa do Espírito, unida pela fé em Jesus Cristo e pelos Sacramentos, participa do dom da vida trinitária e do serviço na vida comunitária;

serviço, fermento do Reino na história humana, é enviada ao mundo para anunciar Jesus Cristo como salvação e torná-lo presente com as palavras e as obras;

enriquecida dos dons do Espírito, enquanto seus membros, pessoas e grupos, são enriquecidos pelo Espírito Santo com vocações, carismas e ministérios diversos e complementares, todos a serviço do crescimento do Corpo de Cristo na história e pela sua história no mundo (cf. CG24, 61-68).


A paróquia, expressão visível dessa Igreja, apresenta-se com algumas características.


. caráter diocesano: célula da Igreja local, presidida pelos presbíteros em nome do Bispo, em comunhão com as demais paróquias;

. territorialidade: torna presente a igreja num determinado território;

. globalidade da sua missão: acompanha os fiéis na educação e crescimento da fé ao longo de toda a sua existência;

. caráter comunitário: é a comunhão de diversas comunidades, que se exprime e realiza de modo especial na Eucaristia dominical;

. abertura: acolhe todo o povo de Deus só pelo fato de ser batizado;

. missionária: é aberta à evangelização dos distantes e colabora com o anúncio do Evangelho “ad gentes”.


1.2. A paróquia salesiana, presença da Igreja no território, com o carisma salesiano


A Congregação com o seu carisma juvenil e popular leva à Igreja local um estilo característico de paróquia. Os documentos do CG XX e do CG XXI concentram essa colaboração em alguns traços:

. animada por uma comunidade religiosa, empenhada na construção da comunidade cristã próxima, acolhedora, disponível, que seja sujeito e ambiente de crescimento humano e cristão;

. com a opção preferencial dos jovens e do ambiente popular, como opção e dinâmica presentes em todas as manifestações da comunidade paroquial;

. localizada num ambiente popular com adequado campo de serviço (R 25; CG21, 141; 407);

. e um estilo característico de projeto pastoral que evangeliza educando e educa evangelizando, segundo a própria espiritualidade e modalidade pedagógica (Sistema Preventivo) (cf. R 26).






2. A PARÓQUIA-COMUNIDADE (A CEP DA PARÓQUIA)


Quando os Salesianos são chamados pelo Bispo à cura pastoral de uma região (…), assumem, diante da Igreja, o exaltante empenho de construir – em plena co-responsabilidade com os leigos – uma comunidade de irmãos, reunidos na caridade, para a escuta da Palavra, a celebração da Ceia do Senhor e o anúncio da mensagem de salvação” (CG20, 416).

A co-responsabilidade comunitária e a construção da comunidade é também uma das características fundamentais da Pastoral Salesiana, (cf. C 35; 44; 47).


2.1. Alguns critérios


º Viver a Paróquia como casa de encontro e diálogo, mais do que como estrutura de serviços religiosos.


º Pensar em sua organização, promovendo a co-responsabilidade de todos os que acolheram a fé, ao serviço dos quais se colocam os ministérios.


º Realizar as diversas iniciativas buscando a comunhão das pessoas.


º Viver essa comunhão presentes no mundo, como sinal e fermento para a comunidade humana.


2.2. Processo da opção comunitária


º A experiência e o testemunho de vida fraterna da comunidade religiosa salesiana, como sinal significativo do Evangelho, é uma força extraordinária para a construção da comunidade paroquial.


º A comunidade salesiana, como núcleo animador da comunidade cristã paroquial: construir, estimular, tornar visível a comunidade dos fiéis no anúncio da Palavra, na celebração dos Sacramentos e no serviço à fraternidade. É fundamental, no esforço de animação da comunidade cristã, a formação dos leigos, até fazer da paróquia um centro de formação cristã dos leigos.


º A articulação da comunidade paroquial em grupos e comunidades menores nas quais se realize maior comunicação, empenho mais intenso, participação mais real e relação visível entre todos os grupos e a comunidade. Nesse sentido, promover o associacionismo eclesial com especial atenção à Família Salesiana e ao Movimento Juvenil Salesiano.


º Programação e realização comunitária da missão, através:

de um projeto pastoral unitário e orgânico (projeto paroquial);

elaborado, realizado e revisto com a participação ativa de todos, através dos conselhos e Assembléias.


º Abertura a todos e inserção no território para potenciar a comunhão na comunidade humana da região.


2.3. Responsabilidades e Estruturas


2.3.1. Alguns critérios


º Unidade orgânica da pastoral paroquial

A paróquia acolhe o Povo de Deus com a sua variegada riqueza de vocações, carismas e ministérios e promove o desenvolvimento e a comunhão de todos eles a serviço da missão.

A paróquia salesiana enriquece essa comunhão com a contribuição do próprio carisma. A Espiritualidade Juvenil Salesiana e o Sistema Preventivo de Dom Bosco devem orientar e caracterizar a convergência dos diversos carismas e serviços presentes nela.


º Comunidade co-responsável

As estruturas devem facilitar e promover a participação co-responsável de todos os fiéis na missão comum, expressa no Projeto pastoral.

Devem também potenciar a comunhão operativa de todos e a convergência e complementaridade das pessoas, intervenções e estruturas ao redor do projeto pastoral compartilhado.


º Unidade do projeto salesiano no território e na Igreja local

A paróquia salesiana, quando está presente no território ao lado de outras obras salesianas (Oratório-Centro Juvenil, Escola, Pensionato, etc.), promove com ela uma especial participação, colaboração e diálogo para realizar juntos uma pastoral unitária que desenvolva a única missão salesiana no território.


º Abertura à Igreja local e à Inspetoria

A paróquia salesiana vive a sua presença e a sua ação pastoral na Igreja a partir do próprio carisma. O serviço paroquial ajuda os Salesianos a experimentarem com maior intensidade a pertença e a ligação com a Igreja local; mas oferece, ao mesmo tempo, uma colaboração específica, enriquecida pela especificidade do carisma salesiano e da predileção pelos jovens.

A paróquia salesiana deve referir-se, por isso, tanto às linhas pastorais da diocese como ao PEPS da Inspetoria.


2.3.2. Principais responsáveis e estruturas


a. A comunidade religiosa salesiana, como núcleo animador da missão salesiana no lugar, em todas as suas expressões.

“A Paróquia salesiana tem como responsável e animadora a comunidade religiosa” (CG21, 138). Reconhecendo, pois, a responsabilidade que o Código de Direito Canônico confere ao pároco, ela:

assume as linhas da pastoral diocesana inserindo nelas a riqueza do próprio carisma pastoral;

promove a elaboração e atuação do PEPS na paróquia;

faz-se responsável, com o Pároco, da formação e animação espiritual dos fiéis e dos leigos com missão pastoral;

orienta os membros da Família Salesiana, particularmente os Cooperadores, para serem os primeiros colaboradores do Pároco.


b. O Diretor da comunidade salesiana tem uma responsabilidade específica, enquanto primeiro responsável das atividades apostólicas da comunidade: preocupa-se com a unidade e a identidade salesiana da comunidade e estimula a co-responsabilidade dos irmãos na realização do Projeto pastoral paroquial (R 29). Por isso é membro do Conselho pastoral da paróquia.


d. O Pároco é o responsável imediato da missão paroquial confiada pelo Bispo à Congregação Salesiana. Ele

representa o bispo para o seu povo, mas ao mesmo tempo representa a Congregação;

cuida da formação da comunidade paroquial, preside-a e assume a sua responsabilidade direta;

promove as características salesianas no projeto pastoral da paróquia, em comunhão com a comunidade salesiana.


d. O Conselho pastoral, sinal expressivo da comunhão e participação na paróquia, assume de acordo com os tarefas prescritas pelo Código de Direito Canônico e pelas orientações da Igreja local, a função que o CG24 confere ao Conselho da CEP e da obra (CG24, 160; 171).


e. Outras comissões e conselhos que animam, segundo o PEPS paroquial, as diversas áreas de atividades; tem uma importância particular a comissão ou equipe animadora da Pastoral Juvenil, coordenada normalmente pelo vigário paroquial, diretor do Oratório-Centro Juvenil (CG20, 432).


f. A Assembléia Paroquial, expressão do sentido de comunidade cristã e co-responsabilidade, realiza a CEP em âmbito paroquial.




3. A PROPOSTA EDUCATIVO-PASTORAL DA PARÓQUIA SALESIANA


3.1. A Paróquia Salesiana: centro de evangelização e de educação à fé


Desenvolver uma pastoral de evangelização quer dizer dar à paróquia um impulso missionário, não contentando-se com a simples acolhida e celebração dos sacramentos, e fazendo dela um centro irradiante do Evangelho.


3.1.1. O seu significado


A Paróquia salesiana, no esforço de evangelizar uma região assume, um critério e inspira-se numa opção fundamental: a fusão existencial entre “evangelização – promoção – educação”; anuncia o Evangelho e apresenta a pessoa de Jesus a partir do interior do homem e do interior dos problemas humanos, como elemento de transformação e mudança das situações menos humanas à plenitude do homem em Deus. Essa opção fundamental é atuada através do projeto (PEPS) que se torna instrumento operativo da paróquia.


3.1.2. Traços que qualificam a evangelização da paróquia salesiana:


A Paróquia salesiana:

º Favorece o processo de humanização e de promoção das pessoas e do ambiente;

compartilha as preocupações e aspirações do povo e ilumina de modo cristão os assuntos temporais e a vida quotidiana da comunidade e do bairro;

estabelece diálogo e colaboração estreita com as realidades e instituições educativas presentes no território;

tem uma preocupação especial pelo anúncio do Evangelho aos distantes;

promove a formação cristã da consciência e desenvolve na comunidade cristã uma atitude de solidariedade e de empenho diante das situações de pobreza e marginalização.


º Oferece uma proposta de catequese:

continuada e sistemática, com um itinerário de educação à fé, segundo os diversos níveis, mas cuidando sobretudo da catequese dos jovens e dos adultos (cf. CG23, 116-157);

encarnada, procurando iluminar com o Evangelho as diversas situações da vida (profissão, família, vida social, política, etc.);

iniciadora das famílias na educação cristã dos filhos, a partir da catequese batismal.


º Promove uma vida litúrgica e sacramental que abra e a profunde o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo:

preocupando-se com o processo de educação à oração e à celebração cristã;

com atenção especial aos elementos que favorecem a verdadeira experiência de Deus;

centrada na Eucaristia e na Penitência;

favorecendo a participação plena dos fiéis;

assumindo a vida da comunidade humana e a sensibilidade juvenil.


º Desenvolve os valores da Espiritualidade Salesiana ressaltando a sua dimensão laical e juvenil (CG23, 158-161; CG24, 89-100).


º Preocupa-se com a orientação vocacional dos fiéis, especialmente dos jovens:

orientando e acompanhando o desenvolvimento da vida cristã, com uma atenção especial à qualificação das famílias e dos pais como educadores dos filhos;

apresentando a todos as diversas vocações na Igreja, com um aceno especial à vocação salesiana;

acompanhando com cuidado especial os animadores e responsáveis das associações e movimentos, os jovens adultos e os que se preparam ao matrimônio… no caminho do próprio amadurecimento vocacional;

fazendo a proposta vocacional específica aos jovens mais disponíveis à vida religiosa e sacerdotal e ao ministério leigo.


º Promove a formação da comunidade cristã através:

de uma proposta associativa a todos os fiéis, especialmente aos jovens,

com pluralidade de ofertas,

facilitando o seu protagonismo

e a qualidade da vida de grupo e a abertura ao território.


3.2. A Paróquia como opção prioritária dos jovens


A Paróquia exprime a totalidade do povo de Deus, que vive num território. Levando em consideração uma comunidade plena de pessoas interdependentes em seu crescimento humano e cristão, a Paróquia salesiana faz a opção prioritária dos jovens, especialmente dos mais pobres.


3.2.1. O seu significado


A preferência pelos jovens é, primeiramente, uma ótica e uma perspectiva que interessa toda a comunidade paroquial e a sua pastoral, e se exprime depois em diversas iniciativas setoriais:


º pastoral que escolhe a linha educativa preocupando-se, em todas as atividades e programas com o amadurecimento integral da pessoa;


º pastoral que promove uma atitude de atenção, aproximação e integração com o mundo dos jovens;


º pastoral que abre espaços à participação ativa dos jovens e favorece o encontro e o diálogo deles com os adultos.


3.2.2. Perspectivas


º Desenvolver na comunidade cristã paroquial uma atenção especial pelo mundo dos jovens, uma atitude positiva e de interesse e um maior conhecimento de seus problemas concretos de vida.


º Fazer da paróquia lugar de encontro e diálogo entre as gerações e ponto de referência para a questão religiosa e a busca de sentido.


º Oferecer aos jovens uma proposta de educação à fé verdadeiramente missionária

que privilegie os mais pobres e distantes;

adequada ao passo de cada jovem;

realizada em comunidade;

em vista da descoberta da própria vocação e da maturidade cristã (cf. CG23, 102-111).


3.2.3. Linhas de intervenção


Quais os recursos a serem ativados numa paróquia salesiana para aproximar-se desses objetivos? Em qual direção orientar os esforços? Quais os elementos a promover e desenvolver?


