PT_LibrettoNovena


PT_LibrettoNovena

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“Façam tudo por amor, nada pela força”
em preparação para a festa de Maria Auxiliadora
Obra Audiovisual: 9 vídeos com comentários do Reitor-Mor
Coordenador: Pierluigi Lanotte
Textos: Bruno Ferrero, Raffaele Ieva, Luca De Muro, Carlo Cassatella, Paolo Carlotti
Depoimentos:
Olena Ponomarenko - Odessa (Ucrânia)
Rino Balzano - Torre Annunziata (Itália)
Susan Garrate - Tondo (Filipinas)
Ettore Esposito - Napoli (Itália)
Neely Hadad Assafo Aleppo (Síria)
Edilma Souza da Silva - Belo Horizonte (Brasil)
Kouraogo Sébastien - (Costa do Marfim)
Tere e Antonio - Jerez Cadiz (Espanha)
Rocio del Nido - Siviglia (Espanha)
Comentário: Reitor-Mor dos Salesianos don Ángel Fernández Artime
Traduções:
Julian Fox (EN), José Luis Muñoz (ES), Simone Cristina Pinto (PR), Marisa Patarino (FR)
Coordenação de locução e dublagem: Piero Giordano
Locutor e dublagem:
Francesco Benedetto, Elena Sorgato, Fabrizio Gatti (IT) - Christopher Jones, Sharon Fryer (EN) -
Videorecord, Gustavo Adolfo Cano (ES) - Valdeir Grangeiro Bento, Elane Gomes (PR) - Bernard
Moutounet, Laurence Vassa (FR)
Gravação de vídeo e fotografias : Giacomo Di Gravina
Projeto gráfico: Chiara Veneruso
Edição de vídeo: Alfredo Franciosa
Editado por IMEComunicazione srl

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OUVI O HORROR DA GUERRA
Maria sabe o que significa ter o corpo de um filho
morto injustamente em seus braços, por homens
perdidos em uma violência que não sabem pôr fim.
Recorremos a ela como crianças assustadas que
recorrem à mãe a Ela que, aos pés da cruz, esperou do
Ressuscitado o dom da paz de Deus.
ATUALIZAÇÃO
Vi um homem entrar na igreja, hesitante e com passos
incertos. Ele se ajoelhou no último banco, levou as mãos
ao rosto e desatou a chorar. De repente, ele se levantou e
foi a um confessionário. Ajoelhou-se e, após um momento
de hesitação, disse em lágrimas: «As minhas mãos estão
manchadas de sangue. Foi durante o avanço, no meio dessa
guerra absurda. Todos os dias algum dos meus morria. A
fome era terrível. Disseram-nos para nunca entrar nas
casas sem fuzil na mão, prontos para disparar ao primeiro
sinal de rebelião...Onde eu havia entrado, havia um homem
velho e uma menina loira, com olhos tristes. “Pão! Dê-
me um pouco de pão”, pedi. A menina tinha se abaixado,
achei que ela queria pegar uma arma, uma bomba. Então
eu atirei com firmeza. Ao me aproximar, vi que a garota
estava segurando um pedaço de pão na mão. Matei uma
menina de 14 anos, uma menina inocente que queria me
ajudar. Não consigo esquecer. Deus pode me perdoar? ».
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COMENTÁRIO DO REITOR MOR
Há muitas guerras ativas no mundo de hoje. Segundo
fontes credenciadas estão em curso 25 conflitos com
efeitos muito semelhantes: mortes, vítimas, migração
forçada, refugiados, divisões sociais, devastação e muito
sofrimento para os que ficam. Toda guerra não é apenas
injustificável mas sem sentido e desumana. A Família
Salesiana de Dom Bosco não é apenas espectadora de toda
esta tragédia. Nesta frente, somos chamados a afirmar um
projeto inclusivo de amor, caridade e concórdia que deve se
tornar operacional imediatamente com ajuda humanitária
e outras intervenções de solidariedade fraterna. Mas
também deve saber expressar-se através do cuidado das
nossas relações interpessoais, no sinal do acolhimento
incondicional. Cada um dos nossos pequenos gestos feitos
com “doçura” pode ajudar a construir a paz para todos. A
“doçura”, aquela virtude ensinada por São Francisco de
Sales, que “põe em prática a caridade”, aquece o coração e
conquista as almas.
REFERÊNCIA SALESIANA
No final de uma guerra que durou quatro longos anos, o
Reitor-Mor Padre Paolo Albera dedicou uma carta circular
inteira à doçura. “A virtude da doçura exige que você
domine a vivacidade de seu caráter, reprima qualquer
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movimento de impaciência e proíba a língua de proferir
uma única palavra que seja ofensiva para a pessoa com
quem você está lidando. Exige a rejeição da violência nos
comportamentos, propostas e ações». Para Padre Albera
parecia impossível não ser um educador com “um olhar
sereno e cheio de bondade, que é o espelho de uma alma
sinceramente doce e unicamente desejosa de fazer feliz
quem se aproxima”.
ENTREGA A MARIA
Recebei-nos sob o vosso manto, ó Mãe,
e fazei-nos artesãos da paz,
não das bandeiras, nem dos slogans,
nem mesmo das fotos de tirar o fôlego.
