La Vocazione missionaria salesiana_pt.docx

SOCIETÀ DI SAN FRANCESCO DI SALES

sede centrale salesiana

Via Marsala 42 - 00185 Roma


Il Consigliere Generale per le Missioni


Roma, 4 de abril de 2021

Páscoa do Senhor

P rot. 21/0155


A Vocação Missionária Salesiana

Reflexões, Procedimentos e Orientações Operativas


O Reitor-Mor, P. Ángel Fernández Artime, convida a Congregação a responder com coragem e generosidade missionária aos pedidos de novas presenças em contextos muito pobres, reforçar a nossa ação entre os refugiados e abrir novos lugares de missão.1 De fato, «somos todos corresponsáveis ​​pela obra evangelizadora e missionária dos Salesianos de Dom Bosco no mundo todo».2


Esta apresentação tem a tríplice finalidade de motivar os irmãos a responderem ao apelo missionário do atual sucessor de Dom Bosco, melhorar os procedimentos de discernimento, formação e inserção, e harmonizar as orientações operativas anteriores ainda atuais em nosso contexto hodierno.


Parte I. Repensar as Missões Hoje

Vemo-nos hoje num contexto diferente daqueles dos projetos missionários que difundiram a Congregação na América (1875), na Ásia (1906) e na África (1980). Novas perspectivas e novos questionamentos trouxeram reflexões renovadas sobre a missiologia. É urgente uma nova visão das missões salesianas.


1. A Vocação Missionária e o Carisma Salesiano

As Missões

A Trindade é a fonte da existência e da natureza missionária da Igreja. Além disso, o conceito de comunhão situa-se no coração da autocompreensão da Igreja.3 Missão e comunhão são, portanto, essenciais para a compreensão adequada do mistério da Igreja. Por isso, toda Igreja local, mesmo as de recente fundação, enquanto participante da comunhão entre Igrejas, é corresponsável na ajuda a outras Igrejas locais em suas mais variadas necessidades. Note-se que o Vaticano II já evidenciara que a ação missionária deve estender-se também às Igrejas existentes «de longa data», mas «que se encontram em estado de retrocesso ou decadência».4


Nós colaboramos com a Igreja no cumprimento da sua missão de evangelizar (Mt 28,19-20).5 Anunciar o Evangelho, especialmente aos jovens, é a nossa primeira tarefa missionária.6 Nossas iniciativas para a promoção humana, motivadas por uma fé profunda, são o Primeiro Anúncio. Apreciamos ‘os raios de Verdade’ nas culturas e nas outras religiões. Nos contextos em que não podemos nem mesmo mencionar o nome de Jesus, nós o anunciamos com o testemunho da vida pessoal e comunitária.7 A intencionalidade de promover o Primeiro Anúncio pode ajudar na superação do perigo de sermos considerados como fornecedores de serviços sociais ou agentes sociais em vez de testemunhas do primado de Deus e anunciadores do Evangelho.8


É certo que, ainda hoje, existem povos ou contextos socioculturais em que Cristo não é conhecido. Em muitos Países, especialmente nos centros urbanos, até mesmo nos nossos próprios arredores, há quem não conhece Jesus, ou que, depois de tê-lo conhecido, o abandonaram, ou ainda aqueles que vivem a fé apenas como algo cultural. As missões existem, então, onde quer que haja necessidade de anunciar o Evangelho. As ‘missões’, então, não podem ser entendidas como antigamente apenas em termos geográficos, ou como movimento para ‘terras de missão’, mas também em termos sociológicos, culturais e, até mesmo, de presença no continente digital. Os missionários provêm, atualmente, dos cinco continentes e são enviados aos cinco continentes. Esse movimento missionário multidirecional já se dá em muitas dioceses e congregações. Para nós Salesianos o ‘Projeto Europa’ colocou-nos diante dessa mudança de paradigma missionário, que ainda requer de muitos irmãos um caminho de conversão da mente e do coração para assumi-lo.


