Quadro_Referencial_pt_br


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A Pastoral
Juvenil
Salesiana
Quadro
Referencial
Dicastério para
a Pastoral
Juvenil Salesiana

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A Pastoral
Juvenil
Salesiana
Quadro
Referencial
Dicastério para
a Pastoral
Juvenil Salesiana

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Colaboraram no trabalho preparatório:
com o P. Fabio Attard, SDB
Consigliere per la Pastorale Giovanile
Andrea Bozzolo - Antonino Romano - Antonio Jiménez - Centro Nacional Salesiano de
Pastoral Juvenil (Espanha) - Centro Salesiano Pastorale Giovanile (Itália) - Chris Ford - David
O’Malley - Dominic Sequeira - Equipe do Teologado Dom Bosco (Guatemala) - Gianantonio
Bonato - Istituto per la pastorale giovanile Don Bosco (Alemanha) - Joe Arimpoor - José
Antonio Vega - José Miguel Núñez - Joseph Gevaert - Marek Chrzan - Don Bosco Center
(Filipinas) - Osvaldo Gorzegno - Pier Fausto Frisoli - Riccardo Tonelli - Ronaldo Zacharias -
Rossano Sala - Savio Hon Tai Fai - Thomas Menamparambil.
Colaboraram na redação do documento:
Alberto Martelli - Carlo Loots - Charles Maria Antonysamy - Chiara Bambozzi – Erino Leoni - Fer-
nando García - Francesca Ciolfi - Francisco Santos – Francesco Cereda - Gianni Filippin – Giovanni
Doff Sotta - Gregoire Kifuayi Nzilimpiem - Javier Valiente - José Francisco M. Zazo - José Luis
Aguirre - Jose Luis Plascencia - Koldo Gutiérrez - Marcello Baek - Mario Olmos - Marta Cesteros
- Miguel Angel Alvarez - Miguel Angel Garcia - Pier Fausto Frisoli - Rafael Borges - Robert Simon
David - Samuel Segura - Santiago Domínguez - Santiago G. Mourelo - Sergio Castellini - Tarcizio
Moráis.
Apresentação gráfica: Artia Comunicación
Ilustrações: Javier Carabaño
Tradução: José Antenor Velho
Propriedade reservada ao Dicastério para a Pastoral Juvenil, SDB
Terceira edição 2014
Editora S.D.B.
Edição extracomercial
Direzione Generale Opere Don Bosco
Via della Pisana, 1111
Casella Postale 18333
00163 Roma Aurelio
Tipografia Gráfica São Judas - Brasília - DF

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Apresentação
O Concílio Vaticano II foi um evento de grande importância na vida da
Igreja. Ele deu início, no interior da Igreja, a um longo processo de reflexão
que se reavivou nas fontes das grandes Constituições Conciliares: a Igreja,
como comunidade de crentes, encontra na Palavra e na vida sacramental-
litúrgica, especialmente na Eucaristia, a força para ser sinal de esperança e
alegria para o mundo. O processo foi nutrido e sustentado pelo caminho
sinodal, com suas Exortações Apostólicas. As Exortações Apostólicas
Evangelii Nuntiandi e Catechesi Tradendae, com a Encíclica Redemptoris
Missio e o Diretório Geral para a Catequese, deram novo vigor à missão
evangelizadora da Igreja.
Desde o imediato pós-Concílio, a Congregação empenhou-se profundamente
em ler os sinais dos tempos e responder com generosidade e criatividade
pastoral às novas urgências. Repensando a própria missão, a Congregação
ofereceu nestes decênios uma reflexão atualizada sobre o Sistema
Preventivo de Dom Bosco. Desenvolveu também uma reflexão sobre a
Comunidade salesiana, objeto e sujeito da evangelização. Atenção especial
foi dada à Comunidade Educativo-Pastoral, com clara visão de seu Projeto
Educativo-Pastoral Salesiano, que define a identidade evangelizadora e
educativa de todo tipo de presença salesiana.
A Congregação também se empenhou em dar respostas à questão de
sentido e à busca espiritual através da proposta da Espiritualidade Juvenil
Salesiana, vivida por um vasto movimento de pessoas.
Nestes decênios, o Dicastério para a Pastoral Juvenil acompanhou
as Inspetorias com animação sistemática e contínua. Ação que tinha por
objetivo reforçar o conhecimento e a aplicação do modelo pastoral da
Congregação que tem suas raízes em nossas Constituições (31-39).
Neste itinerário de animação, o Dicastério encontrou um apoio sólido
e claro no Magistério dos Reitores-Mores que ofereceram a própria
reflexão de modo contínuo e sistemático e orientaram com sabedoria o
processo de evangelização e educação.
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Na fronteira pastoral, é preciso reforçar este esforço de assimilação,
esclarecimento e realização, para que cresça ainda mais. Nota-se um
profundo desejo de todos os sujeitos pastorais de responder com suas
melhores forças aos questionamentos da juventude.
Deve-se reconhecer que esta edição do «Quadro Referencial» está em
continuidade com as edições anteriores. Procurou-se enriquecê-lo com a
reflexão amadurecida pela Igreja nos últimos anos. Esta edição é fruto de
um caminho iniciado pelas comunidades e amadurecido no interior de
cada Inspetoria.
Temos aqui uma rica visão de conjunto do patrimônio pastoral salesiano,
iluminado pelo magistério da Igreja em resposta aos desafios atuais. É
uma síntese orgânica que tem sempre presente a leitura empática da
história dos jovens, que encontra em Cristo a sua fonte, síntese que
se torna sempre mais ciente do seu patrimônio carismático e da
sua identidade pastoral. Um manual que a CEP assume como dom
e responsabilidade. Por isso o traduz no PEPS, que oferece a todos os
ambientes e a todas as obras uma proposta clara de evangelização e
educação seguindo linhas de projetos comuns para a proposta salesiana
hoje.
O «Quadro Referencial» é um instrumento oferecido pelo Dicastério para
a Pastoral Juvenil para iluminar e orientar o itinerário pastoral da CEP
inspetorial e local; para orientar a ação pastoral do delegado inspetorial e
local de Pastoral Juvenil e de suas equipes; para contribuir na formação de
todos os que – salesianos, educadores e educadoras – são corresponsáveis
da missão salesiana.
Fabio Attard
Conselheiro Geral para a Pastoral Juvenil
Roma, 8 de dezembro de 2013
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Premissa à
terceira edição
O Capítulo Geral 26 dos Salesianos (2008) deliberou que o Reitor-Mor
«cuide, por meio dos Dicastérios competentes, do aprofundamento da
relação entre evangelização e educação, a fim de atualizar o Sistema
Preventivo e adequar o quadro referencial da pastoral juvenil às alteradas
condições culturais» (CG26, n. 45).
Imediatamente após o CG26, o Dicastério para a Pastoral Juvenil iniciou
um processo de consulta para chegar a essa meta. Inicialmente, foram
interpelados todos os Centros de Estudo da Congregação, os Centros
Nacionais de Pastoral Juvenil, os Centros de Formação Permanente, além
de Salesianos especialistas na matéria. Sua contribuição serviu de base para
elaborar um instrumento com a finalidade de solicitar a reflexão de todas
as comunidades da Congregação. Após essa ampla fase de participação,
o Dicastério recebeu de todas as inspetorias um relatório sobre o processo
realizado. A diversidade dos temas e das nuances dos relatórios vindos
de todas as partes da Congregação foi objeto de estudo da equipe que
elaborou esta edição procurando facilitar a unidade orgânica dos diversos
elementos constitutivos da Pastoral Juvenil Salesiana.
O texto, que pelas suas finalidades de guia e instrumento de formação,
coloca-se em continuidade com o que foi afirmado nas edições anteriores,
procura, ao mesmo tempo, colher as novas exigências educativo-pastorais
e os atuais desafios culturais e eclesiais.
A publicação de uma nova edição é ocasião para insistir na centralidade
dos jovens, particularmente os mais carentes, no coração da Pastoral
Juvenil Salesiana. O texto, de fato, lembra nas primeiras páginas (capítulo
I) essa opção carismática: a ótica que aqui escolhemos é aquela de ver
como a Congregação Salesiana compreende ou, melhor, como sente o
seu trabalho em relação aos jovens, dos tempos de Dom Bosco até hoje.
A estrutura e os conteúdos fundamentais da 2ª edição (2000) foram
enriquecidos e desenvolvidos por uma reflexão teológica, espiritual
e carismática mais ampla (capítulos II e III). Além disso, foi dada
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atenção especial à diversidade dos contextos que há tempo se tornaram
pluriculturais e plurirreligiosos, onde a Congregação está presente.
No capítulo III é dada especial atenção a dois aspectos particulares: de
um lado, a compreensão da relação evangelização-educação e, de outro,
viu-se o Sistema Preventivo como projeto formativo, espiritualidade e
metodologia educativa.
A nova edição é enriquecida da apresentação atualizada da Espiritualidade
Juvenil Salesiana e dos itinerários de educação à fé, procurando uma maior
aderência à situação juvenil de hoje (capítulo IV).
O capítulo V apresenta de modo detalhado a Comunidade Educativo-
Pastoral (CEP) e, com ela, oferece também uma nova seção que descreve
“o coração do educador salesiano”.
O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano (PEPS) é apresentado em suas
dimensões constitutivas no capítulo VI. Relacionado estritamente ao
PEPS, esta edição sublinha algumas orientações para uma maior atenção
à cultura vocacional, à animação missionária e voluntariado, e ao mundo
da comunicação social.
O capítulo VII oferece as linhas operativas no interior da atividade e da obra de
Pastoral Juvenil Salesiana: serviços e obras nos diversos ambientes salesianos
que têm forte incidência educativo-pastoral. É um capítulo notavelmente
reestruturado, à luz das novas realidades sociais, culturais e salesianas.
O capítulo VIII apresenta uma leitura dos vários instrumentos pastorais
e como eles são entendidos e aplicados no interior da Pastoral Juvenil
Salesiana orgânica. Explica-se também a programação pastoral local,
inspetorial e interinspetorial para ser mais bem atuada.
A apresentação gráfica quer facilitar a leitura, o estudo e a reflexão em
comum dos agentes pastorais. Ainda, a centralidade da Palavra de Deus
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2 Pages 11-20

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foi privilegiada, juntamente com a referência às fontes salesianas; estas
constituem o fio condutor do texto e são apresentadas nos ‘quadros de
textos’ que enriquecem cada capítulo. As citações do texto são tiradas da
documentação que segue esta premissa. Atenção particular foi dada à
linguagem própria das Constituições e Regulamentos, ao patrimônio do
Magistério da Igreja e dos Reitores-Mores.
Para uma leitura mais clara e lógica, o texto se divide em três partes,
salvaguardando a estrutura de cada parte. Em vista de itinerários
formativos, cada capítulo pode ser lido separadamente ou em ordem
diversa da proposta.
Um vivo agradecimento a todos aqueles que, nos últimos anos, nos
acompanharam com a oração, a reflexão e as sugestões. Gostaria
de agradecer de maneira especial a Miguel Angel Morcuende, que
acompanhou de perto o itinerário e a formação do texto, e a Rafael
Borges, Mario Olmos e Robert Simon que participaram com generosidade
da revisão do texto.
Sentimos o dever de exprimir o mais vivo agradecimento a todos os
que, com o seu precioso e oculto trabalho de tradução, garantiram que
a reflexão pastoral da Congregação chegasse a todos os lugares do
mundo. O seu generoso serviço é um autêntico e cada vez mais apreciado
ministério.
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Documentação
Documentos da Igreja
• Lumen Gentium. Constituição dogmática do Concílio Vaticano II
sobre a Igreja (21 de novembro de 1965).
• Gravissimum Educationis. Declaração do Concílio Vaticano II sobre a
educação cristã (28 de outubro de 1966).
• Gaudium et Spes. Constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre
a Igreja no mundo contemporâneo (7 de dezembro de 1966).
• Evangelii Nuntiandi. Exortação apostólica de Paulo VI sobre a
missão de anunciar o Evangelho (8 de dezembro 1975).
• A escola católica. Documento da Sagrada Congregação para a
Educação Católica (19 de março de 1977).
• Conferência de Puebla. Documento da Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano (28 de janeiro de 1979).
• Familiaris Consortio. Exortação apostólica de João Paulo II sobre a
missão da família cristã no mundo de hoje (22 de novembro de 1981).
• Código de Direito Canônico. Promulgado por João Paulo II (25 de
janeiro de 1983).
• Christifideles Laici. Exortação apostólica de João Paulo II sobre a vocação
e a missão dos leigos na Igreja e no mundo (30 de dezembro de 1988).
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• Juvenum Patris. Carta de João Paulo II no centenário da morte de
Dom Bosco (31 de janeiro de 1988).
• Ex Corde Ecclesiae. Constituição Apostólica de João Paulo II sobre as
Universidades Católicas (15 de agosto de 1990).
• Redemptoris Missio. Carta encíclica de João Paulo II (7 de dezembro
de 1990).
• Presença da Igreja na universidade e na cultura universitária.
Congregação para a educação católica, Pontifício Conselho para os
Leigos, Pontifício Conselho para a Cultura (22 de maio 1994).
• Diretório Geral para a Catequese. Congregação para o Clero (15 de
agosto de 1997).
• Novo Millennio Ineunte. Carta apostólica de João Paulo II (6 de
janeiro 2001).
• Deus Caritas Est. Carta encíclica de Bento XVI sobre o amor cristão
(25 de dezembro de 2005).
• Spe Salvi. Carta encíclica de Bento XVI sobre a esperança cristã (30 de
novembro de 2007).
• Nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização.
Congregação para a Doutrina da Fé (3 de dezembro de 2007).
• Carta de Sua Santidade Bento XVI ao Padre Pascual Chávez Villanueva,
Reitor-Mor S.D.B. por ocasião do Capítulo Geral XXVI (1º de março de 2008).
• Caritas in Veritate. Carta encíclica de Bento XVI sobre o desenvolvimento
humano integral na caridade e na verdade (29 de junho 2009).
• Verbum Domini. Exortação Apostólica de Bento XVI sobre a Palavra
de Deus na vida e na missão da Igreja (11 de novembro de 2010).
• Porta Fidei. Carta apostólica de Bento XVI (11 de outubro de 2011).
• Mensagem ao Povo de Deus. XIII Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos (7-28 de outubro de 2012).
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Fontes salesianas
• Cronache dell’Oratorio di San Francesco di Sales de Domenico
Ruffino (Roma, Arquivo Salesiano Central, caderno 5).
• Memórias do Oratório de S. Francisco de Sales de 1815 a 1855 de
João Bosco. Ensaio introdutório e notas históricas preparadas por Aldo
Giraudo (Roma, LAS 2011). Este texto em português seguiu a tradução
de Fausto Santa Catarina, Editora Salesiana: São Paulo, 2005.
• Vita del giovanetto Santo Domenico allievo dell’Oratorio di
san Francesco di Sales di Giovanni Bosco, in Giovanni Bosco, Vite
di giovani. Le biografie di Domenico Savio, Michele Magone e
Francesco Besucco. Ensaio introdutório e notas históricas cuidadas
por Aldo Giraudo (Roma: LAS 2012).
• Introduzione al Piano di Regolamento per l’Oratorio maschile
di San Francesco di Sales (1854) di Giovanni Bosco, in Pietro Braido
(ed.), Don Bosco educatore scritti e testimonianze. Istituto Storico
Salesiano, Fonti, Serie prima, n. 9 (Roma: LAS 1997).
• Il giovane provveduto per la pratica de’ suoi doveri degli
esercizi di cristiana pietà di Giovanni Bosco (Turim, 1847), in Pietro
Braido (ed.), Don Bosco educatore scritti e testimonianze. Istituto
Storico Salesiano, Fonti, Serie prima, n. 9 (Roma: LAS 1997).
• Il Sistema Preventivo nella Educazione della Gioventù (1877)
de Giovanni Bosco, in Braido P. (ed.), Don Bosco educatore scritti
e testimonianze. Istituto Storico Salesiano, Fonti, Serie prima, n. 9
(Roma: LAS 1997).
• Lettera da Roma di Giovanni Bosco (Roma, 1884), in Pietro Braido
(ed.), Don Bosco educatore scritti e testimonianze. Istituto Storico
Salesiano, Fonti, Serie prima, n. 9 (Roma: LAS 1997).
• Lettera di Giovanni Bosco a Don Giacomo Costamagna (10 agosto
1885), in Braido P., (ed.), Don Bosco educatore scritti e testimonianze.
Istituto Storico Salesiano, Fonti, Serie prima, n. 9 (Roma: LAS 1997).
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• Lettera Circolare sulla Diffusione di Buoni Libri di Giovanni Bosco
(19 marzo 1885), in Ceria E., Epistolario di san Giovanni Bosco,
volume 4º, lettera 2539.
• Memorie biografiche di don [del venerabile servo di Dio / del
beato / di San] Giovanni Bosco di Giovanni Battista Lemoyne -
Angelo Amadei - Eugenio Ceria, 19 vol.
Documentos da Congregação
e da Família Salesiana
• Atos do Conselho Geral da Sociedade Salesiana de São João
Bosco. Órgão oficial de animação e comunicação para a
Congregação Salesiana. Direção Geral das Obras de Dom Bosco.
• Capítulo Geral Especial da Sociedade Salesiana (1971).
• Capítulo Geral 21 da Sociedade Salesiana (1978).
• Capítulo Geral 22 da Sociedade Salesiana (1984).
• Capítulo Geral 23 dos Salesianos de Dom Bosco. «Educar os
jovens à fé» (1990).
• Capítulo Geral 24 dos Salesianos de Dom Bosco. «Salesianos e
leigos: Comunhão e partilha no Espírito e na missão de Dom
Bosco» (1996).
• Capítulo Geral 25 dos Salesianos de Dom Bosco. «A comunidade
salesiana hoje» (2002).
• Capítulo Geral 26 dos Salesianos de Dom Bosco. «Da mihi
animas, cetera tolle» (2008).
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• Constituições e Regulamentos da Sociedade de São Francisco de
Sales (1984).
• Sistema Salesiano de Comunicação Social. Linhas de orientação
para a Congregação Salesiana. Dicastério para a Comunicação
Social (2011).
• O voluntário na missão salesiana. Manual de Guia e
Orientações. Dicastério para a Pastoral Juvenil e para as Missões
(2008).
• Carta de Identidade Carismática da Família Salesiana. P. Pascual
Chávez (2012).
• Identidade das Instituições Salesianas de Educação Superior.
Direção Geral das Obras de Dom Bosco (2003).
• Políticas para a presença salesiana na educação superior 2012-2016.
Direção Geral das Obras de Dom Bosco (2012).
Siglas e abreviações
ACG/ACS Atos do Conselho Geral/Superior da Sociedade
Salesiana de São João Bosco.
Const./Reg. Constituições e Regulamentos da Sociedade de São
Francisco de Sales (1984).
CG
Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco.
IUS
Instituições Salesianas de Educação Superior
PEPS
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
PEPSI
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano Inspetorial
CEP
Comunidade Educativo-Pastoral
CFP
Centro de Formação Profissional
MGS (AJS) Movimento Juvenil Salesiano (Articulação da
Juventude Salesiana)
POI
Projeto Orgânico Inspetorial
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2.7 Page 17

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I II III

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PARTE
PRIMEIRA
Nesta primeira parte são traçadas as linhas da Pastoral Juvenil
Salesiana renovada, a partir de uma abordagem teológica e
antropológica. São indicadas algumas chaves interpretativas para a
comunicação da Boa Nova para que possa ser recebida pelos jovens,
em sintonia com suas expectativas.

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
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HABITAR A VIDA E A CULTURA
DOS JOVENS DE HOJE
CAPÍTULO
I
«Encheu-se de
compaixão por eles…
e começou a
ensinar-lhes»
(Mc 6, 34)

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3.1 Page 21

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O Senhor indicou a Dom Bosco os jovens,
especialmente os mais pobres, como primeiros e
principais destinatários da sua missão. Chamados à
mesma missão, tomamos consciência da sua extrema
importância: os jovens vivem uma idade em que
fazem opções fundamentais de vida que preparam
o futuro da sociedade e da Igreja. Com Dom Bosco
reafirmamos a preferência pela “juventude pobre,
abandonada, em perigo”, que tem maior necessidade
de ser amada e evangelizada, e trabalhamos
especialmente nos lugares de mais grave pobreza»
(Const. 26)
Olha, me disse (...). Eis o teu campo, onde deves
trabalhar»
(Memórias do Oratório, Introdução)
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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
O primeiro capítulotem cará-
ter inspirador. Além de oferecer uma perspectiva positiva
da realidade juvenil à pastoral, faz com que esta seja aberta
a todas as expectativas mesmo ocultas e inconscientes dos
jovens. Somente habitando o seu mundo pode-se apreciar
realmente as suas potencialidades. Abandonando uma pas-
toral dobrada sobre si mesma, abrimos o horizonte com es-
perança, tendo sempre presente quem é mais frágil e quem
está em maior risco. Os novos paradigmas culturais e os de-
safios dos vários contextos provocam atenções específicas e
desafiam o sentido mesmo da pastoral e do ser Igreja. Neste
capítulo gostaríamos de esclarecer a motivação que moveu
Dom Bosco e a Congregação com ele e depois dele, na sua
ação pelos jovens.
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3.3 Page 23

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 Eis o teu campo,
eis onde deves trabalhar
João Bosco, em casa, em família e no ambiente dos Becchi onde vivia,
falava certamente o dialeto piemontês típico de suas terras de camponeses.
Foi utilizando esse dialeto, acreditamos, que Maria, a mulher de aspecto
majestoso do sonho dos nove anos, falou em sonho a Joãozinho. Ora, no
dialeto do tempo, a frase que Maria disse para indicar a Joãozinho o seu
futuro campo de ação, “eis onde deves trabalhar” não é bem traduzida
com o verbo “trabalhar”, mas de modo mais verossímil com o verbo
lavrar: “eis o campo que deverás lavrar”.
Somos filhos de um lavrador, e isso nos confirma que o carisma salesiano
tem em si uma virtude totalmente especial a sustentar a missão juvenil
que nos caracteriza: a virtude da esperança.
O lavrador não se volta para trás, não mede o cansaço com os frutos
que recolhe. Ele, segundo o clima do Piemonte, deve lutar com o terreno
pedregoso e inculto, com a terra fria do outono ou ainda compacta no
início da primavera. Não tem o horizonte do semeador, nem a alegria do
ceifeiro; tem somente a esperança, a certeza do futuro que já vê florido,
mesmo se naquele momento é feito de suor e esforço.
São estas as virtudes de quem quer evangelizar e educar os jovens: não é possível
permitir a perda de tempo, não se pode desviar do caminho e contemplar o
passado, a olhar muito para trás,
mas também não se podem ver logo
os frutos. Em vez disso, é preciso
esperar, olhar adiante e saber cultivar
no coração a certeza de que aquilo
«Nas coisas que redundam em vantagem
para a juventude em perigo ou servem
para conquistar almas a Deus, eu vou
que se está a fazer produzirá muito
fruto, frutos de santidade, frutos de
bons cristãos e honestos cidadãos.
adiante até a temeridade»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XIV, CAP. XXVIII)
Nós salesianos olhamos para os
jovens como o lavrador contempla
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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
a terra que está a lavrar, com a firme teimosia do agricultor, com a
temeridade que caracteriza o nosso fundador quando intui que os seus
projetos vêm de Deus; com os olhos e a mente fixos no presente como
lugar da esperança, porque esse é o tempo dos jovens, porque, mesmo
não parecendo, a terra em que se trabalha já é fecunda de santidade, e
deve ser apenas cuidada na maneira certa.
2 Simpatia e vontade de
contato com os jovens
A chegada de Dom Bosco na Turim
de 1841 corresponde, para o jovem
padre camponês, à descoberta de
um mundo juvenil insuspeitado e
novo em relação àquele ao qual
estava habituado desde pequeno:
«Basta que sejam jovens, para que eu os
ame muito»
(O JOVEM INSTRUÍDO, INTRODUÇÃO “À JUVENTUDE”)
de um lado, são muitos os meninos
e jovens que convergem para a
capital do Estado sabaudo em busca de trabalho e sustento para o futuro;
de outro lado, Dom Bosco descobre um aspecto mais perigoso, mais cruel
e mais duro da sociedade do que vivera nos Becchi ou mesmo na pequena
cidade de Chieri.
Dom Bosco se vê lançado num mundo novo, em que não faltam
problemas sociais, econômicos, políticos e religiosos, em que vai crescendo o
anticlericalismo e onde o sentir normal da gente “nobre”, compreendida uma
parte da Igreja, é que os jovens não são e jamais serão adequados à vida civil.
Muitos deles são analfabetos, ignorantes, religiosamente não praticantes,
dados ao furto e aos crimes. Único remédio: «a Generala», a prisão juvenil.
Dom Bosco, graças também à orientação espiritual e pastoral do padre
Cafasso, vê essa situação com outros olhos, vê nos encarcerados, possíveis
futuros honestos cidadãos; nos jovens em situação de rua, bons cristãos; nos
limpa-chaminés e nos jovens operários, futuros santos, pilares da sociedade e
da Igreja do presente e do futuro.
25

3.5 Page 25

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Essa é a grandeza da esperança, capaz não só de amar (como a caridade),
mas de amar o que será amanhã, não só crer e saber (como a fé), mas crer e
conhecer o amanhã.
O olhar de Dom Bosco é marcado, antes de tudo, pela simpatia. Ele se
deixa entrar na pele de seus meninos. E amadureceu durante a sua formação
vocacional, um modelo de padre caracterizado pela proximidade, pela
capacidade de empatia, de contato imediato, de participar do sentimento
dos jovens e do povo. O modelo pastoral que Dom Bosco intui, constrói e
experimenta, sob a guia de Maria, é o modelo do padre simpático, não do
fanfarrão ou do amigão, mas daquele que te faz sentir logo à vontade, porque
se faz sentir imediatamente amado por aquilo que és e naquilo que és.
A ação pastoral de Dom Bosco, a opção de partir dos mais jovens, a sua ideia
de projeto, não tem por base a simples pesquisa sociológica sobre os vícios
da sociedade, ou só a constatação psicológica do potencial inerente à fase
juvenil da vida, nem mesmo o puro filantropismo de quem é movido à ação
tão somente pela insatisfação que vê nas pessoas ao seu redor.
Dom Bosco é movido pelo mesmo coração do Bom Pastor que,
vendo ao seu redor um rebanho desanimado e perambulando, tomado por
profunda comoção, põe-se a anunciar-lhes a Palavra e dar-lhes de comer para
o sustento do corpo e do espírito, aqui e para a eternidade: «Ao sair do
barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão porque
eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes
muitas coisas» (Mc 6, 34).
A ação pastoral da Congregação é, então, marcada por uma profunda
capacidade de encontrar ocasiões de contato, de proximidade, de comunhão
com os jovens. Ele vai à busca dos seus destinatários onde eles se encontram,
onde está a sua liberdade e onde, também fisicamente, estão os seus
interesses (cfr. Const. 38). Como o Bom Pastor, o salesiano se deixa interpelar
pelo desalento dos seus destinatários, dos seus adolescentes, adaptando-se a
eles, pedindo ao Espírito Santo o dom da simpatia, modelada na doçura do
coração de Cristo (cfr. CG20, n. 100).
Para que isso aconteça, a ação pastoral deve ser realizada de maneira
profissionalmente correta, valorizando toda ajuda que provenha das ciências
e da sabedoria humana, mas deve ser orientada, principalmente, pela
contemplação da situação juvenil com o mesmo olhar de Deus, olhar
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3.6 Page 26

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
que Dom Bosco teve em sua vida,
do sonho dos nove anos até o fim,
com a oração, a entrega a Maria, a
obediência à Igreja, a harmonia dos
próprios desejos e sentimentos com
aqueles de Cristo: «Haja entre vós o
mesmo sentir e pensar que no Cristo
Jesus» (Fl 2, 5).
«Os superiores amem o que agrada aos
jovens e os jovens amarão o que agrada
aos superiores»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XVII, CAP. III)
3 O discernimento de
educadores e de crentes
A contemplação leva-nos a ver a realidade em sua profundidade. São
célebres os muitos sonhos nos quais Dom Bosco descreve a própria ação e
os acontecimentos do Oratório como uma luta, às vezes cruenta, entre o
bem e o mal, ou melhor, entre o diabo e Maria e Jesus.
Essas visões não são apenas pedagogicamente pensadas como metáfora
formativa para os meninos que ouviam Dom Bosco nos boas-noites
de Valdocco; elas são uma visão da realidade com os olhos de quem
contempla a vida com o olhar de Deus. Está efetivamente em curso uma
luta entre Jesus e o poder do mal, uma luta já certamente vencida (o que
fundamenta o nosso otimismo e a nossa esperança), mas que ainda não
terminou.
Nossa pastoral insere-se na luta ainda cruenta em vista da libertação
dos jovens daquilo que é a verdadeira escravidão e o verdadeiro
mal: o pecado. Pecado que se manifesta de muitas maneiras: no pecado
pessoal, no pecado da Comunidade eclesial, nas estruturas de pecado da
sociedade; pecado que oprime o homem e ofusca o horizonte da salvação
em que já progride e que o espera no Paraíso.
27

3.7 Page 27

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
É nessa luta que se insere a nossa pastoral, enfrentando todas as
consequências espirituais, materiais, estruturais, políticas, sociais,
econômicas e jurídicas, para que todo jovem possa obter plenamente a
vida digna de Deus e da felicidade que lhe está reservada.
O salesiano assume com responsabilidade (cfr. Const. 18) e com alegria
e esperança (cfr. Const. 17) o empenho de escutar, observar e discernir a
situação de pecado deste mundo e esforça-se, com sua ação cotidiana
pessoal e comunitária, para dispor dos instrumentos para atuar a sua missão:
uma vida feliz, agora e na eternidade, para todos os jovens, também os mais
afastados.
Por esse motivo, a imagem do Bom Pastor que reúne suas ovelhas e as
guia para pastagens seguras, a pastoral salesiana é ao mesmo tempo
evangelização e educação. Ela é obra de transformação de toda a
vida do jovem, e se esforça para ouvir e conhecer de modo profundo e
competente a realidade em que vivemos a fi m de podê-la transformar
segundo o desígnio divino (v. capítulo III).
Dessa forma, a missão salesiana, segundo a intuição do Fundador, é
coextensiva à pessoa inteira e ao mundo todo. A ânsia pastoral missionária
de Dom Bosco assume o cuidado do jovem todo, em todos os seus
componentes, pessoais e sociais, e de todos os jovens do mundo. Nasce
daí, desde o início da Congregação Salesiana, a opção de ir ao encontro
dos jovens nas situações e nos lugares em que estão para comunicar-lhes
o Evangelho.
28

3.8 Page 28

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
4 Comunhão no amor
com os outros
Formamos, em nossas obras, a Comunidade Educativo-Pastoral e nela e
por meio dela nós salesianos somos «sinais e portadores do amor de
Deus aos jovens» (Const. 2, 47).
Esse dúplice ponto de referência ilumina e dá sentido à nossa missão.
A nossa missão é realizada, primeiramente, no âmbito da mesma missão
de Cristo, que veio para que todos os homens tenham a vida e a tenham
em abundância (Jo 10,10); não uma vida qualquer, mas a sua mesma
vida, sendo Ele, justamente, a vida em pessoa, a verdade que ilumina e o
caminho para alcançá-la (Jo 14, 6).
A vida divina que Cristo encarna e manifesta na terra e testemunha até a
morte de cruz é a mesma vida de Deus, a vida do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, movimento único de comunhão e de amor.
Estamos, então, fi rmemente convencidos de que a fi nalidade última da
nossa missão na Igreja e no mundo é oferecer aos jovens, sobretudo
aos mais pobres, a mesma vida de Cristo, vida de relação, de amor,
de comunhão trinitária com o Pai,
fi m último da nossa existência
e origem da nossa felicidade no
tempo e na eternidade.
Só na plena comunhão com Deus,
Trindade de amor, na mesma forma
do Filho feito homem, os jovens
podem encontrar o sentido da
própria vida, ou seja, a realização de
si mesmos, no cotidiano concreto, a
verdade que Deus reserva para eles:
a plenitude de vida e de felicidade.
«A comunhão e a missão estão
profundamente ligadas entre si,
compenetram-se e integram-se
mutuamente, ao ponto de a comunhão
representar a fonte e, simultaneamente, o
fruto da missão»
(CHRISTIFIDELES LAICI 32)
29

3.9 Page 29

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Esta realização pessoal, porém, não é solitária; ela é construída desde o
início na comunhão trinitária que nos caracteriza como filhos de Deus e
como homens. Criado segundo o modelo do Filho, o homem é criado para
a comunhão. A promoção dessa espiritualidade de comunhão é o princípio
educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão (cf. Novo
Millennio Ineunte 43). Por isso, a nossa missão não se exprime primeiramente
na organização de obras e de projetos, mas na construção de Comunidades
Educativo-Pastorais que refletem aqui na terra a mesma comunidade
trinitária do céu, aonde somos chamados a morar.
Estamos certos de que o amor de Deus levado por nós aos jovens desenvolve-
se em suas vidas com a alegria, a ascese e a vida sacramental que combatem o
pecado do individualismo, da solidão e da autossuficiência. Somos chamados
à comunhão no amor, uns para com os outros. Realizamos a nossa missão em
comunidade e nos esforçamos continuamente para dar vida a comunidades
que vivam aqui na terra como Deus nos pensou na eternidade.
5 A Pastoral Juvenil Salesiana
exprime a missão salesiana
A missão salesiana, que dá à nossa existência o seu tom concreto, especific a
a missão que temos na Igreja e determina o lugar que ocupamos
entre as famílias religiosas (cf. Const. 3) exprime-se, no concreto da
sua ação histórica, no conjunto de projeto, obras, ambientes educativos,
lugares de formação e atividade de evangelização, com o nome genérico
de Pastoral Juvenil Salesiana.
A Pastoral Juvenil Salesiana não esgota a riqueza da missão da Congregação.
A missão é, de fato, uma realidade teologal, estritamente relacionada com
a mesma vocação da Congregação e de cada irmão individualmente. Ela,
contudo, não pode deixar de se exprimir em ações concretas. A pastoral
juvenil é a expressão primeira e típica da missão.
30

3.10 Page 30

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
Ela é pastoral, em primeiro lugar, por ser expressão multiforme de
uma comunidade eclesial, em cujo núcleo animador está presente a
comunidade dos consagrados salesianos, com os leigos colaboradores (cf.
CG25), constituindo juntos a comunidade eclesial no território, marcada
pelo carisma salesiano, que exprime a sua missão evangelizadora através
das obras educativo-pastorais que põe em ação ao longo do tempo.
Ela é juvenil porque no centro da sua ação está a pessoa dos jovens,
especialmente os mais carentes. Trata-se de buscar os jovens na sua
realidade, com seus recursos e dificuldades, e descobrir os desafios dos
contextos culturais, sociais e religiosos nos quais vivem, dialogando com
eles para propor, através da pedagogia do acompanhamento, um caminho
de encontro vivo e comunitário com Jesus Cristo (cf. CG20, n. 360).
Enfi m, ela é salesiana porque tem no carisma de Dom Bosco, segundo
a inspiração da caridade educativa do Bom Pastor, a sua referência
principal, expressão da pedagogia preventiva, amável, pronta ao diálogo
e à confi ança, o grau da própria verdade e efi cácia, a medida do seu
planejamento e da sua ação.
Expressão da missão eclesial no estilo de Dom Bosco, a Pastoral Juvenil
Salesiana entende a evangelização como a principal urgência da sua ação,
ciente de que a sua tarefa fundamental é propor a todos os jovens viverem a
existência humana como Jesus a viveu para que, aos poucos, se encontrem
com Cristo, vivam plenamente a própria humanidade e sejam protagonistas
e corresponsáveis na construção do reino de Deus no mundo.
A pastoral salesiana não é diversa da eclesial, que é justamente toda ela
evangelizadora. Caracteriza-se pelo estilo de mediação educativa, mas é
também uma pastoral que passa através da própria experiência educativa.
Os nossos destinatários privilegia-
dos são os jovens, que Dom Bosco
define como a parte mais preciosa
e delicada de toda a humanidade
e delícia do Senhor. A categoria
“jovens”, embora designando ine-
vitavelmente uma idade evolutiva
específica, não é utilizada nem de
forma psicológica nem sociológica.
«Nós devemos ter como finalidade
primária o cuidado da juventude, e não é
boa qualquer ocupação que nos distraia
deste cuidado»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XIV, CAP. XI)
31

4 Pages 31-40

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4.1 Page 31

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A idade juvenil deve ser entendida, portanto, não só como idade de pas-
sagem em vista de serem «bons cristãos e honestos cidadãos» no futuro,
mas em dupla ótica:
• de um lado ela não pode ser pensada senão como parte do todo da
vida da pessoa, incompreensível senão na correlação com as idades que
a precedem e a seguem, parte do desenvolvimento de crescimento para
a idade adulta;
• de outro lado necess rio e aminar o ue pr prio dessa idade para ser
assumido necessariamente a fim de passar à idade sucessiva sem lacunas.
Dessa forma, as idades não se sucedem de maneira que a nova idade
simplesmente decrete a decadência da precedente, e a idade juvenil representa
uma forma fundamental da existência humana, um modo característico da
vida do homem, do seu caminho do nascimento à morte, um modo de sentir,
de comportar-se diante do mundo.
A idade juvenil, que interessa à pastoral juvenil de modo privilegiado e
prioritário, não pode ser compreendida sem pensá-la em correlação com
a idade que a precede e a que vem depois dela; e, ao mesmo tempo, é
preciso examinar aquilo que é único nela e que será necessário assumir para
passar à sucessiva sem lacunas. Descobrimos assim que a idade juvenil,
com a adolescência que a precede, é a parte mais preciosa da
humanidade porque é justamente
a parte da vida em que se
experimenta a si mesmo, se
reconhece o surgimento da
liberdade como missão, missão
«A juventude dos nossos dias (é)
a porção mais delicada e a mais
preciosa da Sociedade humana, em
que se fundamentam as esperanças do
presente e do futuro»
(INTRODUÇÃO AO PLANO DE REGULAMENTO PARA O ORATÓRIO
DE SÃO FRANCISCO DE SALES)
de querer a própria verdade,
marcada pela vocação divina e pela
solidariedade para com os outros.
É a idade na qual compreender e
querer a própria missão na vida,
para que, depois de um período
de prova, em que o sujeito imita
a si mesmo nas várias possíveis
«Recordem-se, ó jovens, que vocês são a
delícia do Senhor»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS III, CAP. LIII)
identidades futuras, possa dar o
salto de iniciação que faz passar do
provisório à decisão definitiva de si. É
a idade em que a fortaleza se torna
32

4.2 Page 32

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
a virtude cardeal por excelência; é a
fase do ideal, do desafio à realidade
em nome da memória dos pais e
da força da escola feita em vista
da verdade e do bem. É a coragem
da missão, de “lançar as redes”
segundo a promessa de uma palavra
autorizada.
«Nossa missão fundamental é, portanto,
propor aos jovens, com alegria e coragem,
a vivência da existência humana como foi
vivida por Jesus Cristo»
(CG26, N. 36)
A Pastoral Juvenil Salesiana persegue
isso tudo não só a favor dos jovens,
mas como estilo particular: com os jovens. Dom Bosco é o primeiro santo que
funda uma Congregação não só para os jovens, mas com os próprios
jovens, valorizando de modo inaudito o seu protagonismo típico dessa idade
e envolvendo-os pessoalmente na aventura do próprio amadurecimento
religioso e humano. Por isso, a pastoral salesiana é juvenil: não só porque
vê nos jovens os próprios destinatários e a própria medida, mas porque os
assume como protagonistas.
Protagonismo não cego, porém. Superando as divisões geracionais e certo
paternalismo pastoral, no estilo de família, ativa a responsabilidade educativa
em diálogo franco e aberto, e valoriza a corresponsabilidade do sujeito na
comunidade, proporcionada à sua maturidade, mas com a consciência de
que quem não se tornar protagonista de si e do próprio diálogo com Deus
jamais poderá envolver-se na aventura da santidade.
Enfim, justamente por ser pastoral juvenil, ela é sempre e ao mesmo tempo
evangelização e educação ou, talvez pudéssemos dizer, evangelização que,
propondo aos jovens viver a própria vida segundo a forma com que Jesus
mesmo a viveu, também é sempre formação integral da pessoa e, portanto,
educação.
A Pastoral Juvenil Salesiana é, portanto, ação orgânica de uma Co-
munidade Educativo-Pastoral que, movida por uma missão caris-
mática, quer habilitar os jovens a crescerem até a própria matu-
ridade, até colherem o seu apelo religioso e até a comunhão na
Igreja com Jesus Cristo percebido como aquele que dá plenitude à
vida, sendo seu fundamento, e, ainda, até serem, graças às inter-
venções educativas, “cidadãos honestos e bons cristãos”.
33

4.3 Page 33

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
6
Multiplicar e qualificar
os lugares de encontro
com os jovens
A Pastoral Juvenil Salesiana está atenta, por definição, aos sinais dos tempos,
porque os jovens nunca são os mesmos e a sua idade e condição são mutáveis
e variáveis por natureza. Por isso, a pastoral salesiana não tem receio de alterar
os próprios paradigmas e colocar-se na condição de conversão pastoral.
Os contextos em que nos movemos são caracterizados por notável
complexidade e contradição. É um dado de fato que nunca como
atualmente somos chamados a colocar o tema de modo explícito.
A experiência religiosa dos jovens apresenta-se variada e também com
sinais de contradição; às vezes, uma experiência ao lado de outras, em que
a fé não consegue ser eixo de projeção unitária da vida. Para muitos jovens, a
proposta cristã, aproximada esporadicamente ou com alguma continuidade
na catequese, celebração ou através de qualquer outra iniciativa eclesial,
resulta pouco significativa em relação à experiência deles, pouco eloquente,
pouco capaz de questionar os problemas concretos da vida. Às vezes,
a proposta supõe se não um interesse explícito pela fé, ao menos certa
abertura à dimensão religiosa da vida ou uma interrogação explícita sobre
o sentido da vida. Muitos jovens, porém, levados pelas dificuldades do
cotidiano e a busca de interesses muito imediatos, encontram-se de fato
alhures, não tanto e não só fisicamente, mas, sobretudo, mentalmente.
Detecta-se, então, certa indiferença em relação à fé. Note-se, porém, que
essa indiferença é demonstrada em relação à proposta da fé e não deve ser
entendida como fechamento absoluto diante da fé, da presença de Deus,
do bem que dá esperança e sentido à vida.
Essa complexidade não se refere apenas ao mundo dos jovens. A
Congregação Salesiana já é estavelmente de dimensões mundiais. Ela vive
a fecunda, mas inovadora tensão entre a fidelidade à própria identidade
e o afastamento dela nas múltiplas e complexas realidades em que vive e
das quais vive.
34

4.4 Page 34

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
É na polivalência desses processos de globalização e de mudança
estrutural, e não só superficial, que somos chamados como Salesianos a
redescobrir intensamente as raízes da nossa identidade, contemplar com
fé os nossos projetos pastorais e encarnar com maior verdade a nossa
missão juvenil, a ponto de se tornar proposta intensa e criativa de novas e
atuais formas para o anúncio da “bela notícia” do Evangelho.
7 Dupla fidelidade
A simpatia por Dom Bosco traduz-se hoje no saber que é preciso ques-
tionar a nossa ação pastoral para ser sempre guiada por uma
dupla fidelidade: fidelidade ao sentir dos jovens, aos
seus desejos profundos, ao clima cultural vivido por eles do
qual gostaríamos que fossem protagonistas e não apenas
destinatários ou consumidores; e fidelidade ao sentir
da Igreja, à sua missão evangelizadora, na capaci-
dade de viver, graças à ação do Espírito Santo, a
missão no presente, não só como aplicação proto-
colar de um passado que ficou para trás, mas como
verdade sempre fecunda de história e de novidade,
que incessantemente nos renova e nos conduz à
união com o Esposo (cf. Lumen Gentium 4).
Ou seja, é necessário habitar um terreno comum,
em sintonia, e viver profundamente a assistência e
convivência com os jovens; foi sobre isso que Dom
Bosco escreveu na carta de Roma, de 1884: urgên-
cia não só de presença física, mas também de pro-
ximidade espiritual, cultural, afetiva, propositiva; não
paternalista, mas ciente do que é vivido pelo jovem;
urgência de uma proximidade que descubra na rela-
ção educativa a novidade de Deus e o seu chamado
a exprimir e viver de modo sempre novo a vocação
da Igreja.

4.5 Page 35

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Essa dupla fidelidade histórica, ao mundo juvenil e à missão eclesial, coloca,
antes de tudo, a necessidade de multiplicar e qualificar os lugares de encontro
com os jovens do nosso tempo, de descobrir, experimentar e propor novas
formas de escuta, de partilha e de propostas. É essa a conversão pastoral pe-
dida hoje e nela está a raiz da criatividade pastoral (cf. Const. 19) que, como
salesianos, cultivamos em nossas obras e nossos projetos. Essa conversão é
uma intervenção de revisão e relançamento da pastoral a partir da
fidelidade ao mundo e ao Evangelho, não estática, mas eminentemente
inovadora e missionária.
Aqui está o coração da Nova Evangelização, ato de renovada acolhida pela
Igreja do mandato missionário do Senhor Jesus Cristo que a quis e enviou ao
mundo, para que testemunhe a salvação recebida e anuncie a face de Deus
Pai, primeiro artífice da obra de salvação. Ela não é só renovação, mudança
de paradigma ou renovação de projetos, mas uma verdadeira e própria con-
versão porque é caminho de santidade, de luta ao pecado e de conformação
sempre mais plena a Cristo Bom Pastor.
Por isso, nós, salesianos e leigos, chamados carismaticamente como Comuni-
dade Educativo-Pastoral a anunciar a Boa Nova, nos sentimos interpelados de
modo especial pela urgência da Nova Evangelização, como responsabilidade
de toda a Igreja. Urgência que nos incentiva a encontrar, na fidelidade reno-
vada ao carisma, um novo estímulo apostólico, um novo estímulo de contato
com os jovens e, sobretudo, rever a nossa ação pastoral para que seja sempre
mais eficaz no anúncio do Evangelho, na colaboração para o advento do Rei-
no de Deus, na formação de bons cristãos e honestos cidadãos no presente
e no futuro.
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4.6 Page 36

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HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
37

4.7 Page 37

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
38

4.8 Page 38

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DO CRISTO EVANGELIZADOR
À IGREJA EVANGELIZADORA
CAPÍTULO
II
«…Para reunir os
filhos de Deus
que estavam
dispersos…»
(Jo 11, 52)

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Nós, Salesianos de Dom Bosco (SDB),
formamos uma comunidade de batizados que, dóceis
à voz do Espírito, intentam realizar numa forma
específica de vida religiosa o projeto apostólico do
fundador: ser na Igreja sinais e portadores do amor
de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres.
No cumprimento desta missão, encontramos o
caminho da nossa santificação»
(Const. 2)
(…) para reunir os filhos de Deus dispersos (Jo
11, 52). As palavra do santo Evangelho que nos fazem
conhecer o Divino Salvador ter vindo do céu à terra
para reunir todos os filhos de Deus, dispersos nas
várias partes da terra, parece-me que se podem aplicar
literalmente à juventude dos nossos dias. Esta porção, a
mais delicada e a mais preciosa da sociedade humana,
na qual se fundam as esperanças de um futuro feliz (...).
Esta foi a missão do Filho de Deus; e só isso pode fazer a
sua santa religião (...). Quando me dediquei a esta parte
do sagrado ministério entendi consagrar todos os meus
esforços para a maior glória de Deus e a vantagem das
almas; entendi trabalhar para fazer bons cidadãos nesta
terra, para que fossem depois um dia dignos habitantes
do céu. Deus ajude-me a poder continuar assim até o
último alento da minha vida»
(Introdução ao Plano de Regulamento para o Oratório de São Francisco de Sales)
40

4.10 Page 40

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DO CRISTO EVANGELIZADOR À IGREJA EVANGELIZADORA
A organizaçãoatualizada da Pastoral
Juvenil Salesiana exige uma reflexão não só de tipo caris-
mático, mas também de tipo teológico. A pastoral juvenil
como ação da comunidade eclesial leva-nos ao aprofunda-
mento teológico e eclesiológico. Este segundo capítulo expõe
três convicções fundamentais: Jesus Cristo, evangelizador e
anunciador da comunhão com Deus e da comunhão entre os
homens (amor fraterno), que é a revelação plena de Deus
Comunidade de Amor; a Igreja, “Mistério de comunhão e de
missão”, animada e sustentada pelo Espírito de Deus; a Con-
gregação Salesiana compartilha com a Igreja a missão evan-
gelizadora com a específica opção juvenil.
41

5 Pages 41-50

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5.1 Page 41

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1
Jesus Cristo, Bom Pastor,
manifestação plena do Amor
de Deus
O precioso texto do nosso Santo Fundador (na página anterior), além de indicar
a integralidade da educação salesiana que, através do Sistema Preventivo forma
“honestos cidadãos e bons cristãos”, nos revela claramente a profundidade
teológica da missão que lhe foi confiada por Deus. Esta, em contextos
novos e muito diferentes daqueles nos quais Dom Bosco viveu e trabalhou,
continua a ser também a nossa missão. Somos chamados a ser, na Igreja,
«sinais e portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais
pobres» (Const. 2).
O amor de Deus manifestou-se plenamente em Jesus Cristo, como diz a
primeira carta de João: «O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que
vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos
apalparam da Palavra da Vida – vida esta que se manifestou, que nós vimos
e testemunhamos, vida eterna que a vós anunciamos, para que estejais em
comunhão conosco» (1Jo 1, 1-3a). Neste sentido, Jesus é o Profeta por
excelência; diversamente dos profetas do Antigo Testamento, através dos
quais falou Deus ao seu Povo em muitos modos e tempos (cf. Hb 1), Ele é a
Palavra de Deus, na qual Deus se comunica de maneira definitiva com todos
os homens e mulheres do mundo.
O amor de Deus manifestado em Jesus Cristo é a Boa Nova por excelência
oferecida a todos os homens, o euanghèlion. Este amor constitui também
a plenitude de toda mulher e homem, em sua realidade integral. Jesus o
oferece mediante a comunhão com Deus, principalmente no perdão dos
pecados, e através da comunhão entre todos os homens, no “mandamento
novo”: «Nisto todos conhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes
uns aos outros» (Jo 13, 35).
Jesus comunica o Amor de Deus que leva à salvação de todos sem
excluir ninguém, embora com predileção especial por aqueles que, por
razões diversas, são marginalizados social e religiosamente: os mais pobres,
42

5.2 Page 42

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DAL CRISDTOO CERVAISNTGOEELVIZAZNAGTEOLRIZEAADLOLRA ÀCHIGIERSEAJAEVEAVNANGGELEILZIZATDROIRCAE
os doentes – de modo especial os
leprosos e os afligidos pelo espírito
maligno –, até mesmo os mais
distantes de Deus, os pecadores
públicos (publicanos e prostitutas: cf.
Lc 7, 36-50; Lc 15, 1-3). Demonstra
também uma grande bondade e
ternura pelas crianças, das quais até
mesmo afirma: “Quem não receber
o Reino de Deus como uma criança,
não entrará nele” (Mc 10, 15).
A manifestação do Amor de Deus
por todos os homens e mulheres
não é apenas uma promessa que se
cumprirá no futuro: Jesus revela o
Amor de Deus mediante seus sinais
salvíficos: “passou fazendo o bem”
(At 10, 37-38).
«A pobreza refere-se diretamente à sua
situação socioeconômica. O abandono
reporta-se à “qualificação teológica” de
privação de sustento por falta de uma
mediação adequada do Amor de Deus;
o perigo remete a uma fase determinante
da vida, a adolescência – juventude, que é
o tempo da decisão, depois da qual muito
dificilmente se podem mudar os hábitos e
as atitudes adotadas»
(P. PASCUAL CHÁVEZ, ACG 384, “CONTEMPLAR CRISTO COM O
OLHAR DE DOM BOSCO”)
Por outro lado, todos os que fizeram
experiência do Amor de Deus
mediante a palavra e a ação de
Jesus Cristo, os mais “necessitados”
nas diversas situações, tornam-
se, eles mesmos, evangelizadores:
os doentes, os mais pobres, a
samaritana desprezada, até mesmo
quem estava possuído por uma
legião de demônios (cf. Mt 5).
«Jesus Cristo fez-se pequeno com os
pequenos e carregou as nossas fraquezas.
Aí está o mestre da familiaridade»
(CARTA DE ROMA, 1884)
Jesus mesmo quis representar a sua missão com a imagem do Bom Pastor
(cf. Mt 18, 12-14; Lc 15, 4-7; Jo 10, 1-8), «que conquista com a mansidão e
o dom de si» (Const. 11).
Como Bom Pastor, Jesus sempre teve uma preocupação missionária: «Eu
devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, pois
é para isso que fui enviado» (Lc 4, 43-44). «Tenho ainda outras ovelhas, que
não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha
voz, e haverá um só rebanho e um só pastor» (Jo 10, 16). Amando todas
43

5.3 Page 43

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
as suas ovelhas, o Bom Pastor tem uma predileção até desconcertante por
aquela que se perdeu, manifestando sua amável preocupação em procurá-la
até que a encontre, e na sua bondade «alegre, a põe nos ombros» (Lc 15, 5).
O sentido mais profundo da Encarnação do Filho de Deus, enviado pelo Pai
“por obra do Espírito Santo” e que encontra sua mais plena realização no
Mistério Pascal, morte e ressurreição de Jesus, é justamente este: revelar-nos
«até o fim» (Jo 13, 1ss.) o Amor divino, para reunir na unidade desse Amor
todos os homens e mulheres do mundo: «Ele é a nossa paz: de dois povos fez
um só, derrubando o muro da inimizade que os separava. (...) É por Ele que
todos nós temos acesso a Deus, num só Espírito» (Ef 2, 14.18).
2 Jesus revela-nos o Mistério de
Deus, Comunidade de Amor
Jesus, porém, revela-nos não só o amor de Deus por nós, mas o rosto do
verdadeiro Deus, que é, em si mesmo, Comunhão de Amor: o Pai entrega-
se a si mesmo ao Filho, gerando-o e, juntos, inspiram o Espírito Santo: esse
é o coração da fé cristã.
Essa Comunhão de amor não é só manifestada aos homens pelo Filho, mas
é realmente participada através da ação de Jesus e do Espírito Santo. Ela
constitui o empenho fundamental do cristão: construir em nosso mundo o
Reino de Deus, que é um Reino “de justiça, de amor e de paz”. «Pai, que
todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam
em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste» (Jo 17, 21).
44

5.4 Page 44

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DO CRISTO EVANGELIZADOR À IGREJA EVANGELIZADORA
3 A Igreja, chamada a continuar
a missão de Jesus
Essa é a razão de ser e a missão fundamental da Igreja: continuar a missão
de Jesus Cristo, com a luz e a força do Espírito Santo, para manifestar o
Deus que é Amor, e construir a comunhão com Ele e entre todos os homens
e mulheres, sem qualquer exclusão, mas privilegiando “os últimos”,
segundo as diversas situações no espaço e no tempo da história. Essa
continuidade é indicada no Novo Testamento, na obra joanina, através
de uma constatação citada duas vezes: «Ninguém jamais viu a Deus» (Jo
1, 18; 1Jo 4, 12); mas, se a primeira vez sublinha a missão de Jesus: «O
Filho unigênito, que é Deus, e está no seio do Pai, foi Ele que o revelou»,
a segunda vez transfere essa missão à comunidade dos crentes em Cristo:
«Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor
é perfeito em nós».
A Igreja, em sua essência mais profunda, é «mistério de comunhão e de
missão» (Christifideles Laici 32): continuação da Missão de Jesus Cristo,
no anúncio do Amor de Deus para a edificação da comunhão-comunidade
dos fi hl os e fi hl as de Deus. A experiência de Igreja é experiência de
comunhão com Deus e com os homens. É uma comunidade sustentada
pelo Espírito onde a fé
é vivida em comunidade (koinonia)
é refletida e torna-se testemunho coerente (martyria)
é celebrada (liturgia)
é transmitida no serviço e na ação pastoral (diakonia)
é traduzida em atitudes de vida (espiritualidade)
A sua comunitariedade manifesta-se e realiza-se em diversos níveis. Tem
a própria meta na realização escatológica da Comunhão de amor com
Deus e dos homens entre si: a plenitude do Reino de Deus. Instrumento
privilegiado e lugar de atuação desse amor, ainda aqui na terra, é a
Comunidade eclesial, comunhão de amor que se constrói todos os dias
e, ao mesmo tempo, indispensável serviço ministerial para a realização
do Reino através da obra de evangelização e catequese, a celebração dos
45

5.5 Page 45

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Sacramentos, a experiência do amor fraterno na comunidade, o diálogo
ecumênico e inter-religioso, a promoção humana que leva à superação de
toda discriminação e marginalização.
Por isso, a Igreja é essencialmente missionária,
e leva o anúncio de Cristo a todos os povos e
culturas como seu dever prioritário. A missão
eclesial dá o tom à própria identidade da
comunidade cristã: a missão recebida
de Cristo de evangelizar os povos não
é só “algo a fazer”, mas faz parte da
mesma natureza da Igreja e exprime a sua
identidade. Assim, um texto litúrgico lindo:
“Fazer de todas as nações um só
povo novo, cujo fim é o vosso reino, cuja
condição a liberdade dos vossos filhos, cujo
(MISSAL ROMANO,
estatuto o preceito do amor”
PREFÁCIO COMUM VII)
4 A missão salesiana
O carisma salesiano participa da missão universal da Igreja: é uma
experiência de Espírito, um Dom de Deus dado à Igreja e à humanidade
através de Dom Bosco, com propriedades distintas:
• Os destinatários específicos: “reunir” os jovens;
• A predileção pelos “mais pobres, abandonados, em perigo”:
os “afastados”, marginalizados pela comunidade humana,
mais carentes da experiência do amor de Deus;
46

5.6 Page 46

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DAL CRISDTOO CERVAISNTGOEELVIZAZNAGTEOLRIZEAADLOLRA ÀCHIGIERSEAJAEVEAVNANGGELEILZIZATDROIRCAE
• Um estilo típico que privilegia a bondade (amor educativo
que faz crescer e cria correspondência) e a comunitariedade
(espírito de família), para superar a solidão e a exploração;
• A “mediação privilegiada” da educação e a experiência de
Comunidade Educativo-Pastoral, «experiência de Igreja,
reveladora do plano de Deus» (Const. 47).
5 Maria, Mãe e Mestra
«Todos perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres,
entre elas, Maria, mãe de Jesus» (At 1, 14). A presença materna de Maria na
primeira comunidade, no centro dos “irmãos e irmãs” de Jesus, continua
ao longo dos séculos. “Rosto materno do Amor de Deus”, Ela nos leva
a Jesus, para que todos, homens e mulheres do mundo, possam ser
filhos e filhas no Filho. E, como nas bodas de Caná, a sua preocupação
e predileção materna é por todos os que «não têm mais vinho» (Jo 2,
3), especialmente pelos muitos jovens que não encontram o sentido da
própria vida porque se sentem não amados por Deus, marginalizados por
causa de sua condição socioeconômica, familiar, afetiva ou profi ssional.
Fazendo-nos companheiros de estrada, sobretudo para estes jovens, «a
Virgem Maria é uma presença materna nesta caminhada. Procuramos
torná-la conhecida e amada como Aquela que acreditou, ajuda e infunde
esperança» (Const. 34).
47

5.7 Page 47

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
48

5.8 Page 48

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EVANGELIZAR E EDUCAR:
A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
CAPÍTULO
III
«Dá-me dessa água,
para que eu não
tenha mais sede»
(Jo 4, 15)

5.9 Page 49

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Nossa missão participa da missão da Igreja,
que realiza o plano salvífico de Deus, o advento do
seu Reino, levando aos homens a mensagem do
Evangelho, intimamente unida ao desenvolvimento
da ordem temporal. Educamos e evangelizamos
segundo um projeto de promoção integral do homem,
orientado para Cristo, homem perfeito. Fiéis às
intenções do nosso Fundador, visamos formar
“honestos cidadãos e bons cristãos”»
(Const. 31)
O sistema apoia-se todo na razão, na religião e
na bondade»
(O Sistema Preventivo na Educação da Juventude)
50

5.10 Page 50

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
A vida em plenitudee a feli-
cidade dos seres humanos é o sentido último do plano de
Deus. O Evangelho de Cristo tem grande confiança no huma-
no. É preciso dar atenção à realidade única de cada pessoa e
a disponibilidade para acolher a vocação e o destino em Cris-
to, “homem perfeito”. O Evangelho propõe a bela notícia (a
pessoa de Jesus), que a todos convida a participar da filiação
em Cristo, fundamento da liberdade e da dignidade de toda
pessoa. Dom Bosco educa e evangeliza pondo em ação um
projeto de promoção integral: a educação como desenvolvi-
mento da pessoa, como conjunto de mediações necessárias
a serviço das pessoas; a evangelização inspira e ilumina a
plenitude da vida plena oferecida em Jesus, respeitando a
condição evolutiva do sujeito. Enfim, a escolha do campo
apostólico: os jovens, sobretudo os mais pobres, e os am-
bientes populares, pelos quais e nos quais se humaniza e se
evangeliza a cultura.
51

6 Pages 51-60

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6.1 Page 51

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 A vida em plenitude e a
felicidade do ser humano
Construir-se como pessoa é tarefa cotidiana, ligada à alegria e ao empenho
de existir. Às vezes, uma empresa particularmente empenhativa. Tem-se
a sensação de precisar inventar por si (e sozinho) um percurso inédito,
que jamais é linear, mas marcado por altos e baixos, por momentos de
satisfação e momentos de frustração, de esperanças e desilusões: um
construir-se que frequentemente permanece como trama de situações e
experiências sem grandes referências ideais ou grandes preocupações de
coerência e unidade.
Nesse sentido, o contexto atual provoca uma nova insatisfação, não
temporária, mas permanente. À mudança incessante que caracteriza
a sociedade e a cultura, une-se a fragilidade das instituições que
acompanham os jovens nesta situação. Tornam-se urgentes e importantes
a atitude responsável do educador salesiano e a solidez da sua proposta.
A reflexão de Paulo VI, indicando que a ruptura entre fé e cultura é um drama
do nosso tempo, não perde a atualidade (cf. Evangelii Nuntiandi 20). A cultura
atual, não homogênea, influi sobre os jovens através de sua complexidade
e fragmentação; com seus vários estímulos e suas virtualidades leva a uma
compreensão consumista também do que é afetivo e deixa os jovens na selva
dos desejos, diante da dura realidade de uma crise econômica e existencial.
«Cremos que Deus está a nos esperar
nos jovens para oferecer-nos a graça
do encontro com Ele e para dispor-nos
a servi-lo neles, reconhecendo-lhes a
dignidade e educando-os para a plenitude
da vida»
(CG23, N. 95)
Ao lado dessa dura realidade, es-
tão no coração das pessoas as
capacidades e possibilidades in-
crivelmente preciosas que levam
a empreendimentos extraordina-
riamente grandes; enfi m, homens
e mulheres, na própria singulari-
dade, refl etem sobre si mesmos,
interrogam-se a respeito do senti-
do da vida (de onde venho, para
onde vou, como desejo caminhar,
52

6.2 Page 52

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
com quem quero caminhar), conscientemente ou nos fatos, estabelecem
uma orientação precisa à própria vida. No horizonte último do humano
está a vida em plenitude, no jovem e no educador, que envolve a ambos.
Na interpretação da vivência das pessoas, observamos a necessidade de
serem amadas, o sentido da gratuidade, o prazer de se sentirem valorizadas
e importantes pelo que são e não em vista dos objetivos ou resultados
alcançados: percebemos que a falsa orientação da vida cotidiana é uma
questão de sentido, uma questão de projeto de vida. Por isso, é urgente
que, como educadores, individuemos aquilo pelo que vale gastar a própria
existência e entregar a si mesmo em favor dos outros. É urgente ver
nos jovens não recipientes a encher, mas pessoas a acompanhar. Nós os
ajudamos a serem eles mesmos, a descobrirem a beleza da própria vocação.
Como cristãos, lemos nesta lógica o projeto de vida sob o sinal da vocação,
chamado de Deus que suscita, sustenta e reforça a liberdade do jovem,
tornando-a capaz de corresponder com liberdade e alegria à própria
identidade e missão.
A vivência do Evangelho em plenitude não só abre à dignidade do
humano, mas também liberta e sustenta a sua capacidade de resposta
responsável e madura a Deus. A vida humana coloca-se sob o sinal
da vocação, que requer grande abertura de espírito, responsabilidade na
acolhida de um empenho fi el: “responsabilidade” signifi ca literalmente
assumir a beleza do “responder”.
Nessa dinâmica, o jovem é levado a avaliar-se, a sair de si, a deixar-se
questionar por experiências novas, em vista de encontros que o levem
além, aonde se reapropriará mais profundamente de si. É nesse espaço
que se coloca também a proposta da fé e a resposta do projeto de vida.
O jovem, objeto do chamado de Deus, é protagonista no escutá-lo e no
responder-lhe: é o seu “responsável”.
Ter conhecimento da “vocação” é o modo de entender verdadeiramente a
própria vida e a própria liberdade. Só quando a liberdade assume essa tarefa,
ela vai além do eu pessoal, entra na esfera do amor e aceita construir o bem
também para os outros. Numa palavra: vocação é amar, entregar-se, fazer
de si mesmo um dom que testemunhe uma nova cultura com inteligência
amorosa. A vocação é uma resposta de amor. Todo projeto de vida que nasça
de uma vocação é um dom a oferecer, que transcende o próprio eu.
53