Fazei-nos artesãos daquela paz
que vem do coração trespassado de vosso Filho,
que, como tantas mães ainda hoje,
vistes condenado injustamente numa cruz
e que segurastes, morto, em vossos braços.
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OUVI O CLAMOR DA TERRA
A criação, como nunca antes, está confiada ao
cuidado de todos. Somente juntos podemos guardá-la
e garanti-la generosamente para as gerações futuras.
É tempo de projetos comuns e caminhos compartilhados,
abertos à natureza e conscientes de que o Deus da
história trabalha conosco. É o tempo da ecologia
humana integral.
ATUALIZAÇÃO
Era uma vez uma pequena flor na savana que todos os dias
esperava algumas gotas de chuva. Ela sabia o quanto a
chuva era importante para sua sobrevivência, mas quando
começou a sentir o cheiro, os abutres cobriram tudo
com suas grandes asas. Apenas um beija-flor percebeu
seu desespero e procurou ajuda dos outros animais. O
grande búfalo respondeu: “É a lei da vida.” O leão bocejou
e se virou. As gazelas gritaram: “Desculpe, mas estamos
com pressa”. O beija-flor estava desanimado. O que ele,
o menor dos pássaros, poderia fazer? Ele se aproximou
de um grande formigueiro e contou às formigas sobre a
tristeza da flor. Sem dizer nada, os bichinhos formaram uma
longa corrente, procuraram folhas de grama e folhinhas,
molharam tudo com o orvalho, e uma após a outra levaram
as gotinhas de água até as raízes da pequena flor. No dia
seguinte, a flor recuperou sua força e cor, brilhando em
seu canto da savana.
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COMENTÁRIO DO REITOR MOR
Todos podem ver a aceleração das mudanças climáticas,
devido à poluição das atividades humanas e estilos de vida
insustentáveis. Não podemos deixar de nos preocupar
junto com nossos jovens. Nosso compromisso com uma
ecologia humana integral decorre da convicção humana e
cristã de que tudo está conectado. A qualidade das relações
com a natureza está intimamente ligada à qualidade das
nossas relações interpessoais. Conseqüentemente, somos
convidados a uma conversão ecológica que deve dizer
respeito não apenas aos macrossetores da economia e da
política, mas também aos micro aspectos da vida cotidiana:
justiça, fraternidade, afeto e espiritualidade.
REFERÊNCIA SALESIANA
A natureza doce e robusta dos prados onde, quando
menino, costumava fazer cambalhotas ficou para sempre
na alma de Dom Bosco. Onde quer que ele fosse, havia
uma videira. E não se contentava em falar sobre a natureza,
queria que seus filhos mantivessem o “contato” com
a natureza. Inventou o “agroturismo”, o “trekking”, as
escolas ao ar livre. Essas experiências foram as famosas
“caminhadas” pelas colinas de Monferrato e Langhe
em uma atmosfera de improvisação e otimismo. Além
disso, Dom Bosco procurou desenvolver em seus filhos o
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sentimento do belo, do natural, do estético e o fez com
retratos poéticos da natureza. Dizia muitas vezes que, tarde
da noite, ao chegar ao seu quarto, parava para contemplar
os infinitos espaços do firmamento, fixava o olhar na lua,
contemplava a multidão de estrelas e, depois de uma breve
pausa, continuava: “ O universo me pareceu uma obra tão
grande, tão divina...que não podendo resistir a tamanha
beleza minha única fuga foi correr para debaixo dos
lençóis.” Os meninos riram e ele concluiu: “Só lá embaixo,
eu sentia que não era mais tão pequeno e miserável”.
ENTREGA A MARIA
Acolhei-nos sob o vosso manto, ó Mãe,
e fazei-nos capazes de ver a beleza
do vosso Filho na criação,
vós, mulher da escuta,
fazei-nos capazes de ouvir o grito da terra,
para cuidar do nosso mundo, da casa de todos.
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OUVI A IMPACIÊNCIA DOS JOVENS
A perspectiva de futuro, quase sem fim, é o olhar do
jovem que se aventura no mundo com “a vida que
tem”, feita de sonhos, recursos e energia como uma
bela promessa que não quer decepcionar. Esta sua
esperança pode ser vivida na companhia de Jesus de
Nazaré, ao longo do caminho da idade e da eternidade.
ATUALIZAÇÃO
Em uma noite de verão, um grupo de meninos ao redor
da fogueira se perguntava: “Qual é o segredo da vida?”.
“Há um poço que tem a resposta”, disse o velho guarda
do acampamento. A brisa da noite era doce e os jovens
decidiram ir. Ao chegarem, perguntaram ao poço a
resposta ecoou das profundezas: “Ide à praça da aldeia: lá
encontrareis o que procurais.” Cheios de esperança eles
obedeceram, mas no local indicado encontraram apenas
três lojas: uma vendia fios de metal, outra formas estranhas
de madeira e a terceira peças de metal. Decepcionados,
os jovens voltaram ao poço pedindo explicações. “Vocês
entenderão no futuro”, ele respondeu. Era tarde da
noite, quando um jovem com uma mochila sem forma,
da qual ele puxou uma cítara, se juntou a eles na fogueira
começou a tocar. Era uma música avassaladora, vibrante e
inspirada.Fascinados, os meninos gritaram de alegria. Eles
entenderam: a cítara era feito de fios de metal, pedaços de
metal e madeira como aquelas que tinham visto nas lojas da
praça e que julgaram não ter nenhum significado particular.