Uma Faceta Essencial do Carisma Salesiano

O Padre Eugênio Ceria afirmava que, pode-se dizer, «a ideia missionária em Dom Bosco cresceu com ele. Inicialmente, era uma voz interior que o chamava a levar o Evangelho a países infiéis; em seguida, foi uma chama de zelo, acesa pelo desejo de estender também àquele campo a atividade dos seus filhos».9 O Padre Albera, por sua vez, sintetizou assim o espírito missionário de Dom Bosco: «As missões eram o tema predileto dos seus discursos, e sabia infundir nos corações como que um desejo de ser missionários que nos parecia a coisa mais natural do mundo... para Dom Bosco o segundo fim da sua Congregação devia ser o das missões e nada o impediu de abraçá-lo em toda a sua extensão».10 Trata-se não só de um interesse pessoal, mas de um verdadeiro charisma fundationis que o nosso Fundador transmitiu aos seus Salesianos e a toda a Família Salesiana.11


Por isso, o CG19 afirmou que «a Congregação Salesiana... revive o ideal de Dom Bosco, que desejou a obra das missões como inquietude permanente da Congregação de modo a fazer parte da sua natureza e da sua finalidade».12 «A mente e o coração do Fundador», escreveu o Padre Viganò, «e a tradição vivida ininterruptamente em Família confirmam abertamente que a dimensão missionária é ‘elemento essencial’ do nosso carisma».13 O atual Reitor-Mor afirma que «a dimensão missionária faz parte da nossa identidade».14 Além disso, são as missões que impulsionam a Congregação para libertar-nos de «inércias paralisantes», fazendo brotar «belos sonhos que se tornam realidade».15


O Espírito Missionário Salesiano

Como Salesianos, somos em todos os lugares verdadeiros missionários dos jovens, e a juventude é a nossa terra de missão.16 E, como Salesianos, vivemos o espírito missionário de Dom Bosco qual coração da caridade pastoral que se manifesta no coração oratoriano, no fervor, no descortino e na capacidade de diálogo intercultural e inter-religioso. É a paixão pela evangelização, sobretudo dos jovens, e a disponibilidade para ser enviado aonde houver necessidade, que se expressa no ‘ci vado io’, considerado pelo Padre Alberto Caviglia como ‘lema salesiano’. Enfim, o espírito missionário – sintetizado no ‘Da mihi animas’ – é típico de todo Salesiano, porque enraizado no mesmo carisma salesiano. É esse espírito missionário que nos faz viver a vida consagrada salesiana «em permanente estado de missão».17


A experiência missionária durante as férias para os jovens irmãos, formadores e docentes dos centros de estudo, como também a experiência em comunidades formadoras internacionais, favorece a abertura da mente, a relação intercultural e inter-religiosa e, em última análise, o espírito missionário salesiano.18 A oração missionária no dia onze de cada mês, o Dia Missionário Salesiano anual e outras iniciativas de animação missionária ajudam a manter vivo o espírito missionário em cada comunidade e Inspetoria. É o mesmo espírito missionário que torna a comunidade salesiana disponível a acolher e acompanhar os novos missionários que chegam à Inspetoria.


A Vocação Missionária Salesiana

O fato de toda a Igreja ser missionária não exclui que existam por vocação missionários ad gentes e ad vitam. Há, também, Salesianos que se sentem chamados com total disponibilidade a serem enviados além do próprio ambiente cultural ou da própria pátria a qualquer parte do mundo (ad exteros) a fim de colaborarem com zelo e coragem nas novas fronteiras da nossa missão de evangelização ou onde a Igreja ainda não esteja plenamente estabelecida (ad gentes). Trata-se de uma entrega radical e plena que implica, por sua mesma natureza, uma total disponibilidade sem limites de tempo (ad vitam).19


Pelo Sacramento do Batismo, todo cristão faz parte do povo de Deus e participa da missão da Igreja. A profissão religiosa é o aprofundamento singular e fecundo da consagração batismal em vista da nossa missão particular na Igreja.20 De aí nasce a vocação missionária salesiana como um chamado do Senhor, no interior da nossa comum vocação salesiana.21 Por isso, a vocação missionária salesiana, como aspecto essencial do carisma de Dom Bosco (cf. Const. 30), é a expressão mais radical da caridade pastoral. É um dom do Senhor, a ser invocado na oração, suscitado nos irmãos, verificado no discernimento e acompanhado no seu desenvolvimento. As missões salesianas participam da única missão salesiana. Por isso, o missionário salesiano não pertence a uma elite de irmãos privilegiados. Ele quer exprimir de modo mais generoso e radical a comum vocação salesiana de todos os irmãos.