6.3 Page 53

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 Orientado a Cristo,
homem perfeito
21
INTEGRAR O AMOR PELA VIDA E
O ENCONTRO COM JESUS CRISTO
A fé leva-nos a descobrir que o projeto de vida e a transcendência da pessoa
referem-se a Cristo em sua condição histórica de único verdadeiro “Homem
novo”. Nós salesianos formamos uma comunidade de batizados e nos
apresentamos na Igreja e no mundo com uma missão, uma vocação e uma
razão de ser particular: propor a todos a vivência da existência humana
como Jesus a viveu, e que a sequela de Cristo pode preencher a vida.
Perguntemo-nos: como propor o Evangelho de Jesus de modo que ele resulte
provocatório para o amadurecimento na vida? Como os desejos do homem
podem concorrer com Jesus Cristo?
A pessoa de Jesus, especialista em humanidade, interage com todos os
desejos humanos com a sua mensagem; ele demonstra grande confiança
no humano, no qual encontra os sinais do bem e da presença de Deus.
Jesus levou a sério as necessidades do humano, o desejo de viver bem com
a própria corporeidade, com a própria mente, no vasto mundo das relações,
nas experiências afetivas. Ele conhece o que há no coração do homem, o seu
desejo de sentir-se reconciliado com o próprio ser profundo, frequentemente
fragmentado, sem que tudo isso seja fruto de merecimento, mas apenas
por bondade e ternura. E, no fundo, traz uma simpatia radical, no sentido
etimológico do termo, evocado pela Gaudium et Spes:
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos
homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que
sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas
e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade
alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no
(GAUDIUM ET SPES 1)
seu coração”
E o pode porque sua proposta libertadora é cheia de humanidade, feita
de gestos e palavras de acolhida, de reciprocidade, de escuta. Isso implica,
54

6.4 Page 54

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
no plano da antropologia cristã, a
consciência da correlação íntima
entre a riqueza da humanidade de
cada pessoa e a experiência humana
de Jesus. Ela se fundamenta na
Encarnação de Cristo: a vida
humana, mesmo sob as aparências
«Sem Deus, o homem não sabe
para onde ir e não consegue sequer
compreender quem é»
(CARITAS IN VERITATE 78)
mais indigentes e mesquinhas,
torna-se digna de ser, à imitação de
Cristo, lugar onde Deus se faz presente, e é chamada a desenvolver-se até a
comunhão plena com Deus mediante o dom de si. Pela Encarnação Jesus de
Nazaré é o único caminho acessível para conhecer o mistério de Deus
e o mistério do homem. O mundo de Deus e o mundo do homem não são
distantes e incomunicáveis. Deus e o homem estão em pleno diálogo a partir
de Jesus Cristo, o intérprete mais profundo da verdade do homem.
A missão de Jesus manifestou-se num contexto de encarnação-inculturação.
A Encarnação, como expressão máxima de inculturação, não é um fato
secundário, mas o caminho escolhido por Deus para se automanifestar: a
revelação foi transmitida mediante a Encarnação. A missão da Igreja, guiada
e suscitada pela missão do Espírito Santo, foi realizada e se realiza sempre em
categorias espaço-temporais, de profunda inculturação na vida dos povos.
A Nova Evangelização realiza-se na inculturação da fé. Isso implica a
escolha de três estratégias: uma nova evangelização através da catequese
e da liturgia (evangelizar catequizando); uma nova evangelização atenta
à promoção integral do povo, a partir dos pobres, pelos pobres, a serviço
da vida e da família (evangelizar promovendo); uma nova evangelização
empenhada em penetrar os ambientes da cultura urbana e não urbana
(evangelizar inculturando). Na época da Nova Evangelização, a nova
pastoral (cf. P. Pascual Chávez, ACG 407, “A Pastoral Juvenil Salesiana”)
deve ser aquela que ao mesmo tempo catequiza, promove e incultura. Se a
Nova Evangelização não se traduzisse em promoção humana e inculturação,
não seria autêntica e não faria amadurecer a energia da fé na história.
Sendo o Mistério de Cristo, na sua Encarnação-Morte-Ressurreição, a
revelação plena e completa da humanidade e da enorme grandeza de
cada pessoa, a Igreja pode ser intérprete do humano, pode mostrar-
se experta em humanidade, pode lançar-se livremente, sem temor,
no terreno do humano: uma antropologia cristã, em que a centralidade
da pessoa, não certamente concorrendo com o primado de Deus, é
compreendida no horizonte da Sua iniciativa. A ciência de viver imerso no
55

6.5 Page 55

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
dom de salvação de Deus e de ser, em Jesus Cristo, «criaturas novas» (Rm
8) é uma experiência que unifica a existência.
A confiança cristã na vida e no homem, na sua razão e na sua capacidade de
amar, não é fruto de um otimismo ingênuo, mas provém da «esperança
confiável» (Spen Salvi 1) que nos é dada com a filiação em Cristo; ela dá
fundamento à dignidade, à liberdade e à capacidade de amar e de ser amado
e permite à pessoa viver de modo autenticamente humano, conforme a
sua natureza e o seu chamado. Cristo encontra o espaço mais íntimo da
humanidade. Revelando o mistério do Pai e do seu amor, «Cristo revela
plenamente o homem ao homem» (Gaudium et Spes 22) e torna-lhe
conhecida a sua altíssima vocação.
A pastoral juvenil habilita os jovens a descobrirem a profundidade
da própria experiência até perceberem o seu apelo religioso, a plena
comunhão com Jesus Cristo. Gradualmente, Jesus Cristo torna-se uma
pessoa central em relação à qual se organiza a vida: atitudes, opções,
ações, comportamentos. Hoje também encontramos vários modelos
pedagógicos, permeados de valores positivos, mas que prescindem em
sua antropologia de qualquer referência a Jesus Cristo e, portanto, da
visão integral do homem que encaminha a vida para a meta da salvação,
como vida nova, para o pleno amadurecimento da pessoa.
A ação salesiana, em qualquer ambiente que se desenvolva, compreende
sempre em seu íntimo o anúncio de Cristo e a solicitude pela salvação
dos jovens; a «predileção pelos jovens dá sentido a toda a nossa vida»
(Const. 14). Em qualquer iniciativa educativo-pastoral, essa solicitude
constitui sempre a intenção e o desejo principal. Tudo deve ser explicitado
na medida em que os sujeitos se tornam capazes disso. É este o “projeto
apostólico” de Dom Bosco: «ser, com estilo salesiano, sinais e portadores
do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres» (Const. 2).
Desejamos que escutem Deus Pai, que conheçam Jesus Cristo.
Estamos convencidos de que a proposta do Evangelho traz energias
insuspeitadas para a construção da personalidade e o desenvolvimento
integral que todo jovem merece. Trata-se de um processo pedagógico que
leva em consideração todos os dinamismos humanos, e favorece nos jovens
as condições que tornam cada resposta um ato de liberdade. O senso de
realismo, a paciência da gradualidade são atitudes que respeitam a situação
pessoal de cada jovem, do mais frágil ao mais forte, do mais afastado da fé
e da experiência eclesial ao mais próximo delas.
56

6.6 Page 56

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
22
A ORIGINALIDADE E A AUDÁCIA DA ARTE EDUCATIVA
DE DOM BOSCO
A pedagogia de Dom Bosco assume com insistência explícita a autêntica
fi naildade religiosa da vida num processo educativo positivamente
orientado para Cristo e iluminado pela sua mensagem: a integração de fé e
vida, nutrida pela sua força. É fundamental reconhecer que a preocupação
pastoral de Dom Bosco se situa no interior do processo de humanização
que promove o crescimento integral da pessoa dos jovens: a descoberta do
projeto de vida e o esforço de transformação do mundo segundo o projeto
de Deus sobre cada um deles. A originalidade e audácia da proposta
da “santidade juvenil” é intrínseca à arte educativa de Dom Bosco:
santidade que não frustra as profundas aspirações do espírito juvenil
(necessidade de vida, de expansão, de alegria, de liberdade, de futuro,
etc.); santidade que, gradual e realisticamente, os jovens experimentam
como “vida de graça”, de amizade com Cristo, e realização dos próprios
ideais mais autênticos: «Nós aqui fazemos consistir a santidade em estar
sempre alegres» (São Domingos Sávio).
3 Evangelizar e educar
segundo um projeto de
promoção integral
31
O HORIZONTE DE COMPREENSÃO
DA EVANGELIZAÇÃO
A evangelização torna-se veículo e expressão do anúncio claro e
inequívoco do Senhor Jesus; ela comunica a sua mensagem, a sua
proposta de vida e a salvação realizada por Deus, para todos, com o
poder do Espírito. A refl exão eclesial sobre a evangelização persuade
todo crente para o empenho evangelizador que torna acessível a riqueza,
a profundidade, a organicidade e a múltipla articulação da mensagem.
Nesta ótica, a evangelização, em sentido mais amplo, é:
57

6.7 Page 57

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
empenho pela extensão do Rei-
no e seus valores entre todos os ho-
mens e a ação a serviço do homem
«Evangelizar não sé ensinar uma
doutrina, mas anunciar Jesus Cristo
com palavras e ações, isto é, fazer-se
instrumento da sua presença e ação no
mundo»
pela justiça social relativa aos direitos
humanos, a reforma das estruturas
injustas, a promoção social, a luta
contra a pobreza e as estruturas que
a provocam;
(NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUNS ASPECTOS
DA EVANGELIZAÇÃO 2)
aproximação progressiva dos
povos aos ideais e valores evangéli-
cos: recusa da violência e da guerra,
respeito de cada pessoa, desejo de liberdade, de justiça e de fra-
ternidade, superação do racismo e dos nacionalismos, afirmação
da dignidade e do valor da mulher;
intervenção operativa nos areópagos do mundo moderno e
nas grandes áreas ou setores de sofrimento da humanidade: os
exilados, os refugiados, os migrantes, as novas gerações, os povos
emergentes, as minorias, as áreas de opressão, de miséria e de
catástrofes, a promoção da mulher e da criança, a salvaguarda da
criação, as relações internacionais e o mundo da comunicação social.
Evangelizar implica pluralidade de aspectos: presença, testemunho,
pregação (anúncio explícito), apelo à conversão pessoal, formação da
Igreja, catequese; mas também, inculturação, diálogo inter-religioso,
educação, opção preferencial pelos pobres, transformação da sociedade.
Sua complexidade e articulação foram enfatizadas pela Evangelii Nuntiandi
(n. 17) e muito bem apresentadas na Redemptoris Missio (n. 41-60):
“A evangelização, por tudo o que dissemos é uma dili-
gência complexa, em que há variados elementos: reno-
vação da humanidade, testemunho, anúncio explícito,
adesão do coração, entrada na comunidade, aceitação
dos sinais e iniciativas de apostolado. Estes elementos,
na aparência, podem afigurar-se contrastantes. Na
realidade, porém, eles são complementares e recipro-
(EVANGELII NUN-
camente enriquecedores uns dos outros”
TIANDI 24)
58

6.8 Page 58

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
Essa visão ampla de evangelização convalida a primeira tarefa da
missão salesiana: a promoção integral das pessoas, segundo as
urgências das múltiplas situações concretas (cf. Const. 31). Agir neste
campo, inspirados pelo amor de Cristo e sob o sinal do seu Reino, é
evangelização. A compreensão salesiana da evangelização é animada
pela preocupação de integralidade, à qual segue a preocupação
educativa pelo crescimento da pessoa na sua totalidade. A educação
é o lugar humano em que apresentamos o Evangelho e no qual ele
adquire uma fisionomia típica. A abordagem antropológica leva-nos a
entender melhor como os espaços de ação do educador salesiano são
felizmente marcados pelo humanismo integral e pela sua dimensão
transcendente.
32
A RELAÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA COM A AÇÃO
EVANGELIZADORA
A meta proposta pela Pastoral Juvenil Salesiana para todo jovem é a
construção da própria personalidade, tendo Cristo como referência
fundamental; referência que, tornando-se progressivamente explícita
e interiorizada, o ajude a ver a história como Ele, a julgar a vida como
Ele, a escolher e a amar como Ele, a esperar como Ele ensina, a viver
n’Ele a comunhão com o Pai e o Espírito Santo (cf. CG23, n. 112-115). A
verdadeira e real conversão missionária pede à Pastoral Juvenil Salesiana
para descobrir e viver a profunda e inseparável relação da ação
educativa com a ação evangelizadora.
A Os aspectos educativos da antropologia cristã
Partir da educação não signifi ca seguir a deriva antropológica, como
numa espécie de ‘secularização’ da missão evangelizadora; não significa
nem mesmo mover-se além dos horizontes e dos fundamentos teologais.
É possível pensar a mediação educativa no horizonte da história da
salvação. A reflexão teológica pós-conciliar considerou na fé a abordagem
da educação, tratando, por exemplo, do primado do Reino de Deus ou do
processo de salvação em contexto de Igreja e de suas mediações pastorais;
ou reconhecendo como lugares teologais as situações de vida do homem,
e estimulando a lê-las, portanto com o olhar da fé.
59

6.9 Page 59

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A centralidade da pessoa na antropologia cristã possui aspectos educativos. A
educação é assumida em sua acepção ampla e completa: como crescimento da
pessoa e como conjunto de mediações que se colocam a seu serviço para torná-
la ciente da sua identidade, ajudá-la a abraçar o que de bom foi colocado nela
pelo Criador e abri-la ao sentido e ao mistério. Focalizar a questão educativa é
obrigação de todos, não só dos cristãos. A opção de pensar a educação na ação
pastoral torna-se sempre mais urgente, como confirmação da centralidade
da educação como mediação privilegiada a serviço das pessoas.
A educação ativa todas as potencialidades do jovem, das capacidades
intelectuais às emotivas, até a vontade livre. Assumindo a responsabilidade pelo
jovem, a proposta educativo-pastoral salesiana acompanha e educa em sentido
amplo as suas razões para viver e, através delas, todo o seu desenvolvimento.
O ponto de partida imprescindível é o encontro com os jovens na condição
em que se encontram, escutando atentamente os seus questionamentos
e as suas aspirações, para valorizar o potencial de crescimento que cada
um deles traz em si.
Vista assim, a educação dos jovens não é uma manifestação opcional da caridade
ou um aspecto setorial da missão; ela é o caminho a percorrer. A preocupação
educativa da ação pastoral quer deixar-se alcançar pela história da vida do
jovem e reconhecer que a ação de Deus passa pela nossa mediação.
Segue-se disso tudo que são necessárias mediações culturais e
pedagógicas a serviço das pessoas; se a educação põe a pessoa no
centro, preocupando-se com a harmonia de suas diversas dimensões, as
estruturas ou instituições são suas mediações, em resposta às necessidades
dos jovens aos quais somos enviados (cf. Const. 26). Reconhece-
se, então, a função preciosa de todas as intervenções educativas
na educação da fé; elas têm a tarefa de ativar, apoiar e mediar
o processo de salvação.
Nem todos os modelos educativos oferecem o precioso servi-
ço da educação aos processos de evangelização. Apostamos de
modo especial numa educação que se mede com a práxis do
Reino, que é restituir vida em abundância a todos, dentro de
uma perspectiva de humanização mais plena. Reconhecemo-
-nos numa práxis educativa que nunca se torna absoluta
nem torna absolutas as estratégias, os conteúdos, os ins-
60

6.10 Page 60

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
trumentos; práxis que administra o
processo educativo de maneira aber-
ta, a partir do resultado imprevisível,
não manipulável, por ter relação com
o mistério da liberdade das pessoas
e da ação de Deus na vida de cada
um e também na das comunidades
e instituições.
«Seu carisma (dos salesianos) coloca-os na
situação privilegiada de poder valorizar
a contribuição da educação no campo da
evangelização dos jovens. Efetivamente,
sem educação não há evangelização
A educação à maturidade humana
e cristã evoca mais prontamente
a perspectiva pedagógica: é uma
ajuda para propor o Evangelho com
realismo educativo e pedagógico.
duradoura e profunda, não há crescimento
nem amadurecimento, não acontece uma
mudança de mentalidade e de cultura. Os
jovens nutrem desejos profundos de vida
plena, de amor autêntico e de liberdade
construtiva; contudo, infelizmente,
B O Evangelho, inspiração radical
muitas vezes as suas expectativas são
atraiçoadas e não chegam a realizar-
A intencionalidade da “ação educa-
tiva” distingue-se, em si mesma, da
“ação evangelizadora”; cada uma
delas tem sua finalidade e seus con-
teúdos característicos. Devemos sa-
ber distingui-las; não para separá-las,
mas para uni-las harmoniosamente
na práxis. Ambas atuam na unidade
da pessoa do jovem; são dois modos
complementares de preocupação
em relação aos jovens, confluem
se. É indispensável ajudar os jovens a
valorizarem os recursos que têm em seu
interior como dinamismo e desejo positivo;
colocá-los em contato com propostas ricas
de humanidade e de valores evangélicos;
animá-los a inserir-se na sociedade
como parte ativa através do trabalho, da
participação e do compromisso em favor
do bem comum»
(CARTA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI AO P. PASCUAL
CHÁVEZ VILLANUEVA, REITOR-MOR S.D.B. POR OCASIÃO DO
CAPÍTULO GERAL XXVI)
na tentativa de “gerar” o homem
novo. São feitas para colaborar ple-
namente no desenvolvimento unitário, integral do jovem. A pastoral habita o
terreno do humano e, ao mesmo tempo, o terreno da fé.
A evangelização dialoga com o educativo
A evangelização é medida no terreno humano que encontra; ela assume
e regenera a vida cotidiana dos jovens e a sua exigência de sentido e
plenitude do que acontece no seu mundo. A evangelização, liberando
todas as potencialidades educativas da mensagem de Cristo, orienta para o
amadurecimento em humanidade, ilumina, propõe, questiona a liberdade. A
61

7 Pages 61-70

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7.1 Page 61

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
educação, ajudando as pessoas a chegarem à plenitude da vida, é fundamental
para a construção da pessoa; envolve todos aqueles aos quais está a peito
o bem do homem. A mensagem cristã coloca-se assim na ótica educativa,
oferece-se na lógica de um projeto que favoreça o crescimento verdadeiro
e integral. A evangelização parece entrecruzada pelas instâncias da
educação, onde pode ressoar o Evangelho de Jesus Cristo como condição
para que ele seja acolhido na sua verdade.
A atenção educativa exprime-se no esforço de oferecer a proposta evangélica de
modo existencialmente significativo, isto é, esforço de calibrá-la, fazê-la interagir
com as problemáticas da vida do jovem e, mais em geral, da busca de sentido.
Como a educação é um processo e apelo para adequar-se continuamente
ao futuro seja do sujeito seja da cultura, ela deve fazer perceber o sentido da
gradualidade do caminho e ajudar a programar os seus itinerários; deve saber
desenvolver também uma função positiva em relação a certas modalidades de
evangelização que podem pecar por ingenuidade e por abstração; deve saber
estimular, na programação pastoral, uma indispensável consciência pedagógica
para nunca prescindir da fundamental positividade dos valores humanos, mesmo
quando feridos pelo pecado. A pastoral deixa-se interpelar pela experiência dos
jovens. O reconhecimento das questões últimas que estão em seu coração,
permite à fé e ao anúncio evangélico dialogar de modo fecundo com eles.
O Evangelho como inspiração radical
Por outro lado, o ponto qualificador, sua função orientadora e sua
inspiração radical é o Evangelho: trata-se de um anúncio que questiona
a vida, mais profundamente de qualquer outro. A evangelização
tem uma força que provoca. Não chega “depois”. O Evangelho entra na
lógica formativa da unidade estrutural da personalidade. Seus critérios de
avaliação e operacionais referem-se a Jesus Cristo. O serviço educativo que,
com inteligência, mire à formação integral dos jovens não tem receio de se
interrogar continuamente sobre o significado e as razões da evangelização.
A ação educativa enraíza-se na de Jesus; não só a toma como modelo, mas a
prolonga no tempo. Encontra o seu significado integral e uma razão de força
maior na mensagem de Jesus Cristo. Antes, encontra no Evangelho a ajuda
para o amadurecimento da liberdade e da responsabilidade. O Evangelho
é guia na busca de identidade e de sentido, iluminador para a formação
da consciência; apresenta-se como modelo sublime para a autenticidade
do amor e oferece o horizonte mais claro e empenhativo para a dimensão
62

7.2 Page 62

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
social da pessoa. O Evangelho inspira os critérios de julgamento, guia as
escolhas fundamentais da vida, ilumina a conduta ética privada e pública,
regula as relações interpessoais e indica a orientação do agir e do viver. A
dignidade da pessoa é elevada na interação com a fé. No encontro com a
Boa Nova, a pessoa humana chega ao vértice da “imagem de Deus”, que
revela à vida o seu destino transcendente, enquanto ilumina, a partir de sua
luz nova, todos os direitos.
Eis a integralidade da proposta: a educação que se enriquece do ser
evangelicamente inspirada desde o início; a evangelização que desde o
primeiro momento reconhece a beleza de ser oportunamente adequada
à condição evolutiva dos jovens. A mediação educativa é finalmente
orientada para favorecer em cada um a experiência pessoal do encontro
com Deus; para orientar positivamente o processo educativo na abertura a
Deus e na configuração a Cristo, homem perfeito. Essa perspectiva supera
o problema, substancialmente metodológico, de como e quando anunciar
o Evangelho e de como compor todas as dimensões do Projeto Educativo-
Pastoral nos ambientes pastorais concretos e nos itinerários educativos.
C A Boa Nova na variedade das culturas e tradições religiosas
O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano revelou-se de grande
atualidade nos mais diversos contextos. Já demonstrou sua validade
mesmo em ambientes de outras tradições religiosas, de outros contextos
multiculturais e ambientes secularizados. Hoje, contudo, em sociedades
extremamente pluralistas, do ponto de vista cultural e religioso, é evidente
que as referências cristãs do Sistema Preventivo nem sempre podem ser
exibidas explicitamente. Devem ser interpeladas e adaptadas, acentuando
o seu humanismo integral, base de toda educação, aberto à dimensão
ética e religiosa que sabe atribuir a devida importância ao conhecimento
e à valorização das culturas e dos valores espirituais das várias civilizações.
O que hoje se exige, é conhecer bem o instrumento de que dispomos,
aplicando-o nos diversos contextos em sintonia com a sensibilidade moderna.
A urgência educativa convida à educação integral, que tenha em vista formar
o homem todo e todo homem. A liberdade religiosa favorece o exercício das
faculdades humanas criando as premissas necessárias para a realização do
desenvolvimento integral, que se refere unitariamente à totalidade da pessoa
em todas as suas dimensões (cf. Caritas in Veritate 11).
63

7.3 Page 63

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
As obras salesianas, em força de sua vocação missionária à universalidade,
são solicitadas pela presença de religiões e modalidades diversas de fé a um
maior diálogo com as demais tradições espirituais e religiosas. Não se trata
de renunciar à própria identidade ou ao mandato missionário, menos ainda
assumir atitudes fundamentalistas. O pluralismo religioso é ocasião para
maior compreensão da identidade cristã. Antes, neste sentido a consciência
da própria identidade é premissa irrenunciável de qualquer diálogo sério.
Devem-se evitar todas as formas de uma leitura puramente secularista,
valendo o mesmo para todas as formas de rigidez diante da abertura
às outras religiões. Elas são duas atitudes que impedem o verdadeiro
testemunho dos crentes na vida civil e política.
4 A opção apostólica de campo
41
OS JOVENS, ESPECIALMENTE OS MAIS POBRES,
SÃO A NOSSA OPÇÃO DETERMINANTE
A Um amor constante e intenso pelos pobres
Dom Bosco orienta a sua obra decididamente para os jovens; escolhe
conscientemente viver disponível para acolher os meninos e os jovens
“em situação de risco”; opção que se torna critério de organização
da evangelização para sua libertação integral. A prioridade pelos
«jovens, especialmente os mais pobres» – as palavras são de Dom Bos-
co – é também a nossa opção determinante (Const. 6, 26-29, 41; Reg.
1,3,11,14,15, 25,26; CG20, n. 45-57).
Dom Bosco escolhe a condição evangélica de ser pobre com os pobres. As-
sume para si a pobreza do Filho de Deus, também material, para caminhar
na direção dos afastados. Faz da rua, das praças, dos locais de trabalho,
do prado-pátio os lugares de encontro e primeiro anúncio. Acolhe os jo-
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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
vens sem exclusões e preconceitos,
reconhecendo e valorizando o que
eles trazem no coração (os seus so-
nhos, as suas dificuldades, os seus
desafi os). Caminha ao lado deles,
adequando-se ao passo deles. O
encontro com cada menino é,
para ele, ocasião de diálogo e
de eventual encontro com a fé.
Aquele é simplesmente o terreno
«Ver turmas de jovens, de 12 a 18 anos,
todos eles sãos, robustos, e de vivo
engenho, mas sem nada fazer, picados
pelos insetos, à míngua de pão espiritual
e temporal, foi algo que me horrorizou»
(MEMÓRIAS DE ORATÓRIO, SEGUNDA DÉCADA 1835-1845, N. 11)
no qual a proposta de fé se revela
como recurso de vida, potencial de
plenitude de vida. Os jovens mais pobres esperam ser acolhidos, levados
a sério em suas aspirações, sentir que os seus desejos maiores encontram
uma saída. A atitude de Dom Bosco é a atitude de quem acompanha; ele
não substitui, não invade, não tem preconceitos, não fi nge confi ança.
Caminha realmente com eles, apoia-os, anima-os.
Ele opõe à pobreza negativa dos jovens, instrumento de corrupção e cau-
sa de embrutecimento, a pobreza libertadora do Filho de Deus. Entre-
gue à sua missão de cura das almas, está pronto a pagar o seu preço e
abandonar tudo (Da mihi animas cetera tolle). Abandona a si mesmo e
às próprias comodidades para viver totalmente entregue aos seus jovens,
próximo dos seus meninos, pobre com os pobres. Por isso, constrói o seu
projeto de modo adequado aos jovens, sobretudo aos mais frágeis e
em perigo, para ajudá-los a acolher a riqueza da vida com seus valores,
prepará-los para viver com dignidade neste mundo e torná-los mais cien-
tes do próprio destino eterno (cf. Const. 26).
Dom Bosco, sob a inspiração do Espírito Santo, teve uma consciência agu-
çada de ser chamado por Deus para uma missão singular em favor dos
jovens pobres. Sem eles, Dom Bosco seria irreconhecível: «Por vós estu-
do, por vós trabalho, por vós eu vivo, por vós estou disposto até a dar a
vida» (Const. 14). Sinais do alto, aptidões naturais, conselhos de pessoas
prudentes, discernimento pessoal, circunstâncias que se sucediam provi-
dencialmente, convenceram-no de que Deus, ao enriquecê-lo com dons
especiais, pedia-lhe uma dedicação total aos jovens.
“Prometi a Deus que até meu último alento seria para
(CONST. 1)
meus pobres jovens”
65

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Na atual urgência da Nova Evangelização deve-se recomendar o mesmo espí-
rito missionário da ação pastoral de Dom Bosco: espírito missionário que leve
aonde as necessidades e as demandas dos jovens ainda não são preocupação.
B A pobreza compromete as reservas educativas e o crescimento dos jovens
A opção salesiana de campo oferece-nos um modo de olhar a realidade e
interpretá-la: o ponto de vista dos jovens. Somos, pois, sensíveis às condi-
ções que favorecem a sua educação
e evangelização, como também
àquelas que trazem riscos. Estamos
atentos aos aspectos positivos, aos
novos valores e às possibilidades
««Temos uma preocupação particular
pelos jovens, porque eles, que são parte
relevante do presente da humanidade
e da Igreja, são também o seu futuro
[...]. Queremos apoiá-los na sua busca e
encorajamos as nossas comunidades a
entrar sem reservas numa perspectiva de
escuta, de diálogo e de proposta corajosa
em relação à difícil condição dos jovens.
Para resgatar, e não mortificar, o poder
dos seus entusiasmos. E para apoiar em
seu favor a justa batalha contra os lugares
comuns e as especulações finalizadas
dos poderes mundanos, interessados em
de retomada. Todas as formas de
pobreza bloqueiam ou chegam
a destruir os recursos educati-
vos da pessoa e comprometem
o crescimento dos jovens como
filhos de Deus. Todo jovem traz
dentro de si os sinais do amor de
Deus no desejo de vida, na inteli-
gência e no coração. Aos crentes
pede-se que tenha a peito todas
essas expressões de pobreza, novas
e antigas, e invente novas formas
de atenção, solidariedade e partilha
para curá-las.
dissipar as energias e em consumir os seus
impulsos a seu benefício, privando-os de
qualquer memória grata do passado e de
qualquer projeto sério de futuro. A nova
evangelização tem no mundo dos jovens
um campo empenhativo, mas também
particularmente prometedor [...]. Deve-
se reconhecer aos jovens um papel ativo
na obra de evangelização, sobretudo em
relação ao seu mundo»
(SÍNODO DOS BISPOS (2012), MENSAGEM AO POVO DE DEUS 9)
Evangelizar e educar nestes contex-
tos significa acolher, dar novamente
a palavra, ajudar a reencontrar a si
mesmo, acompanhar com paciên-
cia ao longo do caminho de recu-
peração de valores e de confiança.
Essa opção determinante é parte
essencial da espiritualidade salesia-
na, que professa a força redentora
da caridade pastoral e proclama o
desejo e a determinação de “sal-
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7.6 Page 66

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
var” aqueles que vivem abandona-
dos por todos. É um amor que se
exprime com respostas ágeis e ime-
diatas diante da inquietação juvenil,
amor que se empenha em dar vida
e esperança. A missão original da
Igreja e da Congregação é o núcleo
do anúncio de Cristo (cf. Evangelii
Nuntiandi 32).
««É hora de uma nova fantasia da
caridade»
(NOVO MILLENNIO INEUNTE 50)
O anúncio da salvação aos pobres, sinal por excelência do Reino de Cristo,
é o componente mais profundo da nossa missão educativo-pastoral. A rela-
ção com Jesus Cristo e o seu Evangelho é um dom a oferecer a todos, uma
fonte que satisfaz a sede e a busca de sentido: se Cristo se entrega aos mais
pobres e necessitados, não podemos retardar o dom do encontro com Ele.
A opção preferencial pelos jovens, sobretudo pelos mais pobres, leva-nos
aos ambientes populares, em que eles vivem (cf. Const. 29). Nos ambientes
populares, somos chamados a levar o espírito de família e de compreensão
com o contato cotidiano da nossa ação apostólica.
42
A HUMANIZAÇÃO E A EVANGELIZAÇÃO
DA CULTURA
A Fidelidade ao Evangelho e fidelidade à cultura
O fi m próprio da educação e da verdadeira atividade cultural é libertar
o jovem, torná-lo ciente dos próprios direitos e deveres, participante
consciente dos acontecimentos da sua época, capaz de autodeterminação
e colaboração por uma sociedade mais humana. Educar dessa forma
produz cultura, abre-a e enriquece-a. Esse processo torna-se realidade,
não só inserindo na sociedade ideias novas, novos impulsos e nova linfa,
mas principalmente preparando pessoas corajosas, portadoras de
reflexão crítica e de sadia conduta de vida.
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7.7 Page 67

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Para a Igreja não se trata tanto de pregar
o Evangelho a espaços geográficos cada
vez mais vastos ou populações maiores
em dimensões de massa, mas de chegar
a atingir e como que a modificar pela
força do Evangelho os critérios de julgar,
os valores que contam, os centros de
interesse, as linhas de pensamento, as
fontes inspiradoras e os modelos de vida
da humanidade, que se apresentam em
contraste com a Palavra de Deus e com o
desígnio da salvação»
(EVANGELII NUNTIANDI 19)
«A palavra “cultura” indica, em geral,
todas as coisas por meio das quais o
homem apura e desenvolve as múltiplas
A evangelização não é apenas con-
formidade com os valores do Evan-
gelho, transmitidos pelo Fundador; é
também encontro com a cultura. O
indispensável empenho cultural com-
porta o encontro com as novas ques-
tões de vida geradas pela cultura,
questões que põem à prova o realis-
mo da nossa proposta cristã e confir-
mam a nossa capacidade de diálogo.
É preciso, por isso, um conhecimen-
to adequado da complexa realidade
cultural e sociopolítica. É necessário
um exercício de “discernimento”,
reformulando a experiência cristã em
relação com as situações históricas
concretas em que ela é chamada a se
realizar. Na verdade, a evangelização
das culturas representa a forma mais
profunda e completa de evangeliza-
ção de uma sociedade.
capacidades do seu espírito e do seu corpo;
se esforça por dominar, pelo estudo e pelo
trabalho, o próprio mundo; torna mais
humana, com o progresso dos costumes
e das instituições, a vida social, quer
na família quer na comunidade civil; e,
finalmente, no decorrer do tempo, exprime,
comunica aos outros e conserva nas
suas obras, para que sejam de proveito a
muitos e até à inteira humanidade, as suas
grandes experiências espirituais e as suas
aspirações»
(GAUDIUM ET SPES 53)
O mundo juvenil é o “lugar” por
excelência no qual se manifestam
mais imediatamente os traços
culturais típicos da nossa socieda-
de. Aqui se exigem um discernimen-
to atento e a capacidade de perce-
ber em profundidade os problemas
postos pelas mudanças em curso.
É urgente entender a sua realidade
cultural, com seu conjunto de valo-
res e limites, experiências, linguagens
e símbolos. São estes os elementos
que formam a sua mentalidade e a
sua sensibilidade. Os desafios não
são um obstáculo problemático, mas
uma provocação positiva que nos interpela e solicita a uma corajosa interven-
ção. A ação realizada pela Congregação em relação à cultura, como foi dito,
complexa e articulada, já não pode ser compreendida no interior de um univer-
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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
so cultural homogêneo, mas em um horizonte determinado pela pluralidade de
situações. Com efeito, numerosos fatores concorrem para desenhar um pano-
rama cultural sempre mais fragmentado e em contínua e velocíssima evolução.
Enunciamos alguns deles:
as diferentes situações de pobreza e exclusão social: sempre mais
frequentemente fragilidade e marginalidade desembocam em
fenômenos de dependência das drogas, de desvios, de violência;
a situação e a compreensão da família, com as consequentes
problemáticas humanas e éticas;
as questões relativas à vida e à sua capacidade de transmissão
de valores;
a esfera afetiva e emotiva, o âmbito dos sentimentos, como a
corporeidade, são fortemente interessados pela tempérie cultural;
os sistemas educativos e a qualidade e integralidade da formação
que oferecem;
a cultura digital que favorece e, às vezes, provoca contínuas e
rápidas mudanças de mentalidade, costume, comportamentos;
um dos horizontes mais complexos e fascinantes das sociedades
atuais: a identidade multicultural e multirreligiosa dos povos
os pressupostos antropológicos que sustentam interpretações
sociológicas e educativas;
as correntes de pensamento que insistem na negação da
transcendência, no desconhecimento da estrutura relacional do
homem e da relação fundada em Deus.
B Os desafios da cultura atravessam todas as experiências pastorais
A atenção prioritária atravessa todas as experiências pastorais que se
revelam como desafios para todos: para o crente e o não crente, para
quem pertence à Igreja e quem a ela não pertence, para o jovem e
o adulto. São os desafios inscritos no interior da própria vida, na sua
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
pobreza e na sua riqueza, na sua dignidade, nos seus dons e nos seus
apelos, que se impõem a todos e são promessa para todos.
O educador salesiano confronta-se seriamente com essa cultura,
percebe nela os sinais da presença de Deus e os apelos à renovação
da pastoral, da linguagem e das atitudes. Nessa ótica, a evangelização
torna-se sensível à instância do diálogo. Torna-se prioritária a
solicitude positiva pelos valores e as instituições culturais,
como também pelas ciências antropológicas que têm a própria
contribuição específica a
oferecer. O confronto é
enriquecedor, porque tem a
capacidade de levar à unidade
«Recebemos um sinal, isto é, que nas
vésperas do novo milênio — nestes novos
tempos, nestas novas condições de vida
— volta a ser anunciado o Evangelho.
Iniciou uma nova evangelização, quase
como se se tratasse de um segundo
anúncio, embora na realidade seja
sempre o mesmo»
(JOÃO PAULO II, HOMILIA DURANTE A MISSA NO SANTUÁRIO
DE S. CRUZ, MOGILA (POLÔNIA), 9 DE JUNHO DE 1979)
a contribuição qualificadora de
cada disciplina. Trata-se de um
vasto horizonte que se deve
conhecer, habitado por valores
ricos e, em parte, por desvalores.
Em seu conjunto, tudo incide
profundamente no modo de
pensar e agir, como também nas
modalidades de vida das pessoas,
famílias e instituições sociais.
Como Dom Bosco, manifestamos
Através da Igreja, o Senhor Jesus
nos chama a realizar uma nova
evangelização: “nova no seu ardor, nos
seus métodos e nas suas expressões”»
(JOÃO PAULO II, DISCURSO À XIX ASSEMBLEIA DO CELAM, 9 DE
MARÇO DE 1983)
interesse especial pelo mundo
do trabalho (cf. Const. 27). Ele
preocupou-se em também dotar
as jovens gerações de adequada
competência profissional e técnica.
Notável a sua preocupação para
favorecer uma sempre mais incisiva
educação à responsabilidade
social, tendo por base a aumentada dignidade pessoal: uma educação
para o social ao qual a fé cristã não só confere legitimidade, como
também confere energias de peso incalculável. Mediante o trabalho
e o uso correto dos recursos o “honesto cidadão” não só se realiza
como pessoa, mas também contribui para o bem comum, dando uma
contribuição substancial à utilidade social: um projeto que tem suas
raízes na visão evangélica do homem empenhado no bem de todos.
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7.10 Page 70

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EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
Nossos ambientes educativos são
chamados a ser centros de irradiação
da cultura da vida para as famílias,
os vários grupos, o território e a
sociedade. A Nova Evangelização
exprimirá sua novidade no
renovado ardor do testemunho da
caridade, na proposta de novos
métodos de um alegre anúncio de
Cristo e nas convictas expressões de
diálogo inteligente com a cultura,
voltado aos jovens e a todos os
que, de modos variados, esperam
o bom anúncio – euanghèlion (cfr.
Const. 30).
«Na realidade, o apelo à nova
evangelização é, antes de tudo, um
apelo à conversão. De fato, através
do testemunho de uma Igreja sempre
mais fiel à sua identidade e mais viva
em todas as suas manifestações, os
homens e os povos do mundo todo
poderão continuar a encontrar Jesus
Cristo»
(JOÃO PAULO II, DISCURSO À IV ASSEMBLEIA DO CELAM, 12 DE
OUTUBRO DE 1992)
71

8 Pages 71-80

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8.1 Page 71

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IV V VI

8.2 Page 72

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PARTE
SEGUNDA
Os três capítulos desta segunda parte aprofundam as opções da
Pastoral Juvenil Salesiana, ou seja, o modo próprio salesiano de
realizar a missão evangelizadora. A fonte carismática é o Sistema
Preventivo, que inspira a Comunidade Educativo-Pastoral, enquanto
a sua proposta operacional é o Projeto Educativo-Pastoral.

8.3 Page 73

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
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8.4 Page 74

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O SISTEMA PREVENTIVO:
UMA EXPERIÊNCIA
ESPIRITUAL E EDUCATIVA
CAPÍTULO
IV
«Eu vim para
que tenham vida,
e a tenham em
abundância»
(Jo 10, 10)

8.5 Page 75

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Guiado por Maria que lhe foi Mestra, Dom
Bosco viveu, no encontro com os jovens do primeiro
Oratório, uma experiência espiritual e educativa a que
chamou «Sistema Preventivo». Era para ele um amor
que se doa gratuitamente, nutrindo-se da caridade
de Deus que se antecipa a toda criatura com a sua
Providência, segue-a com sua presença e salva-a com
a doação da própria vida. Dom Bosco no-lo transmite
como modo de viver e trabalhar para comunicar o
Evangelho e salvar os jovens, com eles e por meio
deles. Impregna o nosso relacionamento com Deus, as
relações pessoais e a vida de comunidade no exercício
de uma caridade que sabe fazer-se amar»
(Const. 20)
A prática deste sistema baseia-se toda nas
palavras de São Paulo que diz: A caridade é benigna
e paciente; tudo sofre, mas espera tudo e suporta
qualquer incômodo»
(O Sistema Preventivo na Educação da Juventude)
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
O chamadode Dom Bosco, da parte de Deus,
para a missão de salvação dos jovens, especialmente dos mais
pobres, envolve muitas pessoas e grupos numa convergência
espiritual e em coparticipação educativa e pastoral: o Sistema
Preventivo. Esta é a fonte e inspiração de uma forma concreta
e original de viver e atuar a missão salesiana que chamamos
de Pastoral Juvenil Salesiana. Neste quarto capítulo toma
gradualmente corpo a proposta educativo-pastoral a partir do
seu princípio inspirador: a caridade pastoral. Sua centralidade
torna-se uma perspectiva real de renovação para a pastoral
dos jovens e, portanto, critério, eixo da programação pastoral
em todos os níveis. O Sistema Preventivo, enquanto proposta
educativa de educação integral articula-se substancialmente
em duas direções: como proposta de vida cristã (Espiritualidade
Juvenil Salesiana) e como metodologia pedagógica prática.
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8.7 Page 77

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 A missão salesiana é
iluminada pela práxis de
Dom Bosco
11
O ESPÍRITO SALESIANO INSPIRA-SE
NO ESTILO DO BOM PASTOR
Dom Bosco entreviu a finalidade original da sua missão: revelar aos jovens
pobres o amor de Deus por eles (cf. Const. 2, 14). Ele também intuiu
os princípios inspiradores de um estilo pastoral adequado a esta
finalidade: o estilo do Bom Pastor. A evocação bíblica que abria o
capítulo I deste texto oferecia um ícone eloquente da experiência de
Valdocco: a multidão com fome e dispersa e a comoção de Jesus.
O espírito salesiano, inspirado pelo estilo do Bom Pastor, qualifica a nossa
espiritualidade e a nossa ação educativo-pastoral. Esse espírito encarna-
se primeiramente em Dom Bosco. Ele e a missão que dele derivou são o
nosso ponto de referência histórico-carismático.
Dom Bosco ofereceu toda a sua vida pelos jovens em um projeto de
vida intensamente unitário: sua vida sacerdotal e sua ação educativa,
suas múltiplas relações e sua profunda interioridade, tudo era orientado a
serviço dos jovens. Um serviço que os ajudou a crescer, tornando-os eles
mesmos protagonistas do próprio projeto de vida:
“Não deu passo, não pronunciou palavra, nada empre-
(CONST. 21)
endeu que não visasse à salvação da juventude”
Deus não deixa de chamar muitos outros para continuarem a missão de
Dom Bosco em favor dos jovens. Entre eles, os salesianos religiosos (SDB)
são por Ele consagrados, reunidos e enviados para serem na Igreja sinais
e portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente os mais pobres.
Com eles, compartilham a missão de Dom Bosco outros grupos da Família
Salesiana, segundo suas vocações específicas e seu estilo de vida. Trata-se de
um vasto movimento de pessoas e grupos, homens e mulheres pertencentes
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
às mais diversas condições de vida que constituem o Movimento Salesiano.
A missão salesiana que, em Dom Bosco e na sua experiência em Valdocco,
encontra o critério permanente de discernimento (cf. Const. 40), cresceu
posteriormente, convocando muitas pessoas e grupos à convergência
espiritual e à participação na missão educativa e pastoral para a promoção
integral dos jovens especialmente os mais pobres.
12
A ENCARNAÇÃO DO “ESPÍRITO SALESIANO”
É O SISTEMA PREVENTIVO
A A atuação (a atualidade) pastoral-espiritual-pedagógica
de Dom Bosco
A missão e o projeto de vida de Dom Bosco exprimem-se num estilo de vida
e ação: o espírito salesiano. A encarnação mais característica e expres-
siva do “espírito salesiano” é o
Sistema Preventivo.
O Sistema Preventivo relaciona-
nos com a alma, as atitudes e
as opções evangélicas de Dom
Bosco. A práxis salesiana tem
como quadro referencial e
medida de autenticidade a
atuação do projeto pastoral-
espiritual-pedagógico de Dom
Bosco. A “genialidade” do seu
espírito está ligada à atuação do
Sistema Preventivo: um sistema
de sucesso, modelo e inspiração
para os que hoje se empenham na
educação nos vários continentes,
em contextos multiculturais e
multirreligiosos, modelo que pede
a todos uma refl exão contínua
para favorecer sempre mais a
centralidade dos jovens como
destinatários e protagonistas da
«Depois, eu mesmo gostaria de fazer uma
pregação, ou melhor, uma conferência
sobre o espírito salesiano que deve animar
e guiar as nossas ações e todos os nossos
discursos. O sistema preventivo seja algo
nosso. Jamais castigos físicos; jamais
palavras humilhantes, nem censuras
severas na presença de outros. Mas ressoe
nas salas de aula a palavra doçura,
caridade e paciência. Jamais palavras
mordazes, jamais um tabefe pesado ou
leve. Quando necessário, apele-se para
repreensões, e sempre de modo que aqueles
que são admoestados se tornem nossos
amigos mais do que antes, e jamais
partam humilhados por nós»
(CARTA DE JOÃO BOSCO AO PADRE TIAGO COSTAMAGNA, 10
DE AGOSTO DE 1885)
79

8.9 Page 79

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
missão salesiana (cf. P Pascual Chávez, ACG 407, «A Pastoral Juvenil
Salesiana»).
A palavra “Sistema” sugere a ideia de completude, isto é, de uma experiência
orgânica, de uma proposta articulada em vista do dinamismo pedagógico.
No Sistema Preventivo podem-se distinguir, de fato, algumas articulações
profundamente relacionadas entre si: o princípio inspirador, que cria uma
determinada atitude espiritual na pessoa: a caridade pastoral. Uma tríplice
realidade dinâmica:
a “ousadia pastoral”, que inspira um projeto educativo de
promoção integral (v. neste capítulo IV, n. 2);
a espiritualidade em vista da proposta de vida cristã – Espiritu-
alidade Juvenil Salesiana – (v. neste capítulo IV, n. 3);
a metodologia pedagógica prática inspirada no “critério orato-
riano”, que orienta as modalidades concretas das opções e inter-
venções operativas que devem ser propostas (v. capítulo V, n. 3).
B O princípio inspirador é a caridade pastoral
Educar, para Dom Bosco, comporta uma atitude especial do educador e um
conjunto de intervenções fundadas em convicções de amor, de razão e de
fé. No centro da sua visão está a “caridade pastoral”. Trata-se de buscar
especialmente o bem espiritual dos jovens, a salvação dos jovens, o
seu bem integral Da mihi animas»).
O Sistema Preventivo encontra sua fonte e seu centro na experiência
da caridade de Deus que precede toda criatura com a sua Providência,
acompanha-a com sua presença e salva-a dando a vida (cf. Const.
20). Dom Bosco tinha uma profunda fé na benignidade e paternidade
misericordiosa de Deus. A escolha de São Francisco de Sales como
exemplo para os seus colaboradores e protetor da sua Congregação é
uma confirmação disso.
Essa experiência tem em mira a acolhida de Deus nos jovens; neles, Deus
nos oferece a graça do encontro com Ele, chama-nos para servi-Lo neles;
trata-se de uma experiência que reconhece a dignidade deles, renova a
confiança em seus recursos de bem, educa-os para a plenitude da vida (cf.
CG23, n. 95). Nessa dinâmica educativa, a atenção aos jovens leva a educá-
los para serem protagonistas da evangelização.
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8.10 Page 80

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Pastoral
(Projeto educativo de
promoção integral)
CARIDADE
PASTORAL
Espiritualidade
Pedagogia
(Proposta
de vida cristã)
(Método
pedagógico
prático)
A caridade pastoral salesiana tem outra qualificação mais precisa que a
define melhor; ela é caridade pedagógica. Demonstra paixão educativa,
mas também tato, bom senso, medida, afeto e respeito pelo adolescente e
o jovem. Essa atitude é fruto da convicção de que cada vida, mesmo a mais
pobre, complexa e precária, traz em si, pela presença misteriosa do Espírito,
a força da redenção e a semente da felicidade (cf. CG23, n. 92).
A expressão sintética, “primado da caridade educativa”, reflete o amor que
sabe criar uma relação educativa; ela exprime-se na medida do adolescente,
do pobre que deve ser ajudado a abrir-se, a descobrir a riqueza da vida, a
crescer. Por isso, para o adolescente pobre, às vezes carente de coragem,
de educação, de palavras e de pensamento, a caridade pedagógica do
educador torna-se comunicação do amor de Deus; uma caridade que chega
aos últimos, aos mais humildes, àqueles que têm maiores dificuldades. É
expressão da sabedoria paterna que ensina a enfrentar a vida.
C O Sistema Preventivo envolve o educador
e a comunidade da qual participa
É íntima a unidade da experiência, ao mesmo tempo espiritual e
educativa, que se torna ponto de referência e expressão da Família Sale-
siana na Igreja. Ela pode ser definida como a autêntica espiritualidade da
81

9 Pages 81-90

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9.1 Page 81

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
nossa ação apostólica. Dissociar o método pedagógico de Dom Bosco da
sua alma pastoral seria destruir os dois.
O Sistema Preventivo envolve toda a pessoa do educador e da comunidade
da qual participa, junto com os jovens e para eles, com uma modalidade
própria de pensamento e sentimento, de vida e atividade, que inspira e carac-
teriza toda a existência. Na ação operativa do Sistema Preventivo, ao mesmo
tempo pedagógica e espiritual, a atividade educativa abre-se com constante e
competente inteligência ao Evangelho de Cristo; é o “critério metodológico”
da missão salesiana para o acompanhamento dos jovens no delicado proces-
so de crescimento da sua humanidade na fé. Por sua vez, a espiritualidade
salesiana respira e age na área educativa como proposta original de vida cris-
tã, organizada ao redor de experiências de fé, de escolhas de valores e estilos
evangélicos que constituem a Espiritualidade Juvenil Salesiana.
Os salesianos encontram a própria identidade na fidelidade a esse patri-
mônio pedagógico (o Sistema Preventivo) e na sua contínua atualização. A
meta fundamental do projeto é sintetizada na conhecida fórmula “hones-
tos cidadãos e bons cristãos”, segundo a qual Dom Bosco queria “formar
construtores da cidade e homens de fé”. Dois termos de um binômio
apresentados como unidade inseparável em Dom Bosco: as duas polarida-
des formam uma unidade indivisível.
2 O Sistema Preventivo
como ousadia pastoral
2 1 UM PROJETO EDUCATIVO INTEGRAL
O Sistema Preventivo inspira um projeto educativo de promoção integral
presente na proposta de evangelização para os jovens nos diversos
contextos. Esclarece, ao mesmo tempo, a riqueza humanista e o coração
essencialmente religioso do sistema, no dinamismo da razão, religião e
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
bondade. O Sistema Preventivo torna-se método para a ação caracterizada
pela centralidade da razão, razoabilidade das exigências e das normas,
fl exibilidade e persuasão das propostas; da centralidade da religião,
entendida como desenvolvimento do sentido de Deus, conatural a todos,
e esforço de levar-lhes a beleza da Boa Nova; da centralidade da bondade,
amor educativo, que faz crescer e cria correspondência.
2 1 O DUPLO VALOR DA EDUCAÇÃO PREVENTIVA
A práxis preventiva, embora com diversas nuances, compõe-se de duas
atividades inseparáveis: satisfazer as necessidades primárias dos jovens
(alimentação, vestuário, alojamento, segurança, desenvolvimento físico
e psíquico, inserção social, um mínimo de valores) e dar vida a uma
ação educativa mais orgânica à formação social, moral e religiosa da
pessoa. De fato, a intencionalidade do Oratório de Dom Bosco nasce
como instituição assistencial e educativa.
A dupla instância é atual, estando em ato uma decisiva exaltação dos
valores assistenciais e sociais do projeto educativo salesiano,
como também a promoção e o crescimento da dimensão cognitiva,
afetiva, ética e espiritual.
A O Sistema Preventivo nas situações de insatisfação e recuperação
A “preventividade” nas situações de insatisfação e de recuperação leva-
nos novamente a Dom Bosco, que visitava as prisões, andava pelas ruas
e ia aos locais de trabalho para encontrar os meninos; Dom Bosco que,
mesmo depois da institucionalização do Oratório socorria os jovens
empesteados nas casas e nos becos de Turim; Dom Bosco que enviava os
salesianos missionários para junto dos jovens que não tinham um “lugar”
adequado ao seu desenvolvimento humano e social.
Hoje, numa época de “emergência” educativa, o estilo preventivo pode
obter resultados muito satisfatórios. O humanismo pedagógico-cristão,
no qual se funda o Sistema Preventivo, constitui uma resposta assistencial
e social ao mesmo tempo educativa e pastoral. A “caridade educativa”
não pode deixar de ser “caridade social”. A evangelização apresenta-
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Precisamos caminhar, portanto, na
direção de uma confirmação atualizada
da “opção social, política e educativa” de
se sempre estreitamente integrada
com a promoção humana e a
liberdade da proposta cristã. O
mandamento do amor é único,
embora com dois polos de
referência, Deus e o próximo.
Dom Bosco. Isso não significa promover
um ativismo ideológico, ligado a
determinadas opções político-partidárias,
mas formar para a sensibilidade social
e política que sempre leve a investir a
própria vida como missão pelo bem
da comunidade social, com referência
constante aos inalienáveis valores
humanos e cristãos»
(PADRE PASCUAL CHÁVEZ, ACG 415, “COMO DOM BOSCO
EDUCADOR”)
As profundas transformações que se
deram na “sociedade complexa” de-
monstram a mais articulada fenome-
nologia da “condição juvenil” e em
particular daquela que Dom Bosco
chamava de “pobre, abandonada,
vulnerável”. Uma juventude inten-
samente problemática sob o aspecto
da educação e da reeducação, os jo-
vens atingidos pela marginalização e
a pobreza econômica, social, cultural,
afetiva, moral e espiritual. O panora-
ma da insatisfação juvenil que invoca urgentemente a intervenção educativa
articula-se sobre o acúmulo dessas pobrezas, frequentes nos países em vias de
desenvolvimento, mas também nas grandes cidades dos países desenvolvidos.
É preciso prevenir o mal com o remédio da educação.
Diante das graves situações de injustiça e das violações perpetradas
contra os direitos humanos em nossas sociedades, o carisma de Dom
Bosco e o seu sistema educativo exortam-nos à ação, no plano pessoal
e no plano coletivo. Com olhar renovado, a preventividade através da
educação deve transformar as estruturas de miséria e marginalização,
particularmente dos menores de idade. Temos a possibilidade de oferecer
uma preventividade que promove o bem: intervenções educativas que
reforçam a integralidade dos direitos fundamentais civis, culturais,
religiosos, econômicos, políticos e sociais.
Há também a necessidade de criar comunidades capazes de repropor os valores
fundamentais, talvez ausentes já na primeira idade da vida. A “educação
libertadora” do Sistema Preventivo tem em vista acompanhar os adolescentes
e os jovens, já marcados por condicionamentos negativos: situações que os
tornam pobres do ponto de vista sociocultural, econômico, moral, espiritual
e religioso (cf. CG20, n. 61). A preventividade salesiana exprime-se, pois,
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
em muitíssimas opções práticas; ela responde à urgência indicada em cada
contexto. O pluralismo operacional pelos jovens mais necessitados é expressão
da riqueza da educação salesiana, em que a afetividade vivida ou recuperada
consegue unir-se de modo fecundo com a razão e a religião.
A “experiência educativa” de Dom Bosco tende a ser “sistema” de
assistência, educação e socialização. Educar significa “prevenir”, em
todas as suas possíveis acepções. Educar exprime-se no “acolher”, no
“dar novamente a palavra” e no “compreender”. Educar significa ajudar
os indivíduos a reencontrarem a si mesmos, acompanhá-los com paciência
no caminho da recuperação de valores e da confiança em si; comporta
a reconstrução das razões de viver, descobrindo a beleza da vida. Educar
fala da renovada capacidade de diálogo, mas também da proposta rica
de interesses e solidamente ancorada no que é fundamental; envolver os
jovens em experiências que os ajudem a perceber o sentido do esforço
cotidiano; oferecer instrumentos fundamentais para ganhar o próprio
sustento, tornando-os capazes de agir como sujeitos responsáveis em todas
as circunstâncias. Educar exige conhecer as problemáticas sociais juvenis do
nosso tempo (v. capítulo I).
B A arte de educar positivamente
A “preventividade” é expressa num projeto formativo de educação positiva:
«A arte de educar de modo positivo, propondo o bem em
experiências adequadas e empenhativas, capazes de atrair
pela sua nobreza e beleza; a arte de fazer crescer os jovens
“a partir de dentro”, fazendo apelo à liberdade interior, con-
trastando os condicionamentos e os formalismos exteriores;
a arte de conquistar o coração dos jovens, para estimulá-
-los, com alegria e satisfação, para o bem, corrigindo os des-
vios e preparando os jovens para o futuro, por meio de uma
sólida formação do caráter»
(JUVENUM PATRIS 8)
A fórmula razão, religião, bondade, que sintetiza o sistema de Dom Bosco,
é entendida como a inspiração fundamental do projeto educativo
de promoção integral da pessoa, que entende dar uma resposta plena
à demanda de evangelização do mundo juvenil. O amor pedagógico, no
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9.5 Page 85

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
método de Dom Bosco, desenvolve-se em três atitudes: amor-cordialidade,
amor-racionalidade, amor-fé. O Sistema Preventivo torna-se projeto formativo
e pedagógico, um conjunto de elementos que compõem a totalidade no
tríplice valor afetivo, racional e religioso:
A força
libertadora
do amor
educativo
BONDADE
RAZÃO
As diversas
formas de
racionalidade
da proposta
O amor
pedagógico
baseia-se na fé
RELIGIÃO
A força libertadora do amor educativo
O amor pedagógico é, antes de tudo, autêntico amor humano; o
princípio do método é a bondade, expressa como amor educativo que
faz crescer e cria correspondência em relações cordiais. Aqui está a
grande intuição de Dom Bosco: a força libertadora do amor educativo.
Em contato com educadores que nutrem profunda paixão e bondade
educativa, os jovens sentem-se solicitados a exprimir a própria parte
melhor e aprendem a fazer sua a experiência cultural e religiosa que os
precede. A caridade pastoral, centro e alma do espírito salesiano, evoca
algumas atitudes de fundo. Antes de tudo as relações pessoais. Para Dom
Bosco, o amor pedagógico é, ao mesmo tempo, espiritual e afetivo. É um
amor que brota da vontade, que leva o educador a buscar unicamente o
bem do educando, esquecendo-se completamente de si mesmo. Em força
desse amor, o educador é levado com intensidade à ação e ao espírito de
sacrifício. Assim, a realidade mais espiritual do amor educativo é chamada
a manifestar-se como cordialidade e afeto. O amor cordial consiste antes
de tudo em querer realmente o bem do outro enquanto pessoa. O amor
maduro é ao mesmo tempo caracterizado pela vontade e pelo afeto.
O amor-cordialidade-bondade foi ilustrado por Dom Bosco, sobretudo
na Carta de Roma, de 1884, em relação a uma situação de crise que
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9.6 Page 86

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se manifestava nos seus institutos. Ele expõe o que lhe parece essencial
na relação educativa. Referindo-se à experiência pessoal, procura fazer
entender que o amor de vontade com o total empenho do educador,
é certamente coisa apreciável e boa, mas insufi ciente e sem resultados
pedagógicos, se os jovens não “sentem” o amor, ou se este não se torna
linguagem e sinal que floresce em comunhão e cordialidade. O educador
que se entrega inteiramente aos jovens, mas não consegue fazer “sentir”
que aquilo que lhe interessa é o bem do jovem, não terá resultados
pedagógicos. A primeira coisa no amor não é a ação, mas a atenção à
pessoa como tal. É a força do encontro gratuito, que tem significado
e dá valor a todos os outros valores.
As diversas formas da racionalidade nas propostas
O amor pedagógico de Dom Bosco é também amor-racional. Dom Bosco
concentra-se nele: o amor pedagógico deve ser acompanhado
da racionalidade manifestada de muitas formas: racionalidade
das exigências e das normas, sem pressão emocional e sentimental;
flexibilidade e bom-senso nas propostas; cuidado com o espaço
de compreensão, diálogo e paciência, partindo do mundo
concreto dos jovens; realismo e espírito de iniciativa;
naturalidade e espontaneidade; sensibilidade pelo
que é concretamente factível; apelo à convicção
pessoal.
Trata-se da ação educativa que, de um lado,
estimula os jovens a desenvolverem os pró-
prios talentos e serem ativos e empre-
endedores no trabalho e, de outro,
educa-os a não confi arem apenas
em si mesmos, a evitarem a am-
bição e o orgulho intelectual. A
racionalidade ajuda o educador a
oferecer adequadamente os valores
que no presente concreto são bons e
permitem ao jovem ser realmente pes-
soa. Numa sociedade que se transfor-
ma rapidamente e na qual a capacidade
de julgamento e o senso crítico são indis-
pensáveis, apresenta-se um terreno magnífi co
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
para a educação baseada na racionalidade. Ela ajuda a avaliar as coisas
com senso crítico e a descobrir o valor autêntico das realidades terrenas,
respeitando a sua autonomia e a dignidade laical.
O amor pedagógico baseia-se na fé
O amor pedagógico é iluminado pela , no desenvolvimento do
sentido de Deus, conatural a todas as pessoas, e no esforço de
evangelização cristã. Para Dom Bosco, o amor cordial e racional alimenta-
se de uma raiz profunda. Os jovens são pessoas chamadas à plenitude real
da vida, à comunhão com Deus e com o próximo. Dom Bosco julgava que,
fora dessa perspectiva, a proposta educativa perde a sua força e o seu
significado. O amor educativo do salesiano é símbolo do amor de Deus
pelos jovens. Dom Bosco fundador, pai dos órfãos, educador maduro,
sonhador e empreendedor arrojado, promotor intuitivo de iniciativas
pastorais e educativas é compreendido a partir de dois núcleos dinâmicos
da sua vocação: a natural atitude cordial e afetuosa pelos jovens e o dom
incondicional de si a Deus como resposta à missão recebida.
No Sistema Preventivo, a religião é a da “Boa Nova”, do Evangelho, das
bem-aventuranças, de Jesus que considerou os seus discípulos como amigos
e não servos, e chama a todos a buscarem o Reino de Deus e a sua justiça, e
vive e age conosco todos os dias até o fim do mundo. A religião do Sistema
Preventivo é popular, simples e vai ao essencial: “amor de Deus e amor do
próximo”.
Mais concretamente: é a religião do humanismo devoto de São Francisco
de Sales, que aprendeu de Deus a ser amável, bom, capaz de paciência e de
perdão; e na Encarnação do Senhor reconhece que somos todos chamados
no Filho a compartilhar a santidade, ou seja, a viver segundo o Evangelho
em todas as condições de vida, em todos os momentos, em todas as
situações, em todas as idades.
Mais profundamente, é a religião vivida no Espírito que ajuda a discernir no
tempo os sinais da Sua presença e da vontade de Deus. Ele é a fonte do
otimismo, que não nos deixa cair no pessimismo e que nos desanimemos
nas dificuldades.
Em contextos secularizados, nos quais a cultura parece silenciosa, incapaz
de falar do Pai de Jesus Cristo, será preciso educar as invocações de
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
transcendência e as grandes questões de sentido colocadas pela vida e pela
morte, pela dor e pelo amor, sem esconder o raio de luz que nos vem da
nossa fé (cf. CG23, n. 76, 77, 83).
Nos contextos das grandes religiões monoteístas ou tradicionais, o primeiro
diálogo educativo será com os leigos mais próximos para reconhecer com
eles a graça presente nessas religiões, encorajar o desejo da oração e
valorizar os fragmentos de Evangelho e de sabedoria educativa presentes
na cultura, na vida, na experiência dos jovens (cf. CG23, n. 72-74, 86).
3 O Sistema Preventivo como
proposta de espiritualidade
O trinômio razão, religião, bondade, articulação da caridade pastoral e alma
do Sistema Preventivo, não expressa apenas o projeto educativo de forma-
ção integral e nem é apenas o método prático que o educador deve utilizar,
mas também revela os traços fundamentais de uma espiritualidade a des-
cobrir, viver e renovar continuamente (cf. P. Egidio Viganò, ACG 334,
“Espiritualidade salesiana para a nova evangelização”). A Pastoral Juvenil
Salesiana afunda suas raízes, portanto, numa espiritualidade viva que a nu-
tre e estimula a buscar a Deus no serviço aos jovens.
A espiritualidade é uma releitura do Evangelho, capaz de unificar os gestos
e as atitudes que caracterizam a existência cristã. Como fruto disso, en-
contramos na raiz da Pastoral Juvenil Salesiana uma espiritualidade
para o nosso tempo, que significa a possibilidade da experiência de Deus
no contexto da própria vida, um caminho de santidade, um projeto especí-
fico de vida no Espírito.
Há uma espiritualidade cristã fundamental que brota da mensagem do
Evangelho, mesmo existindo, depois, diferentes tipos de espiritualidade
cristã segundo as tonalidades históricas e, sobretudo, carismáticas de rele-
vo, que descobrimos na experiência do Deus trinitário, em nível pessoal ou
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
comunitário. Alguns valores evangélicos foram intensamente evidenciados
na tradição eclesial por diversos Fundadores, fiéis à Palavra de Deus, ilumi-
nados e guiados pelo seu Espírito.
Consequentemente, podemos falar
de uma espiritualidade salesiana,
espiritualidade carismática que
enriquece toda a Igreja com um
A nossa ação educativa deve «propor
de novo a todos, com convicção, esta
‘medida alta’ da vida cristã ordinária».
(NOVO MILLENNIO INEUNTE 31)
modelo de vida cristã, caracterizado
por um itinerário concreto de santi-
dade. Espiritualidade apostólica,
porque, guiados pelo Espírito, so-
mos enviados a colaborar na mis-
são do Pai que dá eficácia salvífica
à nossa ação educativa e evangeli-
zadora entre os jovens e, ao mesmo tempo, unifica toda a nossa existência
no seu centro inspirador. Espiritualidade, enfim, que faz dos jovens evange-
lizadores de outros jovens.
Portanto, essa espiritualidade não se reduz a um conjunto de práticas psico-
lógicas ou terapêuticas destinadas a garantir o bem-estar da pessoa. Nelas,
a “vida espiritual” é como a adesão a um sentimento, a um dado subjetivo
sentido interiormente como experiência totalmente intimista. Nessas con-
figurações reconhecem-se os influxos de muitas filosofias e ideologias que
negam os conteúdos revelados da fé cristã e colocam-se como sua alternati-
va; negam a transcendência de Deus e o seu ser pessoal; não se confrontam
com a realidade do pecado nem consideram a necessidade da graça e da
salvação em Cristo. Acreditam que o bem-estar é obtido pelo homem ape-
nas com suas forças, e Jesus Cristo é uma entre as muitas manifestações do
divino que, com nomes diversos, se sucederam na história humana.
A Pastoral Juvenil Salesiana, entretanto, propõe uma espiritualidade que
facilita e favorece a visão unitária da vida, indicando a ligação estrita
e conatural que abraça a gratuidade de Deus, a alegria do encontro com
Cristo e a liberdade da vida no Espírito.
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
3 1 A ESPIRITUALIDADE É, ANTES DE TUDO, VIDA NO ESPÍRITO
A O primado da gratuidade de Deus
A espiritualidade é, antes de tudo, vida no Espírito. Só a Ele pertence a
iniciativa. Ele tem o primado da gratuidade, da iniciativa do amor de Deus
e do encontro com Jesus Cristo.
A vida espiritual tem em Deus, Mistério de Amor, a sua fonte, o seu
centro e a sua meta. Podemos entender a vida espiritual como experimentar
o amor de Deus, viver a experiência de amizade e de intimidade com Ele e
reconhecer-nos enviados por Ele à missão pelos jovens. Também neles atua o
mesmo dinamismo de descoberta do amor e do chamado a testemunhá-lo.
Deus é o centro unificador da nossa vida, a fonte da nossa comunhão fraterna,
o inspirador da nossa ação. Viver “na presença de Deus” significa cultivar uma
profunda e contínua relação com Deus, inundados do seu Amor e enviados aos
jovens. Significa acolher os sinais da Sua misteriosa presença nas demandas e
expectativas de homens e mulheres do tempo presente.
B O encontro com Cristo
Centro da vida espiritual é a experiência da fé cristã, o encontro com Jesus
Cristo, Evangelho de Deus. Enraizar-se em Cristo e conformar-se a Ele é um
dom e, ao mesmo tempo, o horizon-
te da Pastoral Juvenil Salesiana. A es-
cuta da Palavra, a liturgia, a vida dos
sacramentos e o dom de si no serviço
aos irmãos são importantes na vida
cristã e na ação pastoral.
«Ao início do ser cristão, não há uma
decisão ética ou uma grande ideia, mas
C A vida no Espírito Santo
o encontro com um acontecimento, com
uma Pessoa que dá à vida um novo
A vida espiritual consiste em acei-
tar que a nossa existência seja plas-
horizonte e, desta forma, o rumo decisivo»
(DEUS CARITAS EST 1)
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10.1 Page 91