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COMENTÁRIO DO REITOR MOR
Nosso mundo precisa de jovens que sonhem junto com
Deus o sentido e a realização de sua vida. Para cada um
deles, Deus tem um projeto personalizado que os orienta e
os impulsiona a olhar para frente. É dever de cada membro
da Família Salesiana comprometer-se a acompanhar o
dinamismo que os jovens trazem no coração para que
- como diz o Papa Francisco - não se deixem roubar a
esperança, em um mundo onde a lógica e a dinâmica nem
sempre lhe são favoráveis. Os jovens de hoje, como os de
todos os tempos e lugares, esperam uma mão amiga que
os ajude a crescer e a se realizar. O cuidado de ambientes
pró-ativos e “preventivos”, uma animação que sabe gastar-
se em múltiplas dimensões como teatro, esporte, arte,
jogos, música, um acompanhamento pessoal que sabe ir
fundo são as atenções que a nossa tradição nos entrega
e que nos convida a cultivar com criatividade nos novos
contextos de hoje. Diante de um panorama tão triste de
jovens feridos do mundo juvenil, nós salesianos “estamos
do lado dos jovens”, porque como Dom Bosco até o fim
confiamos neles e acreditamos na promessa que são, em
sua vontade de tomar nas mãos o próprio futuro e sair de
todos os tipos de pobreza. Estamos sempre do lado dos
jovens, investimos sempre neles. Acreditamos no valor da
pessoa, na possibilidade de um mundo diferente e melhor
e claro na grande força da educação.
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REFERÊNCIA SALESIANA
Certa noite de abril de 1847, Dom Bosco, tendo que ficar
mais tempo na cidade por um doente, voltou a Valdocco
tarde da noite. Perto do bairro um grupo de cerca de 20
meninos começou a zombar dele. “Os padres são todos
avarentos”, disse um. “Eles são orgulhosos e intolerantes”,
disse outro. “Vamos testá-lo”, gritou um terceiro. Diante
dessas vozes pouco lisonjeiras, Dom Bosco começou a
diminuir o passo e, fingindo não tê-los ouvido, os confronta:
“Boa noite, queridos amigos, como vão”? “Não muito bem,
Sr. Teólogo, estamos com sede e não temos dinheiro; pague
o senhor uma cerveja para todos “. Os outros meninos
o cercaram para não deixá-lo escapar. “Terei prazer em
pagar por ela - disse então Dom Bosco - mas também
quero estar com vocês”. “Imagine!”, Eles retrucaram. Dom
Bosco manteve sua palavra não só para evitar maiores
problemas, mas também para tentar ganhar alguma alma.
Na taverna, ele fez os meninos trazerem uma e depois
outra garrafa. Quando viu seus rapazes mais mansos e
bons, disse: - “Agora vocês devem me fazer um favor.”
“Diga, não apenas um favor, mas dois, três que lhe faremos,
porque a partir de agora queremos ser seus amigos”. “Se
vocês querem ser meus amigos, devem me fazer o favor
de não mais blasfemar o nome de Deus e de Jesus Cristo”.
“Tem razão, às vezes a palavra nos escapa sem que
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percebamos”, respondeu um dos meninos. “Bom; Agora
vamos sair daqui, vamos cada um para casa. Mas no
domingo espero vê-los no Oratório”. “Mas eu não tenho
casa”, começou um deles; “E nem eu”, acrescentou um
segundo; e tantos outros. “Mas onde vocês passavam as
noites”? Dom Bosco tomou consciência do perigo de
imoralidade em que se encontravam aqueles jovens, na
maioria estrangeiros, e acrescentou: “Venham, o Oratório
é casa de todos”.
ENTREGA A MARIA
Envolvei-nos sob vosso manto, ó Mãe
vós que muito jovem em Nazaré
decidistes o destino do mundo,
ajudai-nos a estender os braços a todos jovens.
Recebei-os em vossos braços e protegei-os do mal,
Mostrai-lhes vosso Filho e revelai-lhes sua vocação:
ser a esperança do mundo.
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OUVI O DESESPERO DOS MIGRANTES
A caminho de uma vida melhor, sem violência e
pobreza: eis o migrante. Maria, uma estrangeira no
Egito, sabe bem disso. Mantenhamos perto de nós
a fé simples e o exemplo da Santa Mãe de Deus,
que soube acolher e, portanto, superar todas as
dificuldades.
ATUALIZAÇÃO
Em uma pequena vila na Europa Central, os estrangeiros
não eram populares. As forças políticas do país impediram
a chegada de cidadãos de outros países. Durante a
intervenção de guerra da OTAN contra a Iugoslávia, alguns
albaneses que escaparam dos soldados pediram para ser
hospedados na escola primária de uma cidade da Baviera.
O prédio, em boas condições, não era usado há anos.
