Bakaru Rowatsu's (noticias misionarias)| 12



Missão Salesiana de Mato Grosso

ANIMAÇÃO MISSIONÁRIA INSPETORIAL

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO INDÍGENA (CDI)

Av. Tamandaré, 6000 - Jd. Seminário

Caixa Postal 100 - UCDB - Setor Biblioteca

79.117-900 Campo Grande MS

Fone (067) 312-3600 / 3731 Fax (067) 312-3301

E-mail: lachnitt@ucdb.br




"BAKARU-ROWATSU'U-Notícias Missionárias"

é de Circulação Interna




Coordenação: Delegado Inspetorial de Animação Missionária:

Pe. Georg Lachnitt SDB





Digitação e Diagramação: Georg Lachnitt





Impressão: Mariza Etelvina Rosa Irala

Centro de Documentação Indígena

UCDB - Campo Grande MS




Capa:

BAKARU, palavra Bororo, significa: o que se conta, notícia

ROWATSU'U, palavra Xavante, significa: o que se conta amplamente, notícia

Apresentação



Este número 12 de NM apresenta notícias da conjuntura nacional e regional que se refere aos povos indígenas. Não é tempo de avanços alcançados, mas de passinho conquistados à custa de muitos sacrificios e iniciativas.

Depois da reflexão sobre a origem da palavra "inculturação", começamos hoje citar e comentar o que foi declarado pelo Papa João Paulo II a respeito, embora ele se tenha beneficiado nisso dos aprofundamentos sobre a evangelização do Concílio Vaticano II e de Paulo VI.

Por orientação do Conselheiro Geral para as Missões dos SDB, Pe. Francis Alencherry, apresentamos hoje o relatório da primeira experiência missionária dos Pré-noviços a Parabubure. Assim já antes do noviciado deve ser desenvolvido um sadio fervor missionário, em base a uma real experiência feita. Como todos os anos, também os noviços foram visitar as nossas três sedes missionária entre os Bororo e Xavante e alguns lugar típicos da redondeza. Assim a história da realidade das nossas missões torna-se mais real e palpável.

Houve mais um Curso de Agentes de Pastoral Xavante em Parabubure, como todos os anos, desta vez com 50 participantes. Houve um clima de real participação e aprofundamente.

Já desde o início deste ano, foi enviado pelo Dicastério das Missões o material para a Jornada Missionária Mundial, com o tema "Mongólia, Nova Fronteira Missionária". Publicamos a apresentação da mesma neste número, podendo o material, um CD e um DVD, ser encontrado em todas as casas saalesianas.

Esperando que o novo fervor missionário, sobretudo no Mês das Missões, possa também tornar-se realidade através de novas iniciativas na atividade missionária, desejamos a todos e todas .......


Muita Animação Missionária!


Pe. Georg Lachnitt SDB

1. Mensagem da XVI Assembléia Geral do

Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

Reunidos na XVI Assembléia Geral do Conselho Indigenista Missionário, analisamos a conjuntura brasileira atual e vemos com indignação a violência contra os povos indígenas que cresce de forma generalizada e assustadora em todo o país, num nível somente comparável ao período da ditadura militar (1964-1985). 

Junto com esta violência cresce também a impunidade dos invasores, em sua maioria latifundiários ligados ao agronegócio, responsáveis por muitos assassinatos e agressões aos povos, comunidades e lideranças indígenas, ameaçando inclusive, de extinção vários povos na Amazônia sem contato com sociedade regional. O fato absurdo é que as vítimas da violência são criminalizadas e perseguidas, inclusive pelo aparato policial. Nos últimos dois meses foram assassinados Adenilson dos Santos e seu filho, Jorge dos Santos, do povo Truká (PE); Aurivan dos Santos, o cacique Truká, ao depor como testemunha do assassinato daquele seu irmão e de seu sobrinho, foi preso pela polícia pernambucana. Foram também assassinados os caciques João Araújo Guajajara (MA) e Dorival Benitez Guarani (MS). Nestes primeiros seis meses já foram assassinados 23 indígenas.

A política indigenista atualmente em curso se caracteriza pelo retorno à antiga tutela, ao confinamento, à segregação e submissão das comunidades indígenas. Os descalabros da atual política indigenista se manifestam também na paralisação das demarcações de terra e no desrespeito generalizado aos direitos constitucionais dos povos indígenas. O povo Krahô Canela expropriado de suas terras e jogado na Casa do Índio de Gurupi/TO é um dos muitos exemplos desse descaso.

Ao descalabro do executivo junta-se o Judiciário quando se trata de proteger supostos direitos dos agressores dos povos indígenas, como acabamos de testemunhar no caso da suspensão temporária, através de liminar, da homologação da demarcação da Terra Indígena Nhaderu Marangatu, no MS.

Os entraves verificados nos processos administrativos para a demarcação das terras indígenas coincidem, na maioria dos casos, com a pressão da base parlamentar e política de sustentação do poder executivo federal no Congresso Nacional. Os fatos revelam as pressões de articulação de forças políticas e econômicas antiindígenas, notadamente nos estados de SC, MS, MT, RO, AC, AM, RR, PA, TO, com fortes pressões sobre o Poder Judiciário e com intensa atuação no Congresso Nacional, onde atualmente circulam mais de 50 proposições de projetos de lei com o objetivo claro de anular direitos indígenas reconhecidos na Constituição de 1988.

A partir da nossa compreensão da atual conjuntura, concluímos que violência, impunidade, corrupção e autoritarismo fazem parte de um mesmo processo, intrinsecamente vinculado ao sistema capitalista neoliberal que penaliza a sociedade brasileira como um todo e, particularmente, os setores populares e os povos indígenas.

Os desafios da conjuntura brasileira se manifestam de forma similar em diversos países do continente latino-americano: o povo organizado e mobilizado, com forte participação indígena, cansado de décadas de abuso governamental, vem ocupando ruas e praças, estradas e instituições públicas, protestando, exigindo direitos, depondo presidentes da República coniventes ou cúmplices da desagregação ética, moral, social e política. 

Identificamos no momento atual, sinais de esperança que revigoram e intensificam nosso trabalho junto aos povos indígenas: a ampliação e o aprofundamento das alianças das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) com os povos indígenas; a conquista da homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol pelos povos indígenas de Roraima; o inequívoco ascenso das lutas populares e indígenas, em todo o Brasil e em toda a América Latina.

Os povos indígenas no Brasil, em sua trajetória milenar, e seus aliados, os movimentos sociais do campo e da cidade, sabem hoje que o projeto histórico popular é muito maior do que aqueles que o traem e deturpam, deslumbrados com o poder das elites que sempre, com base na força e na cooptação, governaram este país. Os povos indígenas têm muito a contribuir, a partir de suas formas de sociedade e concepções de poder, com a construção deste projeto de transformação e superação do modelo capitalista.

Fortalecidos na nossa Fé e na nossa Esperança; renovados em nosso compromisso com os povos indígenas; dispostos a construir e confirmar nossas alianças com todos os setores populares que lutam por uma sociedade justa, plural e fraterna, no Brasil e na América Latina, enviamos ao povo brasileiro esta nossa Mensagem, convidando a todos para retomarmos com vigor a grande tarefa coletiva da transformação social, guiados pelo lema da nossa XVI Assembléia Geral: “A força dos pequenos é luz para o mundo”.

Luziânia (GO), 29 de julho de 2005


2. A INCULTURAÇÃO no Magistério de João Paulo II (I)

Georg Lachnitt

FUNDAMENTOS PRECEDENTES

O termo "inculturação" é recente na reflexão e atividade da Igreja. Seus fundamentos, porém, já estão presentes, de modos diferentes, nos documentos do Concílio Vaticano II, como por exemplo, no Decreto Ad Gentes, nº 22, onde se afirma:

as Igrejas novas tomam emprestado dos costumes e tradições, do saber e doutrina, das artes e sistemas dos seus povos tudo o que pode contribuir para glorificar o Criador, para ilustrar a graça do Salvador e para ordenar convenientemente a vida cristã.