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
mada pelo Espírito na ação da graça. Nessa relação de amor podemos
afirmar o primado da graça e, ao mesmo tempo, a contribuição
livre e consciente do homem. O ser humano colabora colocando-se à
escuta e mantendo-se disponível e dócil. O seu desejo é encontrar-se com
o Senhor. Na oração, pede que este encontro aconteça e contribua, na sua
vida, para a missão.
A vida espiritual é um dinamismo que se desenvolve num processo tem-
poral que assume todas as dimensões do ser humano, com ritmo próprio
e com os próprios momentos de crescimento e de prova.
32
UMA PROPOSTA ORIGINAL DE VIDA CRISTÃ:
A ESPIRITUALIDADE JUVENIL SALESIANA
A A espiritualidade salesiana, expressão
concreta da caridade pastoral
A caridade pastoral educativa é o coração do espírito salesiano que vive no
encontro e na confissão de Jesus Cristo, o Senhor. O Sistema Preventivo
é verdadeiramente uma proposta de espiritualidade para todos:
salesianos, leigos envolvidos no espírito e na missão de Dom Bosco,
famílias e jovens. Dom Bosco indicou na sua experiência pedagógica e
pastoral o caminho da santidade juvenil e demonstrou no seu método a
validade da sua elevada finalidade, com resultados admiráveis.
O segredo do sucesso de Dom Bosco educador foi a sua intensa caridade
pastoral, aquela energia interior que uniu inseparavelmente nele o amor
de Deus e o amor do próximo, tornando-o capaz de compor em síntese
a atividade evangelizadora e a atividade educativa. A espiritualidade
salesiana, expressão concreta da caridade pastoral, constitui, portanto,
um elemento fundamental da ação pastoral: a espiritualidade salesiana,
fonte da vitalidade evangélica, alma da caridade pastoral, permanece
o seu princípio de inspiração e identidade, o seu critério de orientação.
Devemos viver certos disso e sermos promotores atualizados da sua
sabedoria pastoral. A espiritualidade vivenciada é a atitude própria dos
crentes empenhados. Não se trata de um espiritualismo de fuga, mas
de uma espiritualidade de fronteira, de busca, de iniciativa, de coragem,
numa palavra, de realismo.
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
Em Dom Bosco, tudo isso assume o nome de “coração oratoriano”:
fervor, zelo apostólico, efusão de todos os recursos pessoais, busca de
novas intervenções, capacidade de resistir nas provações, vontade de
recomeçar depois dos insucessos, otimismo cultivado e difundido; é a
solicitude, cheia de fé e caridade, que encontra em Maria um exemplo
luminoso de entrega de si (cf. Carta de Identidade Carismática da Família
Salesiana, n. 29).
B Programa e itinerário da Espiritualidade Juvenil Salesiana
A espiritualidade salesiana adaptada aos jovens, vivida com e
pelos jovens, pensada e realizada no interior da experiência do
jovem, tem em mira gerar uma imagem cristã proponível àqueles que,
inseridos no nosso tempo, vivem suas condições atuais; dirige-se a todos
os jovens adequando-se aos “mais pobres”, capaz ao mesmo tempo de
indicar metas aos que fazem mais progressos; pretende tornar o jovem
protagonista de propostas para os coetâneos e no ambiente de vida.
A espiritualidade salesiana associa-se ao Sistema Preventivo; é o
desenvolvimento do Projeto Educativo-Pastoral oferecido a todos os
sujeitos da Comunidade Educativo-Pastoral, traduzido em itinerários de
maior compromisso. Os elementos a seguir se entrelaçam; cada um deles
representa uma ênfase relativa ao que é expresso pelos outros: a vida, Cristo,
as bem-aventuranças, a Igreja, Maria, o serviço são pontos de referência
para refletir e viver em unidade a totalidade da experiência cristã.
A vida cotidiana como lugar do encontro com Deus
A Espiritualidade Juvenil Salesiana considera a vida cotidiana como lugar
de encontro com Deus (cf. Const. 18; CG23, n. 162-164; CG24, n. 97-98;
Carta de Identidade Carismática da Família Salesiana, n. 27-28, 34). À base
da compreensão do cotidiano e da avaliação positiva da vida há a
fé e a compreensão contínua do evento da Encarnação; espiritualidade
que se deixa guiar pelo mistério de Deus que com a Encarnação, Morte
e Ressurreição, afi rma sua presença de salvação em toda a realidade
humana.
O cotidiano do jovem é feito de obrigações, socialidade, diversão, tensão
de crescimento, vida de família, desenvolvimento das próprias capacidades,
perspectivas de futuro, demandas de intervenção, aspirações. Essa é
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10.3 Page 93

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
realidade a ser assumida, aprofundada e vivida à luz de Deus. Segundo
Dom Bosco, para ser santo é preciso fazer “bem” aquilo que se deve
fazer; ele considera a fi delidade ao dever na sua cotidianidade como
critério de comprovação da virtude e sinal de maturidade espiritual. Um
realismo prático centrado no cotidiano, o sentido religioso do dever em
cada momento da jornada.
Para que a vida cotidiana possa ser vivida como espiritualidade,
é necessária a graça de unidade que ajuda a harmonizar as diversas
dimensões da vida ao redor de um coração habitado pelo Espírito de
Amor. A graça de unidade que torna possível a conversão, a purificação
e a força do sacramento da Reconciliação, meio privilegiado; que faz com
que através “do trabalho e da contemplação” o coração se mantenha
livre, aberto a Deus e entregue aos irmãos, especialmente aos jovens e
aos jovens pobres.
Dom Bosco inspirou-se em São Francisco de Sales como mestre de uma
espiritualidade simples porque essencial, popular porque aberta a todos,
simpática porque cheia de valores humanos e, por isso, particularmente
disponível à ação educativa.
Entre as atitudes e as experiências do cotidiano a se viver em
profundidade no Espírito podem estar:
a vida de família;
o amor ao trabalho/estudo, o crescimento cultural e a experiência
escolar;
a ligação das “experiências intensas” com os “itinerários ordinários
da vida”;
a visão positiva e reflexiva diante da própria época;
a acolhida responsável da própria vida e do próprio itinerário
espiritual de crescimento no esforço de cada dia;
a capacidade de orientar a vida segundo um projeto vocacional.
Espiritualidade pascal de alegria e de otimismo
A verdade decisiva da fé cristã é o Senhor ressuscitado. A glória eterna
é a nossa meta última, mas também, atual, porque se fez realidade
no corpo de Jesus Cristo. A Espiritualidade Juvenil Salesiana é pascal e
escatológica.
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
As tendências mais radicais no coração da pessoa são o desejo e a
busca da felicidade. A alegria é a expressão mais nobre da felicidade e,
com a festa e a esperança, é característica da espiritualidade salesiana.
A fé cristã é, por vocação, anúncio de felicidade radical, promessa e
oferenda de “vida eterna”, sem termos de espaço, de tempo, de limites
nas aspirações. A descoberta do Reino e o encontro com Cristo são
bem-aventuranças do homem. Essas realidades, contudo, não são
uma conquista, mas um dom: Deus é a fonte da verdadeira alegria
e da esperança. Sem excluir o valor pedagógico da alegria, afirma-
se principalmente o seu valor teológico. Dom Bosco vê nela uma
manifestação imprescindível da vida da graça.
Dom Bosco entendeu, e fez seus jovens entenderem, que empenho e
alegria caminham juntos, que santidade e alegria são um binômio
inseparável. Dom Bosco é o santo da alegria de viver, e seus jovens
aprenderam bem a lição de vida na linguagem tipicamente oratoriana,
que a “santidade consiste em estar sempre alegre“ (cf. CG23, n. 165).
A Pastoral Juvenil Salesiana propõe um itinerário de santidade simples,
alegre e serena (cf. Const. 17; CG23, n. 165-166; Carta de Identidade
Carismática da Família Salesiana, n. 33).
A valorização da alegria como ato do Espírito, fonte de empenho e
seu fruto, comporta que se favoreçam nos jovens algumas atitudes e
experiências:
a experiência alegre do afeto às pessoas num ambiente de
participação e de relações sinceramente amigáveis e fraternas;
a livre expressão nas festas juvenis e nos encontros de grupo;
a admiração e o prazer pelas alegrias que o Criador colocou em
nosso caminho: a natureza, o silêncio, as atividades feitas em
comum no sacrifício e na solidariedade;
a graça de poder viver a cruz e o sofrimento sob o signo e a
consolação da Cruz de Cristo.
Espiritualidade de amizade e de relação pessoal com o Senhor Jesus
A Espiritualidade Juvenil Salesiana leva o jovem ao encontro com Jesus
Cristo e torna factível uma relação de amizade com Ele alimentada na
confiança, num vínculo vital e numa adesão fiel. Muitos jovens nutrem
o desejo sincero de conhecer Jesus e buscam uma resposta às questões
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10.5 Page 95

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
sobre o sentido da própria vida,
que só Deus pode dar.
Amigo, Mestre e Salvador são
os títulos que descrevem a
centralidade da pessoa de Jesus
Cristo na vida espiritual dos
jovens no método salesiano (cf.
Const. 11; CG23, n. 167-168;
«Devemos ajudar os jovens a ganharem
confidência e familiaridade com a
Sagrada Escritura, para que seja como
uma bússola que indica a estrada a seguir»
(VERBUM DOMINI, 104)
CG24, n. 61; Carta de Identidade
Carismática da Família Salesiana, n. 24, 36). É interessante recordar que Jesus
é apresentado por Dom Bosco como amigo dos jovens – «Os jovens são a
delícia de Jesus», dizia –; como mestre de vida e de sabedoria; como modelo
de todo cristão; como redentor que entrega sua vida no amor e na paixão
pela salvação até a morte; como presente nos pequenos e necessitados.
Recorre muitas vezes à citação «Sempre que fizestes estas coisas a um dos
mais pequenos destes meus irmãos, o fizestes a mim» (Mt 25, 40).
Eis, como exemplo, algumas atitudes e experiências a serem
favorecidas e desenvolvidas para um itinerário de conformidade
progressiva a Cristo:
participação de fé na comunidade, que vive da memória e da
presença do Senhor e o celebra nos sacramentos da iniciação
cristã;
pedagogia da santidade, que Dom Bosco mostrou na
reconciliação com Deus e com os irmãos através do sacramento
da Penitência;
aprendizagem da oração pessoal e comunitária, mediações
privilegiadas para crescer no amor e na relação pessoal com
Jesus Cristo. A oração salesiana é simples e para todos, afunda
suas raízes na vida cotidiana;
aprofundamento sistemático da fé iluminada pela leitura e a
meditação da Palavra de Deus.
Espiritualidade eclesial e mariana
A experiência e o conhecimento adequado de Igreja são distin-
tivos da espiritualidade cristã. A Igreja é comunhão espiritual e co-
munidade que se faz visível através de gestos e convergências também
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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
operativas; é serviço aos homens dos quais não se separa como numa
“seita” que só considera boas as obras que trazem o sinal da própria
pertença; é o lugar escolhido e oferecido por Cristo, no tempo e no
espaço da nossa história, para poder encontrá-Lo. Ele entregou à Igreja
a Palavra, o Batismo, o seu Corpo e o seu Sangue, a graça do perdão
dos pecados e os demais Sacramentos, a experiência de comunhão e a
força do Espírito que levam à caridade pelos irmãos. É preciso um sen-
tido sempre mais responsável e corajoso de pertença à Igreja particular
e universal. A Família de Dom Bosco tem, de fato, entre os tesouros
de casa uma rica tradição de fidelidade filial ao Sucessor de Pedro e de
comunhão e colaboração com as Igrejas locais (cf. Const. 13; CG21, n.
96, 102; CG23, n. 169-170; CG24, n. 62-64, 91-93; Carta de Identidade
Carismática da Família Salesiana, n. 26).
As atitudes e as experiências a dar vida são, portanto:
o ambiente concreto da casa salesiana como lugar em que se
experimenta uma imagem de Igreja agradável, simpática, ativa,
capaz de responder às expectativas dos jovens;
os grupos e, sobretudo, a Comunidade Educativo-Pastoral, que
reúne jovens e educadores num ambiente de família ao redor de
um projeto de educação integral dos jovens;
a participação na Igreja local que reúne todos os esforços
de fi delidade dos cristãos na comunhão visível e no serviço
perceptível em um determinado território;
a estima e confiança para com a Igreja universal, vivida na relação
de amor pelo Papa, na informação sobre as situações em que
o povo de Deus vive limitado em seu desejo de viver a fé; no
conhecimento dos santos e das personalidades significativas do
pensamento e das realizações cristãs nos diversos campos.
A Espiritualidade Juvenil Salesiana é uma espiritualidade
mariana. Maria foi chamada por Deus Pai para ser, na graça do
Espírito Santo, mãe do Verbo, e entregá-Lo ao mundo. A Igreja olha
para Maria como exemplo de fé; Dom Bosco teve esse olhar e nós
somos chamados a imitá-lo em comunhão com a Igreja (cf. Const. 34,
92; CG23, n. 177; CG24, n. 68, 188; Carta de Identidade Carismática
da Família Salesiana, n. 11, 37).
Estamos convencidos de que o Espírito Santo suscitou a obra salesiana
com a intervenção materna de Maria (cf. Const. 1). Ela indicou a Dom
97

10.7 Page 97

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Bosco o seu campo de ação entre os jovens, guiou-o e sustentou-o
constantemente e está presente entre nós e continua a Sua missão de Mãe
da Igreja e Auxiliadora dos Cristãos (cf. Const. 8). No Oratório de Valdocco,
Maria era uma presença viva: inspiradora, guia e mestra. Domingos Sávio,
Miguel Magone e muitos outros jovens contemplaram-na não como ideal
abstrato ou simples objeto de culto e devoção, mas como uma pessoa viva
e atuante, que preenche a casa e faz sentir e experimentar a proximidade
do amor de Deus. A Espiritualidade Juvenil Salesiana estimula a entrega
simples e confiante à assistência materna da Virgem Maria.
Ela também é reconhecida como Mãe de Deus e nossa; como a Imaculada,
cheia de graça, totalmente disponível a Deus, santidade, vida cristã vivida
com coerência e totalidade; como Auxiliadora, auxílio dos cristãos na
grande batalha da fé e da construção do Reino de Deus, Aquela que
protege e orienta a Igreja; sustento e apoio da fé, considerada por Dom
Bosco como “A Senhora dos tempos difíceis”.
Em Maria Auxiliadora, temos um modelo e uma guia para nossa ação
educativa e apostólica. Ela é proposta com amor-admiração ao culto e à
imitação, na participação das celebrações e na memória de suas mensagens.
Mãe e Mestra da nossa experiência formativa, nós a invocamos de modo
especial na oração (cf. Const. 84.87.92; Carta de Identidade Carismática
da Família Salesiana, n. 37), meditando no Evangelho as suas ações e as
suas palavras.
Espiritualidade de serviço responsável
A vida assumida como encontro com Deus, o caminho de identificação com
Cristo, o empenho pelo Reino, a Igreja percebida como comunhão-serviço
em que cada um tem o próprio lugar e onde há necessidade dos dons de
todos, fazem emergir e amadurecer uma convicção: a vida é conduzida no
interior de uma vocação de serviço (cf. Const. 7, 19; CG23, n. 178-180;
CG24, n. 94-96; Carta de Identidade Carismática da Família Salesiana, n. 35).
Tudo isso encontra grande correspondência na experiência de Dom
Bosco, jovem e apóstolo. Ele, desde o sonho dos nove anos, percebeu e
viveu a própria existência como vocação. Escuta e responde com coração
generoso ao convite de colocar-se entre os jovens para salvá-los. Dom Bosco
convidava seus jovens para um «exercício prático de amor ao próximo». A
Espiritualidade Juvenil Salesiana é apostólica: tem a convicção de sermos
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10.8 Page 98

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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
chamados a colaborar com Deus na Sua missão, com dedicação, fidelidade,
confiança e disponibilidade total. Com um empenho concreto a serviço
do bem segundo as próprias responsabilidades sociais e as necessidades
materiais e espirituais dos outros.
O serviço responsável comporta algumas atitudes e experiências a
serem favorecidas, que podem ser reunidas ao redor de quatro áreas:
abertura à realidade e ao contato humano: Dom Bosco pedia
aos seus jovens que fossem “bons cristãos e honestos cida-
dãos”. Ser honesto cidadão comporta hoje, para o jovem, pro-
mover a dignidade da pessoa e os seus direitos, em todos os
contextos; viver com generosidade na família e preparar-se para
formar a própria na base da entrega recíproca; favorecer a soli-
dariedade, especialmente em relação aos mais pobres; realizar
o próprio trabalho com honestidade e competência profissional;
promover a justiça, a paz e o bem comum na política; respeitar
a criação e favorecer a cultura (cf. CG23, n. 178);
empenho sério para individuar o próprio projeto de vida;
amadurecimento gradual e opções progressivas e coerentes de
serviço à Igreja e aos homens. O serviço responsável cresce no tes-
temunho de vida e concretiza-se em muitos âmbitos: animação
educativo-pastoral e cultural, voluntariado e missionariedade;
prontidão para enfrentar situações novas e capacidade de re-
nunciar às coisas secundárias para assumir os valores essenciais.
A Espiritualidade Juvenil Salesiana, portanto, pretende ajudar cada jovem
no itinerário vocacional, para que ele descubra o sentido da própria vida,
na verdade, em diálogo com Deus.
C Planejar itinerários de educação à fé
A espiritualidade, antes de ser formulação sistemática, é “experiência” de
vida. É preciso traduzir a síntese teórica em itinerários pedagógicos
estruturados em etapas graduais, segundo a condição dos meninos
e dos jovens que os devem atuar (objetivos, atitudes, conhecimentos,
empenhos concretos e experiências) com alguns conteúdos claramente
defi dnoi s. A Congregação Salesiana indicou quatro áreas de
amadurecimento humano e cristão: identidade humana, encontro com
Cristo, empenho pelo Reino e pertença eclesial (cf. CG23, n. 120-157).
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10.9 Page 99

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Dom Bosco, ao propor seu sistema educativo-pastoral, traçou um caminho
“fácil” de santidade para os jovens, criando um ambiente adequado
para o seu crescimento como homens e como cristãos, e conseguindo
personalizar os itinerários educativos concebidos na medida deles. Basta
aproximar as três biografi as de Domingos Sávio, Francisco Besucco e
Miguel Magone para fi car claro que os itinerários eram intensamente
unitários nas intenções educativas e sabiamente diferenciados segundo a
singularidade do sujeito.
Brevemente, o que signifi ca elaborar itinerários? Eis alguns critérios
operativos que orientam a dinâmica do itinerário de fé:
flexibilidade, que supera a rigidez estrutural e o fixismo. O itine-
rário deve adequar-se aos jovens que vivem situações pessoais
e ambientais diferenciadas, embora seja sempre adequado em
relação à meta a tender. Trata-se, por isso, de projetar percursos
abertos, repropondo a integralidade da mensagem no modo e
nas formas adequadas às várias idades e condições culturais e
espirituais dos jovens concretos;
continuidade, contrária à periodicidade e improvisação, e gradu-
alidade, que supera a lógica do “tudo e já” a favor de uma sábia
paciência e espera educativa. O itinerário assume assim a carac-
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10.10 Page 100

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IL SISTEMA PREVENTIVO: UNA ESPERIENZA SPIRITUALE ED EDUCATIVA
terística de um percurso iniciático, capaz de estimular e envolver
a liberdade do jovem na realização dos passos a dar e assumir
as responsabilidades que o itinerário educativo simbolicamente
projetou mediante a proposta de conteúdos progressivos e de
modalidades de interiorização. É preciso estabelecer uns e outras,
apresentando em cada etapa as metas essenciais e fundamentais
do crescimento humano e cristão;
orientação, para o ponto de chegada e a consecução de resul-
tados formativos: caminhar para a meta do “bom cristão e do
honesto cidadão”, buscando a consolidação dos valores, das ati-
tudes e capacidades fundamentais. Isso significa concretude, ou
seja, aderência à realidade para discernir através de resultados
comprováveis, a adequação das propostas e das intervenções;
organicidade, em vista da promoção integral da personalidade de
cada um, ou seja, harmonizar com critério educativo a expansão
da experiência humana, a descoberta do significado cristão, a ex-
pressão da fé. O itinerário unifica os três fatores em circularidade,
pelo que um deles evoca, provoca e faz crescer os demais, che-
gando a uma rica unidade pessoal cristã. Educar o “bom cristão
e o honesto cidadão” exige, portanto, que a proposta educativa
por inteiro e cada etapa do itinerário tenham como horizonte de
sentido e de ação todas as dimensões da pessoa do jovem.
É importante a abordagem pedagógica do método, em conexão estrita com
a dos conteúdos e da dinâmica. A atenção aos estilos relacionais e de comu-
nicação, aos elementos que se referem à dinâmica e à qualidade do processo
é subordinada ao objetivo e aos conteúdos. Devem-se privilegiar as formas
mais adequadas à idade juvenil, as mais flexíveis, que deem amplo espaço
ao aprofundamento sistemático e à criatividade; alguns “pontos de não re-
torno”, muito importantes, brotam da realidade. Os educadores salesianos
não podem ignorar os principais aspectos caracterizadores dos jovens con-
temporâneos e que incidem profundamente na vivência, também religiosa,
caso contrário arriscam a inadequação e a ineficácia das propostas. A pastoral
juvenil será autêntica se for caracterizada pela flexibilidade e criatividade.
Nesse sentido, o método também é mensagem. Os jovens pedem um estilo
de anúncio cristão propositivo, capaz de estabelecer uma comunicação cor-
reta e dar espaço à criatividade e às modulações linguísticas de hoje. Para a
realidade dos jovens e a qualidade dos objetivos e dos conteúdos a comuni-
car, é necessário levar em consideração os seguintes critérios de método:
101

11 Pages 101-110

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11.1 Page 101

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Concretude
Símbolo
Narração
Interiorização
Os jovens apreciam e acolhem os passos con-
cretos, as ações iniciadas, a eficácia do que é
proposto. Tudo que é feito deve ser revisto, enfa-
tizado, agradecido, avaliado e verificado no coti-
diano concreto;
É necessário educar a capacidade simbólica, ou
seja, a capacidade de comunicar e entrar em
comunhão com o que não é transmitido apenas
através do conceito, mas precisa da colaboração
da sensibilidade e da criatividade. Iniciar a co-
municação de experiências e realidades com
gestos e experiências antropológicas de caráter
ritual (o cumprimento, a festa, a saudação de
paz...). A dimensão simbólica nasce da necessi-
dade de entrar em comunhão com o Mistério de
Deus já presente na realidade de cada dia. Nes-
se sentido, as linguagens litúrgica, catequética e
experiencial devem ser utilizadas harmoniosa-
mente;
Mais do que o discurso de demonstração, justi-
ficação ou convencimento, os jovens preferem
a narração, a sugestão, o envolvimento nas
narrações de histórias de vida. É indispensável
e mais crível servir-se dos gêneros evangélicos
como a parábola. É preciso ser capaz de narrar
a própria história e a fé que ela contém. «O que
vimos e ouvimos» é o que devemos transmitir;
Para que o itinerário de fé seja efetivo, a expe-
riência e as atividades devem ser avaliadas na
interioridade da pessoa (cabeça, coração e ati-
tude), dando voz à vivência, compartilhando-a,
comunicando-a, a fim de se tornar opção, iti-
nerário, transformação;
102

11.2 Page 102

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Experiência
Partir da experiência, suscitar experiência,
retornar à experiência, ler a experiência. A
experiência de vida é o principal recurso edu-
cativo, completado e estimulado ao longo do
processo por experiências posteriores. Expe-
riência é também consolidar ou contestar o
que se evidencia e se descobre. Ela deve ser
acompanhada e lida, para ser parte do teci-
do pessoal e vital, superando a tendência de
simples acúmulo de dados;
Protagonismo e
participação
Os jovens precisam ser protagonistas de si
mesmos, crendo em suas capacidades de
crescimento e transformação. Querem ser
considerados e interpelados. É preciso arris-
car, confiando-lhes responsabilidades, se-
gundo a sua situação e as suas capacidades.
Não há maturidade sem responsabilidade,
nem confiança se não percebem confiança. Os
jovens não são objetos, mas sujeitos do pro-
cesso de vida;
Personalização e
socialização
Levar em conta a liberdade efetiva alcançada
pelo jovem e o legítimo pluralismo educati-
vo que respeite as diversas situações vividas
pelos jovens. É preciso ser flexível, pensar
em cada um de maneira específica, preocu-
par-se com o seu processo pessoal. A per-
sonalização é atuada em relação aos outros,
acontece com os outros (grupo) e através dos
outros. Todos se reconhecem em relação
com os outros, com a história e o mundo. O
crescimento se dá em relação.
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11.3 Page 103

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
104

11.4 Page 104

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL:
FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA
PARA OS JOVENS
CAPÍTULO
V
«Jesus se
aproximou e
caminhava
com eles»
(Lc 24, 15)

11.5 Page 105

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Dom Bosco queria que em seus ambientes cada
qual se sentisse em casa. A casa salesiana torna-se
uma família quando o afeto é correspondido e todos,
irmãos e jovens, se sentem acolhidos e responsáveis
pelo bem comum. Em clima de confiança mútua e
perdão quotidiano, experimenta-se a necessidade e a
alegria de tudo compartilhar, e as relações se regem
não tanto pelo recurso às leis quanto pelo movimento
do coração e da fé. Esse testemunho desperta nos
jovens o desejo de conhecer e seguir a vocação
salesiana»
(Const. 16)
Sem familiaridade não se demonstra afeto e sem
essa demonstração não pode haver confiança. Quem
quer ser amado deve demonstrar que ama»
(Carta de Roma, 1884)
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11.6 Page 106

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
A Pastoral Juvenil Salesiana exige convergência
de intenções e convicções de todos os envolvidos na
programação e realização da Comunidade Educativo-
Pastoral, onde ela acontece. Exporemos, neste capítulo, a
sua identidade comunitária, os seus dinamismos, o seu estilo
de corresponsabilidade e as modalidades de animação do
próprio crescimento. A comunidade é chamada a investir na
figura do educador salesiano. Enfrentando o discernimento
e a renovação de cada atividade e obra, voltamos o olhar
para o estilo salesiano, para o “critério oratoriano” que
nos liga às intuições práticas do carisma (modalidades de
convivência e de comunhão) que se tornaram patrimônio
comum, aplicáveis a todos os contextos onde os salesianos
atuam. Dá-se importância ao modo de oferecer os sinais do
Evangelho no cotidiano, preocupando-se com as relações e
comunicações autênticas.
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11.7 Page 107

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 Pastoral Juvenil Salesiana:
uma experiência comunitária
11
A EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA
NO ESPÍRITO SALESIANO E NA MISSÃO
A A comunhão a serviço da única missão
A evangelização é sempre ação eclesial. Por isso, o primeiro elemen-
to fundamental para realizar a Pastoral Juvenil Salesiana é a comunidade
que envolve, em clima de família, jovens e adultos, pais e educadores,
até ser experiência de Igreja (cf. Const. 44-48; Reg. 5); comunhão que
vive os diversos dons e serviços como realidades complementares, em
reciprocidade, a serviço de uma mesma missão (cf. CG24, n. 61-67). A
evangelização é fruto do itinerário comum, da missão entre consagrados
e leigos que unem suas forças em colaboração no intercâmbio de dons,
embora nas diferenças de formação, tarefas, carismas e graus de partici-
pação nessa missão. Comunidade em que todos, consagrados e leigos,
são sujeitos ativos, protagonistas da evangelização dos indivíduos e das
culturas (cf. Christifideles Laici 55-56; CG24, n. 96).
Essa comunidade, sujeito e, ao mesmo tempo, objeto e âmbito da
ação educativo-pastoral é a “Comunidade Educativo-Pastoral” (CEP).
É o nosso ser Igreja, a nossa pastoral no interior da pastoral eclesial.
A educação e a evangelização são fruto da convergência de pessoas,
intervenções, qualificações, num projeto compartilhado e atuado corres-
ponsavelmente (cf. Const. 34; CG21, n. 63, 67; CG24, n. 99). A Pastoral
Juvenil Salesiana, de ação pessoal de agentes torna-se coordenação de
várias intervenções, busca de entendimento e complementaridade entre
todos, busca de colaboração, esforço de organicidade e programação.
108

11.8 Page 108

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
B A forma salesiana de estar presente entre os jovens
Desde os primeiros tempos do Oratório, Dom Bosco criou ao seu redor
uma comunidade-família em que os jovens eram os protagonis-
tas: um ambiente juvenil impregnado dos valores do Sistema Preventivo,
com características espirituais e pastorais bem definidas, objetivos claros
e uma convergência de papéis pensados em função dos jovens. Dessa
comunidade surgiram a Congregação e a Família Salesiana. Segundo o
próprio Dom Bosco, os Salesianos, com a vida em comum, são centro de
comunhão e participação para os educadores que trazem a própria con-
tribuição ao projeto e difundem o seu carisma (cf. CG24, n. 71-72, 75).
Na memória dos inícios de Valdocco, encontramos não só o coração pas-
toral de Dom Bosco, como também a sua capacidade de envolvimento:
igreja, dormitórios e pátios tornam-se realidades educativas graças à con-
tribuição de eclesiásticos e leigos. O Sistema Preventivo está atento à rela-
ção pessoal, mas é também comunitário. A sua proposta é intensamente
“comunhonal”. A CEP é a forma salesiana da animação de toda a realida-
de educativa entendida como realização da missão de Dom Bosco. Não é
uma nova estrutura, que se acrescenta aos demais organismos de gestão
e participação existentes nas diversas obras ou ambientes pastorais e não
é nem sequer uma organização de trabalho, uma técnica de participação.
A presença salesiana é chamada a ser casa aco-
lhedora, habitável, para os jovens. Com
a CEP, queremos formar, em cada
uma de nossas presenças, uma
comunidade de pessoas,
orientada à educação
dos jovens, que possa
ser para eles experi-
ência de Igreja e os
abra ao encontro
pessoal com Je-
sus Cristo. A
CEP (cf. Const.
47; CG24, n.
156) é, por-
tanto:
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11.9 Page 109

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
comunidade: porque envolve em clima de família os jovens e os
adultos, os pais e os educadores, onde o elemento fundamental de
unidade não é o trabalho ou a eficácia, mas um conjunto de valores
vitais (educativos, espirituais, salesianos...) que configuram uma
identidade compartilhada e cordialmente desejada;
educativa: porque coloca no centro de seus projetos, relações e
organizações, a preocupação com a promoção integral dos jovens,
isto é, o amadurecimento de suas potencialidades em todos os
aspectos: físico, psicológico, cultural, profissional, social, trans-
cendente;
pastoral: porque se abre à evangelização, caminha com os jovens
ao encontro de Cristo e faz uma experiência de Igreja, onde, com
os jovens, se experimentam os valores da comunhão humana e
cristã com Deus e com os outros.
C A CEP envolve muitas pessoas ao redor do Projeto
Educativo-Pastoral Salesiano
O desafio da CEP é a reconstrução do sentido maduro de pertença e
também da renovação da mentalidade quanto ao modo de pensar, avaliar e
agir, de colocar-se diante dos problemas e do estilo das relações (com os jovens,
entre os educadores e os agentes da pastoral). Trata-se de uma comunidade
articulada em círculos concêntricos, na qual os jovens, ponto fundamental de
referência, são o centro (cf. Const. 5): a comunidade salesiana, garantidora da
identidade salesiana, núcleo de comunhão e participação; as famílias, primeiras
e principais responsáveis da educação dos jovens; os leigos responsáveis e
colaboradores por vários títulos, entre os quais primeiramente os membros
da Família Salesiana, que atuam no âmbito da obra, com a contribuição das
características e da riqueza vocacional do próprio grupo de referência.
As iniciativas pastorais mais significativas são articuladas como
rede: todos colaboram em diversos níveis na elaboração do PEPS, centro
de convergência de todas as atividades, cooperando no próprio processo
educativo, enriquecendo-se reciprocamente num itinerário comum de
formação (cf. CG24, n. 157). A experiência formativa envolve a comunhão de
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11.10 Page 110

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
critérios (mentalidade), convergência de intenções (objetivos) e organicidade de
intervenções (corresponsabilidade, confronto, busca, revisões). O PEPS contribui
para unificar em síntese o Evangelho e a cultura, a fé e a vida (cf. CG24, n. 96).
D A CEP e a Família
Como foi dito, a CEP é centro de acolhida e convocação do maior número
possível de pessoas interessadas nos aspectos humanos e religiosos
do território. Desafi o pastoral bem importante é realizar uma partilha
mais integral com a família, primeira e indispensável comunidade
educadora. Reconhecemos que a família é a célula da sociedade e da
Igreja. Ela, embora com todas as suas difi culdades, é valorizada pelos
próprios fi lhos que dela recebem o afeto indispensável. Para os pais, a
educação é um dever essencial, ligado à transmissão da vida, original e
primário, em relação à missão educativa de outros sujeitos, insubstituível
e inalienável, não delegável nem substituível (cf. Familiaris Consortio 36).
É interessante e prometedor o surgimento de centros de escuta, geridos
por leigos ou consagrados, para apoio da educação e assistência das
problemáticas familiares. São também interessantes as tentativas de
acompanhamento de grupos de pais que se envolvem na educação à fé
de seus filhos. A CEP empenha-se em fazer com que os pais vivam cientes
da própria responsabilidade educativa, diante dos novos paradigmas
emergentes, e do acompanhamento com atenção especial aos jovens casais,
envolvendo-os ativamente na própria CEP. É preciso que SDB e leigos façam
um atento discernimento comunitário para reconhecer as problemáticas mais
urgentes da família e responder a elas, percebendo os seus múltiplos recursos.
É desejável o envolvimento sempre mais participativo da família no PEPS.
E A CEP como experiência significativa de Igreja no território
Devido à sua presença capilar no território, a obra salesiana dispõe
de um potencial educativo extraordinário. A missão salesiana não
se identifica com a comunidade e a obra salesiana, nem a ela se reduz;
ela, todavia, é necessária como lugar de convocação e formação do vasto
movimento que trabalha pela juventude, dentro e fora das estruturas
salesianas, na Igreja e nas instituições da sociedade civil (CG24, n. 4). A
CEP, assim articulada, colabora e abre-se aos que trabalham pela promoção
e formação dos jovens no território, aos ex-alunos e às ex-alunas que se
sentem solidários com ela, aos jovens e adultos da região, aos quais oferece
111

12 Pages 111-120

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12.1 Page 111

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
sua proposta educativa. Enquanto sujeito da pastoral, ela vive e age na
Igreja e no mundo (cf. Const. 47), como presença significativa:
Integra-se na pastoral da Igreja local inserindo o PEPS no
plano pastoral da Diocese ou região; coordenando o próprio
trabalho com as demais forças cristãs que trabalham pela
educação dos jovens; exprimindo comunitariamente sua
pertença à Igreja através de gestos proporcionados no nível de
fé alcançado pela CEP.
Intervindo na comunidade eclesial com a sua contribuição
específica, a CEP enriquece a Igreja local com o dom da
Espiritualidade Juvenil Salesiana, do Sistema Educativo de Dom
Bosco, da vitalidade da Família Salesiana e do Movimento Juvenil
Salesiano (Articulação da Juventude Salesiana) quer participando
ativamente do Conselho pastoral paroquial ou regional, quer
oferecendo a própria contribuição profissional de educadores
dos jovens ou apresentando propostas e iniciativas a serviço da
missão educativo-pastoral da Igreja em favor dos jovens.
Atua como ponto de agregação das forças sociais
existentes no território, e tende a integrar-se na realidade em
que vive. Mantém diálogo e confronto enriquecedor com essas
forças; participa da formação e promoção humana e cristã dos
jovens, colaborando com os organismos que trabalham pelas
mesmas fi nalidades (cf. CG21, n. 17, 132; CG23, n. 229-230;
CG24, n. 115).
Sendo centro de comunhão e participação, a CEP é construída
como espiral cujo núcleo central irradia sensibilidade e
corresponsabilidade às periferias, preocupando-se com a
significatividade e a comunicação (cf. CG24, n. 49, 114, 135).
Torna signifi cativa a presença salesiana que, com a própria
identidade educativa e pastoral, torna-se centro de acolhida e
associação, sinal de comunhão e participação, e proposta de
transformação do ambiente (cf. CG23, n. 225-229; CG24, n.
173-174).
Atua como agente de transformação do ambiente. Está
presente através de seus membros não só na vida do território,
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12.2 Page 112

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
como também participa «do testemunho e do compromisso
da Igreja para com a justiça e a paz» (Const. 33) e favorece
a conversão das situações contrárias aos valores do Evangelho
(cf. Const. 7). Sua competência educativa e pastoral poderá
ser solicitada para responder a problemáticas que se referem
aos jovens (cf. CG24, n. 235). Torna-se presente nos contextos
humanos em que eles vivem, especialmente se forem
marginalizados ou excluídos, atenta aos elementos que influem
mais na sua educação e evangelização, discernindo neles os
sinais da presença salvífica de Deus; participa decididamente do
debate cultural e dos processos educativos através das diversas
formas de associacionismo, voluntariado e cooperação social,
contribuindo com uma proposta educativa original para a
criação da mentalidade e da consciência social e civil solidária e
cristã, e para a evangelização da cultura.
Este dinamismo levará a comunidade a avaliar criticamente o
que acontece ao seu redor e encorajar os cristãos empenhados
no território.
Atua como presença de Igreja em contextos plurirreligiosos
e pluriculturais. A Pastoral Juvenil Salesiana é realizada também
em contextos de pluralismo cultural e religioso, com a presença
notável de leigos de diversas culturas e crenças que participam
da nossa missão. Por isso, deve ser sempre aberta ao diálogo e
à colaboração com as diversas tradições religiosas, promovendo
com elas o desenvolvimento integral da pessoa e sua abertura
à transcendência. Esta perspectiva expressa a exigência de uma
profunda inculturação da pastoral. O Sistema Preventivo é o
critério fundamental para esta colaboração: «com os que não
aceitam a Deus podemos caminhar juntos, baseando-nos nos
valores humanos e laicais presentes no Sistema Preventivo; com
os que aceitam a Deus ou o Transcendente, podemos ir mais
adiante, até facilitando a acolhida dos valores religiosos; por
fim, com os que partilham conosco a fé em Cristo, mas não na
Igreja, podemos avançar ainda mais no caminho do Evangelho»
(CG24, n. 185). Torna-se, por isso, importante que na CEP
os cristãos vivam na fi delidade à própria vocação e à missão
evangelizadora da Igreja segundo o carisma salesiano (cf. CG24,
n. 183-185).
113

12.3 Page 113

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 2 A ANIMAÇÃO DA CEP
A CEP, mais do que estrutura ou instituição consolidada, é um organismo vivo,
que existe na medida em que cresce e se desenvolve. Por isso, não se deve
cuidar apenas da sua organização, mas, sobretudo, desenvolver a sua vida. Em
toda CEP é preciso garantir a promoção e o cuidado das múltiplas moda-
lidades de animar, de acompanhar as pessoas. Por esse motivo, podemos
falar de um original acompanhamento pastoral salesiano. Acompanhamos as
pessoas em diversos níveis, mediante o ambiente geral da CEP, os grupos e a
relação pessoal – acompanhamento pessoal.
A Acompanhamento do ambiente
Em primeiro plano, acompanha-se, antes de tudo, construindo o ambiente
educativo. Nele, de um lado, os jovens se sentem em casa, e de outro, em
clima de apoio, de circulação de ideias e afetos, recebem propostas educativas
que os estimulam a fazer escolhas e empenhar-se. O ambiente da CEP ofereci-
do numa obra salesiana deve ser entendido, primeiramente, nos aspectos mais
externos e operativos, isto é, na sua organização e coordenação: qualidade
e adequação dos processos informativos e de comunicação tanto no interior
como no exterior da CEP; envolvimento dos esforços de todos nos processos
formativos; respeito dos papéis, funções e contribuições específicas das di-
versas vocações; presença real de espaços para a participação na elaboração,
realização e revisão em comum do PEPS; intencionalidade educativo-pastoral
dos objetivos, conteúdos oferecidos e realizações das diversas equipes.
O jovem, para amadurecer, deve criar relações educativas e de identificação
com diversas figuras de adultos na CEP. Cada uma dessas pessoas dá a
própria contribuição e deixa o sinal da própria personalidade e competência.
Devem-se garantir na CEP relações abertas, com figuras diversificadas que pro-
movam relações personalizadas entre o mundo dos adultos e o mundo dos
jovens, relações que vão além das relações puramente funcionais e favoreçam
relações fraternas, de respeito e interesse pelas pessoas. É o princípio da assis-
tência salesiana.
Enfim, o ambiente deve favorecer o esforço constante da formação perma-
nente de qualidade em níveis diversos – espiritual, cristão e salesiano – pois
114

12.4 Page 114

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
a CEP não é apenas sujeito, mas também objeto da pastoral juvenil. Com
essa finalidade, devem-se ativar itinerários de formação para todos; a propos-
ta educativo-pastoral deve ser desenhada não só para os jovens, mas inspirar
um itinerário para os adultos (leigos e salesianos em comum) que, além de
lhes permitir viver “para” os jovens, ajudem-nos a crescer “com” os jovens, a
ritmar os próprios passos com os das novas gerações.
B Acompanhamento do grupo
Todas as pessoas que participam da CEP entram em contato com uma única
proposta de vida e espiritualidade. De algum modo, caminham percorrendo
um único itinerário, em cujo interior são privilegiados diversos lugares edu-
cativos e religiosos. Um deles é o dos grupos. Estes acompanham as pes-
soas justamente se preocupando com a gradualidade e a diferenciação, no
interior de um único caminho, para responder aos diferentes interesses das
pessoas. São harmonizadas em nível pessoal as diversas pertenças numa forma
de aprendizado ativo, no qual se recorre à experimentação, à busca, ao prota-
gonismo, à invenção e reexpressão de iniciativas. São sinais de vitalidade que
permitem aos jovens elaborar os valores com as categorias culturais às quais
são mais sensíveis. Os grupos podem ser para os jovens o lugar no qual as suas
expectativas entram em contato com as propostas de valor e de fé e, sendo en-
volvidos de forma leal na descoberta dos valores, eles os assimilam vitalmente.
Ajudam os jovens a encontrar mais facilmente a própria identidade e reco-
nhecer e aceitar a diversidade dos outros, passagem quase obrigatória para
amadurecer a experiência de comunidade e de Igreja.
O acompanhamento através dos grupos ajuda a crescer no sentido de
pertença à CEP. Cada grupo deve reconhecer o seu envolvimento na CEP,
sua referência maior. Os grupos, ao serem propositivos, estabelecem uma
mediação entre a grande massa, na qual se corre o risco do anonimato e da
solidão exasperada fechada em si mesma. À medida que o grupo se consolida
internamente, interage positivamente com a CEP intercambiando propostas,
intuições e expectativas, e favorecendo a participação afetiva nos seus mo-
mentos e símbolos.
C Acompanhamento pessoal
Surge uma terceira tarefa: acompanhar cada membro da CEP em seu
crescimento humano e cristão e em suas opções mais pessoais.
115

12.5 Page 115

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Isso comporta que se alcance a pessoa na sua individualidade, “face a
face”, mesmo quando ela está ativamente inserida num ambiente ou
num grupo. A práxis pedagógica de Dom Bosco sempre uniu ao encontro
em todos os momentos sugestivos a participação em comum no pátio, a
palavrinha pessoal “ao ouvido”, o diálogo personalizado. O objetivo do
itinerário desta pedagogia do “um por um” é a autenticidade pessoal.
A vida dos membros da CEP não se esgota no ambiente ou no grupo,
mesmo que neles as experiências sejam decisivas. O encontro-colóquio
tem valor e função específicos. O diálogo restabelece atitudes pastorais,
como vemos no encontro do menino João Bosco com o padre Caloso
ou o colóquio de Dom Bosco com o padre Bartolomeu Garelli. A ação
salesiana quer despertar no jovem a colaboração ativa e crítica ao itinerário
educativo, na medida de suas possibilidades, escolhas e experiências
pessoais: busca de motivações fundamentais para a vida; necessidade de
clareza num determinado momento; desejo de diálogo e discernimento;
interiorização das experiências cotidianas, para decifrar suas mensagens;
confronto e instância crítica; reconciliação consigo mesmo e recuperação
da calma interior; consolidação da maturidade pessoal e cristã. Os tempos
dessas opções e experiências não são os mesmos em todos os jovens
e nem são iguais as situações e decisões diante das quais os jovens se
encontram. O acompanhamento realiza um serviço educativo-pastoral em
relação aos indivíduos, valorizando a sua vivência pessoal, e faz da vida o
tema central do diálogo educativo e espiritual.
A CEP oferece muitas possibilidades de comunicação pessoal. O
único objetivo é alcançar uma gama variada de modalidades,
circunstâncias e intervenções. Os momentos espontâneos e informais
de participação são os mais frequentes. Outros, porém, mais sistemáticos,
são indispensáveis. Entre estes, a direção espiritual, em que se consolida
a fé como vida em Cristo e sentido radical da existência. Ela ajuda a
discernir a vocação pessoal de cada um na Igreja e no mundo e a crescer
constantemente na vida espiritual até a santidade.
O jovem, sentindo o peso da multiplicidade de propostas que o alcançam e
o esforço interior de ter de avaliá-las em vista do próprio desenvolvimento,
deseja um espaço – afetivamente cheio, mas respeitoso da sua
liberdade – que lhe permita “respirar”, interrogar-se, exercitar a própria
responsabilidade; espaço onde encontrar apoio para poder apropriar-
se pacientemente de si mesmo. Trata-se, a rigor, de uma demanda de
116

12.6 Page 116

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
educadores, de guias, de figuras educativas capazes de realizar o
acompanhamento pessoal.
A CEP deve oferecer ocasiões e possibilidades de diálogo “face a face”; ela
não pode ser surda à demanda desse espaço. Isso exige que se garantam
tempos e lugares nos quais a comunicação pessoal não seja nem negada
nem apressada. A preocupação com a dimensão pessoal garante oxigênio
à CEP, criando ocasiões para que cada um analise a própria vida e se
torne ciente da própria orientação. Sente-se como sempre mais urgente
a necessidade de pessoas dispostas à escuta e à acolhida respeitosa das
confidências, sem nunca invadir a intimidade da consciência. Precisa-se
de pessoas que tenham o dom da escuta e aceitem a responsabilidade
educativa de assistir os jovens, particularmente no seu esforço de
crescimento. Caminhar ao lado do jovem para ajudá-lo a individuar o
seu caminho é uma experiência humana e de fé que deixa uma marca
permanente em sua vida.
13
UM SERVIÇO ESPECÍFICO DE ANIMAÇÃO:
O NÚCLEO ANIMADOR
A animação salesiana da CEP comporta algumas intervenções que garan-
tam a organização, a coordenação, o acompanhamento pedagógico, a
orientação educativa com os seus objetivos e conteúdos, a formação dos
sujeitos que interagem e o reforçamento da originalidade salesiana da
obra. São todos necessários e se invocam reciprocamente para uma
animação corporativa, na qual a diversidade das tarefas e dos papéis
e a corresponsabilidade de todos facilitam a realização dos objetivos (cf.
CG24, n. 106-148).
A Um grupo de pessoas em enriquecimento recíproco
Todos os componentes da CEP, SDB e leigos, participam da sua anima-
ção, mas alguns têm a tarefa específica de favorecer a contribuição
de todos, promovendo a responsabilidade do maior número possível dos
membros, preocupando-se com a sua qualidade e coordenação e tendo
um cuidado particular com os níveis mais determinantes para a identidade
salesiana e a qualidade educativa e evangelizadora. Com seu testemunho
carismático, essas pessoas formam o “núcleo animador” da CEP.
117

12.7 Page 117

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O coração, na pessoa, embora seja um pequeno órgão em relação ao res-
to do corpo é capaz de fazer chegar o sangue e, portanto, a vida a todas
as partes do corpo, desde, porém, que todas as “válvulas” trabalhem em
sinergia para que isso aconteça. Igualmente, o núcleo animador é um gru-
po de pessoas composto por salesianos e leigos que se identifi cam com
a missão, o sistema educativo e a espiritualidade salesiana e assumem
solidariamente a tarefa de convocar, motivar, envolver todos os que
se interessam pela obra, para formar com eles a comunidade educativa e
realizar o projeto de evangelização e educação dos jovens.
Sublinhe-se que a comunidade religiosa salesiana (cf. Const. 38, 47; Reg. 5),
com seu patrimônio espiritual, seu estilo pedagógico, suas relações de frater-
nidade e corresponsabilidade na missão, representa um testemunho de refe-
rência para a identidade pastoral do núcleo animador: «desempenha o papel
de referência carismática na qual todos se inspiram» (CG25, n. 70). Sozinha, a
comunidade religiosa não é o núcleo animador, mas faz parte integrante dele.
Aos leigos que trabalham em uma obra salesiana sem comunidade religiosa
deve-se garantir que, de modo conveniente, estejam abertos para uma real
participação e uma verdadeira responsabilidade na organização, na gestão e,
também, nas funções próprias do núcleo animador.
O Conselho da CEP é o organismo que anima e coordena a atuação do
Projeto Educativo-Pastoral, é o lugar privilegiado da corresponsabilidade dos
salesianos, dos leigos, dos pais e dos jovens. Ele atua com a reflexão, o diálogo,
a programação e a revisão das intervenções previstas (cf. CG24, n. 160-161,
171). Sendo organismo de coordenação para o serviço da unidade de todos
no Projeto local, ele coopera com todas as outras instâncias que atuam na CEP.
Compete ao Inspetor com seu Conselho oferecer-lhe os critérios de composi-
ção, as competências e os níveis de responsabilidade, em coordenação com as
atribuições do Conselho da comunidade salesiana (cf. CG24, n. 171). Este tema
será tratado de maneira ampla no capítulo VIII, n. 2.1/d.
B Novos modelos organizativos
O Capítulo Geral 26 (n. 120) reconhece que há atualmente na
Congregação uma pluralidade de modelos de gestão das obras:
obras administradas pela comunidade salesiana que é o núcleo animador
de uma mais ampla Comunidade Educativo-Pastoral; atividades e obras
inteiramente confi adas pelos salesianos aos leigos e reconhecidas no
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12.8 Page 118

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
projeto inspetorial (de acordo com os critérios indicados pelo CG24, n.
180-182); modalidades diversifi cadas de gestão, não atribuíveis a um
modelo único, nas quais permanece a relação entre uma comunidade
local e a obra, ou mais obras, ou ambientes pastorais administrados pelos
leigos. Essas situações exigem, obviamente, novos modelos organizativos;
para a animação da CEP, onde falte a presença da comunidade salesiana,
o núcleo animador, constituído por leigos, inspira-se nos três critérios de
identidade, comunhão e signifi catividade da ação salesiana e é atuada
sob a responsabilidade do Inspetor e seu Conselho (v. capítulo VIII, n. 2.2).
2 O coração do
educador salesiano
Acabamos de individuar na CEP, os sujeitos com os quais se constrói esta
experiência. Merece, agora, refl etir sobre a pessoa do educador, o perfi l
em que deve inspirar-se e as atitudes a cultivar. Acenamos brevemente ao
coração do educador salesiano, daquele que, em qualquer âmbito que
seja de presença e de ação, é fiel ao modelo de educador e evangelizador
que Dom Bosco deixou em herança.
2 1 A INDISPENSÁVEL “INTERIORIDADE APOSTÓLICA”
A Entrar mais profundamente no Evangelho
A indispensável “interioridade apostólica” leva à maior consciência do
significado e das exigências do ser educador-pastor; cresce-se num
mais completo e profundo conhecimento de Cristo, Bom Pastor, e numa
autêntica experiência de fé na operosidade cotidiana.
119

12.9 Page 119

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Só uma “pessoa interior” é capaz de escuta, pode distinguir o aparente do
autêntico, pode estar aberta às necessidades dos outros e deixar-se tocar
por elas. A interioridade alcança o seu ápice no homem “cheio de Deus”,
homem que vive e caminha “na presença de Deus”, que descobriu o Deus
que se revela na história cotidiana e, de modo especial, se revela na história
dos meninos e jovens dos quais está a serviço.
Para ter maior incidência não basta ser mais numerosos ou dispor de
meios mais poderosos; é necessário, sobretudo, ser mais discípulo de Cris-
to, entrar mais profundamente no Evangelho. A força de atração que
vivifi ca a ação educativo-pastoral procede da caridade pastoral, ou seja,
de uma motivação vocacional de serviço ao Evangelho. Esta opção ba-
silar permeia de tal modo a consciência do educador que todas as suas
atividades, qualquer que seja a sua natureza, adquirem intencionalidade
evangélica (cf. Ez 34, 11.23, o verdadeiro pastor). Pessoas realmente com-
petentes, que unificam na sua vida a interioridade evangélica salesiana e
uma rica humanidade, que veem no seu serviço educativo um aspecto da
própria missão. Jamais teremos uma verdadeira evangelização sem a es-
pecial preocupação com a interioridade apostólica nos consagrados, nos
leigos e nos jovens. É a caridade pastoral enraizada no coração que resulta
o centro vivo do espírito salesiano.
B A primeira forma de evangelização é o testemunho
Movidos pela interioridade apostólica, a evangelização está ciente de que
a Boa Nova não reside só na verdade anunciada, mas, sobretudo na con-
vicção do testemunho com que é
proposta (cf. Evangelii Nuntiandi
42). O educador salesiano teste-
munha não para solicitar imitação,
mas para fazer entrever a possibili-
«O homem contemporâneo escuta com
melhor boa vontade as testemunhas
do que os mestres, dizíamos ainda
recentemente a um grupo de leigos, ou
então se escuta os mestres, é porque eles
são testemunhas»
(EVANGELII NUNTIANDI 41)
dade de uma vida fermentada pelo
Evangelho e ajudar assim a inter-
pretação pessoal de cada jovem. O
testemunho na lógica do diálo-
go e do anúncio exige uma inten-
sa capacidade de viver claramente
a fé entre os jovens. A pastoral
juvenil precisa não só de mestres
120

12.10 Page 120

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
abertos ao poder iluminador do Evangelho, mas também de testemunhas
que falem de Deus estando habituados a falar com Deus.
É preciso que todo educador fortifi que as motivações da fé de modo
consciente. Pode acontecer, às vezes, que alguma contribuição educativa,
mesmo dada em colaboração com a comunidade eclesial, não brote dessas
motivações. É importante que o serviço brote do sincero desejo de vida e
de promoção da vida. O itinerário educativo toca o coração (no sentido
bíblico) da pessoa e, em sentido cristão, é caminho de espiritualidade, vida
no Espírito de Cristo, alimentada pela fé a caminho da sua plenitude.
2 2 A IDENTIDADE CARISMÁTICA SALESIANA
A identidade carismática ilumina o projeto de vida. Fazendo da educa-
ção uma razão e uma opção de vida, Dom Bosco amadureceu gradu-
almente a sua vocação educativa e o seu modo específico de ser cidadão,
cristão e padre. Ontem como hoje, o Sistema Preventivo precisa de pes-
soas que façam da educação uma opção de vida; que a educação seja o
centro de unificação da vida pessoal e o ponto inspirador e dinâmico da
sua ação, funções e papéis pessoais. Dom Bosco costumava afirmar:
“Entendam o que eu sou, sou todo para vocês, dia e
noite, manhã e tarde, em qualquer momento. Não
tenho outra coisa em mira senão buscar o benefício
moral, intelectual e físico de vocês. Por vocês estudo,
por vocês trabalho, por vocês eu vivo, por vocês estou
(CRÔNICA DO ORATÓRIO DE SÃO
disposto até a dar a vida”
FRANCISCO DE SALES)
Repropondo e aprofundando continuamente o quadro referencial teó-
rico e prático do Sistema Preventivo, a herança salesiana torna-se com-
petência educativa, moral e espiritual, intensamente enraizada em dis-
posições interiores: desejo de responder ao apelo de ajuda que vem do
jovem; disponibilidade para dedicar o próprio tempo, as próprias ener-
gias, os próprios conhecimentos e habilidades a favor dos jovens; capa-
cidade de continuar sistematicamente e com perseverança na busca do
121

13 Pages 121-130

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13.1 Page 121

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
bem individuado, apesar das dificuldades e desilusões. A evangelização
hoje não pode ser vivida de maneira diferente, nem pode ser entregue
a pessoas sem coragem, permanentemente insatisfeitas e pessimistas. A
paixão e a vocação educativa devem estar em primeiro lugar.
23
PRIVILEGIAR O ESTILO DE ANIMAÇÃO
NO ITINERÁRIO DA EDUCAÇÃO
A Privilegiar nas pessoas os processos
de personalização e crescimento
O educador salesiano privilegia a prática da animação para levar as
pessoas à escuta e acolhida de Jesus. O modelo é o da estrada de
Emaús: aproximar-se de modo missionário da pessoa do jovem, ir ao en-
contro com atitudes de escuta e acolhida, anunciar o Evangelho com a
oferta do acompanhamento (cf. CG20, n. 360-365; CG23, n. 94-111). A
animação privilegia nas pessoas os processos de personalização e cresci-
mento da consciência, educa as motivações que orientam suas opções e
sua capacidade crítica, como também ativa seu envolvimento para torná-
-las responsáveis e protagonistas dos próprios processos educativos e pas-
torais. Tem-se em vista criar comunhão ao redor dos valores, critérios, ob-
jetivos e processos da Pastoral Juvenil Salesiana, aprofundando a identida-
de vocacional dos educadores, reforçando a comunicação e participação
entre todos, promovendo a corresponsabilidade. Esforça-se por favorecer
a colaboração, a complementaridade e a coordenação de todos ao redor
de um projeto compartilhado.
B A presença ativa dos educadores entre os jovens
Isso implica o esforço de estar onde os jovens vivem e se encontram,
criando com eles uma relação pessoal, ao mesmo tempo propositiva e
libertadora. Trata-se do esforço de participação dos educadores adultos,
feito de encontro, escuta e testemunho. Isso requer a presença física do
educador na forma que Dom Bosco chamou de “assistência”, entendida
como acompanhamento, proximidade animadora, atenção a tudo o
que acontece, possibilidade de intervenção tempestiva e exemplo.
Cena muito eloquente na vida de Dom Bosco é aquela apresentada nas
122

13.2 Page 122

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
atitudes contrastantes de alguns personagens, corteses, mas indiferentes
e distantes, em comparação com a atitude paterna do padre Calosso:
“Via alguns bons padres trabalhar no sagrado
ministério, mas não podia contrair com eles nenhuma
familiaridade. Aconteceu encontrar-me muitas vezes pelo
caminho com o pároco e seu coadjutor. Cumprimentava-
os de longe, e quando mais de perto fazia também uma
inclinação. Eles, contudo, retribuíam sérios e corteses
a saudação e continuavam andando. Repetidas vezes,
chorando, disse de mim para mim e também a outros:
“Se eu fosse padre, agiria de outro jeito. Gostaria de
aproximar-me dos meninos, dizer-lhes uma boa palavra,
dar-lhes bons conselhos”
(MEMÓRIAS DO ORATÓRIO, PRIMEIRA DÉCADA 1825-1835, N. 4)
Esse estilo educativo original funda-se em algumas convicções fundamen-
tais que são ao mesmo tempo opções operativas precisas: se os jovens,
para desenvolver as energias que trazem em si, precisam do contato com
educadores, estes devem nutrir-se de uma profunda bondade educativa.
Para eles é obrigatório abrir-se a todos os jovens e a cada jovem, não mini-
mizando as expectativas educativas, mas oferecendo a cada um aquilo de
que precisa “aqui e agora”. Essa decisão ativa envolve a acolhida do jovem
no ponto em que está a sua liberdade e o seu amadurecimento, que as suas
potencialidades sejam despertadas gradualmente e que a sua vida se abra
a novas perspectivas, através de diversos itinerários educativos e religiosos.
Decorre disso, a madura e afetuosa paternidade salesiana que torna o
educador salesiano inconfundível em relação ao mundo contemporâneo,
sempre mais “órfão” e só. Segundo testemunhas de sua vida, Dom Bos-
co tinha uma bondade paterna expressa com inumeráveis delicadezas:
modos desinteressados de agir, pequenos presentes, cartas gentis, gestos
de atenção, palavras de conforto e vida; bastava lembrar-se disso para
os corações serenarem. Define-se a paternidade, de Deus e dos homens,
quando ela gera para a vida. E não se gera se, de algum modo, não se
entrega a si mesmo sob o signo da gratuidade. Podemos dizer que gerar
para a vida sempre comporta um morrer, que para os educadores nunca
é perder-se, mas reencontrar-se sempre numa vida mais plena. Além da
forma da entrega e da gratuidade, não há paternidade sem uma afetivi-
dade envolvente que se volta para alcançar a todos. Quanta necessidade
123

13.3 Page 123

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
têm os jovens não só de saber-se, mas também sentir-se vistos com bon-
dade! Têm necessidade, antes, o “direito” de tocar a paternidade de
Deus no estilo de vida do educador; o seu modo de pensar, falar, ouvir,
comportar-se deixa transparecer a benevolência de Deus.
24
INTELIGÊNCIA PASTORAL PARA
DINAMIZAR O PEPS
A Ler “educativamente” a atual condição juvenil
É urgente a qualidade pastoral e cultural para dinamizar o PEPS; é neces-
sário dotar-se de uma preparação adequada para a realização em
plenitude da própria missão. A formação mira uma múltipla conversão
do coração, da mente e da ação pastoral. Resultam disso o repensamento
e a recompreensão da própria pastoral.
O apelo a ler “educativamente” a condição juvenil atual exige cultivar
uma aguçada consciência da urgência educativa e pastoral dos sinais dos
tempos, individuando os valores emergentes que atraem os jovens: paz,
liberdade, justiça, comunhão e participação, promoção da mulher, solida-
riedade, desenvolvimento, urgências ecológicas, pluralidade das culturas,
convivência pacífi ca entre diversas etnias, ação contra a exploração de
qualquer tipo dos menores e contra as novas formas de escravidão. Como
servos dos jovens, somos chamados a examinar os eventos e as correntes
de pensamento do nosso tempo que mais influem sobre o homem.
B O trabalho paciente de adaptação e formação
Ao educador, com a consciência de ser um mediador, é solicitado o esfor-
ço paciente de adaptação e repensamento, em vários aspectos: na tarefa
de projetar itinerários de fé que saibam valorizar as linguagens disponíveis
atualmente, que servem de ligação com a condição dos jovens; na incisivi-
dade vital e clara da proposta evangélica e educativa, pontos estratégicos
para a evangelização das culturas. A vida torna-se uma lição contínua:
oportunidade para refl etir sobre a experiência educativa, caminho mar-
cado pela criatividade, prontidão para a revisão, sem contentar-se com o
que sempre se fez, reduzindo-se à repetição.
124

13.4 Page 124

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
Formação é a disponibilidade da mente e do coração a deixar-se edu-
car pela vida e ao longo da vida inteira. A pessoa é inteligentemente ativa
e pronta a aprender. Tal disponibilidade não se improvisa a partir do nada;
ela brota da nossa vocação educativa.
Foi confirmada a insuficiência de itinerários formativos centrados de modo
unilateral nos conteúdos ou na aquisição de competências e técnicas pro-
fissionalmente válidas. Estamos sempre mais convencidos da importância
de o educador ser envolvido com toda a sua pessoa na missão educati-
va. As habilidades comunicativas e educativas devem enraizar-se sempre
mais na identidade pessoal, no verdadeiro itinerário pessoal. Podem-se
possuir todas as informações, podem-se conhecer bem metodologias e
didáticas atualizadas e exibir recursos e profissionalismo, mas o processo
de formação profi ssional dos educadores salesianos passa, certamente,
pela colocação em jogo da própria identidade e do dom do testemunho
pessoal, pelo modelo de identificação e pela trajetória da mesma forma-
ção pessoal. A vocação para o serviço educativo exige a capacidade de
interrogar-se ou de deixar-se interrogar sobre as convicções pessoais, as
próprias motivações e expectativas: conhecer-se afasta o temor e reforça
a própria identidade.
Sempre que nos confrontamos com a nossa missão e vocação educativa,
reafi rma-se em nós a consciência de sermos mais idôneos. Sentimo-nos
encorajados a cumpri-la no conjunto de novas competências culturais,
pedagógicas e pastorais, como o ecumenismo, o diálogo inter-religioso
e com os não crentes, o uso da comunicação social, a participação no
debate público.
125