Algumas salas de aula, por um curto período de tempo,
poderiam ser adaptadas em dormitório. Os banheiros
e a cozinha ainda funcionavam. A idéia provocou uma
tempestade de indignação entre os cidadãos. Por todos os
meios, os moradores tentaram impedir o projeto. O ônibus
de refugiados foi empurrado para trás com paus e pedras.
No domingo, sob a grande cruz que dominava a nave da
igreja da cidade, encontraram uma placa pendurada. Dizia:
“Esta semana, os cidadãos de nosso país crucificaram Jesus
Cristo”.
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COMENTÁRIO DO REITOR MOR
O contato com os jovens migrantes, refugiados e muitos
outros jovens privados dos seus direitos fundamentais
torna-se para nós um apelo urgente à ação. Conforme
observado em Deuteronômio, para Israel. “Amai, pois, o
estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito.
Os migrantes, sobretudo neste momento em que não
faltam atitudes e políticas de marginalização, exclusão
e, por vezes, racismo, são uma realidade incômoda e o
seu clamor é inaudível. Tudo isso pesa na consciência da
sociedade, que tenta globalizar a economia, mas não a
solidariedade e o compromisso com o desenvolvimento
dos povos e a promoção da dignidade de cada pessoa. A
missão inter gentes é a nossa melhor escola: a partir dela
rezamos, refletimos, estudamos, vivemos. Quando nos
isolamos ou nos afastamos das pessoas a quem somos
chamados a servir, nossa identidade como Família Salesiana
começa a se desfigurar e se tornar uma caricatura.
REFERÊNCIA SALESIANA
Verão de 1831. A família Bosco decidiu que João deveria
cursar seus estudos em Chieri. Chieri era uma cidade
dinâmica e agitada, e para um garoto do campo como
ele era um pouco assustador. Igrejas, mosteiros, escolas,
cafeterias e até um teatro! Pelo menos nove mil habitantes!
João nunca tinha visto tantas pessoas no mesmo lugar.
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Ficava exatamente na metade do caminho de Castelnuovo
para a capital Turim e, para João, significava a porta para o
mundo,para o estudo, para a profissão de padre. O trabalho
no campo e o tempo vivido como serralheiro o haviam,
entretanto, transformado em um adolescente forte. Mas
o “bilhete de entrada” para continuar estudando em Chieri
exigia uma força completamente diferente. O primeiro
preço a pagar era vencer o orgulho mendigando: percorria
todas as fazendas pedindo dinheiro e grãos. “Quero ser
padre ; é por isso que eu tenho que estudar Você pode me
ajudar?”A maioria dos camponeses lhe dera trigo, farinha,
avelãs ou vinho, ou um pedaço de roupa, uma toalha, uma
camisa velha. Com trigo e vinho dava para pagar um quarto
para dormir. Para todos, em troca , João deixava apenas
um sorriso. Ele partirá para sua aventura na cidade também
com aquela sensação maravilhosa: há muitas pessoas que o
amam e acreditam nele. Certamente não os trairá.
ENTREGA A MARIA
Acolhei-nos sob o vosso manto, ó Mãe,
vós que sabeis o que é a indiferença,
o sofrimento, o abandono,
como companheira de viagem para aqueles que sofrem,
que são perseguidos, que fogem do seu país
por causa da guerra, da fome e da pobreza.
Ajudai-nos a cuidar do sofrimento
desses nossos irmãos e irmãs no caminho da dignidade.
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OUVI O MARTÍRIO DOS FIÉIS
O martírio é uma dimensão distintiva da vida de fé e
Maria é a mãe da autenticidade cristã de seus filhos.
Com sua poderosa ajuda, ela os apóia em seu caminho,
para que não temam as provações, mas as enfrentem
com coragem.
ATUALIZAÇÃO
A pequena Jia Li estava trancada na Igreja há alguns
dias junto com os de sua aldeia. Durante um ataque, o
comissário faz com que os milicianos abram o tabernáculo,
e as hóstias se espalham por toda parte e há gritos: “Agora
vão embora! Ai dos que voltarem! ». Jia Li fez sua primeira
comunhão em maio. Desde então, ela comungava todos
os dias, pedindo a Jesus que não permitisse que os maus
a impedissem de receber a comunhão: «Que farei eu
sem Ti?», dizia-lhe. No dia seguinte, ao amanhecer, ele
volta secretamente à Igreja, se prostra, vai até o altar e,
inclinando-se ao chão, consome uma hóstia. Faz o mesmo
nas manhãs seguintes. Ele não sabia que poderia consumí-
las todas de uma vez, mas principalmente porque queria
prolongar sua felicidade. Resta a ultima hóstia e Jia Li
chega como todos os dias. Mas desta vez um golpe forte
é ouvido, seguido de gargalhadas. A menina desmaia. Ela
ainda tem força para se arrastar em direção a hóstia para
engolí-la. Algumas convulsões e ela relaxa: a menina está
morta. Ela salvou todas as hóstias.
