Bakaru Rowatsu's (noticias misionarias)| 19



Missão Salesiana de Mato Grosso

ANIMAÇÃO MISSIONÁRIA INSPETORIAL

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO INDÍGENA (CDI)

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Caixa Postal 100 - UCDB - Setor Biblioteca

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"BAKARU-ROWATSU'U-Notícias Missionárias"

é de Circulação Interna




Coordenação: Delegado Inspetorial de Animação Missionária:

Pe. Georg Lachnitt SDB





Digitação e Diagramação: Georg Lachnitt





Impressão: Mariza Etelvina Rosa Irala

Centro de Documentação Indígena

UCDB - Campo Grande MS




Capa:

BAKARU, palavra Bororo, significa: o que se conta, notícia

ROWATSU'U, palavra Xavante, significa: o que se conta amplamente, notícia

Apresentação

Depois de mais alguns meses de espera, e com uma apelação na Reunião dos Missionários, é preciso dar continuidade a este Bakaru-Rowatsu'u - Notícias Missionárias.

O segundo capítulo do Voluntariado Salesiano continua ainda em sua edição provisória, enquanto já foi editado o texto definitivo em italiano.

Da Consulta Mundial do Dicastério para as Missões dos SDB vem sendo publicados duas reflexões valiosas para a Animação Missionária (2.) e para o trabalho missionário (3.), pelo Plano do Reitor Mor dos SDB para as Missões.

As duas Reuniões de Missionários nos mostram os desafios hoje para ação missionária e o aprofundamento do mais prioritário, por escolha de missionários e missionárias.

As DGAE de 2008 nos apresentam novos elementos também para o trabalho missionário entre os indígenas.

Os Cursos de Agentes de Pastoral Xavante, em Parabubure e Areões, trataram da mesma temática, a Propriedade, em seus aspectos culturais tradicionais, legais civis, da tradição judáica do AT e da novidade do Evangelho de Jesus Cristo. A participação de assessores indígenas e dos anciãos deu um colorido especial à reflexão em cada lugar.

Neste ano de 2008, foi possível novamente realizar uma Expedição Missionária a Parabubure, pelos Pré-noviços salesianos. As surpresas de um ambiente desconhecido, a necessidade de viver e trabalhar em equipe, enfrentar novas situações, entrar nos meios de jovens de outra cultura e o entusiasmo de missionários e missionárias em área elevaram o ânimos dos quatro jovens com a orientação competente do assistente "ad hoc", com boa experiência em área indígena.

O CAM3- COMLA9 lanço um apelo diante dos desafios missionários aqui na América Latina e a nível mundial. A missão ad gentes está longe de concluir sua missão.

Como este Noticiário pretende ser um momento de partilha de reflexões e experiências missionárias, aguardamos sempre contribuições para as próximas publicações.

Muita Animação Missionária!

Pe. Georg Lachnitt SDB

1. Voluntariado e Missão Salesiana - Cap. II

ESPIRITUALIDADE DO VOLUNTARIADO

2.1 O voluntariado como disposição interior

15. Queremos promover no desenvolvimento do voluntariado, no interior da proposta educativo-pastoral salesiana, a virtude da solidariedade, entendida como "determinação firme e perseverante de empenhar-se pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos somos responsáveis de todos" (SRS 38).

Dessa forma, o voluntariado torna-se progressivamente o estilo concreto de vida com que uma pessoa decide que a sua realização, a finalidade da sua existência e, em definitivo, a sua maturidade chegam à plenitude no viver a serviço dos irmãos.

Os valores da espiritualidade cristã, com as características do estilo salesiano, inspiram e qualificam toda experiência séria de voluntariado salesiano.

2.2 Os valores do voluntariado cristão

Viver o Evangelho servindo o homem e a sociedade

16. O voluntariado cristão inspira-se no Evangelho e nele se alimenta. Apresenta-se como um projeto de vida alternativo que se esforça por viver e propor valores que brotam do Evangelho, pouco presentes ou totalmente ausentes na comunidade em que se vive ou se trabalha. Hoje é vivido com sensibilidade e modalidades novas, como resposta à atual situação histórica e à consciência eclesial desenvolvida no Concílio Vaticano II.

O voluntariado tornou-se uma resposta da comunidade cristã empenhada em viver o Evangelho servindo à pessoa e à sociedade, promovendo a dignidade de cada um, participando dos esforços pela justiça, pela solidariedade e pela paz, e colaborando assim no desenvolvimento integral dos povos (GS 43, 72, 75, 88; ChL 36-43; SRS 32, 38-40). Representa, por isso, um modo concreto de alinhar-se ao lado dos pobres, de dar voz aos mais fracos e de lutar pelo seu desenvolvimento e a sua promoção integral (ChL 41).

Como desenvolvimento da vocação batismal

17. O voluntariado cristão é um sinal e uma realização concreta da vocação e missão dos leigos, os quais, co-responsáveis da missão da Igreja pelo batismo, são chamados a contribuir para a vinda do Reino de Deus, para a construção da comunidade humana, para a transformação do mundo segundo o projeto de Deus (ChL 15, 32), como fermento no interior das realidades seculares.

A laicidade é um valor cristão plenamente proclamado pela Gaudium et Spes, insistido por todos os sucessivos documentos da Igreja e, em particular, pela Christifideles laici.

«O homem é o primeiro caminho que a Igreja deve percorrer na realização da sua missão» (ChL 36).

Esta laicidade habilita o batizado ao anúncio do Evangelho, profundamente inserido nas realidades humanas terrenas, que caracteriza a "nova evangelização".

Neste contexto, o serviço dos voluntários alcança a plenitude quando a sua obra preciosa de promoção humana é explicitamente motivada e inspirada pela opção cristã e pelo testemunho da caridade.

Expressão do dinamismo missionário da fé

18. O voluntariado é, também, uma manifestação eficaz e qualificada do dinamismo missionário da Igreja, tanto no empenho da "nova evangelização" como do anúncio de Cristo "ad gentes". Não se trata apenas de cobrir as concretas necessidades materiais das pessoas mais prejudicadas, mas de levá-las a experimentar de modo pessoal a caridade de Deus. Através do voluntariado, o cristão se torna testemunha da caridade divina: ela é o objeto do seu anúncio e se torna tangível em qualquer momento, na medida em que ele mesmo se sente imerso nela e a vive (ChL 34-35; RM 72, 82).

O/a voluntário/a testemunha com o seu serviço que «o homem é amado por Deus!». «É este o simplicíssimo e perturbador anúncio do qual a Igreja é devedora ao homem. A palavra e a vida de cada cristão podem e devem fazer ressoar este anúncio. [...] A nova evangelização, dirigida não só às pessoas individualmente, mas também a faixas inteiras da população em suas várias situações, ambientes e culturas, é destinada à formação de comunidades eclesiais maduras. [...] Os fiéis leigos têm a sua parte a fazer [...] também com o impulso e a ação missionária para quantos ainda não crêem» (ChL 34).

O voluntariado na Igreja, pelo seu valor de testemunho, pelo seu dinamismo vocacional e pela sua força de empenho a serviço da libertação integral do homem, é um sinal do Reino de Deus. Ele manifesta como o amor surge na terra através dos crentes que, impelidos no mais profundo do seu ser pela força da Caridade, dedicam seus esforços para dar a vida pelos outros.

Tarefa de toda a comunidade cristã

19. A obra de evangelização é tarefa sinérgica de leigos, religiosos e presbíteros, mas a Exortação apostólica Chritifideles laici afirma que se faltar o componente leigo o próprio apostolado dos pastores não pode, quase sempre, alcançar a sua plena eficácia (ChL 27).

O Papa João Paulo II expressou claramente essa mensagem falando aos jovens em 4 de setembro de 1988, em Turim: «Quanto ao vosso papel de jovens, digo simplesmente: sois indispensáveis, não pelo que podeis com as vossas forças humanas somente, mas pelo que podeis através da fé no Deus da paz que se faz cultura e esforço de paz. Mas podeis ser aquilo que os homens esperam de vós, se decidis a agir já, hoje. Vistas as situações, intervinde. O voluntariado, fato tão maravilhoso do nosso tempo, está vivo entre nós. Tende apenas a pureza das motivações, que vos torna transparentes, o respiro da esperança, que vos torna constantes, a humildade da caridade que vos torna críveis. Ouso dizer que um jovem da vossa idade que não dê, numa forma ou outra, algum tempo prolongado a serviço dos outros, não pode dizer-se cristão, tais e tantas são as solicitações que nascem dos irmãos e irmãs que nos rodeiam».

2.3 O voluntariado salesiano diante dos grandes desafios do mundo e da Igreja de hoje

20. Dom Bosco teve uma grande sensibilidade pelo social. Soube, sobretudo, convocar e entusiasmar muitas pessoas, jovens e adultos, leigos e consagrados, a serviço da educação e promoção dos jovens e do povo, dentro e fora das obras salesianas. Sonhou um grande movimento de pessoas, unidas ao redor do projeto educativo e de evangelização dos jovens, compartilhando os valores da sua espiritualidade. O coração e o motor desse vasto movimento devia ser, segundo Dom Bosco, a Associação dos Cooperadores Salesianos.

Em Valdocco, ele viveu uma experiência de vida com os jovens e adultos disponíveis a trabalhar com ele para a educação e a salvação dos jovens. Essa "vivência carismática" e comunitária, núcleo da Espiritualidade Salesiana, ilumina o projeto de voluntariado da Família Salesiana. Eis algumas de suas características:

  • amor preferencial pelos jovens, especialmente os mais pobres, como sinal do amor especial de Deus por eles;

  • pedagogia da bondade, expressão da caridade concreta na medida dos jovens, que suscita neles correspondência de amor;

  • espírito de família: estilo de relação humana serena e acolhedora, que suscita uma visão positiva de si, constrói um ambiente formativo estimulante, encoraja o caminho de grupo e o protagonismo no esforço pessoal de crescimento;

  • empenho no quotidiano como espaço de resposta à própria vocação humana e cristã e lugar no qual colaboramos para desenvolver a missão redentora de Cristo e a transformação do mundo;

  • otimismo e a alegria de vida: confiança na vitória do bem, abertura aos valores humanos presentes em todas as pessoas, também nas mais pobres e carentes, a pedagogia da alegria e da festa.

21. Os grandes desafios de hoje: a globalização e o desenvolvimento dos povos, a paz e a defesa da natureza, a nova evangelização, o protagonismo dos leigos... exigem de nós o esforço de superar a tentação de nos fecharmos em nosso ambiente ou projeto e considerar os outros como antagônicos dos quais nos devemos defender. A salvação dos jovens exige união de forças, busca do que nos une, criação de redes de colaboração e de apoio recíproco, abandono dos protagonismos estéreis que tantas vezes nos dividem. A começar de cada comunidade e obra, no interior de um território e, no seio da Inspetoria, entre os diversos âmbitos e serviços da pastoral juvenil. Uma forma significativa dessa co-responsabilidade na missão salesiana é justamente o voluntariado (CG24,122), que é, também, um caminho privilegiado para amadurecer a vocação salesiana nos leigos.

2. Animação Missionária: a história nos ensina -

(1987-2007)

P. Carlo Socol SDB, missionário na China, 24-09-2008

Premissa. As reflexões que eu proponho, surgidas sem pretensões, deveriam ser feitas a partir de uma análise da prática destes últimos vinte anos. Faltando informações colhidas da prática tive que referir-me necessariamente aos documentos, procurando sublinhar o que se constata e evitando, por quanto possível, fazer uma conferência sobre o assunto.

