O empenho da inspetoria em organizar o CS

2.1. O EMPENHO DA INSPETORIA EM ORGANIZAR O SETOR DA COMUNICAÇÃO SOCIAL


P. Antonio Martinelli

Conselheiro para a Família Salesiana e a Comunicação Social


Retomando o fio das reflexões

O número 338 dos Atos do Conselho Geral, pp. 55-64, contém um primeiro subsidio para o desenvolvimento de uma estrutura operativa no setor da comunicação. O objetivo era indicado pelas mesmas palavras do CG23,259: "O Inspetor nomeie um encarregado inspetorial da comunicação social". Resulta da documentação em minha posse que todas as Inspetorias, ou quase, providenciaram a nomeação de um irmão encarregado: uma decisão que frutificará a seu tempo.

Retomo agora o tema para uma mais ampla articulação dos empenhos inspetoriais. O objetivo que me proponho é o de estimular o Inspetor e o seu Conselho para uma programação da presença salesiana no setor. Indico simplesmente alguns passos indispensáveis; em algumas Inspetorias, provavelmente, muitos destes elementos já constituem uma realidade, enquanto em outras há necessidade de uma intervenção mais decidida.

Existe um preconceito a ser superado: a organização do setor de comunicação social não interessa somente a cada uma e todas as Inspetorias salesianas! E enumeram-se as motivações que justificariam uma falta de empenho na referida área. Habitualmente se afirma:

- a Inspetoria é pequena;

- não tem editoras especializadas;

- não cultiva sonhos de implantar rádio e TV; - tem falta de pessoal qualificado;

- etc.

Seria preciso, porém, fazer igualmente o inventário das situações

das atividades que necessitam de intervenções coordenadas, atentos à comunicação. Com os instrumentos técnicos à disposição

?oderia propor uma longa lista de afirmações que sublinham a utilidade, a necessidade e a urgência de agir neste campo.

Proponho um breve parágrafo do último CG23: "A comunicação torna-se facilmente um fator determinante de sobrevivência e de desenvolvimento. De fato, toca todos os setores da vida social e todas as dimensões da vida pessoal. Ela não só dá informações, mas comunica idéias, cria facilmente consensos e propões modelos de vida e de comportamento" (CG23,2S4).

Apelo para as muitas incumbências ativas (não considero as passivas na qualidade de receptadores!) que toda Inspetoria tem com:

- o noticiário,

- o Boletim Salesiano,

- as atividades do tempo livre: teatro, cinema, etc.,

- a educação formal e informal;

- a catequese,

- a espiritualidade,

- os inumeráveis boletins paroquiais,

- os jornais juvenis,

- etc.

Pode-se ainda afirmar que uma Inspetoria salesiana pode ser dispensada de organizar o setor da comunicação social?

Um núcleo de pessoas com dotes de animação qualificada

O encarregado inspetorial deve agir com uma equipe estável, oficialmente constituída, que funcione como um grupo de trabalho, de confronto, de aprofundamento, de programação e de subsidiariedade. O envolvimento de muitos é exigido pela urgência em intervir em várias dimensões que exigem pessoas com papéis

funções diferenciadas. O encargo inspetorial sozinho não pode assumir a globalidade do empenho de comunicação social: não teria

  • tempo material para seguir todos os aspectos com competência

  • com qualificação.

É indispensável que as Inspetorias tomem esta ulterior decisão de constituir um núcleo que trabalhe no setor. A comunicação social é a

organização de uma rede de relações, interpessoais e institucionais, de grupos comunitários e de massa, para produzir, sobretudo entre os jovens e o povo, capacidade crítica, solidariedade, comunhão e identificação cultural, a partir das mensagens produzidas, particularmente com os instrumentos da comunicação social.

Os setores a serem assegurados com uma presença animadora são os seguintes:

1 - informação;

2 - animação;

3 - formação;

4 - colaborações e relações públicas;

5 - produção interna e externa à comunidade;

6 - acompanhamento da `dimensão comunicativa' nas comunidades locais e na Inspetoria, com referência às diversas atividades e presenças.

A fidelidade a Dom Bosco exige intervenções especializadas e qualificadas, para exprimir-se hoje entre nós SDB e na sociedade civil e eclesial com uma presença significativa e eficaz.

Não desconheço o esforço que estou pedindo aos Inspetores, sob a forma de atenção ao problema, de destinação de pessoas para esta tarefa, de acompanhamento da equipe para que responda às expectativas. A insistência por um núcleo de pessoas com dotes de animação qualificada quer fazer superar a fase de um trabalho de isolados, a fim de trazer para dentro da comunidade, que é a primeira responsável pela missão salesiana, um trabalho interessante mas dificil.