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COMENTÁRIO DO REITOR MOR
Não podemos, como Igreja, não chorar diante das tragédias
de seus filhos mártires. Não podemos e nunca devemos nos
acostumar com isso. “Depressa, depressa para salvar esses
jovens...” convidava Dom Bosco, em agonia de morte, seus
salesianos. É um convite a um compromisso sério que hoje
também nos põe em questão a nós da Família Salesiana,
em apoio a todos aqueles que são fiéis a Cristo e à missão
de evangelização até a doação da própria existência. Este
compromisso não é possível sem renovar em nós a paixão
e morte de Jesus pela salvação da juventude. Esta paixão
nos tornará corajosos e nos fará superar o medo de não ser
compreendidos ou de ser marginalizados ou rejeitados por
este nosso mundo secularizado, que rejeita Deus, suprime
o sobrenatural e marginaliza os que crêem.
REFERÊNCIA SALESIANA
No seminário de Chieri, João teve a oportunidade de
conhecer e se apaixonar pelos principais escritos de São
Francisco de Sales. Ele havia descoberto e encontrado
neste santo um modelo não só de ação prática, mas
também de estilo de vida. A caridade, a paciência, a
amizade, a perseverança que São Francisco soube praticar
nas relações com as pessoas, apesar das situações de
conflito devido às guerras religiosas do seu tempo,
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tiveram um impacto profético nas suas escolhas futuras.
Nessas virtudes João reconhecia uma consonância com
a indicação recebida de um personagem misterioso no
sonho que tivera aos nove anos: “Não com pancadas, mas
com mansidão e caridade terás de aprender a conquistar
esses teus amigos”.
ENTREGA A MARIA
Acolhei-nos sob o vosso manto, ó Mãe,
e ajudai-nos a ser uma Igreja autêntica.
Uma igreja que saiba viver em cada lugar, cada situação,
que saiba ser conforto para quem sofre,
que saiba sair das sacristias
e tocar as periferias existenciais da história
para anunciar a todos a beleza de ser
filhos de Deus e seus.
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OUVI O CLAMOR DAS CRIANÇAS
A espontaneidade das crianças exprime o dom
precioso da vida, mas o seu grito perdido é uma
acusação dolorosa ao nosso egoísmo adulto. Maria,
que é a mãe de todo homem, nos convida a sermos
filhos de Deus e seus, e irmãos entre nós.
ATUALIZAÇÃO
Pouco depois de seu irmãozinho nascer, a pequena Lori
começou a pedir aos pais que a deixassem sozinha com o
bebê. Eles estavam preocupados porque, como a maioria
das crianças de quatro anos, ela podia mostrar expressões
de ciúme. Mas com o passar do tempo Lori não mostrava
sinais de conflito, pelo contrário, tratava o irmãozinho com
gentileza e seus pedidos para ficar a sós com ele tornaram-
se cada vez mais insistentes. Então os pais decidiram, um
dia, permitir. Feliz, Lori entrou no quarto do bebê e fechou
a porta. Uma pequena rachadura na madeira foi suficiente
para os pais curiosos espiarem. Eles descobriram que a
pequena Lori estava brincando pacificamente. Então,
eles a viram colocar o rosto ao lado do irmãozinho e dizer
baixinho: “Bebê, me diga como é Deus. Estou começando
a me esquecer”.
COMENTÁRIO DO REITOR MOR
A presença salesiana ao lado dos menores marginalizados
e pisoteados pelo egoísmo dos adultos está hoje entre
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as ações educativas mais significativas e exigentes. Mas
é ainda mais urgente trabalhar pela defesa de meninos,
meninas e jovens explorados, vítimas de qualquer tipo
de abuso: do abuso sexual ao de poder. Dom Bosco não
descobriu sua missão diante de um espelho, mas na dor
de jovens sem esperança e sem futuro. O salesiano do
século XXI não poderá fazer de outra forma; descobrirá
a própria identidade se for capaz de partilhar, como fez
Dom Bosco, o desconforto e a dor de cada menino e
jovem, abandonados a si mesmos no abuso, na miséria e
na exploração, privados de qualquer ajuda espiritual e
material, os fazendo experimentar de forma tangível a
paternidade de um Deus capaz de “transformar a pedra
que os construtores rejeitaram em pedra angular”. A
salesianidade nasce precisamente dessa necessidade:
revelar a beleza em cada vida, ainda que manchada, e
suscitar a profecia de um novo começo.
REFERÊNCIA SALESIANA
A Senhora do sonho repetiu-lhe “Olhe!”, E o único
conselho de Dom Cafasso foi “Olhe ao redor”. Então João
começou a “ver”. Nos canteiros de obras, crianças de oito
ou dez anos que trabalhavam como trabalhadores não
qualificados para pedreiros. Eles enchiam banheiras com
telhas e cal, carregavam-nas nos ombros e subiam escadas
de corda e andaimes. Se trabalhassem muito devagar,
o capataz batia neles. Já o mercado de “Porta Palazzo”
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fervilhava de pobres que não tinham aprendido um ofício,
a maioria não sabia ler nem escrever. Dom Bosco passou
as horas mais terríveis do primeiro período em Turim
com os jovens na prisão. Meninos de doze a dezoito anos,
como mendigos cheios de piolhos, encontravam-se sem
trabalho, só com água e pão atrás das grades de ferro. Eles
eram fortes e talentosos, mas longe de poder esperar um
lar, um emprego ou uma escola. Eles olhavam incrédulos
para o jovem padre que lhes trouxe frutas, chocolates e
tabaco. Ele queria ser amigo deles, falava do valor e da
dignidade de cada pessoa, mas quando voltava para visitá-
los, tudo estava destruído. A amizade que parecia ter
nascido havia morrido, os rostos se tornaram novamente
ameaçadores e Dom Bosco nem sempre foi capaz de
superar seu desânimo. Um dia ele caiu em prantos. Houve
um momento de hesitação no quarto sombrio. “Por que
aquele padre está chorando?” alguém perguntou. «Porque
ele nos ama. Minha mãe também choraria se me visse aqui.’