É fascinante voltar atrás e reler a história da Animação Missionária: Ela nos revela algo daquilo que somos e daquilo que gostaríamos de ser, e põe sob refletores problemáticas decorrentes, ligadas à ambivalência da nossa identidade: somos uma Congregação de educadores e, ao mesmo tempo, uma Congregação missionária. Através dos anos "inventamos" fórmulas estimulantes para integrar esses dois aspectos: educamos evangelizando e evangelizamos educando. Este é um programa que o CG26 retomou com vigor. Mas a tensão entre esses dois elementos existe, especialmente se entrarmos no coração da missão, e não poderia ser diferente.

O estudo da história ajuda-nos também e tornar relevante e a enfrentar os desafios que encontramos a enfrentar. Compreender o caminho histórico, isto é, como chegamos até aqui, é importante, caso contrário corremos o risco de ficarmos prisioneiros de uma visão parcial e "provincial" (essencialmente ligados aos nossos conhecimentos pessoais, provindos do suporte cultural que mais nos é familiar), que está muitas vezes na raiz de repensamentos inúteis.

Não é por acaso também que o Manual do Delegado Inspetorial para a Animação Missionária (1995), talvez o documento mais maduro resultante do trabalho de animação dos últimos vinte anos, começa justamente com um breve "percurso histórico" sobre a figura do DIAM (Delegado Inspetorial de Animação Missionária).

Não é claro o motivo, pelo qual o tema me foi confiado, se limite a uma análise dos vinte anos mais recentes. Talvez porque o ano de 1987 seja o nascimento da figura do DIAM. Mas é útil olhar a história menos recente para compreender a identidade da nossa Congregação. O termo "animação missionária" pode ser relativamente novo, mas a realidade, e também o conceito, são antigos quanto a Pia Sociedade. Dom Bosco soube usar muito bem, e efetivamente, os vários acontecimentos e as iniciativas referentes à expedição missionária de 1875 e as demais onze que se seguiram enquanto vivia. Basta ler a respeito dos preparativos, da coreografia e da cerimônia do adeus relatados pela pena do P. Eugênio Céria no volume XI das Memórias Biográficas, os artigos freqüentes a respeito no Boletim Salesiano, as cartas dos missionários, as iniciativas para recolher fundos para as missões, as publicações de vários tipos de caráter missionário, particularmente as Leituras Católicas ...

Um segundo momento bastante significativo da "animação missionária" ante litteram coincide com os anos que seguiram à Primeira Guerra Mundial. Tem seu início sob o reitorado do P. Albera (1910-1921) e culmina com aquele do P. Filippo Rinaldi (1921-1931): a Santa Sé confia aos Salesianos diversas missões, cinco das quais na Ásia e na Austrália. Num olhar atrás, onde se pode constatar a Congregação abrir-se ao Este, podemos ler um artigo de F. Motto: nacionalismo e crises de alguns institutos missionários, novos documentos pontifícios (Maximum Illud, 1919, e Rerum Ecclesiae, 1926), novas políticas missionárias (Card. W.M. van Rossum, Prefeito de Propaganda 1918-1932), o papado do "papa missionária" Pio XI (1922-1939), maturidade alcançada da Congregação (5o Instituto pelo número de missionários) e reconhecida pela Santa Sé.1 O desenvolvimento é alcançado antes do 50o aniversário das Missões Salesianas (1875-1925) e do Jubileu de 1925 com a grande Exposição Missionária solicitada por Pio XI: parece, pelo contrário, que culmine com esses eventos. Foi colocada em ação uma atividade formidável de animação, formação, propaganda e recolhimento de fundos. Em 1922 nasceram o Instituto Card. Cagliero para as missões, o primeiro de tantos outros no Piemonte e em outros lugares, que os Superiores acompanharam de perto, e o Instituto Internacional Dom Bosco (Crocetta); em janeiro de 1923 o Boletim Salesiano como "Periódico para os Cooperadores das Obras de Dom Bosco" se torna, com muita discrição, "Periódico para os Cooperadores para as Obras e Missões de Dom Bosco"; no mesmo ano Dom Rinaldi confia ao Prefeito Geral, Dom Pedro Ricaldone, o cuidado pelas Missões. Este lançará uma multíplice atividade propagandística, com algumas características decididamente juvenis: Relançamento da Associação Juventude Missionária,2 cruzadas, filmines e filmados, congressinhos e conferências, publicações, a revista Juventude Missionária, a Exposição Missionária. Nasce em 1924 o Instituto Salesiano para as Missões para sustento financeiro das mesmas.3

Eventos históricos significativos e realizados com a mentalidade de Igreja, de Congregação e de sociedade estariam dentro do delinear-se da Animação Missionária nos últimos decênios. O Manual do DIAM elenca os seguintes elementos: a reviravolta conciliar da eclesiologia, o renovação pós-conciliar da vida religiosa, o empenho de toda Inspetoria em definir o próprio PEPs, o desenvolvimento de novas fronteiras missionárias, a progressiva consciência das dimensões missionárias do nosso carisma, a mudança de mentalidade da comunidade inspetorial para uma progressiva tomada de consciência da comum vocação missionária e a abertura para uma concreta descoberta missionária, o gemellaggio (inspetorias irmãs) entre Inspetorias que enviam e Inspetorias que recebem, a descoberta de novos fenômenos de empenho social como questionamento da consciência, o voluntariado, a educação à mundialidade, etc.

O Manual junta estes avanços ou processos a intervenções dos Capítulos Gerais pós-conciliares que evidenciaram repetidamente os empenhos da Congregação inerentes às missões ad gentes, propondo estruturas e formas de animação missionária como - eis o resultado - "para colocar em sempre maior relevância a necessidade de um DIAM". Vale a pena recordar tais avanços, também se nem todos ligados diretamente ao nascimento da figura do DIAM:

- A celebração da Jornada Missionária Salesiana e a criação do Ufficio Missionario Centrale a serviço das atividades e interesses missionários da Congregação (CG XIX, 1971);

- O nascimento e o delineamento dos compromissos do Conselheiro para as Missões, tais como: "animar, coordenar e promover a atividade missionária salesiana em todos os níveis"( CGS, 1971);

- A necessidade de estabelecer "normas a nível inspetorial para a animação e a coordenação da ação missionária (R 16, ed. 1972);

- A consciência missionária da comunidade inspetorial e local e a "participação direta dos leigos, especialmente da Família Salesiana, na ação missionária direta" (CG XXI, 1978);

- A promoção das leituras salesianas, no caso a cargo do Centro de Estudos Missionários Salesianos e do Instituto Histórico Salesiano;

- A retomada das atenções às missões, em particular o Projeto África (1978), Oeste Ásia e Leste Europeu;

- Estes projetos são conferidos e executados com o Coenvolvimento de quase todas as Inspetorias do mundo e, através dessas, emerge uma linha eclesial de Animação Missionária sob o título da reciprocidade missionária eclesial e congregacional;

- A oferta em todos os anos (desde 1988) de um rico Dossiê Missionário multi-valente, editado pelo Dicastério das Missões, a serviço da Animação Missionária inspetorial e local de toda a Congregação.

É uma visão um pouco redutiva, mas essencialmente verdadeira. Poderíamos recordar a instituição das Procuradorias Missionárias (CG XIX, 1965 e R15 ed. 1972), a constituição, "dada a imensidão e complexidade dos problemas", de uma Consulta para assistir o Superior encarregado das Missões (CG XIX, 1965), a instituição de uma Cátedra de Missiologia no PAS/UPS (CG XIX, 1965 e CG XXI, 1978), a preparação de missionários peritos nos campos cultural, científico, lingüístico, étnico e histórico, como nos tempos dos "primeiros missionários" (CG XIX, 1965 e CGS). Nem todas estas sugestões ou disposições serão acolhidos com empenho igual nos diversos níveis: falta de recursos? de coparticipação? de credibilidade da proposta ...?

O DIAM nascerá oficialmente em 1987, pela proposta do P. Luc Van Looy, Conselheiro para as Missões (1985-1990): "Para coordenar os diversos setores da Inspetoria no campo missionário, para sensibilizar de modo qualitativo os irmãos e os jovens, o Inspetor escolhe um irmão idôneo e capaz como delegado inspetorial". Contemporaneamente a figura aparece no Manual do Inspetor (2a ed. 1987), que põe as bases para a animação de cada setor da Inspetoria. Objetivo: setores correspondentes a todos os níveis, do Conselho Geral até a realidade inspetorial e local.

O conceito de animação desponta quase timidamente nos documentos do CGS, lá onde se institui o Secretariado Central para as Missões, cuja competência é aquela já citada de "animar, coordenar e promover a atividade missionária salesiana em todos os níveis" (CGS 478). Tal conceito se infiltra nas constituições renovadas (C 142 e R. 16a ed. 1972). O verdadeiro salto de qualidade a nível de Congregação vem com o CG 21 (1978), que foi o Capítulo da verificação da grande mudança generacional auspiciada pelo CGS. II CF 21, mesmo não tratando o tema de maneira global, soube no entanto fazer uma análise sintética mas suficientemente aprofundada da situação, seja do caminho já feito seja das carências a enfrentar. Nesta ótica analisa e promove a Animação Missionária. A AM na Congregação - frisa o CG - "deixa ainda a desejar, e está longe de suscitar um interesse verdadeiro entre os jovens de nossas obras". E recordando o que o já citado Art. 16 confia ao inspetor e ao seu Conselho a primeira responsabilidade de animar, indica neste campo de trabalho de Animação, através da multiplicidade dos serviços, como meio para relançar o espírito e a ação missionária em todos os níveis, expressando-se nos termos seguintes:

O relançamento do espírito e da ação missionária a nível de toda a Igreja, e para nós a nível da Congregação, requer que se enfrente como um dos problemas fundamentais aquele da sensibilização e da animação da comunidade inspetorial e local, em vista de uma mais profunda consciência missionária, de um serviço renovado no conteúdo e na metodologia, de um empenho evangelizador que, para ser crível, deve atingir simultaneamente o interior e o exterior da própria comunidade.

Com o intuito feliz a respeito da necessidade dos "objetivos concretos", e em resposta às urgências que respondam à missão e sensibilidade da Congregação, o CG21 lança o Projeto África (1a fase 1978-1980). O Projeto poderá converter em ato todas as estratégias e serviços auspiciados pelo CG. Mas há necessidade de quase dez anos antes que o Conselho Geral lance mão de uma estratégia de animação inspetorial centrada em torno da figura do DIAM (1987). Nem todas as inspetorias responderam com a mesma intensidade e prontidão, seja na nomeação do DIAM seja no que diz respeito à participação de leigos na missão. A figura do DIAM vai requerer um tempo para se afirmar: Algumas inspetorias "missionárias" dirão que não há necessidade. É claro que estamos diante de uma visão de missão jamais superada e uma idéia que a AM é uma questão setorial para as nações cristãs, da qual tradicionalmente provêm os missionários. Isto se ensina, que as mudanças ideológicas não mudam de repente, mas muito mais são parte de um caminho existencial; mérito do Conselheiro para as Missões (1987-1999 - doze anos de reuniões nos vários continentes com publicações nos atos, e com coenvolvimento de todas as inspetorias, num processo condividido, em todos os níveis, de mentalização e de atividades ligadas a isso), sustentado por uma reflexão teológica e um magistério eclesial (Redemptoris Missio) e congregacional (ACG 336) de grande peso.