º Uma comunidade salesiana com vocação juvenil: a paróquia salesiana não é uma retirada do mundo juvenil, mas uma outra forma de estar presente entre os jovens. Viver essa realidade supõe nos SDB da comunidade paroquial:

presença positiva e cordial no mundo juvenil;

aprofundamento sistemático com preocupação pastoral da realidade juvenil;

vontade e capacidade de acolhida e diálogo em encontros ocasionais e sistemáticos.


º Uma comunidade paroquial com capacidade de abrir-se aos jovens e de educá-los, o que implica:

favorecer o clima de alegria e otimismo;

desenvolver a formação cristã sistemática dos adultos para que possam ser modelos de referência para os jovens;

oferecer espaços, momentos e iniciativas de encontro e diálogo entre jovens e adultos;

ter uma atenção especial pelos jovens adultos e promover a formação e co-responsabilidade deles na vida paroquial;

motivar, apoiar e capacitar para a missão educativa os pais e outros educadores da comunidade.


º Um ambiente juvenil de educação e evangelização: o Oratório-Centro Juvenil (cf. R 26):

como lugar de acolhida com um programa formativo concreto (cf. Ambiente Oratório-Centro Juvenil);

como lugar de irradiação para o território com iniciativas missionárias de busca, encontro e diálogo com os distantes;

articulado organicamente com a Pastoral paroquial.


º Grupos e movimentos eclesiais e comunidades juvenis, sobretudo a oferta do MJS com:

pluralidade de propostas no interior do PEPS;

preocupação formativa e evangelizadora;

atenção especial aos animadores.


º Abertura ao território e às suas diversas propostas de educação e evangelização (escolas, grandes convocações juvenis, projetos sociais…) e aos novos espaços juvenis, colaborando com outras instituições educativas e sociais.



Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


SCABINI P. (ed), Parrocchia, in ISTITUTO DI TEOLOGIA PASTORALE – UPS, Dizionario di Pastorale Giovanile, o. c., pp. 654-667.


VIGANÒ E., La Parrocchia Salesiana come collaborazione alla pastorale della Chiesa particolare con la ricchezza di una vocazione specifica, in: La Parrocchia come collaborazione alla pastorale della Chiesa particolare con la ricchezza di una vocazione specifica. Atti Convegno dei Parroci (Roma-Pisana, 14-18 de outrubro de 1981; Como-Salesianum, 20-24 de outubro de 1991), Roma 1991, pp. 119-296.










IV. PRESENÇAS SALESIANAS PARA JOVENS EM DIFICULDADE


1. ORIGINALIDADE DESSAS PRESENÇAS


1.1. A atenção especial pelos jovens em dificuldade, um constante compromisso salesiano


A opção pela juventude pobre, abandonada e em perigo esteve sempre no coração e na vida da Família Salesiana desde Dom Bosco até hoje.

Ela criou em todos os lugares uma grande variedade de respostas, estruturas e serviços para os jovens pobres, seguindo a opção educativa inspirada no critério preventivo.


A nova situação da nossa sociedade desafia-nos a respostas renovadas. A pobreza cresce sempre mais, a ponto de apresentar uma dimensão trágica, que atinge muitas pessoas e comunidades entre as quais muitíssimos jovens, até tornar-se estrutural e global. Podemos falar também de “novas pobrezas” e, portanto, de “novas formas de marginalização”, entre as quais nos preocupam particularmente aquelas que comprometem as possibilidades de crescimento dos jovens, as pobrezas juvenis que criam insatisfação em muitos deles e desvios em alguns.


Como salesianos não podemos, por vocação, ficar tranqüilos diante da situação que encontramos agora, não só no assim chamado Terceiro Mundo, mas em todas as partes, antes, ela nos impele e empenha a responder às situações mais urgentes dos jovens em dificuldade (CG21, 158; CG22, 6.72; CG23, 203-214). Essa resposta exprime-se:


  • em todas as nossas obras e presenças nas quais queremos enfrentar e prevenir essas situações e necessidades, através do estilo renovado de presença e acolhida de todos, do serviço educativo integral centrado na pessoa, sobretudo dos mais necessitados, da formação social e promoção da cultura de solidariedade, do empenho pela justiça e transformação da sociedade (cf. C 33);


  • em obras específicas no campo da insatisfação juvenil nas quais oferecemos aos jovens em dificuldade respostas concretas, dentro de um caminho de crescimento integral. Em todos os lugares dão-se respostas criativas conforme o contexto: obras para meninos que vivem nas ruas, obras de assistência aos emigrados, atenção aos jovens com problemas familiares, serviços de assistência a jovens encarcerados, obras no âmbito da dependência das drogas com formas de prevenção, acolhida e acompanhamento para a recuperação, serviços educativos alternativos para responder ao problema do abandono escolar, presenças de inserção em ambientes populares, variegados centros de promoção social, presenças em organismos de promoção humana…


1.2. Característica salesiana das obras e serviços para os jovens em dificuldade


Muitas dessas obras e serviços apresentam um modelo novo do ponto de vista pedagógico e salesiano, e exigem competência profissional, programas especializados, colaboração com outras instituições civis. Desenvolvem-se nessas obras também as melhores formas de participação laical e de voluntariado.

A realidade exige que explicitemos a identidade salesiana da nossa resposta e prevenção das diversas formas de insatisfação, e que partilhemos com os leigos essa especificidade, para construirmos juntos um projeto educativo salesiano.


São estes os elementos fundamentais dessa identidade:






1.2.1. Ambiente familiar animado pela comunidade


Os jovens em dificuldade, na maioria com problemas familiares, precisam de um ambiente de família onde possam encontrar as condições e o ambiente favorável para reestruturar e reorganizar adequadamente a própria vida, viver uma relação de diálogo espontâneo e educativo na autonomia e interdependência, para crescer juntos na solidariedade, reciprocidade e serviço mútuo.

Esse ambiente precisa de uma animação comunitária, em que a comunidade SDB é o núcleo animador de muitos outros educadores leigos no interior do projeto inspetorial.


1.2.2.Proposta educativa integral segundo a identidade cristã


Em determinadas obras e serviços não se procura apenas responder aos problemas e necessidades primárias dos destinatários, mas procura-se ajudá-los a desenvolverem todos recursos da pessoa, em vista da promoção humano-social, aberta à integridade.

Com essa ação de promoção humana anuncia-se e atua-se a Salvação, oferecendo em todos os elementos da obra uma imagem evangélica, e partilhando com os jovens de uma proposta e um caminho de fé na medida de suas possibilidades.


1.2.3.Opção da educação com o critério preventivo


A pobreza e a marginalização não são apenas um fenômeno puramente econômico, mas “uma realidade que toca a consciência das pessoas e desafia a mentalidade da sociedade. A educação é, pois, um elemento fundamental para a sua prevenção e superação, e é também a contribuição mais específica e original que podemos dar como Salesianos” (Carta do Reitor-Mor J. E. VECCHI, Teve compaixão deles, o. c., p. 29).

Educamos a partir da convicção e das motivações pessoais, com amabilidade e relação pessoal de acolhida e diálogo, acolhida e aceitação incondicional que despertam a autoestima e a consciência da própria dignidade e valor.

Um aspecto muito importante nessas obras e serviços é o critério da preventividade, que tenta evitar a deterioração da situação negativa e do desvio, fazendo as pessoas capazes de autonomia e gestão responsável da própria vida, e de transformar as situações sociais que estão à raiz da marginalização.

Conforme o tipo de jovens que vivem nessas obras, alguns precisam de intervenções diretas de recuperação ou de reeducação. Sabemos que a intervenção na recuperação não é o nosso campo específico, mas “a força educativa do Sistema Preventivo é demonstrada também na capacidade de recuperação de jovens degredados que conservam alguns recursos de bondade” (CG22, 72); Dom Bosco apresenta o seu sistema como o mais adequado à reeducação dos jovens, tocados pela delinqüência ou, em todo caso, gravemente marginalizados.


1.2.4. Com meios pobres, abertos à colaboração e ligação com outras obras e instituições similares


Não se trabalha apenas pelos jovens pobres, mas se trabalha em solidariedade e comunhão com eles. Revela-se espiritualidade da pobreza e, sem deixar de lado o esforço de buscar com criatividade os recursos econômicos necessários, vive-se a confiança na Providência e a fé na eficácia dos meios pobres, fazendo com que a primeira preocupação sejam os jovens e a sua educação.

Essa atitude torna-nos disponíveis a uma mais intensa colaboração e ligação com tantas outras instituições similares da Igreja e da sociedade que atuam no território.









2. A COMUNIDADE EDUCATIVA PASTORAL DESSAS OBRAS


Dom Bosco quer oferecer com o Oratório aos jovens abandonados uma verdadeira família onde possam desenvolver-se e preparar-se para a vida; considera, por isso, tão importante a comunidade.

Em todas as nossas presenças, mas sobretudo nestas, deve-se superar “aquela forma excessivamente individual de agir com que algumas dessas obras eram consideradas como herança de alguns irmãos, que talvez tinham tido o mérito de desejá-las e iniciá-las” e caminhar para “uma maior integração das iniciativas e dos irmãos no projeto inspetorial” (VECCHI J., Teve compaixão deles, o. c., p. 19).



2.1. Características da CEP nas obras no campo da insatisfação juvenil


A CEP nessas obras, em sua configuração e crescimento, favorece a vida familiar através:


  • da organização e vida muito familiar: que todos, a começar dos educadores, tenham qualidades humanas, isto é, contato com os jovens, aproximação, familiaridade, presença, assistência, carinho…


  • de uma clara identidade da nossa originalidade e proposta da parte de todos os animadores, especialmente dos leigos, o que exige:

aprofundar continuamente as motivações que orientam as opções e renovar os valores do Sistema Preventivo, que os inspiram;

ter a preparação necessária para o desenvolvimento do projeto com verdadeira capacidade profissional;

cuidar do profundo conhecimento da realidade juvenil no mundo da marginalização, da cultura que existe em seu interior e ao redor (no território);

aprofundar o estudo do Sistema Preventivo para atualizá-lo nas situações quotidianas;

promover a formação continuada na dimensão social da caridade e no modo de atuá-la nessa obra (CG23 209-214), e na espiritualidade da pobreza.


  • O envolvimento e protagonismo de todos, especialmente dos jovens. Essa experiência será uma escola para eles, no sentido de se tornarem educadores dos próprios jovens, tanto no processo, como na saída do mesmo, assumindo o serviço de educadores na mesma obra ou em uma outra.


  • Uma clara definição das tarefas e responsabilidades dos diversos organismos e funções no interior da obra, cuidando de sua colaboração e complementaridade; e clareza na definição e gestão dos programas e do financiamento perante outras instituições civis ou eclesiais às quais se deve fazer referência.


2.2. Alguns critérios práticos a serem levados em consideração nessas CEP:


  • A existência da CEP, mesmo pequena e flexível, segundo os critérios aprovados pelo Inspetor e o seu Conselho:


  • A elaboração e realização do PEPS com a participação de todos, segundo as linhas do PEPS inspetorial;


  • O relacionamento – inter-relação de comunicação e ajuda com as outras obras da Inspetoria, desenvolvendo a complementaridade de propostas e intervenções;


  • A ligação e inter-relação sistemática com as famílias, o território e suas instituições, com os especialistas–profissionais e os voluntários, com outras instituições ou associações que trabalham no mesmo campo, promovendo ao mesmo tempo a autonomia e a interdependência.


3. A PROPOSTA EDUCATIVO-PASTORAL NESSAS OBRAS


Características da nossa proposta educativo-pastoral nessas obras:


3.1.1.Trata-se de uma proposta integral e orgânica:


Partindo da atitude de aproximação e acolhida gratuita dos jovens em dificuldade, suscitar um processo educativo que desenvolva o melhor que eles trazem dentro de si, seus recursos intensamente humanos, e por isso, coincidentes com os valores evangélicos, ajuda-os a integrar-se positivamente no próprio ambiente social e prepara-os ao encontro com Jesus Cristo (CG23, 291-292).

Essa proposta realizada de muitas maneiras e em tempos diversos, conforme as exigências de cada jovem, oferece respostas específicas e muitas vezes rápidas às suas dificuldades e necessidades.

O testemunho dos educadores e da comunidade educativa, o ambiente de acolhida e de família, a defesa e a promoção da dignidade pessoal, tornam-se anúncio de Cristo e da sua mensagem de salvação e uma oferta de libertação e plenitude de vida.


3.1.2.Com um estilo educativo preventivo


A nossa proposta educativa, embora dê assistência e proteção social, não fica só na ajuda material oferecida (enfrentar uma emergência, resolver um problema contingente…), mas vai às raízes da situação, encontrando as verdadeiras causas, para que as intervenções possam transformar também essas raízes.

A prevenção, portanto, não é só método para aliviar a insatisfação, ou para prevenir os efeitos que possam aparecer novamente, ou a atenção para não contagiar os outros; vai além, sendo qualidade interna da mesma educação que oferecemos.

É uma prevenção sistemática na rede social: sobre os indivíduos, a sociedade, as instituições, sobre seus processos, interações dentro nas quais se dão esses fenômenos; influi no nível estritamente educativo (cada pessoa), no nível cultural (amadurecimento de uma nova mentalidade social), e no nível político (exercício do poder para o bem comum).

Com intervenções qualificadas de recuperação se for o caso.