ENTREGA A MARIA
Envolvei-nos com o vosso manto, ó Mãe,
e tornai-nos capazes de escutar, libertar,
acolher com ternura as crianças indefesas,
vítimas inocentes da violência, da nossa violência.
Ajudai-nos a ser a voz das muitas crianças que não têm voz,
dos marginalizados, maltratados, sem direitos.
Ajudai-nos a ver em cada um deles o vosso Filho,
que veio ao nosso mundo como uma criança indefesa.
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OUVI O SILÊNCIO DOS POBRES
Mãe de Deus, despertai nossas consciências para
escutar o ruidoso silêncio dos pobres. Sem eles a
Igreja não seria como o Senhor Jesus queria que fosse.
ATUALIZAÇÃO
Ultimamente li o testemunho de um voluntário na África,
com sua experiência em um campo de refugiados no
momento da distribuição de alimentos. Uma situação
caótica e alarmante. O voluntário percebeu que os
suprimentos estavam acabando, pois as pessoas famintas
se encontravam à beira do desespero. No final da fila
estava uma menina de nove anos. Quando chegou a sua
vez, só restava uma banana. Eles passaram para ela. Ela
descascou a banana, depois deu metade para o irmão mais
novo e metade para a irmã mais nova; e lambeu o interior
da casca. o voluntário confessou que naquele exato
momento nasceu nele a fé em Deus.
COMENTÁRIO DO REITOR MOR
A opção pelos jovens pobres, abandonados e inseguros
sempre esteve no coração e na vida da Família Salesiana,
desde Dom Bosco até hoje. Hoje a pobreza juvenil se
multiplicou e ampliou! Pobreza econômica, social e
cultural; pobreza emocional e familiar; pobreza moral
e espiritual. Em muitos contextos, o desemprego e a
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4.1 Page 31

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impossibilidade de estudar penalizam grandes segmentos
da população jovem. Demasiadas vezes estas múltiplas
formas de pobreza afastam as crianças e os jovens da
oportunidade de crescer de forma serena, de ter uma
educação adequada, de decidir sobre o seu próprio futuro.
Ainda hoje Dom Bosco e a Igreja nos enviam para trabalhar
entre os jovens pobres. Mas para que o silêncio dos pobres
se transforme em cântico de louvor, é preciso também que
possamos realizar e imaginar um tipo diferente de economia
que no final do século passado não era apenas teorizada,
mas também praticada: é a economia de comunhão que
inspirou muitos jovens economistas e empresários que se
identificam com o movimento “Economia de Francisco”.
Mesmo assim, o manto da Mãe de Misericórdia se estende
até os confins do mundo para que um dia, que esperamos
não muito longe, ninguém mais passe necessidade.
REFERÊNCIA SALESIANA
Numa tarde chuvosa de maio de 1847, um jovem de cerca
de quinze anos, todo encharcado de água, apareceu
pedindo pão e abrigo. Minha mãe o recebeu na cozinha,
o trouxe para perto do fogo e enquanto ele se aquecia e
secava suas roupas. Enquanto se fortalecia com sopa e pão
perguntei-lhe se frequentava a escola, se tinha parentes
e que profissão exercia. Ele respondeu: «Sou um pobre
órfão, vindo do Vale di Sesia. Os habitantes dedicam-se à
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4.2 Page 32

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criação de gado e à agricultura, muito pobres, muitas vezes
forçados a migrar. Eu tinha menos de três francos, e gastei
tudo. Agora já não tenho nada e já não pertenço a ninguém.
Peço à caridade de poder passar a noite em algum canto
desta casa». Dito isso, ele começou a chorar. Minha mãe
chorava com ele, eu estava emocionado. Se eu soubesse
que você não era um ladrão, eu tentaria ajudá-lo, mas
levaram uma parte dos meus cobertores e você vai me tirar
outra. - Fique calmo sou pobre, mas nunca roubei nada. -
Se você quiser, retomou minha mãe, vou acomodá-lo esta
noite, e amanhã Deus proverá. - Onde? - Aqui na cozinha.
A boa mulher, ajudada pelo órfão, saiu, recolheu alguns
pedaços de tijolos, e com eles fez quatro pequenos pilares
na cozinha, sobre as quais ele colocou algumas tábuas, e
colocou sobre elas um saco, preparando assim: a primeira
cama do Oratório.
ENTREGA A MARIA
Acolhei-nos sob o vosso manto, ó Mãe,
e fazei-nos partilhar a nossa vida com os pobres,
para dar não só o supérfluo
mas também o necessário “até doer”.
Libertai-nos da hipocrisia da moeda
dada para purificar a nossa consciência
ou do carinho dado para parecer melhor.