Mas não tanto os dados "anagráficos" que nos interessam maiormente, quanto o processo de superação de velhos esquemas e mentalidades e certos resíduos e incertezas ligadas à identidade peculiar do nosso instituto, aquela de "um instituto não missionário orientado às missões", que é pois a idéia e a praxe de Dom Bosco.

Hoje podemos dizer praticamente com todos os CG pós-conciliares, as novas constituições e cartas importantes do Reitor Mor, que as missões são "a ânsia permanente da Congregação, (...) parte da sua natureza e de sua finalidade (CG XIX), "um delineamento essencial do seu rosto (C 15 ed, 1972) ... Tanta insistência, para todos acreditaram em nós ou nos acreditam, dentro e fora da Congregação, não somente nos anos 1800, nos tempos das primeiras expedições missionárias, mas também no período pós-conciliar.4 Ora sabemos que as missões são elemento "essencial" e "constitutivo" do nosso carisma (CG XXI, ACG 267 e 336). Mas quando chegamos à AM, que justamente deve revelar e promover o espírito missionário, há necessidade de manter presentes algumas precisões:

- A Animação como tal não é um elemento existente por si, mesmo que parte integrante da Pastoral Juvenil Salesiana, seja como mentalidade global e dimensão essencial dela, seja nas estruturas de animação e de participação estendida aos Irmãos, à FS e aos grupos juvenis (Vecchi, 1992);

- Por outra parte é necessário prestar atenção a uma menos-valorização da AM, o que é específico às missões (CG XXI), especialmente quando se entra no campo da missio ad gentes, que supera os objetivos de pastoral de base projetando-a a uma dimensão reservada aos fiéis chamados a uma missão muito específica (e para compreender quanto de "especial" ou específica seja este chamado leiam-se os traços espirituais do missionário ad gentes ilustrados por Dom Viganó em base à Redemptoris Missio).

- Em soma, interesses educativos de base e acordar a consciência missionária são "dois percursos que podem coexistir e interagir" (Vecchi, 1992), são integrados e distintos ao mesmo tempo.

Estas característica vem sendo rebatidas não somente porque qualquer Delegado de AM ou também Missionário empreendedor age por livre iniciativa, mas para reafirmar a nossa identidade. A esta síntese chegou a Congregação depois de um processo longo e incerto de descoberta do próprio carisma, pesquisa que:

- Começa com Dom Bosco (as primeiras Constituições, como se sabe, nem mencionam as missões; de 'missões começaram a falar somente os artigos orgânicos de 1904);

- Choca-se como visão carismática (apresentada por Dom Álbera, Rinaldi, Beruti ...) contra a praxe eclesiológica das missões (apresentada por Cagliero, Versiglia, Canazei ....), poder-se-ia dizer desde "Valparaiso até Pequim";

- E continua a criar incertezas até hoje, mesmo que tenhamos aprendido que a missão conduzida em estilo salesiano, bem integrada numa correta visão eclesiológica, como entendido, é via válida de missio ad gentes.5 Um ponto importante, mas não conclusivo, porque o caminho continua.

É certo que nem todas as áreas de incerteza foram esclarecidas, nem todas as dicotomias bem harmonizadas: diante das profundas reflexões de Dom Ricceri, que vê "as missões não como uma obra que se possa alinhar com as outras obras, nem como um setor que reúne um certo número de obras, mas como um lugar privilegiado onde cumprir com a missão salesiana e o espírito com o qual cumpri-la" (ACG 267, julho 1972); além disso é conclusão estimulante e aguda a de Dom Viganó, "que as missões ad gentes, para nós Salesianos, não são simplesmente um "conjunto de obras" iguais às outras, com a única diferença de estarem colocadas em Países distantes e de culturas diferentes: não, não. Estas representam - muito mais profundamente - um aspecto constitutivo, uma dimensão peculiar da nossa identidade de Salesianos de Dom Bosco na Igreja (ACG 336), ainda que as nossa Constituições e Regulamentos apresentam as Missões entre as outras "Atividades e Obras" (R 18024 ed. 1984).

Talvez o balançar do longo caminho em nenhum lugar é mais claro que entre as incertezas e repensamentos referentes ao ́Superior Encarregado das Missõeś, aquele que com o CGS se tornará o Conselheiro para as Missões. O comentário sobre as Constituições traça um desenvolvimento incerto por vários capítulos. Até 1971 não havia um só artigo constitucional que indicasse que se devesse tomar conta das Missões a nível central. Em 1923 Dom Rinaldi o confiou ao Prefeito Geral. Em 1947 os Conselheiros passaram de três a cinco, e a um dos novos Conselheiros foi confiado o encargo pelas Missões, mas era o Reitor Mor que distribuía os encargos segundo as necessidades. Em 1965 (CG XIX) se voltou atrás, e as missões foram novamente confiadas ao Prefeito Geral, até que com o CGS de 1971, entre os membros do Conselho encarregados de setores especiais, inseriram nas Constituições renovadas o Conselheiro para as Missões, uma decisão em consonância com a progressiva reflexão sobre a nossa identidade no período pós-conciliar e que levaram o trabalho missionário a um desenvolvimento mais linear e constante. Hoje, porém, há quem pensa que do Conselheiro para as Missões se possa fazer também menos, e que seja melhor repartir tal competência confiando-a aos Conselheiros Regionais.

O caminho da reflexão e animação missionária nestes 20-30 anos serviu-nos bastante bem. É claro que as situações sociais, eclesiais e congregacionais estão mudando de maneira notável. Muda o modelo unidirecional das missões, mudam as modalidades de intervenções, mudam as forças e os operários, mas neste ínterim permanecem possibilidades não bem exploradas:

- O Ocidente se encontra numa situação de pós-cristianismo, de descristianização, de missão, de re-evangelização ... tudo ou quase tudo está para ser refeito; permanecem obviamente elementos preciosos de vitalidade, sublinhados por uma forte generosidade e uma experiência e caminho pluri-secular;

- Não somente foi realizado em terras de missão um incremento vocacional autóctone notável, já notado pelo CG XXI, pelo que Inspetorias `missionárias` começaram a dar a outras Inspetorias;

- É viva a solidariedade seja econômica, especialmente (mas não somente) através das Procuradorias, como também aquela pessoal: cada um coloca à disposição os recursos que tem, como já nos tempos de São Paulo.

- Há um forte senso de reciprocidade nas missões: desapareceu a distinção entre dar e receber.

- Entraram no campo novas forças, os leigos: mas nem todos os Salesianos estão convencidos, nem todos sabem trabalhar com eles; o empenho poderia ser mais relevante.

- Foram experimentadas novas fórmulas: experiência em missão por cinco anos, interesse de uma Inspetoria para uma missão particular (CG XIX), ligação do missionário com a nação de origem com fonte preciosa de AM (CGS) ...

- Há campos onde não estamos sem referência: preparação do pessoal missionário nos vários campos (CGS). São insuficientes os peritos capazes de "orientar a reflexão e a ação missionária em base a estudos sérios" (CG XXI). Não é possível a formação permanente para os missionários; elementos a serem adquiridos, como a atenção à realidade das igrejas locais ... (CG XXI).

A procura de novas estratégias e modos de explorar aqueles antigos e conhecidos deve portanto continuar, com atenção ao caminho histórico e à experiência adquirida pela Congregação. Em concreto:

1. Ter bem em mente a dupla natureza da nossa identidade, conservando a unidade da nossa ação pastoral, mas sempre no respeito à especificidade da missio ad gentes.

Em particular: a nomeação e a atividade dos Delegados da AM a nível inspetorial e local deve respeitar seja a integração que a especificidade desta sua atividade: um genérico da animação não poderá ser um grande animador missionário.

2. Também a renovação de competências e estruturas não pode basear-se unicamente sobre novas possibilidades que se entrevêem cá ou lá nas situações que estão mudando, mas são feitas no respeito ao crescimento gradual e à continuidade. As mudanças não se improvisam.

3. Importante é saber respeitar tempos e dinâmicas: as iniciativas parciais e colocadas no mercado de modo apressado não levam a mudanças duradouras e profundas. A história ensina que as mudanças de mentalidade e de estratégias exigem tempos longos. É melhor planejar e interagir em todos os níveis, pondo em ato toda a gama de astúcias sugeridas nos momentos de planejamento e de verificação (CG). Quanto à formação do pessoal e a preparação de especialistas dever-se-ia fazer mais ...

Essenciais são as verificações periódicas (por meio de simpósios regionais?) para poder avaliar a incisividade do trabalho de Animação.

4. Se as missões são elemento essencial do rosto da Congregação, não seria a desejar algum elemento mais específico sobre a formação missionária na Ratio?

5. De uma análise do passado parece que a AM funciona melhor se bem integrada: Magistério eclesial e congregacional, para o suporte necessário ideológico-carismático; atividades e projetos como lugares onde as novas idéias e estratégias são postas em ação; Animação e coordenação em todos os níveis.

6. Ninguém mais duvide que a ação salesiana seja verdadeira missão. Missão ad gentes é sempre implantatio Ecclesiae também quando se trata de evangelização orientada a jovens pobres e abandonados, segundo o estilo e as escolhas que nos são próprias.

7. Nem toda a atividade de evangelização, no entanto, é missio ad gentes. Esta, nós Salesianos, a encontramos nas seguintes situações:

a) Territórios de primeira evangelização;

b) Primeira implantação do carisma da Congregação como projeto (ex. África);

c) Quando o diálogo (ou situação de diálogo) inter-religioso é uma realidade cotidiana;

d) Trabalho entre minorias étnicas particulares mesmo que batizados;

É esta missio ad gentes que representa "um aspecto constitutivo, uma dimensão peculiar da nossa identidade de Salesianos de Dom Bosco na Igreja". Que seja preparada como deve!


3. MISSÕES SALESIANAS - PROJETO DE ANIMAÇÃO E GOVERNO DO REITOR MOR DOS SDB (ACG 402)



O Reitor Mor dos Salesianos (SDB) apresentou um amplo Projeto de Animação e Governo, de que segue a parte que se refere às Missões Salesianas. Este Projeto que se refere a um traço essencial do trabalho dos salesianos, foi analisado demoradamente no Encontro da Consulta Mundial do Dicastério para as Missões e, depois disso, merece ser divulgado amplamente sobretudo entre os missionários, além de sua publicação oficial nos ACG 402.


Área de Animação 1: VOCAÇÃO MISSIONÁRIA AD GENTES

Objetivo:

1.1. Manter viva a vocação missionária ad gentes (cf. CG 26,49).

Processos:

1.1.1. Difundindo o ideal missionário entre os jovens salesianos em todas as Inspetorias.

Intervenções:

1.1.1.1. Fazer estudar e conhecer as motivações profundas do coração missionário de Dom Bosco, a dimensão missionária da sua vida.

1.1.1.2. Fornecer uma adequada informação e formação sobre as missões ad gentes, elementos de antropologia e missiologia, estudos das culturas em todas as etapas da formação inicial.

Processo:

1.1.2. Ajudando os Inspetores e formadores no discernimento da vocação missionária com critérios claros.

Intervenções:

1.1.2.1. Estimular as motivações vocacionais, fazendo conhecer algumas figuras de missionários salesianos ad gentes - ad vitam.

1.1.2.2. Juntamente com o Dicastério para a Formação, ajudar as Inspetorias a formular o perfil do salesiano missionário.


Objetivo:

1.2. Qualificar a formação dos missionários ad gentes.

Processo:

1.2.1. Promovendo a reflexão sobre modelos da praxe da missão evangelizadora nas missões ad gentes (cf. CG26, 50).

Intervenções:

1.2.1.1. Aprofundar alguns temas missionários a partir do Magistério (AG, EN, RM, Sínodos ou Congressos continentais missionários).