3.1.3.Animada com paciência, gradualidade e profissionalismo


A situação pessoal dos jovens que chegam a essas obras e o nosso estilo preventivo fazem com que a realização da proposta seja levada adiante por parte dos educadores:

  • com esperança e otimismo realista, que nascem do carinho dos educadores, manifestam a nossa fé na educação e a nossa convicção na força humanizante da graça de Cristo;

  • com a gradualidade que provém do processo educativo, sabe encontrar a cada um lá onde ele se encontra, estimular ao crescimento pessoal e comunitário segundo um itinerário proposto pelo PEPS da obra;

  • com profissionalismo, isto é, com educadores que não só possuam a identidade salesiana, mas também a preparação necessária para esse serviço.


3.1.4. Torna-se também uma proposta de transformação para o território e a realidade social


O trabalho educativo dessas obras, ao mesmo tempo em que prepara e ajuda os jovens para a inserção de empenho no território, deve promover também a transformação da mentalidade do ambiente e colaborar na transformação da realidade social. No interior da reflexão continuada sobre a realidade de pobreza–marginalização que nos rodeia, deve agir no ambiente em que o jovem vive, sobretudo na família, suscitando uma colaboração sistemática entre as diversas instituições e educadores presentes.






3.2. Aspectos importantes da nossa proposta


º Oferecer aos “jovens em dificuldade” uma caminho de crescimento integral em que possam enfrentar a insatisfação, desenvolver seus recursos positivos e tornar-se bons cristãos e honestos cidadãos; mais concretamente:


  • oferecer respostas às suas necessidades primárias, sobretudo de sobrevivência e segurança, para que possam sentir-se normais com a autoestima e superar atitudes de dependência,

  • promover a sua qualificação cultural e técnica para inserir-se com normalidade na vida de família, de trabalho, social e política,

  • ajudá-los a experimentar e assimilar pessoalmente os valores educativos e evangélicos de autonomia, liberdade, responsabilidade, amor, serviço, autodisciplina, tolerância, etc.,

  • ajudá-los a descobrir e experimentar a presença amorosa e paterna de Deus na própria vida, e acompanhá-los com paciência e confiança em sua progressiva abertura à fé cristã e em seu crescimento.


º Ajudar a criar uma nova mentalidade e cultura “que suscite mudanças de critérios e visões através de gestos e ações… Trata-se de promover a cultura do outro, da sobriedade… da disponibilidade à compartilhar gratuitamente, da justiça, entendida como atenção ao direito de todos à dignidade da vida, e mais diretamente, de envolver pessoas e instituições numa ampla obra de prevenção, acolhida e apoio de quem precisa dele” (VECCHI, J., Teve compaixão deles, o. c., p. 31-32); uma nova cultura, portanto, promotora dos valores evangélicos.


º Tornar concreta a participação e o empenho libertador pela justiça e a paz, contribuindo na construção de uma sociedade mais digna do homem (C 33), ajudando na transformação da realidade estruturalmente injusta (pecado estrutural). Isso acontece através da atividade da própria obra, propostas e intervenções específicas no território e a colaboração com outras instituições na elaboração de políticas educativas, familiares, juvenis, urbanísticas, etc. capazes de prevenir e superar as causas estruturais da insatisfação.


3.3. Passos e intervenções


Embora cada obra faça a sua intervenção segundo as próprias situações e possibilidades, podemos sugerir aqui alguns passos e intervenções progressivas com que se preocupar continuamente:


  • Aproximar-se, interessar-se e conhecer a situação dos jovens, participar de seus interesses.


  • Oferecer uma acolhida familiar na casa salesiana, que faça cair a barreira da desconfiança e desperte o desejo de iniciar um processo educativo.


  • Propor intervenções concretas segundo as necessidades e disponibilidades, como

. respostas às necessidades de sobrevivência: alimento, casa, repouso, saúde…;

. respostas às necessidades de segurança: Casa que acolhe na familiaridade e na proximidade, carinho;

. intervenções de reestruturação/recuperação (se forem necessárias);

. respostas à necessidade de relações de crescimento: ajudar os jovens a terem um relacionamento normal consigo mesmos, com os outros (convivência sadia com os companheiros e com todos na CEP), e com as coisas que estão à serviço deles (senso de pertença).


  • Iniciar intervenções mais sistemáticas e empenhativas para um caminho de crescimento integral:


º na linha educativa:

. estudo e escola (às vezes não formal): inserção crítica no saber e na cultura;

. laboratórios de formação técnica e profissional: preparação qualificada ao trabalho;

. atividades de tempo livre (esporte, música, teatro, arte, leitura, etc.) acompanhadas pelos educadores;

. possibilidade de orientação profissional e diálogo educativo-pastoral com os educadores;

. participação em eventos e celebrações do território.


º na linha evangelizadora:

. conhecer o seu mundo religioso e oferecer-lhes experiências que estimulem o crescimento da sua dimensão religiosa;

. propiciar o ensino religioso;

. fazer o primeiro anúncio cristão: bom dia, boa noite, jornadas de reflexão, etc.;

. oferecer catequese: de primeira comunhão, de crisma, etc.;

. celebrações em casa ou participação na paróquia ou outros lugares;

. possibilidade de associar-se em grupos e movimentos;

. passar dos pequenos empenhos a compromissos maiores;

. dar a possibilidade de diálogo e orientação cristã e vocacional;

. formar os animadores cristãos.


  • Ajudá-los na inserção normal e com autonomia, liberdade e responsabilidade na vida social, na família de origem, na família que estão formando, no trabalho, no empenho social, etc.


  • Acompanhá-los no desenvolvimento da vida familiar, de trabalho, social e cristã.


  • Oferecer uma formação específica que os torne capazes de serem educadores de outros jovens em dificuldade.



Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


FERRAROLI L., Disagio, Emarginazione, in FSE/UPS, Dizionario di Scienze dell’Educazione, LDC/LAS/SEI, Turim 1996, pp. 304-305; 371-372.

MASINI V., Emarginazione, in FSE/UPS, Dizionario di Scienze dell’Educazione, LDC/LAS/SEI, Turim 1996, pp. 371-372.


DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE SALESIANA – UPS/FSE, Emarginazione giovanile e pedagogia salesiana, LDC, Turim 1987. Serve o volume todo, mas sobretudo:

VECCHI, J., Salesiani ed emarginazione giovanile in Europa, pp. 78-96, e as conclusões dos três seminários de 1996:

Europa e Nordamerica. Le conclusioni. Pp. 142-145; America Latina. Le conclusioni, pp. 290-293; Asia e Pacifico. Le conclusioni, pp. 400-401.


VECCHI J., Teve compaixão deles. Novas pobrezas, missão salesiana e significatividade. In ACG359, pp. 3-36.


VECCHI J., Il nostro impegno per ragazzi e giovani a rischio. In Dossier PG Esperienze a confronto, N. 2, 1987, pp. 63-70.









V. NOVOS ESPAÇOS DE PRESENÇA E DE PASTORAL ENTRE OS JOVENS


1. ELEMENTOS GERAIS


1.1.Novos desafios e novas respostas


Diante das novas exigências juvenis, percebe-se a dificuldade das atuais formas institucionais para dar respostas adequadas às questões de educação e de educação à fé. Constata-se um progressivo distanciamento entre o mundo dos adultos e o mundo dos jovens; distanciamento humano, cultural e religioso, que torna difícil um verdadeiro diálogo e comunicação entre as suas referências fundamentais e as dos adultos. Apesar da substancial eficiência organizativa das estruturas e o empenho operativo dos educadores, adverte-se uma certa impotência diante da nova situação.


Assistimos ao surgimento, na sociedade complexa e pluralista, de novos lugares de educação da juventude, que propõem modelos e criam estilos de vida que fascinam as massas juvenis; pense-se na escola paralela dos mass-media, nas agregações ao redor de interesses musicais e esportivos, no turismo, nas novas formas de empenho social e eclesial, na área vital do tempo livre, novo lugar de identificação pessoal.


Desenvolveram-se no conjunto do mundo salesiano novos ambientes, serviços e obras para responder a essas necessidades de contato e de presença no mundo juvenil. Sem desejar ser exaustivos, eis alguns deles:

. associações e serviços no campo do tempo livre como esporte, turismo, música e teatro;

. diversas expressões do Movimento Juvenil salesiano e grandes convocações juvenis;

. voluntariado em suas diversas formas;

. serviços especializados de formação cristã e animação espiritual (casas de espiritualidade e de retiros);

. programas de animação vocacional (comunidades propostas, centros de acolhida vocacional, acampamento escolar vocacional);

. presenças no mundo universitário (pensionatos universitários, animação da pastoral universitária, acolhida e atenção aos universitários).


Todas essas realidades são obras e serviços ágeis, capazes de responder e adaptar-se às alteradas necessidades e urgências com maior liberdade de ação e de iniciativa; servem-se muito mais das possibilidades de comunicação com o ambiente natural dos jovens, do que com a estabilidade de um ambiente físico; privilegiam a espontaneidade das relações e a liberdade de adesão, a centralidade das pessoas mais do que a estrutura e o projeto; nelas é relativamente mais fácil envolver os mesmos jovens na consciência de que o caminho a ser feito juntos está em suas mãos; cultivam um ligação de fundo entre diversas realidades e trabalham com interação recíproca com outras instituições e serviços do território, procurando oferecer uma resposta global às situações. São, portanto, expressão de uma nova forma de presença significativa no mundo juvenil e instrumentos eficazes de resposta às novas urgências educativas e evangelizadoras.

Ao mesmo tempo, porém, os novos espaços educativos estão expostos também a alguns perigos que podem diminuir a sua eficácia educativa e evangelizadora, como por exemplo um certo individualismo em sua gestão, identidade fraca e pouco definida, provisoriedade de realizações e precariedade de projeto tornando difícil a continuidade dos processos educativos de longa duração.

Convém apresentar, então, alguns elementos e critérios que ajudem a orientar essas novas formas de presença e articulá-las positivamente com as tradicionais no interior do projeto da Inspetoria.


1.2. Critérios de identidade salesiana


Convém recordar alguns critérios da ação salesiana:

  • clareza da finalidade educativa e pastoral salesiana (C 41);

  • abertura ao critério permanente de discernimento e renovação: toda atividade e obra é por si mesma “casa que acolhe, paróquia que evangeliza, escola que encaminha para a vida, e pátio para se encontrarem como amigos e viverem em alegria” (C 40);

  • realização comunitária, sujeito da missão (C 44);

  • integração no projeto inspetorial com interação e colaboração permanentes entre as diversas obras e serviços educativo-pastorais da Inspetoria (C 58).



2. O MOVIMENTO JUVENIL SALESIANO


O Movimento Juvenil Salesiano (MJS) é uma das formas de presença entre os jovens mais ampla e compreensiva que se dá entre nós.

Os grupos e associações juvenis que, embora mantendo a própria autonomia organizativa, se reconhecem na espiritualidade e na pedagogia salesiana, formam de modo implícito ou explícito o Movimento Juvenil Salesiano.


2.1. Características do MJS


É um movimento de caráter educativo, oferecido a todos os jovens, para fazê-los sujeitos e protagonistas da próprio crescimento humano e cristão, com impulso missionário, aberto aos distantes, com vontade de incidência no território e de inserção e contribuição à Igreja local.


2.1.1. Elementos de identidade do MJS


São dois os elementos de identidade que caracterizam o MJS:

  • referência à Espiritualidade Juvenil Salesiana (EJS) e à pedagogia salesiana:

referência unificadora para todos os grupos e associações é a pessoa de Dom Bosco, iniciador na Igreja de uma forma concreta de vida cristã, da EJS e de uma práxis educativa, o Sistema Preventivo Salesiano.

  • ligação entre os grupos:

essa referência exprime-se na participação a determinados valores e idéias-força através da coordenação de iniciativas comuns, que se tornam ocasiões significativas de diálogo, confronto, formação cristã e expressão juvenil (cf. CG23, 275-277).


2.1.2. Opções fundamentais do MJS


Esses elementos são concretizados em algumas opções importantes:

  • Opção educativa, que acentua o caminho de crescimento das pessoas, aberto a todos os jovens, sobretudo os mais pobres e distantes, com a vontade de acompanhá-los até à plenitude da vida cristã (a santidade). A atenção dos educadores dirige-se à pessoa do jovem mais do que às estruturas de agregação.

  • Opção associativa e eclesial, que abre a experiência de grupo a uma realidade mais ampla de comunicação, participação e colaboração até transformá-la em experiência de Igreja.

  • Opção formativa, que dá sempre prioridade ao processo de crescimento integral e permanente das pessoas articulando ao seu serviço as diversas atividades e iniciativas.

  • Opção apostólica, que empenha os jovens a se formarem no serviço gratuito aos outros, compartilhado, aprofundado e celebrado em comum.

  • Opção civil, para tornar-se instrumento de experiência e formação social e para estar presentes com eficácia na sociedade, nos níveis em que se decidem as políticas juvenis.