E mais adiante no mesmo número declara:

as recentes Igrejas particulares, ornadas de suas tradições, terão sua posição na comunhão eclesiástica, continuando íntegro o primado da Cátedra de Pedro, que preside à união universal da caridade.

As comunidades cristãs, isto é, as Igrejas, contribuem então para expressar a fé em Jesus Cristo com a riqueza de sua cultura e desta maneira ocupam sua lugar específico na vida da Igreja.

Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi nº 20, declara a necessidade da evangelização "em profundidade". Para alcançar esta profundidade, é preciso entender o homem como ser cultural e, com isso, evangelizar não somente os indivíduos, mas também sua realidade vivencial em globalidade, que é sua cultura, como declara PauloVI:

Poder-se-ia exprimir tudo isto dizendo: importa evangelizar - não de maneira decorativa, como que aplicando um verniz superficial, mas de maneira vital, em profundidade e isto até às suas raízes - a cultura e as culturas do homem, no sentido pleno e amplo que estes termos têm na Constituição Gaudium et Spes (53), a partir sempre da pessoa e fazendo continua-mente apelo para as relações das pessoas entre si e com Deus.

Não poucas vezes viu-se na história uma compreensão equivocada de evangelização entendendo o cristianismo como viável somente numa única cultura. Ainda hoje aparecem tendências de anunciar o Evangelho de maneira mono-cultural. Paulo VI não deixa dúvidas pela clareza com que considera todas as culturas aptas de receberem o Evangelho. Antes, é prejuízo ao Evangelho delimitá-lo a uma só cultura:

O Evangelho, e conseqüentemente a evangelização, não se identificam por certo com a cultura, e são independentes em relação a todas as culturas. E no entanto, o reino que o Evangelho anuncia é vivido por homens profundamente ligados a uma determinada cultura, e a edificação do reino não pode deixar de servir-se de elementos da cultura e das culturas humanas. O Evangelho e a evangelização, indepen-dentes em relação às culturas, não são necessariamente incompatíveis com elas, mas suscetíveis de as impregnar a todas sem se escravizar a nenhuma delas.

Não poucas vezes escuta-se, em ambientes missionários laicistas, que a evangelização prejudica e destrói a cultura. Isto pode ter acontecido no passado, como vimos aqui na América Latina, num tipo de evangelização colonizadora. Aliás, uma verdadeira evangelização, de maneira inculturada, até pode e deve dar sua contribuição para consolidar, fortificar e, se for o caso, resgatar a cultura, que tiver sido parcialmente destruída. Escreve Paulo VI:

Assim, importa envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das culturas. Estas devem ser regeneradas mediante o impacto com a Boa Nova. Mas um tal encontro não virá a dar-se se a Boa Nova não for proclamada.

A seguir, Paulo VI reflete sobre os modos de como anunciar a Boa Nova, superando qualquer compreensão redutiva e única. Aliás, a maneira inculturada de evangelizar é justamente a solução para superar a colonização religiosa.


EXORTAÇÃO APOSTÓLICA CATECHESI TRADENDAE

Aos 16 de outubro de 1979, João Paulo II retoma um argumento quase textualmente já feito pouco antes na Mensagem à Pontifícia Comissão Bíblica onde descreve a inculturação ainda numa certa procura da terminologia mais adequada. Se a terminologia mais adequada ainda está por ser definida, não é porém o conteúdo teológico, como veremos. A relação da inculturação com a encarnação é fundamental para a devida compreensão teológica desse novo método de evangelização, método que sempre acompanhou a vida e a história da Igreja desde as origens (cf. CT 53):

«o termo "aculturação" ou "inculturação", apesar de ser um neologismo, exprime muito bem uma das componentes do grande mistério da Encarnação».

A seguir retoma um argumento de Paulo VI, de que o Evangelho é uma contribuição positiva que valoriza e fortalece a cultura:

Nós podemos dizer da catequese como da evangelização em geral, que ela é chamada a levar a força do Evangelho ao coração da cultura e das culturas.

Entendendo ainda o catequista como missionário, externo à vida dos catequizandos, há passos anteriores à catequese, como que uma preparação indispensável, para que possa haver esperança de alcançar o objetivo da catequese, que é,

de desenvolver, com a ajuda de Deus, uma fé inicial, e de promover em plenitude e de alimentar cotidianamente a vida cristã dos fiéis de todas as idades (CT 20, cf. 19).

Por isso, os missionários precisam dedicar-se a um estudo o mais profundo possível, da cultura de seus destinatários.

Para isso, a catequese tem de procurar conhecer essas culturas e as suas componentes essenciais; ela deve aprender as suas expressões mais significativas; e deve também saber respeitar os seus valores e riquezas próprias.

A finalidade da evangelização e catequese inculturadas não é chegar a instalar uma filial, uma cópia, uma colônia nova da Igreja matriz, mas, sim, fazer surgir, pela força do Evangelho, uma nova Igreja, com rosto próprio, original, a partir de dentro da cultura que recebe o anúncio de Jesus Cristo, fiel ao seu Evangelho e em comunhão com a Igreja.

É desse modo que ela poderá propor a tais culturas o conhecimento do mistério escondido (cf. Rm 16,25; Ef 3,5) e ajudá-las a que façam surgir da sua própria tradição viva expressões originais de vida, de celebração e de pensamento cristãos.

No início de uma nova abertura, como acontece também, por exemplo, na SC, é preciso também salvaguardar princípios anteriormente considerados indiscutíveis. Por isso, João Paulo II faz duas ressalvas, ao auspiciar essas novas criações de vida cristã.

É preciso recordar-se, entretanto, duas coisas:

- por um lado, a Mensagem evangélica não é isolável pura e simplesmente da cultura em que ela primeiramente se inseriu (o mundo bíblico e mais concretamente o meio cultural onde viveu Jesus de Nazaré), nem mesmo, sem perdas graves, das culturas em que ela já se exprimiu ao longo dos séculos; ela não surge de maneira espontânea de nenhum humo cultural; depois transmite-se sempre através de um diálogo apostólico que se achará inevitavelmente inserido num certo diálogo de culturas;

Trata-se nesse texto daquilo que hoje chamamos de "paradigma da inculturação". Certamente, e é o que hoje se afirma categoricamente, o ambiente cultural de Jesus Cristo no qual ele expressou sua Boa Nova é o paradigma indiscutível da evangelização.1 Isto afirma João Paulo II acima. Por isso os evangelhos são a fonte primordial para a evangelização e catequese. Não queremos, em absoluto, negar o valor da história com a reflexão teológica e as expressões litúrgicas surgidas daí em cada cultura. Isto nos ajudou muito para entendermos melhor o mistério escondido. A questão é se os resultados dessa história devam ser transmitidos, exigidos ou impostos, numa expressão forte, aos povos que hoje abraçam a fé no Filho de Deus encarnado.