1.2.1.2. Garantir a continuação e a qualidade dos cursos principais para a formação dos missionários, valorizando a possibilidade oferecida pelos centros salesianos; estimular a preparação de alguns salesianos no campo da missiologia.

1.2.1.3. Coenvolver todas as regiões na reflexão sobre as dinâmicas missionárias pela Consulta Mundial bienal.

1.2.1.4. Promover, juntamente com o Dicastério para a Formação e a Pastoral Juvenil, uma reflexão sobre as vocações autóctones (cf. CG 26, 73).

Processo:

1.2.2. Zelando pela vocação específica missionária nos territórios ad gentes.

Intervenções

1.2.2.1. Visitar os missionários ad gentes nos seus lugares de trabalho, com uma aprimorada preparação.

1.2.2.2. Garantir aos novos missionários a oportunidade de freqüentar cursos de língua e cultura; a todos os missionários os cursos periódicos de atualização.

1.2.2.3. Segundo as necessidades regionais estudar e oferecer as orientações requeridas para uma evangelização efetiva (paróquias rurais, caminho de fé, prática do sistema preventivo nos contextos pluri-religiosos).

1.2.2.4. Ajudar as Inspetorias a manter-se em contato com seus missionários ad gentes que trabalham no exterior.


Área de Animação 2: ANIMAÇÃO MISSIONÁRIA

Objetivo:

2.1. Manter vivo o empenho pelas missões ad gentes em todas as Inspetorias (C 30).

Processo:

2.1.1. Promovendo um fluxo contínuo de informações concretas sobre as necessidades dos povos e dos jovens ainda não evangelizados.

Intervenções:

2.1.1.1. Manter vivos os contatos com os missionários ad gentes, favorecer o seu testemunho e fazê-lo conhecido através dos meios de comunicação salesiana (sito sdb.org, ANS), juntamente com os Dicastérios para a Pastoral Juvenil e para CS.

2.1.1.2. Integrar a educação para o desenvolvimento e a solidariedade na animação missionária das Inspetorias de modo equilibrado.

Processo:

2.1.2. Motivando a todos os salesianos a repartir segundo o coração de Dom Bosco-missionário.

Intervenções:

2.1.2.1. Difundir experiências missionárias vividas no próprio ambiente ordinário para estimular o conhecimento e a imitação de modelos salesianos.

2.1.2.2. Reforçar a campanha de orações para as missões e para as vocações missionárias.

Processo:

2.1.3. Acompanhar o desenvolvimento do voluntariado missionário.

Intervenções:

2.1.3.1. Favorecer o surgimento e o desenvolvimento de grupos missionários em todas as Inspetorias (cf. CG 26, 53.67.68).

2.1.3.2. Estimular, em colaboração com o Dicastério para a Pastoral Juvenil, o uso e a aplicação do Manual para o Voluntariado na Missão Salesiana e fazer circular experiências bem sucedidas de voluntariado juvenil (missionário).

2.1.3.3. Encorajar o encaminhamento vocacional do voluntariado missionário.

Objetivo:

2.2. Qualificar a animação missionária em todas as Inspetorias.

Processo:

2.2.1. Acompanhando os Delegados Inspetoriais de Animação Missionária (DIAM).

Intervenções:

2.2.1.1. Ter um contato pessoal com os DIAM, oferecer orientações para o trabalho deles, assisti-los com os instrumentos necessários de animação.

2.2.1.2. Continuar as reuniões regionais dos DIAM coenvolvendo as Procuradoria - ONG, Centros de Estudos, segundo as necessidades de ambientes específicos.

2.2.1.3. Relanças alguns instrumentos periódicos de animação missionária nas principais línguas (formato digital, impresso).

Processo:

2.2.2. Verificando a integração da dimensão missionária ad gentes nas estruturas da animação inspetorial (R 18).

Intervenções:

2.2.2.1. Assegurar a animação missionária como parte integrante de qualquer Projeto Educativo Pastoral (PEPS), com a ajuda do Manual do Delegado Inspetorial de Animação Missionária.

2.2.2.2. Fazer conhecer e intercambiar entre as Inspetorias os modelos surgidos da integração da animação missionária na Pastoral Juvenil.


Área de Animação 3: SOLIDARIEDADE MISSIONÁRIA

Objetivo:

3.1. Suscitar a solidariedade missionária dos salesianos quanto às áreas mais necessitadas (cf. CG 26,97).

Processo:

3.1.1. Motivando e encorajando os salesianos das Inspetorias, sejam elas vocacionalmente ricas ou pobres.

Intervenções:

3.1.1.1. Apresentar as necessidades mais urgentes das missões salesianas não consolidadas e as necessidades da Igreja a nível mundial - seja nas casas de formação, seja nos meios salesianos.

3.1.1.2. Acompanhar todas as Inspetorias no processo de discernimento de novos missionários, para facilitar comunidades interculturais (cf. CG 26,51).

Objetivo:

3..2. Coordenar a solidariedade econômica para com as áreas mais necessitadas (cf. C 79; CF 26, 97).

Processo:

3.2.1. Motivando as Inspetorias a uma abertura mais solidária para com o jovens mais pobres.

Intervenções:

3.2.1.1. Ajudar as Inspetorias a colocar à disposição os recursos para as missões mais necessitadas, também através do DOMINSAL anual.

3.2.1.2. Promover ou consolidar nas Inspetorias os Escritórios para o Desenvolvimento e Projetos (PDO); onde for oportuno, iniciar Procuradorias Missionárias.

Processo:

3.2.2. Acompanhando o caminho das ONG salesianas missionárias e do Dom Bosco Network.



Intervenções:

3.2.2.1. Ajudar as Inspetorias para acompanhar as suas ONG, Procuradorias, PDO e outras entidades civis, com claros critérios salesianos para o desenvolvimento das missões salesianas.

3.2.2.2. Acompanhar o crescimento dos desafios de solidariedade entre as ONG, Procuras e Escritórios para o Desenvolvimento em todas as regiões.

Processo:

3.2.3. Colaborando em estreito acordo com o Economato Geral.

Intervenções:

3.2.3.1. Em entendimento com o Economato Geral:

- Promover uma gestão mais estratégica e coordenada das Procuradorias missionária e do Don Bosco Network (DBN);

- Assegurar uma équa distribuição dos recursos e a conseqüente atividade de controle; em particular, que sejam sempre respeitadas as intenções dos benfeitores (cf. CG 26, 97).

Objetivo:

3.3. Favorecer a sinergia missionária.

Processo:

3.3.1. Respondendo ao chamado de novas fronteiras da missão salesiana (cf. CG 26, 113).

Intervenções:

3.3.1.1. Encorajar a sinergia missionária nos novos areópagos (jovens e famílias migrantes, missões urbanas, comunicação social ...).

3.3.1.2. Coenvolver alguns grupos da Família Salesiana nas novas aberturas missionárias traçadas pelo CG 26.

3.3.1.3. Consolidar as recentes e frágeis presenças missionárias (ACG 395).

3.3.1.4. Encorajar a um trabalho em rede na Igreja local e universal, com outros grupos ou instituições eclesiais missionárias.

4. Reunião dos Missionários - Desafios e Propostas

São Marcos, 13 a 15 de maio de 2008

  Para a reflexão sobre a realidade missionária nossa e os desafios com suas respostas que surgem disso, começou-se com uma Tempestade mental, na qual foram apresentadas as realidades que nos desafiam hoje no trabalho missionário:

- Bebida

- Drogas

- Subsistência (dependência de um salário)

- Violência

- Vocação

- Luta pelo poder

- Políticas envolventes

- Contato com a cidade

- Falta de responsabilidade

- Catequese inculturada (acompanhamento)

- Abuso de autoridade

- Crise matrimonial (cultura)

- Venda de madeira

- Economia da dívida

- Desestruturação cultural

- Meios de comunicação

- Escola na cidade

- Saúde

- Negociações das lideranças

- Dificuldades com as gerências de projetos

- Educação escolar indígena

- Renovação dos missionários

- Liturgia indígena

- Movimento indígena

- Missionários individualistas

- Formação dos missionários

Tendo dividido a assembléia em quatro grupos para a escolha dos maiores desafios desses elencados acima, e o estudo de propostas para uma ação de missionários e missionárias, a escolha dos grupos coincidiu sobre os seguintes temas e propostas conjuntas.


1o Tema: Desestruturação Cultural

Os Fatos:

- Impacto muito forte da cultura dominante (brancos);

- Jovens formados pela televisão;

- Os anciãos não são mais ouvidos;

- A bebida e a droga causam a desestruturação.

Propostas:

- Entender o problema na totalidade;

- Descobrir os pontos de resistência da cultura e potencializá-los;

- Educá-los para o uso correto dos meios de comunicação;

- Valorizar a cultura e incentivar as manifestações culturais;

- Conhecer a estrutura cultural sobre: a religião, a família e a sociedade;

- Conviver com este processo dando elementos cristãos;

- Intercâmbio com outras experiências indígenas importantes;

- Conscientizá-los e ajudá-los a discernir as coisas boas das ruins agindo preventivamente.

2 o Tema: Escola Indígena

Os Fatos:

- Escolas municipais poucos acompanhamentos pedagógicas;

- Interesse dos professores indígenas em receber o salário;

- Despreparo dos professores;

- O ensino está em decadência ;

- Jovens estudando na cidade;

- Escola nas aldeias pequenas;

- Existe possibilidade de educação à distância pela UCDB;

- Políticas internas para escola nas aldeias para obter renda (subsistência);

- Muita interferência abusiva da cultura (luto).


Propostas:

- Capacitação dos professores;

- Ensinar fazendo, aprender fazendo (pedagogia xavante);

- Periodicamente Padre Jorge irá realizar o curso de capacitação sobre a utilização do material didático;

- A Irmã Ivone assessorará os professores em sua capacitação pedagógica (São Marcos, Merúri e Sangradouro);

- Assessorar pelo cumprimento das leis sobre educação indígena;

- Participar de modo mais efetivo nos eventos ligados a educação indígena;

- Dar formação para os professores pela educação à distância pela UCDB;

- Pastoral educativa com a presença em todos os momentos oportunos (Sistema Preventivo).

3 o Tema: Formação de e dos Missionários

Os Fatos:

- A mística faz parte dos povos indígenas;

- Já são proporcionadas aulas para os noviços sobre História das Missiões Salesanas (40 aulas), e para os pós-noviços sobre Antropologia Cultural e Missiologia (40 aulas);

- Experiência que o Padre Jorge faz com os formandos.

Propostas:

- Na formação inicial colocar a formação e o incentivo dos jovens para vida missionária;

- Preparar: gente nova, entusiasmada e apaixonada por um trabalho missionário com os povos indígenas e por Jesus Cristo;

- Renovar os missionários e preparar novos agentes;

- Buscar mais assessorias para enfrentar os desafios;

- Demonstrar maior mística no trabalho missionário;

- Dar prioridade a formação missionária;

- Reforçar nossas equipes missionárias.

4 o Tema: Catequese e Evangelização

Os Fatos:

- Há material catequético em língua indígenas;

- Há o processo de Iniciação Cristã entre os Xavante, por etapas, com suas catequese;

- Os catequistas indígenas estão atuando em suas próprias aldeias.