13.5 Page 125

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
3
O Sistema Preventivo como
pedagogia prática: o estilo
educativo salesiano
31
O ORATÓRIO DE DOM BOSCO,
CRITÉRIO DAS NOSSAS ATIVIDADES E OBRAS
A O “critério oratoriano”, inspiração e paradigma
para nossas atividades e obras
«Quando pensamos na origem da nossa
Congregação e Família, de onde partiu
a expansão salesiana, encontramos,
sobretudo, uma comunidade, não só
visível, mas até mesmo singular, atípica,
quase como uma lamparina na noite:
Valdocco, casa de uma comunidade
original e espaço pastoral conhecido,
vasto, aberto... Elaborava-se, nessa
comunidade, uma nova cultura, não
em sentido acadêmico, mas na direção
de relações renovadas entre jovens e
educadores, entre leigos e sacerdotes, entre
aprendizes e estudantes, uma relação que
refluía no contexto do bairro e da cidade...
Tudo isso, tendo como raiz e motivação
a fé e a caridade pastoral, procurava
criar em seu interior o espírito de família
e orientava para um sentido afeto pelo
Senhor e por Nossa Senhora»
PADRE JUAN VECCHI, ACG 373, “EIS O TEMPO FAVORÁVEL”)
O Oratório de Valdocco leva-
nos à experiência originária da
missão salesiana. Dom Bosco, com
os seus colaboradores e os primeiros
salesianos, encarnou no oratório
a particular experiência do Espírito
(o carisma), que suscitou na Igreja
a nossa forma original de missão
apostólica entre os jovens mais
pobres. Por isso, referir-nos hoje ao
Oratório de Valdocco não é exercício
histórico do que aconteceu com
Dom Bosco, mas caminho de retorno
às origens, à fonte que inspirou as
nossas obras e atividades (cf. Const.
41), para examinar a fidelidade da
nossa ação educativo-pastoral.
O Oratório de Dom Bosco em Val-
docco é o paradigma, o critério per-
manente de toda a nossa atividade
(cf. Const. 40):
Esse retorno à origem tem como
meta o “coração oratoriano”, que
126

13.6 Page 126

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
se caracteriza pela solici-
tude pelos jovens mais
pobres e a classe popu-
lar. Tal zelo, expressão da
vontade salvífica de Deus,
encarnada na figura do
Bom Pastor, tem como
primeiros destinatários os
jovens pobres nas diver-
sas formas de pobreza em
que se encontram.
«Nessas ocasiões descobri que muitos
[desses jovenzinhos] voltavam àquele
lugar porque estavam abandonados a si
próprios. Quem sabe, dizia de mim para
mim mesmo, se tivessem lá fora um amigo
que tomasse conta deles, os assistisse e
instruísse na religião nos dias festivos,
quem sabe não se poderiam manter
Exige-se uma mudança na
perspectiva pastoral: antes
das obras estão os jovens!
Em função deles, as me-
diações institucionais e as
atividades devem ser re-
pensadas, reformuladas e
reorganizadas para serem
fiéis à missão que nos foi
afastados da ruína ou pelo menos não
diminuiria o número dos que retornam ao
cárcere. Comuniquei esse pensamento ao
padre Cafasso, e com o seu conselho e com
suas luzes pus-me a estudar a maneira de
levá-lo a efeito, deixando o êxito nas mãos
do Senhor, pois sem ele são inúteis todos
os esforços dos homens»
(MEMÓRIAS DO ORATÓRIO, SEGUNDA DÉCADA 1835-1845, N. 11)
confiada: «ser sinais e por-
tadores do amor de Deus» (Const. 2).
Em segundo lugar, em referência ao “coração oratoriano”, prati-
camos um método pedagógico tipicamente salesiano de con-
vivência e comunhão, que dá uma fisionomia específica às nossas
obras. É o patrimônio da Família Salesiana que se configura não só
como bagagem da experiência em Valdocco, como também iden-
tidade que desemboca num estilo. Sua atuação facilita o clima de
família, estabelece as mediações necessárias, para que cada jovem
cresça em um ambiente acolhedor e familiar (“casa”) marcado pela
alegria (“pátio”), onde possa desenvolver todas as suas potenciali-
dades, adquirindo novas habilidades (“escola”) e caminhar seguindo
uma clara proposta de fé (“paróquia”).
Este aspecto caracteriza o nosso carisma eclesial, qualifi ca o
nosso trabalho educativo e renova as nossas atividades pasto-
rais, em sintonia com as várias formas culturais e com as varia-
das experiências de fé e de religião nas quais os jovens vivem.
127

13.7 Page 127

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Indicadores gerais para o discernimento e a renovação
O “coração oratoriano” não só representa a meta e a forma da ação educativo-
pastoral salesiana, como também se torna critério fundamental para o
discernimento e a renovação das atividades e das obras. Para dar ao
nosso trabalho e às nossas atividades a conotação impressa por Dom Bosco na
sua ação, devemos confrontar-nos, antes de tudo, com os seus critérios básicos.
«Dom Bosco viveu uma típica experiência
pastoral no seu primeiro Oratório, que foi
para os jovens casa que acolhe, paróquia
que evangeliza, escola que encaminha
para a vida, e pátio para se encontrarem
como amigos e viverem com alegria.
Ao realizarmos hoje nossa missão, a
experiência de Valdocco continua critério
permanente de discernimento e renovação
de cada atividade e obra»
(CONST. 40)
Para sermos fiéis à missão e aos
destinatários é fundamental, antes
de tudo, a disposição de escuta e
docilidade à ação do Espírito. É Ele,
de fato, que sustenta e acompanha
a nossa missão, orienta-a e renova-a.
Submetendo-nos à sua ação e
inspiração, percorremos o caminho
de Dom Bosco que, dócil ao Espírito,
deu uma resposta duradoura e
correspondente à realidade dos
jovens. Para nos renovarmos
coerentemente é preciso também
a capacidade de ler e discernir:
uma escuta atenta e profunda da
realidade sociocultural dos jovens.
A experiência do discernimento é de fundamental importância. A partir dele,
a Pastoral Juvenil Salesiana deve procurar formular uma resposta adequada
aos atuais desafios. Discernir implica saber fazer perguntas adequadas,
examinar com sabedoria os sinais dos tempos, avaliar com prudência as
diversas opções, e, dóceis ao Espírito Santo, pôr em ação com um coração
inteligente e uma vontade forte, as ações que tornam presente Dom Bosco
hoje e fecundo o trabalho iniciado por ele.
32
MODALIDADES DE CONVIVÊNCIA
E COMUNHÃO DO “ESTILO SALESIANO”
O Sistema Preventivo está de tal modo ligado ao “estilo salesiano”
que é a sua encarnação mais característica e expressiva. Em sua
128

13.8 Page 128

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
centralidade, o Sistema Preventivo, como pedagogia concreta, não só
facilita a ação educativo-pastoral, como também traz em si os conteúdos
da proposta. Seus aspectos mais significativos foram identificados com os
ícones de “casa”, “paróquia”, “escola” e “pátio”. São ícones que não
individualizam ambientes, espaços e lugares determinados, mas uma série
de experiências a oferecer e propor.
A diversidade das experiências desses “ícones” modela a unidade
inseparável e indivisível. Pressupõe diversas formas de ação em função
do contexto juvenil, de modo que nenhuma delas seja desatendida.
A Casa que acolhe (experiência
do “espírito de família”)
A experiência de “casa” gera um
ambiente rico de confiança e
familiaridade. Como em famí-
lia, é essencial que todos cuidem
de todos. No ambiente salesia-
«Faça com que todos aqueles com quem
conversar se tornem seus amigos»
(MEMÓRIAS BIOGRÁFICAS XX, CAP. VIII)
no, este cuidado se concretiza
numa diversidade de momentos
nos quais o indivíduo se sente profundamente ouvido e entendido. É
a proposta de uma série de experiências e valores transmitidos pelo
testemunho dos educadores e o acompanhamento de quem ama e é
amado. É forte o impacto da acolhida incondicional a quem chega pela
primeira vez e percebe que as suas principais necessidades são respei-
tadas e a elas é dada a resposta oportuna.
Esta experiência de “casa” no espírito de família é um elemento ca-
racterístico da nossa pedagogia: a assistência salesiana, feita de ati-
tudes de empatia, acolhida atenta, desejo de fazer com que os jovens
cheguem ao encontro com Cristo e disponibilidade para acolher suas
inquietudes.
Só no interior desta relação afetuosa e significativa os jovens percebem
que, embora lentamente, são possíveis o crescimento do diálogo e a
circulação dos valores. Nesse clima, desenvolvem-se todas as condi-
ções fundamentais para que o jovem possa amadurecer em todos os
seus aspectos e dimensões.
129

13.9 Page 129

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Paróquia que evangeliza
(vivência religiosa e pedagogia de itinerários)
A experiência de “paróquia” é construída sobre duas grandes colunas:
a convicção de que todo jovem traz inscrito no próprio coração o
desejo de Deus, o desejo de uma vida plena na perspectiva unificadora
da fé em primeiro lugar e, depois, uma série de propostas adaptadas
aos destinatários, tendo como finalidade a descoberta e o sucesso da
vocação pessoal.
Sobre essas colunas, a ação evangelizadora propõe-se como
ambiente em que a fé é vivida cotidianamente, com espontaneidade
e normalidade, testemunhada primeiramente pela CEP. É o ambiente
em que são explicitadas as dimensões essenciais da Igreja, segundo o
carisma salesiano: a “Koinonia”, cuja máxima expressão é a CEP, que
vive os valores do Reino e chama outros a participar como protagonistas;
a “Liturgia”, celebração cristã dos eventos cotidianos, cuja expressão
máxima e plena concretiza-se nos Sacramentos, de modo especial
na Eucaristia e na Reconciliação; a “Diakonia”, disponibilidade para o
serviço educativo e promocional em modelos de referência, muito mais
extensa do que apenas a assistência; a “Martyria”, testemunho dos
valores do Reino diante do mundo em ações de caridade, com propostas
formativas que preparem os jovens e educadores para darem a razão da
esperança que existe neles (1Pd 3, 15-16).
Isso tudo é realizado na CEP com uma proposta de itinerários graduais de
educação à fé para ajudar os jovens a descobrirem a própria vocação e
segui-la segundo o projeto de Deus (v. capítulo IV, n. 3.2.).
C Escola que inicia para a vida
(crescimento integral mediante a educação)
A experiência de “escola” qualifica-se na oferta dos recursos necessários
a fi m de que todo jovem desenvolva as capacidades e as atitudes
fundamentais para a vida na sociedade.
Em todo espaço educativo, formal ou informal, o educador deve procurar
e encontrar o ponto acessível ao bem de cada jovem para que a partir dele
possa amadurecer integralmente.
130

13.10 Page 130

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COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL: FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
O jovem é o protagonista do próprio crescimento e amadurecimento. O
educador acompanha o seu caminho apresentando as propostas neces-
sárias para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, numa
vida social fundada no respeito e no diálogo, para a formação de uma
consciência crítica e empenhada.
D Pátio para encontrar-se entre amigos e viver na alegria
(pedagogia da alegria e da festa)
A experiência de “pátio” é própria de um ambiente espontâneo, no qual se
criam e estreitam relações de amizade e confiança. No “pátio”, entendido
como pedagogia da alegria e da
festa, a proposta dos valores
e a atitude confidencial são
realizadas de modo autêntico e
próximo. É o lugar adequado para
dar atenção a cada menino/jovem,
para a palavrinha ao ouvido, de onde
deriva a relação educador-jovem que
supera o formalismo ligado a outras
estruturas e ambientes e aos papéis.
«Saibas, porém, que aqui nós fazemos
consistir a santidade em estar muito
alegres. Esforçamo-nos apenas para evitar
o pecado, como um grande inimigo que
nos rouba a graça de Deus e a paz do
Nesse sentido, a experiência de
“pátio” é um apelo a sair das
nossas estruturas formais, dos
muros entre os quais trabalhamos
para fazer de cada lugar onde os
jovens se encontram um ambiente
coração, para fazer os nossos deveres com
exatidão, e frequentar as coisas de piedade.
Começa desde agora a escrever como
lembrança: “servite Domino in laetitia”,
sirvamos o Senhor em santa alegria»
(VIDA DO JOVENZINHO DOMINGOS SÁVIO ALUNO DO ORATÓRIO
DE SÃO FRANCISCO DE SALES, CAP. XVIII)
rico de propostas educativas e pas-
torais. Mesmo nos lugares onde se
tentam itinerários pastorais mais
descentrados em relação aos lugares frequentados pelos jovens, como a
rua, a esquina, a atenção não vai apenas à relação pessoal, mas também à
importância e à valorização das dinâmicas dos grupos informais.
No âmbito do tempo livre, os novos lugares de encontro virtual, as redes
sociais, são na verdade espaços que não nos devem ser estranhos e dos
quais devemos saber valer-nos para chegar a viver com o jovem aonde o
encontramos.
131

14 Pages 131-140

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14.1 Page 131

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
132

14.2 Page 132

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL
SALESIANO:
INSTRUMENTO OPERATIVO
CAPÍTULO
VI
«Revestir-se do
homem novo, criado à
imagem de Deus»
(Ef 4, 24)

14.3 Page 133

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Para realizar o nosso serviço educativo e
pastoral, Dom Bosco nos legou o Sistema Preventivo.
“Este sistema baseia-se inteiramente na razão, na
religião e na bondade”. Não apela para pressões, mas
para as fontes da inteligência, do coração e do desejo
de Deus, que cada homem traz nas profundezas
de seu ser. Associa numa única experiência de
vida educadores e jovens, em clima de família, de
confiança e de diálogo. Imitando a paciência de
Deus, encontramos os jovens no ponto em que se
acha a sua liberdade. Acompanhamo-los para que
eles amadureçam convicções sólidas e se tornem
progressivamente responsáveis no delicado processo
de crescimento de sua humanidade na fé»
(Const. 38)
Uma vez instalados definitivamente em Valdocco,
pus-me a promover com toda a alma tudo quanto
pudesse contribuir para conservar a unidade no
espírito, na disciplina e na administração (...) as
bases orgânicas do Oratório»
(Memórias do Oratório, terceira década 1846-1855, n. 6)
134

14.4 Page 134

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
Cremos na educaçãoe nos
lançamos a projetar a sua práxis; a pastoral juvenil é atua-
da quando se traduz concretamente em itinerários educa-
tivos. O esforço de programação, com o PEPS, torna viva a
vontade de ser propositivo com os jovens. Segundo as quatro
dimensões, somos ajudados a desenvolver a personalidade
do jovem cristão, com a variedade orgânica de propostas e
a compreensão ampla da pastoral dos jovens, aberta a to-
dos. Ao final, apresentam-se algumas opções transversais
da pastoral salesiana.
135

14.5 Page 135

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 A mentalidade de projeto
Neste mundo em contínua mudança, em que a sociedade é muito com-
plexa, a reflexão teológica e eclesiológica procura acompanhar os vários
modelos educativos na diversidade dos contextos, enquanto as experiên-
cias pastorais tornam-se sempre mais diversificadas. A “caridade pastoral”
no interior desta complexidade não deixa de impulsionar e animar a práxis
cotidiana com “inteligência pedagógica”, enquanto a comunidade cristã
cresce em seu desejo de viver com convicção a responsabilidade educativa
dos jovens. O mundo juvenil pede um empenho renovado vivido na cons-
tância, com continuidade e coralidade de diferentes agentes educativos.
É preciso que todos se reconheçam alinhados na intervenção, ao redor de
um projeto capaz de continuar a “tradição” e, ao mesmo tempo, amal-
gamar o novo, de maneira que não se recomece continuamente do zero
nas alternâncias de responsáveis ou na renovação da equipe. Torna-se
essencial entender a contribuição da reflexão e do planejamento
pastoral. O próprio Dom Bosco sentiu no seu tempo a exigência de dar
ordem e organicidade às intervenções pedagógicas.
Aqueles que entram em campo na pastoral juvenil devem estar cientes
do caminho a trilhar, da situação de onde partir e da meta a alcançar.
Devem adquirir familiaridade com todo o processo educativo que se
põe em prática concretamente. Planejar é atitude da mente e do
coração, antes de ser obra concreta. Planejar é mais um processo
do que um resultado, planejar é mais um aspecto da pastoral do que
um ato passageiro, planejar é um itinerário de envolvimento e de uni-
ficação das forças.
Entretanto, pode existir o risco de pôr em ação intervenções superfi ciais
e inefi cazes. Delinear um projeto pareceria “algo a mais” a fazer, uma
atividade teórica preliminar a suportar, um pedágio a pagar às orientações
vigentes.
Ao contrário, o projeto tem o peso de uma “carta de navegação” e de
referência, em que são codificados os pontos de partida e de chegada. O
projeto não é programação técnica, nem vago conjunto de ideias. É um
mapa que orienta a paixão educativa e o serviço aos mais frágeis. Será
136

14.6 Page 136

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
importante levar isso em conta na realização de itinerários diversificados.
Construir um projeto não significa sepultar a criatividade e nem ter a so-
lução de todos os problemas, mas valorizar todos os recursos e abrir-se a
possíveis soluções.
2 O Projeto
Educativo-Pastoral
Salesiano
2 1 O PEPS COMO PROJETO APOSTÓLICO SALESIANO
A O PEPS é mediação histórica e instrumento operativo
O PEPS é a concretização da mentalidade de projeto, que deve orientar
a realização da missão nas obras. O PEPS é a mediação histórica e o
instrumento operativo que orienta a realização da Pastoral Juvenil Salesiana
(cf. Reg. 4), e o fator de inculturação do carisma (cf. CG24, n. 5). É o
condutor do processo de crescimento da comunidade inspetorial e
das várias CEP existentes no território em seu esforço de encarnar
a missão salesiana em determinado contexto. O PEPS equivale a um
diretório prático que orienta e dá continuidade à pastoral garantindo a
unidade de objetivos e encaminhamentos das obras.
Se a finalidade primordial do PEPS é conduzir a Inspetoria e as comunidades
locais para trabalharem com mentalidade compartilhada e clareza de
objetivos e critérios, ele também torna possível a gestão corresponsável
dos processos pastorais. O projeto é codificado num texto a ser conhecido
e atuado.
137

14.7 Page 137

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Características fundamentais
Sendo o PEPS expressão operativa da Pastoral Juvenil Salesiana, ele deve
corresponder às suas características fundamentais, que devem qualifi car
todos os aspectos e elementos que o compõem como linhas transversais
que garantem a sua salesianidade.
O centro do PEPS é a pessoa do jovem,
sobretudo o mais pobre
O principal ponto de atenção de todo o dinamismo da Pastoral
Juvenil Salesiana é o jovem na totalidade das suas dimensões
(corporeidade, inteligência, sentimentos, vontade), das suas relações
(consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com Deus), a dupla
perspectiva da pessoa e do seu protagonismo na história (promoção
coletiva, empenho para a transformação da sociedade); com um olhar
para a unidade do seu dinamismo existencial de crescimento humano
até o encontro com a pessoa de Jesus Cristo (v. capítulo III).
O PEPS orienta e guia um processo educativo no qual as muitas
intervenções, os recursos e as ações se entrecruzam e se articulam a
serviço do desenvolvimento gradual e integral da pessoa do jovem.
O PEPS atualiza os valores e as atitudes tanto da proposta cristã da
Espiritualidade Juvenil Salesiana, como dos princípios metodológicos
da pedagogia salesiana, ou seja, do Sistema Preventivo: com atenção
prioritária aos jovens mais pobres e em dificuldade.
É preciso manter constantemente o contato com a realidade juvenil,
sempre mutável numa cultura mutável, considerando-a sempre não
em termos de pura destinação, mas como lugar teológico. Esse é o
“fio vermelho” que atravessa todas as dimensões e todos os aspectos
da ação pastoral e do PEPS.
A sua realidade comunitária
O PEPS, antes ainda de ser um texto, é um processo comunitário que
tende a gerar na CEP uma confluência operativa ao redor de crité-
rios, objetivos e linhas comuns de ação. Sendo um processo da mente
e do coração, evita a dispersão da ação e reconstrói a sua síntese e apro-
funda a sua vocação educativo-pastoral a ser compartilhada e examinada
138

14.8 Page 138

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
ininterruptamente. O PEPS é, portanto, um elemento de identifi cação e
planejamento da missão comum da CEP, sujeito da ação educativo-pasto-
ral (cf. Reg. 5).
Projetar não só ajuda a orientar e examinar continuamente a ação pasto-
ral, para que seja sempre mais inculturada e ciente dos desafi os, mas é
também um processo de identificação comunitária, empenho ainda
mais urgente porque somos chamados a educar na fé em situação de
Nova Evangelização. A CEP é solicitada a refletir sobre a própria identida-
de e o próprio projeto operativo. Um novo cenário compromete-a numa
tarefa de especial desafio: propor itinerários adequados às situações espe-
cíficas nas quais os jovens se encontram.
A abertura da obra salesiana
ao território e o impacto sobre ele
Hoje, não se pode pensar o PEPS tão somente em relação com o interior da
obra salesiana; todas as instituições, sobretudo as educativas, entram num
sistema mais vasto de relações com o qual estão em confronto e dentro
do qual interagem. Deve-se considerar o refl exo que a ação salesiana
tem fora da obra, pensada como centro de agregação e agente de
transformação educativa.
A eficácia da evangelização desafia a CEP a atuar harmoniosamente,
segundo a lógica da aliança educativa, aberta às contribuições do
território. Mirar este serviço de coordenação e entrelaçamento implica o
sério empenho de dar um passo adiante em relação à pura gestão das
próprias obras e serviços; e isso exige passar do simples envolvimento
cuidadoso das atividades elaboradas em seu interior à capacidade
comunicativa e envolvente dos valores típicos da missão e espiritualidade
salesiana; alargar o diálogo com as instituições educativas, sociais e
religiosas que atuam na mesma área; abrir-se mediante o espaço criado
pelas técnicas modernas, capazes de construir relações; estabelecer um
diálogo efetivo com os mais diversos interlocutores que têm incidência
na vida dos jovens.
139

14.9 Page 139

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 2 O PEPS COMO PROCESSO DINÂMICO E INTEGRAL
A A compreensão articulada da Pastoral Juvenil Salesiana
IO PEPS é o ponto focal para o qual convergem as linhas doutrinais e operativas
do Sistema Preventivo. O projeto apostólico salesiano em todas as suas dimen-
sões encontra as suas raízes e a sua cuidadosa descrição nas Constituições da So-
ciedade de São Francisco de Sales, n. 31-39: «nosso serviço educativo-pastoral».
A ação educativo-pastoral salesiana é um processo dinâmico realizado em
algumas dimensões fundamentais, como aspectos integrantes e comple-
mentares. É um quadro referencial antropológico, pedagógico e espiritual coe-
rente para o acompanhamento dos jovens no delicado processo de crescimen-
to da sua humanidade na fé.
O PEPS, em sua unidade orgânica, integra esses diversos aspectos e elemen-
tos da Pastoral Salesiana num processo único orientado para uma meta bem
identificada. Esse processo possui quatro aspectos fundamentais, recipro-
camente correlatos e complementares, que chamamos de “dimensões”
(cf. Const. 32-37; Reg. 6-9). As dimensões são o conteúdo vital e dinâmico da
Pastoral Juvenil Salesiana e indicam a sua finalidade. Cada uma delas tem o seu
objetivo específico que a qualifica, embora sendo intimamente conexas. Não
são etapas organizadas como rigorosamente sucessivas, mas integram-se no
dinamismo unitário do crescimento do jovem.
Subjacente a essas dimensões, há um preciso horizonte antropológico, edu-
cativo e teológico: o crescimento implica, na lógica do itinerário, um entrela-
çamento entre maturidade humana e sentido cristão da vida. As dimensões
evocam-se reciprocamente, em cada intervenção, obra e serviço. Nesse
sentido, consideramos “transversal” a sua presença no PEPS.
B O sentido das quatro dimensões
As dimensões podem ser compreendidas como vasos comunicantes,
que não só se evocam, mas se alimentam reciprocamente. Mesmo
sendo sucessivas na descrição, convém perceber que elas formam uma
unidade; cada uma, com a própria especificidade, contribui para o conjun-
140

14.10 Page 140

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
to, mas também recebe das demais uma orientação e alguns destaques
originais. São inseparáveis e qualifi cam-se reciprocamente de modo que
não se pode desenvolver uma delas sem uma referência explícita às ou-
tras. Estão presentes segundo a lógica do sistema, no qual a dinâmica de
um elemento suscita adaptações em todas as outras.
Essa unidade e correlação devem ser explicitadas nos objetivos e nas es-
tratégias dos PEPS de todas as obras da Inspetoria, garantindo que cada
passo e intervenção sejam inseridos num processo de crescimento huma-
no e cristão unitário, respondendo à questão: Qual tipo de jovem deve
ser promovido para ser “adulto na fé”? Tendo presente as diversidades
culturais e territoriais que condicionam o modelo cristão e exigem integra-
ções importantes, as dimensões orientam à definição da identidade cristã
do jovem na Igreja e na sociedade contemporânea.
A articulação dessas dimensões brota da concepção respeitosa da comple-
xidade do crescimento da pessoa e de um projeto que tem sua salvação
integral como alvo, interessando-se pelas dinâmicas divinas e humanas
que, de fato, interagem na história do mundo.
A síntese orgânica, expressa nas dimensões, constitui a característica da
Pastoral Juvenil Salesiana:
dimensão da educação à fé (cf. Const. 22, 33, 34, 36; Reg. 7, 13): implíci-
ta ou explicitamente, todo projeto pastoral preocupa-se com a orien-
tação dos jovens para o encontro com Jesus Cristo e a transformação
da vida segundo o Evangelho;
dimensão educativo–cultural (cf. Const. 31, 32; Reg. 4, 6): os jovens
devem ser encontrados no ponto em que estão, estimulando o de-
senvolvimento de todos os seus recursos humanos e abrindo-os ao
sentido da vida;
dimensão da experiência associativa (cf. Const. 35; Reg. 8): fa-
vorecer o amadurecimento da experiência de grupo até descobrir
a Igreja como comunhão de crentes em Cristo e amadurecer uma
intensa pertença eclesial;
dimensão vocacional (cf. Const. 34, 35, 37; Reg. 9): acompanhar a des-
coberta da vocação e do projeto pessoal de vida em vista do empenho de
transformação do mundo segundo o projeto de Deus.
141

15 Pages 141-150

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15.1 Page 141

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O conjunto das quatro dimensões forma a dinâmica interna da Pastoral
Juvenil Salesiana; trata-se de um quadro de opções qualificadoras, que nos
pode ajudar a elaborar com os jovens, nas situações concretas, propostas
educativas proporcionadas.
As quatro dimensões permitem-nos, em sua harmonia, uma variedade
orgânica de propostas e uma ampla compreensão da pastoral dos jovens,
aberta a todos. O itinerário da pastoral dos adolescentes e dos jovens,
enquanto é efetivado, realiza muitas intervenções (pela diversidade das
situações juvenis) e integra-as (voltadas à totalidade da pessoa). Quando
as condições sociais e culturais nas quais os jovens vivem são fortemente
condicionantes e se trabalha no interior de instituições educativas com
fi naildades específi cas, é preciso elaborar itinerários que assumam as
situações concretas (jovens operários, jovens estudantes, jovens em
situação especial de marginalização) sempre na perspectiva da centralidade
do jovem e da sua experiência de vida.
Depois de definir o sentido e a consistência do PEPS, será possível atender
mais amplamente aos momentos da sua elaboração (v. capítulo VIII).
23
A ESPECIFICIDADE DE CADA DIMENSÃO
E AS OPÇÕES NECESSÁRIAS
A Dimensão da educação à fé
Sua especificidade
Evangelizar os jovens é a primeira e fundamental fi nalidade da nossa
missão (cf. Reg. 7. 13). O nosso projeto é decididamente orientado ao
amadurecimento pleno dos jovens em Cristo (cf. Const. 31) e ao seu
crescimento na Igreja, certos de que a educação da dimensão religiosa
é central no desenvolvimento da pessoa (cf. CG23, n. 160).
A evangelização leva a Boa Nova de Cristo a todos os estratos da
humanidade a fi m de renová-la a partir de dentro (cf. Evangelium
Nuntiandi, 18). Desde o primeiro anúncio da pessoa de Jesus, queremos
levar os jovens a cruzarem a porta da fé para que, durante sua vida,
142

15.2 Page 142

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
crendo «com uma fé consciente e vigorosa» (Porta Fidei 8) descubram sua
alegria intrínseca.
Muitas vezes, o itinerário de amadurecimento na fé exige tempos
muito longos e um envolvimento comunitário que vá além da proposta
estritamente catequética. Para acompanhar a adesão à fé e o itinerário
cristão, raciocina-se em termos de iniciação.
Dom Bosco transmitiu a paixão pela salvação dos jovens vivida no
empenho constante de uma catequese simples, essencial,
adaptada à condição, idade e cultura dos jovens e unida a outras
propostas educativas e recreativas do oratório. Não se faz catequese
salesiana ao final de um itinerário propedêutico, mas, implicitamente,
ela é o coração dos primeiros encontros e, explicitamente, de toda
a proposta formativa. Dom Bosco não distinguia entre primeiro
anúncio e catequese, mas, ao encontrar um menino, logo o convidava
oportunamente para o itinerário de vida cristã. Se a catequese não se
integra na vida dos jovens, fica estranha e incompreensível, é sofrida e,
no futuro, abandonada.
Algumas opções qualificadoras
1 Promover o desenvolvimento da dimensão religiosa da pessoa, tan-
to nos cristãos como em quem pertence a outras religiões, aprofundan-
do-a, purificando-a e abrindo-a ao desejo de um ulterior caminho de fé.
Ajudamos os jovens, através de várias propostas, a viverem as atitudes
típicas de uma experiência religiosa: admiração, contemplação, abertura
ao mistério, sentido da gratuidade. O primeiro desafio é suscitar a busca
religiosa e mostrar aos poucos a sensatez do ato de fé.
Diversão, diálogo, confronto, encontro são o terreno da vida, de seus pro-
blemas, de suas esperanças, de suas expectativas, terreno da experiência.
Aqui é preciso fazer-se companheiro de viagem dos jovens, comparti-
lhando com eles o penoso caminho de crescimento e aprofundamento
da experiência da existência. Para eles, esse terreno é necessariamente
o do seu crescimento, das suas tarefas relativas à construção da própria
identidade. A isso, eles não são indiferentes.
2 Suscitar, acompanhar e aprofundar a experiência da fé, como ade-
são pessoal a Cristo, que leva a ver a vida com os olhos de Jesus. É
143

15.3 Page 143

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
importante desenvolver um itinerário sistemático de educação à
. Quem conhece o processo de amadurecimento humano do adoles-
cente e do jovem percebe que a integração fé-vida exige uma grande
atenção educativa.
Procuramos aproximar-nos da experiência juvenil ativando, antes de
tudo, o repensamento dos conteúdos do anúncio e da catequese. A
catequese experiencial ou antropológica, caracterizada pela acolhida
da problemática humana como conteúdo e dimensão, é expressa me-
diante uma finalidade dupla e complementar:
proclamar a fé de modo significativo, em toda a riqueza
experiencial da mensagem cristã;
ajudar o amadurecimento da fé como atitude capaz de inspirar
e organizar todo o processo de amadurecimento humano,
reforçando a adesão ao Senhor através do encontro pessoal
com o educador e a direção espiritual (cf. CG23, n. 173-175).
3 Iniciar os jovens na participação da liturgia de modo consciente
e ativo e, de modo especial, na celebração dos sacramentos da
Reconciliação e da Eucaristia,
favorecendo a sua preparação com um ambiente acolhedor e
de amizade que suscite abertura do coração;
preparando celebrações que, pela beleza e profundidade comu-
nicadas, levem a uma verdadeira relação pessoal com Cristo;
promovendo o esforço pessoal de viver no cotidiano o que foi
celebrado.
4 Em um mundo dominado pela pressa, pela busca do prazer imediato e
pela eficiência pragmática, é urgente criar, para os jovens, ambientes
adequados que favoreçam o encontro com Deus mediante itinerários
de interiorização: oração pessoal e comunitária, abertura ao
mistério, contemplação e silêncio, encontro e confronto com a Palavra
vivida e compartilhada. Esta abordagem da Palavra e os esforços
formativos e da sua integração na oração cotidiana da comunidade
são extremamente importantes. Os jovens sempre são muito sensíveis
144

15.4 Page 144

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
à leitura orante da Palavra de Deus na forma de Lectio divina quando
o texto bíblico lhes é repartido com linguagem adequada e relação
estreita com sua vida, narrando quem é Deus, para depois revelar a si
mesmos quem são eles.
5 Oferecer aos jovens experiências graduais de serviço e trabalho
apostólico, que os ajudem a realizar pessoalmente a integração da
própria fé com a vida, sendo eles mesmos, segundo suas possibilidades,
testemunhas e evangelizadores dos coetâneos. Trata-se de uma fé que
estimule e aprofunde os processos de humanização e promoção das
pessoas e dos grupos segundo o modelo de Jesus Cristo.
A dimensão social da caridade pertence à educação da pessoa social e
politicamente empenhada na justiça, na construção de uma sociedade
mais justa e mais humana, descobrindo sua inspiração plenamente
evangélica (cf. Const. 32; Reg. 22). A adesão de fé sempre mais madura
abre-se para o serviço sincero ao homem. A proposta e o testemunho
de solidariedade dão credibilidade ao anúncio evangélico, porque
exprimem o seu potencial de humanidade; já são anúncio da vida
nova em Cristo e manifestam que o Evangelho é para o homem, que a
Igreja tem uma palavra decisiva a dizer pela vida, pela dignidade, pela
esperança e pelo futuro do homem. Dom Bosco educou os jovens nas
virtudes morais do honesto cidadão.
B Dimensão educativo-cultural
Sua especificidade
A dimensão educativo-cultural está em íntima relação com a dimensão
da educação à fé. A educação é lugar e mediação para a oferta da boa
nova do Evangelho, mensagem que se encarna na cultura concreta e
demanda processos graduais de acolhida em sintonia com a capacidade
de amadurecimento de cada jovem (cf. Const. 31). A educação requer
que, partindo da situação concreta dos jovens, elaboremos estratégias
que os guiem para o amadurecimento integral.
A visão pastoral não se orienta exclusivamente pela problemática religiosa
e de relação com a fé e a Igreja. Ela está aberta a toda experiência; acolhe
todas as esperanças e todos os esforços de crescimento, de construção de si
145

15.5 Page 145

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
com os outros, de inserção na sociedade, de trabalho. A proposta de fé, por
sua vez, cruza com os objetivos do amadurecimento humano porque é ali
que o crer tem sentido. O olhar pastoral, portanto, está cheio de atenções
educativas, exercício da sabedoria educativa orientada pela fé.
Algumas opções qualificadoras
A preocupação com a dimensão educativo-cultural na ação pastoral privi-
legia alguns conteúdos operativos precisos:
1 Ajudar os jovens a construírem uma identidade forte. Em um mundo
fragmentado e voltado para o imediato, marcado pelo relativismo e a
falta de princípios, nós salesianos cremos que o Projeto Educativo-Pastoral
pode ajudar a formar personalidades fortes nos jovens (cfr. Mt 7, 24-27).
Ajudamo-los a superar as dificuldades. Deste modo, é preciso cuidar da
convergência de todas as intervenções educativas para a formação de uma
personalidade unitária; uma opção operativa em que todas as contribuições
sejam integradas fortificando-se reciprocamente, em harmonia com as
aspirações e as dimensões educativas bem hierarquizadas.
Ao contemplar os jovens com os olhos de Jesus, ajudemo-los a:
formar a consciência moral e a capacidade de discernimento
ético em vista de um juízo motivado e responsável;
crescer na autonomia para enfrentar a vida com coerência e
responsabilidade;
adquirir um rico patrimônio de valores/virtudes, concordes com
o Evangelho (cf. Const. 32);
confrontar-se com modelos críveis de referência, reconhecidos
em educadores que têm Jesus, Bom Pastor, e Dom Bosco como
primeira referência (Const. 11, 21). A qualidade da vivência destes
modelos incide fortemente no itinerário de adesão a Cristo.
2 Acompanhar os jovens no desenvolvimento e amadurecimento do próprio
mundo afetivo e emotivo. Esse é um mundo que, às vezes, tem dificuldade
de exprimir-se, embora tenha papel fundamental. Os afetos e os sentimen-
tos são critério-guia do caminho relacional e também da avaliação ética, mas
146

15.6 Page 146

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
procedem muitas vezes por um percurso paralelo à racionalidade. O âmbito
afetivo e sexual resulta sempre mais relevante em relação à formação da
personalidade. É preciso ajudar, sobretudo os adolescentes, a administrarem
emoções, sentimentos e pulsões sexuais, e viverem o namoro como experi-
ência de crescimento. A educação integral da pessoa levará os jovens a dar
importância aos valores autênticos da afetividade (respeito de si e dos outros,
dignidade da pessoa, transparência das relações, fidelidade ao outro/a) e da
sexualidade como valor determinante no itinerário de amadurecimento.
Cuidemos deste aspecto:
criando ambientes ricos de intercâmbios de comunicação e
afeto. Os jovens buscam relações autênticas na família, com os
professores, os amigos, os colegas no ambiente de trabalho,
relações que ajudem a estar bem e caminhar com serenidade na
realização do próprio itinerário;
ajudando as famílias nas situações heterogêneas em que se
encontram, contribuindo com as características próprias do
nosso carisma: familiaridade, disponibilidade constante ao
diálogo e à proximidade;
acolhendo os desejos dos jovens com a aceitação serena do
limite, evitando restrições exageradas diante da atual cultura do
excesso amplamente difundida na sociedade;
acompanhando os jovens nas diversas etapas da vida,
favorecendo atitudes relacionadas com o serviço e a gratuidade.
3 Promover uma cultura que se inspire no humanismo cristão. A
partir deste rico patrimônio humanista pode-se ter uma visão diferente
do mundo e do homem. Suscitemos o desenvolvimento positivo da
realidade cultural na unidade da fé e da vida:
valorizando o que há de bom na cultura atual, atentos a não
cair em uma avaliação simplista e excessivamente crítica da con-
dição juvenil (cf. Const. 17);
promovendo a cultura da vida, opondo-se às tendências destru-
tivas do relativismo, do hedonismo e do pragmatismo;
147

15.7 Page 147

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
criando a cultura da solidariedade e do empenho, que leve a su-
perar as situações difíceis lutando contra toda forma de injustiça;
fazendo dos diversos programas de comunicação social uma
proposta educativa orientada para o amadurecimento da men-
talidade evangélica.
4 Trabalhar pela promoção humana e a competência humanista e
profissional, para que os jovens possam inserir-se no mundo do tra-
balho como cidadãos qualifi cados. O profi ssionalismo deve incentivar
para que o trabalho seja realizado com competência crescente e satis-
fação real, ciente dos limites e respeitoso do trabalho dos outros, ciente
da própria contribuição para o crescimento social.
É preciso, ainda, formar atitudes e estruturas estáveis na personalida-
de dos jovens (autoestima, socialização, participação, autonomia, soli-
dariedade, responsabilidade, vontade), que lhes permitam agir como
pessoas livres e os orientem à compreensão crítica da realidade e à
comunhão solidária com as pessoas.
5 Ajudar a refl etri sobre a racionalidade da própria fé, sobre a
contribuição do cristianismo na construção das sociedades em que
vivemos, cultivando uma leitura inteligente da mensagem cristã:
educação das atitudes que estão na base da abertura a Deus (saber
entrar em si mesmo; conhecer-se sempre mais e melhor nos próprios
limites e possibilidades; saber surpreender-se e admirar-se, valorizan-
do o que há de bom, de grande, de belo em si e ao seu redor);
formação religiosa crítica e adequada que ilumine a mente e robus-
teça o coração;
atitude de abertura, respeito e diálogo entre as diversas confissões
cristãs e a pluralidade de expressões religiosas;
148

15.8 Page 148

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
C Dimensão da experiência associativa
Sua especificidade
A Pastoral Juvenil Salesiana tem na experiência associativa uma
das suas intuições mais importantes. Dom Bosco valorizou o grupo
como presença educativa capaz de multiplicar as intervenções. Ainda jo-
vem, ele criou a Sociedade da Alegria quando frequentou a escola em
Chieri, fazendo experiência de grupo. As companhias, as sociedades, as
conferências vicentinas, cada uma a seu modo e com interesses e objeti-
vos próprios assumidos pelos associados, nasceram no início do Oratório
e entraram nos internatos e colégios nos anos 1860-1870.
Esta dimensão é uma característica fundamental da educação-evangeliza-
ção salesiana (v. capítulo V, n. 1.3/b).
O Sistema Preventivo requer um intenso e luminoso ambiente de participação
e relações de amizade, vivificado pela presença animadora dos educadores, e
favorece todas as formas construtivas de atividades e de vida associativa, ini-
ciação concreta ao trabalho comunitário, civil e eclesial (cf. Const. 35; Reg. 8).
Algumas opções qualificadoras
O desenvolvimento desta dimensão na situação descrita requer algumas
opções:
1 Construir um ambiente de família, através de intervenções adequadas
e estrategicamente planejadas, vivendo a pedagogia da proximidade,
das relações e do afeto demonstrado; ambiente de confiança em que as
propostas educativas e evangelizadoras sejam críveis e assimiláveis pela
intensidade das relações pessoais e o clima de alegria compartilhada.
2 Optar pelo grupo como ambiente privilegiado em que se desenvolve a
proposta associativa salesiana: a variedade de grupos abertos a todos
os jovens, os verdadeiros protagonistas, e que exprimem a diversidade
dos itinerários pedagógicos nos quais se diversifi ca a nossa proposta
pastoral. Este critério implica outras atenções:
criar pluralidade de propostas e ambientes de ampla acolhida
segundo os diversos interesses e itinerários dos jovens, a partir
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15.9 Page 149

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
da situação em que eles se encontram, no respeito ao ritmo de
desenvolvimento que lhes é possível;
cuidar de modo especial dos grupos de formação e de empenho
cristão, coroamento da experiência associativa;
qualificar e formar continuamente os educadores e animadores;
oferecer tempos intensos de convivência/partilha de vida (reti-
ros, acampamentos, jornadas) como momentos de confirmação
e relançamento da decisão associativa e cristã dos grupos;
fazer objeto de refl exão e revisão na CEP o funcionamento, a
eficácia educativa e as intervenções dos grupos jovens.
3 Educar com o coração e o estilo de animação. O estilo da animação
comporta:
um modo de pensar a pessoa humana que, pelos seus recursos
interiores, seja reconhecida como capaz de empenhar-se e ser
responsável nos processos que lhe dizem respeito;
um método que perceba o positivo, as riquezas e potencialidades
que cada jovem traz dentro de si, oferecendo uma ação de
promoção;
um estilo de caminhar com os jovens que sugere, motiva, ajuda
a crescer no cotidiano, através de uma relação de tipo libertador
e convalidado;
o objetivo último e global de restituir a cada pessoa a alegria de
viver plenamente e a coragem de esperar.
A animação tem o aspecto concreto de uma pessoa: o animador. Ele
tem um papel preciso e indispensável. Embora esse papel varie em situ-
ações particulares conforme o tipo de grupo, podemos exprimi-lo assim:
encoraja a formação de grupos e o progresso das buscas, refle-
xões, atividades e ideais;
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15.10 Page 150

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
ajuda, mediante a sua competência e experiência, a superar as
crises do grupo e tecer relações pessoais entre os componentes;
apresenta aos jovens elementos de crítica e aprofundamento,
para que saibam indicar suas propostas, seus desejos e suas
buscas;
favorece a comunicação e ligação entre os grupos na CEP local;
acompanha cada componente em seu processo de crescimento
humano e cristão.
4 O grupo juvenil deve tender à inserção social e eclesial segundo a
própria opção vocacional. Nessa ótica, a experiência associativa salesia-
na deve promover:
a preparação e o acompanhamento que tornem o jovem ca-
paz de participar da vida da sociedade, assumindo as próprias
responsabilidades morais, profissionais e sociais, e cooperando
com os que trabalham para torná-la mais digna do homem;
a inserção ativa no civil, mediante a promoção de diversas asso-
ciações a serviço do bem comum na sociedade;
a inserção na comunidade eclesial, ajudando os jovens ao amor
sincero por ela, como comunhão de todos os crentes em Cristo
e sacramento universal de salvação.
Os grupos locais reúnem-se no Movimento Juvenil Salesiano (MJS)
[Articulação da Juventude Salesiana (AJS)]: indivíduos, grupos e asso-
ciações juvenis que, mantendo a própria autonomia, se reconhecem
na espiritualidade e na pedagogia salesiana, formam de modo implí-
cito ou explícito o MJS [AJS] (v. capítulo VI, n. 2.5).
5 Criar comunidades de jovens adultos que permitam cuidar da própria
vida cristã e sua participação. São lugares nos quais se partilha a vida, se
discerne a vontade de Deus na escuta da Palavra, se celebra, se reza e se
assumem empenhos pastorais nos contextos eclesiais em que os mem-
bros estão inseridos.
151

16 Pages 151-160

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16.1 Page 151

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
As comunidades juvenis são um lugar privilegiado para o discernimento vo-
cacional e oferecem aos jovens uma ajuda cotidiana preciosa para o apro-
fundamento da fé professada, celebrada, vivida e rezada (cf. Porta Fidei 9).
D Dimensão vocacional
Sua especificidade
A proposta vocacional deve estar presente durante todo o processo de
educação e evangelização. As três primeiras dimensões convergem
na dimensão vocacional, horizonte último da nossa pastoral. Seu
objetivo é acompanhar cada jovem na busca concreta da própria vocação,
lugar da sua resposta ao projeto de amor gratuito e incondicional que
Deus tem por ele/ela. A dimensão vocacional configura o objetivo primeiro
e último da Pastoral Juvenil Salesiana.
Algumas opções qualificadoras
1 Suscitar atitudes de disponibilidade e generosidade, que preparem os
jovens para a escuta da voz de Deus, e acompanhá-los na formulação
do projeto de vida pessoal. A preocupação vocacional comporta um
verdadeiro e próprio itinerário de acompanhamento nas opções funda-
mentais de sua vida, ajudando-os a enfrentar a própria história como
dom e acolher a perspectiva vocacional da vida.
2 Criar comunidades de crentes, onde seja visível e crível a expe-
riência de fé: comunidades acolhedoras, próximas, profundas, empe-
nhadas e abertas a todos os jovens que buscam o seu destino na vida. O
itinerário de vida cristã requer um contexto comunitário (eclesial) vivo,
envolvente, capaz de sustentar a opção de fé e ajudar a interpretá-la
em relação à vida cotidiana: ambiente educativo, portanto, de testemu-
nhas significativas que vivam a vida como vocação.
3 Optar pelo acompanhamento pessoal, que permita amadurecer as op-
ções vocacionais dos jovens de modo personalizado, e procure chegar ao
indivíduo de maneira diversificada, aderente à sua experiência interior, à si-
tuação vivida por ele e às justas exigências da comunidade. Por isso, é es-
sencial, na CEP e no PEPS, a proposta concreta de espaços e tempos para
o acompanhamento, o encontro e o diálogo pessoal com os grupos e as
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16.2 Page 152

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
famílias, a interiorização e perso-
nalização (retiros, exercícios etc.) e
a direção espiritual sistemática (v.
capítulo V, n. 1.3/c).
«Toda a pastoral e, em particular a
4 Por último, requer-se intensa-
mente que a proposta vocacio-
nal seja inserida no itinerário
de educação à fé, como ponto
de convergência de todos os es-
forços educativos e evangeliza-
dores. A pastoral, na medida em
que torna explícita sua dimensão
vocacional, encontra as grandes
motivações para sua revitalização;
faz redescobrir a vida como dom,
como “ser para”, numa perspecti-
va libertadora e fascinante porque
colocada diante do plano surpre-
endente e admirável de Deus. Esse
itinerário supõe:
juvenil, é radicalmente vocacional: a
dimensão vocacional constitui o seu
primeiro inspirador e a sua saída natural.
É preciso, pois, abandonar a concepção
redutiva da pastoral vocacional que só
se preocupa com a busca de candidatos
para a vida religiosa ou sacerdotal. Ao
contrário, como dito acima, a pastoral
deve criar as condições adequadas para
que todo jovem possa descobrir, assumir
e seguir responsavelmente a própria
vocação. Seguindo o exemplo de Dom
Bosco, a primeira condição consiste na
criação de um ambiente em que se viva
e se transmita uma verdadeira “cultura
vocacional”, isto é, um modo de conceber
e enfrentar a vida como dom recebido
discernimento vocacio-
nal, oferecido a todos os
jovens segundo a idade
e as diversas situações,
ajudando cada jovem a
descobrir o dom de Deus,
gratuitamente; dom a compartilhar a
serviço da plenitude da vida para todos,
superando a mentalidade individualista,
consumista, relativista, e a cultura da
autorrealização»
(PADRE PASCUAL CHÁVEZ, ACG 409, “VINDE E VEDE”)
os próprios recursos, fa-
zendo frutificar os dons
recebidos empregando-os na resposta generosa ao chamado;
aprofundamento, nas diversas etapas, do itinerário de educação à
fé, do tema vocacional, sobretudo na adolescência e na juventude,
e a oferta, ao mesmo tempo, de experiências de serviço gratuito
aos mais carentes;
proposta clara e explícita, mediante encontros, testemunhos, experi-
ências, informações sobre as diversas vocações nos vários âmbitos da
vida (namoro, matrimônio, sacerdócio ministerial, vida consagrada);
153

16.3 Page 153

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
formação espiritual profunda através da iniciação à oração, à escu-
ta da Palavra de Deus, à participação nos sacramentos e na liturgia
e à devoção mariana; participação ativa na vida da comunidade
eclesial através dos grupos e movimentos apostólicos, considera-
dos como lugares privilegiados de amadurecimento cristão e voca-
cional; possibilidade de contato direto com algumas comunidades
religiosas e com a experiência explícita de discernimento vocacional;
convite pessoal para seguir uma vocação, garantindo um discer-
nimento cuidadoso e gradual; preocupação especial pelas voca-
ções no carisma salesiano em suas múltiplas formas, mediante
o discernimento e o cuidado dos germes de vocação salesiana,
tanto consagrada como leiga, presentes nos jovens.
Resumamos esquematicamente as quatro dimensões da Pastoral Juvenil
Salesiana:
a educação à fé (1) não será possível se não for itinerário educativo e
cultural (2) que envolva a dimensão relacional e associativa da pessoa (3)
que só neste momento poderá descobrir e orientar a própria vida para
sua realização (4);
o itinerário educativo (2) fica sem amadurecimento, ou seja, sem ver-
dade antropológica de referência, se não se inspirar na ideia de homem
iluminado pela evangelização (1); além disso, não alcança o próprio
objetivo se não envolver a pessoa levando em conta todas as suas re-
lações (3) e o seu objetivo de realizar a própria vida segundo um preciso
projeto de orientação da existência (4);
as relações pessoais e associativas em que vivemos (3) serão meras
proximidades físicas se não forem incorporadas de algum modo no pleno
amadurecimento pessoal e cultural (2), se não forem envolvidas no proje-
to pessoal de vida como indispensáveis à realização de si (4) e não en-
contrarem na evangelização a própria definição de relações de amor (1);
a dimensão vocacional que orienta todo o nosso itinerário (4) será in-
compreensível sem a referência a Cristo (1), se não incidir nas relações
que cada um tem na própria vida (3) e se não se tornar o sentido e o fim
da própria formação cultural e educativa (2).
154

16.4 Page 154

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
24
OPÇÕES TRANSVERSAIS
DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O PEPS promove o crescimento de uma fé operativa com ações educativas
e pastorais transversais, enraizadas no nosso carisma:
A A animação das vocações apostólicas
Em continuidade com os elementos indicados na dimensão vocacional,
a animação vocacional encontra o seu momento irrenunciável de
intervenção no acompanhamento da opção vocacional apostólica.
A orientação educativa ajuda na busca da identidade e facilita o
processo de decisão num projeto de vida baseado e construído
sobre os valores evangélicos.
Habitar uma cultura vocacional
A continuidade do processo de animação vocacional apostólica é realizada
num itinerário vocacional específico. Nele se cuida com atenção da escuta,
do discernimento, da verificação experiencial no campo da idoneidade pes-
soal para um possível chamado de
especial consagração.
A diversifi cação das propostas na
orientação vocacional deve ser fei-
ta em função dos sinais vocacio-
nais que parecem manifestar-se
no itinerário de crescimento. A
identifi cação da própria vocação
feita pelo jovem não deve ser en-
tendida como ponto de chegada,
mas como ponto de partida para
o crescimento contínuo na opção
vocacional. É o valor da cultura
vocacional que entende a vocação
em sentido amplo como chamado
à vida, ao trabalho digno, a diver-
«Os conteúdos da cultura vocacional,
assim entendida, referem-se a três áreas:
a antropológica, a educativa e a pastoral.
A primeira refere-se ao modo de conceber
e apresentar a pessoa humana como
vocação; a segunda mira a favorecer
uma proposta de valores congeniais à
vocação; a terceira dá atenção à relação
entre vocação e cultura objetiva e tira dela
conclusões para o trabalho vocacional»
(PADRE PASCUAL CHÁVEZ, ACG 409, “VINDE E VEDE”)
155

16.5 Page 155

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
sos compromissos e serviços, ou seja, uma cultura que leva alguns a re-
fletirem sobre a possibilidade de optar pelo estado de vida sacerdotal ou
consagrada.
Chamados à vida e à fé
A “vocação” tem início com o chamado à vida, continua no chamado à
fé e chega, com diversas respostas, ao chamado à vida consagrada. Nes-
se sentido, são acompanhados aqueles que, num processo adequado de
crescimento e amadurecimento na dimensão vocacional da própria pes-
soa, consideram a possibilidade de Deus os chamar a uma vida de especial
consagração. Dá-se atenção especial à natureza do chamado: itinerário
espiritual configurado como tomada progressiva de consciência
das exigências de uma vocação que exige conversão e entrega de
si para a vida de entrega amorosa a Deus.
A CEP, acompanhando os jovens em seu itinerário de crescimento huma-
no, cristão e salesiano, também oferece momentos e formas adequadas
de séria reflexão sobre a possibilidade de entregar a própria vida totalmen-
te a serviço de Deus.
O orientador espiritual, necessário em todo processo vocacional, ajuda de
modo especial as vocações apostólicas a viverem no discernimento das moti-
vações vocacionais e dos requisitos necessários. Este processo permite ao jo-
vem tomar uma decisão serena e pessoal, livre e motivada, enquanto faz
experiência numa comunidade em que se forma segundo o carisma ao qual
é chamado, aprofundando seu conhecimento e sua gradual conformação.
A animação vocacional no coração do PEPS
O PEPS deve propor decididamente uma ação pastoral capaz de suscitar e
individuar as vocações apostólicas de especial consagração. O PEPS deve
responder adequadamente aos jovens que se interrogam seriamente
sobre a possibilidade de viver a vocação apostólica salesiana.
Nas propostas de discernimento, a animação das vocações apostólicas fica
atenta à gradualidade dos objetivos e dos métodos.
As fases da pré-adolescência e adolescência preparam o processo de de-
cisão dos jovens. São fases que constroem a identidade humana e cristã e
156

16.6 Page 156

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
dispõem para a busca e a adesão
da própria vocação. É um período
favorável para os jovens se desco-
brirem como protagonistas, com
uma vocação específica na Igreja,
na Congregação e no mundo: des-
coberta que pode ser proposta
de modo explícito.
Esta gradualidade permite chegar a
assumir a vida como vocação e tra-
duzi-la em projeto pessoal de vida.
Retomando intuições e aspirações
vocacionais escondidas em épocas
precedentes, passa-se da disponibili-
dade genérica à disponibilidade espe-
cífica do dom de si.
Nesses vários processos – amadure-
cimento de decisões de vida, itine-
rário espiritual orientado, discerni-
mento vocacional – deve-se garan-
tir a liberdade interior que ajude o
pleno amadurecimento da decisão
vocacional. Deve-se dar atenção à
libertação de possíveis condiciona-
mentos culturais, afetivos, sociais ou
emotivos para que a autenticidade
gere a aceitação de um compromis-
so radical de vida.
«A promoção das vocações consagradas
exige algumas opções fundamentais:
oração constante, anúncio explícito,
proposta corajosa, discernimento
cuidadoso, acompanhamento
personalizado”. A oração deve ser
empenho cotidiano das comunidades
e deve envolver jovens, famílias, leigos,
grupos da Família Salesiana. O anúncio
pede a valorização das múltiplas ocasiões
vocacionais que se apresentam durante o
ano litúrgico. A proposta e o discernimento
exigem aquela proximidade cordial que
suscita confiança e permite intuir os sinais
de vocação manifestados pelo jovem.
O acompanhamento requer ajudar os
jovens a intensificarem a vida espiritual,
experimentarem formas adaptadas de
apostolado, viverem a experiência de
comunidade, conhecerem a Congregação,
examinarem as motivações e ativarem as
dinâmicas que levam à decisão»
(CG26, N. 54))
B A animação missionária e do voluntariado
em suas diversas formas
A dimensão da educação à fé encontra na animação missionária e nas
diversas formas de voluntariado, uma continuidade que deve ser mantida
e desenvolvida. A abertura à vocação missionária e ao empenho so-
cial da caridade no voluntariado são expressões maduras da edu-
cação à fé e da evangelização dos jovens.
157

16.7 Page 157

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A animação missionária não brota
como fato isolado, mas em continui-
dade com a identidade de cada cris-
«No Oratório de Dom Bosco, os
colaboradores jovens e adultos viveram a
experiência de viver e trabalhar com ele
para a educação e a salvação dos jovens.
Esta “vida carismática” e comunitária,
núcleo da Espiritualidade Salesiana,
ilumina o projeto do voluntariado
salesiano»
(O VOLUNTARIADO NA MISSÃO SALESIANA, N. 33)
tão e cada comunidade, como seu
natural “florescimento”. Por outro
lado, ela apresenta-se como expres-
são radical e clara da identidade ca-
paz de motivar as comunidades no
dinamismo apostólico. Característica
comum e evento significativo são
as duas vertentes que é preciso res-
saltar: a animação missionária que
reforça a fé e a fé que leva ao em-
penho missionário para com todos,
especialmente os mais carentes. Por
isso, é preciso considerar a animação missionária como elemento que fecunda
as diversas dimensões do PEPS: do crescimento humano da pessoa, do seu
amadurecimento na fé, do seu processo de decisão vocacional.
O coração missionário de Dom Bosco
Dom Bosco intuiu a enorme tensão espiritual e a extraordinária força
apostólica que o ideal missionário haveria de suscitar em seus meninos. In-
tuiu-as e utilizou-as com zelo e inteligência. Falava-lhes das missões e dos
missionários, mantinha-os informados de suas atividades, de suas necessi-
dades, fazia-os rezar, encorajava-os a participarem do sonho missionário.
A animação missionária e o voluntariado levam hoje o missionário a com-
partilhar e o voluntário a assumir uma visão vocacional da vida: dom rece-
bido gratuitamente a ser compartilhado no serviço de vida a todos.
A cultura missionária torna-se realidade quando se adquirem atitudes e valores
fundamentais do carisma salesiano. São os valores que Dom Bosco inculcou
em seus meninos e salesianos: o amor preferencial pelos jovens mais pobres, o
desejo de colaborar na missão redentora de Cristo e na renovação do mundo.
A nossa Congregação é missionária
A encíclica “Redemptoris Missio” apresenta três formas diversas de atividade
evangelizadora: a “atividade missionária específica” entre os povos que não
158

16.8 Page 158

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
conhecem Cristo; a “atenção pastoral” entre os fiéis cristãos; e a “reproposta
do Evangelho” nos países de antiga tradição cristã, agora secularizados.
Os limites entre as três modalidades não podem ser traçados de modo
claramente definido; essas atividades certamente não se identificam uma
com a outra, nem se excluem mutuamente como se fosse possível isolar uma
delas, independente das outras. Ao contrário, elas são intercomunicantes;
e, além disso, a atividade especificamente missionária (ad gentes) significa
também para as demais a expressão primeira e qualificadora de toda
a evangelização: «Sem ela, a Igreja ficaria privada do seu significado
fundamental e da sua atração exemplar» (Redemptoris Missio, n. 33-34).
O trabalho missionário ad gentes faz parte integrante do carisma
salesiano. Desde o início, as vocações missionárias foram cultivadas na
Congregação, como as expressões mais vivas e generosas da vocação salesiana.
Hoje, também, a animação missionária e o voluntariado missionário salesiano
são expressões da missionariedade e espiritualidade da Congregação Salesiana.
O missionário e o voluntário salesiano empenham-se num projeto
de vida baseado nos valores do Evangelho, no serviço das pessoas em
dificuldade; eles promovem o anúncio do Evangelho, os direitos humanos,
a solidariedade, a justiça e a paz.
Os valores defendidos e promovidos pela animação missionária e o voluntariado
são os mesmos do espírito salesiano: serviço desinteressado, espírito de
comunidade e estilo oratoriano, interculturalidade, solidariedade como opção
clara e preferencial pelos últimos, particularmente os pobres e marginalizados,
inserção crítica e responsável na realidade social para a construção do Reino.
O ardor pelas missões provém do mistério de Deus
Para a missão e o voluntariado é indispensável cultivar uma vida interior
espiritualmente sólida. Ela permite descobrir em si mesmos e nos outros a
presença e a ação de Deus, e anunciá-Lo; uma vida espiritual que fortifique a
consciência da responsabilidade evangelizadora e o envolvimento na ação pelo
bem dos outros. A vida espiritual gera atitudes de serviço e gratuidade e dá
coragem para sonhar e desejar intensamente o bem dos outros.
A dimensão missionária da Igreja está enraizada na vida trinitária de Deus: o Ver-
bo enviado pelo Pai, no seu mistério de Morte e Ressurreição, confere-nos a ple-
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16.9 Page 159

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
nitude da vida no dom do Espírito Santo. A missão da Igreja é compartilhar com
todos os povos esta mensagem de plenitude, esta boa notícia, este euanghèlion.
A animação missionária e o voluntariado oferecem às pessoas a possibilidade
de empenho e trabalho para o advento do Reino de Deus nos diversos
contextos da missão salesiana.
A atividade missionária não se fundamenta primariamente nas capacida-
des humanas, mesmo sendo importante o seu papel. O sujeito protago-
nista da missão da Igreja é o Espírito Santo: Ele chama, ilumina, guia, con-
fere valor e eficácia. O missionário e o voluntário vivem a própria vocação
dócil à ação do Espírito.
O voluntariado e a atividade missionária
O voluntariado missionário salesiano propõe os valores do Evange-
lho com o testemunho do serviço desinteressado e solidário na edu-
cação e no empenho sociopolítico que alcança as realidades da família, do
trabalho, da cultura.
Da atual experiência, emerge o voluntariado salesiano que abraça substan-
cialmente grandes áreas de intervenção: cultura, assistência social, tempo
livre, desenvolvimento cooperativo, animação de grupos, educação à fé,
formação de catequistas e agentes pastorais.
O voluntariado, em suas várias formas, mais do que ato de generosidade
espontânea e passageira, é mentalidade que assume o significado de um
testemunho de elevadíssimo valor moral e social. Qualifica-se por alguns
elementos determinantes: interioridade apostólica, caracterizada pelo es-
pírito do «da mihi animas»; centralidade de Cristo, Bom Pastor, que requer
do voluntário missionário uma atitude pedagógico-pastoral na relação com
os destinatários; empenho educativo, nota característica do nosso carisma
salesiano; pertença eclesial; trabalho feito com alegria; dimensão mariana,
que realiza a ação missionária e o voluntariado como participação da ma-
ternidade eclesial de Maria Auxiliadora.
Finalmente, é importante reconhecer a multiplicidade de iniciativas e a
diversidade de experiências que se identificam ou se referem à missiona-
riedade da Família Salesiana: encontro e ligação direta com os missionários;
informação sobre as inúmeras atividades missionárias (notícias, publicações,
160

16.10 Page 160

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
audiovisuais, propostas de financiamento para pequenos objetivos); mate-
riais de animação missionária, com sentido pedagógico e critérios didáticos;
existência de grupos missionários; temas de formação para grupos diversos
e comunidades cristãs; conhecimento e estudo dos documentos da Igreja
relativos às missões; participação nas várias jornadas missionárias da Igreja.
C A Comunicação Social
A Comunicação Social reveste todas as presenças salesianas
A Comunicação Social enche o mundo e determina a forma da convivência
humana. Interessa, então, de perto, à vocação do educador salesiano que
age nas frentes da promoção e da evangelização. Trata-se, pois, de uma
dimensão específica do carisma salesiano (cf. Const. 43). Foi essencial em
Dom Bosco; é um apelo para todo educador, é irrenunciável na Igreja e no
mundo de hoje.
Dom Bosco fez da sua incansável atividade na comunicação social um
elemento constitutivo do seu ser educador e apóstolo dos jovens e de todo
o povo. Aprendemos da tradição salesiana que a comunicação social não
é apenas um conjunto de instrumentos ou de meios materiais a utilizar;
ela, na verdade, reveste toda a presença salesiana empenhada em educar
e evangelizar tanto nas obras específicas como mediante diversas formas
de ação que influem na cultura popular e na promoção de formas sociais
adequadas. E evocando Dom Bosco:
“Peço-lhes e esconjuro-os, portanto, a não descuidar
desta parte importantíssima da nossa missão”
(CARTA CIRCULAR SOBRE A DIFUSÃO DE BONS LIVROS, 19 DE MARÇO
DE 1885)
161