Essas opções traduzem-se em alguns elementos operativos que orientam a vida dos grupos do movimento:

  • variedade de grupos e associações segundo os interesses dos jovens, cuidando sobretudo dos mais adaptados aos jovens mais pobres; o MJS não pode existir sem grupos de base;

  • caminho de experiência comunitária ao redor da pessoa de Dom Bosco e dos valores da EJS; a referência a Dom Bosco e aos valores da sua Espiritualidade são o ponto de convergência e a fonte de inspiração qualificantes de todos os grupos e associações que fazem referência ao MJS;

  • empenho apostólico dos jovens entre os próprios jovens; SDB, FMA e jovens juntos, a serviço da Igreja e da sociedade;

  • animadores que vivam e façam própria a proposta salesiana nos grupos e associações;

  • os encontros e a festa, como momentos de comunicação, formação e experiência de vida.


2.1.3. Elementos para a animação do MJS


Alguns aspectos da animação são fundamentais, embora as realidades sejam muito diversas:

  • considerar o delegado PJ, com a sua equipe, como promotor do conjunto do MJS;

  • criar um organismo inspetorial e interinspetorial de coordenação com a participação dos jovens;

  • projetar uma proposta formativa oferecida aos diversos grupos e associações como ponto de referência para o seu plano de formação;

  • considerar a formação dos animadores e educadores como a carta vencedora do movimento;

  • criar uma rede de informação e ligação entre os diversos grupos e associações, e também entre eles e os demais grupos e associações na Igreja e no território (encontros, folhas ou revistas, iniciativas em conjunto, etc.);

  • os lugares salesianos como pontos de encontro espiritual e de proposta cristã.


2.2. Algumas expressões do MJS


2.2.1. Associações e serviços no âmbito do tempo livre


a. O valor educativo-pastoral salesiano do tempo livre


As atividades de tempo livre – esporte, turismo, cultura, música, teatro, etc. –, são realidades que agregam muitos jovens, também os distantes, que procuram satisfazer seus interesses típicos; elas estão presentes em todas as nossas obras.

Esse tipo de intervenção educativa é considerado hoje de grande peso social e de relevância preventiva; é um modo novo de recriar o ambiente oratoriano suscitado por Dom Bosco em Valdocco: o pátio foi para ele o lugar predileto da ação educativo-pastoral.


b. Características da animação de atividades de tempo livre


Existe no mundo salesiano uma grande variedade de iniciativas, grupos e associações que desenvolvem a proposta educativo-pastoral salesiana nesses ambientes, com pluralidade de estilos de ação, formas de organização e quantidade de participantes. Podemos individuar, porém, em todos eles, alguns elementos comuns que caracterizam a sua identidade:

  • centralidade do jovem na obra educativa e em todas as atividades e projetos;

  • grupo e experiência associativa como opção educativa privilegiada e essencial para o amadurecimento integral;

  • tempo livre como tempo liberado de condicionamentos consumistas e disponível à expressão, desenvolvimento e aprofundamento dos interesses juvenis;

  • formação integral, pessoal e social dos meninos e jovens, valorizando a sua busca educativa através da realização de seus interesses;

  • participação e protagonismo dos leigos, sobretudo dos próprios jovens;

  • presença ativa no território, para oferecer um projeto de homem e sociedade inspirado explicitamente na visão cristã e no sistema educativo de Dom Bosco.




c. Critérios e linhas operativas


  • Integrar todos os grupos e associações de atividades de tempo livre (jogos, esporte, turismo, música, teatro, cinema, etc.) no processo educativo-pastoral que favoreça:

. a descoberta e o desenvolvimento das energias positivas e dos recursos e valores que o jovem tem dentro de si;

. a oferta de experiências positivas e de qualidade educativa, como o encontro amigável, a alegria da participação, o esforço para alcançar um objetivo, a auto-disciplina, a capacidade de criatividade, etc.;

. questões e interesses sempre mais profundos e de maior qualidade humana e cristã, até envolvê-los num processo explícito de crescimento humano e cristão.


  • Unir o protagonismo dos jovens, sempre central, à presença ativa e significativa dos educadores entre eles, para criarem juntos um ambiente de família e de relação pessoal, em si mesmo sinal e testemunha do Evangelho.


  • Pensar na necessária organização a serviço do processo educativo-pastoral e da presença significativa no social. Essas atividades precisam de estruturas e organização eficazes e competitivas, e também de fontes de financiamento importantes; isso dá-lhes uma notável incidência e poder, mas é também uma tentação. Por isso deve-se ter muito cuidado com:

. a seleção dos responsáveis e da sua formação, fazendo com que partilhem os critérios e os objetivos do PEPS que se integra na CEP;

. os critérios de distribuição do dinheiro, privilegiando os aspectos educativos a serviço dos jovens mais necessitados;

. a opção dos projetos de colaboração e dos “parceiros”.


  • Facilitar o sentido de pertença dos diversos grupos e associações num projeto e ambiente educativo mais amplo e integral, para superar o perigo do setorialismo. Isso supõe:

. fazer com que os responsáveis e animadores participem dos diversos grupos e associações presentes numa obra salesiana com uma única CEP, sentindo-se solidariamente responsáveis do ambiente educativo;

. promover experiências de participação, colaboração e abertura aos outros grupos através de informações recíprocas, momentos de encontro e celebração em comum, colaboração em iniciativas e atividades de conjunto, participar na formação, etc.;

. favorecer uma certa comunicação de bens a serviço das necessidades do conjunto.


2.2.2. O voluntariado salesiano


Desenvolveu-se nestes anos nas Inspetorias e no MJS uma multiplicidade de grupos e associações de voluntariado, sobretudo juvenil. O CG24 reconheceu a realidade do voluntariado como novo estilo de abertura ao outro, sobretudo no campo da pobreza e da marginalização, desafio contra a injustiça e os egoísmos que imperam, significativo êxito vocacional e válida confirmação do caminho educativo percorrido pelos jovens com os SDB (cf. CG24, 26).

O voluntariado juvenil salesiano é também uma indicação importante da riqueza e vastidão da irradiação do carisma de Dom Bosco e do protagonismo juvenil na dedicação e trabalho na pastoral e promoção humana.


Existe uma grande pluralidade de realizações de voluntariado salesiano: voluntariado nas obras da Inspetoria ou nos territórios de missão; voluntariado social entre os mais pobres, ou voluntariado educativo (animadores) ou voluntariado diretamente evangelizador; voluntariado de longa duração (um ano ou mais), ou de pouco tempo; serviço social substitutivo do serviço militar (objeção de consciência)…

Muitas Inspetorias estão fazendo uma reflexão e um plano de trabalho quanto ao voluntariado, assumindo-o, então, em sua pastoral orgânica. A Congregação, através dos Dicastérios da Pastoral Juvenil, Família Salesiana e Missões, ofereceu um quadro de referência geral para a animação dessa experiência.


a. Identidade do voluntariado salesiano:


À luz desse documento e das experiências feitas ultimamente, referimo-nos a estas características:


  • Característica laical e juvenil: o voluntário salesiano é um leigo, homem ou mulher, maior de idade, que após uma adequada preparação, coloca-se por um certo tempo ao serviço desinteressado dos jovens e da classe popular, dando atenção prioritária aos mais pobres, de acordo com a missão salesiana.


  • Característica educativa: promove uma resposta competente, criativa e continuada às necessidades emergentes, com iniciativas de educação e promoção humana.


  • Característica sócio-política: propõe, em colaboração com instituições civis e eclesiais, uma ação em vista da transformação da sociedade e da remoção das causas da injustiça.


  • Característica evangélica: empenha-se e vive num peculiar estilo de presença, inspirado no Evangelho; aceita a opção cristã de educar evangelizando e evangelizar educando, e favorece o propósito missionário.


  • Característica comunitária salesiana: vive em equipe e comunidade no interior de uma estrutura organizada, praticando o Sistema Preventivo de Dom Bosco com coração oratoriano, inspirando-se na Espiritualidade Juvenil Salesiana.


b. O voluntariado salesiano na PJ


O voluntariado propõe à PJ um caminho para redescobrir os valores das origens salesianas, ativar novas modalidades de intervenção pastoral, dar atenção qualificada aos jovens adultos abertos à solidariedade, mesmo que suas motivações de fé ainda sejam fracas. Oferece possibilidade de dialogar e colaborar com outras agências educativas, em vista da promoção social dos mais pobres.


A PJ propõe ao voluntariado um caminho global de amadurecimento e itinerários formativos específicos. Oferece a vivência da Espiritualidade Juvenil Salesiana e critérios de significatividade para a ação apostólica.

Coloca em contato com uma rica tradição educativa e preventiva (o coração oratoriano) e em comunhão com outras experiências juvenis, eclesiais e civis. Ajuda dessa forma o voluntário a viver a própria vocação batismal e acompanha-o em seu discernimento e em sua opção vocacional específica na Igreja ou na FS.


c. A animação do voluntariado salesiano


É necessária, a fim de orientá-lo, uma ação de animação concreta e sistemática que solicita:

  • a promoção da sensibilização dos SDB e comunidades:

conhecimento e abertura aos valores do voluntariado e da sua importância na missão salesiana;

acolhida cordial do voluntário no próprio projeto, respeitando a sua identidade leiga;

colaboração para a elaboração e prática do plano inspetorial de promoção e animação do voluntariado inserido no projeto educativo-pastoral (cf. CG24, 126).


  • favorecimento da experiência comunitária dos voluntários:

preocupando-se com a experiência do espírito salesiano de família entre eles, com os SDB e com os demais colaboradores;

através da educação quotidiana à aceitação das pessoas, ao trabalho conjunto, à comunicação de vida, à participação da fé;

oferecendo momentos cotidianos de comunicação, oração, distensão, como também espaços de participação e campos de co-responsabilidade no interior da comunidade educativo-pastoral ou da comunidade salesiana;

com modalidades diversas segundo o tipo de voluntariado, duração, estado de vida dos voluntários, o seu número, a presença ou não de um salesiano ou de outros membros da Família Salesiana.


  • preocupação pela sua formação através:

do contato sistemático com uma comunidade salesiana onde ele aprenda a viver e agir segundo os critérios do sistema educativo salesiano;

do conhecimento direto da realidade, da reflexão e participação nas decisões, do aprofundamento das motivações, da programação e realização conjunta;

do acompanhamento pessoal que orienta o próprio processo de amadurecimento;

do grupo de pertença com um programa concreto de formação geral e específica;

de algumas experiências especiais de formação (campos de trabalho, férias empenhadas, experiências de breve duração no exterior, etc.);


  • desenvolvimento de alguns instrumentos de animação na comunidade local e inspetorial. A responsabilidade da animação e coordenação inspetorial compete ao Delegado inspetorial de PJ e sua equipe, através de um encarregado do setor. O encarregado:

promove o voluntariado, sensibiliza os irmãos e leigos;

cuida da formação dos voluntários através do plano inspetorial;

coordena, de acordo com o Delegado da PJ, as diversas iniciativas de voluntariado na Inspetoria;

mantém relacionamento com o encarregado inspetorial para as missões e com o Delegado para a FS;

relaciona-se com as outras Inspetorias, com os organismos civis e eclesiais;

apoia os que retornam da experiência de voluntariado no exterior.


O responsável local do voluntariado, de acordo com o responsável local de Pastoral, anima e coordena a promoção e formação dos voluntários de cada obra salesiana.


Se possível, seja também promovida uma forma de coordenação inspetorial, interinspetorial, nacional ou regional, criando Organizações Não Governativas (ONG) que, em colaboração com outras instituições da Igreja e da sociedade, favoreçam a formação dos voluntários, a promoção de projetos de promoção humana com a inserção de voluntários e a busca de financiamentos públicos ou privados.


2.2.3. As grandes convocações juvenis


Os encontros juvenis são um dos elementos importantes do MJS, como ocasiões significativas de comunicação entre os grupos e de circulação de mensagens e valores próprios da Espiritualidade Juvenil Salesiana.

Multiplicam-se nestes anos os momentos de grandes convocações juvenis. No arco de um ano diversas Inspetorias vivem jornadas em que se intensifica o diálogo entre os componentes juvenis que formam o MJS.

O clima de festa é uma característica dessas convocações, mas o educador deve cuidar também dos conteúdos; a convocação em seu conjunto deve ser um verdadeiro anúncio e um momento forte de convocação e relançamento da proposta educativo-pastoral. Por isso:


Prever, na variedade dos momentos e das expressões, uma cuidadosa convergência dos conteúdos quanto ao que interessa à qualidade e significatividade da proposta educativa e evangelizadora;

inserir o encontro no conjunto do processo educativo dos grupos, pensando num conveniente caminho de preparação e um “após festa” que leve a experiência à vida de cada dia;

cuidar da preparação e participação de um número proporcionado de animadores, especialmente jovens, conscientes dos objetivos propostos.


3. SERVIÇOS ESPECIALIZADOS DE FORMAÇÃO CRISTÃ E DE PASTORAL VOCACIONAL


Há nos jovens uma busca de espiritualidade, sobretudo nos mais velhos e nos animadores. Foi feito no MJS um esforço de aprofundamento e participação dos valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana até explicitar a proposta do CG23.

O CG24 insistiu na convicção de que a espiritualidade é a fonte de comunhão entre SDB e leigos e propôs a Espiritualidade salesiana como elemento central no processo de formação.

À luz dessas expectativas surgiram na Congregação nos últimos decênios diversas iniciativas e serviços de formação cristã e de educação à espiritualidade, como experiências de retiro, escolas de oração, casas de espiritualidade, centros de formação pastoral e catequética, Santuários, etc. Essas iniciativas têm também uma forte incidência vocacional; hoje a vocação só pode amadurecer no jovem se ele vive uma espiritualidade profunda e encarnada.