O são realismo e a busca da qualidade pastoral das intervenções sugerem duas perspectivas que não podem ser descuidadas.

Antes de tudo, a constituição do núcleo haverá de considerar a inserção de leigos. Afirmou-se muitas vezes que a comunicação social é um campo privilegiado para os leigos de fé. Os leigos da Família Salesiana, particularmente os Cooperadores e os Ex-alunos, têm escrito em seus textos fundacionais a disponibilidade e a urgência de agir neste "novo areópago do mundo contemporâneo". Tentar buscar em cada Inspetoria pessoas qualificadas e conseguir formar com elas, em tempos relativamente breves, um grupo de reflexão e de proposta, será o resultado suficiente que realiza as intenções da orientação contida na presente diretriz.

Além disso, papéis e funções diferenciadas não exigem a multiplicação numérica das pessoas que trabalham em comunicação social; exigem que se considerem as reais questões nascidas de uma comunicação alternativa, que pretende inserir-se na elaboração de critérios e de projetos de vida.

Não se trata de determinar materialmente o número de pessoas que constituem o núcleo dos animadores. Junto ao encarregado inspetorial com função de coordenação e de animação, outras pessoas cuidarão de uma ou duas dimensões entre as anteriormente enunciadas. O que não poderá faltar é a competência inicial, a fim de fazer crescer continuamente e de maneira adequada às situações concretas.

Dirijo-me aos senhores Inspetores para de que dêem vida ao núcleo descrito até o momento.


Intercomunicação para uma presença salesiana significativa e orgânica

O setor de comunicação social compartilha, com a organização pastoral complexiva da Inspetoria, entre outros, tanto os destinatários como os agentes.

Os destinatários são:

- os jovens, que hoje consomem muitos produtos da comunicação e buscam novas linguagens e modalidades de expressão. "Diante do bombardeamento dos mass-media (o jovem) encontra-se empenhado em resistir ao poder massificante e homologante (CG23,255);

- as classes populares, que utilizam os meios de comunicação social às vezes como obrigação pessoal, às vezes como diversão sem opção, às vezes como curiosidade que escraviza. Deles, porém, assumem critérios de julgamento, valores superficiais, pontos de referência, modelos de vida.

Os agentes são:

- a Família Salesiana, em suas diversas componentes, empenhada em recolher a herança de Dom Bosco e em responder hoje ao desafio que nasce da sociedade da comunicação. Dom Bosco "empenhouse em empreendimentos apostólicos originais a fim de difundir e sustentar a fé do povo" (CG23,256);

-- a comunidade educativa, que reveste na organização pastoral da comunidade salesiana, o momento sintético da análise das situações concretas e o elo de ligação operativa das forças e das opções, em vista de uma intervenção educativa e evangelizadora global.

O apelo aos destinatários e aos agentes evidencia a importância improrrogável de prever uma intercomunicação entre as pessoas, os projetos, as atividades que encabeçam os diferentes setores da pastoral. A organização da comunicação social na Inspetoria precisa estabelecer contatos, relações, trocas, colaborações com a Formação, com a Pastoral Juvenil, com a Família Salesiana.

Estou apresentando uma exigência; não penso em indicar uma solução de ligação e coordenação entre os diferentes setores. Ela será coerente com toda a organização inspetorial de pastoral salesiana. Existem, entretanto, atenções das quais não se pode deixar de falar.

O núcleo de pessoas com dotes de animação qualificada, de que se falou acima, terá como empenho primário quer no tempo como na mentalidade operativa, uma ligação com a Comissão inspetorial de formação, para concordar conteúdos e metodologias nos confrontos da formação dos jovens salesianos, da formação permanente da comunidade, da preparação de alguns especialistas em comunicação.

Haverá de buscar, também, uma ligação com a pastoral juvenil da Inspetoria, em vista da animação dos .conteúdos típicos da pastoral salesiana, para a organização coerente das atividades juvenis, para a introdução da dimensão comunicativa nas intervenções educativas e e pastorais.

Finalmente, examinará a ligação com a Família Salesiana, para as possíveis colaborações de especialistas qualificados em comunicação, para os contatos com instituições externas similares, para a participação em projetos mais amplos no território.


Apontamentos para uma programação inspetorial

Vale a pena recordar alguns objetivos gerais da comunicação social, antes de entrar no tema da programação na Inspetoria.