Tornai-nos capazes daquele amor abnegado
que vosso Filho mostrou pela humanidade,
pelos menores, pelos mais pobres.
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OUVI O DRAMA DA FAMÍLIA EM CRISE
A família é uma Igreja no lar como a de Nazaré: um
santuário de seres humanos feitos de terra mas cheios
de céu infinito. Maria, que é mulher e mãe de família,
nos ensina o profundo valor da comunhão.
ATUALIZAÇÃO
Uma menina de oito anos, em um pequeno poema para a
escola, descreveu sua família da seguinte forma: “Na minha
casa há dois quartos, dois berços, uma janelinha e um gato
branco. Na minha casa só comemos à noite, quando o meu
pai chega com um saco cheio de pão e peixe seco. Na
minha casa somos todos pobres, mas meu pai tem olhos
azuis, minha mãe tem olhos azuis, meu irmão tem olhos
azuis e o gato também tem olhos azuis. Quando estamos
todos sentados à mesa, nossa casa parece o céu».
COMENTÁRIO DO REITOR MOR
Na história da arte cristã não são poucas as representações
de Nossa Senhora retratada enquanto costura ou tece,
talvez rodeada por São José lutando com seu trabalho
e o pequeno Jesus empenhado em aprender a arte do
carpinteiro. As lendas devotas se encarregaram de nos
informar que a túnica sem costura, mencionada pelo
evangelista João em seu relato da paixão, tinha sido feita
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por Maria e tinha a característica de crescer com seu dono.
Se esta piedosa crença pode fazer-nos sorrir, merece
maior consideração a verdade da fé de que o corpo
humano do Verbo de Deus foi tecido pela virgem Maria no
tear do seu próprio ventre! Sabemos bem que os soldados
não tiveram coragem de destruir aquele humilde trabalho
de alfaiate que foi concedido pelo destino a um único
vencedor.Muitas vezes essa túnica foi evocada para indicar
o chamado à unidade dos que crêem em Cristo, mas não
é menos verdade que o sacramento do matrimônio pode
ser eloquentemente representado pela vestimenta indivisa
e indivisível de Cristo. Dois esposos são envolvidos pelo
próprio Jesus em um único vestido porque não são mais
dois, mas um único ser. A família de Nazaré não era a do
“moinho branco” o Evangelho testemunha-nos claramente
(cf. Mt 2, Lc 2). Mas José com a sua pronta obediência,
Maria com a sua audácia interior, Jesus com a sua grande
liberdade e os três com sua capacidade de manter o amor
em seus corações estão lá para nos lembrar que todo nó
familiar pode se dissolver na teia da unidade.
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REFERÊNCIA SALESIANA
Dom Bosco havia sobrecarregado sua saúde. Uma
pneumonia grave o colocou à prova. Dom Borel deu-lhe
a Extrema Unção. Era o drama dos quatrocentos meninos
do Oratório, só tinham aquele pai. Eles esperavam por um
milagre com todas as suas forças. Dom Bosco se recuperou.
Ele procurou os meninos com os olhos e conseguiu dizer:
“Devo minha vida a vocês. Mas tenham certeza: de agora
em diante vou gastá-la toda por vocês”. Sua primeira saída
foi um triunfo. De sua cama foi carregado com uma cadeira
nos ombros dos jovens até a capela do galpão Pinardi.
Passou por um período de convalescença nos Becchi
ao lado de sua mãe Margarida e seu irmão José. Então,
depois de alguns meses, ele voltou para Turim, e com ele
também sua mãe. Eles chegaram destruídos após 40 km
de caminhada. Um padre amigo os viu e ficou surpreso:
«Mas vocês estão loucos! Onde vocês estão indo? Como
farão para viver? Você tem alguma coisa pelo menos para
esta noite? ». “Deus proverá, meu amigo.” Aquele bom
padre, comovido, deu-lhes o relógio. “Está vendo? Deus já
providenciou”, disse-lhe Dom Bosco docemente.Margarida
foi a primeira a entrar naquelas salas vazias do primeiro
oratório. Ela sorriu e disse: “Nas colinas de Becchi, todos
os dias eu tinha que trabalhar duro para arrumar, tirar o pó
dos móveis e lavar as panelas. Eu não tenho nada aqui. Eu
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vou descansar “. Naquela noite, mãe e filho começaram
a cantar. A velha canção folclórica dizia: Ai do mundo se
nos ouvir, estrangeiros sem nada. Um menino ouviu-os e
espalhou de boca em boca: “Dom Bosco está de volta!”.
ENTREGA A MARIA
Acolhei-nos sob o vosso manto, ó Mãe,
e fazei-nos sentir o calor da família,
daquela família em que o Senhor quis nascer,
aquela família que como as nossas
enfrentou dificuldades e desânimo.
Ajudai-nos a ser, como Igreja, uma família de famílias,
sem nunca julgar, sem dividir,
sem nunca distanciar.
Para que cada família seja um espelho da sua.
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OUVI A ALEGRIA NO CORAÇÃO
Precisamos tanto de alegria, num mundo dedicado
à simples diversão. Maria é a sua fonte porque nela
o cumprimento da vontade de Deus sempre foi uma
prioridade.