Esses serviços constituem uma nova forma de presença salesiana entre os jovens, sempre mais necessária e urgente.


3.1. Serviços de experiência e de formação cristã (casas de retiro e de espiritualidade, escolas de oração, centros de formação pastoral e de catequese, etc.).


A fim de dar a essas iniciativas mais qualidade e consistência convém que elas se configurem segundo alguns critérios:

  • garantir a presença de uma equipe de SDB e outros membros da FS; organizar essas casas não simplesmente como lugares de hospitalidade, mas como comunidades ou equipes de pessoas que acolhe, acompanha e partilha com os jovens uma mesma experiência espiritual;

  • com um programa preciso de aprofundamento e de pedagogia espiritual, com diversas propostas e níveis segundo as necessidades dos diversos grupos de destinatários; superar a simples oferta de iniciativas isoladas para apresentar um caminho preciso de iniciação e aprofundamento espiritual;

  • dar especial importância à pedagogia da oração e da escuta da palavra de Deus; oferecer experiências de oração, de escuta da Palavra e de participação nos Sacramentos segundo os valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana; cuidar sobretudo do aspecto da iniciação e do acompanhamento, para ajudar os jovens a fazerem uma verdadeira experiência vivida e sentida de forma pessoal;

  • oferecer aos jovens a possibilidade de um diálogo pessoal com algum Salesiano ou animador durante o encontro e, se desejar, de um acompanhamento sistemático;

  • desenvolver sempre o tema vocacional, ajudando os jovens a situarem a própria vida diante do Senhor e do seu projeto de salvação.


Existem outros serviços pastorais que se colocam mais além da presença salesiana numa obra, tanto na Igreja local (como por exemplo os SDB que trabalham na pastoral vocacional diocesana, ou que acompanham movimentos juvenis não salesianos), ou também em lugares não salesianos (como por exemplo o encarregado da formação dos educadores de uma região). Esses serviços pastorais sejam assumidos de acordo com o Inspetor e em coerência com o PEPS inspetorial.


3.2. Serviços e comunidades vocacionais


No esforço de buscar novos caminhos para a pastoral vocacional nasceram e consolidaram-se algumas experiências ou serviços de animação e orientação vocacional (comunidades de acolhida, comunidades proposta, centros de orientação vocacional, etc.) que em geral oferecem aos jovens a oportunidade de fazer uma experiência concreta da vida e missão salesiana, de compartilhar e aprofundar sistematicamente o tema vocacional e de um acompanhamento mais cuidadoso e imediato.


É importante que essas presenças garantam:

  • a presença de uma comunidade salesiana aberta e acolhedora, que assegure o testemunho vocacional significativo para os jovens, a experiência de vida fraterna e da missão salesiana, o acompanhamento individual sistemático do processo de amadurecimento vocacional;


  • uma estreita relação e colaboração com as outras comunidades da Inspetoria em sua responsabilidade de animação vocacional segundo o plano inspetorial de Pastoral Vocacional;


  • a participação especializada nas iniciativas de animação pastoral, cuidando especialmente da sua dimensão vocacional;


  • a colaboração com os centros de Pastoral Vocacional da Igreja local e dos outros institutos religiosos.


3.3. Santuários


O Santuário é um centro de espiritualidade popular que pode ter uma notável importância na evangelização e no itinerário de educação à fé do povo e também dos jovens.

Muitos dos santuários cuidados por nós são lugares significativos para o desenvolvimento e a experiência da Espiritualidade Salesiana: centros de irradiação da devoção mariana, como o Santuário de Maria Auxiliadora de Turim, e tantos outros espalhados pelo mundo; lugares de comunicação e participação do espírito salesiano através da figura de Dom Bosco; centros de revitalização da vida cristã através da vida litúrgica, da participação à Eucaristia, ao Sacramento da Reconciliação e da Oração; pontos de referência e meta de peregrinações de pessoas, grupos e populações.


Isso leva-nos a qualificar a pastoral do Santuário ao redor de um projeto de pastoral forte e profundamente motivado e significativo para a evangelização do povo e dos grupos juvenis. Eis alguns aspectos a serem cuidados de modo especial nessa renovação:


  • qualidade de acolhida, que ofereça às pessoas que vivem situações de distanciamento ou de pobreza religiosa, a ocasião de sentir-se escutadas, entendidas e encorajadas a desenvolverem a semente de fé que as levou ao Santuário;


  • proposta forte de evangelização, que abra ao encontro com Jesus Cristo e o seu Evangelho através da experiência de conversão. Oferecer, para isso, espaços e possibilidades para a oração e a participação dos Sacramentos, especialmente para o Sacramento da Reconciliação;


  • oportunidade de diálogo e acompanhamento espiritual sério; o Santuário pode tornar-se uma mediação importante para o amadurecimento cristão de muitos jovens em sua busca vocacional;


  • síntese dinâmica e criativa entre a qualidade evangélica e a sensibilidade e linguagem da religiosidade popular; entre a prática religiosa e as preocupações, esperanças e necessidades da vida familiar, comunitária e social do povo.








4. PRESENÇAS PASTORAIS NO MUNDO DA UNIVERSIDADE


As novas exigências da PJ levam-nos sempre mais a abrir-nos à faixa da juventude, onde os universitários são parte considerável, animadores, voluntários, catequistas, colaboradores, etc. O trabalho pastoral direto com os universitários e, mais ainda, a presença pastoral no mundo da universidade e da cultura oferece, também, possibilidades novas de desenvolvimento da nossa missão juvenil.

A idade juvenil alongou-se, os estudos universitários tornaram-se acessíveis aos jovens das classes populares, a categoria toda encontra-se sempre mais em situação de abandono e perigo.

Essa presença é pedida a partir do princípio da continuidade educativa, que deseja prolongar o acompanhamento educativo além do período da adolescência.

Permite-nos o cuidado e a formação de vocações em sentido lato e em sentido específico, de que o mundo universitário é lugar privilegiado.

O mundo universitário é lugar pastoral importante que nos permite oferecer uma contribuição de qualidade ao mundo da cultura, da educação e do trabalho, e contribuir para uma síntese entre fé e cultura.


4.1. Diversos níveis e tipos de obras


A ação pastoral no mundo universitário desenvolve-se num tríplice nível estritamente relacionado entre si:

como pastoral da cultura universitária, que se faz atenta à evangelização e à animação cristã da cultura universitária, em si e por si e em vista da síntese pessoal e comunitária, entre fé e cultura e entre cultura e vida;

como pastoral dos universitários, que se preocupa com a promoção humana e a formação cristã da população universitária;

como dimensão da Pastoral Juvenil e da pastoral de conjunto, que se torna consciente do fato que uma faixa consistente da população juvenil, a que se dirige a ação pastoral, encontra-se em tal condição existencial mesmo quando se encontra em outros ambientes.


Essas perspectivas educativo-pastorais orientam as diversas realizações práticas da presença salesiana no campo universitário. Elas podem ser agrupadas em três tipos ou formas:

instituições universitárias administradas pela Congregação;

pensionatos ou residências para universitários;

serviços diversificados de animação pastoral universitária como capelanias universitárias, estruturas pastorais paroquiais ou diocesanas dirigidas especificamente a universitários, etc.


4.2. Quadro de referência


  • Pedagogia do ambiente comunitário


É convicção profunda do espírito salesiano que a formação aconteça antes de tudo através do ambiente e do clima que nele se respira. Esse ambiente deve conformar-se, nessas presenças, com algumas características específicas:

um ambiente de qualidade humana, cultural e evangélica, capaz de suscitar e promover nos jovens interesses e experiências de qualidade;

que apele à responsabilidade e à participação comunitária, buscando o envolvimento e o empenho pessoal dos próprios jovens;

com uma pluralidade de propostas diferenciadas (recreativas, culturais e religiosas) adequadas às necessidades reais das pessoas.


  • Pedagogia da mediação cultural


A presença educativo-pastoral no ambiente universitário deve habilitar os jovens:

à integração do saber em vista da formação integral da pessoa;

à abertura aos múltiplos níveis e formas de aproximação da realidade, da racionalidade científica e tecnológica ou da eficiência e produtividade econômica, e as da razão analógica e simbólica;

ao diálogo intercultural;

ao desenvolvimento da dimensão ética do saber e da profissão através da reflexão crítica e de valor das conquistas do saber e da ciência e a busca dos eixos básicos da cultura como campo privilegiado do diálogo entre fé e cultura e da síntese entre cultura e vida;

ao diálogo sistemático e interdisciplinar com a fé, em vista da formação da mentalidade cristã.




  • Pedagogia do compromisso e do confronto com a própria realidade cultural, social e eclesial


É importante evitar a separação entre a questão e a busca de sentido no âmbito intelectual e subjetivo e a prática social e comunitária, para superar o risco de cair no individualismo e na busca obsessiva do sucesso desligado do conjunto da vida pessoal e da vida comunitária. Isso é particularmente grave quando se trata de jovens com capacidades pessoais particulares e com especiais empenhos na sociedade e na Igreja. Por isso deve-se cuidar:

da educação à responsabilidade ética e civil e da formação sócio-política;

da oferta de experiências de voluntariado e de serviço gratuito à comunidade e ao território;

da participação ativa em iniciativas culturais, sociais e religiosas existentes ou propostas;

da inserção e colaboração com outras organizações e estruturas civis e eclesiais que atuam no âmbito do território e da Igreja local.


  • Pedagogia do acompanhamento pessoal


O jovem universitário, nesse momento da vida, precisa de ajuda a fim de encontrar clareza no aprofundamento da sua vida com valores cristãos e humanos e orientar-se na busca das opções adultas. Isso exige:

a oferta de uma proposta de acompanhamento feita de acolhida, disponibilidade e amizade, de relação interpessoal, sentido de gradualidade, discernimento das situações concretas que são vividas e do seu desenvolvimento melhor e possível;

a apresentação dos diversos caminhos vocacionais, para ajudá-los a tomar consciência da própria vocação e missão na sociedade e na Igreja.



5. PRESENÇA PASTORAL NOS MASS MEDIA


A respeito desse tipo de presença, sublinhamos apenas que são presenças pastorais e, portanto, referem-se ao campo de descrição e de atividade próprio da Pastoral Juvenil, mesmo sendo a sua animação de responsabilidade direta do Dicastério para a Comunicação Social.













Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


Sobre o Movimento Juvenil Salesiano

DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE DELLA CONGREGAZIONE SALESIANA, Il Movimento Giovanile Salesiano come espressione della Spiritualità Giovanile Salesiana. Atti del Convegno Europeo di Sanlucar la Mayor 1992. Roma 1993.

BOSCO G. B., Il Movimento Giovanile Salesiano. In DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE, Il cammino e la prospettiva 2000. Documenti PG 13. Roma 1991, pp. 123-147.

DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE SALESIANA, Gruppi giovanili salesiani.. Dossier PG Esperienze a confronto 6. Roma 1990.


Voluntariado

DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE, Esperienze di volontariato salesiano. Dossier PG 10. Roma 1995.

DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE, Formazione al volontariato salesiano. Dossier PG 11. Roma 1996.

DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE, Giovani come tutti, ma… Testimonianze di volontari. Dossier 12. Roma 1996.

Os três dossieês apresentam experiências e materiais interessantes.


Centros de animção vocacional

DICASTERO PER LA PASTORALE GIOVANILE, Pastorale vocazionale salesiana. “Vieni e vedi”. Dossier PG Esperienze a confronto 4. Roma 1989.

PER LA PASTORALE GIOVANILE, Salesiani… Come… Perché?… Dossier. Esperienze a confronto 5. Roma 1989.

Com algumas experiências iluminadoras e algumas indicações e critérios de ação.


Presença entre os universitários

NANNI C., (a cura) Salesiani e pastorale tra gli universitari. Roma 1988.



Capítulo 5


AS ESTRUTURAS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL



1. A ANIMAÇÃO INSPETORIAL


1.1. Premissas


  • 1.1. A Inspetoria


É a forma com que a Congregação “organiza” e anima num dado território a vida de comunhão e a realização da missão.

A comunidade inspetorial é mediadora da união das comunidades locais entre si, com as demais Inspetorias, com a comunidade mundial e a Igreja local.

A comunidade inspetorial é o eixo da renovação contínua.


  • Alguns critérios para a animação inspetorial


A animação está relacionada com o serviço de governo: a modalidade do governo salesiano é governar animando, isto é, informando, comunicando, motivando, fazendo participar, co-responsabilizando, despertando continuamente energias espirituais, formando as pessoas, etc.

A animação é ao mesmo tempo religiosa e apostólica.

O PEPS inspetorial torna-se orientação e impulso quando a Inspetoria está organizada para uma animação adequada.

Adverte-se a necessidade de desenvolver uma pastoral orgânica nas Inspetorias e nas diversas nações, colaborando em nível de Igreja local; a circulação necessária de experiências e modelos pastorais tornam indispensável a convergência de objetivos e intervenções.

A animação pastoral relaciona-se estritamente com a animação dos outros aspectos da Inspetoria, em recíproca colaboração orgânica.