Propostas:

- Estudar a cultura, a língua e a religião dos destinatários;

- Transmitir a mensagem utilizando os recursos próprios da cultura: mitos, ritos e manifestações da vida cotidiana;

- Promover a evangelização inculturada através de suas exigências intrínsecas como: serviço de caridade; diálogo respeitoso; anúncio querigmático; testemunho de vida cristã; catequese em clima de diálogo; experiência de celebração do mistério pascal.

5 o Tema: Auto-sustentação

Os Fatos:

- Com o contato com o mundo externo, a garantia da auto-sustentação foi alterada;

- O território tradicional com sua riqueza em alimentos não existe mais;

- Novos mecanismos de trabalho, com equipamentos modernos não são assumidos e somente criam dependência das instituições financeiras;

- Há uma “caça” por salários, mas falta responsabilidade de trabalhar para a comunidade.

Propostas:

- Estabelecer a diferença entre os conceitos de propriedade capitalista e de propriedade indígena;

- Incentivar os indígenas a usar os recursos naturais da terra indígena de modo sustentável e legal em vista da permanência dos mesmos nela;

- Reforçar a presença missionária com o objetivo de propor e acompanhar os projetos de auto-sustentação, sempre em sintonia com a comunidade;

- Incentivar a roça familiar;

- Estabelecer critérios de parceria entre missionários e indígenas para aumento das roças;

- Lutar pela volta das práticas agrícolas nas escolas;

- Facilitar a sintonia escola-comunidade em relação ao trabalho;

- Valorizar o testemunho de trabalho dos velhos indígenas.


Portanto, as cinco Prioridades:

Desestruturação Cultura

Educação Escolar Indígena

Formação de e dos/as Missionários/as

Catequese e Evangelização

Auto-Sustentação

O Tema "Catequese e Evangelização" foi escolhido para a próxima Reunião de Missionários.


5. Reunião dos Missionários - Catequese

Sangradouro, 09-11/09/2008

  Para assessorar o Retiro, realizado costumeiramente na primeira manhã da Reunião dos Missionários, o P. Lauro Takaki Shinohara, inspetor salesiano aceitou prontamente o convite. A reflexão versou sobre as "Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008", cuja exposição em Powerpoint se encontra transcrita no próximo No deste Noticiário.

O tema "Evangelização e Catequese" foi preparado por três encontros prévios pelos Assessores P. Ochoa e P. Georg. Previamente foi entregue às comunidades o pedido de descrever um pouco a prática da Catequese e Evangelização nas frentes missionárias e a partir daí nas diversas comunidades indígenas. Estas descrições foram apresentadas no segundo dia da Reunião dos Missionários.

No primeiro dia, a tarde foi dedicada à fundamentação teológica de conceitos. Partiu-se da constatação, segundo a RM, que evangelizar é uma atividade complexa de muitas dimensões e diversas ações, entre as quais a catequese é um desses elementos, embora muitas vezes possa parecer um sinônimo de evangelização. No entanto, todos esses elementos devem ser entendidos como reciprocamente complementares e necessários. A questão então é como evangelizar. Nesta atividade a inculturação é um critério geral, segundo a CNBB.

Após longos anos de reflexão e discussão, chegou-se à conclusão que realmente a catequese não pode ser realizada autonomamente mas deve inserir-se no processo de Iniciação Cristã, deve estar a serviço dela. Assim sendo, deve ser superada a prática da catequese tipo escolar, pois se insere num processo amplo e complexo, onde a experiência de vida cristã e iniciação progressiva à liturgia têm lugar proeminente. Não basta mais um estudo intelectual, racional das verdades da fé e só.

Nos quatro tempos do processo de iniciação cristã a catequese deve ser desenvolvida diferentemente em cada momento, onde a Bíblia é o manual básico e irrenunciável de catequese, não podendo ser substituída por nenhum catecismo.

Outra nova compreensão é que catequese e ritos da Iniciação Cristã precisam andar de mãos dadas: a catequese exige a liturgia e, mais ainda, embora a liturgia não seja sinônimo de catequese, toda a liturgia com sua celebração da Palavra também tem função catequética, pois há o anúncio do Evangelho e a celebração do mistério de Jesus Cristo.

A catequese tem que contemplar os mais diversos momentos de evangelização, dos quais elencamos treze deles.

Mais ainda a catequese precisa inserir-se no ciclo do Ano Litúrgico estabelecendo uma unidade inseparável desses dois momentos ou elementos, sobretudo deve verificar-se isso no ciclo pascal, centro da vida e da liturgia da comunidade eclesial e também do processo da Iniciação Cristã.

Por fim refletiu-se ainda sobre o papel do missionário em toda essa atividade evangelizadora, pois tradicionalmente ele pretendia realizar sua vocação assumindo pessoalmente a catequese. No entanto, partindo da constatação de não conhecer a língua indígena, sua cultura e a vida real que deve aprimorar-se à luz do Evangelho, torna-se evidente a necessidade a formar catequistas indígenas capazes de responder adequadamente a essa situação. Eis a nova tarefa hoje para os missionários para a luz do Evangelho possa penetrar na terra fértil criada e regada pela ação do Espírito Santo, muito antes da vinda dos primeiros missionários.

Oportunamente foi aberto espaço para reações ao discurso apresentado em vista de um melhor aprofundamento.

No segundo dia começou-se com a reflexão do assessor P. Ochoa sobre a História da Catequese e Evangelização dos Bororo. Interessante é o estudo para mostrar onde a Igreja missionária se encontrava e se empenhou sinceramente ao abrir caminhos sempre novos em vida de uma evangelização em sempre maior profundidade. Importante é constatar que os primeiros missionários já estudaram e língua Bororo mais de cem anos atrás e dedicaram esforços para elaborar um catecismo bilíngüe, mais acessível aos indígenas.

A relação de proximidade dos não-indígenas com os indígenas exerceu influência saudável, construindo uma nova sociedade cristã com faces diferentes e igualmente válidas. Infelizmente critérios menos cristãos prejudicaram esse relacionamento através de menosprezo dos indígenas e discriminação de diversos tipos. Hoje podemos constatar que os Bororo assimilaram o cristianismo proposto através da história sem contudo renunciar a muitas feições próprias que caracterizam esta nova síntese de modos diferentes de viver e entender o cristianismo.

Da apresentação das diferentes práticas de catequese e a reflexão anterior surgiram os seguintes temas para aprofundamento:

Metodologia de Catequese

- Qualquer evangelização deve partir da experiência vital e religiosa dos catequizandos e construir sobre ela.

- Haja acompanhamento pessoal dos catecúmenos e sobretudo dos catequistas, por parte dos missionários e dos antigos cristãos indígenas.

- Os subsídios de P. Giaccaria, a saber, o "Livro do Mestre" seja entregue aos catequistas e seja comentado amplamente em sua orientação metodológica.

- Continue-se no esforço de adaptar os programas de catequese á Cultura Bororo.

- É possível envolver os Wapté na dinâmica da catequese catecumenal, mas deixando os sacramentos para depois da iniciação social. Na catequese não há problema de miscigenação nem de grupos xavante nem de gênero, pois a iniciação cristã é um outro nível. Sabemos porém que o respeito pela identidade de cada indígena é tratado com naturalidade por eles. O que não há é que a iniciação cristã elimine os critérios culturais, antes, os pressupõe.




Conteúdo

- Haja um estudo, por parte de missionários e missionárias, da mitologia xavante, não para estes e estas utilizá-lo na catequese pessoalmente, mas terem uma referência mais segura sobre o terreno cultural e religioso sobre o qual a catequese constrói. Recorde-se que nos livros do P. Giaccaria, em cada narração de mito, há uma introdução sintética do conteúdo de cada mito.

Para isso ficou aprovado que cada comunidade missionária estude a mitologia conforme uma programação a ser decidida.

- Os Evangelhos são o manual de catequese básico. O Evangelho segundo Marcos em Xavante para a evangelização inicial e os outros para o aprofundamento da vida, da pessoa, das ações salvadoras e da doutrina de Jesus Cristo.

- O Ano Litúrgico é o roteiro natural para a catequese, pois deve-se evitar dois caminhos paralelos, de catequese e Ano Litúrgico. As celebrações da Palavra são preciosos momentos de anúncio do Evangelho e, em seguida, de sua explanação mais sistemática na catequese. Há certa dificuldade em conciliar na catequese um certo programa sistemático e a proposta dos temas do Ano Litúrgico.

- O Catecismo Xavante, Livro do Aluno e Livro do Mestre, e o já antigo Catecismo Bororo, são subsídios preciosos.

- Em língua bororo há o Novo Testamento completo e o lecionário litúrgico completo; em língua xavante os quatro Evangelhos e um ciclo de leituras para o Ano Litúrgico. Outros textos estão em elaboração.

Agentes catequistas

- Para qualificar mais os catequistas indígenas continue-se com a formação sistemática, oferecida nos Cursos de Agentes de Pastoral.

- Seja iniciado todo encontro com uma amanhã de Retiro Espiritual, também para criar um clima mais orante nesses encontros importantes.

Outros assuntos em discussão foram os seguintes:

- Itinerância: P. Georg apresentou uma nova proposta para promover a itinerância nas muitas aldeias Xavante da Paróquia São Domingos Sávio. Constata-se que a comunidade missionária de Merúri, além do atendimento pastoral da aldeia central e da outras da T.I. de Merúri, e do povoado de Paredão, exerce atendimento itinerante ocasionalmente nas aldeias da Diocese de Rondonópolis, também quando solicitado, como também na nova aldeia Jarudori. A comunidade missionária de Sangradouro tem um amplo campo de itinerância, antes de mais nada na própria T. I. com suas 30 aldeias, uma dela além do Rio das Mortes, a 160 km de distância. Em casa há a maior aldeia São José dos Xavante e igualmente uma aldeia Bororo. No tempo da seca, o Pe. Leal acompanhado por missionários/as e catequista indígena visita a T. I. de Mal. Rondon, 70 km além de Paranatinga, com 11 aldeias. Como os Bororo de Jarudori saíram de Sangradouro, o P. Leal continua visitando mensalmente seus fiéis antigos de Sangradouro. São Marcos, por sua vez, conta com, mais ou menos, 30 aldeias em sua T. I. e o três padres se repartem a pastoral nestas aldeias, sem esquecer o povoado de Toricueje. Como as aldeias da Paróquia São Domingos Sávio aumentaram, para somar hoje umas 130, o pároco P. Giaccaria tem um campo pastoral muito acima de suas condições físicas.

Volta então a antiga idéia, lançada pelo P. Francis Alencherry, então Conselheiro Geral para as Missões, de constituir uma equipe de itinerância. Diante da impossibilidade atual de constituir uma equipe fixa com residência na área, é preciso apelar para a solidariedade missionária, pela qual todos, dentro e fora das missões, são convocados a colaborar temporariamente no atendimento pastoral nas aldeias. P. Georg se oferece por duas semanas por ocasião da Páscoa e do Natal, como em outras ocasiões durante o ano. Em tempos mais remotos já foram feitas belas experiências nesse sentido, com a participação do Pe. João Bosco e do Pe. Miguel Paes e várias irmãs salesianas e lauritas. Hoje não basta mais que este ou aquele tome iniciativas individuais. Num sentido eclesial, é preciso formar uma equipe que planeje, execute e avalie a experiência feita. Trabalhar em equipe, no entanto, não significa que todos estejam no mesmo tempo na área, mas todos participam numa ação comum. Assim se espera dar uma colaboração significativa nesta paróquia missionária extensa. Pe. Georg procurará candidatos que já se apresentaram e aguarda também por novas propostas. Pe. Lauro, Inspetor Salesiano, fará um apoio importante junto às comunidades da inspetoria. A solidariedade pastoral é uma característica da ação missionária!