17 Pages 161-170

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17.1 Page 161

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Comunicadores por vocação e missão
Como educadores salesianos devemos, em toda a nossa poliédrica
atividade apostólica e educativa, exprimir a nossa vontade firme de sermos
autênticos comunicadores. Comunicadores, portanto, por vocação íntima
e por missão educativa.
A nossa habilidade de educadores e evangelizadores requer que
sejamos comunicadores qualificados. A comunicação promove a
comunhão carismática e a mobilização da missão. Interessa-nos particularmente
a comunicação interpessoal entre adultos e jovens, entre leigos e religiosos,
entre os ricos de experiência e os que dão os primeiros passos na vida, entre
todos os que têm dons a compartilhar. O Sistema Preventivo confia sua
eficácia educativa principalmente no encontro direto, face a face; encontro
de confiança, amizade, escuta atenta e interessada. É preciso, portanto,
cultivar a capacidade de administrar as dinâmicas relacionais; a qualidade das
interações pode condicionar de modo construtivo ou negativo a formação
da personalidade; as atitudes e os estilos educativos refletem-se nos estados
emocionais, determinando com frequência o seu comportamento.
A reflexão da Congregação revela a consolidação das convicções sobre a
comunicação entendida em sentido amplo e abre para uma nova prática
mais sistemática no campo da comunicação social (cf. Sistema Salesiano
de Comunicação Social). Desta visão ampla de comunicação, colhe-se a
finalidade primária: a comunhão e o progresso da sociedade humana (cf. P.
Egidio Viganò, ACG 302, “A Comunicação Social nos interpela”).
Vivemos uma fase de passagem, atravessamos um período de profunda
revolução tecnológica e cultural; as informações e o nosso modo de
usufruir delas estão sendo digitalizadas. Tudo está acontecendo em
rede, e as jovens gerações (os “nativos digitais”, “cyberkids”, “click
generation”) adquiriram uma elevada capacidade de acesso à tecnologia
e às capacidades de sua utilização.
A tecnologia é um instrumento liberatório e de “empowerment”
para os jovens; contudo, coloca uma questão educativa: a abordagem
da tecnologia é um passo importante no itinerário de crescimento e
afirmação da própria identidade. As mídias influem no amadurecimento
da personalidade dos jovens, na sua opção dos valores fundamentais, em
seu posicionamento diante de Deus e do homem. Convidam-nos a refletir
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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
sobre o que seja estética e moralmente excelente na formação dos jovens
e sua incidência na educação.
A Comunicação Social no PEPS e a serviço da evangelização
A efetivação da comunicação também acontece ao atuar com projetos
orientados para criar processos comunicativos, inseridos no PEPS. Evita-se
a atenção apenas às atividades e obras isoladas. Nos projetos educativo-
pastorais e nos planos de comunicação devem estar presentes algumas
linhas operativas de intervenção neste setor:
formação para o uso crítico e educativo dos meios de Co-
municação Social (cf. CG24, n. 129) e das novas tecnolo-
gias. Educadores e jovens compreendam as mudanças em ato,
o funcionamento dos meios de comunicação social e as indús-
trias culturais. Senso crítico, espírito estratégico, capacidade de
se controlar, uso seguro e eficaz, senso de limite e respeito, senso
cívico, autonomia e capacidade de resolver problemas não fazem
parte necessariamente do capital de um adolescente ou de um
jovem apenas por ter nascido e crescido entre o monitor e o te-
clado e por ter-se servido deles. É preciso competência séria para
a utilização dos meios de comunicação no “continente digital”:
clareza dos objetivos a se propor, para a valorização da criativida-
de; aquisição de uma atitude emancipada e crítica em relação às
suas mensagens, para a tomada de consciência da sua influência,
a fim de poder exprimir-se com elas dominando sua linguagem e
suas tecnologias. O significado da comunicação mediática reme-
te diretamente àquilo que os meios exprimem através de palavras
e imagens, ao “por que” as utilizam e às finalidades de emissores
e receptores envolvidos no processo comunicativo. Há necessida-
de, portanto, de uma elaboração crítica dos elementos conceitu-
ais dos sinais que os próprios meios utilizam;
envolvimento na produção de mensagens e conteúdos
destinados especificamente aos jovens, utilizando os meios
à disposição. Fazer comunicação social é cada vez mais uma pre-
sença educativa, plasmadora de mentalidade e criadora de cul-
tura. O desafio para o futuro será educar para as novas mídias,
mas também desenvolver a ação educativo-pastoral mediante as
novas mídias, principalmente diante das novas gerações. A sua
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17.3 Page 163

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
eficácia incisiva e a sua presença sempre mais maciça fazem da
comunicação social uma verdadeira e autêntica escola alternativa
para grandíssimas camadas da população mundial, especialmen-
te juvenis e populares (cf. CG21, n. 148). A relação entre comu-
nicação social e evangelização ou, mais concretamente, entre a
utilização das linguagens e das “mídias” da comunicação social
pelo Evangelho e o nosso estilo apostólico de “evangelizar edu-
cando”, incide profundamente na atividade salesiana. Trata-se
não só de “educar para as mídias”, isto é, para a leitura crítica de
suas mensagens, mas também de “evangelizar com as mídias”.
Abre-se, assim, um vasto campo de iniciativas para nossas ativi-
dades didáticas, educativas e culturais, para a animação cristã dos
grupos juvenis, para a catequese, para a oração;
valorização da comunicação social como novo espaço de asso-
ciação dos jovens (cf. CG25, n. 47). As tecnologias da comu-
nicação alteram o sentido de pertença e o modo de associação
enquanto criam mais comunidades, nas quais se inserem os usu-
ários com dispositivos sempre mais ligados à vida dos jovens. As
ações oferecidas e requeridas são escutar, reconhecer, responder,
estar com e fazer com numa realidade que mira à possibilidade
de experiências (quem sabe novas ou diferentes) que oferecem a
confiança recíproca como antídoto à extemporaneidade do con-
sumo. Estes novos espaços, como a social network favorecem
a atenção às histórias de vida dos jovens apresentando-as nas
narrações de si e nas reelaborações das vivências, com a possibi-
lidade de ajudá-los a se orientarem e optarem;
promoção e apreço de todas as formas e expressões de
comunicação (cf. CG24, n. 129), como a música, o teatro, o
cinema, a televisão, a fotografi a, os cartuns, as multimídias e
outras expressões da arte, com uma clara finalidade educativa e
evangelizadora. É preciso animar essas realidades comunicativas
para não só darem espaços sempre maiores à livre expressão e
à criatividade, mas também estimularem o gosto pelo belo em
todas as suas expressões (artes visuais, música, poesia, literatu-
ra, dança, teatro). Educar para a beleza significa envolver toda
a esfera da sensibilidade e da emotividade, a imaginação e a
criatividade, a capacidade de exprimir sensações e sentimentos
pessoais e compreender a expressão dos outros; ativa-se, assim,
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17.4 Page 164

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
um enriquecimento progressivo do próprio patrimônio expressi-
vo e da área da afetividade. A educação para a beleza comporta
ainda a formação à compreensão e ao uso das diversas lingua-
gens icônica, musical e poética.
25
O MOVIMENTO JUVENIL SALESIANO [ARTICULAÇÃO DA
JUVENTUDE SALESIANA]
Os Movimentos são criados por aqueles que, no grande único “movi-
mento” da Igreja, vivem a própria experiência cristã, eclesial, missioná-
ria... participando de um carisma particular. Os jovens do MJS vivem a pró-
pria vocação-missão eclesial segundo o carisma de Dom Bosco. De fato,
desde 2004, o MJS faz parte do Repertório das Associações Internacionais
de fiéis (Pontifício Conselho para os Leigos).
O MJS não é uma associação, mas é constituído por jovens que per-
tencem a várias associações ou grupos animados pela Pastoral Juvenil
Salesiana. Não sendo uma associação, abre as portas a todos, pois o
seu serviço é voltado à Igreja e a todos os jovens. Isso, na verdade, não
impede de testemunhar Cristo, compartilhar o seu Mistério com outros
jovens unidos pela mesma fé e anunciá-Lo com alegria a quem ainda
não o acolheu. O MJS participa do carisma salesiano, sendo sua expres-
são no âmbito laical juvenil.
A prática associativa, a vida de grupos, a ação comunitária das “Com-
panhias” foi uma experiência quase espontânea na vida de Dom Bosco,
criada naturalmente pela sua índole à socialidade e à amizade.
Dom Bosco, guiado pela intuição da alma juvenil, descobriu a grande
oportunidade oferecida pelos grupos e associações; adaptando-se às di-
versas e múltiplas exigências de seus jovens, criou muitas formas asso-
ciativas para eles.
O associacionismo juvenil é indispensável no projeto preventivo e popular
de Dom Bosco. É um lugar educativo e pastoral de absoluta importância
para o protagonismo dos jovens. Os grupos e as associações de tipo va-
riado são, por isso, “obra dos jovens”, embora promovidos pelos educa-
dores que estimulam com a própria ação o real protagonismo dos jovens
que participam deles e assumem de modo próprio a responsabilidade da
sua condução.
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17.5 Page 165

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Através da pluralidade de grupos e associações juvenis, queremos ga-
rantir uma presença educativa de qualidade nos novos espaços de so-
cialização dos jovens e animá-los para uma experiência significativa de
vida eclesial.
A Identidade e natureza do MJS
São dois os elementos de identidade que caracterizam o MJS: de um lado,
as referências à Espiritualidade Juvenil Salesiana e à pedagogia sa-
lesiana; de outro, a ligação entre os grupos e as associações para
cooperar reciprocamente no próprio esforço de formação segundo a pro-
posta educativo-pastoral salesiana:
o MJS une em comunhão os jovens dos diversos grupos, asso-
ciações e setores animados pela Espiritualidade Juvenil Salesia-
na, segundo a proposta educativo-evangelizadora de Dom Bos-
co; trata-se de um movimento juvenil inspirado em Dom Bosco,
concebido não só como “organização”, mas como dinamismo
espiritual com um núcleo comum de valores evangélicos que
suscita iniciativa apostólica e entusiasmo de vida. A identidade
do MJS é, portanto, a Espiritualidade Juvenil Salesiana (v. capí-
tulo IV), proposta de santidade na vida ordinária cotidiana. É a
santidade alcançada por Domingos Sávio, Laura Vicuña e mui-
tos outros da Família Salesiana;
os grupos são os sujeitos primeiros do MJS, nos quais os jovens
se encontram e se ajudam em seu caminho de crescimento. É
necessário ligar numa rede inspetorial os grupos existentes e os
que vão surgindo. A atenção primeira não se volta então para
um determinado tipo de grupo. O MJS valoriza todos eles, dos
esportivos aos dedicados a atividades significativas; dos que se
ocupam com o simples estar juntos aos que privilegiam ativida-
des práticas; dos ocupados em atividades de serviço aos volta-
dos para a oração e o encontro explícito com a mensagem cristã
e eclesial; dos centrados em interesses tidos como importantes
pelos adolescentes aos disponíveis a confrontar-se com as exi-
gências da fé; dos que vivem no limite entre comunidade cristã
e território àqueles nos quais o sentido de pertença eclesial é
muito forte. Sendo comunicantes entre si, são como uma rede
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17.6 Page 166

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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
em que todos se distinguem pelo valor educativo. Essa ligação
entre os grupos é atuada na partilha dos valores salesianos e na
coordenação de iniciativas comuns, ocasiões significativas de di-
álogo, confronto, formação cristã e expressão juvenil (cf. CG23,
n. 275-277). Trata-se, portanto, de um Movimento de referên-
cia, no qual cada grupo mantém a própria especificidade, unido
a outros por muitos elementos comuns.
O MJS é um movimento juvenil, educativo e mundial:
Juvenil, porque os jovens são os verdadeiros protagonistas do cresci-
mento educativo do movimento, acompanhados pelos próprios edu-
cadores, na responsabilidade que lhes é própria e no interior do único
projeto pastoral do território;
Educativo, porque oferecido a todos os jovens para fazer deles
sujeitos e protagonistas do próprio desenvolvimento humano e
cristão, com ousadia missionária, aberto aos distantes, com von-
tade de incidência no território e na sociedade civil e inserção e
colaboração na Igreja local;
Mundial, porque, indo além de cada realidade, estende-se ao mundo
todo nos diversos contextos culturais..
O horizonte do MJS é representado, então, por todos os jovens que se
movem ou vivem nos diversos ambientes e setores de animação pastoral das
obras salesianas, com diversos níveis e ritmos de envolvimento e empenho. O
“coração” do movimento é, sem dúvida, constituído pelos jovens animadores,
os líderes juvenis, que assumiram com clareza e decisão a proposta educativo-
evangelizadora salesiana e fazem da própria vida um testemunho para os
demais jovens. A tarefa da animação foi apresentada neste capítulo (ponto
2.3. “dimensão da experiência associativa”). Os jovens animadores do MJS
são objeto de atenção especial dos SDB, das FMA, dos SSCC e dos demais
membros adultos da Família Salesiana que os orientam e acompanham.
C Campos privilegiados de ação do MJS
O MJS organiza toda a sua atividade em função da pessoa dos jovens,
escolhendo os seguintes campos de ação:
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17.7 Page 167

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
educação e evangelização, acompanhando o jovem para a ple-
nitude da vida cristã mediante ambientes positivos de apoio
(modelos alternativos concretos de vida cristã), nos quais se res-
piram familiaridade e confiança;
associacionismo e vida eclesial, estimulando os jovens a empe-
nhar-se na vida da Igreja, com colaboração ativa;
trabalho apostólico, pessoal e comunitário, a serviço gratuito
dos outros e com uma “leitura salesiana” da realidade cotidiana
segundo o Evangelho;
ação sociopolítica, especialmente nas instituições civis que pro-
movem iniciativas para os jovens;
processos de comunicação e partilha (informações, notícias, ex-
periências) e também encontros comunitários nos diversos ní-
veis, segundo as possibilidades.
C Funcionamento e visibilidade do MJS
Mesmo que as realidades sejam muito diversas, estes aspectos
são fundamentais na animação:
o MJS torna-se visível através das diversas equipes de coorde-
nação local, inspetorial, nacional e dos vários continentes (qual-
quer que seja o grau de desenvolvimento e constituição); atra-
vés da participação comunitária nas várias convocações eclesiais
de ordem diocesana, nacional ou mundial, como pode ser a
Jornada Mundial da Juventude; mediante uma significativa re-
presentação junto às instituições civis que elaboram políticas a
favor do jovens. É importante, por isso, criar uma rede de infor-
mações e coligações entre os diversos grupos e associações do
MJS e também entre eles e os demais grupos e associações na
Igreja e no território;
ao lado das reuniões e atividades de cada grupo do MJS, são
reconhecidos como momentos fortes de experiência comuni-
tária de Movimento os encontros juvenis inspetoriais, nacio-
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PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO: INSTRUMENTO OPERATIVO
nais, internacionais e mundiais, as celebrações litúrgicas e as
festas salesianas, a formação dos animadores. Os encontros
juvenis estão entre os elementos caracterizadores do MJS,
como ocasiões significativas de comunicação entre os grupos
e circulação das mensagens e dos valores da Espiritualidade
Juvenil Salesiana;
embora em diversos níveis e cada um segundo a sua especifi -
cidade, os membros do MJS identifi cam-se de modo especial
com as figuras de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Por isso,
é preciso uma proposta formativa salesiana a ser oferecida aos
diversos grupos e associações como ponto de referência para o
seu plano de formação, na perspectiva da Família Salesiana;
a Inspetoria, em coordenação com as demais formas de presença
da Família Salesiana organizada no território, atua para que o Mo-
vimento seja considerado no contexto do PEPS, no qual o delegado
da pastoral juvenil com a sua equipe seja reconhecido como pro-
motor de todo o MJS como expressão juvenil da ação pastoral da
própria Inspetoria.
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17.9 Page 169

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VII VIII

17.10 Page 170

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PARTE
TERCEIRA
A concretização da Pastoral Juvenil Salesiana precisa de uma grande
variedade de elementos: pessoas, estruturas, atividades, recursos
materiais e programas que devem orientar-se adequadamente
segundo os objetivos, conteúdos e estratégias do Projeto Educativo-
Pastoral. Trata-se, segundo o presente documento, de tentar
examinar a forma concreta de estruturas e organizar os vários
elementos da prática educativa e pastoral, para garantir a sua
identidade, a coerência em relação aos objetivos do projeto e a
organicidade. Esta terceira parte é o “modelo operativo”.

18 Pages 171-180

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18.1 Page 171

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
172

18.2 Page 172

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL
JUVENIL SALESIANA
CAPÍTULO
VII
«Eu vos escolhi...
para dardes fruto»
(Jo 15, 16)

18.3 Page 173

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Realizamos a nossa missão principalmente com
atividades e obras nas quais é possível promover
a educação humana e cristã dos jovens, como o
oratório e o centro juvenil, a escola e os centros
profissionalizantes, os internatos e as casas para
jovens com problemas. Nas paróquias e residências
missionárias contribuímos para a difusão do
Evangelho e promoção do povo, colaborando com a
pastoral da Igreja particular mediante as riquezas
de uma vocação específica. Oferecemos nosso serviço
pedagógico e catequético na área juvenil por meio de
centros especializados. Nas casas de retiros atendemos
à formação cristã de grupos, especialmente juvenis.
Dedicamo-nos, além disso, a toda e qualquer outra obra
que tenha em vista a salvação da juventude»
(Const. 42)
Na tarde desse dia contemplei a multidão de
meninos a brincar, e pensava na messe abundante
que se ia preparando para o sagrado ministério.
Vendo-me agora tão só, falta de colaboradores,
forças esgotadas, saúde em estado deplorável, sem
saber onde no futuro reunir meus meninos, senti-me
profundamente comovido. Afastando-me um pouco,
pus-me a passear sozinho, e pela primeira vez quiçá
senti-me comovido até às lágrimas. Caminhando e
erguendo os olhos ao céu, exclamei: Meu Deus, por
que não me mostrais o lugar em que desejais que
reúna os meninos? Dai-me a conhecê-lo ou dizei-me o
que devo fazer»
(Memórias do Oratório, segunda década 1835-1845, n. 23)
174

18.4 Page 174

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Apresentam-se a seguir algu-
mas reflexões sobre as características mais importantes das
obras e dos serviços em que se concretiza a Pastoral Juvenil
Salesiana expressa no Projeto Educativo-Pastoral. Primeira-
mente, apresentam-se as obras e as estruturas mais organi-
zadas e tradicionais: o Oratório-Centro Juvenil, a Escola e o
Centro de Formação Profissional, a presença salesiana no En-
sino Superior, a paróquia e o santuário confiados aos salesia-
nos, e as obras e os serviços sociais para jovens em situação
de risco. Em seguida, as demais obras e serviços com que se
tenta ir ao encontro dos jovens e responder aos novos desafios
que nos são apresentados. Muitas dessas novas presenças
educativas e pastorais entre os jovens podem ser realizadas
também nas obras tradicionais e constituem um sinal do seu
esforço de renovação e qualificação pastoral.
175

18.5 Page 175

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 Uma pastoral orgânica:
unidade na diversidade
Na pastoral juvenil, as diversas atividades e intervenções são atuadas
com uma única e idêntica fi nalidade: a promoção integral dos jovens e
do seu mundo, superando a pastoral setorial e fragmentada. O objetivo
é alcançado com a comunhão operativa ao redor das grandes
finalidades, dos critérios de ação e das opções preferenciais dos
fatores que intervêm na ação pastoral, para criar entre si ligação e
inter-relação.
A convergência é exigida pelo sujeito – o jovem –, a quem se dirigem
as diversas propostas, pela Comunidade Educativo-Pastoral que deve
compartilhar as fi naildades e as linhas operativas e pela necessidade
de complementaridade entre as diversas intervenções, experiências e
modelos pastorais.
A organicidade da Pastoral Juvenil Salesiana é realizada mediante:
o Projeto Educativo-Pastoral Salesiano, que define em di-
versos níveis os critérios, objetivos e processos que orientam e
promovem a convergência e a comunhão operativa das múlti-
plas atividades, intervenções e pessoas na Comunidade Educa-
tivo-Pastoral;
a organização da animação e do governo pastoral da
Inspetoria e das obras, que garanta a comunicação e coor-
denação de todos os aspectos da vida salesiana ao redor dos
objetivos de educação e evangelização dos jovens (cf. CG23, n.
240-242).
176

18.6 Page 176

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 Os diversos ambientes
e atividades
Usamos o termo ambientes para indicar as estruturas educativas e pastorais
em que se realiza a missão salesiana segundo uma específica proposta
educativo-pastoral (cf. Glossário). Cada um desses ambientes cria uma
atmosfera e atua um estilo próprio de relações no interior da Comunidade
Educativo-Pastoral. A obra salesiana pode compreender vários ambientes
que se completam reciprocamente para exprimir melhor a missão salesiana.
2 1 O ORATÓRIO-CENTRO JUVENIL
2 1 1 A originalidade do Oratório salesiano
O Oratório de São Francisco de Sales em Valdocco foi a primeira obra
estável de Dom Bosco, que deu início a todas as outras. O ambiente
educativo construído no Oratório foi a resposta pastoral de Dom Bosco às
necessidades dos adolescentes e jovens mais carentes da cidade de Turim. Com
o catecismo, ele oferecia à maior parte deles diversão sadia, instrução elementar
e competências de trabalho para a vida. Dom Bosco soube garantir formação
e compromisso cristão aos jovens que lhe apresentavam desafios educativos
muito imperiosos.
A marca pessoal de Dom Bosco deu forma ao Oratório, e a sua práxis tornou-
se o critério preventivo aplicado pelos anos afora:
da aula inicial de catecismo à presença-participação na vida do
jovem, preocupando-se com suas carências, seus problemas e
suas oportunidades;
do oratório de “tempo limitado” à casa de “tempo integral”,
que se prolonga ao longo da semana com contatos pessoais e
atividades complementares;
177

18.7 Page 177

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
do ensino de conteúdos catequéticos ao programa educativo-
pastoral integral, o Sistema Preventivo;
de alguns serviços pensados para os jovens à presença familiar
dos educadores entre os jovens, nas atividades lúdicas e nas
propostas religiosas;
da instituição que tinha os adultos como referência à comunidade
de vida com os jovens, de participação juvenil, de convivência
aberta a todos;
do primado da programação ao primado da pessoa e das
relações interpessoais;
da paróquia centrada ao redor do culto e da devoção à ousadia
missionária de uma comunidade juvenil aberta aos jovens que
não conhecem a paróquia, nem têm qualquer referência nela.
O dinamismo próprio do Sistema Preventivo suscitava nos jovens o desejo
de crescer e amadurecer, passando das exigências imediatas de diversão ou
instrução a empenhos mais sistemáticos e profundos de formação humana
e cristã; e, envolvidos nas atividades, aprendendo a ser protagonistas de
atividades, os jovens aprendiam a ser animadores do ambiente educativo a
serviço dos companheiros.
O Oratório de Dom Bosco está na origem de toda a obra salesiana e constitui
o seu protótipo. Com essa inspiração desenvolvem-se os diversos projetos e
serviços evangelizadores da missão salesiana (cf. Const. 40).
O desenvolvimento histórico e a extensão da obra de Dom Bosco não modificaram
os princípios inspiradores nem as características próprias do Oratório salesiano.
Contudo, as novas situações socioeducativas e os fenômenos que
marcaram a condição juvenil, exigem a sua reatualização. Surgiu uma nova
concepção de tempo livre, realidade sempre mais valorizada em nossas sociedades
como espaço aberto a todo tipo de experiência social, cultural, esportiva, no
qual desenvolver as relações sociais e as capacidades pessoais. Nasceram novos
ambientes e agências educativas abertas ao protagonismo juvenil.
Em uma situação na qual o tempo livre dos jovens está saturado de muitas
atividades reguladas com sempre maior frequência por instituições civis com
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ATTIAVTITIVÀIDEAODPEESREE ODBERLLAAS PDAASPTAOSRTAOLREAGLIOJUVAVENNILIEL SALESIANA
recursos ingentes, o Oratório acolhe as exigências de atividades com atenção
ao coração oratoriano, ao estilo, à qualidade, convencido de que com o tempo
e a colaboração das famílias, as nossas propostas educativas sejam vencedoras.
Os Oratórios salesianos souberam adaptar-se às novas situações, com diversas
modalidades, assumindo também nomes diversos. Em alguns contextos,
entende-se por “Oratório” a programação, festiva ou cotidiana, destinada
especialmente aos meninos (crianças e pré-adolescentes); ele é aberto a um
público amplo, com métodos de abordagem que favorecem várias formas
de tempo livre e encontro religioso em seu ambiente. Por “Centro Juvenil”,
entende-se a estrutura destinada preferencialmente aos adolescentes e
jovens, mas aberta a todos com propostas variadas de crescimento integral,
com prevalência da metodologia de grupo em vista do comprometimento
humano e cristão. Com “Oratório-Centro Juvenil” compreende-se ao
mesmo tempo a realidade oratoriana aberta e também o trabalho pelos
jovens mais maduros (cf. Const. 28; Reg. 5, 7, 11-12, 24; CG21, n. 122).
Muitas obras da Congregação são atualmente Oratórios-Centros Juvenis,
que conduzem vários projetos educativos com uma ampla faixa de
destinatários, capazes de interessar e envolver os jovens. Eles assumem
múltiplas formas e características, em função das diversas áreas
geográficas, religiosas e culturais. Há, por exemplo, oratórios noturnos,
presenças itinerantes para jovens em situação de risco, oratórios regionais
ou de bairro ligados entre si em rede, oratórios que oferecem aos jovens
desocupados e à margem do sistema escolar a possibilidade de adquirirem
uma formação básica ou preparação para algum trabalho; alguns também
procuram recuperar jovens em situação de grave risco social.
2 1 2 A Comunidade Educativo–Pastoral do Oratório–Centro Juvenil
A A importância da CEP do Oratório-Centro Juvenil
O Oratório-Centro Juvenil é organizado em todos os lugares como
uma CEP composta de jovens, animadores, famílias, colaboradores e
comunidade salesiana. Todos se sentem chamados à participação
ativa e corresponsável, segundo as funções próprias de cada um.
Como Dom Bosco com seus jovens e colaboradores em Valdocco, deseja-
se fazer do Oratório-Centro Juvenil uma verdadeira e própria casa com
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
espaços concretos e bem definidos em ambiente de família, com um PEPS
compartilhado e um adequado acompanhamento dos grupos e das pessoas.
O Oratório-Centro Juvenil é um ambiente de ampla acolhida, aberto a grande
variedade de crianças, adolescentes e jovens, principalmente os mais carentes, e
com influência numa ampla zona social. Trata-se ao mesmo tempo de um espaço
educativo-pastoral especialmente adequado à acolhida e à atenção pessoal,
para além das relações meramente funcionais. O educador salesiano, desde
os primeiros encontros, sabe iniciar o diálogo com os jovens para motivá-los e
envolvê-los sempre mais, corresponsabilizando-os gradualmente nas atividades e
nos processos de grupo dos quais participam. Desde os tempos de Dom Bosco, o
protagonismo juvenil é característico na CEP do Oratório-Centro Juvenil salesiano.
A CEP nos Oratórios-Centros Juvenis vive a realidade dos jovens, faz suas as
inquietações, os problemas e as expectativas deles, e abre espaços para viver e
empenhar-se no próprio mundo. Com sua gestão flexível e criativa é capaz de
adequar-se à diversidade e espontaneidade típicas da educação oratoriana. É
certamente uma presença educativa e pastoral de referência significativa no
mundo dos jovens.
B Os sujeitos da CEP do Oratório-Centro Juvenil
Os jovens são o centro da vida da CEP do Oratório-Centro Juvenil
Salesiano, de suas opções e propostas. Isso torna possível aos jovens
reconhecerem-se como capazes de julgar e decidir sobre as questões que se
referem a eles conseguindo realizá-las; estarem cientes das oportunidades que
lhes são oferecidas com essa finalidade tendo acesso aos meios necessários;
e envolverem-se na organização do Oratório-Centro Juvenil de acordo com
seu projeto educativo no respeito aos níveis de decisão dos diversos órgãos.
A CEP do Oratório-Centro Juvenil Salesiano está em constante construção
e precisa de pessoas que animem o seu projeto na convergência das
iniciativas educativas. Os animadores jovens, identifi cados no estilo e
no carisma salesiano, assumem a proposta educativa do Oratório-Centro
Juvenil e animam ativamente a sua realização.
O animador é um educador que caminha com os jovens, descobre com eles,
deixa-se questionar por eles e sabe propor com entusiasmo e firmeza novas
metas de amadurecimento pessoal; faz experiência do processo educativo
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
que anima respondendo à vocação e ao projeto de vida que o fazem crescer
como pessoa; está ciente de ser, tanto dentro como fora do Oratório-Centro
Juvenil, um animador e, portanto, um educador que vive os valores que
propõe. Os animadores estão cientes de que a vida do Oratório-Centro
Juvenil depende em grande parte deles, pela função diretiva e organizativa
com que são chamados a serem os dinamizadores da vida do próprio
oratório. Por isso, devem ser objeto de especial atenção, acompanhamento
e cuidado da parte dos responsáveis do Oratório-Centro Juvenil.
O serviço de animação é realizado no estilo de voluntariado e gratuidade;
conforme a situação da região ou das diversas estruturas, para o bom
funcionamento do Oratório-Centro Juvenil e a melhor atenção aos jovens,
também se pode profissionalizar os papéis.
O Oratório-Centro Juvenil e o seu projeto têm como destinatários não só os
jovens, mas também os salesianos, agentes protagonistas e, ao mesmo tempo,
destinatários da oferta pastoral. Por isso, todos os salesianos da casa, e não
só os encarregados, têm a função específica de animação do Oratório-Centro
Juvenil, o que coloca os salesianos na condição de estabelecer com os jovens a
mesma relação de Dom Bosco, com o testemunho da comunhão fraterna e da
abertura cordial. A comunidade religiosa também oferece experiências de fé e
oração, compartilhadas com eles, e iniciativas para viverem juntos os processos
de formação permanente e participação ativa na elaboração, realização e
revisão periódica do PEPS local. Nas presenças e obras oratorianas geridas
integralmente por leigos, garanta-se sempre a referência ao PEPS inspetorial.
São próprios da pastoral oratoriana os processo de orientação da corresponsabi-
lidade dos adultos que compartilham com os jovens o ambiente de amizade, a
proposta educativa de vida e a experiência de família e comunidade. Sua presen-
ça constante é um elemento de estabilidade e maturidade importante na vida
variável do Oratório-Centro Juvenil. Entre os adultos, sobressaem aqueles com
funções específicas de animação, como podem ser os pais e os referentes
familiares ou os membros da Família Salesiana.
2 1 3 A proposta educativo–pastoral do Oratório-Centro Juvenil
A proposta do Oratório-Centro Juvenil torna-se realidade através de
itinerários em função dos interesses dos jovens. O jovem, escolhendo
entre as diversas possibilidades de participação oferecidas, pode pôr-se
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
no caminho mais adequado à própria condição e ao próprio nível de
amadurecimento.
Dê-se atenção ao risco, sempre muito presente, de centrar a dinâmica
do Oratório-Centro Juvenil quase exclusivamente nas atividades lúdico-
recreativo-culturais próprias da pastoral educativa salesiana. Requer-se
uma refl exão para repensar a identidade do Oratório e do Centro
Juvenil e recriar a sua metodologia educativo-pastoral original.
A Um processo de evangelização
A proposta do Oratório-Centro Juvenil é finalizada à pessoa do jovem,
com uma visão cristã da vida a qual se tende. A nossa é uma proposta
cristã de educação, cujo núcleo ativo é a Espiritualidade Juvenil Salesiana.
Nossa fé em Jesus Cristo abre-nos à visão cristã da vida, fala-nos da
forma de vida que deve animar o Oratório-Centro Juvenil. Neste ambiente
pastoral, os jovens poderão descobrir aos poucos um espaço rico de
valores evangélicos que os orienta na experiência de fé na vida prática de
todos os dias. São oferecidos, também, itinerários variados conforme a
idade do destinatário, percursos graduais de educação e personalização
da fé, celebrações festivas da fé e dos sacramentos, educação para o
compromisso cristão no próprio ambiente conforme a vocação pessoal e o
amadurecimento do projeto pessoal de vida na Igreja e na sociedade.
O Oratório-Centro Juvenil é uma obra de mediação, de “fronteira”
entre Igreja, sociedade urbana e faixas populares juvenis, que
garante a busca e o contato com os jovens. Como trabalho limítrofe
entre os campos religioso e civil, entre o mundo secular e o eclesiástico,
o Oratório oferece respostas educativas e evangélicas aos desafi os e às
urgências mais sentidas, particularmente aquelas que referem aos últimos.
É um ambiente salesiano de agregação juvenil com identidade cristã, no
qual os espaços estão abertos a todos os que nele desejarem entrar.
O Oratório-Centro Juvenil é um lugar privilegiado para os
animadores. Nele vivem a fé pessoal e comunitariamente, com atitudes
de abertura ao serviço dos mais carentes. A mesma oportunidade também
é dada às crianças e aos jovens; com seu exemplo e testemunho, eles
questionam as famílias e os jovens afastados da vida da Igreja.
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Uma educação em estilo salesiano
A ação educativa dos Oratórios-Centros Juvenis tem como referência
constante o Oratório de Valdocco que evoca a profunda unidade da
nossa proposta, ao mesmo tempo educativa e evangelizadora, e
nos impele a viver as atitudes fundamentais que lhe dão vida: sensibilidade
educativa e intencionalidade evangelizadora.
O critério preventivo promove experiências positivas, dá motivação e
procura responder às aspirações e aos interesses mais profundos dos
jovens. Sublinham-se, por isso, os seguintes elementos:
abertura do Oratório Centro-Juvenil a todos os jovens, especialmente
aos mais pobres e aos jovens em situação de risco, que nem sempre
conseguem integrar-se em outras estruturas e propostas educativas;
acompanhamento das forças mais profundas e pessoais de cada
um: a razão, o afeto e a busca de Deus;
clima de alegria e de festa, que favorece o otimismo e a visão
positiva da vida;
animação como opção educativa, que se concretiza na presença
ativa dos educadores entre os jovens, na abertura a todos e
a cada jovem em particular, na força libertadora do amor
educativo, na confi ança na pessoa e nas forças positivas e de
bem que encerra em si mesma;
criatividade e espírito de inovação, que recusam a rotina, a
indiferença ou o conformismo;
senso do dever e da responsabilidade nas formas concretas do
empenho pessoal e do serviço aos outros. O Oratório-Centro
Juvenil busca novos métodos pastorais para responder às
necessidades mais imediatas da grande massa de jovens, sem
esquecer as propostas mais empenhativas e exigentes aos jovens
disponíveis para um itinerário formativo de maior profundidade.
O âmbito educativo da organização associativa consolidou a experiência singular
da pedagogia pastoral de Dom Bosco. Ela oferece, portanto, uma ampla e
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19.3 Page 183

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
articulada proposta de grupos e associações em função dos interesses
juvenis ao redor dos quais se organizam: grupos espontâneos nos quais
prevalecem os líderes naturais e os interesses imediatos; grupos propostos
com itinerários formativos específicos conforme os vários âmbitos esportivos,
culturais, sociopolíticos, ecológicos, de comunicação social, aprofundamento
religioso, sensibilização missionária, animação interna, voluntariado.
C Uma educação inserida na sociedade para transformá-la
A CEP do Oratório-Centro Juvenil insere-se na Igreja local e no território
e a eles está aberta; ela é uma célula viva da sociedade e da Igreja,
uma comunidade de fé e de vida. Através do nosso contínuo trabalho
educativo e do envolvimento dos jovens nestes processos, colaboramos
principalmente para a renovação da sociedade, a partir dos contextos
mais próximos até os ambientes mais alargados e às estruturas.
Portanto, na ação educativa preocupamo-nos com:
a sensibilidade por tudo o que nos rodeia e a superação da
passividade conformista e da indiferença;
a capacidade de analisar a realidade e despertar atitudes de
serviço e solidariedade, pondo em ação iniciativas que ajudem a
conhecer os ambientes de insatisfação juvenil na região;
a valorização da família e a contribuição que os jovens lhes
podem oferecer;
os momentos de “portas abertas” e disponibilidade dos locais para
as atividades do território, em sintonia com a finalidade do Centro;
a participação em contextos sempre mais amplos – o bairro,
a cidade ou o País –, a partir do empenho ativo e crítico das
situações sociais em que vivemos. Em sua relação com o
território, a comunidade oratoriana sabe dialogar também com
as instituições para uma ação em rede.
Sendo os Oratórios-Centros Juvenis uma presença de Igreja, requer-
se que estejam inseridos corresponsavelmente nas diversas estruturas
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19.4 Page 184

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
de participação (conselho pastoral da paróquia e/ou da região) e
qualifiquem o PEPS em convergências e diálogo com as linhas da
pastoral diocesana. Como o Oratório-Centro Juvenil Salesiano é
uma presença pastoral no mundo juvenil, seus programas educativo-
pastorais são particularmente significativos: aproximam a Igreja dos
jovens e promovem a sua evangelização na pastoral de conjunto (ver o
presente capítulo VII, n. 2.4.4/b).
D Uma experiência para o amadurecimento vocacional
A admirável empresa de formação da pessoa faz entrar em jogo
alguns dinamismos que a pedagogia do acompanhamento educativo
no Oratório-Centro Juvenil deve favorecer. O PEPS local do
Oratório-Centro Juvenil prevê para os jovens um serviço de
acompanhamento. Com a direção espiritual, a prática cuidadosa
da oração e a pedagogia do projeto pessoal de vida amadurece
gradualmente o discernimento para escolhas responsáveis: trabalhos
estáveis em favor de outros, a missão de pais, o exercício consciente
da profissão, outros ministérios e serviços apostólicos na Igreja. É
importante, neste aspecto, o acompanhamento dos ex-oratorianos
para sua inserção responsável na vida social e eclesial.
O Oratório-Centro Juvenil promove a cultura vocacional em todas as
experiências de voluntariado social: projetos de férias, campos de missão,
atividades didáticas para crianças e adolescentes, apoio solidário à
comunidade do bairro, iniciativas em relação à ecologia e outras atividades.
2 1 4 Animação pastoral orgânica do Oratório-Centro Juvenil
A Principais intervenções da proposta
1 O Oratório-Centro Juvenil Salesiano é uma casa aberta aos adolescen-
tes e jovens do bairro e da região: um lugar físico de referência. O
ambiente educativo é o resultado de uma série de encontros significati-
vos, de histórias e nomes próprios, de qualidade das relações humanas.
“O ambiente oratoriano” não é criado, portanto, apenas para manter
as portas abertas e os jovens terem tudo à disposição. O valor da pro-
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19.5 Page 185

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
posta educativa do Oratório-Centro Juvenil Salesiano está no acompa-
nhamento da pessoa, sujeito dos processos de crescimento e objeto das
ações educativo-pastorais.
2 A assistência salesiana é a proximidade real, afetiva e efetiva dos edu-
cadores com os jovens, mesmo fora do ambiente físico do Oratório-Cen-
tro Juvenil, em seus espaços vitais; é estilo salesiano de encorajamento
e intervenção pedagógica nos processos da missão. A presença ativa e
animadora de salesianos e educadores leigos entre os jovens é uma exce-
lente forma de comunicação educativa e evangelizadora (CG24, n. 131).
3 A pluralidade de propostas, atividades e experiências, que carac-
teriza a pastoral oratoriana salesiana, requer uma animação coordena-
da e convergente, da qual alguns critérios fundamentais são finalizados
à promoção de diversos grupos de atividades e de formação segundo
a idade e os interesses, e ao associacionismo juvenil, como participação
no Movimento Juvenil Salesiano.
A proposta oratoriana é múltipla e variada (esportiva, recreativa, cultural,
social, ecológica) quanto aos aspectos mais significativos da vitalidade
e do processo de desenvolvimento dos jovens. Entre as atividades mais
específicas do Oratório-Centro Juvenil estão a diversão e o esporte, tanto
espontâneo como organizado, e tudo o que se refere à cultura, à música,
ao teatro e à comunicação social, em suas diversas expressões; excursões
e turismo juvenil, acampamentos, atividades solidárias e missionárias.
É importante envolver a participação dos jovens no planejamento, reali-
zação e revisão das atividades, através dos vários grupos e associações.
É bom que todas as atividades sejam bem articuladas e coordenadas,
de modo a poderem desenvolver com os jovens as suas possibilidades
educativas intrínsecas. O que é proposto deve corresponder aos objeti-
vos formativos previstos no PEPS do Oratório-Centro Juvenil.
É necessário coordenar os tempos, os meios e as modalidades edu-
cativas do Oratório-Centro Juvenil com os dos demais ambientes ou
setores de atividade da casa-presença salesiana.
4 A qualidade da formação sistemática exige dedicar um esforço con-
tínuo de qualificação educativa, cristã e salesiana das pessoas e dos re-
cursos. Somente nessas condições os jovens animadores serão capazes
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
de assumir responsabilidades. Os programas da escola, dos animadores,
acampamentos, cursos, retiros, encontros e das demais atividades de
formação sobre temas educativos, culturais ou salesianos significativos
devem valorizar as experiências da vida cotidiana.
B Estruturas de participação e responsabilidade
Todos são corresponsáveis na animação, mas devem-se evidenciar algumas
funções específicas.
Animação local
O coordenador do Oratório-Centro Juvenil local não deverá minimizar
a participação e a corresponsabilidade dos demais membros do Centro,
mas incentivá-las, abrindo canais para o seu desenvolvimento. É salesiano
ou leigo com a vocação de trabalhar entre os jovens, com simpatia e
competência; com espírito apostólico, capacidade de relações diretas e
profundas com os colaboradores, de presença estimulante entre os jovens;
com criatividade e determinação para renovar propostas e comunicar
entusiasmo; com a preocupação pela unidade operativa da equipe e seu
crescimento na fé.
Em sintonia com a comunidade salesiana, promove o PEPS, elaborado,
efetivado e avaliado com a CEP; coordena os educadores que trabalham
no Oratório-Centro Juvenil e os vários grupos e comissões; promove a sua
ligação e colaboração com as demais forças atuantes em favor do mundo
juvenil no território e na Igreja local; e garante a inserção do Oratório-
Centro Juvenil na comunidade cristã paroquial.
A função do grupo de animadores, parte integrante da CEP, é ser
referência para os jovens com suas vidas. Os educadores do Oratório-
Centro Juvenil são os animadores de grupo, os treinadores esportivos,
os educadores das oficinas artísticas. Trabalham juntos e acompanham o
processo continuado de formação como educadores.
As funções de animação são coordenadas também mediante outros
organismos. Entre eles, é importante o Conselho do Oratório-Centro
Juvenil ou Conselho da CEP do Oratório-Centro Juvenil (cf. CG24,
n. 161). Sua composição e seu funcionamento obedecem a esquemas e
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19.7 Page 187

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
critérios dinâmicos, mas também de continuidade, segundo as orientações
do Inspetor com seu Conselho (CG24, n. 171).
Suas principais responsabilidades são avaliar e promover a programação
pastoral anual segundo as principais exigências da condição juvenil e as
linhas de orientação do PEPS local; coordenar as várias propostas educativas
das associações e dos grupos e cuidar da harmonização e integração entre
as diversas intervenções pastorais; favorecer o associacionismo salesiano,
a partilha de informações e a coordenação entre os vários grupos e
associações; manter estreito relacionamento com o território e com todos
os que trabalham pela educação dos jovens, favorecendo intervenções
e propostas adequadas para situações de marginalização e de risco. No
interior do Conselho e sob o seu controle, podem-se criar comissões com
encargos específicos para os ambientes ou setores de atividade.
O Projeto do Oratório-Centro Juvenil deve favorecer algumas estruturas
de participação para as famílias. Por isso, conforme as instâncias
locais de coordenação, no Projeto do Oratório-Centro Juvenil, também
as famílias dos oratorianos são corresponsáveis, garantindo sempre o
protagonismo dos jovens.
Com o PEPS, os estatutos e/ou normas/regulamentos de
funcionamento concreto são elemento da organização local. Neles,
sejam especifi cados: de quem a entidade depende e a personalidade
jurídica do Centro; a pessoa responsável nomeada pela acima indicada
entidade; os órgãos de participação e as competências pessoais e colegiais;
a relação com os órgãos de participação e animação da obra salesiana,
com as famílias e com os organismos civis e eclesiais.
Animação inspetorial/nacional
A Comissão inspetorial para o acompanhamento dos Oratórios-
Centros Juvenis participa da animação da Pastoral Juvenil na Inspetoria. O
Coordenador e os membros da Comissão garantem a elaboração, atuação
e avaliação do Projeto Educativo Pastoral Inspetorial dos Oratórios-Centros
Juvenis, em conformidade com o PEPS inspetorial.
Para a animação orgânica e coordenada em rede, é necessária uma
sinergia entre as comissões inspetoriais de Oratórios-Centros Juvenis,
Escolas, Paróquias, MJS, Animação vocacional, Animação missionária e
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Voluntariado, Comunicação Social. A Comissão Inspetorial de Formação
garante o acompanhamento formativo dos jovens salesianos que, pela
sua ação apostólica, são indicados para a gestão e animação do Oratório-
Centro Juvenil.
Para a animação e coordenação deste ambiente da missão salesiana inspetorial
é particularmente importante o Escritório Inspetorial de Planejamento e
Desenvolvimento, para garantir a sustentabilidade do projeto, em acordo
operativo com a Delegação inspetorial para a Pastoral Juvenil.
Em âmbito nacional, onde houver duas ou mais comissões inspetoriais
de Oratórios-Centros Juvenis, estas devem ser coordenadas e atuar
segundo um projeto compartilhado e participar das redes mais extensas.
A ação dos Oratórios-Centros Juvenis não termina nos bairros da cidade.
O trabalho em rede requer coordenação ampla para estar presente nos
fóruns de opinião, no mundo do trabalho juvenil, nas organizações para
a infância e os jovens, que têm influência nas decisões que se referem às
políticas juvenis (prevenção educativa, ação social, formação e promoção
do voluntariado, animação sociocultural, promoção do tempo livre
educativo).
22
A ESCOLA E O CENTRO DE FORMAÇÃO
PROFISSIONAL SALESIANO
2 2 1 A originalidade da escola e do Centro de Formação
Profissional salesiano
A formação profissional e a escola salesiana surgiram em Valdocco para
responder às necessidades concretas da juventude e inserem-se num
projeto global de educação e evangelização dos jovens, sobretudo
os mais carentes. Animado pelo desejo de garantir dignidade e futuro aos
seus jovens, Dom Bosco deu vida às oficinas de artes e ofícios, ajudando ao
mesmo tempo os jovens na busca de trabalho e providenciando contratos
para eles, impedindo que fossem explorados. Esse serviço e essa preparação
serão enriquecidos com a vocação e a presença do Salesiano Coadjutor.
Foi essa a matriz dos atuais Centros de Formação Profissional (CFP) que
procuram promover a formação humana, cristã e profissional dos jovens.
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Foi Dom Bosco quem mandou seus
filhos às Universidades do Estado,
confiando-lhes em seguida o ensino até
de matérias profanas. Dom Bosco tinha
ideias muito claras sobre a unidade
do homem, e consequentemente sobre
a necessidade de uma ação educativa
integral. Sabia, na verdade, que uma
A proposta responde a predisposi-
ções, habilidades e perspectivas de
muitos deles que, ao final da for-
mação de base, aspiram inserir-se
no mundo do trabalho. A forma-
ção profissional é um instrumento
para o amadurecimento humano
integral e a prevenção da insatisfa-
ção juvenil, além da animação cristã
das realidades sociais e do desen-
volvimento do mundo empresarial.
ação pastoral forma ao mesmo tempo
“cidadãos honestos” e “bons cristãos”.
Neste sentido, ele via na escola um
momento formativo providencial»
(CG20, N. 234)
Sempre atento às necessidades
juvenis, Dom Bosco alargou a sua
ação promovendo o surgimento
das escolas salesianas. Ele intuía
que a escola é instrumento
indispensável para a educação,
lugar de encontro entre a cultura e a fé. Consideramos a escola como uma
mediação cultural privilegiada de educação; uma instituição determinante
na formação da personalidade, porque transmite uma concepção de
mundo, de homem e de história (cf. A escola católica, n. 8). O ambiente
“escola” desenvolveu-se muito na Congregação como resposta às
exigências dos próprios jovens, da sociedade e da Igreja. Tornou-se um
movimento de educadores solidamente comprovado no front escolar.
Há também os Centros de Formação Pré-profissional com formulação
e atuação especiais de propostas diversificadas: itinerários de orientação,
instrução e formação, atualização, requalificação, inserção e reinserção
social e no ambiente de trabalho, promoção do empreendedorismo
social. Contribuem para o sucesso pessoal de cada um e dirigem-se
para uma ampla tipologia de destinatários: jovens da escola obrigatória;
jovens e adultos em busca de trabalho; jovens em dificuldade ou em
situação de abandono escolar; migrantes ou aprendizes. Esses itinerários
preveem uma proposta intensamente individualizada para retornar ao
sistema escolar e formativo ou para ser iniciado no mundo do trabalho.
A formação pré-profissional compreende, de fato, uma série de
intervenções adequadas para tornar o sujeito ciente do atual contexto
de trabalho e preparado para enfrentar do melhor modo as fases de
acesso à profissão.
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19.10 Page 190

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Algumas Inspetorias oferecem serviço de internato para jovens
que frequentam as escolas/CFP. Os internatos são dotados de uma
estrutura residencial que permite a permanência do aluno durante o
dia todo, também no período noturno. É um ambiente adequado ao
estudo em clima de convivência serena. Os jovens são constantemente
acompanhados por uma equipe de educadores. A figura do educador
assume grande importância nos internatos, assistindo e aconselhando
os alunos nas horas de estudo e recreação; senta-se à mesa com eles
e acompanha-os durante a jornada. Em alguns casos, cuida da sua
formação humana e cultural, que serve de apoio ao estudo diário. A
jornada do interno articula-se entre o tempo-escola, o tempo-estudo e
o tempo recreativo, esportivo e espiritual.
2 2 2 A Comunidade Educativo-Pastoral da escola /CFP salesiano
A A importância da CEP da escola/CFP salesiano
Nos decênios entre fins do século XX e início do século XXI procurou-
se passar do modelo educativo institucional ao modelo educativo
comunitário, da atitude de delegação educativa a algumas pessoas
especialmente consagradas a isso (religiosos, professores) ao esforço
de participação ativa de todos os envolvidos no fato educativo. A CEP
é o novo sujeito da responsabilidade educativa e do ambiente
educativo. Nas escolas e nos CFP salesianos a convergência das
intenções e convicções de todos os membros da CEP encontra sua
correspondência na realização do PEPS.
Reconhecemos o valor fundamental da formação profissional e da
escola como âmbitos nos quais o Evangelho ilumina a cultura e se
deixa interrogar por ela; cria-se assim uma integração eficaz entre o
processo educativo e o processo de evangelização. Essa integração
constitui uma alternativa educativa importante no atual pluralismo
cultural, ético e religioso da sociedade. A atual realidade sociopolítica
e cultural, as novas orientações de renovação escolar nos diversos
Estados e a própria realidade interna das escolas, apresentam desafios
novos e dificuldades complexas. É preciso concretizar os critérios e
as estratégias que, enfrentando esta complexidade, orientem a
realização do PEPS.
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20 Pages 191-200

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20.1 Page 191

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Os sujeitos da CEP da escola/CFP salesiano
Os alunos são os protagonistas primários do itinerário formativo;
eles participam de modo criativo da elaboração e atuação desse itinerário
em suas várias fases; crescem na capacidade relacional mediante o
exercício de participação escolar e formativa. Respondendo à demanda
explícita dos jovens de receber uma séria preparação cultural e profissional,
a escola/CFP promove neles a demanda implícita do sentido da vida. A
escola/CFP dá início a itinerários, atividades e iniciativas que respondem
essencialmente a essa preocupação.
Segundo a expressão de Dom Bosco, os educadores criam com os
jovens uma “família”, uma comunidade juvenil em que os interesses e
as experiências dos jovens são postos como fundamento de todo o arco
educativo. Os educadores não só ensinam, mas “assistem”, trabalham,
estudam e rezam com os alunos. São pessoas disponíveis a estarem com
os jovens, capazes de assumirem os seus problemas. «Mestres na cátedra
e irmãos no pátio» (Dom Bosco).
Entre os educadores, assinalamos o pessoal docente/formador, salesianos
e leigos, inseridos plenamente no trabalho educativo-pastoral, segundo o
projeto salesiano e a própria competência profissional:
A escolha dos leigos é expressão de uma decisão atenta e
ponderada, que exige equilíbrio, seriedade e teor de vida
coerente; leigos que assumem com alegria o trabalho educativo,
abertos aos intereses pedagógicos próprios da escola ou dos CFP
salesianos. Eles têm competência profissional, disponibilidade
para a atualização sistemática e participam ativamente dos
encontros de planejamento e revisão. Seu profissionalismo
educativo valoriza a relação interpessoal e conota-se por uma
fundamental dimensão ética, entendida como testemunho
pessoal, que favorece a interiorização dos valores pelos alunos. Os
docentes e formadores leigos oferecem a própria experiência de
vida laical, exprimem-na cultural e profissionalmente em opções
de vida, conhecimentos e atividades operacionais, também nas
várias iniciativas paraescolares e formativas, e fora delas.
Por sua vez, os docentes e formadores religiosos testemunham
a própria experiência de pessoas consagradas, estimulam a
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
busca de novos modos de fazer cultura e formação segundo a
visão cristã da vida, do homem e da história.
O pessoal auxiliar e administrativo contribui na ação educativa de
modo particular através do cuidado do ambiente, do estilo relacional e do
bom funcionamento logístico e organizativo.
Aos pais, como responsáveis diretos do crescimento dos filhos, compete
de modo especial o diálogo com os educadores e formadores; eles
participam pessoalmente, através dos órgãos colegiados, da vida da escola
e do CFP em seus momentos de programação, revisão educativa e ação
nas atividades de tempo livre.
O Sistema Preventivo de Dom Bosco inspira-se na família e é praticado em
relações familiares. Ele faz parte das nossas escolas e dos nossos centros de
formação profissional, sendo proposto aos pais como modelo de relação e
crescimento no diálogo educativo com os filhos.
2 2 3 A proposta educativo-pastoral da escola e do CFP salesiano
As escolas e os CFP salesianos são duas estruturas de formação
sistemática com características próprias, mas sempre em
profunda relação. Não há verdadeira escola salesiana que não inicie
para o trabalho, nem há verdadeiro CFP salesiano que não leve em
conta a elaboração sistemática da cultura. O educador tem a tarefa e
a arte de pensar no conteúdo do seu ensinamento do ponto de vista
do desenvolvimento educativo integral dos jovens, a serviço do seu
crescimento pessoal.
É oportuno recordar sinteticamente alguns traços essenciais da práxis
educativo-pastoral que faz da Escola e do CFP salesianos um meio
privilegiado de formação, elemento válido de promoção popular e
ambiente de evangelização de particular eficácia:
A A inspiração nos valores evangélicos e a proposta de fé
Sublinha-se a atual urgência da ação evangelizadora em nossas instituições
educacionais. Inserimo-nos no panorama dos CFP e das escolas católicas
193

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
com o patrimônio pedagógico herdado de São João Bosco e desenvolvido
pela tradição sucessiva (cf. CG21, n. 130).
É preciso que a instituição educativa ofereça uma proposta educativo-
pastoral, permanecendo aberta aos valores compartilhados nos
contextos, promova a abertura e o aprofundamento da experiência
religiosa e transcendente e repense a “mensagem evangélica” aceitando
o confronto vital com o mundo das linguagens e os questionamentos da
cultura. Por isso:
organiza a atividade à luz da concepção cristã da realidade, da
qual Cristo é o centro (cf. A escola católica, n.33);
orienta os conteúdos culturais e a metodologia educativa segun-
do uma visão de humanidade, de mundo, de história inspirados no
Evangelho (cf. A escola católica, n.34);
promove a partilha dos valores educativo-pastorais expressos
principalmente no PEPS (cf. A escola católica, n.66);
favorece a identidade católica através do testemunho dos educa-
dores e a constituição de uma comunidade de crentes animadora
do processo de evangelização (cf. A escola católica, n.53).
B A educação eficiente e qualificada
Entre os muitos modos pelos quais se pode realizar a evangelização,
nós salesianos privilegiamos aqueles nos quais a preocupação
educativa é mais respeitada e as exigências de um correto processo
educativo são mais bem garantidas. Em sentido amplo, a educação é
uma intervenção “projetada” (com finalidades precisas, papéis definidos,
experiências adequadas) e em sinergia de esforços (CEP). Nessa ótica, as
escolas e os CFP salesianos oferecem uma proposta educativo-cultural de
qualidade, na qual:
as dinâmicas de ensino e aprendizagem estão inseridos numa
sólida base educativa;
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
se cultiva a atenção contínua e crítica aos fenômenos da cultura,
do mundo do trabalho e da comunicação social;
se oferece a abordagem pedagógico-metodológica de processos,
que favoreça nos jovens a descoberta do seu projeto de vida;
se amadurece a visão humana e evangélica do trabalho,
entendido não unicamente como tarefa a realizar na organização
social, mas como modalidade privilegiada de comunicação,
expressão de si, autorrealização, relações interpessoais e sociais
sempre novas, contribuição da pessoa ao melhoramento do
mundo em que vive e age;
se garante a atualização contínua da qualificação profissional
e da identidade salesiana de todos os membros da CEP com
processos sistemáticos de formação permanente;
se favorece uma adequada pedagogia e um adequado
planejamento da ação educativa preocupando-se com a relação
estreita dos objetivos educativos, didáticos e pastorais.
É obrigatório garantir a formação ao profissionalismo, para o jovem
ser envolvido num processo de educação completa em que, além das
competências relativas ao trabalho, aprende os direitos e deveres de
cidadania ativa; experimenta comportamentos sociais marcados pela
colaboração, pela responsabilidade individual e pela solidariedade;
aumenta os próprios conhecimentos culturais; estrutura a sua identidade
de modo adequado para integrar-se no tecido social e civil.
195

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
C A pedagogia salesiana
A escola e os CFP salesianos atingem sua finalidade com o método e o
estilo educativo de Dom Bosco (CG21, n. 131). A vivência dos seguintes
aspectos oferece a configuração típica dos nossos centros educativos:
animar, orientar e coordenar de modo oratoriano, fazendo da
instituição uma família em que os jovens têm «a própria casa»
(Const. 40);
sublinhar a personalização das relações educativas, fundadas na
confiança, no diálogo e na presença-assistência dos educadores
entre os jovens;
assumir a integralidade da vida dos jovens, tornando os
educadores participantes dos interesses juvenis e promovendo
as atividades de tempo livre como o teatro, o esporte, a
música, a arte;
preparar para enfrentar responsavelmente a cidadania ativa na
vida familiar, na sociedade civil e na comunidade eclesial.
D A função social e a atenção aos mais carentes
Os itinerários escolares são abertos à pluralidade de experiências e
podem ser coordenados pela escola e pelo CFP comunicando-se também
fora deles. Os educadores acompanham a inserção dos jovens na
realidade, em colaboração com entidades e agências educativo-
formativas. A inserção plena dos jovens na vida local e a aceitação
por eles de responsabilidades representam uma meta do itinerário de
educação integral na escola e no CFP salesianos. Nossas escolas e CFP
propõem-se a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa
e digna do homem. Por isso:
procuram localizar-se em regiões mais populares dando
preferência aos jovens mais carentes;
denunciam toda condição discriminatória ou ocorrência de
exclusão;
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20.6 Page 196

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
privilegiam o critério do
acompanhamento de
todos em vez do critério
da seleção dos melhores;
«A escola salesiana seja popular pela
promovem a sistemática
formação social de seus
membros;
localização, pela cultura e pelos rumos
que privilegia, e pelos jovens que acolhe”.
Organize serviços úteis à população
da região, como cursos de qualificação
privilegiam a inserção
justa dos jovens no mun-
do do trabalho e o seu
acompanhamento edu-
profissional e cultural, de alfabetização e
recuperação, fundos para bolsas de estudo
e outras iniciativas»
(REG. 14)
cativo, mantendo conta-
to sistemático com o mundo empresarial;
tornam-se centros de animação e de serviços culturais e educativos
para a melhoria do ambiente, privilegiando os currículos,
especializações e programas que respondam às necessidades dos
jovens da região (cf. CG21, n. 129, 131);
praticam a proximidade e a solidariedade, com a disponibilidade
das pessoas e dos locais, a oferta de serviços de promoção
abertos a todos, a colaboração com outras instituições
educativas e sociais;
promovem a presença significativa no mundo dos ex-alunos
para se inserirem de modo ativo e propositivo no diálogo
cultural, educativo e profissional em ação no território e na
Igreja local.
2 2 4 A animação pastoral orgânica da escola e do CFP salesiano
A Principais intervenções da proposta
1 Na tradição salesiana as pessoas, o tempo, o espaço, as relações, o ensino,
o estudo, o trabalho e toda atividade interagem organicamente num am-
biente de serenidade, alegria e trabalho: é o ambiente educativo.
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
É preciso qualifi car as relações educativas fundadas na racionalidade
das exigências, na valorização da vida cotidiana e no acompanhamento
educativo. Além da atenção aos deveres de estudo, pesquisa e traba-
lho, é importante educativamente obter o respeito e o cuidado com os
instrumentos, equipamentos e locais nos quais se realiza a vida escolar
e profissional, como expressão de pertença.
O pátio é o espaço e a modalidade inevitáveis na experiência da escola
e do CFP salesianos. Ele não é apenas lugar geográfico, o qual tem em
sua sede atividades e iniciativas, mas confi gura-se como tempo de
construção das relações pessoais a partir da animação, da diver-
são, do esporte. Toda escola e todo CFP salesianos são chamados a
salvaguardar os tempos e os espaços destinados ao encontro dos alu-
nos. A CEP se faz garante da assistência dos jovens segundo o espírito
de Dom Bosco.
2 Os conteúdos sistemáticos das diversas disciplinas são oferecidos
como conhecimentos a adquirir, verdades a descobrir, técnicas a do-
minar, respostas aos questionamentos, valores a assimilar. Para isso,
contribui a clareza dos conhecimentos, a organização pedagógica e,
sobretudo, a concepção cultural fundamental que se apresenta.
Isso leva, de um lado, a dar relevo à forma de experiência humana
subjacente às diversas disciplinas, ajudando os jovens a perceber, va-
lorizar e assimilar os valores naturais inerentes aos fatos apresentados
e aprofundados; e, de outro, a fazer com que o interesse se abra à
cultura universal, em contato com as expressões dos diversos povos e o
patrimônio de valores compartilhados pela humanidade.
É absolutamente necessário evitar o risco que um desvio científico-
-tecnológico coloque em segundo plano, ou até mesmo marginalize
a referência aos valores fundamentais que estão na base dos “conhe-
cimentos”. A educação aos valores, aos ideais e à pesquisa está entre
os aspectos educativos que formam a ossatura da ação de educação
integral.
O problema central da escola é a sua organização cultural, a sua refle-
xão integral sobre o homem. Na vida cotidiana da aula ou da oficina,
oferece-se uma visão antropológica integral inspirada no humanismo
cristão.
198

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Nas diversas áreas disciplinares, os docentes introduzem os alunos no
encontro vivo e vital com o patrimônio cultural e profissional em diálo-
go com o humanismo cristão. Nessa perspectiva, dê-se atenção espe-
cial à escolha dos livros de texto e dos demais materiais didáticos.
Os educadores da escola e do CFP salesianos ativam itinerários formati-
vos ricos da contribuição do humanismo cristão e salesiano com temas
centrais do caminho de desenvolvimento integral dos jovens: formação
da consciência, educação da afetividade e educação sociopolítica e,
especificamente, formação religiosa. Acreditamos que a dimensão reli-
giosa deva estar presente no quadro dos “conhecimentos” que consti-
tuem a base da formação das crianças e dos jovens.
De fato, o ensino da Religião Católica, considerado como elemento
fundamental da ação educativa, entra nos programas escolares de mui-
tas nações. Com o conhecimento das problemáticas inerentes à forma-
ção cristã dos jovens, ativam-se processos periódicos de planejamento e
revisão para qualificar o ensino da religião como momento importante
de formação cultural. O ensino escolar da religião deve propor como
objeto de estudo o que para os crentes é objeto de fé. Sua finalidade é
formar a capacidade habitual de entendimento da religião, isto é, dos
fatos que ritmam a história religiosa do homem. Como de todos os fatos
culturais, também dos fatos religiosos a escola propõe um conhecimento
sistemático e crítico nas formas do discurso educativo, com a finalidade
de educar ao conhecimento da vida religiosa da humanidade. É um ensi-
namento que ajuda os jovens a descobrirem a dimensão religiosa da rea-
lidade humana e buscarem o sentido último da vida; oferece uma orien-
tação para a escolha consciente e livre de uma vivência empenhativa e
coerente; propõe a visão positiva e aberta da doutrina cristã que dispõe
ao anúncio explícito; promove o diálogo crítico e positivo com as demais
áreas do conhecimento e com as outras religiões; desperta o desejo de
uma progressiva educação à fé na comunidade cristã.
3 Optamos como método didático-educativo a personalização das
propostas e a colaboração recíproca. Portanto, uma didática ativa,
que desenvolva nos alunos a capacidade da descoberta e faça amadu-
recer hábitos de criatividade e crescimento cultural autônomo; a inter-
disciplinaridade, para o que as diversas ciências oferecem contribuições
complementares; a avaliação do processo de crescimento dos alunos na
capacidade de aprender e buscar, não só os resultados finais.
199