ATUALIZAÇÃO
Há pouco tempo, um fazendeiro apareceu na porta de um
convento com um cacho de uvas. «Frei porteiro», disse o
agricultor, «sabe a quem quero dar este cacho de uvas que
é o mais bonito da minha vinha? A você!”. O frei porteiro
corou de alegria. “Você quer me dar?” “Claro, porque você
sempre me tratou com amizade e me ajudou quando eu
pedi. Quero que este cacho de uvas lhe dê alguma alegria».
O Irmão porteiro colocou o cacho de uvas à vista de todos
e o contemplou a manhã toda. Era realmente um cacho
lindo. A certa altura, veio-lhe uma ideia: “Porque não levo
este cacho ao abade para lhe dar também um pouco de
alegria?”. Pegou-o e levou-o ao abade. O abade ficou
muito feliz. Mas lembrou-se de que havia um velho Irmão
doente no convento e pensou: “Vou levar o cacho para
ele, para que ele se levante um pouco”. Assim, o cacho de
uvas emigrou novamente. Mas não ficou muito tempo na
cela do Irmão doente. Na verdade, ele pensou que o cacho
faria feliz o Irmão cozinheiro, que passava os dias suando
no fogão, e mandou para ele. Mas o Irmão cozinheiro
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deu-o ao frei sacristão, que o levou ao frei mais novo do
convento, que o levou a outro, que achou melhor dá-lo
a outro. Até que, de irmão para irmão, o cacho de uvas
voltou para o porteiro. Assim o círculo foi fechado. Um
círculo de alegria.
COMENTÁRIO DO REITOR MOR
No dia 3 de abril, o Papa Francisco dirigiu-se aos jovens
maltêses com estas palavras: “Queridos jovens amigos,
compartilho com vocês a coisa mais bela da vida. Vocês
sabem qual é? É a alegria de se gastar por amor que nos
liberta. Mas esta alegria tem um nome: Jesus”. Esta frase
contém a motivação pela qual damos a Maria o título
de fonte da nossa Alegria. Primeiro porque com a sua
maternidade obediente deu à luz o Senhor Jesus e ao fazê-
lo nos dá “a alegria que Eva nos tirou” e depois porque é a
primeira a viver no estilo de dar para testemunhar para a
Igreja e para nós a verdade das palavras de Jesus: “Há mais
alegria em dar do que em receber”. Maria é a demonstração,
o testemunho concreto de que quem acolhe o chamado
do Senhor, o chamado ao amor, vê o seu coração encher-
se de alegria. Não somente. Também as relações de Maria
com as pessoas, recorda-nos o Evangelho, geram alegria,
serenidade: como a visita de Maria a Isabel, como as bodas
de Caná. E esta alegria Maria espalha também no coração
dos santos e nas aparições, onde o encontro com Maria
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gera sempre não medo, mas serenidade, familiaridade:
constrói fraternidade.
REFERÊNCIA SALESIANA
Muitos jovens do Oratório carregavam dentro de si os
sinais de insegurança, falta de estima, grande fome de
amor e modelos de identificação. Consequências de
uma carência crônica de afeto na família de origem. E
precisamente porque a disponibilidade paterna de Dom
Bosco funcionava como um “ímã” para as crianças que
encontrava, elas imediatamente se tornavam seus filhos.
Seguiam-no, acompanhavam-no, quase o perseguiam,
como ele mesmo escreveu: «Uma cena singular foi a
saída do Oratório. Depois de deixar a igreja, cada um
dava mil vezes boa noite, mas sem se desprender de seus
companheiros. Exortei: Vão para casa porque já é noite; os
parentes esperam por vocês. Mas sem sucesso. Seis dos
mais fortes fizeram com os braços uma espécie de cadeira,
um trono, no qual eu poderia sentar. Eles se organizavam
em várias fileiras, carregando-me no trono em seus braços.
Os outros continuaram cantando, rindo e gritando até o
Rondò. Lá ainda cantavam alguns louvores, que tinham para
concluir o canto solene do Louvado seja sempre. Depois de
um profundo silêncio, eu podia finalmente desejar a todos
uma boa noite e uma boa semana. Os meninos com todas
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as suas vozes respondiam: - Boa noite! - Eu descia do trono
“humano”, cada um ia para a sua própria família, enquanto
alguns dos filhos mais velhos me acompanhavam até a
casa».
ENTREGA A MARIA
Acolhei-nos sob o vosso manto, ó Mãe,
e fazei-nos sentir a alegria que encheu a vossa vida.
Ajudai-nos a compreender que esta alegria
é sinal da presença do Espírito do Ressuscitado.
Ajudai-nos a sentir a verdadeira alegria,
não a simples diversão,
a alegria que está enraizada em sermos seus filhos,
mensageiros de paz e esperança
em um mundo que muitas vezes esqueceu a alegria.
Em vez disso, recordai-nos do Alegra-te,
que um dia o anjo vos disse,
o Alegrai-vos dito aos pastores na Noite Santa
e às mulheres na manhã da Ressurreição.
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SALESIANI DI DON BOSCO
EDIZIONE EXTRA COMMERCIALE
Sede Centrale Salesiana
via Marsala, 42 - 00185 ROMA