O atual Reitor-Mor reafirmou várias vezes que o Inspetor não pode criar obstáculos a um irmão que fez o caminho de discernimento da própria vocação missionária com a ajuda do Diretor, do guia espiritual e do próprio Inspetor, apenas por falta de pessoal ou porque a Inspetoria precisa dele. O envio missionário na Basílica de Maria Auxiliadora em Valdocco é o gesto com que a Congregação renova, diante da Auxiliadora, o seu compromisso missionário.


O Missionário Salesiano

O missionário salesiano é destinado de forma definitiva a uma Inspetoria ou Delegação (Const. 159), não só para responder à necessidade de pessoal, mas, sobretudo, para contribuir no diálogo intercultural, na inculturação da fé e do carisma e iniciar processos que possam gerar novas vocações locais. O missionário não é apenas aquele que dá alguma coisa, mas sobretudo aquele que recebe; não só ensina, mas sobretudo aprende do povo a que serve, não é apenas destinatário passivo dos seus trabalhos. Como mediador, o missionário nada retém para si, mas procura manter vivo o seu ardor de santidade por meio da ‘graça da unidade’, gastando-se generosamente, até consumir-se. 22


O missionário insere-se na igreja local, e na vida e no projeto educativo-pastoral da Inspetoria, enriquecendo-a com seus dotes pessoais, seu zelo apostólico e sua sensibilidade missionária. A inculturação é um processo lento que nunca pode ser plenamente concluído. Por isso, o missionário está aberto para enriquecer-se com a cultura local enquanto continua a aprofundar a sua compreensão, à luz da fé cristã e do carisma salesiano. O missionário empenha-se na colaboração com os leigos, com os missionários voluntários e com os demais membros da Família Salesiana promovendo um verdadeiro intercâmbio de dons e valores, de acordo com as várias vocações específicas e as formas de vida de cada grupo.23 Na velhice, continua o trabalho missionário compartilhando a sua amizade e sabedoria, com a oração e o exemplo de vida. O missionário gasta-se até o último respiro pelo povo que lhe é confiado; a sepultura em sua terra de missão sigila esse amor.


A inculturação consolida a presença dos missionários na Inspetoria: os irmãos locais têm uma perspectiva da própria cultura que os missionários não possuem, enquanto os missionários oferecem perspectivas da cultura não percebidas pelos irmãos locais. De fato, uma Inspetoria composta só por irmãos de uma mesma cultura corre o risco de ser menos sensível ao desafio da interculturalidade e menos capaz de ver além dos limites do próprio mundo cultural. Graças aos missionários o carisma de Dom Bosco está presente e inculturado atualmente em 134 Países. O trabalho missionário da Congregação contribui realmente de maneira decisiva também na redistribuição geral dos irmãos pedida pelo CG27.24


O Projeto Missionário na Inspetoria e na Congregação

O Reitor-Mor, no projeto do sexênio, continuou a convidar todas as Inspetorias a iniciarem um projeto missionário dentro nos seus limites.25 Isso não exclui a generosidade missionária para o projeto missionário da Congregação. A Inspetoria, com efeito, não pode ser generosa para com o projeto missionário congregacional se não se preocupar seriamente com um projeto missionário inspetorial. O trabalho missionário no interior da Inspetoria é sinal credível e estímulo para o trabalho missionário da Congregação, e vice-versa. Um influi sobre o outro, estimula-o, ajuda-o.26 Trata-se do impulso missionário da Congregação que revigora a fé, dá novo entusiasmo vocacional e revitaliza a identidade carismática dos irmãos tanto na Inspetoria que envia como na que recebe missionários. Além disso, ele nos livra «dos perigos do aburguesamento, da superficialidade espiritual e do genericismo» e «nos projeta com esperança para o futuro».27