"1. Chegar a uma nova tomada de consciência e a um renovado empenho cultural apostólico da comunicação social na Congregação, conforme a nossa Regra de vida, interessando e' animando os responsáveis inspetoriais e locais, os formadores e os delegados que cuidam deste setor.

2. Promover a busca dos animadores e especialistas na comunicação social de acordo com os Inspetores e garantir a preparação e a atualização dos irmãos como comunicadores populares, a serviço da missão.

3. Elevar a qualidade no empenho dos Centros, estruturas e meios que a Congregação administra e coordena no campo da comunicação social" (Relação do Reitor-Mor, Pe. Egídio Viganó, ao CG23, 1990, p. 181).

Traduzo em linha operativa os objetivos acima, indicando prioritariamente as coisas mais urgentes.


Projetos e programação

Não pretendo entrar na questão da terminologia, conhecendo as possibilidades de exprimir-se de maneira diversa, com a condição de esclarecer os limites nos quais nos movemos.

Desejo, por isso, reservar o termo projeto para o conjunto da presença salesiana, organizada em torno da missão que é chamada a desenvolver. de aqui o projeto educativo pastoral de uma Inspetoria Salesiana.

Utilizo, ao contrário, o termo programação, desejando circunscrever o limite de intervenção a um setor mais limitado e mais específico: de aqui a programação da comunicação social. A Inspetoria, por isso, não vive com dois projetos, um chamado pastoral e o outro de comunicação social.

Pode-se perceber aqui a conseqüência da reflexão anterior sobre a intercomunicação entre os setores de atividades.

Por uma parte bastante ampla, a comunicação social é devedora, pelos conteúdos, critérios e método de intervenção, às opções típicas do projeto educativo pastoral. O entendimento, por isso, é obrigatório. A coerência operativa, pois, é garantia de sucesso numa significativa presença.

Pela parte não coincidente, a comunicação social tem urgência em estudar uma sua particular organização, na acolhida da perspectiva salesiana sobre a missão, o espírito e o sistema preventivo.

O empenho que deriva ao Inspetor, ao encarregado inspetorial para a comunicação social e para o núcleo de pessoas que o acompanham neste serviço, é o de reler o projeto educativo pastoral da Inspetoria a partir das exigências especificas e particulares da comunidade, para:

- produzir integrações, tanto na análise da situação cultural hodierna quanto nas possibilidades de aproximação não só dos pequenos grupos, mas também da massa;

- propor modalidades novas de intervenção na ação educativa e pastoral, utilizando de maneira profissional e qualificada todos os instrumentos da comunicação;

- oferecer à educação e à evangelização instrumentos mais adequados, que considerem as linguagens novas dos jovens e das classes populares;

- preparar pacotes formativos para jovens e adultos no campo da comunicação social;

- introduzir uma nova tomada de consciência do significado da comunicação

social hoje na comunidade salesiana e na comunidade educativa, como

solicitava o Reitor-Mor no Capítulo Geral 23; - etc;


Contribuição original da comunicação social à presença salesiana em um território

Enquanto se vem formando (não só materialmente com a coleta dos nomes possíveis, mas também corresponsavelmente, compartilhando perspectivas e interesses, espiritualidade e organização) o núcleo de sustentação do encarregado inspetorial, dois setores devem ser tempestivamente cuidados: a informação interna e externa, e as colaborações com as relações públicas.

Informação

O setor da informação interna já está em atuação em todas as Inspetorias (baste pensar nos noticiários inspetoriais); muitas Inspetorias produzem também informação para fora da Congregação (o Boletim Salesiano, por exemplo, realiza também esta função informativa).

O encarregado inspetorial com o seu grupo de trabalho haverá de cuidar de alcançar os objetivos específicos da informação salesiana. Descrevo-os fazendo notar desde o início que não serão alcança dos, se não forem programados explicitamente no trabalho redacional:

  1. reforçar o sentido de pertença à Inspetoria e à Congregação, solidificando os vínculos da comunhão e da unidade, com a opção e a dosagem das notícias que se enviam;

  2. favorecer a unidade da Família Salesiana, interessando-se pelos diferentes grupos que a compõem, pela vida e pelas atividades, pela riqueza de originalidade de cada um e pela partilha dos comuns valores salesianos;

  3. tomar conhecidas as experiências educativas, pastorais, culturais e sociais da vida salesiana, para exprimir e consolidar o espírito que as anima a serviço da missão juvenil e popular;

  4. coordenar o fluxo, conteúdo, modalidades e qualidades das informa ções que a Inspetoria regularmente produz nas diversas comunida des e grupos, em vista da eficácia e da profissionalidade;

  5. organizar informações diferenciadas para atingir destinatários parti culares das comunidades educativas, para oferecer perspectivas adequadas às diversas circunstâncias da vida da Inspetoria.