Mais ainda! Há os que acham dispensável o anúncio da Boa Nova por ela já estar presente nas culturas indígenas. O anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo e sua pessoa são novidade para qualquer cultura com sua religião; a cultura requer esta novidade na qual se realiza plenamente. Há, porém, a presença das semina Verbi, as sementes do Verbo, que em casos concretos, como comenta Aiban Wagua, um índio Kuna, já podem constituir-se em "um campo cheio de espigas", que Deus oferece à sua Igreja universal.2 Há a presença atuante, mesmo antes da vinda do primeiro missionário, do Espírito Santo, que antecede e acompanha o anúncio de Jesus Cristo.3

O diálogo interreligioso é justamente o novo método apostólico de como aproximar-se respeitosamente de outros povos com suas religiões. Reconhecendo o valor evangélico próprio desse diálogo, devemos ainda reconhecer-lhe o valor único de como evangelizar e praticar a catequese. A simples exposição recíproca dos conteúdos da religião, o tanto que cada sujeito livremente se sentir a abrir, tanto o não-cristão quanto o cristão, mostrará também aos não-cristãos a novidade e, pela ação do Espírito, poderão sentir-se convidados a aderirem, pela fé, a esta novidade. Esta, no entanto, não elimina o que o bom Espírito já realizou, antes, exige esta ação como fundamento sobre o qual a novidade de Jesus Cristo poderá ser construída. Nada de substituição de uma religião por outra.

A segunda parte, é muito mais evidente, como escreve João Paulo II:

- por outro lado, a força do Evangelho por toda a parte é transformadora e regeneradora. Quando penetra numa cultura determinada, quem se maravilhará de que ela aí aperfeiçoa muitos elementos? Deixaria de haver catequese se o Evangelho tivesse que alterar-se no contato com as culturas.

Ao mesmo tempo que João Paulo II afirma categoricamente a necessidade da inculturação da catequese, manifesta algumas preocupações que, na verdade, fazem parte de uma nova abertura inicial na prática pastoral da Igreja. Nada de estranho se ainda prevalece um certo medo e desconfiança diante do outro culturalmente diferente, muito mais ainda se não for de uma cultura do mundo europeu. Passados 25 anos, podemos hoje afirmar o valor altamente positivo das culturas e de suas religiões, como discursou João Paulo II, por exemplo, aos indígenas da América Latina aos 12 de outubro de 1992.4 Vejamos então o que escreve a CT:

Algo bem diferente é a diligência que parte, com prudência e com discernimento, de elementos - religiosos ou de outro gênero - que fazem parte do patrimônio cultural de um grupo humano, com o intento de ajudar as pessoas a compreenderem melhor a integridade do mistério cristão. Os catequetas autênticos sabem bem que a catequese deve "encarnar-se nas diferentes culturas e nos diferentes meios: basta pensar nos povos tão diversos, nos jovens do nosso tempo e nas circunstâncias tão variadas em que se encontram os homens de hoje; estes, apesar de tudo, não aceitam que a catequese se empobreça, por abdicação ou por uma atenuação da luz da mensagem e por adaptações, mesmo de linguagem, que porventura comprometessem o "bom depósito" da fé (cf. 2Tm 1,14), ou ainda por concessões em matéria de fé ou de moral; eles estão persuadidos de que a verdadeira catequese deve acabar por enriquecer essas culturas, ajudando-as a superar os aspectos deficientes ou até mesmo inumanos que nelas existam e comunicando aos valores lídimos das mesmas a plenitude (cf. Jo 1,16; Ef 1,10).

Até aqui vimos os fundamentos para a nova explicitação da inculturação que João Paulo II encontrou do seu antecessor. Ainda vimos como ele, assumindo a recente reflexão teológica, deu consistência e definição à inculturação, por ocasião da Exortação Apostólica Catechesi Tradendae. Ao mesmo tempo constatamos como ele circunscreve os avanços com cautela, própria de uma reflexão ainda inicial.

No próximo número de NM continua a reflexão.


3. Pré-noviços fazem contato com a realidade missionária

Georg Lachnitt

No final de sua visita às Missões de Mato Grosso, o Pe. Francis Alencherry dedicou uma de suas considerações à promoção de vocações missionárias, com a sugestão que segue: Já desde as etapas iniciais de formação, jovens salesianos deveriam ser expostos à realidade missionária da inspetoria. Durante as férias mais longas eles poderiam ter experiência de atividades nas missões em grupos, introduzindo-os na cultura e na língua e assim provocar interesse neles. Se esse interesse for sustentado durante os períodos de formação, será mais fácil encontrar confrades que felizes dedicam sua vida aos desafios em ambientes missionários.

Ao refletir sobre as Considerações do Conselheiro Geral para as Missões, o Pe. Inspetor com seu Conselho decidiram levar à prática a acima citada consideração aos Pré-Noviços. Igualmente a CIF reunida deu plena adesão à proposta, e para já. O Animador Missionário, Pe. Georg Lachnitt, ficou encarregado de planejar e executar a proposta.

O primeiro anúncio entre os Pré-Noviços para uma experiência missionária em Parabubure encontrou total adesão. Passados alguns dias, ainda eram 11 adesões. Quando chegou à decisão final, tendo que sacrificar uma semana de férias, a adesão escrita chegou ainda a quatro candidatos, além do assistente salesiano, o bororo Matias.

A longa viagem de 1070 km até a Casa de Encontros da Paróquia São Domingos Sávio em Parabubure ofereceu muitas novidades. - Para esclarecimento, Parabubure é uma Área Indígena com umas 80 aldeias e, ao mesmo tempo, é também o nome de uma das aldeias. - Saindo no dia 13 de julho de Campo Grande, o grupo levou no Toyota Bandeirante todos os equipamentos considerados necessários, com o espírito de aventura que deve caracterizar o missionário. Chegamos ao primeiro destino no dia 14 pelas 15:00 hs, passando por pinguelas típicas nas "vias terrestres" da região. Estávamos em plena seca, pelo que poeira não faltou. Escolhemos a casa menor para nossa residência, e se procedeu à faxina necessária e instalação da cozinha. Os dormitórios eram três quartos, onde os colchões foram deitados encima de lonas no chão. Ninguém tinha possibilidade de "cair" da cama. A água da casa foi um pouco turva, mas aos poucos foi-se purificando.

Tudo em ordem, os jovens foram à aldeia próxima e apreciaram o primeiro encontro numa diversão típica dos jovens, um futebol à maneira Xavante. Passando pelo córrego aproveitaram ainda para tomar banho numa água rasa e fria.

Todos participaram ativamente na preparação da primeira refeição, como aliás foi prática constante durante a expedição. No início da noite o Toyota encostado ofereceu iluminação econômica até a hora de deitar. Depois do jantar fomos rezar o Terço andando pelos caminhos desconhecidos, numa noite quase escura. Alguns não conseguiram mais orientar-se. De noite caíu a temperatura, o que fez apreciar melhor os cobertores.

Nosso destino no dai 16 foi a aldeia Santo André. Os 9 km são muito trabalhosos, pelos areões, buracos, subidas e descidas. Em tempo de chuva acrescentam-se outras "novidades". Fomos recebidos pelo cacique Vicente que nos convidou para ajudar bater arroz na roça de um homem, que com coragem faz uma grande roça na mata, apesar de suas limitações devidas a um reumatismo convulsivo. O equipamento para o trabalho foi providenciado pelo dono da roça: umas varas de nervo de folha de coqueiro. Havia três grandes pilhas na roça. Bastava parte de uma delas, para levar dois sacos de arroz para casa. Apesar de ser pouco trabalho, o fervor dos batedores levou a calos estourados. Sorte de principiantes! Retornando à aldeia, o cacique nos convidou para um passeio na serra, o caminho que ele fazia anos atrás em preparação para a Corrida de São Silvestre. Tivemos um boa vista dos vales do Kuluene, onde a fumaça indicava a presença de aldeias. Toda região conserva as matas tradicionais onde há muitos animais de caça. Uma pequena lagoa oferece lugar privilegiado aos caçadores à espera de um animal para enriquecer a dieta da família. Chegando de volta à aldeia, tomamos nosso almoço simples, preparado de madrugada antes de sair. Mais tarde foi celebrada a missa para a pequena comunidade presente, pois vários tinham ido à cidade para diversas necessidades, inclusive para acompanhar uma mulher em dificuldade de parto. Chegando em casa, novamente um banho frio depois do costumeiro esporte social na aldeia de Parabubure.

