2017|pt|02: A família nunca passa de moda

A MENSAGEM DO REITOR-MOR

Pe. ÁNGEL FERNÁNDEZ ARTIME


A FAMÍLIA

NUNCA PASSA DE MODA

Neste campo, todos temos uma “bússola do coração” que não falha:

a nossa experiência pessoal.

A família foi o ninho em que nos sentimos amados, acolhidos, protegidos e sustentados enquanto não tínhamos condições de voar com as nossas asas.


Meus caros leitores do Boletim Salesiano, amigos e amigas de Dom Bosco e das suas obras em todo o mundo e caríssima Família Salesiana, saúdo-vos com todo o afeto do meu coração e ainda com votos de que 2017 que o Senhor nos concede seja repleto de graça e de bênçãos.

Fiel à tradição de Dom Bosco, uma vez mais vos ofereço um belo Lema para todo este ano recentemente iniciado. É proposto antes de tudo às Filhas de Maria Auxiliadora e com elas a toda a Família Salesiana do mundo.

Este ano, em sintonia com a Exortação Apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco, tem como tema a família, todas as famílias do mundo, com o título: «Somos Família! Cada casa é uma escola de Vida e de Amor». Precisamente este título e tudo o que escrevi como comentário ao Lema permite-me saudar-vos com esta reflexão em que, com toda a sinceridade, insisto em que as famílias nunca passam de moda: são sempre atuais, sempre vitais e essenciais para a vida das pessoas. Mudam os tempos e as culturas, mas, como todos os estudos e investigações evidenciam, esta verdade permanece incontestável.

Neste campo, todos temos uma “bússola do coração” que não falha: a nossa experiência pessoal. Cada um de nós deve reconhecer que, para além das limitações e dos possíveis defeitos, a nossa família de “carne e osso”, não obstante as inevitáveis imperfeições, é a realidade mais importante e mais bela da nossa vida. A vocação laical de muitos de vós nasceu do calor e da satisfação da própria experiência familiar.

Foi o verdadeiro berço da vida, o ninho em que nos sentimos amados, acolhidos, protegidos e sustentados enquanto não tínhamos condições de voar com as nossas asas.

Na nossa família aprendemos o alfabeto do amor, a força prodigiosa dos laços e dos afetos. É este o oásis em que podemos reencontrar serenidade, satisfação e harmonia pessoal.

Ao escrever a carta à Família Salesiana do mundo, senti uma alegria encantadora e emocionante ao meditar que também o Filho de Deus, Jesus de Nazaré, teve uma mãe escolhida por Deus e uma família que O amou e acolheu, uma família na qual viveu fazendo experiência, precisamente como nós. Nos trinta anos de Nazaré, Jesus aprendeu a ser homem.

E pensei em Dom Bosco. Ele mesmo nos contou o que significa perder o pai aos dois anos e ser órfão de pai, mas que grande dom pode ser o ter uma família com uma mãe excecional, como Mãe Margarida.

Pensei em Maria Domingas Mazzarello (Main), menina feliz e adolescente num contexto religioso e rural tão semelhante ao de Dom Bosco, mas com a alegria de crescer serenamente sempre na sua aldeia natal, Mornese, e numa família numerosa e com a proteção preciosa de um pai e de uma mãe.

E quantas histórias de vida e de famílias poderia contar-vos!

As viagens pelo mundo ajudaram-me a compreender como é importante a família, embora na sua diferença cultural e étnica, mas sempre fundamento indispensável de toda a sociedade, como primeira e normal escola de humanidade.

Com tudo isto, convido-vos, amigos leitores, como fez o Papa Francisco, a tomar a sério o valor e o contacto com as famílias, que são lar, refúgio e ninho para todas as crianças do mundo. É no coração da família, no ramerrame quotidiano, entre acordos e desacordos, perdões e recconciliações como é típico de toda a existência, que podem aprender a arte do diálogo, da comunicação, da compreensão, do perdão.

Em família, podem sentir-se as limitações, mas também os valores mais preciosos e essenciais como o amor, a fé, a liberdade, o respeito, a justiça, o trabalho, a honestidade, que assim lançam raízes na vida de cada pessoa.

Outros ingredientes, que hoje já não estão de moda, encontram sentido na família: a educação à sobriedade e ao autocontrole, à fidelidade, ao compromisso pela dignidade das pessoas. E sobretudo a transmissão da fé.

Que resposta podemos então dar ao forte apelo do Papa? Que podemos fazer pelas famílias que todos os dias encontramos sobretudo nas nossas Presenças Educativas?

Ocorrem-me algumas “sugestões”:

  • Acompanhar na medida do possível as famílias que conhecemos, com cordialidade e empatia.

  • Ajudar os pais a educar com coração “salesiano”.

  • Declarar-nos “casa aberta”, sempre prontos a acolher os amigos e as famílias dos filhos.

  • Favorecer os projetos dos jovens que sonham uma vida matrimonial.

  • Não ter medo de propor valores humanos, morais e espirituais aos nossos jovens e às suas famílias, como certamente eles mesmos desejam (mesmo que não ousem dizê-lo).

  • Encorajar as famílias dos nossos destinatários a viver a “alegria” do amor.

  • Banir qualquer forma de discriminação contra as meninas e as senhoras.

  • Manter sempre uma atitude de compreensão e simpatia, para melhor compreender as situações que, tantas vezes difíceis, muitas famílias que nos são próximas vivem.

  • Criar com todas as nossas forças aquele autêntico clima de família tão amado por Dom Bosco em Valdocco.

Certamente poderíamos realizar algumas destas práticas. Que para isso nos dê força e proteção a Sagrada Família de Nazaré, como reza o Papa Francisco:

«Sagrada Família de Nazaré,

faz com que todos nos tornemos conscientes

do caráter sagrado e inviolável da família,

da sua beleza no projeto de Deus».