As Missões Interessam Todos os Salesianos

O CG20 já insistia recordando que «as Missões interessam a toda a Congregação e cabe-lhe sua responsabilidade; estão, pois, todos os irmãos, empenhados nelas de um modo ou de outro».28 O décimo Sucessor de Dom Bosco evidenciou que, para toda a Congregação, este é o tempo de generosidade, convidando os irmãos à maior disponibilidade para os projetos missionários da Congregação.29 Os Inspetores participam da solicitude do Reitor-Mor com o zelo missionário por toda a Congregação. Cada Inspetoria salesiana, rica ou pobre de pessoal ou recursos, é corresponsável nos projetos missionários da Congregação. Por isso, não há Inspetorias apenas ‘destinatárias’ ou ‘remetentes’ ou ‘missionárias’. Todas as Inspetorias enviam e recebem missionários. A reciprocidade missionária faz que permaneçamos disponíveis à partilha recíproca de meios, pessoal e ajudas espirituais. Os irmãos idosos e doentes também dão um apoio precioso com suas orações e sacrifícios. A contribuição dada pelas Procuradorias missionárias em nível de Congregação e de Inspetorias (Reg. 24) e as ONG salesianas também permitem o início e a realização de muitos projetos missionários em todos os Continentes.


Parte II. Procedimentos e Orientações Operativas

À luz destas reflexões sobre a missiologia e o carisma, seguem os atuais procedimentos e orientações operativas:


2. O Discernimento da Vocação Missionária

A vocação missionária precisa de um cuidadoso discernimento. Trata-se de um itinerário gradual e progressivo feito com a ajuda do guia espiritual, do Diretor e da equipe formadora. Os critérios e o processo de discernimento da vocação missionária são esclarecidos de maneira clara no opúsculo A Formação Missionária dos Salesianos de Dom Bosco.30 Contudo, é preciso evidenciar aqui alguns elementos.


Os formandos são encorajados nas diversas fases da formação inicial a manter vivo o espírito missionário como elemento essencial do nosso carisma, através de conteúdos a evidenciar, atitudes a cultivar e experiências a promover em cada fase formativa.31 Ao serem conhecidos os projetos missionários, os jovens irmãos são formados para a disponibilidade e com olhos abertos para a vida da Igreja e da Congregação. «Cabe aos Inspetores, aos delegados inspetoriais da animação missionária e aos formadores favorecer especialmente nos jovens irmãos o discernimento sobre a vocação missionária».32 Aqueles que manifestam interesse para serem missionários sejam acompanhados mais de perto, para serem capazes de fazer um bom caminho de discernimento.


O pós-noviciado é a fase formativa em que se aprofunda a identidade carismática. É, portanto, a fase da formação mais adequada para um sério discernimento missionário. A experiência dos últimos anos mostra ser esta a fase formativa em que há uma mais viva e generosa disponibilidade missionária entre os formandos.


Não há limite de idade para partir como missionário, contudo, a nossa experiência plurianual demonstra que o diálogo intercultural e inter-religioso, a inculturação e a aprendizagem da língua são mais fáceis na idade juvenil. Depois de consultar o próprio Diretor e o próprio guia espiritual, o irmão pode escrever ao Reitor-Mor apresentando a sua disponibilidade missionária.


Dependendo do caso, para melhor discernir a própria vocação missionária, o Inspetor, em diálogo com o Conselheiro-Geral para as Missões, pode enviar o candidato missionário pós-noviço para um ano de tirocínio numa obra missionária da sua ou de outra Inspetoria. Durante esse ano, o candidato pode escrever ao Reitor-Mor apresentando a sua disponibilidade missionária.


A Cruz missionária salesiana que caracteriza o missionário é entregue pelo Reitor-Mor na cerimônia de envio somente a quem se oferece para ser missionário, geralmente na Basílica de Maria Auxiliadora de Valdocco. Seus nomes são inscritos no devido registro oficial junto ao Setor para as Missões.


3. A Seleção e o Envio de Missionários

Desde a primeira expedição missionária (1875) até o Capítulo Geral Especial (1971), os missionários salesianos eram assim escolhidos e enviados:

  • Os candidatos, convencidos da sua vocação missionária, apresentavam o pedido diretamente ao Reitor-Mor.

  • O Prefeito-Geral (posteriormente o Conselheiro-Geral para as Missões) encarregava-se pessoalmente do discernimento, da destinação e do envio dos candidatos. A grande maioria partia dos aspirantados missionários da Europa (Ivrea, Cumiana, Astudillo, Shrigley, Coat-an-Doc’h, etc.) para iniciar o noviciado nas missões juntamente com os noviços locais.

  • Os missionários europeus partiam da Europa para as ‘terras de missão’ nos diversos continentes. A grande maioria recebia a Cruz missionária na Basílica de Maria Auxiliadora de Turim.