ASSUNTOS VÁRIOS

- A experiência de Iniciação Cristã entre os Xavante com a catequese correspondente deve ser sistematizada e a seguir partilhada a nível de Missões e mais amplamente, talvez através do CDI.

- O Estudo da Mitologia Indígena, Xavante e Bororo, deve ser efetivado mais sistematicamente, por decisão desta Assembléia, por cada comunidade missionária: "cada um deve ser um pesquisador!"

- A Formação dos Catequistas deve ser retomada em cada comunidade missionária.

- Haja um Retiro em cada evento de formação.


Entre as COMUNICAÇÕES feitas citamos as seguintes:

- Depois de uma análise e estudo das propostas do "Diretório para a Atividade Missionária entre os Bororo e Xavante", das "Diretrizes para Voluntários Leigos" e dos "Critérios para Vocações Indígenas", por parte dos Conselhos Inspetoriais dos SDB e das FMA, estes três documentos foram aprovados, com algumas observações e correções, para uso em nosso trabalho missionário.

- Diante da dificuldade de utilizar a publicação do Curso de Língua Xavante para um estudo proveitoso, P. Leal sugeriu uma nova elaboração do mesmo mais transparente e facilitado. O autor no entanto declarou a consistência metodológica do mesmo, utilizando o mesmo método dos cursos de língua do instituto Langenscheit.

- Ainda foi reclamada a falta de novos números do BAKARU-ROWATSU'U - Notícias Missionárias, por ser um dos poucos noticiários "de casa" que divulga as nossas notícias. Vários fatores contribuíram, tais como a falta de colaboração solicitada na apresentação de cada número, críticas, falta de tempo e disponível financeiro para o envio. Aguardemos tempos melhores!

- Solicitou-se a elaboração de novo material didático, em conjunto, nas missões Xavante.


6. DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZA-DORA DA IGREJA NO BRASIL (DGAE) 2008

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

OBJETIVO GERAL

  • EVANGELIZAR

  • a partir do encontro com Jesus Cristo,

  • como discípulos missionários,

  • à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres,

  • promovendo a dignidade da pessoa,

  • renovando a comunidade,

  • participando da construção de uma sociedade justa e solidária,

  • para que todos tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA

Mc 3,13-15:

13Jesus subiu ao monte, e chamou a si os que ele quis, e eles foram até ele.14E constituiu Doze, para que ficassem com ele, e para enviá-los a pregar, 15com autoridade para expulsar os demônios”.

I. DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS DE JESUS CRISTO

1. DISCÍPULOS DE JESUS CRISTO

e chamou a si os que ele quis...”

A iniciativa divina do chamado: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui que vos escolhi...”. Ao acolher a pessoa de Jesus Cristo, pela fé, o cristão se une a ele e entra em comunhão com o Pai e o Espírito Santo (DGAE, 48).

Quando a proclamação do Evangelho, isto é, de Jesus Cristo atinge o coração da pessoa, exigindo dela uma resposta de fé, acontece nela o encontro vivo com Jesus Cristo, a conversão, o discipulado, a comunhão e a missão.

  • Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber;

  • tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas;

  • e fazê-lo conhecido com nossas palavras e obras é nossa alegria” (DA, 29).

  • O discípulo é alguém chamado por Jesus Cristo para com ele conviver, participar da sua Vida, unir-se a sua Pessoa e aderir à sua missão, colaborando com ela.

  • Entrega, assim, sua liberdade a Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

  • Assume o estilo de vida do próprio Jesus, a saber, um amor incondicional, solidário, acolhedor até a doação da própria vida e compartilha do destino do Mestre de Nazaré (DGAE 57).

... e eles foram até ele”. A resposta humana ao chamado divino: PARA O DISCÍPULO...

  • Esse encontro pessoal com Jesus Cristo traz a felicidade ao fiel, o impulsiona a proclamar e a promover o Reino da Vida, que Deus quer para a humanidade e transparece nas palavras e nas ações de Jesus Cristo (DGAE 58).

... para que ficassem com ele”.

2. COMUNHÃO DOS DISCÍPULOS

Do chamado de Jesus Cristo, ouvido, acolhido e partilhado, nasce a comunidade dos chamados:

  • chamada, antes de tudo, a viver a comunhão.

  • a viver o amor que une todos os que crêem em Jesus Cristo na Igreja, a família de Deus, e nela, com o carisma do grupo específico.

II. MISSIONÁRIOS DE JESUS CRISTO

para enviá-los a pregar, 15com autoridade para expulsar os demônios”.

  • A missão como mandato:

  • e vos designei para irdes e produzirdes fruto e o vosso fruto permaneça...”

  • e fazê-lo conhecido com nossas palavras e obras é nossa alegria” (DA, 29).

  • Como podemos realizar a missão?

1. Anúncio como “proclamação explícita”. A experiência do anúncio nos levou a um encontro autêntico com Jesus Cristo. Esta experiência pessoal pede “uma proclamação clara de que, em Jesus Cristo, a salvação é oferecida a cada homem como dom de graça e misericórdia do mesmo Deus” (RM, 44 cf. EN, 27).

2. Anúncio como “proclamação explícita”.

3. Realizar a missão convidando

Do nosso encontro com Jesus Cristo brotou o chamado a viver e a transmitir a comunhão com a Trindade, antecipando a comunhão perfeita e definitiva com Deus e com as pessoas, convidando outros a participarem dessa comunhão (DGAE 49).

1. Anúncio como “proclamação explícita”.

2. Realizar a missão convidando

3. Realizar a missão testemunhando

O testemunho pode ser dado pela palavra, mas é principalmente uma atitude de vida, muitas vezes silenciosa.

Solidariedade, serviço, abertura ao diálogo, declaração da própria fé, vida fraterna, posicionamento a favor dos pobres,

Compromisso pela justiça, Expressão privilegiada do testemunho é a comunhão eclesial: casa e escola de comunhão (DGAE 49).

Permanente Conversão Pastoral” perante as aspirações, angústias e interrogações da nossa época, para responder com...

  • Presenças novas” ou “novo ardor, novos métodos, novas expressões” (superar a pastoral de ‘mera conservação’).

  • Novas fronteiras” ou “novas presenças”

III. A FORMAÇÃO DOS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS DE JESUS CRISTO

A FORMAÇÃO CONTINUADA

O Espírito Santo vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26).

  • O verdadeiro formador, por antonomásia é o Espírito Santo (PDV, 69)

"porque a vós foi dado conhecer os mistérios doReino dos Céus” (Mt 13,11).

  • O discípulo, nascido do fascínio do encontro com Cristo, se desenvolve pela força da sua atração:

- Cristo atrai

- A Igreja atrai

- ... nós atraímos?

  • O fascínio por Jesus coincide com a fome e sede de vida que há em nossos corações: “Vinde e vede” (Jo 1,39).

  • O encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, experimentado como plenitude da humanidade, é um caminho formativo jamais inacabado.

  • É um permanente e diário “acariciar” (para sentir) “a pérola” de inestimável valor que um dia encontramos na nossa vida.

  • É um re-focar contínuo para não esquecer e abandonar o “primeiro amor” (Ap 2,4).

  • Da formação permanente dos presbíteros depende em grande parte a necessária formação dos fiéis (DGAE 95).

  • Os religiosos e as religiosas, a partir de seus carismas, são convidados a colaborarem com as Igrejas particulares para formar discípulos missionários (DGAE 97).

IV. A ESPIRITUALIDADE DOS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS DE JESUS CRISTO

A ESPIRITUALIDADE

  • Tudo posso naquele que me fortalece...” (Fp 4,13). Nada substitui a experiência do Deus vivo...

  • A missão evangelizadora exige que os mesmos sujeitos sejam alimentados por uma espiritualidade missionária conforme a própria vocação, os dons, os carismas e os ministérios recebidos pelo Espírito para a realização do Reino (DGAE 100).

  • Cuidar da competência (também com a sábia aplicação dos recursos modernos, com critérios evangélicos) é sobretudo alimentar a própria ação evangelizadora e pastoral, em obediência ao Espírito:

1. pela escuta da Palavra de Deus

2. pela participação na Eucaristia e demais sacramentos

3. pela oração

4. pelo abandono ao Espírito

5. e pela doação de si.

CONCLUINDO

A graça de ser discípulo missionário pelo encontro pessoal com Cristo, o sentido da vida encontrado na comunhão da comunidade, o despertar da alegria para a missão permanente para a vida, infunde novo ânimo ao serviço da caridade, ao anúncio da Palavra e à celebração da liturgia (DGAE Apresentação pág. 10).

Bom Retiro, Bom Encontro, e Muito Obrigado!

Pe. Lauro Takaki Shinohara, Inspetoria Salesiano


7. Cursos de Agentes de Pastoral Xavante em

Areões e Parabubure

Georg Lachnitt

O Curso de Agentes Pastoral Xavante na Aldeia Cachoeirinha da T.I. Areões, com participação de representantes das T.I. Pimentel Barbosa e Marãiwatsédé, provindo de um total de 25 aldeias, foi realizado de 19 a 23 de maio deste. Neste Curso participaram 55 indígenas que foram admitidos à Igreja pelos sacramentos de iniciação cristã nestes últimos anos ou que ainda são catecúmenos.

O Curso Agentes de Pastoral Xavante na Casa de Encontros da aldeia de Parabubu, na T.I. Parabubure, que conta com 100 aldeias, foi realizado de 23 a 27 de junho passado. Neste Curso participaram 50 indígenas provindo de aldeias tanto católicas quanto protestantes.

Como assessores estiveram presentes o P. Giaccaria, coordenador do Curso, P. Aquilino, cacique Raimundo de São Marcos e seu motorista Lourenço, P. Georg, Ir. Glória, como ainda as colaboradoras Ir. Nancy, Nellina, quatro cozinheiras Xavante e outros.

Por ocasião da Reunião de Missionários em maio passado os dirigentes se reuniram em Sangradouro para a definição do Tema dos dois novos cursos e as atribuições de subtemas aos assessores. Para isso mostrou-se importante que o tema fosse discutidos entre os mesmos assessores para que os discursos não fossem divergentes ou mesmo contraditórios.

O tema muito atual, nos dois cursos, foi "Propriedade", respondendo a problemáticas da vida real, tanto na vida na aldeia quanto na vida em contacto com o mundo circundante. Foi feita a reflexão sobre os princípios da vida tradicional Xavante, os critérios de propriedade pessoal e a necessidade de partilha, muito bem definida e com regras aprimoradas de reciprocidade. Os compromissos dos jovens recém-casados para com a família dos sogros é um tema muito importante e, na vida com o mundo externo que não deixa de exercer influência negativa, provoca desajustes e descumprimentos das normas tribais, que apresentam uma outra realidade de compromissos sociais. Algumas considerações sobre a vida dos "brancos" quanto à propriedade pessoal e sua dimensão social que se concretiza também pelo recolhimento de impostos. A defesa da sociedade nacional também através de penalidades contra os infratores contra o direito à propriedade é uma nova realidade hoje válida também para os indígenas estando no mundo externo. Igualmente há modos de controle nesse sentido na cultura Xavante, porém praticados num nível que não permite comentário externo como este Noticiário aqui. Por fim não faltaram os critérios evangélicos de propriedade construídos originalmente sobre a tradição judáica. Isso sugere que os critérios evangélicos indígenas, por sua vez, devam construir sobre a sua tradição muito preciosa em relação à novidade de Jesus Cristo que vem aperfeiçoar, purificar e dar plenitude à vida em comunidade. A presença dos dois assessores indígenas, de catequista indígenas e de alguns anciãos tornaram a discussão acalorada, pois também entre os indígenas não faltam progressistas que julgam superada a tradição dos antigos. A noite foi agraciada por DVDs missionários muito interessantes também para os membros da aldeia próxima.