No dia seguinte, a caminho da aldeia São Pedro, cumprimentamos os participantes do "Campo Xavante" nas aldeias Couto Magalhães e Santa Maria, rapazes e moças que estudam nas instituições da Operação Mato Grosso em Jarudori, General Carneiro, São Joaquim e Tocantins. Estes dedicam parte de suas férias para oferecer algum serviço aos indígenas, como contrução de escola, atendimento sanitário e informações de vida mais sadia. Chegando à ponte do Rio Couto Magalhães, paramos para fazer nosso almoço. Fomos recebidos por um jacaré descansando na lama e uma cobra venenosa que protestou contra a nossa presença. Esta não deixou alternativa, enquanto que "convidamos" o jacaré a retirar-se. O assistente brindou o grupo com um barraco de palhas, feito com habilidade, com os conhecimentos de sua tradição tribal. Depois de apreciar umas corredeiras do Rio decidimos abandonar a visita à aldeia Bom Jesus da Lapa e seguimos à aldeia São Pedro.

Fomos recebidos com alegria pelas Irmãs Lauritas e membros da comunidade indígena. Os visitantes foram instalados na escola local pelo diretor indígena. Pouco tempo depois fomos convidados a assistir à Corrida do NONI, parte dos ritos de iniciação dos jovens. Depois de cinco corridas, os padrinhos com as madrinhas executam seu canto com dança típicos para esta ocasião. Causou admiração como os adultos manifestam sua torcida por meio de gritos e aclamações. À noite fomos convidados pelas Irmãs para o jantar, mas antes foi celebrada uma missa fervorosa na capela da Casa. No dia seguinte, os visitantes convidaram as Irmãs com duas aspirantes de Campo Grande para o almoço. Não é preciso dizer que o grupo fez do seu melhor para fazer o almoço apreciado por todos. A participação na missa da comunidade foi uma amostra como a comunidade indígena se organiza, também com seu repertório de cantos originais. Também as crianças participam ativamente nos cantos. Cada indígena que desejar leva o seu equipamento para se sentar. Os visitantes não entenderam nada da liturgia em lingua indígena, provavelmente como acontece com os indígenas quando celebrada na língua nacional. De tarde fomos visitar quatro aldeias pequenas próximas a São Pedro e o rio Cabeceira de Pedra, com sua nova ponte alta. Alguns voltaram bem empoeirados, para o que o banho no córrego foi solução benéfica. As duas noites ficaram dedicadas a um animado baralho com as Irmãs, expressão da alegria de se encontrar.

No dia 18 de manhã fomos à aldeia Palmeiras, onde um jovem nos acompanhou a uma derrubada nova para aumentar a roça. Depois fomos admirar o início de uma aldeia nova, Muritu, que o cacique Adalberto está iniciando com coragem no meio da mata. Ele é muito criativo e cheio de iniciativas com que muito beneficiou sua aldeia de origem Parabubure e depois Palmeiras. Reinstalamo-nos na Casa de Encontros de Parabubure onde fizemos o almoço. De tarde voltamos à aldeia para um animado bate-bola com os poucos jovens presentes. Como sempre, o campo é terra limpa e não poupa os jogadores da poeira. De noite celebramos nossa missa na Casa de Encontros.

Mais uma vez levantamos "nossas tendas", estilo próprio de missionários itinerantes, e num primeiro momento visitamos a famosa Lagoa com seu silêncio. A gruta de manhã é beneficiada pelos raios do sol, o que torna a escuridão um pouco mais clara. Este é um fenômeno da natureza impressionante. Passamos depois pela aldeia São Domingos Sávio, que deu o nome também à Paróquia. O professor indígena, como seus demais colegas, não foram ao Curso de Formação de Professores em Barra do Bugres, uma vez que os funcionários públicos em greve inviabilizam esta iniciativa. Com isso, ficam mais atrasados ainda em relação a seus colegas que fizeram o curso na UCDB, e que começaram mais tarde e agora estão recebendo seus diplomas. Fizemos o almoço na vau do Córrego da Aldeia, com sua água clara e acolhedora.

Mais tarde seguimos até a aldeia São José, onde fomos acolhidos com a cordialidade já proverbial desta aldeia. Admiramos a reconstrução da aldeia num arco maior e muito bem calculado. Ficam as mangueira que testemunham a antiga aldeia. Restauramos precariamente a bomba-gangorra para nos beneficiar da água. Mas para o banho coletivo depois do bate-bola com os jovens o córrego ainda oferece o suficiente de água. Mais tarde irá secar também. Ao escurecer celebramos a missa com a comunidade indígena, num estilo de voz bem reduzido, não só pela ausência de muita gente da aldeia, mas também, pela experiência típica desta comunidade. Dizia o catequista: quando o leitor e o padre falam baixinho, todos guardam silêncio para entender bem! A noite foi agradável, também pelo clarão da lua que atravessou as palhas já danificadas da casa.

Neste dia 20, fizemos uma visita à aldeia Santa Clara, bastante grande e que conta com a presença da equipe da Operação Marto Grosso. Fredrico e sua esposa Aglay são os coordenadores, com duas enfermeiras formadas em General Carneiro e quatro jovens voluntários da Escola de Jarudori. Há muitos desafios que a equipe enfrenta, no atendimento à saúde, no combate ao alcoolismo, no projeto de alfabetização e promoção da escola até à 8ª série. Um grande otimismo e profunda espiritualidade são o suporte desta presença missionária. Aceitamos com gratidão o convite ao almoço.

Depois seguimos a São Felipe, uma grande aldeia. A primeira visita foi dedicada à roça na mata, com um grande bananal já existente e um novo aumento por uma derrubada. O calor intenso e o ar seco não fizeram os trabalhadores recuar em sua coragem. Depois de nos instalar na Capela-Escola da aldeia, os nossos jovens aguardarem com paciência o retorno da mata dos jovens. Embora cansados, aceitaram uma diversão que também entre os indígenas se tornou universal, porém com estilo próprio. De noite foi celebrada a eucaristia com fervorosa participação dos indígenas. Cada comunidade tem seu estilo próprio com características singulares. Os visitantes, já quase no fim da expedição, fizeram uma avaliação interessante das diferentes celebrações participadas, sem contudo fazer um julgamento. Nota-se, porém, que os indígenas celebram com suas categorias diferentes e com seu canto litúrgico original e tudo em sua própria língua que parece superar qualquer estilo imitativo de liturgia.

De madrugada levantamos mais uma vez nosso acampamento, para seguir até São Marcos, onde tínhamos sido convidados para o almoço. Havia muito a comunicar dos acontecimentos dos dias passados. Chegando de volta em Merúri, aldeia de origem do assistente Matias, novamente a vontade de contar dos dias passados. Aliás, em nossa passagem na ida, três companheiros, instigados pelos Bororo que são aspirantes em Campo Grande, foram pousar no alto do morro, de onde voltaram na hora de partir para Parabubure. A missa da noite foi um verdadeiro agradecimento pelos dias passados no mundo dos indígenas, sobretudo dos Xavante.

Neste dia 22, final da nossa expedição, almoçamos, por quilo, na Estação Rodoviária de Rondonópolis. A viagem seguiu como de costume, porém de São Gabriel até Campo Grande o trânsito engrossou consideravelmente com filas intermináveis de caminhões. Mas conseguimos chegar sãos e salvos à nossa querida Chácara, nossa residência. GRAÇAS A DEUS!