Com esse método de intervenção direta do Reitor-Mor através do Conselheiro-Geral para as Missões, irmãos de diversas nacionalidades foram enviados a uma nação, favorecendo a internacionalização das comunidades missionárias.

  • O irmão apresentava (por escrito ou oralmente) o próprio desejo missionário ao seu Inspetor. Este, às vezes, sugeria e estimulava essa opção num diálogo de obediência.

  • O próprio Inspetor escolhia e enviava os missionários ao seu território de missão (especialmente na África e nas novas fronteiras da Ásia, América e Oceania). Alguns eram enviados ‘ad tempus’, outros de modo permanente e definitivo.

  • Em geral, os missionários que partiam recebiam a Cruz missionária numa celebração comunitária inspetorial ou local.

  • Restava sempre a opção de os candidatos disponíveis enviarem a carta pessoal ao Reitor-Mor, que intervinha diretamente através do Conselheiro-Geral para as Missões.33


Este método favoreceu uma rápida expansão dos projetos missionários inspetoriais e estimulou um novo entusiasmo missionário em quase todas as Inspetorias. Por outro lado, diminuiu consideravelmente o número dos missionários ao serviço dos projetos missionários da Congregação, como também a característica internacional das nossas comunidades missionárias.


Quando o Padre Pascual Chávez lançou o ‘Projeto Europa’ em 2008 deu-se o início de uma modalidade mais colegiada, que se consolidou no atual processo de discernimento, opção e envio dos missionários:


  1. O Reitor-Mor faz um apelo missionário a todos os irmãos no dia 18 de dezembro (aniversário de fundação da Congregação) expondo as prioridades missionárias do ano.

  2. O irmão escreve uma carta diretamente ao Reitor-Mor apresentando a sua disponibilidade missionária.

  3. Recebida a carta, o Reitor-Mor a encaminha ao Conselheiro-Geral para as Missões.

  4. O Conselheiro-Geral para as Missões inicia ou continua o diálogo com o candidato.

  5. O Conselheiro-Geral para as Missões dialoga com o Inspetor do candidato pedindo-lhe e ao seu Conselho um parecer por escrito para verificar a idoneidade do candidato. Se este estiver na formação inicial, é necessário o parecer por escrito do Diretor e do Conselho da Casa.

  6. Recebido o parecer favorável do Inspetor e do seu Conselho (e do Diretor e do Conselho da Casa), o Conselheiro-Geral para as Missões estuda, com o Reitor-Mor, as necessidades e as prioridades missionárias do ano, e as possíveis destinações.

  7. O Conselheiro-Geral para as Missões propõe ao Conselho-Geral as destinações dos membros da próxima expedição missionária.

  8. É oportuno que haja na Inspetoria uma cerimônia de despedida do irmão missionário. Durante a celebração eucarística o Superior abençoa o irmão que parte e faz algum outro gesto significativo de despedida. A entrega da Cruz missionária é reservada ao Reitor-Mor no momento do envio missionário.

O candidato missionário vai a Roma para o Curso de Orientação de cinco semanas em preparação ao envio missionário. Durante o curso, tendo ouvido pessoalmente o candidato, o Conselheiro-Geral para as Missões conclui o discernimento para a destinação definitiva do novo missionário.


Após a cerimônia da entrega da Cruz missionária, o missionário retorna à Inspetoria de origem onde prepara a documentação e espera o visto. Se tiver a possibilidade de obter o visto na Itália, será destinado temporariamente a uma casa salesiana, à espera dos procedimentos migratórios, com o prévio consentimento do Inspetor interessado.


Pede-se ao Inspetor de origem do missionário que dê ao missionário em partida, à espera dos procedimentos migratórios, a possibilidade de iniciar o estudo da língua da sua destinação, conforme as possibilidades locais.


Para os missionários que partem como tirocinantes, os tempos exclusivamente destinados ao estudo da língua ou à espera dos procedimentos migratórios, não são considerados como tirocínio.34


4. O Pedido de Missionários

O Reitor-Mor, como expressão da sua solicitude paterna por toda a Congregação, envia missionários às Inspetorias que precisam deles. Por sua vez, o Inspetor pode pedir ao Reitor-Mor que envie missionários à sua Inspetoria segundo este procedimento:

  1. O Inspetor, com o consenso do seu Conselho, apresenta ao Reitor-Mor um projeto missionário concreto. O Reitor-Mor, com seu Conselho, avaliará o projeto. A aprovação do projeto será condição para o envio de missionários àquela Inspetoria. Sem essa condição prévia, não será possível o envio de missionários.