1.2. Linhas preferenciais de animação pastoral inspetorial


O esforço para dinamizar a pastoral da Inspetoria pode perder-se inutilmente em atividades ocasionais e descontínuas ou focalizar aspectos acidentais, se não se estabelecerem claramente determinadas linhas de intervenção. Não se trata de “produzir atividade ou movimento”, nem de dar a impressão de que “todos trabalham muito”, mas de unir e habilitar constantemente as comunidades a darem respostas significativas à situação juvenil.

Serão privilegiadas estas linhas na animação pastoral da Inspetoria:


1.2.2. Acolhida real e colegiada da animação e governo pastoral da Inspetoria por parte do Conselho Inspetorial sob a coordenação do Inspetor.


O Inspetor com o seu Conselho é o primeiro responsável da animação e governo pastoral da Inspetoria (C 161). É o primeiro responsável da elaboração e execução do PEPS (R 155). Compete ao Inspetor com o seu Conselho uma função fundamental de organização da vida e ação pastoral na Inspetoria: orientar, segundo a situação e os recursos, as finalidades que se querem atingir, as prioridades a serem privilegiadas, as estratégias a serem usadas, os recursos a desenvolver, etc. Isso significa que o Conselho Inspetorial é um órgão de reflexão e decisão pastoral, como o primeiro responsável da unidade orgânica da pastoral na Inspetoria, concretizada no PEPS inspetorial.

Isso supõe:

ir além das funções meramente administrativas e assumir sobretudo as tarefas de discernimento, reflexão e projeto;

estudar com atenção as situações das comunidades e sobretudo da condição juvenil para entender suas urgências pastorais;

indicar critérios e formular linhas prioritárias de ação pastoral, promovendo nos irmãos e comunidades unidade de mentalidade e convergência de forças e ação a serviço dos jovens;

acompanhar a realização do PEPS inspetorial e rever periodicamente seus resultados;

dispor de tempo disponível e de recursos concretos para a animação e coordenação inspetorial e local da PJ.


1.2.2. Formação constante dos agentes


É inútil sugerir um tipo de ação quando quem deve acompanhá-la não foi habilitado. E é inútil preparar programas ou estimular de forma genérica à iniciativa aqueles aos quais falta a base para executar esses programas.

A formação pastoral exige o acompanhamento dos irmãos no aprofundamento da sua experiência da graça de unidade, na renovação da sua mentalidade pastoral e na atualização da sua capacidade operativa.

Eis três momentos importantes na formação pastoral:


º As práticas pastorais na formação inicial:

superar o setorialismo e a sobreposição externa do aspecto pastoral sobre outros aspectos;

superar a improvisação e o genericismo da prática.


º A formação especializada dos agentes em ordem à qualidade:

embora todos os SDB devam ser especialistas como educadores e pastores, deve-se prever pessoal especificamente preparado nos vários setores da Pastoral Juvenil Salesiana e, portanto, da vida inspetorial (plano inspetorial de formação do pessoal);

cuidar especialmente da área das ciências pastorais e educativas;

com uma especialização teórica, prática e experiencial.


º A formação permanente:

potencializando a qualidade cultural e pastoral dos SDB através do renovado empenho quanto à cultura, o estudo e o profissionalismo;

aprofundando a espiritualidade salesiana para vivê-la e ser capaz de propô-la e partilhá-la (CG24 239-241; 257);

qualificando os principais momentos da vida comunitária para fazer do quotidiano o caminho ordinário de formação permanente;

promovendo o processo de formação conjunta com os leigos (CG24, 138-146).


1.2.3. Envolvimento das comunidades, dos irmãos e das CEP


A finalidade da animação é suscitar e fazer funcionar constantemente a co-responsabilidade. Todos os irmãos com os leigos na CEP estão envolvidos não só na execução, mas também no estudo e elaboração de critérios e decisões pastorais.

Os organizadores e os organismos de animação, portanto, mais do que realizadores de um grande número de atividades, devem ser orientadores, estimuladores e informadores, que facilitem e acompanhem as comunidades a assumir e realizar as próprias responsabilidades.


Pontos estratégicos para isso:

º garantir a consciência quantitativa e qualitativa das comunidades locais (CG24, 173-174);

º acompanhar de perto e sistematicamente as comunidades, sobretudo as que encontram mais dificuldades no desenvolvimento da sua missão de animação pastoral, e os responsáveis dos diversos setores pastorais;

º cuidar da freqüente intercomunicação e intercâmbio pastoral entre as comunidades e agentes para promover o sentido de pertença, a assimilação de critérios e objetivos comuns, a colaboração e o enriquecimento recíproco;

º acompanhar com particular preocupação determinados momentos de incidência especial na animação pastoral, como o processo de elaboração e revisão dos PEPS locais, a determinação dos papéis pastorais e das responsabilidades das equipes de animação educativa e pastoral, a programação da formação dos agentes pastorais, etc.


1.3. Critérios, objetivos e exigências da organização dos serviços e organismos inspetoriais de animação pastoral


Os elementos institucionais e de organização podem facilitar muito a realização dos objetivos propostos no PEPS, concentrando esforços, privilegiando áreas, promovendo um estilo e metodologia concreta de trabalho, garantindo os meios e recursos necessários e mais adequados (pessoais, institucionais, econômicos, etc.).


a. A criação de estruturas e organismos de animação pastoral na Inspetoria corresponda aos seguintes critérios (cf. CG23, 240; 244-246):


º unidade: promovendo estruturas de unidade, mais do que divisão setorial;

º organização: respondendo, de acordo com as dimensões do projeto educativo-pastoral, aos grandes setores e obras, em recíproca integração e complementaridade;

º orientação: apoiando a ação das comunidades religiosas salesianas e das CEP, mais do que organizando diretamente muitas iniciativas;

º homogeneidade: procurando que os organismos sejam homogêneos para facilitar a coordenação e a colaboração nas Inspetorias do mesmo contexto;

º ligação em rede: com as Inspetorias próximas e com os organismos e associações civis e eclesiais que se ocupam da Pastoral Juvenil, ou têm algo a ver com os nossos destinatários.


b. Segundo esses critérios, os organismos de animação inspetorial têm os seguintes objetivos:


º formar agentes;

º recriar uma convergência ideal e operativa;

º coordenar de modo subsidiário as atividades das comunidades;

º estimular a criatividade;

º apoiar a ação com material de aprofundamento doutrinal e de uso prático;

º estar presentes no território (civil e eclesial) significativamente e com propostas.


c. A organização da Inspetoria está a serviço da realização da missão salesiana concretizada no PEPS inspetorial (cf. C 121; 157) por isso exige:


º consciência clara da globalidade da ação pastoral salesiana no PEPS;

º formas de coordenação e colaboração entre os diversos setores da animação inspetorial (Formação, Família Salesiana, Economia, ambientes da Pastoral Juvenil), para garantir a unidade de ação pastoral segundo os objetivos do PEPS;

º uma reflexão e confronto sistemáticos entre a realidade e os objetivos fixados: processo contínuo de estudo, reflexão, prioridade, programação, revisão, etc.;

º participação e co-responsabilidade amplas: sentido de comunidade, trabalho em equipe, informação adequada e suficiente.





1.4. Serviços inspetoriais de animação pastoral


1.4.1. O Delegado Inspetorial de PJ e sua equipe


O Inspetor “nomeará um Delegado para a Pastoral Juvenil; este coordenará uma equipe que garanta a convergência de todas as iniciativas para o objetivo da educação à fé e torne possível a comunicação operativa entre as Inspetorias” (CG23, 244).


a. O Delegado de PJ


É o delegado do Inspetor e trabalha de acordo com ele e com o Conselho Inspetorial. Seus primeiros destinatários são os irmãos, as comunidades salesianas e a CEP. Não é o encarregado das iniciativas ou apenas de um setor, mas aquele que garante a pastoral orgânica na Inspetoria e está atento a todas as dimensões.

Entrega-se à animação pastoral da Inspetoria normalmente com dedicação exclusiva. Convém que seja membro do Conselho Inspetorial, onde apresenta habitualmente a perspectiva e as preocupações pastorais.


Funções:

º assiste o Inspetor e o seu Conselho na elaboração do PEPS e das diretrizes e orientações pastorais comuns;

º coordena o funcionamento colegial da equipe inspetorial de PJ e assiste cada membro na realização do seu encargo;

º acompanha as comunidades locais em sua programação, realização e revisão pastoral, cuidando do desenvolvimento das quatro dimensões do PEPS nos diversos ambientes;

º comunica-se com os agentes com a finalidade de orientar suas intervenções segundo a unidade do PEPS;

º dirige as iniciativas intercomunitárias propostas no PEPS;

º cuida da realização de um plano orgânico de formação educativo-pastoral para os irmãos, colaboradores leigos e jovens animadores;

º mantém assíduo relacionamento com os membros da FS que trabalham na Inspetoria, com a Igreja local e com o Dicastério.


b. A equipe inspetorial de Pastoral Juvenil


A equipe inspetorial de Pastoral Juvenil colabora diretamente com o Delegado na realização de suas funções, isto é, na reflexão, projeto, coordenação, avaliação da PJ na Inspetoria, segundo as orientações do Inspetor e do seu Conselho, e no PEPS inspetorial.


É importante que seus membros possuam as diversas competências exigidas para a animação do PEPS, segundo suas quatro dimensões. Normalmente cada um dos membros cuida de uma das quatro dimensões, tanto em nível geral como nos serviços específicos transversais que nascem delas (por ex.: MJS, promoção vocacional, etc.); cada um trabalha levando sempre em conta as outras três dimensões e, portanto, em ligação estreita; além disso, cada um pode, caso convenha, ter uma sub-equipe.

É importante que também participem da equipe os encarregados inspetoriais para as Missões e para a Comunicação Social.


Sua principal finalidade é garantir a integridade da ação pastoral (presença integrada das quatro dimensões) e a convergência das diversas intervenções.


Funções:

º colabora com o Delegado em suas funções;

º orienta as comunidades para uma visão interdisciplinar dos problemas e uma ação conjunta para revolvê-los;

º promove a presença e a inter-relação das dimensões do PEPS nas diversas obras e setores da Inspetoria.


Isso exige:

preparação específica teórica e prática de seus membros;

tempo de reflexão e confronto;

capacidade de contato e coordenação realista e capacidade de motivar;

um programa concreto de trabalho (para um ano por exemplo) baseado no PEPS, segundo as linhas prioritárias marcadas pelo Inspetor com o seu Conselho.


1.4.2. Os encarregados inspetoriais de obras e setores e suas equipes


O Inspetor nomeia um, auxiliado normalmente por uma comissão, para acompanhar e animar os diversos ambientes e setores da PJ na Inspetoria (Oratórios-Centros Juvenis, Escolas-CP, Paróquias, marginalização, voluntariado, MJS, etc.).


Função dos Encarregados de setor:


º Ajudar as CEP das obras e setores a concretizarem as orientações inspetoriais da PJ, segundo o PEPS e o plano de trabalho do Delegado e sua equipe.

º Estudar e refletir sobre a finalidade educativo-pastoral, a realidade, a problemática, a projeção das obras.

º Animar, orientar, assistir cada obras na realização de sua finalidade específica.


É importante que os diversos encarregados das obras ou setores pastorais da Inspetoria, coordenem-se sistematicamente entre si sob a animação do Delegado inspetorial e sua equipe para:

º Promover a partilha de informação e de propostas.

º Coordenar as diversas atividades segundo o PEPS e a programação inspetorial.

º Manter a unidade orgânica da PJ em toda a Inspetoria.


2. A ANIMAÇÃO E COORDENAÇÃO INTERINSPETORIAL


Nascem, a serviço do projeto e animação pastoral de um grupo de Inspetorias, variados organismos de inter-relação e coordenação: equipes interinspetoriais de PJ, Delegações nacionais ou regionais de PJ, centros nacionais de PJ, etc. Esses organismos ou equipes são promovidos e orientados pelos Inspetores interessados de um grupo de Inspetorias ou Região, contando com a colaboração do Dicastério para a PJ.


As realidades são diversas mas, em todo caso, devem-se considerar estes critérios:

  • A importância da coordenação neste nível para responder à problemática e situação juvenil sempre mais global e complexa; desenvolver uma mentalidade mais aberta e universal nas Inspetorias; promover a solidariedade e o intercâmbio de dons no âmbito da PJ; facilitar mais a circulação de experiências e modelos pastorais, etc.;

  • sendo um serviço de apoio, animação e coordenação subsidiário, não deve assumir tarefas que outros sujeitos do projeto possam e devam assumir;

  • a prioridade da educação à fé, que vale para os programas e intervenções educativos, vale também para a organização das estruturas de animação (cf. CG23, 245);

  • todos os organismos de coordenação devem ser estruturados de modo convergente, integrado e orgânico, evitando a coordenação de compartimentos estanques, o setorialismo ou a burocratização centralizada.


A Delegação Nacional ou Regional é normalmente formada pelos Delegados inspetoriais de PJ das diversas Inspetorias que se encontram regularmente para:

refletir sobre a realidade juvenil e os desafios que apresenta no âmbito das Inspetorias, em vista da elaboração de critérios e orientações comuns para a animação pastoral na nação ou região;

coordenar a colaboração recíproca entre as Inspetorias em aspectos comuns, como a formação dos educadores e animadores, etc.;

promover a partilha de experiências, subsídios, iniciativas e propostas;

orientar uma forma de presença e ação convergente e unitária na Igreja e no território nacional ou da Região.