Estes foram mais dois cursos importantes e valiosos promovidos pela Paróquia São Domingos Sávio para a formação cristã de seus agentes e também como momento de evangelização para os de outras convicções religiosas.


8. Expedição Missionária dos Pré-Noviços 2008

P. Georg Lachnitt

No dia 03 de julho saiu uma nova Expedição Missionária com participação de quatro pré-noviços que ofereceram esse tempo de suas próprias férias até o dia 12 do mesmo para uma experiência radical em aldeias Xavante. O estudante de teologia José Alves, com um ano de tirocínio em São Marcos e já com bons conhecimentos da língua Xavante aceitou prontamente o convite de participar. Todos estiveram clandestinamente prevenidos com o folheto "Primeiras Experiências de Conversação Xavante", para tentarem se comunicar com as crianças. Que bom que foram registrados os primeiros sucessos, outros falharam.

Já no segundo dia, um intervalo no rio Noidóri, constatou-se o vazamento de um fio de ar num pneu traseiro. Todos entraram prontamente em ação para a troca do mesmo, naturalmente amplamente documentada a ação por fotografias. Chegando de tarde na Casa de Encontros de Parabubure, depois de passar por algumas pinguelas "em silêncio"... precisou preparar a casa. Que diferente ... o dormitório com as camas no chão. Não faltava água na torneira, mas tomar banho, era na água fria do córrego ... de meio canela. E a cozinha? "Cada dia um só!" Não! Tudo em equipe ... e com que fervor. Só que precisou colher experiências para o arroz não colar todos os dias na colher invertida. Quem sabia cozinhar, deixou fazer experiência ... que bom! Ninguém morreu de fome nesses primeiros dias.

No dia seguinte, sábado, a esposa do professor de Santo André pediu para bater um pouco de arroz na roça ... que roça diferente no meio da mata e quanto pilhas de arroz. Só que a batedeira era uma vara na mão. Que trabalho para bater um saco de arroz! Valeu!

No domingo celebramos a missa com a comunidade de Palmeiras, já à nossa espera. Em seguida os dois grupos de jovens quiseram medir-se no futebol no campo duro. Foi um jogo interessante, não importando muito quem na verdade saiu ganhando.

No dia seguinte o programa era visitar a aldeia Buruwe, "roça bonita", onde fomos visitar a roça nova iniciada, passando por cima de uma pinguela, uma árvore caída por cima do rio ... conseguimos! Bem diferente é a realidade do trabalho dos índios em suas aldeias do que a fama que se divulga por parte de quem nunca foi ver de perto: o índio é mesmo um grande trabalhador.

Vendo um grupo de crianças batendo bola, todos foram ajudar ... jogando com as crianças. Por fim celebramos a missa na escola, isto é, um palheiro baixo feito porém com muito gosto. Só que precisa treinar mais na leitura das respostas da missa, em língua indígena. Para o início valeu a experiência. A professora e vários outros solicitam catequese para o batismo. Um novo desafio a ser enfrentado pelas Irmãs Lauritas que orientam o processo de iniciação cristã nas aldeias.

De tarde, um tatu descuidado foi descoberto no caminho ao córrego ... Todos quiseram experimentar o peso ... para uma fotografia. De noite, já na aldeia Santa Clara, José comandou o solene preparo da caça que depois todos experimentaram. Mas para chegar a esta aldeia precisou atravessar um rio, com a água até o joelho, pois a ponte desabou na enchente dois anos atrás. E que descida antes de São José, para testar a robustez do Toyota!

Em Santa Clara grande admiração pela Operação Mato Grosso, no caso de Wanderley, presente sete anos desta aldeia, fazendo para nós de cozinheiro, atendendo a todos os indígenas que por qualquer motivo se apresentaram, e com boa dose de alegria e, no dia seguinte, apresentando a realidade da aldeia com sua redondeza, as instalações para garantir presença e atividades em favor da comunidade.

No outro dia paramos na beira do Rio Couto Magalhães para fazer o nosso almoço, fazendo as instalações necessárias com consulta técnica de toda a equipe. Depois do almoço, como ainda cedo, o ensaio geral do baralho que durante todos esses dias foi treinado de noite para enfim competir com as irmãs. Chegando na aldeia São Pedro, encontramos somente as Irmãs Glória e Nancy em casa, as Ir.s Genoveva e Felícia estiveram em viagem em função de seus compromissos na aldeia. As Irmãs convidaram os jovens para o jantar. Em troca, no dia seguinte, os jovens convidaram as Irmãs para o almoço. Depois de dez dias os jovens se tornaram cozinheiros peritos e a cozinha apertada das Irmãs tornou-se o palco de intensa atividade coordenada e participada. Realmente surgiu um banquete de tirar o chapéu. Todos gostaram e ninguém puxou o nariz. Valeu!

Na primeira noite do baralho, os jovens tiveram que levar a menor diante da arte aprimorada da Ir. Glória que já pode elencar muitos alunos. Na segunda noite Tolotti, embora mais lento em assimilar a arte do jogo, mostrou que se aproveitou bem dos ensinamentos dos mestres.

Na manhã da despedida, foi celebrada uma fervorosa missa de despedida com a comunidade um pouco diminuída por causa da noite fria.

Em Nova Xavantina já éramos esperados para o almoço, onde Tolotti aliás concluíu sua expedição junto à família. Os outros continuamos até São Marcos onde jantamos com os noviços. Havia muitas notícias para o intercâmbio. Chegando em Merúri e reduzida mas animada comunidade nos recebeu com carinho.

Por fim tomamos café em Sangradouro e meia hora mais tarde deixamos Juan na rodoviária de Primavera do Leste de onde ele seguiu a Cuiabá para o resto das férias. A mãe do tirocinante Jerônimo Neto viajou conosco até Campo Grande onde chegamos sãos e salvos na tardinha.

Agora continua o fervor da expedição, pois não somente os expedicionários saúdam em língua Xavante, mas todos os pré-noviços. A animação missionária contaminou todo o ambiente.

O pré-noviço Lucas expressou poeticamente suas expressões sobre a Expedição como segue:

Um Olhar Distante

Num pequeno automóvel branco, jovens percorrem longa estrada desconhecida que conheciam somente nas histórias contadas pelo missionário Georg.

Expedição indígena é o cerne espiritual de quatro adolescentes a experienciar nas terras do Mato Grosso que xavantes preservaram sua cultura. A língua européia dos jovens brasileiros se misturava em gírias e cumprimentos da língua xavante que ensaiavam diariamente com o assistente companheiro: clérigo José Alves.

Por estradas, com declínios a fazer-lhes rebolar em meio a poeira que pupilas se irritavam e corpos a se espremeram no TOYOTA controlado pelo sacerdote Georg. Um olhar distante de casas com suas respectivas palhas com crianças que correm a brincar pelo chão.

Primeiros dias passaram em Parabubure. Colchões pelo piso se posicionavam a espera de os proteger da frieza que os cercava. Pelas aldeias visitaram, missas celebravam numa língua externa desconhecida, com as belas vozes a ressoar pelas palmeiras. Celebravam numa língua universal que a multiplicidade de vozes contemplava a Eucaristia.

Crianças com sorrisos, adolescentes a correr de um lado ao outro nos campos de futebol, anciões em colóquios com vizinhos. Os olhares se tocam, a alma comunica, a linguagem se torna infinita.

Dentre as casas que dormiam nas madrugadas que o corpo se camuflava em meio aos cobertores. O quatro jovens unidos justamente com os dois acompanhantes da expedição, foram recebidos com alegres cumprimentos de sotaques que cantarolavam os ares cômicos de seus ouvidos.

As filhas da beata Laura Montoya os receberam com a habitual alegria que os contagiavam durante noites com jogos de baralho nas mãos suplicavam pelo curinga.

Enredo histórico é um vasto livro, pequenos comentários descritos os deixo. A memória é o eterno retorno que a alma espera.

Lucas Fernando Gonçalves


9. Declaração Final do CAM 3 - Comla 9

A Igreja da América reuniu-se na cidade de Quito nestes dias, e experimentou um Pentecostes com Maria, a Mãe de Jesus e Mãe nossa. A crescente consciência missionária de nossas Igrejas locais motivou-nos a contemplar o futuro e a presença de Deus, os dons e carismas em nossos povos, a escutar suas necessidades, esperanças e sua profunda experiência de Fé.

Em atitude de discípulos, olhamos os caminhos do Mestre, seu estilo de vida e entrega pelos pobres para iluminar nossa conversão pessoal e comunitária. O discipulado implica em revestir-se de Cristo para sermos suas testemunhas.

Estamos dispostos a anunciar o Evangelho, “esperança para toda a pessoa sedenta de Deus” e a juntos construir um mundo fraterno, justo e solidário; e sermos colaboradores do Espírito na construção do Reino.

A experiência de Pentecostes urge-nos a dialogar com todos os povos com atitude profética, a estarmos abertos às mudanças, a reconhecer “as sementes do Verbo” e a compartir as tradições culturais e religiosas dos povos.

Por isso, uma comunidade discípula deve ser acolhedora, integradora e solidária.

A Igreja, comunidade levada pelo Espírito Santo, impulsiona-nos a configurar-nos com Cristo, para formar o homem novo, a vivermos em comunhão fraterna, a sermos solidários com o próximo e a evangelizar sem exclusão.

A Igreja, “lugar de encontro” com Jesus Cristo, convoca, envia as testemunhas do Ressuscitado e forma novos discípulos em comunidades vivas, que testemunhem o Reino de Deus. A missão aviva a esperança de que um outro mundo é possível, mesmo que em situações difíceis. Há necessidade de profetas e peregrinos que denunciem as situações de pecado e as estruturas injustas, e anunciem os valores da vida plena realizada em Cristo.

À luz destas reflexões, os missionários da América, declaramos:


1. MISSÃO AD GENTES: A Missão “Ad Gentes” é “Missão para a Humanidade”, e se cumpre simultaneamente como “Serviço à Igreja” e “Luz das Nações”. A missão é serviço ao futuro da Humanidade! Por isso como leigos, religiosos, sacerdotes e bispos da América, assumimos com entusiasmo e corresponsabilidade eclesial a Missão Ad Gentes que implica numa conversão pessoal e num câmbio de estruturas pastorais para que o Evangelho chegue a todos os homens e mulheres sedentos de Deus.

2. MISSÃO, FAMÍLIA E DEFENSA DA VIDA: Urge uma opção forte pela formação e acompanhamento das famílias cristãs para que sejam evangelizadoras e missionárias com sua vida, fidelidade e comunhão.

Comprometemo-nos a revitalizar a Pastoral Familiar e a apoiar experiências de famílias missionárias Ad Gentes.

3. MISSÃO E GLOBALIZAÇÃO: Reconhecemos que o fenômeno da globalização acarreta conseqüências positivas e negativas para a humanidade. Favorece a expressão plena da Igreja, que não pertence a nenhuma cultura e a todas elas. Assumimos uma nova maneira de ser Igreja que alimenta sua vida a partir da escuta da Palavra e da realidade, para ser sinal do Reino a partir de cada cultura e cada povo.