Como avaliação inicial podemos citar os seguintes elementos:

- Houve uma profunda e real experiência de agir em equipe e efetivo engajamento em todas as atividades;

- uma característica da vida missionária é a itinerância; quase todos os dias foi preciso desmontar a residência e seguir para frente; isto foi assumido com naturalidade, embora custasse sacrifícios;

- houve uma experiência real de vida sóbria com alimentação adequada, mas sem acréscimos desnecessários;

- acabando nossas reservas de água trazida, a água colhida no meio de córregos e rios serviu da mesma maneira e ... não houve onseqüências;

- houve uma experiência de participar da oração da comunidade indígena, sem entender nada (embora sabendo do significado); e tudo foi apreciado com simpatia;

- houve uma boa experiência de se inserir entre os jovens, começando com o que é comum "aos dois mundos";

- as limitações de lugar e circunstâncias foram suportadas com otimismo e alegria;

- ninguém se queixou do calor e da seca durante o dia, nem do friozinho durante a noite.

Esta certamente foi uma experiência válida para promover o interesse e o ardor missionário ainda no Pré-noviciado.



4. Mato Grosso do Sul: duas decisões judiciais e uma iminência de despejo

Na semana que passou, decisões judiciais e uma iminência de despejo tornaram ainda mais tensa a vida dos Kaiowá Guarani que vivem no Mato Grosso do Sul.

Mais de mil Kaiowá Guarani da Terra Indígena Yvy Katu, no município de Paranhos, na fronteira do Brasil com o Paraguai, poderão ser expulsos de sua terra pela confirmação de uma liminar de reintegração de posse pedida pelos fazendeiros da região. A confirmação foi decidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, no dia 27 de julho, quarta-feira. Também na quarta-feira foi divulgada a confirmação, pelo mesmo ministro, da liminar de suspensão temporária da homologação da Terra Indígena Nhanderu Marangatu, no município de Antonio João. Esta terra foi homologada dia 28 de março deste ano pelo presidente da República.

Ainda na semana passada, foi anunciada pela imprensa do Mato Grosso do Sul (MS) a presença de policiais federais e estaduais na região da terra Sombrerito, para uma ação de reintegração de posse que deverá expulsar os índios deste tekoha (terra indígena tradicional) onde foi assassinado dia em 26 de junho o cacique Dorival Benites.

O MS é uma das regiões com menor proporção de terras indígenas. Ali, a média de terras indígenas não chega a um hectare por pessoa, segundo o Cimi no estado. Também são altíssimos os índices de violência, suicídios e mortes por desnutrição. Cerca de 40 crianças já morreram em conseqüência da desnutrição este ano.

"A pergunta que fica no ar, a partir das ações judiciais e da omissão e morosidade do governo federal no reconhecimento das terras indígenas, é se não está em curso um decreto de morte lenta dos Kaiowá Guarani, que fundamentalmente dependem da terra para sobreviver. A única resposta contrariando essa percepção será através da urgente demarcação e reconhecimento das terras Guarani", questiona Egon Heck, do Cimi no MS.

Leia abaixo duas notas do Cimi sobre as recentes decisões judiciais sobre terras no MS

Nota Pública: STJ nega suspensão de reintegração de posse de Yvy Katu

Nova decisão contra os povos indígenas no Mato Grosso do Sul

Em decisão divulgada ontem (dia 28), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Min. Nelson Jobim, não aceitou o pedido do Ministério Público Federal e da União, pela suspensão da liminar de reintegração de posse da terra indígena Yvy Katu, dos Kaiowá Guarani, no Mato Grosso do Sul.

Com a decisão, pode ocorrer em breve uma ação de despejo dos indígenas.

Esta possibilidade traz grande preocupação ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), tendo em vista o grave risco de aumento dos conflitos pela posse da terra indígena e de agressões aos índios Kaiowá-Guarani.

Os limites de Yvy Katu foram declarados pelo ministério da Justiça no início de julho. No contexto de disputas entre fazendeiros invasores da terra indígena, a declaração da terra foi importante na perspectiva de assegurar o direito dos indígenas à ocupação de suas terras tradicionais. No entanto, a portaria declaratória foi suspensa em 8 de junho por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A suspensão impede a demarcação da terra, de 9.454 hectares localizada a 472 km de Campo Grande.

O Cimi destaca a importância do julgamento, pelo Superior Tribunal de Justiça, do pedido de suspensão da declaração da área, que possibilitaria a continuidade do processo administrativo de reconhecimento desta terra.

Assegurar a posse da terra pelos índios e a integridade dos limites da terra que tradicionalmente ocupam é objetivo e determinação constitucional, que o Cimi espera ver, enfim respeitados.

Aspectos jurídicos:

A medida judicial requerida pelo Ministério Público pretendia a suspensão da decisão liminar do Juiz Federal de Dourados, concedida em ação possessória proposta por ocupantes não índios, detentores de títulos imobiliários incidentes na terra indígena Yvy Katu, tradicionalmente ocupada por comunidade do povo Kaiowá Guarani. O pedido de reintegração de posse já havia sido confirmado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

Agora, além da interposição de Agravo Regimental contra a decisão do Presidente do STF, conforme assegura o § 3º do art. 4º da Lei nº 8437/92, espera-se a apreciação de Recurso Especial contra a decisão do TRF da 3ª Região nos Agravos de Instrumento interpostos contra a decisão liminar do Juiz Federal de Dourados na ação possessória contra os índios, bem como de possível Medida Cautelar para conferir efeito suspensivo a esse Recurso.

O Cimi destaca a relevância do julgamento, pelo Superior Tribunal de Justiça do Mandado de Segurança preventivo impetrado contra o Ministro da Justiça, para impedir a edição da Portaria que declarou os limites e determinou a demarcação administrativa da Terra Indígena Yvy Katu, bem como da Medida Cautelar proposta para suspender os efeitos do referido ato administrativo do Ministro da Justiça.

Brasília, 29 de julho de 2005

Nota Pública 2: Cimi questiona suspensão, pelo STF, de homologação de Ñande Ru Marangatu

O Cimi recebeu com preocupação a notícia da concessão de decisão liminar pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, Min. Nelson Jobim, que, atendendo a pedido de fazendeiros invasores de terras indígenas no Mato Grosso do Sul, suspendeu os efeitos da homologação da terra indígena Ñande Ru Marangatu, tradicionalmente ocupada pelo povo Kaiowá-Nãndeva até o julgamento final do processo.

O fundamento adotado pelo Presidente do STF, baseia-se no voto do Min. Carlos Velloso, Relator do Mandado de Segurança, ainda em julgamento pelo Pleno do STF, no qual se impugna o Decreto de Homologação da Demarcação da Terra Indígena Jacaré de São Domingos, tradicionalmente ocupada pelo Povo Indígena Potiguara, no Estado da Paraíba.

Como no caso do Povo Potiguara, o Cimi entende que a existência de ação judicial que discute a nulidade do processo administrativo de demarcação de terra indígena não é impedimento para a prática de qualquer ato no curso do processo administrativo em discussão, já que não existe decisão judicial alguma determinando que o Presidente da República se abstenha da prática de ato no processo administrativo em questão.