20.9 Page 199

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
4 A educação integral requer que se complete o programa escolar-
-profissional com outras atividades complementares, integrati-
vas, de apoio e propostas livres. A escola e o CFP salesianos dão
amplo espaço às atividades de tempo livre e distensão (artísticas,
recreativas, esportivas, culturais), tendendo a ser escola de tempo
integral.
A escola e o CFP salesianos dão espaço, favorecem e acompanham os
diversos grupos (de estudo-pesquisa, culturais, recreativos, artísticos,
de serviço comunitário, voluntariado, crescimento cristão, orientação
vocacional, empenho cristão), reconhecendo neles uma mediação
privilegiada de educação e evangelização. Em algumas escolas e al-
guns CFP são colocados à disposição dos jovens espaços de acolhida
informal, salas para encontros, salas de música etc. Na programação
anual devem ser previstos os tempos específicos de participação nes-
sas atividades.
Sendo próprio da tradição salesiana, cuide-se do reencontro com os
jovens que frequentaram a nossa escola ou CFP, os ex-alunos, buscan-
do as modalidades mais oportunas para o seu envolvimento pessoal e
associativo.
Uma das colunas que regem a identidade da escola e do CFP salesianos
é a articulação clara e orgânica de intervenções explicitamente
evangelizadoras. A proposta educativo-pastoral é traduzida em expe-
riências e atividades caras à tradição salesiana:
breves encontros diários predispostos para todos ou para
grupos (“Bons-dias”, palavra de acolhida) inspirados no “Boa-
noite” praticado por Dom Bosco em sua experiência de vida
com os meninos de Valdocco. O “Bom-dia” qualifica-se como
um tempo de oração e leitura sapiencial da vida em vista da
aceitação progressiva de um juízo cristão sobre os eventos;
durante o ano escolar-formativo é oferecida a possibilidade
aos alunos e aos docentes da escola e do CFP salesianos
viverem experiências de caráter formativo-espiritual. Realizados
preferivelmente nos tempos fortes do ano litúrgico, são
momentos favoráveis para o crescimento na fé e a revisão da
própria vida à luz da mensagem cristã;
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
fiéis ao que Dom Bosco viveu com os jovens acolhidos em
Valdocco, a escola e o CFP proponham momentos explícitos
de oração e celebração. Os alunos pertencentes a outras
confissões cristãs ou outras religiões também podem participar
desses momentos como ocasiões de integração cultural e
conhecimento da tradição religiosa da nação em que vivem.
A Eucaristia e as celebrações de memórias, tempos litúrgicos
ou devoções locais, fazem parte integrante da proposta
educativo-pastoral. Devem ser bem preparados especialmente
os momentos de celebração da Reconciliação segundo uma
oportuna inserção no calendário, prevista na programação das
atividades formativas anuais;
durante o ano escolar-formativo prevejam-se tempos de
socialização e festa como ocasiões de conhecimento e educação
à corresponsabilidade e pertença. Envolvam-se ativamente
na organização e realização de algumas dessas iniciativas as
famílias e os diversos componentes da CEP. Relevo especial
seja dado à celebração das festas salesianas, momentos de
crescimento do espírito de família e de gratidão.
5 Os jovens que frequentam a escola e o CFP salesianos são atraídos muitas
vezes pelo ambiente familiar que encontram. É importante, na animação das
CEP, que os educadores estejam sempre mais dispostos ao encontro pes-
soal com os alunos. Levando em conta as diversas fases da idade evolutiva
dos alunos, os educadores ofereçam em todos os setores espaços e tempos
adequados para o encontro pessoal com os alunos, em vista de uma revisão
do caminho feito e de propostas a propor.
Os educadores estejam disponíveis para o colóquio pessoal; haja, contudo,
alguns que se dediquem a esse serviço com especial cuidado. O serviço de
orientação psicológica tem nisso um papel importante.
6 A formação e a atualização dos professores são grandes oportu-
nidades para toda instituição educativa e para aqueles que nela traba-
lham. É preciso a formação e atualização dos nossos docentes – não só
no aspecto metodológico e disciplinar – que qualifique o profissionalis-
mo na escola salesiana, segundo um projeto formativo que unifica fé,
ciência e vida. Por isso, o itinerário formativo dos professores deveria
preocupar-se com o seu profissionalismo pedagogicamente efi caz, o
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21 Pages 201-210

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
seu estilo educativo salesiano qualifi cado, a sua espiritualidade cristã-
mente vivida, a sua personalidade humanamente rica e acolhedora.
Espera-se nessa formação uma atenção maior à pastoral educativa nas
dinâmicas específicas da escola.
Programem-se periodicamente iniciativas locais ou inspetoriais que
respondam ao projeto inspetorial de formação dos professores e for-
madores, com atenção especial à formação dos novos professores ad-
mitidos. Os cursos, as jornadas de reflexão e formação, dos quais os
professores e formadores da escola e do CFP salesianos são chamados
a participar, os envolverão num itinerário que prevê o conhecimento
de Dom Bosco e do Sistema Preventivo. Sejam também compartilha-
dos os aspectos inerentes à metodologia e à didática praticadas na
tradição salesiana.
7 Todos os elementos e intervenções indicados que formam o PEPS da
escola e do CFP devem ser inseridos no mais amplo e global Projeto
Educativo, segundo as disposições legais emanadas pelos Governos.
O planejamento pastoral do PEPS exprime e define a identidade
da escola, explicitando os valores evangélicos nos quais ela se inspi-
ra, traduzindo-os em termos operativos precisos. O PEPS é o critério
inspirador e unificador de todas as opções e de todas as intervenções
(programação escolar, escolha dos professores e dos livros de texto,
planejamentos didáticos, critérios e métodos de avaliação). Ele carac-
teriza a intencionalidade pastoral que anima a CEP, decisiva em todos
os elementos e articulações da escola e da CFP.
Como instituições educativas, nossos centros salesianos inserem-se
num contexto histórico e normativo preciso, definido pelas leis nacio-
nais que traçam seu sistema organizativo e didático, reconhecendo e
aprovando ordinariamente a nossa proposta de escola ou CFP, nossos
princípios e os valores que os caracterizam. O PEPS é a nossa “carta
de identidade”. Aqui são apresentados: o carisma que inspira a nossa
oferta educativa (as motivações originárias devem continuar a ilumi-
nar hoje a nossa obra); o conceito de educação integral; o modelo
de comunidade educativa, a CEP; os valores de referência; o método
educativo e as opções preferenciais do momento.
A identidade de “nossa escola salesiana” descrita no PEPS local
será, portanto, uma proposta educativa comum para todos os
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
alunos da escola e de cada classe. O PEPS, que no planejamen-
to pastoral define intervenções explicitamente evangelizadoras, é
plenamente coerente com a cultura do currículo didático (opções
educativas e didáticas gerais), com o planejamento mais amplo,
que apresenta também propostas extracurriculares e organizativas,
e com o planejamento gerencial (itinerários formativos, atividades,
iniciativas educativas, organização e gestão de estruturas, pessoas
e recursos da escola). A ação pastoral, não isolada, permeia toda
a obra educativa.
B As estruturas de participação e responsabilidade
Animação local
As estruturas de participação e corresponsabilidade visam criar as condições
ideais de uma sempre maior comunhão, participação e colaboração entre
os diversos componentes da CEP. Sua fi nalidade é a atuação do Projeto
Educativo-Pastoral e o crescimento da colaboração entre docentes,
formadores, alunos e pais. Essas estruturas variam segundo os Países e
as diversas legislações escolares. Por isso, cada Inspetoria deve defi nir
as modalidades oportunas e concretas de organização, funcionamento
interno e responsabilidades das escolas e CFP, tendo em conta os seguintes
elementos:
em primeiro lugar, o Conselho da CEP da Escola ou CFP,
conforme as orientações de cada Inspetoria; é o órgão que anima
e orienta toda a ação salesiana com a reflexão, o diálogo, a
programação e a revisão da ação educativo-pastoral (CG24, n.
160-161, 171;
depois, cabe ao Colégio dos docentes/assembleia dos
formadores a programação das orientações educativas e
didático-formativas nos momentos de proposta, discussão,
decisão e revisão coerentes com o Projeto Educativo-Pastoral.
Toda escola ou CFP também garante a estruturação do colégio de
docentes/assembleia dos formadores em comissões (ou equipes
ou grupos de trabalho) e departamentos (ou áreas disciplinares)
em vista do projeto, da programação e atuação das iniciativas
educativas;
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21.3 Page 203

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
enfim, a equipe de Pastoral, dirigida pelo coordenador de
pastoral, anima a ação evangelizadora cuidando da sua profunda
integração no processo didático e educativo. Os critérios de
composição dessa equipe são definidos localmente. Dela devem
participar alguns alunos.
Animação inspetorial/nacional
As estruturas são de nível inspetorial, nacional e internacional. Podem ser
entidades com personalidade civilmente reconhecidas. Esta rede de
colaboração em níveis diversos constitui uma presença ativa no sistema
escolar e da formação profissional, interagindo com o sistema produtivo,
com as entidades públicas e privadas para a busca e o desenvolvimento da
formação profissional, com as forças sociais e sindicais, como também com
outros organismos nacionais e internacionais interessados nos processos
formativos e nas políticas ativas do trabalho.
23
A PRESENÇA SALESIANA NA
EDUCAÇÃO SUPERIOR
2 3 1 A originalidade da presença dos salesianos
na Educação Superior
Trata-se de uma presença recente na história da Congregação
Salesiana. A primeira instituição neste âmbito remonta a 1934
(St. Anthony’s College, Shillong, Índia), contudo, a consciência da
importância deste nível educativo e o desenvolvimento da presença
salesiana nele só aconteceram nos últimos decênios do século passado,
com o processo mundial de acesso maciço das classes médias e
populares à educação superior.
A presença salesiana na Educação Superior cresceu quantitativa e
qualitativamente a partir do processo de reflexão e trabalho em rede das
instituições universitárias, iniciado em 1997 por iniciativa do Reitor-Mor, P.
Juan Edmundo Vecchi, como serviço da Direção Geral às Inspetorias e às
próprias Instituições (cf. P. Juan Vecchi, ACG 362, “Documentos e Notícias:
Um serviço para as instituições universitárias salesianas”). Este serviço,
feito através da Coordenação Geral das IUS, representou a vontade da
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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Congregação Salesiana de orientar e qualifi car o desenvolvimento deste
novo tipo de presença entre os jovens. Como resultado do processo
realizado, a Congregação Salesiana, através de uma modificação do artigo
13 dos Regulamentos Gerais, quis reconhecer que a presença no âmbito
da educação superior é parte da sua missão:
“A escola salesiana, os centros de formação profissional
e as instituições de educação superior promovem o
desenvolvimento integral do jovem mediante a assimilação
e a reelaboração crítica da cultura e a educação para a fé,
tendo em vista a transformação cristã da sociedade”
(REG. 13; CF. CG26, N. 122)
A presença salesiana neste âmbito é hoje uma realidade muito difundida
e diversifi cada. Atuamos através da direção e promoção de instituições
universitárias – sob a direta responsabilidade da Congregação Salesiana
em corresponsabilidade com outras instituições eclesiais –, da gestão e
animação de Colleges e residências para jovens universitários, e a presença
de numerosos salesianos com responsabilidade de direção, ensino,
pesquisa ou animação da pastoral universitária em instituições de ensino
superior salesianas, eclesiais ou públicas.
A refl exão e as orientações da Congregação Salesiana para a presença
na educação superior tocam de modo especial as instituições de
ensino superior, os Colleges e as residências universitárias sujeitas à sua
responsabilidade, enquanto estruturas que permitem desenvolver uma
proposta educativo-pastoral mais orgânica e animada especifi camente
pelo carisma salesiano.
2 3 2 As Instituições Salesianas de Educação Superior
Sob o nome de Instituições Salesianas de Educação Superior (IUS) reúne-
se um conjunto de centros de estudo de nível superior e terciário,
dos quais a Congregação Salesiana é titular ou responsável, direta ou
indiretamente. As diferenças nas condições sociais e nos sistemas educativos
dos países onde estão presentes fazem com que os centros apresentem
uma grande diversidade não só no modo de gestão, mas também do ponto
de vista dos graus acadêmicos conferidos e do tipo de cursos oferecidos:
Universidades, Centros Universitários, Politécnicos, Colleges, Faculdades,
Institutos, Escolas Superiores ou Especializadas.
205

21.5 Page 205

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Nas origens das IUS estão diversas motivações: a preocupação de oferecer
e garantir aos salesianos religiosos uma formação em nível superior; a
passagem ao ensino superior enquanto resultado natural do crescimento
e da evolução das escolas secundárias, conhecidas pela sua excelência
acadêmica e educativa; a necessidade de continuar a acompanhar os
jovens no período de sua vida no qual tomam decisões fundamentais para
o próprio futuro, a oferta de uma oportunidade de acesso à universidade
àqueles que provêm de ambientes populares e do mundo do trabalho (cf.
Identidade das Instituições Salesianas de Educação Superior, n. 2.19). Em
seu conjunto, elas refletem a convicção de que, através de nossos centros
de formação superior, somos capazes de oferecer à sociedade uma
proposta cultural de qualidade, enriquecendo-a com pessoas humanas,
profissionais competentes e cidadãos ativos.
A natureza e a finalidade desse tipo de presença salesiana foram
definidas pelas próprias instituições através do processo de reflexão
e trabalho em rede já assinalado. Isso tornou possível a elaboração
e, depois, a aprovação pelo Reitor-Mor e seu Conselho, de uma série
de documentos que fundamentam hoje o quadro referencial das IUS:
Identidade das Instituições Salesianas de Educação Superior (Roma, 2003)
e Políticas para a presença salesiana na educação superior 2013-2016
(Roma, 2012). Enquanto o primeiro define a identidade e a natureza
deste tipo de presença, o segundo torna concretas as orientações
operativas para o desenvolvimento das instituições num determinado
período.
As IUS são definidas como «instituições de ensino superior de inspiração
cristã, caráter católico e índole salesiana» (Identidade das Instituições
Salesianas de Educação Superior, n. 14). Assumindo a tradição científica
e acadêmica própria da estrutura universitária, oferecem a este nível
educativo os valores e o espírito próprios do patrimônio educativo
e carismático salesiano, confi guar ndo-se assim como instituição de
educação superior com identidade específi ca, tanto no interior da Igreja
como da Sociedade.
Como parte da Igreja, as IUS querem ser «uma presença cristã no mundo
universitário diante dos grandes problemas da sociedade e da cultura»
(Ex Corde Ecclesiae 13); como presença da Congregação Salesiana, «se
caracterizam pela sua opção em favor dos jovens das classes populares,
pelas comunidades acadêmicas com clara identidade salesiana, pelo projeto
206

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
cultural, cristã e salesianamente
orientado, e pela intencionalidade
educativo-pastoral» (Identidade das
Instituições Salesianas de Educação
Superior, n. 18).
As IUS – como qualquer obra sale-
siana – estão sob a responsabilida-
de da Inspetoria, que as promove e
sustenta, e lhes atribui uma função
específi ca no interior do seu POI.
Toda IUS é uma presença qualifica-
da da Inspetoria a serviço da mis-
são e dos demais tipos de presença
salesiana em seu território.
A A comunidade acadêmica
das Instituições Salesianas
de Educação Superior
«Cada IUS, enquanto instituição de
educação superior, é uma comunidade
acadêmica, formada por docentes,
estudantes e pessoal administrativo,
que promove de modo rigoroso, crítico
e propositivo o desenvolvimento da
pessoa humana e do patrimônio cultural
da sociedade, mediante a pesquisa,
a docência, a formação superior e
contínua e os diversos serviços oferecidos
às comunidades locais, nacionais e
internacionais»
(IDENTIDADE DAS INSTITUIÇÕES SALESIANAS DE
EDUCAÇÃO SUPERIOR, N. 15)
Importância da comunidade acadêmica
Como tal, dispõe de autonomia institucional própria, acadêmica e de governo,
no respeito à missão e à finalidade confiadas pela Igreja e pela Congregação
Salesiana (cf. Ex Corde Ecclesiae 12; Identidade das Instituições Salesianas
de Educação Superior, n. 21), assim como da orientação específica indicada
pela Inspetoria e plasmada nos próprios atos estatutários e normativos.
A comunidade acadêmica das IUS é o sujeito da missão, como a CEP
em outros ambientes e obras salesianas. Seus membros empenham-se a
trabalhar de maneira corresponsável na elaboração da proposta educativa
integral para os jovens e agem com responsabilidade diante das carências
e expectativas da sociedade em que estão inseridos.
A comunidade confi gura-se em sintonia com os valores do humanismo
cristão e do carisma salesiano, indicados no Projeto Institucional. Como
notado pela “Ex Corde Ecclesiae”, «A fonte de sua unidade brota da sua
comum consagração à verdade, da mesma visão da dignidade humana e,
em última análise, da pessoa e da mensagem de Cristo» (n. 21).
207

21.7 Page 207

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Os sujeitos da comunidade acadêmica
Como os documentos de referência indicam, a comunidade acadêmica é
formada por diversos membros, salesianos e leigos, que cooperam de forma
corresponsável para a realização dos objetivos institucionais. Para alcançar sua
finalidade, a comunidade acadêmica requer de cada um de seus membros:
identificação com o carisma e o método educativo salesiano, indi-
cado sobretudo no Sistema Preventivo de Dom Bosco;
atenção à realidade da condição juvenil e à capacidade de re-
lações com os jovens universitários;
identificação e empenho pelo Projeto Institucional, que supõe e
exige de cada membro da comunidade educativa coerência ética e
profissionalismo, teórico e prático, com os valores e os princípios
nele contidos;
competências necessárias para a realização das funções univer-
sitárias;
respeito às respectivas funções e aos papéis confiados a cada
membro (estudantes, docentes, pessoal diretivo, administrativo e
de serviço).
cuidado e promoção de um ambiente em que a pessoa humana
esteja no centro, e no qual o diálogo e a colaboração são a base do
método educativo.
Os educadores e membros da comunidade acadêmica empenham as
próprias qualidades pessoais e competências em vista da única finalidade
educativo-pastoral (cf. Identidade das Instituições Salesianas de Educação
Superior, n. 31); cada um, porém o faz segundo as próprias competências na
tarefa específica que lhe é indicada no interior da comunidade acadêmica,
cuja conformação requer:
docentes, que tenham as respectivas competências profissionais,
pedagógicas e relacionais, capazes de organizar toda a sua
atividade acadêmica, tanto de pesquisa como de ensino, em
coerência de vida com os valores do Evangelho;
208

21.8 Page 208

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
estudantes, orientados à própria formação humana e
profissional, que participam corresponsavelmente no empenho
cultural, científico e social promovido pelo Projeto Institucional;
pessoal administrativo e de serviço, que assume o próprio
trabalho como suporte imprescindível à atividade acadêmica e
como contribuição à formação dos jovens universitários;
dirigentes, salesianos e leigos, capazes de articular os desafios e
as responsabilidades próprias da instituição universitária e orientar
a comunidade na elaboração e realização do Projeto Institucional.
A fi m de realizar efi cazmente a sua missão e chegar a um resultado de
qualidade, segundo a fi naildade e os objetivos da própria identidade
universitária, católica e salesiana, cada IUS deve garantir a gestão e
o desenvolvimento do seu pessoal, sobretudo docente e diretivo.
Isso implica uma cuidadosa seleção, formação e acompanhamento,
para garantir a identifi cação e o empenho no Projeto Institucional (cf.
Identidade das Instituições Salesianas de Educação Superior, n. 29).
B O Projeto Institucional
Como instituição de educação superior, toda IUS deve fazer pesquisa, co-
ordenar o ensino, difundir o saber e a cultura. Cada uma, contudo, o faz
«num específico projeto institucional – de caráter cultural e científico, pedagó-
gico-educativo e pastoral, organizati-
vo e normativo – o qual, responden-
do às exigências da realidade local e
da universidade, plasma e aplica de
modo global em termos operativos
a identidade acima descrita» (Iden-
tidade das Instituições Salesianas de
Educação Superior, n. 26).
«As Congregações e Ordens Religiosas
asseguram uma presença específica nas
Universidades e, pela riqueza e diversidade
O Projeto Institucional especifica o
modo com que a instituição con-
textualiza o carisma salesiano em
resposta às exigências do sistema de
educação superior nacional e às con-
dos seus carismas – especialmente do
educativo –, contribuem para a formação
cristã de Mestres e Discípulos»
(PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA
UNIVERSITÁRIA, II, N.1)
209

21.9 Page 209

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
dições do território onde está situada. Missão e contexto local dão a cada IUS o
seu próprio caráter particular no conjunto das instituições de educação superior
presentes no mesmo território.
Além de definir com clareza a natureza, a missão e os objetivos
institucionais, o Projeto esclarece as opções e os critérios da pesquisa,
seleciona as áreas científicas e profissionais do ensino e os métodos de
transmissão do conhecimento e da cultura. Em coerência com o Projeto
Orgânico Inspetorial (POI), avalia as opções a privilegiar no território,
os setores e as áreas sociais a favorecer, em consonância com a missão
salesiana e as necessidades da Igreja local, da qual é uma presença
qualificada no campo universitário. O Projeto Institucional é uma
verdadeira carta de navegação que orienta integralmente a vida
da instituição.
O desenvolvimento e a aplicação concreta do Projeto Institucional são
realizados progressivamente com a adoção de uma série de instrumentos
e procedimentos que garantem a sua orientação, direção e gestão e o
funcionamento de acordo com a identidade específi ca (Identidade das
Instituições Salesianas de Educação Superior, n. 28); em primeiro lugar,
o Plano Estratégico e o Plano Operativo para a realização progressiva do
Projeto Institucional, com a defi nição dos objetivos estratégicos, metas,
linhas de ação e identifi cação de recursos; a avaliação institucional e o
credenciamento, como procedimentos ordenados a garantir a melhoria
constante da instituição e a efetiva realização dos objetivos e da finalidade
educativo-pastoral indicados. Enfi m, o Projeto Institucional determina a
estrutura organizativa e o corpus normativo (estatutos, regulamentos) que
caracterizam a vida universitária e a cultura institucional.
C A proposta educativo-pastoral
Como já indicado, «o projeto cultural de cada IUS é movido por
uma clara finalidade educativo-pastoral segundo as características
da pedagogia e da espiritualidade salesiana» (Identidade das Instituições
Salesianas de Educação Superior, 24). Esta finalidade é traduzida
na proposta educativo-pastoral endereçada a todos os membros da
comunidade acadêmica, em particular aos estudantes, e na vontade de
ter incidência educativa e cultural na sociedade e na Igreja (cf. Identidade
das Instituições Salesianas de Educação Superior, n. 24.31).
210

21.10 Page 210

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A proposta educativo-pastoral está contida no Projeto Institucional e é
realizada através dos diversos processos e ações com que a instituição
realiza suas funções de pesquisa, ensino e serviço à sociedade. Ela se
fundamenta na concepção cristã da pessoa e se orienta segundo os valores
do espírito e da pedagogia salesiana (cf. Ex Corde Ecclesiae 49; Identidade
das Instituições Salesianas de Ensino Superior, n. 22). De acordo com estes
princípios, a proposta educativo-pastoral promove:
a concepção de pessoa humana inspirada no Evangelho, que a
coloca no centro da vida e promove a sua dignidade;
a constante busca da verdade mediante a pesquisa à luz do
Evangelho, que põe o conhecimento a serviço da pessoa e do
desenvolvimento da sociedade;
a visão formativa que prepara pessoas capazes de julgamento
crítico, com uma compreensão orgânica da realidade, resultado
da interdisciplinaridade e da integração do saber;
a concepção da vida profissional orientada para a consciência
ética e aberta à responsabilidade e a serviço na sociedade;
o diálogo entre cultura, ciência e fé, capaz de iluminar cristãmente
a vida e favorecer a inculturação do Evangelho.
A fi nalidade educativo-pastoral manifesta-se também na vontade de
incidência educativa e cultural na sociedade e na Igreja. Realiza-
se mediante o empenho do conhecimento da realidade social e da sua
transformação, sobretudo nos aspectos que tocam a condição dos jovens
(cf. Políticas para a presença salesiana na educação superior 2012-2016, n.
41). O contexto social é uma referência constante para a vida e a atividade
da instituição, constitui o campo de prova de suas propostas educativas e
uma provocação constante à sua significatividade.
Esse serviço é realizado através da pesquisa científi ca, do estudo dos
problemas humanos e sociais contemporâneos, da análise crítica da
cultura, da promoção do bem comum e da justiça social segundo os
princípios do ensinamento social da Igreja, e a transformação de homens
e mulheres capazes de assumirem um empenho responsável de serviço na
Igreja e na sociedade.
211

22 Pages 211-220

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22.1 Page 211

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
D A animação pastoral orgânica das Instituições Salesianas de
Educação Superior
A proposta educativo-pastoral explicita-se e é atuada nas diversas
dimensões de vida e atividades da instituição, em particular no ambiente
educativo, na proposta de formação integral dos estudantes, na atenção
e no cuidado pastoral dos membros da comunidade.
1 O ambiente educativo, elemento chave da pedagogia salesiana, é con-
cebido como espaço rico de estímulos e relações de qualidade entre as
pessoas, fazendo circular um conjunto de valores que tornam possível a
ação educativa e pastoral. Isso comporta na práxis educativa salesiana:
um ambiente de família, caracterizado pela acolhida e
disponibilidade para o encontro pessoal;
uma relação humana, em que são evidentes o respeito, a
cordialidade e a disposição ao diálogo;
um reflexo da prática dos valores propostos (solidariedade, justiça,
liberdade, igualdade etc.) na vida das pessoas e na organização
da instituição;
um ambiente rico de propostas educativas e experiências capazes
de favorecer o desenvolvimento das pessoas;
uma promoção e o acompanhamento do associacionismo e a
participação através de diversos organismos de representação;
uma disponibilidade e distribuição de espaços e estruturas físicas
que favoreçam o encontro, a comunicação e a relação entre as
pessoas.
2 A proposta de formação integral é explicitada na atividade acadêmica
e nas iniciativas complementares que configuram a vida universitária. Na
medida em que a pesquisa, o ensino e a prática profissional são realiza-
dos concordemente, contribuem para a criação da estrutura do pensa-
mento e o desenvolvimento de critérios, atitudes e competências que
garantam nos estudantes a sua formação integral. Com sua completude
e integralidade, essa proposta oferece aos estudantes o amadurecimento
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22.2 Page 212

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
pessoal e a preparação cultural, científica e profissional necessária para
garantir a plenitude da pessoa e a sua inserção na sociedade.
A integralidade oferecida no Projeto Institucional exige, portanto, uma
atenção particular aos seguintes componentes:
elaboração de um modelo educativo que integre os valores e
os princípios da visão humanista cristã e salesiana, as teorias e
os métodos de aprendizagem, as metodologias e os recursos
didáticos necessários;
desenho de um modelo curricular que ofereça o desenvolvimento
de critérios e atitudes humanas de base, conhecimentos e
habilidades relacionadas com o crescimento profissional e uma
série de competências que preparam a pessoa para a vida, o
trabalho profissional e sua inserção na sociedade;
forma científi ac e rigorosa da pesquisa, dos itinerários
curriculares e dos conteúdos da docência, abertos a uma visão
transcendente da pessoa humana e da vida;
diálogo interdisciplinar entre as diversas matérias acadêmicas
compreendidas as de caráter ético, religioso e teológico, para
ajudar os estudantes a adquirirem uma visão orgânica da
realidade;
oferta de matérias cur-
riculares específi acs de
caráter ético e religio-
so de nível científi co e
pedagógico e de valor
acadêmico semelhante
às das demais disciplinas
do itinerário curricular.
3 O desenvolvimento humano in-
tegral oferecido pela proposta
formativa requer atenção pas-
toral e acompanhamento de
cada pessoa.
«A pastoral universitária é aquela
atividade da Universidade que oferece
aos membros da própria Comunidade a
ocasião de coordenar o estudo acadêmico
e as atividades para-acadêmicas com os
princípios religiosos e morais, integrando
assim a vida com a fé»
(EX CORDE ECCLESIAE 38)
213

22.3 Page 213

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A integralidade implica a integração das diversas dimensões da pessoa
com a transcendente e com sua abertura a Deus. Isso supõe o desen-
volvimento de um modelo de formação e de pastoral que:
garanta a orientação e o acompanhamento da pessoa na
integração das diversas dimensões do seu desenvolvimento
humano, cristão, profissional e social;
anuncie explicitamente Jesus Cristo e o seu Evangelho,
acompanhando os que livremente desejam percorrer um caminho
de crescimento e amadurecimento cristão, com itinerários de
educação na fé, celebrações litúrgicas e sacramentais, a inserção
e a experiência numa comunidade de fé;
crie a possibilidade de diálogo e direção espiritual como meios
de acompanhamento de todo membro da comunidade no seu
itinerário de fé e aprofundamento da própria vocação cristã;
proponha momentos de reflexão sobre a realidade social,
intercultural e inter-religiosa e a situação dos jovens;
ofereça propostas formativas, serviços e instrumentos de atenção
aos jovens em resposta às situações e aos desafios postos pela
sua condição de estudantes universitários;
favoreça a realização de experiências de empenho cristão e
solidário através do serviço social ou do voluntariado a favor dos
pobres e carentes;
coloque à disposição espaços e estruturas que favoreçam
o encontro e o crescimento cristão: locais abertos a todos,
acolhedores, de fraternidade, reflexão e oração.
Nas Instituições Salesianas de Educação Superior, a pastoral atravessa,
orientando-os e reforçando-os, todos os processos e áreas de atividade
da instituição. Sua animação requer uma adequada organização com
a nomeação dos responsáveis, a elaboração dos planos de intervenção
e a efi ciente gestão dos serviços e das estruturas de acompanhamento
pastoral às pessoas.
214

22.4 Page 214

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 3 3 Estruturas de acolhida para estudantes universitários
A expansão do sistema de ensino superior nos diversos países, considerado
necessário para o desenvolvimento econômico e social, como também para a
consolidação da democracia, envolveu o acesso massivo dos jovens das classes
médias e populares à educação superior. O que comportou um crescimento
não só no número e tipo de instituição superior, mas também nas estruturas
de serviço e acolhida, indispensáveis para garantir que a ela tenham
acesso os jovens residentes afastados dos centros de estudo.
A necessidade crescente de garantir a estes jovens um serviço de
hospitalidade e, sobretudo, uma experiência positiva de crescimento
humano, cristão e profissional, tem encorajado as comunidades salesianas
na criação de várias estruturas de acolhida para jovens estudantes
universitários fora da sede. Em conformidade com os sistemas de ensino
superior e as condições socioeconômicas de todo país ou região, criaram-
se colégios ou residências universitárias, quer como estruturas separadas,
próximas dos centros de estudos, quer como estruturas integradas no
interior do campus das Instituições Salesianas de Educação Superior ou de
instituições pertencentes a outros.
Os colégios universitários, diversa-
mente dos internatos tradicionais
com função prevalentemente de
moradia, são centros externos à es-
trutura universitária que oferecem
aos estudantes espaço de acolhida e
projeto de formação. Muitos colégios
são o resultado da reestruturação da
obra salesiana e da abertura às novas
necessidades dos jovens, particular-
mente nas cidades sedes de grandes
e tradicionais estruturas universitá-
rias. Nestes casos, passou-se em geral
da iniciativa oferecida de alimentação
e alojamento, possível pela reestru-
turação de edifícios preexistentes,
à criação de verdadeiros ambientes
com propostas de formação huma-
na, cristã, acadêmica e profissional.
«As estruturas de acolhimento,
de acompanhamento e de vida
comunitária são muitas vezes
defeituosas. É por isso que muitos
deles, transplantados para longe da
família para uma cidade que mal
conhecem, sofrem a solidão. Por outro
lado, em muitos casos, as relações
com os professores são raras e os
estudantes encontram-se desprovidos de
orientação perante os problemas que os
ultrapassam»
(PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA
UNIVERSITÁRIA, I, N. 1)
215

22.5 Page 215

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Os colégios, enquanto estruturas separadas do campus universitário,
são geralmente associados a uma obra salesiana, na qual estão
presentes outros ambientes (Oratório-Centro Juvenil, Escola, Paróquia
etc.) e em cuja estrutura se inserem e integram. Nessa condição,
encontram-se sob a tutela e a promoção da comunidade salesiana
responsável pela obra. Sua gestão operativa é confiada geralmente a
um responsável salesiano ou leigo, acompanhado por outros tutores e
pelo pessoal de serviço.
As residências universitárias são estruturas pertencentes à própria instituição
de educação, destinadas à acolhida dos estudantes. Encontram-se, em
geral, no interior do campus e, além de oferecer espaço de alojamento e
ambientes de suporte para a vida e o estudo, permitem aos estudantes fazer
experiência no campus, desfrutando da melhor maneira da totalidade dos
serviços acadêmicos (biblioteca, áreas de estudo e consulta) e formativos
(atividades e programas de caráter cultural, esportivo, religioso e social)
postos à disposição pela própria instituição.
Além das atividades extracurriculares, feitas no interior da estrutura
universitária, as residências oferecem aos estudantes um programa próprio
de formação e crescimento pessoal, espiritual, social e cultural, integrando
com os serviços já oferecidos no campus o valor da experiência da vida em
comum e da participação em um projeto.
A A Comunidade Educativo-Pastoral das estruturas de
acolhida de estudantes universitários
Importância da CEP nas estruturas de acolhida de estudantes
universitários
Enquanto obras educativas salesianas, os colégios e as residências
universitárias são chamados a promover comunidades nas quais se
elabore um projeto de formação e se ofereça uma experiência de
acompanhamento educativo e pastoral.
Nesse tipo de presença, a CEP é composta por todos os responsáveis,
salesianos e leigos, encarregados da gestão da estrutura de acolhida
e pelos jovens universitários que, em nível diverso, são envolvidos na
animação da vida da comunidade e na realização de seus objetivos.
216

22.6 Page 216

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Sujeitos da CEP das estruturas de acolhida de estudantes universitários
A organização dos diversos serviços de acolhida e a realização da sua
função formativa exigem o envolvimento e a corresponsabilidade dos
diversos membros:
o diretor e a comunidade salesiana, responsáveis pela direção
e animação de toda a obra ou da instituição universitária como
também da estrutura de acolhida dos estudantes universitários;
o responsável direto, salesiano ou leigo, que em nome da
comunidade garante a orientação e a gestão do colégio ou
residência e o desenvolvimento da proposta formativa;
os tutores ou educadores, que por diversos títulos se inserem e
acompanham a experiência da comunidade do colégio ou residência
(orientadores, psicólogos, pessoal administrativo, capelães, etc.);
os estudantes, chamados a serem verdadeiros protagonistas
do próprio crescimento e formação, assumindo papéis e tarefas
específicas na vida do colégio ou residência, cada um segundo
a própria capacidade e possibilidade específicas;
A edificação da comunidade requer de seus membros atenção aos lugares
e tempos adequados de comunicação e formação. É particularmente
necessário promover o envolvimento dos estudantes na vida e na animação
do colégio ou residência através de grupos, conselhos ou assembleias.
A comunidade salesiana, de modo especial, é chamada a garantir a
presença constante nos ambientes e tempos da vida do colégio ou
residência, oferecendo aos jovens o seu testemunho e a oportunidade
de viverem o espírito de família que Dom Bosco desejava em suas casas.
B A proposta educativo-pastoral nos colleges e nas
residências universitárias
Colégios e residências oferecem aos estudantes universitários não só o
espaço de acolhida para viverem e estudarem, mas, sobretudo a proposta
formativa que lhes permita crescer como pessoas, profissionais
217

22.7 Page 217

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
«Para responder às exigências suscitadas
pela cultura universitária, numerosas
e cidadãos. Essas estruturas
têm como orientação o PEPS, no
qual são defi nidas sua finalidade,
as fi guras de referência e os
conteúdos, métodos e tempos.
Igrejas locais tomaram diversas
iniciativas apropriadas: busca de
uma pastoral universitária que não se
limite a uma pastoral de jovens, geral e
indiferenciada, mas que tome como ponto
de partida este fato: numerosos jovens
são profundamente influenciados pelo
ambiente universitário. Aí se decide em
grande parte o seu encontro com Cristo
e o seu testemunho de cristãos. Esta
pastoral tem em vista, por conseguinte,
a educação e o acompanhamento
O PEPS é o instrumento que reúne os
diversos elementos da experiência de
vida, convivência e formação que os
colégios e as residências universitárias
salesianas oferecem aos jovens uni-
versitários. Como tal, integra numa
proposta unitária, as respostas às
carências dos jovens, as exigências
derivadas da experiência de estudo
na universidade e os valores da espi-
ritualidade e da pedagogia salesiana.
dos jovens que fortes na fé têm de
enfrentar a realidade concreta dos
meios e das atividades nas quais estão
comprometidos»
(PRESENÇA DA IGREJA NA UNIVERSIDADE E NA CULTURA
UNIVERSITÁRIA, II, N. 3)
Sua elaboração comporta um pro-
fundo conhecimento da condição
dos jovens e das dinâmicas peculia-
res que caracterizam as experiências
de estudo na universidade e de in-
serção na experiência de trabalho
e profissional. Entre estas, exigem
atenção especial a passagem da vida familiar e escolar ao ambiente univer-
sitário, a necessidade de criar novas relações interpessoais e aprender a con-
viver com outras pessoas, a adaptação às exigências e ao método de estudo
universitário, a necessidade de integrar a formação científica e profissional
com as próprias convicções de vida e de fé.
A proposta educativo-pastoral, contida no projeto, oferece um itinerário
de crescimento orientado ao pleno amadurecimento humano, a formação
de uma visão cristã da vida e o profissionalismo aberto à solidariedade. Por
isso, reúne diversas dimensões necessárias para garantir aos jovens uma
experiência de formação integral; entre elas:
crescimento humano orientado ao pleno amadurecimento, que
implica a capacidade de gerir a própria vida com autonomia e
responsabilidade
218

22.8 Page 218

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
valorização das relações interpessoais, da convivência e do serviço
aos outros;
desenvolvimento da responsabilidade no estudo e na própria
formação;
crescimento da própria capacidade de reflexão, debate e
empenho na busca da verdade;
desenvolvimento de uma concepção do profissionalismo aberta à
solidariedade e ao serviço dos mais carentes;
crescimento espiritual mediante o conhecimento progressivo e a
experiência de fé vivida pessoal e comunitariamente;
descoberta da própria vocação e construção de um projeto
de vida a serviço de Deus na Igreja e no trabalho social vivido
segundo os valores do Evangelho.
C A animação pastoral orgânica nos colleges e nas residências
universitárias
A atenção a estas dimensões requer que se ofereçam aos estudantes
momentos e experiências que garantam a plena realização da proposta
educativo-pastoral. Entre estas têm relevância especial:
1 o ambiente de vida em clima de acolhida e família, que favoreça o empe-
nho sério no estudo em perspectiva de formação integral da pessoa. Para
isso, muitos colégios e residências oferecem, além do alojamento, diversos
ambientes de apoio à experiência de estudo e crescimento pessoal: capela,
salas de estudo e informática, salas de TV e recreação, salas de encontros,
refeições, campos de jogos ou de prática esportiva, etc.;
2 locais e tempos de encontro e convivência com outros, nos quais
aprender a viver em comum e partilhar a experiência de comunidade;
3 a experiência do acompanhamento e orientação pessoal (vocacio-
nal, profissional, de trabalho) que ajude o jovem nos anos de estudo a
viver e integrar as diversas experiências formativas;
219

22.9 Page 219

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
4 o programa de formação compartilhada para o ano de estudo, que
favoreça o crescimento pessoal, social e cultural. Oferecem-se experiên-
cias de aprofundamento cultural e contato com a realidade social para
a formação da consciência ética, responsável e solidária, sobretudo em
relação aos mais carentes da sociedade. Essas experiências orientam para
o voluntariado como opção de vida e crescimento humano e cristão;
5 o itinerário de formação na fé, segundo os valores da Espiritualidade Juvenil
Salesiana, através da direção espiritual e de momentos de oração, de
reflexão sobre a Palavra de Deus e celebração dos sacramentos.
Onde for possível, a proposta de animação educativa e pastoral do colégio
ou residência universitária seja harmonizada com as iniciativas dos ofícios e
organismos da pastoral universitária da Igreja local.
2 4 A PARÓQUIA E O SANTUÁRIO CONFIADOS AOS SALESIANOS
2 4 1 A originalidade da paróquia e dos santuários confiados aos
salesianos
O zelo apostólico de Dom Bosco pelos jovens mais pobres de Turim
levou-o a criar uma paróquia para os jovens sem paróquia. Ele mesmo
aceitou no seu tempo sete paróquias. Em 1887, escreveu um regulamento
sobre o funcionamento correto de uma paróquia. Tocou as temáticas que
mais o preocupavam: atenção prioritária aos jovens, sobretudo os mais
pobres, e identidade do religioso salesiano pároco que ali presta serviço
em comunhão com o Bispo e o clero diocesano:
“Os doentes, os pobres e os jovens sejam objeto de solicitude
especial (dos párocos)”
(DELIBERAÇÕES DO QUARTO CAPÍTULO GERAL, DE 1886)
Depois de muitos anos, o CG19 afirmou que a paróquia é lugar para
«o cuidado exemplar da comunidade juvenil» (CG19, IX, n. 3), e o
CG20 afirma que «nós encontramos no ministério paroquial vastas
possibilidades e condições favoráveis para realizar as finalidades
próprias da nossa missão e, em particular, para a educação dos jovens
da classe popular ou pobre» (CG20, n. 401). O CG21 considera a
220

22.10 Page 220

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
paróquia como uma obra que nos permite estar entre os jovens para
evangelizá-los e nela podemos evangelizar segundo o estilo do PEPS
(cf. CG21, n. 135). O Capítulo confirma a prioridade da pastoral juvenil
e define as características da paróquia salesiana (cf. CG21, n. 136-
141).
Em 1984, com a aprovação defi ntiiva das renovadas Constituições e
Regulamentos da Sociedade de São Francisco de Sales, a paróquia é
explicitamente reconhecida como um dos ambientes nos quais realizamos
a nossa missão: «Realizamos a nossa missão também nas paróquias, como
resposta às necessidades pastorais das Igrejas particulares nas regiões
que oferecem conveniente campo de serviço à juventude e às classes
populares» (cf. Const. 42; Reg. 25).
A opção pelos jovens na paróquia confiada aos salesianos não é
exclusiva ou discriminatória, mas preferencial. Essa opção preferencial
é um dom precioso para a missão
em toda a comunidade eclesial.
2 4 2 A CEP das paróquias e dos
santuários confiados aos
salesianos
A A importância da CEP da
paróquia e do santuário
confiados aos salesianos
A paróquia é a primeira instância
comunitária em que a Igreja realiza
a missão que lhe foi confi ada por
Jesus num contexto sociocultural
bem defi nido. Ela é uma grande
comunidade de crentes batizados,
“porção” da Igreja universal, no
dinamismo da pastoral diocesana.
A comunidade cristã é o lugar his-
tórico em que se vive a comunhão;
nela, o crente encontra sua casa.
«A paróquia é, sem dúvida, o lugar
mais significativo, no qual se forma e
se manifesta a comunidade cristã. Esta
é chamada a ser uma casa de família,
fraterna e acolhedora, onde os cristãos
tornam-se conscientes de ser Povo de
Deus. A paróquia, de fato, congrega
num todo as diversas diferenças
humanas nela existentes, inserindo-as
na universalidade da Igreja. (316) Ela é,
por outro lado, o ambiente ordinário no
qual se nasce e se cresce na fé. Constitui,
por isso, um espaço comunitário muito
adequado a fim de que o ministério
da Palavra realizado nesta, seja,
contemporaneamente, ensinamento,
educação e experiência vital»
(DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE, 257-258)
221

23 Pages 221-230

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23.1 Page 221

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Sendo comunidade de comunidades, a paróquia cria um tecido amplo
de relações humanas que favorece a comunhão e a fraternidade – a
«espiritualidade de comunhão» (Novo Millennio Ineunte 43-45).
B Os sujeitos da CEP da paróquia e do santuário confiados aos
salesianos
A CEP da paróquia confiada aos salesianos assume uma missão comum que
envolve o maior número possível de pessoas na corresponsabilidade (cf. CG24,
n. 18) ao redor de um projeto pastoral. Trata-se de uma comunidade crente
que, promovendo a pertença a um ambiente de família, acolhe a participação
consciente, clara e corresponsável das várias vocações, dos vários carismas e
ministérios, reciprocamente complementares na diversidade.
A paróquia é confiada à comunidade religiosa salesiana. Ela assume as
orientações pastorais da diocese com a riqueza do próprio carisma pastoral;
cria ao redor do pároco uma equipe de animadores para a pastoral paroquial;
promove o desenvolvimento e a realização do PEPS na paróquia; é responsável,
em colaboração com o pároco e sua
equipe, pela formação e animação
espiritual dos fiéis; orienta os mem-
bros da Família Salesiana para serem
os primeiros colaboradores na reali-
«Quando os salesianos são convidados
zação do projeto.
pelo Bispo a tomar a responsabilidade
pastoral de uma região ou de um setor do
povo de Deus, assumem perante a Igreja
o nobre compromisso de construir – em
plena corresponsabilidade com os leigos –
uma comunidade de irmãos, reunidos na
caridade, para ouvir a Palavra, celebrar a
Ceia do Senhor e anunciar a mensagem de
salvação»
(CG20, N. 416)
«A paróquia salesiana tem a comunidade
religiosa como responsável e animadora»
(CG21, N. 138)
A comunidade religiosa (cf. CG21,
n. 138; Reg. 26) participa do núcleo
animador da paróquia salesiana e
nela assume um papel característico
(cf. CG24, n. 159); ela é testemu-
nha do primado de Deus, manifes-
ta visivelmente sua vida fraterna e
a prática dos conselhos evangélicos
com seus momentos de oração,
encontro, distensão, e partilha esse
testemunho com os leigos da co-
munidade paroquial. Manifesta con-
córdia no projeto que reconhece as
diversas competências dos irmãos.
222

23.2 Page 222

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Participa da vida da paróquia, inte-
ressando-se pela história das pesso-
as, principalmente dos jovens.
O diretor da comunidade sale-
siana tem responsabilidade espe-
cial na paróquia, enquanto guia
espiritual da comunidade religiosa
e primeiro responsável das ativida-
des apostólicas da comunidade.
«O Projeto Educativo-Pastoral é uma
síntese rica de conteúdos e de métodos;
de processos de promoção humana e ao
mesmo tempo, de anúncio evangélico e
de aprofundamento da vida cristã»
(CG21, N. 80)
Cuida da unidade e identidade sa-
lesiana de toda a obra e encoraja
os irmãos na realização do projeto pastoral da paróquia (cf. Reg.29) e é
membro do Conselho Pastoral.
O pároco, pastor da comunidade, é o responsável imediato da missão paro-
quial confiada pelo Bispo à Congregação Salesiana. Para a comunidade cristã,
ele representa o Bispo, mas também a Congregação Salesiana. Fiel à missão
educativa e pastoral, tem Dom Bosco como modelo na evangelização dos jo-
vens e do povo de Deus.
O pároco é chamado a acolher, escutar, acompanhar e formar a comuni-
dade paroquial. Preside-a, assumindo a responsabilidade de atuar o pro-
jeto pastoral, em comunhão com o diretor, a comunidade salesiana e o
Conselho Pastoral.
A comunidade paroquial promove e acompanha a diversidade das vo-
cações, encorajando também o laicato para que assuma o seu papel
significativo na missão evangelizadora; também, a comunidade paro-
quial se reforça nas assembleias, nos grupos, nas pequenas comunidades
e nos movimentos que vivem um maior empenho em favor de todos. A
paróquia salesiana anima os grupos eclesiais, com atenção especial às pro-
postas da Família Salesiana e do Movimento Juvenil Salesiano.
Considera os jovens como membros de pleno direito da CEP. Esta presença
carismática garante a atenção ao mundo dos adolescentes e jovens, positiva e
interessada em seu mundo, suas preocupações, experiências e expectativas. A
preferência pelos jovens caracteriza a forma da pastoral paroquial, dinâmica,
entusiasta e propositiva de ideais evangélicos.
223

23.3 Page 223

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2 4 3 A proposta educativo-pastoral da paróquia e do santuário
confiados à comunidade salesiana
A paróquia vive imersa em um mundo sujeito a profundas e rápidas
transformações. Sua missão é uma realidade unitária e complexa e exige
um Projeto Educativo-Pastoral (CG21, n. 140).
A Um centro de evangelização e educação à fé
O livro dos Atos dos Apóstolos, mais do que outros, ajuda-nos a entender
a vida não certamente fácil das primeiras comunidades cristãs. Nelas, se
enraizava e consolidava a partilha e difusão da verdade de Jesus Cristo.
No capítulo 2, versículos 42-46, lê-se um trecho que pode realmente
acompanhar a vida de toda comunidade paroquial:
“Eles eram perseverantes
em ouvir o ensinamento dos
Apóstolos,
viviam unidos fraternalmente
frequentavam diariamente
o templo,
e partiam o pão pelas casas”
Evangelização e catequese
Testemunho da caridade
Oração
Liturgia
A paróquia confiada à comunidade salesiana oferece a todos uma proposta
sistemática de evangelização e educação à fé (cf. CG23, n. 116-157). Promove o
primeiro anúncio para os que estão afastados e oferece itinerários continuados
e graduais de educação à fé, sobretudo às famílias. A paróquia é uma
comunidade em que se podem experimentar os valores mais característicos da
espiritualidade salesiana: alegria da vida cristã cotidiana, esperança que percebe
o que há de positivo nas pessoas e nas situações e promove a comunhão.
A comunidade paroquial cultiva as relações humanas, preocupando-se para
que as pessoas e os grupos se sintam reconhecidos, aceitos, compreendidos.
Nossas comunidades eclesiais representam o lugar oportuno da experiência
cristã cotidiana.
224

23.4 Page 224

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A comunidade empenha-se, portanto, com todos e, em particular, pelo
amadurecimento humano e religioso dos mais fracos e carentes: não só
acolhe a todos os que buscam o significado religioso da própria vida, mas
oferece compaixão e acompanhamento àqueles que são tentados a afastar-se.
Ciente disso, a paróquia sente-se interpelada por aqueles que se consideram
indiferentes ou não crentes.
A paróquia é uma comunidade missionária e evangelizadora, que promove a
comunicação da experiência cristã; a Palavra de Deus e a liturgia sustentam a
vida de fé de seus membros. A comunidade paroquial coloca a Eucaristia no
centro da vida comunitária e celebra de modo significativo os sacramentos da
vida cristã, especialmente o sacramento da Reconciliação.
A paróquia confiada aos salesianos alimenta a devoção a Maria Auxiliadora.
A Virgem de Dom Bosco deve ser considerada como uma presença realmente
ativa que nos torna melhores no seguimento de Jesus, «façam aquilo que Ele
disser»: é o convite da Mãe. Por outro lado, a devoção a Maria Auxiliadora nos
une na comunidade universal da Igreja.
B Uma presença de Igreja aberta e inserida no território
A paróquia é o rosto da Igreja. É no território, ponto de referência,
que a paróquia torna a Igreja visível e socialmente inserida na vida
cotidiana. Nela, os cristãos vivem a fé, a esperança e a caridade alimentados
pela Palavra de Deus e a celebração dos sacramentos. A paróquia é «a Igreja
que vive entre as casas de seus filhos e filhas» (Christifideles Laici 26).
A comunidade paroquial é o centro
significativo das várias comunidades
eclesiais e dos grupos que nela exis-
tem. É uma comunidade aberta, que
colabora com as outras paróquias e
comunidades e com as demais agên-
cias sociais e educativas presentes
no território para o desenvolvimento
humano e religioso dos cidadãos.
Empenhada no diálogo com os vários
ambientes culturais, a paróquia ajuda
«Nas paróquias contribuímos para a
difusão do Evangelho e promoção do
povo, colaborando com a pastoral da
Igreja particular mediante as riquezas
de uma vocação específica»
(CONST. 42)
225

23.5 Page 225

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
a todos no desenvolvimento dos valores, critérios de julgamento e modelos de
vida segundo o Evangelho, através de uma presença fundada na confiança
(dada e recebida).
A paróquia realiza a própria missão em comunhão com a Igreja local e o
Bispo, com as outras paróquias e as organizações pastorais diocesanas.
C Uma comunidade com olhar missionário
Na fi deildade a Jesus, a paróquia crê que o Reino de Deus tem os
pobres como seus destinatários e sujeitos privilegiados. Portanto, em sua
pastoral, deve resplender a opção preferencial evangélica pelos mais
necessitados, o que provoca, em primeiro lugar, a valorização da fé e da
sabedoria dos pobres e o seu acompanhamento.
A paróquia confi ada aos salesianos assume como critério e opção
fundamental a unidade existencial de evangelização, promoção
humana e cultura cristã. Anunciamos o Evangelho e a pessoa de Jesus
em relação íntima com a história das pessoas, seus problemas e suas
possibilidades. No desejo de sanar as situações menos humanas deixamo-
nos guiar pelo valor de plenitude humana que a pessoa tem em Deus.
A realização da evangelização paroquial comporta ao mesmo tempo a
difusão do Evangelho e a promoção do povo (cf. Const. 42). Tal proposta
não se esgota apenas na administração dos sacramentos.
A paróquia é encorajada a ser espaço de acolhida e esperança para todos,
especialmente para quem está cansado, na indigência, marginalizado,
doente e sofredor. Assim, em diálogo e colaboração estrita com as instituições
estáveis no território, promove intensamente a tutela e a promoção dos
direitos humanos; compartilha suas preocupações e aspirações.
D Uma opção clara pelos jovens e pelas classes populares
A pastoral juvenil deveria ser considerada na paróquia como a dimensão
que caracteriza a sua vida. É essa a contribuição especial que os salesianos
oferecem como enriquecimento à missão da Igreja particular (cf. Const.
48; Reg. 26). A atenção especial aos jovens é, portanto, uma opção
preferencial de dinamismo juvenil na evangelização.
226

23.6 Page 226

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A atenção preferencial aos jovens,
especialmente os mais pobres, inse-
re na pastoral da paróquia uma par-
ticular forma de ação e uma especial
disposição educativa. Favorecem-se
experiências que tornam os jovens
evangelizadores de outros jovens. A
prioridade juvenil implica também o
dever de sensibilizar a comunidade
diocesana sobre os problemas e as
exigências da pastoral juvenil. A pa-
róquia confiada aos salesianos pode
contribuir para oferecer propostas
educativo-pastorais às relações das
paróquias com o mundo dos jovens.
«A paróquia confiada aos salesianos
deve atualizar hoje essa experiência
carismática de Valdocco e enriquecer
com ela a pastoral da Igreja local. Por
isso, caracteriza-se por algumas opções
carismáticas colocadas na base da
própria vida e missão»
(P. ANTONIO DOMENECH, ACG 396, “ORIENTAÇÕES E
DIRETRIZES: A IDENTIDADE DA PARÓQUIA CONFIADA AOS
SALESIANOS”)
A paróquia é uma comunidade que acompanha a opção vocacional dos fiéis,
especialmente dos jovens. O acompanhamento dos jovens requer esforço
notável. Esse serviço ajuda a personalizar a fé; na escuta de Deus, reforça-se o
sentido vocacional da vida cristã. A paróquia orienta e acompanha as diversas
vocações na Igreja. Oferece aos jovens uma proposta vocacional específica
à vida religiosa, ao sacerdócio ou ao laicato empenhado. Promove a oração
constante pelas vocações na comunidade paroquial e nos vários grupos e
movimentos.
A paróquia salesiana tem caráter popular de acolhida ampla. A
evangelização da cultura popular requer atenção constante às várias
formas nas quais ela se manifesta. A evangelização se contextualiza e
integra na vida do povo considerando a sua história, tradição e cultura, os
seus costumes e as suas raízes.
2 4 4 A animação pastoral orgânica da paróquia e do santuário
confiado aos salesianos
A Principais intervenções da proposta
A paróquia é uma comunidade evangelizadora; ela leva o primeiro
anúncio àqueles que vivem afastados e os catequiza, acolhendo-os
227

23.7 Page 227

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
na situação em que se encontram. Parece oportuno recuperar alguns
princípios inspirados no catecumenato cristão como elementos
pedagógicos e base para a educação à fé. O catecumenato procura
evangelizar nas quatro principais áreas de crescimento na fé, presentes
na experiência da Igreja (cf. Diretório Geral para a Catequese, 147): a
dimensão pastoral, a dimensão comunitária, a dimensão celebrativo-
litúrgica e a dimensão da ação evangelizadora. As quatro dimensões
podem ajudar a programação adequada das intervenções com os jovens,
garantindo a completude e integralidade da experiência cristã.
1 A paróquia cria e propõe itinerários graduais e diversificados de
educação à fé especialmente dos jovens e das famílias sem, contudo,
reduzir a catequese apenas à preparação aos Sacramentos (cf. CG23,
n. 166-157). Esses processos iniciam as famílias na educação da fé de
seus fi lhos, instituem a catequese batismal, oferecem itinerários de
educação à fé para os jovens namorados e noivos que, sucessivamente,
poderiam dar vida a grupos de famílias.
A catequese deve transmitir, em todas as suas formas, uma síntese
adaptada e atualizada da mensagem cristã e, sobretudo, integrar a
experiência pessoal no processo de amadurecimento e crescimento
cristãos. Procura encorajar e acompanhar o esforço progressivo pela
vida cristã.
A iniciação cristã baseia-se na esperança, nas relações com a comuni-
dade e com o testemunho de vida. Portanto, a paróquia confiada aos
salesianos oferece múltiplos processos pastorais e iniciativas que, com
frescor e criatividade, permitem um encontro pessoal com Jesus Cristo.
É urgente iniciar nas comunidades cristãs experiências significativas que
acompanhem quem, nos vários momentos, está à procura da fé: com-
preensão e escuta da Palavra de Deus (cursos de introdução à Sagra-
da Escritura, pregação, Lectio Divina); experiência de oração pessoal e
compartilhada (escolas de oração); participação na celebração litúrgica
da Eucaristia e dos sacramentos; aprofundamento da fé; valorização
das riquezas da piedade popular; experiência de pastoral juvenil missio-
nária nas zonas rurais e urbanas. Tudo deve ser acompanhado com a
reflexão, a comunicação profunda, o silêncio e a contemplação.
2 Outra ação da paróquia é encorajar a pertença eclesial nos grupos.
Com essa finalidade, ela favorece entre outros os movimentos, as
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23.8 Page 228

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
comunidades juvenis, os grupos da Família Salesiana. Exige-
-se também a coordenação desses grupos com o MJS e a proposta
da Espiritualidade Juvenil Salesiana. A experiência de grupo deve-
ria ser capaz de levar à criação de comunidades cristãs abertas e
integradas.
3 A paróquia é uma comunidade que vive a liturgia e os sacramen-
tos e, para tanto, prepara-se para celebrar com prazer e beleza.
Cuida para que a liturgia seja mais próxima à vida, procurando usar
uma linguagem compreensível e acessível, expressa de modo simples
através de cantos, gestos, histórias, testemunhos, símbolos. Para que a
celebração seja viva, é importante reavivar a participação ativa de todos
na sua preparação e atuação.
4 Ao promover o crescimento de uma fé ativa, a paróquia educa para a
dimensão social da caridade a fim de construir a cultura da solidarie-
dade. Dessa forma, reconhece e encoraja o empenho dos membros da
comunidade paroquial envolvidos na ação social e na caridade, na vida
civil e política. Sustenta a promoção, a formação e o acompanhamento
do voluntariado solidário e missionário.
Em uma comunidade eclesial que colabora com outras forças do terri-
tório a favor dos pobres, deve ser visível em gestos concretos a conduta
de vida sóbria e aberta à generosidade e à solidariedade, em ações que
manifestam os valores do Reino. Privilegiem-se os gestos de solidarie-
dade que se traduzem em atividades duradouras.
5 A comunidade paroquial torne-se centro de formação para leigos,
dinâmicos e empenhados, e, sobretudo, para os animadores pas-
torais dos jovens. Prioridade para o futuro da comunidade eclesial
é o desenvolvimento de itinerários adequados de formação
para todos os agentes, em particular aqueles com responsabilida-
des educativas: catequistas, adultos (ou jovens maduros), pessoas
de fé, preparadas para animar os grupos. A metodologia criativa e
dinâmica não pode ser realmente fecunda se não for praticada por
catequistas preparados.
Tudo isso exige da comunidade paroquial, salesianos e leigos, espaço
e tempo de análise e reflexão sobre a ação pastoral a favor dos jovens
e adolescentes.
229

23.9 Page 229

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B As estruturas de participação e responsabilidade
Animação da comunidade paroquial local
A assembleia paroquial e os grupos são instrumentos de comunhão
e participação dos leigos na vida da comunidade e momentos de
corresponsabilidade. Reforçam a sua identidade mediante a preparação e
concretização do Projeto Educativo-Pastoral Salesiano da paróquia.
A pastoral paroquial confi gura-es também num Projeto Educativo-
Pastoral unitário e articulado. Com ele, a paróquia propõe uma efetiva
corresponsabilidade na missão pastoral de ensinar, santificar e orientar a
todos. As estruturas da paróquia reforçam a comunhão entre todos e a
convergência e complementaridade das pessoas, intervenções e estruturas
ao redor do Projeto Educativo-Pastoral.
O conselho paroquial é uma equipe pastoral de caráter consultivo e
operativo (cf. Código de Direito Canônico, can. 536); ele é representativo
dos vários grupos e setores da paróquia. Em conformidade com as tarefas
previstas pelo Código de Direito Canônico e as linhas-guia da Igreja local,
recobre o papel que o CG24 confere ao Conselho da CEP e da obra (cf.
CG24, n. 160.171). Trata-se de uma equipe necessária para a animação
pastoral da paróquia. Presidida pelo pároco, animada e acompanhada
por ele mesmo com os demais salesianos da comunidade, a equipe é
composta pelos presbíteros indicados para a paróquia, os representantes
dos vários setores da vida paroquial e demais membros que o pároco pode
nomear livremente.
Suas principais funções são definidas no Estatuto: analisar a realidade
da paróquia e dos destinatários para uma resposta evangélica aos
desafios que provêm dela; propor à assembleia o PEPS da paróquia,
atuá-lo e revisá-lo periodicamente; estudar e aprovar o balanço
ordinário da paróquia; garantir a formação dos agentes pastorais
paroquiais.
As comissões e os grupos de trabalho são equipes que, em
conformidade com o PEPS, animam as diversas áreas de atividade. Entre
estas é particularmente importante a comissão ou equipe animadora da
pastoral juvenil, coordenada pelo vigário paroquial ou por um salesiano
ou leigo responsável pelo Oratório-Centro Juvenil (cf. CG20, n. 432).
230

23.10 Page 230

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
É prescrita a comissão econômica da paróquia. Sua composição responde a
critérios de competência e eficiência administrativa. Seus membros devem
ser especialistas no campo econômico e de conduta reta. Seu estatuto
jurídico é puramente consultivo: aconselha o pároco na administração dos
bens da paróquia. Presidente de direito da comissão econômica é o Pároco,
enquanto «pastor próprio» (cf. Código de Direito Canônico, can. 515.519)
de uma determinada comunidade de fiéis; o pároco é o seu responsável
não só sob o perfil sacramental, litúrgico, catequético e caritativo, mas
também administrativo; de fato, ele é, no ordenamento canônico, o seu
representante legal (cf. Código de Direito Canônico, Ca. 532) e seu único
administrador (cf. Código de Direito Canônico, can. 1279).
Seus estatutos defi nem-lhe a natureza, as características, os objetivos, a
composição, as tarefas, as funções dos membros, os modelos de trabalho,
a relação com o Conselho paroquial e a duração dos encargos.
Quando a paróquia está presente na região com outros ambientes da
obra salesiana (Oratório-Centro Juvenil, Escola, Obra Social, Internato,
Residência), promove com eles, em diálogo, uma colaboração especial
em vista da pastoral unitária no interior da única missão. Em relação
com o Oratório-Centro Juvenil é um apelo ao projeto pastoral convergente
no território e na Igreja local, a partir das diversas responsabilidades dos dois
ambientes da obra. As relações recíprocas demonstram, de fato, a unidade
da ação pastoral enquanto a distinção dos projetos permite-nos responder
melhor às não poucas situações particulares da Congregação: Oratório-
Centro Juvenil numa paróquia salesiana; Oratório-Centro Juvenil em
paróquias diocesanas; Oratório-Centro Juvenil em obras muito complexas.
O conselho do Oratório-Centro Juvenil, em sua totalidade ou através
de uma representação qualifi cada, está presente no conselho pastoral
paroquial como garantia de unidade da ação evangelizadora. Em diversas
Inspetorias foi codifi cado que o encarregado do Oratório-Centro Juvenil
seja o vigário paroquial para a pastoral juvenil.
Animação inspetorial/nacional
O pároco é nomeado pelo Inspetor e apresentado ao Ordinário do lugar para
trabalhar a serviço da Igreja local, em comunhão com o Bispo, o presbitério
e as demais paróquias. Busca a coordenação com as demais paróquias da
Inspetoria e a delegação inspetorial de pastoral juvenil. As orientações do
231

24 Pages 231-240

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24.1 Page 231

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Capítulo Geral 19 e do Capítulo Geral Especial (CG20, n. 441) pedem que
se promova em todas as Inspetorias a coordenação das paróquias.
As paróquias dependem das Dioceses nas quais estão localizadas, mas
são confiadas à Congregação Salesiana para responder às exigências das
Igrejas particulares (Reg. 25). Pela sua pertença à Igreja local, a paróquia
salesiana incorpora no seu PEPS as orientações pastorais da diocese e as
do PEPS inspetorial.
A Comissão inspetorial, presidida por um coordenador, garantirá a
ação inspetorial de acompanhamento e apoio às comunidades paroquiais
na atuação do PEPS paroquial. Tanto o coordenador quanto a própria
Comissão participam dos órgãos de animação da pastoral juvenil
inspetorial.
O Coordenador e os membros da Comissão têm estas funções:
sensibilizar as comunidades salesianas para que deem maior
atenção às realidades paroquiais onde elas se encontram;
promover a reflexão e o aprofundamento da identidade salesiana
da paróquia em relação à situação eclesial e social do território;
responder aos desafios pastorais da Igreja nas igrejas públicas e
nos santuários presentes nas obras da Inspetoria;
garantir a elaboração, execução e revisão do PEPS das paróquias
e dos santuários, oferecendo às comunidades paroquiais linhas e
orientações que levem a viver a identidade salesiana;
favorecer a comunicação e colaboração entre as diversas
paróquias da Inspetoria;
apoiar a formação permanente dos salesianos e leigos
corresponsáveis na pastoral paroquial, com encontros e cursos
programados;
convocar periodicamente jornadas ou encontros de párocos,
conselhos pastorais, catequistas, equipes de diaconia, de
apostolado da saúde, de pastoral juvenil.
232

24.2 Page 232

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Requer-se sinergia com as demais comissões inspetoriais: Oratório-
Centro Juvenil, MJS, Animação vocacional, Animação missionária,
Comunicação Social. A Comissão Inspetorial de Formação garante o
acompanhamento formativo dos estudantes de teologia, sobretudo dos
diáconos, no exercício do seu ministério. Eles devem ser inseridos na gestão
efetiva do ministério paroquial.
O dinamismo e o trabalho de coordenação inspetorial são apoiados pela ação
de animação e coordenação nacional, segundo as circunstâncias e os
contextos. Sua função primária é promover a reflexão e o aprofundamento
da identidade salesiana da paróquia, através do desenvolvimento e
atualização da proposta educativo-pastoral. Por isso, procurará facilitar a
comunicação entre as inspetorias para tomar parte nas experiências e nos
desafios. Prática comum em diversas realidades da Congregação é promover,
através da organização nacional, a atualização e formação dos párocos
(formação, exercícios espirituais, cursos de especialização). Além disso, nesta
plataforma, é possível convocar reuniões para uma reflexão nacional, ciente
da variedade dos grupos que participam das nossas paróquias (catequistas,
conselhos paroquiais, animadores juvenis, comissões, grupos).
25
AS OBRAS E OS SERVIÇOS SOCIAIS PARA JOVENS EM
SITUAÇÃO DE RISCO
2 5 1 A originalidade das obras e dos serviços para jovens em
situação de risco
Dom Bosco, pelas ruas de Turim, notou as necessidades dos jovens em perigo
e respondeu à sua pobreza abrindo novas frentes de serviço pastoral. Logo
que entrou no Colégio Eclesiástico, o padre Cafasso lhe confiara a tarefa de
visitar as prisões nas quais, pela primeira vez, constatou a condição alarmante
e desafortunada de muitos jovens detidos. O impacto com os jovens na prisão
comove-o e perturba-o, mas suscita também uma reflexão operativa.
Considerou-se enviado por Deus para responder ao grito dos jovens
pobres e intuiu que, se era importante dar respostas imediatas ao mal-
estar deles, era-o ainda mais prevenir as suas causas com uma proposta
educativa integral. Para tanto, ele quis, em primeiro lugar, acolher junto
de si os jovens, órfãos e abandonados, que chegavam à cidade de Turim à
233