4. MISSÃO, EXCLUSÃO E MIGRAÇÃO: Assumimos que a migração e exclusão são um desafio de primeira categoria, palpável na situação de crianças, mulheres, homens e famílias que vivem os atropelos em seus direitos. A Igreja, com decisão, deve promover profeticamente a cultura da dignidade humana.

5. MISSÃO E LAICADO: Impulsionados pelo Espírito Santo, os leigos e as leigas de todos os povos, etnias e culturas do continente americano, em comunhão com os Bispos, Sacerdotes, Religiosas e Religiosos, assumimos o compromisso de uma formação integral: espiritual, pastoral e missionária, que nos faça corresponsáveis pela Grande Missão Continental e Ad Gentes.

6. MISSÃO E JUVENTUDE: Os jovens, como presente e futuro da Igreja, assumimos o Projeto Missionário Americano com as seguintes dimensões: Espiritualidade, para poder ver onde caminhamos; Responsabilidade, para assumir conseqüências e no encetar o caminho; e Mística que integre formação, projeto pessoal e compromisso.

7. MISSÃO, ATIVIDADE E DIGNIDADE HUMANA: Assumimos como Igreja o desafio de experimentar e suscitar mudanças concretas e estruturais que promovam verdadeiramente a dignidade humana, a partir da formação missionária integral e permanente, a partir das novas organizações paroquiais em rede e a abertura a novos espaços missionários.

8. MISSÃO, CULTURAS E POVOS: Como Igreja valorizamos e respeitamos os povos indígenas e afro-descendentes do continente, assumimos a urgência de reconhecer seus espaços, expressões e tradições para que tenham seu lugar na sociedade e na Igreja. Nosso espírito missionário se fortalece em escutar, aprender e anunciar explicitamente a Cristo nas diversas culturas.

9. MISSÃO E ECOLOGIA: Anunciamos a Boa Nova para restaurar a ordem na natureza, em comunhão com o que o mundo espera: renovar em todos os povos, culturas e corações o rosto da Humanidade mediante a conversão e a salvação; e desenvolver uma consciência crescente em sua luta pela conservação do meio ambiente.

10. MISSÃO E MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL: Com a força do Espírito Santo e à luz do mandato de Jesus “Ide e anunciai o Evangelho”, queremos responder às novas situações históricas, sociais e eclesiais, comunicando o amor de Deus e a Boa Nova do Reino com uma comunicação testemunhal, coordenada e integrada na pastoral ordinária, para construir a unidade e a comunhão.

11. MISSÃO, ECUMENISMO E DIÁLOGO INTERRELIGIOSO: Contemplamos “as sementes do Verbo” em cada povo, cultura, religião e crença: por isso assumimos um diálogo, encontro e cooperação ecumênica e inter-religiosa a partir da nossa própria identidade de Discípulos Missionários de Jesus Cristo.

12. MISSÃO, EDUCAÇÃO E MUNDO INTELECTUAL: Somos Igreja educadora e nos comprometemos a criar, com os atores do âmbito educativo, espaços de formação e diálogo profético para sermos testemunhas da Boa Nova do Reino no mundo contemporâneo.

13. ESPIRITUALIDADE MISSIONÁRIA: Queremos viver uma espiritualidade de Discípulos Missionários, uma espiritualidade das bem-aventuranças encarnada na vida: contemplativos, alegres, comunicadores da experiência de Deus, pobres, simples, itinerantes, capazes de procurar e escutar a todos, com confiança no Espírito.

14. MISSÃO E FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO: Interpelados pelo Senhor da História, que nos chama à unidade no Amor, rechaçamos toda atitude fundamentalista dentro e fora da Igreja Católica, e nos abrimos ao pluralismo e ao diálogo que reúna as pessoas e os povos na construção da harmonia e da paz.

15. MISSÃO E PRESENÇA DA MULHER: Seguindo os passos de Jesus Cristo, reconhecemos e valorizamos a presença e participação ativa da mulher em todos os âmbitos sociais e eclesiais, e propugnamos novas relações não jerarquizadas entre mulheres e homens como riqueza para a Humanidade e para a Igreja.

16. MISSÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Queremos orientar a incidência da ciência e a tecnologia no desenvolvimento da humanidade, a partir dos valores próprios do Evangelho, para que esteja a serviço da Evangelização e da cultura da vida. A ciência e a tecnologia estejam ao alcance de todos, possibilitando soluções à exclusão, à desigualdade, à injustiça, à fome e à morte.

17. MISSÃO E VIDA RELIGIOSA: Os religiosos e as religiosas, somos chamados a sermos Discípulos Missionários com sólida espiritualidade trinitária da ação entre os mais pobres e diferentes; com um coração indiviso e solidário que ama a todos; encarnados em cada cultura de maneira desprendida e despretensiosa; propondo vivencial e profeticamente os valores alternativos do Reino; e abertos à Missão e ao envio Ad Gentes.

Missionários da América. Hoje, ao concluir o CAM3-Comla8, Jesus nos envia a sermos testemunhas de tudo o que ouvimos, aprendemos e anunciamos até os últimos confins da terra. “Ide e fazei com que todos os povos sejam meus discípulos… eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20).

América com Cristo: escuta, aprende e anuncia!

San Francisco de Quito, 17 de Agosto de 2008

Tradução: Georg Lachnitt

10. Notícias Breves

- Criado o ramo masculino das Missionárias de Madre Laura:

Há vinte anos que em Medellin, Colômbia está amadurecendo a idéia de formar uma concgregação masculino com os ideais de Madre Laura, fundadora das Irmãs de Madre Laura (MML). Um grupo de jovens vem-se interessando com isso. Inicialmente são de diversas dioceses. Neste ano de 2008 a diocese de Medellin, na pessoa do seu bispo, reconheceu oficialmente OS MISSIONÁRIOS DE MADRE LAURA, como uma congregação diocesana. Atualmente são 10 jovens, sendo três deles sacerdotes.

- A situação conflitiva contra os índios Guarani, no Mato Grosso do Sul, está-se agravando com o envio de Gts para definir as áreas indígenas a serem devolvidas a este povo, por um direito reconhecido pela Constituição Federal de 1988. Grupos de "donos" de terra estão se organizando para fazer resistência aos caminhos da justiça. A Constituição lhes reconhece o direito de indenização às benfeitorias, mas não à terra nua. Mas quem vendeu ou cedeu estas terras entre os anos 30 a 70, desconhecendo a presença dos indígenas?


11. Videos Missionários

Os seguintes Videos de temas missionários podem ser encontrados nas Locadoras.

A Missão, Robert de Niro e Jeremy Irons, 2 horas

Hábito Negro. 1:35 horas

Romero - uma história verdadeira. John Duigan. 1:05 horas

Brincando nos Campos do Senhor. Hector Babenco. 3 horas.

A Floresta de Esmeraldas. John Boorman. 1:53 horas

O Curandeiro da Selva. Cinergi. 1:40 horas

Avaeté - semente de vingança. Zelito Viana. 1:10 horas

Gerônimo. Joseph Runningfox. 1:20 horas



12. Agenda

13-15/05 - Reunião de Missionários/as entre Bororo e Xavante, São Marcos

16-17/05 - Estudo de Língua e Cultura Xavante, São Marcos

19-23/05 - Curso de Agentes de Pastoral Xavante, Areões

23-27/06 - Curso de Agentes de Pastoral Xavante, Parabubure

03-12/07 - Expedição Missionária de Pré-noviços a Parabubure

10-20/07 - Visita dos Noviços nas Missões de Marcos, Merúri,

e Sangradouro

21-26/07 - Assembléia Regional do CIMI-MT,Chapada dos Guimarães

09-11/09 - Reunião de Missionários/as entre Bororo e Xavante,

Sangradouro

12-13/09 - Estudo de Língua e Cultura Xavante, Sangradouro

21-23/11 - Curso de Agentes de Pastoral Xavante, Sangradouro


13. Publicações Diversas

Folders:

Índios, Xavante 1, Xavante 2, Xavante 3, Xavante 4, Bororo 1, Bororo 2, Nambiquara. - Aldeias Xavante 2004, Aldeias Kaiowá e Guarani, Aldeias Terena-Kinikinaua-Aticum-Guató-Kamba-Kadiwéu-Ofayè Xavante.

Livros recentes do CDI:

LACHNITT, Georg. O Símbolo "Água" na Iniciação Cristã. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 126 p.

LACHNITT, Georg. Estudando o Símbolo. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 151 p.

LACHNITT, Georg. Ritos de Passagem do Povo Xavante - um estudo sistemático. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 155 p.

LACHNITT, Georg. Cultura - Religião - Mito. Ed. Prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2005, 122 p.

LACHNITT, Georg. Curso de Língua Xavante. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2005, 172 p.

LACHNITT, Georg (Coord.). Romhurinhihötö Waihu'u Na'ratadzé - Cartilha de Alfabetização (Comentários em Xavante). (livro do prof.), Campo Grande, MSMT - UCDB, 2005, 3ª ed. exp. modificada.

LACHNITT, Georg. Noções de Símbolo. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2005, 46 p.

TRINDADE, Rosa Adélia Garcia Neto. Ai'uté ma Rowatsu'u (Literatura Infantil Xavante). Campo Grande, MSMT - UCDB, 2ª ed. 2005.

LACHNITT, Georg e DURPEDZAMO, Rufino Tõmoptsé. Wadzadawa'a'a na Wana Guadalupe ma. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2008, 81 p.

DUPREDZAMO (Coord.), Rufino Tõmoptsé. Datsiwamri Prédubdzé - Datsi'ãma Tsapari Prédu - Palavras Antigos Xavante - Com Tratamento. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2008, 86 p.

OBS: Eventuais pedidos sejam dirigidos ao CDI, com o endereço acima.

1Francesco MOTTO, Salesian missionary activity while Blessed Filippo Rinadi (1921-1931) was Rector Major ... in N.C. The beginnings of the Salesian precence in East Asia, Hong Kong 2006, pp. 15-31.

2Fundada em 1919, e que se expandiu graças a Don Rinaldi e foi relançada em 1923, ibid. p. 23.

3O ente jurídico "Istituto Salesiano per le Missioni" com sede me Turim-Valdocco, Via Maria Ausiliatrice n. 32 foi de iniciativa de Don Filippo Rinaldi. Esse tem o reconhecimento jurídico por R.D. 13-01-1924 n. 22 e resultou inscito na Prefeitura de Turim sob o n. 148. Finalidade: socorrer às necessidades das Missões Salesianas presentes no mundo inteiro através da venda de bens móveis e imóveis adquiridos por sucessão ou doação ao mesmo Ente.

4"O CG re-afirma a vocação missionária da Congregação como a quis Dom Bosco desde o início e entende que seja apresentada junto aos instituições ecleciásticas como diante os sócios e Cooperadores" (CG XIX).

5O dilema desconexo da aceitação de Vicariados Apostólicos, de que a finalidade primária é a implantatio ecclesiae ou o típico trabalho juvenil da Congregação, verificou-se nos tempos em que o Congregacionalismo era vivo e se chocava com a política missionária da S. Sé, e, por sua vez, a Congregação vevia ainda numa fase fortemente carismática. Com a abertura do Vaticano às igrejas locais e um conceito ampliado de evangelização, o trabalho de educação da juventude e da promoção humana dos povos re-entra com pleno direito no conceito de missão. Por isso o CG XXI e ACG 336 se arriscam a falar da ação missionária e estilo salesiano e do nosso empenho educativo como o nosso modo de fazer missão.