O Cimi diverge ainda dos demais argumentos apresentados pelos fazendeiros ao Supremo Tribunal Federal:

1 - Compete ao Presidente da República, e não o Congresso Nacional, a decisão sobre a homologação de terras indígenas. Isto é determinado pelo art. 19 da Lei 6001/73, o Estatuto do Índio, que foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A alegação de que o inciso V do art. 48 e o § 2º do art. 20, ambos da Constituição foram desrespeitados, não procede, na medida em que no art. 48 da CF, estabelece-se a competência do Congresso Nacional para dispor sobre bens de domínio da União, o que não se aplica à demarcação de terras indígenas que, juridicamente, é um ato que explicita os limites das terras da União, além disso, não há necessidade de lei ordinária alguma para dispor sobre a ocupação de terras indígenas localizadas na faixa de fronteira;

2 - Quanto a aplicação Súmula 650 do STF, cumpre esclarecer que seu enunciado não se aplica às terras tradicionalmente ocupadas por povos indígenas que existem e exercem a posse permanente e o usufruto exclusivo das riquezas naturais nelas existentes. Os aldeamentos de Ñande Ru Marangatu jamais foram extintos. Os Guarani Kaiowá, apesar das violências que sofreram para saírem de suas terras, continuam vivendo ali e lutando por suas terras.

3 -. O decreto de homologação de Ñande Ru Marangatu respeita o devido processo legal, já que os fazendeiros tinham ciência do processo administrativo de demarcação da terra indígena, tanto que apresentaram contestações à proposta de delimitação formulada pela Funai, como prevê o decreto 1775/96. No entanto, a decisão do Ministro da Justiça, ao declarar os limites da terra indígena, baseado no relatório de identificação e delimitação da área, foi contrárias às contestações.

A suspensão dos efeitos do decreto do Presidente da República, de 28 de março deste ano, que homologou a demarcação de nove mil e trezentos hectares, infelizmente pode contribuir para o acirramento dos conflitos pela posse da terra do povo Guarani-Kaiowá, já afetados pelo confinamento, pela fome e pela violência.

O Cimi mainifesta ainda sua preocupação pela presença de um contingente das polícias Federal e Militar para executar o despejo dos índios da terra Sombrerito. Os Kaiowá afirmam que não sairão de sua terra tradicional. "Daqui só saímos mortos", afirmaram na recente Aty Guasu (grande reunião). Uma ação policial de despejo, ali ou na terra Ivy Katu, poderá levar a um novo derramamento de sangue.

O Conselho Indigenista Missionário, reunido em sua XVI Assembléia Geral, externa sua confiança no sentido de que o Supremo Tribunal Federal mantenha sua orientação jurisprudencial e julgue improcedente os Mandados de Segurança envolvendo os interesses dos Povos Indígenas Potiguara e Kaiowá-Guarani , confirmando a homologação das terras indígenas Jacaré de São Domingos e Nhande Ru Marangatu.

Brasília, 28 de julho de 2005

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


5. Visita dos Noviços SDB às Missões entre os Bororo e Xavante

Durante os dias 24-30/07 os noviços salesianos das Inspetorias Missionárias do Mato Grosso e da Amazônia realizaram uma peregrinação às missões salesianas do Mato Grosso.

Nos dias que antecederam a viagem, tivemos uma preparação com o Pe. João Bosco, Mestre de noviços, e o Pe. Georg Lachnitt, encarregado da Animação Missionária da Inspetoria, sobre a história da Missão Salesiana do Mato Grosso e uma introdução à língua Xavante. Meses antes a expectativa dos noviços já era grande!

Antes desta visita propriamente dita nós participamos do retiro da Lectio Divina com o Pe. Afonso de Castro, na Chapada dos Guimarães. Depois de um dia visitando as casas dos Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora de Cuiabá, como a Paróquia São Gonçalo, berço da Inspetoria, e o Seminário da Conceição, por onde passaram ilustres salesianos, partimos no dia 24 para a missão de Sangradouro.

Neste mesmo dia conhecemos as instalações da missão e as aldeias Xavante e Bororo e realizamos um encontro com a comunidade missionária dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora. Neste encontro, nos foi exposta a realidade missionária do local, história, trabalho, desafios e perspectivas. No segundo dia em Sangradouro, visitamos a aldeia Dom Bosco e fizemos um passeio no belo Rio Cristalino e na volta conhecemos a usina que abastece algumas aldeias e a missão. Na noite deste dia, tivemos uma outra oportunidade única e rica de entrar em contato com a cultura Xavante: o Me. Adalberto Heide nos fez uma amostra sobre o Danhono e a caçada do fogo (Du).

Na manhã do dia 26 partimos para São Marcos. Visitamos a aldeia Xavante, o morro São Marcos e à noite tivemos um encontro com os jovens Xavante. Neste encontro, eles fizeram algumas apresentações de suas danças e nós também fizemos apresentações. No final, arriscamos algumas danças com os 3 grupos que estavam presentes. Foi um momento muito interessante. No dia 27 a nossa comunidade fez uma confraternização no Rio São Marcos.

Dia 28, pela manhã, antes de seguirmos viagem para Merúri, participamos da Missa Vocacional com a comunidade missionária e indígena, presidida pelo Pe. Miguel Gaya em língua Xavante.

Em Merúri conhecemos o Centro de Cultura P. Rodolfo Lunkenbein guiados pelos salesianos Pe. Eloir e Pe. Gonzalo Ochoa, que também nos fizeram um relato sobre o acontecimento da morte do Pe. Rodolfo Lunkenbein em defesa da Reserva Indígena para o povo Bororo, onde morreram também Simão Bororo, tentando defender a vida do Pe. Rodolfo, e outro integrante do grupo dos agressores. No restante da tarde subimos o morro de Merúri e fizemos uma visita ao cemitério onde estão enterrados vários salesianos missionários, inclusive o Pe. Rodolfo. Mais um momento onde fizemos lembrança deste heróico missionário, visto que passara apenas 13 dias em que se completara os 29 anos de seu martírio. O dia foi concluído com uma exposição na sala de audiovisual do Centro de Cultura sobre o funeral Bororo. No final, tivemos a oportunidade de fazer perguntas ao Pe. Gonzalo Ochoa sobre a cultura Bororo.

Manhã do dia 29. Outro dia memorável nesta peregrinação: a visita aos “Tachos”, local onde o Pe. João Bálzola chegou com sua expedição missionária com os demais Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora no ano de 1902 a fim de se encontrar com o povo Bororo e iniciar o trabalho de evangelização. Fomos ao antigo cemitério onde ficaram por muito tempo os restos mortais dos salesianos da missão do Sagrado Coração e que depois foram transportados para um Cruzeiro no caminho para a antiga missão.

Na parte da tarde, fizemos um jogo amistoso de futebol de campo com o time do local. Certamente mais preparados do que os visitantes ganharam de goleada: 8 x 2.

Na noite deste mesmo dia participamos da Celebração Eucarística com a assembléia local e em língua Bororo, presidia pelo Pe. Gonzalo Ochoa. Também tivemos um encontro com as Filhas de Maria Auxiliadora e Salesianos da missão, que nos deram um panorama geral sobre o trabalho missionário entre os Bororo daquela região. Encerramos, assim, o nosso itinerário pelas missões salesianas do Mato Grosso.

Na manhã do dia 30, sábado, fizemos a viagem de volta e passamos por Poxoréo onde ficamos um dia antes de seguirmos viagem para Campo Grande e depois para o noviciado em Indápolis.

Expusemos aqui somente a nossa visita às comunidades salesianas das missões, mas não pretendemos esquecer de todas as outras comunidades salesianas que nos acolheram na ida e na volta, como o Instituto São Vicente, Casa Inspetorial, Colégio São Gonçalo, Colégio Santo Antônio, salesianos de Poxoréo e familiares que encontramos no caminho e que nos acolheram como a seus filhos.