  2. Tão logo o Reitor-Mor aceite o pedido, o Inspetor dialoga com o Conselheiro-Geral para as missões sobre:

  • o perfil do novo ou dos novos missionários;

  • as nacionalidades com maior facilidade para entrar no País e obter o visto missionário;

  • os documentos a serem apresentados pelos missionários para a obtenção de residência ou visto missionário;

  • o Plano de acolhida ou integração 35 dos novos missionários, indicando particularmente os seguintes:

- o curso formal de ao menos seis meses para a aprendizagem da língua, podendo ser prolongado se o novo missionário tivesse necessidade disso;

- um irmão específico que acompanhará o novo irmão que chegar à Inspetoria;

- a forma de prover às necessidades espirituais (confissão, direção espiritual) do novo missionário

- o processo gradual de inserção do novo missionário na Inspetoria que o recebe;

  1. O Secretário inspetorial da Inspetoria de origem do missionário envia ao Secretário inspetorial da nova Inspetoria do missionário os documentos pessoais necessários para o arquivo inspetorial;

  2. Após cinco anos, o missionário, com a ajuda do Inspetor, avalia a sua experiência missionária, em especial a sua integração na vida e nas atividades da Inspetoria, a sua inserção cultural e o seu ardor apostólico e empenho missionário. 36

  3. Num momento oportuno, o Conselheiro-Geral para as Missões, ou seus colaboradores, verificam o acompanhamento dos novos missionários.


O Salesiano vai à missão para ali permanecer. Excepcionalmente, caso um missionário, por motivos graves, precise retornar à sua Inspetoria de origem deve escrever explicitando a suas razões ao Reitor-Mor que, ouvidos os pareceres dos dois Inspetores interessados, expressa ou não o seu consentimento.37


5. A ‘Experiência Missionária’

Na Congregação os irmãos podem oferecer-se para trabalhar temporariamente em outra Inspetoria para responder a uma necessidade específica ou urgente.38 Esta foi uma experiência positiva para tantas Inspetorias. À Luz da nossa atual reflexão, a disponibilidade e o empenho missionário não podem ser limitados no tempo. Então, não é mais o caso de falar de missionários ad tempus (temporários) mas de experiência missionária. Para alguns irmãos, a experiência missionária pode ser uma oportunidade de discernimento e amadurecimento da própria vocação missionária. Neste caso, apresentarão a sua total disponibilidade ao Reitor-Mor para os projetos missionários da Congregação. Todavia, deve-se evidenciar aqui as seguintes orientações:

  1. O Inspetor que envia um irmão para uma experiência missionária assine um acordo de transferência temporária com o Inspetor que recebe, especificando a duração do serviço, os deveres e responsabilidade das duas Inspetorias em relação ao irmão. Uma cópia do acordo é enviada ao Conselheiro-Geral para as Missões, ao Conselheiro-Geral da Região e à Secretaria-Geral.39

  2. Esta transferência poderia ter a duração trienal ou quinquenal podendo ser renovada.40

  3. A experiência missionária não pode durar mais do que um período de dez anos, depois do que o irmão retorna em definitivo à sua Inspetoria de origem. Se desejar pertencer definitivamente à Inspetoria onde viveu a experiência missionária, deve escrever ao Reitor-Mor que, ouvidos os pareceres dos dois Inspetores interessados, expressa ou não o seu consenso.


Conclusão

A generosidade missionária foi uma das razões da boa saúde e da expansão da Congregação durante o primeiro século e meio de vida”.41 Respondamos com generosidade corajosa ao apelo missionário do atual sucessor de Dom Bosco!


Estas reflexões, procedimentos e orientações operativas foram aprovados pelo Reitor-Mor e seu Conselho na reunião de 29 de março de 2021. Entrarão em vigor no dia 24 de maio de 2021.