24.3 Page 233

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
procura de trabalho, não podendo
ou não querendo seus pais assumir
o cuidado deles.
«Com Dom Bosco reafirmamos a
preferência pela “juventude pobre,
abandonada, em perigo”, que tem maior
necessidade de ser amada e evangelizada,
e trabalhamos especialmente nos lugares
de mais grave pobreza»
(CONST. 26)
Com o zelo missionário de Dom Bos-
co, vamos ao encontro das crianças,
dos adolescentes e dos jovens que
vivem em condições de exclusão so-
cial. Esta expressão deve ser assumi-
da além do mero significado econô-
mico; a ele faz referência o conceito
tradicional de pobreza, pois também
implica a limitação no acesso à instru-
ção, à cultura, à moradia, ao trabalho; implica também a falta de reconheci-
mento e obtenção da dignidade humana além da interdição ao exercício da
verdadeira cidadania. Nós acreditamos que a forma mais eficaz de responder a
essa dificuldade é a ação preventiva em suas múltiplas formas.
A opção pelos jovens pobres, abandonados e em situação de risco sempre
esteve presente no coração e na vida da Família Salesiana, desde Dom
Bosco até hoje; de aqui uma grande variedade de projetos, serviços
e estruturas para a juventude mais pobre, com a opção da educação,
inspirada no critério preventivo salesiano.
Levados pela constatação da crescente exclusão social, reconhecemos
a necessidade de garantir a prática do sistema educativo de Dom Bosco,
para que os jovens superem o desânimo e a marginalização, assimilando
as perspectivas da educação ética e da promoção da pessoa, na ação
sociopolítica e na cidadania ativa, preocupem-se com a educação e a defesa
dos direitos dos menores, a luta contra a injustiça e a construção da paz.
A pobreza e a exclusão crescem todos os dias até assumirem uma
dimensão trágica; trata-se de uma pobreza que fere indivíduos e comunidades,
especialmente os jovens, até ser uma realidade estrutural e global de vida.
Nosso modelo é o Bom Samaritano, “coração que vê” e que salva.
As situações de pobreza e de exclusão têm um forte impacto social e, infelizmente,
tendem a persistir. Não podemos ficar indiferentes diante disso tudo; a realidade
impele-nos e empenha-nos a pôr em ação respostas imediatas, em breve e médio
prazo (cf. CG21, n. 158; CG22, n. 6, 72; CG23, n. 203-214), tais que, vencendo
234

24.4 Page 234

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
injustiças e desigualdades sociais, deem aos jovens novas oportunidades para
construir a vida de modo positivo e inserir-se responsavelmente na sociedade.
Muitas dessas obras e serviços apresentam um modelo pedagógico e
salesiano novo e exigem, por isso, competência profissional, programas
especializados e colaboração com as instituições civis e religiosas. A seguir,
oferece-se uma visão de conjunto dessas obras e serviços:
obras para meninos em situação de rua: casa-escola, centros diurnos
ou casa-família. Ao lado delas há também soluções residenciais para
jovens sem teto: estruturas adaptadas para deslocados e refugiados,
para jovens errantes, que vivem pelas ruas, à margem das cidades,
para jovens “ninguém”, abandonados ou órfãos;
serviços aos jovens com necessidades especiais: menores em medidas
de proteção e responsabilidade penal; presidiários; crianças-soldado;
crianças exploradas pelo turismo sexual e maltratadas; jovens com
necessidades educativas especiais, físicas e mentais;
atenção aos imigrantes: alfabetização; apoio psicopedagógico
e escolar; consultoria jurídica para a regularização das situações;
contribuições pelas competências sociais e profissionais; participação
e integração no contexto;
acolhida e acompanhamento para a recuperação e reabilitação de
dependentes de drogas, menores com problemas comportamentais,
doentes de AIDS-HIV;
serviços educativos alternativos para enfrentar o problema da falta
de sucesso escolar, com projetos socioeducativos; laboratórios
profissionais e de pré-colocação; classes de apoio e reforço
escolar; laboratórios socioprofissionais; cursos de formação para
desempregados; programas de reforço educativo;
presenças de inserção em ambientes populares e de atividades
culturais em bairros periféricos; ações para acolher e acompanhar
vítimas de violência, de guerra e de fanatismos religiosos;
centros de atenção e apoio à família em sua função educativa;
serviços dirigidos aos jovens que sofrem por provirem de famílias
irregulares, famílias sem casa ou com alojamento indigno;
235

24.5 Page 235

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
serviços específicos de promoção da mulher: alfabetização,
maternidade responsável, educação à saúde e higiene.
A aceitação da opção preferencial carismática em favor dos mais pobres
e carentes é transversal na animação orgânica da Família Salesiana.
No PEPS inspetorial, garantimos esse empenho em todas as nossas obras e
presenças. Prevenir e enfrentar possíveis situações e necessidades dos jovens
em todos os nossos ambientes, em qualquer contexto e, em particular, nas
obras e nos serviços específicos de atenção à pobreza e exclusão social, é
um traço típico da Pastoral Juvenil Salesiana.
2 5 2 A Comunidade Educativo-Pastoral da obra social
A A importância da CEP da obra social
Dom Bosco, através do Oratório, ofereceu aos jovens abandonados uma
verdadeira família na qual pudessem desenvolver-se e preparar-se para a
vida; por isso, considerou importante a experiência comunitária.
A CEP nas obras e nos serviços que respondem à insatisfação juvenil tem
características próprias de configuração e crescimento. A experiência da
Congregação nos últimos anos adquiriu alguns critérios que devem ser
levados em conta para a consolidação da ação institucional. O serviço
educativo integral é uma verdadeira opção missionária de acolhida e
de presença familiar entre os jovens que vivem situações de risco;
atento à pessoa do jovem, acompanha-o em sua inserção comunitária como
sujeito de direitos, empenhado pela justiça e a renovação da sociedade,
promovendo a cultura da solidariedade, segundo valores que se inspiram
no Ensinamento Social da Igreja (cf. Const. 33).
B Os sujeitos da CEP da obra social
Os educadores vivem com os jovens uma relação de proximidade e
amizade, na familiaridade e amabilidade da presença salesiana (bondade). Pelos
jovens pobres não só se trabalha, mas se trabalha em solidariedade e comunhão
com eles; trata-se de uma experiência de inter-relação estreita e flexível, baseada
num pacto educativo de acordos segundo o consenso recíproco.
236

24.6 Page 236

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A equipe de educadores é a principal responsável pela elaboração,
atuação e avaliação do PEPS local. A corresponsabilidade de educadores
e jovens no projeto é um elemento característico da pedagogia salesiana.
A experiência comunitária torna-se então uma escola experiencial para
os próprios jovens. Eles reconhecem a si mesmos como educadores de
outros companheiros, com os quais compartilham o mesmo processo de
amadurecimento integral, que os prepara gradualmente para os futuros
papéis de serviço educativo na própria obra, em suas famílias e na
sociedade.
Para efetuar uma ação educativo-pastoral de qualidade, não são sufic ientes
as intuições, a experiência pessoal e a boa vontade subjetiva. Exigem-se
dos educadores as seguintes condições:
garantir no PEPS as estratégias e intervenções que aprofundem
continuamente as motivações e os valores que orientam as
opções institucionais e de cada educador;
ter a preparação necessária para realizar o projeto com competência
profissional e qualidade diante da complexidade das situações;
garantir o profissionalismo com fundamento vocacional, tanto
mais dos educadores entregues a esse serviço na comunidade,
especialistas em educação e humanidade;
cultivar um profundo conhecimento da realidade juvenil e
dos processos culturais gerados no mundo da exclusão e da
marginalização social;
aprofundar o estudo do Sistema Preventivo para atualizá-lo nas
situações de vida cotidiana com uma formação contínua na
dimensão social da caridade;
assumir o ponto de vista do Ensinamento Social da Igreja e dos
Direitos Humanos;
gerir de modo efi caz os longos processos educativos e de
recuperação, garantindo ao mesmo tempo a capacidade de
organização e gestão, como também a busca e a gestão dos
recursos.
237

24.7 Page 237

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A intervenção proativa dos educadores e jovens no cotidiano exige a
cooperação de especialistas profissionais: sociólogos, psicólogos, médicos,
advogados, pedagogos, educadores sociais. Vão-se desenvolvendo, nestas
obras, as melhores formas de voluntariado. São igualmente indispensáveis a
ligação e a inter-relação sistemática com os referentes familiares e as demais
instituições da região ou associações que trabalham no mesmo campo.
A convivência com os jovens em situações existenciais precárias e frágeis
interpela os salesianos e os leigos para uma conversão pessoal e institucional.
As situações de carência e as muitas faces de sofrimento, fragilidade, insatisfação
e exploração interrogam a vida do educador salesiano, as suas atividades
ordinárias, o sentido profundo de gestos dados muitas vezes como garantidos.
Esses aspectos e histórias exortam à concretude e ao imediatismo, à competência
e paixão, ao planejamento e à gratuidade, à espiritualidade e esperança.
De sua parte, os salesianos oferecem o testemunho austero de uma presença
solidária e educativa entre os jovens; acompanham-nos sustentados pela
profunda fé em Deus Pai; Ele quer que todos “tenham vida, e a tenham em
abundância” (Jo 10,10), enquanto adquirem um conhecimento sempre mais
profundo da realidade social circunstante e dos seus mecanismos. Os educadores
leigos, por sua vez, representam para os jovens um modelo próximo de vida
ao redor do núcleo familiar, conduzido responsavelmente, empenhados com
qualidade profissional em suas intervenções educativas e testemunhas da vida
inspirada no Evangelho de Cristo.
2 5 3 A proposta educativo-pastoral da obra social
O Projeto Educativo-Pastoral específico para estas obras e serviços sociais em favor
dos jovens em situação de risco delineia a identidade da proposta e orienta
o serviço dos educadores em função das exigências da qualidade profissional
e da consciência vocacional previstas no modelo pedagógico salesiano.
A A inspiração evangelizadora
Nossa ação educativa é inspirada no Evangelho e orientada a abrir os
jovens a Cristo, aquele que «passou a vida fazendo o bem» (At 10, 38). Às
vezes, nessas obras e serviços, as intervenções respondem, sem demoras,
a necessidades primárias de sobrevivência (alimentação, água, cuidados
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24.8 Page 238

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
médicos, abrigo em ambiente familiar) para que os jovens possam crescer
com autonomia e superem condicionamentos de dependência. Alcançado
o primeiro horizonte, tende-se a garantir-lhes os demais recursos de que
precisam para viver de maneira digna e segura. A fórmula de Dom Bosco,
“honestos cidadãos e bons cristãos”, significa responder às necessidades
dos jovens “abandonados”, em perspectiva humanizante.
O testemunho dos educadores e da CEP, o ambiente de acolhida e de
família, a defesa e promoção da dignidade pessoal e de seus valores são
a primeira forma de anúncio e a primeira realização da salvação de
Cristo, que é libertação e plenitude de vida.
Trata-se de uma ação educativa que compartilha com os jovens uma
proposta de crescimento interior, com atenção especial à dimensão religiosa
da pessoa, fator fundamental de humanização e prevenção, apoio sólido
de esperança para os jovens que sofrem gravemente as consequências
dramáticas da pobreza e exclusão social.
A evangelização comporta, para nós, proximidade e participação,
humanização e proposta. É um processo, e mesmo quando à proposta
cristã não chega a todos com a mesma intensidade, é ainda a primeira
autêntica forma de evangelização porque, como Jesus, se imerge na
realidade para humanizá-la e chamar a todos para a sua sequela.
No PEPS, portanto, a comunidade educativa deve propor aos jovens expe-
riências e itinerários que despertem
neles a dimensão da vida espiritual
e ajudem-nos a descobrir Jesus Cris-
to como seu Salvador (cf. CG26, n.
105-106). A proposta de evan-
gelização deve inserir-se plena-
mente no processo educativo
com itinerários pedagógicos sim-
ples, personalizados, estreitamente
ligados à vida cotidiana, e graduais.
«Através dos caminhos misteriosos do
Espírito, que age no coração de todas as
pessoas, e de maneira especial dos mais
pobres e necessitados, cremos que nesta
relação pessoal com Deus se escondem
energias insuspeitadas para a construção
É preciso proteger e desenvolver o
despertar religioso com paciência
e perseverança, fazendo brotar o
que há de positivo nos jovens, a
da personalidade e para a sua formação
integral»
(P. JUAN VECCHI, ACG 359, “NOVAS POBREZAS, MISSÃO
SALESIANA E SIGNIFICATIVIDADE”)
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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
consciência da sua dignidade, a sua vontade de refazer-se. As formas específicas
de apoio e ação, que realizamos com os jovens, são estas: facilitar o surgimento
de questões sobre o sentido da vida (que sentido tem a minha vida? Que
tipo de pessoa eu quero ser?); estar presente nas celebrações e nos eventos
importantes de sua vida familiar, social e religiosa; oferecer valores que orientem
a busca religiosa e favoreçam a disponibilidade à fé; apresentar o humanismo
cristão do Evangelho de Jesus como Boa Nova; convidar a sentirem-se acolhidos
pela comunidade cristã e seus membros; propor experiências religiosas simples
e de qualidade e a aceitação de compromissos progressivos.
B Uma proposta educativa integral e orgânica
É importante ajudar, com processos de “identificação”, a reconstruir e
unificar o mundo interior. Numa época de fragmentação como esta, só se
pode chegar à unidade interior através do contato vital com pessoas e
instituições de forte identidade, respeitosas da diversidade e libertadoras.
Por isso, educamos com convicção e motivação, em relações personalizadas
que expressam acolhida e diálogo, respeito e aceitação incondicionada.
Todo educador é modelo positivo de identificação e ponto de referência
no processo de desenvolvimento dos jovens. Ou, com outras palavras, a
presença “entre” os jovens cria questionamentos e suscita atração.
«A pobreza e a marginalização não são
fenômenos puramente econômicos, mas
expressão de uma realidade que toca
a consciência das pessoas e desafia a
mentalidade da sociedade. A educação
é, portanto, um elemento fundamental
para a sua prevenção e superação, e é
também a contribuição mais específica e
original que somos capazes de dar como
salesianos»
(P. JUAN VECCHI, ACG 359, “NOVAS POBREZAS, MISSÃO
SALESIANA E SIGNIFICATIVIDADE”)
O ambiente precisa de animação
comunitária familiar. Em seu nú-
cleo, os salesianos e educadores lei-
gos têm um papel irrenunciável. Os
jovens em situação de risco, a maior
parte deles com experiências em
ambientes familiares inadequados,
precisam de um ambiente familiar,
no qual encontrar as condições fa-
voráveis para reestruturar e reorien-
tar adequadamente a própria vida.
Além disso, a oferta de um am-
biente familiar, com a possibilida-
de de viver relações com referentes
adultos positivos, rompe a barreira
da desconfiança e desperta o dese-
jo educativo.
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24.10 Page 240

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Elemento essencial é o desenvolvimento da consciência crítica em relação
a si mesmo e ao próprio ambiente, com critérios renovados de análise.
As competências técnico-culturais e, sobretudo, a aquisição de hábitos de
trabalho são um caminho importante para a incorporação dos jovens na
vida familiar, de trabalho e social.
A formação completa, que se estende a todas as experiências de vida
dos jovens e a todas as dimensões de sua pessoa, valorizará os seus
recursos de modo contínuo e sistemático para que se tornem sempre
mais responsáveis da própria vida. Nossa proposta educativa tem como
finalidade o jovem, chamado a desenvolver-se em todas as dimensões
da vida: pessoal, familiar, sociocultural, ambiental, sociopolítica e
ético-religiosa.
C A escolha do critério preventivo
A prevenção é um método
educativo que tem em vista curar
a insatisfação prevenindo seus
efeitos negativos; é também
uma ação social sistemática
que não se reduz à assistência
momentânea, mas remedia a
marginalização em suas causas.
Trata-se de uma ação não só
educativa dirigida às pessoas, mas
«A força educativa do Sistema Preventivo
é demonstrada também na capacidade
de recuperação dos jovens desviados que
conservam pontos acessíveis ao bem»
(CG22, N. 72)
também de amadurecimento de
uma nova mentalidade social em nível cultural e político, para o bem
comum e os direitos humanos.
Nossa proposta educativa inclui, em muitas ocasiões emergenciais,
assistência e proteção social. O critério preventivo garante as condições
pedagógicas para a reconstrução de uma vida digna, evitando o seu
agravamento. É fundamental o acompanhamento pedagógico oferecido
aos jovens durante seu processo de crescimento, com intuito de fazer deles
pessoas autônomas, capazes de gerirem responsavelmente a própria vida.
Às vezes, a condição pessoal dos jovens exige obras e serviços capacitados
para a recuperação e reeducação. Dom Bosco apresenta um sistema
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25 Pages 241-250

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25.1 Page 241

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
entre os mais adequados para a reeducação dos jovens que caíram
na delinquência ou vivem seriamente marginalizados. A pedagogia
contemporânea avalia a “resiliência” como a capacidade de uma pessoa
ou de um grupo progredir mesmo a partir de eventos desestabilizadores
ou condições difíceis de vida, com graves traumas.
O projeto salesiano oferece a pedagogia do grupo como experiência
para aprender a viver em relação e diálogo espontâneo em autonomia e
interdependência. Para estes jovens que tendem a ser “gregários” e a se
deixarem arrastar pelo grupo e a nele encontrar refúgio, o grupo é um
fator determinante para todo o processo educativo e a reconstrução da
própria personalidade.
D A perspectiva social e política
A resposta salesiana à marginalização e exclusão juvenil também tem
necessariamente uma perspectiva social e política. Suas obras e seus
serviços promovem a cultura do outro, da sobriedade, da paz, da justiça,
entendida como atenção ao direito de todos a viverem de maneira digna.
«Ajudar a criar uma nova mentalidade e
uma nova cultura que suscite mudanças
de critérios e visões mediante gestos e
ações... Trata-se de promover a cultura do
outro, da sobriedade... da disponibilidade
para compartilhar gratuitamente, da
justiça, entendido como atenção ao
direito de todos à dignidade da vida, e
mais diretamente, trata-se de envolver
pessoas e instituições numa obra de
ampla prevenção, de acolhida e de apoio
a quem tem necessidade disso»
(P. JUAN VECCHI, ACG 359, “NOVAS POBREZAS, MISSÃO
SALESIANA E SIGNIFICATIVIDADE”)
A ação educativa nessas obras e
serviços prepara e ajuda os jovens
a se empenharem no território. Ao
mesmo tempo, promove a trans-
formação da mentalidade cola-
borando na transformação da
realidade social. É preciso en-
frentar a luta contra a pobreza e
exclusão social como desafio estru-
tural. A reflexão constante sobre a
pobreza e a marginalização, sobre
sua influência no mundo juvenil,
especialmente na família, envolve
uma colaboração sistemática entre
as diversas instituições educativas
presentes no território. O nosso ca-
risma pede-nos para compreender
atentamente as categorias culturais
da juventude, dos pobres, das mi-
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25.2 Page 242

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
norias, a fim de reconstruir uma nova humanidade também a partir das
margens da história.
Exige-se uma análise contínua no ambiente social local que indique sempre
mais pontualmente os desafios ao PEPS e proponha processos consequentes
pertinentes e intervenções específicas. Cresce a consciência de colaboração
em rede com outras instituições na elaboração de políticas educativas,
familiares, juvenis, urbanísticas e outras, capazes de prevenir e superar as
causas estruturais do mal-estar. É preciso reforçar a presença das Inspetorias
junto aos organismos civis competentes para continuar a evolução das
políticas sociais juvenis e intervir na reflexão e nas decisões legislativas.
Toda CEP insere-se na Igreja e no ambiente social em que realiza o
seu projeto. Aspiramos à promoção da cultura da solidariedade
segundo o Evangelho de Jesus. O projeto de atenção pastoral à
infância, adolescência e juventude em situação de risco torna concretas
a participação e a ação libertadora pela justiça e a paz (cf. Const. 33) e,
envolvendo todos os responsáveis, faz-se voz profética para a construção
de uma sociedade digna do homem.
2 5 4 A animação pastoral orgânica na obra social
A Principais intervenções da proposta
1 A resposta às novas pobrezas juvenis deve ser dada em todas as obras
e serviços da Inspetoria. A colaboração e complementaridade das
diversas obras salesianas presentes no território e o serviço de um
projeto unitário de promoção e educação juvenil multiplicam as forças
e tornam mais eficazes as ações de cada uma. Dê-se atenção, nos pro-
jetos inspetoriais e locais, às situações de crise juvenil e às diversas ma-
nifestações de pobreza e exclusão social, e definam-se os objetivos e as
propostas educativas mais adequadas para sua prevenção e superação.
É muito oportuna a criação de uma rede de informação sobre projetos,
presenças, programas e atividades.
2 O PEPS de uma obra dedicada explicitamente ao serviço social para os
jovens em situação de risco planeja políticas e estratégias em função
das fases graduais de atenção e acompanhamento:
243

25.3 Page 243

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
aproximar-se, interessar-se e conhecer a situação dos jovens,
compartilhando seus interesses no mundo deles e em seus espaços
vitais, acolhendo-os incondicionalmente desde o início;
fazer intervenções pertinentes para a reestruturação/recupe-
ração pessoal dos jovens, ajudando-os a se reconhecerem para
depois lhes oferecer a possibilidade de reparar e reconduzir de
maneira positiva a própria vida (cultivando atitudes adequadas de
uma sadia relação consigo mesmos e com os outros);
conhecer seu mundo religioso, para oferecer experiências que
estimulem desde o início o crescimento da sua dimensão espiritual
e os ajudem a assimilar pessoalmente valores educativos, religio-
sos e evangélicos;
ajudar a descobrir e experimentar a presença amorável e paterna
de Deus na própria vida, criando condições para o colóquio pessoal,
paciente, confiante e confidencial;
trabalhar sobre pequenos empenhos para chegar às maiores
responsabilidades. A própria participação dos jovens nas ações e
celebrações cívicas do território, com experiências de grupo e so-
lidárias, leva-os gradualmente a empenhos mais estáveis.
3 Como se viu, a prevenção não é só um método de sanar a insatisfação
e prevenir seus efeitos, mas também de criar condições adequadas para
que todo jovem desenvolva todas as suas potencialidades. É importante
promover ambientes abertos, que ofereçam uma ampla gama de
possibilidades e iniciativas, especialmente atividades de socialização
conhecidas nas linguagens juvenis como a música, o teatro, o esporte, a
arte, as excursões pela natureza, as novas TIC (tecnologias da informa-
ção e da comunicação), nas quais é valorizado em suas qualidades. São
meios significativos de recuperação e ação preventiva que favorecem, no
projeto global, o acompanhamento educativo pessoal de todo jovem.
4 A luta contra a exclusão social deve ser programada com “estratégias
sinérgicas”, capazes de fazer convergir na mesma direção as contribuições
dos diversos atores sociais: o bairro ou território circunstante, as instituições
e entidades ou grupos, as inter-relações humanas nas quais acontecem os
fenômenos de exclusão e as situações de crise. Trata-se de fazer amadurecer
na sociedade uma nova mentalidade e a cultura da solidariedade, e de inter-
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25.4 Page 244

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
vir, em colaboração com outros agentes, nas políticas educativas, familiares,
juvenis, que pesam sobre a vida e a condição dos jovens.
B As estruturas de participação e responsabilidade
Animação local
Enfrentando a velocidade com que acontecem as mudanças fundamentais
em nossas sociedades, a CEP deve empenhar-se na busca de respostas
eficazes para as situações de pobrezas juvenis dos nossos ambientes e
do contexto territorial, com iniciativas para atuar processos rápidos de
coordenação na realização de projetos específicos.
A atenção aos jovens em dificuldade deve ser mantida em todas as
comunidades e obras da Inspetoria, com a revisão da cultura e da
mentalidade promovidas no projeto PEPS. A elaboração do PEPS local
deverá incluir indicadores relativos a essa sensibilidade: abertura
da obra ao ambiente e ao mundo dos jovens; reforço da mentalidade de
projeto orgânico segundo os critérios e as exigências do trabalho educativo-
pastoral pelos mais pobres; dinâmica e metodologia próprias da obra, que
evitam a exclusão; presença, participação e envolvimento dos jovens em
dificuldade nas atividades e nos grupos; qualidade dos processos educativos
e dos programas, como são exigidos pelas condições dos beneficiários.
As obras específicas destinadas à atenção pastoral dos jovens em situação
de risco têm adquirido grande número de critérios e intervenções que
identificam a sua gestão. Como em toda obra salesiana, exige-se uma
presença educativo-pastoral com a correta gestão e administração dos
relativos recursos econômicos.
Deve-se cuidar da sustentabilidade do próprio projeto em termos
de recursos humanos, administrativos, pedagógicos e fi naneciros.
A consultoria jurídica é importante em todos os setores, com seus
instrumentos mais adequados. Este último aspecto deve ser aprofundado
em colaboração com as obras e os serviços da Inspetoria e as Instituições
presentes no território.
Os jovens apresentam-se nas estruturas e nos organismos de animação como
sujeitos ativos da própria formação, em vista da sua inserção sociofamiliar.
245

25.5 Page 245

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Animação inspetorial/nacional
Crescem nas Inspetorias a sensibilidade e a preocupação, a reflexão
e o trabalho pelo mundo da marginalização juvenil. Essa realidade já
não é uma parte isolada, identificada com alguma obra em particular,
ou animada apenas por iniciativas pessoais. A atenção aos últimos
está se tornando “sensibilidade institucional” expressa no PEPS
inspetorial, com o qual a CEP dá atenção especial aos fatores de
pobreza e exclusão e se orientam serviços específicos em favor dos
jovens em situação de risco. O PEPS, coerente com suas opções, políticas
e estratégias em favor dos mais pobres, orienta a ação de animação
orgânica e em rede, em colaboração em todos os níveis, com a Família
Salesiana e outros organismos eclesiais e civis.
Os principais critérios que orientam as intervenções de animação inspetorial
privilegiam os aspectos da formação e animação pastoral orgânica:
formação social e política dos educadores salesianos, religiosos
e leigos, e da CEP, de modo que compreendam a complexa
realidade da pobreza e da exclusão em que vivem os jovens, para
desenhar itinerários adequados aos destinatários e aos educadores
(consagradas/os e leigos, referentes afetivos/familiares);
só com a reflexão e a revisão sistemática será possível consolidar
o trabalho que se realiza; o planejamento dos processos, a sua
avaliação e a nova programação serão sempre mais instrumentos
de melhor qualidade.
O Coordenador inspetorial das obras e dos serviços para os
jovens em situação de risco participa da equipe da
Pastoral Juvenil Salesiana. Em algumas Inspetorias/
nações há uma comissão inspetorial/nacional
246

25.6 Page 246

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
que acompanha a Inspetoria na realização da ação salesiana: opção
carismática preferencial por toda a missão. Em algumas realidades
nacionais, a coordenação foi assumida por uma estrutura civil salesiana
(associação, federação ou outra) que projeta e atua as intervenções em
favor dos menores e jovens, particularmente daqueles que vivem em
situação de marginalização, insatisfação e exclusão social.
O Escritório de Planejamento e Desenvolvimento é particularmente
importante para a animação e coordenação deste ambiente. O escritório
ajuda a Inspetoria a planejar estrategicamente as suas intervenções para
o desenvolvimento e buscar fontes de financiamento para os projetos. É
muito importante o trabalho conjunto dos escritórios com a Delegação
Inspetorial para a Pastoral Juvenil, a fim de garantir a inserção dos projetos
no PEPS inspetorial e promover, ao mesmo tempo, o planejamento
sistemático e a revisão exigente dos objetivos do PEPS local.
2 6 OUTRAS OBRAS E SERVIÇOS NOS DIVERSOS AMBIENTES
Desenvolveram-se no mundo salesiano novas realidades e associações
juvenis. São atividades educativas, serviços ou obras que respondem às
novas urgências juvenis e oferecem respostas adequadas às demandas
de educação e de educação à fé. Estão entre elas os programas de
animação vocacional (projetos de Aspirantado, Comunidades Proposta,
Centros de Acolhida Vocacional), os serviços especializados de formação
cristã e animação espiritual (casas de espiritualidade e retiros, centros
de formação pastoral e catequética), as associações e os serviços
de animação no campo do tempo livre, como escolas de tempo livre
e animação sociocultural, esporte, turismo, música e teatro, e outras
formas de ação na comunicação social através das quais a proposta
salesiana se faz presente no tecido social, juntamente com a animação
missionária, animadas pelos respectivos Dicastérios para a Comunicação
Social e para as Missões.
As novas presenças são mais projetos do que estruturas, respondem e
adaptam-se às alteradas necessidades e urgências com liberdade de ação
e iniciativa. Elas utilizam a comunicação, o ambiente natural dos jovens,
independente da estabilidade do ambiente físico. Nelas é relativamente
247

25.7 Page 247

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
mais fácil envolver os próprios jovens sabendo que o caminho a trilhar
juntos está em suas próprias mãos. São, portanto, expressões de uma
forma nova de presença no mundo juvenil e instrumentos eficazes
de resposta às novas urgências educativas e evangelizadoras.
Esses projetos dão a oportunidade de uma ação pastoral em sinergia
com os demais grupos da Família Salesiana.
Os novos espaços e formas educativas, contudo, expõem-se a
perigos que podem reduzir sua eficácia educativa e evangelizadora:
o individualismo na gestão, a identidade frágil e pouco definida, a
provisoriedade de realizações e a precariedade de projetos que tornam
difícil a continuidade dos processos educativos. Convém, portanto,
levar em conta algumas condições e critérios de orientação que as
harmonizam com as presenças tradicionais no interior do projeto da
Inspetoria. Eis algumas delas:
abertura ao critério imprescindível de discernimento e renovação:
toda atividade e obra é «para os jovens casa que acolhe, paróquia
que evangeliza, escola que encaminha para a vida, e pátio para se
encontrarem como amigos e viverem com alegria» (Const. 40);
clareza da finalidade educativa e pastoral (cf. Const. 41);
realização comunitária: a CEP é sempre o sujeito da missão (cf.
Const. 44);
integração no projeto inspetorial com uma permanente interação
e colaboração entre as diversas obras e serviços educativo-pasto-
rais da Inspetoria (cf. Const. 58).
A Experiências ou serviços de animação e orientação
vocacional
No esforço de buscar novos caminhos para a animação vocacional,
surgiram e consolidaram-se experiências ou serviços de animação e
orientação vocacional (Comunidades de Acolhida, Comunidades
Proposta, Centros de Orientação Vocacional). Elas oferecem aos jovens
a oportunidade de uma experiência concreta da vida e missão salesiana
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25.8 Page 248

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
e de compartilhá-la por algum tempo, aprofundando sistematicamente a
vocação com o acompanhamento adequado e imediato.
É importante que essas atividades garantam:
a presença de uma comunidade salesiana aberta e acolhedora, que
dê testemunho vocacional significativo para os jovens;
a experiência de vida fraterna e de missão salesiana;
o acompanhamento sistemático do processo de amadurecimento
vocacional de cada um;
a estreita relação e colaboração com as demais comunidades da
Inspetoria na responsabilidade da animação vocacional segundo o
projeto inspetorial;
a colaboração com os centros de Pastoral Vocacional da Igreja local
e dos demais Institutos religiosos.
B Serviços especializados de formação cristã
e animação espiritual
Surgiram na Congregação, nos últimos decênios, diversas iniciativas e
serviços de formação cristã e educação à espiritualidade: experiências
de retiro, escolas de oração, casas de espiritualidade, centros
de formação pastoral e catequética. Esses serviços são uma nova
forma de presença salesiana entre os jovens, sempre mais necessária
e urgente.
Convém que as casas de espiritualidade e retiros, como também os
centros de formação pastoral e catequética sejam configurados com estas
dimensões:
garantir a presença de uma equipe de SDB e outros membros da
Família Salesiana; organizar essas casas não simplesmente como
lugar de hospitalidade, mas como comunidade ou equipe de
pessoas que acolhem, acompanham e partilham com os jovens
uma mesma experiência espiritual;
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25.9 Page 249

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
com um programa preciso de aprofundamento e de pedagogia
espiritual, com diversas propostas e níveis segundo as
necessidades dos diversos grupos dos destinatários; superando
a simples oferta de iniciativas isoladas, para apresentar um
itinerário preciso de iniciação e aprofundamento espiritual;
dar atenção especial à pedagogia da oração e da escuta da Palavra
de Deus; oferecer experiências de participação nos Sacramentos
segundo os valores da Espiritualidade Juvenil Salesiana; cuidar,
sobretudo, do aspecto da iniciação e do acompanhamento,
para ajudar os jovens a fazerem uma verdadeira experiência,
vivida pessoalmente;
oferecer aos jovens a possibilidade de um diálogo pessoal
com algum salesiano ou animador durante o encontro, ou de
acompanhamento sistemático;
desenvolver sempre o tema vocacional, ajudando os jovens a
situarem a própria vida diante do Senhor e do seu projeto de
salvação.
outros serviços pastorais propostos fora da presença salesiana, na Igreja
local (como a atuação de SDB na pastoral vocacional diocesana ou em
movimentos juvenis não salesianos), e também em lugares não salesianos
(como a formação de educadores do território). Esses serviços pastorais são
assumidos de acordo com o Inspetor e em coerência com o PEPS inspetorial.
C Serviços de animação do Tempo Livre
As atividades de tempo livre – esporte, turismo, cultura, música,
dança e teatro – são realidades associativas para muitos jovens que pro-
curam satisfazer nelas os próprios interesses, e estão presentes em todas
as nossas obras. Essa intervenção educativa é considerada hoje de grande
valor social e de relevância preventiva. É um modo novo de recriar o am-
biente oratoriano suscitado por Dom Bosco em Valdocco, onde o pátio foi
para ele um lugar predileto da ação educativo-pastoral.
Há no mundo salesiano uma grande variedade de grupos e associações
com iniciativas que realizam a proposta educativo-pastoral salesiana nes-
250

25.10 Page 250

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ses ambientes com pluralidade de
modos de ação, formas organizati-
vas e número de participantes.
Podemos individuar em todos eles
alguns elementos comuns que ca-
racterizam a sua identidade: o gru-
po e a experiência associativa como
opção educativa privilegiada e es-
sencial para o amadurecimento hu-
mano integral; a presença ativa no
território com uma oferta educativa
livre de condicionamentos consu-
mistas; a animação; a participação e
o protagonismo dos próprios jovens.
«A Igreja aprecia muito e procura
penetrar e elevar com o seu espírito
também os restantes meios, para
cultivar as almas e formar os
homens, como são os meios de
comunicação social, as múltiplas
organizações culturais e desportivas,
os agrupamentos juvenis e, sobretudo,
as escolas»
(GRAVISSIMUM EDUCATIONIS 4; CF. GAUDIUM ET SPES 61). )
O esporte educativo salesiano
A promoção de atividades esportivas nas Obras salesianas é uma realidade
viva, realizada com diversas formas de regulamentação e organização.
O esporte é reconhecido como um valor no sistema educativo
salesiano, atividade para todas as idades e todos os contextos.
A leitura atenta do esporte educativo salesiano permite individualizar
alguns de seus componentes que, em medida diversa e segundo múltiplas
realizações, revelam-se constantes e caracterizadores:
o esporte popular, distante do elitismo, ao qual cada um tem
direito e possibilidade de acesso;
o esporte humanizante, que aumenta o potencial de desenvolvimento
dos jovens; que privilegia, com a promoção do “jogo limpo”, a
relação interpessoal e o respeito recíproco; que favorece o encontro
entre o jovem e o adulto, mais espontâneo em relação a outros
momentos educativos, como a sala de aula ou a oficina;
o esporte preventivo, promotor da criação de estilos saudáveis
de vida e que acolhe preferivelmente as crianças e os jovens em
situação de risco, pela idade, pela região onde vivem, pela situação
familiar, pelo baixo rendimento escolar;
251

26 Pages 251-260

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26.1 Page 251

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
o esporte com dimensão lúdica, sem desprezar a competitividade
na sua justa medida, move-se com espírito desportivo nas situações
de sucesso ou insucesso e acolhe e convoca para os mesmos
objetivos todos os membros do grupo, também os menos capazes;
o esporte integrado no amplo Projeto Educativo-Pastoral, que
envolve uma equipe de pessoas com objetivos comuns; para isso
ser possível, são essenciais a formação e o acompanhamento dos
animadores esportivos;
o esporte estruturado e organizado, considerado no Projeto
Educativo-Pastoral com os membros do ambiente educativo
juvenil: animadores esportivos, colaboradores, pais.
As múltiplas formas da arte (música, canto, dança, teatro)
O oratório salesiano acolheu desde o início em suas fi naildades e
características próprias, a música e o teatro, como valores postulados
pelas exigências de manifestação dos jovens. Como Dom Bosco,
também hoje as obras salesianas mantêm essa atividade, propondo o
teatro e a música como artes acessíveis aos jovens e meios de comunicação
de mensagens positivas.
Reconhecendo seu grande valor educativo, as obras salesianas promovem
essas atividades levando estes aspectos em consideração:
elas têm a possibilidade própria e única de aproximar-se da re-
alidade e de interpretá-la utilizando linguagens e símbolos es-
téticos; revelam ideias, sentimentos e emoções, e evidenciam
aspectos fundamentais da experiência humana que dificilmente
poderiam ser compreendidos através de outras formas;
elas são uma contribuição única para o desenvolvimento das
habilidades intelectivas, criativas e expressivas, habilitando os
jovens à concentração, disciplina e constância;
elas oferecem um espaço privilegiado às relações interpessoais:
através de suas várias manifestações, geram espaços de sociali-
zação e colaboração, e são... divertidas;
252

26.2 Page 252

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
elas são um meio privilegiado de evangelização, anúncio e co-
municação da Boa Nova; música e arte favorecem o cuidado do
espaço celebrativo e sua festividade;
elas têm um valor estético e ético: levam o espectador à con-
templação, admiração, capacidade crítica e flexibilidade de jul-
gamento. Por isso, a pedagogia salesiana está sempre atenta
a essas iniciativas, bem ciente de que só é possível chegar em
muitos ambientes através de atividades “não formais”.
253

26.3 Page 253

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
254

26.4 Page 254

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ESTRUTURAS E PROCESSOS
DE ANIMAÇÃO
DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
CAPÍTULO
VIII
«No meio de vós como
aquele que serve»
(Lc 22, 27)

26.5 Page 255

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O mandato apostólico que a Igreja nos confia
é assumido e cumprido em primeiro lugar pelas
comunidades inspetoriais e locais, cujos membros
têm funções complementares, com incumbências
todas elas importantes. Disso eles tomam
consciência; a coesão e a corresponsabilidade
fraterna permitem alcançar os objetivos pastorais. O
inspetor e o diretor, como animadores do diálogo e
da participação, guiam o discernimento pastoral da
comunidade, para que ela caminhe unida e fiel na
atuação do projeto apostólico»
(Const. 44)
Foi assaz notável a utilidade desse pequeno
regulamento. Cada um sabia o que devia fazer, e como eu
costumava deixar a cada um a responsabilidade do seu
cargo, todos se preocupavam em conhecer e cumprir a
sua parte»
(Memórias do Oratório, terceira década, n. 6)
256

26.6 Page 256

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A animaçãoe coordenação da pastoral são or-
ganizadas em diversos níveis: local, inspetorial, interinspe-
torial e mundial. Para elaborar o projeto pastoral com o qual
medir a sua ação, a CEP deve escolher instrumentos ade-
quados e definir os passos concretos a fim de não caminhar
sem rumo; em vista disso, propomos um roteiro concreto
para a elaboração do PEPS.
257

26.7 Page 257

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1 Uma pastoral juvenil orgânica
e articulada
A ação pastoral é eclesial e vivida e atuada em comunhão: «o mandato
apostólico que a Igreja nos confi a é assumido e cumprido em primeiro
lugar pelas comunidades inspetoriais e locais» (Const. 44). A Inspetoria é
a primeira estrutura territorial em que a Congregação organiza e anima a
vida de comunhão e a realização da missão num determinado território.
A comunidade inspetorial é mediadora de união das comunidades
locais entre si, com as demais Inspetorias, a comunidade mundial
e a Igreja.
A ação pastoral de cada comunidade local começa a partir dessa mediação
e articulando-se com a vida e o projeto apostólico da Inspetoria (cf. Const.
157). A ação pastoral da comunidade local encontra seus pontos de
referência numa tríplice realidade: a vida e ação da Igreja local, a situação e
as opções da Inspetoria e a condição dos jovens e das pessoas do território
em que se encontra.
As orientações e opções pastorais que derivam da avaliação atenta das
situações são instrumentos para responder com caridade ardente e inteligência
pastoral aos desafios e expectativas dos jovens.
1 1 PROGRAMAÇÃO E ATUAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL
A Em nível de estruturas de governo e de animação inspetorial
Salvo o que é indicado pelas Constituições da Sociedade de São Francisco
de Sales sobre as organizações das Inspetorias e as funções confiadas ao
Inspetor e seu Conselho (cf. Const. 161-169), cada Inspetoria é instituída
de modo próprio para a missão num determinado território.
A crescente complexidade das situações em que as pessoas vivem e a
pluralidade de ambientes em que nos é pedido para intervir faz com que
258

26.8 Page 258

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
fiquemos cientes da necessidade de estar atentos ao chamado específico
de Deus na diversidade dos contextos. A comunidade inspetorial, com
as comunidades, cada irmão e leigos, é chamada a confrontar-se com as
situações dos jovens aos quais Deus nos envia. Ao acompanhá-los pastoral
e educativamente, a refl exão e o discernimento levam-nos a individuar
alguns desafi os nodais; obrigam-nos a ter em vista algumas opções
fundamentais e favorecer a programação da nossa ação pastoral.
Como veremos mais adiante, as opções e orientações relativas à situação e
ao desenvolvimento da Inspetoria são defini dos e indicados, primeiramente,
no Projeto Orgânico Inspetorial (POI), ponto de referência constante
para o governo e a animação da Inspetoria. Outros instrumentos relativos,
por exemplo, à vida e ação das pessoas envolvidas na ação pastoral são
aqueles sobre a formação dos salesianos ou dos leigos que colaboram na
missão. As comunidades locais, na organização de sua vida e realização de
sua missão, devem ter presente o POI.
Para a atuação da pastoral, é fundamental a referência às opções da Inspetoria,
articuladas no Projeto Educativo-Pastoral salesiano inspetorial (PEPSI
ou PEPS inspetorial). Ele indica as grandes opções e orientações para a
realização da pastoral juvenil em todas as obras da Inspetoria, independente
do tipo de ambiente e setor de animação pastoral (cf. Glossário).
O Inspetor com seu Conselho são o primeiro responsável da animação e
do governo pastoral da Inspetoria (cf. Const. 161). Cabe-lhes a função
fundamental de governar a vida e a ação pastoral da Inspetoria definida
no PEPS: orientar e indicar, segundo a situação, as finalidades que desejam
alcançar, as prioridades a privilegiar, as estratégias a usar e os recursos
disponíveis. O Conselho inspetorial é, portanto, um órgão de refl exão e
decisão pastoral; no seu interior é confi ada uma função mais direta ao
Delegado de pastoral juvenil, enquanto animador e promotor direto das
decisões e orientações inspetoriais.
As opções e orientações da Inspetoria são organizadas em vista da
realização e organização de uma série de estruturas de animação e serviço
que sustentam e acompanham a ação das comunidades locais. Essas
estruturas de animação e serviço são referência e ponto de apoio para a
ação pastoral ordinária das comunidades e obras locais, assim como para
sua contínua renovação. A refl exão pastoral constante é necessária em
todos os ambientes e setores de animação pastoral.
259

26.9 Page 259

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
B Em nível de comunidades e obras salesianas locais
Em nível local, as comunidades e obras devem responder a dois grandes
desafios: primeiramente, a crescente pluralidade de frentes e necessidades
às quais são chamadas a atender; depois, a complexidade dos processos
que envolvem a mais cuidadosa e necessária atenção educativa e pastoral
às pessoas. As duas situações podem provocar nas comunidades e obras
uma tendência à departamentalização e falta de organicidade. Diante
desses perigos, pede-se às comunidades salesianas e aos membros das
CEP locais uma mudança de mentalidade e de metodologia na ação
pastoral.
Como a comunidade inspetorial, assim também a comunidade local é
chamada a viver e agir com mentalidade clara de projeto; mentalidade
que leva a individuar os campos prioritários de atenção e fazer escolhas
fundamentais que orientem a vida das pessoas e a efetivação da ação nos
diversos ambientes e setores de animação da obra.
A atuação da pastoral encontra seu principal ponto de referência no PEPS
local. O PEPS indica as linhas para a realização da pastoral juvenil em
todos os de animação e setores da obra. O PEPS cuida da integralidade e
articulação das quatro dimensões que configuram a proposta educativo-
pastoral salesiana (v. capítulo VI). O diretor e seu Conselho são os primeiros
responsáveis do governo e da animação pastoral da obra. Cabe-lhes a
responsabilidade fundamental de coordenar e organizar a pastoral juvenil.
Eles favorecem os processos de envolvimento das pessoas, individuam as
prioridades, indicam os recursos e ativam a reflexão.
É tarefa prioritária do diretor e seu conselho programarem a reflexão
e a prática pastoral. A coordenação da pastoral juvenil encontra no
coordenador local o primeiro e direto animador, que promove a sua
organicidade e articulação com as estruturas e a organização local.
260

26.10 Page 260

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
12
UMA MODALIDADE ESPECIAL DE REALIZAÇÃO DA AÇÃO
APOSTÓLICA: A ANIMAÇÃO PASTORAL
A característica da Pastoral Juvenil Salesiana é a animação, no sentido
profundo do termo: “dar alma”. A animação salesiana não é, portanto,
apenas ação técnica e funcional; é espiritual, apostólica, pedagógica, e
tem sua fonte na caridade pastoral. Animar é muito mais do que governar,
gerir e organizar obras e ambientes. As capacidades e competências
humanas necessárias para a tarefa funcional não são transcuradas, antes
são pressupostas. É importante, contudo, que além da efi ciência das
estruturas, o primado seja da sensibilidade pastoral.
A animação é a forma de contemplar, pensar, sentir e agir que caracterizam
quem assumiu uma particular responsabilidade de governo e quem, sem
esse papel, se envolve na ação pastoral pelos jovens.
A Características da animação salesiana
Esse modo característico de atuar a pastoral foi-nos transmitido por Dom
Bosco; refere-se ao estilo especial de presença no acompanhamento dos
jovens e colaboradores praticado por ele ao viver a missão que lhe fora
261

27 Pages 261-270

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27.1 Page 261

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
confiada por Deus. Esse estilo especial se desenvolve e enriquece com sua
aplicação nos diversos contextos e âmbitos.
A animação da Pastoral Juvenil Salesiana implica antes de tudo o envolvimento
das pessoas, das relações e dos processos. Por isso, supõe:
envolvimento do maior número de pessoas, salesianos em pri-
meiro lugar, mas também de todos os que participam da ação
educativa e pastoral.
motivação e aprofundamento da identificação em relação a valo-
res, critérios e objetivos da proposta pastoral salesiana;
acompanhamento contínuo, para realizar ininterruptamente a
unidade e organicidade do processo pastoral salesiano;
promoção e atualização de processos que influenciem a vida e o
crescimento dos jovens;
unidade e comunhão num processo compartilhado;
atenção para favorecer a informação e a comunicação, a pro-
moção da colaboração, da criatividade e da pertença;
urgência da reflexão constante sobre a situação dos jovens e a
práxis pastoral, e para que corresponda às suas expectativas.
B Princípios e critérios para a animação dos processos e das
estruturas
Articulação com os organismos de governo e coordenação
inspetoriais
Para a promoção da estreita colaboração entre as diversas obras e
serviços em função da unidade, é preciso:
garantir no POI a convergência e articulação das opções de
animação e governo na Inspetoria;
262

27.2 Page 262

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
manter clara a consciência da globalidade da ação pastoral salesiana
no PEPS, em suas quatros dimensões articuladas nos diversos
ambientes da obra, reciprocamente integrados e complementares;
garantir a coordenação e colaboração entre os diversos setores
da animação inspetorial (Formação, Família Salesiana, Economia,
ambientes da Pastoral Juvenil e Comunicação Social), para garantir
a unidade da ação pastoral segundo os objetivos do PEPS;
atuar a reflexão sistemática e o confronto entre a realidade e os
objetivos fixados: processo contínuo de estudo, reflexão, opção,
programação e revisão;
apoiar a ação das comunidades religiosas salesianas e das CEP, mais
do que organizar diretamente, para favorecer a ampla participação
e corresponsabilidade (sentido de comunidade, trabalho em
equipe, informação adequada e suficiente).
Envolvimento das comunidades, dos irmãos e das CEP
Finalidade da animação é suscitar e manter a corresponsabilidade
constantemente ativa. Nas CEP, os irmãos, com os leigos, são envolvidos
no estudo e na elaboração dos critérios e das decisões pastorais,
como também na sua execução. Por isso, mais do que à realização de
grande número de atividades, deve-se dar prioridade às orientações, às
indicações e à informação que acompanham as comunidades e cumprir
com sua responsabilidade. São seus fatores estratégicos:
garantir a consistência quantitativa e qualitativa das comunidades
locais (cf. CG24, n. 173-174);
acompanhar de perto e sistematicamente as comunidades e os
responsáveis dos diversos setores pastorais, sobretudo os que se
encontram em maior dificuldade em sua missão de animação;
cuidar da comunicação e do intercâmbio entre comunidades e
agentes pastorais;
promover o sentido de pertença, a assimilação dos critérios e
objetivos comuns, a colaboração e o enriquecimento mútuo;
263

27.3 Page 263

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
acompanhar com particular cuidado os momentos de incidência
especial na animação pastoral, como o processo de elaboração e
revisão dos PEPS locais, a determinação dos papéis pastorais e das
responsabilidades nas equipes de animação educativa e pastoral, a
programação da formação dos agentes pastorais etc.
Formação para a missão
A resposta ao chamado de Deus para o serviço dos jovens comporta a
adesão a processos de formação, a fi m de reforçar a mentalidade e a
atitude pastoral à luz do carisma salesiano. A formação pastoral requer o
acompanhamento dos salesianos e leigos para o aprofundamento
de sua vocação educativa e a atualização de sua capacidade
operativa. Por isso, ao lado do estudo do modelo de Pastoral Juvenil
Salesiana, apresentado no «Quadro Referencial» da Pastoral Juvenil
Salesiana, é preciso oferecer processos de refl exão pastoral e tutoria
pastoral.
A complexa história dos nossos dias empenha, em itinerários formativos
comuns, salesianos, leigos, jovens colaboradores e membros da
Família Salesiana (cf. CG24, n. 138-146). Eis alguns espaços importantes:
a proposta formativa sistemática e consistente deve ser apoiada
nas fases iniciais da formação dos Salesianos, mediante o estudo
metódico e gradual do modelo de Pastoral Juvenil Salesiana e
as práticas pastorais orientadas que ajudem os jovens irmãos
a assumirem a mentalidade de pastoral unitária e o estilo de
animação e metodologia de projeto. É preciso garantir a iniciação
gradual para a Pastoral Juvenil Salesiana “no campo”, com boas
práxis e o acompanhamento adequado. A formação deve ajudar
a unir a reflexão à ação pastoral a fim de superar a improvisação, a
superficialidade, a departamentalização e o genericismo;
os professores, animadores, instrutores, assistentes sociais e
catequistas recebam uma formação específica para sua qualificação
de educadores e pastores; seja prevista a preparação específica
do pessoal para os vários ambientes da Pastoral Juvenil Salesiana
(projeto inspetorial de formação do pessoal previsto no POI); cuide-
se especialmente da área das ciências pastorais e educativas, com
especialização teórica, prática e experiencial;
264

27.4 Page 264

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
dê-se atenção ao acompanhamento espiritual, demanda sempre
mais viva entre os jovens. Essa exigência pede-nos para garantir
itinerários formativos que preparem salesianos e leigos colaboradores
para serem pastores e educadores capazes de discernimento e
orientadores;
os processos de formação permanente sejam reforçados,
potenciando a qualidade cultural e pastoral de salesianos e leigos
num renovado empenho de cultura, estudo e profissionalismo;
aprofundando a Espiritualidade Juvenil Salesiana para vivê-la e
propô-la (CG24, n. 239-241, 257); qualificando os momentos de
vida comunitária, que percorre no cotidiano o caminho ordinário da
sua formação permanente.
2 A animação
e coordenação local
21
A COMUNIDADE SALESIANA ANIMADORA
DE UMA OBRA SALESIANA
O papel efetivo dos salesianos é diverso segundo o número dos irmãos
e de suas funções. Cabe ao Inspetor com seu Conselho determinar os
modelos concretos de atuação da CEP (cf. CG24, n. 169). Eis algumas
tarefas essenciais da animação:
A A comunidade SDB
A comunidade religiosa (SDB) que vive, conserva, aprofunda e alarga
constantemente o carisma de Dom Bosco, exerce uma ação animadora
específica em relação à CEP. O patrimônio espiritual da comunidade
265

27.5 Page 265

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
religiosa, sua prática pedagógica, suas relações de fraternidade e
corresponsabilidade na missão representam em cada caso o modelo de
referência para a identidade pastoral do núcleo animador (cf. Const. 47;
Reg. 5). A comunidade salesiana é então chamada a:
testemunhar a vida religiosa, manifestando o primado de Deus
na vida, a entrega total à missão educativa e evangelizadora, o
testemunho alegre da própria vida e o interesse pelo crescimento da
vocação salesiana nos jovens e colaboradores. Os jovens salesianos,
que vivem «mais perto das novas gerações são capazes de animação
e entusiasmo, e disponíveis a soluções novas» (Const. 46), sendo
essa a sua contribuição apostólica. A vida de quem chegou à velhice,
pela força da fidelidade amorosa de Deus, torna-se dom e revelação
dos elementos mais maduros da vocação. O salesiano idoso ou
enfermo vive sempre mais ciente de continuar a ter um futuro de
ação, não tendo ainda esgotado seu serviço missionário. Continua
a testemunhar que fora de Cristo não há nem valor nem alegria na
vida pessoal e na vida com os outros;
garantir a identidade carismática salesiana com a presença próxima
e significativa entre os jovens e a disponibilidade para o contato
pessoal, a preocupação com a integralidade do PEPS em todas as
atividades, a visão de conjunto da presença salesiana, promovendo a
inter-relação e colaboração entre as diversas obras que a compõem;
«A modalidade de referência almejada,
que se deve tender a realizar nos
planos inspetoriais de reorganização e
redimensionamento, é aquela em que
a comunidade salesiana está presente
em número e qualidade suficiente para
animar, com alguns leigos, um projeto e
uma comunidade educativa»
(P. JUAN VECCHI, ACG 363, “ESPECIALISTAS,
TESTEMUNHAS E ARTÍFICES DE COMUNHÃO”)
ser centro de comunhão e parti-
cipação, que convoca os leigos para
a participação no espírito e na missão
de Dom Bosco e colabora lealmente
com os diversos órgãos existentes de
participação;
ser primeira responsável da
formação espiritual, salesiana e vo-
cacional (cf. CG24, n. 159), partici-
pando ativamente dos processos de
formação.
A aceitação da missão de animação
requer que a comunidade salesiana
266

27.6 Page 266

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
recompreenda a própria realidade e a função de comunidade religiosa
no interior da CEP e do processo educativo-pastoral. No passado, a
comunidade salesiana assumiu quase exclusivamente a responsabilidade do
ambiente e da obra educativa, ajudada pelos leigos segundo as necessidades;
hoje, ela é chamada a convocar os leigos compartilhando sua responsabilidade
e assumindo sua tarefa específica no interior da CEP.
A cultura das pessoas (leigos, jovens), suas sensibilidades, seus modos de pensar
e enfrentar a vida contêm potencialidades e chaves de leitura vitais para uma
nova interpretação do Evangelho.
A comunidade salesiana, sempre mais ciente desse novo modelo operativo,
assume a sua responsabilidade específica, como parte significativa do núcleo
animador da CEP.
B O Diretor SDB
A animação pastoral das obras e atividades através das quais se realiza
a missão salesiana num determinado lugar é responsabilidade antes de
tudo da comunidade salesiana local e, primariamente, do Diretor com o
Conselho local.
O Diretor SDB, primeiro responsável da CEP, anima os animadores e está a
serviço da unidade global da obra:
cuida da identidade carismática do PEPS, em diálogo com o
Inspetor e sintonia com o projeto inspetorial;
promove os processos formativos;
cuida para que se realize
em todas as atividades e
obras a integralidade e uni-
dade da Pastoral Salesiana;
põe em ação os critérios
de convocação e forma-
ção dos leigos, envolve
corresponsavelmente,
«O leigo cristão é, portanto, membro da
Igreja no coração do mundo e membro do
mundo no coração da Igreja»
(CONFERÊNCIA DE PUEBLA 103)
267

27.7 Page 267

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
sobretudo o Conselho da CEP e/ou da obra; mantém a ligação
entre a comunidade salesiana e a CEP (cf. CG24, n. 172).
C O Conselho da comunidade
O Conselho da comunidade assiste e colabora com o Diretor SDB
nas funções de primeiro responsável da CEP. Ao especifi car a necessária
ligação entre o Conselho da comunidade e os demais organismos de
participação da CEP, convém seguir alguns determinados critérios, além
dos oferecidos pelas Constituições e Regulamentos da Sociedade de São
Francisco de Sales:
participar dele na qualidade de membros do conselho da CEP,
colaborando direta e ativamente dos processos de refl exão e
decisão;
assumir as decisões no que toca diretamente à identidade
salesiana, à formação e à convocação dos leigos;
favorecer sempre o adequado intercâmbio de informações
entre comunidade e organismos da CEP, o diálogo e o respeito
às responsabilidades dos membros.
D O conselho da CEP e/ou da obra
O conselho da CEP e/ou da obra é o organismo que anima e
coordena a obra salesiana através da reflexão, do diálogo, da
programação e da revisão da ação educativo-pastoral (cf. CG24, n.
160-161, 171). Sua função é favorecer a coordenação a serviço da
unidade do projeto salesiano no território em que se localiza a obra
salesiana, ou em que atuam as CEP dos diversos ambientes nas obras
complexas. Se houver uma só CEP, então existirá um só conselho
da CEP que coincide com o Conselho da obra. Se, porém, existirem
tantas CEP quantos forem os ambientes da obra, cada um deles
tem o próprio conselho além do conselho da obra constituído pelos
representantes dos conselhos das CEP. O conselho da CEP não se
substitui e não se sobrepõe aos diversos organismos da CEP, com
decisões não competentes, mas deve ajudá-los a:
268

27.8 Page 268

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
conservar a integralidade do projeto como horizonte concreto
das programações e atividades dos diversos ambientes;
sentir-se corresponsáveis da sua elaboração, realização e revisão;
ter vontade clara de comunhão e serviço pelas necessidades
comuns;
estar atentos às necessidades e exigências do conjunto do
contexto dos jovens;
favorecer a recíproca ligação e colaboração, sobretudo nos
serviços mais gerais, como a formação dos educadores;
manter-se em comunhão e colaboração com os diversos grupos
da Família Salesiana que trabalham no território.
Cabe ao Inspetor com seu Conselho determinar os critérios de composição
e estabelecer as suas competências, os níveis de responsabilidade e ligação
com o Conselho local da comunidade salesiana (cf. CG24, n. 171).
E O coordenador local da Pastoral Juvenil com sua equipe
Para a animação pastoral local, ao lado de cada encarregado dos vários
ambientes e setores de animação pastoral que compõem a obra, é possível,
caso se constate a sua necessidade, a presença de um coordenador da Pastoral
Juvenil Salesiana com uma equipe própria. Além disso, onde for exigido pela
complexidade da obra, haja a possibilidade de ter um coordenador pastoral
para cada ambiente e setor de animação pastoral da obra.
O coordenador local, com a equipe, programa, organiza e coordena a
ação pastoral da obra, segundo os objetivos propostos no PEPS local e as
orientações e os critérios do Conselho da CEP e/ou da obra, sempre em ligação
estreita com o Diretor. Esse serviço exige capacidade de relacionamento e
coordenação. Concretamente, ele exerce as seguintes funções:
colabora com o conselho da CEP para tornar os elementos
fundamentais da Pastoral Juvenil Salesiana presentes no
processo de elaboração, efetivação e revisão do PEPS local;
269

27.9 Page 269

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
• coordena a atuação do PEPS local através de programações
concretas para os diversos setores da ação pastoral da obra, dos
quais é responsável;
• cuida da coordenação e integração das diversas atividades
educativo-pastorais, garantindo sua complementaridade e
orientação para a educação à fé;
• promove iniciativas de formação dos agentes de pastoral
segundo as orientações da programação inspetorial;
• garante a relação e colaboração da obra salesiana com a pastoral
da Igreja local e as demais instituições educativas do território.
Cabe ao Inspetor ou ao Diretor, segundo a práxis das Inspetorias, a
nomeação do coordenador local, salesiano ou leigo e, no segundo caso,
determinar as suas relações com a comunidade salesiana.
F Outros organismos e funções de animação e governo na CEP
Participação e corresponsabilidade exigem a articulação na CEP dos diversos
organismos de animação, governo e coordenação, equipes que se constituem
oportunamente em conformidade com o PEPS e os próprios recursos. Na
definição do seu perfil, é preciso que sejam garantidos por salesianos e leigos:
a complementaridade dos diversos papéis e das funções na CEP;
sua referência ao PEPS, do qual devem compartilhar e assumir os
horizontes antropológicos e religiosos, o horizonte educativo da
realidade, o estilo de presença entre os jovens, os objetivos e o
método, e as estratégias para obtê-los; as indicações para seu
crescimento como educadores salesianos (maturidade humana,
competência educativa, identidade salesiana, testemunho que se
inspira nos valores cristãos) através do processo permanente de
formação pessoal e comunitária;
a presença ativa entre os jovens a fim de ajudá-los a ser grupo,
acompanhá-los no processo de crescimento humano e cristão e
favorecer a abertura no ambiente educativo, cultural e eclesial.
270

27.10 Page 270

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Em todas as obras, de acordo com o Inspetor e seu Conselho, sejam
especificados os campos de responsabilidade confiados aos leigos, seu âmbito
de decisão, a relação dos diversos órgãos e as formas de corresponsabilidade
com a comunidade salesiana e a Inspetoria (cf. CG24, n. 125, 169).
OUTROS MODELOS DE ANIMAÇÃO DA
2 2 CEP NAS OBRAS SALESIANAS
A As obras salesianas geridas por leigos com uma presença
comunitária
Nas obras em que as principais responsabilidades são geridas por leigos,
a comunidade salesiana, quando for muito reduzida, garante a sua
identidade salesiana e a coordenação com a Inspetoria, com a ajuda da
própria Inspetoria (cf. CG26, n. 120); envolve o salesiano em tarefas de
animação pastoral, formação e acompanhamento dos educadores; cuida
da convocação e formação dos leigos colaboradores segundo os critérios
propostos pelo CG24, n. 164, envolvendo o mais possível os membros da
Família Salesiana.
B Obras geridas por leigos no interior do projeto inspetorial
salesiano
Para que uma atividade ou obra, gerida por leigos, possa ser considerada
como pertencente ao projeto da Inspetoria, deve garantir duas
condições indispensáveis: realizar os critérios de identidade, comunhão e
significatividade da ação salesiana e ser acompanhada pelo Inspetor e seu
Conselho (CG24, n. 180; CG26, n. 120).
A Inspetoria, em sua responsabilidade oferece, portanto, para essas obras
e suas CEP, intervenções de animação e governo, em analogia com as CEP
que têm a presença da comunidade salesiana:
visita inspetorial;
revisão do projeto local (PEPS);
271

28 Pages 271-280

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28.1 Page 271

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ligação do diretor leigo da obra com o Inspetor;
participação periódica de um delegado do Inspetor no Conselho
da CEP;
criação do Conselho da CEP;
organização, com os leigos, de um itinerário sério de formação
para a identidade salesiana;
atenção aos leigos que têm papéis de animação e
responsabilidade na CEP;
ligação estável com uma comunidade salesiana próxima ou com
o centro de animação inspetorial, especialmente para o serviço
carismático e pastoral (cf. CG24, n. 181).
3 A animação
e coordenação inspetorial
3 1 O INSPETOR E SEU CONSELHO
São definidos três níveis de responsabilidade nos serviços inspetoriais de
animação pastoral, distintos, mas inseparáveis.
nível de governo: o Inspetor com seu Conselho toma as de-
cisões fundamentais como primeiro responsável da animação e
governo pastoral da Inspetoria (cf. Const. 161);
272

28.2 Page 272

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
nível de unidade e orientação pastoral: o Delegado inspeto-
rial, com sua equipe, cuida da unidade orgânica da ação pastoral
na Inspetoria e a sua orientação segundo o PEPS inspetorial (cf.
CG23, n. 244);
nível de coordenação operativa: as Comissões, os Escritórios
inspetoriais e os Conselhos cuidam da coordenação das atividades
pastorais nos diversos ambientes e setores de animação pastoral,
segundo as diversas dimensões do PEPS (cf. CG26, n. 113).
Os três níveis interagem e completam-se reciprocamente garantindo, de
modo especial no segundo nível, a identidade salesiana da ação pastoral
decidida e coordenada nos outros dois.
32
O DELEGADO DE PASTORAL JUVENIL INSPETORIAL
E SUA EQUIPE
A O Delegado de Pastoral Juvenil
O Inspetor «nomeará o seu Delegado para a Pastoral Juvenil, que
coordenará uma equipe que garanta a convergência de toda iniciativa
para o objetivo da educação à fé e torne possível a comunicação operativa
entre as Inspetorias» (CG23, n. 244).
O delegado do Inspetor atua de acordo com ele e com o Conselho
inspetorial. Seus primeiros destinatários são os irmãos, as comunidades
salesianas e a CEP. Não tem o encargo das iniciativas ou só de um setor,
mas é quem garante a pastoral orgânica na Inspetoria, atento a todas as
dimensões. Normalmente, ele se dedica à animação pastoral da Inspetoria
em tempo integral. Convém que seja membro do Conselho inspetorial,
no qual faz presente habitualmente a perspectiva e as preocupações
pastorais. Suas funções preveem que:
assista o Inspetor e seu Conselho na elaboração do PEPS e das
diretrizes e orientações pastorais comuns;
273