Durante a nossa permanência nas missões, nos sentimos acolhidos como filhos e irmãos de todos os Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora de Sangradouro, São Marcos e Merúri. As irmãs salesianas se mostraram excepcionalmente alegres e prestativas com a nossa presença e fizeram de tudo para que nos sentíssemos em casa, assim como os Salesianos que percorreram as áreas das missões conosco com grande paciência e disponibilidade, nos colocando a par da situação missionária da Inspetoria. Não queremos esquecer de ninguém por isso o nosso MUITO OBRIGADO às Filhas de Maria Auxiliadora de Sangradouro, Ir. Rita, Ir. Aparecida, Ir. Luizinha e Ir. Hilda; de São Marcos, Ir. Estela e Ir. Vittoria e de Merúri, Ir. Elsa e Ir. Irene. Aos Salesianos de Sangradouro, Pe. Benito, Me. Adalberto e Me. Tarley; de São Marcos, Pe. Osmar, Pe. Miguel e Pe. Pedro e de Merúri, Pe. Eloir, Pe. Gonzalo Ochoa e Me. Menon. Também aos povos Xavante e Bororo que souberam acolher com muita solicitude este grupo de interessados e “curiosos” por conhecer e entrar em contato com tão ricas culturas e por terem proporcionado momentos inesquecíveis nesta nossa nova experiência salesiana. Além de nossos agradecimentos, contem com as nossas orações!

Desta nossa experiência nos fica um entusiasmo e vontade de nos engajar no ideal de Dom Bosco no que se trata desta face do carisma salesiano, o anunciar o Evangelho aos povos que não o conhecem. Certamente este caminho já foi pisado por muitos que, pela missão de anunciar o Evangelho, deram e continuam ainda hoje dando a sua vida. Destes testemunhos de fé é que haurimos toda esta vontade de continuar esta obra que permeou os sonhos de nosso Pai Dom Bosco.

Os noviços do Noviciado São João Bosco, Indápolis/MS


6. Curso de Agentes de Pastoral Xavante em Parabubure

Georg Lachnitt

De 27 de junho a 02 de julho foi realizado mais um Curso de Agentes de Pastoral Xavante na Casa de Encontros de Parabubure. Os 50 participantes trouxeram fervor e animação para esses dias de reflexão. O tema central foi "Teologia Índia", naturalmente aplicada à realidade do povo Xavante.

A primeira reflexão de caráter antropológico evidenciou as riquezas da religião Xavante com suas múltiplas expressões simbólicas. Nesta simbologia podemos encontrar os conteúdos teológicos profundos, porém, condensados "em outro código", que não é a expressão verbal e racional. Esse, entre os Xavante, é um tema delicado revestido de muito sigilo e respeito.

Em seguida, foram apresentados aspectos da Boa Nova, que se relacionam com a religião indigena. Encontramos no AT uma procura semelhante ao povo Xavante, onde este se encontra com um povo irmão. A novidade é para todos, também para os Xavante, que exige uma certa recapitulação de tudo, à luz da novidade de Jesus Cristo.

A reflexão sobre Conjuntura inclui a nova realidade do Governador como promotor de plantio de soja, também em áreas indígenas. Este e outros fatos exigem hoje uma análise crítica do mundo global e do que pode ser proveitoso para a vida atual dos indígenas. De fato, o método antigo de sobrevivência através de coleta de frutos do mato, caça e pesca, e uma pequena roça de subsistência parcial está se tornando cada vez mais insuficiente. O dinheiro entrou nas aldeias através de aposentadoria dos idosos, salários por serviços na escola e na saúde. Continuamente as lideranças são aliciadas para a venda de madeiras e alugueis de pastos e terras, em geral. Daí a necessidade de uma análise crítica da nova realidade.

A reflexão sobre cultura e inculturação ganha mais vigor com as exposições do padre indígena. A reflexão sobre a necessidade de uma cultura vigorosa e consistente para uma evangelização de maneira inculturada suscita apaixonada participação de todos.

Foram dias valiosos de formação e reflexão, promovidos pelo pároco da Paróquia São Domingos Sávio, Pe. Bartolomeu Giaccaria, com a participação de Pe. Aquilino Tsere'ubu'õ Tsi'rui'a, Pe. Georg Lachnitt, Ir. Cleide Palo Janeiro FMA, Ir. Rosalba Arismendi MML e Ir. Felícia Raquel Diaz Mendonza MML e a decidida colaboração de três mulheres Xavante, para servir a comida na hora marcada.

Valeu a pena dedicar cinco dias para este encontro!


7. Jornada Missionária Mundial 2005, dos SDB

O Dossiê para a animação missionária de 2005 propõe como centro da nossa atenção a MONGÓLIA, que representa um novo campo de missão para nós salesianos. Já estamos nesse país desde o ano de 2001. A proposta de uma frente especial de apostolado tem sempre a finalidade de ressuscitar em nós um espírito missionário mais ardoroso e um desejo mais ansioso por anunciar a Boa Nova da salvação a todos aqueles que ainda a desconhecem.

A Carta do Reitor-Mor que traz o Dossiê dá uma idéia bem precisa do estado atual da missão na Mongólia e do papel dos Salesianos nela. Com a aceitação de um novo território de missão em Darkhan-Seleinge, o trabalho se amplia e se torna um desafio ainda maior. Exige de fato pessoal mais numeroso – tanto de Salesianos quanto de Voluntários – e mais densos recursos econômicos. Desafia-nos além disso a empenhar-nos mais fundamente em nossa vocação salesiana de autênticos missionários.

Neste ano, além disso, temos mais uma razão para celebrar o Dia Missionário. O ano de 2005 marca de fato o CENTENÁRIO DA MORTE DO VENERÁVEL ZEFERINO NAMUNCURÁ, de quem todos nós aguardamos com viva esperança a beatificação. O Pequeno Cacique dos Andes pode ser considerado o primeiro fruto das Missões Salesianas, em termos de excelência de educação e de santidade: nele nós constatamos o êxito da inculturação do Evangelho entre as culturas indígenas. O Centenário da sua morte torna-se assim um apelo feito a todos os missionários, relembrando-lhes que a pregação do Evangelho a cada cultura deve levar a uma sua assimilação como caminho rumo à santidade, através de “um alto nível de vida cristã ordinária”. De fato, a obra de educação nas nossas missões – como de resto em todos os lugares do mundo – deve-se orientar exatamente para alcançar o mais alto nível de vida cristã. Neste ano a apresentação do Dossiê é diferente.

Soubemos que nem todas as inspetorias usam o material impresso do mesmo modo; e outras o não usam absolutamente. Pensamos pois que seria melhor fazê-lo em CD nas diversas línguas. Cada qual depois fará imprimir quanto achar mais útil e oportuno.

Assim também, em vez de enviar um Videocassete nos diferentes sistemas em uso em cada inspetoria, julgamos que seria melhor enviar um DVD, já que é possível acessá-lo facilmente em todos os lugares do mundo. Se depois alguém não dispusesse de um DVD-player, o seu custo de aquisição não seria excessivamente elevado.

As únicas partes impressas do Dossiê serão pois a Apresentação, a Carta de Introdução do Reitor-Mor e os Pôsteres.

O nosso mais profundo desejo e esperança é que todos possam usufruir ao máximo do material que se lhes oferece com o CD e o DVD afim de que a animação missionária seja realmente eficaz. Caso haja necessidade, o material pode ser gravado e multiplicado.

Já que celebraremos Dia Missionário exatamente no Centenário de morte do Venerável Zeferino Namuncurá, fazemos votos para que, por meio das atividades educativo-pastorais salesianas, possam surgir, também da nova terra de missão – a Mongólia – jovens que saibam alcançar os maiores níveis de vida cristã e santidade.

Roma, 24 de junho de 2004

P. Francis Alencherry SDB

Conselheiro geral para as Missões Salesianas



8. Notícias Breves

Estudantes Bororo (03) e Xavante (09) dos Cursos Modulares para Docentes de Ensino Básico na UCDB tiveram a Colação de Grau aos 19 de julho de 2005. Parabens pela perseverança no curso durante quatro anos e bom sucesso em suas escolas indígenas!