Onde não existe a organização da Delegação Nacional ou Regional, as equipes interinspetoriais podem exercer a mesma função.


Existem também, ao lado da Delegação Nacional ou regional, os Centros Nacionais ou Regionais de PJ, isto é, organismos de reflexão e animação criados por uma conferência inspetorial ou grupo de Inspetorias, a serviço da PJ da Região ou Nação para:

promover e realizar estudos e pesquisas sobre os atuais problemas da PJ;

recolher e confrontar as experiências salesianas e eclesiais mais significativas sobre PJ;

propor e divulgar essas reflexões e experiências;

colocar-se a serviço das Inspetorias e Igrejas locais para animar a ação de projeto e a programação, sobretudo na formação dos agentes de PJ.


3. A ANIMAÇÃO E COORDENAÇÃO EM NÍVEL MUNDIAL


Os serviços, atividades, iniciativas e obras que visam a educação e evangelização dos jovens encontrarão uma referência unificadora no Dicastério para a Pastoral Juvenil, formado pelo Conselheiro para a Pastoral Juvenil e sua equipe.


Sua função, de acordo com as Constituições (136), é animar e orientar a ação educativa e assistir as Inspetorias. Concretamente:

º Oferece estímulos que ajudem a caminhar, motiva, torna presente a globalidade, cuida da sensibilidade cultural e da profundidade espiritual, promove a orientação educativa nos objetivos e conteúdos e o acompanhamento metodológico, promove a reflexão sobre os critérios e urgências e o intercâmbio de experiências.

º Procura estimular também a inserção da Pastoral Juvenil Salesiana na Igreja assumindo as suas orientações e endereçamentos e oferecendo a nossa contribuição específica.

º Leva ao Conselho Geral a ótica pastoral e juvenil, assumindo e concretizando as linhas da programação geral do Reitor-Mor e do seu Conselho; mantém relações de reciprocidade e complementaridade com os demais setores, sobretudo com a Formação, as Missões e a Família Salesiana.

º Colabora com os Regionais para unificar e organizar as intervenções nas diversas Inspetorias segundo a situação e necessidades locais.


Os destinatários da sua função animadora são:

os Inspetores e seus Conselhos;

os Delegados inspetoriais para a Pastoral Juvenil, suas equipes e encarregados de setor;

as outras instâncias de animação em nível regional.








4. A ANIMAÇÃO E COORDENAÇÃO LOCAL


A animação pastoral das obras e atividades através das quais se realiza a missão salesiana num determinado lugar é responsabilidade antes de tudo da comunidade salesiana local, sobretudo do Diretor e do Conselho local.

Como núcleo animador da CEP cuidará para que em todas as atividades e obras aconteçam a integridade e unidade da pastoral salesiana.


A comunidade salesiana, na animação da obra, convoca os leigos e envolve co-responsavelmente sobretudo o Conselho da CEP e/ou da obra que é “o organismo central que anima e coordena toda a obra salesiana, através da reflexão, do diálogo, da programação e da revisão da ação educativo-pastoral” (cf. CG24, 161 e 171).


A fim de levar adiante a animação pastoral existe em cada CEP um coordenador da Pastoral Juvenil com sua equipe. O coordenador com a equipe programa, organiza, coordena e estimula a ação pastoral da obra, segundo os objetivos propostos no PEPS local e nas orientações e critérios do Conselho da CEP ou da obra em estreito contato como Diretor.

Em concreto, desenvolve as seguintes funções:


promove e orienta a participação da CEP na elaboração, realização e revisão do PEPS local;

desenvolve o PEPS local com programações concretas, de acordo com os diversos aspectos de ação pastoral da obra, e responde pela sua realização;

cuida da coordenação e integração das diversas atividades pastorais, garantindo a sua complementaridade e a sua orientação para a educação à fé;

promove e desenvolve as iniciativas de formação dos agentes de pastoral segundo as orientações da programação inspetorial;

garante a relação e colaboração da CEP com a pastoral da Igreja local e com outras instituições educativas do território.


Capítulo 6


LINHAS METODOLÓGICAS PARA A REVISÃO DO PEPS



1. A PLANIFICAÇÃO PASTORAL


O caminho feito pelas Inspetorias e comunidades na elaboração do PEPS demonstrou a necessidade de alguns elementos metodológicos concretos para:


facilitar o envolvimento dos membros da CEP em sua elaboração, realização e revisão;

garantir a coerência dos objetivos do PEPS com as necessidades e situações dos jovens;

ajudar para que o PEPS se torne uma referência real na ação pastoral quotidiana na CEP.


Consideremos o PEPS, antes ainda de um texto, um processo mental e comunitário de envolvimento, esclarecimento e identificação que tende a

gerar na CEP uma confluência operativa ao redor de critérios, objetivos e linhas comuns de ação, evitando a dispersão da nossa ação e reconstruindo a síntese e a unidade da ação educativa;

criar e aprofundar na CEP a consciência da missão comum e a mentalidade de participação;

até tornar-se ponto de referência participado em vista da qualidade educativo-pastoral a ser revista continuamente.


Esse processo deve tender também à criação, nos educadores e evangelizadores, de uma verdadeira mentalidade de projeto e de trabalho em equipe, que os torne capazes de animar processos longos e complexos e confrontar-se continuamente com a realidade para rever a eficácia da própria ação.

O caminho percorrido em comum e a metodologia usada é, por isso, tanto mais importante que o texto produzido.


1.1. Os diversos níveis da planificação


A planificação pastoral comporta diversos níveis de concretização que geram diferentes tipos de processo e de documentos que convém esclarecer e articular entre si.


º Quadro de referência


É um conjunto de orientações ideais sobre a finalidade, métodos, concepção do homem e da intervenção educativa, propostas sem explicitar quanto à aplicação e atuação. É uma espécie de declaração de princípios que definem uma filosofia de educação.

Resulta, pois, um documento breve e “estável”: quanto à duração tem validade a “longo prazo”, e quanto à extensão, é aplicável a todo o contexto cultural.

Em algumas nações, esse quadro referência é caracterizado por uma determinada instrução e suas obras diante do Estado e das demais entidades educativas.

Os elementos do quadro de referência têm um grande valor enquanto, embora carentes de propostas de atuação, difundem e fazem assimilar as “idéias” que orientam o projeto: a concepção de homem e de sociedade, de Igreja e de Pastoral que iluminam a nossa práxis educativa e pastoral, os princípios inspiradores da pedagogia salesiana (Sistema Preventivo), os valores da espiritualidade salesiana.


º Projeto educativo-pastoral


É o plano geral de intervenção que concretiza a visão educativa. Nesse sentido:


  • determina os objetivos operativos adequados às necessidades e exigências de uma localidade ou região;

  • sugere linhas concretas e meios para atingir os objetivos;

  • cria papéis e funções para garantir a eficácia das linhas quanto à consecução dos objetivos.

O projeto educativo-pastoral é mais concreto do que o quadro de referência. Quanto à duração, tem validade a “médio prazo”, e quanto à extensão, refere-se à situação local em que trabalha uma Inspetoria ou uma comunidade. As metas ou finalidades que propõe, as áreas de intervenção que marca, as linhas operativas que escolhe, indicam e definem o caminho de uma comunidade educativa.


º Plano anual de pastoral


É a aplicação anual do PEPS: a escolha de alguns objetivos específicos a serem cuidados com especial atenção ao longo do ano.

Através desses planos anuais, constrói-se um caminho gradual que torna o PEPS operativo segundo a revisão sistemática realizada pela CEP.


º Programação


É a distribuição em termos de pessoal, tempos e lugares, das tarefas exigidas pelo projeto e pelo plano anual , e a determinação local das ações a serem realizadas. A programação é feita todos os anos.


º Itinerário


É uma sucessão ordenada de etapas ou momentos educativos (com seus modos e tempos de realização e seus meios e protagonistas) através dos quais se tenta caminhar para a realização dos objetivos preestabelecidos no PEPS.

O itinerário ajuda a tornar operativo o projeto, desenvolve-o no tempo e adapta-o aos diversos destinatários; no itinerário, os objetivos tornam-se movimentos progressivos; o método é concretizado num conjunto de intervenções e experiências orientadas segundo uma série sucessiva de intervenções.

O CG23 propunha que na revisão do PEPS, cada Inspetoria, entre outros aspectos, traduza o caminho de fé proposto em itinerários concretos e adequados aos próprios destinatários e contextos em que trabalha (CG23, 230).


º O PEPS inspetorial e o PEPS local


O PEPS inspetorial indica os objetivos, estratégias e linhas de ação educativo-pastorais comuns, que orientam a ação pastoral de todas as comunidades e obras como ponto de referência para a sua programação e revisão.

Deveria ter possivelmente:

uma organização geral, válida para todas as pessoas;

uma especificação para cada tipo de presença (Escola, Centro Juvenil, Paróquia, etc.).

O PEPS local aplica as linhas do PEPS inspetorial à realidade local.


2. ESTRUTURA GERAL DO PEPS


Um projeto que deseje ser realístico e eficaz deve ser pensado como um processo continuado, um caminho que, partindo de uma situação inicial, caminha para as finalidades fixadas através de objetivos e realizações que o transforma progressivamente; por isso, deve ser elaborado de modo progressivo. Os três momentos indicados acima devem ser sucessivamente retomados, desenvolvidos, aprofundados. E isso deve ser feito muitas vezes, para adequar os planos educativos às realidades em mudança onde trabalhamos.





2.1. Momento da análise da situação


  • Conhecimento da situação da área de intervenção e da condição juvenil no próprio ambiente: pessoas, situações, recursos, problemas, tendências, possibilidades, etc.

  • Interpretação educativo-pastoral da situação para avaliar os fatos conforme a sua capacidade de tornar mais fácil ou mais difícil para os jovens o crescimento de sua humanidade na fé, para descobrir os valores evangélicos dos quais os jovens possam ser portadores e suas expectativas. Essa interpretação deve ser feita à luz dos elementos fundamentais da missão salesiana e do Sistema Preventivo.

  • Determinação dos desafios mais importantes e das urgências educativas e pastorais que brotam da análise da realidade.


2.2. Momento do projeto operativo


  • Estabelecer as opções educativo-pastorais: a comunidade, à luz dos desafios e urgências determinadas na análise da situação, deve fazer as suas opções fundamentais; escolher os aspectos que considera mais importantes, urgentes e possíveis para caminhar em direção às finalidades propostas.

  • Formular, para cada opção ou área de atuação, objetivos concretos, claros, verificáveis.

  • Escolher as estratégias ou critérios de ação, isto é, os caminhos, modalidades de ação ou critérios metodológicos que pareçam proporcionados à realização dos objetivos fixados.

  • Concretizar linhas de ação ou intervenção, pelos quais se determinam o grupo de pessoas destinatárias, as finalidades buscadas, os conteúdos que devem ser comunicados ou atuados, etc.

  • Definir as responsabilidades das diversas pessoas ou equipes e as funções dos organismos.


2.3. Momento de revisão do projeto


Permite medir objetivamente o impacto do projeto sobre a realidade, avaliando seus resultados à luz dos objetivos propostos, descobrir novas possibilidades ou urgências surgidas e discernir os novos passos a serem dados.

A revisão, feita ao longo do processo, permite também acompanhar e orientar as pessoas e grupos responsáveis na realização de sua responsabilidade e funções, motivá-las mais e adaptar o próprio caminho.

A revisão deve envolver as diversas pessoas, grupos e equipes interessadas; deve ser positiva, isto é, orientada a ajudar e motivar para obter resultados melhores, e, mesmo centrando-se num aspecto determinado não deve perder de vista o conjunto do PEPS no qual está inserido esse aspecto determinado.


Existem alguns elementos que não podem esquecidos na revisão global do PEPS:

conhecimento e aplicação do PEPS entre todos os membros da CEP;

grau de conhecimento;

grau de incidência nas diversas ações;

busca de sua aplicação ao longo do ano;

resultados obtidos;

grau atingindo;

causas de um resultado menos suficiente;

ação, capacidades, relações, atitudes das pessoas e equipes responsáveis;

organização das diversas estruturas;

adequação de suas funções e sua inter-relação.




3. PROCESSO DE ELABORAÇÃO OU REELABORAÇÃO


A finalidade do projeto não é tanto colocar nas mãos dos agentes um novo texto para ser conhecido e atuado, mas ajudar a CEP a trabalhar com mentalidade de participação e com clareza de objetivos e critérios que tornem possível uma verdadeira co-responsabilidade.

Por isso, é tão importante o processo quanto o documento final.


3.1. Critérios fundamentais para um trabalho de projeto


  • Envolvimento de todos os membros da CEP:

preocupando-se com a motivação

apresentando com clareza os objetivos e o caminho.


  • Participação de todos nos diversos momentos:

favorecendo a informação suficiente, exata e o mais extensa possível;

promovendo diálogo sereno e progressivo no estudo dos problemas e situações;

avaliando sempre as contribuições de todos.


  • Esforço de manter claros e repropor continuamente os pontos de referência e as linhas de reflexão:

centralidade da pessoa do jovem e da condição juvenil;

atenção à globalidade da proposta educativo-pastoral salesiana (as quatro dimensões ou áreas);

elementos constantes da nossa práxis educativo-pastoral (Sistema Preventivo).