Duas conclusões da reflexão apresentada parecem lógicas.

Antes de tudo, constituir na Inspetoria uma mínima estrutura editorial para a informação salesiana, não a confiando apenas a uma pessoa, com o pesado encargo de seguir todos os aspectos: seleção dos conteúdos, organização gráfica e técnica, difusão, etc.

Além disso, potenciar com a comunidade salesiana a informação nos dois sentidos (receber e dar), solicitando uma melhor atenção para a história que estamos vivendo, a fim de oferecer aos Salesianos que virão depois de nós uma documentação suficiente da Congregação e da Inspetoria dos anos 2000. Com freqüência a Secretaria Geral recorda às Secretarias inspetoriais a tarefa de documentação e de arquivo.

A renovação da estrutura operativa do Dicastério da Comunicação, a importância dada à dimensão da informação na vida cotidiana, a preparação de alguns irmãos no setor específico da informação com o curso de julho passado haverão de ter reflexos positivos sobre todas as Inspetorias do mundo, no plano da qualidade e da profissionalidade.

O Centro entende ajudar as Inspetorias no crescimento e realização dos empenhos ligados à comunicação.

Remeto a outra circunstância as possíveis anotações sobre a informação externa à comunidade salesiana.


Colaborações e relações públicas

A segunda dimensão que deve ser tempestivamente organizada na Inspetoria, e não exige gasto de pessoal e de forças, é o das relações públicas e das colaborações.

O meu não é um discurso técnico; quer ser apenas de animação para uma iniciativa que as comunidades salesianas sempre tiveram muito a peito e que hoje nem sempre encontra fácil realização. As vantagens concretas, porém, para a missão salesiana não são todas calculáveis: numerosas e interessantes.

A busca da colaboração externa à comunidade salesiana pode seguir muitos caminhos. Apresento um deles em particular.

O encarregado inspetorial e o seu grupo de trabalho tomem contato com agentes da comunicação social que vivem no território, quer em âmbito eclesial como civil. Criem relacionamentos de amizade e de reflexão. Celebrem, com eles, circunstâncias relacionadas a acontecimentos particulares e significativos. Declarem, enquanto conveniente, a disponibilidade para um acompanhamento pastoral, que exprima simpatia, sustento, encorajamento, ajuda fraterna num trabalho que nem sempre recebe atenção por parte da comunidade cristã.

Organizem com eles intervenções de mesas redondas, seminários de estudo, jornadas de aprofundamento sobre o serviço da informação no mundo contemporâneo, cursos de formação para jovens e adultos.

Entreguem-lhes documentação de primeira mão sobre fatos e opções da vida salesiana, sobre problemas e situações juvenis, sobre o empenho da Congregação e da Inspetoria no setor da educação dos jovens e da presença entre os jovens em dificuldade, sobre a vitalidade do sistema preventivo em todos os ambientes, sobre o movimento salesiano no mundo.

Da amizade à colaboração o passo é fácil, sobretudo quando entre os agentes de comunicação encontramos cooperadores salesianos e ex-alunos.

Não gostaria que nos detivéssemos somente nas vantagens imediatas do relacionamento com especialistas e qualificados do setor.

Não deve ser esquecido que para o encarregado inspetorial e seu grupo isto tudo pode tornar-se uma escola prática de formação permanente, para sempre melhor qualificar o próprio serviço.


Conclusão

Recolho, em síntese, os empenhos que desejei indicar à Inspetoria que inicia a organização do setor da comunicação social.


1. Nomear o encarregado inspetorial.

2. Constituir um núcleo de pessoas ao redor do encarregado.

3. O encarregado inspetorial e seu grupo tomem contato com os responsáveis pela Formação, pela Pastoral juvenil e pela Família Salesiana na Inspetoria a fim de estudar uma intercomunicação entre os diferentes setores.

4. O encarregado inspetorial e seu grupo releiam o Projeto Educativo Pastoral da Inspetoria a partir da perspectiva da comunicação social para verificar os empenhos assinalados no parágrafo projeto e programação.

5. O encarregado inspetorial e seu grupo verifiquem a realização dos objetivos próprios da informação interna salesiana, nos produtos inspetoriais.

6. O encarregado inspetorial e seu grupo estabeleçam relacionamentos cordiais e constantes com os agentes da comunicação social que vivem no território da Inspetoria.