Nos dias 30 a 31 de agosto deste ano, o Pe. Georg Lachnitt assessorará um Encontro de Pastoral Indigenista do Paraná, em Guarapuava PR. O tema do encontro será "Teologia Índia e Liturgia Inculturada". Os participantes serão missionários e missionárias que atuam entre os Guarani e Kaingang.

Em Sangradouro, Pe. Giuglio Boffi e comunidade estão iniciando a construção de um Centro de Cultura Xavante. Este Centro prestará serviços aos visitantes e aos próprios Xavante, sobretudo aos jovens indígenas, que por tantos motivos encontram divertimentos duvidosos na próxima cidade de Primavera do Oeste Mt. Ao mesmo tempo, está sendo construído um Baíto, centro de vivências culturais Bororo, na aldeia dos Bororo de Sangradouro.

O Museu Dom Bosco, sob a direção do Pe. Francisco de Lima, está sendo instalado na sua nova Sede na Av. Afonso Pena, no Parque das Nações Indígenas, de Campo Grande. Um espaço mais amplo possibilitará a tantos visitantes, do país e do exterior, apreciar melhor as riquezas arqueológicas, biológicas e etnológicas.

Me. Luiz com a equipe AMA sairam novamente para perfurar poços. Desta vez, mais uma vez participou o Sr. Josef Haselböck, um amigo aposentado da Alemanha, aliás da mesma cidade do Papa Bento VI, Marktl. Durante sete semanas ofereceu sua colaboração no Projeto AMA. O primeiro lugar do precioso serviço pela água foi num assentamento perto de Poconé, com doze poços. Depois voltaram a Parabubure onde perfuraram outros sete novos poços. A seca e o calor tornaram o trabalho cansativo. Mas houve perseverança, também por parte do Dr. Walter, advogado de Cuiabá, e sua esposa. Parabens pelas novas conquistas!

Para a campanha missionária no próximo mes de outubro foi enviado às casas salesianas no Dossiê "Mongólia, nova fronteira missionária". Todo o material está contido num DVD e numa CD. Há muitas informações a serem utilizadas no Mês das Missões.


9. Para Refletir

- Qual é a melhor educação para a Vida? Os Xavante educam seus jovens durante toda a vida, de modo particular por prolongados Ritos de Passagem para a vida. Cada cidadão preciso passar por três Ritos de Passagem, realizados a cada cinco anos, para atingir o status de adulto na própria sociedade. Qual é o resultado? Como educam os não-indígenas seus jovens?

- Celebrar a Vida! Os Bororo celebram a vida intensamente durante o funeral que dura três meses aproximadamente. O que significa para nós "Celebrar a Vida", realizar um funeral?

- Os Guarani são animados pelo sonho da "Terra sem Males". Grupos guiados por líderes espirituais emprendem a peregrinação "Rumo à Terra sem Males". Assim, por exemplo, um grupo migrou até Aracruz, no Estado de Espírito Santo, quando morreu o líder. Hoje são hóspedes na terra dos Tupiniquim. Temos nós também um sonho que nos anima e dá coragem, que dá finalidade à nossa vida?

- As sociedades indígenas, de um modo geral, estão divididas em duas metades exogâmicas, para fins de casamento, como diz a palavra. Daí decorrem muitas consequências, por exemplo, para a economia. A reciprocidade rege esse amplo sistema de distribuição dos bens. Eles nos perguntam: "Onde estão as duas metades na sociedade dos 'brancos'"?



10. Videos Missionários

Os seguintes Videos de temas missionários podem ser encontrados nas Locadoras.

A Missão, Robert de Niro e Jeremy Irons, 2 horas

Hábito Negro. 1:35 horas

Romero - uma história verdadeira. John Duigan. 1:05 horas

Brincando nos Campos do Senhor. Hector Babenco. 3 horas.

A Floresta de Esmeraldas. John Boorman. 1:53 horas

O Curandeiro da Selva. Cinergi. 1:40 horas

Avaeté - semente de vingança. Zelito Viana. 1:10 horas

Gerônimo. Joseph Runningfox. 1:20 horas


11. Agenda

27/06-02/07 - Curso de Agentes de Pastoral Xavante para as aldeias de Parabubure

11-16/07 - Assembléia Regional do CIMI-MT,Chapada dos Guimarães

25-29/07 - Assembléia Nacional do CIMI, Luziânia GO

13-22/07 - Expedição Missionária a Parabubure dos Pré-noviços SDB

24-31/07 - Visita dos Noviços SDB às Missões entre os Bororo e Xavante de Mato Grosso

08-10/08 - Visita de A.M. Cuiabá e Coxipó

15-18 - Visita de A.M. a Três Lagoas, Araçatuba e Lins

04-05/09 - Visita de A.M. a Corumbá, Sta. Tereza e Cidade D. Bosco

14-16/09 - Reunião de Missionários/as entre Bororo e Xavante, São Marcos



12. Publicações Diversas

Folders:

Índios, Xavante 1, Xavante 2, Xavante 3, Xavante 4, Bororo 1, Bororo 2, Nambiquara. - Aldeias Xavante 2004, Aldeias Kaiowá e Guarani, Aldeias Terena-Kinikinaua-Aticum-Guató-Kamba-Kadiwéu-Ofayè Xavante.

Livros recentes do CDI:

VV.AA. (Coord.) Romhurinhihötö Nhoré Waihu'uprãdzé - Cartilha de Leitura I. 2ª ed. Campo Grande, MSMT, 2004, 47 p.; MSMT-UCDB, 2004, 47 p.

VV.AA. (Coord.) Rowatsu'u Nhorédzé-Cartilha de Leitura II. 2ª ed. Campo Grande, MSMT, 12004, 106 p.; 2ª ed. MSMT-UCDB, 2004, 106 p.

LACHNITT, Georg. O Símbolo "Água" na Iniciação Cristã. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 126 p.

LACHNITT, Georg. Estudando o Símbolo. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 151 p.

LACHNITT, Georg. Ritos de Passagem do Povo Xavante - um estudo sistemático. Ed. prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2004, 155 p.

LACHNITT, Georg. Cultura - Religião - Mito. Ed. Prov. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2005, 122 p.

LACHNITT, Georg. Curso de Língua Xavante. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2005, 172 p.

LACHNITT, Georg (Coord.). Romhurinhihötö Waihu'u Na'ratadzé - Cartilha de Alfabetização (Comentários em Xavante). (livro do prof.), Campo Grande, MSMT - UCDB, 2005, 3ª ed. exp. modificada.

LACHNITT, Georg. Noções de Símbolo. Campo Grande, MSMT-UCDB, 2005, 46 p.

TRINDADE, Rosa Adélia Garcia Neto. Ai'uté ma Rowatsu'u (Literatura Infantil Xavante). Campo Grande, MSMT - UCDB, 2ª ed. 2005.

OBS: Eventuais pedidos sejam dirigidos ao CDI, com o endereço acima.

1Cf. Paulo SUESS, Kontextualität, Identität, Universalität - Der Streit um das Inkulturationsparadigma, in: LIENKAMP Andreas e LIENKAMP, Christoph (Hg.), Die "Identität" des Glaubens in den Kulturen, Das Inkulturationsparadigma auf dem Prüfstand. Echter Verlag Würzburg, 1997, p. 309-328.

2Aiban WAGUA, Antiga e nova evangelização dos índios. Revista Eclesiástica Brasileira, vol 47, fasc. 185, Março de 1987, p. 14.

3Cf. Mensagem do Santo Padre João Paulo II aos Indígenas da América. 12 de outubro de 1992, nº 2.

4Cf. Mensagem do Santo Padre João Paulo II aos Indígenas da América. 12 de outubro de 1992, nº 3.