  • Clareza, desde o início, quanto aos diversos níveis de participação (discussão, decisão, execução) e seus responsáveis.


  • Avaliação contínua do processo, para encorajar e melhorá-lo.


3.2. A CEP, sujeito do processo


Qualquer verdadeiro projeto educativo é sempre um trabalho comunitário e de colaboração. O PEPS inspetorial envolve todas as comunidades e obras da Inspetoria, enquanto o PEPS local implica a CEP como sujeito de sua elaboração, atuação e revisão.


Nesse processo, salesianos e leigos fazem juntos a experiência de comunhão e participação no espírito e missão de Dom Bosco. Todos os componentes da CEP percorrem um caminho de discernimento, participando ativamente da busca dos objetivos e linhas de ação do PEPS (CG24, 119-120).


O PEPS elaborado, atuado e revisto em comum constrói a CEP, cria mentalidade comum, torna mais significativa a ação educativo-pastoral, torna-se momento privilegiado de formação permanente de SDB e leigos.

Como interessar e empenhar toda a CEP nesse processo?


º Criar e pôr em ação um grupo que:

estimule e motive, ajudando a superar os obstáculos;

indique as linhas metodológicas;

ofereça os elementos e subsídios para a reflexão e o estudo;

resuma e formule as conclusões para repropô-las ao grupo.


O grupo em nível inspetorial pode ser a equipe inspetorial de Pastoral Juvenil, alargada com outras pessoas competentes e qualificadas; em nível local, o Conselho da CEP.


º Envolver e motivar de modo especial os salesianos e comunidades SDB na tarefa de animação do processo de reflexão e elaboração do PEPS; pensar numa ação em raio inspetorial para:

esclarecer a função da comunidade como núcleo animador da CEP;

aprofundar juntos os elementos de identidade salesiana: o Sistema Preventivo como espiritualidade, método pastoral, metodologia educativa, síntese da educação e evangelização, etc.


º Preparar um quadro de referência doutrinal e metodológico a ser proposto à CEP como elemento de participação e como guia no processo.


º Criar uma metodologia que favoreça a participação de todos os grupos e organismos da CEP segundo as suas responsabilidades e possibilidades.


º Interessar de modo especial os membros da FS que trabalham no mesmo território (cf. CG 24, 125):

em raio inspetorial, através do encontro dos organismos inspetoriais (equipe inspetorial de PJ e/ou Conselho Inspetorial) com os representantes dos diversos grupos da FS presentes na Inspetoria;

em raio local, com o diálogo entre o conselho local da FS e a comunidade SDB e o Conselho da CEP.







ÍNDICE


INTRODUÇÃO


DOCUMENTAÇÃO


PARTE I: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS


Capítulo 1

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA


1. DOM BOSCO E A MISSÃO SALESIANA: PONTO DE REFERÊNCIA HISTÓRICO-CARISMÁTICO


2. UMA ESPIRITUALIDADE NA MISSÃO: O SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO


2.1 Uma experiência espiritual

2.2 Uma proposta pastoral de evangelização juvenil

2.3 Uma metodologia pedagógica


3. A MISSÃO SALESIANA É PARA NÓS PASTORAL JUVENIL SALESIANA (PJS)


3.1 Uma opção determinante: os jovens e o seu mundo

3.2 Uma tarefa: educar evangelizando e evangelizar educando

3.3 Uma experiência comunitária

3.4 Um estilo específico: a animação

3.5 Uma pastoral orgânica: unidade na diversidade e organicidade

3.6 Uma presença significativa na Igreja e no mundo


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


Capítulo 2

O PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO. FUNDAMENTOS


1. FINALIDADE DO PEPS


2. CARACTERÍSTICAS DO PEPS


3. AS DIMENSÕES DO PEPS


3.1 A dimensão educativa e cultural

3.1.1 A sua especificidade

3.1.2 Desafios aos quais se quer responder

3.1.3 Opções específicas a serem desenvolvidas


3.2 A dimensão de evangelização e catequese

3.2.1 A sua especificidade

3.2.2 Desafios aos quais se quer responder

3.2.3 Opções precisas


3.3 A dimensão vocacional

3.3.1 A sua especificidade

3.3.2 Desafios aos quais se quer responder

3.3.3 Opções precisas


3.4 A dimensão da experiência associativa

3.4.1 A sua especificidade

3.4.2 Desafios aos quais se quer responder

3.4.3 Opções precisas


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


PARTE II: UM MODELO OPERATIVO


Capítulo 3

A COMUNIDADE EDUCTIVO-PASTORAL


1. A IDENTIDADE DA CEP


1.1 A forma salesiana de estar presente entre os jovens

1.2 Que envolve muitas pessoas

1.3 Numa experiência de comunhão e participação do espírito e da missão de Dom Bosco

1.4 Na Igreja e no território

1.4.1 A CEP, como experiência significativa de Igreja

1.4.2 Com uma presença significativa no território


2. A ANIMAÇÃO DA CEP


2.1 A CEP como uma realidade em crescimento

2.2 Centralidade da animação da CEP

2.3 Contribuição recíproca dos religiosos salesianos e dos leigos na animação da CEP

2.3.1 A comunidade SDB

2.3.2 Os leigos responsáveis

2.4 Aspectos a serem cuidados na animação da CEP


3. ESTRUTURAS E MODELOS DE ANIMAÇÃO DA CEP


3.1 Um serviço específico de animação: o núcleo animador

3.2 Um modelo operativo compartilhado

3.3 Tarefas de animação

3.3.1 O Diretor SDB

3.3.2 O Conselho da Comunidade

3.3.3 O Conselho da CEP e/ou da obra

3.3.4 Diversas figuras de leigos educadores e suas tarefas e responsabilidades

3.4 Outros modelos de animação da CEP nas obras salesianas


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento









Capítulo 4

OBRAS E SERVIÇOS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA NOS DIVERSOS AMBIENTES JUVENIS


Introdução


I. O ORATÓRIO-CENTRO JUVENIL


1. A originalidade do Oratório Salesiano

1.1 A inspiração original

1.2 A nova situação atual

1.3 Em vista de uma nova síntese


2. A COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL DO ORATÓRIO-CENTRO JUVENIL SALESIANO

2.1 Características da CEP do Oratório-Centro Juvenil

2.2 A presença juvenil na CEP do Oratório-Centro Juvenil Salesiano

2.3 A CEP inserida na Igreja e aberta ao território

2.4 A animação da CEP do Oratório-Centro Juvenil

2.4.1 Elementos fundamentais

2.4.2 Estruturas de animação


3. A PROPOSTA EDUCATIVO-PASTORAL

3.1 A convocação juvenil

3.2 Uma experiência educativa

3.3 Um processo de evangelização

3.4 Mediações fundamentais


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


II. AS ESCOLAS E OS CENTROS PROFISSIONAIS SALESIANOS


1. A ORIGINALIDADE DAS ESCOLAS E DOS CENTROS PROFISSIONAIS SALESIANOS


1.1 Os salesianos na escola

1.2 Os salesianos nos Centros Profissionais

1.3 Aspectos fundamentais das escolas e dos CP salesianos

1.3.1 É um centro eficiente e qualificado

1.3.2 É um centro educativo inspirado nos valores evangélicos, que oferece uma proposta de crescimento na fé

1.3.3 É um centro educativo portador do espírito e da pedagogia salesiana

1.3.4 É um centro educativo com uma consciente função social

1.3.5 É um centro educativo popular


2. A CEP NAS ESCOLAS E NOS CP SALESIANOS

2.1 Tarefas da CEP nas escolas e nos CP salesianos

2.2 Estruturas de participação e de responsabilidades

2.2.1 Responsabilidade pessoais

2.2.2 Órgãos colegiais de participação


3. A PROPOSTA EDUCATIVA E PASTORAL NAS ESCOLAS E CP SALESIANOS

3.1 Proposta educativa e cultural

3.1.1 Algumas prioridades

3.1.2 Principais intervenções

3.2 A proposta evangelizadora

3.2.1 Algumas prioridades

3.2.2 Principais intervenções


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


III. A PARÓQUIA CONFIADA AOS SALESIANOS


1. A ORIGINALIDADE DA PARÓQUIA SALESIANA


1.1 A paróquia, presença da Igreja num território

1.2 A paróquia salesiana, presença da Igreja num território, com o carisma salesiano


2. A PARÓQUIA-COMUNIDADE (A CEP DA PARÓQUIA)

2.1 Alguns critérios

2.2 Processo desta opção comunitária

2.3 Responsabilidades e estruturas

2.3.1 Alguns critérios

2.3.2 Principais responsabilidades e estruturas


3. A PROPOSTA EDUCATIVO-PASTORAL DA PARÓQUIA SALESIANA

3.1 A Paróquia Salesiana: centro de evangelização e de educação à fé

3.1.1 O seu significado

3.1.2 Traços qualificadores da evangelização da Paróquia salesiana

3.2 A Paróquia com uma opção prioritária dos jovens

3.2.1 O seu significado

3.2.2 Perspectivas

3.2.3 Linhas de intervenção


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


IV. PRESENÇAS SALESIANAS PARA JOVENS EM DIFICULDADE


1. A ORIGINALIDADE DESSAS PRESENÇAS


1.1 A atenção especiais aos jovens em dificuldade, um compromisso salesiano constante

1.2 Característica salesiana das obras e serviços para os jovens em dificuldade

1.2.1 Um ambiente familiar animado por uma comunidade

1.2.2 Uma proposta educativa integral segundo a identidade cristã

1.2.3 A opção da educação com o critério preventivo

1.2.4 Com meios pobres, abertos à colaboração e relacionamento com outras obras e instituições similares


2. A COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL DESSAS OBRAS


2.1 Características da CEP nas obras no campo da insatisfação juvenil

2.2 Alguns critérios práticos a serem levados em conta nessas CEP


3. A PROPOSTA EDUCATIVO-PASTORAL NESSAS OBRAS


3.1 Características da nossa proposta educativo-pastoral nessas obras

3.1.1 É uma proposta integral e orgânica

3.1.2 Com um traço educativo e preventivo

3.1.3 Animada com paciência, gradualidade e profissionalismo

3.1.4 Torna-se também uma proposta de transformação para o território e a realidade social

3.2 Aspectos importantes da nossa proposta

3.3 Passos e intervenções


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


V. NOVOS ESPAÇOS DE PRESENÇA E DE PASTORAL ENTRE OS JOVENS


1. ELEMENTOS GERAIS


1.1 Novos desafios e novas respostas

1.2 Critérios de identidade salesiana


2. O MOVIMENTO JUVENIL SALESIANO


2.1 Características do MJS

2.1.1 Elementos de identidade do MJS

2.1.2 Opções fundamentais do MJS

2.1.3 Elementos para a animação do MJS


2.2 Algumas expressões do MJS

2.1.1 Associações e serviços no âmbito do tempo livre

2.1.2 O VOLUNTARIADO SALESIANO

2.1.3 As grandes convocações juvenis


3. SERVIÇOS ESPECIALIZADOS DE FORMAÇÃO CRISTÃ E DE PASTORAL VOCACIONAL

3.1 Serviços de experiência e de formação cristã

3.2 Serviços e comunidades vocacionais

3.3 Santuários


4. PRESENÇAS PASTORAIS NO MUNDO DA UNIVERSIDADE

4.1 Diversos níveis e tipos de obras

4.2 Quadro de referência


5. PRESENÇA PASTORAL NOS MASS-MEDIA


Sugestões bibliográficas para o aprofundamento


Capítulo 5

AS ESTRUTURAS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL


1. A ANIMAÇÃO INSPETORIAL

1.1 Premissas

1.2 Linhas preferenciais de animação pastoral inspetorial

1.2.1 Acolhida real e colegial da animação e governo pastoral da Inspetoria por parte do Conselho Inspetorial sob a coordenação do Inspetor

1.2.2 Formação constante dos agentes

1.2.3 Envolvimento das comunidades, dos irmãos e da CEP


1.3 Critérios, objetivos e exigências da organização dos serviços e organismos inspetoriais de animação pastoral

1.4 Os serviços inspetoriais de animação pastoral

1.4.1 O Delegado inspetorial de PJ e sua equipe

1.4.2 Os encarregados inspetoriais de obras e setores e suas equipes



2. A ANIMAÇÃO E COORDENAÇÃO INTERINSPETORIAL


3. A ANIMAÇÃO E COORDENAÇÃO E NÍVEL MUNDIAL


4. A ANIMAÇÃO E COORDENAÇÃO LOCAL


Capítulo 6

LINHAS METODOLÓGICAS PARA FAZER A REVISÃO DA CEP


1. A PLANIFICAÇÃO PASTORAL

1.1 Os diversos níveis de planificação


2. ESTRUTURA GERAL DO PEPS

2.1 Momento da análise da situação

2.2 Momento do projeto operativo

2.3 Momento da revisão


3. PROCESSO DE ELABORAÇÃO OU REELABORAÇÃO

3.1 Critérios fundamentais para um trabalho de projeto

3.2 A CEP, sujeito do processo



(trad: jav – 27/03/98)

1 Ver no final da introdução os Documentos que inspiraram este Manual.

2 Os aspectos concretos serão tratados nos sexto capítulo.

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