28.3 Page 273

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
coordene o funcionamento colegiado da equipe inspetorial de
Pastoral Juvenil e assista seus membros na efetivação de seu
cargo;
acompanhe as comunidades locais em sua programação, rea-
lização e revisão pastoral, cuidando da realização das quatro
dimensões do PEPS nos diversos ambientes;
comunique-se com os agentes para orientar suas intervenções
segundo a unidade do PEPS;
dirija as iniciativas intercomunitárias propostas no PEPS;
cuide da realização de um projeto orgânico de formação educa-
tivo-pastoral para os irmãos, os colaboradores leigos e os jovens
animadores;
mantenha um assíduo relacionamento com os membros da Fa-
mília Salesiana que trabalham na Inspetoria, com a Igreja local e
o Dicastério para a Pastoral Juvenil.
B A equipe de Pastoral Juvenil
A equipe inspetorial de Pastoral Juvenil colabora diretamente com o Delegado
no cumprimento de suas funções. É importante na equipe a presença
dos encarregados inspetoriais dos ambientes e, eventualmente,
dos setores de animação pastoral da Inspetoria, de modo a garantir
a atuação harmoniosa e unitária dos diversos programas e processos
pastorais animados pela Inspetoria e pelas comunidades. É importante que
dela participem o encarregado da animação vocacional e os delegados para
a animação missionária e a comunicação social. Tem entre suas tarefas:
colaborar com o Delegado em suas funções;
promover a presença e a inter-relação das dimensões do PEPS nas
obras, nos ambientes e setores de animação pastoral da Inspetoria;
orientar as comunidades para a visão interdisciplinar dos desa-
fios pastorais e a ação conjunta para responder a eles.
274

28.4 Page 274

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Para tanto, requer-se dos membros da equipe: preparação específica
teórica e prática; tempo de reflexão e confronto; capacidade de contato,
coordenação, motivação; o programa concreto de trabalho baseado no
PEPS, segundo as linhas prioritárias indicadas pelo Inspetor e seu Conselho.
C Os encarregados inspetoriais de ambientes e setores de
animação pastoral e suas equipes
Para o acompanhamento e animação dos ambientes e setores da pastoral
juvenil da Inspetoria, o Inspetor nomeia um Encarregado ajudado
normalmente por uma equipe.
Função dos Encarregados dos ambientes e setores de animação pastoral é:
ajudar as CEP desses ambientes e setores de animação pastoral
a concretizarem as orientações inspetoriais da Pastoral Juvenil,
segundo o PEPS e o plano de trabalho do Delegado de Pastoral
Juvenil e sua equipe;
estudar e refletir sobre sua finalidade educativo-pastoral, reali-
dade, problemáticas e projeções.
É importante que os diversos encarregados dos ambientes e setores de
animação pastoral da Inspetoria sejam coordenados sistematicamente
com a animação do Delegado inspetorial para a pastoral juvenil; sejam
membros da sua equipe para uma visão compartilhada e a aplicação
coordenada do PEPS e da programação inspetorial; garantam a unidade
orgânica da pastoral juvenil em toda a Inspetoria.
275

28.5 Page 275

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
4 A animação e coordenação
interinspetoriais
Para o serviço de planejamento e animação pastoral de um grupo de
Inspetorias surgem alguns organismos de inter-relação e coordenação:
equipes interinspetoriais de pastoral juvenil, Delegações nacionais ou
regionais de pastoral juvenil, Centros Nacionais de Pastoral Juvenil. Esses
organismos ou equipes são promovidos e orientados pelos Inspetores de
um grupo de Inspetorias ou de uma Região e colaboram de perto com o
Dicastério para a Pastoral Juvenil.
As realidades são diversas, mas podem-se definir critérios comuns:
oferecer neste nível uma coordenação que responda à proble-
mática da situação juvenil sempre mais global e complexa;
desenvolver nas Inspetorias uma mentalidade mais aberta e uni-
versal, promovendo a solidariedade e o intercâmbio de dons no
âmbito da PJ, facilitando a circulação de experiências e modelos
pastorais;
sendo serviço subsidiário de apoio, animação e coordenação,
não deve assumir tarefas que os outros sujeitos de planejamen-
to podem e devem assumir;
a prioridade da educação à fé, afirmada pelos programas e pe-
las intervenções educativas, é afirmada também pela organiza-
ção das estruturas de animação (cf. CG23, n. 245);
os organismos de coordenação devem ser organizados de ma-
neira convergente, integrada e orgânica, evitando tanto a de-
partamentalização como a burocratização centralizada.
Os Delegados Inspetoriais de Pastoral Juvenil das diversas
Inspetorias de uma região ou grupo de Inspetorias (Delegação
276

28.6 Page 276

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Nacional ou Regional, equipe interinspetorial de Pastoral Juvenil) reúnem-
se sistematicamente para:
refletir sobre a realidade juvenil e os desafios que ela apresenta
no âmbito das próprias Inspetorias, em vista da elaboração de
critérios e orientações comuns para a animação pastoral na na-
ção ou região;
coordenar a colaboração recíproca entre as Inspetorias para
alguns objetivos comuns, como a formação de educadores e
animadores;
promover a partilha de experiências, subsídios, iniciativas e pro-
postas;
orientar uma forma de presença e ação convergente e unitária
na Igreja e no território nacional ou da Região.
Ao lado da Delegação Nacional ou Regional, ou das equipes
interinspetoriais de Pastoral Juvenil, podem-se criar Centros Nacionais
ou Regionais de Pastoral Juvenil, organismos de reflexão e animação
criados por uma Conferência inspetorial ou grupo de Inspetorias, a
serviço da pastoral juvenil da Região ou da nação para:
promover e fazer estudos e pesquisas sobre os problemas atuais
da Pastoral Juvenil Salesiana;
recolher e confrontar as experiências salesianas e eclesiais mais
significativas sobre Pastoral Juvenil Salesiana;
propor e divulgar essas reflexões e experiências;
pôr-se a serviço das Inspetorias e Igrejas locais para animar a
ação de planejamento e programação, sobretudo na formação
dos agentes de pastoral juvenil;
agir em conformidade com as prioridades da Congregação e do
Dicastério para a Pastoral Juvenil, da Conferência dos Inspetores
e dos Delegados inspetoriais.
277

28.7 Page 277

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
5 A animação e coordenação
em nível mundial
Os serviços, as atividades, iniciativas e obras que têm por objetivos a
educação e a evangelização dos jovens encontrarão uma referência
unificadora no Dicastério para a Pastoral Juvenil, formado pelo
Conselheiro Geral para a Pastoral Juvenil e sua equipe.
Sua função segundo as Constituições da Sociedade de São Francisco de
Sales, n. 136, é animar e orientar a ação educativa e apoiar as Inspetorias.
Concretamente, o Dicastério:
oferece ajuda para progredir, motiva, torna presente a globalida-
de de ação, cuida do aprofundamento cultural e espiritual, promo-
ve a orientação educativa dos projetos nos objetivos e conteúdos e
no acompanhamento metodológico, promove a reflexão sobre os
critérios e urgências e o intercâmbio de experiências;
favorece a inserção da Pastoral Juvenil Salesiana na Igreja com
a acolhida de suas indicações e orientações e a oferta da nossa
contribuição específica;
no Conselho Geral, oferece a contribuição da ótica pastoral e ju-
venil na concretização das linhas programáticas gerais do Reitor-
Mor e seu Conselho; mantém relações de reciprocidade e com-
plementaridade com os demais Dicastérios como a Formação, as
Missões, a Comunicação Social e a Família Salesiana;
colabora com os Regionais para unificar e organizar as inter-
venções nas diversas Inspetorias segundo as situações e neces-
sidades.
278

28.8 Page 278

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Os destinatários prioritários da sua função
de animação são:
os Inspetores e seus
Conselhos;
os Delegados inspe-
toriais para a Pastoral
Juvenil, suas equipes
e os encarregados
de ambiente e setor;
os demais organismos
de animação em nível
regional.
6 Planejamento pastoral
61
OS DIVERSOS NÍVEIS DE PLANEJAMENTO
INSPETORIAL E LOCAL
O planejamento pastoral comporta diversos níveis de operacionalização,
com diversos processos e documentos. A nossa quer ser uma proposta
metodológica, com a apresentação de alguns instrumentos para
o planejamento da pastoral juvenil. São mediações resultantes de
opções motivadas.
279

28.9 Page 279

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
CONTEXTOS
«Quadro Referencial»
para a Pastoral Juvenil
Salesiana
Outras Orientações
e urgências da
Congregação e da Igreja
Projeto Orgânico
Inspetorial (POI)
[a longo ou médio prazo]
Outros projetos, planos,
itinerários inspetoriais
(formação, leigos,
vocações e outros)
Programação da
animação inspetorial
[anual]
Projeto Educativo-Pastoral
Salesiano inspetorial (PEPSI)
[a longo ou médio prazo]
Outros projetos,
planos,
itinerários locais
Programação
geral da obra
[anual]
Projeto Educativo-Pastoral
Salesiano (PEPS)
em cada obra ou ambiente local
[a longo ou médio prazo]
280

28.10 Page 280

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Os diversos documentos apresentam diferenças conceituais e aplicativas,
mesmo quando utilizados em sobreposição. Não se justapõe simplesmente,
mas se influenciam e apoiam reciprocamente, em circularidade dinâmica.
O «Quadro Referencial» para a Pastoral Juvenil Salesiana, com
outros documentos da Congregação e da Igreja, defi ne o conjunto das
diretrizes, orientações e linhas fundamentais em amplo raio segundo as
quais se move a ação pastoral salesiana e eclesial.
São textos que inspiram toda a Congregação, pontos de referência
propostos para um arco de intervenção pastoral mais extenso no tempo
e nos contextos.
Os projetos inspetoriais, como o Projeto Orgânico Inspetorial e o Projeto
Educativo-Pastoral Salesiano Inspetorial, e os projetos locais, como o
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano Local, têm um caráter mais operativo
e contextualizado, embora se movam ainda em linhas gerais. Esses
documentos especifi cam as orientações da Congregação e da Igreja,
dando-lhes um aspecto muito concreto. A tarefa da Programação é
elaborar a sua concretização detalhada e particularizada.
Parece oportuno chamar a atenção para a simplicidade dos projetos e das
programações: textos ágeis, claros em sua articulação e práticos na aplicação.
É desejável que sejam de poucas páginas para terem um caráter de concretude
e responderem às prioridades concretas. É necessário atentar para que estes
documentos não se tornem um “recipiente” no interior do qual se inserem
amplas reflexões, ou, abundantes textos de referência. A clareza expositiva
permite a imediata compreensão da estrutura do documento.
A programação não responde a exigências de tipo apenas organizativo
e de planejamento. A programação expressa o discernimento e o
testemunho de quem escuta, observa e perscruta os sinais dos tempos com
o olhar de Deus. Estamos convencidos, de fato, de que o planejamento
pastoral não é pensado à mesa de trabalho, mas se nutre de um profundo
e sério discernimento no Espírito que é alma e fonte inspiradora de toda
missão na Igreja. É preciso, portanto, ter presentes os dois momentos: o
discernimento e o planejamento.
Existem metodologias de discernimento, pessoais e comunitárias
(“ver, julgar, agir”, “apelo de Deus, situação e linhas de ação”,
281

29 Pages 281-290

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29.1 Page 281

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
“revisão de vida”), que requerem condições e atitudes muito atentas.
São metodologias que ajudam a ler e interpretar a realidade pastoral
à luz da Palavra de Deus. Deve-se avaliar a sua utilização segundo as
circunstâncias e os contextos.
62
ORIENTAÇÕES PARA DEFINIR
OS TIPOS DE DOCUMENTOS A GERIR
A O «Quadro Referencial» para a Pastoral Juvenil Salesiana
É uma síntese orgânica da Pastoral Juvenil Salesiana; instrumento-
guia para a refl exão, o planejamento, a programação e avaliação da
Pastoral Juvenil Salesiana. Apresenta o conjunto de características que
identifi cam a ação pastoral salesiana da Congregação. Indica a direção
a seguir no itinerário da realização da missão salesiana. Responde às
questões: Quem somos? O que queremos? Aonde queremos chegar? O
que propomos?
O «Quadro Referencial» define diante da Igreja e da sociedade os
elementos constitutivos da ação pastoral da Congregação.
Conhecido e compartilhado na CEP, é a referência fundamental que
estabelece a pertença, determina a ação comum, suscita os melhores
recursos das pessoas com a sua adequada formação, promove um
ambiente de colaboração e corresponsabilidade.
B O Projeto Orgânico Inspetorial
É o projeto estratégico de animação e governo que regula a realização
e a continuidade das decisões da Inspetoria (cf. CG25, n. 82). É o
instrumento prático que tem por finalidade coordenar com determinado
intuito os recursos educativos e pastorais presentes na Inspetoria. Não é
proposto como esquema rígido. O POI considera os aspectos fundamentais:
observação atenta da situação aonde se é chamado a agir; opções centrais
que orientam o desenvolvimento da Inspetoria; campos de ação prioritários
nos próximos anos; critérios operativos que norteiam os vários projetos;
linhas para a preparação das pessoas e a evolução econômica e estrutural.
282

29.2 Page 282

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O CG25 indicou o sujeito do POI: «A Comunidade Inspetorial através
de seus organismos estude, elabore ou revise nos próximos três anos o
Projeto Orgânico Inspetorial» (CG25, n. 82). O Inspetor, com seu Conselho,
coadjuvado por uma equipe operacional (CG25, n. 84), guia e orienta o
processo de estudo, elaboração e revisão do POI, envolvendo as comunidades
e, de modo especial, os Diretores. À luz de Const. 1, 2, 171, e Reg. 3, 167,
é conveniente que os encaminhamentos e as opções fundamentais do POI
sejam estudados e aprovados pelo Capítulo Inspetorial.
Esses elementos institucionais (em longo ou médio prazo) devem
concretizar-se nos diversos planos ou projetos operacionais, segundo os
setores importantes da vida da Inspetoria: projeto de formação; projeto-
leigos; orçamento e balanço anual; projetos comunitários locais. Entre os
projetos, aquele que deve ser mais efetivado do ponto de vista da
missão é o PEPS em relação ao setor da ação educativo-pastoral. Os
projetos não coordenam processos acrescentados ao PEPS, mas qualificam
e desenvolvem seus aspectos importantes.
As funções do POI e do PEPS inspetorial são distintas, pela sua fisionomia,
de qualquer outro documento, em especial, do Diretório Inspetorial, texto
normativo confiado ao Capítulo Inspetorial (cf. Const. 171). Este regulamento
contém normas particulares em matérias demandadas em nível inspetorial.
O POI e o PEPS inspetorial têm natureza, finalidade e conteúdos distintos
do Diretório Inspetorial. Eles têm um caráter de projeto, são programáticos,
são documentos específicos a sé e não fazem parte do Diretório Inspetorial.
Projeto Orgânico Inspetorial: plano estratégico de animação e governo
que regula a realização e a continuidade das decisões da Inspetoria
análise da
realidade
oopções
centrais
campos
prioritários
de ação
critérios
operativos
linhas
gerais em
duas áreas
distintas
tendo em
conta o
contexto
sociocultural
e educativo
para orientar
o crescimento
da Inspetoria
em longo ou
médio prazo
para orientar
os diversos
planos e
projetos
a preparação
das pessoas
e o desen-
volvimento
econômico e
estrutural
283

29.3 Page 283

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
C O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
É o plano geral de intervenção que orienta a realização do itinerário
educativo-pastoral num determinado contexto inspetorial e local e
orienta as iniciativas e os recursos para a evangelização (cf. Reg. 4; cf. CG26, n.
39). Responde à pergunta: O que fazer e como, para chegar à meta prevista?
O PEPS, sendo mais concreto do que o «Quadro Referencial», tem valor
para durar “em longo ou médio prazo”, em relação à situação na qual
está presente a Inspetoria ou a obra salesiana. As metas ou fi nalidades
propostas, as áreas de intervenção indicadas, as linhas operativas
escolhidas indicam o processo operativo a percorrer.
As Constituições da Sociedade de São Francisco de Sales fazem referência a
esse projeto apostólico em sentido global (Const. 31; 44), ao qual também
correspondem diversos artigos dos Regulamentos (Reg. 4-10, 184). Há,
portanto, uma correlação entre o PEPS inspetorial e o PEPS de uma obra:
O PEPS inspetorial define o processo da Inspetoria, por 3-5 anos.
Indica objetivos, estratégias e linhas comuns de ação educativo-
-pastoral que orientam a ação pastoral de todas as comunidades
e obras. Serve como ponto de referência para sua programação e
como revisão educativo-pastoral durante esse período. É referência
para a elaboração do PEPS de cada obra ou ambiente local;
O PEPS de cada obra ou ambiente local aplica à realidade local as
linhas do PEPS inspetorial. É o projeto diretamente operativo de cada
obra (com apenas um ambiente) e de cada ambiente (numa obra
complexa). Neste último caso, o PEPS das obras salesianas que se
apresentam com dois ou mais ambientes torna-se instrumento
importante para a convergência e unidade nos objetivos e nas linhas
de ação comuns da obra. Responde a dois aspectos fundamentais:
- coordenação de todos os ambientes e, eventualmente, seto-
res de animação pastoral da obra, com a série consequente
de critérios, opções metodológicas, orientações organizativas e
instrumentais;
- convocação, constituição, formação e funcionamento das
CEP dos diferentes ambientes.
284

29.4 Page 284

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Todos os elementos estruturais (espaços, propostas
educativas e pastorais, tempos, horários, calendários) e
pessoais (organismos pessoais e colegiados) são orientados
para a realização do objetivo, no arco de três anos. A
corresponsabilidade da tarefa é assumida pelos membros
de cada CEP (cf. CG23, n. 243), mas é particularmente
acompanhado pelo seu Conselho.
O CG23 propôs que cada Inspetoria, na revisão do PEPS inspetorial,
traduza, entre outros aspectos, o itinerário de fé em itinerários
concretos e adaptados aos seus destinatários e aos contextos
nos quais atua (cf. CG23, n. 230): itinerários de fé, itinerários
educativos vocacionais e iniciação cristã dos jovens. O itinerário é uma
sucessão ordenada de etapas ou momentos educativos (com modos
e tempos de realização, meios e protagonistas próprios) através dos
quais se alcançam os objetivos estabelecidos no PEPS. O itinerário
ajuda a tornar o projeto operativo, realiza-o no tempo e adapta-o aos
vários destinatários; no itinerário, os objetivos tornam-se movimentos
progressivos; o método se concretiza num conjunto de intervenções e
experiências organizadas sucessivamente (v. capítulo IV, n. 3.2).
D Os diversos níveis de concretude do PEPS
Somos chamados a traduzir e desenvolver o PEPS em itinerários, planos
e programações. Entre estes, indicamos: a Programação de animação
inspetorial e a Programação geral da obra. Algumas inspetorias servem-se
destes nomes ou de outros para indicar a mesma coisa.
A Programação de animação inspetorial é a aplicação anual do POI e
do PEPS inspetorial, segundo o seguinte esquema (aproximadamente):
objetivo geral do ano, como quadro referencial, horizonte no
qual se realiza o programa de animação do Conselho inspetorial;
objetivos específi cos, para cada ambiente pastoral e setor de
animação da Inspetoria: representam a explicitação do objetivo
geral e se caracterizam como metas, horizontes a alcançar, pon-
tos de chegada nos quais focalizar todos os esforços durante o
ano;
285

29.5 Page 285

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
processos e intervenções para a animação e coordenação dos am-
bientes e setores de animação pastoral da Inspetoria e, com a expli-
citação dos sujeitos envolvidos, das tarefas específicas e dos tempos:
- Comunidade e Formação
- Missão Educativo-Pastoral
- Família Salesiana
- Comunicação Social
- Economia
- ...
modalidades de avaliação para a efetiva revisão da chegada real
aos resultados pré-fixados;
organograma da Inspetoria, isto é, a representação gráfica da
estrutura organizativa geral da Inspetoria;
calendário inspetorial com todos os encontros inspetoriais do ano.
Mediante os planos anuais delineia-se um itinerário gradual que torna
operativo o POI e o PEPS inspetorial, com a revisão sistemática realizada
pela CEP de cada obra. A programação é feita todos os anos e utilizada
em todas as obras da Inspetoria como referência para a elaboração da
Programação Geral de cada obra.
Programação da animação inspetorial:
aplicação anual do POI e do PEPS inspetorial
objetivo
geral
do ano
objetivos
específicos
processo e
intervenções
modalidades
de avaliação
organograma
geral da
Inspetoria
calendário
inspetorial
segundo o
programa
de animação
do Conselho
inspetorial
com atenção
especial
durante o ano
explicitando
o pessoal,
as tarefas
específicas e
os tempos
representação
gráfica da
estrutura
organizativa
geral
todos os
encontros
inspetoriais
do ano
286

29.6 Page 286

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A Programação geral da obra é a aplicação anual do PEPS da obra
(ou eventualmente, cada PEPS dos diversos ambientes e setores de
animação pastoral da obra). Esquema aproximativo:
objetivo geral do ano, como quadro referencial, horizonte no qual
se desenvolve o programa de animação da Inspetoria;
objetivos específicos para cada ambiente e, eventualmente, setor
de animação pastoral da obra; eles representam a explicitação
do objetivo geral e caracterizam-se como metas, horizontes a al-
cançar, pontos de chegada no qual focalizar todos os esforços
durante o ano;
processos e intervenções da CEP dos diversos ambientes e, even-
tualmente, setores de animação pastoral, segundo as dimensões
do PEPS, com a explicitação dos sujeitos envolvidos, das tarefas
específicas e dos tempos;
modalidades de avaliação para a revisão da real concretização dos
resultados pré-fixados.
organograma da obra, isto é, a representação gráfica dos órgãos
de animação e governo, com indicações dos serviços, horários e
funcionamento:
- comuns a toda a obra,
- específicos para cada ambiente e setor de animação pastoral,
calendário com todos os encontros do ano.
287

29.7 Page 287

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Programação geral da obra: aplicação anual do PEPS local
(com os PEPS dos diversos ambientes da obra)
objetivo
geral
do ano
objetivos
específicos
de cada
ambiente e
setor da obra
processos e
intervenções
modalidades
de avaliação
organograma
da obra
salesiana
calendário
segundo o
programa de
animação da
Inspetoria e
do PEPS local
com atenção
especial
durante o ano
com indicação
do pessoal,
das tarefas e
dos tempos
com indicação
dos serviços,
horários e
funcionamento
todos os
encontros do
ano
63
LINHAS METODOLÓGICAS PARA A ELABORAÇÃO
E REVISÃO DO PEPS
A As fases da elaboração do PEPS: uma proposta dinâmica
Trata-se de um projeto que deseja ser realista e eficaz para um processo
contínuo. A partir da situação inicial, caminha para as finalidades fixadas
através de objetivos a realizar. Deve ser elaborado de modo progressivo.
O PEPS traça um itinerário em três momentos a serem retomados,
desenvolvidos, aprofundados. Deixa espaço para a adequação dos
projetos educativos à realidade mutável em que se trabalha.
No processo de elaboração, a CEP deve confrontar-se continuamente
com o «Quadro Referencial», tanto para a análise iluminada da situação
e o discernimento dos principais desafi os, quanto, e sobretudo, para a
individuação dos objetivos que devem orientar a ação pastoral às metas
indicadas no mesmo «Quadro Referencial».
Momento da análise da situação
1 Observação atenta e conhecimento da situação do nosso território e da
“tipicidade” dos jovens que o habitam: pessoas, situações, recursos, pro-
288

29.8 Page 288

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
blemas, tendências, possibilidades. Esse procedimento não é feito uma vez
por todas. A operação requer a capacidade de ligar dados anteriores com
novas aquisições. É preciso ativar a comunicação, as experiências de parti-
cipação, as redes educativas e o senso de responsabilidade.
2 Interpretação educativo-pastoral da situação, procurando entender mais
profundamente a realidade, “mover as águas”, com o desejo de renová-la,
procedendo de todos os modos para melhorá-la. Deve-se acolher a reali-
dade objetivamente, evitando formular avaliações apressadas sobre ela ou,
mais frequentemente, de modo negativo. A interpretação é feita à luz dos
elementos fundamentais da missão salesiana e do Sistema Preventivo.
3 Determinar uma visão de futuro com opções precisas (quatro ou cinco
no máximo); no caso do PEPS inspetorial, as opções são para todas
as presenças e para todos os seus ambientes; no caso do PEPS local,
para os ambientes da realidade local. Em todo caso, é importante que
essas opções claras brotem da análise da realidade e de suas urgências
educativo-pastorais.
Momento da programação operativa
1 Traduzir as opções claras em objetivos gerais que se consideram mais
importantes, urgentes e possíveis. Os objetivos têm em vista propostas
claras, levando em conta as pessoas da CEP e o dinamismo próprio das
quatro dimensões da pastoral juvenil.
2 Propor alguns processos através dos quais se traduzem em prática e se
tornam operativos os objetivos gerais.
3 Concretizar efetividades operativas, isto é, intervenções precisas, progres-
sivas e verificáveis. Nessas intervenções esclarecem-se os grupos de pesso-
as destinatárias (para quem?), as responsabilidades das diversas pessoas
ou equipes (por quem?), o uso dos recursos e a programação dos tempos
(como e quando?).
Momento da revisão do projeto e replanejamento
A revisão do projeto permite medir objetivamente o impacto do projeto na
realidade. Avalia os resultados à luz dos objetivos propostos. Descobre novas
possibilidades ou urgências surgidas e discerne sobre novos passos a dar.
289

29.9 Page 289

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Para a revisão global do PEPS, há alguns elementos a não serem esquecidos:
envolver as diversas pessoas, os diversos grupos e as equipes
interessadas. Os sujeitos da revisão do PEPS inspetorial são o
Capítulo Inspetorial, o Inspetor com seu Conselho e a Equipe
Inspetorial de Pastoral Juvenil;
gerar um verdadeiro processo educativo-pastoral, que não deve se
limitar ao exame dos produtos e resultados. É preciso reavivar, de
fato, os processos de amadurecimento individuais e comunitários,
encorajar ao melhoramento e motivar para resultados melhores;
utilizar indicadores precisos e mensuráveis, à luz dos quais se
possam verifi car os resultados obtidos e saber como foram al-
cançados. A prova e o erro fazem parte do processo; um erro
avaliado é fonte de aprendizagem; um erro não analisado leva
ao desânimo e à estagnação;
prestar atenção à análise das causas – pessoais, estruturais, or-
ganizativas – que favoreceram ou não o processo, e adequar os
objetivos às novas situações e possibilidades.
B Critérios fundamentais para a elaboração
ou reelaboração do PEPS
Como já indicado, a finalidade do planejamento de um PEPS não é a elaboração
de um texto novo a pôr nas mãos dos agentes para que o conheçam e atuem,
mas ajudar a CEP a realizar, com mentalidade compartilhada e clareza de
objetivos e critérios: mentalidade de projeto de corresponsabilidade.
O PEPS, mais do que um texto, é um processo mental e comunitário de
envolvimento, esclarecimento e identificação; ele tende a gerar na CEP a
confluência operativa, prevenindo assim a dispersão da ação.
O caminho feito em comum e a sua metodologia são de fundamental
importância. É preciso indicar três critérios:
a) Discernimento constante com inteligente e corajosa ca-
pacidade profética. O planejamento pastoral não é um puro
290

29.10 Page 290

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
Análise da situação
Observação atenta e conhecimento
do contexto/jovens
Interpretação
educativo-pastoral
Determinação
das opções preferenciais
Planejamento operativo
Objetivos gerais levando em conta as pessoas da CEP e
as quatro dimensões, válidas para todos os ambientes
e, eventualmente, os setores de animação pastoral
Processos e intervenções: indicando pessoas
destinatárias, responsabilidades das tarefas,
recursos reais e programação dos tempos
Revisão do projeto e replanejamento
291

30 Pages 291-300

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30.1 Page 291

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
empreendimento técnico, nem um simples ato espiritual, mas
mediação. Quem elabora, realiza e avalia o PEPS deve amadure-
cer um contínuo discernimento na escuta do plano de Deus. É
o Senhor quem indica o caminho a trilhar e oferece-nos os pon-
tos de referência: adesão à realidade concreta do tempo e da
história (evitando propostas abstratas e estranhas à situação);
centralidade da pessoa do jovem; atenção à globalidade da pro-
posta educativo-pastoral salesiana (entendida organicamente
segundo as quatro dimensões); são elementos constantes da
nossa práxis educativo-pastoral: o Sistema Preventivo e a Espiri-
tualidade Juvenil Salesiana.
Por isso, diante do desafio educativo-pastoral é preciso evitar
duas atitudes que criam obstáculo à missão salesiana; a primeira
é fechar-se num esquema de projeto estático, rígido e anônimo;
o segundo é equiparar o projeto de pastoral juvenil a outros de
natureza comercial, econômica e política, traindo a alma edu-
cativo-pastoral do PEPS, a sua natureza evangélica de oferta de
salvação ao jovem em Cristo.
b) A colegialidade, participação conjunta de todos os membros da
CEP envolvidos no projeto. Apresentem-se com clareza a motiva-
ção, os objetivos e o itinerário. Promova-se o diálogo sereno e pro-
gressivo no estudo dos problemas e das situações. Sejam sempre
avaliadas as contribuições de todos. Crie-se uma verdadeira equi-
pe de trabalho, capaz de animar processos longos e complexos.
O verdadeiro Projeto Educativo-Pastoral é obra comunitária e de
colaboração. O PEPS inspetorial envolve todas as comunidades
e obras da Inspetoria, o PEPS local empenha a CEP como sujeito
da sua elaboração, atuação e revisão.
É preciso envolver de modo especial os membros da Família Sa-
lesiana que trabalham no mesmo território (cf. CG24, n. 125),
em nível inspetorial, mediante o encontro dos organismos ins-
petoriais (equipe inspetorial de Pastoral Juvenil e/ou Conselho
Inspetorial) com os representantes dos diversos grupos da Famí-
lia Salesiana presentes na Inspetoria; em nível local, através do
diálogo entre o conselho local da Família Salesiana, a comuni-
dade salesiana e o Conselho da CEP.
292

30.2 Page 292

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ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
A fim de interessar e empenhar toda a CEP nesse processo, é útil
a criação de um grupo animador que provoque e motive, aju-
dando a superar os obstáculos; indique as linhas metodológicas
que favoreçam a participação de todos os grupos e organismos
da CEP segundo suas responsabilidades e possibilidades; ofereça
elementos e subsídios para reflexão e estudo; resuma e formule
as conclusões para propô-las de novo ao grupo. Este grupo, em
nível inspetorial, pode ser a equipe inspetorial de Pastoral Juve-
nil alargada a outras pessoas competentes e qualificadas; em
nível local, o Conselho da CEP ou a equipe de pastoral.
c) A comunicação, mediante a partilha das linhas de projeto en-
tre os que são sujeitos e agentes no projeto. Com essa atitude
aberta, urge, desde o início, a clareza sobre os diversos níveis de
participação (discussão, decisão, execução) e seus responsáveis.
Nesse processo, salesianos e leigos fazem experiência de comu-
nhão e participação no espírito de Dom Bosco em sua missão.
Todos os componentes da CEP percorrem um itinerário de dis-
cernimento, participando ativamente da busca dos objetivos e
linhas de ação do PEPS (CG24, n. 119-120).
A complexidade da organização não deve ofuscar o espírito educativo e
pastoral que lhe está por trás. Toda atividade é a parte que deve tornar
claro e evidente o conjunto: a educação dos jovens à vida e ao encontro
com o Deus da vida.
Iniciar o planejamento, atuá-lo e ser capaz de revisão e mudança não é
nem superficialidade nem complicação. É sinal de maturidade educativa,
de um serviço especializado que se coloca em contínua conversão para a
promoção da vida numa sociedade continuamente mutável. É capacidade
de realismo, de amor e respeito pelos jovens. É coerência com as decisões
educativas que eles esperam e merecem. É a realização de uma sinfonia
educativa, fruto de um itinerário pedagógico, com o tempo o mais
frutuoso entre todas as obras da humanidade.
293

30.3 Page 293

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
294

30.4 Page 294

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ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
EPÍLOGO

30.5 Page 295

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
O espírito salesiano encontra seu modelo e
fonte no próprio coração de Cristo, apóstolo do Pai.
Na leitura do Evangelho somos mais sensíveis a
certos traços da figura do Senhor: a gratidão ao Pai
pelo dom da vocação divina a todos os homens; a
predileção pelos pequenos e pelos pobres; a solicitude
no pregar, curar, salvar por causa da urgência
do Reino que vem; a atitude do bom Pastoral que
conquista com a mansidão e o dom de si; o desejo
de reunir os discípulos na unidade da comunhão
fraterna»
(Constituições da Sociedade de São Francisco de Sales 11)
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30.6 Page 296

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EPÍLOGO
ORAÇÃO A DOM BOSCO
São João Bosco,
Pai e Mestre da juventude.
dócil aos dons do Espírito
e aberto às realidades do teu tempo
foste para os jovens, sobretudo humildes e pobres,
um sinal do amor e da predileção de Deus.
Sê nosso guia
no caminho de amizade com o Senhor Jesus,
para podermos perceber n’Ele e no seu Evangelho
o sentido da nossa vida
e a fonte da verdadeira felicidade.
Ajuda-nos a corresponder com generosidade
à vocação que recebemos de Deus,
para sermos na vida cotidiana
construtores de comunhão,
e, em comunhão com a Igreja inteira,
colaborarmos com entusiasmo,
na edificação da civilização do amor.
Obtém-nos a graça da perseverança
na vivência da vida cristã em grau elevado,
segundo o espírito das bem-aventuranças;
e faze com que, guiados por Maria Auxiliadora,
possamos encontrar-nos um dia contigo
na grande família do céu. Amém
297

30.7 Page 297

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
COMENTÁRIO DAS ILUSTRAÇÕES
ÍCONE 1
À cena de Jesus com os apóstolos, sobrevém a cena de Jesus com
as multidões: a vida é feita de encontros. O Senhor coloca-se
diante de nós como pastor. Aqui, um jovem, numa missão
salesiana. Esta ovelha encontrou alguém que não a despreza.
Um convite: estar com Jesus, para beber dele o amor de Deus,
a sua compaixão. Bela esta palavra, como um milagre, como
um fi o condutor. O que Ele oferece por primeiro ao povo é a
compaixão. O seu olhar colhe o cansaço, os desânimos, a fadiga
dos seus (o rebanho abaixo). Sua vida entregue pelo bem do rebanho,
suas palavras pronunciadas para acompanhar. Para ele, antes de tudo, há
a pessoa, a saúde profunda do coração. A primeira coisa que os discípulos
aprendem de Jesus é comover-se simplesmente, divinamente. A comoção
profunda do coração: sentimento divino e profundamente salesiano! A
comoção é a resposta certa, ela jamais passa, como as quatro estações
(quatro árvores abaixo). Habitamos a vida e a cultura dos jovens para não
privá-los da nossa compaixão.
ÍCONE 2
Jesus rezou pelos seus discípulos e por todos os que acreditariam
n’Ele, em todos os tempos, em todos os lugares (céu estrelado).
Ele rezou, então, também pelas pessoas do nosso tempo,
também pelos nossos jovens. Gente cansada no deserto,
que caminhou debaixo do sol, sem orientação, com o rosto
queimado pela fadiga, pela dor, pelo cansaço... Gente que O
busca porque deseja escutá-lo. Jovens em busca do verdadeiro
repouso, que precisam de palavras de salvação, palavras eternas,
palavras que permanecem... Caminho para o Senhor (o cálice, entre a
terra e o céu). As mãos de Deus alargam-se para reunir e acariciar os filhos
dispersos. Cabe a nós sustentar a esperança deles, para que possam fazer
experiência da ação providencial de Deus. Ele é um vento de comunhão
que nos estimula uns na direção dos outros.
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30.8 Page 298

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EPÍLOGO
ÍCONE 3
Jesus atravessa o país dos samaritanos, forasteiro no meio de um
povo de outra tradição e religião. Em seu livre caminhar, ele faz
surgir a sede e oferece pessoalmente o jarro de água. Jesus
chega à sede profunda daquela mulher oferecendo “algo a
mais” de beleza, de bondade, de vida, de primavera: “Eu te
darei uma água que se torna fonte que jorra”. Na verdade,
Deus é Fonte inesgotável da vida vigorosa do início dos tempos,
desde quando foram criadas as espécies terrestres (cervo), o mar
(peixe) e o ar (pássaro). Jesus dá à samaritana a possibilidade de retornar
à sua fonte e, por sua vez, ser ela mesma fonte. Imagem belíssima. A
mulher da Samaria de olhos claros, alegres, serenos e cheios de bondade.
Não saciará a sua sede bebendo à saciedade, mas acalmando a sede de
outros; iluminar-se-á iluminando outros, receberá alegria dando alegria.
Será fonte, projeto belíssimo de vida para todo evangelizador: fazer brotar
e difundir esperança, acolhida, amor.
ÍCONE 4
Nenhuma palavra como o termo “vida”, em qualquer língua,
consegue resumir de maneira abrangente o que o ser humano
mais aspira. “Vida” indica a soma dos bens desejados e,
ao mesmo tempo, o que os torna possíveis, adquiríveis,
duradouros. A história dos jovens não será, talvez, marcada
pela busca de algo ou de alguém que seja capaz de garantir-
lhes a vida? Mas, qual vida? A vida “em abundância”, de Deus,
que ultrapassa todas as aspirações que possam nascer no coração
humano, como o pôr do sol que ilumina os campos. A vida é um lugar
entre as mãos de Deus, como os pássaros que têm um ninho entre os
ramos floridos de uma árvore. A vida nova irradia-se em todos os âmbitos
da experiência humana dos jovens: na família, na escola, no trabalho, nas
atividades de cada dia e no tempo livre. Ela começa a florescer aqui, agora.
A caridade pastoral é o sinal da sua presença e do seu desenvolvimento.
Uma fileira numerosa de educadores salesianos, na cotidianidade da vida,
se gasta com generosidade, criatividade e competência em favor da vida
das novas gerações.
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30.9 Page 299

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ÍCONE 5
Jesus, ao longo do caminho, põe-se ao lado dos dois discípulos
desanimados de Emaús. Reconhece os seus filhos em todos os
cantos do mundo. Acompanha-os, “caminha ao seu lado”...
O Senhor alcança-nos em nossa vida cotidiana de viajantes.
E transforma o coração, os olhos e o caminho de cada um.
Ao fundo, Dom Bosco: quantos experimentaram a riqueza
de um encontro capaz de agitar a própria vida! Também a nós
educadores salesianos, o Senhor pede a coragem de colocar-nos
a caminho, sermos companheiros de viagem, não só da viagem exterior
(sentado no caminho), mas também da viagem interior (escuta). Toda
presença salesiana cruza a estrada dos jovens no mundo, sonha fazer da
casa salesiana uma família para eles. Para tanto, é preciso uma Comunidade
Educativo-Pastoral que chame a cada um pelo nome, Comunidade que se
meça a partir da qualidade das relações humanas que foram instauradas.
ÍCONE 6
Cristo vestiu as nossas roupas: a dor e a alegria do ser homem, a
fome, a sede, o cansaço, as esperanças e as desilusões, todas
as nossas angústias até a morte. E nos deu as suas “roupas”,
o dom do novo ser: “Revestir o homem novo, criado segundo
Deus”. Antes de ser uma decisão, a realização do homem
novo é obra de Deus. Mas é preciso um empenho de projeto
para a transmissão de uma fé viva. O Projeto Educativo-Pastoral
é apenas um instrumento pastoral, que responde a dois grandes
objetivos – humanizar e educar os jovens na fé – mediante as quatro
dimensões que integram e enriquecem toda a pessoa, que a fazem
renascer a partir de dentro, como a corola que, com as pétalas, forma
uma única flor. Todo jovem (de qualquer idade e condição) tem dentro de
si um tesouro de luz, um sol interior, que é a nossa imagem e semelhança
com Deus. A Pastoral Juvenil Salesiana não é outra coisa que a alegria
(belo o sorriso dos jovens!) de libertar toda a luz do Ressuscitado.
300

30.10 Page 300

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EPÍLOGO
ÍCONE 7
«Eu vos escolhi». E esse chamado é precisamente o que garante
a nossa efi cácia apostólica, a fecundidade do nosso serviço.
Somos agricultores pacientes e confi antes, mas devemos
examinar onde e como produzimos fruto. Deus, como mais
ninguém, cuida do campo semeado, do pequeno jardim que
são as nossas obras: Ele trabalha, poda, e sentimos as suas
mãos sobre nós todos os dias. O olhar é sobre a fecundidade;
não dar a vida já é morrer. A árvore das nossas obras apostólicas
renova-se, multiplica a vida. A semente vai para onde sopra o vento,
longe do clamor e do rumor, planta-se nos sulcos da história e dos povos.
Nascem novas presenças educativas e pastorais porque a missão salesiana
contém muito mais energias do que aparenta, muito mais luz e germes
divinos. Ela é um vulcão de vida: a gema transforma-se em flor, a flor em
fruto, o fruto em semente.
ÍCONE 8
«Como aquele que serve». Servir: verbo agradável e empenhativo
ao mesmo tempo. Neste versículo encontramos a imagem
autêntica, real e concreta da animação e a coordenação
da ação pastoral. A corresponsabilidade dá forma concreta
à comunhão, comporta treinar o discernimento espiritual,
a escuta recíproca, a partilha, o testemunho recíproco até
amadurecer segundo a responsabilidade de cada um, uma
proposta coordenada e orgânica. A ação educativo-pastoral
não é feita de intervenções desconexas, mas tudo entra num plano
compartilhado, em escolhas e percursos formativos adequados. A Pastoral
Juvenil Salesiana põe em campo todas as energias, acompanha com os
seus dinamismos as modalidades de animação.
301

31 Pages 301-310

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31.1 Page 301

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
GLOSSÁRIO
AMBIENTE PASTORAL ou SETOR DE ATIVIDADE: refere-se às
estruturas educativas e pastorais em que a missão salesiana é realizada
segundo uma específica proposta educativo-pastoral. Cada um desses
ambientes, à própria maneira, cria uma atmosfera e atua um estilo de
relações no interior da Comunidade Educativo-Pastoral. São eles: o Oratório-
Centro Juvenil, a escola e o Centro de Formação Profissional (eventualmente
o Centro de formação Pré-profissional e o internato), as instituições de
educação superior (eventualmente os centros acadêmicos, os colleges e as
residências para jovens universitários), a paróquia e o santuário confiados aos
salesianos (eventualmente as igrejas públicas), as obras ou serviços sociais
para jovens em situação de risco. A obra salesiana pode compreender vários
ambientes que se completam reciprocamente para melhor exprimir a missão
salesiana.
SETOR DE ANIMAÇÃO INSPETORIAL: é o campo ou área da ação de
uma inspetoria ou obra. Os campos ou áreas fundamentais nas inspetorias
são: Pastoral, Formação, Família Salesiana, Economia, Comunicação Social. A
estes se acrescentam as diversas áreas na quais cada um deles se exprime.
SETOR DE ANIMAÇÃO PASTORAL: refere-se às multíplices atividades
ou âmbitos educativo-pastorais, presentes transversalmente nas obras e
ambientes tradicionais acima indicados. Podemos em síntese assinalar: a
animação das vocações apostólicas; a animação missionária e de voluntariado
em suas diferentes formas; as relevantes propostas de Pastoral Juvenil relativas
à Comunicação Social. A missão salesiana realiza-se, além disso, também
dentro de outras realidades significativas, como o Movimento Juvenil Salesiano
e os variados campos de ação especializados em nível local ou inspetorial,
como se diz no Cap.6: os serviços de formação cristã e de animação espiritual,
ou as associações e os serviços de animação na área do tempo livre.
COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL (CEP) (cf. Const. 47; CG24,
n. 149-179): é a forma salesiana da animação de toda a realidade educativa
entendida como realização da missão de Dom Bosco. Não é uma nova
estrutura acrescentada aos demais organismos de gestão e participação
existentes nas diversas obras ou ambientes pastorais e nem sequer apenas
uma organização de trabalho ou uma técnica de participação. É o conjunto
das pessoas (jovens e adultos, pais e educadores, religiosos e leigos,
representantes de outras instituições eclesiais e civis e pertencentes também
a outras religiões, homens e mulheres de boa vontade) que trabalham juntos
pela educação e evangelização dos jovens, especialmente dos mais pobres,
302

31.2 Page 302

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EPÍLOGO
segundo o estilo de Dom Bosco. Este conjunto atua em círculos concêntricos,
segundo a partilha das responsabilidades dos indivíduos na missão.
CONSELHO DA OBRA: reúne a comunidade religiosa (ou ao menos a sua
expressão de governo: diretor e conselho local) e os principais corresponsáveis
dos ambientes ou setores de atividade. Animados pelo mesmo carisma e
participantes de uma única missão encarregam-se de tornar presentes num
território o dom e o serviço do carisma salesiano na sua significatividade;
compartilham solidariamente as várias responsabilidades que derivam da
gestão de todos os ambientes de uma obra; reúne-se não só para organizar,
decidir, governar, mas também para formar-se e construir itinerários de
reflexão.
CONSELHO DA CEP (cf. CG24, n. 160-161; 171-172): é o organismo que
anima e coordena a concretização do Projeto Educativo-Pastoral. Sua função é
favorecer a coordenação e corresponsabilidade de todos a serviço da unidade
do projeto pastoral da obra salesiana ou das CEP dos diversos ambientes
nas obras complexas. Existindo uma única CEP, então existirá apenas um
conselho da CEP, que coincide com o Conselho da obra. Se, contudo, existirem
várias CEP quantos são os ambientes da obra, cada um deles tem o próprio
conselho, enquanto haverá o conselho da obra formado pelos representantes
dos conselhos das diferentes CEP.
CONSELHO DA COMUNIDADE ou CONSELHO LOCAL ou
CONSELHO DA CASA (cf. Const. 178): composto por irmãos da
comunidade com a tarefa de colaborar na animação e no governo com o
diretor que o convoca e preside. Cabe ao Inspetor com o consenso do seu
Conselho, ouvido o parecer da comunidade local, determinar quais setores das
atividades da comunidade deverão ser representados no Conselho.
DIRETÓRIO INSPETORIAL (cf. Const. 171): texto normativo confiado
na sua composição e revisão ao Capítulo Inspetorial. A finalidade prioritária
deste regulamento, mediante suas normas particulares, é promover e
garantir o carisma e a salesianidade de cada obra no interior da comunidade
inspetorial.
DICASTÉRIO (cf. Const. 133; Reg. 107): Os Dicastérios são concentrações
de serviços de animação de cada um dos setores nos quais se subdivide a
administração da Direção Geral das Obras de Dom Bosco. Cada Dicastério está
sob a responsabilidade de um Conselheiro que atua como chefe do Dicastério.
303

31.3 Page 303

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
MOVIMENTO JUVENIL SALESIANO (Articulação da Juventude
Salesiana) (MJS): é constituído por grupos e associações que se reconhecem
na espiritualidade e na pedagogia salesiana, à escola de Dom Bosco e de
Madre Mazzarello. Mantendo a própria organização operativa, garantem
em sua pluralidade uma presença educativa de qualidade, especialmente
nos novos espaços de socialização dos jovens. Movimento de “jovens para
jovens”, definido pela referência à comum espiritualidade e comunicação
entre os grupos garantindo a circulação de mensagens e valores, o MJS une
jovens muito diferentes entre si, desde os mais distantes para os quais a
espiritualidade é um apelo apenas em germe, àqueles que de modo explícito e
consciente tornam própria a proposta e a ação apostólica salesiana.
NÚCLEO ANIMADOR: é um grupo de pessoas que se identifica com a missão,
o sistema educativo e a espiritualidade salesiana e assume solidariamente a
missão de convocar, motivar, envolver todos os que se interessam por uma
obra, para formar com eles a comunidade educativa e realizar um projeto
de evangelização e educação dos jovens. A comunidade religiosa, ponto de
referência carismática (cf. CG25, n. 78-81), não esgota o núcleo animador,
mas é de uma de suas partes integrantes; de fato, ele deve ser capaz de
alargar-se para fora, envolvendo de formas e modos diversos todos os que
desejam trabalhar na obra salesiana. Tal núcleo animador, não sendo uma
“estrutura de governo”, é único para toda a obra, mas pode coincidir com o
Conselho da Obra e/ou o Conselho da CEP, conforme a complexidade da obra
e dos diversos ambientes.
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO (PEPS) (cf. CG24, n.
5.42): é o plano geral de intervenção que orienta a realização do itinerário
educativo-pastoral em determinado contexto inspetorial e local e orienta toda
iniciativa e recurso em vista da realização própria da missão salesiana. Tem uma
duração “de longo ou médio prazo” (3-5 anos), em relação à situação em que
está presente a Inspetoria ou a obra salesiana. O objetivo do PEPS, portanto,
não é só definir os conteúdos relativos aos vários ambientes pastorais em nível
inspetorial e local, mas também definir as dimensões com que são construídos
os vários PEPS de ambiente. A formulação do PEPS e, consequentemente dos
PEPS de ambiente, tem o primeiro objetivo de ser apoio da programação da
missão de toda a CEP inspetorial e local.
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO INSPETORIAL
(PEPS Inspetorial): define o processo da Inspetoria e indica os objetivos,
as estratégias e as linhas comuns de ação educativo-pastoral que orientam a
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31.4 Page 304

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EPÍLOGO
ação pastoral de todas as obras, ambientes e setores de animação pastoral.
Serve como ponto de referência para a sua programação e revisão educativo-
pastoral durante certo período.
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO de CADA OBRA ou
AMBIENTES LOCAL: aplica à realidade local as linhas do PEPS inspetorial.
É o projeto diretamente operativo em cada obra (com um só ambiente) e
de cada ambiente (numa obra complexa). Neste último caso, o PEPS das
obras salesianas que se apresentam com dois ou mais ambientes torna-se um
instrumento importante para a convergência e unidade nos objetivos e nas
linhas comuns de ação da obra. Responde a dois aspectos fundamentais: a
coordenação de todos os ambientes e setores de animação pastoral da obra,
com a consequente série de critérios, opções metodológicas, orientações
organizativas e estruturais; a convocação, constituição, formação e o
funcionamento da CEP da obra e dos ambientes.
PROGRAMAÇÃO DA ANIMAÇÃO INSPETORIAL: é a aplicação anual
do PEPS inspetorial, elaborado anualmente pelo Conselho Inspetorial, com a
colaboração das obras. Serve como referência inspetorial para a elaboração da
programação geral das obras.
PROGRAMAÇÃO GERAL DA OBRA: é a aplicação anual do PEPS da
obra (ou eventualmente, de cada PEPS dos diversos ambientes e setores de
animação pastoral da obra). Quem o elabora é o Conselho da Obra, com a
colaboração dos conselhos da CEP dos vários ambientes pastorais.
PROJETO ORGÂNICO INSPETORIAL (POI): é um plano estratégico de
animação e governo que regula a realização e a continuidade das decisões da
Inspetoria (cf. CG25, n. 82-84). É um instrumento prático com a intenção de
coordenar para uma finalidade os recursos educativos e pastorais presentes
na Inspetoria. É, também, ponto de referência para todos os projetos e
programações das comunidades e obras.
«QUADRO REFERENCIAL» PARA A PASTORAL JUVENIL: é
um instrumento (com as inspirações de fundo e as orientações de ação)
oferecido pelo Dicastério para a Pastoral Juvenil a fim de iluminar e orientar
o itinerário pastoral de cada CEP inspetorial e local; guiar a ação pastoral do
delegado inspetorial e local de Pastoral Juvenil e de suas equipes; contribuir
para a formação de todos os que – salesianos, educadores e educadoras –
corresponsáveis da missão salesiana.
305

31.5 Page 305

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
ÍNDICE
Apresentação .................................................................................................................. 8
Premissa à terceira edição ......................................................................................... 10
Documentação ............................................................................................................. 13
PARTE PRIMEIRA
Capítulo I
HABITAR A VIDA E A CULTURA DOS JOVENS DE HOJE
1. «Eis o teu campo, eis onde deves trabalhar»........................................... 24
2. Simpatia e vontade de contato com os jovens ....................................... 25
3. O discernimento de educadores e de crentes.......................................... 27
4. Comunhão no amor com os outros............................................................ 29
5. A Pastoral Juvenil Salesiana exprime a missão salesiana ...................... 30
6. Multiplicar e qualificar os lugares de encontro com os jovens ........... 34
7. Dupla fidelidade................................................................................................. 35
Capítulo II
DO CRISTO EVANGELIZAÇÃO À IGREJA EVANGELIZADORA
1. Jesus Cristo, Bom Pastor, manifestação plena do Amor de Deus ............ 42
2. Jesus revela-nos o Mistério de Deus, Comunidade de Amor................... 44
3. A Igreja, chamada a continuar a missão de Jesus ....................................... 45
4. A missão salesiana .............................................................................................. 46
5. Maria, Mãe e Mestra ........................................................................................ 47
Capítulo III
EVANGELIZAR E EDUCAR: A NOSSA IDENTIDADE APOSTÓLICA
1. A vida em plenitude e a felicidade do ser humano .................................. 52
2. Orientado a Cristo, homem perfeito ................................................................ 54
2.1. Integrar o amor pela vida e o encontro com Jesus Cristo ........... 54
2.2. A originalidade e a audácia da arte educativa de Dom Bosco .. 57
3. Evangelizar e educar segundo um projeto de promoção integral ..... 57
3.1. O horizonte de compreensão da evangelização .............................. 57
3.2. A relação da ação educativa com a ação evangelizadora................. 59
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31.6 Page 306

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ÍNDICE
a) Os aspectos educativos da antropologia cristã
b) O Evangelho, inspiração radical
c) A Boa Nova na variedade das culturas e tradições religiosas
4. A opção de campo apostólica ........................................................................... 64
4.1. Os jovens, especialmente os mais pobres, são a nossa opção
determinante .............................................................................................................. 64
a) Um amor constante e intenso pelos pobres
b) A pobreza compromete as reservas educativas e o crescimento dos jovens
4.2. A humanização e a evangelização da cultura ................................... 67
a) Fidelidade ao Evangelho e fidelidade à cultura
b) Os desafios da cultura atravessam todas as experiências pastorais
PARTE SEGUNDA
Capítulo IV
O SISTEMA PREVENTIVO: UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL E EDUCATIVA
1. A missão salesiana é iluminada pela práxis de Dom Bosco .................. 78
1.1. O espírito salesiano inspira-se no estilo do Bom Pastor ................ 78
1.2. A encarnação do “espírito salesiano” é o Sistema Preventivo ........ 79
a) A atuação (a atualidade) pastoral-espiritual-pedagógica de Dom Bosco
b) O princípio inspirador é a caridade pastoral
c) O Sistema Preventivo envolve o
educador e a comunidade da qual participa
2. O Sistema Preventivo como ousadia pastoral ............................................ 82
2.1. Um projeto educativo integral................................................................... 82
2.2. O duplo valor da educação preventiva ................................................. 83
a) O Sistema Preventivo nas situações de insatisfação e recuperação
b) A arte de educar positivamente
3. O Sistema Preventivo como proposta de espiritualidade ....................... 89
3.1. A espiritualidade é antes de tudo vida no Espírito ......................... 91
a) O primado da gratuidade de Deus
b) O encontro com Cristo
c) A vida no Espírito Santo
307

31.7 Page 307

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
3.2. Uma proposta original de vida cristã:
a Espiritualidade Juvenil Salesiana ................................................................ 92
a) A espiritualidade salesiana, expressão concreta da caridade
pastoral
b) Programa e itinerário da Espiritualidade Juvenil Salesiana
c) Planejar itinerários de educação à fé
Capítulo V
COMUNIDADE EDUCATIVO-PASTORAL:
FAZER DA CASA UMA FAMÍLIA PARA OS JOVENS
1. Pastoral Juvenil Salesiana: uma experiência comunitária ..................... 108
1.1. A experiência comunitária no espírito salesiano e na missão ........ 108
a) A comunhão a serviço da mesma missão
b) A forma salesiana de estar presente entre os jovens
c) A CEP envolve muitas pessoas ao redor do
Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
d) A CEP e a família
e) A CEP como experiência significativa de Igreja no território
1.2. A animação da CEP ..................................................................................... 114
a) Acompanhamento do ambiente
b) Acompanhamento do grupo
c) Acompanhamento pessoal
1.3. Um serviço específico de animação: o núcleo animador ........... 117
a) Um grupo de pessoas em enriquecimento recíproco
b) Novos modelos organizativos
2. O coração do educador salesiano................................................................... 119
2.1. A indispensável “interioridade apostólica”....................................... 119
a) Entrar mais profundamente no Evangelho
b) A primeira forma de evangelização é o testemunho
2.2. A identidade carismática salesiana ...................................................... 121
2.3. Na via da educação, privilegiar o estilo da animação .................. 122
a) Privilegiar nas pessoas os processos
de personalização e crescimento
b) A presença ativa dos educadores entre os jovens
308

31.8 Page 308

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ÍNDICE
2.4. Inteligência pastoral para dinamizar o PEPS ..................................... 124
a) Ler “educativamente” a atual condição juvenil
b) O trabalho paciente de adaptação e formação
3. O Sistema Preventivo como pedagogia prática:
e estilo educativo salesiano ..................................................................................... 126
3.1. Oratório de Dom Bosco, critério das nossas atividades e obras ... 126
a) O “critério oratoriano”, inspiração e paradigma para nossas
atividades e obras
b) Indicadores gerais para o discernimento e a renovação
3.2. Modalidades de convivência e comunhão do “estilo salesiano” . 128
a) Casa que acolhe (experiência do “espírito de família”)
b) Paróquia que evangeliza (vivência religiosa e pedagogia
de itinerários)
c) Escola que inicia para a vida (crescimento integral mediante a
educação)
d) Pátio para encontrar-se entre amigos e viver na alegria
(pedagogia da alegria e da festa)
Capítulo VI
PROJETO EDUCATIVO-PASTORAL SALESIANO:
INSTRUMENTO OPERATIVO
1. A mentalidade de projeto................................................................................... 136
2. O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano ........................................................ 137
2.1. O PEPS como projeto apostólico salesiano ...................................... 137
a) O PEPS é a mediação histórica e o instrumento operativo
b) Características fundamentais
2.2. O PEPS como processo dinâmico e integral .................................... 140
a) A compreensão articulada da Pastoral Juvenil Salesiana
b) O sentido das quatro dimensões
2.3. A Especificidade de cada dimensão e as escolhas necessárias...... 142
a) Dimensão da educação à fé
b) Dimensão educativo-cultural
c) Dimensão da experiência associativa
d) Dimensão vocacional
309

31.9 Page 309

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
2.4. Opções transversais da Pastoral Juvenil Salesiana ......................... 155
a) A animação das vocações apostólicas
b) A animação missionária e do voluntariado nas suas diversas formas
c) A Comunicação Social
2.5. O Movimento Juvenil Salesiano (Articulação da Juventude Salesiana) .... 165
a) Identidade e natureza do MJS
b) Campos privilegiados de ação do MJS
c) Funcionamento e visibilidade do MJS
PARTE TERCEIRA
Capítulo VII
ATIVIDADES E OBRAS DA PASTORAL JUVENIL SALESIANA
1. Uma pastoral orgânica: unidade na diversidade...................................... 176
2. Os diversos ambientes e atividades ................................................................ 177
2.1. O Oratório-Centro Juvenil......................................................................... 177
2.1.1. A originalidade do Oratório salesiano
2.1.2. A Comunidade Educativo–Pastoral do Oratório–Centro Juvenil
a) A importância da CEP do Oratório–Centro Juvenil
b) Os sujeitos da CEP do Oratório–Centro Juvenil
2.1.3. A proposta educativo–pastoral do Oratório–Centro Juvenil
a) Um processo de evangelização
b) Uma educação em estilo salesiano
c) Uma educação inserida na sociedade para transformá-la
d) Uma experiência para o amadurecimento vocacional
2.1.4. A animação pastoral orgânica do Oratório–Centro Juvenil
a) Principais intervenções da proposta
b) Estruturas de participação e responsabilidade
2.2. A escola e o Centro de Formação Profissional salesiano .......... 189
2.2.1. A originalidade da escola e do Centro de Formação
Profissional salesiano
2.2.2. A Comunidade Educativo-Pastoral da escola /CFP salesiano
a) A importância da CEP da escola /CFP salesiano
b) Os sujeitos da CEP da escola /CFP salesiano
2.2.3. A proposta educativo-pastoral da escola /CFP salesiano
a) A inspiração nos valores evangélicos e a proposta de fé
b) A educação eficiente e qualificada
310

31.10 Page 310

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ÍNDICE
c) A pedagogia salesiana
d) A função social e a atenção aos mais carentes
2.2.4. A animação pastoral orgânica da escola /CFP salesiano
a) Principais intervenções da proposta
b) As estruturas de participação e responsabilidade
2.3. A presença Salesiana na Educação Superior ................................... 204
2.3.1. A originalidade da presença dos salesianos
na Educação Superior
2.3.2. As Instituições Salesianas da Educação Superior
a) A Comunidade acadêmica das Instituições Salesianas de
Educação Superior
b) O Projeto Institucional
c) A proposta educativo-pastoral
d) A animação pastoral orgânica das Instituições Salesianas de
Educação Superior
2.3.3. Estruturas de acolhida para estudantes universitários
a) A Comunidade Educativo-Pastoral das estruturas de acolhida
de estudantes universitários
b) A proposta educativo-pastoral nos colleges e nas residências
universitárias
c) A animação pastoral orgânica nos colleges e nas residências
universitárias
2.4. A paróquia e o santuário confiados aos salesianos .................... 220
2.4.1. A originalidade da paróquia e santuário
confiados aos salesianos
2.4.2. A CEP da paróquia e santuário confiados aos salesianos
a) A importância da CEP da paróquia e do santuário confiados
aos salesianos
b) Os sujeitos da CEP da paróquia e do santuário confiados aos
salesianos
2.4.3. A proposta educativo–pastoral da paróquia e santuário
confiados aos salesianos
a) Um centro de evangelização e educação à fé
b) Uma presença de Igreja aberta e inserida no território
c) Uma comunidade com olhar missionário
d) Uma opção clara pelos jovens e pelas classes populares
2.4.4. A animação pastoral orgânica da paróquia e do santuário
confiados aos salesianos
311

32 Pages 311-320

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32.1 Page 311

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A PASTORAL JUVENIL SALESIANA
a) Principais intervenções da proposta
b) As estruturas de participação e responsabilidade
2.5. As obras e os serviços sociais para jovens em situação de risco.... 233
2.5.1. A originalidade das obras e dos serviços para jovens em
situação de risco
2.5.2. A Comunidade Educativo-Pastoral da obra social
a) A importância da CEP da obra social
b) Os sujeitos da CEP da obra social
2.5.3. A proposta educativo-pastoral da obra social
a) A inspiração evangelizadora
b) Uma proposta educativa integral e orgânica
c) A escolha do critério preventivo
d) A perspectiva social e política
2.5.4. A animação pastoral orgânica na obra social
a) Principais intervenções da proposta
b) As estruturas de participação e responsabilidade
2.6. Outras obras e serviços nos diversos ambientes............................. 247
a) Experiências ou serviços de animação e orientação vocacional
b) Serviços especializados de formação cristã e de animação
espiritual
c) Serviços de animação do Tempo Livre
Capítulo VIII
ESTRUTURAS E PROCESSOS DE ANIMAÇÃO DA PASTORAL JUVENIL
SALESIANA
1. Uma pastoral juvenil orgânica e articulada................................................. 258
1.1. Programação e atuação da pastoral juvenil...................................... 258
a) Em nível de estruturas de governo e de animação inspetorial
b) Em nível de comunidades e obras salesianas locais
1.2. Uma modalidade especial de realização da ação apostólica:
a animação pastoral .............................................................................................. 261
a) Características da animação salesiana
b) Princípios e critérios para a animação dos processos e das estruturas
2. A animação e coordenação local .................................................................... 265
2.1. A comunidade salesiana animadora de uma obra salesiana.... 265
312

32.2 Page 312

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ÍNDICE
a) A comunidade SDB
b) O Diretor SDB
c) O Conselho da comunidade
d) O conselho da CEP e/ou da obra
e) O coordenador local da Pastoral Juvenil com sua equipe
f) Outros organismos e funções de animação e governo na CEP
2.2. Outros modelos de animação da CEP nas obras salesianas...... 271
a) Obras salesianas geridas por leigos com uma presença comunitária
b) Obras geridas por leigos no interior do projeto inspetorial salesiano
3. A animação e coordenação inspetorial ........................................................ 272
3.1. O Inspetor e seu Conselho ....................................................................... 272
3.2. O Delegado de Pastoral Juvenil e sua equipe ...................................... 273
a) O Delegado de Pastoral Juvenil
b) A equipe inspetorial de Pastoral Juvenil
c) Os encarregados inspetoriais de ambientes e os setores de
animação pastoral e suas equipes
4. A animação e coordenação interinspetoriais............................................. 276
5. A animação e coordenação em nível mundial .......................................... 278
6. Planejamento pastoral ........................................................................................ 279
6.1. Os diversos níveis de planejamento inspetorial e local................ 279
6.2. Orientações para definir os tipos de documentos a gerir.......... 282
a) O «Quadro Referencial» para a Pastoral Juvenil Salesiana
b) O Projeto Orgânico Inspetorial
c) O Projeto Educativo-Pastoral Salesiano
d) Os diversos níveis de concretude do PEPS
6.3. Linhas metodológicas para a elaboração e revisão do PEPS ........... 288
a) As fases da elaboração do PEPS: uma proposta dinâmica
b) Critérios fundamentais para a elaboração ou reelaboração do PEPS
Epílogo .................................................................................................................................. 297
Comentário das ilustrações ..................................................................................... 298
Glossário .............................................................................................................................. 302
313