P. Alfred Maravilla, SDB

Conselheiro-Geral para as Missões

1 Cf. A. Fernández, “Discurso de Encerramento do CG28”, in ACG 433, p.128.

2 A. Fernández, “Apelo Missionário 2021” (8 de dezembro de 2020).

3 Cf. Sínodo dos Bispos, II Assembleia Extraordinária (1985), Relação final, II, C), 1.

4 Ad Gentes n.19.

5 Cf. Ad Gentes n.2; Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (1975), n.14.

6 Cf. A. Fernández, “Linhas programáticas do Reitor-Mor”, in ACG 433, p. 48.

7 Cf. Francisco, Fratelli Tutti (2020), n. 277.

8 Cf. P. Chávez Villanueva, “Discurso do Reitor-Mor na abertura do 27”, in CG27, n. 38.

9 E. Ceria, Annali della Società Salesiana, I, SDB, Turim, 1888, p. 24.

10 P. Albera, “Gli Oratori – Le Missioni – Le Vocazioni (13 de maio de 1913) n. 13, in Lettere Circolari di Don Paolo Albera ai Salesiani, SDB, Turim, 1922, p. 133.

11 Cf. L. Ricceri, “As missões, caminho da renovação” in ACS 267, p. 14 (ed. italiana), Cf. Carta de identidade da Família Salesiana, São Paulo, EDB, 2012, n. 16.

12 CG 19, p. 178.

13 E. Viganò, “O apelo do Papa em favor das Missões”, in ACG 336, p. 3.

14 A. Fernández, “Pertencer mais a Deus, mais aos Irmãos, mais aos jovens”, in ACG 375, p.34.

15 A. Fernández, “Linhas programáticas”, in ACG 433, p. 37.

16 Cf. L. Ricceri, “Nós missionários dos Jovens”, in ACS 279, p. 7 (ed. italiana); CG22, n. 13.

17 J. E. Vecchi, “Nosso empenho missionário em vista do ano 2000”, in ACG 362, p. 6-8. Cf. Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013) n. 25;

18 Cf. F. Cereda, “Favorecer as Comunidades Internacionais (GC27 75.5)”, in ACG 429, p. 45.

19 Cf. João Paulo II, Encíclica Redemptoris Missio (1990), n. 32, 65; E. Viganò, “O apelo do Papa em favor das missões”, in ACG 336, p. 3.

20 Cf. João Paulo II, Exortação Apostólica Vita Consecrata (1996), n. 30-31, 71, 78.

21 Cf. Ad Gentes n.23; Redemptoris Missio, n. 65.

22 Cf. Fratelli Tutti, n. 284; Redemptoris Missio, n. 90.

23 Cf. Carta de identidade da Família Salesiana, n. 10, 19.

24 Cf. CG27, 75.5; E. Viganò, “O apelo do Papa em favor das missões”, p. 3; F. Cereda, “Favorecer as Comunidades Internacionais”, in ACG 429, p. 46-56.

25 Cf. A. Fernandez, “Linhas programáticas”, in ACG 433, p. 37-38.

26 Cf. Redemptoris Missio, n. 34.

27 E. Viganò, “ACG 336”, p. 9.

28 CG20, n. 480.

29 Cf. A. Fernandez, “Linhas programáticas”, in ACG 433, p. 35-38.

30 Cf. Dicastérios das Missões e da Formação, A formação missionária dos Salesianos de Dom Bosco, SDB: Roma, 2014, pp. 27-34 (ed. italiana).

31 Cf. A formação missionária..., p. 13-21 (ed. italiana).

32 F. Cereda, “Favorecer as Comunidades Internacionais”, in ACG 429, p. 55; ver também p. 48-49.

33 Cf. L. Odorico, “Os candidatos para as Missões Salesianas”, in ACG 337, p. 50-51.

34 Cf. A formação missionária, p. 32 (ed. italiana).

35 Os elementos deste plano são especificados no opúsculo A formação missionária..., p. 31-32 (ed. italiana).

36 Cf. La Formazione Missionaria…, p. 32 (ed. italiana).

37 Cf. S. Martoglio, “Transferência de Irmãos”, n.1.b/1, in ACG 436.

38 O CG 19 dava a possibilidade aos irmãos de prestar serviço nas missões “por, ao menos, cinco anos, desde que considerados idôneos”, CG19, p. 180 (ed. italiana).

39 Cf. S. Martoglio, “Transferência de irmãos”, in ACG 436, n. 1.b/2; n.3.

40 Cf. F. Cereda, “Favorecer as Comunidades Internacionais”, in ACG 429, p. 52.

41 J. E. Vecchi, “Nosso empenho missionário”, in ACG 362, p. 32.